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A eletricidade como fator gerador de incêndios

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POR ESTELLITO RANGEL JUNIOR FOTOS STOCK.XCHNG

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Praticamente indissociável da vida moderna, o uso da eletricidade faz parte do planejamento estraté-gico do desenvolvimento das na-ções, pois seu emprego possibilita desde o funcionamento dos moto-res das indústrias até dos sistemas as telecomunicações e informática, contribuindo decisivamente para o aumento da qualidade de vida da população.

A lâmpada incandescente – a “luz elétrica” – inventada em 1879, é considerada a primeira aplicação que mostrou a viabilidade econô-mica da eletricidade, uma vez que desencadeou a substituição dos lam-piões a gás que realizavam a ilumi-nação urbana, por pequenas redes elétricas.

Com o aumento das aplicações da eletricidade no dia a dia, surgi-ram diversos registros de incêndios, o que levou ao estabelecimento de códigos que definiram regras para a execução das instalações elétricas, visando à segurança dos usuários e das propriedades.

Um dos primeiros códigos sobre instalações elétricas foi o dos Esta-dos Unidos, o National Electrical Code (NEC), que teve sua primeira edição em 1897 emitida pela Natio-nal Fire Protection Agency, apenas um ano após a fundação da entida-de, o que bem ilustra a preocupação quanto aos numerosos casos de in-cêndio que ocorreram naquele país devidos à eletricidade. Hoje, aquela entidade é denominada NFPA (Na-tional Fire Protection Association) e continua emitindo o NEC com uma nova edição a cada três anos.

Na edição de 1904 do Internatio-nal Electrical Congress, realizada em St. Louis, EUA, foi proposta a criação de uma entidade que condu-

zisse a padronização das máquinas e dos dispositivos elétricos, que resul-tou na fundação da IEC (Internatio-nal Electrotechnical Commission), em 1906, em Londres.

No Brasil, a preocupação com a regulamentação ao uso da eletri-cidade levou à criação do Comitê Brasileiro de Eletricidade e Ilumina-ção (Cobei), em 1908. Um fato mar-cante, já que a criação da Associa-ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foi apenas feita em 1940.

Apesar de o Brasil ter se en-gajado juntamente com as nações mais desenvolvidas na elaboração de normalização para uso seguro da eletricidade desde o primeiro momento, não temos conseguido evitar que grandes incêndios origi-nados nas instalações elétricas te-nham ocorrido no País, como, por exemplo, o do Edifício Joelma, em 1974, em São Paulo, que provocou a morte de 189 pessoas e ferimentos em outras 320. Segundo os laudos, essa ocorrência teve origem nos aparelhos de ar-condicionado do 12o andar, que teriam sido ligados diretamente no barramento de cobre do painel de distribuição do mesmo, sem os dispositivos de proteção in-dividuais já exigidos pelas normas da época, e com o uso de fiação de má qualidade.

Em fevereiro de 2011, ocorreu um incêndio na “Cidade do Samba”, no Rio de Janeiro, em que a Comis-são de Análise e Prevenção de Aci-dentes do CREA-RJ (Conselho Re-gional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) apontou as irregulari-dades na parte elétrica dos barracões como uma das possíveis causas. Na ocasião, o fogo destruiu os galpões de três escolas de samba, além do Centro Cultural da Liesa (Liga In-

dependente das Escolas de Samba). De acordo com a comissão, ligações improvisadas para muitos aparelhos elétricos, como máquinas de cortar chapas e de solda, podem ter sobre-carregado a fiação dos barracões, o que teria levado a curtos-circuitos e incêndio. Felizmente, nesse caso não houve vítimas.

Fora do Brasil, os números tam-bém são impressionantes. Nos Esta-dos Unidos, entre 1999 e 2003, fa-lhas nas instalações elétricas foram responsáveis por 65.300 incêndios em residências, resultando em apro-ximadamente US$ 1,2 bilhão em prejuízos diretos.

RISCOS DA ELETRICIDADE

Os incêndios devidos à eletri-cidade são, na maioria dos casos, originados por sobreaquecimento da fiação, que pode tanto inflamar o revestimento plástico dos fios quanto os materiais que estiverem próximos, como tecidos, plásticos e papel.

Esse sobreaquecimento surge como consequência de alguma irregulari-dade na instalação, seja um subdi-mensionamento que pode ter sido originado no projeto inadequado, seja devido ao mau uso pelos pró-prios consumidores.

No âmbito industrial, nos seg-mentos que processam substâncias inflamáveis e dessa forma sujeitos ao surgimento de atmosferas ex-plosivas, a ocorrência de eventual centelhamento na instalação elétrica pode levar a explosões com graves consequências à comunidade. Dessa forma, há necessidade de uma ge-rência de segurança cuidadosamen-te implantada, que promova uma

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supervisão contínua das instalações elétricas, verificando não só os equi-pamentos como a capacitação dos profissionais autorizados, conforme exigido na Norma Regulamentadora 10 do Ministério do Trabalho e Em-prego, a “famosa” NR-10.

Portanto, a eletricidade induz a diversos benefícios e promove o desenvolvimento, mas necessita ter seus riscos mantidos devidamente sob controle.

Neste artigo, vamos debater os riscos de incêndios devido à eletri-cidade, com foco restrito nos ele-mentos de consumo nas instalações residenciais e comerciais, sem con-siderar os riscos relativos às descar-gas atmosféricas, outro fenômeno elétrico com riscos de incêndio.

Abordaremos três etapas típicas ao longo da vida das instalações elétricas: projeto, execução e utili-zação. Enfatizaremos as irregulari-dades mais relevantes e recomenda-remos medidas para evitá-las.

ETAPAS DA VIDA DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA

a) PROJETOAs instalações elétricas devem

ser projetadas de acordo com as ne-cessidades do usuário. Por exemplo, para uma residência, os requisitos para circuitos de iluminação e dis-tribuição de tomadas são diferentes dos adotados para um estabeleci-mento industrial.

Existem normas técnicas que es-tabelecem esses critérios e elas de-vem ser seguidas. Ao contrário do que muita gente pensa, o projeto de uma instalação elétrica não pode ser confiado a um leigo que “passou os olhos” em uma norma técnica; ape-nas um profissional legalmente ha-bilitado possui o conhecimento ne-cessário para interpretar e identificar as melhores alternativas para proje-tar uma instalação segura e prepa-rada para as necessidades atuaisdo usuário e para futuras expansões porventura desejadas.

Há pessoas que, equivocada-mente, acham que a instalação elé-trica “resume-se a dois fios”, e que um “eletricista de confiança” pode executar novas instalações e amplia-

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ções, uma vez que ele “possui vários anos de prática”. Infelizmente, tal avaliação é errônea e responsável por irregularidades legais e técnicas antes mesmo da execução da ins-talação elétrica, pois um eletricista capacitado apenas pode realizar a execução de uma instalação, super-visionado por um profissional legal-mente habilitado, e obedecendo ao projeto elaborado.

Essas exigências são de cunho legal e estão expressas na NR-10, cuja edição em vigor foi emitida em 2004.

A NR-10 estipula, inclusive, requisitos legais que devem estar contemplados no projeto da insta-lação, o qual deve estar embasado nas normas técnicas e assinado por profissional legalmente habilitado, ou seja, devidamente registrado no conselho de classe, o CREA. Deve-mos enfatizar que tanto os requisi-tos legais quanto as normas técnicas sofrem atualizações periódicas, de modo que se torna necessária uma constante atualização dos profissio-nais responsáveis.

Há muito tempo que as insta-lações elétricas não se resumem a “simples circuitos com dois fios”. Hoje as instalações elétricas pos-suem características que as tornam mais seguras e complexas, como circuitos de tomadas com um ter-ceiro condutor dedicado à proteção; disjuntores oferecidos com três dife-rentes curvas de tempo de atuação; e disjuntores diferenciais residuais, que devem ser avaliados quanto à adequada corrente de sensibilização.

Isso para não citar o padrão bra-sileiro de tomadas e a “Lei do Fio Terra” (Lei nº 11.337 promulgada em 26 de julho de 2006), que em 16 de dezembro de 2009 foi comple-

mentada pela Lei nº 12.119, e que passou a obrigar os construtores à inclusão de condutor de aterramen-to nas construções e os fabricantes de aparelhos elétricos e eletrônicos com carcaça metálica, comercializa-dos no País, enquadrados na classe I, em conformidade com as normas técnicas brasileiras pertinentes, de-verão dispor de condutor terra de proteção e do respectivo plugue, também definido em conformidade com as normas técnicas brasileiras.

Dessa forma, fica clara a razão da exigência de um profissional le-galmente habilitado, pois o conheci-mento da tecnologia e os requisitos legais são fundamentais para que o projeto elétrico seja considerado efetivamente seguro.

b) EXECUÇÃOA execução da instalação elétrica

apenas pode ser realizada por pro-fissional formalmente capacitado, o qual está limitado a seguir exata-mente as especificações do projeto. A prática muito encontrada no seg-mento residencial de chamar o “por-teiro que faz tudo” para “instalar um ar-condicionado” (na verdade está sendo efetuada uma ampliação na instalação elétrica) é frequentemen-te responsável por diversas irregula-ridades que via de regra comprome-tem a segurança da residência.

Além do conhecimento necessá-rio para executar corretamente a ins-talação, o executante necessita saber reconhecer se os materiais e disposi-tivos que foram comprados atendem aos requisitos legais, estabelecidos pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qua-lidade Industrial). Como sabemos, quando a utilização de um produto pode comprometer a segurança dos

cidadãos, o governo tem a prerroga-tiva de estabelecer requisitos para sua comercialização, e diversos pro-dutos elétricos estão sujeitos a regu-lamentações do Inmetro.

Os requisitos legais são implan-tados com base na avaliação da conformidade do produto a determi-nadas normas ou regulamentos téc-nicos. A avaliação da conformidade pode ser efetuada de várias formas, e as mais comumente empregadas são a certificação compulsória e a etiquetagem.

Há algum tempo, para comprar-mos um material elétrico, bastava entrar na loja de ferragens e pedir a quantidade desejada. Hoje devemos estar atentos se os produtos ofere-cidos estão sujeitos de forma com-pulsória a processos de avaliação de conformidade e se ostentam as res-pectivas marcações que comprovam sua aprovação.

A CERTIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE COMPULSÓRIA

A certificação de conformidade deve, por definição, ser realizada por uma terceira parte, isto é, por uma organização independente do consumidor e do produtor, devida-mente autorizada pelo Inmetro para executar essa modalidade de avalia-ção da conformidade.

O Inmetro define as regras da certificação (o que e como avaliar cada produto) em documentos es-pecíficos e promove o desenvolvi-mento da infraestrutura para a ava-liação (laboratórios de calibração e de ensaios, padrões metrológicos, organismos de certificação acredi-tados, normas técnicas etc.). Além disso, faz o acompanhamento do

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produto no mercado, estabelecendo penalidades quando identificadas não conformidades.

Que materiais elétricos empre-gados na execução de instalações elétricas estão sujeitos à certificação compulsória? Os relacionados na Tabela 1.

Na Figura 1, temos o modelo de identificação que deve estar afi-xada nos reatores eletrônicos, um dos produtos sujeitos à certificação compulsória.

Figura 1 – Etiqueta de certificação compulsória para reatores eletrônicos

c) UTILIZAÇÃODevemos chamar a atenção que

os riscos na instalação elétrica não terminam com a conclusão da obra,

TABELA 1MATERIAIS ELÉTRICOS COM CERTIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE COMPULSÓRIA

Material elétrico Documento Legal

Cabo de potência com isolação sólida extrudada, de PVC, para tensões de 0,6/1,0 kV

Portaria  Inmetro nº 086 de 26/5/2003

Cabos e cordões flexíveis para tensão até 750 V, com isolação / cobertura extrudada de cloreto de polivinila (PVC) 

Portaria Inmetro nº 085 de 26/5/2003

Condutores isolados com policloreto de vinila (PVC), para tensões nominais de 450/750 V, sem cobertura, para instalações fixas 

Portaria Inmetro nº 175 de 19/10/2004

Disjuntores Portaria Inmetro nº 35 de 14/2/2005

Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas, nas condições de gases e vapores inflamáveis e poeiras combustíveis

Portaria Inmetro nº 179 de 18/5/2010OBS: uso industrial

Estabilizadores de tensão monofásicos, com saída de tensão alternada, com tensão nominal de até 250 V em potências de até 3 kVA/3 kW

Portaria Inmetro nº 262 de 12/7/2007

Interruptores para instalações elétricas fixas domésticas e análogas

Resolução Conmetro nº 008 de 26/7/1988

Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo

Resolução Conmetro nº 11 de 20/12/2006, nº 02 de 6/9/2007 e nº 08 de 31/8/2009; Portaria Inmetro nº 85 de 3/4/2006

Reatores eletrônicos alimentados em corrente alternada para lâmpadas fluorescentes tubulares retilíneas, circulares e compactas

Portaria  Inmetro nº 267 de 21/9/2009

Reatores eletromagnéticos para lâmpadas fluorescentes tubulares 

Portaria  Inmetro nº 20 de 29/1/2002

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mesmo que o projeto tenha sido cor-retamente elaborado e tenham sido empregados produtos certificados devidamente instalados por profis-sionais capacitados.

Iniciam-se aqui os riscos devidos ao mau uso pelos próprios usuários da instalação, como por exemplo efetuar mudanças e ampliações para atender às suas necessidades parti-culares.

Novamente, confiar tais modifi-cações a “pseudoprofissionais” que não possuem a capacitação necessá-ria pode por tudo a perder, agravado pelo desconhecimento do projeto das instalações elétricas do imóvel.

Raramente os proprietários de um imóvel possuem o respectivo Manual do Proprietário. Normal-mente as pessoas compram casas ou apartamentos baseados apenas em critérios “visíveis”, como preço e localização, sem se preocuparem com situações futuras. Esse manual, cuja formatação é definida na NBR 14.037, contém as orientações sobre cuidados especiais necessários para a manutenção adequada do imóvel, assim como as plantas das unidades, os diagramas elétricos, hidráulicos e de estrutura. Essas informações são de fundamental importância para que o novo proprietário fique a par dos lugares onde pode ou não ins-talar aparelhos e fazer perfurações sem que com isso vá prejudicar a estrutura do prédio.

Além disso, outra fonte de risco originada pelos próprios usuários após o imóvel pronto é a compra de produtos elétricos falsificados ou desconformes à legislação, atraídos pelos baixos preços. Como vimos, temos diversos produtos elétricos de consumo enquadrados em proces-sos de avaliação de conformidade

TABELA 2PRODUTOS DE CONSUMO COM CERTIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE COMPULSÓRIA

Material elétrico Documento Legal

Bebedouros Portaria Inmetro  nº 191 de 10/12/2003 

Adaptadores de plugues e tomadas Portaria Inmetro nº 324 de 21/8/2007 

Cabos e cordões flexíveis isolados com PVC, para aplicações específicas em cordões co-nectores de aparelhos eletrodomésticos em tensões até 500 V

Portaria Inmetro nº 282 de 19/7/2007

Cabos e cordões flexíveis para tensão até 750 V, com isolação / cobertura extrudada de clo-reto de polivinila (PVC) 

Portaria Inmetro nº 085 de 26/5/2003

Cabos flexíveis isolados com borracha EPR, para aplicações específicas em cordões co-nectores de aparelhos eletrodomésticos em tensões até 500 V

Portaria Inmetro nº 281 de 19/7/2007

Cordões flexíveis com isolação extrudada de polietileno de clorossulfonado (CSP), para tensões até 300 V

Portaria Inmetro nº 286 de 19/7/2007OBS para uso em ferros elétricos

Disjuntores Portaria Inmetro nº 35 de 14/2/2005

Equipamentos elétricos para atmosferas ex-plosivas, nas condições de gases e vapores inflamáveis e poeiras combustíveis

Portaria Inmetro nº 179 de 18/5/2010OBS: uso industrial

Equipamentos elétricos sob regime de Vigi-lância Sanitária

Resolução Anvisa RDC n° 32 de 29/5/2007, Portaria Interministerial MS/ MDIC n° 692 de 8/4/2009 e Instrução Normativa - IN da Anvi-sa, vigenteOBS: uso hospitalar

Estabilizadores de tensão monofásicos, com saída de tensão alternada, com tensão nomi-nal de até 250 V em potências de até 3 kVA/3 kW

Portaria Inmetro nº 262 de 12/7/2007

Interruptores para instalações elétricas fixas domésticas e análogas

Resolução Conmetro nº 008 de 26/7/1988

Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo

Resolução Conmetro nº 11 de 20/12/2006, nº 02 de 06/09/2007 e nº 08 de 31/08/2009Portaria Inmetro nº 85 de 03/04/2006

Reatores eletrônicos alimentados em cor-rente alternada para lâmpadas fluorescentes tubulares retilíneas, circulares e compactas

Portaria  Inmetro nº 267 de 21/09/2009

Reatores eletromagnéticos para lâmpadas fluorescentes tubulares 

Portaria  Inmetro nº 20 de 29/01/2002

Aparelhos eletrodomésticos e similaresPortaria Inmetro nº 371 de 29/12/2009OBS: entrará em vigor em julho de 2011

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na modalidade certificação compul-sória. Portanto, temos de ter cuida-do no momento da compra, pois é possível encontrarmos no mercado produtos que não atendam a essas obrigações, caracterizando não só uma infração legal como um risco que estaremos colocando bem ao nosso lado.

Os produtos elétricos de consu-mo sujeitos à certificação de confor-midade compulsória estão mostra-dos na Tabela 2.

Como podemos notar na Tabela 2, a partir de julho de 2011 teremos a exigência de certificação compulsó-ria para diversos aparelhos elétricos de uso residencial, como: aspira-dores de pós, aparelhos de limpeza por sucção de água, ferros de passar roupa, fornos elétricos, barbeadores elétricos, cortadores de cabelo, tos-tadores, grills, fritadeiras, frigidei-ras, aquecedores de líquidos, apare-lhos para cuidado da pele ou cabelo, fornos de micro-ondas, aparelhos de exposição da pele à radiação ultra-

violeta e infravermelha, relógios, máquinas de costura, carregadores de bateria, motocompressores, bom-bas d´água, secadoras de roupa com varal e fluxo de ar quente, ferramen-tas móveis de aquecimento, apare-lhos de higiene oral, dispositivos elétricos para aquários, projetores, lavadoras de louças, banheiras com jatos, eletrificadores de cerca, ven-tiladores, elevadores de portões de garagem e sistemas de aquecimento de pisos.

O escalonamento dessa nova certificação compulsória será o seguinte: a partir de 1º de julho de 2011 a fabricação e a importação desses aparelhos deverão atender aos requisitos da Portaria; a partir de 1º de julho de 2012 esses apa-relhos deverão ser comercializados no mercado nacional, por fabrican-tes e importadores, somente em conformidade com os requisitos da Portaria; a partir de 1º de janeiro de 2013 a comercialização desses apa-relhos no mercado nacional deve

estar em conformidade com os re-quisitos da Portaria.

A ETIQUETAGEM COMPULSÓRIA

Outra modalidade da avaliação de conformidade empregada em produtos elétricos de consumo é a etiquetagem. Etiquetas informati-vas são colocadas no produto com informações resultantes da medição feita pelos fabricantes segundo nor-mas específicas brasileiras ou inter-nacionais pertinentes e controlada mediante a realização de ensaios por laboratório credenciado e/ou com o acompanhamento de técnicos do In-metro, após aferição dos sistemas de medição dos fabricantes.

Essas etiquetas estão presentes na linha de refrigeradores e asseme-lhados (congeladores, combinados e conservadores), e a medição referi-da na ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia) são o con-

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sumo de energia e a eficiência ener-gética dos aparelhos eletrodomés-ticos. Nesse caso, o que está sendo certificado é a informação prestada pelo fabricante quanto ao consumo de energia e da eficiência energética de seu produto, medido conforme as Normas Brasileiras e/ou Internacio-nais pertinentes e controlado pelo laboratório de ensaios credencia-do, o que permitirá a aposição da ENCE, que é, portanto, uma etiqueta informativa, e não de conformidade construtiva.

Os produtos sujeitos à etiqueta-gem compulsória estão na Tabela 3.

Na Figura 2, temos a ENCE que deve ser ostentada nos refrigerado-res de uso doméstico.

Figura 2 – ENCE para refrigeradores

REQUISITOS MÍNIMOS PARA PRODUTOS ELÉTRICOS

Como vemos, nem todos os pro-dutos elétricos estão sujeitos à ava-liação de conformidade, porém mais uma vez enfatizando o risco de in-cêndio apresentado por um produto de má qualidade, o Inmetro também estabeleceu requisitos mínimos para a comercialização no mercado bra-sileiro de diversos produtos elétri-cos. Nesse caso, embora não haja a obrigatoriedade de uma certificação de conformidade, é obrigatório que o produto atenda a determinados

requisitos estabelecidos na Portaria Inmetro 27/2000, a qual deverá em breve ser substituída.

A Tabela 4 traz os requisitos da Portaria 27/2000 e devemos conhecê-los para que possamos verificar o atendimento dos mes-mos quando fizermos as compras de produtos elétricos para nossas residências e locais de trabalho. Como dica importante em prol da segurança, devemos ter sempre em mente o artigo 27 dessa Portaria e estendê-lo às compras de quais-quer produtos elétricos: “É vedada a utilização de ligas ferrosas nos produtos e equipamentos referidos nesta Portaria.”

EXEMPLOSÉ importante ilustrarmos os

riscos de incêndios devidos às ins-talações elétricas inadequadas ou pela utilização de produtos elétricos impróprios, e apresentarmos alguns exemplos.

Exemplo 1 – instalação antigaAlguns anos atrás, houve um

incêndio em um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, re-sultando em destruição total. O lau-do apontou como causa um sobrea-quecimento no motor da ventoinha auxiliar localizada na parte traseira inferior do refrigerador, que apa-rentemente foi imobilizado devido à queda de um pano de prato sobre o mesmo. O revestimento da parede da cozinha era de melanina e a pro-pagação do fogo foi rápida, durante a noite, quando os moradores esta-vam dormindo.

A perícia apurou que os disjun-tores que estavam no quadro de distribuição da cozinha eram ori-ginários da construção do prédio, com aproximadamente 40 anos de idade, e estavam inoperantes quanto à função de proteção de sobrecarga, provavelmente por corrosão interna provocada pela atmosfera salina, típica de regiões litorâneas.

Esse exemplo ilustra a neces-sidade de inspeções periódicas na instalação elétrica, que no segmento industrial são realizadas por meio de programas de manutenção preven-tiva, com ferramental adequado e profissionais treinados, mas que in-felizmente nos segmentos comercial e residencial são inexistentes.

Uma iniciativa com essa propos-ta está sendo oferecida pelo Progra-ma Casa Segura, do Procobre.

TABELA 3PRODUTOS DE CONSUMO COM ETIQUETAGEM COMPULSÓRIA

Equipamento elétrico Documento Legal

Aparelhos de refrigeração de uso doméstico (refrigeradores e freezer)

Portaria Inmetro nº 20, de 1º de fevereiro de 2006

Condicionadores de ar (janela e split) Portaria Inmetro nº 215, de julho de 2009

Máquinas de lavar roupaPortaria Inmetro nº 185, de 15 de setembro de 2005

Ventiladores de teto Portaria Inmetro nº 113, de 7 de abril de 2008

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TABELA 4REQUISITOS PARA COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ELÉTRICOS NÃO SUJEITOS À

CERTIFICAÇÃO OU ETIQUETAGEM COMPULSÓRIA

Produto Requisitos Observações

Chaves do tipo faca, com ou sem fusíveis, fusíveis e bases para fusíveis

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a tensão a que se destinam em volt (V);c) a corrente nominal em am-père (A)

Estárteres para lâmpadas flu-orescentes

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a potência das lâmpadas em watt (W)

Os contatos dos estárteres também poderão ser de alu-mínio

Receptáculos para lâmpadas fluorescentes

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a potência em watt (W)

Receptáculos para lâmpadas incandescentes e fluorescen-tes compactas, do tipo Edson (rosca)

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a tensão a que se destinam em volt (V);c) a potência em watt (W) ou corrente nominal em ampère (A)

Receptáculos deverão pos-suir um sistema de trava-mento contra rotação aci-dental quando da colocação ou retirada da lâmpada;Os terminais dos receptácu-los deverão estar protegidos para evitar o contato aciden-tal do usuário com as partes condutoras;A rosca dos receptáculos não pode ser acessada externa-mente, bem como deverá ter profundidade suficiente para permitir o total encaixe do casquilho da lâmpada

Lâmpadas fluorescentes

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a potência nominal em watt (W)

Os casquilhos das lâmpadas fluorescentes compactas, com reator integrado, do tipo Edson (rosca), poderão ser de alumínio

Lâmpadas incandescentes

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a tensão a que se destinam em volt (V);c) a potência em watt (W).

Os casquilhos das lâmpadas incandescentes, do tipo Ed-son (rosca), também poderão ser de alumínio

Interruptores, variadores de luminosidade, plugues, plugues de três saídas (ben-jamim ou tipo T), tomadas e adaptadores

a) o nome, a marca ou o logo-tipo do fabricante;b) a tensão a que se destinam em volt (V);c) a potência em watt (W) ou a corrente nominal em am-père (A)

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Tomadas múltiplas, interna-mente interligadas, consti-tuídas apenas de tomadas fêmeas

b) a tensão a que se destinam em volt (V), marcada opcio-nalmente em cada tomada;c) a corrente nominal em am-père (A), marcada opcional-mente em cada tomada

Deverá conter também a ex-pressão "potência máxima" do conjunto e sua indicação em watt (W) ou "carga má-xima", ou "corrente máxima" do conjunto e sua indicação em ampère (A)

Extensões, incluindo as inje-tadas

atender individualmente aoespecificado nas disposições, a elas pertinentes, desta Por-taria, e, quando pré-medidas, a indicação da quantidade nominal em unidades legais de comprimento

As extensões, com compri-mento nominal de até 2 m deverão ter seção nominal mínima de 0,5 mm². Acima de 2 m, a menor seção nomi-nal deverá ser de 0,75 mm², respeitando-se a corrente nominal do conjunto;A embalagem deverá apre-sentar a seção nominal do condutor

Filtros de linha, incluindo os injetados

atender, individualmente, aoespecificado nos artigos 17, 18 e 19, e conter a expressão "potência máxima" do con-junto e sua indicação em volt ampère (VA) ou "carga máxi-ma", ou "corrente máxima", do conjunto, e sua indicação em ampère (A)

Lustres e lumináriasatender, individualmente, ao especificado nas disposições pertinentes desta Portaria

identificação do fabricante, importador ou montador e conter a expressão "potência máxima", referente ao con-junto das lâmpadas a que se destinam, expressa em watt (W);As informações poderão ser gravadas em local visível do próprio produto ou indica-das por meio de etiquetas

Blocos autônomos de ilumi-nação (luz de emergência)

a) o nome, a marca ou logoti-po do fabricante;b) a tensão a que se destinam em volt (V);c) o fluxo luminoso nominal com difusor em lúmem (lm);d) a autonomia com fluxo lu-minoso nominal em hora (h);e) a capacidade da bateria ampère-hora (Ah);f ) a tensão nominal da bate-ria em volt (V)

Conectores

a) o nome, a marca ou logoti-po do fabricante;b) a tensão em volt (V);c) a seção nominal máxima do fio ou cabo, que pode ser conectado, em milímetro quadrado (mm²)

Exemplo 2 – produto não con-forme

Na Foto 1, temos um “benja-mim” comprado em uma loja de fer-ragens. Por fora, à primeira vista, ele poderia até ser considerado por um consumidor leigo como um dispo-sitivo adequado. Porém, um exame mais cuidadoso revela que ele não apresenta as informações exigidas na Portaria Inmetro 27/2000, descri-tas na Tabela 4 e, desta forma, não poderia estar colocado à venda. Essa irregularidade pode ser denunciada ao órgão de sua cidade do IPEM (Instituto de Pesos e Medidas), que tem poderes de busca e apreensão nesses casos.

Porém, uma análise interna da peça mostrou que o perigo estava oculto e era ainda maior, pois ferin-do outra disposição da Portaria In-metro 27/2000, há partes ferrosas e corroídas nas partes condutoras do produto, mostradas na Foto 2.

Conforme as correntes dos apa-relhos conectados vão circulando nessas partes corroídas, provocam sobreaquecimento que pode gerar a queima do benjamim, da fiação dos aparelhos ligados, e daí propa-gar chamas para cortinas, sofás e o restante do ambiente, em poucos minutos.

Foto 1 – Vista externa do benjamim

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Podemos dizer que o consumidor leigo não possui o conhecimento ne-cessário para efetuar a compra de produtos elétricos e pode ingenua-mente introduzir em seu ambiente residencial ou de trabalho elementos que oferecerão riscos de incêndio.

Enfatizamos que a aquisição de material elétrico é na verdade uma compra técnica e, portanto, apenas deve ser feita com critério, sob reco-mendação de profissional capacita-do e tecnicamente atualizado com os requisitos técnicos e legais.

Exemplo 3 – eletrodomésticosA ProTeste (Associação Brasilei-

ra de Defesa do Consumidor) efetua periodicamente ensaios que visam avaliar a segurança e o desempenho de aparelhos elétricos. Em 2005, a entidade havia ensaiado ventilado-res de mesa usualmente encontrados no comércio varejista, reprovan-do todos os modelos. Em fevereiro de 2011, divulgou os resultados de novos ensaios, realizados em cinco diferentes ventiladores, e no quesito de segurança contra incêndio ape-nas um deles obteve aprovação no ensaio que simulava curto-circuito no interruptor liga-desliga. Também foi avaliado se o gabinete permitia a propagação de fogo para todo o aparelho em caso de curto-circuito nas peças, e nesse ensaio dois ven-

tiladores apresentaram desempenho aceitável.

Um dos fabricantes alegou em sua defesa que o modelo testado já “estava fora de linha” (cabe ressaltar que os modelos foram adquiridos no mercado poucos dias antes da reali-zação dos testes), uma resposta apa-rentemente sem respaldo legal, uma vez que o Código de Defesa do Con-sumidor prevê os defeitos “ocultos”, especialmente nos casos que afetam a segurança do usuário.

Como conclusão, a ProTeste não recomendou a compra de nenhum dos ventiladores testados, o que enfatiza a importância de medidas como a Portaria Inmetro 371/2009 para a população.

Exemplo 4 – chamas na via pública As redes de distribuição de ener-

gia elétrica também oferecem riscos de incêndio em áreas residenciais ou comerciais, e neste caso é impor-tante uma atenção diferenciada por parte da empresa concessionária. Uma série de ocorrências de explo-sões em bueiros da concessionária Light do Rio de Janeiro foram regis-tradas na mídia em 2010, repetindo as mesmas lamentáveis ocorrências de 2000, o que pode sinalizar que o risco ainda não esteja sob controle.

O mais grave registrado na mí-dia ocorreu em 29 de junho de 2010, quando a turista americana Sarah Lowry teve 80% do corpo queima-do e ficou 68 dias internada após ter sido atingida por uma explosão em bueiro quando atravessava uma rua em Copacabana, na faixa de pedes-tres. As chamas emanadas chegaram a três metros de altura. O marido dela, James McLaughlin, teve 35% do corpo queimado, ficando 30 dias internado.

Foto 2 – Vista interna do benjamim

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Esses eventos estão referen-ciados à manutenção dos sistemas elétricos, utilização e capacidade das redes e formação de atmosfe-ras explosivas no interior dos dutos, sendo, portanto, mais um risco de incêndio devido à eletricidade que afeta os cidadãos.

Exemplo 5 – as instruções de segurança

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, cabe ao fornecedor disponibilizar ao consumidor todas as informações de segurança relati-vas ao produto, em especial os elé-tricos e eletrônicos, em português.

Porém temos percebido no mer-cado varejista a venda de diversos produtos importados com instruções importantes em inglês e com o cordão de alimentação elétrica sem possuir o plugue conforme o padrão brasileiro de tomadas, o que além de caracte-rizar uma ilegalidade compromete a segurança da instalação e do usuário.

A Foto 3 mostra essa irregularida-de encontrada em um aparelho de ar-condicionado tipo split exposto para venda em uma loja de departamentos brasileira, em dezembro de 2010.

Foto 3: Placa com instruções importantes em inglês

CONCLUSÕESO correto gerenciamento dos ris-

cos de incêndio devidos à eletricida-de envolve diversos atores: o gover-

no, que define requisitos mínimos tanto para os produtos elétricos co-mercializados quanto para a atuação dos profissionais; os executantes, que devem possuir a capacitação, experiência e atualização compro-vada; e, por último, mas não menos importante, o consumidor, que em última instância “permite” que uma irregularidade se instale e gere um risco de incêndio em sua proprieda-de, seja por contratação de um pseu-doprofissional, seja pela aquisição de um produto falsificado ou que não atenda aos requisitos mínimos, ou mesmo pela utilização de pro-dutos elétricos sem atentar às reco-mendações expressas no manual de utilização elaborado pelo fabricante.Tendo em vista a importância desse tópico para a segurança, os consu-midores devem exigir seus direitos ao receber manuais de utilização, instalação e manutenção de apare-lhos elétricos, em português, pois com a crescente importação de produtos asiáticos se percebe que apenas folhetos simplificados são fornecidos em nossa língua, en-quanto informações importantes de segurança ou são omitidas ou afi-xadas nos gabinetes, em inglês. Tal prática contribui para a não con-formidades na instalação, compro-metendo a segurança dos usuários.Da mesma forma, uma vez que a elaboração do Manual do Pro-prietário está definida pela norma NBR 14.037: 1998, entendemos que deve ser exigido das constru-toras o fornecimento do mesmo aos compradores de imóveis, com base nos artigo 39, inciso VIII e artigo 50, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor. Adicional-mente, tal item deveria ser incluído dentre os requisitos estabelecidos

pelas prefeituras para a concessão do habite-se, o que ajudaria consi-deravelmente os usuários quanto ao conhecimento e à correta e segura utilização das instalações elétricas projetadas do imóvel adquirido.A efetiva segurança da instalação elétrica passa pela valorização dos profissionais de eletricidade e pelo atendimento às disposições legais que definem suas responsabilidades, desde a etapa de projeto. Uma vez que a energização da instalação ca-racteriza o início do gerenciamento dos riscos de incêndio por parte do usuário, é fundamental para a se-gurança da sociedade que as con-cessionárias apenas atendessem aos pedidos de ligação cujos projetos estivessem consoantes os requisi-tos técnicos e legais. Infelizmente, em diversas concessionárias, há dispensa de apresentação de pro-jeto e da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para pedidos de ligação, o que, além de desrespeitar o exercício pro-fissional dos técnicos legalmente habilitados, submete a comunida-de aos riscos de incêndio devido a instalações feitas por pessoas téc-nica e legalmente desqualificadas.A instalação elétrica não é “eterna”, algo que se “faça uma vez e esque-ça”. A inspeção periódica das insta-lações elétricas por profissionais le-galmente habilitados é fundamental para garantir a segurança das pes-soas e do patrimônio contra incên-dios, e deve merecer prioridade de todos os usuários, sejam industriais, sejam comerciais ou residenciais.

ESTELLITO RANGEL JUNIOR é instrutor e auditor de instalações elétricas em áreas classificadas [email protected]

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