Max Weber A politica como vocação

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  • 8/2/2019 Max Weber A politica como vocao

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    __ __-MAX WEBER

    A ,

    C IENC IA E POLITICADuas Vocacoes3

    Prefacio deMANOEL T. BE-KLINCK

    [Professor-Adjunto de Sociologia da Escola de Admioistra~aode Empresas de S. Paulo , c ia Fundadio Geuillo Vargas)

    Trl ldl /~ao deLEONIDAS HEGENBERG e . OCTANY Sn.vElRADA MOTA

    J 1I..!

    EDITORA CULTRIXS A O PAULO

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    se encontram na siruacao que se descreve na bela c a . n . ; a o deexllio do guarda edomita, cancao que foi inclufda entre os ora-culos de Isaias:"Perguntam-rne de Seir:"Vigia, que e da naite?"Vig i a , que e ci a noite?"o vigia responde:"Vern a manhs e depois a ncite,Se que reis, interrogai,Convertei-vos, voltai!"

    o povo a que essas palavras foram ditas nao cessou de fazera pergunta, de viver 1 1 espera ha: dais mil aDOS, e nos Ihe conhe-cernes 0 destine perturbador. Aprendamos a ll~o! Nada sefe z a te agora com base apenas 00 fervor e na espera, E preciseagir de ourro modo, entregar-se ao trabalho e responder a s exi-gencias de cada dia - tanto no campo da vida comum, como nocampo da vocacao. Esse trabalho sera simples e Hell, se cadaqual encontrar e obedecer ao demonic que tece as teias desu a vida.

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    A POLITICACOMO VOCA

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    ESTA CONFERENCIA1 que os senhores me pediram para. fa-zer, decepc ionara necessariamcntc c per mul tipla s razces, Numapalestra que tem par titulo a vocacao polftica, os senhores haode esperar, instintivamente, que eu tomeposicao quanto a pro-blemas cia atualidade. Ora , a ta is problemas eu so me referireiao fun de minha exposiciio e de maneira purarnente formal,quando vier a abordar certas quest5es que dizem respeitoasigDifica~ao cia atividade po litics no conjunto ci a conduta hu -mana. Excluamos, portanto, de nosso objetivo, quaisquer in -dagacoes como; que politica devemos adotar? ou que conteu-dos devernos ernprestar a nossa atividade politica? Com efeito,indagacces dessa ordem nada tern a ver com 0 problema geralque me proponho exarninar nesta oportunidade, ou seja: que eUQCatio.-polf r ica e g lIa lQ sentido .J;~ode cIa revestir? Pas-semos ao assunto.

    Que. entendemos par politics? 0 conceito e extraordina-riarnente ample e abrange todas as especies de atividade direti-va autonoma. Fala-se da politica de divisas de urn banco, dapolitics de deseontos do Reicbsbanle, da polltica adotada por urnsindicato durante uma greve; e e tarnbern cabivel [al ar da politi -ca escolar de uma comunidade urbana ou rural, da politica dadiretoria que esta a testa de uma asscciacao e, ate, da poHticade lima esposa habil, que procura governar seu marido, Naod a re i, e v id e nt emen te , signiticacao tao larga ao conceito que ser-vinl de base a s reflex5es a que no s entrega remos esta noit e.~~a~ao~d? ag~~ e denorrunado ~stado'" ou_a_lnluenCla_q}1~se_ e_~r-ce em tal sentido.

    Mas, que e urn agrupamento "politico", do ponte de vistade urn sociologo? 0 que e urn Estado? Sociologicamente, 0

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    . . . . . . . . - - - - - - - - - - - - ~ - - - - - -Estado nao se deixa definir pot seusfins. Em verdade, qusseque naa existe uma tarefa de que umagrupamento politico qual-quer nao se haja ocupado alguma vez; de outre lado, na o epossivel referir tarefas d a s quais se possa dizer que tenbam sem-pre sido atribuidas, com exc!usividade, aos agrupamentos pol1-ticos hoje charnados Estados ou que se constituiram, historica-mente, nos precursores do .Estado moderno, ~o.Esrado jio s deixa defini r a naQ._ser. .pelo espeeffico meio ~.eIhe ef1e~tllia!J~comQ....Lpeculiar._ todQ_Qutro agropamentopolidc:o,_Q!!_seja O _ U _ S . 9 da coa~o nsica.

    "Todo Estado se funda na Or~", disse u rn . dia Trotsky aBrest-Litovsk, E iS50 e verda de. ~6 xistissem.esteuturas so..:.dais de uea violenc ia es~esse auseote, 0 concei to de .Estadoter.ia._t:ambi.nL...!ks.aI;!areQQ.o e apenas subsistitia 0 que, no sen-. . ido_pI .epria - .dLpalavra , ..s~deoo~rqJJia~'. A violenda

    f" nio e , evidentemente, 0 iinico instrumento de, quese vale 0-~ Estado - na o haja a respeito qualquer duvida-. mas e sea, ,} r - ~strumento especif ico . .Em.. ._g_ossos_djas ,-L.re la~o_ent te. ..JL..E.s-.!aQo e a vial~ru:ia__LJ;!articularmente fulima. Em todos os tem-POS, os agrupamentos politicos mais diversos - a comecar pelsfamilia - recorreraru a violencia ffsica, tendo-a como in5UU-men to normal do poder, Em nossa epoca, entretanto, devemosconceber 0 Estado contempordneo como uma comunidade hu-mana que, dentro des limites de deterrninado territ6rio- a no-~ao de t ;_er~i!6riQcorresponde a .um. qo!_ e lementos essenciais dot.st~do - reivindica 0 monopolio do us o ,legftimo da vioi'ehciaf,isica, E , com efeito, proprio de nossa epoca 0 nao reeonhecer,'em tda~ao a qualquer outre grupo ou .a05 . indivfdcos, 0 dlreitode fazer uso da viclencia, a nao ser nos casos em que 0 Estadoo tolere: 0 Estado se transforrna, portanto, na iinica fonte do"dlreito" a violencia, Por polit ics entenderemos, conseqiiente-mente, a conjunto de esforcos feitos com vistas a participar dopoder au a influenciar a ruvisiio do p od er, se ja e ntre E sta do s,seja no interior de urn iinico Estado,

    Em termos gerais, essa defini~ao correspondeao usa cor-rente do vocabulo. Quando de urna questao se d lz que e "po-Iltka",. quando se diz de urn ministro au funcionsrio que sao "po-l1ticos", quando se diz de uma decisso que foi deterrninada pels"poIrt iea" , e p.teciso entender, no primeiro caso, . que os interes56

    _ . A ' do poder sa o fa-d divi - conservac;ao Oll trans erenCla . - _ses e vl~a~, _ possa esclarecer aque1a questao; noteres e ssenC la lS . .par~ que se d _ que aq ueles mesmos fa t6resdo lDlpoese enten er - .segun 0 cas, _ . . dt' [dade do funcionario em causa, as'condicionaOl a es.era e a de _. '": am a decisao. Todo hom ..m.sim como,. no ultimo. caso, .e~er)Uln .o.der seja porque 0 COD-, 11 ' asp-lra ao P - t " .-.que se entre~ a a pouuca , . _ ... d secucao de outros fins,sidere como m str um en.to a servl~odes:j~O~ po~er "pdo poder" ,ideals au egoistas,. seja podrque " . e el e conEere,ara gour do senmnento e preStlglO qu , , 'P ll ticos que histoflcaTal como todos os agrupamen_tos po - 1 -0 de do -d Estado consiste em uma re a~a ~mente 0 p re ce e ra m, < :- ~h .. . tuIidada no instrum ent.o. - dCLhornern-sobr omem, un d 1mtMfa~ 'I ,.. (. to e da violencia considera a como e-da v lO le nC la e gr um a /5 d' .'. portanto sob CQod.i~ degitima). _ g Estado ,so po e e::~t~dade continua-Aue-os homens dO_ !! !ID -a a ~ .d .- .' . d s Colocarn-se em conse-, . e l i d nelos amma are . . . ,mente relvu:ca s-:;='. .'... ..b ue condilYoes se subrae-ilencia as mdagac;oes segumtes" .,~ q - ' . e em queq . A ' .? Em que Jusnhcac;oes mternastern eIes e par que ., -:")meios extern os se apoia essa dOIDmac;ao, , ... .nci io _ e come~aremos por aqUl- tIes

    EXlstem em prl , P if . domioa~ao existindo, eonse-razoes internas que just lC.am da 7~_;t;._;A"JJ> Antes de tudo,.. . . te treS fundamentos a ,~. . ifiquentemen , . J.." isto e' dos costumes santi I.d d d "Q!Ssau.o eterno..., . - .- ha_a_t ,110.ru e ? - - ial e elo_hibiro~~!aizado nos., ~.ca des oe la va lide.z_ lrg emor P d dic i _1" que 0 Pam-~d' --, '1 Tal eo" po er tra telOnal ,m e n s , e . r e sp- eHa , os. .. ., .. 'C' ... m...EgJlD_- ~ nhor de tetras, outrora , exercia. ~x~ ..ar ea OU 0 se . .. _! d. ue se.lnoda em don~ e~ "a ordoJ1.1.gar,_a....ru.,llonu.a e_ .9 ._ . , - ) d -oe CO~.fiaora_es, , ,. ' J:"{d.:l",.., (I"'aQgl1a - e'\lO~ .11I ~dinanos-de-um-Ul~.- ---;- se;_s' zulariza,.. nte_pesso~os1ta9as-..~ a 1 .m_que._s_. 1l lg!1f-al i- 'tIltame.. J --. . herolsmo ou nor oulras ~. -Por qualidades.-pr0(31g10s~~_POL -- - f&~l~ ...d r "earls-.;._ - 1 d A l f eOLO chee ia e 0 po ed a ~P ar.es-que- e. e - a z - - .' , . 1H ica _m~tico", exercido pelo pro~eta au => no dom mlO ? O atravesdo dir igente guerreiro eleito, pelo scberanc es~~lhido . urn~e plebiscita pelo grande demagogo ou p:lo dmgeote ~e . _ .artido polit ico. Exi.terf1o,r-Ji~ ~utondacle__q~:~e_unpoep -.d...1~' U ' 1 -eg alidade" em razao da crenca .na val.idez de urnem razao~ I , ,,. f u n dada ernt . 1 e de um a "competenda posrnvav r .. .estaruto tega. . . . A . . auto-

    o Imente estabelendas ourern outros terrnos, arearas raClOna . I nh b' 0 conforr idade fundada na obediencia, que reeo ece 0 ngat; es .. _57

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    rnes ao estatuta estabeIecido. Tal e 0 poder, COllO 0 exerceo "servidox do Estado') em nossos dias e como 0 exercem todosos detentores do poder que dele se aptoximam sob esse aspecro.

    E dispens3veI dize r que , na realidade concrem, !_.-Ohedien-.cia dos_~ud!.tos _ e ~con~cionada -per motivo~}t{i"em~de,-roso~, duadas pelo me d o ou pela espera nes _ seja pelo medode uma vingan~a das potencias magicas ou dos detentores dopoder, seja a esperanr;a de uma recompensa nesta terra ou ernoutro rnundo. A obediencia pede, i gu ah ne nte , s et c an di da na daPOt outros interesses e multo variados. A tal assunto voltare-rnos dentro em pouco. Seja como for, cada vez que se propoei nt er ro g a< ;a o a c er ca dos fundamentos que ('legitimam" a obe-dienda, eneontra m- se , sem pre e sem qua lquer contestar;ao, essastres formas "puras" que a c ab amos de indicar.

    Essas representar;oes, bern como SUa just i f icar ;ao intern a,tevestem-se de grande importancia para compreender a estru-

    . tu ra da do mina

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    nistrativo aos detentore:s do pod E - ,sos de domina~ao caris lIlatica' esert, 0 m~mo o c o . rre nos. ce- . ,. l'. ",a proporaona S"'" "" 'U-dieis, II g orra guerreita e as -'. .' _"'.. ....,wa as. . - . nqueza s conqwstadas ,-,.a o s s e gu id o re s do demagogo os "d .'" . ' , _ e propo,ocrona ,d dmini d " espO JO S rsto e II e 1 -os .a stra as gracas a-a m ,'Ii' . d " . ' . X P , ' Ola910,. , onopo 0 os tI1b t )0-nas vantageos da atividade polfti U 0. S, aspeque-c a e a s r ec o 01 rv > 1' I< "" ,'< 'd ' "dadp -'~~ a~ ~. ,at~ assegura estabilldade a uma domina -SCIIl nn VJolCndofnzem.se nccessu' _ o J . ,o ;ao que se ba-de carater economico, cerios b e t n J O S , ' t ' ,~ o ',m o ~ ~ _um3 , empress'./ .' ,.' .. s ma terIa ts. ~ se dVIsta, I;: passive! classillcar a e lm " _ ponto eA " ' S a l .D: . Is tra~oes em dua s - .prnneira obedece so seguinte P " , ~ , , cat~gorlas.. noaplO' 0' estad " t:__clOnal-ios a u outros magistrados, de cu.~ , .~o-z;nal0r, o s , ru n-detentor do poder, sao eIes 0", 1, obedic;n~a. depende 0t rumenros de gestso .,' - pr pr:os, o sp ro pn et ar .t , t os do s ins- in - , - . ' ' . : ~ O j msttumentos esses que podanceiros, ediflClos, materia:l de '_.. _._em .ser recutsosc av alo s e tc . A sezunda ca re ' . _ bgudet .ra, pa tque de v,,efculos,, . - ,.,~gOrla a e ece a pri l'e.s.ado-maior ~ 'Iptivado" d '- los de . _tlDapI0 opos,to': 01ld os meres ne gestao notr 0em que, na epoca atu' 1 .' .. . d ", . f i l.esmo.sen-(f_ d - " . rtua 0 emprega 0 e 0 prol ~ ,{ ...; -pnva as' dos mews material d- - d. .... _ . e4U;o Sa opitalista E POI'S se '. s e pro m;20 D uma e.mpresa ca -

    '. ,. I mpre l i l lpOUante inc! dpoder dirige e organiza ad" _ agar se 0 .etentor docutivo a servidores liga da s ~ nunsstra~o, delegsado poder eze-.... " ua pessoa a e mpre g d dmrtru ou a favoritos e famili . _ ' _ . . a os que a -, _ _ . a res que nao sao pro p . t~ . ..e, que nao sao posstudores de ple direi .. d . :le arlOS,lstoou se,.peIo contrario. a a dm in i trno_ elt,oos n:e:.lOs de gestaoeconomicamente inde~endentes doa~ aod esta ; .as m~os de JPes~6astrada pOl' qualquer das administra~S~~nh~~:eren~a e ilus-. . ?~remos 0 nome de agrupamentp or anizado ptmopIO das ordens" ao agru arne t . 1.i~. segundo. 0materials de gestae sao total _ n o f > O l m tlCO no qual .os meiose.stado-,mm,or, administrativo N OU p~I."Cdladen fte d,proprled2de do1 ' a SOOf: a e eu a l por, 1o va ssa 0 pagava co m seus p' ',' ezemp 0,J_ ,_ . " ' rOptlos recursos addau.u:umstra~ao e deap1ica~ao d . . , ',s ~espesas ehavia sido confiado e tinha a :b~u:tl~a D O ten:t6rlO que Thevisionar-se, e~ caso de guerra. E daa~ao d~ equrpaNe e aI:'ro-os vassa los que a ele estavam subordinadesmJ3; . f 0 t n : . < l pr~d.[amalguns efeitos no que se refere ao exerd o . s . . Essa Sltuac;ao tinharano, devez que 0 pader d~ t fu n CIa do poder pe10 sU2C~pessoal de fidelidad e s_e ~av~-se apenas no Juramentoe e na Clrcunstancla de gue " C I ] e 't' "'d. " gl,1Dll e-60

    de" d a posse de um eudo e honra social do vassalo derivavrundo suzerano.C on ru do , e nc on tr a -s e tambem dissem ina do , m esm a entreas forroa\Oes pollticas ma is a n ti ga s , 0 dominio pessoal d o c he e .Busca este transformar-se no dominador da administracao entre-gando-a a siiditos que a ele se ligam de maneira pessoal,a es-

    cra ves, a servos, a prctegidos, a f a vo ri ro s 00\1 a pessoas a quemele assegura vantagens em dinhclrc ou om.e spccic, 0 chefe en-frenta as despesas administrarivas lancando ma o de seus pr6priosbens ou distribuindo as rendas que seu patrimonio proporcionee cria urn exercito qu e deperide ezclusivemente de sna autori -dade pessoal , pois que e equipado e suprido per suas colheitas,armazens e arsenais, No primeiro caso, no caso de u r n . agru-pamento estruturado em "Estados", 0 soberano s6 consegue go-vemar co m a auxffio de uma aristocraciaindepeodente e, emra.zao disse, com ela partilha do poder, No segundo caso, 0govemante busea apoio em pessoas dele diretamente dependen-tes ou em plebeus, isto e , em ca ma da s soc ia ls desprovida s defortuna ede honra social propria, Conseqiientemente, @stesUl~times, do ponto de vista material, dependem inteiramente dochefe e, principalmente, na o encontram apoio em nenhuma ou-tra especie de poder ca pa z de contrapor-se ao do soberano, To-dos os tipos de poder patriarcal e patrimocial, bern como 0 des-potismo de urn sultfo e os Estados de estrutura burocratica fi-l iam-se a essa ultima especie - e Insisto multo part icula tmenteno Estado burocratico POt ser al e 0 que melhor caracreriza 0 de-senvolvimento racional do Estado modeeno.

    De modo geral, 0desenvolviniento do Estado modemo ternpar ponto d e p a rt id a 0 de se jo de 0 princ ipe ez pro pria r o s po de -res "privados' independentes que, a par do seu, d ere m f or ~aadministrat ive, .isto e , todos os proprietaries de meios de gesta o, de recursos financeiros, de instrumentos militates e dequaisquer especies de bens suscetiveis de ut i l iz a~ao para finsde carater politico. sse processo se deseavolve em paraleloperfeito com. Q desenvolvimento da empresa capitalists que do -mina, a poueo e pouco) os produtores independentes . E ,nota -seenfim que, no Esrado moderno, 0 poder que disp6e da totali-dade dos mdos politicos de gestao tende a teunir-se sob maoUnica, Fundon:a.r:io a lgum pe rm an ec e c om o ptoprietario pes,.

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    soal do dinheiro que ele rn . . u 1maqulnas de guerra que elea:1p ta IO U dos edificios, reservas e, 'd'. ". on ro a. 0 Estado m de rsto e e Importancia no- I.d . a erno -d . . , . . piano os conceltos_ . .' ,,p.ortaneo, e e rnaneira mtegral " . "'. di _ .consegulU,. . funci . , pnvar a lre"ao admln . .va,. os nCJOnanos e t raba lbadores b .' .... . . l.sttatl~rneios de gestae. Nota-se ... urocratlcos. de gualsquerprocesso inedito que se d' a es1sa altura, 0 surglmenta de urn. ' esenro a a 110SS0S alhosexproprlar do expropriador 0 .' 1 1 " ' e que ameaca- - s meios po ncos de qu ~f e lipoe e a seu poder poIftico. T 1 ' e ere s-conseqi .iencia da revolucao (ale~a d e a~9~enas apare~temente, a

    novos chees substitulram as autoridad. 8), na m:dlda em quese apossaram, POt usur:pa~ao ou elei _ es estabeleodas, em queo conjunto administrativo e d br;ao, do poder que controlsqu e fazern derivar_ 0 "e en s materia is e " na medida emtimidade de se u pod: d~cov~:~d:t~~~mg. ogue d d eito - c a legi-trct3.ut.O, in.dagar se esse pri , A verna os, 'a be .Jen., . , melro exrto - ao men- permlt1ta q ue a re vo lu Ca o aIca ... ,. os aparenteeconomico do capitalismo .cui .n~dedO dcrnfnio do aparelhod ,Ula ativi a e se orie t . 'a tmente, e conformidade com ] '. . '. ., n a, essencr ~eg~m a ad?llnistta~ao poHtica,els ~:;rament~ diversas d~s quehmltat-me-el a registrar esta 0_ em VIsta meu ObJctlvOconceitua1: a Estado mod c?nstata~ao de ordem purament~erna e urn agtupament de d ' .que apresenta canitel' instituc' I .

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    como forma de a ssegura r renda s ou va nta gem pessoa l, N o In-tenor de seus proprios agrupamentos, s o desenvolviam ativida-d~.P?1itica ~a~ oc~sioes em que seus suzeranos OU seus pares lnesdirigiam sOlicnaqao expressa. E 0 mesmo se dava com reJaqaoa uma imporcame. fraqao das f6 r~a s auxiliares que 0 principecolocava a seu service, pa ra transforma-Iaem instrumenm na lura~ue ele~travava com 0 fi to de consti tuir uma organizacao polf-.~ca a ele pessoalrnente devotada. Os "ccnselbeiros privados'int egravam-se a essa caregoria , bern como a ela tambem se in-tegrava, remontando no tempo, grande parte dos censelheirosque se assentavam. nas curias ou em outros orgaos consultivosa . service do principe, Evidentemente, entretanm, essesauxi .li; nes ~e so ocasionalmente se dedicavam a politica ou que nelaviam tao-someate uma atividade secundaria estavam longe debastar ao principe, N ao lhe restava, portanto, outra alterna-~va. senao a de buscar rodear-se de urn corpo de colaboradoresinteira eexclusivamenre dedicados a sua pessoa e que fizessemda atividade polltica sua principal ocupacao . Naturalmente queaestrurura da organiza~ao politica da dinastia nascente, assimcomo ~ fisionom ia da civilizacao examin ad a , dependera multo,em todos os cases, da camada social onde o prfucipe v a recrutarseus agenres, E 0 m esm o ca be dizer, com mais forte razao, do sagrupamectos politicos que, apes a abolicao completa ou a Ii-mira c ao xonsidersve] de poder senhorial se constiruam pollri-camente em comunas "lines" - Iivres nao no sentido de fuga1 3 . 0 dominic atraves de recursos a violencia, mas no sentido deausencia de UiD poder seahorial ligitimado pels tradic;ao e, multoIreqfientemente, consagrado pela reUgiao e considerado comofonte iinica de qualquer autoeidade. Historicaroent,e,essas co-muna s so se desenvolveram no mundo ocidental sob a formaprimitiva da cidade e.rigida em agrupamento politico, ta l comoa vemos surgir, pela primeira vez, no ambito da civilizacao me..diterranea. *

    Ha d ua sr nM l~ i. ta s d e fazer Qolftica AU se vive "para" ap~ive ."dLPo1itjca_Ne.s_s~. skio naa hi-;~a.fle_exclll5l.)lQ. Muito ao contrario , em geraIse-fazemu.ma eoutra coisa ao [Desma tempo, tantoidealmente quanta na pra-tica, Quem vive "pa ra " a politica a t ransforms, no sentido64

    mais profundo do t er mo , e rn "fim de sua vida", 'seja porqueencontra forma de g6zo na simples posse do po de r, se ja porqueo ex erc ic io dessa a tiv ida de T he perm ite a cha r equ ilibrio in ternee exprimir valor pessoal, colocando-se a service de uma "causa"que d a : significac;ao a sua vida. Neste sentido profundo, todohom ern serio, que v iv e para urna ca usa , vive ta rnbem dela . N ossadistincso assenta-se, portanto, num aspecto extremamente impor-tante da condicao do hornem pollt ico, ou seja, 0 aspectcecono-rnico. Daquele que v e na politica uma permanente foote der en da s, d ir em o s que " v ive da po litica " e diremos, no ca so con-tra rio que "vive para a pc litica " . Sob regime que se fundena propriedade privada, e necessario que se reiinam certas con-dicoes, que os senhores poderao considerar triviais, para que,no sentido mencionado, urn bomem possa vivet "para" a poll.t ica , 0 h om e rn p ol it ic o deve, ern co ndicoes norm als, ser econo-m ica me nte ind ep end en te d as v anta ge ns que a atividade politicaIhe possa proporcionar, Quer isso dizer que lhe e indispensavelpossuir fortuna pessoal au ter, no ambito da vida privada, si-t ua ca o s us ce tiv el de l he a ss eg ur ar ganhos suficientes, Assimdeve ser, pelo menos emcondicoes nonnais, pais que os segui-dores do chee guerre iro dao ta o pouca importanc ia jts condi-\oes de um a econom ia norm al quanta os companheiros do agita-da r revo luciona rio, Em ambos 05 cases, v iv e- se a pe na s da pre-sa, dos roubos, dos confiscos, do curse forcado de bonus de pa-gamento despidos de qualquer valor - pais que tudo isso e , nofundo, a mesma coisa. Tais situacoes sao, entre tanto, necessa-riamente excepcionais, na vida economica de todos os clias,soa fortuna pessoa l as segura independencia economics. 0 homem.politico deve, alem russo, ser "econdmicamentedispcnivel", equi-valendo a afirmacao a dizer que el e nao deve est il l obrigado aconsagrar t6da a sua. capacidade de traba lho e de pensamento,constante e pessoalmente, a consecueao cia propria subsistencia.Ora, em tal sentido, 0 mais "disponivel' e 0 capitalista, pessoaque recebe rendas sem nenhum trabalho, seja porque, a seme-lha nca dos gra ndee senho res de ou trora au d os g ra nd es p ro pr ie -t:h ios e da a lta nobreza de boje , e l e a s a ufere da ex plora ra o irno-biliaria - na A ntiguida de e na Idade Media, ta rnbem os escra -vas e servos representavam fontes da renda -, seja porque asaufere em razao de titulos au de outras fonres analogas. Neroo operario, nem muito menos - e isso deve set part icularmen-

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    te sublinhado - 0 moderno homem de !l.eg6do.se,sobretu.do,9 grande hornem de negocios sao disponiveis no sentido men-cioaado, '~ hornem de. negoclos esta liga~o a su~. empresae,pOI;anto, nao se ~ncontra, ~HspoD1~ele mutro menos disponfvel=.. '9ue se deruca a atividades industrials do que 0 dedicadoa. atlvldadesa~r1calas, pols qu~ este e beneficiado pelo caratersazonal da agrieultura. Nil. maioria das 'ltezes a homem de ne-g o cl os t er n d if ic u ld a de para d ei xa r -s e s ub st it ui .r , a i nd a que ,tero-poranam,ente. 0 rnesmo ocorre com rela~ao ao medico, tantomen,as disponivel quanta rnais erninente e rnais consultado. Pormotivos de pura tecnica profissioaal, as dificuldades ja se mos-t~,am ffi:nOl'eS no caso do advogado, 0 que ezplica a circunstan-CIa. deele ,ter desempenhado, cO,rno homem politico profissio-naI,. papel~compatave1men~e. maier e, corn frequenda, ' prepon-derante,. . ,~ao se f~ necess~no, entretanto, estender ainda maisesta casuts tica; mars convemente e deixar claras algumas conse-qi.iendas do que se acabou de expor. ..o fato de urn E~tado ou de urn. partido serern dirigidos pothomens que, no sentido economico da palavra, vivarn exclusiva-mente para a polltica e na b da politica significa, necesssrlamente,que,a~ c~ ad a s dirigentes sa o recrutadas segundo critetio "plu-tocranco . . Fazendo essa ass e rr;ao , nia pretendemos de rnanei-ra alguma, dizer. que a direc;aa plurocratica na a busq~e tirar van-ragem de sua situar;ao doininante, com 0 objetivo de tambemviver. "da" politica, expiorando essa posi~ao em beneficia deseus Inte.i:~ses economicos. Claro que isso ocorre. N ao hili ca-n:;adas dirigentes que nao tenhsm side levada s a essa ezplora-,c;ao, de uma a u de outra msneira . Nossaassercao significa sim-plesmente qu~ os homens pollticos profissionais nem sempre seveem co_mpelldos a reclamar pagarnento pelcs services que emtal condic;a? prestam, a,o passe que 0 indivfduo desprovido de~rtuna esta sempre obrigado a tomaresseaspecto em considers-~aa, De~~tnl parte, n~o e de nossa intencao insinuar que os ho-mens _polItICOSdesprovidos de fortuna tenharn como iinica preo-cupacao, durante 0 curse da atividade politics, obter, exclnsiva-: n ente _ au mesmo principalmente, vantagens economicas e queeles nao se preocupem ou na o considerem, em primeiro lngar,a causa a qu.e se dedicaram. Nenbuma airma~ao seria rnaisfalsa que .~ fetta em tal sentido, Ssbe-se, pot experiericia, que apreompaC;2o com a "seguranc;a" econ6.mica e , com efeito- de66

    rnaneira consciente ou nao - 0 ponto cardia! na arienta~aa davida de urn homem que jii possui fortuna, 0 I de a l ismo po li ti co,que na o se d et em d ia n te de nenhuma conslderac;ao e d e n en humprincipio, e praticado, se nao esclusivamente, 210 menos princi-pa lm ente , por indivfduos que, em razao da pobre za , e stiio a .m arg ent d as c arn ad as so cia ls in te re ssa da s ria m anu te n~ a o de c er-ta ordem econornica em sodedade determinada, E 0 que senota especialmente em perlodos exeepcionais, revolucionatios,Tudo que nos interessa realcar e entretanto a seguinte: 0 recru-tamento naa plutocratico do pessoa] politico, sejam chefes ouseguidores, envolve, necesssriamente. a c o n d . i t : ; a o de a organiza-~ao politica assegurar-lhe ganhos regula res e garantidos. Nuncaexistem, portanto, mais de duas possibilidades. Ou a ativida-de politic a se exerce "honorlficamente" e, nessa hiporese, s o -mente pode ser exerclda por pessoss que sejam, como se cos-tuma dizer, "independentes", isto e . J por pessoss que gozam defortuna pessoal, traduzida, espeeialmente, em te1:IDOS de rendi -mentes; ou as avenidas do poder sa o abertas a pessoas semfortuna, caso em que aativldade politica exige remuneracso,o bomem politico proflssional, que ,;,ive "da" politica, pedeser urn pure "beneficiario" au urn "funcionario' remunerado,Em outras palavras , !lIe recebera rendas, que s~i'ohonorsrios auemolumentos per services determinados - nao passando a gor-[eta de uma forma desnaturada, irregular e Iormalmente ilegaldessaespecie de renda - au que assumern a forma de remune-ra~ao fixada em diahelro ouespecie ou em ambos ao rnesmotempo. 0 politico pode revestir, portanto, a figura de tim "em-preendedor", a maneira do condbttiere, do meeire ou do corn-prador de carga. ou revestir 0 aspecto de boss norte-americanoque encara suss despesas como investlmentos de capital, quee r e transforms em. fonte de lucros, merce da exploracso de suainIuencia politics; ou pede OC0trer que el e slmplesmente rece-b a u rn s: r em une ra c a o fha, ta l como se da com 0 '.redator ou se-cretario de urn partido, com 0 miniatro ou fundonario polit icon:odernos. A compensa~ao tlpica outrora outorgada pelos prln-crpes, pelos conquistadores vitoricsos au pelos chefes de par-t ido, quando triunfantes , consis tia em feudos, doar;ii .o de 'terras,prebendas de todo tipo e, com 0, deserrcolvimenro da economiafinanceiral traduziu-se, mais particula tmente, em gtati ficar;oes .. Em nossos dias,. sao emptegos de t ada eScpecie, em particlos, em

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    [ornais, em cooperatives, em organizacoes de segura. social, emmunlcipalidades au na administracao do Estado - distribuidosp elo s c he fe s d e p artid o a se us p artid ario s, p el os b on s e le ais set-vices prestados. _AUutaL:2ar t ic la r i as__gao s ao . J~ortanto, apeoas.l ut as Q .I D L _ co ns ec .w ; a o d e metas.___g_bj5!t ivas, mas SaO, a _ p . a r :_ d i s ._ s .o,Iis ob re t udo ..-ri~ades par a cootto laW.i: st ribwr;aa de e:mp~gas . . .

    N a Alemanha, to da s a s lu ta s entre a s t en de nc ie s p a rt ic ul a-r is tas e as tendencies cent rali stas girarn, tambern e principal rnen-te, em totoo desse ponto, Que poderes jra~ =Iar a ills-.tribui~a(,)-d em.pt_egos - os..:-Je:::Be.diIILQUWlQ C.Qtltririo, o:ukM4nich ._de_Kat ls rube au de Dresde? Os partidos se irritarnmuito mais co m arraIlh6es ao dire ito de disrr ibuica o de em pre,gos do que com desvios de programas. Na Franca, urn movi-menta municipal, fundado nas 6r

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    de par meio milhar de anos. As cidades e condados italianosIoram as primeiros a tomarern par essa via; e, no caso das mo-narquias, esse primeiro [ugar oi tornado pelos Estados conquis-tadores normandos, 0 passo decisive Ioi dado relativamentea gestso das [inancas do principe. Os obstaculos surgidos quan-do das reformas administrativas levadas a efeito pelo ImperadorMax permitern-nos cornpreender quanto fol dificil para os funcionarios, mesmo sob pressao de necessidade extrema e sobameaca turca, privar 0 soberano da gestae financeira , emboraesse campo seja, sern diivida, 0 rnenos cornpatfvel com a dile-tantismo de urn principe que, par aquela epocavaparecia, aindae antes de tudo, como urn cavaleiro. Razao identica .fazia.comque 0 desenvolvimento da tecnica mili tar impusesse a presencad.c,~m oficial de carr~jra. e a aperfeicoamento do processo judi-erano reclamasse urn junsra competente. Nesses tres dominios- 0 financeiro, 0 do exercito e 0 da just ice .~ os funcionarios decarreira triunfaram definitivarnente, nos Estados evoluldos, du-rante 0 seculo A T V ' L Dessa maneira, paralelamente ao ortale-cimento do absolutismo do prfncipe em re l acae a s Hardens",ocorreu sua progressive abdicacao em favor dos funcionar ios quehaviarn, preclsamente auxiliado 0 principe a alcancar vi t6ria sa-bre as "ordens",, A par dessa ascensao de funcionarios qualiflcados, era pes-SIVe! constatar - ernbora com transicoes menos claras - umaoutra evolucao envolvendo as "dirigentes politicos" .. Desde sem-pte e em todos as pafses do mundo, houve evidenternente con-selheiros reais que gozaram de grande auto'rida,de.. No Ot'iente,a necessidade de reduzir tanto quanta posslvel a responsabilida-de pessoal do sulrao, com o fito de assegurar 0 exito de seu rei.nadc, conduziu a cria.r;ao da figura tfpica do "grao-vizfr". NoOcidente, ao tempo de Carlos V - que 01 tambem a tempode M~qui~~el -. a inlluencia qu.e, sobre os circulos especializa-dos da diplomacia , exerceu a leitura apaixonada do s relatoriosde embaixadores transformou a atividade diplomatica numa artede Connoisseurs. Os aficcionados dessa nova arte, form adosem sua maioria, dentro dos quadros do humanismo, conside-ravam-se como uma categoria de especialistasya semelhanca dosletrados da China do baixo perlodo, 0 periodo da divisao dopais em Estados multiplos. Foi entretanto, a evolucao dos re-g im e s p ol it ic os no semi do do constitucionalismo 0 que penni-70

    t iu sentir, de maneira definit iva e utgente, uma orientaciio tor-malmente unIficada do conjunto da politica, inclusive a politicsinterne, sob a egide de urn so homem de Estado. Sempre hou-ve, por certo, fortes personalidades que ocuparam a posicao deconselheiros ou - em verdade - iii de guia do principe, N aoobstante, a organizacao dos poderes piiblicos havia, primitiva-mente, seguido via diversa daquela que acabamos de assinalar,tendo ocorrido esse fato mesmo nos Estados ma is evolufdos.Nota-se, com efeito e desde logo, a constituicao de urn corpoadminist rative supremo, de ca ra ter colegiado. Ern teoria, embo-ra com freqiiencia cada vez menor na pratica, esses organismosreuniarn-se sob preside ncia pessoa l do prfnc ipe , u nic o a tamardeds6es. Atraves de tal sistema, que deu origem as propcstas,c~ntrapro~ostas e votes segundo 0 principia da malaria e, a pardlSSO. devido 80 fato de que 0 soberano, alem de recorrer a ssupremas instancias oficiais, apelava a homens de confianca, ae1epessoalmente l igados - 0 f

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    , ;.urn interesse comurn dessas partes no assegurar un.idade de di-recao politics, vendo surgirern condicoes de enfrentar 0 Parla-menta sern c,lsa? int~rna; tinham essas partes interesse, portan-to, em S~bs.h tU1r 0 S,lstema colegiado. por urn chefe de gabineteque expnnnsse a umdade de vistas do ministerio. Acrescente--sc que, para rnnntcr-sc 110 obrigo das rivalidades entre purtidose dos eventuais ataques desses partidos, 0 monarca tinha neces-sidade de contar com urn responsavel unico, em condicoes delhe dar cobertura, isto e , com um homem que pudesse dar ex-plicacoes aos parlarnentares, opor-se aos projetos que estes apre-sentassem ou negociar corn os partidos. Todos esses diversosinteresses agiram conjuntarnente e num mesrno sentido con-duzindo a autoridade unificada de urn ministro-funcionario, 0proceso de desenvolvimento do poder parlarnentar teve contu-do, conseqiiencias ainda maiores no sentido de unika~a~ quan-do, como na Inglaterra, 0 Parlarnento conseguiu sobrepor -se aomonarca. Ern tal caso, o "gabinete", tendo a Irente urn dirigen-te parlamentartinico, 0 "Ifder", assumiu a forma de uma comis-SaQ que se apoiava exclusivaruente em seu proprio poder de-tendo, no pais, uma for~a real, ernbora ignorada nas leis, ~ sa-ber. a f6 r~a do partido politico que, na ocasiao contava comrna.foria no .~a~lamento. Deixaram, portanto, os ~rganismos co-legiados oficiais de set orgao do poder politico dorninante -q~e havia passado aos partidos - e, conseqiientemente, nao po-dlam. ~ermanecer como reais detentores do goverao, Para terC??dl~OeS d,e afizmar s . l I n au.t~ridade interna e de orientar a po-lfucaextenor, 0 partido dmgente necessitava, antes de tude,d~. um6rgao dit,etor compostounicamente pelos verdadeirosdlt1~ntes. do partido, a f~ de estar em condicces de manipularcon~ldenclalmente os negocros. Esse orgao era, precisamente, agabinete, ~o~tudo, aos olhos do publico e, em especial, aosolhos do publIco par.]a_mentar , havia urn chefe iinico responsa-vel por wdas as decisoes: 0 chefe do gabinete, Somente nos~stados, Unidos da America e nas dernocracias pot eles influen-ciadas e que se adotou sistema totalmente diverse, consistenteem colo~ar 0 chefe do partido vitorioso, eleito por sutragio uni-versal dire to , a rente do conjunto de funciondrios por e I e no-mea??s, dependendo da autorizacso do Parlsrnento apenasemmateria de orcamento e de legislarao.72

    A evolur;ao, ao mesmo tempo em que transformava Q. po-Iitica em uma "ernpresa", ia exigindo formacao especial daque-Ies que participavnm da lura pelo poder e que aplicavarn os m e -todos politicos, tendo em vista os principios do partido moderno.A evolucao conduz, assim, a uma divisao dos funcionarios emduas caregorias: de urn lade as Iuncionarios de carreira e, deoutro, os funcioruirios "politicos". Nao sc trata, por cerro, deu rn a d is ti nc a o que f a r ;n e s tanque s as duas categories, mas ela e,nao obstante, suficienrernenre nitida. Os funcionarios "pol iticos",no sentido proprio do terrno, sao, rcgra gcral, reconhedve.is ex-ternarnente pela circuusrancia de que e possfvel desloca-los avonrade ou, pelo menos "coloca-los em _ disponibilidade", talcomo ocorre com as prefers em Franca ou com funcionariosdo mesrno tipo em ourros parses. Tal situacao e radicalmentediversa cia que tern os func'ionarios de carreira de magisttatura,estes "inarnovlveis". Na Inglaterra, e possivel incluir na cate-goria de funcion

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    pa sso que, em princ ipio , a posicao de co nse lh eiro espec ia l " s6estavs aberta a quem houvesse obtido aprovacao nos exarnesprescritos. Urn chefe de divisao adminlstrativa ministerial auconselheiro especial estavam, portanto e naturalrnente - aotempo em que Althoff ocupava a pasta da Educacso na Prussia- rnuito mais bern informados do que as chefes de Departamen-to acerca dos problemas tecnicos concretes, aferos a esse depar-tamento. E na a era diferente 0 estado de coisss na Inglaterra.Tal a razao POt que 0 Iuncionario especializado e a mais pode-rosa personagern no que diz respeito aos trabalhos em curse.Em verdade, uma situacso dessas nada tern, pot' si rnesma, deabsurda, 0 ministro e , acima de tudo, a represent ante da cons-telacao polftica instalada no poder; csbe-lhe, portanto, por empra tica a programa da constelacao de que. Iaz parte, julgando,em funr;ao de ta l prograrna, as propostas que lhe sao oerecidaspelos fuacionarios espee iali zados al l dando a seus subordinadosas diretrizes politicas conforrnes a Iinha de seu partido.

    Numa empress privada, tudo se passa de rnaneira semelhan-teo 0 verdadeiro soberano, ou seja, a assernbleia de acionistasest s, DUma empresa privada, t50 desprovida de jnfluencias s o br e a gestae dos neg6cios quanto urn "povo" dirigido por fun-cionarios especializados, As pessoas que tern poder de decisaono que serefere a polltica da ernpresa, isto e , as membros do"conselho de a dm i ni s trar;ao" , dom ina da s pe los ba ncos, naa fa -zern mais que tracar as dirciivas economicas e designar quemseja competente pa ra dir ig ir a ernpresa , pois que ela s propriasnao te m aptidao para geri - la tecnicarnente. Desse ponto devista, e evidente que nao consritui novidade algurna a estruturaatual do Estado revolucionario, que entrega a direc;:ao admlnis-trativa a verdadeiros diletantes, apenas porque estes dispoemde metralhadorss, e que nlio vee nos funcionarios especializadosrnais que simples agenres executives. N a o e , portanto; pot ~sselado, mas par outro que se impoe buscar as causas das dificulda-des enfrentadas pelo sist ema atual, Nao ternos intenoio, entre-tanto, de abordar esse problema. em nossa pslestra de hoje.

    ** No original V or lr ag e nd er R a t, a lto fuocioml rio minis ter ia l encar -regado da apresenta r; ao per16dic: a de rel at6r ios l'lterca das ativida.d es do6rgao em que servia.7 4

    di .' nossa a tenc ;ao pa ra os tra ces ~ a!-Convern, agora, m&l,r,. . os ue detem posl

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    muito semelhante ao lmmanista da Renascen~a, isto e , urn le-trade COm educa"ao humanista recebida ao contacto com mouu-mentos lingilisticos do pass ado remota, Quem Ier a diario deLi How)g-Tchang vel' ificara que ele tin113 como orgulho maieroser autor de poesias e excelen.te caligrafo. Essa camada socialdos mandarins, nutrida pelas cODvenc;6es estabelecidas segundoa modelo da ant iguidade chinesa, foi a determinante de todoa destino da China. Nosso destine teria podiclo ser 0 mesrno,se nossos humanistas rivessem tide, em sua epoca, a possibili-dade de se imporem com a mesmo exita,

    A terceira categoria era constituida peIa nobreza da corre,Apos ter conseguido reti rar da nobreza 0 poder politico queela dennha enquanto ordem, os SoberallOs a ,atrafram para a,corte e lhe atribufram func;6es polir icase diplamaticas. A trans-orma~ao sofrida par nosso sistema educacional, durante a s e -culo XVII, foi, em pane, determinada pela circunstfincia de queos letradoshurnanistas cederam a politicos profissionais cecrura.dos na corte a pos l~ ilo que Ocupavarn junto aos principe.s .

    A quarts categoria e composta par uma igura tlpic:amente_inglesa; 0 patticiado, que COrnpreendia a pequena nobreza e asrendeiros das aldeias, 0 que se designa pelo termo tecnico dege1Ury, De inicio, a soberano, para lutar Contra as bar5es

    rhavia atrafdo esse parriciado e lhe havia canfiado posi~6es deset f -government , mas, com a correr do tempo, viu-se el e pr6-prio ria dependencia dessa camada social ascendente. 0 pa.ri-ciado conservou todos as postos da administra~ao local, assu-rnindo, gratuitamente, todos as encargos , tendo em vista o In,teresse de seu poder social. E, assim preservOua Ing laterra daburocratizacao, que foi a destino de todos as parses da Euro"pacontinental.

    A quinta categoria, ados jurlstas formadas em univers ida_des, constitui urn tipo ocidenrsl peculiar, e peculiar, antes detndo, ao continente europeu, de que determinou, de maneira do-min an re, tocia a estrtltl1ra politica, A formidavel influenda peSs.turns do direito romano sob a forma que havia assumido noEstado romano burocratizado da decadencia, nao transparece, emnenhuma outra parte, mais clararnente do que no fato seguinte:a revolu( ' "ao da coisa publIca, en tendida essa expressao em ter-mos de progressao no sentido de uma forma estatal rational foi,76

    b d iuristas esclarecidos, Pode-se oo~s-em todos os lugares, a~a 1 e J emboraas grandes corpor~c~estata-Io ate rlll~S~? na c g a t e r 1 t , mbat ido a difusao do direitonacionais de junstas h.aJam, a .' co d munndo se encontra qual-nh tta parte 0 mu cromano, Em ne u : n a au .. ~ no Osensaios de pensamentoquer analogia com esse fenon:e . 1 escola hindu de Mimansajurfdicoradonal levados a ef~II~~;a: para promover 0 progres-e os esiorcos dos pensadores IS, 0 nao puderam impedir aeon-so do pensamento juridico an~g"dico racional par formas teo-taminacao desse pensam~~ juri dessas duas correntes oi capazlogicas de pensamento,. um~ ra a rocedimento legal. Pa-de r ac ional i zar de. manelia. comp-6e it fPol 'necessa t io es tabelecer. ~ prop 51 0 . cra levar a born ter,mo.es~e rudencia d o s rornanos que, tal co~ocontacto com a antiga JUtlSP trutuza poHticaabsolutament7 sin-e sabido, resultou de umad eScidade_Estado a ca tegor ia de U D 1 ? e -gular, poi,s que se elevou, : imei ramentec empreendida pelos JU -rio rnundial. A obra foi p, . . '. 0 U s us mo d er n us dos. '. t ado citar a segurt,. . 'risras Italianos, nnpor ~. d ' I t c Idade Media e, pot 1m,. aspandecr is tas , ,OS, (!anomst:l el :b~r :das pelo pensamento jur ldicoteor ias do direito natur u 1 . Os grandee representan-det . se sec anzararn. ." 1cristae, que" ep0.1S, iuridico foram a podesta italians, os e-tes de sse racionalismo J . . . eios legais para solapar 0. f es (que encontraram m " C) . o.gistas rances . b H' do poder dos relS , a s can _poder des senhores em rofe CIa In as teorias. do direito natural61 ue pro essara" . . d ~nistas e as te .ogos q. e. habeis J' ufzes as pnn-cili .' istas de corte e os 1 dnos can lOS, os JurIS , . do direito natural na HO,an aioes d inente os teoncos " d P 1cipes 0 connnen '., . 1 da Corea e 0 ar a-

    A as junstas ing eses 'e os monarcomacos, b ' do Parlamento de Paris e, e~ un, ,osmente, a nob lesse de r!! e . cesa Sem esse racionalisrno J,u-a dvogsdos da R.eval~~ao ,cF,ra n ,d' surg imento do absolutis-' , - , d na compte en er .ridico, nao se po e d R. 1 ~ Quem percorra as regl.sttos1 gran e eva ucao, . f smo rea I n.ero a " ' dos Estados Gerais rancese "do Par lamento de Pans ,o~7o;9an~lSencontrara presente a espl ri todesde 0 secw,o XVI ate .'. at ..evis ta as profissdes dos mem-.. E quem pas sur em r . . , , ~dos jurista s. . d d. R. oluca o encontra ra urn urn,c.oC - quan 0 a c ev ~ " '1' a tbros cia onvencao, !hid .ndo a rnesrna le i eieitorproletario - embora esco 0, s~;~em reduzidissirno de em-apl icdvel a seus colegas E~~~s i ~ ao a isso, encontrara nume-preendedores burgueses, , ~p_ sern as quais seria abso-

    c , ' c d toAdas as orientacoes, d 1 dAroses jurrstas e, . '1 mentalidade ra ica esseslu tamente imposslVel cotnpteenc er a77

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    intelectuais OU os ptojetos p AIepoca, 0 advogado rnoderno e O : ~ es apres.entados. Desde essaoutro Iado 5 6 no Ocidente ' emocracla estso Iigados. Pord '. e que se encontra f :' - d idga no sentido especffico d _ .u'a a ,lg u,ra , 0, a vo-. e uma camad . I . de 1SS0 desde a Idade M;di nd A a SOda I n, - ' ependente. d " ,e a, quan 0 des s u 1 " Iiparnr 0 "intercessor"( Purse h d e m rip caram ainlueocia de urna racionaliz p~:c d)o pro~esso, germanico, sob,_ zaca o e procedimentos.,. Nada tern de fortui to aim, A , dhtlca ocidenta1 ap6s 3, ,_ portanc13 os adv,ogados na po-, ' , aparicao des p id J' .pl:esa polrtica di . ida ' :r. a rn a s po It lCOS. A em-IrIgl a por pa rtIc les -uma empresa de interesses _ e 1000ao passa, em, verclade, dec ; ; a o pretende significar 0 fu g _ veremos 0que essa asset -

    do consiste exatament~ e~ad:fesan~~ ~o a~vogado espedaliza-a proeuIa, mE' I d ,. s Interesses da.queles que, ' .. '. m ta OIlllmo_ e tal' .._pode renrar da superiorid'flde d e a cooclusao que sed d- ' .' ' a propaganda i."a voga a sobrepuJa qual ,. " f . ',. . lllmlga - 0'1' ,querunclOnarlO" S d' 'drna, e e pede lazer t r iunfar , isto e - ' . . , ' e~ ,uv~ a algu-t ,!m a . c a u ,s a c u jo s argument t~ ' pod,eb gan~.a! tecmcamente,"~ . I as em raca ase logl ' 'consequ~nCla, ogicamente "rna" "" c~ e qu: ~> emt er C on dl qo es de fa z . .inf : porem e t a .mbem 0 urnco aer triun at rsto ed," n 1 I,que se funda em ar 'mentos >"., ,e~a lSI urna causaem, tal senndo, Ac:tec,' f S1?11dose que e, porrsoto, "boa",. d ,e In e rzmen te e com f' .,... . . .sra a , que 0 funciona.rio en' - hon requencla derna-' lib " , quanta omem pol't' f doa causa do Ponto de ist. d ' 1 lCO, aca e uma" ,VIS a os argument' .em razao de erros te'cnl'c T.'. " os,, urna causa "ms"d " d ' , os. emos exper ~ . d' . 'I a cada vez maior, a politica se faz' . ,lenCla}Ss.o. Em me-p orta nro , c om a utiliz"r-ao d'" . ,hoJe, em p u b l i C O e se fazf 1 d . "~ esses mstrument, - ,a ada e escnta Pois b as que sao a palavra- . i oem, pesar 0 efeito das 1 ..!'q~e se poe como parte relevante d ivid d pa H vr as .'- alganao como parte da ativid d d a atrvr a. e ~o. advogac lo , mas9 ue naa e demagogo e quea ;or ed ~~'. ~UnCI0!1:mo especializadoele, por infelicidade ten tar' de e fn~r;aoIAnao a pode set'. Sefaze~lo de maneira danhestta. .sempen at esse pape1, s6 podetao verdadeiro funcionariopara julgamento de no . - e .essa obsetva~ao e dedsivQ

    1< ' sso ant1go regime - d.ut1ca exatamente devido . _' - nao eve fazer po-de tudo, de forma na-o apaSUt~d~caqao: deve adm,inistrar, antes. I 'r 1 ana nsse' , .Igua mente a a s clitos func' ,. ,: I Imperativo aphca-se- 10na tIos 'po'ti .,mente e na medida em q ". _ d1 cos , ao menDs oicial-ue a razao e Estado" isto" .) , e, as 111-

    teresses virais de ordem estabelecida nao estao em jogo, tIedeve desempenhar sua missao sine ira et studio) . "sem ressenti-memos e sem preconceitos", Nao deve, em conseqiiencia, fazera que a homem pclltico, seja 0 chefe, sejam seguidores, esracompelido a fazer incessante e necessariamente, isto e , COItl-bater, Com eleito, tomar partido, lutar, apaixonar-se -iraet studio - sao as caracteristicas do homem politico. E, antesde tude, dochefe politico, A atividade deste Ult imo esta subor-dinada a urn princfpio de responsabilidade totalmente estranho,e mesmo oposto, ao que norteia a funcionario. A honra do fun-cionario reside em sua capacidade deexecutar consciencicsamen-te urna ordern, sob responsabilidade de uma autoridade superior,ainda que - desprezando a advertencia - ela se obstine aseguir uma falsa via. 0 funcionacio deve executar essa ordemcomo se ela correspondesse a suas prcprias conviccoes, Semessa discipline moral, no rnais elevado sentido do termo, e semessa abnegacao, toda a organizacao ruiria. A hanra do chefepolitico, ao contrario, consiste justamente na responsabilidadepessoal exclusiva po t tudo quanta faz, responsabilidade que el enao pede rejeitar, nem delegar. Ora, os funcionarios que t~mvisao moralrnente elevada de suas funcoes sao, necessariamente,maus politicos: nao se disp6em com efeito, a assurnir respon-sabilldades no sentido pol itico do terrno e, desse ponto de vista,sao, conseqiientemente, politicos rnoralmente inferiores, Infellz-mente, esse t ipo de Iuncionario ocupa, na Alernanha, postos dedire~ao. E a isso que dames a nome de "regime des Iunciona-rios", N ao e ferir ahoma da um;ao publica ' alema por ern.evi-dencia 0 que hi de pollticamente Ialsc no sistema, vista do a n -'g:ulo da eficacia politica. Volternos, porem, aos tipos de figurapolitica. *

    Desde que existern OS E tados constitucionaise mesrno des-de que existem as dernocracias, a "demagogo" tern sido 0 chefepolitico tipico do Ocidente. 0 gosto desagradavel que em n6sprovaca essa palavra nao nos deve levar a esquecet que foiP e r i c l e s e n a o Clean 0 primelro que a mereceu. N a o tendofunc;ao alguma, au melhor: oc'upal1do a u.nica fun~aa eletivaexistente, a de estratega superior - enquanto que todos osoutras pastos na democra.cia anti.ga eram atribuidos por ,sor-8

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    teio -, . e 1 e dirigia a eclesia soberana do demos ateniense, Cer-to e que a demagog ia moderna fa z usa do discurso ~ e numaproporcso perturb adora , se pensarmos nos di scursos elei toraisque 0 candida to moderoo est11 obrigado 3. pronunciar -~ masfaz uso a inda m aio ! da palavra impressa. Par tal motive e qu eo publicists politi co e , muito pa rti cularmente, 0 [ornalista sao,em nossa epoca, a s mais notaveis representantes da demagogia ,

    No quadro desta conferencia, nao nos e passive! tracarnem mesmo urn simples esboco da sociologia do moderno jar.nalismo, :t:sse problema constitui, de todos os pontos de vista,urn caphulo a parte, Contentar-nos-emos co m algumas observe-~6es, que sao importantes para 0 assunto de que no s ocuparnos,o jornalista participa da condicao de todos as d em a go go s, a ss imcomo - ao menos no que se refere a Europa continentale emoposicao ao que se passa na Inglarerra e, outrora, ocorria naPrussia - - 0 advogado (eo artista ): escapa a qualquer classi-fica~ao social precisa, Pertence a urna especie de classe de patiasqu e a "sociedade" sernpre julga em fu n~ ao de seus representa n-tes rnais indignos sob 0 ponto de vista da moralidade , D a r a ra-zao por que se velculam as ideias mais estranhas a respeito dos[ornalistas e do trabalho qu e executam. N ao obsta nte , a ma ierparte das pessoas ignora que urn "trabalho' [ornalistico real-mente born exige pelo menos tanta "inteligencia" quanta qual -quer outro trabalho intelectual e, com frequenda, se esquecetrarar-se detarefa a executar de imediato e sob comando, tarefaa qual impoe-se emprestar imediata eficacia, em condicoes decria e cabe rnesmo di-zer que seja superior, quando se tern em cant a as cons tatacoesque foi possivel fazer durante a ultima guerra. 0 descreditoem que tombou a jomalismo explica-se pelo fate de havermosguardado na memoria a s a bu se s de jomalistas desp~dos de sen-so de responsabilidade e qu e exerceram, frequenteroente, infIt1-encia deploravel. Ninguem se inclina, entretanto, aadmit i t quea d is cr h; a o d o jornaIista seja, em geral, superior a de outraspessoas, 0 ponto e inegaveI. As tenta

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    Northcliffe, par exemplo- ve, conttauamente, aumentada essainHuencia,

    Os gran des consorcios capitalistas de imprensa que, na Ate.manha, se haviarn apossado dos jornais que publicam "arninciospopulates" foram, a te 0 memento e via de regra, os tipicos pro-pagadores da indiferenea politica. Havia-se tornado conscienciade que, obstinando-se no seguir esse carninho, nao se tirariaqualquer vanta gem de uma polirica independente, nao haven-do esperanca alguma de poder contar com a benevoleneia, co-mercialmente iitil, das 6rc;as que se encontravam no poder.o sistema dos comunicados foi alga a que 0 governo recorreuIargamente, durante a Ultima guerra, para tentar exercer WIu-en d a politica sabre a . imprensa e parece que ha , no memento,tendencia de perseverar nessa trilha. Se e de esperar que agrande imprensa possa subtrair-se a esse tipo de informacso, amesmo nao se data com os pequenos jornais, cuja situa~iio ge-ral e multo mais delicada, Seja como fOr, a carreira jornallsticanao e na ocasiso presente, entre n6s, via normal para alcancara posi~ao de chefe politico (0 futuro nos din! se nao 0 e matsou se nao 0 e a inda ), a despeito dos arra t ivos de que ela sepossa revestir e do campo de influencia, de a~ao e de respon-sabilidade que possa abrir para os que desejem a ela dedicar-se.:b dif lcil d izer se 0 abandono do princlpio do anonirnato, pre-conizado por muitos jornalistas - nso por todos,e cetto -sera suscetivel de alterar a situacao. A experiencia que foi pos-sfvel fazer na imprensa alema, durante a guerra, corn relacsoa jornais que h a vi ar n c on fi ad o as postos de redator-chefe a in-tel ectua is de grande personalidade que util izavam expllci tarnen-te 0proprio nome, rnosttou, infelizmente, que, em alguns casesnotorios, 0 metoda naa e tao born quanto se poderia crer,parainculcar elevado sentido de responsabilidade. Foram - sem dis-tinc;ao de partidos - as chamadas folhas de informacso, sernduvida as rnais compremetidas, que se esforcaram para, afas-tando 0 anonimato, aurnentar a' tiragern, no que se vitam muitobern sucedidas. As pessoas envolvidas, tanto os diretores des.sas publicacces como os jornalistas do sensacionalismo, ganha-ram com isso urna fortuna, mas nada se ganhou no capitulo dahonra jornallstica. N ao quer isso dizer que se cleva rejeitar 0principle da assinatura dos artigos; 0 problema e , em verdade,assaz cornplexo e 0 fenomeno que mendonamos nao tern qual.82

    I, , \

    qner signilicac;ao de carater geral. Constato s!mpl~smente queessa pratica nao se revelou, a t e ? presente, mew adequado par~format cheies verdadeiros e politicos que tenham sense .de I : 5onsabilidade. 0 futuro nos did do evoluir de t,al situacao.

    be qua lquer modo, a carrei ra jorr:ali st ica p'ermanec~ra , como ~adas vias mais importantes de at ividade pol itl ca pIoflsS1ona~ '. Na~se cons titui , entretanto, em caminho aberto a todos, . Nao estaaberto, sobretudo, para os catactere~ fra:os e, I?en?s ainda, paraos que s6 se podem realizar em srtuacao s_?clal isenta de ten-soes. Se a vida do [overn intelectual est a ex~ostaa?, aca~~,permanece, contudo, rodeada de certas convencoes S?ClalS S?U-das, que a protegem contra os passes em Ialso. A vida do .Jor-nalista, entretanto, esta entregue, sob todos os pontes de Vls~a>a o puro azar e em condicoes que 0 poem a pr:ov~ :?e manelraque nao encontra paralelo em nenhuma

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    gut a do Iunciondrio de urn partido politico, ao contrario, 5 6 apa-receu no curso das ultimas decadas e. em parte , no curso dosi il timos anos, Para compreender 0 processo de desenvolvlmentohi storico desse novo tipo de homem, faz-se necessaria exarninar,preliminnrmcntc, It vida e a otgnni:~ac; i\o dos pur tidos polit icos .

    *Em todos as lugares - a excecao dos pequenos cantfies IU-rais em que os detentores do poder sa O perlodicamente eleitos

    - aemptesa politica se poe, necessariamente como empresade iateresses. Quer 1550 dizer que urn numero relativamenterestr ito de homens interessados peia vida politica e desejososde participar do poder aliciam seguidores, apresentarn-se comocandidate au apresentam a candidarura de protegidos seus, reii-nero as meios financeiros necessarios e se poem a C i l c a de s \ 1 f r a -gios. Sera essa organizacao, naa hi comoest tu turar praticamen-te as eleicces em grupos politicos amplos. Equivalem essas pa-lavras a afirmar que, na pratica, os cidadaos com a direito avoto dividem-se em elementospollticamente arivos e em ele-mentos pollticamente passives. Como essa distincao tern porbase .a livre' decisao de cada urn, nao 6 passive! suprirni-la, ad es pe ito d e todas as medidas de o rd em g era l que se possa m su-gerir, tais como 0 veto obrigat6rio .. 1 "represenraciio cbs pro-fissoes" au qualquer outre meio destinado, formal au eferiva-mente, a fazer desaparecer a diferenca e, por ~ss:: :meio, 0 do-rninio dos politicos profissionais, A existencia de .:hefes e se-guidores que, enquanto elementos ativos, buscam recrutar, Ii-vremente, militantes e, por outro Iado, a existencia de urn cor-po eleitoral passive constiruern condicces indispensaveis 3 exis-tencia de qualquer partido politico, Aestrutura rnesma dospartidos pode, entretanto, varier. Os "partidas > das cidadesmedievais, como, par exemplo, 0 dos gue1fos e dos gibelinos,compunham-se exclusivamenre de seguidores pessoals, Se con-sidersrmos 0 Statuto della parte Guetja, se no s recordarrnos decertas disposicces como a relativa ao confisco dos bens des No-b~ii- familias onde havia a condicso de cavaleiros e que po-diam, conseqiientemente, tornar-se proprietarias de urn feudo- au se Iernbrarmos a supressao do direito de exercer determi-nada funcao ou a privacao do direito de voto que podia atingirmemhros dessas famil ias OU, enf im, se considerarrnos a estrurura84

    das comissoes inter-regionais desse part ido, a severa o!ganizac[aomilitar a que obedeciam e as vantagens que concediam .aos dela-teres, nso poderernosimpedir-nos de pensar no, b~lchevlsmo, emsua orgalllzac;ao militar e - sobretudo ~ ~USSla- em_ suasotganLzac;:6es de intormaciio, 1 1 a dcsmara l izar ;ao e denegacso dedireitos politicos aos "burgueses." , isto e , e~npree.nd~ores , ~~.merc i a nt e s, c le r igo s, elementos l igados a a nnga dina stia e din-gentes da antiga policia . .A anal gia 5 : to::na n:~is contundentequando se leva err: conta que a :ga,n1za~ao mlltta.t do partidoguelfo estava apoiada em urn exercito de cavaleiros no qualquase todos os pastas d e d ir e~ a o cram reserva dos pa ra o s nobres;com efeito, os sovitticos conservaram, au, melhor, restabelece-ram, a figura do empreendedor ampla.m~nt~ temuner~d?; 0 tra-balho Iorcado, 0 sistema Taylor, a discipl ine no exercrto ~ nahibtica e chegam a lancer olhares para os capj}ai~ estrang;lt?s.Numa palavra, para colocarem em marchaa rnaqnma econororcae estatal virarn-se eles condenados .a adetar tude quanta con-denaram como instituicoes da classe burguesa, alern disso, rein-tegrarn nas velhas func;:6es as agentes da antiga Ochrana (pelf-cia secreta czarista ), traosformando-os em instrumentos essen-ciais do poder politico. Nesta palestra nfio nos poderemos, en-tretanto, ocupar dessas organizac ; :6es apoiadas na violencia;. da-remos atencao, ao contrario, aos politicos profissionais que bus-cam ascender ao poder com a a poio da influencia de ur n partidopolitico que disputa votes no mercado eleitoral scm jarnais re-correr a outros meios que nao os racionais e "paclficos",

    Se considetarmos agora, os partidos politicos no sentidocomum do term a , cnnstatarerrtos que, de inido. e por exemplona Inglarerra, eles nao passavarn 110 comeco, de simples con-juntos de dependentes da aristocracia. Quando,par esta ouaquela ra zao , urn par doreino trocava de partido, todos osque dele dependiarn passavarn-se tarnbem para 0 outre campo,Ate a epoca do Reform Bill (de ] 831), nao era 0 rei, porernas zrandes Iamilias da nobreza que goz avam das vantagens pro-pic~das pela massa encrrne dos burgos eieitorais. Os pard-dos d e n or av ei s, que se desenvolveram rnais tarde gracas a as-censao polltica da burguesia, conservavam ainda urna estruturamu.ito proxima da estrutura d05 partidos da Dobre~a. As ca~~-da s socia is que possmam "fortuna e educacso", animados e din-g id os p ar in te le ct ua is , c at eg or ia p ec ul ia r a o O ci de nt e, d lv id ir am -

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    -se em dierentes porcoes, 0 que fo i devido, em parte, a interes.ses de dasse, em parte a tradj~ao familiar e, em parte, a motivospur.amenteideo16gicos, passando a consti t uir partidos pol iticosde que conservaram ~1 direoio. Membros do clero, professores,advogados, medicos, farmaceuticas, fazendeiros prosperos, manu-Iatores ,- e, na InglHterra, toda carnada social que julgava per-tencer a c1asse.dos gentlemen - coostimfram-se, de infcio, emag:rupamentos poIrticos epis6dicos au, quando muito, em elubespolfticos lccai s: duran te os perfodos diffceis., via-se surgi r, t am--bern, no palco politico, a pequena burguesia a ate a proletaria-do chegou, certa vez, a aparecer. E fazia-se ainda necessanoque essas ul t imas camadas socials encontrassem UOl chefe que,via de regra, nao brcrava de seu propria seio. Na epocanaoexistiarn partidos organizadosregionalmeJ1te, que encontr~ssembase em agrupamemos. perrnanenres do interior do pafs, Niloexistla Outra coesao polit ica senjio a criada pelos parIarnentares,spesar do que as peSSO: lS de importfincia loca l desempenhavampapcl marcante na escolha dos conciid:'ltos. Os program as in-cluiam, a par da profissao de e dos candidatos,as resolucdes to-rnadas nas reuni5es dos hornens de prol OU resolucoes das fao;oesparlamentares. S6 em carater acesscrio e a tftulo exclusivamen,re honorifico e qu e urn homem de projec;ao consagrava partede seus laze res a dil'e\,ao de urn clube. Nas localidades em queeSse club~ nao existia (ca so ma is comum ) , a atividade politics~stava pnvada de qU:11g;uer organiza9iio, mcsmo no que tangiaas raras pessoas que se mtetessavam normalmente e de maneiracontinua pela situa\ao do pais , S6 0 jornalisu, er a urn politicoprofissional rernunerado e, alem das sessces doParlamento 56. . . .. ' , '. ~a lmprensa c O ns tl tU la um a d rg a ni za c; ao politica dotada de a laumsentido de continuidade. Nao obstante, as parlamentares ~ osdirerores de partido sabiarn perfeitamente a quais chefes localsrecorrer quando certa a~ao polit ica parecia desejaveL Tao-samen-te nas grandes cidades e que se ul sta lavam se~6es permanentesdes partidos Co m mensal idades m6dlcas pagas pelos mernbrosCOm encontros peri6dicos e reunides ptihlicas durante as quai~a d.eputado prestava conta s de seu. mandata. Vida polftica s6havia , :ntretamo e realmente, no decurso do periodo eleitoral.

    Nao demorou, porem, a ser sentida a necessidade de umacoesao mais firme no interior dos partidos. Nurnerosos motivosimpuseram essa nova or ienta~ao: 0 intere-sse dos parlarnentares86

    em conseguir compromissos eleitorais entre cLt:CUllscri-;o

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    transformarem em ministros" era muito p . .alias, ados candidates a eleicces pais quee~~e~o~ aS~J1mdcomor ,conservavarn 0 controle das opera:oes D, . -. . mens e proro d . . '. ' ', '" . e ourra pa rte, 0 mime-as que se interessavam indirerarnente pel . 1" btudo no r 1 f ..... . a po rttca, so re -. . ~ a IVO .a . s~u. aspecto material , era grande . Tcdas as -medl~as q ue u rn n -:! .D l str o poderia adotar e , m ui to p a rt ic ul ar rn en -te, todas as solucoes que poderia oferecer d'rcr pessoal t'11 .. a assuntos e ca r a -sabre ~. 1 ' ; s u l ; ~ / 1 d cn! ~o. r n n l~o~:;rvcIil1Iluc.ncin e l i ! decisfio, ~ IlS eieicocs seguintes. Procurava -se, com efei-to, a gu de man.eira que a conc re t iz a r i .i 0 de q I. . dtensso d d d ' .)" . ua quer tipo ' e pre-.. epen esse. a rnediacao do deputado local' db. au~e maub gra~oJ via-se 0 rninistro compe1ido e pre~tar~lheo~uvi-as, so retu. a se 0 ?eputado integrava a rnaioria - e exats-me~t~ por esse rncuvo, tcdo deputado .' .marona, 0 deputad detir h . , ,procurava integrar ad 1'.' 0 et,l~ a 0 monopolio dos empregos e de0 :0 d gera , ~od:.ls ;1~ cspccics de monopclio relar ivas aos n~ '6-~ lOS ~ sua crr_cunscnc ;no. E de sua parte, agia com ~uita c:u-ela .nas re la r ;o~~ com os hornens de prestfgio local a fi dassegurar reeleicao. ) m e. A esse estado idllico de dominacso des h dsobretudo d d . - d ". omens e prol e,, ,e OlTImar;ao o s p a rl a rn en ta r es 0 - .epoca e da maneira rnais .adi 1 .. poe.-se,em nossam od ern a do s pa rtidos . 1: ra rea r, a estdrutma e a o.rg aniza ~a .od .,' d , " . sse novo esta 0 de coisas e filho dem ocl~ C1a , 0 sufra gio universa l, du necessldadc de .... ae org a ruza r a s rnassas c ia . 1 - d . c rec ru ta ruma unifica ca o ca da ~ ez e~o u ~a ?d .o s p ~r tlc lo s no sentido de

    u,m~discipline cada vez m:~s!Ss:~~~a a n~~ ~ ? f e ~e 00 se~tido deSiStI. mos, presente rnente a ' d dA " d d s_D . escaloes, As- .d 1 " - , . eta enC1a 0 orrnruo d h ....e pro, assrrn como a de urna politica diri ida a .as omensmo.s dos parlamentares 0 '.. d:' id g penas em. ter-r ' . . ,S In lVI uos que fa d ., ld dpO,ltlca a profissao principa l retoma m a dire a zed a at~vl a e~!trc.a, m .a nte nd o- se e mbo . ra. afastados do Pat;]o ,< 1 emprSe:.a po-ernpreendedores" , . . r arnento. ao ou'.' - a manelra do b . .election agent ingle Iunciona oss norte-amencano ou do_ f'. . s - ouunclona nos dos pa rtid .coes txas. Do ponto de vista formal" . os, com. POS1-cratizacao acentuada. Nao e . ' ' a ststunos a urna demo-tabelece a pro' d f' mats. a grupo parlamentar que es-_ ., grama e e me a linha de conduta d . 'dd : ~:~odid3~J~r~S a~o~1~~s6!semportfincia local os gu~ X::ide~a reuni6es de militantes

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    constante xivalidade latente com 0 h ..,~al.e com os parlamental'cs ue IS omens de .rmportancia 10-encra de que disp6em 0' ~ut~m para consetvar a. infIu-. ... . novo estilo In ifmelta. vez no seio de u artid b anrestou-se p e l . a pri-d A ~ . m pam 0 urcniA E .a . menca e no se io dewn . . t :J~es. D ? S stados UnjdosCODstnntes regress6es . ". par~do socla]jsta .na Alemanbabretu-l marcaram e V l d n r . 'so. retudo quando ocorna " ,e . emen~e, essa revolur;aap.t'.lvado de ur n chee q~e urn partIdo se visse, no momento''. un:U1Jmemente r hecid )rem, quando tal chef~. . econ eCI o. Mesmo po-- d t;: eXlste torna-se n '.' f "sees e toda especie if vaidade' e . A ecessarJQ azer conces-de rele.vo no partido. De tr 31odu1teresse pess.oal dos horn ensqu ,. OU J 0 a 0 pode oc . 1 m. e a maquins tombe sob 0 d '. ' " .' d orrer, Iguaente1 b ,OOlImO os . ,.. ,ncum ern re~~armente do trabalh " .,. unClOnarros 9ue seSegundo a oP.lIltao de certo n' ad tnterno de org .amz. ac;ao .

    A umero est d .c~racla, esse pattldoestaria send .' . At ore~ a_socIal-demo.t .lzac;ao" A d'' . 0 press desse tipo de "b. " . . par Issa, ImpOrt"l na o escr . . urocra-nos s~ ~l1bmctem com telativ~ fa il'd ~ue:et que as "funciaua.demagoglta que saib". C 1 a e a pessoa de urn dleeI ' .."como causar fort " - ..ex p rca, ao mesmo tempo J .' .e Imp,ressao. Isso se" . , pea cJrcunstancia de ' . . Amatenal.S e marais desses funci ~. .~ q ~ e o s J nte re ss esdos 3.0 crescimento e padel"I'O onardlos .est.ao Intrrnamente Iiga-. t ... que esejam pa 'dill eg.oram eexplica.se tambe ' . 1 f" . , . ra 0 pa..ttl 0 qu e1 - '", ., m pe oato de h ' o.acao ffitlma no f.ato de t ra l lh 1 aver maror S8tlS-ao ".. . . . a ar pee am or de 0 h f n. C Ontra rlO , In inita rne m- rna is dT il a l .. urn c e eo.L,chefe nas organiza

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    empreendedor capitalista, 0 election agent, Tornou-se el e umaIigura indispensavel, dado que a l eg is la c a o nova tinha 0 propo-sito de garantir a controle de despesas eleitorais e de contra-balanc;:ar 0 poder do dinheiro, obrigando 0 candidate a fazerdeclaracso das somas despendidas durante 0 decorrer da Cam-panha. Na Inglaterra com efeito, 0 candidate, alern de da rcurso a aratoria - multo mais amplarnente do que, outrora,ocorria na Alernanha - gostava de dar curs a a seu dinheiro.Em principia, o election agent exigia do candidato 0 pagamentode certa soma, conseguindo, par essa forma, vantajosa situacao.A divisao de podere entre 0 lider e os hom ens de importanciano partido, tanto no ambito do Parlarnento, como em todo 0pals, sempre garantira ao primeiro maier possibilidsde de in-fluencia, de ve: que era necessario dar-lhe as meios de executar,com continuidade, uma boa politica. Conrinuava senslvel, en-tretanto, a influencia des homens de prol e dos parlamentares.

    Tal, em Iinhas gerais, a maneira como se apresentavarn aspartidos, em thmos de sua antiga organizacao, Aquela rnaneiradefina-se em parte, como conseqiiencia da ar ; ao dos homens depro! e ja era, em parte, produto da ar;:ao des empregados e dosdirigentes. A partir de 1868, desenvolveu-se, inlcialmente emBirmingham, durante eleicoes locais, 0 sistema de caucus. Den--Ihe nascimento urn pastor nao-confcrmista, auxiliado por Jo-seph Chamberlain. 0 pretexto invocado foi 0 da dernocratiza-r;iiodo direito de vote. Com 0 objetivo de atrair a msssa, sere-ditou-se conveniente movimentar enorme con junto de gruposde aparencia democradca, organizar iern cada bairro da ddadeurn cornite eleitoral, manter continuidade de ar;ao e burocrati-zar rigorosamente 0 conjunto: cresceu, entao, consideravelmen-te, 0 mimero de empregados remunerados pelas ccmissoes 10-cais que, dentro em pouco, agruparam e organizaram eerea dedez por cento dos eleitores, Os intermediaries principals, es-colhidos par eleicao, mas detendo, d a . i par diante, 0 direito departicipar das decisoes, tornaram-se os dirigentes da politics dopartido. As or~as atuantes broravarn das cornissfi es locai s, prin-cipalmente nas areas que sejnteressavam pela polftica munici-pal -, sendo esta, em todas as .circunstancias e situacoes, 0trampolim das opor tunidades rnateriais rnais solidas. Forarn tam-bern essas f6rc;as puramente 10cais que, em primeiro luga r, reu-nirarn as mei.os financeiros necessarios para subsistencia. Essa

    II

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    , . va inteiramente ao contrMe parlamen-nova maqu111a, que escapa . . b . te com as forr;:as que ate 0 PlO-tar, logo teve que manter corn .~l._ l' almente co m 0 w hip . . Semd . h der e pnne p , . bmenta enn am 0 poe d'. -. ll-dades locais que usca-. 010 as persona.'. .emhargo, grac;as a~ a 'p 1 .. a uina conseguiu v er- se v ito -vam interess~s proP:t~o~, ~;tf:rr:ompleto que 0 whiP sentiu-riosa e seu mucio f01 e . . tuar Disso resultou a cen--se obrigado a su~meter-se ed pac .~ao de alguns homens e,t r al izac;ao cia totalid~d~ d~ POe: n~e seencontrava a testa doafinal, na mao do uruco dam l;imento de todo esse sistemapartido. Em. verdade,. ~ ~~~~~:laralelamente a asce.nsao po-se deu no selo. do partl ~ .~.': a maquina tao r9.pldaroentelitica de Gladstone. A vit w 1 d que. 1 deveu-se antes de tudo,conqoistou sabre os hom~nsoe fro em grand~ estilo prat icadaao angulo fasdnante da ema."odg1a ssas no conteudo moral, . crenca as rna .pot Gladsto~e. a. tenaz . 1 moralis'lllo da personagem.de. sua po1iuca e, ~m espec1IR,9. l't :co ingles uma especie de . lU no pa co po 1 1 . ..Foi assun que surg .. . do ditador que remava1 b . , . am as tra

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    sao promeridas , em particular, aqueles que fazem prova de boa.educa~ao.isto e , a os que Sao gentleme11. A honra suprema qu eespera, em particular, os grandes mecenas e Q titulo de par _pais as inan~as des partidos provern, na proporcac de quasecinqiientfl per ccnto, de cont[iblli~oc .s de dondorcs on8nimos,

    Qua l 0 resultado a que levou esse. sistema? M uito sim -plesmente, a que os parlamentares ingleses, com excecso de al-guns membros do Gabinete (e de alguns excentricos) virarn-sereduzidas a condic;ao de bestas de votar, perfeitamente discipli,nadas. No Reichs tag alemso, os parlamentares cleram-se ao h a -bi to de utili zar suas cadeiras para cuidar da cor tespondencia pri-vada, dando, dessa forma, pelo menos a irnpresdo de que sepreocupavam com 0 bern-esrar da nac;ao, Na Inglaterra, entre.tanto, nem esse minimo e exigido: 0 parlamentar nadamais terna fazer senaovotat e nao trair seu partido. Deve Fazer ato depreseoS'a quando 0 whip 0 chama e executar aquila que , deacordo com as eircunstiincias, e orden ado peIo chefe do Gab i .nete au pelo lider da oposicso. Sempre que dirigida par urnhomem energico, a maqlllna do caucus quase que nao deua trans-parecer qualquer reacao de ambito local; eta, pura esimples-mente, segue a vontade do I1der. Assim,acima do Patlam.entose coloca ehefe que e, ern verda de. urn ditador plebiscitario:a seu saber, e l e orienta ~ s massas. A seus olhos, os parlamenta-res nao passam de simpJes detentores de prebenda, que fazemparte de sua clientela. .

    De que maoeira se c i a , em tal sistema, a escolha dos chefes?E, acirna de tudo, que qua1ificil~6es neles se procura? AMm dasexigencias de uma vonrade Brme .que sao , ern t6da parte, deci-sivas, e naturaImente de 'primeira importancia a 6rs:a da pala-vra demag6gica, A maneira de proceder alterou-se depois daepoea de Cobden, quando os apelos erarn dirigidos ao entendi-mento, e d a e po ea de Gladstone, que era urn tecnico da f6l'mulaaparentemente cheia de senrido, urn tecnieo do "deixai os fatesfalarem" e, em nossos dias, para mover as rnassas, utilizam-sefreqi.ientemente, rne ios que, na maioria das vezes, tern. carater pu-ramenre emocional e sa o do genero adotado pelo Exetcito deSallla~ao. Com boa base, esse estado de coisas pode set chama.do "ditadura fundada na emotividade e na exp1oraltao das mas-sas", Nao obstante, 0 sistema de trabalho em comissoes, sis-t ema grandemente desenvolvido no Parlamento ingles, da a todo94

    -aquele que arnbiclone um posto na organ~ar;ao dirigente a, ~ o ribilid d d trazer sua contribuicao e val 8. ponto d.e. obriga- 051 1 a e e .. . :.-l> t n tes dos. . para triunfar. Todos os I D . l D I. stros rmpor a .a aglt aSSlffi .' ,_ l arnentaresultimos decenios forrnaram-se nessas 5?mlSSOes, par . ~,,'ha bitua ra rn a urn tra ba lho posrnvo e efica z . A .~ratlca.;deu~da' como relator de uma comjs~ao, bern como 0 h n L : H t o d~,q. u bli ca a 's d elib er ac de s permite, nessa escola , uma vercrmca pu ,. ~ J ~ d . e li Id -0d a de ir a s el ec a o de chefes, com eliminaclio 0 111 VI uo que napasse de urn dernag go vulga~. .' . ' . '. ..Essa e a situacao na Inglaterra, Entretanto, 0 Sistema d~caucus) que a li reina, aparecera como forma. ~ten~ada de ma,qdU1~. politics se 0 compararmos com a o rga ru zacao dos par t i nana ., . d "d t adotounos Estados Unidos da America, on e rap I a 1U e~ e. se., . ..: particularmen te pura do regime plebiscitarie. ,So-um a versao ... id d A._ dever iarnr un d o Wa sh in g to n , os Esta dos Uni os a .n.wenca ., ,~er urna comunidade dirigida pot .gentlemen. Naqu~la :poca, a ID. I I Iaten urn proprieterio rurgentleman era, ta como na ng ~ er:a,. .. '". 'dad Deou urn homem que houvesse Ireqiientado a Uru~ersl . e.._" 'f. ' ' . ente 'Quando as partidos se con.stlicro aSSlID 01, e ettvam , . , . . . h' . ' . membros da Camar a . de Rep re sen t a n te s tin am a pre-tuiram, os f 11 . ". e dos chefes po-tensso de se tornarem cbe es po tICOS, a ~ag m de I t

    Altii ingleses da epoca do. dominic des home?.s, e Impor~; co~ organizacao dos partidos careeia de disclphna:, E tal 51 -cia . . , d 1824 C t do ja antes datua;;ao estendeu-se ate a ano .e.. ., ,~n U , d ;. ad' da dos 20 era posslvel notal' 0 aparecimento . a rnaquind~~a par tidos e~ nurnerosas munici~a~dades , =.dess! for1na"se transformaram no ponto de partidj da nova evolu~~o, F O l ,tudo a e le ic so d o presidente A n dr ew J ac ks on , candid,ato do sco.nd 'do Oeste que verdadeiramentealterou a annga tra-ena ores. ) . . ' ... h ' 1 . d 1 : adi a o. Pouco .depois de 1840, os c _efes par~men tares . e x -C d form a lm ente os dirigentes des partIdo.s, exat.arnenteyam e set '. .: d P 1no momenta em que os grandes m~mbr?ds .0 l;~ramento -Calli. Webster - se retiravam c ia VI a ponnca porque, 0ou;:}., . . d f ' rC tinha perdido quase todo 0 po er, ~ce a maquinadongress,od S "rnaquina" plebiscitaria se desenvolveu emos patti os. ea. . U id dta o boa hera naquele pais foi. porqne no s Es~ados m as . a

    America e tao..somente la . a chefe do ,ExecutIVo, que e r~ a omesmo tempo - e esse e 0ele~ento l ffipot ;:t~te - 0 ~e orda distribuicao dos empregos, tinha a eondl~ao" de pte:,tdeciteeleito pot plebiscito e, alem dis s o, por Iorcada sepa ra c;a o os

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    II p od er es ", g oz a va , D O. e xe rc fc io d e sua s fun):oes de uma inde-pendencia quase cornpleta em relacao ao Parlamento. Com efei-to, ap6s uma eleicao presidencial, nos partidarios do candida tovitorioso eram oferecidas, como recompensa, prebendas e em.pregos, E nao se deixou de drat conseqiiencias desse spoilsystem que Andrew Jackson elevou, sistemiltkamente. ao nfvelde principio. '

    Em nossos dias, que sign ifica, pa ra a fOl'mac;ao dos part idos,esse spoil system,isto e , a atribuicao de todos as postos da ad.~i~listra.c;ao federal aos patridarios do candidato vitorioso> Sig-nifica, sirnplesmente, que os partidos, sern nenhuma base doutri-na~a, reduzidos a puros instrumenros de disputa de postos,opoem-se uns aos outros ~ elaboram,para cada campanha elei-r or al, u rn programs que e ftU1c;ao da s possibllidades eleitorais,- N os Estados Unidos da America, os programas var iam numaproporcao que nao tern igual em qualquer outro pafs, apesar derodas as an a log i a s que se tracem. A estrutura dos partidos su-bardina-se, inteirae exdusivamente, a batalha eleitoral, que e ,mui to acima de qualquer outra, a mais importante para 0 dorni-nio dos empregos: 0 posto de Presidente da Uniao e de Go.vernador de s diversos E stados. Os prog rama s e os nomes do scandidates sa o sufragados, sem intervenc;ao de parlsmentares,durante as "convencoes nacionais ' dos partidos - ou seja, du-rante congresses dos partidos que, do ponto de vista formal,compcem-se, muito democraricamente, de delezados das assem-bleias, aos quais a mandata e outorgado pel~s primaries, OUassembleias dos militantes de base. J a nessas primaries) as de.Iegados a s c on ve nc oe s s ao e sc olh id os em fun~ a o do nome doscandidates ao posro da rnagistratura suprema da Uniao. Em ra-2 a o . . disso e. que se v e processar-se, no interior dos partidos, amars encarnicada [uta em torno da nomieation, pois 0 presiden-te e , ,~ se~ o~ d,e cerca de . ttezent?s a qcarrocentos mil cargos,que e Ie distribui a se u pra zer, apos consulta aos senadores dosdiferentes Estados. 1550 faz , dos senadores, politicos podero-50S. A Camara de Represenranres, de outra parte e ate certo. , ,ponro, unpctente, do ponto de vista politico de vez que 0 do.n;llU~ dos ~~pregos lhe escapa totalmente e que os rninistros,slm_ples auxiliares do Presidente eleito diretamente pela popu-lar;:ao, eventualmente contra a desejo do Parlarnento, podemexercer suas fun~5es independente rnente da confianca au descon-96

    Iia nc a d os R ep re se nta nte s ~ m ais U111a c o ns e qi ie n ci a d o p ri nc ip iade "separacao dos poderes". .o spoil: system, apoiado no principio da scparacao de poderes, 56 foi tecnicamente posslvel nos Estados Unidos da Ame-rica Forgue a juventude d aqu ela c iv iliz aca o tin ha c ond ico es parasuportar urna gestio de puros diletan:es .. ~tn verd~de,. 0 Iatode que de trezeutos a quatrocentos mil rnilitantes na~ tlves~emoutra qualificacao para exibir, a nfio ser os bons e leais servicesprestados ao partido a que pertenciam, fe z surgir, a longo al-cance, grandes dificuldades e conduziu a urna corrupcao e a urndesperdkio sern igual, 56 possiveis de serem suporrados porurn pa is de possibilidades economicas i l imitadas.A fizura politica broteda xlesse sistema de maquina ple-biscitdrla fOi a do boss. Que e 0 boss? E um empresario politi-co capitalista, que busca votes e le irora is em beneflcio proprio,correndo 05ri5C05 e perigos inerentes a essa atividade. Nosprirneiros tempos e . l e e advogado, proprietario de um bar, aude urn estsbeleclmento comercial ou e urn agiota, va lendo 1S50dizer que desempenha uma atividade de onde retira meios delancar as primeiras bases para lograr 0 controle de cerro rnirnercde votes. Conseguido esse resultado, ele entra em contacrocom 0 boss mais proximo e, gracas a seu zelo, habilidade e) aci-rna de tudo, discricao atrai os olhares dos que se acham avan-cados na carreira e, dai por d:iante, encontra aberto 0 caminhopara galgar as diferentes escaloes. 0 boss veio a transformar-se,dessa mane ira, ern elemento Indispenssvel ao partido, pois quetudo se centraliza em suas maos, E ele quem fornece, em subs-tancial porcao, os recursos financeiros. Mas, como age paraobte-Ios? Recorre, em parte, a contribuicoes dos membros erecorre, especialmente a uma taxa que faz incidir s a br e . .os ven-cimentos dos Iunciondr ios q U E , gracas a e le e ao partido, obti-veram colocacso. A par disso, surgern as gratificacdes e as co-rrussoes, Quem pre tend a violar impuhernente as leis dos Esta-dos deve obter, antecipadarnente, a conivencia dos bosses, desti-nando-lhes certa soma de dinheiro, sob pena de enfrentar osmaiores dificuJdades. Esses diversos recursos na o sao , entre-t an to , b as ta nt e p a r a . c onst it u ir a capital n ec ess ar ia p ara opera-~ a o politica do partido. 0 boss e 0 homem indispenssve l patacole ta r dire ta mente os fu ndos que a s g ra ndes ma gna tes da fi-nanca dest in am a organizacao, Estes jamais confiar iam dinheiro

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    reservado para fins eleitorais a funclonario page pelo partidoou .~ uma pessoa que) oficialmente, onerasse 0 orcamento dopartido; boss, contudo, em razao de sua prudenciae discri-~ a Q em materia de dinheiro e , de toda evidencia urn homemdos rneios capitalisras que financiam eleicoes. 0 boss tipico .e ,geralrnente, urn. hornem que sabe 0 que. quer, Nao estd a pro-~r~ de honrariss, 0 projissional (assim 0 denominam) e , semdu.vlda, desprezado pe~a "alta sociedade". Ele 56 busca 0 poder,seja como fonte d~ nquezas, seja pelo proprio poder, Diver-sa mente do Ilder mgles, elc trabalha nn obscurida de. N ao eouvido em publico; sugere aos oradores a que convern dizerp~.rem con:_erva silencic . V ia de regra , na o a ceita posicoes po:lfticas, a nao ser a de senador. Como, em virtude da Consti-tul

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    versidades e que serfio, tanto quanto as alemses, incorruptfvels,pcderao vir a ocupar as postos de governo, G~rca de cern milernpregos ja n a ~ mais constituem a recompensa do torneio e lei -1;0..11, mas c l a a direito a nposcntadoria, no mcsrno tempo quefazem exigencias de qualiflcacio. Essa nova f6rfnula fanl comque 0 spoil system regrida lenta e progressivamente. Em con-sequencia, n3.0 ha: diivida de que a estrutura de direcao dos par-tides rarnbem se transformara, embora naa seja possivel aindaprever em que sentido.

    N a A lem anha , a s condicoes de te rm inantes c ia em presa poll-t ica forarn, ate 0 presente, as seguintes, Acima de tudo, aimpotencia do Parlarnento, Dai resul ta que nenhuma personali-dade dotada de ternperamento de chefe hi permanece pot langetempo. Suponhamos que um homem dessa tempera pretendaingressar no Pariamento - que podera fazer ali? Quando sevague urn cargo, el e podera dizer 10 diretor de pessoal de quemdepende a nomeacao: tenho sob minha dependencia, em rninhacircunscricao eleitoral, urn hornem capaz, que pode satisfaze-lo;aproveite-o. E, muitocomumente, as coisas se passarn dessamaneira, Mas iS50 e quase tude que urn parlamentar alemaopede conseguir para satisfazer seus instintos de poder - se eque a lguma vez a s possui.

    Ao referido, junta-se urn segundo fator, que condiciona 0primeiro, a saber, a importdncia enorrne que 0 funcionario decarreira tem na Alemanha.. Neste dominic os alemfies foram,sem diivida, os primelros do mundo. Resultou, porem, que asfuncionarios pretenderam ocupar nao somente os postos de fun-cionarios , mas tambem os de ministros. Nao se ouviu dizer, noano pasado, no Landtag bava ro , quando do debate sabre a - in -troducao do parlamentarismo, que, se algurna vez fossem dadoscargos ministeriais aos parlamentares, os funcionarioa capazesdeixariam a carreira? precise, enfim, acrescentar que, na Ale-IDanha, a admini st racao da func ;:ao publica fugia sistematicamen-te 10 controle das comissoes parlamentares, diversamenre doque se da: na Inglaterra. Por esse motive, 0 Parlamento eracolocado na impossibilidade - salvo raras exceeoes - de for-mar chefes politicos em condicoes de realrnente dirigir Ulnaadministraciio,o terce ira fator, muito diverse do que, MUS nos EstadosUnidos da America, e 0 de que, na Aleroanha, existem partidos100

    que possuem urna doutrina political de sorte a poderem afirmar,ao menos com b on a fid es subjetiva, que seus membros sa o re-presentantes de uma "concepcso do mundo", Entre tanto , osdois mais irnportantcs pa rtidos d~sse t ipo, 0 Centrum e 1. 1 soda I.-democracia, sao, infelizmente, partidos que, de memento, sedestinam a set minotiuirios e desejam assim permanecer. Comefeito, no Imperio alemao, os rneios dirigentes do Centrum ja-mais esconderam 0 Iato de que se opunham ao parlamentarisrnoporque temiam ver-se transformados no idiota da peca e por-que teriarn dificuldades maiores que as daquele momenta parafaze r pres sao sabre 0 governo quando quisessern ver nomeado,para uma funcao publica , urn c lemente do partido. A social--democrac ia e ur n partido minori ta r io por princ ipio e se consti-ruin, por esse motive, em obsraculo a parlarnentarieacao, dadoque nao queria macular-se ao contato de uma ordern estabeleci-da que ela reprovavavpor considerar burguesa. 0 fato de essesdais partidos se excluirern do sistema patlamentar constituiu-sena causa principal responssvel pela irnpossibilidade de introdnzirta l sistema na Alemanha.

    Em tais condicoes, qual 0 destine dos poli ticos profi ssio-nais, na Alemanha? Jamais dispuseram de poder ou assumiramresponsabilidade; s6 podiam, portanto, desempenhar papel su-balterno. S6 ha pouco tern sido penetrados de preocupacoescom 0 futuro, t ao caracterfsticas de outros parses. Como os ho-mens de prol faziam de seu pequeno mundo a finalidade davida . e ra impossfvel que urn hornem diferente de les chegassee elevar-se, Em todos as partidos, inclusive, evidentemente, aso cia l- de mo cra cia , e u p od eria c ita r n um ero sa s c ae re ir as p olftica sque foram verdadeira s tt agedias, porque os indivfduosenvolvi-des POSSU1a1D qualidades de chefe e nao forarn, par esse motivo,tole rados nelos homens imoortantes daagrerniadio. To-los osnossos n a rt id os t er n, assim, acertado 0passo pelo de seus homensde nrol. Bebel, exernplificativamente, era, nor temoerarnento ed ispo sic so , u rn c he fe , embora de inteligencia modesta. 0 fatode que e le fo ss e urn martir, de que [amais faltasse a confiancadas massas (ao ver das massas, evidentemenre ) teve, como con-seqiiencia, que estas 0 seguissem obedientemente e imoediu quesuraisse, no interior de seu partido, uma ooosi

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    ~]~ram ~ ton~ os funcionar ios sindicais, os secretaries do par-t1do.; os. jornalistas, o. partido passou, dessa maneira, ao domtniodos instmros burocraticos, Apossaram-se dele fundonatios multohonrados, talvez extremamente honrados, se os comparamos .80Sde outros pafses, em especlalaos fundonatios sindkais,dosEs-tados Uni?OS "da America, freqiientemente acessiveis a cotrupgao -.Apesar disso, as conseqiiencias da domipa~ao des fundomirios~ conseqiiencias que acabamos de examiner - I ize ram-se rna-nifestas naquele partido.

    *Desde aproximaJamente. 1880, as partidos burgueses n a ~~assaram de ~agl'upamentos de homens de importi incia. .Cel"toe que, pal: vezes, e:les se viram obrigados a apelar, para Hns depropa,ganda, a.inteligencias estranbaaaos qnadros do partido, 0que lhes perm1tIaprodamar: "Fulano au Beltrano esta eonosco".~{)ntudaJ pa m~dida do posslvel, adotavam-se t o c l a s as providen-etas para rrnpedir que esses names se apresenrassem em elei; ;6es.S6 ~uando eles se recus

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    c;ao! privados das qualidades earismaticas que produzem. os che-Ies, Nesta Ultima hipotese, vemo-nos diante do que a oposicao,no interior de urn partido, chama 0 reinc das e'facc;5es". N omemento, niio divisamos, no seio dos partidos alernaes, outracoisa que nao 0 domlnio dos politicos. A perpetuacao desseesta do de coisa s pelo menos no Estado F ed er a l, s er a . f a vo re ci do ,antes de tude, pelo fa to de que, sem diivida, ressurgira 0 Conse-lho Federal, Conseqiiencia necessaria sera uma Iimi tacao do poderda Assembleia e, ao mesmo tempo, a impossibilidade de nelavet surgirem chefes. Tal situacao encontrara terrene ainda maisIavoravel para desenvolver-se no sistema de representacao pro-porcional, considerados as termas ern que He e hoje conhecido,Tal sistema e , com efeito, a manifestacso tipica de uma demo-cracia sem chefes, njio apenas porque facilita, em beneflcio doshornens de prol, as rnanobras ilicitas na confeccso das listas devotacao, como tarnbem porque d a . aos grupos de interesses apossibilidade de forcarem as organizacdes polfticas a induiremnas citadas Iistas alguns de seus empregados, de sorte que, aof im, nos verno s diante de urn Parlamento apolitico, onde naomais encontram lugar a s verdadeiros chefes, S6 0 Presidentedo Reich, sob condicao de que sua eleicao se fizesse por plebis-cito e n a o pelo Parlamento, poderia transformar-se em valvulade seguranca face a carencia de chefes. N ao sed. possivel queos chefes surjarn e que a selecao entre eles se opere, se niio hou-vet rneio de comprovar-lhes a capacidade, expondo-os, inicial-mente, ao crivo de uma gestae municipal, onde Ihes seja deixndoo direito de escclher os prop.rios auxiliares, como oeorre nosEstados Unidos da America, quando. se projeta em ceria um pel"fdto plebiscitario, deddido a laacar-se contra a corrupeao, .. ~sse,afinal, 0 resultado que se poderia esperar, se os particles fossemotganizados em func;ao de e1e1~ao d esse tipo. Entretanto, ahostilidade pequeno-burguesa em relacso aos chees, host ilidade,que anima todos as partidos, inclusive e sobretudo a social-de-mocracia, deixa irnprecisa a natureza da futura organizacao dospartidos, bern como incertas as possibilidades que acabamos dereferir,

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    *Essa a razao por que, hoje em din, nao e absolutamentep os si ve l p re ve r qual 0 contcrno exterior que vita a assumir a

    atividade polftica entendida como "vocacao", tan to ;~ais que[ laO se ve meio de oferecer aos bern-dotado,s pa:a. a pohuc;_a opor-runidade de se devotarem a uma tarela sans~atol'la .. Aquele9_ue,em razao de sua situacao econamica, se vir obrigado a V1Ve~"da" politica, nao escapara a alternativa segtJ~,te: oU se vol.tarapata 0 [orna lisrno ~ para ~s encargos bur~.cr~t1cos nos partidosau tentara conseguu urn peste numa a