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www.metalmake.pt
Introdução
Desenvolvimento
Nos finais dos anos 80, início dos 90, no apogeu do reinado das
máquinas convencionais, na operação de máquinas ferramenta,
como tornos e fresadoras, era comum ver profissionais de
excepcional qualidade técnica, no uso e no domínio desses
equipamentos. O par homem e máquina confundia-se muitas
vezes como de um ser único se tratasse, os pequenos
movimentos, os cálculos precisos, tudo isso resultava num
trabalho perfeito, por vezes até demasiado perfeito, exemplo
disso, era o quase polimento do topo de um veio quando de
seguida essa mesma superfície ia ser pintada. O trabalho
efectuado era de excelente qualidade, mas a intermutabilidade
não era muitas vezes conseguida, funcionava muito bem o par de
peças a ajustar, por exemplo maquinava-se uma ponta roscada,
com o objectivo de um diâmetro específico, quando era atingida a
qualidade pretendida, começava-se a maquinação da porca e
terminava-se quando o par funcionava na perfeição. Nestes casos
o funcionamento parafuso\porca era conseguido na perfeição,
mas o diâmetro nominal dessa ligação estava longe de ser um
valor normalizado, por exemplo, em vez de um M20 pretendido,
tinha-se por exemplo um M19.8. Era um par único, sendo mais
tarde uma tarefa inglória substituir um destes componentes por
questões de manutenção, já que as cotagens nominais não eram
valores normalizados. Outras das características dominantes no
trabalho dessa época era na maquinação de secções dimen-
sionais, com tolerâncias apertadas, a intermitência entre
operações de maquinação e de medição de controlo. Este ritual
intermitente entre maquinação e mediação repetia-se de forma
constante até à obtenção da cota final.
Depois veio a era dos equipamentos CNC, Tornos, Centros de
maquinagem, cada vez com mais eixos e mais funcionalidades,
novas ferramentas, mais sistemas de controlo dimensional, etc.
Um novo mundo, com uma única falha, não ajustamos a nossa
mente a estes novos equipamentos, continuamos a usar estes
equipamentos como “maquinas convencionais”, continua-se a
assistir a operações de maquinagem interrompidas por tarefas
de controlo dimensional, como se a tarefa de atingir a cota final,
dentro de tolerância, à primeira, seja um mero desejo, algo
utópico e inatingível.
O problema tem várias origens, uma delas começa logo de forma
ainda precoce, no início da aprendizagem, cometemos o erro de
deixar o aprendiz, maquinar, abrir a porta da máquina, controlar,
volta a fechar a porta, ajustar o programa e voltar a maquinar, e
repetir isto de forma exaustiva e repetitiva até ao resultado final
pretendido. ISTO NÃO É MAQUINAÇÃO CNC, É MAQUINAÇÃO
CONVENCIONAL EM MÁQUINAS CNC. Conseguir a dimensão,
Introdução
Desenvolvimento
Um novo mundo, com uma única falha, não ajustamos a nossa
mente a estes novos equipamentos, continuamos a usar estes
equipamentos como “maquinas convencionais”, continua-se a
assistir a operações de maquinagem interrompidas por tarefas
de controlo dimensional, como se a tarefa de atingir a cota final,
dentro de tolerância, à primeira, seja um mero desejo, algo
utópico e inatingível
ISTO NÃO É MAQUINAÇÃO CNC, É MAQUINAÇÃO
CONVENCIONAL EM MÁQUINAS CNC
com a tolerância pretendida, à primeira, não é uma questão de
sorte e azar, é uma questão de estudo, de tratamento estatístico
dos dados, se maquinarmos, e se registarmos os resultados
obtidos numa folha Excel podemos fazer um tratamento
estatístico ao fim de algum tempo e começar aí a ter uma noção
do real comportamento da ferramenta e da máquina na
maquinação e ajustarmos a priori, os valores dimensionais
programados. Se não registar, criar um histórico, como se fosse
sempre a primeira vez o resultado será sempre o mesmo.
O Excel é uma ferramenta informática extraordinária para se ter ao
lado de cada uma das máquinas de uma empresa metalomecânica,
não só para tratamento estatístico, mas também por todo um
formulário técnico que é possível guardar nesta aplicação a que o
operador pode recorrer de forma fácil e com a ausência de erro.
Em vez de andar à procura de tabelas ou formulários em papel,
porque não ter tabelas em Excel para que ele possa recorrer de
forma rápida e eficaz, com ausência de erros.
Um passo para a Industria 4.0, seria dispor de um computador
com Excel, ao lado de cada máquina, com tabelas técnicas
ajustadas, e com uma aplicação informática, por exemplo o Acrobat
Reader, capaz de ler desenhos em formato pdf, em 2D e 3D,
conduziria a um aumento considerável da produtividade do sector.
No ensino\formação em maquinação CNC tem-se rapidamente
que incutir a rotina no formando que deve maquinar e retirar a
peça, para forçar à criação de uma disciplina e metodologia de
acertar à primeira. Centésimas de tolerâncias, que é o comum
em qualquer tipo de ajustamento de qualidade 6 ou 7, pode e
deve ser obtido de forma directa à primeira. Parar, abrir a porta
da máquina, medir, fechar a porta, alterar o programa e voltar a
maquinar, não é maquinação CNC é maquinação convencional
com máquinas CNC.
Todas as dimensões têm tolerância, todas sem excepção, e o
cliente não paga mais pelos componentes fabricados só porque
“deixamos o mais preciso possível”, não, só temos que cumprir as
tolerâncias dimensionais especificadas. As cotas nominais são
dimensões teóricas, por vezes até fora da tolerância especificada,
devemos começar a usar as cotas médias na programação CNC,
sobretudo em situações de ajustes mecânicos onde as tolerâncias
individuais indicadas são mais apertadas.
Em relação ao toleranciamento geométrico, muitas vezes não
especificado nos desenhos de fabrico, estes obrigam a outro tipo
de equipamentos para o seu controlo, por exemplo as máquinas
CMM (coordinate measuring machine). Este tipo de equipamento,
ainda pouco comum na indústria metalomecânica portuguesa,
permite fazer o controlo geométrico, para além do controlo
dimensional. É importante que os operadores destes
equipamentos tenham um conhecimento mais profundo sobre a
maquinação, é um desperdício ter técnicos a manusear estes
equipamentos que não distinguem uma broca de uma fresa. Uma
máquina CMM não deve ser adquirida só para indicar se a peça
está ou não conforme, deve ser um instrumento de estudo para o
meu processo de fabrico e que ajude na programação das
máquinas CNC para evitar erros futuros.
máquina CMM não deve ser adquirida só para indicar se a peça
está ou não conforme, deve ser um instrumento de estudo para o
meu processo de fabrico e que ajude na programação das
máquinas CNC para evitar erros futuros.
Um passo para a Industria 4.0, seria dispor de um computador
com Excel, ao lado de cada máquina, com tabelas técnicas
ajustadas, e com uma aplicação informática, por exemplo o
, capaz de ler desenhos em formato pdf, em 2D e 3D,
conduziria a um aumento considerável da produtividade do sector
No ensino\formação em maquinação CNC tem-se rapidamente
que incutir a rotina no formando que deve maquinar e retirar a
peça, para forçar à criação de uma disciplina e metodologia de
acertar à primeira
Acrobat
Reader
Maquinação Convencional em Máquinas CNCMaquinação Convencional em Máquinas CNC
Nos diferentes estilos de toleranciamento geométrico
especificado, como por exemplo, Planeza, Paralelismo,
Perpendicularidade, Circularidade, Rectitude, etc, os
equipamentos CNC, por arranque de apara, conseguem
facilmente valores de tolerâncias inferiores aos exigidos pelo
cliente. As situações que se podem revestir de maior
complexidade são as das maquinações em grande profundidade,
por exemplo, no controlo da Cilindricidade de uma caixa com uma
altura considerável, nestes casos, ao longo da altura da caixa
podemos observar desvios consideráveis. Não esquecer, que
quando não é especificado num desenho de fabrico,
toleranciamento geométrico de forma individual ou geral, aplica-
se a todos as formas a Exigência de Envolvente, o que por si só
impõe restrições aos desvios geométricos das formas
maquinadas.
Para aumentarmos a produtividade na área da maquinagem
seria muito importante implementar algumas estratégias e
reforçar alguns conceitos:
1. Apostar em metodologias mais científicas de maquinação
para acertar à primeira, evitando aquela rotina pesada,
maquinar, parar, medir, corrigir, maquinar, parar…;
2. Instalar um computador com Excel junto a cada uma das
máquinas, com tabelas e formulários técnicos. Uma folha de
cálculo, como o Excel, serviria também para registar os
valores dimensionais obtidos na maquinação, para posterior
tratamento estatístico. Maquinar, medir e registar, este
procedimento repetitivo permitiria ao fim de algum tempo ter
uma noção concreta dos desvios previsíveis na maquinação e
agir em conformidade nos valores a programar de forma a
contrariar esses mesmos desvios;
3. O computador junto a cada máquina também serviria para ler
os desenhos em formato PDF, 2D e 3D. O operador da
máquina teria à sua disposição desenhos com muito maior
Conclusões
Não esquecer, que
quando não é especificado num desenho de fabrico,
toleranciamento geométrico de forma individual ou geral, aplica-
se a todos as formas a Exigência de Envolvente, o que por si só
impõe restrições aos desvios geométricos das formas
maquinadas
Conclusões
deta lhe que aque les
desenhos fastidiosos em
papel, carregados de
informação, difíceis de
interpretar.
O desenho 2D, represen-
tado por vistas e cortes
está a terminar o seu
tempo de vida na indústria,
irá ser substituído por um
formato 3D, em PDF por
exemplo, onde consta toda
a informação necessária ao fabrico da peça. Antes não era
possível pois as aplicações de CAD não permitiam adicionar
ao modelo 3D dinâmico todo o tipo de anotações, simbologia
diversa e tabelas, mas a evolução que tem havido nas
aplicações de CAD já permitem concretizar esse objectivo;
4. O uso de Dispositivos de aperto rápido e Gabaris para fixação
das peças a maquinar. Em vez de uma simples prensa
apostar em dispositivos que permitam um setup muito mais
rápido. Pode-se evitar a compra de novas máquinas
reduzindo o tempo de setup para cada peça;
5. Ajustar o perfil e as competências dos técnicos que operam
as máquinas CMM nas empresas, dotando-os com
conhecimentos mais profundos de maquinação. Com estas
competências, estes profissionais serão mais capazes de
interpretar as medições de forma mais completa e perceber
o que de errado acontece na maquinação para dar origem
aqueles desvios. Não deveremos querer estes
equipamentos, bastante onerosos, para dizer SIM ou NÃO,
devemos querer que estes equipamentos ajudem a
programação das máquinas CNC de forma decisiva.
Américo Costa - Engenheiro Mecânico - FEUP / Departamento de Formação do CENFIM
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