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l' MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Pará EXCELENTíSSIMO(A}SENHOR(A} ,JUIZ(A} FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO .ESTAl?·O DO PARÁ VARA DA , . \ . o MINISTÉRIO PÚ,BLlCO FED:ERAL, através dos Procuradores da República subscritos, no 'regular exercício de suas funções constitucionais, 'vem' perante Vossa Excelência, com fulcro na Constituição Federal de 1988, em seus arts. 127, ceput, 129,11 e 111, ele Lei Complementar nO75i1993, em seus arts. 1°,2°, 5°, I,V,'b, 6°, VII, b, clc a Lei n? 7;347/1985, art. 5°, (e Lei n? 5.869/73, 'art. 461, ajuizar. ' - .T .,. ...; " _ . (- AÇAO CIVIL PUBLICA INIBtTORIA, COM PEDIDO DE LIMINAR ANTECIPATIV~ \' DE TUTELA em desfavor de: , UNIÃO FEDEij,AL (por meio do MINISTÉRIO DAS CIDADES), . pessoa juridlca de direito público, que deverá receber 'citação e intimações por meio '- " . ........., . da Procuradoria da União' no Estado 'do Pará, situada na Av. .Boulevard Castilhos França, nO.708 - Edifício' do BAC,EN ~ 4°, 5° e andar,pelos fatos e fundamentos a seq u irexpostos: Rua Domingos Marreiros, 690 - Umarizal - Belém/PA - CEP 66.055-210 - Fone: (91') 3299-0100 www.prpc:.mpf.gov.br

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - prpa.mpf.mp.br · origem ao já citado lnquérito Civil Publico/no 1.23.000 ... I~Oartigo 129 da Constituição Federal estabeleceu que ... que a presença

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  • l'

    MINISTRIO PBLICO FEDERALProcuradoria da Repblica no Par

    EXCELENTSSIMO(A}SENHOR(A} ,JUIZ(A} FEDERAL DA

    SEO JUDICIRIA DO .ESTAl?O DO PAR

    VARA DA

    , .

    \ .

    o MINISTRIO P,BLlCO FED:ERAL, atravs dos Procuradores daRepblica subscritos, no 'regular exerccio de suas funes constitucionais, 'vem'

    perante Vossa Excelncia, com fulcro na Constituio Federal de 1988, em seus

    arts. 127, ceput, 129,11 e 111,ele Lei Complementar nO75i1993, em seus arts. 1,2,

    5, I,V,'b, 6, VII, b, clc a Lei n? 7;347/1985, art. 5, (e Lei n? 5.869/73, 'art. 461,ajuizar. '

    - .T .,. ...; " _ . (-

    AAO CIVIL PUBLICA INIBtTORIA, COM PEDIDO DE LIMINAR ANTECIPATIV~\' DETUTELA

    em desfavor de: ,

    UNIO FEDEij,AL (por meio do MINISTRIO DAS CIDADES),

    . pessoa juridlca de direito pblico, que dever receber 'citao e intimaes por meio'- " . .........,

    . da Procuradoria da Unio' no Estado 'do Par, situada na Av. .Boulevard Castilhos

    Frana, nO.708 - Edifcio' do BAC,EN ~ 4, 5 e 6 andar,pelos fatos e fundamentos a

    seq u irexpostos:

    Rua Domingos Marreiros, 690 - Umarizal - Belm/PA - CEP 66.055-210 - Fone: (91') 3299-0100www.prpc:.mpf.gov.br

    http://www.prpc:.mpf.gov.br

  • , MPFMUNiCpIO DE BELM, pessoa jurdica de direito pblico, CNPJ nO .

    05.055.009/0001- 13, na pessoa de seu representante legal, sediado nesta capital,

    Palcio Antnio Lemos - Praa D. Pedro li, s/n - Cidade Velha - CEP 66020-240;. ,

    1- DOS FATOS

    )

    .A presente ao tem origem no' Inqurito Civil Pblico nO

    1.23.000.000067/2012-36,inst~iUrado nesta, Procuradoria a partir de representao

    da empresa Estacon Enqenharia S. A, por seu, Diretor-Presidente, Lutfala de Castror I .,

    Bitar,em face do interesse pblico, bem como da possvel utilizao de recursos,

    pblicos federais, noticiando a concesso de 'medida liminar em Mandado de

    , Segurana, impetrado- corno objetivo de 'corrigir vcios e irregularida~es do Edit~lde

    Concorrncia Pblica Internacional de na 034/2011-'- CPLlPrfeitura Municipal de l,

    Belm, referente s obras para implantao do Sistem BRT (BusR!pid Transit) nas

    AvenidasAlmirante Barroso e Augusto Montenegro, em Belm-PA

    O mencionado processo licitatrio, realizado .pela Prefeitura

    Municipal de Belm, teve como 'objeto especfico a contratao de servios para a

    execuo d.e projeto executivo de engenharia, execuo de obras civis.iincluindo:

    terraplanagem, pavimentao, obras de arte especiais, estaes e terminais de, .-

    passageiros, obras de reurbanizao e fornecimento e montagem dnsistema decontrole destinado implantao do sistema BRT nas avenidas Almirante Barroso e

    Augusto Montenegro na cidade de Belm, Estado do Par, com prazo de execuo

    de 24 meses.

    A Concorrncia. na 03.4/2011 foi realizada em 02/02/2012, tendo oi

    Edital resumido da licitao sido publicado no Dirio Oficial do Municpio, no Dirio.

    Oficial da Unio e em jornallcal de grande circulao no dia 17/11/2011.

    Desde seu incio, o referido certame tem sido objeto de diversos,questionamentos e denncias' de irreqularidades. Tais questes foram levantadas, a

    , -

    princpio, por meio de impugnaes ao edital (cujas cpias constam no Anexo 1/ do

    ,ICP na 1.23.000.000067/2012-36), 'apresentadas por empresas interessadas em

    2

  • "MPFj

    participar da disputa, que identificaram problemas como a falta de clareza quanto

    criqem dos recursos para ' realizao da- obra, exigncias referentes comprovao de capacidade tcnica excessivamente restritivas, vedao

    participao' de consrcios de empresas; entre outras. ,J

    .Ante o indeferimento de todas as impugnaes apresentadas, uma

    das empresas, a Estacon Engenharia S.A.,' buscou fazer valer seus argumentos

    com a impetrao de .Mandado de Segurana (constante do .Anexo 11do ICP),

    obtendo deciso liminar favorvel (doc. 06 do Anexo 11do ICP) em 25 de dezembro

    de 2011. A Prefeitura de Belm interps agravo de instrumento (doc. 07 do Anexo 11

    dolCP) e, em 30 de dezembro de 2011, conseguiu reverter a deciso (doc. '99 doAnexo 11do ICP), de modo que a abertura' das propostas foi mantida no dia

    02/01/2012.

    "Posteriormente, quando o projeto BRT foi apresentado pelo Prefeito

    -- . ~em sesso da Cmara Municipal de.Belm (CD com udio fI. /256 ?o ICP), os'

    mesmos problemas apontados ,pelpsempresas foram novamente expostos, desta '.

    feita' por Vereadores, que ainda expressaram preocupao em relao a outras I

    questes. Ul11adelas foi a possvel incompatibilidade entre projeto da Prefeitura e. . . I . ,,

    oProjeto "Ao Metrpole", que vem sendo desenvolvido pelo Governo do Estado

    do' Par, em parceria, com a Universidade Federal do Par .a Agncia deCooperao Internacional do Japo (JIGA), visando melhoria do trnsito em Belm

    .e Regio Metropolitana.

    "

    Soma-se a tudo isso o,fato de que, ainda no dia 2Tde dezembro de

    2011, o Jornal "Dirio do Par" publicou em 'seu caderno' de c1assifi'cados nota

    intitulada "Por uma Graa Alcanada"! com o seguinte texto: "A f alavanca as-', "-

    grandes obras do Senhor. DC ouviu tuas preces. AG, s a vencedora. Juntos, agora)

    multiplicaremos o po nosso de-cada dia. Feliz 02/01/2012. (PB)". Segundo o Jornal,

    . a nota seri~ '.uma mensagem cifrada,denul1ciando o direcionamento do processo

    Iicitatrio, cuja vencedora seria a empresa I\ndr~de Gutierrez (AG), o que de fato se. .

    confirmou.' O significado 'das siglas DC e PB seria Duciomar Costa e Prefeitura de, i "

    Belm, respectivamente.

    3

  • MPF~As denncias de -inmeras irregularidades verificadas 'no processo

    licitatrio da obra do BRT em Belm tambm ensejaram apurao pelos Ministrios

    Pblicos Estadual e Federal. No mbito_desta procuradoria, a representao deu

    origem ao j citado lnqurito Civil Publico/no 1.23.000.0ood67/2D12-36. No curso do

    procedimento, foram constatadas as irregularidades adiante detalhadas, que, ~ .

    . demandam providncias urgentes, buscadas por meio da presente ao.

    11 - DO DIREITO

    1. Da legitimidade .atlva do Ministrio Pblico Federal e .' !

    competncia da Justia Federal

    . O Ministrio Pblico tem por funo precpua a defesa da ordem'

    jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis, .

    nos termos do artigo 127 da' Constituio Federal. Cabe-lhe, principalmente, na ' ", - . I

    seara cvel, pugnar pela tutela de interesses difusos e coletivos, consoante disposto

    no artigo 129, inciso 111, do mesmo estatuto fundamental.

    Com a presente ao, procura-se evitar que recursos da Unio

    sejam destinados, por meio do .Mnistrlo das Cidades, implantao do Projeto

    BRT da Prefeitura de Belm, tendo em vista a constatao de irregularidades no I

    processo de licitao da obra.

    Cumpre 'esclarecer que a medida se justifica .ern razo da/

    informao contida na Nota Tcnica nO.Q49/2012/DeMOB/MCIDADES (fls. 147 e ss.

    doICP), segundo a qual a Prefeitura de Belm est pleiteando recursos do

    Programa Mobilidade Grandes Cidades - PAC 2, para implantao do sistema BRT

    no Municpio. Informa o 'expediente:

    nA Portaria n 65, de 21 de fevereiro de 2011, instituiu Q processo de seleo daspropostas e as diretrizes gerais do programa. Nesse contexto, o municpio deBelm-PA foi classificado como proponente elegvel do grupo MOB2 - Municpiosentre 1 e 3 de habitantes e seus respectivos Estados, podendo receber recursos :de at R$ 430 milhes. A Prefeitura da Cidade de Belm e o Governo do Estadodo Par poderiam pleitear recursos para a cidade .de' Belm.Com relao ao solicitado, a -Prefeltura de Belm inscreveu uma proposta deimplantao de sistema de transporte modal BRT nas Avenidas Almirante Barroso

    4

  • MPFe Augusto Montenegro, conforme processo n 80000.016989/2011-73, o qualconsta em anexo. - , ,O Governo do Estado do Par inscreveu duas propostas: a primeir referente asistema de transp-orte modal BRT na Avenida Almirante Barroso, entre outras vias,conforme processo n 80000;01S701/2011~03, o qual consta em anexo; a segundareferente a sistema d transporte rnodal BRT na Avenida Augusto Montenegro,~entre outras vias, conforme processo noSOOOO.018700/2011-51,o qual consta emanexo. O proponente informou que os dois projetos fazem parte do programa AoMetrpole".

    . -Visa-se, portanto, com a presente. ao, ao resguardo \do patrimnio

    pblico, cuja defesa constitui interesse difuso que de.ve\ ser objeto de atuao do,

    ,:rgo ministerial, especialmente quando se est diante de possvel leso

    moralidade administrativa, como ocorre no caso. Sobre o tema, a jurisprudncia

    prdica:, ,

    , I~Oartigo 129 da Constituio Federal estabeleceu que o Ministrio Pblico temlegitimidade ativa ad causam pa~a propor ao civil pblica com 40 objetivo C/e serresguardado o patrimnio pblico. Tal dispositivo constitucional ainda o legitimapara a proteo de outros interesses difusos e coletivos, entre os quais Se inclui,ante o interesse difuso na sua otesetvec, a defesa do patrimnio pblico e damoralidade administrativa." (Superior Tribunal de Justia. Segunda Turma. RESPn.o 422.729/SP. ReI. o Exmo. Sr. Min. CASTRO MEfRA. Julgado em 22.03.2005.-Votao unnime. DJU de 30.05.2005, p.273). '

    De salientar, em consequncia, que a presena do MINISTERIO

    PSLlCO FEQERAL (rgo da Unio) como autor da ao, agindo estritamente

    dentro do campo de atuao delimitado pela Constituio Federal - vale dizer, com

    'clara legitimidade - atrai a competncia da Justia Federal para processar e julgar a

    ao, n_aclara dico do artigo 109, inciso I, d~ Lei M~iore consoante entendimento

    I pacificado no mbito do STJ por ocasio do julgamento do Conflito de Competncia

    nO 40.534/RJ.

    A competncia da Justia Federal mostra-se patente, outrossim, pela

    presena de interesse jurdico da Unio, em razo do risco de ofensa ao seu

    patrimnio, uma Vez que, conforme j exposto neste'arrazoado, trata-se de recursos

    do Ministrio das Cidades.

    2. Da legitimidade passiva dos demandados

    5

  • A Ie'gitimidade passiva da Unio Federal, por meio do Ministrio-dasCidades, decorre do fato de O objeto da presente ao consistir em tutela inibitria

    I

    no sentido impedir que aquele Ministrio destine recursos pblicos- federais -

    implantao do Projeto BRT da Prefeitura de Belm, tendp em vista a constatao', , '

    de irregularidades no processo de licitao da obra.

    Por outro lado, a incluso do Municpio de Belm n plo passivo

    justifica-se pelos potenciais efeitos da ao em sua esfera jurdica, pois eventualI, '

    sentena favorvel pretenso ministerial' implicar' o domprometimento de

    importante fonte de finnciamento de urna obra cuja licitao j foi concluda.

    3. Da tutela' inlbltrl

    Asseverao art. 5, XXXV da 'Constituio da Repblica que "a lei

    noexcluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito'r-Tal ga-, . .

    rantia constitucional ptrea explcita em denotar que o Poder Judicirio, rgo es-~ .

    tatal responsvel pela prestao jurisdicional, tem o dever pblico de fazer cessar \

    qualquer tipo de ameaa a direito, quando provocado., 'I

    , A consagrao do cdkeito tutela preventivainconte_stavelmene ga-

    rante maior efetividade jurisdicional, na medida em que permite uma providncia an-. .. 1 .

    terior ao dario.r de modoque no seja necessria a ocorrncia deste para posterior

    aj~izamento de ao reparatria. ~obre o assunto, ensina Luiz Guilherme Marinoni:

    . Quando a tutela inibitria prestada atravs da jurisdio, pouco importa se h or-dem de no fazer ou de fazer, uma vez que a norma pode impor um no fazer ou

    'um fazer com funo preventiva, isto , para dar-tutela inibitria aos direitos. Im-porta deixar claro, assim, que a-norma que impe, com escopo preventivo, deter-minada conduta, abre oportunidade 'para ao inibitria em que o juiz pode orde-narum fazer. O objetivo desta ao prestar a tutela inibitria no alcanada forado-processo, dando efetividade norma de direito material, Corno- evidente.restaao nada tem a ver com o dano, mas apenas com a norma, ou melhor, apenascom a necessidade de efetividade da norma.( Tutela Inibitria - individual e cole-tiva, 3a edio revista, atualizada e ampliada, Editora RT;-p. 63) ,

    tutela lnibltriamostra-se particularmente til quando esto em

    jogo recursos pblicos, pois permite que, em lugar de se, pleitear, a oosteriori, res-o ' '

    sarcimento do prejuzo j causado, busque-se evitar que ele chegue a se concreti-

    zar.

    6

  • MPF." I

    - E precisamente o que pretende o Ministrio Pblico Federal com a

    presente ao: antecipar-se ocorrncia do dano e evitar que a Unio destine recur-

    sos a urna obra maculada por inmeros vcios., -,

    4. Irregularidades no processo' Iicitatrio

    No curso da instruo. do lnqurito Civil Pblico n?

    1.23.000:00067/2012:-36, foi sollcitado Prefeitura que encaminhasse, para anlise, . ," .

    do Ministrio Pblico Federal, cpia do processo licitatrio referente implantao

    do BRT. Os documentos solicitados' foram encaminhados por m~io do Ofcio nO '. . . . r

    102/2012-CPLlP,MB (fI. 93) e autuados como Ane:xo I do ICP.

    Concluda' a anlise do material, foi constatada uma srie deI

    lrreqularidades, descritas porrnenorzadarnente a seguir.

    'i

    4.1 Retificao de edital sem estabelecimento, de novo prazo

    para abertura-das propostas. .

    A PMB descumpriu o prazo' estabelecido no artigo 21, 2, inciso, I,"

    , alneab c/c o pargrafo 4, do mesmo artigo, da Lei n? 8.666/93, a ser observadoentre a data da publicao da retificao de itens do edital passveis de afetara

    , I . .

    .formulao das propostas e a data de recebimento das propostas ou da realizao

    do evento.

    "6.7.!5 Relativa' nica e exclusivamente a exigncias contidas nos subitens OJ e OI)da alnea a3) do Item 6. 7.2. CAPACITAO TCNICA NO FORNECIMENTO DE

    ~SISTEMAS PARA CONTROLE OPERACIONL, ser admitid a apresentao

    7

  • .MPFpela PROPONENTE de atestado(s) emitid(s)' em nome de empresa comosubcontratada -nomiriadaJl \.

    Aps a retificao, a redao passou a-ser:~'Relativanica e exclusivamente exigncias contidas' nos subitens O ) e OV) daalnea a3) do Item 6.7.2. CAPACITAO TCNICA NO FORNECIMENTO DESISTEMAS PARA eONTROLE OPERACIONAL, ser~_admitidaa. apresentaopela PROPONENTE de atestado(s) emitido(s) em nome de empresa comosub'ontratadanominada". / , . .

    Em ,05/12/2011 foi \publicada nova retificao do mesmo item do

    edital e, outra vez, no .fol alterada a data de abertura das propostas. A redaopassou aser a seguinte:

    "Relativa nica e. exclusivamente exigncias contidas nos subitens01 a OV) da.alf7ea~a3) do Item 6.7.2 -. CAPACITAO TCNleA NO t=ORNECIM~NTO DESISTEMAS PARA CONTROLE;,OPERACIONAL, ser admitida a apresentaopela PROPONENTE. de atestado(s) emitido(s) em nome de empresa como

    - subcontreieae nominada": .

    Portanto, como as retificaes alteraram substancialmente o edital,

    ja . que foi. ampliado o nmero de servios passveis de. subcontratao,a. ,

    Administrao deveria ter reaberto o prazo Inicialmente previsto para abertura.das

    propostas.t-l dias aps a publicao do edital), conforme previsto no Pargrafo 4. ,

    do Artigo 21 da Lei 8.666/93:

    4 Qualqu.ermodificao noedital exige divulgao pela mesma forma que sedeu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, excetoquando, inquestionavelmente, a alteraono afetar a formulao das propostas.

    Como dito, a Prefeitura no respeitou esse dispositivo, tendo aberto,

    as propostas nodia 02/01/2012.,

    4.2 Ausncia de recursos oramentrios que garantam o.pagamento das obrigaes

    De acordo com o Edital, os recursos oramentari()s so oriundos da-

    Funo Programtica 2.0.29.15.451.0008, Atividade - 1062 - Elemento de despesa-

    4449005100. O valor estimado da obra de R$ 396.544. 122,22-(trezentose noventa'

    e seis milhes, quinhentos e quarenta e quatro mil, cento e vinte e dois reais e vinte

    .~

    8

  • e dois centavos),

    Como a licitao foi homoloqada e o contrato administrativo nO

    001/2012 foi assinado pela Gerente da UGPE - Unidade de Projetos Especiais, os

    ,recursos deveriam estar alocados nessa Unidade Administrativ.

    A UGPE foi criada pelo Decreto 68.284/2011, de 10/11/20,11, sete""~' " "

    dias antes da publicao do Edital da' Concorrncia, que ocorreu em 17/11/2011. O

    decreto cria e define a estrutura da UGPE, porm ho faz meno' a, dotao, ' .

    oramentria da nova unidade. Tambm no foi encontrado rio site Transparncia

    Belm eno Dirio' Oficial do Municlpio registro de alocao de recursos na funcional

    , . programtica acima referenciada.

    'A Secretaria Municipal de Assuntos' Jurldlcos do Municpio de Belm, ,

    em 30/14/2011, em agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo (doc. 07

    do Anexo I1 do ICP) deciso liminar em mandado de segurana que sustava a

    audincia de recebimento e' abertura de propostas da Concorrncia n? 0'34/2011,

    ratificou que a oriqern dos recursos oramentrios aquela registrada no Edital da \

    Concorrncia, informando, ainda, que h previso oramentria para a obra no ano

    de 2012 e que "a obra haver de ser includa no Plano Pturienuet etrevs da Lei de

    Diretrizes Oramentriqs de 2012, e j tem previso nesta". Entretanto, no' existe. ~ - I .

    nos autos 'do processo Iicitatrio cpia: da referida Lei, que comprove 'que o

    municpio atendeu ao disposto no Artigo 16 da Lei Complementar 10112000, a' seguir'

    transcrito:

    Art. 16. A criao, expanso ou epetteioemento de ao ovememente' que'acarrete aumento da despesa ser acompanhado de: 'I - estimativa do impacto oramentrio-financeiro no exerccio. em que deva entrar

    ,em vigor e nos dois subseqentes; ,1/ ~ declarao do ordenador da despesa de que o aumento tem adequaooramentria e financeira com a lei oramentria anual e, ompatibilidade com oplano plurianual e com a lei de diretrizes oramentrias. , '1 Par os fins desta Lei Complementar, conskiete-se:I - adequada com a lei oramentria anual, a despesa objeto de dotao

    - especfica e suficiente, ou que esteja abrangida por crdito genrico, de forma que .somedes todas as tiespeses da mesma espcie, realizadas e a realizar, previstasno programa de trabalho, no sejam ultrapassados os limites estebetecioo para oexerccio; .11 - compatvel com o plano plurianual, e a lei de diretrizes or,amentrias, adespesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas

    9

  • -MPFprevistos nesses instrumentos eno infrinja qualquer de suas disposies. 2 A estif11ativa de que trata o inciso I do caput ser acompanhada daspremissas e metodologia de clculo utilizadas.30Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, /nostermos em que .dispuser a lei de diretrizes orame,ntris. 4As normas do caput constituem condio prvia para: ,

    '1- empenho e licitao de servios, fornecimento de bens ou execuo de obras -'

    Por outro lado, o Prefeito de Belm, ao prestar esclarecimentos

    sobre o Projeto BRT ao Poder LeqislativoMunlcipal (CO com udio da sesso da

    Cmara' s' fls. 256 do ICP), informou que o Municpio dispe de recursos

    oramentrios, como participao a ttulo de contrapartida (g/n), para garantia da, . . . , I

    execuo do Projeto BRT. Segundo a declarao, a contrapartida se dar na forma

    de participao financeira, da seguinte. maneira (sic): .

    Exerccio 2012Funclonal Programtica: 2.0.29'.15.451.000.8

    - I ,Elemento de despesa - 4449005100.Fonte: 0100

    .I ,

    o Prefeito, entretanto, no' esclareceu -qual ser , valor da. -- . ...

    contrapartida e qual a outra fonte derecursos que garantir a execuo da obra, que

    dever ser oncluda no prazo.de 24 meses. Alm disso, a declarao no encontra, .

    respaldo nos termos do Edital (que no aponta os recursos como relativos a

    contrapartida do Municpio), deixando evidente que a obra foi licitada sem que

    tivessem sido, garantidos os recursos necessrios para a' execuo do contrato,

    descumprindo o Pargrafo 2, Inciso 111,do Artigo 7 130 Artigo 38 da Leln? 8.666/93.

    Tal concluso reforada, ainda, .pelas !nformaes prestadas pelo

    Ministrio das Cidades (fls. 147 e ss. do ICP), segundo as quais a Prefeitura de

    Belm ainda pleiteia recursos do Programa Mobilidade Grandes Cidades .: PAC 2,

    para implantao; de sistema BRT nas Avenidas Almirante Barroso e, AugustoMonteneqro. dcorre -que h tambm duas propostas do Governo .do Estado,

    , ,referentes implantao do BRT nas mesmas avenidas, como parte do programa-

    Ao Metrpole, pleiteando os mesmos recursos.

    De acordo com o Ministrio das Cidades, a deciso seria divulgada

    10 '

  • , \

    no dia 29 d fevereiro de 2012, mas de antemo ressaltou que no seria possvelatender s propostas das duas esferas de governo; ao menos em sua totalidade. At

    o momento, porm, no h notcia do resultado da seleo.

    Ressalte-se que, ainda falando aos Vereadores sobre o custeio da

    obra, o Prefeito Duciomar Costa. reconheceu a possibilidade de a Prefeitura no, '

    , -

    conseguir os recursos do Ministrio das Cidades, mas assegurou que isso no seria,

    umorccema, p6is o Municpio poderia conseguir financiamento junto a outras

    fontes, inclusive internacionais.

    Todas - essas informaes demonstram inequivocamente que a,

    Prefeitura realizou a licitao para execuo da obra do BRT sem que houvesse

    uma definio quanto aos recursos para custe-la.

    '4.3 Clusulas restritivas que limitam a competitlvldade docertame , '

    ) i a) Exigncia de apresentao de 27 (vinte e sete) atestados de

    capacidade tcnica relativos a parcelas do objeto licitado, com a incluso de.. 'servios- no relevantes em relao ao' total do objeto, limitando a

    competitividade,da licitao:)

    A Constituio da Repblica, no art. 37, .inc. XXI,' determinaqe, -

    somente podero ser exigidos dos licitantes os requisitos de habilitao

    indispensveis . garantia do cumprimento das .obriqaes, Tambm a _Lei n?

    .8.666/93, no art. 3, 1. inc. I; veda a incluso, no edital, de clusulas ou condies

    que comprometam, restrinjam ou frustrem o carter. competitivo do processo

    licitatrio. Tais disposies tm como objetivo ampliar o universo de 'potenciais\ ,

    licitantes, sem com isso comprometer a execuo da obra ou servio.

    O Edital da Concorrncia nO34/2011, no item 6.7.2- CAPACITAO

    TCNICO-OPE,RACIONAL DA PROPONENTE, exige a apresentao de 27 (vinte e. ' ,J ~ ;

    . sete). atestados de capacitao tcnica, emitidos por pessoa jurdica de direito, . I ,

    pblico ou privado, registrados no CREA e acompanhados por Certido de Acervo

    Tcnico - CAT, que comprovem' que a proponente executou servios com

    11

  • MPFcaractersticas semelhantes s do objeto licitado, sendo que as quantidades

    mnimas especificadas deveriam ter sido prestadas .ern um nico contrato.

    Verifica-se que foram includos' itens cujos valores no so. . ' ~ i _..

    relevantes em' relao ao total, do objeto licitado, contrariando a Constituio. ~ '. '" ,

    Federal, a Lei 8.666/93 e as deliberaes do Tribunal de Contas da Unio - TCU,

    conforme demonstrado na tabela a seguir:

    Especificao Quantitativo na Obra Valor (R$) % ContratoPiso de concreto monoltico 22.928 m2 2.052.743,84 0,51%~Telhas metlicas perfil trapezoidal 27.351 m2 "3'.596.656,50 0,90%CimbramentO metlico 46.411 rrr'.x ms 5.283.427,00 1,33%Escavao material 1a categoria 148.368 rn"

    ,3.116.051,00 0;78%

    Fresagem a frio - 14.300 . 3.204.058,00 0,80%,Fornec.rlnstalao escadas rolantes 06 1.956.000,00 ,,0,49%

    A ~sserespeito, manifestou oTClJo'segujnte entendimento:

    .~'3.Veja-se que a exigncia de que fosse apresentada comprovao de habilitaotcnica par~ a execuo de rede de 69 KV se deu com inobservncia limitaoconstante do referido inciso I do 1Ddo art. 30 e revelou-se restritiva e inoportuna:restritiva, porque resultou na lnabilltao de, liCitantes; inoportuna. porque osservios.relativos rede de 69 .KV no representavam, noS contratos originais.sequer 3.8% do seu valor total." (AC-0167-28/01-Plenrio TC-006.368/2000-0 -grifo nosso) ."I

    Ainda sobre exigncia dessa rratureza, o Tribunal de Contas da

    Unio deliberou: '

    Smula n0263 /TCUPara a .comprovao da capacidade tcnico-operacional das licitantes, e desdeque limitada, simultaneamente, s parcelas de maior relevncia e valor

    .significat(vo do objeto a ser contratado, legal a exigncia (de comprovao daexecuo de 'qvantitativos mnimos em abrasou servios Com caractersticassemelhantes, devendo essa i exigncia guardar proporo com a dimenso e a

    .complexidade do objeto a ser executado.

    'Recentemente, o Acrdo nO2992/2011-Plenrio deliberou sobre otema':

    (.. .) 9.3.1. 'verifique a estrita necessidade de solicitar atestados de capacidadetcnico-operacional e profissional para comprovao de experincia dos licitantesem servios ou itens especficos da obre, limitando tais exigncias, nas situaes_

    12

  • MPForainettee, expertise na execuo ide obras similares oueoutvelemes tidas comoum todo, por desnecessne resirtocompetitlvklede do certame, em respeitoeoen. 30, 10, inciso I, da Lei 8,666/93; " I

    Alm disso, o Edital exigia que fossem apresentados atestados de- - .~

    execuo' desses servios, em um nicocontrato, em quantidades bem menores do, '

    que aqueles a serem executados na obra, diminuindo ainda mai~ a- relevncia do

    atestado e aumentando o questionamento quanto legalidade da exigncia:

    Especificao I Quantitativo-

    Exigido no AtestadoNa obra

    i Piso de concreto monoltico I 22.928m2 11.000 m2-

    Telhas metlicas perfil trapezoidal 27.351 m2 14.0QO m2 JCimbramentq metlico

    ,46.111 m3 23:000m3

    Escavao material 1a categoria 148.368m3 75:'100 rn"Fresaqem a frio ~ 14.300 7.100 rn"Fornec.zlnstlao . escadas 06 03 .' ,

    'rolantes,, -,'.

    -

    b) Proibio de formao de consrcios,embora.o objetoI -. t. .../'

    contemple a prestao de servios estranhos rea de engenharia civil: l

    O objeto da concorrnci'aa contratao. deservibs para a. "

    execuo de projeto executivo de engenharia, execuo de obras. civis, lncluindo

    terraplanaqern, pavimentao, obras. de arte especiais, .estaes e terminais de

    passageiros, obras de reurbanizao e fornecimento e montagem do sistema de,. " . \ '

    controle destinado implantao do sistema BRT. '

    Embora o objeto da licitao seja, .em sua mair parte, a execuo, I 1- . . I

    de obras de engenharia civil, h a previso, de fornecimento, instalao \e

    manuteno de sistemas de circuito fechado de TV, com instalao de cmeras e

    fornecimento de software; de rede de comunicao para gerenciamento de 'sistema. - ,de registro e fluxo de veculos; sistema de medidor de velocidade/leltor- de placas

    , ., o.

    automotivas, bem como sistema de bilhetagem de frota de nibus em sistema virio ..

    Considerando ~ natureza desses servios, ficaclaroque nenhuma empresa do ramo

    de engenharia teria .condles de atender o objeto da licitao. Mesmo assim; o

    edital probe a formao de consrcios,' permitindo, entretanto, a subcontratao

    13

  • MPFdesses servios.

    certo que admitir ou no a participao de consrcios de( \

    empresas em u~a Jicitao ~~_colhadiscricionria da Administrao Publica, mas

    , isso no significa autorizao para decises arbitrarias ou imotivadas. Nas palavras, \

    de Maral Justen Filho:

    "Admitir ou negar a participao de consrcios o resultado de um processo deavaliao da realidade do mercado em face do objeto a ser licitado e daponderao dos riscos inerentes atuao de uma pluralidade de' sujeitosassociados para-execuo do objeto. Como toda a deciso exercitada ?1T1 virtudede competncia discricionria, admite-se controle relativamente compatibilidadeentre os motivos e a realidade e no tocante adequao proporcional entre osmeios e os resultados pretendidos". (Comentrios Lei de Licitaes e ContratosAdministrativos, 13 ed. So Paulo: Dialtica, 2009, p. 471-478)

    '. . ,

    Sobre esse tema, O Tribunal de Contas .da Unio nO,Acrdo n,"299212011-Plenrio, .TC- 008.54312011-9,reI. Min. ValmirCampeJo,16.11.2011

    /

    decidiu:

    (. .:) Para a realizao de parcela de obra aeroporturia que seja tcnica ematerialmente retevente e' que, por sua especialidade, seja normalmentesubcon tra tada, deve-se proceder ao parcelamento do objeto a ser licitado ou, seisso no for vivel, deve-se ~dmitir a participao de consrcios na licitao.Na mesma representao da Secb-1, que abordou a subcontratao de serviosem obras aeroporturias, tratou-se, tambm, das parcelas de maior relevncia ede valor significativo que, efetivamente,_ justificam a exigncia de. habIlitaotcnica para sua realizao. Ao esquadrinhar esse aspecto do tema ebottiedo, orelator pugnou pela validade db comando contido no art. 126, 10, doRegulamento de Licitaes e Contratos da Infraero, segundo o qual, " 1o servedada a subcontratao: 1"":, sobre parcelas ou itens referentes qualifica,o

    .tcnica exigida para efeito de habilitao da empresa vencedora do certame;".Ressaltou, ainda, que, nessa hiptese; deve ser permitida "a formao ideconsorctos - ou, antes disso, caso seja tcnica, prtica e economicamente vivel,o parcelamento da licitao, nos termos do art. 23, 10,' da Lei 8.666/93 e daSmuia 247/2D11-TCU - para no ensejar restrio indevid ou comprometimentoquanto a garantia da experincia da futura contratada". Por-esses motivos, propsa frmulaode determinao Infraero, que foi acolhida pelo Plenrio e assumiua seguinte redao: "9.3.2.1. em razo da veeo subcontratao de serviospara os quais se solicitem atestdos de capacidade tcnica, tal qual consta do art.126; 10, do Regulamento de Licitaes e Contratos da Infraero, caso o encargo

    .eeie materialmente' relevante e; por sua, especialidade, seja normalmentesubcontratado pelas' empresas de engenharia em objeto. congnere, verifique aviabilidade do parcelamento da licito, nos termos da Smula 247- TCU, ou, setecnicamente, praticamente ou economicamente invivel, eutotizee formao deconsrcios no instrumento convocatrio, nos moldes do art. 33 da Lei 8.666/93;

    No mesmo sentido segue outra deciso do TeU:

    14

  • MPFliA aceitao de empresas em consrcio na disputa Iicitatria situa-se no mbito dopoder discricionrio da administrao contratante, conforme o art. 33,caput, da Lein 8.666/93, requerendo-se, porm, que a sua vedao seja sempre justificada."(Acrdo n? 1.678/2006, Plenrio, reI. Min. Augusto Nardes)

    I.

    o que?e percebe que a, deciso de vedar a participao deempresas' em consrcio, neste caso, no se justifica, especialmente se levado em

    contao exposto no item a seguir.

    c) Previso de subcontratao de servios ede apresentao_

    de atestados de capacidade tcnica da empresa a ser~ubcontratada;

    afrontando os termos do prprio Edital e a Lei n? 8~666/93, que' requer aapresentao d~ atestados em nome da proponente:

    No item "Documentao relativa capacitao tcnico-operacional, .

    da proponente'! (g/n) h a exigncia de apresentao de atestados de capacidade- , ,

    tcnica, que comprovem que a proponente executou',9ada um dos 27 servios

    listados, com as caractersticas e os quantitativos mnimos especificados no Edital,-

    em um nico contrato.

    , Como s~ trata, em sua maior parte, de execuo de obras civis,, "-

    apenas empresas de engenharia poderiam participar da licitao, porm essas

    'empresas no teriam" como apresentar atestados de capacidade tcnica relativos '

    aos servios de fornecimento, 'iristalao, manuteno e operao dos diferentes

    sistemas informatizados de controle anteriormente descritos. Assim, embora o edital. - . - {~ \ - '

    proibisse a participao de consrcios, foi permitido que a proponente apresentasse

    atestados de capacidade tcnica relativos a esses servios emitidos por empresas

    subcontratadas ,nominadas. -Ou seja, 'a proponente, antes' mesmo de vencera

    licitao, j teria que ter um vnculo contratual com Outra empresa para poder

    atender s exigncias do Edital.

    Para comprovar o vnculo entre a proponente e a subcontratada, foi

    exigida apenas uma carta. da" subcontratada, ,ou provvel subcontratada,

    comprometendo-se a ,garantir o fornecimento e instalao dos, sistemas, de acordo

    com as especificaes do Edital.

    15

  • / MPF.I

    Aplicam- se' aqui as determinaes da Smula 247 do Tribunal de. \ .

    Contas da Unio, anteriormente citada.

    Sobre a' possibilidade de apresentao de atestados de capacidade

    tcnica em nome da possvel subcontratada, o Tribunal Regional Federal, da 1a

    regio, noAGRAVO DE INSTRUMENTO,N2006.01.00.02735T-9/DF, manifestou-se

    contrrio a essa permissividade, segundo.o teor do voto do Ministro Relator, seguido.. . j. r'

    unanimidade pela Turma, conforme a seguir transcrito:VOTOo Sr. Desembargador Federal FAGUNDES DEDEUS (Relator):'Veja-se que, ao indeferir o pedido L/e antecipao. de tutela recursal, 'nesterecurso, utilizei as seguintesrazes, in verbis (fls. 365-366): , I"Tendo em vista que a AgraVante, ao pleitear a antecipao da tutela recursal(CPC" ert. 527,/11),busca, na prtica, a concesso de medida liminar em mandadode segurana, impe-se verificar,ha apreciao inicial desta espcie reGursa/,qeesto presentes ambos os pressupostos inscritos.no art. 7, 11,da Li1.533/51; asaber: relevncia dos fundamentos da impetrao 13 risco de ineficcia da medidacaso seja deferida ao final.Ao examinar a matria posta em juzo, no encontro, porm, a presena doprimeiro requisito legal acima referido, uma vez que, constituindo o objeto. dalicitao em causa a contratao de empresa, especializada para execuo dossetvios de integrao de tecnologia da informao, resultados e jogos - pnAmericano Rio 2007, no me parece desarrazoada a exig~ncia contida no edital,de apresentao de ao 'menos um atestado de capacidade tcnica que comproveEI experincia da licitante no tomecimento de tecnologia e servios em EventosEsportivos internacionais.

    ,Segundo dispe o ett. 37, inciso XXI, da Constituioda R':Jpblica:XXI-'(.,.), as obras,seNios, comprese alienaes sero contratados medianteprocesso de 'Iicitao pblica que assegure igua/dadede condies a todos os'concorrentes, com. clusulas qUE! estabeleam obrigaes de pagamento,.mantidas as condies efetivas da proposte, nos termos da lei, o qual somentepermitir as exigncias de qualificao tcnica econmica indispensveis. garantia do cumprimento das obrigaes. ' .Por sua vez, a Lei 8..666/93,.em seueri. 30, inciso 11e 1, impe ecomprcveeode aptido I para I desempenho tie atividade pertinente e compatvel em'caractersticas, quantidades e prazos com o objeto da licitao", o que dever ser

    ) feito "por eiestedos fornecidos por pessoes jurdicas de direito pblico e privado,devidamente regi~traqos nas entidades profissio~ais competentes".'Desse modo, as exigncias previstas rio edital do certame em comento, atinentes qualificao tcnica da empresa,participante, no se revestem'de ilegalidade ou .abusividade, uma vez que encontram respaldo tanto em norma constitucionalcomo infraconstitucionil.Por outro lado, apesar deo edital permitir a subcontratao para a prestaode servios, o faz,rJo entanto, sem isenier ou transferir as responsabilidadesda 'licitante pela. fiel execuo dos servios contratados (item 15.5). No se

    . mostra razovel, portamo, possibilitar a apresentao de atestados decapacidade tcnica referentes a empresas que podem no vir' a ser

    16"I

    f

  • MPF,sub contratadas pela licitante, tendo presente que essa subcontratao umevento futuro e incerto (item 15.5.1). Dessarte, no ~pode ia Administraoreputar qualificada uma concorrente com base na capacidade tcnica deoutrem que, a rigor, nem se sebe ao certo se vir, etetivemente.: prestarqualquer servio decorrente da licitao. 'Ante o exposto, indefiro o pedido de antecipao da tuteie recursal".Convicto nos timdementos da deciso antes transcrita, nego provimento aoagravo de instrumento.

    o meu.voto.

    questionvel, portanto, sob O ponto de vista do melhor

    atendimento do interesse pblico, a opo da Administrao PblJca, ao no admitir

    que consrcios de empresas participassem d licitao, mas, ao _mesmo tempo,

    admitir a subcontratao de servios,I

    5. Incompatibilidade entre o projeto ,de Implantao doSistema BRT pela Prefeitura e o' Projeto' Ao Metrpole, do Governo doEstado

    Alm das irregularidades no processo Iicitatrio, j apontadas acima,I' ~ .

    nose pode deixar d~.rhencionar o problema da incompatibilidade entre o projeto de

    implantao do Sistema BRT pela Prefeitura de Belm e o Projeto Ao Metrpole,- ., \ I.

    do Governo do Estado. O impasse se d, fundamentalmente, em virtude da

    superposio dos projetos no permetro da AvenidaAlmirante Barroso. -

    Durante a sesso em que foi apresentado o projeto da Prefeitura na

    -Cmara Munlclpal de Belm(CD com .udio da sesso fI. 256 do cICP), muitos" -

    vereadores levantaram essa questo, expressando preocupao e demandando,

    explicaes. O Prefeito Duciomar Costa limitou-se a dizer que o projeto do Municpio.)- ' - . I

    foielaborado de acordo com as diretrizes do Projeto Ao Metrpole, de modo que

    no haveria qualquer conflito entre eles. No' esclareceu, porm, como seria, 'superada a questo da superposio.

    r

    Preocupao semelhante levou a direo daOAB/PA promover, nodia 1ode maro de 2012, uma Audincia Pblica para debater os dois projetos,

    reunindo representantes do Estado, do Municpio e da sociedade civil, no intuito de'

    colaborar para a construo de uma proposta de consenso, com a superao dos

    17

  • MPFpontos de conflito.

    (., " ,.' . ..' .A necessidade urgente de compatibilizao entre os projets da

    . \ '.... I

    Prefeitura de Belm e d Governo do Estado se justifica em funo do avano' nas-' \ ( '. --

    aes 'atinentes concretizao de cada um deles. Se" de um lado, a Prefeiturar '

    realizou a licitao da obra, dcoutro, o Estado divulgou em seu ste oficial na'. 1_

    Intern~t a assinatura, no dia 0_9de fevereiro de 2i;2,do acordo queviabiliza o

    emprstimo je 320 milhes pela Agncia de Cooperao Internacional do Japo

    (Jica), para investimentos no projeto Ao Metrpole.

    O grande problema que tudo isso evidentemente foi fito sem queI. I -,

    houvesse uma anlise tcnica da compatibilidade'entre os projetos. Assim, certo

    que a compatibilizao ter de ser realizada em algum momento, e que eventuais'I ". '. .' ,

    mudanas no .projeto dela decorrentes podem alterar de forma significativa o vaiar

    da, obra j licitada pela Prefeitura; inclusjve ultrapassando os limites estabelecidos

    pela Lei n 8.666/93 em seu art. 65, 1, abaixo.transcrito:

    Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei podero ser alterados, com as devidas. justificativas, nos seguintes casos:

    - r'c--(...)

    '\ .'Y O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condies contratuais, osacrscimos ou supresses que se fizerem nas obras, servios ou compras,' at25% (vinte e cinco por cento) do, valor inicial atualizado do contrato, e, no caso'particular de reforma de edifcio ou de equipamento, at o limite de 50% (cinquen-ta por cento) para os seus acrscimos- -

    .Contudo, cabe lembrar que o Ministrio das Cidades .ainda no

    liberou os recursos para as. obras, assim, ainda h tempo para que sejam adotadas

    medidas no sentido conciliar os projetos da Prefeitura Municipal e do Governo do1 ., \ ." . ,

    Estado. Para tanto; porm, imprescindvel que o Ministrio das Cidades,' antes der

    liberar quaisquer recursos para O 'projeto da Prefeitura' de Belm referente

    execuo das obras de implantao do sistema de transporte BRT:"no Municpio,

    analise a compatibilidade tcnica entre o projeto apresentado pela Prefeitura de

    Belm e aquele elaborado pelo Governo do Estado do Par.

    18

    r I

  • , MPF6. Apurao de Improbidade Administrativa pelo Ministrio Pblico

    Estadual

    Em face de todas as irregularidades que 'maculam o processo

    licitatrio para execuo da obra de instalao do sistema BRT pela Prefeitura em

    Belm, cumpre esclarecer que a eventual prtica de improbidade administrativa

    pelos responsveis' est sob investigao do Ministrio Pblico Estadual.

    " Por outro lado, o Ministrio "Pblico Federal, por ora, deixa de

    analisar o aspecto da improbidade apenas em razo de, at o momento, no haver

    recursos federais efetivamente envolvidos no custeio do .empreen'diment9, ei que

    ainda nohouveliberao por parte do Ministrio das Cidades.

    Convm destacar, mais uma vez, que o fato de um jornal de grande

    circulao ter noticiado o nome da empresa vencedora antes da realizao da

    licitao; aliado sconstataes do ,Ministrio Pblico Federal no curso.do Inqurito, .

    Civil Pblico' nO 1.23.000.060067/2012-36, constituem srios elementos a ensejarresponsabilidade dos envolvidos por ato de improbidade.

    7. Da Tutela Antecipada

    A concesso de tutela antecipada no mbito de ao civil pbllca

    permitida pelo art. 12.da Lei 7.347/85, in verbis:

    Art. 12. Poder' o juiz conceder mandado liminar, com ou Sem justificao' prvia,em deciso suje,ita a agravo. .

    \.O art. 273, I, do CPC estabelece que o Juiz poder antecipar, total

    I

    ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial se houver prova. ,inequvoca da verossimilhana da alegao ( tumus bani juris) e fundado receio de

    dano irreparvel ou de difcil reparao (periculum in mora).

    Quanto ao primeiro requisito, o fumus bani juris, restou solidamente

    demonstrado nos tpicos anteriores. da presente inicial, ante as evidncias

    inontestveis de vcios na Concorrncia n? 034/2011, conduzida pela Prefeitura

    Municipal de Belm, para contratao de empresa apta 'a executar a implantao do

    \. 19

  • MPFsistema de transporte BRT no municpio.

    A srie de irregularidades comea com a publicao de 'retificaes

    ao edital da concorrncia, com modificaes capazes de alterar as propostas dos

    concorrentes, sem que fosse estabelecido novo prazo para a abertura, das

    propostas.

    Outra questo 'lmportante diz respeito origem dos recursos para a

    realizao da obra. Ao que tudo indica, eles viriam do programa 'Mobilidade Gran,des

    Cidades":" PA-2, do Ministrio das Cidades. Contudo, at o momento, o Ministrio

    no definiu se a Prefeitura ser contemplada com o dinheiro ou no. Apesar da

    , indefinio quanto aos recursos, '8 licitaoj foirealizada.

    Merecem . especial destaque os requisitos altamente restritivos

    constantes do'edital, referentes qualificao tcnica e proibio de consrcios de, , . , , . -

    empresas; que limitam injustificadamnte a competitividad do certame. A simples

    anlise desses' itens j levanta fundadas suspeitas de direcionamento da licitao....\.JO -.,-

    para uma empresa especfica. Assim, somando-se a isso a divulgao antecipada. . ~ .

    .da empresa vencedora pela imprensa local, resta pouco espa90 para .dvidas quanto

    irreqularidade do processo Iicitatrio ..

    Ademais, no se pode esquecer que o projeto de implantaodo

    BRT pela Prefeitura est em conflito' corn-o projeto-Ao Metrpole, do Estado, que

    possui abrangncia maior e j teve sua primeira fase concluda. Caso, as .

    divergncias entre ambos no' sejam sanadas, os prejuzos ao interesse pblico

    sero inevitveis.

    Quanto ao requisito do periculum in mora, ou o justificado recei de

    ineficcia do provimento final, evidencia-s ante a iminncia da deciso do Ministrio

    das Cidades sobre qual projeto receber os recursos do Programa Mobilidade

    Grandes Cidades - PAC-2. A divulgao, que estava prevista para o dia 29 de

    fevereiro de 2012, ainda no ocorreu, mas considerando que o prazo est expirado,

    a liberao dos recursos pode acontecera qualquer momento. Com isso; o, .Ministrio das Cidades, caso acolha a proposta da Prefeitura, estar d~stinando

    r,ecursos para uma obra cuja licitao est eivada de nuldade, por todos .os motivos

    20

    I .

  • j expostos.

    . .~

    Entende. portanto. o Ministrio Pblico Federal.' que 'se faz~'. I' .I

    necessria a concesso de tutela antecipada. no sentido de impedir que o MinistrioI . ,',. , . '. : "

    das Cidades libere, recursos para projeto da Prefeitura de Belm -referente

    , ~xecuo das obras' de implantao do sistema' de transporteBRT no Municpio.

    sem que antes seja realizada nova licitao, sert:! s vcios da atual. 'E. ainda., que

    ante~ de liberar quaisquer recu'rsos para a referida obra. analise a' compatibilidade

    t~nica entre o projeto apresentado pela Prefeitura de Belm e aquele elaborado

    pelo Governb do Estado do Par.',r- 1

    .."

    11I. DOS PEDIDOS,

    'Ante os fatos acima expostos; postula o Ministrio Pblico Federal:'

    a) Que seja deferid9 o pedido de'ANTECIPA'O DOS

    EFEITOS DA TUTELA IN L1MINE, INAUDITA ALTERA

    PARS, para determinar Unio, por m~io do Ministrio das

    . Cidades, que no 'libere recursos para o projeto da, , .

    Prefeitura de Belm referente execuo das obras .deimplantao do sistema de transporte BRT no Municpio,

    sem que antes se:ja realizada nova Iicit~O~sem~os vcios

    da atual. E, ainda, que antes de liberarquaisquer recursos -

    para a referida obra, .anallse a compatibilidade tcnica entre

    o 'projeto apresentado pela Prefeitura de Belm e aquele~ ' . -elaborado pelo Governo do Estado do Par;

    r '

    ~ b) O recebimento desta petio inicial e posterior citao dos

    requeridos, nos endereos indicados 'no prembulo, para,

    querendo, contestar os termos da presente ao;

    c) a manuteno-por sentena definitiva de, mrito, da liminar,

    antecipativa de tutela acima' pleiteada;

    21

  • MPF'd) que seja solicltado AGU que realize o controle de

    legalidade preventivo no curso do financiamento a ser dado, ,

    pelo rvunistrio das Cldades . e que, caso entenda

    conveniente, assuma o plo ativo da presente Ao Civil

    Pblica em conjunto com o MPF,para obstar a liberao de ' ,recursos federais em virtude das vrias ilegalidades do,

    processo licitatrio:

    e) a iseno de custas e despesas processuais, ns termos da. lei.

    Protesta pela produo de todas as provas admitidas em Direito,

    principalmente prova documental, depoimentos dos representantes legais das\

    requeridas, sob. pena de confisso, oitiva de testemunhas, realizaes de percias e. ' .

    inspees judiciais

    D-se causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 396.544.122,22,

    para efeitos fiscais.'./

    .,//'

    ;'

    Belm-PA, 06 d maro de 2012 .

    ..IIticSA~VELlNOlica

    /I

    BRUNOA~AJO SOARES VALENTE

    Procurador da Repblica

    Procurador da Repblica

    22

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    Page 12TitlesMPF caractersticas semelhantes s do objeto licitado, sendo que as quantidades Verifica-se que foram includos' itens cujos valores no so relevantes em' relao ao total, do objeto licitado, contrariando a Constituio Federal, a Lei 8.666/93 e as deliberaes do Tribunal de Contas da Unio - TCU, conforme demonstrado na tabela a seguir: " I A ~sserespeito, manifestou oTClJo'segujnte entendimento: Ainda sobre exigncia dessa rratureza, o Tribunal de Contas da Unio deliberou: ' 'Recentemente, o Acrdo nO 2992/2011-Plenrio deliberou sobre o tema':

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    Page 14Titlesde Maral Justen Filho: MPF desses servios. certo que admitir ou no a participao de consrcios de empresas em u~a Jicitao ~~_colha discricionria da Administrao Publica, mas , isso no significa autorizao para decises arbitrarias ou imotivadas. Nas palavras Sobre esse tema, O Tribunal de Contas .da Unio nO,Acrdo n," 299212011-Plenrio, . TC- 008.54312011-9, reI. Min. ValmirCampeJo,16.11.2011 decidiu: No mesmo sentido segue outra deciso do TeU:

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    Page 16TitlesMPF Contas da Unio, anteriormente citada.

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    Page 21Titles..

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    Page 22TitlesMPF' . .IIticSA~VELlNO /

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