4
FLAP INTERNACIONAL 69 FLAP INTERNACIONAL 68 A importância da aviação executiva se estende até a formação de seu pessoal, que, não raras vezes, migra depois para a aviação comercial, levando na bagagem uma excelência em preparo profissional, que deve ser constante. Por: Solange Galante PREPARAR-SE, SEMPRE

Materia Treinamento - Solange - revisadavarigvirtual.com.br/partiu/FLAP_abril_2017.pdfA aviação executiva continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Materia Treinamento - Solange - revisadavarigvirtual.com.br/partiu/FLAP_abril_2017.pdfA aviação executiva continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra

FLAPINTERNACIONAL

69FLAP

INTERNACIONAL

68

A importância da aviação executiva se estende até a formação de seu pessoal, que, não raras vezes, migra depois para a aviação comercial, levando na bagagem uma excelência em preparo profissional, que deve ser constante.

Por: Solange Galante

PREPARAR-SE, SEMPRE

Page 2: Materia Treinamento - Solange - revisadavarigvirtual.com.br/partiu/FLAP_abril_2017.pdfA aviação executiva continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra

FLAPINTERNACIONAL

70FLAP

INTERNACIONAL

71

A aviação executiva continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra para a indústria aeronáutica, já que seu am-biente é muito propício para isso. Neste segmento da aviação, os pilotos são remunerados para ficar à disposição do proprietário da aeronave, seja pessoa física ou jurídica, e são os responsáveis por tudo, ao contrário do que acontece na aviação comercial, que conta com uma grande equipe. Assim, frequentemente são os próprios pilotos da business aviation que preparam o plano de voo, contatam os fornecedores de combustíveis, de catering, acompanham a manutenção da aeronave e cuidam de outras funções relativas à operação de voo.

Roberto Fajardo, diretor de Manutenção e FBO da TAM Aviação Executiva, observa que, por características peculiares a esta área específica da aviação, onde se exige uma atuação mais holística do profissional, tanto pilotos quanto mecânicos acabam vivenciando experiências mais completas, tornando-se profissionais mais preparados não apenas no escopo técnico, mas também no aspecto administrativo (principalmente) e comportamen-tal. Como consequência, atualmente o grau de experiência dos profissionais da aviação executiva está evoluindo cada vez mais, acompanhando o crescimento acelerado deste setor na última década e também motivado pelo aumento das exigên-cias regulatórias dos órgãos controladores. “Mas muito ainda tem que se fazer”, Fajardo observa. “O conhecimento é algo que sempre se pode e se precisa melhorar, é um processo contínuo, sem

fim.” Segundo ele, a TAM AE colabora muito com esta melhoria profissional através da representação dos treinamentos da Flight Safety no Brasil.

“A TAM Aviação Executiva, desde o seu fun-dador, o comandante Rolim, considera a seguran-ça primordial. Por isso, mais do que simplesmente adotar as melhores práticas em nossas operações e obedecer os mais rigorosos padrões regulatórios de segurança da aviação brasileira e internacional, fazemos questão de atuar de forma incisiva em programas e grupos de trabalho ligados à seguran-ça de voo, como o Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA) do Cenipa; o Flight Safety Fundation, dos Estados Unidos; o UK Flight Safety Committee, na Europa – deste último, somos o único representante brasileiro –; e o Grupo de Segurança Operacional para Aviação Geral, composto pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e representantes de diferentes setores da aviação geral. Temos todo um cronograma de ações e de investimento em segurança e isso não é alterado por fatores econômicos (momento de crises).”

Os profissionais da aviação executiva reco-nhecem, praticamente em unanimidade, que em qualquer tipo de atividade a falta de conhecimento e capacitação é fatal. “O custo certamente será a não sustentabilidade da operação, podendo chegar a comprometer definitivamente a sua continuidade”, alerta Fajardo. Enfim, o treinamen-to adequado e de alto nível dentro da indústria aeronáutica é uma condição obrigatória.

A IMPORTÂNCIA DOS SIMULADORES“Acho interessante destacar a importância de

se realizar o treinamento dos pilotos em simula-dores de voo, inclusive quando não obrigatório, como forma de majorar a segurança de voo”, diz Daniel Portugal Pinto, gerente geral da CAE South America Flight Training. “O simulador torna viável a realização de manobras complexas, sem riscos para aeronaves, terceiros ou pilotos, devendo ser utilizado como padrão de instrução.” Outra vantagem, ele destaca, é que o treinamento em simuladores pode acarretar reduções de prêmios em seguros de aeronaves, redução de despesas e indenizações decorrentes de acidentes e inciden-tes, bem como redução de gastos com combustível e manutenção da aeronave, mediante treinamen-tos customizados pelo operador.

Em abril passado, o Centro de Treinamento e Simuladores (CTS) da Helibras, única fabricante de helicópteros do Brasil, atingiu a marca de mais de 70 alunos treinados no País em cinco meses

de atividade. A Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro são alguns dos operadores militares que já iniciaram as aulas no mais moderno Full Flight Simulator (FFS) de H225M, único deste modelo de helicóptero instalado nas Américas. Mas não só as Forças Armadas se beneficiam com ele. O equipamento também é utilizado no treinamento de pilotos das empresas do segmento de petró-leo & gás, como a BHS, subsidiária brasileira da canadense CHC, e a Omni, operadora do grupo multinacional OHI. Apenas a BHS já adquiriu mais de 500 horas de treinamento em FFS por ano para capacitar e treinar seus pilotos no simulador, com o emprego de instrutores da Helibras. “Ter um centro de treinamento brasileiro significa a possibilidade de treinamento próximo das bases dos operadores, com um menor custo em deslo-camentos, menor período de ausência das escalas de voo de suas empresas e com sessões minis-tradas na língua portuguesa”, lembra Alberto Duek, gerente de Treinamento da Helibras. Com a

A falta de conhecimento e capacitação é fatal na aviação.

O grau de experiência dos profissionais da aviação executiva está evoluindo muito, acompanhando o crescimento acelerado do setor e o aumento das exigências regulatórias.

Page 3: Materia Treinamento - Solange - revisadavarigvirtual.com.br/partiu/FLAP_abril_2017.pdfA aviação executiva continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra

FLAPINTERNACIONAL

72

qualificação da Agência Nacional de Aviação Civil e com o selo de qualidade do Grupo Airbus Heli-copters, os operadores podem realizar qualquer outro tipo de treinamento. Entre os que podem ser realizados no CTS da Helibras estão os de revalidação de qualificação de tipo H225/H225M, treinamento inicial do modelo, cursos específicos como Busca e Salvamento (SAR) e Line Oriented Flight (Loft). Também é importante ressaltar que um simulador de voo tem o propósito principal de melhorar a segurança operacional e é uma excelente ferramenta para aumentar a eficiência da operação, reduzindo custos.

Ainda de acordo com Daniel Pinto, da CAE South America, hoje se discute na legislação da formação de pilotos (RBAC 61) a distinção entre tipo e classe de aeronaves, o que, na ver-dade, representa a obrigatoriedade ou não do simulador. “Entendemos que independente da obrigatoriedade, deveria existir uma conscienti-zação dos operadores acerca dos benefícios dos simuladores para a segurança de voo.” Para a aviação executiva, a CAE hoje disponibiliza, no Brasil, treinamento para as aeronaves Phenom 100/300 da Embraer.

INVESTIMENTO CONSTANTEPor sua vez, a Agência Nacional de Aviação

Civil vem aprimorando com frequência seus re-gulamentos relacionados à formação de profissio-nais da aviação civil para adequar os normativos à prática adotada no setor, conforme a agência sustenta. Os requisitos técnicos para mecânicos e pilotos estão dispostos nos regulamentos da Anac, que também cuida da fiscalização desse

pessoal. Como exemplo disso, ela informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que há jus-tamente as emendas ao RBAC 61, que dispõe sobre licenças, habilitações e certificados para pilotos, e já está em sua sexta emenda, com sua última atualização tendo ocorrido em 23 de abril de 2016 e se encontrando em curso uma nova atualização deste regulamento.

“Na Líder Aviação, o investimento em for-mação é constante”, afirma Philipe Figueiredo, diretor de Vendas da empresa. Ele detalha: “além dos programas internos de capacitação – que envolvem colaboradores de todas as áreas da empresa –, também contamos com parceiros

importantes para treinar mecânicos e tripulação, como os próprios fabricantes das aeronaves e empresas como a CAE Simuflite”. Ter uma equipe bem capacitada, segundo o diretor, deve ser uma premissa básica na aviação e, na Líder, é seguido rigorosamente este preceito, já que a segurança é o princípio mais importante das atividades da companhia. “Somos reconhecidos no mercado por essa preocupação constante com a excelência e isso faz com que muitas empresas do setor valorizem colaboradores que passaram pela Líder Aviação.”

Sendo a segurança o principal pilar da empre-sa onde trabalha, Philipe comenta que ela investe

O simulador torna viável a realização de manobras complexas, sem riscos para aeronaves, terceiros ou pilotos.

A legislação brasileira de formação de pilotos discute a distinção entre tipo e classe de aeronaves.

A manutenção ano a ano dos refreshements é fundamental para a qualificação dos profissionais da aviação.

O treinamento em simuladores pode resultar em reduções de prêmios em seguros e redução de indenizações decorrentes de acidentes e incidentes.

FLAPINTERNACIONAL

73

Fláv

io M

arco

s de

Sou

za

Page 4: Materia Treinamento - Solange - revisadavarigvirtual.com.br/partiu/FLAP_abril_2017.pdfA aviação executiva continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra

mais de 6 milhões de dólares em treinamentos, o que é uma política permanente, seja qual for o cenário, ou seja, independentemente das crises que vão e vêm. E, ele ressalta, o investimento engloba não só pilotos e mecânicos, mas toda a equipe, inclusive a comercial e de outros setores.

“Treinamento e a manutenção ano a ano dos refreshements são fundamentais para o crescimento da qualificação dos profissionais da aviação como um todo.” É o que afirma Juliano Lefévre, diretor comercial da trading Comexport. Essa reciclagem é importante porque treinamento tem prazo de validade, não adianta fazer um só na vida inteira e achar que é o suficiente. Pilotos

precisam estar treinando e retreinando, de tem-pos em tempos, para que estejam sempre profi-cientes na hora de uma eventualidade e, assim como os mecânicos, atualizar-se diante de tantos modelos novos de aeronaves e suas tecnologias cada vez mais revolucionárias.

Em relação ao dia a dia de sua empresa, Juliano explica que sua equipe, por política pró-pria da Comexport, solicita todos os documentos comprobatórios para quaisquer profissionais relacionados às operações da trading. Seja um comandante, para um traslado, ou um mecânico para acompanhar uma pré-compra ou aceitação de uma aeronave, por exemplo. “Isso para que a

experiência possa ser comprovada, para que tenha-mos segurança em oferecer/recomendar a nossos clientes serviços de profissionais da área e trabalhar com toda segurança e excelência nas operações.”

Realizando todos os treinamentos reco-mendados pelo fabricante e, principalmente, cobrando os resultados destes treinamentos, eleva-se o nível dos profissionais envolvidos com a aviação executiva. “Recentemente, participei de um almoço do setor, acompanhado de vários comandantes que confidenciaram estar preocu-pados com os rumos da aviação no Brasil. Isso porque aqui ainda há uma tendência punitiva com relação ao desconhecimento ou à neces-

sidade de mais treinamento”, comenta Juliano Lefévre, que acrescentou que os profissionais presentes confidenciaram o caso de uma com-panhia asiática em que, pelo contrário, punição não era aceita. No caso, após um procedimento pouco usual, o comandante, após pousar a aeronave, recomendou mais treinamento à com-panhia para todos que estavam “em comando” na aeronave naquela ocasião, em relação àquele procedimento. “Ou seja, companhias como essa aceitam as críticas sem punir o funcionário que criticou. Eles incentivam, inclusive, o funcionário a solicitar treinamento ou aperfeiçoamento de procedimentos”, finaliza Juliano.

É importante existir uma conscientização dos operadores acerca dos benefícios dos simuladores para a segurança de voo.

Pilotos precisam estar treinando e retreinando, de tempos em tempos, para que estejam sempre proficientes na hora de uma eventualidade.

Realizando todos os treinamentos recomendados pelo fabricante, eleva-se o nível dos profissionais envolvidos com a aviação executiva.

A business aviation é uma das principais fontes de desenvolvimento de mão de obra para a indústria aeronáutica.

O investimento em treinamento e segurança é grande e constante por parte das grandes empresas.

FLAPINTERNACIONAL

74FLAP

INTERNACIONAL

75