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MODELAGEM NUMÉRICA DO PROCESSO DE CORTE DE ROCHAS POR
BROCAS DE DIAMANTE POLICRISTALINO COMPACTADO
Sandra Liliana Carvajal Garcia
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Engenharia Civil.
Orientadores: José Luis Drummond Alves
Paulo Couto
Rio de Janeiro
Abril de 2014
MODELAGEM NUMÉRICA DO PROCESSO DE CORTE DE ROCHAS POR
BROCAS DE DIAMANTE POLICRISTALINO COMPACTADO
Sandra Liliana Carvajal Garcia
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. José Luis Drummond Alves, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Paulo Couto, Dr.Eng.
________________________________________________
Prof. Ilson Paranhos Pasqualino, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Lavinia Maria Sanabio Alves Borges, D.Sc
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
ABRIL DE 2014
iii
Garcia, Sandra Liliana Carvajal
Modelagem Numérica do Processo de Corte de
Rochas por Brocas de Diamante Policristalino
Compactado / Sandra Liliana Carvajal Garcia. – Rio de
Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014.
XIV, 87 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: José Luis Drummond Alves
Paulo Couto
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 82-87
1. Perfuração de poços. 2. Broca PDC. 3. Corte em
rocha. 4. Energia Mecânica Especifica. 5. Método dos
Elementos finitos I. Alves, José Luis Drumomond et al. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa
de Engenharia Civil. III. Título.
iv
A Deus.
v
AGRADECIMENTOS
Ao CNPQ pelo apoio financeiro concedido durante o meu mestrado.
Aos meus orientadores, José Luis Drummond Alves e Paulo Couto, pelo apoio e
orientação que me dedicaram durante o desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores do departamento de Engenharia Civil da UFRJ pelos
conhecimentos transmitidos ao longo do curso de mestrado.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
À Iolanda pela amizade, pela convivência muito agradável, pelos momentos de
descontração.
Ao Oscar, pelo o amor e carinho, por ser sorriso na minha vida, pela ajuda em
todos os momentos de dificuldade.
Aos meus pais Rafael e Cecilia, às minhas irmãs, Claudia e Olga, pelo amor e
apoio incondicional durante toda a minha vida, por ser cuidadores de meu caminhar.
Agradeço a Deus por me permitir conseguir este proposito.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
MODELAGEM NUMÉRICA DO PROCESSO DE CORTE DE ROCHAS POR
BROCAS DE DIAMANTE POLICRISTALINO COMPACTADO
Sandra Liliana Carvajal Garcia
Abril/2014
Orientadores: José Luis Drummond Alves
Paulo Couto
Programa: Engenharia Civil
.
Um dos maiores problemas na indústria do petróleo esta associado às baixas
taxas de penetração gerando importantes perdas econômicas. Neste contexto, nos
últimos anos vem se desenvolvendo diferentes pesquisas para otimizar as operações de
perfuração de poços, sendo que, um dos temas de interesse é o mecanismo de corte das
brocas de perfuração. Este trabalho tem como objetivo principal analisar o processo de
corte em rocha por um cortador afiado de uma broca de policristalino diamantado
compactado (PDC), através da modelagem bidimensional com o método dos elementos
finitos utilizando o software ABAQUS 6.10®. Os modelos numéricos são baseados num
ensaio de cortador único “Single Cutter Test”, usado para entender a interação rocha-
cortador. Esta dissertação estuda o comportamento da Energia Mecânica Especifica
(MSE), variando parâmetros tais como: pressão de confinamento, ângulo e profundidade
de corte. Para o comportamento da rocha é utilizado um modelo constitutivo
elostoplástico e um critério de falha de Drucker- Prager, com degradação após falha.
Os resultados obtidos concordam em forma geral com os disponíveis na literatura.
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
NUMERICAL MODELING OF THE ROCK CUTTING PROCESS BY
POLYCRYSTALLINE DIAMOND COMPACT BITS
Sandra Liliana Carvajal Garcia
April/2014
Advisors: José Luis Drummond Alves
Paulo Couto
Department: Civil Engineering
One of the most challenging problems in the oil industry is associated with low
penetration rates during drilling, with important economic losses consequences .During
recent years there have been developed different approaches to optimize the drilling
processes, giving special attention to the understanding of the mechanics of cutting by
drilling bits. This dissertation has as main objective, the analysis of the cutting process
of rock with a sharp cutter of a polycrystalline diamond compact (PDC) bit. This
analysis is made through a two-dimensional (FEM) numerical model implemented on
ABAQUS® 6:10. The numerical model is based on a “Single Cutter Test”, and is used
to understand the rock-cutter interaction. This dissertation includes the parametric
analysis of the variation of the Mechanical Specific Energy (MSE), by varying
parameters such as: confining pressure, angle and depth of cutting. An elasto-plastic
Drucker-Prager failure envelope with strain-softening is assumed as the constitutive
model for the rock. The results obtained in this dissertation agree with those available in
the literature.
viii
SUMÁRIO
SUMÁRIO ............................................................................................................... VIII
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. X
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ XIV
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1 MOTIVAÇÃO ....................................................................................................... 1
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO............................................................................. 3
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ............................................................................. 4
2. ESTADO DA ARTE ............................................................................................... 5
2.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5
2.2 ABORDAGEM EXPERIMENTAL .................................................................... 12
2.3 ABORDAGEM NUMÉRICA ............................................................................ 18
3. ENERGIA MECÂNICA ESPECIFICA (MSE) .................................................... 23
3.1INTRODUÇÃO .................................................................................................... 23
3.2 FORMULAÇÕES ANALÍTICAS PARA O CÁLCULO DA MSE NO
PROCESSO DE CORTE EM ROCHA ..................................................................... 23
4. MODELOS CONSTITUTIVOS ........................................................................... 31
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 31
4.2 MODELO CONSTITUTIVO ELASTOPLÁSTICO ........................................... 32
4.2.1 SUPERFÍCIE DE ESCOAMENTO ................................................................. 32
ix
4.2.2 LEI DE ENDURECIMENTO OU DEGRADAÇÃO ...................................... 34
4.2.3 LEI DE FLUXO ............................................................................................... 36
4.3 MODELO DE DANO DA ROCHA .................................................................... 38
5. MODELO NUMÉRICO ....................................................................................... 42
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 42
5.1.1 SOLUÇÃO EXPLICITA .................................................................................. 42
5.1.2 CONTATO ROCHA-CORTADOR ................................................................. 43
5.2 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 44
5.2.1 GEOMETRIA DO MODELO.......................................................................... 44
5.2.2 CONDIÇÕES DE CONTORNO E CARREGAMENTOS.............................. 47
5.2.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ............................................................ 51
5.2.4 MALHAS UTILIZADAS ................................................................................ 52
6. ANALISES DOS RESULTADOS ....................................................................... 55
7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................ 78
7.1 CONCLUSÕES ................................................................................................... 78
7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................... 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 82
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Broca PDC (Modificado de BAKER HUGHES,2009). ................................ 5
Figura 2.2 Esquema da trajetória de um cortador de uma broca tipo PDC
(modificado de HARELAND, 2009)................................................................................ 6
Figura 2.3 Cisalhamento e plano de “thrust” de um cortador tipo PDC
(Modificado de WAMSLEY e FORD, 2006) .................................................................. 7
Figura 2.4 Ângulo de ataque “back rake” (modificado de HANNA, 2000). ................. 7
Figura 2.5 Ângulo lateral “side rake” .............................................................................. 8
Figura 2.6 Ensaio “Scratch test” ...................................................................................... 9
Figura 2.7 Esquema de um ensaio de ranhura “Scratch Test” ........................................ 9
Figura 2.8 Amostras de rocha usada num ensaio “Single Cutter” (da esquerda para a
direita, mármore de Cartago, arenito Torrey Buff e folhelho de Mancos) ..................... 10
Figura 2.9 Esquema do ensaio de cortador único “Single Cutter” ................................ 11
Figura 2.10 Forças no cortador ensaio “Single Cutter” ................................................. 11
Figura 2.11 Correlação da MSE vs Resistência à compressão não confinada da rocha
(RICHARD et al., 1998). .............................................................................................. 12
Figura 2.12 Energia mecânica especifica vs pressão confinante para o mármore de
Cartago ( modificado de RAFATIAN et al., 2010). ....................................................... 13
Figura 2.13 Mecanismo de remoção do material durante o processo de corte em rocha
(modificado de KAITKAY e LEI, 2005). ..................................................................... 14
Figura 2.14 Transição falha dúctil para frágil ............................................................... 15
Figura 2.15 (a) Falha dúctil, (b) Falha frágil ............................................................... 16
Figura 2.16 Relação Energia Mecânica Especifica vs Profundidade de Corte ............. 17
Figura 2.17 Variação da MSE com o incremento do ângulo de ataque ...................... 17
Figura 2.18 Variação da força de corte com o incremento do ângulo de ataque
(modificado de RAJABOV et al., 2012). ...................................................................... 18
Figura 2.19 Propagação usando o modelo de elementos finitos com forças vertical e
horizontal no cortador. (INGRAFFEA, 1987). ............................................................. 18
xi
Figura 2.20 Sequencia de corte em rocha simulado com elementos finitos vs ensaio
experimental “Scratch Test”(JAIME et al., 2010). ......................................................... 20
Figura 2.21 Modelo 3D de elementos finitos de uma broca tipo PDC perfurando a
rocha (ZHOU, 2013)....................................................................................................... 22
Figura 3.1 Forças de corte atuando num cortador perfeitamente afiado (a) e com
desgaste (b),(ADACHI et al., 1996). .............................................................................. 24
Figura 3.2 Esquema bidimensional da Energia Mecânica Especifica E vs Resistência à
Perfuração S , (Modificado de ADACHI et al., 1996). .................................................. 27
Figura 3.3 Configuração do cortador com desgaste, (RICHARD, 2012)...................... 27
Figura 3.4 Diagrama E vs S , com resultados experimentais de ensaios feitos com
cortador afiado e com desgaste. (modificado de ADACHI et al., 1996). ....................... 28
Figura 4.1 Modelo linear da superfície de escoamento ................................................. 33
Figura 4.2 Superfície de escoamento do modelo linear Drucker-Prager ....................... 34
Figura 4.3 Modelos lei de endurecimento-degradação .................................................. 35
Figura 4.4 Comparação entre o endurecimento isotrópico e o endurecimento cinemático
(AGUIAR, 2011). ........................................................................................................... 36
Figura 4.5 Lei de fluxo associado e não associado........................................................ 37
Figura 4.6 Definição do dano ........................................................................................ 38
Figura 4.7 Tensão vs deformação de uma rocha submetida à compressão triaxial
(Modificado de GOODMAN, 1989). ............................................................................. 40
Figura 4.8 Curva de tensão-deformação com material danificado ................................ 41
Figura 5.1 Discretização das superfícies de contato. ..................................................... 44
Figura 5.2 Esquema do modelo bidimensional do processo de corte em rocha. ........... 45
Figura 5.3 Amostra circular de rocha comumente usada num ensaio de cortador único
(single cutter). ................................................................................................................. 45
Figura 5.4 Variação do ângulo de corte “θ”, a) θ=10°, b) θ=15°, c) θ=20° e d) θ=30°.
........................................................................................................................................ 46
Figura 5.5 Condições de contorno e carregamentos do modelo bidimensional ............ 47
Figura 5.6 Profundidades de corte analisadas, a) 0.15, b) 0.30, c) 0.60 e d) 1.2mm. .. 48
Figura 5.7 Ensaio triaxial, curva tensão versus deformação (DESCAMPS, 2012). ..... 51
Figura 5.8 Elemento finito tipo CPE4R, ABAQUS 6.10® (2010). ............................... 52
xii
Figura 5.9 Modelo bidimensional do processo de corte em rocha. ............................... 53
Figura 5.10 Detalhe do refinamento da malha do modelo 2D....................................... 54
Figura 6.1 Forças de corte para uma profundidade de 0.30mm com ângulo de corte de
20°, sem pressão de confinamento. ................................................................................ 56
Figura 6.2 Forças de corte para uma profundidade de 0.60mm com ângulo de corte de
20°, sem pressão de confinamento. ................................................................................ 56
Figura 6.3 Forças de corte para uma profundidade de1.20mm com ângulo de corte de
20°, sem pressão de confinamento. ................................................................................ 57
Figura 6.4 Processo de corte em rocha no modelo de elementos finitos numa
profundidade de 0.30mm com ângulo de corte 20° sem pressão de confinamento. ...... 58
Figura 6.5 Processo de corte em rocha no modelo de elementos finitos numa
profundidade de 0.60mm com ângulo de corte 20° sem pressão de confinamento. ...... 58
Figura 6.6 Processo de corte em rocha no modelo de elementos finitos numa
profundidade de 1.20mm com ângulo de corte 15° sem pressão de confinamento. ...... 59
Figura 6.7 Trabalho Mecânico Acumulado para diferentes profundidades de corte com
ângulo de corte de 15°, sem pressão de confinamento. ................................................. 60
Figura 6.8 Energia especifica mecânica para diferentes profundidades de corte com
ângulo de corte de 15°, sem pressão de confinamento. ................................................. 61
Figura 6.9 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 10° e sem pressão de
confinamento. ................................................................................................................. 62
Figura 6.10 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 15° e sem pressão de
confinamento. ................................................................................................................. 63
Figura 6.11 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 20° e sem pressão de
confinamento. ................................................................................................................. 63
Figura 6.12 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 30° e sem pressão de
confinamento. ................................................................................................................. 64
Figura 6.13 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 10°. .................................... 66
Figura 6.14 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 15°. .................................... 66
Figura 6.15 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 20°. .................................... 67
xiii
Figura 6.16 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 30°. .................................... 67
Figura 6.17 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 10°. .................................... 70
Figura 6.18 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 15°. .................................... 70
Figura 6.19 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 20°. .................................... 71
Figura 6.20 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 30°. .................................... 71
Figura 6.21 Material aderido ao cortador no processo de corte em rocha no modelo de
elementos finitos numa profundidade de 0.60mm com ângulo de corte 15° com 10MPa
de pressão de confinamento. ........................................................................................... 72
Figura 6.22 Comparação da MSE numérica vs MSE Detournay, para diferentes
pressões de confinamento, 0.15 e 0.30mm de profundidade de corte, ângulo de corte de
15°. .................................................................................................................................. 74
Figura 6.23 Comparação da MSE numérica vs MSE Detournay, para diferentes
pressões de confinamento, 0.15 e 0.30mm de profundidade de corte, ângulo de corte de
20°. .................................................................................................................................. 74
Figura 6.24 Comparação da MSE numérica vs MSE Detournay, para diferentes
pressões de confinamento, 0.15 e 0.30mm de profundidade de corte, ângulo de corte de
30°. .................................................................................................................................. 75
Figura 6.25 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, sem pressão de confinamento. ......................... 76
Figura 6.26 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, com 5MPa de pressão de confinamento .......... 76
Figura 6.27 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, com 10MPa de pressão de confinamento. ....... 77
Figura 6.28 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, com 20MPa de pressão de confinamento. ....... 77
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1– Poços perfurados, por localização (terra e mar) de 2003-2012
(ANP,2013). ..................................................................................................................... 1
Tabela 5.1– Dados da geometria do modelo .................................................................. 45
Tabela 5.2 – Casos analisados ........................................................................................ 49
Tabela 5.3 – Propriedades da rocha ................................................................................ 51
Tabela 5.4 – Propriedades do cortador .......................................................................... 52
Tabela 5.5 – Características da malha do modelo 2D. ................................................... 53
Tabela 6.1 – MSE vs Resistencia à perfuração (S), sem pressão confinante. ................. 62
Tabela 6.2 – Força media de corte para diferentes pressões de confinamento,
profundidade e ângulo de corte. ..................................................................................... 65
Tabela 6.3 – Energia Mecânica Especifica para diferentes pressões de confinamento,
profundidade e ângulo de corte. ..................................................................................... 69
Tabela 6.4 – Comparação da MSE (numérica) vs MSE (DETOURNAY e
ATKINSON, 2000). ....................................................................................................... 73
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Motivação
O petróleo é um dos elementos mais importantes para a economia mundial;
movimenta desde a fase exploratória, extração, transporte, refino, até a distribuição e
comercialização, elevados recursos econômicos e inúmeros profissionais. Sobre a fase
exploratória, cada novo reservatório apresenta novos desafios e dificuldades, forçando
ao processo de obtenção do petróleo investimentos em pesquisa e desenvolvimento
constantes em diversas áreas incluindo o processo de perfuração.
Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP, 2013), em 2012 no Brasil
foram perfurados 805 poços, sendo 574 onshore e 231 offshore. A maior parte das
perfurações foi de poços exploratórios produtores com um índice de sucesso
exploratório de 61,8 % onshore e 57,8% offshore. A Tabela 1.1, apresenta o histórico
da perfuração de poços no Brasil de 2003 ate 2012, o que mostra claramente o
incremente desta atividade.
Tabela 1.1 – Poços perfurados, por localização (terra e mar) de 2003-2012 (ANP,2013).
Perfurar um poço é uma atividade complexa que requer extensa programação e
elaboração de estudos, que permitam antecipadamente, um conhecimento tão detalhado
quanto possível das condições geológicas da região, para posteriormente adequar a
escolha do conjunto de equipamentos a serem utilizados e o método de perfuração.
2
Um dos grandes desafios da indústria do petróleo é aumentar a taxa de
perfuração com a finalidade de diminuir o tempo improdutivo de trabalho e incrementar
o lucro, por tanto resulta fundamental entender o processo de corte em rocha para
otimizar o desempenho das brocas, ou seja, melhorar a seleção e incremento da vida
útil das mesmas . A Energia Mecânica Específica (MSE- Mechanical Specific Energy)
é um parâmetro comumente usado como referência para determinar a eficiência na
perfuração, pois valores altos da energia mecânica indicam taxas de penetração baixas e
vice-versa.
Segundo TEALE (1965), a Energia Mecânica Especifica pode ser definida como
a energia necessária para cortar um volume especifico de material rochoso. Nos últimos
anos foram realizados diversos estudos do processo de corte em rocha usando brocas
PDC (Plycrystalline Diamond Compact), sendo o foco da discussão a estimativa da
MSE.
Conforme SIMON (1963), TEALE (1965), DETOURNAY (1995), RICHARD
et al. (1998, 2012) e SCHEI et al. (2000) a MSE em condições atmosféricas tem um
valor próximo à resistência à compressão não confinada (UCS, Unconfined
Compressive Strength) da rocha. A UCS da rocha é um parâmetro muito importante na
análise da estabilidade de poços de petróleo e na seleção das brocas. Outros estudos
como PRESSIER et al. (1992), RAFATIAN et al. (2010) e RAJABOV et al. (2012)
indicam que quando o corte da rocha é feito sob condições de confinamento a Energia
Mecânica Especifica é maior que a resistência à compressão confinada (CCS, Confined
Compressive Strength) do material sob a mesma pressão confinante.
Nesse contexto, é fundamental o desenvolvimento de modelos numéricos que
simulem o processo de corte em rocha para determinar a Energia Mecânica Especifica, e
com isso, as operações de perfuração de poços sejam mais eficientes e seguras.
3
1.2 Objetivos do trabalho
Analisar o processo de corte de rochas por um cortador afiado tipo PDC,
através da modelagem numérica com o método dos elementos finitos
utilizando o software ABAQUS 6.10®, com a finalidade de avaliar o
comportamento da Energia Mecânica Especifica variando a pressão
confinante, profundidade e ângulo de corte.
Comparar os resultados obtidos na modelagem numérica com os
resultados experimentais e numéricos reportadas na bibliografia.
4
1.3 Organização do texto
O trabalho encontra-se organizado em mais cinco capítulos. O Capítulo 2
apresenta uma revisão do estado da arte da modelagem numérica e estudos
experimentais do processo de corte em rochas por brocas PDC.
O Capítulo 3 apresenta as formulações analíticas e as variáveis envolvidas no
cálculo da Energia Mecânica Especifica de corte em rocha.
No Capítulo 4 são mostrados os conceitos básicos associados ao comportamento
elastoplástico da rocha.
O Capítulo 5 descreve os principais fundamentos teóricos da modelagem através
do método dos elementos finitos. Este capítulo também descreve as características dos
estudos de casos.
No Capítulo 6 contém o analise dos resultados dos estudos de casos.
Finalmente no Capítulo 7 são apresentados os comentários finais e
recomendações para trabalhos futuros.
5
2. ESTADO DA ARTE
2.1 Introdução
Na década de 70 foram introduzidas no mercado as brocas com cortadores de
diamantes artificiais policristalinos, que são obtidos através da aglutinação de cristais
de diamantes industriais sintetizados a partir do grafite, submetidos a alta pressão e
temperatura, unidos a um substrato de carboneto de tungstênio formando um cortador.
As brocas de PDC evoluíram rapidamente devido às altas taxas de penetração obtidas
em grandes intervalos perfurados de seções uniformes de folhelhos, evaporitos,
calcários e outras.
Uma broca de policristalino diamantado compactado (PDC) ilustrada na
Figura 2.1, tem uma serie de cortadores na forma de pastilhas, formados por uma
camada diamantada fina e por um suporte de carboneto de tungstênio e cobalto. Eles
estão fixados e alinhados em ordem nas aletas da broca, assim os cortadores não tem
um movimento relativo com respeito ao movimento rotacional do corpo da broca
como e mostrado na Figura 2.2.
Figura 2.1 Broca PDC (Modificado de BAKER HUGHES,2009).
6
Figura 2.2 Esquema da trajetória de um cortador de uma broca tipo PDC
(modificado de HARELAND, 2009)
As brocas PDC apresentam jatos intercambiáveis (vide Figura 2.1) através dos
quais, circula o fluido de perfuração. O fluido de perfuração é muito importante já que
ajuda a manter a estabilidade mecânica do poço, melhorar o processo de limpeza, além
de ajudar no resfriamento da broca. Existem brocas de corpo de aço ou brocas de
corpo matriz (material composto por carbeto de tungstênio), ambos proporcionam
diferentes capacidades de corte. As brocas de corpo de matriz apresentam maior
resistência ao desgaste comparada com a broca de corpo de aço.
O mecanismo de corte da broca tipo PDC é por cisalhamento como é
apresentado na Figura 2.3, onde uma força de penetração vertical aplicada através do
peso da coluna de perfuração e uma força horizontal gerada pela rotação da broca são
transmitidas para os cortadores da broca, a resultante dessas forças define o plano
conhecido como “plano de thrust”.
7
Figura 2.3 Cisalhamento e plano de “thrust” de um cortador tipo PDC
(Modificado de WAMSLEY e FORD, 2006)
No processo de corte em rocha a orientação do cortador está definida por dois
ângulos: 1) Ângulo de ataque “back rake”, mostrado na Figura 2.4, definido como o
ângulo entre o vetor velocidade e a normal da face do cortador projetado num plano
normal à superfície da rocha, isto é, a inclinação do cortador com relação à superfície
de corte. 2) Ângulo “side rake”, mostrado na Figura 2.5, é o ângulo entre o vetor
velocidade e a normal à face do cortador, projetada num plano paralelo à superfície
livre da rocha, ou seja, representa a orientação do cortador em relação ao plano
horizontal da rocha. Estes ângulos são parâmetros importantes já que afetam o
comportamento da Energia Mecânica Específica como será abordado nos itens
seguintes.
Figura 2.4 Ângulo de ataque “back rake” (modificado de HANNA, 2000).
8
Figura 2.5 Ângulo lateral “side rake”
(modificado de HANNA, 2000).
Para o estudo do processo de corte em rocha têm sido realizados diferentes
ensaios experimentais, destacando-se os ensaios “Scratch Test” e “Single Cutter” os
quais são descritos brevemente a continuação.
SCRATCH TEST
O ensaio de corte “Scratch Test” tem sido bastante utilizado na indústria do
petróleo para determinar as propriedades mecânicas da rocha. O equipamento para
este ensaio, mostrado na Figura 2.6, consiste num cortador afiado ou com desgaste,
que, em condições atmosféricas, raspa a superfície da rocha com velocidade constante
(entre valores de 0,1 a 12mm/seg) fazendo uma ranhura numa trajetória reta, a uma
profundidade e largura também constantes. Usualmente as profundidades de corte para
este ensaio são menores a 1mm.
Direção de rotação da
broca
Centro da broca
Ângulo“side rake”
Cortador
9
Figura 2.6 Ensaio “Scratch test”
(modificado de SCHEI et al., 2000).
Durante este ensaio são medidas as componentes vertical e tangencial da força
atuando sobre o cortador, ilustradas na Figura 2.7, o que permite o cálculo da
resistência ao corte e a Energia Mecânica Específica, como será apresentado no
Capítulo 3.
Figura 2.7 Esquema de um ensaio de ranhura “Scratch Test”
(modificado de BARD, 2010).
Cortador
Ranhura de corte
Rocha
Ranhura Cortador
Rocha
Direção de corte
10
SINGLE CUTTER
O ensaio “Single Cutter” consiste em um cortador único PDC orientado com
um determinado ângulo de ataque “back rake” e um ângulo “side rake”, onde uma
amostra de rocha em forma de disco (mostrada na Figura 2.8) é introduzida dentro de
uma capsula pressurizada apresentada na Figura 2.9. O equipamento permite aplicar
três tipos de pressões atuando na rocha; pressão confinante, pressão de poros e pressão
do poço. Neste ensaio a rocha gira com uma velocidade de rotação variável enquanto
o cortador penetra a uma profundidade de corte constante até completar uma volta.
Figura 2.8 Amostras de rocha usada num ensaio “Single Cutter” (da esquerda para a
direita, mármore de Cartago, arenito Torrey Buff e folhelho de Mancos)
(RAJABOV et al., 2012).
Durante o teste de “Single Cutter” podem ser medidas as forças atuantes no
cortador, ou seja, a força na direção do corte ou tangencial, a força vertical ou de
empuxo e a força radial como é ilustrado na Figura 2.10.
11
Figura 2.9 Esquema do ensaio de cortador único “Single Cutter”
(modificado de GARCIA, 1998).
Figura 2.10 Forças no cortador ensaio “Single Cutter”
(modificado de RAFATIAN et al., 2010).
12
2.2 Abordagem experimental
A seguir serão apresentados diversos trabalhos baseados em ensaios
experimentais, focados na determinação das forças atuantes no cortador e,
posteriormente, a obtenção da Energia Mecânica Especifica envolvendo diversos
parâmetros como; pressão de confinamento, profundidade e ângulo de corte.
Pressão confinante
SIMON (1963), TEALE (1965), DETOURNAY et al., (1995) e
RICHARD et al. (1998, 2012), SCHEI et al. (2000), concluíram que a Energia
Mecânica Específica em condições atmosféricas tem um valor próximo à resistência à
compressão não confinada da rocha (UCS, Unconfined Compressive Strength). A
Figura 2.11 ilustra os resultados obtidos dos ensaios de laboratório aplicados em
diferentes tipos de rocha, onde é possível observar uma correlação linear entre a
Energia Mecânica intrínseca e a resistência à compressão uniaxial dos material q .
Figura 2.11 Correlação da MSE vs Resistência à compressão não confinada da rocha
(RICHARD et al., 1998).
13
PRESSIER et al. (1992), DETOURNAY e TAN (2002), RAFATIAN et al.
(2010) e RAJABOV et al. (2012) indicaram que quando o corte da rocha é feito sob
condições de confinamento a Energia Mecânica Especifica é maior do que a
resistência à compressão confinada (CCS, Confined Compressive Strength) do material
sob a mesma pressão confinante. Esses trabalhos demostraram a influência da pressão
confinante no comportamento da Energia Mecânica Especifica gasta durante o
processo de corte. Na Figura 2.12 pode ser observado que a MSE aumenta ao mesmo
tempo que a pressão de confinamento cresce, a linha tracejada representa a resistência
à compressão confinada da rocha que também aumenta com o confinamento, e assume
valores abaixo da MSE.
Figura 2.12 Energia mecânica especifica vs pressão confinante para o mármore de
Cartago ( modificado de RAFATIAN et al., 2010).
DETOURNAY et al. (2000), realizaram ensaios para estudar a influência da
pressão de poros no processo de corte em rochas saturadas com baixa permeabilidade
e dilatância. Os testes foram feitos através de um ensaio de cortador único
movimentando-se com velocidade e profundidade constantes, sob uma pressão de
confinamento e uma pressão de poros inicial. O principal resultado obtido mostra que
existe uma independência da Energia Mecânica Especifica com relação à pressão de
poros, e uma alta dependência com a pressão de confinamento.
Mármore de Cartago
Energia Mecânica Especifica vs Pressão de confinamento
Pressão confinante (psi)
14
KAITKAY e LEI (2005), realizaram ensaios de single cutter em mármore de
Cartago, sob diferentes pressões de confinamento, com objetivo de avaliar a influência
da pressão hidrostática na formação dos fragmentos de rocha “cavacos”. Os autores
concluíram que, quando o mecanismo de corte é sob pressão de confinamento, o
material torna-se mais resistente, existindo uma transição do modo de falha frágil (em
condições atmosféricas) para um modo de falha dúctil (em condições de
confinamento) da rocha. A Figura 2.13(a) ilustra a formação e desprendimento dos
cavacos numa rocha em condições atmosféricas, já na Figura 2.13 (b) apresenta-se a
acumulação dos cavacos na frente do cortador, devido ao efeito da pressão confinante
que impede que os fragmentos de rocha sejam desprendidos, incrementando-se as
forças de atrito entre os grãos do material removido, e consequentemente o aumento
da Energia Mecânica Especifica gasta.
Figura 2.13 Mecanismo de remoção do material durante o processo de corte em rocha
(modificado de KAITKAY e LEI, 2005).
Profundidade de corte
RICHARD et al. (1998, 2012) através de ensaios “Scratch Test”, definiram
uma profundidade de corte critica (equação (2.1)), onde ocorre uma transição do modo
de falha dúctil para modo de falha frágil. Esses diferentes mecanismos de falha são o
resultado da relação entre a força e a profundidade de corte. Na faixa dúctil
(profundidades de corte menores de 1mm), a força no cortador é proporcional à área
15
da secção transversal de corte, já na faixa frágil a força no cortador é proporcional à
raiz quadrada da profundidade de corte.
2
~*
q
Kd IC (2.1)
onde:
*d : Profundidade crítica de transição de modo dúctil para frágil
ICK : Tenacidade da rocha
q : Resistência à compressão uniaxial
A Figura 2.14 apresenta a relação força de corte “F” versus profundidade de
corte “d”, onde é possível observar a transição do comportamento do modo de falha
dúctil para frágil, sendo que, o ponto “ *d ” limita as duas regiões. Na região de falha
dúctil, as forças de corte têm um comportamento linear em função da profundidade de
corte, já na região de falha frágil, o comportamento aproxima-se a uma curva de
segundo grau.
Figura 2.14 Transição falha dúctil para frágil
(modificado de RICHARD et al., 1998).
A Figura 2.15 (a) mostra o caso de modo de falha dúctil, a uma profundidade
de corte “ d ” rasa, onde “ sF ” é a força de corte tangencial e “ nF “ a força vertical.
Note-se a acumulação do material na frente do cortador. Por sua vez, a
16
Figura 2.15 (b) apresenta o modo de falha frágil a uma profundidade de corte “ d ”
maior. Observa-se grandes fissuras que fazem que o material esmagado seja
desprendido em blocos. Na parte inferior deste gráfico é possível observar quedas
maiores na serie de forças tangenciais “ sF “ ao longo do comprimento “ s ”, devido aos
desprendimentos em blocos da rocha, fazendo que o contato entre o cortador e a rocha
não seja constante o tempo tudo.
Figura 2.15 (a) Falha dúctil, (b) Falha frágil
(Modificado de RICHARD et al., 2012).
ADACHI et al. (1996), RICHARD et al. (1998, 2012), DAGRAIN e
DETOURNAY (2001), ZHANG et al. (2011), RAJABOV et al. (2012) e PEI (2012)
realizaram ensaios experimentais com o objetivo de mostrar a influencia de
profundidade de corte no comportamento da Energia Mecânica Especifica, concluindo
que quando a profundidade de corte aumenta a MSE diminui como é mostrado na
Figura 2.16. Além disso, note-se que a energia assume um comportamento
assintótico.
17
Figura 2.16 Relação Energia Mecânica Especifica vs Profundidade de Corte
(Modificado de PEI , 2012).
Ângulo de corte
SINOR et al. (1998), COUDYZER e RICHARD (2005), RICHARD et al.
(2010), RAJABOV et al. (2012) e PEI (2012) avaliaram o efeito da variação do ângulo
de corte “back rake” no comportamento da Energia Mecânica Especifica, concluíram
que, o aumento do ângulo de corte incrementa a MSE como é ilustrado na
Figura 2.17, isto devido a que aumenta a área de contato entre o cortador e a rocha
(vide Figura 2.18), em consequência as forças de corte são maiores tornando o
processo de corte menos eficiente.
Figura 2.17 Variação da MSE com o incremento do ângulo de ataque
(modificado de RAJABOV et al., 2012).
Profundidade de corte (cm)
18
Figura 2.18 Variação da força de corte com o incremento do ângulo de ataque
(modificado de RAJABOV et al., 2012).
2.3 Abordagem numérica
SAOUMA e KLEINOSKY (1984) e INGRAFFEA (1987), desenvolveram
um modelo bidimensional de elementos finitos para o estudo do corte em rocha de
fratura frágil, baseado na mecânica da fratura elástica linear, usando o código
computacional SICRAP e FEFAP, respectivamente, num ambiente gráfico iterativo.
Foi considerada uma fissura inicial cuja direção foi determinada pelos critérios da
energia e tensão máxima. A Figura 2.19 (a) ilustra a propagação das fissuras no
modelo de elementos finitos com aplicação unicamente da força horizontal no
cortador. Já na Figura 2.19 (b), apresenta-se o caso da combinação das duas
componentes da força, horizontal e vertical no cortador.
Figura 2.19 Propagação usando o modelo de elementos finitos com forças vertical e
horizontal no cortador. (INGRAFFEA, 1987).
19
LIU (2002) simulou o processo de corte de um material heterogêneo utilizando
o método dos elementos finitos usando o código R-T2D. O modelo reproduz o
processo progressivo de fragmentação da rocha, submetido a um carregamento
mecânico por indentação, iniciando com um campo de concentração de tensões,
seguida por a formação de uma zona de esmagamento, onde um pequeno volume de
rocha é convertido em partículas trituradas.
TULU (2009) apresentou um modelo numérico tridimensional de um cortador
tipo PDC interagindo com a rocha, utilizando o programa de diferenças finitas
explicito FLAC3D. O cortador é mantido com posicionamento fixo, com um ângulo
de corte de 30°, enquanto a amostra de rocha se desloca com uma velocidade angular
constante. Nesse estudo, utilizou-se o critério de falha de Mohr Coulomb para
caracterizar o comportamento do material. Esse modelo de falha permite simular a
degradação total da rocha e remover os cavacos (blocos de rocha cortada), uma vez
que um elemento da rocha atinge uma quantidade predeterminada de deformação
plástica, esse elemento é considerado como nulo, ou seja, o elemento não contribui
mais ao cálculo das forças internas do modelo. Finalmente foi avaliada a variação da
pressão confinante e da profundidade de corte para analisar a influência desses
parâmetros das forças no cortador.
JAIME et al. (2010) apresentaram um modelo numérico do processo de corte
em rocha, considerando a evolução da fragmentação do material rochoso desde o
inicio da fissura até a formação dos cavacos, usando o programa comercial de
elementos finitos LS-DYNA. Abordaram os problemas com modelagens Euleriana,
ALE e Lagrangeana, sendo essa ultima onde os elementos não apresentaram
problemas de difusão quando os cavacos foram formados. Essa formulação facilita a
análise da interação rocha-cortador, pois evita que suas interfaces fiquem dentro de
algum elemento da malha. Os autores também consideraram um modelo de dano
continuo do material sob condições de carga estática e dinâmica, capaz de representar
as deformações elastoplásticas da rocha. Os resultados da modelagem mostraram
sensibilidade aos diferentes fatores como o tamanho e tipo de elemento da malha,
superfície de contato e modelo constitutivo do material rochoso.
20
A Figura 2.20 apresenta uma comparação da sequência da simulação numérica
de corte em rocha versus ensaios de “Scratch Test” para uma profundidade de 3.6mm,
onde ocorre um comportamento de falha frágil. A Figura 2.20 (a, a*) detalha a
aparição de fissuras superficiais quando o material é comprimido horizontalmente
devido à tensão na direção perpendicular. Já na Figura 2.20 (b, b*) ilustra a formação
de lascas que se desprendem da frente do cortador, fazendo que o cortador perca
contato com o material rochoso, o que gera quedas nas forças de corte. Note-se, o
desprendimento de grandes fragmentos de rocha que são empurrados na frente do
cortador e que são formados pela falha ao cisalhamento.
Figura 2.20 Sequencia de corte em rocha simulado com elementos finitos vs ensaio
experimental “Scratch Test”(JAIME et al., 2010).
COGOLLO (2011) desenvolveu modelos bidimensionais de corte em metais
baseados no critério de plasticidade de Johnson-Cook utilizando o programa de
elementos finitos ABAQUS®. Posteriormente, fez uma adaptação desses modelos para
21
corte em rocha utilizando o modelo constitutivo de Drucker-Prager. Os principais
resultados mostraram um comportamento similar ao registrado na literatura para os
casos de corte em metais. Já para os modelos de corte em rocha não foi possível
representar adequadamente o efeito da alta taxa de deformação e o efeito da pressão de
confinamento.
MARTINEZ (2012), expandindo o trabalho de COGOLLO (2011), apresenta
simulações numéricas bidimensionais e tridimensionais de um cortador único através
do software de elementos finitos ABAQUS® para avaliar o impacto dos parâmetros
profundidade de corte e pressão confinante na energia especifica gasta num processo
de corte em rocha. O modelo constitutivo de Drucker-Prager foi utilizado para
representar o comportamento plástico do material rochoso, além de um modelo de
dano isotrópico para permitir a degradação e perda total da resistência da rocha para
logo ser removida. Os modelos foram realizados para profundidades de corte menores
que 1mm, garantindo um comportamento dúctil da rocha. Nesse trabalho conclui-se
que ao aumentar a profundidade de corte e a pressão confinante, a Energia Mecânica
Especifica aumenta.
Finalmente ZHOU (2013), apresenta um modelo de corte em rocha baseado no
método dos elementos finitos que têm como objetivo principal o estudo da interação
broca - rocha. Nesse trabalho, primeiramente foi realizado um modelo 3D apenas de
um cortador circular, para depois construir um modelo com vários cortadores de uma
broca tipo PDC, levando em conta todas suas características geométricas e mecânicas,
além dos parâmetros envolvidos: o atrito entre a broca e a rocha, profundidade e
ângulo de corte, pressão confinante, etc. Os resultados obtidos mostram que a energia
mecânica especifica têm um valor aproximado à resistência a compressão uniaxial
sempre que o modo de falha é dúctil. A Figura 2.21 ilustra o modelo tridimensional
de vários cortadores de uma broca PDC.
22
Figura 2.21 Modelo 3D de elementos finitos de uma broca tipo PDC perfurando a
rocha (ZHOU, 2013).
23
3. ENERGIA MECÂNICA ESPECIFICA (MSE)
3.1 Introdução
A Energia Mecânica Especifica pode ser definida como a energia requerida
para remover uma unidade de volume de rocha. A seguir serão apresentadas
formulações analíticas encontradas na literatura para o cálculo da MSE. O foco
principal deste capítulo são os trabalhos apresentados por DETOURNAY e
DEFOURNY (1992) e ADACHI et al. (1996) baseados inicialmente em ensaios tipo
“Scratch Test” e, posteriormente, em modificações em função dos resultados de
ensaios tipo “Single Cutter” onde foi considerada a pressão de confinamento.
3.2 Formulações Analíticas para o cálculo da MSE no processo de corte em
rocha
DETOURNAY e DEFOURNY (1992) propuseram um modelo analítico para o
cálculo da energia mecânica especifica de um cortador, baseado nos seguintes três
princípios:
a) O corte em rocha pode ser modelado como dois processos independentes:
corte puro e atrito na interface rocha-cortador com desgaste.
b) A força que atua na face do cortador e proporcional à área de corte, ou à
profundidade de corte no caso de um cortador retangular.
c) A força que atua na superfície de desgaste do cortador é controlada através
do coeficiente de atrito.
Este modelo está definido em termos de três parâmetros: energia específica
intrínseca , razão da força normal e tangencial atuando na face do cortador , e o
coeficiente de atrito entre a rocha e o cortador . A Figura 3.1, ilustra um cortador
24
perfeitamente afiado e com desgaste movimentando-se com uma profundidade
constante d , onde cF é a força de corte, as forças C
nF e C
sF são as componentes da
força de corte na direção normal e tangencial à superfície da rocha, é o ângulo de
atrito da interfacerocha-cortador e é o ângulo de corte.
(a)
(b)
Figura 3.1 Forças de corte atuando num cortador perfeitamente afiado (a) e com
desgaste (b),(ADACHI et al., 1996).
A componente normal C
nF e tangencial C
SF da força de corte cF que atuam na
face do cortador afiado, podem ser expressas através das equações (3.1) e (3.2).
dAFC
n (3.1)
dAF C
s (3.2)
onde:
C
nF : Componente normal da força de corte
C
sF : Componente tangencial da força de corte
: Razão entre a força normal e tangencial sobre a face do cortador
: Energia específica intrínseca
A : Área da seção transversal do cortador
: Largura do cortador
d : Profundidade de corte
A energia específica intrínseca representa a energia necessária para cortar uma
unidade de volume de rocha. A palavra “intrínseca” significa que essa energia é
25
estritamente usada para cortar a rocha, sem levar em conta a dissipação de energia
associada à superfície de desgaste.
As forças normal e tangencial do cortador podem ser relacionadas através da
equação (3.3), onde definida na equação (3.4) depende do ângulo de atrito na
interface rocha-cortador , e o ângulo de corte que representa a inclinação do
cortador em relação à superfície da rocha a ser cortada (também conhecido como
ângulo de ataque).
C
S
C
n FF (3.3)
)( Tan (3.4)
Para o caso de um cortador com desgaste (vide Figura 3.1(b)), a força F no
cortador é decomposta em dois componentes vetoriais, força de corte cF e a força de
atrito fF que atua através do plano de desgaste do cortador. As componentes normal
f
nF e tangencial f
sF da força de atrito fF são relacionadas pela equação (3.5).
f
n
f
s FF (3.5)
onde:
f
sF : Componente tangencial da força de atrito
f
nF : Componente normal da força de atrito
: Coeficiente de atrito entre a rocha e o cortador
Sendo que é através da equação (3.6), onde representa o ângulo de atrito
interno da rocha.
tan (3.6)
26
Para relacionar os processos de corte puro e atrito a partir das equações (3.1),
(3.2) e (3.5), se estabelece uma relação linear entre as componentes tangencial sF
(equação (3.7)) e normal nF (equação (3.8)) da força total F atuando no cortador.
f
s
c
ss FFF (3.7)
f
n
c
nn FFF (3.8)
Usando as equações (3.2) e (3.5) a equação (3.7) pode-se escrever da seguinte
forma:
f
ns FAF (3.9)
Escrevendo a equação (3.8) e usando a equação(3.1) define-se a componente
tangencial que leva em conta a força de corte puro e a força de atrito, expressa na
equação (3.10).
ns FAF )1( (3.10)
Dividindo a equação (3.10) pela área da secção transversal de corte A é obtida
a equação (3.11) que define a Energia Mecânica Específica total E , onde 0E é uma
constante, na forma:
SESE 0)1( (3.11)
onde:
A
FE s (3.12)
A
FS n (3.13)
sendo que S representa a Resistência à Perfuração.
27
A Figura 3.2 apresenta o esquema bidimensional da Energia Mecânica
Especifica E versus a Resistência à Perfuração S , onde os pontos ao longo da linha
de atrito dependem do plano de desgaste do cortador para o caso de um cortador
retangular (comprimento ,vide Figura 3.3).
Figura 3.2 Esquema bidimensional da Energia Mecânica Especifica E vs Resistência
à Perfuração S , (Modificado de ADACHI et al., 1996).
Figura 3.3 Configuração do cortador com desgaste, (RICHARD, 2012).
Ponto de corte
Linha de atrito
Linha de corte
28
Quando o cortador está perfeitamente afiado, o valor da energia especifica total
E é igual à energia especifica intrínseca , representado como o “ponto de corte” na
interseção com a linha de atrito, cujas coordenadas são definidas nas equações (3.14) e
(3.15).
E (3.14)
S (3.15)
O incremento do plano de desgaste no cortador está relacionado com o
aumento da Energia Mecânica Específica. Por tanto, a eficiência “ ” do processo de
corte em rocha diminui como é mostrado na Figura 3.4, onde para uma mesma
profundidade de corte a energia atinge valores maiores num cortador com desgaste em
comparação a um cortador com desgaste menor.
Figura 3.4 Diagrama E vs S , com resultados experimentais de ensaios feitos com
cortador afiado e com desgaste. (modificado de ADACHI et al., 1996).
A eficiência “ ” é dada pela equação (3.16).
E
(3.16)
29
Posteriormente DETOURNAY e ATKINSON (2000), apresentaram a equação
(3.17) para quantificar a dependência da Energia Mecânica Específica com relação
à pressão de confinamento mP ,obtida através de testes de laboratório numa rocha tipo
folhelho.
mmPE 0 (3.17)
onde:
E : Energia Mecânica Específica
0 : Energia Mecânica Específica em condições atmosféricas
m : Coeficiente de variação da energia especifica com a pressão de confinamento
mP : Pressão de confinamento
Sendo que m é definido pela equação (3.18) baseado na teoria de
MERCHANT (1994), desenvolvida para corte em metais e modificada para corte em
rochas por DETOURNAY e ATKINSON (2000).
)sin(1
)cos(2
senm (3.18)
onde:
: Ângulo de atrito da rocha
: Ângulo de ataque do cortador
: Ângulo de atrito entre a rocha e a face do cortador
Teoricamente o ângulo de atrito entre a rocha e a face do cortador pode ser
calculado pela seguinte equação:
s
n
F
F1tan (3.19)
30
onde:
nF : Componente normal da força de corte
sF : Componente tangencial da força de corte
Por sua vez RAFATIAN et al. (2009), com base em setenta testes de
laboratório feitos em nove amostras de rocha (mármore de Cartago e calcário de
Indiana), sob diferentes pressões de confinamento, determinaram que a Energia
Mecânica Específica usada no processo de corte desses ensaios é igual à relação entre
o trabalho gasto do processo de corte e o volume de rocha cortado, apresentada na
equação (3.20). Além disso, baseando-se no trabalho de PRESSIER et al. (1992),
calcularam a eficiência do processo de corte, assumindo que a Energia Mecânica
Específica mínima sob pressão de confinamento é igual à resistência à compressão
confinada da rocha CCS , como é definida na equação (3.21).
cortadorochadevolume
dxforça
cortadorochadevolume
cortedeprocessonogastotrabalho (3.20)
E
CCS
E
EEficiência min (3.21)
31
4. MODELOS CONSTITUTIVOS
4.1 Introdução
A maioria dos materiais tem uma capacidade para resistir e se recuperar de
deformações produzidas por forças. Esta habilidade é chamada de elasticidade. Ela é a
base para todos os aspectos da mecânica das rochas. Existe uma relação linear entre as
forças externas e as suas correspondentes deformações, essa relação está governada
pela lei de Hooke. Quando os materiais não recuperam seu estado inicial após de ser
submetidos a um carregamento, esta propriedade é chamada de plasticidade, que é um
conceito que descreve o desenvolvimento da deformação não elástica de um material.
As rochas apresentam um comportamento complexo cujo estudo das tensões e
deformações no processo da fratura resulta um grande desafio para a engenharia, no
entanto, teorias existentes como a teoria da elasticidade e plasticidade, usadas para
materiais de comportamento bem definido, como os metais, são adequadas para
caracterizar o comportamento das rochas. Na modelagem do processo de corte em
rocha, é fundamental saber escolher um modelo que tenha uma boa aproximação do
comportamento real do material a modelar.
A seguir, será apresentado o modelo constitutivo elastoplástico associado ao
critério de falha de Drucker-Prager, para caracterizar o carbonato utilizado neste
trabalho. O uso deste critério de falha, que leva em consideração as três tensões
principais, deve-se a que na literatura vários autores como COLMENARES e
ZOBACK (2002), GADDE e RUSNAK (2008), JIANG e XIE (2011) e DESCAMPS
et al. (2012) demostraram que além da tensão principal máxima ( 1 ) e mínima( 3 ) , a
tensão principal intermediria ( 2 ) também tem influência na resistência da rocha.
Na parte final deste capítulo são abordados os conceitos associados a um
modelo de dano isotrópico, para representar o processo de degradação da rocha
utilizada neste trabalho.
32
4.2 Modelo Constitutivo Elastoplástico
Os parâmetros da rocha envolvidos no modelo constitutivo elastoplástico
descrevem suas propriedades elásticas, como o modulo de Young (E) e o coeficiente
de Poisson (ѵ); determinam sua resistência, como a coesão (c) e o ângulo de atrito (φ)
e controla sua expansão volumétrica, como o ângulo de dilatância (Ψ). A teoria da
plasticidade se estabelece ao redor de três elementos fundamentais: superfície de
escoamento, lei de endurecimento ou degradação e lei de fluxo.
4.2.1 Superfície de Escoamento
O critério de plastificação ou escoamento, denominada de “f”, define o limite
entre o estado elástico e o estado plástico do material, ou seja, o espaço de tensões
onde o fluxo plástico inicia. A função “ f ” pode ser definida por:
)( ijff (4.1)
onde:
ij : Tensor de tensões simétrico
Para f<0, o comportamento do material é elástico, quando f=0, o
comportamento do material é plástico. A superfície de plastificacão (vide Figura 4.1)
para o modelo linear de Drucker-Prager esta definida através das equações (4.2) a
(4.6) (ABAQUS, 2010).
0tan cptf (4.2)
onde:
c : Coesão do material
: Ângulo de atrito do material
p : Tensão hidrostática
33
Figura 4.1 Modelo linear da superfície de escoamento
(modificado de ABAQUS, 2010).
onde t é definido pela seguinte equação,
3
11
11
2
1
q
r
KKqt (4.3)
onde:
q : Tensão equivalente de Von Mises
K : Relação entre a resistência à tração e à compressão no ensaio triaxial
r : Terceiro invariante da componente desviadora das tensões
A tensão equivalente de Von Mises é definida como:
2
31
2
32
2
212
1 q (4.4)
onde:
1 : Tensão principal máxima
2 : Tensão principal intermediaria
3 : Tensão principal mínima
c
34
3/1
13312321
2
222
r (4.5)
A tensão hidrostática é dada por:
3
321 p (4.6)
A Figura 4.2, apresenta uma superfície de escoamento típica de um modelo
linear de Drucker-Prager no plano desviador. Neste gráfico, observa-se que K
modifica a forma da superfície de escoamento, e para garantir que a superfície de
plastificação mantenha sua convexidade requer-se que 0.78 <K <1.
Figura 4.2 Superfície de escoamento do modelo linear Drucker-Prager
(modificado de ABAQUS, 2010).
4.2.2 Lei de Endurecimento ou Degradação
A lei de endurecimento ou degradação indica como o limite de escoamento
varia conforme à deformação plástica. Se a função de escoamento “ f ” não apresenta
mudanças, o material é perfeitamente plástico, mas se a tensão de escoamento aumenta
com o aumento da deformação plástica, o material apresenta endurecimento já a
35
degradação tem um comportamento onde a tensão de plastificacão diminui com o
aumento das deformações plásticas. Na Figura 4.3 ilustra-se a comparação entre os
modelos de comportamento perfeitamente plástico, endurecimento e degradação.
Figura 4.3 Modelos lei de endurecimento-degradação
(Modificado de ABAQUS, 2010).
A função de escoamento “ f ” não depende somente das tensões, também das
deformações plásticas do material, definida na equação (4.7)
0, p
ijijf (4.7)
onde:
ij : Tensor de tensões simétrico
p
ij : Tensor das deformações plásticas
O endurecimento ou degradação com isotropia acontece quando a superfície de
plastificação aumenta ou diminui de tamanho em relação à origem, mantendo a forma,
centro e orientação. Quando a superfície de escoamento desloca-se mantendo o
tamanho e a forma, chama-se de endurecimento cinemático. A Figura 4.4 apresenta
estes dois comportamentos.
Endurecimento
Perfeitamente Plástico
Degradação
36
Figura 4.4 Comparação entre o endurecimento isotrópico e o endurecimento
cinemático (AGUIAR, 2011).
4.2.3 Lei de Fluxo
Quando o estado de tensões atinge a função de plastificação “f”, o material
sofre deformações plásticas, a lei de fluxo relaciona os incrementos dessas tensões
com os incrementos das deformações plásticas. Quando os incrementos da
deformação plástica são normais à superfície de escoamento, a lei de fluxo é chamada
de associada, expressa através da equação (4.8)
.
ij
p
ij
fd
(4.8)
onde:
p
ijd : Componentes dos incrementos da deformação plástica
: Parâmetro de escoamento
No caso das rochas, é comum que o vetor das deformações plásticas não seja
normal à superfície de escoamento, assim uma lei de fluxo não associada é aplicável
para calcular os incrementos das deformações plásticas nos materiais rochosos. Nesta
lei de fluxo o vetor das deformações plásticas é normal a uma nova superfície,
chamada de superfície de potencial plástico, definida pela função “g” e expressa
através da equação (4.9).
ij
p
ij
gd
(4.9)
37
onde g é a função de potencial plástico e esta definida através da relação mostrada na
equação (4.10).
0, p
ijijg (4.10)
A Figura 4.5 apresenta um esquema da lei de fluxo, onde o fluxo associado
apresenta-se quando o vector de escoamento plástico p
ijd é normal à superfície de
plastificacão linear, ou seja, quando o ângulo de dilatância “ ” e o ângulo de atrito “
” sejam iguais ( = ), e o fluxo não associado acontece quando . A
dilatância é um fenômeno que descreve o deslizamento entre as superfícies das
fissuras da rocha pela ação de uma tensão cisalhante e, consequentemente, a abertura
delas e o aumento no volume do material.
Figura 4.5 Lei de fluxo associado e não associado
(Modificado de ABAQUS, 2010).
O potencial plástico está definido através deste parâmetro, através da
equação (4.11).
tanptg (4.11)
38
4.3 Modelo de dano da rocha
Segundo LEMAITRE e DESMORAT (2005), o dano no sentido mecânico de
um material sólido é o inicio e crescimento de microvazios ou microfissuras, os quais
são descontínuos num meio considerado como contínuo na macroescala. A Figura 4.6
apresenta um corpo danificado e um elemento representativo do volume (RVE),
orientado num plano definido por sua normal, onde S é a área da interseção do plano
com o RVE, DS área com microfissuras em S .
Figura 4.6 Definição do dano
(Modificado de LEMAITRE e DESMORAT 2005).
O dano isotrópico representado pela variável escalar “ D ” não depende de
“ n
”, ou seja, o comportamento mecânico das microfissuras independe da direção, e é
definido através da equação a seguir,
S
SD D
(4.12)
Portanto, a variável “ D ” assume valores entre 0 e 1 ( 10 D ), sendo que
0D o material não esta danificado, e 1D o material esta totalmente danificado.
Considerando uma força axial “ F ” atuando no RVE, a tensão uniaxial é
definida por:
39
S
F
(4.13)
A tensão efetiva é obtida considerando apenas a área total menos a área das
microfissuras e microporos ( DSS ), expressa na equação (4.14).
)( DSS
F
(4.14)
Finalmente introduzindo a variável de dano “ D ” a tensão efetiva é definida na
seguinte equação,
)1( D
(4.15)
Seguindo o principio da deformação equivalente proposta por LEMAITRE
(1971), que estabelece que a deformação associada a um estado danificado sob uma
tensão é equivalente à deformação associada ao estado virgem sob ação da tensão
efetiva. Desse modo podemos definir as deformações equivalentes para um material
sem dano (equação (4.16)) e para um material danificado (equação (4.17)).
E
(4.16)
DEDEE
)1( (4.17)
A seguir, descreve-se o processo do comportamento das fissuras de uma rocha
submetida a um ensaio de compressão triaxial apresentado por GOODMAN (1989) e
ilustrado na Figura 4.7, cuja curva de tensão-deformação mostra as seguintes regiões:
a região I apresenta o fechamento das microfissuras preexistentes, o comportamento
do material é totalmente linear; a região II é uma zona de comportamento linear
elástico; a região III é caracterizada pelo surgimento de novas fissuras que juntamente
com as fissuras preexistentes, propagam-se paralelas à direção da tensão principal
40
maior (σ1 ) ate atingir o ponto máximo (D) na região IV; na região V as microfissuras
unem-se formando macrofissuras, zona que é caracterizada pela perda de resistência e
falha do material, e finalmente na região VI apresenta-se o deslizamento das
macrofissuras, o seja, a degradação total do material.
Figura 4.7 Tensão vs deformação de uma rocha submetida à compressão triaxial
(Modificado de GOODMAN, 1989).
Segundo MARTIN (1993), na região III (vide Figura 4.7), o material começa a
ter pequenas deformações plásticas e define nesse lugar o ponto de inicio do dano.
Este ponto é definido por 0y (tensão no inicio do dano) na Figura 4.8, onde 0D
e tem uma deformação plástica equivalente pl
0 . Após do inicio do dano 0D , e
logo após de atingir a tensão máxima m o material começa a perder resistência,
iniciando-se o processo de degradação do material até alcançar o dano total 1D e
uma deformação plástica equivalente final pl
f .
41
Figura 4.8 Curva de tensão-deformação com material danificado
(Modificado de ABAQUS, 2010).
No ABAQUS 6.10®, o valor de pl
f depende da longitude característica do
elemento da malha e não pode ser usada como um parâmetro do material para a
especificação da lei da evolução do dano. A lei da evolução do dano pode ser definida
em termos do deslocamento plástico equivalente pl
fu ou também em termos da
dissipação da energia na falha fG . Neste trabalho o critério usado para definir a
evolução do dano foi baseado em termos de pl
fu .
42
5. MODELO NUMÉRICO
5.1 Introdução
O processo de corte em rocha é uma tarefa complexa devido ao grande numero
de parâmetros envolvidos na perfuração, além das propriedades elastoplásticas e
mecânicas da rocha que definem a falha da mesma. Neste capítulo, serão apresentados
os aspectos e características do modelo numérico desenvolvido neste trabalho,
fundamentado no método dos elementos finitos usando o programa comercial
ABAQUS 6.10®, destinado à análise numérica do processo de corte em rocha por um
cortador afiado de uma broca tipo PDC.
5.1.1 Solução explicita
O software de elementos finitos ABAQUS 6.10® usado neste trabalho oferece
dois métodos de integração no tempo: implícito (ABAQUS 6.10®/Standard) e
explícito (ABAQUS 6.10®/Explicit).
O ABAQUS 6.10®/Standard é o método de integração mais geral deste
programa, com ele e possível resolver problemas lineares e não lineares de forma
implícita, ou seja, o sistema de equações diferenciais é resolvido a cada incremento do
processo de solução de um problema qualquer. Isso significa que a solução é mais
exata, embora o custo computacional seja elevado, devido ao grande numero de
iterações que tem que fazer para obter a solução, por isso este método de integração é
indicado principalmente em problemas que envolvem pouca não-linearidade.
Por sua vez, o modulo do ABAQUS 6.10®/Explicit usa um método de
integração direta, ou seja, sem iterações o que permite a solução de problemas que tem
grandes deformações e deslocamentos de uma forma mais eficiente em termos do
custo computacional. Este método facilita a convergência em alguns casos de não
linearidade porque elimina a necessidade de processos iterativos.
43
Neste trabalho foi utilizado o modulo ABAQUS 6.10®/Explicit baseado em
experiências de trabalhos apresentados por ARRAZOLA e ÖZEL (2010), COGOLLO
(2011), MARTINEZ (2012, 2013) e ZHOU (2013) de modelos numéricos do processo
de corte em rocha que sugerem um método de integração explicita para problemas não
lineares.
5.1.2 Contato Rocha-Cortador
O modelo de contato entre o cortador e a rocha foi definido no ABAQUS 6.10®
através do algoritmo CONTACT PAIR. O uso desse algoritmo requer que previamente
seja individualmente selecionada e discretizada a superfície da rocha e do cortador que
vão interagir. No caso do cortador a superfície foi definida como uma superfície
Mestre “Master”, e para a rocha foi definida sua superfície como uma superfície
Escrava “Slave”, juntas vão criar novas condições de contorno para a análise do
modelo. A superfície Mestre deve ter maior rigidez que a superfície Escrava, pois
esta vai liderar a aplicação do contato, vai influenciar no comportamento da superfície
Escrava.
Para discretizar as superfícies de contato, existem duas técnicas Nó-Superfície
(N-S) e Superfície-Superfície (S-S). A técnica de discretização Nó-Superfície (N-S)
leva em consideração o contato entre a superfície Mestre e os nós dos elementos da
superfície Escrava, os nós das superfície Escrava são restringidos para não penetrar na
superfície Mestre, enquanto os nós da superfície Mestre podem penetrar na superfície
Escrava. Isso implica que a malha da superfície Escrava deva ter um maior
refinamento e evitar assim estas possíveis intromissões da superfície Mestre.
A técnica de discretização Superfície-Superfície (S-S), tem uma melhor
convergência entre as superfícies de contato, tem menos probabilidade de penetrações
da superfície Mestre na superfície Escrava, mas continua sendo recomendável um
maior refinamento da superfície Escrava. Neste trabalho foi escolhida esta técnica
para definir a superfície de contato rocha-cortador por ter um melhor rendimento e
precisão que a técnica (N-S). A Figura 5.1 ilustra o cortador como superfície Mestre e
a rocha como superfície Escrava.
44
Figura 5.1 Discretização das superfícies de contato.
5.2 Estudo de caso
A seguir são apresentadas as características geométricas, propriedades dos
materiais e generalidades do modelo de elementos finitos usando o software
ABAQUS 6.10®. São apresentados também os diversos carregamentos analisados para
diferentes condições de confinamento, ângulo e profundidade de corte.
5.2.1 Geometria do modelo
A Figura 5.2 mostra o esquema geral do modelo bidimensional do cortador e
da rocha deste estudo de caso. As dimensões do cortador foram baseadas no catálogo
de brocas da BAKER HUGHES (2009), já as dimensões da rocha são
aproximadamente 8
1 do arco de uma amostra circular de rocha comumente usada
num ensaio de cortador único (single cutter) mostrado na Figura 5.3, tendo em conta
as recomendações apresentadas no trabalho de ZHOU et al. (2012). Os detalhes das
dimensões são apresentados na Tabela 5.1.
Superfície Escrava
Superfície Mestre
45
Figura 5.2 Esquema do modelo bidimensional do processo de corte em rocha.
Figura 5.3 Amostra circular de rocha comumente usada num ensaio de cortador único
(single cutter).
Tabela 5.1– Dados da geometria do modelo
Corpo Altura
(mm)
Largura
(mm)
Cortador 13 3.5
Rocha 25 5
Rocha
Cortador
25mm
5mm
13m
m
Ângulo
de
corte
3.5mm
Profundidade
de corte
25mm
50m
m
32m
m
Amostra circularde rocha
45°
46
Como mencionado anteriormente, com a finalidade de avaliar a influencia da
mudança do ângulo de corte na energia mecânica especifica (MSE), foram construídos
modelos com quatro ângulos de corte “θ” (ângulo de ataque) diferentes; 10, 15, 20 e
30 graus os quais são mostrados na Figura 5.4.
Figura 5.4 Variação do ângulo de corte “θ”, a) θ=10°, b) θ=15°, c) θ=20° e d) θ=30°.
θ=15°
θ=20°
θ=30°
θ=10°
Rocha
Cortador
Ângulo de corte
Rocha
Cortador
Rocha
Cortador
Rocha
Cortador
a)
b)
c)
d)
Ângulo de corte
Ângulo de corte
Ângulo de corte
47
5.2.2 Condições de contorno e carregamentos
As condições de contorno do modelo bidimensional são apresentadas na
Figura 5.5. Na parte inferior da rocha foram restritos os deslocamentos horizontal e
vertical, além das rotações, já o cortador foi restrito o deslocamento no sentido vertical
e as rotações, permitindo unicamente deslocar-se no sentido horizontal a uma
velocidade constante de 1 m/s. Nos nós da parte posterior do cortador foram colocados
apoios para o cálculo das forças de corte em ambas componentes (horizontal e
vertical). Nas paredes do corpo da rocha é aplicada uma força uniformemente
distribuída que representa a pressão exercida pelo fluido de perfuração no poço.
Figura 5.5 Condições de contorno e carregamentos do modelo bidimensional
cortador - rocha.
Para avaliar a influência das diversas variáveis envolvidas no processo de corte
em rocha, foram realizados 64 casos de analises sob diferentes condições de carga,
variando primeiramente o ângulo de ataque θ (vide Figura 5.4), para quatro diferentes
profundidades de corte (0.15, 0.30, 0.60 e 1.20mm) mostradas graficamente na Figura
5.6 e quatro diferentes pressões de confinamento (0, 5, 10 e 20MPa). Os detalhes dos
carregamentos são apresentados na Tabela 5.2.
CORTADOR
ROCHA
DESLOCAMENTO HORIZONTAL (v =1m/s)
PRESSÃO DE CONFINAMENTO
48
Figura 5.6 Profundidades de corte analisadas, a) 0.15, b) 0.30, c) 0.60 e d) 1.2mm.
Cortador
0.3mm
Rocha
Cortador
0.15mm
Profundidadede
corte
Superfície de corte
a)
b)
c)
d)
Rocha
Cortador
Rocha
Cortador
1.2mm
Rocha
0.6mm
Superfície de corte
Superfície de corte
Superfície de corte
Profundidadede
corte
Profundidadede
corte
Profundidadede
corte
49
Tabela 5.2 – Casos analisados
Caso Ângulo
de Corte
θ (°)
Profundidade
de Corte
(mm)
Pressão
Confinante
(Mpa)
01_A10_P015_0PC
10
0.15
0
02_A10_P015_5PC 5
03_A10_P015_10PC 10
04_A10_P015_20PC 20
05_A10_P030_0PC
0.3
0
06_A10_P030_5PC 5
07_A10_P030_10PC 10
08_A10_P030_20PC 20
09_A10_P060_0PC
0.6
0
10_A10_P060_5PC 5
11_A10_P060_10PC 10
12_A10_P060_20PC 20
13_A10_P120_0PC
1.2
0
14_A10_P120_5PC 5
15_A10_P120_10PC 10
16_A10_P120_20PC 20
17_A15_P015_0PC
15
0.15
0
18_A15_P015_5PC 5
19_A15_P015_10PC 10
20_A15_P015_20PC 20
21_A15_P030_0PC
0.3
0
22_A15_P030_5PC 5
23_A15_P030_10PC 10
24_A15_P030_20PC 20
25_A15_P060_0PC
0.6
0
26_A15_P060_5PC 5
27_A15_P060_10PC 10
28_A15_P060_20PC 20
29_A15_P120_0PC
1.2
0
30_A15_P120_5PC 5
31_A15_P120_10PC 10
32_A15_P120_20PC 20
50
Tabela 5.2 – Casos analisados (continuação)
Caso
Ângulo
de Corte
θ (°)
Profundidade
de Corte
(mm)
Pressão
Confinante
(Mpa)
33_A20_P015_0PC
20
0.15
0
34_A20_P015_5PC 5
35_A20_P015_10PC 10
36_A20_P015_20PC 20
37_A20_P030_0PC
0.3
0
38_A20_P030_5PC 5
39_A20_P030_10PC 10
40_A20_P030_20PC 20
41_A20_P060_0PC
0.6
0
42_A20_P060_5PC 5
43_A20_P060_10PC 10
44_A20_P060_20PC 20
45_A20_P120_0PC
1.2
0
46_A20_P120_5PC 5
47_A20_P120_10PC 10
48_A20_P120_20PC 20
49_A30_P015_0PC
30
0.15
0
50_A30_P015_5PC 5
51_A30_P015_10PC 10
52_A30_P015_20PC 20
53_A30_P030_0PC
0.3
0
54_A30_P030_5PC 5
55_A30_P030_10PC 10
56_A30_P030_20PC 20
57_A30_P060_0PC
0.6
0
58_A30_P060_5PC 5
59_A30_P060_10PC 10
60_A30_P060_20PC 20
61_A30_P120_0PC
1.2
0
62_A30_P120_5PC 5
63_A30_P120_10PC 10
64_A30_P120_20PC 20
51
5.2.3 Propriedades dos materiais
Na Tabela 5.3, são apresentadas as propriedades elastoplásticas e de resistência
da rocha modelada baseadas no ensaio triaxial mostrado na Figura 5.7 realizado por
DESCAMPS (2012).
Tabela 5.3 – Propriedades da rocha
CARBONATO
Densidade (kg/m3) 2400
Modulo de Young (GPa) 7.14
Coeficiente de Poisson 0.25
Resistência à compressão não Confinada (MPa) 46.52
Ângulo de Atrito no plano p-t (β) 39.14
Ângulo de dilatância (ψ) 5.25
Relação entre a tensão de plastificação em tração e
0.79 compressão triaxial (K)
Figura 5.7 Ensaio triaxial, curva tensão versus deformação (DESCAMPS, 2012).
52
As propriedades físicas do cortador foram tomadas do trabalho apresentado por
CAO et al. (2006) e são detalhadas na Tabela 5.4.
Tabela 5.4 – Propriedades do cortador
CORTADOR PDC
Densidade (kg/m3) 3830
Modulo de Young (GPa) 890
Coeficiente de Poisson 0.07
5.2.4 Malhas utilizadas
Todos os modelos foram desenvolvidos usando uma formulação Lagrangeana
na malha dos elementos. Os elementos utilizados para a geração da malha são
contínuos bidimensionais, lineares, quadrilaterais com número fixo de quatro nós do
tipo CPE4R segundo a notação usada pelo programa ABAQUS 6.10® e mostrado na
Figura 5.8 . Estas siglas são a abreviatura das seguintes características do elemento:
Contínuo (C), deformação plana (PE), com quatro nós (4) e integração reduzida com
controle de hourglass (R).
Figura 5.8 Elemento finito tipo CPE4R, ABAQUS 6.10® (2010).
A Tabela 5.5 apresenta as características das malhas empregadas
53
Tabela 5.5 – Características da malha do modelo 2D.
Parte Nós Elementos
Cortador 96 75
Rocha 7035 6800
Total 7131 6875
Na Figura 5.9 é mostrado em forma geral a malha do modelo 2D. Na
Figura 5.10 mostra o detalhe do refinamento da malha na parte superior da rocha
(área de corte) onde acontece a maior concentração de tensões devido ao contato entre
o cortador e a rocha, as dimensões dos elementos nessa região (d1) são de
0.125x0.062mm. Já na região (d2) os elementos da malha têm dimensões de altura
variável de 0,086 a 0,0806mm e comprimento de 0,125mm.
Figura 5.9 Modelo bidimensional do processo de corte em rocha.
54
Figura 5.10 Detalhe do refinamento da malha do modelo 2D.
ROCHA
CORTADOR
SUPERFÍCIE DE CORTE,
(malha refinada)
d1
d2
55
6. ANÁLISES DOS RESULTADOS
A seguir são apresentados os principais resultados dos 64 casos de analise
mostrados na Tabela 5.2. As forças de corte obtidas da modelagem numérica foram
usadas para o cálculo da Energia Mecânica Especifica através da equação (3.20)
proposta por RAFATIAN (2009). Parte dos resultados foram comparados com o
modelo analítico desenvolvido por DETOURNAY e ATKINSON (2000) para o
cálculo da MSE, apresentado no Capítulo 3.
A analise do comportamento da Energia Mecânica Especifica em função dos
parâmetros pressão de confinamento, profundidade e ângulo de corte, serão
apresentados e comparados com os encontrados na literatura e abordados no
Capítulo 2.
Profundidade de Corte
As Figuras 6.1 a 6.3 ilustram o histórico da componente horizontal e vertical
da força de corte, ao longo da trajetória do deslocamento do cortador em condições
atmosféricas, para um ângulo de corte de 20° e profundidades de 0.3, 0.6 e 1.20mm
respetivamente. Como é de esperar-se, a componente da força horizontal apresenta
valores maiores que a componente de força vertical, devido à inclinação do cortador
em relação à superfície da rocha, expressa na equação (3.3).
Nestes gráficos, as quedas dos valores das forças, devem-se à ausência de
elementos na frente do cortador depois de ser removidos da superfície da rocha, ou
seja, o cortador fica sem contato com a rocha, sem nenhuma força de resistência ao
movimento. Pode-se observar que o espaçamento entre os picos máximos e mínimos
das forças nas series oscilatórias, é maior a medida que a profundidade de corte
aumenta, isto deve-se ao tamanho dos fragmentos do material cortado, que também
aumentam com o acréscimo da profundidade, o que diminui o contato continuo entre o
cortador e a rocha. Note-se também que as forças no cortador aumentam quando a
56
profundidade de corte incrementa-se. Estes comportamentos da força de corte são
similares aos mostrados nos trabalhos de KAITKAY (2005), RAFATIAN (2010),
COGOLLO (2011), MARTINEZ (2012) e ZHOU (2013).
Figura 6.1 Forças de corte para uma profundidade de 0.30mm com ângulo de corte de
20°, sem pressão de confinamento.
Figura 6.2 Forças de corte para uma profundidade de 0.60mm com ângulo de corte de
20°, sem pressão de confinamento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025
F (
kN
/m)
Deslocamento horizontal do cortador (m)
Forças no Cortador
Ang_20_Conf_0MPa_Prof_0.3mm
Fy Fx
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025
F (
KN
/m)
Deslocamento horizontal do cortador (m)
Forças no Cortador
Ang_20_Conf_0MPa_Prof_0.6mm
Fy Fx
57
Figura 6.3 Forças de corte para uma profundidade de1.20mm com ângulo de corte de
20°, sem pressão de confinamento.
As Figuras 6.4 a 6.6 mostram o modelo realizado no programa
ABAQUS 6.10® do processo de corte em rocha, detalhando a degradação da rocha em
termos do índice SDEG, que assume valores entre 0 e 1, onde 0 indica o inicio do
dano do material e 1 a perda total da resistência do mesmo, momento no qual o
elemento é removido da malha.
Pode-se apreciar que para profundidades menores que 1mm, o modelo
reproduz a acumulação do material pulverizado na frente do cortador, modo de falha
dúctil, comportamento que não acontece para o modo de falha frágil, ou seja, para
profundidades acima de 1mm, onde o material é removido em blocos de acordo com
RICHARD et al. (1998, 2012).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025
F (
kN
/m)
Deslocamento horizontal do cortador (m)
Forças no Cortador
Ang_20_Conf_0MPa_Prof_1.2mm
Fy Fx
58
Figura 6.4 Processo de corte em rocha no modelo de elementos finitos numa
profundidade de 0.30mm com ângulo de corte 20° sem pressão de confinamento.
Figura 6.5 Processo de corte em rocha no modelo de elementos finitos numa
profundidade de 0.60mm com ângulo de corte 20° sem pressão de confinamento.
59
Figura 6.6 Processo de corte em rocha no modelo de elementos finitos numa
profundidade de 1.20mm com ângulo de corte 15° sem pressão de confinamento.
O gráfico da Figura 6.7 apresenta o trabalho mecânico acumulado do cortador
para as quatro profundidades de corte analisadas, lembrando que o trabalho mecânico
é calculado através da integração da curva da força horizontal de corte expressa na
equação (3.20).
Observa-se que o trabalho necessário para cortar a rocha aumenta com o
incremento da profundidade de corte. A linha horizontal no segmento final do gráfico
indica que o ultimo trecho da rocha teve um desprendimento devido às condições de
contorno lateral, que cresce em função do incremento na profundidade de corte.
Pode-se ressaltar que para profundidades de 0.6 e 1.2mm, a linha apresenta um
traço com pequenas ondulações que se acentuam com o aumento da profundidade de
corte. Isso devido ao incremento do tamanho dos fragmentos de rocha cortados, como
já foi falado que aumenta com a profundidade de corte.
60
Figura 6.7 Trabalho Mecânico Acumulado para diferentes profundidades de corte
com ângulo de corte de 15°, sem pressão de confinamento.
Conforme a RAFATIAN (2009) a Energia Mecânica Especifica é o resultado
de dividir o trabalho mecânico pelo volume de corte acumulado, na Figura 6.8 é
apresentado a serie temporal da MSE para um cortador com ângulo de corte 15°, a
diferentes profundidades de corte sem pressão de confinamento. Como pode ser
observado, a Energia Mecânica Especifica diminui com o aumento da profundidade de
corte, isso decorre do fato da área de corte transversal aumentar com a profundidade
de corte. Neste gráfico é possível observar que para uma profundidade de 0.15mm a
energia gasta (69 Mpa), é aproximadamente o dobro da MSE requerida para uma
profundidade de 1.20mm (35 Mpa). Também observa-se que a diferença da MSE
para as profundidades de corte de 0.6 e 1.20mm é imperceptível, a razão disso, é o fato
de que a Energia Mecânica Especifica estabiliza-se ao atingir uma profundidade de
corte limite onde as variações da MSE é mínima.
Também e possível observar neste gráfico que a Energia Mecânica Especifica
estabiliza-se aos 5mm de trajetória percorrida pelo cortador sobre a superfície da
rocha, isto acontece para todos os casos de analise, o que sugere que o modelo
numérico desenvolvido neste trabalho consegue aproximar a MSE e que não é
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025
Tra
bal
ho
mec
ânic
o (
kN
/m*m
)
Deslocamento horizontal do cortador (m)
Trabalho Mecânico Acumulado
Ang_15_Conf_0MPa_Profundidade variável
Prof._0.15mm Prof._0.30mm
Prof._0.60mm Prof._1.20mm
61
necessário modelar uma rocha com um comprimento maior, sempre que o objetivo
seja avaliar a Energia Mecânica Especifica.
O comportamento destes resultados concordam com os apresentados por
ADACHI et al. (1996), DAGRAIN et al. (2001), ZHANG et al. (2011), PEI (2012) e
RAJABOV (2012).
Figura 6.8 Energia especifica mecânica para diferentes profundidades de corte com
ângulo de corte de 15°, sem pressão de confinamento.
Assim como a Energia mecânica especifica (MSE) depende da força horizontal
de corte, a Resistencia à Perfuração ( S ) é função da componente vertical de corte
(DETOURNAY e DEFOURNY, 1992). As Figuras 6.9 a 6.12 mostram a relação
entre a MSE e ( S ) para diferentes profundidades e ângulos de corte em condições
atmosféricas, os valores desses resultados são expressos na Tabela 6.1. Como pode ser
observado existe uma relação linear entre estas duas variáveis, sendo que, a resistência
à perfuração é maior em profundidades de corte menores. Nota-se que ao incrementar
o ângulo de ataque “back rake”, a Resistencia à Perfuração aumenta
significativamente, por exemplo, para uma profundidade de 0.15mm, o valor da
resistência à perfuração para um ângulo de ataque de 30° é aproximadamente três
vezes maior comparado com um ângulo de corte de 10°.
0
50
100
150
200
250
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025
MS
E (
MP
a)
Deslocamento horizontal do cortador (m)
Energía Específica Mecânica
Ang_15_Conf_0MPa_Profundidade variável
Prof._0.15mm Prof._0.30mm
Prof._0.60mm Prof._1.20mm
62
É importante ressaltar que a medida que a profundidade de corte aumenta a
Resistencia à Perfuração diminui, embora a diferença dos incrementos relativos para
uma profundidade de corte dada seja mas notória para profundidades de corte maiores
quando o ângulo de ataque incrementa-se, assumindo valores até quatro vezes a mais.
Tabela 6.1 – MSE vs Resistencia à perfuração (S), sem pressão confinante.
Energia Mecânica Especifica (MPa) vs Resistencia à Perfuração (MPa)
Profundidade
de corte
(mm)
0.15 0.30 0.60 1.20
Ângulo de
corte (°)
MSE
(MPa)
S
(MPa)
MSE
(MPa)
S
(MPa)
MSE
(MPa)
S
(MPa)
MSE
(MPa)
S
(MPa)
10 60.75 21.95 42.26 10.66 37.01 7.70 31.28 5.67
15 68.66 33.03 47.32 17.68 35.15 11.50 34.27 10.46
20 83.83 46.69 51.18 24.64 41.09 15.25 38.04 13.80
30 84.47 60.56 52.08 33.85 47.85 27.56 40.41 23.92
Figura 6.9 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 10° e sem pressão de
confinamento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 10 20 30 40 50 60 70
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Resistência à Perfuração (MPa)
Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração,
Ângulo de corte 10°, sem pressão de confinamento
P=0.15mm
P=0.60mm
P=1.20mm
P=0.30mm
63
Figura 6.10 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 15° e sem pressão de
confinamento.
Figura 6.11 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 20° e sem pressão de
confinamento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 10 20 30 40 50 60 70
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Resistência à Perfuração (MPa)
Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração,
Ângulo de corte 15°, sem pressão de confinamento
P=0.15mm
P=0.60mm
P=1.20mm
P=0.30mm
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 10 20 30 40 50 60 70
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Resistência à Perfuração (MPa)
Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração,
Ângulo de corte 20°, sem pressão de confinamento
P=0.15mm
P=0.60mm
P=1.20mm
P=0.30mm
64
Figura 6.12 Relação da Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 30° e sem pressão de
confinamento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 10 20 30 40 50 60 70
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Resistência à Perfuração (MPa)
Energia Especifica Mecânica vs Resistência à Perfuração,
Ângulo de corte 30°, sem pressão de confinamento
P=0.15mm
P=0.60mm
P=1.20mm
P=0.30mm
65
Pressão de confinamento
A Tabela 6.2 apresenta o resumo dos resultados obtidos para a força media
avaliada para diferentes pressões de confinamento, profundidade e ângulo de corte.
Pode-se observar um incremento das forças entre 75% e 134%, com relação ao
acréscimo da pressão confinante indo de condições atmosféricas ate 20MPa. As
Figuras 6.13 a 6.16, apresentam graficamente um resumo das forças médias de corte
em função da pressão de confinamento, onde e possível observar o incremento das
forças em forma linear com o aumento da pressão confinante.
Tabela 6.2 – Força media de corte para diferentes pressões de confinamento,
profundidade e ângulo de corte.
Força média de corte (kN)
Ângulo de
corte (°)
Profundidade
de corte (mm)
Pressão confinante (MPa) Incremento
em função do
confinamento
%
0 5 10 20
Fx (kN) Fx (kN) Fx (kN) Fx (kN)
10
0.15 8.99 11.26 13.66 16.40 82
0.30 12.34 16.66 22.27 27.66 124
0.60 20.87 27.96 31.83 44.30 112
1.20 34.73 45.58 53.00 76.16 119
15
0.15 9.50 12.85 15.11 19.43 104
0.30 13.16 18.22 20.75 25.99 97
0.60 19.42 29.33 35.95 45.40 134
1.20 38.01 47.14 60.72 72.30 90
20
0.15 10.53 12.67 15.04 18.78 78
0.30 13.28 16.78 19.92 24.61 85
0.60 22.29 29.27 37.68 47.57 113
1.20 40.56 50.58 67.79 83.94 107
30
0.15 9.60 13.31 14.42 19.47 103
0.30 14.23 18.58 20.58 29.17 105
0.60 25.03 30.83 38.00 53.82 115
1.20 43.84 54.39 69.24 83.60 91
66
Figura 6.13 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 10°.
Figura 6.14 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 15°.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 5 10 15 20
Fx M
édia
(k
N)
Pressão Confinante (MPa)
Força Média vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 10°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 5 10 15 20
Fx M
édia
(k
N)
Pressão Confinante (MPa)
Força Média vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 15°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
67
Figura 6.15 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 20°.
Figura 6.16 Variação da Força Média no Cortador vs Pressão de Confinamento para
diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 30°.
Em relação a os valores médios da Energia Mecânica Especifica, a Tabela 6.3
e as Figuras 6.17 a 6.20 apresentam uma comparação entre os valores obtidos. Como
pode ser observado a Energia Mecânica Especifica (MSE) aumenta em forma quase
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 5 10 15 20
Fx M
édia
(k
N)
Pressão Confinante (MPa)
Força Média vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 20°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 5 10 15 20
Fx M
édia
(k
N)
Pressão Confinante (MPa)
Força Média vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 30°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
68
linear com o incremento da pressão confinante e ao mesmo tempo diminui quando a
profundidade de corte cresce. Este aumento da MSE é devido à rocha ganhar
resistência em condições de confinamento. O incremento da MSE em função da
pressão de confinamento chega a ser acima de duas vezes o valor em condições
atmosféricas, já o decremento em função da profundidade de corte é da ordem de 50%.
Este comportamento da MSE obtido das analises numéricas, tem sido similar a
diversos trabalhos apresentados por ZIJSLING (1987), DETOURNAY et al. (2002,
2012), KAITKAY e LEI (2004), RAFATIAN et al. (2009,2010), RAJABOV (2012),
COGOLLO (2011), (MARTINEZ (2012, 2013).
Pode-se observar que para o caso da profundidade de corte de 0.30mm, ângulo
de ataque de 15° e em condições atmosféricas foi obtido um valor da Energia
Mecânica Especifica media de 47.32MPa, este valor e muito próximo ao valor da
resistência à compressão não confinada (UCS) obtida através do ensaio triaxial feito
por DESCAMPS (2012) de 46.5 MPa, o que indica que para estas condições têm-se a
maior eficiência no processo de corte da rocha.
Esta condição da MSE em condições atmosféricas assumir um valor próximo à
UCS coincide com o presentado por SIMON (1963), TEALE (1965), DETOURNAY
(1995) e RICHARD et al. (1998). O anterior se fundamenta no fato que em
condições atmosféricas, a força necessária para cortar a rocha pode-se aproximar à
resistência à compressão não confinada da rocha, porque nessas condições é preciso
apenas de uma força que supere a resistência de ligação existente entre os grãos
que conformam a rocha. Não entanto, para profundidades menores a MSE gasta é
maior que a resistência à compressão não confinada da rocha, neste caso o processo de
corte seria menos eficiente.
A Figura 6.21 mostra o processo de corte em rocha no modelo de elementos
finitos numa profundidade de 0.60mm, ângulo de corte de 15° e uma pressão
confinante de 10MPa, onde e possível de observar a acumulação do material removido
na frente do cortador produto da pressão confinante que torna o material dúctil.
69
Tabela 6.3 – Energia Mecânica Especifica para diferentes pressões de confinamento,
profundidade e ângulo de corte.
Energia Mecânica Especifica (MPa)
Ângulo de
corte (°)
Profundidade
de corte
(mm)
Pressão confinante (MPa) Incremento
(%) da MSE
em função
da pressão
confinante
0 5 10 20
MSE
(MPa)
MSE
(MPa)
MSE
(MPa)
MSE
(MPa)
10
0.15 60.75 72.19 84.73 101.07 66.4
0.30 42.26 57.67 72.28 88.28 108.9
0.60 37.01 46.94 52.84 70.33 90.1
1.20 31.28 38.47 45.13 53.23 70.2
Decremento (%) da MSE
função da profundidade 48.51 46.71 46.74 47.33
15
0.15 68.66 89.06 101.05 131.26 91.2
0.30 47.32 63.89 72.78 88.63 87.3
0.60 35.15 49.72 61.93 72.64 106.7
1.20 34.27 39.77 50.48 57.46 67.7
Decremento % função da
profundidade 50.09 55.35 50.04 56.22
20
0.15 83.83 100.70 116.88 134.48 60.4
0.30 51.18 67.69 73.02 88.76 73.4
0.60 41.09 53.06 62.93 78.92 92.1
1.20 38.04 44.85 58.74 66.42 74.6
Decremento % função da
profundidade 54.62 55.46 49.74 50.61
30
0.15 84.47 108.44 127.97 146.17 73.0
0.30 52.08 74.85 76.30 111.86 114.8
0.60 47.85 58.73 67.56 83.85 75.3
1.20 40.41 48.81 60.53 66.87 65.5
Decremento % função da
profundidade 52.16 54.99 52.70 54.25
70
Figura 6.17 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento
para diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 10°.
Figura 6.18 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento
para diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 15°.
0
20
40
60
80
100
120
0 5 10 15 20
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 10°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
0
20
40
60
80
100
120
140
0 5 10 15 20
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
specíf
ica
(M
Pa
)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 15°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
71
Figura 6.19 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento
para diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 20°.
Figura 6.20 Variação da Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento
para diferentes profundidades de corte, com ângulo de corte de 30°.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 5 10 15 20
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
specíf
ica
(M
Pa
)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 20°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 5 10 15 20
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
specíf
ica
(M
Pa
)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 30°
0.15mm 0.30mm 0.60mm 1.20mm
72
Figura 6.21 Material aderido ao cortador no processo de corte em rocha no modelo de
elementos finitos numa profundidade de 0.60mm com ângulo de corte 15° com 10MPa
de pressão de confinamento.
A seguir na Tabela 6.4 e nas Figuras 6.22 a 6.24, são apresentadas a
comparação da Energia Mecânica Especifica obtida do modelo numérico desenvolvido
neste trabalho, com os valores da MSE calculados a partir do modelo analítico
proposto por DETOURNAY e ATKINSON (2000) apresentado no Capítulo 3
(equação (3.18)). Pode ser observado que o modelo analítico consegue uma boa
aproximação para uma profundidade de corte de 0.30mm, para os diferentes ângulos
de corte e pressões confinantes, com diferenças da MSE abaixo do 20%. Já para o caso
de uma profundidade de corte de 0.15mm os resultados não apresentam uma boa
aproximação, com diferenças acima do 80% . Estas diferenças parecem sugerir uma
limitação no modelo analítico, que não leva em conta diretamente a variação da MSE
em função da profundidade de corte, além de que sugere um comportamento
completamente linear, o que não acontece para pressões de confinamento acima de
20MPa, onde a curva da MSE apresenta uma pequena mudança de direção tendo assim
um comportamento bi linear.
73
Tabela 6.4 – Comparação da MSE (numérica) versus a MSE (DETOURNAY e
ATKINSON, 2000).
Energia Mecânica Especifica
Profundidade
de corte
(mm)
Pressão
confinante
(MPa)
Ângulo
de corte
(°)
Energia Mecânica Especifica
(MPa) Diferença
% Modelo
Numérico
DETOURNAY
e ATKINSON
(2000)
0.15
0
15
68.66 46.52 47.6
5 89.06 54.92 62.2
10 101.05 63.31 59.6
20 131.26 80.11 63.8
0
20
83.83 46.52 80.2
5 100.70 56.31 78.8
10 116.88 66.10 76.8
20 134.48 85.68 57.0
0
30
84.47 46.52 81.6
5 108.44 60.45 79.4
10 127.97 74.37 72.1
20 146.17 102.23 43.0 15 47.3 46.52 1.7
0.30
0
15
47.3 46.52 1.7 54.92 16.3
5 63.9 54.92 16.3 63.31 15.0
10 72.8 63.31 15.0 80.11 10.6
20 88.6 80.11 10.6 46.52 10.0
0
20
51.2 46.52 10.0 56.31 20.2
5 67.7 56.31 20.2 66.10 10.5
10 73.0 66.10 10.5 85.68 3.6
20 88.8 85.68 3.6 46.52 12.0
0
30
52.1 46.52 12.0 60.45 23.8
5 74.9 60.45 23.8 74.37 2.6
10 76.3 74.37 2.6 102.23 9.4
20 111.9 102.23 9.4
74
Figura 6.22 Comparação da MSE numérica vs MSE Detournay, para diferentes
pressões de confinamento, 0.15 e 0.30mm de profundidade de corte, ângulo de corte
de 15°.
Figura 6.23 Comparação da MSE numérica vs MSE Detournay, para diferentes
pressões de confinamento, 0.15 e 0.30mm de profundidade de corte, ângulo de corte
de 20°.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 5 10 15 20
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 15°, Profundidades 0.15 e 0.30mm
Detournay
0.30mm Modelo Numérico
0.15mm Modelo Numérico
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 5 10 15 20
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 20°, Profundidades 0.15 e 0.30mm
Detournay
0.30mm Modelo Numérico
0.15mm Modelo Numérico
75
Figura 6.24 Comparação da MSE numérica vs MSE Detournay, para diferentes
pressões de confinamento, 0.15 e 0.30mm de profundidade de corte, ângulo de corte
de 30°.
Ângulo de corte
Finalmente as Figuras 6.25 a 6.28, mostram uma comparação da variação da
Energia Mecânica Específica em função da mudança do ângulo de corte “back rake”.
Nestas figuras pode-se observar que o processo de perfuração torna-se menos eficiente
com o incremento do ângulo de corte, isto devido ao aumento da Energia Mecânica
Específica, produto do incremento das forças no cortador, já que a superfície de
contato entre a rocha e o cortador é maior como foi ilustrado na Figura 2.18.
Analisando os resultados é possível verificar que o incremento da MSE para
uma mesma condição de profundidade e pressão confinante variando em forma
crescente o ângulo de ataque, é de aproximadamente de 30%. Este comportamento é
consistente com o apresentado por ADACHI et al.(1996), RICHARD et al.(1998),
DETOURNAY e RICHARD (2001), TULU (2009), MARTINEZ (2012,2013) e
ZHOU et al.(2012).
0
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erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Pressão Confinante (Mpa)
Energia Especifica Mecânica vs Pressão de Confinamento,
Ângulo de corte 30°, Profundidades 0.15 e 0.30mm
Detournay
0.30mm Modelo Numérico
0.15mm Modelo Numérico
76
Figura 6.25 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, sem pressão de confinamento.
Figura 6.26 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, com 5MPa de pressão de confinamento
0
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60
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10 15 20 25 30
En
erg
ia M
eccâ
nic
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specíf
ica
(M
Pa
)
Ângulo de Corte (Graus)
Energia Especifica Mecânica vs Ângulo de Corte
Profundidade de corte variavel , 0MPa de confinamento
Prof._0.15mm Prof._0.30mm
Prof._0.60mm Prof._1.20mm
0
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40
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10 15 20 25 30
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
specíf
ica
(M
Pa
)
Ângulo de Corte (Graus)
Energia Especifica Mecânica vs Ângulo de Corte
Profundidade de corte variavel , 5MPa de confinamento
Prof._0.15mm Prof._0.30mm
Prof._0.60mm Prof._1.20mm
77
Figura 6.27 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, com 10MPa de pressão de confinamento.
Figura 6.28 Relação da Energia Especifica Mecânica VS Ângulo de Corte Variável
para diferentes profundidades de corte, com 20MPa de pressão de confinamento.
0
20
40
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10 15 20 25 30
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
specíf
ica
(M
Pa
)
Ângulo de Corte (Graus)
Energia Especifica Mecânica vs Ângulo de Corte
Profundidade de corte variavel , 10MPa de confinamento
Prof._0.15mm Prof._0.30mm
Prof._0.60mm Prof._1.20mm
0
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10 15 20 25 30
En
erg
ia M
eccâ
nic
a E
spec
ífic
a (
MP
a)
Ângulo de Corte (Graus)
Energia Especifica Mecânica vs Ângulo de Corte
Profundidade de corte variavel , 20MPa de confinamento
Prof._0.15mm Prof._0.30mm
Prof._0.60mm Prof._1.20mm
78
7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
7.1 Conclusões
Esse trabalho teve como objetivo principal o estudo do processo de corte de
rochas por um cortador afiado tipo PDC, através da modelagem numérica com o
método dos elementos finitos fazendo uso do programa comercial ABAQUS 6.10®,
com a finalidade de avaliar o comportamento da Energia Mecânica Especifica
variando a pressão confinante, profundidade e ângulo de corte.
O modelo bidimensional desenvolvido baseado no método dos elementos
finitos foi capaz de simular o processo de corte em rocha satisfatoriamente, utilizando
o modelo constitutivo Drucker-Prager para caracterizar o comportamento da rocha.
De forma geral o comportamento da Energia Mecânica Especifica apresenta
concordância com resultados reportados na literatura em função de parâmetros
envolvidos no processo de corte: pressão de confinamento, profundidade e ângulo de
corte.
Os resultados obtidos indicam relevância da consideração da profundidade e
ângulo de corte na variação da MSE em condições atmosféricas. Em particular,
observou-se que o valor da Energia Mecânica Especifica gasta em condições
atmosféricas nem sempre é a resistência à compressão não confinada da rocha (UCS)
como foi apresentado por SIMON (1963), TEALE (1965), DETOURNAY (1995),
RICHARD et al. (1998) e SCHEI et al. (200). Este comportamento foi observado
em vários trabalhos experimentais e numéricos presentes na literatura RAFATIAN et
al. (2009,2010), RAJABOV et al. (2012), MARTINEZ (2012,2013) que mostram que
o valor da MSE gasta nestas condições é sensível, principalmente, à variação da
profundidade de corte, assumindo valores inferiores da UCS a medida que a
profundidade de corte aumenta e valores maiores quando decresce esta profundidade.
79
O comportamento da serie de forças de corte registraram concordância com o
comportamento mecânico da rocha, já que o espaçamento entre os picos máximos e
mínimos das forças de corte indicaram o tipo de falha que sofreu o material, sendo que
espaçamentos maiores nos picos estão associados a um regime frágil, caso contrário a
uma falha dúctil onde o conteúdo de picos é maior.
A resistência à perfuração diminuiu à medida que a profundidade de corte
aumentou. Observou-se um comportamento linear entre a MSE e a resistência a
perfuração, como foi reportado na literatura.
Observou-se que em todos os modelos o valor da Energia Mecânica Especifica
aumentou ao incrementar a pressão confinante e o ângulo de corte e diminuiu com o
aumento da profundidade de corte. Em profundidades de corte acima de 0.6mm, a
Energia Mecânica Especifica apresentou pequenas variações o que indica que pode-se
estar aproximando a uma profundidade de corte limite, onde os decrementos da MSE
começam a ter um comportamento assintótico.
Os valores obtidos da MSE quando o ângulo “back rake” e a profundidade de
corte foram variados, sugerem que os cortadores com ângulos entre 10 e 20° e
profundidades acima de 0.30mm são mais eficientes no processo de perfuração de
rochas. É importante ressaltar, que a profundidade de corte é um parâmetro que
condiciona o tipo de falha do material (dúctil ou frágil), por isso procurasse manter
profundidades que garantam um comportamento dúctil na falha.
Dos três parâmetros analisados neste estudo; pressão confinante, profundidade
e ângulo de corte, o que gerou maiores mudanças no comportamento da Energia
Mecânica Especifica foi a pressão de confinamento. Verificou-se um incremento não
linear entre a energia e o confinamento acima de 20MPa, o que contradisse com
DETOURNAY e ATKINSON (2000) que assumem que a variação da MSE é linear
com a pressão confinante.
80
Finalmente, pode-se concluir que, o modelo analítico de DETOURNAY e
ATKINSON (2000) consegue uma boa aproximação da MSE (diferenças abaixo do
20%) neste estudo de caso, quando se tem uma profundidade de corte de 0.30mm
para os diferentes ângulos de corte e pressões confinantes. No entanto, este modelo
analítico é pouco sensível à variação de parâmetros tais como profundidade e ângulo
de corte, além de superestimar a MSE quando a rocha tem pressões de confinamento
acima de 20MP.
Cabe, entretanto, a ressalva de que o exemplo apresentado corresponde a
apenas um tipo de rocha carbonatada, não havendo, por hora, a intenção de se propor a
extensão das conclusões obtidas a outros tipos de materiais.
81
7.2 Sugestões para trabalhos futuros
Ao longo do desenvolvimento do trabalho e depois das conclusões obtidas a
partir das análises realizadas, alguns apontamentos passíveis de investigação mais
detalhada para o aprimoramento do modelo numérico e a ampliação do conhecimento
acerca do processo de corte em rocha podem ser feitos, como:
Modelagem completa de uma broca tipo PDC;
Modelagem de cortadores com desgaste levando em conta a força de
atrito na interface rocha-cortador;
Realizar analises considerando o efeito da pressão de poros da rocha;
Analisar o comportamento do cortador considerando o efeito da
temperatura;
Considerar dentro da modelagem a variação dos parâmetros tais como o
ângulo do cortador “side rake” e a velocidade de corte;
Obter dados experimentais ou mesmo realizar experimentos, para os
diversos tipos de amostra de rochas, a fim de viabilizar a comparação
de medidas experimentais com os valores obtidos em análises com os
modelos teóricos e assim realizar uma calibração destes modelos
teóricos;
Propor modelos empíricos que consigam representar de forma mais
aproximada as diversas variáveis envolvidas no processo de corte em
rocha com brocas tipo PDC.
82
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