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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PA ULO DIRETORIA DE ENSINO ESCOLA SUPERIOR DE SO LDADOS “CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO” CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA MATÉRIA 05: DIREITO ADMINISTRATIVO Departamento de Ensino e Administração Divisão de Ensino e Administração Seção Pedagógica Setor de Planejamento APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO1º TEN PM FERDINANDO DA ESSd

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PA ULO

DIRETORIA DE ENSINO

ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS

“CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO”

CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DEPOLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO

DA ORDEM PÚBLICA

MATÉRIA 05: DIREITOADMINISTRATIVO

Departamento de Ensino e AdministraçãoDivisão de Ensino e Administração

Seção PedagógicaSetor de Planejamento

APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO1º TEN PM FERDINANDO DA ESSd

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ÍNDICE:

DESCRIÇÃOPÁG.

1 - DIREITO ADMINISTRATIVO

1.1 ESTADO_________________________________________________________________3

1.2. PODERES DO ESTADO____________________________________________________4

1. 3. DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO___________________________________ 4

1.4 DIREITO ADMINISTRATIVO_______________________________________________ 5

2. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADM. PÚBLICA_________________________ 6

2.2 PRINCÍPIOS ACRESCIDOS PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL_________________ 8

2.3 RESPONSABILIDADE CIVIL _______________________________________________9

3. ATO ADMINISTRATIVO

3. 1. CONCEITO_____________________________________________________________11

3.2 ATRIBUTOS_____________________________________________________________11

3.3 REQUISITOS____________________________________________________________ 19

3.4 CLASSIFICAÇÃO________________________________________________________ 17

4. POLÍCIA ADMINISTRATIVA

4.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA__________________________________________________14

4.2 POLÍCIA ADMINISTRATIVA_______________________________________________14

4.3 DISTINÇÃO ENTRE POLÍCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIÁRIA_______________15

5. PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

5.1 PODER VINCULADO______________________________________________________17

5.2 PODER DISCRICIONÁRIO_________________________________________________ 17

5.3 PODER HIERÁRQUICO____________________________________________________175.4 PODER DISCIPLINAR______________________ ______________________________ 185.5 PODER REGULAMENTAR________________________________________________ 185.6 DEVERES DO ADMINISTRADOR__________________________________________ 186. PODER DE POLÍCIA6.1 CONCEITO_________________________________________ _____________________196.2 RAZÃO, FUNDAMENTO, FINALIDADE E OBJ ETO___________________________ 19

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6.3 ATRIBUTOS_____________________________________________________________207. AGENTES PÚBLICOS7.1 AGENTES PÚBLICOS__________________________________________ ___________207.2 RESPONSABILIADES ADMINISTRATIVA, CIVIL E CRIMINAL________________ 217.3 MILITARES ESTADUAIS__________________________________________________ 218. ABUSO DE PODER8.1 ABUSO DE PODER ______________________________________________________ _228.2 EXCESSO DE PODER_____________________________________________________ 228.3 INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS_____________________________ 22

BIBLIOGRAFIA 23

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DIREITO ADMINISTRATIVO

1 – DIREITO ADMINISTRATIVO

1.1 ESTADO :

a) Conceito:Segundo a doutrina tradicional, Estado é uma associação humana (povo), radicada em

base espacial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita aqualquer outra (soberania).

Estado é uma sociedade política e juridicamente organizada para atender ao bemcomum. Sua organização é determinada por normas de Direito positivo e hierarquizada na formade governo e governados, e tem uma finalidade própria que é o bem comum (interesse púb lico).

Estado é a nação politicamente organizada.

Estado é a organização política sob a qual vive o Homem moderno. Ela se caracterizapor ser resultante de um povo vivendo sobre um território delimitado e governado por leis que sefundam num poder.

b) Elementos:No tocante à sua estrutura, o Estado se compõe de três elementos:

a) população;b) território;c) governo.

A condição de Estado perfeito pressupõe a presença concomitante e conjugada dessestrês elementos, revestidos de características essenciais: população homogênea, território certo einalienável e governo independente.

População: é o primeiro elemento formador do Estado. Sem a figura humana não há que cogitara formação ou existência do Estado.

É o elemento vivo do Estado, que o dinamiza e movimenta. É composta peloshabitantes em geral, assim considerados e submetidos à jurisdição.

A população exprime a totalidade dos habitantes de um Estado, os quais podem sernacionais ou estrangeiros. A massa de indivíduos que, em dado momento histórico, vivem dentroda jurisdição de certo Estado.

Território: é a base física, o espaço geográfico sobre o qual se assenta o Estado, exercendo opoder. A porção do globo por ele ocupada serve de limite à sua jurisdição e lhe forma os recursosmateriais.

É o patrimônio sagrado e inalianável do povo.

Governo: é o conjunto de funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e daadministração pública.

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É o conjunto de órgãos que realizam a administração pública, exercendo poderes quelhe foram delegados pela soberania do povo.

É a organização necessária para o exercício do poder, a força que conduz acoletividade para o cumprimento das normas que cria, estabelece e exige, como condição de vidade um povo.

A vontade do povo deve ser a base da autoridade de um governo

1.2. PODERES DO ESTADO:

São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivoe o Judiciário (art 2º CF).

Tais Poderes cuidam, dentro das respectivas competências constitucionais em defesa doEstado de Direito, dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estabelecido noartigo 3º da CF:a) construção de uma sociedade livre, justa e solidária;b) garantir o desenvolvimento nacional;c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regi onais;d) promover o bem estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação.A lei, a ordem, a paz e a estabilidade são responsabilidades do Estado.

Autonomia político-administrativa dos entes da Federação:O art 18 da CF, ao disciplinar sobre a organização político -administrativa dos Estados

estabeleceu em que a República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Const ituição..

1.3 DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO:

a) Conceito:O direito divide-se em direito público e direito privado.

Direito Público é o direito que trata dos interesses gerais da coletividade (sociedade).Compõe-se predominantemente de normas imperativa s inafastáveis.

Direito privado é aquele que tutela os interesses individuais. Ao contrário do direitopúblico, compõe-se predominantemente de normas mais flexíveis, que podem ser modificadaspor acordo das partes.

b) Diferenciação:O que difere o direito público do privado é que o primeiro tem como interesse

predominante o interesse do Estado, já no direito privado, o interesse principal é o ind ivíduo.

Direito Público: Direito Constitucional Direito Administrativo Direito Eleitoral Direito Penal Direito Tributário Direito Ambiental Direito processual civil e penal Direito do Trabalho (alguns autores classificam como direito privado).

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Direito Privado: Direito Civil Direito Comercial

O vínculo entre Estado e seus cidadãos, com submissão destes à autor idade do Estado,há de ser disciplinado por princípios jurídicos que informam, em especial, as atividadesadministrativas desenvolvidas nos Poderes Legislativo, Executivo e Judici ário.

A Constituição atual enfatiza o que estava implícito nas anteriores, d e que os órgãos daadministração direta e indireta, dos diversos níveis políticos do Estado (União, Estado eMunicípio) e nos três Poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) devem atenderprincípios da legalidade, da moralidade administrativa, da impessoalidade, da publicidade e daeficiência.

O ramo do Direito que deve instrumentalizar as atividades da Administração Pública éo Direito Administrativo.

1.4 DIREITO ADMINISTRATIVO:

O direito Administrativo nasceu na França, após a Revolução Fran cesa (1789). Atripartição das funções do Estado em executiva, legislativa e judicial, idealizada porMontesquieu, ensejou a independência dos órgãos incumbidos na realização das atividades dogoverno.

Até então, o absolutismo reinante e a concentração de todos os poderes governamentaisnas mão do Soberano, não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que viessem areconhecer direitos aos súditos em oposição às ordens do Príncipe.

O caráter absolutista dos governos de períodos anteriores não era p ropício aoflorescimento do direito administrativo, vez que os soberanos não se submetiam a nenhumaregra, a não ser aos caprichos de sua própria vontade.

Coube inicialmente ao Parlamento, o julgamento dos atos administrativos,posteriormente, reconheceu-se à necessidade de desligar-se as atribuições políticas das judiciais.Foram criadas, a partir dos Tribunais Judiciais, os Tribunais Administrativos. Surgiu assim, aJustiça Administrativa, e como cons eqüência, a estruturação de um direito específico. Nasc ia, odireito Administrativo.

Pode-se dizer que o direito administrativo é uma conquista dos regimes republicanos edemocráticos, com a sujeição não só do povo, mas também dos governos, a certas regras gerais.

a) Conceito:Direito Administrativo é o conjunt o harmônico de princípios que regem os órgãos, os

agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os finsdesejados pelo Estado.

O Direito Administrativo é o conjunto de regras jurídicas referentes à ação das pessoasjurídicas públicas (José Cretella Júnior).

O Direito Administrativo é o conjunto de princípios jurídicos que regem os órgãos, osagentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente, os finsdesejados pelo Estado (Hely Lopes Meirelles).

O Direito Administrativo é o conjunto de regras jurídicas referentes à ação das pessoasjurídicas públicas (José Cretella Júnior).

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O Direito Administrativo é o conjunto de princípios jurídicos que regem os órgãos, osagentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente, os finsdesejados pelo Estado ( Hely Lopes Meirelles).

b) Fontes do Direito Administrativo

A formação do Direito Administrativo dá -se pelas seguintes fontes: lei: é a norma posta pelo Es tado. Em sentido amplo é a fonte primária do Direito

Administrativo, englobando a Constituição Federal, Regulamentos, Portarias, AtosNormativos e Ordens de Serviço.

doutrina: é a lição dos mestres e estudiosos do direito. Esta fonte não só influencia naelaboração de normas administrativas, como também nas decisões contenciosas e nãocontenciosas, auxiliando na formação do próprio Direito Administrativo.

jurisprudência: é a interpretação da lei dada pelos tribunais. Tem grande influência noDireito Administrativo, considerando a falta de codificação e sistematização doutrinária, quenada mais é que a reiteração dos julg amentos num mesmo sentido.

Costume: são praticas habituais, tidas como obrigatórias, que o juiz pode aplicar, na falta delei sobre determinado assunto. Embora de pouca influência no Direito Administrativo, apratica administrativa vem suprindo o texto da lei, e atuando como elemento informativo dadoutrina.

2 – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1 Princípios Constitucionais da Adm inistração Pública

O fim da Administração pública se resume em um único objetivo: o bem comum (ointeresse coletivo).

O Direito Administrativo encontra -se informado por determinados princípios, quedesempenham um papel relevante na identificação das id éias centrais que o norteiam, permitindoorientar a ação do administrador na pratica dos atos administrativos, assegurando, ainda, osdireitos dos administrados.

A Constituição Federal, em seu artigo 37, caput, prevê que a administração públicadireta ou indireta, obedecerá aos seguintes princípios:

a. Legalidade

b. Impessoalidade

c. Moralidade

d. Publicidade

e. Eficiência

Princípio da Legalidade - expressa subordinação da atividade administrativa à Lei,significando que a administração pública só pode fazer o que a lei autoriza. Enquanto oparticular (civil) pode fazer tudo o que a lei não proíbe, o administrador só pode fazer o que a leiexpressamente autoriza.

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Este princípio não se encontra apenas no caput do artigo 37, mas também no artigo 5º,II, CF/88, ao dispor que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senãoem virtude de lei, como também no inciso XXXV do art 5º CF, que a lei não excluirá daapreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a Direito .

O administrador não pode agir, nem deixar de agir, senão de acordo com a lei, na formadeterminada. No direito administrativo, o conceito de legalidade contém em si não só a lei mas,também, o interesse público e a moralidade.

Princípio da Impessoalidade – significa que a atuação administ rativa se destina a um fimpúblico, não podendo beneficiar pessoas em particular. Os atos praticados são imputados não aofuncionário que os pratica, mas ao órgão administrativo responsável. Consiste na proibição deatos praticados sem interesse público ou conveniência administrativa, e que vise, unicamente, ofavorecimento de terceiros.

A Administração deve servir a todos, sem preferência ou aversões pessoais epartidárias.

O mérito dos atos pertence à Administração, e não às autoridades que os executam. Apublicidade dos órgãos públicos deve ser impessoal, não podendo conter nomes, símbolos ouimagens que caracterizam promoção pessoal. (art 37, § 1º, CF).

Princípio da Moralidade – A moralidade administrativa está ligada ao conceito de bomadministrador, ou seja, o administrador deve determinar -se não só pelos preceitos legaisvigentes, mas também pela moral comum. Tem que conhecer, assim, as fronteiras do lícito e doilícito, do justo e do injusto.

O conceito de moral administrativa difere ncia de moral comum. A moraladministrativa, segundo Hely Lopes Meirelles, é a imposta ao agente público para sua condutainterna, segundo as exigências da Instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bemcomum. A moral comum é imposta ao homem para sua conduta externa.

O princípio da moralidade é encontrado no art 5º, LXXIII da CF, que estabelece quequalquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo aopatrimônio público ou de entidade de que o Estado parti cipe, à moralidade administrativa, aomeio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má -fé,isento de custas judiciais e do ônus da sucu mbência.

Tanto a moralidade como o interesse público fazem parte da legalida de administrativa.

Princípio da Publicidade – É exigida ampla divulgação dos atos praticados pelaAdministração Pública. É requisito de eficácia do ato administrativo (manifestação unilateral devontade da Administração Pública, criando direito e impondo obrigações aos administrados e asi próprio). A divulgação deve ser por órgão oficial (Diário Oficial ou jornais contratados paraessas publicações oficiais), ou na sua falta, a divulgação deve se concretizar na afixação do atoou da decisão na Prefeitura, porta do Fórum, mural do Quartel, ou qualquer outro lugar que sepossa dar publicidade.

A publicidade, além de assegurar os efeitos externos do ato, propicia o conhecimento econtrole pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios c onstitucionais:mandado de segurança, destinado a coibir atos ilegais da autoridade que lesa direito subjetivo,líquido e certo (art 5º, LXIX); direito de petição aos Poderes Públicos, para defesa de direitos oucontra ilegalidade ou abuso de poder (art 5º , XXXIV); ação popular, instrumento de defesa dosinteresses da coletividade (art 5º, LXXIII) e habeas data, assegura o conhecimento de registros

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concernentes ao postulante e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis aopúblico, ou para retificação de dados pessoais (art 5º, LXXII).

Os atos públicos devem ter divulgação oficial, como requisito de sua eficácia, salvo asexceções previstas em lei: atos de interesse da segurança nacional, classificados pelo Presidenteda República como sigilosos (art 5º, XXVIII da CF); certas investigações policiais (art 20 doCPP); processos cíveis em segredo de justiça (art 155 do CPC).

Princípio da Eficiência – Impõe a todos os agentes públicos o dever de realizar suas atribuiçõescom presteza, perfeição e rendimento funcional. Segundo o ilustre jurista Hely Lopes Meirelles,a eficiência é um princípio que se soma aos demais princípios impostos à administração, nãopodendo sobrepor-se a nenhum deles, especialmente o da legalidade, sob pena de séri os riscos àsegurança jurídica e ao próprio Estado de Direito.

É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em serdesempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público esatisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.

2.2 Princípios acrescidos pela Constituição Estadual, no seu art. 111:

Princípio da Razoabilidade – É o princípio que obriga a adoção de critérios objetivosutilizáveis por qualquer pessoa para a interpretação da situação fática que autoriza o exercício dacompetência. A Administração deve agir com bom senso, de modo razoável e proporcional.

O administrador será razoável se aplicar critérios sem crenças pessoais ou ideológicas,decidindo de forma razoável. A razoabilidade obriga a manutenção de congruência lógica entre ofato e a decisão.

Princípio da Proporcionalidade – Chamado também de princípio da proibição de excesso, éaquele que obriga a adequação dos meios empregados em razão dos motivos . A correspondênciaentre o que foi constatado e a decisão tomada. Este princípio está contido no princípio darazoabilidade.

Princípio da Finalidade – Visa impedir a prática de atos administrativos sem interesse públicoou conveniência para a administração, com o único objetivo de satisfazer interesses privados (favoritismo ou perseguição).

A Administração deve agir com a finalidade de atender ao interesse público visado pelalei, caso contrário dar-se-á o desvio de finalidade, que é uma forma de abuso do poder,acarretando a nulidade do ato.

Princípio da Motivação (fundamentação) – Consiste na obrigação do administrador indicar osfundamentos de fato e de direito que o conduziram a determinada decisão. A fundamentaçãorespalda a decisão adotada pelo Ad ministrador, como informa o Administrado, os motivos queconduziram àquela decisão administrativa (motivação de um ato punitivo).

Princípio da Legitimidade ou Veracidade – É o que permite que os atos administrativosproduzam efeitos imediatos, porque se presume a sua adequação à lei, a sua correção. No

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entanto, a presunção é relativa , admitindo prova em contrário, mas obriga o particular, que teráque cumprir a decisão. A Administração não precisa demonstrar a correção do ato, mas oparticular, ao contestá-lo, deverá produzir prova nesse sentido.

Princípio do Interesse Público – Os atos praticados pelo administrador deverão primar pelointeresse da coletividade, isto é, garantir a manutenção da ordem pública, que significa dizer asegurança e a tranqüilidade da população.

Regra básica da Administração é o atendimento ao interesse público, entendido como obem-estar coletivo, da sociedade como um todo (interesse público primário), que nem semprecoincide com os interesses de órgãos estatais ou governante s (interesse público secundário).

Princípio da Hierarquia – Obriga a Administração Pública a distribuir funções, escalonandoatribuições e estabelecendo relação de subordinação. O propósito é o de viabilizar a prestaçãoadequada do serviço, permitindo a identificação dos responsáveis.

A hierarquia contempla a possibilidade de dar ordens e o dever de obediência, já opoder disciplinar permite a punição interna dos agentes públicos.

2.3 Responsabilidade Civil da Administração:

As funções das organizações de aplicação da lei, independente de suas origens,estrutura ou vinculação, estão geralmente relacionadas a manutenção da ordem pública;prestação de auxílio e assistência em todos os tipos de emergência; e prevenção e detecção docrime.

A Constituição Federal estabeleceu expressamente no art 144 quais os órgãosresponsáveis pela preservação da ordem pública, os quais possuem autorização para fazerem usoda força dentro dos limites da lei

Art 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsab ilidade detodos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoase do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I- polícia federal;

II- polícia rodoviária federal;

III- polícia ferroviária federal;

IV- polícias civis;

V- polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Como sujeito de direitos, o Poder Público pode causar prejuízo a alguém e, comoconsequência, a obrigação de reparar o dano patrimonial provocado por ação ou omissão.

Os atos que causarem danos ao administrado deverão ser rep arados em atendimento àteoria da responsabilidade objetiva prevista no artigo 37, § 6º da CF.

Art 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios delegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também aoseguinte:

(...)

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§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privadoprestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessaqualidade, causarem a terce iros, assegurado o direito de regresso contra oresponsável nos casos de dolo ou cu lpa.

A vontade do Estado se concretiza nas ações dos agentes públicos (servidorespúblicos), que são pessoas físicas incumbidas, definit ivamente ou transitoriamente, do exercíciode alguma função estatal.

Acarretam a responsabilidade do Estado (ou da Administração Pública, como preferemalguns autores), os danos causados no próprio exercício da atividade pública do agente, comotambém aqueles que puderam ser produzidos graças ao fato do agente público prevalecer -sedesta condição. O que interessa é saber se sua qualidade de agente público foi determinante paraa conduta lesiva.

Na medida em que a Administração defere a realização da ati vidade administrativa aosseus servidores, ela responde pelos danos que eles, neste mister, causem a terceiros. Uma açãodo Estado que gera o dano (comportamento comissivo), independente de legítima ou ilegítima aconduta estatal, gera responsabilidade objetiva do Estado.

Responsabilidade objetiva do Estado

O destinatário dos serviços de segurança pública, caso venha a suportar algum danomaterial ou mesmo moral, poderá acionar o Estado por meio de uma ação judicial para que esteseja obrigado a indenizar os danos que foram suportados. A responsabilidade do Estado é regidapela teoria da responsabil idade objetiva com base no risco administrativo.

O administrado deverá provar o nexo de causalidade entre o dano e a lesão suportadapara que possa ser indenizado, em atendimento aos preceitos constitucionais previstos no artigo37, § 6º, da CF. O Estado, por sua vez, poderá demonstrar que não foi o responsável pela lesão,mas sim, culpa exclusiva da vítima, atos de terceiros, força maior ou caso fortuito.

Responsabilidade Subjetiva:

Quando o dano se origina de uma omissão do Estado, deve -se aplicar a teoria daresponsabilidade subjetiva.

Como responsabilizar o Estado se não foi ele o autor do dano? Neste caso, ele seráresponsabilizado se estivesse obrigado a impedir o dano e não o fez, ou seja, descumpriu umdever legal que lhe obrigava a obstar o evento lesivo

Não basta, para configurar a responsabilidade do Estado, a simples relação causal entrea ausência do serviço e o dano. É necessário a comprovação da obrigação legal do Estado deimpedir o dano.

O Dano indenizável

Não é qualquer dano que é indenizável.

Para que surja o dever do Estado de indenizar é necessário que:

a) o dano corresponda a lesão a um direito da vítima, ou melhor, para r equerer a indenização, oadministrado deve provar que sofreu um dano que, além de lesão econômica, implica em

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lesão a um direito do indivíduo (exemplo: a mudança de uma escola pública para um museu,causou prejuízo econômico aos comerciantes, mas não um da no jurídico) ;

b) o dano, para ser indenizável, deve ser certo, real. Não se cogita dano eventual ou futuro

Exclusão da responsabilidade:

Não há responsabilidade objetiva da Administração Pública, os danos causados porterceiros ou por fenômeno da natureza que causem danos aos particulares. Nestes casos, deveráser provado a culpa da administração (imperícia, imprudência ou negligência), para que hajaindenização.

3 - ATO ADMINISTRATIVO

3.1. Conceito

Segundo Hely Lopes Meirelles, ato administrat ivo é toda manifestação unilateral daadministração pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aosadministrados ou a si própria.Exemplo de atos administrativos no âmbito da PMESP: BO/PM, Auto de Infração de Trânsito,Parte solicitando dispensa, , Enquadramento Disciplinar, Escala de Serviço, Portaria do CmtG,Diretriz, Ordem de Serviço, e outros.

Ato administrativo não se confunde com f ato administrativo, pois este é a realizaçãomaterial da Administração, de alguma decisão administrativa.

Exemplo: edital de licitação e contrato com a empreiteira, para construção de uma ponte é atoadministrativo, enquanto que a construção da ponte é fat o administrativo.

3.2. Atributos

Consiste nos elementos, que dão ao ato administrativo características próprias econdições peculiares de atuação. São eles:

a. Presunção de Legitimidade: todo ato administrativo é legítimo (legal) até que seprove o contrário. Os atos nascem com tal atributo, independentemente de norma legal que oestabeleça, face ao princípio da legalidade da Administração Pública.

Esse atributo autoriza a imediata execução ou operatividade do ato, mesmo quepossuam vícios ou defeitos que posteriormente o invalidem, pois enquanto não sobrevierem, oato produz os efeitos.

Outra conseqüência consiste na transferência do ônus da prova para quem o invoca,ficando assim, a prova do defeito sempre a cargo do impugna nte.

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Exemplo: uma autuação de trânsito elaborada por um PM de forma errada, em princípio devegerar todos seus efeitos, até que o interessado prove que o erro ocorreu.

b. Imperatividade: É o atributo que impõe a coercibilidade para o seu cumprimento ouexecução . Alguns atos dispensam tal atributo, pois seus efeitos dependem exclusivamente dointeresse particular, porém os que consubstanciam uma ordem administrativa já nascem com esseatributo, ou seja, com força impositiva, própria do Poder Público. O ato dotado deimperatividade deve ser cumprido enqua nto não for retirado do mundo jurídico.

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, é a q ualidade pela qual os atos administrativosse impõem a terceiros, independente de sua concordância .Exemplo: uma escala de serviço tem que ser cumprida, pois o não cumprimento acarretarásanção disciplinar.

c. Auto-executoriedade: o ato administrativo pode ser posto em execução pela própriaadministração, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Consiste na possibilidadeque certos atos administrativos serem executados de forma imediata e direta pela própriaAdministração Pública, independentemente de ordem jud icial.Exemplo 1: a abordagem e a vistoria em um veículo não necessitam de autorizações prévias doPoder Judiciário, pois há amparo legal no princípio do poder de polícia e no código de processopenal.Exemplo 2: cobrança de multa de trânsito pelo DETRAN/SP não precisa de ação judicial paratanto, compelindo o proprietário do veículo ao pagamento da referida multa sob pena de nãolicenciar o veículo.

3.3. Requisitos

São cinco os requisitos do ato administrativo, que se não estiverem presentes,simultaneamente, o ato não terá condições de prosp erar e produzir os seus efeitos:

a. Competência: É o poder atribuído ao agen te da administração para o desempenho específicode suas funções. O agente tem que ter poder legal para praticar o ato. A competência resulta delei e por ela é delimitada. É intransferível e improrrogável pela vontade do interessado, porémpode ser delegada ou avocada. É condição de validade do ato e resulta de lei, e sendo praticadapor agente incompetente é nulo o ato.Exemplo: a competência da autoridade com poder disciplinar na PMESP está definida no artigo31 da Lei Complementar nº 893, de 09Mar01(R DPM), bem como está delimitada pelo artigo 32da mesma lei.

b. Finalidade: Consiste no objetivo a ser atingido (interesse público), pois a AdministraçãoPública só se justifica como realizadora de interesse coletivo, logo com fim público. A finalidadeé indicada pela lei, implícita ou explicitamente, não podendo o administrador realizar alterações,indicações ou desvios que não os indicados na norma. A alteração de finalidade caracterizadesvio de poder, gerando a nul idade do ato.Exemplo: se um PM for transferido por um problema pessoal com seu Cmt, então, neste atoadministrativo, o requisito finalidade estará afastado, pois o interesse que envolveu a questão foiparticular e não de interesse público (conveniência do serviço).

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b. Forma: Consiste no revestimento do ato administrativo, que em regra é formal. A forma legalconstitui requisito vinculado e imprescindível para a perfeição do ato. Enquanto a vontade doparticular pode manifestar -se livremente, a da Administração Pública exige procedimentosespeciais e forma legal para que se expresse validamente.

A inobservância da forma vicia substancialmente o ato, tornando -o passível deinvalidação, desde que necessária à sua perfeição e eficácia.Exemplo 1: o Anexo III à Portaria do Cmt G nº CorregPM -004/305/01disciplina o rito doProcedimento Disciplinar.Exemplo 2: o policial que autua um infrator das normas de trânsito tem que preencher o Auto deInfração normatizado pelo DETRAN/SP, não podendo comunicar a irregularidade por meio dedocumento denominado “Parte”.

d. Motivo: É a situação que determina ou autoriza, de fato e de direito, a realização do ato. Omotivo pode vir expresso em lei (elemento vinculado), como pode ser deixado a critério doadministrador (elemento discricion ário).Exemplo: o Cmt ao decidir pela punição disciplinar de um PM que faltou ao serviço, deve exporos motivos que determinam a sua decisão, ou seja, esclarecer que ficou provado, nos autos, que oacusado não apresentou nenhuma das causas de justificação da transgressão.

e. Objeto: Todo ato administrativo tem por objetivo a criação, modificação ou comprovação desituação jurídica, concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público.O objeto identifica-se com o seu conteúdo, por meio do qual a adminis tração manifesta o seupoder, a sua vontade, ou atesta situação preexistentes.

Exemplo: o objeto de uma Sindicância instaurada é o acidente de trânsito envolvendo viatura eveículo particular, cuja apuração visa determinar as responsabilidades civil e ad ministrativa.

3.4. Classificação dos Atos Administrativos

A classificação é instrumento que facilita o estudo dos atos administrativos. A principalclassificação do ato administrativo, para o nosso estudo, é quanto ao seu regramento.

a. Atos vinculados: são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de suarealização, sujeitando-se o poder público às indicações legais ou regulamentares, e delas não sepode afastar ou desviar, sem viciar, irremediavelmente, a ação administrativa. A Administraçãonão tem liberdade de escolha. As imposições legais absorvem a liberdade do administrador; suaação fica adstrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal para a validade.Exemplo 1: o RDPM prevê que a falta disciplinar leve é punível com advertência ou repreensão.Não há possibilidade do faltoso ser punido com detenção, pois o ato da autoridade está vinculadoao que a lei determina.Exemplo 2: noticiada a prática de infração administrativa, o Cmt de Cia não tem escolha, deveapurar a conduta do policial infrator, instaurando -se o devido processo legal.

b. Atos discricionários: são aqueles que a Administração pode praticar com liberdade deescolha de conteúdo, destinatário, conveniência, oportunidade e do modo de sua realização. Adiscricionariedade não se manifesta no ato em si, mas no poder da Administração praticá -lo damaneira e nas condições que repute mais conveniente ao interesse públ ico.Exemplo: o administrador tem a liberdade de escolher entre a aplicação de pena de advertênciaou a repreensão, levando-se em conta, no caso concreto, as circunstâncias do fato e as causas deatenuam e agravam a conduta.

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Discricionariedade e arbítrio são conceitos diversos. Discricionariedade é liberdade deação dentro dos limites legais. Arbítr io é ação contrária ou excedente da lei. Ato discricionário épermitido pelo Direito, portanto legal e válido. A discricionariedade encontra fundamento nosdiversos e complexos problemas enfrentados pela Administração, não tendo as normas vigentesprevistos todas as soluções. Para a prática desses atos, a lei concede poderes ao administradorpara praticá-los, permitindo escolha dentre as possibilidades existentes, de tal forma que amedida mais adequada seja implementada pela a utoridade administrativa. O a to deve sempre teros requisitos de competência, forma e fim indicado no texto l egal.

Importante enaltecer que, no ato vinculado, o administrador não tem qualquerliberdade de escolha, pois está totalmente regulado por lei. Já no ato discricionário, oadministrador possui o poder de escolha , porém dentro das possibilidades escritas na lei.

A interpretação das normas administrativas deve atender às seguintes regras:

a) os atos administrativos têm presunção de legitimidade, salvo prova em contrário.

b) o interesse público prevalece sobre o interesse individual, respeitadas as garantiasconstitucionais.

c) a Administração pode agir com certa discricionariedade, desde que observada a legalidade.

4 – POLÍCIA ADMINISTRATIVA

4.1 Evolução histórica da Polícia:

A Constituição Federal de 1988, pela primeira vez na história do país, inscreveu umcapítulo dedicado à Segurança Pública, dispondo sobre os órgãos encarregados de fazê -la, edeterminando a competência policial de cada órgão.

A grande inovação encontra -se no caput do art 144, ao expressar, de modo taxativo,que a segurança pública (serviço essencial do Estado), que sempre foi dever do Estado e direitode todos, é também “responsabil idade de todos”.

Assim, Polícia e Comunidade se integram para produz ir a segurança pública, que tempor objeto a preservação da ordem pública, entendida como ausência de desordens, de atos deviolência contra as pessoas, os bens e ao próprio Estado.

A ordem pública, segundo os ensinamentos de Alvaro Lazzarini, divide -se em:segurança pública, tranquilidade pública e salubridade pública, cabendo às forças de segurança apreservação da ordem pública, assegurando desta forma a integridade física e patrimonial daspessoas que vivem no Território nacional, pouco importan do se são brasileiros natos ounaturalizados, ou estrangeiros morando no territ ório nacional ou que estejam apenas depassagem pelo país.

4.2 Polícia Administrativa

a) conceito:

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A função da aplicação da lei é um serviço público previsto por lei, comresponsabilidade pela manutenção e aplicação da lei, manutenção da ordem pública e prestaçãode auxílio e assistência em emergências.

Os poderes e autoridades necessários ao eficaz desempenho dos deveres da aplicaçãoda lei são estabelecidos pela legislaç ão nacional, cuja pratica não pode estar baseada em açõesilegais, discriminatórias ou arbitrárias.

De acordo com as funções exercidas, encarregados da aplicação da lei devem agir paraprevenir condutas contrárias a lei e a ordem, enquanto outros, exerce m o papel de investigar oocorrido.

A atividade policial-preventiva, que é atividade própria da denominada PolíciaAdministrativa, não se confunde com a denominada Polícia Judiciária, em especial a que tem porobjeto prevenir a pratica de ilícitos penais (polícia de segurança).

A polícia administrativa cuida da adequação dos interesses individuais com o interessecoletivo, dentro da comunidade.

4.3 Distinção entre Polícia Administrativa e Judiciária (Polícia Civil, Militar e Federal)

As forças policiais são as responsáveis pela prevenção e repressão ao crime e amanutenção da ordem pública. As atividades desenvolvidas pelas corporações policiaisencontram-se dividas em funções de polícia administrativa e polícia judiciária.

A polícia administrativa é a preventiva, enquanto que a polícia judiciária é a repressiva.Atua aquela antes e para evitar o ilícito penal, o qual, eclodido, faz desenvolver as atividades depolícia judiciária (repressiva).

A polícia administrativa sujeita -se aos princípios e normas do Direito Administrativo,enquanto que a polícia judiciária às normas de Direito Proce ssual Penal .

Exemplo: quando o policial militar apreende o documento de habilitação do motorista queinfringiu as regras de trânsito, esse agente público p raticou ato de polícia administrativa; porém,quando prende o motorista por infração penal, pratica ato de polícia judiciária.

A Constituição da República vigente, promulgada a 5 de outubro de 1988, inovou nãosó ao dedicar o Capítulo III à Segurança Públi ca, mas também, ao compartilhar talresponsabilidade com a comunidade.

Artigo 144 da Constituição Federal preceitua que:A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é

exercida para a preservação da ordem pública e da incolu midade das pessoas edo patrimônio, através dos seguintes órgãos:I- polícia federal;II- polícia rodoviária federal;III- polícia ferroviária federal;IV- polícias civis;V- polícias militares e corpos de bombeiros militares.

A segurança pública sempre foi dever do Estado , considerando-se a atividade policialcomo essencial, só que o texto constitucional chamou a comunidade a compartilhar de talresponsabilidade, ao estabelecer como direito e responsabilidade de todos. De forma expressa aConstituição Federal estabeleceu quais são os órgãos responsáveis pela preservação da ordempública, cujas corporações policiais têm como missão proteger o livre exercício dos direitos eliberdades, e garantir a segurança do cidadão, os quais possuem autorização para fazerem uso daforça dentro dos limites da lei, quando outra altern ativa se mostrar inócua.

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No campo da segurança pública, polícia e comunidade devem se integrar para, emconjunto, produzir a preservação da ordem pública, de tal forma que não se tenha desordens, atosde violência contra pessoas e bens públicos e privados, e se alcance a tão sonhada sensação desegurança.

Segundo o Desembargador Alvaro Lazzarini, a previsão constitucional é taxativa, nãopodendo, portanto, ser criados outros órgãos policiais incumbidos da segurança pública, emquaisquer dos níveis estatais o que impede, por isso mesmo, que órgãos autárquicos ouparaestatais não previstos na norma constitucional exe rcitem atividades de segurança.

As forças policiais são as responsáveis pela prevenção e repressão ao crime e amanutenção da ordem pública. As atividades desenvolvidas pelas corporações policiaisencontram-se divididas em funções de polícia administrativa e polícia judiciária, sendo que osseus integrantes praticam atos administr ativos que podem ser denominados de atos de polícia(praticados pelos integrantes das Forças Policiais e sujeitos aos mesmos requisitos dos atosadministrativos: competência, finalidade, forma, motivo e obj eto).

No exercício da autoridade policial, os atos de políc ia devem obedecer a três atributos:a discricionariedade (livre escolha da oportunidade e conveniência do exercício do poder depolícia), a auto-executoriedade (execução direta e imediata, sem intervenção do Poder Judiciário)e a coercibilidade (imposição de medidas adotadas voltadas para o interesse público).

O campo de atuação de cada força policial foi delimitado na Constituição Federal parase evitar os denominados conflitos de competência, que prejudicam a coletividade como umtodo.

À polícia federal, Instituição permanente subordinada ao Ministro da Justiça, cabeapurar as infrações penais praticadas contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim comooutras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressãouniforme, segundo se dispuser em lei (art. 144, § 1º, I, da C.F.).

Os agentes federais devem prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes edrogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãosnas respectivas área de atuação (art 144, § 1º, II, da C.F.).

Além de exercer com exclusividade as funções de polícia judiciária da União, a políciafederal é a responsável pelas funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras (art 144,§ 1º, III, CF).

À polícia rodoviária federal, Instituição mantida pela União, foi destinado a missão depatrulhar as rodovias federais que passam por diversos Est ados da Federação, com competênciapara vistoriar, aplicar multas e prender veículos (art 144, § 2º, da CF).

O art 20 da Lei Federal nº 9503, de 23 de setembro de 1997, o Código de TrânsitoBrasileiro, enumera as atribuições da polícia rodoviária fe deral.

À polícia ferroviária federal cabe o patrulhamento ostensivo das ferrovias federais,visando prevenir e reprimir a ocorrência de infrações criminais (art 144, § 3º, da CF).

Há que se destacar que a Constituição Federal elevou as forças policiai s mantidas pelaUnião à qualidade de órgãos permanentes, o que inviabiliza a e xtinção de qualquer uma delas.

Quanto a polícia civil, cada Estado possui e é responsável pela sua força, exceto noDistrito Federal, que compete à União organizá -la e mantê-la, em conformidade com o dispostono artigo 21. XIV, da CF.

A polícia civil tem como missão o exercício da polícia judiciária, a busca da autoria ematerialidade das infrações criminais, com o objetivo de fornecer os elementos necessários aoMinistério Público, como titular da ação penal (art 144, § 6º, da CF).

No tocante à polícia militar, o art 144, § 5º , da CF, assim estabelece às políciasmilitares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeirosmilitares, além das atribuições definidas em lei, incu mbe a execução de atividades de defesacivil.

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O texto constitucional evidenciou que a polícia militar exerce a função de políciaadministrativa, sendo responsável pelo policiamento ostensivo preventivo, e p ela manutenção daordem pública nos diversos Estados da Federação, enquanto que os Corpos de Bombeiros, aprevenção e combate a incêndios, busca e salvamento, e defesa civil.

Importante esclarecer que em alguns Estados, como o de São Paulo por exemplo, oCorpo de Bombeiro está integrado à Polícia Militar, como Unidade especializada e subordinadaao Comando Geral, no combate e prevenção a incêndios, e em outros Estados, como porexemplo Rio de Janeiro e Minas Grais, são Instituições independentes entre si.

As polícias militares e polícias civis estão subordinadas ao Governador do Estado deseus respectivos Estados, que é a mais alta autoridade administrativa na área de segurançapública (art 144, § 6º, da CF).

A polícia militar, além de força pública d a sociedade, destaca-se como força auxiliarreserva do Exército, e nessa qualidade seus membros poderão ser requisitados a comporemaquela força em defesa do País (caso de emergência ou de guerra, por exemplo). A Constituição Estadual, ao tratar sobre a Polícia Militar, em sintonia com a ConstituiçãoFederal, em seu artigo 141 reconheceu -a como órgão permanente, com atribuição específica depolícia ostensiva e preservação da ordem pública. A Polícia Militar também exe rce o papel de polícia judiciária militar (Código deProcesso Penal Militar, artigos 7º e 8º), na apuração sumária de crimes militares definidos noCódigo Penal Militar (autoria e materialidade), por meio de inquérito policial militar instauradopela autoridade competente (Comandante da área dos fatos).

Assim, o contexto atual da segurança pública no país requer a participação efetiva eintegrada dos órgãos policiais responsáveis pela prevenção e repressão à criminalidade, nasesferas federal e estadual, respeitadas as competências constitucionais, como forma de garantir agovernabilidade.

5 – PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

Os poderes e deveres do Administrador Público são os expressos em lei, os impostospela moral administrativa e os exigidos pelo interesse da coletividade. O poder administrativo éatribuído à autoridade para remover interesses particulares que se opõem ao interesse público.

A Administração possui determinados poderes, como o poder hierárquico, o poderdisciplinar, o poder regulamentar e o chamado poder de polícia (capítulo a parte sobre oassunto).

Tais poderes são característicos do Executivo e se prestam para o desempenho de suasatribuições próprias. São chamados de poderes administrativos ou instrumenta is, sendodistribuídos por toda Administração, em todas as suas esferas.

5.1 Poder Vinculado: é aquele que o Direito Positivo (a lei) confere à Administração Públicapara a prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos nece ssários àsua formalização. O ato será nulo se deixar de atender a qualquer dado expresso na lei, podendoser reconhecido pela própria Adm inistração ou pelo Judiciário.

Assim, o poder é vinculado, quando a Administração somente pode fazer o que a leiestabelece (licença maternidade -art 7º, XVIII, CF, e licença paternidade, art 7º XIX, CF).

5.2 Poder Discricionário: é o que o Direito concede à Administração, de modo explícito ouimplícito, para a pratica de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência,oportunidade e conteúdo.

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Discricionariedade é liberdade de ação administrativa dentro dos limites permitidosem lei. A faculdade discricionária distingue -se da vinculada pela maior liberdade que éconferida ao administrador. A atividade discricionária encontra plena justificativa naimpossibilidade de o legislador cat alogar, na lei, todos os atos que a prática administrativa exige.

5.3 Poder Hierárquico: é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções deseus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinaçãoentre os servidores do seu quadro de pessoal. Hierarquia é a relação de subordinação existenteentre vários órgãos e agentes do Executivo, com distribuição de funçõ es e garantias daautoridade de cada um.

O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir asatividades administrativas no âmbito interno da Administração; atua como instrumento deorganização e aperfeiçoamento do serviço e age como meio de responsabilização dos agentesadministrativos, impondo-lhes o dever de obediência. Do poder hierárquico decorrem faculdadesimplícitas para o superior, tais como a de dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento; a de delegare avocar atribuições e a de rever atos dos inferi ores.

5.4 Poder Disciplinar: é a faculdade de punir internamente as infrações funcionais dosservidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. É umasupremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam à Administração,por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas de funcionamento do serviço oudo estabelecimento que passam a integrar definitiva ou transitoriamente.

O administrador, no seu prudente critério em relação ao serviço e verificando a falta,aplicará a sanção que julgar cabível, oportuna e conveniente, dentre as que estiveremenumeradas em lei ou regulame nto (Lei Complementar 893, de 09 de março de 2001 –Regulamento Disciplinar da Pol ícia Militar).

5.5 Poder Regulamentar: é a faculdade de que dispõem os Chefes do Executivo de explicar alei 5para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre a matéria de suacompetência, ainda não disciplinada por lei. É um poder inere nte e privativo do Chefe doExecutivo, e indelegável a qualquer subordinado (art 84, IV, CF)

5.6 Deveres do Administrador: eficiência, probidade e prestação de contas

O poder tem para o agente público o significado de dever para com a comunidade epara com os indivíduos, no sentido de quem o detém está sempre na obrigação de exercitá -lo;esse poder é insuscetível de renúncia pelo seu titular. Se para o particular o poder de agir é umafaculdade, para o administrador público é uma obrigação de atuar, d esde que se apresente oensejo de exercitá-lo em benefício da comunidade. Daí por que a omissão da autoridade ou osilêncio da Administração, quando deve agir ou manifestar -se, gera responsabilidade para oagente omisso e autoriza a obtenção do ato omitid o por via judicial, notadamente por mandadode segurança, se lesivo ao direito líquido e certo do interessado.

a) Dever de eficiência: é o que se impõe a todo agente público em suas atribuições: presteza,perfeição e rendimento funcional. A eficiênc ia funcional, considerada em sentido amplo, abrangenão só a produtividade do exercente do cargo ou da função, como a perfeição do trabalho e suaadequação técnica aos fins visados pela Administração.

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b) Dever de probidade: está constitucionalmente integrado na conduta do administradorpúblico como elemento necessário à legitimidade de seus atos. Assim, o ato administrativopraticado com lesão aos bens e interesses públicos também fica sujeito a invalidação pela própriaAdministração ou pelo Poder Judici ário.

c) Dever de prestar contas: é decorrência natural da administração, como encargo de gestãode bens e interesses alheios. No caso do administrador público, a gestão se refere aos bens einteresses da coletividade e assume o caráter do munus público, isto é, de um encargo para com acomunidade. Daí o dever indeclinável de todo administrador público, de prestar contas de suagestão administrativa, e nesse sent ido é a orientação de nossos tribunais.

6 – PODER DE POLÍCIA

6.1 Conceito

Poder de Polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública,para conter os abusos dos direitos individuais.

Hely Lopes Meirelles entende que é a faculdade de que dispõe a AdministraçãoPública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens e ativid ades e direitos individuais,em benefício da coletividade ou do pr óprio Estado.

O conceito legal de Poder de Polícia vem disposto no art. 78 do Código TributárioNacional: “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,limitando ou disciplinado direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ouabstenção de fato, em razão de int eresse público concernente à segurança, à higiene, àordem, aos costumes, à disciplina da prod ução e do mercado, ao exercício de atividadeseconômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidadepública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou colet ivos”.

Parágrafo único: Considera-se regular o exercício do poder de polícia quandodesempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância doprocesso legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricion ária, sem abuso oudesvio de poder.

A Polícia é a concretização material do Poder de Polícia.O Poder de Polícia legit ima a ação e a própria existência da Polícia (civil ou mil itar).Segundo Alvaro Lazzarini, como poder administrativo, o Poder de Polícia, que

legitima o poder da polícia e a própria razão dela existir, é um conjunto de atribuições daAdministração Pública como poder público, indelegáveis aos entes particulares, embora possamestar a ela ligados, tendentes ao co ntrole dos direitos e liberdades das pessoas, naturais oujurídicas incidentes não só sobre elas, como ta mbém em seus bens e atividades, tudo a se rinspirado nos ideais do bem c omum.

Autoridade Policial para fins de lavratura do Termo Circunstanciado (TC): O conceito deautoridade policial no âmbito da Justiça Especial Criminal (JECrim) encontra inspiração na Lei9099/95, considerando autoridad e policial todo servidor público encarregado de zelar pelaSegurança Pública (posição dominante na doutrina e na jurisprudência). O Provimento 758/2001da Magistratura também confirmou tal posição, pois permitiu que os juízes responsáveis pelosJECrim conheçam o TC lavrado pela Polícia Militar, desde que haja assinatura de um Of icial.

6.2 Poder de Polícia: razão, fundamento, finalidade e objeto

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Poder de Polícia - Razão e Fundamento: A razão do poder de polícia é o interesse social e oseu fundamento está na supremacia que o Estado exerce em seu território sobre todas as pessoas,bens e atividades. Supremacia que se revela nos mandamentos constitucionais e nas normas deordem pública, que condiciona e restringe direitos individuais em favor da coletividade . Oexercício de direito individual deve atender ao interesse público, ao bem estar social e por issoestará sujeito ao condicionamento da admini stração. O fundamento é a supremacia do interessepúblico sobre o interesse partic ular.

Poder de Polícia - Objeto e Finalidade: o objeto do poder de polícia administrativa é todo bem,direito ou atividade individual que possa afetar a coletividade ou por em risco a segurançanacional, exigindo, por isso mesmo, regulamentação, controle e contenção pelo Poder Públic o,Com tal propósito, a Admini stração pode condicionar o exercício de direitos individuais,delimitando a execução de atividades, como condicionando o uso de bens que afetem acoletividade ou contrariem a ordem jurídica estabelecida, ou se oponham aos obje tivospermanentes da Nação. A finalidade do Poder de P olícia é a proteção ao interesse público (nãosó os valores materiais, como também, o patrimônio moral e espir itual do povo, expresso natradição, nas instituições e nas aspirações naci onais da maioria que sustenta o regime políticoadotado e consagrado na Constituição e na ordem vigente).

Poder de Polícia – Extensão e Limites: a extensão do poder de polícia é muito ampla,abrangendo desde a proteção à moral e aos bons costumes, a preservação da saúde pública, ocontrole de publicações, a segurança das construções e dos transportes, até a segurança nacionalem particular. Os limites do poder de polícia administrativa são marcados pelo interesse socialem conciliação dos direitos fundamentais do indiv íduo, assegurados na Constituição Federal(artigo 5º), através de restrições impostas às ativid ades do indivíduo que afetam a coletividade(cada cidadão cede parcelas mínimas de seus direitos à c omunidade, recebendo em troca serviçosprestados pelo Estado).

6.3 AtributosOs atributos do Poder de Polícia são a discricionariedade, a auto -executoriedade e a

coercibilidade.

Discricionariedade: traduz-se na livre escolha, pela Administração, da oportunidade econveniência de exercer o poder de polícia, b em como aplicar as sanções e empregar os meios aatingir o fim colimado, que é a proteção do interesse público.

Auto-executoriedade: a faculdade da Administração decidir e executar diretamente sua decisãopor seus próprios meios, sem intervenção do Judi ciário.

Coercibilidade: imposição das medidas adotadas pela Administração. Todo ato de polícia éimperativo, admitindo até o emprego da força pública para o seu cumprimento, quando resistidopelo administrado. Não há ato de polícia facultativo para o part icular, pois todos eles admitem acoerção estatal para torná-los efetivos, que também independe de autorização judicial.

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7 – AGENTES PÚBLICOS

7.1 Agentes Públicos

Agentes públicos são todas as pessoas, vinculadas ou não ao Estado , que prestamserviço ao mesmo, de forma permanente ou ocasional.

Dividem-se em : agentes políticos: são os que ocupam os cargos principais na estrutura constitucional, em

situação de representar a vontade política do Estado, como o Presidente da República,Deputados, Senadores, Juízes e Promotores de Justiça.

agentes administrativos: são os servidores públicos em geral. Podem ser civis ou militares. agentes por colaboração: são particulares que colaboram com o poder público voluntária (em

situação de emergência assumem fu nção pública – área tumultuada por uma rebelião), oucompulsoriamente (jurados, mesários eleitorais), ou também por delegação (concessionárias,permissionárias).

Responsabilidades dos ServidoresA responsabilização dos servidores é dever genérico da Adm inistração e específico de

todo chefe, em relação a seus subordinados.

Responsabilidade administrativa: é a que resulta das violação de normas internas pelo servidorsujeito ao estatuto e disposições complementares estabelecidas em lei, decreto ou qualque r outroprovimento regulamentar da função pública.

Responsabilidade civil : é a obrigação que se impõe ao servidor de reparar o dano causado ãAdministração por culpa ou dolo no desempenho de suas funções. É essencial que o ato culposocause dano patrimonial, sem o qual não há que se falar em responsabilização.

Responsabilidade criminal : é a que resulta do cometimento de crimes funcionais, definidos emlei federal. O ilícito penal sujeita o servidor a responder a processo crime e suportar os efeitoslegais da condenação.

7.2 Militar Estadual

Servidores Públicos Militares são todos integrantes das Forças Armadas, das PolíciasMilitares e dos Corpos de Bombeiros (art 42, caput, CF). Tem por base a hierarquia e adisciplina.

Art 42 da Constituição FederalOs membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,

instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dosEstados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Art 141 da Constituição EstadualA Polícia Militar, órgão permanente, incumbe, além das atribuições definidas

em lei, a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.

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8 – ABUSO DE PODER

8.1 Abuso de Poder

O uso do poder é prerrogativa da autoridade, mas o poder há que ser usado segundo a snormas legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as ex igências do interesse público.

O poder é confiado ao administrador público para ser usado em benefício dacoletividade administrada. A utilização desproporcional do poder, o emprego arbit rário da força,a violência contra o cidadão, constituem formas abusivas do poder estatal, não tolerada pela Lei.

O abuso de poder ocorre quando a autoridade (policial militar), embora competentepara praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuiç ões ou desvia das finalidadesadministrativas.

O abuso de poder, ou seja, a atuação do policial fora dos limites de sua competência, oucom o desvio de finalidade, tanto pode revestir -se de forma comissiva (ação), como também daforma omissiva (inação, inércia), porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão aodireito individual do cidadão.

O Policial, como encarregado de aplicação da lei, de fato e de direito, encarna aautoridade do Estado Democrático de Direito, sendo detentor de um Poder Administrativo, que éo Poder de Polícia, do qual decorre o poder da Polícia (razão de existir da Polícia e do Policial,como autoridade).

O gênero abuso de poder ou abuso de autoridade se reparte em duas espécies bemcaracterizadas, ou seja, o excesso de poder e o desvio de poder ou finalidade.

8.2 Excesso de Poder: Ocorre o excesso de poder quando a autoridade, apesar de competentepara praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso da faculdade administrativa. Ex. aautoridade policial civil e militar que ao efetuar a prisão em flagrante delito de qualquer pessoanão lhe possibilita o direito de comunicar-se com o advogado e com a família e de permanecercalado.

Essa conduta abusiva, tanto pode se caracterizar pelo descumprimento frontal da le i, comotambém, quando contorna dissimuladamente a lei, para arrogar -se de poderes que não lhe sãoatribuídos legalmente. Em qualquer dos casos há excesso de poder, o que invalida o ato assimpraticado.

8.3 Desvio de Poder ou de Finalidade:Verifica-se quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua competência,

prática o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interessepúblico. O ato praticado com desvio de poder ou de finalidade, como todo o ato ilícito ou imoral,ou é consumado às escondidas ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade e dointeresse público.

Dentre os elementos indiciários do desvio de finalidade está a falta de motivo ou adiscordância dos motivos com o ato praticado.

8.4 Invalidação dos Atos Administrativos

Os atos administrativos inconvenientes, inoportunos ou ilegítimos configuram abuso depoder e constituem tema de alto interesse, tanto para a Administração Pública, como para oPoder Judiciário, vez que a ambos cabe, em determinadas circunstâncias, desfazer os que

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revelarem inadequados aos fins vis ados pelo Poder Público, ou contrário às normas legais que osregem.

Desta forma abrem-se duas oportunidades para o controle dos atos administrativos; umainterna, da própria administração, outra, externa, do Poder Judiciário.

A faculdade de invalidação dos atos administrativos pela própria Administração é bemmais ampla que a que se concede à justiça comum. A Administração pode desfazer seus própriosatos por considerações de mérito e de ilegalidade: ao passo que o judiciário só os pode invalidarquando ilegais.

A distinção dos motivos de invalidação dos atos administrativos nos conduz, desde logo, adistinguir também seus modos de desfazimento. Em função disso temos a anulação e arevogação.

A anulação do ato administrativo é o desfazimento do ato por motivo de ilegalidade. Aanulação pode ser feita pela Administração Pública ou pelo Judiciário. Porém a anulação peloJudiciário só pode ser feita por provocação.

A anulação pela Administração Pública pode ser feita “ex officio”, quando poriniciativa própria, ou por solicitação do interessado, através de recurso administrativo.

Os efeitos da anulação retroagem à origem “ex tunc”, invalidando as conseqüênciaspassadas, presentes e futuras do ato anulado.

A revogação do ato administrativo é a retirada do ordenamento jurídico de um atoadministrativo legítimo e eficaz realizado pela Administração, e somente por ela, por não maislhe convir sua existência. Toda revogação pressupõe um ato legal e perfeito, mas inconvenienteao interesse público. Se o ato for ilegal ou ilegítimo não ensejará revog ação, mas sim, anulação.

A revogação opera da data em diante, ou seja, “ex nunc”. Os efeitos que a precederam,esses permanecem de pé.

Súmula 473 do STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados devícios que tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá -los, por motivode conveniência ou oportunidade respeitadas os direitos adquiridos, e ressalva da em todosos casos a apreciação judic ial.

BIBLIOGRAFIA:

Constituição Federal do BRASIL de 05OUT1988. SÃO PAULO Imesp;Constituição do Estado de SÃO PAULO de 05OUT1989;I-16-PM ( Instruções do Processo Administrativo da Polícia Militar), publicadas no BG nº

001 de 03JAN04, com as alterações impostas pela Portaria do Cmt G nº CorregPM -003/305/01 e alterações trazidas pela publicação inserta na 1ª Parte do BG nº 244 de19DEZ02.

Lei Complementar nº 893, de 09Mar01, que instituiu o Regulamento Discip linar da PolíciaMilitar do Estado de São Paulo, publicada no BG nº 052 de 16MAR01;

MEIRELLES, HELY LOPES. Direito Administrativo Brasileiro, Malheiros Editoras, 20 Ed,São Paulo;

Portaria do CMT G – CORREGPM Nº 004/305/01, que prescreve acerca do rito doProcedimento Disciplinar a que se referem os artigos 27 a 29 do Regulamento Disciplinar (LC893/01), publicada no BG nº 116 de 20JUN01.