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Director José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo Sérgio Terra • Nº 4232 • Segunda-feira, 18 de Março de 2013 10 PATACAS PUB Médicos lusófonos marcam encontro na RAEM para 2015 A Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau vai organizar um encontro com vários médicos da lusofonia que irá decorrer em 2015. Pág. 10 Acidente entre autocarros entupiu trânsito na Taipa “De Fonte Limpa” registou um simples acidente que ocorreu na Ponte de Sai Van, provocando enormes filas de carros. Págs. 2 e 3 Festival das Letras pode crescer para o ano Organização do Rota das Letras faz um balanço positivo e já pensa na edição de 2014, que poderá ter duas semanas. cENtraiS Função Pública sem retroactivos Conselho Executivo anunciou aumentos de 6,06%, sem retroac- tivos, que se vão verificar a partir de Maio. Pág. 7 Para Li Keqiang não há alternativa à reforma O novo primeiro-ministro da Chi- na promete “política de reforma”. Reportagem de António Caeiro, da Lusa para o JTM. Pág. 15 Companhia de táxis amarelos lança regime de salários fixos A Companhia de Rádio Táxis Vang Iek começou a implemen- tar um regime de salários fixos para os condutores, no âmbito de uma série de medidas que visam melhorar a qualidade dos serviços dos táxis amarelos. A empresa, que lançou um pro- cesso de recrutamento de taxistas, garante que irá oferecer um pacote de benefícios, incluindo o pagamento de subsídios de férias e seguros laborais, e criar um mecanismo para premiar os trabalhadores com melhor desempenho. Segundo os res- ponsáveis da companhia, os condutores contratados terão de trabalhar seis horas por dia e seis dias por semana. PM do Japão deixa a porta “sempre aberta” para a China O Primeiro-Ministro do Japão disse ontem que espera reunir- se em breve com os novos líderes da China e Coreia do Sul por forma a promover a melhoria das relações com Pequim e Seul. “Sou da mesma geração que os dois novos líderes [da China e Coreia do Sul]. Pela prosperidade e estabilidade da região, é necessário que nós três criemos um entendimento mútuo”, dis- se Shinzo Abe, frisando que “a porta está sempre aberta para a China”. Porém, também ontem, o partido de Abe defendeu mudanças na Constituição pacifista do Japão, um movimento que deverá causar mal-estar nos dois países vizinhos. Há “muitas pressões para acabar com a Associação dos Advogados” Págs 4 e 5 PORFÍRIO AZEVEDO GOMES, ADVOGADO, EM ENtrEviSta ao JtM

acidente entre autocarros entupiu trânsito na taipa ... · entupiu trânsito na taipa ... naquela casa - foi educador, ... mostrou vontade de construir uma “chinatown” em Portugal

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Page 1: acidente entre autocarros entupiu trânsito na taipa ... · entupiu trânsito na taipa ... naquela casa - foi educador, ... mostrou vontade de construir uma “chinatown” em Portugal

Director José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo Sérgio Terra • Nº 4232 • Segunda-feira, 18 de Março de 2013 10 Patacas

PUB

Médicos lusófonosmarcam encontrona RaEM para 2015A Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau vai organizar um encontro com vários médicos da lusofonia que irá decorrer em 2015.

Pág. 10

acidente entre autocarrosentupiu trânsito na taipa“De Fonte Limpa” registou um simples acidente que ocorreu na Ponte de Sai Van, provocando enormes filas de carros. Págs. 2 e 3

Festival das Letras pode crescer para o anoOrganização do Rota das Letras faz um balanço positivo e já pensa na edição de 2014, que poderá ter duas semanas. cENtraiS

Função Pública sem retroactivosConselho Executivo anunciou aumentos de 6,06%, sem retroac-tivos, que se vão verificar a partir de Maio. Pág. 7

Para Li Keqiang não háalternativa à reformaO novo primeiro-ministro da Chi-na promete “política de reforma”. Reportagem de António Caeiro, da Lusa para o JTM. Pág. 15

companhia de táxis amareloslança regime de salários fixosA Companhia de Rádio Táxis Vang Iek começou a implemen-tar um regime de salários fixos para os condutores, no âmbito de uma série de medidas que visam melhorar a qualidade dos serviços dos táxis amarelos. A empresa, que lançou um pro-cesso de recrutamento de taxistas, garante que irá oferecer um pacote de benefícios, incluindo o pagamento de subsídios de férias e seguros laborais, e criar um mecanismo para premiar os trabalhadores com melhor desempenho. Segundo os res-ponsáveis da companhia, os condutores contratados terão de trabalhar seis horas por dia e seis dias por semana.

PM do Japão deixa a porta“sempre aberta” para a chinaO Primeiro-Ministro do Japão disse ontem que espera reunir-se em breve com os novos líderes da China e Coreia do Sul por forma a promover a melhoria das relações com Pequim e Seul. “Sou da mesma geração que os dois novos líderes [da China e Coreia do Sul]. Pela prosperidade e estabilidade da região, é necessário que nós três criemos um entendimento mútuo”, dis-se Shinzo Abe, frisando que “a porta está sempre aberta para a China”. Porém, também ontem, o partido de Abe defendeu mudanças na Constituição pacifista do Japão, um movimento que deverá causar mal-estar nos dois países vizinhos.

Há “muitaspressões paraacabar com a

Associação dos Advogados”

Págs 4 e 5

PORFÍRIO AZEVEDO GOMES, ADVOGADO,EM ENtrEviSta ao JtM

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Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | local 0302 JtM | local Segunda-feira, 18 de Março de 2013

Propriedade: tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.a.r.l. • administração: José rocha Dinis • Director: José rocha Dinis • Director Editorial Executivo: Sérgio terra • Grande Repórter: raquel carvalho • Redacção: Helder almeida (editor), Fátima almeida, Pedro andré Santos, Sandra lobo Pimentel e viviana chan • secretária Redacção: Susana Diniz • colaboradores: rogério P. D. luz (S. Paulo), rui rey e vitor rebelo • colunistas: albano Martins, antónio ribeiro Martins, Daniel carlier, João Figueira, Jorge rangel e luíz de oliveira Dias • Grafismo: Suzana tôrres • serviços administrativos e Publicidade: Joana chói ([email protected]) • agências: Serviços Noticiosos da lusa e Xinhua • Impressão: tipografia Welfare, ltd • administração, Direcção e Redacção: calçada do tronco velho, Edifício Dr. caetano Soares, Nos4, 4a, 4B - Macau • caixa Postal (P.O. Box): 3003 • telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

jornal tribuna de macau

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Acidente na ponte “engarrafa” Taipa-Iao fim da tarde de sexta-feira, um acidente na ponte Sai van, no sentido taipa–Macau provocou uma enorme fila de veículos nas ruas da taipa, demonstrando que tinham razão os críticos da via exclusiva de motociclos que retirou um terço de cada uma das vias da ponte. Felizmente o desastre não assumiu enorme gravidade, mas foi o bastante para vir a nú, a falta de espaço para dar vazão ao trânsito que nessa altura se acumulou nas ruas da taipa, mesmo naquelas onde os condutores tentavam ir pela ponte da amizade.(as fotos são esclarecedoras!)

Acidente na ponte “engarrafa” Taipa-IIao contrário do que alguns “aprendizes de feiticeiro” podem pensar, custa muito dizer hoje “eu bem vos tinha prevenido” e não surpreenderia que a DSat, que noutras matérias tem feito tanta coisa boa, venha avançar com a explicação do carácter excepcional do momento. ora os acidentes são sempre excepcionais, mas isso não implica que não se conheça que tarde ou cedo acabam por suceder. Neste caso, um acidente simples em que bateram dois autocarros de turismo (ali os condutores não conhecem regras, é tudo a tentar safar-se) fazendo oito feridos ligeiros, mas que demorou horas a resolver; o que acontecerá em caso de acidente grave, não é difícil de imaginar...

Acidente na ponte “engarrafa” Taipa-IIIDir-se-á que não há soluções óptimas, o que é verdade. De vez em quando fala-se de um túnel, mas o projecto encontra-se em fase de estudo há anos e demorará muito tempo até ficar operacional. com a ponte Nobre de carvalho reservada para os transportes públicos, só a Ponte Sai van e a da amizade servem de ligação para o intenso tráfego existente. Neste contexto, qualquer pessoa de bom senso percebe de imediato que não é solução retirar uma faixa de cada via de uma ponte ao trânsito dos veículos, para o dar aos motociclistas.

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• • • Do BAú DE REcORDAçõESDo nosso bem recheado “Baú de recordações” apresentamos hoje uma foto de 289 de Janeiro de 1986, quando o Encarregado de Governo coronel amaral de Freitas recebeu o jovem presidente da associação de Bancos de Macau, Edmund Ho que acabaria por ser o primeiro chefe do Executivo da região administrativa Especial de Macau. curiosamente o encontro decorreu dois depois da primeira volta das eleições presidenciais, em que Mário Soares derrotou o candidato eanista Salgado Zenha, o que assinalou o início do fim do “almeidismo”. Então, amaral de Freitas substituía temporariamente o Governador almeida e costa que andara por lisboa a “animar” as hostes e que nunca mais regressaria a Macau.

caso casa Pia chega a Macau-IÀ pergunta: “Mas boicotar a investigação [sobre os casos de abusos de menores da casa Pia] de que maneira?”, a ex-procuradora geral da república Portuguesa adjunta e ex-directora do DciaP cândida almeida respondeu ao “Diário de Notícias”: “Por exemplo, um senhor que tinha muito poder simbólico naquela casa - foi educador, dirigente sindical, chefe de associação de trabalhadores, organizava eventos, conhecia tudo e todos e tinha o arquivo fotográfico da cPl [casa Pia de lisboa] –, uma vez trouxe uma fotografia de alguém vestido de Santo antónio que era tal e qual um dos arguidos do processo, numa festa da casa Pia. Fiquei surpreendida, disse-lhe que era um contributo muito importante para a investigação, telefonei à polícia que foi buscar a fotografia, mostrou-a ao arguido, que primeiro pensou ser ele mesmo, mas depois garantiu não ser porque nunca se tinha vestido assim. Fomos investigar, para ver quem poderia ter sido, e lá se descobriu que era um padre que já tinha morrido. Esse tal senhor, chefe das relações públicas da casa Pia de lisboa, sabia perfeitamente quem era e foi-nos pôr aquilo nas mãos de propósito, numa clara tentativa de boicote à investigação. agora partiu para Macau”...

caso casa Pia chega a Macau-IIa drª cândida almeida não diz o nome da pessoa, o que é muito grave pois abre uma suspeita generalizada aos portugueses de certa idade, que mais recentemente vieram para Macau. caso se confirme a sua presença, o assunto tem indiscutível interesse público entre nós, pois importa saber o que está a fazer por Macau este senhor. “De Fonte limpa” continua a investigar!

Manchester city em Hong Kongeste Verão-Ia equipa de futebol do Manchester city, campeão em título da “Premier league” e presentemente no segundo lugar a “morder as canelas” do líder Manchester United, vem disputar a Hong Kong o “Barclays asia trophy 2013”. o JtM soube “De Fonte limpa” que o “team liaison” do city, o português antónio José Duque esteve recentemente em Hong Kong a definir a logística do clube na vizinha colónia britânica, escolhendo campos de treino, hotéis, etc. o torneio integra ainda o tottenham, o Sunderland e o South china Fc.

Manchester city em Hong Kongeste Verão -IIconhecido na família por Zé tó, o primo do director do JtM tinha anteriormente explicado ao “Maisfutebol” que «durante 20 anos fui director de hotéis e trabalhava com a Federação inglesa (Fa), em part-time», depois de ter estado 12 anos no Porto onde abriu dois dos mais famosos hóteis da avenida da Boavista. Falando cinco línguas, foi convidado pelo presidente do Manchester city para integrar o clube, fazendo a ligação com os jogadores estrangeiros”.

Manchester city em Hong Kongeste Verão -IIINa longa entrevista que deu no ano passado ao “Maisfutebol”, José Duque concluiu que “é uma honra representar o city, mas maior ainda é trabalhar com o roberto, é uma excelente pessoa” e o relacionamento vai para lá da vida profissional (tratam-se por tu), assinalou, concluindo que “é incrível, somos latinos e a nossa relação foi excepcional desde que nos conhecemos” (foto da passada semana do Daily Mail, roberto Mancini e José Duque saiem de um café em Manchester).

No continente, XI JINPING completou o percurso até chegar ao poder, tendo sido, como já há muito era previsto, oficialmente eleito Presidente. Está agora ao comando de uma potência mundial, a segunda maior economia do planeta e à sua frente surgem inúmeros

desafios. internamente, já prometeu combater a corrupção e os problemas relacionados com a poluição. Quase ao mesmo tempo, mas no vaticano, o Papa Francisco assumiu o controlo da igreja católica, depois de uma eleição que durou pouco mais de 25 horas e que mereceu a cobertura do JtM, que adiou o fecho da edição até de madrugada para dar a conhecer o novo Sumo Pontífice. Embora não o diga abertamente, D. JOSÉ LAI, bispo de Macau, espera que o novo Papa abra um novo capítulo nas relações entre o vaticano e a rPc, de relações cortadas desde que o comunismo subiu ao poder. o papel da Diocese na educação foi ainda elogiado pelo chefe do Executivo. Em Pequim, o empresário e antigo deputado DAVID cHOW foi homenageado por diplomatas pela sua nomeação como representante do território na conferência consultiva Política do Povo chinês. chow, sempre à busca de novas oportunidades de negócio, e que diz ser sua “responsabilidade fazer algo pelos portugueses”, mostrou vontade de construir uma “chinatown” em Portugal. Uma ideia que pode não passar disso mesmo até porque o país não tem a tradição de “guetizar” os seus imigrantes... a segunda edição do Festival rota das letras merece destaque. iniciado em Macau pela mão de RIcARDO PINTO, o evento ofereceu uma semana repleta de literatura, música e conferências e que encheu as medidas de quem anseia por mais iniciativas do género.

São bem conhecidos os problemas relacionados com as condições técnicas oferecidas pela ctM quanto à internet. Mas parece que a empresa, afinal, tem o problema muito bem identificado. Segundo afirmou EBEL cHAM, a vice-

presidente do departamento de marketing da empresa, a internet no território é lenta por causa... dos (maus) hábitos dos clientes. ao que parece, os residentes andam a fazer demasiados downloads... No território, o trânsito já é um problema crónico. o acidente na Ponte de Sai van na sexta-feira só veio demonstrar mais uma vez que a Direcção dos assuntos de tráfego, liderada por WONG WAN, tem de fazer mais e melhor se quer tornar esta cidade, de apenas 29,9 km2, um sítio transitável... Será assim tão difícil? E mais uma vez, tal como já tinha acontecido há oito anos sem nunca se ter no entanto provado, o banqueiro STANLEY AU, presidente do Delta asia, viu os EUa defenderem sanções contra a sua instituição. o banco foi acusado por um membro da câmara dos representantes norte-americana de ajudar a lavar dinheiro para a coreia do Norte que actualmente enfrenta sanções da oNU. Por outro lado, o líder daquele país, KIM JONG-UN parece cada vez mais desejar o início de um novo conflito na península coreana. Já foi até designada uma ilha do Sul que será alvo do primeiro ataque do Norte em caso de conflito, enquanto o armistício que pôs fim à primeira guerra da coreia foi denunciado.

Helder Almeida

• • • PROVA DOS NOVEa partir de hoje, e às segundas-feiras, o JtM passa em revista as personalidades da semana, sempre com um olhar crítico dos acontecimentos que marcaram a actualidade local, mas não esquecendo o que de mais importante se passou no mundo.

Xi JinpingPresidente da RPC

D. José LaiBispo de Macau

David chowEmpresário e delegado à CCPPC por Macau Ricardo Pinto

Director do Festival Rota das Letras

Stanley AuPresidente do Banco Delta Asia

Ebel chamVice-presidente do marketing da CTM

Wong WanDirector da DSAT

Kim Jong-unLíder daCoreia do Norte

Jazz no IAcMagrada a todosDesde há um tempo que o iacM-instituto de assuntos cívicos e Municipais atrai centenas de turistas e alguns residentes, com um grupo local de Jazz que actua durante a tarde dos dias de fim de semana no átrio das suas instalações. É uma experiência a que o JtM já deu visibilidade pública e que se espera que continue, pois “De Fonte limpa” ouviu os maiores elogios por parte de quem nos visita, sem a ideia de se meter nos casinos.

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04 JtM | local Segunda-feira, 18 de Março de 2013 Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | local 05

PorFÍrio aZEvEDo GoMES EM ENtrEviSta ao JtM

“tem havido muitas pressões para acabar com a associação dos advogados”Há mais de 30 anos em Macau, o advogado Porfírio Azevedo Gomes decidiu ficar depois da transferência e critica a “mentalidade contentor” que levou tantos portugueses embora. No que à justiça respeita, considera que se juízes e magistrados tivessem ficado teriam prestado melhor serviço “à causa, presença e à própria justiça de matriz portuguesa”. Sobre a classe, apoia totalmente Neto Valente e acredita que sem ele a Associação dos Advogados de Macau poderia já nem existir. Mas, defende que deve ser mais aguerrida na defesa dos profissionais locais

Sandra Lobo Pimentel

O que pensa relativamente à políti-ca de estágios da Associação dos Advogados de Macau (AAM)?

- Eu abri este escritório em 1980 e a actividade de advogado tem mudado muito. Antigamente tudo estava de-pendente do presidente do Tribunal de Competência Genérica de Macau. Uns anos antes da transferência, Neto Valen-te e Amélia António tomaram a atitude correctíssima de constituírem a AAM. A associação tem passado por várias vicis-situdes e isso reflecte-se no dia-a-dia da actividade do advogado. Desde que Neto Valente tomou posse como presidente, reconheço que fez um excelente trabalho e tem o meu apoio a 100 por cento. Ali-ás, se Neto Valente não estivesse à frente da AAM ela talvez já não existisse como existe hoje. Tenho notado que depois da transferência tem havido muitas pressões para acabar com a AAM e com muitas funções que tem, especialmente na parte da regulamentação do acesso à profis-são. Na parte do estágio, concordo com o que foi implementado. Nestes 30 anos que exerço em Macau, reconheço que de facto necessitava de ser alterado. A qualidade dos licenciados que saem das faculdades do território, em especial o curso dos quatro anos, é muito pobre. De tal maneira, que conheço muitos advoga-dos chineses desse curso que se dedicam muito aos processos-crime, porque têm muitas dificuldades na parte cível. Con-cordo inteiramente que haja um exame de aptidão para fazer o estágio e que haja avaliação contínua. E também penso que os advogados portugueses não podem chegar aqui e começar a exercer automa-ticamente.

- As medidas são, de algum modo, para que os advogados vindos de Portu-gal não tenham tantas facilidades?

- Considero que a AAM tem a obriga-ção de proteger os advogados locais e im-por condições a quem vem de fora. Não

é justo que um advogado venha de outro país e tenha acesso imediato à actividade de advocacia. Os locais têm todo o direito de ver o seu espaço protegido, até porque Macau é um território pequeno e aqui as pessoas não estão habituadas a recorrer a advogados como noutros países. E aqui a profissão tem uma forte concorrência de procuradoria ilegal, qualquer agên-cia de fomento predial celebra contratos de arrendamento e promessa de compra e venda. Por tudo isso, a AAM deve ser mais aguerrida na defesa da classe, pro-tegendo os advogados e até processando os que constituem concorrência desleal. Já o problema do curso de Direito na Uni-versidade de Ciência e Tecnologia tem a ver com o plano de curso. E por isso con-cordo com Neto Valente e espero que te-nha muitos anos de vida para continuar à frente da AAM.

- Acha que a sucessão de Neto Valen-te na AAM já está a ser preparada?

- O presidente está rodeado de advo-gados locais, como Paulino Comandante, que reconheço pode ser um bom suces-sor. Mas não gostava de estar na pele de Neto Valente, que está constantemente a ser atacado por vários sectores e por jo-gos de conveniência por parte de certos deputados e entidades locais. Ele tem fei-to um excelente trabalho. Se a AAM tem hoje as instalações que tem e a projecção na sociedade, deve-o a ele. Se estivesse outro advogado lá, penso que não seria assim. Eu sei que durante vários anos, houve muitas “démarches” de certos sec-tores para acabar com a AAM, especial-mente, tal como ela existe.

- A advocacia em Macau é uma área fortemente representada por portugue-ses. Isso vai continuar?

- Em Hong Kong também se vê uma forte componente britânica na profissão. Até porque, como em Macau, o Direito é de matriz não chinesa. E noto que o clien-te chinês ainda prefere o advogado por-

tuguês por causa da nossa sensibilidade técnica, em especial, para as questões cí-veis.

- Acha que o Direito em Macau vai mudar?

- Noto que há muita gente, em espe-cial empresários, que me questionam no escritório com muitas influências do Di-reito de Hong Kong. Mas concordo que o Direito deve evoluir com os tempos, mas não estou a favor de algumas mu-danças que diminuam os direitos, liber-dades e garantias dos arguidos, como foi proposto na actual revisão do Código de Processo Penal. Penso que o Direito deve ser mais célere, até na parte criminal. Que criassem tribunais especializados, de fa-mília e menores ou de trabalho.

- Por que razão não há juízos espe-cializados?

- Ao contrário de outros advogados em Macau, não critico os juízes chineses de Macau. Até reconheço que têm mais virtudes que muitos juízes portugueses que passaram por aqui antes da transfe-rência. Mas tudo isto por causa da forma-ção dos quadros. Só nos últimos anos da Administração portuguesa é que se criou a Faculdade de Direito e se começou a formar quadros para a futura Adminis-tração. E isso tem as suas repercussões. Se me pergunta se foi justo e uma medi-da acertada suprir essa deficiência com o reconhecimento dos cursos de Direito provenientes da China, tenho as minhas reticências. Não faço críticas aos juí-zes chineses de Macau, dentro dos seus condicionalismos. Acho até que há mais transparência e mais esforço para que a justiça seja mais célere. No tempo dos juí-zes portugueses, tive processos que dura-ram 11 anos ou mais. E acabou uma certa promiscuidade. Hoje sendo advogado, se me quiser encontrar com um juiz tem que ser por requerimento. Antes de 1999, havia advogados que tinham acesso aos gabinetes dos juízes e outros não.

- Considera que a qualidade da justi-ça melhorou?

- Há juízes chineses que para mim são excelentes em termos técnicos. E andam numa média de idades baixa. Noto e re-conheço que a qualidade tem aumenta-do.

- E os juízes portugueses mudaram a sua postura?

- Sim. Na maioria dos casos, os juí-zes portugueses são vogais. E têm uma postura completamente diferente da que tinham antes da transferência. O que cri-tico muito é a mentalidade contentor que os portugueses tiveram em Macau. Essa expressão é do escultor Cutileiro que encontrei no Largo do Senado no dia da transferência e com quem estive a falar. Ele criticava os portugueses que em vez de ficarem quiseram sair. Tive muitos clientes e amigos chineses que me dis-seram para não ir embora, que Macau ia mudar para melhor. E hoje reconheço que esse conselho foi o mais acertado. E se ju-ízes portugueses tivessem ficado cá, tal-vez tivessem prestado um melhor servi-ço à causa, presença e à própria justiça de matriz portuguesa do que terem ido em-bora. Os magistrados deviam ter ficado. O mesmo para inspectores da Judiciária e até na função pública. A língua portugue-sa é cada vez menos usada nos tribunais. Hoje folheio processos-crime que estão escritos da primeira à última folha em chinês. Nos processos civis ainda vamos a meio termo. No dia em que as respecti-vas comissões de serviço dos juízes por-tugueses não forem renovadas, os juízes chineses, de um dia para o outro, vão co-meçar a usar só a língua chinesa. Dizem que a maioria da população é chinesa, e é verdade. Há maior pressão para o uso do chinês e em especial na parte criminal, para que a justiça seja mais célere. É por isso que o Procurador Ho Chio Meng está interessado em fazer várias alterações ao processo penal.

veio para Macau em 1979 por influência do pai, negociante que todos os anos vinha à feira de can-tão. Nessa altura, estava no princípio da activida-de de advocacia na avenida dos aliados, no Porto, onde o pai tinha a única loja de artigos chineses, a famosa casa china. com muitos agentes em Ma-cau, o pai de Porfírio azevedo Gomes cedo o acon-selhou que o oriente tinha futuro. visitou Pequim e Xangai logo em 1979, começando a trabalhar em Macau como jurista na área económica nomeado pelo Governador Garcia leandro. Mas como não havia juízes de instrução criminal, o conselho Su-perior de Magistratura de Portugal nomeou-o, car-go que exerceu até se decidir pela advocacia. Já advogado, o seu primeiro julgamento foi um dos mais mediáticos: o caso de lao Keong, membro da seita 14 K, que contratou 30 indivíduos para liqui-dar dois rivais de diferente máfia no oitavo andar do Hotel lisboa. “ainda estava a fazer a decoração do meu escritório quando o juiz me telefonou a di-zer que havia advogados que recusavam defender os réus e que me ia nomear”. Foi o seu “baptismo de fogo”, nessa altura com 25 anos. o caso projectou-o perante a opinião pública e durante os primeiros anos de profissão foi advogado criminalista. “Era muito novo, uma espécie de caloiro, ninguém me conhecia mas viam o meu espírito aguerrido e fui muito solicitado para casos penais”. considera que tem sabido gerir a carreira, “porque os processos-crime dão sempre nome e muitos são mediáticos”, mas hoje faz uma “advocacia mais tranquila”, de-dicando-se a negócios e à actividade de notário privado. conhece melhor o Brasil do que Portugal e já percorreu a amazónia de barco. Diz ter espírito aventureiro e chegou a entrar na famosa favela da rocinha disfarçado de sacristão na companhia de um padre. Desde meados da década de 90 que tem escritório no Brasil e criou a câmara de comércio e indústria Brasil-china de Macau em 1999. S.L.P.

“Baptismo de fogo”aos 25 anos

É presidente da Câmara de Comércio e In-dústria Brasil-China de Macau. Como surgiu esta ligação ao Brasil?

- Estou muito ligado ao Brasil, há muitos anos, tenho documentação brasileira e sou re-sidente no Rio de Janeiro. Tenho um escritório perto de um dos locais mais conhecidos que é a Igreja da Candelária. Lá conheço muitos homens de negócios e até políticos, nomeada-mente o antigo Presidente Fernando Henrique Cardoso. O meu trabalho tem sido a interme-diação de negócios, mas como se sabe, o Bra-sil está com um pé dentro do Fórum [Macau] e outro fora, porque temos que reconhecer que a China e o Brasil são países concorrentes em todos os aspectos. São duas grandes economias emergentes e reconheço que o Brasil não tem muito interesse em Macau. Já tive oportuni-dade de trazer muitas pessoas, especialmente políticos, e noto que não existe interesse. E ago-ra até se abriu um pouco à China, mas até há bem pouco tempo, já com Lula da Silva, o Bra-sil tinha aquela política de salvaguardas com muitos entraves para os produtos chineses. Na última visita do Presidente Lula, ele convenceu os chineses sobre a abertura das fronteiras, em especial à carne brasileira de frango. Em troca, os produtos chineses têm entrado.

- O Fórum Macau faz 10 anos. Como vê a evolução do Brasil no seio desta plataforma?

- Normalmente, o Brasil é sempre um dos últimos países que marca ou justifica a sua presença em qualquer evento do Fórum. Há uma forte concorrência e o Brasil até há pou-co tempo controlava muito o comércio com os países de língua portuguesa. Por exemplo, em Angola, as empresas brasileiras de construção estavam lá em força. Neste momento há muito investimento chinês no Brasil. Inclusivamente, um dos assistentes que trabalha comigo, esteve há pouco tempo no Brasil a negociar a venda de uma empresa mineira em Belo Horizonte a uma companhia chinesa. E os brasileiros pelo seu lado estão muito interessados em ser o supermercado da China, já que o Brasil está a exportar cada vez mais produtos alimentares, como carne e soja. E não esqueçamos que a imi-gração chinesa está a dirigir-se muito para lá.

- E o contrário, verifica-se? - As grandes empresas brasileiras, em espe-

cial as que negoceiam produtos alimentares, estão a fixar-se muito em Xangai e em Pequim. Em Hong Kong há mais de 50 empresas bra-sileiras, desde delapidação de diamantes a produtos alimentares. No Brasil, também noto grande interesse das grandes empresas chine-sas em adquirir empresas mineiras e grandes plantações agrícolas através da compra de ac-ções na Bolsa, já que há restrições para os es-trangeiros adquirirem terrenos. A grande joga-da é adquirir valores mobiliários e de um dia para o outro lá aparece um CEO chinês.

- Como vê essa influência? Acha que os países têm receio do investimento chinês nas suas principais indústrias?

- Grande parte são muito receptivos à pre-sença da China na América do Sul e até querem mais investimento. Isto explica-se porque, até há bem pouco tempo, a América do Sul tem sido uma “quinta” dos Estados Unidos e interessa o

investimento da China para que deixem de de-pender do poderio político e militar norte-ame-ricano. Tenho estado em muitos países do sul da América e claro que o pequeno comerciante tem esse receio, tal como em Portugal, mas os políticos e os grandes empresários acham bem que a China participe na exploração das fontes de riqueza.

- Mas, a China envolve-se nos negócios que representam a força motriz da economia desses países. Não pode advir daí uma certa sensação de estarem a ser conquistados?

- Neste momento ainda não, estão na fase de deslumbramento. Inclusivamente, há muitos brasileiros que gostam desse interesse dos chi-neses na exploração mineira. O Brasil cresceu muito com a relação comercial estreita que tem mantido com a China. Veja-se o caso da com-panhia do Vale do Rio Doce. Neste momento a principal compradora de minério de ferro é a China, que tem uma política completamente diferente da norte-americana. Os chineses não se imiscuem na política e nos interesses inter-nos dos países, o que lhes interessa é o negócio. E essa política tem surtido efeitos frutuosos na América do Sul, porque há 20 anos, qualquer político que não fosse pró-americano tinha como resultado um golpe militar em perspec-tiva.

- Este conhecimento e envolvimento com o Brasil fê-lo criar a Câmara de Comércio e In-dústria Brasil-China de Macau.

- Criei esta Câmara em Macau em 1999. Te-mos escritório de representação no Rio de Ja-neiro, em Cantão e estou a negociar para abrir em Xangai e em São Paulo. Aliás, estou agora a ultimar os preparativos para esta abertura.

- Macau funciona apenas como platafor-ma?

- Sim, para além de que esta Câmara não tem tido apoios financeiros nenhuns, seja da Fundação Macau, seja do IPIM ou do Fórum Macau. Temos sido muito independentes e au-tónomos, mas há um bom relacionamento insti-tucional com os responsáveis dessas entidades. Mas ao contrário de outras associações que re-cebem fundos chorudos da Administração, esta Câmara foi criada e existe sem esses apoios. E temos relações institucionais com muitas outras câmaras que existem no Brasil, especialmente em São Paulo, criadas por muitos brasileiros de origem chinesa. Temos promovido visitas de professores universitários, empresários e até de políticos a Macau, e quase todos os anos or-ganizo palestras na Feira Internacional de Ma-cau. Trouxe já o Wladimir Pomar, que é uma das figuras lendárias das relações entre o Brasil e a China. Um político de esquerda e um dos intelectuais brasileiros que teve uma excelente relação com Zhou Enlai e Mao Zedong. Infe-lizmente, não tive apoios financeiros. Já tenho pedido algumas vezes, mas dão sempre descul-pas diferentes. Não compreendo essa política de uns serem beneficiados e não fazerem acti-vidades, e outros que fazem trabalho pedem auxílio e não têm. Com o Wladimir Pomar pedi ajuda ao IPIM para ajudar a custear as despe-sas da viagem e não consegui nada.

S.L.P.

“brasil não tem muitointeresse em macau”Tem escritório no Brasil e confessa que conhece melhor aquele país do que Portugal. Em 1999 fundou a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China de Macau, mas diz que não tem apoios das entidades ao contrário de outras associações que recebem “fundos chorudos”. Ao JTM falou dos negócios da China na América do Sul e reconhece que os empresários brasileiros não têm interesse em Macau

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06 JtM | local Segunda-feira, 18 de Março de 2013 Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | local 07

• • • BREVESApagão na Zona Norteafectou milhares de casasCerca de 15 mil habitações foram afec-tadas por um apagão na Zona Norte, no sábado. A Companhia de Electricidade de Macau (CEM) disse que houve uma sobrecarga eléctrica e demorou cerca de oito minutos a resolver o problema, segundo o jornal “Va Kio”. O Corpo de Bombeiros recebeu 12 pedidos de aju-da de pessoas presas dentro de eleva-dores. A empresa pediu desculpas aos moradores e disse que ia entregar ao Governo um relatório sobre o apagão.

Reservas cambiais sofreram ligeira descida em FevereiroAs reservas cambiais de Macau cifra-ram-se em 132,6 mil milhões de patacas no final de Fevereiro, recuando 3,2% face aos dados rectificados do mês an-terior. Segundo estimativas prelimina-res da Autoridade Monetária, face ao período homólogo de 2012, as reservas cambiais aumentaram 4,7% (5,9 mil mi-lhões de patacas).

13 empresas interessadasem empreitada em Seac Pai VanTreze empresas entregaram propostas para uma empreitada de remodelação de equipamentos sociais na habitação pública de Seac Pai Van. O custo das propostas para a execução da emprei-tada varia entre cerca de 73,5 milhões e 116,5 milhões de patacas. A abertura das propostas decorreu na sexta-feira.

Sócios da ATFPM confirmamapoio a coutinho nas eleiçõesNa Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Ma-cau (ATFPM), que aconteceu no sábado, foi aprovado o apoio a José Pereira Cou-tinho, presidente da Direcção da ATFPM. Coutinho vai concorrer, pela via directa e como cabeça da lista “Nova Esperança, nas eleições para a Assembleia Legislati-va de 15 de Setembro deste ano.

Sands china propõe pagamento de dividendosA Sands China pretende pagar aos seus accionistas dividendos finais referentes a 2012 no valor de 0,66 dólares de Hong Kong por acção. O pagamento dos mes-mos está sujeito a aprovação dos accio-nistas da companhia e será decidido na assembleia geral anual marcada para 31 de Maio de 2013. Se a proposta for aceite, a Sands China tenciona proceder ao pagamento por volta de 2 de Junho.

contratada para pôrapostadores a dormirUm cidadão do Vietname foi detido de-pois da PSP ter recebido um pedido de socorro por parte de uma mulher, que disse estar presa num apartamento. Os agentes deslocaram-se ao local e encon-traram a vítima trancada na casa-de-banho. A mulher contou que chegou a Macau para trabalhar num casino, mas o suspeito queria obrigá-la a colocar comprimidos para dormir nos copos dos apostadores, com o intuito de furtar fichas de jogo. Depois de ter recusado, foi agredida e retida no apartamento, mas conseguiu contactar uma amiga que informou as autoridades. O homem foi entregue ao Ministério Público.

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cHEFE Do EXEcUtivo rEFUta crÍticaS

comissão eleitoral é “competente

Questionado sobre o facto de existirem vozes na so-ciedade a pôr em causa a composição da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa,

o Chefe do Executivo considerou não ser conveniente co-mentar o assunto, “devido ao princípio de independência do poder judicial e do segredo de justiça”. Em causa está o facto da comissão incluir Raymond Tam, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, que terá sido constituído arguido num processo relacionado com o chamado “caso das campas”, no entanto, Chui Sai On lembrou que o caso ainda se encontra em fase de instrução, não sendo conhecidos por isso quaisquer resultados.

Em declarações aos jornalistas antes da partida para Pequim, onde assistirá ao fecho da sessão anual da Assem-bleia Nacional Popular e irá ser recebido, amanhã, pelos novos líderes chineses, Chui Sai On sublinhou ainda as-sim acreditar que os elementos da referida Comissão têm “competência” para exercer as suas funções e “desempe-nhar cabalmente as tarefas necessárias”. O Chefe do Exe-cutivo confia ainda no empenho da Comissão no sentido de criar “um ambiente eleitoral íntegro e justo para as

Comissão Eleitoral reuniu-se para definir a cronologia eleitoral

Chui Sai On disse acreditar que a Comissão de Assuntos Eleitorais tem capacidade para realizar um bom trabalho nas próximas legislativas, escusando-se a comentar o facto de integrar Raymond Tam, envolvido no “caso das campas”

próximas eleições legislativas”, agendadas para 15 de Se-tembro, como de resto já garantiu o juiz Ip Son Sang, que preside ao grupo de trabalho.

A Comissão de Assuntos Eleitorais reuniu-se na sexta-feira para definir a cronologia das operações eleitorais, tendo sido determinado que a campanha decorrerá entre 31 de Agosto e as 24 horas de 13 de Setembro.

O limite das despesas por cada candidatura nas elei-ções para a Assembleia Legislativa foi fixado na semana passada em Boletim Oficial, em 5,6 milhões de patacas, montante que representa um decréscimo de 3,3 milhões de patacas em relação ao limite imposto no escrutínio de 2009.

Na sua primeira instrução eleitoral, a Comissão deter-minou ainda que, desde a publicação da ordem executiva que marcou a data das eleições, é proibida a propaganda eleitoral feita, directa ou indirectamente, através de quais-quer meios de publicidade comercial, em órgãos de comu-nicação social ou fora deles.

Relativamente a uma eventual criação de postos de vo-tação fora do território, Ip Son Sang recordou que o regi-me jurídico vigente não possibilita a implementação dessa proposta.

A nova Assembleia terá 33 deputados, 14 eleitos direc-tamente pela população, 12 eleitos pelas associações regis-tadas localmente e representativas dos vários interesses da sociedade e sete nomeados pelo Chefe do Executivo.

A Polícia Judiciária (PJ) desvendou dois casos semelhantes de burla qualificada, envolvendo funcio-

nários dos departamentos de marketing de dois casinos.

No primeiro caso, um casal - em funções naquele departamento - foi de-tido por suspeita de ter utilizado pontos de 26 clientes que trocaram por cupões para adquirir malas, relógios e fichas de jogo.

Segundo as autoridades, os detidos confessaram que o homem conseguiu aproveitar uma falha na segurança in-

formática do casino e teve acesso à con-ta de 26 clientes que angariavam pontos por cada compra efectuada com os res-pectivos cartões de crédito.

Converteu depois esses pontos em cupões e entregou-os a três indivíduos para que estes os trocassem por objectos de valor e fichas de jogo. Segundo de-clarou, metade do valor era-lhe devol-vido em fichas e o restante distribuído pelos cúmplices.

Segundo a PJ apurou, o prejuízo causado ao casino em questão ascendeu a 280 mil dólares de Hong Kong.

No outro caso, a burla ocorreu num casino da Taipa, sendo também da au-toria de dois funcionários do departa-mento de marketing. O valor envolvido é, no entanto, inferior: 119 mil dólares de Hong Kong.

Os dois detidos contaram igualmen-te com a ajuda de um cúmplice, que disse ser comerciante de jade. Com os cupões de 18 clientes, os suspeitos con-seguiram “comprar” 14 garrafas de vi-nho.

Todos os suspeitos foram entregues ao Ministério Público. S.D.

BUrlaS avaliaDaS EM 400 Mil DÓlarES DE HoNG KoNG

Funcionários de casinos usaram cupões de clientesOito pessoas foram detidas por suspeita de burla qualificada envolvendo a troca de pontos de cartões de crédito de clientes por cupões de elevado valor, que usaram em compras. Os principais suspeitos são funcionários dos departamentos de marketing de dois casinos

coNSElHo EXEcUtivo acrEDita QUE ProPoSta SErÁ aProvaDa EM BrEvE

aumentos na Função Pública em maioDepois de vários meses em discussão, os vencimentos da função pública deverão ser actualizados em 6,06% a partir de Maio, mas sem retroactivos, revelou o porta-voz do Conselho Executivo, que já terminou a análise do diploma que está pronto para ser enviado ao Hemiciclo. Pereira Coutinho acusa o Governo de ter tardado na apresentação de uma proposta que poderia ter sido apresentada até ao final do ano, mas mantém a esperança de que os valores retroajam a Janeiro

Os funcionários públicos poderão ver os salários aumentados em 6,06% a partir de Maio. O Conse-

lho Executivo concluiu a análise da pro-posta de lei que actualiza os vencimentos e as pensões de aposentação e de sobre-vivência, mas que não inclui retroactivos, contrariando as expectativas do sector.

O diploma está pronto para seguir para a Assembleia Legislativa e Leong Heng Teng acredita que, à semelhança do que aconteceu no ano anterior, poderá ser aprovado até Abril para que vigore no mês seguinte.

Com o novo ajuste, o valor do índice mais baixo sobe de 6.600 patacas para 7.000, referiu o porta-voz do Conselho Executivo. Após vários meses de dis-cussão entre o Governo e a Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, a per-centagem continua abaixo do índice da

inflação anual e aquém das expectativas de Pereira Coutinho, que nas primeiras apostas colocou a faixa nos 6,8%. O va-lor é também inferior aos 6,54% do ano anterior.

Segundo Leong Heng Teng “a taxa de inflação de 6,8% registada em Janeiro de 2012 desceu para 5,83% em Dezem-bro”, tendo a taxa anual atingido 6,11%. Por isso, “a presente actualização sala-rial pode, a certo nível, assegurar que os valores reais auferidos por parte dos trabalhos da Administração Pública não sejam afectados pela subida de preços”, considerou o porta voz do Conselho Exe-cutivo.

O presidente da Associação dos Tra-balhadores da Função Pública discorda e lamenta que o Governo tenha voltado

Fátima Almeida

ccac com atribuições alargadas

o conselho Executivo concluiu a discussão sobre a revisão do diploma que regula a organização e funcionamento do Serviço do comissariado contra a corrupção de modo a alargar o leque de atribuições daquele organismo estendendo assim as suas acções de prevenção e combate à corrupção até ao sector privado. Este projecto legislativo prevê que a Direcção dos Serviços contra a corrupção passe a compreender mais um departamento de investigação além dos dois já existentes. a nova secção ficará encarregue de investigar os casos de corrupção no sector privado. o diploma define ainda a criação de uma Divisão de Declaração de Bens Patrimoniais e interesses para elevar a eficácia dos respectivos trabalhos.

a ignorar os retroactivos. “Está abaixo da inflação anual, por isso, continua a pre-judicar o poder de compra”, disse. “Não sei como chegaram a este número porque a Comissão de Avaliação das Remunera-ções dos Trabalhadores de Função Públi-ca sugeriu 6,7%”, insistiu.

A preocupação principal do deputado é o facto de não estarem previstos retroac-tivos a Janeiro. “A Comissão apresentou a proposta ao Governo no ano passado e depois não deu sinais de vida e isto não é correcto”, disse, notando que o Executivo tardou na apresentação de uma propos-ta que poderia ter entrado em vigor em Janeiro.

O deputado acredita, porém, que a si-tuação ainda poderá ser revertida quando a proposta chegar às mãos do Hemiciclo.

“Vamos esperar pela Assembleia Le-gislativa para conseguir a retroactivida-de. [No ano passado] não foi possível porque as reservas básicas não podiam ser transferidas, mas neste momento não há esse argumento”, acredita o de-putado.

A nota de imprensa distribuída pelo Conselho Executivo refere ainda que a “actualização adequada dos vencimentos dos trabalhadores dos serviços públicos entretanto proposta não terá impacto na estabilidade financeira da RAEM”.

A percentagem de aumento é igual para todos os funcionários, mas Pereira Coutinho continua a defender que os ín-dices mais baixos devem ter um subida percentual maior. “O Governo tem de implementar um mecanismo de aumento progressivo e consoante as categorias. O aumento dos funcionários das camadas mais baixas tem de ser maior”, insistiu.

novas regras no apoio judiciário

o conselho Executivo aprovou a fixação em 320 mil patacas do limite legal do montante dos bens disponíveis dos requerentes de apoio judiciário e dos membros do seu agregado familiar. a comissão de apoio Judiciário, responsável pela aprovação dos respectivos pedidos, será composta por um número ímpar de membros efectivos até ao máximo de sete.

Proposta do Governo não prevê retroactivos

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Salários subiram 7 por cento no sector do comércioO número de trabalhadores do sector do comércio em Macau aumentou 10,3% no quarto trimestre de 2012 para 36.357 entre uma população activa de 350 mil pessoas, revelou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. Os rendimen-tos médios dos empregados, dos quais 23.346 trabalhavam no comércio a reta-lho, registaram um aumento anual de 7% para 10.880 patacas. No final de 2012, existiam 4.238 vagas no comércio por grosso e a retalho, mais 101 do que no tri-mestre homólogo de 2011, com o retalho a concentrar a maioria das ofertas (3.077 vagas). O número de trabalhadores au-mentou também nos sectores dos trans-portes, armazenagem e comunicações (mais 6,1% para 8.606 trabalhadores), se-gurança (mais 7,7% para 5.149 trabalha-dores), e tratamento de resíduos sólidos e líquidos públicos, os quais no final do ano passado empregavam 726 trabalha-dores, ou mais 9,5% em termos anuais.

Em termos reais, o Produto Interno Bruto (PIB) da RAEM cresceu 9,9% para 348,2 mil milhões de patacas em 2012, indicam dados da Direcção dos Serviços de Estatística e

Censos (DSEC). Já o PIB “per capita” cifrou-se em 611.930 pa-tacas, com o crescimento económico a ser impulsionado pela exportação de serviços e pela procura interna, designadamente pela subida da exportação de serviços do jogo (6,9%) e da des-pesa dos visitantes (6,4%).

No plano da procura interna, destacou-se o aumento da for-mação bruta de capital fixo (19,1% face a 2011) devido nomea-damente ao “acréscimo substancial” do investimento público, à despesa de consumo privado (9,1%), à despesa do consumo final do Governo (6,9%), bem como à exportação de mercado-rias, com esta última a dar um salto de 23,2%.

A DSEC elenca ainda os “factores favoráveis” que contri-buíram para o crescimento económico: a receita bruta do jogo subiu 13,4%; a entrada de visitantes aumentou 0,3%, no en-tanto, a despesa subiu 15%; o número de hóspedes aumentou 10,8% e o investimento público avançou 54,8%. Por outro lado, as vendas a retalho subiram 22% e a mediana trimestral de ren-

dimentos cresceu entre 13,4% e 17%.Só no quarto e último trimestre de 2012, o PIB aumentou

8,5%, em termos reais, face ao período homólogo de 2011. Os acréscimos do PIB no segundo e terceiro trimestres fo-

ram revistos para 7,9% e 6,2%, respectivamente. Além disso, o crescimento económico em 2011 também foi revisto de 20,7% para 21,8%.

Face aos dados revistos de 2011, a taxa de crescimento real do PIB “per capita” foi de 6,1%.

No que diz respeito à estrutura sectorial do PIB, os pesos da exportação líquida de mercadorias e serviços (58,6%), bem como da procura interna (41,4%) na formação do PIB “manti-veram os níveis de 2011”, refere a DSEC.

O peso do investimento fixou-se nos 14,7% em 2012, mais 0,9 pontos percentuais, uma subida impulsionada pelo aumen-to do investimento público.

Já os pesos da despesa de consumo privado (19,9%) e da despesa final de consumo do Governo (6,8%) na formação do PIB diminuíram 0,6 e 0,3 pontos percentuais, face a 2011, res-pectivamente.

crESciMENto EcoNÓMico EM 2012

Pib ficou à porta dos 10 por centoA economia de Macau voltou a crescer em 2012 mas, como se esperava, a taxa de aumento representou cerca de metade da registada no ano anterior

23 impressos de candidaturalevantados no primeiro diaNa sexta-feira, primeiro dia em que começaram a ser disponibilizados formulários para a constituição de comissões de candidatura às eleições para a assembleia legislativa, os Serviços de administração e Função Pública (SaFP) registaram a entrega ou “download” através do seu site na internet de um total de 23 impressos, revelou ontem a porta-voz do organismo ao JtM. Entre os potenciais candidatos, confirma-se a presença da associação “tri-Decade action Union”, cujos membros foram levantar os formulários pessoalmente, por forma a terem “tempo suficiente” para preparar o processo da candidatura. a associação reiterou que está determinada em participar no acto eleitoral, embora sem excluir eventuais alianças com organizações que defendam ideias semelhantes. V.c.

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08 JtM | PUBLIcIDADE Segunda-feira, 18 de Março de 2013 Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | local 09

arQUitEcto JoSÉ MaNEiraS SoBrE PEtiÇÃo Para rUa MaNUEl vicENtE

“Homenagem merecida”Maneiras destaca a obra deixada por Manuel Vicente, principalmente a que resultou do Plano de Fecho da Baía da Praia Grande, a “grande marca de Manuel Vicente” no território

O arquitecto José Maneiras de-fende que a petição lançada pelo JTM para incitar o Insti-

tuto para os Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM) a dar o nome de Ma-nuel Vicente a uma rua do território “é uma homenagem merecida”, uma vez que o arquitecto “serviu Macau com elevação”.

Até ontem à noite, a petição, tam-bém apoiada pelo “Macau Daily Ti-mes”, pelo “Business Daily” e pela revista “Macau Business”, já contava com 267 assinaturas.

“A grande marca de Manuel Vicen-te é o Plano de Fecho da Baía da Praia Grande, pelo impacto que teve em vá-rios aspectos da cidade, mas de resto também deixou vários marcos arqui-tectónicos”, refere Maneiras.

Entre estes surge o complexo ha-bitacional no Fai Chi Kei, pelo qual Manuel Vicente recebeu a Medalha de Ouro da ARCASIA (o Conselho Regional dos Arquitectos na Ásia). Este complexo foi, no entanto, demo-lido. “As autoridades não perceberam a importância de ter uma obra que chegou a valer um prémio a Manuel Vicente”, lamenta José Maneiras, que foi amigo do arquitecto. “Sem dúvida de que o IACM deveria dar o nome de Manuel Vicente a uma rua”, afirma

Maneiras.A petição poder ser assinada no

endereço http://www.peticaopubli-ca.com/PeticaoAssinar.aspx?pi=JTM e tem como objectivo destacar na ci-dade o trabalho desenvolvido por Manuel Vicente, que morreu a 9 de Março deste ano.

Para além do Plano de Fecho da Baía da Praia Grande e do conjunto habitacional do Fai Chi Kei, várias outras obras marcam a paisagem de Macau: o World Trade Center, na Ave-nida da Amizade, as Torres da Barra, o edifício da Companhia de Electrici-dade de Macau em Coloane, o edifício do orfanato Helen Liang, dos Bombei-ros na Areia Preta ou o Edifício 1980, na Praia Grande, entre outros.

José Maneiras é arquitectoe foi amigo de Manuel Vicente

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Helder Almeida

UNG vai MENG SoBrE a caSaMata EM coloaNE

“em princípio, tem valor para ser preservada”A vice-directora dos Serviços de Protecção Ambiental disse à TDM que recebeu um projecto que está a ser analisado mas ainda não há qualquer conclusão. Ao que tudo indica, a casamata foi construída em Coloane nos anos 30

O director do Instituto Cultu-ral (IC) Guilherme Ung Vai Meng afirmou que “em prin-

cípio a casamata [construída pelas Forças Armadas Portuguesas em Coloane] tem valor para ser preser-vada”, “embora ainda se estejam a recolher mais informações”.

De acordo com o que este res-ponsável disse ao canal em chinês da TDM, o Governo deve conseguir manter um bom equilíbrio entre a preservação do património e o de-senvolvimento de eventuais projec-tos no terreno da casamata.

Ontem, a vice-directora dos Ser-viços de Protecção Ambiental disse à TDM que recebeu um projecto que está a ser analisado mas ainda não há qualquer conclusão nem uma previsão de quando estará finaliza-do.

Na semana passada, alguns de-putados de Macau à Assembleia Nacional Popular da República Po-pular da China defenderam a pre-servação da casamata portuguesa situada num terreno particular em Coloane. Ho Sut Heng disse mesmo que não se pode apenas pensar em desenvolver sem prestar atenção à preservação do património e à his-

tória do território.A polémica em torno da casamata

surgiu em Fevereiro quando a Asso-ciação de Ciência Política e Direito de Macau publicou um anúncio no jornal “Ou Mun” a apelar à demo-lição daquela infra-estrutura , assim como do Clube Militar, por entender tratarem-se de marcas do “poder co-lonialista”.

Uma empresa que comprou o terreno pretende construir no local 2.000 apartamentos em torres com 20 a 30 andares e o Governo informou recentemente que a companhia está autorizada a construir um empreen-dimento até 100 metros de altura.

Ao que tudo indica a casamata foi construída no local nos anos 30.

A casamata está num terreno situado juntoà Rua de Entre-Campos

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DEPUtaDoS QUErEM QUE ciDaDÃoS PoSSaM ProPor ProtEcÇÃo DE BENS iMÓvEiS

reforço da voz popular não gera “consenso”A 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa insiste que a população deve ter o direito de propor a protecção de um bem imóvel, mas o Governo ainda não tomou uma decisão. A possibilidade contemplada no texto de consulta de 2008 não integrou o articulado e os deputados mostraram-se preocupados. Para já, a discussão vai seguir sem consenso para outro capítulo

A discussão já se arrastava do encontro ante-rior, mas ainda não encontrou consenso. A 3ª Comissão Permanente da Assembleia Le-

gislativa insistiu com o Governo para que os cida-dãos também possam tomar a iniciativa de propor a salvaguarda de bens imóveis, porém, as sugestões ainda não foram acatadas.

O núcleo que analisa o diploma, na especialidade, considera importante que os cidadãos tenham mais voz na protecção do Património, seguindo assim um dos princípios previstos na proposta de lei. Aliás, a possibilidade de a população propor que determina-do imóvel seja considerado Património, mediante a recolha de 500 assinaturas, já constava do documento de consulta pública de 2008, mas na proposta de lei acabou apenas por constar que os proponentes são o

Governo ou o proprietário do imóvel.“Ainda não chegámos a um consenso (...) mas

discutimos a possibilidade de abrir este mecanismo ao público, porque no texto de consulta púbica de 2008 dizia que tal era possível”, explicou Cheang Chi Keong. “Portugal até admite que as associa-ções estrangeiras possam requerer a salvaguarda”, exemplificou o deputado, explicando que a regra que constava no documento sujeito a auscultação ti-nha sido baseada nas experiências de outras regiões e países.

Porém, durante o processo de auscultação, aca-baram por ser recolhidas opiniões que indicavam temer que esta possibilidade fosse utilizada “de for-ma abusiva”. Esta foi uma das justificações do Go-verno para não dar mais voz aos cidadãos na pro-posta final.

Os deputados entendem, contudo, que a popula-ção não deve ser silenciada e sugeriram por isso ao

Governo um mecanismo de participação. “Os indiví-duos podem tomar a iniciativa. Depois, o IC vai ava-liar e desencadear o processo de classificação. É uma alternativa”, referiu o presidente da 3ª Comissão.

Fong Chi Keong deu conta ainda que os deputa-dos pretendem que os processos de classificação se-jam alvo de consulta pública. No diploma não está clara a obrigatoriedade de realizar uma auscultação. O Executivo justificou-se, referindo que a proposta aponta para apenas para o dever de fazer uma con-sulta para que haja mais flexibilidade na conserva-ção, nomeadamente em casos urgentes em que as construções possam “ficar em ruínas em 30 dias”.

Apesar de ainda não ter sido atingido um “con-senso” no capítulo da classificação do património imóvel, Cheang Chi Keong disse que o Governo fi-cou “de estudar seriamente estas questões”. Para a próxima reunião estará em debate o tema das zonas de protecção.

Fátima Almeida

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10 JtM | local Segunda-feira, 18 de Março de 2013 Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | local 11

aProvaDa orGaNiZaÇÃo DE ENcoNtro iNtErNacioNal Na raEM

reunião de médicos lusófonos em 2015A associação local dos médicos lusófonos vai organizar, em 2015, a sétima reunião internacional da Comunidade Médica de Língua Portuguesa. A proposta foi aprovada na assembleia geral, que reuniu na sexta-feira

O presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM), Rui Furta-

do, revelou ao JTM que a associação vai ser responsável pela organização de um certame que irá reunir em Macau mé-dicos de língua portuguesa de vários países no ano de 2015.

A responsabilidade decorre do facto de Macau ocupar, neste momento, a vi-

ce-presidência da Comunidade Médica de Língua Portuguesa, e a organização mereceu o voto a favor dos associados da AMLPM que se reuniram na sexta-feira em assembleia geral, no Clube Mi-

litar.Antes do congresso em Macau, a

Comunidade Médica de Língua Portu-guesa ainda se vai reunir em Maputo em 2014.

Quanto aos trabalhos da assem-bleia geral, Rui Furtado faz um balan-ço positivo, uma vez que foram apro-vados o relatório e contas de 2012 e o plano de actividades para este ano. O presidente da associação explicou que a reunião serviu para “dar vali-dade” às votações que ocorreram a 8 de Janeiro, uma vez que a publicação da convocatória nos jornais foi consi-derada tardia devido aos feriados do Natal e Ano Novo.

Ficou também decidido que a AML-PM vai realizar um fórum das associa-ções médicas de Macau, que são mais de uma centena, e continuar os anún-cios que têm passado na rádio sobre saúde, com a possibilidade de se virem a estender também aos jornais, revelou Rui Furtado.

Na reunião que contou com a pre-sença de cerca de 20 associados, um ter-ço do total, foi feito um voto de pesar e um minuto de silêncio pela morte de José Manuel Coelho Rodrigues, radio-logista no Centro Hospitalar Conde São Januário, recentemente falecido.

Associação liderada por Rui Furtado aprovou plano de actividades para 2013

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Sandra Lobo Pimentel

O presidente da Fundação Oriente (FO) garante que o financiamento da Escola Portuguesa de Macau (EPM) é um capítulo fechado, porque

“não faz sentido” que uma instituição privada apoie “para sempre” uma iniciativa do Estado português.

“Não, acabou, chega. Não fomos feitos para apoiar para sempre uma iniciativa que é do Estado português. Fizemo-lo durante muitos anos, mas não podemos fazer isso a vida inteira. É um disparate e não estamos aqui para isso”, afirmou Carlos Monjardino.

Em entrevista à agência Lusa por ocasião do 25º ani-versário da FO, que se assinala hoje, o presidente da fun-dação vincou que está na altura de o Estado português “assumir as suas responsabilidades” no que toca ao en-sino da língua portuguesa em Macau.

“Não está de maneira nenhuma nas mãos nem é obri-gação nem vocação de nenhuma fundação privada fazer aquilo que já fizemos, quanto mais continuar”, frisou.

A FO foi constituída em 18 de Março de 1988 como uma das contrapartidas impostas pela então adminis-tração portuguesa de Macau à concessão em regime de exclusivo da exploração do jogo no território.

Monjardino lembrou que entre 1989 e 2011 a FO gas-tou “cerca de 24 milhões de euros” com a EPM e o Ins-tituto Português do Oriente (IPOR), que considera “um dos projectos mais válidos” e ao qual continua ligado.

“Demos mais 100 mil euros [à EPM] em Janeiro, mas agora acabou. Não damos mais”, frisou Monjardino, que quis deixar bem claro que essa decisão “nada tem a ver com ser forreta ou não”.

O financiamento da EPM, que actualmente conta com cerca de 500 alunos do ensino básico e secundário, é agora sustentado em três partes: propinas, contribuição do Ministério da Educação português e contribuição da Fundação Macau, que “substituiu” a Fundação Oriente.

Uma coisa, vincou Monjardino, é “ajudar a lançar

MoNJarDiNo DiZ QUE aPoiar a EPM Para SEMPrE SEria “DiSParatE”

“não damos mais à escola Portuguesa”Chegou a altura do Estado português “assumir as suas responsabilidades” sobre a Escola Portuguesa de Macau, diz Carlos Monjardino, ao considerar que o apoio ao estabelecimento de ensino “nem é obrigação nem vocação de nenhuma fundação privada”

projectos que nos pareceram importantes” para Macau e para a sua população. “Outra coisa é manter isso sem limite de tempo”, vincou.

O presidente da FO disse não ter “qualquer queixa ou reparo a fazer em relação à parte pedagógica da esco-la, que é francamente muito boa”, mas quanto à gestão, Monjardino critica o facto de a EPM ter sempre sido ge-rida “com o melhor do público e do privado”.

Carlos Monjardino adiantou não perceber como “numa altura de crise”, em que os dinheiros públicos são escassos, Lisboa acabe por “não aproveitar ao máxi-mo a grande disponibilidade” que há por parte do Go-verno de Macau.

Nem o Ministério da Educação nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros têm “muito dinheiro neste mo-mento para pagar seja o que for para além daquilo que é a sua actividade central e não aproveitam até ao limite que podiam aproveitar, (...) sobretudo quando do lado de Macau existe a melhor boa vontade relativamente não só à Escola Portuguesa de Macau, como sobretudo ao IPOR”, afirmou.

Monjardino considera que o IPOR é um “projecto de excelência” e que está a ter “um sucesso muito grande”, mas que “necessariamente tem de ser feito de mãos da-das com Macau”.

“Não há voltar a dar, até porque o IPOR ensina por-tuguês não-curricular a alunos estrangeiros, sobretudo chineses”, frisou.

“Discriminação pateta”Por outro lado, o presidente da FO acusou o Governo

de Lisboa de ter “memória curta”, ao lamentar que a ins-tituição seja alvo de uma “discriminação pateta”.

Monjardino diz-se irritado com as “trapalhadas” de um Governo que não reconhece o trabalho que a insti-tuição privada tem desenvolvido nas últimas décadas a favor dos interesses portugueses um pouco por todo o mundo, não só em Macau.

Em Setembro de 2012, quando o Governo divulgou a lista das fundações a extinguir e a sofrer cortes finan-ceiros, a FO foi incluída no grupo de entidades com ces-sação total de apoios financeiros públicos. Isto apesar de a Fundação “nunca ter recebido qualquer subsídio do Estado”, afirmou Carlos Monjardino, que já contestou formalmente a decisão e, garante, vai voltar a fazê-lo.

O responsável sustenta que os valores classificados como apoios financeiros públicos recebidos pela funda-

ção e que serviram de base à decisão são “verbas comu-nitárias provenientes do Plano Operacional de Cultura”. Essas verbas, precisou, foram utilizados “entre 2008 e 2010 para lançar actividades no Museu do Oriente”, em Lisboa.

“Começo a pensar que está tudo doido, porque essa decisão não faz qualquer sentido. A questão que coloco ao Governo é a seguinte: Há alguma coisa contra a Fun-dação Oriente? Se calhar há. Talvez por eu ser socialista, não sei”, afirmou Monjardino, lembrando os 24 milhões aplicados na EPM e IPOR entre 1989 e 2011.

“E agora vêm chatear-nos com isto? Se assim é, se continuarmos a ser maltratados, então vamos deixar de apoiar qualquer coisa que tenha a ver com Estado”, ad-vertiu.

Carlos Monjardino adiantou que está a contabilizar os apoios financeiros disponibilizados nas últimas déca-das a vários projectos públicos e que vai entregar esse somatório ao Governo.

Mas o presidente da FO fez um balanço positivo dos últimos 25 anos, salientando que a fundação com os ob-jectivos que nortearam a sua criação.

“Foram várias fases, umas melhores do que outras, mas o balanço é claramente positivo, sobretudo no que toca à cooperação entre a China e Portugal e a especial atenção dada a Macau”, disse.

O 25º aniversário vai ser comemorado hoje com um “almoço íntimo” na sede da Fundação, mas em Abril o Museu do Oriente realizará várias iniciativas para assi-nalar a efeméride. JTM/Lusa

Monjardino diz que o último apoio à EPM (100 mil euros)foi concedido em Janeiro

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claSSiFicaÇÃo da taÇa cHallenGe:

Grupo B J GM GS Ptajiquistão 1 1 0 3Quirguistão 1 1 0 3Macau 1 0 1 0Paquistão 1 0 1 0

PRÓXIMA JORNADA - AMANHãMacau/tajiquistão (14:00*)Paquistão/Quirguistão (18:00*)

* Horário de Macau

EStrEia DE MacaU No GrUPo B Da taÇa cHallENGE

derrota à tangente diante do QuirguistãoUm golo em cima do intervalo ditou o desaire da selecção de futebol de Macau, no primeiro desafio do apuramento na Taça Challenge. Amanhã é a segunda partida, face ao Tajiquistão

Não foi feliz a estreia da formação orientada por Leung Sui Wing, na sua série da quali-ficação para a “terceira divisão” do futebol

do continente asiático, mais concretamente a Taça Challenge.

A prova coloca em confronto selecções de baixo ranking asiático, cujo vencedor estará presente na fase final da Taça da Ásia.

Macau parte mais uma vez sem grandes ambi-ções, mas mesmo assim, por aquilo que mostrou no jogo face à equipa da casa, Quirguistão, até poderia ter começado a sonhar com o apuramento.

Como se esperava, o maior poder físico dos joga-dores quirguizes acabou por impor leis, com Macau a resistir muito bem, em especial no sector defensi-vo.

O contra-ataque seria a única arma disponível para o “onze” de Leung Sui Wing tentar discutir o resultado e na prática funcionou em alguns períodos do encontro, realizado no Estádio Dolen Omurzakov, na capital do país, Bishek.

Quando se esperava que o resultado não sofres-se alteração até ao intervalo, depois de um maior e natural domínio da equipa da casa, eis que Macau sofreu um golo, que viria a ser o único ao longo do jogo.

Foi apontado já em período de descontos, através de Tetteh David Bruce, que conseguia assim quebrar a oposição da selecção de Macau, considerada uma das mais fracas da série, juntamente com o Paquis-tão.

Ambiente não funcionou

Por aquilo que se conhece da qualidade das duas equipas, aguardava-se um domínio muito maior, em termos de resultado, do conjunto do Quirguistão, ainda por cima quando jogava em casa.

Macau acabou por surpreender, pela positiva,

pelo facto de não ter acusado a pressão do ambiente, uma vez que estavam nas bancadas cerca de seis mil espectadores, que puxaram pelos jogadores quirgui-zes ao longo dos noventa minutos.

Na segunda metade, o treinador macaense, Leung Sui Wing, arriscou, como se impunha, um pouco mais em termos ofensivos, mas as oportunidades criadas, que não foram muitas, acabaram por não surtir o efeito desejado.

Macau continuou a dar prioridade ao sector de-fensivo, formado por uma linha (exagerada...) de seis elementos com essas características de origem (Lei Tin U, Paulo Cheang, Chan Man, Choi Chan In, Vernon Wong e Herculano Soares), ainda que com experiências anteriores de posições mais adiantadas no terreno sempre que a equipa ataca.

Vinício desapoiado

No “onze” inicial, apenas Vinício de Morais Alves se apresentava como jogador mais adiantado, o que levou a que estivesse muitas vezes desapoiado, pelo facto da equipa ter de defender bastante.

No meio campo, Leung Sui Wing colocou o vete-rano (capitão) Che Chi Man, Ho Wai Tong e Ho Man Fai.

A selecção de Macau tentava assim desdobrar-se quando tinha a bola, mas a superioridade pertencia ao Quirguistão, que fica a dever a si próprio uma vi-tória mais folgada.

Perante este sistema, de “ferrolho” defensivo, a formação da RAEM vai certamente provocar di-ficuldades de penetração na área aos adversários, esperando-se por isso um desafio parecido amanhã, diante do Tajiquistão, que na abertura do grupo ven-ceu, também pelo mesmo resultado (1-0) o Paquis-tão, tento marcado já no derradeiro minuto do tempo

regulamentar, pelo capitão Khurshed Makhmudov.

Arriscar no ataqueDe referir que na segunda metade da partida de

ontem em Bishek, o técnico fez entrar, algo estranha-mente, aos 56 minutos, mais um defesa, saindo o único verdadeiro avançado, Vinício.

Mais tarde, aos 68, colocou em campo mais velo-cidade, com o benfiquista Iuri Capelo e o ponta-de-lança Chan Kin Seng, aos 79.

O guarda-redes foi Ho Man Fai.Fica a curiosidade do árbitro ser da Síria, de nome

Masoud Tufaylieh.

Vem aí o TajiquistãoPara o embate de amanhã, agendado para o meio

dia local (14 horas em Macau), aguardam-se algumas alterações, até porque o Tajiquistão não é, teorica-mente, tão forte como o Quirguistão.

Iuri Capelo deverá ser uma das primeiras opções de Leung Sui Wing no “onze”, provavelmente ao lado de Vinício ou Chan Kin Seng.

Só assim a selecção de Macau terá possibilidade de marcar golos, num grupo que, a avaliar pelos re-sultados tangenciais da primeira jornada, poderá vir a ser mais equilibrado do que se esperava.

Recorde-se que só o primeiro classificado do gru-po garantirá desde logo a passagem à segunda fase desta Taça Challenge, a que se juntarão os dois me-lhores segundos posicionados de todas as séries.

E até para o segundo lugar Macau terá já poucas hipóteses.

Precisa de vencer e com mais do que um golo de diferença, os dois jogos que lhe faltam para somar seis pontos, os mesmos que têm Bangladesh e Índia, cujas séries já terminaram.

Vítor Rebelo

regras criticadas

Pedro lobo, membro da casa de Portugal, fala em ir até às últimas consequências, depois da derrota na secretaria com o Pau Peng. “Só quem fosse daltónico é que confundiria as camisolas. Eu nem quero falar em perseguição, mas que é estranho é. vamos analisar em reunião o que fazer, mas quase que daria vontade de deixar a competição, face a tantos atropelos das regras por parte da associação de futebol”. Na mesma semana da derrota na secretaria, a casa de Portugal ficou a saber que o treinador Pelé foi punido com dois anos de suspensão e que o seu jogador José Dinis foi erradicado, ou seja, banido como atleta de futebol, por alegada agressão ao árbitro num dos jogos desta temporada.

casa de Portugal vai apresentar recurso

Na sequência do caso das camisolas, que levaram a equipa portuguesa a perder na secretaria (3-0) no jogo face ao Pau Peng, a direcção do clube vai reunir esta semana e é praticamente certo que apresentará recurso. recorde-se que a casa de Portugal se preparava para defrontar Pau Peng em mais uma jornada do campeonato da ii Divisão, apresentando-se em campo com as camisolas habituais, negras, contra um azul dos equipamentos do Pau Peng, que Pelé considerou não provocar qualquer confusão. “Foi nitidamente de má fé que nos atribuíram a derrota. o que é mais lamentável é que o árbitro quis realizar o jogo, assim como os próprios jogadores do Pau Peng, mas o treinador, que é curiosamente o seleccionador dos Sub 18 de Macau, e o secretário de mesa, não quiseram. isto é lamentável e mais uma vez as equipas portuguesas são assim tratadas”, disse.

Macau resistiu muito bem no sector defensivo

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Page 7: acidente entre autocarros entupiu trânsito na taipa ... · entupiu trânsito na taipa ... naquela casa - foi educador, ... mostrou vontade de construir uma “chinatown” em Portugal

12 JtM | local Segunda-feira, 18 de Março de 2013 de 2013 JtM | local 13

A segunda edição do Festival Literário – Rota das Letras terminou ontem, depois de uma semana repleta de palestras, projecção de filmes, exposições e concertos. O festival deu um passo em frente, analisa o subdirector, fazendo um balanço muito positivo. A organização já pensa no próximo ano e pondera estender o programa por duas semanas

Eles apostaram e o público respondeu. De um ano para o outro, o Festival Literário – Rota das Letras ganhou visibilidade. Foi a escolas, andou pelo centro da cidade,

aliou-se a instituições locais e alterou horários. Na opinião do subdirector do festival, Hélder Beja, estes foram os vértices para uma pirâmide de sucesso. No próximo ano, a fórmula de-verá ser repetida, mas é possível que o festival se estenda por mais dias.

“Correu bastante melhor do que a primeira edição, pare-ce-nos evidente que para nós, para a cidade e para os nossos parceiros, que são mais e que fazem parte dessa fórmula, que conseguimos encontrar para que seja melhor”, reflecte Hélder Beja. Um dos aspectos positivos de mudança diz respeito ao maior de número de pessoas que frequentaram as diferentes sessões do festival. “Houve muito público, em parte graças à nossa parceria com as escolas e universidades”.

Ainda sem a organização ter contabilizado o número de participantes, Hélder Beja calcula que cerca de dois mil alunos locais terão assistido às palestras que foram organizadas nas instituições de ensino. “A parceria com a Direcção dos Servi-ços de Educação e Juventude (DSEJ) funcionou muito bem”, resume.

Ao mesmo tempo, as sessões públicas registaram uma adesão bastante maior do que no ano passado. “Ao final da tarde, as sessões também foram muito concorridas, embora te-nhamos corrido o risco de organizar sessões simultaneamente. Acho que conseguimos escolher bem os públicos, embora em certas ocasiões tenha sido necessário optar, mas isso acontece noutros festivais”.

A maior adesão deve-se também à mudança do horário das sessões. “O público reflecte a segunda grande alteração em ter-mos organizacionais, que foi deslocar os horários das sessões públicas, concentrando-as ao final da tarde”. A par disso, en-trou em jogo uma colaboração mais estreita com instituições locais como a Fundação Rui Cunha ou o Albergue SCM. “Desta vez, fomos ao encontro das pessoas. Dispersámos o festival por diferentes espaços, mas ao mesmo tempo conseguimos concen-trá-lo no centro da cidade. A ideia foi ir ao centro do centro. E, claro, estas instituições com canais oleados de atracção de público foram importantes”.

Questões técnicas à parte, “nada disto teria resultado se não tivéssemos tido um leque de convidados de tanta qualidade”, conclui o subdirector. “A programação diversificada e intensa,

orGaNiZaÇÃo FaZ BalaNÇo MUito PoSitivo Da SEGUNDa EDiÇÃo

Festival poderá estender-se por mais dias

Raquel Carvalho

com eventos para além da literatura foi muito bem recebida”. Uma conjugação de factores, que contaram com um “gran-

de esforço de produção e promoção”, aponta Hélder Beja. Agora que já pode respirar de alívio, resume os sete dias de festival com palavras de satisfação. “O balanço é claramente positivo. Não há memória de uma semana assim em Macau. (...) Houve um salto qualitativo”.

Soluções para a traduçãoApesar da evolução, o festival, que começou no ano pas-

sado, ainda precisa de limar arestas, admite. A tradução, necessária ponte entre elementos da comunidade chinesa e portuguesa, é uma delas. “Depois da sessão de abertura, tomámos uma decisão, que foi não ter tradução simultânea. Nas sessões mistas usámos tradução consecutiva e correu

melhor”, explica. “Nem todos os eventos têm de ser plurilinguistas. (...) Quan-

do a audiência exigir será feita tradução, mas talvez não para todo o auditório, focalizando-a num grupo de pessoas”. Ao mesmo tempo, acrescenta, “devemos melhorar os tradutores que trabalham connosco, já fizemos isso do ano passado para este, mas temos de continuar a melhorar isso. Embora tenha havido um esforço enorme, a exigência do discurso é muito alta, o que complica bastante”.

Para o futuro, a intenção passa por organizar “uma ou ou-tra sessão pública que implique tradução simultânea, mas que consiga promover o encontro de escritores e de público”.

Festival com vida no resto do anoHélder Beja, em conversa com o JTM, explica ainda a ne-

cessidade de “continuar a profissionalizar a estrutura orga-nizativa”. Uma vontade que pode ser complementada com a experiência trazida pelo director-geral da Festa Literária Inter-nacional de Paraty, maior evento do género no Brasil. “Quere-mos perceber que outras estratégias podemos aplicar aqui”.

A ideia de criar um projecto educativo, associado ao fes-tival, que se estenda pelo resto do ano interessa, mas ainda é cedo. “Não sei se é sensato, tendo em conta que estamos no início, dizer que se trata de um objectivo”. Porém, já exis-tem alguns esquissos. “Temos ideias embrionárias, como por exemplo pôr os estudantes a lerem textos dos autores que vão estar no festival dois ou três meses antes, através da parceria com a DSEJ”, esclarece.

Para que o festival não se dilua apenas numa semana, “exis-te também a possibilidade de haver eventos pontuais durante o ano, mantendo viva a presença do festival na cidade e na cabeça das pessoas”.

Ponderar para continuar a crescerO principal objectivo do evento prende-se com o “fomentar

o gosto pela leitura”. Esta é, nas palavras de Hélder Beja, “a coisa primeira que se começa a cumprir através da relação com as escolas e as universidades, uma relação que ainda pode ser

Hélder Beja, subdirector, e Ricardo Pinto, director, fundaram o Festival Literário – Rota das Letras no ano passado

Houve muito público, em parte graças à nossa parceria comas escolas e universidades

Hélder Beja

incrementada e melhorada”.A duração da próxima edição do festival também começa a

ser ponderada. “Esta intensidade correu muito bem, mas esta-mos a pensar se faz mais sentido manter uma semana de gran-de intensidade com todos os convidados aqui presentes ou se seria melhor fazer duas semanas, com os autores a irem e a virem, encontrando-se numa parte do festival”. As cartas estão em cima da mesa e a decisão será tomada nos próximos meses. “Agora que crescemos e que temos público, vamos trabalhar a forma. Temos de perceber se vale a pena mexer”.

Uma estratégia para manter é a “organização de coisas que vão para além da literatura. A projecção de filmes, as exposi-ções e etc. foram um sucesso”, avalia Hélder Beja.

Para as próximas semanas, está já previsto o lançamento de um concurso de contos e outro de poesia. O painel de jurados ainda está a ser acertado. “Vamos também entrar no proces-so de perceber, entre os autores convidados, quem é que vai escrever contos”. Recorde-se que o primeiro livro de contos “Não há amor como o primeiro”, fruto da edição de estreia do festival, contou com textos de 17 autores, entre convidados e vencedores do concurso.

o FeStival naS PalavraS doS eScritoreS

“Ganhei um espaço onde as pessoas não me conheciam”Paulina Chiziane, Moçambique

“Desta experiência, levo o contacto com os outros escri-tores, com escritores de outras partes do mundo, com escritores chineses. O contacto com o público também me permitiu avaliar a mim própria, porque conversei com as pessoas e senti o retorno. Estive numa universi-dade e quando lá cheguei os alunos não me conheciam, depois ficaram com curiosidade para saber mais sobre os meus livros. Ganhei um espaço onde as pessoas não me conheciam e através daqueles que me conheceram ganhei coragem para continuar a trabalhar. O contacto com os escritores chineses fez-me acreditar no meu trabalho e percebi que temos sentimentos comuns. Somos todos humanos com mais coisas em comum do que parece. O importante para mim é que a alma de um povo é sempre retratada com os mesmos sentimentos. São sentimentos universais. A partir desta semente, também vou querer saber mais sobre a literatura chinesa. (...) Vou inspirar-me em Macau, sim. Esta mistura de culturas é algo tão grandioso, o ser possível a convi-vência num lugar tão pequeno de tantas culturas... Ainda não comecei a escrever nada [sobre Macau], mas vou tentar, pode crer.”

“Encontrei muita inspiração aqui”Vanessa Bárbara, Brasil

“Foi a minha primeira vez na Ásia. Senti um choque cul-tural muito grande. Estou a gostar muito da cidade, tanto da parte mais brilhante como, por exemplo, de Coloane, que parece outro mundo. Conheci alguns escritores de outros países. Foi bem interessante. (...) Encontrei muita inspiração aqui, mas ainda não faço ideia sobre o que vou escrever [para o livro de contos do festival]. Tenho muita informação. O meu caderninho está cheio de anotações, mas preciso chegar a casa, assentar e pensar em tudo isto. Ainda estou a absorver todos os estímulos.”

“Estas experiências valem muito como pontes afectivas”Valter Hugo Mãe, Portugal

“Os festivais têm uma dupla natureza, por um lado ofere-cem ao público a opinião de conhecer, questionar os con-vidados e, por outro lado, sugerem aos convidados que conheçam o lugar. Durante estes dias, andei um pouco por todo o lado. Estas experiências valem muito como pontes afectivas: conhecer as pessoas daqui, o que se faz, sair do perímetro do centro da cidade... Actualmente, estou a es-crever um romance que se passa na Islândia, mas estou a pensar num conto que pode ter como ponto de partida uma situação que reparei no Grand Lisboa. Vi três rapari-gas a dançar, meias despidas e depois fiquei a pensar, ou melhor, tenho a certeza, que uma delas é ou foi um homem. E era muito bonita e tinha vários homens embebecidos a olhar para ela. Esta situação ilustra os equívocos a que Macau está sujeita, as grandes ilusões e fantasias, o deixar pela rama... É uma metáfora dessa sedução ilusória que Macau também tem. Este convite para o livro de contos, deu-me um propósito para escrever sobre Macau. Num romance aparecerá quando fizer sentido. Mas acho que mais tarde ou mais cedo vai acontecer uma relação com Macau. (...) Ainda não comecei a escrever o conto, talvez comece na viagem de regresso de avião.”

Macau é “completamente diferente do que pareça outra cidade” disse o fadista Camané, no final do concerto que decorreu no Venetian, inserido no

Festival Literário. Agradado com a recepção que teve do muito público que afluiu ao Cotai Arena, o cantor revelou que depois do lançamento de um “best of”, em Abril, será lançado, em 2014, um novo álbum.

“É um disco com 15 temas que já estão todos escritos

e agora vão ser musicados. É sempre o mesmo estilo, mas são músicas novas e é a primeira vez que gravo um dis-co só com a poesia de um escritor, que escreveu 15 letras fantásticas”, adiantou Camané. Porém, não quis adiantar ainda o nome do escritor, dizendo apenas que é alguém que já tem alguns anos de trabalho. O fadista, que já tinha estado em Macau outras três vezes, uma das quais num espectáculo inserido no âmbito da transferência de sobe-rania, ficou surpreendido por ter chegado e encontrado mais uma “cidade”, referindo-se ao COTAI.

Sobre o concerto, diz ter gostado “imenso”. “Acho que

consegui criar uma empatia boa com o público. Estava um bocado nervoso no início porque normalmente tenho difi-culdade em cantar com o ar condicionado ligado, quando está muito forte, mas depois as coisas foram acontecendo, fui melhorando e acho que o concerto foi crescendo e até mesmo os estrangeiros e os chineses que estavam na sala aos poucos se foram habituando a este estilo musical, que também não é fácil”, referiu.

A estreia dos Dead ComboApesar de Pedro Gonçalves (baixo, contrabaixo e ka-

zoo) já ter estado em Macau esta foi a primeira vez que a banda Dead Combo actuou no território. Acompanhado de Tó Trips, na guitarra, e que se estreou no Oriente, a du-pla foi a primeira a actuar na noite de sábado.

“Levo uma boa impressão, acho que correu bem. Nor-malmente, quando vamos a sítios que nunca tenhamos ido tocar, estamos sempre naquela expectativa de como vamos ser recebidos e fomos bem recebidos”, disse Tó Trips.

Os Dead Combo, para além dos temas próprios, toca-ram uma música com Camané: “Inquietação”, de José Má-rio Branco, e “que é uma música muito actual no contexto

político” que se vive, apontou Pedro Gonçalves.A banda que começou a ter mais espectáculos fora do

país quando foi convidada a participar no programa te-levisivo norte-americano “No Reservations”, quando o autor, Anthony Bourdain, fez um episódio sobre Lisboa, disse ainda que este ano vai “tocar mais fora do país”.

Este ano fica marcado pela celebração dos 10 anos dos Dead Combo e pelo lançamento de uma banda de-senhada autobiográfica, assim como a publicação de um livro infantil escrito por Pedro Gonçalves e com capa de Tó Trips.

“Acho que consegui criar uma empatia boa com o público”, disse Camané

caMaNÉ MUito SatiSFEito coM a rEcEPÇÃo No tErritÓrio

depois de macau, um “best of” e um novo álbumOs 15 temas de um novo álbum que o fadista Camané vai lançar em 2014 já foram escritos e só faltam ser musicados. Em Macau, ficou surpreendido por ter encontrado uma “nova” cidade desde a última vez que tinha estado no território: o COTAI

Helder Almeida

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12 JtM | actUal Segunda-feira, 18 de Março de 2013 Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | actUal 15

JTM ACOMPANHA REUNIÕES MAGNAS DE PEQUIM

Parece-me de excelente augúrio o início simultâneo de dois novos ciclos de liderança, um político e outro re-ligioso, respectivamente no país mais populoso do

mundo e na maior religião universal, pelo número dos seus aderentes.

Ouvi atentamente as primeiras palavras do novo Papa Francisco, o pontífice que nos surge inesperadamente de uma América Latina cheia de contradições é certo, mas cheia também de fé nos valores essenciais da conivência humana. A sua primeira mensagem, e sobretudo a sua postura humil-de, confirmam o que dele se conhece, um homem simples e bom, ao serviço dos pobres.

Assisti também, quase acto contínuo, via televisão, à ses-são da Assembleia Popular Nacional em Pequim que elegeu o Presidente Xi Jinping como o novo chefe do Estado da Chi-na. Da visão programática do novo líder decorrem, como se sabe, objectivos de crescimento económico, num quadro de estabilidade política e social, considerados a prioridade das prioridades, dos próximos anos.

Por outro lado, conhecem-se as reiteradas pré-condições do governo em Pequim ao estabelecimento de relações di-plomáticas com a Santa Sé: o reconhecimento do princípio de uma só China (e por consequência de Taiwan, como parte integrante da Nação Chinesa); e o princípio de não interfe-rência nos assuntos internos do país.

Quem reprovará à China a primeira exigência, sabendo que a erigiu em princípio fundamental, em condição “sine qua non” do seu relacionamento internacional? E que a se-gunda, reportando-se à clássica “não ingerência”, expressa a natural prudência que decorre da necessidade estrita de o país continuar a progredir em paz, prosseguindo a erradica-ção da pobreza extrema de milhões de pessoas, para lhes dar um princípio de dignidade e de oportunidades, para a actual geração e para as gerações futuras?

Sem fazer tábua rasa das ambiguidades inerentes a todos os processos de transição histórica costumo pensar que este notável esforço chinês, de melhoria das condições dos mais pobres, se reveste de uma inegável “dimensão ética” que ne-nhum sistema religioso pode desvalorizar, incluindo o catoli-cismo que só tem que se regozijar com isso, naturalmente.

E penso agora também que a visão inteligente de um novo Papa - que simbolicamente assume o nome Francisco para imprimir, desde o início, um cunho próprio e uma direcção social e espiritual bem definidas ao seu pontificado, é obriga-toriamente sensível a este esforço de dignificação de todo um povo que representa “só” um quinto da humanidade...

Mais: Papa oriundo dos jesuítas, Francisco conhece pro-fundamente a experiência histórica de Alessandro Valignano, Matteo Ricci, Michele Ruggieri e dos demais companheiros, no século XVI, em Macau ou junto da corte do Celeste Impé-rio.

Experiência que constituiu, desde logo pelo estudo da lín-gua chinesa, e pela experiência subsequente de contactos e intercâmbio, uma belíssima lição de respeito pela civilização e cultura chinesas e de compreensão das diferenças de per-cepção do mundo e da vida que os distinguia dos seus novos amigos.

Com o mesmo grau de exigência, pois, no plano do res-peito e do esforço de compreensão das diferenças, é desejável que qualquer dia no futuro, depois de um esforço paciente de aproximação, relações formais entre a China e o Vaticano inaugurem uma nova era de compreensão e de aproximação entre ambos.

Como indicador de todas as possibilidades de convergên-cia, ocorre-me voltar ao passado, confirmá-lo com o presente, e dizer que nesta pequena mas tão simbólica cidade chinesa - Macau - onde o catolicismo nasceu há quinhentos anos, é in-questionável a fidelidade dos católicos chineses à sua Pátria.

*Ex-embaixador de Portugal nas Coreias, ASEAN e Indonésia. Docente da Universidade de S. José

uma novaera nas relaçõeschina-vaticano?

obServatÓriocarlos Frota*

O Papa Francisco desejou “uma igreja pobre para os pobres” e explicou, num encontro com jornalistas, que escolheu

o nome de São Francisco de Assis porque este era “um homem da pobreza e um homem da paz”.

“Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres”, disse o Papa a centenas de jornalis-tas de todo o mundo recebidos no Vaticano.

O novo líder da Igreja Católica explicara an-tes porque decidira chamar-se Francisco. Du-rante a eleição, eu estava ao lado do arcebispo [emérito] de São Paulo Cláudio Hummes, um grande amigo (...) Quando as coisas ficaram perigosas, ele reconfortou-me. Quando os vo-tos atingiram os dois terços, ele abraçou-me, beijou-me e disse-me: ‘Não te esqueças dos po-bres’”, contou o Papa aos jornalistas.

“Imediatamente, em relação com os po-bres, eu pensei em Francisco de Assis”, disse, acrescentando que para si aquele santo é “um homem da pobreza, um homem da paz, um homem que amava e protegia a criação. Neste momento as nossas relações com a criação não vão muito bem”.

A misericórdia e o perdão O Papa Francisco foi ontem recebido com

uma ovação de dezenas de milhares de fiéis que acorreram à praça de São Pedro para assis-

tir ao seu primeiro Angelus. “Rezem por mim, peço-vos”, disse, desde a janela do apartamen-to papal, na praça de São Pedro, após um longo aplauso da multidão.

O Papa disse ainda que Deus “nunca se can-sa” de perdoar os homens, embora estes às ve-zes se cansem de lhe pedir perdão.

Perante cerca de 150 mil pessoas, sublinhou a misericórdia e a “paciência” de Deus para com os homens e afirmou que “um pouco de misericórdia muda o mundo, torna o mundo menos frio e mais justo”.

Fugindo à tradição de usar o Angelus para comentar assuntos internacionais, Francisco teve ainda tempo para pôr os fiéis a rir, quando disse, após fazer referência a um livro escrito por um cardeal: “Não pensem que estou a fazer publicidade aos meus cardeais”.

Por debaixo da janela do apartamento papal estava um dossel em branco, já que o Papa ain-da não escolheu o escudo do seu pontificado.

Na missa que antecedeu o Angelus, já tinha sublinhado que a grande mensagem de Deus é a misericórdia e que Jesus não veio ao mundo pelos justos, mas sim pelos pecadores. “Tam-bém nós somos como esse povo, por um lado gostamos de ouvir Jesus, mas por outro gosta-mos de criticar os outros, condenar os outros. A mensagem de Jesus é a misericórdia”, disse Francisco I.

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Francisco i deseja igreja“pobre para os pobres”A missão da Igreja Católica deve estar centrada no apoio aos pobres, salientou o Papa, que entende que a grande mensagem de Deus é a misericórdia

“Que deus vos perdoe”, disse o novo Papa aos cardeais

No próprio dia da sua eleição, o novo Papa deu mostras de bom humor num convívio com os cardeais eleitores. “após o conclave, houve um jantar alegre na casa Santa Marta”, que abrigou todos os cardeais que participaram na eleição do Papa, e, “no final, num brinde, disse aos cardeais: ‘que Deus vos perdoe pelo que fizeram’”, revelou o porta-voz do vaticano. o padre Federico lombardi confirmou ainda que o Papa Francisco decidiu ir para a casa de Santa Marta numa carrinha, na companhia de outros cardeais, recusando usar o carro que tinha sido especialmente preparado para ele. lombardi indicou também que, após uma oração “privada” ao início da manhã na Basílica de Santa Maria Maior, o Papa Francisco “parou na casa do clérigo onde foi acolhido antes do conclave”, e “pagou a conta do seu quarto para dar um bom exemplo”, antes de voltar para Santa Marta.

li KEQiaNG coM Nova liNGUaGEM

“não há alternativa à política de reforma”Reforma foi a expressão mais ouvida durante a conferência de imprensa do novo Primeiro-Ministro da China. Li Keqiang deixou ainda a garantia de que “para o povo poder viver bem, o Governo deve ter um orçamento apertado”

O novo Primeiro-Ministro chinês, Li Keqiang, parecia à vontade no seu papel, como se andasse

há muito a preparar-se para aquele mo-mento. E no fundo andava, pelo menos desde 2008, quando se tornou o “núme-ro 2” do Governo, e sobretudo após o 18º Congresso do Partido Comunista, em Novembro passado, que iniciou um processo de sucessão política que acontece apenas uma vez por década. Com o novo secretário-geral do PCC e Presidente da República, Xi Jinping, Li Keqiang representa a “quinta geração de líderes da Nova China” - a primeira já nascida sob governo comunista e que dirigirá o país nos próximos dez anos.

Na sua primeira conferência de im-prensa como chefe do Governo, realiza-da ontem num salão dourado do Grande Palácio do Povo, Li Keqiang prometeu “governar sob o primado da lei” e “acei-tar a supervisão do povo e dos media”.

Falava com firmeza, com a voz e as mãos, confiante e sorridente. “A lei ocupa um lugar sagrado na nossa so-

ciedade. Ninguém, quem quer que seja ou o quer que faça, pode violar a lei”, afirmou. O alvo era a corrupção, uma das principais fontes de descontenta-mento popular e que tanto tem minado a credibilidade do Partido. “Durante o meu mandato, o Governo não recorre-rá aos cofres do Estado para construir novos gabinetes, pavilhões ou residên-cias para uso do Governo”, prometeu também Li Keqiang. “Para o povo po-der viver bem, o Governo deve ter um orçamento apertado”.

Formado em Direito e com um dou-toramento em Economia, Li Keqiang tem sido descrito como “o chefe de Go-verno mais instruído” da história da República Popular da China. Com 57

anos, Li Keqiang é mais novo do que três dos seus quatro vice-primeiros-ministros, grupo restrito de executivos que inclui uma mulher, Liu Yandong, o que não acontecia no anterior Governo. O único “vice” que tem a mesma idade de Li é Wang Yang, antigo líder do PCC na próspera província de Guangdong, a mais populosa do país, com cerca de 105 milhões de habitantes.

“Não há alternativa à política de re-forma”, salientou Li Keqiang. “Gai Ge” foi, aliás a expressão que mais se ouviu durante a hora e meia da conferência de imprensa, transmitida em directo pela rádio e televisão.

“A política de reforma é o maior dividendo da China (…) Há um gran-

de espaço para libertar produtivida-de através da política de reforma e há grande potencial para assegurar que os benefícios das reformas atingirão toda a população”, afirmou.

O singular processo de sucessão po-lítica na China - “ordeiro e instituciona-lizado”, segundo a definição apresenta-da num comentário da Xinhua - ficou completo no fim de semana. “A tocha passa para uma nova geração”, procla-mou o China Daily. As expectativas “são grandes”, como disse o mesmo jornal, mas como Li Keqiang advogou ontem, a propósito da reestruturação interna do Governo, “é preciso estabelecer um equilíbrio entre o ideal e a realidade”.

* Exclusivo Lusa/JTM

António Caeiro*em Pequim

Li Keqiang prometeu “aceitar a supervisão do povo e dos media”

Pib pode crescer 7,5 por cento ao ano até 2020Li Keqiang manifestou-se confiante que a Chi-na conseguirá manter um crescimento eco-nómico anual de 7,5% até ao final da década, apesar dos “riscos” e “desafios” que enfrenta. “Não será fácil, mas temos condições favorá-veis e enormes potencialidades na procura in-terna”, disse Le Keqiang na sua primeira con-ferência de imprensa como chefe do Governo. Para alcançar o objectivo estratégico aponta-da pelo 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, há cerca de quatro meses, “temos de registar um crescimento económico anual de cerca de 7,5% até 2020”, precisou. Segundo Li Keqiang, “a mais alta prioridade é manter um crescimento económico sustentável”. “Como é esperado, o ambiente económico continuará a ser complexo e temos de estar preparados para potenciais adversidades, mas precisamos de crescimento económico”, acrescentou. A economia chinesa cresceu 7,9% no quarto tri-mestre de 2012, interrompendo dois anos de abrandamento.

Xi Jinping exortou os membros do Partido Co-munista, “e especialmente os quadros dirigen-tes”, a “colocar os interesses do povo acima de

tudo” e a “combater firmemente a corrupção”.“Devemos firmemente rejeitar o formalismo, o bu-

rocratismo, o hedonismo e a extravagância, e comba-ter determinadamente todas as manifestações de cor-rupção e outros comportamentos negativos”, disse o Presidente chinês no encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP).

Secretário-geral do PCC desde Novembro de 2012, Xi Jinping foi eleito Presidente da República na quinta-feira, com 99,8% dos cerca de 3.000 delegados da ANP.

“O Partido, que foi fundado para o bem público e que exerce o poder para o povo, deve supervisionar a sua própria conduta, fortalecer a capacidade, resistir à corrupção, evitar a degenerescência e repelir ris-cos”, afirmou.

Novo MNE foi embaixador em TóquioNoutra decisão tomada durante a ANP, o antigo

embaixador chinês no Japão, Wang Yi, foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros da China.

Wang Yi, 60 anos, iniciou a carreira diplomática em 1982, quando a política de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior” estava a dar os primeiros pas-sos. Sempre ligado aos assuntos asiáticos, Wang Yi esteve colocado duas vezes em Tóquio, a última das quais entre 2004 e 2007, já com a categoria de vice-ministro. É membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês desde 2007.

A China tornou-se nos últimos anos o maior par-ceiro comercial do Japão, à frente dos EUA, mas as relações políticas crisparam-se em 2012 devido ao diferendo acerca das ilhas Diaoyu (Senkaku, em ja-ponês).

Wang Yi sucede a Yang Jiechi, 63 anos, que foi pro-movido a membro do Conselho de Estado. Antes de ser nomeado para o actual cargo, Wang Yi dirigia o Gabinete do Conselho de Estado encarregue dos As-suntos de Taiwan.

JTM/Lusa

Xi JiNPiNG rEitEra coMBatE aNti-corrUPÇÃo

o povo “acima de tudo”O novo Presidente chinês voltou ontem a apelar ao “firme combate contra a corrupção”

Page 9: acidente entre autocarros entupiu trânsito na taipa ... · entupiu trânsito na taipa ... naquela casa - foi educador, ... mostrou vontade de construir uma “chinatown” em Portugal

16 JtM | PUBLIcIDADE Segunda-feira, 18 de Março de 2013 Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | rotEiro 17

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ponto (repetição) 19:40 vigança 20:30 telejornal 21:00 tDM Desporto

22:10 Escrito nas Estrelas 23:00 tDM News 23:30 História Essencial de

Portugal 00:00 telejornal (repetição) 00:30 rtPi Directo

30 FOX SPORTS13:00 NaScar Sprint cup Series 2013 16:00 australian ironman 2012/13

10 17:30 acc Basketball tournament championship 19:30 FoX SPortS

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Nationwide Series 2013 - Highlights 22:00 FoX SPortS central 22:30 Fia

F1 World championship 2013 - Highlights australian Grand Prix

31 STAR SPORTS12:00 tiger Street Football 2013 14:00 thailand open Day 3 17:00 Nz PGa

championship Pro aM - Highlights 18:00 tiger Street Football 2013 20:00

the verdict 20:30 500 Great Goals 21:00 FiM Mx1 & Mx2 World champion-

ship 2013 - Highlights 21:30 (livE) Score tonight 2013 22:00 copa lagos

2012 Portugal vs. argentina 23:00 the verdict 23:30 500 Great Goals

40 FOX MOVIES11:25 the Sixth Sense 13:15 transporter: the Series 14:05 anaconda 3:

offspring 15:35 Pirates of the caribbean 18:25 Did You Hear about the

Morgans? 20:10 the Walking Dead 21:00 trespass 22:30 Ufc 158: St-Pierre

vs Diaz 00:45 transporter: the Series

41 HBO11:55 Jack and Jill 13:30 Enemy of the State 15:40 Gods and Gener-

als 19:15 Paul 21:00 aung San Suu Kyi 22:00 Boss 23:00 Girls 23:30

Enlightened 00:00 taking lives

42 cINEMAX13:00 Knight rider 2000 14:30 Breakdown 16:00 the collector 18:00

Hollywood on Set 18:30 the american 20:15 Kung Fu: the legend

continues 22:00 rest Stop 23:20 rest Stop: Don’t look Back 00:45 Police

academy: Mission to Moscow

50 DIScOVERY12:30 How it’s Made 13:30 Factory Made 14:00 Mythbusters 15:00 You

Have Been Warned 16:00 Medical anomalies 17:00 Man vs. Wild 18:00

How Do they Do it? 18:30 How it’s Made 19:00 You Have Been Warned

20:00 Deadliest catch 21:00 Man vs. Wild 22:00 Gold rush: off-Season

Special 23:00 Bering Sea Gold 00:00 You Have Been Warned

51 NGc12:30 Seconds From Disaster 13:25 Dog Whisperer 14:20 Big, Bigger,

Biggest 15:15 Family Guns 16:10 Hitler’s Secret attack on america 17:05

Predator cSi 18:00 Wicked tuna 19:00 Dog Whispererk 20:00 the link

21:00 Family Guns 22:00 Mengele’s twins 23:00 the Next Megaquake

54 HISTORY14:00 WWii lost Films 16:00 Japan’s tsunami caught on camera 17:00

irt Deadliest roads 18:00 Kings of restoration 18:30 Pawn Stars

19:00 the Pickers 20:00 Samurai of Fukushima 21:00 Japan’s tsunami

caught on camera 22:00 Pawn Stars 23:00 Kings of restoration 00:00

the Pickers

55 BIOGRAPHY13:00 intervention 14:00 Private chefs of Beverly Hills 15:00 a-Mei 16:00

Britney Spears 17:00 intervention 18:00 Ghostly Encounters 19:00 Kate

Middleton 20:00 Storage Wars 22:00 Fleetwood Mac 23:00 intervention

00:00 Hoarders

62 AXN13:00 leverage 13:55 the voice 15:45 common law 16:40 leverage

17:30 Falling Skies 18:20 leverage 19:15 csi: crime Scene investigation

20:10 the amazing race 21:05 chuck 22:00 leverage 22:55 Falling Skies

23:50 the amazing race 00:45 leverage

63 STAR WORLD12:30 Glee 13:25 Switched at Birth 14:20 Greek 15:15 america’s Next

top Model 16:10 Bunheads 17:05 Grey’s anatomy 18:00 Parenthood

18:55 Friends With Benefits 19:50 How i Met Your Mother 20:45 New

Girl 21:40 Ben and Kate 22:35 How i Met Your Mother 23:30 New Girl

00:25 Ben and Kate

82 RTPI15:00 telejornal Madeira- Directo 15:36 consigo 16:09 correspondentes

16:32 ingrediente Secreto - carapau 17:00 Bom Dia Portugal - Directo

17:59 Decisão Final 18:52 vingança 19:39 Em reportagem (Madeira)

20:04 trio d´ataque - Directo 21:00 Jornal da tarde - Directo 22:15 o

Preço certo 23:03 os compadres 23:54 vida animal em Portugal e no

Mundo 00:04 Portugal no coração - Directo 01:43 Notícias rtP - Madeira

(17H00) 02:00 Portugal em Directo 03:02 ler +, ler Melhor 03:08 Baía

das Mulheres 04:00 telejornal + 360º Directo

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cineteatroS1 MaMa - 14:30 • 16:30 • 19:30 • 21:30

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tHeater várioSJack the Giant Slayer (3D) - 12:15 • 13:45 • 16:00 • 18:15 • 19:00 20 • 30 • 21:05 • 22: 45 • 01:00

tHeater várioSchasing Mavericks - 13:35 • 18:15 • 20:30 • 22:50

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tHeater várioSStoker13:35 • 15:10 • 17:05 • 19:10 • 23:00 • 00:55

tHeater várioSlincoln - 15:35 • 18:20 • 22:05

tHeater director’S club 2Hitchcock - 17:50

tHeater director’S club 1FEU (3D) - 01:10

tHeater 8Movie 4318:20

a programação é da responsabilidade das estações emissoras

21:00

Trespass

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Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | oPiNiÃo 19

Dito

Elsa Lo in “Hoje Macau”

“Viver em Macau é como apanhar sIDa duas vezes”

• • • HÁ 20 ANOSIn “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau”

18/03/1993

PROTOcOLO DE cOLABO-RAçãO ENTRE TDM E RDPA Radiodifusão Portuguesa (RDP) e a Teledifusão de Macau (TDM) assinaram em Lisboa, um protoco-lo de cooperação que prevê o inter-câmbio de informações, programas e assistência técnica e de pessoal. O acordo tem como objectivo manter a comunidade portuguesa do Ter-ritório informada sobre os grandes temas da vida nacional e de levar a Portugal a realidade de Macau. O texto do protocolo assinado pelas administrações das duas empresas defende que devem ser desenvol-vidos todos os esforços para que a presença portuguesa perdure em Macau, nomeadamente a língua. “A Rádio terá um papel de relevo neste processo, sendo já uma garantia de que o português não deixará de se fazer ouvir em terras do Oriente”, diz o documento. Ao abrigo do pro-tocolo, a RTP e a TDM vão permutar notícias, comentários e reportagens sobre temas da actualidade política, social, económica, científica, cultu-ral e desportiva. O intercâmbio será efectuado pelos editores da RDP e TDM de acordo com critérios a de-finir pelas respectivas direcções. A permuta de programas de índole cultural, nomeadamente no âmbito do teatro, literatura, cinema e músi-ca, está também prevista.

PORTUGAL MAIS SENSATO QUE A GRã-BRETANHAO Governo português é “mais sen-sato” que o da Grã-Bretanha no re-lacionamento com a China, favore-cendo o crescimento económico de Macau, diz o vice presidente do gru-po comercial chinês “Nam Kwong”, Cao Wantong. O responsável do “Nam Kwong”, braço comercial do ministério chinês das Relações Eco-nómicas Exteriores e Comércio, ba-seado em Macau, e citado pelo jor-nal de língua inglesa de Hong Kong “Standard” afirmou que o grupo pretende aumentar a sua influên-cia na economia de Macau após a transferência da administração em 1999. Com actividades que incluem o comércio de produtos alimentares chineses, hotelaria, construção civil, navegação, minerais e petroquí-mica, o grupo “Nam Kwong” gera presentemente cerca de 10 por cento do produto interno bruto de Ma-cau. De acordo com o “Standard”, Cao Wantong anunciou planos para a abertura de filiais da “Nam Kwong” na Europa, preferencial-mente na Grã-Bretanha, Alemanha e Itália. As operações internacionais do grupo estendem-se já a Portugal, Brasil, Austrália, Singapura e países do Pacífico. Cao Wantong anunciou também a intenção do grupo de ser listado, não a curto prazo, na Bolsa de Hong Kong.

“(…) o processo de negociações que cul-minou no Acordo de 5 de Maio de 1999

permitiu ao povo de Timor-Leste, ao fim de 24 anos, exercer de forma digna e corajosa, face a desafios e à intimidação, o seu direito

à autodeterminação, algo que já muito poucos criam ainda ser possível (…)”

Kofi Annan, Secretário-Geral das Na-ções Unidas (1997-2006)

Ao longo de todo o seu percurso de quase década e meia, o Ins-tituto Internacional de Macau

(IIM) deu justa atenção a Timor-Leste, acompanhando a sua evolução e desen-volvimento, colaborando na divulgação de documentos fundamentais, apoian-do reportagens, promovendo edições, estabelecendo contactos com entidades e organizando palestras e debates em torno da problemática timorense.

Especialmente significativas foram as visitas do Bispo de Baucau, D. Ba-sílio do Nascimento, e de outras des-tacadas personalidades timorenses à sede do IIM, bem como a publicação de “Timor – Da Guerra do Pacífico à De-sanexação”, excelente trabalho do jor-nalista Fernando Lima que constituiu o primeiro volume da colecção “Suma Oriental”, que reúne, desde 2002, tra-balhos de investigação sobre o univer-so oriental, mormente no contexto das relações históricas de Portugal, através de Macau.

O IIM também ajudou a viabilizar a publicação do extenso “Relatório dos Acontecimentos de Timor (1942 – 45)”, de Manuel de Abreu Ferreira de Carva-lho, que foi Governador de Timor de 1940 a 1945, o que lhe permitiu descre-ver as agressões que marcaram aquele território nos anos da Guerra e da ocu-pação nipónica. Este livro é do Instituto da Defesa Nacional de Portugal e das Edições Cosmos e leva a chancela do IIM como patrocinador. Foi da maior importância a sua divulgação, como testemunho de um tempo de enormes sacrifícios, mal compreendido em Por-tugal.

Também recordamos sempre, com saudade e admiração, o Pe. Francisco Fernandes, nosso estimado colabora-dor e empenhado lutador pela causa ti-morense, e a acção notável do Governo de Macau, a que tive a honra de per-tencer, na continuada e eficaz ajuda a Timor-Leste em períodos de agravada dificuldade.

Tertúlia em LisboaPor tudo isso, foi com satisfação que

aceitei o convite do deputado José Ri-beiro e Castro para participar, no pas-sado dia 12, em mais uma “tertúlia di-plomática” por ele organizada e levada a efeito na Livraria Férin, em Lisboa, desta vez dedicada a Timor-Leste. Pro-tagonizada pelo Embaixador Fernan-do Neves, apresentado como “um dos mais respeitados veteranos da história recente do nosso Ministério dos Negó-cios Estrangeiros”, a conversa com este diplomata, profundo conhecedor das questões timorenses, teve como ponto de partida a obra “Timor-Leste – Relato das Negociações para a Independên-cia” de Jamsheed Marker, edição bilin-gue do Instituto Diplomático do MNE, publicado em Fevereiro de 2009. O ori-ginal, em língua inglesa, saíra do prelo em 2005.

O autor do livro, respeitado diplo-

mata paquistanês, hoje com 90 anos de idade, é referido no Guinness Book of Records como tendo sido o “Embai-xador colocado em mais postos diplo-máticos do que qualquer outra pessoa” e ganhou também a distinção de “Em-baixador mundial mais antigo”, isto é, aquele que mais anos serviu nessa qualidade. Além de representar o seu país, foi Subsecretário-Geral das Na-ções Unidas e conselheiro especial do ex-Secretário-Geral Kofi Annan. O seu papel no acompanhamento e resolução do conflito em Timor-Leste foi reco-nhecidamente relevante. Kofi Annan louvou-o pelo facto de ter conseguido “empatia de ambos os lados nas ne-gociações”, tendo a parte portuguesa elogiado a sua “abordagem sofisticada e serenidade”, ao mesmo tempo que a Indonésia reconhecia que “o talento di-plomático de Marker aplainou o cami-nho sempre que havia um bloqueio ou empecilho nas negociações”.

Foi um serão muito esclarecedor, com boa participação do público pre-sente, tendo o Embaixador Fernando Neves salientado o significado desta “vitória diplomática para Portugal” e o desfecho positivo para o povo timo-rense.

Livros sobre TimorMuito foi, entretanto, escrito sobre

Timor-Leste, mas aquelas três obras podem ser consideradas de leitura in-dispensável. A de Fernando Lima (IIM, Março de 2002) oferece-nos uma pano-râmica bem traçada das conjunturas e dos factos mais relevantes da evolução da situação timorense desde os anos da Guerra do Pacífico até 1999, quando as forças indonésias saíram da Timor, pondo termo a 25 anos de ocupação, na sequência da aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, da Resolução 1264, autorizando o estabelecimento de uma força de paz multinacional na-quele território. Este livro contém tam-bém uma utilíssima cronologia, iden-tificando os principais acontecimentos de 1941 a 1999.

É também feito no livro um sucinto relato da “Cimeira de Macau”, realiza-da em Junho de 1975, como tentativa, que se revelou infrutífera, de resolução do problema timorense, procurando reunir os três partidos de Timor (UDT, FRETILIN e APODETI) para, com eles, se decidir o futuro do território. Mes-mo sem a presença da FRETILIN, que reivindicava para si a posição de único interlocutor no processo de descolo-nização de Timor, o encontro realizar-se-ia nos dias 26 e 27 de Junho, sendo a delegação portuguesa chefiada pelo Major Vítor Alves, membro do Conse-lho da Revolução e integrando o Minis-tro da Coordenação Territorial, António Almeida Santos, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Jorge Cam-pinos e alguns militares. Lideraram as representações da APODETI e da UDT José Osório Soares e Costa Mousinho. Para acompanhar mais de perto os tra-balhos, o Governo indonésio instalou naqueles dias uma delegação em Hong

o iim e timorFalar de nÓS

Jorge a. H. rangel*

Kong.Fernando Lima fez este enquadra-

mento da Cimeira:“Mas a Indonésia não se ficava por aí,

na sua ânsia de controlar o andamento do processo de Timor. Nos dias que antece-deram o encontro de Macau, registou-se um recrudescimento da pressão indonésia, com o propósito de realçar o extremismo da FRETILIN e denunciar as ameaças dos seus militantes contra os simpatizantes da APO-DETI. Neste âmbito, era referido que, víti-mas de perseguições movidas por gente da FRETILIN, muitos timorenses ter-se-iam visto na necessidade de fugir para Timor Oriental, ‘uma vez que o Exército portu-guês não garantia a sua protecção’. Também com proveniência de Jacarta era destacada uma declaração de John Naro, membro do parlamento indonésio, segundo a qual o governo do seu país não poderia ‘tolerar’ que Timor português se tornasse comunis-ta, dada a sua importante situação geoes-tratégica. Naro salientava que a Indonésia não gostaria de ver Timor ‘tornar-se noutra Goa’. Dito desta maneira, os observadores viam aí uma velada alusão a que Jacarta po-deria seguir o exemplo da União Indiana, em 1961, e tomar Timor pela força.

No final da Cimeira foi distribuído um comunicado conjunto das três delegações, no qual lamentam a ausência da FRETILIN, dado que tal facto impedia a negociação do processo e o calendário da descolonização do território. Contudo, a nota assinala que ‘as conversações entre as três delegações decorreram num ambiente de construtiva cordialidade’ e, a dado momento, releva: ‘A delegação portuguesa reconhece que as delegações da APODETI e da UDT teste-munharam compreensão pelas proposições da delegação portuguesa, tendo-se chegado a uma plataforma que salvaguarda, a um tempo, os interesses do Povo de Timor e do Povo português, e confirma os princípios políticos e os valores morais que caracte-rizam o processo de descolonização dos ex-territórios portugueses’.

Outro ponto realçado pelo comunicado referia que, em função da plataforma a que se chegara, fora elaborado um projecto de diploma constitucional destinado a ser sub-metido ao Conselho da Revolução, ‘do qual se destaca a reafirmação do direito do Povo de Timor à autodeterminação, com todas as suas consequências, incluindo a inde-pendência, e do princípio de que, em con-sequência, é ao Povo de Timor e só ao Povo de Timor que compete definir o futuro polí-tico deste território.’ Para os observadores, ainda que salvaguardadas as aparências, o compromisso de Macau não podia ser mais frágil. Em privado, membros das duas dele-gações timorenses confessavam que a situ-ação era extremamente delicada e estava à mercê do partido que tentasse fazer pender o território para a independência ou para a integração na Indonésia.”

Na verdade, a radicalização crescen-te das posições dos contendores políti-cos inviabilizaria totalmente a aplicação da legislação portuguesa que estabele-ceu as disposições relativas à descolo-nização de Timor. É evidente que, neste contexto, tiveram também responsabili-dades as autoridades portuguesas. Se-guir-se-ia o sangrento drama timorense que se arrastaria ao longo de demasia-dos anos. Se o resultado final, que ga-rantiu a independência de Timor-Leste, foi uma ‘vitória da diplomacia portu-guesa’, foi certamente muito mais uma vitória do heróico povo timorense.

* Presidente do Instituto Internacional de Macau. Escreve neste espaço às 2.as feiras.

16 JtM | oPiNiÃo Segunda-feira, 04 de Março de 2013

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Declaração de Morte Presumida nº CV2-11-0013-CPE 2° Juízo Cível

Requerente: IEOng IOI Sau ou YOung YuE ShOu ThOMaS, casado, de nacionalidade chinesa, residente em Hong Kong, em Nam Fung Sun Chuen, Block 11, Flat H, 8th floor 17 Greig Crescent.Requeridos: 1. IOng Ou I ou IEOng Ou I, de sexo feminino, maior, filha do IoNG KIm HaNG que também usa os nomes IoNG KIm Hou e IEoNG mou SIN e da IEoNG ao SI que também usa os nomes YouNG au SI e au NGaI maN, com última residência conhecida em macau, na Pátio da Hera, nº 2, ora ausente em parte incerta;2. InTERESSaDOS InCERTOS; e3. MInISTéRIO PúblICO.

FaZ SabER pelo Tribunal Judicial de Base da RaEm que é dada publicidade do Acórdão proferido em 17 de Janeiro de 2013, nos autos supra identificados, no sentido de que foi declarada a morte presumida de IOng Ou I ou IEOng Ou I, a qual terá ocorrido a dia incerto do ano de 1961, nos termos do disposto no artigo 100º do Código Civil, cujo Acórdão só produz efeitos decorridos DOIS MESES sobre a data da segunda e última publicação do anúncio.

Macau, 06 de Março de 2013.

A Juiz,Cheong Un Mei

A Escrivã Judicial Adjunta,Cheong Lai Lam

“JTM” - 18 de Março de 2013

TRIbunal JuDICIal DE baSE JuíZO CíVEl

anúnCIO

1ª Vez

acção Ordinária nº CV1-12-0039-CaO 1° Juízo CívelAutor: Tso Yeuk Mui, casada, residente em Macau na Praça Lobo de Ávila, nº 16-18, 29º andar “A”.Réus: Sociedade de Investimentos em Propriedades Kuai heng, limitada, com sede na Rua de Pequim nº 119, edif. Yee Ging Court, 13° andar “E” , em Macau.

FAZ-SE SABER QUE, por este Juizo, correm éditos de TRInTa DIaS, contados da segunda e última publicação deste anúncio, citando o Réu acima identificado, para no prazo de TRInTa DIaS, decorrido que sejam os dos éditos, contestar a acção Ordinária, supra indentificada com a advertência de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo autor, prosseguindo os autos até à final à revelia do réu, cujo pedido resumidamente consiste em: a. declarar-se a venda e transmissão da propriedade da R. para a A. das fracções

autónomas “B8” e “Bl5” e os 8 lugares de estacionamento designados por “C3”, “C4”, “C5”, “C6”, “C11”, “C14”, “C26” e “C27”, correspondentes a 8/82 avos da fracção “AR/C” do rés do chão “A”, do prédio sito no nº 16-18 da Praça Lobo de Ávila, edif. “Lake View Garden”, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o nº 9739 a fls 265 do Livro B-26, inscrito na matriz predial sob o nº 72006;

b. subsidiariamente, e apenas para o caso de o pedido constante na alínea a) não ser julgado procedente, declarar-se resolvidos os contratos promessa celebrados entre a A. e a R., por incumprimento definitivo e culposo desta última e, consequentemente, condenar-se a R. a pagar à A., a título de indemnização, o dobro do sinal pago, isto é a quantia global de HK$l5.368.000,00, correspondente a MOP$15.829.864,00, acrescida de juros à taxa legal, desde a data do incumprimento da R.;

c. em qualquer caso, deverá ser reconhecido o direito de retenção da A. no que concerne aos 8 lugares de estacionamento, correspondentes a 8/82 avos da fracção “AR/C” do R/C “A” e sobre as fracções autónomas designadas por “B8” e por “B15” correspondentes ao 8° andar “B” e ao 15° andar “B”, acima melhor identificados e, em consequência, ser a R. condenada a respeitar esse mesmo direito de retenção.Tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra nesta

secretaria à disposição do citando.A intervenção do citando nos autos implica a constituição de advogado - art. 74º do

C.P.C. de Macau.R.A.E.M., aos 27 de Fevereiro de 2013.

A Juiz,Kan Cheng Ha

O Escrivão Judicial Auxilar,Loi Wa Chon

“JTM” - 18 de Março de 2013

TRIbunal JuDICIal DE baSE JuíZO CíVEl

anúnCIO

O Governo, de uma forma geral, e o ministro das Fi-nanças, de uma forma par-

ticular, parecem apostados em dar razão ao líder do PSD. Pelo andar da carruagem, vão mesmo lixar-se nas eleições.

Adiar por um ano o cumprimen-to das metas previstas no memo-rando, sem que a esse adiamento corresponda um alivio da austeri-dade, é apenas ajustar o programa de ajustamento à realidade dos nú-meros. A simples aritmética haverá de provar que mais austeridade, mais recessão e mais desemprego é igual a menos votos.

Quando Passos Coelho se diri-giu aos seus deputados explicando que não se importava de perder umas eleições para salvar Portu-gal, Vítor Gaspar terá sido dos que gostaram da tirada. O resto do PSD também, porque revelava um líder responsável e, acima de tudo, por-que aquilo cheirava a retórica polí-tica. No momento certo, o Governo iria ajudar o PSD a conseguir nova vitória. 2014 e 2015 seriam anos de crescimento e daria para aliviar a austeridade.

Como não vai haver menos aus-teridade, menos recessão e menos desemprego igual a mais votos, o independente Vítor Gaspar vai perceber, mais cedo do que tarde, como funcionam os partidos. De herói a vilão é um passinho.

Na verdade, já não há muito a fazer. Podem sempre esperar pelo milagre em que acreditam e que se baseia na teoria de que, regressan-do aos mercados, o dinheiro volta-rá a jorrar e as empresas vão poder voltar à banca a juros decentes para

“Que se lixemas eleições”

tribunaPaulo Baldaia*

Em dois anos tínhamos sido apenas uma tira da cintura do Largo Sena-do enquanto duas carreiras de gen-

te passavam entre nós interrompendo as palavras, cortando-as, como o frio que me cortou a pele em frente ao Palácio de Verão, onde as mãos de casais velhinhos se enter-neciam com a solidão, com a figura a que noite apaga a sombra.

Há dois anos. Não sou boa em contas, nem marco ideias ou eventos num calen-dário, na expectativa de que tudo esteja já dentro de mim, mas lembro-me, à pas-sagem dos dias, quantos intervalos houve entre nós, mulher e país, personificado na calçada de um Palácio à tua espera.

Era a primeira tentativa de desbravar um gigante, percorrendo-lhe as ruas com mãos e olhos, absorvendo rostos como es-feras de papel, dançando até nos parques, hoje, sem chegar à altura do que são as coisas, mas a insistir que o que separa uma mulher e um país, personificado num Palá-cio à tua espera, não são os anos de Histó-ria, mas uma espécie de esperança, que não se cumpre nas praças compridas.

Regressei a Pequim de surpresa e lem-brei-me do esforço, na cintura do Largo do Senado, enquanto duas carreiras de gente passavam entre nós interrompendo as pa-lavras, cortando-as, como o frio que me cor-

num Palácio de verão

tou a pelo, em frente ao Palácio de Verão, sem entrada, que a noite caiu nos braços da solidão. Lembrei-me desse recorte de uma história que nem merece ser escrita, e pedi, com cuidado, ajuda para falar com as pessoas na capital, com os mais novos, que não me conseguiram pegar nas mãos, quando o frio me cortou a pele à frente de um Palácio.

Insisti: é apenas para saber o que pen-sam sobre a mudança de líderes no seu país, uma opinião. Mas achou-se com espaço para responder por uma geração: “Novos membros, nova esperança. É tudo”, dissi-pando a voz num pedaço de papel rasgado pelo tempo.

Mas nesse instante percebi, porque não fomos mais do que uma tira da cintura do Largo do Senado enquanto duas carreiras de gente passavam entre nós interrompen-do as palavras e que a, ali, apesar dos so-nhos, a esperança é apenas um palácio.

* Jornalista do JTM

didaScáliaS Fátima almeida*

investir. O problema é que o efeito deste investimento na criação de empregos será muito demorado.

Quem não se está marimbando para as eleições é António José Se-guro, que ambiciona ser primeiro-ministro. Se lá chegar, vai herdar um país que não pode passar da austeridade extrema para o rega-bofe, e, por isso, precisa de fazer acertos no seu discurso.

Como Durão Barroso disse an-tes de chegar a São Bento, também o líder do PS pode começar a di-zer que vai ser primeiro-ministro, só não sabe é quando. Seguro tem de aproveitar o passa-culpas que já se começa a ouvir entre os nossos credores e o nosso Executivo. Num país com tantos dedos acusadores apontados ao Governo, o do líder do PS é só mais um.

Os socialistas, que chamaram a troika e assinaram o memorando, têm de centrar o seu discurso na defesa das alternativas que pro-põem. A confiança que o PS tem de gerar no eleitorado, para ultrapas-sar o resultado mediano que tem nas sondagens, só será conseguida se esse eleitorado acreditar que há um caminho viável na alternativa proposta. E isso ainda não aconte-ceu.

JTM/DN

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liGa PortUGUESa

leão sofre, mas regressa às vitóriasO Sporting regressou às vitórias, após três jornadas em que somou dois empates e uma derrota, ao vencer em casa o Vitória de Setúbal por 2-1, em encontro da 23ª ronda da I Liga de futebol

O Sporting entrou forte no jogo, com o bloco com-pacto e subido, e com

níveis de agressividade que forçaram o Vitória de Setúbal a defender muito junto à sua área e expor-se ao que viria a aconte-cer.

No espaço de quatro mi-nutos, os “leões” conseguiram traduzir a sua superioridade em campo, com dois golos, aos 16, um autogolo de Amoreirinha, ao antecipar-se a Wolsfwinkel, após excelente jogada colectiva, e aos 20, na execução de uma grande penalidade cometida por Ney Santos e cobrada por Labyad.

A seguir, em vez de manter a pressão alta que vinham exer-cendo, sobretudo logo na saída de bola dos sadinos, os “leõezi-

nhos” recuaram, estenderam a equipa, abriram espaços entre sectores e baixaram a intensida-de e o Vitória passou a ter mais bola e a iniciativa do jogo. Em consequência, à passagem do minuto 33, o Vitória reduziu, numa cabeçada de Makukula após cruzamento de Pedro San-tos, e reentrou na discussão da partida.

Só depois de sofrer o golo é que o Sporting retomou as “rédeas” do jogo, conferindo-lhe maior intensidade e pro-fundidade, forçando o Vitória a recuar novamente, o que re-sultou num festival de golos falhados, com três oportunida-des soberanas para o terceiro, duas delas, aos 38 e 40, com a bola a embater no poste, e ter-ceira, aos 42, com Wolfswinkel

a falhar à boca da baliza.Na segunda parte, o Sporting

não conseguiu, naturalmente, manter o mesmo ritmo alto da

primeira parte, mas esteve sem-pre “por cima” e só por evidente “verdura” de alguns jogadores é que não “matou” o jogo e per-

mitiu que a sua vitória não fosse um dado adquirido.

A 20 minutos do fim, Je-sualdo sentiu necessidade de incutir mais capacidade de cobertura ao meio-campo, vis-to que o terceiro golo não ha-via maneira de sair, e trocou os vértices do “triângulo” do meio-campo, passando Rinau-do a trinco e Eric Dier e Adrien a médios interiores.

O Sporting acabou por gerir com relativa segurança a vanta-gem de um golo, face a um Vi-tória que desiludiu.

Nas outras partidas realiza-das o Paços de Ferreira “estra-gou” a celebração do 500º jogo do treinador Manuel Cajuda no campeonato principal, infligin-do uma derrota à Olhanense por 2-1. Um desfecho que per-mite aos pacenses manterem-se na luta pelo terceiro lugar, de acesso à Liga dos Campeões, pois permanecem a um ponto do Sporting de Braga, que soma 43, após vitória por 3-1, sexta-feira, sobre o Gil Vicente.

P.A.S.

Ronaldo, que passou a contar 27 tentos na prova, marcou aos 52 minutos o segundo tento dos lo-cais, que tinham estado a perder por 1-0 (golo

de Emilio Nsue, aos seis minutos) e 2-1 (Alfaro, aos 21).

Pelo meio, aos 15 minutos, e após assistência de Pepe, o argentino Gonzalo Higuain também marcou, sendo que viria a “bisar”, aos 57. O golo da noite foi, porém, da autoria do croata Luka Modric, aos 53, com um grande pontapé de fora da área.

O resultado foi fixado já nos descontos, aos 90+1

liGa ESPaNHola

real deu a volta na 2ª parteOs “merengues” estiveram a perder em casa por duas vezes frente ao Maiorca, mas conseguiram dar a volta e vencer por 5-2

minutos, pelo francês Karim Benzema, assistido por Higuain.

Além de Cristiano Ronaldo e Pepe, também Fábio Coentrão cumpriram os 90 minutos, assim como Nu-nes, no centro da defesa do Maiorca, enquanto Ricar-do Carvalho esteve no banco, mas não foi utilizado pelo técnico português José Mourinho.

Nos outros embates de sábado destaque para a Real Sociedad, que reforçou o quarto lugar, ao ganhar em casa ao Valladolid, por 4-1, com um “bis” do fran-cês Antoine Griezmann e tentos de Agirretxe e Xabi Prieto. O Valência cimentou o quinto lugar ao vencer o Betis, por 3-0, enquanto o Málaga foi surpreendido em casa perante o Espanhol (0-2).

Por seu lado, o Getafe recebeu e bateu o Athletic por 1-0, graças a um tento de Borja, aos seis minutos, numa ronda que começou sexta-feira com o triunfo por 3-1 do Deportivo na recepção ao Celta de Vigo,

Depois de uma jogada de Rio Ferdinand, Wayne Rooney “maquilhou”, aos 21 minutos,

uma exibição triste a apagada do con-junto comandado por Alex Ferguson, que parece ainda afectado pelo afas-tamento da “Champions” face ao Real Madrid.

Ainda assim, e sem o lesionado Nani, o Manchester United conseguiu

somar a 24ª vitória, em 29 jogos, e pas-sar a somar 74 pontos, contra 59 do City, que perdeu por 2-0 no reduto do Everton, mesmo a jogar contra 10 des-de os 61 minutos.

Leon Osman, aos 32 minutos, e o croata Nikica Jelavic, aos 90+1, sela-ram o triunfo dos “toffees”, que se iso-laram no sexto lugar, deixando para trás o rival da cidade, o Liverpool,

derrotado por 3-1 no reduto do Sou-thampton.

Nos outros embates do dia, desta-que para o triunfo por 2-0 do Arsenal no reduto do Swansea, com golos do espanhol Nacho Monreal e do marfi-nense Gervinho.

O Aston Villa conseguiu também uma vitória importante face ao QPR, por 3-2, para fugir aos lugares de

despromoção, enquanto Stoke e West Bromwich Albion não foram além de um nulo.

O Tottenham foi ontem surpreen-dido em casa pelo Fulham, perdendo por 1-0. Igualmente ontem as equipas do Sunderland e Norwich empataram a uma bola.

P.A.S.

PrEMiEr lEaGUE

united vence e aproveita deslize do cityO líder Manchester United aumentou para 15 pontos a vantagem para o campeão e rival Manchester City, ao vencer em casa o Reading por 1-0, em encontro da 30ª jornada da Primeira Liga inglesa de futebol. Os “citizens” foi derrotados, de forma algo surpreendente, pelo Everton, por 2-0

Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | DESPorto 21

com golos lusos de Sílvio e Diogo Salomão.P.A.S.

20 JtM | DESPorto Segunda-feira, 18 de Março de 2013

FÓrMUla 1

o regresso de “mr ice”

Começou mal o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 da FIA. As provas de qualificação foram efec-

tuadas em dois dias, devido à chuva que se abateu sobre o circuito de Albert Park, em Melbourne, na manhã de sábado. Ain-da antes de se ter iniciado a qualificação a organização alertava todas as equipas que, devido a um problema na telemetria do controlo da corrida, seria impossível avisar os pilotos dos sinais dos comissá-rios - bandeiras azuis, amarelas e encar-nadas – através das luzes de bordo dos carros.

Com esse dado adquirido, a segunda parte da prova de qualificação foi efectu-ada na manhã de domingo, e os tempos efectuados foram muito mais rápidos que os tempos da véspera, na ordem dos 12 segundos por volta.

A Red Bull assegurou a primeira do-bradinha da época no “grid”, com os car-ros de Vettel - Pole Position - e Webber na primeira linha. Talvez não se estivesse à espera, apesar do domínio de Vettel nos treinos livres. Esta prestação não se repe-tiu durante a corrida, com a Red Bull a mostrar ser ligeiramente inferior ao seus mais directos competidores. A grelha compôs-se de Ferraris, Mercedes e Lotus, até ao oitavo lugar.

A corrida foi uma da melhores dos últimos tempos, com sete pilotos a do-minarem os acontecimentos, na primeira metade. Sem muitos percalços, alguma

chuva fraca, três abandonos e um piloto (Hulkenber) que não participou por moti-vos de segurança, as 58 voltas foram corri-das em 1 hora, 30 minutos e 3 segundos.

Kimi Raikkonen, também conhecido como “Mr Ice”, mostrou a classe que o tornou campeão do mundo pela Ferrari, em 2007. Com um carro impecável e uma estratégia muito certa, geriu o desgaste dos pneus de formal magistral, e assim venceu a primeira prova do ano, demons-trando, estar com vontade de voltar a ser campeão do mundo de pilotos.

Fernando Alonso ficou com a segun-da posição, com um carro, ligeiramente mais lento que o Lotus, e nunca esteve à altura de o desafiar directamente. Seguiu-se Vettel, na terceira posição, mostrando alguma supremacia dos motores da Re-nault. Felipe Massa, que fez uma extraor-dinária corrida, ficou em quarto, à frente do Mercedes de Hamilton e do segundo Red Bull, de Mark Webber. Estes foram os únicos carros que terminaram a prova dentro do mesmo minuto.

O grande perdedor da tarde, foi, sem dúvida, o piloto alemão da Force Índia, Adrian Sutil. Revelou que um ano como piloto de testes não o afectou e dominou grande parte da prova, até ser traído pelo desgaste dos pneus, mas dever-se-á ter em conta nas próximas corridas.

Os McLaren Mercedes não fizeram nem melhor nem pior do que se espe-rava. Um carro muito instável, radical e diferente do carro do ano passado, não foi suficiente para levar Jenson Button a mais do que um nono lugar, e o mexicano

Perez, ficou dois lugares abaixo.A partir desta 11ª primeira posição, a

única surpresa foi o motor partido, devi-do a um problema eléctrico, no Mercedes de Nico Rosberg, à 27ª volta.

Os pneus foram o elemento mais sensível desta primeira corrida da tem-porada, com a primeira ronda de troca de borracha a começar logo à 4ª volta, e a segunda perto da 22ª, numa corrida de 58 voltas.

A prova australiana indicou que se poderá vir a assistir a um campeonato muito homogéneo, com muitos pilotos a vencerem corridas, talvez ainda mais do que no ano passado em que houve 8 pi-lotos diferentes a visitarem o lugar mais alto do pódio. Se assim for, o espectáculo será interessante de se seguir, mas vere-mos o que nos espera, já no próximo fim-de-semana, em Sepang, na Malásia.*Especialista JTM em desportos motorizados

Raikkonen venceu a prova em Melbourne, cabendo a Alonso e Vettel fecharam o pódio

António Ribeiro Martins*

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Leonardo pediu namorada em casamento durante transmissãoem directoleonardo, actual director do clube de futebol Paris Saint-Germain, surpreendeu a namorada anna Billó, jornalista italiana, durante a transmissão do sorteio dos quartos-de-final da liga dos campeões. o brasileiro, que também é comentador no canal italiano Sky Sports, aproveitou a ocasião para pedir a namorada em casamento. após a tradicional pergunta “Queres casar comigo?”, leonardo não obteve a resposta dos seus sonhos já que anna, aparentemente algo nervosa e surpreendida, disse que preferia “conversar mais tarde, em casa”. o casal tem um filho, thiago, nascido em 2011.

22 JtM | laZEr Segunda-feira, 18 de Março de 2013

Bieber critica imprensa por “incontáveis mentiras”Justin Bieber acusou a imprensa de publicar “incontáveis mentiras” a seu respeito. No seu perfil do instagram, o cantor, de 19 anos, disse que não está em reabilitação, ao contrário do que se especulou na imprensa, e que não considera que tenha feito algo para merecer a cobertura negativa que a sua digressão europeia tem recebido. “todos na minha equipa dizem-me para manter a imprensa feliz, mas estou cansado de todas as mentiras. Dizem que estou em reabilitação e que a minha família está desapontada comigo”, escreveu Bieber. “Sou uma boa pessoa, com um bom coração. E não acho que mereça toda essa cobertura negativa. trabalhei muito para chegar onde estou. Não é fácil. Às vezes fico furioso. Sou humano. vou cometer erros. vou crescer e melhorar com eles”, acrescentou.

Miranda Kerrusa colar cervical após acidente de viaçãoMiranda Kerr está a usar um colar cervical após ter sofrido um acidente de viação. “Ela está com muitas dores, mas estamos contentes porque não foi nada mais grave”, disse o seu porta-voz. “orlando [Bloom] está a tomar conta dela. É um marido espantoso. Felizmente, Flynn [filho do casal] não estava no carro”, acrescentou. a modelo da victoria’s Secret terá sofrido lesões nas costas e submeteu-se a uma ressonância magnética. Segundo o site tMZ, o outro condutor terá sido detido por suspeitas de estar alcoolizado.

Kate Middleton, Rihanna e Kristen Stewartna lista para a “celebridade perfeita”Uma votação no reino Unido para “construir” a celebridade feminina perfeita elegeu o cabelo de Kate Middleton, o rabo da cantora rihanna e os olhos verdes da actriz Kristen Stewart, entre outros atributos. “como elas estão sempre sob as luzes da ribalta, geralmente usamos as celebridades para descrever como seria a nossa mulher perfeita ou homem perfeito”, disse o editor do website My celebrity Fashion, Bobbie Malpass. “Penso que se elas podem usar o estatuto de celebridade para veicular uma mensagem positiva, seja pelo estilo, figura ou personalidade, então não há problema”, acrescentou.

clooney e Keiblerterminam namoroo namoro de George clooney e Stacy Keibler chegou ao fim após 20 meses, noticiou o “the Sun”. “Eles sabiam que nunca iria acabar em casamento e filhos”, disse uma fonte ao jornal. clooney, recorde-se, começou a namorar com Stacy depois de uma relação com a modelo italiana Elisabetta canalis. Entre as anteriores conquistas do sedutor contam-se as actrizes Julia roberts, lucy liu e renee Zelwegger.

Tempos livresMaria Fernanda

Se houver alguma exposição ou lan-çamento de livro gosto de ir ver, tal como ir ou cinema ou ver lojas. Se

tiver mais tempo vou até Hong Kong ou cantão, onde há espaços muito bonitos. Em Macau já conhe-ço praticamente tudo, lá fora há maior variedade, e com o comboio é fácil ir até cantão. recentemente vi uma exposi-

ção de pintura na Fundação rui cunha que gostei bastante, e também visito muito os museus. Só ainda não andei de tele-férico! Em relação a filmes, gostei muito do “Zero Dark thirty”, e o próximo que quero ver é o “Silver linings Playbook”. Pre-firo ler coisas em inglês, e agrada-me todo o tipo de leitura porque todas as coisas têm algo de diferente para aprender. Penso que se Macau tivesse mais espaço para locais temáti-

cos seria muito bom... Gosto muito dos espaços dedicados à Disney, visitei o dos Estados Unidos, Japão, Europa e tam-bém o de Hong Kong, que é o mais fraquito, mas ouvi dizer que estava melhor agora. acho que faz falta também mais eventos de cultura, como peças de teatro. a comunidade portuguesa devia também encontrar-se mais vezes, sem ser só em eventos sociais como encontros na casa do cônsul.

Gente Gira Coordenação:Pedro André Santos

Envie as suas fotos para: [email protected]

Segunda-feira, 18 de Março de 2013 JtM | laZEr 23

Fim-de-semana em cantãoJosé Manuel Moura Pinto surge na fotografia num momento de animação com a filha Maria Helena. o momento foi registado na ilha Shamian, durante um fim-de-semana de compras e divertimento em cantão.

contacto com a neveisa Manhão visitou Moscovo pela primeira vez, resolvendo tirar esta fotografia para o álbum de recordações. ao GENtE Gira contou que a capital russa é uma cidade muito bonita, cheia de histórias e lendas, tendo adorado conhecer o local.

O gosto pela navegaçãoQuando o tempo assim o convida, rosa de Jesus Nunes aproveita para fazer uma viagem até Hong Kong onde gosta particularmente de navegar. a imagem foi registada num passeio de veleiro de um amigo, nos novos territórios, num belo domingo de sol.

Pastel de Belém à sobremesaapesar de estar em Portugal, teresa Nolasco continua a acompanhar bem de perto o que se passa em Macau. a imagem capturou um momento em família na companhia dos bem conhecidos pastéis de Belém, depois de um iam chá num restaurante chinês. Na fotografia surgem ainda o seu irmão Frederico e respectiva esposa Patrícia, e a mãe, terry Nolasco.

Portuguesadestaca-se na Victoria’s Secret Sara Sampaio reforçou a sua ligação à victoria’s Secret, tendo sido escolhida para representar a marca de lingerie internacional na festa Pink Miami Spring Breakers, juntamente com a modelo Elsa Hosk e o actor alexander ludwig. a modelo portuguesa mais internacional da actualidade trabalha regularmente com a victoria’s Secret, tendo já sido fotografada para as quatro linhas da marca: victoria’s Secret, Designer collection, Swim e Pink.

VER VÍDEO NA EDIçãO ONLINE DO JTM www.jtm.com.mo

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24 ÚltiMa Segunda-feira, 18 de Março de 2013 • Fecho da Edição • 00:50 horas

Qualidadede vida

Só passaram 10 anos, mas os que viviam na

RAEM não esquecem as repercussões do pavor da “SARS“, do inglês “Severe Acute Respi-ratory Syndrome” ou pneumonia atípica.

Na realidade, esta epi-demia nunca chegou a Macau. A única pessoa que foi hospitalizada era um indivíduo do

Continente Chinês que aqui se acolheu para poder ser curado. O

que aconteceu.As dezenas de mortos

e infectados na China e em Hong Kong, no en-tanto, provocaram com que, de um momento

para o outro, as ruas da cidade e ilhas ficassem esvaziadas, transportes públicos, restaurantes e

loja sem clientes.Por ter visto a RAEM à beira da falência, com as ruas desertas, olho agora com bonomia

os milhares de turistas que diariamente nos

visitam e deixam aqui o seu dinheiro, apesar do muito de qualidade de vida que nos retiram.

Afinal, prefiro os incó-modos ao deserto. Mas, não me digam que não se perdeu qualidade de

vida.

EnPassantjosé rocha dinis

melco crown fechou acordo para parceria em manilaLawrence Ho, co-presidente da Melco Crown, anunciou que a empresa vai investir 600 milhões de dólares no “Belle Grande”, complexo integrado de lazer e jogo que deverá abrir em meados de 2014 em Manila. “Estamos muito entusiasmados com o nosso projecto. Pensamos que as Filipinas possuem o potencial de crescimento e são um dos mais excitantes países da região”, disse o filho de Stanley Ho, antes de assinar a parceria com o milionário filipino Henry Su. Nas Filipinas, esteve tam-bém o magnata australiano James Packer, que juntamente com Lawrence Ho criou a Melco Crown. Depois do “Solaire” e do “Belle Grande”, dois outros casinos - um controlado por Kazuo Okada, até há pouco tempo accionista da Wynn Macau - e outro do grupo malaio Genting - deverão abrir em 2015 e 2017. O Governo filipino espera que as novas atracções gerem receitas anuais na ordem dos 10 mil milhões de dólares. Lawrence Ho disse esperar receitas anuais de mil milhões de dólares no novo complexo e antecipou que o mercado das Filipinas poderá igualar, em cinco ou seis anos, as receitas de Las Vegas ou Singapura.

tarifas de “ferries” vão aumentarcerca de 6% no final do mêsA Capitania dos Portos aprovou uma revisão em alta da tabela de preços para as viagens de “ferries” de ligação a Macau, com o crescimento médio das tarifas a atingir cerca de 6%, revelou ontem Susana Wong, directora do organismo. Os aumentos, que deverão entrar em vigor no final deste mês, ficam aquém das percentagens solicitadas pela TurboJet e Cotai Water Jet, que tinham proposto subidas entre 10 e 13%. Por cada viagem de “ferry” entre Macau e Hong Kong, os passageiros passarão a pagar mais oito ou nove pa-tacas, adiantou Susana Wong, frisando que será mantido o descon-to de 15 patacas para residentes da RAEM. Para a directora da Capitania, apesar de não corresponder às expectativas das transportadoras marítimas, a taxa de aumento é “relativamente razoável” e tem em conta o impacto junto da população. Em declarações aos jornalistas, a mesma responsável sustentou ainda que as empresas de “ferries” também têm de assumir as suas “responsabilidades sociais”. V.c.

tsang preocupado com“politização” de Hong KongO antigo Chefe do Executivo de Hong Kong Donald Tsang afir-mou estar preocupado com o facto da antiga colónia britânica se estar a tornar muito “politi-zada”, apesar da região ter con-quistado importantes melhorias ao nível da economia, política e em termos do bem-estar social desde a transferência para a Chi-na. Numa rara entrevista conce-dida a uma revista, citada pela RTHK, o antigo dirigente consi-derou que tal facto tem causado danos, havendo necessidade de lidar com esse assunto, por entender que é preciso despender tempo na política, mas não em excesso. Tsang disse esperar que o Estado de Direito e o respeito pelas liberdades se mantenham no futuro em Hong Kong. O antigo dirigente revelou ainda que, desde que deixou o cargo de líder há um ano, passou a maior parte do tempo no Interior da China, visitando Hong Kong ape-nas aos fins de semana. Tsang foi substituído no cargo por CY Leung, que tomou posse em Julho do ano passado.

Suu Kyi contestada por ambientalistasem myanmarApesar de ser idolatrada pela maioria dos birmaneses, Aung San Suu Kyi, líder da oposição no país, enfrentou um raro episódio de contes-tação ao ser cercada por ma-nifestantes indignados com o apoio dado pela vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1991 a uma exploração mi-neira que é vista como prejudicial para o ambiente. Segundo a impren-sa local, a “A Dama” permaneceu cercada durante três horas por várias centenas de pessoas que rejeitavam as suas explicações e insistiam em manter a luta contra a mina de cobre Letpadaung. O projecto pertence a uma “joint venture” formada pela Myanmar Economic Holdings, das Forças Armadas do país, e a Wanbao, subsidiária da estatal chinesa No-rinco. Suu Kyi tentou acalmar os ânimos, assegurando que está atenta ao bem-estar dos moradores e que é possível manter a exploração sem prejudicar o meio ambiente. De visita à região, Suu Kyi foi surpreen-dida com o facto da habitual multidão que sai ao seu encontro para a aplaudir se tinha transformado num grupo de manifestantes furiosos.

Quinteto admite violação colectivade turista suíça na ÍndiaCinco indianos confessaram ter participado na violação colectiva de uma turista suíça numa aldeia do Estado de Madhya Pradesh, informou ontem a polícia. Os suspeitos confirmaram ainda que a vítima, de cerca de 40 anos, foi violentada à frente do marido, que foi amarrado. Duran-te uma viagem com destino ao Taj Mahal, o casal decidiu acampar na aldeia, onde foi alvo de um ataque por um grupo de homens. Os atacantes “amarraram o homem e violaram a mulher na sua presença”, disse fonte policial à agência AFP, acrescentando que roubaram 10 mil rupias (cerca de 1.400 patacas) e um te-lemóvel à mulher. Segundo as autoridades, 20 pessoas foram detidas para interrogatório. O embaixador da Suíça na Índia, Linus von Castelmur, já falou com o casal, ofereceu todo o apoio que necessitem e pediu às autoridades indianas “uma investigação célere para que seja feita justiça”. O caso ocorre cerca de três meses depois de um crime similar que causou a morte a uma jovem estudante e gerou uma onda de indignação na Índia.

berlusconi chama a manifestantes “pobres, tolos e estúpidos”Silvio Berlusconi, ex-Primeiro-Ministro italiano, insultou manifestantes que o vaiaram e assobiaram à sua entrada no Parlamento, para participar nas elei-ções dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. “Vocês deve-riam ter vergonha, vocês são pobres, tolos e estúpidos”, afirmou Berlusconi, em voz alta. Já os manifestantes chama-ram ao político, que está a ser julgado por fraude fiscal e por um escândalo sexual, de “Buffone! Buffone!” (palhaço, em italiano). Laura Boldrini, perita em direitos humanos, e Pietro Grasso, ex-procura-dor conhecido pela luta anti-máfia, foram os eleitos para presidir à Câmara dos De-putados e ao Senado. Depois da eleição dos líderes do Parlamento, a Itália enfrenta agora a missão substancialmente mais difícil de formar um novo Governo.

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