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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
MAÍRA DUQUE COUTINHO DE ABREU
EFEITOS DA FARINHA DE LINHAÇA (Linum usitatissinum) SOBRE A COMPOSIÇÃO
CORPORAL E ÓSSEA DE RATOS WISTAR NA VIDA ADULTA.
NITERÓI - RJ
2017
2
MAÍRA DUQUE COUTINHO DE ABREU
EFEITOS DA FARINHA DE LINHAÇA (Linum usitatissinum) SOBRE A COMPOSIÇÃO
CORPORAL E ÓSSEA DE RATOS WISTAR NA VIDA ADULTA.
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência Médicas da Universidade
Federal Fluminense com parte dos requisitos
necessários à obtenção do Grau de Mestre. Área
de Concentração: Ciência Médicas.
Orientador: Prof. Dr. GILSON TELES BOAVENTURA
Coorientador: Prof. Dr. CARLOS ALBERTO SOARES DA COSTA
NITERÓI - RJ
2017
3
MAÍRA DUQUE COUTINHO DE ABREU
EFEITOS DA FARINHA DE LINHAÇA (Linumusitatissinum) SOBRE A COMPOSIÇÃO
CORPORAL E ÓSSEA DE RATOS WISTAR NA VIDA ADULTA.
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência Médicas da Universidade
Federal Fluminense com parte dos requisitos
necessários à obtenção do Grau de Mestre. Área
de Concentração: Ciência Médicas.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Profª Drª Giselle Fernandes Taboada
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________________________________
Profª Drª Renata Frauches Medeiros Coimbra
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________________________________
Profª Drª Tatiana Silveira Feijó Cardozo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
NITERÓI-RJ
2017
4
Abreu, Maíra Duque Coutinho
Efeitos da farinha de linhaça (Linumusitatissinum) sobre a composição corporal e
óssea de ratos Wistar na vida adulta / Maíra Duque Coutinho de Abreu; orientador: Gilson
Teles Boaventura, coorientador: Carlos Alberto Soares da Costa – Niterói: [s.n.]. 2017.
67 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade Federal Fluminense,
2017.
Bibliografia: f. 55-63.
1. Farinha de linhaça. 2. Ratos. 3. Osso. 4. Adiposidade. 5. Adulto. I.Boaventura,
Gilson Teles [orien.]. II. da Costa, Carlos Alberto Soares [coorien.]. III. Título.
5
Aos meus pais, pelo apoio incondicional.
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, por tornar as coisas possíveis para mim.
Aos meus pais e a minha irmã, por acreditarem, me apoiarem e por toda admiração mutua
que existe nessa relação.
Ao meu professor e orientador Gilson, por ser mais que um orientador, um amigo! Elogiar
sua carreira e profissionalismo acabaria sendo superficial perto do que realmente és. Pessoas
como você eu gostaria de levar para toda vida.
Ao meu professor e coorientador Carlos, pela paciência, disposição, boa vontade e amizade.
Seu carinho pela profissão estimula os alunos.
Ao professor Maurício por auxiliar nas análises histológicas e dividir seus conhecimentos
comigo.
À minha alma gêmea acadêmica, Letícia. Posso afirmar com 95% de certeza, considerando p
< 0,05 que sem seu apoio e amizade eu não teria conseguido.
Ao Laboratório de Nutrição Experimental, por proporcionar sempre um ambiente saudável
de trabalho. Aos amigos que fiz: Dani, Aline, Carol, Bianca e Luanna. Obrigada por toda
ajuda.
À Agatha, Juliana e Fernanda, por tornarem as coisas mais simples “só” com uma xícara de
café.
Ao Iago pela parceria incondicional e melhorar minha alimentação.
ÀBruna, por se fazer sempre presente na minha vida.
A todos os professores que de alguma forma colaboraram para que esse trabalho fosse
realizado.
Ao CNPq pelo auxílio financeiro fornecido através da bolsa.
7
RESUMO
A linhaça por suas propriedades benéficas determina efeitos metabólicos e fisiológicos que
auxiliam positivamente na saúde. Em relação aos ácidos graxos poli-insaturados, a semente é
rica em ácido α-linolênico (ômega-3, 18:3n-3) e possui baixa concentração de ácido linoléico
(ômega-6, 18:2n-6). O consumo de alimentos com alta concentração de ômega-3 contribui
para a prevenção de doenças inflamatórias e perda óssea, visto que a menor proporção ômega-
6/ômega-3 está associada com melhora da formação óssea. O presente estudo avaliou a
influência da ingestão de linhaça sobre a composição corporal e óssea de ratos machos aos
180 dias de idade. Para isso foram utilizados Ratos Wistar (Rattusnovergicus), machos,
variedade Albinus, provenientes do Laboratório de Nutrição Experimental da Universidade
Federal Fluminense (LabNE/ UFF), mantidos em Biotério com temperatura (21 ± 23°C), ciclo
claro/escuro (12-12h), recebendo água e ração ad libitum. Ao nascimento, cada mãe
amamentou 6 filhotes machos. Os grupos foram divididos da seguinte maneira: Controle, que
recebeu ração a base de caseína (GC, n = 12) e experimental, que recebeu ração com
acréscimo de linhaça (GL, n = 12), esses grupos foram acompanhados até completarem 180
dias. Semanalmentefoi avaliada a ingestão dos animais e aferido o comprimento. Ao final do
experimento, foi realizado o teste oral de tolerância à glicose e posteriormente os animais
foram anestesiados para a realização da composição corporal através da absorciomentria com
dupla emissão de raios-X (DXA). Após isso, realizou-se a punção cardíaca e a consequente
eutanásia do animal. No sangue coletado, avaliamos as análises bioquímicas. Foi coletado o
tecido adiposo para avaliação da área dos adipócitos, fêmur e coluna lombar para análises da
composição e parâmetros ósseos. A análise estatística foi realizada através do programa
Graph Pad Prism(versão 5.00, 2007, San Diego, USA). Os métodos utilizados para análise
serão Anova bivariada seguida de pós-teste de comparação múltipla Bonferroni e Teste T
Student. Os resultados foram expressos como média ± erro-padrão da média (EPM),
considerando o nível de significância de p<0,05. O GL apresentou maior massa gorda, massa
de gordura do tronco, densidade mineral óssea (DMO) total, conteúdo mineral ósseo (CMO)
total, área óssea total e DMO da coluna vertebral, quando avaliado através do DXA. As
análises sorológicas apresentaram menores resultados para glicose e colesterol no GL. Nos
parâmetros ósseos, observamos aumento significativo da largura da diáfise, DMO óssea, força
máxima, força de ruptura e rigidez, no GL quando comparada ao GC. O estudo então
demonstra que a dieta contendo farinha de linhaça contribuiu para a qualidade óssea, no
entanto, não contribuiu para a obesidade, visto que promoveu aumento da adiposidade na vida
adulta.
Palavras chave: farinha de linhaça; ratos; osso; adiposidade; adulto.
8
ABSTRACT
Besides its beneficial properties, flaxseed also determines metabolic and physiological effects
that positively aid in health. As regards polyunsaturated fatty acids, the seed is rich in α-
linolenic acid (omega-3, 18: 3n-3) and it has a low concentration of linoleic acid (omega-6,
18: 2n-6). The intake of foods with a high omega-3 concentration contributes to prevent
inflammatory diseases and bone losses, since the lower omega-6 and higher omega-3 ratio is
associated with improved bone formation. The present study evaluated the flaxseed intake
influence on body and bone composition of male mice with 180 days of age. From the
Experimental Nutrition Laboratory of Fluminense Federal University (LabNE / UFF), were
used male, Albinus variety, Wistar (Rattus novergicus) mice. Maintained in a vivarium, with
temperature (21 ± 23 ° C), light / dark cycle (12-12h), receiving water and ad libitum feed. At
birth, each mother breastfed 6 male cubs. The groups were divided as follows: Control group,
which received casein based ration (GC, n = 12) and the experimental group, fed with
flaxseed based ration (GL, n = 12), these groups were followed up to 180 days. Animal intake
and length were measured weekly. By the end of the experiment, was performed the oral
glucose tolerance test and the animals were anesthetized to the body composition test through
DXA method. Followed by cardiac puncture test and the consequent animal euthanasia. In the
collected blood, was evaluated biochemical analyzes. Adipose tissue was collected to assess
the adipocyte area, besides femur and lumbar spine for bone parameters and composition
analysis. Statistical analysis was performed using the GraphPadPrism program (version 5.00,
2007, San Diego, USA). The methods used for analysis were Anova bivariate followed by
post-test Bonferroni multiple comparison and T-Student's test. The results were expressed as
mean ± standard error of the mean (EPM), considering the level of significance of p <0.05.
The GL presented bigger fatty mass, trunk fatty mass, total BMD, total BMC, total bone area
and BMD of the spine, when evaluated through dual-energy X-ray absorptiometry (DXA).
Serological tests showed lower values for glucose and cholesterol in GL. In bone parameters,
we observed a significant increase in the diaphysis width, bone BMD, maximal strength,
rupture force and stiffness, in GL when compared to GC. The study then demonstrates that the
flaxseed diet contributed to bone quality, however, contribute to obesity, since it promoted
increased adiposity in adult life.
Keywords: flaxseed; rats; bone; adiposity; adult.
9
LISTA DE FIGURAS
Páginas
Figura 1 Metabolismo dos ácidos graxos das famílias n-6 e n-3. 22
Figura 2 Origem dos adipócitos e osteoblastos. 25
Figura 3 Perfil de ácidos graxos em diversos óleos alimentares. 29
Figura 4 Evolução da ingestão alimentar média durante 180 dias de vida. 41
Figura 5 Evolução da ingestão calórica média durante 180 dias de vida. 42
Figura 6 Evolução da massa corporal durante 180 dias de vida. 43
Figura 7 Comprimento corporal durante 180 dias de vida. 43
Figura 8 Teste oral de tolerância a glicose ao final dos 180 dias de vida. 44
Figura 9 Massa absoluta e relativa do tecido adiposo intra-abdominal, área do
adipócito e fotomicrografias de secções histológicas de tecido
adiposo retroperitoneal dos animais aos 180 dias (Objetiva 20X).
47
10
LISTA DE ESQUEMAS
Páginas
Esquema 1 Delineamento experimental 35
11
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 Composição centesimal da semente de linhaça e a média da RDA
ou AI.
28
Tabela 2 Composição nutricional da ração experimental e controle,
administrada durante 180 dias.
33
Tabela 3 Composição da ração padrão própria para ratos em 100g. 34
Tabela 4 Composição corporal dos animais ao completarem 180 dias de vida. 45
Tabela 5 Análise hormonal e sorológica dos animais aos 180 dias. 46
Tabela 6 Parâmetros ósseos dos animais aos 180 dias. 48
Tabela 7 Parâmetros biomecânicos dos animais aos 180 dias. 49
12
LISTA DE ABREVIATURAS
AA Ácido araquidônico
AI Adequada ingestão
AIN Amercian Institute of Nutrition
ALA Ácido α-linolênico
BHT Butilhidroxitolueno
CMO Conteúdo mineral ósseo
DHA Ácido docasahexaenoico
DMO Densidade mineral óssea
DXA Absorciomentria com dupla emissão de raios-X
EDTA Etilenodiaminotetracético
ELISA Ensaio de imunoabsorção enzimática
EPA Ácido eicosapentanoico,
EPM Erro-padrão da média
GC Grupo controle
GH Hormônio do crescimento
GL Grupo linhaça
HDL Lipoproteína de alta densidade
IBGE Instituto brasileiro de geografia e estatística
IGF Fator de crescimento semelhante à insulina
IL-6 Interleucina-6
LA Ácido linoleico
13
LabNE Laboratório de Nutrição Experimental
LANUFF Laboratório de Avaliação Nutricional e Funcional
MS Ministério da Saúde
MUFA Ácidos graxos monoinsaturados
n-3 Ácido graxo ômega-3
n-6 Ácido graxo ômega-6
OPG Osteoprotegerina
PESAGRO-Rio Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro
PGE2 Prostaglandinas 2
PGE3 Prostaglandinas 3
PPAR-α Receptor ativado por proliferador de peroxissoma alfa
PPAR-γ Receptor ativado por proliferador de peroxissomagamma
PTH Paratormônio
PUFA Ácidos graxos poli-insaturados
RANK Receptor ativador de fator nuclear Kappa B
RANKL Ligante do receptor ativador de fator nuclearKappa B
RDA Recomendação dietética adequada
SDG Secoisolariciresinoldiglicosídio
TNF-α Fator de necrose tumoral alfa
TOTG Teste oral de tolerância à glicose
VL4 4º vértebra lombar
UFF Universidade Federal Fluminense
UNICAMP Universidade de Campinas
14
OMS Organização Mundial da Saúde
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 19
2.1 ÁCIDOS GRAXOS, TECIDO ÓSSEO E ADIPOSO ........................................................ 19
2.1.1 Tecido ósseo .................................................................................................................... 19
2.1.2 Integridade óssea e ácidos graxos poli-insaturados ....................................................... 21
2.1.3 Tecido adiposo ................................................................................................................. 23
2.1.4 Obesidade, ácidos graxos poli-insaturados e integridade óssea .................................... 24
2.2 LINHAÇA .......................................................................................................................... 26
2.2.1 Composição ..................................................................................................................... 27
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 30
3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 30
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 30
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 32
4.1 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................... 32
4.2 ANIMAIS ........................................................................................................................... 32
4.3 RAÇÃO .............................................................................................................................. 32
4.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................. 33
4.5 MASSA CORPORAL, COMPRIMENTO E INGESTÃO ALIMENTAR ....................... 35
4.6 TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG) ............................................... 35
4.7 ANESTESIA ...................................................................................................................... 36
4.8 COMPOSIÇÃO CORPORAL ............................................................................................ 36
4.9 EUTANÁSIA E COLETA DO SANGUE ......................................................................... 36
4.10 ANÁLISES BIOQUÍMICAS ........................................................................................... 37
4.10.1 Análises sorológicas ...................................................................................................... 37
4.10.2 Análises hormonais ....................................................................................................... 37
4.11 COLETA DO TECIDO ADIPOSO .................................................................................. 37
16
4.12 ANÁLISE DO TECIDO ADIPOSO ................................................................................ 38
4.13 COLETA DO FÊMUR E COLUNA LOMBAR .............................................................. 38
4.14 ANÁLISES ÓSSEAS ....................................................................................................... 38
4.15 COMPOSIÇÃO ÓSSEA .................................................................................................. 39
4.16 TESTE BIOMECÂNICO ................................................................................................. 39
4.17 CARCAÇAS ..................................................................................................................... 39
4.18 ANÁLISES ESTATÍSTICAS .......................................................................................... 40
5 RESULTADOS .................................................................................................................... 41
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 52
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 57
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 58
9 ANEXOS .............................................................................................................................. 67
9.1 APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ANIMAL ............................. 68
9.2 RESUMOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS ....................................................... 69
9.3 ARTIGO ENVIANDO PARA PUBLICAÇÃO ................................................................. 70
17
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo fisiológico natural que envolve diversas
transformações biológicas, ocorrendo de maneira gradativa devido às necessidades evolutivas,
e muitas vezes são acompanhadas de um aumento na prevalência de doenças relacionadas à
idade. Geralmente são silenciosas e incapazes de gerar qualquer incapacidade inicialmente,
embora possam causar prejuízos futuros durante as realizações de atividades básicas da vida,
gerando uma influência social e intelectual. Dentre elas, estão as doenças osteomusculares
degenerativas, que tem levantado grande preocupação mundial devido ao aumento da sua
prevalência na população mais velha. Com isso, tem-se buscado novas estratégias de prevenir
e tratar estas doenças, a fim de melhorar a qualidade de vida desta população (Moreira, 2002;
Esquenazi, 2013).
A estrutura óssea é continuamente modificada conforme as forças mecânicas e os
processos metabólicos aplicados a ela, por meio de mecanismos de remodelação adaptativa.
Dentre as principais funções (apoio, locomoção, proteção, hematopoese), o tecido ósseo serve
como armazenamento corporal de alguns minerais, como o cálcio, fosforo e magnésio
(Gartner & Hiatt, 2002). Entretanto, com o avanço dos anos, há um desequilíbrio neste
metabolismo ósseo, de modo que velocidade do processo de mineralização reduz, com o
ajuste da resistência e da homeostase óssea. Isso pode ocasionar a redução da mineralização e
o aumento da perda da massa óssea, logo após o alcance do pico ósseo (Szejnfeld, 2001;
Kruger et al., 2010). Diversos fatores estão associados a este quadro, como genética, hábitos
de vida e alimentação, possibilitando a maior fragilidade óssea, ocasionando fraqueza,
aumentando a incidência de fraturas, reduzindo a qualidade de vida deste indivíduo, além dos
efeitos sobre os custos com a saúde, com elevado impacto sobre a economia do país (Voser,
2006).
18
Outra modificação muito frequente com o avanço da idade é o aumento de tecido
adiposo.Durante a vida do indivíduo, é importante que este consuma uma dieta rica em ácido
linoleico (linolenic acid, LA, 18:3 n-6) e ácido α-linolênico (alpha-linolenic acid, ALA, 18:3
n-3), pois estes são ácidos graxos essenciais, necessários para o desenvolvimento dos tecidos
(Green et al., 2004). Além disso, estudos experimentais em animais e epidemiológicos
avaliaram que ácidos graxos poli-insaturados (polyunsaturated fatty acids, PUFA) atuam no
tecido adiposo e na estrutura óssea (Watkinset al., 2000; Weiss et al., 2005; Costa et al., 2011;
Aguirre et al., 2014).
A baixa razão de LA/ALA, por volta de 4-10:1, está relacionada com uma melhor
manutenção da estrutura óssea, contribuindo para a sua formação, além de diminuir o
recrutamento de pré-adipócitos, colaborando para um menor desenvolvimento do tecido
adiposo (Ghibaudiet al., 2002; Corwin, 2003; Martin et al., 2006; Kruger et al., 2010). Em
contrapartidaa alta razão de LA/ALA, com valores mais altos que 10:1, está associada a um
efeito negativo na fisiologia óssea, visto que ocorre maior estímulo para a reabsorção óssea,
além de estimular a formação e acumulo de tecido adiposo através da maior formação de
células mesenquimais em adipócitos (Dirienzo et al., 2008; Kruger et al., 2010).
Assim, LA e ALA têm um papel fundamental no tecido adiposo e no crescimento
ósseo, sendo uma área de pesquisa em ascensão (Costa et al., 2011). Nesse contexto, a farinha
de linhaça, obtida através da moagem da semente, é considerada um alimento com alegação
de propriedades funcionais, pois apresenta a maior fonte de ALA do reino vegetal e baixa
razão de LA/ALA, apresentando 16% de LA e 40-60% de ALA (Riediger et al., 2008; Sales
et al., 2010; Novello & Pollonio, 2011; Lane et al., 2014).
Sendo assim, a proposta deste estudo, foi avaliar os efeitos da farinha de linhaça sobre
a composição corporal e óssea de ratos Wistar na vida adulta.
19
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ÁCIDOS GRAXOS, TECIDO ÓSSEO E ADIPOSO
2.1.1 Tecido ósseo
O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo que se difere dos outros
devido ao seu elevado conteúdo mineral (Schwartz et al., 2001; Moraes, 2006; Junqueira &
Carneiro, 2013). Tem como função dar suporte ao corpo, proteger os órgãos vitais, alojar e
proteger a medula óssea, dar apoio ao músculo esquelético para proporcionar a locomoção,
estocar cálcio corporal, produção de células sanguíneas, entre outros (Tres & Kierszenbaum,
2012).
O osso é composto por um substrato orgânico, que consiste de ampla quantidade de
colágeno tipo I (aproximadamente 40% do volume), intercalado com cristais de hidroxiapatita
(aproximadamente 45%). O restante do volume é preenchido por água (Tres & Kierszenbaum,
2012).
Em relação à arquitetura, existe uma diferenciação entre osso cortical e osso trabecular
(Wehrli, 2007). O osso cortical é a camada compacta que forma a porção externa ao osso
trabecular e por ser mais compacto é responsável por contribuir para a manutenção da
integridade estrutural, por esse motivo, a sua remodelação é mais lenta (UDDO, 1997;
Anderson, 2010). O osso trabecular, que também é conhecido como osso esponjoso, é
caracterizado por ter menos densidade do que o osso cortical e apresentar uma estrutura aberta
de espículas ósseas interligadas que delimitam o espaço da medula óssea (Anderson, 2010;
Tres & Kierszenbaum, 2012). Este é resistente a cargas mecânicas e é continuamente
remodelado (Kalfas, 2001).
20
Segundo a sua morfologia, os ossos são classificados como ossos longos, curtos,
planos e irregulares. Os ossos longos, como o fêmur, têm as extremidades denominadas
epífise, sua extensão diáfise e a parte dilatada da diáfise próxima a epífise é chamada de
metáfise e, além disso, apresentam mais osso cortical do que trabecular (Moraes, 2006). Os
ossos irregulares, como as vértebras, são caracterizados por apresentarem formas complexas e
apresentam mais osso trabecular do que osso compacto.
Esse tecido é formado por células e matriz extracelular calcificada, denominada matriz
óssea e os componentes celulares do osso são os osteoblastos, que são responsáveis pela
formação e produção do tecido ósseo e os osteoclastos, que promovem a reabsorção óssea
(Anderson, 2010; Junqueira & Carneiro, 2013a).
Na fase de crescimento existe uma maior quantidade de osteoblastos do que os
osteoclastos, fazendo com que haja maior formação óssea do que reabsorção para atingir o
pico de massa óssea, que é o nível mais alto de massa óssea (Cobayashi et al., 2005;
Anderson, 2010). O pico de massa óssea nos seres humanos é atingido por volta de 30 anos de
idade, porém a idade em que a densidade mineral óssea (DMO) atinge o valor máximo
depende de fatores como, dieta, atividade física, gênero, fatores genéticos, ambientais e
hormonais (Wosje & Specker, 2000; Anderson et al., 2002).
Cessado o crescimento ósseo, há um equilíbrio constante entre a reabsorção e a
formação óssea, processo conhecido como remodelação óssea, que termina por volta dos 40
anos, quando há início da perda de massa óssea (Gali, 2001; Sohrabiet et al., 2015). Essa
remodelação ocorre devido a esforços sobre o esqueleto, alterações no estilo de vida e
ingestão alimentar e reparo de microlesões. Segundo Anderson (2010), a remodelação é
iniciada a partir da ativação de células pré-osteoclásticas, que migram para a superfície dos
ossos e se diferenciam em osteoclastos maduros. Em contato com o osso, os osteoclastos
liberam ácidos e enzimas proteolíticas para que haja a reabsorção da parte mineral e da matriz
óssea. Para a formação óssea, os osteoblastos liberam colágeno, que é polimerizado para
formar fibras maduras, e proteínas da matriz. Com o tempo, o cálcio e fósforo se precipitam
nessas fibras de colágeno e formam os cristais de hidroxiapatita.
A perda óssea começa a ocorrer por volta dos 30-35 anos de idade, em ambos os
sexos, porém é mais rápida em mulheres, ainda mais depois da menopausa. No entanto, por
volta dos 70, a perda óssea entre homens e mulheres é equiparada (Anderson, 2010).
21
Em idade mais avançada, o processo de formação óssea se torna menos eficiente e em
contrapartida, a remodelação óssea encontra-se mais ativa, aumentando a possibilidade de
ocorrer perda de massa óssea, osteopenia ou osteoporose. Esta última é caracterizada pela
diminuição da massa ósseaque resulta em fragilidade e maior risco de fratuaras (Orimo,
2010).
Uma boa nutrição oferecida por uma dieta balanceada está relacionada a um melhor
desenvolvimento da massa óssea, assim como está associada a melhor obtenção de pico de
massa óssea, ajudando então na prevenção e tratamento da osteoporose (NIH, 2000).
2.1.2 Integridade óssea e ácidos graxos poli-insaturados
Estudos experimentais em ratos têm evidenciado que uma dieta rica em ômega-3 (n-3)
e ômega-6 (n-6), ácidos graxos poli-insaturados, é benéfica à integridade óssea (Watkins et
al., 2000; Green et al., 2004). Porém, para que haja manutenção óssea, é de suma importância
que a quantidade de cada ácido graxo esteja apropriada, ou seja, quanto menor for a razão de
n-6/n-3 melhor será essa manutenção (Corwin, 2003; Weiss et al., 2005). Além disso, a maior
proporção n-6/n-3 está associada com efeitos negativos sobre a fisiologia óssea, com maior
estímulo para a reabsorção óssea, via osteoclastos (Corwin, 2003; Weiss et al., 2005).
Os ácidos graxos poli-insaturados são divididos em duas classes, de acordo com a sua
estrutura, sendo eles o n-3 e o n-6, precursores do ácido alfa-linolênico(ALA) e ácido
linoleico (LA), respectivamente, classificados como ácidos graxos poli-insaturados de cadeia
longa (Dirienzo et al., 2008).
O LA e o ALA dão origem a outros ácidos de cadeias mais longas, uma vez que são
desaturados (pela inserção de dupla ligação) e alongados (pela adição de 2 unidades de
carbono) (Dirienzo et al., 2008). Enquanto que o LA pode ser metabolizado em ácidos gama-
linolênico, dihomo-gama-linolênico e araquidônico (AA), o ALA pode ser metabolizado em
outros da série ômega-3, sendo eles o ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico
(DHA) (Salem, 1999; Valenzuelaet al., 2011) (Figura 1).
22
Figura 1 – Metabolismo dos ácidos graxos das famílias n-6 e n-3.
Fonte: adaptado de Kruger et. al., 2010.
O AA é convertido em prostaglandina 2 (PGE2) e leucotrienos da série 4, ambos com
ação pró-inflamatória. A PGE2 é um potente modulador da remodelação óssea, afetando
assim a reabsorção e a formação óssea (Jee & Ma, 1997; Albertazzi & Coupland, 2002). A
excessiva produção de PGE2 estimula a reabsorção óssea, uma vez que reduz a diferenciação
dos pré-osteoblastos e aumenta o recrutamento de pré-osteclastos e sua maturação, assim uma
baixa ingestão de alimentos ricos em n-6 reduz a sua produção podendo proporcionar a
manutenção da formação óssea (Watkinset al., 2000; Liu & Denbow, 2001).
O EPA é convertido em prostaglandina 3 (PGE3) e leucotrienos da série 5, que
contribuem para a redução da síntese de PGE2, por competição de enzimas, apresentando
assim ação anti-inflamatória. Com a redução da síntese de PGE2, é possível recrutar pré-
osteoblastos e promover sua maturação, favorecendo assim a formação óssea (Krugeret al.,
2010). Além disso, a PGE3 inibe a produção de fator de necrose tumoral alfa (tumor necrosis
factor alpha, TNF-α) e interleucina6 (IL-6), citocinas pró-inflamatórias que promovem
reabsorção óssea (Gilsanz et al., 2009; Halade et al., 2010), assim, sugere-se que com a
23
diminuição dessas citocinas, haja uma diminuição na reabsorção óssea e consequente
formação óssea (Garfólo & Petrilli, 2006).
Outros fatores que relacionam a estrutura óssea com os ácidos graxos poli-insaturados
são: a expressão do ligante do receptor ativador do fator nuclear Kappa B (RANKL), um
receptor presente nos osteoblastos, responsável pelo equilíbrio entre a reabsorção e a
formação óssea; a quantidade de osteoprotegerina (OPG), um receptor chamariz do RANKL
que regula negativamente a osteoclastogênese (Ferrer et al., 2002). Outro receptor,
relacionado com a reabsorção óssea é o receptor ativador de fator nuclear Kappa B (RANK),
que também se liga ao RANKL, porém esse receptor está presente na membrana plasmática
dos pré-osteoclastos, logo, quando ocorre a ligação do RANK ao RANKL ocorre o estímulo
para a síntese de osteoclastos. Quando a OPG se liga ao RANKL ocorre a inibição tanto da
diferenciação celular como da função do osteoclasto, pois a OPG inibe a ligação do RANK ao
RANKL. O ácido graxo poli-insaturado n-6, percursor de PGE2, está relacionado com o
aumento da expressão de RANKL, diminuição da quantidade de OPG e ainda aumento da
expressão de RANK, favorecendo assim a reabsorção óssea. No entanto, o n-3 por ser
convertido em PGE3, que inibe a síntese de PGE2, ajuda na manutenção dos níveis de OPG e
diminuição dos níveis de RANK. Além disso, o n-3 atua diminuindo o tempo de vida média
dos osteoclastos, promovendo a apoptose destas células (Krugeret al., 2010).
2.1.3 Tecido adiposo
O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo onde se pode observar predominância
de adipócitos. Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo representa de 20 a 25 % do peso
corporal das mulheres e de 15 a 20% do peso corporal de homens (Junqueira & Carneiro,
2013b).
Este tecido é o maior depósito de energia do corpo, sob forma de triglicerídeos, sendo
assim, é a principal reserva de energia do organismo. Além da função energética, o tecido
adiposo é isolante térmico, mecânico e participa da síntese de hormônios esteroides
(Junqueira & Carneiro, 2013b).
O tecido adiposo é dividido em duas variedades que apresentam distribuição corporal,
estrutural e fisiológica distintas. Um dos tipos é o tecido adiposo branco, também conhecido
24
como unilocular, cujas células, quando desenvolvidas por completo, apresentam apenas uma
gotícula de gordura a qual ocupa quase todo o citoplasma. A outra variedade é o tecido
adiposo marrom ou multilocular, constituído por células que contêm numerosas gotículas
lipídicas e muitas mitocôndrias. O tecido adiposo branco está mais presente em indivíduos
adultos do que o marrom (Tres & Kierszenbaum, 2012; Junqueira & Carneiro, 2013b).
2.1.4 Obesidade, ácidos graxos poli-insaturados e integridade óssea
Obesidade é considerada uma doença crônica não transmissível, definida como o
acúmulo excessivo de tecido adiposo que compromete a saúde dos indivíduos, afetando o
sistema respiratório, locomotor, esquelético, cardíaco, além de favorecer o surgimento de
dislipidemia, diabetes tipo 2, entre outras doenças (Pinheiro et al., 2004; WHO, 2011).
Apresenta etiologia complexa, com caráter multifatorial, associado a aspectos culturais,
ambientais, genéticos, socioeconômicos e biológicos (Popkin, 2001).
A prevalência da obesidade é um problema de saúde pública com caráter epidêmico
(Mendonça & Anjos, 2004), devido ao crescimento nas últimas décadas, tanto nos países em
desenvolvimento como nos países desenvolvidos (Nunes et al., 2007; Leão & Santos, 2012).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2025 estima-se que 300 milhões
de pessoas sejam diagnosticadas com obesidade (WHO, 2011).
O aumento desta doença está associado às mudanças ocorridas nos hábitos alimentares
e no estilo de vida (Leal et al., 2012). Atualmente o perfil alimentar da população inclui a
diminuição do consumo de alimentos de origem vegetal e aumento dos de origem animal,
logo, ocorreu um aumento da ingestão de gordura saturada, sal, açúcar simples e alimentos
industrializados (Silva et al., 2010; MS, 2014)
A obesidade interfere no sistema esquelético, uma vez que o hipotálamo modula a
reserva de gordura e de osso, por meio do sistema nervoso simpático, regulando o apetite, a
sensibilidade da insulina e remodelação do esqueleto (Rosen&Klibanski, 2009). Além disso,
os adipócitos e os osteoblastos são originados das células-tronco mesenquimais, visto que
ambos são tipos de tecido conjuntivo (Junqueira & Carneiro, 2013c). Ademais, um estudo
epidemiológico demonstrou que a adiposidade central está relacionada com uma qualidade
óssea inferior, além de alterar o turnover ósseo (Cohen et al., 2013)
25
Alguns nutrientes, como o n-3 e o n-6 podem influenciar na síntese, tanto do adipócito
como do osteoblasto. Como dito anteriormente, uma dieta contendo baixa razão de n-6/n-3 é
benéfica para a integridade óssea, devido à diminuição da formação de PGE2. Além disso,
uma dieta contendo altas concentrações de n-6, leva ao recrutamento do receptor ativado por
proliferadores de peroxissomagamma (peroxisome proliferator-activated receptor gamma,
PPAR-γ), que converte pré-adipócitos em adipócitos, o que acarreta em acúmulo de gordura
(Kruger et al., 2010). O n-3, por outro lado, diminui o recrutamento de pré-adipócitos, além
de diminuir a hipertrofia dos adipócitos, devido ao estímulo de genes relacionados com a
oxidação dos ácidos graxos, através do receptor ativado por proliferadores de peroxissoma
alfa (peroxisome proliferator-activated receptor alfa, PPAR-α), causando a redução da área
dos adipócitos (Figura 2) (Raclot & Groscolas, 1994; Hsu et al, 2006).
Figura 2 – Origem dos adipócitos e osteoblastos.
Fonte: Adaptado de Junqueira & Carneiro, 2013c.
Além disso, a adiposidade atua na estrutura óssea de forma indireta, devido à secreção
de insulina, uma vez que os seus níveis séricos estão aumentados em indivíduos obesos. A
26
insulina atua diretamente na proliferação e na atividade dos osteoblastos, dessa forma
estimulando a formação óssea (Gilsanz et al., 2009; Zillikens et al., 2010), demonstrando que
a obesidade pode trazer benefícios para a estrutura óssea.
Carvalho et al. (2002) evidenciaram que com o aumento da massa corporal há um
aumento da ação mecânica no osso e com isso causa microdeformações neste, assim ocorre
um estímulo às células osteoblásticas, que estão relacionadas com uma menor reabsorção
óssea e um aumento na formação óssea local.
Esse aumento da ação mecânica ocorre devido ao trabalho muscular aumentado para
sustentar e/ou locomover os indivíduos com maior massa corporal, assim estimulando a
formação óssea (Lewin et al., 1997). Reddy et al. (2009) observaram que a DMO é maior em
indivíduos com sobrepeso, apesar da qualidade óssea não ser necessariamente boa (Bandeira,
2007; Lecka-Czernik et al., 2015). Em modelo experimental com ratos a mesma relação
positiva foi observada entre a obesidade, massa e arquitetura óssea (Iwaniec et al., 2009).
No entanto, a massa corporal pode apresentar um efeito negativo em relação aos
parâmetros ósseos. Taes et al. (2009) investigaram a influência da adiposidade, que é a
quantidade ou depósito de gordura em determinada parte do corpo, no caso desse estudo, na
região intra-abdominal na DMO e CMO de homens adultos que atingiram o pico de massa
óssea e observou que esses parâmetros foram menores em homens com maior adiposidade.
Tal fato é devido ao tecido adiposo intra-abdominal estar relacionado com a expressão de
citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α e IL-6, que promovem reabsorção óssea (Gilsanz et
al., 2009; Halade et al., 2010).
2.2 LINHAÇA
O linho é uma planta pertencente à família das lináceas, tendo como nome científico
Linum usitatissimum. Desta planta podem-se extrair fibras, para a fabricação de tecidos, além
de sementes oleaginosas denominada Linhaça. Suas origens provem da Ásia, tendo sido
cultivada há mais de 4000 anos e, desde então, vem sendo usada como matéria-prima para
produção de óleo e farelos. Entretanto, não se sabe certo o início do seu cultivo, mas, fatos
históricos relatam sua utilização entre 5000 a 2500 anos a.C. naMesopotâmia e em outros
países, para fins medicinais. Seu cultivo no Egito foi referido no Livro de Moisés, devido
27
aperda da colheita de linho como uma praga ou desgraça, visto tamanha importância na vida
destas populações (Vieira et al., 2012; Rural sementes, 2016)
Atualmente o maior produtor e exportador mundial de linhaça é o Canadá, com uma
produção de 0,42 milhões de toneladas em 2010 correspondendo à quase 80% do comércio
global desta semente, logo depois é a China, Estados Unidos, Índia e Etiópia (Goyal et al.,
2014). Em relação ao Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Rio Grande do Sul aparece como principal produtor. Em 2014, a produção desta
semente alcançou 4.839 toneladas, com um plantio de 8.860 hectares e obtendo um
rendimento médio de 546 Kg/hectare (Brasil, 2016). Contudo, segundo Trucom (2016), o país
ainda importa a linhaça do Canadá, USA, China e Argentina para os ajustes de preços
nacionais deste produto.
O surgimento dos novos hábitos alimentares dos consumidores preocupados com a
prevenção de doenças gerou um aumento da demanda do mercado dos produtos naturais e
ainda influenciou muitos pesquisadores a buscar evidências de seus benefícios para a saúde
(Anjo, 2004; Barroso et al., 2014; Ribeiro et al., 2014). Neste contexto foram denominados
“alimentos funcionais” aqueles que possuem componentes fisiologicamente ativos que
demonstram benefícios à saúde (Carraraet al., 2009). Considerada como um alimento que
possui propriedades funcionais, a linhaça se destaca por conter em sua composição
substancias como lignanas, ALA, fibras e alguns minerais (cálcio, fósforo, potássio, entre
outros), que repercutem beneficamente sobre a saúde e na redução dos riscos de algumas
doenças (Tarpila et al., 2002; Cassani, 2009; Orchard et al., 2012).
2.2.1 Composição
A linhaça é uma oleaginosa rica em lipídios, proteínas e fibras. Contudo sua
composição pode variar de acordo com a genética, meio ambiente, processamento e método
de análise da semente. Mas geralmente, possui 41% de gordura, 20% de proteína, 28% de
fibra dietética total, 7,7% de umidade, 3,4% de cinzas e 1% de açúcares simples (Morris,
2007). Tomando como exemplo a Tabela 1, pode-se notar que em 100g de semente de
linhaça,14g são de proteína (9,78%), 32,3g de carboidrato (22,5%) e 43,3g de lipídios
(67,7%), sendo desses lipídios, 22,8g de n-3 e 5,9 de n-6 (UNICAMP, 2011; Gomes et al.,
2012).
28
Tabela 1 - Composição Centesimal da semente de linhaça e a média da RDA ou
AI.
Recomendação Dietética Adequada (RDA)* ou Adequada Ingestão (AI)** de micronutrientes, para homens de
18 até 30 anos de idade
Fonte: Adaptado de UNICAMP, 2011(1)
, de Gomeset al., 2012(2)
e de Pandovani et al., 2006(3)
Portanto, a semente é pobre em gordura saturada (9% dos ácidos graxos totais) com
18% de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) e 73% de PUFA. Do total de PUFA em sua
composição, 40-60% são de ácido graxo essencial ALA e com 16% de ácido graxo essencial
LA. Caracteriza-se este alimento com um perfil único de ácido graxo, pois este elevado teor
de n-3 resulta em uma razão de n-6:n-3 benéfico para o organismo (Novello & Pollonio,
2011). Um exemplo desta proporção seria a comparação de diferentes óleos em relação ao
teor de ácidos graxos em cada um, apresentado na figura 3 (Morris, 2007).
29
Figura 3 - Perfil de ácidos graxos em diversos óleos alimentares.
Fonte: Adaptado de Morris, 2007
Em relação à porção de fibras na linhaça, a sua maioria é composta por fibra solúvel
conhecida como mucilagem que corresponde à 25% da fibra dietética total. Além das funções
básicas de auxiliar nos processos intestinais, na redução dos níveis de glicemia e de colesterol
sanguíneo, ela também é rica em lignana, que seria um composto fenólico que atua com um
fitoestrógeno, possuindo características e estrutura química semelhante ao estrogênio. Isto
evita as reações inflamatórias, por meio do bloqueio da liberação de fatores de ativação de
plaquetas (Maciel, 2006; Cassani, 2009; Cupersmidet al., 2012).
30
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar os efeitos da ração contendo farinha de linhaça na composição corporal e
óssea de ratos Wistar na vida adulta.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Comparar o consumo de ração dos grupos, desde o desmame até 180 dias.
Comparar massa e comprimento corporal entre os grupos.
Comparar a glicemia de jejum e após estímulo glicêmico oral entre os grupos.
Comparar a composição corporal, através de técnica radiológica, como método de
absorciometria com dupla emissão de raios-X (DXA), entre os grupos.
Comparar a avaliação sérica quanto às características bioquímicas e hormonais entre
os grupos.
Comparar a massa absoluta e relativa do tecido adiposo intra-abdominal e também a
área do adipócito, através da técnica histomorfológica de tecido, entre os grupos.
Comparar os parâmetros anatômicos, como a massa dos ossos (fêmur e quarta vertebra
lombar), distância entre as epífises e largura da diáfise, com auxílio de um paquímetro
digital, entre os grupos.
31
Comparar a composição óssea (fêmur e quarta vertebra lombar), através de técnica
radiológica, como o método de absorciometria com dupla emissão de raios-X (DXA),
entre os grupos.
Comparar os parâmetros de força máxima, força de ruptura e rigidez dos fêmures
através do teste biomecânico, entre os grupos.
32
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 ASPECTOS ÉTICOS
Os procedimentos atenderam às exigências previstas no projeto de lei nº 11.794/2008,
que estabelece procedimentos para o uso científico de animais. O projeto de pesquisa foi
submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Pró-Reitoria de Pesquisa
e Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF) de protocolo n° 209 (Anexo 1)
em 12 de abril de 2012.
4.2 ANIMAIS
Foram utilizados ratos machos Rattusnorvegicus, variedade Albinus, linhagem Wistar,
obtidos a partir de colônias do Laboratório de Nutrição Experimental da Faculdade de
Nutrição da Universidade Federal Fluminense, que foram mantidos em condições controladas
de temperatura (22 ± 2ºC) e umidade (60 ± 10%), com ambiente submetidos ciclos de 12:12h
claro-escuro.
4.3 RAÇÃO
A ração controle e a experimental, para cada 100g contém, respectivamente: 20g e
14,11g de caseína; 52,95g e 45,84g de amido de milho; 7ml e 0ml de óleo de soja; 5g e 0g de
celulose. A ração experimental contém 25g de farinha de linhaça. As duas dietas apresentaram
a mesma quantidade de mix mineral, vitamínico, celulose e sacarose (Tabela 2). As dietas
foram manufaturadas semanalmentee estocadas a 4°C(dentro do próprio Laboratório de
33
Nutrição Experimental – LabNE), de acordo com as recomendações da American Institute of
Nutrition (AIN-93G) (Reeves et al., 1997). Ambos os grupos tiveram livre acesso à água e
ração.
Tabela 2- Composição nutricional da ração experimental e controle,
administrada durante os 180 dias.
Ingrediente (g/ 100 g) Controle Experimental
Farinha de linhaça - 25,0
Caseína 20,0 15,0
Amido de Milho 52,9 45,0
Açúcar 10,0 10,0
Óleo de Soja 7,0 -
Celulose 5,0 -
Mix Mineral AIN-93G 3,5 3,5
Mix Vitamínico AIN-93 1,0 1,0
L-Cistina 0,3 0,22
Bitartarato de Colina 0,25 0,25
BHT, mg 0,014 0,014
Proteína (g/100g) 17,0 17,0
Carboidrato (g/100g) 54,0 49,0
Lipídeo (g/100g) 7,0 7,0
kcal/100g 347,2 327,0
Formulado com base nas recomendações do American Institute of Nutrition AIN-93G para dietas de roedores.
Grupo controle (GC) e grupo experimental, tratado com ração contendo farinha de linhaça (GE). Mix Mineral e
vitamina; L-cistina; Bitartarato de Colina: PragSoluções ®; Caseína; Amido de Milho; Celulose: FARMOS ®;
Soja: Lisa ® e Sacarose: União ®. Linhaça: Arma Zen Produtos Naturais Ltda, com 17g de proteínas, 26g de
lipídios e 45g de carboidratos para cada 100g.
4.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
34
Foram utilizadas seis ratas com aproximadamente três meses de idade que foram
acasaladas e colocadas em gaiolas individuais com acesso à água e ração comercial(Nuvilab-
CR1, Paraná, Brasil) (Tabela 3) ad libitum.
Tabela 3 - Composição da ração padrão própria para ratos em 100 gramas
(Nuvital, Nuvilab, PR, Brasil).
Ingredientes (g/ 100g) Quantidade
Carboidrato 58,0
Proteína 22,0
Extrato etéreo 4,0
Material mineral 9,0
Material fibroso 7,0
Energia (kcal/100g) 354,0
No nascimento dos filhotes, houve um ajuste do número de filhotes, visando a
maximização do desempenho lactotrófico, sendo assim cada mãe ficou com seis filhotes
machos (Fishbeck & Rasmussen, 1987).
Ainda no dia do nascimento, as mães e suas ninhadas foram divididas aleatoriamente
em dois grupos, sendo um grupo controle (GC), que recebeu dieta controle e um grupo
linhaça (GL), que recebeu dieta contendo farinha de linhaça. Ao completarem 21 dias, os
filhotes de ambos os grupos foram separados de suas mães, ou seja, foram desmamados, e
continuaram recebendo a mesma ração até completarem 180 dias de vida (Esquema 1).
35
Esquema 1 – Delineamento experimental
4.5 MASSA CORPORAL, COMPRIMENTO E INGESTÃO ALIMENTAR
A massa e comprimento corporal foram aferidos após o desmame (21 dias)
semanalmente em balança digital marca Filizola ®, modelo MF-3, sensibilidade de 0,5. O
Controle da ingestão alimentare calórica também foram feitosuma vez por semana, mantendo
a mesma balança e o mesmo período do dia, estabelecido a partir da quantidade oferecida e do
resto alimentar, que foi devidamente descartado.
4.6 TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG)
O TOTG foi realizado ao final do período experimental. Esse teste se constitui em um
jejum de 6 horas, onde os animais receberam glicose (1g/kg de massa corporal) por gavagem
n = 12
filhotes machos
Grupo Controle, tratado com ração caseína
Período de Lactação Período após 21 dias de vida
180 dias
n = 12
filhotes machos
Grupo Experimental, tratado com ração contendo farinha de linhaça
Período de Lactação Período após 21 dias de vida
180 dias
36
(estímulo oral). A concentração plasmática da glicose foi medida por uma gota de sangue
obtida da cauda dos animais para a leitura em glicosímetro através de fitas para glicemia. A
glicemia foi medida em tempos 0, 15, 30, 60 e 120 minutos após a gavagem (Correia-Santos
et al., 2012; Asht et al., 2014).
4.7 ANESTESIA
Os animais, quando completaram 180 dias de idade, foram submetidos a seis horas de
jejum e posteriormente anestesiados com injeção intraperitoneal de Thiopentax® (Tiopental
sódico 1G, Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos LTDA, Brasil) a 5% (0,15 mL/100g
p.c., i.p.) sendo a diluição de 50 mL de água destilada para 1 g de anestésico e então foram
submetidos à avaliação da composição corporal.
4.8 COMPOSIÇÃO CORPORAL
A composição corporal foi realizada no Laboratório de Avaliação Nutricional e
Funcional (LANUFF) da Faculdade de Nutrição Emília de Jesus Ferreiro da UFF. A análise
foi feita por absorciometria com dupla emissão de raios-x (Dual-energy X-rayabsorptiometry,
DXA), através do densitômetro LUNAR – IDXA (GE ®), que tem um software específico
para animais de pequeno porte (encore 2008. Version 13.40 GE Healthcare). (Glickmanet al.,
2004; Tsujio et al., 2009).
Em cada animal,foi analisadoa massa magra (g), massa de gordura (g), percentual de
gordura (%), massa de gordura do tronco (g), densidademineral óssea – DMO (g/cm²),
conteúdo mineral ósseo – CMO (g) e área óssea (cm²) total e da coluna vertebral.
4.9 EUTANÁSIA E COLETA DO SANGUE
Após o DXA os animais, ainda anestesiados, foramsubmetidos à incisão meto-
pubiana, que consiste em uma incisão na parte inferior abdominal, com subsequente abertura
37
da cavidade torácica e abdominal. A abertura da cavidade abdominal foi feita removendo-se a
pele e o peritônio e expondo as vísceras. Em seguida o sangue foi coletado por punção
cardíaca até exsanguinação total.
O sangue coletado foi colocado em tubos sem anticoagulante, em seguida centrifugado
(Centrifuga Sigma) a 3500 RMP 28 durante 15 minutos para a obtenção do soro, que foi
armazenado a -80ºC, para posterior análise.
4.10 ANÁLISES BIOQUÍMICAS
4.10.1 Análises sorológicas
Realizamos então a análise sorológica: glicose, colesterol, triglicerídeos, HDL-
colesterol(lipoproteína de alta densidade, high densitylipoprotein), cálcio. Essas dosagens
foram realizadas com o auxílio de um analisador automático de bioquímica e kits específicos
para a marca do aparelho (Bioclin BS120, Quibasa – Química Básica Ltda/Belo Horizonte-
MG), localizado no LabNE/UFF.
4.10.2 Análises hormonais
No mesmo soro, obtido para cada animal, analisamosinsulina, leptinae osteocalcina.
As dosagens foram realizadas no Instituto Genese de Análises Científicas – São Paulo, pelo
método de ensaio de imunoabsorção enzimática (enzymelinkedimmunosorbentassay, ELISA),
utilizando o painel (RBN1MAG-31K-03, Elisa Multiplex ® Millipore, Billerica, MA, USA).
4.11 COLETA DO TECIDO ADIPOSO
Após a coleta do sangue, o tecido adiposo intra-abdominal foi retirado e pesado em
balança analítica (precisão 0,0001 Bosch S2000, Brasil), para análise quanto à massa absoluta
38
(massa da pesagem da gordura) (g) e relativa (massa da pesagem da gordura, dividida pela
massa corporal do animal) (g/100g).
4.12 ANÁLISE DO TECIDO ADIPOSO
Depois da coleta e pesagem do tecido adiposo intra-abdominal, uma amostra de
gordura retroperitoneal foi fixada em formol tamponado e submetida aos processos de
desidratação em uma série crescente de álcool etílico, xilol e inclusão em parafina para a
avaliação da área dos adipócitos, através de análise morfológica (Costa et al., 2011). Os
blocos de parafina com os fragmentos de tecido retroperitoneal foram cortados em micrótomo
rotativo (Microtec-CUT 4050), com cortes semi-seriados de 5 μm e em seguida montados em
lâmina de vidro para coloração morfológica de hematoxilina-eosina (HE). Tais análises foram
realizadas no laboratório de técnica histológica, localizado no Departamento de
Morfologia/UFF. A área seccional (μm²) dos adipócitos foi determinada a partir da avaliação
de imagens digitais adquiridas pela câmera digital Olympus DP72 acoplada ao microscópio
Olympus BX51 com ocular 20X e analisada com o auxílio de programa Image J - versão 5.0.
4.13 COLETA DO FÊMUR E COLUNA LOMBAR
Seguido a coleta do tecido adiposo, o fêmur (esquerdo) e a coluna lombar (4ª vértebra
lombar, VL4) foram coletados e armazenados a -20°C, para posteriores análises.
4.14 ANÁLISES ÓSSEAS
As peças ósseas, depois de limpas, forampesadas em balança analítica (precisão
0,0001 Bosch S2000, Brasil) e mensuradasos comprimentos dos fêmures(a partir da distância
entre as epífises) e a largura do ponto médio da diáfisepor um paquímetro digital
(JOMARCA, 0,01 mm).
39
4.15 COMPOSIÇÃO ÓSSEA
A composição óssea do fêmur foi realizada no LANUFF da Faculdade de Nutrição
Emília de Jesus Ferreiro da UFF através do DXA. Foi analisada a DMO (g/cm²), CMO (g) e
área óssea (cm²). Seguindo protocolo descrito anteriormente (Costa et al., 2011).
4.16 TESTE BIOMECÂNICO
A análise das propriedades biomecânicas dos fêmures foi realizada no Laboratório
Analítico de Biomateriais Restauradores da Faculdade de Odontologia da UFF através de
teste de flexão de três pontos universais na Máquina Universal de Ensaio (MUE) (DL 2000,
EMIC, São José dos Pinhais, SP, Brasil), no qual a força foi aplicada perpendicularmente ao
eixo longitudinal do osso, na porção medial sob velocidade constante de 0,5 cm/min até o
momento da ruptura do osso com a capacidade da célula de carga de 200 kgf. As
extremidades dos ossos foram apoiados em dois rolos de diâmetro de 3 mm e o raio de 21,70
mm. A força máxima (N) (corresponde à carga máxima suportada ou aplicada durante o
ensaio), a força de ruptura (N) (onde é avaliada a resistência de um material) e o módulo
elástico (MPa) (relação entre a tensão aplicada e a deformação elástica que ela produz,sendo
utilizado para avaliar a rigidez de um material) foram obtidos por software. (Latempaet al.,
2015)
4.17 CARCAÇAS
As carcaças foram armazenas em freezer -20°C para descarte com lixo biológico e
foram recolhidas pela UFF e encaminhadas para PESAGRO-Rio (Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro) onde foram incineradas.
40
4.18 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
As análises estatísticas foram realizadas através do programa GraphPadPrism (versão
5.00, 2007, San Diego, USA).
O número de animais em cada grupo não permitiu realizar um teste de
normalidade,porém, geralmente as variáveis biológicas costumam ter distribuições simétricas
e por isto foi assumida a normalidade destas.
A ingestão alimentar, massa e comprimento corporal foram analisados pelo método de
análise de variância (Anova) bivariada, seguida de pós-teste de comparação múltipla
Bonferroni. Os restantes dos dados foramanalisados com o método Student T test. Todos os
resultados foram expressos como média ± erro-padrão da média (EPM), considerando o nível
de significância de p<0,05.
41
5 RESULTADOS
Na evolução do consumo alimentar médio por grupo durante o período experimental
de 180 dias, não foi observado nenhuma diferença significativa entre os grupos (Figura 4).
Figura 4 - Evolução da ingestão alimentar média durante 180 dias de vida.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
0
50
100
150
200GC
GL
Dias
ing
estã
o a
lim
en
tar
(g)
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL = 12) durante a vida.
42
Na evolução da ingestão calórica média por grupo durante o período experimental de
180 dias, não foi observado nenhuma diferença significativa entre os grupos (Figura 5).
Figura 5 - Evolução da ingestão calórica média durante 180 dias de vida.
0 50 100 150 2000
200
400
600GC
GL
Dias
Ing
estã
o c
aló
rica (
kcal)
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL = 12) durante a vida.
43
Ao analisar a massa corporal dos filhotes aos 21 dias, os grupos não apresentaram
diferença, esse resultado se manteve até a segunda semana, onde os animais estavam com 28
dias. No entanto, a partir da terceira semana (35 dias) foi observado um significativo aumento
(p < 0,0001) da massa corporal no grupo linhaça e essa diferença se manteve até o final do
experimento (Figura 6).
Figura 6 - Evolução da massa corporal durante 180 dias de vida.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800
200
400
600GC
GL
***
Dias
Massa C
orp
ora
l (g
)
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL = 12) durante a vida. ***p<0,0001
44
Em relação ao comprimento dos animais durante o experimento, não houve diferença
significativa entre os grupos (Figura 7).
Figura 7 - Comprimento corporal durante 180 dias de vida.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800
10
20
30
40
50GC
GL
Dias
Co
mp
rim
en
to c
orp
ora
l (c
m)
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL = 12) durante a vida.
45
Quando analisado os resultados do teste oral de tolerância a glicose (TOTG),
observou-se que o grupo linhaça apresentou menor (p < 0,001)concentração de glicose no
sangue, em todos os tempos: 0, 15, 30, 60 e 120, quando comparado ao grupo controle
(Figura 8).
Figura 8 - Teste oral de tolerância a glicose ao final dos 180 dias de vida.
0 15 30 45 60 75 90 105 120
80
100
120
140
160GC
GL
*
*
**
*
Tempo (minutos)
Gli
co
se (
mg
dL
-1)
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL = 12) durante a vida. *p<0,001
46
Em relação a composição corporal analisada pelo DXA, observamos maiores
resultados na massa gorda, massa de gordura do tronco, DMO, CMO e área óssea total e
DMO da coluna vertebral no grupo linhaça, quando comparado ao controle, aos 180 dias de
vida. Os dados referentes ao percentual de gordura, massa magra total, CMO e área óssea da
coluna vertebral não apresentaram diferença estatística (Tabela 4).
Tabela 4 - Composição corporal dos animais ao completarem 180 dias de vida.
GC GL
Média EPM Média EPM p-valor
Percentual de gordura %
Massa gorda, g
Massa magra, g
Massa de gordura do tronco, g
DMO total, g/cm²
32,94
155,00
300,60
101,90
0,1723
3,76
21,93
10,08
9,24
0,0013
40,78
214,00
310,70
138,40
0,1782
2,10
14,23
9,19
11,79
0,0017
0,0725
0,0313
0,4711
0,0303
0,0201
CMO total, g 13,78 0,51 15,16 0,41 0,0469
Área óssea total, cm² 79,44 2,96 86,36 1,44 0,0394
DMO da coluna vertebral, g/cm² 0,1723 0,0026 0,1826 0,0028 0,0202
CMO da coluna vertebral, g 2,77 0,14 2,99 0,13 0,1050
Área óssea da coluna vertebral, cm² 16,88 0,76 15,78 0,72 0,3139
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL, n = 12) aos 180 dias de vida.
47
Ao analisar os resultados sorológicos, observamos que a glicose e o colesterol estavam
significativamente menoresno grupo linhaça, quando comparado ao controle. Em relação aos
hormônios, observamos que a osteocalcina apresentava maiores valores no GL, quando
comparada ao GC. Os demais resultados não apresentaram diferença estatística quando
analisados (Tabela 5).
Tabela 5 - Análise hormonal e sorológica dos animais aos 180 dias.
GC GL
Média EPM Média EPM p-valor
Glicose, mg/dL 124,30 3,42 105,50 4,21 0,0052
Colesterol, mg/dL 95,89 7,62 48,08 1,42 <0,001
Triglicerídeos, mg/dL 81,67 15,07 77,83 6,87 0,8037
HDL-colesterol, mg/dL 34,89 3,41 30,83 0,98 0,2127
Cálcio, mg/dL 9,81 0,35 9,10 0,20 0,0793
Insulina, ng/mL 2,02 0,29 2,10 0,35 0,8778
Leptina, ng/mL
Osteocalcina, ng/mL
18,24
145,30
4,12
22,50
10,40
265,20
5,42
38,56
0,1597
0,0118
Grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL, n = 12) aos 180 dias de vida.
48
A figura 9 representa os valores da massa absoluta e relativa do tecido adiposo intra-
abdominal, a área do adipócito e as fotomicrografias de secção histológicas de tecido adiposo
retroperitoneal aos 180 dias de idade. Na massa absoluta houve aumento significativo no GL
(p<0,05). Emrelação a massa relativa e na área dos adipócitos, não encontramos diferenças
significativas entre os grupos.
49
Figura 9 - Massa absoluta e relativa do tecido adiposo intra-abdominal, área do
adipócito e fotomicrografias de secções histológicas de tecido adiposo retroperitoneal dos
animais aos 180 dias de idade (Objetiva 20x).
A – Massa absoluta do tecido adiposo intra-abdominal; B – massa relativa do tecido adiposo intra-abdominal; C
– morfometria do adipócito (área seccional) do grupo controle (GC, n = 12) e grupo linhaça (GL, n = 12), dos
animais aos 180 dias de vida. Fotomicrografia do tecido adiposo retroperitoneal do GC (D) e do GL (E).*p<0,05
50
Em relação aos dados ósseos, o GL mostrou maior largura da diáfise, quando
comparada ao GC. Massa do fêmur e distância entre as epífises nãoapresentaram diferenças
significativas entre os grupos. Na composição óssea realizada pelo DXA, observou-se maior
DMO no fêmur, mas não houve diferença significativa na CMO. Nos dados relativos a 4VL,
não houve nenhuma diferença nos parâmetros (Tabela 6).
Tabela 6 - Parâmetros ósseos dos animais aos 180 dias.
GC GL
Média EPM Média EPM p-valor
Massa do fêmur, g 1,265 0,021 1,286 0,035 0,6511
Distância entre as epífises, mm 40,61 0,35 39,58 0,78 0,2954
Largura da diáfise, mm 6,234 0,111 6,742 0,073 0,0008
DMO fêmur, g/cm² 0,1992 0,0028 0,2097 0,0028 0,0210
CMO fêmur, g 0,6222 0,0147 0,6333 0,0188 0,6647
Massa 4VL,g 0,4440 0,011 0,4734 0,0117 0,0913
DMO 4VL, g/cm² 0,1748 0,0038 0,1747 0,0034 0,9832
CMO 4VL, g 0,1889 0,0111 0,1917 0,0083 0,8403
Grupo controle (GC, n=12) e grupo linhaça (GL, n=12) aos 180 dias. DMO - densidade mineral óssea; CMO -
conteúdo mineral ósseo.
51
Quando os fêmures foram avaliados no teste biomecânico, observamos que a força
máxima, a força de ruptura e a rigidez foram maiores (p < 0,005) no grupo linhaça quando
comparado ao controle (Tabela 7).
Tabela 7 - Parâmetros biomecânicos dos animais aos 180 dias.
GC GL
Média EPM Média EPM p-valor
Força máxima, N 170,80 6,50 188,90 2,60 0,0109
Força de ruptura, N 161,00 7,70 181,80 4,60 0,0238
Rigidez, MPa 790200 60500 975500 53520 0,0397
Grupo controle (GC, n=12) e grupo linhaça (GL, n=12) aos 180 dias.
52
6 DISCUSSÃO
A evolução da ingestão alimentar, assim como a ingestão calórica, não apresentaram
diferenças entre os grupos durante dos 180 dias de experimento. Esses mesmos resultados
foram encontrados por Costa et al. (2016), onde animais que consumiram farinha de linhaça
não apresentaram diferença significativa na ingestão. Pessanha et al. (2015) observou também
a mesma semelhança na ingestão de ratos tratados tanto com óleo, quanto com farinha de
linhaça. Podemos explicar isso pelo fato das dietas serem normoglicídicas, normolipídicas e
normoproteicas, e serem balanceadas também em relação à quantidade de fibra.
Ao observar a evolução da massa corporal foi visto aumento significativo a partir da
terceira semana até o final do experimento, em contra partida o comprimento se manteve igual
entre os grupos. Em paralelo, observamos o aumento da massa gorda através do DXA
corporal além do aumento massa absoluta da gordura intra-abdominal, o que justifica o
aumento da massa corporal. O DXA é considerado um método validado para determinar a
composição corporal e tem sido utilizado com sucesso em estudos que avaliam o corpo como
um todo e a estrutura óssea dos ratos (Lukaski et al., 2001; Glickman et al., 2004; Tsujio et
al., 2009). Anteriormente, Costa et al. (2015) reportaram que filhotes alimentados com farinha
de linhaça durante a lactação não apresentaram diferença na massa gorda total e intra-
abdominal aos 21 dias. Posteriormente, Costa et al. (2016) observaram em animais com 90
dias, também alimentados com farinha de linhaça, aumento da massa magra e diminuição da
massa, percentual de gordura e massa gorda do tronco, sugerindo que o uso prolongado da
linhaça traria alguns benefícios em relação a composição corporal. Porém quando realizamos
o experimento com os animais até 180 dias de vida, para seqüência desses dados, obtivemos
resultados contrários aos descritos aos 21 (Costa et al., 2015) e 90 dias (Costa et al., 2016),
como será discutido a seguir.
53
O aumento da massa de gordura corporal pode ser justificado pelos resultados
encontrados pelo teste TOTG e diminuição da glicose sérica. Embora as concentrações séricas
de insulina tenham sido semelhantes entre os grupos, nós sugerimos que tenha ocorrido um
aumento da sensibilidade deste hormônio e consequentemente, maior captação da glicose e
maior acúmulo de gordura. Em humanos saudáveis, Egert et al. (2008) relataram que o
consumo em quantidades moderadas de ALA, não afetou as concentrações sanguíneas de
glicose. Contudo, Heskey et al. (2016) observaram que a maior quantidade de ALA no tecido
adiposo está inversamente associada à resistência insulínica.Em estudos animais, o ALA foi
associado com a redução da resistência à insulina, melhorando a tolerância à glicose (Poudyal,
2016) e também a resposta à insulina no tecido adiposo (Matravadia, 2016). O presente estudo
apresenta uma limitação, não foi avaliado a via de transdução de sinal de insulina no tecido
adiposo. Mesmo assim, o grupo linhaça apresentou melhor tolerância à glicose. O ALA,
presente na dieta do GL, provavelmente aumentou a resposta à insulina no tecido adiposo, o
que ajuda a justificar o aumento da massa de gordura corporal, quando comparada à dieta do
GC.
Outra hipótese para o aumento da sensibilidade à insulina pode estar relacionada a um
componente muito presente na linhaça: as fibras. Segundo Lima (2007) a maior quantidade de
fibra na semente de linhaça são as fibras solúveis. O consumo de fibras traz um grande
benefício pra saúde, como a melhora a sensibilidade da insulina (Cozzolino, 2009). O ponto 0
e 15 minutos, do TOTG, representam a fase de absorção intestinal da glicose-teste. Embora os
ratos estejam em jejum no momento do teste, sugerimos que as fibras presentes na farinha de
linhaça tenham alterado a estrutura das microvilosidades intestinais, assim reduzindo a
absorção intestinal da glicose. Porém, essa hipótese requer estudos posteriores sobre a
morfologia do intestino delgado neste modelo animal.
A ingestão de fibras está relacionada com a diminuição do colesterol (Santos, 2010,
Pereira et al., 2016), corroborando com os dados encontrados neste trabalho. Estudos prévios
demonstram um efeito benéfico da farinha de linhaça no perfil lipídico em modelos
epidemiológicos e experimentais (Cardozo et al., 2010; Pacheco et al., 2011; Ribeiro et al.,
2014; Costa et al., 2015; Cassani et al, 2015). Akpolat et al. (2010) utilizaram óleo de linhaça
associado a uma dieta rica em gordura e observaram redução do colesterol total. Riediger et
al. (2008) ofereceram óleo de linhaça a camundongos e notaram que os triglicerídeos e o
colesterol estavam menores neste grupo, explicando que isto está relacionado a baixa razão de
LA/ALA. Segundo Stuglin & Prasad (2005) o efeito hipolipemiante da linhaça reside também
54
nas lignanas. Este efeito ocorre devido ao componente Secoisolariciresinoldiglicosídio (SDG)
pela sua capacidade de modular as enzimas envolvidas no metabolismo de colesterol,
reduzindo o estresse oxidativo ou por atuar como antagonista da agregação plaquetária. Os
metabólitos da lignana podem ligar-se aos ácidos biliares e outros compostos inorgânicos,
como o colesterol, retardando ou diminuindo a absorção deste.
No presente estudo, apesar do GL apresentar maior massa corporal, como
consequência do aumento do tecido adiposo intra-abdominal, os níveis de leptina se
encontravam reduzidos em 44%. Uma explicação para esse fato é de que, segundo Fonseca-
Alaniz et al. (2006), o tamanho dos adipócitos está associado aos níveis de leptina e apesar da
área dos adipócitos não ter sido significativamente menor no GL, observamos uma
diminuição de -19% da área dos adipócitos, resultando então na diminuição dos níveis séricos
de leptina.
Além da correlação com o tecido adiposo, a leptina tem ação direta e indireta sobre o
metabolismo ósseo. Estudos mostram que o aumento da leptina leva a um aumento do
estímulo osteoblástico por diferentes vias e estudos em animais com deficiência em leptina,
realizados por Bartell et al. (2011), mostraram que a reposição desta adipocina revelou efeitos
anabólicos e osteogênicos. Porém, em nosso trabalho, nós observamos uma diminuição da
leptina e aumento nos parâmetros ósseos, indo contra o que a literatura apresenta, sendo
necessários estudos mais aprofundados para conclusão desse achado. Uma explicação para o
aumento dos parâmetros ósseos pode ser a atuação do ALA sobre a fisiologia óssea.
O tecido ósseo é rígido, mas é continuamente modelado e reparado. Durante a infância
e adolescência, a formação óssea excede a reabsorção, resultando na aquisição óssea (Lukaset
al., 2011) e após esse período há uma diminuição gradual da massa óssea (Anderson et al.,
2002; Wosje & Specker, 2000). Alguns fatores, como estilo de vida e composição de ácidos
graxos da dieta são importantes para determinar a integridade óssea (Thorsen et al., 1999;
Boyle et al., 2003; Farquharson & Staines, 2011). O ALA, proveniente do ômega-3, está
associado com o recrutamento e manutenção dos pré-osteoblastos, promovendo formação
óssea (Kruger et al., 2010). Sendo assim, o ômega-3 pode estar relacionado com os achados
de parâmetros ósseos: aumento da CMO, área óssea e DMO, analisados através do DXA
corporal e, deste último, através do DXA ósseo; aumento da largura da diáfise realizado
através do paquímetro e aumento significativo de todos os parâmetros avaliados pelo teste
biomecânico: força de ruptura, módulo elástico e força máxima. Outra razão para o aumento
55
dos parâmetros ósseos é que a linhaça contém uma alta concentração de cálcio (236 mg por
100g de semente) e ALA aumenta a absorção de cálcio no intestino, promovendo deposição
deste mineral nos ossos (Lau et al., 2013; Goyal et al., 2014; Florencio-Silva et al., 2015),
ratificando os efeitos já conhecidos e citados do ômega-3 presente na farinha de linhaça.
A osteocalcina é uma proteína secretada pelo osteoblasto, que regula a mineralização
óssea (Wei & Karsenty, 2015), um processo cíclico de formação e reabsorção óssea. A baixa
concentração de osteocalcina está relacionada com redução do turnover ósseo, o que pode
acarretar em alterações na deposição óssea, podendo ocasionar osteoporose na vida adulta
(Dawson-Hughes & Harris, 2002). No presente estudo, a concentração sanguínea de
osteocalcina estava maior no GL do que no GC, esse achado corrobora com os dados acima,
que indicam um favorecimento a formação óssea nos animais de 180 dias.
Outro fator que pode influenciar no aumento dos parâmetros ósseos é a insulina. Os
osteoblastos são células que sintetizam a parte orgânica da matriz óssea. Essas células
possuem receptores para diversos fatores, como PTH, glicocorticóides, hormônio do
crescimento (GH), além de fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) e são reguladas
por interações sistêmicas realizadas pelo sistema endócrino, por meio da liberação da mesma
(Hollinger & Wong, 1996). Como mencionado anteriormente, o possível aumento da
sensibilidade à insulina, devido aos componentes nutricionais presentes na farinha de linhaça,
pode estimular as células de formação óssea, o que requer mais estudos.
Um terceiro fator que pode influenciar na estrutura óssea é o aumento da massa
corporal, agindo através da ação mecânica (Lopez et al., 2008). O osso é um tecido adaptável
que desenvolve sua estrutura em função da resposta às forças mecânicas recebidas e às
demandas metabólicas (Misch, 2011). A deposição do osso é parcialmente regulada pela
quantidade de deformação que lhe for imposta. Assim, quanto maior a deformação aplicada,
maior a ativação dos osteoblastos (Carvalho et al., 2002). A força externa aplicada, por
unidade de área do osso, pode ser classificada como compressão, tração ou cisalhamento,
sendo que estas forças aparecem de forma combinada quando uma carga é aplicada (Turner &
Burr, 1993). Embora fatores como genética, homeostase hormonal e alimentação possam ser
determinantes na densidade mineral óssea, o estímulo mecânico é fundamental para promover
uma resposta óssea local e, assim, proporcionar seu crescimento e remodelamento (Guyton,
1998). Essas explicações sugerem uma razão para o aumento de alguns parâmetros
biomecânicos ósseos, visto que o aumento de tecido adiposo pode ter causado pressão sobre
56
os ossos, fazendo com que fosse estimulada a formação dos mesmos, tal como observado no
grupo experimental.
Observamos então, que aos 180 dias, embora a dieta contendo farinha de linhaça tenha
sido associada com o aumento da adiposidade corporal, foi observado que a dieta contribuiu
para a qualidade óssea e consequentemente para o menor risco de osteoporose.
57
7 CONCLUSÃO
O consumo de ração durante os 180 dias de experimento não diferiu entre os
grupos.
A massa foi maior no GL, enquanto o comprimento corporal não apresentou
diferença estatística.
A glicemia de jejum após o estímulo oral (TOTG) apresentou resultados inferiores
para o GL
O GL apresentou aumento significativo da massa gorda, massa de gordura do
tronco, DMO total, CMO total, área óssea total, DMO da coluna vertebral, quando
avaliado a composição corporal pelo DXA.
O GL apresentou diminuição significativa da glicose e do colesterol. Os outros
parâmetros séricos e hormonais não diferiram entre os grupos.
Houve aumento significativo da gordura intra-abdominal do GL.
Quando comparamos os parâmetros anatômicos, o fêmur apresentou aumento da
largura da diáfise no GL, para os outros parâmetros (incluindo os da 4VL) não
houve diferença estatística.
Em relação à composição óssea realizada através do DXA, houve maiores
resultados para DMO no fêmur do GL.
Ao avaliar o teste de biomecânico, observamos aumento significativo no GL em
todos os parâmetros: força máxima, força de ruptura e rigidez.
58
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9ANEXOS
68
9.1 APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ANIMAL
69
9.2 RESUMOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS
1. Avaliação da estrutura óssea de ratos Wistar machos alimentados com dieta contendo
farinha de linhaça durante a vida. Maíra Duque Coutinho de Abreu. II Simpósio da
Faculdade de Nutrição Emília de Jesus Ferreiro, 2015.
2. Efeitos da farinha de linhaça (Linumusitatissinum) sobre a estrutura óssea de ratos
Wistar na vida adulta. Maíra Duque Coutinho de Abreu. CONBRAN 2016. XXIV
Congresso Brasileiro de Nutrição, IV Simpósio Ibero-Americano de Nutrição
Esportiva, III Simpósio Ibero-Americano de Nutrição em Produção de Refeições
e III Simpósio de Ibero-Americano em Nutrição Clínica, 2016
70
9.3 ARTIGO ENVIADO PARA PUBLICAÇÃO