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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO REQUALIFICAÇÃO URBANA PARQUE DO GATO ALUNA: RENATA UNGARO VENITUCCI | 073666 ORIENTADOR: SIDNEY PIOCHI BERNARDINI Foto 1. Fonte: www.revivarte.com

Memorial TFG Unicamp 2014

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Memorial TFG Unicamp sobre requalificação urbana da área do Parque do Gato no bairro do Bom Retiro.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASTRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

REQUALIFICAÇÃO URBANAPARQUE DO GATO

ALUNA: RENATA UNGARO VENITUCCI | 073666ORIENTADOR: SIDNEY PIOCHI BERNARDINI

Foto 1. Fonte: www.revivarte.com

Page 2: Memorial TFG Unicamp 2014

ÍNDICE1| INTRODUÇÃO 5

2| LOCAL, SITUAÇÃO BREVE 7

3| OBJETIVOS 9

4| JUSTIFICATIVAS 11

4.1| CONCEITOS TEÓRICOS 11

4.1.1| OS ESPAÇOS RESIDUAIS 11

4.1.2| MORADIA 13

4.1.3| MEIO AMBIENTE 14

4.1.3.1| ÁGUA 15

4.1.3.2| MOBILIDADE 16

4.2| CONCLUSÃO 17

5| LOCAL 19

5.1| LOCALIZAÇÃO 19

5.2| O LOCAL 20

5.2.1| HISTÓRICO BOM RETIRO 21

5.2.2| BREVE HISTÓRICO RIO TIETÊ E TAMANDUATEÍ 24

5.2.2.1| RETIFICAÇÃO DOS RIOS PLANO DE AVENIDAS

PRESTES MAIA 24

5.2.3| HISTÓRICO FAVELA DO GATO 26

5.2.4| PROJETO PARQUE HABITACIONAL PARQUE DO GATO

28

5.2.5| PROJETO REVIVARTE 32

5.2.6| OCUPAÇÕES ATUAIS 34

5.3| ESTÁDIO DE BASEBALL MIE NISHII 36

6| LEVANTAMENTO: 38

6.1| METODOLOGIA: 38

6.2| MORFOLOGIA URBANA 38

6.2.1| CRESCIMENTO 38

6.2.2| LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO 39

6.2.2.1| SÉ: 39

6.2.2.2| BOM RETIRO: 39

6.2.2.3| DIVISÃO SETORES DO TRABALHO (BOM RETIRO) 39

6.2.2.4| GRÁFICO RENDIMENTO (BOM RETIRO) 39

6.2.2.5| RENDA PER CAPITA MÉDIA (BOM RETIRO) 40

6.2.3| LEVANTAMENTO FÍSICO 40

6.2.3.1| MAPA CHEIOS X VAZIOS (MAPA DE NOLLI) 41

6.2.3.2| MAPA USOS 42

6.2.3.3| MAPA GABARITOS 43

6.2.3.4| MAPA DE FLUXOS 44

6.2.3.5| MAPA TRANSPORTES 45

6.2.3.6| MAPA TRANSPORTES - ÔNIBUS 46

6.2.3.7| MAPA EQUIPAMENTOS DIVERSOS 47

6.2.3.8| MAPA INFLUÊNCIA EMEI 48

6.2.3.9| MAPA INFLUÊNCIA EMEF 49

6.2.3.10| MAPA INFLUÊNCIA EE 50

6.2.3.11| MAPA INFLUÊNCIA UBS 51

6.2.4| LEVANTAMENTO GEORGE CULLEN 52

6.2.4.1| A SENSAÇÃO DO PEDESTRE: 52

Page 3: Memorial TFG Unicamp 2014

ÍNDICE6.2.4.1.1| FÍSICA: 52

6.2.4.1.2|SENSORIAL: 53

6.2.5| LEVANTAMENTO - KEVIN LYNCH 59

6.2.5.1| MAPA MENTAL: 59

6.2.6| LEVANTAMENTO SOCIOECONÔMICO - PARQUE DO

GATO 61

6.2.6.1| PROFISSÕES 61

6.2.6.2| FAIXA ETÁRIA 61

6.2.6.3| MEMBROS POR FAMÍLIA 61

6.2.6.4| TEMPO DE MORADIA NO CONJUNTO 62

6.2.6.5| ESCOLARIDADE 62

6.2.7| LEVANTAMENTO LEGISLATIVO: 62

6.2.7.1| PLANO DIRETOR SIMPLIFICADO 63

6.2.7.2| MAPA APP 64

7| PROJETO 66

7.1| PROCESSO DE PROJETO - EVOLUÇÃO DA ESCALA

66

7.2| PROBLEMÁTICAS X PONTECIALIDADES: 67

7.3| PROPOSTAS: 68

7.3.1| HABITAÇÃO 70

7.3.2| MOBILIDADE 75

7.3.3| PARQUE 78

7.4| REFERÊNCIAS PROJETUAIS: 81

7.4.1| KRONSBERG: 81

7.5| HAFENCITY 83

7.6| DOCKSIDE GREEN 84

7.7| HIGH LINE PARK 85

7.8| BORNEO 86

7.9| PRAÇA VICTOR CIVITÁ: 87

8| BIBLIOGRAFIA 89

8.1| BIBLIOGRAFIA VIRTUAL: 90

8.2| VÍDEOS: 91

Page 4: Memorial TFG Unicamp 2014

01INTRODUÇÃO

“É neste espaço dialectizado (conflitual) que se realiza a reprodução das relações

de produção. É este espaço que produz a reprodução das relações de produção,

introduzindo nela contradições múltiplas, vindas ou não do tempo histórico”.

- Henri Lefebvre

Page 5: Memorial TFG Unicamp 2014

5TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

1| INTRODUÇÃO

Com a maior parte da população sendo urbana não existe hora melhor

de se pensar as cidades e a forma como fazemos urbanismo do que agora.

Nunca houve na história da humanidade um aglomerado tão grande de

seres humanos vivendo em condições tão diversas do que era até então

considerado natural.

Grandes metrópoles em desenvolvimento, como São Paulo, sofrem

com o desenfreado mercado imobiliário. O capital privado se mostra

frequentemente mais importante que os compromissos éticos de direito com

os cidadãos. Como sintoma, ocupações clandestinas se espalharam pelos

centros urbanos mais importantes do país, que enfrentam o grave problema

das favelas e ocupações em áreas de risco.

A urbanização das favelas e a produção pública de moradias para a

população de baixa renda realizadas pelo Estado na década de 80 e 90

muitas vezes fracassou com a falta de assistencialismo pós ocupação e de

um planejamento de desenvolvimento sócioeconômico com as comunidades

alvo. Como resultado, a população local enfrenta uma diversidade

de problemas que compromete a qualidade de vida dessas pessoas

principalmente na questão da segurança.

É sobre esta discussão que este trabalho se desenvolve, buscando

resolver as complexas problemáticas encontradas no Conjunto Habitacional

Parque do Gato - SP.

Figura 1. Fonte: http://www.anf.org.br/wp-content/uploads/2013/10/faces_of_the_favelas.jpg

Page 6: Memorial TFG Unicamp 2014

02LOCAL, SITUAÇÃO BREVE

“(...) arquitetura é a expressão física do desenvolvimento cultural e das preocupações

sociais de uma sociedade urbana”

- Richard Rogers

Page 7: Memorial TFG Unicamp 2014

7TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

2| LOCAL, SITUAÇÃO BREVE

O projeto localiza-se na área central da cidade de São Paulo,

extendendo-se para o bairro do Bom Retiro. Desenvolve-se pelo quarteirão

análogo ao Conjunto Habitacional do Parque do Gato, onde encontram-se

o campo de baseball Mie Nishi, a nova ponte Orestes Quércia (conhecida

como Estaiadinha), a Marginal Expressa do Tietê, a Av Presidente Castelo

CIDADE SÃO PAULO

SAMBÓDROMO ZONA OESTE

ZONA OESTE

ZONA NORTE

ZONA LESTE

CONJ HAB PQ DO GATO

ANHEMBI

BOM RETIRO

CAMPO BASEBALL

REGIÃO CENTRAL

BOM RETIRO

1 1

4

4

22

5

33

1 2

34

5

AV. C

RU

ZEIR

O D

O S

UL

RIO TAMANDUATEÍ AV ESTADO

RIO TIETÊ

AV. PRES.CASTELO BRANCO

MARG. TIETÊ

AV. S

AN

TOS

DU

MO

NT

1

2

3

4

Branco, a margem do Rio Tietê, a margem e a foz do rio Tamanduateí e a

conexão com a Av do Estado.

Convém apontar que inicialmente, a proposta se limitava a revitalização

do conjunto habitacinal Parque do Gato, porém com o estudo da área fez-se

necessária a ampliação da escala de atuação para os quarteirões adjacentes

do bairro Bom Retiro.

Figura 2. maps.google.com (editado)

Page 8: Memorial TFG Unicamp 2014

03OBJETIVOS

“(...) a arquitetura é uma arte aplicada e lida com a moldura da vida das pessoas.

Os edifícios emolduram nossas vidas.”

- Jan Ghel

Page 9: Memorial TFG Unicamp 2014

9TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

3| OBJETIVOS

Propor um projeto de requalificação urbana que vise, principalmente:

- Reforçar conexões entre a população e a área de entorno

Devido a fortes barreiras físicas, a área se encontra isolada,

consolidando o local como uma ilha viária que prejudica o uso da população

das áreas ao redor.

- Resgate do contato entre da cidade e do cidadão com o rio

Mesmo com a importância inquestionável da água na vida do ser

humano, a urbanização brasileira, principalmente paulistana, tem sua

característica mais presente, em relação aos rios, a canalização.

- Revitalização do conjunto habitação

A degradação do local é evidente, mostrada tanto em seus aspectos

físicos quanto nas entrevistas realizadas com os moradores.

- Requalificação urbana do local

A ideia inicial era fazer propostas somente para o conjunto habitacional,

porém a necessidade de sugestões no entorno é iminente, mesmo que essas

intervenções não sejam o foco deste trabalho nesse momento

- Integrar fragmentos degradados e espaços residuais

O intuito de se propor especificamente para espaços residuais tem

como premissa demonstrar as possibilidades não vistas desse tipo de local.

- Reforçar e concretizar a memória do local

O bairro do Bom Retiro é de suma importância para a cidade de São

Paulo e representa a celebração da diversidade e imigração tanto para a

população brasileira, quanto paulistana.

Figura 3. Fonte: vídeo revivarte

Page 10: Memorial TFG Unicamp 2014

04JUSTIFICATIVAS

“Não importa se são pequenas ou grandes, independentemente da localização

geográfica, do poder econômico, as cidades são delicados ecossistemas que devem

ser desenhadas para serem sustentáveis”

- Richard Rogers

Page 11: Memorial TFG Unicamp 2014

11TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

04

4| JUSTIFICATIVAS

O projeto do Parque do Gato apresenta uma complexidade sem igual.

O local escolhido é um espaço residual de importantes vias para a cidade

de São Paulo, sendo ao mesmo tempo isolado e participante dos fluxos

metropolitanos. Sua localização tem outro diferencial: é um dos únicos locais

da cidade onde é possível encontrar-se com a margem do rio, no caso, a foz

do rio Tamanduateí, sem a barreira de uma marginal entre o cidadão e o rio.

Sendo assim, é um local estratégico para restabelecer a conexão entre as

pessoas e o meio ambiente.

A concepção do programa foi pioneira na implantação do aluguel

social, que devido ao alto índice de vendas ilegais, demonstra que se não

houver uma presença frequentemente atuante do Estado a opção pode não

ser válida. É importante ressaltar que os problemas decorrentes de trocas

de inquilinos e inadimplência dos moradores não é devido a locação social,

porém, ao ainda muito presente problema de déficit de moradia de interesse

social.

Graças a sua localização e pioneirismo - em relação a implatação do

aluguel social, o conjunto demonstra uma importância para a cidade e para

o estudo urbanístico sem igual. A população enfrenta diversos problemas

de pós ocupação que seu entendimento e propostas feitas podem também

servir como base para outros empreendimentos desse tipo.

4.1| CONCEITOS TEÓRICOS

Propõe-se separar as problemáticas principais da região em três

aspectos principais: os espaços residuais, o déficit de moradia, o conflito do

meio-ambiente com a urbanização. Pretendo, que, ao analisar estes tópicos

da problemática presente na área de estudo, seja possível apresentar a

problemática dessa forma:

4.1.1| OS ESPAÇOS RESIDUAIS

Resultado das premissas modernistas, a funcionalização extrema da

cidade resultou em locais nem sempre explorados em suas potencialidades.

São espaços residuais, sobras entre os caminhos, entre funções que acabam

por não auxiliar na contrução da cidadania dos habitantes. Segundo Marc

Augé, essa é a definição dos não-lugares.

“Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá o não-lugar. A hipótese aqui defendida é a de que a supermodernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares antropológicos e que, contrariamenteà modernidade baudelairiana, não integram os lugares

Déficit de Moradia

EspaçosResiduais

ConflitoMeio

Ambiente

Proble-máticas

Page 12: Memorial TFG Unicamp 2014

12Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

antigos: estes, repertoriados, classificados e promovidos a “lugares de memória” ocupam aí um lugar circunscrito e específico” AUGÉ p. 73 (2012)

Para Certau existe a diferença entre lugares e espaços. Os espaços

seriam os locais físicos da cidade, já os lugares são os usos abstratos dos

mesmos. Um espaço pode se tornar um lugar somente com a vivência e

mudança através das ocupações do local. “[...] uma história múltipla, sem

autor nem espectador, formado em fragmentos de trajetórias e em alterações

de espaços”. CERTAU p. 171 (1998).

Definidos por Koolhas como junkspace (KOOLHAS 2002), os espaços

residuais da cidade são tão importantes quanto os edificados, são as

possibilidades inexploradas de um território cada vez mais adensados e

de valores cada vez mais altos, que merece tanto atenção dos habitantes

quanto dos teóricos do assunto.

“Junkspace is the body double of space, a territory of impaired vision, limited expectation, reduce earnestness. Junkspace is a Bermuda Triangle of concepts, an abandoned petri dish: it cancels distinctions, undermines resolve, confuses intention with realization. It replaces hierarchy with acumulation, composition ith addition. More and more, more is more. Junkspace is overripe and undernourishing at same time, a security blancket that covers the earth in a stranglehold of seduction.”KOOLHAS (2002)

Outro autor que tratou desse assunto foi o arquiteto catalão Ignasi Solà-

Morales com o termo ‘terrain vague’. (SOLÀ-MORALES, 2002) foi utilizado

em francês para representar os múltiplos significados de um conceito que é

ao mesmo tempo abstrato e paupável.

“Os espaços vazios, abandonados, nos que já sucederam uma série de acontecimentos parecem subjugar o olho dos fotógrafos urbanos.São os lugares urbanos, que queremos denominar com a expressão francesa terrain vague, os que parecem se converter em fascinantes pontos de atenção, nos indícios mais solventes para poder se referir à cidade, para indicar com as imagens o que as cidades são, a experiência que temos dela. Como em todo produto estético, a fotografia comunica não só as percepções que desses espaços podemos acumular, mas também as afeições, ou seja, aquelas experiências que do físico passam ao psíquico convertendo o veículo das imagens fotográficas no meio através do qual estabelecemos com esses lugares, vistos ou imaginados, um juízo de valor. (...)Em definitiva, lugares estranhos ao sistema urbano, exteriores mentais no interior físico da cidade que aparecem como contraimagem da mesma, tanto no sentido de sua crítica como no sentido de sua possível alternativa.” SOLÀ-MORALES, I. p. 125 (2002).

Mesmo com diferentes pontos de vistas e nomenclaturas, estes

autores concordam que os espaços residuais são análogos ao processo de

urbanização modernista. Com o intenso adensamento das metrópoles e a

cartacterização da população mundial como predominantemente urbana, os

espaços residuais se tornam além de necessários para a compreensão da

cidade e da vida urbana totalmente. Potenciais para utilização e celebração

do espaço urbano e de toda sua complexidade.

Assim nasceu o interesse no estudo da área do Parque do Gato.

Nascido no encontro entre os fluxos intensos e ininterruptos do tráfego

paulistano e das águas de dois dos três rios mais importantes da capital

paulistana. A área demonstra espacialmente potenciais explorados, quanto

outros ainda esquecidos.

Page 13: Memorial TFG Unicamp 2014

13TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

4.1.2| MORADIA

O espaço urbano nada mais é do que a espacialização de relações

sócio-econômicas que entrelaçam-se temporal e fisicamente. O déficit

de moradia e as grandes ocupações de áreas ociosas da metrópole só

demonstram o aspecto mais brutal do capitalismo, onde o direito a moradia

é exclusivo de quem pertence no topo da hierarquia social.

Através de formas de legislação que priviliegiavam as camadas mais

abastadas da população o déficit de moradia não somente cresceu como se

espalhou por todo o território nacional.

Os primeiros registros de favelas na cidade de São Paulo remota-se

desde de antes de 1940, porém as mesmas não eram tão significativas até

a déc 1970. (TASCHNER , 2000).

A partir das décadas de 1970 e 1980 esse movimento de ocupação

de território tornou-se característica marcante da paisagem da cidade.

Localizadas em áreas geralmente de risco ambiental, encostas de rios,

morros, áreas de proteção ambiental, essa população fica à margem não

somente do sistema econômico mas sofrem com toda e qualquer intempérie

possível, sem contar com o estigma da violência e do preconceito com o sua

habitação. Ou seja, a exclusão se dá de forma total: econômica, urbanística,

social e territorial. (MARICATO, 1996).

A legislação com relação a financiamentos habitacionais é igualmente

excludente revelando parâmetros de um Estado que, mesmo indiretamente,

se mostrou por muito tempo conivente com as mazelas causadas pela

disparidade social.

“Ao definir formas de apropriação e utilização do espaço permitidas ou proibidas no contexto de uma economia de mercado extremamente hierarquizada e marcada por profundas desigualdades de renda, a legislação urbana brasileira termina por se- parar a“cidade legal”– ocupada pelas classes médias, grupos de alta renda e apenas por parte dos setores populares – da“cidade ilegal”destinada à maior parte das classes de baixa renda. Assim, a legislação “acaba por definir territórios dentro e fora da lei, ou seja, configura regiões de plena cidadania e regiões de cidadania limitada” - ROLNIK, 1997, p. 13

Com a aprovação da Constituição 1988, as várias gestões municipais

começaram os movimentos políticos de urbanização de várias favelas

juntamente com a intensa participação de movimentos sociais das

comunidades. Assim, importantes aspectos da infraestrutura urbana,

principalmente saneamento básico, foram levados para favelas em vários

municípios, melhorando, mesmo que em parte, a vida dos participantes

dessas comunidades. (MARQUES, SARAIVA 2007).

É importante ressaltar que as melhorias conquistadas nas favelas no

âmbito espacial resolvem somente a superfície de um problema muito mais

complexo e amplo. São necessárias medidas em vários âmbitos, de formas

interdisciplinares, onde o urbanismo é somente um dos agravantes e/ou raíz 1973

1,1%

Gr fico Porcenta e Po i endo e Fa ela

1980

4,4%

1987

8,8%

1991

9,2%

2000

11,2%

Gráfico 1. Gráfico feito pela autora - fonte dados: http://revistas.pucsp.br/index.php/pensamentorealidade/article/viewFile/8306/6179

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14Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

e a solução vem, primordialmente, da construção de uma consciência social,

onde a falta da mesma é o gerador dos condicionantes antes citados.

4.1.3| MEIO AMBIENTE

Devido ao intenso descaso com o meio ambiente o processo de

urbanização brasileiro construiu cidades/espaços onde a conexão do ser

humano com a natureza se enfraqueceu muito. As novas premissas do

urbanismo visam reverter esse quadro, a fim de melhorar as condições de

vida do cidadão metropolitano. Premissas que buscam a conexão de locais

através de massa vegetal de qualidade e locais públicos, em sua maioria

residuais, que possibilitem esse contato há muito perdido.

Como apontado anteriormente, as ocupações ilegais ocorrem,

principalmente, em locais com alto risco ambiental e/ou zonas de proteção

ambiental. Desde locais que sofrem com enchentes, deslizamentos de

terras, encostas de morros, risco de soterramento. Essas áreas não são

escolhidas por acaso, são áreas ignoradas pelo mercado imobiliário que

sem possibilidade de produção com alto lucro sobre a terra, sobram nas

cidades e se tornam focos de ocupações. (MARICATO 1996). Portanto, a

solução desses dois paradigmas devem ser integrados e complementares

As ocupações em áreas ilegais não formam o único motivo pelo qual

essas duas esferas devem andar juntas. As novas formas de se pensar a

cidade devem compreender a crise ambiental da atualidade e responsabilizar

o antigo modelo urbanístico, por ser também ser gerador de altas demandas

de consumo, bens materiais, resíduos sólidos (ROMERO, SILVA 2010)

“A sustentabilidade urbana tem como foco, antes de tudo, a esfera social e de comunidade, já que os principais problemas urbanos têm sua origem nas relações humanas. Por outro lado, a expansão urbana nega os limites naturais impostos aos recursos finitos do planeta, colocando em conflito o sistema econômico vigente que promulga o desenvolvimento ilimitado do capital.“ROMERO, SILVA, 2010

Outro aspecto a ser observado é a relação do cidadão com o meio.

Uma cidade que possui um tecido urbano realmente integrado com o meio

ambiente apresenta melhores características para sua população e vivência

cívica e física do habitante. (FALCÃO 2006)

“O desenho urbano carece de representação do espaço e do meio ambiente, e esta deve expressar suas características intrínsecas quanto à apropriação do território, do ambiente e da edificação. A expressão do lugar nasce desse confronto de forças espaciais (naturais e artificiais) associadas à apropriação e uso pelo homem em âmbito social. Por outro lado, a expressão qualitativa do lugar se dá através da equidade socioambiental, no qual a cultura ambiental está inserida no processo de produção da paisagem urbana, dos espaços públicos, dos equipamentos urbanos, da diversidade morfológica edificada, mobiliário qualitativo, etc. “ROMERO, SILVA p.7 (2010)

Grafite obre oradia - cu ação taidin a

Figura 4. Grafite da ocupação estaidinha - artista Mundano

Page 15: Memorial TFG Unicamp 2014

15TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

4.1.3.1| ÁGUA

“A água tem o curioso poder de estimular a imaginação e de nos conscientizar sobre as possibilidades da vida. É uma matéria monocromática, aparentemente pigmentada, mas de fato incolor: um mundo monocromático em que se distinguem gradações infinitas de cor que a própria água reflete, fazendo as vezes de espelho. Acredito que exista uma ligação profunda entre a água e o espírito humano.”

ANDO, TADAO, p.72 (1991)

A história da humanidade sempre esteve ligada com rios e suas

encostas. Todas as grandes civilizações que já existiram tiveram um rio

como aliado ou principal desenvolvedor, seja para agricultura, quanto para

transporte e/ou lazer. Como a civilização egípcia com o rio Nilo, ou os

mesopotâmios com o encontro do Rio Tigre e Eufrates, o ser humano tem

sua vida e história ligação profunda e inexorável com a água.

Não seria diferente com São Paulo. A metrópole de São Paulo nasceu

das expedições de bandeirantes ao longo do Rio Tietê e Tamanduateí.

Atualmente, suas margens bloqueadas e suas águas impróprias para

qualquer tipo de uso, os cidadãos não só ignoram as suas presenças, mas os

veem como impecilho tanto na formação da paisagem como não percebem

os grandes ganhos de se ter um curso d’água dessa magnitude cortando

todo o território. Os rios são fonte de vida, lazer, podem ser usados como

transporte, atributo paisagístico, são instrumentos que ajudam a amenizar e/

ou controlar a temperatura, servem como pontos turísticos.

Há muitos exemplos de rios tratados ao redor do mundo, destaca-se

aqui dois, pois demonstram volume d’água e comprimento similar aos rios

Tietê e Tamanduateí. O rio Sena em Paris e o rio Han na Coréia do Sul. Ambos

apresentavam níveis de poluição e descaso similares aos rios paulistanos,

porém com intensa vontade política, tempo gasto, ambos elevaram-se como

pontos turísticos e a população da cidade retomou a sua afinidade com o rio.

Ambos possuem margens canalizadas, o Sena, apresenta em sua orla

ruas e avenidas importantes, o rio Han, por sua vez, tem novos parques e

ciclovias em suas margens. O importante a ser destacado é que mesmo

depois de perdida a sua função como atrativo dentro de uma cidade graças

a sua poluição, o rio pode retornar com seu intuito inicial e fazer parte tanto

da melhora da paisagem quanto um condicionante para elevar os potenciais

ambientais do local.

Rio an - or ia do ul

Rio ena - FrançaFigura 5. Fonte: http://en.wikipedia.org

Figura 6. Fonte: http://en.wikipedia.orgre

Page 16: Memorial TFG Unicamp 2014

16Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

4.1.3.2| MOBILIDADE

É impossível discutir os problemas ambientais apresentados

atualmente sem se discutir a questão da mobilidade urbana. A urbanização

muitas vezes sem estratégia de muitas cidades brasileiras combinadas

com o monopólio do modal rodoviário proporcionaram cidades divididas em

centros e periferias cujas únicas ligações são os automóveis. Estes, por sua

vez, apresentam diversos problemas, poluição, grande quantidade de água

para sua fabricação, consumo de bens naturais elevados sem contar nos

grandes congestionamentos.

Considerando que a margem do Tietê em quase sua totalidade tem as

barreiras das marginais e do intenso trânsito, o local de estudo apresenta a

chance única do encontro do cidadão com a margem do rio sem os impecílios

encontrados em outros locais.

No movimento moderno a apropriação de um automóvel era tida como

algo não só necessário a todos os cidadãos mas como um meio de vida.

Esse tipo de pensamento serviu de influência para moldar os investimentos

governamentais por décadas no país resultando na herança automobilística

que encontramos atualmente: descaso com o transporte público e com outros

modais, investimentos em sua máxima totalidade em ligações rodoviárias

pelo território. Com isso a intensa automobilização dos cidadãos torna-se um

problema no nível nacional. As relações entre a quantidade de automóveis

por pessoa é sempre crescente, por todo território brasileiro

Não somente perdas ambientais e urbanísticas, a qualidade de vida de

um cidadão que depende quase que exclusivamente do automóvel indivisual

para se locomover tende a ser baixa. O exercício físico é comprovadamente

uma forma de se prolongar e melhorar a vida de qualquer pessoa,

possibilitando que o cidadão utilize a bicleta como meio de transporte permite

que se observe uma população mais saudável.

O stress no trânsito é algo facilmente observado, o que gera aumento

de acidentes e brigas, elevando o risco de vida de todos os cidadãos ao

participar do tráfego. A lentidão do trânsito é apontada como 31% das

respostas em relação aos fatores responsáveis por acentuar a agressividade.

[fonte revista http://www.apatru.org.br/arquivos/%7B2A8F9EAD-10B9-

4B92-9AB2-2594D4496AE9%7D_32.pdf]

O congestionamento de São Paulo em 2013 bateu recorde mundial

de lentidão, com 300 km de vias congestionadas. Isso demonstra a falha do

transporte viário como solução única e ainda , a circulação de uma capital

sendo comprometida por causa do excesso de carros.

O espaço urbano perde sendo sua parte majoritária transformada em

Fa ela do Gato - li ação co o rio

Figura 7. Fonte: PowerPoint de Apresentação do projeto Conjunto - arq Wagner Germano

Page 17: Memorial TFG Unicamp 2014

17TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

on e tiona ento Record

Tr n ito ar inal Tiet

ECOSSISTEMA SAUDÁVEL

ECONOMIASAUDÁVEL

PESSOAS SAUDÁVEIS

CIDADERESILIENTE

Pre i a Urbani o u tent el

ruas e avenidas. Numa cidade cada vez mais densa e cara, os locais públicos

devem ser mais exaltados e utilizados. Além da grande imperbeabilização de

terra perdida, o encontro com o diferente deve ser feito em locais apropriados

e em geral na escala física e temporal do pedestre, sendo assim o automóvel

deve ficar numa hierarquia abaixo da dos automóveis.

“A cidade é um fluxo, um movimento.” a frase do jornalista Heródoto

Barbeiro exprime exatamente os desafios de se criar e pensar a cidade

contemporânea. Não somente os fluxos estão prejudicados com a grande

quantidade de carros, como a diminuição dos mesmos só trazem benefícios

para os cidadãos, portanto, a questão da mobilidade urbana não é além de

necessária, urgente.

4.2| CONCLUSÃO

Os problemas de mobilidade, déficit de moradia e ambientais são

interligados e exigem medidas compatíveis, complementares assim

conseguirão solucionar simultaneamente e conseguirão se alinhar de forma

satisfatória a melhorar a cidade como um todo.

Figura 8. Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/07/sao-paulo-registra-congestionamento-recorde-com-300-km-de-filas.html

Figura 9. Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/36665-apos-chuva-sp-tem-o-recorde-de-transito-do-ano.shtmlcom/2011/04/pl-av.jpg

Page 18: Memorial TFG Unicamp 2014

05LOCAL

“(...) atribuo um grande valor para as especificidades do lugar, ao clima, às condições

atmosféricas e ao background histórico e cultural de cada contexto. Todo o conjunto

de circustâncias constitui o ponto de partida da arquitetura (...)”

- Tadao Ando

Page 19: Memorial TFG Unicamp 2014

19TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

a a erde

t ec lia o Retiro

l Guil er eantana

Pari

5| LOCAL

5.1| LOCALIZAÇÃO

A área de intervenção estudada neste presente trabalho abrange os

quarteirões laterais do Conjunto Habitacional do Parque do Gato. A região

situa-se entre a Marginal Tietê e Av Presidente Castelo Branco que apesar

de ligarem a região a todos os pontos de São Paulo, limitam a locomoção de

pedestres e ciclistas da região. O fluxo intenso de carros na Av Presidente

Castelo Branco é um perigo constante para os habitantes do conjunto, que

ilhados dentro do local só contam com um semáforo para atravessar a

avenida e o local isolado do restante da comunidade do bairro é dominado

pelo tráfico de drogas.

Figura 10. maps.google.com

Page 20: Memorial TFG Unicamp 2014

20Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

5.2| O LOCAL

Há uma diversidade de problemáticas apresentadas nesse local. Dentro

do conjunto habitacional há uma atmosfera de medo criada pelos traficantes,

os moradores se sentem aprisionados e constantemente observados, com

isso, o sentido de comunidade foi enfraquecido quase que completamente

e os espaços de lazer não são usados por medo. Há uma crescente

descrença sobre o poder público e a sua influência, que piora ainda mais

as condições do local, uma vez que a sua manutenção e organização é de

poder municipal. Há lixo e despejos espalhados por todas as áreas públicas,

falta iluminação externa e presença mais marcante de trabalho social para

auxílio e reintegração dessa população.

Nos arredores, o tráfego de carros das duas marginais que limitam o

conjunto auxiliam a perder a relação tanto com o bairro quanto a comunidade

local. A segurança do conjunto seria mais presente se o mesmo estivesse

num local mais permeável com maior participação da comunidade dos

arredores. É possível perceber como as observações de Jane Jacobs1 a

respeito de segurança e permeabilidade são perfeitos para caracterizar-se.

Ilhados no complexo do Parque do Gato, os meliantes tornaram-se donos do

espaço, os habitantes do conjunto não podem reagir por medo e a população

do bairro ao redor não interfere por causa da barreira da Avenida Castelo

Branco.

Na lateral leste, há um local de despejo e triagem de materiais para

serem reciclados - é importante ressaltar a fragilidade desse trabalho num

local despreparado sem infraestrutura adequada. Uma série de ocupações

na praça lateral por catadores e moradores de rua. A construção da

ponte Orestes Quércia (Estaiadinha) representa a continuação do modal

rodoviário sobre o restante dos meios de transporte. O campo de baseball

encontra-se ao lado, é proibida a entrada de pessoas no campo, porém as

no a ocu aç e

Foto do ocal e radado

tria e ee aração

de ateirai

recicladoFigura 11. Fonte: vídeo Revivarte 2013Figura 12. Fonte: vídeo Revivarte 201

Foto 2. acervo autora

Page 21: Memorial TFG Unicamp 2014

21TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

suas extremidades são bem utilizadas pelos habitantes locais. O córrego é

quase esquecido e os rios que margeiam representam as históricas decisões

urbanísticas de ignorar a hidrologia da cidade.

5.2.1| HISTÓRICO BOM RETIRO

A região do Bom Retiro – hoje bairro do município de São Paulo –

localizada entre os rios Tietê e Tamanduateí, tem sua origem como área

de lazer para a população abastada da cidade. Os sítios e chácaras,

propriedades das elites paulistanas que formavam a região – como a

“Chácara do Bom Retiro”, que nomeou o bairro – eram usadas como “retiros”

de fim de semana. Os limites da região foram formados ao norte pela várzea

do rio Tietê, em uma das pontas, pelo antigo Horto Botânico, que vira Parque

da Luz no final do século XIX, e ao sul, pela ferrovia, inaugurada em 1867.

No ano de 1883 alguns bairros, se nucleavam completamente isolados

nos campos, servidos apenas por longos caminhos pontuados, de longe em

longe, de chácaras verdes e solitárias. Assim, a Luz, o Bom Retiro, a Lapa, o

Brás, a Penha, Santana e outros se enquadraram nessa situação.

Durante o século XIX a região era considerada área intermediária entre

a zona rural e urbana e dava acesso do centro da cidade ao rio. Porém a área

era considerada inapropriada para investimentos imobiliários por ser região

de inundações constantes da várzea do rio. Com a chegada de olarias na

região, que se instalam a partir da metade do século XIX, o Bom Retiro perde

um pouco de sua caracteristica de área de lazer, mas é a inauguração da

Estrada de Ferro São Paulo Railway (hoje Santos-Jundiaí), que transforma

de vez a região, trazendo depósitos e indústrias, assim como a primeira

Hospedaria dos Imigrantes, que foi construída para atender a grande

Marquês e Marquesa Três Rios - Bom Retiro

Manfred Mayer

Dulley

Outros

a a cara que ri inara o airro

a a Terreno cara ulle - 1 04ori inou o bairro

Figura 13. Fonte: Arquivo Aguirra do Museu Paulista da USP IN: MANGILI, L. Fig I.2 p.52

Figura 14. Fonte: MANGILI, L. mapa 12, p. 87

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22Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

Truzzi as ruas região também abrigavam alguns pequenos estabelecimentos

de serviço especializado, como sapatarias, e pontos de encontro entre a

população. Em “A indústria no estado de São Paulo em 1901”, Antonio Bandeira

Jr descreve também a existencia de “tendas de sapatarias, marcenarias,

fábricas de massas, de graxa, de óleos, de tintas de escrever, fundições,

tinturarias, fábricas de calçados, manufaturas de roupas e chapéus, que

funcionam em estalagens, em fundos de armazéns, em resumo: em lugares

que o público não vê. É incalculável o número de pequenas marcenarias,

nas quais às vezes trabalha um só homem (...) e das fábricas de bebidas e

de massas, vulgarmente conhecidas por macarrão” .

O bairro, majoritariamente italiano, abrigava também atividade

comerciais que ainda segundo Truzzi, não eram exercidas pelos italianos e

sim por imigrantes portugueses e, às vezes, por turcos, sírios ou libaneses.

“A antiga rua dos Imigrantes era passagem obrigatória para quem vinha do

centro da cidade, o que propiciou o estabelecimento deste tipo de atividade

na rua.” Truzzi lembra ainda a fundação do Sport Club Corinthians Paulista,

em 1910 na mesma rua, por operários, tendo como primeiro presidente o

alfaiate Miguel Bataglia.

A partir de 1900, a implementação de algumas obras públicas, tais

como a nova Estação da Luz, criou condições para que o bairro se expandisse

comercialmente. A partir dos anos 20, muitos judeus começaram a chegar

ao bairro e passaram a exercer aqui o comércio. No final dos anos 30 o

número de imigrantes judeus aumenta, em decorrência da 2ª Guerra Mundial.

Os italianos abandonam o bairro preferindo se instalar em outras regiões

da cidade, e o bairro do Bom Retiro passa a ter a maioria dos moradores

de origem judaica, abrigando uma grande comunidade que contava com

quantidade de imigrantes que chegava à cidade vindos do Porto de Santos.

Segundo o Inventário de Referências Culturais “Pode-se dizer que o

Bom Retiro estava no coração de uma rede mundial de comércio na segunda

metade do século 19, pois era pela ferrovia Santos-Jundiaí e por meio da

Estação da Luz que o café era transportado do interior paulista para o porto

de Santos e de lá para os mercados mundiais (Projeto IPHAN, 2005, p.03).

Essa concentração de indústrias e imigrantes, que acabavam

permanecendo no bairro pela possibilidade de emprego e pelos preços

baixos dos terrenos recém loteados, moldou a identidade do bairro. Nas

últimas décadas do século XIX, este processo de loteamento e urbanização

se intensificou, e o bairro chega ao século XX já essencialmente operário.

A própria cidade estava se transformando. Com o desenvolvimento das

lavouras de café, a população de cerca de 65 mil habitantes praticamente

quadruplica, dez anos depois, para 240 mil. Junto com a Luz e o Brás,

o Bom Retiro forma o primeiro conjunto de bairros operários da capital, e

assim a zona urbana se desdobra, incorporando o cinturão de chácaras do

período anterior.

A ocupação com construções fabris, ao longo das linhas férreas,

provocou o estreitamento das margens do Tamanduateí, ampliando no

século XX a dimensão das inundações, já comuns, na região. Em 1929

ocorre uma grande enchente, “as chuvas de fevereiro fizeram os córregos

e rios transbordarem, inundando as ruas situadas nas áreas baixas.” A

ocupação urbana, nesta época já se estendia entorno dos rios Pinheiros e

Tietê, amplificou a dimensão das enchentes demandando uma nova escala

de resgate e atendimento às vítimas.

A maior parte das casas era simples ou mesmo cortiços. Segundo,

Page 23: Memorial TFG Unicamp 2014

23TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

sinagogas e escolas judaicas.

Foi observado em um estudo sobre as as características da emigração

polonesa a partir dos anos 20, que “uma porção significativa de judeus

polacos dirigiu-se a áreas urbanas, enquanro polacos não-judeus (que

também emigraram) rumaram para áreas agrícolas. Dos primeiros, boa parte

acabou se dirigindo ao Bom Retiro.” Além do comércio, ainda tímido na

região, esses novos moradores iam principalmente para a indústria textil,

trabalhando em oficinas ou a prestação, isto é, algum comerciante lhes dava

uma quantidade de tecido que deveria ser vendida de casa em casa e paga

posteriormente.

A cidade continuou passando por tranformações, e as enchentes

constanstes da área dos rios Tietê e Tamanduateí foram motivo de atenção

para as administrações da cidade.

O plano embrionário da retificação e canalização do Rio Tietê,

desenvolvido pela Comissão de Saneamento das Várzeas, surgiu no século

XIX, sendo posteriormente assumido pela Comissão de Saneamento

do Estado. Sucederam vários estudos e projetos até 1923, quando foi

criada a Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê. Após 1940, o projeto

de retificação do Tietê foi associado ao plano viário de Prestes Maia, que

previa a interligação das regiões norte e sul por meio de grandes avenidas. A

construção da Ponte das Bandeiras marca o início da implantação do projeto

de retificação que se estendeu até a década de 1960, com a abertura das

vias expressas marginais.

Na década de 60 se inicia outra mudança na identidade da região com a

chegada de coreanos ao Bom Retiro. Se instalando em outras áreas centrais

da cidade para morar (como a Vila Coreana, no bairro da Liberdade, onde se

o Retiro 1 4

praticavam aluguéis baratos e eles podiam se misturar ao já consolidado grupo

de imigrantes japoneses, diminuindo assim o choque cultural), os imigrantes

coreanos buscam trabalho na região do Bom Retiro, em confecções, como

costureiros, seja em oficinas, seja em trabalhos domiciliares realizados sob

encomenda, ou ainda como vendedores de roupas. Aos poucos, à medida

que alguns coreanos prosperavam, acabavam transitando para um negócio

próprio, seguindo um caminho parecido com o dos judeus

Hoje o bairro é tido como exemplo de bairro multicultural por essas

diversas levas de imigrantes de diferentes origens que tomaram a região

transformando a identidade do bairro de tempos em tempos, mas sempre

deixando marcas de sua participação na formação do Bom Retiro

Bom Retiro, Bó Ritiro dos italianos, o “pequeno shtetl” dos judeus,

bairro dos letreiros em coreano, do foot-ball dos ingleses, dos sinos da igreja

Figura 15. Fonte:http://noticias.r7.com/sao-paulo/fotos/exposicao-em-sao-paulo-mostra-enchentes-do-seculo-passado-20100818-11.html#fotos

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24Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

armênia, da identidade sul-americana dos bolivianos, da “Acrópole” dos

gregos, dos nordestinos, dos comerciantes e dos sacoleiros, do café e da

ferrovia que tornaram São Paulo uma metrópole – o Bom Retiro é um mapa-

mundi encravado na cidade de São Paulo.

Esta característica multiétnica do bairro tem sido valorizada pela mídia,

sempre associada à imagem de um lugar de vivência harmônica entre os

povos, como sugere o título da matéria publicada no Diário Popular em

02/08/1996: “O Bom Retiro se identifica com a trajetória dos imigrantes” . As

marcas de múltiplas identidades/etnicidades presentes no bairro são vistas

como sinais claros da “‘São Paulo dos mil povos’, a metrópole que acolhe a

todos aqueles que venham em busca do trabalho feito com dedicação.” Não

podemos, porém, ignorar a ideologia implícita de valorização do trabalho,

que é típica de um bairro operário de origens imigrantes.

5.2.2| BREVE HISTÓRICO RIO TIETÊ E TAMANDUATEÍ

A colonização da cidade de São Paulo está intrinsecamente ligada a

aos rios Tietê e Tamanduateí, assim faz-se necessário um breve panorama

da colonização para compreensão da importância histórica e geográfica dos

mesmos para a cidade.

Em São Vicente os colonizadores chegavam e se deparavam com as

nascentes do Rio Tamanduateí, sendo o mesmo utilizado para comércio e

transporte ao longo dos anos.

Com o tempo foi feito um caminho que seguia o trajeto do rio até o

córrego Anhangabaú onde foi fundado Pátio do Colégio pelos jesuítas, que

deu início a colonização da cidade e um secundário na serra pelo Padre

Anchieta.

Os dois caminhos, abasteciam a cidade de pessoas e mercadorias e

com o passar do tempo essas pequenas vilas e fazendas deram origem à

cidade de São Paulo.

P tio do ol io

5.2.2.1| RETIFICAÇÃO DOS RIOS PLANO DE AVENIDAS PRESTES MAIA

Com o intuito de higienização da cidade, especulava-se retificar os rios

desde o início do século XX, pois ambos apresentavam os mesmos regimes

de cheias - o rio transbordava, causava enchentes e depois mudava-se o

curso. Em 1849 inicia-se as obras no rio Tamanduateí, enquanto os registros

de drenagem das várzeas remontam desde de 1866. (FALCÃO 2006).

Figura 16. revelafacilpb.blogspot.com

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25TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

a a Rio Ta anduateRio retificado eito ori inal

Figura 17. Fonte: DPH

Foto Rio Ta anduate Retificado d c 1 0

Figura 18. Fonte: DPH

Foto Rio Tiet Retificado co ar inal 1

Figura 19. Fonte: DPH

É importante ressaltar que essas obras eram mais de conveniência

para a Light (empresa de energia elétrica da época) do que para a cidade.

A legislação do momento juntamente com a alta carga tributária acabavam

por inviabilizar acúmulo de terrenos não edificados pelo mesmo proprietário.

Com a retificação das margens e drenagem das várzeas os terrenos lindouros

tornaram-se altamente valorizados e a Light além de ganhar com um curso

mais veloz - na produção hidroelétrica de energia - adquiriu vários terrenos

de encostas. A Prefeitura utilizou a encosta do Rio Tietê para equipamentos

urbanos, comprando os terrenos novamente, beneficiando a Light de mais

uma maneira. (FALCÃO 2006)

Page 26: Memorial TFG Unicamp 2014

26Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

lu tração Plano de enida Pre te aia

As obras de retificação do rio Tietê iniciaram somente na déc de

1950, porém a questão de insalubridade da área já eram críticas há muito

mais tempo. Durante as obras já se fizeram necessárias o processo de

desassoreamento em seu leito, pois havia um grande volume de sólidos no

rio.

Juntamente com o processo de retificação dos rios, iniciou-se o plano

de avenidas Prestes Maia, onde a ligação da cidade seria feita por largas

avenidas tendo como principal modal o rodoviário.

A industrialização do país acabou por ser tardia, desordenada e

concentrada em São Paulo, tendo como principal forma de escoamento

o transporte rodoviário feito através das avenidas. (FALCÃO 2006)

A consequência é que atualmente a cidade enfrenta engarrafamentos

quilométricos que batem recordes e o rio num traçado retilíneo não natural é

sufocado e ignorado por causa disso.

5.2.3| HISTÓRICO FAVELA DO GATO

A ocupação teve início na década de 1990 com aproxidamente 350

barracos sustentados por palafitas numa área de risco, tanto por ser na beira

de rios já poluídos, quanto por encontrarem-se exatamente no caminho de

um gasoduto da Comgás que chegou a causar um incêndio no começo dos

anos 2000.

Com o incêndio, a prefeitura construiu um alojamento que abrigava

aproximadamente 145 unidades, servindo também para os que estavam em

cima do gasoduto.

Diferente de outras ocupações, a favela do gato não apresentava

liderança formal, era somente um aglomerado de pessoas, em sua maioria

Figura 20. Fonte:http://tetomodarock.files.wordpress.com/2011/04/pl-av.jpg

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27TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

i ta a rea ocu ação

Foto ocu ação

catadores de materiais reciclados, sem infraestrutura para achar local melhor

para se abrigar e recolhiam materiais pela região. Dentre tantos problemas,

o local apresentava uma boa localização para se arranjar trabalho e se

locomover pro mesmo.

Após intensa disputa entre a Compainha de Engenharia de Trânsito e a

Secretaria de Habitação foi decidida que a favela do gato não teria remoções

forçadas e o conjunto habitacional seria feito no local da ocupação mesmo.

Corresponde a 9 blocos residenciais com 486 unidades no total.

O projeto inicial não foi completamente implantado não contemplando

a construção do parque linear na margem do rio Tietê. O aluguel social no

conjunto não foi tão bem recebido quanto idealizado, houve muitas vendas

ilegais das propriedades e o nível de inadimplência é alto. Existe um conflito

latente entre prefeitura e um projeto de reintegração de posse e atual

moradores ilegais que não faziam parte do programa inicial. Estima-se que

pelo menos 40% dos moradores são ilegais dentro dos termos estabelecidos

incialmente.

Figura 21. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano

Figura 22. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano

Page 28: Memorial TFG Unicamp 2014

28Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

5.2.4| PROJETO PARQUE HABITACIONAL PARQUE DO GATO

Em vista de abrigar os ocupantes da favela do Gato, o projeto foi

concebido pelo arquiteto Wagner Germano, até então funcionário da

COHAB, feito para ocupar 594 unidades em 3 tipologias diferentes (inserir

dimensões). As tipologias são dispostas lateralmente, contando com um

corredor de acesso pequeno entre as unidades. Os prédios são em fita,

levemente deslocados, procurando mostrar a preocupação do arquiteto com

o uso e apropriação do espaço público do conjunto.

Nesse conjunto de dois prédios, um deles tem o térreo sem tipologias

de habitação, um deles tem o térreo sem habitação para permitir a formação

de uma praça interna.

O conjunto conta com uma creche, quadras abertas e playground.

É importante ressaltar a falta de cuidados com o espaço ali apresentados.

A manutenção fica a cargo da prefetitura que não consegue dar conta da

frequencia dos pedidos abertos.

O tráfico talvez seja o problema mais devastador da área, todos os

moradores entrevistados se dizem com medo dos traficantes que permanecem

nas áreas públicas constantemente observando a movimentação. O

isolamento do conjunto ajuda nesse quesito, uma vez que a participação

popular ativa com uma comunidade forte ajudam a inibir a predominância

no tráfico.

roqui Pro eto

Figura 23. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano

Figura 24. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano

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29TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Ti olo ia

itnet 1 dor it rio

2 dor it rio

aquete Pro eto

Figura 25. Fonte: Fonte: Relatório Diagonal 2010

Figura 26. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano

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30Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

lantação

Figura 27. Fonte: acervo autora

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31TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Parque do Gato

Fonte: Apresentação Projeto Pq do GatoAcervo: Arq Wagner Germano

Figura 28. Figura 29. Figura 30.

Figura 31. Figura 32. Figura 33.

Figura 34. Figura 35. Figura 36.

Page 32: Memorial TFG Unicamp 2014

32Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

Figura 37. Figura 38. Figura 39. facebook.com/projetorevivarte

5.2.5| PROJETO REVIVARTE

Nas empenas dos prédios do conjunto habitacional encontram-se

painéis de grafite realizados pelos artistas do projeto Revivarte. Através da

arte, esses grafites transformaram os prédios do conjunto em verdadeiros

marcos urbanos, tanto para a cidade de São Paulo, quanto para o grafite

como forma de arte. Assim, torna-se necessário um breve histórico do grafite

para a melhor compreensão do poder transformador da arte urbana.

O consenso sobre o nascimento do grafite não é definido. As duas

hipóteses apresentadas são: que os humanos pintando em cavernas sobre

as várias formas de vida que os cercavam já podem ser consideradas uma

forma primitiva de grafite (LARA 1996). Porém, outra hipótese apresentada é

que essas primeiras representações são somente uma forma de comunicação

do ser primitivo, não se caracterizando como grafite, mas como arte em geral,

sendo assim, o grafite se inicia por volta dos anos 70 nos EUA onde era mal

visto tanto pelas autoridades, quanto pela população como ainda uma forma

de pixação. Atualmente, o grafite já ganhou status de movimento artístico. É

estudado por quem é teórico do assunto e a população em geral já consegue

compreender melhor as expressões artítiscas.Pain i de Grafitte

Pain i de Grafitte

O grafite se consolida como uma expressão quase totalmente urbana

mostrando que não somente uma cidade necessita de espaços cuja sua

urbanidade seja planejada e digna, mas também formas de apropriação do

cidadão com o local e a como a cultura urbana tem a sua própria expressão

individual. “(...) a cidade é o habitat natural do homem civilizado. Por essa

razão ela é uma área cultural caracterizada pelo seu próprio tipo cultural

específico peculiar. (...)” (PARK 1967). O grafite faz esse intermédio

transpassando as diversas dimensões no qual uma cidade está subjulgada;

a dimensão temporal, física, movimento e a artística.

Page 33: Memorial TFG Unicamp 2014

33TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

O projeto Revivarte busca através do grafite transformação social e

do espaço urbano (retirado do site Revivarte) e a primeira edição foi feita no

Parque do Gato. Os painéis constituíram-se das paredes laterais dos prédios

do conjunto com 15 m de altura cada uma se tornando uma galeria a céu

aberto com temas do cotidiano urbano. Representam não somente um ganho

para a cidade de São Paulo mas uma caracterização única do conjunto em

que foi realizado. Isso ajuda na construção de identidade da população ali

residente, retirar o estigma negativo de favela valorizar o espaço e seus

cidadãos.

Os artistas participantes foram Fel, Rmi, Subtu e Mundano, com

idealização inicial do Subtu. Realizaram as pinturas em conjunto oficinas

de arte e de recreação junto com outro projeto que ali acontecia, o Oásis

do Gato em meados do ano 2013. O resultado foi bem recebido tanto pela

população quanto pela comunidade artística.

Nesse ano os artistas voltaram com novos painéis, novamente bem

vistos pela população e pela crítica artística.

Pain i de Grafitte

Figura 40. Figura 41. Figura 42.

Figura 43. Figura 44. facebook.com/projetorevivarte

Page 34: Memorial TFG Unicamp 2014

34Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

cu ação taiadin a e ocu ada

ituação atual - terreno e barraco

5.2.6| OCUPAÇÕES ATUAIS

Na confluência formada entre a foz do Tamanduateí e a união das

marginais Tietê e Av do Estado, encontrava-se uma ocupação iniciada

durante a mesma época da ocupação da Favela do Gato. No projeto esse

quarteirão seria feito mais moradias, porém com a construção da ponte

Estaiadinha, em 2013 as famílias foram forçadas a se removerem ocupando

novamente o leito do Tietê, onde inicialmente era a Favela do Gato. Depois

muitas famílias dispersaram-se em outros assentamentos com ajuda do

MTST. Estima-se a quantidade de 200 famílias, atualmente restantes dessa

ocupação, encontram-se no fim da Av Estado, sem abrigo decente, contando

somente com o auxílio de programas como bolsa-aluguel.

Essa remoção não só representa um retrocesso na luta por moradia

como demonstra que o setor imobiliário, assim como de mobilidade, não

apresenta nenhum apreço ético pelos cidadãos que ali constavam. Demonstra

que o capital privado ainda é mais importante do que compromissos éticos

de direito com os cidadãos ali locados.

Em novembro houve um protesto, pouco divulgado na mídia, entre

moradores e polícia. É importante ressaltar a agressividade da polícia mesmo

com um problema tão delicado.

Outra ocupação ocorre aonde era a ocupação inicial do Parque

do Gato, e nas praças ao redor. Essa ocupação possui menos pessoas,

aproximadamente de 20 a 30 núcleos (é difícil ver núcleos familiares ali,

há mais pessoas sozinhas ou em casais - o registro fotográfico dessa área

também foi comprometido devido a advertências de segurança feitas a

autora). Essa ocupação possui outra raíz, é de catadores que trabalham em

Figura 45. maps.google.com - foto aprox 2013

Foto 3. foto tirada sob ângulo similar - Fonte: acervo pessoal - 2014foto tirada sob ângulo similar - Fonte: acervo pessoal - 2014

Page 35: Memorial TFG Unicamp 2014

35TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Fonte: Acervo Pessoal - 2014

cu ação de alo ada 201

nte rante re ane cente aca ado 201

cu aç e recente - atadore de ateriai recicl ei

Pq do Gato

no a ocu aç e

tria e ee aração de ateirai reciclado

conjunto com o depósito de materiais recicláveis da orla do Parque do Gato.

Os barracos encontram-se na margem do Tietê e oferecem riscos a saúde e

as barracas das praças ao redor não oferecem abrigo real contra intempéries.

No local é possível perceber o intenso uso de drogas dos ocupantes e a

degradação em que os mesmos encontram-se. Os habitantes do Parque do

Gato deixam de usufruir das praças por causa dessa população.

Figura 46. www.facebook.com/Ocupação-EstaiadinhaFigura 47. www.facebook.com/mtstbrasil?fref=photo

Figura 48. www.facebook.com/mtst

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36Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

Gin io de u

a o de a eball5.3| ESTÁDIO DE BASEBALL MIE NISHII

Inaugurado em meados da déc de 50 nas comemorações do

Cinquentenário da Imigração Japonesa no Brasil, o campo abrigou os jogos

Pan-Americanos de 1963 e a vinda do time da Universidade de Keio em 1988

- no ano de comemoração dos 80 anos da imigração japonesa. Em 1998, os

dois times universitários disputaram no estádio entre si, pela primeira vez,

fora do Japão.

O campo também abriga um pequeno campo de Gateball, utilizado

pelos imigrantes orientais do bairro , um campo de softball e um ginásio de

sumô - o primeiro ginásio exclusivo para prática de sumô fora do Japão.1

Figura 49. Figura 50. Figura 51. Figura 52. www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/esportes_mie_nishi

Figura 53. Figura 54. Figura 55. Figura 56. Figura 57. Figura 58. www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/esportes_mie_nishi

Page 37: Memorial TFG Unicamp 2014

06LEVANTAMENTO

“A arquitetura é ligada à situação. Diferente da música, da pintura, da escultura,

do cinema e da literatura, uma construção (imóvel) se entrelaça com a experiência

de um lugar

- Steven Holl

Page 38: Memorial TFG Unicamp 2014

38Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

6| LEVANTAMENTO:

6.1| METODOLOGIA:

O presente trabalho foi feito através de visitas realizadas no local,

acompanhadas da assistente social dentro do conjunto Parque do Gato e no

bairro Bom Retiro sozinha. É importante ressaltar que o registro fotográfico

ficou comprometido pela segurança do local. Tanto moradores quanto

a assistente social foram enfáticos em proibir as fotos do local temendo

represálias dos meliantes do conjunto que se encontram nas áreas públicas

e constantemente observam os movimentos das pessoas, principalmente

pessoas de fora, nessas áreas. O mesmo ocorreu no depósito de materiais

para triagem e nos arredores onde o raio de influência é exercido.

6.2| MORFOLOGIA URBANA

6.2.1| CRESCIMENTO

Como dito anteriormente, o bairro do Bom Retiro estruturou-se como

um bairro tipicamente industrial com intensa imigração. Como o bairro do

Bom Retiro foi um dos primeiros de São Paulo a sofrer loteamento, seus

lotes tem testada menor e são mais cumpridos. Apresentam características

similares até os dias atuais.

Os maiores condicionantes para o crescimento do crescimento do

Bom Retiro foram a ferrovia e o Rio. Enquanto a ferrovia atraía população e

se adensava, o rio com as suas enchentes ‘expulsavam’.

Área mais próxima do centro Maior adensamento

Área mais próxima da várzeaMenor adensamento

Área ocupada pós retificação

1

2

3

Rio

Ferrovia

a a etore do o Retiro - 1 0

Figura 59. Sara Brasil IN: MANGILI, L. Mapa 7, p.63

Page 39: Memorial TFG Unicamp 2014

39TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Rio

6.2.2| T T -

6.2.2.1| SÉ:

Dados Habitacionais Sé:

Cortiços 1357

Favelas 2

Loteamentos Irregulares: 0

Núcleos Urbanizados: 1

6.2.2.2| BOM RETIRO:

Dens. Demográfica: 44hab/Ha

Média de moradores por domicílio: 3,25

Dimensão: 140,91 Ha

População Absoluta: 6.202

Número de domicílios: 1910

Fonte: Habisp

6.2.2.3| T R TR R T R

*SM

= S

alár

io M

ínim

o

Gráfico 2. Dados IBGE

Gráfico 3. Dados IBGE

6.2.2.4| GR F R T R T R

Page 40: Memorial TFG Unicamp 2014

40Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

6.2.2.5| R P R P T R T R

Gráfico 4. Dados IBGE

Através dos dados apresentados é possível concluir que o bairro

do Bom Retiro é um bairro central de renda baixa, com grande número

de cortiços e quase totalmente no setor secundário e terciário, com alta

densidade demográfica e economicamente homogêneo.

6.2.3| LEVANTAMENTO FÍSICO

A seguir serão apresentados mapas dos levantamentos físicos da

região, feitos através de visitas da autora ao local. Com os mesmos a intenção

é apresentar uma compreensão profunda de todos os aspectos que a região

possui, contribuindo assim para um projeto completo e completamente

embasado na realidade.

Page 41: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.1| P P

0 100

Legenda:vaziocheio

Através desse mapa é possível notar a intensa ocupação da área, as poucas áreas vazias encontram-se próximas ao conjunto estudado.

Page 42: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.2| MAPA USOS

0 100

Legenda:residencialres + comérciocomércio

Legenda:institucionallazer

Através desse mapa é possível notar que a maior parte das ocupações tem seu uso comercial e/ou misto, caracterizando a área com boa oferta comercial.

Page 43: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.3| MAPA GABARITOS

Legenda:térreo2 pav3 a 5 pav

Através desse mapa é possível notar que a maior parte dos gabaritos encontrados estão entre 3 a 4 pav.

Legenda:6 a 7 pav8 a 10 pav> 10 pav

0 100

Page 44: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

SantanaLegenda:fluxo intensofluxo médiofluxo baixo

Através desse mapa é possível notar as intensidades dos fluxos, a Castelo Branco junto com a Av do Estado e a marginal apresentam os maiores fluxos da região.

6.2.3.4| MAPA DE FLUXOS

Legenda:fluxo locallocal de estudodireção

0 100 200

Page 45: Memorial TFG Unicamp 2014

CLUBE DE REGATAS

GAVIÕES DA FIEL

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA SP

ESTÁDIO OSWALDO TEIXEIRA DUARTE

ESTÁDIO PACAEMBU

Marginal Tietê

Av Santos D

umont

Av do Estado

Radial Leste

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.5| MAPA TRANSPORTES

Mapa na escala da cidade para a região do Bom Retiro.A região encontra-se bem servida de modais de transporte e é ligada por principais avenidas para todas as regiões de São Paulo.

0 500

Legenda:bairroestação metrôconexão linha azul + vermelha

Legenda:vias marginaisvias estruturais

Page 46: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

M

6.2.3.6| P TR P RT - U

0 100 200

Legenda:linhas existentesmetrô magenta metrô azul

A região apresenta-se com boa oferta de transporte público. armêniaponto de ônibuscorredor ônibusplanejado

M

Page 47: Memorial TFG Unicamp 2014

HOSPITAL SANTA ISABELSANTA CASA DE SP

HOSPITAL SAMARITANO

HOSPITAL ALBERT

EISNTEIN

INST. TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL

UBS BOM RETIRO

UBS BORACÉIAUBS VILA ROMANA

UBS BOM RETIROINTER HOSPITAL PARI

HOSPITAL MILITAR

PA NS. SENHORA DO PARI

SENAI

SENAC

INST. NACIONAL DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

INST. FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SP

ETE CARLOS DE CAMPOS

SENAI

SENAI

FACULDADE PAULISTA DE PESQUISA E ENSINO SUPERIOR

INSTITUTO MACKENZIE

FAAP

FACULDADE SANTA MARCELINA

PUC

SUMARÉ FACULDADE

UNIVERSIDADE ANHEMBI MURUMBI

SENAC

LIGA DAS ESCOLAS DE SAMBA

SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA

TEATRO MUNICIPAL

PINACOTECA

DESINFETÓRIO CENTRAL

OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE

CLUBE DE REGATAS

GAVIÕES DA FIEL

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA SP

ESTÁDIO OSWALDO TEIXEIRA DUARTE

ESTÁDIO PACAEMBU

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.7| MAPA EQUIPAMENTOS DIVERSOS

0 500

Mapa na escala da cidade para a região do Bom Retiro.A região encontra-se bem servida de equipamentos diversos.

Legenda: ens. superior

saúde

cultura

lazer/esporte

patrimônio tombado

Page 48: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

0 500

Mapa mostrando as EMEIs por perto e seu raio de influência, é possível perceber a falta desse equipamento na região.

Legenda:

EMEI

6.2.3.8| MAPA INFLUÊNCIA EMEI

Page 49: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.9| MAPA INFLUÊNCIA EMEF

Mapa mostrando a quantidade de EMEFs pelo bairro, a região encontra-se bem servida desse equipamento.

Legenda:

EMEF

0 500

Page 50: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.10| MAPA INFLUÊNCIA EE

Mapa na escala da cidade para a região do Bom Retiro.A região encontra-se bem servida de modais de transporte e é ligada por principais avenidas para todas as regiões de São Paulo.

Legenda:

0 500

Page 51: Memorial TFG Unicamp 2014

HOSPITAL SANTA ISABELSANTA CASA DE SP

HOSPITAL SAMARITANO

HOSPITAL ALBERT

EISNTEIN

UBS BOM RETIRO

UBS BORACÉIAUBS VILA ROMANA

UBS BOM RETIRO

HOSPITAL MILITAR

PA NS. SENHORA DO PARI

INTER HOSPITAL PARI

PA PAULO RIBAS BRAGA

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.3.11| MAPA INFLUÊNCIA UBS

0 500

Mapa mostrando somente os equipamentos de saúde da região, demonstra boa quantidade desse tipo de equipamento

Legenda:

UBS Hospital

Page 52: Memorial TFG Unicamp 2014

52Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

6.2.4| LEVANTAMENTO GEORGE CULLEN

O levantamento do bairro foi feito através dos moldes do Gordon Cullen

- “A Paisagem Urbana”. Foi percorrido um caminho a pé (mostrado pela linha

vermelha no mapa abaixo) documentando a experiência através de fotos,

escrita e croquis.

O passeio pelo bairro do Bom Retiro permite-nos observar com precisão

um bairro antigo se modernizando. Apesar do restante de São Paulo apresentar

uma alta verticalização, no Bom Retiro o gabarito é majoritariamente entre 2 e

4 pavimentos. O maior uso das tipologias é mista, com térreo comercial e/ou

industrial e segundo pavimento voltado para habitação.

Apesar do gabarito ser praticamente constante, as tipologias apresentam-

se de forma heterogênea. As cores, os padrões, as formas não são uniformes

não caracterizando o bairro com uma estética própria. É possível perceber

vários imóveis vazios, abandonados ou para locação, sugerindo que mesmo

sendo um bairro central, a procura por locações ali não é tão grande.

6.2.4.1| A SENSAÇÃO DO PEDESTRE:

6.2.4.1.1| FÍSICA:

As calçadas são precárias em todos os percursos, são poucos os

locais que apresentam espaço suficiente para uma pessoa passar e muitas

vezes as árvores encontram-se quebrando a calçada existente. Cadeirantes

e pessoas com mobilidade reduzida são obrigados a se locomover pelas

ruas, pois é impossÌvel fazer esse percurso pelas calçadas.

A vegetação não é abundante, não exerce sua função de proteger o

pedestre, são insconstantes e plantadas em locais inóspitos, muitas vezes

Figura 60. Mapa de percurso - metodologia George Cullen

Page 53: Memorial TFG Unicamp 2014

53TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

atrapalham mais do que ajudam. Em sua maioria são árvores há pouco

tempo plantadas que não fazem sombra.

É possÌvel ver um pouco de ciclistas próximos ao Parque do Gato,

porém o restante do bairro as ruas pertencem aos carros, percebe-se poucos

ciclistas que andam ao lado das bicicletas demonstrando a insegurança que

sentem. Em todas as ruas foram observados carros estacionados em ambos

os lados, um trânsito além de confuso, que serve para expulsar qualquer outro

meio de transporte, sem contar que a maior frequencia de estabelecimentos

comerciais serem estacionamentos.

O mobiliário urbano é ineficiente e esteticamente indesejável, as ruas

são mal iluminadas, a fiação é externa e demonstra várias ligações indevidas.

A sinalização urbana é deficiente, porém acaba por cumprir o seu papel. A

pixação é algo constante na região mostrando o descaso com o sentido de

lugar. Há muitos dejetos e lixos espalhados pelas calçadas, além da falta de

lixeiras.

6.2.4.1.2|SENSORIAL:

Percebe-se que é um bairro com muita história, apesar de serem pouco

cuidadas. O bairro tem sua configuração populacional bem diversificada, é

possível andar pela rua e ouvir vários idiomas falados. Dentre os quais mais

se nota atualmente é o espanhol. Pessoas de diversas etnias convivem

juntas mostrando que a maior riqueza do bairro È exatamente a diversidade.

O trânsito é caótico, amedontrador, mesmo porque a sinalização

do bairro é precária e confusa. Sendo um bairro comercial é de extrema

importância a melhoria dos percursos para os pedestres. Não existe uma

única rua onde isso acontece.

Há muitos catadores de materiais reciclados pelo bairro e moradores

de rua, apesar do indício d favelização ser quase nulo.

A sensação é de um bairro nem um pouco atraente que necessita

uma revitalização urgente.Há muitos catadores de materiais reciclados pelo

bairro e moradores de rua, apesar do indício de favelização ser quase nulo.

A sensação é de um bairro nem um pouco atraente que necessita uma

revitalização urgente.

Page 54: Memorial TFG Unicamp 2014

0 100

A

01

01

02

02

03

03

04

04

05

05

06

06

07

07

11

11

10

10

09

09

08

08

12

12

13

13

14

14

15

15

B

C

D

posto

transpostadora

conserto

móveis

escola

infantil

loja tecidos

*

*

*

*

**

**

**

****

******

************

******

****

****

****

****

****

**

**

****

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**

**

**

**

**********

**

****

****

****

****

**************

**

****

**********

**************

********

******

**

****

******

************

*

marmo-raria oficinaestaciona-

mento

AV DO ESTADO

R BARRA DO TIBAGI

AV PRES CASTELO BRANCO

R MATARAZZO

R IRRADIAÇÃO

R ADORAÇÃO

R CARMO

ZACCUR

R ANTONIO

HAJJAR

-CALÇADAS:péssimas, quebradas, pequenas demais, poucos lugares possuem passeio contínuo

- VEGETAÇÃO:dispersa, não protegem o pedestre do sol

-MOBILIÁRIO URBANO:esparço, em locais inade-quados, descuidados, a ão aparente

-PADRÕES OBSERVADOS:Visão serial, conceito de lugar nas ruas Carmo Zaccur, Adoração, Irradiação

Legenda:* imóvel industrial e/ou comer-cial sem uso determinado ** residencial& imóvel residencial abando-

nado

CORTE A

CORTE B

CORTE C

CORTE D

Page 55: Memorial TFG Unicamp 2014

0 100

01

01

02

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07

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11

11

12

12

08

08

04

09 10

09

C

B

A

R JAVAÉS

R GEN FLO

RES

R JARAGUÁ

R NEWTON PRADO

AV PRES CASTELO BRANCO

R MATARAZZO

R BARRA DO TIBAGI

*

*

* *

**

*

*

*

**

**

***

*

***

*

*

*

**

****

lojapeças

mercado

****

****

****

****

****

******

**

*

*

*

******

****

borra-

chariateatro

serra-lheria misto

mercado

estac

ionam

entoestacionam

ento

estacionamento

estacionamento

polícia

civil

****

********

**

**

******

******

****

**

M

&&

*****

**

****

***

****

****

***

*****

*

*

madeireira

bar

mercado

oficina

borracharia

indústria

têxtil

oficinaoficina

oficin

a

bar

indústria

têxtiltransporta-

dora

lojatecidos

**

***

***

**

** **** **

** ****

****

** ** ******

**

**

** **

**

lojacaixas

lojateci-dos

oficina

oficina

oficina

oficina

-CALÇADAS:medianas, caminhos muitas vezes quebra-dos, porém com taman-hos bons de calçadas

- VEGETAÇÃO:dispersas, não prote-gem o pedestre das intempéries

-MOBILIÁRIO URBANO:esparço, em locais inad-equados, descuidados,

a ão aparente

-PADRÕES OBSER-VADOS:visão serial em alguns locais, mas em geral, o caminho se apresenta de forma muito heterogêna

Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado

CORTE A

CORTE B

CORTE C

Page 56: Memorial TFG Unicamp 2014

0 100

01

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10

10

11

11

12

12

13

13

AV PRES CASTELO BRANCO

AV PRES CASTELO BRANCO

R SÉRGIO TOMÁS

R JARAGUÁ

R CRISTINA TOMÁS

R DOS ITALIANOS

quadras esportivas

ferramentas

industriais

oficinaoficina

boliche

gaviões

fiel

gaviões

fiel

gaviões

fiel

desentu-

pidora

gaviões fiel

*

** **

****

**

**

*

*

*

*

*

**

**

** *

*

*

* depósito de materiaisrecicláveis esta-ciona-mento

MM

bar

& &&&

*

-CALÇADAS:medianas, caminhos muitas vezes quebra-dos, porém com taman-hos bons de calçadas

- VEGETAÇÃO:dispersa, não protegem o pedestre do sol

-MOBILIÁRIO URBANO:esparso, em locais inad-equados, descuidados,

a ão aparente

-PADRÕES OBSER-VADOS:justaposição, no começo das ruas Cristi-na e Sérgio Tomás, há encontro com vege-tação e “elementos ligados ao campo”.

Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado

Page 57: Memorial TFG Unicamp 2014

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01

01

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02

02

03 04

04

05

05

10

1010

AV PRES CASTELO BRANCO

PONTE ORESTES QUÉRCIA

-CALÇADAS:péssimas, muitas vezes inexistentes, local mais impróprio para pedes-tre do passeio inteiro

- VEGETAÇÃO:quase nula

-MOBILIÁRIO URBANO:esparso e somente es-pecializado para carros

-PADRÕES OBSER-VADOS:nenhum

Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado

Page 58: Memorial TFG Unicamp 2014

0 100

06

06

02

02

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03

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05

08

08

07

07

01

01

AV PRES CASTELO BRANCO

RIO TIETÊ

CAMPO BASEBALLMENOR

CAMPO BASEBALLMAIOR

GATEBOL

RIO TAMANDUATEÍ

CRECHE

QUADRAS

USINA DE TRIAGEMMATERIAISRECICLADOS

CENTR

O

COM

ERCIA

L

SUMÔ

CÓR

REG

O

-CALÇADAS:medianas, apresentam caminhos descontínu-os, porém de todos os locais observados são as melhores calçadas

- VEGETAÇÃO:razoável

-MOBILIÁRIO URBANO:esparço, descuidados

-PADRÕES OBSER-VADOS:aqui e além, dentro do campo de baseball, há a contraposição de um local esparso e da cidade no entorno.

Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado

Page 59: Memorial TFG Unicamp 2014

59TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

6.2.5| T T -

O segundo levantamento, mais sensorial, teve como conceito o passeio

do pedestre pelas vias seguindo as premissas contidas no livro “A Imagem

da Cidade” do autor Kevin Lynch. O mapa mental, apresentado na próxima

página, foi desenvolvido através de passeios pela área e observando aonde

acontecem encontros, marcos do local, etc.

6.2.5.1| MAPA MENTAL:

É possível notar as barreiras muito presentes, no caso, as vias de

tráfego intenso, a Marginal Tietê e a Castelo Branco. Os nós acontecem,

geralmente nos encontros das mesmas com outras ruas, e no caso no

encontro das ruas Sólon, com a Rua da Graça, Rua Leonardo Pinto e Rua

do Areal.

A área não apresenta uma arquitetura muito distinta, portanto, os

marcos assinalados são os grafittes feitos nas empenas do conjunto Parque

do Gato que chamam atenção tanto dos motoristas da marginal, quanto da

Castelo Branco.

O “setor” assinalado é um quarteirão que apresenta uma estética bem

diferente das demais, sendo assim, necessário o seu destaque. É formado

por um conjunto de casas de dois pavimentos, estritamente residencial, com

calçadas estreitas e ruas sem saída.

Page 60: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

SantanaMapa mental na escala do bairro. Legenda: nós barreiras percursos

Legenda: marcos setor

0 500

MAPA MENTAL

Page 61: Memorial TFG Unicamp 2014

61TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

6.2.6| T T - P R U DO GATO

O levantamento socioeconômico do conjunto é feito pela Diagonal de

2010. É possível observar que a população encontra-se fragilizada por falta

de oportunidades tanto de estudos, quanto de trabalho, As famílias não são,

em sua maioria, numerosas, apresentam renda baixa e com membros em

distribuição similares entre as faixas etárias.

6.2.6.1| PROFISSÕES

6.2.6.2| FAIXA ETÁRIA

6.2.6.3| MEMBROS POR FAMÍLIA

Page 62: Memorial TFG Unicamp 2014

62Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

6.2.6.4| TEMPO DE MORADIA NO CONJUNTO

6.2.6.5| ESCOLARIDADE

6.2.7| LEVANTAMENTO LEGISLATIVO:

Como apontado anteriormente, a legislação paulistana é muito

conhecida por privilegiar, indireta e diretamente, o espaço privado sobre

o público e a negação de diretrizes que procurem aliviar as mazelas da

desigualdade social no território (MARICATO 2006). Tem no seu novo

plano diretor diretrizes que busquem a reversão de algumas consequencias

que estão caracterizadas no território. É possível perceber diretrizes com

premissas do novo urbanismo, como diversificação de espaços, várias

centralidades, privilegiar o transporte público, entre outras.

É importante ressaltar, que as diretrizes do antigo plano diretor foram

bastante ignoradas, com uma nova administração e um novo plano ressurge

a esperança de se reverter processos para a criação de uma cidade mais

participativa onde o direito ao urbano seja realmente universal.

Embora o plano diretor estratégico de São Paulo de 2014 ainda não

esteja vigente é importante ressaltar as modificações presentes na área

para futuras modificações. O local pertence a macroárea de reestruturação

e requalificação, ou seja, parcelamentos, edificação e utilização de

compulsórios, IPTU progressico no tempo, desapropriação com pagamento

em títulos, transferência do direito de construir. A ZEIS 3, estabelece a

prioridade com habitação de interesse social no local. O Ecoponto é um local

para entrega voluntária de pequenos volumes de entulho e há a central de

processamento de coleta seletiva de materiais secos próximo a Av Estado,

ambos demonstram uma preocupação crescente do Estado para melhorar

as questões de resíduos do local. Toda a área estudada está projetada para

continuar com CA 4, permanecendo a característica de gabarito baixo da

área. (Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br).

Page 63: Memorial TFG Unicamp 2014

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.7.1| PLANO DIRETOR SIMPLIFICADO

0 300

Mapa mostrando as intervenções do plano diretor para a área. Percebe-se a preocupação com a parte ambiental do local com o ecoponto previsto junto da central de processamento de coleta seletiva secos.

Legenda:ZEIS 3 (HIS)EcopontoCorredor de ônibus

Central de proces. coleta seletiva secos.

Page 64: Memorial TFG Unicamp 2014

RIO TIETÊ

RIO TIETÊ

RIO TAMANDUATEÍ

RIO TAMANDUATEÍ

RIO TIETÊ

SéLapa

Mooca

Santana

6.2.7.2| MAPA APP

Mapa mostrando as faixas de APP que pegam o local. Apesar de apresentar muita área contemplada pela APP, todas encontram-se completamente comprometidas.

Legenda:

APP

0 500

Page 65: Memorial TFG Unicamp 2014

07PROJETO

“Arquitetura é arte, mas arte bastante contaminada por muitas outras coisas.

Contaminada no melhor sentido da palavra - alimentada, fertilizada por muitas

outras coisas.”

- Renzo Piano

Page 66: Memorial TFG Unicamp 2014

66Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

01

02

03

04

7| PROJETO

Através de todo o estudo anteriormente apresentado nesse memorial,

foi desenvolvido uma série de propostas para multiplicidade de problemas

apresentados.

7.1| PR PR T - U

Inicialmente a ideia do projeto era propor melhorias somente para o

local que atualmente serve de triagem para materiais recicláveis, porém foi

necessária essa expansão em vista das complexidades apresentadas pela

área. O info-gráfico ao lado ajuda a ilustrar o processo de desenvolvimento.

1 - Área incial - Usina de coleta de materiais recicláveis - Propor um

projeto que desse mais condições para o desenvolvimento dessa atividade

tão necessária e subjulgada.

2 - O conjunto habitacional foi adicionado a área de intervenção para a

recuperação e reconexão do mesmo com o bairro.

3 - Adiciona-se a ponte estaidinha e as quadras laterais ao campo de

baseball. Ambas áreas encontram degradadas demais, a ponte pelo fato de

expulsão do acampamento que ali acontecia, as quadras laterais ao campo

de baseball pelo abandono do bairro (pelo menos dessa parte).

4 - As partes lindouras da área escolhida foram adicionadas para

melhor conectar todos os locais, quebrando a barreira da Av Castelo Branco.

Page 67: Memorial TFG Unicamp 2014

67TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

7.2| PROBLEMÁTICAS X PONTECIALIDADES:

A partir de todo o diagnóstico levantado anteriormente é possível

levantar algumas características da área que servem como potencialidades

e problemáticas a serem solucionadas e assim serviram de guia para as

propostas apresentadas:

Page 68: Memorial TFG Unicamp 2014

68Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

7.3| PROPOSTAS:

As propostas em escala macro são:

Ligação dos pontos diversos do bairro tornando-o mais unido e diverso,

celebração da diversidade encontrada

Aumento da segurança da área com aumento da densidade

esportes

habitação

mobilidade

cultu

rareciclagem

meio ambiente natureza

educação

sust

enta

bilid

ade

lazer

Page 69: Memorial TFG Unicamp 2014

69TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Desenho novo das vias preocupando-se com desenho universal

Parque conectando as áreas completamente e aumentando a área de

lazer, área verde e espaço público e reconectando os habitantes com o rio.

As propostas se dividem na nível físico da seguinte forma:

parque

habitação

barreira

Page 70: Memorial TFG Unicamp 2014

70Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

7.3.1| HABITAÇÃO

Devido ao local do bairro encontrar-se muito inóspito e abandonado,

alguns lotes foram escolhidos para desapropriação e criação de lotes para

habitação de interesse social. Essa proposta engloba tanto as famílias

expulsas da ocupação estaiadinha quanto o déficit de moradia que existe na

cidade de Sâo Paulo.

Com essas áreas livres, foi pensado o desenho novo das quadras

seguindo uma forma de se ocupar o espaço sem destinar muita área aos

automóveis.

Inicialmente o tipo de ocupação das HIS foi pensado no tipo de edifícios

em fita, porém, viu-se que com a densidade desejada e com o desenho das

quadras o ideal seria outro tipo de implantação, no caso de forma a respeitar

os lotes existentes e propiciando maior diversidade arquitetônica.

DO GATO -

Lotes desapropriados

quadras que sofreram intervençãoeixos novos

tual

Pro o ta

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71TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Pq do Gato2 hab/ m2

200 hab/ha

Proposta3,5 hab/ m2

350 hab/ha

Partido abitação

Recuo aioreenor cone ão co a ruaenor e ibilidade

Ti olo ia não condi ente co entorno

au a ro eita ento do e aço

Recuo enoreel or cone ão co a rua

aior e ibilidadeTi olo ia condi ente co entorno

o a ro eita ento do e aço

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72Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

4

1217

12

4

1217

12

410

128

ote co rido ti olo ia e i tente

uintal Te tada enorGabarito bai o

n o ti olo ia lote

ote ara obrado uni a iliare - 2 a 1 unidade

ote ara ca a obre o ta t rreo co ercial - a 1 lote - 2 0 ca a

ote ara ca a obre o ta - 2 a 2 lote - ca a

Foram pensados 3 tipos de lotes, com testadas menores para condizer

com a realidade existente do bairro.

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73TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

i er idade de ti olo ia di er idade de o ulação

uintalcone ão nature a

bertura o o taentilação cru ada

bertura enitaiilu inação natural

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74Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

Com o aumento da densidade são necessários equipamentos urbanos

para a população nova e melhora dos que já existem na região:

Moradia: HIS casas sobrepostas + comércio térreo HIS sobrabos HIS casas sobrepostas Equipamentos Públicos: Creches Escola Ensino Fundamental Centro de Apoio Morador de Rua Centro de Triagem de Materiais Recicláveis Parque: Parque Barreira Acústica: Barreira Vegetal Barreira Vegetal + Barreira Mecânica Barreira Mecânica

TOTAL:

27.000 m2

4.300 m2

125.000 m2

6.300 m2

162.600 m2

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75TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

7.3.2| MOBILIDADE

As modificações na parte de mobilidade se deram, primordialmente,

com a transposição de fluxo da Castelo Branco para uma nova alça na Av

Santos Dumont deixando a Castelo Branco livre para se ter um novo desenho

privilegiando outros modais e com trânsito mais leve, tirando-a de caráter de

barreira entre o bairro e o conjunto habitacional.

Tran er ncia do u o

tual Pro o ta

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76Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

A Av. Castelo Branco foi redesenhada de modo que possua 3 faixas

principais, 1 corredor exclusivo para ônibus, 1 para automóveis e a última

faixa destinada para a ciclofaixa. Com seu novo desenho, os diversos tipos

de modais tiveram seu local apropriado. O pedestre possui local propício e

seguro para poder caminhar em paz. Os pisos e caminhos foram pensados

para que portadores de dificuldades locomotoras pudessem seguir livremente

sozinhos.

A ciclofaixa possui 2 sentidos e em trechos onde não há canteiro entre

a pista de automóveis e a ciclofaixa há uma distância generosa impedindo

quaisquer tipos de acidentes.

O corredor de ônibus possui pontos de ônibus distribuídos livremente

com acessos através de faixas de pedestres que possibilitam a ligação entre

os dois lados de forma segura.

ia

oo a telo ranco

ciclofaixa

ciclofaixa

faixa automóvel

faixa de ônibus

faixa automóveis

faixa ônibus

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77TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

Rua ParticulareComo o bairro apresenta quadras maiores do que o comum, o desenho

permitiu um uso um pouco diferenciado e, para que as distâncias percorridas

não sejam muito maiores do que os pedestres possam caminhar, ruas

particulares foram criadas. As mesmas servem de apoio para as casas e

para os comércios e possibilitam ocupação arborizada com mobiliário urbano

que possibilita a integração social da área.

n o r fico - Rua Particulare

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78Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

01

02

03

05

0406

07

01 - mesinhas02 - bicicletário03 - vagas PNE04 - jardim de chuva05 - mesinhas06 - floreiras07 - quintal compartilhado

oo - oorne

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79TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

7.3.3| PARQUE

O parque foi pensado como forma de ligação entre os dois extremos

do local unindo as necessidades de integração do Conjunto Habitacional,

conservar o que resta da APP, reconectar os habitantes com a orla dos rios

e projetar um local apropriado para reciclagem de materiais aproveitando a

temática com o meio ambiente.

Teve como partido, além da ligação com o bairro, a natureza envolver

o cidadão de várias formas para que o caráter de sustentabilidade seja não

só algo abstrato, mas vivido na ambiência do parque.

conexões propostas principais maciços vegetais

APP

eixos propostas

n o r fico - one e Parque

n o r fico - i o Pro o to

n o r fico - aciço e etai

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80Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

BARREIRA ACÚSTICADevido ao intenso barulho vindo da Marginal Tietê foi pensado uma

barreira acústica que privilegia tanto a visão do motorista quanto de quem se

encontra no parque.

Pensada de modo que seja como um “gradiente” vegetal, a barreira

tem 3 divisões, a primeira, somente vegetal, onde o raio da vegetação tem

15 metros, a segunda, mista entre barreira mecânica e vegetal e a terceira,

pela falta de espaço, somente vegetal.

tual

n o r fico - arreira e etal

barreira somente vegetalbarreira mecânica + vegetalbarreira somente mecânica

01

01

02

02

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lantação Geral

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82Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

7.4| REFERÊNCIAS PROJETUAIS:

7.4.1| KRONSBERG:

O distrito de Kronsberg é um ótimo exemplo de planejamento urbano e

construtivo visionarios. O distrito possui padrão ecológico excepcionalmente

alto, edifícios com padrão de moradia acima da média, com design em

espaço aberto, semi-natural. O distrito representa um dos maiores e mais

avançados planos diretores deste tipo na Europa. [1]

• A idéia do projeto é criar um distrito ecologicamente amigável,

sustentando em três bases principais:

• Casas de baixo gasto energético, com métodos construtivos de

garantida qualidade;

• Aquecimento fornecido por usinas de cogeração descentralizadas,

aliadas a um programa de economia de energia elétrica;

• Fontes renováveis de energia (solar e eólica) e tecnologias

inovadoras

As diversas medidas aliadas geraram como resultado uma diminuição

de 45% no consumo energético (com sistemas de aquecimento) e redução

de 74% em emissões de CO2

Área Total: 12 km2

Localização: Hannover - Alemanha

Arquiteto - Grupo: uma rede de parceiros foi desenvolvida, consistindo

de:

• Municipalidade de Hannover;

• Departamento da Baixa Saxonia ;

• Comite Consultivo de Kronsberg ;

• Kronsberg Environmental Liaison ;

• Centro de Meio Ambiente e Energia ;

• Intituto de Pesquisas em Construções ;

• Associação dos Consumidores ;

• Centro de Proteção Ambiental ;

• Diversos investidores como agências imobiliárias, arquitetos locais

e a sociedade civil;

Pontos Positivos:

Transporte: o transporte é bem planejado, sendo que há linhas de

trem expresso até o centro da cidade (Hannover), com curto tempo de

viagem (17 min). Na área residencial o acesso a carros é proibido, exceção

feita a moradores, mas, apesar disto, o acesso a pontos de transporte

public localizam-se de modo que ninguém deva andar mais de 600m para

acessá-los.

Energia: o projeto é sustentável, apresentando prédios com

Figura 61. Fonte: www.quazoo.com

Rua de ron ber

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83TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

característica de consume baixa. Como exemplo, podemos citar que mais

de 5000 lâmpadas de baixa potência foram subsidiadas, representando uma

economia de mais de 350MWh/ano.

Água: todas as áreas pavimentadas possuem sistema de absorção

de água, liberando-a gradualmente posteriomente; além disso todos os

apartamentos contam com dispositivos de economia de água.

Tratamento Resíduos: sistemas de coleta inovadores foram

implementados; assim, o bairro atinge indices de reciclagem de Dockside.

lantação que tica

Figura 62. Fonte: www.ecobine.de

Figura 63. Fonte: www.quazoo.com

Figura 64. Fonte: www.quazoo.com

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84Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

7.5| HAFENCITY

O projeto HafenCity é bastante peculiar, pois ocupa a area portuária de

Hamburg, na Alemanha, valendo-se da reduzida importância que os portos

possuem atualmente.

A criação da area HafenCity gerou um aumento de 40% na área da

cidade de Hamburg, aumentando significativamente a oferta residencial no

local.

Área Total: 1,5 km2

Localização: Hamburg, Germany

Arquiteto / Grupo: ASTOC, Kees Christiaanse, and Hamburgplan

Pontos Positivos:

• Sistema de aquecimento ecológico;

Pontos Negativos:

__

Figura 65. Fonte: www.haffencity.com

Figura 66. Fonte: www.haffencity.com

Figura 67. Fonte: www.haffencity.com

Figura 68. Fonte: www.haffencity.com

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85TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

7.6| DOCKSIDE GREEN

Dockside Green é um bairro multiuso localizado em Victoria, Canadá, e

é reconhecido por sua estrita aderência a princípios de arquitetura sustentável

e construção verde – a certificação LEED é uma de suas grandes conquistas.

Área Total: Aproximadamente 47mil m2

Localização: Victoria, British Columbia - Canada

Arquiteto / Grupo: VanCity Credit Union, Windmill West, Three Point

Properties

Busby Perkins+Will Architects

Conquistas: mais de 30 prêmios em design

Pontos Positivos:

Certificado LEED;

50% da primeira fase (Synergy) é dedicada a espaços abertos;

Synergy é o projeto com pontuação mais alta (63 pontos) na certificação

LEED;

Como o projeto contempla um gerador elétrico por biomassa, há uma

redução de emissão de gases equivalente a 3460 toneladas;

Com sistemas para uso eficiente de água, o projeto pode economizar

aproximadamente 270 m3 nas áreas públicas, uma redução de 65% em

relação aos projetos convencionais;

O projeto também tem seu lado social: ao menos 10% das unidades

serão destinadas a pessoas com renda de até $15.000 (a renda média no

Canadá é superior a $27.000);

Sistema de tratamento de resíduos com bioreactor de membrane;

A água tratada retorna as residencies para ser utilizada em descargas

e para irrigação de jardins;

Pontos Negativos:

--

Figura 69. Fonte: www.docksidegreenenergy.com

Figura 70. Fonte: www.docksidegreenenergy.com

Figura 71. Fonte: www.docksidegreenenergy.com

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86Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

7.7| HIGH LINE PARK

O HighLine é um parque linear urbano implantado sobre uma linha

férrea elevada (construída em 1930 e posteriormente desativada), no lado

oeste de Manhattan. É um dos espaços públicos mais visitados na cidade

nos últimos tempos, tornando-se uma referência mundial pela qualidade do

desenho urbano e pelas suas estratégias de renovação de áreas centrais

degradadas.

A idéia do Parque surgiu em 1999 diante ameaças de empreendedores

que pretendiam demolir o elevado. Para evitar esta ameaça, a comunidade

local criou a ONG Friends of the High Line, com a missão de transformar a

estrutura elevada e até então abandonada, em um espaço público repleto de

áreas verdes e passeios.

A intenção dos projetistas era que a natureza recuperasse um pedaço

vital na infra-estrutura urbana, transformando um espaço degradado pela

vida pós-moderna em uma área de lazer, vida e crescimento.

Assim, o elevado foi transformado em um espaço público para a

circulação de pedestres, repleto de verde.

Área Total:

Localização: Manhattan / New York City - USA

Arquiteto / Grupo: Diller Scofidio + Renfro

Ano: 2008

Pontos Positivos:

Reuso de espaço residual

Aumento de espaço público

Pontos Negativos:

--

Figura 72. Fonte: www.archdaily.com Figura 73. Fonte: www.archdaily.com

Figura 74. Fonte: www.archdaily.comFigura 75. Fonte: www.archdaily.com

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87TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|

7.8| BORNEO

O plano de Borneo-Sporenburg consiste em um dos mais compactos

da década de 90, consiste de um conjunto de bairros planejados na zona

portuária de Amsterdã que propõe diversidade cultural, arquitetônica e de

programas.

As casas com testadas estreitas são marcos arquitetônicos

consolidados. Com suas plantas bem resolvidas, procurando maximizar o

uso da luz solar e de pavimentos intermediários, demonstram que é possível

ambientes bem aproveitados mesmo com espaço limitado.

Área Total: 0,25 km2

Localização: Amsterdã, Holanda

Arquiteto / Grupo: MVRDV

Pontos Positivos:

Diversidade arquitetônica

Conexão com construções locais

Pontos Negativos:--

Figura 76. Fonte: http://www.mvrdv.nl/

Figura 77. Fonte: http://www.mvrdv.nl/Figura 78. Fonte: http://www.mvrdv.nl/Figura 79. Fonte: http://www.mvrdv.nl/

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88Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

7.9| PRAÇA VICTOR CIVITÁ:

Por 40 anos o incinerador Pinheiros funcionou incinerando boa parte

do lixo de São Paulo, na década de 90 passou a abrigar 3 cooperativas de

de triagem de materiais reciclados, uma delas se tornou a sede do Centro

de Integração, Informação e Preparação para o Envelhecimento, ainda hoje

ativa no local.

Em 2001 a prefeitura de São Paulo firmou um acordo com a Abril para

recuperação da área transformando-o num local para arborizado com lazer

e atividades físicas e culturais.

O projeto foi premiado pelo prêmio Greenbest em 2012 como um dos

melhores projetos de arquitetura que englobam sustentabilidade, mostrando

o reconhecimento da população para o projeto.

Área Total: 13.648 m2

Localização: São Paulo, Brasil

Arquiteto / Grupo: Levisky Arquitetos e Julia Dietzsch

Pontos Positivos:

Recuperação de uma área contaminada e degradada

Invesimento em conhecimento para repensar questões sustentáveis

Aumento de área pública e degradada

Pontos Negativos:

--

Figura 80. www.archdaily.com.brFigura 81. www.archdaily.com.brFigura 82. www.archdaily.com.br

Page 89: Memorial TFG Unicamp 2014

08BIBLIOGRAFIA

“A arquitetura deve permanecer experimental e se abrir a novas ideias e aspirações.

Diante das forças conservadorasque constantemente a empurram para aquilo que

já foi experimentado, construído e pensado, a arquitetura deve explorar o que não

foi testado ainda(...) é preciso manter-se aberto e experimental, e talvez marginal.“

- Steven Holl

Page 90: Memorial TFG Unicamp 2014

90Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

8| BIBLIOGRAFIA

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92Renata Ungaro Venitucci | 073666 |

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http://vimeo.com/69638300#at=89

https://www.youtube.com/watch?v=w6wX_8nOXNk

https://www.youtube.com/watch?v=iiMuW63n1Tw