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Marco Doutrinal I. Que entendemos por Marco Doutrinal II. Projeto educativo salesiano III. Um profeta e seu projeto. I. Que entendemos por Marco Doutrinal? Toda instituição e não só a pedagógica tem seus princípios, sua metodologia norteadora. Estas normas orientam a instituição ajudando-a a alcançar seu ideal, sua proposta educacional, administrativa, ou qualquer outra que seja estabelecida pelos sócios ou membros da entidade. Sobretudo em educação, quando focalizamos o homem e a sociedade é imprescindível que se tenha claro o Marco Doutrinal da Instituição.O Marco doutrinal pode ser denominado também de Marco Filosófico. Ao ser elaborado, através do debate, da busca tem-se a oportunidade de se chegar a um mínimo consenso mínimo em torno de determinados conteúdos éticos, políticos, pedagógicos. A elaboração de um Marco Doutrinal ou Filosófico deve contemplar de início algumas questões. Que desejamos realmente, a que tipo de sociedade pretendemos chegar? Que tipo de indivíduo (pessoa humana) queremos formar, através de nosso trabalho? Em se tratando de uma Escola, qual sua finalidade? Que tipo de incidência desejamos para a Escola? Que tipo de colaboradores queremos para construirmos nosso projeto? II. Projeto Educativo Salesiano Marco Doutrinal – Projeto de pessoa e sociedade (neste item servi-me da RSE, quando aborda seu marco doutrinal) A educação salesiana está a serviço da formação integral da pessoa. Sua missão é “fornecer razões de vida e de esperança às novas gerações, mediante um saber e uma

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Marco Doutrinal

I. Que entendemos por Marco DoutrinalII. Projeto educativo salesianoIII. Um profeta e seu projeto.

I. Que entendemos por Marco Doutrinal?

Toda instituição e não só a pedagógica tem seus princípios, sua metodologia norteadora. Estas normas orientam a instituição ajudando-a a alcançar seu ideal, sua proposta educacional, administrativa, ou qualquer outra que seja estabelecida pelos sócios ou membros da entidade. Sobretudo em educação, quando focalizamos o homem e a sociedade é imprescindível que se tenha claro o Marco Doutrinal da Instituição.O Marco doutrinal pode ser denominado também de Marco Filosófico. Ao ser elaborado, através do debate, da busca tem-se a oportunidade de se chegar a um mínimo consenso mínimo em torno de determinados conteúdos éticos, políticos, pedagógicos.

A elaboração de um Marco Doutrinal ou Filosófico deve contemplar de início algumas questões.

Que desejamos realmente, a que tipo de sociedade pretendemos chegar? Que tipo de indivíduo (pessoa humana) queremos formar, através de nosso trabalho? Em se tratando de uma Escola, qual sua finalidade? Que tipo de incidência desejamos para a Escola? Que tipo de colaboradores queremos para construirmos nosso projeto?

II. Projeto Educativo Salesiano

Marco Doutrinal – Projeto de pessoa e sociedade (neste item servi-me da RSE, quando aborda seu marco doutrinal)

A educação salesiana está a serviço da formação integral da pessoa. Sua missão é “fornecer razões de vida e de esperança às novas gerações, mediante um saber e uma cultura elaborados criticamente, com base na concepção da pessoa e da vida inspirada nos valores evangélicos”.

Perfil do educando

O Marco Doutrinal usa de estilos e conteúdos educativos gerando uma contribuição valiosa para a formação crítica, ética, social e política do educando. Isso possibilita ao indivíduo o exercício renovado de uma cidadania participativa, construtiva e solidária.

Esse Marco nasce de uma visão humanista e cristã, em sintonia com o carisma da educação salesiana, sendo esta voltada para a formação integral da pessoa como “honesto cidadão e bom cristão”. Os educandos/as devem:a) descobrir o sentido de suas vidas num contexto mutável, flexível, de múltiplos

significados;

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c) comprometer-se consigo mesmos e com os outros, mediante a vivência de uma cidadania ativa e responsável;

d) buscar a felicidade através do desenvolvimento de suas capacidades, da convivência e da interação solidária;

e) construir uma síntese entre vida, cultura, ciência e fé;

f) compreender todas essas tarefas como um caminho para o crescimento contínuo, durante toda a vida inteira.

Crenças e valores

Na base motivadora dessa tarefa educativa, e dando-lhe consistência, encontram-se as crenças de que:

a) na comunidade educativa, todos são educadores e vivem essa sua missão como compromisso de vida;

b) todo educando traz consigo potencialidades para o desenvolvimento e a prática do bem;

c) o educando é o protagonista de sua própria formação e de sua história;

d) é possível educar evangelizando e evangelizar educando;

e) o estilo de educação configura-se não só como método, mas também como espiritualidade;

f) a reciprocidade é o melhor caminho tanto para se entender o relacionamento entre as pessoas como para promovê-lo.

Há igualmente valores na base motivadora de determinado projeto, operacionalizados no cotidiano da ação educativa:

a) a presença propositiva do educador entre os educandos;

b) a preventividade, uma das marcas da proposta educativa salesiana, entendida como geradora de um conjunto de atitudes e ações no relacionamento entre educador e educando, em vista do futuro, na consciência de que é melhor “prevenir do que reprimir”;

c) o ambiente educativo, que favorece o relacionamento em um clima de acolhida, de alegria e de co-responsabilidade;

d) as forças interiores, configuradas no trinômio razão, religião e amor educativo, às quais se faz constante apelo na experiência educativa salesiana;

Educação integral

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A formação integral exige uma ação educativa capaz de proporcionar o desenvolvimento harmônico e progressivo de todas as dimensões do ser humano, a saber:

a) dimensão psicomotora, para a aceitação do corpo, a potencialização das habilidades físicas e motoras, a aquisição de hábitos saudáveis de vida e o desenvolvimento do sentido crítico em relação a estereótipos sociais;

b) dimensão intelectual e cognitiva, para selecionar e organizar informações, de modo a integrar criticamente as aprendizagens e enfrentar as múltiplas situações e desafios da vida;

c) dimensão psico-afetiva, para orientar o desenvolvimento da autonomia pessoal e a consolidação harmônica da própria personalidade;

d) dimensão das relações interpessoais, para favorecer a adoção de atitudes de participação no grupo e de respeito para com os outros;

e) dimensão ético-social, para desenvolver o sentido de cidadania, de pertença a determinado grupo social, de acolhida do diferente e de cooperação na construção de um mundo mais habitável, justo, solidário e humano;

f) dimensão transcendente, para comprometer-se na procura de respostas sobre o ser humano, a história e o mundo, abrindo-se à experiência religiosa na perspectiva de um projeto de vida mais amplo e feliz.

Formação em valores e atitudes

Para os educadores salesianos, a educação deve promover a autonomia do educando, tanto em seus aspectos intelectuais e cognitivos quanto de desenvolvimento afetivo, social e moral. Essa autonomia tem como pontos culminantes a construção da identidade da pessoa, a conquista de um conceito positivo sobre si mesma e a formulação de um projeto de vida vinculado a valores.

Tendo em conta essas tarefas, os educadores, em relação à construção da identidade do educando como pessoa, se propõem a estimular:

a) a alegria pelo dom da vida, com cuidado pela saúde do corpo;

b) a auto-estima e o sentimento de segurança pessoal, com consciência autocrítica;

c) a independência e a liberdade, o sentido de responsabilidade, a capacidade de enfrentar as situações com critérios próprios e de resolver criativamente os problemas;

d) a bondade, a integridade, a disposição de manter normas de conduta pessoal e de trabalho coerentes com as convicções próprias;

e) a abertura para mudanças e para a formação continuada.

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No âmbito do relacionamento com os outros, os educadores salesianos se propõem a intensificar:

a) a capacidade de amar, de dar e receber afeto, sem vínculos de dominação ou de dependência;

b) o respeito para com todos, expresso pelo modo cordial de acolher as pessoas e pelos sentimentos de apreço e de amizade;

c) a valorização do grupo humano ao qual faz parte, da sua história e cultura, e o respeito pelas diferentes maneiras de pensar e pelas distintas sociedades e culturas, cultivando a tolerância e o espírito democrático;

d) o sentido de justiça e de solidariedade, a preocupação com os problemas dos indivíduos e da sociedade; atitudes de serviço, diálogo e compromisso com a defesa dos direitos humanos, da paz, dos mais vulneráveis, da vida;

e) a capacidade de viver em paz frente à incerteza, à ambigüidade e ao provisório.

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Na interação com o meio ambiente e a cultura, os educadores bosquianos se propõem a desenvolver:

a) a consciência de que o patrimônio natural e social é um bem destinado a todos, merecendo, portanto, respeito e cuidado;

b) a valorização crítica da contribuição científica e técnica e o apreço de sua função a serviço do ser humano;

c) as habilidades necessárias para o uso crítico da mídia e das novas linguagens na sociedade do conhecimento, em vista de uma cultura de solidariedade e paz;

Na abertura à transcendência, os educadores se propõem a aprofundar:

a) o interesse por descobrir o sentido da vida e da história;

b) a confiança na pessoa e em suas possibilidades;

c) a percepção das aspirações profundas do coração humano e das limitações da realidade para satisfazê-las;

d) o reconhecimento dos questionamentos profundos levantados pela vida e pelo mundo, da insuficiência das respostas técnicas e de que nenhuma ciência consegue explicar totalmente a realidade;

e) uma leitura cristã da história, da sociedade e do mundo.

É pensando em seus educandos e educadores, e tendo em conta esses valores e atitudes, que os Salesianos educadores-pastores assumem e se comprometem a oferecer às suas instituições pedagógico-pastorais os recursos essenciais à realização das metas propostas.

III. Um Profeta e seu projeto ***

«D. Bosco era um gigante que despontava entre os educadores católicos do `800. Promotor de uma educação completa, sobretudo porque aparecia em contraposição àquela que se baseava no adestramento físico e no mito da força conquistadora, coisas que levavam ao encontro violento de povos e a uma nova e desumana conflagração mundial».1

O século XIX, também alcunhado de século da pedagogia, trouxe para a Europa e em especial para a Itália uma série de movimentos políticos – religiosos que muito viriam influir no Continente e além mar. Um dos protagonistas da época chamou-se João Belchior Bosco ou D. Bosco. Sua influência no campo da educação da juventude, alcançou em poucos anos não apenas o Piemonte, a França e a Espanha, mas também a América. Hoje seus discípulos trabalham em cerca de cento e vinte sete nações.

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Ao conhecer a situação em que se encontrava a juventude o jovem Bosco começou a angustiar-se. Quanta tristeza não sentia ao observar tantos jovens destruídos física e moralmente, já nos primeiros anos de idade. Uma existência degradante e aviltante atingiria profundamente os sentimentos e o coração do novel sacerdote João Bosco. Tornou-se de tal modo impressionado pelas cenas que via todos os dias, que resolveu dedicar toda sua vida à causa da juventude pobre e abandonada. Seu relacionamento de amizade com os moços basear-se-ia na aproximação, no diálogo, na tentativa de compreendê-los em seus problemas para prepará-los para serem bons cristãos e honestos cidadãos, honestos cidadãos porque bons cristãos e bons cristãos porque honestos cidadãos. Através da Razão, da Religião e da Amabilidade trabalharia para atraí-los para o bem. D. Bosco muito se preocupava com as crescentes transformações e materialização do mundo, com as novas exigências, com a Igreja e os jovens dentro do novo contexto da sociedade. O mundo do seu tempo queria ver o clero trabalhar, fundar obras de instrução e educação da juventude pobre, abandonada. Os padres deveriam abrir colégios, obras de caridade, escolas profissionais. A sociedade para ser cristianizada deveria começar com a instrução religiosa da juventude.

D. Bosco tinha consciência de ter sido chamado por Deus para cumprir uma missão especial no meio da juventude. Sua vida era dominada pela presença constante do divino. «Nele era profunda e constante a consciência de ser instrumento do Senhor para uma missão singularíssima». As Constituições Salesianas no seu primeiro artigo lembram que a Sociedade de S. Francisco de Sales não nasceu de um simples projeto humano. Nossa Sociedade é obra de uma iniciativa de Deus, em favor da salvação da juventude «a porção mais delicada e preciosa da sociedade humana».2 O artigo constitucional reforça ainda a idéia de que a intervenção de Maria, fez com que o Espírito Santo, suscitasse D. Bosco para um apostolado específico. Não se cansava de afirmar que na execução de seu projeto Nossa Senhora havia realizado tudo. Ela tinha sido a Mãe e a Mestra que sempre o acompanhara no desenrolar de sua obra. Certa vez, ao visitar em Turim a Casa da Divina Providência, seu amigo Cotolengo fez-lhe uma profecia, que realmente foi uma constante em sua vida. Ao despedir-se, apertando entre as mãos as mangas da sua batina, fixou-o dizendo:

«Sua batina é muito tênue e fina. Arranje uma de tecido muito mais forte e consistente, a fim de que os jovens não possam rompê-la. Virá um tempo em que será puxada por muita gente».3

Um dos jovens Domingos Bosso, no momento próximo aos dois santos, escutara a profecia. Mais tarde, sacerdote e sucessor do Cotolengo, não esquecia o episódio, entre os dois santos. A história irá mostrar na prática aquela profecia, o que ocorrerá ali mesmo naquela Casa de Caridade. A vida de D. Bosco foi realmente uma total doação aos jovens. Seu propósito de consumir-se por eles foi cumprido inexoravelmente até o fim de seus dias. 2 MB II, 45.3 Em diversas ocasiões D. Bosco teve dificuldades com sua a “veste”. Foi roubada (MB III, 80). Certa feita, enquanto dava aulas de catecismo no coro da Capela de S. F. de Sales, recebe um tiro que lhe estraçalha a batina sobre o peito e na manga esquerda. (MB III, 300). É distribuída com as pessoas (MB V, 617; VI, 112-113. Torna-se puida e imprestável (III, 24); é cortada em pedacinhos para ser distribuída como relíquia (XVIm 58,118. Hoje em uma das passagens do pórtico, onde se localiza a veneranda Capelinha, outrora local da Tetóia Pinardi, observa-se uma placa, mostrando o local do atentado. (172-193).

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