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Anais – III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto
Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006
MAPEAMENTO DA EXCLUSÃO/INCLUSÃO SOCIO-ESPACIAL EM ARACAJU
SANTOS, A. J. DA R.1
RESUMO: O presente artigo busca demonstrar a metodologia de construção de um mapa das
desigualdades sócio-espacias de Aracaju. O método consistiu no uso de ferramentas de
Geoprocessamento na produção de índices que resultam de porcentagens geradas de variáveis do
Censo 2000 do IBGE. Tais índices são, então, “problematizados” através da sua relação com a
densidade demográfica. Foi também feita a relação com o Mapa GeoAmbiental para revelar a situação
sócio-ambiental da cidade. Para chegar ao índice de exclusão/inclusão, foram gerados mapas dos
indicadores que formam o índice final como: coleta do lixo, esgoto, abastecimento de água, qualidade
ambiental, qualidade domiciliar, renda, educação e eqüidade. Nos mapas gerados, foram identificadas
as áreas excluídas de Aracaju. Com a espacialização desses dados, foi permitido comprovar que: há
uma clara correspondência entre espaço urbano e condição social; o espaço de Aracaju é fragmentado,
e profundamente desigual, pois é reflexo da distribuição das classes sociais no território; e que Aracaju
encontra-se numa situação de qualidade ambiental grave pelo seu crescimento sobre mangues e por
aglomerações nas proximidades dos rios. Tais informações são de fundamental importância como
instrumento de democratização da informação à população e oportunidade de uma gestão socialmente
justa do território municipal.
Palavras-chaves: Aracaju. Exclusão/Inclusão sócio-Espacial. Geoprocessamento. Mapeamento.
Qualidade de vida.
ABSTRACT: The present article searchs to demonstrate to the methodology of construction of a map
of the inaqualities partner-espacias of Aracaju. The method consisted of the use of tools of
geoprocessing in the production of indices that result of generated percentages of variable of IBGE
Census 2000. Such indices are, then, related through its relation with the demographic density. Also
the relation with the Ambient Map was made to disclose the situation partner-ambient of the city. To
arrive at the exclusios/inclusion index, maps of the pointers had been generated that form the final
index as: it collects of the garbage, sewer, water supply, ambient quality, domiciliary quality, income,
education and fairness. In the generated maps, the excluded areas of Aracaju had been identified. With
the space distribuition, it was allowed to prove that: it has a clear correspondence between urban space
and social condition; the space of Aracaju is broken up, and deeply different, therefore he is reflected
of the distribution of the social classrooms in the territory; e that Aracaju meets in a situation of
1 Alan Santos é graduado do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIT, e foi orientado pela professora e arquiteta Shirley Carvalho Dantas. O presente artigo é uma síntese da monografia apresentada como trabalho final de curso, em 2005. Atualmente presta serviço a Prefeitura Municipal de Aracaju na área de Geoprocessamento. Contato com o autor: Rua Espírito Santo, 315 Bairro Siqueira Campos, Aracaju-SE, Tel: (79)99738262, e-mail: [email protected].
serious ambient quality for its growth on fens and agglomerations in the neighborhoods of the rivers.
Such information are of basic importance as instrument of democratization of the information to the
population and chance of a term of office joust of the municipal territory.
Palavras-chaves: Aracaju. Exclusion/Inclusion Socio Space. Geoprocessing. Mapping. Quality of life.
INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, a exclusão social tornou-se assunto de importância mundial
nos debates sobre planejamento e direcionamento de políticas públicas. A persistência das
desigualdades sociais é um forte indicador da necessidade de novas propostas de estudos que
permitam um melhor entendimento da relação extremamente desigual existente entre os processos de
exclusão e de inclusão social. A partir dessa compreensão, como propor um indicador que conscientize
os cidadãos sobre a situação de exclusão social de uma cidade? Como superar a falta de informações –
o analfabetismo urbanístico da maioria da população sobre a cidade em que se vive cotidianamente? O
Mapa da Exclusão/Inclusão Sócio-Espacial tem como objetivos proporcionar uma nova visão da
cidade, buscando facilitar que o cidadão enxergue as discrepâncias de condições de vida no seu
cotidiano. Não basta só criar espaços e canais de participação, é preciso dar argumentos e para
qualificar essa participação. O Mapa de Exclusão/Inclusão Sócio-Espacial proposto nesse trabalho,
pode ser um instrumento de uma pedagogia de participação popular que deve estar presente na gestão
das cidades. Este trabalho parte do conceito adotado por Aldaíza Sposati na construção do mapa da
Exclusão/Inclusão social de São José dos Campos-SP no sentido de criar um índice composto,
inteligível, capaz de dialogar com a realidade concreta de um contexto urbano. O conceito foi
adaptado para Aracaju através de um método de calculo e variáveis consideradas mais adequadas pra
representar a segregação sócio-espacial da cidade.
CONCEITO DE EXCLUSÃO SOCIO-ESPACIAL: A noção de exclusão considera tanto os
direitos sociais quanto aspectos materialistas. Assim, ela abrange não só a falta de acesso a bens e
serviços que significam a satisfação de necessidades básicas, mas também abrange um local, a cidade,
que se torna o palco onde ocorrem todas as relações entre classes sociais e o território. Considerar
estas duas vertentes, conceitual e territorial, articuladamente é de grande importância para a
efetividade das políticas públicas subsidiadas por indicadores socioespaciais. Afinal, a expressão
espacial de um indicador reflete a dimensão teórica desenvolvida para seu entendimento, as variáveis
utilizadas em sua composição e, conseqüentemente, os planos políticos elaborados (SPOSATI, 2000).
METODOLOGIA PARA O MAPA: O método consiste na produção de índices simples e compostos
que resultam de porcentagens geradas a partir da combinação das variáveis brutas provenientes de
diversas fontes, no caso deste trabalho, o Censo IBGE. Estas combinações são cumulativas ao longo
da estrutura do índice de exclusão/inclusão social. A Figura 1 mostra as variáveis que compõem cada
índice composto que caracterizam a exclusão/inclusão social.
Figura 1 - Indicadores do IBGE e Índices que compõem o Mapa de Exclusão/Inclusão Social em Aracaju.
PROBLEMATIZAÇÃO DA EXCLUSÃO – O MAPA BIDIMENSIONAL: O que parece ser um
ponto positivo, em adotar índices (cálculo pela porcentagem) pra medir a qualidade de vida, torna-se
também um fator não muito positivo. O que ocorre, pode-se dizer, é um “mascaramento” da realidade.
Os índices são calculados sem levar em consideração a DENSIDADE DEMOGRÁFICA. Ocorre que
vários problemas no meio urbano se mostram mais graves pelo fato de, no local, o número de
moradores ser bastante elevado. Surge a necessidade de associar dois mapas de dimensões diferentes,
o mapa do índice de exclusão/inclusão, e o mapa da densidade demográfica. A solução encontrada foi
representar graficamente o índice através de uma gama de cores para representar a inclusão/exclusão,
para então poder utilizar a intensidade dessas cores para representar, sem ambigüidade, a densidade.
CONCLUSÃO: A partir da espacialização desses dados, é permitido comprovar que: há uma clara
correspondência entre espaço e condição social; que o espaço urbano de Aracaju é fragmentado,
articulado é profundamente desigual, pois é reflexo da distribuição das classes sociais no território e
que Aracaju encontra-se numa situação de qualidade ambiental grave pelo seu crescimento sobre
mangues e por aglomerações nas proximidades dos rios, o que é possível comprovar no mapa de
Qualidade Ambiental. Tais informações são de fundamental importância como instrumento de
democratização da informação à população, sensibilização sobre os reais problemas da cidade e
oportunidade de uma gestão mais democrática e socialmente justa do território municipal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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