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    FRUM DOS PRESIDENTES DOS SUPREMOS TRIBUNAIS DE JUSTIA DOS PASES E TERRITRIOS DE LNGUA PORTUGUESA

    MOAMBIQUE

    Organizao Judiciria

    NOES GERAIS

    Tribunais como rgos de soberania

    A Constituio da Repblica de Moambique de 1990 criou um quadro jurdico novo, alicerado no

    principio de separao de poderes, decorrendo desse pressuposto a elevao dos tribunais qualidade de rgos

    de soberania.Com efeito, ao colocar os tribunais ao nvel dos rgos de soberania, a constituio poltica dedica a estes

    um capitulo especial (VI) definindo os princpios gerais na seco I, o Tribunal Supremo na seco II e o

    Tribunal Administrativo na seco III.

    Apesar da Constituio dedicar um captulo a cada um daqueles tribunais, o leque de competncias do

    Tribunal Supremo reforado ao ser definido como o mais alto rgo judicial com jurisdio em todo o

    territrio nacional (n 2 do art 168) e garante da aplicao uniforme da lei (n 3 do art. 168).

    Para dissipar quaisquer dvidas a esse respeito, o legislador consagrou mais claramente essa posio na Lei

    da Organizao Judiciria (lei n 10/92, de 6 de Maio) ao referir no seu artigo 33, alinea d) que compete aoPlenrio do Tribunal Supremo em 2 instncia, "julgar em ltima instncia e em matria de direito, os recursos

    interpostos das decises proferidas nas diversas jurisdies previstas na lei".

    Temos ainda a destacar entre as atribuies do Tribunal Supremo as decorrentes do art 208 da Constituio

    da Repblica.

    Modo de organizao e funcionamento

    A Constituio da Repblica estabelece no seu artigo 167, o tipo de tribunais com existncia legal na

    Repblica de Moambique e afasta expressamente a constituio de tribunais destinados ao julgamento de certas

    categorias de crimes. Como se pode observar naquele comando, os tribunais foram escalonados atendendo sua

    especializao. O Tribunal Supremo e outros tribunais judiciais aparecem como um tipo especifico.

    A referncia do n 1 do art. 168 "Tribunal Supremo e demais tribunais estabelecidos na lei" abriu caminho

    para a criao de outros tribunais judiciais por via da lei ordinria. E de facto, a Lei da Organizao Judiciria ao

    escalonar os tribunais judiciais no seu n 1 do artigo 19, caminhando naquele mesmo sentido permite de forma

    expressa a criao de tribunais judiciais de competncia especializada (n 2 do art 19). Foram criados ao abrigo

    desta lei, o Tribunal de Policia da Cidade de Maputo, o Tribunal de Menores da Cidade de Maputo, e nas reas

    das capitais provinciais, os tribunais judiciais de cidade previstos no n 3 do citado art 19 (arts 3, 6 e 8, todos

    do Decreto n 40/93, de 31 de Dezembro).

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    FRUM DOS PRESIDENTES DOS SUPREMOS TRIBUNAIS DE JUSTIA DOS PASES E TERRITRIOS DE LNGUA PORTUGUESA

    A Lei n 18/92, de 14 de Outubro, criou os tribunais do trabalho e atribuiu competncias em matria laboral

    aos tribunais judiciais enquanto aqueles no entrem em funcionamento (vide o art 28).

    Funcionalmente ser o Presidente do Tribunal Supremo a propr ao governo a criao dos tribunais

    previstos nos ns 2 e 3 do artigo 19, enquanto a entrada em funcionamento, a organizao em seces e a entrada

    em funcionamento dessas seces competem exclusivamente ao Presidente do Tribunal Supremo que determina

    mediante simples despacho, observados os limites funcionais do n 1 do artigo 2 do Decreto n 40/93, de 31 de

    Dezembro e n 1 do art 2 do Decreto n 16/2001, de 15 de Maio.

    Autonomia dos tribunais

    mbito JurisdicionalComo rgos de soberania que so, os Tribunais visam assegurar as atribuies que o Estado se prope,

    sejam, garantir e reforar a legalidade como instrumento da estabilidade jurdica, garantir o respeito pelas leis,

    assegurar os direitos e liberdades dos cidados, assegurar os interesses jurdicos dos diferentes rgos e

    entidades com existncia legal, etc (vide o art 161 da Constituio).

    Para prosseguir aqueles objectivos com iseno e imparcialidade o legislador constituinte estabeleceu

    regrasou princpios essenciais ao exerccio da magistratura, que vo desde a irresponsabilidade do juiz no

    exerccio de funes at sua inamovibilidade.

    Fundamental e de base so as normas contidas no n 2 do artigo 167 (proibio de constituio de tribunaisespeciais), no art 163 ( a prevalncia das decises judiciais sobre as de outras autoridades) e a regra contida no

    art 162 que funciona como um limite do exerccio da magistratura e como plena garantia da liberdade de

    interpretao e da aplicao do Direito pelos magistrados.

    Dos pressupostos referidos decorre que os tribunais so independentes quer em relao aos demais poderes

    ou rgos do Estado quer na relao entre s.

    mbito administrativo

    J observamos o leque de tribunais judiciais (art 19 da Lei n 10/92, de 6 de Maio). Estes tribunais

    hierarquizam-se para efeitos de recurso das suas decises e de organizao do aparelho judicial (art 23), o que

    deixa a descoberto a existncia de uma hierarquia no apenas na rea jurisdicional, mas tambm no mbito

    organizativo.

    De facto, esta hierarquia organizativa, digamos, administrativa, segue os pressupostos do art 28 n 1, art

    48 e art 56 n 1, todos da Lei da Organizao Judiciria.

    A hierarquia administrativa manifesta-se de forma mais ampla no art 13 da Lei n 10/92, de 6 de Maio, que

    passamos a citar:

    "1. O Tribunal Supremo e os tribunais judiciais de provncia podem emitir instrues e directivas de

    carcter organizativo e metodolgico, de cumprimento obrigatrio para os tribunais de escalo inferior, a fim de

    assegurar a sua operacionalidade e a eficincia na administrao da justia".

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    FRUM DOS PRESIDENTES DOS SUPREMOS TRIBUNAIS DE JUSTIA DOS PASES E TERRITRIOS DE LNGUA PORTUGUESA

    No h hierarquia entre os tribunais e os diversos rgos do poder do Estado. O que h, isso sim, uma

    relao de complementaridade que resulta das diversas atribuies concorrentes para a satisfao das

    necessidades colectivas.

    esta relao que obriga que se observem as regras de gesto do patrimnio do Estado e se prestem contas

    ao Tribunal Administrativo, que se observem as regras de contratao do pessoal, que se d informao do

    desempenho processual ao Instituto Nacional de Estatstica, entre outras.

    rgos auxiliares da administrao da justia

    Atendendo ao pressuposto de que Moambique um Estado de Direito, o legislador constituinte dedicou

    um captulo inteiro Procuradoria Geral da Repblica (VII), importante auxiliar dos tribunais na realizao da

    justia.De entre os rgos auxiliares da administrao da justia, avultam o Instituto do Patrocnio e Assistncia

    Jurdica (Lei n 6/94, de 13 de Setembro) e a Ordem dos Advogados de Moambique, (Lei n 7/94 de 14 de

    Setembro).

    Seguem, pois, os principais diplomas que edificam a estrutura e o funcionamento do sistema judicirio de

    Moambique, seja a Constituio da Repblica, a Lei n 10/92, de 6 de Maio, o Decreto n 24/98, de 2 de Junho,

    a Resoluo n 6/CSMJ/P/95, de 20 de Novembro, a Lei n 18/92, de 14 de Outubro, o Decreto n 40/93, de 31

    de Dezembro, a O Decreto n 16/2001, de 15 de Maio, Lei n 2/93 de 24 de Junho, a Lei n 6/89, de 19 de

    Setembro, a Lei n 7/94, de 14 de Setembro, a Lei n 6/94, de 13 de Setembro, o Decreto n 8/86, de 30 deDezembro, a Lei n 10/91, de 30 de Julho, a Lei n 6/96 de 5 de Julho, e a Lei n 7/99 de 2 de Fevereiro.

    Departamento de Informao Judicial e Estatstica - TS.