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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia MecânicaGrupo de Análise e Projeto Mecânico
CURSO DE MECÂNICA DOS SÓLIDOS II
Prof. José Carlos Pereira
SUMÁRIO
REVISÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CRITÉRIOS DE
RUPTURA........................................................................................................ 5
9 - TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO.......................................................... 5
9.1 – Equações para transformação de tensão plana ........................................ 5
9.2 - Círculo de tensões de Mohr..................................................................... 6
9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr ............................................. 8
9.4 - Importante transformação de tensão...................................................... 13
9.5 – Tensões principais para o estado geral de tensões ................................ 14
9.6 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões.................................... 16
CRITÉRIOS DE ESCOAMENTO E DE FRATURA.................................. 17
9.7 – Observações preliminares..................................................................... 17
9.8 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis) ....... 18
9.9 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis) ...... 20
9.10 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis).................................. 23
10 – VASOS DE PRESSÃO........................................................................... 24
10.1 – Vasos cilíndricos ................................................................................ 24
10.2 – Vasos esféricos................................................................................... 25
11 – DEFLEXÃO DE VIGAS........................................................................ 31
11.1 – Introdução .......................................................................................... 31
11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura ................ 31
11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas .......................... 32
11.4 – Condições de contorno ....................................................................... 33
MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DIRETA................................................... 34
11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração
direta............................................................................................................. 34
MÉTODO DE ÁREA DE MOMENTO........................................................ 40
11.6 – Introdução ao método de área de momento ........................................ 40
11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento ....................................... 40
11.8 – Método da superposição..................................................................... 46
11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração ............... 50
11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento.. 54
11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição ........ 58
12 – MÉTODO DA ENERGIA...................................................................... 62
12.1 – Introdução .......................................................................................... 62
12.2 – Energia de deformação elástica .......................................................... 62
12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia........................................... 65
12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação
complementar ............................................................................................... 70
13.5 – Teorema de Castigliano para deflexão................................................ 73
12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas................................. 76
12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas ...... 78
12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões.......................................... 80
12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos .......................... 83
13 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ............................................ 92
ELEMENTOS FINITOS PARA TRELIÇAS............................................... 92
13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra......................................... 92
13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário.... 94
13.3 – Força axial nos elementos .................................................................. 96
13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global .............................. 97
13.5 – Exemplos ......................................................................................... 101
ELEMENTOS FINITOS PARA VIGAS .................................................... 109
13.6 – Matriz de rigidez de um elemento de viga ........................................ 109
13.7 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga............... 112
13.7 – Vigas com carga distribuida ............................................................. 116
14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS........................................................... 121
14.1 – Introdução ........................................................................................ 121
14.2 - Carga crítica...................................................................................... 121
14.3 – Equações diferenciais para colunas .................................................. 123
14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas ....... 126
14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas
extremidades............................................................................................... 128
14.5.1 - Coluna engastada-livre...................................................................................128
14.5.2 - Coluna engastada-apoiada..............................................................................130
14.5.3 - Coluna engastada-engastada ..........................................................................131
14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica ................................ 135
14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler .................... 136
14.8 – Colunas com carregamento excêntrico ............................................. 137
14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas.................................. 140
Bibliografia
- Introdução à Mecânica dos Sólidos, Egor P. Popov, Edgard Blücher Ltda.
- Mechanics of Materials, R.C Hibbeler, Prentice Hall.
- Finite Element Structural Analysis, T. Y. Yang, Prentice Hall.
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 5
REVISÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CRITÉRIOS DE
RUPTURA
9 - TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO
9.1 – Equações para transformação de tensão plana
Uma vez determinadas as tensões normais σx e σy e a tensão de cisalhamento τxy, é
possível determinar as tensões normais e de cisalhamento em qualquer plano inclinado em um
dado estado de tensão.
Aplicando as equações de equilíbrio estático:
σx´ τx´y´
τxy
τyx
σy
σx x´
y´
θ
dA
σx´ dA τx´y´ dA
τyx dA senθ
σx dA cosθ x´
y´
θ
σy dA senθ
τyx dA cosθ
x
y
σx
σy
τxy
τyx
τxy
τyx
σx
σy
x´
y´
+ θ
+ θ
A
B
Cθ
Curso de Mecânica dos Sólidos II6
→ 0F'x=∑ ,
0cossendAsensendA
sencosdAcoscosdAdA
xyy
xyx'x
=θθτ−θθσ
−θθτ−θθσ−σ (9.1)
θθτ+θσ+θσ=σ sencos2sencos xy2
y2
x'x (9.2)
Sabendo-se que:
θθ=θ cossen22sen , θ−θ=θ 22 sencos2cos , θ+θ= 22 sencos1
Assim:
2
2cos1cos2 θ+
=θ , 2
2cos1sen 2 θ−
=θ
Substituindo as expressões de sen 2θ, cos 2θ e sen 2θ em (9.2), tem-se;
θτ+θ−
σ+θ+
σ=σ 2sen2
2cos1
2
2cos1xyyx'x (9.3)
θτ+θσ−σ
+σ+σ
=σ 2sen2cos22 xy
yxyx'x (9.4)
↑ 0F'y=∑ ,
0sensendAcossendA
coscosdAsencosdAdA
xyy
xyx'y'x
=θθτ+θθσ
−θθτ−θθσ+τ (9.5)
θτ+θ
σ−σ−=τ 2cos2sen
2 xyyx
'y'x (9.6)
As equações (9.5) e (9.7) são as equações de transformação de tensão de um sistema de
coordenadas a outro.
9.2 - Círculo de tensões de Mohr
Sejam as equações de transformação de tensão:
θτ+θσ−σ
=σ+σ
−σ 2sen2cos22 xy
yxyx'x (9.7)
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 7
θτ+θσ−σ
−=τ 2cos2sen2 xy
yx'y'x (9.8)
Elevando ao quadrado ambas as equações e somando-as tem-se:
2xy
2yx2
'y'x
2yx
'x 22τ+
σ−σ=τ+
σ+σ−σ (9.9)
Esta equação pode ser de maneira mais compacta:
( ) 22xy
2'x Ra =τ+−σ (9.10)
A equação acima é a equação de um círculo de raio 2xy
2yx
2R τ+
σ−σ= e centro
0be2
ayx =
σ+σ= .
O círculo construído desta maneira é chamado círculo de tensão de Mohr, onde a
ordenada de um ponto sobre o círculo é a tensão de cisalhamento τxy e a abcissa é a tensão
normal σx.
τmax τ
2yx σ−σ
A(σx, τxy)
B(σx, -τxy)
σ1σ2 σ
θ = 0°
|τmin|=τmax
2yx σ+σ
2 θ1’
Curso de Mecânica dos Sólidos II8
Conclusões importantes:
è A maior tensão normal possível é σ1 e a menor é σ2. Nestes planos não existem tensões de
cisalhamento.
è A maior tensão de cisalhamento τmax é igual ao raio do círculo e uma tensão normal de
2yx σ+σ
atua em cada um dos planos de máxima e mínima tensão de cisalhamento.
è Se σ1 = σ2, o círculo de Mohr se degenera em um ponto, e não se desenvolvem tensões de
cisalhamento no plano xy.
è Se σx + σy = 0, o centro do círculo de Mohr coincide com a origem das coordenadas σ - τ,
e existe o estado de cisalhamento puro.
è Se soma das tensões normais em quaisquer dos planos mutuamente perpendiculares é
constante: σx + σy = σ1 + σ2 = σx´ + σy´ = constante.
è Os planos de tensão de cisalhamento máxima ou mínima formam ângulos de 45° com os
planos das tensões principais.
9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr
Ex: Com o estado de tensão no ponto apresentado abaixo, determine as tensões principais e
suas orientações e a máxima tensão de cisalhamento e sua orientação.
σx = - 20 MPa (20 x 106 N/m2) , σy = 90 MPa , τxy = 60 MPa
Procedimento:
1 – Determinar o centro do círculo (a,b):
x
y
60 MPa
90 MPa
20 MPa
Ponto A
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 9
MPa352
9020
2a
yx =+−
=σ+σ
= , b = 0
2 – Determinar o Raio 2xy
2yx
2R τ+
σ−σ= :
MPa4,81602
9020R 2
2
=+
−−
=
3 – Localizar o ponto A(-20,60):
4 – Tensões principais:
σ1 = 35 + 81,4 = 116,4 MPa , σ2 = 35 - 81,4 = -46,4 MPa
5 – Orientações das tensões principais.
°=
+=θ 7,47
3520
602tgarc2 ''
1 , θ1’’ = 23,85°
2 θ1’’ + 2 θ1
’ = 180° è θ1’ = 66,15°
A(-20,60)
B(90, -60)
τmax = 81,4
σ2 = 35-81,4 = -46,4 σ (Mpa)
τ (Mpa)
2 θ2’
σ1 = 35+81,4 = 116,4
35 20
602 θ1
’2 θ1’’
2 θ2’’
Curso de Mecânica dos Sólidos II10
6 – Tensão máxima de cisalhamento:
τmax = R = 81,4 Mpa
7 – Orientação da tensão máxima de cisalhamento:
2 θ1’’ + 2 θ2
’ = 90° è θ2’ = 21,15°
Ex: Para o estado de tensão abaixo, achar a) as tensões normais e de cisalhamento para θ =
22,5°, b) as tensões principais e suas orientações, c) as tensões máxima e mínima de
cisalhamento com as tensões associadas e suas orientações.
x
y
σ1 = 116,4 MPa
2
1
θ1 = 66,15°
σ2 = 46,4MPa
x
y
σ´ = 35 MPa
x´
y´
θ2 = 21,25°
τmax = 81,4MPa
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 11
σx = 3 kgf/mm2 , σy = 1 kgf/mm2 , τxy = 2 kgf/mm2
Procedimento:
1 – Determinar o centro do círculo (a,b):
2yxmm/kgf2
2
13
2a =
+=
σ+σ= , b = 0
2 – Determinar o Raio 2xy
2yx
2R τ+
σ−σ= :
222
mm/kgf24,222
13R =+
−
=
3 – Localizar o ponto A(3,2):
x
y
2 kgf/mm2
1 kgf/mm2
3 kgf/mm2
Ponto A
x’
22,5°
A(3,2)
B(1, -2)
τmax = 2,24
σ2 = 2-2,24 = -0,24 σ (kgf/mm2)
τ (kgf/mm2)
2 θ2’
σ1 = 2+2,24 = 4,24
2
3
22 θ1
’ A’
45°
B’
Curso de Mecânica dos Sólidos II12
a)
Ponto A’:
4,6323
2tgarc'2 1 =
−=θ
σx’ = 2 + 2,24 cos(63,4 - 45) , σx’ = 4,13 kgf/mm2
τx´y´ = 2,24 sen(63,4 - 45) , τx´y´ = 0,71 kgf/mm2
Ponto B’:
σy’ = 2 - 2,24 cos(63,4 - 45) , σy’ = - 0,13 kgf/mm2
b)
σ1 = 4,24 kgf/mm2 (tração) , σ2 = -0,24 kgf/mm2 (compressão)
21
22tg 1 ==θ
2 θ1´ = 63,4° è θ1´ = 31,7°
2 θ1´´ = 2 θ1´ + 180° è θ1´´ = 121,7°
c) τmax = 2,24 kgf/mm2
2 θ2´ + 2 θ1´ = 90° è θ2´ = 13,3°
x
y
4,24 kgf/mm2
0,24 kgf/mm2 1
2
θ1’ = 31,7°
θ1’’ = 121,7°
x
y
x´
y´
θ = 22,5°
0,71 kgf/mm20,13 kgf/mm2
4,13 kgf/mm2
Ponto A’
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 13
2 θ2´´ = 2 θ2´ + 180° è θ2´´ = 76,7°
Observe que: θ1’ - θ2
’ = 31.7 – (-13.3) = 45° e θ1’’ - θ2
’’ = 121.7 – 76.7 = 45°
9.4 - Importante transformação de tensão
Seja um elemento sujeito a um estado de tensão de cisalhamento puro(caso de um eixo
em torção).
Para este caso, tem-se que σx = 0 e σy = 0, logo o centro do círculo de Mohr está na
origem do sistema de coordenadas σ-τ e o raio do círculo é R = τxy.
x
y
2,24 kgf/mm2
2 kgf/mm2
x´
y´
θ2´ = 13,3°
θ2´´ = 76,7°
x
y
τxy
τxyT
Curso de Mecânica dos Sólidos II14
xy
2
1 τ±=σ
∞=θ12tg è
°−=°=θ°=θ
)compressão(45135´´
)tração(45´
1
1 .
Assim:
9.5 – Tensões principais para o estado geral de tensões
Considere um estado de tensão tridimensional e um elemento infinitesimal tetraedrico.
Sobre o plano obliquo ABC surge a tensão principal σn, paralela ao vetor normal unitário.
x
y
σ1=|τxy|
1 2
θ1’ = 45°
θ2’ = 135°
σ2=|τxy|
τmax = τxy
σ
τ
σ1 = τxy2 θ1
’2 θ1’’
σ2 = -τxy
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 15
O vetor unitário é identificado pelos seus cosenos diretores l, m e n, onde cos α = l,
cos β = m, cos γ = n. Da figura nota-se que: l2 + m2 + n2 = 1.
O plano oblíquo tem área dA e as projeções desta área nas direções x, y e z são: dA.l,
dA.m e dA.n. Impondo o equilíbrio estático nas direções x, y e z, temos:
0Fx =∑ , 0ndAmdAldAl)dA( xzxyxn =τ−τ−σ−σ
0Fy =∑ , 0ldAndAmdAm)dA( xyyzyn =τ−τ−σ−σ
0Fz =∑ , 0mdAldAndAn)dA( yzxzzn =τ−τ−σ−σ
Simplificando e reagrupando em forma matricial, temos:
=
σ−στττσ−στττσ−σ
0
0
0
n
m
l
nzyzxz
yznyxy
xzxynx
σx
σz
σy
σxy
σzx
σxy
σzy
σyz
x z
y
σx
σy
y
x
z
σx
τxz
τxy
σn
n
σy
σz
τxy
τyz
τxz
τyz
A
B
C
y
x
z
Vetor unitário
m
n l
A
α γ
β
Curso de Mecânica dos Sólidos II16
Como visto anteriormente, l2 + m2 + n2 = 1, os cosenos diretores são diferentes de
zero. Logo, o sistema terá uma solução não trivial quando o determinante da matriz de
coeficientes de l, m e n for nulo.
0
nzyzxz
yznyxy
xzxynx
=σ−σττ
τσ−στττσ−σ
A expansão do determinante fornece um poninômio característico do tipo:
0IIIIII n2n
3n =−σ+σ−σ σσσ
onde: zyxI σ+σ+σ=σ
)()(II 2xz
2yz
2xyxzzyyx τ+τ+τ−σσ+σσ+σσ=σ
)(2II 2xyz
2xzy
2yzxxzyzxyzyx τσ+τσ+τσ−τττ+σσσ=σ
As equações acima são invariantes, independentemente do plano oblíquo que é tomado
no tetraedro. Logo, as raízes do polinômio característico já são as tensões principais.
9.6 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões
Qualquer estado de tensão tridimensional pode ser transformado em três tensões
principais que atuam em três direções ortogonais.
σx
σz
σy
σxy
σzx
σxy
σzy
σzy
x z
y
3
1
2
σ1
σ2
σ3
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 17
Admitindo que σ1 > σ2 > σ3 > 0.
CRITÉRIOS DE ESCOAMENTO E DE FRATURA
9.7 – Observações preliminares
A resposta de um material à tensão axial ou tensão de cisalhamento puro pode ser
convenientemente mostrada em diagramas de tensão-deformação. Tal aproximação direta não
é possível, entretanto, para um estado complexo de tensões que é característico de muitos
elementos de máquina e de estruturas. Desta forma, é importante estabelecer critérios para o
comportamento dos materiais com estados de tensão combinados.
Nesta parte do estudo serão discutidos dois critérios para análise do comportamento
das tensões combinadas em materiais dúcteis e em seguida será apresentado um critério de
fratura para materiais frágeis.
σ3
σ1
σ2
σ3
σ1
σ2
σ3
σ1
σ2
τmax
σ3 σ2 σ
τ
σ1
Curso de Mecânica dos Sólidos II18
9.8 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis)
A teoria da máxima tensão de cisalhamento, resulta da observação de que, num
material dúctil, ocorre deslizamento durante o escoamento ao longo de planos criticamente
orientados. Isso sugere que a tensão de cisalhamento máxima execute o papel principal no
escoamento do material.
Para um teste simples de tração onde σ1 = σesc, σ2 = σ3 = 0, tem-se:
2esc
críticomaxσ
=τ≡τ
Considerando um fator de segurança n, a tensão de cisalhamento crítica ou admissível
é da forma:
n2esc
críticoσ
=τ
Para aplicar o critério da máxima tensão de cisalhamento para um estado de tensão
biaxial devem ser considerados dois casos:
σ
ε
material frágil
σrup
σ
ε
material dúctil
σesc
τmax = (σ1)/2
σ2 = σ3 σ
τ
σ1
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 19
Caso 1: Os sinais de σ1 e σ2 são iguais.
Para |σ1| > |σ2| è |σ1| ≤ σesc
Para |σ2| > |σ1| è |σ2| ≤ σesc
Caso 2: Os sinais de σ1 e σ2 são diferentes.
22esc21 σ
≤σ−σ
±
Para o escoamento iminente: 1esc
2
esc
1 ±=σσ
−σσ
σ1
σ2
τmax = (σ1)/2
σ3 σ2
σ
τ
σ1
σ1
σ2
τmax = |(σ1- σ2)/2|
σσ2
σ
τ
σ1σ3
Curso de Mecânica dos Sólidos II20
9.9 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis)
Considere a energia de deformação total por unidade de volume em um material
isotrópico (densidade de energia de deformação) para um estado multiaxial de tensões:
( ) ( )
( )xz2
yz2
xz2
xzzyyx2
z2
y2
xtotal
G2
1
EE2
1U
τ+τ+τ+
σσ+σσ+σσν
−σ+σ+σ=
L
L
Esta energia de deformação total, medida nos eixos principais é da forma:
( ) ( )1332212
32
22
1total EE2
1U σσ+σσ+σσ
ν−σ+σ+σ=
A energia de deformação total acima, é dividida em duas partes: uma causando
dilatação do material (mudanças volumétricas), e outra causando distorsões de cisalhamento.
É interessante lembrar que em um material dútil, admite-se que o escoamento do material
depende apenas da máxima tensão de cisalhamento.
σ1/σesc
1.0
1.0
-1.0
-1.0
B( -1.0, 1.0)
A( 1.0, 1.0)
σ2/σesc
σ1
σ3
σ2
Energia dedeformação total
=
σ
σ
σ Energia de dilatação
+
σ−σ3
σ−σ1
Energia de distorção
σ−σ2
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 21
Para um estado de tensão uniaxial as energias de dilatação e de distorção são
representada da seguinte forma:
No tensor correspondente a energia de dilatação, os componentes são definidos como
sendo a tensão “hidrostática” média:
3321 σ+σ+σ
=σ
onde σ1 = σ2 = σ3 = p = σ .
A energia de dilatação é determinada substituindo σ1 = σ2 = σ3 = p na expressão de
energia de deformação total e em seguida substituindo 3
p 321 σ+σ+σ=σ= :
( )2321dilatação E6
21U σ+σ+σ
ν−=
σ1
Energia dedeformação total
=
Energia de distorção
σ1
Energia de dilatação
σ1/3
σ1/3
σ1/3
+
σ1/3
σ1/3
+
σ1/3
σ1/3
τmax = σ1/3
σ
τ
σ1/3σ1/3
0
τmax = σ1/3
σ
τ
σ1/3σ1/3
0
Curso de Mecânica dos Sólidos II22
A energia de distorção é obtida sustraindo da energia de deformação total a energia de
dilatação:
( ) ( ) ( )[ ]213
232
221distorção G12
1U σ−σ+σ−σ+σ−σ=
A energia de distorção em um ensaio de tração simples, onde neste caso σ1 = σesc e σ2
= σ3 = 0 é da forma:
G12
2U
2esc
distorçãoσ
=
Igualando a energia de distorção de cisalhamento com a energia no ponto de
escoamento à tração simples, estabelece-se o critério de escoamento para tensão combinada.
( ) ( ) ( ) 2esc
213
232
221 2 σ=σ−σ+σ−σ+σ−σ
ou:
1esc
1
esc
3
esc
3
esc
2
esc
2
esc
1
2
esc
3
2
esc
2
2
esc
1
=
σσ
σσ
−
σσ
σσ
−
σσ
σσ
−
σσ
+
σσ
+
σσ
L
L
A equação acima é conhecida como sendo o critério de Von Mises para um estado
multiaxial de tensões para materiais isotrópicos. Para um estado plano de tensão, σ3 = 0, tem-
se:
12
esc
2
esc
2
esc
1
2
esc
1 =
σσ
+
σσ
σσ
−
σσ
σ1/σesc
1.0
1.0
-1.0
-1.0
B( -1.0, 1.0)
A( 1.0, 1.0)
σ2/σesc
Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 23
9.10 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis)
A teoria da máxima tensão normal estabelece que a falha ou fratura de um material
ocorre quando a máxima tensão normal em um ponto atinge um valor crítico,
independentemente das outras tensões. Apenas a maior tensão principal deve ser determinada
para aplicar esse critério.
|σ1| ou |σ2| ou |σ3| ≤ σrup
σ1/σrup
1.0
1.0
-1.0
-1.0
B( -1.0, 1.0)
A( 1.0, 1.0)
σ2/σrup
Curso de Mecânica dos Sólidos II24
10 – VASOS DE PRESSÃO
Vasos cilíndricos e esféricos são comumente utilizados na indústria para servir como
caldeiras ou tanques. Quando os vasos são submetidos a pressão, o material com o qual são
feitos os vasos, é submetido a carregamentos em todas as direções. Normalmente a relação
raio/espessura do vaso é r/t ≥ 10, podendo assim ser considerado de parede fina. Neste caso a
distribuição de tensão normal na direção da espessura pode ser desprezível.
10.1 – Vasos cilíndricos
Considere um vaso cilíndrico tendo espessura t e raio interno r submetido a uma
pressão interna p devido a um gas ou a um flúido considerado de peso desprezível.
Onde:
σ1 = tensão circunferencial (hoop)
σ2 = tensão longitudinal (axial)
A magnitude das tensão σ1 é determinada a partir de um elemento de comprimento dy
longe o suficiente das extremidades.
0Fx =∑ , 2[σ1(t dy)] – p (2r dy) = 0 , t
rp1 =σ
σ1
σ1
dy
2rp
t
t
σ1
σ2
t
x
y
z
Vasos de Pressão 25
A magnitude da tensão σ2 é determinada a partir de um corte do cilindro na direção
circunferencial.
0Fy =∑ , σ2 (2π r t) – p (πr2 ) = 0 , t2
rp2 =σ
10.2 – Vasos esféricos
Considere um vaso esférico tendo espessura t e raio interno r submetido a uma pressão
interna p devido a um gas ou a um flúido considerado de peso desprezível.
Devido a simetria σ1 = σ2. A magnitude da tensão σ2 é determinada a partir de um
corte do cilindro na direção circunferencial.
σ2
p
t
r
σ1
σ2
tx
y
z
r
τmax = σ1/2
σ
τ
σ1σ3σ2
p
t r
σ2τmax = σ1/2
σ
τ
σ1=σ2σ3
Curso de Mecânica dos Sólidos II26
0Fy =∑ , σ2 (2π r t) – p (πr2 ) = 0 , t2
rp2 =σ
Nestas considerações a tensão radial σ3 é considerada desprezível em relação a σ1 e
σ2, onde σ3 é máxima no lado interno da parede (σ3)max = p, é nula no lado externo da
parede parede σ3 = 0.
Ex: Um vaso de pressão cilíndrico tem raio r = 1000 mm e espessura t = 10 mm. Calcule as
tensões circunferencial e longitudinal e a variação de diâmetro do cilindro causados por uma
pressão interna de 0,80 MPa. Tome E = 200 Gpa e ν = 0,25.
10
100080,0
t
rp1 ==σ , σ1 = 80 Mpa
10.2
1000.80,0
t2
rp2 ==σ , σ2 = 40 Mpa
Deformação na direção circunferencial: ( )[ ]3211 E
1σ+σν−σ=ε . Considerando a tensão
radial σ3 = 0.
[ ]40.25,08010.200
131 −=ε , ε1 = 0,35 .10-3 mm/mm
r
r
r2
r2)rr(2
L
L
o1
∆=
ππ−∆+π
=∆
=ε , 1000
r10.35,0 3 ∆
=− , ∆r = 0,35 mm
Ex: Um vaso cilíndrico de pressão de 3 m de diâmetro externo, usado no processamento de
borracha, tem 10 m de comprimento. Se a parte cilíndrica do vaso é feita de chapa de aço de
25 mm de espessura e o vaso opera a pressão interna é de 0,1 kgf/mm2, determinar o
alongamento total da circunferência e o aumento de diâmetro provocados pela pressão de
operação. E = 20 000 kgf/mm2 e ν = 0,3.
t
rp1 =σ ,
25
10.5,1.1,0 3
1 =σ , σ1 = 6 kgf/mm2
t2
rp2 =σ , σ2 = 3 kgf/mm2
Vasos de Pressão 27
( )1
1211 L
L
E
1 ∆=νσ−σ=ε , ( )
31
10.3
L3.3,06
00020
1
π
∆=− , ∆L1 = 2,4 mm
( )d
d
d
ddd
L
L
1
11
∆=
ππ−∆+π
=∆
=ε , ( )310.3
d3.3,06
00020
1 ∆=− , ∆d = 0,765 mm
Ex: Um vaso de pressão de aço, cilíndrico fechado, de 2,5 m de diâmetro médio, com
espessura de parede de 12,5 mm, tem costura soldada topo a topo ao longo de um ângulo de
hélice α = 30°. Durante a pressurização, a medida de deformação através da solda, isto é, em
uma linha medida de α + 90°, é de 430x10-6 mm/mm. (a) Qual a pressão no vaso? (b) Qual
era a tensão de cisalhamento ao longo da costura? Considerar E = 20 000 kgf/mm2, G = 8 000
kgf/mm2.
( )ν+=
12
EG , ν = 0,25
( )LT1 E
1νσ−σ=ε , ( )LT
6 25,000020
110.430 σ−σ=− , LT 25,06,8 σ−σ= (1)
t
rp1 =σ ,
5,12
10.25,1p 3
1 =σ , σ1 = 100 p
t2
rp2 =σ , σ2 = 50 p
σ1
σ2
30°
30°
σ2
σ1
longitudinal
transversal
Curso de Mecânica dos Sólidos II28
( )p25
2
p50p100
221
max =−
=σ−σ
=τ
( )p75
2
p50p100
221' =
+=
σ+σ=σ
p5,8760cos.p25p75T =+=σ o (2)
p5,6260cos.p25p75L =−=σ o (3)
Substituindo (2) e (3) em (1):
8,6 = 87,5 p – 0,25.62,6 p , p = 0,12 kgf/mm2
τ = τmax sen 60° = 25 . 0,12 . sen 60° = 2,59 kgf/mm2
Ex: Uma caldeira é construida com placas de aço de 8 mm de espessura que são rebitadas nas
extremidades juntamente com duas contra-placas de 8 mm de espessura. Os rebites tem
diâmetro de 10 mm e são espaçados de 50 mm. Se a caldeira tem diâmetro interno de 0,75 m e
a pressão é de 1,35 Mpa, determine (a) a tensão circunferencial das placas numa posição
distante da união entre elas, (b) a tensão circunferencial na contra-placas e (c) a tensão de
cisalhamento em cada rebite.
50 mm
8 mm
750 mm
τmax = (σ1-σ2)/2
σ
τ
σ1σ2 σL
60°
σT
σ’
Vasos de Pressão 29
(a)
8
10.75,0.35,1
t
rp 3
1 ==σ , σ1 = 126,6 Mpa
(b)
0Fx =∑ , 2[(σ1)cp (tcp dy)] +σ1 (t dy) – p (2r dy) = 0, cp
cp1 t2
rp)( =σ
8.2
10.75,0.35,1)(
3
cp1 =σ , (σ1)cp = 63,3 Mpa
(c)
σ1
σ1
dy
2rp
t
t
(σ1)cp
τ
dy b
tcp
σ1
(σ1)cp
dy
2rp
t
t
tcp
σ1
(σ1)cp
dy
2rp
t
t
tcp
Curso de Mecânica dos Sólidos II30
∑ = 0Fcircunf , (σ1)cp.tcp.dy - τ b dy = 0 , (σ1)cp.tcp.dy = τ.b.dy = dF
)tocisalhamendefluxo(qdy
dFt)( cpcp1 ==σ
qdy
dFmm8
mm
N3,63
2==
q = 506,4 N/mm
(fluxo de cisalhamento)x(espaçamento) = q.e = força cortante que deve resistir cada
rebite.
V = q.e = 506,4 . 50 = 25320 N
4
10
25320
4
d
V22 π
=π
=τ , τ = 322,4 MPa
Deflexão de vigas 31
11 – DEFLEXÃO DE VIGAS
11.1 – Introdução
A ação de forças aplicadas provoca deflexão do eixo de uma viga em relação a sua
posição inicial. Devido a isto, deve-se frequentemente limitar os valores de deflexão de
maneira a impedir desalinhamentos em elementos de máquinas, e deflexões excessivas de
vigas em prédios na construção civil. Neste contexto, serão discutidos métodos de
determinação de deflexão e inclinações em pontos específicos da viga.
11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura
No desenvolvimento da teoria de deflexão de vigas, deve-se considerar a hipótese
fundamental da teoria da flexão na qual as seções planas de uma viga, tomadas normalmente a
seu eixo, permanecem planas após a viga ser submetida à flexão.
A D’ D
ab
∆u
superfícieneutraρ
B CC’
cf
∆x
-y
∆θ
∆s
centróide
A D
B Cx ∆x
M MA D’
B C’
ρ
O
y
z
ρ = raio de curvatura
∆θ
∆s
Curso de Mecânica dos Sólidos II32
A variação de comprimento ∆u das fibras pode ser expressa por:
θ∆−=∆ yu
Dividindo a expressão acima por ∆s, comprimento das fibras sobre a superfície neutra,
e levando ao limite, tem-se:
slimy
s
ulim
0s0s ∆θ∆
−=∆∆
→∆→∆ ou
ds
dy
ds
du θ−=
onde du/ds é a deformação linear de uma fibra da viga a uma distância y do eixo neutro.
Assim:
ds
du=ε
e da figura acima, tem-se a relação:
θ∆ρ=∆s ou ρ
=∆
θ∆ 1
s ou
ρ=
θ=
∆θ∆
→∆
1
ds
d
slim
0s
Substituindo as duas relações anteriores em ds
dy
ds
du θ−= , tem-se:
y
1 ε−=κ=
ρ
onde κ é definido como sendo a curvatura.
A relação acima pode ser usada tanto em problemas elásticos como em problemas
inelásticos, já que na sua dedução não foram utilizadas as propriedades do material. Para o
caso elástico, sabe-se que Ex
xσ
=ε e I
yMx −=σ , logo:
IE
M1=
ρ
11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas
A curva elástica da viga pode ser expressa matemáticamente por v = f(x). Para obter
esta equação, é preciso representar a curvatura (1/ρ) em termos da deflexão v e x que é da
Deflexão de vigas 33
forma:
( ) 2/32
22
dxdv1
dxvd
1
+
=ρ
,
( ) IE
M
dxdv1
dxvd
12/32
22
=
+
=ρ
A equação acima é chamada elástica cuja solução dá a solução exata da curva elástica.
Como para a maioria das vigas usadas em engenharia a curva elástica a deflexão é pequena, a
inclinação dv/dx também é pequena, podendo ser considerada desprezível comparada com a
unidade. Com esta simplificação, a equação da curva elástica pode ser expressa por:
IE
M
dx
vd2
2= ou M
dx
vdIE
2
2=
Considerando que )x(Vdx
dM−= e )x(w
dx
dV−= , temos:
)x(Vdx
vdIE
dx
d2
2−=
e )x(w
dx
vdIE
dx
d2
2
2
2=
Para o caso da rigidez em flexão EI ser constante:
)x(Vdx
vdIE
3
3−= e )x(w
dx
vdIE
4
4=
11.4 – Condições de contorno
Para a solução dos problemas de deflexão de vigas, além das equações diferenciais,
devem ser prescritas as condições de contorno. Alguns tipos de condições de contorno são as
seguintes:
Curso de Mecânica dos Sólidos II34
v = 0
M = 0
Rolete (extremidade da viga)
v = 0
M = 0
Pino (extremidade da viga)
v = 0 Rolete (posição qualquer ao longo da viga)
v = 0 Pino (posição qualquer ao longo da viga)
v = 0
dv/dx=0
Suporte fixo ou engastado
V = 0
M = 0
Extremidade livre
M = 0 Articulação
onde v = deflexão, M = momento fletor e V = cortante.
MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DIRETA
11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração
direta
Como um exemplo geral de cálculo de deflexão de vigas, pode-se considerar uma viga
com carga distribuida. A deflexão neste caso é obtida após quatro integrações sucessivas.
)x(wdx
vdIE
4
4=
Deflexão de vigas 35
1
x
03
3Cdx)x(w
dx
vdIE += ∫
21
x
0
x
02
2CxCdx)x(wdx
dx
vdIE ++= ∫∫
32
2
1
x
0
x
0
x
0
CxC2
xCdx)x(wdxdx
dx
dvIE +++= ∫∫∫
43
2
2
3
1
x
0
x
0
x
0
x
o
CxC2
xC
6
xCdx)x(wdxdxdxvIE ++++= ∫∫∫∫
As constantes C1, C2, C3 e C4 são determinadas impondo as condições de contorno.
Para o caso de w(x), V(x) e M(x) discontínuos, a solução pode ser achada para cada segmento
da viga onde as funções são contínuas, impondo a continuidade de deflexão nos contornos
comuns de cada segmento da viga.
Ex: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente apoiada de comprimento
L e de constante EI, com um carregamento uniforme wo. (a) determinar a deflexão a partir da
equação de segunda ordem. (b) determinar a deflexão a partir da equação de quarta ordem.
Caso (a):
1 – Determinar as reações de apoio e a função de momento M(x).
0M A =∑ , ( ) 02
LLwLR oB =− ,
2
LwR o
B =
↑ 0Fy =∑ , ( ) 02
LwLwR o
oA =+− , 2
LwR o
A =
w = - wo
L
v(L)=0M(L)=0
v(0)=0M(0)=0
x
y,v
wo L
LRA RB
Curso de Mecânica dos Sólidos II36
0M =∑ , ( ) 0M2
xxwxR oA =++− ,
2
xw
2
xLwM
2oo −=
2 – Partindo da equação da curva elástica, e integrando duas vezes e aplicando as condições
de contorno:
2
xw
2
xLwM
dx
vdIE
2oo
2
2−==
3
3o
2o C
6
xw
4
xLw
dx
dvIE +−=
43
4o
3o CxC
24
xw
12
xLw)x(vIE ++−=
Para x = 0, v(0) = 0 , C4 = 0
Para x = L, v(L) = 0, 0LC24
Lw
12
LLw)L(vIE 3
4o
3o =+−= ,
24
LwC
3o
3 −=
( )433o xLx2xLIE24
w)x(v +−−=
Devido a simetria, a maior deflexão ocorre em x = L/2. Para casos mais gerais,
0dx
dv= . Assim, vmax é:
IE384
Lw5v
4o
max −=
wo x
xRA
V
M
vmax 0 x
v
Deflexão de vigas 37
A inclinação da curva elástica dx
dv=θ é da forma:
−−==θ
24
Lw
6
xw
4
xLw
IE
1
dx
dv)x(
3o
3o
2o
Para x = 0, IE24
Lw)0(
3o−=θ
Para x = L, IE24
Lw)L(
3o=θ
Caso (b):
o4
4w)x(w
dx
vdIE −==
1o3
3Cxw
dx
vdIE +−=
MCxC2
xw
dx
vdIE 21
2
o2
2=++−=
Para x = 0, M(0) = 0, C2 = 0
Para x = L, M(L) = 0, 0LC2
Lw)L(M 1
2
o =+−= , 2
LwC o1 =
2
xw
2
xLwM
dx
vdIE
2oo
2
2−==
O resto do problema é o mesmo que no caso (a). Neste caso nenhum cálculo preliminar
das reações e da equação de momento é necessário. Este método pode ser vantajoso para
alguns problemas estaticamente indeterminados.
-woL3/24EI
0 x
θ woL3/24EI
Curso de Mecânica dos Sólidos II38
Ex: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente apoiada suporta uma força
concentrada P, a uma distância a da extremidade A como mostra a figura abaixo. A rigidez
em flexão E I é constante.
Para o segmento AD (0 < x < a):
xL
bPM
dx
vdIE
2
2== , x
LIE
bP
dx
vd2
2=
1
2A
2
x
LIE
bP
dx
dv+= , 21
3AxA
6
x
LIE
bPv ++=
Condições de contorno:
Para x = 0, v(0) = 0, A2 = 0, xA6
x
LIE
bPv 1
3+=
Para o segmento DB (a < x < L):
)xL(L
aPM
dx
vdIE
2
2−== , x
LIE
aP
IE
aP
dx
vd2
2−=
P
L
v(L)=0M(L)=0
v(0)=0M(0)=0
x
y,v
BA
b a
RB = Pa/LRA = Pb/L
D
xPb/L
V
M
xPa/L
M
Deflexão de vigas 39
1
2B
2
x
LIE
aPx
IE
aP
dx
dv+−= , 21
32BxB
6
x
LIE
aP
2
x
IE
aPv ++−=
Condições de contorno:
Para x = L, v(L) = 0, 0BLB3
L
IE
aP)L(v 21
2=++=
Para x = a, v(segmento AD) = v(segmento DB)
aA6
a
LIE
bP1
3+ = 21
32BaB
6
a
LIE
aP
2
a
IE
aP++−
Para x = a, (dx
dv=θ (segmento AD)) = (
dx
dv=θ (segmento DB))
1
2A
2
a
LIE
bP+ = 1
2B
2a
LIEaP
aIEaP
+−
Solução:
( )221 bL
LIE6
bPA −−= , ( )22
1 aL2LIE6
bPB +−= ,
IE6
aPB
3
2 =
Equação da curva elástica para o segmento AD:
( )[ ]xbLxLIE6
bPv 223 −−=
Equação da curva elástica para o segmento DB:
( )IE6
aPxaL2
LIE6
bP
6
x
LIE
aP
2
x
IE
aPv
322
32++−−=
Se a > b, a maior deflexão se dará no segmento AD, logo:
0dx
dv= (segmento AD) ,
( )3
bLx
22 −=
A maior deflexão é:
Curso de Mecânica dos Sólidos II40
( )( ) LIE39
bLbPv
2/322
max−
=
Se a força P fosse aplicada no centro do vão onde a = b = L/2, a maior deflexão seria:
IE48
LPv
3
max =
MÉTODO DE ÁREA DE MOMENTO
11.6 – Introdução ao método de área de momento
O método de área de momento é um método alternativo para a solução do problema da
deflexão, onde o carregamento é complexo e as áreas das seções transversais da viga variam.
O método é usualmente empregado para obter apenas o deslocamento e a rotação num único
ponto da viga. Ele possui as mesmas aproximações e limitações discutidas anteriormente, com
a determinação da deflexão apenas devido à flexão, a deflexão devido ao cortante é
desprezada.
11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento
Os teoremas necessários se baseiam na geometria da curva elástica e no diagrama
associado (M/EI). Para a dedução dos teoremas, a equação diferencial da curva elástica deve
ser reescrita como:
IE
M
dx
d
dx
dv
dx
d
dx
vd2
2=
θ=
= ou dx
IE
Md =θ
w
A Bdx
Deflexão de vigas 41
Se o diagrama de momento fletor da viga é dividido pelo momento de inércia I e pelo
módulo de elasticidade E, então dθ é igual a área sob a curva M/EI para o segmento dx.
Integrando do ponto A até o ponto B tem-se:
dxIE
MB
AA/B ∫=θ
Esta equação representa o primeiro teorema de área de momento, que diz: o ângulo
entre as tangentes em dois pontos sobre a curva elástica é igual a área sob a curva M/EI entre
estes dois pontos.
θB/A
A
Tan B
B
Tan Acurva elástica
dθ
MM
dx
x
M/EI
BA dx
M/EI
w
A Bdx
Curso de Mecânica dos Sólidos II42
Se o desvio vertical da tangente de um elemento dx medido a partir de uma linha
vertical passando por A é dt, então como é assumido que as deflexões são pequenas, tem-se
que ds’ = dt, logo:
θ= dxdt
Integrando esta expressão de A até B, o desvio vertical da tangente de A com relação a
tangente B é determinada por:
dxIE
Mxt
B
AB/A ∫=
Da equação que fornece o centróide de uma área temos: ∫∫ = dAxdAx . Como
∫ dxIE
Mrepresenta a área sob a curva M/EI, nós podemos escrever:
dxIE
Mxt
B
AB/A ∫=
A distância x é a distância do ponto A até o centróide da área sob a curva M/EI de A
até B. A equação acima representa o segundo teorema de área de momento.
dθ
A
Tan B
B
Tan A
tA/B
x dx
ds’dt
x
M/EI
BA x
Deflexão de vigas 43
O desvio vertical da tangente de B com relação a tangente A pode ser determinada de
maneira análoga e é dada por:
dxIE
Mxt
B
A
'A/B ∫=
A distância x ’ é a distância do ponto B até o centróide da área sob a curva M/EI de A
até B.
Ex: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. EI é constante.
EI64
PL3
4
L
EI8
PL
EI4
PL
2
1
4
L
EI8
PLdx
EI
M 2
TáreaRárea
C
DD/CC =
−+
==θ=θ ∫
444 3444 2143421
Ex: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. Tome Eaço = 200 Gpa, I = 17.10 6
mm4.
P
L/2
BA CD
L/4 L/4
θC/D
D
Tan C
C
Tan D
θC
x
M/EI
CD
PL/4EI
PL/8EI
L/4
Curso de Mecânica dos Sólidos II44
Para pequenas deflexões, podemos considerar:
||8
t|||||| A/C
A/BA/CAC θ−=θ−θ=θ
Pelo primeiro teorema de área de momento:
IE
kNm8
IE
kNm8)m2(
2
1 2
Tdoárea
A/C =
=θ
44 344 21
Pelo segundo teorema de área de momento:
444 3444 2143421444 3444 2144 344 21TáreaT.centTáreaT.cent
A/B EI
kNm24m2
2
1m2
3
2
EI
kNm24m6
2
1m6
3
1m2t
+
+=
IE
mkN320t
2
A/B =
16 kN
A
2 m
B C 4 m 2 m
x
M/EI
8/EI
24/EI
2 m C
4 m 2 m
θC/A
Tan C C
Tan A
θA
Tan B
tB/A
Deflexão de vigas 45
IE
mkN32
IE
mkN8
IE8
mkN320||
8
t||
222
A/CA/B
C =−=θ−=θ
rad00941.0m10.17m/kN10.200
mkN32||
4626
2
C ==θ−
Ex: Determine o deslocamento do ponto C da viga abaixo se EI é constante.
0MA =∑ , 0MLR oB =− , L
MR o
B =
↑ 0Fy =∑ , L
MR o
A −=
0M =∑ , 0MMxL
Mo
o =+− , xL
MMM o
o −=
Mo A
L/2
B
L/2
C
tC/B
Tan C
CTan A
vC
Tan B
tA/B
RBRA
x
Mo
Mo/L
V
M
2L L
xMo/2EI
M/EI
Mo/EI
Curso de Mecânica dos Sólidos II46
B/CB/A
c t2
tv −=
EI6
LML
EI
M
2
1L
3
1t
2oo
B/A =
=
EI48
LM
2
L
EI2
M
2
1
2
L
3
1t
2oo
B/C =
=
EI48
LM
EI12
LMv
2o
2o
c −= , EI16
LMv
2o
c =
O mesmo resultado pode ser obtido a partir de A/CA/B
c t2
tv −=
11.8 – Método da superposição
A equação diferencial )x(wdx
vdIE
4
4= satisfaz duas condições necessárias para
aplicar o princípio da superposição, isto é, w(x) é linear com relação a v(x) e o carregamento é
assumido não mudar a geometria original da viga. Logo, as deflexões devido a uma série de
carregamento atuando na viga, podem ser superpostas.
Ex: Determine o deslocamento no ponto C e a inclinação no suporte A da viga apresentada
abaixo. EI é constante.
8 kN
4 m
A B
4 m
2 kN/m
vCθA
=
(θA)1
4 m
A B
4 m
2 kN/m
(vC)1
+
Deflexão de vigas 47
A partir de tabelas (ver Hibbeler), o deslocamento no ponto C e a inclinação no ponto A são:
Para a carga distribuida:
( )IE
kNm24
IE128
)m8()m/kN2(3
IE128
Lw3 233
1A ===θ
( )IE
kNm33.53
IE768
)m8()m/kN2(5
IE768
Lw5v
344
1C ===
Para a carga concentrada:
( )IE
kNm32
IE16
)m8()kN8(
IE16
LP 222
2A ===θ
( )IE
kNm33.85
IE48
)m8()kN8(
IE48
LPv
333
1C ===
O deslocamento total no ponto C e a inclinação no pontoA é a soma algébrica de cada
carregamento calculado separadamente:
( ) ( )IE
kNm56 2
2A1AA =θ+θ=θ
( ) ( )IE
kNm139vvv
3
2C1CC =+=
Ex: Determine o deslocamento na extremidade C da viga apresentada abaixo. EI é constante.
(θA)2
4 m
A B
4 m
8 kN
(vC)2
10 kN
4 m
A C
2 m
5 kN/m
=B
Curso de Mecânica dos Sólidos II48
Como tabelas não incluem vigas com extremidades em balanço, a viga pode ser separada
numa viga simplesmente apoiada e em outra engastada-livre.
Viga simplesmente apoiada com carga distribuida:
( )IE
kNm33,13
IE24
)m4()m/kN5(
IE24
Lw 233
1B ===θ
Como o ângulo é pequeno, (θB)1 ≈ tan (θB)1, o deslocamento no ponto C é:
( )IE
kNm67.26
IE
kNm33.13)m2(v
32
1C =
=
A força concentrada aplicada no ponto C pode ser aplicada no ponto B além de um binário:
( )IE
m.kN67,26
IE3
)m4()m.kN20(
IE3
LM 2o
2B ===θ
Considerando o ângulo pequeno, (θB)2 ≈ tan (θB)2, o deslocamento no ponto C é:
( )IE
kNm33.53
IE
m.kN67.26)m2(v
32
2C =
=
(θB)2
4 m
A
10 kN
2 m
+B (vC)2
(θB)220 kN/m
(θB)1
4 m
A
C
2 m
5 kN/m
+B
(vC)1
(θB)1
Deflexão de vigas 49
A força concentrada aplicada no ponto C para uma viga engastada-livre:
( )IE
m.kN67,26
IE3
)m2()m.kN10(
IE3
LPv
333
3C ===
O deslocamento total no ponto C é a soma algébrica de cada carregamento calculado
separadamente:
( ) ( ) ( )IE
m.kN3,53
IE
7,26
IE
3,53
IE
7,26vvvv
3
3C2C1CC =++−=++=
Ex: Determine a rigidez K da mola de maneira que não haja deflexão no Ponto C. EI é
constante.
a) deflexão do Ponto C considerando a viga rígida:
10 kN
(vC)3
C
2 m
B
w
b L
A
B
C
RB
K
w
b L
A
B C
RB
K vC1
Curso de Mecânica dos Sólidos II50
0M A =∑ , 2
LwR B =
RB = K . vB , K2
Lwv B =
Por semelhança de triangulos: L
)bL(vv B1C
+= , )bL(
K2
wv 1C +=
b) Deflexão do Ponto C considerando a viga deformável:
Da tabela: EI24
Lw 3
B =θ , EI24
bLwbv
3
B2C =θ=
Vc1 – Vc2 = 0 , 0EI24
bLw)bL(
K2
w 3
=−+ , )bL(bL
EI12K
3+=
11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração
Vigas estaticamente indeterminadas são aquelas que apresentam um número de
reações incógnitas maior doque o número de equações de equilíbrio. As reações excedentes
são chamadas de redundantes e não são necessárias para manter o equilíbrio estático. O
número de reações redundantes classifica o grau de redundância da viga.
Para determinar as reações nas vigas estaticamente indeterminadas, é preciso
especificar as reações redundantes e determina-las a partir das condições de compatibilidade
da viga. Feito isto, as reações restantes são determinadas pelo equilíbrio estático.
O método da integração parte da equação diferencial: IE
M
dx
vd2
2= , onde M pode ser
expresso em termos das redundantes. Após a integração, as constantes de integração e as
w
b L
A
B
C
RB
K
vC2
Deflexão de vigas 51
redundantes podem ser determinadas pelas condições de contorno e continuidade do
problema.
Ex: Determine a reação em A para a viga estaticamente indeterminada como apresentada
abaixo. EI é constante.
Diagrama de corpo livre:
A reação no ponto A pode ser considerada redundante e o momento interno pode ser expresso
em função desta reação:
0M =∑ , 0x.R3
x.
L2
xwM Ay
2o =−+ ,
L6
xwx.RM
3o
Ay −=
Aplicando a equação do momento interno na equação diferencial da curva elástica:
L6
xwx.R
dx
vdIE
3o
Ay2
2−=
L
A B
wo
2L/3
A
B
woL/2
L/3RAy RBy
RBx
MB
x
A
wox2/2L
RAy
V
M
Curso de Mecânica dos Sólidos II52
1
4o
2
Ay C4
x
L6
w
2
x.R
dx
dvIE +−=
21
5o
3
Ay CxC5
x
L24
w
6
x.RvIE ++−=
As incógnitas RAy, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de contorno:
Para x = 0, v = 0; C2 = 0
Para x = L, 0dx
dv= ; 0C
4
L
L6
w
2
L.R)Lx(
dx
dvIE 1
4o
2
Ay =+−==
Para x = L, v = 0; 0LC5
L
L24
w
6
L.RvIE 1
5o
3
Ay =+−=
A solução é:
10
LwR o
Ay = , 120
LwC
3o
1 −=
Aplicando as equações de equilíbrio estático, as reações restantes são:
0R Bx = , 10
Lw4R o
By = , 15
LwM
2o
B =
Ex: Determine as reações nos suportes para a viga estaticamente indeterminada como
apresentada abaixo. EI é constante.
Diagrama de corpo livre:
w
L
A B
wL
MB=M’RBRA
MA=M’
Deflexão de vigas 53
Devido a simetria, da equação de equilíbrio 0Fy =∑ tem-se que:
2
LwRR BA ==
A única redundante é M’, a qual pode ser expressa em função do momento interno M:
0M =∑ , 0'Mx2
Lw
2
xxwM =+−+ , 'M
2
xwx
2
LwM
2−−=
Substituindo na equação diferencial da curva elástica:
'M2
xwx
2
Lw
dx
vdIE
2
2
2−−=
1
32Cx'M
3
x
2
w
2
x
2
Lw
dx
dvIE +−−=
21
243CxC
2
x'M
4
x
6
w
3
x
4
LwvIE ++−−=
As incógnitas M’, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de contorno:
Para x = 0, v = 0; C2 = 0
Para x = 0, 0dx
dv= ; C1 = 0
Para x = L, v = 0; 02
L'M
4
L
6
w
3
L
4
LwvIE
243=−−= ,
12
Lw'M
2=
A condição 0dx
dv= para x = L pode ser verificada substituindo o valor de M’ na curva de
inclinação da viga.
x
A
wx
RAy=wL/2
V
MMA=M’
Curso de Mecânica dos Sólidos II54
11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento
Se o método de área de momento é usado para determinar as redundantes em uma viga
estaticamente indeterminada, o diagrama M/EI deve ser representado pelas redundantes que
são incógnitas do problema. Como no método de área de momento é necessário calcular a
área sob a curva M/EI e o centróide da área, o método é mais convenientemente utilizado
quando aplicado juntamente com o método da superposição, onde as áreas e os centróides das
áreas são facilmente determinados.
Ex: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é constante.
Diagrama de corpo livre devido a força P:
O diagrama M/EI devido a força P é:
P
A
L
B
L
P
RAy L
B
L
RAx
MA
2L L x
-2PL/EI
-PL/EI
M/EI
Deflexão de vigas 55
Diagrama de corpo livre devido a redundante RBy:
O diagrama M/EI devido a redundante RBy:
A curva elástica da viga é da forma:
Como ∆B = 0 ; tB/A = 0:
{0)L(
EI
PL
2
1L
3
2)L(
EI
PL
2
LL
EI
R
2
1L
3
2t
TáreaT.centRáreaR.centTárea
By
T.cent
A/B =
−
+
−
+
=
44 344 213214342144 344 21321
RBy = 2,5 P
Das equações de equilíbrio, temos:
RAx = 0 , RAy = 1,5 P , MA = 0,5 P L
Ex: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é constante.
Tan AA
B
tB/A = 0
Tan B
2L L xRByL/EI
M/EI
RBy
RAy L
B
L
RAx
MA
Curso de Mecânica dos Sólidos II56
Diagrama de corpo livre:
O diagrama M/EI devido a redundante RBy e o momento Mo é construido da seguinte maneira.
Devido a redundante RBy:
0MB =∑ , RCy L – RAy L = 0 , RCy = RAy
↑ 0Fy =∑ , RAy – RBy + RCy = 0 , RAy = RBy /2
0M =∑ , 0x2
RM
By =− , x2
RM
By=
Devido ao momento Mo:
↑ 0Fy =∑ , RAy + RCy = 0 , RAy = - RCy
0MA =∑ , - Mo + RCy 2L = 0 , RCy = Mo/2L , RAy = - Mo/2L
MoA
L
B
L
C
Mo
RAy L L
RAx
RByRCy
A
RBy/2M
x
2L L
x
RByL/2EIM/EI
Deflexão de vigas 57
0M =∑ , 0xL2
MM o =+ , x
L2
MM o−=
A curva elástica da viga é da forma:
Da figura acima, temos:
∆A = ∆B = ∆C = 0 e C/AC/B t2
1t =
44 344 2132144 344 2132144 344 21321Qárea
o
Q.centTárea
o
T.centTárea
By
T.cent
C/B )L(EI2
M
2
1L
2
1)L(
EI2
M
2
1L
3
2)L(
EI2
LR
2
1L
3
1t
−
+
−
+
=
444 3444 2132144 344 214342144 344 21321áreaT
o
T.centáreaT
By
T.centáreaT
By
T.cent
C/A )L2(EI
M
2
1L2
3
2)L(
EI2
R
2
1L
3
1L)L(
EI2
LR
2
1L
3
2t
−
+
++
=
A solução é:
L2
M3R o
By =
Aplicando as equações de equilíbrio, determina-se as reações restantes:
A
-Mo/2LM
x
2L L x
-Mo/2EI
M/EI
-Mo/EI
Tan C
A
LB
L
C
tB/C
tA/C Tan B
Tan A
Curso de Mecânica dos Sólidos II58
RAx = 0 , L4
MR o
Ay = , L4
M5R o
Cy =
O problema pode também ser resolvido da seguinte maneira:
De onde, tem-se:
A/CA/B t2
1t =
11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição
Para a aplicação do método da superposição é necessário identificar as redundantes e
aplicar as forças externas separadamente. As redundantes são determinadas impondo as
condições de compatibilidade nos apoios.
Ex: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo RBy como sendo redundante. EI é
constante.
a) Removendo a RBy:
Tan C
A LB
L
CtB/A
tC/A
Tan B
Tan A
P
A
L/2
B
L/2
=
P
A
L/2 B L/2
+vB
Deflexão de vigas 59
IE48
LP5v B =
b) Removendo a força P:
IE3
LR'v
3By
B =
c) Condições de compatibilidade
0 = - vB + vB’ , IE3
LR
IE48
LP50
3By+−= , P
16
5R By =
Aplicando as equações de equilíbrio estático, determina-se as reações restantes:
0R Ax = , P16
11R Ay = , LP
16
3M A =
Ex: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo MA como sendo redundante. EI é
constante.
a) Removendo a MA:
A
L/2
B
L/2
vB’
RBy
P
A
L/2
B
L/2
=
A
L/2
P
L/2
BθA
Curso de Mecânica dos Sólidos II60
IE16
LP 2
A =θ
b) Removendo a força P:
IE3
LM' A
A =θ
c) Condições de compatibilidade
0 = - θA + θA’ , IE3
LM
IE16
LP0 A
2+−= , LP
16
3MA =
Ex: Determine para a viga abaixo as reações de apoio.
Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB.
a)
EI6
6,3.6000
EI6
Lw 33
D ==θ , EI8
6,3.6000
EI8
Lwv
44
D ==
A
L/2
MA
L/2
BθA’
6 000 kgf/m
RA1,8 m
A
RB
MA MB1,8 m 1,8 m
B C D
6 000 kgf/m
1,8 m
A
1,8 m 1,8 m
B D
vB1
Deflexão de vigas 61
vB = vD + θD. 1,8 , 8,1.EI6
6,3.6000
EI8
6,3.6000v
34
B +=
b)
EI6
8,1.6000
EI6
Lw 33
C ==θ , EI8
8,1.6000
EI8
Lwv
44
C ==
vB = vC + θC. 3,6 , 6,3.EI6
8,1.6000
EI8
8,1.6000v
34
B +=
c)
EI3
4,5.5400
EI3
LRv
33B
B ==
d)
EI2
4,5M
EI2
LMv
2B
2B
B ==
vB1 – vB3 – vB3 + vB4 = 0
MA = MB = 7020 kgf m
6 000 kgf/m
1,8 m
A
1,8 m 1,8 m
B C vB2
RB
1,8 m
A
1,8 m 1,8 m
B vb3
1,8 m
A
1,8 m 1,8 m
B MB
vB4
Curso de Mecânica dos Sólidos II62
12 – MÉTODO DA ENERGIA
12.1 – Introdução
Nos capítulos anteriores, as formulações se apoiam no método newtoniano da
mecânica dentro do qual o equilíbrio estático é representado de maneira vetorial. Uma outra
alternativa, é utilizar o método lagrangeano que usa funções escalares, baseados em conceitos
de trabalho e energia.
12.2 – Energia de deformação elástica
O trabalho interno armazenado em um corpo deformável como energia elástica de
deformação ou energia de deformação elástica é o produto da força média que atua sobre o
corpo enquanto ocorre a deformação, multiplicada pela distância na qual ela age. Seja então o
elemento de volume dx, dy, dz:
( ) dV2
1dx..dz.dy
2
1dU xxxx εσ=ε
σ=
A densidade de energia de deformação Uo é interpretada graficamente como a área sob
linha inclinada do diagrama tensão deformação.
2U
dV
dU xxo
εσ==
dy
dx
dzσxσxx
y
z
εx
σx
E
Método da Energia 63
No caso de um elemento de volume dx, dy, e dz submetido a um cisalhamento, a
energia de deformação é do tipo:
( ) dV2
1dy..dz.dx
2
1dU xyxyxyxy γτ=γ
τ=
ou:
2U
dV
dU xyxyo
ciscis
γτ==
Para o caso de um corpo submetido à tensões normais σx, σy e σz e à tensões de
cisalhamento τxy, τxz e τyz, a energia de deformação total é:
xzxzyzyzxyxyzzyyxxo 2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1dU
dV
dUγτ+γτ+γτ+εσ+εσ+εσ==
Das relações para deformações obtidas anteriormente, temos:
( ) ( ) ( )xz2
yz2
xz2
xzzyyx2
z2
y2
xo G2
1
EE2
1U τ+τ+τ+σσ+σσ+σσ
υ−σ+σ+σ=
Em geral, para um corpo elástico sob tensão, a energia de deformação total é obtida
pela integração volumétrica:
zyxV o dddUU ∫∫∫=
ou:
( ) dzdydx2
1U V zxzxyzyzxyxyzzyyxx∫∫∫ γτ+γτ+γτ+εσ+εσ+εσ=
A equação acima pode ser simplicada, se somente as energias de deformação de barras
axialmente carregadas, vigas fletidas e cisalhadas forem consideradas:
( ) dzdydx2
1U V xyxyxx∫∫∫ γτ+εσ=
Para materiais linearmente elásticos, com tensão uniaxial, E/xx σ=ε e no
cisalhamento puro, G/xyxy τ=γ . Assim a equação anterior pode ser reordenada da sequinte
maneira:
Curso de Mecânica dos Sólidos II64
∫∫∫∫∫∫τ
+σ
= V
2xy
V
2x dzdydx
G2dzdydx
E2U
Energia de deformação para barras axialmente carregadas
Para este caso, AP
x =σ e AdzdyA
=∫∫ . Desta forma, P e A são funções somente de
x, logo:
dzdydxEA2
PdV
E2U
V 2
2
V
2x ∫∫∫∫∫∫ =
σ=
dxAE2
Pdxdzdy
EA2
PU
L
2
AL2
2
∫∫∫∫ =
=
Se P, A e E são constantes ao longo do comprimento L da barra, tem-se:
AE2
LPU
2
=
Energia de deformação na flexão
Para este caso, I
yMx −=σ e Idzdyy
A2 =∫∫ . Como, M e I são funções somente de
x, logo:
dzdydxyI
M
E2
1dV
E2U
2
VV
2x ∫∫∫∫∫∫
−=
σ=
dxIE2
Mdxdzdyy
IE2
MU
L
2
A
2
L2
2
∫∫∫∫ =
=
Se M, I e E são constantes ao longo do comprimento L da barra, tem-se:
IE2
LMU
2
=
Energia de deformação para tubos circulares em torção
Para este caso, J
T ρ=τ e Jdzdy
A2 =ρ∫∫ . Como, T e J são funções somente de x,
logo:
Método da Energia 65
dzdydxJ
T
G2
1dV
G2U
2
VV
2
∫∫∫∫∫∫
ρ=
τ=
dxJG2
Tdxdzdy
JG2
TU
L
2
A
2
L2
2
∫∫∫∫ =
ρ=
Se T, J e G são constantes ao longo do comprimento L do tubo, tem-se:
JG2
LTU
2
=
Ex: Achar a energia absorvida por uma viga retangular elástica em flexão pura, em termos da
máxima tensão e do volume do material.
IE2
LMU
2
= , como 23max
hb
M6
12
hb
2/hM
I
cM===σ e
12
hbI
3
=
σ
=
σ
=3
V
E23
Lhb
E2U
2max
2max
Com relação a energia absorvida por uma barra axialmente carregada onde a energia é:
( )VE2E2
LA
A
P
AE2
LPU
2max
2
22 σ===
observa-se que a viga absorve somente 1/3 da energia absorvida pela barra. Isto é devido ao
fato de que as tensões são variáveis ao longo da seção.
12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia
O princípio da conservação da energia, no qual assume-se que nenhuma energia é
perdida ou criada, pode ser adotado para a determinação dos deslocamentos de sistemas
elásticos devido às forças aplicadas. Partindo deste princípio, supõe–se que o trabalho
realizado pelas forças externas é igual a energia absorvida pelo corpo. Logo.
UWe =
Curso de Mecânica dos Sólidos II66
Alternativamente, pode-se dizer que a soma dos trabalhos das forças externas e das
forças internas é nulo.
0WW ie =− ou iWU −=
O trabalho interno é negativo porque as deformações sofrem oposição das forças
internas.
O trabalho das forças externas é o trabalho da força média, partindo de zero até seu
valor máximo, multiplicada pelo deslocamento na direção de sua ação.
Ex: Achar a deflexão da extremidade livre de uma barra elástica de seção transversal A e
comprimento L, devido a uma força axial P aplicada na extremidade livre.
AE2
LPU
2
= e ∆= .P2
1We
UWe = , AE2
LP.P
2
1 2
=∆ è AE
LP=∆
Ex: Achar a rotação da extremidade de um eixo circular elástico, em relação ao extremo
engastado, quando é aplicado um torque T na extremidade livre.
JG2
LTU
2
= e ϕ= .T2
1We
UWe = , JG2
LT.T
2
1 2
=ϕ è JG
LT=ϕ
P
L ∆
L
T
Método da Energia 67
Ex: Achar a máxima deflexão devido a uma força P aplicada na extremidade de uma viga
elástica em balanço, tendo seção transversal retangular, como mostrado abaixo. Considerar os
efeitos das deformações de flexão e angular.
∫∫ =−
==L
0
322L
0
2
IE6
L.Pdx
IE2
)x.P(dx
IE2
MU
Como a tensão de cisalhamento é constante ao longo da direção x, já que o cortante V
é constante e igual a P, e constante ao longo da largura da viga, e da forma
−
=τ 2
2
y2
h
I2
P, a integral pode se transformar numa integral simples, onde o volume
infinitesimal dV é igual a Lbdy.
∫∫+
−
−
=
τ=
2/h
2/h
2
22
V
2
Lbdyy2
h
I2
P
G2
1dV
G2U
GA5
LP3
hb
12
G240
hbLP
30
h
IG8
bLPU
22
3
525
2
2
=
==
onde A = b h, é a área da seção transversal da viga.
∆= .P2
1We
cisflexãoe UUUW +== , GA5
LP3
IE6
LP.P
2
1 232
+=∆ è GA5
LP6
IE3
LP 3
+=∆
O primeiro termo da deflexão, é devido à flexão e o segundo devido ao cisalhamento.
No segundo termo, a relação P/A pode ser interpretada como sendo a tensão de cisalhamento
P
L
b
h
V=P
x
M=-Px
L
γ
Curso de Mecânica dos Sólidos II68
média sobre a seção transversal , A
Vmed =τ . Esta quantidade dividida pelo módulo de
cisalhamento G é a deformação angular GA
V
Gmed =
τ=γ , que multiplicada pelo comprimento
L fornece a deflexão na extremidade da barra. O número 6/5, que aparece no termo da
deflexão devido ao cisalhamento, pode então ser interpretado como um fator de correção
utilizado quando considera-se a tensão de cisalhamento constante sobre toda a seção.
+=∆
2
23
L
h
G10
E31
IE3
LP
Na equação anterior, se a relação for E/G = 2,5 para aços mais comumente utilizados,
ela pode ser reescrita da forma:
flexão2
2
L
h75,01 ∆
+=∆
Para vigas curtas, onde por exemplo L = h, a deflexão total é igual a 1,75 vezes a
deflexão devido a deflexão, enquanto que para vigas longas, L >> h, a deflexão devido ao
cisalhamento é praticamente nula.
Ex: Determine o deslocamento horizontal do ponto D. Considere AE constante.
P
AB
CD
0.6 L
0.8 L
L
P
AB
CD
0.6 L
0.8 L
L
RA RBy
RBx
Método da Energia 69
0M A =∑ , RBy . 0,8 L – P . 0,6 L = 0 , P4
3R By =
↑ 0Fy =∑ , 0P4
3R Ay =− , P
4
3R Ay =
→ 0Fx =∑ , 0PR Bx =− , RBx = P
Cálculo dos esforços internos de cada membro.
Ponto D:
↑ 0Fy =∑ , PAD = 0
→ 0Fx =∑ , – P + PDC = 0 , PDC = P (tração)
Ponto C:
5
4cos =θ ,
5
3sen =θ
→ 0Fx =∑ , – PDC + PAC cosθ = 0 , P4
5PAC = (compressão)
↑ 0Fy =∑ , PAC senθ + PBC = 0, P4
3PBC −= (tração)
Ponto A:
→ 0Fx =∑ , - PAC cosθ + PAB = 0 , PAB = P (tração)
P
PAD
PDCD
PBC
PDC C
PAC
θ
PAB
PAD
A
PAC
θ
RAy
Curso de Mecânica dos Sólidos II70
↑ 0Fy =∑ , RAy - PAC senθ + PAD = 0, P4
3R Ay = (Ok)
∑=∆EA2
LPP
2
12k ,
( ) ( )AC
2
BC
2
DC
2
AB
2
AE
LP4/5
AE
L6,0P4/3
AE
L8,0P
AE
L8,0PP
−+
+
+
=∆
AE
PL5,3=∆
O método discutido até o momento, só pode ser utilizado para a determinação de uma
incógnita, como por exemplo uma deflexão. Para a determinação de duas ou mais incógnitas é
necessário o desenvolvimento de métodos mais gerais.
12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação
complementar
No cálculo das deflexões de sistemas elásticos, o seguinte teorema pode ser
frequentemente aplicado com vantagem: A derivada parcial da energia de deformação de um
sistema elástico linear em relação a qualquer força selecionada que age sobre o sistema, dá o
deslocamento daquela força na direção de sua linha de ação. As palavras força e deslocamento
têm sentido generalizado e incluem, respectivamente, momento e deslocamento angular. Esse
é o segundo teorema de Castigliano.
Para a interpretação do teorema de Castigliano, considere um caso de uma barra
carregada axialmente. Para um caso mais geral, onde a barra é elástica mas não linear, o
diagrama tensão-deformação é da forma.
dε1ε1 ε
dσ1
σ1
σ
0
Método da Energia 71
Multiplicando a tensão pela área da seção transversal A, obtêm-se a força P, e
multiplicando a deformação pelo comprimento L obtêm-se a elongação ∆. O diagrama força-
elongação (P-∆) corresponde ao diagrama tensão-deformação (σ-ε).
De acordo com a figura acima, quando a força P1 é acrescida de dP1, a barra se alonga
de d∆1, logo o trabalho incremental produzido é:
( ) 1111111e ddPdPddPPdW ∆+∆=∆+=
Desprezando os efeitos de ordem superior, dP1 d∆1, trabalho incremental produzido é:
11e dPdW ∆=
Partindo do princípio da conservação da energia, We = U, o incremento de energia de
deformação é:
11 dPdU ∆= , ∫∆
∆==0
11e dPUW
A equação acima pode ser interpretada geométricamente como sendo a área sob a
curva força-deslocamento. A derivada com relação ao limite superior fornece:
Pd
dU=
∆ (primeiro Teorema de Castigliano)
d∆1∆1 ∆
dP1
P1
P
0
We=U
We*=U*
Curso de Mecânica dos Sólidos II72
Uma expressão análoga pode ser obtida quando a elongação ∆1, é acrescida de d∆1,
causando um aumento da força dP1, logo o trabalho incremental produzido, definido como
trabalho complementar, é:
( ) 1111111*
e ddPdPddPdW ∆+∆=∆+∆=
Desprezando os efeitos de ordem superior, dP1 d∆1 e partindo do princípio da
conservação da energia, We* = U* , o incremento de energia de deformação complementar é:
11* dPdU ∆= , ∫ ∆==
P
011
**e dPUW
A equação acima pode ser interpretada geométricamente como sendo a área sobre a
curva força-deslocamento da direção da força P. A derivada com relação ao limite superior
fornece:
∆=dP
dU* (segundo Teorema de Castigliano)
Generalizando para o caso de várias forças externas sendo aplicadas num corpo
estáticamente determinado, a energia de deformação complementar U* é definida como sendo
função destas forças:
)M,,M,,M,M;P,,P,,P,P(UU pj21nk21** LLLL=
Logo, um incremento infinitesimal na energia δU* é dada pelo diferencial:
LLL +δ∂∂
++δ∂∂
++δ∂∂
+δ∂∂
=δ jj
*
kk
*
22
*
11
** M
M
UP
P
UP
P
UP
P
UU
Se for considerado que somente a força Pk é incrementada de δPk, a energia de
deformação complementar será incrementada de:
Método da Energia 73
kk
** P
P
UU δ
∂∂
=δ
A energia de deformação total é:
kk
***
total PP
UUU δ
∂∂
+=
E considerando que somente a força Pk é incrementada de δPk, o trabalho
complementar total devido a este incremento é:
kk*
e*totale PWW ∆δ+=
Do princípio de conservação de energia, δU* = δWe*:
kk
*
kk PP
UP δ
∂∂
=∆δ , k
*
k P
U
∂∂
=∆
Generalizando a equação acima para o caso da aplicação de um momento Mj:
j
*
j M
U
∂∂
=θ
onde θj é a rotação na direção do momento Mj.
13.5 – Teorema de Castigliano para deflexão
O teorema de Castigliano é aplicado em sistemas elásticos lineares com pequenas
deformações. Neste caso, a energia de deformação é igual a energia de deformação
complementar, U = U*.
Curso de Mecânica dos Sólidos II74
O segundo teorema de Castigliano é a consequência desta igualdade, onde temos:
kk
*
k P
U
P
U
∂∂
=∂∂
=∆ , jj
*
j M
U
M
U
∂∂
=∂∂
=θ
Como anteriormente, U é função das forças externas aplicadas, e ∆k é a deflexão (ou
θk é a rotação) na direção da força Pk (ou momento Mk).
O primeiro teorema de Castigliano, permanece o mesmo como visto anteriormente
considerando a não linearidade do material. Neste caso, U é função dos deslocamentos , e Pk é
a força (ou Mk é o momento) aplicada na direção da deflexão ∆k (ou rotação θk).
kk
UP
∆∂∂
= , k
kU
Mθ∂
∂=
Ex: Aplicando o teorema de Castigliano, determinar as deflexões e rotações obtidas para uma
barra carregada axialmente, um eixo circular em torção e uma viga engastada livre com uma
carga na extremidade livre.
Barra carregada axialmente (P=constante):
EA2
LPU
2
= onde, EA
LP
P
U=
∂∂
=∆
Eixo circular em torção (T=constante):
JG2
LTU
2
= onde, JG
LT
T
U=
∂∂
=θ=ϕ
∆k
Pk
Energia dedeformação U
Energia de deformaçãocomplementar U*=U
0
Método da Energia 75
Viga engastada livre com uma carga na extremidade livre:
GA5
LP3
IE6
LPU
232
+= onde, GA5
LP6
IE3
LP
P
U 3
+=∂∂
=∆
Ex: Determine a deflexão vertical do ponto B na estrutura abaixo, causada pela aplicação da
força P = 3 N usando o segundo teorema de Castigliano. Assumir que cada barra tem seção
transversal constante, com AAB = A1 = 0,125 mm2 e ABC = A2 = 0,219 mm2. Tome E = 2.1
1011 N/m2.
Do equilíbrio estático no ponto B, temos:
5
2cos =θ ,
5
1sen =θ
2
2cos =α ,
2
2sen =α
→ 0Fx =∑ , - PAB cosθ + PBC cosα = 0 , 02
2P
5
2P BCAB =+− ,
2
5
2
2PP BCAB =
↑ 0Fy =∑ , PAB senθ + PBC senα - P = 0 , P2
2P
5
1P BCAB =+ , P
3
22PBC = ,
P3
5PAB =
B
A
C
100 mm
200 mm
200 mm
P = 3 N
PAB
B
α
θ
PBC
P
Curso de Mecânica dos Sólidos II76
A energia de deformação elástica do sistema é:
22
22
2
11
12
12
1k kk
k2
k*
EA2
LP
EA2
LP
EA2
LPUU +=== ∑
=
Derivando a expressão de energia com relação a P, força atuante em B, temos a deflexão
vertical no ponto B.
P
P
EA
LP
P
P
EA
LP
P
U 2
22
221
11
11B ∂
∂+
∂∂
=∂∂
=∆ , com 3
5
P
P1 =∂∂
e 3
22
P
P2 =∂∂
Substituindo os valores na expressão acima, com L1 = 100√5 mm e L2 = 200√2 mm.
3
22
10.210.219,0
2200.3/P22
3
5
10.210.125,0
5100.3/P533B +=∆
∆B = 0.0306 mm
12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas
Ex: Usando o teorema de Castigliano, determine a deflexão e a rotação da extremidade livre
da viga em balanço com carregamento uniformente, com EI = constante.
Como nenhuma força é aplicada onde deve ser determinada a deflexão, para a utilização do
teorema de Castigliano, uma força fictícia RA = 0 deve ser aplicada neste ponto, oque permite
determinar AR
U
∂∂
. Logo.
L
wo
A
wo
RA x
M
Método da Energia 77
xR2
xwM A
2o +−= e x
R
M
A
=∂∂
dxIE2
MU
L
0
2
∫= , dxR
M
IE
M
R
U L
0 AA∫ ∂
∂=
∂∂
=∆
dx)x(xR2
xw
IE
1
R
U L
0A
2o
AA ∫ +
+−=
∂∂
=∆
IE8
Lw 4o
A −=∆ (direção contrária a direção da aplicação da força RA)
Como nenhum momento é aplicado onde deve ser achada a rotação, para a utilização do
teorema de Castigliano, um momento fictício MA = 0 deve aplicado ser neste ponto, oque
permite determinar AM
U
∂∂
. Logo.
A
2o M2
xwM −−= e 1
M
M
A
−=∂∂
dxIE2
MU
L
0
2
∫= , dxM
M
IE
M
M
U L
0 A∫ ∂
∂=
∂∂
=θ
dx)1(M2
xw
IE
1
M
U L
0A
2o
AA ∫ −
−−=
∂∂
=θ
IE6
Lw 3o
A =θ (mesma direção que o momento fictício MA)
Ex: Determine o deslocamento vertical do ponto C para a viga mostrada abaixo. EI é
constante. 6 kN/m
2 m4 m
A
B
C
RCRBRA
wo
MA
x M
Curso de Mecânica dos Sólidos II78
0M B =∑ , 92
RR C
A +=
TRECHO AB (0 < x < 4):
x92
Rx3M C2
++−= e
2
x
R
M
C
=∂∂
TRECHO BC (0 < x < 2):
2C )x2(3)x2(RM −−−= e )x2(
R
M
C
−=∂∂
dxIE2
MU
L
0
2
∫= , dxR
M
IE
M
R
U L
0 CCC ∫ ∂
∂=
∂∂
=∆
( ) dx)x2()x2(3)x2(RIE
1dx)
2
x(x9x
2
Rx3
IE
1 2
0
2C
4
0
C2C ∫∫ −−−−+
++−=∆
EI
12C −=∆ (direção contrária a direção da aplicação da força RC)
12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas
Ex: Considere a viga uniformemente carregada, fixa numa extremidade e apoiada na outra,
como mostrado abaixo. Determine a reação em A.
xR2
xwM A
2o +−= e x
R
M
A
+=∂∂
dxIE2
MU
L
0
2
∫= , dxP
M
IE
M
P
U L
0∫ ∂
∂=
∂∂
=∆
0R
U
AA =
∂∂
=∆ , dx)x(xR2
xw
IE
1 L
0A
2o
A ∫ +
+−=∆
wo
RA x
M A
Método da Energia 79
0IE3
LR
IE8
Lw 3A
4o =+− ,
8
Lw3R o
A +=
Ex: Determine para a viga apresentada abaixo as reações de apoio.
0M A =∑ , 32
RR B
C +−=
↑ 0Fy =∑ , 92
RR B
A +−=
TRECHO AB (0 < x < 2):
x2
Rx9x3M B2 −+−= e
2
x
R
M
B
−=∂∂
TRECHO BC (0 < x < 2):
6Rx3x2
RM B
B +−−= e 12
x
R
M
B
−=∂∂
dxIE2
MU
L
0
2
∫= , 0dxR
M
IE
M
R
U L
0 BBB =
∂∂
=∂∂
=∆ ∫
dx)12
x(6Rx3x
2
R
IE
1dx)
2
x(x
2
Rx9x3
IE
1 2
0B
B2
0
B2B ∫∫ −
+−−+−
−+−=∆
RB = 7,5 kN , RA = 5,25 kN , RC = - 0,75 kN
Ex: Determine para a viga abaixo as reações de apoio.
6 kN/m
RA
RB
A
RC
B C
2 m 2 m
Curso de Mecânica dos Sólidos II80
Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB.
TRECHO AC (0 < x < 1,8m):
x5400MM A +−= e 1M
M
A
−=∂∂
TRECHO CD (0 < x < 1,8m):
2
x6000)x8,1(5400MM
2
A −++−= e 1M
M
A
−=∂∂
TRECHO DB (0 < x < 1,8m):
)x8,1(5400MM A −+−= e 1M
M
A
−=∂∂
dxIE2
MU
L
0
2
∫= , 0dxM
M
IE
M
M
U L
0 AAA =
∂∂
=∂∂
=θ ∫
( ) ( )( )
( )( ) dx)1(x8,15400MIE
1
dx)1(x3000x8,15400MIE
1dx)1(x5400M
IE
1
8,1
0A
8,1
0
2A
8,1
0AA
∫
∫∫
−−+−
+−−++−+−+−=θ
MA = MB = 7020 kgf m
12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões
É possivel imaginar que um sistema mecânico real ou estrutural em equilíbrio estático
seja deslocado arbitrariamente de forma coerente com suas condições de contorno ou
vínculos. Durante esse processo, as forças reais que atuam sobre o sistema se movem em
6 000 kgf/m
RA1,8 m
A
RB
MA MB1,8 m 1,8 m
B C D
Método da Energia 81
deslocamentos imaginários ou virtuais. Alternativamente, forças virtuais ou imaginárias, em
equilíbrio com o sistema dado, podem provocar deslocamentos reais cinematicamente
admissíveis. Em qualquer dos casos pode-se formular o trabalho imaginário ou virtual
realizado. Aqui, a discusão ficará limitada à consideração de forças virtuais com
deslocamentos reais.
Para forças e deslocamentos que ocorrem da maneira acima, o princípio da
conservação da energia permanece válido. A variação no trabalho total devido a essas
perturbações deve ser nula. Logo:
0WW ie =δ+δ ou ie WW δ−=δ
onde δWe e δWi são as variações dos trabalhos virtuais externos e internos.
É mais conveniente substituir a variação do trabalho virtual interno δWi pela variação
do trabalho virtual externo nos elementos internos δWei. As quantidades são numericamente
iguais porém de sinais opostos. Logo:
eie WW δ=δ
A relação acima exprime o princípio do trabalho virtual. Para sistemas de corpo rígido,
o termo δWei é igual a zero, enquanto que nos sistemas elásticos δWei = δU.
Para a determinação da deflexão de qualquer ponto do corpo, devido a deformações
quaisquer que ocorram em um corpo, a equação acima pode ser colocada de forma mais
adequada. Para isto, considere um corpo como mostrado abaixo, no qual é procurada a
deflexão de um ponto A, na direção A-B, causada pela deformação do corpo. A equação do
trabalho virtual pode ser formulada pelo emprego da seguinte sequência de argumentos:
Primeiro, aplicar ao corpo sem carga uma força imaginária ou virtual
δF, atuando na direção A-B, a qual causa forças internas através do corpo. Essas forças
internas, indicadas por δf, podem ser achadas nos sistemas estaticamente determinados.
Curso de Mecânica dos Sólidos II82
Em seguida, com a força virtual sobre o corpo, aplicar as forças reais, ou introduzir as
deformações especificadas, tal como devido a uma variação na temperatura. Isso causa
deformações internas reais ∆L, que podem ser calculadas. Devido a essas deformações, o
sistema de força virtual realiza trabalho.
Desta forma, como o trabalho externo realizado pela força virtual δF, movendo-se de
∆ na direção dessa força é igual ao trabalho total realizado nos elementos internos pelas forças
virtuais internas δf, movendo-se das distâncias reais respectivas ∆L, a forma especial da
equação do trabalho virtual se torna:
∑ ∆δ=∆δ LfF
Como todas as forças virtuais alcançam seus valores completos antes de impostas as
deformações reais, nenhum fator metade (1/2) aparece na equação. A soma, ou em geral, a
integral é necessária no segundo membro da equação acima para indicar que todo o trabalho
interno deve ser incluido. É particularmente interessante escolher δF igual a unidade:
∑ ∆=∆ Lf1
onde:
∆ = deflexão real de um ponto na direção da força virtual unitária aplicada,
f = forças internas causadas pela força virtual unitária,
∆L = deformações internas reais de um corpo.
As deformações reais podem decorrer de qualquer causa, com as deformações
elásticas sendo um caso especial. As forças de tração e os alongamentos dos membros são
A
BδF
A força em umelemento típico é
A
B
δF
P1
P2
A deformação emum elemento típicodevido às forças
∆L
Posição finaldo ponto A O deslocamento
do ponto A nadireção A-B é ∆
Método da Energia 83
considerados positivos. Um resultado positivo indica que a deflexão ocorre na mesma direção
que a força virtual aplicada.
Na determinação das relações angulares de um membro, é usado um conjugado
unitário no lugar da força unitária. Na prática, o procedimento do uso da força unitária ou do
conjugado unitário, juntamente com o trabalho virtual, denomina-se método da carga unitária
fictícia.
12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos
A equação do trabalho virtual pode ser específica para cada tipo de problema, tanto
para cargas axiais como para membros em flexão.
Treliças:
Uma força unitária virtual deve ser aplicada em um ponto, na direção da deflexão a ser
determinada.
Se as deformações reais são elásticas lineares e decorrem apenas de deformações
axiais, EA
LPL =∆ , logo a equação do trabalho virtual para este caso é:
ii
iin
1ii EA
LPp1 ∑
==∆
onde:
pi = força axial em um membro devido à força unitária virtual
Pi = força no mesmo membro devido aos carregamentos reais.
A soma extende-se a todos os membros da treliça.
Vigas:
Da aplicação de uma força unitária virtual na direção da deflexão desejada, surgirão
momentos fletores internos nas várias seções designados por m. Ao se aplicar as forças reais,
os momentos fletores giram as seções da viga de dθ = Mdx/(EI) radianos. Assim, o trabalho
realizado em um elemento da viga pelos momentos virtuais m é mMdx/(EI). Integrando essa
equação ao longo do comprimento da viga, obtemos o trabalho externo nos elementos
internos. Logo a equação do trabalho virtual para este caso é:
∫=∆L
0 IE
dxMmx1
Curso de Mecânica dos Sólidos II84
Uma expressão análoga pode ser usada para achar a rotação angular de uma seção
particular. Para esse caso, no lugar de se aplicar uma força unitária virtual, aplica-se um
conjugado unitário virtual na seção invertigada.
∫=θL
0 IE
dxMmx1
Ex: Achar a deflexão vertical do ponto B da treliça de aço com juntas de pino, como mostrado
abaixo, devido às seguintes causas: (a) deformação elástica dos membros, (b) encurtamento
de 3 mm do membro AB por meio de um tensor, e (c) queda na temperatura de 60°C,
ocorrendo no membro BC. O coeficiente de expansão térmica do aço é α = 0,000012
mm/mm/°C. Desprezar a possibilidade de flambagem lateral do membro em compressão.
Tome E = 21.103 kgf/mm2.
1 – Determinar os esforços internos virtuais, pi:
mm
dx
MM
dx
Mdx/EI
B
A
C
1 m
1 m
1,25 m
A = 100 mm2
L = 1,60m
A = 160 mm2
L = 1,60m
1500 kgf
Método da Energia 85
Equilíbrio estático no ponto B:
6,1
25,1cos =θ
6,1
1sen =θ
→ 0Fx =∑ , 06,1
25,1p
6,1
25,1.p BCAB =− , pAB = pBC
↑ 0Fy =∑ , 016,1
1p
6,1
1.p BCAB =+−− , pAB = 0,8 (compressão), pBC = 0,8 (tração)
2 – Determinar os esforços internos reais, Pi:
B
A
C
RAy
1 kgf
pAB
pBC
RCy
RAx
RCx
Carregamentovirtual
B
1 kgf
pBC
pAB
θ
θ
B
A
C
RAy
1500 kgf PBC
RCy
RAx
RCx
PAB
Carregamentoreal
Curso de Mecânica dos Sólidos II86
Equilíbrio estático no ponto B:
→ 0Fx =∑ , 06,1
25,1P
6,1
25,1.P BCAB =− , PAB = PBC
↑ 0Fy =∑ , 015006,1
1P
6,1
1.P BCAB =−−− , PAB = -1200 (tração),
PBC = -1200 (compressão)
Caso (a):
Membro p (kgf) P (kgf) L (mm) E (kgf/mm2) A (mm2) p PL/EA
AB - 0,8 + 1200 1600 21000 100 - 0,7314
BC + 0,8 - 1200 1600 21000 160 - 0,4571
Σ - 1,1886
∆ = - 1,1886 mm (sentido contrário a força unitária)
Caso (b):1 x ∆ = (- 0,8)(- 3) + (+ 0,8)(0)
∆ = + 2,4 mm (mesmo sentido que a força unitária)
Caso (c):∆LBC = α L ∆T = 0,000012 . 1600 . (-60) = - 1,152 mm1 x ∆ = (- 0,8)(0) + (+ 0,8)(-1,152)
∆ = - 0,9216 mm (sentido contrário a força unitária)
Ex: Determine o deslocamento vertical do ponto C da treliça de aço abaixo. Considere as
seções transversais de cada membro A = 400 mm2 e E = 200 GPa.
B
1500 kgf
PBC
PAB
θ
θ
Método da Energia 87
1- Determinação dos esforços internos virtuais devido a uma força virtual vertical no ponto C:
0MA =∑ , RDx . 2 – 1 . 2 = 0 , RDx = 1 kN
→ 0Fx =∑ , RAx – RDx = 0 , RAx = 1 kN
Equilíbrio estático no ponto D:
→ 0Fx =∑ , - RDx + pDC = 0 , pDC = 1 kN (tração)
↑ 0Fy =∑ , RDy = 0 , RAy = 1 kN
A
B
CD1 kN
2 m
2 m2 m
RAy
RDy
RAx
RDx
AB
CD
100 kN
2 m
2 m2 m
D pDC
RDy
RDx
Curso de Mecânica dos Sólidos II88
Equilíbrio estático no ponto A:
2
2cos =θ
2
2sen =θ
↑ 0Fy =∑ , 02
2.pR ACAy =− , 2pAC = kN (compressão)
→ 0Fx =∑ , 0p2
2.pR ABACAx =+− , pAB = 0
Equilíbrio estático no ponto C:
→ 0Fx =∑ , 02
2p
2
2.pp BCACDC =++− , pBC = 0
Determinação dos esforços internos reais devido à força real vertical no ponto B:
0MA =∑ , RDx . 2 – 10 . 4 = 0 , RDx = 200 kN
→ 0Fx =∑ , RAx – 200 = 0 , RAx = 200 kN
↑ 0Fy =∑ , RAy – 100 = 0 , RAy = 100 kN
A
B
CD
0.6 L
100 kN
2 m
2 m2 m
RAy
RAx
RDx
C pDC
pBC pAC
θθ
1 kN
A RAx
pAB
pAC
θ
RAy
Método da Energia 89
Equilíbrio estático no ponto A:
↑ 0Fy =∑ , 02
2.pR ACAy =− , PAC = 2100 kN (compressão)
→ 0Fx =∑ , 0p2
2.pR ABACAx =+− , PAB = - 100 kN (compressão)
Equilíbrio estático no ponto C:
↑ 0Fy =∑ , 02
2.P
2
2.P BCAC =− , PBC = 2100 kN (tração)
→ 0Fx =∑ , 02
2P
2
2.PP BCACDC =++− , PDC = 200 kN (tração)
Membro p P (N) L (mm) A (m2) E (N/mm2) p.PL/AE
AB 0 -100.103 4.103 400 200.103 0
BC 0 2100 .103 22 .103 400 200.103 0
AC - 2 - 2100 .103 22 .103 400 200.103 7,07
CD 1 200.103 2.103 400 200.103 5
Σ 12,07
∆Cv = 12,07 mm
Ex: Achar a deflexão no meio do vão de uma viga em balanço, carregada como mostrado
abaixo. O produto EI da viga é constante.
A RAx
PAB
PAC
θ
RAy
C PDC
PBC PAC
θθ
Curso de Mecânica dos Sólidos II90
L6
xw
3
x
L
xw
2
xM
3oo −=−= (0 ≤ x ≤ L)
m = 0 (0 ≤ x ≤ L/2)
−−=
2
Lx1m (L/2 ≤ x ≤ L)
∫=∆L
0 IE
dxMmx1 = ∫∫
−
+−+
−
L
2/l
30
2/L
0
30 dx
L6
xw
2
Lx
IE
1dx
L6
xw)0(
IE
1
IE3480
Lw49 4o
A =∆
Observação: Este mesmo resultado pode ser obtido com o teorema de Castigliano, onde uma
força fictícia P deve ser aplicada em A. Logo a equação de momento seria
−−−=
2
LxP
L6
xwM
3o para (x ≥ L/2), assim
−−=
∂∂
2
Lx
P
M, que é m para (x ≥ L/2).
Ex: Achar a deflexão horizontal provocada pela força concentrada P, da extremidade da barra
curva mostrada abaixo. A rigidez EI da barra é constante. Desprezar o efeito da força cortante
sobre a deflexão.
-
Diagrama de M-
Diagrama de m
x
wo
wox/L
Carregamento real
1 kgf
L/2L/2
Carregamento virtual
A
Método da Energia 91
Se o raio de curvatura de uma barra é grande em comparação com as dimensões da
seção transversal, as fórmulas comuns de deflexão de vigas podem ser usadas, e dx pode ser
substituido por ds. Neste caso, ds = R dθ.
∫=∆L
0 IE
dxMmx1 =
( )[ ]( )∫
π θθ−θ−−2/
0 IE
dRsenPRcos1R
∆= IE2
RP 3+
P
R
1 kgf
θ
R(1-cosθ)
m=-R(1-cosθ)
P
θ
M=-PRsenθ
Rsenθ
Curso de Mecânica dos Sólidos II92
13 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
ELEMENTOS FINITOS PARA TRELIÇAS
13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra
Considere um elemento de barra de comprimento L, módulo de elasticidade E, e seção
transversal A. As duas extremidades são denotadas pontos nodais ( ou simplesmente nós) 1 e
2. Sobre estes nós estão atuando as forças (externas ao elemento) P1 e P2, respectivamente.
Correspondendo a estas duas forças, há dois deslocamentos u1 e u2 chamados graus de
liberdade.
Para um elemento de barra com tensão axial constante ou deformação axial constante,
o deslocamento axial pode ser assumido variar linearmente em x:
u(x) = a1 + a2x (1)
com a1 e a2 constantes à serem determinadas pela imposição das condições de contorno:
p/ x = 0, u(x) = u(0) = u1 = a1
p/ x = L, u(x) = u(L) = u2 = a1+ a2L, L
uua 12
2−
=
Substituindo os resultados de a1 e a2 em (1), temos:
u(x) = f1(x) u1 + f2(x) u2 (2)
onde f1(x) e f2(x) são ditas funções de forma e são da forma:
1 2
P1, u1 P2, u2L
x
E, A
Método dos Elementos 93
L
x1)x(f1 −= e
L
x)x(f2 = (3)
Para o caso de tensões e deformações uniaxiais, a deformação é definida como:
x
u
∂∂
=ε (4)
ou:
2'21
'12
21
1 u)x(fu)x(fux
)x(fu
x
)x(f+=
∂∂
+∂
∂=ε (5)
A força axial atuando ao longo do elemento é:
x
uAEAEAP
∂∂
=ε=σ= (6)
ou:
[ ]2'21
'1 u)x(fu)x(fAEP += (7)
A expressão de energia de deformação para o caso de barras solicitadas axialmente é:
dxAE2
PU
L
0
2
∫= (8)
Substituindo Eq. (7) na Eq. (8), temos:
[ ] dxu)x(fu)x(f2
AEU
L
0
22
'21
'1∫ += (9)
Aplicando o primeiro teorema de Castigliano, Pu
U=
∂∂
, temos:
Curso de Mecânica dos Sólidos II94
[ ] dx)x(fu)x(fu)x(f2
AE2
u
UP '
1
L
02
'21
'1
11 ∫ +=
∂∂
=
ou:
2
L
0
'2
'11
L
0
'1
'11 udx)x(f).x(fAEudx)x(f).x(fAEP
+
= ∫∫ (10)
e:
[ ] dx)x(fu)x(fu)x(f2
AE2
u
UP '
2
L
02
'21
'1
22 ∫ +=
∂∂
=
ou:
2
L
0
'2
'21
L
0
'1
'22 udx)x(f).x(fAEudx)x(f).x(fAEP
+
= ∫∫ (11)
As Eq. (10) e (11) colocadas em forma matricial são:
=
2
1
2221
1211
2
1
u
u
kk
kk
P
P ou { } [ ]{ }ukP = (12)
onde [k] é a matriz de rigidez do elemento de barra com seus coeficientes definidos da
seguinte maneira:
∫=L
0
'j
'iij dx)x(f).x(fAEK (13)
Usando Eq. (3), a matriz de rigidez elementar é:
[ ]
−
−=
11
11
L
AEk (14)
13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário
A matriz de rigidez de um elemento de barra dada pela Eq. (14) é obtida quando o
elemento está disposto paralelamente ao sistema de eixos x-y. Para os casos mais gerais de
Método dos Elementos 95
treliças, as barras estão dispostas aleatóriamente no plano x-y. Assim, é necessário determinar
uma matriz de rigidez genérica, fazendo um ângulo φ com o eixo x:
A relação entre os deslocamentos u e v medidos no sistema de coordenadas x-y com u
e v medidos no sistema de coordenadas yx − para cada nó é:
φ+φ= senvcosuu 111
φ+φ= senvcosuu 222
φ+φ−= cosvsenuv 111 (15)
φ+φ−= cosvsenuv 222
As relações dadas pelas Eqs.(15) colocadas em forma matricial são:
−
−=
2
2
1
1
2
2
1
1
v
u
v
u
cs00
sc00
00cs
00sc
v
u
v
u
ou { } [ ]{ }qTq = (16)
com c = cos φ, s = sen φ e [T] é a matriz de transformação.
Uma mesma relação pode ser obtida considerando forças não existentes na direção y ,
y1P e y2P :
x
y
xy
2
P2y, v2
22 u,P
E, A, L
1P1x, u1
P1y, v1
φ
11 u,P
1v
2v
u1φ
v1
1v
u1
P2x, u2
φ v11u
Curso de Mecânica dos Sólidos II96
−
−=
y2
x2
y1
x1
y2
x2
y1
x1
P
P
P
P
cs00
sc00
00cs
00sc
P
P
P
P
ou { } [ ]{ }PTP = (17)
A matriz de rigidez dada pela Eq. (14) pode ser expandida considerando os
deslocamentos 1v e 2v , e forças inexixtentes, y1P e y2P :
−
−
=
2
2
1
1
y2
x2
y1
x1
v
u
v
u
0000
0101
0000
0101
L
AE
P
P
P
P
ou { } [ ]{ }qkP = (18)
Substituindo as Eq. (16) e Eq. (17) na Eq. (18), temos:
[ ]{ } [ ][ ]{ }qTkPT = (19)
ou:
{ } [ ] [ ][ ]{ } [ ] [ ][ ]{ }qTkTqTkTP t1 == − (20)
Logo, a matriz de rigidez de um elemento de barra obtida em um sistema de
coordenadas arbitrário é:
[ ] [ ] [ ][ ]
−−−−
−−−−
==
22
22
22
22
t
scsscs
csccsc
scsscs
csccsc
L
AETkTk (21)
13.3 – Força axial nos elementos
É possível verificar que o elemento está em equilíbrio fazendo:
P1x cos φ + P1y sen φ + P2x cos φ + P2y sen φ = 0
ou:
Método dos Elementos 97
0PP 21 =+ (22)
Portanto, determinando 1P ou 2P é possível verificar se o elemento está sendo
tracionado ou comprimido através da Eq. (22):
−−−−
−−−−
=
2
2
1
1
22
22
22
22
y2
x2
y1
x1
v
u
v
u
scsscs
csccsc
scsscs
csccsc
L
AE
P
P
P
P
(23)
ou:
( ) ( )[ ]21212
x1 vvcsuucL
AEP −+−=
( ) ( )[ ]21212
y1 uucsvvsL
AEP −+−= (24)
Da Eq. (22) tem-se que:
sPcPP y1x11 +=
ou:
( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ]212
212
212
212
1 uuscvvssL
AEvvscuucc
L
AEP −+−+−+−=
( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ]2121212122
1 vvsuucL
AEvvsuucsc
L
AEP −+−=−+−+= (25)
Determinados os deslocamentos nodais u1, v1, u2 e v2, é possível verificar se o
elemento de barra está sendo tracionado ou comprimido usando a Eq. (25).
13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global
Para demostrar como as matrizes elementares são montadas, considere a treliça com
barras de comprimento L e rigidez axial EA.
Curso de Mecânica dos Sólidos II98
Das condições de contorno tem-se: u1 = 0, v2 = 0, u3 = 0 e v3 = 0, e R2 = 0 e R3 = P.
As matrizes elementares são:
Elemento 1-2:
−
−
=
−
−
=
2
2
1
1
2
2
1
1
y2
x2
y1
x1
v
u
v
u
0000
0404
0000
0404
L4
AE
v
u
v
u
0000
0101
0000
0101
L
AE
P
P
P
P
Elemento 2-3:
−−−−−−
−−
=
3
3
2
2
y3
x3
y2
x2
v
u
v
u
3333
3131
3333
3131
L4
AE
P
P
P
P
21
3
R2x, u2
R2y, v2R1y, v1
R1x, u1
R3x, u3
R3y, v3
x
y
21
3
P60°
120°
Método dos Elementos 99
Elemento 1-3:
−−−−
−−−−
=
3
3
1
1
y3
x3
y1
x1
v
u
v
u
3333
3131
3333
3131
L4
AE
P
P
P
P
com:
Elemento φ c s c2 cs s2
1-2 0° 1 0 1 0 0
2-3 120°2
1−2
34
14
3− 43
1-3 60°2
12
34
14
34
3
Assim como os elementos estão em equilíbrio, os nós também o estão. Logo, a soma
das forças externas da treliça aplicadas em um nó deve ser igual a soma das forças internas
dos elementos neste nó. Assim:
Nó 1:
R1x – P1x (elemento 1-2) – P1x (elemento 1-3) = 0
R1y – P1y (elemento 1-2) – P1y (elemento 1-3) = 0
Nó 2:
R2x – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0
R2y – P2y (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) = 0
Nó 3:
R3x – P3x (elemento 1-3) – P3x (elemento 2-3) = 0
R3y – P3y (elemento 1-3) – P3y (elemento 2-3) = 0
Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a
matriz de rigidez global da treliça:
Curso de Mecânica dos Sólidos II100
======
+−−−−−+−−−
−−−−+−
−−−−−+
=
======
0v
0u
0v
?u
?v
0u
33333333
33113131
333300
3131404
330033
3104314
L4
AE
?R
?R
?R
PR
0R
?R
3
3
2
2
1
1
y3
x3
y2
x2
y1
x1
Das equações 2 e 3 é possível determinar os deslocamentos restantes:
( )21 u.0v.3L4
AE0 += , v1 = 0
( )21 u.5v.0L4
AEP += ,
AE5
LP4u2 =
E das equações 1, 4, 5 e 6 é possível determinar as forças aplicadas nos nós:
( )21x1 u.4v.3L4
AER −= ,
5
P4R x1 −=
( )21y2 u.3v.0L4
AER −= ,
5
P3R y2 −=
( )21x3 u.1v.3 L4
AER −−= ,
5
PR x3 −=
( )21y3 u.3v.3L4
AER +−= ,
5
P3R y3 =
Para verificar se os valores das reações estão corretos, basta verificar se a treliça está
em equilíbrio:
↑ ∑ = 0Fy , R2y + R3y = 5
P3
5
P3+− = 0 (ok)
→ ∑ = 0Fx , R1x + R3x + P = 0 , P5
P
5
P4+−− (ok)
∑ = 0M1 , R2y.L + R3y.L.cos 60 – R3x.L.sen 60 = 2
3L
5
P
2
1L
5
P3L
5
P3++− = 0 (ok)
Os esforços internos nas barras são encontrados usando a Eq. (25):
Método dos Elementos 101
( ) ( )[ ]2121)21(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
( )
−+
−=− 00.0
AE5
LP40.1
L
AEP )21(1 ,
5
P4P )21(1 −=− (tração)
( ) ( )[ ]3232)32(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
( )
−+
−−=− 00.2
30AE5
LP4.2
1L
AEP )32(1 ,
5
P2P )32(1 −=− (tração)
( ) ( )[ ]3131)31(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
( ) ( )
−+−=− 00.2
300.21
L
AEP )31(1 , 0P )31(1 =−
13.5 – Exemplos
Ex.1 - Considere a treliça articulada abaixo com E = 200 GPa e A = 600 mm2. Determine pelo
método dos elementos finitos os deslocamentos dos nós e os esforços internos das barras.
x
y
5 kN
2 m
1,5 m 1,5 m1
2
34
R1y, v1
R1x, u1
R3y, v3
R3x, u3
R2y, v2
R2x, u2
1
2
3 4
R4x, u4
R4y, v4
φ1
φ2
Curso de Mecânica dos Sólidos II102
As condições de contorno são: u2 = 0, v2 = 0, u4 = 0, v4 = 0. Sabe-se também que R1x =
0, R1y = 0, R3x = 0, : R3y = - 5000. E as matrizes elementares são:
Elemento 1-2:
−
−
=
2
2
1
1
y2
x2
y1
x1
v
u
v
u
0000
025025
0000
025025
L25
AE
P
P
P
P
Elemento 1-3:
−−−−
−−−−
=
3
3
1
1
y3
x3
y1
x1
v
u
v
u
16121612
129129
16121612
129129
L25
AE
P
P
P
P
Elemento 2-3:
−−−−−−
−−
=
3
3
2
2
y3
x3
y2
x2
v
u
v
u
16121612
129129
16121612
129129
L25
AE
P
P
P
P
Elemento 3-4:
−
−
=
4
4
3
3
y4
x4
y3
x3
v
u
v
u
0000
025025
0000
025025
L25
AE
P
P
P
P
com:
Elemento φ c s c2 cs s2
1-2 0° 1 0 1 0 0
1-3 φ15
35
425
925
1225
16
2-3 φ25
3− 54
259
2512− 25
16
3-4 0° 1 0 1 0 0
Método dos Elementos 103
Impondo o equilíbrio estático nos nós, temos:
Nó 1:
R1x – P1x (elemento 1-2) – P1x (elemento 1-3) = 0
R1y – P1y (elemento 1-2) – P1y (elemento 1-3) = 0
Nó 2:
R2x – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0
R2y – P2y (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) = 0
Nó 3:
R3x – P3x (elemento 1-3) – P3x (elemento 2-3) – P3x (elemento 3-4) = 0
R3y – P3y (elemento 1-3) – P3y (elemento 2-3) – P3y (elemento 3-4) = 0
Nó 4:
R4x – P4x (elemento 3-4) = 0
R4y – P4y (elemento 3-4) = 0
Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a
matriz de rigidez global da treliça:
=====
===
−
+−−−−
−−++−−−
−−
−−+−
−−
−−−+
=
==
−=====
=
0v
0u
?v
?u
0v
0u
?v
?u
00000000
05,22505,1
250000
005,216
5,216
5,212
5,212
5,216
5,212
5,216
5,212
05,225
5,212
5,212
5,125
5,29
5,29
5,212
5,29
5,212
5,29
005,216
5,212
5,216
5,21200
005,212
5,29
5,212
5,29
32505,2
25
005,216
5,212005,2
165,2
12
005,212
5,2905,2
255,2
125,2
93
25
L25
AE
?R
?R
5000R
0R
?R
?R
0R
0R
4
4
3
3
2
2
1
1
y4
x4
y3
x3
y2
x2
y1
x1
Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 1, 2, 5 e 6 e
considerando as condições de contorno de deslocamento, tem-se:
====
−−
+−−
−−
−−+
=
−====
?v
?u
?v
?u
5,23205,2
165,2
12
05,125
5,218
5,212
5,29
5,216
5,212
5,216
5,212
5,212
5,29
5,212
5,212
325
L25
AE
5000R
0R
0R
0R
3
3
1
1
y3
x3
y1
x1
Invertendo o sistema acima, temos:
Curso de Mecânica dos Sólidos II104
−====
−
−
=
====
5000R
0R
0R
0R
19,0045,0224,00
045,006,009,00
224,009,0515,009,0
0009,012,0
AE
25
?v
?u
?v
?u
y3
x3
y1
x1
3
3
1
1
Resolvendo o sistema obtem-se que u1 = 0, v1 = –0,23 mm, u3 = – 0,047 mm e v3 = –
0,198 mm.
Voltando ao sistema de equações original e tomando as linhas 3, 4, 7 e 8, obtem-se as
reações de apoio R2x = – 3749,76 N, R2y = 4999,68 N, R4x = 3760 N e R4y = 0.
Pode-se comparar os valores obtidos com o método dos elementos finitos com os
valores obtidos analiticamente:
∑ = 0M 4 , 5000 . 1,5 + R2x . 2 = 0 , R2x = – 3750 N
↑ ∑ = 0Fy , – 5000 + R2y = 0 , R2y = 5000 N
→ ∑ = 0Fx , R2x + R4x = 0 , R4x = 3750 N
Os esforços internos nas barras são encontrados usando a Eq. (25):
( ) ( )[ ]2121)21(1 vv.suu.cL
AEP −+−=− , 0P )21(1 =−
( ) ( )[ ]3131)31(1 vv.suu.cL
AEP −+−=− , 0P )31(1 ≈−
( ) ( )[ ]3232)32(1 vv.suu.cL
AEP −+−=− , 6250P )32(1 =− (compressão)
( ) ( )[ ]4343)43(1 vv.suu.cL
AEP −+−=− , 3750P )43(1 −=− (tração)
Ex.2 - Considere a treliça articulada simétrica com sete barras de comprimento L e rigidez
axial EA.
x
y
P
L
60° 60°
60°60° 60°
Método dos Elementos 105
Devido a simetria da treliça e do carregamento, as condições de contorno são: v1 = 0,
v5 = 0, u3 = 0, u1 = - u5, u2 = - u4 e v2 = v4. Tem-se também: R1x = 0, R2x = 0, R2y = 0, R3x = 0,
R3y = -P, R4x = 0, R4y = 0 e R5x = 0.
As matrizes elementares são:
Elemento 1-2 e elemento 3-4:
−−−−
−−−−
=
2
2
1
1
y2
x2
y1
x1
v
u
v
u
3333
3131
3333
3131
L4
AE
P
P
P
P
−−−−
−−−−
=
4
4
3
3
y4
x4
y3
x3
v
u
v
u
3333
3131
3333
3131
L4
AE
P
P
P
P
Elemento 2-3 e elemento 4-5:
−−−−−−
−−
=
3
3
2
2
y3
x3
y2
x2
v
u
v
u
3333
3131
3333
3131
L4
AE
P
P
P
P
−−−−−−
−−
=
5
5
4
4
y5
x5
y4
x4
v
u
v
u
3333
3131
3333
3131
L4
AE
P
P
P
P
1
R1y, v1
R1x, u1
2
R2y, v2
R2x, u2
3
R3y, v3
R3x, u3 5
R5y, v5
R5x, u5
4
R4y, v4
R4x, u4
Curso de Mecânica dos Sólidos II106
Elemento 1-3, elemento 2-4 e elemento 3-5:
−
−
=
3
3
1
1
y3
x3
y1
x1
v
u
v
u
0000
0404
0000
0404
L4
AE
P
P
P
P
−
−
=
4
4
2
2
y4
x4
y2
x2
v
u
v
u
0000
0404
0000
0404
L4
AE
P
P
P
P
−
−
=
5
5
3
3
y5
x5
y3
x3
v
u
v
u
0000
0404
0000
0404
L4
AE
P
P
P
P
com:
Elemento φ c s c2 cs s2
1-2, 3-4 60°2
12
34
14
34
3
2-3, 4-5 -60°2
12
3−4
14
34
3−
1-3, 2-4, 3-5 0° 1 0 1 0 0
Impondo o equilíbrio nos nós, temos:
Nó 1:
P1 = P1x (elemento 1-2) + P1x (elemento 1-3)
P2 = P1y (elemento 1-2) + P1y (elemento 1-3)
Nó 2:
P3 = P2x (elemento 1-2) + P2x (elemento 2-3) + P2x (elemento 2-4)
P4 = P2y (elemento 1-2) + P2y (elemento 2-3) + P2y (elemento 2-4)
Nó 3:
P5 = P3x (elemento 1-3) + P3x (elemento 2-3) + P3x (elemento 3-4) + P3x (elemento 3-5)
P6 = P3y (elemento 1-3) + P3y (elemento 2-3) + P3y (elemento 3-4) + P3y (elemento 3-5)
Nó 4:
P7 = P4x (elemento 2-4) + P4x (elemento 3-4) + P4x (elemento 4-5)
Método dos Elementos 107
P8 = P4y (elemento 2-4) + P4y (elemento 3-4) + P4y (elemento 4-5)
Nó 5:
P9 = P5x (elemento 3-5) + P5x (elemento 4-5)
P10 = P5y (elemento 3-5) + P5y (elemento 4-5)
Fazendo a soma das forças em cada um dos nós usando as matrizes elementares,
obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça:
==
=====
===
−−
−+−−−−+−−−
−−++−−−−−−−+−−
−−−+−+++−−−−+−−−
−−−++−−−−
−−−+
=
=
===−=
=====
0v
?u
?v
?u
?v
0u
?v
?u
0v
?u
3333000000
31431040000
333333330000
3133114310400
003333333300
04313341143104
000033333333
0004313341131
0000003333
00000431341
L4
AE
?R
0R
0R
0R
PR
0R
0R
0R
?R
0R
5
5
4
4
3
3
2
2
1
1
y5
x5
y4
x4
y3
x3
y2
x2
y1
x1
Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e
9 e considerando as condições de contorno de deslocamento, tem-se:
−−−
−−−
−−−
−−
=
===−=
===
3
2
2
1
x5
y4
x4
y3
y2
x2
x1
v
v
u
u
0315
3603
30101
66320
3603
30101
0315
L4
AE
0R
0R
0R
PR
0R
0R
0R
Tomando somente as quatro primeiras equações ou as quatro últimas equações:
−−−
−−−
=
−====
3
2
2
1
y3
y2
x2
x1
v
v
u
u
66320
3603
30101
0315
L4
AE
PR
0R
0R
0R
Das duas primeiras equações, temos:
−−
=
2
1
3
2
u
u
101
15
3
3
v
v
Curso de Mecânica dos Sólidos II108
E das duas últimas equações, temos:
−
=
1
1
AE
LP
6
3
u
u
2
1
Logo:
−−
=
11
6
AE6
LP
v
v
3
2
Das equações 2 e 10 é possível constatar que R1y = R5y = P/2. Os esforços internos nas
barras são encontrados usando a Eq. (25):
( ) ( )[ ]2121)21(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
++
−−=− AE
LP0.
2
3
AE
LP
6
3
AE
LP
6
3.
2
1
L
AEP )21(1 ,
3
P3P )21(1 =− (compressão)
( ) ( )[ ]3232)32(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
+−−
−=− AE
LP
6
11
AE
LP.
2
30
AE
LP
6
3.
2
1
L
AEP )32(1 ,
3
P3P )32(1 −=− (tração)
( ) ( )[ ]3131)31(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
+−
−−=− AE
LP
6
110.00
AE
LP
6
3.1
L
AEP )31(1 ,
6
P3P )31(1 −=− (tração)
( ) ( )[ ]4242)42(1 vv.suu.cL
AEP −+−=−
−+−+
+=− AE
LP
AE
LP0
AE
LP
6
3
AE
LP
6
3.1
L
AEP )42(1 ,
3
P3P )42(1 =− (compressão)
Devido a simetria da treliça:
3
P3PP )21(1)54(1 == −− (compressão)
6
P3PP )31(1)53(1 −== −− (tração)
Método dos Elementos 109
3
P3PP )32(1)43(1 −== −− (tração)
ELEMENTOS FINITOS PARA VIGAS
13.6 – Matriz de rigidez de um elemento de viga
Considere um elemento de viga de comprimento L, módulo de elasticidade E, e
momento de inércia I. As duas extremidades são denotadas pontos nodais ( ou simplesmente
nós) 1 e 2. Em cada nó há uma deflexão v e uma rotação θ (∂v/∂x), chamados graus de
liberdade. Correspondendo a estes dois graus de liberdade v e θ há dois esforços internos,
uma força cortante F e um momento M, respectivamente.
A deflexão v é assumida ser umafunção polinomial cúbica em x:
v(x) = a1 + a2x + a3x2 + a4x
3 (1)
com a1, a2, a3 e a4 constantes à serem determinadas pela imposição das condições de contorno:
p/ x = 0, v = v1 , 1x
vθ=
∂∂
p/ x = L, v = v2 , 2x
vθ=
∂∂
Aplicando as condições de contorno em (1), temos:
=
θ
θ
4
3
2
1
3
32
2
2
1
1
a
a
a
a
L3L210
LLL1
0010
0001
v
v
(2)
1 2
M1, θ1 M2, θ2L
xE, I
F1, v1 F2, v2
y, v
Curso de Mecânica dos Sólidos II110
A matriz inversa de (2) fornece as constantes a1, a2, a3 e a4:
θ
θ
−−−−
=
2
2
1
1
22
3
3
4
3
2
1
v
v
L2L2
LL3L2L3
00L0
000L
a
a
a
a
(3)
Substituindo (3) em (1) e reagrupando, obtemos a forma final da função deflexão:
24231211 )x(fv)x(f)x(fv)x(f)x(v θ++θ+= (4)
onde f1(x), f2(x), f3(x) e f4(x) são funções de forma dadas por:
32
1 L
x2
L
x31)x(f
+
−=
+
−=
2
32
2L
x
L
x2x)x(f
32
3 L
x2
L
x3)x(f
−
= (5)
+
−=
2
32
4L
x
L
x)x(f
A expressão de energia de deformação para o caso de vigas solicitadas em flexão é (a
energia devido ao cortante é desprezível):
dxIE2
MU
L
0
2
∫= (6)
Sabe-se que 2
2
x
vIEM
∂∂
= e considerando EI constante ao longo da viga, temos:
dxx
v
2
IEU
L
0
2
2
2
∫
∂∂
= (7)
A segunda derivada da deflexão é:
2''
42''
31''
21''
12
2
)x(fv)x(f)x(fv)x(fx
vθ++θ+=
∂∂
(8)
Método dos Elementos 111
onde:
32''
L
x12
L
6)x(f
1+−=
2''
2L
x6
L
4)x(f +−=
32''
3L
x12
L
6)x(f −= (5)
2''
4L
x6
L
2)x(f +−=
Aplicando o primeiro teorema de Castigliano, Fv
U=
∂∂
, temos:
[ ] dx)x(f)x(fv)x(f)x(fv)x(f2
IE2
v
UF ''
1
L
02
''42
''11
''21
''1
11 ∫ θ++θ+=
∂∂
= (6)
ou:
1142131121111 kvkkvkF θ++θ+= (7)
onde:
dx)x(f).x(fIEkL
0
''1
''111 ∫=
∫=L
0
''2
''112 dx)x(f).x(fIEk
dx)x(f).x(fIEkL
0
''3
''113 ∫= (8)
∫=L
0
''2
''114 dx)x(f).x(fIEk
Considerando que MU
=θ∂
∂, e generalizando para os graus de liberdade θ1, v2 e θ2,
tem-se a forma generalizada para os termos da matriz de rigidez:
dx)x(f).x(fIEkL
0
''j
''iij ∫= (9)
Curso de Mecânica dos Sólidos II112
Colocando em forma matricial o resultado das integrais, obtem-se a matriz de rigidez
elementar para um elemento de viga:
θ
θ
−
−−−
−
−
=
2
2
1
1
22
22
2
2
1
1
v
v
4L
62
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
2L
64
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
L
IE
M
F
M
F
ou { } [ ]{ }qkF = (10)
13.7 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga
O elemento está em equilíbrio:
a) ∑ yF , F1 + F2 = 0L
6v
L
12
L
6v
L
12
L
6v
L
12
L
6v
L
12222112222112
=
θ−+θ−−+
θ+−θ+
b) ∑ 2M = 0, F1.L – M1 – M2
= 04vL
62v
L
62v
L
64v
L
6L
L
6v
L
12
L
6v
L
1222112211222112
=
θ+−θ+−
θ+−θ+−
θ+−θ+
A matriz elementar é singular:
Como as linhas 1 e 3 da matriz elementar são iguais com exceção do sinal, a matriz é singular.
Ou seja, a matriz elementar não tem inversa, logo não há solução. A interpretação física dada
a este fato é que não há nenhuma condição de contorno (v1, θ1, v2, θ2 são desconhecidos),
logo o elemento estaria instável. Impondo uma condição qualquer ao elemento, como por
exemplo um engaste no nó 1 (v1 = 0, θ1 = 0), a matriz resultante seria não mais singular:
θ
−
−=
2
22
2
2 v
4L
6L
6
L
12
L
IE
M
F
Ex: Usando dois elementos do tipo viga, determine a forma das deflexões, as reações de apoio
e traçe os diagramas de força cortante e de momento fletor.
Método dos Elementos 113
As condições de contorno são: v1 = 0, θ1 = 0, v3 = 0. Sabe-se também que P3 = –P, P4
= PL, P6 = 0. E as matrizes elementares são:
Elemento 1-2:
θ
θ
−
−−−
−
−
=
2
2
1
1
22
22
2
2
1
1
v
v
4L
62
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
2L
64
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
L
IE
M
F
M
F
Elemento 2-3:
θ
θ
−
−−−
−
−
=
3
3
2
2
22
22
3
3
2
2
v
v
4L2
62
L2
6L2
6
)L2(
12
L2
6
)L2(
12
2L2
64
L2
6L2
6
)L2(
12
L2
6
)L2(
12
L2
IE2
M
F
M
F
Considerando que os esforços nos nós F1, M1, F2, M2, F3, M3 são externos ao elemento
e que P1, P2, P3, P4, P5, P6 são forças externas aplicadas nos nós da viga, tem-se a igualdade:
Nó 1:
P1 = F1
3P L
L
xE I1
y, v
2 E I
2L2
P2, θ1
P4, θ2
P1, v1P3, v2
P6, θ3
P5, v3
Curso de Mecânica dos Sólidos II114
P2 = M2
Nó 2:
P3 = F2 (elemento 1-2) + F2 (elemento 2-3)
P4 = M2 (elemento 1-2) + M2 (elemento 2-3)
Nó 3:
P5 = F3
P6 = M3
Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a
matriz de rigidez global da treliça:
=θ==θ==θ=
−
−−
−++−
−+−+−=
==
=−=
==
?
0v
?
?v
0
0v
4L
32
L
300
2L
3
L
3
L
300
2L
344
L
3
L
62
L
6L
3
L
3
L
3
L
6
L
3
L
12
L
6
L
12
002L
64
L
6
00L
6
L
12
L
6
L
12
L
IE
0P
?P
PLP
PP
?P
?P
3
3
2
2
1
1
22
2222
22
6
5
4
3
2
1
Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 3, 4, e 6 e
considerando as condições de contorno, tem-se:
=θ=θ=
−
−
=
==
−=
?
?
?v
42L
3
28L
3L
3
L
3
L
15
L
IE
0P
PLP
PP
3
2
22
6
4
3
A matriz inversa do sistema acima é:
−
−−
−
−
=
θθ
0
PL
P
L
15
L
39
L
30L
39
L
51
L
18L
30
L
1828
IE276
Lv
22
22
3
3
2
2
,
−
−
=
θθ
L
9L
3310
IE276
LPv
3
3
2
2
Método dos Elementos 115
A deflexão em qualquer ponto de coordenada x dentro do elemento é determinada pela
Eq. (4). As inclinações também em qualquer ponto são obtidas pela derivada da Eq. (4).
Retornando ao sistema original, obtem-se as reações de apoio:
−
=
46
P746
PL2146
P53
P
P
P
5
2
1
Pode-se comparar os valores obtidos com o método dos elementos finitos com os
valores obtidos analiticamente:
∑ 1M , P5 . 3L – P . L + P . L + P2 = 046
PL21L3.
46
P7=+− (ok)
↑ ∑ yF , P1 – P +P5 = 046
P7P
46
PL53=+− (ok)
Os diagramas de força cortante e de momento fletor são obtidos substituindo os graus
de liberdade obtidos anteriormente nas matrizes elementares:
Elemento 1-2:
−=
−
−
−−−
−
−
=
46
PL1646
P5346
PL2146
P53
IE
PL
276
33IE
PL
276
100
0
4L
62
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
2L
64
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
L
IE
M
F
M
F
2
3
22
22
2
2
1
1
Elemento 2-3:
−
=
−
−
−
−−−
−
−
=
046
P723
PL746
P7
IE
PL
276
90
IE
PL
276
33IE
PL
276
10
4L2
62
L2
6L2
6
)L2(
12
L2
6
)L2(
12
2L2
64
L2
6L2
6
)L2(
12
L2
6
)L2(
12
L2
IE2
M
F
M
F
2
2
3
22
22
3
3
2
2
Curso de Mecânica dos Sólidos II116
Observação: A força cortante é considerada positiva quando gira a seção no sentido anti-
horário e o momento fletor é considerado positivo quando traciona as fibras inferiores. As
equações de força cortante e de momento fletor podem ser obtidas através das equações
diferenciais Mx
vEI
2
2
=∂∂
e Vdx
dM−= , uma vez determinada a equação de v(x) para cada
elemento.
13.7 – Vigas com carga distribuida
Nos casos onde as cargas não são concentradas nos nós como anteriormente mas
distribuidas ao longo de um trecho da viga, estas cargas devem ser transformadas em cargas
concentradas de maneira a poderem ser aplicadas nos nós.
Um método frequentemente utilizado para esta finalidade é o método do trabalho da
carga equivalente. O método consiste em transformar o trabalho produzido por uma carga
distribuida em um trabalho produzido por forças concentradas desconhecidas nos nós do
elemento.
Assim, o trabalho produzido por concentradas desconhecidas nos nós do elemento é da
forma:
P L
Forçacortante
16/23 PL
7/23 PL21/46 PL
53/46 P
7/46 P
Momentofletor
P
P L
Método dos Elementos 117
[ ]
θ
θ=
2
2
1
1
'2
'2
'1
'
v
v
MFMF2
1W
1 (11)
E o trabalho realizado pela carga distribuida é da forma:
dx)x(v).x(w2
1W
L
0∫= (12)
onde a deflexão é da forma:
[ ]
θ
θ=
2
2
1
1
4321 v
v
)x(f)x(f)x(f)x(f)x(v (13)
Como o trabalho realizado em (11) deve ser igual ao trabalho realizado em (12), tem-
se que:
=
∫
∫
∫
∫
L
04
L
03
L
02
L
01
'2
'2
'1
'1
)x(f).x(w
)x(f).x(w
)x(f).x(w
)x(f).x(w
M
F
M
F
(14)
Ex: Considere a viga com carregamento linearmente distribuido como mostrado abaixo.
Determine a inclinação e a deflexão no nó 1. O carregamento é do tipo
−=
L
xw)x(w o e E I
é constante.
L
1
2
wo
x
Curso de Mecânica dos Sólidos II118
Os esforços nodais devido ao carregamento são calculados da seguinte maneira:
20
Lw3dx
L
x2
L
x31
L
xwF o
L
0
32
o'1
−=
+
−−= ∫
30
Lwdx
L
x
L
x2x
L
xwM
2o
L
02
32
o'1
−=
+
−−= ∫
20
Lw7dx
L
x2
L
x3
L
xwF o
L
0
32
o'2 −=
−
−= ∫
20
Lwdx
L
x
L
x
L
xwM
2o
L
02
32
o'2 =
+
−−= ∫
As condições de contorno para este caso são, v2 = 0 e θ2 = 0. Sabe-se também que F1 =
0 e M1 = 0. Impondo o equilíbrio em cada nó e considerando a matriz de rigidez do elemento
1-2, tem-se:
=θ==θ=
−
−−−
−
−
=
++++
0
0v
?
?v
4L
62
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
2L
64
L
6L
6
L
12
L
6
L
12
L
IE
MM
FF
MM
FF
2
2
1
1
22
22
'22
'22
'11
'11
Tomando somente as duas primeiras linhas do sistema acima e considerando as
condições de contorno, temos:
=θ=
=
−
−
?
?v
4L
6L
6
L
12
L
IE
30
Lw0
20
Lw30
1
12
2o
o
1 2
F1’
F2’
M1’ M2
’
M1 F1M2
F2
Método dos Elementos 119
A inversão o sistema fornece os graus de liberdade no nó 1:
−=
−
−
−
−=
θ24
130
L
IE
Lw
30
Lw20
Lw3
L
12
L
6L
64
IE12
Lv 3o
2o
o
2
3
1
1
As reações de apoio são determinadas tomando as duas últimas linhas do sistema
inicial:
θ
−
−−=
+
−
1
12
2o
2
o2 v
2L
6L
6
L
12
L
IE
20
LwM
20
Lw7F
+
−
−
−−
=
+
−
24
1
IE
Lw2
30
L
IE
Lw
L
6
24
1
IE
Lw
L
6
30
L
IE
Lw
L
12
L
IE
20
LwM
20
Lw7F
3o
3o
3o
3o
2
2o
2
o2
−=
6
Lw2
Lw
M
F2
o
o
2
2
Estes resultados podem ser confirmados através das equações de equilíbrio estático,
∑ = 0Fy e ∑ = 0M 2 .
Ex: Considere a viga com carregamento distribuido como mostrado abaixo. Determine a
inclinação no nó 1 e a deflexão no nó 2. E I é constante.
3
y
L/2
1
L/22
w
Curso de Mecânica dos Sólidos II120
Por causa da simetria, é necessário modelar somente metade da viga através de um
único elemento. Para este caso, as condições de contorno são, v1 = 0 e θ2 = 0. A matriz
elementar do elemento 1-2 é:
=θ==θ=
−
−−−
−
−
=
0
?v
?
0v
4
2L6
2
2L6
2L6
)2L(
12
2L6
)2L(
12
2
2L6
4
2L6
2L6
)2L(
12
2L6
)2L(
12
2L
IE
M
F
M
F
2
2
1
1
22
22
2
2
1
1
De acordo com a Eq. (14), os esforços externos são:
48
wLdx
)2/L(
x
2/L
x2xwM
22/L
02
32
1 −=
+
−−= ∫
4
wLdx
L
x2
L
x3wF
2/L
0
32
2 −=
−
−= ∫
Substituindo M1 e F2 na matriz elementar e considerando os graus de liberdade
conhecidos, temos:
θ
−
−
=
−
−
2
1
2
2
v)L2(
12
2L6
2L6
4
2L
IE
4
wL48
wL
A inversa do sistema acima fornece a solução do sistema:
−=
−
−
=
θ
16
L51
IE24
wL
4
wL48
wL
1L
3L
3
L
12
IE24
L
v
3
2
23
2
1
Flambagem de Colunas 121
14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS
14.1 – Introdução
O projeto de elementos estruturais e de máquimas é baseado em três características:
resistência, rigidez e estabilidade. No estudo da flambagem de colunas, onde se analisa a
possibilidade de instabilidade dos sistemas estruturais, deve-se obter parâmetros críticos
adicionais que determinam se uma dada configuração ou deformação em um dado sistema é
permitido.
Para o estudo da flambagem de vigas, utilizar-se-a barras delgadas, denominadas
colunas, com carregamento axial, submetidas simultameamente à flexão. O problema consiste
portanto em determinar as magnitudes das cargas axiais críticas nas quais ocorre flambagem e
as correspondentes formas das colunas flambadas.
14.2 - Carga crítica
A máxima carga que uma coluna pode suportar é chamada carga crítica Pcr. Qualquer
carga acima de Pcr pode causar a ruptura da estrutura ou do mecanismo.
De maneira a entender a natureza da instabilidade, considere um mecanismo com duas
barras rígidas sem peso e articuladas em suas extremidades. Quando as barras estão na
posição vertical, a mola de rigidez k está distentida.
Pcr
Pcr
P > Pcr
P > Pcr
Curso de Mecânica dos Sdólidos II122
Diagrama de corpo livre das barras:
Considerando θ pequeno, tem-se: ∆ = θ (L/2) e tan θ ≈ θ. Enquanto as componentes de
P na direção x, P tan θ, tendem a causar uma instabilidade, a força F = k ∆ tenta restaurar o
equilíbrio. Assim, o equilíbrio será restabelecido quando:
θ>θ P22
Lk
Desta forma, a situação de equilíbrio estável ocorrerá quando:
4
LkP <
A k
L/2
L/2
P
θ
θ
A
k
L/2
L/2
P
∆=θ (L/2)
θ
θ P
P
P tanθ
P tanθ
F = k ∆ x
Flambagem de Colunas 123
Por outro lado, a situação de equilíbrio instável ocorrerá quando:
4
LkP >
O valor intermediário entre as duas situações corresponde a carga crítica:
4
LkPcr =
14.3 – Equações diferenciais para colunas
Para a obtenção das diversas relações diferenciais entre as variáveis do problema da
flambagem de colunas, considere um elemento isolado de uma coluna mostrada na sua
posição defletida. Para isto, considere as seguintes aproximações:
θ≈θ≈θ= sentandx
dv , cos θ ≈ 1 e ds ≈ dx
As equações de equilíbrio aplicadas sobre o elemento, fornecem duas equações
diferenciais:
↑ 0Fy =∑ , 0)dVV(Vdxw =++− , wdx
dV−=
A
+w
dx
x
y, v
V+∆V
M+∆M
V
M
P
P
ds
dv/ds
dv/ds
v
dv dv/ds
+w
P P
dx
Curso de Mecânica dos Sdólidos II124
0MA =∑ , 0)dMM(2
dxdxwdxVdvPM =+−+−− ,
dx
dvP
dx
dMV −−=
Na segunda equação diferencial, os termos de ordem infinitesimais de ordem superior
são desprezados. Da teoria de flexão de vigas, sabe-se que para a curvatura, tem-se a seguinte
relação:
IE
M
dx
vd2
2=
Fazendo uso da equação anterior na segunda equação diferencial e substituindo esta
última na primeira equação diferencial, temos:
IE
w
dx
vd
dx
vd2
22
4
4=λ+ , com
IE
P2 =λ
Neste caso, por simplicidade, E I é considerado constante. Se a carga axial P for nula,
as equações diferenciais acima revertem para o caso de vigas com carregamento transversal.
A solução da equação diferencial para colunas é do tipo:
v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3
As constantes C1, C2 e C3 são obtidas aplicando as condições de contorno do
problema.
Ex: Uma barra fina, de EI constante, é submetida à ação simultânea de momentos Mo nas
extremidades, e de uma força axial P, como mostrado abaixo. Determinar a máxima deflexão
e o maior momento fletor.
Mo
L
P PMo
Flambagem de Colunas 125
A solução completa e as condições de contorno do problema são do tipo:
v(x) = C1 sen λx + C2 cos λx + C3, v(0) = v(L) = 0, M(0) = M(L) = -Mo
Para x = 0,
v(0) = C2 + C3 = 0
== )0(dx
vdIE)0(M
2
2- C2 E I λ2 = - Mo ,
P
MCC o
32 =−=
Para x = L,
v(L) = C1 sen λ L + C2 cos λ L + C3 = 0 , )Lsen
Lcos1(
P
MC o
1 λλ−
=
verificação:
== )L(dx
vdIE)L(M
2
2- C1 E I λ2 sen λ L - C2 E I λ2 cos λ L
M(L) = LcosIE
PIE
P
MLsen
IE
PIE)
Lsen
Lcos1(
P
M oo λ−λλ
λ−− = - Mo (OK)
Portanto, a equação da curva elástica é:
)1xcosxsenLsen
Lcos1(
P
M)x(v o −λ+λ
λλ−
=
A máxima deflexão ocorre em x = L/2 que é obtida fazendo-se:
0)xsenxcosLsen
Lcos1(
P
M
dx
dv o =λ−λλ
λ−=
Sabemos que:
2
Lcos
2
Lsen2Lsen
λλ=λ ,
2
Lsen
2
LcosLcos 22 λ
−λ
=λ , 2
Lsen
2
Lcos1 22 λ
+λ
=
Logo:
)12
L(sec
P
M)1
2
Lcos
)2/L(cos
)2/L(sen(
P
Mv o
2o
max −λ
=−λ+λλ
=
O momento fletor máximo ocorre também em x = L/2 e seu valor absoluto é:
v
P
P
M
Mo
Curso de Mecânica dos Sdólidos II126
0M =∑ , Mo + P.v + M = 0 , M = |- Mo - P.v |
Mmax = |- Mo - P.vmax | = Mo secλL/2
Observa-se que o momento é multiplicado por secλL/2, um número maior que 1,
quando uma força de compressão axial é aplicada. Porém o momento é reduzido quando uma
força de tração é aplicada. A mesma observação pode ser feita com relação a deflexão.
14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas
Considere uma coluna ideal; perfeitamente reta antes do carregamento, feita de
material homogêneo e sobre a qual a carga é aplicada no centróide da seção transversal,
articulada nas suas extremidades.
Da equação de equilíbrio estático do trecho superior da coluna, tem-se:
0M =∑ , P.v + M = 0 , M = - P.v
Substituindo a equação de momento fletor na equação diferencial da curva elástica,
temos:
IE
vP
IE
M
dx
vd2
2−== ou 0v
dx
vd 22
2=λ+ , com
IE
P2 =λ
L
P
x
P
y, v
x
P
Pv
Flambagem de Colunas 127
A solução da equação diferencial acima é do tipo:
v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3
Onde as constantes C1, C2 e C3 são determinadas pela imposição das condições de
contorno:
v(0) = 0, 0)0(dx
vdIE)0(M
2
2== , v(L) = 0 , 0)L(
dx
vdIE)L(M
2
2==
Para x = 0: v(0) = C1 sen 0 + C2 cos 0 + C3 = 0 , C2 + C3 = 0
)0(dx
vdIE)0(M
2
2
= = - C1 λ2 sen λ 0 - C2 λ2 cos λ 0 = 0
C2 = - C3 = 0
Para x = L: v(L) = C1 sen λ L = 0
Como a solução trivial C1 = 0 não nos interessa, pela inexistência de flambagem, a
solução não-trivial procurada vem de:
sen λ L = 0 è λ L = n π , 222n nLIE
Pπ= ,
2
22
nL
IEnP
π=
Como a carga crítica procurada é o menor valor na qual a coluna flamba, n = 1. Assim,
a carga crítica para uma coluna biapoiada tem a expressão, denominada carga de flambagem
de Euler:
2
2
crL
IEP
π=
Substituindo a relação λ L = n π na expressão de deflexão tem-se o modo com que a
coluna irá deformar, ou a forma flambada da coluna:
xL
nsenC)x(v 1
π=
Os modos ou formas em que a columa irá flambar depende de n, como é visto abaixo:
Curso de Mecânica dos Sdólidos II128
Os modos onde n > 1 não tem significado físico, porque a carga crítica ocorre para n =
1. Uma solução alternativa deste problema pode ser obtida pelo uso da equação diferencial de
quarta ordem para colunas, com carregamento transversal nulo.
0dx
vd
dx
vd2
22
4
4=λ+
A solução da equação diferencial e as condições de contorno do problema são:
v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3, v(0) = v(L) = 0, M(0) = M(L) = 0
Este método é vantajoso nos problemas de colunas com diferentes condições de
contorno, onde a força axial e EI permanecem constantes ao longo do comprimento da coluna.
O método não pode ser aplicado se a força axial atua em parte do membro.
14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas
extremidades
As cargas críticas e os modos de flambagem podem ser determinados para diferentes
condições de contorno.
14.5.1 - Coluna engastada-livre
n = 1 n = 2 n = 3
Flambagem de Colunas 129
0M =∑ , - P.( δ - v) + M = 0 , M = P.(δ - v)
Da equação elástica da coluna temos:
IE
)v(P
IE
M
dx
vd2
2 −δ== , δ=+
IE
Pv
IE
P
dx
vd2
2
ou:
δλ=λ+ 222
2v
dx
vd com
IE
P2 =λ
A solução do problema e as condições de contorno são do tipo:
v(x) = C1 sen λx + C2 cos λx + C3 , v(0) = δ, v(L) = 0
0)0(dx
vdIEM
2
2== δ== P)L(
dx
vdIEM
2
2 e 0)L(
dx
dv=
Para x = 0:
v(0) = C2+ C3 = δ
)0(dx
vdIEM
2
2= = - C1 λ2 sen λ.0 – C2 λ2 cos λ.0 = 0
C2 = 0 , C3 = δ
Para x = L:
L
P
x
P
y, v
x P
P
v
δ
Curso de Mecânica dos Sdólidos II130
v(L) = C1 sen λ L + δ = 0 , Lsen
C1 λδ
−=
verificação:
)L(dx
vdIEM
2
2= = - E I C1 λ2 sen λ.L
M = δ=λ
λδ
−− PLsenIE
P
LsenIE (OK)
LsenCLcosC)L(dx
dv21 λλ−λλ= = 0
C1 λ cos λ L = 0 , como C1 ≠ 0 e λ ≠ 0 è cos λ L = 0 , 2
nL
π=λ ,
2
222
2
nL
IE
P π= ,
2
22
L4
IEnP
π=
Como procura-se a menor carga crítica, n = 1. Logo a carga crítica para uma coluna
engastada-livre é:
( ) 2e
2
2
2
crL
IE
L2
IEP
π=
π= , com o comprimento efetivo Le = 2 L ( comprimento efetivo
corresponde à distância entre dois pontos de momento nulo).
14.5.2 - Coluna engastada-apoiada
L
P
Le=0,7L
P
y, v
x
P
Ponto de inflexão
Flambagem de Colunas 131
( ) 2e
2
2
2
crL
IE
L7,0
IEP
π=
π= com o comprimento efetivo Le = 0,7 L
14.5.3 - Coluna engastada-engastada
( ) 2e
2
2
2
crL
IE
L5,0
IEP
π=
π= , com o comprimento efetivo Le = 0,5 L
Ex: Uma coluna de alumínio está engastada em uma extremidade e amarrada por um cabo na
outra como mostrado abaixo, de maneira a impedir o deslocamento na direção x. Determine a
maior carga possível P que pode ser aplicada na coluna sabendo-se que: Eal = 70 GPa, σesc =
215 Mpa, A = 7,5 .10-3 m2, Ix = 61,3.10-6 m
4, Iy = 23,2.10-6 m
4-. Use um fator de segurança
F.S. = 3.
L
P
Le=0,5L
P
y, v
x
P
Ponto de inflexão
Ponto de inflexão
y
z
x
5 m
Curso de Mecânica dos Sdólidos II132
Flambagem no plaxo x-z:
( )2y
2
crL7.0
IEP
π=
( )2692
cr5,3
10.2,2310.70P
−π=
Pcr = 1310 kN
Flambagem no plaxo y-z:
( )2x
2
crL2
IEP
π=
( )2692
cr10
10.3,6110.70P
−π=
Pcr = 424 kN
Portanto, a coluna irá flambar primeiro com relação ao eixo x. A carga permissível é:
kN1413
424
3
PP cr
perm ===
A tensão devido a carga crítica é:
MPa215MPa5,5610.5,7
424
A
P3
crcr <===σ
−
Ex: Determine a máxima carga P que a estrutura pode suportar sem flambar o membro AB.
Assumir que o membro AB é feito de aço e está articulado nas suas extremidades para o eixo
de flambagem y e engastado em B para o eixo de flambagem x. Tome Eaço = 200 GPa e σadm
= 360 MPa.
zx
Le = 0,7.5 = 3,5 m
zy
L = 5 m
Flambagem de Colunas 133
5
4cos =θ ,
5
3sen =θ
0MB =∑ , 06.P6.5
3.R AC =− , P
3
5R AC =
Flambagem no plano xz (biarticulada):
2e
y2
ycrL
IEP
π= ,
( )23
332
ycr10.6
12
50.10010.200
P
π
= , Pcr y = 57,1 kN
ycrAC PR5
4= , kN1,57P
3
5
5
4= , P = 42,8 kN
50.100
8,42
A
P==σ , σ = 8,56 Mpa < σadm
y
x
50 mm
50 mm
50 mm
A
B
C
3 m
4 m
6 m
P
P
B
RAC
6 m
y
(4/5)RAC
x
z
x
θ
Curso de Mecânica dos Sdólidos II134
Flambagem no plano yz (engastada-livre):
2e
x2
xcrL
IEP
π= ,
( )23
332
xcr10.6.2
12
100.5010.200
P
π
= , Pcr x = 57,1 kN
xcrAC PR5
4= , kN1.57P
3
5
5
4= , P = 42,8 kN
50.100
8,42
A
P==σ , σ = 8,56 Mpa < σadm
Ex: Determine se a estrutura abaixo pode suportar a carga de w = 6 kN/m, considerando um
fator de segurança com relação a flambagem do membro AB de 3. Assumir que o membro
AB é de aço e é articulado nas suas extremidades com relação ao eixo de flambagem x e
engastado-libre com relação ao eixo de flambagem y. Eaço = 200 GPa e σadm = 360 Mpa.
Diagrama de corpo livre da viga BC:
Σ MC = 0, RAB . 1,5 – 12 . 1 = 0, RAB = 8 kN
1,5 m
w = 6 kN/m
C B
0,5 m
A
2 m
yz
yx
30 mm
20 mm
1,5 m
w = 6 kN/m
C B
0,5 m
12 kN
RAB
RCy
RCx
Flambagem de Colunas 135
Flambagem no plano yz (biarticulada):
2e
x2
xcrL
IEP
π= ,
( )23
332
xcr10.2
12
30.2010.200
P
π
= , Pcr x = 22,2 kN
kN4,73
2,22
3
PkN8R
xcrAB ==>=
Flambagem no plano xz (engastada-livre):
2e
y2
ycrL
IEP
π= ,
( )23
332
ycr10.2.2
12
20.3010.200
P
π
= , Pcr y = 2,5 kN
kN8,03
5,2
3
PkN8R
ycrAB ==>=
Conclusão: A coluna AB não suportará a carga de 6kN/m pois flambará nos dois planos de
flambagem.
14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica
Nas deduções das fórmulas de flambagem de colunas, admite-se que o material tem
comportamento elástico. Para ressaltar a limitação deste fato, as fórmulas podem ser escritas
de maneira diferente. Introduzindo a definição de raio de giração1, I = A r2, na fórmula de
flambagem, temos:
2e
22
crL
rAEP
π=
A tensão crítica para coluna é definida como a tensão média na área da seção
transversal A de uma coluna com carga crítica Pcr.
2e
2cr
cr
rL
E
A
P
π==σ
1 O raio de giração de uma área pode ser considerado como a distância do eixo no qual todaárea pode ser concentrada e ainda Ter o mesmo momento de inércia que a área original.
Curso de Mecânica dos Sdólidos II136
A relação (Le/r), comprimento efetivo da coluna e o menor raio de giração é definida
como índice de esbeltez. A tensão crítica σcr deve ser o limite superior de tensão, a partir da
qual a coluna flamba plásticamente.
Ex: Achar o menor comprimento Le, para uma coluna de aço simplesmente apoiada na
extremidade, com seção transversal de 50mm x 75 mm, para a qual a fórmula elástica de
Euler se aplica. Considerar E = 21 000 kgf/mm2 e admitir que o limite de proporcionalidade
seja 25 kgf/mm2.
12
50.75I
2
min = = 781250 mm4
75.50
781250
A
Ir min == =14,434 mm
2e
2
cr
rL
E
π=σ ,
2e
2
434,14L
2100025
π= , Le = L = 1314 mm
Conclusão: Para um comprimento menor que 1314 mm a coluna flambará plásticamente.
14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler
Um diagrama de tensão-deformação na compressão, para um espécime impedido de
flambar, pode ser representado pela figura abaixo.
ε
σ
E
Et
Et
A
BC
0 L/r
σcr
curta
S
R
Tintermediária
colunas longas
Limite de proporcionalidade
Hipérbole deEuler
0
flambagemelástica
flambagemelástica
praticamentesem flambagem
Flambagem de Colunas 137
Resumo:
região ST (colunas longas): infinito número de colunas ideais de diferentes comprimento que
flambam elásticamente.
ponto S: menor coluna de um dado material e tamanho que flambará elásticamente. Ponto A
do diagrama tensão-deformação.
região RS (intermediária): A rigidez do material é dada instantâneamente pela tangente à
curva tensão-deformação, Et. A fórmula generalizada de Euler para carga de flambagem fica:
2e
t2
cr
rL
E
π=σ
região R (colunas curtas): Região onde praticamente não há flambagem.
Comparação entre colunas biapoiadas e engastadas nas extremidades.
Conclusão: Para índices de esbeltez menores que (Le/r)1, a relação de 4 para 1 em termos de
capacidade de carga vai decrescendo até o momento em que para um “bloco curto” não há
diferença se ele está articulado ou engastado, sendo a resistência, e não mais a flambagem,
que determinará o comportamento da coluna.
14.8 – Colunas com carregamento excêntrico
A fórmula de Euler é obtida assumindo que a carga P é aplicada no centróide da seção
transversal da coluna e que a coluna é reta. Normalmente estas considerações são irrealistas,
ε
σ Tensão de escoamento
A
0 Le/r
σcr
colunas comextremidades fixas
Limite de proporcionalidade
Hipérboles de Euler
0
colunas comextremidadescom pinos
(Le/r)1
Curso de Mecânica dos Sdólidos II138
pois as colunas nem sempre são retas e a posição de aplicação da carga nem sempre é
conhecida com exatidão.
Para estudar este efeito, considera-se uma coluna com um carregamento excêntricocomo mostrado abaixo.
0M =∑ , P.v + P.e + M = 0 , M = - P.(e + v)
Da teoria de flexão de vigas, tem-se:
IE
)ve(P
IE
M
dx
vd2
2 +−== ou e
IE
Pv
IE
P
dx
vd2
2−=+
Esta equação diferencial é similar ao caso de uma coluna biapoiada, tendo uma
solução e condições de contorno do tipo:
v(x) = C1 sen λx + C2 cos λx + C3 , v(0) = v(L) = 0 e M(0) = - P e
Para x = 0:
v(0) = C2 + C3 = 0
== )0(dx
vdIEM
2
2 E I (- C2 λ2 ) = - P e , como
IE
P2 =λ
C2 = e , C3 = - e
Para x = L
v(L) = C1 sen λL + e cos λL – e = 0 , Lsen
)Lcos1(eC1 λ
λ−=
A curva de deflexão é portanto escrita da forma:
excosexsenLsen
)Lcos1(e)x(v −λ+λ
λλ−
=
P
P
Mo= P e
v
x
M
P
P
e
vmax L
Mo= P e
vx
P
P x
y, v
L
Flambagem de Colunas 139
A máxima deflexão ocorre em x = L/2, logo:
)12
L(secev max −
λ=
O momento fletor máximo ocorre também em x = L/2 e seu valor absoluto é:
Mmax = | P.(e + vmax) | = |2
LseceP
λ| = |
2
LsecMo
λ|
A máxima tensão que ocorre no lado côncavo da coluna a meia altura da coluna é:
I
cM
A
Pmax +=σ
Como IE
P2 =λ e I = A r2:
+=
λ+=σ
AE4
P
r
Lsec
r
ce1
A
P
2
Lsec
r
ce1
A
P22max
Esta equação é frequentemente denominada fórmula da secante para colunas e é válida
somente se a máxima tensão permanecer dentro da região elástica. A curva abaixo descreve a
evolução da tensão em função do índice de esbeltez para colunas em aço (σesc=24 kgf/mm2, E
= 20.103 kgf/mm2). Como verifica-se que a relação tensão-carga é não linear, a superposição
de efeitos devido à diferentes cargas não pode ser feita.
Curso de Mecânica dos Sdólidos II140
14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas
De maneira a compensar o fato de as colunas não serem perfeitamente retas, o material
não ser totalmente homogêneo e a posição das cargas não ser perfeitamente conhecida, é
necessário compensar estes efeitos através de fórmulas empíricas testadas experimentalmente,
como mostra a figura abaixo.
Estas fórmulas empíricas são utilizadas no projeto de colunas de aço, alumínio emadeira.Fórmulas para colunas de aço:
Para colunas longas, a fórmula de Euler pode ser utilizada.
hipérbole deEuler
0r
ce2
=
hipérbole deEuler
colunas longascolunas intermediáriascolunas curtas
KL/r
σe
Flambagem de Colunas 141
2e
2
max
rL
E
π=σ
A aplicação desta fórmula exige que um fator de segurança de 1.92 seja aplicado.
2e
2
adm
rL92,1
E
π=σ
Esta equação pode ser aplicada na faixa de esbeltez de:
200rL
rL e
c
e ≤≤
A relação (Le/r)c é obtida quando da utilização da fórmula de Euler até que a tensão
atingida seja a metade da tensão de escoamento σesc/2. Consequentemente, se a tensão na
fórmula de Euler for superior que este valor, ela não pode ser aplicada.
2
c
e
2esc
rL
E
2
π=
σ
Oque dá o índice de esbeltez no limite da utilização da fórmula de Euler:
esc
2
c
e E2r
Lσπ
=
Colunas com um índice de esbeltez menor que (Le/r)c são projetas com base numa
fórmula empírica que é parabólica e tem a forma:
esc
2ce
2e
adm .S.F
)r/L(
)r/L(1
σ
−
=σ
O fator de segurança é, para este caso, definido como:
( )
( )( )( ) 3
ce
3e
ce
e
r/L
r/L
8
1
r/L
r/L
8
3
3
5.S.F −+=
Curso de Mecânica dos Sdólidos II142
Fórmulas para colunas de alumínio:
Para colunas longas a tensão admissível é de:
2e
adm
rL.S.F
71700
=σ (kgf/mm2)
Para colunas intermediárias e curtas, baixo valor de (Le/r), usa-se a seguinte expressão
de tensão admissível (para liga 2024-T4, ALCOA):
−=σ
2e
adm rL22,05,31
.S.F
1(kgf/mm2) (0 ≤ (Le/r) ≤ 64)
Fórmulas para colunas de madeira:
Para colunas maciças de madeira com extremidades articuladas ou engastadas e carga
paralela as fibras, a tensão admissível é:
( ) ( )22
2
adm
rL
E619,3
rL727,2
E=
π=σ
Para colunas de seção transversal quadrada ou retangular, a equação anterior fica:
( )2adm
dL
E30,0=σ
Onde d é a menor dimensão lateral de um membro.