17
MODELO DEFESA PRELIMINAR – LESÃO CORPORAL, AMEAÇA E DESOBEDIÊNCIA – LEI MARIA DA PENHA EXCELENTISSIMO(A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA..... AÇÃO PENAL ....... PARTE, devidamente qualificado nos autos da Ação Penal supra mencionada, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado adiante firmado, já devidamente qualificado nos autos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar resposta, na forma do art. 396 e seguintes do CPP, em conformidade com alteração da Lei 11.719/08, e, deduzir para Vossa Excelência as causas e circunstâncias que justificam o descabimento da persecução penal, para o que aduz as seguintes razões: BREVE RELATO DOS FATOS 1. Fora o acusado denunciado e encontra-se processado por este ínclito juízo em virtude da ocorrência dos fatos que segundo entendimento do Ministério Público, subsumem-se à norma penal incriminadora inserta no art. 129, §9º e art. 147, do Código Penal c/c art. 7º, inciso I, da Lei 11.340/06; art. 129, "caput" e art. 147 c/c art. 61, II, h, e art. 330, todos do Código Penal.

Modelo-Defesa-Preliminar-Cpp.doc

Embed Size (px)

Citation preview

MODELO DEFESA PRELIMINAR – LESÃO CORPORAL, AMEAÇA E DESOBEDIÊNCIA – LEI MARIA DA PENHA EXCELENTISSIMO(A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA.....

AÇÃO PENAL .......

PARTE, devidamente qualificado nos autos da Ação Penal supra mencionada, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado adiante firmado, já devidamente qualificado nos autos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar resposta, na forma do art. 396 e seguintes do CPP, em conformidade com alteração da Lei 11.719/08, e, deduzir para Vossa Excelência as causas e circunstâncias que justificam o descabimento da persecução penal, para o que aduz as seguintes razões:

BREVE RELATO DOS FATOS

1. Fora o acusado denunciado e encontra-se processado por este ínclito juízo em virtude da ocorrência dos fatos que segundo entendimento do Ministério Público, subsumem-se à norma penal incriminadora inserta no art. 129, §9º e art. 147, do Código Penal c/c art. 7º, inciso I, da Lei 11.340/06; art. 129, "caput" e art. 147 c/c art. 61, II, h, e art. 330, todos do Código Penal.

2. Segundo se recolhe da peça acusatória, o acusado no dia .... (hora ignorada), agrediu fisicamente com socos a vítima ...., sua ex-companheira, que também vieram a atingir o filho do casal, ...., de 04 anos de idade. Consta ainda que a vítima ...., após entrar em contato com a Policia Militar desta comarca, o acusado desobedeceu à ordem legal de prisão por eles expressa, resistindo à prisão e passou a ameaçar a vida da vitima e de seu filho, afirmando que após sair da cadeia ia matá-los.

PRELIMINARMENTE

INEXISTÊNCIA DE MATERIALIDADE - AUSÊNCIA DE CORPO DE DELITO

3. Dispõe o Art. 158 do CPP que: "Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado".

4. Nota-se que, segundo consta na peça informativa do inquérito policial, as vítimas, logo após a ocorrência do fato alegado, foram encaminhadas ao DPJ desta comarca, oportunidade que deveria ser feito o exame de corpo de delito. No entanto, por simples análise dos autos, constata-se que não houve pericia alguma, em que pese o referido departamento contar com peritos oficiais.

5. O exame de corpo de delito indireto, fundado em prova testemunhal idônea e/ou em outros meios de prova consistentes (CPP, art. 167) revela-se legítimo, desde que, por não mais subsistirem vestígios sensíveis do fato delituoso, não se viabilize a realização do exame direto.

6. Desta feita, é imperioso levantar em tese, dúvida razoável em relação às supostas lesões corporais, posto que, a falta do resultado de exame de corpo e delito (lesão corporal) no decorrer da instrução, traz prejuízos a defesa, acarretando consequente cerceamento ao exercício da ampla defesa.

7. A rigor, se por ventura houve agressão e havendo vestígio como afirmado na peça acusatória, mas por outro lado não há exame de corpo de delito, então não estará cumprida a condição, para averiguar se o crime seria de lesões corporais ou contravenção penal de vias de fato (art. 21 do Decreto Lei nº 3.688/91).

8. Neste diapasão, o Ministério Público não deve buscar uma punição a qualquer custo, desprestigiando princípios vetores do Estado Democrático de Direito.

9. É neste prisma que a jurisprudência se firma:

"Em tema de lesão corporal, indispensável à comprovação da materialidade do crime é a realização de exame de corpo de delito, não bastando a tal desiderato simples consulta à ficha hospitalar, ainda que roborada o respectivo auto pela confissão extrajudicial do réu ou pelo depoimento da vítima e de testemunhas." (TAMG – AC – Rel. Fiúza Campos – RT 504/408)

10. Desta feita, é indispensável para a comprovação da materialidade do crime de lesão corporal a realização de exame de corpo de delito, porém, esta prova pericial deve ser juntada aos autos antes da sentença, como ensina Ada Pellegrini Grinover e demais colaboradores, in 'AS NULIDADES NO PROCESSO PENAL". Editora Revista dos Tribunais, página 147:

"De regra, deve o exame de corpo de delito ser feito antes da denúncia, mas isso não é imprescindível, sendo bastante que a acusação encontre apoio em outros elementos indiciários. Entretanto, se o processo for instaurado sem o exame, deverá ser ele necessariamente realizado, sendo o laudo juntado antes da sentença." (grifei)

11. Assim sendo, face ao princípio da verdade real e lealdade processual, impõe-se a absolvição quanto ao delito de lesões corporais, vez que ausente a prova de materialidade, com observância do princípio constitucional do contraditório, e conseqüentemente da ampla defesa.

CRIME DE AMEAÇA e DESOBEDIÊNCIA – Ausência de Dolo Específico

12. Devidamente comprovado por unanimidade dos depoimentos das testemunhas de acusação, vítima e acusado, que o mesmo encontrava-se completamente embriagado na ocorrência dos fatos alegados. A palavras lançadas pelo acusado, foram dirigidas ao calor da emoção no momento em que estava sendo algemado na frente de várias pessoas, conjugada com o seu estado de embriagues.

13. A figura típica dos crimes de Ameaça (art. 147) e Desobediência (art. 331), ambos do Código penal, requer o dolo direto (específico), sendo insuficiente o dolo eventual.

14. A Jurisprudência tem entendido que a pessoa embriagada, a priori, não pode ser sujeito ativo do crime de ameaça. Este entendimento se baseia na necessidade da palavra, escrito ou gesto ter a potencialidade de incutir temor na vítima.

15. Por certo uma pessoa completamente embriagada não sabe o que diz, e nesse caso, ninguém reputa sérias as palavras proferidas por alguém neste estado.

16. Este foi o posicionamento do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, abaixo transcrita:

"CRIME DE AMEAÇA, INOCORRÊNCIA - ESTADO DE EMBRIAGUEZ - AMEAÇA SÉRIA E IDÔNEA, INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO Nº 148.516. Relator: Juiz Fernando Habibe. Apelante: André Santos Silva. Apelado: MPDFT.

Decisão: Dado provimento ao Recurso para julgar improcedente a acusação e absolver o réu, unânime.

Ameaça Verbal. Embriaguez. Inexistência de crime. É penalmente irrelevante, porque carente da seriedade e idoneidade necessárias para intimidar, a ameaça meramente verbal, que encerra um fim em si mesma, proferida em estado de completa embriaguez. (APJ 2000011067874-5, TRJE, PUBL. EM 14/02/02; DJ 3, P. 183)"

17. A ameaça, portanto, deve ser capaz de intimidar a vítima. O estado de embriaguez retira daquele que ameaça, o dolo específico. Neste sentido decidiu a Seção Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em recurso de apelação, processo nº 1451959/8, 11ª Câmara, Relator Wilson Barreira, em 25/10/2004, in verbis:

"Ementa: DESACATO E AMEAÇA - AGENTE EMBRIAGADO QUE, AO SER ABORDADO POR GUARDAS MUNICIPAIS, PROFERE EXPRESSÕES OFENSIVAS, BEM COMO OS AMEAÇA POR PALAVRAS E GESTOS - ABSOLVIÇÃO: - EMENTA OFICIAL: - DESACATO - SUPOSTO ESTADO DE EMBRIAGUEZ - DÚVIDAS ACERCA DA PRESENÇA DO DOLO ESPECÍFICO - ABSOLVIÇÃO MANTIDA. - DIANTE DO SUPOSTO ESTADO DE EMBRIAGUEZ DO INCREPADO, QUE RETIRA A CAPACIDADE DE COMPREENDER E AFASTA O DOLO ESPECÍFICO, É DE RIGOR A ABSOLVIÇÃO PELA ACUSAÇÃO DE DESACATO. - AMEAÇA - NÃO CARACTERIZAÇÃO - HIPÓTESE. - O DOLO OD ART. 147, DO CÓDIGO PENAL, EXIGE CERTEZA NA DEMONSTRAÇÃO DA SÉRIA AMEAÇA CAPAZ DE INFUNDIR VERDADEIRO RECEIO NA VÍTIMA, DE VIR A SOFRER MAL INJUSTO E GRAVE. INEXISTENTES ELEMENTOS SEGUROS NESTE SENTIDO, DE RIGOR O 'NON LIQUET'".

18. Ausente nos autos prova do dolo específico do réu, não há como se impor o Decreto condenatório.

19. Impositiva a absolvição (art. 386, VI, do CPP), em virtude da observância do princípio do in dubio pro reo, em dúvida quanto a configuração dos crimes que lhes.

CRIME DE AMEAÇA FEITA CONTRA MENOR CONTRA MENOR

20. Em tese subsidiária, face ao crime de ameaça, imputado ao acusado por ter dirigido o suposto crime em face do menor, não merece prosperar.

21. É cediço na doutrina e jurisprudência pátria que, figura como vitima apenas a pessoa física, certa e determinada, capaz, de fato, de entender o mal prometido (nesse sentido: RT 446/418).

22. Como ameaça apenada em função de sua potencialidade intimidativa, é condição obrigatória que o sujeito passivo apresente condições de tomar consciência do mal, excluídos portanto, os incapazes.

DA LESÃO CORPORAL COMETIDA CONTRA O MENOR

23. É cediço que o crime de lesão corporal imputado ao "caput" do art. 129, requer dolo.

24. Outrossim, extrai-se da analise do conjunto fático que, em nenhum momento houve intenção de agredir a criança.

25. Se por ventura houver imputação ao crime de lesão corporal a criança, devidamente constatado por laudo pericial, deve ser desclassificado para o crime de lesão culposa, tendo em vista que não houve dolo em praticar o delito contra seu filho.

26. Subsume-se do conjunto fático que o acusado e sua ex companheira teriam discutido e que das supostas agressões, vieram a atingir a vitima, conforme narrado pelo parquet.

27. Nota-se que pela narração dos fatos a conduta dirigida a vitima menor, não se extrai a intenção de macular a sua integridade física, pelo contrário, se por ventura restar devidamente comprovado as lesões na referida criança, filho do acusado, estas foram de forma culposa.

28. Desta feita, em pedido subsidiário, requer a desclassificação do crime imputado ao acusado pelas acusações contidas no art. 129, "caput" c/c art. 61, II, h, do Código Penal, em face da segunda vitima ... para o art. 129, §6º.

DO DIREITO QUE POSSUI O ACUSADO À SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA PELA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.

29. Em restando desabrigadas as teses oras esposadas, requer, o acusado, desde já, a Substituição da Pena Privativa de Liberdade, por ventura aplicada, por uma ou mais Penas Restritivas de Direitos, já que preenche todos os requisitos exigidos pelo artigo 44 e seguintes do Código Penal Brasileiro.

30. É forçoso reconhecer, como dito, que o ora Acusado atende a todos os citados requisitos exigidos; a saber:

A pena privativa de liberdade não ultrapassa 04 (quatro) anos (tendo em vista a natureza do delito, as circunstâncias do mesmo, bem como a condição do acusado);

O acusado é primário.

Não reincidente em crime doloso.

31. Nesse passo, não restam dúvidas de que o acusado, acaso condenado a pena privativa de liberdade, preenche os requisitos dispostos no artigo 44 e incisos do Código Penal Brasileiro, tendo direito subjetivo à Substituição da Pena Corporal por ventura aplicada por uma ou mais Penas Restritivas de Direito.

DA CONCLUSÃO

Postas tais considerações e por entendê-las prevalecentes sobre as razões que justificaram o pedido de condenação despendido pelo preclaro órgão de execução do Ministério Público, confiante no discernimento afinado e

no justo descortino de Vossa Excelência, a defesa requer a ABSOLVIÇÃO do réu, à guisa das teses ora esposadas.

Supletivamente, requer a desclassificação do delito inserto no art. 129, para o delito do art. 21 do Decreto Lei nº 3.688/91, posto ausente a prova de materialidade do crime de lesões corporais.

Outrossim, requer ainda, em pedido supletivo, a desclassificação do crime imputado ao acusado pelas acusações contidas no art. 129, "caput" c/c art. 61, II, h, do Código Penal, em face da segunda vitima ..., para o art. 129, §6º.

Por fim, ultrapassadas as teses supra elencadas, acaso condenado, seja substituído por penas restritivas de direito, haja vista que o acusado preenche os requisitos dispostos no artigo 44 e incisos do Código Penal Brasileiro, tendo direito subjetivo à Substituição da Pena Corporal por ventura aplicada por uma ou mais Penas Restritivas de Direito.

Protesta por todos os meios de provas admitidos em direito.

Rol de testemunhas que deverão ser intimadas por este H. Juízo:

...

Pede deferimento.

Linhares-ES., 12 de fevereiro de 2009

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª. VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ______________, ESTADO DE SÃO PAULO.

PROCESSO Nº - CONTROLE: - RÉU SOLTOFULANO DE TAL, ____________ (qualificação completa, RG/CPF, endereço), por meio de sua advogada infra assinada, mandato incluso, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar

DEFESA PRELIMINARcom base no rito estabelecido pela Lei 11.719/2008 que introduziu alteração ao artigo 396 e 396-A do Código de Processo Penal, em face da denuncia formulada pelo Representante do Ministério Público como incurso no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, Lei 9.503/97, mediante os seguintes fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

1. DOS FATOSNa peça acusatória, o Representante do Ministério Público imputa-lhe a prática do crime previsto no art.306 do CTB, com redação alterada pela Lei 11.719//08, sob o fundamento de que, no dia __ de setembro do ano de 2008, por volta de 1h50, na altura do km __ da Rodovia ________ município de _______/SP, o Denunciado, conduzindo seu veículo (marca/modelo/ano/origem), envolveu-se num acidente de trânsito sem vítimas, tendo sido detectado concentração de álcool por litro de sangue superior a seis decigramas conforme comprovante de teste de bafômetro realizado naquela mesma data, as 3h45, tendo sido preso em flagrante após constatação de que estava dirigindo sob a influência de álcool.

2. DOS FUNDAMENTOS2.1. DA INFRINGÊNCIA DO ILÍCITO PENALConsta na inaugural acusatória que o indiciado, sob a influência de álcool, envolveu-se num acidente de trânsito sem vítimas.Ocorre que, existe real ofensa a verdade quando se deduz que, com base no teste de alcoolemia, o álcool exercia influência sob a conduta do denunciado a ponto de ocorrer a possibilidade de envolver-se em acidente, como de fato ocorreu.Para esclarecer tal inverdade, passo a expor o fato como realmente ocorreu.Primeiramente cabe esclarecer que o denunciado, na noite do dia anterior ao ocorrido esteve bebendo na companhia de amigos e parentes em comemoração de evento, ficando no local até aproximadamente as 6h do dia seguinte, __ de setembro, quando retornou para casa e foi dormir.Nesse mesmo dia, por volta das 14hs foi acordado por sua mãe comunicando-o que seu amigo, FULANO queria falar com ele.

O amigo veio pedir-lhe que o levasse até a praia, por volta das 23h00 para que pudesse realizar um trabalho e que lhe pagaria o frete. A oferta foi aceita pois, além de ganhar alguns trocados, poderia participar do evento e empreender-se nessa jornada..Saíram de casa por volta das 00h20min, ou seja, aproximadamente 18 (dezoito) horas após ter ingerido bebida alcoólica.Cabe ressalva que, de acordo com a Dra.Júlia Grevi, coordenadora do departamento de Medicina da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), uma dose de uísque pode ficar por até 24 horas circulando pelo corpo do motorista. Informe concedido em 27 de junho de 2008 no site http://www.baguete.com.br/noticiasDetalhes.php?id=26091, em comentário a recém editada “lei seca”, 11.705/08, que alterou vários dispositivos do CTB.Embora o Indiciado seja motorista profissional e a pista seja bem sinalizada e de ótima rolagem, em razão de pista molhada, na maior parte do tempo trafegava prudentemente pela pista da direita e em velocidade média de 65 km/h, não oferecendo, assim, qualquer risco a coletividade..A estrada estava vazia, com pouquíssimo movimento. Em determinado momento avistou em seu retrovisor há uma distância de aproximadamente uns cem metros dois carros vindo na pista da esquerda. Alguns segundos depois, sem nada entender, sofreu um abalo forte na traseira do seu veículo que, se não fosse sua experiência profissional teria saído da pista ocasionando acidentes de grandes proporções, inclusive com resultado trágico por parte de seu amigo que, com a batida foi lançado pra frente batendo a cabeça no pára-brisa. Felizmente, nada aconteceu além de prejuízo material e a formação de saliência na testa do amigo.Para se ter idéia do impacto sofrido pelo veículo traseiro, junta fotos do dano material, cujo original será acostado aos autos em Ação de reparação de Dano Civil que estará movendo para ressarcir-se dos prejuízos materiais, e também morais, sofridos (docs.3)Tentando entender o ocorrido, saiu do carro e há aproximadamente uns 25 metros estava o veículo autor do acidente. Dirigiu-se em sua direção e viu que as pessoas saiam do carro, ao todo cinco, três rapazes e duas moças. Notou que o rapaz que veio tirar satisfação não era o mesmo que estava ao volante. Alegou ao Indiciado que o carro estava parado na pista e que ele teria que pagar o prejuízo.Como recebeu a informação que o carro do outro condutor tinha seguro, sugeriu o Indiciado que no máximo poderiam dividir o valor da franquia para que realizassem o conserto dos dois veículos já que não dera causa ao infortúnio. Nada concordou, dizendo que iria ligar pra polícia e fazer ocorrência.Enquanto a polícia não chegava ao local, conversaram amigavelmente.Chegando os policiais, o condutor que se dizia estar ao volante no momento do acidente se antecipou e contou ao agente que o carro do Indiciado estava parado na pista da direita ou em reduzida velocidade e que ele – Indiciado, estava embriagado.Colhidos os documentos e diante da confissão do Indiciado que havia ingerido álcool mas havia aproximadamente vinte e quatro horas, o PM realizou o teste do bafômetro tendo confirmado a presença de tal substancia em nível acima do permitido, dando, assim, voz de prisão.Foram todos pra delegacia local – 1º.DP de São Vicente, onde o Indiciado ficou preso.

O amigo do Indiciado, Anderson, tendo realizado uma ligação para sua advogada, o instruiu que não depusesse na delegacia sem a sua presença. Da mesma forma foi instruído o Indiciado que nada dissesse senão na presença de um advogado.

2.2. DA EXCLUDENTE DE ILICITUDEConforme acima exposto, em razão da colisão dos veículos não restaram vítimas, mas tão somente danos materiais.O crime de embriaguez ao volante, definido no art. 306 do CTB, é de ação penal pública incondicionada, dado o caráter coletivo do bem jurídico tutelado (incolumidade pública), bem como a inexistência de vítima determinada.Para que seja consumado o tipo penal não basta a comprovação da ingestão de bebida alcoólica acima do permitido, é necessário também o nexo causal entre ingestão da substância e o resultado abstrato que é exposição da coletividade a risco.É necessário para que o elemento penal do tipo se consuma, a afetação do modo de dirigir do sujeito - anormal, que será influenciado pelo álcool. Além do requisito biológico exige-se também o requisito psicológico do sujeito.Embora o teste do etilômetro tenha detectado concentração de álcool acima do permitido, em razão do tempo decorrido entre a ultima ingestão da substância e o fator do acusado ter dormido e se alimentado, seguramente não estava mais sob a influência do álcool, se assim o fosse, não teria uma conduta típica de prudência ao volante, ou seja, dirigir na pista da direita, em velocidade compatível com as condições da pista e, principalmente, não teria reflexos para controlar o veículo em razão do impacto sofrido pelo veículo do “suposto” condutor, não teria como controlar seu veículo.As pessoas têm diferentes tolerâncias ao álcool e nelas a mesma taxa produzirá efeitos diversos, que dependerão de peso, idade, estado emotivo, hábito de beber, saúde, ter ou não se alimentado etc. Alguns, mesmo com taxa de alcoolemia acima da permitida, conduzem veículo normalmente; outros, com taxa inferior, apresentam embriaguez e dirigem anormalmente. Apenas o resultado da dosagem do álcool pode induzir conclusão equivocada. Há necessidade, também, do exame clínico em que o médico avaliará as manifestações físicas, neurológicas e psíquicas do examinado, atestando se dirigia ou não embriagado.Ao contrário do Indiciado, quem conclusivamente estaria sob o efeito do álcool, em direção perigosa e dirigindo com imprudência seria a “suposta” vitima, em razão dos seguintes motivos:a) Teria por obrigação guardar distância do carro á frente de forma que conseguisse ter controle do seu veículo em caso de freagem brusca (art.29, inc.II, CTB);b) Não poderia dar passagem a veiculo que vinha atrás sem antes ter plena certeza de que a pista a ser adentrada estivesse livre para realização da mudança de faixa com segurança;c) Em razão do diminuto fluxo da pista, pra não dizer “quase deserta”, não existe motivo para a troca de pista repentinamente para dar passagem a outro veículo, tinha ele tempo e condições, antes de ser interceptado, de escolher o melhor momento para a mudança de pista;

d) Não se justifica de forma lícita que o condutor do veículo que colidiu não tenha se apresentado como real condutor ao invés de tomar a sua frente um terceiro que seguramente não estava na direção;e) Por fim, salvo engano, não foi localizado junto ao processo comprovante do teste de alcoolemia do “suposto condutor”, qualificado como 2ª.testemunha, que, conforme depoimento, não se constatou concentração de álcool acima do permitido.Fica configurado, assim, que o Indiciado não provocou o acidente - sem vitima, que dirigia com segurança e sem qualquer exposição de risco a coletividade, destipificando, em conseqüência, a conduta delituosa constante do artigo 306 do CTB, sob a forma culposa.Comungando do mesmo pensamento, o nobre e renomado jurista Damásio E.de Jesus corrobora (“Embriaguez ao Volante”, in Revista Jurídica Consulex nº 280, setembro/08, pag.55 in fine):“Desta forma, por meio de interpretação sistemática vê-se que o espírito da norma é o de considerar praticado o crime de embriaguez ao volante somente quando o condutor está sob a influência de substância alcoólica ou similar.Seria impróprio que o legislador, no tocante a álcool, considerasse a existência de crime de embriaguez ao volante só pela presença de determinada quantidade no sangue e, no caso de outra substância, exigisse a influência.”Além do mais, embora não se tenha comprovado a culpa do Indiciado pela lesão constante do tipo, o mesmo já teve uma condenação severa no momento da apreensão de sua carteira de habilitação pelo agente de policia. Aliás, tão severa que ocasionou sua dispensa do trabalho ao qual era motorista e da qual necessitava da habilitação para dirigir. Condenou-o, também, a sua mantença e a de sua família tendo em vista a dificuldade que terá para encontrar novo emprego e, inclusive, mudar de atividade que já desenvolvia há muitos anos, com idoneidade, experiência e referência de mercado.

2.3. DA PRODUÇÃO DE PROVASO indiciado é pessoa de reputação ilibada, reside no local há muito anos, é muito conhecido por muitos das imediações que nada podem se opor a sua conduta. É honesto, trabalhador, tendo trabalhado como motorista em empresa até o evento do recolhimento de sua carteira de habilitação, e muito caseiro, alternando sua vida da casa para o trabalho e vice-versa. Não tem por hábito sair aos finais de semana, salvo em razões especiais ou para eventual trabalho como bico.Para atestar sua idoneidade moral, arrola as testemunhas abaixo que poderão ser citadas para prestarem depoimento, dentre ela, inclusive, a testemunha que estava presente junto ao Indiciado no momento do acidente.1) FULANO DE TALEndereço:RG/CPF

2) SICRANOEndereço:RG/CPF

3. DOS PEDIDOSDiante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Seja o Acusado ABSOLVIDO SUMARIAMENTE, em razão da excludente de ilicitude conforme comentado no item 2.2, tendo em vista que, embora o etilômetro tenha detectado concentração de álcool superior ao permitido, não se consuma o tipo em razão do Indiciado não exercer “direção perigosa” ou estar sob efeito de bebida alcoólica;b) Na remota hipótese do não acolhimento da excludente de ilicitude, seja o Denunciado, ao final, ABSOLVIDO, nos termos do artigo 386 do Código de Processo Penal;c) Sendo ABSOLVIDO, que seja expedido mandado ao DETRAN para que sua carteira de habilitação seja devolvida, ed) A intimação das testemunhas arroladas no item 2.3 e qualificadas futuramente através de aditamento.

Termos em que,Pede deferimento.São Paulo, 04 de dezembro de 2008.

MARIA GORETE GUERRAOAB/SP 212.034