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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO Merchandising e comportamento do consumidor: como otimizar o trabalho no ponto de venda de bebidas? Mario Henrique de Miranda Lessa RIO DE JANEIRO 2004

Merchandising e comportamento do consumidor: como o trabalho no ponto de venda de … · 2016-08-08 · No entanto, mesmo que os vendedores utilizem e implementem as ações de merchandising

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

Merchandising e comportamento

do consumidor: como otimizar o

trabalho no ponto de venda de

bebidas?

Mario Henrique de Miranda Lessa

RIO DE JANEIRO

2004

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

Merchandising e comportamento

do consumidor: como otimizar o

trabalho no ponto de venda de

bebidas?

Mario Henrique de Miranda Lessa

Monografia apresentada como pré-requisito para

obtenção do grau de bacharel em Comunicação

Social, habilitação em Publicidade e Propaganda,

da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Orientadora: Professora Mestre Mônica Machado.

RIO DE JANEIRO

2004

II

Merchandising e comportamento do consumidor: como otimizar o

trabalho no ponto de venda de bebidas?

Mario Henrique de Miranda Lessa

Monografia apresentada à Escola de Comunicação

da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

submetida a aprovação à Banca Examinadora

composta pelos seguintes professores:

________________________________________

Professora Mestre Mônica Machado - Orientadora

________________________________________

Professor Mestre Jonas Federman

________________________________________

Professor Doutor Sebastião Amoedo

Grau em 16/12/2004: ____

RIO DE JANEIRO

2004

III

LESSA, Mario Henrique de Miranda. Merchandising e comportamento do

consumidor: como otimizar o trabalho no ponto de venda de bebidas? Orientadora:

Mônica Machado. Rio de Janeiro: ECO/UFRJ, 2004. (Monografia, Escola de

Comunicação: Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Monografia (Bacharelado em Comunicação Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Escola de Comunicação – ECO, 2004.

1 Merchandising. 2 Comportamento do consumidor. 3 Varejo. 4 Vendas. 5 Bebidas.

6 Comunicação – Monografia. I Machado, Mônica (Orientadora). II Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Escola de Comunicação. III Título.

IV

LESSA, Mario Henrique de Miranda. Merchandising e comportamento do

consumidor: como otimizar o trabalho no ponto de venda de bebidas? Orientadora:

Mônica Machado. Rio de Janeiro: ECO/UFRJ, 2004. Monografia, Escola de Comunicação: Universidade Federal do Rio de Janeiro.

RESUMO

Estudo para elaborar um manual de orientação do trabalho do vendedor de bebidas no ponto de venda. Pequeno varejo frio. Otimização do merchandising de seus

produtos com foco principal no incremento das vendas. O objetivo é conscientizar o

comerciante da viabilidade de aumentar a circulação de consumidores em potencial

no seu estabelecimento (merchandising externo) e direcionar o impulso de compra

para os produtos de maior rentabilidade (merchandising interno). Utilização dos

recursos e ferramentas de merchandising existentes nas lojas de auto-serviço.

Identificar as melhores oportunidades por tipo, tamanho e categoria de ponto de

venda. O comportamento do consumidor no ponto de venda considerando liberdade

de escolha, impulso de compra e decisão no momento da compra. Consumismo e limitação do tempo de escolha. Aproveitamento da variedade de produtos, materiais

de merchandising, embalagens e marcas de bebidas como elementos de

diferenciação em relação à concorrência. Uso da embalagem, das caixas dos

produtos e dos equipamentos de refrigeração.

ABSTRACT

Study to elaborate a manual of orientation of the work of the drink salesman in the

store. Small cold retail. Optimization of merchandising of its products with main

focus in the increment of sales. The objective is to acquire knowledge the trader of

the viability to increase the circulation of consumers in potential in its establishment

(merchandising external) and to direct the impulse of purchase for the products of

bigger yield (merchandising internal). Utilization of the resources and tools of

merchandising in the auto-service store. To identify the best chances for type, size

and category of store. The behavior of the consumer in the store considering freedom of choice, impulse of purchase and decision at the moment of the purchase.

Consumerism and limitation of the choice time. Exploitation of the variety of

products, materials of merchandising, drink packings and brands as elements of

differentiation in relation to the competition. Use of the packing, of the boxes of the

products and the equipment of refrigeration.

Sumário

1 INTRODUÇÃO 2

2 MERCHANDISING 7

2.1 Conceito 7

2.2 Histórico 9

2.3 Ferramentas 11

2.3.1 ...Material impresso 12

2.3.2 Exposição de embalagens 13

3 O MERCADO DE BEBIDAS 14

3.1 Números do setor 15

3.2 Tipos de bebidas 16

3.3 Auto-serviço 18

3.4 Varejo frio 19

3.5 Categorias de varejo frio 20

3.6 Espaço no ponto de venda 23

4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 26

4.1 Impulso de compra 26 4.2 Mecanismo de decisão da compra 28

4.3 Fora do ponto de venda 30

4.4 Dentro do ponto de venda 33

5 O PAPEL DO VENDEDOR DE BEBIDAS 35

5.1 Execução de merchandising na rotina de trabalho 35

5.2 Uso das ferramentas 37

5.3 Diferenciação em relação à concorrência 39

6 O PAPEL DO COMERCIANTE DE BEBIDAS 40

6.1 Atrair potenciais consumidores 40

6.2 Acelerar o giro das mercadorias e incrementar as vendas 41

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 42

REFERÊNCIAS 44

ANEXO 1: merchandising no ponto de venda 46

ANEXO 2: surgimento do merchandising 47

ANEXO 3: cartaz 48

ANEXO 4: cartazete de preço 49

ANEXO 5: bandô 50

ANEXO 6: exposição de embalagem 51

2

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objeto de estudo o merchandising das marcas de

bebidas nos pontos de venda em que são consumidas. Trata-se de um guia rápido

para a utilização de materiais e ferramentas já existentes, mas que são esquecidas ou

mal utilizadas tanto pelos executores deste trabalho nos locais de venda dos

produtos, os vendedores, quanto por aqueles que dependem do consumo destes

produtos para gerar a rentabilidade do seu negócio, os comerciantes.

Dada a variedade de produtos existentes nestes locais e a infinidade de tipos e

marcas de bebidas disponíveis, o que se pretende é que o vendedor entenda e utilize

as ferramentas que agregam valor às suas vendas e seja capaz de orientar e garantir

que as mesmas sejam executadas mesmo na sua ausência, pelos proprietários e

funcionários dos estabelecimentos.

O objetivo geral do estudo é oferecer aos vendedores de bebidas um material

didático que oriente as ações específicas de merchandising no ponto de venda. Em

linguagem clara e de fácil consulta, funciona como uma espécie de manual que pode

ser consultado a todo o momento em que houver dúvida quanto à melhor utilização

das ferramentas de merchandising.

No entanto, mesmo que os vendedores utilizem e implementem as ações de

merchandising conforme as orientações do manual, é preciso a colaboração e o

empenho dos comerciantes para o melhor aproveitamento das ferramentas. Baseado

em observações próprias, percebe-se que nem todos os tipos de comerciantes

varejistas se encaixam no público alvo que se pretende atingir. Existem aqueles que

não têm a venda de bebidas como sua atividade principal e outros que preferem gerir

o seu comércio de acordo com as suas próprias impressões e experiências ao longo

dos anos.

3

Um dos objetivos específicos é despertar no pequeno varejista de bebidas o

interesse pelas alavancas de incremento às vendas que atraiam mais consumidores

para o local e que direcione as compras para os produtos mais rentáveis.

Profissionais mais receptivos, que trabalham nas lojas com maior potencial de

vendas e de retorno de imagem, são o alvo das orientações que visam a aplicação e o

gerenciamento dos conceitos aqui estudados.

Outro objetivo específico é o de tornar este manual um material essencial para

o treinamento de novos profissionais de vendas e para o desenvolvimento de

vendedores que queiram se especializar no assunto merchandising e comportamento

do consumidor no mercado de bebidas, aproveitando a carência de bibliografia

especializada fora das empresas. No ramo de bebidas, a literatura, de maneira geral,

é restrita apenas à mecânica de “como fazer” e não a de “por que fazer”, pouco

convincente quanto ao retorno financeiro que a utilização correta do merchandising

pode dar ao ponto de venda e ao vendedor de bebidas.

Sendo assim, o trabalho visa preencher uma lacuna que existe na

profissionalização dos vendedores de bebidas e dos pequenos varejistas, se propondo

a ser utilizado como manual de execução nas lojas. Sua importância está na

possibilidade de incrementar a circulação de potenciais consumidores nos pontos de

vendas e levá-los a comprar os produtos e marcas mais rentáveis para as empresas

de bebidas e para os comerciantes.

Tendo em vista a crescente carga de mensagens publicitárias que os

consumidores recebem e a variedade de bens de consumo disponíveis no varejo, fica

cada vez mais difícil para as empresas estabelecerem com os mesmos um

relacionamento duradouro dos clientes com suas marcas. Os consumidores de

bebidas têm a seu dispor diversos locais para degustá-los e, dentro deles, várias

opções de marcas e embalagens. Sabendo disto, nota-se que cada vez mais a escolha

final pelo produto a ser consumido ocorre momentos antes do consumo, no próprio

ponto de venda.

4

Por isso, torna-se importante o estudo do merchandising, para tentar convencer

tanto o vendedor quanto o comerciante da importância de capturar a atenção do

consumidor em direção ao seu estabelecimento e fazê-lo consumir a marca e o tipo

de bebida mais lucrativo para o ponto de venda. Este é um trabalho que organiza

ferramentas e alavancas de merchandising já existentes, principalmente no auto-

serviço, mas que são pouco utilizadas no varejo onde são consumidas as bebidas –

bares, botecos, restaurantes e padarias.

O principal método de pesquisa utilizado é a observação de campo da

utilização das ferramentas e das oportunidades de merchandising. A prática e

consulta diárias dos conceitos contidos nos manuais de execução no mercado, de

treinamento da Ambev e a análise de textos de livros específicos também colaboram

para a confecção do estudo.

Procura-se organizar as informações disponíveis nos manuais e confrontá-las

com os conceitos de merchandising da literatura analisada para definir formas de

aplicação no mercado, sem que haja exposição de informações confidenciais de

mercado da empresa supra citada.

Dos livros que tratam do tema merchandising no ponto de venda, destacam-se:

SILVA, Joaquim Caldeira da. Merchandising no varejo dos bens de consumo. São

Paulo: Atlas, 1990.

Apresenta de maneira simples, didática e direta conceitos básicos de

merchandising e de comportamento do consumidor nos varejos de auto-serviço,

traçando desde o histórico da prática até as formas mais usuais de praticá-las no

mercado. Ilustra os conceitos apresentados em figuras de fácil entendimento.

COBRA, Marcos Henrique Nogueira. Marketing Básico: uma perspectiva

brasileira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1985.

5

Trata da Administração de Merchandising no Brasil de maneira simples,

apesar do tema em constante atualização. Destaca-se pelos exemplos de materiais de

merchandising utilizados por empresas brasileiras.

KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar

mercados. 10. ed. São Paulo: Futura, 1999.

Apresenta conceitos de Marketing e de Propaganda e os liga com o papel da

força de vendas na vida das marcas e dos produtos. Utiliza, de maneira

enriquecedora, exemplos de empresas dos mais diversos ramos de atividades para os

conceitos explicados.

AMORIM, Luiz. Por que os vendedores não vendem mais? Salvador: Casa da

Qualidade, 2001.

Apresenta o trabalho do vendedor e os motivos que os levam a fracassar em

suas vendas, dentre os quais a falta de prática na execução de merchandising.

Merchandising, segundo SILVA (1990, p. 17), é a venda sem palavras, isto é,

usando as próprias embalagens, os expositores, os equipamentos, o espaço de vendas

das lojas, produzir uma “conversa” de vendas que desperte o Impulso de Compra na

mente dos consumidores.

KOTLER (1998, p. 493) afirma que o varejo inclui todas as atividades

envolvidas na venda de bens e serviços diretamente aos consumidores finais para

uso pessoal. No mercado de bebidas, chama-se varejo frio o ponto de venda que

refrigera o produto para o consumo imediato.

Impulso de compra pode ser visto como o comando mental que determina ao

consumidor o produto a ser pego, adquirido, consumido ou usado e que satisfaz

alguma necessidade despertada pela propaganda e pela imagem da marca. No ponto

6

de venda, a boa utilização da técnica de merchandising visa despertar no consumidor

a lembrança da necessidade de comprar determinado produto até o momento da

efetiva decisão de compra.

No capítulo MERCHANDISING, é apresentado o que o conceito representa

como parte integrante do mix de Marketing e como se dá sua aplicação no comércio,

seu histórico e as principais ferramentas existentes utilizadas pelas empresas

vendedoras de bebidas.

Em O MERCADO DE BEBIDAS, os números do setor são apresentados para

demonstrar a lacuna de oportunidades que a boa utilização do merchandising

proporciona por tipo de bebidas (alcoólicas e não alcoólicas), por potencial de venda

das lojas, por categorias de varejo frio (bar, boteco, restaurante e padaria

principalmente) e pelo espaço disponível para execução nos pontos de venda.

No quarto capítulo, COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR, é estudado o

hábito de consumo dentro e fora do ponto de venda. Levando em conta o que é

impulso de compra e entendendo o mecanismo psicológico de decisão da compra,

parte-se então para a definição da melhor estratégia a ser utilizada para capturar a

atenção do consumidor e direcionar para cada tipo e marca de bebida.

Por fim, nos capítulos O PAPEL DO VENDEDOR DE BEBIDAS e O PAPEL

DO COMERCIANTE é apresentado o modo como cada parte pode ajudar a

incrementar o retorno financeiro da utilização do merchandising no ponto de venda

de bebidas.

Espera-se, portanto, que ao final deste estudo o leitor esteja familiarizado com

os conceitos de merchandising e de comportamento do consumidor, tanto no aspecto

teórico quanto no prático, para que possa tornar o trabalho com vendas uma

atividade diferente, lucrativa e motivadora, para fornecedoras de bebidas,

comerciantes, vendedores e consumidores.

7

2 MERCHANDISING

“O merchandising compreende um conjunto de operações táticas

efetuadas no ponto de venda, para colocar no mercado o produto

ou serviço certo, no lugar certo, na quantidade certa, no preço

certo, no tempo certo, com o impacto visual adequado e na

exposição correta.” (WILSON apud COBRA, 1985, p. 680)

2.1 Conceito

Neste começo de milênio, cada vez mais o cidadão comum das grandes

cidades se depara com uma infinidade de produtos de consumo. Em casa, em frente

ao aparelho de televisão, ou no passeio pela rua, a todo tempo, inúmeras empresas

representando suas marcas tentam atingir a mente desta massa de potenciais

consumidores com suas ações de propaganda.

Segundo KOTLER (1998, p. 175), pessoas assim, expostas a grandes

quantidades de estímulos, sequer conseguem despertar sua percepção para a maioria

das mensagens que recebem. Selecionar, organizar e interpretar estas informações

num ambiente em que, em média, pode circular diariamente mais de 1500 anúncios

publicitários depende da capacidade das pessoas de ter a atenção seletiva, retendo

em suas mentes aquilo que lhes parece mais familiar e interessante.

Sendo assim, os departamentos de marketing da maioria das grandes empresas

trabalham incansavelmente para atrair a atenção dos consumidores para suas marcas

e produtos, criando anúncios mais criativos que os da concorrência, que despendem

grandes investimentos em criação e produção.

Mas não basta obter a atenção do cliente em potencial. É preciso criar interesse

pelo produto através da união da mensagem contida nos anúncios com as

8

necessidades dos clientes, despertar seus desejos por satisfações específicas dessas

necessidades e levá-los à ação de compra.

E é justamente nesta última etapa que se encaixa o uso de merchandising. A

propaganda que as empresas fazem dos produtos informam e guiam os

consumidores para o local em que podem adquirir a mercadoria e satisfazer assim

algum desejo, gerando fluxo de potenciais compradores que se tornarão

consumidores efetivos quando a venda for fechada. Até este momento, nada garante

que o mesmo não vá mudar de idéia e comprar outro tipo de produto ou um produto

similar, só que da concorrência.

No mercado consumidor, as empresas estão em guerra por cada centavo e, no

ponto de venda, o verdadeiro campo de batalha onde a maioria das trocas comerciais

acontecem, cada marca, cada produto quer se sobressair sobre os demais e ser

consumido. Até chegar ao ponto de venda, fatores ambientais, psicológicos,

financeiros ou sociais podem fazer com que o cliente pense até em desistir da

compra. Mas estando o consumidor ali, o primeiro papel do merchandising é

convencê-lo de uma vez por todas da compra.

Já que é tão complicado convencer o consumidor a sair da inércia para o

consumo, e do consumo geral para o consumo específico de uma marca, o valor do

merchandising reside na apresentação e exposição destacada e adequada de marcas e

produtos no ponto de venda para que seja dada real oportunidade de sê-los

comprados. Feito isso, como segunda função, o trabalho de merchandising precisa

ser executado com a intenção de “lembrar” habituais consumidores da presença do

produto e incrementar assim o giro dos mesmos no ponto de venda.

Como não é possível a presença de cada vendedor, todo o tempo, nas lojas,

defendendo o uso e oferecendo as mercadorias da sua empresa, o merchandising tem

como preocupação o fluxo de saída destas mercadorias. Logo, o que se espera

também, em terceiro lugar, é que o merchandising faça parte deste trabalho, como

9

vendedor sempre presente e invisível, procurando conquistar o consumidor mediante

comunicação persuasiva muda, porém eficaz. “Nem os vendedores, interlocutores da

empresa, estão presentes, nem a publicidade se faz ver e ouvir.” (SOUZA, 1999:

251)

Desde 1998, após a divulgação do POPAI – Point of Purchase Advertising

Institute, associação internacional sem fins lucrativos que se dedica ao

desenvolvimento da atividade de merchandising, de que, no Brasil, 85% das

decisões de compra são tomadas no próprio ponto de venda, as empresas migram

verbas para esse canal, entendendo finalmente a importância de investir no último

ponto de contato das marcas com seus consumidores antes da venda.

Apresentação, exposição e sugestão destacada dos produtos e marcas no ponto

de venda são, portanto, as principais finalidades da execução otimizada de

merchandising (ANEXO 1). Porém, existem outras razões pelas quais este trabalho

se torna importante. Destacar os produtos entre outros em exposição, oferecê-los em

diversas formas de apresentação, comunicar as vantagens para diferentes perfis de

consumidores e acelerar o giro de venda fazem do merchandising uma ferramenta

cada vez mais presente e importante no composto de marketing das empresas.

2.2 Histórico

Nas grandes cidades dos Estados Unidos do século XIX, o comércio de rua

tem como características principais a produção artesanal da maior parte das

mercadorias nas próprias lojas e venda no balcão pelos membros da família,

chefiada pelo pai, que residem nos fundos do estabelecimento e consideram o local

uma extensão da sua casa, onde estranhos entram apenas para comprar alguma coisa.

São empórios, armazéns e mercearias, em sua maioria, que trabalham com

mercadorias que não se diferenciam quanto às marcas ou formatos, mas que são

recomendadas pelo pessoal da loja, através da entrega do pedido feito no balcão,

10

sem permitir o contato físico ou visual com os produtos antes da compra.

Conhecendo a restrita freguesia, o lojista oferece o que o consumidor está

acostumado a pedir, anota as despesas na caderneta e diferencia o seu trabalho pela

confiança e proximidade com o comprador.

Com o desenvolvimento das indústrias e a distribuição de bens manufaturados

em escala acelerada, a variedade de mercadorias e a velocidade do consumo fazem o

tradicional ponto de venda crescer e precisar ampliar o espaço das vendas. Aliado a

isso, o comerciante já não consegue atender somente com a família e precisa

contratar balconistas que trabalhem com a mesma paciência e proximidade com os

clientes que a loja tinha antes.

Em pouco tempo, o antigo método de esperar pelo freguês precisa dar lugar a

venda sem a ajuda dos balconistas. Populações cada vez maiores e mais

concentradas tornam inviáveis o atendimento individualizado. Pela primeira vez o

consumidor tem a possibilidade de ficar sozinho, frente a frente, com a mercadoria e

tem que tomar a decisão de compra, levando o produto até o caixa para o

pagamento. É o surgimento do auto-serviço.

No século seguinte, após a grande depressão econômica da década de 30,

acontece então o nascimento efetivo do merchandising (ANEXO 2). Com as

prateleiras das lojas cheias e os bolsos dos consumidores vazios, as mercadorias

distribuídas por um número maior de empresas precisam se vender sozinhas. Não se

consegue mais aumentar o espaço das lojas nem o número de atendentes, por isso é

preciso racionalizar a área de vendas, aumentando a velocidade de saída dos

produtos e mensurando o lucro que aquele espaço proporciona.

Da necessidade de redução das despesas do comércio e aproveitando a queda

nos preços do varejo, surge o merchandising, junto com o conceito de auto-serviço,

como forma de falar com os consumidores por meio das próprias embalagens, dando

ao consumidor a real oportunidade de comprar os produtos de maneira individual.

11

2.3 Ferramentas

Inúmeras são as possibilidades de trabalhar o merchandising no ponto de

venda. Além de todo o estudo, pesquisa e planejamento das melhores formas e

oportunidades envolvidos na execução, o aspecto visual pode ser caracterizado como

o mais importante no sucesso das ações de merchandising. Mesmo que não esteja

decidido pela marca, a impressão visual satisfatória para o consumidor afasta a

possibilidade inicial de rejeição pelo mau aspecto do produto.

Quando o produto ou sua imagem aparecem bem expostos no ponto de venda,

está presente algo que supõe-se já existir na memória do consumidor e que seja do

seu universo conhecido de marcas. A propaganda, através de outros canais de

divulgação, procura deixá-lo informado da existência, do modo de uso, dos locais de

compra e dos benefícios do produto exposto. Já o merchandising visa sanar a

dúvida, inconsciente ou não, do consumidor no momento da compra.

Para isso, estratégias como o emprateleiramento de produtos (técnica de

arrumação das mercadorias para exposição em gôndolas de supermercado),

exposição promocional (quando a área de venda do produto é expandida para fora do

local habitual como nas pontas de gôndolas e ilhas de supermercados), correlação de

produtos (quando se aproveita para fazer um agrupamento de produtos com

similaridade ou concomitância de uso ou imagem como no caso das escovas de

dentes com os cremes dentais) e layout de loja (planta de arrumação da área de

vendas de uma loja que procura aproveitar a circulação das pessoas) são analisadas

pelos grandes varejistas e patrocinadas pelas fabricantes de mercadorias para

capturar a atenção do consumidor na hora da decisão de compra.

Mas, para efeito deste estudo, cabe analisar com maior atenção duas

ferramentas que podem ser implementadas com menor volume de investimento,

fáceis de serem trabalhadas mesmo em pequenos pontos de venda.

12

2.3.1 Material impresso

Com a finalidade de comunicar a presença dos produtos e ilustrar a imagem

das marcas, o material impresso pode ser facilmente colocado em qualquer

superfície plana vertical do ponto de venda, desde que haja conveniência para tal.

Paredes, pilastras, marquises e balcões são lugares que dão vida à loja quando

ornamentados com impressos de boa qualidade gráfica que remetem aos produtos

disponíveis.

Confeccionados em grande quantidade, o que faz o custo por unidade ser

pequeno em relação ao benefício que traz, são quatro os tipos de materiais impressos

que se vêem colocados no comércio: o cartaz, o cartazete de preço, a faixa e o papel

bobinado ou bandô. São de fácil transporte e colocação, mas exigem troca constante

pela fragilidade do material (papel, papelão ou plástico).

O cartaz tem por objetivo mostrar ao consumidor a imagem do produto com o

mínimo de mensagem escrita. Pode ser simplesmente a foto do produto ampliada

cuja mensagem de venda deve sugerir uma lembrança positiva da marca na mente do

comprador. MOLES (1974, p. 53) afirma que a primeira função do cartaz é a da

informação do tipo “saiba que”, anunciador da presença do produto e a segunda

função é como instrumento para convencer ou para seduzir (ANEXO 3).

Semelhante na forma ao cartaz, o cartazete de preço também tem como

característica anunciar a presença do produto, chamando a atenção para o preço do

mesmo. Para melhor proveito da mensagem, deve transmitir a idéia de pechincha,

vantagem, favorecimento ou benefício através do aspecto de preço promocional

quando confeccionado (ANEXO 4).

A faixa geralmente tem o tamanho maior que o cartaz e o cartazete de preço e

por isso é utilizada para comunicação a longa distância. Colocada amarrada com

fitas ou cordas presas às pontas em locais de maior visualização, internamente indica

13

a localização do produto dentro do ponto de venda e externamente, sua principal

forma de utilização, indica a presença daquele produto no ponto de venda.

Precificada, é preciso que transmita a idéia de pechincha para despertar no

consumidor a ação de se dirigir ao local de compra.

Por último, o papel bobinado ou bandô de plástico normalmente traz

estampado o logotipo da empresa ou a imagem da marca. Com pouca mensagem

escrita, sua função principal é destacar a presença da marca de forma marcante,

repetida e insistente, para que o consumidor ligue a imagem latente da marca já

difundida pela propaganda à presença do produto (ANEXO 5).

2.3.2 Exposição de embalagens

“A única forma de comunicação que se encontra no exato

momento e lugar em que o consumidor certamente vai tomar uma

decisão de compra é a embalagem. Por essa razão, acima de todas

as demais mídias, a embalagem deveria receber atenção especial e

privilegiada.” (SOUZA, 1998, p. 79)

Dentro da embalagem, está o próprio produto. Então, nada mais conveniente

que expor o produto na sua embalagem, seja na prateleira ou em locais de fácil

visualização, para mostrar a presença do mesmo. De custo baixo para as pretensões

do merchandising, já que o comerciante adquire a embalagem com o produto, cada

vez mais as empresas investem em design e diferenciação em relação à concorrência

(ANEXO 6).

Para haver exposição, basta que tenha ao menos duas embalagens juntas, em

condições de consumo, limpas e arrumadas, que já está dada a vida que o produto

precisa. O desafio do merchandising de bebidas no varejo frio reside na otimização

deste uso, provocando no consumidor o movimento imediato e irresistível de pegar

o produto exposto gelado e consumir na hora.

14

3 O MERCADO DE BEBIDAS

Entende-se como mercado de bebidas o ambiente de comercialização de todo o

conjunto de produtos líquidos envasados em copos, latas, garrafas e barris pelas

fornecedoras em porções suficientes para saciar a sede das pessoas e a vontade de

beber de determinados produtos capazes de alterar o estado psíquico normal pela

presença de álcool em suas receitas. Nele, atuam empresas que produzem variados

tipos de bebidas em escala industrial e as distribuem para os pontos de venda

revenderem para o consumidor final.

Para dar dimensão ao estudo de merchandising no ponto de venda de bebidas,

é preciso estar situado no potencial e no universo de empresas do mercado brasileiro

e nas possibilidades que são proporcionadas pelo uso otimizado da ferramenta. Entre

hipermercados, supermercados e minimercados, bares, botecos, armazéns e

mercearias, lojas de conveniência e padarias, depósitos de bebidas e lanchonetes,

existem no Brasil mais de um milhão de pontos de venda de bebidas, segundo dados

da Ambev, quantidade maior do que em qualquer outro país do mundo.

Tal expressividade numérica se deve à facilidade de se abrir um comércio

informal no país e trabalhar com quaisquer tipos de mercadorias de consumo em

massa como bebidas, cigarros e alimentos, sem a devida fiscalização dos órgãos

competentes.

Basicamente, existem quatro ocasiões de consumo que determinam em que

tipo de ponto de venda o consumidor considera a compra das bebidas. Para levar

para casa e consumir com a família, o melhor lugar para adquirir é a loja de auto-

serviço ou o armazém perto de casa, onde geralmente a variedade de marcas e

embalagens é maior e existe a presença de variados produtos de consumo. Para

consumir no trajeto para casa ou outro lugar, a compra acontece nas lojas de

conveniência ou nos balcões de drive-thru das cadeias de lanchonetes de fast-food.

15

Quando o consumidor prefere não sair de casa para comprar algo junto com a

bebida, liga geralmente para o serviço de delivery das pizzarias e lanchonetes da

região que fazem a entrega do produto. Já a principal ocasião de consumo do

mercado de bebidas brasileiro, objeto do presente estudo do merchandising, é a que

ocorre no próprio ponto de venda. Assim, cabe analisar alguns dados sobre o setor

para melhor entender o segmento e a oportunidade de ganho em cada ponto de

venda.

3.1 Números do setor

Em 2003, de acordo com o Sindicato Nacional das Indústrias de Cerveja, é

consumido no país cerca de 8,15 bilhões de litros de cerveja, contabilizando quase

15 bilhões de reais em faturamento para empresas cervejeiras como Ambev, Primo

Schincariol, Kaiser-Molson, Cintra, entre outras. Nesse mesmo período, o volume

de vendas de refrigerantes, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de

Bebidas Não-Alcoólicas, chega a 11,5 bilhões de litros e o de água mineral, de

acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais, fica em 4,7

bilhões de litros. (LÓPEZ, 2004)

Sem falar ainda das bebidas destiladas, dos sucos prontos, dos vinhos e das

bebidas isotônicas, já dá para ter uma idéia da guerra que é o mercado de bebidas no

Brasil. Gigantes nacionais e multinacionais brigam dia a dia, ponto de venda a ponto

de venda, consumidor a consumidor pela preferência por suas centenas de marcas.

Nos dois principais segmentos de bebidas, cervejas e refrigerantes, os mais

rentáveis e de maior volume de vendas, pode-se observar a tendência de

concentração de vendas nas mãos de poucas empresas. Ambev e Coca Cola

dominam os respectivos cenários com mais da metade da participação de mercado.

Para as demais, vale o consolo de seguir as líderes e conseguir aumentar suas

16

participações em áreas em que o fator preço baixo é mais decisivo, onde o

consumidor tem baixo poder aquisitivo e não pode comprar das líderes.

Outro dado numérico interessante é a pesquisa do POPAI Brasil de 2001 que

aponta que os consumidores são fiéis às pequenas lojas próximas às suas casas,

freqüentando em média 15 vezes por mês e gastando cerca de 3 reais por visita. Tal

fato só vem a confirmar a importância do merchandising neste tipo de ponto de

venda. Nas categorias de bebidas mais importantes para o estudo, sabe-se que 78%

das vendas de cerveja e 42% do consumo de refrigerante, de acordo com a Ambev,

ocorrem nesse tipo de comércio.

3.2 Tipos de bebidas

O primeiro tipo de classificação que pode ser feita é quanto à presença de

álcool na composição das bebidas. As bebidas não alcoólicas podem ser consumidas

por qualquer tipo de pessoa e são utilizadas basicamente para saciar a sensação de

sede. No comércio varejista encontramos as águas minerais, os refrigerantes, os

sucos, os chás, as bebidas lácteas e os isotônicos em embalagens que variam das

latas e garrafas até as caixas tetrapak.

Em contrapartida, as alcoólicas causam entorpecimento e embriaguez nos

consumidores na proporção exata da concentração de álcool que possuem. Só podem

ser consumidas por maiores de 18 anos e têm restrições quanto à propaganda. Neste

grupo encontramos as destiladas como cachaça, vodka, whisky, conhaque e licor e as

fermentadas como cerveja, champanhe e vinho.

De acordo com a imagem que os consumidores têm em sua mente das bebidas,

as mesmas são também classificadas em três tipos diferentes, quanto aos benefícios

inerentes. As bebidas inocentes, que hidratam e têm função de nutrição como a água

mineral, o chá, o suco, o isotônico e o refrigerante têm sua escolha definida com

17

base nos atributos próprios como sabor, refrescância, quantidade de açúcares e de

calorias e promessa do aumento do desempenho físico.

As bebidas “de efeito” alteram o estado emocional rapidamente e o

consumidor tem consciência da alteração. Possuem álcool em sua composição e a

escolha envolve sabor, status associado, origem, história e efeito. E, transitando

entre as duas categorias anteriores, está a cerveja que pode cumprir o papel de

refrescância e de alteração do comportamento, simultaneamente ou não, consumida

principalmente em momento de descontração e confraternização.

Após a etapa de decisão do tipo de bebida a ser consumida, o cliente utiliza

alguns parâmetros para guiar a escolha entre um grupo pré-definido de marcas. No

caso das cervejas, faz comparação entre o custo e o benefício de comprar cervejas de

valor, consideradas de qualidade comprovada, cervejas de preço baixo, geralmente

percebida como de qualidade inferior, e cervejas especiais que o consumidor está

disposto a pagar mais ocasionalmente.

Para o consumo de refrigerantes, primeiro o consumidor necessita decidir qual

a embalagem é a mais adequada para a ocasião. Consumo em família ou em grupo

pede embalagem de 2 litros, consumo imediato ou em trajeto de um lugar para o

outro pode ser satisfeito com a garrafa de 600 mililitros e na hora do lanche ou das

refeições fora de casa, a melhor opção é a lata de alumínio. Depois, o consumidor

opta ora por refrigerantes de marca, ora por refrigerantes de preço baixo em que o

sabor atua como principal fator de diferenciação.

Sendo assim, o trabalho de merchandising de bebidas precisa se concentrar nas

áreas que proporcionam maior faturamento, cervejas e refrigerantes, preocupando-se

não somente em como se destacar em relação à concorrência direta de produtos

similares, mas também de outros tipos de bebidas e até de outros produtos

consumidos nos mesmos locais das bebidas, como petiscos, cigarros e fichas de

jogos como sinuca e fliperama.

18

3.3 Auto-serviço

“Entende-se como auto-serviço a forma de vender pela qual o

comprador tem a liberdade de fazer a escolha dos produtos que

deseja, separá-los e levá-los consigo até às caixas registradoras

para pagá-los, sem que para isso haja qualquer interferência ou

serviço do pessoal da loja .” (SILVA, 1990, p. 22)

Toda loja em que o consumidor entra para adquirir os produtos que deseja

presta um tipo de serviço ao mesmo. Quando este serviço é a disposição de

mercadorias em locais de fácil acesso para o cliente, arrumadas e dispostas numa

ordem lógica, de forma que sejam apanhadas e levadas para o pagamento na saída, o

local pode ser denominado um auto-serviço.

A presença dos check-outs (onde o consumidor paga pela compra e ensaca as

mercadorias), do balcão na saída da loja e das gôndolas criteriosamente abastecidas

e a ausência quase total do funcionário do ponto de venda no momento da decisão da

compra são as características principais deste tipo de varejo, que tem como

principais representantes os supermercados, os hipermercados, os minimercados, os

armazéns, as mercearias e as lojas de conveniência.

O próprio surgimento do merchandising se deve ao aprimoramento das

técnicas de vendas que levam ao nascimento do auto-serviço. Ao dar para o

consumidor a liberdade de escolha, o novo sistema varejista desperta nas empresas

fornecedoras o interesse pelos estudos de adequação e comunicação das embalagens,

pela contratação de pessoal para ficar na loja promovendo suas marcas e

abastecendo seus produtos e acelera cada vez mais a distribuição em massa das

mercadorias.

Crescendo a disponibilidade de produtos vendidos e a concorrência pelo

dinheiro do consumidor, o setor varejista investe mais nas ações de ponto de venda.

Dos 40% da verba de marketing gastos, em média, nos anos 80, hoje empresas como

19

Ambev e Coca Cola mobilizam mais de 70% em merchandising e promoção de

vendas no comércio, consolidando de vez a importância da ferramenta.

KOTLER (1998, p. 406) afirma que em um supermercado médio existem mais

de 15 mil itens de venda diferentes e que o comprador visualiza pelo menos 300

produtos por minuto nesse canal. Por isso, materiais como a embalagem e o cartaz

devem fazer um “comercial relâmpago”, atraindo a atenção, descrevendo as

características do produto, criando confiança do consumidor e produzindo uma

impressão favorável, tudo até a visualização do próximo produto, que também

procura despertar no consumidor o mesmo processo.

A importância de descrever o auto-serviço reside no fato do estudo procurar

otimizar o merchandising como neste ambiente, que há mais tempo trabalha a

consciência do incremento de consumo pela administração controlada do impulso de

compra. Como o foco principal é o consumo do produto e não a simples compra

para consumo posterior em local diferente, faz-se necessário então conhecer onde

ocorre o consumo concomitante à venda, o varejo frio.

3.4 Varejo frio

Varejo é qualquer empresa que tem como faturamento principal a venda de

mercadorias por unidade diretamente aos consumidores finais para uso pessoal. No

Brasil, grande parte da atividade varejista se encontra difusa em centenas de

milhares de pequenos comércios, administrados normalmente por uma ou duas

pessoas, com poucos funcionários e pequena capacidade de investimento em relação

ao ritmo acelerado da capacidade de compra do mercado consumidor.

O comércio varejista de bebidas se localiza em maior número nas regiões de

alta concentração populacional das grandes cidades brasileiras e nos centros de

cidade. Normalmente têm uma estrutura de pequena empresa, com contrato social

entre sócios que geralmente são parentes e não possuem funcionários com carteira

20

de trabalho registrada. Nas periferias das cidades, são extensões das residências dos

donos transformadas em comércio informal que geram os maiores volumes de venda

devido ao baixo custo de capital empregado e de manutenção.

A adição do termo frio ao varejo de bebidas se deve à forma de apresentação

dos produtos gelados para consumo imediato no próprio ponto de venda. Seja no

próprio equipamento de refrigeração do dono do ponto de venda, seja nos

equipamentos que as fornecedoras comodatam para aumentar o potencial de vendas,

as bebidas são refrigeradas na temperatura considerada ideal para o paladar

brasileiro.

No varejo frio está o ponto de encontro dos bebedores de cervejas para

descontração no fim de semana e para manter o papo atualizado no final do dia, após

o retorno do local de trabalho. Como num ritual, o consumidor pede a cerveja gelada

e degusta com satisfação de quem é merecedor daquele líquido amarelo levemente

amargo e espumado, consumindo junto com o tradicional “tira-gosto” para deixar o

corpo alimentado e aumentar a sensação de refrescância e prazer por mais tempo.

Dada a informalidade do setor, é preciso saber aproveitar as melhores

oportunidades de retorno do investimento em merchandising. Todos os pontos de

vendas de bebidas precisam ter um trabalho básico, porém, é melhor aproveitar as

energias e investimentos nos locais de maior possibilidade de ganho de venda e

imagem com a aplicação das ferramentas.

3.5 Categorias de varejo frio

São cinco tipos de ponto de venda em que o consumo dos produtos gelados

tem relevância e retorno suficientes para que se dê maior atenção à execução de

merchandising de maneira otimizada. Deixa-se claro, mais uma vez, que nem todos

os comerciantes concordam de imediato com o uso destas ferramentas de forma

diferente às que estão acostumados e nem todos têm giro de vendas de bebidas em

21

número que possa ser incrementado com lucro, mesmo que se encaixem nas

categorias foco.

Boteco ou botequim é a categoria de varejo frio mais simples que existe no

mercado de bebidas, caracterizado pela instalação geralmente popular, sem

preocupação com o visual ou com a decoração. Por isso, toda exposição de

embalagem e todo o material impresso de merchandising deve estar disposto de

maneira a canalizar a atenção do consumidor para si, em meio à imensa poluição

visual que este tipo de loja apresenta.

Possuem balcão e fazem o atendimento dos clientes em pé encostados nele

para servir cervejas, doses de bebidas destiladas, principalmente cachaça, e “tira-

gostos” a preços baixos. Quando possuem mesas, são em pequena quantidade devido

ao espaço limitado e à ausência de funcionários para servir fora do balcão. Não

dispõe de uma variedade de produtos que seja suficiente para atrair outros tipos de

consumidores que não os de bebidas alcoólicas.

Diferente da categoria anterior, o bar ou barzinho oferece aos clientes os

produtos servidos nas mesas. A preocupação com a limpeza e com a aparência do

lugar e dos funcionários é maior e, por isso, atrai consumidores de poder aquisitivo

mais alto, com suas famílias e amigos. Oferece sanduíches, salgados e pratos

simples em promoções com refrigerantes e normalmente vendem as bebidas num

preço um pouco acima dos botecos.

São o ponto de encontro semanal de amigos e vizinhos que se juntam para

bater papo e se divertir jogando sinuca ou assistindo partidas de futebol pela

televisão. Os proprietários de bar normalmente são mais suscetíveis às vantagens

que a correta utilização do merchandising pode oferecer e procuram manter a

qualidade e a limpeza dos materiais e dos produtos expostos. As fornecedoras de

bebidas investem em refrigeradores de cervejas do tipo vertical com temperatura

abaixo de zero.

22

O terceiro tipo de ponto de venda é o restaurante (churrascaria ou pizzaria

também se enquadram na definição) que se diferencia pelo preparo e venda de

refeições caseiras, típicas ou especializadas como sua atividade principal. Somente

secundariamente a venda de bebidas ocorre nestes locais, sempre nos horários

normais das refeições.

Podem ter garçons uniformizados, mesas com toalhas padronizadas e cardápio

e geralmente necessitam de um material de merchandising mais elaborado que os

utilizados nos bares e botecos. Vendem principalmente refrigerantes em latas e

cervejas descartáveis com preços bem acima das categorias anteriores.

Padaria ou confeitaria é o tipo de varejo frio em que a atividade principal se

deve à fabricação e à venda de pães, doces, bolachas e biscoitos. Sua clientela

compra pão e leite em horários específicos do dia e consome as bebidas no próprio

local na mesma proporção que as leva para consumo domiciliar. Normalmente

possuem vários equipamentos de refrigeração e caixa registradora das compras e

grande variedade de produtos alimentícios, de bebidas e de embalagens, o que faz o

espaço para colocação de material impresso escasso.

Por fim, a categoria de varejo lanchonete é a especializada no preparo de

lanches e refeições rápidas em que predomina a venda de refrigerantes em garrafas

de vidro de 300 mililitros, sucos e refrescos. Localizadas em locais de grande fluxo

de pessoas como centros de cidade, empresas, faculdades e terminais rodoviários,

permitem aos consumidores se acomodar em pequenas mesas ou em bancos

individuais juntos aos balcões.

Para agrupar as categorias de varejo acima no segmento de mercado varejo frio

e definir formas de execução de merchandising comuns a todas, é preciso levar em

conta alguns critérios. Normalmente, há pouca diferença na representatividade no

volume de bebida vendido entre as categorias. As atividades são similares, podendo

23

haver mesclagem de categorias, e representam as mesmas ocasiões de compra e

consumo, geralmente imediato no local.

3.6 Espaço no ponto de venda

Dentro do ponto de venda frio, não existe a prateleira que expõe o produto de

maneira organizada para escolha livre do consumidor, como no auto-serviço.

Primeiro, pelo fato da bebida precisar ser refrigerada para possibilitar o consumo

imediato e, depois, pela necessidade do funcionário de apanhar o produto gelado no

refrigerador, abri-lo e servi-lo num copo.

Como, então, garantir a exposição das embalagens dos produtos e dos

materiais impressos, se não existe um local reconhecido pelo consumidor, como no

auto-serviço, ideal para visualizar e adquirir o produto? Improviso pode até

acontecer, mas não havendo esforço no sentido de focalizar a atenção do consumidor

em direção às marcas presentes, a presença do merchandising no ponto de venda

tem mero aspecto decorativo, e não de incremento das vendas.

Para otimizar o investimento de tempo e de recursos, torna-se importante

observar com atenção as áreas do ponto de venda que são mais fáceis de serem

observadas pelo consumidor. Mesmo com a pouca diferenciação entre as categorias

de varejo frio, nem todos os pontos de venda possuem os espaços considerados

chaves para exposição dos materiais.

Antes de entrar no local, o consumidor precisa ser atraído e estimulado quanto

à necessidade de saciar a sede ou o desejo de degustar uma bebida específica. Já na

área externa do ponto de venda, geralmente na entrada, a colocação de bandôs e

faixas de preço atuam como convites para entrar no estabelecimento, principalmente

quando existe outras lojas próximas e a situação do preço parece favorável em

relação à concorrência de outras bebidas semelhantes.

24

Aliado a isso, o aspecto geral do comércio visto pelo lado de fora funciona

como uma vitrine, ao permitir que o consumidor avalie a conveniência de entrar pela

presença de outros consumidores, de mesas para sentar e de produtos já conhecidos

através da mensagem latente firmada pela propaganda.

Entrando no estabelecimento, o primeiro impacto que o consumidor receber

determina o que vai ser consumido. Se a primeira experiência for satisfatória, o

cliente precisa apenas se dirigir à área de pedido para selar a compra, caso contrário,

continua indeciso quanto ao produto e precisa receber novos estímulos.

Neste espaço, a presença de cartazes informativos e cartazetes de preço, numa

relatividade favorável frente a concorrência, colocados na altura dos olhos ou em

locais de fácil visualização, e a exposição de embalagens em expositores gelados ou

não, facilitam a escolha do consumidor e direcionam a decisão de compra para as

marcas com o merchandising melhor trabalhadas.

Na área de pedido, no balcão ou nas mesas, o consumidor enfim vai se

manifestar sobre o produto escolhido, pedindo ao atendente. Ainda há tempo para o

merchandising influenciar a decisão, pois no balcão está a maior parte dos produtos

disponíveis da loja para consumo e pode ser que o cliente compre algo que sequer

está imaginando ou precisando. Nas mesas, o simples fato do cidadão ao lado ter

pedido uma marca de cerveja já é mais do que suficiente para influenciar a escolha,

pois o consumo por outra pessoa passa a idéia de satisfação e recomendação e o

consumidor prefere não arriscar consumindo outro produto.

Grande parte das lojas mantém objetos de apreciação como quadros e plantas e

de lazer como televisores, sinuca, fliperama e caça-níqueis. Na proximidade de tais

objetos está a área de entretenimento que tem valor inestimável para as pretensões

de merchandising. Quando o consumidor está almoçando ou se dirige para um bar

para assistir uma partida de futebol, durante algum tempo mantém a atenção na

25

televisão e continua consumindo sem perceber até que pode estar aumentando o

consumo.

Fazer o produto ser percebido nessa lacuna de tempo, mesmo que de forma

inconsciente pelo consumidor, é a diferença entre a velocidade de saída do ponto de

venda e seu esquecimento. Pode ocorrer do cliente começar a consumir determinado

tipo de produto de outro fabricante e, como num ato-falho, passar a pedir a marca

que está no seu campo de visão. Como o espaço geralmente é pequeno próximo aos

objetos de entretenimento, sugere-se colocar as embalagens de menor tamanho

cercando-os.

Por fim, os próprios garçons, balconistas e demais funcionários podem

carregar a imagem da marca estampada em seus uniformes, mas isso depende da

confecção específica de tais materiais em negociação com as fabricantes de bebidas.

Além disso, existe o fato dos mesmos oferecerem determinados produtos em

detrimento de outros, que ocorre quando o dono do estabelecimento enxerga a

vantagem financeira ou de imagem agregada ao ponto de venda.

Observa-se, assim, que a utilização inteligente de cada espaço do ponto de

venda para exposição dos produtos atua como uma espécie de vendedor que sugere o

que deve ser consumido para o cliente, que se comporta, em média, seguindo

padrões determinados de percepção e comportamento de consumo.

26

4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

De maneira geral, as pessoas têm necessidades básicas naturais de suas

condições como seres humanos, que não podem ser criadas pelos setores de

marketing das empresas nem manipuladas pela sociedade. Precisam se alimentar, se

vestir, se proteger do frio e do calor, se sentir seguras, amadas e motivadas. Para

preencher a carência de cada necessidade específica, os desejos atuam como

elementos de satisfação. Por exemplo, quem está com sede sabe que pode saciá-la

comprando algo para beber como água mineral, refrigerante ou cerveja.

Quando os desejos são moldados, estimulados e lembrados pelas ações de

propaganda, dirigem-se a produtos e marcas específicos na mente do consumidor e

tornam-se demandas, que se transformam em vendas na medida em que o

consumidor está disposto e habilitado a pagar pelo produto. “Podemos escolher tudo

a nosso bel-prazer; comprar, gastar e possuir é uma nova experiência de liberdade.”

(ROJAS, 1996, p. 19)

Do antigo hábito de fazer extensas listas para comprar somente o necessário no

supermercado, o consumidor, hoje sem tempo nem paciência, passa a visitar o

estabelecimento com uma idéia geral do que está precisando, movimentando-se por

todas as seções para não esquecer de nada. O trabalho de merchandising nesses

locais visa, assim, despertar a sua atenção e gerar a ação definitiva, o impulso de

compra.

4.1 Impulso de compra

No momento em que entra no ponto de venda, o consumidor deixa de lado a

sua racionalidade e começa a se comportar de maneira diferente. Na maioria das

vezes, tem a intenção clara de gastar o seu dinheiro em mercadorias específicas, mas

acaba tentado pelos inúmeros estímulos e sugestões comerciais que recebe do

27

ambiente. Fato comprovado pela pesquisa de 1998 do POPAI Brasil de que 85% dos

consumidores brasileiros só se decidem pela compra no ponto de venda.

“É óbvio que toda pessoa deseja tudo que vê, e que a compra se realiza quando

ela tem dinheiro e sente o impulso de possuir.” (CHALMERS, 1969, p. 129)

Semelhante ao processo que acontece no auto-serviço, o consumo de bebidas no

ponto de venda frio ocorre pelo reconhecimento das marcas pelo consumidor e

oportunidade da ação imediata de beber determinado tipo de produto. As

informações armazenadas na memória sobre os produtos passam para a parte

consciente da mente, que determina a satisfação do desejo.

O impulso de compra funciona como uma espécie de movimento involuntário

do consumidor que toma conhecimento de todo o ambiente que o cerca através dos

sentidos e age conforme o impacto visual, a situação de preço adequada e a

experiência satisfatória de experimentação do produto.

Num mercado em que as restrições quanto à propaganda em meios de

comunicação em massa são maiores, o espaço do ponto venda certamente é o melhor

ambiente para convencer o cliente do consumo. No caso das bebidas não-alcoólicas,

a simples vontade de matar a sede ou de acompanhar a refeição ou o lanche com

uma bebida se torna objeto da atenção das indústrias do setor.

Inúmeros sabores e formatos de embalagens de refrigerantes são

disponibilizados e expostos na loja para atender a todo o tipo de consumidor e a todo

tipo de sede, que pode variar rapidamente na mente de uma mesma pessoa de acordo

com o seu estado emocional. Idéias em torno da imagem da mercadoria despertam

no consumidor sensações de conforto, proveito e comodidade e fazem-no pegá-la.

Já no caso das cervejas e das outras bebidas alcoólicas, o estímulo do consumo

provoca um certo dilema ético de despertar o impulso de compra para produtos que

causam perda momentânea da sobriedade. Para afastar a responsabilidade legal,

28

todos materiais de merchandising e as embalagens têm a obrigação de comunicar a

restrição do consumo para pessoas menores de 18 anos e que seu uso deve ser

apreciado com moderação.

Sendo assim, o desafio do merchandising de bebidas no varejo frio consiste

em despertar o desejo do consumo, comandar o impulso de compra do consumidor

em pegar, abrir e degustar o produto da marca melhor exposta e convencer a gastar o

dinheiro disponível naquele tipo de produto em detrimento de outros.

4.2 Mecanismo de decisão da compra

KOTLER (1998, p. 173) destaca que as escolhas de compra de uma pessoa são

influenciadas por fatores psicológicos como motivação, percepção, aprendizagem e

crenças e atitudes. Cabe ao marketing desenvolver ferramentas baseadas no estudo

desses fatores para possibilitar a adequação à otimização do merchandising no ponto

de venda.

Primeiramente, a motivação surge quando estados psicológicos de tensão

como sede e reconhecimento são intensos o suficiente para a transformar o estado de

necessidade em razão ou motivo e, a partir do desejo pela satisfação, leva ao

consumo, ao impulso de compra como descrito no capítulo anterior. As empresas de

bebidas devem destacar a presença dos produtos de maneira clara e satisfatória para

que os consumidores entendam e aceitem a mensagem de merchandising e comprem

por impulso.

Motivada, a pessoa está prestes a agir de acordo com a forma como percebe

não só os estímulos físicos do produto, mas também o ambiente que a rodeia. A

percepção é o critério que cada indivíduo usa para interpretar as informações

significativas do mundo. No ponto de venda, o consumidor seleciona

involuntariamente quais objetos e produtos atraem sua atenção, quais têm sua visão

29

distorcida, aparecendo de maneira diferente do real que a fabricante imagina, e quais

merecem a retenção efetiva da atenção.

O processo de aprendizagem é produzido quando a pessoa, no momento

anterior à decisão da compra, reúne mentalmente numa mesma situação impulsos

que levem à ação, estímulos de satisfação com a compra, sugestões imperativas de

consumo, respostas às últimas objeções e reforço das razões da escolha. Por fim,

crenças e atitudes são os fatores que antes mesmo do consumo levam o consumidor

a ter certeza do acerto na escolha e a começar a considerar a repetição da

experiência, como no hábito cervejeiro de consumir o produto um seguido

imediatamente pelo outro.

No mesmo estudo, KOTLER (1998, p. 179) também sugere que a decisão

efetiva ocorre em etapas que se iniciam muito antes da compra real e seguem após a

mesma. Os cinco estágios em seqüência acontecem principalmente nas compras de

produtos de baixo envolvimento do consumidor, não deixando, entretanto, de ser

importante para o estudo do comportamento no mercado de bebidas, cujo usuário se

envolve muito mais com as marcas e avalia a escolha de maneira bem menos

criteriosa.

A etapa inicial é a do reconhecimento do problema ou necessidade. A pessoa

sente sede e tem o impulso de saciá-la com a bebida. No entanto, pode haver um

estímulo externo que a faça pensar em tomar uma cerveja pelo simples fato de

haverem outras pessoas num botequim consumindo. Cria-se artificialmente a

sensação de sede a partir de uma ação simples de merchandising, mostrar o produto

em ação de consumo.

Na segunda etapa, o consumidor de bebidas busca informações sobre o

produto. No ponto de venda, disponibilidade, sugestão do balconista, temperatura de

refrigeração, aspecto da embalagem e preço direcionam o consumo para as opções

30

conhecidas de marcas, recomendadas pelo círculo de amizade e confiança de outros

consumidores, pela propaganda ou pela experimentação passada.

São atributos de comparação que o consumidor leva em conta em conjunto,

analisando também as marcas concorrentes para verificar se há vantagem na escolha

final, mesmo com o merchandising atuando como facilitador e impulsionador. É a

etapa de avaliação de alternativas que difere de indivíduo para indivíduo quanto à

relevância de cada fator.

Enfim, no momento da decisão de compra o consumidor pode decidir pela sua

marca preferida divulgada pela execução de merchandising ou seguir a atitude de

terceiros, caso não tenha forte ligação emocional com a mesma. Opta pelo produto

que melhor aparece exposto em seu campo visual e dá importância se outras pessoas

o consomem, o que demonstra confiança no sabor, temperatura e vantagem de preço.

Sendo a experiência positiva, cada vez vai ser mais difícil a influência do

merchandising nas próximas compras, pois começa a surgir uma sensação de

satisfação e cumplicidade do bebedor com o produto, caso tenha se decidido pelo

concorrente.

4.3 Fora do ponto de venda

O consumidor que sai da sua casa para comprar um refrigerante se comporta,

em geral, de maneira diferente daquele que pretende beber uma cerveja. No primeiro

caso, a concentração das vendas nas embalagens familiares como garrafa pet de 2

litros ou semelhantes no volume sugere a compra para consumo domiciliar. Já no

caso da cerveja, o ambiente perfeito para o consumo é fora de casa, onde é maior a

possibilidade de descontração com os amigos.

Diferentes perfis geram diferentes categorias de varejo de bebidas que, por sua

vez, mantêm variadas estratégias de aproximar o consumidor de bebidas. Analisando

31

o caso das cervejas, percebe-se a representatividade do canal bar e do canal boteco,

locais em que o consumo acontece simultâneo à venda. Dados da Ambev de 2004

mostram que 50% da venda de cerveja ocorre nesses locais enquanto representam

apenas 24% do consumo de refrigerantes.

O grande desafio do varejo frio é, então, atrair os consumidores para si. Mais

do que qualquer tipo de comércio, os botecos e bares se multiplicam principalmente

pelos bairros residenciais periféricos das cidades e se transformam numa opção

informal de renda para a maioria dos proprietários.

Em meio a infinidade de opções, o consumidor ocasional do produto sente a

vontade de beber ainda quando está ligado à outra atividade cotidiana, como no

horário de trabalho ou na aula da faculdade, e escolhe o bar ou boteco pela

conveniência ou proximidade.

É o perfil de quem circula por áreas de grande tráfego de pessoas e têm pouco

tempo e interesse de ficar parado bebendo cerveja. Da rua, o primeiro local que lhe

pareça que venda o produto gelado é o escolhido para a rápida descontração. Daí a

importância do material impresso de merchandising na área externa, para capturar a

intenção de consumo para o ponto de venda e das mesas nas calçadas para mostrar

que o local é freqüentado por pessoas que buscam o mesmo tipo de distração,

geralmente de hábitos, costumes e formação semelhantes.

Adepto do consumo próximo de casa, o tradicional bebedor de cerveja decide,

em primeiro lugar, se vai tomar a cerveja em pé ou sentado. Quando está sozinho,

prefere se encostar num balcão de botequim, beber a cerveja num copo

duvidosamente limpo e beliscar torresmos, lingüiças, jilós e ovos coloridos. Para

esse perfil, o que influencia externamente é a faixa de preço da bebida preferida com

aspecto promocional ou de pechincha razoavelmente convincente.

32

Quando é convidado para tomar uma cerveja com alguém ou procura o grupo

de amigos de bar, é menos sensível ao preço na área externa do lugar, bastando

identificar o comércio como de bebidas pela presença de bandô ou letreiros. Procura,

visualmente, consumir num local em que possa sentar com conforto, haja outras

pessoas se descontraindo bebendo e tenha uma variedade maior de produtos como

cervejas de outras marcas ou segmentadas e mais caras (chopp, cerveja escura ou

sem álcool).

Costuma acompanhar o pedido da maioria do grupo, abrindo mão certas vezes

da marca de consumo habitual. Prefere petiscos preparados na hora como batatas

fritas, aipim com carne seca e frango à passarinho e pode vir a alternar o consumo de

cervejas com refrigerantes na hora de comer, fato que demanda a implantação de

material de merchandising de refrigerante próximo ao de cerveja.

Antes de entrar em um restaurante ou em uma lanchonete, o consumidor

provavelmente tem como preocupação principal a comida que vai pedir. A cerveja

vendida normalmente é descartável, em lata ou em garrafa long neck, e num preço

desfavorável em relação ao praticado nos bares, o que desencoraja o consumo sem

refeição. O refrigerante representa uma parcela maior do faturamento e geralmente

compete diretamente com sucos e refrescos.

Para destacar externamente a imagem dos produtos, basta sinalizar a presença

das marcas com bandô em número de gomos maior que os da concorrência e

implantar letreiros e placas nominais com marcas estampadas. Ocasionalmente, o

refrigerante pode fazer parte de promoções com as refeições.

Na padaria, o consumo de cerveja ocorre eventualmente quando o cliente

precisa comprar outros produtos como pães, leites, bolos, cigarros e sorvetes e pára

alguns instantes para saborear a bebida. De certa maneira, em virtude da mesclagem

entre as categorias de varejo, trabalha como bar, porém tem importante parcela do

faturamento na venda para consumo domiciliar.

33

Por isso mesmo, é a principal categoria analisada com boas oportunidades de

trabalho externo de merchandising de refrigerantes. Como principal fator de

diferenciação, propõe-se a colocação de faixas de preços para viagem de cervejas e

refrigerantes, abaixo dos praticados no balcão e materiais para precificar

combinados promocionais de bebidas com alimentos.

4.4 Dentro do ponto de venda

“Quem tem sede não procura seu refrigerante favorito de bar em bar,

simplesmente toma outro e mata a sede.” (COBRA, 1985, p. 697) Para que o

merchandising interno funcione, a primeira providência é garantir a disponibilidade

dos produtos. A falta por giro acima da média ou a inexistência do produto apto para

o consumo gelado acabam com qualquer possibilidade de influenciar a compra do

consumidor, podendo até caracterizar uma frustração com a marca irreversível.

A colocação de material impresso temporário de cervejas e refrigerantes são o

carro-chefe do merchandising no ponto de venda. Fita adesiva, pincel atômico e

olhar crítico são suficientes para literalmente forrar as paredes internas do

estabelecimento com todos os cartazes e cartazetes de preço existentes, de todos as

tipos de produtos.

Nos botecos, geralmente, o espaço interno é disputado. As paredes são

pequenas e quase nunca lisas o suficiente para colocação de materiais impressos.

Mesmo assim, devem expor pelo menos um exemplar de cada marca principal de

cerveja e de refrigerante em áreas de fácil visualização, longe de portas de banheiro

e em locais próximos do balcão. Como reforço de imagem, a colocação de dois

exemplares de cada embalagem vendida em prateleiras ou balcões valoriza a

exposição dos produtos.

Freezer especial de cerveja, que gela o produto abaixo de zero grau e se

destaca pelo termômetro aparente, e de refrigerante, que expõe as embalagens

34

geladas, são as principais ferramentas atualmente das empresas de bebidas para o

merchandising das suas marcas nos bares. O consumidor habitual de cerveja,

principalmente, faz questão de saber a temperatura atual do produto e recomenda o

consumo em locais em que a refrigeração nunca falha.

Na categoria bar, normalmente há espaço suficiente para a colocação de

cartazes e cartazetes de preço em harmonia com o material da concorrência. O

consumidor enxerga com facilidade esses materiais e compara constantemente a

relatividade de preço entre as marcas. Procura-se, então, utilizar os melhores espaços

e manter uma distância segura dos melhores preços para que se evite ao máximo a

comparação. A exposição de embalagens deve ser feita em número maior que 2

unidades e aproveitar as áreas próximas aos objetos de entretenimento como

televisão, caça-níquel e sinuca.

Lanchonetes e restaurantes, internamente, pouco diferem quanto à necessidade

e ao tipo de merchandising aplicado. O cliente tem pouco estímulo visual de bebidas

e faz a sua escolha baseada nos cardápios e na sugestão dos atendentes. Uma

excelente opção de material é a implantação de menus expositores fixos e móveis,

sugerindo promoções casadas de lanches e refeições com as bebidas.

Finalmente, na categoria padaria o consumidor está sujeito à mais alta

variedade de produtos expostos internamente do varejo frio analisado. Existe áreas

específicas para a colocação de embalagens e de material impresso que necessitam

de alguma forma chamar a atenção para si.

Mais uma vez, o comodato de refrigeradores com portas transparentes é a

solução para destaque em meio à poluição visual. Para outras situações, vale o bom

senso de analisar a mobilização em torno da melhor execução de merchandising, que

depende do esforço do vendedor e da flexibilidade do comerciante.

35

5 O PAPEL DO VENDEDOR DE BEBIDAS

Ponto de contato da fornecedora com a revendedora dos produtos acabados

para consumo final, o vendedor guia ao longo do tempo a vida das marcas de

bebidas do seu portifólio no estabelecimento. No ponto de venda frio, o principal

responsável pela operação de merchandising é o vendedor de bebidas que, com

periodicidade no mínimo semanal, tem o olhar crítico necessário para avaliar,

manter ou incrementar as ações específicas com objetivo de aumento das vendas e

do lucro.

Toda variação, positiva ou negativa, de volume de vendas tem a sua cota de

participação, que pode ser constantemente otimizada pela correta execução de

merchandising. “Nos casos em que os produtos e preços são muito similares, o

vendedor pode constituir o único fator capaz de afastar o cliente de um fornecedor e

fazê-lo pender para outro.” (KOTLER, 1999, p. 144)

Sua finalidade principal é garantir a presença do produto certo, sem deixar que

falte ou sobre em demasia, no lugar certo, adequado para o tipo de consumidor que

freqüenta, na quantidade certa, disponível para consumo imediato na área de vendas

da loja, no tempo certo, seguindo a sazonalidade das vendas durante a semana, com

o impacto visual adequado, pela presença dos materiais e ferramentas de

merchandising e na exposição correta, quando as embalagens expostas de maneira

inteligente dão vida ao produto.

5.1 Execução de merchandising na rotina de trabalho

A principal função do trabalho do vendedor é garantir o resultado numérico

proporcional do seu volume de vendas maior que a sua meta num determinado

período. Para chegar lá, existe diversas maneiras diferentes dentre as quais a boa

36

negociação no mercado, o surgimento de novos compradores e o crescimento

acelerado da economia, gerando maior consumo. Mas, em médio ou em longo prazo,

nada se compara à solidez da boa prática de merchandising para fazer os resultados

se manterem em alta com consistência.

Na venda de bebidas, a crescente profissionalização e automação dos

processos de venda, principalmente das líderes em seus segmentos, Ambev e Coca

Cola em cervejas e refrigerantes respectivamente, facilita a rotina do profissional.

Motivados e treinados constantemente, os vendedores têm em suas mãos

ferramentas que sinalizam o que deve ser feito no ponto de venda, passo a passo,

precisando apenas checar se as ações estão correndo conforme o planejado.

Numa rotina normal de trabalho, após a análise numérica detalhada da rota e

das ações do dia, o vendedor se dirige ao ponto de venda e tem como primeira

atribuição verificar e atualizar o material de merchandising de acordo com premissas

que garantam uma execução básica na maior parte do mercado e um trabalho mais

elaborado em locais específicos.

Em todo o ponto de venda, os principais produtos do mix devem estar

presentes em quantidade suficiente para que não acabem até a próxima entrega e em

condições de consumo imediato, gelados. Os materiais impressos para uso interno de

todos os principais produtos devem estar colocados em locais de ampla visualização,

limpos e livres de obstrução para quem está na área de vendas. Pelo menos duas

unidades de cada embalagem de cada produto precisam estar expostas na área de

balcão ou vendas.

Além disso, a divulgação dos preços nos materiais apropriados devem estar em

situação favorável em relação à concorrência direta ou com aspecto promocional e

todas as unidades de consumo precisam estar aptas para consumo, dentro do prazo

de validade, sem amassos, vazamentos ou elementos que prejudiquem sua imagem.

37

Pontos de venda com investimentos em refrigeração e com potencial de

retorno de imagem têm ainda um gabarito específico para a execução do vendedor.

Devem trabalhar com produtos do portifólio premium, mais caros e direcionados, ter

a área externa sinalizada com faixas de preço ou bandôs em maior quantidade do

que a concorrência e manter os equipamentos abastecidos e arrumados conforme

padrões pré-determinados de arrumação, que priorizam a imagem e a disposição dos

produtos de maior giro nas prateleiras de acesso e visualização mais fácil.

Garantindo ao longo do tempo a manutenção desses quesitos atualizados, até

mesmo pelos funcionários da loja, o vendedor ganha tempo para negociar e efetivar

a venda. Toda a execução de merchandising visando o incremento das vendas está

mecanicamente feita.

5.2 Uso das ferramentas

Não basta utilizar as ferramentas como ensina os manuais de vendas de

maneira uniforme em todos os estabelecimentos. É preciso destacá-las em meio a

outras peças e outros objetos de impacto visual para realmente dar à presença do

merchandising relevância e capacidade de gerar a compra por impulso, por

familiaridade e por destaque de forma otimizada, melhor do que qualquer estímulo

presente no ponto de venda.

Os bandôs precisam ser atualizados com as campanhas mais recentes das suas

marcas para despertar de imediato a lembrança positiva das propagandas latentes na

memória do consumidor. Devem ser implantados, no mínimo, em duplas de gomos

nas marquises das lojas com cola quente especial para resistir à ação constante do

tempo.

Também na área externa, as faixas de preço são colocadas em substituição aos

bandôs quando a situação de preço do ponto de venda for igual ou inferior ao

praticado na região geográfica. Amarradas ou grampeadas, precisam ter o preço

38

desenhado com tipografia clara e visível à longa distância e com aspecto

promocional ou de pechincha que levem o consumidor de fora para dentro do

estabelecimento. Recomenda-se que estejam em maior quantidade que o material da

concorrência para chamar melhor a atenção e tirar a dúvida do consumidor antes

mesmo de entrar.

Os cartazes, geralmente, são de divulgação de novos produtos que ainda não

têm uma referência clara de preço na mente do consumidor e precisam ser colocados

pelo vendedor imediatamente após o lançamento dos mesmos, para comunicar a

presença, gerar experimentação e degustação espontânea antes da propaganda atuar.

Já os cartazetes de preço representam produtos importantes e conhecidos pelo

público alvo, que define de imediato se vale realmente quanto está sendo cobrado e

compara com a concorrência. Devem ser instalados em blocos coesos para evitar a

penetração de novas marcas concorrentes que o consumidor não sabe ainda quem

fabrica e para diminuir a comparação de preços, em altura levemente acima dos

olhos. A sinalização do preço deve seguir a recomendação utilizada para as faixas,

clareza e impacto com o mínimo de mensagem escrita.

Os refrigeradores verticais com as logomarcas das cervejas precisam ser

constantemente abastecidos e limpos pelos vendedores, pois são a melhor impressão

que o consumidor tem da qualidade final do produto. Devem estar com a lateral

voltada para a rua, priorizando o lado de maior circulação de pessoas, e com a frente

virada para a principal área de consumo da loja. No seu interior, pode-se colocar

garrafas da marca estampada no equipamento em maior quantidade e destaque,

outras marcas de destaque da mesma empresa e cervejas especiais que aparecem

quando a porta é aberta.

Nos equipamentos de porta de vidro para refrigerantes, o vendedor deve

orientar os funcionários do ponto de venda a disponibilizar os produtos seguindo

uma ordem lógica de consumo. Posicionados como os equipamentos de cerveja, são

39

feitos para que o cliente possa abri-los e pegar o produto que deseja, por isso

precisam facilitar a visualização, escolha e acesso dos mesmos. Sugere-se que, de

cima para baixo, se arrume da embalagem mais consumida para a menos consumida

e do lado que se abre para o oposto, a marca de saída mais rápida para a mais lenta.

Finalmente, a exposição de embalagens, facilitada pela ferramenta anterior, é a

que possibilita maior diversidade de ocasiões de implantação, a um investimento

baixo. Basta que se utilize os próprios produtos em condições de consumo em locais

de visualização fácil. O que pode ganhar ainda mais importância com a exposição é

o uso para correlacionamento de produtos do tipo cerveja ao lado de snacks, água

tônica junto de cerveja e refrigerante em garrafa de 300 mililitros com salgados.

5.3 Diferenciação em relação à concorrência

A empresa que tem maiores possibilidades de investir em merchandising no

ponto de venda e estudar o comportamento de consumidor certamente domina o

cenário. Contudo, o que diferencia o impacto que o uso da ferramenta tem no ponto

de venda é a atitude do vendedor. Se a loja possui estoque de bebida gelada

disponível e comunicada está feito o trabalho.

Não sendo possível superar a concorrência em qualidade e quantidade de

material, resta o uso inteligente da ferramenta disponível. O consumidor precisa

saber que o produto está no ponto de venda, gelado, lembrar de alguma forma da

imagem satisfatória da marca e ser impulsionado para a experimentação ou consumo

continuado. E o vendedor, presente e observador, pelo simples fato de querer prestar

o serviço, consegue despertar no dono do ponto de venda uma das melhores

ferramentas de merchandising, a recomendação para o consumidor.

40

6 O PAPEL DO COMERCIANTE DE BEBIDAS

No local em que as vendas de bebidas se consolidam realmente, no varejo frio,

nem a fornecedora nem o vendedor possuem a liberdade e a garantia que possa por

em prática a execução otimizada de merchandising. É preciso o apoio total e

irrestrito do comerciante para implementá-las.

Em geral, são pessoas de pouca formação profissional e acadêmica que

precisam de ajuda para a gestão profissional do negócio como um todo e conseguem

lucrar com as ações. Procura-se juntar a vontade de prosperar do proprietário com o

espírito de desenvolvimento do cliente do vendedor em parâmetros de lucro para

ambos os lados.

6.1 Atrair potenciais consumidores

Com o surgimento de novos pontos de venda e a recessão da economia, tem-se

ouvido falar muito dos comerciantes que a situação da empresa está ruim e que as

empresas de bebidas precisam baixar os preços dos produtos. Ora, se o momento é

difícil, nada justifica o fato de ser ruim para uns e pior para outros. Os pequenos

empresários precisam criar formas de recuperar suas receitas implantando novas

idéias e não procurando culpados.

Nessa hora, surge a oportunidade de investir em merchandising na loja e os

comerciantes mais ressentidos acham que é mais um gasto inútil. Não só de bebidas,

mas de tantos outros tipos de produtos, o trabalho de atrair consumidores pode ser

feito com a simples permissão do uso dos seus espaços internos e de fachada.

É claro que a colocação de faixas de preço de cerveja na área externa e de

cartazes do lado de dentro não são suficientes para gerar fluxo de potenciais

41

consumidores. A loja precisa manter estoque dos produtos, fazer promoções das

mercadorias de menor giro e passar confiança e aparência de que está funcionando a

pleno vapor.

Em conjunto com o vendedor, o comerciante pode negociar ações de

merchandising que incluam, por exemplo, a restauração da frente da loja e a

colocação exclusiva de materiais impressos para despertar a atenção das pessoas e

fazê-las entrar para consumir.

6.2 Acelerar o giro das mercadorias e incrementar as vendas

Dentro do ponto de venda, o merchandising tem a pretensão de ser o vendedor

da fornecedora de bebidas que trabalha todo o dia pelo benefício das suas marcas.

Porém, ninguém melhor que o proprietário para desempenhar esse papel. O desafio

reside, então, em fazer do comerciante um aliado nas vendas de cerveja e

refrigerante da empresa.

Atrair consumidores, levá-los a experimentação de produtos e fazê-los

consumir mais e melhor também faz parte das pretensões do ponto de venda. São

resultados que podem ser alcançados com o uso continuado e otimizado de

merchandising, mas que dependem da capacidade de investimento e envolvimento

do comerciante.

Junto ao vendedor, o proprietário deve estudar a diminuição ou retirada de

marcas pouco lucrativas de cervejas e refrigerantes do seu negócio ou com execução

de merchandising ruim para priorizar os profissionais que queiram lucrar e dar lucro

para a sua empresa.

42

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância do estudo do merchandising e do comportamento do

consumidor no ponto de venda de bebidas está na oportunidade de crescimento.

Segundo dados do Instituto POPAI, o consumidor padrão faz 70% das suas compras

por impulso, sem planejar. No Brasil, esse percentual sobe para 85% e leva o nível

de decisão do brasileiro no ponto de venda para o topo do mundo.

O comportamento do consumidor cada vez menos está sujeito às mensagens

dos produtos e, com isso, sua decisão de compra acontece quase que exclusivamente

com base no preço cobrado. Empresas que tem suas marcas com valor agregado

maior precisam utilizar o otimizado para reverter a tendência e afastar do

consumidor a idéia de optar sempre pelo produto mais barato.

Fica claro que a ferramenta merchandising no ponto de venda, de maneira sutil

e inteligente, pode ajudar no incremento das vendas, seguindo três linhas de

raciocínio: direcionando ocasionais consumidores para as marcas melhor expostas,

guiando compradores habituais de bebidas para os pontos de vendas que melhor

expõem a presença gelada do produto e atuando como vendedor sempre presente em

cada estabelecimento, sugerindo a compra marca.

Cada tipo de ponto de venda frio é capaz de agregar consumidores com hábitos

de consumo diferentes, que vêm a ser influenciados por ferramentas de

merchandising semelhantes. Torna-se, então, necessário que os vendedores e as

empresas procurem analisar mais a fundo cada categoria em separado, freqüentando

o comércio e registrando como se portam os consumidores.

Como projeto futuro, a simplificação do trabalho e a redução do formato

apresentado para um livreto de bolso se fazem necessárias para que seja apresentado

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às empresas do setor e se torne, enfim, um manual de apoio aos vendedores para

consulta e treinamento.

O comerciante de bebidas precisa ainda de ambientação e entendimento de

ferramentas de vendas para o completo aproveitamento e implementação do

merchandising otimizado em seu ponto de venda. Primeiramente, os departamentos

de vendas devem levantar possíveis candidatos interessados e capazes de testar a

implementação das ferramentas nas lojas e, em seguida, os vendedores podem

divulgar o resultados para outros comerciantes para despertar o interesse pelo

estudo.

É difícil encontrar profissionais especialistas em merchandising. Considera-se

o conceito mera parte integrante da promoção de vendas no composto de marketing.

“O marketing faz o cliente vir até o ponto de venda e o merchandising, com seus

atrativos, retém sua presença por maior tempo possível, para que aumente seu

potencial de compra.” (AMORIM, 2001, p. 42) Praticamente não há quem se

dedique exclusivamente à ferramenta.

Sendo assim, fica registrado que para o profissional interessado no

desenvolvimento do assunto existe inúmeras oportunidades. O mercado de bebidas é

extremamente dinâmico e cresce numa velocidade maior do que a média dos outros

segmentos. Certamente, para as companhias de bebidas se sobressaírem no ponto de

venda, vão precisar entender melhor as relações de consumo com o produto e contar

com o conhecimento de pessoal especializado em merchandising.

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REFERÊNCIAS

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_________. Os axiomas do Marketing: da filosofia, da essência e da alma do

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46

ANEXO 1: merchandising no ponto de venda

47

ANEXO 2: surgimento do merchandising

48

ANEXO 3: cartaz

49

ANEXO 4: cartazete de preço

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ANEXO 5: bandô

51

ANEXO 6: exposição de embalagem