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ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA MODELAÇÃO INTEGRADA PARA GESTÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA DO RIO CUIABÁ RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL NOVEMBRO DE 2001

MODELAÇÃO INTEGRADA PARA GESTÃO DA QUALIDADE … LIMA_EBN_02_t... · Aos meus orientadores, Prof. Rui Carlos Vieira da Silva e Flávio César Borba Mascarenhas, pela confiança

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ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA

MODELAÇÃO INTEGRADA PARA GESTÃO

DA QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA

DO RIO CUIABÁ

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

NOVEMBRO DE 2001

ii

MODELAGEM INTEGRADA PARA GESTÃO DA

QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA DO RIO CUIABÁ

ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS

EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Rui Carlos Vieira da Silva, Dr.

________________________________________________

Prof. Flávio César Borba Mascarenhas, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Paulo Canedo Magalhães, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Alessandra Magrini, D.Sc

________________________________________________

Prof. Geraldo Lippel Sant’Anna Jr., D.Sc

________________________________________________

Prof. Peter Zeilhofer, Dr. Rer. Silv.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

NOVEMBRO DE 2001

iii

LIMA, ELIANA BEATRIZ NUNES

RONDON

Modelagem Integrada para Gestão da

Qualidade da Água na Bacia do Rio Cuiabá

[Rio de Janeiro] 2001.

xxii, 184 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,

Engenharia Civil, 2001)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Modelagem Integrada; 2- Qualidade da

Água; 3- Fonte Pontual; 4- Ferramentas

Analíticas: Estatística Multivariadas, Séries

Temporais, Modelo QUAL2E.

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

iv

Aos meus pais.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que, durante todo o período de realização dessa tese, não deixou

que meus ânimos e as minhas esperanças se abalassem pelas dificuldades e perdas

sofridas. Pelo contrário, tudo fez para que o sofrimento se transformasse em tempo de

profundo crescimento e amadurecimento pessoal.

Agradeço, ainda:

Aos meus pais, pelo carinho e confiança que sempre me dedicaram, motivando-me

nas decisões tomadas em minha vida profissional e acadêmica;

A minha irmã que foi incansável no apoio em substituição a minha presença junto

aos meus filhos;

Ao João, meu esposo, e a meus filhos Flavinha e João Lucas pelo amor, carinho e

dedicação com que me acompanharam nessa longa jornada de trabalho;

A D. Olga e Sr Armando pelo estímulo e apoio durante essa etapa de minha vida;

Aos meus colegas do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, que me

concederam o tempo e as condições para que pudesse dedicar-me ao doutorado;

Aos técnicos dos laboratórios, funcionários, estagiários e a todos que se uniram na

realização desse projeto;

Ao Chico, que nos conduziu rio abaixo e rio acima durante as campanhas de campo;

Aos bolsistas de iniciação científica, Marizete, Alaíde, Felipe e Luis que fa zem parte

da equipe do projeto do Sistema Integrado da Bacia do rio Cuiabá.;

Ao Prof. Peter Zeilhofer e Prof. Ricardo Grau Abalo, pelas valorosas contribuições

durante todo esse período e ao Prof. João Batista Lima, por compartilhar todas as

dificuldades na operacionalização deste projeto;

Aos meus orientadores, Prof. Rui Carlos Vieira da Silva e Flávio César Borba

Mascarenhas, pela confiança em mim depositada e pelo suporte acadêmico durante todo

esse período;

A Terezinha, pela forma carinhosa com que realizou a revisão deste texto, deixando-

o inteligível e a Leiliane e Michely pela amizade e dedicação na formatação desta tese;

À Fundação de Apoio a Pesquisa Estado de Mato Grosso que deu aporte financeiro

para a implementação deste projeto.

vi

Resumo da tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

MODELAGEM INTEGRADA PARA GESTÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA NA

BACIA DO RIO CUIABÁ

Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima

Novembro/2001

Orientadores: Rui Carlos Vieira da Silva,

Flávio César Borba Mascarenhas

Programa: Engenharia Civil

Este estudo centrou-se no conhecimento da dinâmica da poluição nas águas da

bacia do rio Cuiabá, decorrente do processo de urbanização registrado ao longo das

últimas décadas. A área de estudo compreendeu um trecho de 26 km da bacia do Alto

Paraguai, denominada Baixada Cuiabana, onde encontram-se as cidades de Cuiabá e

Várzea Grande. A metodologia do trabalho consistiu na realização de coletas de campo,

em pontos distribuídos ao longo desse percurso, para determinação de variáveis físico-

químicas, bacteriológicas e hidrológicas, na utilização de informações de diversas fontes

disponíveis sobre o rio Cuiabá e seus afluentes, nesse mesmo trecho, bem como de

dados espaciais referentes ao uso e ocupação do solo da bacia. Ferramentas analíticas

como técnicas multivariadas, séries temporais, regressão, correlação e sensoriamento

remoto foram aplicadas a essa base múltipla de dados, com o objetivo de medir e avaliar

a extensão temporal e espacial dessa poluição, identificar as forças dominantes de

mudança e, ainda, prever cenários futuros. Destaca-se a capacidade de reaeração do rio,

porém observa -se que essa capacidade vem diminuindo ao longo do tempo e as

previsões levam a valores inferiores aos de um rio de Classe II. As concentrações de

cargas orgânicas, nutrientes e de coliformes vêm sofrendo incrementos decorrentes dos

esgotos domésticos. Medidas estruturais de contenção dessas cargas devem ser tomadas,

como ampliação da cobertura de esgoto tratado com unidades que permitam a remoção

de coliformes e nutrientes a níveis que atendam a Resolução CONAMA 20. As cargas

difusas merecem atenção especial, no que se refere a sua identificação e mudanças de

práticas de uso da água e manejo do solo. As ferramentas analíticas utilizadas

mostraram-se eficientes para detectar as mudanças espaciais e temporais ocorridas na

bacia e identificar os grupos das sub-bacias com características similares.

vii

Abstract of thesis presente d to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements

for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

INTEGRATED MODEL FOR THE WATER QUALITY MANAGEMENT.OF

CUIABÁ RIVER BASIN

Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima

November /2001

Advisors: Rui Carlos Vieira da Silva

Flávio César Borba Mascarenhas

Department: Civil Engineering

This study focus on the evaluation of temporal pollution dynamics in the Cuiabá

River basin, caused by urbanization processes occurring in the last decades. The study

area covers a 26 km reach of the Cuiabá river, passing the cities of Cuiabá and Várzea

Grande, suited in the “Cuiabá Lowland” of the Upper Paraguai watershed. Applied

methodology involved two years lasting field campains, in several points of the river

reach for determination of physical, chemical, biological and hydrological variables.

There were also considered measurements about the Cuiabá river and its main affluents

realized by other sources. Digital satellite imagery was used for classification of actual

land use. Dealing with a multiple database, several statistical techniques such as

correlation, regression and time series analysis were applied, in order to evaluate spatial

and temporal patterns of pollution dynamics and to identify the driving forces of water

quality problems in the watershed. Water quality modeling with QUAL2E was done to

predict future scenarios of land use. The analysis of temporal evolution of water quality

showed an intact reaeration capacity of the Cuiabá river due its physical characteristic.

Nevertheless, water quality has decreased along the observed time period and

simulations are predicting values lower than allowed by the CONAMA resolution for

rivers qualified as class II. Concentrations of organic, fecal coliforms and nutrients

loads show a significant increase in time, predominantly caused by loads of domestic

wastewater. To control and reduce impacts of domestic and industrial point sources,

investments in infrastructure of wastewater treatment are highly necessary. Diffuse

pollution seems to have a strong impact on water quality of the studied Cuiabá river

reach, making necessary to improve the diagnostic and control of these loads. Applied

analytical tools showed efficiency in the detection of temporal and spatial changes of

water quality patterns in the river basin, and also the clustering of sub-watershed.

viii

ÍNDICE DO TEXTO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 1

2. ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................... 7

2.1. Aspectos Gerais ...........................................................................................7

2.1.1. Aspectos Demográficos ........................................................................9

2.2. Aspectos Geológicos, Geomorfológicos e Vegetação..............................12

2.3. Aspectos Hidrológicos ..............................................................................13

2.4. Usos Múltiplos da Água na Bacia .............................................................15

2.4.1. Abastecimento de Água .....................................................................15

2.4.2. Irrigação .............................................................................................16

2.4.3. Geração de Energia ............................................................................17

2.4.4. Diluição de Despejo ...........................................................................21

2.4.5. Diluição de Esgotos Industriais ..........................................................26

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 28

3.1. Água: Componente Institucional...............................................................29

3.2. Água: Qualidade e Deterioração...............................................................30

3.2.1. Poluentes da Água e suas Fontes........................................................32

3.2.2. Variáveis da Qualidade da Água e Padrões Ambientais....................34

3.3. Água: Componente Integrado de Gerenciamento .....................................40

3.3.1. Análises Estatísticas ...........................................................................41

3.3.2. Sensoriamento Remoto ......................................................................44

3.3.3. Modelo Matemático Qual 2E .............................................................47

ix

3.4. Antecedentes da Qualidade da Água na Bacia do Rio Cuiabá ..................54

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 59

4.1. Fundamentação Teórica ............................................................................59

4.1. Banco de Dados .........................................................................................61

4.1.1. Campanhas de Campo........................................................................62

4.1.2. Variáveis Analisadas ..........................................................................64

4.2. Tratamento dos Dados...............................................................................65

4.2.1. Análises das Variações entre Fontes ..................................................66

4.2.2. Estatísticas Descritivas.......................................................................66

4.2.3. Teste de Hipóteses ..............................................................................67

4.2.4. Análise das Séries Temporais ............................................................68

4.2.5. Análises das Inter-relações das Categorias de Ocupação e das

Variáveis Físico - Químicas e Bacteriológicas ........................................................69

4.3. Geoprocessamento ....................................................................................72

4.3.1. Imagem e Softwares utilizados ...........................................................72

4.3.2. Processamento da Imagem.................................................................72

4.4. Operações no SIG......................................................................................74

4.5. Modelo de Qualidade da Água – QUAL-2E.............................................74

4.5.1. Formulação do Modelo QUAL2E......................................................75

4.5.2. Calibração do Modelo ........................................................................75

4.5.3. Coefic ientes de Qualidade da Água ...................................................76

4.5.4. Cargas Domésticas e Vazões Efluentes .............................................76

x

4.5.5. Discretização do Trecho do Rio .........................................................76

5. RESULTADOS............................................................................................. 82

5.1. Comparação Entre as Fontes.....................................................................82

5.2. Estatísticas Exploratórias ..........................................................................83

5.2.1. Temperatura do Ar .............................................................................91

5.2.2. Temperatura da Água .........................................................................91

5.2.3. pH.......................................................................................................92

5.2.4. Cor Aparente ......................................................................................92

5.2.5. Oxigênio Dissolvido - OD..................................................................92

5.2.6. Demanda Química de Oxigênio - DQO .............................................93

5.2.7. Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO ........................................93

5.2.8. Alcalinidade .......................................................................................93

5.2.9. Turbidez .............................................................................................94

5.2.10. Condutividade ..................................................................................94

5.2.11. Sólidos Suspensos Totais .................................................................94

5.2.12. Sólidos Suspensos Fixos ..................................................................95

5.2.13. Sólidos Suspensos Voláteis ..............................................................95

5.2.14. Sólidos Totais...................................................................................95

5.2.15. Sólidos Totais Fixos .........................................................................96

5.2.16. Sólidos Totais Voláteis.....................................................................96

5.2.17. Sólidos Dissolvidos Totais...............................................................96

5.2.18. Sólidos Dissolvidos Fixos ................................................................96

xi

5.2.19. Sólidos Dissolvidos Voláteis............................................................97

5.2.20. Nitrogênio Total...............................................................................97

5.2.21. Nitrogênio Amoniacal......................................................................99

5.2.22. Nitrogênio Nitrato..........................................................................100

5.2.23. Nitrogênio Nitrito...........................................................................100

5.2.24. Fósforo Total..................................................................................100

5.2.25. Transparência .................................................................................101

5.2.26. Nitrogênio Total Kjeldhal..............................................................101

5.2.27. Coliformes Totais...........................................................................101

5.2.28. Coliformes Fecais...........................................................................102

5.3. Séries Temporais.....................................................................................103

5.3.1. Temperatura da Água .......................................................................104

5.3.2. Turbidez ...........................................................................................105

5.3.3. Cor Aparente ....................................................................................107

5.3.4. pH.....................................................................................................109

5.3.5. Alcalinidade .....................................................................................110

5.3.6. Condutividade ..................................................................................112

5.2.7. Oxigênio Dissolvido.........................................................................114

5.2.8. DQO – Demanda Química do Oxigênio ..........................................116

5.2.9. DBO – Demanda Bioquímica do Oxigênio ......................................117

5.2.10. Sólidos Suspensos Totais ...............................................................119

5.2.11. NTK................................................................................................120

xii

5.2.12. Coliformes Totais ...........................................................................122

5.2.13. Coliformes Fecais...........................................................................124

5.2.14. Fósforo Total..................................................................................126

5.3. Resultados da Classificação da Imagem .................................................127

5.3. Análises da Inter-relação das Categorias de Ocupação das Sub-Bacias e

das Variáveis Físico-Químicas e Bacteriológicas ......................................................133

5.3.1. Análise de Correlação ......................................................................134

5.3.2. Análise de Regressão .......................................................................134

5.3.3. Análises de Componentes Principais - ACP ....................................135

5.3.3. Análise de Cluster ............................................................................137

5.4. Modelo QUAL2E....................................................................................142

5.6. Verificação e Validação das Hipóteses e dos Valores de Predição.........147

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 150

6.1. Evolução Espacial e Temporal da Qualidade da Água da Bacia ............150

6.1.1. Aspectos Ecológicos ........................................................................151

6.1.2 Saúde Pública ....................................................................................155

6.2. Determinação das Forças Dominantes na Alteração da Qualidade da Água

da Bacia......................................................................................................................156

6.2.1. Efeitos dos Fatores Climatológicos e Geológicos ............................156

6.2.2 Efeitos Combinados das Descargas Orgânicas e Sazonalidade ........157

6.2.3. Efeitos do Uso e Ocupação das Sub-bacias .....................................157

6.3. Cenários Múltiplos Prognosticados para a Qualidade da Água da Bacia

....................................................................................................................................158

xiii

6.4.1. Banco de Dados ................................................................................160

6.4.2. Modelos Combinados .......................................................................161

7. CONCLUSÕES........................................................................................... 165

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 169

xiv

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Caracterização da Bacia do Alto Paraguai........................................................8

Figura 2- Caracterização dos Trechos da Bacia do Rio Cuiabá. .......................................9

Figura 3 - Evolução Populacional das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato

Grosso - 1872-2000. ................................................................................................12

Figura 4 – Variação da Vazão Média na Estação do Porto (Rc8) em Cuiabá – Mato

Grosso - 1948-2000. ................................................................................................14

Figura 5 - Percentual da População Abastecida e Esgotada na Cidade de Cuiabá - Mato

Grosso - 1990 - 2000. ..............................................................................................22

Figura 6 - Localização dos Sistemas Existentes e a Serem Implementados nas Sub -

Bacias do Perímetro Urbano da Cidade de Cuiabá – Mato Grosso. ........................23

Figura 7 - Mapa de Localização das Sub - Bacias Urbanas do Rio Cuiabá, Cuiabá –

Mato Grosso com Identificação das Principais ETE’s. ...........................................25

Figura 8 - Fontes de Poluição Pontual e Difusa em Bacias Urbanas. ..............................33

Figura 9 – Fluxograma das Etapas Metodológicas Adotadas nas Análises.....................60

Figura 10 – Formulário do Banco de Dados do SIBAC para Visualização da Consulta

do Banco de Dados. .................................................................................................62

Figura 11 - Distribuição Espacial dos Pontos no Rio Cuiabá – Mato Grosso e Principais

Tributários do Perímetro Urbano – Mato Grosso - 2000. .......................................63

Figura 12 - Seqüência das Análises Estatísticas Realizadas (Teste de Hipóteses)..........67

Figura 13 - Seqüência da Análise das Séries Temporais. ................................................68

Figura 14 - Seqüência das Análises da Ocupação do Solo x Qualidade da Água. ..........69

Figura 15 - Diagrama Unifilar Demonstrando as Contribuições Pontuais dos

Lançamentos Domésticos e Industriais. ..................................................................79

xv

Figura 16 a-l - Gráficos Box - Plot das Variáveis Físico - Químicas nos Pontos Rc5 e

Rc12 Localizados a montante e a jusante do Perímetro Urbano da Cidade de

Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso - 1987-2000 .............................................86

Figura 17 a-l - Gráficos Box - Plot das Variáveis Físico-Químicas dos Pontos Rc5 e

Rc12 Localizados a montante e a jusante do Perímetro Urbano das Cidades de

Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987-2000. ...........................................98

Figura 18 a-d -Gráficos Box - Plot das Variáveis Físico-Químicas e dos Pontos Rc5 e

Rc12 Localizados a montante e a jusante do Perí metro Urbano das Cidades de

Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ............................................99

Figura 19 a-b – Variação Temporal da Temperatura da Água por Período nos Pontos

Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987 –2000. ..................104

Figura 20 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Temperatura da Água por

Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987-

2000. ......................................................................................................................105

Figura 21 a-b - Variação Temporal da Turbidez por Período nos Pontos Rc5 e Rc12,

Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ..........................................106

Figura 22 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Turbidez por Período nos

Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ........107

Figura 23 a-b - Variação Temporal da Cor por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá

e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-2000. .......................................................108

Figura 24 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Cor por Período nos Pontos

Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-2000. .....................108

Figura 25 a-b - Variação Temporal do pH por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e

Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. .........................................................109

Figura 26 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado do pH por Período nos Pontos

Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-2000. .....................110

xvi

Figura 27 a-b - Variação Temporal da Alcalinidade por Período nos Pontos Rc5 e

Rc12, Cuiabá e Várzea – Mato Grosso - 1987-2000. ............................................111

Figura 28 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Alcalinidade por Período

nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ...112

Figura 29 a-b - Variação Temporal da Condutividade por Período nos Pontos Rc5 e

Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ...............................113

Figura 30 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Condutividade por Período

nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ..114

Figura 31 a-b - Variação Temporal do OD por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá

e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ......................................................115

Figura 32 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado do OD por Período nos Pontos

Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-2000. .....................115

Figura 33 a-b- Variação Temporal da DQO por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá

e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ......................................................116

Figura 34 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da DQO por Período nos

Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ........117

Figura 35 a-b - Variação Temporal da DBO por Período nos Pontos Rc5 e Rc12,

Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ..........................................118

Figura 36 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da DBO por Período nos

Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ........118

Figura 37 a-b - Variação Temporal dos Sólidos Suspensos por Período nos Pontos Rc5 e

Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ...............................119

Figura 38 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado dos Sólidos Suspensos por

Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-

2000. ......................................................................................................................120

Figura 39 a-b - Variação Temporal do NTK por Período nos Pontos Rc5 e Rc12,

Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ..........................................121

xvii

Figura 40 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado do NTK por Período nos

Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ........121

Figura 41 a-b - Variação Temporal dos Coliformes Totais por Período nos Pontos Rc5 e

Rc12, Cuiabá e Várzea Grande - MT - 1987-2000. ...............................................122

Figura 42 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado dos Coliformes Totais por

Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-

2000. ......................................................................................................................123

Figura 43 a-b - Variação Temporal dos Coliformes Fecais por Período nos Pontos Rc5 e

Rc12, Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso - 1987-2000. .................................124

Figura 44 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado dos Coliformes Fecais por

Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-

2000. ......................................................................................................................125

Figura 45 a-b - Variação Temporal do Fósforo Total por Período nos Pontos Rc5 e

Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000. ...............................126

Figura 46 - Classificação da Imagem Landsat-5 TM, utilizando o Algoritmo de Máxima

Verossimilhança para a Bacia do Rio Cuiabá, Perímetro Urbano – Mato Grosso -

Abril 1999. .............................................................................................................128

Figura 47 -Classificação da Ima gem Landsat-5 TM, utilizando o Algoritmo de Distância

Mínima para a Bacia do Rio Cuiabá, Perímetro Urbano – Mato Grosso - Abril

1999. ......................................................................................................................128

Figura 48 - Percentuais das Categorias por Sub-Bacia da Cidade de Cuiabá e Várzea

Grande - Mato Grosso –1999. ...............................................................................132

Figura 49 – Percentual Médio por Classe de Ocupação e o NDVI Obtido nos

Municípios de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1999. ............................133

Figura 50 - Distribuição das Sub-Bacias nos Eixos das Componentes 1 e 2. ...............137

Figura 51 - Diagrama de Similaridade entre as Sub-Bacias do Perímetro Urbano do Rio

Cuiabá - Mato Grosso. ...........................................................................................138

xviii

Figura 52 - Classes de Ocupação Correspondente à Bacia do Rio Cuiabá - Perímetro

Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso. ........................141

Figura 53 – Calibração do Modelo QUAL2E dos Constituintes OD, DBO e Coliformes

Fecais para o Trecho do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá – Cuiabá – Mato Grosso

- 2000. ....................................................................................................................145

Figura 54 - Cenários dos Constituintes OD, DBO e Coliforme Fecais nos Anos de 2005

e 2010 para o Trecho do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá – Cuiabá – Mato

Grosso. ...................................................................................................................147

Figura 55 - Intervalo de Predição das Variáveis OD, DBO e Coliformes Fecais do Rio

Cuiabá para os Anos de 2001 e 2002. ....................................................................148

xix

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Evolução Populacional do Aglomerado Cuiabá e Várzea Grande – Mato

Grosso - 1872- 2000. ...............................................................................................10

Tabela 2 - Coeficientes Hidráulicos para o Trecho do Rio Cuiabá – Mato Grosso. .......75

Tabela 3 - Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Fecais, para as Sub - Bacias

do Rio Cuiabá,-Mato Grosso - Ano de 2000. ..........................................................78

Tabela 4 – Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Fecais para as Sub - Bacias

do Rio Cuiabá,-Mato Grosso - Ano de 2005. ..........................................................80

Tabela 5 – Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Fecais para as Sub - Bacias

do Rio Cuiabá,-Mato Grosso - Ano de 2010. ..........................................................80

Tabela 6 - Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Considerando Tratamento

Secundários para as Sub – Bacias do Rio Cuiabá,-Mato Grosso -Anos 2000, 2005 e

2010. ........................................................................................................................81

Tabela 7 - Resultados do Teste de Friedman e Wilconson para as Variáveis Físico –

Químicas e Bacteriológicas nos Pontos Rc5 e Rc12 Rio Cuiabá, Cuiabá – Mato

Grosso - 1987-2000 .................................................................................................83

Tabela 8 - Estatísticas Descritivas das Variáveis Físico-químicas e Bacteriológicas do

Ponto Rc5 no Período de Seca e Cheia do Rio Cuiabá - Mato Grosso– 1987 à 2000.

.................................................................................................................................84

Tabela 9 - Estatísticas Descritivas das Variáveis Físico-químicas e Bacteriológicas do

Ponto Rc12 no Período de Seca e Cheia do Rio Cuiabá –Mato Grosso– 1987 à

2000. ........................................................................................................................85

Tabela 10 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos de Cheia e Seca no Ponto Rc5 do

Rio Cuiabá - Cuiabá e Várzea Grande- ...................................................................87

Tabela 11 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos de Cheia e Seca no Ponto Rc12

do Rio Cuiabá - Cuiabá e Várzea Grande ................................................................88

xx

Tabela 12 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos no Ponto Rc5 - Cuiabá e Várzea

Grande -Mato Grosso ..............................................................................................89

Tabela 13 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos no Ponto Rc12 - Cuiabá e Várzea

Grande -Mato Grosso - ............................................................................................90

Tabela 14 - Resultados do Teste da Mediana para os Pontos Rc5 e Rc12 em Relação ao

Padrão CONAMA 20, do rio Cuiabá - Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso –

1987-2000. ...............................................................................................................91

Tabela 15 - Resultados da Curva de Tendência da Série Cronológica para o Ponto Rc5

do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá, Cuiabá – Mato Grosso – 1981- 2000. ........103

Tabela 16 - Resultados da Curva de Tendência da Série Cronológica para o Ponto Rc12

do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá – Mato Grosso – 1981-2000. ......................103

Tabela 17 - Matriz de Erro pelo Método da Classificação da Máxima Verossimilhança,

Abril 1999. .............................................................................................................129

Tabela 18 - Análise da Matriz de Erro pelo Método da Classificação da Distância

Mínima Verossimilhança. Abril 1999. ..................................................................129

Tabela 19 - Percentuais por Categoria do Uso da Terra por Sub-Bacia Urbana das

Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso. ............................................130

Tabela 20 - Resultados da Classificação da Imagem de Acordo com o Índice de

Vegetação e as Categorias de ................................................................................131

Tabela 21 - Matriz de Correlação entre as Classes de Ocupação e o NDVI e as Variavéis

Físico - Químicas e Bacteriológicas das Sub-bacias do Perímetro Urbano, Rio

Cuiabá - Mato Grosso, 1999-2000. ........................................................................134

Tabela 22 - Equações de Regressões Considerando a Porcentagem de Urbanização

como Variável Preditora para Estimar a Qualidade da Água das Sub-Bacias do

Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso. ........135

xxi

Tabela 23 - Equações de Regressões Considerando o NDVI como Variável Preditora

para Estimar a Qualidade da Água das Sub-Bacias do Perímetro Urbano das

Cidades de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso. ............................................135

Tabela 24 - Resultados das Análises de Componentes Principais para as Classes de

Ocupação, NDVI e Características Físico-Químicas e Bacteriológicas da Bacia do

Rio Cuiabá– Mato Grosso. ....................................................................................136

Tabela 25 - Histórico dos Aglomerados por Sub-bacia do Perímetro Urbano do Rio

Cuiabá - Mato Grosso – 1999-2000. ......................................................................138

Tabela 26 - Variação das Características Físico-Químicas e Bacteriológicas dos

Aglomerados Formados das Sub-Bacias do Rio Cuiabá - Perímetro Urbano - 1999

- 2000. ....................................................................................................................139

Tabela 27 - Múltiplos Cenários das Variáveis OD, DBO e Coliformes Fecais do Trecho

do Perímetro Urbano da Cidade de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso - 2000.

...............................................................................................................................144

xxii

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Características Gerais da Usina Hidroéletrica de Manso, Bacia do Rio

Cuiabá – Mato Grosso. ............................................................................................18

Quadro 2 -Evolução do Número de Economias de Água e Esgoto na Cidade de Cuiabá –

Mato Grosso - 1990-2000. .......................................................................................22

Quadro 3– Características das Principais Sub - Bacias do Rio Cuiabá no Perímetro

Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso, 2000 .................24

Quadro 4 -Cargas Produzidas por Algumas das Principais Indústrias na Bacia do Rio

Cuiabá, Cuiabá – Mato Grosso - 2000.....................................................................27

Quadro 5 - Categoria dos Maiores Poluentes por Principais Fontes. ..............................33

Quadro 6 - Alguns Parâmetros Físico-Químicos e Microbiológicos da Resolução 20 -

CONAMA................................................................................................................35

Quadro 7 - Lista dos Modelos de Qualidade de Água por Ordem Cronológica. .............49

Quadro 8 - Caracterização dos Pontos Monitorados no Rio Cuiabá –– Perímetro

Urbano, Mato Grosso - 1999-2000. .........................................................................64

Quadro 9 - Caracterização dos Pontos Afluentes ao Rio Cuiabá –- Perímetro Urbano,

Mato Grosso 1999 – 2000. .......................................................................................64

Quadro 10 - Síntese dos Métodos e Equipamentos Empregados para Análises Físico -

Químicas e Microbiológicas e Limites de Detecção. Variáveis Analisadas nas

Seções Amostradas da Bacia do Rio Cuiabá – Mato Grosso - 1998 – 2000. ..........65

1

1. INTRODUÇÃO

A água, componente integrado ao sistema global, vem sendo fortemente alterada

com as mudanças demográficas, a velocidade e a extensão da globalização e com o

desenvolvimento sócio-econômico impulsionado pelo avanço tecnológico. Esses fatores

têm sido observados pelos autores BISWAS (1999), YOFFE et al. (1999) e TAVARES

et al. (1999) como preponderantes para o aumento da demanda sobre os recursos

hídricos, refletindo na sua escassez e deterioração dos mananciais. Dessa forma, a água

passou a ser uma preocupação crescente não apenas no que se refere à quantidade

disponível, mas, principalmente, em relação à sua qualidade acarretando prejuízos e

restrições nos seus usos múltiplo s.

Os problemas relativos à qualidade da água envolvem um espectro bastante

amplo dentro das áreas de estudo hidroambiental e na determinação das potenciais

fontes de contaminação resultantes de: disposições inadequadas dos resíduos líquidos e

sólidos, de natureza doméstica e industrial; alterações provocadas por empreendimentos

para geração de energia (barragens), resfriamento de águas de termoelétricas, além das

práticas agrícolas e de criação de animais em pequenas áreas nas bacias urbanas. Todas

essas ações antropogênicas acarretam impactos que se inter-relacionam com os

processos naturais que ocorrem na bacia.

Nesse contexto, a gestão de bacias urbanas tornou-se complexa, pois envolve

toda a rede de infra-estrutura deficitária existente que se traduz em reduzidos

percentuais de cobertura de rede de esgoto e estações de tratamento inoperantes ou com

baixo desempenho operacional, bem como na disposição inadequada dos resíduos

sólidos. Porém, se a situação se agrava, em decorrência do efeito acumulativo ger ado

pelo crescimento populacional dos centros urbanos, em geral desordenado, novas

2

perspectivas surgem com a implementação da política de recursos hídricos que

introduziu importantes mudanças administrativas, de ordenamento institucional e de

gerenciamento dos recursos hídricos dentro da unidade da bacia hidrográfica.

Nunca antes na história da humanidade mudanças tão profundas tiveram registro

dentro de tão curto período de tempo, como as que vêm ocorrendo atualmente no

gerenciamento dos recursos hídricos. BISWAS (1999) alerta para a profunda revolução

no setor, muito embora alguns observadores não estejam conscientes dessa realidade. A

evolução acelerada dos novos conceitos e modelos propostos poderá excluir

completamente aqueles utilizados anteriormente.

Essas alterações têm levado não apenas a uma inovação conceitual, na qual a

água passa a ser considerada um bem econômico e finito, conforme estabelece a

legislação nacional dos recursos hídricos, mas avançam para o gerenciamento desse

recurso de forma a atender aos seus usos múltiplos, impondo, assim, a necessidade de se

buscar um novo modelo de gestão das águas.

FERRIER et al. (2001) enfatizam que, em geral, as propriedades de um sistema

hídrico tendem a refletir a combinação dos atributos geomorfológic os modificados pela

variação da influência direta e indireta dos aspectos climatológicos e da ação

antropogênica na bacia. Ressaltam que a associação entre os processos que ocorrem

dentro do compartimento terrestre da bacia hidrográfica interfere no compartimento

aquático, provocando alterações nos aspectos quantitativos e qualitativos dos corpos

d’água. Vários exemplos podem ilustrar os impactos decorrentes do processo de

urbanização nos médios e grandes centros urbanos, que resultaram na degradação e

comprometimento da qualidade das águas dos corpos receptores (TUCCI, et al.,2000,

DIAS, 2001, RODRIGUES, 2001).

Dentro desse mesmo cenário, uma das importantes contribuintes para a região do

Pantanal, a bacia do rio Cuiabá, localizada na porção central da bacia do Alto Paraguai,

denominada Baixada Cuiabana, sofreu, nas décadas de 70 e 80, um crescimento

bastante acelerado. Apesar de apresentar um declínio a partir da década de 90 até os dias

atuais, seus municípios não se estruturaram para acompanhar esse intenso processo de

urbanização, que se caracterizou por uma ocupação desordenada e heterogênea,

principalmente nas áreas periféricas das cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

3

A ocupação eminentemente urbana desses municípios resultou em um

incremento da demanda nos diversos usos das águas do rio Cuiabá e conseqüente

aumento das cargas orgânicas, de nutrientes e de coliformes gerados pelos esgotos

domésticos, bem como das contribuições de fontes difusas ligadas às atividades

agrícolas e de criações de animais nas pequenas propriedades rurais.

O rio Cuiabá tem um significado que transcende os seus usos mais nobres, como

o abastecimento público, irrigação, pesca e balneabilidade, e está intrinsecamente ligado

à cultura e à vida da população ribeirinha. FERREIRA (1999) descreve que essas

comunidades aí estão como testemunho do tempo que resulta de fases históricas

marcadas na cultura mato-grossense. Nelas as danças do cururu e siriri não são

tradições, mas sim vivências. Mugica de pintado e piraputanga assada não são pratos

típicos, mas pratos do dia a dia. As festas de santos não são folclore, mas costumes que

marcam a profunda espiritualidade desse povo. Costumes de uma gente simples e

alegre. Uma gente que se tornou, através de suas relações com o rio, guardiã do

potencial da cultura e da sabedoria do Pantaneiro.

Dessa maneira, a situação da qualidade e quantidade de suas águas tornou-se

uma preocupação constante na vida desse povo e de toda a população mato-grossense.

Vários trabalhos e estudos têm sido realizados por universidades, institutos de pesquisa,

órgãos governamentais e entidades não-governamentais, com o objetivo de avaliar a

magnitude dos impactos nos aspectos quali-quantitativos de suas águas e da

comunidade aquática do rio Cuiabá. Assim, embora exista uma grande disponibilidade

de dados, essas informações encontram-se compiladas desorganizadamente e dispersas

em diversas instituições e órgãos.

Buscando resgatar esses dados e organizá-los de forma sistematizada, está sendo

desenvolvido, por pesquisadores e professores do Departamento de Engenharia

Sanitária e Ambiental, um projeto denominado Sistema Integrado de Monitoramento

Ambiental de Gerenciamento da Bacia do Rio Cuiabá - SIBAC. Esse projeto, no qual se

encontra inserida esta tese, foi concebido para dar suporte a vários projetos de pesquisa

de doutorado desse Departamento. Em razão disso, os dados secundários e de

campanhas de campo foram encaminhados para esse banco de dados, sendo as

metodologias de análise e tratamento incorporadas ao sistema.

4

Os objetivos deste estudo definiram-se a partir do estabelecimento de algumas

hipóteses referentes ao estado da qualidade da água e à combinação de metodologias

para aplicação na base de dados disponíveis sobre a bacia. A primeira hipótese destina-

se à investigação sobre a qualidade e o processo de deterioração da água do rio Cuiabá,

ao longo dos anos, decorrentes das descargas pontuais de esgoto doméstico e industrial

lançadas nos principais tributários desse rio, no perímetro urbano das cidades de Cuiabá

e Várzea Grande. A segunda hipótese refere-se à eficácia da utilização de ferramentas

analíticas, tais como: estatísticas multivariadas, séries temporais, modelos matemáticos

e sensoriamento remoto para lidar com as complexas interações inerentes a esses

instrumentos e uma base múltipla de dados hidrológicos, climatológicos, de qualidade

da água, de uso e ocupação do solo.

A proposta básica deste estudo centra-se no objetivo geral de ampliar e

aprofundar o conhecimento da dinâmica evolutiva da poluição nas águas do rio Cuiabá,

em conseqüência da forma do seu uso. Fundamenta-se na elaboração de metodologias

para definir uma Modelagem Integrada da Qualidade da Água que constitua recurso

eficaz a ser utilizado no gerenciamento da bacia, dando subsídio: ao licenciamento de

atividades poluidoras; à outorga pelo uso da água; ao monitoramento e controle da

bacia, com base, principalmente, nos princípios de conservação da biodiversidade e da

sustentabilidade.

No Capítulo 1, esta tese faz uma abordagem sobre a complexidade da gestão de

bacias urbanas resultante do aumento da demanda dos recursos hídricos e as

implicações na escassez e qualidade das águas, agravadas, principalmente, nos centros

urbanos, pelo processo de urbanização. Introduz, ainda, os conceitos e diretrizes

definidos pela política dos recursos hídricos e as hipóteses que fundamentaram e

nortearam este estudo.

O Capítulo 2 caracteriza a área de estudo considerando os aspectos gerais,

demográficos, hidrológicos e geológicos com ênfase nos múltiplos usos de seus recursos

hídricos e nos principais impactos advindos desse uso. Contém, ainda, a descrição do

processo histórico de urbanização e da situação do saneamento na bacia, notadamente

nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande.

5

Uma revisão bibliográfica é apresentada no Capítulo 3, onde se enfatiza a

importância da água como componente global, institucional e gerencial, dentro de uma

visão integrada de gestão dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica. Além disso,

são identificadas as fontes poluidoras pontuais e difusas que têm contribuído para a

degradação dos corpos d’água e as ferramentas analíticas como: técnicas estatísticas,

modelos matemáticos e sensoriamento remoto, utilizadas para dar apoio à gestão da

qualidade da água.

A fundamentação teórica descrita no Capítulo 4 consolida-se em informações

sobre os pontos de amostragem existentes ao longo do rio Cuiabá, as variáveis

analisadas, as metodologias de análises estatísticas e tratamento dos dados espaciais e

não-espaciais. Essas informações permitem a integração e aplicação de modelos para

avaliar e prognosticar a qualidade da água da bacia.

No Capítulo 5, são vistos os resultados das análises estatísticas exploratórias, de

séries temporais e do modelo QUAL2E utilizados para avaliar e prognosticar a

qualidade das águas do rio Cuiabá, nas últimas décadas, em função do recebimento das

cargas pontuais geradas ao longo dos seus principais tributários. São também analisadas

as inter-relações entre o processo de uso e ocupação do solo e a qualidade da água dos

treze principais tributários desse trecho do rio, nesse período, a partir da aplicação de

técnicas multivariadas associadas a sensoriamento remoto.

Os resultados deste estudo, discutidos no Capítulo 6, enfatizam as implicações

do processo de urbanização na qualidade da água, levando-se em conta os aspectos

ecológicos e de saúde pública, as forças dominantes e a extensão espacial e temporal

dessa poluição. A verificação da aplicabilidade das ferramentas analíticas utilizadas

para medir, avaliar e prognos ticar cenários futuros da qualidade da água é também

enfocada neste Capítulo.

Finalmente são apresentadas as conclusões e recomendações delineadas neste

trabalho, que vão em direção à necessidade de se manter o banco de dados atualizado e

de fácil acesso aos usuários, garantindo o fluxo de informação em todas as vertentes da

sociedade. As técnicas aplicadas mostraram-se adequadas para se definir a situação

atual da qualidade da água, identificando a sazonalidade, as fontes pontuais originadas

6

dos esgotos domésticos e as cargas difusas como fatores intervenientes no processo de

deterioração das águas da bacia do rio Cuiabá.

7

2. ÁREA DE ESTUDO

O estado de Mato Grosso situa -se na região Centro-Oeste do Brasil, possui cerca

de 900.000 Km2 de extensão territorial, onde se encontra distribuída uma população

aproximada de 2.500.000 hab. (IBGE, 2000). Apresenta uma grande disponibilidade

hídrica, já que nele se localizam as principais nascentes de três grandes bacias

hidrográficas brasileiras: Amazônica, Araguaia / T ocantins e Platina.

A bacia Platina, que em Mato Grosso é denominada bacia do Alto Paraguai,

estende-se até o estado de Mato Grosso do Sul e pode ser dividida em cinco sub-bacias:

dos rios Paraguai, Cuiabá, Sã0o Lourenço / Vermelho, Itiquira / Correntes e da região

do Pantanal (ALVARENGA, 1984). A delimitação da área da Bacia do Alto Paraguai –

BAP está apresentada na Figura 1, onde se destacam seus limites físicos, a rede hídrica

dos seus principais contribuintes e a planície pantaneira, que abrange os estados de

Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

2.1. Aspectos Gerais

A bacia do rio Cuiabá, uma das mais importantes para a formação da bacia do

Alto Paraguai, apresenta uma superfície de, aproximadamente, 28.000 km2 até as

proximidades do município de Barão de Melgaço e estende-se entre os paralelos 14o

18’e 17o 00’S e 54o 40’ e 56o 55’W (CAVINATTO et al. , 1995). O rio Cuiabá, que tem

suas nascentes no município de Rosário Oeste, é inicialmente formado por dois

pequenos cursos de água, Cuiabá do Bonito e Cuiabá da Larga, que afloram entre as

serras Azuis e Cuiabá, numa altitude de 500 metros. O ponto de união desses cursos de

8

Fonte: Adaptação PCBAP (1997) Figura 1 - Caracterização da Bacia do Alto Paraguai

água é denominado Limoeiro, onde o rio passa a ser chamado de Cuiabazinho. Quando

recebe as águas do rio Manso, dobra seu volume, tendo daí em diante o nome de

Cuiabá. O rio Manso é um dos principais afluentes do rio Cuiabá e um dos contribuintes

do rio Paraguai, controlando uma área de drenagem de 9.365 km2, que representa cerca

de 40% da bacia do rio Cuiabá, na cidade do mesmo nome, e, aproximadamente, 2% da

bacia hidrográfica formadora do Pantanal (SONDOTÉCNICA, 1987).

Em função da declividade, o rio Cuiabá apresenta duas características diferentes

ao longo do seu curso. Inicialmente, comporta-se como um rio de planalto,

extremamente controlado pela estrutura geológica, o que resulta no aparecimento de

diversas corredeiras, até atingir o nível da base regional, representado pelo Pantanal

Mato-grossense. Nessa condição, sua velocidade e dinâmica modificam-se, com

variações de altimetria entre 150-160 metros, apresentando, então, características de um

rio de planície, notadamente a partir da cidade de Santo Antônio do Leverger, onde as

declividades passam a variar entre 10,2 cm/km e 5,6 cm/km, até a sua confluência com

o rio Paraguai (TEIXEIRA, 1997). No percurso de 828 km, desde a sua nascente até a

cidade de Barão de Melgaço, tem como principais afluentes os seguintes rios: Coxipó,

Aricá-Mirim, Itiquira, entre outros.

9

A bacia do rio Cuiabá é constituída por três regiões geomorfológicas, com

características bióticas e abióticas definidas e próprias, que correspondem às áreas de

planalto e serras circunvizinhas, à Baixada Cuiabana e à planície do Pantanal, conforme

apresentado na Figura 2. CAVINATTO et al. (1995) subdividem a bacia do Cuiabá em

alta e média e consideram o Pantanal como uma região à parte. Para GODOY FILHO

(1986), o Pantanal situa -se abaixo das cotas de 200m e pode ser considerado uma

paisagem recente do ponto de vista geológico, resultante dos processos de surgimento

da Cadeia Andina que proporcionaram a individualização da bacia sedimentar do

Pantanal.

Fonte: SIBAC (2000)

Figura 2- Caracterização dos Trechos da Bacia do Rio Cuiabá.

Conhecer a dinâmica da ocupação das terras altas dessa bacia constitui um

elemento essencial para garantir a preservação da região, já que os sedimentos das

porções mais elevadas trazidos, pelos rios da bacia do Alto Paraguai, vêm preenchendo-

a ao longo do tempo.

2.1.1. Aspectos Demográficos

A população da bacia do rio Cuiabá, considerando os municípios: Acorizal,

Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Jangada, Nossa Senhora do

Livramento, Nova Brasilândia , Planalto da Serra, Rosário Oeste, Santo Antônio do

10

Leverger e Várzea Grande, é de 723.599 habitantes, distribuídos em uma área de

28.732,73 km2, dos quais 722.348 estão na área urbana e 51.246 na área rural (IBGE,

2000).

Sua ocupação é eminentemente urbana, com apenas 7% residindo na zona rural,

sendo que a maior concentração ocorre no trecho médio da bacia onde se localizam as

cidades de Cuiabá e Várzea Grande, pólo mais densamente ocupado e industrializado

(PCBAP, 1997). Esses municípios, de acordo com o IBGE (2000), representam 35% da

população de todo o estado de Mato Grosso e constituem também as áreas de maior

adensamento populacional, com 121,65 hab./km2 e 211,28 hab./km2, respectivamente.

As evoluções populacionais dessas duas cidades, no período de 1872 a 2000,

podem ser observadas na Tabela 1, onde verifica-se um acentuado crescimento a partir

da década de 70, com taxas superiores a 9% na década de 80, e um declínio ao longo

dos anos da década de 90 (IPDU, 2000).

Similar ao observado nesses municípios, o modelo de desenvolvimento urbano

no país apresenta 80% da população residindo em áreas urbanas, podendo atingir 90%

nos maiores centros. TUCCI (2000) comenta que, devido a essa grande concentração

urbana, vários conflitos e problemas têm sido gerados nesse ambiente, tais como:

degradação e assoreamento dos mananciais; aumento de riscos das áreas de

abastecimento com a poluição orgânica e química; contaminação dos rios por esgotos

doméstico, industrial e pluvial; gerenciamento inadequado da drenagem urbana e falta

da coleta e disposição do lixo urbano. Esses problemas, por sua vez, resultam em

prejuízos econômicos e forte degradação da qualidade de vida, com retorno de doenças

de veiculação hídrica.

Tabela 1- Evolução Populacional do Aglomerado Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1872- 2000.

Cuiabá Várzea Grande Aglomerado Ano

População i % a.a População i % a.a População i % a.a 1872 (1) 35.987 - - - 35.987 - 1890 (1) 17.815 -3,83 - - 17.815 -3,83 1900 (1) 34.393 6,80 - - 34.393 6,80 1920 (1) 33.678 -0,10 - - 33.678 -0,10 1940 (1) 54.394 2,43 - - 54.394 2,43 1950 (2) 56.204 0,33 5.503 - 61.707 1,27 1960 (1) 57.860 0,29 11.044 7,21 68.904 1,11 1970 (3 ) 100.865 5,71 18.146 5,09 119.011 5,62 1980 (4) 212.984 7,76 76.676 15,50 289.660 9,30 1990 (6) 380.140 5,96 151.314 7,03 531.454 6,23

11

1991 (5) 402.813 5,96 161.958 7,03 564.771 6,23 1996 (7) 433.355 1,47 193.401 3,61 626.756 2,10 1997 (8) 440.969 1,76 201.241 4,05 642.210 2,47 1998 (8) 447.390 1,46 207.846 3,28 655.236 2,03 1999 (8) 453.813 1,44 214.435 3,17 668.248 1,99 2000 (8) 483.044 1,44 215.276 3,17 681.580 1,99

Fonte: (1) Censo Demográfico: Sinopse Preliminar, VII Recenseamento Geral do Brasil – 1960/IBGE, (2) Censo Demográfico do Estado de Mato Grosso, VI Recenseamento Geral do Brasil – 1950/IBGE,(3) Sinopse Preliminar do Censo Demográfico de Mato Grosso, VIII Recenseamento Geral do Brasil – 1970/IBGE,(4) Censo Demográfico – Dados Distritais – Mato Grosso IX Recenseamento Geral do Brasil – 1980/IBGE,(5) Censo Demográfico – 1991/MT Resultados do Universo Relativos às Características da População e dos Domicílios - IBGE ,(6) Estimativa IPDU/DPI com base nos Censos Demográficos de 1980 e 1991,(7) Contagem da População, 1996 – IBGE/MT(8) Estimativa IBGE

Na Figura 3, visualizam-se as curvas de crescimento desse aglomerado para

melhor entendimento do processo de urbanização desencadeado ao longo desses anos,

caracterizado, basicamente, por um crescimento desordenado e uma ocupação

heterogênea das áreas periféricas. Sem um planejamento urbano, esses municípios não

puderam atender à demanda, proliferando, sobremaneira, as invasões que resultaram em

ocupações de áreas de risco, degradação do solo e dos recursos hídricos.

COY (1994) observa que o fator mais significativo para o desenvolvimento

urbano de Cuiabá, nos anos 80, foi a expansão descontrolada da periferia urbana, com a

multiplicação de bairros marginais e favelas por invasão e ocupação de terrenos não

utilizados. O autor identifica, ainda, outros aspectos no processo de modernização

urbana do aglomerado Cuiabá / Várzea Grande a nível espacial: expansão rápida e

descontrolada das áreas residenciais e comerciais; verticalização e transformação das

formas tradicionais de moradia e crescente segregação social entre os bem-sucedidos e

os marginalizados, com a conseqüente fragmentação do espaço social.

12

Figura 3 - Evolução Populacional das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1872-2000.

TUCCI (2000) enfatiza que a tendência urbana atual é de redução do

crescimento das metrópoles e aumento das cidades médias. Nesse sentido, os impactos

tenderiam a se disseminar para esse tipo de cidade que ainda não atingiu o estágio de

degradação das metrópoles, havendo ainda espaço para prevenção. Apesar do quadro

atual dos impactos já gerados nesses municípios, medidas de prevenção e mitigadoras

podem ser adotadas de forma a garantir a sustentabilidade ambiental dessas cidades.

2.2. Aspectos Geológicos, Geomorfológicos e Vegetação

As áreas do planalto abrangem os municípios de Nobres, Rosário Oeste, Nova

Brasilândia, Campo Verde, Acorizal, Jangada e Chapada dos Guimarães e caracterizam-

se por apresentarem uma vegetação do tipo cerrado. Essa área, drenada pelo alto curso

do rio Cuiabá, está inserida no contexto regional da Província Serrana, do Planalto dos

Guimarães Alcantilados e da Depressão do Alto Paraguai-Paranatinga

(RADAMBRASIL, 1982). Apresenta domínio de relevo movimentado e formações

geológicas areníticas, sendo mais suscetível ao desenvolvimento da erosão. Ligando as

porções do relevo movimentado e as porções do relevo mais rebaixado (Pantanal), a

bacia do Cuiabá é ocupada por uma extensa superfície aplainada com baixas altitudes

(450 a 200 m), conhecida por Depressão ou Baixada Cuiabana (SALOMÃO, 1999).

A Baixada Cuiabana abrange os municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa

Senhora do Livramento e Santo Antônio do Leverger, compreendendo uma área de

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

1872

1890

1900

1920

1940

1950

1960

1970

1980

1990

1991

1996

1997

1998

1999

2000

anos

popu

laçã

o

Cuiabá V. Grande Aglomerado

13

depressão que fica entre as partes mais altas do planalto e o início da planície inundável.

Nessa região, o Grupo Cuiabá, denominação usada para classificação geológica dessa

área (SALOMÃO, 1999), caracteriza-se por uma seqüência predominante de filitos com

intercalações de quartzitos, metagrauvacas, metarenitos, metaparaconglomerados, com

raras ocorrências de metacalcários e filitos calcíferos. Esse mesmo autor salienta que

com exceção dos metarenitos, essas rochas são muito resistentes a alterações e

conseqüente desenvolvimento de solos. Assim, os solos apresentam-se muitos rasos e

geralmente cobertos por uma camada endurecida de canga laterítica (material maciço ou

fragmentado, constituído por óxido de ferro cimentando grãos de areia ou quartzo). O

autor conclui que o relevo pouco movimentado, praticamente plano da Depressão

Cuiabana, aliado aos solos rasos e à presença de canga laterítica, dificulta a erosão do

tipo ravina e voçoroca, mas favorece a erosão do tipo laminar.

Regionalmente, o cinturão de Dobramentos Paraguai-Araguaia evolui no

Proterozóico Superior / Cambriano (Ciclo Brasiliano, de 800 a 560 milhões de anos), às

margens do Cráton Amazônico, entidade geotectônica estabilizada no Proterozóico

Médio, ao término do Ciclo Sunsas / Aguapeí (em torno de 900 milhões de anos),

(MIGLIORINI, 1999).

Já na baixada Cuiabana, na região de Cuiabá e Várzea Grande, o autor divide o

Grupo Cuiabá no mapa geológico (1: 250.000) em formação Miguel Sutil e Rio Coxipó.

A primeira caracteriza-se por apresentar litofácies pelíticas com laminação plano

paralela (filitos de cor cinza-esverdeada a marrom-vermelhada, normalmente

sericíticos) e litofácies argilo-areno-conglomeráticas (metaconglomerados oligomíticos,

arenitos quartzos na base e no topo e metasiltitos). Na Formação do Rio Coxipó,

encontram-se metadiamictitos com matriz argilosa e arenosa.

2.3. Aspectos Hidrológicos

Os aspectos climatológicos na BAP caracterizam-se pelas oscilações que

ocorrem nas variáveis hidrológicas e outras grandezas meteorológicas. Entre essas

grandezas, destacam-se: precipitação anual entre 800 e 1600 mm, com as máximas

precipitações ocorrendo na cabeceira; evapotranspiração potencial média anual entre

3,6mm/dia e 4,3mm/dia; temperatura média de 22 a 25°C; temperatura mínima média

14

anual entre 17 e 20°C e temperatura máxima média anual entre 29 e 32°C (MUSIS,

1997).

Fonte: SIBAC (2000)

Figura 4 – Variação da Vazão Média na Estação do Porto (Rc8) em Cuiabá – Mato Grosso - 1948-2000.

Na região de estudo, correspondente ao trecho urbano das cidades de Cuiabá e

Várzea Grande, denominado de Baixada Cuiabana, o clima predominante é do tipo

quente tropical semi-úmido, com temperatura média anual de 26oC, ocorrendo as

máximas médias diárias em torno de 36oC, em setembro, e as mínimas de 15oC, em

julho. A temperatura é mais intensa de setembro a novembro. A precipitação média

anual chega a valores de 1342 mm/ano, de acordo com a série temporal medida entre

1989-2000 (INMET, 2000). A bacia apresenta uma sazonalidade marcada por dois

períodos bem distintos: estiagem, maio a outubro, e cheia, novembr o a abril.

As variações de vazão do rio Cuiabá nos seus diversos trechos e de seus

principais tributários oscilam em função da sazonalidade aí registrada. Na Figura 4,

podem ser observados os valores médios mensais da vazão na Estação Porto, em

Cuiabá, nos anos de 1948 a 1998 e em 1999 e 2000. Nos meses de maior intensidade de

chuva, janeiro, fevereiro e março, registra-se uma vazão de 480 a 1000 m3/s, variação

que vai decrescendo a partir dos meses de abril e maio até atingir níveis críticos, abaixo

de 100m3/s, nos meses de agosto e setembro.

Vazões Médias do Rio Cuiabá em Cuiabá (Porto)

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

5 0 0

6 0 0

7 0 0

8 0 0

9 0 0

1 0 0 0

1 1 0 0

J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l A g o S e t O u t N o v D e z

Va

zão

(m

3/s

)

1 9 9 9

2 0 0 0

M é d i a 1 9 4 8 - 9 8

15

Verificou-se, ainda, que com a implantação da usina hidroéletrica de Manso -

UHM, as vazões na Estação Porto decresceram quando comparadas com as médias dos

anos de 1948 a 1998 e de 1999. Isto ocorreu em virtude do fechamento das comportas

da usina para enchimento do reservatório, resultando na retenção das águas do rio

Manso, um dos principais tributários do rio Cuiabá, como mencionado anteriormente.

2.4. Usos Múltiplos da Água na Bacia

Em geral, o uso da água define-se no Brasil e em outros países em

desenvolvimento, pelo consumo de 70% na agricultura e pecuária, para irrigação de

cultivos agrícolas e dessedentação de animais, 8% para o abastecimento doméstico e

22% para abastecimento industrial (MACEDO, 2001). Os usos preponderantes da água

da bacia do rio Cuiabá são destinados ao abastecimento público e rural, à irrigação,

geração de energia e diluição de efluentes industriais e domésticos. Alguns desses usos

resultam em impactos sobre os demais e, neste estudo, serão observados os mais

representativos, enfatizando-se principalmente o papel que esse rio tem desempenhado

na diluição das cargas de efluentes domésticos e industriais.

2.4.1. Abastecimento de Água

O rio Cuiabá e seus principais tributários respondem por 69,3% do total da água

destinada ao abastecimento público na bacia, o que representa uma adução de 1.406,8

l/s, sendo 30,7% retirados de poços, além de suprir a zona rural, o que ocorre de forma

difusa ao longo de todo o rio, atendendo a fazendas, sítios, entre outros (TEIXEIRA,

1997). Nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande, este manancial atende um percentual

ainda maior, 95% e 82%, respectivamente, do abastecimento desses municípios

(ENGEPOLI, 1999) o que reforça, ainda mais, a importância e a necessidade de se

garantir o uso sustentável desse recurso.

A Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso - SANEMAT foi,

durante três décadas, a concessionária responsável pelo gerenciamento dos sistemas de

abastecimento e esgotamento do Estado. Porém, com o processo de modernização dos

serviços de saneamento, esses sistemas passaram para a gestão municipal, ficando ainda

vinte remanescentes sob a responsabilidade dessa Empresa. Embora o Decreto-lei n. º

16

7.358, de 13/12/2000, que autoriza a sua extinção, já esteja em vigor, esses sistemas não

foram repassados ao município, devido às dificuldades operacionais e tarifárias

apresentadas pelos mesmos.

TEIXEIRA & LIMA (2000) apontam que o processo de municipalização

desencadeado em Mato Grosso causa preocupação quanto aos novos rumos de gestão

desses sistemas. O Estado, ao repassar o papel de operador e não assumir concretamente

o de regulador, deixa uma lacuna, já que os operadores (municípios / iniciativa privada)

não contam com diretrizes, indicadores e padrões a serem cumpridos pelos seus

sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário. Esse vazio pode apresentar, já em

curto espaço de tempo, implicações que refletirão na qualidade da água tratada e no

aumento de esgoto não tratado, interferindo diretamente na saúde pública, através da

disseminação de doenças de veiculação hídrica e no comprometimento da qualidade das

águas dos mananciais superficiais.

2.4.2. Irrigação

A bacia do rio Cuiabá, de acordo com o PCBAP (1997), apresenta 88% de sua

área total composta por vegetação natural e 12% de áreas antropizadas. Desse último

percentual, 87% são ocupadas com pastagem plantada com subdominância de

policultura, onde predomina o desenvolvimento da pecuária extensiva, principalmente

nos municípios de Cuiabá, Santo Antônio do Leverger, Acorizal, Rosário Oeste, Nobres

e Chapada dos Guimarães, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço e Poconé.

As policulturas, também presentes, abrangem inúmeras culturas, tais como: milho,

arroz, feijão, algodão, hortaliças, frutas regiona is, entre outras, exploradas em pequenas

áreas distribuídas pela bacia. Apenas 9% de sua área destinam-se à plantação de soja e

milho que se desenvolvem, predominantemente, nas áreas de nascentes dos rios Casca,

Roncador e Manso. Estima-se que cerca de 504 ha são irrigados, o que representa uma

estimativa de consumo de 6.840 litros/h.ha, (PCBAP, 1997). Além do desenvolvimento

dessas atividades, ocorre, ainda, na região de Nobres, a exploração de diamante e de

calcário.

Na Baixada Cuiabana, notadamente nas sub-bacias localizadas dentro do

perímetro urbano das cidades de Cuiabá e Várzea Grande, desenvolvem-se,

17

basicamente, a criação de animais em pequenas chácaras e a agricultura de subsistência

para plantio de mandioca, milho e hortaliça.

2.4.3. Geração de Energia

Apesar de seu grande potencial energético, apenas 17.94% da energia requerida

pela demanda do Estado provêm de usinas hidroelétricas, 0.12% de térmicas e 81.94%

de compras, ficando, assim, a matriz energética dependente da energia importada da

região sudeste (CEMAT, 1997). O aproveitamento hidroenergético na bacia em questão

ocorre através das usinas Casca II e Casca III, que geram 3,5 MW e 11,9 MW,

respectivamente. A bacia conta, ainda, com a hidroelétrica do Manso que se encontra

em fase inicial de funcionamento, gerando apenas 15% da sua capacidade total, de 220

MW. Além dessas, está se implantando uma usina termoelétrica com capacidade final

de 450 MW. Atualmente, esta usina está gerando apenas 15% do seu potencial, tendo

como combustível o gás na tural proveniente da Bolívia, já que, nessa fase inicial, as

obras do gasoduto não se concluíram e a operação está ocorrendo a partir da queima de

óleo diesel. A configuração do sistema da termoelétrica será de 2 x 1, ou seja, duas

turbinas a gás de, aproximadamente, 150 MW cada, às quais se acopla uma turbina a

vapor de cerca de 150 MW (RIMA, 1997).

2.4.3.1. Antecedentes da UHE de Manso

A implantação da usina de Manso, planejada no final da década de 70, com a

função de regular as cheias ocorridas na região, que afetavam periodicamente as cidades

de Nobres, Rosário Oeste, Acorizal e, principalmente, Cuiabá, foi remodelada com o

objetivo de gerar energia e garantir o aproveitamento múltiplo com incremento nas

atividades irrigação, turismo, pesca e lazer.

Iniciada no final dos anos 80 e paralisada em seguida, assim permaneceu por

cerca de uma década, por falta de recursos, até ser incluída no Programa "Avança

Brasil", que destinou verbas do Ministério do Meio Ambiente para a sua conclusão.

Dessa forma, a usina passou à responsabilidade de Furnas e um consórcio de

empreiteiras privadas, em substituição à Eletronorte, sendo as obras reiniciadas em

meados de 98.

18

A implantação dessa usina foi marcada por interrupções e polêmicos

questionamentos entre comunidade científica, organizações não-governamentais,

associações dos pescadores e toda a população a respeito de sua concepção, viabilidade,

e impactos ambientais gerados.

2.4.3.2. Características do Empreendimento

O arranjo concebido para a usina hidroelétrica de Manso - UHE de Manso

compreende uma barragem principal de terra e enrocamento, com 3660m de extensão e

altura máxima de 72m, em cujo corpo, separados por um muro do tipo gravidade, está o

vertedouro principal de superfície, controlado por três comportas de segmento e tomada

d’água do tipo gravidade, que promoverá a captação e a adução da água, através de

quatro condutos forçados até as unidades de geração.

O reservatório a ser tomado pelo barramento, com um volume de 7,4 bilhões de

m3 e uma área total de 387 km² para o nível máximo normal de operação, cota 287,00

m, ocupará cerca de 263 km² do município de Chapada dos Guimarães, 58 km2 de Nova

Brasilândia e 66 km² de Cuiabá e se estenderá a partir do local de barramento, por cerca

de 50 km, a leste e sudeste, em direção às nascentes dos rios Manso e Casca. Até cerca

de 30 km do local da barragem, na direção desses rios, o reservatório será mais amplo,

com largura média de 4,5 km. Ainda nesse trecho, nas imediações da confluência dos

rios Casca/Quilombo e Palme iras /Manso, atingirá larguras da ordem de 15 km e 9km,

respectivamente. A montante desse trecho, as faixas são mais estreitas, com larguras

inferiores a 2,5 km. No Quadro 1 são apresentadas essas características gerais e níveis

da barragem.

Quadro 1 - Características Gerais da Usina Hidroéletrica de Manso, Bacia do Rio Cuiabá – Mato Grosso.

Comprimento total da barragem 3660 m Área Inundada 427 km² Queda líquida 57,5 m Potência Instalada 210 MW Concreto 205.000 m³ Escavação Comum 740.000 m³ Escavação em Rocha 1060.000 m³ Maciços de Enroncamento 1220.000 m³ Maciços de random 3000.000 m³ Filtros e transições 280.000 m³ Ensecadeiras 370.000 m³ Vazão turbinada 4x 105 máxima) 420,0 m³/s

19

Vazão de vertedouro 3200 m³/s Vazão regularizada 135.0 m³/s Diâmetro da tubulação 5.200 mm Velocidade de escoamento no conduto 4,94 m/s BARRAGEM N.A. mínimo normal 278,0 m N.A máximo máxima 289,8 m N.A máximo normal 287,0 m Cota de Coroamento 291,0 Cota da Soleira TD 264,9 m Cota da Soleira vertedouro 276.25 m Volume útil 2.951 x 106 m³ Volume Acumulado 7.3x 109 m³ Comprimento máx da reserva máx. Normal 55,0 km

Fonte: FURNAS, 2000

2.4.3.3. Impactos Ambientais

Os impactos ambientais decorrentes da implantação da UHE - Manso causaram

modificações que foram rapidamente observadas a partir do fechamento da barragem

(novembro de 1999), onde as águas do rio Manso passaram a ser retidas, alterando,

assim, a vazão em todo o trecho a jusante, provocando condições desfavoráveis à

sobrevivência de inúmeros cardumes. ESTEVES (1988) aponta que as conseqüências

das alterações no regime hidrológico, a jusante, tanto podem ser observadas logo após o

fechamento da represa, como também muitos anos após, devido à alteração dos períodos

sazonais, já que após a implantação da usina, o rio passa a ter uma vazão regularizada.

MARGULIS (1996) pondera que a geração de energia hidroelétrica acarreta

impactos significativos sobre o meio ambiente, cuja dinâmica espaço-temporal de

propagação se manifesta tanto na área do lago artificial, como no rio a jusante da

represa. Em ambos os casos, esses impactos atingem os meios físico, biótico, social e

econômico com uma propagação a curto, médio e longo prazo.

O Relatório de Impacto da Usina Hidroelétrica de Manso prevê que os impactos

por ela causados, desde o início das obras até o enchimento do reservatório, em

dezembro de 2000, causarão modificações significativas ao meio ambiente em toda a

área inundada. Os animais serão capturados e levados para outras áreas, ma s um grande

número não sobreviverá, por vários fatores, como a não-captura, e pela modificação de

seu habitat natural. Outros impactos significativos são: a desapropriação da população

moradora a montante da barragem; desmatamento das áreas verdes e desapa recimento

de sítios arqueológicos existentes na área. No fechamento das comportas da usina, o rio

20

Manso terá suas características alteradas drasticamente, principalmente a jusante, onde a

sua vazão será diminuída para o enchimento do reservatório.

Apesar de FURNAS desenvolver vários programas ambientais tais como:

Climatológico, Sismológico, Recursos Minerais; do Lençol Freático, Hidrológico,

Limnológico e da Qualidade da Água e da Icitiofauna, a Empresa, diante das intensas

críticas, manteve restrição na divulgação das informações e dados gerados por esses

programas, que tinham como objetivo de acompanhar e minimizar esses impactos.

ESTEVES (1988) enfatiza ainda que a construção de represas sobre áreas

florestadas, a exemplo do que ocorreu no reservatório de Manso, tem gerado condições

peculiares quanto à concentração e distribuição de oxigênio nesses ambientes. Nessas

represas, a fitomassa inundada, ao se decompor, consome grande parte do oxigênio

dissolvido, gerando altos deficits, especialmente no hipolímnio. Os primeiros anos após

a inundação correspondem ao período de maior déficit de oxigênio. Assim, não

raramente, toda a coluna d’água pode tornar-se desoxigenada, fator que independe dos

ciclos de estiagem e chuvas e também do padrão de estratificação térmica do

ecossistema.

Essa fase ocorreu de forma tão intensa na região de Manso que as comunidades

ribeirinhas, aliadas a Organizações Não-Governamentais e à Associação dos

Pescadores, protestaram e entraram com uma ação civil para impedir a continuidade da

obra. Alegaram que a água a jusante e a montante da barragem também apresentava

péssima qualidade e um forte cheiro proveniente desse processo de decomposição,

provocando doenças de pele e afugentado os cardumes, tirando-lhes, assim, a principal

fonte de alimento e a única alternativa de renda. Embora o volume de água no rio tenha

ficado bastante reduzido e a pesca difícil, no último dia 29 de junho, a procissão fluvial

de São Pedro não foi cancelada para se manter a tradição, sendo o peixe servido aos

devotos doado por criadores, donos de tanques (MIDIANEWS, 2000).

Além dos problemas relacionados com a qualidade das águas, outros foram

constatados, tais como: restrições nas divulgação das análises químicas de qualidade da

água realizadas por um laborató rio particular localizado no Rio de Janeiro; programa de

educação ambiental em regiões fora da área de alagamento da usina; assentamento das

famílias desalojadas em áreas de solo extremamente ácido, impróprio para a agricultura

21

de subsistência; a coleta de animais silvestres realizada de forma precária, resultando na

morte de muitos animais e transferência das peças arqueológicas para o acervo de uma

instituição particular de outro estado (MIDIANEWS, 2000).

Ambientalistas reclamam, ainda, que desde o fechamento da barragem, em

novembro de 1999, para acelerar a formação do lago, a estatal FURNAS vem retendo o

máximo de água e que, desde então, por 11 vezes, o nível do rio Cuiabá ficou abaixo da

quota zero, inclusive no período chuvoso. Alertam, sobretudo, que a "regularização" das

cheias do rio Cuiabá vai “regularizar" também as cheias no Pantanal, vitais para a

preservação daquele frágil ecossistema que só existe em razão do livre e natural fluxo e

defluxo das águas.

2.4.4. Diluição de Despejo

O rio Cuiabá tem sido largamente utilizado para a diluição dos efluentes

domésticos gerados nas sub-bacias urbanas, principalmente nas que apresentam maiores

concentrações populacionais. Nelas são diretamente lançados esgotos domésticos,

resíduos sólidos in natura, além da parcela proveniente dos efluentes industriais. O

Quadro 2 apresenta a evolução, no período de 1990 a 2000, dos incrementos realizados

nos sistemas de abastecimento de água e esgoto da cidade de Cuiabá, onde a cobertura

de rede de esgoto dessa cidade e de Várzea Grande atinge 38% e 16 % da população,

respectivamente. Na Figura 5 observa -se a lacuna existente entre o percentual de

população atendida com o sistema de abastecimento de água e de coleta de esgoto na

cidade de Cuiabá.

22

Quadro 2 -Evolução do Número de Economias de Água e Esgoto na Cidade de Cuiabá – Mato Grosso - 1990-2000.

Ano População (Hab) (1)

NoEconomias Faturadas de Água (2)

População Atendida Água

População Atendida com Esgoto

No Economias Faturadas de Esgoto (2)

População Atendida Com Esgoto

1990 389.071 89.314 359.935 119.393 29.626 119.393 1991 402.812 93.936 378.562 126.739 31.449 126.739 1992 419.783 102.567 413.345 125.970 31.258 125.970 1993 435.514 105.888 426.729 133.002 33.003 133.002 1994 450.563 108.331 436.574 135.497 33.622 135.497 1995 465.107 115.719 451.154 178.537 44.302 178.537 1996 433.355 117.930 420.354 183.147 45.854 183.147 1997 440.969 127.389 427.740 183.228 45.446 183.228 1998 453.448 131.099 439.845 182.962 45.400 182.962 1999 466.281 135.190 452.293 186.963 46.393 186.963 2000 482.498 136.513 468.023 186.423 46.259 186.423 Fonte : (1) IBGE no de pessoas por domicílio=4,03 (1998), (2) SANEMAT/Agência de Saneamento da cidade de Cuiabá

Apesar de Cuiabá apresentar um total de 57.721 economias de esgoto

cadastradas pela Agência Municipal, apenas 46.259 delas estão sendo faturadas, o que

representa uma cobertura de 38% em relação à coleta do esgoto. A parcela tratada desse

esgoto coletado, corresponde a 29%, é destinada à ETE D.Aquino e atende a um total

de 16.929 economias referente às sub-bacias 18 e 19, o que garante uma vazão média de

115 l/s. Os demais sistemas isolados espalhados pela cidade (Morada do Ouro, CPA e

Tijucal) contribuem ainda com 9%, totalizando 38% de esgoto tratado no município de

Cuiabá, e podem ser melhor visualizados na Figura 6.

Figura 5 - Percentual da População Abastecida e Esgotada na Cidade de Cuiabá - Mato Grosso - 1990 - 2000.

O esgoto bruto que chega até a ETE tem apresentado uma concentração de DBO

bastante elevada, variando de 600 a 400mg/l, muito embora a fração da DBO solúvel

23

verificada tenha sido de 200 mg/l e uma DBO final, após tratamento, de 40 a 60 mg/l, o

que representa, uma eficiência de 98% na remoção de matéria orgânica (DOMINGUES,

2000). Nos vinte cinco sistemas isolados existentes, a parcela tratada é relativamente

pequena, pois apenas quatro encontram-se em funcionamento, ainda que precariamente,

sendo que os demais apresentam problemas físicos e operacionais.

A cobertura no município de Várzea Grande é de 16% em relação à população

abastecida, servida apenas com o sistema de coleta, cobrindo um total de 6537

economias de esgoto cadastradas pelo Departamento de Águas e Esgoto - DAE-VG.

Esse percentual refere-se às 4237 ligações dos sistemas de tratamento isolados,

construídos nos Núcleos Habitacionais que se encontram, na sua maioria, desativados

ou em situação de operação bastante precária e às 2.300 ligações implantadas dentro do

programa PROSEGE, que atende parte do bairro Cristo Rei, localizado na SB-8

(ENGEPOLI, 1999).

Figura 6 - Localização dos Sistemas Existentes e a Serem Implementados nas Sub - Bacias do Perímetro Urbano da Cidade de Cuiabá – Mato Grosso.

24

2.4.4.1. Características das Sub-bacias Urbanas de Cuiabá e Várzea Grande

No Quadro 3 encontram-se detalhadas as sub-bacias localizadas nos dois

municípios com destaque para as características físicas, demográficas, número de

economias de água e esgoto e córregos c orrespondentes a sua área de drenagem.

Quadro 3– Características das Principais Sub - Bacias do Rio Cuiabá no Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso, 2000

Sub-Bacia

População Abastecida (Hab)(1)

Área (ha)

Extensão (Km)

Dens Hab/ha

Economia de Água (ud)

Economia de Esgoto (ud)

Carga (2)

Orgânica Estimada KgDBO/d

Escoamento Natural

Sub Bacias Contribuintes do Município de Várzea Grande SB01 - 4481 - - - - Rio Pari

SB02 51.209 3924 13,05 11230 - 2.765 C.Traíra e Piçarrão

SB03 42.764 2507 17,05 9378 - 2.309 Córrego Embaúval e General

SB04 461 - - Córrego Guarita

SB05 27.557 1150 23,96 6043 1,488 Córrego Engordador

SB06 5.979 180 33,2 1311 - 0,323 Córrego sem denominação

SB07 2.682 126 21,28 588 - 0,145 Rio Cuiabá

SB08 22974 876 26,22 5038 - 1,241 Cor. da Manga

SB09 1875 51 36,76 411 - 0,101 Rio Cuiabá SB10 47.666 1872 25,46 10453 - 2,574 Cor. Santana

SB11 8692 14154 0,61 1906 - 0,469

C.Formigueiro e Ribeirão dos Cocais

SB12 - 1007 - - SB13 - 413 - - Sub Bacias Contribuintes do Município de Cuiabá

SB14 41.886 449 93 10.394 2,262 Ribeirão do Lipa

SB15 34.046 8.448 0,839 SB16 45.878 418 3 84 9.407 2174 2,018 Mané Pinto SB17 59.908 379 3 141 13.288 - 3,24 Prainha SB18 38.989 278 2 189 8.997 4618 2,11 Gambá SB19 70.290 917 7 74 16.945 4980 3,8 Barbado

SB20 190.000 66.800

47.146 20696 10,26 Coxipó

SB21 24.721 1222 6.134 3243.00 1,334 São Gonçalo TOTAL GERAL 38,72

Fonte: SANEMAT (1997). Cuiabá: População Abastecida = 4,03 hab. x no de economias, Carga Orgânica per capita 54g/DBO/dVárzea Grande: População Abastecida = 4,56 hab. x n° de economias, Carga Orgânica per capita 54g/DBO/d.

25

A Figura 7 ilustra a localização das sub-bacias, relacionadas de acordo com a

denominação do projeto do sistema integrado de esgotamento sanitário elaborado pela

Geotécnica e implantado parcialmente.

De acordo com o número de habitantes existentes nas sub-bacias, estima-se que

o total de carga orgânica para o ano de 2000, nesse trecho do rio Cuiabá, seja de 38,72

kgDBO/d, proveniente dos municípios de Cuiabá e Várzea Grande. ROMIO (1999)

apresentou uma carga estimada para o rio Cuiabá, em 1995, de 41,20 kgDBO/d ao

longo de todo seu percurso.

Figura 7 - Mapa de Localização das Sub - Bacias Urbanas do Rio Cuiabá, Cuiabá – Mato Grosso com Identificação das Principais ETE’s.

2.4.4.2. Programas e Investimentos Propostos para a Bacia do Rio Cuiabá

Projetos de investimentos previstos para incrementar e ampliar a cobertura de

rede de esgotamento e tratamento dos efluentes coletados nos municípios foram

solicitados dentro de dois importantes programas, o de Modernização do Setor de

Saneamento - PMSS II / Ministério de Planejamento e Orçamento - SEPURB, e o

Programa BID Pantanal, prevendo investimento na ordem de 60 milhões de dólares.

26

O projeto inserido no PMSS II, em fase de aprovação, contempla a

complementação da SB19 e SB16, execução de parte da SB14 e a interligação dos

sistemas isolados existentes no Cophamil, Cohab Nova e Santa Isabel, na SB15, que

será conectada à Estação de Tratamento de Esgoto - ETE D. Aquino, construção da

elevatória da Prainha (sistema unitário) e recuperação da ETE D. Aquino, o que

resultará em um acréscimo de 20.143 ligações no sistema integrado, com orçamento

estimado no valor de US$ 15.000.000,00. Essas intervenções podem ser visualizadas na

Figura 7, anteriormente apresentada.

A proposta contida no programa BID Pantanal, visará: a complementação da SB

14 e 15; execução da SB 20 (lado direito do Coxipó) e interligação dos sistemas

isolados da COPHEMA, São Gonçalo e Jardim Presidente à ETE D. Aquino. Além

disso propõe a reabilitação do sistema do CPA para atender os bairros Novo Mato

Grosso, Novo Paraíso, 1o de Março e adjacências, e a ampliação das unidades da

Morada do Ouro para receber o bairro Tancredo Neves. Os investimentos previstos

nesses programas buscarão atender a uma cobertura de 80% em relação à coleta e

tratamento de todo o esgoto produzido na cidade de Cuiabá.

2.4.5. Diluição de Esgotos Industriais

A atividade industrial predominante na bacia concentra-se em indústrias ligadas

à agroindústria (beneficiamento de arroz e soja) e pecuária (frigoríficos). No Quadro 4

encontram-se identificados os tipos de indústria, as cargas produzidas e os pontos de

lançamentos localizados nos principais tributários do rio Cuiabá, nesse trecho.

A previsão da parcela real de cargas que são lançadas no rio Cuiabá, oriundas

das indústrias, não é de fácil verificação, uma vez que FEMA não disponibiliza os dados

operacionais da eficiência apresentadas pelos sistemas.

27

Quadro 4 -Cargas Produzidas por Algumas das Principais Indústrias na Bacia do Rio Cuiabá, Cuiabá – Mato Grosso - 2000.

Cidade Tipo de Indús tria Tipo de Tratamento Rem (KgDBO/dia)

Carga Acum. (%)

local de Lançamento

Cuiabá Extração de óleos vegetais

Fossa Séptica/, Trat Primário e Secundário

107,00 99,37 Rio Arica -Açu

Cuiabá Esmagamento de soja Lagoa de estabilização 14,7 100

Córrego sem nome

Cuiabá Extração de óleo vegetal Lagoa de estabilização

Rio Aricá -Açu

Cuiabá

Fabrica de cerveja e/ou refrigerantes 02 fab. De cerveja e/ou refrigerante

Reator Anaeróbio e Lagoa de estabilização

5.846,4 33,55 Rio Cuiabá

Cuiabá Laticínio Tanque de aeração e leito de secagem

291,8 97,41 Rio Arica -Açu

Cuiabá Beneficiamento de couro e pele

Fossa Séptica/lagoa aerada e L.Mat

386,0 95,80 Córrego Formigueiro

Cuiabá Abatedores bovinos Lagoa Anaeróbia a Facultativas

3.300,00 76,4 Rio Cuiabá

V. Grande Ext. de óleo vegetal Lagoa de Estabilização 14,7 100 córrego sem nome

V. Grande Laticínio Tanque de .Aeração 291,8 97,41 R. Arica-Açu

V. Grande Ind. Química Lodos Ativados e. Lagoa Facultativa

4,0 -

V. Grande Laticínio Filtro Anaeróbio 28,2 99,73 R. Cuiabá

Várzea Grande

Beneficiamento de couro e pele Benef. de leite Abate de bovinos f. de refrigerante abate de aves abate bovinos

Sistema em Implantação

4.173,0 57,50 Rio Cuiabá

Fonte: PCBAP (1997) e Cadastro FEMA.

28

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A água, elemento essencial para garantia da vida nos ecossistemas é um dos

constituintes básicos do sistema que compõem o Planeta Terra, cobrindo 77% da sua

superfície. Esse volume encontra-se distribuído nos diferentes reservatórios de água da

terra, onde 97,5% referem-se aos oceanos e mares e somente 2,5% são de água doce. A

maior parcela dessa água doce, 68,9%, formam as calotas polares, as geleiras e neves

eternas que cobrem os cumes das montanhas mais altas da terra. Dos percentuais

restantes, 29,9% constituem as águas subterrâneas doces, estando aí incluída a umidade

dos solos, cerca de 0,9% representam as águas do pântano e apenas 0,3% compõem as

águas dos rios e lagos, parcela mais facilmente aproveitada para atender as demandas e

necessidades sociais e econômica s da humanidade nos diferentes usos

(SHIKLOMANOV, 1990).

Essas águas encontram-se em permanente movimento, constituindo, assim, o

chamado ciclo hidrológico, onde a água em estado líquido ou sólido é transformada em

vapor pela energia solar que atinge a superfície da terra depositando-se nos oceanos,

mares, continentes e ilhas. Sobe, então, à atmosfera, onde esfria progressivamente

dando origem às nuvens. Essas massas de água voltam a cair na terra, sob a ação da

gravidade, na forma de chuva, neblina e neve. REBOUÇAS (1999) pondera que todo

esse processo é caracterizado por um fluxo permanente de energia e de matéria, ligando-

se ao ciclo das águas, das rochas e da vida.

Esse mesmo autor enfatiza, ainda, que a compreensão sistêmica dos processos

cíclicos de energia e matéria na natureza, em geral, e das águas da terra, em particular,

constitui um dos grandes desafios das ciências hidrológicas e ambientais neste século.

Torna -se necessário transcender o pensamento mecanicista ao sistêmico que sustenta

29

não poder a totalidade de um sistema ser apreendida pelo estudo de suas partes, mas

dentro do contexto do todo maior agindo e interagindo de forma integrada.

HELLER et. al. (1996) reforçam que esses princípios fundamentam-se na

doutrina holística, amplamente aplicada às ciências ambientais, impondo uma

sistemática demanda por estudos multidisciplinares ou interdisciplinares que encontram

barreiras na definição das questões metodológicas para tratar de realidades complexas.

Essa visão holística tem fundamentado toda a concepção deste trabalho que é de utilizar

ferramentas para a gestão integrada da qualidade da água da bacia do rio Cuiabá,

adotando critérios e metodologias que permitam a interação de informações para

analisar e prognosticar os impactos dos diferente s usos dos recursos hídricos e da forma

de ocupação da bacia.

3.1. Água: Componente Institucional

A gestão das águas no Brasil passou por um período de grandes avanços desde o

final da década de 80 até a promulgação da Lei das Águas - no 9984, de 17.07.2000.

Esta lei é fundamentada em alguns princípios básicos, tais como: adoção da bacia

hidrográfica como unidade de planejamento; garantia do uso múltiplo dos recursos

hídricos; reconhecimento da água como um recurso finito, vulnerável e um bem de

valor econô mico, instituindo, assim, a cobrança pelo seu uso e previsão de uma gestão

descentralizada e participativa, com o deslocamento do poder de decisão para os níveis

hierárquicos locais e regionais do governo, e a participação dos usuários, da sociedade

civil organizada, das ONG’s e outros agentes através dos comitês de bacia.

Com esta lei, foram ainda definidos cinco instrumentos para o gerenciamento

das águas no país, com o objetivo de promover a gestão e o controle dos recursos

hídricos, todos eles dependentes de bases sólidas de dados. No primeiro grupo,

encontram-se o plano de recursos hídricos e o enquadramento dos corpos d’água que

respondem pela gestão quantitativa e qualitativa da água. São instrumentos que

fortalecem a relação entre a gestão dos recur sos hídricos e do meio ambiente, a partir da

formulação de metas de qualidade a serem alcançadas, tomando como base a Resolução

CONAMA 20. No segundo grupo, estão a outorga e a cobrança, elementos relevantes de

controle dos usos desses recursos hídricos. O quinto instrumento é o sistema nacional de

30

informações, destinado a coletar, organizar, criticar e difundir a base de dados relativos

aos recursos hídricos.

MAGRINI & SANTOS (2001) enfatizam que com a promulgação da lei das

águas, foram introduzidas muda nças radicais na concepção da gestão ambiental e nos

instrumentos tradicionalmente aplicados por esta lei, principalmente no rompimento do

conceito de gestão vigente, calcado na divisão político-administrativa e na utilização de

instrumentos de comando-controle.

MAGALHÃES JUNIOR (2000) fez um uma vasta revisão do estado da arte do

monitoramento das águas no país, enfocando não apenas o processo evolutivo da gestão

dos recursos hídricos como também o papel que as instituições vêm desenvolvendo e as

atividades a elas atreladas. Enfatiza a necessidade de se ter uma base sólida de dados

para a gestão das águas, sob pena de se gerenciar algo que não se conhece. Dentro desse

cenário, o autor destaca a participação das universidades que, através de seus projetos

de pesquisa, reativam e integram a rede de monitoramento da água existente nas

diversas regiões do país.

Toda essa rápida mudança verificada no setor gerou um novo ordenamento

institucional, iniciado com a aprovação da Lei 9.433, de 8.01.1997, que instituiu a

Política Nacional de Recursos Hídricos e culminou com a criação da Agência Nacional

das Águas –ANA, Lei 9.984, de 17.07.2000. Essa agência, diretamente vinculada ao

Ministério de Meio Ambiente, possui autonomia administrativa e financeira e é

responsável pela implementação dos instrumentos de ação para controle e regulação do

uso dos recursos e do lançamento de poluentes que afetam o meio ambiente.

Acompanhando essa evolução no setor, o estado de Mato Grosso teve a sua Lei

no 6.945 aprovada, em 05.11.1997, onde é definida como órgão gestor a Fundação

Estadual do Meio Ambiente, não apresentando na composição do seu sistema a criação

da agência de bacias, conforme previsto em lei a nível nacional.

3.2. Água: Qualidade e Deterioração

Os conceitos de qualidade da água e poluição estão comumente interligados.

Porém, a qualidade da água reflete sua composição quando afetada por causas naturais e

31

por atividades antropogênicas. A poluição, entretanto, decorre de uma mudança na

qualidade física, química, radiológica ou biológica do ar, água ou solo, causada pelo

homem ou por outras atividades antropogênicas que podem ser prejudiciais ao uso

presente, futuro e potencial do recurso. BRANCO (1991) salienta a dificuldade de se

definir com precisão o que se entende por ca racterísticas naturais ou o que são

alterações significativas.

O crescimento da demanda mundial por água de boa qualidade, a uma taxa

superior à da renovabilidade do ciclo hidrológico, é de consenso mundial e esse

crescimento tende a se tornar uma das maiores pressões antrópicas sobre os recursos

naturais do planeta, neste século. Essa demanda aumentou mais de seis vezes entre 1900

e 1995 e mais que o dobro das taxas de crescimento da população e continua a crescer

rapidamente com a elevação de consumo dos setores agrícola, industrial e residencial

(WHO, 1997).

TUCCI (2000) considera que as condições atuais de disponibilidade x demanda

mostram que na média e, na maior parte do território brasileiro, não existe déficit de

recursos hídricos, no entanto, observam-se situações desfavoráveis em períodos de

estiagem no semi-árido brasileiro e em cidades de médio e grande porte. Ressalta, ainda,

que as grandes concentrações brasileiras apresentam condições críticas de

sustentabilidade, devido ao excesso de cargas de poluição doméstica e industrial e à

ocorrência de enchentes urbanas, que contaminam os mananciais. As cidades de São

Paulo e Recife exemplificam bem o quadro acima relatado, onde a primeira importa a

maior parte da água da bacia do Piracicaba, devido à contaminação dos seus

mananciais, e a segunda enfrenta constantes racionamentos.

A diversidade e o número de fontes existentes e o potencial de contaminação

química dos corpos d’água são bem grandes. HOLT (2000) aponta que se por um lado a

industrialização e urbanização, juntamente com a intensificação das atividades

agrícolas, têm resultado no aumento da demanda da água, por outro lado aumentam a

contribuição de contaminantes nos corpos d’água. As maiores e mais significativas rotas

de contaminação são ocasionadas por emissões diretas e indiretas dos esgotos tratados e

não-tratados, escoamento e deposição atmosférica e pelo processo de lixiviação do solo.

32

NOVOTNY et al. (1993) reforçam que a urbanização provoca alterações na

composição atmosférica, nos aspectos quantitativos e qualitativos dos corpos receptores

e outros corpos d’ água e no solo da bacia. Os autores enfatizam, ainda, que os sistemas

ecológicos nativos são substituídos por uma ecologia urbana. Emissões de resíduos

aumentam drasticamente e as fontes dessas contaminações são diversas, tais como:

indústrias, sistemas de coleta e tratamento de efluentes domésticos, coleta e disposição

de resíduos sólidos (aterros, lixões), deposição de detritos e restos de materiais diversos.

O destino das emissões dos contaminantes nos corpos d’água depende não

somente da quantidade de substância emitida, mas das características e dos processos de

transporte, dispersão e transformação (biodegradação, hidrólise, fotólise) que ocorrem

dentro de um corpo receptor.

3.2.1. Poluentes da Água e suas Fontes

As variedades de poluentes lançados nos corpos d’água podem ser agrupadas em

duas grandes classes: pontual e difusa, conforme observado na Figura 8. Os resíduos

domésticos e industriais constituem o grupo das fontes pontua is por se restringirem a

um simples ponto de lançamento, o que facilita o sistema de coleta através de rede ou

canais. Em geral, a fonte de poluição pontual pode ser reduzida ou eliminada através de

tratamento apropriado para posterior lançamento em um cor po receptor. Já as fontes

difusas caracterizam-se por apresentarem múltiplos pontos de descarga resultantes do

escoamento em áreas urbanas e ou agrícolas e ocorrem durante os períodos de chuva,

atingindo concentrações bastante elevadas dos poluentes. A redução dessas fontes

geralmente requer mudanças nas práticas de uso da terra e na melhoria de programas de

educação ambiental.

33

Fonte: adaptado de DAVIS et. al (1998) Figura 8 - Fontes de Poluição Pontual e Difusa em Bacias Urbanas.

As principais categorias de poluentes que compõem cada classe, conforme

definido por DAVIS et al. (1998), podem ser observadas no Quadro 5, onde os

poluentes de maior representatividade incluem: material orgânico que causa a

deficiência de oxigênio nos corpos d’água; nutrientes, que provocam o excessivo

crescimento de algas nos lagos, reservatórios, rios e mares; os organismos patogênicos;

material em suspensão; metais pesados; material orgânico tóxico e calor. Este estudo

concentrou-se na análise das categorias presentes nas fontes pontuais, decorrentes do

lançamento dos esgotos domésticos, muito embora uma caracterização dos efluentes

industriais tenha sido levantada na bacia.

Quadro 5 - Categoria dos Maiores Poluentes por Principais Fontes. Fontes Pontuais Fontes Difusas

Categoria dos Poluentes Esgoto Doméstico

Esgoto Industrial

Escoamento Agrícola

Escoamento Urbano

Material Orgânico x x x x Nutrientes x x x x Patogênicos x x x x Sólidos Suspensos/Sedimentos x x x x Sais x x x Metais Tóxicos x x Materiais Orgânicos Tóxicos x x Temperatura x

Fonte: DAVIS et al. (1998)

O material orgânico define-se como qualquer composto que pode ser oxidado no

corpo receptor com consumo do oxigênio molecular. Este ma terial é geralmente

composto por matéria orgânica biodegradável, mas inclui certos compostos inorgânicos.

O consumo de oxigênio dissolvido - OD é uma ameaça às formas de vida aquática que

34

dependem do oxigênio para viver. Os níveis críticos de oxigênio variam entre espécies

mais exigentes, como as trutas que requerem cerca de 7,5 mg/l de OD, até as menos

exigentes, como as carpas e cascudos (peixe da região) que podem sobreviver com até

3,0 mg/l.

O nitrogênio e o fósforo, presentes nos rios e lagos, constituem dois nutrientes

básicos que dão suporte à cadeia alimentar. Os problemas advindos do aumento dessas

concentrações refletem na proliferação de algas, no efeito tóxico da amônia nos peixes e

nos deficits de oxigênio consumido nesse processo. A severidade da poluição é

governada pela intensidade dos poluentes e pela capacidade de assimilação dos corpos

d’água, que dependem das condições físicas, químicas e biológicas.

A presença dos coliformes está relacionada ao potencial de contaminação da

água por patogênicos. Essas bactérias não são normalmente patogênicas, mas são

organismos de presença obrigatória, em grande número, nos intestinos humanos, e,

portanto, na matéria fecal, sendo, assim, utilizadas como organismos indicadores de

contaminação fecal.

A severidade da poluição não é determinada apenas pela intensidade desses

poluentes, mas pela capacidade de assimilação dos corpos d’água, que dependem das

interações entre condições físicas, químicas e biológicas desse ambiente. A ação

antropogênica sobre o me io aquático tem se despontado como uma das maiores

responsáveis por essas alterações, considerando que os rios vêm sendo, ao longo dos

anos, utilizados como depositários de rejeitos. Os esgotos domésticos contribuem com

elevadas cargas orgânicas, as indústrias com uma série de compostos sintéticos e metais

pesados e as atividades agrícolas respondem pela presença de pesticidas e excesso de

fertilizantes na água. Segundo BRANCO et al. (1991), as alterações da qualidade da

água representam uma das maiores evidências do impacto das atividades humanas sobre

a biosfera.

3.2.2. Variáveis da Qualidade da Água e Padrões Ambientais

Neste item será feita a caracterização dos principais parâmetros analisados neste

estudo, seus conceitos e definições, enfatizando-se, ainda, os aspectos naturais de cada

um deles sem a influência e interferência da ação antrópica. Serão destacados, ainda, os

35

efeitos da poluição, sob o ponto de vista de diversos autores, e os limites estabelecidos

pela Resolução CONAMA 20, que fixa valores para os padrões de diferentes classes de

um corpo receptor. O Quadro 6 apresenta os limites para um rio de Classe II e ainda,

sobre os usos a que se destinam essas águas.

Quadro 6 - Alguns Parâmetros Físico-Químicos e Microbiológicos da Resolução 20 - CONAMA. Parâmetro Resolução CONAMA 20 – Classe 2 Águas Destinadas Sabor/odor Não objetável PH 6,0 – 9,0 Cor aparente (mg Pt/L e UH) 75 Oxigênio dissolvido (mg de O2/L) >5 Turbidez UT <100 DBO 5 (mg de O2/L) 5 Nitratos (mg N/L) 10 Nitrito (mg de N/L) 1 Sólidos dissolvidos (mg/L) 500 Sulfatos (mg SO4

2-/L) 250 Coliformes totais (UFC/100ml) 5.000 Coliformes fecais (UFC/100ml) 1.000

- ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional; - à proteção das comunidades aquáticas; - à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho); - à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas; - à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

3.2.1.1. Temperatura da Água

A temperatura da água pode influir no retardamento ou aceleração da atividade

biológica, na absorção de oxigênio e precipitação de compostos. Quando se encontra

ligeiramente elevada, resulta na perda de gases pela água, gerando odores e

desequilíbrio ecológico (SPERLING, 1996).

3.2.1.2. Turbidez

A presença de partículas em suspensão, que causam a turbidez, ou de

substâncias em solução, relativas à cor, pode concorrer para o agravamento da poluição.

A turbidez limita a penetração de raios solares, restringindo a realização da fotossíntese

que, por sua vez, reduz a reposição do oxigênio. Segundo BRANCO (1993), a

precipitação dessas partículas perturba o ecossistema aquático. A Resolução CONAMA

estabelece que o limite de turbidez para um rio classe II é de 100 UT.

36

3.2.1.3. Sólidos

A quantidade e a natureza da matéria dissolvida e não-dissolvida que ocorre no

meio líquido varia grandemente. Nas águas potáveis, a maior parte da matéria está na

forma dissolvida e consiste principalmente de sais inorgânicos, pequenas quantidades de

matéria orgânica e gases dissolvidos. O conteúdo de sólidos totais geralmente varia de

20 a 1000mg/l e o limite estabelecido pela Resolução CONAMA é de 500mg/l para os

sólidos dissolvidos totais.

BRANCO (1983) ressalta que todos os contaminantes da água, com exceção dos

gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos, os quais podem ser classificados

pelas suas características físicas (suspensos e dissolvidos) e químicas (orgânicos e

inorgânicos). Segundo o mesmo autor, os sólidos voláteis representam uma estimativa

da matéria orgânica nos sólidos, ao passo que os sólidos fixos caracterizam a presença

de matéria inorgânica ou mineral. Entretanto, a APHA (1997) salienta que as

determinações de sólidos fixos e voláteis não se distinguem exatamente entre materiais

orgânicos e inorgânicos porque a perda de peso pelo aquecimento não se limita ao

material orgânico, incluindo, também, perda por decomposição ou volatilização de

alguns sais minerais como: carbonatos, cloretos, sulfatos, sais de amônio, entre outros.

3.2.1.4. Condutividade

A condutividade elétrica de uma solução é a capacidade desta em conduzir a

corrente elétrica. ESTEVES (1988) salienta que esta variável é de grande importância,

visto que pode fornecer informações tanto sobre o metabolismo do ecossistema

aquático, como da produção primária (redução dos valores) e decomposição (aumento

dos valores), como sobre outros fenômenos que ocorram na sua bacia de drenagem. Isso

permite identificar os íons mais diretamente responsáveis pelo aumento da

condutividade nas águas. Alguns fatores podem influenciar na composição iônica dos

corpos d’água, como a geologia da bacia e o regime das chuvas. A condutividade

detecta, ainda, as fontes poluidoras nos ecossistemas aquáticos e as diferenças

geoquímicas do rio principal e seus afluentes.

37

3.2.1.5. Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO

Essa variável representa a medida da quantidade de oxigênio necessária para

oxidar a matéria orgânica contida na água, mediante processos biológicos aeróbicos. A

DBO5 é convencionalmente usada, pois considera a medida a 5 dias, incubada a 20oC,

associada à fração biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos. O valor

fixado pela Resolução para um rio classe II é de 5,0 mg/l.

3.2.1.6. Demanda Química de Oxigênio - DQO

A Demanda Química de Oxigênio (DQO) está relacionada com a matéria

orgânica e seu potencial poluidor. É uma medida da quantidade de oxigênio consumido

pela oxidação química de substâncias orgânicas presentes nas águas (SPERLING,

1995).

3.2.1.7. Cor

A cor da água resulta da existência de substâncias em solução provenientes

principalmente dos processos de decomposição que ocorrem no meio ambiente,

podendo também estar associada à presença de alguns íons metálicos como ferro e

manganês, plâncton, macrófitas ou de despejos coloridos contidos em esgotos

industriais. MOTA (1996) ressalta que a cor pode, ainda, ocorrer devido ao material em

suspensão presente na água, oriundo, na grande maioria, da lavagem do solo. Essa

coloração é dita aparente e por esse motivo as águas superficiais estão mais suscetíveis a

apresentarem cor do que as águas subterrâneas.

As águas naturais possuem cor que varia entre zero e 200 unidades, pois acima

disso já seriam águas de brejo ou pântano, com altos teores de matéria orgânica

dissolvida. Coloração abaixo de 10 unidades é quase imperceptível. A coloração das

águas naturais pode variar em função das características e das substâncias presentes.

Substâncias orgânicas como os taninos produzem a cor marrom transparente, as algas,

cor verde e a suspensão de argilas, cor amarelo - avermelhada. No Brasil, a Resolução

CONAMA 20, de 18/06/86, aceita para água bruta até 75 unidades de cor para receber

tratamento convencional e depois ser distribuída em sistemas urbanos, não devendo

38

mostrar cor superior a 5 unidades, conforme estabelece a Portaria 36, do Ministério da

Saúde, e, mais recentemente, a Portaria 1469, de 29/1/2000.

3.2.1.8. pH

pH, termo usado para expressar a intensidade da condição ácida (H+) ou alcalina

(OH -) de uma solução, em termos de concentração de íons de hidrogênio H+ é definido

como o logaritmo negativo da concentração molar de íons de hidrogênio.

pH = - log [H+]

De acordo com ESTEVES (1988), o pH pode ser considerado uma das variáveis

ambientais mais importantes e complexas de se interpretar, devido ao grande número de

fatores que podem influenciá -lo. Em geral, nas águas naturais o pH é alterado pelas

concentrações de íons H+ originados da dissociação do ácido carbônico, que gera

valores baixos de pH e das reações de íons de carbonato e bicarbonato com a molécula

de água, que elevam os valores de pH para a faixa alcalina.

O pH da grande maioria dos corpos d’água varia entre 6 e 8. Ecossistemas que

apresentam valores baixos de pH têm elevadas concentrações de ácidos orgânicos

dissolvidos de origem alóctone e autóctone. Nesses ecossistemas, são encontradas altas

concentrações de ácido sulfúrico, nítrico, oxálico, acético, além de ácido carbônico,

formado, principalmente, pela atividade metabólica dos microorganismos aquáticos. A

resolução CONAMA 20 define para um rio classe II um pH variando de 6 a 9.

3.2.1.9. Alcalinidade

A alcalinidade representa a capacidade que um sistema aquoso tem de

neutralizar ácidos. Embora muitos compostos possam contribuir para o incremento

desse constituinte na água, a maior fração deve -se principalmente aos bicarbonatos. A

alcalinidade da água não apresenta implicações para a saúde pública, sendo apenas

considerada desagradável ao paladar.

As variáveis alcalinidade, pH e teor de gás carbônico encontram-se relacionadas

entre si na natureza. O pH é a medida da concentração hidrogeniônica da água ou de

39

outra solução, sendo controlado pelas reações químicas e pelo equilíbrio entre os íons

presentes. É essencialmente uma função do gás carbônico dissolvido e da alcalinidade

da água (FEITOSA et al. , 1997).

3.2.1.10. Nitrogênio

O nitrogênio, um dos elementos mais importantes no metabolismo de

ecossistemas aquáticos, possui uma química complexa, em virtude dos vários estágios

que pode assumir e impactos que a mudança do estado de oxidação pode trazer sobre os

organismos vivos, fenômeno melhor compreendido com o estudo do ciclo do

nitrogênio. SAWYER (1985) descreve esses estágios, enfatizando que a atmosfera serve

como um reservatório no qual o nitrogênio é constantemente renovado pela ação da

descarga elétrica e pela fixação das bactérias. Durante essas descargas, grandes

quantidades de nitrogênio oxidam-se a N2O5 e a sua união com a água produz HNO3,

normalmente carreado para a terra na chuva. Os nitratos são também produzidos pela

oxidação direta do nitrogênio ou da amônia e encontram-se também nos fertilizantes

comerciais.

Dessa forma, a presença de nitrogênio no meio aquático pode originar-se das

fontes naturais de nitrogênio, tais como: chuva, mater ial orgânico e inorgânico de

origem alóctane, de esgotos domésticos e industriais e da drenagem de áreas

fertilizadas. As formas em que o nitrogênio apresenta-se nos ambientes aquáticos

podem ser: nitrato (NO3), nitrito(NO2), amônia (NH3), íon amônio(NH4), óxido nitroso

(N2O), nitrogênio molecular (N2), nitrogênio orgânico dissolvido (aminas, aminoácidos

etc) e nitrogênio orgânico particulado (bactérias, fitoplâncton, zooplâncton e detritos).

As diferentes formas dos compostos de nitrogênio encontradas no meio aquático

podem ser utilizadas como indicadores da qualidade sanitária das águas. MOTA (1995)

salienta que nitrogênio orgânico e amônia estão associados a efluentes e águas recém-

poluídas. Com o passar do tempo, o nitrogênio orgânico é convertido em nitrogênio

amoniacal e, posteriormente, se condições aeróbias estão presentes, a oxidação da

amônia acontece transformando-se em nitrito e nitrato. Conforme ressalta SPERLING

(1996), em um corpo d’água, a determinação da parcela predominante de nitrogênio

pode fornecer informações sobre o estágio da poluição. Os compostos de nitrogênio, na

40

forma orgânica ou de amônia, referem-se à poluição recente, enquanto que nitrito e

nitrato à poluição mais remota. A Resolução CONAMA estabelece limites para amônia

não-ionizável NH3, de 0,02 mgN/l, Nitrato, 10 mgN/l, e Nitrito, 1,0 mgN /l.

3.2.1.11. Fósforo

Segundo ESTEVES (1988), o fósforo encontra-se nas águas naturais e residuais,

quase exclusivamente na forma de fosfato. FEITOSA et al. (1997) enfatizam que,

devido à ação dos microrganismos, a concentração de fósforo pode ser baixa (< 0,5

mg/l) em águas naturais e valores acima de 1,0 mg/l são geralmente indicativo de águas

poluídas. O fósforo, por via antropogênica, é acrescido às águas por derivados de

detergentes, inseticidas e pesticidas.

3.2.1.12. Coliformes

De acordo com SANCHEZ (1999), as bactérias do grupo coliforme constituem o

indicador de contaminação fecal mais comum, sendo empregadas como parâmetro

bacteriológico básico na caracterização e avaliação da qualidade das águas em geral.

Recentemente vários autores vêm sugerindo a utilização apenas da bactéria E. coli como

indicadora de poluição fecal, embora FISHER et al. (2000) tenham encontrado cepas de

E. coli em áreas de reserva florestal (ambientes protegidos da ação antrópica), o que

sugere que a mesma possa ser de origem autóctone.

3.3. Água: Componente Integrado de Gerenciamento

Estudos buscando estimar as mudanças na qualidade da água, em resposta ao

processo de urbanização em bacias urbanas, têm sido desenvolvidos, a partir da

combinação das tecnologias: computacionais, de sensoriamento remoto,

geoprocessamento e de modelos matemáticos e estatísticos aliados à disponibilidade de

base múltipla de dados, tais como: de imagens, de qualidade de água, hidrológicos e

biofísicos.

SLIVA et al. (2001) comentam que o uso de ferramentas analíticas como o

sistema de informação geográfica e estatísticas multivariadas permite lidar com

41

complexas interações e tem se tornado comum no gerenciamento de bacias

hidrográficas. Contudo, sua eficácia depende da qualidade e quantidade de dados de

campo, que, em geral, tendem a ser esparsos, principalmente quando se trata de sub-

bacias inteiras. Os autores afirmam, ainda, que as bases de dados geradas por

instituições governamentais com a finalidade de monitoramento podem ser úteis para

um entendimento inicial dos processos e de interações que venham a ocorrer dentro da

bacia e para mostrar pesquisas mais detalhadas, úteis aos planos de gerenciamento.

FERRIER et al. (2001) sugerem quatro estágios necessários para estabelecer o

gerenciamento sustentável de uma bacia: determinar o estado atual do ambiente e

identificar as forças dominantes de mudanças; estabelecer um limite específico acima

do qual danos ecológicos são prováveis de ocorrer; prognosticar a possível extensão

temporal e espacial do problema, usando características locais, e desenvolver planos de

gerenciamento apropriados através da utilização de cenários múltiplos de avaliação.

Para atingir esses estágios, é necessário utilizar ferramentas que permitam

agrupar um grande número de informações decorrentes de estudos da variação

qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos, envolvendo uma função multivariada

dos aspectos climatológicos, geomorfológicos, antrópicos, entre outros, de forma que

possibilite pronta interpretação e reconhecimento das tendências ao longo do tempo e do

espaço.

3.3.1. Análises Estatísticas

O conhecimento dos processos hidroquímicos e da poluição são, em geral,

obtidos a partir de pesquisas e de longos programas de monitoramento da qualidade da

água, que resultam na determinação de um grande número de variáveis, muitas vezes

subutilizadas ou mesmo de difícil interpretação. Essa situação tem sido percebida em

muitos órgãos ambientais e instituições de pesquisa que lidam com grande número de

dados de natureza diversa, o que requer a utilização de métodos adequados que

possibilitem a sua máxima exploração. Conforme observado por VIDAL (2000), na

maioria dos casos, restringem-se a simples comparação com os padrões ambientais.

VEGA et al. (1998) enfatizam a crescente utilização de análises estatísticas

multivariadas e exploratórias no tratamento de dados ambientais, como uma forma de

42

reduzir a dimensionalidade do problema e facilitar a interpretação sem perda de

informações importantes. Além desses, outros métodos são comumente utilizados na

fase de aprofundamento, como os testes de hipóteses e análises de séries temporais.

NASCIMENTO et al. (1996) apresentam uma revisão da aplicação dessas técnicas

dentro da área de Engenharia Sanitária e Ambiental, enfocando as potencialidades,

limites e restrições do emprego desses métodos.

As análises multivariadas abrangem uma grande diversidade de técnicas

(ADAMS, 1998; OTTO, 1998; JONHSON et al. , 1992), tais como: aná lises de cluster,

de componentes principais (ACP), discriminantes e análises de redes neurais, todas

denominadas técnicas de identificação padrão, largamente aplicadas em estudos de

avaliação de contaminação dos recursos hídricos causados tanto por fontes pontuais

como difusas (VIDAL et al. 2000). Além desses, outros métodos como testes de

hipóteses, análises de séries temporais, de variância e regressão são comumente

utilizados na fase de aprofundamento analítico.

A Análise de Componentes Principais, considerada uma das técnicas mais

poderosas e comuns, é usada para reduzir a dimensionalidade de grandes conjuntos de

dados sem perda da informação. Matematicamente, a ACP pode ser definida como

combinações lineares de variáveis aleatórias com propriedades especiais em termo da

variância. Essa técnica tem por objetivo identificar um novo conjunto de variáveis

(Y1,Y2,..Yn) como combinações lineares das variáveis originais (X1,X2,..Xn), tal que

os primeiros termos (Y1,Y2 e no máximo Y3) expliquem grande parte da variação dos

dados e tenham interpretação prática. Busca-se, nesse procedimento, a obtenção de

novas coordenadas que tenham variância máxima e que não sejam correlacionadas entre

si (BOLLMAM et al. , 2000).

Sua aplicação tem sido largamente difundida nos últimos anos, devido à

necessidade de se ter uma redução drástica dos dados para análise e tomada de decisão.

BERZAS et al. (2000); VIDAL et al. (2000); VEGA et al. (1998); CAMARGO et al.

(1995) e ESTEVES et al. (1995) aplicaram essa técnica para reduzir o número de

variáveis utilizadas e avaliar as variações espaciais e temporais da qualidade das águas

em diferentes bacias. BRAUNER (2000) comenta que as ACP são frequentemente

utilizadas para reduzir a dimensionalidade dos dados espaciais e eliminar a correlação

que possa existir entre certas variáveis pela transformação das variáveis originais em

43

variáveis ortogonais. BOLLMANN et al. (2000) salientam, ainda, que um dos objetivos

iniciais da ACP é verificar se uns poucos componentes explicam a maior parte da

variância dos dados. Se isso ocorrer, pode-se reduzir a dimensão dos dados, o que

permite compreender melhor a aproximação dos dados (análise de agrupamento) e as

correlações entre as variáveis para sua seleção e redução dos dados através de eixos

explicativos e representação gráfica. Apesar dessas vantagens mencionadas, esses

autores enfatizam que vários problemas podem ocorrer na aplicação dessa técnica,

principalmente na interpretação dos resultados, já que nem sempre os novos

componentes podem apresentar uma explicação prática e clara.

A ACP origina de uma matriz de covariância que descreve a dispersão dos

múltiplos parâmetros medidos para obter autovalores e autovetores. As combinações

lineares das variáveis originais e de autovetores resultam em novas variáveis chamadas

componentes principais. A rotação dos eixos definidos pelas ACP produz novos grupos

de variáveis denominados varifatores e este último procedimento é conhecido como

análise fatorial (AF). Os aspectos básicos associados à ACP/AF são a redução e o

agrupamento dos dados.

A análise de cluster, também chamada de método de identificação não

supervisionado, engloba uma grande variedade de técnicas para análise exploratória dos

dados. Um de seus principais objetivos é agrupar objetos (casos) dentro de classes

(grupos), sendo os objetos dentro de uma classe similares, mas diferentes daqueles de

outras classes. As características das classes só são conhecidas posteriormente, a partir

do estudo dos dados.

Existem duas grandes categorias utilizadas na análise de cluster: métodos

hierárquicos e não-hierárquicos. O primeiro compreende uma forma seqüencial de

agrupamento, iniciando com os mais simples pares de objetos até formar conjuntos

(grupos) maiores, passo a passo. A similaridade entre duas amostras é geralmente dada

pela distância euclidiana e essa distância pode ser representada pela diferença entre os

valores analíticos de ambas as amostras (OTTO, 1998). Os métodos não-hierárquicos,

incluindo Fuzzy, avaliam a distribuição global dos pares dos objetos e, então, os

classificam dentro de um dado número de grupos, com isso um número inicial de cluster

deve ser assumido. Em qualquer um dos métodos, o processo de formação e junção dos

agrupamentos é repetido até um simples cluster conter todos as amostras. O resultado

44

pode ser visto a partir de um dendograma que apresenta um resumo do processo de

agrupamento e da proximidade dos grupos. Muitas aplicações de análises de cluster para

avaliação da qualidade da água têm sido reportadas (BERZAS et al. 2000; VEGA et al.

1998).

Além dessas técnicas multivariadas, outros métodos, matriz de correlação e

análises de séries temporais, são largamente aplicados no estudo de dados relativos à

área ambiental.

A matriz de correlação examina a associação entre variáveis para tentar

estabelecer a importância de cada uma como um determinante do comportamento da

variável dependente que se quer estudar. Os procedimentos mais usuais empregados são

o da correlação duas a duas e o da correlação de uma variável com uma combinação

linear das outras. BOLLMANN et al. (2000) ponderam que, mais recentemente, o uso

da matriz de correlações tem ganhado uma nova ênfase na escolha de indicadores

ambientais e por isso essas aplicações podem ser observadas em vários estudos.

A análise de séries temporais é constituída por uma seqüência de observações

ordenadas no tempo de uma determinada variável, característica de um certo

experimento ou processo natural. Em geral, a série é composta de uma componente

estocástica, superposta a uma componente determinística. A primeira está associada a

variações irregulares ou aleatórias e a segunda a variações sazonais. BOX et al. (1994) e

PRIESTLEY (1981) salientam que existe uma série de modelos e testes apropriados ao

estudo e à previsão de séries temporais.

3.3.2. Sensoriamento Remoto

O sistema de aquisição de dados por sensoriamento remoto é composto por uma

fonte de energia eletromagnética, por um sensor que transforma a energia proveniente

do alvo em sinal e por um analisador que transforma esse sinal em dados digitais. Dos

sistemas operacionais existentes, LANDSAT- TM ( Thematic Mapper) é o mais

utilizado, pois considera a disponibilidade de dados comparáveis desde 1984 e a

cobertura completa da superfície terrestre em intervalos regulares.

45

A aplicação do sensoriamento remoto em estudo ambiental tem sido amplamente

utilizada, segundo GOKSEL (1998), CHANSENG et al. (2000), e se mostra como o

mais importante método para juntar informações sobre a cobertura da terra, sendo por

isso utilizado para monitorar as mudanças ocorridas dentro e nos limites do

desenvolvimento de áreas urbanas e rurais, já que permite acompanhar as mudanças

espaciais e temporais. O uso de imagens de satélite no contexto urbano tem sido

preferencialmente ligado a estudos de microclima, por exemplo mapeamento de ilhas de

calor, e à produção de mapas de cobertura e uso da terra. Porém, alguns autores

RICHARDS (1993) e RIDD (1995) sugerem que mais informações biofísicas podem ser

extraídas como índices de superfícies impermeabilizadas.

O processamento e classificação de dados digitais de satélite podem ser

realizados com softwares específicos de processamento de imagens, disponibilizando

ferramentas de georeferenciamento, correção radiométrica e diversos algoritmos de

classificação e pós-cla ssificação. A consecutiva manipulação dos resultados, sua

sobreposição com outros dados espaciais e a integração com banco de dados

alfanuméricos são efetuadas a partir de softwares de Sistemas de Informação Geográfica

(FUNCATE, 1997).

3.3.2.1. Sistemas Disponíveis

Atualmente acham-se disponíveis imagens do tipo SPOT, Landsat e outros

satélites, sendo que cada uma registra diferenças tanto na resolução quanto no número

de bandas, altura da superfície e seqüência de dias de passagem. O sistema SPOT

caracteriza -se por apresentar uma resolução de 10 x 10 m em uma única banda, a uma

altura da superfície de 832 km e com passagens a cada 26 dias. O sistema Landsat

mostra uma resolução de 30 x 30 m, 7 bandas disponíveis e encontra-se a uma altura de

705 km da superfície, com passagens a cada 16 dias. Desenvolvido pela NASA já

lançou 7 satélites, sendo que o Landsat –5 esteve em operação de março de 1984 até

1999, e tinha a bordo dois sensores; o MSS (Multiespectral Scanner Subsystem) e o TM

(Thematic Mapper), porém só o TM encontrava-se em operação. O sexto não chegou a

operar e o sétimo teve início em 1999. O sistema atual, o Landsat – 7, cujo sensor é

46

chamado ETM ( Enhanced Thematic Mapper) possui, além de 7 bandas multiespectrais,

uma banda pancromática com resolução espacial de 15 m.

3.3.2.2. Etapas da Avaliação de Imagens de Satélites

3.3.2.2.1. Pré- processamento

As técnicas de pré-processamento envolvem as correções radiométricas e

geométricas das imagens, tendo a primeira o objetivo de eliminar ruídos e degradações,

devido aos efeitos atmosféricos e ao sistema sensor, e a segunda o de corrigir as

distorções, cujos efeitos podem ser considerados mais severos e estar relacionados a

alguns fatores como: rotação da terra durante a aquisição dos dados, taxa de varredura

de alguns sensores, curvatura da terra, sua rotação e a falta de linearidade de alguns

sensores (RICHARDS, 1986).

O processo de correção geométrica envolve basicamente duas etapas, sendo que

a primeira consiste na determinação da função que relaciona o sistema de referência ao

da imagem corrigida. utiliza um mapa registrando uma imagem de forma que seus

pixels se tornem georeferenciados a esse sistema, ou seja, através de valores de latitude

e longitude ou coordenadas cartesianas. A função aplicada à correção geométrica é

determinada a partir das coordenadas de pontos de controle na imagem a ser corrigida e

no sistema de referência utilizado. A segunda etapa baseia -se no cálculo por

reamostragem dos valores de nível cinza dos pixels na imagem corrigida, onde para se

determinar esses valores são utilizados métodos de interpolação dos pixels (da imagem

não-corrigida) mais próximos a ele. Os métodos de interpolação mais comuns são:

alocação do vizinho mais próximo, interpolação bilinear e convolução cúbica.

3.3.2.2.2. Classificação

A classificação digital de imagens compõe-se de um conjunto de procedimentos

que permite associar objetos (pixels ou regiões) presentes em uma imagem de um

conjunto pré-estabelecido de classes. No processo de classificação digita l, pixels ou

regiões da imagem são associados a uma classe previamente definida, que pode estar

baseada no valor do nível de cinza do pixel, na informação sobre sua vizinhança e na

distribuição dos níveis de cinza da imagem. Os métodos de classificação digital de

47

imagens podem ser supervisionados e não-supervisionados. No primeiro, são escolhidas

amostras de treinamento que correspondem a pequenas áreas, selecionadas da imagem

que pertence às classes de interesse, de onde se obtêm informações referentes aos níveis

de cinza dos seus pixels para o desenvolvimento da classificação. Dentre os vários

métodos de classificação, destacam-se o de máxima verossimilança, o mais utilizado, o

de classificação supervisionada de imagens e o de sensoriamento remoto, onde supõe-se

que os níveis de cinza dos pixels de cada classe sejam feitos a partir da probabilidade de

cada um pertencer às classes previamente definidas.

3.3.3. Modelo Matemático Qual 2E

3.3.3.1. Históricos dos Modelos

O uso de modelos matemáticos para simular as condições ambientais e as

interações com a qualidade da água em rios tem crescido drasticamente nas últimas

décadas. GASTALDINI (1982), citado em FISHER (1995), apresenta um histórico das

modificações e evolução dos modelos de simulação de OD/DBO e salienta que a grande

maioria dos modelos usados atualmente tem como precursor duas equações, propostas

por Streeter e Phelps. Essas equações são utilizadas para descrever o processo de

consumo de oxigênio, no momento que as cargas de DBO são lançadas nos rios, e a

capacidade de reaeração apresentada em função das suas características físicas após o

balanço entre OD e DBO. O modelo foi definido na forma de equações diferenciais

ordinárias de primeira ordem, aplicadas em rios de escoamento uniforme.

dC = -K1.L + K2.(Cs-C) dt dL = - K1.L

onde,

C - concentração de OD(mg/L)

Cs - concentração de saturação de OD (mg/l)

L - demanda bioquímica de oxigênio DBO (mg/l)

t - tempo (T)

K1 - coeficiente de desoxigenação (1/T)

K2 - coeficiente de reaeração (1/T)

48

O Quadro 7 apresenta uma listagem com a evolução cronológica dos modelos de

qualidade e as características inerentes a cada um deles, permitindo um conhecimento

de sua evolução e modificações propostas ao longo do tempo. As equações de Streeter e

Phelps sofreram modificações, a partir da década de 60, como descrito no mesmo

Quadro, que relaciona alguns autores como: CAMP (1963), DOBBINS (1964),

O`CONNOR (1967), DRESNACK et al. (1968) apud BITTENCOURT et al (1996) que

tiveram nessa clássica equação o marco inicial na área de modelagem.

Posteriormente, vários autores propuseram modelos de qualidade da água,

inserindo a interação de processos físico-químicos ainda não abordados ou

acrescentando termos novos às equações. GALTALDINI (1982) apresenta alguns dos

modelos propostos por FALKNER (1972), HUCK (1974) e WU (1979) apud

BITTENCOURT et al (1996), apenas com abordagens diferentes, algum termo de

modelos anteriores ou método de resolução das equações. FISCHER (1995) salienta que

os modelos DOSAG I e III, QUAL I e II tiveram fundamental importância no decorrer

das décadas de 70 e 80. A partir do QUAL II diferentes versões foram apresentadas,

com modificações que resultaram nos chamados QUAL -2E e QUAL-2E-UNCAS.

Os maiores avanços nos modelos ocorreram em virtude da utilização de métodos

numéricos e da chegada dos computadores. A introdução de técnicas de diferenças

finitas ao longo de séries temporais, associada às simulações de Monte Carlo, propiciou

uma variação ampla na formulação dos modelos que, mais recentemente, têm

incorporado análises de incertezas, a relação entre distribuição de freqüência e a

variação dos componentes do modelo (JAMES et al. , 1991).

Com a criação de um grupo de trabalho da Associação Internacional da

Qualidade da Água (IAWQ Task Group on River Water Quality), desenvolveu-se uma

base científica e técnica para se formular uma padronização consistente dos modelos de

qualidade da água e guias para sua implementação, com o objetivo de lidar com as

complexas interações causadas. Assim, torna -se imprescindível integrar modelos de

qualidade com modelos descrevendo efluentes emitidos por um sistema de drenagem e

esgoto. Este grupo apresentou importantes contribuições, revisando o estado da arte dos

modelos existentes (RAUCH, 1998), problemas e limitações atuais dos modelos

(SHANAHAN, et al., 1998) e o futuro dos modelos (SOMLYÓDY, 1998).

49

Quadro 7 - Lista dos Modelos de Qualidade de Água por Ordem Cronológica. Ano Modelo Características

1925 STREETER PHELPS Este modelo representa o balanço entre Oxigênio Dissolvido (OD) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) definidos na forma de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem.

1963 CAMP É um modelo de simulação de OD/DBO que modifica as equações originais adicionando os ter mos referentes à sedimentação e/ou resuspensão, DBO do escoamento superficial e fotossíntesse.

1964 DOBBINS Modelo de simulação, o OD/DBO apresenta-se na forma de equações diferenciais de segunda ordem, considerando os efeitos da demanda bentônica, fotossíntese e respiração no acréscimo da taxa de OD.

1967 O’CONNOR Este modelo de simulação OD/DBO utiliza uma equação onde os termos referentes a DBO carbonácea e DBO nitrificante estão separados.

1970 DOSAG I Modelo proposto pelo Texas Water Development Board (WDB),mostra, de forma integrada, a equação de Streeter Phelps e é aplicável a sistemas unidimensionais sem considerar os efeitos da dispersão.

1970 DOSAG III Criado pela Enviromental Protection Agency EPA, este modelo registra maior habilidade nos procedimentos de simulação e maio número de parâmetros simulados no DOSAG I.

1971 QUAL I

O modelo QUAL I, desenvolvido pelo Texas WDB, usa equações unidimensionais de dispersão-adevecção pela solução das diferenças finitas. É diferente dos modelos acima citados, que utilizam um trecho como um elemento computacional e necessitam apenas de lançamento no início e final de cada trecho a ser alimentado. utiliza um elemento computacional padrão de um comprimento estabelecido através do sistema. Elementos computa cionais com propriedades hidrológicas e físicas similares são agrupados no mesmo trecho. O modelo CE-QUAL -I CM pode ser aplicado em uma, duas ou três dimensões e deve ser ligado a um modelo hidrodinâmico. Inclui processo detalhado de qualidade d’água para temperatura, salinidade, balanço de OD/carbono, ciclos de nitrogênio, fosfóro e silica e interações de fitoplanctum, zooplanctum, bactéria e sedimentos. O CE-QUAL-ICM requer uma grande quantidade de dados para calibragem de processos químicos e biológicos.

1972 QUAL-II

O modelo QUAL- II é uma modificação do QUAL –I proposto pela EPA – Enviromental Protection Agency, sendo aplicável para rios profundos e dentríticos. Pode simular variações temporais e espaciais de até treze parâmetros de qualidade de água O modelo CE-QUAL-RIVI é hidrodinâmico, unidimensional e de qualidade da água usado para simular escoamentos altamente variáveis em rios com barragens ou outras estruturas. O transporte de poluentes por advecção e dispersão está ligado à hidrodinâmica e transformações de poluentes também são simuladas .

1974 SIMOX

Dissolved Oxigen Simulation Model – O modelo de simulação de oxigênio dissolvido inclui OD/DBO, bactéria (Chick’s Law) e uma substância conservativa. A versão mais recente também decaimento de primeira ordem de nitrogênio e fósforo para representar sedimentação, absorção e transformação.

1976 QUAL –SEMOG

QUAL II / SEMOG é um modelo matemático determinístico, unidimensional de Qualidade de água, desenvolvido pela firma Water Resource Engineering para o Southeast Michigan Council of Governments, a partir do modelos QUAL I e QUAL II. Pode ser operado tanto em regime permanente quanto dinâmico, embora, em termos hidráulicos, forneça apenas soluções permanentes.

1976 (cont.)

CE-QUAL - W2 O modelo CE-QUAL - W2 é bidimensional vertical, hidrodinâmico e de Qualidade da água . Inclui temperatura, salinidade, ciclo de OD/carbono, ciclos de nitrogênio, fósforo, fitopanctum e bactéria. Vários níveis de

50

complexidade são possíveis devido à organização modular das simulações de qualidade d’água . O CE- QUAL –W2 tem sido aplicado largamente para rios, lagos, reservatórios e estuários nos Estados Unidos.

QUAL2E

QUAL2E é um modelo unidimensional de estado permanente, usado frequentemente para simular os efeitos de descargas de poluição de fontes pontuais e não-pontuais na Qualidade da água de rios. Ciclos detalhados de OD/DBO e de nutriente são simulados, considerando os efeitos de respiração de algas, reaeração e demanda de oxigênio de sedimentos. Os metais podem ser simulados arbitrariamente como constituintes conservativos ou não. Sua hidrodinâmica baseia-se na equação unidimensional de advecção-dispersão. É amplamente utilizado em todo o mundo, havendo diversos exemplos de aplicação no Brasil.

HSPF

Hydrologic Simulation Program – Fortran – Este modelo combina as cargas de escoamento da bacia e cargas, transporte e transformação, nos rios de OD/DBO, nutrientes, algas e pesticidas/tóxicos. O HSPF requer uma extensa gama de dados de entrada e coeficientes par a parametrizar cada processo de qualidade e quantidade de água. As simulações detalhadas de ciclo de nutriente incluem nitrificação e desnitrificação, absorção de amônia e de ortofósforo, uptake (coletor ascedente de gás), vaporização e imobilização. As tr ansformações de tóxicos no rio abrangem solubilidade, volatização, fotólises, oxidação e biodegradação. Somente a variação em uma dimensão é considerada no corpo de água. O HSPF inclui três compartimentos de algas e considera a respiração, crescimento, assentamento e morte usando a cinética Michaelis- Menten. É um modelo altamente detalhado e tem sido largamente aplicado nos Estados Unidos.

MIKE 11

Este modelo foi desenvolvido pelo Instituto Dinamarqês de hidráulica para simular processos de águas pluviais, escoamento em bacias e qualidade da água em corpos de águas unidimensionais. Sua hidrodinâmica é baseada em uma solução diferencial finita para as equações completas de ST. Venant para escoamento de canal aberto; é simulado escoamento não -permanente. Os módulos de águas pluviais-escoamento usam uma abordagem parâmetro global para simular escoamentos, mas as cargas poluentes não são simuladas.

1985

WASP

Water Analysis Simulation Program – Este programa de simulação de análise da água foi desenvolvido para simular os processos de hidrodinâmica e de grande qualidade de água em 1, 2 ou 3 dimensões para avaliar o destino e transporte de contaminantes convencionais e tóxicos. Ciclos de OD/DBO detalhados, nitrogênio, fósforo e fitoplancton são simulados, usando-se o componente de qualidade da água neutro. O módulo toxi também avalia a cinética de substâncias tóxicas. O wasp tem sido usado em conjunto com o swmm e aplicado largamente nos Estados Unidos e frequentemente na América Latina.

Fonte: Bittencourt, et al. ( 1996)

Modelos mais complexos de qualidade da água que consideram uma

multiplicidade de parâmetros vêm sendo propostos para predizer mais precisamente as

interações físicas, químicas e biológicas dos constituintes presentes nos corpos de águas

naturais.

3.3.3.2. Aplicações dos Modelos de Qualidade

Os modelos de qualidade têm sido largamente utilizados e alguns exemplos

serão citados para que se verifique sua aplicabilidade não só para atender a objetivos de

51

controle da qualidade das águas e de simulações decorrentes do estado de ocupação da

bacia, mas, também, para prognosticar valores decorrentes da implantação de

empreendimentos. Serão listadas diversas experiências com o uso desses modelos,

enfatizando-se não só a região da área de estudo, bem como outras regiões do Brasil e

de outros países.

A SONDOTÉCNICA (1987) utilizou o modelo de Qualidade QUAL II/SEMOG

para avaliar a influência da Usina Hidrelétrica de Manso nos rios Manso e Cuiabá, na

área da bacia do rio Cuiabá. Foram calibrados os constituintes: oxigênio dissolvido

(OD), demanda bioquímica de oxigênio, amônia, nitrato e fósforo.

AL-LAYLA (1989) considera o QUAL II um dos mais abrangentes no grupo

dos modelos desenvolvidos nos Estados Unidos e o mesmo tem sido amplamente

utilizado em redes de drenagem de vários países europeus para simulação da operação

de ecossistemas aquáticos.

AL-RIZZO (1989) descreve a calibração e a simulação do modelo matemático

QUAL II para o rio Tigres, a jusante da barragem Sadam até a cidade de Mosul, no

Iraque, em um trecho de 75 Km. A calibração do modelo teve uma boa concordância

entre as concentrações medidas de constituintes conservativos e não- conservativos. As

discrepâncias levantadas entre as concentrações medidas e simuladas podem ser

atribuídas à falta de dados de campo, à complexidade da formulação do modelo e às

considerações adotadas na construção do modelo.

CUBILLO (1992) relata que a Companhia Canal de Isabel II, responsável pelo

gerenciamento da água e esgoto de Madrid, na Espanha, tem feito uso do modelo para a

maioria dos rios da Comunidade de Madrid. Inicialmente, ele foi aplicado no

planejamento de um programa de expansão de tratamento de resíduos e posteriormente

para gerenciar as estações de tratamento de esgoto e avaliar o controle da qualidade das

águas dos rios de Madrid.

BAUERMANN (1992) utilizou o modelo QUAL-2E em conjunto com uma

planilha eletrônica do Lotus1-2-3 para geração de índices de qualidade da água na bacia

hidrográfica do rio Potiribu, zona de produção de soja, trigo e pecuária, no estado do

Rio Grande do Sul, Brasil. Os parâmetros simulados foram OD, DBO, série N, série P,

coliformes, três substâncias conservativas (DQO, Cloretos e Sulfetos) e uma substância

52

não-conservativa arbitrária (Ferro Total). Entre outros interesses, o trabalho mostrou a

compatibilidade de utilização de um modelo matemático com uma planilha expandida

(spreadsheet), criando um instrumento de gerenciamento computacional acessível tanto

ao pessoal técnico como aos responsáveis pelas tomadas de decisão.

MENDONÇA (1992) fez uso do modelo QUAL-2E para determinar o impacto

ambiental de uma fábrica de papel e celulose (CENIBRA), na bacia hidrográfica do rio

Doce, no estado de Minas Gerais, Brasil. A simulação foi realizada em época de

estiagem, sob dois aspectos: variação da concentração da DBO com a vazão de descarga

de efluente constante e a variação da vazão de descarga de efluente com a concentração

da DBO fixa. Onze pontos foram monitorados, considerando os parâmetros OD, DBO,

DQO, pH, condutividade, turbidez, nitrogênio, fosfato, resíduo sedimentável e

coliformes. Nas conclusões, o autor menciona que o QUAL-2E permitiu boa calibração

e pode ser uma importante ferramenta nos trabalhos de planejamento ambiental e

simulações dos impactos na qualidade da água de rios.

ORDEN VAN (1992) apresenta um modelo para simulação da dinâmica de OD

no rio Whippany, localizado a Nordeste de Nova Jersey, Estados Unidos, para um

estudo intensivo da qualidade da água, considerando as duas maiores fontes de poluição

por matéria orgânica que são as estações de tratamento de esgotos domésticos das

cidades de Morristown e Hanover. O modelo desenvolvido foi baseado no QUAL-2E e

considerou como parâmetros de simulação a CDBO (Demanda de Oxigênio na Fase

Carbonácea), NDBO (Demanda de Oxigênio na Fase Nitrogenada), série nitrogenada,

sólidos totais e os processos naturais que interferem na concentração de OD como a

fotossíntese, a reaeração e a respiração.

TEIXEIRA (1994) aplicou o modelo QUAL2E aos rios Coxipó e Cuiabá com o

objetivo de avaliar as cargas orgânicas dos anos de 1993, 1995 e 2005, considerando as

hipóteses de remoção de cargas domésticas na ordem de 80%, 50% e 0% para vazões

hidrológicas mínimas e médias (80 m3/s e 407 m3/s) no Estação Porto, correspondente

ao ponto Rc8 da área de estudo. Com base nessa simulação, foram feitas recomendações

e proposições de diretrizes para cada nível de tratamento de esgoto na bacia, atendendo

aos padrões estabelecidos para rios de classe I e II.

53

FISHER (1995) calibrou o modelo QUAL2E para um trecho de 20 Km na bacia

do Ribeirão do Feijão com o objetivo de determinar o grau de contaminação desse rio,

provocado principalmente pelo resíduo proveniente do aterro não-controlado (lixão),

que constitui a maior fonte de poluição na bacia. utilizou, também, um Índice de

Qualidade da Água (IQA) como mais uma técnica de análise para comparação com o

modelo.

SIQUEIRA (1996) utilizou o QUAL2E na modelagem de oxigênio dissolvido no

rio Meia Ponte, em Goiás, em um trecho de 19 Km, para um período de vazões baixas.

Foram determinados os coeficientes do modelo relativos à reaeração atmosférica e

demanda bioquímica de oxigênio.

3.3.3.3. Modelo QUAL2E: Concepção e Características

A equação básica do modelo QUAL2E é a de transporte de massa (advecção,

dispersão) que é integrada numericamente, num intervalo de tempo, para cada

constituinte de qualidade de água simulado.O escoamento considerado nesse modelo,

tipo permanente uniforme, ocorre quando o gradiente de profundidade com o espaço é

nulo e a velocidade constante e no sentido longitudinal, predominante em rios,

permitindo, assim, uma representação por equação unidimensional. A base da

formulação do comportamento de sistemas reais faz-se a partir das diferenças finitas,

através de um esquema implícito de regressão, que é um método de resolução numérica

das equações diferenciais, sendo, assim, consideradas equações governantes que

determinam os modelos de qualidade de água e hidrodinâmicos (FALCONER, 1991).

O modelo pode ser operado como permanente ou dinâmico, sendo no primeiro

caso utilizado para estudo do impacto dos despejos (magnitude, qualidade e localização)

na qualidade da água do rio. Na forma dinâmica, permite o estudo dos efeitos das

variações diurnas dos dados meteorológicos na qualidade da água (oxigênio dissolvido e

temperatura) e das variações do oxigênio dissolvido, devido ao crescimento e respiração

das algas.

O rio é considerado um reator de mistura completa onde os elementos

computacionais estão ligados seqüencialmente um ao outro via mecanismos de

transporte e dispersão. Grupos seqüenciais desses reatores podem ser definidos como

54

trechos nos quais os elementos computacionais têm as mesmas propriedades

hidrogeométricas, declividade, seção transversal do canal, rugosidade, etc. e taxas de

constantes bioló gicas, de decaimento de DBO, de fontes bênticas e de sedimentação de

algas, etc.

O primeiro passo na modelagem do sistema é subdividir o rio em trechos, ou

seja, extensões do rio que apresentem características hidráulicas uniformes. Cada trecho

é, então, dividido em elementos computacionais de igual tamanho. Dessa maneira, todos

os trechos devem consistir de um número inteiro de elementos computacionais.

3.3.3.4. Limitações do Modelo QUAL2E

O modelo QUAL2E apresenta certas limitações dimensionais que têm sido

impostas durante o desenvolvimento do programa, referentes ao número de trechos, 15;

elementos computacionais, 500; de cabeceira, 15; de junção, 15; e de entrada e saída,

90.

Hidraulicamente, o QUAL2E é limitado a simular períodos de tempo durante os

quais tanto a vazão do rio como as cargas poluidoras são essencialmente constantes. Seu

uso requer ainda conhecimento e domínio nas áreas de hidráulica, hidrologia, estatística

e computação. O programa apresenta algumas limitações de impressão gráfica e no

formato de entrada e saída das informações, o que impõe a necessidade de se acoplarem

planilhas para o tratamento dos dados a serem introduzidos no modelo e de se utilizarem

outros aplicativos que façam a interface gráfica para a saída dos dados.

3.4. Antecedentes da Qualidade da Água na Bacia do Rio Cuiabá

A bacia do rio Cuiabá tem demandado vários estudos ao longo dessas últimas

décadas GOMES (1984), TEIXEIRA (1994), LIMA et al. (1994), FEMA (1995),

PCBAP (1996), FIGUEIREDO (1996) que, em geral, buscaram a caracterização de

variáveis hidrológicas, físico-químicas e bacteriológicas e a utilização de modelos

matemáticos para simulação da qualidade da água.

Mais recentemente, novos estudos vêm sendo realizados com o objetivo de se

conhecer a dinâmica apresentada pelas comunidades aquáticas (zooplanctônicos e

55

bentônicos) decorrente de todo o processo de ocupação na bacia. São estudos que

caminham para uma nova área denominada ecohidrologia.

ZALEWKI (2000) considera essa área uma nova tendência para atingir o

desenvolvimento sustentável dentro de uma bacia, pois estuda as inter-relações

funcionais entre a hidrologia e a biota aquática resultante da evolução biogeoquímica

que ocorre dentro do ciclo da água. O autor enfatiza, ainda, que a degradação dos

recursos hídricos apresenta duas faces: a poluição e a ruptura dos ciclos d’água e dos

nutrientes. A primeira pode ser substancialmente eliminada através do uso de

tecnologia, a segunda, mais complexa, está ligada à destruição da estrutura biótica

dentro da área da bacia e dentro dos sistemas dos recursos hídricos. Alguns estudos

sobre a bacia serão, a seguir, descritos, pela importância de suas informações.

GOMES (1984) avaliou a capacidade de autodepuração do rio Cuiabá a partir da

identificação das fontes pontuais domésticas e industriais localizadas ao longo desse rio

e do Coxipó, no período de cheia e estiagem, de 1982 a 1984. Foram determinados os

coeficientes k1 e k2, e simuladas as condições futuras da qualidade da água na bacia,

para os anos de 1990 e 2000, se mantidas as condições sanitárias da época. Esse estudo

envolveu a definição de uma rede de amostragem composta por quatro pontos de coleta

no rio Cuiabá. O primeiro, na seção a montante da estação de Tratamento de Água da

SANEMAT (Rc5), o segundo a jusante da Ponte Nova (Rc8), o terceiro a montante da

foz do rio Coxipó (Rc10) e o quarto a jusante do córrego Lavrinha, na localidade de São

Gonçalo (Rc11), além de mais dois pontos no rio Coxipó. Foram, ainda, caracterizados

sete pontos referentes aos córregos e lançamentos: Ribeirão do Lipa, Coophamil,

Prainha, São Gonçalo, Barbado, Embaúval e Lavrinha, e alguns efluentes de indústrias

de bebidas, laticínios, curtumes e frigoríficos. Nas amostras coletadas, nos períodos de

cheia e seca, analisaram-se as seguintes variáveis: temperatura da água, pH, sólidos

totais (mg/l), sólidos fixos (mg/l), sólidos voláteis (mg/l), oxigênio dissolvido (mg/l),

DBO (mg/l), DQO (mg/l), coliformes totais e fecais (NMP/100ml).

TEIXEIRA (1994) aplicou o modelo computacional QUAL2E aos rios Cuiabá e

Coxipó, com o objetivo de avaliar e simular a qualidade da água, a partir da situação no

ano de realização do estudo (1993) e para projeção futura, dos anos de 1995 e 2005,

adotando hipótese de remoção de carga doméstica da ordem de 80%, 50% e 0%, para

vazões hidrológicas mínimas e médias na Estação Porto. Os resultados das projeções

56

para o ano de 2005 indicaram um acréscimo da DBO na ordem de 100%, em relação a

1993, se não ocorrer nenhuma remoção da carga lançada, chegando a 9mg/l, em Cuiabá.

O autor concluiu, ainda, que os teores de OD sempre estarão acima de 5,0 mg/l, mesmo

no ponto Rc12, considerado o mais crítico. O fósforo total assume valores elevados e

para se enquadrar aos limites do rio classe II deverá alcançar cerca de 95% de remoção

nas estações de tratamento. O parâmetro coliforme ficará bastante elevado, na ordem de

105 NMP/100ml, requerendo, assim, no mínimo, um tratamento que apresente uma

eficiência de 99,9% para atingir os limites da classe II.

FIGUEIREDO (1996) analisou dados levantados pela FEMA, de treze pontos de

coleta localizados desde a cabeceira do rio Cuiabá até, Porto Cercado, início do

Pantanal, a partir das médias obtidas para os períodos de seca e cheia, de maio de 1995

a maio de 1996. São dados referentes às variáveis: temperatura da água, temperatura do

ar, pH, condutividade elétrica (µS/cm), alcalinidade (mgCaCO3), oxigênio dissolvido

(mg/l), nitrogênio Kjeldhal (mg/l), nitrato(mg/l), nitrogênio amoniacal (mg/l),

nitrogênio orgânico (mg/l), fósforo total (mg/l), turbidez (UNT) e material em

suspensão. Foram analisadas as evoluções temporais das variáveis de cada ponto e a

correlação entre algumas variáveis, além da análise de cluster, que permitiu agrupar os

pontos do rio que apresentaram características comuns.

A FEMA (1997) realizou um estudo sobre os níveis e tendências da qualidade da

água a partir da determinação do IQA da CETESB, dos principais tributários da bacia

do Alto Paraguai, onde o rio Cuiabá constitui um dos principais contribuintes. Os dados

relativos ao período de junho de 1995 a julho de 1996 referem-se a treze pontos do rio

Cuiabá, da cabeceira até Porto Cercado, onde são analisadas as seguintes variáveis:

temperatura da água, temperatura do ar, pH, OD, DBO, DQO, coliformes fecais,

coliformes totais, nitrogênio total, fósforo total, resíduo total, turbidez, condutividade

alcalinidade, nitrogênio Kjeldhal, nitrogênio nitrito, nitrogênio nitrato, nitrogênio

amoniacal e ortofosfato solúvel. Esse trabalho contém o Índice de Qualidade de Água

(IQA), de acordo com a adaptação da CETESB, além da evolução temporal dos

parâmetros levantados no período em relação aos limites estabelecidos pela Resolução

CONAMA 20 (1986) para rios de classe II. Os resultados demonstram que os piores

registros obtidos foram para os períodos de chuva, o que leva a uma classificação

aceitável nos pontos mais urbanizados da bacia.

57

MMA (1997) coordenou a execução do Plano de Conservação da Bacia do Alto

Paraguai – PCBAP, como um componente do projeto Pantanal, no âmbito do Programa

Nacional de Meio Ambiente – PNMA, envolvendo os estados de Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul, abrangem as áreas inundáveis do Pantanal Mato-grossense e nas terras

mais elevadas e mais secas do seu entorno. Esse estudo resultou na formação de uma

ampla base de informações para o monitoramento e gestão da bacia, apresentando os

seguintes produtos: um diagnóstico ambiental da BAP dentro das temáticas das ciências

naturais e humanas, envolvendo, ainda, aspectos econômicos e jurídicos institucionais e

o zoneamento ambiental da bacia; carta de fragilidade e de impactos ambientais,

definindo diretrizes gerais e específicas para cada unidade baseadas nos critérios de

preservação ambiental, recuperação ambiental e de desenvolvimento com conservação

da natureza.

O PCBAP, na temática qualidade das águas e dos sedimentos, realizou

levantamentos de dados secundários junto a diversas instituições dos dois estados e do

departamento DNAEE. Nesse levantamento, pode-se identificar a abrangência da rede

de coleta em termos espaciais e temporais e em relação ao número de parâmetros

analisados. Além disso, o projeto realizou campanhas isoladas, no período de março de

1994 a abril de 1995, nos principais rios da bacia .

A Fundação Estadual do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso, FEMA

(2000), tem dado continuidade às campanhas, em sua rede de amostragem acima citada,

dentro do Programa de Monitoramento. Trabalhos preliminares de sistematização de um

banco de dados têm sido realizados com o objetivo de acompanhar a evoluçã o temporal

ao longo da bacia.

FURNAS (2000), empresa responsável pela construção da Usina de Manso,

definiu vinte e um programas para acompanhar os impactos ambientais gerados em cada

componente e compartimento da área diretamente alagada para formação do

reservatório e da área a jusante da barragem. Dentre esses programas, destacam-se os de

monitoramento climatológico, hidrológico, liminológico e de qualidade da água, sendo

este último responsável pelo monitoramento da evolução dos sistemas aquáticos antes e

após o barramento do rio e pela avaliação sistemática de eventuais alterações na

qualidade da água. O programa hidrológico acompanha as variações na bacia dos rios

Manso e Cuiabá, durante a construção e operação do empreendimento, e o

58

climatológico fornece informações básicas para outros programas ambientais e para a

operação do empreendimento. Para atender a esses objetivos, inicialmente a

ELETRONORTE e posteriormente FURNAS, definiram uma nova rede de

monitoramento em pontos considerados estratégicos para avaliar os impactos

decorrentes da implantação da usina. Registros das observações estão sendo realizados

desde 1986 até a presente data, correspondendo a períodos anteriores e posteriores ao

fechamento das comportas. Esses relatórios são encaminhados à FEMA, órgão gestor da

Política Ambiental do Estado, para acompanhar a evolução das alterações e direcionar

ações mitigadoras para o impacto produzido.

Apesar da grande disponibilidade de dados ambientais, estes encontram-se

dispersos em diversas instituições e órgãos. Buscando resgatar esses dados e agrupá -los

de forma sistematizada, está sendo desenvolvido um sistema integrado de

monitoramento ambiental de gerenciamento da bacia do rio Cuiabá (SIBAC), projeto

concebido para dar suporte a várias teses de doutorado do Departamento de Engenharia

Sanitária e Ambiental, cujos dados e metodologias serão integradas ao sistema.

Sistema Integrado de Monitoramento Ambiental da Bacia do Rio Cuiabá –

SIBAC (2000), projeto concebido pelo Departamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental, tem por objetivo resgatar e agrupar esses dados de forma sistematizada,

tornando-os de fácil acesso aos usuários.

59

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo utilizou uma base de dados múltiplos para avaliar os impactos do

processo de urbanização na evolução da qualidade da água da bacia do rio Cuiabá, no

trecho correspondente ao perímetro urbano das cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

Foram considerados os aportes da carga poluidora provenientes das fontes pontuais dos

esgotos domésticos e industriais lançados nos principais tributários desse rio. Para lidar

com as complexas interações de bases múltiplas de dados hidrológicos, climatológicos,

de qualidade da água e de uso e ocupação do solo, utilizaram-se ferramentas analíticas

como estatísticas multivariadas, séries temporais, modelo matemático e sensoriamento

remoto.

4.1. Fundamentação Teórica

As etapas desenvolvidas na definição de uma metodologia de análise,

verificação, validação das hipóteses e da aplicabilidade da combinação de diferente s

instrumentos de avaliação da qualidade da água podem ser observadas na Figura 9. O

fluxograma destaca, na linha central, a seqüência adotada para proceder às análises

estatísticas com as informações selecionadas do banco de dados, bem como as hipóteses

verificadas neste estudo, relativas à importância de se ter:

- um banco de dados contendo informações de várias fontes;

- faixas de variações por período e por ponto para verificação da qualidade da água do

rio Cuiabá, no perímetro urbano, tendo como limite os padrões estabelecidos pela

Resolução CONAMA 20 para um rio classe II;

60

- uma análise da tendência da série temporal nesses pontos, decorrente de todo o

processo de ocupação e urbanização sofrido pela bacia.

Figura 9 – Fluxograma das Etapas Metodológicas Adotadas nas Análises.

Na linha esquerda do fluxograma mostrado na Figura 9, visualizam-se as etapas

desenvolvidas no processamento, análise e classificação da imagem de satélite da bacia

para posterior integração desses resultados com dados de qualidade das sub-bacias do

perímetro urbano e verificação das hipóteses, com possibilidade de:

61

- agrupar as sub-bacias de acordo com as características comuns de qualidade e inter-

relacioná-las com o tipo de ocupação;

- utilizar o sensoriamento remoto para estimar dados de qualidade da água nas bacias e

alimentar modelos matemáticos;

- combinar diferentes ferramentas para avaliar a qualidade da água da bacia.

Associadas a essas análises estatísticas foram realizadas simulações a partir do

modelo matemático QUAL2E, alimentado com informações referentes ao ponto Rc5

(condições iniciais) e dados de qualidade (conservativos e não-conservativos) dos

principais afluentes (sub-bacias) considerados, na calibração e simulação, como pontos

de lançamentos domésticos, devido à carga de esgoto que recebem. Além desses, outros

dados como lançamentos industriais, climatológicos e hidrológicos foram introduzidos

ao modelo para se verificar sua validade e adequação na simulação de cenários para

prognosticar a qualidade da água da bacia do rio Cuiabá. Validadas as hipóteses,

realizou-se a comparação dos resultados, de cada análise, ressaltando-se não apenas os

aspectos quantitativos, mas, também, a avaliação qualitativa.

4.1. Banco de Dados

Este projeto envolveu o levantamento de dados primários e secundários

(existentes) do rio Cuiabá e seus principais afluentes. Os dados secundários, coletados

no período de 1987 a 2000, originaram-se das fontes: Departamento de Engenharia

Sanitária e Ambiental da UFMT, FEMA, CPRM, FURNAS, Defesa Civil, ANEEL,

Ministério da Agricultura, SANEMAT e Agência Municipal de Saneamento de Cuiabá.

Todas as informações foram armazenadas no banco de dados do SIBAC, que é

constituído por um Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD), desenvolvido em

Microsoft Access, e um Sistema de Informação Geográfica (SIG), implementado em

Arc View. O SGBD objetiva organizar e sistematizar as informações hidrológicas,

climatológicas e de qualidade da água da bacia, de forma a permitir consultas

simplificadas a qualquer usuário, conforme observado na Figura 10, onde pesquisas

podem ser realizadas atendendo aos critérios definidos pelo usuário, de período, seleção

dos pontos, parâmetros e fontes desejadas.

62

Fonte: SIBAC, 2000. Figura 10 – Formulário do Banco de Dados do SIBAC para Visualização da Consulta do Banco de Dados.

4.1.1. Campanhas de Campo

As campanhas de campo, efetivadas a cada 16 dias, casadas com a passagem do

satélite, tiveram início em novembro de 1998, sendo realizadas no perímetro urbano do

rio Cuiabá, nas oito seções: Rc5, Rc6, Rc7, Rc8, Rc9, Rc10, Rc11 e Rc12.

Posteriormente, após a liberação de recursos do projeto pela FAPEMAT, quatro novos

pontos (RC2, Rc3, Rm8, Rc3_1), localizados na cabeceira do rio, foram adicionados,

totalizando doze pontos, sendo as campanhas efetivadas bimestralmente. A Figura 11

mostra a distribuição espacial dos pontos de coleta no rio Cuiabá.

63

Figura 11 - Distribuição Espacial dos Pontos no Rio Cuiabá – Mato Grosso e Principais Tributários do Perímetro Urbano – Mato Grosso - 2000.

Embora a bacia apresente um grande número de pontos de monitoramento, as

freqüências e tipos de variáveis analisadas alteram de acordo com as fontes e natureza

dos estudos realizados. Dessa forma, para atender aos objetivos propostos neste estudo,

os pontos Rc5 e Rc12 foram escolhidos para análise devido a sua localização

estratégica, a montante e a jusante do perímetro urbano, e por possuírem uma série

histórica com maior número de observações, permitindo, assim, atender às exigências

das análises estatísticas a serem realizadas. Além dos pontos localizados no rio Cuiabá,

foram levantados, nesse trecho, dados referentes a seus principais tributários (sub-

bacias), conforme Quadros 8 e 9.

64

Quadro 8 - Caracterização dos Pontos Monitorados no Rio Cuiabá –– Perímetro Urbano, Mato Grosso - 1999-2000.

Ponto no rio Cuiabá

Localização Coordenadas (UTM)

Rc5 Cbá na Passagem da Conceição 592,160/ 8.278 ,820 Rc6 Cbá Riberão do Lipa 592,685 /8.276,95 Rc7 Cbá Copamil 592,050/ 8.274,945 Rc8 Cbá Porto 595,610 /8.273,320 Rc9 Cbá Corrego Gambá 598,220/ 8.271,595 Rc10 Cbá Corrego Barbado 599,670 /8.269,660 Rc11 Cbá São Gonçalo 599,670/ 8.269,660 Rc12 Cbá após ponte JK 595,190 /8.263,880

Quadro 9 - Caracterização dos Pontos Afluentes ao Rio Cuiabá –- Perímetro Urbano, Mato Grosso 1999 – 2000.

Ponto dos Afluentes (Lançamentos)

Localização Coordenadas (UTM)

Alipa Ribeirão de Lipa, Cuiabá 593,030 / .8.277,445 Apari Pari, Cuiabá 591,615 / 8.275,890 Asrosa Esgoto bairro Sta. Rosa, Cuiabá 592,440 /8.274,570 Aembov Embouval, Cuiabá 592,960 /8.272,190 Ampint Corrego Manuel Pinto, Cuiabá 595,815 / 8,273,440 Aprain Corrego Prainha, Cuiabá 596,240 /8.273,320 Agamba Corrego Gamba, Cuiabá 597,490 / 8.272,190 Abarba Barbado, Cuiabá 598,574/8.271,410 Acoxip Boca Rio Coxipó, igual Rcox4 599,610/8.270,420 Asgonc São Gonçalo, Cuiabá 599,753/8.269,972 Absant Boca de Santana, Cuiabá 596,830 /8.265,540 Aengor Engordador, Cuiabá 595,013/8.264,925 Apicar Picarrão, antes JK, Cuiabá 594,825/8.264,335

4.1.2. Variáveis Analisadas

O Quadro 10 contém os tipos de variáveis levantadas, métodos adotados, limite

de detecção e equipamentos utilizados nas análises, que foram baseadas em Métodos

para as Análises de Águas Potáveis e Residuárias - Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater APHA-AWWA-WPCF (1995) 19 edição. Além

dessas variáveis, integram este estudo informações e dados hidrológicos,

climatológicos, das características dos lançamentos industriais e das captações

existentes ao longo do rio. Ainda foi utilizada imagem de satélite do tipo Landsat 5 TM,

de 21/04/99, da base 227 e do ponto 71, com resolução de 30 x 30 m e 6 bandas (1, 2, 3,

4, 5, 7) abrangendo a bacia desse rio.

65

Quadro 10 - Síntese dos Métodos e Equipamentos Empregados para Análises Físico - Químicas e Microbiológicas e Limites de Detecção. Variáveis Analisadas nas Seções Amostradas da Bacia do Rio Cuiabá – Mato Grosso - 1998 – 2000.

Variável Método Limite de Detecção

Equipamentos

PH Eletrométrico 0,1 PHmetro, Digimed-Dm20 Temperatura Ar, Água (ºC)

Termômetro de contato 0,5 Termômetro c/ coluna Hg, certificado, escala de 0 a 100ºC c/ variação 0,1ºC

Cor (uH) Comp. visual solução padrão de cobalto-platina

2,5 Colorímetro/Polilab/Aqua Nessler An1000

Turbidez UT Nefelométrico 0,1 Turbidímetro/Polilab/AP-1000

Alcalinidade (mg/l CaCo3)

Potenciométrico com titulação c/ H2S04 0,02N

0,1 1. Phmetro/Digime/Dm20. 2. Bureta automática/ Metrohm Herisau/ E-1.85-10ml

Condutividade (µS/cm)

Laboratório – empregando eletrodo de platina

0,01 Condutivímetro/Micronal/ B-330

OD (mg/l) Método de Winkler Modificado

0,1 Titulador

Sólidos Totais Sólidos Fixos Sólidos Voláteis (mg/l)

Gravimétrico 1,0

1. Cápsula de Porcelana 2. Balança eletrônica de precisão de 0,1 µg /Scientech/AS-210 3. Estufa/ FANEM/ 320SE/ temp. 105ºC. 4.Mufla/Engro/M-355,Temp 550-600 ºC. 5.Dissecador/Pyrex/200mm

DBO Método das Diluições Incubado a 20ºC, 5 dias

0,1 Titulador

DQO (mg/l) Refluxo c/ K2Cr2O7 0,025N e Titulação c/ Fe(NH4)2(SO4)

2 . 6H20 0,010

1.Aquecedor p/ refluxo conjunto SEBELIN c/ 06 provas / Ética 2. Agitador magnético/FANEM/ 257 3. Pipetador Automático /Metrohm Herisau/ E485

Nitrogênio Kjeldhal (mgN/l)

Perssulfato e leitura colorimétrica

0,01 Espectrofotômetro/Micronal- B-375 Comprimento de onda

Fósforo Total (mgP/l)

Ácido ascórbico e leitura colorimétrica

0,010 Espectrofotômetro/Micronal- B-375/ Comprimento de onda 660 nm.

Coliformes Totais e Fecais (NMP/100ml)

Fermentação em tubos múltiplos

2,0 1. Estufa de cultura/ FANEM/ 002 CB 2. Banho-maria/ FANEM

Fonte: adaptado de FARIAS, (2001)

4.2. Tratamento dos Dados

Os dados levantados foram analisados a partir do pacote estatístico SPSS, versão

9.0, em etapas distintas. Na primeira etapa, procedeu-se à análise comparativa para

verificar se ocorriam diferenças significativas das variáveis entre as diversas fontes

disponíveis no banco de dados. Além disso, realizaram-se as análises descritivas das

tendências e oscilações de cada variável por período sazonal, sendo, ainda, estudadas as

hipóteses de verificação do atendimento aos limites estabelecidos pela Resolução

CONAMA 20.

66

Na segunda etapa, realizou-se a análise do comportame nto da série cronológica e

das tendências apresentadas por cada variável nos pontos em questão. Foram também

obtidos modelos para prognosticar os novos valores das variáveis, nos pontos Rc5 e

Rc12, para os anos de 2001 e 2002. Na terceira etapa, analisaram-se as inter-relações

entre os tipos de classes de ocupação obtidos a partir da imagem de satélite do ano de

1999, para as 13 sub-bacias que compõem o perímetro urbano Cuiabá e Várzea Grande,

com as características físico-químicas e bacteriológicas observadas nesse mesmo

período.

4.2.1. Análises das Variações entre Fontes

A análise para verificação da possibilidade de se juntar os dados das três fontes

disponíveis e selecionadas, UFMT, FEMA e FURNAS, foi feita utilizando-se testes

não-paramétricos, devido ao fato de os dados não apresentarem distribuição normal.

Aplicaram-se os testes de Friedman (para K amostras relacionadas) e Wilconson (para 2

amostras relacionadas). SIEGEL (1975) comenta que esse teste, comparado com a mais

poderosa das provas paramétricas para k amostras, a prova F, demonstrou uma alta

eficiência. No que se refere à prova de Wilconson, o mesmo autor enfatiza o poder

desse teste, que leva em conta não apenas as informações sobre o sentido da diferença

dentro de cada par, mas o valor das diferenças. Valores de significância menores que

0,05 indicam que ocorreram diferenças significativas entre as fontes, não permitindo,

assim, que se misturem as fontes disponíveis no banco de dados.

4.2.2. Estatísticas Descritivas

A análise exploratória dos dados foi realizada com três fontes dos pontos Rc5 e

Rc12, com o objetivo de se conhecer as características e o comportamento das amostras,

sua tendência central (mediana) e a variabilidade de seus valores (amplitude). Gráficos

Box-plots foram utilizados para facilitar a visualização das estatísticas descritivas,

permitindo demonstrar os percentis inferior (25%) e superior (75%) e a mediana (50%).

Nas extremidades, encontram-se as barras de erros que definem os 10% e 90%, e os

círculos que representam os pontos fora dessa variação. Destaca-se, nesse tipo de

gráfico, a faixa de amplitude (mínima e máxima) apresentada pelas variáveis.

67

4.2.3. Teste de Hipóteses

Os testes de Mann-Whitney e da Mediana foram aplicados nos pontos Rc5 e

Rc12 para verificar as hipóteses de variação das médias, nos períodos de chuva e seca, e

a qualidade da água nesses pontos, observados os limites estabelecidos pelos padrões

ambientais. A Figura 12 relaciona as etapas seguidas para verificação das hipóteses e os

métodos aplicados.

Figura 12 - Seqüência das Análises Estatísticas Realizadas (Teste de Hipóteses).

Utilizou-se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para investigar a validade

das hipóteses previamente levantadas sobre os dados, supondo-se que os efeitos da

poluição, oriundos do uso e ocupação do solo, têm alterado a qualidade da água do rio

Cuiabá de forma a apresentar variações significativas entre os pontos. Além disso,

observou-se a variação no período de seca, considerada mais crítica que no período de

cheia, em decorrência da baixa vazão do rio Cuiabá e do contínuo lançamento dos

esgotos produzidos pelas sub-bacias. Avaliou-se, ainda, a hipótese de que o ponto

Rc12, localizado a jusante do perímetro urbano, apresenta -se em piores condições de

qualidade que o ponto Rc5. O teste da Mediana foi utilizado para comprovar as

diferenças nas tendências centrais da qualidade da água dos dois pontos, com a mesma

mediana em relação aos padrões ambientais de DBO, OD, cor, turbidez, coliformes

fecais e totais.

68

Valores do teste de significância menores que 0,05 indicam que ocorreram

diferenças expressivas entre os períodos e padrões, em ambos os pontos, e entre os

pontos em questão. Em todos os casos, foi usado o método de Monte Carlo, pois o

número de observações utilizado em cada distribuição era < 100.

4.2.4. Análise das Séries Temporais

O estudo da série temporal das variáveis físico-químicas e bacteriológicas dos

pontos Rc5 e Rc12 baseou-se nos dados obtidos pela fonte da UFMT, no período

compreendido entre 1987 e 2000. A Figura 13 mostra o fluxograma da seqüência das

análises realizadas neste estudo, considerando que a série disponível continha falhas que

foram preenchidas com informações de outras fontes. A análise das séries temporais

firmou-se no princípio de que o estudo de uma série cronológica só é possível a partir de

uma única realização da série e não de uma mistura de realizações.

Figura 13 - Seqüência da Análise das Séries Temporais.

Inicialmente foram realizadas análises de regressão linear múltipla “stepwise",

que opera através da geração de uma seqüência de equações de regressão, incluindo ou

excluindo uma variável, passo a passo. O parâmetro estatístico utilizado por esse

método, também denominado passos sucessivos, para definir a equação de regressão foi

o do coeficiente de correlação (R).

Quando no procedimento de análise dos dados considera-se a média, não

existem diferenças entre as fontes. Porém, se os valores das fontes se misturam para se

obter apenas uma série, a tendência da mesma fica oculta pela variabilidade das três

fontes (realizações). Nesse caso, é preciso estudar a tendência só a partir da primeira

realização (fonte), a que dispõe de um maior número de dados, completando a série da

69

melhor maneira possível. Para isso, utilizaram-se as informações das outras duas fontes,

seguindo os passos:

- realização de três estudos da regressão, tendo a variável da Fonte 1 como

dependente, de onde obtiveram-se três equações: a primeira em função dos dados das

Fontes 2 e 4, quando ambas estariam disponíveis; a segunda com os dados da Fonte 2,

quando só esta encontrou-se disponível e a terceira relativa à Fonte 4;

- preenchimento, por interpolação, dos valores perdidos, quando estes se

apresentarem fora da faixa nor mal, utilizando a média de três valores anteriores da série

do mesmo período; plotagem dos gráficos de linha, após o preenchimento da série, o

que permitiu uma melhor visualização das variações ocorridas por período de seca e

cheia, ao longo dos anos. A te ndência da curva foi obtida, em geral, a partir de modelos

lineares e quadráticos e para as variáveis bacteriológicas. Utilizaram-se, ainda, os

modelos logarítmico e exponencial, de forma a verificar aqueles que mais se ajustaram.

4.2.5. Análises das Inter-relações das Categorias de Ocupação e das

Variáveis Físico - Químicas e Bacteriológicas

Neste item será apresentada a seqüência das análises realizadas para estudar as

inter-relações entre o processo de urbanização e a qualidade da água das treze sub-

bacias, localizadas no perímetro urbano, que constituem os principais tributários do rio

Cuiabá nesse trecho, conforme visto na Figura 14.

Figura 14 - Seqüência das Análises da Ocupação do Solo x Qualidade da Água.

70

Análises de correlação, regressões múltiplas, componentes principais e clusters

foram feitas com o objetivo de: determinar a influência positiva ou negativa das classes

de ocupação nas variáveis de qualidade da água, separadamente, e a força com que elas

se encontram correlacionadas; gerar modelos para prognosticar concentrações de

alguma s dessas variáveis físico-químicas em sub-bacias, das quais não se têm dados e,

finalmente, buscar nas duas últimas análises, o agrupamento das sub-bacias que

apresentaram características similares.

Esta análise, realizada a partir dos resultados obtidos pela classificação da

imagem de satélite do tipo LANDSAT- TM (21/04/99), resultou em seis classes de

ocupação e uso do solo (urbanização alta, urbanização baixa, campo, cerrado, mata e

água). Neste estudo, essas classes foram reduzidas a quatro (% de urbanização, de

campo, mata e água), sendo, ainda, calculado o índice de vegetação médio (NDVI) para

cada sub-bacia. Procedeu-se, então, à inter-relação desses dados com os de qualidade

dos treze córregos, sete localizados no município de Cuiabá (Ribeirão do Lipa, Mané

Pinto, Prainha, Gambá, Barbado, Coxipó, São Gonçalo) e seis em Várzea Grande (Pari,

Guarita, Embaúval, Boca de Santana, Engordador, Piçarrão) referentes aos anos de 1999

e 2000, da Fonte UFMT para o período de seca.

4.2.5.1. Análises de Correlação entre as Classes do Uso de Solo e as

Características Físico -Químicas e Bacteriológicas das Sub-bacias

A partir dos testes de correlação não-paramétrica de Kendall’s, Tau-b e de

Spearman’s Rho, desenvolveram-se análises de correlação entre as classes obtidas pelo

uso do solo, no perímetro urbano da bacia, sendo as características físico-químicas e

bacteriológicas medidas nos treze tributários. Esses testes, alternativas não-paramétricas

do coeficiente de correlação de Pearson, avaliam a força com que as variáveis estão

envolvidas, sem especificar que variável é dependente ou independente, e assumem que

a distribuição de erro nos dados comparados é a mesma. O nível de significância <0,05

indica que a correlação é expressiva e que as variáveis analisadas estão correlacionadas.

71

4.2.5.2. Análise de Regressão

A regressão linear define os coeficientes de uma equação, a partir de uma ou

mais variáveis independentes que melhor estimem o valor da var iável. A importância de

se calcular a regressão neste estudo reside na obtenção de que permita prognosticar o

valor médio das características físico-químicas de uma nova bacia, com dados de uso e

ocupação ( % de urbanização, mata e campo ) e NDVI. O nível de significância <0,05

indica que a equação gerada é representativa.

4.2.5.3. Análises de Componentes Principais

A ACP estabelece, com base em uma matriz de semelhança (correlação,

variância-covariância), um conjunto de eixos (componentes ou fatores) perpe ndiculares.

Cada componente corresponde a um autovetor dessa matriz. Assim, para uma matriz de

correlação entre m variáveis, serão calculados m autovetores (= eixos fatoriais) de

cumprimento lâmbida1, lâmbida2 ... lâmbida3 decrescente, em função da sua

contribuição à variância total dos dados. Um autovetor é uma lista de coeficientes

(cargas ou pesos) pela qual multiplicam-se as variáveis originais correlacionadas para se

obterem novas variáveis não-correlacionadas (ortogonais) que são os chamados

componentes principais. Esta análise iniciou-se com a definição da matriz, descrevendo

a dispersão das variáveis originais das sub-bacias (físico-químicas e bacteriológicas,

classes de uso e ocupação do solo e NDVI,) e extraindo dois componentes (autovetores)

com autovalores maiores que 1. A normalização dos dados brutos foi feita para evitar a

classificação errada, devido à diferença na magnitude e na faixa de variação dos

parâmetros analíticos. Na seqüência, utilizaram-se as análises fatoriais, com rotação

varimax para reduzir a contribuição de variáveis menos significativas, minimizando a

estrutura dos dados obtidos da ACP.

4.2.5.4. Análises de cluster

A análise de cluster foi aplicada utilizando-se o método da distância Euclidiana,

com o objetivo de agrupar as sub-bacias que apresentavam características comuns, de

acordo com as classes de ocupações observadas no perímetro urbano da cidade de

Cuiabá e Várzea Grande. A normalização dos dados brutos foi feita para evitar o

72

agrupamento errado, em virtude da diferença na magnitude e faixa de variação dos

parâmetros analíticos.

4.3. Geoprocessamento

Este estudo utilizou técnicas integrada de sensoriamento remoto, sistema de

informação geográfica e base de dados múltiplos para avaliar os impactos do processo

de urbanização na qualidade da água das sub-bacias do rio Cuiabá, nas cidades de

Cuiabá e Várzea Grande. Foram considerados os aportes da carga poluidora, estimados

e medidos através de informações de campanhas de campo e dados secundários, para

posterior correlação com os resultados da classificação das imagens e índices espectrais

de vegetação determinados para as sub-bacias.

4.3.1. Imagem e Softwares Utilizados

Utilizaram-se as 6 bandas (#1,#2,# 3,#4,#5 e #7) da imagem digital Landsat 5

TM (Índice WRS 227/71), de 21/04/99, com resolução de 30 x 30 m, abrangendo a

bacia do rio Cuiabá, no seu perímetro urbano. Os dados do satélite foram examinados

através do software de processamento de Imagem IDRISI 2.0, para classificação do uso

e ocupação do solo e cálculo do NDVI , objetivando identificar o grau de urbanização

das sub-bacias que compõem a área urbana. Posteriormente, esses percentuais foram

correlacionados com as características físico-químicas e bacteriológicas observadas no

período de aquisição da imagem.

4.3.2. Processamento da Imagem

4.3.2.1. Pré-Processamento

Inicialmente a imagem foi geometricamente corrigida, conforme o sistema de

coordenadas UTM das bases cartográficas da Planta Urbana da cidade de Cuiabá e

Várzea Grande, na escala 1:10.000 e do mapa topográfico, escala 1:100.000. Para

reamostragem utilizou-se o método do vizinho mais próximo, considerando 16 pontos

73

de controle. A seguir serão apresentados os métodos e técnicas usados em cada etapa,

nos diferentes Softwares aplicados.

4.3.2.2. Índice de Vegetação

Os índices de vegetação consistem em transformações matemáticas que

identificam a contribuição espectral das plantas em observações multiespectrais,

tradicionalmente aplicadas no monitoramento da vegetação, quando são utilizados

dados de sensoriamento remoto (FUNCATE, 1997). Os valores derivam-se,

principalmente, dos dados de refletância da banda vermelha e do infra -vermelho

próximo. Eles operam pela intensidade da absorção do pigmento da clorofila no

vermelho, em contraste com a alta refletância dos materiais das plantas no infra-

vermelho próximo. As potencialidades e limites dos diferentes índices são discutidos

por vários autores (PLUMMER, 2000, MASELLI et al, 1998) e aplicações desse índice

em análises de ecossistemas urbanas podem ser observadas em estudos de casos

realizados por CARLSON et al. (2000).

A determinação do índice de vegetação desenvolvido para o sensor

TM/LANDSAT utilizado é calculada pela equação.

NDVI = TM4 – TM3 TM4 - TM

4.3.2.3. Classificação

O processo de classificação compreendeu as seguintes etapas: definição das

áreas de treinamento, extração e análise das assinaturas, aplicação de algoritmos de

classificação e verificação dos resultados. Para definição das áreas de treinamento,

utilizaram-se as aerofotos da cidade de Cuiabá e Várzea Grande, na escala 1:8000, do

ano de 1999, obtidas junto à Prefeitura Municipal de Cuiabá.

Inicialmente, efetuou-se um corte retangular na imagem da região

correspondente à área urbana de Cuiabá e Várzea Grande para classificação do uso e

ocupação do solo e cálculo do NDVI. A partir de uma avaliação da separabilidade das

classes espectrais, foram definidas seis classes (urbanização alta, urbanização baixa,

74

mata ciliar, cerrado, campo e água) usando os algoritmos da máxima verossimilhança e

da distância mínima.

A verificação dos resultados da classificação ocorreu com a seleção aleatória de

194 pixels de cada categoria para efetuar o cálculo das estatísticas da matriz de erro e do

coeficiente de Kappa. A matriz de erro compara os pontos de validação armazenados

em um próprio PI, com o valor obtido da classificação. Na matriz, as colunas

representam o uso real e as linhas, o resultado da classificação.

4.4. Operações no SIG

Para correlacionar o aporte por sub-bacia com os índices de vegetaçã o e os

resultados da classificação do uso e ocupação do solo, no SIG, as respectivas camadas

provenientes do processamento de imagens foram sobrepostas ao plano de informação -

PI da divisão de sub-bacias. Através do módulo do IDRISE Database Workshop, foram

obtidos em forma tabular, os momentos por sub-bacia (média e desvio padrão).

Delimitaram-se as sub-bacias pela interpretação da topografia (curvas de nível, pontos

cotados e hidrografia das plantas digitais). Na correção de erros e criação da topologia,

o arquivo vetorial ACAD foi importado para o ArcInfo e o PI, corrigido, reencaminhado

ao IDRISE e rasterizado. Quando essas áreas extrapolaram o limite do perímetro

urbano, atingindo grandes porções de áreas rurais, fez-se uma subdivisão dessa sub-

bacia e considerou-se apenas a fração sob influência da área urbana, dentro do enfoque

do estudo.

4.5. Modelo de Qualidade da Água – QUAL-2E

Este estudo utilizou o modelo matemático QUAL2E com o objetivo de avaliar a

situação atual e simular cenários futuros para a bacia, considerando o crescimento

populacional para os anos de 2005 e 2010 e as condições de tratamento do efluente

doméstico (0% e 80%) de remoção de DBO.

75

4.5.1. Formulação do Modelo QUAL2E

A equação diferencial básica dos modelos matemáticos de qualidade da água é a

equação unidimensional de transporte de massa.

1 d (AC) = 1 d (AD dC) – 1 d (AUC) + dC + S A dt A dx dx A dx dt

Onde:

C – concentração de uma determinada substância A – seção transversal do rio U – velocidade D – coeficiente de dispersão longitudinal S – fontes externas

dtdC

- taxa ou velocidade de consumo por reação

4.5.2. Calibração do Modelo

O modelo QUAL2E foi calibrado para o rio Cuiabá no trecho de 26 Km,

correspondente ao perímetro urbano que recebe a contribuição de 13 pequenos

tributários, principais condutores de cargas orgânicas originadas dos esgotos domésticos

produzidos nessas sub-bacias. Foram simulados os seguintes constituintes: oxigênio

dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio e coliformes fecais.

As características hidráulicas do rio foram estabelecidas a partir dos coeficientes

a, b, c, d, obtidos através dos dados de medições de descargas das estações

fluviométricas localizadas ao longo desse trecho, conforme Tabela 2. Adotou-se o

coeficiente de Manning igual a 0,003, em todos os trechos, conforme determinado por

PINHO (1998). Para calibrar o modelo, utilizaram-se as vazões médias do período de

estiagem (maio a outubro) dos anos de 1999 e 2000.

Tabela 2 - Coeficientes Hidráulicos para o Trecho do Rio Cuiabá – Mato Grosso.

Coeficientes Trechos A B C D

Passagem da Conceição 0,017 O,230 0,08 0,7361 São Gonçalo 0,009 0,701 2,218 0,081

76

4.5.3. Coeficientes de Qualidade da Água

Os coeficientes utilizados neste modelo para calibração foram: desoxigenação da

matéria orgânica (K1), reaeração (K2), taxa de remoção da DBO5 por sedimentação (K3),

demanda bentônica do trecho (K4), decaimento bacteriano e coeficiente de dispersão

(K), sendo que:

K1 = 0,15 d-1 representa a situação de rios de água limpa;

K2 = valor obtido pela equação de O’Conner e Dobbins, (0,6 m < H<4,0 e 0,05

m/s<v<0,8 m/s);

K5 = 1,0 d-1

K3 e K4 = coeficientes desconsideradas nesta análise;

K = 60

4.5.4. Cargas Domésticas e Vazões Efluentes

As cargas domésticas de DBO, coliformes fecais e as vazões dos treze tributários

do rio Cuiabá nesse trecho, utilizadas na calibração, foram determinadas com base nos

valores médios dos parâmetros físico-químicos, bacteriológicos e nas vazões medidas

no período de seca, entre os anos de 1999 e 2000. Poteriormente, compararam-se os

resultados calculados pelo modelo com os dados observados nos postos de

monitoramento de qualidade da água, definidos ao longo desse trecho (Rc6, Rc7, Rc8,

Rc9, Rc11 e Rc12), sendo selecionados os valores observados no período de seca.

4.5.5. Discretização do Trecho do Rio

Neste estudo, os percursos e os pontos mencionados estão identificados pelos

quilômetros, onde a Passagem da Conceição, ponto Rc5, foi adota da como km 26 e

considerada como o ponto de início do rio. A escolha desse ponto deve-se ao fato de sua

localização ser a montante de todo o lançamento proveniente das atividades de origem

doméstica e industrial. O ponto final do trecho foi a ponte JK ( Rc12), por estar 10 km

77

afastada dos lançamentos, embora as sub-bacias do município da Várzea Grande

efetuem lançamento ao longo desse trecho.

Cada trecho foi discretizado em elementos computacionais de 794 m, ficando, o

sistema representado graficamente no diagrama unifilar (Figura 15), composto por 2

trechos com 33 elementos. Para se definirem as condições iniciais e de contorno da

calibração (valores de início do trecho) utilizaram-se os valores de OD, DBO e

coliformes dos dados de campanhas de campo realizadas no período.

4.5.5.1. Cargas Industriais

Os dados das cargas industriais foram obtidos a partir das taxas de DBO e de

vazões fornecidas pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEMA). Para os casos

em que não se dispunha de dados de vazão do efluente, adotou-se o valor de 50 l/s, de

forma a não afetar o balanço de quantidade de água do rio.

4.5.5.2. Simulação de Cenários de Intervenção

Simularam-se para as sub-bacias algumas alternativas de intervenção,

considerando a população no ano de 2000 e o crescimento populacional para os anos de

2005 e 2010. Considerou-se, ainda, a hipótese de não se ter nenhum tratamento ou de se

ter tratamento a nível secundário, com remoção de DBO de 80% e coliformes de 95%

dos sistemas de tratamento a serem ampliados e impla ntados nos municípios de Cuiabá

e Várzea Grande.

As Tabelas 3,4 e 5 contêm os valores das concentrações dos constituintes DBO e

coliformes para os anos de 2000, 2005 e 2010, calculados a partir das características

químicas de um esgoto bruto típico (SPERLING, 1996). Esses valores representam as

concentrações estimadas sem que ocorra nenhuma remoção e foram calculados com

uma taxa de 0,054 kg/hab.d para a DBO, g/hab/d e coliformes fecais de 108

NMP/100ml/hab. Considerou-se uma depuração nas cargas orgânicas e de coliformes de

20%, devido às perdas ocasionadas pela infiltração no solo, tratamento com disposição

em fossa e sumidouros, fossas negras, entre outras, Tabela 6. Esta mesma Tabela

78

mostra, ainda, os valores calculados levando-se em conta a remoção resultante do

sistema de tratamento a ser implementado conforme detalhado acima.

Tabela 3 - Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Fecais, para as Sub - Bacias do Rio Cuiabá,-Mato Grosso - Ano de 2000.

Sub- bacias

População (hab)

Vazão contribuição (m3/s)

DBO (mg/l)

Coliformes Fecais (NMP/100ml)

Vazão Incremental (m3/s)

SB01 - 0,34 SB02 51209,00 3,089 85,35 4,10E+10 0,088905 SB03 42764,00 0,234 133,64 3,42E+10 0,074243 SB04 0,200 0,00 0,00E+00 0 SB05 27557,00 1,458 14,06 2,20E+10 0,047842 SB06 5979,00 0,010 298,94 4,78E+09 0,01038 SB07 2682,00 0,005 268,20 2,15E+09 0,004656 SB08 22974,00 0,040 287,17 1,84E+10 0,039885 SB09 1875,00 0,003 3,75 1,50E+09 0,003255 SB10 47666,00 0,333 288,00 3,81E+10 0,082753 SB14 41886,00 0,433 58,18 3,35E+10 0,072719 SB15 34046,00 0,059 288,00 2,72E+10 0,059108 SB16 45878,00 1,086 79,10 3,67E+10 0,079649 SB17 59908,00 0,674 52,55 4,79E+10 0,104007 SB18 38989,00 16,068 57,34 3,12E+10 0,067689 SB19 70290,00 0,652 66,31 5,62E+10 0,122031 SB20 190000,00 0,330 23,75 1,52E+11 0,329861 SB21 24721,00 4,043 247,21 1,98E+10 0,042918

79

Figura 15 - Diagrama Unifilar Demonstrando as Contribuições Pontuais dos Lançamentos Domésticos e Industriais.

Indústria Bebida 01 (900m)

Captação Cuiabá (1600m)(1700m) Córrego Ribeirão do Lipa

(3300m) Córrego Pari

Guarita Coophamil (4100m)

Ponte Mário Andreaza (4500m)

Coophamil (5850m)(6250m) Captação VG

(6910m) Córrego Embauval

(7310m) Captação VG

(7860m) Córrego sem denominação

Ponte Nova (8560m)

Captação Cuiabá (9660m)Córrego Mané Pinto (9760m)Ponte Júlio Muller (9910m)

Córrego Prainha (10160m)Córrego Gambá (10960m)

Córrego Barbado (13060m)

Rio Coxipó (14360m)Córrego São Gonçalo (14860m)

Parque Cuiabá (16060m)

Ponte JK (26260m)

Passagem da Conceição (0)

Pontos de AmostragemContibuição de efluentes domésticosContribuição de efluentes industriaisCaptação

(19160m) Córrego Piçarrão

(24160m) Córrego Engordador

(25260m) Córrego Boca de Santana

80

Tabela 4 – Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Fecais para as Sub - Bacias do Rio Cuiabá,-Mato Grosso - Ano de 2005.

Sub- bacias

População (hab)

Vazão contribuição (m3/s)

DBO (mg/l)

Coliformes Fecais (NMP/100ml)

Vazão Incremental (m3/s)

SB01 0,340 0 SB02 54640,003 3,18 91,07 4,37E+10 0,094861 SB03 45629,188 0,31 142,59 3,65E+10 0,079217 SB04 0 0,200 0,00 0,00E+00 0 SB05 29403,319 1,509 15,00 2,35E+10 0,051047 SB06 6379,593 0,021 318,98 5,10E+09 0,011076 SB07 2861,694 0,005 286,17 2,29E+09 0,004968 SB08 24513,258 0,082 306,41 1,96E+10 0,042558 SB09 2000,625 0,007 4,00 1,60E+09 0,003473 SB10 50859,622 0,421 307,30 4,07E+10 0,088298 SB14 44692,362 0,510 62,07 3,58E+10 0,077591 SB15 36327,082 0,122 307,30 2,91E+10 0,063068 SB16 48951 ,826 1,086 84,40 3,92E+10 0,084986 SB17 63921,836 0,674 56,07 5,11E+10 0,110975 SB18 41601,263 16,068 61,18 3,33E+10 0,072224 SB19 74999,43 0,652 70,75 6,00E+10 0,130207 SB20 202730 0,330 25,34 1,62E+11 0,351962 SB21 26377,307 4,043 263,77 2,11E+10 0,045794

Tabela 5 – Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Fecais para as Sub - Bacias do Rio Cuiabá,-Mato Grosso - Ano de 2010.

Sub- Bacias

População (hab)

Vazão contribuição (m3/s)

DBO (mg/l)

Coliformes Fecais (NMP/100ml)

Vazão Incremental (m3/s)

SB01 0,34 97,17 4,66E+10 0 SB02 58301 3,19 152,14 3,89E+10 0,101 SB03 48686 0,32 0,00 0,00E+00 0,085 SB04 0 0,20 16,01 2,51E+10 0,000 SB05 31373 1,51 153,33 5,45E+09 0,054 SB06 6807 0,02 304,80 2,44E+09 0,012 SB07 3053 0,01 326,94 2,09E+10 0,005 SB08 26156 0,09 4,27 1,71E+09 0,045 SB09 2135 0,01 75,37 4,34E+10 0,004 SB10 54267 0,43 55,45 3,81E+10 0,094 SB14 47687 0,52 322,96 3,10E+10 0,083 SB15 38761 0,13 90,05 4,18E+10 0,067 SB16 52232 1,18 59,83 5,46E+10 0,091 SB17 68205 0,79 65,28 3,55E+10 0,118 SB18 44389 16,14 75,49 6,40E+10 0,077 SB19 80024 0,79 27,04 1,73E+11 0,139 SB20 216313 0,71 281,45 2,25E+10 0,376 SB21 28145 4,09 97,17 4,66E+10 0,049

81

Tabela 6 - Concentrações Estimadas de DBO e Coliformes Considerando Tratamento Secundários para as Sub – Bacias do Rio Cuiabá,-Mato Grosso -Anos 2000, 2005 e 2010.

2000 2005 2010

Sub-Bacias

DBO (mg/l)

Col. Fecal (NMP/100ml)

DBO (mg/l)

Col. Fecal (NMP/100ml)

DBO (mg/l)

Col. Fecal (NMP/100ml)

SB01 SB02 68,28 6,15E+09 18,21 6,56E+09 19,43 4,43E+10 SB03 106,91 5,13E+09 28,52 5,48E+09 30,43 3,70E+10 SB04 0,00 0,00E+00 0,00 0,00E+00 0,00 0,00E+00 SB05 11,25 3,31E+09 3,00 3,53E+09 3,20 2,38E+10 SB06 239,16 7,17E+08 63,80 7,66E+08 30,67 5,17E+09 SB07 214,56 3,22E+08 57,23 3,43E+08 60,96 2,32E+09 SB08 229,73 2,76E+09 61,28 2,94E+09 65,39 1,99E+10 SB09 3,00 2,25E+08 0,80 2,40E+08 0,85 1,62E+09 SB10 230,40 5,72E+09 61,46 6,10E+09 15,07 4,12E+10 SB14 46,54 5,03E+09 12,41 5,36E+09 11,09 3,62E+10 SB15 230,40 4,09E+09 61,46 4,36E+09 64,59 2,95E+10 SB16 63,28 5,51E+09 16,88 5,87E+09 18,01 3,97E+10 SB17 42,04 7,19E+09 11,21 7,67E+09 11,97 5,18E+10 SB18 45,87 4,68E+09 12,24 4,99E+09 13,06 3,37E+10 SB19 53,05 8,43E+09 14,15 9,00E+09 15,10 6,08E+10 SB20 19,00 2,28E+10 5,07 2,43E+10 5,41 1,64E+11 SB21 197,77 2,97E+09 52,75 3,17E+09 56,29 2,14E+10

Para a simulação das diversas alternativas, considerou-se a vazão crítica

apresentada pelo rio Cuiabá, na Estação do Porto (Rc8), no período da seca, de 86 m3/s,

tida como a vazão mínima a ser mantida após o fechamento das comportas da usina de

Manso.

82

5. RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados das análises estatísticas

exploratórias, testes de hipóteses, séries cronológicas e das curvas de tendência

observadas para as variáveis da qualidade da água na bacia do rio Cuiabá, nas últimas

décadas. Compõem também este capítulo a inter-relação entre as análises multivariadas

e das classes de ocupação nas treze sub-bacias localizadas no per ímetro urbano, com as

variáveis físico-químicas e bacteriológicas observadas no mesmo período. Múltiplos

cenários do rio Cuiabá foram simulados a partir do modelo matemático QUAL2E para

avaliar a situação atual e prognosticar o impacto do crescimento populacional para os

anos de 2005 e 2010, considerando o aumento das cargas dos esgotos domésticos na

bacia, se medidas de saneamento não forem implementadas.

5.1. Comparação Entre as Fontes

Testes de Friedman e de Wilconson para amostras relacionadas foram aplicadas

com o objetivo de verificar a ocorrência de diferenças significativas entre as vinte e sete

variáveis listadas na Tabela 7, referentes às fontes de dados da UFMT, FEMA e

FURNAS, para os pontos Rc5 e Rc12, localizados no rio Cuiabá, e os resultados

encontram-se dispostos na Tabela mencionada. No ponto Rc5, registraram-se diferenças

significativas (sig. < 0,05) entre as fontes, apenas para os sólidos totais voláteis, não

sendo analisadas as variáveis relativas aos sólidos suspensos e fixos em função do baixo

número de observações disponíveis.

Das variáveis analisadas para o ponto Rc12, apenas dois constituintes, fósforo

total e coliforme total apresentaram diferenças significativas entre as três fontes. De

83

uma forma geral, das vinte e sete variáveis analisadas nos dois pontos, somente três

tiveram diferenças representativas, não sendo, por isso, consideradas neste estudo.

Tabela 7 - Resultados do Teste de Friedman e Wilconson para as Variáveis Físico –Químicas e Bacteriológicas nos Pontos Rc5 e Rc12 Rio Cuiabá, Cuiabá – Mato Grosso - 1987-2000

Rc5 Rc12 Variáveis Friedman

(n amostras) Wilconson (2amostras)

Friedman (n amostras)

Wilconson (2amostras)

Temperatura do Ar (ºC) sig > 0,05 - Sig > 0,05 - Temperatura da Água (ºC) sig > 0,05 - Sig > 0,05 - PH sig > 0,05 - Sig > 0,05 - Cor (uH) - sig > 0,05 Sig > 0,05 - OD (mg/l) sig > 0,05 - sig > 0,05 - DQO (mg/l) Sig.>0,05 - Sig. > 0,05 DBO (mg/l) sig > 0,05 - sig > 0,05 - Alcalinidade Total (mg/l) - sig > 0,05 - sig > 0,05 Turbidez UT sig > 0,05 - sig > 0,05 - Condutividade (µS/cm) sig > 0,05 - sig > 0,05 - Sólidos Suspensos Totais (mg/l) - sig > 0,05 sig > 0,05 - Sólidos Suspensos Fixos (mg/l) - - sig > 0,05 - Sólidos Suspensos Voláteis (mg/l) * - sig > 0,05 - Sólidos Totais (mg/l) sig > 0,05 - sig > 0,05 - Sólidos Totais Fixos (mg/l) - sig > 0,05 sig > 0,05 - Sólidos Totais Voláteis (mg/l) sig < 0,05 - sig > 0,05 - Sólidos Dissolvidos Fixos (mg/l) - sig > 0,05 sig > 0,05 - Sólidos Dissolvidos Voláteis (mg/l) * - sig > 0,05 - Nitrogênio Total (mg/l) * - * - Nitrogênio Amoniacal (mg/l) * - * - Nitrato (mg/l) * - * - Nitrito (mg/l) * - * - Transparência (m) - - sig > 0,05 - Fósforo Total (mg/l) sig > 0,05 - sig < 0,05 - Coliformes Totais (NMP/100ml) sig > 0,05 - sig < 0,05 - Coliformes Fecais (NMP/100ml) sig > 0,05 - sig > 0,05 - Nitrogênio Total Kjeldhal (mg/l) sig > 0,05 - sig > 0,05 - * variáveis não analisadas

5.2. Estatísticas Exploratórias

Os resultados obtidos nas análises de tendência central e variabilidade das vinte

e sete variáveis físico-químicas e bacteriológicas, nos pontos Rc5 e Rc12, localizados a

montante e a jusante do perímetro urbano, nos períodos de seca e chuva, entre 1987 e

2000, estão apresentados na Tabelas 8 e 9 e ilustrados na Figura 16 a-l. Para cada

variável foram, ainda, discutidas,ainda, as hipóteses de variação em decorrência da

sazonalidade nos pontos e ao longo do trecho, Tabelas 10 e 11, e as diferenças entre a

qualidade da água a montante e a jusante do perímetro urbano, Tabe las 12 e 13, em

relação aos padrões definidos pela Resolução CONAMA 20 para um rio Classe II,

Tabela 14.

84

Tabela 8 - Estatísticas Descritivas das Variáveis Físico-químicas e Bacteriológicas do Ponto Rc5 no Período de Seca e Cheia do Rio Cuiabá - Mato Grosso– 1987 à 2000.

Período Seca Cheia Mín. Máx. Per.

25 Per. 50

Per. 75

Mín. Máx. Per. 25

Per. 50

Per. 75

Temperatura do Ar (oC) 16,00 37,00 26,30 29,00 32,00 17,20 38,00 29,00 30,00 32,70 Temperatura da Água (oC) 19,00 33,30 25,00 26,00 28,00 25,00 34,00 28,00 28,95 30,00 PH 5,90 8,60 7,60 7,80 8,04 6,30 7,96 7,20 7,51 7,75 Cor (uH) 5,00 120,00 8,00 15,00 35,00 10,00 400,00 21,25 70,00 150,00 OD (mg/l) 5,01 8,63 7,00 7,50 8,00 4,90 8,80 6,61 7,00 7,42 DQO (mg/l) 1,45 20,00 4,00 6,80 9,70 1,90 39,00 6,24 10,20 15,40 DBO (mg/l) ,08 6,00 ,96 1,00 1,33 ,05 8,00 ,90 1,00 1,78 Alcalinidade Total (mg/l) 6,00 96,00 36,00 45,00 51,00 5,90 76,00 26,50 35,00 40,00 Turbidez UT 1,70 65,00 5,53 8,75 17,00 4,00 275,00 28,50 42,00 71,85 Condutividade (µS) 9,80 220,00 79,33 89,00 98,60 19,40 103,60 52,00 62,00 72,00 Sólidos Susp. Totais (mg/l) 2,00 240,00 8,00 13,00 22,00 4,00 231,00 34,75 75,00 113,25 Sólidos Susp. Fixos (mg/l) 1,00 273,00 6,00 13,00 87,50 6,00 265,00 35,15 46,50 133,25 Sólidos Susp. Voláteis (mg/l) 1,00 219,00 3,75 7,00 10,25 2,00 62,00 5,00 9,50 16,75 Sólidos Totais (mg/l) 46,00 2640,00 75,50 117,00 170,00 51,00 330,00 99,00 159,00 215,00 Sólidos Tot. Fixos (mg/l) 1,00 2512,00 36,00 53,50 84,00 2,00 285,00 56,00 116,50 160,00 Sólidos Tot. Voláteis (mg/l) 3,00 299,00 12,00 39,00 98,00 2,00 277,00 16,00 33,00 57,00 Sólidos Diss. Fixos (mg/l) 5,00 2501,00 26,00 45,50 79,00 10,00 263,00 48,75 63,00 139,00 Sólidos Diss. Voláteis (mg/l) ,00 148,00 18,75 63,50 98,00 7,00 151,00 13,00 44,00 53,00 Nitrogênio Total (mg/l) ,03 1,37 ,14 ,33 ,46 ,03 ,89 ,32 ,35 ,60 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) ,01 ,48 ,01 ,02 ,04 ,01 ,48 ,02 ,03 ,06 Nitrato (mg/l) ,010 ,285 ,020 ,050 ,110 ,010 ,937 ,053 ,098 ,170 Nitrito (mg/l) ,001 ,050 ,005 ,005 ,005 ,003 ,050 ,005 ,005 ,009 Transparência (m) ,09 1,50 ,60 ,90 1,10 ,10 1,10 ,18 ,20 ,35 Fósforo Total (mg/l) ,005 ,476 ,034 ,050 ,088 ,020 6,70 ,072 ,103 ,190 Colifor. Totais (NMP/100ml) 2,00E+01 1,65E+05 2,E+02 5,E+02 2,E+03 1,E+02 1,6E+06 1,E+03 3,E+03 1,E+04 Colifor. Fecais (NMP/100ml) 2,00E+00 8,0E+04 8,E+01 2,E+02 7,E+02 2,E+00 9,0E+04 1,E+02 7,E+02 2,E+03 Nitrogênio Total Kjeldhal ,01 1,32 ,14 ,29 ,55 ,01 1,53 ,16 ,27 ,43

85

Tabela 9 - Estatísticas Descritivas das Variáveis Físico-químicas e Bacteriológicas do Ponto Rc12 no Período de Seca e Cheia do Rio Cuiabá –Mato Grosso– 1987 à 2000.

Período Seca Cheia Mín. Máx. Per.

25 Per. 50

Per. 75

Mín. Máx. Per. 25

Per. 50

Per. 75

Temperatura do Ar (oC) 18,90 38,00 28,00 31,00 33,00 17,20 38,00 29,00 30,00 32,70 Temperatura da Água (oC) 23,00 38,00 26,00 27,50 28,70 25,00 34,00 28,00 28,95 30,00 PH 5,80 8,39 7,46 7,70 7,83 6,30 7,96 7,20 7,51 7,75 Cor (uH) 5,00 160,00 8,75 20,00 38,50 10,00 400,00 21,25 70,00 150,00 OD (mg/l) 3,70 8,50 6,36 6,98 7,30 4,90 8,80 6,61 7,00 7,42 DQO (mg/l) ,16 26,00 4,90 7,00 11,28 1,90 39,00 6,24 10,20 15,40 DBO (mg/l) ,36 4,00 1,00 1,00 1,60 ,05 8,00 ,90 1,00 1,78 Alcalinidade Total (mg/l) 15,00 58,00 33,00 43,00 48,00 5,90 76,00 26,50 35,00 40,00 Turbidez UT 1,20 65,10 8,07 10,00 18,25 4,00 275,00 28,50 42,00 71,85 Condutividade (µS) 41,80 222,00 86,75 94,00 104,33 19,40 103,60 52,00 62,00 72,00 Sólidos Susp. Totais (mg/l) 4,00 835,00 15,00 20,00 34,00 4,00 231,00 34,75 75,00 113,25 Sólidos Susp. Fixos (mg/l) 3,00 79,00 6,00 14,00 23,00 6,00 265,00 35,15 46,50 133,25 Sólidos Susp. Voláteis (mg/l) 1,00 60,00 4,00 6,00 9,00 2,00 62,00 5,00 9,50 16,75 Sólidos Totais (mg/l) 17,00 1184,00 77,00 102,50 143,00 51,00 330,00 99,00 159,00 215,00 Sólidos Tot. Fixos (mg/l) 3,00 195,00 48,00 61,00 90,00 2,00 285,00 56,00 116,50 160,00 Sólidos Tot. Voláteis (mg/l) 3,00 1086,00 15,00 28,00 56,00 2,00 277,00 16,00 33,00 57,00 Sólidos Diss. Fixos (mg/l) 7,00 135,00 27,00 46,00 78,00 10,00 263,00 48,75 63,00 139,00 Sólidos Diss. Voláteis (mg/l) 1,00 1079,00 24,00 43,00 72,00 7,00 151,00 13,00 44,00 53,00 Nitrogênio Total (mg/l) ,03 1,56 ,24 ,37 ,54 ,03 ,89 ,32 ,35 ,60 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) ,01 ,97 ,02 ,05 ,07 ,01 ,48 ,02 ,03 ,06 Nitrato (mg/l) ,010 ,285 ,040 ,056 ,160 ,010 ,937 ,053 ,098 ,170 Nitrito (mg/l) ,002 ,050 ,005 ,005 ,005 ,003 ,050 ,005 ,005 ,009 Transparência (m) ,06 ,90 ,36 ,60 ,70 ,10 1,10 ,18 ,20 ,35 Fósforo Total (mg/l) ,000 ,654 ,051 ,089 ,111 ,020 ,670 ,072 ,103 ,190 Colifor. Totais (NMP/100ml) 3,60E+02 2,2E+05 1,E+04 2,E+04 3,E+04 1,E+02 1,6E+06 1,E+03 3,E+03 1,E+04 Colifor. Fecais (NMP/100ml) 9,70E+01 1,6E+05 5,E+03 1,E+04 2,E+04 2,E+00 9,0E+04 1,E+02 7,E+02 2,E+03 Nitrogênio Total Kjeldhal ,01 2,67 ,18 ,37 ,53 ,01 1,53 ,16 ,27 ,43

86

Figura 16 a-l - Gráficos Box - Plot das Variáveis Físico - Químicas nos Pontos Rc5 e Rc12 Localizados a montante e a jusante do Perímetro Urbano da Cidade de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso - 1987-2000

3263 4382N =

PONTO

125

pH

9,0

8,5

8,0

7,5

7,0

6,5

6,0

5,5

(c)

2961 4280N =

PONTO

125

Turb

idez

(uT)

300

200

100

0

(i)

3262 4384N =

PONTO

125

Con

dutiv

idad

e (U

S/c

m)

300

200

100

0

4959 6682N =

PONTO

125

Tem

pera

tura

do

Ar (

oC)

40

30

20

103158 4175N =

PONTO

125

Tem

pera

tura

da

Águ

a (o

C)

40

30

20

10

2

13

205

11

41

(a) (b)

2036 2750N =

PONTO

125

Cor

(uH

)

500

400

300

200

100

0

(d)

2450 3171N =

PONTO

125

Alc

alin

idad

e (C

aCO

3)

300

200

100

0

(h)

1925 3038N =

PONTO

125

Sól

idos

Sus

pens

os T

otai

s (m

g/l)

300

200

100

0

(k)

1928 2945N =

PONTO

125

Sól

idos

Sus

pens

os F

ixos

(m

g/l)

300

200

100

0

(l) (j)

4860 6274N =

PONTO

125

OD

(m

g/l)

10

9

8

7

6

5

4

3

(e) 4555 5977N =

PONTO

125

DQ

O (

mg/

l)

50

40

30

20

10

0

-10

(f)

4353 5972N =

PONTO

125

DB

O(m

g/l)

10

8

6

4

2

0

-2

(g)

87

Tabela 10 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos de Cheia e Seca no Ponto Rc5 do Rio Cuiabá - Cuiabá e Várzea Grande- Mato Grosso - 1987-2000.

Sig. Monte Carlo (bilateral) Sig. Monte Carlo (unilateral) Intervalo de

confiança de 99% Intervalo de confiança

de 99% U de Mann-

Whitney W de Wilcoson

Z Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Temperatura do Ar (oC) 1952,500 5355,500 -1,953 ,047b ,042 ,053 ,023b ,019 ,027 Temperatur a da Água (oC) 820,500 3670,500 -6,160 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 PH 1314,000 3330,000 -5,063 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Cor (uH) 360,500 1635,500 -4,738 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 OD (mg/l) 1444,000 3274,000 -3,474 ,001b ,000 ,001 ,000b ,000 ,001 DQO (mg/l) 1279,500 4282,500 -3,869 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 DBO (mg/l) 1845,000 4473,000 -,327 ,741b ,730 ,753 ,378b ,366 ,390 Alcalinidade total (mg/l) 1006,00 2281,500 -4,407 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Turbidez UT 697,500 3937, 500 -7,252 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Condutividade (µS/cm) 702,500 2655,500 -7,529 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Sólidos Suspensos Totais (mg/l) 166,500 907,500 -4,337 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Sólidos Suspensos Fixos (mg/l) 368,000 1403,000 -2,973 ,004b ,002 ,005 ,002b ,001 ,003 Sólidos Suspensos Voláteis (mg/l) 224,000 659,000 -1,345 ,182b ,172 ,192 ,092b ,084 ,099 Sólidos Totais (mg/l) 733,000 2164,000 -2,375 ,018b ,014 ,021 ,008b ,006 ,011 Sólidos Totais Fixos (mg/l) 336,500 1156,500 -3,128 ,002b ,001 ,002 ,001b ,000 ,002 Sólidos Totais Voláteis (mg/l) 549,000 1014,000 -,436 ,667b ,655 ,679 ,332b ,320 ,344 Sólidos Dissolvidos Fixos (mg/l) 117,000 417,000 -1,241 ,216b ,205 ,226 ,110b ,102 ,118 Sólidos Dissolvidos Voláteis (mg/l) 116,000 182,000 -,569 ,583b ,571 ,596 ,297b ,285 ,308 Nitrogênio Total (mg/l) 105,500 336,500 -1,099 ,283b ,271 ,295 ,139b ,130 ,148 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) 183,500 711,500 -1,862 ,060b ,054 ,066 ,030b ,025 ,034 Nitrato (mg/l) 218,000 746,000 -2,565 ,009b ,007 ,012 ,005b ,003 ,006 Nitrito (mg/l) 138,000 463,000 -2,062 ,044b ,039 ,049 ,021b ,017 ,025 Transparência (m) 134,000 459,000 -4,476 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Fósforo Total (mg/l) 802,500 3080,500 -4,923 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Coliformes Totais (NMP/100ml) 1144,500 3845,500 -4,510 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Coliformes Fecais (NMP/100ml) 1626,500 4327,500 -2,414 ,016b ,013 ,020 ,009b ,006 ,011 Nitrogênio Total Kjeldhal (mg/l) 1375,000 2503,000 -,502 ,629b ,616 ,641 ,314b ,302 ,326

88

Tabela 11 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos de Cheia e Seca no Ponto Rc12 do Rio Cuiabá - Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso -1987-2000.

Sig. Monte Carlo (bilateral) Sig. Monte Carlo (unilateral) Intervalo de

confiança de 99% Intervalo de confiança

de 99% U de Mann-

Whitney W de Wilcoson

Z Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Temperatura do Ar (oC) 1532,500 2757,500 -,344 ,732b ,720 ,743 ,371b ,359 ,384 Temperatura da Água (oC) 558,000 2269,000 -4,976 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 PH 660,000 1986,000 -5,550 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Cor (uH) 397,500 1432,500 -3,795 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 OD (mg/l) 1033,000 2209,000 -2,744 ,006b ,004 ,008 ,002b ,001 ,004 DQO (mg/l) 733,500 2503,500 -3,899 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 DBO (mg/l) 1071,000 2841,000 -1,420 ,162b ,153 ,172 ,080b ,073 ,086 Alcalinidade total (mg/l) 588,000 1491,000 -3,731 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Turbidez UT 278,000 2169,000 -7,241 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Condutividade (µS/cm) 307,500 1582,500 -7,434 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Sólidos Suspensos Totais (mg/l) 142,000 772,000 -4,142 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Sólidos Suspensos Fixos (mg/l) 66,500 562,500 -4,700 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Sólidos Suspensos Voláteis (mg/l) 176,500 641,500 -2,002 ,042b ,037 ,047 ,023b ,019 ,027 Sólidos Totais (mg/l) 537,500 1713,500 -3,676 ,000b ,000 ,001 ,000b ,000 ,001 Sólidos Totais Fixos (mg/l) 238,500 979,500 -3,955 ,000b ,000 ,001 ,000b ,000 ,001 Sólidos Totais Voláteis (mg/l) 420,000 1086,000 -1,347 ,179b ,169 ,189 ,091b ,084 ,099 Sólidos Dissolvidos Fixos (mg/l) 177,000 430,000 -,283 ,785b ,775 ,796 ,389b ,376 ,402 Sólidos Dissolvidos Voláteis (mg/l) 154,000 290,000 -,429 ,680b ,668 ,692 ,339b ,326 ,351 Nitrogênio Total (mg/l) 142,000 442,000 -2,104 ,031b ,026 ,035 ,016b ,013 ,019 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) 226,500 691,500 -2,128 ,035b ,030 ,040 ,018b ,015 ,022 Nitrato (mg/l) 315,500 811,500 -1,801 ,072b ,066 ,079 ,034b ,030 ,039 Nitrito (mg/l) 184,500 509,500 -2,119 ,034b ,029 ,038 ,019b ,015 ,022 Transparência (m) 151,500 476,500 -4,025 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Fósforo Total (mg/l) 502,000 1880,000 -4,607 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Coliformes Totais (NMP/100ml) 888,000 2214,000 -1,753 ,078b ,071 ,085 ,037b ,032 ,042 Coliformes Fecais (NMP/100ml) 1121,000 2447,000 -,007 ,995b ,994 ,997 ,498b ,485 ,511 Nitrogênio Total Kjeldhal (mg/l) 1206,000 2976,000 -1,148 ,252b ,241 ,263 ,127b ,119 ,136

89

Tabela 12 - Estatísticas de Contraste entre os Períodos no Ponto Rc5 - Cuiabá e Várzea Grande -Mato Grosso 1987-2000.

Sig. Monte Carlo (bilateral) Sig. Monte Carlo (unilateral) Intervalo de

confiança de 99% Intervalo de confiança

de 99% U de Mann-

Whitney W de Wilcoson

Z Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Temperatura do Ar (oC) 1422,500 2647,500 -,142 ,884b ,876 ,893 ,441b ,428 ,454 Temperatura da Água (oC) 102,000 2813,000 -1,353 ,173b ,163 ,182 ,085b ,077 ,092 PH 1171,500 2497,500 -2,480 ,011b ,008 ,013 ,006b ,004 ,008 Cor (uH) 592,500 1222,500 -,432 ,667b ,655 ,679 ,335b ,323 ,347 OD (mg/l) 831,500 2007,500 -3,765 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 DQO (mg/l) 1061,000 2601,000 -1,224 ,215b ,204 ,225 ,106b ,098 ,114 DBO (mg/l) 897,000 2328,000 -1,856 ,066b ,060 ,072 ,033b ,028 ,037 Alcalinidade total (mg/l) 919,500 1822,500 -1,024 ,308b ,296 ,319 ,150b ,141 ,159 Turbidez UT 1318,500 3209,500 -,889 ,371b ,359 ,383 ,184b ,174 ,194 Condutividade (µS/cm) 1523,500 3476,500 -,155 ,880b ,872 ,889 ,445b ,432 ,457 Sólidos Suspensos Totais (mg/l) 275,500 600,500 -,248 ,807b ,797 ,817 ,403b ,390 ,415 Sólidos Suspensos Fixos (mg/l) 261,000 471,000 -,397 ,694b ,683 ,706 ,348b ,336 ,360 Sólidos Suspensos Voláteis (mg/l) 169,000 340,000 -,322 ,764b ,753 ,775 ,387b ,374 ,399 Sólidos Totais (mg/l) 797,500 1658,500 -,019 ,988b ,985 ,991 ,495b ,482 ,508 Sólidos Totais Fixos (mg/l) 399,000 864,000 -,546 ,593b ,580 ,605 ,290b ,278 ,301 Sólidos Totais Voláteis (mg/l) 400,500 865,500 -,523 ,600b ,587 ,613 ,303b ,291 ,315 Sólidos Dissolvidos Fixos (mg/l) 87,000 240,000 -,984 ,334b ,322 ,346 ,167b ,157 ,176 Sólidos Dissolvidos Voláteis (mg/l) 86,500 222,500 -,074 ,951b ,945 ,956 ,486b ,473 ,498 Nitrogênio Total (mg/l) 88,000 179,000 -1,362 ,186b ,176 ,196 ,096b ,088 ,103 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) 118,500 271,500 -2,108 ,036b ,031 ,041 ,018b ,015 ,022 Nitrato (mg/l) 316,500 592,500 -,104 ,923b ,917 ,930 ,465b ,452 ,478 Nitrito (mg/l) 163,500 299,500 -,385 ,713b ,701 ,725 ,358b ,346 ,371 Transparência (m) 288,000 613,000 -,487 ,630b ,617 ,642 ,311b ,299 ,322 Fósforo Total (mg/l) 860,500 2186,500 -1,791 ,072b ,065 ,079 ,036b ,031 ,041 Coliformes Totais (NMP/100ml) 384,500 2095,500 -6,029 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Coliformes Fecais (NMP/100ml) 344,500 2114,500 -6,361 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Nitrogênio Total Kjeldhal (mg/l) 704,500 1832,500 -3,025 ,003b ,001 ,004 ,001b ,000 ,002

90

Tabela 13 - Estatísticas de C ontraste entre os Períodos no Ponto Rc12 - Cuiabá e Várzea Grande -Mato Grosso - 1987-2000.

Sig. Monte Carlo (bilateral) Sig. Monte Carlo (unilateral) Intervalo de

confiança de 99% Intervalo de confiança

de 99% U de Mann-

Whitney W de Wilcoson

Z Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Sig. Limite Inferior

Limite Superior

Temperatura do Ar (oC) 2136,500 5539,500 -2,063 ,039b ,034 ,044 ,018b ,014 ,021 Temperatura da Água (oC) 1679,500 4529,500 -2,255 ,024b ,020 ,028 ,012b ,009 ,015 PH 1961,500 4106,500 -2,745 ,006b ,004 ,008 ,003b ,001 ,004 Cor (uH) 1069,500 2344,500 -,418 ,674b ,662 ,686 ,335b ,323 ,347 OD (mg/l) 1197,000 3150,000 -4,795 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 DQO (mg/l) 2143,500 5146,500 -,562 ,581b ,568 ,594 ,288b ,277 ,300 DBO (mg/l) 1874,000 4502,000 -1,220 ,223b ,212 ,234 ,111b ,103 ,119 Alcalinidade total (mg/l) 1578,500 2904,500 -1,205 ,226b ,215 ,236 ,113b ,105 ,121 Turbidez UT 1992,500 5232,500 -1,863 ,061b ,054 ,067 ,031b ,027 ,036 Condutividade (µS/cm) 2059,500 5629,500 -2,567 ,012b ,009 ,015 ,005b ,003 ,007 Sólidos Suspensos Totais (mg/l) 275,500 1151,000 -2,819 ,003b ,001 ,004 ,001b ,000 ,002 Sólidos Suspensos Fixos (mg/l) 410,000 1127,000 -,703 ,485b ,472 ,498 ,242b ,230 ,253 Sólidos Suspensos Voláteis (mg/l) 631,000 867,500 -,495 ,623b ,611 ,636 ,316b ,304 ,328 Sólidos Totais (mg/l) 402,500 2465,000 -,891 ,373b ,361 ,386 ,189b ,179 ,199 Sólidos Totais Fixos (mg/l) 1190,000 1479,000 -1,010 ,324b ,312 ,336 ,158b ,148 ,167 Sólidos Totais Voláteis (mg/l) 659,000 1413,500 -,698 ,483b ,470 ,496 ,244b ,233 ,255 Sólidos Dissolvidos Fixos (mg/l) 672,500 560,000 -,088 ,934b ,928 ,940 ,471b ,458 ,483 Sólidos Dissolvidos Voláteis (mg/l) 260,000 501,000 -,352 ,734b ,723 ,745 ,364b ,351 ,376 Nitrogênio Total (mg/l) 248,000 432,500 -1,149 ,252b ,241 ,263 ,129b ,120 ,137 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) 201,500 817,500 -2,686 ,007b ,005 ,009 ,004b ,002 ,006 Nitrato (mg/l) 289,500 895,500 -1,773 ,074b ,067 ,081 ,035b ,030 ,040 Nitrito (mg/l) 367,500 624,000 -,362 ,658b ,646 ,671 ,321b ,309 ,333 Transparência (m) 299,000 800,500 -3,491 ,000b ,000 ,001 ,000b ,000 ,001 Fósforo Total (mg/l) 1228,000 3506,000 -2,755 ,006b ,004 ,008 ,003b ,002 ,005 Coliformes Totais (NMP/100ml) 404,500 3105,500 -7,405 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Coliformes Fecais (NMP/100ml) 440,500 3141,500 -7,221 ,000b ,000 ,000 ,000b ,000 ,000 Nitrogênio Total Kjeldhal (mg/l) 1549,000 3502,000 -1,452 ,141b ,132 ,150 ,071b ,064 ,077

91

Tabela 14 - Resultados do Teste da Mediana para os Pontos Rc5 e Rc12 em Relação ao Padrão CONAMA 20, do rio Cuiabá - Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso –1987-2000. Estatística de Contraste – Teste da Mediana para o Ponto Rc5 e Rc12. Ponto Rc5 Ponto Rc12 N. Mediana Sig.

Exata Probabilidade do Ponto

N. Mediana Sig. Exata

Probabilidade do Ponto

Cor 19 75.0000a * * 16 75.0000 1.000 .563b OD 21 5.0000 .000 .000b 17 5.0000 .000 .000b DBO 20 5.0000a * * 17 5.0000a * * Turbidez 21 100.0000a * * 17 100.0000a * * Sólidos Dissolvidos

14 500.0000a * * * *

Fósforo Total 19 2,500E+02 .000 .000b 15 2,500E+02 .002 .002b Coliforme Total 19 5000.0000 .058 .058b 15 5000.0000 .000 .000b Coliforme Fecal 19 1000.0000 .005 .005b 15 1000.0000 .000 .000b *teste não realizado

5.2.1. Temperatura do Ar

A temperatura mínima do ar no ponto Rc5, no período de seca, foi de 16,00 ºC, a

máxima de 37,00 ºC e a mediana de 31,00 ºC. Na cheia, a mínima atingiu 17,20 ºC, a

máxima 38,00 ºC e a mediana 30,00 ºC. No ponto Rc12, a temperatura do ar variou de

18,90 ºC a 38,00 ºC, com mediana de 31,00, no período de seca, e na cheia esteve entre

17,20 ºC e 37,00 ºC, com mediana de 30,00 ºC. Na Figura 16 (a), visualizam-se as

diferenças significativas observadas entre os pontos Rc5 e RC12, teste de Mann-

Whitney - sig. <0,05, durante a seca, enquanto que, no período de chuva, as diferenças

de temperatura não foram representativas. Da mesma forma, o ponto Rc5 apresentou,

em época de cheia, que corresponde ao verão, temperaturas mais elevadas, com

diferenças consideráveis em relação à seca, quando ocorrem temperaturas mais baixas.

5.2.2. Temperatura da Água

No ponto Rc5, a temperatura mínima da água foi de 19,00, a máxima de 33,30ºC

e a mediana de 26,00 ºC, no período de seca. Na época da cheia, registrou-se a mínima

de 25,00 ºC e a máxima de 34,00 ºC, com mediana de 28,95ºC. No ponto Rc12, a

temperatura da água ficou entre 23,00 Cº e 38,00 ºC e a mediana alcançou 27,50 ºC, na

seca, e na cheia, variou de 25,00 Cº a 33,00 ºC, com mediana de 29,70 ºC. A Figura 16

(b) ilustra os resultados obtidos na análise de Mann-Whitney (sig<0,05), onde se

obtiveram variações significativas, tanto entre os pontos quanto entre os períodos, com

menores valores no ponto Rc5 e durante a seca.

92

5.2.3. pH

Os valores do pH apresentaram, no ponto Rc5, uma faixa de variação entre 5,90

e 8,60, durante a seca, e de 6,30 a 7,9 6 na cheia. O ponto Rc12 demonstrou variações

entre 5,80 e 8,39 e 6,60 e 7,84, nos períodos de seca e cheia, respectivamente. Na Figura

16 (c) destacam-se diferenças significativas entre os pontos e os pe ríodos, com as

maiores variações no ponto Rc5, em época de seca. Observa -se, contudo, que os valores

mantiveram-se dentro da faixa estabelecida pela Resolução CONAMA 20.

5.2.4. Cor Aparente

A variável cor teve, no ponto Rc5, valores que, na seca, oscilaram entre 5,00 e

120,00 uH, com mediana de 15,00 uH, e, na cheia, entre 10,00 e 400,00 uH, com

mediana de 70,00 uH. Quanto ao ponto Rc12, durante a seca a cor mínima registrada

foi de 5,00 uH, elevando-se até 160,00 uH, sendo a mediana de 20,00 uH. Na cheia , os

valores estiveram entre 10,00 e 300,00 uH, com mediana de 60,00 uH. Verificou-se,

ainda, que ocorreram diferenças significativas (teste de Mann Whitney sig.< 0,05) entre

os períodos de seca e chuva, nos dois pontos observados, porém essa variável não

apresentou grandes diferenças (teste mediana sig.> 0,05) entre os pontos e manteve

todos os seus valores abaixo do limite de 75 uH, fixado pela Resolução CONAMA 20.

A variabilidade em cada ponto e entre os períodos é melhor visualizada na Figura 16

(d).

5.2.5. Oxigênio Dissolvido - OD

Com relação aos valores mínimo e máximo de OD no ponto Rc5, os dados

mostraram oscilações entre 5,01 mg/l e 8,63 mg/l e mediana de 7,50 mg/l, no período de

seca, e de 4,90 a 8,80 mg/l, com mediana de 7,00 mg/l, na cheia. No ponto Rc12, os

valores mantiveram-se entre 3,7 e 8,50 mg/l, com mediana de 6,98 mg/l, durante a seca,

e entre 4,59 e 8,51mg/l e mediana de 6,50 mg/l, no período de cheia. Na Figura 16 (d),

observa-se que ocorreu uma variação significativa no eixo montante – jusante e entre os

períodos sazonais, com maiores teores de oxigênio dissolvido disponível no ponto Rc5,

em época de seca. Maiores teores de OD foram observados no ponto Rc5, no período de

seca. Salienta -se, ainda, que apesar do decréscimo nas taxas no ponto Rc12, os teores

93

em ambos os pontos permaneceram acima do limite de 5 mg/l, definido pela Resolução

CONAMA 20.

5.2.6. Demanda Química de Oxigênio - DQO

No ponto Rc5, os teores mínimo e máximo de DQO variaram entre 3,0 e 35,97

mg/l e a mediana ficou em 7,79 mg/l, durante a seca, e entre 5,0 e 16,53 mg/l, com

mediana de 13,44 mg/l, no período de cheia. No ponto Rc12, os valores de DQO

oscilaram entre 3,0 e 11,58 mg/l, com mediana de 7,00 mg/l, em época de seca, e na

cheia, entre 8 e 19,67 mg/l, com mediana de 13,44 mg/l. A Figura 16 (f) ilustra

variações significativas, entre os períodos, nos dois pontos amostrados. Observam-se,

ainda, maiores teores no ponto Rc12, na estação chuvosa.

5.2.7. Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO

Os teores mínimo e máximo de DBO registrados no ponto Rc5 foram de 0,08 a

6,00 mg/l, no período de seca. Na cheia, o mínimo chegou a 0,05 mg/l e o valor máximo

a 8,00 mg/l, sendo a mediana de 1,00 mg/l igual para ambos os períodos. No ponto

Rc12, os valores mínimo e máximo oscilaram entre 0,36 mg/l e 4,00 mg/l, com mediana

de 1,00 mg/l e, na cheia, variaram entre 0,05 e 7,00 com mediana de 1,00 mg/l. Na

Figura 16 (g) salientam-se apenas as diferenças significativas (sig.< 0,05) que

ocorreram no período de cheia no ponto Rc12. Nas demais situações observadas, as

variações não se mostraram representativas.Em relação ao padrão estabelecido para um

rio classe II, esse constituinte permaneceu dentro do limite de 5 mg/l.

5.2.8. Alcalinidade

No ponto Rc5, os valores mínimo e máximo da alcalinidade total foram de 6,00

e 96,00 mg/l, com mediana de 45,00 mg/l, no período de seca. Na época da cheia, os

valores oscilaram entre 5,90 e 76,00 mg/l, com mediana de 45,00mg/l. No ponto Rc12,

o mínimo e máximo variaram entre 15,00 e 58,00 e a mediana foi de 43,00 mg/l, na

seca, tendo sofrido, no período de cheia, pequenas alterações, com o valor mínimo de

9,00, máximo de 61,00 mg/l e mediana de 30,25 mg/l. A Figura 16 (h) mostra que as

94

diferenças ocorridas de forma significativa entre os períodos, em ambos os pontos, e

uma pequena variação no eixo montante – jusante.

5.2.9. Turbidez

Os valores da turbidez, no ponto Rc5, no período de seca, estiveram entre 1,70 e

65,00 UT e a mediana em 8,75 UT. Na cheia ficaram entre 4,00 e 275,00 UT e a

mediana em 42,00 UT. No Ponto Rc12, os valores mínimo e máximo, na seca, foram de

1,20 e 65,10 UT e a mediana de 10,00 UT. Durante a cheia, a faixa de variação esteve

entre 12,00 e 160,00 UT e a mediana em 47,00 UT. Na Figura 16 (i) destacam-se as

variações mais expressivas que ocorreram nos pontos Rc5 e Rc12 e entre os períodos,

com maiores concentrações nas épocas de chuvas. Observam-se, também, diferenças

significativas no período de chuva, entre os pontos, com menores valores no ponto

localizado a montante do perímetro urbano. Em relação ao limite do CONAMA,

verificou-se, para ambos os pontos atenderam ao padrão de 100 UT.

5.2.10. Condutividade

A condutividade no ponto Rc5, no período de seca, variou entre 9,80 e 220,00

µS/cm, com mediana de 89,00 µS/cm e, na cheia, oscilou entre 19,40 e 103,60 µS/cm,

com mediana de 62,00 µS/cm. No ponto Rc12, os valores mínimo e máximo de

condutividade encontrados, na seca, foram de 41,80 e 222,00 µS/cm e mediana de 94

µS/cm e, na cheia, de 21,10 e 111,00 µS/cm e mediana de 61,70 µS/cm. Na Figura 16

(j), destacam-se as variações significativas nos pontos Rc5 e Rc12, nos períodos

sazonais, com maiores concentrações na seca, quando também se observou um

acréscimo no sentido montante –jusante.

5.2.11. Sólidos Suspensos Totais

No período de seca, registraram-se no ponto Rc5 valores na faixa de 2,00 a

240,00 mg/l, com mediana de 13,00 mg/l e, na cheia, de 4,00 a 231,00 mg/l e mediana

de 75,00 mg/l. No ponto Rc12, os valores variaram entre 4,00 e 835,00 mg/l, com

mediana de 20,00 mg/l, na seca, e de 7,00 a 208,00 mg/l, com mediana de 78,00 mg/l,

no período de cheia. Na Figura 16 (k), observa-se que as diferenças ocorreram de

95

maneira significativa nos pontos Rc5 e Rc12, tanto na seca como na cheia, bem como

entre os pontos, no sentido montante – jusante, na seca. Maiores concentrações foram

observadas no ponto Rc12, na época de cheia.

5.2.12. Sólidos Suspensos Fixos

No ponto Rc5, os valores dos sólidos suspensos fixos sofreram expressivas

variações, sendo o mínimo e máximo de 1,00 e 273,00 mg/l e a mediana de 13,00 mg/l,

no período de seca, e de 6,00 e 265,00 mg/l e mediana de 46,50 mg/l, na cheia. As

concentrações mínima e máxima, no ponto Rc12, ficaram entre 3,00 e 79,00 mg/l e a

mediana foi de 14,00 mg/l, na seca, e entre 14,00 e 198,00 mg/l e mediana de 59,00

mg/l, durante a cheia. A Figura 16 (l) ilustra variações significativas que ocorrem nos

pontos Rc5 e Rc12, em ambos os períodos, com maiores concentrações na cheia. Ao

longo do eixo montante -jusante, foram registradas pequenas oscilações, sem diferenças

significativas entre os pontos.

5.2.13. Sólidos Suspensos Voláteis

A variável sólidos suspensos voláteis apresentou, no ponto Rc5, no período de

seca, valores mínimo e máximo de 1,00 e 219,00 mg /l, com mediana de 7,00 mg/l e de

2,00 a 62,00, com mediana de 9,50 mg/l, na cheia. No ponto Rc12, os valores, na época

da seca, ficaram entre 1,00 e 60,00 mg/l e a mediana em 6,00 mg/l e, no período de

cheia, a variação foi de 3,00 a 88,00 mg/l, sendo que 50% das amostras (mediana)

apresentaram valores inferiores a 7,75 mg/l, conforme Figura 17 (a).

5.2.14. Sólidos Totais

Constata-se, na Figura 17 (b), que em ambos os pontos de amostragem, Rc5 e

Rc12, houve variações significativas de sólidos totais no período de seca. No ponto Rc5,

os valores mínimo e máximo foram de 46,00 e 2640,00 mg/l, com mediana de 117,00

mg/l e, na cheia, entre 51,00 e 330,00 mg/l, com mediana de 159,00 mg/l. No ponto

Rc12, os valores variaram entre 17,00 e 1184,00 mg/l, com mediana de 102,50 mg/l, na

seca, ficando entre 8,00 e 363,00 mg/l, com mediana de 150,00 mg/l, na época de cheia.

96

5.2.15. Sólidos Totais Fixos

Observa-se, no ponto Rc5, no período de seca, expressiva variação de sólidos

totais fixos. Os valores mínimo e máximo foram de 1,00 e 2512,00 mg/l e a mediana de

53,50 mg/l. Na cheia, os valores ficaram entre 2,00 e 285,00 mg/l, com a mediana de

116,50 mg/l. As concentrações, no ponto Rc12, oscilaram entre 3,00 e 195,00 mg/l e a

mediana foi de 61,00 mg/l, na seca, e entre 6,00 e 284,00 mg/l com mediana de 114,00

mg/l, no período de cheia. A Figura 17 (c) ressalta essas variações que ocorrem de

forma significativa nos pontos Rc5 e Rc12, tanto na cheia como na seca.

5.2.16. Sólidos Totais Voláteis

No ponto Rc5, os valores mínimo e máximo de sólidos totais voláteis variaram,

na seca, entre 3,00 e 299,00 mg/l, com mediana de 39,00 mg/l e, na cheia, entre 2,00 e

277,00 mg/l, com mediana de 33,00 mg/l. No ponto Rc12, os valores, no período de

seca, ficaram entre 3,00 e 1086,00 mg/l, sendo que 75% das amostras apresentaram

valores menores que 28,00 mg/l e, na cheia, a variação foi de 10,00 a 143,00 mg/l, com

mediana de 36 mg/l, conforme ilustra a Figura 17 (d).

5.2.17. Sólidos Dissolvidos Totais

No período de seca, os valores mínimo e máximo de sólidos dissolvidos totais,

no ponto Rc5, variaram entre 47,00 e 2626,00 mg/l, com mediana de 110,00 mg/l e, na

cheia, oscilaram entre 5,00 e 1208,00 mg/l, com mediana de 107,00 mg/l. O ponto

Rc12, na seca, assim como o ponto anterior, sofreu expressiva variação, onde os valores

mínimo e máximo foram de 8,00 e 1158,00 e a mediana de 91,50mg/l. No período de

cheia, variaram entre 23,00 e 208,00 mg/l, com mediana de 70,00 mg/l. Essas oscilações

entre os pontos e períodos podem ser observadas na Figura 17 (e).

5.2.18. Sólidos Dissolvidos Fixos

Os valores de sólidos dissolvidos fixos, no ponto Rc5, no período de seca,

variaram entre 5,00 e 2,501,00 mg/l, com mediana de 45,50 mg/l e, na cheia, sofreram

variação entre 10,00 e 263,00 mg/l, com mediana de 63,00 mg/l. No ponto Rc12, na

97

seca, os valores mínimo e máximo foram de 7,00 e 135,00 mg/l e a mediana de 46,00

mg/l e, na cheia, estiveram entre 15,00 e 209,00 mg/l, com mediana de 44,50 mg/l. A

Figura 17 (f) mostra que não ocorreram diferenças entre as concentrações desse

constituinte entre os pontos e períodos.

5.2.19. Sólidos Dissolvidos Voláteis

No ponto Rc5, os valores mínimo e máximo de sólidos dissolvidos voláteis

ficaram, no período de seca, entre 2,00 e 148,00 mg/l, com mediana de 63,59 mg/l e, na

cheia, entre 7,00 e 151,00 mg/l, com mediana de 44,00 mg/l. No ponto Rc12, os

valores, na época de seca oscilaram entre 1,00 e 1079,00 mg/l, sendo que 75% das

amostras apresentaram valores menores que 98,00 mg/l e, na cheia, variaram de 8,50 a

125,00 mg/l, com mediana de 28,00 mg/l. Similar ao que ocorre u com os sólidos totais,

a fração volátil dos sólidos dissolvidos não apresentou diferenças entre os pontos e

períodos, conforme pode ser observado na Figura 17 (g).

5.2.20. Nitrogênio Total

As concentrações mínima e máxima de nitrogênio total no ponto Rc5, no

período de seca, foram de 0,03 mg/l e 1,37mg/l e a mediana de 0,33 mg/l e, na época de

cheia, de 0,03 e 0,89 mg/l e mediana de 0,35 mg/l. No ponto Rc12, a variação foi de

0,03 a 1,56 mg/l e a mediana de 0,37 mg/l, na seca, e de 0,05 a 1,45 mg/l, com mediana

0,57 mg/l, na cheia. A Figura 17 (h) salienta que embora o ponto Rc5 apresente

variações entre os períodos sazonais, estas ocorreram de forma significativa no Ponto

Rc12, com concentrações mais elevadas durante a seca.

98

Figura 17 a-l - Gráficos Box - Plot das Variáveis Físico-Químicas dos Pontos Rc5 e Rc12 Localizados a montante e a jusante do Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987-2000.

2630 3539N =

PONTO

125

Sól

idos

Tot

ais

Vol

átei

s (m

g/l)

1200

1000

800

600

400

200

01819 2732N =

PONTO

125

Sól

idos

Dis

solv

idos

Tot

ais

(mg/

l) 3000

2000

1000

0

1820 2829N =

PONTO

125

Sól

idos

Sus

pens

os V

olát

eis

(mg/

l)

300

200

100

0

(a)

2939 3952N =

PONTO

125

Sól

idos

Tot

ais

(mg/

l)

3000

2000

1000

0

(b)

2630 3540N =

PONTO

125

Sól

idos

Tot

ais

Fixo

s (m

g/l)

3000

2000

1000

0

(c)

(d) (e)

1613 2024N =

PONTO

125

Sól

idos

Dis

solv

idos

Fix

os (m

g/l)

3000

2000

1000

0

(f)

1611 2023N =

PONTO

125

Sól

idos

Dis

solv

idos

Vol

átei

s (m

g/l)

1200

1000

800

600

400

200

0

(g)

613 721N =

PONTO

125

Nitr

ogên

io T

otal

(mg/

l)

1,6

1,4

1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

(h)

517 1032N =

PONTO

125

Nitr

ogên

io A

mon

iaca

l (m

g/l)

1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

(i)

923 1032N =

PONTO

125

Nitr

ogên

io N

itrat

o (m

g/l)

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

(j)616 725N =

PONTO

125

Nitr

ogên

io N

itrito

(mg/

l)

,07

,06

,05

,04

,03

,02

,01

0,00

(k)

2852 4066N =

PONTO

125

Fósf

oro

Tota

l (m

g/l)

,8

,6

,4

,2

0,0

(l)

99

Figura 18 a-d -Gráficos Box - Plot das Variáveis Físico-Químicas e dos Pontos Rc5 e Rc12 Localizados a montante e a jusante do Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

5.2.21. Nitrogênio Amoniacal

No ponto Rc5, os valores de nitrogênio amoniacal, nos períodos de seca e cheia,

apresentaram-se iguais, sendo o mínimo de 0,01 mg/l e o máximo de 0,48 mg/l, e 75%

das amostras ficaram abaixo de 0,04 mg/l, na seca, e de 0,06 mg/l, na cheia No ponto

Rc12, a variação foi de 0,01 a 0,97 mg/l, com mediana de 0,05 mg/l, na seca e, na cheia,

registrou-se o valor mínimo de 0,01mg/l e o máximo de 0,27mg/l, com mediana de 0,08

mg/l. A Figura 17 (i) ressalta que ocorrem no ponto Rc12 e entre os dois pontos,

diferenças signif icativas nos períodos. No ponto Rc5, porém não se registraram

variações entre os períodos sazonais, em virtude desse ponto encontrar-se a montante

das descargas orgânicas lançadas no rio Cuiabá.

2125 3034N =

PONTO

125

Tran

spar

ênci

a (m

)

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

(a)2747 3962N =

PONTO

125

NT

K (

mg/

l)

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

(b)

4458 5173N =

PONTO

125

LOG

(CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

) NM

P/1

00m

l 7

6

5

4

3

2

1

0

(c)

4459 5173N =

PONTO

125

LOG

(CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS) N

MP

/100

ml 6

5

4

3

2

1

0

-1

(d)

100

5.2.22. Nitrogênio Nitrato

As concentrações mínima e máxima de nitrogênio nitrato, no ponto Rc5, no

período de seca, foram de 0,010 mg/l e 0,285 mg/l e a mediana de 0,050 mg/l e, na

cheia, de 0,010 mg/l e 0,937 mg/l, com mediana de 0,098 mg/l. No ponto Rc12, a

variação foi de 0,010 a 0,285 mg/l e a mediana de 0,056 mg/l, na seca, e de 0,020 a

0,518 mg/l, com mediana de 0,088 mg/l, na cheia. A Figura 17 (j) mostra diferenças que

significativas (sig. < 0,05) nos pontos Rc5 e Rc12, nos períodos sazonais, e entre esses

pontos, apenas na seca.

5.2.23. Nitrogênio Nitrito

No período de seca os valores mínimo e máximo de nitrogênio nitrito registrados

no ponto Rc5 estiveram entre 0,001mg/l e 0,050 mg/l, com mediana de 0,005 mg/l e, na

cheia, entre 0,003 e 0,050 mg/l, com mediana de 0,005 mg/l. No ponto Rc12, os

valores, na seca, oscilaram entre 0,002 mg/l e 0,050 mg/l, e a mediana ficou em 0,005

mg/l. Na cheia, variaram de 0,001 a 0,066 mg/l, com mediana de 0,06 mg/l. A Figura 17

(k) aponta as diferenças em ambos os pontos, entre os períodos, mas não ao longo do

eixo.

5.2.24. Fósforo Total

No ponto Rc5, a variável fósforo total teve, no período de seca, valores mínimo

e máximo de 0,005 a 0,476 mg/l, com mediana de 0,050 mg/l e, na cheia, as

concentrações ficaram entre 0,020 e 0,670 mg/l, com mediana de 0,103 mg/l. No ponto

Rc12, a variação foi de 0,005 a 0,654 mg/l e a mediana de 0,089 mg/l, na seca, de 0,045

a 0,780 mg/l, com mediana de 0,129 mg/l, no período de cheia. A Figura 17 (l) visualiza

as variações significativas em ambos os pontos e períodos e ao longo do eixo montante-

jusante, na seca e cheia. Observa -se, também, que os valores nos pontos amostrados

encontram-se superiores ao limite de 0,025 mg/l estabelecido pela Resolução

CONAMA nº 20.

101

5.2.25. Transparência

Os valores da transparência, no ponto Rc5, no período de seca, oscilaram entre

0,09 e 1,50 m, ficando a mediana em 0,90 m e na cheia, entre 0,10 e 1,10 m, com

mediana de 0,20 m. No ponto Rc12, os valores mínimo e máximo, na cheia, foram de

0,06 e 0,90 e a mediana de 0,60 m. No período de seca, a faixa de variação esteve entre

0,10 e 0,66 m, com mediana de 0,20 m. Na Figura 18 (a) são vistas as diferenças mais

significativas nos pontos Rc5 e Rc12 por período, bem como entre os pontos a

montante e a jusante do perímetro urbano, na seca. Na cheia, a variação é pequena entre

os pontos.

5.2.26. Nitrogênio Total Kjeldhal

Os valores mínimo e máximo de nitrogênio total Kjeldhal, no ponto Rc5,

oscilaram, no período de seca, entre 0,01 e 1,32 mg/l, com mediana de 0,29 mg/l, e

tiveram variações de 0,01 a 1,53 mg/l, com mediana de 0,27 mg/l, na cheia. No Ponto

Rc12, os valores, na seca, ficaram entre 0,01 e 2,67 mg/l e a mediana em 0,37 mg/l e, na

cheia, entre 0,01 e 1,14 mg/l, com mediana de 0,42 mg/l. A Figura 18 (b) mostra que,

em relação aos períodos sazonais, não ocorreram diferenças significativas entre os

pontos nem tampouco no ponto Rc12.

5.2.27. Coliformes Totais

No ponto Rc5, coliformes totais apresentaram valores mínimo e máximo

variando entre 2,0E+01 e 2,0E+05 NMP/100ml, com a mediana de 5,0E+02 Col/100

ml, na seca, e na cheia os valores oscilaram entre 1,0E+02 e 2,0E+06 NMP/100ml,

ficando a mediana em 3,0E+03. A faixa de variação no ponto Rc12, no período de seca,

foi de 3,6E+02 a 2,2E+05 e a mediana de 2,2E+04 NMP/100ml e, na cheia, de 2,0E+03

a 3,0E+05, com mediana de 3,0E+04 NMP/100ml. A Figura 18 (c) retrata as variações

que ocorreram de forma significativa entre os pontos e períodos e ao longo do eixo

montante-jusante. Menores concentrações foram verificadas no ponto Rc5, no período

de seca, mantendo-se a qualidade da água ainda dentro do limite de 5000,00

NMP/100ml estabelecido pela Resolução CONAMA para um rio de classe II, o que não

acontece no Ponto Rc12, onde esse limite foi extrapolado de forma acentuada.

102

5.2.28. Coliformes Fecais

No ponto Rc5, os valores mínimo e máximo de coliformes fecais variaram entre

2,0E+02 e 8,0E+04 NMP/100ml, com mediana de 2,30E+02, no período de seca, e entre

2,0E+02 e 9,0E+04, com mediana de 7,0E+02, na cheia. No ponto Rc12, a variação foi

de 9,7 E+02 a 1,6 E+05 e a mediana de 1,1E+04, na seca, e na cheia os teores

apresentaram-se entre 2,0E+02 e 2,0E+05 e a mediana em 8,0E+03. A Figura 18 (d)

destaca variações significativas no ponto Rc5, nos períodos sazonais e ao longo do eixo,

com menores concentrações no ponto Rc5, na seca. Observa -se, também, que no ponto

Rc12 ocorreram maiores concentrações, não sendo expressiva a variação entre os

períodos. Em ambos os pontos, os valores excederam o limite padrão de 1000

NMP/100ml.

Em síntese, pode-se dizer que as diferenças marcantes entre os pontos Rc5 e

Rc12, localizados a montante e a jusante do perímetro urbano, respectivamente, foram

mais evidentes em relação aos teores de oxigênio dissolvido, maiores no ponto Rc5, e

de concentração de sólidos em suspensão, aí inferiores, causando, com isso, menores

valores de turbidez. Pode-se considerar também pH e condutividade como variáveis

importantes de diferenciação entre esses pontos. Em relação ao fósforo, menores teores

foram encontrados nesse ponto e, da mesma forma, os colifor mes totais e fecais,

indicadores de contaminação de origem animal e humana apresentaram menores valores

em relação ao ponto Rc12, já que este ponto situa-se após todo o recebimento dos

efluentes domésticos e industriais das cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

Quanto ao período sazonal, observou-se que a maioria das variáveis analisadas

apresentaram comportamentos distintos, entre os dois períodos, em decorrência da

diluição e de outros fatores que ao longo deste estudo serão mais claramente

evidenciados. Nota-se, ainda, que o comportamento das variáveis OD, DBO, cor,

turbidez e sólidos dissolvidos foi similar para os dois pontos, ficando dentro dos limites

estabelecidos pela Resolução CONAMA. No que se refere às variáveis fósforo,

coliformes fecais e totais, estas apresentaram concentrações acima dos limites do padrão

ambiental para um rio classe II.

103

5.3. Séries Temporais

Os resultados das análises das séries temporais das variáveis físico-químicas e

bacteriológicas estudadas referem-se aos períodos de seca e cheia, entre os anos de 1987

a 2000, para os pontos Rc5 e Rc12. A partir das figuras que se seguem, pode-se

visualizar o comportamento de cada variável nos respectivos períodos das séries, a

tendência do comportamento (crescente ou decrescente) e os modelos obtidos por

suavização exponencial para prognosticar a evolução futura da qualidade da água nesses

pontos, em médio prazo. Nas Tabelas 15 e 16 encontram-se dispostos os resultados das

tendências verificadas na série cronológica, nos pontos Rc5 e Rc12, com o nível de

significância e coeficiente de correlação apresentados pela equação de regressão.

Tabela 15 - Resultados da Curva de Tendência da Série Cronológica para o Ponto Rc5 do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá, Cuiabá – Mato Grosso – 1981- 2000.

Rc5 Linear Quadrático Exponencial Logarítmico Sig R Sig R Sig R Sig R

Temp. da Água 0,1568 0,27 0,1665 0,36 - - - - PH 0,0374 0,395 0,0850 0,423 - - - - Cor 0,0179 0,44 0,0036 0,60169 - - - - OD 0,5848 0,10789 0,0567 0,45 - - - - DBO 0,93 0,017 0,1089 0,40 - - - - DQO 0,55 0,080 0,048 0,47 - - - - Alcalinidade 0,000 0,7798 0,000 0,781 - - - - Turbidez 0,0056 0,5098 0,0175 0,52 - - - - Condutividade 0,0124 0,466 0,0422 0,0473 - - - - S. Susp. Totais 0,0587 0,36 0,0280 0,498 - - - - Fósforo Total 0,0684 0,355 0,15 0,37 - - - - Coliformes Totais 0,0696 0,35 0,0529 0,466 0,0092 0,49 0,053 0,37 Coliformes Fecais 0,0701 0,347 0,1312 0,3872 0,2209 0,2388 0,0929 0,32 NTK 0,5663 0,113 0,2079 0,34 - - - - Tabela 16 - Resultados da Curva de Tendência da Série Cronológica para o Ponto Rc12 do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá – Mato Grosso – 1981-2000.

Rc12 Linear Quadrático Exponencial Logarítmico

Sig R Sig R Sig R Sig R Temp. da Água 0,1119 0,30 0,0261 0,5029 - - - - PH 0,6841 0,08 0,5835 0,20 - - - - Cor 0,6216 0,097 0,5055 0,23 - - - - OD 0,0001 0,65 0,000 0,75 - - - - DBO 0,4164 0,15 0,0037 0,60 - - - - DQO 0,004 0,62 0,001 0,738 - - - - Alcalinidade 0,078 0,33 0,006 0,669 - - - - Turbidez 0,2105 0,244 0,3492 0,284 - - - - Condutividade 0,3552 0,18 0,6006 0,19 - - - - S. Susp. Totais 0,0006 0,61 0,003 0,688 - - - - Fósforo Total 0,8720 0,032 0,9733 0,047 - - - - Coliformes Totais 0,000 0,835 0,000 0,84 0,000 0,86 0,000 0,763 Coliformes Fecais 0,000 0,79 0,0000 0,813 0,000 0,89 0,0001 0,687 NTK 0,0003 0,638 0,0005 0,676 - - - -

104

5.3.1. Temperatura da Água

Na Figura 19 (a) e (b) são mostradas as variações sazonais ao longo da série,

com picos de valores mínimos registrados no período de seca correspondente aos meses

de maio a outubro e temperaturas máximas na época de chuva, meses de novembro a

abril.

Figura 19 a-b – Variação Temporal da Temperatura da Água por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987 –2000.

A Figura 20 (a) e (c) mostra os resultados da evolução da temperatura ao longo

dos anos, nos pontos Rc5 e Rc12, onde se observa uma curva com tendência de

acréscimo, porém não significativo (sig.> 0,05) para o ponto Rc5, enquanto que para o

ponto 12 a curva mostra uma tendência considerável, sendo o quadrático (r = 0,30) o

modelo que aí melhor se ajusta. Na Figura 20 (b) e (d) são ressaltados os modelos

obtidos a partir da suavização exponencial, prognosticando valores entre 26,9 e 27,05 na

seca, e 28,67 e 28,79 na cheia, para o ponto Rc5. No ponto Rc12, os valores ficaram

entre 28,47 e 28,64 na seca, e 29,29 e 29,47 na cheia, para os anos de 2001 e 2002.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TEM

PE

RA

TUR

A D

A Á

GU

A (

oC)

- R

c5

34

32

30

28

26

24

22

20

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TEM

PE

RA

TUR

A D

A Á

GU

A (o

C) -

Rc1

2

32

30

28

26

24

22

(a) (b)

105

Figura 20 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Temperatura da Água por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987-2000.

5.3.2. Turbidez

Na Figura 21 (a) e (b), podem ser observadas as variações sazonais ao longo da

série, com valores mínimos registrados na seca, correspondente aos meses de maio a

outubro, e máximos, no período das chuvas, relativo aos meses de novembro a abril. No

ponto Rc5, esses valores são inferiores a 60 N.T.U e, no ponto Rc12, inferiores a 90

N.T.U.

Constata-se, na Figura 22 (a) e (c), que o ponto Rc5 apresentou uma curva

crescente com alta significância (sig F< 0,01) para os dois modelos, linear (r = 0,51) e

quadrático (r = 0,52). Essa curva evidencia que a turbidez tem aumentado ao longo dos

anos, mesmo no ponto localizado a montante dos principais tributários do rio Cuiabá, no

perímetro urbano, demonstrando que esse acréscimo decorre de um processo de

SÉRIE (1987-2000)

3020100

TEM

PE

RA

TUR

A D

A Á

GU

A (o

C) -

Rc5

34

32

30

28

26

24

22

20

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TEM

PE

RA

TUR

A D

A Á

GU

A (o

C) -

Rc5

34

32

30

28

26

24

22

20

SÉRIE (1987-2000)

3020100

TEM

PE

RA

TUR

A D

A Á

GU

A (o

C) -

Rc1

2

31

30

29

28

27

26

25

24

23

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TEM

PE

RA

TUR

A D

A Á

GU

A (

oC)

- R

c12

32

30

28

26

24

22

(a) (b)

(c) (d)

106

alterações que a bacia vem sofrendo nos trechos do Alto Cuiabá. No ponto Rc12,

embora a curva obtida mostre uma tendência suave de acréscimo, os testes realizados

não caracterizaram nível de significância (sig F> 0,05) para os dois modelos.

Figura 21 a-b - Variação Temporal da Turbidez por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

A Figura 22 (b) e (d) apresenta o modelo obtido da análise da série no ponto

Rc5, que configura-se como série estocástica com tendência de acréscimo e um

prognóstico de se ter elevação de valores, nos períodos de seca e cheia, nos anos de

2001 e 2002, Porém, no ponto Rc12, essa tendência foi discreta. Em ambos os pontos, a

perspectiva de aumento ainda encontra-se abaixo do limite do padrão ambiental

estabelecido para um rio classe II, de até 100 UNT.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TU

RB

IDE

Z (

uT)

- R

c5

70

60

50

40

30

20

10

0

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997- seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TUR

BID

EZ

(UN

T) -

Rc1

2

100

80

60

40

20

0

(a) (b)

107

Figura 22 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Turbidez por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

5.3.3. Cor Aparente

A variação da cor nos pontos Rc5 e Rc12 oscilou em função do período sazonal,

de acordo com a Figura 23 (a) e (b). Na série estudada, os números de observações eram

reduzidos e os cálculos das falhas foram obtidos através de uma regressão e

interpolação, produzindo uma reta nesse intervalo de tempo.

Na Figura 23 (a), o ponto Rc5 mostra uma curva crescente com alta significância

(sig F< 0,01) para os dois modelos: linear e quadrático, r = 0,44 e 0,60, respectivamente.

Essa curva evidencia o aumento da cor ao longo dos anos, atingindo valores acima dos

limites definidos pelo padrão ambiental para um rio classe II, de 75 uH. Ressalta, ainda,

que esse acréscimo decorre de um processo de alterações que a bacia vem sofrendo nos

trechos a montante.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

TU

RB

IDE

Z (u

T) -

Rc5

70

60

50

40

30

20

10

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TUR

BID

EZ

(uT)

- R

c5

70

60

50

40

30

20

10

0

SÉRIE (1987-2000)

3020100

TU

RB

IDE

Z (U

NT

) - R

c12

100

80

60

40

20

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

TUR

BID

EZ

(UN

T) -

Rc1

2

100

80

60

40

20

0

(a) (b)

(c) (d)

108

Figura 23 a-b - Variação Temporal da Cor por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-2000.

Figura 24 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Cor por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

No ponto Rc12, pode-se notar uma tendência de acréscimo, apesar de os testes

de tendência não apresentarem significância (sig. F >0,05), conforme ilustra a Figura 24

(c). O modelo gerado para os pontos Rc5 e Rc12, Figura 24 (b) e (d) caracteriza-se

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

R (

uH)

- R

c5

160

140

120

100

80

60

40

20

0

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

R (P

t/l) -

Rc1

2

140

120

100

80

60

40

20

0

(a) (b)

SÉRIE (1987-2000)

403020100

Cor

(uH

) - R

c5

140

120

100

80

60

40

20

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

R (

UH

) -

Rc5

160

140

120

100

80

60

40

20

0

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

R (

Pt/l

) -

Rc1

2

140

120

100

80

60

40

20

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

R (

Pt/l

) -

Rc1

2

140

120

100

80

60

40

20

0

(a) (b)

(c) (d)

109

como uma série aleatória com tendência de aumento para valores acima do limite

estabelecido pela Resolução CONAMA 20.

5.3.4. pH

A variação do pH se deu de forma aleatória, para os dois pontos, conforme

Figura 25 (a) e (b), com menores variações no ponto Rc5 em época de seca.

Figura 25 a-b - Variação Temporal do pH por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

Observa-se, também, que no ponto Rc5 a série estudada mostrou uma tendência

de decréscimo significativo (sig.F<0,05) com melhor ajuste apresentado pelo modelo

linear (r = 0,39). Porém, nos últimos dois anos, a curva define uma tendência de

acréscimo com uma faixa de variação mais ampla (7,8 a 6,8), embora o valor médio

tenha ficado próximo do pH neutro. Para o ponto Rc12, não se confirma nenhuma

tendência (sig F >0,05), conforme (a) e (c).

A Figura 26 (b) e (d) apresenta o modelo gerado para as séries, nos pontos Rc5 e

Rc12, caracterizando-se como aleatória para o ponto Rc5, com tendência de decréscimo.

Entretanto, nos últimos anos, registrou-se um acréscimo nos seus valores, com faixa de

variação entre 7,5 e 7,7. Para o ponto Rc12, os valores prognosticados mostram

pequenas variações, na faixa de 7,4 a 7,6.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

pH -

Rc5

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

7,0

6,8

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

pH

- Rc1

2

8,2

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

(a) (b)

110

Figura 26 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado do pH por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

5.3.5. Alcalinidade

Na Figura 27 (a) e (b) observa-se a variação da alcalinidade no ponto Rc5, ao

longo dos anos, o que caracteriza a ocorrência de picos de variação em função do

período sazonal.

Menores concentrações foram detectadas pelo presente estudo, no período

chuvoso, provavelmente em função da diluição dos íons inorgânicos pelas águas das

chuvas.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

pH -

Rc5

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

7,0

6,8

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

pH -

Rc5

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

7,0

6,8

SÉRIE (1987-2000)

3020100

pH -

Rc1

2

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

pH -

Rc1

2

8,2

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

(a) (b)

(c) (d)

111

Figura 27 a-b - Variação Temporal da Alcalinidade por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea – Mato Grosso - 1987-2000.

Esta variável apresentou, na Figura 27 (a) e (b), uma elevação de seus valores

em relação ao ponto Rc5, provavelmente devido aos lançamentos de esgotos domésticos

e industriais gerados nas áreas de drenagem das sub-bacias localizadas no perímetro

urbano das cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

Na Figura 28 (a), verifica-se para o ponto Rc5 uma curva com alta tendência de

decréscimo (sig. F< 0,01) nos dois modelos, linear e quadrático (r = 0,78). Inversamente

ao que ocorreu no ponto Rc5, o ponto Rc12 evidenciou uma curva com tendência

significativa de acréscimo (sig. F <0,05) e com melhor ajuste para o modelo quadrático

(r = 0,66). Pode-se observar, ainda, que a série apresenta longos intervalos de

interrupções, cujo preenchimento se deu através da interpolação e regressão, eliminando

a componente aleatória da série e não permitindo uma análise mais criteriosa do

comportamento dos dados ao longo do período em estudo. Observando com mais

detalhe os dados obtidos para os de 1999 e 2000, constata -se que o ponto Rc5 mantém a

tendência de decréscimo e o ponto Rc12 de elevação em seus valores.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

ALC

ALI

NID

AD

E m

g/l (

CaC

O3)

- R

c5

70

60

50

40

30

20

10

0

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

ALC

ALI

NID

AD

E m

g/l (

CaC

O3)

- R

c12

60

50

40

30

20

(a) (b)

112

Figura 28 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Alcalinidade por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

A Figura 28 (b) e (d) mostra que os valores prognosticados para os períodos de

seca e cheia, nos anos de 2001 e 2002, apresentaram uma faixa de variação entre 20 e

30 mg/l CaCO3 nos dois pontos. A série temporal do ponto Rc5 pode ser classificada

como aleatória e com tendência de decréscimo, prognosticando valores para os

próximos períodos, entre 20 e 30 mg/l CaCO3. Para o ponto Rc12, devido à interrupção

nas observações, o modelo gerado não permite uma clareza de comportamento.

5.3.6. Condutividade

A Figura 29 (a) e (c) registra a variação da condutividade nos pontos Rc5 e

Rc12, onde ocorreram picos alternados em função da sazonalidade ao longo da série.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

ALC

ALI

NID

AD

E m

g/l (

CaC

O3)

- R

c5

80

70

60

50

40

30

20

10

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

ALC

ALI

NID

AD

E m

g/l (

CaC

O3)

- R

c5

70

60

50

40

30

20

10

0

SÉRIE (1987-2000)

3020100

ALC

ALI

NID

AD

E m

g/l (

CaC

O3)

- R

c12

60

50

40

30

20

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

ALC

ALI

NID

AD

E m

g/l (

CaC

O3)

- R

c12

60

50

40

30

20

(a) (b)

(c) (d)

113

Maiores concentrações foram observadas no período de seca e menores na época de

cheia, decorrentes da diluição dos eletrólitos dissolvidos na água.

Figura 29 a-b - Variação Temporal da Condutividade por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

Destaca-se, na Figura 30 (a), para o ponto Rc5, uma curva com tendência

significativa de decréscimo (sig.F <0,05) dos modelos linear e quadrático ( r = 0,47), até

o ano de 1998. A partir daí, observa-se um incremento na concentração dessa variável,

que se torna maior nos anos subseqüentes. Para o ponto Rc12, Figura 30 (b), não se

verifica nenhuma tendência expressiva (sig. F >0,05), embora tenha ocorrido um

relativo incremento no ano de 2000.

A Figura 30 (b) e (d) apresenta os modelos gerados para prognosticar os valores

dos períodos de 2001 e 2002, nos quais são previstas concentrações superiores a 100

µS/cm no período de seca para os dois pontos.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

ND

UTI

VID

AD

E (

US

/cm

) -

Rc5

140

120

100

80

60

40

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994- seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

ND

UTI

VID

AD

E (

US

/cm

) -

Rc1

2

180

160

140

120

100

80

60

40

(a) (b)

114

Figura 30 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da Condutividade por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

5.2.7. Oxigênio Dissolvido

A evolução temporal dos valores de oxigênio dissolvido nos pontos Rc5 e Rc12

é ressaltada na Figura 31 (a) e (b), onde são visíveis as variações entre os períodos de

seca e chuva. Isto ocorre ao longo do perímetro urbano, em função dos afloramentos

rochosos que provocam uma elevação na turbulência, propiciando uma maior taxa de

oxigenação na massa, na época de estiagem. Na chuva, a lâmina d’água no leito sobe,

cobrindo esses afloramentos e diminuindo esse efeito, podendo-se notar, assim,

menores concentrações nesse período.

A Figura 32 (a) e (c) mostra que para o ponto Rc5 os teores de oxigênio

disponível na massa líquida apresentaram oscilações com tendência de acréscimo e que,

nos últimos anos, esses teores têm sofrido um moderado decréscimo (sig. F >0,05),

sendo o melhor ajuste obtido através do modelo quadrático (r = 0,45). Entretanto, para o

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

ND

UTI

VID

AD

E (

US

/cm

) -

Rc5

120

110

100

90

80

70

60

50

40

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

ND

UTI

VID

AD

E (

US

/cm

) -

Rc5

140

120

100

80

60

40

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

ND

UTI

VID

AD

E (

US

/cm

) -

Rc1

2

180

160

140

120

100

80

60

40

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

ND

UTI

VID

AD

E (

US

/cm

) -

Rc1

2

180

160

140

120

100

80

60

40

(a) (b)

(c) (d)

115

ponto Rc12, observa-se uma curva com tendência de decréscimo significativo dos seus

valores (sig.de F< 0,05) e o modelo que melhor se ajusta é o quadrático ( r = 0,78). Isso

caracteriza a queda dos teores de oxigênio dissolvido na massa líquida, ao longo dos

anos, decorrente das cargas orgânicas lançadas pelos principais tributários no perímetro

urbano.

Figura 31 a-b - Variação Temporal do OD por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

Figura 32 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado do OD por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

OD

(m

g/l)

- R

c5

10

9

8

7

6

5

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

OD

- R

c12

10

9

8

7

6

5

4

(a) (b)

SÉRIE (1987-2000)

3020100

OD

(mg/

l) - R

c5

10

9

8

7

6

5

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

OD

(mg/

l) - R

c5

10

9

8

7

6

5

SÉRIE (1987-2000)

3020100

OD

- R

c12

10

9

8

7

6

5

4

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

OD

- R

c12

10

9

8

7

6

5

4

(a) (b)

(c) (d)

116

Na Figura 32 (b) e (d) são configurados os modelos de prognóstico para os anos

de 2001 e 2002, nos pontos Rc5 e Rc12. Os valores estimados para o primeiro ponto

estão abaixo de 7 mg/l e, para o ponto a jusante, abaixo de 6 mg/l. Embora es ses valores

ainda estejam dentro do limite estabelecido pela Resolução CONAMA 20, de 5 mg/l,

observa-se que o ponto Rc12 apresenta, ao longo dos anos, uma taxa declinante dos

teores de oxigênio, apesar da elevada capacidade de autodepuração demonstrada pelo

rio.

5.2.8. DQO – Demanda Química do Oxigênio

Os valores de DQO no ponto Rc5 apresentaram fortes oscilações, como

observado na Figura 33 (a). Para o ponto Rc12, Figura 33 (b), o comportamento da

série se mostrou mais homogênea. O resultado da evolução temporal para o ponto Rc5,

mostrado na Figura 34 (a), evidenciou uma curva com tendência de decréscimo e o

melhor ajuste foi para o modelo quadrático (sig. < 0,040 e r = 0,47). Para o ponto Rc12,

Figura 34 (b), os modelos linear e quadrático mostraram altos níveis de significância,

sendo o melhor ajuste para o quadrático (sig. < 0,01 e r = 0,73). Os valores

prognosticados para o ponto Rc5, Figura 34 (a), ficaram próximos a 10 mg/l, enquanto

que para o ponto Rc12, acima de 5 mg/l.

Figura 33 a-b- Variação Temporal da DQO por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DQ

O (

mg/

l) -

Rc5

40

30

20

10

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DQ

O (

mg/

l) -

Rc1

2

10

9

8

7

6

5

(a) (b)

117

Figura 34 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da DQO por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

5.2.9. DBO – Demanda Bioquímica do Oxigênio

A Figura 35 (a) e (c) apresenta, nos pontos Rc5 e Rc12 as variações dos valores

da DBO, que se mostram irregulares nos períodos de seca e cheia.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

DQ

O (

mg/

l) -

Rc5

40

30

20

10

0

SÉRIE

2002-0seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DQ

O (m

g/l)

- Rc5

40

30

20

10

0

SÉRIE (1987-2000)

3020100

DQ

O (

mg/

l) -

Rc1

2

9,5

9,0

8,5

8,0

7,5

7,0

6,5

6,0

5,5

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DQ

O (m

g/l)

- Rc1

2

10

9

8

7

6

5

(a) (b)

(c) (d)

118

Figura 35 a-b - Variação Temporal da DBO por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

Figura 36 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado da DBO por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

A Figura 36 (a) e (c) evidencia que nos testes realizados para análise de

tendências não se verificou, nos pontos Rc5 e Rc12, nenhuma tendência significativa

(sig. F> 0,05) pa ra os modelos linear e quadrático, apesar de se observar, na curva

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DB

O (

mg/

l) -

Rc5

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DB

O (

mg/

l) -

Rc1

2

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

(a) (b)

SÉRIE (1987-2000)

3020100

DB

O (

mg/

l) -

Rc5

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DB

O (

mg/

l) -

Rc5

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

SÉRIE (1987-2000)

3020100

DB

O (m

g/l)

- Rc1

2

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

DB

O (

mg/

l) -

Rc1

2

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

(a) (b)

(c) (d)

119

apresentada pelo ponto Rc12, um ligeiro acréscimo. A despeito das variações e picos

ocorridos na série observada, os valores de oxigênio requeridos para a degradação da

matéria orgânica ainda permaneceram dentro dos limites de até 5mg/l.

A Figura 36 (b) e (d) define o modelo de prognóstico da DBO para os períodos

de 2001 e 2002, onde valores estimados para os dois pontos permanecem abaixo de 2

mg/l.

5.2.10. Sólidos Suspensos Totais

A variação de concentração dos sólidos em suspensão é vista na Figura 37 (a) e

(b) e ocorre em função do período sazonal, com maiores valores na época de chuva e

menores na seca.

Figura 37 a-b - Variação Temporal dos Sólidos Suspensos por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

Essa variável apresentou, no ponto Rc5, conforme Figura 38 (a) e (c), um

aumento considerável ao longo dos anos (sig. F < 0,05 ), com um melhor ajuste para o

modelo quadrático (r = 0,498). No ponto Rc12, constatou-se uma tendência de

acréscimo altamente significativa (sig.F<0,01) e o melhor ajuste foi também pelo

modelo quadrático (r=0,688). Apesar do aumento dessa variável no ponto Rc5, seus

valores ainda permaneceram abaixo de 100mg/l, enquanto que, no ponto Rc12,

registraram-se variações superiores a 100 mg/l.

Os valores do modelo gerado para prognosticar as estimativas da seca e cheia,

dos anos de 2001 e 2002, para os dois pontos, encontram-se dispostos na Figura 38 (b) e

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

LID

OS

SU

SP

EN

SO

S (

mg/

l) -

Rc5

100

80

60

40

20

0

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

LID

OS

SU

SP

EN

SO

S (

mg/

l) -

Rc1

2

200

100

0

(a) (b)

120

(d). Concentrações abaixo de 100mg/l são esperadas para os dois pontos, valores bem

abaixo do limite estabelecido pela Resolução que fixa 500mg/l.

Figura 38 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado dos Sólidos Suspensos por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

5.2.11. NTK

As concentrações de NTK, ao longo da série analisada nos pontos Rc5 e Rc12,

conforme demonstrado na Figura 39 (a) e (b), apontam que a série apresenta muitas

falhas de observações, que foram preenchidas a partir da equação de regressão

determinada pelas outras fontes.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

LID

OS

SU

SP

EN

SO

S (

mg/

l) -

Rc5

100

80

60

40

20

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

LID

OS

SU

SP

EN

SO

S (

mg/

l) -

Rc5

120

100

80

60

40

20

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

LID

OS

SU

SP

EN

SO

S (

mg/

l) -

Rc1

2

200

100

0

SÉRIE (1987-2000)

3020100

SO

LID

OS

SU

SP

EN

SO

S (m

g/l)

- Rc1

2

160

140

120

100

80

60

40

20

0

-20

(a) (b)

(c)

(d)

121

Figura 39 a-b - Variação Temporal do NTK por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

A curva obtida a partir do estudo da tendência da série do ponto Rc5 é vista na

Figura 40 (a), onde não se observa nenhuma tendência (sig. F>0,05) para os modelos

analisados enquanto que para o ponto Rc12, Figura 40 (b), verifica-se uma tendência de

acréscimo altamente significativa.

Figura 40 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado do NTK por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

NT

K (m

g/l)

- Rc5

,5

,4

,3

,2

,1

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

NTK

(m

g/l)

- R

c5

,5

,4

,3

,2

,1

SÉRIE (1987-2000)

3020100

NTK

(m

g/l)

- R

c12

,7

,6

,5

,4

,3

,2

,1

0,0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

NTK

(m

g/l)

- R

c12

,8

,6

,4

,2

0,0

-,2

(a) (b)

(c) (d)

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

NTK

(m

g/l)

- R

c5

,5

,4

,3

,2

,1

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

NTK

(m

g/l)

- R

c12

,7

,6

,5

,4

,3

,2

,1

0,0

(a) (b)

122

Na Figura 40 (b) e (d) são registradas as concentrações estimadas para os anos

de 2001 e 2002, nos períodos de seca e chuva. Para o ponto Rc5, esperam-se

concentrações abaixo de 0,3 mg/l e no ponto Rc12, valores acima de 0,6 mg/l.

5.2.12. Coliformes Totais

As concentrações dos coliformes totais apresentaram picos de variação de

acordo com o período sazonal e maiores concentrações ocorreram nos períodos de

chuva. A Figura 41 (a) evidencia a série observada no ponto Rc5, demonstrando que os

picos de concentração ultrapassaram os limites da Resolução que estabelece até 5000

NMP/100ml. Já no ponto Rc12, Figura 41 (b), verifica-se que toda a série analisada

encontra-se acima do limite.

Figura 41 a-b - Variação Temporal dos Coliformes Totais por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande - MT - 1987-2000.

Devido à característica do crescimento bacteriano do grupo coliformes, optou-se

por testar, além dos modelos linear e quadrático, os modelos logarítmicos e

exponenciais, de forma a observar qual melhor se adequaria à série. Os dados

mostraram que a evolução dos coliformes totais apresentou, ao longo da série, no ponto

Rc5, Figura 42 (a), uma curva com tendência altamente significativa (sig. F <0,01) e (r

= 0,49) demonstrada pelo modelo exponencial. Com os modelos quadrático e

logarítmico (sig. F < 0,05) registrou-se um grau expressivo, sendo o linear de moderada

significância (sig. F. entre 0,05 – 0,10).

Para o ponto Rc12, a série estudada também evidenciou curvas com tendências

elevadas para todos os modelos testados (sig. F <0,01), porém o modelo exponencial

obteve o melhor ajuste ( r = 0,86), conforme visualizado na Figura 42 (c).

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

(N

MP

/100

ml)

- R

c5

50000

40000

30000

20000

10000

0

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

(N

MP

/100

ml)

- R

c12

50000

40000

30000

20000

10000

(a) (b)

123

Essa tendência de aumento dos coliformes nos dois pontos deve-se à

contribuição de fezes humanas e de animais de sangue quente que são carreados para

dentro do leito do rio, principalmente nos períodos de chuva. Para o ponto Rc5,

localizado a montante de todo o lançamento dos despejos domésticos e industriais, esse

aumento restringe -se à parcela de contribuição dos animais das pequenas chácaras

localizadas ao longo das margens do rio e, também, devido ao recebimento das cargas

de coliformes dos trechos correspondentes ao Alto Cuiabá. Essas concentrações elevam-

se mais no ponto Rc12, em decorrência dos lançamentos de de spejos ao longo do

perímetro urbano.

Na Figura 42 (b) e (d) são apresentados os modelos gerados para as séries e os

prognósticos dos períodos de seca e chuva para os anos de 2001 e 2002. No ponto Rc5,

a série estudada caracterizou-se como estocástica, com tendência de acréscimo e

sazonalidade, e os valores estimados pelo modelo variaram na faixa de 2000 a 3000

NMP/100ml.

Figura 42 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado dos Coliformes Totais por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande– Mato Grosso - 1987-2000.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

(N

MP

/100

ml)

- R

c5

40000

30000

20000

10000

0

-10000

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

(N

MP

/100

ml)

- R

c5

4000030000

20000

10000

500040003000

2000

1000

500400300200

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

(NM

P/1

00m

l) - R

c12

50000

40000

30000

20000

10000

0

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

TO

TAIS

(N

MP

/100

ml)

- R

c12

50000

40000

30000

20000

10000

(a) (b)

(c) (d)

124

5.2.13. Coliformes Fecais

Os coliformes fecais mostraram oscilações similares àquelas observadas pelos

coliformes totais, conforme pode-se visualizar na Figura 43 (a) e (b).

A evolução temporal dos coliformes fecais para o ponto Rc5 registrou uma

tendência moderada de acréscimo (sig. F entre 0,05 – 0,1), de acordo com os modelos

linear e logarítmico, com um coeficiente de regressão pouco representativo (r = 0,34).

Para o ponto Rc12, as curvas obtidas em todos os modelos evidenciaram altas

significativas e o melhor ajuste corresponde ao modelo exponencial (r = 0,89).

Figura 43 a-b - Variação Temporal dos Coliformes Fecais por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande- Mato Grosso - 1987-2000.

SÉRIE

2000-seca

1999-sseca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (

NM

P/1

00m

l) -

Rc5

20000

10000

500040003000

2000

1000

500400300

200

100

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (N

MP

/100

ml)

- Rc1

2

40000

20000

10000

8000

6000

4000

2000

1000

(a) (b)

125

Figura 44 a-d - Análise das Tendências e Modelo Gerado dos Coliformes Fecais por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

O comportamento dos modelos obtidos para caracterização da série dos

coliformes fecais foi similar ao que ocorreu com os coliformes totais, conforme Figura

44 (b) e (d). Para o ponto Rc5, a série estudada mostrou-se como estocástica, com

tendência de acréscimo e sazonalidade, e os valores estimados pelo modelo variaram na

faixa de 2000 a 3000 NMP/100ml. No ponto Rc12, a componente sazonal desaparece,

evidenciando a tendência de acréscimo resultante das cargas de coliformes. Os valores

estimados tendem a crescer acentuadame nte, chegando a atingir concentrações próximas

a 40.000 NMP/100ml, o que equivale a concentrações oito vezes maiores que a

permitida para um rio classe II.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (N

MP

/100

ml)

- Rc5

12000

10000

8000

6000

4000

2000

0

-2000

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (

NM

P/1

00m

l) -

Rc5

20000

10000

500040003000

2000

1000

500400300

200

100

SÉRIE (1987-2000)

3020100

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (N

MP

/100

ml)

- Rc1

2

40000

30000

20000

1000090008000

7000

6000

5000

4000

3000

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (

NM

P/1

00m

l) -

Rc1

2

40000

20000

100008000

6000

4000

2000

1000

(a) (b)

(c) (d)

126

5.2.14. Fósforo Total

A variação do fósforo total nos pontos Rc5 e Rc12, Figura 45 (a) e (b),

apresentou, ao longo da série, muitas interrupções, cujo preenchimento se deu através

de equações de regressão.

Figura 45 a-b - Variação Temporal do Fósforo Total por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1987-2000.

A evolução temporal do fósforo total para o Ponto Rc5, Figura 46 (a), registrou

uma curva crescente, com moderada significância para o modelo linear (sig. F entre

0,05 – 0,1) e um coeficiente de regressão pequeno (r = 0,34). Para o ponto Rc12, Figura

45 (b), as curvas obtidas nos dois modelos não se mostraram significativas.

Os valores prognosticados para os pontos Rc5 e Rc12, Figura 46 (c) e (d), nos

períodos de seca e chuva, encontram-se próximos de 0,1 mg/l, o que representa uma

concentração bastante elevada, quatro vezes superior ao limite estabelecido pela

Resolução CONAMA 20, de 0,025 mg/l.

As variáveis sólidos totais, fixos e voláteis e nitrogênio amoniacal, nitrato e

nitrito não dispunham de número de observações suficientes para definir uma série e

prognosticar valores futuros.

SÉRIE

27252321191715131197531

FÓS

FOR

O T

OTA

L (m

g/l)

- Rc5

,4

,3

,2

,1

0,0

-,1

SÉRIE

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

FÓS

FOR

O T

OTA

L (m

g/l)

- R

c12

,5

,4

,3

,2

,1

0,0

(a) (b)

127

Figura 46 a-d – Análise das Tendências e Modelo Gerado do Fósforo Total por Período nos Pontos Rc5 e Rc12, Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso – 1987-2000.

5.3. Resultados da Classificação da Imagem

Os resultados da classificação dos dados da imagem Landsat 5-TM da bacia do

rio Cuiabá, para as seis bandas espectrais do sensor (#1,#2,#3,#4,#5 e #7), foram

obtidos mediante a aplicação de métodos convencionais de classificação supervisionada.

Utilizaram-se os algoritmos de máxima verossimilhança e de distância mínima, com o

objetivo de verificar sua precisão nos diversos usos e ocupações do solo, conforme

Figuras 46 e 47.

As duas classificações representam, de forma apropriada, os bairros densamente

ocupados dos perímetros urbanos das cidades de Cuiabá (situados a norte e nordeste) e

Várzea Grande (sudoeste). Destacam-se, também, nas Figuras, as matas ciliares ainda

remanescentes ao longo do córrego Pari, dos rios Coxipó, Ribeirão do Lipa e de alguns

trechos do rio Cuiabá.

SÉRIE (1987-2000)

3020100

FÓS

FOR

O T

OTA

L (m

g/l)

- R

c5

,4

,3

,2

,1

0,0

-,1

SÉRIE

312927252321191715131197531

FÓS

FOR

O T

OTA

L (m

g/l)

- Rc5

,4

,3

,2

,1

0,0

-,1

SÉRIE (1987-2000)

3020100

FÓS

FOR

O T

OTA

L (m

g/l)

- Rc1

2

,5

,4

,3

,2

,1

0,0

-,1

SÉRIE

2002-seca

2001-seca

2000-seca

1999-seca

1998-seca

1997-seca

1996-seca

1995-seca

1994-seca

1993-seca

1992-seca

1991-seca

1990-seca

1989-seca

1988-seca

1987-seca

FÓS

FOR

O T

OTA

L (m

g/l)

- R

c12

,5

,4

,3

,2

,1

0,0

(a) (b)

(c) (d)

128

Figura 46 - Classificação da Imagem Landsat-5 TM, Utilizando o Algoritmo de Máxima Verossimilhança para a Bacia do Rio Cuiabá, Perímetro Urbano – Mato Grosso - Abril 1999.

Figura 47 -Classificação da Imagem Landsat -5 TM, Utilizando o Algoritmo de Distância Mínima para a Bacia do Rio Cuiabá, Perímetro Urbano – Mato Grosso - Abril 1999.

129

A verificação dos resultados das classificações das fotos aéreas 1:8000 mostrou

uma discreta superioridade do algoritmo máxima verossimilhança, em relação ao da

distância mínima. As Tabelas 17 e 18 expõem as estatísticas referentes aos erros de

omissão, de comissão e total que compõem a matriz de erro. O algoritmo de máxima

verossimilhança registrou o valor do erro total de 0,286 e o coeficiente de kappa de

0,676, considerados melhores em relação ao da distância mínima. A superioridade desse

algoritmo também se destacam em relação às classes, que apresentaram uma melhor

definição entre as categorias (urbanização alta e baixa, campo, cerrado, mata e água).

Tabela 17 - Matriz de Erro pelo Método da Classificação da Máxima Verossimilhança, Abril 1999.

Urbanização Alta

Urbanização Baixa Campo Cerrado Mata Água Total Erro C

Urban.Alta 23 14 0 0 0 0 37 0,3784 Urban.Baixa 5 19 2 0 1 0 27 0,2963 Campo 0 0 25 2 2 0 29 0,1379 Cerrado 0 0 0 27 7 0 34 0,2059 Mata 0 0 2 17 23 0 42 0,4524 Água 0 0 0 0 0 25 25 0,0000 Total 28 33 29 46 33 25 194 Erro O 0,1786 0,4242 0,1379 0,4130 0,3030 0,000 0,2680

Tabela 18 - Análise da Matriz de Erro pelo Método da Classificação da Distância Mínima Verossimilhança. Abril 1999.

Urbanização Alta

Urbanização Baixa

Campo Cerrado Mata Água Total Erro C

Urban.Alta 22 9 0 0 0 0 31 0,290 Urban.Baixa 5 20 3 0 0 0 28 0,2857 Campo 1 4 19 2 0 0 26 0,2692 Cerrado 0 0 7 26 6 0 39 0,2835 Mata 0 0 0 18 27 0 45 0,3333 Água 0 0 0 0 0 25 25 0,4000 Total 28 33 29 46 33 25 194 0,0000 Erro O 0,2143 0,3939 0,3448 0,3448 0,3448 0,0000 0,2835

Os percentuais por classe obtidos nesse algoritmo foram utilizados para posterior

inter-relação com os dados de qualidade da água, variáveis físico-químicas e

bacteriológicas das sub-bacias no período correspondente à aquisição da imagem.

Na Tabela 18, encontram-se dispostos os percentuais resumidos das classes de

ocupação obtidas por sub-bacia, a partir da classificação da imagem de satélite do

perímetro urbano, no ano de 1999, e são, também, visualizados os valores médios do

NDVI extraídos da sobreposição dos limites das sub-bacias. O agrupamento dessas

quatro novas classes se deu a partir da junção das categorias: urbanização alta e baixa,

por urbanização; cerrado e mata, que receberam a denominação de área preservada e as

classes campo e água que permaneceram inalteradas.

130

A Tabela 19 contém os resultados da classificação para as dezesseis sub-bacias

que compõem o mosaico urbano das cidades de Cuiabá e Várzea Grande e destaca,

ainda, características referentes à área e perímetro urbano das respectivas sub-bacias.

Porém, neste estudo, serão analisadas treze sub-bacias que apresentam corpo receptor

definido, de forma a permitir a comparação com os dados de qualidade.

Tabela 19 - Percentuais por Categoria do Uso da Terra por Sub-Bacia Urbana das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso.

Sub-BaciasDenominação Corpo Recptor Área (há)

Perímetro (m)

NDVI Urbanização (%)

Campo (%)

Preservado (%)

SB20 Acoxip R. Coxipó 19029,91 64683,37 0,30 31,84 47,07 20,71 SB14/15 Alipa C. Rib.Lipa 6943,56 47012,64 0,27 34,4 47,95 16,97 SB19 Abarba C. Barbado 1421,86 20521,18 0,12 74,25 19,36 5,99 SB01 Apari C. Pari 5315,92 38657,02 0,32 15,07 62,79 21,05 SB17 Aprain C. Prainha 655,60 12135,51 0,05 71,68 25,47 2,44 SB16 Ampint C. Mane Pinto 935,79 13478,90 0,15 64,83 24,30 10,14 SB18 Agamba C. Gamba 473,58 10494,83 0,08 80,42 16,58 2,72 SB04 Aguari C. Guarita 2058,38 20433,90 0,26 41,75 42,29 15,38 SB03 Aembov C. Embauval 707,10 11859,18 0,25 53,8 33,39 11,81 SB6789 - Difusa 1772,42 20923,68 0,27 39,61 29,57 27,96 SB21 Asgonc C. S. Gonçalo 1990,24 21638,24 0,28 40,93 40,39 18,14 SB02 Apicar C. Picarrão 3842,18 27261,34 0,24 50,99 38,60 10,11 SB10 Asanta C. Santana 1159,91 17501,65 0,30 42,6 31,27 24,64 SB05 Aengord C. Engordador 1041,38 15469,48 0,24 50,95 36,00 12,01 SB22 C. Lavrinha 1840,27 23684,02 0,32 31,51 37,84 29,33 SB23 Difusa 3020,75 30098,17 0,31 25,37 54,62 18,41

Observa-se que a faixa de variação do percentual de urbanização entre as sub-

bacias é bastante heterogênea, oscilando entre 15% - 80%, e que as mais densamente

ocupadas detêm um percentual reduzido de área preservada, como é o caso da Prainha,

Barbado e Gambá, Figura 48.

131

Tabela 20 - Resultados da Classificação da Imagem de Acordo com o Índice de Vegetação e as Categorias de Uso da Terra para a Bacia do Rio Cuiabá – Mato Grosso, 2000.

Sub-Bacias Denominação Corpo Receptor Área (há)

Perímetro (m)

Classe 1 (%)

Classe 2 (%)

Classe 3 (%)

Classe 4 (%)

Classe 5 (%)

Classe 6 (%)

SB20 Acoxip R. Coxipó 19029,91 64683,37 12,85 18,99 47,07 16,56 4,15 0,39 SB14/15 Alipa C.Rib.Lipa 6943,56 47012,64 12,97 21,43 47,95 13,69 3,28 0,67 SB19 Abarba C.Barbado 1421,86 20521,18 36,17 38,08 19,36 4,51 1,48 0,39 SB01 Apari C. Pari 5315,92 38657,02 3,36 11,71 62,79 18,39 2,66 1,09 SB17 Aprain C. Prainha 655,60 12135,51 30,32 41,36 25,47 1,78 0,66 0,41 SB16 Ampint C. Mane Pinto 935,79 13478,90 27,33 37,50 24,30 6,11 4,03 0,74 SB18 Agamba C.Gambá 473,58 10494,83 33,64 46,78 16,58 1,39 1,33 0,28 SB04 Aguari C. Guarita 2058,38 20433,90 15,20 26,55 42,29 12,63 2,75 0,58 SB03 Aembov C. Embauval 707,10 11859,18 14,82 38,98 33,39 6,87 4,94 1,00 SB6789 Diversas Difusa 1772,42 20923,68 15,76 23,85 29,57 18,43 9,53 2,86 SB21 Asgonc C. S. Gonçalo 1990,24 21638,24 15,99 24,94 40,39 15,26 2,88 0,53 SB02 Apicar C. Picarrão 3842,18 27261,34 18,46 32,53 38,60 8,06 2,05 0,29 SB10 Asanta C. Santana 1159,91 17501,65 12,50 30,10 31,27 19,26 5,38 1,49 SB05 Aengord C. Engordador 1041,38 15469,48 15,02 35,93 36,00 9,41 2,60 1,03 SB22 Alavrinha C. Lavrinha 1840,27 23684,02 13,64 17,87 37,84 19,88 9,45 1,32 SB23 S/denominação Difusa 3020,75 30098,17 5,23 20,14 54,62 15,04 3,37 1,60 TOTAL 52208,84

Legenda: classe I – urbanização alta: classe II – urbanização baixa, classe III: campo, Classe IV: cerrado, classe V: mata, classe Viágua

132

Figura 48 - Percentuais das Categorias por Sub-Bacia da Cidade de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso –1999.

As sub-bacias da cidade de Cuiabá apresentaram um percentual médio de

urbanização de 53%, enquanto que o registrado nas sub-bacias de Várzea Grande foi de

40%. O valor médio obtido para as áreas dos dois municípios atingiu 46%, conforme pode

ser visualizado na Figura 48.

A Figura 49 mostra os valores médios por categoria de uso e município, onde se

observa que o percentual de área preservada ainda é maior em Várzea Grande, o que pode

ser reforçado pelo índice médio de vegetação obtido da bacia.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Aco

xip

Alip

a

Aba

rba

Apr

ain

Am

pint

Aga

mba

Asg

onc

Apa

ri

Agu

ari

Aem

bov

Asg

onc

Api

car

Asa

nta

Aen

gord

urbanização campo preservado

133

Figura 49 – Percentual Médio por Classe de Ocupação e o NDVI Obtido nos Municípios de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso - 1999.

A partir da imagem do perímetro urbano, pode-se verificar, também, uma

distribuição espacial heterogênea, com grandes vazios entre as regiões, além da perda da

mata ciliar ao longo dos principais córregos. A mata deu lugar aos barracos e

posteriormente às casas, erguidas ao longo desses córregos, tornando-se essas regiões

críticas e frágeis, principalmente no período de chuva.

5.3. Análises da Inter-relação das Categorias de Ocupação das Sub-Bacias e

das Variáveis Físico-Químicas e Bacteriológicas

Neste item serão apresentados os resultados das análises estatísticas, exploratórias e

multivariadas, realizadas para estudar a inter-relação entre o processo de urbanização e a

qualidade da água de treze sub-bacias localizadas no perímetro urbano. Análises de

correlação e regressão foram aplicadas para verificar o grau de relacionamento e as

equações que definem as relações entre as classes de ocupação e as variáveis físico-

químicas e bacteriológicas. Análises de componentes principais e de cluster permitiram

reduzir a dimensionalidade dos dados e o agrupamento das sub-bacias que tiveram

características similares.

0

20

40

60

80

100

(%)

Urban

izaçã

o

Campo

Preserv

adoNDVI

Valor médioCuiabáV.Grande

134

5.3.1. Análise de Correlação

A Tabela 21 apresenta os resultados referentes ao estudo de correlação entre as 11

variáveis físico-químicas e bacteriológicas e os percentuais de ocupação e uso do solo e

NDVI das sub-bacias, a partir do método de Tau-b de Kendall. Nesta análise, observou-se

que o fósforo e coliforme total mostraram uma alta correspondência (sig <0,01) com o

índice médio de vegetação da bacia, bem como o OD, DBO, Alcalinidade e Condutividade

que também se definiram fortemente correlacionadas com a percentagem de urbanização.

5.3.2. Análise de Regressão

A análise de regressão entre os percentuais de uso e ocupação e as variáveis físico-

químicas e bacteriológicas das sub-bacias foram descritas considerando as variáveis

independentes (% de urbanização e NDVI) e as variáveis resposta (OD, DBO, DQO,

coliformes fecais e totais, fósforo, NTK, condutividade, cor, turbidez, e alcalinidade). Um

reduzido número de variáveis apresentou resultados significativos, sendo demonstrados nas

Tabelas 22 e 23 aquelas com melhor coeficiente de determinação.

Tabela 21 - Matriz de Correlação entre as Classes de Ocupação e o NDVI e as Variavéis Físico - Químicas e Bacteriológicas das Sub-bacias do Perímetro Urbano, Rio Cuiabá - Mato Grosso, 1999-2000.

Correlações entre as Variavéis Fisicos Quimicas e Bacteríologicas das Sub-bacias do Perímetro Urbano e o Tipo de Ocupação

-.013 .538* -.333 -.538* -.436* -.205 -.538* -.667** -.590** -.385 -.256

.092 -.462* .410 .513* .513* .179 .564** .590** .513* .410 .179

-.013 .333 -.385 -.487* -.641** -.205 -.487* -.410 -.385 -.333 -.103

-.013 -.462* .359 .564** .359 .128 .513* .641** .564** .359 .231

.301 .256 -.103 -.308 -.154 .231 -.205 -.385 -.359 -.308 .077

.951 .010 .113 .010 .038 .329 .010 .002 .005 .067 .222

.667 .028 .051 .015 .015 .393 .007 .005 .015 .051 .393

.951 .113 .067 .020 .002 .329 .020 .051 .067 .113 .625

.951 .028 .088 .007 .088 .542 .015 .002 .007 .088 .272

.158 .222 .625 .143 .464 .272 .329 .067 .088 .143 .714

13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

ndvi médio

% de Urbanização

% de Campo

% de Mata

% de água

ndvi médio

% de Urbanização

% de Campo

% de Mata

% de água

ndvi médio

% de Urbanização

% de Campo

% de Mata

% de água

Coeficiente

de

correlación

Sig.(bilateral)

N

Tau_b de

Kendall

Cor OD DQO DBO Alcalinidade Turbidez Condutividade Fosfóro

Coliforme

Total

Coliformes

Fecais NTK

La correlación es significativa al nivel 0,05 (bilateral).*.

La correlación es significativa al nivel 0,01 (bilateral).**.

135

Tabela 22 - Equações de Regressões Considerando a Porcentagem de Urbanização como Variável Preditora para Estimar a Qualidade da Água das Sub-Bacias do Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso.

Variável Equação Sig. r Cor 45.067 + 0.102 0,827 0,006 OD 1.443 + 0.244 0,657 0,026 DBO -163,743 + 10.570 0,415 0,085 DQO -28.219 + 1.234 0,018 0,525 Alcalinidade -3.160 + 1.210 0,006 0,628 Turbidez 7.213 + 0.126 0,034 0,447 Condutividade -52.898 + 7.004 0,001 0,767 Fósforo Total -0.601 + 2.721 x 10-2 0,001 0,791 Coliformes Totais -8610321 + 26 0,013 0,557 Coliformes Fecais -2373613 + 75608.407 0,018 0,523 NTK 0.853 + 4.101 x 10-2 0,269 0,150

Tabela 23 - Equações de Regressões Considerando o NDVI como Variável Preditora para Estimar a Qualidade da Água das Sub-Bacias do Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso.

Variável Equação Sig. r DBO 97,355 – 303,481 NDVI 0,001 0,673 Alcalinidade 107.383 – 228.682 0,012 0,486 Condutividade 590.462 – 1244,113 0,005 0,561 Coliformes Totais 1.9 x 107 – 6,5 x 10+7 0,00 0,764 Fósforo Total 2.124 – 6,011 0,00 0,740

5.3.3. Análises de Componentes Principais - ACP

Os resultados obtidos com a análise de componentes principais para a bacia do rio

Cuiabá acham-se dispostos na Tabela 24, onde a variável % de urbanização encontra-se

positivamente relacionada com a componente 1, e o NDVI negativamente correlacionado.

Na composição do eixo 2, as variáveis turbidez, NTK e cor aparecem definindo essa

componente.

Essa análise permitiu, ainda, observar como as sub-bacias se distribuem em relação

a esses eixos (componentes 1 e 2), conforme ilustrado na Figura 50. Verifica-se que aquelas

com um percentual de urbanização mais elevado, acima de 65%, e menores índices de

vegetação (% NDVI), como é o caso da Prainha, Gambá, Barbado e Mané Pinto localizam-

se mais à direita do gráfico, formando um grupo. Essas sub-bacias registraram, em relação

136

às características físico-químicas e bacteriológicas, elevados teores de fósforo, DBO,

coliformes totais, alcalinidade e de condutividade, oriundos dos lançamentos dos efluentes

domésticos, fazendo com que apresentassem as maiores concentrações de carga orgânica

remanescente.

Tabela 24 - Resultados das Análises de Componentes Principais para as Classes de Ocupação, NDVI e Características Físico-Químicas e Bacteriológicas da Bacia do Rio Cuiabá– Mato Grosso.

Matriz de Componentes Rodados Componente 1 2 Ndvi médio -,955 % de urbanização ,902 ,175 % de mata ,891 ,108 Fósforo total (mg/l) ,886 ,248 DBO ,861 - Coliforme total (NMP/100ml) ,848 ,215 % de campo -,814 -,194 Condutividade (µS/cm) ,696 ,544 Alcalinidade (mg/l CaCo3) ,686 - Oxigênio dissolvido (mg/l) -,665 -,577 % de água -,643 ,299 DQO ,602 ,526 Coliformes fecais (NMP/100ml) ,517 ,456 Turbidez UT - ,909 Nitrogênio total kjeldahl (mg/l) ,260 ,713 Cor (uH) -,309 ,709

Método de Extração: Análises de Componentes Principais Método de Rotação: Normalização Equamax Autovalores Componente 1 - 54,70%; Componente 2 – 15,75%.

137

Figura 50 - Distribuição das Sub-Bacias nos Eixos das Componentes 1 e 2.

Destaca-se, também, nessa mesma figura, a sub-bacia da Guarita que se posicionou

na extremidade superior, demonstrando uma fraca relação com as variáveis da componente

1 e forte correlação com a turbidez, NTK e cor, que formam a componente 2. Vale

ressaltar, ainda, a localização da sub-bacia do Pari, na posição extrema esquerda do gráfico,

o que evidencia seus baixos teores em relação aos dois eixos. As sete sub-bacias restantes

apresentaram menores valores quando comparadas às variáveis que compõem os dois eixos.

5.3.3. Análise de Cluster

A técnica de cluster permite realizar uma classificação a partir dos casos que

emergem e agrupam um passo a cada tempo, até que todos componham um único grupo. A

coluna dos coeficientes indica a distância entre dois cluster juntos, em cada estágio de

agrupamento. Na Tabela 25, são apresentadas as etapas do método com os respectivos

conglomerados, sendo identificados, ainda, os três grupos definidos para esta análise.

138

Tabela 25 - Histórico dos Aglomerados por Sub-bacia do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá - Mato Grosso – 1999-2000. Histórico dos Conglomerados das Microbacias Conglomerado que se combina Etapa em que o conglomerado

aparece pela primeira vez

Etapa Conglomerado 1

Conglomerado 2

Coeficientes

Conglomerado 1

Conglomerado 2

Próxima Etapa

1 9 12 2,938 0 0 5 2 1 4 3,342 0 0 4 3 10 11 3,895 0 0 7 4 1 2 4,766 2 0 9 5 9 13 5,914 1 0 8 6 3 6 7,259 0 0 8 7 9 10 9,591 5 3 9 8 3 7 10,940 6 0 10 9 1 9 13,770 4 7 12 10 3 5 13,910 8 0 11 11 3 8 27,632 10 0 12 12 1 3 30,974 9 11 0

O diagrama de similaridade vertical, visto na Figura 51, acompanha essa análise, o

que permite visualizar as sub-bacias que compõem cada grupo. No primeiro conjunto,

encontram-se as sub-bacias Piçarrão, São Gonçalo, Engordador, Boca de Santana,

Embauval, Ribeirão do Lipa, Pari e Coxipó e o segundo grupo, Prainha, Gambá, Mané

Pinto e Barbado e, finalmente, no último bloco, apenas a sub-bacia da Guarita.

Figura 51 - Diagrama de Similaridade entre as Sub-Bacias do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá - Mato Grosso.

Diagrama de Cascata Vertical

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X X X X X X X X

Número deconglomerados123456789101112

8:A

guar

i

5:A

prai

n

7:A

gam

ba

6:A

mpi

nt

3:A

barb

a

11:A

pica

r

10:A

sgon

c

13:A

engo

rd

12:A

sant

a

9:A

embo

v

2:A

lipa

4:A

pari

1:A

coxi

p

Caso

139

5.3.4.1. Análise da Variância entre os Grupos

Com o objetivo de analisar o comportamento das médias de cada variável dos três

grupos definidos em relação à média global, realizou-se o teste da ANOVA. Na Tabela 26

verifica-se que das onze variáveis analisadas, nove indicam que os valores de cada grupo

diferem significativamente (sig. F <0,05) sendo que apenas duas não apresentam diferenças

entre os grupos, NTK e cor. Podem ser visualizados, ainda, os valores (mínimo, médio e

máximo) de cada variável nos três diferentes grupos. Ressalta-se que o grupo I engloba oito

sub-bacias, o grupo II quatro e o III apenas uma sub-bacia.

Tabela 26 - Variação das Características Físico-Químicas e Bacteriológicas dos Aglomerados Formados das Sub-Bacias do Rio Cuiabá - Perímetro Urbano - 1999 - 2000.

5.3.4.1.2. Características Apresentadas pelos Grupos

No grupo I, encontram-se as sub-bacias que em geral mostraram melhor qualidade

em relação às variáveis físico-químicas e bacteriológicas, como pode ser observado na

Figura 52. Esse grupo apresentou uma menor taxa de urbanização, com valor médio de

40,07, oscilando entre 15,07 e 53,80 % e um índice de vegetação médio de 27,49, com

variações de 24 a 32 %. Os valores médios de OD foram superiores a 5mg/l, com amplitude

entre 2,94 e 6,78mg/l, o que garante, ainda, a manutenção da vida aquática nesses córregos.

Os valores de matéria orgânica medidos através da Demanda Química de Oxigênio e

Informe

5.22 107.55 13.04 50.28 12.68 261.51 .47 4,7E+05 4,1E+05 2.40 57.96

2.94 8.07 1.12 14.90 5.00 38.73 .09 1,9E+03 1,3E+03 .79 19.91

6.78 164.75 30.71 86,63 20.55 400.00 1.24 2,5E+06 2,5E+06 4.90 105

3.12 262.97 74.53 88.52 15.66 446.36 1.51 1,3E+07 3,9E+06 3.73 40.06

2.38 198.90 45.59 59.83 14.20 332.60 1.18 5,3E+06 1,7E+06 .37 37.50

4.54 362.08 98.31 115.10 18.50 546.67 1.84 1,9E+07 5,8E+06 7.74 45.00

2.41 376.97 13.52 30.85 45.63 393.43 1.49 8,7E+06 8,7E+06 6.11 65.00

2.41 376.97 13.52 30.85 45.63 393.43 1.49 8,7E+06 8,7E+06 6.11 65.00

2.41 376.97 13.52 30.85 45.63 393.43 1.49 8,7E+06 8,7E+06 6.11 65.00

4.36 176.10 32.00 60.55 16.13 328.53 .87 4,8E+06 2,1E+06 3.09 52.99

2.38 8.07 1.12 14.90 5.00 38.73 .09 1,9E+03 1,3E+03 .37 19.91

6.78 376.97 98.31 115.10 45.63 546.67 1.84 1,9E+07 8,7E+06 7.74 105

Media

Mínimo

Máximo

Media

Mínimo

Máximo

Media

Mínimo

Máximo

Media

Mínimo

Máximo

grupos

1

2

3

Total

OD DQO DBO Alcal Turbidez Condut.FosfóroTotal

ColiformeTotal

ColiformesFecais NTK Cor

140

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) apresentaram médias de 107,55 mg/l e 13,04

mg/l, respectivamente, com faixa de variação de DQO entre 8,07 e 164,75 mg/l e de DBO

entre 1,12 e 30,71 mg/l, evidenciando contribuições oriundas de esgotos domésticos.

O valor médio da alcalinidade foi de 50,28mg/lCaCO3, com variações de 14,90 a

86,63mg/lCaCO3. Para a turbidez, constatou-se o valor médio de 12,68 UT, com variações

entre 5 e 20 UT, concentração relativamente baixa, uma vez que o limite estabelecido para

Resolução CONAMA 20, para um rio classe II, é de 100 UT. A cor apresentou um valor

médio de 57,96 uH, com variações entre 19,91 e 105 uH, abaixo do limite de 75 UT

estabelecido pelos padrões ambientais. Os teores da condutividade variaram entre 38,73 e

400 µS/cm, com valor médio de 261,51.

Os valores dos nutrientes de fósforo e nitrogênio total Kjeldhal registraram médias

de 0,47 mg/l à 2,40mg/l, com variações mínimas e máximas entre 0,09 e 1,24 mg/l e 0,79 e

4,90, respectivamente, o que caracteriza concentrações bem acima do limite estabelecido

pela Resolução que define 0,025 mg/l para o fósforo. Verificaram-se concentrações para

médias dos coliformes fecais e totais de 4,70x105 e 4,12x 105, evidenciando a contribuição

oriunda de dejetos humanos.

O grupo II é formado pelas sub-bacias que se mostraram com um elevado grau de

comprometimento das características físico-químicas e bacteriológicas de suas águas e,

nesse grupo, estão contidas aquelas com as maiores taxas médias de urbanização, 72,70%,

variando entre 64,83 e 80,42 % e menores índices de vegetação, 9,8%, oscilando entre 5 e

15%, conforme evidenciado na Figura 52. O valor médio de OD foi inferior a 5 mg/l

(3,12mg/l) com variações entre 2,38 e 4,54mg/l, teores muito baixos para garantir a

manutenção da vida aquática nesses córregos, classificados como classe 4 pela Resolução

CONAMA. Os valores de matéria orgânica medidos através da Demanda Química de

Oxigênio e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) apresentaram concentrações médias

de 262,97 mg/l e 74,53 mg/l, respectivamente, com faixa de variação de DQO entre

198,90 e 362,08 mg/l e de DBO entre 45,59 e 98,31 mg/l. Esses valores médios

aproximam-se das características de um esgoto típico de fraca concentração.

141

Figura 52 - Classes de Ocupação Correspondente à Bacia do Rio Cuiabá - Perímetro Urbano das Cidades de Cuiabá e Várzea Grande – Mato Grosso.

A alcalinidade atingiu teores de 88,52 mg/lCaCO3 com variações de 59,83 a 115,10

mg/lCaCO3 e a turbidez, valor médio de 15,66 UT, com variações entre 14,20 e 18,50 uH,

teor relativamente baixo, uma vez que o padrão ambiental estabelece 100 uH para rios de

classe II. A coloração da água nessas sub-bacias foi de 40,06 UT, com variações entre

37,50 e 45,00 UT, abaixo do limite de 75 UT estabelecido pelos padrões ambientais. A

condutividade variou entre 332,60 e 546,67 µS/cm, com média de 444,36 µS/cm, muito

superior ao encontrado no grupo I.

Os valores dos nutrientes fósforo e nitrogênio total kjeldhal mostraram médias de

1,50 mg/l e 3,72 mg/l, com variações entre 1,18 e 1,84 mg/l e 0,37 e 7,74 mg/l,

respectivamente, concentrações bem acima do limite estabelecido de 0,025 mg/l, e com

características próximas a um esgoto típico de fraca concentração, sendo o teor do NTK

também considerado próximo ao de um esgoto típico de fraca densidade. Verificou-se para

os coliformes fecais e totais, teores médios de 1,25x107 a 3,85 x106 NMP/100ml , com

variações entre 5,3 x 106 e 1,90 x 107 NMP/100ml e 1,7 x 106 e 5,8 x 106 NMP/100ml,

ficando evidenciada a contribuição oriunda de dejetos humanos.

142

A sub-bacia da Guarita, única no grupo III apresentou um valor médio de

urbanização de 41,74 % e índice de vegetação de 26%. Embora esses percentuais estejam

muito próximos aos do grupo I, as características físico-químicas e bacteriológicas das

águas desse córrego demonstraram um grau de comprometimento elevado, conforme pode

se observar na Figura 52. Os teores médios de oxigênio dissolvido, de 2,41 mg/l, mostram-

se bastante críticos para a manutenção das vidas aquáticas e não correspondem com o limite

definido pela Resolução CONAMA 20, que classifica esse córrego como classe 4 . Em

relação aos valores de matéria orgânica, medidos a partir da DQO e DBO, as médias foram

de 376,97 mg/l a 13,52 mg/l, respectivamente.

O valor médio da alcalinidade registrou-se em 30,85 mg/lCaCO3, inferior aos do

grupo I e II. A turbidez teve média de 45,63 UT, teor considerado relativamente baixo, uma

vez que o padrão ambiental para um rio classe II é de 100 UT. A variação da cor obtida

atingiu 65uH, valor próximo ao limite de 75 uH estabelecido pela legislação. Constatou-se

uma condutividade média de 393,43 µS/cm, inferior à encontrada no grupo II.

Os valores dos nutrientes fósforo e nitrogênio total Kjeldhal apresentaram médias de

1,49 mg/l e 6,11mg/l, concentrações bem acima do limite estabelecido pela Resolução de

0,025 mg/l para o fósforo, cabendo, nesse caso a comparação com um esgoto típico de fraca

concentração. As médias dos coliformes fecais e totais mostraram valores de 1,25x107 a

3,85 x106 NMP/100ml, com variações entre 5,3 x 106 e 1,90 x 107 NMP/100ml, e 1,7 x 106

a 5,8 x 106 NMP/100ml, o que evidencia a possibilidade da contribuição oriunda dos

dejetos de animais de sangue quente e de humanos.

5.4. Modelo QUAL2E

Os resultados da calibração e simulação do modelo QUAL 2E para o trecho de 26

Km, ao longo do perímetro urbano, levaram em conta as contribuições dos treze principais

tributários, referentes aos anos de 1999 e 2000, no período de seca. Evidencia -se, a partir

dessa modelação, o papel que o rio Cuiabá vem desempenhando no processo de

autodepuração das cargas orgânicas lançadas diariamente em suas águas e o seu estado

atual em relação aos aspectos ecológicos e de saúde pública. A Tabela 27 mostra os

143

resultados da calibração do modelo para os constituintes OD, DBO e coliformes fecais,

nesse trecho, que tem início na Passagem da Conceição, ponto Rc5, até a Ponte J.K, ponto

Rc12.

Na Tabela 27, destaca-se a calibração realizada para o constituinte OD, que resultou

em teores de oxigênio variando de 7,5 a 7,0 mg/l, implicando em um déficit de 0,5 mg/l

nesse trecho. Quando comparados esses resultados com os pontos de controle, dispostos ao

longo desse trecho (Rc7, Rc8, Rc9, Rc11 e Rc12), obteve -se um erro, entre os valores

observados e os valores calibrados, inferior a 10%, o que denota um bom ajuste desse

modelo para essa variável. As concentrações para os valores calibrados e observados no

trecho registraram uma taxa declinante, apesar de ainda encontrar-se superior ao limite de 5

mg/l, estabelecido pelo padrão ambiental para um rio classe II.

No que se refere à DBO, verifica-se que o valor simulado apresentou uma curva

com inflexões a partir do Km 11, ponto onde têm início as contribuições mais intensas das

sub-bacias urbanizadas, Mané Pinto, Prainha, Gambá e Barbado. Destaca-se, porém, que os

valores dos pontos de controle não acompanharam a tendência da curva calibrada,

mantendo concentrações pouco acima de 1 mg/l. Essas diferenças podem ser atribuídas à

parcela de DBO sedimentavél, não considerada nessa análise. Constata-se, ainda, que o

limite de 5 mg/l da Resolução encontra-se mantido.

Quanto ao grupo de coliformes fecais, verificou-se que a curva calibrada foi

compatível com os resultados dos pontos monitorados, apresentando uma tendência

crescente a partir do km 11, onde se intensificam as contribuições dos córregos com

maiores cargas orgânicas e de coliformes. Enfatiza-se, no entanto, que em relação a essa

variável, todo o trecho, com exceção dos dois primeiros quilômetros, encontra-se acima dos

limites de 1000 NMP/100ml estabelecidos pela Resolução CONAMA 20.

As simulações para os anos de 2005 e 2010 consideraram, basicamente, a taxa de

crescimento populacional para as sub-bacias proporcional ao crescimento registrado nos

últimos anos para os dois municípios. As alternativas simuladas avaliaram a situação de se

terem percentuais de 0% e de 80% de eficiência nos sistemas de tratamento, propostos para

144

os dois municípios que, devido às características dos sistemas, do tipo lodos ativados,

apresentam apenas uma remoção de matéria orgânica de 90% e de 95% de coliformes.

Tabela 27 - Múltiplos Cenários das Variáveis OD, DBO e Coliformes Fecais do Trecho do Perímetro Urbano da Cidade de Cuiabá e Várzea Grande - Mato Grosso - 2000.

Trecho DistânciaOD DBO Coliformes OD DBO Coliformes Limite Padrão (km) ST CT ST CT ST CT ST CT ST CT ST CT OD DBO Coliformes 2005 2010 1 0,79 7,45 7,45 1,4 1,4 6,86E+02 6,58E+027,45 7,45 1,4 1,4 6,68E+02 5,45E+025 5 1,00E+03 1 1,59 7,45 7,45 1,39 1,39 3,54E+04 3,33E+047,45 7,45 1,41 1,39 3,40E+04 2,46E+045 5 1,00E+03 1 2,38 7,44 7,44 1,44 1,44 2,69E+06 2,52E+067,4 7,44 3,04 1,43 2,58E+06 1,84E+065 5 1,00E+03 1 3,18 7,44 7,44 1,43 1,43 2,69E+06 2,52E+067,39 7,44 3,02 1,43 2,58E+06 1,86E+065 5 1,00E+03 1 3,97 7,44 7,44 1,49 1,49 2,67E+06 2,51E+067,37 7,44 3,07 1,49 2,57E+06 1,85E+065 5 1,00E+03 1 4,76 7,43 7,42 1,47 1,48 2,67E+06 2,50E+067,34 7,43 3,04 1,47 2,56E+06 1,84E+065 5 1,00E+03 1 5,56 7,43 7,42 1,48 1,49 2,67E+06 2,50E+067,33 7,43 3,04 1,48 2,56E+06 1,84E+065 5 1,00E+03 1 6,35 7,43 7,42 1,47 1,48 2,67E+06 2,50E+067,32 7,43 3,02 1,47 2,56E+06 1,84E+065 5 1,00E+03 1 7,15 7,43 7,42 1,47 1,47 2,69E+06 2,52E+067,3 7,43 3,01 1,47 2,57E+06 1,86E+065 5 1,00E+03 1 7,94 7,41 7,41 1,85 1,54 4,18E+06 3,51E+067,27 7,42 3,41 1,54 3,57E+06 2,89E+065 5 1,00E+03 1 8,73 7,41 7,41 1,83 1,53 4,18E+06 3,51E+067,26 7,42 3,38 1,53 3,57E+06 2,89E+065 5 1,00E+03 1 9,53 7,4 7,41 1,82 1,52 4,18E+06 3,51E+067,24 7,42 3,36 1,52 3,57E+06 2,89E+065 5 1,00E+03 1 10,32 7,4 7,41 1,82 1,51 4,21E+06 3,53E+067,23 7,42 3,35 1,51 3,59E+06 2,91E+065 5 1,00E+03 1 11,12 7,39 7,4 2,16 1,57 6,80E+06 5,25E+067,2 7,41 3,71 1,57 5,34E+06 4,77E+065 5 1,00E+03 1 11,91 7,36 7,38 2,57 1,63 1,27E+07 9,17E+067,17 7,39 4,12 1,64 9,30E+06 7,81E+065 5 1,00E+03 1 12,70 7,35 7,37 2,55 1,62 1,27E+07 9,20E+067,15 7,39 4,1 1,63 9,32E+08 7,84E+065 5 1,00E+03 1 13,50 7,33 7,36 2,82 1,66 1,51E+07 1,08E+077,11 7,37 4,36 1,68 1,09E+09 1,03E+075 5 1,00E+03 1 14,29 7,3 7,34 3,3 1,74 2,16E+07 1,51E+077,07 7,35 4,86 1,77 1,53E+09 1,27E+075 5 1,00E+03 1 15,09 7,28 7,34 3,28 1,73 2,16E+07 1,51E+077,05 7,35 4,83 1,76 1,53E+09 1,27E+075 5 1,00E+03 1 15,88 7,27 7,33 3,27 1,72 2,18E+07 1,52E+077,02 7,34 4,82 1,75 1,54E+09 1,27E+075 5 1,00E+03 2 16,67 7,13 7,21 4,27 1,87 3,21E+07 2,21E+076,88 7,22 5,81 1,91 2,23E+09 1,98E+075 5 1,00E+03 2 17,47 7,08 7,19 4,24 1,9 3,24E+07 2,22E+076,81 7,2 6,04 1,94 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 18,26 7,03 7,17 4,21 1,89 3,24E+07 2,22E+076,74 7,18 5,99 1,93 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 19,06 6,99 7,15 4,17 1,87 3,24E+07 2,22E+076,68 7,16 5,94 1,91 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 19,85 6,95 7,13 4,13 1,85 3,24E+07 2,22E+076,62 7,14 5,89 1,89 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 20,64 6,9 7,11 4,1 1,84 3,24E+07 2,22E+076,56 7,12 5,84 1,88 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 21,44 6,86 7,1 4,06 1,82 3,24E+07 2,22E+076,5 7,1 5,79 1,86 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 22,23 6,82 7,08 4,03 1,81 3,24E+07 2,22E+076,44 7,09 5,74 1,85 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 23,03 6,79 7,06 4,01 1,79 3,24E+07 2,23E+076,39 7,07 5,7 1,83 2,25E+09 2,00E+075 5 1,00E+03 2 23,82 6,73 7,03 4,52 1,89 3,35E+07 2,30E+076,32 7,05 6,24 1,84 2,34E+09 2,08E+075 5 1,00E+03 2 24,61 6,67 6,99 4,6 1,88 3,70E+07 2,53E+076,25 7,01 6,31 1,84 2,59E+09 2,32E+075 5 1,00E+03 2 25,41 6,62 6,97 4,64 1,88 3,76E+07 2,57E+076,15 6,98 6,86 1,9 2,63E+09 2,49E+075 5 1,00E+03 2 26,20 6,59 6,96 4,61 1,87 3,76E+07 2,57E+076,09 6,96 6,81 1,88 2,63E+09 2,49E+065 5 1,00E+03

145

Figura 53 – Calibração do Modelo QUAL2E dos Constituintes OD, DBO e Coliformes Fecais para o Trecho do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá – Cuiabá – Mato Grosso - 2000.

Calibração - 2000

4

5

6

7

8

0,79

2,38

3,97

5,56

7,15

8,73

10,3

2

11,9

1

13,5

0

15,0

9

16,6

7

18,2

6

19,8

5

21,4

4

23,0

3

24,6

1

26,2

0

Distância (km)

OD

(mg/

l)

Calibrado Observado Limite

Calibração - 2000

0123456

0

1,59

3,18

4,76

6,35

7,94

9,53

11,1

2

12,7

0

14,2

9

15,8

8

17,4

7

19,0

6

20,6

4

22,2

3

23,8

2

25,4

1

Distância (km)

DB

O (m

g/l)

Calibrado Observado Limite

Calibração - 2000

1

10

100

1000

10000

100000

0

1,59

3,18

4,76

6,35

7,94

9,53

11,1

2

12,7

0

14,2

9

15,8

8

17,4

7

19,0

6

20,6

4

22,2

3

23,8

2

25,4

1

Distãncia (km)

Co

lifo

rmes

Fec

ais

(NM

P/1

00l)

Calibrado Observado Limite

146

Para os anos de 2005 e 2010, observa-se que na hipótese de não se ter tratamento e

das cargas geradas nas sub-bacias atingirem diretamente o rio Cuiabá, a simulação

apresenta no final do trecho, uma concentração de 6,59 e 6,09 mg/l, respectivamente,

ocasionando um déficit de 1,0 e 1,5 mg/l ao longo do trecho. Na alternativa de se ter uma

remoção de 80 % das cargas orgânicas das sub-bacias, a concentração de oxigênio deverá

manter-se em 6,96 mg/l. Nota-se que mesmo para a alternativa mais crítica, 0% de

remoção e ano de 2010, o rio ainda estaria acima do limite de 5 mg/l, apesar da tendência

de deflexão da curva.

A curva resposta da DBO, simulada para os anos de 2005 e 2010, considerando a

hipótese de 0% de remoção, mostrou-se com tendência de acréscimo bastante pronunciada,

atingindo, no final do trecho valores de 4,61 e 6,81 mg/l. Salienta-se na Figura 54, que a

partir do km 16, as concentrações apresentam um incremento significativo, chegando a

valores próximos ao limite de um rio classe II, de 5 mg/l, para o ano de 2005 e extrapolam

esse limite no ano de 2010. Na alternativa de se ter 80% de remoção das cargas dos

principais contribuintes, as concentrações de DBO, ao longo do trecho, se mantêm abaixo

de 2mg/l.

Os resultados da simulação para os coliforme fecais mostram a situação mais crítica

do rio, conforme Figura 54, uma vez que o limite de 1000 NMP/100ml é extrapolado para

todo o seu trecho, evidenciando altas concentrações, próximas a de um esgoto padrão

típico.

147

Figura 54 - Cenários dos Constituintes OD, DBO e Coliforme Fecais nos Anos de 2005 e 2010 para o Trecho do Perímetro Urbano do Rio Cuiabá – Cuiabá – Mato Grosso.

5.6. Verificação e Validação das Hipóteses e dos Valores de Predição

A partir das Figuras 55 (a) - (f) pode-se observar a amplitude do intervalo de

predição apresentado pelo modelo definido na série temporal para as variáveis OD, DBO e

coliformes fecais, nos períodos de seca e cheia, em 2001 e 2002.

ano 2005

44,5

55,5

66,5

77,5

8

0,79

3,18

5,56

7,94

10,3

2

12,7

0

15,0

9

17,4

7

19,8

5

22,2

3

24,6

1

Distância (km)

OD

(m

g/l)

ST CT Limite

ano 2010

44,5

55,5

66,5

77,5

8

0,79

3,18

5,56

7,94

10,3

2

12,7

0

15,0

9

17,4

7

19,8

5

22,2

3

24,6

1

Distância ( Km)

OD

(m

g/l)

ST CT Limite

ano 2005

0

2

4

6

0,79

3,18

5,56

7,94

10,3

2

12,7

0

15,0

9

17,4

7

19,8

5

22,2

3

24,6

1

Distância (km)

DB

O (

mg/

l)

ST CT limite

L

ano 2010

02468

0,79

3,18

5,56

7,94

10,3

2

12,7

0

15,0

9

17,4

7

19,8

5

22,2

3

24,6

1

Distância (Km)D

BO

(m

g/l)

ST CT Limite

ano 2005

1,00E+001,00E+021,00E+041,00E+061,00E+08

0,79

3,97

7,15

10,3

2

13,5

0

16,6

7

19,8

5

23,0

3

26,2

0

Distância (Km)

Co

lifo

rmes

fec

ais

(NM

P/1

00m

l)

ST CT Limite

ano 2010

1,00E+00

1,00E+02

1,00E+04

1,00E+06

1,00E+08

0,79

3,97

7,15

10,3

2

13,5

0

16,6

7

19,8

5

23,0

3

26,2

0

Distância (Km)

colif

orm

es f

ecai

s (N

MP

/100

ml)

ST CT Limite

148

Figura 55 - Intervalo de Predição das Variáveis OD, DBO e Coliformes Fecais do Rio Cuiabá para os Anos de 2001 e 2002.

(a)

ANO

2004200220001998199619941992199019881986

OD

(m

g/l)

- R

c5

8,2

8,0

7,8

7,6

7,4

7,2

7,0

6,8

6,6

6,4

6,2

6,0

PERÍODO

2

R² = 0,0159

1

R² = 0,0163

(b)

ANO

2004200220001998199619941992199019881986

OD

(m

g/l)

- R

c12

8,5

8,0

7,5

7,0

6,5

6,0

5,5

5,0

4,5

4,0

PERÍODO

2

R² = 0,6364

1

R² = 0,7365

(c)

ANO

2004200220001998199619941992199019881986

DB

O (

mg/

l) -

Rc1

2

3,0

2,8

2,6

2,4

2,2

2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0

,8

PERÍODO

2

R² = 0,0472

1

R² = 0,0047

(d)

ANO

2004200220001998199619941992199019881986

DB

O (m

g/l)

- Rc5

2,4

2,2

2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0

PERÍODO

2R² = 0,0967

1R² = 0,1831

(e)

ANO

2004200220001998199619941992199019881986

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (

NM

P/1

00m

l) -

Rc5

20000

10000

8000

6000

4000

2000

1000800

600

400

PERÍODO

2

R² = 0,0624

1

R² = 0,0436

(f)

ANO

2004200220001998199619941992199019881986

CO

LIFO

RM

ES

FE

CA

IS (

NM

P/1

00m

l) -

Rc1

2

30000

20000

10000

9000

8000

7000

6000

5000

PERÍODO

2

R² = 0,9820

1

R² = 0,9785

149

Para o OD, verifica-se que ocorreu, no ponto Rc5, uma faixa com abrangência

bastante larga, nos dois períodos. Na seca, os valores preditos variaram de 8,1 a 6,8 mg/l e

na cheia de 7,8 a 6,0 mg/l, sendo o coeficiente de determinação pouco significativo. No

ponto Rc12, que apresenta uma curva com tendência marcante de decréscimo, as

diferenciações entre os períodos não foram marcantes, porém mostraram-se bastante

diversificadass em relação ao ponto Rc5 e os valores ficaram entre 6,4 e 4,0 mg/l. O

coeficiente de determinação foi de 0,6, nesse ponto, mostrando uma melhor capacidade de

resposta dessa variável, que apresentou uma curva com tendência marcante de decréscimo,

ou seja, valores já bastante críticos para o rio Cuiabá.

Para a variável DBO, as retas evidenciaram uma elevada amplitude, com

coeficientes de determinação bastante baixos para os dois pontos. Os valores de coliformes

fecais mostraram, no ponto Rc12, elevados coeficientes de determinação, com predição

acima de 2 x 105 NMP/100ml para o ano de 2002, e uma faixa mais estreita, onde não se

observaram diferenças entre os períodos sazonais.

150

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A análise do curso evolutivo da poluição no perímetro urbano da bacia do rio

Cuiabá, enfatizada neste estudo, enfocou as implicações do processo de urbanização das

cidades de Cuiabá e Várzea Grande, na qualidade das águas desse rio. No estudo dessa

evolução, utilizou-se uma base múltipla de dados associados a ferramentas analíticas como

técnicas estatísticas, modelo de qualidade e sensoriamento remoto. Essas ferramentas foram

aplicadas para medir, avaliar e prognosticar a extensão temporal e espacial dessa poluição,

identificando as forças dominantes de mudança, estabelecendo limites acima dos quais os

danos ecológicos começam a ocorrer, ainda, vislumbrando cenários múltiplos de avaliação

para integrar planos de gerenciamento a serem definidos para a bacia. Além disso, foram

objeto de discussão aspectos relativos à aplicabilidade e limitações demonstrada por cada

método utilizado.

6.1. Evolução Espacial e Temporal da Qualidade da Água da Bacia

Os resultados obtidos foram avaliados com uma abordagem sobre os impactos

causados pelo processo de urbanização, no que se refere aos aspectos ecológicos e de saúde

pública do rio Cuiabá, para determinar a intensidade das concentrações e a tendência

observada nos componentes orgânicos, inorgânicos, nutrientes e cargas de coliformes, que

retratam os reflexos dessa poluição na bacia ao longo dos anos.

151

6.1.1. Aspectos Ecológicos

Neste item serão discutidas as variáveis OD, DBO, DQO e sólidos, consideradas

principais contribuintes da poluição orgânica e pH, alcalinidade e condutividade como

componentes da poluição inorgânica, além dos nutrientes representados pelo nitrogênio e

fósforo.

Os teores de oxigênio dissolvido obtidos entre os anos de 1987 e 2000 apresentaram

concentrações variando em torno de 7,0 mg/l, no ponto Rc5, localizado a montante do

perímetro urbano, e de 6,5 mg/l, no ponto Rc12, a jusante. Ocorreram ainda variações

significativas no eixo montante-jusante e entre os períodos sazonais, com maiores valores

durante a seca e menores na cheia. Essas diferenças podem ser explicadas pela ação dos

afloramentos rochosos, ao longo do rio, que provocam turbulência no período de estiagem,

propiciando, então, uma elevação da taxa de oxigenação na massa. No período chuvoso, a

lâmina d’água no leito do rio cobre esses afloramentos, reduzindo, assim, esse efeito da

turbulência. De fato, notam-se menores concentrações de OD nos períodos de chuva. Esse

impacto já fora observado por FIGUEIREDO (1996) e PCBAP (1997) que apontaram a

aeração atmosférica, ocasionada pelo fluxo turbulento, como a principal fonte de entrada de

oxigênio dissolvido no rio Cuiabá.

A análise da evolução temporal dessa variável mostra que no ponto Rc12,

localizado a jusante do perímetro urbano, tem ocorrido uma taxa declinante de OD, ao

longo dos anos, sem atingir, contudo, a concentração limite de 5,0 mg/l, estabelecida pela

Resolução CONAMA 20 para um rio de classe 2. TEIXEIRA (1994) define o ponto Rc12

como o local onde ocorre a máxima depleção de oxigênio. Apesar do déficit aí apresentado,

o autor comenta que o rio Cuiabá revelou uma boa capacidade de oxigenação, elevando o

conteúdo dessa variável ao longo de sua trajetória.

As concentrações da DBO para os dois pontos, entre os anos de 1987 e 2000,

evidenciaram valores da mediana de 1,0 mg/l. Na época da seca, verificaram-se

concentrações inferiores a 1 mg/l e, na chuva, ocorreu um incremento, nos respectivos

pontos, atingindo concentrações de 7,0 a 8,0 mg/l. Essas diferenças dos teores, nos períodos

sazonais, resultam da alta disponibilidade de oxigênio engendrado ao meio pelas

152

corredeiras, no período de seca, conforme já enfatizado anteriormente. No período de

chuva, entretanto, registraram-se picos de variação devido ao carreamento de matéria

orgânica junto com as águas da chuva para o leito do rio. Observou-se, também, nesse

período, um aumento mais significativo do material em suspensão no ponto Rc12,

localizado a jusante de todo o lançamento. SANTOS (1990) salienta que, devido às altas

temperaturas nesse período do ano, ainda pode ocorrer a diminuição da solubilidade do

oxigênio e o aumento da intensidade dos processos biológicos.

Projetos e estudos têm sido desenvolvidos em várias regiões do país com o objetivo

de se medir a capacidade de resposta dos corpos d’água quando submetidos a grande

contribuição de cargas orgânicas. SALATI et al. (1999) enfatizam a importância da

capacidade de autodepuração do rio Corumbataí, localizado na cidade de São Paulo, que

por ser um rio típico de uma região de Planalto, consegue assimilar parte de suas cargas

orgânicas, evitando sérios comprometimentos da qualidade da água para a região a jusante.

No Projeto BRA/96/017(1998), desenvolvido na bacia do Paraíba do Sul, observou-se que

em um trecho do rio, onde são lançados efluentes domésticos de várias cidades ribeirinhas,

sem nenhum tipo de tratamento, os níveis de DBO variaram entre 3,0 e 4,0 mg/l e teores de

oxigênio se mantiveram acima de 6,0 mg/l, apesar da contribuição dos efluentes

domésticos.

Os teores de cor não mostraram oscilações ao longo do trecho, sendo, contudo,

marcantes as variações entre os períodos .Na seca, verificou-se menor coloração da água,

com valores medianos de 15 uH e, na época da chuva, observou-se uma elevação

acentuada, atingindo valores de 70 uH. MOTA (1995) pondera que a cor pode estar

associada tanto ao material dissolvido, proveniente dos processos de decomposição, como

ao material em suspensão, que é trazido pela lavagem do solo, na época de chuvas. Nesse

caso, nota-se a presença de íons metálicos como ferro e manganês, plâncton ou de despejos

coloridos resultantes de resíduos indus triais.

Os valores medianos encontrados para a turbidez em ambos os pontos foram

próximos a 10 UT, na seca, e a 47 UT, na cheia, enfatizando-se, assim, as diferenças entre

os períodos. Em geral, os teores de turbidez estão relacionados ao material em suspensão

presente nos corpos d’água. Observou-se que as concentrações dos sólidos suspensos

153

variaram nos pontos e entre os períodos. Valores medianos de 13 mg/l foram registrados,

no período de seca, e de 75,00 mg/l, na cheia. Verificou-se, ainda, que o aumento dessa

variável ocorreu no sentido montante-jusante, em função do incremento das cargas de

sólidos trazidas pelos principais tributários. SAWYER & McCARTY (1985) ressaltam que

o aumento da matéria em suspensão ocorre com a intensificação do grau da poluição e que

picos de concentração estão associados aos períodos de chuva que proporcionam o

carreamento do material sólido para o leito dos rios. FIGUEIREDO (1996), em seu estudo

realizado na bacia, constatou que os maiores valores de turbidez foram registrados na época

de chuva e que o processo natural de erosão, associado ao uso inadequado do solo, podem

ser considerados fatores que alterem a qualidade física da água na bacia, nessa época do

ano.

A faixa de variação do pH foi considerada baixa, no trecho estudado, mostrando

uma variação próxima ao neutro, nos pontos e períodos. FIGUEIREDO (1996) também

observou que as médias de pH não evidenciaram uma variação temporal nítida ao longo do

rio, desde a sua cabeceira até Porto Cercado, entre os anos de 1995 e 1996, registrando

valores com pouca variação e pH na faixa do neutro, em ambos os períodos. Contudo,

constatou-se, no estudo da série temporal dessa variável, uma curva descendente no ponto

Rc5, fenômeno que pode estar associado ao processo de ocupação da bacia, com ampliação

das áreas agricultáveis de pecuária a montante desse ponto.

A alcalinidade evidenciou diferenças entre os períodos sazonais, com menores

concentrações no período de cheia, até 35 mg/l, e maiores na seca. Essa variação ocorre em

função do processo de diluição provocado pelas águas da chuva. Na análise da série

temporal, a curva no ponto Rc5 mostrou-se decrescente, atingindo valores próximos a 30

mg/l e, no ponto Rc12, observou-se uma curva crescente dos valores até o final de 1999,

que corresponde ao início do período de chuva de 2000 quando, então, diminui

abruptamente. NETTO (1993) salienta que as maiores concentrações de alcalinidade

encontradas nas cabeceiras do rio Cuiabá devem-se às diferenças geológicas da área de

captação do rio Cuiabazinho que drena rochas carbonácias das formações Diamantino e

Araras. Após a confluência com o rio Manso, “pobre em eletrólitos”, o rio Cuiabá diminui a

alcalinidade, permanecendo praticamente constante até a região do Pantanal.

154

A condutividade apresentou variações significativas entre os períodos, com maiores

valores na seca, e incrementos foram observados na concentração desta variável, no ponto

Rc12, atingindo até 220 µS/cm. O mesmo ocorreu no ponto Rc5, nesse período, reduzindo

o efeito das cargas orgânicas e evidenciando a contribuição da geologia da bacia. NETTO

(1993) FIGUEIREDO (1996) e SALATI et al. (1999) citam exemplos de degradação da

qualidade da água dos rios Tietê e Jundiaí, que se localizam em áreas de urbanização

intensa. Um estudo sobre esses rios, realizado em 1999, mostrou uma variação no sentido

montante-jusante entre 31 e 602 µS/cm e 81 e 503 µS/cm, respectivamente.

Os valores dos nutrientes medidos através do NTK e fósforo, verificados no rio

Cuiabá, evidenciaram um acréscimo significativo, no ponto Rc12, localizado a jusante do

perímetro urbano, com maiores concentrações no período de chuvas, nas formas de nitrito,

nitrato, nitrogênio amoniacal e fósforo. MAIER (1978) observa que os compostos

nitrogenados podem ter origens na erosão do solo, na drenagem de águas de irrigação e de

terrenos pantanosos, na descarga de efluentes industriais e esgotos domésticos e na

decomposição da vegetação marginal. Pode-se considerar que para o ponto Rc5, os teores

de NTK presentes estejam associados ao processo erosivo das margens, resultado de

atividades agrícolas praticadas ao longo do rio Cuiabá, nos trechos correspondentes ao Alto

Cuiabá. Porém, observa-se, ainda, que as contribuições oriundas dos esgotos domésticos e

industriais, lançados pelos principais tributários no perímetro urbano, concorrem para a

elevação dessas concentrações no ponto Rc12.

A evolução temporal da variável fósforo apresentou uma curva crescente ao longo

dos anos e os teores de fósforo total encontrados nos dois pontos variaram entre 0,05 e

0,129 mg/l, superiores ao limite da Resolução CONAMA 20. No rio Paraíba, observou-se

um comprometimento dos níveis de fosfato, com praticamente todos os resultados de

fósforo total acima do recomendado de 0,020 mg/l e os valores médios de 0,07 atingindo

até 0,22 mg/l. FELLINBERG (1980) comenta que a intensificação do consumo de

detergentes e materiais de limpeza tem provocado a contaminação dos esgotos urbanos com

uma quantidade considerável de fosfatos e polifosfatos. Os fosfatos dissolvidos na água

constituem fator limitante ao desenvolvimento de algas e bactérias, sendo os principais

responsáveis pela eutrofização da água. Fosfatos e polifosfatos reduzem também a tensão

155

superficial da água, como fazem todos os detergentes, facilitando a formação de espumas

na superfície da água, fenômeno que tem ocorrido ao longo do rio Cuiabá de forma bastante

freqüente.

6.1.2 Saúde Pública

Os valores medianos de coliformes totais evidenciaram, entre os anos de 1987 e

2000, concentrações distintas por período sazonal, no ponto Rc5, variando entre 500 e 3000

NMP/100ml e, no ponto Rc12, ficaram acima de 20.000 NMP/100ml, não havendo

distinção significativa entre os períodos. Para os coliformes fecais, na seca, as

concentrações ao longo do eixo montante-jusante oscilaram na seca, entre 230 e 11.000

NMP/100ml e, na cheia, entre 700 e 8000 NMP/100ml. Dessa forma, nota-se que altas

concentrações dos coliformes fecais foram observadas em todo o trecho do perímetro

urbano, mais acentuadamente no ponto Rc12, durante a seca. Esses teores denotam uma

baixa capacidade do rio Cuiabá em diluir as cargas de coliformes oriundas dos esgotos

domésticos. Isso também foi observado no rio Paraíba do Sul, onde as concentrações

variaram entre 3000 e 4000 NMP/100ml, ou seja, superiores às faixas estabelecidas para

um rio classe 3, o que indica sua incapacidade de absorver a carga lançada. HELLER &

CHERNICARO (1992) discutem a dificuldade do cumprimento da legislação para

coliformes, mesmo em rios de médio porte que apresentem uma boa capacidade de

diluição.

A evolução da qualidade da água, ao longo dos anos, mostrou para os pontos Rc5 e

Rc12 uma curva crescente no aumento das concentrações de coliformes fecais e totais,

sendo que para o primeiro ponto a contribuição está associada aos dejetos animais e para o

segundo aos esgotos domésticos. Isso indica uma poluição aguda do rio nos aspectos

ligados à saúde pública, podendo ocasionar doenças de veiculação hídrica, implicando,

também, em restrições aos destinados à balneabilidade e à irrigação de horticulturas.

156

6.2. Determinação das Forças Dominantes na Alteração da Qualidade da Água

da Bacia

Estudos têm mostrado que a variabilidade da qualidade das águas é muito complexa

e apresenta flutuações que podem estar associadas a fatores e processos hidrológicos,

geomorfológicos e à acão antropogênica na bacia. Medir e isolar a contribuição específica

de cada fator torna-se extremamente difícil, porém pode-se observar a predominância de

alguns em relação a outros. DAVIS & CORNWELL (1998) salientam que para um melhor

entendimento do processo de avaliação da qualidade da água faz-se necessário conhecer a

dinâmica da atuação de cada um dos fatores: clima, litologia da região, da vegetação

circuncidante, do ecossistema aquático e da influência do homem e a interação estabelecida

pela ação conjunta entre essas combinações.

Neste item será feita a avaliação de como esses fatores têm interferido na qualidade

da água da bacia e a identificação da distribuição espacial da urbanização nas diferentes

sub-bacias que compõem o mosaico urbano da cidade de Cuiabá e Várzea Grande.

6.2.1. Efeitos dos Fatores Climatológicos e Geológicos

A partir dos testes de Mann-Whitney para amostras independentes e acopladas aos

gráficos Box-Plot, pôde-se verif icar a interferência da sazonalidade, onde para algumas

variáveis como cor, DQO e alcalinidade registraram-se diferenças significativas entre os

períodos. Para a cor, turbidez e DQO os valores elevaram-se em virtude do carreamento e

lavagem do solo pelas águas da chuva, já a alcalinidade sofreu o efeito da diluição, sendo

registradas concentrações nesse período. FIGUEIREDO (1996) reporta que a temperatura

da água, pH, condutividade, alcalinidade e oxigênio dissolvido não mostraram alterações

evidentes nos trechos do rio Cuiabá sob influência da área urbana, o que demonstra maior

relação com os fatores climáticos, geológicos e geomorfológicos.

157

6.2.2 Efeitos Combinados das Descargas Orgânicas e Sazonalidade

Os efeitos oriundos dos lançamentos dos esgotos no trecho do perímetro urbano

podem ser verificados a partir da análise de Mann-Whitney combinada com os gráficos

Box-Plot, identificando as diferenças espaciais entre os pontos e períodos, devido às cargas

orgânicas. As variáveis condutividade, sólidos suspensos totais, transparência, fósforo total,

coliformes total e fecal, OD e NTK, sofreram alterações em virtude de um efeito

combinado pela sua localização espacial e sazonalidade. Esses dois efeitos sobrepuseram-

se, porém em algumas variáveis pôde-se observar a predominância da tendência, como foi

o caso dos coliformes totais que, no ponto Rc12, a jusante de todo lançamento, não

mostraram diferenças entre os períodos e o efeito da diluição foi mínimo. Para OD,

observou-se a predominância do efeito da sazona lidade em conjunto com as características

físicas do rio. No período de águas baixas, ocorre o aparecimento das corredeiras ,

verificando-se, então, um aumento na capacidade de reaeração, apesar da menor vazão

disponível para diluir as cargas orgânicas recebidas no trecho. É importante salientar que o

rio Cuiabá, a partir da implantação da usina de Manso, terá a sua vazão regularizada, e esse

efeito da reaeração diminuirá, podendo o impacto das cargas orgânicas , que se apresenta

mais elevado no período de águas altas, ser avaliado mais diretamente.

6.2.3. Efeitos do Uso e Ocupação das Sub-bacias

A caracterização do uso e ocupação do solo nas sub-bacias que compõem o

perímetro urbano das cidades de Cuiabá e Várzea Grande permitiu identificar, a nível

espacial, aquelas que apresentaram uma urbanização mais intensa, resultando em perdas da

vegetação e, principalmente, das matas ciliares ao longo desses principais tributários com

conseqüentes perturbações e alterações na qualidade desses corpos receptores.

Em relação ao percentual de urbanização, três grupos distintos foram identificados,

com níveis de qualidade diferenciados. Em ordem decrescente, aparecem compondo o

grupo I, as sub -bacias: Ribeirão do Lipa, Pari, Embauval, Boca de Santana, Engordador e

São Gonçalo com menor índice de urbanização, maior índice de vegetação e melhores

níveis de qualidade. As características que mais se destacaram foram os teores médios de

158

oxigênio dissolvido, ainda acima de 5 mg/l, valores de DBO e DQO, em torno de 10 e

130,00 mg/l, característica mais comum de águas limpas. Os coliformes fecais e totais

apareceram em níveis menores que nos outros grupos, denotando a contribuição

preferencial de dejetos de animais.

O grupo II, formado pelas sub-bacias Prainha, Gambá, Barbado e Mané Pinto, é um

grupo mais intensamente urbanizado, apresentando concentrações elevadas de: matéria

orgânica, medida através da DBO e DQO, com valores médios de 74,00 a 263,00 mg/l;

coliformes totais e fecais de 1,25 x 107 a 3,85 x 106; nutrientes, fósforo e NTK, com

valores médios de 1,50 a 3,72 mg/l e teores de oxigênio bastante críticos, caracterizando-se,

assim, como um esgoto de fraca intensidade. TUCCI (1998) apresenta valores de alguns

parâmetros típicos de efluentes de esgoto municipal e combinado, os quais se assemelham

aos verificados neste estudo.

O grupo III, composto pela sub-bacia Guarita, evidenciou percentuais de

urbanização e NDVI próximos ao do grupo I, porém mostrou-se distinto dos demais, e essa

diferenciação na sua qualidade deve-se aos menores teores de oxigênio dissolvido, maiores

concentrações de DQO, valores médios de 377 mg/l, NTK de 6,11 mg/l e cor, de 65 uH.

Essas características podem estar refletindo a ocupação dessa sub-bacia, onde estão

localizadas pequenas chácaras, com criações de porcos e animais silvestres e ainda com

áreas destinadas à plantação de hortaliças que utilizam adubos e outros tipos de

fertilizantes.

6.3. Cenários Múltiplos Prognosticados para a Qualidade da Água da Bacia

Os modelos utilizados permitiram realizar um prognóstico a curto prazo, anos de

2001 e 2002, para vários constituintes e a médio prazo, anos de 2005 e 2010, com previsões

apenas para os teores de OD, DBO e coliformes fecais.

Os valores prognosticados para o oxigênio dissolvido prevêem um decréscimo, a

curto prazo, para os anos de 2001 e 2002, se as condições atuais de esgoto tratado se

mantiverem. Assim, valores de OD, nos pontos Rc5 e Rc12, atingiram concentrações de

159

6,7 e 5,4 mg/l, respectivamente, dentro de um intervalo de predição que variou de 6,3 a 4,0

mg/l, para o ponto Rc12. Nos cenários dos anos de 2005 e 2010, a concentração no ponto

Rc12 situou-se próxima a 6,0 mg/l, considerando-se a pior alternativa, de não se ter

tratamento dos esgotos nas cidades. TEIXEIRA (1994) também simulou esse parâmetro

para o ano de 2005 e concluiu que o OD não chega a ser um problema para a classificação

do rio, pois os valores da simulação mantiveram-se acima de 5,0 mg/l para o ponto Rc12.

Essas previsões, no entanto, juntamente com a análise da tendência ao longo do tempo,

denotam que está ocorrendo uma perda da capacidade de reaeração do rio, impondo, assim,

a necessidade de se investir na melhoria dos sistemas de esgoto, como uma forma de

minimizar o efeito dessas cargas.

Os valores prognosticados para a DBO, nos anos de 2001 e 2002, apresentaram

concentrações superiores a 1mg/l e nos anos de 2005 e 2010, se a hipótese de 0% de

tratamento ocorrer, os níveis dessa variável atingirão valores próximos a 5 e 7 mg/l.

TEIXEIRA (1994) encontrou no ponto Rc12, na simulação para o ano de 2005,

concentrações de 9 mg/l.

No que se refere à turbidez, os valores prognosticados para os anos de 2001 e 2002

mostraram uma elevação em relação às baixas concentrações comumente encontradas no

período de seca e projetaram valores superiores a 30 UT para os dois pontos e, na cheia,

esses valores ficaram inferiores a 55 UT, aquém da taxa estabelecida pelo padrão

ambiental, de 100 UT. Com relação aos sólidos em suspensão, os valores prognosticados

apresentaram-se distintos por ponto e período. Para o ponto Rc5, localizado a montante dos

lançamentos, esperam-se concentrações inferiores a 25 mg/l, na seca, e de 97 mg/l, na

cheia, sendo que no ponto Rc12, na seca, projetou-se um valor abaixo de 70 mg/l.

A cor evidenciou valores para os anos de 2001 e 2002, no período de seca, de 45

uH e, na cheia, de 117uH, .excedendo, assim, no período de chuva, os limites da Resolução

CONAMA 20, de 75 uH. O aumento da cor traz reflexos operacionais aos sistemas de

tratamento de água e, conseqüentemente, à qualidade água distribuída.

As concentrações dos coliformes totais e fecais mostraram-se bastante elevadas em

todo o trecho do rio, mesmo na situação atual, e os valores tendem a se elevar com o

160

crescimento populacional estimado, chegando a números acima de 107 para o ano de 2010.

A redução desse efeito só será obtida através da implantação de estações de tratamento do

tipo lagoas de maturação, calhas ultravioletas e desinfecção.

Os valores prognosticados, a curto prazo, para os níveis de NTK e fósforo

evidenciam teores de 0,39 e 0,10 mg/l, respectivamente. Essas concentrações de nitrogênio

e fósforo podem ocasionar impactos mais significativos no Pantanal e na sua comunidade

aquática.

6.4. Eficácia das Ferramentas de Gestão Utilizadas

Este estudo envolveu a utilização de uma grande variedade de ferramentas analíticas

como: estatísticas multivariadas, séries temporais, regressões, correlações, ACP, cluster,

sensoriamento remoto e modelo matemático QUAL 2E para avaliar e prognosticar os

valores da qualidade da água, no trecho do perímetro urbano, as inter-relações entre o uso e

ocupação do solo nas sub-bacias e o grau de comprometimento dos seus corpos receptores

6.4.1. Banco de Dados

O banco de dados utilizado foi considerado um componente de extrema

importância, já que facilitou a organização, retirada e filtragem dos dados. Observou-se,

contudo, que inúmeros erros ocorreram durante várias etapas do processo, decorrentes dos

levantamentos feitos em campo, das realizações das análises, armazenamento e cálculos

inerentes à determinação das concentrações das variáveis. Alguns desses erros foram

minimizados com a inserção de uma tabela de cálculo acoplada ao próprio banco, evitando-

se, assim, a utilização de planilhas complementares. Dessa forma, procedimentos de

verificação, triagem e atualização foram fundamentais para assegurar a qualidade das

informações. Vale ressaltar a importância da implementação de módulos adicionais para

preenchimento de lacunas e controle da qualidade dos dados e a necessidade de se manter

um Banco de Dados atualizado para monitorar e alimentar modelos que subsidiem a gestão

das águas na bacia.

161

6.4.2. Modelos Combinados

As séries temporais definidas neste estudo permitiram compreender a variabilidade

existente no comportamento de quatorze variáveis físico-químicas e bacteriológicas,

identificando as componentes aleatórias e determinísticas causadas pela sazonalidade e a

tendência observada ao longo do tempo, decorrente das alterações graduais naturais ou

impostas pelo processo de urbanização e outras formas de uso e ocupação da bacia. Além

disso, pôde-se, com elas, propor modelos matemáticos para previsão do comportamento

futuro da série temporal para os dois pontos do rio Cuiabá. As curvas de tendências obtidas

salientaram, também, as diferenças espaciais que ocorreram ao longo desse trecho e as

oscilações no comportamento das variáveis, identificando fatores aleatórios e

determinísticos (sazonalidade) ao longo do tempo. Algumas limitações foram verificadas,

decorrentes do tamanho da série disponível, tais como: restrição a previsões de curto prazo;

sensibilidade a lacunas de dados, sobretudo na utilização de modelos de maior ordem e

necessidade de se utilizarem métodos mais avançados para remoção de variações cíclicas e

séries temporais interrompidas.

Os testes de Mann-Whitney foram também aplicados para verificar a possível

ocorrência de desigualdades significativas nos pontos, em função de sazonalidade e

diferenças decorrentes da sua localização espacial. O teste da mediana, utilizado para

avaliar o comportamento dessas variáveis em relação aos limites estabelecidos pela

Resolução CONAMA 20, para um rio Classe II, identificaram que as concentrações de

fósforo e coliformes fecais registraram valores significativamente mais elevados e

definiram medidas a serem tomadas no sentido de minimizar esse impacto.

O modelo QUAL 2E, ainda que utilizado neste estudo de forma simplificada,

desenhou também cenários futuros para as variáveis OD, DBO e coliformes fecais que

permitiram a visualização do decréscimo dos teores de OD e do aumento da DBO e

coliformes se medidas estruturais, como a implantação e ampliação dos sistemas de

tratamento de esgotos não forem implementadas. Ressaltou que para melhoria da qualidade

sanitária do rio, são necessários sistemas de tratamento que apresentem níveis de remoção

162

de coliformes acima de 99,99% para permitir que o rio garanta os limites do padrão

ambiental.

Sua aplicação permitiu a projeção de cenários futuros de médio e longo prazo,

subsidiando, assim, medidas a serem tomadas no que se refere a níveis de tratamento

requeridos para o atendimento ao padrão ambiental e definição de sub-bacias prioritárias.

Porém, melhores respostas podem ser obtidas, a partir da inclusão de análises de incertezas

e de uma calibração completa, considerando uma maior quantidade de parâmetros

requeridos pelo modelo.

Observou-se, também, que os valores prognosticados para o mesmo trecho,

definidos a partir das séries temporais e do modelo QUAL 2E, apresentaram diferenças.

Tais variações podem ser melhor entendidas, considerando as limitações encontradas

durante a realização dessas análises, como: falhas demonstradas pela série, decorrentes da

falta de registro para um dado período; preenchimento com dados de outras fontes e, ainda,

reduzido número de observações para se definir um série temporal. Tudo isso acarretou

uma amplitude relativamente alta, dentro de um intervalo de predição de 95%. TRIOLA

(1988) pondera que intervalos de predição grandes estão associados ao pequeno número de

amostras. Na simulação do QUAL2E, não foram consideradas as análises de incertezas que

permitiriam a obtenção de resultados expressos em termos probabilísticos e não

simplesmente em valores únicos, determinísticos. SPERLING (1993) salienta a importância

de se acoplar esse tipo de análise em modelos de simulação que permitem avaliar o grau de

incerteza nos resultados da simulação.

No que se refere às análises da ocupação e uso do solo das sub-bacias, utilizou-se

imagem de satélite para obter os percentuais de uso e ocupação verificados em cada uma

delas e determinou-se, ainda, o NDVI. CARLSON &ARTHUR (2000) ressaltam a

importância de se usar imagem de satélite no planejamento urbano, devido à capacidade de

caracterização do uso e ocupação da bacia, como também de se extraírem outras

informações relacionadas ao meio físico. Além dos percentuais obtidos por categoria de uso

nas sub-bacias, a análise da imagem permitiu a extração do NDVI, que pode ser

considerado como um indicador para avaliação das condições de alterações das bacias

hidrográficas.Os percentuais das categorias definidas na análise da imagem de satélite

163

foram baseados no algoritmo da verossimilhança. HUMBERT-MOY (2001) enfatiza que a

precisão do resultado do mapeamento depende do método de classificação selecionado e

que esse método tem sido largamente utilizado em virtude de permitir uma boa resolução.

No que se refere aos resultados das análises de correlação entre os dados do sensoriamento

remoto e parâmetros físico-químicos, verificaram-se correlações altamente significativas

entre as categorias classe urbanização (positivamente) e valores médios NDVI

(negativamente) e as variáveis fósforo, condutividade e coliformes totais. Porém, a

extrapolação dos modelos é limitada uma vez que a definição das classes de urbanização

tem componente subjetivo, e ainda requer correções radiométricas para cálculo do NDVI ,

além de o modelo apresentar sensibilidade à amostragem.

SOULSBY (2001) comenta que a qualidade da água é uma das variáveis mais

importantes que influenciam a estrutura e o funcionamento das comunidades aquáticas, e os

impactos ocorridos nas mudanças no uso e ocupação do solo, podem, ao longo do tempo,

podem ser melhor visualizados a partir da sua caracterização. Neste estudo, esses valores

foram inter-relacionados com a qualidade da água a partir da aplicação de técnicas

estatísticas de regressão, correlação, ACP e cluster, identificando, assim, o agrupamento

das sub-bacias que apresentaram características similares em função do % de urbanização e

as que poderiam responder mais diretamente a esse processo.

A aplicação das técnicas de ACP e cluster, neste estudo, evidenciou: grupos

diferenciados compostos pelas sub-bacias; contribuições devido às fontes difusas (suínos e

horticulturas); agrupamento de sub-bacias de acordo com as características de qualidade e o

uso e ocupação do solo. Em resumo, essas técnicas permitiram a identificação dos fatores

determinantes, subsidiando medidas estruturais e não-estruturais (educação ambiental e

plano de manejo do solo), embora não tenham apresentado uma redução na

dimensionalidade dos dados.

Resultados similares foram obtidos por BERZAS et al. (2000) que utilizaram a

combinação das técnicas de ACP e cluster para descobrir o agrupamento natural das

variáveis. WUNDERLIN et al. (2001) apontam também que a análise de cluster rendeu

bons resultados como um método exploratório para avaliar as diferenças espaciais e

temporais, contudo fracassou em demonstrar os detalhes dessas diferenças. Comentam,

164

ainda, que a ACP não resultou na redução de parâmetros como desejado. Entretanto, os

autores reforçam que o uso de análises de componentes principais, juntamente com análises

de cluster, permitiram agrupar os parâmetros selecionados de acordo com os aspectos

comuns, bem como avaliar a incidência de cada grupo na mudança geral da qualidade da

água da bacia do rio Suquía, na Argentina, especialmente durante as mudanças temporais.

CAMARGO et al. (1998) consideram que a determinação de variáveis que mostrem

rapidamente os impactos sofridos pelos ecossistemas limínicos, através de métodos

analíticos simples, é de grande importância para se estabelecerem programas de

monitoramento que subsidiem a política de gerenciamento dos recursos hídricos.

Apesar das limitações verif icadas, as ferramentas utilizadas se mostraram-se

bastante eficientes para lidar com a base de dados e para demonstrar a aplicabilidade desses

métodos na elaboração de plano de gestão para a bacia do rio Cuiabá. Porém, faz se

necessário continuar implementando e melhorando o desenvolvimento técnico do sistema

SIBAC de forma a: manter a alimentação do Banco de Dados para permitir estudos mais

avançados; agregar informações de uso e ocupação urbana e rural para a implementação de

modelos que avaliem tanto a carga difusa como a pontual inserir essas ferramentas

analíticas no ambiente SIBAC para operacionalização dos estudos.

165

7. CONCLUSÕES

O processo de urbanização verificado na bacia do rio Cuiabá, ao longo dessas

últimas décadas, resultou na contaminação dos córregos, com acentuado comprometimento

da qualidade de suas águas, decorrente de fontes pontuais e difusas. Esses córregos,

principais tributários do rio Cuiabá, tornaram-se canais preferenciais, condutores de cargas

orgânicas de esgoto doméstico para o rio. Tal fato resulta das deficiências dos sistemas de

coleta e tratamento do esgoto das cidades de Cuiabá e Várzea Grande que, apesar de

apresentarem uma cobertura de esgoto coletado de 38% e 16%, respectivamente, contam

com apenas 29% de esgoto tratado, que se limita somente a remoção da matéria orgânica,

devido às características operacionais dos sistemas de tratamento existentes.

Esses córregos apresentaram características físico-químicas e bacteriológicas

similares a um esgoto típico de fraca concentração, ou seja, com elevados teores de matéria

orgânica, coliformes e nutrientes. Além dessas fontes pontuais, oriundas dos despejos

domésticos e industriais, foi observada uma contribuição significativa das fontes difusas

nas áreas de drenagem das sub-bacias com menor taxa de urbanização, caracterizada por

uma ocupação onde predominam pequenas chácaras e lotes maiores, atividades ligadas à

criação de animais, como suínos, aves e vacas e ao cultivo de horticultura, predominante

nessas sub-bacias.

Este estudo identificou as profundas alterações na qualidade das águas provocadas

pelas mudanças no uso do solo e na cobertura vegetal da bacia. Evidenciou-se, com isso,

que o gerenciamento dos componentes terrestres e aquáticos não pode ser tratado

166

separadamente e que a unidade espacial mais apropriada para essa combinação é a da bacia

hidrográfica. A política de recursos hídricos isoladamente não irá resolver as questões da

degradação, mas a combinação de política, educação, planejamento e aplicabilidade das leis

pode prover mecanismos para reduzir a taxa de degradação, possibilitando proteção

humana e ambiental.

O aprofundamento do conhecimento da dinâmica da poluição na bacia se deu a

partir da determinação, em escala temporal e espacial, das condições da qualidade da água

em decorrência do processo de urbanização e pela identificação dos componentes que

responderam mais diretamente a essas alterações. Dentro desse cenário, destaca-se a

capacidade de reaeração do rio, em virtude de suas características físicas, porém observa-se

que essa capacidade vem diminuindo ao longo do tempo e os prognósticos futuros levam a

valores inferiores aos de um rio de classe II. As concentrações de cargas orgânicas, medidas

através da DBO, caminham em sentido inverso, sofrendo incrementos decorrentes dos

esgotos, se medidas de contenção dessas cargas não forem tomadas. Os coliformes fecais,

que nas condições atuais já se mostram excessivos, tendem a crescer com o aumento

populacional e para esse constituinte, níveis de tratamento mais rigorosos são necessários,

como a implantação de unidades de lagoas de maturação, calhas ultravioletas e desinfecção.

Os nutrientes, mais enfaticamente o fósforo, apresentaram teores elevados em todo trecho,

oriundos não apenas da contribuição de origem doméstica, mas também das fontes difusas

ao longo da bacia.

Cabe ressaltar que, embora o enfoque deste estudo tenha sido direcionado para a

contribuição das fontes pontuais de origem doméstica, os resultados encontrados apontam

para as fortes contribuições advindas de fontes difusas que, em geral, passam a largo dos

programas de monitoramento e da fiscalização do órgão ambiental, por serem contribuições

consideradas insignificantes.

As ferramentas analíticas aplicadas neste estudo, como estatísticas multivariadas,

séries temporais, testes de hipóteses, análises de correlação e regressão, modelo matemático

QUAL2E e sensoriamento remoto, combinadas com uma base múltipla de dados

hidrológicos, climatológicos, de qualidade de água e de imagens de satélite objetivaram

167

medir, avaliar e prognosticar valores para a qualidade da água da bacia do rio Cuiabá, no

trecho do perímetro urbano.

Nesse sentido, destaca-se a importância dos resultados qualitativos obtidos ao longo

deste trabalho, uma vez que as respostas quantitativas, representadas pelas equações de

regressão e de modelos matemáticos, requerem ainda um incremento no número de

observações para definirem menores intervalos de predição e melhores coeficientes de

determinação. Isso permitiria a definição de modelos mais ajustados e com maior força de

prognosticar valores futuros de dados qualitativos em sub-bacias que não apresentem

avaliação da qualidade de suas águas.

Dessa forma, ressalta-se a importância de se manter o banco de dados atualizado de

modo a permitir, inicialmente, a construção de uma base de dados sólida e consistente e,

posteriormente, a agregação de informações de uso e ocupação urbana e rural para a

implementação de modelos que avaliem tanto a carga pontual como a difusa. Esse banco de

dados e seus produtos devem ser de fácil acesso aos usuários, garantindo o fluxo da

informação nos diversos segmentos da sociedade.

É importante salientar que a qualidade da água não se traduz apenas pelas suas

características físicas e químicas, mas pela qualidade de todo o recurso hídrico que envolve

a saúde e o funcionamento equilibrado do ecossistema, incluindo aí as plantas, a

comunidade aquática e seus habitantes. COY et al. (1994) salientam que o processo de

urbanização desenvolvido dentro do aglomerado Cuiabá /Várzea Grande traz implicações,

não apenas ambientais, como verificada no presente trabalho, mas, também, resulta em

profundas disparidades entre os segmentos da sociedade. Similarmente pode-se afirmar que

a deterioração da qualidade das águas do rio Cuiabá não representa apenas um dano

ambiental, mas a perda da identidade de muitas gerações que têm no rio a sua referência de

vida, costumes e sobrevivência.

Em síntese, a avaliação da qualidade da água é um processo de análise da natureza

física, química e da biota em relação à qualidade natural, aos efeitos humanos e usos

comprometidos que possam afetar a saúde humana e do sistema aquático. A eficácia dessa

tentativa de se medir a qualidade da água muitas vezes não corresponde à expectativa, pois

168

a natureza apresenta uma capacidade de resposta que nem sempre pode ser numericamente

controlada (RAJAR, 1997).

169

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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