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8/12/2019 Meg Cabot - Quando Raios Atingem http://slidepdf.com/reader/full/meg-cabot-quando-raios-atingem 1/312  1-800-ONDE-TA-VOCE 1 1  - -  Q Q u u a a n n d d o o  R a a i i o o s s  A A t t i i n n g g e e m m  Jenny Carroll (Meg Cabot) Título original: When lightning strikes Primeiro livro da Série 1-800-WHERE- R-YOU Traduzido por Rachel HTTP:// WWW.ORKUT.COM/PROFILE. ASPX?UID=10189 240514407322394 

Meg Cabot - Quando Raios Atingem

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 Formatado por SusanaCap

WWW.PORTALDETONANDO.COM.BR /FOR 

UMNOVO/ 

CAPÍTULO 1

Eles querem que eu escreva. Tudo. Estãochamando isso de minha declaração.

Certo. Minha declaração. Sobre como aconteceu.Do começo.

Na TV, quando as pessoas têm que dar umadeclaração, tem sempre alguém que escreve para eleso que eles falam, e então tudo o que eles têm que

fazer é assinar depois que é lido para eles. E mais,eles têm café e rosquinhas e essas coisas. Tudo queeu tenho é um monte de papel e está caneta. Nemmesmo uma Coca Diet.

Isso é somente mais uma prova de que tudo que

você vê na TV é mentira.Você quer minha declaração? Okay, aqui vai aminha declaração:

É tudo culpa da Ruth.

De verdade. É. Tudo começou naquela tarde na

fila do hambúrguer na lanchonete, quando Jeff Dayfalou para Ruth que ela era tão gorda que eles

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teriam que enterrá-la numa caixa de piano, que nemo Elvis.

O que é totalmente idiota, desde que —  pelo que

eu sei  —   Elvis não foi enterrado em uma caixa depiano. Eu não me importo o quão gordo ele eraquando morreu. Eu tenho certeza que PriscillaPresley poderia comprar um caixão melhor para oRei do que uma caixa de piano.

E Segundo, de onde o Jeff Day tirou isso,dizendo esse tipo de coisa para alguém,especialmente para a minha melhor amiga?

Então eu fiz o que qualquer melhor amiga farianas mesmas circunstâncias. Eu o empurrei e batinele.

Não é como se Jeff Day não merecesse seresmurrado, ele merece diariamente. O cara é umretardado.

E nem é como se eu tivesse machucado ele. Tudobem, é, ele cambaleou para trás e caiu nos

condimentos. Grande coisa. Não tinha nenhumsangue. Eu nem cheguei a acertar na cara dele. Eleviu meu punho vindo, e desviou no último minuto,então ao invés de acertar ele no nariz, como eupretendia, eu acabei acertando ele no pescoço.

Eu duvido que tenha até deixado uma marca.

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Mas você não sabe, um segundo depois estagrande, gorda pata segurou o meu ombro, e otreinador Albright me girou para encará-lo.Acontece que ele estava atrás de Ruth e eu na fila dehambúrguer, comprando um prato de curly fritos.Ele tinha visto a coisa toda ...

Só que não a parte que Jeff falava para Ruthque ela seria enterrada em uma caixa de piano. Aw,não. Somente a parte que eu soquei sua estrela de

futebol americano no pescoço.―Vamos, garotinha,‖ o treinador Albright disse.

E ele me guiou para fora da lanchonete e escadasacima, para o escritório do orientador.

Meu coordenador, Sr. Goodhart, estava em sua

mesa, comendo o seu lanche que estava em umasacolinha de papel. Antes que você possa ter penadele, a sacolinha de papel tinha aqueles famososarcos dourados. Dava pra sentir o cheiro das fritas ládo começo do corredor. O Sr. Goodhart, durante osdois anos que eu havia freqüentado seu escritório,

nunca pareceu se importar com a gordura queconsumia. Ele diz que tem sorte de ter ummetabolismo que é naturalmente muito alto.

Ele olhou e sorriu quando o Treinador Albrightfalou, ―Goodhart,‖ com uma voz medonha. 

―Ora, Frank,‖ ele disse. ―E Jessica! Quesurpresa agradável. Fritas?‖ Ele estendeu um

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baldinho de fritas. Sr. Goodhart tinha pedido otamanho extra-grande.

―Obrigada,‖ eu falei, e peguei um pouco. 

Treinador Albright não pegou nada. Eleprosseguiu, ―A garotinha aqui deu um murro nopescoço do meu jogador logo agora."

Sr. Goodhart olhou pra mim desaprovando.―Jessica,‖ ele disse. ―Isso é verdade?" 

Eu disse, ―Eu tentei acertá-lo no rosto, mais eledesviou."

Sr. Goodhart balançou a cabeça. ―Jessica,‖ eledisse. ―Nos já conversamos sobre isso." 

―Eu sei,‖ eu disse com um suspiro. Eu tenho, de

acordo com o Sr. Goodhart, problemas de controleda raiva. ―Mais não pude me controlar. O cara é umidiota."

Aparentemente, isso não era o que o TreinadorAlbright ou o Sr. Goodhart queriam ouvir. Sr.

Goodhart desviou o olhar, mais o TreinadorAlbright parecia como se fosse cair morto de umataque do coração ali mesmo na sala dacoordenação.

"Está bem." Sr. Goodhart falou rapidamente,provavelmente pra prevenir que o treinador tivesse

um enfarte. ―Está bem então. Venha e sente-seJessica. Obrigado, Frank. Eu tomarei conta disso."

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Mas o treinador Albright continuou parado lá,com o rosto se tornando cada vez mais vermelho,mesmo depois de eu ter me sentando  –   na minhacadeira favorita, a alaranjada de vinil perto da janela. Os dedos do treinador, grossos comosalsichas, estavam enrolados em um punho, comouma criança pronta pra explodir, e dava pra ver essaveia pulsando no meio de sua testa.

―Ela machucou o pescoço dele,‖ Treinador

Albright falou. ―O garoto vai ter que jogar bola hojeà noite com o pescoço machucado."

Sr. Goodhart piscou pro Treinador. Ele disse,cautelosamente, como se Treinador Albright fosseuma bomba que precisasse ser desativada. ―Aposto

que o pescoço dele deve estar doendo muito. Tenhocerteza que uma garotinha de um metro e meio podefazer muito estrago a um jogador de quase doismetros, e de 90 kilos."

―É,‖ o treinador disse. Treinador Albright deveser imune a sarcasmo. ―Ele vai ter que por gelo." 

―Tenho certeza que foi bastante traumático praele,‖ Sr. Goodhart disse. ―E, por favor, não sepreocupe com a Jessica. Ela será castigadadevidamente."

O treinador Albright aparentemente não sabia o

que ou devidamente ou castigada significava, desde

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que ele foi, "Eu não quero ela encostando mais nosmeus garotos! Deixe-a longe deles!"

Sr. Goodhart colocou de lado o seu Quarteirão,

levantou, e andou até a porta. Colocou uma mão nobraço do treinador e disse, "Eu vou tomar contadisso, Frank." Então ele gentilmente empurrou otreinador Albright fora da área da recepção e fechoua porta.

"Yay," ele disse quando ficamos sozinhos, e sesentou novamente para pegar o seu hambúrguer.

"Então," Sr. Goodhart disse, mastigando. Tinhaketchup no canto de sua boca. "O que aconteceu coma nossa decisão de não começar brigas com pessoasque são maiores de nós?"

Eu encarei o ketchup. "Eu não comecei essa," eudisse. "O Jeff começou."

"O que aconteceu dessa vez?" Sr. Goodhart mepassou as batatas de novo. "O seu irmão?"

"Não," eu disse. Peguei duas batatas e coloquei

na boca. "Ruth.""Ruth?" Sr. Goodhart mordeu outra vez o seu

hambúrguer. A ponto de ketchup ficou maior. "Oque tem a Ruth?"

"Jeff disse que Ruth era tão gorda que eles

teriam que enterrá-la em uma caixa de piano, quenem o Elvis."

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Sr. Goodhart engoliu ―Isto é ridículo. Elvis nãofoi enterrado em uma caixa de piano."

―Eu sei.‖ Eu dei de ombros ―Você entende

porque eu tive que bater nele."―Bem, para ser honesto com você, Jess, não, eu

não posso dizer que entenda. O problema, veja, comvocê batendo nesses garotos é que, um dia, eles vãobater em você de volta, então você vai sentir muito."

Eu disse, ―Eles tentam me acertar o tempo todo.Mas eu sou muito rápida para eles."

―É,‖ Sr. Goodhart  disse. Ainda tinha ketchupno canto de sua boca. ―Mas um dia, você vaitropeçar, ou algo assim, e então vão te acertar."

―Eu acho que não,‖ eu disse. ―Entenda,ultimamente, eu tenho feito kickboxing."

"Kickboxing," Sr. Goodhart disse.

"Sim," eu disse. ―Eu tenho um vídeo."

"Um vídeo," Sr. Goodhart disse. O telefone dele

tocou. Ele disse, ―Me de licença um minuto, Jessica,"e atendeu.

Enquanto o Sr. Goodhart falava no telefone coma sua esposa, que aparentemente estava tendo umproblema com o novo bebê, Russell, eu olhei pela janela. Não tinha muito o que ver da janela do Sr.Goodhart. Só o estacionamento dos professores, amaior parte e muito do céu. A cidade que eu vivo é

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bastante reta, então você sempre pode ver muito docéu. Naquele momento, o céu estava meio cinza eencoberto. Atrás do lava carro do outro lado da ruado colégio, você podia ver essa camada de nuvenscinza escuras. Provavelmente estava chovendo napróxima cidade. Entretanto, você não poderia dizerapenas olhando para aquelas nuvens se a chuva viriaou não na nossa direção. Eu estava pensando queprovavelmente iria.

"Se ele não quiser comer," Sr. Goodhart disseno telefone, "então não tente forçá-lo... Não, eu nãoquis dizer que você está forçando ele. O que eu quisdizer era que, talvez ele apenas não esteja com fomeagora... Sim, eu sei que nós precisamos por ele numhorário certo, mas...

O lava-carros estava vazio. Ninguém seincomoda de lavar o carro quando está para chover.Mas o McDonald's ao lado, onde Sr. Goodhart tinhapego o seu hambúrguer e as sua fritas, estava cheio.Apenas os mais velhos tem permissão de deixar o

campus no intervalo, e eles todos enchem oMcDonald's, e a Pizza Hut do outro lado da rua.

"Está bem." Sr. Goodhart disse, desligando otelefone. "Agora, onde nós estávamos, Jess?"

Eu disse, "Você estava me falando que eu

preciso aprender a controlar o meu temperamento."

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"Bem," eu disse. "Eu acho que entendi Sr.Goodhart. Muito obrigada. Eu vou tentar mais napróxima vez."

Eu tinha quase passado da porta quando ele meparou. ―Oh, e Jess,‖ ele disse, no seu jeito amigável. 

Eu olhei para ele pelo meu ombro. ―Uh-huh?"

―Isso vai ser outra semana de detenção,‖ eledisse, mastigando uma batata frita.―Acionado nas

sete semanas que você já tem."Eu sorri para ele. ―Sr. Goodhart?‖ eu disse. 

―Sim, Jessica?" 

―Você está com ketchup na sua boca." 

Ta bom, não era a melhor resposta. Mas, ei, ele

não disse que ele iria ligar para os meus pais. Se eledissesse isso, você teria escutado umas coisas bemcoloridas. Mas ele não disse. E o que é uma outrasemana de detenção comparado a isso?

E, diabos, eu tenho tantas semanas de detenção

que eu desisti da idéia de ter uma vida. É muitoruim, na verdade, que detenção não conte comoatividade extracurricular. Se contasse, eu estariaparecendo bem atrativa para muitas faculdadesagora.

Não que detenção seja tão ruim, na verdade.Você só fica sentado lá por uma hora. Você podefazer a sua lição de casa, se quiser, ou você pode ler

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uma revista. Você só não pode conversar. A piorparte, eu acho, é que você perde o ônibus, mas quemquer voltar de ônibus, de qualquer jeito, com osnovatos e os rejeitados socialmente? Desde que Ruthconseguiu a sua carteira de motorista, ela está doidapor qualquer desculpa para dirigir, então eu tenhouma carona automática todas as noites. Mas paisainda não descobriram. Eu disse para eles que eu me juntei a banda.

Que bom que eles têm coisas mais importantespara se preocupar do que ter certeza que eles vãopara um dos jogos, ou eles iriam notar minhaausência geral na sessão da flauta.

De qualquer modo, quando Ruth veio me pegar

depois da detenção naquele dia —  o dia em que essacoisa toda começou, o dia em que eu soquei Jeff Dayno pescoço —  ele estava toda se desculpando. Já queeu basicamente entrei em encrenca por causa dela.

―Oh meu Deus, Jess,‖ ela disse quando nosencontramos as quatro fora das portas do auditório.

Tinha tanta gente de detenção no colégio ErnestPyle que eles tiveram que nos colocar no auditório.Isso era de um jeito chato para o clube de teatro, quese encontra no palco do auditório todos os dias astrês, mas nós devemos deixar eles em paz, e eles

retornam o favor, exceto quando eles precisam de

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ajuda com caras grandes da última fileira paramover parte do cenário ou algo assim.

E a melhor parte disso é que agora eu sei a peça

Our Town [Nossa Cidade] de cor.E a pior parte é, quem é que quer saber a peça

Our Town de cor?

―Oh meu Deus, Jess,‖ Ruth jorrava. ―Vocêdeveria ter visto. Jeff estava até o cotovelo nos

condimentos. Depois que você socou ele, digo. Eleficou com maionese na camisa inteira. Você foiótima. Você não precisava, mas foi ótimo que vocêfez."

―É,‖ eu disse. Eu estava com muita vontade deir para casa. A coisa sobre detenção é isso, é, você

pode fazer toda a sua lição durante a detenção, masainda é maio chato.Como a escola em geral, a maiorparte. ―Tanto faz. Vamos indo."

Mas quando saímos para o estacionamento, opequeno Cabriolet vermelho da Ruth, que ela

comprou com o dinheiro do bat mitzvah, não estavalá. Eu não queria dizer nada no começo, já que aRuth ama aquele carro, e eu com certeza não queriaser a pessoa a dizer para ela que tinha desaparecido.Mas depois de termos ficado lá alguns segundos, comela repetindo o quão ótima eu era, e eu olhando

todos os meus companheiros detidos subindo nassuas picapes ou na suas motos (a maioria das pessoas

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na detenção eram Caipiras ou DJ‘s —  eu sou a únicaDa Cidade), eu estava, ―Uh, Ruth. Cadê o seucarro?"

E a Ruth, ―Oh, eu dirigi para casa depois daescola, e então pedi para o Skip para me trazer devolta e me deixar aqui."

Skip é o irmão gêmeo da Ruth. Ele comprouuma Trans Am com o dinheiro do bar mitzvah.Como se, mesmo com uma Trans Am, Skip vai teresperanças de ter uma transa.

―Eu achei,‖ Ruth continuou, ―que seriadivertido andar para casa."

Eu olhei para as nuvens que cedo naquele diaestavam em cima do lava-carros. Elas estavam quase

diretamente acima das nossas cabeças.Eu disse. ―Ruth. Nós moramos a3 quilômetros

daqui."

Ruth disse, toda contente, ―Uh-huh, eu sei. Nóspodemos queimar muitas calorias se andarmos

rápido."―Ruth‖ eu disse. ―Vai chover muito."

Ruth olhou para o céu. ―Não, não vai.‖ Eladisse.

Eu olhei para ela como se ela fosse demente.―Ruth, sim, vai. Você ta drogada?" 

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 Ruth começou a parecer chateada. Na verdadenão leva muito para a Ruth ficar chateada. Ela aindaestava triste, eu podia dizer, por causa docomentário caixa de piano do Jeff. Era por isso queela queria andar para casa. Ela estava esperandoperder peso. Ela não iria, eu sabia, lanchar por umasemana agora, tudo por causa do que aqueleretardado disse.

―Eu não  estou drogada,‖ Ruth disse. ―Eu só

acho que é hora de nós duas começarmos a tentarentrarem forma. O verão está vindo, e eu não queroficar mais quatro meses inventando desculpas sobreo porquê eu não posso ir à festa na piscina dealguém."

Eu apenas comecei a rir.―Ruth‖ eu disse. ―Ninguém nunca convida agente para festas na piscina."

―Fale por si mesma.‖ Ruth disse. ―E andar éuma forma completamente viável de se exercitar.

Você pode queimar tantas calorias andando trêsquilômetros quanto você queimaria correndo eles"

Eu olhei para ela. ―Ruth,‖ eu disse. ―Isso ébesteira. Quem te falou isso?"

Ela disse, ―É fato, Agora, você está vindo?" 

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 ―Eu não acredito,‖ eu disse, ―que você até seimporta com o que um retardado como o Jeff Daydiz sobre qualquer coisa"

Ruth foi, ―Eu não ligo para o que Jeff Day diz.Isso não tem nada a ver com o que ele disse. Euapenas acho que é hora de nós duas entrarmos emforma."

Eu fiquei lá e olhei mais para ela. Você deveriater visto ela. Ruth tem sido a minha melhor amigadesde o jardim de infância, o que foi quando ela e afamília dela se mudaram para a casa ao lado. E oengraçado é, exceto pelo fato que agora era tem peito —   bem grandes, por acaso, muito maior do que eu jamais terei, a não ser que eu coloque implantes, o

que não vai acontecer nunca.  —   ela pareceexatamente a mesma que ela era no primeiro dia queeu conheci ela: cabelo encaracolado castanho claro,grande olhos azuis por trás dos óculos de arosdourados, uma barriga de tamanho considerável, eum QI de 167 (um fato que ela me informou cinco

minutos depois do primeiro jogo de amarelinha).Mas você não saberia que ela é toda avançada

nas classes se você visse como ela estava naquele dia.Ta bom, em primeiro lugar, ela estava usando calçasde ginástica pretas, com esse grande suéter de

moletom EPHS, e sapatos de corrida. Nada mal,certo? Espere.

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 Ela completou o visual com faixas  —  eu não tobrincando  —   na cabeça e nos pulsos. Ela tambémtinha esta grande garrafa de água pendurada numaredinha em um ombro. Digo, você poderia dizer queela pensava que se parecia com uma atleta olímpica,mas o que ela realmente parecia era uma dona decasa lunática que acabou de pegar Entre em Formacom a Oprah  no livro do mês do clube, ou algo assim.

Enquanto eu estava parada lá encarando Ruth,

pensando como eu ia contar a novidade das faixas,um dos caras da detenção parou nessa Indiancompletamente irada.

Posso apenas usar essa oportunidade paraapontar que a única coisa que eu sempre quis é uma

moto? Essa ronronava, também. Eu odeio aquelescaras que tiram o silenciador das motos deles entãoeles podem fazer muito barulho enquanto elestentam passar ilegalmente pelo acostamento doestacionamento dos professores. Esse cara mudou adele para correr quieto como um gatinho. Pintada

toda de preto, com cromos brilhantes em todo lugar,isso era uma moto de alta qualidade. De verdade.

E o cara dirigindo também não era muito ruimpara os olhos.

"Mastriani," ele disse, colocando um pé com

bota no freio. ―Precisa de uma carona?" 

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garotos da minha escola. A cara dele tinha algumainteligência, no mínimo. Então e daí se o nariz deleparecia que já tinha se quebrado algumas vezes?

E tudo bem, talvez a boca dele estivesse meiotorta, e o cabelo encaracolado dele precisava de umcorte. Essas deficiências eram mais que compensadaspelo par de olhos azuis tão claros que eles eram deverdade cinza claro, e um par de ombros tão largos,eu duvido que eu fosse capaz de ver muito da estrada

se eu um dia acabasse atrás deles na traseira daquelamoto.

Ruth, entretanto, pareceu não ter notadonenhuma dessas altamente perfeitas qualidades. Elaestava me encarando como se ela tivesse me pego

falando com um canibal ou algo assim.―Oh meu Deus, Jess.‖ Ela disse. ―Quem eraaquele?"

Eu disse, ―O nome dele é Rob Wilkins"

Ela continuou, ―Um caipira. Oh, meu Deus,

Jess, aquele cara é um caipira. Eu não acredito quevocê estava até falando com ele."

Não se preocupe. Eu vou explicar.

Há dois tipos de pessoa que vai ao colégioErnest Pyle: as crianças que vem da parte rural da

região, ou os ―Caipiras‖, e as pessoas que vivem nacidade, ou os ―Da Cidade‖. Os Caipiras e os Da

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Cidade não se misturam. Ponto. Os Da Cidadeacham que eles são melhores que os Caipiras porquetem mais dinheiro, já que a maioria das crianças quevivem na cidade tem os pai médicos ou advogados ouprofessores. Os Caipiras acham que são melhoresque os Da Cidade porque eles sabem fazer coisas queos Da Cidade não sabem como fazer, como consertarmotos velhas e parir bezerros e farejar. Os pais dosCaipiras são todos trabalhadores na fábrica ou

fazendeiros.Há subcamadas nesses grupos, como os DJ‘s —  

delinqüentes juvenis  —   e os Pop‘s —   as pessoaspopulares, os atletas e as lideres de torcida  —  mas amaior parte da escola é dividido em Caipiras e DaCidade.

Ruth e eu somos Da Cidade. Rob Wilkins, semnecessidade de dizer, é um Caipira. E de bônus, eutenho quase certeza que ele também é um DJ.

Mas também, como Sr. Goodhart gosta tanto deme dizer, eu também sou  —  ou pelo menos vou ser,

um dia desses, se eu não começar a tomar osconselhos de controle de raiva dele mais seriamente.

―Como você conhece aquele cara?‖ Ruth queriasaber. ―Ele não pode estar em nenhuma das suasclasses. Ele definitivamente não um reprovado.

Presidiário, talvez.‖ Ela disse com uma expressão de

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desdém. ―Mas ele tem que ser do segundo grau, peloamor de Deus."

Eu sei. Ela soa conservadora, não?

Ela não é de verdade. Apenas assustada. Caras —  caras de verdade, não idiotas como o irmão dela,Skip  —  assustam a Ruth. Mesmo com o QI dela de167, garotos são coisas que ela nunca conseguiuentender. Ruth apenas não consegue entender quegarotos são apenas como nós.

Bem, com algumas notáveis exceções.

Eu disse. ―Eu conheci ele na detenção. A gentepode ir, por favor, antes que a chuva comesse? Euestou com a minha flauta, você sabe."

A Ruth não deixaria passar, entretanto.―Você teria seriamente aceitado a caronadaquele cara? Um total estranho como aquele? Tipo,se eu não estivesse aqui?"

Eu disse, ―Eu não sei." 

Eu não sabia, também. Eu espero que você nãopegue à impressão que essa é a primeira vez que umcara me perguntou se eu queria uma carona ou algoassim. Digo, eu tenho que admitir que tenho umatendência de ser um pouco livre com os meuspunhos, mas eu não sou nenhum cachorro. Eu posso

ser um pouco pequena  —   apenas um metro e meio,como o Sr. Goodhart gosta de me lembrar  —   e eu

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 ―É,‖ eu disse para Ruth. ―Provavelmente euteria. Aceitado a oferta dele, digo. Se você nãoestivesse aqui e tudo mais. "

―Eu não posso acreditar em você.‖ Ruthcomeçou a andar, mas deixe eu lhe dizer, aquelasnuvens estavam bem acima de nós. A não ser que nósfossemos a160 quilômetros por hora, não haveria jeito de vencermos a chuva. E o mais rápido que aRuth vai é talvez 1 quilômetro por hora, no máximo.

Ela não tem físico.―Eu não posso acreditarem você.‖ Ela disse

outra vez. ―Você não pode ir por aí subindo natraseira das motos dos Caipiras. Digo, quem sabeonde você pode acabar? Morta em um milharal, sem

duvida."Quase toda garota que desaparece em Indianaaparece, eventualmente, meio pelada e emdecomposição em um milharal. Mas de novo, vocês já sabem disso, não?

―Você é tão estranha.‖ Ruth disse. ―Só vocêpara fazer amizades com caras na detenção"

Eu continuei olhando pelo meu ombro para asnuvens. Elas estavam enormes, como montanhas.Apenas, diferente de montanhas, elas não estavamparadas.

―Bem,‖ eu disse. ―Eu não posso exatamente nãoconhecer eles, você sabe. Nós temos sentado juntos

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por uma hora todo dia pelos últimos três ou quatromeses."

―Mas eles são Caipiras.‖ Disse Ruth. ―Meu

Deus, Jess. Você realmente fala com eles?"Eu disse, ―Eu não sei. Digo, não podemos falar.

Mas a senhorita Clammings tem que fazer chamadatodos os dias, então você aprende os nomes daspessoas. Você meio que não pode evitar."

Ruth balançou a cabeça. ―Oh meu Deus.‖ Eladisse. ―Meu pai iria me matar —  me matar  —  se euvoltasse para casa na traseira da moto de umCaipira."

Eu não disse nada. As chances de qualquer umperguntar para a Ruth subir na traseira de uma

moto eram, tipo, zero.―Ainda assim.‖ Ruth disse depois de nós termos

andado por pouco tempo em silêncio. ―Ele era meiofofo.Para um Caipira, digo. O que ele fez?"

―O que você quer dizer? Para pegar detenção?‖

eu dei de ombros. ―Como eu deveria saber? Nós nãopodemos conversar."

Deixe-me apenas dizer um pouco sobre ondeestávamos andando. O colégio Ernest Pyle se localizana imaginativa rua chamada Colégio. Você pode ter

adivinhado, não há muitas outras coisas na EstradaColégio exceto, bem, o colégio. Há apenas duas pistas

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e muitas fazendas. O McDonald's e o lava-carros eessas coisas estão na avenida. E nós não estávamosandando na avenida. Ninguém nunca anda naavenida desde que uma garota foi atropeladaandando lá ano passado.

Então nós chegamos tão longe na EstradaColégio quanto o campo de futebol quando a chuvacomeçou. Grandes, fortes gotas de chuva.

―Ruth,‖ eu disse, bastante calma, quando aprimeira gota me atingiu.

―Vai acalmar,‖ Ruth disse. 

Outra gota me atingiu. E mais um grande flashde luz quebrou o céu e pareceu atingir a torre daágua, a um quilômetro e meio ou algo assim. Então

trovejou. Realmente alto. Tão alto quanto os jatos naBase Militar Crane, quando eles quebram a barreirado som.

―Ruth,‖ eu disse, menos calma. 

Ruth disse, ―Talvez nós devêssemos procurar

um abrigo."―Correto.‖ Eu disse. 

Mas o único abrigo que nós vimos era aarquibancada de metal que contornava o campo defutebol. E todos sabem, durante uma tempestade

elétrica, você não deve se esconder abaixo coisas demetal.

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 Aí foi quando o primeiro granizo me atingiu.

Se você já foi atingido por um granizo, você vaisaber porque Ruth e eu corremos para baixo

daquelas arquibancadas. E se você nunca foiatingido por um granizo, tudo que eu posso dizer é,sorte sua.

Aqueles granizos em particular eram mais oumenos do tamanho de bolas de golfe. Eu não estouexagerando, também. Eles eram enormes. E aquelesfilhos da —  perdoe meu francês —  doíam.

Ruth e eu ficamos embaixo das arquibancadas,granizo aparecendo por toda nossa volta, como senós estivéssemos presos dentro de um saco depipocas estourando. No entanto a pipoca não estava

mais acertando a gente na cabeça.Com todas as trovoadas e o som das pedras

atingindo os assentos de metal acima de nossascabeças, então ricocheteando e acertando no chão,estava meio difícil de ouvir qualquer coisa, mas isso

não incomodou a Ruth. Ela gritou, ―Sinto muito." Tudo que eu disse foi ―Ow,‖ porque essa grandeparte de granizo quicou no chão e me atingiu naperna.

―Eu falo sério.‖ Ruth gritou. ―Eu sinto muito,

muito mesmo."

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 ―Pare de se desculpar.‖ Eu disse. ―Não é suaculpa."

Pelo menos isso foi o que eu pensei naquele

momento. Eu já mudei de idéia quanto a isso. Comovocê vai notar se reler as primeiras linhas dessadeclaração.

Um grande flash de luz cruzou o céu. Sequebrou em quatro ou cinco partes. Uma das partesatingiu o topo de um celeiro que eu conseguia veracima das árvores. O trovão soou tão alto, quebalançou as arquibancadas.

―É sim.‖ Ruth disse. Ela falava como se fossecomeçar a chorar. ―É minha culpa." 

―Ruth.‖ Eu disse. ―Pelo amor de Deus, você está

chorando?"―Sim.‖ Ela disse com uma fungada. 

―Por quê? É só uma estúpida tempestade. Nós já ficamos presas em tempestades antes.‖ Eu meencostei contra uma das varas que seguravam as

arquibancadas.―Lembra daquela vez na quinta série que nós

ficamos presa naquela tempestade, no caminho paracasa da aula de violoncelo?"

Ruth enxugou o nariz com a manga do

moletom. ―E nós tivemos que pedir abrigo na suaigreja?"

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 ―Você apenas não iria mais longe que toldo.‖ Eudisse.

Ruth riu pelas suas lágrimas. ―Porque eu pensei

que Deus me atingiria se eu colocasse um pé na casade adoração goyim [não judeu]."

Eu estava contente que ela estava rindo, dequalquer jeito. Ruth pode ser um saco, mas ela temsido minha melhor amiga desde o jardim de infância,e você não pode exatamente dispensar sua melhoramiga desde o jardim de infância apenas porquealgumas vezes ela coloca faixas ou começa a chorarquando chove. Ruth é muito mais interessante que amaioria das garotas que freqüentam a minha escola, já que ela lê um livro por dia  —   literalmente  —   e

ama tocar violoncelo tanto quanto eu amo tocar aminha flauta, mas ainda assiste televisão de péssimaqualidade, mesmo sendo um gênio.

E, na maior parte do tempo, ela é engraçadademais.

Entretanto, agora não era uma daquelas horas.―Oh meu Deus.‖ Ruth gemeu o vento levantou ecomeçou a chicotear granizo contra nós embaixo dasarquibancadas. ―Isso é um tornado, não é?" 

Indiana do sul é preso no meio de um Corredor

de Tornados. Nós somos o número três na lista depaíses com mais tornados por ano. Eu já fiqueisentada mais do que algumas vezes no meu porão; a

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Ruth não tantas, já que ela só passou a últimadécada em Midwest. E eles sempre parecemacontecer nessa época do ano, também.

E, ainda que eu não quisesse aborrecer a Ruthmais ainda do que ela já estava, isso dava todos ossinais do começo de um tornado. O céu estava da corde um amarelo engraçado, a temperatura estavaquente, mas o vento realmente gelado. E mais ogelo...

Quando eu estava abrindo a minha boca paradizer para Ruth que era provavelmente apenas umapequena tempestade de primavera, e para não sepreocupar, ela gritou, ―Jess, não... ― 

Mas eu não ouvi o que ela disse depois disso,

porque naquele instante houve essa grande explosãoque se sobrepôs a tudo.

CAPÍTULO 2

Não era uma explosão, eu descobri depois. Eraum relâmpago, atingindo as arquibancadas de metal.E então o raio viajou pela vara de metal em que euestava encostada.

Então você poderia dizer que, tecnicamente, eufui atingida por um relâmpago.

Entretanto, não machucou. Me senti realmenteestranha, mas não machucou.

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 Quando eu conseguia ouvir de novo, depois quetudo aconteceu, tudo que eu conseguia ouvir era aRuth gritando. Eu também não estava no mesmolugar que eu estava a um segundo. Eu estava a ummetro e meio de lá.

Ah, e eu me sentia toda formigando. Você sabe,quando você está tentando colocar algo na tomada evocê não está realmente prestando atenção no quevocê está fazendo e acidentalmente enfia o dedo na

tomada?Era assim que eu me sentia, apenas umas

trezentas vezes mais.

―Jess,‖ Ruth estava gritando. Ela correu echacoalhou meu braço. ―Oh meu Deus, Jess, você

está bem?"Eu olhei para ela. Ela ainda era a mesma Ruth.

Ela ainda estava com as faixas.

Mas esse era o começo de eu não ser mais amesma Jess. Foi aí que tudo começou.

E foi mais ou menos colina abaixo daí.―É,‖ eu disse. ―Estou bem." 

E eu realmente me sentia bem. Eu não estavamentindo nem nada. Não então. Eu só sentia umpouco formigando e tal. Mas não era um sentimento

ruim. Em fato, depois da surpresa inicial, aquilomeio que era bom. Eu estava meio energizada, sabe?

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 ―Ah, poxa.‖ Eu disse. ―Eu não preciso ir paranenhum hospital. A tempestade acabou. Vamosembora."

E eu simplesmente caminhei para fora dedebaixo daquelas arquibancadas como se nadativesse acontecido.

E, realmente, naquele momento eu não achavaque algo tivesse. Acontecido, digo. Eu me sentia bem.Melhor do que bem, na verdade. Melhor do que eume sentia em meses. Melhor do que eu me sentiadesde que meu irmão Douglas veio para casa dafaculdade.

Ruth veio me perseguindo, parecendo todapreocupada.

―Jess.‖ Ela disse. ―Realmente. Você não deveriaestar tentando — "

―Hei,‖ eu disse. O céu tinha ficado muito maisclaro e embaixo dos meus pés o granizo estava seesmigalhando, como se alguém tivesse

acidentalmente derrubado uma bandeja de gelocelestial.

―Hei, Ruth.‖ Eu disse, apontando para aspedras de gelo. ―Olha. Parece neve. Neve, em abril!" 

Ruth, entretanto, não iria olhar para as pedras

de gelo. Mesmo que ela estivesse fazendo barulho

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neles com o Nike dela, ela não iria olhar. Tudo queela conseguia olhar era para mim.

―Jessica.‖ Ela disse, pegando a minha mão.

―Jessica, me escute.‖ Ela diminuiu a voz até que eraquase um sussurro. Eu podia escutar elaperfeitamente, já que o vento tinha acabado e todosos trovões e essas coisas tinham parado. ―Jessica, euestou te falando, você não está bem Eu vi... Eu vi orelâmpago sair de você."

―Sério?‖ eu sorri para ela. ―Legal." Ruth soltou a minha mão e se virou com

repugnância.

―Ótimo.‖ Ela disse, olhando para a estrada.―Não vá para o hospital. Morra de um ataque do

coração. Veja se eu ligo."Eu a segui, chutando o granizo com as minhas

plataformas Pumas.

―Hei,‖ eu disse. ―Que pena que o relâmpago nãosaiu de mim na cantina hoje, né? Jeff Day teria se

arrependido, né?"Ruth não achou engraçado. Ela apenas

continuou andando, com um pouco de raiva porqueela estava andando muito rápido. Mas rápido paraRuth é normal para mim, então eu não tive nenhum

problema em acompanhar.

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 ―Hei,‖ eu disse. ―Não teria sido legal se eupudesse disparar relâmpagos na assembléia estatarde? Você sabe, quando a senhora Bushey levantoue nos desafiou a ficar longe das drogas? Eu apostoque isso teria encurtado o discurso dela."

Eu continuei assim todo o caminho de voltapara casa. Ruth tentou ficar brava comigo, mas elanão podia. Não porque eu sou tão encantadora ouengraçada ou algo assim, mas porque a tempestade

deixou um belo dano. Nós vimos todos aquelestroncos de árvores que foram derrubados, e pára-brisas que foram quebrados pelo gelo, e algunssemáforos que pararam de funcionar juntos. Eratotalmente irado. Um monte de ambulâncias ealarmes de incêndio disparavam, e quando nósfinalmente chagamos no Kroger na esquina daEstrada Colégio e a Primeira Rua, onde nós viramospara as nossas casas, o KRO tinha caído, então aplaca só dizia GER.

―Hei, Ruth, olhe.‖ Eu disse. ―Ger está aberto,

mas Kro está fechado."Até a Ruth teve que rir dessa.

Na hora que chegamos às nossas casas  —   eumencionei que nós somos vizinhas, certo?  —   Ruthtinha superado o medo de mim. Pelo menos, eu

pensava que ela tinha. Quando eu ia subir os degrausda varanda, ela deu esse suspiro realmente pesado, e

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foi, ―Jessica, eu realmente acho que você deveriadizer alguma coisa para a sua mãe e o seu pai. Sobreo que aconteceu, digo."

Oh, claro. Como se eu fosse contar para elesalgo tão pouco convincente como o fato de eu ter sidoatingida por um relâmpago. Eles tinham coisas maisimportantes com que se preocupar.

Eu não disse isso, mas Ruth deve ter lido osmeus pensamentos, já que a próxima coisa que eladisse foi. ―Não, Jess. De verdade. Você deveriacontra para eles. Eu já li sobre pessoas que foramatingidas por relâmpagos do jeito que você foi. Elesse sentiam perfeitamente bem, como você se sente, eentão bam! Ataque cardíaco."

Eu disse, ―Ruth." ―Eu realmente acho que você deve contar para

eles. Eu sei o quanto eles tem na cabeça, comDouglas e tudo mais. Mas — "

―Hei.‖ Eu disse. ―Douglas está bem." 

―Eu sei.‖ Ruth fechou os olhos. Então ela osabriu de novo e disse, ―Eu sei que Douglas está bem.Certo, olha. Apenas me prometa que se vocêcomeçar a se sentir... bem, engraçada, você vaicontar para alguém?"

Isso pareceu justo para mim. Eu jureisolenemente não morrer de um ataque do coração.

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Então nós nos separamos na minha sacada com ummutuo ―Té mais.‖. Não foi até depois de eu estarquase dentro da casa que eu percebi   que a árvorefora da entrada de automóveis  —  aquela que estavacheia, gloriosamente florescida naquela manhã  —  estava completamente vazia novamente, como sefosse no meio do inverno. O gelo tinha derrubadotodas as folhas e todas as flores.

Eles falam toda hora na minha aula de inglês

sobre simbolismo e essas coisas. Tipo como a árvorede carvalho seco em Jane Eyre   prevê destruição etodas aquelas coisas. Então eu acho que você poderiadizer que se esta declaração fosse uma obra deficção, aquela árvore iria simbolizar o fato que tudonão iria ficar agradável para mim.

Só que, igual à Jane, eu não tinha a menor idéiado que estava previsto para mim. Digo, na hora, eutotalmente perdi o simbolismo da árvore sem vida.Eu estava tipo, ―Wow, que ruim. Aquela árvoreestava bonita antes de ser estragada pelo gelo."

E entrei.

CAPÍTULO 3

Eu moro  —   já que provavelmente é importante

eu dar o meu endereço nessa minha declaração  —  

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com meus pais e meus dois irmãos em uma grandecasa na ruela Lumley.

Eu não estou dizendo isso para me gabar.

Apenas é verdade. Costumava ser a sede de umafazenda, mas uma realmente chique, com vitrais eessas coisas. Algumas pessoas da Sociedade Históricade Indiana vieram uma vez e colocaram uma placanela, já que é a casa mais antiga da cidade.

Só porque nós moramos numa casa velha nãosignifica que somos pobres. Meu pai possui trêsrestaurantes na cidade, apenas oito ou nove quadrasda minha casa. Os restaurantes são: Mastriani's, queé o mais caro; Joe‘s que não é; e um lugar passávelchamado Joe Junior‘s, que é o mais barato de todos.

Eu posso comer em qualquer um deles a qualquerhora que eu quiser, de graça. E meus amigostambém.

Você pensaria, por causa disso, que eu teriamais amigos. Mas, além da Ruth, eu realmente sóando com algumas pessoas, a maioria deles eu

conheço da Orquestra. Ruth é a primeirarepresentante [Primeira cadeira. Fica na frente.Mais importante. Essas coisas.] na seção devioloncelo. Eu sou a terceira representante na seçãode flauta. Eu socializo com alguns outros flautistas

 —  Segundo e quinto representante, na maior parte. —   e algumas outras pessoas da seção de trompa, euma ou duas pessoas da outra seção de violoncelo

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que tinham a aprovação de Ruth, mas além disso, eufico na minha.

Bem, exceto por todos os caras da detenção.

Meu quarto é no terceiro andar. Meu quarto, emeu banheiro, são os únicos cômodos no terceiroandar. O terceiro andar costumava ser o sótão. Temteto baixo e janelas para fora [aquelas janelas típicasde sótão, que parece ter uma casinha pequenininhapara fora. Para quem não souber, procure ‗dormer‘nas imagens do google.]. Eu costumava caber inteiranas janelas, e eu gostava de sentar e observar o queestava acontecendo na ruela Lumley, o quegeralmente não era muito. Entretanto eu estava maisalta que todos na rua e eu sempre achei isso legal. Eu

costumava fingir que eu era uma pessoa que guardao farol e que a janela era o farol, e eu tinha que olharos barcos que podiam bater na nossa entrada dagaragem, que eu fingia que era uma praia traiçoeira.

Hei, poxa. Eu era pequena naquela época, tabom?

E, nas palavras do Sr. Goodhart, já lá eu tinhaproblemas.

De qualquer jeito, para chegar no terceiroandar, você tem que tomar a escada que é bem nafrente da porta da frente, o que minha mãe chama,

com um sotaque francês, o foyer [hall de entrada](Ela pronuncia foi-yay. Ela também chama o Target,

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onde nós compramos as nossas toalhas e essas coisas,de Tar-jay. Você sabe, como uma piada. É o jeitoque a minha mãe é.). O problema é que, bem nafrente do hall de entrada é a sala de estar, que temportas francesas que levam a sala de jantar, que temportas francesas que levam a cozinha. E no minutoque você abre a porta da frente, minha mãe pode vervocê, todo o caminho da casa, pelas portas francesas,muito antes de você ter a chance de subir as escadas

sem ninguém reparar.O que foi, certamente, o que aconteceu quando

eu cheguei naquela noite. Ela me viu e gritou  —   jáque a cozinha é a uma distância razoável —  ―Jessica!Venha aqui!"

O que, certamente, significa que eu estava comproblemas.

Imaginando o que eu poderia ter feito agora  —  e esperando que o Sr. Goodhart não tivesse ido emfrente e ligado para ela de qualquer jeito  —   eucoloquei a minha mala e minha flauta e tudo nesse

pequeno banco antes das escadas e comecei a longacaminhada pela sala de estar e pela sala de jantar,pensando em uma boa história para justificar oporquê de eu estar tão atrasada, no caso disso ser omotivo do porque ela estava brava.

―Nós tivemos ensaio da banda,‖ eu comeceidizendo. Na hora que eu cheguei à mesa de jantar —  

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que tem essa campainha construída no chão embaixoda cadeira na cabeceira da mesa, para que oanfitrião pise nele e mande um sinal para osempregados na cozinha que é hora de trazer asobremesa, que, já que não temos empregados, éapenas uma chateação, especialmente quando nósestávamos crescendo, já que é impossível paracrianças pequenas pararem de apertar algo comoesse todo o tempo, o que deixava minha mãe, que

geralmente estava na cozinha, furiosa  —   eu passeifacilmente por ela.

‖É, o ensaio da banda foi longo, mãe. E mais achuva de granizo. Todos nós tivemos que correr eficar embaixo das arquibancadas, e teve todos essesraios, e — "

―Olhe para isso." 

Minha mãe segurou uma carta no meu nariz.Meu irmão Mike estava sentado, meio que caído, nobalcão da cozinha. Ele parecia infeliz, mas então, elenunca pareceu feliz um dia da vida dele, desde que

eu consigo me lembrar, exceto quando meus paiscompraram para ele um computador Mac de natal.Então ele parecia feliz.

Eu olhei para a carta que minha mãe estavasegurando. Eu não conseguia ler, já que estava muito

perto do meu nariz. Mas não importava. Minha mãeestava falando, ―Você sabe o que é isso, Jessica?

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Você sabe o que é isso? É uma carta de Harvard. E oque você acha que diz?"

Eu disse, ―Oh, ei, Mike. Parabéns." 

Mike disse ―Obrigado.‖ Mas ele não pareciamuito empolgado.

―Meu garotinho.‖ Minha mãe pegou a carta ecomeçou a agitá-la. ―Meu pequeno Mikey! Indo paraHarvard! Oh meu Deus, eu mal consigo acreditar!‖

Ela fez uma pequena dança estranha. Minha mãenormalmente não é estranha. Na maior parte dotempo ela é quase como as outras mães. Ela ajuda omeu pai de vez em quando com os restaurantes,como com as contas e com o faturamento e as folhasde pagamento, mas na maior parte ela fica em casa e

faz coisa como limpar os azulejos nos banheiros.Minha mãe, como a maioria das mães, totalmentevoltada para seus filhos, então Mike entrando emHarvard  —   mesmo que não seja realmente umasurpresa, vendo como ele conseguiu uma pontuaçãoperfeita nos SAT‘s dele —  era uma coisa realmente

grande para ela.―Eu já liguei para o seu pai.‖ Ela disse. ―Nós

estamos indo para o Mastriani‘s comer lagosta." 

―Legal.‖ eu disse. ―Posso chamar a Ruth?" 

Minha mãe sacudiu um pouco a mão. ―Claro,por que não? Quando nós saímos para um jantar defamília e não levamos a Ruth?‖ Ela estava sendo

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 ―Não.‖ Mike disse, totalmente embaraçado. Eleestava ficando completamente vermelho, e éramosapenas eu e mamãe lá. Você poderia imaginar seClaire Lippman estivesse realmente presente?

―Não há ninguém que eu queira convidar." 

―Coração fraco nunca mereceu uma dama.‖ [éum ditado popular: ‗Precisa-se fazer esforço paraconseguir o que quer‘.] Minha mãe disse. Minhamãe, além de frequentemente falar com um falsosotaque francês, sempre fala frases de peçasShakespearianas e de óperas de Gilbert e Sullivan.

Pensando bem, talvez ela não seja tão como asoutras mães.

―Eu entendi, mãe;‖ Mike disse por entre dentes

cerrados. ―Hoje não, ta bom?" Minha mãe deu de ombros. ―Está bem. Jessica,

se você está indo, permita-me afirmar a você quevocê não vai ir com isso."

Isso era o que eu normalmente usava  —  

camiseta, jeans e meus Pumas. ―Vá colocar aquela dealgodão azul que eu fiz para a Páscoa."

Tudo bem. Minha mãe tem essa coisa de fazernós nos vestirmos roupas combinando. Eu nem estoubrincando. Era bonitinho quando eu tinha seis, mas

com dezesseis, deixe-me dizer, não tem nada de fofosobre usar um vestido feito em casa que combina

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com o que a sua mãe está usando. Especialmentedesde que todos os vestidos que minha mãe faz sãoda variedade Laura Ingalls.

Você pensaria, considerando o fato que eu nãotenho problema em andar até jogadores de futebolamericano e socá-los no pescoço, que eu não terianenhum problema em falar para a minha mãe pararde me fazer usar roupas que combinem com as delas.Você pensaria isso. Entretanto, se o seu pai te

prometesse que se você os usasse sem reclamar, ele tecompraria uma Harley quando você tivesse dezoito,você os usaria também.

Eu disse. ―Ta bom.‖ E comecei subir as escadasdo fundo, que costumava ser as escadas dos

empregados, na virada do século  —   dos dezenovepara os vinte, digo  —   quando a nossa casa foiconstruída. ―Eu vou falar para o Douglas." 

―Oh.‖ Eu ouvi minha mãe dizer. ―Jess?" 

Mas eu continuei indo. Eu sabia o que ela iria

dizer. Ela iria dizer para não incomodar o Douglas.É o que ela sempre diz.

Pessoalmente, eu gosto de incomodar o Douglas.E também, eu perguntei ao Sr. Goodhart sobre isso eele disse que provavelmente é bom incomodar oDouglas. Então eu incomodo muito ele. O que eu

faço é, eu chego à porta de seu quarto, que tem um

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grande aviso de Fique Fora nela e bato realmenteforte. E então grito. ―Douglas! Sou eu, Jess." 

Então eu simplesmente entro. Douglas não está

permitido a ter uma tranca na porta mais. Não desdeque meu pai e eu tivemos que arrombar no natalpassado.

Douglas estava deitado em sua cama lendo umarevista em quadrinhos. Tinha esse Viking na capa,com uma garota com peitos grandes. Tudo queDouglas faz, desde que ele veio para casa dafaculdade, é ler revistas em quadrinhos. E em todasrevistas em quadrinhos, as garotas tinham peitosgrandes.

―Adivinha só.‖ Eu disse, sentando na cama de

Douglas.―Mikey entrou em Harvard.‖Douglas disse. ―Eu

 já escutei. Eu acho que toda a vizinhança escutou."

―Nããão.‖ Eu disse. ―Não é isso." 

Ele me olhou por cima da revista em

quadrinhos. ―Eu sei que mamãe acha que ela vai noslevar para o Mastriani's para comemorar, mas eunão vou. Ela vai ter que aprender a viver comdesapontamentos. E é melhor você ficar com as suasmãos longe de mim. Eu não vou, não importa o quão

forte você me bata. E dessa vez, talvez eu apenasbata em você de volta."

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 ―Não é isso, também.‖ Eu disse. ―E eu nãoestava planejando baterem você. Muito."

―O que, então?" 

Eu dei de ombros. ―Eu fui atingida por umraio."

Douglas se voltou para os quadrinhos. ―Claro.Feche a porta quando estiver saindo."

―É sério.‖ Eu disse. ―Ruth e eu estávamos

esperando a tempestade passar, embaixo dasarquibancadas do colégio..."

―Aquelas arquibancadas,‖ Douglas disse,olhando para mim de novo. ―são feitas de metal." 

―Certo. E eu estava encostada em um dos

suportes, e um raio atingiu as arquibancadas, e apróxima coisa que eu sei, eu estava parada a ummetro e meio de onde eu tinha estado, e eu estavatoda formigando, e..."

―Besteira.‖ Douglas disse. Mas se sentou. ―Isso é

besteira, Jess."―Eu juro que é verdade. Você pode perguntarpara a Ruth."

―Você não foi atingida por um raio.‖ Douglasdisse. ―Você não estaria sentada aqui, falandocomigo, se você tivesse sido atingida por um raio."

―Douglas, eu estou dizendo, eu fui." 

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 ―Onde está marca da entrada, então?‖ Douglasalcançou e agarrou a minha mão direita e virou-a.―A marca da saída? O relâmpago teria entrado emvocê por um lugar e saído por outro. E teria umacicatriz em forma de estrela em ambos os lugares."

Enquanto ele falava, ele soltou a minha mãodireita e pegou a esquerda, e virou-a também. Masnão tinha uma cicatriz em forma de estrela emnenhuma das minhas palmas.

―Viu?‖ ele jogou a minha mão comrepugnância. Douglas sabe coisas assim porque tudoque ele faz é ler, e de vez em quando ele lê livros deverdade, e não quadrinhos.

―Você não foi atingida por um raio. Não saia

dizendo coisas como essas, Jess. Você sabe, raiosmatam centenas de pessoas por ano. Se você tivessesido atingida, você definitivamente estaria em coma,no mínimo."

Ele se deitou novamente e pegou a revista em

quadrinhos de novo. ―Agora, saia daqui.‖ Ele disse,me dando um empurrão com o pé. ―Estou ocupado." 

Eu suspirei e levantei. ―Está bem.‖ Eu disse.―Mas você vai se arrepender. Mamãe disse que nósvamos comer lagosta."

―Nós tivemos lagosta na noite que eu recebiminha carta de aceitação do Estado,‖ Douglas disse

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para sua revista em quadrinhos. ―e veja no queaquilo deu."

Eu alcancei e agarrei o dedão de seu pé e

apertei. ―Tá certo, bebezão. Apenas fique deitadoaqui como um grande idiota, com Capitão Lars e suabela peituda, Helga."

Douglas olhou para mim por trás da revista emquadrinhos. ―O nome dela,‖ Ele disse. ―acontece deser Oona."

Então ele se escondeu atrás dos quadrinhos.

Eu saí de seu quarto, fechando a porta atrás demim, e subi as escadas para o meu próprio quarto.

Eu não estou muito preocupada com o Douglas.

Eu sei que eu provavelmente deveria estar, mas eunão estou. Eu provavelmente sou a única pessoa daminha família que não está, com exceção do meu pai.Douglas sempre foi estranho. Minha vida inteira, eufiquei batendo em pessoas que chamavam meuirmão mais velho de retardado, ou babaca, ou

estranho. Eu não sei por que, mas mesmo na maioriadas vezes eu sou bem menor que eles, eu me sintoobrigada a socar eles na cara por desrespeitar o meuirmão.

Isso enlouquece a minha mãe, mas não o meu

pai. Meu pai apenas me ensinou como socar commais eficiência, me avisando para manter o meupolegar fora do meu punho. Quando eu era bem

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pequena, eu costumava fazer com o meu polegar dolado de dentro. Consequentemente, eu torci váriasvezes. Meu polegar, quero dizer.

Douglas costumava ficar bravo quando euentrava em brigas por causa dele, então depois deum tempo eu aprendi a fazer isso sem ele saber. E euacho que seria humilhante, tendo a irmã mais novaconstantemente indo, batendo nas pessoas em seunome. Ms eu não acho que isso contribuiu para o que

aconteceu com o Douglas depois. Você sabe, no natalpassado, quando ele tentou se matar. Digo, você nãotenta se matar porque sua irmã caçula costumavaentrar em brigas por sua causa no segundo grau, ouqualquer coisa.

Você tenta?De qualquer modo, uma vez que eu estava nomeu quarto, eu liguei para Ruth e a convidei para jantar fora com a gente. Eu sabia que, mesmo quehoje fosse o primeiro dia do que seria outra dasdietas dela, graças a Jeff Day, Ruth não conseguiria

resistir. Não apenas era lagosta, mas era o Michael.Ruth tenta fingir que ela não gosta do Michael, masentre você e eu, a garota tem uma queda por ele. Nãome pergunte por quê. Ele não é nenhum prêmio,acredite.

E como eu sabia que ela aceitaria, ela disse.―Bem, eu realmente não devia. Lagosta engorda

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tanto. Bem, não a lagosta, mas toda aquelamanteiga... mas eu acho que é uma ocasião especial,com o Michael entrando em Harvard e tudo mais.Eu acho que eu deveria ir. Está bem, eu vou ir."

―Vem pra cá.‖ Eu disse. ―Me de dez minutos,mesmo assim. Preciso me trocar."

―Espera um minuto.‖ A voz de Ruth ficou cheiade suspeita. ―Sua mãe não está fazendo você usar umdaquelas roupas gays, está?‖ Quando eu permaneciem silêncio, Ruth disse. ―Você sabe, eu não acho queuma moto é o suficiente. Seu pai deveria te comprarum Maserati fudido pelo que essa mulher faz vocêpassar."

Ruth acha que minha mãe está sofrendo de

opressão da sociedade patriarcal, constituídabasicamente de meu pai. Mas não é verdade. Meupai iria amar se minha mãe arrumasse um emprego.Iria deixar ela longe dessa obsessão com o Douglas.Agora que ele está em casa de novo, entretanto, eladiz que ela nem pode pensar em trabalhar, já que

quem ficaria de olho nele e teria certeza que eleficaria longe de lâminas da próxima vez?

Eu contei para Ruth que, sim, eu teria que usarum das roupas gays da minha mãe, mesmo que gayseja a palavra errada para elas porque todas as

pessoas gays que eu conheço são realmente legais eprefeririam morrer a usar algo feito de algodão,

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exceto no Halloween. Mas tanto faz. Eu desliguei ecomecei a me arrumar. Eu basicamente vivo de jeanse camiseta. No inverno, I ponho um suéter, mas deverdade, eu não me arrumo para escola comoalgumas garotas. Algumas vezes eu nem tomo banhode manhã. Digo, qual é o propósito? Não há ninguémque eu queira impressionar.

Bem, pelo menos não tinha, até Rob Wilkins meperguntar se eu queria uma carona para casa. Agora

isso poderia valer uma escova. [secar o cabelo comum secador a alisar.]

Apenas, claro, eu não poderia deixar a Ruthsaber. E ela iria totalmente, no minuto que elaparasse para me pegar. Ela fica tipo. ―Muito

mousse?"Mas ela provavelmente aprovaria —  pelo menosaté ela descobrir para quem eu estava passandomousse para. De qualquer jeito, enquanto eu estavame trocando, me ocorreu que Douglas talvezestivesse errado. Talvez tivesse uma cicatriz em

forma de estrela em algum lugar do meu corpo, nãonecessariamente em minhas mãos. Talvez na sola dosmeus pés ou algo assim.

Mas quando eu chequei, minhas solas estavamno mesmo rosa usual. Sem cicatrizes. Nem mesmo

uma fibra de roupa entre os dedos.

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 Era estranho o Rob Wilkins me perguntando seeu queria uma carona assim do nada. Digo, eu malconheço o cara. Nós tivemos detenção juntos, e eraisso. Bem, isso não é necessariamente verdade. Nosemestre passado, ele esteve em Saúde comigo. Vocêsabe, na aula do treinador Albright. Você deve fazerquando você está no segundo grau, mas por algumarazão  —   está bem, provavelmente porque elereprovou na primeira vez  —   Rob estava fazendo

como veterano. Ele sentou atrás de mim. Ele eraquieto na maior parte do tempo. Ocasionalmente eletinha conversas com o garoto que sentava atrás dele,que também era um Caipira. Eu entreouvia, claro.Essas conversas geralmente envolviam bandas  —  bandas Caipiras, maioria heavy metal, ou country —  

ou carros.Algumas vezes eu não conseguia evitar me

intrometer. Como eu disse uma vez eu não acho queSteven Tyler era um gênio da música. O artistaformalmente conhecido como Prince era o único

músico vivo que eu chamaria de gênio. E então, poruma semana, nós meio que dissecamos suas letras, eRob eventualmente concordou comigo.

E uma vez Rob estava falando sobre motos, e ocara atrás dele ficava dizendo sobre Kawasaki, e euestava tipo, ―Você ta o que, chapado? American,

sempre.‖ E Rob e eu batemos as mãos. [high five  –  quando você bate a mão no alto.]

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 O treinador Albright não ficou exatamentemuito na classe. Emergências de futebol ficavamaparecendo, fazendo ele nos deixar para trabalharnas questões no final do capítulo. Você conhece ostipos de perguntas. Qual é a função do baço? Ohomem adulto produz quantos espermas por dia? Otipo de pergunta que você esquece instantaneamenteassim que a aula acaba.

Eu decidi que, para escola amanhã, eu talvez

use essa camisa Gap que Douglas me deu de natal.Eu nunca usei na escola antes, porque tem o pescoçobaixo em forma de U. Não exatamente o tipo de coisaque você quer usar enquanto bate num zagueiro.Mas, ei, se é isso que vai precisar para eu conseguiruma carona naquela Indian...

Não foi até que estava abotoando meuhorroroso vestido lilás Laura Ingalls que eu olheipara o meu reflexo no espelho que vi: essa marca dotamanho de um punho vermelha no meio do meupeito. Não doía nem nada. Era como se de repente eu

tivesse uma alergia ou algo. Como se alguém tivesse jogado molusco ruim na minha casca e molho.

Do centro da marca vermelha saia aquelasgravinhas. Na verdade, olhando no espelho, eu vi quea cosa toda era...

Bem, meio que na forma de uma estrela.

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CAPÍTULO 4

Ruth disse. ―Eu estou dizendo, eu não vejooutra. Há apenas uma."

―Você tem certeza?" Eu estava de pé, completamente nua, no meio

do meu quarto. Era depois do jantar, que eusuponho ter sido delicioso. Eu não saberia, sendoincapaz de provar qualquer coisa, com a excitação

de ter sido real e verdadeiramente atingida por umraio. A queimadura em forma de estrela provavaisso. Era a marca de entrada que Douglas estava sereferindo. O único problema era, eu não conseguiachar a ferida de saída. Eu fiz a Ruth vir depois do jantar e me ajudar a olhar. Só que ela não estava

sendo de grande ajuda.―Eu não tinha idéia,‖ ela disse da minha cama,

onde ela estava deitada, folheando uma copia da‗Teoria crítica desde Platão‘ —   você sabe, apenasuma leitura leve  —  que ela tinha trazido, ―que você

realmente tem peitos crescidos. Você não é mais umataça A. Quando isso aconteceu?"

―Ruth,‖ Eu disse. ―e nas minhas costas? Você vêalguma nas minhas costas?"

―Não. O que você é agora, um B?" 

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e Claire sempre lidera qualquer peça que o clube deteatro produz, então eu assisti a maioria dos ensaiosquando ela interpretou Emilyem Our Town ,Mariaem West SideStory , e, obviamente, Julieta emRomeo e Julieta.

―Ela realmente é uma boa atriz.‖ Eu disse.

―Eu realmente duvido,‖ Ruth disse. ―queMichael admire ela pelo seu talento."

Ruth sempre chama Mike de Michael, mesmoque todo mundo o chame de Mike. Ela diz que Mikeé um nome Caipira.

―Bem,‖ Eu disse. ―você tem que admitir que elafica bem em roupa de banho."

Ruth bufou. ―Aquela puta. Eu não acredito queela faz aquilo. Todo verão. Digo, era uma coisa antesde ela atingir a puberdade. Mas agora... o que elaestá tentando fazer? Causar um acidente detrânsito? "

―Eu estou com fome.‖ Eu disse, porque eu

estava. ―Você quer alguma coisa?" Ruth disse, ―Não estou surpresa. Você mal

tocou na sua lagosta."

―Eu estava muito entusiasmada para comerentão,‖ Eu disse. ―Digo, poxa. Eu fui eletrocutada

hoje. "

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 ―Eu queria,‖ Ruth disse, para o livro. ―que vocêfosse a um médico. Você pode estar tendo umahemorragia interna, sabe."

Eu disse. ―Eu estou descendo. Você quer algumacoisa?"

Ela bocejou. ―Não. Eu preciso ir. Eu vou apenasir ao quarto do Michael para dizer parabéns maisuma vez, e boa noite."

Eu achei que seria melhor deixar os doissozinhos, você sabe, no caso de ter um intervaloromântico, então eu desci as escadas para procurarpor comida. As chances de Mikey olhar duas vezesna direção de Ruth são tipo zero, mas esperança é aúltima que morre, mesmo no coração de uma garota

gorda. Não que Ruth seja tão gorda. Ela é apenasduas vezes o tamanho da Claire Lippman. Não queClaire seja tão magra  —   ela é bem hippy, naverdade. Mas garotos parecem gostar disso, eupercebi. Nas revistas, eles nem prestam atenção sevocê não é a Kate Moss, sua vida está acabada, mas

na vida real, garotos —  como os meus irmãos —  nãoolhariam duas vezes na direção da Kate Moss. ClaireLippman, entretanto, que deve ser trinta e quatro,vinte e quatro, trinta e oito ou algo assim [acho queseria os tamanhos, tipo, peito, bunda e essas coisas.

Mas como eu não sei qual a medida, eu não saberiamudar..], eles babam. Eu acho que muito disso é

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como você se projeta, e Claire Lippman se projetacomo se ela tivesse, você sabe?

Ruth não. Se projeta com confiança, digo. O

problema da Ruth é que ela é apenas, você sabe, umagarota grande. Todas as dietas drásticas do mundonão vão mudar isso. Ela só tem que aceitar isso eaceitar ela mesma e se acalmar. Então ela vaiconseguir um namorado. Garantido.

Mas provavelmente não o Mike.

Eu estava pensando no quão estranho sãocorpos enquanto colocava uma tigela de cereal paramim. Eu me perguntava se a cicatriz em forma deestrela ficaria no meu peito. Digo, quem queriaaquilo? E onde estava a marca de saída, de qualquer

 jeito?Talvez, eu pensei, enquanto eu colocava leite no

meu Total com passas, o raio ainda estava dentro demim. Isso seria estranho, huh? Talvez eu estivesseandando com isso zunindo dentro de mim. E talvez,

como a Ruth disse, eu poderia atirarem pessoas.Como Jeff Day. Ele tão merecia. Eu pensei sobreatirar raiosem Jeff Day enquanto eu lia o verso daembalagem do leite. Cara, isso iria por um fim nasua carreira de jogador de futebol.

Quando eu voltei lá para cima, Ruth já havia

ido embora. A porta do Mike estava fechada, mas eusabia que ela não estava lá, porque eu ouvia ele

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digitar furiosamente em seu computador.Provavelmente mandando um e-mail para todos osseus amigos rejeitados da Internet. Hei, caras, euentrei em Harvard! Como o Bill Gates.

Só que talvez, diferente do Bill Gates, Mike iriarealmente se formar. Não que isso tenha importado,pelo menos no caso do Bill.

A porta do quarto do Douglas estava fechada,também, e nenhuma luz saia de baixo dela. Mas issonão me impediu. Douglas estava na janela, um parde binóculos na cabeça, quando eu interrompi.

Ele virou e disse. ―Um dia desses, você vai fazerisso e você vai acabar vendo uma coisa que vocênunca quis ver."

―Eu já vi.‖ Eu disse. ―Mamãe fazia nóstomarmos banhos juntos quando nós éramospequenos, lembra?"

Ele disse. ―Vá embora. Estou ocupado." 

―O que você está olhando, de qualquer

maneira?‖ Eu perguntei, indo sentar na sua cama naescuridão. O quarto do Douglas cheiravacomooDouglas . Não era um cheiro ruim. Só um cheiro degaroto.Como tênis velhos misturado com Old Spice.―Claire Lippman?" 

―Órion,‖ Ele disse, mas eu sabia que ele estavamentindo. O quarto dele tinha uma vista direta para

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o da Claire Lippman. Claire, exibicionista como é,nunca abaixa as persianas. Eu duvido que ela atétenha persianas.

Mas eu não me importava com o Douglasespiando ela, mesmo que fosse sexista e violação daprivacidade dela e tudo mais. Significava que ele eranormal. Bem, para ele, de qualquer maneira.

―Não que  eu queira separar você da suaamada,‖ Eu disse. ―mas eu achei a marca deentrada."

―Ela não é minha amada.‖ Douglas disse.―Meramente o objeto de meu desejo." 

―Bem, tanto faz.‖ Eu disse. Puxando a gola domeu agasalho. ―De uma olhada nisso." 

Ele acendeu a lâmpada e girou ela na minhadireção. Quando ele viu a cicatriz, ele ficou muitoquieto.

―Jesus Cristo.‖ Ele disse depois de um tempo. 

―Eu te disse.‖ Eu disse. Ele disse. ―Jesus Cristo‖ de novo. 

―Não tem uma marca de saída.‖ Eu disse. ―Eufiz a Ruth me checar, inteira. Nada. Você acha que orelâmpago ainda esta dentro de mim?"

―Relâmpago,‖ Ele disse. ―não fica assim dentrode você. Talvez essa seja a marca de saída, e o raioentrou pelo topo da sua cabeça. Só que isso não é

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possível,‖ Ele disse, para ele mesmo, eu acho.―porque senão o cabelo estaria queimado." 

Embora fosse possível que ele não estivesse

falando com ele mesmo. Ele poderia estar falandocom as vozes. Ele escuta vozes as vezes. Foram elasque falaram para ele se matar no natal passado.

―Bem,‖ Eu disse, deixando meu agasalho voltarao lugar. ―Isso é tudo. Eu só queria te mostrar." 

―Espera um minuto.‖ Eu levantei, mas Douglasme puxou para a cama dele de novo.

―Jess.‖ Ele disse. ―Você realmente foi atingidapor um raio?"

―Sim.‖ Eu disse. ―Eu disse que fui." 

Douglas parecia sério. Mas até aí, Douglassempre parecia sério. ―Você deveria contar aopapai."

―Sem chance." 

―De verdade, Jess. Vá contar ao papai, agora.

Não à mamãe, também. Apenas o papai."―Aw, Douglas… " 

―Vai.‖ Ele me puxou para cima e me empurrouem direção a porta. ―Ou você faz, ou eu faço." 

―Aw, inferno.‖ Eu disse. 

Mas ele começou a me olhar engraçado, todopreocupado e tal. Então eu me arrastei escadas

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abaixo e encontrei o meu pai onde ele geralmenteestava quando ele não estava em um dosrestaurantes  —   na mesa da sala de jantar, olhandolivros, com a TV da cozinha no canal de esportes. Elenão podia ver a TV de onde ele estava sentado, masele conseguia ouvi-la. Mesmo ele parecendototalmente concentrado nos números a sua frente, sevocê mudasse o canal, ele iria pirar.

―O que?‖ Ele disse quando eu entrei. Mas não

de um jeito não amigável.―Ei pai.‖ Eu disse. ―Douglas disse que eu tenho

que contar que eu fui atingida por um raio hoje."

Meu pai olhou para cima. Ele estava com osseus óculos de leitura. Ele me olhou de cima deles.

―Douglas está tendo um episódio?‖ Eleperguntou. É assim que os psiquiatras chamamquando as vozes do Douglas são mais fortes que ele.Um episódio.

―Não.‖ Eu disse. ―É verdade. Eu fui atingida

por um raio hoje."Ele me olhou mais um pouco. ―Por que você não

mencionou isso no jantar."

―Porque, você sabe,‖ Eu disse. ―era umacelebração. Mas Douglas disse que eu tinha que te

contar. Ruth também disse. Ela disse que eu poderiater um ataque enquanto eu dormia. Olha, veja só."

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  Eu estiquei a gola do meu agasalho de novo.Estava tudo bem, porque a cicatriz ia de cima dosmeus peitos, até a clavícula. Meu pai vinha sendomeio estranho a respeito dos meus peitos, desde queeu tive algum. Eu acho que ele tem medo que elesvão ficar no caminho quando eu for acertar alguémde baixo.

Ele olhou para a minha cicatriz e disse. ―Você eSkip estavam brincando com a bombinhas de

novo?"Eu acho que eu mencionei que Skip é o irmão

gêmeo da Ruth. Ele e eu tínhamos uma coisa combombinhas.

―Não, pai.‖ Eu disse. ―Poxa, eu já passei da fase

das bombinhas.‖ Para não mencionar o Skip. ―Isso édo raio."

Eu contei para ele o que aconteceu. Ele escutoucom esse olhar bem sério. E falou, ―Eu não iria mepreocupar com isso."

Isso era o que ele costumava dizer quando euacordava no que parecia ser o meio da noite  —  masera provavelmente apenas onze horas  —  quando euera bem pequena, e eu descia e dizia a ele que minhaperna, ou meu braço, ou meu pescoço doía.

―Dores do crescimento.‖ Ele dizia, e me davaum copo de leite. ―Eu não me preocuparia com isso." 

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 ―Ta bom.‖ Eu disse. Eu estava tão aliviadaquanto naquela época, quando eu era pequena. ―Eusó achei que eu deveria te contar. Você sabe, caso eunão acorde amanhã de manhã."

Ele disse. ―Se você não acordar amanhã, suamãe te mata. Agora vá para a cama. E se eu ouviralguma coisa de você procurando abrigo debaixo demetal durante uma tempestade, eu vou te dar umasurra."

Ele não está falando sério, claro. Meu pai nãoacredita em surra. Isso é porque seu irmão maisvelho, meu tio Rick, costumava espancar ele, minhamãe diz. E é o porquê nós nunca vamos visitar o meutio Rick. Eu também acho que é por isso que meu pai

me ensinou a socar. Meu pai acha que você tem queaprender a se defender de todos os Tios Ricks domundo.

Eu subi e pratiquei flauta por uma hora. Eusempre tento tocar o meu melhor quando eu praticodesde este dia, quando antes da Ruth conseguir o

carro e nós costumávamos a ir de ônibus para aescola, Claire Lippman me viu com a minha flauta edisse ―Oh, então é você.‖ Com esse significado navoz. Quando eu perguntei o que ela queria dizer, eladisse. ―Oh, nada. Só que nós sempre ouvimos alguém

tocar flauta por volta das dez toda noite e nós nuncasabíamos quem era.‖ Então eu estava totalmentemortificada e fiquei vermelha, o que ela deve ter

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visto, já que foi, nessa voz agradável  —   Claire,mesmo sendo uma exibicionista, é bem legal —  ―Não,não, não é ruim. Eu gosto. É como um concerto livretodas as noite."

De qualquer modo, uma vez que eu ouvi isso, eucomecei a tratar minha hora de pratica mais comouma apresentação. Primeiro eu aqueço com escalas,mas eu toco elas bem rápido para acabar logo, emeio espalhafatoso, para que não soe tão chato.

Então eu trabalho com qualquer coisa que estamosapresentando na Orquestra, mas duas vezes maisrápido, também para acabar rápido. Então eu façoalguns pedaços medievais legais que eu desenterreina última vez que eu fui à biblioteca, algumasversões realmente antigas do Green-sleeves ealgumas coisas célticas. Então, quando eu estoutotalmente aquecida, eu toco um pouco de Billy Joel, já que é o favorito do Douglas, ainda que ele fossenegar se você perguntasse. Então eu toco um poucode Gershwin, para o meu pai, que ama Gershwin, e

termino com um pouco de Bach, porque quem nãoama Bach?

Algumas vezes Ruth e eu praticamos juntas naspoucas partes que nós achamos com flauta evioloncelo. Mas sós não praticamos da mesma casa.O que nós fazemos é, nós abrimos as janelas dos

nossos quartos e tocamos de lá.Como um pequenomini-concerto para a vizinhança. Isso é bem legal.

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Ruth diz que se algum maestro passasse a nossa casa,ele ficaria tipo, ―Quem são esses incríveis músicos?Eu preciso deles na minha orquestraimediatamente!‖ Ela provavelmente está certa. 

A coisa é que, eu toco muito melhor em casa doque eu toco na escola. Tipo, se eu tocasse tão bem naescola quanto em casa, eu definitivamente seriaprimeira cadeira, ao invés de terceira. Mas eu meatrapalho muito na escola de propósito, porque,

francamente, eu não quero ser primeira cadeira.Primeira cadeira é muita pressão. Eu já sofrobastante com pessoas tentando me desafiar paraterceiro. Karen Sue Hanky, por exemplo. Ela équarta cadeira. Ela já me desafiou dez vezes esseano. Se você não gosta da sua posição, você podedesafiar a pessoa acima de você, e subir de posição sevocê ganhar. Karen Sue começou como nonacadeira, e desafiou o caminho até a quarta. Masentão ela ficou presa em quarto o ano inteiro, porquea única cosia que eu não vou fazer é deixar ela

vencer. Eu gosto da terceira cadeira. Eu estousempre em terceiro.Terceira cadeira, terceiro filho.Entende? Eu estou confortável sendo terceira. Masnem ferrando que eu vou ser quarta. Então sempreque Karen Sue me desafia, eu toco o meu melhor,como eu toco em casa. Nosso maestro, Sr. Vine,

sempre me da um sermão depois, quando Karen Suesai com raiva, o que ela sempre faz, porque eu

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sempre ganho. E então Sr. Vine vai. ―Você sabe,Jessica, você poderia ser primeira cadeira, se vocêdesafiasse o Audrey. Você poderia ganhar doAudrey, se você apenas tentasse."

Mas eu não tenho interesse de ganhar deninguém. Eu não quero ser primeira cadeira, ou atémesmo segunda cadeira.

Mas eu serei amaldiçoada antes de eu deixaralguém tirar a terceira cadeira de mim.

De qualquer modo, quando eu terminei depraticar, eu tomei um banho, e então fui para acama. Antes de eu desligar a luz, entretanto, eu sentio lugar no meu peito onde a cicatriz estava. Eu nãopodia realmente sentir. Não estava alta ou qualquer

coisa. Mas eu ainda podia ver, quando eu olhei noespelho saindo do chuveiro. Eu esperava que nãofosse continuar lá no dia seguinte. Como mais euusaria minha camisa de pescoço baixo?

CAPÍTULO 5

Quando eu acordei na manhã seguinte, eu sabiaduas coisas logo de cara. Primeiro, eu não tinhamorrido de um ataque no coração durante a noite. Esegundo, Sean Patrick O‘Hanahan estava em Paoli,

enquanto Olívia Marie D‘Amato estava em NewJersey.

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 Isso são três coisas, eu acho. Mas as duassegundas são completamente ao acaso. Quem diabosera Sean Patrick O'Hanahan e como eu sabia que eleestava em Paoli? Mesma coisa sobre Olivia MarieD'Amato.

Sonhos estranhos. Eu estava tendo algunssonhos estranhos, isso era tudo. Eu levantei e tomeioutro banho, já que a marca vermelha ainda estavalá e eu não poderia usar pescoço baixo. Eu decidi ir

de cabelo limpo então. Quem sabe? Talvez RobWilkins me oferecesse outra carona, e quando nóspararmos em uma placa ou algo ele vire a cabeça esinta o meu cheiro.

Poderia acontecer.

Não era até eu estar comendo o café da manhãque eu percebi quem Sean Patrick O'Hanahan eOlivia Marie D'Amato eram. Eles eram as criançasna parte de trás da embalagem de leite. Você sabe, osdesaparecidos. Só que eles não estavamdesaparecidos. Não mais. Porque eu sabia onde eles

estavam.―Você não acha que você realmente vai usar

esses jeans para ir a escola, você acha, Jessica?"

Minha mãe estava muito desencantada com omeu visual, que eu escolhi com muito cuidado, tendo

Rob Wilkins em mente.

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 ―É, de verdade.‖ Mike disse. ―O que você achaque isso é? Os anos oitenta?"

―Como,‖ Eu disse. ―você fosse saber alguma

coisa sobre moda, garoto da ciência. Cadê seuprotetor de bolso, hein?"

―Você não pode,‖ minha mãe disse. ―usar essacalça na escola, Jessica. Você vai envergonhar afamília."

―Não tem nada errado com a minha calça.‖ Eudisse. 1-800-ONDE-TÁ-VOCÊ. Esse era o númeroque você deveria ligar se você soubesse onde SeanPatrick O'Hanahan ou Olivia Marie D'Amatoestavam. Eu não estou brincando. 1-800-ONDE-TÁ-VOCÊ. Fofo. Muito fofo.

―Os joelhos não estão bons.‖ Minha mãecontinuou. ―Tem um buraco começando na virilha.Você não pode usar essa calça. Ela está sedespedaçando."

Esse era o ponto, veja. Eu não podia expor

minha área do peito, então eu decidi pelos joelhos.Eu tenho joelhos legais. Então, quando eu estiveratrás do Rob Wilkins na moto, ele vai olhar parabaixo e ver esses joelhos totalmente sexy saindo domeu jeans. Eu raspei a minha perna e tudo mais. Euestava muito pronta.

A única coisa que eu não tinha descoberto eracomo eu iria conseguir uma carona para casa se ele

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não me chamasse. Ligar para Ruth, eu acho. MasRuth iria ficar brava comigo se eu pedisse para elanão vir, em primeiro lugar. Ela ia ficar toda. ―Porque? Quem vai te levar para casa? Não aqueleCaipira, eu espero."

Ser amiga de alguém como a Ruth é difícilalgumas vezes.

―Suba e se troque, moçinha.‖ Minha mãe disse. 

―Sem chance..‖ Minha boca estava cheia decereal.

―O que você quer dizer, sem chance? Você nãopode ir para escola vestida desse jeito."

―Observe.‖ Eu disse. 

Meu pai entrou nessa hora. Minha mãe disse.―Joe, veja o que ela está vestindo." 

―O que?‖ Eu disse. ―São apenas jeans." 

Meu pai olhou para a minha calça. Então olhoupara a minha mãe. ―São apenas jeans, Toni.‖ Ele

disse.O nome da minha mãe é Antonia. Todo mundo

a chama de Toni.

―São jeans de puta.‖ Minha mãe disse. ―Ela estávestindo jeans de puta. Isso é porque ela lê aquela

revista de putas.‖ É disso que a minha mãe chama aCosmo. Meio que é uma revista de puta, mas mesmoassim.

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 ―Ela não parece uma puta.‖ Meu pai disse. ―Elaparece com o que ela é.‖ Nós todos olhamos para elequestionavelmente, nos perguntando eu que eu seria.Então ele continuou. ―Bem, você sabe. Uma garotaque age como garoto."

―Ta certo.‖ Eu disse, levantando. ―Eu precisoir."

―Não nesse jeans, você não vai.‖ Minha mãedisse.

Eu peguei minha flauta e minha mochila.―Tchau.‖ Eu disse, e sai pela porta de trás. 

Eu corri todo o caminho até a frente da casapara encontrar a Ruth, que estava esperando na ruano Cabriolet dela. Era uma manhã boa, então ela

estava com a capota abaixada.―Bela calça.‖ Ela disse sarcasticamente,

enquanto entrava no lugar do passageiro.

―Só dirige.‖ Eu disse.

―De verdade.‖ Ela disse, aumentando avelocidade. ―Você não parece com a Jennifer Reals,ou qualquer coisa. Hei, você é uma soldadora de diae uma stripper a noite, por acaso?"

―Sim.‖ Eu disse. ―Mas eu estou guardando todoo meu dinheiro para pagar pela escola de balé."

Nós estávamos quase na escola quando a Ruthperguntou, de repente. ―Hei, o que há com você?

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Você nunca esteve tão quieta desde que Douglastentou... você sabe."

Eu me agitei. Eu não percebi que eu tinha

desligado, mas foi exatamente o que eu fiz. A coisaera que, eu não conseguia tirar a imagem do SeanPatrick O‘Hanahan da minha cabeça. Ele estavamais velho no meu sonho do que na imagem da caixade leite. Talvez ele seja uma daquelas crianças queforam seqüestradas há tanto tempo, que ele nem

lembre mais da sua família.E de novo, talvez tenha sido só um sonho.

―Huh.‖ Eu disse. ―Eu não sei. Eu estava apenaspensando, só isso."

―Primeira vez.‖ Ruth disse. Ela entrou no

estacionamento dos estudantes. ―Hei, você querandar para casa de novo hoje? Eu peço pro Skip medeixar de novo as quatro, quando você sair dadetenção. Você sabe, eu me pesei essa manhã, e jáperdi uma libra. [é uma medida. Por volta de0,5

quilogramas .]"Eu acho que ela provavelmente perdeu umalibra de não comer nada do jantar na noite anterior,estando tão ocupada encarando Mikesonhadoramente para consumir qualquer coisa. Mastudo que eu disse foi. ―Claro, eu acho. Exceto que..." 

―Exceto que o que?" 

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 ―Bem, você sabe como eu me sinto a respeito demotos."

Ruth olhou para cima. ―Não o Rob Wilkins de

novo."―Sim, Rob Wilkins de novo. Eu não posso

evitar, Ruth. Ele tem aquela realmente grande — "

―Eu não quero escutar.‖ Ruth disse, levantandoa mão.

―—Indian.‖ Eu terminei. ―O que você achavaque eu ia dizer?"

―Eu  não sei.‖ Ruth apertou um botão e o tetocomeçou a subir. ―Alguns desses Caipiras usamcalças realmente apertada."

―Que nojo.‖ Eu disse, como se isso nunca tivesseme ocorrido. ―Realmente, Ruth." 

Ela tirou o cinto de segurança educadamente.―Mas não fique esperando que eu sente ao lado dotelefone esperando você me ligar se ele não te

chamar."―Se ele não me chamar.‖ Eu disse. ―Eu só vouligar para minha mãe."

―Ótimo.‖ Ruth disse. Ela parecia brava. 

―O que?" 

―Nada.‖ Ela disse. ―Não, não nada. O que tem de errado?"

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 ―Não tem nada de errado.‖ Ruth saiu do carro.―Deus, você é uma estranha." 

Ruth sempre está me chamando de estranha,

então eu não me ofendo. Eu não acho que elarealmente quer dizer alguma coisa com isso mais.Muita coisa com isso, de qualquer forma.

Eu saí do carro também. Era um dia bonito, océu estava um azul de ovo de Robin [é um pássaro. Oovo é BEM azul.] acima de nossas cabeças, atemperatura por volta de quinze graus, e era apenasoito horas da manhã. A tarde provavelmente seriaquente. Não o tipo de dia para se ficarem casa. O diaperfeito para uma carona num conversível... oumelhor, na traseira de uma moto.

O que me lembrava, Paoli era mais ou menos32quilômetros de onde eu estava. Era a próximacidade, na verdade. Eu não podia evitar pensar comoRuth  —  ou Rob Wilkins  — se sentiria de fazer umapequena viajem depois da detenção. Você sabe, sópara checar. Eu não iria contar a nenhum dos dois

sobre o meu sonho ou qualquer coisa. Mas eu tinhaquase certeza que eu sabia exatamente onde aquelapequena casa de tijolos estava... Mesmo eu tendo amesma certeza que eu nunca tinha estado lá antes.

O que era a razão principal, na verdade, de

porque eu queria checar. Digo, quem vai tendosonhos sobre crianças da parte de trás da

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embalagem de leite? Não que meus sonhos normaissejam excitantes. Apenas o normal, sobre aparecerna escola pelada, ou ficar com o BrendanEraser, ―Olá?" 

Eu pisquei. Ruth estava parada na minhafrente, acenando na minha cara.

―Deus.‖ Ela disse, abaixando a mão. ―Qual é oseu problema? Você tem certeza de que você estábem?"

―To‖ Eu disse automaticamente. 

E a coisa engraçada era, eu realmente penseique tudo estava bem.

Naquela hora.

CAPÍTULO 6

Detenção no Colégio Ernie Pyle étradiçionalmente função dos membros do colégio

com menos tempo de serviço. Este ano era asenhorita Clemmings, a nova professora de artes.Agora, eu não quero ser determinista, mas elestinham que estar brincando. A senhorita Clemmingsé um pouco mais alta do que eu, e não pode pesarmais do que eu, tipo uns quarenta e cinco quilos ou

algo assim.

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 E ainda assim, diferente de mim, senhoritaClemmings dificilmente é uma perita em kickboxer —  ou até uma medíocre. Mas ela estava lá, devendomanter aqueles jogadores de futebol gigantes delutarem um com os outros. Digo, era ridículo. Otreinador Albright eu até entendo. O treinadorAlbright poderia manter algum controle. Mas tudoque a senhorita Clemmings poderia fazer eraameaçar relatar aqueles caras se eles fizessem algo.

E tudo que acontecia quando eles eram delatados eraque eles ganhavam detenções mais longas. Asenhorita Clemmings tinha que impedir eles debrigar mais esse tempo. O que era tipo retardado.

Então eu não estava super surpresa quando asenhorita Clemmings, no começo da detenção nofinal do dia, me chamou na frente do auditório edisse, na sua fina voz de garotinha. ―Jessica, eupreciso falar com você."

Eu não conseguia imaginar o que a senhoritaClemmings queria. Oh, tudo bem, eu admito: uma

parte de mim pensou que ela ia me liberar o resto dosemestre, por causa do meu bom comportamento.Porque eu realmente sou um anjinho... durante adetenção, de qualquer maneira. Isso era mais do quepoderia ser dito de qualquer um dos meuscompanheiros detentos.

O que era, de um jeito, o que ela queria falarcomigo sobre.

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 ―São os W‘s‖ ela sussurrou. 

Eu olhei para ela não compreendendo. ―Os W‘s,senhorita Clemmings?"

Ela continuou. ―Sim, na fileira de trás?‖ Eentão ela apontou as cadeiras do auditório.

E foi só então que eu entendi. Claro. Os W‘s.Nós sentamos em ordem alfabética na detenção, e oscaras da última fileira —  os W‘s —  tem tendência de

ficar meio difícil de controlar. Eles têm ficadoinquietos durante os ensaios para West Side Story,barulhentos durante Romeo e Julieta,completamente rudes durante Our Town. Agora oclube de teatro estava começando End game, e asenhorita Clemmings estava com medo que uma

confusão começasse.―Eu odeio pedir isso para você, Jessica.‖ Ela

disse, olhando para mim com seus grandes olhosazuis. ―mas você é a única garota aqui e eu mais deuma vez descobri que colocando uma forte influência

feminina em um grupo predominantemente dedirigidos pela testosterona tem tendência de difundirum pouco do — "

―Tudo bem.‖ Eu disse, realmente rápido. 

Senhorita Clemmings parecia surpresa. Então

ela parecia aliviada. ―De verdade? De verdade,Jessica? Você não iria se importar?"

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 Ela estava brincando? ―Não.‖ Eu disse. ―Eu nãoiria me importar. Nem um pouco."

―Oh.‖ Ela disse, colocando uma mão no

coração. ―Oh, eu estou tão contente. Se você pudesse,então, apenas se sentar entre Robert Wilkins e ogaroto Wendell..."

Eu não podia acreditar. Alguns dias, você sabe,você acorda, e tudo bem, talvez você tenha tido umsonho bizarro, mas então, de repente, as coisassimplesmente começam a ir do seu jeito. Simplesassim.

Eu voltei para o meu lugar no M‘s, pegueiminha mochila e minha flauta, e abri caminho para afileira W até que eu conseguisse sentar entre Rob e

Hank. Teve um monte de assobios enquanto eu faziaisso  —   o bastante para que o treinador do teatrovirasse para nós e nos mandasse ficar quietos.  —   ealguns caras não tiravam os estúpidos pés para medeixar passar. Eu me vinguei, no entanto, chutandoeles realmente forte na canela. Isso fez eles se

mexerem, certo.Nós temos que nos sentar a uma cadeira de

distância do outro, de modo que fez todo mundo doRob Wilkins se mover uma cadeira para o lado. Sóque Rob não pareceu se importar. Ele pegou a sua

 jaqueta de couro  —   ele não tinha mais nada, nemlivros, nem mala, lada, exceto um pequeno livro de

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espionagem [tipo uma revista e tal. longa e fina] queele guardava no bolso de trás dos jeans  —   e sentoude novo, seus olhos azuis em mim enquanto euarrumava as minhas coisas embaixo do meu lugar.

―Bem vinda ao inferno.‖ Ele me disse quando eume endireitei.

Eu lhe lancei o meu melhor sorriso. O cara dooutro lado dele viu isso, e agarrou a virilha. Robpercebeu, olhou para ele, e disse. ―Você está morto,Wylie."

―Shhh.‖ A senhorita Clemmings sibilou,batendo as mãos para nós. ―Se eu ouvir outrapalavra daí de trás, todos você vão receber mais umasemana."

Nós nos calamos. Eu peguei meu livro degeometria e comecei a fazer a tarefa que nos tinhassido atribuída para o fim de semana. Eu tentei nãonotar que Rob não estava fazendo nada. Ele estavaapenas sentado ali, olhando o ensaio da peça. O cara

na minha esquerda, Hank Wendell, estava fazendouma daquelas bolinhas de papel. Ele estava usandosaliva ao invés de fita para segurar o papel junto.

Nenhum dos caras no W‘s pareceuparticularmente impressionado —  ou acovardado —  pela minha presença.

Mas então Rob se inclinou e agarrou o meucaderno e a caneta das minhas mãos. Ele olhou para

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a minha tarefa, assentiu, e virou a pagina. Então eleescreveu algo, e passou o caderno e a caneta de voltapara mim. Eu olhei para o que ele tinha escrito. Era:

Você foi pega pela chuva ontem?Eu olhei para a senhorita Clemmings. Eu não

tinha certeza se estávamos ou não autorizados apassar notas na detenção. Eu nunca tinha ouvido dealguém tentando antes.

Mas a senhorita Clemmings não estava nemprestando atenção. Ela estava observando ClaireLippman apresentar esse monólogo realmente chatode dentro dessa grande lata de lixo feita de borracha.

Eu escrevi:Sim   , e passei o caderno de voltapara ele.

Não exatamente cintilante, ou qualquer cosia.Mas o que mais eu deveria dizer?

Ele escreveu alguma coisa e passou o caderno devolta. Ele tinha escrito:Eu te disse. Por que você nãodispensa a garota gorda e vem comigo para uma voltadepois disso?

Jesus Cristo. Ele estava me chamando para sair.Mais ou menos.

E ele também estava desrespeitando minhamelhor amiga.

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 Você édanificado mentalmente ou algo dogênero? Eu escrevi.A garota gorda acontece de ser aminha melhor amiga.

Ele pareceu gostar disso. Ele escreveu por umlongo tempo. Quando eu peguei o caderno de volta,isso era o que ele tinha colocado:Jesus, desculpe. Eunão tinha idéia que você era tão sensível. Deixe-merefazer a f rase. Por que você não fala para a suaamiga que desafia a gravidade para dar uma

caminhada, e vem comigo para uma volta depoisdisso?

Eu escrevi:É sexta à noi te, seu perdedor. O quevocê acha, que eu já não tenho planos? Acontece queeu tenho um namorado, você sabe.

Eu pensei que a parte do namorado poderia serum pouco demais, mas ele pareceu engolir. Eleescreveu:É? Bem, eu aposto que o seu namorado nãoestá reconstruindo uma Harley ’64 no celeiro dele. 

Uma Harley ‘64? Meus dedos estavam

tremendo tanto que eu mal consegui escrever.Meunamorado não tem um celeiro. O pai dele   —  já que euestava inventando um namorado, eu achei que eupoderia dar a ele uma linhagem impressionante.  — é um advogado.

Rob escreveu:E daí? Da um fora nele. Venha

para um passeio.

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 Foi então que Hank Wendell se inclinou e disse.―Wylie. Wylie?"

Do outro lado do Rob, Greg Wylie se inclinou e

disse. ―Toma isso, Wendell." ―Vocês dois,‖ eu sibilei pelos meus dentes

cerrados. ―calem a boca antes que a Clemmings olhepara cá."

Hank jogou a bolinha de papel voando na

direção do Wylie. Mas Rob esticou a mãe e pegouantes que chegasse aonde deveria.

―Você ouviu a dama.‖ Ele disse, nessa vozperigosa. ―Sai fora." 

Ambos Wylie e Wendell se acalmaram. Garoto.

A senhorita Clemmings estava certa, Era incrível oque um pouco de estrogênio podia fazer.

Tudo bem.Eu escrevi.Com uma condição.

Ele escreveu.Nenhuma condição   . E sublinhoufortemente.

Eu escrevi, em grandes letras de forma.Então eunão posso ir .

Ele viu o que eu estava escrevendo antes de euterminar. Ele arrancou o caderno de mim,parecendo entediado, e escreveu.Tudo bem. O que?

E era como, uma hora depois, nós fomos emdireção a Paoli.

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CAPÍTULO 7

Está bem. Está bem, então eu vou admitir. Bemaqui, no papel, na minha declaração oficial. Vocêquer uma confissão? Você quer que eu fale averdade?

Tudo bem. Aqui está:

Eu gosto de ir rápido.Digo, rápido de verdade.

Eu não sei o que é. Eu só nunca fiquei commedo de velocidade. Nas viagens na estrada, tipoquando nos dirigimos até Chicago para ver a vovó e

meu pai ia a cento e trinta ou algo assim, tentandopassar um caminhão, todo mundo no carro ficariatipo. ―Diminui! Diminui!" 

Eu não. Eu sempre fui. ―Mais rápido! Maisrápido!"

Tem sido desse jeito desde que eu sou umagarotinha. Eu lembro de quando nós costumávamosir às feiras do condado (antes de ser determinadoque era muito Caipira.), eu sempre tinha que ir emtodas os brinquedos rápidos  —   o Chicote, o SuperHimalaya  —  sozinha, porque todo mundo na minha

família tinha medo deles. Só eu, sozinha, indo anoventa e cinco, cento e quinze, cento e vinte e cincoquilômetros por hora.

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 E aquilo continuava a não ser rápido osuficiente. Não para mim.

Mas aqui está a coisa que eu descobri naquele

dia que eu fui dar uma volta com o Rob: Robtambém gosta de ir rápido.

Ele foi seguro sobre isso e tudo mais. Como eleme fez usar um capacete reserva que ele tinha norecipiente de armazenamento que ele tinha atrás damoto. E ele obedeceu todas as leis de trânsitoenquanto nós estávamos nos limites da cidade. Masassim que saímos dela...

Eu tenho que te dizer, eu estava no paraíso. Eufalo sério.

Claro, parte disso pode ter sido porque eu

estava com meus braços envolvendo esse caratotalmente gostoso. Digo, Rob tinha abdominais queeram duros como pedra. Eu sei, porque eu estavasegurando neles bem forte, e tudo que ele estavausando por baixo da jaqueta de couro era uma

camisa.Rob era o meu tipo de cara. Ele gostava de searriscar.

Não é como se tivesse qualquer outro carro naestrada. Digo, nós estamos falando de pistas no

interior, cercado por milharais. Eu não acho que nóspassamos outro carro a noite toda, exceto quandonós finalmente chegamos a Paoli.

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 Paoli.

O que eu posso te falar sobre Paoli? O que vocêquer saber? Você quer saber como começou? Eu

acho que você quer. Tudo bem, eu vou te contar.Começou em Paoli.

Paoli, Indiana. Paoli é como qualquer outracidadezinha no sul de Indiana. Tinha um tribunal,um cinema, uma loja de artigos de casamento, umalivraria. Eu acho que provavelmente tem uma escolafundamental, também, e uma escola de ensino médioe uma fábrica de pneus de borracha, mesmo que eunão tenha visto.

Eu sei que tem mais ou menos dez igrejas. Eu fizo Rob virar a esquerda em uma das igrejas  —  nem

me pergunte como eu sabia que era a certa  —   e derepente nós estávamos na mesma rua com árvoresenfileiradas do meu sonho. Duas quadras depois enós estávamos na frente dessa pequena casa detijolos muito familiar. Eu bati no ombro do Rob, eele encostou no meio fio e desligou o motor.

Então nós sentamos lá e eu olhei.

Era a casa do meu sonho. A mesma casa. Tinhao mesmo gramado curto, a mesma caixa de correiopreta com os mesmos números, sem nome, a mesma janela com todas as persianas abaixadas. Quanto

mais eu olhava, mais eu ficava com a suspeita que,no quintal dos fundos, teria um velho balanço

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enferrujado e uma daquelas piscinas para crianças,quebrada e suja de ter ficado do lado de fora oinverno inteiro.

Era uma casa boa. Pequena, mas boa. Em umavizinhança modesta, mas boa. Alguém que moravaperto tirou a churrasqueira e estava grelhandohambúrgueres para o jantar. À distância, eu podiaouvir vozes de crianças gritando enquantobrincavam.

―Bem,‖ Rob disse, depois de um minuto. ―Essa éa casa do namorado, então?"

―Shhh.‖ Eu disse para ela. Isso era porquealguém estava vindo na nossa direção na calçada.Alguém pequeno, arrastando uma jaqueta jeans

atrás dele. Alguém que, quando chegou perto osuficiente, de repente desviou da calçada para ogramado da casinha de tijolos que eu estavaencarando.

Eu tirei o capacete que Rob tinha me

emprestado.Não, meus olhos não estavam me enganando.Era Sean Patrick O'Hanahan, tudo bem.

Mais velho que ele estava na foto de trás daembalagem de leite por cinco ou seis anos. Mas era

ele. Eu simplesmente sabia.

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 Eu não sei o que me fez fazer aquilo. Eu nuncatinha feito nada parecido. Mas eu desci da moto doRob, atravessei a rua e disse. ―Sean." 

Desse jeito. Eu não gritei nem nada. Eu só disseo nome dele.

Ele virou. Então ele estava pálido. Mesmo antesde me ver, ele ficou pálido. Eu juro.

Ele provavelmente tinha mais ou menos doze

anos. Pequeno para a sua idade, mais ainda assim sópoucos centímetros menor que eu. Cabelo vermelhopor baixo do boné dos Yankees. Sardas destacavam-se marcando o seu nariz, agora que ele tinha ficadotão pálido.

Os olhos dele eram azuis. Eles se estreitaram

quando seu olhar atingiu primeiro sobre mim, entãoatrás de mim, na direção de Rob.

―Eu não sei do que você está falando.‖ Ele disse.Ele não falou alto, não mais do que eu falei o nomedele. Ainda assim, eu ouvi o medo por trás de sua

voz de garotinho.Eu cheguei ao limite da calçada antes de eu

achar que era melhor parar. Ele parecia pronto parasair em disparada.

―Oh, é?‖ Eu disse. ―Seu nome não é Sean?" 

―Não.‖ A criança disse, naquele jeito  maleducado que as crianças falam quando estão com

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medo, só que eles não querem mostrar. ―Meu nome éSam."

Eu balancei a minha cabeça de vagar. ―Não, não

é.‖ Eu disse. ―Seu nome é Sean. Sean PatrickO'Hanahan. Está tudo bem, Sean. Você podeconfiarem mim. Eu estou aqui para te ajudar. Euestou aqui para te ajudar a chegar a casa."

O que aconteceu a seguir foi isso:

A criança ficou, se é possível, ainda maisbranca. No mesmo tempo, seu corpo pareceu setransformar em gelatina ou algo do tipo. Ele soltou a jaqueta jeans como se pesasse muito para ele segurarmais, e eu podia ver seus dedos tremendo.

Então ele se apressou para mim.

Eu não sei o que eu pensei que ele fosse fazer.Me abraçar, eu acho. Eu pensei que talvez eleestivesse tão feliz e agradecido por ter sidoencontrado que ele ia se jogar nos meus braços e mesaudar com um grande beijo por ter vindo em seu

resgate.Isso não foi o que ele fez.

O que ele fez ao invés foi se esticar e me agarrarpelo pulso —  um pouco doloroso, eu posso adicionar —  e sibilou ―Você não vai contar para ninguém. Você

nunca vai contar para ninguém que você me viu,entendeu? "

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 Isso não era exatamente o tipo de reação que euestava esperando. Digo, seria uma coisa se nóschegássemos a Paoli e eu descobrisse que a casa queeu sonhei não existisse. Mas existia. E mais, na frenteda casa estava o garoto da embalagem de leite. Euapostaria a minha vida naquilo.

Só que, por alguma razão, a criança estavaafirmando que ele era outra pessoa.

―Eu não sou Sean Patrick O'Hanahan.‖ Elesussurrou numa voz que estava tão cheia de raivaquando estava de medo. ―Então você podesimplesmente ir embora, você ouviu? Você podesimplesmente ir embora.E nunca voltar  ."

Foi nesse ponto que a porta da frente da

pequena casa se abriu e a voz de uma mulherchamou, aguda. ―Sam!" 

A criança me soltou de uma vez.

―Indo.‖ Ele disse, sua voz tremendo tantoquando os dedos estavam.

Ele me lançou só mais um olhar furioso, pareciaassustado quando ele se inclinou para pegar a jaqueta jeans do gramado. Então ele correu paradentro e bateu a porta sem olhar na minha direçãooutra vez.

Parada na calçada, eu encarei a porta fechada.Eu escutei o barulho dos pássaros, das crianças que

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eu podia ouvir brincando em algum lugar perto. Euainda podia sentir o cheiro dos hambúrgueres e algomais: grama recém cortada. Alguém tinha tiradovantagem do calor fora de temporada e aparado oseu gramado.

Nada dentro da casa a minha frente se moveu.Nem uma persiana foi levantada. Nada.

Mas tudo  —   tudo que eu sempre conheci  —  estava diferente agora.

Porque aquele garoto era Sean PatrickO'Hanahan. Eu sabia disso tão bem quanto eu sabiao meu nome, o nome dos meus irmãos. Aquele garotoera Sean Patrick O'Hanahan.

E ele estava com problemas.

―O garoto é meio novo para você,‖ Eu escutei avoz atrás de mim apontar. ―você não acha?" 

Eu me virei. Rob ainda estava sentado na moto.Ele tinha tirado seu capacete e estava me observandocom expressão perfeitamente impassível em seu rosto

bonito.―Aceita todos os tipo, eu acho.‖ Ele disse dando

de ombros. ―Ainda assim, eu não vou te julgar porter uma fixação por escoteiros."

Eu provavelmente deveria ter contado para ele.

Eu provavelmente deveria ter dito naquelahora,Olha, eu vi aquele garoto na parte de trás da

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embalagem de lei te. Vamos procurar a polícia. Mas eunão fiz. Eu não disse nada. Eu não sabia o que dizer.Eu não sabia o que fazer. Eu não entendia o queestava acontecendo comigo.

―Bem.‖ Disse Rob. ―Nós podemos ficar aqui anoite toda, se você quiser. Mas o cheiro desseshambúrgueres está me deixando com fome. O quevocê me diz de tentarmos achar alguns para nós?"

Eu dei um último olhar para a casa detijolos.Sean  , eu pensei para mim mesma,eu sei que é você aí dentro. O que eles fizeram para você? O queeles fizeram para você, para fazer você ficar com medode admiti r seu próprio nome?

―Mastriani.‖ Rob disse. 

Eu virei e voltei para a moto.Ele não me fez nenhuma pergunta. Ele só me

deu o capacete, colocou o dele, esperou até eu dizerque estava pronta e então ele ligou o motor.

Nós saímos de Paoli.

Não foi até nós atingirmos 140 de novo que eume senti melhor. É difícil manter a doida porvelocidade para baixo quando ela está indo a 140.Tudo bem, eu disse comigo mesma enquanto nósíamos. Você sabe o que tem que fazer. Você sabe o

que tem que fazer.

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 Logo depois que nós estacionamos nalanchonete que Rob tinha em mente  —  um lugar deencontro dos Hell Angels[motoqueiros] chamadoChick‘s que eu sempre quis ir, desde que nóspassamos todo 5 de janeiro no nosso caminhodepósito de lixo para nos livrarmos da árvore denatal, só que a minha mãe nunca ia deixar —  eu fiz.

Eu fui para o telefone público ao lado dobanheiro feminino e disquei.

―1-800-ONDE-TA-VOCE‖ A voz de umamulher disse depois de ter tocado apenas duas vezes.―Aqui é a Rosemary. Como eu posso ajudar você?" 

Eu tive que colocar o dedo na outra orelha, amáquina de música estava tocando John Cougar

Mellencamp tão alto.―Oi, Rosemary.‖ Eu gritei. ―Aqui e a Jess." 

―Oi, Jess.‖ Rosemary disse. Ela soava como seela fosse negra. Eu não conheço nenhuma pessoanegra —  não tem nenhuma na minha cidade  —  mas

eu vi eles nos filmes e na TV e essas coisas. Então foiassim que eu soube. Rosemary soava como umasenhora negra mais velha. ―Eu mal consigo teescutar."

―É‖ Eu disse. ―Me desculpe por isso. Eu estou

em um… Bem, eu estou em um bar." 

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 Rosemary não pareceu muito chocada emescutar isso. Por outro lado, ela não tinha comosaber que eu tinha só dezesseis.

―O que eu posso fazer por você hoje, Jess?‖Rosemary perguntou.

―Bem.‖ Eu disse. Eu respirei fundo. 

―Escute, Rosemary,‖ Eu disse. ―Isso podeparecer meio estranho, mas tem esse garoto, Sean

Patrick O‘Hanahan. Vocês têm ele na embalagem doleite. De qualquer jeito, eu sei onde ele está.‖ Entãoeu contei para ela.

Rosemary continuou indo. ―Uh-hun. Uh-hun.Uh-hun.‖ E então disse. ―Querida, você está— "

Rob gritou meu nome. Eu olhei para ele e elelevantou duas cestas de plástico vermelhas. Nossoshambúrgueres estavam prontos.

Eu falei. ―Rosemary, eu tenho que ir. Mas bemrápido. Aquela Olivia Marie D'Amato? Vocês vãopoder encontrar ela na — " E então eu dei a ela o

endereço da rua, a cidade em New Jersey e o códigopostal, também. ―Certo? Preciso ir. Tchau!" 

Eu desliguei.

Foi engraçado, mas eu me senti aliviada. Comose eu tivesse tirado algo do meu peito. Isso não é

estranho? Digo, eu sei que Sean de disse para nãofalar para ninguém.

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 Medisse  para não falar?

Ele me implorou  .

Mas ele também parecia tão assustado de ter

sido encontrado que eu não podia imaginar que comquem ele estivesse poderia ser alguém bom pare ele.Não se eles estão fazendo ele mentir sobre o seunome e essas coisas. E quanto aos pais deles? Eletinha que saber que eles estavam sentindo a faltadele. Ele tinha que saber que eles iriam protegê-lo dequalquer uma dessas pessoas que pegou ele.

Eu tinha feito a coisa certa ligando. Eu tinhaque ter feito. De outro modo, porque eu me sentiriatão bem?

E acabei me divertindo. Rob, eu descobri, tem

alguns amigos no Chick‘s. Todos eles eram homensque eram bem mais velhos que ele e na maior parte,ele tinham cabelos realmente longos e muitotatuados. As tatuagens deles diziam coisas como1/31/68, que eu lembrei de Civilização Mundial era o

dia do Tet Offensive na guerra do Vietinã. Os amigosdo Rob pareciam estranhamente assombrados emme ver, —  embora eles tenham sido muito gentis.  —  o que me levou a acreditar que:

a) Rob nunca levou uma garota para o Chick‘santes (pouco provável), ou b) as garotas que ele

levava pareciam mais as garotas que estavamandando com os Hell‘s Angels —   conhecida como,

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alta, loira, com maquiagem excessiva, chamada Teriou Charleen, e que provavelmente nunca usou algode algodão na vida (mais provável).

O que pode ser o porquê de, toda vez que euabria a minha boca, os caras iriam todos se olhar, atéque finalmente um deles perguntou ao Rob. ―Ondevocê arranjou ela?‖ o que eu repliquei, porque erauma questão muito estúpida. ―Na loja denamoradas."

Todos, menos Teri e Charleen riram dessa.Então, no geral, quando eu cheguei em casa

aquela noite, eu estava muito contente. Eu salvei avida de uma criança  —   talvez até duas vidas decrianças, embora não tinha jeito de eu ir todo

caminho para Jersey para checar a situação daOlivia D'Amato. E eu passei a tarde e parte da noitecom uma cara totalmente gostoso que gosta de irrápido e que, se eu não estivesse enganada, pareciagostar de mim também. O que poderia ser melhorque isso?

Não ter os meus pais descobrindo sobre isso,isso que poderia.

E não como eles descobrirem, também. Porqueno minuto que eu entrei pela porta, por volta dasnove ou algo assim, —  eu fiz o Rob me deixar no fim

da rua, para que meus pais não possam escutar amoto  —   eu vi que eles não tinham nem notado que

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eu não estava. Eu tinha ligado, claro, do Chick‘s edisse que o ensaio da banda estava demorando, masninguém atendeu. Quando eu entrei, eu vi porquê.Minha mãe e meu pai estavam tendo uma brigaenorme. Por causa do Douglas. Como sempre.

―Ele não está pronto.‖ Minha mãe estavagritando.

―Quanto mais tempo demorar,‖ Meu pai disse.―mais difícil vai ser para ele. Ele tem que começaragora."

―Você quer que ele tente de novo?‖ Minha mãequeria saber. ―É isso que você quer, Joe?" 

―Claro que não.‖ Meu pai disse. ―Mas édiferente agora. Ele está medicado. Veja, Toni, eu

acho que seria bom para ele. Ele precisa sair da casa.Tudo que ele faz é ficar deitado lá, lendo revistas emquadrinhos."

―E você acha que fazer ele trabalhar na cozinhaquente de um restaurante é a cura para isso?‖

Minha mãe parecia muito sarcástica.―Ele precisa sair.‖ Meu pai disse. ―E ele precisa

começar a receber dinheiro para as coisas dele."

―Ele está doente!‖ Minha mãe insistiu. 

―Ele sempre vai estar doente, Toni,‖ Meu pai

disse. ―mas pelo menos ele está sendo tratado agora.E os tratamentos estão funcionando. Os médicos

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disseram que com tanto que ele estivesse tomando amedicação dele, não há razão para ele não poder"

Meu pai parou porque ele me viu no batente da

porta. ―O que você quer?‖ ele perguntou, nãorudemente.

―Cereal.‖ Eu disse. ―Desculpe perder o jantar." 

Meu pai acenou para mim. Um aceno de tantofaz. Eu peguei uma caixa de Raisin Bran e uma

tigela.―Ele não está pronto.‖ Minha mãe disse. 

―Toni,‖ Meu pai disse. ―Ele não pode ficar lá noquarto dele para sempre. Digo, ele tem vinte anos,pelo amor de Deus. Ele precisa começar a sair, ver

pessoas da própria idade — "―Oh, e atrás da cozinha do Mastriani‘s, é issoque ele vai estar fazendo. Saindo.‖ Minha mãe estavasendo sarcástica de novo.

―Sim.‖ Meu pai disse. ―Com pessoas da idade

dele. Você conhece o pessoal de lá. Eles vão fazerbem a ele."

Minha mãe bufou. Eu comi o meu cereal,fingindo estar muito interessada na parte de trás daembalagem de leite, mas realmente escutando aconversa deles.

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 ―Próxima coisa, você provavelmente vai querermandar ele para aquelas casas de recuperação.‖Minha mãe disse.

―Bem, Toni,‖ Meu pai disse. ―pode não ser umamá idéia. Ele poderia conhecer outros jovens com omesmo problema que o dele, aprender que ele nãoestá sozinho — "

―Eu não gosto disso.‖ Minha mãe disse. ―Euestou te falando. Eu não gosto disso."

Meu pai jogou as mãos para o ar. ―Claro quevocê não gosta disso, Toni.‖ Ele disse. ―Você quermanter o garoto envolta de algodão. Mas você nãopode, Toni. Você não pode proteger ele para sempre.Você não pode cuidar dele para sempre. Ele vai

achar um jeito de fazer aquilo de novo, mesmo vocêmantendo um olho nele ou não."

―O papai está certo.‖ Eu disse com a minhaboca cheia.

Minha mãe me olhou penetrantemente. ―Você

não tem que estar em outro lugar, mocinha?"Eu não tinha, mas eu decidi ir para o meu

quarto praticar. Ninguém me incomodouperguntando por que eu estava praticando logodepois de eu  —   supostamente  —   ter estado em um

ensaio da banda por tipo seis horas ou algo assim.Esse é o jeito que a minha família é.

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 Claire Lippman não é a única que pode meouvir praticando. Ruth também pode me ouvir. Logoque eu terminei, o telefone tocou. Era a Ruth,querendo saber tudo sobre o meu passeio de moto.

―Foi tudo bem.‖ Eu disse enquanto euempurrava um pano para dentro da minha flautacom essa vara de metal para limpar o cuspe.

―Tudo bem?‖ Ruth ecoou. ―Tudo bem? O quevocê fez? Onde você foi?"

―Só uma volta.‖ Eu disse. Não me pergunte porque, mas eu não conseguia me fazer contar para aRuth sobre o Sean. Eu não fui capaz de contar aoRob sobre o Sean. Em resposta para o seuquestionamento persistente, eu finalmente disse. ―Ele

é o meu agiota, ta bom?‖ o que soltou um pio dosamigos do Rob.

―Você foi para um passeio?‖ A voz da Ruthcresceu de incredulidade. ―Para onde? Chicago?" 

―Não. Só por aí. E então a gente foi para o

Chick‘s." ―Chick‘s?‖ Ruth soava perto de combustão

espontânea. ―Isso é um bar. Um bar demotoqueiros."

―É.‖ Eu disse. 

―E não pediram a sua identidade?" 

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 ―Não.‖ Eu disse. Não pediram as nossasidentidades porque o Rob conhecia o barman.

―Você bebeu?" 

―Claro que não.‖ Eu disse. ―E ele?" 

―Duh, Ruth. Você acha que eu realmente iriaem uma moto com uma cara que estava bebendo?Nós só tomamos refrigerantes."

―Oh. Bem, ele beijou você?"Eu não disse nada. Eu estava pegando a minha

flauta e colocando em um pequeno compartimentoaveludado dentro da minha mala.

―Nossa.‖ Ruth respirou fundo. ―Ele fez. Eu não

posso acreditar que ele beijou você. Foi de língua?"―Lamentavelmente, não."

―Oh meu Deus.‖ Ruth disse. ―Bem, issoprovavelmente é melhor. Você não deveria deixar elepor a língua no primeiro encontro. Ele pode pensar

que você é fácil. Então, vocês vão sair de novo?"―Talvez no próximo final de semana.‖ Eu disse,

distraidamente. Ele não mencionou nada. Eu percebiagora, sobre me ver de novo. O que isso significava?Ele não gostou de mim? Ou era só que era a minha

vez de convidar ele? Nunca tendo saído em encontrosantes, eu não estava certa de como essas cosiasfuncionavam.

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 E não fazia sentido perguntar para a Ruth. Elatinha menos noção do que eu.

―Eu ainda não posso acreditar,‖ Ela estava

dizendo. ―que você está saindo com um Caipira." ―Você é tão esnobe.‖ Eu disse. ―O que importa?

Ele é totalmente legal. E ele saber tudo de motos."

―Mas ele não está indo para a faculdade, certo?Depois que ele se graduar."

―Não. Ele está indo trabalhar na oficina do tio." ―Nossa.‖ Ruth disse. ―Bem, eu acho que está

tudo certo se você só usar ele para sexo e passeios namoto de graça."

―Eu estou desligando agora, Ruth.‖ Eu disse. 

―Ta bom. Você trabalha amanhã?" ―O papa é católico?" 

―Tudo bem. Wow. Eu não acredito que elebeijou você."

Na verdade, eu não podia acreditar também.Mas eu não falei isso para a Ruth. Ou sobre como,quando ele fez isso, eu praticamente cai da traseirada moto, eu estava tão surpresa. Só porque eu estoumuito de detenção não significa que eu souexperiente.

Eu espero que não de para perceber.

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CAPÍTULO 8

Todo sábado, e a maioria dos domingos depoisda igreja, eu tenho que trabalhar em um dos

restaurantes do meu pai. E o Michael também tem.O Douglas tinha, antes de ele ir par a faculdade eficar doente. Eu acho que todas as crianças que ospais possuem restaurantes têm que trabalhar nelesalguma hora. Deve nos ensinar a ter ética detrabalho, para não ficarmos andando por aípensando que tudo é entregue de bandeja. Ao invésdisso, nós somos os que carregam a bandeja. E ospratos. E a mesa quente [aquelas mesas que tem emrestaurantes por kilo, onde ficam as comidas. O fogoem baixo aquece a água, que aquece a comida.]. E a

caixa registradora. E o livro de reservas.Diga um nome, e se tem a ver com serviço decomida, eu já fiz.

Aquele sábado em particular, entretanto, eutava meio desligada na caixa registradora, então Pat,

o gerente, me colocou para limpar. Hei, eu tinhamuito na cabeça. E não, não era Rob Wilkins. Era ofato de que, quando eu acordei naquela manha, eusabia onde Hadley Grant e Timothy Jonas Millsestavam.

Minha mãe jogou fora o leite antigo, o com o

Sean Patrick e Olívia Marie, e comprou um novo. Eeu sabia onde as crianças do novo estavam também.

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  Isso estava me deixando um pouco assustada.Digo, de onde estavam vindo esses sonhos? Era tãoestranho acordar com toda essa informação sobreum bando de completos estranhos na minha cabeça.

Eu não ia ligar de novo. Uma vez já tinha sido osuficiente. Mas duas —  bem, isso era forçar a barra.Digo, eu nem sabia se a informação que eu tinhadado a Rosemary tinha sido exata. E se acabou sendouma completa mentira? Que se, por qualquer razão,

aquele não tivesse sido Sean Patrick O‘Hanahan? Ese só tivesse sido algum outro garoto e eu o assusteicompletamente...

Não. Tinha sido ele. Eu lembro do jeito que eleficou tão pálido por baixo daquelas sardas. Tinha

sido o Sean, tudo bem.E se eu tinha acertado sobre o Sean...

No primeiro intervalo que eu tive, eu estava notelefone público perto do banheiro feminino, naespera do 1-800-ONDE-TA-VOCE. Eu não acredito

que eles me colocaram na espera. Quantas pessoaspoderiam estar ligando em um domingo de manhã?Poxa, eu só tenho uma pausa de cinco minutos e euainda não tinha ido ao banheiro ainda. Os minutosestavam passando e uma família que tinha entrado esentado em uma das mesas que eu ainda não tinha

limpado. Eles estavam sentados lá, empurrandotodos os copos vazios e pratos usados nessa grande,

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precária pilha. Eu juro por Deus, as pessoas nãosabem o que fazer.

Finalmente, essa mulher atendeu e perguntou

como ela poderia me ajudar. Eu perguntei,―Rosemary?" 

―Não.‖ A mulher disse. Ela era branca e do sul,eu podia dizer. ―A Rosemary não está hoje. Aqui é aJudith. Como posso ajudá-la?"

Eu disse. ―Ah, bem, eu acho que eu sei ondeessas duas crianças estão. Hm, Hadley Grant eTimothy Jonas Mills?"

Judith falou. ―Oh?‖ nessa voz com muitasuspeita.

―É‖ Eu disse. A família na mesa que eu aindanão tinha limpado estava começando a olhar emvolta de uma maneira brava. Uma das crianças tinhatentado tomar o resto do gelo de um dos coposusados. ―Olha, Hadley está no— " E eu dei oendereço exato, que por acaso era na Flórida. ―— e

Timothy está em Kansas .‖ Eu dei a ela o endereçoda rua. ―Você pegou tudo?" 

―Com licença, senhorita,‖ Judith disse. ―você éa — "

Eu disse. ―Sinto muito, preciso ir.‖ E  desliguei,

na maior parte porque a família estava encarado apilha de pratos sujos na mesa que acabou de abrir ao

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lado da deles, mas também porque eu pensei queJudith estaria para gritar comigo sobre Sean e Oliviae disso eu não preciso.

Mas depois de desligar, eu me senti melhor.Como ontem. Eu senti como se um peso fosse tiradode mim.

Pelo menos até Pat me dizer que eu não podialimpar mais e me mandou de volta para lavar louça.

O resto do fim de semana se passou semnenhum acidente considerável. No sábado de noite, aRuth veio aqui e dessa vez ela trouxe o violoncelodela. Nós tocamos um concerto, então assistimosalguns filmes que ela alugou. Mike desceu por umtempo e caçoou dos nossos gostos de filmes. Ruth só

gosta de filmes que tem uma transformação lindaneles. Como‘Uma Linda Mulher’   , quando JuliaRoberts ganha todas as roupas. Eu tenho tendênciasa gostar de filmes de explosões. Há poucos filmes quetem os dois. ‗A Assassina ‘, com Bridget Fonda, émais ou menos o único. Nós vimos o filme nove vezes.

Douglas apareceu também, por apenas algunsminutos, no caminho da cozinha para deixaralgumas tigelas de cereal que tinham ficado em seuquarto por algumas semanas. Ele assistiu ao filmepor um tempo, mas então mamãe o encontrou, e

começou a perguntar se ele se sentia bem. Então eleteve que correr escadas acima e se esconder.

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  Por volta de onze horas, eu poderia ter juradoque eu ouvi o ronronar da Indian do Rob Wilkinsfora de casa. Mas então eu olhei para fora da janela,e não havia ninguém lá. Sonhando acordada, euacho. Ele provavelmente estava completamenteassustado pela beijadora inexperiente que eu sou enunca me chamaria para sair de novo.

Oh, bem. Quem perde é ele.

Domingo, depois da igreja, meu pai nos deixouno Mastriani‘s para ajudar com a multidão. Bem, eue Mike, de qualquer jeito. Douglas não tem mais queir para a igreja. Ao invés disse, ele fica em casa e lêgibis. Eu sei que Douglas está doente e tudo mais,mas eu não me importaria de ficar em casa no

domingo de manha e ler gibis. Ou assistindo TV,também. Mas eu nunca tentei me matar, então eutenho que ir para a igreja. E eu tenho que ir em umvestido que combine com o da minha mãe.

É o suficiente para fazer uma garota pensar quetalvez não exista um Deus.

A única coisa que aconteceu no domingo foi quenós ficamos sem leite e minha mãe mandou eu eMike na loja para comprar algum. Mike me deixoudirigir no caminho para lá, mas então, na volta, elenem deixava me chegar perto do volante. Mas você

sabe, eu acho que os limites de velocidade sãorealmente só sugestões. Se não tem ninguém mais na

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pista, você deveria poder ir o quão rápido vocêquiser. Infelizmente, Mike  —   e seus amigos noDepartamento de Veículos a Motor, que continuamse recusando a me dar a licença —  discordam.

Na loja de mantimentos, eu peguei a caixa deleite que tinha algumas crianças nela que eu aindanão tinha visto, só como um tipo de experimento.Estava marcado para espirar em dois dias, mas do jeito que Douglas come, eu sabia que nós

precisaríamos de mais amanhã, de qualquer jeito.Douglas pode comer uma caixa tamanho família deCheerios de uma vez. É impressionante ele não sergordo. Mas ele sempre teve um metabolismo rápido,como o Sr. Goodhart.

E também na loja de mantimentos, nósencontramos Claire Lippman. Ela estava paradaperto da prateleira de revistas, lendo Cosmo,enquanto a mãe dela estava olhando o canto na seçãode vegetais. Mike a encarou fixamente por umtempo. Finalmente eu fiquei cheia daquilo e cutuquei

ele e disse. ―Só vá falar com ela, pelo amor de Deus."Mike disse. ―Oh, claro. Sobre o que?" 

―Fale para ela que você não pode esperar paraver ela em End game."

―O que é isso?" 

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 ―É uma peça. Ela está participando. Elainterpreta Nell. Ela tem que sentar em uma lixeirade plástico durante todo o espetáculo."

Mike me olhou. ―Como você sabe? Desdequando você está no clube de teatro?"

Eu percebi que eu tinha cometido um erro. Eudisse. ―Céus, deixa pra lá. Venha, vamos embora." 

Só que Mike não ia. Ele só ficava encarando a

Claire. ―Digo,‖ Ele disse. ―não é como se ela sairiacomigo. Se eu chamasse ela. Por que ela sairiacomigo? Eu nem tenho um carro."

―Você poderia ter comprador um carro,‖ Eudisse. ―com todo o dinheiro que você recebeutrabalhando no restaurante. Mas não. Você tinha

que comprar um scanner estúpido."―E uma impressora.‖ Mike disse. ―E um drive

compactador."

―Oh meu Deus.‖ Eu disse. ―Tanto faz. Vocêsempre pode pegar emprestado o carro do papai."

―É‖ Mike disse. ―Um Volvo. Claro. Vem. Vamosembora."

Céus. Eu não posso acreditar nos garotos. Éuma surpresa que as pessoas consigam se casar.

Nada mais aconteceu no domingo, exceto queaquela noite, enquanto eu estava praticando, eupensei ter ouvido uma moto descendo a rua. E dessa

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vez, quando eu olhei para fora da janela, a que euconseguia ver a rua inteira, eu vi uma luz de faroltraseiro, no final da ruela Lumley, fazendo a curvana Hunter.

Hei, pode ter sido o Rob. Você nunca sabe.

Eu fui para a cama feliz, pensando que talvezum garoto gostasse de mim. É estúpido que isso étudo que precisa, algumas vezes, para fazer vocêfeliz. Pensar que alguém gosta de você, digo. Éespecialmente estúpido em vista do que aconteceu nodia seguinte. Eu tinha problemas muito maiores,descobri, do que um garoto gostar ou não de mim.

Muito maiores.

CAPÍTULO 9

O que aconteceu foi que, no dia seguinte, Ruthme levou para escola como de costume. Durante todoo caminho, eu não consegui tirar aquelas crianças da

minha cabeça. As crianças na caixa de leite que eutinha comprado na noite anterior, digo. De novo, euacordei com o sentimento que eu sabia exatamenteonde eles estavam, até o endereço. Estava ficandoassustador, deixe me dizer.

Mas como sexta e sábado, eu não conseguiaparar de pensar neles. Então, assim que eu chegueina escola, eu dei um jeito de me livrar da Ruth, e dei

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uma ligada para o velho 1-800-ONDE-TA-VOCE.Dessa vez a Rosemary atendeu.

―Hey, Rosemary.‖ Eu disse. ―Sou eu, a Jess. De

sexta, se lembra?"Rosemary prendeu a respiração. ―Jess!‖ Ela

disse.

Na verdade, ela praticamente gritou na minhaorelha. ―Querida, onde você está?" 

Eu pensei que era meio engraçado que alguémque trabalhava para o 1-800-ONDE-TA-VOCEestaria me perguntando onde eu estava. Eu fui.―Bem, agora eu estou na escola." 

―As pessoas estão te procurando, amor.‖

Rosemary disse. ―Você ligou para cá no sábado?" ―É.‖ Eu disse. ―Por quê?" 

―Espera um pouco.‖ Rosemary disse. ―Eu tenhoque chamar o meu supervisou. Eu prometi que euligaria se você ligasse de novo."

O sinal de atraso tocou. Eu disse. ―Espera,Rosemary. Eu não tenho tempo. Eu tenho que tefalar sobre Jennie Lee Peters e Samantha Travers — "

―Jess.‖ Rosemary disse. ―Querida, eu acho quevocê não entendeu. Você não leu o jornal? Eles osacharam. Eles acharam Sean e Olívia, exatamenteonde você disse que eles estariam. E as crianças que

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você ligou sobre no sábado  —   eles os acharamtambém. As pessoas aqui querem falar com você,querida. Eles querem saber como você sabia — "

Então tinha sido o Sean. Depois de tudo, tinhasido o Sean. Por que ele me disse que seu nome eraSam? Por que ele pareceu tão assustado quandoestava claro que eu estava lá para tentar ajudá-lo?

Eu disse, respondendo a pergunta da Rosemary.―Eu não sei como eu sabia. Olha, Rosemary. Eu vouficar atrasada. Só me deixe falar a você — "

―Aqui está o meu supervisor, Larry Barnes.‖Rosemary disse. ―Larry, é ela. É a Jess." 

A voz de um homem veio do telefone. ―Jess?‖Ele disse. ―É a Jess?" 

―Olha,‖ Eu disse. Eu estava ficando meioassustada. Digo, eu só queria ajudar algumascrianças desaparecidas. Eu não queria ter que falarcom Larry, o supervisor. ―Jennie Lee Peters está emEscondido, California .‖ Eu disse o endereço muito

rápido. ―E Samantha Traves, é meio estranho o dela,mas se você for descendo a Rota Rural 4, logo forade Wilmington, Alabama, você vai achar ela pertodessa grande árvore, essa árvore com uma grandepedra perto — "

―Jess.‖ Larry disse. ―É Jessica, não é? Possosaber o seu sobrenome, Jess? E de onde você estáligando?"

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 Eu via a senhora Pitt, professora de Home EC,vindo na minha direção. A senhora Pitt me odeiatotalmente, por causa dessa vez que eu joguei umsuflê na cabeça de um garoto na classe dela, mesmoele tendo merecido por ter me perguntado como eume sentia tendo um retardado de irmão. A senhoraPitt não hesitaria em me marcar.

―Preciso ir.‖ Eu disse e desliguei. 

Mas não adiantou. A senhora Pitt estava tipo.―Jessica Mastriani, o que você está fazendo fora daaula?‖ E então me anotou. 

Muito obrigada, senhora Pitt. Eu gostaria dedeixar marcada a minha gratidão pelo seu seimportar e entender aqui nessa declaração, que, eu

entendo, vai ser tornada pública algum dia, entãotodos no mundo inteiro vão saber que ótimaprofessora você é.

No intervalo, eu fui ver o Sr. Goodhart sobre tersido marcada. Ele disse todas as coisas de sempre

sobre como eu precisava começar a me aplicar maise como eu nunca vou entrar na faculdade desse jeito,etc. Depois de ele ter me dado outra semana dedetenção para o meu próprio bem, eu perguntei seele tinha algum jornal, porque eu tinha que fazeralgo para História dos Estados Unidos [matéria da

escola].

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  Isso era uma mentira deslavada, claro. Eu sóqueria ver se a Rosemary estava certa.

O Sr. Goodhart me deu uma cópia do USA

Today   . Eu sentei na sala de espera e olhei por tudo.Havia muitas estórias de entretenimento sobrecelebridades fazendo coisas bobas que medistraíram, mas finalmente eu achei, essa história naseção ―Nação‖, sobre um anônimo que contatou o 1-800-ONDE-TA-VOCE e contou a eles a localização

exata de quatro crianças, uma que estavadesaparecido de casa por sete anos.

Sean.

Eu olhei o artigo. Eu, eu fiquei pensando. Euera o anônimo. Eu estava no jornal. Um jornal

nacional.A Organização Nacional de Crianças

Desaparecidas queria saber quem eu era, para queeles pudessem estender seus cumprimentos.

E também havia, eu descobri, uma recompensa

substancial por achar Olívia Marie D‘Amato. Dezmil pratas, para ser exata.

Dez mil pratas. Você poderia conseguir muitasmotos com dez mil pratas.

Mas então, com isso veio outra coisa: Eu não

podia ganhar dinheiro  por fazer o que eu tinha feito.Digo, eu nunca prestei muita atenção na igreja, mas

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uma coisa que eu consegui entender era o fato quevocê deveria  fazer coisas boas para as pessoas. Vocênão as faz porque você espera ser pago por elas.Você faz porque é a coisa certa a se fazer. Comosocar Jeff Day, por exemplo. Aquilo tinha sido acoisa certa a se fazer. Aceitar dinheiro derecompensa por fazer a coisa certa... Bem, isso sópareceu errado para mim.

Já que eu não queria nenhuma recompensa

escandalosa —  e já que eu não queria minha foto noUSA Today  —   eu decidi não ligar para a ONCD.Digo, não era como se eu realmente quisesse quetodo mundo soubesse sobre essa coisa que eu podiafazer. Eu já era rejeitada o suficiente na escola. Se aspessoas descobrissem sobre isso, eu ia acabar como aCarrie, ou algo assim, coberta com sangue de porco.Quem precisava da perturbação?

Além disso, a última coisa que a minha famíliapoderia sobreviver era outra crise. Minha mãe aindanem tinha começado a superar o que aconteceu com

o Douglas. Embora eu suspeite que descobrir que seufilho é paranormal é melhor do que descobrir que eleé esquizofrênico, ainda adiciona uma coisa: NãoNormal. Tudo que a minha mãe sempre quis foi teruma família normal. Mesmo assim, o que há denormal em duas mulheres vestindo os mesmos

vestidos feitos em casa, eu não posso imaginar.

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 Mas ainda assim. Eu não precisava de nenhumapressão adicional. Eu já tinha o suficiente de mimmesma.

Então eu não liguei para o 1-800-ONDE-TA-VOCE de volta. Eu não liguei para ninguém. Eu sócontinuei fazendo as minhas coisas normais. Norecreio, Ruth me caçoou sobre sair com um Caipirana frente de alguns outros amigos da Orquestra,então eles começaram a caçoar de mim também. Eu

não me importei, entretanto. Eu sabia que elesestavam com ciúmes. E eles tinham todo direito deestar. Rob Wilkins era gostoso.

Quando eu caminhei para a detenção naqueledia depois da escola, eu tenho que admitir, meu

coração meio que pulou uma batida quando eu vi ele.O cara é bonito.

Nós não tivemos uma chance de conversar antesda senhorita Clemmings bater o chicote[nãoliteralmente, gente. Só começar a ficar de olho neles].Mas depôs que ela fez e eu peguei o meu caderno e

comecei a fazer a minha tarefa, Rob não se inclinou epegou ele para começar a me escrever notinhas fofas,como ele fez na sexta. Ao invés disse, ele só sentou lá,lendo seu livro de espionagem. Era um diferente doque o que ele tinha na semana passada e eu supus

que fosse muito interessante e tudo mais, mas poxa.Ele poderia pelo menos ter dito oi.

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 O fato de ele não ter me dado me deixouranzinza. Eu acho que outras garotas entenderiam amensagem, mas eu não tinha experiência nessedepartamento. Eu não conseguia descobrir o que eutinha feito. Foi o jeito que eu reagi quando ele mebeijou? Você sabe, quase cair da traseira da motodele daquele jeito? Eu vou admitir, aquilo foi beminfantil, mas me dá um tempo: era o meu primeirobeijo.

Talvez fosse o comentário da loja denamoradas. Ou o fato que eu tão obviamente não meencaixava com Teri e Charleen. O fato de eu nãosaber me deixava ainda mais ranzinza.

O que provavelmente explicaria porque,

quando Hank Wendell se inclinou e sussurrou. ―HeiMastriani, o que foi isso que eu ouvi sobre Wilkinsescorregando a salsicha em você sexta passada?"

Eu dei uma cotovelada na garganta dele.

Não forte o suficiente para arrebentar a laringe

e fazer ele perder a consciência (infelizmente), masforte o suficiente para deixar ele muito, muito bravo.

Mas antes que o punho do Hank pudesse seconectar com a minha cara (eu estavacompletamente preparada para lidar com oproblema, como o meu pai me ensinou), essa mão

disparou e o braço do Hank estava torcido e fora daminha linha de visão.

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 ―Eu pensei que nós tínhamos concordado quevocê ia deixar ela em paz.‖ Rob teve que se inclinarsobre mim para manter a pressão no Hank.Consequentemente, a fivela do seu cinto estava naaltura do meu nariz. Não exatamente uma posiçãomuito digna.

Me deixou brava. Quase tão brava quanto ocomentário do Hank.

―Você foi falando para as pessoas que nóstransamos?‖ Eu exigi, esticando o meu pescoço paraver o rosto do Rob.

No palco, o ensaio tinha parado. Todos osmembros do elenco de End game estavam nosencarando. A senhorita Clemmings estava dizendo.

―O que está acontecendo aí atrás? Sr. Wilkins, solteo Sr. Wendell e se sente de uma vez."

―Nossa, Wilkins.‖ Hank disse em uma vozestrangulada. Talvez eu tenha pegado ele forte nagarganta. ―Você ta quebrando a porra do meu

braço."―Eu vou arrancá-lo fora,‖ Rob disse, nessa vozassustadora que eu nunca tinha ouvido ele usarantes. ―se você não deixar ela em paz." 

―Nossa, ta certo.‖ Hank disse e Rob o soltou. 

Hank caiu de volta no seu lugar. Rob se retiroupara o dele. E a senhorita Clemmings, que estava na

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 Na minha esquerda, Hank, ainda massageandoo pulso, grunhiu. ―Você acertou essa." 

―Segundo,‖ Rob continuou. ―Eu não falei nada

para ninguém sobre você, certo? Então se acalma."Eu odeio quando as pessoas me falam para ficar

calma, também.

―Olha,‖ Eu disse. ―Eu não sei que taacontecendo aqui. Mas se eu descobrir que você tem

contado as pessoas sobre mim pelas minhas costas,eu vou te bater. Entendeu?"

Pela primeira vez no dia,ele sorriu para mim.Era como se ele não quisesse, mas ele não conseguiaevitar.

E Rob, bem, ele tem um daqueles  sorrisos. Vocêsabe o tipo.

Então de novo, talvez você não saiba. Eu esquecipara quem eu estava escrevendo.

De qualquer jeito, ele foi, ―Vocêvai bater em

mim  ?‖ nessa voz completamente divertida. O que sóme fez ficar mais brava.

―Não, cara.‖ Hank o avisou. ―Ela acerta bemforte, para uma garota."

―É.‖ Ei disse. ―Então é melhor você se cuidar." 

Eu não sei o que —   se qualquer coisa  —  o Robteria replicado, já que a senhoria Clemmings foi.―Shhh.‖ Bem naquela hora, desse jeito que eu acho

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que ela queria ser ameaçadora. Rob, parecendo maissem expressão que nunca, enterrou seu rosto de voltano livro. Eu não tive escolha se não voltar para aminha lição.

Mas por dentro, eu estava furiosa.

Eu estava mais furiosa quando, depois que asenhorita Clemmings dispensou a gente, eu andei lápara fora e descobri que eu não tinha carona paracasa. Como uma idiota, eu disse para a Ruth não seincomodar em me buscar. Eu assumi que Rob medaria uma carona para casa.

Ótimo. Simplesmente ótimo.

Eu poderia ter ligado para a minha mãe, euacho. Mas eu estava muito furiosa para ficar e

esperar por ela. Eu me sentia como, se eu nãoacertasse alguém, eu iria surtar. E quando eu mesinto assim, é melhor que eu não fique perto depessoas. Especialmente a minha mãe.

Então eu comecei a andar. Eu não me

importava com os três quilômetros. Eu não podianem sentir os meus pés, eu estava brava. Estavaagradável do lado de fora, nenhuma nuvem no céu.Sem perigo de ser atingida por um raio hoje. Nãoque eu ligasse. Mil raios poderiam cair do céu que eunão iria nem notar.

Como eu podia ter sido tão estúpida? Como eupodia ter sido tão burra  ?

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  Eu estava andando paralela as arquibancadas —   cena do crime  —   quando eu ouvi o ronronar damoto do Rob. Ele estava em ponto morto no meio-fio.

―Jess‖ Ele disse. ―Vamos." 

Eu nem olhei para ele. ―Vai embora.‖ Eu disse.Eu realmente queria aquilo, também.

―O que você vai fazer, andar o caminho todo até

a sua casa? Vem, eu te dou uma carona."Eu disse para ele onde ele poderia enfiar acarona dele.

―Olha,‖ Ele disse. ―Sinto muito. Eu cometi umerro, está bem?"

Eu pensei que ele estava falando sobre meignorar na detenção.

―É melhor você acreditar nisso.‖ Eu disse. 

―Eu só pensei que você fosse mais velha, tudobem?"

Isso me parou no meu caminho. Eu virei e olheipara ele.

―O que você quer dizer, você pensou que eu eramais velha.‖ Eu exigi. 

Ele não estava com o capacete, então eu podia

ver seu rosto. Ele parecia desconfortável.

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 ―Eu não sabia que você só tinha dezesseis, tabom? Digo, você não age com alguém de dezesseisanos. Você parece bem mais madura. Bem, excetopor toda a coisa do batendo-em-caras-que-são-muito-maiores-do-que-você-é."

Eu estava tendo dificuldade de fazer sentidoisso.

―O que diabos importa,‖ eu exigi. ―a idade queeu tenho?"

―Importa.‖ Ele disse. 

―Eu não vejo por quê." 

―Só importa.‖ Ele disse. 

Eu balancei a minha cabeça ―Eu ainda não vejo

o por quê."―Porque eu tenho dezoito.‖ Ele não estava

olhando para mim. Ele estava olhando para a ruaabaixo de suas botas. ―E estou em condicional." 

Condicional? Eu saí com um criminoso? Minha

mãe ia morrer se ela algum dia descobrisse.―O que você fez?‖ Eu perguntei. 

―Nada." 

Um Volkswagen passou, buzinando. Rob saiudo lado da rua, então eu não podia ver qual era o

problema. Então a motorista acenou. Era a senhorita

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Clemmings. BII-BII. Tchau-tchau, crianças. Vejovocês na detenção amanhã.

―Não, sério.‖ Eu perguntei. ―O que você fez?"

―Olha.‖ Rob disse. ―Foi estúpido, certo?" ―Eu quero saber." 

―Bem, eu não vou te contar, então seria melhorse você só se esquecesse disso."

Minha imaginação estava trabalhando horaextra. O que ele tinha feito? Roubado um banco?Não, você não pega condicional por isso. Você vaipara a cadeia. O mesmo se ele tivesse matadoalguém. O que ele poderia ter feito?

―Então, e não acho que isso é uma boa idéia.‖

Ele continuou. ―Nós sairmos, eu digo. A não serque… Quando é o seu aniversário?" 

―Foi mês passado.‖ Eu disse. 

Ele disse uma palavra que eu vou me refrear degravar aqui.

―Olha.‖ Eu disse. ―Eu não me importo que vocêesteja em condicional."

―É, mas os seus pais vão." 

―Não, eles são legais." 

Ele riu. ―Certo Jess. Esse é o porquê você me fezte deixar no final da sua rua no outro dia, ao invésda frente da sua casa. Porque seus pais são tão legais.

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Eles são tão legais que você não queria que elessoubessem de mim. E você ainda nem sabia sobre acoisa da condicional então. Admita."

Ele tinha me pegado.―Bem,‖ Eu disse. ―Eles só estão passando por

um momento meio difícil agora e eu não querocausar mais estresse para eles. Mas olha, não temporque eles saberem."

―As coisas se espalham, Jess. Veja o Wendell. Ésó uma questão de tempo antes dos seus pais  —  e domeu oficial da condicional  —   saberem do que estáacontecendo."

Bem, eu não ia ficar lá e implorar para ele saircomigo. O cara era gostoso e tudo mais, mas uma

garota tem orgulho. Então eu dei de ombros e disse.―Tanto faz." 

Então eu virei e comecei a andar de novo.

―Mastriani.‖ Ele disse, em uma voz cansada.―Olha, só suba na moto, vai? Eu te levo para casa.

Ou para a sua esquina, eu acho."―Eu não sei.‖ Eu disse, olhando para ele e

batendo meus cílios. ―Digo, a senhorita Clemmings já nos viu juntos. Suponho que ela vá correndo paraos policiais — "

Ele parecia entediado. ―Só suba na moto,Mastriani."

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 Eu posso dizer o que você está pensando.

Você está pensando que, apesar de toda essacoisa de isca de cadeia, Rob e eu teríamos essa

relação quente e embaçada, e que eu vou entrar emtodos os detalhes sensacionalistas nessa minhadeclaração, e que você vai ler tudo sobre isso.

Bem, sinto desapontá-lo, mas isso não vaiacontecer. Em primeiro lugar, minha vida amorosa éassunto meu e a única razão de eu mencionar issoaqui é que se torna pertinente depois.

E em segundo lugar, Rob não encostou um dedoem mim.

Para o meu desapontamento.

Não, ele me deixou, como prometeu, na esquinae eu andei o resto do caminho para casa,amaldiçoando o fato que eu de eu morar nesse estadoatrasado, com essas leis atrasadas. Digo, uma garotade dezesseis anos não pode namorar um garoto dedezoito anos no estado de Indiana, mas é

perfeitamente legal para primos de primeiro graucasarem em qualquer idade.

Eu to falando sério. Pode olhar se você nãoacredita em mim.

Como sempre quando eu cheguei em casa

aquela noite, tinha um alvoroço na cozinha. Essaenvolvia mamãe, papai e Douglas (grande surpresa).

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Douglas parado lá, olhando para o chão, enquantomamãe gritava com papai.

―Eu te disse que ele não estava pronto!‖ Ela

estava gritando.Minha mãe tinha um belo par de pulmões nela.

―Eu te disse! Mas você me ouviu? Oh, não. OGrande Joe Mastriani sempre sabe o que é melhor."

―O garoto foi ótimo.‖ Meu pai disse.

―Realmente ótimo. Tudo bem, e daí se ele deixou cairuma bandeja e quebrou algumas coisas. Grandecoisa. Bandejas caem todos os dias. Isso nãosignifica — "

―Ele não está pronto.‖ Minha mãe gritou. 

Douglas me viu no batente. Eu rolei os olhospara ele. Ele só olhou para o chão de novo. Tinhacrianças, na escola, que me diziam coisas sobre omeu irmão ‗doido‘, sobre como ele tinha sido votadomais provável serial killer e esse tipo de coisa. Isso éuma das razões para eu ter detenção de agora até a

previsão futura. Porque eu tenho que dar um jeitoem tantas pessoas por falarem mal do Douglas. Maseu não acho que Douglas poderia um dia ser umserial killer. Ele é muito tímido. Aquele cara TedBundy, ele era bem extrovertido, pelo que eu ouvi.

Meu pai me notou no batente e disse. ―Ondevocê estava?‖ Só que não de um jeito cruel. 

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 ―Ensaio de banda.‖ Eu disse. 

―Oh.‖ Meu pai disse. Então começou a gritarcom a minha mãe mais um pouco.

Eu peguei uma tigela de cereal  —   checando aembalagem de leite, obvio. Como eu suspeitada,minha mãe tinha visto a data de validade e correupara comprar um novo na loja. Eu estudei os rostosdas crianças nessa caixa em particular. Eu meperguntava se na manhã, eu saberia onde eles estãomorando. Eu tinha um pressentimento que eu iria.Depois de tudo, a marca no meu peito, onde o raiotinha me acertado, ainda estava lá. Não tinhadesaparecido nem um pouco.

Eu me perguntei como Sean estava se virando.

Agora ele provavelmente teve um reencontro alegrecom a sua família. Ele me devia, eu pensei, umgrande agradecimento. E umas desculpas por teragido como agiu naquele dia.

Eu subi as escadas, mas antes de eu chegar ao

meu quarto, Mike quase me matou de susto porabrir a porta, não do quarto dele, mas do Douglas,indo. ―Certo. Quem diabos é ele?"

Eu tinha batido contra a parede do corredor naminha surpresa de ter visto ele saindo de lugarnenhum daquele jeito. Eu fui. ―Quem diabos é

quem? E o que você estava fazendo no quarto doDouglas?"

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 Então eu vi os binóculos em sua mão, e eu sabia.

―Tudo bem.‖ Eu disse. ―Não é o que você estápensando."

―Ah, é?‖ Mike me encarou através das lentes doseu óculos. ―O que eu penso é que você estávagabundeando com algum Hell‘s Angel. É isso queeu penso."

―Você é tão patético.‖ Eu disse. ―Ele não é um

Hell‘s Angel e eu não estou vagabundeando comninguém."

―Então quem é ele?" 

―Céus, ele está na sua classe, ta bom? Ele é umveterano. O nome dele é Rob Wilkins."

―Rob Wilkins?‖ Mike me encarou um poucomais. ―Eu não conheço nenhum veterano chamadoRob Wilkins."

―Oh, que surpresa.‖ Eu disse. ―Você nãoconhece ninguém quem o nome não seja seguido por

um A circulado e as palavras AOL ponto com  ."Ele não estava deixando eu me livrar, nãoimporta o quão rudemente eu falasse com ele.

―O que ele é?‖ Mike exigiu. ―Um marginal?" 

―Não.‖ Eu disse. ―Não que isso seja da sua

conta."

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 ―Bem, então, como eu não conheço ele?‖ Entãoo queixo do Mike caiu. ―Oh meu Deus. Ele é umCaipira?"

―Nossa, Mike.‖ Eu disse. ―Isso é tãopoliticamente correto de você. Eu aposto que os seusnovos amigos em Harvard vão simplesmente amarsua atitude mente aberta."

Mike sacudiu a cabeça. ―Mamãe vai te matar." 

―Não, ela não vai, porque você não vai contarpara ela."

―Nem ferrando que eu não vou.‖ Mike declarou.―Eu não quero a minha irmãzinha saindo com umCaipira."

―Nós não estamos saindo.‖ Eu disse. ―E se vocênão contar para a mamãe, eu vou… Eu vou pegar oseu turno no restaurante esse final de semana."

Ele se iluminou, a proteção por sua irmãzinhaesquecida. Ei, por que não? Mais tempo na internetpara ele.

―Sério?‖ Ele perguntou. ―O do domingotambém?"

Eu suspirei, como se isso fosse um grandesacrifício, quando realmente, eu teria trabalhadotodos os turnos dele para o resto da minha vida se ele

tivesse me pedido, para manter a minha mãe dedescobrir sobre o Rob.

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 ―Domingo de noite, também, eu acho.‖ Eu disse. 

Mike parecia triunfante. Então ele pareceu selembrar que ele era o meu irmão mais velho, e que

deveria olhar por mim e essas coisas, porque eledisse. ―Você não acha que um veterano é umpouquinho velho demais para você? Digo, depois detudo, você está só no segundo ano."

Eu disse. ―Não se preocupe, Mike. Eu posso mecuidar."

Ele ainda parecia preocupado, entretanto. ―Eusei, mas e se esse cara... você sabe. Tentar algumacoisa?"

Era o meu maior desejo que ele tentasse.Infelizmente, não parecia que ia acontecer.

―Olha,‖ Eu disse. ―Não se preocupe com isso. Deverdade, Mike. Só continue espionando a ClaireLippman e me deixa cuidar do ficar de verdade,certo?"

Mike ficou vermelho, mas eu não senti pena

dele. Ele estava me chantageando, afinal.Naquela noite, depois de eu ir para a cama,

minha cabeça estava tão cheia com o problema doRob para pensar o que estava acontecendo, vocêsabe, com a coisa paranormal. Digo, a coisa das

crianças desaparecidas só não pareciam importantes.

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 Claro, isso mudou completamente, no diaseguinte.

CAPÍTULO 10

Rosemary parecia meio estranha quando euliguei na manhã seguinte. Talvez fosse porquealguém tivesse atendido primeiro e eu fui toda. ―ARosemary está?‖ O homem que tinha atendido merespondeu, ―Um momento, por favor.‖ e depois euouvi um click e Rosemary veio.

―Hei.‖ Eu disse. ―Sou eu, a Jess." 

―Oi, Jess.‖ Ela disse. Mas ela não parecia tãoexcitada quanto no dia anterior. ―Como você está

indo, querida?"Eu disse. ―Bem. Eu tenho mais uns endereços

para você."

Ela não soava como se estivesse muitoempolgada para anotá-los, entretanto. Ela disse. ―Eu

suponho que você não tenha lido o jornal, não é,amor?"

―Sobre a recompensa, você quer dizer?‖ Euraspei as palavras Foda-Se, que alguém tinhacravado no metal da porta perto do telefone público

que eu estava usando. ―É, eu vi sobre a recompensa.Mas isso parece meio errado para mim. Ganhar uma

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recompensa, por uma coisa que qualquer serhumano decente faria de graça. Você entende?"

Rosemary disse. ―Oh, eu entendo, querida. Mas

isso não era o que eu estava falando. Eu estavafalando sobre a garotinha que você falou ontem.Você falou para o Larry que eles a encontrariamperto de uma árvore."

―Oh‖ Eu disse. Eu estava de olho na Sra. Pitt.Eu estava determinada a não deixar ela me pegardessa vez. Tudo que eu vi, entretanto, foi um carropreto que parou no estacionamento dos professores.Dois homens de terno saíram dele. Policiaisdisfarçados, eu pensei. Alguém obviamente aprontouou algo assim. ―É. Eu achei isso meio estranho. O

que ela estava fazendo perto daquela árvore, dequalquer jeito?"

Rosemary disse. ―Ela não estava perto daárvore, querida. Ela estava embaixo dela. Ela estavamorta. Alguém a matou e enterrou o corpo ondevocê disse que eles achariam.‖ Então Rosemary

disse. ―Querida? Jess? Você ainda está aí?" Eu falei. ―É. É, eu estou.‖ Morta? A pequena

Qualquer-Que-Fosse-Seu-Nome? Morta? Isso não émais tão legal.

E então realmente não era legal. Porque eu

notei que os dois policiais disfarçados estavam vindona minha direção. Eu achei que eles estavam indo

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para a administração, o que teria feito sentido, masao invés disso, eles estavam andando diretamentepara mim.

De perto, eu podia ver que os dois tinhamcabelo curto e que ambos estavam vestindo ternos.Um deles alcançou o bolso interno do palito. Quandoa sua mão saiu de novo, estava segurando umapequena carteira, que ele abriu e segurou na minhadireção.

―Olá, aí.‖ Ele disse em uma voz agradável. ―Eusou o Agente Especial Chet Davies e este é o meuparceiro Agente Especial Allan Johnson. Nós somosdo FBI. Nós temos algumas perguntas quegostaríamos de fazer a você, Jess. Você poderia

desligar o telefone e vir com a gente, por favor?"Na minha orelha, eu podia escutar Rosemarydizendo. ―Jess, querida, eu sinto muito, eu nãoqueria ter nada a ver com isso, mas eles meobrigaram."

O Agente Especial Chet Davies me pegou pelobraço. Ele disse. ―Vamos, amorzinho. Desligue otelefone."

Eu não sei o que me fez fazer aquilo. Até hoje,eu não sei o que me fez fazer aquilo. Mas ao invés dedesligar o telefone, como o agente pediu, eu o acertei

na cara com o receptor o mais forte que eu consegui.E então eu corri.

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  Eu não fui muito longe, entretanto. Digo, umavez que eu comecei a correr, eu percebi o quãoestúpida eu estava sendo. Onde eu estava indo?Eunão tinha carro. O quão longe eu iria a pé? Este erao FBI. Estes não eram os guardas da nossa cidade,que eram tão gordos que não conseguiam perseguiruma vaca, quem dirá uma garota de dezesseis anosque ganhou o premio de duzentos metros na corridaem educação física todo anos desde que tinha dez.

Sem ofensa, caras.Mas era como se eu tivesse pirado ou algo

assim. E quando eu fico pirada, eu geralmente acabono mesmo lugar. Então eu decidi cortar aperseguição e ir para onde eu provavelmente

terminaria de qualquer jeito. Eu corri para oescritório do orientador e abri a porta do Sr.Goodhart, e desmoronei na cadeira de vinil laranjaperto da janela.

Sr. Goodhart estava comendo um pão recheado.Ele me olhou e disse. ―Ora, Jess, que surpresa

agradável. O traz você aqui tão cedo?"Eu estava arfando um pouco. Eu disse. ―Dois

caras do FBI tentaram me levar para o carro delespara interrogatório, mas eu acertei um deles na carae vim para cá ao invés."

O Sr. Goodhart pegou a caneca de café quetinha o Snoopy nela e deu um gole. Então ele disse.

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―Está bem, Jess, vamos tentar de novo. Eu digo, ‗Oque traz você aqui tão cedo.‘ E você diz algo como,‗Oh, eu não sei, Sr. Goodhart, eu só achei que eupoderia passar aqui para discutir o fato que eu estouindo mal em inglês de novo e eu estava pensando sevocê poderia me ajudar a convencer a senhoritaKovax a me dar crédito extra.‘." 

Então a secretária do Sr. Goodhart, Helen,apareceu na porta. Ela parecia nervosa. ―Paul.‖ Ela

disse. ―Tem dois homens aqui— "Mas ela não precisou terminar, porque o Agente

Especial Chet Davies a empurrou para fora docaminho. Ele estava segurando um lenço no nariz, deonde estava escorrendo sangue. Ele balançou seu

distintivo para o Sr. Goodhart, mas seu olhar, queestava chispando de raiva, estava em mim.

―Aquilo foi bem astuto.‖ Ele disse, soando umpouco nasal, o que não era surpresa, já que eu achoque eu tinha quebrado alguma cartilagem ou algoassim. ―Mas agredir um agente federal acontece de

ser um crime, mocinha. Levante-se. Nós vamos daruma volta."

Eu não levantei. Mas quando o Agente EspecialDavies estava me alcançando, o Sr. Goodhart foi.―Com licença."

Só isso. Apenas, ―Com licença." 

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  Mas o Agente Especial Davies tirou a mão demim como se eu estivesse pegando fogo ou algo dotipo. Então ele lançou ao Sr. Goodhart esse olharbem culpado.

―Oh.‖ Ele disse. Ele pegou o seu distintivo.―Agente Especial Chet Davies. Eu estou levando essagarota para interrogatório."

O Sr. Goodhart realmente pegou seu pãozinhorecheado, deu uma mordida, abaixou de novo antesde dizer. ―Não sem os pais dela, você não vai. Ela émenor."

O Agente Especial Allan Johnson apareceuentão. Ele mostrou seu distintivo, se apresentou edisse. ―Senhor, eu não sei se você tem consciência do

fato que essa mocinha é procurada parainterrogatório por vários casos de seqüestro etambém de assassinato."

Sr. Goodhart me olhou com as sobrancelhaslevantadas.

―Você tem estado ocupada, não tem, Jess?" Eu disse, em uma voz rouca, porque de repente

eu estava mais perto de chorar do que nunca. ―Euestava só conversando no telefone, e então esses doishomens que eu nunca tinha visto antes me disseram

para entrar no carro com eles. Bem, minha mãe medisse para nunca entrar no carro com estranhos, emesmo que eles tenham dito que são agentes do FBI

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e eles tenham esses distintivos e tudo mais, como eudeveria saber se eles são de verdade? Eu nunca vium distintivo do FBI antes. E foi por isso que euacertei ele, e, Sr. Goodhart — Eu receio que voucomeçar a chorar."

O Sr. Goodhart disse, nesse jeito de caçoar.―Você não vai chorar, Jess. Você não estava commedo desses dois palhaços, estava?"

―Sim.‖ Eu disse com um soluço. ―Eu realmenteestava. Sr. Goodhart, eu não quero ir para a cadeia."

No fim disso, eu estou embaraçada de dizer queeu não estava mais perto de chorar. Euestava  chorando. Eu estava praticamente gritando.

Mas, vamos lá. Você também teria ficado

assustada se o FBI quisesse interrogar você.Enquanto eu estava fungando e secando os meus

olhos e culpando Ruth na minha cabeça por todaessa bagunça, o Sr. Goodhart olhou para os caras doFBI e disse, nessa voz que não era nem um pouco

caçoada. ―Vocês dois vão e sentem-se na sala deespera. Ela não está indo a nenhum lugar até que ospais dela —  e o advogado deles —  cheguem aqui."

Você poderia dizer pela cara do Sr. Goodhartque ele falava sério também. Eu nunca senti tanta

afeição por ele quanto eu senti naquele momento.Digo, ele pode ter dado detenções severamente, mas

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ele era o tipo de cara que te defende quando vocêprecisava dele.

Os dois caras do FBI pareceram perceber isso.

O Agente Especial Davies xingou alto. O parceirodele pareceu meio embaraçado por ele. Ele me disse.―Olha, nós não queríamos assustar você, senhorita.Nós só queríamos te fazer algumas perguntas, isso étudo. Talvez nós possamos achar algum lugar quietoonde nós poderíamos resolver essa bagunça."

―Claro que  vocês podem.‖ O Sr. Goodhartdisse. ―Depois que os pais dela chegarem aqui." 

O Agente Especial Johnson sabia quando tinhasido derrotado. Ele assentiu e foi para a sala deespera, se sentou e pegou uma copia de Seventeen   e

começou a folhear. O Agente Especial Davies, poroutro lado, disse outro xingamento e começou aandar para cima e para baixo na sala de espera,enquanto Helen, a secretária, os observavanervosamente.

O Sr. Goodhart não parecia nem um pouconervoso. Ele tomou outro gole de café, e então pegouo telefone. ―Tudo bem, Jess.‖ Ele disse. ―Quem vaiser —  sua mãe, ou o seu pai?"

Eu ainda estava chorando muito. Eu disse. ―M-meu pai. Oh, por favor, meu pai."

O Sr. Goodhart ligou para o meu pai noMastriani‘s, onde ele estava trabalhando aquela 

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manhã. Já que nenhum dos meus pais tinha sidochamado para a escola por minha causa —  apesar detodas as brigas em que eu estive  —  eu podia ouvir aurgência na voz do meu pai enquanto ele perguntavaao Sr. Goodhart se eu estava bem. O Sr. Goodhartassegurou ele que eu estava, mas ele poderia quererligar para o advogado dele, se ele tivesse um. Meupai, Deus o abençoe, desligou com um energético.―Nós estaremos aí em cinco minutos.‖ Ele nem uma

vez perguntou por quê.Depois que o Sr. Goodhart desligou, ele me

olhou, então alcançou alguns lenços de papel que eletinha em uma caixa para os perdedores quesentavam em seu escritório e choravam o dia inteirosobre insatisfatória vida familiar, ou qualquer coisa.

Eu sou uma daqueles perdedores agora, eupensei, enquanto eu assoava o meu narizdesanimadamente.

―Me conte sobre isso.‖ O Sr. Goodhart disse. 

E então, com um olhar nervoso para os caras doFBI, para ter certeza que eles não podiam escutar,eu contei. Eu contei tudo ao Sr. Goodhart, desde tersido atingida por um raio até aquela manhã, quandoo Agente Especial Davies mostrou o distintivo dele.As únicas coisas que eu deixei de fora foram as

partes sobre o Rob. Eu não achei que o Sr. Goodhartprecisava saber aquilo.

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 Na hora que eu terminei de contar ao Sr.Goodhart, meu pai chegou com o nosso advogado,que também acontecia de ser o pai da Ruth, o Sr.Abramowitz. O Agente Especial Davies já tinha serecomposto naquela hora e ele agiu como se nadativesse acontecido. Como se ele não tivesse tentadome agarrar e como seu eu não tivesse atingido ele nacara com o receptor do telefone.

Ah, não. Nada do tipo. Ele estava todo

profissional enquanto ele contou ao meu pai e ao Sr.Abramowitz sobre como o FBI estava muitointeressado na pessoa que estava fazendo ligaçõespara a Organização Nacional de CriançasDesaparecidas do telefone público que eles meacharam. Aparentemente, no 1-800-ONDE-TA-VOCE, ele tem identificador de chamada, entãoRosemary sabia desde o primeiro dia que eu estavaligando de Indiana. Tudo que eles precisavam saberera onde em Indiana e então realmente me pegarfazendo uma ligação. Então,voilà , como a minha

mãe diria, eles me pegaram.Claro, a grande pergunta era, agora que eles mepegaram, o que eles iriam fazer comigo? Até onde eusei, eu não tinha exatamente quebrando qualquer lei —   bem, exceto por atingir um agente federal, e oAgente Especial Davies não parecia tão ansioso para

trazer esse assunto de novo.

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 Toda a excitação  —  tendo dois agentes do FBI,um pai e um advogado em sua sala deaconselhamento —  tinha conseguido trazer o diretor.O Sr. Feeney. O Sr. Feeney raramente sai de seuescritório, exceto durante a assembléia para noslembrar de não beber e não dirigir. Agora eles nosofereceu usar a sua sala de conferencia privativa,onde nos sentamos, os sete  —  eu, meu pai, o pai daRuth, os dois agentes especiais, Sr. Goodhart e o Sr.

Feeney  —   enquanto eu repetia a história que eutinha acabado de contar para o Sr. Goodhart.

Eu acho que você poderia dizer que, quando euterminei, eles pareciam... bem, céticos. E era meiodifícil acreditar. Digo,como isso aconteceu? Como foique eu acordei toda manhã, sabendo essa coisatotalmente sem noção sobre essas crianças? É, orelâmpago provavelmente fez isso... mas como ? Epor quê? Ninguém sabia. Meu palpite era, ninguémnunca ia saber.

Mas o Agente Especial Johnson, eu descobri,

realmente queria. Saber, digo. Ele me fez umatonelada de perguntas. Algumas delas eramrealmente estranhas, também. Como, se eu já tinhatido sangramentos das palmas das minhas mãos oudo pé. Eu disse, ―Hm, não.‖ e olhei para ele como seele fosse louco.

―Se isso for verdade,‖ Ele começou depois de euter pensado que ele tinha esgotado todas as

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perguntas que qualquer um poderia ter perguntadopara alguém.

―Se isso for verdade?‖ Meu pai interrompeu.

Meu pai não é o cara mais calmo do mundo. Não queele fique bravo com muita freqüência. Eledificilmente fica bravo. Mas quando ele fica,cuidado. Uma vez, esse cara da piscina municipalestava seguindo o Douglas, chamando ele deretardado  —   isso era quando o Douglas tinha tipo

onze ou doze anos. O cara estava em seus vinte, nomínimo, e provavelmente não batia muito bem elemesmo. Mas isso não importou para o meu pai. Eleempurrou e socou o cara, e então ele segurou acabeça dele embaixo da água por um tempo, até osalva-vidas fazer ele parar.

Foi muito legal.

―Se?‖ Meu pai repetiu. ―Você está duvidandoda palavra da minha garotinha aqui?"

O Agente Especial Johnson provavelmente não

tinha ouvido a história do cara na piscina, mas eleparecia igualmente assustado. Porque você podiaperceber que meu pai estava muito orgulhoso demim. Não só porque eu não tinha chorado dessa vezenquanto eu estava contando o meu lado das coisas,mas porque, quando você pensa sobre isso, o que eu

fiz foi uma coisa boa. Eu achei um grupo de criançasdesaparecidas. Claro, uma delas estava morta, mas,

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ei, nós nunca saberíamos se não tivesse sido pormim. E considerando que ele tinha uma criança queera esquizofrênica e outro que era basicamente umleproso social, mesmo que ele tenha entrado emHarvard, bem, eu acharia que meu pai ficou meiotocado que, no mínimo, uma de suas criançasestivesse, fazendo o bem, você sabe?

O Agente Especial Johnson levantou uma mão edisse, ―Não, senhor. Você me entendeu errado. Eu

acredito na história da senhorita Mastriani de todocoração. Eu só estou dizendo que, se for verdade,bem, então ela é uma moçinha muito especial emerece um tipo de tratamento muito especial."

Eu achava que ele poderia estar falando sobre

uma parada na cidade de Nova York, como aquelaque eles tiveram lá para os Yankees aquela vez queeles ganharam as Series Mundiais. Eu não meimportaria de andar em um carro alegórico, se nãofosse muito devagar.

Mas meu pai, logo de cara, suspeitou que eles

estivessem falando sobre outra coisa.―Como que tipo de tratamento?‖ Ele disse,

suspeitosamente.

―Bem, geralmente, em casos como esse —   e eudeixarei você saber que nós do FBI respeitamos

muito aqueles com percepção extra sensorial como asenhorita Mastriani. Em fato, nós geralmente

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procuramos conselhos de paranormais quando nósnos achamos em becos sem saída em umainvestigação.

―Eu aposto que sim. O que isso tem a ver com aJess?‖ Meu pai ainda soava suspeito. 

―Bem, nós gostaríamos de convidar a senhoritaMastriani  —  com a sua permissão, claro, senhor  —  para uma de nossas instalações de pesquisa, paraque nós possamos aprender sobre a habilidadeassombrosa dela."

Eu imediatamente imaginei um de meus filmesfavoritos de quando eu era pequena,Escape to WitchMountan   . Se você assistiu ao filme, você vai selembrar que as crianças nele, que tinha, ESP  —  ou

percepção extra sensorial, como o Agente EspecialJohnson chamou  —   são mandados para uma―instalação de pesquisa‖ especial, onde, mesmo elesganhando um bebedouro de refrigerante só deles noquarto  —   o que me deixou particularmenteinteressada, já que a minha mãe não me deixaria ter

um fogão de assar E-Z por medo de eu queimar acasa inteira  —   ele ainda eram, basicamente,segurados como prisioneiros.

―Hm‖ Eu disse alto. Já que ninguém estavarealmente falando comigo, todos viraram suas

cabeças para me olhar. ―Não, obrigada." 

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  O Sr. Goodhart, que obviamente não assistiuEscape to Witch Mountain  , disse, ―Agora, espere uminstante, Jess. Vamos ouvir o que o Agente EspecialJohnson tem a dizer. Não é todo dia que alguém coma sua habilidade especial aparece. É importante quenós tentemos aprender o mais que der sobre o queaconteceu com você, para que nós possamosentender melhor os jeitos extraordinários em que amente humana funciona."

Eu encarei o Sr. Goodhart. Que traidor! Eu nãopodia acreditar.

―Eu não vou,‖ Eu disse, em uma voz que aindaera muito alta para a sala de conferências do Sr.Feeney. ―ir para nenhuma instalação de pesquisa em

Washington, D.C. "O Agente Especial Johnson disse. ―Oh, mas esseé bem aqui em Indiana. Só a uma hora de distância,na Base Militar Crane, em fato. Lá nós podemosestudar adequadamente o extraordinário talento dasenhorita Mastriani. Talvez ela possa até nos ajudar

a achar mais crianças perdidas. Quando você estavaligando para a Organização das CriançasDesaparecidas está manhã, senhorita Mastriani, eraporque você tinha a localização de outra criançaperdida, não era?"

Eu olhei com uma carranca para ele. ―Sim.‖ Eudisse. ―Não foi como se eu tivesse tido a chance de

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contar para eles isso, entretanto. Vocês dois mefizeram esquecer completamente os endereços."

Isso era uma mentira completa e absoluta, mas

eu estava me sentindo resmungona. Eu não queria irpara a Base Militar Crane. Eu não queria ir a lugarnenhum. Eu queria ficar onde eu estava. Eu queriair para a detenção depois da escola e sentar ao ladodo Rob. Quando mais eu ia poder ver ele?

E a Karen Sue Hanky? Ela me desafiou denovo. Eu tinha que acabar com ela mais uma vez. Euprecisava  acabar com ela mais uma vez.Aquela  era aminha habilidade especial. Não essas coisasestranhas que estavam acontecendo ultimamente...

―Tem muitas, muitas mais pessoas

desaparecidas no mundo, senhorita Mastriani,‖ OAgente Especial Johnson disse. ―do que as que estãoatrás da embalagem de leite. Com a sua ajuda, nóspodemos achar prisioneiros de guerra, para que elespossam retornar a salvos para suas famílias queestão rezando por vinte anos, ou até mesmo trinta.

Nós podemos localizar pais devedores e fazê-lospagar de volta o dinheiro que seus filhos tantoprecisam. Nós poderíamos localizar assassinos emsérie cruéis, e pegar eles antes que ele possam matarde novo. O FBI oferece uma significante quantia de

dinheiro por informações que nos levem a prenderindivíduos para quem emitimos ordens de prisão."

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  Eu podia dizer que meu pai estava totalmentecaindo naquilo. Eu até mesmo me peguei caindonaquilo, um pouco. Digo, seria totalmente legalreunir famílias com os desaparecidos amados, oupegar os caras maus e ver eles terem o que merecem.Mas por que eu tinha que ir e fazer isso de uma basemilitar?

Então eu perguntei isso para ele. E adicionei.―Digo, pode nem funcionar. E se eu só puder achar

essas pessoas da minha própria cama, na minhacasa? Por que eu teria que fazer na Base MilitarCrane? Por que você não poderia me deixar fazer daruela Lumley?"

O Agente Especial Johnson e o Agente Especial

Davies se olharam. Todo o resto olhou para elestambém, com uma expressão É, por que ela nãopode?  Finalmente, o Agente Especial Johnson disse.―Bem, você poderia, Jessica‖ Eu notei que ele nãoestava mais me chamando de senhorita Mastriani.―Claro que você poderia. Mas nossos pesquisadores

amariam fazer alguns testes. E o fato que tudo issoparece ter sido originado de ser atingida por um raio —  bem, eu não quero soar como um alarmista, maseu acharia que você poderia precisar de algunstestes. Porque nós descobrimos no passado, em casoscomo o seu, que houve danos em órgãos internos

vitais que passavam despercebidos por meses, eentão..."

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 Meu pai se inclinou para frente ―E então oque?"

―Bem, geralmente o indivíduo simplesmente cai

morto, Sr. Mastriani, de um ataque do coração  —  ser atingido por um raio força muito o coração. Ouum embolia, um aneurisma —  um grande número decomplicações podem e aparecem. Um exame médicocompleto — "

―Que eu poderia ter bem aqui.‖ Eu disse, nãogostando do som daquilo. ―No consultório do Dr.Hinkle.‖ O Dr. Hinkle foi o medico da minha famíliainteira. Ele tinha, claro, diagnosticado errado aesquizofrenia do Douglas como Déficit de Atenção,mas ei, nós não podemos ser todos perfeitos.

―Certamente.‖ O Agente Especial Johnsondisse. ―Certamente. Embora um clínico geral nãoseja treinado com freqüência para detectarmudanças súbitas que ocorrem em um sistema quefoi violado da maneira que o seu foi."

―Sobre aquelas recompensas.‖ O Sr. Feeneydisse de repente.

Eu lhe lancei um olhar penetrante. Queestúpido. Eu podia dizer que ele estava totalmentetentando pensar num ângulo pelo qual ele poderiabotar as mãos no dinheiro da recompensa e projetar

uma nova estante de troféus para o corredorprincipal, para que ele pudesse expor todos os nossos

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estúpidos troféus dos campeonatos estaduais, ouqualquer coisa assim. Deus, eu odeio essa escola.

Era isso. Eu tinha tido o suficiente. Eu me

levantei, empurrando a minha cadeira  —   que eramuito melhor que qualquer cadeira de qualquer dasclasses: tinha rodinhas nela, e era feito de algummaterial macio de luxo que não poderia ser couro deverdade, ou o Sr. Feeney ficaria em problemas com adiretoria da escola por gastar demais  —   e disse,

―Bem, certo, se vocês não vão me prenderem eu achoque gostaria de ir para casa agora."

O Agente Especial Johnson disse. ―Nós  aindanão terminamos aqui, Jess."

E então uma coisa extraordinária aconteceu.

Meu lábio inferior começou a se sobressair só umpouquinho  — eu acho que eu ainda estava mesentindo um pouquinho emotiva pelo todo o medo deeles-vão-me-prender  —  e meu pai, que percebeu, selevantou e disse. ―Não." 

Não. Desse jeito. Não.―Vocês intimidaram a minha filha o suficientepor um dia. Eu vou lavá-la para casa para a mãedela"

Os Agentes Especiais Johnson e Davies tocaram

olhares. Eles não queriam me deixar ir. Mas meu pai já estava vindo na minha direção, pegando a minha

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mochila e a minha flauta e colocando uma mão nomeu ombro.

―Vamos, Jess.‖ Ele disse. ―Nós estamos indo." 

O pai da Ruth, enquanto isso, estava alcançandoo bolso dele. Ele tirou alguns cartões de visita e osdeixou na mesa de conferência do Sr. Feeney.

―Se vocês cavalheiros precisarem entrar emcontato com os Mastriani‘s,‖ Ele disse para os

agentes. ―vocês podem fazer isso através dos meusescritórios. Tenham um bom dia."

O Agente Especial Johnson pareciadesapontado, mas tudo que ele disse foi que eudeveria ligar para ele no minuto que eu mudasse deidéia sobre a Base Militar Crane. Então ele me deu o

cartão dele. O Agente Especial Davies, enquanto eleestava saindo da sala de conferência, fez uma armacom o dedo indicador e o polegar e atirou em mim.Eu achei que isso foi um pouquinho alarmante,considerando o fato que suas narinas estavam com

crosta de sangue, e um machucado arroxeado estavacomeçando a aparecer na ponta do nariz dele...

O Sr. Feeney foi muito legal me dispensando dasclasses o resto do dia. Ele nunca mencionou nadasobre repor a detenção e então eu percebi que eraporque ele nem sabia que eu tinha detenção de agora

até o final das aulas em maio. O Sr. Feeney nãopresta muita atenção nos estudantes.

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por três meses, para remover toda a peleinfeccionada.

O jeito que eles removeram foi pior que a

queimadura ela mesma, entretanto. Com pinças. Eucostumava desmaiar toda vez. Então, para mealegrar, meu pai me levava para o Wendy‘s para umGeladinho. Então, você pode ver que esse gesto temum profundo significado, mesmo que possa nãosignificar muito para vocês. Foi tudo sobre

compartilhar esse momento de ligação do nossopassado. O Sr. Goodhart teria engolido essa.

De qualquer jeito, no caminho de casa, meu paiconcordou em contar a novidade para a mamãe, masnão contar a mais ninguém  —   eu o fiz jurar  —   e

concordei em não guardar mais segredos dele. Euainda assim não contei para ele sobre o Rob,entretanto, porque esse era um segredo que eususpeitava fortemente que o FBI não tinha pistas,então eu provavelmente não seria presa por isso.

E mais, eu estava mais preocupada com a

reação da minha mãe por descobrir do Rob do que ahistória sobre mim e as crianças da embalagem doleite.

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CAPÍTULO 11

No final, claro, eu descobri que não era o meupai que eu deveria ter feito jurar segredo.

Era o Sr. Feeney.Eu não sei se ele pensou que ele poderia colocar

as mãos no dinheiro da recompensa de algum jeito,ou se ele decidiu que derramar os feijões faria aregião da escola dele se destacar da de todas as

outras de Indiana  —   como, já que foram sob asarquibancadas dele que eu fui eletrocutada, se issode algum jeito fizesse o Colégio Ernest Pyle especial —  ou algo do tipo.

Mas de qualquer jeito, quando o jornal da

cidade atingiu a nossa varanda aquela tarde,  —   o jornal da cidade sai às três da tarde todos os dias, aoinvés de sete da manhã, então os repórteres e todo oresto não têm que levantar muito cedo  —  tinha essafoto gigante de mim na capa: essa foto do anuário dosegundo ano muito lisonjeira, em fato, a que a minha

mãe me fez usar um daqueles vestidos horrendosfeito em casa dela, embaixo da manchete que se lia,TOCADA PELO DEDO DE DEUS.

Eu já apontei que há mais igrejas na nossacidade do que fast-food? Sul de Indiana é muito

religioso.

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 De qualquer modo, o artigo seguia descrevendocomo eu tinha salvado todas essas crianças depois deter sido tocada pelo dedo de Deus, ou raio, como échamado pela comunidade secular. E continuoudizendo como eu era só uma estudante normal queera terceira cadeira de flauta na Orquestra da escolae que no fim de semana eu ajudava meu pai nosrestaurantes dele, que eles listaram. Eu sabia quetoda essa coisa não poderia ter vindo do Sr. Feeney,

 já que ele não me conhecia tão bem. Eu supus que oSr. Goodhart devia ter tido algo haver com aquilo.

E deixe-me dizer, isso meio que dói, sabe? Digo,mesmo ele não tendo mencionado nada sobre oproblema com o Douglas, ou minhas detenções, elecom certeza mencionou todo o resto que ele sabia.Não existe algum tipo de coisa de confidência com osorientadores da escola? Digo, eles não podem ficarcom problemas por isso?

Mas quando o meu pai ligou para o Sr.Abramowitz e perguntou para ele, ele estava tipo,

―Você não pode provar que a informação veio doorientador. Veio de alguém da escola,definitivamente. Mas você não pode provar que foi oorientador."

Mesmo assim, o pai da Ruth começou a formar

um processo contra o Colégio Esnest Pyle por soltara minha foto da escola para o jornal da cidade. Isso,o Sr. Abramowitz disse, era invasão de privacidade.

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Ele parecia muito feliz sobre isso. O pai da Ruth nãopega muitos casos interessantes. Na maioria, ele sófaz divórcios.

Minha mãe também estava feliz com isso. Nãome pergunte por que, mas a história todasimplesmente a encantou. Ela estava no paraíso. Elaqueria que eu tivesse uma entrevista coletiva na salade jantar principal do Mastriani‘s. Ela ficavafalando de quanto dinheiro traria para o

restaurante, alimentando todos aqueles repórteres defora da cidade. Ela até começou a escolher modelosde vestidos, naquele instante, do que ela queria queeu usasse nessa entrevista coletiva. Estou te falando,ela pirou. Eu meio que pensei que ela fosse ficar todaestranha sobre isso, você sabe? Digo, considerandooEu só quero que nós sejamos uma família normal  dela. Mas isso saiu pela janela quando ela escutousobre as recompensas.

―Quanto?‖ Ela queria saber. ―Quanto porcriança?"

Nós estávamos comendo a esse ponto  —  espaguete com molho cremoso de cogumelo. Meu paifoi, ―Toni, a recompensa não é o que interessa. O queinteressa é que, Jessica é jovem, e eu não queroexpor ela para a mídia com uma idade tão — "

―Mas é dez mil por criança?‖ Minha mãequeria saber. ―Ou só por aquela criança?"

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 ―Toni— "

―Joe, eu só estou dizendo, dez mil não é de se jogar fora. Nós podemos comprar uma nova mesa de

vapor e então algo para o Joe Junoir‘s— "―Nós vamos obter o dinheiro para a nova mesa

de vapor para o Joe Junior‘s do jeito antigo.‖ Meu pai disse. ―Nós vamos pegar um empréstimo paraisso."

―Não quando nós já vamos pegar umempréstimo para as aulas do Michael,"

Michael  —   que a única reação perante asnotícias sobre a minha recém descoberta habilidadepsíquica foi me perguntar se eu sabia aonde ohomem de turbante azul, que Nostradamus tinha

previsto começar a Terceira Guerra Mundial, estavapor esses dias —  rolou os olhos.

―Não role os olhos para mim, mocinho.‖ Minhamãe disse. ―Harvard foi muito generosa com a bolsade estudos, mas ainda assim não é o suficiente — "

―Principalmente,‖ Meu pai disse, molhando asemolina [acho que é tipo aveia. é feito de cereais egeralmente trigo.. ¬¬] no resto de molho cremosoque tinha em seu prato. ―se Douglas estiver voltandopara a faculdade estadual."

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 Era isso. Minha mãe deixou cair a faca dela comestardalhaço. ―Douglas,‖ Ela disse. ―Não vai voltarpara aquela escola. Nunca."

Meu pai parecia cansado. ―Toni,‖ Ele disse. ―Ogaroto vai ter que ter uma educação. Ele não podeficar sentado naquele quarto e ler quadrinhos para oresto da vida dele. As pessoas já estão começando achamá-lo de Boo Radley."

Boo Radley, eu lembrei do calouro inglês, era ocara em To Ki ll a Mockingbird  que nunca deixava acasa dele, só ficava sentado recortando jornais o diatodo, o que era o que as pessoas faziam antes deexistir TV. Foi uma boa coisa o Douglas ter serecusado a descer para o jantar, ou ele poderia ter

ouvido aquilo e ficado ofendido. Para um cara quetentou se matar, Douglas é muito sensível quanto aser chamado de estranho.

―Por que não?‖ Minha mãe exigiu. ―Por que elenão pode ficar sentado em seu quarto para o resto desua vida? Se é isso que ele quer fazer, por que você

simplesmente não deixa?"―Porque ninguém faz o que quer fazer, Toni. Eu

quero deitar em uma rede no jardim o dia todo.‖Meu pai disse, sacudindo o polegar em direção aoseu peito. ―A Jess aqui quer atravessar o campo na

traseira de uma moto. E Mikey —‖ Ele olhou para

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Michael, que estava ocupado mastigando. ―Bem, eunão sei o que diabos o Mikey quer fazer — "

―Fuder a Claire Lippman‖[sentido de transar]

Eu sugeri, fazendo o Michael me chutar bem fortepor debaixo da mesa.

Meu pai me lançou um olhar de advertência econtinuou. ―Mas o que quer que seja, Toni, ele nãovai fazer. Ninguém consegue fazer o que quer fazer,Toni. O que eles fazem é o que eles têm  que fazer, e oque o Dougie tem   que fazer é voltar para afaculdade."

Aliviado por ter menos pressão sobre mim, eupedi licença e esvaziei o meu lugar na mesa. Eu nãotinha falado com a Ruth o dia todo. Eu estava

ansiosa para ver o que ela pensava sobre a coisatoda. Digo, não é todo dia que sua melhor amigaacaba na página principal do jornaleco local.

Mas eu nunca descobri o que a Ruth pensava dacoisa toda. Porque quando eu pisei na varanda,

preparada para pular a cerca que separava as nossascasas, eu fui confrontada pelo que parecia ser umexército de repórteres, todos eles estacionados emfrente a nossa casa e acenando câmeras emicrofones.

―Lá está ela!‖ Um deles, uma apresentadora

que eu reconheci do Canal Quatro, veio tropeçandopelo gramado, seus saltos alto afundando na grama.

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―Jessica! Jessica! Como se sente sendo uma heroínanacional?"

Eu encarei a confusão de microfones

inexpressiva. Então mais ou menos um milhão deoutros microfones apareceram na minha cara. Todomundo começou a perguntar ao mesmo tempo. Era aentrevista coletiva da minha mãe, só que tudo que euestava usando era um jeans e uma camiseta. Eu nãotinha nem penteado o meu cabelo.

―Hm.‖ Eu disse nos microfones. Então meu pai estava lá, me puxando

bruscamente para dentro da casa e gritando paratodos os repórteres saírem da propriedade dele.Ninguém escutou  —   pelo menos, até os tiras virem.

Então nós vimos como todos aqueles almoços degraça que meu pai tinha dado aos caras foramrecompensados. Você nunca viu pessoas tão bravascomo aqueles tiras estavam quando eles viraram naruela Lumley e não conseguiram achar um lugarpara estacionar, tinha tantas vãs novas bloqueando o

caminho.Têm tantos poucos crimes por essas bandas que

quando um acontecia, nossos garotos de azul vinhamatrás do infrator.

Quando eles viram todos os repórteres no nosso

gramado, eles piraram, só que de um jeito diferentede como a minha mãe tinha. Eles ligaram de volta

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para a estação e a próxima coisa que você sabia, elestinham trazido do o equipamento chique,equipamento de confusão e cães farejadores dedrogas e granadas de luz. Deu o nome, elestrouxeram e pareciam nem intencionados em usarnos repórteres, alguns que eram de redes bemgrandes.

Eu tenho que dizer, eu estava impressionada.Mike e eu observamos a coisa toda da janela do meu

quarto. Mike até foi na internet e fez uma pesquisacom o meu nome, e disse que já havia duzentos esetenta sites que mencionavam Jessica Mastriani.Ninguém tinha recortado o meu rosto e colado sobreo corpo pelado de uma das coelhinhas da Playboy,mas Mike disse que era só questão de tempo.

Então o telefone começou a tocar.

As primeiras poucas ligações foram derepórteres parados do lado de fora, usando seuscelulares. Eles queriam que eu saísse e fizesse umadeclaração, só uma. Então eles prometeram ir

embora. Meu pai desligou na cara deles.Então pessoas que não eram repórteres, mas

que nós não conhecíamos, começaram a ligar,perguntando se eu poderia ajudar eles a achar umparente desaparecido, uma criança, um marido, um

pai. A princípio, meu pai era gentil com eles, e dissea eles que não funcionava desse jeito, que eu tinha

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que ver uma foto da pessoa desaparecida. Então elescomeçaram a dizer que eles iam mandar um faz ouum e-mail com a foto. Alguns deles disseram que elesestavam vindo com uma, que eles estariam aqui emalgumas horas.

Foi então que meu pai desconectou o telefone.

Eu era uma celebridade. Ou uma prisioneira emminha própria casa. O que você preferir.

Eu ainda não tinha conseguido falar com a Ruthe eu realmente queria. Mas já que eu não podia sairou ligar para ela, meu único recurso era mensageminstantânea do computador do Michael. Ele estavasentindo pena de mim, então, apesar da minha piadasobre a Claire Lippman, ele me deixou.

Ruth, entretanto, não estava muito contente emouvir de mim.

Ruth: Por que DIABOS você não me contousobre isso?

Eu: Olha, Ruth, eu não contei para   ninguém,

certo? Era tudo mui to estranho.

Ruth: Mas eu dever ia ser a sua melhor amiga.

Eu: vocêé a minha melhor amiga.

Ruth: Bem, eu aposto que você contou para o

Rob Wilkins.Eu: Eu juro que não.

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 Ruth: Oh, certo. Você não falou para o cara quevocê está saindo que você éparanormal . Eu realmenteacredito nessa.

Eu: Em primeiro lugar. Eu não estou saindo como Rob Wilkins. Em segundo, você realmente acha queeu queria que alguém soubesse disso? É totalmenteestranho. Você sabe que eu gosto de evitar atenção.

Ruth: Foi totalmente não-legal você não ter mecontado. Você sabe que o pessoal da escola esteve meligando, perguntando se eu sabia, e eu tenho f ingidoque sabia, só para salvar a cara? Você éa pior melhoramiga que eu já tive.

Eu: Eu sou a única melhor amiga que você játeve. E você não tem nenhum direi to de ficar brava, já

que étudo culpa sua, de qualquer jei to, por me fazerandar naquela estúpida tempestade.

Ruth: O que você vai fazer com o dinheiro darecompensa? Você sabe, eu realmente poderia fazeruso de um novo som para o Cabriolet. E Skip disse

para te dizer que ele quer o novo Tomb Raider.Eu: Diga ao Skip que eu disse que eu não vou

comprar nada para ele atéele se desculpar por todaaquela coisa do prender -a-minha-Barbie-com-correia- no-foguete.

Ruth: Você sabe, eu não sei como alguma de nósvai conseguir chegar na escola amanhã. A rua está

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totalmente bloqueada. Parece uma cena deAmanhecer Violento lá.

A verdade era, a Ruth estava certa. Com os

tiras formando esse escudo protetor na frente daminha casa, e a nossa garagem totalmentebloqueada, meio que parecia que os Russos estavamvindo ou algo assim. Ninguém podia subir ou descera nossa rua sem mostrar um documento que provavaque você vivia lá para os tiras. Por exemplo, se Rob

quisesse passar com a sua Indian —  não que ele fossequerer, mas vamos dizer que ele fez uma curvaerrada, ou qualquer coisa assim  —   ele totalmentenão poderia. Os tiras não deixariam ele passar.

Eu tentei não deixar isso me incomodar. Eu

desconectei da minha conversa com a Ruth, depoisde garantir a ela que, mesmo eu não tendo contadopara ela, eu não tinha contado a mais ninguémtambém, o que pareceu de algum jeito acalmar ela,especialmente depois de eu ter dito a ela que, se elaquisesse, ela poderia contar a todos que ela já sabia

 —  eu certamente não ligava. Isso fez ela muito feliz eeu suponho que depois que ela desconectou daconversa, ela se conectou em uma conversa comMuffy e Buffy e todos os populares patéticos cujaamizade ela tão persistentemente tentava ganhar,por razões que eu nunca serei capaz de descobrir.

Eu tirei a minha flauta e pratiquei por umtempo, mas para dizer a verdade, eu não botei meu

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coração naquilo. Não porque eu estava pensandosobre toda a coisa psíquica. Por favor. Isso teria feitosentido.

Não, apesar da minha decisão de não permitireles, meus pensamentos continuavam se voltandopara o Rob. Ele se perguntou onde eu estava quandoeu não apareci na detenção essa tarde? Se ele tentouligar para saber onde eu estava, ele não conseguiria, já que meu pai desconectou o telefone. Ele tem que

ter visto o jornal, certo? Digo, você pensaria, agoraque ele sabia que eu tinha sido tocada pelo dedo deDeus, que ele poderia querer conversar comigo,certo?

Você pensaria isso. Mas eu acho que não.

Porque mesmo eu escutando, eu nunca ouvi oronronar daquela Indian.

E eu não acho que foi porque os tiras nãodeixariam ele passar o bloqueio. Eu acho que elenem tentou.

Tanto por amor não recíproco. O que há deerrado  com os homens, de qualquer jeito?

CAPÍTULO 12

Quando eu acordei na manhã seguinte, euestava meio ranzinza, pelo fato de que o Rob preferianão ter que ir para a cadeia do que passar um tempo

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comigo. Mas eu me animei um pouco quando eu melembrei que eu não tinha mais que me moverfurtivamente, procurando por um telefone públicopara ligar para o 1-800-ONDE-TA-VOCE. Inferno,eu podia simplesmente ligar da minha própria casa.Então eu me levantei, reconectei o telefone, e disquei.

Rosemary não atendeu, então eu pedi para falarcom ela. A moça que atendeu disse. ―É a Jess?‖ E eudisse. ―Sim, é ela.‖ E ela disse. ―Espere um instante." 

Só que ao invés de me conectar com aRosemary, ela me conectou com o bundão dosupervisor da Rosemary, Larry, com quem eu tinhafalado no dia anterior. Ele foi. ―Jessica! Que prazer.Muito obrigada por ligar. Você tem mais alguns

endereços para nós hoje? Eu receio que nós fomoscortados ontem — "

―Sim, nós fomos, Larry.‖ Eu disse. ―Obrigadapor ter chamado os Federais. Agora, me conecte coma Rosemary, ou eu vou desligar."

Larry parecia meio surpreso. ―Bem, agora,Jess.‖ Ele disse. ―Nós não queríamos te aborrecer. Sóque, você tem que entender, quando nós recebemosligações como as suas, nós somos obrigados ainvestigar — "

―Larry.‖ Eu disse. ―Eu entendo perfeitamente.

Agora ponha Rosemary na linha."

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 Larry fez todos esses barulhos indignados, mas,eventualmente, ele me transferiu para a Rosemary.Ela soava triste.

―Oh, Jess.‖ Ela disse. ―Eu sinto muito, querida.Eu desejava ter podido falar alguma coisa, te avisadode algum jeito. Mas você sabe, eles rastreiam todasas ligações — "

―Está tudo bem, Rosemary.‖ Eu disse.―Nenhum dano foi feito. Digo, que garota não queruma equipe de notícias do Dateline   no jardim dafrente?"

Rosemary disse. ―Bem, pelo menos você podebrincar com isso. Eu não sei se eu poderia."

―Águas passadas.‖ Eu disse. E dessa vez eu

falava sério, também. ―Então, olha, aqui estão asduas crianças de ontem e eu tenho mais duas, se vocêestiver pronta."

Rosemary estava pronta. Ela anotou ainformação que eu dei a ela, e disse. ―Deus  te

abençoe, amor.‖ E desligou. Então eu tambémdesliguei e comecei a me arrumar para o colégio.

Claro, mais fácil falar do que fazer. Do lado defora da nossa casa estava um zoológico de novo.Havia mais vãs que antes, algumas com essas

antenas de satélite gigantes em cima deles. Haviarepórteres parados na frente delas e quando eu ligueia TV, era meio surreal, porque em quase todos os

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canais, você poderia ver a minha casa, com alguémparado na frente dela falando. ―Eu estou aqui nafrente desta casa pitoresca de Indiana, uma casa quefoi declarada um marco histórico pelo país, mas quealcançou fama internacional por ser a casa daheroína Jessica Mastriani, cujos extraordináriospoderes psíquicos nos levaram a recuperar meiadúzia de crianças desaparecidas..."

Os tiras também estavam lá. Pela hora que eu

desci as escadas, minha mãe já estava levando paraeles a segunda rodada de café e biscoitos. Elesestavam engolindo tudo quase tão rápido quanto elaconseguia levá-los.

E, claro, no minuto que eu abaixei o telefone, ele

começou a tocar. Quando meu pai atendeu, e alguémperguntou se podia falar comigo, mas não daria onome, ele desconectou de novo.

Era, em outras palavras, uma bagunça.

Nenhum de nós percebeu o quão ruim a

bagunça estava, entretanto, até que Douglas entrarvagando na cozinha, parecendo um poucodescontrolado.

―Eles estão atrás de mim.‖ Ele disse. 

Eu quase engasguei com o meu cereal. Porque a

únicas vezes que Douglas começou a falar sobre‗eles‘, é quando ele está tendo um episódio. 

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 Meu pai sabia que alguma coisa estava errada,também. Ele abaixou o seu café e encarou Douglaspreocupadamente.

Só a mamãe não percebeu. Ela estava colocandomais biscoitos no prato. Ela disse, ―Não seja ridículo,Dougie. Eles estão atrás da Jessica, não de você."

―Não.‖Douglas disse. Ele sacudiu a cabeça. ―Soueu que eles querem. Você vê aquelas antenas?Aquelas antenas de satélite em cima das vãs? Elesestão captando as minhas ondas cerebrais."

Eu deixei a minha colher cair. Meu pai falou,gentilmente, ―Doug, você tomou os seus remédiosontem?"

―Vocês não vêem?‖ Douglas, rápido como um

relâmpago, puxou bruscamente os biscoitos da mãoda minha mãe e lançou o prato no chão. ―Vocêstodos estão cegos? Sou eu que eles querem! Sou eu!"

Meu pai pulou e pôs seus braços ao redor doDouglas. Eu empurrei minha tigela de cereal e disse.

―É melhor eu ir. Talvez se eu for, eles me sigam— "―Vai.‖ Meu pai disse. 

Eu fui. Eu levantei, agarrei a minha flauta e aminha mochila e fui em direção à porta.

Eles me seguiram. Ou, eu deveria dizer, eles

seguiram a Ruth, que conseguiu convencer os tiras adeixarem ela sair da garagem dela e entrar na

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minha. Eu pulei no banco da frente e nós fomosembora. Se eu não estivesse tão preocupada com oDouglas, eu teria me divertido assistindo todosaqueles repórteres tentando subir em suas vãs e nosseguir. Mas eu estava preocupada. O Douglas estavaindo tão bem. O que aconteceu?

―Bem.‖ Ruth disse. ―Você tem que admitir, issoé muito para se aceitar."

―O que é?" 

Ruth levantou a mão para ajustar o espelhoretrovisor. ―Hm.‖ Ela disse, encarandosignificantemente dentro dele. ―Aquilo." 

Eu olhei atrás da gente. Nós tínhamos umaescolta policial, um monte de tiras de moto indo ao

nosso lado para tentar manter o bando de vãs denotícia de vir para cima de nós muito forte. Mashavia muito mais vãs do que eu teria imaginado. Eeles estavam todos vindo para cima da gente. Não iaser muito engraçado quando nós tentássemos sair do

carro.―Talvez não deixem eles entrarem napropriedade da escola‖ Eu disse, esperançosa.

―É, certo. Feeney vai estar parado lá com umafaixa de boas vindas. Você ta brincando?"

Eu disse. ―Bem, talvez se eu só falar com eles…" 

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 O que foi como, pouco antes do começo doprimeiro período, eu me achei parada nos degrausda escola, respondendo as perguntas dos repórteresque eu estive assistindo na TV durante a minha vidainteira.

―Não.‖ Eu disse, respondendo a uma questão.―não machucou, de verdade. Só que meio queformigou."

―Sim.‖ Eu disse para outra pessoa. ―Eu achoque o governo deveria estar fazendo mais para acharessas crianças."

―Não,‖ Eu respondi outra pergunta. ―eu não seionde Elvis está."

O Sr. Feeney, como Ruth tinha previsto, já

estava lá. Ele estava lá com um pequeno grupo derepórteres ele mesmo. Ele e o Sr. Goodhart ficaramum em cada lado meu enquanto eu respondia asperguntas dos repórteres. O Sr. Goodhart pareciaincomodado, mas o Sr. Feeney, você poderia dizer,

estava tendo a melhor hora de sua vida. Elecontinuava dizendo para qualquer um que quisesseouvir, como o Colégio Ernest Pyle tinha ganhado ocampeonato de basquete em 1997. Como se alguémse importasse.

E então, no meio dessa estúpida pequena

entrevista coletiva improvisada, algo aconteceu. Algo

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que mudou tudo, mais do que o episódio de Douglastinha.

―Senhorita Mastriani.‖ Alguém no meio do

bando de repórteres gritou. ―Você sente algumaculpa pelo fato que Sean Patrick O‘Hanahan alegaque, quando a mãe dele o seqüestrou há cinco anos,foi para proteger ele do pai violento?"

Eu pisquei. Era outro lindo dia de primavera,com uma temperatura já subindo a vinte graus. Mas,de repente, eu me senti fria.

―O que?‖ Eu disse, vasculhando a multidão,tentando advinhas quem tinha falado. ―E querevelando a localização de Sean para as autoridades‖A voz continuou. ―Não só pôs em perigo a sua vida,

mas também colocou a liberdade da mãe dele emperigo?"

E então, ai invés de ter um mar de rostos aminha frente, só havia um. Eu não podia nem dizerse eu estava realmente vendo, ou se eu estava

lembrando. Mas lá estava, o rosto do Sean, como eutinha visto no dia na frente da casinha de tijolos emPaoli. Uma cara pequena, branca como papel, assardas se destacando como manchas. Seus dedos, meagarrando, tinha tremido como folhas.

―Você não vai contar para ninguém.‖ Ele sibilou

para mim. ―Você nunca vai contar para ninguém quevocê me viu, entendeu? "

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  Ele tinha me implorado para não contar. Eletinha me agarrado e me implorado para não contar.

E eu contei. Porque eu pensei  —   eu realmente

pensei —  que ele estava sendo mantido contra a suavontade, por pessoas de quem ele estava com muitomedo. Ele certamente agiu como se estivesse commuito medo.

E isso foi porque ele estava com medo. De mim.

E eu realmente pensei que eu estava fazendo acoisa certa. Mas eu não tinha feito a coisa certa. Enão tinha feito a coisa certa de jeito algum.

Os repórteres ainda estavam gritandoperguntas para mim. Eu ouvia eles, mas era como seeles estivessem gritando de muito longe.

―Jessica?‖ O Sr. Goodhart estava olhando paramim. ―Você está se sentindo bem?" 

―Eu não sou Sean Patr ick O'Hanahan .‖ Foi issoque o Sean me disse naquele dia do lado de fora dacasa dele. ―Então você pode simplesmente ir embora,

você ouviu? Você pode simplesmente ir embora."“E nunca voltar."

―Tudo bem.‖ O Sr. Goodhart colocou seu braçoao meu redor e começou a me guiar para dentro daescola. ―Isso é o suficiente por um dia." 

―Espera.‖ Eu disse. ―Quem disse aquilo? Quemdisse aquilo sobre o Sean?"

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 Mas, infelizmente, assim que eles me viram indoembora, todos os repórteres começaram a gritarperguntas de uma vez e eu não consegui descobrirquem tinha me perguntado sobre o Sean PatrickO‘Hanahan. 

―É verdade?‖ Eu perguntei ao Sr. Goodhartenquanto ele me levava de volta para dentro daescola.

―O que é verdade?"

―É verdade o que aquele repórter disse?‖ Meuslábios estavam engraçados, como se eu tivesse ido aodentista e levado anestesia. ―Sobre o Sean PatrickO‘Hanahan não ter sido seqüestrado?" 

―Eu não sei, Jessica." 

―A mãe dele realmente pode ir para a cadeia?"

―Eu não sei, Jessica. Mas se for, não é suaculpa."

―Por que não é minha culpa?‖ Ele estava me

levando para a minha sala. Pela primeira vez euestava atrasada e ninguém se importava. ―Comovocê sabe que é não é minha culpa?"

―Nenhuma corte ‖ o Sr. Goodhart disse, ―dariaa custódia de uma criança a um pai violento. A mãeprovavelmente fez lavagem cerebral na criança

fazendo ele pensar que o pai maltratava ele."

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 ―Mas como você sabe?‖ Eu repeti. ―Comoalguém sabe? Como eu deveria saber se o que euestou fazendo, revelando a localização dessascrianças para as autoridades, é realmente o melhorpara essas crianças? Digo, talvez algum deles nãoqueiram ser encontrados. Como eu deveria saber adiferença?"

―Você não tem como saber.‖ O Sr. Goodhart disse. Nós tínhamos chegado na minha sala nessa

hora. ―Jess, você não tem como saber. Você só temque supor que se alguém ama eles o suficiente parareportar o desaparecimento dele, essa pessoa merecesaber onde eles estão. Você não acha?"

Não. Esse era o problema. Eu não achava. Eu

não tinha pensado em nada disso. Uma vez que eusabia que o meu sonho era verdade  —   que SeanPatrick O‘Hanahan estava realmente vivo e bem evivendo em uma casinha de tijolos em Paoli  —   euagi, sem pensar em maiores considerações.

E agora, por causa disso, uma criança estava em

mais problema no que nunca.Ah, é. Eu fui tocada pelo dedo de Deus, com

certeza.

A pergunta era, que dedo?

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CAPÍTULO 13

Não eram só notícias ruins.

A boa notícia era, eu não tinha mais detenção.

Bastante impressionante, não? Garota conseguepoderes psíquicos, tiram castigo da garota. Assimmesmo. Eu me pergunto como o treinador Albrightse sentiria se ele soubesse. Essencialmente, eupraticamente saí impune socando a estrela de futebol

dele. No meio do meu auto-castigo pela coisa toda doSean Patrick O‘Hanahanm, eu repunha opensamento, de tempos em tempos, pela senhoritaClemming e os W‘s. Como será que ela estavalidando com Hank e Greg sem a minha ajuda? E oRob? Ele sentiria a minha falta? Será que ele notaria

que eu não estava lá?Eu consegui a minha resposta depois do almoço.

Ruth e eu estávamos fazendo o nosso caminho paraos nossos armários, quando de repente ela me deuuma cotovelada, forte. Eu agarrei minha lateral e

estava tipo, ―O que você está tentando fazer, tirar omeu baço? Qual é o seu problema?"

Ela apontou. Eu olhei. E então eu sabia.

Rob Wilkins estava parado do lado do meuarmário.

Ruth fez uma apressada e completamente obviaretirada. Eu arrumei meus ombros e continuei indo.

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Não tinha por que ficar nervosa. Rob e eu éramosapenas amigos, como ele deixou bem claro.

―Ei.‖ Ele disse quando eu cheguei. 

―Ei.‖ Eu disse. Eu abaixei a cabeça,trabalhando na minha combinação. Vinte e um, aidade que eu gostaria de ter. Dezesseis, a idade queeu tenho. Trinta e cinco, a idade que eu terei antesdo Rob Wilkins decidir que eu sou madura osuficiente para sair com ele.

―Então.‖ Ele disse. ―Você ia me contar algumdia?"

Então eu peguei meu livro de geometria. ―Naverdade.‖ Eu disse. ―Eu não estava planejandocontar para ninguém."

―Foi o que eu imaginei. E o garoto?" 

―Que garoto?‖ Mas eu sabia. Eu sabia. 

―O garoto de Paoli. Ele foi o primeiro?" 

―Uhum.‖ Eu disse. E de repente eu me senti com

vontade de chorar.Realmente. Eu nunca choro.

Bem, exceto por aquela vez com os agentes doFBI na sala do Sr. Goodhart.

―Você poderia ter me dito.‖ Ele disse. 

―Eu poderia.‖ Eu tirei meu caderno degeometria. ―Mas você teria acreditado em mim?" 

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 ―Sim.‖ Ele disse. ―Sim, eu teria." 

Eu acho que ele teria, também. Ou talvez eu sóquisesse acreditar que ele teria. Ele parecia tão... Eu

não sei. Legal, eu acho, parado lá, encostado noarmário ao lado do meu. Ele não tinha nenhum livroou nada, só aquela mesma revista no bolso traseirodo seu jeans, aqueles jeans que eram macios de tantousar e meio desbotado em alguns lugares, como no joelho e outros lugares mais interessantes.

Ele estava com uma camiseta de mangacomprida, verde escura, mas ele tinha empurrado asmangas até o antebraço, bronzeado de andar demoto, se exibindo e...

Vê o quão patética eu sou?

Eu bati a porta do meu armário.―Bem,‖ Eu disse. ―eu tenho que ir." 

―Jess.‖ Ele me chamou, enquanto eu viravapara ir embora.

Eu olhei de volta.Eu mudei de idéia. Era isso que eu esperava queele fosse dizer.Eu mudei de idéia. Quer ia a formaturacomigo?

O que ele disse mesmo foi, ―Eu escutei. Sobre ogaroto, Sean.‖ Ele parecia incomodado, como se elenão estivesse acostumado com esse tipo de conversa

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no meio do corredor da escola, de baixo de um brilhonão natural fosforescente.

Mas ele continuou, de qualquer jeito.

―Não foi sua culpa, Jess. O jeito que ele agiuaquele dia, do lado de fora da casa dele... bem, euachei que tinha algo estranho acontecendo com ele,também. Você não poderia saber. É só isso.‖ Eleassentiu, como se ele estivesse satisfeito que ele tinhadeixado claro o que ele queria dizer. ―Você fez acoisa certa."

Eu sacudi a cabeça. Eu podia sentir lágrimaspinicando os meus olhos. Droga, eu estava parada lá,com milhares de pessoas passando a minha volta,tentando não chorar na frente desse cara por quem

eu tinha uma queda. Poderia ter alguma coisa maishumilhante?

―Não‖ Eu disse. ―Eu não fiz." 

Então eu virei e fui embora.

E dessa vez, ele não tentou me impedir.

Já que eu não tinha mais detenção, Ruth e euviemos juntas depois da escola. Nós decidimos queiríamos ensaiar juntas. Ela disse que tinha achadoum novo concerto para flauta e violoncelo. Eramoderno, mas nós íamos tentar.

Mas quando nós viramos na ruela Lumley, eu vilogo de cara que alguma coisa estava errada. Todos

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os repórteres tinham sido conduzidos para o final darua, onde eles estavam atrás da barricada da polícia.Quando eles viram o carro da Ruth, eles começarama gritar e tirar fotos freneticamente...

Mas os tirar não os deixariam chegar perto danossa casa.

Quando a Ruth entrou na minha garagem e euvi o sangue na calçada, eu sabia por quê. Não apenasna calçada, também, mas pequenas gotas deles,seguindo todo um caminho até a varanda.

Ruth também viu. Ela foi, ―Uh-oh"

Então a porta de tela [aquela porta que deixa oar, mas não os insetos, passar] abriu e meu pai eMikey saíram. Meu pai levantou ambas as mãos e

disse. ―Não é tão ruim quanto parece. Esta tarde,Dougie atacou um dos repórteres que ficou para tráspara tentar entrevistar os vizinhos. Os dois estãobem. Não fique preocupada."

Eu acho que deve ter parecido engraçado, meu

irmão atacando um repórter. Se tivesse sido o Mikeque tivesse feito, teria sido muito engraçado. Mas jáque foi o Douglas, não era engraçado. Não era nemum pouco engraçado.

―Olhe,‖ Meu pai disse, sentando nos degraus da

varanda. Ruth tinha desligado o motor e nós duassaímos do carro. Eu fui e me sentei ao lado do meupai, com cuidado para não olhar  —   ou tocar  —  

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qualquer uma das manchas de sangue que nosrodeavam. Ruth foi se sentar com Mike no balançoda varanda.

Rangeu de forma agourenta sob o peso deambos. E mais, o Mike parecia irritado em ter quedividir, só que a Ruth não notou.

―Não é sua culpa, Jess,‖ Meu pai continuou.―mas dos repórteres, e das vãs de notícia, e da políciae tudo mais. Foi tudo um pouco de mais para oDougie. As coisas começaram a parar de funcionarna cabeça dele. Depois que você saiu hoje de manhã,nós achávamos que tínhamos acalmado ele. Nósfizemos ele tomar o remédio dele, e parecia que eleestava bem. Mas o médico disse que o estresse pode,

as vezes — "Eu gemi e coloquei a minha cabeça nos meus joelhos. ―O que você quer dizer, não é minhaculpa?‖ Eu gemi. ―Claro que é culpa minha. Tudo éculpa minha. Se eu nunca tivesse ligado para aquelenúmero idiota — "

―Você tinha que ligar para aquele númeroidiota.‖ Meu pai disse pacientemente. ―Se você nãotivesse ligado para aquele número idiota, os paisdaquelas crianças ainda estariam se perguntando oque aconteceu com seu filho ou filha — "

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 ―É!‖ Eu disse. ―E Sean Patrick O‘Hanahan nãoseria mandado de volta para o seu pai violento. E amãe dele não estaria com problemas. E — "

―Você fez a cosia certa, Jess.‖ Meu pai disse denovo. ―Você não pode saber tudo. E Douglas vaificar bem. Só seria melhor se ele pudesse ficar emalgum lugar um pouco mais quieto — "

―Sim, mas onde?‖ Eu exigi. ―O hospital? ODougie tem que voltar para o hospital por minhacausa? Nuh-uh. Não, obrigada, pai. Está claro qual éo problema aqui. O problema não é o Douglas.‖ Eurespirei fundo. O ar estava grosso e úmido. Logo, eusaiba, seria verão. Tinha ficado constantemente maisquente o dia todo e agora no final da tarde o sol

brilhava quente na varanda.Brilhava quente em mim.

―Sou eu.‖ Eu disse. ―Se eu não estivesse aqui,Douglas estaria bem."

―Não, querida.‖ Meu pai disse. 

―Não, eu to falando sério. Se eu não estivesseaqui, você não teria repórteres jogando embalagensde energéticos no nosso gramado, e mamãe não teriaque assar biscoitos vinte quatro horas por dia, setedias por semana, e Douglas não teria que ir para o

hospital — "―O que você está sugerindo, Jessica?" 

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 ―Você sabe o que eu estou sugerindo. Eu achoque amanhã é melhor eu fazer o que o AgenteEspecial Johnson disse, e ir para a Base MilitarCrane por um tempo."

Ambos, Mike e Ruth me olharam como se eufosse louca, mas meu pai disse, depois de algunsmomentos de silêncio. ―Você tem que fazer o quevocê acha que é certo, querida."

Eu disse. ―Bem, eu não acho que é certo queessa família deve sofrer por minha causa. E é issoque nós estamos fazendo, sofrendo. Se eu meausentar por um tempo, todos esses repórteres etudo mais irão embora. E então as coisas podemvoltar ao normal. Talvez até o Doug possa voltar

para casa."Mike disse suavemente ―É, e talvez Claireabrisse suas persianas de novo. Ela tem estado tãoassustada com todas aquelas câmeras — "

Quando Ruth e eu viramos para encará-lo, ele

percebeu o que ele tinha dito e ficou de boca fechada.Ruth foi a única pessoa que expressoudiscordância.

―Eu não acho que isso é uma idéia tão boa.‖ Eladisse. ―Você indo para Crane, digo. Eu não acho,

nem um pouco, que é uma boa idéia."

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 ―Ruth‖ Eu disse, surpresa, ―Poxa. Eles sóquerem fazer alguns testes — "

―Ah, ótimo.‖ Ruth disse. ―Então agora você é

uma cobaia? Jess, Crane é uma Base do Exército.Entendeu? Nós estamos falando dos militares."

―Nossa, Ruth.‖ Eu disse. ―Seja paranóica, porque não? Vai ficar tudo bem."

Ruth levantou o queixo. Eu não sei o que era.

Talvez ela só tenha assistido A Assassina   vezesdemais. Talvez ela só não queira enfrentar oscorredores do Colégio Ernest Pyle sozinha.

Ou talvez ela suspeitasse de algo que eu, mesmocom meus novos poderes cerebrais, não podia sentir.A Ruth é mais espera que a maioria das pessoas...

sobre algumas coisas, de qualquer jeito.―E o que acontece‖ ela perguntou quietamente,

―se eles quiserem que você ache mais crianças?" 

Meu pai disse. ―Bem, claro que eles vão quererque ela ache mais crianças. É sobre isso que se trata,

eu tenho certeza."―A Jess quer achar mais crianças?‖ Ruth

perguntou, suas sobrancelhas levantaram.

Eles dizem que os testes de inteligência escalarsó medem certos tipos de conhecimento. Aqueles de

nós que não foram bem  —   eu, por exemplo  —   seconfortam com o fato que, é, tudo bem, Ruth tem um

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QI de 167, mas ela não sabe nada sobre garotos. Ou,é, Mike tem 153, mas de novo, mas que tipo dehabilidades pessoais o cara tem? Nada.

Mas com aquela única questão, Ruth provouque não havia nada de errado com suas habilidadespessoais  —  pelo menos, até onde eu sabia. Ela tinhaacertado bem o alvo.

Porque não tinha mais jeito de eu acharqualquer criança desaparecida. Não depois do Sean.A não ser que eu consiga ser convencida que acriança que eu estou achando quer realmente serencontrada.

Diferente do Sean.

Mike foi, ―Não interessa o que ela quer. Ela tem

uma obrigação moral com a comunidade de dividiresse... o que quer que seja."

Ruth admitiu que estava errada na hora. Comoela poderia tem uma opinião diferente do seuamado?

―Você está certo, Michael.‖ Ela disse, piscandotimidamente para ele por trás dos seus óculos.

Tanto para aquelas habilidades pessoais que eumencionei.

―Eles não vão fazer a Jess fazer qualquer coisa

que ela não queira.‖  Meu pai disse. ―Nós estamosfalando do governo dos EUA, aqui. Jessica é uma

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cidadã dos Estados Unidos. Os seus direitosconstitucionais são garantidos. Tudo vai ficar bem."

E a parte triste é que, naquela hora eu

realmente achei que ele estava certo.Eu real e verdadeiramente achei.

CAPÍTULO 14

A Base Militar Crane, localizada a mais oumenos uma hora de carro da minha cidade natal, foiuma das várias Bases Armadas fechadas pelogoverno durando os anos oitenta Pelo menos, deveriater fechado. Mas, de algum jeito, nunca fechou  —  pelo menos não o tempo todo, apesar de todas as

histórias no jornal da minha cidade natal sobre oshabitantes locais que trabalhavam lá na manutençãoe cozinheiros que acabaram perdendo os seusempregos. Os jatos militares  —   os que estavamconstantemente quebrando a barreira do som  —  

nunca desapareceram totalmente e nós ainda temosoficiais uniformizados aparecendo para almoço e jantar em todos os três restaurantes do meu paimuito depois da base ter sido considerada fechada.

Douglas, quando ele estava mais paranóico,insistia que Crane era como a Área 51, aquele lugar

que o Exército jura que não tem base, mas onde as

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pessoas sempre vêem aqueles flashes de luzes tardeda noite.

Mas quando eu cheguei a Crane, certamente

não parecia como se alguém estivesse tentandomanter o fato que ainda estava aberta em segredo. Enão parecia que tinha sido abandonado, também. Olugar estava bem limpo, o gramado habilmentecortado, tudo parecendo estarem lugar. Eu não vinenhum hangar gigante onde espaçonaves poderiam

estar escondidas, mas de novo, eles poderiam estarmantendo-as no subterrâneo, como no filmeI ndependence Day  .

A primeira coisa que o Agente Especial Johnsonfez  —   depois de me apresentar para a Agente

Especial Smith, uma oficial com bonitos brincos depérola que aparentemente substituiu seu parceiroanterior, Agente Especial Davies (ficouincapacitado... oops, minha culpa)  —   foi mostrarpara mim e para o meu pai o quarto onde eu ficaria —  um quarto bom, na verdade, como um quarto de

hotel, com uma televisão e telefone e essas coisas.Nenhum bebedouro de refrigerante, eu fiqueialiviada de ver.

Então ele e a Agente Especial Smith noslevaram para um prédio diferente, onde nós

conhecemos alguns caras do exército, esse coronelque apertou a minha mãe muito forte e esse tenentecom cara cheia de espinhas que ficava olhando para

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os meus jeans como se fossem botas que vão até acoxa ou algo assim. Então o coronel nos apresentoupara alguns médicos em um prédio diferente, quepareciam realmente excitados em me ver, easseguraram para meu pai que eu estava nasmelhores mãos. Meu pai, mesmo eu sabendo que eleestava morrendo de vontade de voltar para osrestaurantes, não iria embora, apesar das garantiasdos médicos. Ele continuava falando coisas como, a

Agente Especial Smith estaria a disposição caso euprecisasse de algo no meio da noite e quem teriacerteza que eu tinha o suficiente para comer? Erameio constrangedor.

Finalmente, um dos médicos, cujo crachá diziaHelen Shifton, disse para o meu pai que eles estavamprontos para mim e que eu iria ligá-lo assim que euestivesse de volta no meu quarto. Depois disso, erameio óbvio que eles queriam que ele fosse embora,então meu pai foi, dizendo que ele estaria de voltapara me pegar na próxima semana. Até lá, nós

esperávamos que todo o excitamento dos repórterese tudo mais teria acabado e eu poderia voltar paracasa.

Ele me abraçou na frente de todo mundo ebeijou o topo da minha cabeça. Eu fingi não gostar,mas depois de ele ir embora, eu não consegui evitar

me senti um pouco...Bem, assustada.

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  Eu não disse isso para a Dra. Helen Shifton,entretanto. Quando ela perguntou como eu estavame sentindo, eu disse que estava bem.

Eu acho que ela não acreditou em mim,entretanto, já que ela e a enfermeira me deram umchecape completo, e quando eu digo completo, comexame de sangue e materiais me cutucando  —   acoisa toda. Eles checaram a minha pressãosanguínea, meu colesterol, meu coração, minhas

orelhas, meus olhos, as solas dos meus pés. Elesqueriam fazer um exame ginecológico, então eudeixei eles, e enquanto eles estavam lá embaixo, euperguntei sobre controle de natalidade e essas coisas... você sabe, porque eu posso precisar saber, algumdia, quando eu tiver, tipo, quarenta.

A Dra. Shifton foi bem legal a respeito,diferente do que o médico da família teria sido,respondeu todas as minhas perguntas e me disse quetudo parecia normal. Ela até examinou a minhacicatriz, a que o raio deixou e disse que parecia que

estava desaparecendo aos poucos, e que algum dia,provavelmente desapareceria por completo.

―Quando a cicatriz desaparecer, ossuperpoderes também vão?‖ Eu perguntei para ela,um pouco esperançosa. Ter superpoderes estava

aparentando ser mais responsabilidade do que eugostaria. Ela disse que não sabia.

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 Depois disso, a Dra. Shifton me fez deitar nessetubo grande e ficar imóvel enquanto ela tiravafotografias do meu cérebro. Ela me disse para nãopensar em nada, mas eu pensei sobre o Rob. Eu achoque as fotos saíram normais de qualquer jeito, já quea Dra. Shifton fez eu me vestir, e então ela saiu e essecara careca veio e me perguntou um monte deperguntas chatas, tipo sobre os meus sonhos e minhavida sexual e essas coisas. Mesmo a minha vida

sexual, recentemente, ter dado sinais demelhoramento  —  mesmo que por muito poucotempo —  , eu não tinha nada para contar para eles, emeus sonhos eram bem chatos, também, a maioria éde esquecer como se toca flauta bem antes de umdesafio com a Karen Sue Hanky.

Não foi até o que homenzinho careca começar ame fazer algumas coisas sobre o Douglas que eufiquei irritada. Digo, como o governo dos EstadosUnidos sabia sobre a tentativa de suicídio doDouglas?

Mas eles sabiam, e quando eles me perguntaramsobre isso, eu fiquei defensiva e o homenzinho carecaqueria saber por quê.

Então eu disse, ―Você não ficaria defensivo sealguém que você não conhece começasse a perguntar

para você coisas sobre o seu irmão esquizofrênico?‖Mas ele disse não, ele não ficaria —  a não ser que eletivesse algo a esconder.

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 E então eu disse que a única coisa que eu tinhapara esconder era o fato que eu queria dar nele obom e velho esmaga sanduíches [é um golpe], e eleme perguntou se eu sempre ficava agressiva quandodiscutia sobre a minha família, e foi quando eu melevantei e sai do escritório dele e disse para a Dra.Shifton que eu já queria ir para casa.

Você podia ver que a Dra. Shifton estavatotalmente brava com o homenzinho careca, mas ela

não mostrou, já que ela é toda profissional e tudomais. Ela disse para ele que ela achava que nós játínhamos conversado por tempo suficiente e ele fugiufurtivamente, me dando esses olhares ruins, como seeu tivesse arruinado o seu dia ou algo do gênero.Então a Dra. Shifton me disse para não mepreocupar com ele, que ele era só um seguidor deFreud [Freud acreditava que o jeito que as pessoasescondem os pensamentos e sentimentos influenciamno comportamento delas.] e ninguém ligava muitopara ele.

Depois disso, era hora do almoço. A AgenteEspecial Smith me levou para a cantina, que era emoutro prédio. A comida não era ruim, era melhorque a da escola. Eu comi frango frito e purê debatata. Eu notei o homenzinho careca comendo lá,também. Ele olhou para o que eu estava comendo e

anotou em um pequeno livro. Eu disse isso para a

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Agente Especial Smith e ela me disse para ignorá-lo,ele provavelmente tinha um complexo.

Já que não tinha ninguém da minha idade para

eu me sentar com, eu sentei com a Agente EspecialSmith e perguntei como ela se tornou uma agente doFBI. Ela foi bem legal, respondendo as minhasperguntas. Ela disse que ela era uma respeitadaperita em atirar, o que eu acho que significa que elaatira bem, mas ela nunca matou ninguém. Ela já

apontou a arma para pessoas várias vezes,entretanto. Ela até tirou a arma do coldre e memostrou. Era bem legal, realmente pesada. Eu querouma, mas vou esperar até eu ter dezoito.

Outra coisa pela qual eu tenho que esperar até

ter dezoito.Depois do almoço, a Dra. Shifton me mandoupara outro escritório médico, e nós passamos umameia hora tediosa com ele segurando cartas viradascom a parte de trás para mim e me perguntando deque naipe elas eram. Eu estava tipo, ―Eu não sei.

Você está segurando elas muito longe de mim.‖ E eleme falou para adivinhar. Eu acertei só 10% dasvezes. Ele disse que era normal. Eu podia dizer queele estava desapontado, entretanto.

Então essa estranha moça magricela tentou me

fazer mover objetos com a minha mente. Eu sentipena dela; Eu realmente tentei, mas claro que eu

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falhei miseravelmente nisso, também. Então ela melevou numa sala que era como o nosso laboratório delínguas na escola, e eu tive que usar fones de ouvido eeu estava meio empolgada, pensando que teria umfilme.

Mas o médico responsável, um homem queparecia nervoso, disse que não teria nenhum filme,só algumas fotos. Eu deveria olhar para as fotos eisso era tudo.

―Eu devo me lembrar de como todas as pessoasse parecem?‖ Eu perguntei, depois que o médicoligou o projetor e as fotos começaram a aparecer natela na minha frente. ―Como se fosse ter um teste  ?"

Ele foi. ―Não, nenhum teste." 

―Então eu não vejo o porquê.‖ Eu já estavaentediada de ficar olhado para as figuras.Eram fotostotalmente desinteressantes. Só homens, a maiorparte brancos, alguns pareciam ter um tom de pelede aparência Árabe. Alguns negros. Poucos

Asiáticos. Alguns Hispânicos. Nenhum nomeembaixo, nada. Era quase tão chato quantodetenção. Pelos fones de ouvidos começou a tocarMozart na flauta  —  não muito bem tocado, eu devoadicionar. Pelo menos o flautista era péssimo. Semvida, sabe?

Depois de um tempo eu tirei os fones e estavatipo, ―Posso dar uma pausa?" 

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 Então o médico ficou muito nervoso eperguntou se eu tinha que ir ao banheiro ou algoassim, e eu queria ser tipo, ―Não, isso só é chato.‖mas eu não queria insultar o experimento dele, entãoeu disse, ―Eu acho que não.‖ e voltei a olhar as fotos.

Homem branco de meia-idade. Homem brancode meia-idade. Homem Asiático de meia-idade.Homem Árabe gostoso, como aquele carinha deAMúmia   , só que sem tatuagens na cara. Homem

branco de meia-idade. Homem branco de meia-idade. Eu me pergunto o que eles estão servindo parao jantar. Homem branco velho. Homem parecidocom o tipo assassino em série. Homem branco demeia-idade. Homem branco de meia-idade. Homembranco de meia-idade.

Finalmente, depois do que pareceu um ano, aDra. Shifton veio e me disse que eu fui ótima e queeu poderia tirar o resto do dia de tempo de diasobrando. Era por volta de três da tarde. Lá emcasa, eu estaria entrando na detenção. Eu senti uma

onda de saudades de casa. Você pode acreditarnisso? Eu realmente sentia falta da detenção, dasenhorita Clemmings, dos W‘s... e do Rob, claro. 

Mas quando a Agente Especial Smith me levoude volta para o meu quarto e me perguntou se eu

tinha um maiô, eu esqueci tudo sobre o Rob, porqueacontecia de ter uma piscina na base. Já que eu nãotinha trazido um maiô, a Agente Especial Smith me

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levou até um shopping próximo e eu comprei umbiquíni de arrasar e um PlayStation Sony na contado governo, e nós voltamos para base e fomos nadar.

Estava bem quente lá fora e o sol ainda estavaforte, mesmo que fosse tarde. Eu deitei em umaespreguiçadeira e observei as outras pessoas napiscina. Na maioria eram mulheres com criançaspequenas... As esposas, eu chutei, dos homens quetrabalhavam na base.

Algumas das crianças mais velhas estavambrincando de Marco Polo. Eu me encostei naespreguiçadeira e fechei meus olhos, sentindo o solqueimar a minha pele. Era uma sensação boa. Eucomecei a relaxar. Talvez, eu disse para mim mesma,

tudo fosse ficar bem afinal. O cheiro de cloro eraforte e agradável ao meu nariz. Cheirava como sefosse limpo e ácido.

As coisas geralmente mudam para melhor.

O som das crianças gritando encheu as minhas

orelhas. ―Marco!‖ Então um splash.―Polo!‖ Então outro splash. 

―Marco!‖ Splash. 

―Polo!‖ Splash. Risadas. 

―Marco!‖ Splash. 

―Polo!‖ Splash. Gritos. Risadas histéricas. 

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 Eu acho que eu devo ter adormecido, porque eutive um sono estranho. Nele, eu estava parada em umenorme corpo de água. A minha volta tinha crianças.Centenas de milhares de crianças. Crianças grandes.Crianças pequenas. Crianças gordas. Criançasmagras. Crianças brancas. Crianças negras. Tiposde todos que poderiam ser descritos.

E todas elas estavam gritando ―Polo!‖ paramim.

―Polo!‖ Splash. Grito. ―Polo!‖ Splash. Grito. 

E eu estava nadando, tentando pegar eles. Sóque no meu sonho, não era só uma brincadeira. Eunão era o Marco. No meu sonho, se eu não pegasse

essas crianças, elas seriam varridas pela correnteza eatiradas para essa cachoeira de sessenta metros[duzentos pés], gritando à morte delas. De verdade.

Então eu estava nadando e nadando, agarrandocriança depois de crianças, e os levando para um

lugar seguro, só para serem pegos pela correnteza eserem levados para longe me mim de novo. Erahorrível. Crianças estavam deslizando pelos meusdedos, mergulhando para a morte. E eles nãoestavam mais gritando ―Polo!‖ para mim, também.Eles estavam gritando o meu nome. Eles estavam

gritando o meu nome enquanto morriam.―Jess. Jess. Jessica, acorde." 

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  Eu abri meus olhos. A Agente Especial Smithestava olhando para mim. Eu estava deitada naespreguiçadeira do lado da piscina, mas tinha algoerrado. Eu era a única lá; Todas as mães e suascrianças tinham ido para casa. O sol estava quase sepondo. Só alguns poucos raios iluminavam a piscina.E tinha esfriado um pouco do lado de fora.

―Você adormeceu.‖ Agente Especial Smithdisse. ―Parecia que você estava tendo um sonho bem

ruim. Você está bem?"Eu disse, ―To.‖ Eu me sentei. 

A Agente Especial Smith me deu a minhacamiseta. ―Ohh,‖ ela disse, estremecendo. ―Você estátoda queimada. Nós deveríamos ter te dado protetor

solar."Eu olhei para mim mesma. Eu estava da cor de

uma amora.

―Vai acabar virando bronzeado amanhã.‖ Eudisse.

―Aquilo deve ter sido algum sonho. Quer mecontar?"

―Na verdade não." 

Depois disso, eu fui para o meu quarto epratiquei flauta. Eu fiz o aquecimento usual, então

eu pratiquei o pedaço em que a Karen Sue Hankydisse que iria me desafiar. Era tão fácil, eu comecei a

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improvisar, adicionando alguma velocidade aqui e lápara colocar um pouco de jazz. Quando eu terminei,você mal conseguia reconhecer como a mesmamúsica. Soou muito melhor.

Pobre Karen Sue. Ela vai ficar presa na quartacadeira para sempre.

Então eu toquei um pouco de Billy Joel  —  ―BigShot‖ em honra a Douglas. Ele não iria admitir, masera a favorita dele.

Eu estava limpando a minha flauta quandoalguém bateu na porta. ―Entre.‖ Eu disse, esperandoque fosse o serviço de quarto. Eu estava morta defome.

Não era, entretanto. Serviço de quarto, digo.

Era aquele coronel que eu conheci no começo do dia.Os Agentes Especiais Smith e Johnson estavam comele, junto com o pequeno médico nervoso que me fezolhar todas aquelas fotos de homens de meia idade.Ele parecia, por alguma razão, mais nervoso que

nunca.―Oi.‖ Eu disse, quando todos eles entraram eficaram parados em volta, olhando para a minhaflauta como se fosse uma AK-47 [é umametralhadora] que eu estivesse montando. ―É horado jantar?"

―Claro.‖ O Agente Especial Johnson disse. ―Sónos diga o que você quer."

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  Eu pensei sobre isso. Por que não, eu pensei,pedir pelo melhor? ―Camarão e bife seria bom.‖ Eudisse.

―Feito.‖ O coronel disse, e ele assentiu para aAgente Especial Smith. Ela pegou o celular dela,acertou alguns números e então falou suavementenele. Deus, eu pensei. Que machista. Aqui a AgenteEspecial Smith é, uma agente do FBI, que passou naescola e é uma respeitada perita em atirar e tudo

mais, e ela ainda tem que fazer os pedidos de comida.Me lembre de não ser uma agente do FBI

quando eu crescer.

―Agora.‖ O coronel disse. ―Me disseram quevocê tirou um pequeno cochilo hoje."

Eu estava curvada, colocando diferentespedaços da minha flauta em suas seções individuaisna caixa de veludo. Mas algo na voz do coronel mefez olhar para ele.

Ele, como todos os homens nas fotos, era de

meia idade e ele era branco. Ele é o que eles chamamnos livros que somos forçados a ler na aula de inglêsde ‗traços ruborizados‘, o que significava que eleparecia como se ficasse muito tempo lá fora. Nãobronzeado, como eu, mas machucado pelo sol eenrugado. Ele tinha olhos azuis, entretanto. Ele

olhou com os olhos semi cerrados e disse. ―Você nãoteria, durante a sua pequena soneca, sonhado com

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qualquer um dos homens nas fotos que você viu nasala do Dr. Leonard, agora, teria, senhoritaMastriani?"

Eu pisquei. O que estava acontecendo aqui?Eu olhei para a Agente Especial Smith. Ela

tinha desligado o celular e agora olhava para mimcom expectativa.

―Você lembra, Jessica.‖ Ela disse. ―Você me

disse que teve um sono ruim."―É.‖ Eu disse, lentamente. Eu acho que euestava começando a entender. ―E daí?" 

―Então eu mencionei isso para o CoronelJenkins.‖ A Agente Especial Smith disse. ―E ele

estava se perguntando se aconteceu de você sonharcom algum dos homens cujas fotos você viu estatarde."

Eu disse. ―Não." 

O Dr. Leonard assentiu e disse para o coronel.

―Como nós suspeitávamos. É necessário o estagioREM de sono para o fenômeno acontecer, Coronel.Cochilos raramente atingem o nível profundo desono necessário no REM."

Coronel Jenkins franziu o cenho para mim.―Então você acha que amanhã de manhã então,

Leonard?‖ Ele ressoou. Ele parecia muitoamedrontador em seu uniforme, com as medalhas e

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broches. Ele deve, pensei, ter lutado em batalhasbem importantes.

―Ah, definitivamente, senhor.‖ Dr. Leonard

disse. Então ele me olhou e disse, em sua pequenavoz nervosa. ―Você apenas tende a ter esses, hm,sonhos de crianças desaparecidas depois de umanoite completa de descanso, estou correto, senhoriaMastriani?"

Eu fui. ―Uh. É. Digo, sim." 

Dr. Leonard assentiu. ―Então nós devemoschecar com ela de novo pela manhã, senhor."

O Coronel Jenkins disse. ―Eu não gosto disso.‖Tão alto que eu pulei. ―Smith?" 

―Senhor?‖ Agente Especial Smith respondeuatenta.

―Traga as fotos.‖ Ele disse. ―Traga elas para elaolhá-las de noite, antes de ela ir dormir. Então elasestarão frescas na memória dela."

―Sim, senhor.‖ Agente Especial Smith disse.Então ela voltou ao telefone e começou a murmurarcoisas nele de novo.

O Coronel Jenkins olhou para mim. ―Nós temosgrandes esperanças para você, mocinha.‖ Ele medisse.

Eu fui. ―Vocês têm?" 

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 ―Nós temos, com certeza. Existem centenas dehomens  —  traidores dessa grande nação  —  que temfugido da lei por muito tempo. Mas agora que nóstemos você, eles não têm chance. Têm?"

Eu não sabia o que dizer.

―Eles têm?‖ Ele latiu. 

Eu pulei e disse. ―Não, senhor." 

Coronel Jenkins pareceu gostar do som daquilo.

Ele foi embora, junto com o Dr. Leonard e osAgentes Especiais Smith e Johnson. Um tempinhodepois, esse cara num uniforme de chefe entregoupequenos camarões e um bife perfeitamentegralhado na minha porta.

Eu não estava enganada. Pode não ter tido umbebedouro de refrigerante no meu quarto, mas eusabia o que estava acontecendo. O livro de fotoschegou pouco tempo depois da comida. Eu folheeienquanto eu comia, só por folhear. Traidores, oCoronel Jenkins tinha dito. Esses homens eram

espiões? Assassinos? O que? Alguns deles pareciambem assustadores. Outros não.

E se eles não fossem assassinos ou espiões? E seeles fossem pessoas, como Sean, que se meteram emproblemas sem ter culpa? Era realmente a minha

responsabilidade achar eles?

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 Eu não sabia. Eu achei que eu deveria conversarcom alguém que soubesse.

Então eu liguei para casa. Minha mãe atendeu.

Ela me disse que Dougie já tinha sido liberado dohospital e que ele esta indo bem melhor agora que eleestava de volta no seu próprio quarto e que ‗todaexcitação tinha desaparecido‘. 

Toda a excitação, eu sabia, tinha se mudadopara fora dos portões da Crane, onde todas as vãs denotícia e essas coisas tinham ido assim que elesdescobriram que eu tinha sido levada para lá.Mesmo assim, minha mãe continuava reclamandosobre como a coisa toda tinha sido provocada pelomeu pai fazer o Dougie trabalhar no restaurante, até

que finalmente eu não mais suportar e eu disse, ―Issoé besteira, mãe, era por minha causa e de todosaqueles repórteres.‖ Então ela ficou brava por eu terxingado, então eu desliguei sem ter falado com o meupai  —   que era com quem eu liguei para falar emprimeiro lugar.

Para me animar, eu comecei a passar peloscanais da minha grande TV. Eu assisti Os Simpsons,e então um filme sobre alguns garotos que fazem umtratamento de beleza nessa garota que pareciaperfeitamente ótima antes de eles transformarem

ela. O filme era tão chato —  embora a Ruth fosse tergostado, por causa coisa de transformação de beleza —  que eu comecei a passar pelos canais de novo ...

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 Então eu congelei quando eu cheguei no CNN ...

Porque estavam mostrando uma imagem demim.

Não era a estúpida foto escolar. Era uma foto demim que um dos repórteres deve ter tirado quandoeu não estava olhando. Na foto, eu estava rindo. Eume perguntei do que eu estava rindo. Eu nãoconseguia me lembrar de ter rido tanto nos últimosdias.

Então a minha foto foi substituída por outraque eu reconheci ser do Sean. Uma foto do SeanPatrick O‘Hanahan, parecendo muito como daúltima vez que eu vi ele, boné de baseball viradopara trás, suas sardas se destacando em sua cara.

Eu aumentei o volume.―— é uma ironia que o garoto parece estar

desaparecido de novo.‖ O repórter disse. ―Asautoridades dizem que Sean desapareceu da casa dopai em Chicago ontem antes do por do sol e que ele

não tem sido mais visto. Acreditasse que o garotopartiu por vontade própria e que ele está voltandopara Paoli, Indiana, onde a sua mãe está sendomantida sem fiança por seqüestrar e colocar emperigo o bem-estar de um menor — "

Ah, meu Deus. Eles prenderam   a mãe do Sean.Eles prenderam a mãe do Sean por minha  causa. Porcausa do que eu  fiz.

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 Agora o garoto estava foragido. E era tudominha culpa. Eu estava relaxando na piscinaenquanto o Sean estava sabe Deus onde, passandopor Deus sabe o que, tentando voltar para sua mãeencarcerada. E o que, eu pensei, que ele pensava queiria fazer quando ele voltasse a Paoli? Tirar ela daprisão?

A criança estava sozinha e sem esperanças, porminha causa.

Bem, isso ia mudar, eu decidi, desligando atelevisão. Ele pode estar sozinho por enquanto, masamanhã, ele não estaria. Quer saber por quê?

Porque eu ia achar ele novamente.

Eu tinha feito uma vez. Eu faria de novo.

E dessa vez, eu ia fazer direito.

CAPÍTULO 15

Quando eles vieram me ver na manhã seguinte,eu já tinha ido embora.

Ah, não fique bravo por nada. Eu deixei umbilhete. Era tipo assim:

A Quem Isso Pode I nteressar, Eu tive que correr

para fazer um serviço. Eu já volto.Sinceramente, Jessica Mastr iani Digo, eu não

queria deixar ninguém preocupado.

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 O que aconteceu foi que, eu acordei cedo. Equando eu acordei, eu sabia onde Sean estava. Denovo.

Então eu tomei banho e me vesti, e então fuipara o corredor, desci algumas escadas,e sai pelaporta.

Ninguém tentou me impedir. Ninguém estava lá,exceto por alguns soldados, que estavam praticandotiro ou algo assim no pátio. Eles só me ignoraram.

O que me ajudou.

Ontem, quando eu estava voltando da piscina,eu notei um microônibus que tinha encostado emuma parada do lado de fora da unidade de casas dabase, onde os oficiais viviam com cônjuges e

crianças. Eu andei para lá agora. De novo, ninguémtentou me impedir. Afinal, não era como se eu fosseuma prisioneira ou algo assim.

O microônibus, as pessoas no ponto disseram, iapara a cidade mais próxima, onde eu tinha

comprado o meu maiô e meu PlayStation Sony... eonde eu sabia ter uma rodoviária.

Então eu esperei com todas as outras pessoas equando o microônibus finalmente parou, eu entreinele. O microônibus fez barulho na frente de todas

as vãs e repórteres e essas coisas. Passou direto poreles e pelos soldados guardando a entrada da base,mantendo os repórteres fora.

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 E simples assim, eu saí da Base Militar Crane.

A cidade fora de Crane não é exatamente umametrópole próspera, mas eu ainda tive dificuldades

para achar a rodoviária. Eu tive que perguntar paratrês pessoas. Primeiro para o motorista domicroônibus, que me deu as piores direções domundo, então para o garoto atrás da caiaregistradora na loja de conveniência e finalmentepara um senhor sentado do lado de fora de uma

barbearia. No final, eu acabei localizando o localpelo fato de ter um ônibus estacionado fora dele.

Eu comprei minha passagem de ida e volta  —  dezessete dólares  —   com o dinheiro que o meu paime deu antes de ir embora. ―Em caso de

emergência.‖ Ele disse e me deu cem pratas. Bem, era uma emergência. Mais ou menos.

Eu tomei café da manhã no ponto de ônibus. Eupeguei duas bolachas Pop-Tarts de chocolate e umaSprite das maquinas automáticas. Mais um dólar e

setenta e cinco.Eu achei que eu poderia ficar entediada durantea viajem, então eu comprei um livro para ler. Era omesmo livro que eu vi no bolso traseiro do Rob naúltima vez em que eu o vi. Eu achei que ler o mesmolivro poderia, de algum jeito, nos aproximar.

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 Tudo bem, eu admito: não é verdade. Era oúnico livro na prateleira que parecia remotamenteinteressante.

Meu ônibus chegou às nove horas. Eu fui aúnica pessoa que entrou nele. Eu consegui um lugarna janela. Você já reparou que as coisas sempreparecem melhor quando você olha para elas pelas janelas escurecidas dos ônibus? Estou falando sério.Então você sai do ônibus e tudo está muito claro e

você pode ver a sujeira e você só pensa. ―Ugh." É isso que eu penso, pelo menos.

Demorou mais de uma hora para chegar aPaoli. Eu passei a maior parte do tempo olhandopela janela. Não há muito para se ver em Indiana,

exceto milharais. Tenho certeza de que é assim namaioria dos estados, de qualquer jeito.

Quando nós chegamos a Paoli, eu saí do ônibuse entrei na estação. Era maior do que a da do lado defora de Crane. Tinha fileiras de cadeiras de plástico

para as pessoas sentarem e telefones públicos.Mesmo assim, eu consegui identificar os policiaisdisfarçados facilmente. Tinha um sentado perto dasmáquinas automáticas e outro sentado perto dobanheiro masculino. Toda hora que um ônibuschegava, eles levantavam e iam lá para fora, e

fingiam estar esperando alguém. Então, quando

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Sean não saia do ônibus, eles voltavam e se sentavamnovamente.

Eu os observei por mais ou menos uma hora,

então eu sei do que eu estou falando. Também tinhaum carro policial sem marca estacionado do outrolado da rodoviária e um outro na frente do boliche, auma pequena distância.

Quando chegou a hora do ônibus do Seanchegar, eu sabia que eu tinha que montar umadistração para que os tiras não pegassem o Seanantes de eu ter a chance de falar com ele. Então foiisso que eu fiz:

Eu comecei um incêndio.

Eu sei. Pessoas poderiam ter morrido. Mas

escuta, eu tive certeza de que ninguém estava láantes. Eu só acendi esse fósforo que eu peguei de umpacote que eu achei e joguei em uma lata de lixo nobanheiro feminino, depois de checar se todas ascabines estavam vazias. Então eu fui e fiquei do lado

dos telefones públicos, como se eu estivesseesperando uma chamada. Ninguém me notou.Ninguém nunca me nota. Garotas baixas como eu,nós não nos destacamos, sabe?

Depois de alguns minutos, a fumaça estava seespalhando realmente bem. Uma das vendedoras de

bilhetes notou primeiro. Ela foi, ―Ah meu Deus.

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Fogo! Fogo!‖ e apontou na direção da porta dobanheiro feminino.

Os outros funcionários piraram completamente.

Eles começaram a gritar para todos saírem. Alguémdisparou. ―Ligue 911!‖ Um dos policiais disfarçadosperguntou se tinha um extintor em algum lugar. Ooutro pegou o celular. Ele estava contando para oscaras que estavam esperando do lado de fora noscarros sem marca para falar com os bombeiros.

E bem então, o 11-15 de Indianapolisestacionou. Eu saí calmamente para encontrá-lo.

Sean foi a quinta pessoa a sair. Ele tinha umdisfarce  —   ou o que ele pensou que fosse um, dequalquer jeito. O que ele tinha feito foi, ele pintou o

cabelo de castanho. Grande coisa. Você ainda podiaver as sardas dele a um quilômetro de distância. Emais, ele ainda estava com aquele estúpido boné dosYankees. Pelo menos ele tentou puxá-lo para baixono seu rosto.

Mas, sinto muito, um garoto de doze anos, que épequeno para a idade dele, aliás, saindo de umônibus interestadual, sozinho, em um dia de escola?Fale de suspeito.

Felizmente, o meu pequeno incêndio estavarealmente trabalhando duro. Eu não sei se você já,

algum dia, cheirou plástico de cesta de lixo queimadoantes, mas deixe eu lhe dizer, não é agradável. E a

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fumaça? Bem preta. Todo mundo que saiu do ônibusolhou, de um jeito alarmado, na direção da estação.Fumaça grossa e ardida estava realmente saindo delá agora. Todos os vendedores de passagens estavamparados do lado de fora, falando em vozesestridentes. Você podia dizer que isso foi a coisa maisempolgante que aconteceu na rodoviária de Paoli emmuito tempo. Os tiras disfarçados estavam andandoapressados de um lado para o outro, tentando se

assegurar que todo mundo tinha saído. Então osbombeiros apareceram, as sirenes no máximo.

Enquanto isso estava acontecendo, eu fui para olado do Sean, peguei ele pelo braço e disse,―Continue andando.‖ E comecei a guiá-lo em direçãoa esse beco do lado da estação, o mais rápido que eupodia.

Ele não queria vir comigo no começo. Era meiodifícil de escutar o que ele tinha dito, já que a sirenedos bombeiros estava tão alta. Eu disparei na orelhadele, ―Bem, se você preferir ir com eles, eles estão

bem ali esperando por você.‖ e acho que ele pegou amensagem, porque ele parou de lutar depois disso.

Quando nós estávamos longe o suficiente darodoviária para que o som das sirenes não sesobrepusesse à nossa voz, Sean arrancou seu braço

do meu aperto e exigiu, em uma voz bem rude. ―Oque você está fazendo aqui?"

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ainda, a alguns metros, no final do beco, eu podia verque tinha uma rua bem movimentada a frente. Se euquisesse ter certeza que o Sean não seria capturado,eu não podia deixar ele ser visto.

―De qualquer jeito,‖ Sean disse, de um jeitopretensioso. ―se qualquer um com um cérebro sabiaque eu estava vindo, por que ninguém me achou?"

―Porque eu sou a única que sabia em qualônibus você viria.‖ Eu disse.

―Como você saberia isso?" 

Eu lhe dei um olhar entediado. Ele disse, de um jeito muito sarcástico. ―Você sonhou   que eu estariaem um 11-15 de Indianapolis?"

―Opa. Ninguém disse que os meus sonhos eraminteressantes."

―Bem, então o que foi tudo aquilo lá atrás? Vocêdisse que eles estavam esperando por mim. Quemsão eles  ?"

―Um bando de tiras disfarçados colocados narodoviária, esperando por você. Eles devem tersuspeitado que você tentaria chegar aqui. De ônibus,digo. Eu tive que criar uma distração."

Seus olhos azuis se arregalaram. ―Vocêcomeçouaquele incêndio?"

―É.‖ Nós estávamos quase na rua. Eu estiquei omeu braço e parei ele. ―Olha, nós temos que

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conversar. Onde a gente pode ir para quepossamos... você sabe, nos misturar?"

―Eu não quero conversar com você.‖ Ele disse.

Ele disse como se ele realmente falasse sério,também.

―É, bem, você vai. Alguém tem que te tirardessa bagunça."

―E você acha que você é quem vai?‖ Ele

perguntou com uma expressão desdenhosa.―Gostando ou não, Junior.‖ Eu disse. ―Eu soutudo o que você tem."

Isso me rendeu um rolar de olhos. Bem, era umprogresso, de qualquer jeito.

Nós acabamos indo para onde todo mundo vaiquando não sabe para onde ir.

Isso mesmo: o shopping.

O shopping de Paoli, Indiana, não é nenhumShopping Americano, deixe eu te dizer. Eram dois

andares, certo, mas só umas vinte lojas, e a praça dealimentação consistia em uma Pizza Hut e umOrange Julius. Mesmo assim, mendigo não podeexigir. Já que era hora do almoço, pelo menos nósnão éramos as únicas crianças por lá.Aparentemente, o único lugar em Paoli que era

possível conseguir uma bebida ou uma torta era oPizza Hut no shopping, então o lugar estava

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amontoado de adolescentes, tentando comer acomida nos quinze minutos que eles tinham antes deter que voltar para o campus.

Eu disse para o Sean tentar sentar reto em seulugar. Eu esperava que ele pudesse se passar, talvez,por um calouro magro.

E eu poderia me passar pela perdedora quenamora um calouro.

―Nossa.‖ Eu disse, enquanto eu  observava eleatacar a pizza dele. ―Calma. O que, isso é a primeiracoisa que você come o dia todo?"

―Dois dias.‖ Ele disse, com a boca cheia. 

―O que há de errado com você? Você não

pensou em roubar nenhum dinheiro do seu pai antesde ir embora?"

Ele disse, engolindo alguns goles de Pepsi. ―Umcartão de crédito."

―Ah, um cartão de crédito. Esperto. Fácil de

comprar coisas no McDonald‘s com um cartão decrédito."

―Eu só precisava de uma passagem deChicago.‖ Ele disse, defensivamente. 

―Ah, certo.‖ Então foi assim que os tiras sabiamque ele estava lá. ―Mas nenhuma comida." 

―Eu esqueci da comida.‖ Ele disse. ―Além domais.‖ Ele me lançou esse olhar. Eu não posso

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realmente descrever. Eu acho que é meio que o olharque você chamaria de repreendimento. ―Eu estavamuito preocupado com a minha mãe para comer."

Eu vou admitir. Eu caí nessa. Eu fiquei todaculpada por ele e me chutei pela centésima vez.

Então eu vi o tamanho da mordida que ele deuem seu último pedaço de pizza.

―Ah, para com isso.‖ Eu disse. ―Eu já falei que

sinto muito."―Não, você não disse." 

―Eu não disse?‖ Eu pisquei. ―Ta bom, bem, eusinto muito. É por isso que eu to aqui. Eu queroajudar você."

Sean empurrou seu prato vazio para mim. ―Meajude a arranjar outra pizza.‖ Ele disse. ―Dessa vez,sem vegetais."

Eu sentei lá e olhei ele engolir a segunda pizzaindividual. Eu só estava bebendo um refrigerante.

Eu não posso comer na Pizza Hut. Não porque énojento ou qualquer coisa assim. Eu tenho certezaque é muito bom. Só que nós nunca tivemospermissão para comer pizza de qualquer lugar quenão seja dos nossos próprios restaurantes. Meus paistratam como uma grande traição se você

simplesmente pensar no Little Caesar's ou no

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Dominos ou em qualquer outro. É Mastriani‘s ounada.

Então eu não estava comendo. Não é fácil, ter

pais no negócio de restaurantes.―Então.‖ Eu disse, quando Sean pareceu mais

satisfeito com o seu segundo pedaço para tem umaconversa. ―O que, exatamente, você estavaplanejando fazer quando chegasse aqui?"

Ele olhou para mim ameaçadoramente. ―O quevocê acha?"

―Tirar a sua mãe da cadeia? Ah, claro. Bomplano."

Seu olhar ameaçador se tornou um de raiva

―Você conseguiu.‖ Ele apontou, e tinha admiraçãoem sua voz. Com inveja, mas dá no mesmo. ―Com oincêndio na rodoviária. Eu poderia fazer algoparecido."

―Ah, claro. E todos os guardas vão sairapressados, e deixar todas as celas abertas, e você

poderia simplesmente entrar escondido, pegar a suamãe e ir embora."

―Bem.‖ Ele disse. ―Eu não disse que eurealmente tinha um plano. Ainda. Mas eu vouconseguir algo. Eu sempre consigo."

―Bem.‖ Eu disse. ―Eu acho que eu tenho um." Ele só olhou para mim. ―Um o que?" 

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 ―Um plano." 

―Ah, Jesus.‖ Ele disse, e alcançou a sua Pepsi. 

―Não pragueje." 

Ele me olhou muito sarcástico. ―Vocêpragueja."

―Não praguejo. E, além do mais, eu tenhodezesseis."

Ele rolou os olhos de novo. ―É, isso faz de vocêuma adulta, eu acho. Você por acaso tem umacarteira de motorista?"

Eu brinquei com o meu canudo. Ele tinha mepegado. Eu tinha idade para ter, claro, mas eu meioque acidentalmente fui reprovada na minha

primeira tentativa no teste. Não foi minha culpa,claro. Uma coisa estranha parece acontecer quandoeu fico atrás de um volante. Tudo volta para aquelacoisa de velocidade. Se ninguém mais está naestrada, por que você deveria ir só a cinqüenta?

―Ainda não.‖ Eu disse. ―Mas eu estoutrabalhando nisso."

―Jesus.‖ Sean deixou seu corpo de 35 quilosdespencar na parte de trás do banco. ―Olha, vocênão é exatamente confiável, sabe? Você já me ferrouuma vez, lembra?"

―Aquilo foi um engano.‖ Eu disse. ―Eu disse queeu sentia muito. Eu te comprei pizza. Eu te disse que

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eu tenho um plano para acertar as coisas de novo. Oque mais você quer?"

―O que mais eu quero?‖ Sean se inclinou para

frente para que as lideres de torcida na mesa ao ladonão conseguissem ouvir ele. ―O que eu quero é queas coisas voltem para como elas estavam antes devocê chegar e bagunçar elas."

―Ah, é? Bem, sem ofensa, Sean, mas eu não achoque as coisas estavam exatamente ótimas antes. Digo,o que iria acontecer quando um dos seus professores,ou um dos amigos da sua mãe, ou um dos escoteiros,fosse na mercearia e visse a sua cara na parte de trásda embalagem de leite, hein? Você e a sua mãe iamarrumar as malas e fugir toda vez que alguém

reconhecer vocês? Vocês dois vão ficar fugindo atévocê ter dezoito? Esse é o plano?"

Sean me olhou bravo por debaixo da aba doboné de baseball. ―O que mais nós devemos fazer?‖Ele exigiu. ―Você não sabe ... Meu pai, ele temamigos. Foi por isso que o juiz decidiu o que decidiu.

Meu pai fez os amigos dele pressionarem o cara. Elesabia exatamente o tipo de pessoa que o meu pai era.Mas ele deu a custodia para ele de qualquer jeito.Minha mãe não tinha nenhuma chance. Então, é, nósvamos continuar fugindo. Ninguém pode nos

ajudar."―Você está errado.‖ Eu disse. ―Eu posso." 

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 Sean se inclinou para frente e disse, muitodeliberadamente. ―Você ... não ... pode … nem …dirigir."

―Eu sei disso. Mas eu posso te ajudar. Meescuta. O pai da minha melhor amiga é umadvogado, um bom advogado. Uma vez, quando euestava na casa deles, eu escutei ele falando sobre essecaso, onde uma criança pediu para seremancipada — "

―Isso,‖ Sean disse, empurrando o prato vaziopara longe. ―é besteira. Eu nem sei por que eu estoute escutando."

―Porque eu sou tudo que você tem. Agora,escuta — "

―Não.‖ Sean disse, sacudindo a cabeça. ―Vocênão entende? Eu ouvi falar de você."

Eu pisquei. ―Do que você está falando?" 

―Eu vi nas notícias como eles te levaram paraaquele lugar, aquela base militar"

―É? E daí?" 

―Você é tão estúpida.‖ Sean disse. ―Você nãosabe de nada. Eu aposto que você nem sabe por queeles te levaram para lá. Sabe?"

Eu me mexi desconfortavelmente no meu lugar.―Claro, eu sei. Eles estão fazendo alguns testes em

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mim. Você sabe, para descobrir como é que eu seionde pessoas como você estão. Isso é tudo."

―Isso não é tudo. Eles fizeram você procurar

por pessoas, não fizeram?"Eu pensei naquelas fotos, todos aqueles homens

de meia-idade que pareciam tão importantes para ocoronel que eu os olhasse.

―Pode ser ..." 

―Então, você não entende? Você não estáajudando as pessoas. Você não conhece aquelescaras. Algumas daquelas pessoas que eles queremque você ache pode ter fugido por alguma razão,como eu e a minha mãe. Alguns deles podemrealmente ser inocentes. E você está servindo eles

para os tiras como grandes pratos de rosquinhas dechocolate."

Eu não gosto ouvir a polícia ser menosprezada,especialmente por alguém tão novo. Afinal, a políciafaz um serviço vital para a nossa sociedade, por um

pequeno pagamento e menos glória ainda. Eu disse,minha voz soando estúpida até para mim. ―Eu tenhocerteza que se alguém é procurado pelo governo dosEstados Unidos, ele deve ser culpado de algumacoisa... "

Mas a verdade era que, ele não estava dizendoalgo que eu já não tinha pensado por conta própria.Por alguma razão, ele me lembrou do meu

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sonho.Marco. Polo. Marco. Polo   . Tantas pessoas,tantas vozes.

E eu não conseguia alcançar nenhuma dela.

O rosto do Sean estava branco por debaixo dassuas sardas. ―E quanto aoO Fugitivo  , hein? Ele nãotinha feito nada. Era aquele cara armado. Pelo quevocê sabe, uma daquelas pessoas que eles queremque você ache para eles pode ser como o HarrisonFord naquele filme. E você é Tommy Lee Jones.‖ Elesacudiu a cabeça com repugnância. ―Você érealmente uma dedo-duro, você sabe disso?"

Dedo-duro? Eu? Eu queria torcer seu pequenopescoço estúpido. Eu estava me arrependendototalmente de ter vindo atrás dele desse jeito.

Marco .―Dedo-duro nem é a palavra para isso.‖ Ele

disse. ―Você quer sabe o que você é? Um golfinho." 

Eu fiquei boquiaberta. Ele estava brincando?Golfinhos são animais amigáveis e inteligentes. Se ele

estava tentando me insultar, ele tinha que tentar umpouco mais.

―Você sabe o que o governo costumava fazer?‖Sean continuou. ―Eles costumavam treinar golfinhospara nadar até o barco inimigo e bater o nariz neles.

Então, quando a Primeira Guerra Mundial começou,eles amarraram bombas na parte de trás dos

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golfinhos e fizeram eles nadarem para os barcosinimigos e tocar eles com os narizes. Mas quando elesfaziam isso,o que você acha que acontecia? A bombaexplodia, e os navios inimigos  —   e os golfinhos  —  explodiam também. Ah, claro, todo mundo diz,‗Pense quantas pessoas teriam sido mortas poraquele barco, se não tivesse sido explodido. Ogolfinho deu a sua vida por uma causa maior.‘ Maseu aposto que o golfinho não se sentia daquele jeito.

O golfinho não começou a guerra. O golfinho nãotinha nada a ver com aquilo."

Ele estreitou os olhos para mim. ―Você sabe oque, Jess?‖ Ele disse. ―Você é o golfinho agora. E ésó uma questão de tempo antes de eles explodiremvocê."

Eu estreitei meus olhos de volta para ele, mas eutinha que admitir, a história sobre os golfinhos medeu arrepios.

Polo .

―Eu não sou um golfinho.‖ Eu disse. Eu estavacomeçando a me arrepender de ter achado SeanPatrick O‘Hanahan. E eu definitivamente mearrependia de ter comprado para ele duas pizzasindividuais e um Pepsi grande.

Infelizmente, entretanto, quanto mais eu

pensava naquilo, sentada lá no restaurante, com aslíderes de torcida do Ensino Médio do colégio de

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Paoli rindo no banco ao lado, e com músicas deshoppings tocando suavemente [tipo aquelasmusiquinhas de elevador], mais eu percebia que eraexatamente o que eu era ... ou melhor, o que euquase tinha me deixado transformar.Eu já vol to  . Foiisso que eu disse no bilhete antes de ir embora aquelamanhã. Eu realmente falava sério? Eu realmente iavoltar?

Ou eu realmente queria dizer era hasta la vista,

baby, esse atum é livre de golfinho?Marco .

―Olha.‖ Eu disse para o Sean. ―Nós não estamosaqui para discutir os meus problemas. Nós estamosaqui para discutir os seus."

Ele me olhou. ―Está bem.‖ Ele disse. ―O que eudevo fazer?"

―Em primeiro lugar,‖ Eu disse. ―pare de usar ocartão de crédito do seu pai. Aqui.‖ Eu cavei no meubolso, então empurrei o que tinha restado dos cem

dólares que o meu pai me deu para ele. ―Pegue isso.Então nós vamos pegar um táxi."

―Um táxi?" 

―É, um táxi. Você não pode voltar para arodoviária e nós temos que te tirar de Paoli. Eu

quero que você vá para a minha escola —‖ Eualcancei na minha mochila uma caneta. Eu estava

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garranchando o endereço do Colégio Ernest Pyle noguardanapo do Pizza Hut. ―Pergunte pelo Sr.Goodhart. Diga a ele que eu te mandei. Ele vai teajudar. Diga para ele que ele precisa ligar para o paida Ruth, o Sr. Abramowitz. Aqui, eu estou anotandopara você. Pare de agarrar a minha mão, eu estouanotando para você."

Mas o Sean continuava tocando na minha mão.Eu não sabia o que a criança queria. A caneta? Para

que ele queria a caneta?―Fica frio, pode ser?‖ Eu disse, olhando para

ele. ―Eu estou escrevendo o mais rápido que euconsigo."

Mas então eu consegui ver a cara dele. Ele não

estava me olhando. Ele estava olhando para depoisde mim, para a porta do restaurante.

Eu me virei, bem na hora de fazer contatovisual com o Coronel Jenkins. Quando ele me viu,suas grandes mãos de fecharam em punhos, e eu me

lembrei, inexplicavelmente, do Treinador Albright.E isso não era tudo. Combinando atrás deleestava um bando de caras com punhos grandes emuniforme militar e cabelo curto, que aconteciam deestar armados.

Polo .―Merda.‖ Eu disse. 

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 O coronel assentiu para mim. ―Lá está ela.‖ Eledisse.

Sean pode ter tido só doze, mas ele com certeza

não era estúpido. Ele sussurrou. ―Corre!" E mesmo ele tendo doze, aquilo me pareceu um

conselho muito bom.

CAPÍTULO 16

O Coronel Jenkins e os seus homens estavambloqueando a passagem, mas estava tudo bem. Látinha uma porta lateral que tinha a palavra Saídaem cima. Nós fomos para ela e nos descobrimos nafrente da JC Penney [uma loja de roupas].

―Espera.‖ Eu disse para o Sean que estava sepreparando para fugir. Eu tinha tido a capacidadede segurar o guardanapo em que eu tinha escrito. Eualcancei e o agarrei pelo colarinho da camiseta,então empurrei o guardanapo no bolso da frente dos

seus jeans. Ele pareceu um pouco surpreso.―Agora vai.‖ Eu disse e o empurrei. 

Nós nos separamos. Nós não combinamos nemnada. Só aconteceu. Sean foi na direção da cabine defotos. Eu me dirigi para as escadas rolantes.

Na primeira vez que eu tive que começar adefender o Douglas na escola e não sabia de muito

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sobre lutas, meu pai me deu algumas dicas. Um dosmelhores conselhos que ele me deu  —   além de memostrar como socar  —   foi que se eu algum dia meachasse em uma situação onde eu estivesse em menornúmero, a melhor coisa a se fazer era correr. E,especificamente, correr colina abaixo. Nunca, meupai disse, ir colina acima  —   ou nas escadas, ouqualquer coisa  —  durante uma perseguição. Porquese você subir e as pessoas atrás de você bloquearem o

caminho para baixo, você não tem jeito de sair  —  exceto pulando.

Mas eu tinha que pensar no Sean. Sério. Graçasa mim, tinha homens armados nos perseguindo, peloamor de Deus. Eu não ia deixar eles pegarem umgarotinho de doze anos, um garoto que só seenvolveu nisso em primeiro lugar por minha causa.

Então eu sabia que eu ter que me deixar serpega no final ... mas, no meio tempo, eu tinha quefazer essa perseguição durar o maior tempo quedesse, para conseguir dar para o Sean uma chance

melhor de escapar. Eu ia ter que criar outradistração...

Então eu fui em direção daquelas escadasrolantes.

E, por Deus, eles me seguiram para elas.

Ainda era hora do almoço, então, com exceçãoda praça de alimentação, o shopping não estava tão

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cheio. Mas as poucas pessoas que estavam lá, euconsegui contornar muito bem. Os soldados meperseguindo não foram tão ágeis: Eu escutei pessoasgritando enquanto eles tentavam passar, e coisascomo um carrinho de vendas ambulante chamadoÁrvore de Brincos, que eu rapidamente contorneisem problema algum, ser espatifado no chão quandoos soldados esbarraram nele.

Eu sabia melhor do que entrar em alguma das

lojas para me livrar daqueles caras. Eles apenasiriam me encurralar lá. Eu continuei no corredorprincipal, que tinha várias coisas para tapear eles  —  uma fonte grande, vendedores de biscoitos, e, melhorde tudo, uma réplica robótica em tamanho real dedinossauros, que eram para ensinar as crianças eseus pais sobre a era pré-histórica.

Eu não estou brincando. Ta, tudo bem, talvezsobre a parte de tamanho real. O maior dinossaurotinha só uns3 metros e meio, e era o TiranossauroRex.  Mas estavam todos esmagados nesse lugar de

apenas trinta metros, amontoados lá comsamambaias falsas, palmeiras e coisas da selva. Sonsestranhos da selva, como gritos de macacos epássaros, saindo desses auto-falantes projetados paraparecerem pedras  —   ou feitos para parecer queestão emitindo os sons, de qualquer jeito.

Eu olhei para trás. Meus perseguidores tinhamse desemaranhado da confusão na Árvore de Brincos

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Havia um gemido solitário, que pareciamisteriosamente como um pavão para mim. Entãoum rugido  —   nitidamente um leão  —   e vaporespalhado pelas narinas doT. Rex   , a sete metrosacima da minha cabeça.

Eu me esquivei para trás de dois velociraptors,que estavam comendo de uma carcaça sangrenta deum tigre dente de sabre. Nada bom. Os homens doJenkins estavam na minha cola. Eu decidi realmente

ferrar com eles, e pulei dentro da água rasa que elesarrumaram para parecer um lago, onde um vulcãofalso e a cabeça de um braquiossauro se erguiam. Eumergulhei na água azul artificial, a água indo até omeio da minha canela, encharcando os meus tênis e abarra da minha calça.

Então eu comecei a caminhar com dificuldade.

Os homens do Jenkins, aparentementepensando que me pegar não valia o preço de ficarcom seus pés molhados, pararam na borda do lagoartificial.

Tudo bem, então eu sabia que eles iam me pegaruma hora. Digo, vamos lá. Mesmo se eu conseguirsair do shopping, para onde eu iria?Para casa?

Não.

Mas eu não tinha que facilitar para eles. Então,quando eu vi eles ficarem um do lado dos outros nolado do lago, prontos para me pegar quando eu

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tentasse ir para terra, eu fiz a única coisa que euconsegui pensar:

Eu escalei o vulcão.

Tudo bem, meus tênis estavam meio quefazendo barulho. E, ta bom, o vulcão não era tãosólido, e rangeu sob o meu peso. Mas, ei, eu tinhaque fazer alguma coisa.

E quando eu alcancei o topo do vulcão, era a

hora de começar a emitir de novo. Eu fiquei lá  —  uns cinco metros no ar  —   e olhei para baixo, paratodo mundo, enquanto todo vapor ao meu redor saia,e a larva, feita de plástico escarlate com váriasluzinhas dentro, começavam a brilhar. A trilhasonora da réplica artificial fez um barulho tipo da

terra se partindo, e então um estrondo chacoalhou otão chamado lago.

―Cuidado!‖ Disparou uma senhora em sapatosde caminhada, que observava da corda de veludoenquanto eu escalava.

―Não escorregue nesses sapatos molhados,querida.‖ A amiga dela gritou. 

Os soldados olharam para elas com quase tantarepugnância quanto eu.

Da minha posição elevada, eu podia ver o

corredor principal do shopping. Enquanto euobservava, outros seis soldados passaram  —  e assim

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que eles passaram, Sean saiu em disparada do meiode alguns cabides de roupas da Gap e foi, umelemento de calça jeans e um cabelo mal pintado demarrom, na direção do Cineplex.

Eu sabia que uma segunda distração serianecessária. Então eu fingi perder o equilíbrio naborda do vulcão e disparei, ―Não cheguem maisperto, ou eu vou pular!"

As duas senhoras arfaram. Os soldadospareciam mais repugnados que nunca. Em primeirolugar, eles claramente não tinham intenção dechegar mais perto. Em segundo, mesmo se eupulasse, a queda não seria exatamente fatal: Eu nãoestava em um lugar tão alto.

Ainda assim, eu deveria parecer bemdramática. Lá estava eu, essa jovem virgem(infelizmente), equilibrada na beira de um vulcão.Pena que meu cabelo era curto e eu não estavavestida com branco. Os jeans estragavam o efeito, naminha opinião.

Então o Coronel Jenkins se aproximou,apontando para mim e falando para os seus soldadosde um jeito que, mais que nunca me fez lembrar oTreinador Albright.

―O que ela está fazendo lá?‖ Ele exigiu.

―Desçam ela imediatamente." 

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 Eu olhei para o Cineplex. Eu ainda podia ver oSean, se escondendo atrás de um papelão detamanho real na forma do Arnold Schwarzenegger.Os soldados estavam circulando, tentando descobrirpara onde ele tinha desaparecido.

Esperando conseguir a atenção deles por temposuficiente para o Sean conseguir fazer outra fuga, eudisparei, ―Eu estou falando sério! Se alguém seaproximar, eu vou fazer isso! Eu vou pular!"

Bingo. Os soldados olharam. Sean escorregoude trás do papelão Arnold e foi para a banca dedescontos.

―Certo, senhorita Mastriani.‖ O CoronelJenkins chamou. ―A brincadeira acabou. Desça

agora mesmo antes que você acabe se machucando."―Não.‖ Eu disse. 

O Coronel Jenkins suspirou. Então ele fez ummovimento rápido com um dedo e quatro de seushomens passaram por cima da corda de veludo e

começaram a caminhar com dificuldade na minhadireção.

―Se afastem.‖ Eu gritei avisando. Sean, eu podiaver, só tinha que passar rapidamente a barraca devenda de ingressos e ele estaria dentro. ―Estou

falando sério!"

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 ―Senhorita Mastriani.‖ O Coronel Jenkinsdisse, em um tom de voz que me sugeria que eleestava tentando muito ser razoável. ―Nós fizemosalgo para ofender você? Você foi tratada mal, dequalquer jeito, desde que seu pai te deixou aos nossoscuidados?"

―Não.‖ Eu disse. Os soldados estavam seaproximando.

―Não é verdade que, a Dra. Shifton e a AgenteEspecial Smith e todos na Crane fizeram todo opossível para fazer você se sentir confortável e bemvinda?"

―Sim.‖ Eu disse. Logo abaixo, a moça que vendeingressos pegou Sean tentando entrar as escondidas

no cinema. Ela o agarrou pelo colarinho da camisetae disse algo que eu não consegui ouvir.

―Bem, então, vamos ser racionais. Volte paraCrane e nós vamos resolver isso."

A vendedora aumentou a voz. Seis soldados que

estavam me observando começaram a virar ascabeças, distraídos pelo alvoroço no Cineplex.

Eu olhei para as duas senhoras. ―Chamem apolicia.‖ Eu disparei. ―Eu estou prestes a ser levada,contra a minha vontade, para a Base Militar Crane."

―Crane.‖ A senhora em sapatos de caminhadadisse. ―Ah, mas ela está fechada." 

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 ―Maldição.‖ O Coronel Jenkins disse,aparentemente esquecendo da sua audiência. ―Desçadaí agora mesmo ou eu mesmo vou te puxar parabaixo."

Ambas senhoras arfaram. Mas os soldadostinham visto o Sean. Eles começaram a ir na direçãodele.

E os soldados que o Coronel Jenkins tinhaatiçado na minha direção estavam quase na base domeu vulcão.

―Ah, merda.‖ Eu disse enquanto observavaSean ser agarrado rapidamente. Era isso. Estavaacabado.

Mas não tinha razão para fazer isso mais fácil

para eles.―Deixe o garoto ir,‖ Eu ameacei. ―ou eu vou

pular!"

―Não faça isso, querida.‖ Uma das senhorasdisparou. Se juntaram a elas agora algumas das

pessoas do ensino médio, que tinham vindo para vero que era o alvoroço.

O pessoal do ensino médio gritou para eu pular.

Eu olhei para baixo de mim, para o centro dovulcão. Eu podia ver um círculo de chão do shopping

descoberto, rodeado por andaimes de metal, que

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estavam segurando o vulcão em pé. Eles me tirariamde lá, claro. Mas iria demorar um tempo.

Eu olhei para cima de novo. Os homens do

Coronel Jenkins ainda estavam se esforçando paraescalar o lado do vulcão. Eles estavam sendoimpedidos pelo fato de que suas botas nãoconseguiam obter tração suficiente na superfícieoleosa de plástico.

Mais acima, Sean estava sendo arrastado,chutando e berrando, do Cineplex.

Eu descruzei os meus braços, me empoleirandona borda do vulcão.

―Não!‖ O Coronel Jenkins gritou. 

Mas era tarde demais. Eu pulei.

CAPÍTULO 17

Demorou quase meia hora para eles me tirarem

de lá. O buraco no topo do vulcão não era tãogrande. Nenhum dos soldados, muito menos oCoronel Jenkins, conseguiam me alcançar por ele.Todo o meu feito de pular dentro do buraco foi o quefez o Coronel Jenkins ficar realmente bravo.

Valeu a pena.

Eu sentei lá, mais ou menos confortavelmente,enquanto eles tentavam descobrir jeitos de chegar

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até mim. Finalmente, alguém foi até o Sears ecomprou uma serra elétrica, e eles cortaram umgrande buraco no lado do vulcão. Eles mearrastaram para fora, e as pessoas que ficaram porlá para assistir aplaudiram como se tudo fosse umagrande atuação para o benefício deles.

Os Agentes Especiais Johnson e Smith estavamlá quando eles finalmente me arrastaram para fora.Ambos agiram como se fosse uma grande ofensa

pessoal, eu saindo do jeito que saí. Eu fiz o meumelhor para me defender.

―Mas eu deixei um bilhete.‖ Eu insisti enquantonos saíamos em um veículo preto cuidadosamentenormal do governo (com vidro escuro) que ia nos

levar de volta para Crane, os Agentes EspeciaisJohnson e Smith no banco da frente, Sean e eu no detrás.

―Sim,‖ A Agente Especial Smith disse, ―masvocê levou várias cosias com você que nos levou aacreditar que você não iria voltar."

Eu exigi saber o que eram essas coisas. Emresposta, a Agente Especial Smith levantou o livro defotos que o Coronel Jenkins tinha deixado no meuquarto, com esperanças que eu descobrisse o lugaronde algumas daquelas pessoas estavam. Ela tinha

pegado da minha mochila, que eles tinham

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confiscado de mim assim que eles me tiraram dedentro do vulcão.

―Eu só ia mostrar isso para alguém.‖ Eu disse

sinceramente. Em algum lugar no fundo da minhamente, eu tinha essa idéia —  muito antes de Sean terme chamado de golfinho  —  de levar o livro de fotospara o meu irmão Michael. Eu esperava que, comtodas as suas habilidades no computador, ele pudessedescobrir quem aqueles homens eram, usando a

internet, ou algo. Eu queria ter certeza que eles eramrealmente criminosos procurados e não advogadosinocentes, como o Will Smith em I nimigo Públi co , oualgo assim.

Idéia boba, talvez, mas então, eu tinha

aprendido uma lição ou outra desde aquela manhãque eu acordei sabendo onde o Sean estava.

―Eu ia trazer de volta.‖ Eu disse. 

―Ia?‖ Agente Especial Smith  se virou para meolhar. Ela parecia particularmente desapontada.

Dava para ver que ela não achava mais que eu seriaum bom material para a organização. ―Se vocêestava planejando voltar, então porque você levouisso com você?"

E ela puxou a minha flauta, na caixinha demadeira, da minha mochila, que estava com ela no

banco da frente.Ela tinha me pegado, e ela sabia.

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 ―Quando eu vi que isso tinha desaparecido,‖ Eladisse, ilustrando algumas das habilidades mentaisque renderam a ela o status de agente especial. ―eusabia que você não estava planejando voltar, apesardo seu bilhete e do fato que o bilhete que vocêcomprou era de ida e volta."

―Foi assim que vocês descobriram que eu estavaem Paoli?‖ Eu perguntei. Eu estava realmenteinteressada em aprender quais tinham sido os meus

erros. Você sabe, só para o caso de haver umapróxima vez. ―A passagem de ônibus?" 

―Sim. O funcionário na rodoviária lá em Cranereconheceu você.‖ O Agente Especial Johnson, muitopara o meu desapontamento, dirigiu exatamente no

limite de velocidade. Era repugnante. Todas essascaminhonetes estavam passando a gente. Comexceção do bando de carros atrás de nós, levando oCoronel Jenkins e seus homens, o nosso era o carromais lento na estrada. ―Você não é exatamente maisuma cidadã anônima, senhorita Mastriani. Não

quando você tem a sua foto na capa da revistaTime."

―Oh.‖ Eu disse. Eu assenti em direção a escolta.―Todo esse poder de fogo para a pequena eu?" 

―Você estava carregando uma informação

confidencial.‖ Agente Especial Johnson disse,

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indicando o livro de fotos. ―Nós só queríamos tercerteza que pegaríamos de volta."

―Mas agora que vocês têm de volta,‖ Eu disse,

―vocês vão me deixar ir, certo?" ―Isso não somos nós que decidimos.‖ Agente

Especial Johnson disse.

―Bem, quem decide?"

―Nossos supervisores." 

―O fumante?" Os agentes olharam um para o outro. ―Quem?‖

Agente Especial Johnson perguntou.

―Esquece.‖ Eu disse. ―Olha, você não podesimplesmente dizer para os superiores que eu me

demito?"Agente Especial Smith olhou para mim. Ela

estava usando brincos de pinos de diamante hoje.―Jess,‖ Ela disse, ―você não pode se demitir." 

―Por que não?" 

―Porque você tem um dom extraordinário. Vocêtem a responsabilidade de compartilhá-lo com omundo.‖ A Agente Especial Smith sacudiu a cabeça.―Eu só não entendo de onde tudo isso está vindo.‖Ela disse. ―Você parecia perfeitamente contente

ontem, Jess. Por que, de repente, você quer sedemitir?"

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 Eu dei de ombros. Claire Lippman teria ficadocom ciúmes da minha atuação. ―Eu acho que sóestou com saudades de casa."

―Hmmm.‖ O Agente Especial Johnson disse.―Eu pensei que a razão pela qual você mudou deidéia sobre vir para cá era porque você estavapreocupada com a sua família, que você sentiu queeles estavam sendo atormentados pela mídia. Euachei que você sentiu que deixando eles era o único

 jeito de dar a eles um pouco da privacidade que elestanto desejam."

Eu engoli em seco. ―É.‖ Eu disse. ―Mas isso foiantes de eu ficar com saudades de casa."

A Agente Especial Smith sacudiu a cabeça. ―Seu

irmão, Douglas. Eu acho que eles acabaram deliberá-lo do hospital. Parece que, se você voltaragora, ele pode simplesmente voltar para lá de novo.Todas aquelas câmeras, flashs saindo de todos oslugares —  isso realmente deixou ele transtornado."

Isso foi golpe baixo. Meus olhos se encheram delágrimas, e eu comecei seriamente a considerar me jogar para fora do carro —   nós estávamoscertamente indo devagar o suficiente para que eunão ficasse seriamente machucada —  e fugir.

O único problema era que as portas estavam

trancadas, e o botão de destrancar não

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funcionava. Os controles estavam lá em cima nobanco da frente, ao lado do Agente Especial Johnson.

E, de qualquer jeito, eu tinha que pensar no

Sean.A Agente Especial ainda estava falando da

minha responsabilidade para com o mundo, agoraque eu tinha esse dom extraordinário.

―Então eu devo ajudar os caras maus a serem

levados à justiça?‖ Eu perguntei, só para ter certezaque eu tinha entendido.

―Bem, sim.‖ Agente Especial Smith disse.  ―Ereunir pessoas como o Sean com os seus entesqueridos."

Sean e eu trocamos olhares.―Olá.‖ Sean disse. ―Vocês não lêem os jornais?Meu pai é um idiota."

―Você nunca teve uma chance de conhecê-lo,teve, Sean?‖ Agente Especial Smith disse em uma

voz calma. ―Eu entendo que a sua mão tirou vocêdele quando você tinha só seis anos."

―É.‖ Sean disse. ―Porque ele quebrou o meubraço quando eu não guardei os meus brinquedosuma vez."

―Nossa.‖ Eu disse, olhando para o Sean. ―Quemé o seu pai, de qualquer modo? Darth Vader?"

Sean assentiu. ―Só que não tão legal." 

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 ―Ah, bom trabalho.‖ Eu disse para os AgentesEspeciais Johnson e Smith. ―Vocês dois devem termuito orgulho de si mesmos, reunindo esse pequenogaroto com o Lorde negro dos Sith.‖ [desculpa, nãosou fã de Star Wars, então não saberia dizer se estácerto.]

―Ei.‖ Sean disse, parecendo estarrecido. ―Eunão sou pequeno."

―O senhor O‘Hanahan,‖ A Agente EspecialSmith disse em uma pequena voz firme. ―foideclarado um pai apto e é o legítimo guardião deSean pelo tribunal do estado de Illinois."

―Era legal ter escravos em Illinois, também.‖Sean disse. ―Mas isso não fazia ser certo." 

―Tribunais fazem erros.‖ Eu disse. ―Bem grandes." 

Eu fui a única no carro, eu tinha bastantecerteza, que tinha ouvido a voz dele tremer. Eu meestiquei e peguei a sua mão. Eu a segurei o resto do

caminho, também, mesmo tendo ficado um poucosuada. Ei, a coisa toda foi minha culpa, certo? O quemais eu deveria fazer?

Eles nos separaram quando nós chegamos emCrane. Sean já tinha escapado de todo mundo uma

vez, e eu acho que eles queriam ter uma certezaextra de que ele não faria de novo, então, já que o pai

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dele não iria buscá-lo até o dia seguinte, eles otrancaram na enfermaria.

Eu não estou brincando.

Eu acho que eles escolheram a enfermaria enão, digamos, as celas, onde eu acho que elestrancam os soldados que não se comportam, porquemais tarde, eles podiam dizer que ele não estava nemum pouco sendo mantido contra a sua vontade ...afinal, eles tinham dado a ele a liberdade de ficar naenfermaria, não tinham? Eles provavelmente diriamque o trancaram para sua própria segurança.

Mas mesmo que não fosse exatamente uma celade cadeia, poderia muito bem ter sido. As janelas  —  tinha quatro delas —  eram todas com barras do lado

de fora, eu acho que para impedir pessoas de invadire roubar drogas, já que a enfermaria é no primeiroandar. E eu por acaso sabia, por ter ido lá no diaanterior para o meu exame físico, que todos osarmários com as coisas legais dentro, comoestetoscópios e seringas, estavam trancados, e as

revistas e outras coisa eram muito fora de moda..Sean não iria ter muita coisa para se distrair dachegada iminente de seu pai.

Eu, eles trancaram de volta no meu antigoquarto. De verdade. Eu estava bem de volta onde eu

tinha começado naquela manhã, com uma única

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diferença: a porta estava fechada por fora e otelefone, estranhamente, não funcionava mais.

Eu não sei o que eles achavam que eu ia fazer —  

ligar para a polícia ou algo do gênero?―Policial, policial, eu estou sendo mantida

contra a minha vontade na Base Militar Crane!"

―Base Militar Crane? Do que você está falando?Esse lugar fechou há anos!"

Sem privilégio de telefones para mim. E semmais viagens para a piscina, também. Minha portaestava firmemente trancada.

Marco Polo foi trancado pela noite. Repetindo.Marco Polo foi trancado.

Ou então eles devem ter pensado. Mas a coisa é:Quando você pega uma criança  —   que

basicamente é uma criança boa, mas talvez umpouco rápida com os punhos  —   e você a faz sentarpor uma hora todos os dias com um monte de

crianças não tão boas, mesmo que ela seja proibidade falar com eles durante essa hora, o fato é que, elavai aprender algumas coisas.

E talvez as coisas que ela vai aprender são dotipo de coisas que você não necessariamente querque uma criança boa saiba. Como, por exemplo,

como começar um incêndio fumacento em umbanheiro feminino da rodoviária.

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 Ou como abrir uma fechadura. É bem fácil, naverdade, dependendo da fechadura. A do meuquarto não era muito dura. Eu consegui fazer com ocartucho de tinta de uma caneta esferográfica.

Olha, você simplesmente aprende essas coisas,ta certo?

Eles me pegaram na hora. Garoto, o CoronelJenkins estava bravo. Mas não tão bravo quando oAgente Especial Johnson. Ele estava me observandodesde o dia em que eu quebrei o nariz de seu últimoparceiro. Você podia dizer que eu tinha realmenteextrapolado dessa vez.

O que foi porque eles jogaram o livro em mim.Eles realmente tinham. Eles pretendiam fazer eu me

calar para sempre dessa vez.Dra. Shifton fez algo em minha defesa, eu

escutei ela insistindo que eu obviamente tinhaproblemas com autoridades, e que eles estavamlidando com aquilo de forma errada. Eu iria ceder,

ela disse, quando eles fizerem parecer que fosseminha idéia.

O Coronel Jenkins não gostou do som disso. Elefoi, ―Maldição, Helen, ela sabe a localização de cadaum daqueles homens das fotos que nós mostramospara ela. Eu posso ver nos olhos dela. O que nós

devemos fazer, simplesmente esperar até que elaesteja com vontade de nos contar?"

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 ―Sim.‖ A Dra. Shifton disse. ―Isso é exatamenteo que nós faremos."

Eu gostei da Dra. Shifton por isso. E, de

qualquer jeito, eu não sabia onde cada um daqueleshomens estava.

Só a maioria deles.

Eu acabei entreouvindo tudo isso porque oconsultório da Dra. Shifton é bem do lado da

enfermaria, e foi lá que eles me colocaram depoisque eu escapei da segunda vez: na enfermaria, com oSean...

Exatamente onde eu queria que eles mecolocassem.

Não comece a achar que eu tinha algum tipo deplano ou algo parecido. Eu totalmente não tinha. Eusó achei que o garoto precisava de mim, isso é tudo.

Que ele não pareceu concordar não é realmenteo ponto.

―O que você está fazendo aqui?‖ Ele perguntou,olhando da cama em que ele estava largado. Seu tomsugeria que ele não estava contente em me ver.

―Visitando os menos afortunados." 

―Meu pai vai estar aqui bem de manhã, elesdisseram.‖ Seu rosto estava contraído e branco.Bem, exceto por suas sardas. ―Ele não podia vir denoite por causa de alguma reunião... Mas ele vai ter

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uma escolta policial amanhã de manhã, assim que eleestiver pronto para sair.‖ Ele sacudiu a cabeça.―Esse é o meu pai. Trabalho sempre vem primeiro. Ese você ficar no caminho, se cuida."

Eu disse, gentilmente. ―Sean, eu disse que eu iate recompensar, e eu realmente falei sério."

Sean olhou indicando a porta trancada. ―Ecomo você vai fazer isso?"

―Eu não sei.‖ Eu disse. ―Mas eu vou. Eu juro." Sean apenas sacudiu a sua cabeça. ―Claro.‖ Eledisse; ―Claro que você vai, Jess."

O fato de ele não acreditar em mim só medeixou mais determinada.

Horas passaram, e ninguém veio perto daenfermaria  —   nem mesmo a Dra. Shifton. Nóspassamos o tempo tentando descobrir jeitos deescapar, escutando rádio e fazendo palavrascruzadas em uma velha revista da People  .

Finalmente, por volta das seis horas, a portafinalmente se abriu, e a Agente Especial Smithentrou, segurando duas sacolas do McDonald‘s. Euacho que os meus dias de camarão e bife tinhamterminado. Eu não me importava, entretanto. Ocheiro de batata se fixou no meu estômago, que eu

não havia notado que até aquele momento estavabem vazio, roncando alto.

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 ―Oi.‖ Agente Especial Smith disse, com umsorriso arrependido. ―Eu trouxe jantar para vocês.Vocês estão bem?"

―Exceto pelo fato que os nossos direitosconstitucionais estão sendo violados,‖ Eu disse, ―nósestamos bem."

O sorriso da Agente Especial Smith foi dearrependido para forçado. Ela espalhou os nossos jantares em uma das camas: refeições com doischeeseburgers. Não o meu favorito, mas pelo menosela tinha pedido grande. Sean praticamente inalou ohambúrguer antes. Eu admito ter enchido minhaboca com mais batatas do que provavelmente erabom para mim. Enquanto eu me empanturrava, a

Agente Especial Smith tentava ser racional comigo.Eu acho que a Dra. Shifton estava preparando ela.―Você tem um dom realmente especial, Jess.‖ Eladisse. Ela estava praticamente ignorando o Sean. ―Eseria uma vergonha desperdiçá-lo. Nós precisamosda sua ajuda tão desesperadamente. Você não quer

fazer esse mundo mais seguro, um lugar melhor paracrianças como você?"

―Claro.‖ Eu disse, engolindo. ―Mas eu tambémnão quero ser um golfinho."

A Agente Especial Smith juntou as suas bonitas

sobrancelhas. ―Um o que?" 

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 Eu contei para ela sobre os golfinhos, enquantoSean observava, mastigando silenciosamente. Eutinha dado a ele um dos meus cheeseburgers, masmesmo depois de três deles, ele não parecia satisfeito.Ele podia comer uma quantidade alarmante decomida para um garoto tão pequeno.

A Agente Especial Smith sacudiu a cabeça,ainda parecendo perplexa. ―Eu nunca ouvi essaantes. Eu sei que eles usaram pastores alemães para

missões similares na Primeira Guerra Mundial — "―Pastores alemães, golfinhos, tanto faz.‖ Eu

levantei o queixo. ―Eu não quero ser usada." 

―Jess.‖ A Agente Especial disse. ―Seu dom— "

―Não.‖ Eu disse, levantando uma única mão.

―Sério. Não diga. Eu não quero ouvir sobre isso. Esse‗dom‘ de que você continua falando não me causounada além de problemas. Eu mandei o meu irmãopara o limite, quando ele estava indo realmente bem,e coloquei a mãe desse garotinho na cadeia — "

―Ei.‖ Sean disse indignado. Eu tinha esquecidodas objeções dele no meu uso da palavra ‗pequeno‘quando relacionado a ele.

―Jess.‖ A Agente Especial Smith amassou assacolas vazias do meu lanche. ―Seja racional. É

muito triste o que aconteceu com a mãe do Sean, maso fato é que, ela quebrou a lei. E quanto ao seuirmão, você não pode desistir só por causa de um

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contratempo. Tente colocar as coisas emperspectiva — "

―‗Colocar as coisas em perspectiva‘?‖ Eu me

inclinei para frente e enunciei muito cuidadosamentepara que ela certamente me entendesse. ―Licença,Agente Especial Smith, mas eu fui atingida por umraio. Agora, quando eu vou dormir, eu sonho compessoas desaparecidas, e então acontece que quandoeu acordo, eu sei onde essas pessoas desaparecidas

estão. De repente, o Governo dos Estados Unidosquer me usar como algum tipo de arma secretacontra fugitivos da justiça, e você acha que eudeveria colocar as coisas em perspectiva  ?"

A Agente Especial Smith parecia entediada. ―Eu

acho que você devia lembrar,‖ Ela disse, ―que o quevocê chama de golfinho, a maioria dos Americanoschamaria de herói."

Ela se virou para jogar as embalagens vazias doMcDonald's no lixo.

―Eu realmente não vim aqui,‖ Ela disse, quandose virou de novo. ―para discutir com você, Jess. Eusó achei que você poderia querer isso de volta."

Ela me entregou a minha mochila. O livro defotos não estava lá, claro, mas a minha flauta estava.Eu agarrei apertando no meu peito.

―Obrigada.‖ Eu disse. Eu estava estranhamentetocada pelo gesto. Não me pergunte por quê. Digo,

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era a minha flauta, afinal. Eu esperava que eu nãoestivesse começando a sofrer daquelas coisas que osreféns têm, quando eles começam a simpatizar comos seus seqüestradores.

―Eu gosto de você, Jess.‖ Agente Especial Smithdisse. ―Eu realmente espero que enquanto vocêestiver aqui esta noite, você pense no que eu disse.Porque, sabe, eu acho que você daria uma boaagente federal um dia."

―Sério?‖ Eu pergunte, como se eu achasse queisso era um grande elogio.

―Eu acho.‖ Ela foi para a porta. ―Eu vejo vocêsdois depois.‖ Ela disse. 

Sean, lá na cama dele, só grunhiu. Eu disse.

―Claro. Depois." Ela foi embora. Eu escutei a porta ser trancada

atrás dela. A fechadura da porta da enfermaria erauma que mesmo eu, com o meu extensivoconhecimento dessas coisas, não podia penetrar.

Mas não importava. Porque a Agente EspecialSmith tinha estado certa quando ela disse que eudaria uma boa agente federal:

Enquanto ela estava jogando fora o lixo daminha refeição, eu me estiquei e roubei o celular da

bolsa dela.Eu o levantei para o Sean conseguir ver.

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 ―Ah, é.‖ Eu disse. ―Eu sou boa.Muito  boa."

CAPÍTULO 18

Demorou um tempo para nós descobrirmoscomo o celular da Agente Especial Smith funcionava.Claro que tinha uma senha que você tinha que usarpara poder discar. Foi isso que demorou mais,descobrir a senha dela. A maioria das senhas, eusabia pelo Michael  —   que acha emocionantedescobrir esse tipo de coisa  —   são de quatro a seisdígitos. O nome da Agente Especial Smith era Jill.Eu apertei 5455, e voilà, como diria a minha mãe:nós estávamos dentro.

Sean queria que eu ligasse para o Canal deNotícias 11.

―Sério.‖ Ele disse. ―Eles estão bem do lado defora dos portões. Eu os vi enquanto nós entrávamos.Fale para eles o que está acontecendo."

Eu disse. ―Se acalma, esguicho. Eu não vou ligarpara o Canal de Notícias11."

Ele parou de saltar e disse. ―Sabe, eu estou cheiode você ficar me chamando de esguicho e de falar oquão pequeno eu sou. Eu sou quase tão alto quantovocê. E eu vou fazer treze em nove meses."

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 ―Quieto.‖ Eu disse enquanto discava. ―Nós nãotemos muito tempo antes que ela descubra quesumiu."

Eu liguei para minha casa. Minha mãe atendeu.Eles estavam jantando, o primeiro jantar do Douglasdesde que ele saiu do hospital. Minha mãe foi.―Querida,como você está? Eles estão te tratandobem?"

Eu disse. ―Ah, não exatamente. Posso falar como papai?"

Minha mãe disse. ―O que você quer dizer, nãoexatamente? Papai disse que eles tinham um quartoadorável para você, com uma grande TV e seupróprio banheiro. Você não gosta?"

―É bom.‖ Eu disse. ―Olha, o papai está aí?" ―Claro que ele está. Onde mais ele estaria? E ele

está tão orgulhoso de você quanto eu estou."

Eu tinha estado fora por apenas 48horas, masaparentemente, nesse meio tempo, minha mãe tinha

ficado louca.―Orgulho de mim?‖ Eu disse. ―Por quê?" 

―O dinheiro da recompensa!‖ Minha mãegritou. ―Veio hoje! Um cheque com a quantia de dezmil dólares, feito para você, querida. E isso é só o

começo, docinho."

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 Cara, ela realmente tinha enlouquecido.―Começo de que?" 

―Do tipo de rendimento que você vai ter disso

tudo.‖ Minha mãe disse. ―Querida. A Pepsi ligou.Eles querem saber se você estaria disposta a aprovarum novo tipo de refrigerante que eles criaram. Temgingko biloba [é uma planta.] nele, você sabe, parapoder cerebral."

―Você tem,‖ Eu disse, minha garganta estava,de repente, seca, ―que estar de brincadeira comigo."

―Não. Até que é bom; eles deixaram um caixoteaqui. Jessie, eles estão te oferecendo cem mil dólaressó para ficar na frente da câmera e dizer que há jeitos mais fáceis de aumentar o poder cerebral do

que ser atingido por um raio — "No fundo eu ouvi o meu pai dizer. ―Toni.‖ Ele

soava severo. ―Ela não vai fazer isso." 

―Deixa ela mesma decidir, Joe.‖ Minha mãedisse. ―Ela pode gostar. E eu acho que ela vai se dar

bem. Jess é certamente mais bonita que muita dessasgarotas que eu vejo na TV — "

Minha garganta estava começando a doer, masnão havia nada que eu podia fazer, porque todos osremédios da enfermaria, mesmo o colutório, estavam

trancados.

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 ―Mãe.‖ Eu disse. ―Posso, por favor, falar com opai?"

―Em um minuto, querida. Eu só quero te falar o

quão bem o Dougie está indo. Você não é o únicoherói na família, sabe. Dougie está indo ótimo,simplesmente ótimo. Mas, claro, ele sente saudadesda Jess dele."

―Isso é ótimo, mãe.‖ Eu engoli com dificuldade.―Isso é … Então, ele não está mais escutando vozes?"

―Nenhuma. Não desde que você foi embora elevou todos aqueles repórteres repugnantes comvocê. Nós sentimos sua falta, docinho, mas nós comcerteza não sentimos falta daquelas vãs de notícia.Os vizinhos estavam começando a reclamar. Bem,

você conhece os Abramowitzes. Eles são tãoexigentes quando se trata do jardim deles."

Eu não disse nada. Eu não acho que eu poderiater falado se eu quisesse.

―Você quer dizer oi para o Dougie, querida? Ele

quer dizer oi para você. Nós estamos tendo o favoritodo Dougie, por ele estarem casa. Manicotti. Eu mesenti mal fazendo enquanto você não está aqui. Eusei que é o seu favorito, também. Você quer que euguarde algum para você? Eles estão te alimentandobem? Digo, é só comida do exército?"

―É.‖ Eu disse. ―Mãe, eu posso, por favor, falarcom o — "

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 Mas a minha mãe tinha passado o telefone parao meu irmão. A voz do Douglas, profunda, mastremida com sempre, veio.

―Ei.‖ Ele disse. ―Como você está indo?" Eu virei, então fiquei sentada com as minhas

costas viradas para o Sean, então ele não veria euenxugar os meus olhos.

―Bem.‖ Eu disse. 

―É? Tem certeza? Você não parece bem." Eu segurei o telefone longe da minha cara e

clareei a garganta. ―Tenho certeza.‖ Eu disse,quando eu achava que eu podia falar sem parecerque eu estivesse chorando. ―Como você está indo?" 

―Normal.‖ Ele disse. ―Eles aumentaram adosagem dos meus medicamentos de novo. Eu fiqueicom a boca tão seca que você não ia acreditar."

―Sinto muito.‖ Eu disse. ―Doug, eu realmentesinto muito."

Ele pareceu meio surpreso. ―Você sente muitopelo que? Não é sua culpa."

Eu disse. ―Bem, é. Meio que é; Digo, todasaquelas pessoas na frente do nosso jardim estavam lápor minha causa. Estressou você, tendo todasaquelas pessoas lá. E isso foi minha culpa."

―Isso é besteira.‖ Douglas disse. 

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 Mas não era. Eu sabia que não era. Eu gostavade pensar que o Douglas era muito mais são do queminha mãe dava credito a ele, mas a verdade era, eleainda era bem frágil.

Acidentalmente deixar uma bandeja de pratoscair no restaurante não iria causar um dos seusepisódios. Mas achar um bando de estranhos comequipamentos de gravar na frente do jardimdefinitivamente ia.

E foi aí que eu soube, por mais que eu quisesse,eu não podia ir para casa. Ainda não. Não sei euquisesse que o Douglas ficasse bem.

―Então, eles estão te tratando bem?‖ Douglasqueria saber.

Eu olhei entre as barras do outro lado da janela.Do lado de fora, o sol estava se pondo, os últimosraios do dia inclinados pelo gramado recém aparado.Na distância, eu podia ver uma pequena passarela,com helicópteros pousados próximos. Nenhum

helicóptero levantou vôo ou pousou enquanto euestava observando. Não havia OVNI sem Crane. Nãohavia nada em Crane.

―Claro.‖ Eu disse. 

―De verdade? Porque você parece meio

chateada."―Não.‖ Eu disse. ―Estou bem." 

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 ―Então. Como você vai gastar o dinheiro darecompensa?"

―Ah, eu não sei. Como você acha que eu deveria

gastar?"Douglas pensou sobre isso. Ele disse. ―Bem,

papai podia ter uns novos tacos. Não que ele tenhaalguma chance de jogar."

―Eu não quero tacos de golfe.‖ Eu ouvi meu pai

gritando. ―Nós vamos guardar esse dinheiro para afaculdade da Jess."

―Eu quero um carro.‖ Eu ouvi o Michael gritar. 

Eu ri um pouco. Eu disse. ―Ele só quer umcarro para poder dirigir a Claire Lippman para a

pedreira."Doug disse. ―Você sabe que isso é verdade. E euacho que a mamãe adoraria uma nova máquina decostura."

―Para que ela possa fazer mais roupas

combinando para nós.‖ Eu sorri. ―Claro. E quanto avocê?"

―Eu?‖Douglas estava começando a soar maisdistante do que nunca. ―Eu só que você em casa etudo de volta ao normal."

Eu tossi. Eu tive que tossir, para esconder o fatoque eu estava chorando de novo.

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 ―Bem.‖ Eu disse. ―Eu vou estar em casa embreve. E então você vai desejar que eu não estivesse, já que eu estarei te enchendo o tempo todo de novo."

―Eu sinto falta de você me encher.‖ Douglasdisse.

Isso era mais que eu podia agüentar. Eu disse.―Eu … Eu tenho que ir." 

Douglas disse. ―Espera um minuto. Papai quer

dizer — "Mas eu tinha que desligar. De repente, eu sabia.Eu não podia falar com o meu pai. O que ele fariapor mim, de qualquer jeito? Ele não podia me livrardessa.

Mesmo se ele pudesse, o que eu faria? Eu nãopodia ir para casa. Não com repórteres e osrepresentantes da Pepsi me seguindo para todo ladoque eu fosse. Douglas soltaria qualquer tipo desanidade que ele tinha no momento.

―Jess?" 

Eu comecei. Eu quase tinha me esquecido que oSean estava no quarto comigo. Eu lancei a ele umolhar surpreso.

―O que?‖ Eu disse. 

―Você está ...‖ Ele levantou as sobrancelhas.―Você está." 

―Estou o que?" 

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 ―Chorando.‖ Ele disse. Então suas sobrancelhasse encontraram rapidamente em cima do seu narizsardento. Ele fez uma carranca para mim. ―Por quevocê está chorando?"

―Por nada.‖ Eu disse. Eu estiquei o braço eenxuguei os meus olhos com a parte de trás do meupulso. ―Eu não estou chorando." 

―Você é uma maldita mentirosa.‖ Ele disse. 

―Não pragueje.‖ Eu comecei a bater nos botõesdo telefone de novo.

―Por que não? Você faz. Para quem você estáligando agora?"

―Para alguém que vai tirar a gente daqui.‖ Eu

disse.

CAPÍTULO 19

Era um pouco depois da meia noite quando eu

ouvi: o mesmo motor da motocicleta que eu estavame esforçando para ouvir de tempos em tempos nasúltimas semanas. Só que dessa vez, não estava nofinal da ruela Lumley, do jeito que era nos meussonhos.

Não, estava rugindo pelo estacionamento vazio

da Base Militar Crane.

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 Eu saltei para fora da cama onde eu estavacochilando e me apressei para a janela. Eu tive quecolocar as minhas mãos envolta dos meus olhos paraconseguir descobrir o que estava acontecendo láfora. Em um circulo de luz, jogado por uma daslâmpadas de segurança, eu vi o Rob. Ele estavaandando de moto lá, seu rosto  —   Escondido peloescudo do capacete  —   virando para a esquerda epara a direita, tentando descobrir em que prédio eu

estava.Eu bati no vidro, e chamei o nome dele.

Sean, encolhido na cama ao lado da minha,sentou imediatamente, tão acordado quanto ele tinhaestado adormecido a um segundo atrás.

―É o meu pai.‖ Ele disse em uma voz engasgada. ―Não, não é o seu pai.‖ Eu disse. ―Fique para

trás enquanto eu quebro essa janela. Ele não podeme ouvir."

Eu sabia que eu só tinha alguns segundos antes

que ele passasse pela enfermaria. Eu tinha que agirrápido. Eu agarrei a coisa mais próxima que euconsegui achar  —   uma lata de lixo de metal  —   elancei contra a janela.

Funcionou. Vidro saiu voando para todo lugar,

incluindo de volta para mim, já que muitos cacosricochetearam na grade de metal. Eu podia sentir

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minúsculas lascas de vidro no meu cabelo e na minhablusa.

Eu não ligava. Eu gritei. ―Rob!" 

Ele jogou um pé no chão e derrapou para parar.Um segundo depois, seu pé já estava na motonovamente, e ele estava vindo pela grama em minhadireção. Foi só então que eu notei que atrás deleestavam mais ou menos meia dúzia de outrosmotoqueiros, caras grandes em Harleys.

―Ei.‖ Rob disse quando ele tinha abaixado oapoio da moto e tirado o capacete. Ele saiu da moto eveio na minha direção. ―Você ta bem?" 

Eu assenti. Eu não posso nem dizer o quão bomfoi ver ele. E foi ainda melhor quando ele estendeu a

mão através da grade de metal, enrolou seus dedosao redor da minha camisa, me arrastou para frente,e me beijou por entre as barras.

Quando ele me soltou, foi tão repentino que eusabia que ele não tinha pretendido me beijar. Só que

meio que aconteceu.―Desculpa.‖ Ele disse —   só que não parecia

muito arrependido, se você sabe o que eu querodizer.

―Tudo bem.‖ Eu disse. Bem? Foi o melhor beijo

que eu já tive  —  até mesmo melhor que o primeiro.

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―Você tem certeza que não se importa de estarfazendo isso?"

―Sem problema." 

Então ele começou a trabalhar.Sean, que observou a coisa toda, disse em uma

voz muito indignada. ―Quem é esse  ?"

―Rob Wilkins.‖ Eu disse. 

Eu devo ter dito em uma voz um pouco muitofeliz, contudo, já que Sean perguntou, com suspeita.―Ele é o seu namorado?" 

―Não.‖ Eu disse. Quem dera. 

Sean estava horrorizado. ―E você vaisimplesmente deixar ele sair impune depois de te

beijar daquele jeito?"―Ele só está contente de me ver.‖ Eu disse. 

Um rosto particularmente cabeludo substituiu ode Rob na janela. Eu reconheci como o amigo deledo Chick‘s, o com a tatuagem do Tet Offensive. Ele

passou uma corrente pela grade, então prendeu ooutro fim da parte de trás de uma das motos.

―Se afastem, ‗cês todos.‖ Ele disse para nós.―Isso vai fazer um alvoroço dos infernos." 

O rosto desapareceu. Sean olhou para mim.

―Esses são amigos seus?‖ Ele perguntou, emuma voz de desaprovação.

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 ―Mais ou menos.‖ Eu disse. ―Agora se afasta, dapra ser? Eu não quero que você se machuque."

―Jesus.‖ Sean murmurou. ―Eu não sou um

bebê, certo?"Mas quando o motoqueiro acelerou, e a

corrente chacoalhou, então esticou, Sean colocou asmãos nas orelhas. ―Nós estamos tão encrencados.‖Ele gemeu com os olhos fechados.

Eu tinha uma pressentimento ruim de que Seanestava certo. A grade estava fazendo sonsagourentos, mas não se movendo mais do que umcentímetro. Enquanto isso, o motor da motocicletaestava protestando estridentemente, os pneus jogando toneladas de terra, arremessando a terra e

um pouco de grama para a grade e dentro do quarto, já coberto com vidro.

Por um minuto, eu não achei que fossefuncionar —  ou se funcionasse, o barulho agourentoiria despertar o Coronel Jenkins e seus homens, e

eles estariam atrás de nós na hora. A grade erasimplesmente embutida muito profundamente noconcreto da moldura da janela. Eu não queria dizernada, claro  —   Rob estava dando o melhor de si  —  mas parecia uma causa perdida. Especialmentequando Sean cravou seus dedos no meu braço e

sibilou. ―Escuta ..." 

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 Então eu ouvi. Acima do grito do motor damotocicleta, o som de chaves chacoalhando do ladode fora da porta da enfermaria.

Era isso. Nós estávamos encrencados.O que era pior, eu provavelmente tinha

encrencado o nosso resgate. Quanto tempo Robficaria na cadeia por minha causa? Qual era asentença por tentar libertar uma paranormal daprisão militar?

E então, com um barulho que de parecia milunhas em um quadro negro, a grade inteira saltou doparapeito e foi arrastada por alguns metros até omotoqueiro brecar.

―Vem.‖ Rob disse, estendendo a mão para mim

pelo parapeito desfeito.Eu empurrei o Sean para frente. ―Ele

primeiro.‖ Eu disse. 

―Não, você.‖ Sean disse, em um esforço para sercavalheiro, tentou me forçar pela janela primeiro,

mas Rob o segurou e arrastou ele para fora da janela.

O que me deu tempo de agarrar a minhamochila  —   que a Agente Especial Smith tinha medado tão graciosamente —  e então saltar o parapeito

da janela atrás deles, assim que o trinco da porta foidestrancado.

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 Do lado de fora, era uma noite úmida deprimavera, quieta e calma ... exceto pelo estrondodas motocicletas. Eu estava assombrada quando euvi que, em junção com os amigos do Rob do Chick‘s,Greg Wylie e Hank Wendell, da última fileira dadetenção, também estavam lá, em motos iradas. Eutinha que admitir, eu fiquei com um pouco delágrimas nos olhos com a visão deles: eu não tinhaidéia que eu era tão querida pelos meus

companheiros delinqüentes juvenis.Sean, de qualquer modo, não estava tão

impressionado.

―Você tem que ta brincando comigo.‖ Ele dissequando ele finalmente conseguiu olhar bem para os

nossos salvadores.―Olha.‖ Eu disse para ele enquanto eu colocavao capacete que o Rob tinha me entregado. ―São essescaras ou seu pai. Você escolhe."

―Garoto.‖ Sean disse, sacudindo a cabeça.

―Você me deixa com uma escolha difícil." Hank Wendell empurrou um capacete para ele.―Ta aqui, garoto.‖ Ele disse. Ele arrumou o bancopara os 35 quilos do Sean, então acelerou. ―Sobe." 

Eu não sei se o Sean teria subido se, no

momento, uma sirene de furar os tímpanos nãotivesse começado a apitar.

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 Um dos caras do Chick‘s —  Frankie, que tinhauma tatuagem de um bebê no bíceps  —  gritou. ―Lávêm eles."

Um segundo depois, alguns tipos de militaresvieram correndo para a janela sem barras, gritandopara nós pararmos. Faróis acenderam noestacionamento.

―Segura firme.‖ Rob disse e eu me arrumei nobanco atrás dele e eu enrolei meus braços ao redordele.

―Parados.‖ E voz do homem lá embaixo. Eu deiuma olhada pelo meu olho. Tinha um jipe militarestava vindo na nossa direção, com um homem empé, gritando pelo megafone. Atrás dele, eu podia ver

luzes se acendendo nos prédios por toda a base, epessoas correndo do lado de fora, tentando ver o queestava acontecendo.

―Aqui é a propriedade do Governo dos EstadosUnidos.‖ O cara com o megafone declarou. ―Vocês

estão invadindo. Desliguem os motores agora."E então o ar da noite foi cortado por umaexplosão que fez tremer o chão. Eu vi uma bola defogo subir no ar lá na pista de decolagem. Todomundo se abaixou —   Exceto por Frankie e o caracom a tatuagem Tet Offensive, que se

cumprimentaram.

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 ―Ah, é.‖ Frankie disse. ―Nós ainda  temos o jeito."

―O que era aquilo  ?‖ Eu disparei enquanto Rob

acelerava.―Um helicóptero.‖ Rob disparou de volta. ―Uma

pequena tática de distração, para confundir oinimigo."

―Você explode um helicóptero,‖ Eu disse, ―mas

não sai comigo?‖ Eu não conseguia acreditar nisso.―O que há de errado com você?" 

No entanto, eu não tive a chance de reclamarpor muito tempo, porque Rob acelerou, e de repentenós estávamos indo pelos lotes escuros que eram aCrane, indo em direção dos portões principais. O céu

noturno atrás de nós agora estava cheio com o brilholaranja do helicóptero em chamas. Novas sirenes,evidentemente do carro de bombeiros mandado paraapagar as chamas, cortavam a noite, e holofotesiluminavam contra as nuvens baixas.

Tudo isso, eu pensei, para pegar um garotinho euma paranormal fugindo de uma enfermaria.

Nós não tínhamos conseguido nos livrar do carado jipe. Ele estava bem atrás de nós. Ainda gritandopelo megafone para nós pararmos.

Mas Rob e seus amigos não pararam. Naverdade, se alguma coisa, eles aceleraram.

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 Ta bom, eu vou admitir: eu amei cada minuto.Finalmente,finalmente   , eu estava indo rápido osuficiente.

Então, a uns cem metros do portão principal,Rob colocou o pé no chão, e nós derrapamos atéparar. Os amigos dele fizeram o mesmo.

Por um momento, nós sentamos lá, todos os seismotoqueiros, Rob, Sean e eu, motores rugindo,olhando diretamente para nossa frente. O brilho napista de decolagem clareando o longo caminho que iaem direção ao portão principal da base. Haviaguardas lá, eu lembrava de quando eu tinha ido poreles para o shopping. Guardas com rifles. Eu nãotinha idéia de como Rob e os outros tinham

conseguido passar desses sentinelas armados paraentrar na base, e eu não tinha idéia de como nósíamos passar por eles para sair de lá. Tudo que euconseguia pensar foi, repetidas vezes na minhacabeça, ―Ah meu Deus, eles explodiram umhelicóptero.Eles explodiram um helicóptero  ."

Talvez tenha sido uma boa coisa eles terem.Porque não havia ninguém bloqueando o nossocaminho. Todo mundo estava indo na direção dapista de decolagem para ajudar a apagar o incêndio.

Exceto pelo cara no jipe atrás da gente.

―Desliguem os motores e coloquem as mãospara cima.‖ O cara disse. 

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 Ao invés disso, Rob levantou o pé de novo e nósdemos uma guinada para frente, indo direto nadireção dos portões. Que estavam abaixados.

Então alguém em um robe de banhoaproximou-se com passos largos pela estrada, até eleestar bem na frente dos portões. Era alguém que eureconhecia. Ele levantou um megafone.

―Parados.‖ A voz do Coronel Jenkins retumboupela noite, mais alto que o motor das motocicletas,mais alto que as sirenes. ―Vocês estão presos.Desliguem os motores agora."

Ele estava parado bem na frente dos portões.Seu robe estava aberto, e eu podia ver que ele estavacom pijama azul claro.

Rob não diminuiu a velocidade. Se algumacoisa, ele acelerou.

―Desliguem os motores.‖ O Coronel Jenkins nosordenou. ―Vocês me ouviram? Vocês estão presos.Desliguem os motores agora."

Os guardas apareceram com seus rifles. Elesnão apontaram para nós, mas eles ficaram um decada lado do Coronel Jenkins.

Ninguém desligou seus motores. Na verdade,Greg e Hank gritaram e começaram a ir muito mais

rápido na direção dos portões. Eu não tinha nemidéia do que eles achavam que ia acontecer quando

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eles alcançassem os homens parados lá. Não eracomo se eles simplesmente fossem sair do caminho enos deixar passar. Isso não era um jogo qualquer.Não quando o outro cara estava segurando um riflealtamente poderoso.

Eu acho que o Coronel Jenkins adivinhou queninguém ia desligar os motores, já que de repente eleabaixou o megafone e assenti para os dois guardas.Eu aumentei a pressão na cintura do Rob, e abaixei a

minha cabeça, com medo de olhar. Eles iam apenas,eu tinha certeza, atirar no ar, para chamar a nossaatenção. Claro que ele não pretendia —  Mas então eununca descobri se eles teriam atirado em nós ou não,porque Rob deu uma guinada violenta na moto...

E então nós estávamos navegando para fora dabase. Não pelo portão principal, mas por umagrande parte da cerca de arame enfarpado que tinhasido cuidadosamente tirado do lado de um dosportões. Foi assim que Rob e seus amigos tinhampassado pelos sentinelas. Tudo que foi preciso foi um

pouco de determinação, um alicate, e um pouco deexperiência em arrombamento.

Uma vez que estávamos fora da base, a únicaluz que tínhamos para enxergar eram as dos faróisdas motocicletas. Entretanto, estava tudo bem. Eu

olhei para trás, e vi que o jipe ainda estava atrás denós, com a intenção de nos parar, de algum jeito.

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 Mas quando eu disse isso para o Rob, ele apenasriu. A estrada que levava a Crane estava um poucousada, exceto pelo tráfico de ida e volta da base.Tudo ao nosso redor eram milharais, e além doscampos, colinas com árvores. Foi na direção dessascolinas que Rob foi, os outros motoqueiros seguindoele, saindo da estrada e entrando no milharal, quenesse começo de primavera só estava na altura dotornozelo.

O jipe saltou conosco, mas estava indo comdificuldade. O coronel deve ter entendido amensagem, já que aquele único jipe estava logo juntocom alguns carros esportivos. Entretanto, nãoimportava. Nós estávamos disparando entre elescomo vaga-lumes. Ninguém teria conseguido seigualar, exceto talvez o helicóptero e, bem, isso nãoiria acontecer, por razões obvias.

E então nós perdemos eles. Eu não sei se elessimplesmente desistiram, ou foram chamados devolta para a base, ou qualquer coisa. Mas de repente,

nós estávamos completamente sozinhos.Nós tínhamos conseguido.

Mesmo assim, nós fomos por estradassecundárias, só para ficar seguro. Entretanto, eutenho bastante certeza que não tínhamos sido

seguidos. Nós paramos várias vezes para checar, empequenas cidades sonolentas pelo caminho, onde

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havia uma bomba de gasolina junto com uma lojinhade conveniência, e onde o barulho do motor dasmotos fazia as luzes dos quartos acenderem, e oscachorros acorrentados nos jardins latirem.

Mas não havia nada atrás de nós, nada além daslongas, vazias distâncias da estrada, serpenteandocomo rios abaixo do céu pesado.

Marco.

Polo.Nós estávamos livres.

CAPÍTULO 20

Rob nos levou para sua casa.Não Grag e Hank e os outros caras. Eu não

tenho nem idéia de para onde eles foram. Bem, naverdade, isso não é verdade. Eu tenho uma boa idéia.Eu acho que eles foram para o Chick‘s para tomar

algumas e celebrar a penetração de sucesso nainstalação do governo que muitos diziam se tãoimpetrável quanto a área 51.

Obviamente os que acreditavam nisso nuncatinham conhecido antes alguém da última fileira dadetenção do colégio Ernest Pyle.

Sean e eu, entretanto, não nos juntamos asfestividades. Nós fomos para a casa do Rob.

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 Quando eu finalmente acordei, era por volta domeio dia. Levou um minuto para eu adivinhar ondeeu estava. Então eu lembrei:

Eu estava no quarto do Rob, na casa dele.E eu estava sendo procurada pelo FBI.

Não apenas o FBI, também, mas pelo Exercitodos Estados Unidos.

E eu não ficaria surpresa se o Serviço Secreto, a

Agência de Tabaco, Álcool e Armas de Fogo, e apatrulha das estradas do Estado de Indianaquisessem um pedaço de mim, também.

E, interessantemente, no momento que euacordei, eu sabia exatamente o que eu iria fazer

sobre isso.Não é todo dia que uma garota acorda sabendoque ela é procurada pela agencia federal decumprimento de leis do país mais poderoso domundo. Eu pensei em ficar deitada, apreciando isso,mas eu estava meio preocupada com a impressão que

isso causaria na Sra. Wilkins, que poderia, se eu jogasse as minhas cartas direito, ser a minha sograalgum dia. Eu não queria ela pensando que eu erauma grande descuidada ou algo assim, então ao invésdisso, eu levantei, me vesti, e desci as escadas.

Sean e Rob já estavam lá, sentados na mesa dacozinha. Na frente deles estava tinha muita comida

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mesmo. Tinha torrada, e ovos, e bacon, e cereal, euma tigela de alguma coisa branca que eu nãoconsegui identificar. O prato na frente do Rob estavavazio  —   ele aparentemente já tinha comido osuficiente. Mas Sean ainda estava comendo. Eu nãoacho que ele algum dia vai ter comido o suficiente.Pelo menos, não até depois de ele ter saído dapuberdade.

―Oi, Jess.‖ Ele disse quando eu entrei na

cozinha. Ele soava  —   e parecia  —   bem melhor doque durante as últimas vinte quatro horas eu tinhapassado com ele.

―Oi.‖ Eu disse. 

A mulher rechonchuda parada perto do fogão

se virou e sorriu para mim. Ela tinha muito cabelovermelho amontoado no topo de sua cabeça comuma presilha, e não parecia um nada com seu filhoRob.

Até um raio de luz, vindo da janela acima da

pia, iluminar o rosto dela, e eu ver que ela tinha osolhos dele, tão azul claro que eles pareciam que eramcor de neblina.

―Você deve ser a Jess.‖ Ela disse. ―Puxe umacadeira e se sente. Como você quer os seus ovos?"

―Hm,‖ Eu disse, embaraçada. ―Mexido estáótimo, muito obrigada, senhora."

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 ―Os ovos estão frescos.‖ Sean me informouenquanto eu sentava. ―Do galinheiro lá dos fundos.Eu ajudei a juntar eles."

―Seu amigo Sean está se tornando umverdadeiro fazendeiro.‖ A Sra. Wilkins disse. ―Nósveremos ele tirando leite, na próxima"

Sean deu risadinhas. Eu pisquei. Ele deurisadinhas   de verdade. Foi aí que eu percebi,chocada, que eu nunca tinha visto ele feliz antes.

―Aqui está.‖ A Sra. Wilkins disse, colocando umprato na minha frente. ―Agora coma. Você pareceque precisa de um abundante café da manhã docampo."

Eu nunca tinha comido ovos frescos antes, e eu

estava meio preocupada que eles tivessem um poucode fetos meio formados neles, mas eles não tinham.Eles estavam realmente deliciosos, e quando a Sra.Wilkins me ofereceu outro, eu aceitei agradecida. Euestava realmente com fome, eu descobri. Eu até comi

um pouco da coisa branca que a Sra. Wilkinscolocou no meu prato. Tinha gosto de Creme deTrigo que o meu pai sempre fazia a gente comerantes da escola nos dias realmente frios quando nóséramos pequenos.

Mas não era Creme de Trigo. Era, Rob me

informou depois com um pequeno sorriso, grãos de

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aveia. [no original, ‗grits‘. ‗Grit‘ é o termo que estátraduzido como ‗caipira‘] 

Se apenas a Ruth pudesse me ver agora, eu

pensei.Contudo, depois de eu ter ajudado a Sra.

Wilkins a lavar a louça do café, a diversão tinhaacabado. Era hora de começar a trabalhar.

―Eu preciso usar um telefone.‖ Eu anunciei, e a

Sra. Wilkins apontou o dela, pendurado na paredeperto do refrigerador.

―Você pode usar aquele.‖ Ela disse. 

―Não.‖ Eu disse. ―Para essa ligação emparticular, eu acho melhor usar um telefone

público."Rob me olhou com duvida. ―O que é?‖ Elequeria saber.

―Nada.‖ Eu disse, inocentemente. ―Eu só precisofazer uma ligação. Tem algum telefone público aqui

por perto?"A Sra. Wilkins parecia pensativa. ―Tem um nofim da estrada, perto da IGA[aliança independentede mercearias, seria em português].‖ Ela disse.

―Perfeito.‖ Para Rob, eu disse. ―Você poderiame levar lá?"

Ele disse que podia, e então nós nos levantamospara ir...

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 E o Sean também.

―Ahn-ahn‖ Eu disse. ―Nem pensar. Você ficaaqui."

O queixo do Sean caiu. ―O que você querdizer?"

―Eu quero dizer que provavelmente tem tiraspor todo o lugar, procurando por uma garota dedezesseis anos na companhia de um garoto de doze

anos. Eles vão estar na nossa cola em um segundo.Você fica aqui até eu voltar."

―Mas isso não é justo.‖ Sean declarou, sua vozquebrando.

Eu senti uma bolha de impaciência crescendo

dentro de mim. Mas ao invés de responderbruscamente, eu peguei Sean pelo braço e o guieipara a varanda dos fundos.

―Olha.‖ Eu disse suavemente, para que Rob esua mãe não escutassem. ―Você disse que você queriaas coisas de volta do jeito que elas eram, não disse?

Você e sua mãe, juntos, sem o seu pai em cima devocês?"

―Sim.‖ Sean admitiu, carrancudo. 

―Bem, então, e deixa fazer o que eu tenho quefazer. Que é algo que eu tenho que fazer sozinha."

Sean estava certo sobre uma coisa: Ele erapequeno para a sua idade, mas ele não era realmente

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pequeno. Ele não era nem tão mais baixo que eu. Oque foi como ele conseguiu me olhar diretamente nosolhos e dizer acusadoramente. ―Aquele cara érealmente o seu namorado, não é?"

De onde aquilo  tinha vindo?

―Não Sean.‖ Eu disse. ―Eu te disse. Nós somossó amigos."

Sean se animou consideravelmente. Ele disse,

―Ta bom.‖ E foi lá para dentro. Cara. Eu juro que eu não entendo.

Dez minutos depois, eu estava parada na frentede uma pequena loja, o receptor do um telefonepúblico ancião pressionado na minha orelha. Eu

disquei com cuidado.1-800-ONDE-TA-VOCE.

Eu perguntei pela Rosemary, e quando ela veio,eu disse, ―Ei, sou eu. A Jess." 

―Jess?‖ A voz da Rosemary foi para um

sussurro. ―Ah, meu Deus. É realmente você?" ―Claro.‖ Eu disse. ―Por quê?" 

―Querida, eu estive escutando todo o tipo coisasno noticiário sobre você."

―Sério?‖ Eu olhei para o Rob. Ele estava

reabastecendo o tanque da Indian na única bombana frente da loja. Nós ainda não tínhamos assistido o

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noticiário ainda, e a Sra. Wilkins não tinha nenhum jornal, então eu estava ansiosa para ouvir o queestavam dizendo de mim. ―Que tipo de coisas?" 

―Bem, de como ontem a noite, um grupo deHell‘s Angels fez a Base Militar Crane em pedaços eseqüestraram você e o pequeno Sean O‘Hanahan delá, claro."

―O QUE?‖ Eu gritei, tão alto que Rob me olhou.―Não foi isso que aconteceu. Aqueles caras estavamnos ajudando a escapar. Sean e eu estávamos sendomantidos contra a nossa vontade."

Rosemary disse. ―Bem, não foi isso que o cara —  qual o nome dele? Johnson, eu acho. Não foi issoque o Agente Especial Johnson está dizendo. Tem

uma recompensa para ter você de volta a salvo,sabe."

Isso pareceu interessante. ―Quanto?" 

―Vinte mil dólares." 

―Cada um?" 

―Não, esse é só para você. O pai do Sean colocouuma recompensa de cem mil dólares pela sua volta."

Eu quase desliguei, eu estava tão enojada.―Vinte mil dólares? Vinte míseros mil dólares? Isso étudo que eu to valendo para eles? Aquele perdedor.

É isso. Isso é guerra."

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 Rosemary disse. ―Eu tomaria cuidado se fossevocê, querida. Tem APB[é uma empresa decumprimento de leis. Eles tem informações sobre osprocurados ou de alguém envolvido em umainvestigação criminal.] por todo o estado de Indiana.O pessoal esta te procurando."

―Ah, é. Eu aposto que sim. Escuta, Rosemary.‖Eu disse. ―Eu quero que você me faça um favor." 

Rosemary disse. ―Qualquer coisa, amor." 

―De uma mensagem ao Agente Johnson pormim..."

Então eu claramente declarei a mensagem queeu queria que a Rosemary transmitisse.

―Esta bem.‖ Ela disse, quando eu terminei.―Pode deixar, querida. E, Jess?" 

Eu já ia desligar. ―Sim?" 

―Agüenta firme aí, querida. Nós estamos todosatrás de você."

Eu desliguei e contei pro Rob sobre a falsahistória de seqüestro do Agente Especial Johnson  —  para não mencionar a recompensa péssima pelaminha captura. Rob estava tão bravo quanto eu.Agora que nós sabíamos que a APB estava atrás demim, e que os Hell‘s Angels estavam sendo culpados

pelo que aconteceu em Crane, nós concordamos quenão era uma boa idéia eu ser vista andando por aí na

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traseira da moto do Rob. Então nós nos apressamospara voltar para a casa da mãe dele  —   mas nãoantes de eu ter feito a minha última ligação, essa deum telefone publico do lado de fora da 7-Eleven naauto-estrada.

Meu pai estava onde ele geralmente está nahora do almoço: Joe‘s. Eles recebem bastante gentedo meio-dia da corte judicial.

―Pai.‖ Eu disse. ―Sou eu." 

Ele quase engasgou com o macarrão, ouqualquer que fosse o especial do dia. Meu pai erasempre o provador.

―Jess.‖ Ele gritou. ―Você está bem? Onde vocêestá?"

―Claro que eu to bem.‖ Eu disse. ―Agora, dequalquer jeito. Olha, pai, eu preciso que você mafaça um favor."

―Do que você esta falando?‖ Meu pai exigiu.―Onde você está ? Sua mãe e eu estamos doentes de

preocupação. O pessoal de Crane está dizendo — "―É, eu sei. Que um bando de Hell‘s Angels

seqüestraram Sean e eu. Mas isso é besteira, pai.Aqueles caras estavam nos resgatando. Você sabe oque eles estavam tentando fazer, os Agentes

Especiais Johnson e Smith, e aquele Coronel

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Jenskis? Eles estavam tentando me transformar emum golfinho. "

Meu pau soou como se ele estivesse engasgando

mais um pouco. ―Um o que ?"Rob me cutucou com força nas costas. Eu me

virei para ver o que ele queria, e fiquei horrorizadaquando o carro da patrulha da Polícia Estadual deIndiana entrar no estacionamento da loja deconveniência.

―Olha, pai.‖ Eu disse, rapidamente abaixando aminha cabeça. ―Eu tenho que ir. Eu só preciso quevocê faça uma coisa para mim."

E eu disse para ele o que essa coisa era.

Meu pai não ficou muito entusiasmado com isso,para dizer o mínimo.

Ele disse. ―Você perdeu a cabeça? Escute aqui,Jessica — "

Ninguém na minha família me chama de

Jessica, exceto quando eles estão realmente irritadoscomigo.

―Só faça isso, por favor, pai?‖ Eu implorei. ―Érealmente importante. Eu explico tudo depois. Nomomento, eu preciso ir."

―Jessica, não— "

Eu desliguei.

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 Rob tinha se separado de mim, distanciando elee a moto da adolescente no telefone público, no casodos tiras fazerem alguma conexão. Mas não pareciaque eles tinham. Um deles até me saudou com acabeça enquanto ele entrava na loja.

―Dia agradável.‖ Ele disse. 

Assim que eles entraram, Rob e eu fizemos umarápida corrida para a sua moto. Nós já estávamos naauto-estrada quando eles perceberam o que tinhamperdido e saíram desengonçadamente da loja. Euolhei pelo meu ombro e vi suas bocas se mexendoenquanto nós íamos embora. Alguns segundosdepois, eles estavam no carro, sirenes tocando.

Eu segurei mais apertado no Rob. ―Nós temos

companhia.‖ Eu disse. ―Não por muito tempo.‖ Rob disse. 

E de repente nós estávamos fora da estrada,amoreiras silvestres e galhos estavam vindo emnossas roupas enquanto nós nos atirávamos para a

ravina. Segundos depois nós estávamos batendo numriacho, a frente da roda da Indian jogando muitaágua em ambos lados de nós. Acima de nós, eu podiaver o carro da patrulha seguindo a gente do melhor jeito que dava...

Mas então o riacho fez a curva para fora daestrada, e logo o carro da polícia desapareceu devista, Logo eu não podia ouvir mais a sirene.

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 Quando Rob finalmente saiu do riacho e voltoupara a ravina eu estava molhada da cintura parabaixo, e o motor da Indian fazia um barulho meioengraçado.

Mas nós estávamos a salvo.

―Você está bem?‖ Rob me perguntou, enquantoeu estava torcendo a ponta da minha camisa.

―Ótima.‖ Eu disse. ―Escuta, eu sinto muito." 

Ele estava agachado do lado da roda da frenteda moto, tirando galhos e ervas daninhas que tinhamentrado na roda durante nosso vôo ravina a baixo.―Sente pelo que?" 

―Envolver você nisso tudo. Digo, você está na

condicional e tudo mais. A última coisa que vocêprecisa é estar abrigando dois fugitivos. E se você forpego? Eles vão provavelmente trancar você e jogar achave fora. Digo, dependendo do que você fez parapegar condicional em primeiro lugar."

Rob tinha ido para a roda de trás. Ele olhou

para mim, o sol da tarde mostrando traços fortes emseu rosto. ―Você já terminou?" 

―Terminei o que?" 

―De tentar me enganar para fazer eu te contarporque eu estou na condicional."

Eu coloquei as minhas mãos no quadril. ―Eunão estou tentando te enganar para nada. Eu estou

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meramente tentando deixar você saber que eu estouconsciente do sacrifício pessoal que você está fazendopara ajudar o Sean e eu, e eu aprecio."

―Aprecia, é?" Ele se endireitou. Um dos galhos que ele estava

arrancando da roda tinha respingado água em seurosto, então ele puxou a ponta da sua camisa dacintura e esfregou o rosto. Quando ele fez isso,aconteceu de eu dar uma olhada no seu estômagodescoberto. A visão dele, todo musculoso, com umapequena faixa de cabelo preto descendo o estomago,fez algo comigo.

Eu não sei o que deu em mim, mas de repenteeu estava na ponta dos dedos, dando um beijo nele.

Eu, de verdade, nunca fiz nada assim antes, mas eusimplesmente não consegui resistir.

Rob pareceu um pouco surpreso no começo,mas ele superou isso bem rápido. Ele me beijou devolta por um tempo, e era igual em Branca de Neve

quando todos os animais da floresta saem e começama cantar, e o Príncipe Encantado coloca ela nocavalo. Por mais ou menos um minuto foi assim.Digo, meu coração estava cantando igual aquelesmalditos esquilos.

Então Rob estendeu a mão e começou a tirar

meus braços de trás do seu pescoço.

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 ―Céus, Mastriani.‖ Ele disse. ―O que você estátentando fazer?"

Aquilo quebrou o encanto bem rápido, deixe-me

dizer. Digo, o Príncipe Encantado nunca teria ditoalgo assim. Eu teria ficado brava se eu não tivesseouvido o jeito que a voz dele tremeu.

―Nada.‖ Eu disse, bem inocente. 

―Bem, é melhor você parar.‖ Ele disse. ―Nós

temos muito que fazer. Não há tempo paradistrações."

Eu mencionei que acontecia de eu gostardaquela distração em particular.

Rob disse. ―Eu estou com problemas suficientes

no momento sem você adicionar isso, obrigado.‖ Elepegou um dos capacetes e colocou na minha cabeça.―E nem pense em tentar fazer algo desse tipo nafrente do garoto."

―Que garoto? Do que você ta falando?" 

―O garoto. O‘Hanahan. O que você é, cega,Mastriani? Ele tem uma queda por você."

Eu inclinei o capacete para trás e olhei para ele.―Sean ? Por mim  ?"

Mas de repente, todas as questões que ele estavame perguntando sobre Rob fizeram sentido.

Eu deixei o capacete cair de volta na minhacara. ―Ah, Deus.‖ Eu disse. 

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 ―Você entendeu direito. Ele acha você é umagarota maravilhosa, Mastriani."

―Ele disse isso? Ele obviamente não age como se

pensasse assim. Ele realmente disse que eu eramaravilhosa?"

―Bem.‖ Rob se mexeu no banco e deu um chuteno acelerador. ―Eu posso estar deixando meuspróprios sentimentos obscurecerem o assunto umpouco."

De repente, todos os pássaros e esquilos estavamcantando de novo.

―Você acha que eu sou maravilhosa?‖ Euperguntei sonhadora.

Ele esticou a mão e deu uma pancadinha nomeu capacete. Fez um eco dentro da minha cabeça, eme trouxe de volta a realidade.

―Sobe na moto, Mastriani.‖ Ele disse. 

Quando nós voltamos para a casa do Rob, Sean

e a Sra. Wilkins estavam descascando vagens eassistindo Ricki Lake.

―Jess.‖ Ele disse quando eu entrei. ―Onde vocêesteve? Você perdeu esse cara. Ele pesava cento eoitenta quilos e ficou preso em uma banheira porquarenta e oito horas! Se você estivesse aqui antes,

você poderia ter visto."Era amor. Você podia dizer.

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 Isso seria mais difícil do que eu imaginava.

CAPÍTULO 21

Abanda estava tocando ―Louie, Louie." 

E não muito bem, eu devo acrescentar.

Ainda assim, Sean e eu permanecíamos ondeestávamos, sentados nas mesmas arquibancadas de

metal que há uma semana ou mais eu tinha sidoeletrocutada embaixo. A nossa frente se esticava ocampo de futebol[americano], um mar de verdeexuberante, sobre o qual marchavam uma multidãode músicos tocando o melhor que eles podiam,mesmo que fosse somente um ensaio depois da

escola, e não a coisa de verdade. A temporada defutebol já tinha acabado faz tempo, mas a formaturaestava chegando e a banda tocaria na abertura.

Só que com sorte não ―Louie, Louie‖. 

―Eu não entendo.‖ Sean disse. ―O que estamos

fazendo aqui?"―Espera.‖ Eu disse. ―Você vai ver." 

Nós não éramos os únicos espectadores nasarquibancadas. Tinha um outro cara, bem, bem maislá encima atrás da gente.

Mas era isso. Eu não tinha certeza se Rosemarytinha falhado em entregar a minha mensagem para o

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Agente Especial Johnson, ou se ele meramenteescolheu ignorar. Se ele estava ignorando, ele estavafazendo um erro grave. O cara lá em cima nasarquibancadas daria certeza disso.

―Por que você não me diz o que a gente estáfazendo aqui?‖ Sean exigiu. ―Eu acho que eu tenho odireito de saber."

―Beba a sua Big Gulp.‖ Eu disse. Estava calor.O sol de final de tarde estava batendo em nós. Eunão tinha nenhum óculos de sol ou chapéu, e euestava morrendo. Eu estava preocupada que o Seanestivesse ficando desidratado.

―Eu não quero a minha estúpida Big Gulp.‖Sean disse. ―Eu quero saber o que a gente está

fazendo aqui."―Assista a banda.‖ Eu disse. 

―A banda é uma droga.‖ Sean me olhoupenetrantemente. A maior parte do castanho saiu doseu cabelo quando ele tomou banho na casa do Rob.

Foi uma coisa boa que ele tenha deixado a Sra.Wilkins dar um corte, ou os pedaços de cabelo ruivosaindo da parte de trás do boné de basebol teria sidouma declaração óbvia.

―O que nós estamos fazendo aqui?‖ Ele queria

saber. ―E por que o Jed ta esperando lá embaixo?" 

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  Jed acontecia de ser o nome do amigo do Robdo Chick‘s, o que foi pro Vietnã. Ele estava sentadoem uma pick-up não muito longe de nós, estacionadodo lado das arquibancadas ... na verdade, quaseexatamente no lugar onde eu tinha sido atingida porum raio. Estava com sombra onde ele estava. Eleprovavelmente não sentia suor escorrendo na suanuca, como eu sentia. ―Só fica frio, da pra ser?‖ Eudisse pro Sean.

―Não eu não vou ficar frio, Jess. Eu acho que eumereço uma explicação. Você vai me dar uma ounão?"

Alguma coisa pegou a luz do sol e piscou paramim. Eu cobri os meus olhos e olhei na direção do

estacionamento. Um carro fechado comum e pretotinha estacionado.

―Louie, Louie‖ tinha acabado. A bandacomeçou a interpretar uma versão bem animada de―Simplesmente Irresistível‖ de Robert Palmer. 

―Como é que você não está na Banda?‖ Seanqueria saber. ―Digo, você toca flauta e tudomais.Como é que você não está na Banda?"

O carro parou. As duas portas da frente seabriram, e um homem e uma mulher saíram. Entãouma das portas de trás abriu, e outra mulher saiu.

―Porque eu estou na Orquestra.‖ Eu disse. 

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 ―Qual é a diferença?" 

―Na Orquestra, você toca sentado."

―Só isso?" 

O homem e a mulher dos bancos da frente semoveram até estarem cada um de um lado damulher que saiu do banco de trás. Então elescomeçaram a andar pelo campo de futebol, nadireção do Sean e eu.

―A Orquestra não toca em eventos da escola.‖Eu disse. ―Como jogos e essas coisas." 

Sean digeriu isso. ―Onde você toca, então?" 

―Nenhum lugar. Nós só temos concertos de vezem quando."

―Qual é a graça nisso?‖ Sean queria saber. ―Eu não sei.‖ Eu disse. ―Eu não poderia ser da

Banda, de qualquer modo. Eu sempre estou nadetenção quando eles estão ensaiando."

―Por que você sempre está na detenção?" 

―Porque eu faço muitas coisas ruins." 

O trio se movendo no campo de futebol tinhachegado perto o suficiente para eu ver que eles eramquem eu estava esperando. Rosemary tinhaentregado a mensagem, então.

―Que tipo de coisa ruim?‖ Sean queria saber. 

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 ―Eu bato nas pessoas.‖ Eu estiquei a minha mãepara o bolso de trás dos meus jeans.

―E daí?‖ Sean parecia indignado. ―Eles

provavelmente merecem."―Eu gosto de pensar assim.‖ Eu disse. ―Olha,

Sean, eu quero que você pegue isso. É para você esua mãe. Jed vai levar vocês para o aeroporto. Euquero que vocês peguem um avião —  qualquer avião —   e decolem. Não ligue para ninguém. Não parempor nada. Você pode comprar o que quer que vocêprecise quando você chagar aonde está indo.Entendeu?"

Sean olhou para o envelope que eu estavasegurando. Então ele olhou para mim. ―Do que você

está falando?‖ Ele perguntou. ―Sua mãe.‖ Eu disse. ―Vocês dois vão ter que

começar de novo, em algum outro lugar. Algumlugar bem longe, eu espero, onde o seu pai não sejacapaz de achar vocês. Isso vai ajudar vocês a

começar.‖ Eu enfiei o envelope no bolso da frente dasua jaqueta jeans.

Sean sacudiu a cabeça. Seu rosto estavaapertado com emoções. Emoções conflitantes, peloque parecia. ―Jess. Minha mãe está na cadeia.Lembra?"

―Não mais.‖ Eu disse. E então apontei. 

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 As três pessoas se aproximando de nós estavamperto o suficiente agora que eu podia reconhecersuas feições. Agente Especial Johnson, AgenteEspecial Smith, e entre eles, uma mulher magra em jeans azuis. A mãe do Sean.

Ele olhou. Eu ouvi ele respirar bruscamente.

Então ele se virou para me encarar. As emoçõesconflitantes em seu rosto não eram difíceis de seremdistinguidas agora. Havia alegria, misturada compreocupação.

―O que você fez?‖ Ele suspirou. ―Jess. O quevocê fez?"

―Eu fiz um pequeno acordo.‖ Eu disse. ―Não sepreocupe com isso. Só vá pega-la, e então vá e entre

no carro com o Jed. Ele vai levar vocês para oaeroporto."

Mesmo eu estando sentada lá, olhando para ele,seus olhos azuis se encheram de lágrimas.

Ele disse. ―Você fez. Você disse que faria. E você

fez."―Claro que sim.‖ Eu disse, como se eu estivesse

chocada que ele tivesse pensado o contrario.

E então a mãe dele o viu e se libertou da suaescolta. Ela chamou o nome do Sean e correu na sua

direção.

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 Sean se levantou num pulo e começou a descer aarquibancada. Eu fiquei onde eu estava. Sean tinhadeixado a Big Gulp dele pra trás. Eu peguei e tomeium gole. Minha garganta estava mesmo doendo, poralguma razão.

Eles se encontraram no começo daarquibancada. Sean se lançou nos braços da sra.O‘Hanahan. Ela o abraçou. Os Agentes EspeciaisJohnson e Smith pararam onde eles estavam, e

olharam para mim. Eu acenei. Eles não acenaram devolta.

Então Sean disse algo para sua mãe e elaassentiu. A próxima coisa que eu sabia era que eleestava correndo na minha direção.

Isso não era parte do plano. Eu levantei,alarmada.

―Jess.‖ Sean gritou, arfando, enquanto elecorria para o meu lado.

―O que você está fazendo aqui?‖ Eu perguntei,

mais rápido do que deveria. ―Volte para ela. Euacabei de te falar para levar ela para a pick-up. Seapressa, vocês não têm muito tempo — "

―Eu só...‖ Ele estava respirando tão forte queele tinha que lutar para conseguir dizer as palavras.

―Eu queria... dizer... obrigado." 

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 E então ele jogou seus braços ao redor do meupescoço.

Eu não sabia o que fazer no começo. Eu estava

bem surpresa. Eu olhei para o campo de futebol. Osagentes estavam parados lá, olhando para mim. Abanda deu início a uma nova música. ―Hard Day‘sNight‖ dos Beatles. 

Eu abracei o Sean de volta. Minha gargantadoía ainda mais, e meus olhos ardiam.

Alergias, eu pensei.

―Quando é que eu vou te ver de novo?‖ Seanqueria saber.

―Você não vai.‖ Eu disse. ―A não ser que as

coisas mudem. Você sabe, com o seu pai. Não ouseme ligar do contrário. Eles provavelmente vão estargrampeando meu telefone para sempre."

―E quando—‖ Ele se afastou de mim e meolhou. Seus olhos estavam tão ruim quanto os meus.―E quando eu estiver com trinta? Você vai estar com

trinta e três. Não seria tão estranho, seria, umapessoa de trinta saindo com uma pessoa de trinta etrês?"

―Não.‖ Eu disse. Dando um tapa na aba do seuboné de basebol. ―Exceto que quando você tiver

trinta, eu vou ter trinta e quatro. Você só tem doze,lembra?"

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 ―Só por mais nove meses." 

Eu beijei ele em sua bochecha molhada. ―Vaiembora daqui.‖ Eu disse. 

Ele conseguiu dar um sorriso molhado. Entãoele se virou e foi embora de novo. Dessa vez, quandoele chegou ao lado da sua mãe, ele a pegou pela mãoe começou a arrastá-la para o lado dasarquibancadas, para onde Jed estava esperando.

Depois de eu escutar o motor ligar e a pick-up irembora eu fiz meu próprio caminho arquibancadaabaixo —  tendo certeza que eu tinha enxugado meusolhos antes.

O Agente Especial Johnson parecia com calorcom seu terno e gravata. A Agente Especial Smith

parecia um pouco mais fresca em sua saia e blusa deseda, mas não muito. Parados juntos lá daquele jeito,de óculos escuros e roupas legais, eles faziam umcasal fofo.

―Ei.‖ Eu disse enquanto caminhava

vagarosamente até eles. ―Vocês dois tem essa coisade Arquivo X?"

Agente Especial Smith olhou para mim. Elaestava com seus brincos de pérola hoje.―Perdão,como disse?‖ Ela disse. 

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 ―Você sabe. Uma dessas coisas Scully/Mulder.Vocês têm uma paixão ardente que deve sernegada?"

O Agente Especial Johnson olhou para a AgenteEspecial Smith. ―Eu sou casado, Jessica.‖ Ele disse. 

―Sim.‖ A Agente Especial Smith disse. ―E euestou vendo alguém."

―Ah.‖ Eu me senti estranhamente desapontada.

―Que pena." ―Bem.‖ O Agente Especial Johnson me olhoucom expectativa. ―Você tem a lista?" 

Eu assenti. ―É. Eu tenho. Eu tenho a palavra devocês que ninguém vai tentar parar o Sean e a sua

mãe no aeroporto?"A Agente Especial Smith parecia ofendida.―Claro." 

―Ou quando eles chegarem aonde estão indo?" 

O Agente Especial Johnson disse, impaciente.

―Jessica, ninguém se importa com a criança e suamãe. É a lista que nós queremos."

Eu dei a ele um olhar mau. ―Eu me importocom eles.‖ Eu disse. ―E eu tenho certeza que o Sr.O‘Hanahan não vai ficar muito feliz quando eledescobrir."

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 ―O Sr. O‘Hanahan,‖ A Agente Especial Smithdisse. ―é nosso problema, não seu. A lista, por favor,Jessica."

―E ninguém vai prestar queixas?‖ Eu perguntei,só para ter certeza. ―Sobre a coisa toda em Crane.Contra mim ou qualquer outra pessoa?"

―Não.‖ O Agente Johnson disse. 

―Nem pelo helicóptero?" 

―Nem.‖ O Agente Johnson disse, e eu conseguiadisser que seus dentes estavam cerrados. ―pelohelicóptero."

―A lista, Jessica.‖ A Agente Especial Smithdisse, de novo. E dessa vez ela deixou a mãe esticada.

Eu suspirei, e procurei no meu bolso traseiro. Abanda começou uma versão particularmente fora demoda de ―We‘re the Kids in América." 

―Aqui esta.‖ Eu disse, e entreguei um pedaço depapel amassado na mão dos agentes.

A Agente Especial Smith desdobrou o papel eolhou. Ela olhou para mim desaprovadoramente.

―Só há quatro endereços aqui.‖ Ela disse, dandoo papel para o seu parceiro.

Eu levantei o meu queixo. ―O que você acha?‖

Eu exigi. ―Eu não sou uma máquina. Eu sou só umacriança. Vai ter mais de onde vieram esses, não sepreocupe."

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 O Agente Especial Johnson dobrou o pedaço depapel e colocou no seu bolso.

―Está bem.‖ Ele disse. ―E agora?" 

―Vocês dois voltam para o seu carro e vãoembora.‖ Eu disse. 

―E você?‖ A Agente Especial Smith perguntou. 

―Eu vou ficarem contato.‖ Eu disse. 

A Agente Especial Smith mordeu o lábio debaixo. Então ela disse, como se ela não conseguisse sesegurar. ―Você sabe, não tinha que ter sido desse jeito, Jess."

Eu olhei para ela. Eu não conseguia ler os seusolhos por trás dos óculos escuros.

―Não, não tinha.‖ Eu disse. ―Tinha?" Ela e o Agente Especial Johnson trocaram

olhares. Então eles se viraram e começaram a longacaminhada de volta para o carro.

―Você sabe.‖ Eu disse para eles. ―Sem ofensa a

Sra. Johnson e tudo mais, mas vocês dois realmenteformam um belo casal."

Eles simplesmente continuaram andando.

―Isso é pressionar demais, você não acha?‖ Robme perguntou, enquanto ele se arrastava para fora

de debaixo da arquibancada, de onde ele tinha ficadodurante todo o tempo.

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 ―Eu só estou brincando com eles.‖ Eu disse. 

Rob tirou a sujeira de sua calça. ―É.‖ Ele disse.―Eu percebi. Você faz bastante isso. Então, você mais

me dizer o que tinha no envelope?"―O que eu dei pro Sean?" 

―O que você deu pro Sean depois de me fazerbuscar com o seu pai. Que, por acaso, me odeia."

Eu notei que também tinha sujeira na sua

camisa. Isso me deu uma boa desculpa para tocar opeito dele enquanto eu tirava.

―Meu pai não pode te odiar.‖ Eu disse. ―Elenem te conhece."

―Ele com certeza parecia que me odiava." 

―Isso é só por causa do que tinha no envelope."―Que era?" 

―Os dez mil que eu ganhei de recompensa porachar a Olívia Marie D‘Amato." 

Rob assobiou, baixa e longamente. ―Você deudez mil para aquele garoto? Em dinheiro  ?"

―Bem, para ele e a mãe dele. Digo, eles tem queter alguma coisa com que viver enquanto ela acharum novo emprego e tudo mais."

Rob sacudiu a cabeça. ―Você é uma pessoaextraordinária, Mastriani.‖ Ele disse. ―Ta bom.

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Então era isso que tinha no envelope. O que tinha nopedaço de papel que você deu para os federais?"

―Ah.‖ Eu disse. ―Só o endereço de alguns dos

mais procurados da América. Eu disse que eu dariaem troca se eles retirassem as acusações da sra.O‘Hanahan." 

―Sério?‖ Rob parecia surpreso. ―Eu pensei quevocê não queria se envolver nessa coisa toda."

―Não quero. É por isso que eu só dei para eles osendereços dos homens que estavam naquele livro quepor acaso estão mortos."

Um pequeno sorriso apareceu no rosto do Rob.―Espera um pouco. Você— "

―Eu não menti ou qualquer coisa assim. Elesrealmente vão achar aqueles caras onde eu falei queeles estariam. Bem, o que resta deles, de qualquermodo.‖ Eu franzi o nariz. ―Eu tenho umpressentimento que isso não vai ser bonito."

Rob sacudiu a cabeça novamente. Então ele

esticou o braço e colocou ao redor dos meus ombros.―Jess,‖ Ele disse. ―você me dá orgulho de ter sentadodo seu lado na detenção. Você sabe disso?"

Eu sorri reluzente para ele. ―Obrigada.‖ Eudisse. Então olhei para cima, para a figura sozinha

ainda sentada na arquibancada, bem acima dasnossas cabeças.

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 ―Vem.‖  Eu disse, pegando a mão do Rob.―Ainda tem uma coisa que eu tenho que fazer." 

Rob olhou para o cara lá encima. ―Quem é

aquele?‖ Ele perguntou. ―Quem, ele? Ah, aquele é o cara que vai me

libertar."

CAPÍTULO 22

Eu provavelmente não tenho que te contar oresto. Digo, eu tenho certeza que você já leu sobreisso ou viu no noticiário, ou algo assim.

Mas só por precaução, aqui vai:

A história saiu no dia seguinte. Estava naprimeira página do I ndianapol is Star   . Rob e eutivemos que pegar uma cópia dos Denny‘s no finalda estrada no caminho da casa da mãe dele. Entãonós pedimos um café da manhã de campeão ecomemos enquanto líamos.

Garota Relâmpago Afirma que Ficou SemPoderes , a manchete dizia. Então havia uma históriatoda sobre mim, e como eu tragicamente tinhaperdido o meu poder de achar pessoas.

Simples assim, eu tinha contado para o repórter

naquele dia nas arquibancadas. Ele tinha ficado tão

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empolgado com o furo, ele bebeu cada palavra,dificilmente perguntando alguma coisa.

Eu simplesmente acordei, eu disse, e tinha

desaparecido. Eu sou uma garota normal de novo.Fim da história.

Bem, não é bem o final, claro. Porque o repórterme fez um monte de perguntas sobre o queaconteceu em Crane. Eu garanti que tudo havia sido

um mal-entendido, que os chamados Hell‘s Angelseram na verdade meus amigos, e que depois que omeu poder especial tinha desaparecido, eu fiqueicom saudades de casa, então liguei para eles, e elesvieram me buscar. Eu não tinha idéia do porque ohelicóptero explodiu. Mas foi bom que não tinha

ninguém lá dentro na hora, não foi?E o garoto O‘Hanahan? O repórter perguntou.

O que aconteceu com ele?

Eu disse que eu não tinha idéia. Eu ouvi dizer,assim como o repórter, sobre a mãe do Sean ter sido

solta da cadeia por engano. Sim, eu podia imaginarque o Sr. O‘Hanahan deve ter ficado muito bravocom isso. Mas onde quer que Sean e sua mãeestejam, eu disse para o repórter, eu esperava queeles estivessem bem.

O repórter não parecia acreditar nisso, mas eleestava tão empolgado de ser o primeiro com ahistória, que ele não se importou. As únicas

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condições que eu dei a ele eram não mencionar onome do Rob ou de sua mãe.

O repórter não me desapontou. Ele soltou a

história exatamente do jeito que eu queria, e atémesmo colocou algumas falas das pessoas em Crane,que ele chamou depois de me entrevistar. A Dra.Shifton ele informou ter estado aliviada de eu estarbem. Isso não era tão estranho, ela disse, que meumisterioso poder tenha desaparecido assim como de

repente tinha aparecido. Geralmente funciona desse jeito com vitimas de raios.

O Coronel Jenkins não foi citado no arquivo,mas o Agente Especial Johnson foi, e ele dissealgumas coisas legais sobre mim, e de como eu tinha

usado meu dom especial para ajudar os outros, o queera admirável, e de como ele esperava que se os meuspoderes voltassem eu ligasse para ele.

Há. Até parece.

Finalmente o repórter entrevistou os meus pais,

que pareciam confusos, mas felizes de saber que euestava bem. ―Nós não podemos esperar‖ minha mãedisse. ―para ter o nosso bebê de volta em casa, e tudode volta ao normal de novo  ."

Você ficaria surpreso de saber o quão rápidotudo voltou ao normal. O Star soltou a história, e

mais tarde, todos os jornais de notícia mencionavamalgo sobre a ‗garota relâmpago‘ e de como ela tinha

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perdido sua habilidade especial de achar criançasdesaparecidas.

No dia seguinte, a história tinha ido para a

seção de ‗Estilo de Vida‘ da maioria dos jornais, nareflexão de colunistas sobre os poderes escondidos docérebro e como todos nós temos o potencial de seruma ‗garota relâmpago‘, se apenas nós prestarmosatenção no que o nosso subconsciente está tentandonos dizer.

É, claro.No dia depois desse, os repórteres em frente da

minha casa fizeram as malas e foram embora.Estava seguro. Eu podia ir para casa.

E então eu fui.

Bem, essa é basicamente a minha ‗declaração‘.Minha mão está realmente cansada. Eu espero queessa ‗declaração‘ seja longa o suficiente. Mas se nãofor, eu não me importo de verdade. Eu estou comfome, e quero jantar. Minha mãe prometeu fazer

Manicotti, que é o favorito do Douglas e o meutambém. Além do mais, eu tenho que praticar.Segunda depois da escola eu tenho que defender aminha cadeira na Orquestra da Karen Sue Hanky.

Meu único arrependimento nisso tudo é que só

tem mais algumas semanas de escola, e já quedetenção é o único lugar que eu vou ver o Rob, isso éum problema. Mesmo com tudo o que aconteceu, eu

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ainda não consegui convencer ele que sair comigonão seria um crime.

Eu não desisti, entretanto. Eu posso ser muito

persuasiva quando eu quero.Agora que eu já li essa declaração, eu não tenho

mais tanta certeza que tudo isso seja culpa da Ruth.O fato de eu ter sido atingida com um raio, talvez.Por outro lado, Ruth nunca iria querer andar paracasa naquele dia se não tivesse sido pelo Jeff dizendoque ela era tão gorda quanto o Elvis. Então talvezseja culpa do Jeff.

É, eu acho que é. Culpa do Jeff, digo.

Assinado:

MEMORANDO INTERNO AVISO:

MATERIAL ALTAMENTE CLASSIFICADO

APENAS AQUELES COM AUTORIZAÇÃODO NÍVEL ALPHA PODEM VER ESSEDOCUMENTO

Para: Cyrus Krantz

Divisão de Operações Especiais

De: Agente Especial Allan JohnsonAssunto: Assunto Especial

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Jessica Mastriani

O que você acabou de ler foi a declaraçãopessoal assinada pelo Assunto Especial Jessica

Mastriani. De acordo com a senhorita Mastriani,seus poderes psíquicos pararam de funcionar em oupor volta de 27 de abril  —   coincidentemente, namanhã que ela escapou de Crane. É a opinião dessefuncionário, entretanto, que a senhorita Mastrianimantém controle total de seu extraordinário poder,

como ilustrado a seguir.Nas seis semanas seguintes que a senhorita

Mastriani voltou a sua vida privada, 1-800-ONDE-TA-VOCE recebeu aproximadamente uma ligaçãoanônima por semana que levou ao resgate bem

sucedido de crianças desaparecidas. Todas essasligações foram recebidas pela sra. RosemaryAtkinson, a recepcionista com quem a senhoritaMastriani parece ter desenvolvido uma relaçãodurante seu contato inicial com a ONCD. A sra.Atkinson nega que as ligações anônimas são da

senhorita Mastriani. Entretanto, todas as ligaçõesforam feitas de telefones públicos de Indiana.

Em adição, no dia após a conclusão dadeclaração anexada, a senhorita Mastriani recebeuem casa um único cartão postal, nele a foto de vários

golfinhos. O carimbo do correio indicava que ocartão tinha sido enviado de Los Angeles. Quandoquestionada pela sua mãe sobre a identidade do

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remetente anônimo, a senhorita Mastriani replicou,ao alcance de audição do nosso operário posicionado,―É do Sean. Ele só quer deixar eu saber aonde eleestá. O que é estúpido, porque eu sempre vou saberonde ele está."

O pressentimento desse funcionário é que asenhorita Mastriani continua a manter controle totalde sua habilidade psíquica. Eu estou por meio dissorequisitando autorização para continuar a

monitorar a senhorita Mastriani, incluindo tantogrampear seu telefone de casa quanto os dorestaurante de seu pai. A senhorita Mastrianidemonstrou não ter sido menos que sincera em suadeclaração, esse funcionário sugere utilizar a suarelação com o irmão mentalmente perturbado comoforma de persuasão para ter sua ajuda.

Eu espero ansiosamente por sua respostapositiva para esse pedido.

* * * *

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