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marionetas enCena 03 DESTAQUE TEMAS : COMPANHIAS DE MARIONETAS FESTIVAL EXPOSIÇÃO DAS MARIONETAS AGENDA DOS BONECOS SABER FAZER : ESPAÇO DOS PEQUENOS RE V I SA c a s i o al T o n marionetas enCena

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Revista promovida pela Companhia teatro e Marionetas de Mandrágora para discussão e análise do Teatro e Marionetas

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marionetas enCena

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DESTAQUE

TEMAS : COMPANHIAS DE MARIONETAS

FESTIVAL

EXPOSIÇÃO DAS MARIONETAS

AGENDA DOS BONECOSSABER FAZER : ESPAÇO DOS PEQUENOS

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marionetas enCena

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MENSAGEM DA EDITORA

Por momentos pareceu que a revista teria terminado. A verdade será de que é muito difícil gerir a sua construção, que certamente perceberão ser muito morosa.Mas muitos foram os momento que me fizeram abrir estas páginas e remexe-las.Como foi demonstrado nas edições anteriores a revista tem mais valias, mas também se cometem alguns erros. A verdade é que quando o material sobre esta nossa arte é tão escasso, quando não existem praticamente escritos, tudo parece existir no ar, no espaço, sem que haja certezas absolutas da história das marionetas, bem como do que hoje em dia vai sucedendo um pouco pelo país fora.Bem mas aqui estou, espero que vos seja útil, agora que se aproximam as férias, nada como um boa leitura para relaxar.Se existe algo que me move é a certeza de que é necessário debatermos sobre o Teatro de Marionetas. Sabemos que passamos por uma crise cultural grave, as pequenas estruturas e os pequenos projecto têm dificuldade de implementação pelo menos de uma implementação c o n t i n u a d a q u e p e r m i t a o s e u desenvolvimento consistente.Outra das grandes questões prende-se com os diferentes caminhos artísticos que conduzem à construção de diferentes estét icas teatra is, ex iste a lguma cosnsistência que nos permite observar o percurso das companhias e das influências europeias, no entanto podemos também questionar se existe alguma estética nacional.

Filipa Alexandre

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FILIPA ALEXANDRE :: MARIONETISTA

ContactosFilipa Alexandreemail

telemó[email protected]

www.marionetasanorte.blogspot.com

www.marionetasmandragora.com

963394153

o blog:

A nossa Companhia:

fotografia: enVide neFelibata

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ÍNDICE

1 :: MENSAGEM DA EDITORA

2 :: ÍNDICE

3 :: TEORIA E HISTÓRIA

4 :: TEORIA E HISTÓRIA

5 :: TEMAS : REGISTO DOS blogs DE MARIONETAS

6 :: 1 REVISTA : 1 COMPANHIA

7 :: FESTIVAL DE MARIONETAS

8 :: Exposição

9 :: O FUTURO DA MARIONETA

10 :: EM CENA

11 :: TEATRO E MARIONETAS DO PORTO

12 :: UMA ESTREIA

13 :: CONTOS

14 :: CONTOS

15 :: CONTOS

16 :: AGENDA DAS MARIONETAS

17 :: AGENDA DAS MARIONETAS

18 :: TEMPO BEM PERDIDO

19 :: SABER FAZER : ESPAÇO DOS PEQUENOS

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TEORIA E HISTÓRIA :

Marionetas As três regras de ouro!!!

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Movimento Andar e movimentarQuanto ao andar quer seja a nossa marioneta, um ser humano, quer um animal, o andar parte do movimento natural do mesmo. É simples se analisarmos as diferenças do movimento entre um pássaro, um ser humano e um elefante. Como aprendi com André Riot Sarcey, cada animal tem três caracteristicas principais. segurança, alimentação, procriação, estas características vão definir o movimento. Se observarmos um pequeno pássaro reparamos que ele saltita, procurando comida, debica com movimentos rápidos da cabeça e pára para girar com movimentos rápidos para verificar a sua segurança. No entanto estes movimento diminuem de velocidade se os três conceitos diminuir de importância. Um Elefante não tem muitas ameaças de segurança, por isso os seus movimentos de cabeça são lentos, circulares, a nível da alimentação pode alimentar~se lentamente e na deslocação também se movimenta mais lentamente sendo muito desageitado nos movimentos rápidos, poderíamos dizer que é um animal circular.Quanto aos humanos, como fazemos parte do topo da cadeia alimentar a questão da segurança não se coloca. mas antes três características de movimento a que "dei" o nome de águia, movimentos no andar acentuados de cabeça, leão, movimento acentuado do peito e boi movimentos comandados pela zona pélvica. Estes conceitos são um pouco mais complexos , mas espero que possam analisar e colocar alguma questão se quiserem.

Penso que estas regras deveriam fazer parte do nosso abc da manipulação. Todas as áreas artísticas têm o seu lado técnico, nas marionetas para mim estas e outros conceitos fazem parte das regras base da manipulação.

Aqui entra a questão da formação, se não existir formação de marionetistas, iremos para o palco manipular sem consciência, sem sequer retirar das marionetas o seu verdadeiro potencial.

TEORIA E HISTÓRIA :

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TEMAS : REGISTO DOS blogs DE MARIONETAS

Tem sido interessante observar que as Companhias e criadores vão levando informação do seu trabalho até à Web possibilitando um maior conhecimento em torno dos seus projectos. Se de algum modo é necessário compreender o que há a fazer, também termos de ter a noção de que existiram e existem em portugal grandes projectos e grandes Companhias nos leva a ter a noção de que há a fazer. Não podemos deixar de ter a noção que existe uma forma de teatro tradicional nacional única, como os robertos, que temos António José da Silva, que existem os bonecos de Santo Aleixo, que temos o Museu da Marioneta que o Teatro Marionetas do Porto comemora este anos 20 anos. Sabemos também e é de facto importante, ter consciência das Companhias que hoje são apoiadas pelo Ministério da Cultura, como o Teatro de Ferro, o Teatro de Formas Animadas, o Chão de Oliva e A Tarumba. No entanto é de facto insuficiente, pois a não existência de programas complementares de apoio cria uma distância gigantesca nas capacidades criativas, nem que se abordem apenas questões técnicas, que estagnam em muitos momentos o desenvolvimento estratégico dos seus projectos.No entanto a questão não se fica por aqui, pois mesmo que se fale em subsidio independência, temos a questão das condições necessárias para se implementarem projectos independentes.

Visitem os novos links do Blog:

www.marionetasanorte.blogspot.com

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1 REVISTA : 1 COMPANHIA

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Descobrina web, o blog de alguém a quem devemos dar a devida importância, ou seja José Carlos Barros, que para além de professor de Cenografia na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa a é para mim uma referência enquanto construtor de marionetas. Os seus objectos, as suas marionetas são autênticas obras de artes. Cada objecto que observamos está impregnado de uma vida de uma densidade que facilmente os imaginamos em cena.Se não conhecem o seu trabalho não deixem de visitar:

José Carlos Barros

http://josecarlosbarros.blogspot.com/

http://www.criadordeimagens.blogspot.com/

José Carlos Barros

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FESTIVAL DE MARIONETAS

Festival de MarionetasLisboa, Porto; Alcobaça; Leiria, Espinho; Viana do Castelo; Valongo do Vouga; Montemor o Velho; Évora...

Este ano decorreu o festival de Marionetas de Lisboa com algumas propostas extrôrdinárias. Este Festival marcado por uma programação inovadora, quer na contemporaneidade das suas propostas que na força e impacto das mesmas, alcança em Lisboa uma dimensão que gostaríamos de ver propagada pelo país. Decorre ainda este ano em Setembro, no Porto o Festival de Marionetas do Porto, que apesar de ainda estar envolvido na grande polémica que circunda o Rivoli, ao longo dos anos, tem desenvolvido propostas interessantes. Considero que o ano passado existiu uma grande distância entre a contemporaneidade das propostas e o teatro de marionetas em si. Penso que este facto se poderá dever a uma mudança na direcção artística aliada ao factor de perda do Rivoli, esperemos que este ano se voltem a ver as marionetas na Praça.Ainda este ano decorre o 11º Festival Nacional de Teatro de Marionetas em Alcobaça de 9 a 12 de Outubro de 2008.

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Exposição

Museu de Alberto Sampaio

Decorreu no Museu de Alberto Sampaio, em Guimarães, a exposição de marionetas das marionetas de mandrágora. Sendo que o Teatro de Marionetas tem um lado plástico muito forte, é importante perceber que as exposições ajudam a valorizar a nossa área. Se o Museu da Marionetas, em Lisboa é um espaço priveligiado, vão pululando por todo o país exposições que nos permitem afirmar que existe um público muito interessado nesta arte, e não só um público infantil, claro que este será o público de excelência que se queira quer não, mas também um público instruído, um público com conhecimentos culturais que veêm nas marionetas um pouco do que se esconde por detràs do teatro de Marionetas

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Sempre em Frente!!!!Olhar o Futuro da marioneta!!!!

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Unir ou não UNIr

Olhar o Futuro da marioneta!!!!

Qual a verdadeira dimensão do Teatro de marionetas em Portugal. Uma dezena de Companhias que desenvolvem uma actividade regular constante, e uma mão pouco cheia de festivais de e com marionetasO que foi a marioneta, o que ela é, o que se potencializa no estrangeiro...

Ninguém sabe quais as potencialidades da marioneta, são muito poucos aqueles que já ouviram falar, e muito menos aqueles que já viram. E tudo isto porquê?

Porque de facto, se sofre uma crise cultural inimaginável.Se eu nunca tiver visto Teatro de marionetas, eu não vou sentir necessidade de o ver, mas se o conhecer, eu vou evoluir, pedir mais e melhor, isso é o que não acontece, se não se intervir directamente na educação artística do público e dos profissionais.

Tentei falar da Unima em Portugal, e o diálogo tem sido muito empreendedor, porque peço aos marionetistas que sabem, que permitam a jovens estruturas e a jovens marionetistas que tomem conhecimento da sua situação, que possam optar.Se isto é ser inocente e utopico bem sei que o é, bem sei que estão um conjunto de conjunturas postas em causa que díficilmente permitirão levantar a antiga unima.

A mim enquanto pessoa, muito para além da estrutura, interessa-me potencializar na cena a carga dramática e simbolica da marioneta.

No entanto de facto, é complexo conseguirmos todos( e falo do geral das estruturas), um espaço de criação que nos permita desenvolver o nosso trabalho.

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EM CENA

UM ESPECTÁCULO EM ANÁLISE

É cada vez mais gratificante verificar que as Instituições consideram que as marionetas lhes podem servir de ponte entre a sua instituição e determinado público.

A Companhia Teatro e Marionetas de Mandrágora colabora com o Museu de Alberto Sampaio desde 2003 tendo desenvolvido variadíssimos projectos em torno das marionetas dentro do Museu e com o Museu.

Em 2008 comemoram-se 100 anos sobre o falecimento da Alberto Sampaio, e a comissão das comemorações do centenário convidou a Companhia Marionetas de Mandrágora, a conceber um espectáculo para os Serviços Educativos do Museu de Alberto Sampaio e para a Biblioteca Camilo Castelo Branco em Famalicão. Não foram um , mas dois espectáculos que tiveram estreia a 11 e a 14 de janeiro , nas respectivas instituições.

Este é um projecto que temos vindo a ampliar criando teatros de marionetas para diferentes instituições que permitem assim, o desenvolvimento do Teatro de marionetas como veículo de formação de públicos

Em Novembro de 2008 será o Mosteiro de Tibães a desenvolver novamente um novo Teatrinho designada por “Lenda de S. Martinho de Tibães.”

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HISTORIAL Desde 1988, data da sua formação, o Teatro de Marionetas do Porto produziu e apresentou 23 espectáculos: Teatro Dom Roberto, Contos D’Aldeia, Entre a Vida e a Morte, Vida de Esopo, Miséria, Vai no Batalha, 3ª Estação e Máquina-Hamlet (co-produções com o Balleteatro Companhia), O Soldadinho, Joanica-Puff, IP5, Alice no País das Maravilhas, Exit, Máquina-Homem (Clone-Fighters) - Peregrinação EXPO 98, O Aprendiz de Feiticeiro, Nada ou o Silêncio de Beckett, Óscar, Os 3 Porquinhos, Macbeth, Paisagem Azul Com Automóveis, Polegarzinho, O Princípio do Prazer, História da Praia Grande, O Mundo de Alex e A Côr do Céu, Os encantos de Medeia, Como um carrossel à volta do Sol, O Lobo Diogo e o Mosquito Valentim e Cabaret Molotov.Todas estas produções representam experiências extremamente diversas ao nível da contemporaneidade do Teatro de Marionetas, procurando encontrar novas formas de concepção e manipulação de marionetas e novos caminhos no que diz respeito à interpretação e ao relacionamento com outras áreas de criação, como a dança, as artes plásticas e a música.Noutra vertente do seu trabalho, a companhia tem-se dedicado ao estudo e recuperação de antigas formas de teatro tradicional, das quais se destaca o Teatro Dom Roberto, que efectuou já mais de mil representações.Para a Radiotelevisão Portuguesa os elementos da companhia criaram e dirigiram 4 séries de programas para a infância

Presentemente, o grupo divide a sua actividade entre a programação do Teatro de Belomonte, espaço fixo da companhia situado no Centro Histórico do Porto, e uma intensa actividade de itinerância em Portugal e no estrangeiro (Espanha, França, Irlanda, Bélgica, Suíça, Itália, Israel, Brasil, Polónia, Cabo Verde, Inglaterra, República Checa, Alemanha, Áustria).

20 anos de CompanhiaTeatro Marionetas do Porto

www.marionetasdoporto.pt

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DO OUTRO LADO DO MUNDO

UMA ESTREIA

Estreou a 18 de abril de 2008 no Auditório Municipal de Gondomar.

2007 foi o ano que marcou a companhia no estabelecimento da sua sede do seu espaço fisico de Trabalho. Agora em 2008 com o apoio da CâmaraMunicipal de Gondomar, em diversas vertentes é chegada a hora de se conquistar um novo espaço de criação que já tinha sido desejado por todos desde há algum tempo. A colaboração com outros criadores.

Aqui vos deixo a equipa que irá fazer parte da próxima produção:

Título"Lenheiras de cuca macuca”EncenaçãoJosé CaldasTextoJoão Pedro MéssederCenografiaMarta Fernandes da SilvaMarionetasEnVide neFelibataInterpretaçãoClara RibeiroFilipa AlexandreDesenho de luzJoão AbreuDesign GráficoPatrícia CostaFigurinosPatrícia CostaapoioJosé MachadoPágina WebenVide neFelibata

O projectoO projecto Lenheiras surgiu da pesquisa de lendas e de elementos visuais e sonoros que advém da procura da essência, da identidade das nossas tradições. Este espectáculo de Teatro de Marionetas procura ser uma simbiose entre a lenda e o seu carácter mágico, o confronto actual com o medo e a procura de nos evadir-mos dele próprio encontrando modos de o moldarmos se o alterarmos, de o afastar-mos..Recuperar algum património imaterial, referente à lenda. O espectáculo que apresentamos é um percurso em torno da identidade, dos medos e do modo como o nosso imaginário se coloca em movimento quando ao medo precisamos de dar uma identidade. É assim que nascem as lendas..

SinopseDuas mulheres que descem a montanha. Cada uma carrega o seu fardo.Esta descida é interrompida... uma mulher está presa dentro da pedra, no rio corre sangue, os pés ficaram marcados no chão, o vento sopra numa só direcção, a agua parece chorar, o chão negro por vezes parece brilhar, mas o brilho cega. É preciso continuar a descer

Lenheiras de Cuca Macuca

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CONTOS

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30 de Dezembro de 2007

À noite, enquanto se aconchegava nos lençois, tentando que o gélido quarto não entra-se em contacto com o seu corpo, pensava na tarefa árdua que teria, naquele preciso momento em que todo o seu trabalho iria finalmente sair da negra sala de onde não saía desde há quase dois meses. Pelo menos assim parecia! Teriam sido dois meses, mas para ela pareciam dois anos, desde há muito que este confronto não lhe saía da cabeça.Estaria ela certa? Sería humano, fazer-se passar por um Deus? Tais pensamentos faziam-lhe pensar em outros tempos em que tais gestos, como o que se precipitaria no dia seguinte a tivessem condenado à fogueira. Mas os tempos eram outros, pelo menos aparentavam ser, e agora talvez ninguém se importa-se com tal atitude provocatória, talvez até nem reparassem que esses pensamentos algumas vez tivessem invadido a sua fágilmente. Estavamos a chegar ao final do ano, este ano tinha sido estranho, as chuvas não lhe tinham provocado aquela agradável sensação que tanto gostava de observar pelas vidraças as nuvens negras a descarregarem a sua raiva sobre o solo.Bem, mas ainda teriam tempo, ainda havia muito Inverno pela frente. Ou talvez não, talvez não houvesse depois de amanhã. Quanto ao amanhã ela estava certa que corria ao seu encontro sem fuga possível. De um lado para o outro não conseguia dormir, e o frio alastrava-se sem complacência para dentro da cama. Não valia a pena, estava demasiado tensa para conseguir dormir. O dia seguinte seria demasiado decisivo. Demasiado importante. Estar frente a frente com ele, falar-lhe, olhar nos seus olhos. Se ao menos ele lhe responde-se!! Se ao menos os seus olhos, a sua expressão, fosse menos fria, talvez ela pudesse sentir algo do outro lado. Mas não! Sabia que este diálogo seria demasiado cruel, e que desta vez teria de fazer tudo sozinha, ainda por cima com a certeza de estar fechada dentro de um tempo muito próprio, de estar a ser observada, sem lhes poder falar, sem lhes responder, sem saber o que estariam a pensar. Ela não se queria expôr. O chã fumegava, e uma colher de açucar bastava para que tudo tivesse outra aparência. a lua estava cheia, lançando uma luz fria sobre a montanha. Mas porque raio se metia nestasaventuras?(continua)

O DIA ANTERIOR

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CONTOS

O DIA ANTERIOR

Não poderia ela própria dúvidar da resposta, era como se fosse uma peste, que se tinha apoderado do seu corpo, sem ele não poderia viver, pelo menos viver deste modo, tentando que tudo em seu redor fizesse mais sentido.Olhar, falar e andar! Tudo está no olhar, andar e falar pensava incessantemente. Tinha ensaiado mil vezes as palavras de amanhã, os gestos, os olhares, as pausas. Mas não estava segura, tinha medo!!!Sempre tivera medo. sabia que estaria frente a frente com alguém mais poderoso do que ela alguém capaz de morrer e viver a qualquer instante. Como para ela viver já lhe custava, só lhe restaria morrer uma única vez, sem volta, sem retorno. Por mais que tentasse os gestos dele seriam sempre mais graciosos, ele era capaz de desafiar a gravidade enquanto que ela por vezes mal conseguia levantar-se para enfrentar o dia e a crueldade dos seus iguais.Pensava como era possível que tão poucos se tivessem apercebido do seu poder, o poder dele. Ele era um semi Deus, era divino, capaz de fazer crer aos olhos, no impossível, e ninguém duvidava das suas capacidades, das suas magias, dos seus truques, das suas palavras. Era inacreditável esta atracção quase ou certamente subconsciente que ele estabelecia com os outros.Os raios de sol chicoteavam-na pela noite não dormida e o relógio não parava, por mais que quisesse ele nunca lhe fizera essa vontade...Estava na hora! Tomou um banho, vestiu qualquer trapo, e saiu a correr para o tão desejado encontro, faltariam ainda umas horas, mas ela sentia-se já possuída pela energia daquele momento,obcecada pelo que lhe iria dizer, pelo que lhe iria fazer..Passou o dia a preparar-se, a tentar controlar-se quando finalmente chegou a noite, ela ali estava, a olhar para ele à distância, pronta!A cortina abria-se, a sala do Teatro estava cheia, a luz fria vagarosamente se acendia sobre ele, ela entrou em cena calmamente, pegou-lhe... era chegado o momento, ela sabia qual o poder das marionetas!!! Esperava que todos O sentissem...Filipa Alexandre

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A Caixa Na noite escura como breu, ela cerrava os dentes e dizia para si, quero sair da caixa. Aprisionada entre quatro paredes, o seu sopro embaciava toda a caixa. Os seus olhos a pouco e pouco iam-se habituando aquela escuridão que apenas lhe permitia sentir que não estava só. Ao mesmo tempo era invadida por dois sentimentos distintos e contrastantes, o conforto de saber que não estava só, e ao mesmo tempo o terror de não saber quem estaria ali. O seu desejo era o de gritar, o de perguntar, mas a sua fragilidade não lhe permitia nem sequer pronunciar um som. E ela sabia que não estava só, lá fora ouvia vozes abafadas, risos, palavras soltas, mas nada que a fizesse compreender onde estava. Se ao menos se conseguisse libertar daqueles fios que lhe apertavam as mãos, que a impediam de sair dali. De súbito a luz penetrou de forma tão violentamente no local onde se encontrava, que apenas lhe permitiu por instantes cerrar os olhos. E ali estava ela presa, submissa às vontades do outro, que a obrigava a mexer para um lado ou para o outro, ninguém lhe perguntara nada, e ela limitava-se a obedecer. Nunca ninguém lhe perguntou e ela nunca respondeu, mas o seu desejo era o de ser libertada. O de poder vaguear livremente pela montanha que ela nunca tinha visto. Mas não ali estava a ser exibida sem qualquer pudor, nem compaixão. Se ao menos se conseguisse libertar dos fios que a prendiam....nada valia a pena , ao som de flautas ela movia-se sem saber quem estaria por detrás da luz que quase a cegava. De súbito o som estridente, e a caixa, de volta ao silêncio à escuridão.....Ela não queria ser marioneta!!!

Conto de...Filipa AlexandreMarionetista

A CAIXA

CONTOS

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AGENDA DAS MARIONETAS

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AGENDA DAS MARIONETAS

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TEMPO BEM PERDIDO http://www.flickr.com/

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SABER FAZER : ESPAÇO DOS PEQUENOS

UMA MARIONETA

290 mm

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