Metodologia Implantação ERP

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  • 8/10/2019 Metodologia Implantao ERP

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    PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE MINAS GERAIS

    Programa de Mestrado Profissional em Administrao

    COMPETNCIAS INDIVIDUAIS:

    identificao das competncias requeridas para os

    Usurios Chaves de projetos de implantao de Sistemas

    Integrados de Gesto.

    Alex Magno Diamante

    Belo Horizonte

    2010

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    Alex Magno Diamante

    COMPETNCIAS INDIVIDUAIS:

    identificao das competncias requeridas para os

    Usurios Chaves de projetos de implantao de Sistemas

    Integrados de Gesto.

    Dissertao apresentada ao Programa dePs-Graduao stricto sensu emAdministrao da Pontifcia UniversidadeCatlica de Minas Gerais e FundaoDom Cabal, como requisito parcial paraobteno do ttulo de Mestre emAdministrao.

    rea de Concentrao: Gesto Estratgiade Organizaes.

    Orientador: Prof. Dr. Sandro Mrcio daSilva

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    FICHA CATALOGRFICAElaborada pela Biblioteca da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais

    Diamante, Alex MagnoD537c Competncias individuais: identificao das competncias requeridas para os

    usurios chaves de projetos de implantao de sistemas integrados de gesto /Alex Magno Diamante. Belo Horizonte, 2010.

    159f. : il.

    Orientador: Sandro Mrcio da SilvaDissertao (Mestrado) Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais.

    Programa de Ps-Graduao em Administrao.

    1. Competncia profissional. 2. ERP (Sofware). 3. Sistemas de informao.4. Software integrado. I. Silva, Sandro Mrcio da. II. Pontifcia UniversidadeCatlica de Minas Gerais. Programa de Ps-Graduao em Administrao. III.Ttulo.

    CDU: 658.3.018

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    AGRADECIMENTOS

    A todos que contriburam de forma direta e indireta por este trabalho. Aos

    respondentes que se dispuseram a preencher o questionrio, apoiando esta

    pesquisa.

    Ao professor Ph.D. Sandro Mrcio Silva, meu orientador, que partilhou comigo sua

    experincia acadmica e acreditou que, apesar das minhas inmeras atividades

    profissionais, conseguiria concluir este trabalho.

    Aos professores Darly Andrade e Eduardo Thomsen, pelas orientaes nos testes

    estatsticos.

    A Eurico Loures, pelo apoio e orientaes que nortearam as anlises dos resultados.

    A todos os integrantes de minha equipe de projeto de implantao de software ERP

    da empresa de agronegcio, que me apoiaram na reviso e distribuio doquestionrio, principalmente ao Marcelo Paiva, que desenvolveu o software na web

    para aplicao do questionrio da pesquisa.

    Aos funcionrios e parceiros das empresas TOTVS e SAP, que colaboraram com

    informaes sobre as suas metodologias de implantao, bem como respondentes

    dos questionrios.

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    Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que me deu

    a vida. Aos meus pais, que me ensinaram os principais

    valores que devem ser praticados. A Janete, minha

    esposa, pelo seu companheirismo, amor, incentivo eapoio nos momentos mais importantes, e a meus filhos,

    Artur e Izadora, que so uma ddiva que Deus

    me concedeu.

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    RESUMO

    Este trabalho de pesquisa teve como propsito estudar as influncias das

    competncias na implementao de sistemas de gesto empresarial, ou software

    ERP Enterprise Resources Planning mais especificamente no contexto das

    competncias requeridas para os usurios-chave dos projetos de implantao desse

    tipo de sistema. Para a execuo da pesquisa foram identificadas na literatura as

    competncias mais aludidas por diversos autores, sendo que estas tiveram suas

    composies validadas por mtodos estatsticos. Para a pesquisa foi realizado um

    surveycom uma amostra formada por 179 profissionais no Brasil que j participaramou participam de projetos de implementao de algum softwareERP. Os resultados

    obtidos com a anlise dos dados buscam traar um perfil das competncias

    requeridas dos usurios-chave de projetos de implantao de softwarepara gesto

    empresarial no Brasil. Foram convalidadas 26 competncias definidas como

    importantes por todos os respondentes, sendo 6 (seis) delas classificadas como

    imprescindveis por todos os perfis avaliados, as quais so: possuir conhecimento

    prtico dos processos da sua rea de negcio; ter Iniciativa de ao e resoluo deproblemas; abertura para adaptar a mudanas; capacidade de gerar resultados

    efetivos; ser tico; ser ntegro e ser profissional. As competncias do grupo de

    competncias pessoais foram consideradas como as mais imprescindveis pela

    populao estudada. Houve tambm a indicao por parte de mais de um

    respondente de 3 (trs) outras competncias, as quais julgaram importantes, quais

    sejam: organizao; saber documentar e trabalhar sob presso. A contribuio deste

    estudo permitiu identificar um perfil de competncias desejado para os usurios-chave, o qual auxiliar na formao de constituio equipes de projetos de

    implantao de softwares ERP, bem como nas estratgias de desenvolvimento de

    competncias das organizaes.

    Palavras-chave: Usurios chave. Competncias. Projetos ERP.

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    ABSTRACT

    This essay intends to study the influence of competences in the

    implementation of enterprise management systems, or ERP software

    Enterprise Resources Planning more specifically the required competences for the

    Key Users of those systems implementation projects. In order to do this research, the

    competences, most mentioned by the authors of several areas, were identified, and

    then validated by statistic methods. A survey was made with a sample constituted by

    179 professionals who had already participated of ERP software implementation

    projects in Brazil. The obtained results from the analysed data establish a profile of

    the Key Users required competences for the management of softwares in Brazil. 26

    competences were validated as important by the interviewees. 6 (six) were classified

    as indispensable, by all the evaluated profiles, as described below: to have practical

    knowledge of the processes of ones specific area; to take actions in order to solve

    problems; to be able to adapt to changes; to have the capacity of generating effective

    results; to be ethical; to be honest and professional. The competences of the

    personal competences group were considered as the most indispensable by theanalysed interviewees. There was also an indication, by more than one of the

    interviewees, of 3 (three) other competences which they considered indispensable,

    as cited below: organization; know how to report things and how to work under

    pressure. This study allowed the identification of the desired Key Users competences

    profile, which will contribute to the future teams formation, enabling the ERP

    softwares implementation, as well as the development of competence strategies for

    the enterprises.

    Keywords: Key Users. Competences. Projects. ERP.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Estrutura tpica de um funcionamento de um sistema ERP. ............... 26

    Figura 2: Dimenses do frameworkdesenvolvido pelo MIT. .............................. 28

    Figura 3: Competncias como fonte de valor para o indivduo e para aorganizao. ............................................................................................................ 31

    Figura 4: As trs dimenses da competncia. ..................................................... 35

    Figura 5: Competncias como fonte de valor para o indivduo e para aorganizao. ............................................................................................................ 36

    Figura 6: Hierarquia e abrangncia dos conceitos. ............................................. 40Figura 7: Estrutura de Competncias. ................................................................... 41

    Figura 8: Estrutura do ERP. .................................................................................... 44

    Figura 9: Formao de capacidades e utilizao das funcionalidadesbsicas. .................................................................................................................... 45

    Figura 10: Formao de competncias e utilizao das funcionalidadesavanadas. ............................................................................................................... 46

    Figura 11: Ciclo de vida de sistemas ERP. ........................................................... 48

    Figura 12: Fases de implantao de um sistema ERP. ........................................ 49

    Figura 13: Fases da metodologia e pontos de controle do projeto. ................... 50

    Figura 14: Fases da metodologia ASAP Focus. ................................................... 51

    Figura 15: Fases e etapas da MIT (Metodologia de Implantao TOTVS). ......... 52

    Figura 16: 10 fatores crticos de sucesso para implantao de sistemasERP. .......................................................................................................................... 54

    Figura 17: Equipe do projeto. ................................................................................. 60

    Figura 18: Modelo de equipe do projeto................................................................ 62

    Figura 19: Modelo de competncia para ensino e pesquisa. .............................. 73

    Figura 20: Tipos de amostragem. .......................................................................... 84

    Figura 21: Clculo do tamanho da amostra por seleo aleatria simples. ...... 84

    Figura 22: Representao da ligao entre necessidade de informao edados. ....................................................................................................................... 86

    Figura 23: Estrutura da pergunta do questionrio. .............................................. 90

    Figura 24: Agrupamentos propostos. ................................................................... 93

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    Figura 25: Estrutura de competncias do negcio aps adequao daamostra. ................................................................................................................. 106

    Figura 26: Resultados que se mostraram significativos no que tange diferena de mdias. ............................................................................................. 125

    Figura 27: Diferena no que tange viso do negcio e ao tempo deexperincia do entrevistado. ................................................................................ 126

    Figura 28: Competncias. ..................................................................................... 129

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Empresas por ramo de atividade. ........................................................ 95

    Grfico 2: Nmero de profissionais. ...................................................................... 96

    Grfico 3: Formao dos respondentes. ............................................................... 98

    Grfico 4: Anos de experincia em projetos. ........................................................ 99

    Grfico 5: Participao em projetos. ................................................................... 100

    Grfico 6: Papel exercido no projeto. .................................................................. 101

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Principais atividades realizadas em cada fase da etapa deimplantao do ERP- SAP. ..................................................................................... 50

    Quadro 2: Tabela de riscos do projeto. ................................................................. 56

    Quadro 3: Equipe do projeto. ................................................................................. 59

    Quadro 4: Diferentes participantes de projetos ERP. .......................................... 63

    Quadro 5: Competncias gerenciais requeridas em TI. ....................................... 66

    Quadro 6: As competncias individuais mais relevantes. ................................... 67

    Quadro 7: As competncias individuais em empresas mineiras. ....................... 68

    Quadro 8: Fatores e itens da escala - competncias individuais requeridas. ... 69

    Quadro 9: Competncias descritas por COTA, 2002. .......................................... 71

    Quadro 10: Integrao das competncias individuais e da gesto deinovao. .................................................................................................................. 72

    Quadro 11: Relao de competncias do Curso de Administrao. .................. 73

    Quadro 12: Competncias para desenvolver aprendizagem em equipes. ......... 74

    Quadro 13: Competncias gerenciais relacionadas Tecnologia daInformao. .............................................................................................................. 75

    Quadro 14: Competncias pessoais em gerenciamento de projeto. .................. 76

    Quadro 15: Competncias identificadas na literatura. ......................................... 78

    Quadro 16: Competncias propostas na pesquisa. ............................................. 79

    Quadro 17: Comportamentos passveis de observao utilizados noquestionrio da pesquisa. ...................................................................................... 89

    Quadro 18: Escala de Likert. .................................................................................. 90

    Quadro 19: Interpretao do intervalo de confiana. ........................................... 92

    Quadro 20: Critrio de classificao de porte SEBRAE. ..................................... 96

    Quadro 21: Resumo das competncias fundamentais. ..................................... 132

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1: Relao de Competncias por frequncia......................................... 70

    TABELA 2: Ramo de Atividade .............................................................................. 95

    TABELA 3: Nmero de profissionais ..................................................................... 96

    TABELA 4: Tipo de Funcionrio ............................................................................ 97

    TABELA 5: Sexo ...................................................................................................... 97

    TABELA 6: Grau de Escolaridade .......................................................................... 97

    TABELA 7: Tempo de experincia em projetos .................................................... 98TABELA 8: Nmero de projetos ............................................................................. 99

    TABELA 9: Papel exercido no projeto ................................................................. 100

    TABELA 10: Grupo de Trabalho ........................................................................... 101

    TABELA 11: Comportamentos do grupo de competncias relacionadas aonegcio................................................................................................................... 103

    TABELA 12: Comportamentos do grupo de competncias relacionadas aonegcio por grupo de trabalho ............................................................................ 104

    TABELA 13: Avaliao da consistncia interna das competnciasrelacionadas ao negcio....................................................................................... 105

    TABELA 14: Competncias relacionadas ao negcio ....................................... 107

    TABELA 15: Competncias relacionadas ao negcio por grupo de trabalho . 107

    TABELA 16: Comportamentos tcnicos.............................................................. 108

    TABELA 17: Comportamentos tcnicos por grupo de trabalho ....................... 109

    TABELA 18: Avaliao da consistncia interna das competncias

    tcnicas .................................................................................................................. 110

    TABELA 19: Competncias tcnicas ................................................................... 110

    TABELA 20: Competncias tcnicas por grupo de trabalho ............................. 111

    TABELA 21: Comportamentos interpessoais ..................................................... 112

    TABELA 22: Comportamentos interpessoais por grupo de trabalho ............... 113

    TABELA 23: Avaliao da consistncia interna das competnciasinterpessoais ......................................................................................................... 115

    TABELA 24: Competncias interpessoais .......................................................... 115

    TABELA 25: Competncias interpessoais por grupo de trabalho .................... 116

    TABELA 26: Comportamentos pessoais ............................................................. 117

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    TABELA 27: Comportamentos pessoais por grupo de trabalho ....................... 118

    TABELA 28: Avaliao da consistncia interna das competnciaspessoais ................................................................................................................. 119

    TABELA 29: Competncias pessoais .................................................................. 119

    TABELA 30: Competncias pessoais por grupo de trabalho. ........................... 120

    TABELA 31: Comportamentos por tipo de empresa .......................................... 122

    TABELA 32: Competncias por tipo de empresa ............................................... 124

    TABELA 33: Competncias x Nmero de citaes ............................................ 127

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................... 14

    2 PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................. 17

    3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 21

    4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 234.1 Geral ................................................................................................................... 234.2 Especficos ........................................................................................................ 23

    5 REFERENCIAL TERICO ..................................................................................... 24

    5.1 ERP ..................................................................................................................... 24

    5.2 Competncias .................................................................................................... 295.2.1 Conceito de Competncias ........................................................................... 295.2.2 Competncias Individuais ............................................................................. 325.2.3 Competncias Organizacionais .................................................................... 375.2.4 Capacidades organizacionais e capacidades dinmicas ........................... 385.2.5 Competncias e ERP ...................................................................................... 425.2.6 Implantao de Sistemas de Gesto Integrada - ERP ................................. 475.2.7 Equipe do Projeto ........................................................................................... 575.2.8 Competncias relacionadas aos usurios-chave de projetos deimplantao de sistemas ERP ................................................................................ 65

    6 METODOLOGIA .................................................................................................... 806.1 Estratgia e mtodo de pesquisa .................................................................... 806.1.1 Objetivos da pesquisa ................................................................................... 816.1.2 Definio das unidades de anlise ............................................................... 826.1.3 Desenhos ........................................................................................................ 856.2 Instrumento de pesquisa e coleta de dados ................................................... 86

    7 ANLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 927.1 Testes estatsticos e procedimentos analticos ............................................. 927.2 Caracterizao da amostra ............................................................................... 947.3 Anlises dos resultados ................................................................................. 1027.3.1 Grupo de competncias relacionadas ao negcio .................................... 1027.3.2 Grupo de competncias tcnicas ............................................................... 1087.3.3 Grupo de competncias interpessoais ....................................................... 1117.3.4 Grupo de competncias pessoais .............................................................. 1167.4 Anlise dos respondentes pelo tipo de empresa ......................................... 1207.5 Anlise do relacionamento das competncias por perfil do respondente . 1257.6 Anlise qualitativa do questionrio ............................................................... 1267.7 Estrutura das competncias .......................................................................... 128

    8 CONCLUSES .................................................................................................... 130

    REFERNCIAS ....................................................................................................... 135

    ANEXOS ................................................................................................................. 152

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    1 INTRODUO

    Atualmente, dadas as condies instveis, complexas e dinmicas domercado, a adoo de sistemas Enterprise Resource Planning (ERP), nacionalmente

    conhecidos como sistemas integrados de gesto, nas organizaes tem sido

    considerada um fator bastante relevante com vistas ao alcance das suas vantagens

    competitivas. Empresas em todo o mundo efetuam grandes investimentos nos

    softwares de ERP com o objetivo de colher benefcios, tais como automatizar os

    seus processos de negcio, aumentar a produtividade, tornar-se mais eficaz,

    oportunizar negcios ou atividades, integrar plantas produtivas, bem como integraras informaes de diversos setores auxiliando na tomada de deciso, dentre outros.

    Todavia, referidos benefcios nem sempre acontecem, apesar da complexidade e

    abrangncia dos projetos de implantaes de ERP, que utilizam, inclusive,

    metodologias e ferramentas avanadas de gerenciamento de projetos.

    Vrios fatores crticos de sucesso so apontados por empresas fornecedoras,

    empresas especializadas em consultoria de implantao, profissionais

    especializados, bem como por inmeras pesquisas como impactantes no resultado

    dos projetos de ERP. (ALVARENGA, 2003; BERGAMASCHI, 1999;

    BERGAMASCHI; REINHARD In: SOUZA; SACCOL, 2003; BORBA, 2005;

    BUCKHOUT et al.1999; NAH; LAU; KUANG, 2001; SUMNER, 2003; GAMBA et

    al., 2004). Dentre todas as citaes, os relacionados s pessoas so alguns mais

    enfatizados. A implantao do ERP envolve um amplo processo de transformao

    organizacional, impactando no modelo de gesto, nos processos de negcio, na

    cultura organizacional, no estilo e cultura gerencial, na estrutura de poder e,

    particularmente, no indivduo, requerendo deste a construo ou reconfigurao de

    suas habilidades e atitudes. (SACCOL; MACADAR, 2003, p.185).

    O presente estudo buscou compreender particularmente os requisitos de

    competncias para os usurios chaves de projetos de implantao de softwares

    ERP, que possuem neste a responsabilidade de apoiar na definio do sistema e

    dos novos processo e de capacitar os usurios finais, por entender que a resposta

    ao tema escolhido trar benefcio a muitas organizaes que planejam implementar

    um programa ERP ou at mesmo informatizar determinados processos especficos.

    Trar contribuies ainda para as empresas de consultoria de implantao e as de

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    consultoria de avaliao de ERP, permitindo uma melhor avaliao da equipe que

    far parte do projeto de implantao, principalmente no que diz respeito ao

    mapeamento e avaliao das competncias individuais necessrias viabilizao

    do projeto.Para concretizao deste projeto de pesquisa, realizou-se um

    aprofundamento no referencial terico, identificando o que h nos campos tericos e

    empricos a respeito dos temas Competncias e Tecnologia da Informao, mais

    precisamente ERP, identificando quais as competncias para os usurios de

    projetos de implantao de sistemas ERP.

    As unidades de pesquisa foram funcionrios das empresas implantadoras de

    softwareERP e das empresas compradoras que implantaram ou esto implantandoo ERP. A pesquisa analisou as competncias dos usurios-chave na percepo dos

    integrantes da equipe de implantao do projeto de ERP de ambos os lados. Foram

    avaliadas as competncias requeridas tanto na viso dos profissionais das empresas

    que fornecem e implantam o software quanto na viso dos profissionais das

    empresas adquirentes.

    O estudo foi realizado por meio da aplicao de um questionrio aos

    consultores e gerentes de projeto das empresas fornecedoras de ERP e aos

    gerentes e usurios das empresas que implantaram ou esto implantando o software

    ERP. Esse surveypermitiu avaliar as competncias requeridas dos usurios chaves,

    na percepo de diversos atores destacando-se por tempo de experincia em

    projetos e por proximidade de trabalho com o usurio chave.

    O presente trabalho est organizado em oito captulos, com os seguintes

    contedos:

    No primeiro e segundo captulos so apresentadas a introduo do trabalho

    proposto e a identificao do problema da pesquisa. O captulo trs apresenta as

    justificativas para o desenvolvimento do trabalho, e o captulo quatro os objetivos da

    pesquisa.

    No quinto captulo, faz-se uma reviso da literatura sobre o tema, cujo

    referencial terico sustenta a discusso e a anlise das relaes de software ERP

    com competncias.

    No sexto captulo destaca-se o mtodo de pesquisa utilizado, o levantamento

    das informaes, a definio dos instrumentos de pesquisa e a pesquisa aplicada.

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    No stimo captulo realizada a anlise dos dados resultantes da pesquisa

    de campo.

    A concluso encontra-se no oitavo captulo, destacando-se a verificao dos

    objetivos, os resultados alcanados, as propostas de continuidade da pesquisa e aslimitaes do estudo.

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    2 PROBLEMA DA PESQUISA

    O softwareERP Planejamento de Recursos Empresariais um sistema

    que integra as informaes de diversas reas das organizaes, armazenando-as

    em um nico banco de dados, criando condies para a integrao e a automao

    dos processos de negcio, abrangendo, principalmente, as reas de controladoria,

    de logstica (suprimentos, fabricao e vendas) e de recursos humanos. (SOUZA;

    SACCOL, 2003).

    Durante a segunda metade dos anos 90, a implantao de sistemas ERP foium dos principais focos de ateno relacionados utilizao de Tecnologia da

    Informao (TI) nas empresas, mundialmente e no Brasil, recebendo considerveis

    investimentos por parte das organizaes. Embora tenham sido alardeados

    inmeros benefcios s empresas que o utilizam, logo se percebeu que a

    implementao de sistemas ERP era uma tarefa muito mais complexa do que a

    simples instalao de um novo software na empresa. Casos de dificuldades e de

    insucesso foram divulgados na imprensa especializada, bem como foram objetos de

    pesquisas. (CALDAS; WOOD, 2000; JESUS; OLIVEIRA, 2007; PEREIRA; RICCIO

    In: SOUZA; SACCOL, 2003).

    O estudo de Pozzebon e Pinsonneault (In: SOUZA; SACCOL, 2003),

    objetivando ilustrar empiricamente o quadro terico, identificou que o ERP afetado

    no que tange a mudanas nos programas-fontes nos nveis setorial, organizacional e

    individual, sendo que as mudanas so fundamentalmente alcanadas no nvel da

    psicologia do indivduo. As implicaes de uma configurao de tecnologia em

    particular no so determinadas a priori, mas dependem das percepes individuais,

    compreenses e atribuies de legitimidade. As aes dirias dos indivduos, com

    diferentes graus de poder e barganha, influenciam as decises organizacionais

    relativas adoo e estratgias de uso de uma tecnologia.

    O estudo acadmico da utilizao de sistemas ERP intensificou-se no mundo

    e no Brasil apenas a partir de 1998. Percebeu-se por meio das pesquisas realizadas

    que a implementao de sistemas ERP um processo de mudana cultural, e um

    fator crtico de sucesso evitar que o projeto seja tratado como um projeto de

    informtica. (JESUS; OLIVEIRA, 2007; CALDAS; WOOD, 2000, ALVARENGA

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    2003; SOUZA; SACCOL, 2003; MENDES; ESCRIVO FILHO In: SOUZA; SACCOL,

    2003). Aspectos como envolvimento da alta direo, correto envolvimento dos

    usurios e gerenciamento de mudanas foram apontados como essenciais para o

    sucesso desses projetos. (BERGAMASCHI, 1999; BORBA, 2005; GAMBA et al.,2004; SOUZA; SACCOL, 2003).

    Souza e Saccol (2003) citam que tambm foi desenvolvida pesquisa

    relacionada anlise crtica do fenmeno ERP, procurando posicion-lo em um

    contexto mais amplo do que o simples estudo de sistemas de informao ou TI. O

    fenmeno ERP pode ser analisado do ponto de vista de abordagens organizacionais

    crticas, tais como a Teoria Institucional e Neoinstitucional, a Teoria Estruturacionista

    e Construtivista, entre outras. Nos estudos realizados por Brown (1998), foiconstatado que o ERP mais que uma tecnologia. um artefato que causa impacto

    e impactado pelas pessoas nas organizaes. (SOUZA; SACCOL, 2003).

    No estudo de Jesus e Oliveira (2006) acerca de uma grande empresa do

    setor alimentcio que implantou um software ERP mundialmente conhecido, as

    autoras identificaram que a implantao do mesmo impactou a estrutura e os

    aspectos sociocomportamentais devido mudana drstica no perfil dos usurios

    exigidos pelo ERP, demandando novos conhecimentos e gerando neles o medo de

    no se adaptarem nova realidade. Nesse caso aconteceram muitos desligamentos,

    principalmente por solicitaes dos prprios funcionrios.

    Partindo do pressuposto de que habilidades e atitudes esto intrinsecamente

    ligadas questo das competncias, verificou-se que o ERP e as competncias

    devem estar articulados nas dimenses das habilidades (capacidades) e atitudes

    das pessoas e nas decises tomadas pelas empresas. Assim, faz-se necessrio

    levantar as questes envolvidas nessa inter-relao.

    Entrando no contexto de competncias, Fleury e Fleury (2001) definem que

    competncia a palavra de senso comum utilizada para designar pessoa

    qualificada para realizar algo. Para Dutra (2004), o conceito de competncia

    abordado por duas linhas de estudo que tm ntima relao e se influenciam

    mutuamente: a das competncias individuais e a das competncias

    organizacionais. O autor menciona que, de um lado, tem-se a organizao com um

    conjunto prprio de competncias, as quais se originam da gnese e do processo

    de desenvolvimento da organizao e so caracterizadas no seu patrimnio de

    conhecimentos. Tal patrimnio, por sua vez, estabelece as vantagens competitivas

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    da empresa no contexto em que est inserido. De outro lado, existem as pessoas

    com seu conjunto de competncias, que pode no estar sendo aproveitado pelas

    empresas. (DUTRA, 2004).

    Quando os colaboradores entendem quais so as principais competnciasorganizacionais, tornam-se atentos s oportunidades e trabalham em sintonia para a

    melhoria dessas competncias, obtendo, assim, melhores resultados para as

    empresas. (KING; FOWLER; ZEITHAML, 2002). Da a importncia de se definir as

    competncias organizacionais e deix-las claras a todo o universo da organizao.

    (ZARIFIAN, 2001). Conforme Silva (2002), a competncia organizacional fruto da

    sinergia que ocorre quando os ativos e recursos da empresa so catalisados pelas

    competncias das pessoas.Existem vrios estudos sobre projetos de ERP no que tange a metodologia de

    avaliao, fatores crticos de sucesso, gerenciamento de projetos, impacto na

    cultura, impacto nas pessoas, impacto em uma rea e avaliao dos resultados de

    projetos ERP (ALVARENGA, 2003; BERGAMASCHI, 1999; BERGAMASCHI;

    REINHARD, 2003; JESUS; OLIVEIRA, 2006; SACOOL; MACADAR; SOARES, 2003;

    MANTOAN, 2005; TONINI, 2003;), bem como estudos sobre aprendizagem

    organizacional, competncias individuais, organizacionais e de equipes de projetos.

    (BORBA, 2005; COTA, 2003; FERNANDES, 2004; LIMA, 2006; LUDMER; FALK,

    2007; PEREIRA, 2007; MAURO, 2006; SANTOS, 2008; SILVA, 2002; SANTANNA

    et al., 2002; STREIT, 2001; UDEBA, 2009; VIEIRA et al., 2003; ZAIDAN, 2008).

    Contudo, no foram identificados estudos cientficos relacionando as competncias

    requeridas para os usurios-chave de projetos de implantao de softwaresERP.

    Essa pesquisa pretende investigar quais so as competncias requeridas

    para os usurios-chave de projetos de implantao de softwaresERP, procurando

    ampliar os conhecimentos a respeito desse tema e contribuir para que as empresas

    conheam algumas peculiaridades da utilizao de um sistema integrado

    aumentando a chance de sucesso de novos projetos. Permitir tambm uma melhor

    avaliao do impacto global do projeto de implantao, principalmente no que diz

    respeito s competncias necessrias para implantar e utilizar melhor todos os

    recursos (funcionalidades) disponibilizados pelo software e, consequentemente,

    determinar com melhor clareza e preciso os fatores crticos de sucesso para o

    projeto, reduzindo os riscos de insucesso e o impacto causado pelo ERP no modelo

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    de gesto, nos processos de negcio, na cultura organizacional, no estilo, na cultura

    gerencial e, sobretudo, seu impacto sociocomportamental.

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    3 JUSTIFICATIVA

    No mundo atual, no qual a concorrncia se d de forma global e sinrgica, crescente a importncia da criao de vantagens competitivas sustentveis para as

    organizaes. Alguns entes so importantes para que as organizaes possam

    competir, dentre os quais podem ser citados os sistemas de gesto integrada ERP,

    que demonstram ser uma ferramenta estratgica de alto valor agregado, na medida

    em que permitem aos gestores estar constantemente informados sobre os cenrios

    internos, consolidando variveis importantes para a tomada de deciso.

    Os sistemas ERP permeiam todos os nveis organizacionais (operacional,ttico, gerencial e estratgico) manifestando-se sob a forma de processos integrados

    e automao das atividades executadas pelas reas da empresa. O no

    alinhamento da implantao de sistemas de gesto integrada com os objetivos

    estratgicos, quando considerados apenas sob a tica departamental ou mesmo

    apenas nos nveis operacionais, pode tornar incuos todos os esforos despendidos

    pela organizao. (REZENDE, 2003).

    Os Sistemas ERP constituem recursos cada vez mais crticos para as

    empresas devido possibilidade de real integrao de todos os Sistemas de

    Informaes da organizao, viabilizando o modelo de gesto empresarial baseado

    na gesto integrada. Entretanto, Sistemas de Informaes, quando utilizados por

    competidores, tambm so responsveis por presses adicionais sobre a

    organizao. Alm disso, as presses so amplificadas pelo espantoso

    desenvolvimento da tecnologia, que gera sistematicamente novas possibilidades

    para a obteno de vantagens competitivas. Eventualmente, essas possibilidades

    passam despercebidas, so ignoradas ou interpretadas incorretamente.

    Sistemas de Informaes constituem artefatos caros que nem sempre

    redundam em sucesso. Seu desenvolvimento interpe desafios tcnicos e de gesto

    significativos que exigem capacidades especiais dos gestores da tecnologia e dos

    usurios. (SACCOL; MACADAR; SOARES In: SOUZA; SACCOL, 2003). Seu

    sucesso exige que toda a empresa entenda e incorpore a tecnologia e suas

    possibilidades, e que as pessoas envolvidas com a tecnologia entendam-na e atuem

    em sintonia com a empresa. Seu sucesso tambm depende da nova ordem

    econmica, das regras de mercado, das novas formas de aquisio e gesto de

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    4 OBJETIVOS

    4.1 Geral

    A partir do tema de gesto de competncias e sua relao com os projetos de

    implementao de sistemas ERP, dentro do qual se destaca a necessidade de

    delineamento das competncias requeridas para os usurios-chave de projetos de

    implantao de sistemas integrados de gesto, prope-se como objetivo do presente

    trabalho a identificao das competncias requeridas para os usurios-chave deprojetos de implantao de softwaresERP.

    4.2 Especficos

    Identificar com apoio da reviso da literatura as competncias mais

    importantes para os usurios-chave de projetos de software ERP.

    Identificar as competncias mais importantes para os usurios-chave na viso

    das empresas fornecedoras e/ou implementadoras de softwareERP.

    Identificar as competncias mais importantes para os usurios-chave na viso

    das empresas que adquiriram e implantaram o softwareERP.

    Identificar as competncias dos usurios-chave para implementar uma

    soluo de ERP na viso dos componentes da equipe de projeto que

    trabalham diretamente com o mesmo.

    Identificar as competncias dos usurios-chave para implementar uma

    soluo de ERP na viso dos componentes da equipe de projeto que no

    trabalham prximo do mesmo, porm possuem atividades relacionadas.

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    5 REFERENCIAL TERICO

    5.1 ERP

    Os sistemas ERP j adotados mundialmente passaram a ser utilizados no

    Brasil por volta de 1990. Segundo Corra (1997), os sistemas ERP surgiram a partir

    da evoluo dos sistemas MRP (Material Resource Planning). Nestes foram

    agregadas as funes de programao mestre da produo, clculo detalhado de

    necessidade de capacidade, controle do cho de fbrica, controle de compras e,mais recentemente, vendas e planejamento de operaes. Dessa forma, os

    sistemas MRP deixaram de atender apenas s necessidades de informao

    referentes ao clculo da necessidade de materiais, para atender s necessidades de

    informao para a tomada de deciso gerencial sobre outros recursos de

    manufatura. O MRP passou, ento, a ser chamado de MRP II (Manufacturing

    Resource Planning Planejamento de Recursos de Manufatura).

    Com o objetivo de ampliar a abrangncia dos produtos vendidos, os

    fornecedores de sistemas desenvolveram mais mdulos, integrados aos de

    manufatura, mas com escopo que extrapola os limites da manufatura. Como

    exemplo, foram criados os mdulos de gerenciamento dos recursos humanos,

    vendas e distribuio, finanas e controladoria, entre outros. Esses novos sistemas,

    capazes de suportar as necessidades de informao para todo o empreendimento,

    so denominados sistemas ERP.

    Pradrella e Silva (2005) citam que existem diferentes formas de definir um

    sistema de ERP, podendo ser de uma perspectiva de negcio, tcnica ou funcional.

    Para uma viso mais completa do sistema, este ser descrito sob trs perspectivas:

    sob a perspectiva do negcio, uma forma de descrio do ERP seria uma

    combinao de processos de negcio e tecnologia da informao; sob a

    perspectiva tcnica, o ERP pode ser encarado como uma extenso lgica dos

    sistemas de MRP da dcada de 70 e dos sistemas de MRP II da dcada de 80; do

    ponto de vista funcional, o ERP tem como escopo primrio suportar a gesto e a

    administrao do desdobramento dos recursos dentro de uma mesma organizao.

    Tais recursos podem ser materiais, de produo e humanos, dentre outros.

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    Souza e Saccol (2003) definem tais sistemas como pacotes comerciais que

    permitem a integrao de dados provenientes dos sistemas de informao

    transacionais e dos processos de negcios ao longo de uma organizao. Embora

    as empresas possam desenvolver internamente sistemas com as mesmascaractersticas, o termo ERP est normalmente associado a pacotes comerciais.

    Segundo Edwards (2003), um fabricante de ERP:

    O ERP funciona como um guarda-chuvas para um sistema de negciointegrado, condensando todos os processos de negcio de uma empresa,indo desde as atividades relacionadas a produo at os processosfinanceiros. Funciona como uma cola que une as informaes da empresanuma base comum. Propicia uma integrao entre as corporaes quetranscendem at as questes geogrficas e as complexidades das vrias

    redes de informaes entre as diversas reas funcionais de uma empresa.

    O ERP conseguiu eliminar uma srie de sistemas legados usados na

    operao das empresas, onde eram programas de computador independentes uns

    dos outros e, muitas vezes, instalados em hardwares dos mais diversos, criando

    assim uma infraestrutura complexa para manuteno e gesto. A soluo de criar

    um programa de computador com vrios mdulos baseados na mesma plataforma

    foi uma grande soluo tcnica de integrao, tanto para os programas quanto para

    a infraestrutura de tecnologia de informao. Isso foi um dos grandes propulsores do

    sucesso do ERP nas empresas. (CORRA, 1997).

    De acordo com Davenport (1998), os sistemas ERP so compostos por uma

    base de dados nica e por mdulos que suportam diversas atividades das

    empresas. A FIG. 1 apresenta uma estrutura tpica de funcionamento de um sistema

    ERP. Os dados utilizados por um mdulo so armazenados na base de dados

    central, para serem manipulados por outros mdulos.

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    Figura 1: Estrutura tpica de um funcionamento de um sistema ERP.

    Fonte: DAVENPORT, 1998.

    Os mdulos citados na FIG. 1 esto presentes na maioria dos sistemas ERP.

    Alm deles, alguns sistemas ERP possuem outros adicionais, tais como:

    Gerenciamento da Qualidade, Gerenciamento de Projetos, Gerenciamento de

    Manuteno.

    Corra (1997) afirma que as funcionalidades dos mdulos de um sistema

    ERP representam uma soluo genrica que reflete uma srie de consideraes

    sobre a forma como empresas operam em geral. Para flexibilizar sua utilizao em

    um maior nmero de empresas de diversos segmentos, os sistemas ERP foram

    desenvolvidos de forma que a soluo genrica possa ser customizada em um certo

    grau.

    Na implantao de um sistema ERP, conforme citado por Leo e Leo (2004),

    a customizao um compromisso entre os requisitos da empresa e as

    funcionalidades disponveis no sistema. Inicialmente, na maioria das vezes, os

    processos de negcio das empresas precisam ser redefinidos para que seus

    requisitos se aproximem das funcionalidades do sistema. Ento, a primeira medida

    de customizao a seleo dos mdulos que sero instalados. A caracterstica

    modular permite que cada empresa utilize somente os mdulos de que necessite e

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    possibilita que os adicionais sejam agregados com o tempo. Em seguida, para cada

    mdulo, so feitos ajustes nas tabelas de configurao, para que o sistema se

    adapte da melhor forma possvel aos novos processos de negcio. Mesmo com a

    customizao, a soluo pode no atender a alguns requisitos especficos dasempresas. Nesses casos, elas precisam utilizar outros sistemas complementares ou

    abandonar seus requisitos especficos e adotar processos genricos. (LEO; LEO,

    2004). Podem contratar um desenvolvimento especfico para adequar o software

    sua necessidade, mas isso eleva os custos, principalmente no momento de

    atualizao das verses do software.

    Segundo Scheer e Habermann (2000), no processo de implementao deve-

    se envolver a anlise dos processos atuais do negcio e a possibilidade de modific-los, mais do que propriamente desenhar uma aplicao de sistema que faa o

    melhor de um processo ruim. Se os processos forem corretamente redesenhados e

    os seus modelos documentarem uma melhoria de resultados, sistemas ERP podem

    ser configurados por esses modelos conceituais.

    Por esse motivo, a deciso de implantao de um sistema ERP s deve ser

    tomada aps uma anlise detalhada dos processos da empresa e das

    funcionalidades dos sistemas ERP. Alm disso, muito importante que as empresas

    considerem, desde o incio da implantao, os impactos da redefinio dos

    processos e da introduo do sistema na estrutura, nas pessoas, na cultura e

    estratgia da organizao. (LEO; LEO, 2004).

    Saccol, Macadar e Soares (2003), em sua pesquisa sobre as mudanas

    organizacionais (tecnolgicas, estruturais e comportamentais), citam o framework

    (FIG. 2) desenvolvido no MIT por Rockart e Morton (1984), o qual est

    fundamentado nos estudos realizados por Chandler (1962) e Leavitt (1965). Souza e

    Saccol (2003) enfatizam que esse framework baseado em cinco elementos do

    funcionamento corporativo interdependentes e equilibrados: estratgias da

    organizao; tecnologias; estrutura organizacional e cultura corporativa; processos

    de gesto (planejamento, oramentos e recompensas); e indivduos e papis. Os

    cinco elementos so circundados pela fronteira da organizao, em forma de

    diamante. Nesse modelo est implcita a adequao tecnolgica, objetivando o

    alinhamento dos negcios da organizao por meio da TI e direcionado pela

    transformao organizacional. (MORTON, 1988 apudSOUZA; SACCOL, 2003).

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    Figura 2: Dimenses

    Fonte: ROCKART; M

    Foram represent

    com a utilizao do E

    Macadar e Soares (200

    envolve, alm da ado

    processos de trabalho,mudanas na qualifi

    comportamentais, as q

    quanto ao grau de m

    requeridas das pessoas.

    Existem muitos t

    planejamento de sist

    organizao. (SORDI;REZENDE, 2003; GALA

    sistemas de informao

    das aplicaes baseada

    de seu plano de negcio

    Para Kremers e

    produto em si, mas no

    eficientemente com um

    o frameworkdesenvolvido pelo MIT.

    RTON (Adaptado por SOUZA; SACCOL, 2003

    das na FIG. 2 as mudanas organiza

    P, ocorridas nas organizaes pesq

    ). No mbito da mudana tecnolgica,

    de novas ferramentas, mudanas nas t

    mudanas nos produtos e na eficcao tcnica das pessoas. Qua

    e mais se manifestaram foram na cul

    tivao dos funcionrios; nas habilida

    rabalhos que demonstram a importn

    mas de informao ao planejame

    CONTADOR, 2005; BRODBECK;S; PONTE, 2006). Para Rezende (2003

    e da tecnologia de informao o proc

    s em computadores para apoiar a organ

    s e na realizao de seus objetivos orga

    Dissel (2000), o valor de um sistem

    seu uso efetivo e eficiente. Para estar

    pacote ERP, a organizao tem que trei

    28

    ).

    ionais relacionadas

    isadas por Saccol,

    consideram que ela

    cnicas de gesto e

    ia organizacional eto s mudanas

    tura organizacional;

    des e capacidades

    ia de se alinhar o

    to estratgico da

    HOPPEN, 2003;, o planejamento de

    sso de identificao

    izao na execuo

    nizacionais.

    ERP no est no

    apto para trabalhar

    nar seus usurios e

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    29

    eles tm que acumular experincia. Este um processo lento e consumidor de

    tempo .

    De Bresson (1987) diz que tecnologia "so modos de fazer coisas". Em

    primeiro lugar vm as mudanas de know-how, que mudam sem quenecessariamente se tenha que mudar as ferramentas (no caso, hardware e

    software); o conhecimento humano tambm fundamental para a mudana

    tecnolgica.

    Com vista no framework de Rockart e Morton (1984), o contexto deste

    trabalho est enfatizado nas relaes entre a dimenso de indivduos e funo e a

    dimenso de tecnologia da informao, respectivamente na relao entre

    competncias individuais e projetos de ERP. Para isto faz-se necessria,inicialmente, a compreenso do tema competncias.

    5.2 Competncias

    5.2.1 Conceito de Competncias

    A expresso competncia era associada essencialmente a uma aptido

    jurdica, que referia faculdade atribuda a algum ou a uma instituio para

    apreciar e julgar certas questes. (FERREIRA, 2008).

    Entre os profissionais de Recursos Humanos, a palavra competncia vem

    assumindo diversos significados. Para alguns, tem como referncia a qualificao ou

    know-howespecfico da tarefa e ao conjunto de tarefas prescritas a um cargo. Para

    outros, vai alm do conceito de qualificao, saber combinar os recursos para ao

    em contextos variados, ligada ao tema de entrega, sendo tambm fontes de valor

    social para o indivduo e econmico para a organizao.

    Pereira (2007) cita que o uso do conceito de competncias est cada vez

    mais disseminado, sendo que, historicamente, esse conceito evoluiu a partir de dois

    referenciais distintos: competncias do indivduo (BOYATIZS, 1982; DURAND, 1998;

    McCLELLAND, 1973) e competncias da organizao. (HAMEL; PRAHALAD, 1995,

    RUAS; 2005).

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    Hoffman (1999 apud PEREIRA, 2007), com o objetivo de esclarecer melhor

    os conceitos relacionados competncia e a sua utilizao, props uma tipologia

    para a temtica que possui os seguintes pressupostos:

    i. Existem dois tipos distintos de competncias: as do indivduo e as da

    organizao.

    ii. Para cada um desses dois tipos de competncias existem inputs e outptus.

    Os inputsesto relacionados com os atributos desejados para um indivduo

    ou uma organizao competente, enquanto os outptus mensuram os

    resultados obtidos a partir de um desempenho competente.

    O que essa tipologia permite compreender melhor o conceito de

    competncia, seja para o indivduo ou para a organizao, em relao aos seus

    inputse outptus, no estabelecendo nenhum tipo de relacionamento entre ambos os

    tipos de competncia. Recentemente, alguns autores esto apontando que existe

    uma relao entre esses dois tipos de competncias. (DUTRA, 2004; FLEURY;

    FLEURY, 2004; RUAS, 2005). Zarifian (2001), ao analisar o que denomina lgica

    competncia no mundo organizacional, prope que a mobilizao de competncias

    em uma atividade profissional seja geradora de valor econmico para a empresa e

    de valor social para o indivduo. Corroborando com ele, Fleury e Fleury (2004)

    concluem que as competncias tm como objetivo agregar valor econmico para a

    organizao e valor social para o indivduo, e apresentam uma representao grfica

    (FIG. 3) que representa essa definio por eles proposta.

    Os autores Dias et al. ( 2008)enfatizam que uma nova vague de trabalhos de

    pesquisa tem entendido o processo de construo de competncias organizacionais

    no plano intra-organizacional (MILLS, 2002; FIGUEIREDO, 2003; FLEURY;

    FLEURY, 2004; BECHER, 2004), tratando da articulao entre as definies

    estratgicas e os projetos de ao a serem desenvolvidos nas reas de empresa;

    o processo de priorizao e desenvolvimento de competncias, no nvel de

    diferentes reas da empresa, o que vai concretamente sustentar as diretrizes e os

    projetos estratgicos. Em sntese, em sua dimenso estratgica, atravs do conceito

    de competncia organizacional, contribui como referncia e priorizao da gesto do

    desenvolvimento de capacidades que devem sustentar a competitividade da

    empresa. (DIAS et al., 2008, p. 12).

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    Figura 3: Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao.

    Fonte: FLEURY; FLEURY, 2004.

    Segundo Dutra (2004), a competncia pode ser atribuda a diferentes atores.

    De um lado, tem-se a organizao, com o conjunto de competncias que lhe prprio, decorrente da sua gnese e do seu processo de desenvolvimento,

    concretizado em seu patrimnio de conhecimentos. De outro lado, tm-se as

    pessoas, com seu conjunto de competncias aproveitado ou no pela organizao.

    Ao se colocar esses atores lado a lado, pode-se verificar um processo contnuo de

    troca de competncias. O autor cita ainda que a organizao transfere seu

    patrimnio de conhecimentos para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as

    para enfrentar novas situaes profissionais e pessoais, na organizao ou foradela. As pessoas, ao desenvolverem sua capacidade individual, transferem para a

    organizao seu aprendizado, capacitando-a a enfrentar novos desafios.

    Dias et. al(2008) comentam que o conceito de competncia tem sido objeto

    de um debate bastante intenso, e uma das questes que parece estar no centro

    desse debate que, apesar da aparente simplicidade do conceito de competncia,

    sua aplicao tem sido considerada relativamente complexa, sendo objeto de uma

    diversidade de perspectivas, tais como a da economia e estratgia (PORTER, 1980;

    CORIAT; WEINSTEIN, 1995; TEECE et al., 1997), da educao (PERRENOUD,

    2000), da sociologia do trabalho (HIRATA, 1994; ROP; TANGUY, 1997), do direito

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    (FERREIRA FILHO, 1997) e, claro, tambm da administrao, o qual foco deste

    trabalho, (DIAS et. al.2008, p. 10).

    Segundo Dias et al.(2008, p.11), no ambiente da administrao, a expresso

    competncias apresenta pelo menos duas grandes perspectivas, cada uma delasassociada a um eixo conceitual, desenvolvidas na dimenso estratgica das

    organizaes e na dimenso das prticas da gesto de pessoas. Nesta

    perspectiva, a noo de competncias pode apresentar-se como referncia a

    prticas prprias da gesto de pessoas, tais como seleo, desenvolvimento,

    avaliao e remunerao por competncias (DUTRA In: DUTRA, 2001); j na

    perspectiva estratgica, as competncias das empresas so colocadas em uma

    dimenso coletiva e organizacional, e aparecem como importantes fatores para asescolhas das estratgias de competio.

    Dado esse contexto, para melhor compreenso dessa articulao das

    perspectivas de competncias, h necessidade de se entender melhor os temas

    competncias individuais, competncias organizacionais e capacidades.

    5.2.2 Competncias Individuais

    Em relao s competncias individuais, o primeiro trabalho acadmico que

    tratou o conceito de forma estruturada foi de McClelland (1973), na busca de uma

    abordagem mais efetiva que os testes de inteligncia nos processos de escolha de

    pessoas para as organizaes. McClelland (1973) revelou que competente no

    apenas a pessoa com a melhor formao tcnica, mas que existem outras

    caractersticas que esto relacionadas com o sucesso profissional, as quais

    extrapolam o conhecimento tcnico aprofundado em determinados assuntos. O

    conceito foi rapidamente ampliado para dar suporte a processos de avaliao e para

    orientar aes de desenvolvimento profissional. (FISCHER et al.,2008; PEREIRA,

    2007).

    Fischer et al.(2008) citam que outro expoente na estruturao do conceito de

    competncias Boyatzis (1982), da McBer and Company, que mais tarde se tornou

    a Hay McBer, importante consultoria em competncia. Boyatzis (1982) enfatiza que,

    a partir da caracterizao das demandas de um determinado cargo na organizao,

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    procuram-se fixar aes ou comportamentos efetivos esperados. Em seu trabalho, o

    autor j demonstra preocupao com questes como entrega da pessoa para o meio

    na qual se insere, e define competncia como uma caracterstica subjacente de

    uma pessoa que pode ser um motivo, trao, habilidade, aspecto da autoimagem oupapel social, ou um corpo de conhecimento que ela utiliza. (BOYATZIS, 1982, p.21).

    Spencer e Spencer (1993 apud PEREIRA, 2007), tambm da McBer and

    Company, realizaram centenas de estudos sobre o tema ao longo de 20 anos e em

    24 pases e classificaram competncias em dois nveis: visveis e ocultas. Para eles,

    conhecimentos e habilidades tendem a ser mais visveis e fceis de ser identificados

    e mapeados e tambm mais fceis de ser desenvolvidos. Por outro lado, traos e

    motivos so caractersticas mais profundas e centrais da personalidade de umindivduo, o que torna difceis de serem avaliados e desenvolvidos. (PEREIRA,

    2007).

    Fischer et al. (2008) citam que so os autores como Le Boterf (1994; 2000;

    2001; 2003) e Zarifian (1996; 2001) que exploram o conceito de competncia

    associado ideia de agregao de valor e entrega a determinado contexto de forma

    independente ao cargo, isto , a partir da prpria pessoa. Para os autores, essa

    construo do conceito de competncia explica de forma mais adequada o que se

    observa na realidade das empresas.

    Para Zarifian (2001), o conceito de competncia procura ir alm do conceito

    de qualificao: refere-se capacidade de a pessoa assumir iniciativas, ir alm das

    atividades prescritas, ser capaz de compreender e dominar novas situaes no

    trabalho, ser responsvel e reconhecido por isso. O autor enfatiza o entendimento

    prtico de situaes complexas, prope mudanas fundamentais na organizao do

    trabalho, como o recuo da prescrio, abertura do espao para autonomia e

    automobilizao do indivduo, que inserem a competncia em uma dinmica de

    aprendizagem. A competncia uma inteligncia prtica das situaes que se

    apoia em conhecimentos adquiridos e os transforma medida que a diversidade das

    situaes aumenta. (ZARIFIAN, 2001).

    Conforme citado por Streit (2001), a diversidade de situaes excede as

    competncias de um nico indivduo, que, em situaes mais complexas, exige que

    as competncias de uma rede possam convergir e associar-se, tornando

    compartilhadas as implicaes de uma situao assumida de forma corresponsvel.

    Streit (2001) corrobora a afirmativa de Le Boterf (2003), segundo o qual a

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    competncia implica saber mobilizar e combinar os recursos pessoais e os recursos

    do seu ambiente, de maneira pertinente, numa situao especfica. Para o autor, os

    recursos do ambiente so constitudos de informaes, redes de relao, instalaes

    materiais, e como o conhecimento e o know-how no adquirem status decompetncia a no ser que sejam comunicados e trocados, a rede de

    reconhecimento em que se insere o indivduo fundamental para que a

    comunicao seja eficiente e gere competncia. Ainda segundo esse autor,

    competncia um saber agir responsvel e reconhecido pelos outros. A

    competncia formada por trs eixos, sendo um a biografia e a socializao da

    pessoa, outro a sua formao educacional e o terceiro a experincia profissional.

    (BOTERF, 2003).Parry (1996) amplia a abrangncia do conceito de competncia para os

    resultados que se espera de fato de um indivduo para ser considerado competente,

    e define competncia como uma combinao de conhecimentos, habilidades e

    atitudes que afeta a maior parte de um trabalho uma vez que esto relacionadas

    com o desempenho deste e que pode ser mensurada atravs de padres bem

    aceitos e melhorada atravs de treinamento e desenvolvimento. Essa abordagem foi

    disseminada no Brasil nos anos 80 e incio dos anos 90, associada ideia de perfil

    de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) necessrio para que determinada

    pessoa pudesse ter uma boa performanceem seu cargo. (DUTRA, 2004),

    Durand (1998) construiu um conceito de competncia (FIG. 4) baseado em

    trs dimenses knowledge, know-how and attitudes (conhecimento, habilidade e

    atitude) , englobando no s questes tcnicas, mas, tambm, a cognio e as

    atitudes relacionadas ao trabalho. Nesse caso, competncia diz respeito ao conjunto

    de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependentes e necessrias

    consecuo de determinado propsito.

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    Figura 4: As trs dimenses da competncia.

    Fonte: DURAND, 1998.

    Fischer et al. (2008) citam que, graas aos trabalhos desenvolvidos por LeBoterf (1994), Zarifian (1996) e Fleury (1995), foi possvel contestar a definio de

    competncias associadas s qualificaes necessrias para determinado cargo e

    procurar associar competncias s realizaes das pessoas e ao que elas provm,

    produzem e/ou entregam ao meio onde se inserem. (FLEURY; FLEURY, 2000;

    FLEURY, 2002; RUAS, 2002, 2005; DUTRA, 2001, 2004).

    Categorizando as competncias, Dutra (2004) analisa o conceito de

    competncias individuais explanando que muitos tericos compreendemcompetncia como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessrios

    para que a pessoa desenvolva suas atribuies e responsabilidades. Segundo esse

    enfoque, seria pouco instrumental, uma vez que o fato de as pessoas possurem

    determinado conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes no garantia de

    que iro agregar valor organizao. Considerar as pessoas por sua capacidade de

    entrega d uma perspectiva mais adequada para avali-las, orientar seu

    desenvolvimento e estabelecer recompensas.

    O termo entrega refere-se ao indivduo saber agir de maneira responsvel e

    ser reconhecido por isso, de acordo com a definio sugerida por Fleury e Fleury

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    (2001). J o conceito de complexidade permite avaliar o nvel da entrega e da

    agregao de valor das pessoas. (DUTRA, 2004).

    Fleury e Fleury (2001) definem competncias individuais como um saber agir

    responsvel e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,recursos, habilidades, que agreguem valor econmico organizao e valor social

    ao indivduo. A FIG. 5 representa essa definio. Para esses autores, as

    competncias individuais podem ser diferenciadas em trs blocos: competncias do

    negcio, relacionadas compreenso do negcio, seus objetivos na relao com o

    mercado, clientes e competidores, assim como com o ambiente poltico e social;

    competncias tcnico-profissionais, especficas para certa operao, ocupao ou

    atitude que est sendo desenvolvida; competncias sociais, necessrias parainteragir com as pessoas.

    Figura 5: Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao.

    Fonte: FLEURY; FLEURY, 2000.

    Dutra (2004) define que a agregao de valor das pessoas , portanto, sua

    contribuio efetiva ao patrimnio de conhecimentos da organizao, permitindo-lhe

    manter suas vantagens competitivas no tempo, visto que so as pessoas que, ao

    colocarem em prtica o patrimnio de conhecimento da organizao, concretizam as

    competncias organizacionais e fazem sua adequao ao contexto. Segundo Dutra

    (2004), o conceito de competncias abordado por duas linhas de estudo que tm

    ntima relao e se influenciam mutuamente: a das competncias individuais e a das

    competncias organizacionais. (DUTRA, 2004).

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    Para se entender melhor a relao entre competncias individuais e

    organizacionais, torna-se necessrio o aprofundamento nesse tema.

    5.2.3 Competncias Organizacionais

    Saindo da discusso das competncias do indivduo para as competncias

    das organizaes, recupera-se a noo da empresa como um portflio de

    competncias que, segundo, Fleury e Fleury (2001), ao definir sua estratgia

    competitiva, ela identifica as competncias essenciais do negcio e as necessrias acada funo. Relacionando esses conjuntos de competncias desenvolvidas pelos

    indivduos em seus espaos de atuao com as estratgias do negcio, chega-se s

    competncias essenciais da organizao.

    Becher, Dutra e Ruas (2008) relatam que, por ser uma abordagem

    relativamente recente, voltada caracterstica do ambiente do negcio, percebe-se

    ainda uma concentrao dos estudos voltados para o entendimento do conceito de

    competncia, suas caractersticas e importncia, e para a tentativa de identific-la e

    avali-la no contexto empresarial. (TAMPOE, 1994; JAVIDAN, 1998; KING et al.

    2002; MILLS et al., 2002). Tais estudos colaboram com a difuso e a utilizao do

    termo na gesto das empresas, todavia, no elucidam o desdobramento e a efetiva

    operacionalizao do conceito. (BECKER; DUTRA; RUAS, 2008).

    Segundo Fischer, Fleury e Urban (2008), os estudos sobre competncias

    organizacionais tm razes tericas na chamada viso da firma baseada em

    recursos (resources based view, RBV), para a qual a vantagem competitiva

    sustentvel deriva de recursos especficos de firma que so raros, e cujo uso feito

    em padres superiores aos dos demais concorrentes. (PETERAF; BARNEY, 2003).

    Em outras palavras, a diferena de desempenho entre empresas seria atribuda s

    diferenas nos recursos detidos por cada uma delas e na sua capacidade de

    utilizao. (FISCHER; FLEURY; URBAN, 2008).

    O conceito de core competencies foi desenvolvido por Prahalad e Hamel

    (1995), que o definiram como um conjunto de habilidades e tecnologias, e no uma

    nica habilidade de tecnologia isolada, que permitem a uma empresa oferecer

    determinado benefcio ao cliente e que resulta num aporte diferencial fundamental

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    para a competitividade da empresa. Segundo esses autores, para serem

    essenciais, as competncias deveriam responder a trs critrios: oferecer reais

    benefcios aos consumidores, ser difceis de imitar e prover acesso a diferentes

    mercados.Para Prahalad e Hamel (2005), h uma diferena entre competncias

    necessrias e competncias diferenciadoras. No faz muito sentido definir uma

    competncia como essencial se ela for onipresente ou puder ser facilmente copiada

    pelos concorrentes. Citam que em todos os setores haver inmeras habilidades e

    capacidades que constituem um pr-requisito mnimo para a participao das

    empresas em determinado setor, mas no fornecem um diferencial em relao aos

    concorrentes, como o caso das necessrias.Silva (2002) cita que Prahalad e Hamel (1995) no diferenciam o termo de

    capacidade e competncia. Porm, ao se referirem s capacidades como elementos

    da competncia essencial estratgica, os autores colocam-nas numa condio de

    suporte/apoio s competncias organizacionais. A noo de organizao proposta

    por Penrose (1959) acrescida da contribuio oferecida por Chandler (1990)

    permitiram chegar ideia de que uma organizao uma coleo de capacidades

    dinmicas organizacionais que so fonte de competitividade da organizao. Silva

    (2002), a partir de seus estudos sobre competncias, considera que

    competncia organizacional seria um conjunto de capacidades constitudasde rotinas e sistemas de significados, que, no contexto de determinadacultura organizacional, so geridas com o objetivo tanto de concretizar aviso organizacional quanto de se recriar, garantindo, assim, a suasustentao e a distinguibilidade da organizao aos olhos do mercado.

    Nesse contexto, faz-se necessrio entender o conceito de recursos e

    capacidades e como estas geram valor para a organizao.

    5.2.4 Capacidades organizacionais e capacidades dinmicas

    Os pesquisadores do Centrim Centre for Innovation Management (1999

    apud SILVA, 2002) utilizam o conceito de capacidades como sendominicompetncias que suportam as maxicompetncias no modelo das

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    competncias essenciais As capacidades so definidas em termos de

    especializaes tcnicas, campos de pesquisa, metodologias operacionais e

    habilidades pessoais. Por trs dessas capacidades, esto os arranjos do trabalho

    nos laboratrios e escritrios da organizao. Esses pesquisadores se apropriaramdo conceito de capacidades dinmicas elaborado por Teece et al.(1997), referindo-

    se a estas como capacidades de alto nvel, que tm o efeito especfico de

    reorganizar as competncias mais rotineiras de uma organizao.

    Para Teece et al.(1997 apud SILVA, 2002), o termo dinmicas refere-se

    capacidade de renovar competncias ao mesmo tempo em que atinge congruncia

    com o mutante ambiente de negcio. O termo capacidades enfatiza o papel-chave

    da gesto estratgica, qual seja, o de adaptar, integrar e reconfigurarapropriadamente as competncias pessoais especficas, os recursos e as

    competncias funcionais internas e externas da organizao, de forma a atingir os

    resultados necessrios no referido ambiente.

    Ulrich (2000) enfatiza que tanto as pessoas quanto a organizao possuem

    perspectivas sociais e tcnicas. As pessoas precisam de certas competncias

    tcnicas ou funcionais para ajudar as empresas a atingirem suas necessidades de

    negcio e tambm precisam de competncias sociais, capacidade de estabelecer

    direo, mobilizar o compromisso pessoal, gerar capacidades organizacionais e

    demonstrar credibilidade. Da mesma maneira, as organizaes podem possuir

    know-how tcnico. Essa ideia deu origem ao argumento original de competncia

    essencial, antecipada por Prahalad e Hamel (1988). As organizaes tambm

    devem ter know-howsocial, geralmente denominado capacidade organizacional.

    Prahalad e Hamel (1990) compreendem competncias essenciais como a

    aprendizagem coletiva na organizao, especialmente relacionada a como

    coordenar diversas habilidades de produo e integrar mltiplos streams de

    tecnologia, ou seja, competncias essenciais so o conjunto de habilidades e

    tecnologias que habilitam uma companhia a proporcionar um benefcio particular

    para os clientes. Competncias ou capacidades possuem carter dinmico, pois

    precisam ser transformadas com o objetivo de atender a mudanas no ambiente

    competitivo, em um processo ininterrupto (PRAHALAD; HAMMEL, 1990). Isto

    justifica a necessidade de revist-las quando introduz um ERP na organizao.

    Para Ulrich (2000), capacidades organizacionais representam o elo que

    faltava entre a estratgica e a ao. As empresas, diferentemente das pessoas que

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    as dirigem, podem ser conhecidas por possuir essas capacidades, desde que elas

    mesmas ofeream integrao organizacional, agreguem valor aos clientes,

    mantenham contnua essa capacidade e que esta seja difcil de copiar, seja

    significativa para os funcionrios, bem como perceptvel e valorizada pelos clientes,funcionrios e investidores. Para o autor, capacidades representam as habilidades e

    a especializao de uma empresa. Descrevem o que as organizaes podem fazer e

    como o fazem. Elas so conjuntos de competncias individuais transformados em

    capacidades organizacionais. Ulrich (2000) define que as capacidades representam

    a habilidade da empresa em utilizar recursos para fazer as coisas acontecerem e

    atingir objetivos.

    Segundo Javidan (1998) o termo capacidade refere-se s habilidades daorganizao para explorar os seus recursos fsicos, humanos e organizacionais,

    consistindo um conjunto de processos e rotinas que gerenciam as interaes entre

    eles. Competncia trata da integrao e coordenao das habilidades, ou seja, o

    conjunto de habilidades e conhecimentos de uma unidade estratgia de negcios

    (UEN). J a competncia essencial rompe fronteiras da UEN, resultando da

    interao das diferentes competncias existentes entre elas; um conjunto de

    habilidades e reas de conhecimento comum a toda organizao. A FIG. 6 ilustra a

    hierarquia e a abrangncia dos conceitos de capacidades, competncias e

    competncias essenciais.

    Figura 6: Hierarquia e abrangncia dos conceitos.

    Fonte: JAVIDAN, 1988, p.62. (Adaptado)

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    A partir dessas consideraes, pode-se dizer que uma organizao

    composta por recursos humanos (compostas pelas competncias individuais) e

    recursos fsicos (hardware, software, equipamentos, edificaes). Quando aorganizao possui habilidade em utilizar e mobilizar esse conjunto de recursos

    (competncias individuais mais ativos) em aes com vista em um determinado

    objetivo, ela forma as capacidades organizacionais, que, ao interagir, formam as

    competncias organizacionais. O conjunto de competncias organizacionais que se

    diferenciam por oferecerem reais benefcios aos consumidores, serem difceis de

    imitar e proverem acesso a diferentes mercados formam as competncias essenciais

    (FIG. 7).

    Figura 7: Estrutura de Competncias.

    Fonte: JAVIDAN, 1988, p.62 .(Adaptado)

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    CapacidadeOrganizacional

    CapacidadeOrganizacional

    CapacidadeOrganizacional

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    CapacidadeOrganizacional

    CapacidadeOrganizacional

    CapacidadeOrganizacional

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    CompetnciaOrganizacional

    CompetnciaOrganizacional

    CompetnciaEssencial

    Recursos Fsicos

    Competncias Individuais

    Recursos Fsicos

    Recursos Fsicos

    CompetnciaOrganizacional

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    No contexto desta pesquisa, a FIG. 7 ajuda a demonstrar de forma macro a

    relao da tecnologia com a competncia pessoal e organizacional. A relao entre

    o recurso tecnologia, neste trabalho representada pelos softwaresde gesto ERP,com competncias, se d no sentido de que a empresa para melhorar a sua eficcia,

    os seus controles e a gesto, ter mais agilidade nos negcios e aumentar a sua

    capacidade em certos processos, adquire o software para apropriar-se de suas

    funcionalidades, que, por sua vez, possui as melhores prticas do mercado para

    automatizao dos processos de negcio de vrios segmentos. Estudos mostram

    que na prtica isso no acontece, visto que inmeros projetos de ERP no alcanam

    o resultado esperado, mesmo em empresas do mesmo segmento. (BERGAMASCHI;

    CALDAS; ESCRIVO FILHO, 2002; LIMA; MAADA; RIOS, 2005; MENDES 2003;

    STAMFORD, 2000; WOOD Jr., 2000). Identificada a relao entre ERP e

    competncias, tema central deste projeto de pesquisa, amplia-se a necessidade de

    abordar com mais profundidade como isto acontece.

    5.2.5 Competncias e ERP

    Atualmente, quando uma empresa adquire um software ERP, ela est

    adquirindo vrias funcionalidades, contidas nos mdulos do produto para

    automatizar determinados processos, tais como gesto de estoque, planejamento,

    programao e controle da produo, que podem ser atendidos por vrias

    metodologias, tais como MRP, MRPII, TOC (Teoria das Restries), gesto de

    custo, planejamento oramentrio, gesto do fluxo de caixa, gesto de tesouraria,

    contabilidade, dentre outras. Nas propostas comerciais dos principais fornecedores

    de ERP do mercado esto sendo disponibilizados para o cliente todos os mdulos

    do ERP, possibilitando-lhe que sejam implantadas somente as funcionalidades

    necessrias para atender ao seu negcio. Isto porque os sistemas ERP possuem

    funcionalidades para atender a vrios segmentos de negcio (CORRA, 1997;

    PADOVESE, 2007; SAP, 2006; TOTVS, 2009).

    Para cada funcionalidade existem rotinas no software para executardeterminado procedimento, por exemplo, para executar a funcionalidade de gesto

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    dos estoques, o softwaredever possuir no mnimo as rotinas bsicas de baixa de

    estoque por requisio, transferncia de almoxarifado, faturamento, avaria em

    produtos, entrada de nota fiscal no almoxarifado por compra, apontamento da

    produo, transferncia, controle do estoque de segurana, anlise do giro deestoque, dentre outras. (HARBERKORN, 1999).

    Para implementar a funcionalidade de gesto de estoque e para que esta

    realmente funcione corretamente, gerando o resultado esperado, necessrio que

    todas as rotinas sejam executadas corretamente. Analisando de forma mais ampla, o

    software possui funcionalidades bsicas e funcionalidades mais complexas que

    dependem de outras para serem executadas corretamente, por exemplo, a

    funcionalidade de planejamento, programao e controle da produo depende deque as funcionalidades de gesto de estoque, controle da engenharia do produto,

    previso de vendas, controle da carteira de pedido, dentre outras, estejam gerando

    os resultados esperados. (HARBERKORN, 1999). A FIG. 8 mostra a estrutura de

    funcionalidades do ERP.

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    Figura 8: Estrutura do ERP.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Fazendo analogia com as competncias e ERP, as rotinas do ERP, tais como

    requisio, transferncia de estoque, faturamento, inventrio, entrada de nota fiscal,

    apontamento de produo so executadas pelas pessoas que devem possuir certas

    competncias individuais, as quais so objeto de estudo deste projeto. As

    capacidades das empresas surgem por sua habilidade de utilizar as competncias

    de um grupo de pessoas e as funcionalidades bsicas do software(considerado aqui

    como o recurso) para automatizar um determinado processo, seja ele de gesto de

    estoque, controle da engenharia do produto, previso de vendas, controle da carteira

    de pedido. A FIG. 9 ilustra esse tpico alinhando-se a proposta de Javidan (1998), o

    qual cita que o termo capacidade refere-se s habilidades da organizao para

    explorar seus recursos fsicos, humanos e organizacionais, consistindo em umconjunto de processos e rotinas que gerenciam informaes entre eles. (JAVIDAN

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    FuncionalidadesBsicas

    FuncionalidadesBsicas

    FuncionalidadesBsicas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    FuncionalidadesBsicas

    FuncionalidadesBsicas

    FuncionalidadesBsicas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Funcionalidades

    Avanadas

    FuncionalidadesAvanadas

    FuncionalidadesAvanadas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Mdulo do ERP

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    45

    apudBITENCOURT, 2009).

    Figura 9: Formao de capacidades e utilizao das funcionalidades bsicas.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    As competncias organizacionais, que so as habilidades da empresa em

    alocar um conjunto de capacidades em direo aos objetivos estratgicos, se

    identificam com as funcionalidades avanadas, que so as habilidades da empresa

    em utilizar um conjunto de funcionalidades bsicas para automatizar processos mais

    complexos, de maior valor estratgico para a organizao, tais como o processo de

    planejamento, programao e controle de produo, gesto oramentria, gesto de

    custos, dentre outros. Partindo do pressuposto que para cada tipo de competncia

    desejada pela empresa, existe uma funcionalidade no ERP ou em outro software

    complementar, ou mesmo que seja desenvolvida especificamente para essa

    empresa (FIG. 10).

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Capacidades

    Organizacional /FuncionalidadesBsicas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas+

    +

    +

    +

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    Figura 10: Formao de competncias e utilizao das funcionalidades avanadas.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Para que capacidades e funcionalidades gerem competncias para a

    organizao, elas necessitam das competncias individuais, pois o softwareERP

    somente um recurso e, segundo Chandler (1990), as capacidades organizacionaisso acumuladas ao longo da execuo das atividades da organizao e dependem

    do conhecimento, habilidades, experincia e trabalho em equipe e das capacidades

    humanas organizadas para explorar o potencial dos processos tecnolgicos. Essa

    perspectiva lana luzes, portanto, sobre a interao dos recursos da organizao

    (como o caso do ERP) com as capacidades humanas com vistas competitividade

    organizacional. (SILVA, 2002).

    O enfoque deste trabalho ser no mbito das competncias individuais, maisespecificamente na identificao dos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores

    CompetnciasOrganizacionais /Funcionalidades

    Avanadas

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    CapacidadesOrgani zacional /Funcionalidades

    Bsicas

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas

    +

    +

    +

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Rotinas

    Rotinas

    Rotinas+

    +

    +

    Competncias Individuais

    Competncias Individuais

    Rotinas

    Rotinas

    +

    +

    CapacidadesOrgani zacional /Funcionalidades

    Bsicas

    CapacidadesOrgani zacional /Funcionalidades

    Bsicas

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    requeridos para os usurios-chave na implantao e utilizao de recursos

    organizacionais, neste caso o software ERP. Por no existir nenhum trabalho de

    especfico de competncias dos usurios chaves e devido amplitude e

    complexidade do conceito, esta pesquisa limita-se a trabalhar na linha deidentificao do perfil ideal para o usurio chave integrar na equipe do projeto, no

    sero abordados a identificao e mensurao dos nveis de entrega e

    complexidades. Para identificao das habilidades e atitudes, torna-se importante a

    compreenso de como o processo de implantao do ERP e qual o papel do

    usurio-chave nesse contexto.

    5.2.6 Implantao de Sistemas de Gesto Integrada - ERP

    Conforme cita o PMBOK (To The Project Management Body Of Knowledg),

    elaborado pelo Project Management Institute PMI (2004), projeto o esforo

    temporrio empreendido para se criar um produto, servio ou resultado exclusivo,

    possuindo um incio e fim esperado, podendo durar vrios anos. Para o PMI, o ciclo

    de vida de um projeto conecta as fases de seu incio ao fim.

    Para o PMI (2004), os projetos podem ser divididos em fases para oferecer o

    melhor controle gerencial, as quais, coletivamente, so conhecidas como ciclo de

    vida do projeto. Muitas organizaes identificam um conjunto especfico de ciclos de

    vidas para serem usados em todos os projetos. O ciclo de vida do projeto define as

    fases que conectam o incio de um projeto ao seu final. A transio de uma fase para

    outra em geral envolve e normalmente definida por alguma forma de transferncia

    tcnica ou entrega. No existe uma nica melhor maneira de definir um ciclo de vida

    ideal do projeto. As prticas do setor frequentemente levaro ao uso de um ciclo de

    vida preferencial dentro desse setor.

    Vrios estudos (MARKUS; TANIS, 1999; ROSS; VITALE, 2000; ZWICKER;

    SOUZA, 2003; TARAFDAR; ROY, 2003; BERGAMASCHI; REINHARD, 2003)

    sugerem que os projetos de implantao de sistema ERP so compostos por uma

    srie de estgios,diferentes em nomenclatura, mas com atividades bastante

    similares. (BORBA, 2005). O autor relaciona, a partir da reviso da literatura, os

    vrios estgios relacionados aos ciclos de vida dos projetos de implantao do ERP

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    citados pelos autores Markus e Tanis (1999) e Ross e Vitale (2000).

    O primeiroestgio proposto envolve as decises iniciais sobre a implantao

    do sistema: equipe de trabalho, planejamento e programao do projeto, seleo do

    pacote, definio dos consultores e entendimento dos fatores do negcio que fazemcom que seja necessrio implantar o sistema. (BORBA, 2005).

    O segundoestgio descreve diferentes aspectos do processo de implantao

    e consiste na gesto do projeto, definindo a configurao do sistema, a integrao, a

    converso dos dados, a customizao do softwaree o processo de reengenharia.

    (BORBA, 2005).

    O terceiroestgio aquele no qual o sistema comea a operar, mas ainda

    em fase de testes: perodo transitrio de monitoramento e anlise de erros dosistema. Os gerentes buscam compreender o software, os problemas so relatados

    e corrigidos. Esse estgio chamando de reviso ou de estabilizao. (BORBA,

    2005).

    Segundo Borba (2005), no quarto estgio, o sistema est operando e a

    organizao deve garantir sua contnua aderncia empresa, podendo ocorrer

    atualizaes e sendo possvel perceber os benefcios estratgicos do sistema.

    Zwicker e Souza (2003) tambm propem quatro etapas para os projetos de

    ERP, sendo possvel observar a relao direta desse modelo com os propostos por

    Markus e Tanis (1999) e Ross e Vitale (2000).

    Figura 11: Ciclo de vida de sistemas ERP.

    Fonte: ZWICKER; SOUZA (apudBORBA, 2005).

    Tarafdar e Roy (apudBORBA, 2005) descrevem o processo de implantao

    dos sistemas atravs de trs fases (FIG. 12). Esse esquema apresenta atividades

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    relacionadas a trs momentos distintos da organizao, considerando o

    planejamento, a implantao e a ps-implantao. Ocorre uma aderncia entre essa

    estrutura e as etapas propostas por Markus e Tanis (1999) e Ross e Vitae (2000),

    considerando as etapas 2 e 3 de seus respectivos modelos como fase deimplantao.

    Figura 12: Fases de implantao de um sistema ERP.

    Fonte: Adaptado de Tarafdar e Roy (apudBorba, 2005).

    A SAP e a TOTVS so umas das principais fornecedoras mundiais de ERP