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MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO ARQUIVO MUSEU DIOCESE LAMEGO [Em]COMUM Uma cidade. Dois museus Projeto One city. Two museums

Memórias de Timor de Lamego

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Peças de artesanato tradicional timorense e de outras regiões do Oriente, como China ou Indonésia, têm em comum o facto de todas serem oriundas de portugueses que regressaram de Timor até Lamego. O resultado desta união foi “Memórias de Timor em Lamego“, primeiro sob a forma de exposição e agora sob a forma de catálogo.

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Page 1: Memórias de Timor de Lamego

MEMÓRIASDETIMOREM

LAMEGO

ARQUIVO MUSEUDIOCESE LAMEGO [Em]COMUM

Uma cidade. Dois museus

Proj

eto

One city. Two museums

Page 2: Memórias de Timor de Lamego

Exposição | apoio empresarial

ARQUIVO MUSEUDIOCESE LAMEGO

Exposição | organização

Page 3: Memórias de Timor de Lamego

Arquivo - Museu Diocesano de Lamego2 a 31 de maio de 2015

MEMÓRIASDETIMOREM

LAMEGO

Page 4: Memórias de Timor de Lamego

EXPOSIÇÃO

DireçãoLuís Sebastian

ComissariadoJosé Pessoa (coordenador) Georgina Pinto Pessoa Manuela Vaquero

TextosGeorgina Pessoa Manuela Vaquero

ConservaçãoGeorgina Pessoa

Fotografia e tratamento digitalAlexandra PessoaJosé Pessoa

Design e produçãoMuseu de Lamego

MontagemMuseu de LamegoArquivo-Museu Diocesano de Lamego

ColeçõesMuseu de Lamego(Legado da Família Lemos PiresDoação Comandante Humberto Leitão)Família Mascarenhas Gaivão

DivulgaçãoPatrícia Brás

Gestão de Recursos Humanos e FinanceirosPaula Duarte

AgradecimentosD. Maria Theolinda Queiroz MartinsBarreto Lemos PiresFamília Mascarenhas GaivãoGeoDouro

CATÁLOGO

DireçãoLuís Sebastian

TextosGeorgina PessoaJosé PessoaLuís SebastianManuela Vaquero

Fotografias José PessoaPaula Pinto

Digitalização de textosAlexandra Pessoa

Design gráficoPaula Pinto

EdiçãoMuseu de Lamego | Direção Regional de Cultura do Norte

Data de EdiçãoAgosto de 2015

ISBN 978-989-20-5971-6

O conteúdo dos textos, direitos de imagem e opção ortográfica são da responsabilidade dos autores.

FICHA TÉCNICA

Page 5: Memórias de Timor de Lamego

ApresentaçãoLuís Sebastian

Diretor do Museu de Lamego

“Memórias de Timor em Lamego”:…uma inesperada contribuição

José Pessoa

Caderno de cópias da correspondência oficial do Governador de Timor

Transcrição de Manuela Vaquero

Arquitectura tradicional timorenseGeorgina Pinto Pessoa

Biografia de Humberto LeitãoManuela Vaquero

Marionetas de JavaGeorgina Pinto Pessoa

Ikat e BatikGeorgina Pessoa

Comunidade chinesa em TimorManuela Vaquero

Bibliografia

Fac-símile | Caderno de cópias da correspondência oficialdo Governador de Timor

Timor, 1891

Caderno Museográfico

ÍNDICE\\5

\\8

\\11

\\16

\\28

\\30

\\34

\\52

\\62

\\68

\\102

Page 6: Memórias de Timor de Lamego
Page 7: Memórias de Timor de Lamego

A exposição é a terceira iniciativa do Museu de Lamego realizada nos “Memórias de Timor em Lamego”

espaços do Arquivo-Museu Diocesano de Lamego, integrando assim o Projeto Em[Comum] parceria

protocolada em 2014 entre o Museu de Lamego e a Diocese de Lamego, tendo por objetivo dinamizar os espaços

do Arquivo-Museu Diocesano de Lamego através de iniciativas conjuntas.

Já em 2014, ao abrigo do Projeto Em[Comum], foram realizadas as exposições “A Sé de Lamego no Museu” e

“Viagem ao Oriente”, sendo esta última resultante ainda do projeto que o Museu de Lamego mantém desde

2012, de identificação e inventário de espólios fotográficos familiares com referência ao Douro, e do qual já tinham

resultado em 2013 as exposições “Uma viagem no tempo, do outro lado do espelho” e ”Caminhos do Ferro e

da Prata”.

Contudo, a exposição serviu ainda um triplo sentido: Quando em 2012 o “Memórias de Timor em Lamego”

Museu de Lamego recebeu em doação uma representação em filigrana de prata de uma casa tradicional de

Lospalos, oferecida pelo povo timorense ao General Mário Lemos Pires após a independência do país em 2009 e

doada pela sua viúva, a Sra. Maria Theolinda Queiroz Barrento Lemos Pires, ficou o compromisso de a expor

anualmente em data próxima à da independência de Timor Lorosae. A este compromisso, logo em 2013, juntou-se

a parceria da Associação dos Amigos do Povo de Timor Lorosae, resultando na exposição “Timor Lorosae:

objetos de devoção”, então tendo por base a coleção particular do Tenente-Coronel José Luís Marques da Silva.

Desta feita, para a exposição , recorreu-se ao acervo do Museu de Lamego, “Memórias de Timor em Lamego”

nomeadamente ao espólio da doação do Comandante Humberto Leitão, ao qual se juntaram diversas peças

LUÍS SEBASTIAN

Diretor do Museu de Lamego

\\5MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 8: Memórias de Timor de Lamego

6\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

gentilmente cedidas pela família Mascarenhas Gaivão.

Seguindo a política editorial assumida pelo Museu de Lamego desde 2012, de privilegiar a disponibilização

gratuita e universal on-line da maioria dos seus catálogos de exposição a partir do seu site oficial

(www.museudelamego.pt), chegou agora a vez de disponibilizar o catálogo da exposição “Memórias de Timor

em Lamego”, uma vez mais integralmente produzido no seu conteúdo e formato pela equipa do Museu de

Lamego.

Por fim, impõe-se agradecer àqueles que tornaram possível mais esta iniciativa, nomeadamente à Diocese de

Lamego, ao Arquivo-Museu Diocesano de Lamego, às famílias Lemos Pires e Mascarenhas Gaivão e à empresa

Geodouro, mecenas do Museu de Lamego desde 2014.

À equipa do Museu de Lamego o meu reconhecimento…

Page 9: Memórias de Timor de Lamego
Page 10: Memórias de Timor de Lamego

“Memórias de Timor em Lamego”:…uma inesperada contribuição

Page 11: Memórias de Timor de Lamego

\\9MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

O General Mário Lemos Pires nasceu em Lamego, Rua de Almacave, a 30 de Junho de 1930. Notabilizou-se por

uma brilhante carreira militar, tendo sido o último Governador português de Timor-Leste. Aí granjeou o respeito e a

amizade dos timorenses, como é notório na carta enviada à sua família, por ocasião do seu falecimento, por

Xanana Gusmão, então Primeiro-Ministro da República Democrática de Timor-Leste:

Após a independência, os timorenses entenderam oferecer a este oficial uma prenda, testemunho da sua

consideração e amizade. E nada podia ser mais representativo do que uma réplica miniatural em filigrana de

prata, de fina execução, da casa tradicional de Lospalos, cidade que dista 248 km a leste de Díli, capital do Distrito

de Lautém. Da mui variada arquitectura popular de Timor, das muitas etnias que a integram, esta é certamente um

dos exemplos mais interessantes.

Quis a família do General Lemos Pires fazer doação desta preciosa e simbólica peça ao Museu de Lamego, terra

natal do seu familiar. Assumiu a referida instituição o compromisso e o privilégio de a expor, todos os anos por

ocasião do aniversário da independência desta colónia portuguesa, 20 de Maio e a data do falecimento deste

ilustre lamecense, 22 do mesmo mês.

Este ano entendemos dar um carácter mais relevante a esta mostra, acompanhando a casa de Lospalos de outras

memórias de Timor que fazem parte do acervo do nosso Museu, provenientes do espólio doado pelo Comandante

Humberto Leitão, e também de espécies pertencentes à Família Mascarenhas Gaivão, a quem agradecemos

especialmente a disponibilidade e a generosidade com que sempre colaboram, permitindo-nos dispor de

preciosas peças das suas colecções, cuja exposição muito nos apraz.

JOSÉ PESSOA

Page 12: Memórias de Timor de Lamego

Eis que muito facilmente se reúne uma Exposição, justamente intitulada de “ ”, Memórias de Timor em Lamego

com espécies timorenses de artesanato tradicional, ou de outras zonas do Oriente (China e Indonésia), todas

oriundas de portugueses que retornaram de Timor, até Lamego. São testemunhos de uma cultura asiática, tal

como existia nos finais do século XIX, e que tanta influência exerceu na nossa própria cultura, estando presente no

nosso quotidiano desde o século XVI.

Da doação Humberto Leitão escolhemos ikats e batikes, onde podemos visualizar técnicas milenares de

decoração de têxteis, cuja origem se perde na História dos povos do Índico e do Pacífico. E também as Marionetas

“Wayang Kulit ” evocando as profundezas de Java, para nós misteriosas e exóticas formas de um teatro tão

distante, mas que esteticamente tanto nos impressionam.

Se no fundo antigo do Museu de Lamego pouco mais existe relacionado ou oriundo de Timor, encontrámos na

colecção da Família Mascarenhas Gaivão (cuja riqueza e diversidade continuam a surpreender-nos) um conjunto

de espécies do séc. XIX, que vieram de Timor na bagagem de um seu antepassado, Cipriano Forjaz de Sampaio,

Governador da colónia entre 1891 e 1893, cuja variedade e valor documental são inegáveis. Para além de sete

preciosas imagens fotográficas , testemunhos muito raros de Timor no séc. XIX, encontramos duas preciosas 1

caixas feitas de folhas de palmeira , profusamente coloridas por pigmentos e missangas, dois chapéus 2

tradicionais, com desgastes de uso mas em que ainda se pode ver a decoração original, duas peças de mobiliário

e uma escultura chinesas , e um inesperado caderno de capa preta…3

O caderno de capa preta, contendo páginas com textos muito regulares, laboriosamente manuscritos, veio a

revelar-se um precioso registo de cópias da correspondência oficial de um Governador acabado de chegar ao

10\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

1 Estas espécies foram expostas em “Viagem ao

Oriente” - Museu Diocesano - Museu de Lamego,

2014 - Lamego, e constam do respectivo catálogo.

2 Participaram na Exposição Insular e Colonial

Portuguesa - ver Catálogo da exposição insular e

colonial portuguesa em 1894 no palácio de crystal

portuense. - Lisboa: Imprensa Nacional, 1895. - 3 v.;

3 cm. - Catálogo das colónias portuguesas: S. Tomé

e Príncipe, Cabo Verde, Guiné Portuguesa (Guiné-

Bissau), Angola, Moçambique, São João Baptista de

Ajudá (um enclave), Macau, Timor Português (Timor-

Leste) e Índia Portuguesa (Diu, Damão, Goa e Dadrá

e Nagar Haveli).

3 As relações da China com a Ilha de Timor são

muito antigas, sendo provável que tenha existido

uma comunidade chinesa muito anterior à chegada

dos portugueses. É de considerar que peças

tradicionais de mobiliário e arte chinesa tenham sido

fabricadas no local.

Page 13: Memórias de Timor de Lamego

território. Muitos destes documentos, de relevância histórica, se terão perdido. O ofício de abertura deste caderno,

datado de 8 de Fevereiro de 1891, é extremamente elucidativo do estado em que Cipriano Forjaz Sampaio veio

encontrar a nossa colónia mais longínqua. Neste catálogo incluímos, com grande satisfação, o fac-símile, que fica

assim à disposição de todos os investigadores.

Nos próximos anos continuaremos a busca das memórias de Timor em Lamego!

\\11MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 14: Memórias de Timor de Lamego

Caderno de cópias da correspondência oficial do Governador de Timor

Page 15: Memórias de Timor de Lamego

\\13MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Timor, 1891- sobre o estado em que encontrei o Destricto

mo mo aIll. e Ex Sr. - Tenho a honra de communicar a V. Ex. que assumi o governo d'este Destricto em 5 do corrente

tãomez, o qual me foi entregue pelo Sr. Cap. encarregado do Governo Porphirio Z de Sousa. O Destricto segundo

me é communicado, pelo mesmo capitão, está um socego. Cumpre-me contudo, informar V. Ex.ª, que o estado em

que encontrei Dilly, me produzio a mais desagradável impressão, pois que tendo sahido de Timor em 1886; Deixei

Dilly, senão uma cidade, completamente civilisada, pelo menos limpa, e bem tratada, mostrando assim aos

estrangeiros, o mais que se pode conseguir, com os deminutos recursos de que dispomos. Triste é confessa-lo

moEx Sr, vergonhosisimo é o estado em que encontrei tudo isto. Em frente do Palacio, uma ponte, que me obrigou a

desembarcar ás costas d'um preto; - Deante da Alfandega, restos importantes d'outra ponte, que abandonada,

patenteando está, a todos a nossa incuria e desleixo. As ruas da cidade, e sua arborisação, cheias de matto; lixo, e

abandono. Duas das pontes, na principal rua, quasi intranzitaveis, com grande prejuiso para o commercio, e risco

dos transeuntes. Os antigos Edificios do Estado, cahindo em ruinas. Os modernos, sem as caiacões; pinturas e

limpesas devidas, denotando a decadencia, que os holandeses tanto apregoaram em Batavia e Socrabaia. A

residençia de Lahane, sem agoa, por deixarem destruir a canalisação de bambus; sem mobilia; as janellas sem

vidros, xxx. Os edificios em construcção e de necessidade urgente, como pharol e paiol, abandonados. É

repugnante e extraordinario, Ex.mo Sr, o estado a que se deixou chegar a capital d'uma colonia prospera e a unica,

Transcrição de MANUELA VAQUERO

Page 16: Memórias de Timor de Lamego

que representa a nossa civilização e dominio na Occeania. Sollicitandoa alta e valiosaprotecção de V. Exª, sem a

qual, me não será possível, conseguir levantar Dilly, e quiçá Timor, do deploravel estado, em que se encontra, terei

a honra de, em officios subsequentes, appresentar a V. Exª as medidas, que me parecerem, mais approppriadas,

para tal fim.

Residencia de Lahane 8 de Fev 1891

Governador Cipriano Forjaz de Sampaio

(antepassado da Família Mascarenhas Gaivão)

14\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 17: Memórias de Timor de Lamego
Page 18: Memórias de Timor de Lamego

Arquitectura tradicional timorense

Page 19: Memórias de Timor de Lamego

\\17MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Como todas as criações, a arquitectura, arte de projectar um espaço para edificar, obedece a princípios, normas

técnicas e materiais que servem o indivíduo, no sentido de dar resposta a exigências funcionais, estéticas e

simbólicas.

Em termos sociais visa a satisfação das necessidades das comunidades de organizar, estruturar e adaptar os

espaços e os lugares que habita, tendo em conta as suas características naturais aos quais associa o seu cunho

particular, a sua cultura e os seus valores. Aspectos presentes nas construções timorenses, onde a relação entre a

natureza e o homem, o meio e modus vivendi, estão estreitamente ligados.

Simples nos seus princípios, esta procura satisfazer as necessidades básicas do seu quotidiano em termos de

habitabilidade, funcionalidade, segurança e economia de meios. Encontra na natureza os materiais de origem

vegetal que usa na sua construção.

São habitualmente feitas sobre estacas de madeira de altura variável dependendo das características

geomorfológicas e do tipo de técnica de construção de cada região, adaptadas à alta precipitação e à protecção

dos animais. De estrutura quadrangular, sustentando a meio uma plataforma de madeira, com uma cobertura

piramidal truncada rematada por elementos de carácter simbólico.

A presença de algumas construções assentes no solo regista a influência portuguesa e o processo de aculturação

dos nativos, todavia, são construídas de acordo com os processos tradicionais usando o colmo e a madeira e

quase sempre se destinam a alojar os malai (estrangeiros) ou guardar os Liuriai (régulos).

GEORGINA PESSOA

Page 20: Memórias de Timor de Lamego

Na casa tradicional timorense Uma radicam muitos dos seus mitos e origens lendárias do povo maubere,

materializadas nas Uma Lulik - casas sagradas, símbolos de linhagens e de poder, santuários onde se guardam

as memória e artefactos sagrados, heranças e relíquias dos seus antepassados, onde só os anciãos katuas

podem entrar. Aqui se celebra a genealogia da família e os seus cultos, como o tunu (matança de um animal que se

ofertava aos espíritos invisíveis dos ancestrais).

De algum modo a sua cobertura de colmo de forma trapezoidal, configura a quilha de um barco invertida, a remeter

para o barco usado pelos seus antepassados aquando do seu aportamento à ilha “crocodilo” transmutando-se

assim numa língua de terra para lhe dar guarida.

Algumas apresentam uma estrutura imponente, decoradas com colunas, traves e frisos esculpidos e portas

ricamente trabalhadas.

A sua configuração representa o universo, fortemente ligado / condicionado às forças sobrenaturais que sobre ele

agem.

Apesar das particularidades que caracterizam e identificam cada etnia, a casa timorense apresenta uma

linguagem e uma semiótica profundamente simbólica onde se evocam as crenças animistas segundo as quais o

cosmos, de que a casa é uma miniatura, é composta de três partes: o céu, mundo dos espíritos, a terra, morada

dos homens e o mundo subterrâneo, habitada por seres misteriosos potencialmente malfeitores.

A casa assume também um papel agregador da comunidade e representativo do espaço social, onde coabitam os

18\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 21: Memórias de Timor de Lamego

vivos e os mortos sem qualquer barreira ou linha de separação. Elemento que serve as exigências de um

quotidiano que incorpora o sagrado e o profano e a vida se cumpre de forma simples mas rica, plural e intensa no

seu conteúdo.

\\19MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 22: Memórias de Timor de Lamego

20\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

UMA LULIK (Miniatura)

Lospalos (Timor)Prata (filigrana)Oferta de Timorenses após a independência de Timor Leste ao General Mário Lemos PiresDoação de Maria Theolinda Queiroz Lemos PiresMuseu de LamegoINV. 7777

Page 23: Memórias de Timor de Lamego

\\21MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Timor - Dilly; Régulo, principais e ordenanças de Báucau - 1885

TimorAutor: Atribuída a J. Sá Vianna

Técnica: Albumina1885

Page 24: Memórias de Timor de Lamego

22\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Timor - Dilly - 1889

TimorAutor: J. Sá ViannaTécnica: Albumina1889

Page 25: Memórias de Timor de Lamego

\\23MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Barcos e botes com mercadorias e grupos de homens, junto da praia

TimorAutor: Atribuída a J. Sá Vianna

Técnica: Albumina1889

Page 26: Memórias de Timor de Lamego

24\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Barco a vapor

TimorAutor: J. Sá ViannaTécnica: Albumina1889

Page 27: Memórias de Timor de Lamego

\\25MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Barcos (Sampanas) ancorados na praia

Timor Autor: Atribuída a J. Sá Vianna

Técnica: Albumina1889

Page 28: Memórias de Timor de Lamego

26\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Barco junto da costa

TimorAutor: Atribuída a J. Sá ViannaTécnica: Albumina1889

Page 29: Memórias de Timor de Lamego
Page 30: Memórias de Timor de Lamego

Biografia de Humberto Leitão

Page 31: Memórias de Timor de Lamego

\\29MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Humberto José dos Santos Leitão nasceu, na cidade de Lamego, no ano de 1885. Oficial da marinha desde os

inícios do século XX (1905), nela alcançou o posto de capitão-de-mar-e-guerra (1940), pelos relevantes serviços

que desempenhou ao longo da sua carreira no Oriente.

Oriente que sobre ele exerceu um fascínio enorme acabando por influenciar fortemente a sua personalidade, o

que originou a escrita de diversíssimos livros e estudos sobre as Terras do Sol Nascente bem como de teor

náutico. Salientaremos apenas alguns títulos da sua obra: Os Portugueses em Solor e Timor de 1515 a 1702;

Vinte e oito anos de História de Timor - 1698-1725; O Régulo Timorense D. Aleixo Corte Real; Os Dois

Descobrimentos da Ilha de São Lourenço mandados fazer pelo Vice-Rei D. Jerónimo de Azevedo nos anos de

1613 a 1616, Dicionário da Linguagem de Marinha antiga e actual, entre outras publicações. Foi também

colaborador na revista Studia, do Centro de Estudos Históricos e Ultramarinos.

Em Timor exerceu altos cargos governamentais - as primeiras estradas rodoviárias rasgadas, neste remoto torrão

português, foram efectuadas quando chefiava os destinos da Ilha.

Homem erudito e de gostos requintados acabou por se deixar deslumbrar pela beleza dos exóticos objectos

orientais e pelas delicadas porcelanas da China, o que suscitou a compra de numerosas e variadíssimas peças,

algumas bem originais, enquanto permanecia por estas paragens distantes e que fazem parte do acervo do

Museu de Lamego, doadas por Humberto Leitão à Instituição.

MANUELA VAQUERO

Page 32: Memórias de Timor de Lamego

Marionetas de Java

Page 33: Memórias de Timor de Lamego

\\31MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Marionetas de varas - Wayang Golek - Marionetas de sombra Wayang Kulit

As marionetas javanesas fazem parte de um universo milenar pleno de memória e tradição, onde a história, a

literatura, a cultura e a religiosidade se misturam para alimentar uma narrativa de profundo simbolismo. Estas

frágeis figuras, sustentadas por singelas varas, conferem a materialidade a personagens de heróis e vilãos,

instrumentos dos deuses e dos espíritos, onde as forças mais profundas do mal e bem se confrontam

eternamente.

Surgem em duas tipologias com características próprias:

As marionetas de varas - Wayang Golek.

Construídas em madeira, apresentam os pormenores do rosto entalhado, sublinhados a cor, elemento importante

na identificação do personagem. O ouro é reservado às personagens de natureza divina, o branco e o verde às

personagens de condição nobre e aos príncipes, o amarelo aos serviçais, o vermelho e o castanho para os

demónios e personagens de má índole.

As marionetas de sombras Wayang Kulit

Construídas em pele de búfalo e recortadas de acordo com a iconografia da personagem representada. A

superfície é ornamentada com aplicação de folha de ouro e vigorosa policromia, que sublinha e acentua o brilho do

ouro.

GEORGINA PESSOA

Page 34: Memórias de Timor de Lamego

32\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

O rosto e o corpo são delineados e pintados e as vestes das personagens apresentam um tratamento delicado e

de grande pormenor.

Cada marioneta é manipulada com as mãos a partir de um suporte de madeira ou a partir de um entalhe feito de

chifre de búfalo, material que à semelhança da pele, adquire uma interessante textura translúcida e lhe confere

uma subtil transparência.

As marionetas Golek surgem ligadas à penetração islâmica nesta região oriental e à influência das suas entidades

sagradas, que ao longo do século XVI muito contribuíram para a sua divulgação e adesão da população javanesa,

tradicionalmente hindu e animista, ao Islão.

O herói das marionetas Golek é uma personagem muçulmana - Amir Hanzah, do ciclo de Menak, Daman Wulan,

personagem do reino hindu-budista, materializa o herói Kulit. As duas personagens enquadram um reportório

inspirado nos épicos indianos do Ramayana e Mhabharata e as aventuras do príncipe Panji.

Os espectáculos são acompanhados por música e articulam a fala, o canto e a descrição narrativa da acção. Estes

decorrem por longos períodos de várias horas, o que obriga a algumas estratégias mobilizadoras do interesse da

audiência. Cabe ao Dalang (manipulador), pessoa investida de atributos mágicos e religiosos, introduzir nas

histórias as variações necessárias à manutenção da atenção e interesse dos ouvintes. Nesta, por vezes difícil

tarefa, conta com o apoio, dos cantores e dos músicos, onde prima o gamelão, com os seus gongos, tambores,

flautas e cordas, numa tocante simbiose entre expressão artística e prática performativa.

Marionetas “Wayang Kulit ”

Java (Indonésia)Pele de animal (búfalo?), madeira, policromia

Séc. XIX (?)Oferta do Comandante Humberto Leitão

Museu de LamegoINV. 1599

Page 35: Memórias de Timor de Lamego

\\33MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 36: Memórias de Timor de Lamego

Ikat e Batik

Page 37: Memórias de Timor de Lamego

\\35MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Ikat

Ikat derivada da palavra mengikat - “amarrar” de origem malaia, designa uma técnica e um tipo de tecido em que o

tingimento dos fios é anterior ao processo de tecelagem. Os fios que se querem deixar sem cor são separados e

ligados antes da urdidura, sendo posteriormente imersos num banho de tinta e estendidos para secar. Assim,

estes, permanecem na cor neutra de base enquanto o restante têxtil absorve a cor do banho de tinta. A repetição

sucessiva desta operação na mesma urdidura possibilita a obtenção de complexos e delicados padrões.

Processo que se inicia sempre com as tintas mais escuras.

Conhecida e utilizada quer na América quer no Oriente há milénios, tem como matéria-prima de base o algodão,

cujo cultivo se inicia na Índia a partir da qual se difundiria, já a partir dos meados do 1º milénio, para o sudeste

asiático. Os artesãos controlavam todo o processo desde a produção / recolha das matérias-primas e seu

tratamento até à tecelagem dos panos. Na fiação usava-se a roda de fiar ou simplesmente um fuso de madeira,

como se verificava em Timor. Os teares eram muito simples e de pequenas dimensões, o que fazia com que os

panos produzidos fossem estreitos, o que implicava a união destes para a elaboração de panos que exigiam

maiores dimensões como o sarongue (saia usada pelos homens e pelas mulheres). O meio natural fornecia as

plantas tintureiras necessárias ao tingimento, sendo o vermelho e o azul as mais utilizadas e de menor uso o verde

e amarelo.

Esta actividade é muito valorizada socialmente, revestindo-se até de um carácter sobrenatural, não estando

acessível a qualquer mulher, obrigando à interdição de certos períodos ou lugares para a sua execução. São em

GEORGINA PESSOA

Page 38: Memórias de Timor de Lamego

muitos casos, os deuses ou os seus antepassados que transmitem às artesãs “com almas fortes” as técnicas ou os

elaborados desenhos a criar. A capacidade de produzir panos “bonitos e originais” confere à mulher um estatuto

semelhante ao de dar à luz filhos numerosos e saudáveis. A prática de rituais e o recurso a orações nas fases mais

delicadas do trabalho, assegurará o afastamento de possíveis erros e das suas gravosas consequências. Na ilha

de Sunda acredita-se que, quer a tecedeira, quer a pessoa que usa o pano, põem em risco a sua saúde e até a sua

vida. O carácter sagrado desta actividade está também presente na produção dos pigmentos ou tintas, sendo as

mais valorizadas, como o índigo, restritas a algumas tecedeiras e objecto de práticas cultuais comparáveis à

gravidez e aos nascimentos, sendo as mulheres mais respeitadas na comunidade as parteiras e as responsáveis

pela produção e aplicação das tintas.

O vermelho é também uma cor com uma importância particular. Associado à guerra e à caça de cabeças,

actividades particularmente importantes para estes povos. O perigo enfrentado na guerra era similar ao das

mulheres quando produziam esta cor. Também os méritos eram igualmente assinalados. Numa campanha bem-

sucedida o guerreiro recebia uma tatuagem especial. De forma semelhante, quando uma tecedeira produzia um

pano vermelho, um ikat original, era tatuada no polegar. Eram cerimoniais muito ritualizados, cumpridos e

interiorizados ao ritmo dos xilofones, dos gongos e dos tambores e de movimentadas danças.

Esta interessante associação entre a tecelagem e a guerra sintetiza-se no pua, pano especial que as mulheres

sustentam nas mãos à chegada dos guerreiros e onde colocam as cabeças cortadas dos inimigos. Entre estes

povos do sudeste asiático, como os de Timor, as mulheres desempenhavam um papel activo na guerra, no apoio

prestado e na participação dos rituais propiciatórios que neste contexto eram executados. Os homens constroem

os teares e os instrumentos com que as mulheres fiam, tingem e tecem os panos que estes vestem diariamente ou

36\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 39: Memórias de Timor de Lamego

em ocasiões especiais, como nos rituais, como acontece com os lipa em Timor.

Estes panos davam resposta às necessidades domésticas e do quotidiano destas comunidades,

desempenhavam um importante papel nas trocas mercantis, nos compromissos e alianças, detentores de um

poder mágico e de uma força protectora, a quem cabia um papel preponderante nos rituais que envolviam os

nascimentos ou as cerimónias de passamento. Eram transmitidos de geração em geração como elos dos vínculos

familiares, imprescindíveis nos acontecimentos lúdicos e na guerra, profundamente codificados nas formas,

composições e cores e de grande poder simbólico. Mesmo para o olhar europeu os seus motivos antropomórficos

e zoomórficos assumem um carácter misterioso e enigmático. Habitados por aves exóticas, mensageiras dos

deuses, por crocodilos, animais sagrados, temidos e amados como na lenda que o associa e explica a origem

Timor.

Batik

Batik designa uma técnica de pintura praticada sobre suportes de madeira, pele ou têxtil, sendo este o mais

utilizado e conhecido no tingimento dos tecidos artesanais de seda ou algodão. Tem uma característica particular

e similar à do Ikat (entre o Bali e Timor), do Tritik (na Índia), do Plangi ou Shibori (no Japão), que consiste na

resistência à absorção da cor. Estas técnicas atingiram níveis de grande efeito cromático e de grande delicadeza e

intensidade estética, recorrendo a elaboradas composições geométricas ou figurativas, a motivos do seu meio

ambiente ou à reprodução de temática mítica e lendária.

No batik desenham-se os motivos sobre a tela com cera quente. Esta é depois tingida com várias cores que dão

\\37MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 40: Memórias de Timor de Lamego

forma aos desenhos e lhe conferem uma forte vivacidade. Estes surgem como uma espécie de negativo a partir da

imersão da tela em água a ferver e da libertação da cera. As pequenas fissuras abertas na cera atribuem-lhe um

craquelés peculiar de grande efeito decorativo. O Tjantnig é uma espécie de pincel de metal usado na aplicação da

cera. Dada a especificidade desta técnica, os tecidos em que é usada assumem a sua designação genérica.

A sua origem remota é testemunhada já no século IV a.C. nos têxteis com que os egípcios envolveram as suas

múmias. No oriente data do século VI a.C. a presença de alguns fragmentos de batik, encontrados na china. É uma

técnica ancestralmente conhecida e usada no Sri lanka, Índia e Japão. Em África, além do Egipto, também na

Nigéria e Senegal se testemunha o seu conhecimento e uso.

Dada a importância das colónias chinesas e indianas nesta região é provável que tenham sido estes os

introdutores desta técnica nas Ilhas de Sonda, que salpicam o Indico entre o sudeste asiático e a Austrália e a

assimilaram tornando-a sua, assumindo-se a Ilha de Java como o local originário a partir do qual se teria difundido

por toda a região, consagrando-se como uma forma de expressão artística da Indonésia e Timor.

Em Java encontrou um local propício oferecendo-lhe a natureza o algodão, a cera de abelha, os corantes e as

plantas tintureiras.

A palavra javanesa tic significando “ponto”, estará na origem da palavra Batik, remetendo para um conjunto de

pontos, surge já em 1880 na Enciclopédia Britânica registada como Battik. Durante o império holandês registam-

se as grafias mbetek, mbatik, batek, batik. É também frequente designado de tulis - “tecido escrito”, feito por

escritores os lukis, numa interessante e peculiar associação desta actividade à escrita.

38\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 41: Memórias de Timor de Lamego

Esta técnica é sistemática e meticulosamente descrita pelo governador britânico em Java, Thomas Stamfor

Raffles na sua History of Java, publicada em 1817, na qual regista a execução de cerca de 100 desenhos

diferentes.

A presença e o domínio de holandeses e portugueses na região, teriam dado importante contributo para a

divulgação do batik na Europa, particularmente os primeiros, cujos trajes aristocráticos “à moda javanesa”,

fizeram furor a partir das primeiras décadas de oitocentos, estimulando a produção de batiks de elevada

qualidade. É interessante a introdução de novos motivos como arranjos florais, pássaros e figuração humana a

simbolizar o colonizador, denunciando a permeabilidade à sua influência.

O coleccionismo iluminista faria uso da acção colonial para fazer chegar ao ocidente estes preciosos artefactos

(entre outros), técnica e esteticamente elaborados e requintados, a granjear o gosto e o interesse de muitos

coleccionadores de gosto eclético onde a Etnografia e a Arte se cruzavam nas longínquas e exóticas terras do

oriente.

Técnica e motivos decorativos, formas e usos, descrevem no tempo a própria história da Indonésia e

particularmente o papel desempenhado pela ilha de Java. Aqui se congregam uma pluralidade de discursos e de

simbologias expressas nas particularidades dos artefactos produzidos, que podemos agregar em dois grandes

grupos: o batik costeiro - mais aberto e permeável ao contributo dos fluxos migratórios e do novo; e o batik real -

mais fechado, e ligado às elites sociais javanesas, simbólico e ritualizado, reservando-se o direito de uso de

motivos “proibidos”. Todavia em ambos o cunho do contributo da aculturação e da presença de valores exteriores.

Enquanto no batik costeiro apreendemos os grafismos árabes, indianos, chineses, franceses ou malaios, no batik

\\39MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 42: Memórias de Timor de Lamego

real constatamos a simbologia e a estética budista, hindu e islâmica, que constituem a base cultural de Java.

A partir de meados do século XIX começam a ser usados carimbos de cobre para a aplicação da cera, o que torna o

processo mais célere que o desenho à mão, para além da possibilidade de fácil reprodução. Antes da cera,

parecem ter sido utilizados outros elementos naturais como pastas vegetais, gordura animal ou mesmo lama.

Ainda hoje é frequente a utilização de uma mistura de cera e parafina.

Os corantes anteriormente orgânicos, feitos de madeira, casca, especiarias, folhas, entre outros, contam a partir

desta data com corantes sintéticos. Esta introdução teve importantes repercussões ao nível da variedade e

intensidade das cores, agora mais vibrantes como o amarelo, o verde, o rosa, o vermelho ou o roxo.

Num universo dominado pelo labor, paciência e criatividade feminina contava-se com o contributo das mãos

masculinas para a construção dos teares, relação que se vai alterando com a divulgação e o incremento da sua

produção, num mercado cada vez maior, que procura responder às solicitações quer dos turistas quer da

exportação, disponibilizando uma vasta gama de tecidos Batik, de múltiplos motivos cores e formas, traduzindo as

suas diferentes funções ou as particularidades de cada local ou zona de produção.

Milenar, o Batik, tem acompanhado a vida destas comunidades, envolvendo-os no nascimento e na morte,

marcando os momentos mais importantes das suas vidas, o casamento, a gravidez, as cerimónias sagradas ou

reuniões políticas, selam alianças, carreiam consigo a história, o conhecimento, as vivencias e a espiritualidade

daqueles que sabiamente o souberam trazer até nós.

40\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 43: Memórias de Timor de Lamego

A preservação das suas características ancestrais e as suas particularidades, fazem deste, uma das principais

marcas culturais da Indonésia, defendida como património mundial pela Unesco em 2009.

\\41MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 44: Memórias de Timor de Lamego

42\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Pano (batik)

Ilhas de SundaAlgodão, policromiaSéc. XIXOferta do Comandante Humberto LeitãoMuseu de LamegoINV. 1704

Page 45: Memórias de Timor de Lamego

\\43MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

(batiks)

pormenores

Page 46: Memórias de Timor de Lamego

44\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Tais (ikat)

Ilhas de Sunda Algodão, policromia Séc. XIX Oferta do Comandante Humberto Leitão Museu de LamegoINV. 1706

Page 47: Memórias de Timor de Lamego

\\45MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Tais (ikat)

Timor Algodão, policromia

C. 1910Oferta do Comandante Humberto Leitão

Museu de LamegoINV. Nº 1707

(ikat)

pormenor

Page 48: Memórias de Timor de Lamego

46\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Caixas

Timor Fibra vegetal (folha de palmeira), missangasColecção da Família Mascarenhas Gaivão

Page 49: Memórias de Timor de Lamego

\\47MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Caixas

pormenores

Page 50: Memórias de Timor de Lamego

48\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Caixas

pormenores

Page 51: Memórias de Timor de Lamego

\\49MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Chapéus

Timor Fibra vegetal

Colecção da Família Mascarenhas Gaivão

Page 52: Memórias de Timor de Lamego

50\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Chapéus

Timor Fibra vegetalColecção da Família Mascarenhas Gaivão

Page 53: Memórias de Timor de Lamego
Page 54: Memórias de Timor de Lamego

Comunidade chinesa em Timor

Page 55: Memórias de Timor de Lamego

\\53MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

A ilha de Timor (timur = leste) como o próprio nome indica, é o ponto mais oriental da Insulíndia, situada na

confluência do Oceano Índico com o Oceano Pacífico, o que nos leva a poder afirmar que, em tempos idos, não

seria um mero destino de passagem, não estaria incluída nas rotas comerciais do Oriente, era sim o ponto terminal

de uma vasta rede que a ligava aos centros comerciais da Ásia.

Para se ir a Timor era preciso uma razão, um motivo forte e lucrativo e, ao longo dos séculos, essa razão, esse

motivo forte e lucrativo, foi quase unicamente um, a presença no seu solo de sândalo, a árvore de folhas sempre

verdes que cresce espontaneamente na Ilha. A madeira de sândalo - “o sândalo branco” - a mais apreciada de 4

todas as variedades existentes, cobria praticamente toda a ilha, tornando-a, fonte da cobiça dos asiáticos que

muito a apreciavam e utilizavam. Os chineses dela careciam para o fabrico de móveis de aparato, esculturas, 5

caixas e outros objectos de pequeno porte, do sândalo se serviam para uma multiplicidade de fins - produtos de

cosmética, receituário para as mais diversas maleitas, queimado nas cerimónias religiosas, perfumaria, entre

outros usos. Os mercadores chineses tinham, portanto desde tempos bem remotos, um forte interesse em chegar

a Timor para fazerem as suas transacções comerciais - transportando o tão cobiçado sândalo para o seu país de

origem, bem como outras variedades de madeiras também procuradas e carregavam-nas ao ritmo das monções. 6

A comunidade chinesa em Timor faz-nos recuar no tempo até ao primeiro milénio, sendo dos anos de Oitocentos

as primeiras notícias da sua presença por aquelas paragens: “Já no século VII, os chineses tinham sido atraídos

pela madeira preciosa não descurando o interesse pelo mel e pela cera. Comunidade que, no presente, continua a

ser das comunidades de maior expressão em Timor-Leste, ligadas ao comércio.” Os séculos vão correndo e a 7

diáspora chinesa vai evoluindo nos seus percursos pelo sudoeste asiático e aí se mantém criando raízes, mas

MANUELA VAQUERO

4 O sândalo branco (santalum album), nasce

espontaneamente e chega a atingir entre os 10 e os

12 m de altura e 0,5m de diâmetro. Para chegar ao

seu pleno crescimento necessita entre trinta a

quarenta anos, necessitando para isso de uma

combinação atmosférica que misture o clima seco do

litoral e a humidade das montanhas. Cf. Freitas, M.

Clara P. Graça de, Estudo das Madeiras de Timor: I.

Contribuição. Memórias. Série Botânica, 3. Junta de

Investigações do Ultramar. Lisboa, 1955.

5 Não só os chineses o procuravam, também os

javaneses, os malaios, os muçulmanos o cobiçavam

para o seu tráfico comercial.

6 Não poderemos deixar de referir o pau-rosa muito

utilizado na marcenaria, folheados, em obras de

torno e de talha. A teca, também com grande

procura, é utilizada em toda a espécie de construção

civil devido à sua resistência. De salientar ainda o

pau-ferro, o cedro, o pau-sapão, o ébano, entre

outras variedades.

7 Pessoa, Georgina - Viagem ao Oriente no século

XIX. Lamego: Museu de Lamego - DRCN, 2014.

Page 56: Memórias de Timor de Lamego

poucos laços com os autóctones por constituírem comunidades bastante reservadas.

Quando os portugueses chegaram a Timor, cerca de vinte anos depois de Vasco da Gama ter descoberto o

caminho marítimo para a Índia (1498), encontraram na ilha um conjunto de reinos heterogéneos, alguns deles

isolados por barreiras naturais como as montanhas, falando línguas diferentes, tendo tradições e costumes

diversos, o que originou a que os contactos fossem muito limitados. Esboçada pela primeira vez entre os anos de

1512-1513, por Francisco Rodrigues , apesar de se manifestar ainda bastante incompleta, não deixa de ter a esta 8

curiosíssima anotação: “a ilha de Timor onde nasce o sândalo”. Verdadeiramente, só no século XVII os

portugueses se fixaram em algumas regiões costeiras atraídos, também eles, pelo comércio do sândalo , 9

tentando escolher ou revitalizar as rotas criadas e percorridas por viajantes e negociantes chineses, estes faziam

o seu tráfico comercial entre Malaca, Solor, Timor, Molucas e Macau, logo seguidos pelos rivais holandeses. Até

aos finais do século XIX a presença portuguesa na ilha, limitou-se a pouco mais que um comércio parcamente

desenvolvido mas lucrativo, e à missionação, que na segunda metade da época de Quinhentos, parece ter dirigido

a sua atenção para este lado do mundo, mormente os Dominicanos e a Companhia de Jesus.

A tudo vai assistir a comunidade chinesa já aí instalada - à chegada dos portugueses nos alvores do século XV, às

trocas comerciais de portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses e acompanhá-las até ao século XVIII, estas

tornaram-se um desafio para o seu desenvolvimento, quer pelos costumes ocidentais quer pelo pensamento, tão

adversos dos seus e pela rivalidade que criavam às suas conjunturas negociais. Na segunda metade do século

XVIII, esta comunidade assumiu, praticamente, o domínio da actividade comercial com Macau, bem como uma

hegemonia da mão-de-obra nos diversos mesteres face à impreparação, para os diversos serviços apresentada

pelos timorenses, e não podemos deixar de salientar que a presença de europeus por aquelas paragens era muito

54\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

8 “Entre 1512 e 1513, a ilha de Timor é pela primeira

vez cartografada por um português. Francisco

Rodrigues numa das vinte e seis cartas do seu Livro

manuscrito debuxou com especial cuidado essas

ilhas outras também de especiarias que,

estendendo-se das Flores as Molucas, navegando

por Solor, Komba, Amboina… convocavam ainda um

espaço insular incompletamente desenhado, uma

espécie de limite, mas no qual se esclareceu

cuidadosamente que aquela era «a ilha de timor

onde nasce o sândalo».” Sousa, Ivo Carneiro de - A

História de Timor e a Presença Portuguesa na

Insulíndia. Biblioteca Central da Faculdade de Letras

da Universidade do Porto. Porto, 1997.

9 Este produto constituiu o centro da actividade

marítima e comercial dos Portugueses na Insulíndia

até cerca de meados do século XIX. A sua

exportação fazia-se sobretudo pelos portos do litoral

oeste do território: Mena, Lifau, Batugadé, etc.; mas

também, Dili e Manatuto, na parte central da ilha.

Figueiredo, Fernando Augusto - Timor. A Presença

Portuguesa (1769- 1945). Porto: Faculdade de

Letras, 2004.

Page 57: Memórias de Timor de Lamego

reduzida, em finais do século XVIII, haveria em Timor cerca de quarenta portugueses , o que lhes propiciava uma 10

liberdade grande para consumarem as suas transacções, mesmo não sendo a diáspora chinesa, por essa altura,

muito numerosa: “no último quartel de Setecentos estariam radicadas na ilha cerca de trezentas famílias oriundas

da China.” 11

Passado mais de meio século a situação vai modificar-se e a população chinesa na ilha vai sofrer um forte

acréscimo : “(…) tendo então aumentando o número de chineses residentes, sobretudo oriundos de Macau, 12

chegando a 2.000 na década de 1930, concentrados maioritariamente em Díli.” Não só em Díli se fixaram mas 13

também em algumas povoações do litoral e mesmo no interior da ilha, sendo uma emigração essencialmente

masculina, que acabava por regressar à China e, embora o povo chinês não fosse dado à miscigenação alguns

acabavam por constituir família com o povo aborígene. Permaneciam negociantes, percorrendo todo o território,

relacionando-se com os autóctones e dominando o comércio. Só excepcionalmente se encontravam ligados a

outras ocupações, tais como a agricultura - com o intuito de alcançarem a exportação da cera, do mel e do café

que estava a ser implementada em diversas regiões da Ilha . 14

Esta sociedade chinesa radicada em Timor poucos obstáculos encontrava para poder realizar as suas actividades

mercantis, porque o Governo do Continente tinha deixado, aquela província ultramarina, praticamente votada ao

abandono. Temos notícias precisas e preciosas, do ano de 1891, sobre a situação político-administrativa,

económica e social de Timor, que até nós chegaram pela mão do então governador Cipriano Forjaz de Sampaio, e

nos facultam uma visão abrangente da falta de portugueses por aquelas paragens e o estado de abandono

daquelas possessões: “vergonhosisimo é o estado em que encontrei tudo isto. Em frente do Palacio, uma ponte,

10 Cf. Torres, José - Índia, Macau e Timor - Diversos

Apontamentos e Documentos Antigo. Papeis da Ásia.

Breve Narração da Ilha de Timor. AHU, Maços de

José Torres.

Alves, Edmundo; Bagulho, Fernandes - Património

de Influência Portuguesa. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian, 2012.

11 Alves, Edmundo; Bagulho, Fernandes - Património

de Influência Portuguesa. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian, 2012.

12 “A emigração chinesa, incentivada pelas potências

ocidentais então presentes na região, devido às suas

necessidades de mão-de-obra e ao negócio que

constituía, tornou-se mais intensa nesta segunda

metade do século XIX, a partir do Guangdong e do

Fujian, pelo Sul. Aproveitando as condições que, no

interior do Celeste Império, geravam os excedentes

populacionais, e a abertura de alguns portos no

litoral sul do Continente ao Ocidente, milhões de

chineses deixaram a sua terra e foram estabelecer-

se em vários pontos do Sueste Asiático. Timor foi

também compreendido nesta vaga migratória. Sobre

o assunto Cf. Figueiredo, Fernando Augusto - Timor.

A Presença Portuguesa (1769- 1945). Porto:

Faculdade de Letras, 2004.

13 Alves, Edmundo; Bagulho, Fernandes - Património

de Influência Portuguesa. Fundação Calouste

Gulbenkian, 2001.

14 Durante a década de 1860, a cafeicultura adquiriu

grande importância na economia de Timor, chegando

a atingir metade do valor das exportações.

\\55MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 58: Memórias de Timor de Lamego

que me obrigou a desembarcar ás costas d'um preto; - Deante da [--] fazenda, restos importantes d'outra ponte,

que abandonada, patenteando está, a todos a nossa incuria e desleixo. As ruas da cidade, e sua arborisação,

cheias de matto; lixo, e abandono. Duas das pontes, na principal rua, quasi intranzitaveis, com grande prejuiso

para o commercio, e risco dos transeuntes. Os antigos Edificios do Estado, cahindo em ruinas. Os modernos, sem

as caiacões; pinturas e limpesas devidas, denotando a decadencia, que os holandeses tanto apregoaram em

Batavia e Socrabaia. A residençia de Lahane, sem agoa, por deixarem destruir a canalisação de bambus; sem

mobilia; as janellas sem vidros, xxx. Os edificios em construcção e de necessidade urgente, como pharol e paiol,

abandonados. É repugnante e extraordinario, Ex.mo Sr, o estado a que se deixou chegar a capital d'uma colonia

prospera e a unica, que representa a nossa civilização e dominio na Occeania. (…) Residencia de Lahane 8 de

Fev 1891” .15

Prosseguindo no tempo, os princípios da Conferência de Berlim (1884-1885) fizeram doutrina, determinando

normas à colonização europeia, para Portugal que tinha territórios em África, Ásia e Oceânia, o desafio foi enorme

e, em Timor, o torrão mais longínquo e no qual a soberania era mais teórica do que prática, as dificuldades eram

acrescidas. O novo Governador que comandava agora os destinos da Ilha, Celestino da Silva (1894 -1908),

fortemente apoiado pelo Rei D. Carlos, vai adoptar fortes medidas contra a instabilidade que assolava o território,

e essas medidas vão atingir grandemente a comunidade chinesa que negociava sem qualquer impunidade: quase

não pagando impostos, fazendo uma concorrência desonesta e aliciando os régulos timorenses a sublevarem-se

contra o domínio português. A primeira medida tomada foi o condicionamento do comércio aos chineses cujo

número, como já referimos, tinha vindo a aumentar: “É expressamente prohibido desde 1 de janeiro de 1895 o

estabelecimento de commerciantes chinezes quer com residencia fixa quer ambulantes fora das seguintes

15 Sampaio, Cipriano Forjaz de - Caderno de cópias

da correspondência oficial do Governador de Timor.

Manuscrito, 1891-1892.

56\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 59: Memórias de Timor de Lamego

localidades: Dilly, Liquiçá, Aipello, Maubara, Cotubaba, Batugadé, Okusse, Manatuto, Baucau, Lautém e

Viqueque.” Nos primórdios do século XX, o mesmo Governador, para evitar o abate indiscriminado da árvore do 16

sândalo toma medidas e chega mesmo a proibir a sua extracção, medidas que não foram cumpridas nem pelos

chineses nem pelos holandeses, por falta de fiscalização.

Muito diligentes, metódicos e trabalhadores foram criando raízes e erigindo na ilha as suas próprias instituições,

procurando conservar uma integridade cultural e religiosa, melhor dizendo, preservando as vetustas tradições

chinesas, às quais nunca renunciaram. No início do século XX fundaram em Timor-Leste um clube chinês - o

Chum TuK Fong Su - que veio a dar origem, posteriormente, a uma Associação Comercial Chinesa, a uma Escola

cujos currículos leccionados eram os chineses e a um Templo no qual se praticavam as suas confissões

religiosas. Conseguiu assim a diáspora chinesa em Timor ter o seu próprio cemitério, a sua escola chinesa e o 17

seu templo chinês. Não poderemos deixar de realçar que as comunidades chinesas costumam ser bastante

impenetráveis e, tal facto, é atribuído aos preceitos do confucionismo e do taoísmo, religiões que professam e tão

importantes são ao seu quotidiano espiritual.

A economia timorense muito beneficiou com a presença dos “chinas”, como os designam e, tal facto, pode avaliar-

se nos dias de hoje, pelo número de estabelecimentos comerciais dispersos pela ilha mas, particularmente, em

Díli. Para asseverar esta nossa afirmação o mais recente centro comercial o “Timor Plaza” é pertença de uma

família chinesa e um novo espaço mercantil arrancou com a mesma proveniência. O número de pessoas de

nacionalidade chinesa a residir, nos dias de hoje, em Timor-Leste oscila entre os onze e as doze mil pessoas e o

governo chinês tem prestado, neste últimos anos, apoio monetário e humanitário a Timor. A comunidade chinesa

16 Figueiredo, Fernando Augusto - Timor na Viragem

do Século XIX para o Século XX: Tipos de

Colonização e seus Agentes. Colóquio Timor:

Missões Científicas e Antropologia Colonial. AHU.

Maio, 2011.

17 Os estabelecimentos escolares foram aumentando

e, em vésperas da ocupação indonésia, eram já

dezoito.

\\57MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 60: Memórias de Timor de Lamego

com as suas ligações comerciais e familiares à China continental, encontra-se muito presente na sociedade

timorense, contribuindo para o seu desenvolvimento e sendo esta uma fonte de rendimento que ambiciona não

perder.

58\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 61: Memórias de Timor de Lamego

\\59MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Tamborete

Madeira (Ébano?), mármore Colecção da Família Mascarenhas Gaivão

Page 62: Memórias de Timor de Lamego

60\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Mesa

Madeira (Ébano), mármoreColecção da Família Mascarenhas Gaivão

Page 63: Memórias de Timor de Lamego

\\61MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Pescador

Escultura de vultoRaíz (Madeira exótica)

Colecção da Família Mascarenhas Gaivão

Page 64: Memórias de Timor de Lamego

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Page 65: Memórias de Timor de Lamego

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66\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Page 69: Memórias de Timor de Lamego
Page 70: Memórias de Timor de Lamego

FAC-SÍMILE

Caderno de cópias da correspondência oficialdo Governador de Timor

Timor, 1891

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\\69MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

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\\77MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

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FAC-SIMILE

Caderno de cópias da correspondência oficialdo Governador de Timor

Timor, 1891

CADERNO MUSEOGRÁFICO

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Design Gráfico de Comunicação

Luís Sebastian

Patrícia Brás

Material de Divulgação

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CONVITEA Direção Regional de Cultura do Norte, o Museu de Lamego e a

Diocese de Lamego têm a honra de o/a convidar para a inauguração

da exposição «Memórias de Timor em Lamego», no próximo dia 2 de

maio, pelas 16h00, no Museu Diocesano de Lamego.

ARQUIVO MUSEUDIOCESE LAMEGO [Em]COMUM

Uma cidade. Dois museus

Proj

eto

One city. Two museums

Material de Divulgação

convite

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ARQUIVO MUSEUDIOCESE LAMEGO

[Em]COMUMUma cidade. Dois museus

Proj

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Contactos | ContactsMuseu de LamegoLargo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGALTel + 351 254 600 230 | [email protected] | /museu.de.lamego

Arquivo Museu Diocesano de LamegoCasa do Poço: Largo da Sé 5100-098 Lamego PORTUGALTel. + 351 254 666 195 |[email protected] /museu.diocesanodelamego

ARQUIVO MUSEUDIOCESE LAMEGO [Em]COMUM

Uma cidade. Dois museus

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eto

One city. Two museums

Contactos | Contacts

Museu de LamegoLargo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGALTel + 351 254 600 230 | [email protected] | /museu.de.lamego

Arquivo Museu Diocesano de LamegoCasa do Poço: Largo da Sé 5100-098 Lamego PORTUGALTel. + 351 254 666 195 |[email protected] /museu.diocesanodelamego

Material de Divulgação

pendão e cartaz A4

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Arquivo Fotográfico da Exposição

Paula Pinto

Exposição

montagem

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\\107MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Exposição

montagem

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Exposição

montagem

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Exposição

montagem

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110\\ MEMÓRIAS DE TIMOR EM LAMEGO

Exposição

pormenores

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Exposição

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Exposição

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Exposição

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Exposição

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Exposição

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Exposição

pormenores

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Exposição

pormenores

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ARQUIVO MUSEUDIOCESE LAMEGO [Em]COMUM

Uma cidade. Dois museus

Proj

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