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MARCO DA POLÍTICA DE REASSENTAMENTO INVOLUNTÁRIO
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
NOVEMBRO DE 2011
2
SUMÁRIO
1 – Introdução 3
1.1 O Programa de Fortalecimento da Gestão do Setor Público e do
Desenvolvimento Territorial Integrado (Rio Metrópole - Progestão II)
3
1.2 Componentes do Progestão II 4
1.3 Arranjos Institucionais do TAL II 4
2 - Marco da Política de Reassentamento Involuntário 4
2.1 Objetivos 4
2.2 Marco Legal 5
2.3 Diretrizes Gerais 11
2.4 Procedimentos para Formulação dos Planos de Reassentamento
Involuntário
17
2.5 Pessoas Potencialmente Afetadas 27
2.6 Critérios de Elegibilidade 27
2.7 Políticas de Atendimento / Compensação 29
2.8 Método de Cálculo das Compensações 35
2.9 Arranjo Institucional 37
2.10 Arranjos Financeiros 38
2.11 Mecanismo de Registro e Resposta a Reclamações 38
2.12 Monitoramento e Avaliação Posterior 41
3 - Considerações Finais 43
3
1 - INTRODUÇÃO
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio de um Comitê de
Coordenação presidido pela Vice Governadoria do Estado, com a participação
das Secretarias de Obras, de Fazenda e de Planejamento e Gestão,
implementarão o Programa de Fortalecimento da Gestão do Setor Público e do
Desenvolvimento Territorial Integrado (Rio Metrópole- Progestão II). O mesmo
será financiado pelo Acordo de Empréstimo entre o Governo do Estado do Rio
de Janeiro e o BIRD.
1.1 - O Programa de Fortalecimento da Gestão do Setor Público e do
Desenvolvimento Territorial Integrado (Rio Metrópole - Progestão II)
Objetivo: O programa busca, de forma geral, melhorar a gestão articulada de
políticas públicas territoriais no Estado do Rio de Janeiro, por meio de 3
componentes: (i) Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade; (ii)
Desenvolvimento Social; (iii) Sustentabilidade Fiscal.
Os beneficiários: Os beneficiários diretos do Rio Metrópole- Progestão II
serão as diversas Secretarias de Estado e Instituições Governamentais do
Estado do Rio de Janeiro como: Secretaria de Estado de Fazenda, Secretaria
de Estado de Obras, Secretaria de Estado de Habitação, Secretaria de Estado
do Ambiente, Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Secretaria de
Estado de Transporte, Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos
Humanos, Secretaria de Estado de Educação, Secretaria de Estado de Saúde,
Secretaria de Estado de Defesa Civil e Ministério Público. Os repasses do
programa têm por objetivo, o fortalecimento institucional desses organismos do
estado. Indiretamente, a sociedade civil do Estado do Rio de Janeiro, em
especial da Região Metropolitana do Rio, também serão beneficiados pelo
programa.
Financiamento: O Progestão II tem um custo total estimado em
US$48.000.000 (quarenta e oito milhões de dólares americanos). Dada a
natureza da operação, não haverá a necessidade de contrapartida financeira
por parte do Estado do Rio de Janeiro. O prazo de execução será de 4 anos.
4
1.2 - Componentes do Progestão II
Componente 1: Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade – Nesse
componente estão incluídas ações relacionadas à governança metropolitana e
a gestão do território; ao transporte público; à habitação e regularização
fundiária e ao meio ambiente e prevenção de riscos.
Componente 2: Desenvolvimento Social – Nesse componente são previstas
ações relacionadas às áreas de assistência social; saúde; educação e ao
Ministério Público, este último com o objetivo de fortalecer a gestão para o
combate às drogas.
Componente 3: Sustentabilidade Fiscal – O último componente do TAL II
prevê ações que estão relacionadas às políticas para administração tributária,
atração de investimentos, ambiente de negócios e gestão da dívida.
1.3 - Arranjos Institucionais do TAL II
Serão instituídas 3 Unidades Gestoras de Projeto (UGPs) no âmbito da
SEOBRAS, SEFAZ e SEPLAG. As mesmas deverão controlar e acompanhar a
execução física do programa, de seu manejo financeiro e contábil e das
atividades de fortalecimento institucional, com a participação de representantes
das Secretarias e órgãos diretamente responsáveis pelas ações do programa.
2 - MARCO DA POLÍTICA DE REASSENTAMENTO INVOLUNTÁRIO
2.1 - Objetivos
O objetivo geral deste Marco da Política de Reassentamento Involuntário
(MPRI) é identificar o conjunto de princípios e diretrizes que nortearão todas as
atividades do Programa de Fortalecimento da Gestão do Setor Público e do
Desenvolvimento Territorial Integrado (Rio Metrópole - Progestão II) a fim de
assegurar que não provoque, minimize, ou mitigue impactos adversos
relacionados às necessidades de aquisições de terras e reassentamento físico
e/ou econômico involuntário.
5
Especificamente, o MPRI tem por objetivo garantir o planejamento e a
operacionalização adequados, de forma participativa, de todas as etapas dos
processos de reassentamento involuntário que venham a ser eventualmente
causados pelas intervenções do Progestão II, embora se tenha a expectativa
de que isto só ocorrerá eventualmente.
A Política de Salvaguarda de Reassentamento Involuntário do Banco Mundial
(OP/BP 4.12) foi acionada como uma medida de precaução, dado que
consequências sociais adversas e disputas podem, eventualmente, vir a
emergir da política de gestão de riscos e desastres naturais do Governo do
Estado do Rio de Janeiro, que estão inseridas no escopo do Componente 1
(Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade) do Progestão II. Esta política
pode vir a nortear e demandar ações que para garantir a segurança de famílias
atualmente residentes em áreas de alto risco de deslizamentos e inundações
têm o potencial de causar seu deslocamento involuntário.
O Marco da Política de Reassentamento Involuntário é o instrumento
apropriado para o Progestão II, uma vez que, consideradas as características
do Progestão II, é impossível identificar a priori as atividades que virão,
porventura, a demandar aquisição de terras ou a promover o reassentamento
físico e/ou ao deslocamento econômico de pessoas e famílias. É igualmente
impossível estimar o número de pessoas afetadas.
2.2 - Marco Legal
Como definido anteriormente, o Marco da Política de Reassentamento
Involuntário – MSRI está baseado na legislação brasileira pertinente e nos
princípios e diretrizes da Política Operacional do Banco Mundial (OP 4.12), que
é acionada sempre que a implantação de projetos apoiados pelo Banco
venham potencialmente requerer a aquisição de territórios, o reassentamento
físico ou o deslocamento econômico de famílias. À falta, na legislação
brasileira, de um marco regulatório específico para questões de
reassentamento involuntário, o MPRI também está respaldado pela legislação
vigente que estabelece, enquanto princípios constitucionais, o direito de
6
propriedade e a função social de toda propriedade rural ou urbana1 e define,
por legislação infra-constitucional, os critérios e processos para sua
desapropriação pelo ente público em razão do interesse social e por
necessidade e utilidade pública.
2.2.1. Legislação Federal
Na legislação brasileira ressaltam-se à Constituição Federal de 1988, o Código
Civil e o Estatuto das Cidades (Lei Federal 10257/01) que estabelecem que
toda a propriedade urbana deva cumprir a função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação de desenvolvimento da cidade
garantindo inclusive o bem-estar de seus habitantes, também assegura o meio
ambiente ecologicamente equilibrado como um dos bens comuns da sociedade
e do ser humano, essencial à sua qualidade de vida como cidadão, além de
garantir o acesso à justiça.
Direito à Moradia
Estabelece no Art. 6º da CF “São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.” O que coaduna com o estabelecido no Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais onde o Brasil está
presente como Estado parte e em seu comentário Geral nº 4 diz que “todas as
pessoas devem possuir um grau de segurança de posse que lhes garanta a
proteção legal contra despejos forçados, expropriação, deslocamento e
outras ameaças”.
A garantia da moradia adequada é um dos direitos fundamentais a pessoa
humana e, no Estatuto das Cidades, se estabelece como uma das diretrizes da
política urbana a garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o
direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as
presentes e futuras gerações.
O Estatuto das Cidades também assegura que “regularização fundiária e
urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o
1 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, artigos 5º, 182, 184, 185 e 186.
7
estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do
solo e edificação, devem ser consideradas a situação socioeconômica da
população e as normas ambientais”. Enfim, o Estatuto das Cidades
considera primordial a gestão democrática por meio da participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos,
programas e projetos de desenvolvimento urbano.
Desapropriação
Na CF no Art. 5º, XXIV, diz: “a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição”.
Ao dispor sobre o direito de propriedade o Art. 1228 e seus parágrafos, do
Código Civil (Lei 10406 de 10 de janeiro de 2002) absorveu todos os preceitos
da finalidade econômica e social, previsto no dispositivo constitucional e
também a responsabilidade com a preservação ambiental designando
claramente também a possibilidade de desapropriação por utilidade pública ou
interesse social deixando suas definições para a legislação correspondente, o
que não exclui o Art. 5º do Decreto-Lei 3.365 e mesmo as definições mais
modernas do código florestal modificado pela MP 2166-67 de 2001, que
incluem textualmente as obras essenciais de infraestrutura destinadas ao
serviço público de transporte.
2.2.2. Legislação Estadual
A Constituição Estadual do Rio de Janeiro estabelece em seu Art. 234
diretrizes e normas relativas ao desenvolvimento urbano que são compatíveis
com a diretriz da Política de Reassentamento Involuntário, onde se deve evitar
sempre que possível, ou então minimizar explorando alternativas viáveis, o
reassentamento das populações afetadas, pois define que o Estado e os
Municípios assegurarão: urbanização, regularização fundiária e titulação
das áreas faveladas e de baixa renda, sem remoção dos moradores, salvo
quando as condições físicas da área imponham risco à vida de seus
habitantes.
8
Ademais, a lei orgânica do Município do Rio de Janeiro no art. 267 §2º define
que: a desapropriação por necessidade ou utilidade pública será efetuada
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, admitida a indenização em
títulos da dívida pública nos casos e na forma previstos na Constituição da
República.
A política e ações de reassentamento involuntário nos diversos órgãos da
administração pública do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que
necessitam em virtude de projetos de urbanização ou em situação de risco
executar o remanejamento de famílias, baseiam-se no Decreto Estadual nº
41.148 de 24 de janeiro de 2008, alterado pelos Decretos nº 41.219 de 13 de
março de 2008, nº 41.294 de 09 de maio de 2008, nº 41.395 de 15 de julho de
2008 e nº 41.767 de 24 de março de 2009.
Nestes Decretos são estipulados critérios e valores de forma a calcular o valor
de cada benfeitoria. É documento fundamental nesse processo de realocação
pois define critérios iguais para todos os moradores da localidade. Deve ser
acompanhado de dois anexos de base para o cálculo nas etapas de
Indenização da benfeitoria e compra assistida (indenização com vias a compra
de nova moradia).
Seguem abaixo as três opções para o remanejamento, contidas no Decreto,
que são:
1. Unidade Habitacional, quando prevista no projeto.
2. Indenização pela benfeitoria construída, avaliada através de uma tabela
constante no Anexo 2 do Decreto Estadual, o qual dispõe valores em
relação ao tamanho do imóvel e característica da edificação.
3. Indenização visando a compra de nova moradia, valorada através do
Anexo 3 do referido Decreto.
Outras diretrizes estaduais relevantes são dadas pelo Programa Morar Seguro,
instituído pelo Decreto nº 42.406 de 13 de abril de 2010, que é um programa de
construção de Unidades Habitacionais para o reassentamento da população
que vive em áreas de risco no Estado do Rio de Janeiro, realizado em parceria
com as Prefeituras e implementado no âmbito do Estado por uma comissão
9
gestora interinstitucional.2
As Prefeituras que querem aderir ao Programa Morar Seguro identificam suas
áreas de risco nos seus respectivos territórios e realizam a classificação do
risco para a população, segundo os seguintes critérios: a) Área verde: baixo
risco; b) Área amarela: moderado risco; c) Área vermelha: alto risco. O Estado,
a pedido do Município, poderá prestar suporte técnico para auxílio na
classificação do risco, seja diretamente, através dos seus órgãos técnicos, seja
indiretamente, mediante a contratação de instituições ou empresas
especializadas.Fica a Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil autorizada
a realizar a interdição e a desocupação compulsória de imóveis situados nas
áreas classificadas pela Comissão gestora do programa como vermelha.
Enquanto não estiverem disponíveis as unidades habitacionais para
reassentamento da população residente em áreas de risco, o Estado
providenciará, diretamente ou através do Município, o acolhimento das famílias
removidas em abrigo, ou pagará, através da Secretaria de Estado de
Assistência Social e Direitos Humanos, um valor estipulado pelo Governador
por mês a título de aluguel social.
O Aluguel Social é um benefício assistencial, não definitivo, destinado a
atender necessidades advindas da destruição total ou parcial do imóvel
residencial do beneficiário, decorrente de calamidade pública ou de remoções
de pessoas residentes em áreas de risco, nos casos definidos por ato do
Governador do Estado. O Aluguel social poderá ser concedido à família afetada
por um período de 12 (doze) meses, podendo ser prorrogado por igual período,
desde que haja comprovação da real necessidade do seu pagamento.3
Nos casos em que as unidades habitacionais para reassentamento da
população residente em áreas de risco já estiverem disponíveis, e a partir do
momento em que os reassentamentos das famílias sejam realizados, o Aluguel
2 Esta comissão é composta por: a) Vice-Governadoria do Estado - coordenador; b) Secretaria
de Estado da Casa Civil ; c) Secretaria de Estado de Obras; d) Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil; e) Secretaria de Estado de Governo;f) Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos; g) Secretaria de Estado de Habitação; h) Secretaria de Estado do Ambiente. i) O Departamento de Recursos Minerais - DRM dá suporte técnico para a Comissão gestora do programa. 3 O cadastramento e o pagamento do Aluguel Social serão realizados em parceria com os
Municípios afetados, devendo o ente municipal apresentar demanda consubstanciada com os dados familiar e regiões atingidas e acompanhar mensalmente as condições sociais das famílias beneficiárias, por meio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do
Município.
10
Social será cancelado.
As áreas de risco desocupadas serão recuperadas ambientalmente, ficando o
município obrigado a manter fiscalização permanente para impedir que sejam
novamente ocupadas.
Em síntese:
Na legislação brasileira, a desapropriação é sempre um ato estatal justificado
pela necessidade de atender ao interesse coletivo ou pela sanção em função
do não atendimento ao dever de cumprimento da função social da propriedade,
podendo exercê-la, além da União, Estados, Municípios e DF, as autarquias, os
estabelecimentos de caráter público em geral ou que exerçam funções
delegadas do Poder Público e os concessionários de serviço, quando
autorizado por lei ou contrato.4
A participação das comunidades interessadas e das entidades representativas
na análise e definição das soluções dos casos em que há necessidade de
reassentamento involuntário é, considerada indispensável, quer pela Política de
Salvaguardas do Banco Mundial, quer pela legislação brasileira. Em ambas, as
comunidades interessadas e suas entidades representativas devem colaborar
na avaliação de perdas sociais, econômicas e culturais da população afetada e
na definição das soluções mais adequadas.
Há, porém, alguns aspectos em que os princípios e diretrizes da Política
Operacional de Reassentamento Involuntário do Banco Mundial (OP 4.12) e a
legislação brasileira sobre os processos de desapropriação de terras divergem
– particularmente no que se refere à categoria de pessoas elegíveis para as
compensações previstas (a política do Banco Mundial é mais ampla e atende
aos direitos consuetudinários), o parâmetro para cálculo das compensações e
reposições das perdas e o estabelecimento de mecanismos de apelos e
reclamações.
Por força do acordo de empréstimo para assistência técnica a ser firmado entre
o Estado do Rio de Janeiro e o Banco Mundial, sempre que ocorra divergência
entre as diretrizes da OP 4.12 e da legislação brasileira a respeito das
populações elegíveis para atendimento em virtude da necessidade de
4 Art.3º do Decreto-Lei 3.365.
11
reassentamento involuntário causada pelo Progestão II, as regras da primeira
serão adotadas.
2.3 – Princípios, Diretrizes e Procedimentos Básicos
O deslocamento forçado, além de destituir as comunidades de seus recursos
naturais, de moradia e de sustento, é uma das principais causas de danos à
sua identidade cultural, psicológica, familiar e econômica. Com a perda dos
marcos materiais de identidade, o suporte de referência histórico de longa
duração deixa de existir.
A política de reassentamento involuntário tem como meta assegurar e garantir
a recomposição da qualidade de vida das famílias afetadas, ou seja, minimizar
os impactos negativos causados sobre suas vidas, bem como assisti-las para
que possam restaurar ou melhorar as suas atividades produtivas, condições de
moradia e convívio social o mais rápido possível.
Alinhadas com as diretrizes do Banco Mundial sobre a problemática dos
reassentamentos involuntários, os princípios básicos e as diretrizes
estabelecidos neste documento objetivam a constituição de recomendações
que visam mitigar os impactos sociais, psicológicos e econômicos dos
deslocamentos involuntários através da implantação de projetos que garantam
o desenvolvimento sustentável, economicamente viável e socialmente justo
para as comunidades atingidas.
Princípios Básicos:
Como princípio fundamental desta política, sempre que possível, deve-se evitar
ou, pelo menos, minimizar o reassentamento, ocorrendo apenas em
“circunstâncias excepcionais”, ou seja, em casos absolutamente necessários
que envolvam proteção da saúde e do bem-estar coletivos, e quando não há
alternativas viáveis em função de situações de risco, como desabamentos e
inundações iminentes. Assim sendo, o reassentamento involuntário deve ser
realizado apenas com o objetivo de promover o interesse público geral. Este
interesse público deve sempre ser constituído com transparência, dando
atenção e considerando, realmente, as visões daqueles que vivem nas áreas
12
que serão impactadas. Um projeto de interesse público nunca deve deteriorar
as condições de vida das comunidades atingidas.
No caso de ser imperativo o reassentamento das famílias, as ações tomadas
devem estar em conformidade com os princípios da:
Participação Comunitária: compartilhar das decisões através do exercício da
cidadania ativa, na defesa dos direitos e interesses relativos ao Projeto, sendo
garantido aos afetados o direito a se manifestar, consideradas as formas de
expressão das comunidades atingidas. Recomenda-se que se constitua uma
Comissão Comunitária de Acompanhamento do Projeto – CCAP.
Publicidade: obrigatoriedade de exposição e divulgação das informações
relativas ao Projeto. Todas as informações devem ser disponibilizadas com
antecedência, em linguagem acessível e utilizando referências comunitárias.
Transparência: trazer ao conhecimento público a metodologia a ser adotada
para o desenvolvimento do projeto, os serviços a serem prestados, os custos e
a disponibilidade de atendimento, através de informações claras e precisas.
Todos aqueles que potencialmente serão afetados devem receber informações
adequadas e oportunas, participar democraticamente e propor alternativas que
minimizem os deslocamentos e reduzam os impactos negativos sobre suas
vidas.
Diretrizes Gerais:
As diretrizes gerais a serem seguidas quando da elaboração e implementação
dos Planos de Reassentamento Involuntário que se façam necessários
incluem:
1- Minimizar o número de famílias deslocadas e garantir um tratamento
equitativo para o atendimento de suas necessidades.
2- Restaurar o nível de vida dos reassentados ou alcançar um estágio superior,
garantindo-lhes condições de qualidade de vida e acesso a bens e serviços.
3- Prover assistência técnica para permitir que os reassentados tenham a
possibilidade de restabelecer ou melhorar seu nível anterior de renda, através
13
da compensação das perdas econômicas com a recuperação das atividades
produtivas, identificando as necessidades de programas e investimentos.
4- Estabelecer critérios claros e transparentes de elegibilidade para
recebimento de benefícios e definir as opções disponíveis (ex. casa e lote em
agrovila, compensação financeira, etc.); cumprindo os preceitos da indenização
justa ou acomodação da alternativa adequada.
5 - Em casos de indenização pecuniária, calcular o valor de bens perdidos pelo
seu custo de reposição, sem considerar depreciação e proporcionar assistência
às famílias para evitar que empreguem a sua indenização em bens de
consumo ou investimentos sem futuro.
6 - Estabelecer um padrão de reassentamento ou indenização que garanta
uma moradia digna, independentemente do status anterior do reassentado
(proprietário, posseiro, morador, etc.).
7 - Contar com a participação da(s) comunidade(s) afetada(s) em todo o
processo, em especial na escolha do local do reassentamento, de maneira tal
que as famílias possam decidir conscientemente sobre sua adesão ou
discordância com os princípios do projeto.
8 – Desenvolver atividades adicionais destinadas àqueles que discordam com
os princípios do projeto, aprofundando os níveis de informação e
argumentação, seja através de visitas domiciliares ou de outras alternativas
que se considerarem adequadas.
9 – Envolver, em todas as etapas de desenvolvimento do Projeto, atores locais
tais como a prefeitura, a igreja e entidades sociais representativas.
10 – Outorgar instrumento de transferência de propriedade, em favor dos
reassentados, não importando a situação fundiária do imóvel anteriormente
ocupado (propriedade, concessão ou posse), visto que os afetados pelo
reassentamento devem receber proteção mesmo se não tiverem título ou
14
documentação formal relacionados à sua casa ou terra.
11 - Compensar os atingidos pela perda de bens realocando-os, de acordo com
suas preferências, através do reconhecimento da existência de bens materiais
que vão além do valor da construção em si, pois incluem também o valor da
terra, o valor de produção agrícola e das criações, o valor de taxas e impostos
já pagos e o valor do ponto comercial. Os impactos temporários, também
devem ser avaliados, objetivando minimizar as perdas sofridas pelas famílias.
12 – Em relação à perda dos bens imateriais que envolvem problemas de
saúde, abalos psicológicos e desequilíbrios na integração da comunidade estes
devem ser atenuados com programas sociais nos períodos “pré” e “pós”
reassentamento.
13 – Evitar a fragmentação comunitária dos reassentados, assegurando a
continuidade dos laços interpessoais e as redes sociais, de modo a preservar a
identidade grupal, os vínculos afetivos, de parentesco e culturais.
14 - Nos casos em que o reassentamento ocorra na área de abrangência de
outra comunidade já consolidada, torna-se necessário viabilizar mecanismos
de comunicação e de consulta com os grupos envolvidos e seus
representantes, de modo a promover sua integração, diminuindo a
possibilidade de eventuais resistências dos anfitriões para com os
reassentados.
15 - Dar prioridade às necessidades específicas das mulheres e de grupos
vulneráveis como crianças, idosos, deficientes, pessoas portadoras de doenças
mentais, HIV-positivos, minorias e outros grupos historicamente
marginalizados.
16 - Assegurar que o local de reassentamento não seja passível de futuras
remoções e que tenha acesso a serviços básicos, tais como: educação, saúde,
lazer, transporte, energia elétrica, água potável e esgoto, coleta de lixo, áreas
verdes e um meio ambiente saudável; utilizar materiais adequados que
15
garantam a habitabilidade, com espaço apropriado e proteção efetiva contra
frio, calor, chuva, vento, incêndio, inundação, sem riscos de desmoronamento
ou outras ameaças à saúde e à vida.
Procedimentos Elementares:
Para atender aos princípios e diretrizes acima arrolados, durante a elaboração
e implementação dos Planos de Reassentamento Involuntário que se façam
necessários, é imprescindível cumprir os seguintes procedimentos
elementares:
1 - Os moradores devem ser notificados, por escrito, após o cadastro
socioeconômico, devendo conter a justificativa para a decisão tomada,
inclusive informações sobre as alternativas propostas. Na ausência de
alternativas razoáveis e que não envolvam a remoção, a inevitabilidade da
necessidade do reassentamento deve ser comprovada, assim como devem ser
indicadas todas as medidas planejadas para minimizar quaisquer efeitos
negativos das remoções e para proteção dos direitos adquiridos.
2 - Na notificação o proprietário, concessionário e/ou posseiro do bem afetado
deverá ser informado que a inclusão de qualquer pessoa ou família naquele
imóvel não lhes dará direito a serem contempladas pelo projeto e que a
expansão, melhoria e/ou ampliação das benfeitorias do imóvel não serão
consideradas para fins de indenização após o cadastro. No entanto, o
cadastrado pode executar qualquer intervenção em sua moradia principalmente
as de caráter emergencial e de segurança, apenas não serão indenizadas.
Esta notificação deve ser efetivada em duas vias e assinada pelo proprietário
e/ou posseiro ou seu representante, uma das vias ficará em poder do notificado
e a outra será incorporada ao processo.
3 - Deve-se garantir e facilitar o acesso, entre outros, a aconselhamento
jurídico e técnico à população atingida, para que ela possa compreender e
defender seus direitos.
16
4 - A comunidade deve dispor de tempo suficiente para realizar um inventário
detalhado dos bens e direitos afetados. Se houver desacordo entre a
comunidade afetada e a autoridade responsável pelo reassentamento,
esgotadas as possibilidades de negociação amigável entre as partes
diretamente envolvidas, a decisão final deve ser tomada por um órgão
independente, que poderá solucionar o impasse através da adjudicação, da
mediação ou da arbitragem. Esse órgão independente, anteriormente definido,
pode ser do próprio executivo, do legislativo ou do poder judiciário.
5 - O local de reassentamento deve estar concluído – construção de casas,
fornecimento de água, eletricidade, saneamento, escolas, acesso a estradas e
alocação de terras e moradias – antes que a comunidade seja para lá
removida. Estes locais devem atender aos critérios e condições da moradia
adequada. Deve ser garantida a matrícula escolar de crianças, jovens e adultos
em unidades educacionais próximas/acessíveis à área de reassentamento ou
providenciado transporte escolar, pelo período que for necessário, caso não
seja possível realizar a transferência dos educandos.
6 - Os responsáveis pelo reassentamento devem cobrir todos os custos
inerentes às conseqüências da relocação, devendo, inclusive, prestar
assistência médica e psicológica, que poderá ser necessária durante o
planejamento e/ou execução do Projeto e desenvolver políticas de reinserção
social para a população atingida.
7 - A área a ser desocupada deve ser preservada imediatamente após a
retirada das famílias para evitar a ocorrência de novas ocupações,
preferencialmente através da destruição das antigas moradias.
8 - Medidas devem ser tomadas para garantir que a moradia
provisória/temporária ou o aluguel social não se tornem permanentes,
estabelecendo prazos e penalidades em benefício das famílias a serem
reassentadas.
9 - É importante ressaltar que todo e qualquer bem de uso comunitário (como
17
escolas, postos de saúde, sedes de associações, sedes de sindicatos) se
forem afetados devem ser reconstruídos ou compensados.
10 - O local de reassentamento será o mais próximo possível ao da moradia
originária, devendo as casas e as lavouras ser preservadas até que o processo
de relocação for consolidado, inclusive permitindo que as famílias aproveitem
os materiais existentes nas construções a serem demolidas e a colheita das
lavouras na época adequada.
11 - As negociações devem ser feitas prioritariamente de forma coletiva,
preservando e incentivando a organização da comunidade e possibilitando o
fortalecendo dos laços afetivos o que permitirá que o reassentamento aconteça
de forma menos traumática.
2.4 - Procedimentos para Formulação dos Planos de Reassentamento
Involuntário
Para os casos eventuais em que venha a ocorrer a necessidade de
reassentamento involuntário em decorrência do Progestão II, dever-se-á
preparar um Plano de Reassentamento (PR) ou um Plano Abreviado de
Reassentamento (PAR), de acordo com as disposições da política de
salvaguardas do Banco Mundial.5
Nos casos da comprovada necessidade de relocação involuntária de
comunidades e/ou de famílias isoladamente, e conforme preceitua a OP 4.12
do Banco Mundial, o órgão promotor do reassentamento deverá formular e
executar um PR ou um PRA segundo os princípios, diretrizes e procedimentos
definidos neste Marco.
Estes planos deverão, minimamente, conter as seguintes orientações e etapas:
5 Os Planos Abreviados de Reassentamento são apropriados nos casos em que a população afetada seja
inferior a 200 pessoas ou quando os impactos adversos sofridos pela totalidade da população sejam menores – isto é: elas não forem fisicamente deslocadas ou tiverem menos de 10% de seu patrimônio produtivo afetado.
18
1) Plano Técnico de Trabalho Social
Considerando o caráter fundamentalmente social de um projeto de
desapropriação e reassentamento involuntário, o órgão promotor do projeto
deve valorizar o intercâmbio de ideias, opiniões e discussões coletivas sobre as
soluções a serem adotadas como o elemento chave de condução de todo o
projeto.
O diálogo com as comunidades afetadas, através de suas lideranças e também
de forma direta deve permear todo o projeto, em todas as suas fases. Este
contato deve ocorrer de forma permanente e frequente, porque interrupções e
distanciamento, de tempos em tempos, por parte das autoridades corroem as
pactuações e a credibilidade do projeto.
Qualquer projeto dessa natureza não poderá ser bem sucedido se os canais de
comunicação com os afetados estiverem fechados ou burocratizados.
A relação entre os afetados e o órgão promotor deve ser a mais transparente
possível, de forma que a troca de informações além de esclarecer as duas
partes possam também fundamentar as soluções a serem adotadas, como
resultado dessa ação conjunta.
Portanto, ao iniciar o desenvolvimento de um Plano de Reassentamento
involuntário é necessário que se identifiquem as lideranças e organizações
locais formais e informais, e que através delas se estabeleça um canal de
comunicação com os afetados, sem, todavia se inserir nas disputas locais.
Mas, o trabalho de envolvimento comunitário desenvolvido pelo órgão promotor
não se restringe a promoção de reuniões, deve também ser realizado através
de visitas as moradias, principalmente nos projetos rurais, quando o
deslocamento da família se torna mais difícil e oneroso.
Inicialmente é importante a realização de um diagnóstico social objetivando a
caracterização das comunidades atingidas através da construção de
indicadores sociais que contenham dados da sua realidade social, histórica,
dos conflitos pela posse da terra, história comunitária e dados sociais. Paralela
ao diagnóstico deve ser realizada a identificação das áreas e/ou imóveis que
serão afetados.
Além das reuniões e negociações coletivas, após todos os levantamentos
efetivados os moradores também poderão ser atendidos individualmente para
esclarecimentos quanto à avaliação imobiliária realizada em sua moradia e
19
quanto às opções de compensação a serem oferecidas antes do processo de
negociação.
Para os moradores que optarem por uma nova casa/apartamento, esgotadas
as possibilidades de negociação coletivas quanto a sua distribuição, devem ser
realizados os procedimentos inerentes ao sorteio da nova unidade habitacional
dando o direito à escolha dos vizinhos diretos, disponibilizando alternativas
específicas às necessidades de idosos, deficientes físicos e famílias integradas
por crianças e jovens.
Na ocasião da mudança devem ser realizados encontros de integração entre
os moradores sorteados e, no caso dos mesmos serem reassentados em áreas
com existência de outras moradias, com os moradores locais. Nestes
encontros eles também receberão capacitação em gestão condominial e
patrimonial.
Para a entrega das chaves é necessário que o morador tenha visitado, através
de um agendamento, sua unidade habitacional e dê o aceite da mesma. Nesta
etapa o morador deve identificar problemas e reparos a serem realizados ou
assinar o termo de recebimento do imóvel. Caso sejam detectados reparos,
após sua efetivação será agendada uma nova vistoria para se proceder ao
aceite do imóvel. Após essa etapa, a mudança também será agendada e
acompanhada pelos técnicos sociais. No processo de mudança, é importante a
permanência de uma equipe em regime de plantão para quaisquer
eventualidades.
Há planos de reassentamento involuntário em que a alteração dos hábitos de
sobrevivência da população sofre radical alteração. Ainda que muitas vezes,
em teoria, as mudanças propiciem melhorias na qualidade de vida, nem
sempre a comunidade está preparada para absorver esta nova realidade.
Nestes casos, a população pode ser levada à situação de flagelo, e estas que
na maioria dos casos enfrentados já são carentes e frágeis, se tornam mais
vulneráveis.
Portanto, não basta repor a moradia ou o lote agrícola, é necessário que se
auxilie esta população na sua reinserção no novo local de vida.
Para isto, o órgão promotor deve implementar, como parte do seu Plano
Técnico de Trabalho Social, programas paralelos de desenvolvimento
sustentável que visam restaurar não apenas a renda familiar, mas também
20
alargar os horizontes de atividades e promover uma melhor integração social
àquele grupo.
Estes programas podem iniciar-se desde a fase da construção dos locais de
reassentamento, seja através de projetos de autoconstrução ou de mutirão até
a fase pós-relocação, com atividades de implementação de renda, entre outras.
2) Cadastramento Socioeconômico e Físico do Imóvel
Antes de se iniciar este cadastramento deve-se propiciar um ambiente de
diálogo entre o órgão promotor do reassentamento, as lideranças locais e a
comunidade, de forma a viabilizar o acesso às benfeitorias e aos terrenos onde
residem as famílias a serem cadastradas. Este canal de comunicação tem
como função informar e orientar às pessoas afetadas acerca dos seus direitos,
dos mecanismos e procedimentos para resolução de eventuais conflitos e do
andamento do processo.
O cadastro socioeconômico tem por objetivo identificar e definir o perfil
individual e coletivo da população afetada, devendo ser aplicado em 100% das
famílias afetadas, uma vez que é fundamental conhecer a todos e a cada um
dos moradores que deverão ser reassentados.
Esta atividade é fundamental, quando da etapa de negociação com os
moradores porque é através do cadastro socioeconômico que se definem quais
as opções que poderão ser oferecidas especificamente a cada família.
Portanto, é necessário que toda e qualquer informação seja obtida de forma
muito clara, com a devida qualificação e assinatura do morador ao término da
entrevista. Quando o morador for analfabeto o entrevistador deverá informar,
em campo próprio, da impossibilidade de coleta de assinatura. É importante
ressaltar, que se houver um intervalo significativo entre a realização do
levantamento socioeconômico e o início da negociação, o cadastro deverá ser
atualizado e as pessoas que se inserirem na área neste lapso de tempo farão
jus aos benefícios do programa.
No entanto, aquelas que se inserirem na área após a negociação não terão
direito as compensações, o que deve ser amplamente divulgado no âmbito da
comunidade.
21
O cadastro físico do imóvel afetado complementará o cadastro
socioeconômico e ambos deverão ser aplicados, preferencialmente, no mesmo
momento ou em curto espaço de tempo, para o que se recomenda o seguinte:
que o imóvel seja numerado e fotografado e que o seu número apareça na foto;
que seja feito um croqui do bem com todas as medidas; que seja cadastrado
todo e qualquer investimento realizado; que sejam bem definidas as medidas,
os limites e as confrontações do terreno; que o levantamento seja
acompanhado pelo responsável; que sejam cadastrados os serviços
disponíveis na propriedade e nas imediações; que sejam descritas as
condições topográficas de localização; que seja indicado qual o grau de
afetação do imóvel, se terá área remanescente ou se será totalmente atingido e
que seja identificada e registrada qual a opção da família para aceder a nova
moradia, que neste momento será apenas um indicador.
Assim, a ficha do levantamento físico deverá conter todas estas informações,
além de outras que se considerarem relevantes à especificidade de cada
situação, visto que são elementos fundamentais quando da elaboração do
laudo de avaliação do imóvel, ou seja, são parte integrante do mesmo e
representam a sua etapa de campo.
3) Avaliação Imobiliária
A avaliação imobiliária, a ser realizada em propriedades formais, irregulares ou
já contempladas com instrumentos de regularização fundiária, deve basear-se
no princípio da reposição do bem, ou seja, o valor de avaliação obtido pelo
laudo deve possibilitar ao afetado que o mesmo obtenha um imóvel igual, ou
melhor, ao que possui no momento da desapropriação ou desocupação, em
local próximo.
O laudo de avaliação deverá ser elaborado utilizando as informações do
cadastro físico e, ambos, devem ser elaborados por equipe com expertise em
edificações, avaliação e laudos urbanos e, também agronômica, para atender
as necessidades das áreas rurais, uma vez que nestas propriedades é
necessário inventariar e avaliar as culturas, pastagens e benfeitorias que a
propriedade afetada possui.
Outro aspecto também relevante na avaliação é a pesquisa do mercado de
terras tanto nas áreas urbanas como nas áreas rurais. A avaliação deve levar
22
em conta a valorização dos terrenos e benfeitorias após a obra.
Igualmente importante é a pesquisa do mercado de construção. É necessário
que se aproprie o custo real da construção de forma a possibilitar que o
afetado possa adquirir ou construir moradia igual, ou melhor, da que ele
dispõe no momento da desapropriação ou desocupação acrescentando assim,
mais uma opção de moradia digna.
Se o laudo for elaborado com muita antecedência ao período do início das
negociações, o mesmo deverá ser atualizado. Deve ser analisado se no tempo
decorrido houve alterações significativas no mercado, quer seja devido a
problemas relacionados com inflação, pacotes econômicos, problemas
climáticos, com a colheita, entres-safra, etc.
4) Documentação do Imóvel e Pessoal
O processo expropriatório, de competência exclusiva da Administração Pública,
deve ser divulgado com absoluta transparência, utilizando-se todos os meios
disponíveis, para manter informada a comunidade afetada.
Um dos aspectos mais significativos neste processo é a transparência na
avaliação do bem a ser desapropriado e o outro, é o que se refere à
comprovação da posse ou propriedade dos moradores afetados.
Não raro, os imóveis atingidos pela desapropriação possuem a documentação
jurídica de propriedade regularizada em nome da pessoa afetada. Nesta
circunstância o Poder expropriante disponibilizará apoio jurídico e social para
que o processo transcorra sem prejuízo para o expropriado, quer seja na esfera
administrativa ou judicial, sempre visando a forma amigável, sendo certo que
para o recebimento do quantum indenizatório não poderá recair ônus sobre o
imóvel. Quando se tratar de imóvel objeto de regularização fundiária onde
foram outorgados termos administrativos será dado o mesmo tratamento
dispensado à desapropriação de propriedade formal.
Considerando isto, o órgão promotor sempre que iniciar um processo de
desapropriação colocará à disposição da população afetada uma equipe de
advogados para orientá-la quanto à documentação pertinente, e a forma de
obtê-la. Evitando com isto situação de ruptura social.
23
Na hipótese da pessoa afetada pela desapropriação estiver na condição de
possuidor de boa fé, com ou sem prazo prescritivo ao processo de
regularização fundiária através da usucapião, a desapropriação dar-se-á sem
prejuízo dos bens e benfeitorias existentes no imóvel, salvo se recair sobre o
mesmo disputa por sua propriedade ou posse.
Com efeito, a Administração Pública, através do órgão promotor deve propiciar
à regularização da documentação, tanto da propriedade quanto do proprietário,
concessionário, ou promissário ou possuidor, para que se efetive de forma
mais rápida e eficiente possível o processo de desapropriação.
Tão relevante quanto à documentação relativa à comprovação da posse, da
concessão de uso, da promessa de concessão de uso ou da propriedade é a
documentação de caráter pessoal, muitas vezes as pessoas afetadas não
possuem sequer a certidão de nascimento. Da mesma maneira o órgão
promotor deve auxiliá-los na obtenção de documentos pessoais, solucionando
o problema sob o menor impacto possível. Este trabalho, a ser promovido pelo
órgão promotor, representa por si só uma ação social muito significativa o que
lhe proporcionará alta credibilidade junto à comunidade.
Realizada esta etapa de trabalho o processo de negociação ocorrerá em menor
tempo, principalmente se o mesmo acontecer através do diálogo.
5) Regularização Fundiária
Encerrado o processo expropriatório do imóvel, de forma administrativa ou
judicial, será providenciado, pela Administração Pública, o registro imobiliário
em nome do Estado do Rio de Janeiro.
Para as famílias que optarem pelo reassentamento, será providenciado pelo
órgão próprio da Administração Pública, notadamente o Instituto de Terras e
Cartografia do Estado do Rio de Janeiro, todas as ações inerentes ao processo
de regularização fundiária de interesse social da área e/ou conjunto
habitacional, em favor das famílias atingidas pelo projeto, outorgando-lhes os
respectivos títulos, passíveis de serem registrados no competente Cartório de
Registro de Imóveis.
24
Da mesma forma, em sendo área rural, além de ser providenciada a
regularização fundiária, o assentamento deverá ser reconhecido pelo INCRA,
para que as famílias gozem do direto aos créditos agrícolas.
6) Cronograma de Trabalho
O cronograma de trabalho é um importante instrumento de planejamento e
controle das atividades do Plano. Mas, para que seja efetivo, é necessário
prever todas as dificuldades e facilidades com a maior exatidão disponível no
momento de sua elaboração, porque do seu cumprimento dependerá o grau de
confiabilidade do mesmo.
O cronograma de um plano de reassentamento involuntário deve conter todas
as atividades previstas em cada uma das suas fases de execução.
7) Orçamento
Ao elaborar o orçamento do Plano de Reassentamento Involuntário devem
considerar-se os seguintes itens da forma mais real e detalhada possível:
• Custo das atividades meio: elaboração do cadastro socioeconômico e
físico, dos laudos de avaliação e do plano de reassentamento involuntário;
apoio jurídico e de desenvolvimento social à população afetada; despesas com
à equipe e as atividades de comunicação e trabalho social.
• Custo das atividades fim: aquisição da(s) área(s) para reassentamento;
projetos arquitetônicos e de engenharia (infraestrutura e unidades
habitacionais); construção das unidades de reassentamento; pagamento das
indenizações; custas judiciais; despesas com a mudança das famílias, a
demolição dos imóveis, a guarda da área desocupada e a guarda da área de
reassentamento até a sua total adjudicação às famílias reassentadas.
É importante ressaltar que a disponibilidade dos recursos financeiros dentro
das datas previstas é fundamental ao bom andamento do Plano. Não só
pagamento pontual, mas também a execução dos compromissos assumidos no
devido prazo gera elevado índice de credibilidade para as negociações que
ainda restarem, sendo elemento facilitador do processo. Se isto não acontece a
dificuldade de negociação é muito maior e o custo também.
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8 ) Ações Específicas em Situação de Desastres e Catástofres
As ações de reassentamento involuntário podem ser demandas em virtude da
necessidade de prevenção e gestão de desastres e catástrofes. Nestes casos
os Planos de Reassentamento Involuntários deverão incorporar as seguintes
atividades específicas:
a) Constituição de equipe coordenadora de ações intersetoriais em
âmbito estadual e municipal para prevenção e enfrentamento de
situações emergenciais;
b) Mapeamento das gradualidades de risco ambiental das áreas;
c) Cadastro prévio da população residente na área de risco em
articulação com as secretarias de urbanismo e habitação;
d) Cadastro de todas as instituições públicas e privadas que tenham
condições de transformar-se em abrigos temporários (em caráter de
excepcionalidade) para retirada estratégica dos moradores em caso
de ameaças de situações de emergências.
É importante que os membros da Equipe Coordenadora tenham seus nomes e
meios de contato institucionais divulgados em decreto para que possam ser
acionados a qualquer tempo. Os membros da equipe devem ser servidores
públicos, preferencialmente das secretarias de Defesa Civil, Urbanismo,
Habitação, Saúde, Vigilância Sanitária, Assistência Social, Direitos Humanos
nos respectivos entes federados. Sugere-se que a Equipe promova encontros
trimestrais, na busca de capacitação do grupo e de planejamento das ações
nos âmbitos estadual e municipal.
Na gestão de situações de calamidade, num primeiro momento, envolve-se
uma ampla rede que deve abranger desde abrigos institucionalmente
constituídos pelo poder público - em escolas, ginásios esportivos, entre outros,
até os da rede solidária que envolve igrejas, clubes de serviço, e até mesmo
“famílias acolhedoras” que dispõem de espaços para recepcionar outras
famílias vítimas em situações de calamidade.
Se por um lado o acolhimento se faz urgente, não menos importante é a
necessidade de garantir a infraestrutura necessária para permitir a
permanência e a subsistência das famílias nos locais de abrigo. Este trabalho
envolve recepção, logística, distribuição de alimentos, água potável e
medicamentos, além de material de higiene e limpeza. Portanto, implica na
26
articulação de outra rede para além dos abrigos que dê condições de
sustentação do trabalho dos mesmos.
No aspecto técnico, é preciso que a rede acolhedora seja devidamente
cadastrada, sendo reconhecida sua potencialidade e capacidade de gestão.
Necessário também o reconhecimento das famílias vitimizadas através da
realização de um cadastro que leve a uma primeira fotografia do quadro
familiar, suas perdas e necessidades.
As estratégias implementadas devem ser pautadas pela normativa da Política
Nacional de Assistência Social e Direitos Humanos, pela ética que direciona a
política estadual de garantia de direitos, mas, sobretudo, na direção a uma ágil
linha de atendimento a desastres e catástrofes conseqüência dos fenômenos
climáticos que temos vivido nos últimos tempos.
Além dos primeiros momentos de socorro imediato para salvar vidas, amparar
famílias e infelizmente prantear as vítimas fica evidenciada a necessidade de
desenvolver ações que exigem alto nível de coordenação, eficiência,
mobilidade e eficácia para responder a este desafio.
Após a primeira etapa da ação emergencial, se torna necessária a sugestão de
ações de continuidade do atendimento as famílias vitimizadas articulando os
diferentes serviços e equipamentos públicos e privados em caráter
complementar e as possibilidades de apoio de outras esferas governamentais
garantindo a integralidade no atendimento às populações.
Outro recurso utilizado é o Aluguel Social, considerado um auxílio de caráter
temporário que integra um conjunto de ações que podem contribuir no cenário
da política de sustentabilidade de famílias em situações de catástrofes,
emergências e de moradias de risco sócio-ambiental, criando um mecanismo
de ajuda humanitária, integrando diversas áreas intersetorialmente,
contribuindo no contexto da transversalidade com reflexos adequados na
construção de uma política habitacional eficaz que responda as garantias de
direitos a moradia adequada e às novas situações climáticas e ambientais do
nosso estado.
27
2.5 - Pessoas Potencialmente Afetadas
Dadas as características do Progestão II é impossível, durante a fase de
preparação, identificar as atividades que virão, porventura, a demandar
aquisição de terras ou a promover o reassentamento físico e/ou ao
deslocamento econômico de pessoas e famílias. É igualmente impossível
estimar o número de pessoas que poderão ser atingidas. A população afetada
será determinada caso a caso, de acordo com as necessidades apresentadas
no processo de implantação dos investimentos ou na decorrência de riscos,
baseando-se em estudos técnicos sociais que incluem o levantamento de
campo, a avaliação social e ampla consulta às pessoas afetadas.
Pode-se, contudo, prever, que as categorias de pessoas afetadas a quem
deverão ser oferecidas as opções de compensação e assistência incluem nos
imóveis urbanos: proprietários, concessionários, promissários ou posseiros
urbanos cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas e
inquilinos/cedidos; e em imóveis rurais: proprietários, concessionários,
promissários ou posseiros rurais cujas propriedades sejam totalmente ou
parcialmente atingidas e arrendatários/cedentes/ rendeiros/meeiros.
A interação com a comunidade deverá permear todo o processo, sendo
promovidas reuniões com a população afetada para apresentar o projeto,
esclarecer dúvidas e informá-la sobre as atividades previstas para o processo
de reassentamento involuntário. O Projeto assegurará que os grupos mais
vulneráveis (idosos, famílias chefiadas por mulheres, jovens, pescadores
artesanais, quilombolas, etc.) sejam ouvidos.
2.6 - Critérios de Elegibilidade
Os Critérios de Elegibilidade apontarão, em última análise e por ocasião da
elaboração dos Planos de Reassentamento (PR) e/ou Planos Abreviados de
Reassentamento (PAR), a modalidade de atendimento que melhor se aplica a
cada categoria de pessoa ou família afetada, garantindo-lhes, contudo, o direito
de opção entre alternativas de idêntico valor.
28
Serão elegíveis para as compensações definidas nos planos de
reassentamento todas as famílias – independentemente de sua condição de
ocupação com o imóvel (proprietário, concessionário, promissário, arrendatário,
posseiro e ocupante de boa fé) e do grau de afetação do imóvel – que residam
na área até o momento de conclusão do cadastro socioeconômico das famílias
afetadas, do cadastro físico e da selagem de seus imóveis.
A ideia é que sejam vislumbradas necessidades de procedimentos distintos de
atendimento, a depender dos resultados dos cruzamentos de dados sobre a
natureza das perdas identificadas, o grau de afetação e os direitos sobre a
propriedade. As alternativas de compensação serão acordadas com as
populações afetadas conforme o grau de afetação de seus ativos e seus
direitos de propriedade sobre os bens afetados.
Baseada nos conceitos de compensação justa e de recomposição/melhoria da
qualidade de vida, a política deve garantir, no mínimo, a reposição da situação
atual de vida da população atingida. Contudo, considerando que as
necessidades e preferências entre as famílias variam, é necessário que lhes
sejam oferecidas, opções de compensação.
No entanto, existem perdas que são imensuráveis, como por exemplo, o
rompimento dos laços de vizinhança, familiares, de uma rede de apoio social,
da afetividade, da tradição estabelecida entre o local de moradia e os seus
ocupantes muitas vezes ao longo de várias gerações. Assim, a simples oferta
de uma moradia ou de lote agrícola não será suficiente para recompor a vida
das famílias. Portanto, o que se almeja é possibilitar à reconstrução dos laços
comunitários e também a recuperação ou melhoria da capacidade produtiva, da
qualidade de vida, compensando ao máximo todas as perdas possíveis através
de programas de desenvolvimento sociais e produtivos antes e depois do
reassentamento.
É importante ressaltar que todo e qualquer bem de uso comunitário (como
escolas, postos de saúde, sede de associações, sede de sindicatos) se forem
afetados devem ser reconstruídos ou compensado.
29
2.7 - Políticas de Atendimento/ Compensação
As opções de compensação devem prever atendimento diferenciado entre os
proprietários/concessionários/promissários/posseiros rurais e os urbanos. As
alternativas normalmente oferecidas poderão ser as seguintes: Indenização;
Reassentamento; Autoreassentamento e Compra Assistida.
A opção da indenização social pró-moradia para imóveis urbanos é
composta do somatório do valor do laudo de avaliação mais de uma parcela de
compensação social pelas perdas não mensuráveis. Este valor final deverá ser
no mínimo suficiente para que a família possa recompor a sua condição de
vida.
Em se tratando de indenização para imóveis rurais, a questão é bem mais
complexa. A maioria dos casos não há apenas a afetação do local de moradia,
mas também da atividade produtiva, e neste caso os laudos de avaliação
incluem, também, as áreas de cultura/criação atingidas. Este valor final deverá
ser no mínimo suficiente para que a família possa recompor a sua condição de
vida, tanto no que se refere à moradia quanto as atividades produtivas.
Recomenda-se que em casos de indenização pecuniária a mesma seja paga
conjuntamente ao casal residente e, quando a união for consensual, à mulher
do casal.
Para os que tiverem sua propriedade parcialmente atingida, estes devem
receber o valor da indenização correspondente ao laudo de avaliação da parte
atingida, acrescido do valor de compensação social.
A opção do reassentamento para imóveis urbanos baseia-se na construção
de conjuntos habitacionais, com as seguintes características, que devem ser
priorizadas: o mais próximo possível do local da retirada das famílias, em áreas
que estejam dentro da área de influência das obras ou comunidade de origem
das famílias afetadas; dotados de infraestrutura urbana e com área disponível
para equipamentos urbanos e sociais.
Quando esta alternativa verifica-se impossível devido à falta de terrenos aptos,
devem ser discutidas alternativas tais como a verticalização das moradias ou a
30
seleção de lotes mais distantes também dotados de infraestrutura, inclusive
servida por transporte urbano que permita o acesso ao mercado de trabalho,
em qualquer das hipóteses a solução deve ser discutida com a comunidade.
A unidade habitacional deve atender aos critérios de habitabilidade, ou seja, de
iluminação, ventilação e condições hidráulico-sanitárias adequadas à moradia
digna.
Todas as pessoas que exerçam posse direta do imóvel poderão fazer a opção
e se o imóvel não for totalmente atingido o proprietário e/ou posseiro poderá
optar pela permanência na área remanescente, desde que atendido o critério
da área mínima.
É também permitido que todos os proprietários e/ou posseiros retirem de seus
imóveis todos os elementos construtivos que julgarem reaproveitáveis.
Ressalta-se a necessidade de ser incorporada ao novo empreendimento uma
área comercial que poderá atender aos afetados que tiveram sua atividade
produtiva interrompida e servirá para, manter a identidade da comunidade
acostumada a ter determinados serviços no local de moradia. Em casos de
prédios residenciais, uma área comercial no térreo pode servir para dar
sustentabilidade ao empreendimento através do pagamento de aluguel.
A opção do reassentamento para imóveis rurais baseia-se na construção de
lotes agrícolas individuais ou agrovilas devendo ser dotados de área mínima
suficiente para o desenvolvimento do trabalho de uma família padrão da região,
dentro de suas atividades produtivas e ser dotada de moradia que atenda aos
critérios de habitabilidade, ou seja, de iluminação, ventilação e condições
hidráulico-sanitárias.
Esta opção é oferecida aos que tiverem sua propriedade totalmente atingida ou
aqueles que não possuem terras, mas que tem acesso à mesma, isto é vivem
da terra (arrendatário, cedente, rendeiro), e perderam o acesso com a
implantação da obra.
Para a escolha da área para o reassentamento devem ser priorizadas aquelas
dentro da área de influência do empreendimento; em localização estratégica,
31
com relação à transporte e acesso à mercado e serviços públicos essenciais;
com topografia favorável, ao tipo e de atividade desenvolvida pelos
desapropriados; com qualidade de solo mais adequado possível ao tipo de
atividade produtiva previamente desenvolvida pelas famílias.
Mas, no caso de afetação de um imóvel rural não basta a recomposição física
do imóvel, é necessário que também sejam oferecidas ao afetado condições de
recompor suas atividades produtivas, ou seja, se este trabalha na agricultura
deve ser oferecida assistência técnica que consiste (conforme as
necessidades) no fornecimento de insumos e de tecnologia e crédito rural,
havendo alteração de atividade cursos de novas técnicas, e apoio à família até
a primeira safra no lote agrícola do reassentamento.
A opção do autoreassentamento para imóveis rurais visa a atender à família
afetada que mora em imóvel que será totalmente atingido e que quer
permanecer morando na área rural, mas não lhe agradam os lotes agrícolas
planejados. Esta opção deve ter uma compensação social maior que a opção
da indenização por dois motivos: não há intenção de induzir o deslocamento da
população rural para as áreas urbanas e a recomposição da condição de vida
em um imóvel rural é mais dispendiosa do que na área urbana e bem mais
lenta.
Por isto, esta opção deve ser monitorada pelos técnicos do órgão promotor e
só após a comprovação de que o afetado realmente adquirirá um imóvel rural e
nele se estabelecerá com sua família o pagamento será autorizado.
A opção da compra assistida para imóveis urbanos é oferecida quando o
afetado não concorda com o reassentamento no local determinado. Dessa
forma, o órgão promotor deve acompanhar e auxiliar a família a comprar uma
nova unidade habitacional em qualquer lugar do Estado. Este
acompanhamento, realizado por técnicos, objetiva assegurar que o imóvel que
está sendo adquirido tenha a mínima condição de habitabilidade e esteja fora
de áreas de risco ou não edificantes legalmente.
Independente de se tratar de imóvel urbano ou rural, há aqueles que serão
atingidos temporariamente, apenas durante a execução de determinada obra
32
ou quando a desocupação do imóvel. Nestes casos é ofertada a opção do
aluguel social, o transporte para as mudanças e uma compensação monetária
devida a interrupção da produção, no caso de imóvel agrícola; no caso de
imóvel urbano a moradia a ser alugada deverá oferecer condições de conforto
e localização semelhantes ao ocupado pela família afetada.
Existe ainda, o aluguel social para os casos em que há a necessidade
premente de desocupação da área atingida pela questão do risco e não é
possível realizar o reassentamento naquele momento, ou ainda, em situação
que a catástrofe já ocorreu.
É importante garantir o caráter provisório/transitório do aluguel social, não
ultrapassando o tempo legal em ambos os casos.
Com base em experiências anteriores e de acordo com o que preceitua a OP
4.12 (Reassentamento Involuntário) do Banco Mundial, a Matriz a seguir indica
quais os parâmetros que devem ser considerados, dentre as possíveis opções
de compensação, com base nas categorias de pessoas afetadas e o grau de
afetação.
MATRIZ DE COMPENSAÇÃO
1 - Imóveis Urbanos de uso residencial
Item Situação Atual Situação
de Utilização
Política de Atendimento
1.1 Proprietários, concessionários , promissários ou posseiros urbanos
Uso próprio Opção: Reassentamento em conjunto habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor/ indenização + compensação social/ compra assistida + ajuda de mudança.
1.2 Proprietários, concessionários, promissários ou posseiros urbanos cujo imóvel tenha sido parcialmente atingido
Uso próprio Opção: Indenização pelo custo de reposição da área afetada do imóvel + compensação social.
1.3 Proprietários ou cedentes cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas
Alugado/
cedido
Opção: Indenização pela área total ou pelo
custo de reposição da área afetada do imóvel.
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1.4 Inquilinos / cedidos Alugado/
cedido
Opção: Auxílio relocação equivalente a 6 meses de aluguel + ajuda de mudança por parte do órgão promotor ou reassentamento em conjunto habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor (a opção fica sujeita a estudo de viabilidade do Plano).
2 – Imóveis Urbanos de uso comercial
Item Situação Atual Situação
de Utilização
Política de Atendimento
2.1 Proprietários, concessionários, cessionários, promissários ou posseiros urbanos
Uso próprio Opção: Reassentamento em imóvel comercial + custeio da mudança por parte do órgão promotor + lucro cessante/Indenização física do imóvel + lucro cessante.
2.2 Proprietários, concessionários, cessionários, promissários ou posseiros urbanos cujo imóvel tenha sido parcialmente atingido
Uso próprio Opção: Indenização pelo custo de reposição da
área afetada do imóvel + compensação social.
2.3 Proprietários ou cedentes cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas
Alugado/ cedido
Opção: Indenização pela área total ou pelo
custo de reposição da área afetada do imóvel.
2.4 Inquilinos/cedidos Alugado/ cedido
Opção: Compensação social + ajuda de
mudança por parte do órgão promotor.
3 – Imóveis Urbanos de uso misto
Item Situação Atual Situação
de Utilização
Política de Atendimento
3.1 Proprietários, concessionários, cessionários, promissários ou posseiro urbanos
Uso próprio Opção: Reassentamento em conjunto habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor + Reassentamento em imóvel comercial + custeio da mudança por parte do órgão promotor + lucro cessante/ Indenização + compensação social + lucro cessante/ Compra assistida + ajuda de mudança.
3.2 Proprietários, concessionários, cessionários, promissários ou posseiros urbanos cujo imóvel tenha sido parcialmente atingido
Uso próprio Opção: Indenização pelo custo de reposição da
área afetada do imóvel + compensação social.
3.3 Proprietários, ou cedentes cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas
Alugado/ cedido
Opção: Indenização pela área total ou pelo
custo de reposição da área afetada do imóvel.
34
3.4 Inquilinos/ cedidos Alugado/ cedido
Opção: Auxílio relocação equivalente a 6 meses de aluguel + compensação social + ajuda de mudança por parte do órgão promotor ou reassentamento em conjunto habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor + compensação social (a opção fica sujeita a estudo de viabilidade do Plano).
4 – Imóveis Rurais de uso residencial
Item Situação Atual Situação
de Utilização
Política de Atendimento
4.1 Proprietários, concessionários, promissários ou posseiros rurais
Uso próprio Opção: Reassentamento em lote rural com unidade habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor/ Indenização + compensação social/ Autoreassentamento + ajuda de mudança.
4.2 Proprietários, concessionários, promissários ou posseiros urbanos cujo imóvel tenha sido parcialmente atingido
Uso próprio Indenização pelo custo de reposição da área afetada do imóvel + compensação social.
4.3 Proprietários ou cedentes cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas
Arrendado/ cedido/ outros
Opção: Indenização pela área total ou pelo
custo de reposição da área afetada do imóvel.
4.4 Arrendatários/Cedentes/ Rendeiros/Meeiros
Arrendado/ cedido/ outros
Opção: Auxílio relocação equivalente a 6 meses de arrendamento + ajuda de mudança por parte do órgão promotor ou reassentamento em lote rural com unidade habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor (a opção fica sujeita a estudo de viabilidade do Plano).
5 – Imóveis Rurais de Uso Produtivo
Item Situação Atual Situação
de Utilização
Política de Atendimento
5.1 Proprietários, concessionários e/ou posseiros rurais
Uso próprio Opção: Reassentamento em lote rural + lucro cessante/ Indenização + compensação social + lucro cessante.
5.2 Proprietários, concessionários e/ou posseiros rurais cujo imóvel tenha sido parcialmente atingido
Uso próprio Indenização pelo custo de reposição da área afetada do imóvel + compensação social.
5.3 Proprietários ou cedentes cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas
Arrendado/ cedido /outros
Opção: Indenização pela área total ou pelo
custo de reposição da área afetada do imóvel.
5.4 Arrendatários/Cedentes/ Rendeiros/ Meeiros
Arrendado/ cedido /outros
Opção: Compensação social.
35
Obs.: Considera-se afetação parcial como os imóveis que perdem menos de
20% de sua área e cuja exploração da área do imóvel remanescente continua
economicamente rentável.
Serão evitadas a realização de atividades que poderão indicar a necessidade
de reassentamento junto às famílias pertencentes a comunidades e grupos
tradicionais (indígenas, quilombolas, etc.).
2.8 - Método de Cálculo das Compensações
O cálculo das indenizações deve estar baseado na avaliação imobiliária cujo
princípio baseia-se na reposição do bem, ou seja, o valor de avaliação obtido
pelo laudo deve possibilitar ao afetado que o mesmo obtenha um imóvel igual,
ou melhor, ao que possui no momento da desapropriação ou desocupação, em
local próximo.
O laudo de avaliação deverá ser elaborado utilizando as informações do
6 – Imóveis Rurais de Uso Residencial e Produtivo
Item Situação Atual Situação
de Utilização
Política de Atendimento
6.1 Proprietários, concessionários, promissários ou posseiros rurais
Uso próprio Opção: Reassentamento em lote rural, com unidade habitacional sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor + lucro cessante/ Indenização + lucro cessante + compensação social/ Autoreassentamento + ajuda de mudança.
6.2 Proprietários, concessionários, promissários ou posseiros rurais cujo imóvel tenha sido parcialmente atingido
Uso próprio Opção: Indenização pelo custo de reposição da área afetada do imóvel + compensação social.
6.3 Proprietários ou cedentes cujas propriedades sejam totalmente ou parcialmente atingidas
Arrendado/ cedido/ outros
Opção: Indenização pela área total ou pelo
custo de reposição da área afetada do imóvel.
6.4 Arrendatários/Cedentes/ Rendeiros/ Meeiro
Arrendado/ cedido/ outros
Opção: Auxílio relocação equivalente a 6 meses de arrendamento + ajuda de mudança por parte do órgão promotor + compensação social ou reassentamento em lote rural com unidade habitacional, sem ônus para a família + custeio da mudança por parte do órgão promotor + compensação social (a opção fica sujeita a estudo de viabilidade do Plano).
36
cadastro físico, da pesquisa do mercado de terras tanto nas áreas urbanas
como nas áreas rurais e do mercado da construção. A avaliação, com vigência
de 12 meses, deve levar em conta a valorização dos terrenos e benfeitorias
após a obra nos casos de reassentamento por interesse público, sendo
necessário que seja refeita a qualquer tempo se forem identificadas alterações
significativas no mercado imobiliário, ocasionados por fatores de natureza
econômica ou climática.
Lucro Cessante - Quando a problemática do reassentamento impede os
proprietários e/ou posseiros de exercerem atividades produtivas, comerciais ou
de serviços remuneradas que lhes garantam o sustento próprio e de sua
família, o tempo que ficarem impedidos de desenvolverem a atividade lhes dará
direito a uma indenização por conta dos lucros cessantes, isto é, aquilo que
deixou, ou deixará de ganhar naquele período.
Quando se tratar de áreas urbanas a compensação deverá ser equivalente aos
rendimentos declarados pelo deslocado pelo período de três meses pós-
reassentamento.
Para as áreas rurais a compensação se equivalerá à renda bruta da unidade
produção familiar, considerado o ciclo das culturas e seu beneficiamento bem
como as especificidades da exploração animal e seus derivados, nestes casos,
a compensação será efetivada em etapas a partir do ato do reassentamento
até a concretização do primeiro ciclo produtivo das atividades agropecuárias
desenvolvidas pelo núcleo familiar.
Tanto nas áreas urbanas como nas rurais os cálculos base do lucro cessante
basear-se-ão, nos valores declarados pelos reassentados ressaltando-se, para
este efeito, que raramente será possível obter comprovação fiscal destas
informações visto que tanto os moradores de comunidades hipossuficientes
como os agricultores familiares transitam geralmente no terreno da
informalidade.
Desta forma, subentende-se que a expertise dos técnicos envolvidos no projeto
será capaz de identificar eventuais distorções não condizentes com a realidade
econômica de cada atividade, através de pesquisas comprobatórias de
37
mercado.
2.9 - Arranjo Institucional
Este Marco da Política de Reassentamento Involuntário está baseado nos
princípios e diretrizes da Política Operacional do Banco Mundial (OP 4.12) e na
legislação brasileira pertinente. Sempre que haja divergência entre as diretrizes
da OP 4.12 e da legislação brasileira a respeito das populações elegíveis para
atendimento em virtude da necessidade de reassentamento involuntário
causada pelo Tal II, por força do acordo e empréstimo firmado entre o Governo
do Estado do Rio de Janeiro e o Banco Mundial, as regras da primeira
prevalecerão.
O Tal II constituirá dentro de uma das suas Unidades Gestoras do Projeto
(UGP´s) um núcleo técnico responsável por analisar as necessidades de
reassentamento involuntário geradas por subprojetos apoiados pelo projeto,
elaborar os Termos de Referência para elaboração do Plano de
Reassentamento Involuntário (PRI), monitorar e avaliar sua execução. A
formulação e execução do PRI poderão, em virtude de sua complexidade, ser
feita pelas Secretarias e seus órgãos próprios ou por consultoria especializada
especialmente contratada com este fim.
Nos casos eventuais em que se constate que um subprojeto apoiado pelo TAL
II demanda o deslocamento físico ou econômico de populações, o Núcleo
Técnico constituído em uma das UGP´s para este fim, designará um técnico de
seus quadros para atuar permanentemente como ponto de contato com a
comunidade e as pessoas potencialmente afetadas, acompanhar as reuniões
comunitárias antes e durante a execução do PRI, prestar informações e
esclarecimentos às pessoas afetadas e demais interessados locais sobre o
processo de reassentamento, registrar e encaminhar suas eventuais queixas e
reclamações para que sejam tomadas as devidas providências.
Considerando as experiências vivenciadas pelas estruturas político-
administrativas do Estado do Rio de Janeiro, as ações para implantação do
Plano de Reassentamento Involuntário devem basear-se em algumas das
38
diretrizes para as ações de prevenção e gestão de desastres e catástrofes no
âmbito do Estado, no que tange a remoção e o reassentamento de famílias
atingidas, bem como nas experiências sobre as políticas de reassentamento de
populações de áreas de risco sócio-ambientais (conforme descrito no item
2.4.8 acima).
2.10 – Arranjos Financeiros
Geralmente existe a necessidade de uma articulação interinstitucional, pois se
envolve um grande número de atores nesse tipo de Plano. Portanto é
fundamental estabelecer o papel de cada elemento e os custos associados ao
processo de reassentamento.
Cabe ao gestor do PRI a supervisão geral das ações, podendo, inclusive,
contratar pessoal especializado e terceirizar logística de modo a garantir a
eficácia do Reassentamento.
Os custos relativos ao PRI, bem como a forma de aplicação dos recursos é de
inteira responsabilidade da Entidade Expropriante. Neste caso cabe ao Estado
do Rio de Janeiro e seus órgãos beneficiários do TAL II absorver as despesas
com a execução do PRI segundo as formas conveniadas, da mesma forma
cumpre efetuar o controle das despesas e dos repasses de recursos
orçamentários/financeiros, mantendo atualizado o arquivo documental para fins
de prestação de contas das dotações aplicadas.
2.11 - Mecanismo de Registro e Resposta a Reclamações
O Plano de Reassentamento Involuntários estabelecerá os mecanismos
localmente acessíveis e facilmente compreensíveis às pessoas afetadas para
registro de suas queixas e reclamações e de resposta às mesmas em prazos
temporalmente razoáveis. A operação desses mecanismos será de
responsabilidade do Núcleo Técnico constituído em uma das UGP´s constituída
para este fim ou contratará consultoria especializada para elaboração e
execução do PRI.
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O objetivo maior do mecanismo de registro e resposta a reclamações é dirimir
os possíveis conflitos causados durante a execução do Projeto. O mecanismo
estará preparado para captar as reclamações, e encaminhá-las aos setores
pertinentes buscando obter soluções em prazos temporais razoáveis.
Um fator que contribuirá para minorar a emergência de queixas e reclamações
é que o Projeto de Reassentamento de cada comunidade que se fizer
necessário adotará uma metodologia amplamente participativa. A participação
deverá ocorrer em todas as etapas do processo. Para possibilitar esta
participação serão promovidas reuniões, visitas domiciliares, dinâmicas em
grupo, e será estabelecido o escritório local. Assim sendo, os projetos de
reassentamento serão elaborados de forma conjunta entre o Grupo Técnico
responsável do Estado e a população afetada, de forma a se buscar que o
projeto seja factível e atenuador dos impactos ocasionados, possibilitando uma
desejável melhoria de vida às famílias afetadas. Durante todo o processo,
antes, durante e depois da implantação das ações, o Grupo Técnico
responsável do Estado manterá canal de comunicação social com as famílias
afetadas de forma clara, transparente e objetiva evitando com isto que notícias
sem fundamentos circulem e possam gerar angústia e intranqüilidade junto às
famílias.
A forma de implantação e operação deste canal de comunicação será
detalhada em cada Projeto de Reassentamento Involuntário. Os mecanismos
de consultas com as famílias afetadas se darão no mínimo nos seguintes
momentos: (i) cadastro censitário sócio-econômico; (ii) levantamento censitário
do imóvel afetado, (iii) reuniões nas comunidades; (iv) reuniões com cada
família de forma individualizada para apresentar as opções de reassentamento
que o Programa lhe oferta (ocorrem de 3 a 5 reuniões com cada família –
dados de outros)
O Grupo Técnico responsável do Estado manterá um escritório de
atendimento às famílias afetadas de fácil acesso e com técnicos em horário
integral, todos os dias da semana, durante todo o processo. Este escritório
disporá de grupo técnico e estrutura de atendimento para encaminhamentos de
mobilização, sensibilização e atendimento aos reclamos da população, bem
40
como assegurará mecanismo coletivo de resolução de conflitos, como por
exemplo, a constituição de um Comitê de Resolução de Conflitos que contará
com técnicos de diferentes formações além da representação democrática dos
moradores. O Grupo Técnico também assegurará que os grupos mais
vulneráveis (velhos, famílias chefiadas por mulheres, viúvos (as), famílias
chefiadas por muito jovens, etc.) sejam ouvidos a fim de garantir seus direitos.
Este Comitê estará preparado para captar as reclamações, administrá-las
coletivamente, e se necessário, encaminhá-las aos setores pertinentes, buscar
sempre obter soluções, e, sobretudo, construir respostas em conjunto com os
envolvidos com a peleja. Os reclamos recebidos localmente serão,
primeiramente, analisados pelo Comitê, caso não possam ser respondidos por
este, serão encaminhados à Unidade Gestão do Projeto – UGP - para
providência de resposta. Os reclamos recebidos através das entidades
representativas das comunidades afetadas e das instituições governamentais
co-executoras serão encaminhados também a UGP específica.
Todos os atendimentos feitos aos reclamantes serão registrados em
formulários próprios (Registro de Atendimento), o que possibilitará a criação de
um Banco de Dados, que garantirá o registro e a compilação periódica dos
reclamos e informações solicitadas. Após a tabulação, os registros serão
encaminhados às instâncias competentes a respondê-los, segundo a natureza
de cada caso.
Cada instância terá um prazo máximo de 30 dias para verificar a situação
apresentada, o que incluirá: contato com o reclamante, avaliação em conjunto
com outros técnicos do Programa, análise de fichas de atendimento e livro de
ocorrência, visitas técnicas, entre outros procedimentos que forem necessários.
No entanto, o prazo de resposta não poderá exceder a 60 dias úteis. Os
reclamantes deverão ser continuamente informados sobre o andamento de
suas queixas. Com base nos esclarecimentos, informações ou observações
será elaborado um parecer técnico, respondendo por escrito ao reclamante.
Um relatório contendo as informações do registro da solicitação e
discriminando o tipo de atendimento prestado, a classificação das reclamações
feitas, os procedimentos, encaminhamentos e/ou soluções dadas, será
41
mensalmente emitido pela Equipe do Escritório Local e encaminhado para a
Unidade Gestora de Projeto. As queixas serão registradas e monitoradas pela
Ouvidoria do Escritório Local, desde o primeiro atendimento ao reclamo, até a
resolução final.
2.12 - Monitoramento e Avaliação Posterior
O monitoramento do PRI tem como objetivos: acompanhar o desenvolvimento
do processo levantando os impactos negativos que por ventura surgirem
durante o processo; observar se as ações do PRI estão sendo desenvolvidas
dentro dos conceitos básicos e, caso venha ser detectados distorções, propor
correções de rumo; e detectar entraves e oportunidades para implantações das
ações, indicando, em tempo hábil, as soluções para superação das primeiras e
otimização das segundas.
O processo de monitoramento proposto é realizado por uma equipe
interdisciplinar não envolvida diretamente no processo de desapropriação, de
forma que a mesma tenha condições de observá-lo e criticá-lo. Através de
comparação, antes e durante o processo de reassentamento.
Os trabalhos de monitoramento consubstanciam os objetivos de uma real
inserção das famílias à nova realidade social e habitacional, como também a
devolução da cidadania às mesmas, abrangendo desde as questões mais
simples de convívio familiar e coletivo, até a valorização do bem adquirido e a
recuperação da autoestima dessa população.
A complexidade da execução do monitoramento técnico traduz-se no
planejamento integrado das várias ações necessárias, de forma a permitir a
agilização dos trabalhos, a identificação prévia de entraves específicos, ou
gerais, e implementar as correções de rumos operacionais, para a efetivação
da inserção das famílias à nova realidade.
Nesse sentido, o planejamento integrado insere a compatibilização de
cronogramas do trabalho social com o acompanhamento das obras de provisão
habitacional; o envolvimento com os diversos órgãos da administração pública,
para assegurar a instalação de infra-estrutura necessária; a disponibilidade de
42
setores de bens e serviços básicos e o atendimento à população pelos
equipamentos sociais no novo local de moradia, envolvendo, dentre eles os
setores de saúde e de educação, dentre outros.
Dentre as ações não estruturais destinadas a promover a adaptação e fixação
da população ao novo local, tem-se a viabilização da transferência dos
escolares para as novas escolas, a inscrição das famílias nos postos de saúde
próximos ao local do reassentamento, o desenvolvimento de estudos e projetos
para a realização de campanhas, palestras e promoções de atividades setoriais
e sociais, destinadas às famílias reassentadas.
O desenvolvimento das atividades de monitoramento “ex-post” insere a
avaliação do processo de adaptação das famílias às novas condições de vida,
visando a orientação da condução dos trabalhos da ação social, ou a
reorientação dessas ações, tendo em vista os objetivos a serem alcançados.
Para a avaliação do processo de adaptação das famílias pode ser utilizado
método de levantamento informal, constando de perguntas abertas sobre um
roteiro pré-estabelecido, que apresenta flexibilidade na dependência da
vivência experimentada pela família, como também a utilização de instrumental
de levantamento formal, com base em respostas de múltipla escolha cujos
resultados permitem a avaliação das condições vivenciadas pelas mesmas e
seu grau de integração à nova realidade.
As principais questões a serem verificadas consistem em aferir o grau de
aceitação da população às novas condições de vida, as questões relacionadas
ao deslocamento e a manutenção ao trabalho; as dúvidas e insegurança; a
situação de conforto e adaptação à nova moradia; se foram introduzidas
melhorias no padrão de vida; o acesso aos serviços públicos e equipamentos
sociais. Outra questão importante é que se observe numa perspectiva
comportamental se houve mudanças de hábitos e se houve melhoria nas
condições de habitabilidade e sobrevivência. Os pesquisadores com culturas
diferentes dos grupos observados, deverão ter o cuidado, utilizando técnicas de
grupo focal, de fazer emergir a cultura do grupo, trazê-la à luz do ambiente
atual e avaliar a emergência de novos hábitos e relações em comunidade.
43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante frisar que este marco conceitual, como o próprio nome indica,
possui caráter de amplitude e de fundamento. Assim cada caso deverá ser
analisado de forma particular, o que faz surgir a necessidade de elaboração de
planos específicos para as diferentes intervenções, desde que tomando como
referência as diretrizes e procedimentos de largo espectro constante deste
documento. Para isto, os fundamentos e as diretrizes expostos, deverão
regular a modelagem e viabilidade das soluções requeridas.
Importante dizer que os instrumentos - Marco Político de Reassentamento
Involuntário e Plano de Reassentamento Involuntário devem garantir
implementação de corretas práticas de informação, consulta, compensação,
assistência, provisão de habitação, apóio pós-assentamento, etc., com atenção
particular às necessidades de grupos vulneráveis eventualmente atingidos.
Os Planos Específicos de Reassentamento deverão ser elaborados, com base
nas diretrizes contidas neste documento, e levando em conta as
especificidades inerentes à natureza e porte de cada intervenção.
Nesta perspectiva, é fundamental a participação das Prefeituras Municipais
envolvidas, possibilitando intervenções diretas e ágeis para o desenvolvimento
dos Planos de Reassentamento Involuntário, uma vez que as prefeituras têm
conhecimento da realidade local e, consequentemente, sobre as necessidades
concretas a serem atendidas para o sucesso dos planos.
Finalmente, baseando-se em experiências recentes e positivas do Governo do
Estado do Rio de Janeiro, este Marco supre lacunas no marco regulatório
estadual e federal no que se refere às questões de reassentamento
involuntário. Neste sentido, ele pode fundamentar e orientar a elaboração de
uma legislação estadual que sirva a todos os projetos estaduais que envolvam
a necessidade de reassentamento involuntário. Tal iniciativa do Governo do