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A Semiologia é uma ciência totalitária que tenta explicar todos os fenómenos. Semiologia é ver sentido onde os outros só vêm coisas. "Todos os fenómenos que o homem percepciona, concebe, comunica e interpreta têm na linguagem o seu ponto de partida e o seu ponto de chegada." O homem só entende as coisas do mundo porque as pode expressar através da linguagem. A diferença entre a linguagem as outras formas de comunicar é que esta permite que signifiquemos aquilo que pensamos. Só a linguagem pode explicitar-se a ela própria. Por exemplo: Através de um quadro ou de uma música apenas conseguimos expressar o que sentimos mas de uma maneira metafórica, pode ter várias interpretações consoante quem esteja a "descodificar" inerente à obra. Signos servem para --> São funcionais Signos dizem que --> São expressivos. Mas todos os signos que "servem para" também "dizem que". JEAN BAUDRILLARD 4 Lógicas de avaliação de valor de um objecto: - Funcional do Valor Uso: Para que serve o objecto. É a lógica da utilidade, em que o objecto é um instrumento que nos facilita algo que queiramos executar. Um carro vale por si, porque nos permite deslocar. Um chapéu de chuva protege-nos da chuva. - Económica do Valor Troca: Qual o valor que o objecto tem para a sociedade. Quantifica-se aqui o valor monetário do objecto, sendo este considerado uma mercadoria. - Simbólica do Valor Dom: É o valor que certo objecto tem para nós. Deixa de apenas importar o valor de mercado, e passa a ter um valor simbólico, que coincide com o valor sentimental que o objecto tem para nós.

Meu Resumo Da Sebenta Do F.lima

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A Semiologia é uma ciência totalitária que tenta explicar todos os fenómenos. Semiologia é ver sentido onde os outros só vêm coisas.

"Todos os fenómenos que o homem percepciona, concebe, comunica e interpreta têm na linguagem o seu ponto de partida e o seu ponto de chegada."

O homem só entende as coisas do mundo porque as pode expressar através da linguagem. A diferença entre a linguagem as outras formas de comunicar é que esta permite que signifiquemos aquilo que pensamos. Só a linguagem pode explicitar-se a ela própria.

Por exemplo: Através de um quadro ou de uma música apenas conseguimos expressar o que sentimos mas de uma maneira metafórica, pode ter várias interpretações consoante quem esteja a "descodificar" inerente à obra.

Signos servem para --> São funcionais

Signos dizem que --> São expressivos. Mas todos os signos que "servem para" também "dizem que".

JEAN BAUDRILLARD

4 Lógicas de avaliação de valor de um objecto:

- Funcional do Valor Uso: Para que serve o objecto. É a lógica da utilidade, em que o objecto é um instrumento que nos facilita algo que queiramos executar. Um carro vale por si, porque nos permite deslocar. Um chapéu de chuva protege-nos da chuva.

- Económica do Valor Troca: Qual o valor que o objecto tem para a sociedade. Quantifica-se aqui o valor monetário do objecto, sendo este considerado uma mercadoria.

- Simbólica do Valor Dom: É o valor que certo objecto tem para nós. Deixa de apenas importar o valor de mercado, e passa a ter um valor simbólico, que coincide com o valor sentimental que o objecto tem para nós. Ex: O pião que nos foi dado pelo nosso avô não tem o mesmo valor do que outro pião qualquer.

- Valor Signo: Quando um objecto adquire outro valor, que não o da sua primordial função. Passando o objecto a ganhar um estatuto de signo.ex: Um carro ser "um ferrari". Uma mala ser uma "Louis Vitton". Umas chuteiras serem umas "Nike"...

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SEMIOLOGIA (Saussure): é a teoria dos signos.SEMIÓTICA (Peirce): é a aplicação da Semiologia a campos específicos.

QUATRO FRONTEIRAS DA SEMIOLOGIA (Umberto Eco):

1- Fronteira do Objecto de Estudo da Semiologia: Qual a diferença entre o objecto de estudo da Semiologia e o objecto de estudo dos outros campos de comunicação?

- A Semiologia apenas se preocupa com a mensagem, a sua comunicação e interpretação, e não com a sua veracidade. Os signos interessam como forças sociais. ("Ela é uma flor", tem uma interpretação social)

2- Fronteira do Referente: Autonomia entre as coisas e os signos que as referenciam. Ideia da arbitrariedade. (Nada diz que uma mesa tem que se tratar por "mesa".)

- Referência - Signos referenciam alguma coisa(ex: Ao dizermos morango, estamos a indicar uma fruta)

- Manifestação - Signos não se limitam a designar a realidade, marcam ou manifestam a nossa relação de nós com aquilo que estamos a exprimir.

(ex: Aquele rapaz para mim é um porco. Mas para outra pessoa pode ser fantástico.)

- Significação - Da ordem do conceito e da generalidade. Algo arbitrário.(ex: Nada obriga a que mesa, seja tratada por "mesa".)

SignoRelação Triática:- Significado: Imagem mental de um objecto- Significante: A imagem acústica dessa palavra, é a verbalização do que estamos a

pensar- Referente: O objecto real, mas este não interessa à Semiologia.

Sempre que dizemos algo, estamos à procura de encontrar um referente para o que estamos a dizer. Existem, porém, palavras que não têm referente, porque servem apenas para ajudar a estruturarmos a nossa comunicação. Ex: (apesar, todavia, há, portanto, etc.).Um significante tem sempre significado (para ser um signo!) mas não é obrigatório ter referente!

3- Fronteira Metodológica: A semiologia é uma ciência geral, da qual faz parte a linguística. Saussure diz que a Semiologia inclui linguística, proxémia, cheiros, linguagem gestual, ou seja, tudo é Semiologia. Tudo o que nos permita comunicar!

- Pansemiótica Metafísica: Tudo é obrigatoriamente estudado pela Semilogia, qualquer fenómeno de experiência humana.

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- Pansemiótica Metodológica: A semiologia é um dos métodos de estudo da experiência humana.

Signos não linguísticos

- Signos Olfactivos: O Homem faz um reconhecimento através do olfacto. Sendo que na gastronomia (na maior parte das situações, desprezando por agora, alguns queijos, por exemplo) a identificação de algo que cheire bem ou mal, é prova de qualidade do produto.

- Signos Tácteis: Primeiro contacto feito com o mundo é pelo tacto. Uma forma de comunicação mais íntima, não tocamos em desconhecidos. Freud afirma que os objectos são um prolongamento do corpo.

- Signos Gustativos: O homem racionaliza e culturaliza a questão da gastronomia. O desenvolvimento de novas técnicas gastronómicas acompanha a evolução de culturas e sociedades.

- Signos Gestuais/Quinésicos: A quinésica é uma gestualidade socializada. Varia de sociedade para sociedade (Umberto Eco). A gestualidade funciona como substituto de palavras, e os gestos são diferenciados entre grupos especiais que usam gestos normalizados (Bernard Toussaint)

-3 Grupos de gestos:

- Emblemas: Gestos com uma significação para uma certa cultura, sociedade ou grupo.

- Manipuladores: Gestos em que nos manipulamos a nós próprios. Quando pegamos em algo estamos a manipular o nosso corpo para tal.

- Ilustradores: Usamos para ilustrar aquilo que estamos a dizer ou que queremos dizer.

- Signos Auditivos: São os mais utilizados pelo Homem a seguir à Visão.

- 3 Grupos de sons:

- Fenómenos Selvagens: Aparentemente não querem dizer nada, mas têm um certo significado (onomatopeias, berrar de um bebé)

- Sons Naturais: Apenas significam a natureza e estão ligados à meditação.

- Sonoridades Culturais: Construídos culturalmente. (Música, pessoas a falar).

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4 - Fronteira Regional

Existem 2 limiares:

- Limiar inferior: abaixo do qual se situam as experiências instintivas, os actos humanos.

- Limiar superior: acima do qual se situam todas as visões acima do mundo.

Estes dois limiares dão origem a três campos:

Supra-semiótico: ideologias, mítico

Semiótico: Signo (Pessoas)

Infra-Semiótico: Sinais (animais, não têm uma significação)

CAMPO INFRASEMIÓTICO

- Nível de sistemas técnicos , baseados na mecânica do estímulo-resposta, teoria matemática.

Existem 3 constituintes do campo do sinal:

- Código: sistema de equivalências entre Sistemas de Sinais, de Valores e Comportamental

- Ruído: tudo o que possa perturbar o processo de comunicação

- Redundância: tudo o que possa combater o ruído na comunicação

- Para Umberto Eco, para estarmos no Mundo do Sinal tem que se dar uma destas confições:

- Quando existe uma fonte física de acontecimentos possíveis, em que um código nos transmite algo, considerado pertinente. (Por exemplo o toque de telemovel)

- Sempre que estamos perante uma máquina e ela responde de forma imparcial às nossas ordens. (O computador obedece às nossas ordens.)

- Sempre que estamos numa situação em que para o destinador e destinatário há um código simples e comum em que ABC quer sempre dizer ABC.

- Sempre que as máquinas não possam pôr em questão as ordens transmitidas. (A tecla "B" do computador vai escrever sempre a letra "B").

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CAMPO SUPRA-SEMIÓTICO: É o domínio do mítico e do ideológico. O a priori (Kant) ou segundo Peirce, corresponde à Primeidade.

- O Mito é um sistema de comunicação, é uma mensagem, é uma fala. Não é um objecto, não é um conceito e não é uma ideia, é um modo de significação. Ou seja, é a construção de uma mensagem sobre uma ideia já existente. O que é mito hoje pode deixar de o ser no futuro. O mito é de carácter social que se acrescenta à pura matéria. Assim sendo, como o Mito tem o "poder" de conferir outro significado aos signos, este tem uma Meta-Linguagem.

Significante do Mito = Signo que esvazia o seu significado tornando-se um significante + Forma (conceito que o Mito pretende transmitir com aquele signo).

ex: A flor rosa, perde o seu significado como "uma flor que tem esta e aquela caracteristicas" e passa a ganhar o conceito da forma da palavra Paixão.

Na nossa cultura a flor "Rosa" significa Paixão. O mocho significa conhecimento. O cravo liberdade...

Este novo signo é formado então por:

- Conceito: é algo Histórico e Intencional, associado a determinada cultura,

- Significação: É um termo que surge como uma associação entre a forma e o conceito. É o no fundo o que é visível de forma plena. São as rosas , os cravos, o mocho já "significados".

O Mito é um sistema duplo pois é um sistema linguístico, significante, significado e signo , e sistema do mito, conceito, forma e significação.

O Mito como é algo que atribui significação diferente a signos já existentes, tenta deformar os signos que ainda não tenham nenhum mito associado. É mais fácil associar um mito a um banco de jardim do que a uma pomba branca, visto que a pomba branca já simboliza a paz.

Dúvida entre as diferentes leituras do mito... qual a diferença em concreto entre o produtor de mitos, a leitura do mitologo e o leitor do mito.

O Mito actua sobre os signos usando cinco processos:

-Esvaziamento ou deformação do signo: Ao primeiro signo, junta-se um segundo significado

- Naturalização e Generalização:

- Circularidade: Os signos podem ir arranjando novos significados (o leão é associado ao Sporting, mas também a uma pessoa forte)

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- Estratégias de Dominação: Quando uma pessoa escolhe um signo para representar algo, não é ao acaso.

CAMPO SEMIÓTICO

Mundo Do Signo: Agentes humanos. Domínio dos objectos e manifestações culturais.

- Os objectos culturais, tais como a roupa têm significados, passando a ser estudados tendo em conta o seu uso. Deixam de ter uma função utilitária e começam a ter uma manifestação expressiva. O uso converte-se em signo desse mesmo uso! Vestir roupa da Massimo Dutti é diferente do que uma roupa similar da Zara. É uma maneira de exprimir aspectos ideológicos, estéticos, económicos, por quem a usa.

Toda e qualquer função humana atribuída a um signo, é significante, expressa qualquer coisa.

Peirce criou a Teoria Geral dos Signos, e criou também 3 correntes de pensamento: Realismo, Continuismo e Pragmatismo!

Realismo para PLATÃO: Platão defendia a existência de um mundo sensível e um mundo inteligível. Só existem ideias inatas. As coisas são o reflexo das ideias. Peirce discordava com este ponto de vista.

Mundo Inteligível: As ideias eram anteriores às coisas, eram inalteráveis. Antes de existirem coisas belas, já existia a noção de belo. Apenas as ideias são possíveis de conhecer na totalidade, através da razão. Porque através da razão podemos conhecer as formas, e as coisas apenas pelos sentidos.

Mundo Sensível: Este mundo é posterior ao mundo inteligível, ou seja , é o mundo das sensações, aquele que podemos apreender por via dos sentidos.

Aristóteles apesar de ser discípulo de Platão, acredita que Platão não possui razão no que diz. Visto que para Aristóteles, as ideias não podiam estar antes das coisas. Para ele, as ideias provinham das coisas que nos rodeavam. Apesar de considerar que o Homem possui uma razão inata, tendo em conta que consegue ordenar os seus pensamentos. Como por exemplo, saber ordenar todos os cães na categoria de cão, apesar das diferentes raças. A nossa razão está vazia antes de sentirmos alguma coisa.

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Realismo de Peirce

Para Peirce existia o que temos dentro da mente e fora da mente!

Dentro da mente: Ficções, Sonhos, necessita de alguém para sonhar, o Pensamento não altera o que está fora da mente, os pensamentos são originados e despoletados por algo fora da mente.

Fora da mente: Realidades, é independente do pensamento, as coisas existem mesmo que ninguém pense nelas. Para os nominalistas só era real o que estava fora da mente, para os realistas isso não é verdade.

Sempre que há duas pessoas a pensar na mesma realidade temos 2 perspectivas diferentes mas que continuam ter algo em comum. Se eu disser para pensar numa cadeira, pessoas diferentes vão ter ideias diferentes sobre o objecto cadeira, mas todas elas vão ter traços base similares! Daí, existir algo no real que condiciona o pensamento!

O facto do pensamento e opinião humana terem um carácter arbitrário faz com que exista sempre um valor de erro. Em condições diferentes pensamos de modo diferente! No entanto o pensamento humano tende a descobrir a verdade a longo prazo, vão-se eliminando os erros. ("O diabo sabe muito, porque é velho...").

As aparências dos sentidos, são signos das realidades! Um carro, um peixe, uma flor, são reais, independentemente do que possamos pensar.

Para Peirce o que está dentro da mente também é real, porque absorvemos informação de tudo o que nos rodeia, por isso a partir do momento em que "aprendemos" algo, isso está na nossa mente, à nossa maneira, da maneira como nos relacionamos com os objectos. Na nossa mente podemos dizer que existe uma realidade de coisas, que podem não ser verdadeiras! Ao imaginarmos uma fada, ela é real mas não verdadeira!

"O real é aquilo a que mais tarde ou mais cedo a informação e o raciocínio chegaram, finalmente, e que é portanto independente das minhas fantasias e das vossas." Peirce

DÚVIDA: No realismo de Peirce fala-se que todas as perguntas têm uma resposta verdadeira... mas ao início da matéria verificou-se que a Semiologia não se preocupa com a veracidade da informação, mas sim o modo como esta é veiculada, encriptada e descodificada...

3 Teorias que se opõe, e apenas o Continuismo é defendido por Peirce, são elas: MONISMO, DUALISMO E CONTINUISMO

MONISMO: Significa UM. Quem defende esta teoria acredita que a origem de tudo vem apenas de um elemento, são chamados os filósofos da Natureza.

Spinoza: acreditava que a realidade se construía por um "modos". (Como se fosse uma deusa que criasse tudo)

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Tales: Considerava que a origem de tudo era a água. (Bebia muito pouca de certeza)

Taximandro: Considera que a origem de tudo é o universo.

DUALISMO: Criado por Descartes, admite que existem duas realidades irredutíveis entre si, inconciliáveis, incapazes de síntese final! São elas a Material e a Espiritual! (Tal como Platão pensava..):

Material: Substância da realidade do mundo empírico, aprendemos tudo através dos sentidos.

Espiritual: É um mundo não, físico, não sensível, escrito em negação.

CONTINUISMO: É influenciado pelo Realismo, onde existe ambos os mundos, dentro e fora da mente, e o que está dentro da mente só existe porque também está fora da mente.

(Uma das correntes que mais influenciou Peirce, a par do Realismo e Pragmatismo)

PRAGMATISMO: O pragmatismo assenta os seus fundamentos primordialmente na base da experiência científica para uma explicação da realidade. Recusa uma verdade transcendental, e apoia-se num método racional.

Para o pragmatismo não existem verdades eternas, as verdades só o são enquanto não existirem provas do contrário. De uma ideia resulta apenas uma ideia, e de várias ideias, resultam em mesmo número outras ideias. (Quando eu digo uma coisa, e várias pessoas conseguem diferentes interpretações, então eu no fundo estava era a dizer várias coisas. Ou então quando de uma ideia no início de uma discussão diferentes pessoas argumentam de diferentes maneiras e chegam todas ao mesmo resultado.)

O que incentiva o nosso pensamento é a observação e a dúvida! Como não gostamos de viver na dúvida pensamos para chegar a soluções, para consequentemente criarmos uma crença. Crença essa que só é válida empiricamente, ou seja, enquanto não aparecer outra que a destitua!

4 Métodos de Peirce para fixação de uma crença:

Tenacidade: Quando só tomamos em consideração aquilo em que acreditamos e não ouvimos a opinião dos outros. É um método falível porque mais tarde ou mais cedo as crenças dos outros são consideradas por nós e assim sendo não é um bom método para induzir uma crença válida para um grande grupo.

Autoridade: Quando o estado nos impera acreditar em algo.

A Priori: Crenças que são consideradas bens universais. Ex: A bondade, a inter-ajuda.

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Científica: Crença que provém da experiência, de algo objectivo e não subjectivo. Algo que é gerado por algo externo ao ser humano, logo, exclui a subjectividade (opinião) do sujeito. A partir da observação de alguma coisa, nós raciocinamos e chegamos a uma crença imparcial.

Pragmaticismo = Moral Terminológica: É o facto de dar o nome a algo sempre que este é descoberto, em qualquer das ciências. "É desejável, que para cada ramo da ciência haja um vocabulário que forneça uma família de palavras para cada concepção científica e que cada palavra tenha uma única significação exacta"

Phaneron, são fenómenos. Phaneroscopia, é a ciência que Peirce inventou para os estudar!Phaneron, é algo que esteja presente na mente, independentemente de ser real ou não!Eu consigo pensar numa fada, não é real, mas é um fenómeno, um phaneron.

Peirce inventa três categorias Phaneroscópicas. Três categorias que remetem para numerologia (um , dois e três). É uma ciência formal que tenta encaixar tudo o que está presente ao espírito em três categorias:

1- Primeidade sendo Qualidade, Possibilidade 1,1: É o modo de ser do que é, tal como é! Ou seja, é a qualidade pura de algo. Exe: As cores (Vermelho, é uma característica, pura. Se pensarmos em vermelho, está sempre associado a algo, o vermelho é a característica cor vermelho!). É independente do tempo e de qualquer materialização.

Faz parte da categoria da Oriência, porque quer dizer origem, início de tudo!

2- Segundeidade: Não é uma categoria pura, pois necessita da primeidade para existir. É do campo do objecto, modo de ser do que é, como é. Ou seja, para ser como se é, precisa de características primordiais para o ser, ou seja, precisa das características puras da primeidade! Uma caneta só o é no conjunto das suas características, cor, material com que é feita, rija ou mole, cor da tinta...

É o aqui e agora, é a materialidade da primeidade!Categoria da Obstinência, visto que vem de objecto, de obstáculo, de resistência. É a

categoria do facto. Aqui ainda não temos presentes signos, apenas na terceidade!

3- Terceidade: Do campo da racionalidade, da explicação, da lei. É a regra que dá conta da ligação entre um primeiro e um segundo. É de carácter geral e está sempre ligada à realidade! É SEMPRE uma regra ou uma explicação!

Categoria da Transuacção: ligada à transfusão, à transformação e transversal. Relaciona um fenómeno (Segundeidade) a um terceiro termo, gerando assim, os signos. Corresponde ao nível simbólico, a nível sígnico onde nos representamos e interpretamos o mundo.

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1.1 Primeidade Autêntica: Categoria da qualidade! Existem 3 tipos de qualidades!- Primária: Qualidades comuns (extensão, movimento e a duração) Ex: Forma,

peso, volume, dimensão, matéria...)- Secundária: Qualidades sensoriais (textura, cheiro, sabor, valor de uma cor)- Terciária: Qualidades reversíveis, relativas e bipolares (quente e frio, salgado

e doce, feio e bonito, confortável e desconfortável) fazem parte da emoção que nos causa a experiência sensorial com alguma delas.

2.2 Segundeidade Autêntica: Categoria do facto! Não é geral, não é eterno, como não tem a razão, a lei, a teoria associada, não se pode considerar um dogma! É o aqui e agora. É o facto de as coisas acontecerem ou serem o que são sem estarem ligadas a nenhuma lei ou razão. Uma pedra cai se eu a mandar ao ar, sem eu me perguntar o porquê disso acontecer. A Segundeidade comporta SEMPRE em si a qualidade presente na Primeidade! Uma pedra cai porque tem características que a fazem agir dessa forma! (peso, matéria...), mas nesta categoria não posso pôr em questão o facto da existência da lei da gravidade, isso já faz parte da terceidade!!!

3.3 Terceidade Autêntica: Categoria da continuidade! É da ordem da lei, do raciocínio, da previsão. Faz uma mediação entre o pensamento, o acto e a possibilidade. Categoria da lei geral, é uma necessidade condicional, ou seja é uma implicação lógica! Não existe um terceiro absoluto, porque este é por natureza, relativo à Primeidade e Segundeidade! Um terceiro tem um modo de ser relativo a uma Segundeidade que o determina.

Faz parte da categoria da continuidade visto que é sempre geral e condicional! Ex: existe lei da gravidade porque é aplicada a todos os objectos.

A Generalidade ao ser positiva , refere-se ao facto de fazer parte da Primeidade, visto que é uma característica incondicional, não precisa de nada para existir.Quando é negativa, refere-se à Terceidade, é sempre preciso algo com razão e lógica de forma a que se possa associar uma certa característica ao global dos objectos - é uma lei.

Sistematizando então:

PRIMEIDADE: Positiva, Geral, Incondicional, Eterna || Qualidade, PossibilidadeSEGUNDEIDADE: Negativa, Particular, Acto, Facto || Actualidade, Existente, Objecto, AcontecimentoTERCEIDADE: Negativa, Geral, Condicional || Lei, Raciocínio, Pensamento, Verdades

EXPLICAÇÃO BÁSICA DA TABELA DE RELAÇÃO ENTRE R-O-I

1R

2O

3I

1R

1.1Qualisigno

1.2Sinsigno

1.3Legisigno

2O

2.1Ícone

2.2Índice

2.3Símbolo

3I

3.1Rema

3.2Dicent

3.3Argumento

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1.1 Primeidade Autêntica: Categoria da qualidade! Qualisigno - É uma qualidade que é um signo

2.2 Segundeidade Autêntica: Categoria do facto! A Segundeidade comporta SEMPRE em si a qualidade presente na Primeidade! Uma pedra cai porque tem características que a fazem agir dessa forma! (Não confundir características [matéria, peso...] com - Lei da Gravidade! ) - Índice: Objecto que é objecto!

3.3 Terceidade Autêntica: Categoria da continuidade! É da ordem da lei, do raciocínio, da previsão. (Aqui sim, podemos falar da Lei da Gravidade que diz que todos os objectos sofrem uma atracção entre eles próprios, daí a pedra caír em direcção à terra!). - Argumento: É um puro pensamento. Não o vemos, só quando temos uma réplica 3.2! A lei escrita em livro não é o argumento, mas sim a sua réplica!

Categorias degeneradas são aquelas em que o segundo número é menor que o primeiro:

- 2.1: É a categoria da actualidade qualitativa. É algo que está por algo! Ou seja, já é uma materialização, mas apenas é um ícone de algo! Exe: Símbolo de "disquete" no computador! Não é uma disquete verdadeira. Fotografia de um rio, não é o rio! - Ícone: É uma imagem reproduzindo um modelo.

- 3.1: É a categoria da mentalidade. É algo que exista mas que nós não compreendamos! Por exemplo, um texto escrito em Japonês, sabemos que está lá algo escrito, mas não percebemos o que é. - Rema: É um signo que não nos diz nada, é o caso de um objecto que desconheço.

- 3.2: Enquanto em 3.1 tínhamos uma possibilidade de algo, aqui é uma certeza! Ou seja, é a compreensão do signo! Aqui já perceberíamos o texto que estava escrito e iríamos perceber que nos indicava a saída de um edifício, mas continuava a não ser a saída em si. Era apenas uma maneira de lá chegar. Outro exe: Qualquer livro que fale do código do IRS não é o Código do IRS! O Código é uma lei 3.3 que está materializada em vários livros 3.2 ! - Dicent: O dicent contém o rema, é a sua actualização, e funciona como uma réplica de argumento.

Categorias acrétivas ou acidentais são aquelas em que o segundo número é maior que o primeiro:

- 1.2: É a hipótese de ver a qualidade 1.1 materializada em algo! É uma relação acidental visto que uma qualidade pura, consoante o material em que está aplicada sofre alterações! O castanho de uma cadeira é diferente de uma mala (da PEPA, uma Chanel), mas não altera em

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nada a qualidade! Continua a ser a cor Castanho! Apenas a qualidade passa a estar actualizada em algo existente. - Sinsigno: É uma coisa ou acontecimento individual!

- 1.3: A qualidade pensada! Ou seja, é quando temos um protótipo de algo. Ao pensarmos numa cadeira, ela tem características comuns a todas as cadeiras! Tampo, encosto, pernas... O facto de pensarmos a possibilidade qualitativa da cadeira não afecta a autenticidade da sua qualidade de cadeira, querendo com isto dizer que, não é por pensarmos numa cadeira de diferentes formas que ela deixa de ser uma cadeira! - Legisigno : É um molde, um padrão, uma qualidade pensada!

- 2.3: É algo que é pensado, para nos levar a algo! É uma coisa que é visível, existente, material, mas que tem como propósito fazer-nos pensar noutra coisa! Exe: Os logos das empresas! Eu ao ter um porta-chaves com uma maçã com uma trinca, conduz-me automaticamente à marca Apple! E a verdade é que eu tenho na mão um porta-chaves com uma maçã com uma dentada, e não algo escrito "Apple". A diferença entre o 2.3 e o 2.1 é que em 2.1 o ícone é precisamente uma imagem que está em vez do objecto que ela representa, em 2.3 a imagem leva-nos a associar a outra coisa! Ou seja, obriga a um pensamento na sua relação com o objecto. - Símbolo: É um signo que reenvia a um outro objecto!

Um signo para existir tem de ter todos os 3 elementos: Objecto, Representamen e Interpretante. A categoria sígnica é a categora da Terceidade, porque não existe sem o pensamento da Terceidade. Mas como a Terceidade não existe sem as duas anteriores, todos são necessários ao signo.

1.1 - 2.1 - 3.1: Qualisigno Icónico Remático - ex: Cor

- É algo que não existe, logo não há exemplos, não está actualizada! Como um rema é algo que nós não conseguimos compreender, e um qualisigno é algo que não existe, e um ícone de algo que não existe não nos leva a lado nenhum, podemos apenas considerar que este qualisigno é compreendido no interpretante final como presença de um signo, de uma qualidade que poderia estar corporificada em alguma ocorrência.

1.2 - 2.1 - 3.1: Sinsigno Icónico Remático - ex: Gráfico sem legendas ou uma fotografia

- É algo que existe, logo há exemplos reais, está actualizada no existente. Mas não tem réplicas. Sendo remático não nos diz nada a nós. Por exemplo, uma fotografia com dez pessoas sentadas numa mesa não nos diz as relações entre cada um, nós não conseguimos tirar informação daí.

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1.2 - 2.2 - 3.1: Sinsigno Indicial Remático - ex: Grito

- É algo que existe, está actualizado. Não Transmite informação. É todo o objecto de experiência directa, na medida em que dirige a atenção para um objecto pelo qual a sua presença é determinada. Ou seja, ao ouvirmos um grito, ouvimos O grito, mas não sabemos o porquê da pessoa ter gritado! Ou, ao ouvirmos o travar a fundo de um carro, sabemos que travou, mas não sabemos porquê porque só ouvimos o barulho.

A diferença do sinsigno indicial remático para o icónico remático é apenas o facto de neste existir a materialização de algo! Ou seja, neste o interpretante ouve mesmo o grito e este é índice de algo, enquanto no outro vê as pessoas através de uma fotografia e não consegue tirar nenhuma conclusão!

1.2 - 2.2 - 3.2: Sinsigno Indicial Dicent - ex: Programa de Meteorologia

- Sabemos o que está a ser indicado! É todo o objecto da experiência directa na medida em que é um signo e como tal, propicia informação a respeito do seu objecto. Um dicent não nos fornece informações sobre se é verdadeiro ou falso, ele é puramente referencial, reportando-se a algo existente.

1.3 - 2.1 - 3.1: Legisigno Icónico Remático - ex: Diagrama

- É algo que é geral, semelhante a algo, mas não nos diz nada. Um diagrama, independentemente da sua realização gráfica, o diagrama em geral e nenhum em específico, independentemente da sua realização.

Ou seja, sabemos que um diagrama, é algo que nos permite esquematizar determinada informação! Então, assim, o diagrama aqui é como uma "regra", uma "lei" para esquematizar informação, informação essa que é "ícone" visto que está em vez de algo, e que como nós não conhecemos ainda (tendo em conta que estamos a falar do modelo de um diagrama e não de um diagrama específico), é um rema.

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1.3 - 2.2 - 3.1: Legisigno Indicial Remático - ex: Texto em japonês

- É um signo de carácter geral. É um índice, indica alguma coisa, é um rema, não diz aquilo que indica. Um texto em japonês para quem não percebe japonês , é algo geral, indica qualquer coisa, mas é um rema para quem não entende!

1.3 - 2.2 - 3.2: Legisigno Indicial Dicent - ex: Toque de telemóvel

- É um signo de carácter geral, indica alguma coisa. Um toque de telemóvel personalizado, indica-nos qual a pessoa que nos está a ligar!

1.3 - 2.3 - 3.1: Legisigno Simbólico Remático - ex: casa

- É geral, simboliza alguma coisa, mas não sabemos o quê. Os substantivos comuns, tipo casa, indica qualquer casa, não transmite uma informação específica apesar de ter o valor casa a si associado. Uma bandeira de um país desconhecido (remático), é geral, e simboliza algo para muita gente (simbólico). Um símbolo remático como qualquer outro símbolo, participa necessariamente da natureza de um tipo geral e é assim, um legisignio. Ou seja, é algo geral, que tem um certo valor mas não nos é especificado.

1.3 - 2.3 - 3.2: Legisigno Simbólico Dicent - ex: Notas

- É algo geral, simboliza algo, mas desta vez já sabemos o que é simbolizado. O símbolo diz o que está a ser simbolizado e o dicent indica o que aquilo vale. Os selos, os logótipos que dizem qual é a marca, são objectos, feitos para terem réplicas, simbolizam algo e dizem o que simbolizam. É um signo ligado ao seu objecto através de uma associação de ideias gerais e que actua como um símbolo remático, mas passa a ser dicent, ou seja perceptível, a partir do momento que o seu interpretante sabe o que o signo representa! Ou seja, uma nota de euro para nós é um símbolo dicent, mas para uma criança americana que não conheça o euro pode pensar ser outra qualquer coisa qualquer que não uma nota (é um rema, para essa criança).

1.3 - 2.3 - 3.3: Legisigno Simbólico Argumental - ex: Leis

- É algo que é geral, é uma lei! É a única classe que é um argumento, é a única em que há um raciocínio lógico que relaciona premissas sugerindo uma conclusão verdadeira. É um signo, em que o seu objecto deve ser geral, ou seja, o argumento deve ser um símbolo. Como símbolo, deve ser um legisigno. É um signo cujo interpretante representa o seu objecto como sendo um signo posterior, algo apenas pensado, que a única maneira de se tornar palpável é sendo um sinsigno indicial dicent!

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O SIGNO: É tudo o que comunica uma noção definida de um objecto de que maneira for. Linguagem verbal, gestual, com ou sem existência concreta, basta existir no nosso pensamento.

O representamen representa um objecto cuja leitura só pode realizar-se a partir de um interpretante! Então um signo representa algo a partir de um representamen. Por exemplo: Se eu disser o signo Cabo, Tendo em conta a pluralidade de signos que este representamen nos dá (cabo da vassoura, militar, cabo de dados), podemos concluir que iríamos precisar de mais especificações (signos) para entender este signo. No fundo iriamos ter que formar um signo mais complexo para chegarmos ao signo concreto a que me referia, assim sendo, verificamos que os signos reenviam-se uns aos outros.

"João matou Pedro", o signo é toda a frase, cujos objectos são "João", "matou" e "Pedro". Cada um desses objectos é, novamente, signo que pode ser estudado à luz das dez classes de signos.

O nosso pensamento é no fundo, um encadeamento de signos! Ideias!

O signo é tudo o que determina qualquer coisa de outro! O objecto é aquilo para que o signo remete, está por detrás do representamen! É a ideia que está por detrás desse representamen, o signo não põe em relação um nome e uma coisa. Ou seja, nada é obrigado a ter certo nome.

O OBJECTO: Não tratamos de dois objectos diferentes, mas são duas vertentes do mesmo objecto.

- Dinâmico: está fora do signo. São conhecimentos mais alargados, ou seja, todos os conhecimentos possíveis de ter sobre aquele representamen. É igual para todas as pessoas e está sempre a aumentar.

- Imediato: Está dentro do signo. Varia de pessoa para pessoa. É o conhecimento que temos acerca do representamen. O signo é o representamen de um objecto imediato, mas o objecto imediato não é todo o seu objecto, é apenas uma parte dele. O sigo só pode reenviar, de facto, para o seu objecto, de maneira muito significativa se ele já for conhecido. Ex: Para mim uma bola de futebol é uma bola de futebol, enquanto para um fabricante de bolas vai talvez ficar a pensar qual o material com que é revestida, como é cosida, até que pressão aguenta...

INTERPRETANTE: Para Peirce, é o julgamento em Kant.

"O julgamento é a comparação de uma coisa com qualquer marca ou atributo por comparação". Um signo é um veículo que comunica ao espírito qualquer coisa do exterior. Aquilo (a imagem mental) que está pela coisa em si, é o seu objecto, o que ela comunica é a sua significação, a ideia a que dá nascimento é o seu interpretante.

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Três vertentes do interpretante:

- Imediato (li): É aquilo que imediatamente o signo nos sugere. É o interpretante afectivo e perceptivo que nos permite olhar para um cão dizer que é um cão. É aquele que nos permite identificar qualquer coisa antes mesmo de a classificarmos profundamente.

- Dinâmico (id): É o esforço que o pensamento faz para ir mais além. Já há uma classificação. É a recolha de dados.

Id1 - Recolhe os dados no contexto presente do saber do interpretante. No fundo é o senso comum, é o contexto presente que nós temos.

Id2 - São as recolhas de dados feitas num contexto exterior ao saber do simples intérprete. É um esforço mais individual que o Id1.

Anteriores - Aquilo que nós já sabemos antes de ter contacto com o signo. Antes de ver o São Bernardo , já sei o que é.

Exteriores - Informação depois do Id2 Anterior. Exterior a nós.

- Final (if): Interpretantes finais recolhem dados. Classificam!

If1 - São um hábito geral. É adquirido por experiência colectiva (Preconceitos, esterótipos...)

If2 - É um hábito especializado de qualificar. É adquirido por experiência mais individual que colectiva (Músico a avaliar melodia de uma música)

If3 - Não precisa de Id (senso comum). Não requer nenhuma experiência para existir. Trabalha de duas formas: Ou só com (li) ou como súmula de If1 e If2.

- Pode revestir 3 formas de segundo o modo pelo qual se chegou ao sistema de interpretação, podem ser 3 ordens diferentes:

- Abdução: A abdução infere um caso a partir de uma regra e de um resultado. Exe:

Regra Todos os feijões deste saco são brancos

Resultado Estes feijões são brancos

Caso Estes feijões provêm deste saco.

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- Indução: A indução infere a regra a partir dos casos e dos resultados particulares. Se uma coisa é verdadeira para uma certa quantidade de casos, infere-se que é verdadeira para toda a quantidade de toda a classe. Exe:

Caso Estes feijões provêm deste saco

Resultado Dois terços deles são brancos

Regra Dois terços dos feijões deste saco são brancos

- Dedução: É a aplicação de uma regra geral a um caso particular. Trata-se da aplicação de um conjunto de regras que foram previamente estabelecidas. (Olho para um cão e sei que é um caniche) Exe:

Regra Todos os feijões deste saco são brancos

Caso Estes feijões provêm deste saco

Resultado Estes feijões são brancos

LINGUÍSTICA

Evolucionismo - Considerava a linguagem como um desenvolvimento, uma mudança, uma evolução através do tempo.

Princípio evolucionista: As línguas têm uma origem perfeita, um desenvolvimento, e uma decadência, ou seja, nascem, vivem e morrem.

A partir deste princípio evolucionista, nascem a linguística comparada e linguística histórica.

Linguística Comparada: Rasmus Rask não defende que as línguas têm uma descendência mas sim uma classificação. Eram para ser organizadas de forma sistemático e não como uma árvore genealógica.

Historicismo: Franz Bopp propõe uma visão genealógica das línguas, onde todas elas surgem de uma fonte inicial, e depois vão-se ramificando e evoluindo ao longo do tempo.

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POSITIVISMO: August Comte defende que a linguagem devia ser estudada como se um ramo da ciência se tratasse, ou seja, passar de uma linguista histórica para uma linguística geral/estrutural.

Saussure: Fundador da Linguística Estrutural. Preocupa-se em estudar a linguagem por si própria, independentemente das preocupações historicistas, gramaticais e comparatistas.

FALA:

Para Saussure, nós falamos por causa da utilidade da fala e o seu valor de troca (simbólico).

O espaço simbólico é uma estrutura organizativa, em que tudo é estruturado de forma a que se consiga comunicar.

O Homem entra nesse espaço através da linguagem! A língua deixa de ser encarada como um instrumento que o homem usa no seu dia-a-dia, mas sim como um "objecto" de reflexão - como um objecto de estudo.

Saussure: A língua como objecto de estudo da Linguística.

LINGUAGEM: É composta por dois elementos:

- Língua: Sistema de Regras

- Fala: Execução dessas Regras

É a linguagem (língua+fala) que nos insere no espaço simbólico.

Podemos encarar a língua de duas maneiras:

- Perspectiva Utilitária: A língua e a fala servem para alguma coisa - têm valor de troca

- Perspectiva de Integração: Integração no espaço Simbólico

Kristeva afirma que falamos porque somos sujeitos falantes, falta-nos algo!

Palo Alto, na fala podem verificar-se dois processos distintos:

- Confirmação (respondem-nos)

- Aceitação

- Rejeição

- Desconfirmação (não nos respondem)

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ESTRUTURALISMO: A língua é o centro de tudo, porque o homem precisa da língua, não é o homem que cria língua, é a língua que cria o homem, obrigando o homem a falar daquela maneira e não de outra forma. A linguagem passa a ser o centro de tudo.

- Kristeva: "A linguagem moderna tem nos seus traços os elementos e os princípios gerais a que podemos chamar universais linguísticos".

Saussure procura os universais e os constantes das línguas, aquilo que é comum a todas, mas a única maneira de estudar a língua é com a própria língua. Daí ter sido obrigado a criar um modelo de operações binárias (2 opções: verdadeiro/falso ; certo/errado...), para a conseguir estudar.

Modelo de Saussure de Oposições Binárias:

- Sincronia/Diacronia

- Sintagma/Paradigma

- Língua/Fala

- Significado/Significante

1 Sincronia/Diacronia

Diacronia é um estudo através do tempo. Estudo evolutivo, e temporal! Estudo das palavras com base na sua evolução.

- A linguística diacrónica, deve distinguir duas perspectivas: Uma que acompanha o curso no tempo e outra que faça o mesmo em sentido contrário. É justamente a sucessão dos factos diacrónicos e a sua multiplicação espacial que cria a diversidade de idiomas. Para justificar a aproximação de duas formas basta que entre elas haja um laço histórico.

Sincronia estuda a língua num determinado momento. É um estudo atemporal, as palavras valem por si mesmas.

- A sincronia conhece somente uma perspectiva, a das pessoas que falam e todo o seu método consiste em recolher-lhes o testemunho. O estudo sincrónico não tem por objecto tudo quanto seja simultâneo, mas somente o conjunto dos factos correspondentes a cada língua.

A língua como sistema de valores, chegou à conclusão que devemos tratar a linguística num eixo estático e evolutivo:

- Linguística Estática

- Linguística Evolutiva

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Razões porque a sincronia é mais importante e eficaz que a diacronia:

1 - Só a perspectiva sincrónica nos dá a possibilidade de encarar a língua como um sitema, ter uma visão simultânea dos elementos;

2 - A perspectiva sincrónica vai permitir determinar o valor de cada elemento no conjunto da totalidade do sistema, uma vez que os compara simultaneamente;

3 - Só a partir da perspectiva sincrónica se pode chegar à definição de signo. Mesmo assim, é necessário definir as relações entre signos para definir o objecto da língua!

4 - Um factor sincrónico é um fenómeno que tem a sua razão de ser nele próprio, não vai verificar quais as consequências que dele possam advir no futuro

5 - As mudanças dão-se sempre primeiro na fala e depois na língua, daí qualquer estado da língua que dependa da fala, tem sempre um carácter casual, porque a uma certa altura pode começar a falar-se de forma diferente. (Alguns termos, obviamente que não é a língua toda)

6 - Os fenómenos diacrónicos não são da mesmo ordem dos fenómenos sincrónicos, as modificações produzem-se fora de qualquer intenção, de forma casual.

A linguística sincrónica ocupar-se-á das relações lógicas e psicológicas entre os termos coexistentes e que formam um sistema tal como são percebidos pela consciência colectiva. A linguística diacrónica, estudará pelo contrário, as relações entre os termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência colectiva e que se substituem uns aos outros sem formar um sistema entre si.

2 - PARADIGMA/SINTAGMA

- Sintagma: Carácter linear do signo linguístico. A língua é formada por elementos que se sucedem um após outro linearmente, na cadeia da fala! Ou seja, não dizemos duas palavras ao mesmo tempo, elas são ditas uma a uma, e linearmente, "eu disse olá". Colocado numa frase, numa cadeia sintagmática, um termo passa a ter valor em virtude do contaste que estabelece com aquele que o precede ou que lhe sucede, ou mesmo ambos.

- Paradigma: As palavras que têm qualquer coisa em comum associam-se na nossa memória. E assim sendo, formam-se grupos, no seio dos quais se exercem relações diversas. As unidades do paradigma opõe-se porque uma exclui a outra. Ex: Quando digo vermelho, não digo encarnado.

Para Saussure as duas realidades são importantes, visto que a língua funciona com frases (sintagmas) e com conjuntos de elementos com as mesmas características (paradigmas).

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3 - SIGNIFICADO/SIGNIFICANTE

Saussure defende que a língua não é uma nomenclatura:

- Ela supõe que as ideias são anteriores às palavras

- Ela não nos diz se o nome é de natureza vocal ou psíquica

- O signo linguístico não une uma coisa a um nome, mas sim um conceito a uma imagem acústica, uma entidade psíquica de duas faces (signo):

- Significante: É uma imagem acústica, uma palavra, natureza vocal

- Significado: É o conceito mental, a ideia que temos sobre algo

"A imagem acústica é a marca psíquica desse som."

As 5 propriedades do Signo Linguístico:

- Carácter Arbitrário:

O laço que une o significante ao significado é arbitrário

O símbolo não é arbitrário. Há sempre uma relação entre o que simboliza e o que é simbolizado

Um significado pode ter vários significantes

O signo linguístico é de natureza convencional e imotivado. Vai passando de geração em geração

Apesar de o signo ser arbitrário não impede que cada pessoa chame o que quiser às coisas, existe a convenção (regras de determinada língua!)

- Valor:

As palavras têm um valor, tal como as notas

Valem por si mesmas e valem na relação que têm com os outros signos

A língua funciona como um sistema, cujos elementos relacionam-se entre si, sob interdependência. Os signos valem sozinhos por si, e têm valor em relação com os outros elementos, porque só assim consigo construir frases.

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- Linearidade do Significante

O significante, porque é de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo e ao tempo vai buscar as suas características

Representa uma extensão, que actua apenas numa dimensão, é uma linha! Cada significante é uma cadeia de letras, e vai-se estendendo. Para uma qualquer palavra ter sentido tem de ser escrita na ordenada temporal

A linha espacial dos sinais gráficos substitui a sucessão do tempo, exemplo, escrevemos alface e não cefaal!

- Globalidade do Significado

O signo aparece ao espírito de forma global (ao pensar em mesa , não nos aparece primeiro as pernas da mesa e a seguir o tampo)

Não há linearidade do significado

- Mutabilidade e Imutabilidade do Signo

Imutabilidade do signo:

- A quantidade ilimitada de signos que constituem o sistema semiótico da língua torna complicadas alterações

- A complexidade dos signos que constituem o sistema semiótico da língua torna complicadas alterações

- A resistência colectiva às inovações linguísticas, os povos estão satisfeitos com as línguas que recebem

- A arbitrariedade do signo, funda-se na tradição que cada um de nós recebe. Se não há razão para dizer aquilo de certa maneira, também não há razão para mudar

Mutabilidade do signo:

- A língua altera-se ao longo do tempo, em função das intervenções que o conjunto dos falantes vai exercendo sobre ela, modificando mesmo sem ter consciência a relação entre o significante e o significado. Exe: o Está passar a ser "tá", é uma modificação que se tem vindo a denotar tendo em conta a fala do sujeito falante.

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4 - LÍNGUA/FALA

A evolução só pode ser estudada na língua, na sincronia (estática, imutável).

Todas as inovações da fala não têm exito enquanto permanecem individuais. Só entram no nosso campo de observação quando a colectividade as acolhe.

Língua vs Fala: Fundamenta-se na oposição social/individual, extraída da sociologia: a língua é da esfera social, a fala da esfera pessoal.

Saussure opõe a homogeneidade da língua à heterogeneidade da fala:

- A língua é o sistema, é colectiva, homogénea, privilegiada por Saussure

- A fala é a manifestação do sistema, é individual, heterogéneo, estaríamos no domínio da psicologia

A língua não está completa em nenhum, não funciona perfeitamente senão na massa! Cada um de nós faz o uso individual e não total da língua. A língua não está completa num só indivíduo!

A fala é, ao contrário, um acto individual de vontade e inteligência, no qual convém distinguir as combinações pelas quais o sujeito falante utiliza o código da língua para exprimir o seu pensamento, e o mecanismo psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações.

A língua é encarada como nomenclatura - posição de taxinomia (ciência com grupos com características próprias)

A língua é encarada como sistema - conjunto de relações intrínsecas (defendido por Saussure)

A língua é simultanemente: Um acervo linguístico (realidade psíquica!), constituído por, uma instituição social, uma realidade sistemática e funcional.

A fala é a execução individual desse contrato.

Língua Fala

Colectiva/Social Individual

Homogénea Heterogénea

Contrato Social Execução do Sistema

Passividade Execução Individual

Virtual Material/Actualidade

Page 24: Meu Resumo Da Sebenta Do F.lima

POSTULADOS

Gilles Deleuze e Félix Guattari

Inauguraram uma nova visão da pragmática da linguística. Rompem a abordagem estruturalista e lançam a abordagem pragmática: escrevem os Postulados da Linguística.

1º Postulado:

A linguagem seria informativa e comunicativa.

Existem dois aspectos distintos:

- A comunicação de informações

- A informação de uma mensagem enquanto elemento de integração no espaço simbólico

Crítica: Vendo a linguagem com estas duas funções, não vemos a sua função mais importante, que é o poder de falar: a linguagem é um marcador de poder! A linguagem não é feita para que se acredite nela mas sim para obedecer e para fazer obedecer. Chamamos palavras de ordem não a uma categoria particular de enunciados explícitos, por exemplo, no imperativo, mas à relação de qualquer palavra ou de qualquer enunciados com pressupostos implícitos, ou seja, com actos de fala que se realizam no enunciado e que podem realizar-se nele.

É uma perspectiva em que o sujeito falante adapta a sua fala às suas necessidades, para conseguir o que quer, fazendo outros obedecer ao seu desejo. Fica portanto a intenção de conseguir algo intrínseca no seu discurso.

2º Postulado:

O carácter abstracto da língua dispensa qualquer factor extrínseco.

A língua é um sistema abstracto e intrínseco. Logo, todos os factores que não pertencem ao sistema são dispensáveis para a compreensão do mesmo.

Crítica: Criticam a abolição do sujeito que é feita em todo o estruturalismo, pois só estudam a língua e não a fala. A crítica de Deleuze e Guattari assenta precisamente na importância das variáveis de expressão e na perspectiva pragmática.

"A pragmática não diz respeito às circunstâncias exteriores, mas sim às variáveis de expressão ou de enunciação que são razões internas para a linguagem não se fechar em si mesma, isto é, a língua é intrinsecamente ligada ao seu exterior." Por exemplo , o pronome "eu" varia consoante a pessoa que o enuncia, está sujeito a um infinito de possibilidades!

Page 25: Meu Resumo Da Sebenta Do F.lima

3º Postulado:

Existem constantes da língua que permitem defini-la como uma um sistema homogéneo.

É o estudo da natureza homogénea das constantes da língua que dita o grau de cientificidade linguística. As constantes estruturais são fundamentais para a Linguística Estrutural.

Crítica: Criticam ser rejeito tudo o que é heterógeneo, ou seja, a fala, o sujeito. Qualquer linguagem é uma realidade essencialmente heterogénea. No entanto, os linguistas preocupam-se sempre com a construção de um sistema constante e homogéneo a partir da heterogeneidade própria da linguagem.

"No curso de um dia o indivíduo repetidamente passa de linguagem em linguagem, fala de pai para filho, marido para mulher, fala como patrão. Os linguistas estruturalistas consideram que estas variações são extrínsecas, que a linguagem se mantém inalterada."

4º Postulado:

A língua só pode ser cientificamente estudada segundo as condições de uma língua maior ou standard.

Só é cientificamente abordável, aquilo que pertence à língua maior. As línguas menores só podem sem estudadas para detectar o que há nelas de universal ou para ver as influências da língua maior.

Crítica: Os estruturalistas não conseguem estudar as coisas de forma autónoma. Criticam a ênfase dada ao estudo da língua mãe, em detrimento das línguas menores, nomeadamente os dialectos.

O uso maior e o uso menor das línguas opõe-se e às vezes entram em conflito, mas não são excludentes! O uso de uma língua menor só é possível face ao exercício da sua maioridade, elas não são mutuamente excludentes! Uma encontra-se na outra!

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1. Citação que remetia para uma fronteira da semiologia q era a Fronteira Metedologica, ou seja, a Pansemiótica (o prof no final do exame confirmou-me q era esta a fronteira em causa)2. Citação que remetia para um dos métodos de fixação da crença (naquele caso era o Método Cientifico) e, consequentemente, para a vertente de pensamento de Saussure em causa (naquele caso era o Pragmatismo)3. Citação que remetia para o Legisigno Simbólico Argumental (o prof tmb me confirmou q era este o signo em causa) - era pedido para identificar a classe do signo, caracterizar e exemplificar4. Citação que remetia para a língua --> era para falar da dicotomia língua/fala5. Citação que remetia para o 1º postulado da linguistica (criticado por Guattari e Deleuze)

 Mito, realidade em peirce, segundeidade, dicotomia lingua/fala e 1º postulado

1 - Fronteiras ADR ou Mitospergunta 2 - Correntes do Peirce (realismo, continuismo e pragamaticismo+fixação de crença)pergunta 3 - OU categorias faneroscópicas - Primeidade (qualisigno, sinsigno ou legisgno), Segundeidade (ícone, índice ou símbolo) e Terceidade (Rema, Dicent e argumento)OU Uma das classes de signosOU Abdução, Indução ou DeduçãoPergunta 4 - Uma das dicotomias/postulados linguísticos de SaussurePergunta 5 - uma das críticas de Deleuze e Guatari aos postulados linguísticos de Saussure

1 - As fronteiras