MATÉRIA 2 - Revista Pense_17 _Pagina 8 - Casas de Taipa -César a. Martín

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  • Revista dO PROGRaMa de aLFaBetiZaO Na idade CeRta

    Ano 4/ n 17 / outubro e novembro de 2013

    viver para contarZ de Manu 22

    bonito de se verComunicao e Cultura 6

    panoramaTipos de personalidade 28

    em 5 anos, o Programa evoluiu, venceu desafios e ganhou expanso nacionalcomo estamos e para onde vamospaic:

  • 2GOVERNADORCid Ferreira Gomes

    VICE-GOVERNADORdomingos Gomes de Aguiar Filho

    SECRETRIA DA EDUCAOmaria Izolda Cela de Arruda Coelho

    SECRETRIO ADJUNTOmaurcio Holanda maia

    CONSELHO EDITORIAL rui rodrigues Aguiar (unICeF), Cristiane Holanda,

    Fabiana Skeff, Lucidalva Pereira bacelar; mrcia oliveira Cavalcante Campos, maria Amlia

    Prudente Pinheiro, mauricio Holanda maia e Sandra Leite.

    JORNALISTA RESPONSVELmaria Amlia bernardes mamede

    EDIOAnna Cavalcanti

    SUPERVISO PEDAGGICASarah Kubrusly

    TEXTOSAnna Cavalcanti, Sarah Kubrusly e mrcia Catunda

    REVISOmarta maria braide Lima

    FOTOGRAFIASCapa: Pedro marques

    morguefile e Wikicommons

    ILUSTRAES Carlus Campos

    PROJETO GRFICO E DIAGRAMAOCarol Gouveia e Pedro marques

    FALE [email protected]

    os textos publicados na revista so de inteira responsabilidade de seus autores, no

    representando, necessariamente, o posicionamento da Secretaria da educao do estado do Cear.

    tiragem: 25.000 exemplares

    EXPEDIENTEEDITORIALAps cinco anos desde que foi criado, o PAIC acumula uma srie de vitrias no nosso estado. um dos maiores exemplos disso sua chegada ao mbito nacional, com o PnAIC, acompanhando mais crianas e jovens de todo o brasil em busca de uma maior equidade na educao. vi-mos o desenvolvimento do Programa desde seu incio e, agora, nesta edio, realizamos uma curta retrospectiva do que foi conquistado ao longo desse tempo, o que fizemos e, principalmente, o que ser feito de agora em diante. fundamental termos conscincia do que foi realizado para continuarmos avanando, buscando sempre aprimorar o necessrio e manter as expectativas para uma constante melhora. nessa perspectiva que trazemos na matria principal o depoimentos de alguns professores que, hoje, no 5 ano, acompanham a primeira turma que chegou no PAIC, com suas evolues e progressos.

    tambm nesta edio, tivemos a oportunidade de entrevistar o doutor em educao, poeta e escritor Fabiano dos Santos, um cearense que vem disseminan-do aes e estratgias para a valorizao da leitura pelo brasil e pela Amrica Latina. na entrevista, Fabiano fala, alm de outros assuntos, sobre sua prpria formao como leitor.

    na seo misso Possvel, trazemos um exemplo de esforo mtuo e colaborao entre as escolas tereza Helosa Saraiva Cmara, de Quixeramobim, e Joo batis-ta de Lima, de Irapuan Pinheiro. Ambas foram ganhado-ras do Prmio escola nota 10 e souberam passar adiante sua experincia.

    A msica cearense marca presena nas sees Asas da Palavra e viver para Contar, com dois nomes im-portantes do nosso estado: o compositor Fausto nilo e o sanfoneiro Z de manu. Ambos tm histria para contar, das canes e da vida.

    voc j ouviu falar em bananeiras que escutam msica clssica ou em arte feita com partculas microsc-picas? os dois temas so pauta das sees meio Ambien-te e Filosofando com Arte, respectivamente. esperamos sinceramente que voc goste. boa leitura, professor!

  • 3misso possvelnota 10

    Apoio mtuo

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    sala dos professoresapostas

    D seu palpite

    42

    matria principalretrospectivaVisitando o passado e buscando novos rumos

    04 prova dos nove05 paic em dia06 bonito de se ver08 no cear assim09 voc sabia10 entrevista16 plano de aula18 cadeiras na calada22 viver para contar28 panorama

    32 mos arte34 mundo virtual35 de onde vem36 asas da palavra38 papo sade40 educao no tempo44 o cear conhece46 pense! indica47 diverso

    13

    sumrio

    meio ambienteagrotxicos

    Orgnicos na mesa

    essas mulheresJos de alencar

    Mulher romntica

    30

    peda

    gogi

    acu

    ltura

    cinc

    iape

    dago

    gia

    mat

    ria

    prin

    cipal20

    e ainda

    cultu

    ra

    Filosofando com artenanoarte

    A beleza do invisvel

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  • PEDAGOGIA

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    Prova dos Nove

    Qual a sua dvida?Em minha escola, eu e vrias colegas sabemos como importante e faz diferena na aprendizagem da criana ter uma boa comunicao com as famlias dos alunos. Gostaria de pedir sugestes do que podemos fazer para melhorar esse dilogo.

    (Fabiana Fortaleza)

    em primeiro lugar, se em sua escola houver projetos de estmulo participao e incluso de famlias, voc pode informar aos pais o tempo em que as aes so realizadas se acontecem no contraturno, no final de semana, qual a frequncia e outras informaes necessrias. impor-tante tambm que, todo semestre, os professores esclaream aos pais dos alunos quais sero os contedos abordados ao longo daquela etapa e o que se espera que as crianas aprendam. tam-bm necessrio falar sobre o processo avaliativo, ou seja, como o docente vai analisar o processo de aprendizagem daqueles contedos quais provas sero realizadas, quando ser a aplicao das mesmas, se vai haver outro tipo de sondagem etc..

    os pais das crianas tambm se preocupam com seu andamento nas aulas e com o relaciona-mento com o grupo. deixe-os sempre a par dessas informaes. Para isso importante ressaltar que o professor o faa demonstrando sempre compreenso, mesmo que se refira a um aluno que est apresentando problemas de comportamento ou grande desinteresse. dessa forma, o docente ganha mais o respeito e apoio da famlia, que o percebe melhor como parceiro. Por fim, deixe claro aos pais e/ou responsveis a rotina das tarefas, pois, mesmo que no haja possibilidade de eles auxiliarem nesses momentos, podem verificar e acompanhar o que o(a) filho(a) est fazendo ou no e cobrar isso dele(a).

    Trabalho com uma turma bastante numerosa e s vezes fico em dvida se um aluno ou outro est dominando determinado contedo. Como posso fazer para avaliar essas crianas?

    (Mayara Paracuru)

    sempre vlido relembrar que a avaliao um processo. o desempenho no pode ser avalia-do pontualmente e tomando por critrio somente um aspecto do contedo. Frizamos tambm que esses momentos devem ser formativos. Se, ao che-car se as crianas dominam certo conhecimento,

    [email protected]

    envie sUa perGUnta*Respostas dadas por Sarah Kubrusly, supervisora pedaggica da Pense!

    percebe-se que alguma delas ainda no alcanou o esperado, passa-se a ter em mos dados que apon-tam para o que falta ser aprendido e a possibilida-de de criar outras estratgias de ensino daquele assunto. So muitos os instrumentos que podem ser utilizados para avaliao: exerccios realizados em sala de aula, trabalho em grupo, atividades de sondagem, observao e at a tradicional prova.

  • PEDAGOGIA

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    PaiC em diareUnio com as macros

    Ao longo desse ano, buscando uma melhoria na educao pblica, a Secretaria da educao do estado do Cear est percorrendo diversos muni-cpios para realizar encontros com os responsveis pela gesto da educao. nesses momentos so reunidas mais de uma Crede, com o intuito de, at o final de 2013, todas as secretarias de educa-o dos municpios cearenses terem re-cebido formao.

    no ms de agosto, aconteceu o 4 encontro, que reuniu as CredeS das macros C baturit, Quixad e Senador Pompeu e d russas, Iguatu, Jaguari-be e Ic. entre os temas que foram discu-tidos esto os resultados do Spaece, do Spaece-Alfa, do Ide-Alfa e do Ide-5 e o Prmio escola nota dez. tambm foram divulgadas, por meio de relatos, experi-ncias exitosas do municpio de Pedra branca, que atingiu o segundo melhor resultado nas avaliaes.

    outro ponto de destaque foi a discusso em torno da importncia do papel das secretarias municipais de edu-cao no acompanhamento das esco-las. essa ao ficou marcada como um momento de formao dos gestores. A grande importncia dessa formao-deve-se ao fato de que muitos gestores tiveram de assumir seus cargos recente-mente alguns municpios esto com o 2 ou 3 secretrio somente esse ano e certa quantidade deles no formado nem especializado em educao. Por-tanto, esses momentos tornam-se fun-damentais para o desenvolvimento de um trabalho responsvel e eficaz.

  • PEDAGOGIA

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    Bonito de se ver

    o jornal escolar pode ser um instrumento muito inte-ressante para trabalhar a leitura e a escrita, alm de colaborar com a formao de crianas e jovens mais crticos e respon-sveis. Assim, a equipe da onG Comunicao e Cultura vem in-centivando, h 26 anos, o desen-volvimento desse trabalho por meio de diversos programas e recursos. Conversando com da-niel raviolo, coordenador geral da organizao, pudemos saber um pouco mais sobre os ideais e aes que esto em vigor.

    durante o desenvolvi-mento de um trabalho de me-mria histrica com a Associa-o de moradores do mucuripe, de Fortaleza, antes da criao

    Comunicao e CulturaSob coordenao geral de Daniel Raviolo, a ONG Comunicao e Cultura vem disseminando o jornal como ferramenta de prtica de leitura e escrita

    da onG os idealizadores da futura organizao receberam, por parte da comisso de jovens daquela Associao, o pedido de publicar um jornal da comunida-de. essa iniciativa tornou-se um projeto de jornais comunitrios com distribuio de mais de um milho de exemplares em Forta-leza, o que acabou gerando uma demanda por parte da rede es-

    colar. Inicialmente, as atividades foram desenvolvidas nas turmas de ensino mdio e, ao longo do tempo, foram sendo criadas me-todologias para alcanar tam-bm as sries do ensino Funda-mental.

    Hoje, j existem progra-mas bem sistematizados para a implementao do jornal esco-lar. todos eles adotam um para-

    mila petrillo

    Em sala, professores acompanham alunos na construo do jornal escolar

  • PEDAGOGIA

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    A ONG Comunicao Cultura est em todo o Brasil. Em seu portal www.comcultura.org.br esto disponveis, gratuitamente, materiais para a produo de jornais e possibilidade de impresso do mesmo a preo de custo. Para ter acesso, basta fazer o cadastro no site. Ele recebe cerca de 3 mil visitas por ms de vrios estados do Pas.

    saiba mais

    primeiras letras: Em complemen-to ao PAIC e com o principal objetivo de resgatar, no processo de aprendi-zagem, a funo social da escrita, aplicado nas turmas de 1 a 5 anos, com participao obrigatria de todos os professores da escola que lecionam nessas sries. As publicaes circulam por toda a escola e entre a comuni-dade escolar, inclusive nas casas dos alunos, valorizando seu empenho e produo.Fala escola: Destina-se aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamen-tal (6 ao 9 ano). Nesse programa produzido um jornal por escola e os alunos escolhem os temas que sero abordados nele. Este pode ser pro-duzido tanto em sala de aula, como fruto de alguma atividade mediada

    pelo professor, ou ento em outros momentos.clube do Jornal: Proposta voltada ao Ensino Mdio. Nas escolas so com-postos grupos que se responsabilizam pela produo do jornal em todos os aspectos, como escolha e produo de textos, diagramao e estipulao da quantidade de pginas.Jornal da classe: o programa mais novo est na primeira turma. Trata-se de um trabalho de incentivo para que o professor seja professor--reflexivo e transforme sua turma em uma redao de jornal. A ideia fazer um pacto com os alunos, combinando que tudo o que ser estudado ao lon-go do bimestre ser posto no jornal. importante que toda a turma sinta um ambiente de produo de jornal.

    proGramas desenvolvidos

    digma de integrao, que suge-re agregar a proposta da onG lgica dos programas das redes escolares. Aqui no Cear, por exemplo, h o desenvolvimento de dois tipos de metodologia: uma para os anos inicias e outra para os anos finais. daniel ra-violo explica que a primeira foi pensada como complemento ao PAIC. os jornais seriam pro-duzidos nas turmas de 3, 4 e 5 anos para que os estudantes ti-vessem uma prtica consistente de escrita depois de alfabetiza-dos. A segunda foi dirigida aos alunos do ensino mdio. nessa

    pois incorporamos a ideia da cooperao como algo que se aprende , a segunda reescrita, a seleo, pelos alunos, dos textos que vo para o jornal e a reescrita final dessas produes que foram eleitas. Isso demonstra que no se escrevendo da maneira que quiser que um texto vai para o jornal. Pode acontecer, no entan-to, de os alunos escolherem a pior produo escrita porque gosta-ram do tema. nesse caso, a turma ter que trabalhar para construir um texto que seja adequado para publicar, explica daniel.

    A proposta da organiza-o, portanto, significa a adoo de uma ferramenta com muitas possibilidades de uso: alm de explorar a leitura e a escrita, con-tribui para discutir cidadania por meio dos recortes da realidade que se publica nos jornais, bem como incentivar a cooperao e a responsabilidade.

    etapa, esses jovens buscam au-tonomia e h a organizao do grupo que elabora o jornal por parte da escola, bem como o desenvolvimento dessa ativida-de no perodo de contraturno.

    um aspecto que ganha grande importncia nessa pro-posta que o jornal no pro-duzido de maneira aleatria, h rigor no processo de elaborao: todas as sequncias didticas sugeridas so compostas por elementos como a problematiza-o, a escolha do tema, a primeira escrita, uma leitura complemen-tar, a reviso coletiva entre pares

  • cultura

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    Ba Cultural no Cear Assim

    Casas de taipaCom quase 100 mil anos de existncia, elas ainda so usadas pelos moradores do interior do Estado

    As casas de taipa so consi-deradas uma representao da arquitetura cearense que es-to localizadas, em maioria, no interior do nosso estado. Feitas de barro e de madeira, essas moradias j existem h mais de nove mil anos e surgiram no pe-rodo mesopotmico. Segundo dados do Instituto brasileiro de Geografia e estatstica (IbGe), no Cear existem aproximadamen-te 93 mil casas de taipa, servindo de abrigo para milhares de cea-renses. Atualmente, o segundo estado que mais possui esse tipo de moradia, perdendo apenas para o maranho.

    desde os tempos histri-cos, o homem estabelece uma relao de sobrevivncia com a natureza, em atividades como a caa e a pesca. As casas de taipa ou de pau-a-pique tambm re-presentam essa relao que per-meia at hoje, conservada pela tradio oral. A casa de taipa nas-

    ce do cho, feita somente com elementos da natureza, como a terra e as rvores, e so to na-turais que chegam a ser compa-radas com os ninhos do joo--de-barro, por causa do interior simples e fresco.

    esse tipo de moradia sur-giu no Pas quando os Portu-gueses a trouxeram e a difun-diram em todas as regies. Ao contrrio dos outros tipos de casas , as de taipa so uma cons-truo discreta e silenciosa. Ape-sar de simples, preciso muita ateno e cautela na hora de construir uma casa de taipa, pois o barro tem de estar molhado e no ponto certo para no causar rachaduras na parede.

    entre as principais vanta-gens dessa morada esto a faci-lidade na incorporao da mo

    de obra, permitindo a constru-o comunitria, o baixo custo com material e o fato de no agredir o meio ambiente, por no causar combusto nem poluio industrial. A madeira utilizada nas estruturas cinco vezes menor do que a neces-sria na queima de tijolos para uma mesma parede, por exem-plo. Contudo, os moradores devem ter muito cuidado para no contrair doenas, pois as ar-maes de madeira expostas umidade facilitam a instalao de mosquitos.

    Atualmente, existem pou-sadas, restaurantes, escolas e igrejas que adotam o estilo e fa-zem sucesso entre os visitantes. Ainda hoje, pases como a Ale-manha conservam casas em tai-pa construdas no sculo XIII.

    csar a. martn

    Construdas de forma ecolgica, as casas de taipa fazem parte da cultura cearense

  • CINCIA

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    Que no sentimos dor ao cortar o cabelo por causa das terminaes nervosas?Assim como as unhas, os cabelos no possuem as chamadas terminaes nervosas, que cobrem o resto do corpo. Tais terminaes so as responsveis por nos fazer sentir dor ou aguarmos nosso tato, seja tocando em algo quen-te, frio, seco ou at mesmo fofo. So essas terminaes que enviam mensa-gem ao crebro avisando que estamos tocando em algo ou sentindo alguma dor. Cortar o cabelo ou a unha algo indiferente para nosso corpo, pois eles crescem novamente e assim so subs-titudos. Como no ameaam nosso corpo, no sentimos dor, afinal a finali-dade principal da dor avisar que algo est errado em nosso corpo.

    voc sabia?Que a expresso a preo de banana surgiu no perodo da colonizao brasileira?Quando os europeus chegaram ao Brasil, perceberam logo a abundncia da bananeira em nossas terras tropicais. Nosso clima equatorial era e propcio para a formao do fruto, que se espalhava sem que fosse feito muito esforo para o seu plantio. Assim, por sempre haver uma fartura muito grande de bananas, os co-merciantes europeus no tiveram interesse em explorar comercialmente um produto que podia ser to facilmente obtido, ten-do em vista a lei da oferta e da procura. Foi dessa maneira que surgiu a expresso a preo de banana, que hoje se remete a um produto que est sendo comerciali-zado por um valor bem pequeno.

    Que comer manga com leite no faz mal? comum ouvirmos que a mistura manga com leite pode causar problemas de digesto, entretanto, isso no verdade. Esse um mito antigo que surgiu na poca da escravido. Como nessa poca o leite era um alimento muito caro, os donos de terras inventaram essa mentira aos escravos para que eles no consumissem o leite nem as mangas disponveis em suas terras. O mito foi se espalhando e muitas pessoas acreditam at hoje. A mistura no causa indigesto nem qualquer outro dano sade.

    Fontes: http://www.sitedecUriosidades.com/cUriosidade/ http://www.brasilescola.com/

    cUriosidades/ http://mUndoestranho.abril.com.br/ http://www.vocesabia.net

    Que o cobog tem esse nome por causa do sobre-nome de seus criadores?Apesar de ser considerado um material de arquitetura antiga, o cobog continua fazendo sucesso entre os mais variados projetos arquitetnicos do Pas, principalmente por ser consi-derado muito bonito e acessvel. O material foi criado pelos engenheiros Amadeu Coimbra, Ernest Boeckmann e Antnio de Gis, que utilizaram as primeiras slabas de seus sobreno-mes para formar o nome do material: CO, BO e G, respectivamente. O cobog teve origem em Pernambuco, mas alcanou popularidade pelo resto do Pas nas dcadas de 1950 e 1960. A inspirao para a criao do produto veio de tempos mais antigos, ainda no perodo colo-nial, quando as mulheres trancadas em suas residncias utilizavam o Muxarabi (entrelaa-do de tiras de origem rabe) para bisbilhotar a rua de fora sem serem vistas. Em regies mais quentes, como o Nordeste, o cobog ainda bastante famoso principalmente pelo fato de ajudar a ventilar o ambiente e oferecer mais segurana no local. Arquitetos consagrados, como Oscar Niemayer, tambm usavam muito o cobog em suas obras.

  • PEDAGOGIA

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    entrevista

    Fabiano dos Santos mestre em Histria, doutor em educao, escritor, poeta e professor. o cearense Fabiano dos Santos vem tri-lhando um slido caminho em prol da educao. nos ltimos anos, teve forte atuao no ministrio da Cultura do brasil (minc), marcada pelo lana-mento de aes e estratgias para a valorizao, democrati-zao e promoo da leitura. nesta edio da revista Pense!, Fabiano nos fala um pouco de seu percurso e das iniciativas em favor da leitura.

    Pense!: em sua trajetria, o envolvimento com questes relacionadas leitura no-tvel. O que voc considera que marcou seu percurso de vida e formao profissional para gerar o grande envolvi-mento com essa temtica?

    Posso falar de uma ex-perincia de infncia que foi vital para esse caminho no universo da leitura e da litera-tura: tive uma av que conta-va histrias e que era a maior contadora de histrias do mundo. eu sempre estava na barra da saia dela. ela gostava

  • PEDAGOGIA

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    de reunir os netos para con-tar histrias da vida, histrias de encantamento, histrias de trancoso, histrias da b-blia e outras. Lembro da voz dela, por exemplo, contando a histria de Jonas e a baleia enquanto ficvamos ali, parali-sados. depois fui entender que ela s gostava de contar hist-rias porque a gente gostava de ouvir. e posso dizer, com isso, que a arte de contar his-trias tambm , sobretudo, a arte de ouvir. minha me gos-tava de ler livros para a gente na hora de dormir. Lembro de duas colees que, inclusive, ainda esto em sua casa: uma com lendas e mitos brasileiros e outra que era composta por contos clssicos de Hans Chris-tian Andersen, Irmos Grimm e Fbulas de esopo. J meu pai contava as histrias mais ab-surdas possveis, que eram as da vida dele. essa experincia com a palavra, no somente com a histria ou com o livro, que acredito ter sido mar-cante e que eu penso que foi vital para minha chegada e en-contro com o livro e a leitura. outro momento foi na adoles-cncia. Como sempre fui baixi-nho e feio, acabei descobrindo a poesia. Isso, no entanto, ini-cialmente aconteceu atravs da msica, e no dos livros.

    descobri, por exemplo, Chico buarque, milton nascimento, Caetano, com ritmo e letras. Isso me conduziu literatura, no que a msica no seja lite-ratura tambm. Comecei a ler livros, primeiramente de poe-sia, e depois alguns romances.

    Pense!: e como estudante e profissional? O que foi mais memorvel?

    Cursei Histria, na uni-versidade Federal do Cear, e l encontrei um grupo de ami-gos, com os quais me reno at hoje. Chamvamo-nos de Internos do Ptio porque in-dicava o local onde nos reuna-mos. tambm fazamos poesia. depois da graduao, fiz um mestrado em Histria na PuC de So Paulo e um doutorado em educao na uFC. Simul-taneamente ps-graduao, lecionei como professor subs-tituto cerca de dez anos, na uFC e na uvA. Prximo con-cluso do doutorado, em 2004, fui convidado por uma amiga para trabalhar na Secretaria de Cultura de Fortaleza e, ao final do mesmo ano, ingressei na Coordenadoria de Polticas de Livro e Acervos. Foi uma ex-perincia muito rica, tanto que parei de dar aulas e me foquei nesse campo das polticas p-blicas de cultura e educao.

    na Secretaria de Cultura de Fortaleza, desenvolvemos um projeto chamado Agentes de Leitura. Consistia em selecio-nar e formar jovens para atu-arem em sua prpria comuni-dade como agentes culturais, sendo agentes de leitura. esse projeto ganhou uma repercus-so interessante e o ministrio da Cultura o reconheceu e me convidou, em 2007, para tra-balhar l na coordenao do Programa mais Cultura. Isso se estendeu at que se criou a diretoria do Livro, Leitura e Literatura, no final de 2008. Fiquei quatro anos e meio no ministrio da Cultura como di-retor dessa rea. Antes de se-guir para o minc, no entanto, trabalhei na Seduc-Ce como consultor do PAIC. Quando isso aconteceu, o Programa es-tava sendo formulado e, junta-mente equipe da Secretaria, refletimos sobre o eixo de Li-teratura e Formao do Leitor, com suas aes e a conscincia de que no basta colocar livros em sala de aula sem oferecer uma boa formao ao profes-sor. A aposta nessa formao deveria acontecer a partir de uma experincia de leitura entre esses educadores e de como, a partir dessa formao, isso poderia influenciar de for-ma positiva as prprias crian-

  • PEDAGOGIA

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    entrevista

    as. A literatura seria o instru-mento para essa formao. tambm trabalhei no Cerlalc--unesco (Centro de Fomento para o Livro da Amrica Latina e do Caribe). um organismo internacional, mas, sobretudo, um organismo intergoverna-mental composto por 21 pa-ses da Amrica Latina, Caribe, espanha e Portugal, com 41 anos, e que apoia os governos na formulao e avaliao de polticas pblicas na rea do livro, da leitura, da biblioteca e do direito do autor.

    Pense!: sua preocupao em formar o leitor e fazer que a criana sinta a literatura como algo presente na sua vida notria. ento, como voc enxerga o Brasil e a amrica Latina no caminhar em direo a essa mudana?

    A realidade do brasil no muito diferente da dos pa-ses da Amrica Latina, que tm uma dvida social e histrica muito grande com a leitura. esse quadro, no entanto, vem mudando. A cada dcada pe-rodo em que se consegue ter condies para medir os im-pactos e as mudanas de uma poltica pblica , a educao no brasil vem tendo uma me-lhora significativa. Hoje, temos a universalizao do acesso

    educao. Permanece, porm, um desafio muito grande que o da sua qualidade, algo que depende muito de uma polti-ca de leitura e de formao do leitor, incluindo no s alunos como tambm professores. Como um professor que no gosta de ler e de escrever vai despertar o gosto pela leitura e pela escrita? Por isso pen-so que ter uma agenda para formao do professor-leitor estratgica para a qualifi-cao da educao no brasil. tambm penso, contudo, que no por carga-horria que se forma um professor-leitor e, sim, ao possibilitar situaes e tempos em sua vida para que tenha a experincia da leitura, que algo diferente. A expe-rincia, segundo Jorge Lar-rosa, aquilo que nos passa, nos atravessa, nos toca. e ela s uma experincia quando gera transformao. Se voc faz algo e isso no te toca, no te transforma, outra coisa, menos uma experincia. Por-tanto, a experincia da leitura tambm uma experincia de transformao.

    Pense!: Pensando em ter-mos de polticas pblicas, qual seria o perfil de espa-os que estimulam e propi-ciam a leitura?

    existem trs ambientes vitais para a formao de leito-res: a famlia, a escola e a bi-blioteca pblica importante que as polticas de educao e de cultura possam olhar para a famlia, sobretudo para aque-las que no tm condies ou no tm acesso a esse bem cultural to rico que o livro. existem programas assim no brasil e na Amrica Latina. no Cear, o Agentes de Leitura um exemplo e, assim como ele, h outros. ou seja, perceber que a famlia tambm um es-pao de poltica pblica. na escola, alm de alfabetizar, o aluno tambm deve ser acom-panhado para que no aban-done a literatura, a experincia com a leitura. Afinal, a leitura no deve servir para responder as mesmas coisas. no lemos para responder nada, lemos para fazer mais perguntas. Para isso, poderamos pensar em algumas estratgias ou em alguns perfis de programas e projetos. um deles apostar na biblioteca escolar e de como ela pode estar relaciona-da aos projetos de cantos de leitura na sala de aula, mas tambm apostar na biblioteca escolar como um espao estra-tgico tanto na arquitetura fsi-ca como na arquitetura peda-ggica da escola.

  • PEDAGOGIA

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    Filosofando com arte

    o ditado o que os olhos no veem, o corao no sente fala sobre quem faz vistas gros-sa a qualquer coisa que possa trazer incmodo ou sofrimento. Para no sentir, melhor no ver! ressignificando o dito popular, um grupo de cientistas-artistas pretende com seu trabalho fazer exatamente o oposto mostrar o que no podemos ver com nossos olhos com o intuito de fazer nossas mentes e corao pensar e sentir a grandeza e os mistrios do mundo atmico. trata-se da nanoarte, feita a par-tir de microscpicas estruturas que tm encantado pessoas do mundo inteiro, sendo ainda um convite reflexo sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

    o termo nano do grego, ano equivale, no Sistema In-ternacional de unidade, a um bi-lionsimo de um metro, aproxi-madamente 80 mil vezes menor que o dimetro do fio de cabelo.

    Beleza onde ningum vNa nanoarte, partculas microscpicas se unem para construir imagens encantadoras

    So partculas invisveis a olho nu mesmo com ajuda de micros-cpios comuns. no entanto, com o avano da cincia e dos mo-dernos microscpios eletrnicos de varredura, que possibilitam estudar a matria em sua dimen-so atmica, abriu-se um novo e misteriosos universo, o da nano-tecnologia, de grande potencial de uso e de beleza mpar.

    A coisa funciona assim: as imagens capturadas pelos equi-pamentos mostram paisagens atmicas fantsticas, em formas infinitamente diversificadas e movimentos delicados, muitas vezes nada similar ao que co-nhecemos. essas imagens so alteradas pelos cientistas que acrescentam coloraes abstra-tas, movimento e msica para criar suas obras artsticas.

    em um universo bem menor, a um milmetro de rea, somos surpreendidos por uma infinitude de formas e texturas originais, complexas e invisveis ao olho nu. desde o incio de 1990, a nanoarte tem sido ex-posta em vrios locais por todo o mundo e, nos ltimos anos, esto sendo realizados vrios festivais promovidos por univer-sidades e organizaes como

    centros culturais e museus, in-clusive no brasil.

    Se duchamp fez arte ti-rando um mictrio do seu origi-nal e colocando-o em uma ex-posio, fazendo que as pessoas repensassem o conceito de obra de arte, como podemos negar o valor artstico dessas obras que tiram do invisvel geometrias e paisagens inimaginveis de ob-jetos insignificantes para o coti-diano humano, trazendo aos nossos olhos essa exploso de cores e formas capaz de acordar nossos sentidos e nos levar a uma compreenso muito maior de nossa essncia, atmica e molecular, p universal que a tudo forma e reforma? o que os olhos no veem, o corao no sente? Faamos os olhos verem para o corao sentir, o que nos diz a nanoarte.

    reprodUo

  • PEDAGOGIA

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    Misso Possvel

    em 2010, a escola de ensino Fundamental tereza Helo-sa Saraiva Cmara, localizada em Quixeramobim, alcanou a proficincia 108,20 no Spaece--Alfa, ficando entre as 150 es-colas de menor proficincia do Cear. nesse mesmo ano, a es-

    Somando esforosAps receber apoio, a Escola Tereza Helosa Saraiva Cmara vence o Prmio Escola Nota 10 e passa adiante sua experincia

    cola de educao bsica Joo batista da Silva, de Irapuan Pi-nheiro, ganhou o Prmio esco-la nota 10, apresentando bons resultados do ndice de de-sempenho escolar (Ide). Como essas duas escolas poderiam se encontrar?

    maria do socorro/anapatrcia

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    de acordo com o re-gulamento do Prmio escola nota 10, as escolas premiadas devem oferecer apoio tcnico--pedaggico para outras es-colas que obtiveram menores resultados, como forma de disseminar o conhecimento e fortalecer as relaes interes-taduais atravs do PAIC. Foi assim que, em 2011, as duas escolas se encontraram e pu-deram trocar experincias, com o foco na melhoria do rendimento da escola tereza Helosa Saraiva Cmara.

    durante as visitas da es-cola premiada, foram apresen-tadas sugestes de atividades a serem desenvolvidas em sala de aula e no mbito escolar. Para conquistar e motivar a partici-pao dos alunos que apresen-tavam baixo rendimento, foram desenvolvidas atividades ldi-cas e atrativas, desenvolvendo o gosto pela leitura e, assim, culminando com a melhoria da aprendizagem.

    o ponto alto do trabalho foi o reforo escolar realizado atravs do projeto brincando e Aprendendo na Colnia de Frias, realizado durante o ms de julho de 2011, com continui-dade aos sbados nos meses entre agosto e novembro. uma das maiores dificuldades no perodo foi mobilizar os alunos a estarem presentes na esco-

    la no sbado, para as aulas de reforo. essa conquista s foi possvel porque todos os en-volvidos (gestores, professores, alunos, pais e equipe do PAIC, da Secretaria da educao do municpio) deram as mos e assumiram o compromisso de mudar a realidade. Com essa parceria, realizamos reunies com pais e acompanhamento pedaggico dos alunos com mais dificuldades, explica Ana Patrcia Lima, coordenadora da escola tereza Helosa Saraiva Cmara e uma das organizado-ras do projeto.

    Aps o engajamento conjunto da comunidade esco-lar e o apoio da escola premia-da, a escola tereza Helosa Sa-raiva Cmara, que estava entre as 150 com menor proficincia no estado, ganhou, em 2012, o Prmio escola nota 10, alcan-

    ando o nvel da escola que a apoiou. de acordo com a nota obtida, as 150 melhores esco-las recebem o relativo a dois mil reais por aluno avaliado. Ana Patrcia relembra o resulta-do com entusiasmo: A con-quista do recurso destinado para a escola trouxe muitas mudanas no que diz respeito elevao da autoestima de toda a comunidade escolar, como tambm a aquisio de mobilirio, equipamentos e material de apoio pedaggico, que vieram melhorar o desem-penho das atividades cotidia-nas. o resultado alcanado um exemplo da eficcia do Pr-mio, que vem apoiando esco-las de todo o estado em busca de resultados mais equitativos, proporcionando um cresci-mento conjunto e solidrio de toda a comunidade escolar.

    O projeto Brincando e Aprendendo na Colnia de Frias reforou amizades e aprendizados

  • PEDAGOGIA

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    Plano de aula

    Para que a criana alcance uma escrita convencional necessrio que ela interaja com a mesma praticando-a e utili-zando estratgias de correo e de reescrita. esse momento pode no ser simples para os estudantes e certamente demanda muito esforo.

    Com o objetivo de tornar essa ativida-de mais significativa, o professor pode utili-zar meios que faam que a criana ma-nipule e elabore ma-teriais escritos que sejam de seu uso cotidiano. o que vamos propor nesta edio a lista telefnica.

    Antes de iniciar a ativida-de, o docente deve enviar um bilhete ou comunicar na agen-da, com mais ou menos uma

    Agenda Telefnica em sala de aulaTrabalhando a escrita convencional de nomes e nmeros

  • PEDAGOGIA

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    semana de antecedncia para dar tempo de todos os pais che-carem as agendas, em especial os de alguma criana que tenha faltado muitos dias , que ser realizada uma atividade de es-crita de nomes e nmeros e que muito importante que eles en-viem a sequncia numrica do telefone pelo qual seja possvel conversar com a criana.

    em primeiro lugar, o pro-fessor deve perguntar aos alu-nos se eles sabem o que uma agenda telefnica, sua utili-dade e levar uma para mos-trar s crianas seu formato, estrutura, bem como explicar que nela encontram-se nomes e telefones que precisamos saber para comunicarmo-nos com outras pessoas.

    em sequncia, o docen-te pode perguntar se as crianas costumam ligar para algum, por exemplo, para os avs, os tios ou amigos e como o fazem. muitos podero dizer que a me disca para eles, que dita o nmero ou que eles o sabem decorado. o professor, ento, indaga o que podem fazer no caso de no te-rem um nmero guardado em sua memria ou que sua me no saiba dizer. Por exemplo, ser que as mes sabem os telefones de todos os colegas de sala? Propo-nha, a partir dessa discusso, que as crianas construam, cada uma, sua prpria agenda telefnica.

    o primeiro passo es-crever o nome do colega e depois, abaixo, o nme-ro dependendo do nvel em que se encontrem as crianas, pode ser ou no in-troduzida a noo da ordem alfabtica, que elas podem ve-rificar, quando tiverem dvi-das, em um alfabeto de apoio. outra alternativa a professo-ra entregar um caderno com as letras que indicam a inicial do nome na lateral para que as crianas localizem onde devem encaixar cada colega. esse formato deve ser relem-brado e reapresentado para as crianas para que elas se apro-priem desse conhecimento, que pode ser indito para elas at ento.

    na aula seguinte, chega o dia de os alunos conferirem e corrigirem a escrita e a posi-o do nome. o professor pode chegar mais cedo e escrever os nomes dos alunos no quadro com seus respectivos telefones lembrando de escrever man-tendo o formato da agenda e deixando um espaamento bom entre um e outro para no confundir as crianas. o docen-te, ento, pode ir averiguando um a um e perguntando quem acertou e quem ainda no con-seguiu, solicitando sempre que apaguem e escrevam da manei-

    ra correta.Igualmente inte-ressante dividir as crianas em grupos para que elas confiram suas agendas em duplas por uma folha.

    enfatizamos a necessi-dade de o professor observar os erros dos alunos, identifi-cando onde esto suas maio-res falhas. ele pode observar com mais ateno como os alunos percebem e corrigem seus erros (se esto atentos sequncia, orientao, uti-lizao do smbolo adequado etc.). Por isso, sugerimos que, antes, ao finalizarem a primei-ra escrita, o professor leve os cadernos das crianas para casa e leia o que escreveram antes de retomar em outro momento as correes.

    depois das correes feitas, as crianas podem ela-borar uma capa para suas agendas e lev-las para casa. Para ficar mais divertido, in-centive os alunos a ligarem uns para os outros em algum momento.

  • cultura

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    Cadeiras na Calada

    o que vai ficar na foto-grafia, so os laos in-visveis que havia. Como diz a msica do cantor Leoni, uma fotografia uma imagem que compe uma histria, ainda que no seja possvel mostrar todos os fatos que represen-tam aquela foto.

    Festas na escola, a pri-meira aula de natao, o pri-meiro aniversrio, aquela via-gem inesquecvel... So vrios os momentos marcantes que rendem belas fotografias. Apesar de vivermos em uma era digital, em que as pesso-as armazenam fotos em Cds, pendrives ou nas redes sociais,

    Compartilhar, relembrar e se emocionarO hbito de olhar lbuns de fotografias antigas proporciona saudade e alegria

    ainda comum guardar foto-grafias em lbuns tradicionais.

    olhar um lbum de foto-grafias proporciona momen-tos de intensa nostalgia, por isso algumas pessoas mantm o costume. o caso da estu-dante raquel Carlos, que olha lbuns antigos em mdia trs vezes por ms, junto sua fi-lha maria eduarda, de 1 ano e 7 meses. Fico comparando como eu era quando criana e a semelhana com minha fi-lha, explica raquel.

    o gosto pela fotografia herana de famlia. raquel conta que seu pai sempre gos-tou de fotografar muito e que ela herdou o hobby, pois ado-ra fotografar a filha. Somente da criana, ela j revelou mais de 300 fotos. Antes mesmo de a eduarda nascer, eu j tinha costume de revelar as fotos que tirava da cmera digital.

    A inteno fazer o lbum do primeiro aninho, depois do se-gundo e assim sucessivamen-te, explica, entusiasmada.

    Assim como raquel, a assistente financeira Adeline bessa tambm tem costume de ver lbuns: Sempre que chega algum, mostro os l-buns e conto as histrias de cada foto. tem fotografias de nascimento, festinhas do co-lgio e viagens. A famlia tam-bm fica presente no momen-to e a aquela festa, conta Adeline, sorrindo.

    Apesar de serem as mesmas fotos, cada olhar desperta uma nova lembran-a. ns rimos das mesmas fotos e histrias, contamos como se fosse sempre a pri-meira vez. todas as fotos so marcantes porque possuem uma histria inesquecvel. J at me imaginei mostrando esses lbuns para meus filhos e netos, revela.

    o professor Silas de Pau-la, da universidade Federal do Cear, coordena o projeto de pesquisa A Contemplao Familiar: Fotografia e Ps-me-mria e realiza diversos estu-dos sobre o assunto. ele conta como surgiu a ideia de realizar esse projeto: Sempre gostei de lbuns de famlia. Surgiu, primeiro, da sensao de que no fazamos mais lbuns e

  • cultura

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    passamos a criar banco de da-dos com milhares de fotos que ningum mais olhava direito. Aquele lbum que era olhado de vez em quando por familia-res, amigos e outros estava dei-xando de existir, justifica.

    Segundo Silas, os sen-timentos mais comuns entre as pessoas que olham lbuns

    de fotos antigas aquela sen-sao de que o mundo j foi melhor. A fotografia familiar nunca trabalha com conflitos, a famlia sempre perfeita nas imagens, explica.

    Com a chegada da tec-nologia, ser que as pessoas esto investindo menos em l-buns tradicionais? Silas d sua

    opinio: As pessoas olham com menos frequncia os l-buns convencionais, mas h um retorno enorme aos lbuns de casamento impressos. Ao mesmo tempo h uma preocu-pao, embora pequena, com a perda dos arquivos e a necessi-dade da impresso das fotos, conclui o professor.

    raQUel carlos

    Raquel (me) e Eduarda olham juntas os lbuns de famlia

  • cultura

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    essas Mulheres

    o escritor cearense Jos de Alencar, nascido em 1829, foi um dos escritores brasileiros que melhor retratou a mulher do seu sculo, deixando, na literatu-ra, uma forte marca da corrente literria predominante na poca, o romantismo. vindo da europa, esse movimento baseava-se na fugacidade da vida subjetiva, retratando saudades, sonhos, paixes e intuies. Considera-do o maior escritor romntico brasileiro, Jos de Alencar foi o responsvel pela entrada de no-vos estilos na prosa romntica, como o regionalismo, o histo-ricismo e o indianismo, temas presentes em sua obra.

    o romantismo na obra alencarina pode ser facilmente percebido por meio do com-portamento feminino das suas personagens. em boa parte dos

    As mulheres alencarinasCeci, Lcia, Emlia e outras so fortes representantes da mulher romntica na Literatura Brasileira do sculo XIX

    seus romances, como diva, Senhora, Lucola, Iracema, o Guarani e A viuvinha, por exemplo, est presente de for-ma marcante a figura feminina e seus traos romnticos, es-pecialmente porque, naquela poca, era a mulher o principal pblico-alvo das suas publica-es. A beleza e a sensibilidade eram as caractersticas mais fortes de suas personagens fe-mininas, traos fundamentais mulher romntica.

    em geral, as mulheres romnticas alencarinas eram o retrato da perfeio, vistas como inalcanveis e criadas a partir do imaginrio feminino da poca, que reunia submis-so, maternidade e virgindade. um dos exemplos dessa mu-lher perfeita est presente em o Guarani, romance indianis-

    ta de Alencar, que conta a his-tria do amor inusitado entre um ndio, Peri, e a doce e aris-tocrata Ceci, herona perfeita do romantismo: branca, loira, de olhos azuis, frgil e meiga. Ceci a verso alencarina mais caricata da mulher romnti-ca. ora vista como um anjo, ora como um ser humano. em Iracema, Alencar retrata o in-verso: um portugus nobre apaixonado por uma ndia, Ira-cema, a virgem dos lbios de mel. diferentemente de Ceci, Iracema no submissa, mas destemida e aventureira.

    Seguindo uma ideologia patriarcal e oitocentista, as mu-lheres romnticas possuam um papel secundrio em relao ao homem, sendo sempre retra-tadas no universo domstico, casadas e submissas ao marido. em Senhora, Jos de Alencar faz uma crtica severa a essa conveno e aos relacionamen-tos amorosos da poca atravs do relacionamento de Aurlia Camargo e Fernando Seixas. Aurlia era uma mulher forte que, aps ascender financei-ramente, decide negociar seu casamento com Fernando, que antes a tinha desprezado. Como muitas das relaes, poca, eram realizadas por influncia do dinheiro, Jos de Alencar traz Aurlia como uma jovem emancipada, que decide com

  • cultura

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    quem quer casar. Apesar disso, a personagem no abandonava traos bsicos do romantismo, como delicadeza e a educao, mas agregava outros, como a coragem e a inteligncia.

    em Lucola, a persona-gem principal, Lcia, por

    ser cortes, muito mal falada pela sociedade e

    invejada pelas mulhe-res aristocratas. Con-tudo, o que Alencar ressalta ao longo da

    obra so suas reais caractersticas psicol-

    gicas, desconhecidas por quem a critica, que compem

    uma moa sofrida, bondosa e re-flexiva. o autor procura resgatar ideais romnticos na cortes, es-

    pecialmente quando L-cia decide parar de en-contrar outros homens

    para se casar com um s, Paulo Silva, seu verdadeiro e grande amor.

    o grande diferencial das mulheres retratadas por

    Alencar, e que chamou ateno poca, tendo em vista os ide-ais patriarcais, estava na densi-dade psicolgica das persona-gens que, indo alm dos ideais romnticos, aprofundava-se medida que o enredo flua. mais do que mocinhas delicadas e frgeis, as mulheres alencarinas nasceram com um p no realis-mo, sedutoras e resistentes.

  • cultura

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    viver para Contar

    Aos 73 anos de idade, de-pois de tocar por quase todo o Pas, o msico Z de manu, natural do Cedro, interior do Cear, ainda nutre o amor pela msi-

    ca, tocando, emocio-nado, os baies que ouvia da sanfona de Luiz Gonzaga.

    As primeiras memrias musicais remontam desde os seis anos, quando Z j dava sinais de qual caminho iria escolher para a sua vida. Acompanhan-do o pai na roa, costumava pegar os talos de milho que encontrava

    para fazer pequenas cordas, as quais dedilhava

    enquanto cantava. Perceben-

    Z de ManuH 54 anos, o sanfoneiro vem firmando seu amor pelo baio, mantendo viva a chama acesa por Luiz Gonzaga

    sara

    h kU

    brUs

    ly

  • cultura

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    do o gosto que Z tinha pela msica, sua me o presenteou com seu primeiro instrumento, um cavaquinho.

    Apoiado e influenciado pelo pai, que adorava ouvir o som do cavaquinho dentro de casa, aos dez anos, Z comeou a tocar com seu tio em festas locais, sempre acompanhan-do-o nos eventos, madrugada adentro. Aps as longas apre-sentaes, Z, ainda criana, no acompanhava o ritmo da noite e arranjava uma rede para dormir, at a festa acabar.

    Aos 13 anos, Z teve seu primeiro contato com a sanfo-na ao v-la sendo tocada pelo tio. Imediatamente, o som do instrumento o tocou e Z co-meou a cultivar uma enorme vontade de aprender a toc-lo. escondido do tio e sob o incen-tivo da tia, Z pegava a sanfona e dava seus primeiros acordes. meu tio deixava trancada a sanfona e, s vezes, esquecia e deixava destrancada. ele ia pra roa, e a mulher dele, minha tia, me chamava: Jos, pega a sanfona que eu vou pastorar quando que ele vem. A, eu pegava a sanfona e ficava to-cando ligeiro, a vontade era muito grande, relembra, com entusiasmo. depois de mui-to ensaio escondido, um dia, durante uma festa, o tio pediu para Z segurar a sanfona por

    alguns instantes. o que ele no esperava que o menino, em um estalo, comeasse a tocar, ainda melhor que ele, animan-do a festa e colocando todos para danar.

    Aps muito tocar na sur-dina, Z ganhou sua prpria

    sanfona do seu pai, aos 16 anos, e, desde ento, nunca mais parou. H 54 anos na es-trada, Z j percorreu boa par-te do Pas em shows, e ainda mantm sua propriedade no Cedro, onde nasceu e sua pai-xo pela sanfona comeou.

    lUiZ GonZaGaO primeiro baio que toquei foi Penha, de Luiz Gonzaga, recorda com alegria. O criador do baio uma das principais influncias na carreira de Z de Manu. Todo mundo deve a Luiz Gonzaga. Ele criou o nome do baio e o baio. Ele tinha um sistema de fole, que a gente aprendeu alguma coisa com ele, mas s quem fazia direitinho era ele. Aqui-lo no tem partitura, explica Z.

    impossvel contar a histria de Z de Manu sem que se refira a Luiz Gonzaga. O prprio Z no deixa isso acontecer e destaca a todo momento a importn-cia do msico e mentor na sua vida. Eu comecei a tocar muito novo, passei muitas coisas boas e muitas coisas ruins, mas a coisa mais importante que me fez feliz fo-ram os sete anos que passei indo para o aniversrio de Luiz Gonzaga. Foi a melhor fase da minha vida, conta, relembrando as viagens que fazia para comemorar a data com o amigo, em Exu, na Paraba. Foi nessa poca que Z conheceu Elba Ramalho, Gilberto Gil e outros nomes da msica brasileira. Ele completava anos no dia 13 de dezembro, a gente j ia para l no dia 12, pela manh. Eu, Waldonys, Eurides [pai do Waldonys] e Dominguinhos. ramos convidados especiais, no precisa nem ele chamar mais. Ele dizia que a festa dele era a gente quem fazia, conta Z, com saudade.

    Luiz Gonzaga foi tambm um grande incentivador da carreira de Z de Manu. Foi ele quem realmente o impulsionou a fazer shows pelo Brasil, deixando o Cedro e partindo para searas mais distantes. Luiz Gonzaga, pra mim, foi o maior msico do mundo, reconhece Z, com admirao.

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    Matria Principal

    o que voc faria se, quando aplicasse suas avaliaes, to-dos os alunos acertassem tudo? Provavelmente, de incio, voc poderia pensar que todos esto com um nvel excelente de apren-dizado. Contudo, sabe-se que, na educao, existem os parme-tros curriculares que norteiam as competncias e habilidades que os alunos devem desenvolver a cada ano de estudo. Ser que to-das as competncias reservadas a esse ano esto sendo desen-volvidas de maneira eficaz? Para comprovar isso importante tes-tar atravs de mudanas na pro-posta de avaliao. elevar o nvel

    Novos desafios para novas conquistasAps mudanas no mtodo de avaliao do Spaece-Alfa, novos resultados confirmam benefcios trazidos pelo PAIC e nos encaminham a objetivos maiores

    das provas e a forma de aplic--las para que se possa melhorar a identificao sobre o real rendi-mento dos estudantes. uma boa avaliao, atravs de questes fceis, mdias e difceis, deve ter a capacidade de espelhar o grau de aprendizado dos alunos, refle-tindo o tanto que foi estudado e compreendido.

    tendo em vista os suces-sivos resultados positivos do Spaece-Alfa, a Seduc, em busca de continuar elevando o nvel de aprendizado dos alunos de todo o estado, no deixou de acompanhar seu processo ava-liativo e buscar meios e recursos para gerar novas informaes sobre o nvel em que se encon-tram os estudantes avaliados, bem como repensar as estrat-gias que podem ser utilizadas para no perder o foco no al-cance dos objetivos e metas da matriz de apoio ao PAIC.

    dessa forma, com o apoio do Centro de Polticas Pblicas e Avaliao da educao (Caed)

    uma instituio que elabora e desenvolve programas esta-duais e municipais destinados a mensurar o rendimento de estudantes das escolas pbli-cas foi feita uma reelabora-o da avaliao, que incluiu, por exemplo, reformulao de itens e mudanas na forma de aplicao da prova. A doutora em educao e especialista em linguagem do Caed, Hilda mi-carello, explica que a avaliao em larga escala, como qualquer outra avaliao, precisa de um instrumento que seja adequa-do populao que ele se pro-pe a avaliar. Assim, o que foi feito nessa ltima edio e que a diferenciou das edies ante-riores foi um ajuste do teste em funo de termos, em edies passadas, uma prova que es-tava se mostrando muito fcil para o pblico ao qual ela se destinava.

    medida que o Cear foi avanando na melhoria da qualidade da alfabetizao dos

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    seus alunos, o teste anterior se mostrou inadequado aos mol-des para avaliar essa populao. Quando se diz est tudo verde mostra que a populao atingiu aqueles patamares que foram colocados como meta quando a avaliao comeou. Agora o momento de estabelecer novas metas. Isso pode ser uma das ra-zes, do ponto de vista pedag-gico, que se tenha observado al-guma alterao, esclarece Hilda.

    novas metas medida que aquilo que

    outrora era denominado de de-safio j no pode mais assim ser chamado, busca-se compreen-der quais so os novos degraus de difcil subida e continuar a caminhada em direo ao cons-tante crescimento. essa filosofia tambm aplicada para as ava-liaes de larga escala e progra-mas educacionais.

    Se contedos que antes se constituam com nvel de dificuldade alto, hoje j se con-figuram com ndice de quase 100% de acertos j no podem ser considerados desafios. A avaliao de larga escala, nessas condies, portanto, dever ser repensada e reelaborada para a coleta de novos dados em que os alunos precisam melho-rar ainda mais e para ser, de fato, um instrumento adequado para a populao que se prope

    a avaliar. Frente a novos resulta-dos e indicadores de avaliao, o mais importante travar novas metas e aes para estimular o constante desenvolvimento.

    A Seduc j se adiantou em relao a isso. uma das primeiras aes tomadas foi

    realizar reunies com as Cre-deS para esclarecer sobre a necessidade de um maior acompanhamento de alguns municpios, discutindo resulta-dos, desempenho dos alunos que vinham do 2 ano com o nvel de alfabetizao ainda in-

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    suficiente, identificando as po-lticas de reforo escolar desses municpios e propondo outras, e sugerindo intervenes dife-renciadas.

    outra ao tambm ini-ciada o Acompanhamento de Gesto aos municpios Prio-ritrios. trata-se de realizar reu-nies com representantes da Seduc, das CredeS, dos muni-cpios com as duas escolas de uma determinada regio que caram mais nos resultados e propor alguns encaminha-mentos. depois, segue-se para a prefeitura para apresentar e formalizar essas medidas, bem como afirmar a importncia do apoio desta a essas escolas.

    medida igualmente im-portante que vem sendo toma-da em relao ao processo de formao. usualmente isso feito com os formadores para que eles cheguem aos profes-sores e propaguem o que foi aprendido. no caso dos mu-nicpios que necessitam de maior apoio, as formaes para o 1 ano esto acontecendo di-retamente com os professores.

    Como afirma a coordena-dora do PAIC, Lucidalva bacelar: uma ao com princpio na equidade, pois continuamos com todas as aes para todos, no entanto, para aqueles que apresentam um quadro com maiores desafios, chegamos

    com mais aes, mais apoio gesto escolar, gesto da sala de aula e gesto do munic-pio. Alm disso, entramos com formaes e avaliaes apoia-mos para que as avaliaes des-ses municpios aconteam mais amide que outras. Com as me-didas tomadas, podemos dar se-quncia a essa caminhada, acre-ditando em uma continuidade responsvel e eficaz do que j vinha sendo realizado. Conhe-cendo melhor as necessidades especficas de cada municpio, podemos trabalh-las para po-tencializar o processo de apren-dizagem e melhorar, cada vez mais, a qualidade da educao do estado.

    A turma que, em 2009, comeou com o PAIC est agora no 5 ano. Veja a se-guir o depoimento de professoras que acompanham esse processo.

    neilane maia (E.E.F. Andr Campelo Potiretama)

    A aprendizagem dos alunos do 5 ano melhorou bastante. Eu estou em sala de aula trabalhando com essa srie desde 2009 e percebo que a turma atual, que foi acompanhada pelo PAIC desde o 1 ano, chegou com bagagem de conhecimento maior que as outras. Aproveito o espao para reforar que gosto muito do Programa e do material disponibilizado. bastante rico.

    como est a primeira tUrma do paic samea Farias (Gerente do Paic de Tamboril. Foi coordenadora em 2012 na E.M.E.I.F Professora Julieta Alves Timb)

    Com o PAIC, pde-se acompanhar o aluno bem de perto, alm de ter acesso e utilizar um material que apresenta boa sequncia didtica. Isso contribui para potencializar o ensino de Portugus e de Matemtica. Dessa maneira, as habilidades e competn-cias acabam sendo mais desenvolvidas. Os resultados em avaliaes externas como a Prova Brasil e o Spaece melhoraram signifi-cativamente. Acredito que isso se deva a um trabalho que se inicia no 1 ano do Ensino Fundamental e recebe continuidade.

    Francisca valdete (Escola Raimunda Camelo Gomes - Catunda)

    Noto que os alunos esto chegando ao 5 ano com um nvel de compreen-so do contedo muito maior do que em outras pocas. Outro dado signi-ficativo que a quantidade de alunos que chega sem saber ler muito me-nor. Percebo, tambm, que os estu-dantes tm maior interesse por livros e os buscam de maneira independente, sem precisar que ningum pea que o faam. Isso h mais tempo era algo raro de acontecer. Outro aspecto que tambm teve mudana foi em relao dificuldade por parte dos alunos em entrar na rotina. Hoje menor.

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    2007 Implementao do Programa Alfa-betizao na Idade Certa (PAIC) e ampliao do Sistema Permanente de Avaliao da Educao Bsica do Cear (Spaece) para avaliar alunos do 2 ano do Ensino Fundamental, o Spaece-Alfa. Na poca, 47,5% dos alunos estavam na situao no-alfabetizados. Dos 184 mu-nicpios, somente 14 estavam no nvel desejvel em alfabetizao.

    paic e paic+ ao lonGo dos anos

    2008 Incio das intervenes nas esco-las. O PAIC apoia tecnicamente as administraes municipais, capacitando professores e tcni-cos, fornecendo material didtico, sensibilizando as famlias e a co-munidade, alm de acompanhar e monitorar os resultados das aes implementadas.

    2009 O Governo do Estado instituiu o Pr-mio Escola Nota Dez , destinado

    a premiar at 150 escolas pblicas com os melhores resultados de al-fabetizao, tendo por base o ndice de Desempenho Escolar Alfabe-tizao (IDE-Alfa). Tambm como uma Poltica de Incentivo, o Governo do Estado vinculou a distribuio do ICMS a indicadores municipais (ndi-ce de Qualidade da Educao IQE, ndice de Qualidade da Sade e ndi-ce de Qualidade do Meio Ambiente), considerando um peso maior aos indicadores educacionais (alfabeti-zao e 5 ano).

    2010 Com a progressiva atuao do PAIC, houve maior reduo no percentual de alunos no nvel no--alfabetizado, passando de 28,3% para 16,3%. Assim, 70,7% dos alu-nos j se encontravam nos nveis desejveis de alfabetizao. Isso significa que o aluno j apresenta uma leitura com capacidade de estabelecer ligaes entre as dife-rentes partes de um texto, identifi-cando o assunto principal.

    2011O Governo, atendendo s deman-das dos municpios, implanta o

    Programa Aprendizagem na Idade Certa (PAIC +5) que estendeu as aes antes destinadas s turmas da Educao Infantil ao 2 ano do Ensino Fundamental para o 3, 4 e 5 anos nas escolas pblicas dos 184 municpios cearenses. Neste ano, o Prmio Escola Nota Dez se estendeu s escolas de 5 ano.

    2012 A Seduc atravs do PAIC +5 inten-sificou as suas aes de formao continuada de professores e tcni-cos municipais, distribuio de materiais de literatura, apoio gesto municipal e escolar, bem como materiais de apoio ao traba-lho do professor em sala de aula (agendas, revistas, cartazes, can-tinhos de leitura etc.). No 5 ano, os percentuais relativos aprendi-zagem melhoraram de 2011 para 2012. Em Lngua Portuguesa, su-biu de 22,4% para 29%. Em Mate-mtica, era 18,6% passando para 20,2%. No 2 ano, os resultados so perceptveis. Houve reduo na situao de alunos no alfabe-tizados, passando de 47,5%, em 2007, para 8,7%, em 2012.

  • ciNciA

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    Panorama

    Quando encontramos pes-soas com comportamen-tos parecidos aos nossos, geral-mente a convivncia torna-se algo mais fcil e so menores as quantidades de atritos, pois nos vemos um pouco no outro. no entanto, as pessoas pensam e reagem de maneiras diversas. o autoconhecimento e tam-bm a percepo de diferentes tipos de personalidade podem colaborar para interaes mais harmnicas, seja no ambiente familiar, seja no ambiente de trabalho ou em outros.

    o psiclogo suo Jung contemporneo de Freud e por muito tempo seu seguidor escreveu o livro intitulado ti-pos Psicolgicos, em que des-taca suas percepes clnicas sobre traos de personalidade das pessoas. A partir das con-

    Olhando para siO psiclogo Jung percebeu que algumas pessoas tm um jeito de ser, de funcionar e de pensar parecidos. Qual o seu?

    tribuies de Jung, duas ameri-canas, Katharine C. briggs e sua filha Isabel briggs myers desen-volveram um inventrio mbIt (myers briggs type Indicator) pelo qual possvel identificar uma determinada tipologia de personalidade e suas tendn-cias de comportamento.

    o psiclogo Antnio de Pdua Campos Filho, que reali-za aplicaes do mbtI em For-taleza, junto a um seminrio explicativo sobre as tipologias e sobre o relatrio, falou-nos um pouco mais sobre a cria-o desse inventrio, sua im-portncia e as caractersticas de cada tipologia. Segundo o psiclogo, Jung observou que temos duas principais funes na nossa mente: a de perceber e a de julgar. Perceber significa a maneira como colhemos in-formaes do mundo. Julgar como tomamos decises e fa-zemos escolhas. em sua teoria, no percebemos e julgamos da mesma forma. no vemos o mundo e nem tomamos deci-ses do mesmo jeito.

    dentro da maneira de perceber, encontram-se dois grupos, que so o dos Sen-

    "Algo bem interessante que Jung mostra, e com o MBTI fica muito

    claro, que no tem um tipo melhor do que outro. Quando fiz pela primeira vez esse inventrio e recebi meu relatrio, tive uma

    sensao boa de que no errado ser como eu sou, nem melhor nem

    pior. Logo, esse um instrumento que possibilita identificar tipos de personalidade e compreender as diferenas individuais, mas no

    como um chavo."o psiclogo pdua campos, que

    aplica, em Fortaleza, o mbti.

  • CINCIA

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    tipoloGiasExtrovertidos: energizam-se nas interaes com as pessoas e com o meio; so mais voltados para o exterior; geralmente so impulsivos

    Introvertidos: energizam-se se voltando para o interior seus pensamentos, seus sentimentos; precisam de tempo para reflexo; geralmente no so muito sociveis

    Sensoriais: so mais realistas, especficos e focados; percebem a realidade atravs de seus sentidos; percebem aquilo que ; tendem ser mais detalhistas, mais prticos e mais concretos, e gostam disso porque nesse mundo que se sentem mais seguros

    Intuitivos: os intuitivos percebem de maneira mais geral; gostam do que est nas entrelinhas; tm preferncia pelo que simblico; tendem a interpretar dados por meio de suas impresses pessoais e crenas

    Racionalistas (Pensadores): tomam suas decises pautados na lgica; so objetivos; tendem a ser mais impessoais

    Sentimentais: na hora em que tomam decises levam em maior considerao o im-pacto de sua escolha sobre outras pessoas

    Julgadores: tm preferncia por colher informaes; sentem-se mais desconfort-veis tomando decises e julgando, ou seja, quando as decises so tomadas por eles, sentem-se mais confortveis

    Perceptivos: rotina e planejamento geram estresse; so mais flexveis e lidam me-lhor com improvisao e com surpresa; no gostam de ter tudo certinho

    soriais e o dos Intuitivos. os primeiros so aqueles que tendem a ser mais realistas, es-pecficos, focados, detalhistas, concretos e prticos. J os in-tuitivos tm uma percepo do que mais geral, do que est nas entrelinhas e preferem as relaes e o que simblico. em relao funo de julga-mento (no se toma aqui no sentido negativo da palavra) h os tipos Sentimental e Pen-sador (racional). o primeiro se caracteriza principalmente por levar muito em considera-o o impacto de uma deciso em outra pessoa, enquanto os Pensadores so mais lgicos, objetivos e impessoais.

    outra percepo de Jung foi a respeito da maneira como as pessoas se energizam. Algumas o fazem nas intera-es com as pessoas e com o meio, enquanto outras se ener-gizam voltando-se para seu in-terior, seus pensamentos, seus sentimentos. os primeiros so os que chamamos de extrover-tidos, e os mais voltados para o interior, os introvertidos.

    As duas americanas que formularam o mbtI perceberam um novo padro de preferncia: o dos Julgadores e o dos Percep-tivos. os Julgadores sentem-se mais confortveis planejando, controlando, preferem rotina e no gostam muito de surpresas.

    J para os perceptivos, rotina e planejamento so sinnimos de estresse. eles tendem a ser mais flexveis e lidar melhor com im-provisao.

    esse , portanto, um ins-trumento que possibilita a compreenso e clareza das di-ferenas individuais sem sobre-por um tipo a outro. Como afir-mou Pdua Campos: Qualquer instrumento que tenda a classi-ficar pessoas muito perigoso se for utilizado para excluir, se-

    parar os melhores dos piores. o motivo da criao do mbtI foi exatamente o inverso. ele bus-ca identificar onde as pessoas podem ser mais teis e como elas podem reconhecer o seu potencial. Serve para incluir e mostrar que no errado ser como se e que se pode ser fe-liz e bem-sucedido sendo da tipologia que . Sempre h as delcias e as dores de ser como , e isso d conforto para as pessoas, explica.

  • ciNciA

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    Meio ambiente

    muito se ouve falar a res-peito dos alimentos or-gnicos e dos benefcios que eles podem gerar para a sade. Cada vez mais presentes nas prateleiras dos supermercados

    Sadio para voc, benfico para a naturezaAlm de ser bom para a sade, por ser livre de agrotxicos, os alimentos orgnicos favorecem o meio ambiente

    e indicados por especialistas, esse tipo de produto pode ser um diferencial no cotidiano alimentar da sua famlia, como forma de preveno s doen-as possivelmente causadas pelos agrotxicos.

    os alimentos verdadeira-mente orgnicos geralmente especificados no rtulo so livres de fertilizantes, horm-nios, aditivos e outras qumi-cas. A vantagem para a nossa sade est na carga de produ-tos que deixa de ser ingerida. Ainda que no haja estudos

    definitivos sobre os efeitos ne-gativos dos agrotxicos, j se reconhece que eles tm uma ao cumulativa no desenca-deamento de doenas como cncer e arteriosclerose.

    Alm de prevenir con-tra alguns males, os alimentos orgnicos ainda trazem vanta-gens nutricionais com relao aos micronutrientes (minerais e vitaminas) que so consumi-dos. Quando comparados aos convencionais, os orgnicos so digeridos mais rapidamen-te por no estarem atrelados a

    roneiJober andrade

  • CINCIA

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    produtos qumicos e, portanto, deixam o corpo menos sobre-carregado.

    um outro aspecto posi-tivo na compra dos alimentos orgnicos que, atravs deles, estamos apoiando a agricultu-ra familiar, uma maneira mais ecolgica e benfica no cultivo de frutas e hortalias. Segundo o ministrio do desenvolvi-mento Agrrio, 70% da produ-o de orgnicos no brasil vem de ncleos de agricultura fami-liar. Sendo assim, atravs desse consumo, estaremos tambm protegendo o meio ambiente, preservando o solo e os lenis freticos, que estaro livres de qumica no local da plantao.

    Contudo, para quem ain-da no pode adquirir produtos orgnicos, recomenda-se que o alimento convencional seja lavado em gua corrente e es-fregado embaixo dgua. Solu-es de uma colher de sopa de hipoclorito para 1 litro de gua tambm so eficazes no com-bate contra agentes microbio-lgicos.

    No h mais dvida de que os produtos orgnicos fazem bem sade. Contudo, na fazenda Gaia, de Bernadete Ribeiro, localizada em Ipoema, Minas Gerais, alm de existir o cultivo orgnico de suas bana-neiras, elas tambm recebem um cultivo sonoro: durante oito horas do dia, o bana-nal cresce e amadurece ao som da msica erudita. Atravs de cornetas acsticas resis-tentes ao sol e chuva, Strauss, Beethoven, Wagner, Bach e, especialmente, Mozart so tocados para mais de 11 mil ps de bana-nas. A ideia de instalar o sistema de som no bananal uma consequncia do cuidado com as plantas. H vrios anos, comecei a pesquisar prticas alternativas, entre elas o efeito das ondas sonoras sobre os vege-tais, esclarece a proprietria, que considera

    A fazenda Gaia est aberta a parcerias e a novas experincias que reforcem a preservao do meio ambiente. Contato: [email protected]

    saiba mais

    importante retornar a um modo mais har-mnico de produo entre o homem e a na-tureza, sem degradar o solo, o ar ou a gua.Todas as aes da fazenda tem como prin-cipal finalidade a preservao do meio ambiente e, com essa iniciativa de expor as plantas msica erudita, Bernadete espera chamar ateno para o fato de que em muitos momentos da vida preciso ser menos racional e usar mais a intuio, uma ferramenta importante, mas pouco utilizada na vida cotidiana. Acredito que os seres humanos poderiam construir uma sociedade mais humana e verda-deira se pudessem se voltar ao que hoje chamamos de prticas alternativas, que carregam em si a chave para um mundo melhor, concluiu Bernadete.

    bananeiras erUditas

  • PEDAGOGIA

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    Mos arte

    A compreenso da matem-tica pode ser facilitada se ela for bem trabalhada com as crianas desde pequenas. Al-guns contedos e habilidades devem ser explorados e esti-mulados constantemente, de diversas maneiras e de acordo com o nvel delas. A contagem e a comparao de quantida-des so importantes para o processo de aquisio da cons-cincia numrica e para uma relao com a matemtica cada vez mais desenvolta. Para isso, propomos como uma atividade que pode ser feita com frequn-cia a construo de tabelas.

    essa uma proposta sim-ples e leve para as crianas que no toma, necessariamente, muito tempo da aula. A ideia

    Conscincia numrica e raciocnio lgicoTrabalhar noes e conceitos matemticos desde cedo essencial para a formao intelectual das crianas

    que o professor, junto aos alunos, monte tabelas comparativas de quantidade. o docente pode ter ideias variadas para compor uma tabela. ela pode ser, por exemplo, da mesma quantidade de meni-nas e de meninos da turma, de quem tem ou no bicho de esti-mao, da preferncia por filmes ou obras artsticas e outras.

    medida que cada crian-a for sendo indagada sobre sua preferncia, ela ou o pro-fessor deve registrar a escolha na tabela. esse registro pode ser feito por meio de desenho de smbolos, como bolas e traos, por meio de colagem de fichas ou palitos, ou al-guma outra estratgia esco-lhida pelo docente.

    depois que todas as vo-zes e opinies forem ouvidas e registradas, chega o momento da contagem. ela pode ser cole-tiva, e o professor deve ficar atento aos alunos que a fa-zem com autonomia, si-lenciam ou tentam acom-panh-la por imitao da

    fala dos outros. os dados da ta-bela podem ser explorados por meio de perguntas como: quan-tos elementos h aqui? e aqui? Algum pode escrever esses n-meros aqui embaixo? onde en-contramos mais? e menos? Pre-cisaramos de quantos votos para que essa coluna ficasse com a mesma quantidade que a outra? essas perguntas no pre-cisam ser feitas no mesmo dia, nem tampouco em relao mesma tabela.

  • PEDAGOGIA

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    Um contedo matemtico que geral-mente pouco abordado nas escolas o raciocnio lgico. Pensando nisso, propomos duas atividades que podem ser realizadas para estimular essa com-petncia nas crianas. Para desenvolv--las, sugerimos um passo a passo que pode ser usado em outras atividades de mesma natureza. Ele foi retirado do

    raciocnio lGico

    livro Ensinar e Aprender Brincando, de Pam Schiller e Joan Rossano, e dispe a sequncia:1. Ajude as crianas a identificar o problema;2. Auxilie as crianas a gerar diversas solu-es possveis para o problema;3. Deixe as crianas escolherem uma solu-o para testarem. Talvez voc precise aju-dar as crianas a esclarecer seu raciocnio.

    Por que voc acha que vai dar certo, Ma-ria? Verbalizar pensamentos pode ajudar a determinar a melhor escolha da soluo;4. Permita que as crianas testem solues seguras;5. Ajude as crianas a avaliar os resultados. Deu certo? Foi a melhor soluo? O proble-ma foi resolvido de forma permanente ou apenas temporria?

    Proponha a seguinte situao para as crianas: Juliana e Ceclia acabam de fazer um sanduche de queijo. Elas usaram as duas ltimas fatias de po e, por isso, corta-ram o sanduche ao meio. Quando iam dar a primeira mordida, Joo entra na cozinha e pede um pouco do sanduche. O que Juliana e Ceclia podem fazer para que todos comam quantidades iguais do sanduche?

    o copo est cheio?

    4. Indague-as se o processo pode ser invertido, co-meando com um copo cheio de gua e adicionan-do sal e pedrinhas. Experimente as sugestes delas.

    2. Coloque, ento, sal ou areia no copo e as surpreenda com o fato de ainda haver lugar para mais coisas entre as pedrinhas. Pergunte novamente em seguida se o copo est cheio. H probabilidade de dize-rem que sim. 3. Ponha gua no mesmo copo e, mais uma vez,

    deixe as crianas maravilharem-se novamente. Per-gunte se algum sabe por que a gua ainda coube no copo e enfatize os microespaos entre a areia.

    1. Encha um copo o mximo que for possvel com pedrinhas e pergunte para as crianas se est cheio. Se elas acharem que no, pea que colo-quem mais at que todas concordem que o copo est cheio. Pergunte, ento, se acham que o copo est cheio ou se ainda cabe mais alguma coisa. As crianas provavelmente diro que no.

    dUas partes, trs pessoas!

  • ciNciA

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    Mundo virtual

    ver a foto de uma praia ou serra, ter vontade de co-nhecer o local, mas no saber o nome. Passar por uma rua e reparar em um muro que tem uma obra feita de grafite que desperta a ateno de quem passa e desejar descobrir o nome do artista. Isso j aconte-ceu com voc?

    A rede social Pergunter foi criada para responder a ques-tes como essas, relacionadas a imagens ou vdeos, enviados pelos usurios da rede. Assim como o orkut, o Pergunter est

    Pergunterorganizado em tpicos com pergun-tas e respos-tas. tambm tem seme-lhanas com o twitter, pois permite seguir e ser seguido por outros usurios. A rede pode ser acessada por meio de interface web ou pelo aplicativo para iPhone. Alm disso, tambm possibilita aos usurios compartilhar questes com os colegas de maneira pri-vada, assim como enviar as per-

    guntas feitas facilmente para outras redes sociais, entre elas o twitter , Facebook e Google+.

    A proposta do Pergunter bastante elogiada pelos usu-rios, que j o consideram um dos melhores aplicativos cria-dos na Internet.

    reprodUo

    vale a pena conferir

    net educaoNa pgina da empresa NET, destinada Educao, pode-se encontrar diversas notcias sobre a rea, histrias de alunos, pais e professores, concursos culturais, aulas animadas, jogos educativos, udios, vdeos, e muito mais. O site tambm traz a programa-o de canais de educao e, em um de seus espaos, intitulado Experincias Educativas , h contedos diversos divididos em categorias: planos de aula, reas de conhecimento (projetos desenvolvidos contemplando distintas reas do saber), multimdia, livros da estante e dossis.

    www.neteducacao.com.br

    porvirQuem trabalha com Educao no pode deixar de conferir o site PorVir. O site apresenta projetos na rea educacional de vrias partes do mundo e uma boa fonte de inspirao para professores. So apresentados artigos, eventos e novidades sobre educa-o. Boa oportunidade de se manter atualizado e buscar inspirao para inovar nas aulas.

    www.porvir.org

  • cultura

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    Ba Cultural de onde vem...

    Seja para passar em uma dis-ciplina da escola, ingressar na faculdade ou disputar uma vaga em concurso pblico, o candidato tem que passar por uma prova a fim de avaliar o seu grau de aprendizado e co-nhecimento. mas como surgiu esse sistema?

    tambm conhecida como avaliao ou exame, a prova uma inveno chinesa que surgiu em meados do s-culo X, quando imperadores da dinastia Sung idealizaram um sistema para selecionar futuros funcionrios, sem apadrinha-mentos que eram comuns na poca. Pela primeira vez, o can-didato era submetido a rigoro-sos testes, com critrios de cor-reo bem severos para evitar qualquer tipo de fraude. Aps 800 anos, o sistema de seleo por mrito chegou europa.

    A provaResponsvel por causar momentos de ansiedade e cobrana nos estudantes, a prova decisiva em diversos momentos da vida

    uma das provas mais marcantes na vida de um es-tudante o exame nacional do ensino mdio (enem). Por meio do exame, o aluno tem a oportunidade de ingressar na faculdade, ser um futuro profissional formado e, como dizem nossos avs, virar gente grande. no brasil, os exames para selecionar candidatos s faculdades surgiram em 1911. Ao longo dos anos, esses con-cursos, como eram chamados, sofreram mudanas.

    em 1911, ano em que surgiu o exame, as universi-dades brasileiras eram ocupa-das por estudantes de escolas consideradas tradicionais do rio de Janeiro. Como houve grande aumento na procu-ra por essas universidades, maior do que a quantidade de vagas disponveis, foi ne-

    cessrio elaborar uma prova em que os estudantes com melhor desempenho garan-tiriam uma vaga, tal como acontece at hoje.

    na dcada de 1960, as provas das universidades fede-rais eram realizadas todas no mesmo dia, o que impedia o candidato de concorrer a mais de uma vaga em qualquer uni-versidade do pas, apenas pelo vestibular unificado um mes-mo vestibular para vrias insti-tuies , que tambm surgiu nessa poca.

    em 1970, mais mudan-as. Foi criada a Comisso na-cional do vestibular unificado para regulamentar a seleo, os exames passaram a ter datas diferentes e o contedo da pro-va foi restrito a disciplinas do ensino mdio juntamente s atualidades.

    morGUeFile

  • cultura

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    asas da Palavra

    Poeta, compositor e arqui-teto. esses so os talentos de Fausto nilo Costa Junior, cearense nascido em 1944, no municpio de Quixeramo-bim. A msica e a arquitetura sempre fizeram parte de sua vida. desde a infncia, o cea-rense tem contato com a m-sica, por influncia de seu av, Fausto Costa . em 1970, aos 11 anos, Fausto nilo foi morar em Fortaleza e, aos 20 anos, ingressou na faculdade de Ar-quitetura da universidade Fe-deral do Cear (uFC).

    na uFC, quando ainda estudava arquitetura, duran-te a dcada de 1970 entrou em contato com os amigos compositores e passou a se encontrar com msicos que tambm tentavam a carreira artstica, como belchior, ed-

    Msica e arquitetura unidasCom composies de sucesso e projetos arquitetnicos consagrados, Fausto Nilo se tornou um dos cearenses mais influentes do Brasil

    nardo e Fagner. A msica j era destino traado em sua vida e, em 1971, por causa de questes polticas, Fausto se mudou para braslia e foi l que comps suas primeiras msicas. o primeiro sucesso, intitulado Fim do mundo, veio no ano seguinte, em 1972, em parceria com o can-tor Fagner.

    Alm de Fortaleza e bra-slia, Fausto tambm morou em So Paulo e no rio de Janeiro, onde trabalhou como arquite-to e letrista. no rio, ficou du-rante 15 anos, tempo em que se dedicou carreira de letrista e ao estudo de urbanismo.

    Apesar do talento como msico, Fausto optou apenas por compor canes. embora j tenha feito apresentaes cantando diversas msicas de

    sucesso e de sua autoria, ele no se considera cantor. Sou letrista, explica o prprio.

    o ano de 1981 foi mar-cante em sua carreira. o com-positor ocupou as paradas de sucesso com suas canes Pequenino co e Po e po-esia, gravadas pela cantora Simone, eu tambm quero beijar, por Pepeu Gomes, Amor nas estrelas, por nara Leo, Zanzibar, pelo grupo A Cor do Som, meninas do brasil, por moraes moreira e o elefante, por robertinho de recife.

    a frase Fao arte com pandeiro, matemtica e loucura, que corresponde a um trecho da msica Meninas do Brasil, representa muito bem uma metfora do resumo da trajetria de sua vida

  • cultura

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    promovido pela Prefeitura de Fortaleza. Pelo fato de ser dono de um repertrio com mais de 400 composies e vrias marchinhas, o arquiteto foi a personalidade escolhida para receber a homenagem.

    Fausto nilo lanou no total quatro Cds onde ele canta suas prprias compo-sies. o quinto Cd e mais recente, Quando fevereiro chegar, foi lanado ainda em 2010 e contm 12 m-sicas de carnaval de auto-ria dele, interpretadas por grandes artistas da msicas popular brasileira: Caetano veloso, Z ramalho, elza So-ares, Geraldo Azevedo, Ivan Lins, Fernanda takai, Carli-nhos brown, Zeca baleiro, Jorge vercillo, moares morei-ra e Fagner.

    At hoje Fausto com-pe letras musicais. eu nun-ca parei de criar letras, fao isso todos os anos. durante o dia, trabalho como arquiteto e, noite e nos finais de se-mana, escrevo minhas letras. A inspirao vem de forma repentina, inclusive quando estou andando na rua, conta.

    Por toda essa trajetria de sucesso, Fausto nilo con-siderado por muitos fs o ta-lentoso arquiteto de traos e palavras.

    mrcia catUnda

    As composies de Faus-to tambm fizeram sucesso em telenovelas. Comps Santa f, tema de abertura da novela roque Santeiro, da tv Globo, interpretada por moraes mo-reira, e o tema de abertura da novela Pedra sobre pedra, da mesma emissora.

    As primeiras apresen-taes do talentoso cearen-se como cantor foi em 1996, com o Cd esquinas do de-serto. J o segundo solo veio em 2002, com o disco autor-referencial Casa tudo Azul, produo independente em que o arquiteto rememorou canes antigas de outros trabalhos. no ano seguinte, ele comeou suas atividades como intrprete e produtor de seus discos.

    o trabalho e o talento de Fausto nilo so to reconheci-dos que, em 2004, o quixera-mobinense recebeu o trofu Sereia de ouro, que premia as maiores personalidades do Ce-ar. A frase Fao arte com pan-deiro, matemtica e loucura, que corresponde a um trecho da msica meninas do brasil, realizada em parceria com mo-raes moreira, representa muito bem uma metfora do resumo da trajetria de sua vida .

    em 2010, o cearense foi homenageado no carnaval

  • ciNciA

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    Papo sade

    durante as aulas de Cincias na escola, comum estu-darmos sobre as partes do corpo humano. uma das partes mais abordadas o ouvido, especial-mente os cuidados com o tmpa-no, membrana sensvel e que responsvel pela nossa audio.

    Perda de audio: como evitar?Conhea as causas e os cuidados necessrios para no contrair esse problema

    todo esse aprendizado no por acaso, afinal muito comum perder um pouco da audio aps os 20 anos, por isso importante essa cons-cientizao ainda na infncia. vrias causas levam perda de audio, entre elas o acmulo de cera, objetos estranhos pre-sos no canal auditivo, perfura-o ou cicatriz no tmpano por infeces repetidas e exposio em locais de intenso barulho.

    Foi o que aconteceu com o estudante Carlos machado*, 25 anos. H um ano, ele foi a

    uma festa onde o som esta-va extremamente alto e,

    desde aquele dia, nunca mais conseguiu recupe-rar a audio de antes: eu tinha a audio per-feita e, nesse dia, fiquei

    exposto ao som alto por mais de cinco horas. Ao sair do local, havia um chiado muito mais forte do que os que costu-mam ficar quando os ouvidos so expostos a sons no to altos. um

    ms depois e o chiado continu-ava incomodando. Procurei um mdico e, at hoje, estou impos-sibilitado de frequentar locais barulhentos, lamenta.

    desde o ocorrido, Car-los mudou totalmente seu estilo de vida e revela que at sons medianos o incomodam: desenvolvi hiperacusia, que uma super sensibilidade ao som, mesmo em volume nor-mal. no suporto som de moto e nibus, sirene uma tortura. deixei de frequentar bares e boates, que eram meus pro-gramas favoritos nos finais de semana. meu hobby era a m-sica, eu gostava de tocar baixo e at isso ficou limitado, conta.

    Assim como Carlos, milha-res de jovens esto contraindo perda auditiva, tambm conhe-cida como osteosclerose. Isso se deve principalmente ao cons-tante contato com rudos inten-sos, especialmente os de apa-relhos eletrnicos, como mP3, mP4, Ipods, entre outros. de acordo com o Instituto brasileiro de Geografia e estatstica (IbGe), somente no brasil 5,7 milhes de pessoas possuem algum grau de insuficincia auditiva.

    rudos a partir de 50 de-cibis j so capazes de causar danos ao indivduo, variando de acordo com o tempo de ex-posio e intensidade, como o caso de uma mquina de

  • CINCIA

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    4. No use obje-tos pontiagudos para limpar o ouvido

    5. Consulte seu mdico com regularidade

    lavar roupa que tem aproxima-damente 75 decibis. J com a exposio a valores acima disso, aumentam os riscos de infarto, infeces e distrbios mentais. um nico rudo, de aproxima-damente 100 decibis, capaz de deixar uma pessoa irreversi-velmente surda. entre os exem-plos esto Ipod no volume mximo (114), britadeira (120), turbina de avio (130) e disparo de arma de fogo (140).

    os professores que li-dam com crianas com algum problema auditivo devem to-mar alguns cuidados especiais:

    importante deixar as crian-as com perda auditiva sempre sentarem nas carteiras locali-zadas mais na frente e evitar falar ao estar de costas para o aluno, orienta a fonoaudiloga Anglica Carneiro.

    As crianas que no pos-suem problemas auditivos tam-bm devem ter alguns cuidados dentro de sala de aula: o som alto, seja qual for a forma, pode provocar surdez. Por isso, im-portante a conscientizao das crianas para que seja evitado o som de alta intensidade em sala de aula, conclui Anglica.

    Alm da exposio ao barulho, outra causa muito comum para a diminuio da audio o acmulo de cera no interior do ouvido. Feliz-mente possvel evitar esse problema com cuidados bsi-cos que podem ser feitos em casa, como limpar delicada-mente o local afetado com se-ringas especficas, que so encontradas em farmcias, e gua morna. Alm disso, ob-jetos pontiagudos jamais de-vem ser utilizados com essa finalidade. * nome alterado a pedido do entrevistado

    como evitar a perda de aUdio 1. Evite ficar muito tempo em locais barulhentos

    2. No ouvir msica com fones de ouvido muito altos

    3. Caso trabalhe em ambiente barulhento, use protetores de ouvido

  • PEDAGOGIA

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    educao no tempo

    A trade soviticaAs contribuies soviticas demoraram a influenciar o mundo, mas hoje influenciam de maneira significativa a educao e a psicologia

    A educao e a psicologia educacional receberam contribuies de tericos do mundo todo. entre eles, des-tacam-se os russos vigotsky, Leontiev e Luria, que propuse-

    ram teorias inovadoras sobre algumas temticas, como a relao pensamento e linguagem, a natureza do processo de desenvol-vimento da criana e o papel da instruo no de-senvolvimento.

  • PEDAGOGIA

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    Segundo Jos Carlos Li-bneo e raquel Freitas, as pes-quisas em parceria desse grupo foram iniciadas em 1924 e se es-tenderam at 1934, vindo a for-mar a base terica da psicologia histrico-cultural [corrente da psicologia que baseia suas ex-plicaes no desenvolvimento da mente humana a partir do materialismo dialtico] em rela-o a temas como origem e de-senvolvimento do psiquismo, processos intelectuais, emo-es, conscincia, atividade, linguagem, desenvolvimento humano e aprendizagem.

    esses aportes tericos fo-ram desenvolvidos a partir da busca, por parte do grupo, de uma alternativa para o conflito entre as concepes idealista e mecanicista, que marcaram a crise da psicologia na poca.

    de acordo com o livro Linguagem, desenvolvimento e Aprendizagem, que compila textos originais da trade, h a afirmao de que o fundamen-to bsico dessas hipteses le-vantadas que os processos psi-colgicos superiores humanos so mediados pela linguagem (semnticos) e estruturados no em localizaes anatmi-cas fixas no crebro, mas em sistemas funcionais, dinmicos e historicamente mutveis. em outras palavras, os seres hu-manos nascem com estruturas

    psicolgicas elementares, como os reflexos, tpicos do organis-mo. no entanto, por meio da interao social, desenvolvem estruturas mais complexas que os distinguem do restante dos animais. So exemplos o pen-samento abstrato, a capacidade de planejar, a ateno volunt-ria e o controle consciente do comportamento.

    uma das contribuies mais significativas de vygotsky foi a descoberta da relao en-tre pensamento e linguagem e a importncia da mediao social no processo do conhe-cimento. A comunicao com outras pessoas e as funes ps-quicas superiores envolvidas se efetivam na atividade exter-na para que, somente depois, seja internalizada de maneira individual. essa internalizao regulada pela conscincia e mediada pela linguagem (os signos adquirem sentido e sig-nificado). essa teoria reala a importncia e necessidade da mediao cultural e tambm da dimenso individual da aprendizagem.

    Ainda segundo Jos Li-bneo e raquel Freitas, na concepo histrico-cultural, a atividade um conceito-cha-ve, explicativo do processo de mediao. tambm assinala-ram que o homem no reage mecanicamente aos estmulos

    do meio, ao contrrio, pela sua atividade, pe-se em contato com os objetos e fenmenos do mundo circundante, atua sobre eles e transforma-os, transformando tambm a si mesmo. Centrada na categoria terica da atividade, a teoria histrico-cultural da atividade (ou teoria da atividade) sur-giu como desdobramento da concepo histrico-cultural e foi desenvolvida por Leontiev (1903-1979) e depois por seus seguidores.

    Leontiev tambm rea-lizou pesquisas durante dez anos sobre os vnculos entre os processos internos da mente e a atividade humana concreta. encontrou a relao entre eles no contato ativo que o sujeito estabelece com o objeto. Para o russo, a atividade se concre-tiza por meio de aes, opera-es e tarefas, suscitadas por necessidades e motivos.

    Luria, por volta de 1930, comeara a se interessar por processos do sistema nervoso, como a instalao, perda e re-cuperao de funes. Para aprofundar seus conhecimen-tos, ingressou, junto a vygotsky, na faculdade de me-dicina. Seus estudos acabaram contribuindo bastante com descobertas na neurocincia e com as abordagens psicomo-toras atuais.

  • cultura

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    sala dos Professores

    um momento clssico que quase todas as pessoas j vivenciaram ou presenciaram aquele em que opinies diver-gentes circulam no mesmo am-biente e surge o desafio na for-ma da pergunta: quer apostar?

    essa pergunta chega aos ouvidos como o canto da serei, afinal, faz parte da natureza hu-mana buscar desafios e jogos em seu dia-a-dia. e, um bastan-te corriqueiro a aposta. Apos-tamos dinheiro, objetos, be-bidas, lanches, prendas e uma infinidade de pertences mate-riais ou no que a criatividade e disponibilidade permitem no momento. ou simplesmente apostamos por hobby ou ma-nia. Seja como for, a aposta tem sempre um propsito: ganhar.

    um tipo de aposta que se popularizou foi o bolo, em que um grupo de pessoas se junta para lanar coletivamente uma aposta e aumentar as chances

    Aposta o qu?Um chocolate ou um carro, o que vale no o que se ganha, mas ganhar

    de vitria, rateando o prmio no final. em eventos esporti-vos, os boles recebem grande aderncia, especialmente em bares e estabelecimentos de la-zer que exibem as competies. As pessoas pagam um peque-no valor ou nenhum e lanam suas apostas no chute sobre o placar final.