54
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE BIOMEDICINA HABILITAÇÃO EM PESQUISA CIENTÍFICA Joyle Moreira Carvalho da Silva MODULAÇÃO DOS LINFÓCITOS B DE CAMUNDONGOS BALB/C PELO ESTERÓIDE OUABAÍNA Niterói 2013

Modulação dos linfócitos B pelo esteroide Ouabaína em ... Moreira Carvalho da... · doideiras nesse período tenso da monografia. Aos meus queridos parceiros de laboratório Jeane,

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Page 1: Modulação dos linfócitos B pelo esteroide Ouabaína em ... Moreira Carvalho da... · doideiras nesse período tenso da monografia. Aos meus queridos parceiros de laboratório Jeane,

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CURSO DE BIOMEDICINA

HABILITAÇÃO EM PESQUISA CIENTÍFICA

Joyle Moreira Carvalho da Silva

MODULAÇÃO DOS LINFÓCITOS B DE CAMUNDONGOS

BALB/C PELO ESTERÓIDE OUABAÍNA

Niterói

2013

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I

Joyle Moreira Carvalho da Silva

Modulação dos linfócitos B de camundongos

BALB/c pelo esteróide Ouabaína

Orientadora: Profa. Luciana Souza de Paiva

Niterói

2013

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para a

obtenção do título de bacharel em

Biomedicina, ênfase em Pesquisa

Científica.

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II

Joyle Moreira Carvalho da Silva

Modulação dos linfócitos B de camundongos

BALB/c pelo esteróide Ouabaína

Apresentado em 01 de Agosto de 2013

Banca Examinadora

Profa. PhD. Luciana Souza de Paiva

Profa. PhD Elizabeth Giestal de Araújo

Profa. PhD. Patricia Savio de Araujo Souza

Niterói

2013

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para a

obtenção do título de bacharel em

Biomedicina, ênfase em Pesquisa

Científica.

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III

Da Silva, Joyle Moreira Carvalho

Modulação dos linfócitos B de camundongos Balb/c pelo

esteróide Ouabaína. / Joyle Moreira Carvalho da Silva – 2013.

52f: il., 16

Orientador: Luciana Souza de Paiva

Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade Federal

Fluminense, Curso de Biomedicina - habilitação em Pesquisa Científica, 2013.

1. Ouabaína. 2. Linfócitos B 3. Imunorregulação. I. Modulação dos linfócitos

B de camundongos Balb/c pelo esteróide Ouabaína.

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IV

Em memória da minha querida avó que

sempre me deu muito amor e carinho.

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V

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Alex e Márcia, por apoiar a

minha decisão de seguir na carreira biomédica, acreditarem nos meus sonhos e me

guiarem para o caminho certo na vida.

Ao meu querido irmãozinho, Jorge Alberto, que acredita que sou uma grande

cientista e tenho todas as respostas para suas dúvidas.

Às minhas amigas-irmãs, Cyntia, Érika, Priscila e Cinthia que acompanham a

minha trajetória e me auxiliam com bons conselhos e aturam as minhas crises

existenciais...rs. Obrigada por tudo !

Às minhas amigas de turma, especialmente, Lana, Mayra, Thaize e Carol que me

proporcionaram e proporcionam muitos momentos de alegria, risadas, discussões

científicas e almoços divertidos na UFF.

Ao meu querido namorado e amigo, William, por todo amor e força que me deu

pra continuar e não desistir dos meus sonhos, aguentou as minhas crises, choros e

doideiras nesse período tenso da monografia.

Aos meus queridos parceiros de laboratório Jeane, Pedro, Fábio, Carol e Rita.

Ao trio mais lindo do laboratório, Márcio, Rebeca e Thais que se tornaram grandes

amigos e parceiros da ciência. Obrigada pelos ótimos momentos de risadas e

companheirismo.

À minha querida orientadora, que sem dúvidas é a MELHOR do mundo. Obrigada

por toda dedicação, atenção, paciência e compreensão comigo nesses 2 anos de

laboratório.

À Deus por ser a minha fonte de coragem e a minha fortaleza na vida.

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VI

RESUMO

A Ouabaína (OUA) é um hormônio derivado de esteróides que é capaz de inibir a

proteína Na+K+ATPase presente na membrana plasmática das células. Ela foi

inicialmente extraída das raízes de árvores africanas como a Acocanthera Ouabaio e de

sementes de Strophantus gratus, sendo posteriormente descrita como um componente

endógeno presente em mamíferos superiores. A adrenal é o principal local de síntese de

Ouabaína e já se sabe que esta é liberada em situações de estresse, condições similares

àquelas onde há secreção de corticóides. Várias funções imunológicas vem sendo

reguladas pela Ouabaína, e já foi demonstrado que a administração in vivo de Ouabaína

em camundongos não promove sozinha a morte celular dos timócitos, mas sinergiza

com os glicocorticóides levando a uma redução no número de timócitos CD4+ CD8+. O

objetivo principal deste estudo foi compreender os efeitos da Ouabaína, liberada em

situações de estresse, na dinâmica populacional de linfócitos B em diferentes órgãos

linfóides. Nos experimentos in vivo, os animais foram injetados intraperitonealmente

com 0,56mg/kg de Ouabaína diluída em meio RPMI durante 3 dias. Após 24h da última

injeção, as células foram recolhidas, marcadas com anticorpos e analisadas por

citometria de fluxo. Nossos resultados mostram que no baço, a Ouabaína modulou

principalmente a população de linfócitos B foliculares, levando a uma redução

significativa dessas células tanto em percentual quanto em número absoluto. A OUA

também reduziu o número absoluto dos linfócitos B de zona marginal. Não foi

observada uma redução do percentual e número absoluto dos linfócitos B do baço 48h

após a última injeção. Nos testes in vitro, a Ouabaína afetou a viabilidade celular,

induzindo o aumento da apoptose nos linfócitos B e inibiu a proliferação dos mesmos

em resposta ao LPS. O tratamento com Ouabaína induziu aumento percentual e em

números absolutos das células B nos linfonodos mesentéricos in vivo. As demais

populações de linfócitos B, como as B regulatórias e B1 do baço não foram afetadas,

assim como as células B1 do peritôneo.

Palavras chaves: Ouabaína, linfócitos B, imunorregulação

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VII

ABSTRACT

Ouabain (OUA) is a steroid hormone which is capable of inhibiting protein Na + K +

ATPase present in the plasma membrane of cells. It was initially extracted from the

roots of trees such as Acocanthera Ouabaio and Strophantus Gratus seeds, and later

described as an endogenous component present in mammalian plasma. The adrenal

gland is the main source of Ouabain and we have known that OUA is released in

stressful situations, conditions similar to those where there is secretion of

corticosteroids. Several immune functions has been modulated by Ouabain, and it has

been shown that in vivo administration of Ouabain in mice does not induce thymocytes

death, but sinergize with glucocorticoids leading to a reduction in the number of CD4 +

CD8 thymocytes. The aim of this study was to understand the effects of Ouabain,

released during stress, in population dynamics of B lymphocytes in different lymphoid

organs. In vivo experiments, the animals were injected with 0.56 mg/kg Ouabain diluted

in RPMI medium for 3 days. 24h after the last injection, the cells were collected, stained

and analyzed by flow cytometry. Our results show that in the spleen Ouabain modulated

especially the follicular B cells population, leading to a significant reduction in the

percentage of those cells as well as absolute numbers. The OUA also reduced the

absolute number of marginal zone B lymphocytes. No reduction was observed in the

percentage and absolute number of B lymphocytes in the spleen 48h after the last

injection. In vitro tests, Ouabain affected cell viability by inducing an increase of

apoptosis in B lymphocyte and inhibited its proliferation in response to LPS. Treatment

with Ouabain raised the percentage and absolute numbers of B cells in mesentheric

lymph nodes in vivo. The others B lymphocyte populations, such as spleenic B1 and B

regulatory and peritoneal B1 cells were not affected.

Key Words: Ouabain, B lymphocytes, immunoregulation

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VIII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Fotos de plantas da espécie Acocanthera ouabaio (a) e Strophantus gratus

onde a ouabaína foi primeiramente isolada........................................................................13

FIGURA 2 Liberação de ouabaína pela glândula adrenal..........................................14

FIGURA 3 Estrutura química da ouabaína...................................................................15

FIGURA 4 Estágios do desenvolvimento do linfócito B2...........................................21

FIGURA5 Placa de cultura para os experimentos in vitro com CFSE

(Carboxifluoresceína succinimidil éster)...........................................................................27

FIGURA 6 Efeito da administração de ouabaína in vivo no percentual de linfócitos B

foliculares do baço de camundongos Balb/c....................................................................29

FIGURA 7 Efeito da administração de ouabaína in vivo no número absoluto de linfócitos

B totais, B folicular e B de zona marginal do baço de camundongos

Balb/c.................................................................................................................................30

FIGURA 8 Ausência de efeito da administração in vivo no percentual de linfócitos B

totais, B de zona marginal e B folicular do baço de camundongos Balb/c 48h após a

última injeção.....................................................................................................................31

FIGURA 9 Administração in vivo da ouabaína não reduz o número absoluto de linfócitos

B totais, B de zona marginal e B folicular do baço de camundongos Balb/c - 48h após a

última injeção....................................................................................................................32

FIGURA 10 Ouabaína afeta a viabilidade da população de linfócitos B do baço de

camundongos Balb/............................................................................................................33

FIGURA 11 Inibição parcial in vitro na proliferação da população de linfócitos B do

baço de camundongos Balb/c pela ouabaína..................................................................34

FIGURA 12 Ausência de efeito da ouabaína in vivo na população de linfócitos B

regulatório do baço de camundongos Balb/c...................................................................35

FIGURA 13 Ouabaína não apresenta efeito modulador sobre os linfócitos B1 do baço

de camundongos Balb/c....................................................................................................36

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IX

FIGURA 14 Ausência de efeito da administração de ouabaína in vivo nos linfócitos B1

do peritôneo de camundongos Balb/c................................................................................37

FIGURA 15 Efeito da administração de ouabaína in vivo no percentual dos linfócitos B

de linfonodos mesentéricos de camundongos Balb/c......................................................38

FIGURA 16 Ouabaína induziu o aumento in vivo no número absoluto dos linfócitos B

de linfonodos mesentéricos de camundongos Balb/c.....................................................39

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X

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ACTH - Hormônio Adrenocorticotrófico

BCR - Receptor de células B

Breg - Linfócito B regulatório

CFSE - Carboxifluoresceína succinimidil éster

Con A - Concavalina A

IFN - γ - Interferon gama

IL-1 β - Interleucina 1 beta

IL-2 - Interleucina 2

IL-3 - Interleucina 3

IL-6 - Interleucina 6

IL-7 - Interleucina 7

IL- 7R - Receptor de interleucina 7

IL-10 - Interleucina 10

LPS - Lipopolissacarídeo

NFAT - Fator nuclear de células T ativadas

NKT - Linfócito NKT

OUA - Ouabaína

PHA - Fitohemaglutinina

TNF -α - Fator de necrose tumoral alfa

TPA - Acetato de tetradecanoilforbol

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XI

Treg - Linfócito T regulatório

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XII

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................13

1 - Ouabaína...................................................................................................................13

1.1 - Glicosídeos Cardiotônicos........................................................................15

2 - Ação da Ouabaína no sistema imunológico.............................................................16

3 - Glicocorticóides e linfopoese...................................................................................19

4 - Os linfócitos B.........................................................................................................20

4.1 - Desenvolvimento dos linfócitos B2...............................................................20

4.1.1 - Linfócito B de zona marginal..........................................................22

4.1.2 - Linfócito B folicular........................................................................22

5 - Linfócitos B1...........................................................................................................23

6 - Linfócitos B regulatórios.........................................................................................23

7 - A Ouabaína e a regulação dos linfócitos B.............................................................24

OBJETIVOS.................................................................................................................25

METODOLOGIA.........................................................................................................26

1 – Animais...................................................................................................................26

2 - Experimentos in vivo com Ouabaína.......................................................................26

3 - Cultura de células....................................................................................................26

4 - Experimentos de proliferação in vitro.....................................................................27

5 - Marcação das células para análise em citômetro de fluxo......................................27

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XIII

6 - Análises e Testes estatísticos..................................................................................28

RESULTADOS............................................................................................................29

DISCUSSÃO...............................................................................................................40

CONCLUSÕES...........................................................................................................43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................44

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INTRODUÇÃO

1 - Ouabaína

A ouabaína (OUA) é um hormônio esteróide conhecido por ser inicialmente

isolado de plantas, tais como a árvore africana da espécie Acocanthera ouabaio (Figura

1A) e de sementes de Strophanthus gratus (Figura 1B) (SCHONER, 2002). Foi descrita

como um componente endógeno encontrado no plasma de mamíferos superiores

(HAMLYN et al, 1991).

Figura 1 - Fotos de plantas da espécie Acochantera ouabaio (a) e Strophantus gratus (b) onde a

Ouabaína foi primeiramente isolada.

A OUA endógena é produzida pelas glândulas adrenais, hipófise e hipotálamo. A

adrenal é o principal local de síntese e estocagem de ouabaína, sendo sua secreção

dependente de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) (Figura 2) (LAREDO et al,

1994; HINSON et al, 1998).

Já se sabe que a OUA é liberada em condições similares àquelas onde há

secreção de corticóides (LAREDO et al, 1994; HINSON et al, 1998). Sendo assim, em

situações de estresse, como em um exercício, pode ocorrer o aumento dos níveis de

Ouabaína endógena no plasma (GOTO et al, 1995). A biossíntese de OUA endógena

ocorre a partir dos hormônios esteróides pregnenolona e progesterona, sendo realizada

pelas células da zona fasciculada da região cortical das glândulas adrenais. De acordo

com alguns estudos, já se sabe que a adrenolectomia leva ao declínio dos níveis

B) A)

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plasmáticos de OUA e a superprodução de Ouabaína por tumores já foi relatada

(SCHONER et al, 2007).

Figura 2 – Liberação de ouabaína pela glândula adrenal: a figura representa a regulação da síntese e

secreção de ouabaína pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

A Ouabaína é classificada como um glicosídeo cardiotônico e tem como

função principal a inibição da bomba de Na+K

+ATPase, que é uma proteína encontrada

na membrana plasmática das células. Ela apresenta a fórmula C30 H40 O12 (GEMMELL

et al, 1890) e possui na sua estrutura um núcleo esteróide, como pode ser visto na figura

3 (SCHONER et al, 2007).

Adaptado de WEBSTER, J.I; GLASER, R.- Stress

hormones and immune function - 2008

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Figura 3 - Estrutura química da ouabaína: presença de um radical R que representa o açúcar Ramnose

encontrado na Ouabaína, um núcleo esteróide que corresponde à porção ouabagenina. .

Assim como os demais esteróides classificados como glicosídeos cardiotônicos, a

OUA possui uma atividade hipertensinogênica, levando ao aumento da pressão

sanguínea. Já está descrito na literatura que o pré-tratamento de ratos normotensos com

Ouabaína aumenta a pressão arterial e a resposta vasopressora a agentes

vasoconstritores in vivo e in vitro (VASSALLO et al, 2001). Em humanos também já

foi observado que o aumento da concentração da ouabaína no plasma está relacionado

com a elevação da pressão arterial (BLAUSTEIN et al, 1993).

Para entendermos melhor sobre as propriedades cardiotônicas da ouabaína,

falaremos brevemente sobre os glicosídeos cardiotônicos.

1.1 - Glicosídeos Cardiotônicos

Os glicosídeos cardiotônicos, também conhecidos como digitálicos, pertencem a

uma família de hormônios esteróides que são sintetizados e secretados pela glândula

adrenal (SCHONER et al, 2007). Os digitálicos são inibidores específicos da proteína

Na+K+ATPase e ao se ligarem a ela inibem o transporte iônico realizado por essa

enzima (SCHONER et al, 2007 e 2008). Essa interação também leva a ativação de

Ouabagenina

(

R = Ramnose Adaptado de SCHONER, W. - 2002.

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várias cascatas de sinalização que induzem mudanças na homeostase de Ca++

intracelular e a expressão de genes específicos (NESHER et al, 2009).

Os digitálicos são classificados em dois grupos principais: os cardenolídeos, que são

compostos identificados originalmente em plantas, e os bufadienolídeos, que foram

identificados em veneno de sapo. No grupo dos cardenolídeos podemos citar 2

exemplos principais: a ouabaína e a digoxina. Nos bufadienolídeos, temos como

exemplo a marinobufagenina (NESHER et al, 2009).

A principal característica dos digitálicos que já está bem descrita na literatura

envolve suas propriedades cardiotônicas que estão relacionadas com suas ações

ionotrópicas (aquelas que influenciam na força da contratilidade do miocárdio) e

cronotrópicas (aquelas que afetam a taxa de movimentos rítmicos, ou seja, os

batimentos cardíacos) sobre o coração. Visto essas propriedades, podemos destacar a

ouabaína e a digoxina por serem os principais compostos estudados e que são utilizados

no tratamento de doenças cardíacas, como a insuficiência cardíaca congestiva e

arritmias (SOLDIN et al, 1986).

A ouabaína e a digoxina apresentam semelhanças tanto funcionais como estruturais,

já que são inibidoras específicas da proteína Na+K+ATPase e apresentam o núcleo

esteróide em comum na suas estruturas. Além disso, tanto a OUA quanto a digoxina não

só inibem a Na+K+ATPase, como também podem induzir a sua internalização (LIU et

al, 2005; SCHONER et al, 2008).

Além da sua função cardiotônica, a ouabaína também é conhecida por ter um papel

sobre o sistema imunológico.

2 - Ação da Ouabaína no sistema imunológico

Dados da literatura mostram que a Ouabaína foi capaz de inibir a proliferação

linfocitária induzida por vários mitógenos (QUASTEL & KAPLAN 1968; MORAES et

al, 1989) como a IL-2 (STOECK et al, 1983), o éster de forbol (TPA) (OLEJ et al,

1994), concavalina A (Con A) (SZAMEL et al, 1981) e fitohemaglutinina (PHA)

(MORAES et al, 1989), entre outros. Além disso, já foi descrito que em timócitos e

linfócitos periféricos a OUA aumenta a mobilização de cálcio intracelular

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(ECHEVARRIA-LIMA et al, 2003) e a expressão da molécula CD69, que está presente

em células ativadas (RODRIGUES MASCARENHAS et al, 2003).

Linfócitos tratados in vitro com ouabaína não avançam no ciclo celular assim

como falham ao expressar CD25 e/ou secretar IL-2 (BRODIE et al, 1995; PIRES et

al, 1997; DORNAND et al, 1986). Timócitos expostos a ouabaína na presença de

Con A apresentam uma diminuição nos níveis do fator nuclear de células T ativadas

(NFATc), que é um importante fator de transcrição para respostas imunológicas

(RODRIGUES MASCARENHAS et al, 2008). Em condições normais, o mitógeno

Con A ativa a síntese de NFAT, que é essencial para a produção da citocina IL-2.

Diferentemente do que foi observado para os linfócitos T, a ouabaína não afetou a

atividade citotóxica das células natural killers (NK) (MORAES et al, 1989).

A ouabaína também é capaz de modular a produção de citocinas pró-inflamatórias

tais como IL-1β, IL-6 e TNF-α in vivo (MATSUMORI et al, 1997; MATSUMORI et al,

2000; FOEY et al, 1997), induzir o aumento na produção de óxido nítrico por

macrófagos do peritônio de ratos estimulados com lipopolissacarídeos (SOWA et al,

1997) e estimular a apoptose de linfócitos humanos de sangue periférico induzidos por

mitógenos (OLEJ et al, 1998; ESTEVES et al, 2005).

A modulação dos níveis de citocinas na presença de ouabaína pode afetar a

produção de células progenitoras de maneira dose-dependente. Em altas concentrações

de OUA (10-4

M) foi observado que há uma inibição de 70% da proliferação de células

progenitoras de granulócitos (CFU-C), enquanto em uma concentração menor de OUA

(igual ou menor que 10-6

M) essas células proliferaram normalmente. O mesmo foi

observado para os progenitores eritróides (SPIVAK et al, 1980).

Em relação à ação da ouabaína sobre os monócitos, ainda há poucos estudos que

descrevam o papel desse hormônio nessas células, mas sabe-se que a OUA induz a

diminuição da expressão de uma glicoproteína de membrana chamada mCD14

(VALENTE et al, 2009) que é fundamental no processo inflamatório para o

reconhecimento de microorganismos pelos monócitos (LANDMANN et al, 2000). Na

presença de ouabaína pode ocorrer a inibição da fagocitose de microorganismos

patogênicos e células apoptóticas pelos monócitos humanos, sugerindo então que a

OUA pode estar modulando negativamente a capacidade fagocítica desses monócitos.

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Ainda sobre a modulação dos monócitos pela ouabaína, estudos recentes com

monócitos humanos mostram que este hormônio é capaz de regular o CD16 (receptor

Fcγ tipo III) presente em uma subpopulação de monócitos conhecidos como não

clássicos ou pró-inflamatórios (mCD14+CD16+), que caracterizam-se por secretar

grandes quantidades de TNF-α (STRAUSS et al, 2007) e por estarem elevados em

infecções agudas e crônicas, doenças inflamatórias e sepse (NOCKHER et al, 1998;

CHIU et al, 2010; FINGERLE et al, 1993). Um estudo mais recente mostrou que a

OUA previne o aparecimento de monócitos CD14+CD16+ e inibe sua ativação in vitro

(VALENTE et al, 2012). Apesar disso, não se sabe se a administração in vivo de OUA

poderia induzir um efeito similar, prevenindo o aumento de mCD14+CD16+ tanto em

doenças inflamatórias como em infecções, já que estas células estão relacionadas ao

agravamento de doenças imunes severas, tal como artrite reumatóide.

Recentemente, foi descrito também que a ouabaína apresenta um potencial anti-

inflamatório e analgésico in vivo, sendo esse mecanismo relacionado à inibição de

prostanglandina E2, bradicinina e degranulação de mastócitos pela OUA

(VASCONCELOS et al, 2011), mostrando então que a ouabaína tem capacidade de

modular negativamente processos inflamatórios.

De acordo com essas propriedades anti-inflamatórias da OUA, outros estudos

foram realizados em modelo de infecção por Leishmania amazonensis para

compreender melhor a capacidade da ouabaína em modular processos inflamatórios na

presença de um agente infeccioso. Os animais infectados que receberam OUA por

injeção intraperitoneal apresentaram uma redução de células na cavidade peritoneal

devido à inibição da migração de neutrófilos induzida pelo protozoário. Também foi

observado que na presença de ouabaína houve redução dos níveis de citocinas pro-

inflamatórias, tais como TNF-α e IFN-γ nos animais infectados (JACOB et al, 2013).

Outro papel da OUA no sistema imunológico está relacionado à ação deste hormônio

junto com os glicocorticóides sobre a população de linfócitos. Já está descrito e bem

estabelecido na literatura que os glicocorticóides induzem a apoptose in vitro e in vivo

de timócitos duplo-positivos CD4+CD8+ (WYLLIE, 1980; COMPTON &

CIDLOWSKY, 1986). Visto que a ouabaína é um hormônio esteróide, assim como os

glicocorticóides, foi demonstrado que a administração in vivo de OUA não induz

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sozinha a morte celular de timócitos duplo-positivos em camundongos, mas sinergiza

com os glicocorticoides induzindo a apoptose dessas células (RODRIGUES

MASCARENHAS et al, 2006).

Sendo a ouabaína um hormônio que é secretado nas mesmas condições de estresse

que os glicocorticoides, foi sugerido que a OUA também poderia estar modulando a

população linfocitária.

3 - Glicocorticóides e linfopoese

Os glicocorticóides são hormônios esteróides produzidos e secretados pela glândula

adrenal e, assim como a Ouabaína, sua secreção também é dependente de ACTH e

acontece principalmente em condições de estresse (WEBSTER et al, 2002). Dentre as

diversas funções que os glicocorticóides apresentam no organismo, podemos destacar a

capacidade desses hormônios em regular a atividade do sistema imunológico.

Dados da literatura mostram que os glicocorticóides estão envolvidos na maturação

dos linfócitos (ZACHARCHUK et al, 1991; VACCHIO et al, 1998) e já se sabe que

esses hormônios induzem a apoptose dos precursores de linfócitos B (GARVY et al,

1993) e timócitos duplo positivos CD4+CD8+ por serem mais sensíveis a esses

hormônios do que os linfócitos maduros.

As células precursoras de linfócitos B são mais sensíveis aos glicocorticóides do que

as B maduras, e isso foi comprovado por um estudo em que a medula óssea de

camundongos expostos a glicorticorticóides apresentou entre 60-80% de apoptose nos

precursores de B (GARVY et al, 1993). Diferentemente disso, a Ouabaína não apresenta

um papel modulador nas populações de precursores de B (Pro-B e Pré-B) já que essas

células não foram afetadas pelo tratamento com OUA (PAIVA et al, 2011).

Os glicocorticóides e a ouabaína apresentam semelhanças, pois são hormônios do

tipo esteróide, são secretados nas mesmas condições de estresse e modulam o sistema

imunológico. Porém, ainda pouco se sabe sobre o papel da OUA em linfócitos B.

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20

4 - Os linfócitos B

Os linfócitos B são células que fazem parte do sistema imunológico e medeiam a

resposta imune adaptativa humoral, sendo esses capazes de produzir e secretar

anticorpos, apresentar antígenos para os linfócitos T, sintetizar e secretar citocinas que

modulam as respostas de outras células do sistema imunológico (ALLMAN et al, 2008).

Dentro da população dos linfócitos B, existem subpopulações dessas células que

apresentam características fenotípicas e funcionais distintas, sendo cada uma delas de

grande importância para a resposta imunológica. Essas células são divididas em duas

subpopulações principais: os linfócitos B2 e os linfócitos B1. Cada um desses subtipos

de células B são originadas de forma diferente e exercem papéis variados no organismo,

a saber.

4.1 - Desenvolvimento dos linfócitos B2

Nos mamíferos, na fase adulta, os linfócitos B2 se desenvolvem na medula óssea a

partir de células precursoras hematopoéticas, e, na fase embrionária, eles se originam de

células tronco hematopoéticas do fígado fetal (MULLER, et al 1994; MEDVINSKY, et

al 1996 ). Os estágios iniciais desse desenvolvimento em adultos, que ocorre na medula,

são estruturados por diversos processos e são diferenciados uns dos outros em relação à

expressão de marcadores celulares localizados intracelularmente e na superfície,

rearranjos dos genes responsáveis pela expressão das imunoglobulinas e diferenças na

proliferação em resposta a presença de IL-7 (ROLINK & MELCHERS, 1991).

As células Pro-B na medula óssea interagem com células estromais e IL-7, e

expressam B220, CD19 e CD43, além do receptor para IL-7 (IL-7R) que contribuem

para a sobrevivência, proliferação e diferenciação dos progenitores de linfócitos B

(CORCORAN et al, 1996 e 1998). Essas células Pro-B vão expandir no ambiente que

contém células estromais na presença de IL-7, levando assim à transição destas mesmas

células para o estágio pré B-I, que é marcado pela presença do Pré-BCR, que é o pré

receptor da célula B (ROLINK & MELCHERS, 1991; MELCHERS & ROLINK,

1999).

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Depois desse estágio Pré B-I, as células passam para a o estágio de Pré B-II o

qual é caracterizado principalmente por 2 diferentes sub-estágios, que são chamados :

Pré-B II grande (Figura 4) onde as células estão ciclando e o outro é conhecudo como

Pré B II pequena, no qual as células estão em repouso. As células Pré B II perdem a

capacidade proliferativa em presença de IL-7 e IL-3.

Nesse estágio ocorre a proliferação das células B que apresentam o pré BCR na

superfície e o desligamento do rearranjo VDJ. As células Pré B-II grandes passam para

estágio de células Pré B-II pequenas e essa fase de transição é marcada pelo retorno da

expressão dos genes Rag-1 e Rag-2, que são importantes para o rearranjo produtivo da

cadeia leve κ ou λ. Após esse rearranjo os linfócitos B tornam-se imaturos expressando

IgM na superfície (CONH & LANGMAN, 1990).

Figura 4 - Estágios do desenvolvimento do linfócito B2: A figura mostra os vários estágios do

desenvolvimento dos linfócitos B2 em camundongos e os marcadores que são usados para identificá-los

em cada etapa (Adaptado de RHODRI, C. & ROLINK, A. C, 2012).

Após se tornarem células B imaturas, os linfócitos B saem da medula e vão para o

baço terminar o seu processo de maturação. Ao chegar no baço, essa transição de B

imatura para B madura envolve uma série de mudanças na expressão de marcadores,

passando a expressar IgD e diferenciando-se em duas subpopulações: linfócitos B de

zona marginal e linfócitos B foliculares (CARIAPPA et al, 2007).

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4.1.1 - Linfócito B de zona marginal: é uma subpopulação de linfócitos B

especializados que se encontram na região do seio marginal dos folículos do baço

(MARTIN & KEARNEY, 2002) e foram caracterizados pela expressão das moléculas

CD21 e CD23, sendo esses linfócitos identificados como CD21high

CD23low/neg

. Essas

células B apresentam a capacidade de gerar resposta imune humorais T independentes,

respondendo avidamente a estímulos antigênicos e diferenciando-se em células

secretoras de anticorpos sem a necessidade de auxílio dos linfócitos T (ALLMAN &

PILLAI, 2008). Apresentam um repertório de reconhecimento antigênico limitado e não

produzem anticorpos somente após o início da infecção, mas também sob condições de

homeostase. Isso significa que esses anticorpos reconhecem sinais moleculares

compartilhados por células estranhas e autólogas, facilitando assim a eliminação de

ambos microorganismos e células apoptóticas do hospedeiro (BENDELAC et al, 2001;

MARTIN e KEARNEY, 2002). Além dessas funções, os linfócitos B de zona marginal

também apresentam antígenos via CD1d para uma classe especial de células da

imunidade inata conhecidas como NKT (BARRAL et al, 2008).

4.1.2 Linfócito B folicular: esse subtipo de linfócito B é encontrado em abundância no

baço na região interna dos folículos do baço e, diferentemente dos linfócitos B de zona

marginal, são caracterizadas fenotipicamente como CD21low

CD23 high

(CARIAPPA et

al, 2007). Os linfócitos B foliculares atuam em um estágio mais avançado da resposta

adaptativa, gerando linfócitos B de memória e plasmócitos por meio da resposta

humoral T dependente. Nesse tipo de resposta, os linfócitos B foliculares interagem

com os linfócitos T presentes nessa região, apresentando-os os antígenos protéicos e

ativando-os. Essa cooperação entre B e T também é de grande importância para os

linfócitos B foliculares, pois essa interação leva essas células a passar por um processo

de hipermutação somática, onde ocorre mutações nos genes da suas imunoglobulinas,

alterando a afinidade dos anticorpos produzidos (JACOB et al, 1991)

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5 - Linfócitos B1

As células B1 são um tipo especial de linfócitos B que se desenvolvem no fígado

fetal durante a fase embrionária e foram caracterizadas inicialmente pela expressão da

molécula CD5 (KANTOR, 1991). Possuem capacidade de auto-renovação (HARDY et

al, 2001; BERLAND et al, 2002) e expressam um BCR com menor variação que pode

ligar aos antígenos próprios assim como aos antígenos microbianos. Estes linfócitos

estão presentes predominantemente na cavidade peritoneal e na pleura, mas também

podem ser encontrados em menor quantidade no baço (HARDY et al, 1984;

HAYAKAWA et al, 1985; HAYAKAWA et al, 1983), linfonodos mesentéricos e na

lâmina própria do intestino (HASTINGS et al, 2006; BERBERICH, et al 2007). Os

linfócitos B1 são os principais produtores de anticorpos naturais, em especial a IgM

(BAUMGARTH et al, 2005) em resposta a antígenos timo-independente, tal como a

fosforilcolina que está presente em várias bactérias patogênicas (BERBERICH et al,

2007). Recentemente também foi descrito que as células B1 apresentam a capacidade de

se diferenciar em macrófagos peritoniais (POPI et al, 2012).

6 - Linfócitos B regulatórios

É uma subpopulação de linfócitos B que apresenta um papel regulatório e

contribui na manutenção do equilíbrio necessário para a tolerância. Existem várias

populações de células B consideradas com função regulatória, dentre elas os linfócitos

B de zona marginal (EVANS et al, 2007) e as células B1 (BAUMGARTH et al, 2005) .

As células B regulatórias clássicas que foram primeiramente descritas como produtoras

de IL-10 (B10) se caracterizam pela expressão de CD19+CD5+CD1dhigh

e apresentam

como função principal a inibição da resposta inflamatória excessiva, que ocorre durante

doenças autoimunes ou em infecções (SHLOMCHIK et al, 2001; HARRIS et al, 2000;

MAURI, 2003).

Os linfócitos B regulatórios medeiam as suas funções principalmente pela secreção

da citocina IL-10, que apresenta papel inibitório, sendo que, através desta, pode-se inibir

a produção de citocinas pró-inflamatórias (SHLOMCHIK et al, 2001; HARRIS et al,

2000; MAURI, 2012) e induzir a diferenciação de linfócitos T regulatórios (BLAIR et

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al , 2009; GRAY et al, 2007; AHANGARANI et al, 2009), que também participam do

mecanismo de tolerância e regulação da resposta imunológica.

Sendo assim, essa subpopulação de linfócitos B é de grande importância para a

manutenção do equilíbrio das respostas imunológicas.

7 - A ouabaína e a regulação dos linfócitos B

Sobre o papel da ouabaína durante o desenvolvimento dos linfócitos B, evidências

obtidas com outros hormônios sugerem que a OUA, sendo um hormônio esteróide

liberado em situações de estresse, poderia interferir no processo de maturação dos

linfócitos B. Dados recentes do nosso grupo mostraram que o tratamento in vivo com

ouabaína leva a uma redução das células B maduras na medula óssea, baço e sangue

periférico (PAIVA et al, 2011). Visto que o baço é o órgão onde as células B terminam

seu processo de maturação e a modulação pela OUA leva a uma redução de células B

maduras neste órgão, menos células deste tipo são lançadas na circulação,

consequentemente tem-se menos destas células no sangue periférico e na medula óssea,

já que as células B maduras da medula óssea são células recirculantes.

Considerando-se este contexto, é de suma importância estudar os efeitos da ouabaína

durante o desenvolvimento dos linfócitos B e compreender através de que mecanismos

esses linfócitos são regulados pela OUA.

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OBJETIVOS

Objetivos gerais:

Nosso objetivo central foi elucidar através de que mecanismos a ouabaína regula

o desenvolvimento e manutenção periférica dos linfócitos B de diferentes órgãos no

camundongo.

Objetivos específicos:

Os objetivos específicos deste projeto são:

1) Analisar qual subpopulação de linfócitos B maduros está sendo afetada in vivo pela

ouabaína.

2) Verificar se a interrupção do tratamento in vivo com ouabaína que leva à diminuição

do número de linfócitos B em diferentes órgãos (PAIVA et al, 2011) resultaria na

recuperação deste número.

3) Verificar os efeitos do tratamento in vitro com ouabaína na viabilidade de linfócitos

B do baço de camundongos.

4) Investigar se há inibição na proliferação de linfócitos B de baço de camundongos

tratados in vitro com a ouabaína.

5) Verificar se há modulação da população de células B regulatórias no baço e das

células B1 no peritônio dos animais tratados in vivo com ouabaína.

6) Avaliar se a ouabaína induz a migração preferencial do linfócitos B do baço para os

linfonodos mesentéricos.

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METODOLOGIA

1 - Animais: Foram utilizados camundongos Balb/c (fêmeas / 4 -12 semanas de idade)

para as injeções in vivo de Ouabaína. Os animais foram mantidos à temperatura

controlada e receberam água e comida à vontade. Os experimentos foram realizados de

acordo com o Guia Internacional para uso de animais de laboratório e estão aprovados

pelo comitê de ética da UFF (CEUA) sob o n° 086/2011.

2 - Experimentos in vivo com ouabaína: Para os experimentos in vivo os animais

foram separados em dois grupos:

Grupo 1 – controle : 5 animais injetados com 200 μl de meio RPMI

Grupo2 – Ouabaína: 5 animais injetados com 0,56mg/kg de Ouabaína diluída em meio

RPMI em um volume total de 200 μl.

A dose e o tempo de injeção acima mencionados foram previamente estabelecidos por

Rodrigues-Mascarenhas e colaboradores (2006) e Paiva e colaboradores (2011). Os

animais foram injetados intraperitonealmente por três dias consecutivos e no quarto dia

foram sacrificados. As células do baço, peritônio ou linfonodos mesentéricos foram

obtidas e mantidas em meio RPMI. Posteriormente foi adicionado tampão de lise para

hemácias (ACK) para lisar os glóbulos vermelhos. Após o ACK, foi feita a contagem

de células, marcação com anticorpos e aquisição no citômetro de fluxo. Nos

experimentos de cinética para verificação da possível recuperação do tratamento com

Ouabaína, os animais foram sacrificados em diferentes tempos após o tratamento.

3 - Cultura de células: As células obtidas do baço foram cultivadas em meio RPMI

1640 (suplementado com 10% de soro fetal bovino, tampão Hepes 10mM, L-glutamina

2 mM, 100 µg/ml de estreptomicina e 50 UI/ml de penicilina) em placas de 24 poços

contendo 2 X 106 células/poço por no mínimo 24 horas em estufa com 5,0% de CO2 a

37°C. As células foram cultivadas na presença ou ausência de ouabaína na concentração

de 10-7

M. Após 24 horas, as células foram recolhidas e contadas em câmara de

Neubauer sendo a exclusão das células mortas feita por coloração com azul de Tripan.

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4 - Experimentos de proliferação in vitro: Nas culturas realizadas para avaliar a

proliferação dos linfócitos B foi utilizado CFSE (Carboxifluoresceína succinimidil

éster) para marcar as células, já que, esta substância é um indicador de proliferação

celular. A marcação com CFSE foi feita no 1° dia da cultura por 15 min, na solução de

PBS estéril contendo as células do baço na temperatura de 37°C em banho-Maria. Após

esse tempo, foi adicionado 1 ml de soro fetal para cada 5ml de volume de PBS estéril

com células para parar a reação. Depois, essas células foram centrifugadas, lavadas 2

vezes com PBS 10% de soro fetal bovino gelado e após isso ressuspendidas em 1 ml de

RPMI, contadas, plaqueadas e armazenadas na estufa a 37°C e 5,0% de CO2 por 72h.

Em alguns poços, as células foram cultivadas só com LPS (12,5 µg/ml) para estimular a

proliferação dos linfócitos B. Os outros poços continham somente OUA na seguinte

concentração: 10-7

M. (Ver figura 5). Após 72h, as células foram recolhidas e contadas

na câmara de Neubauer, sendo excluídas as células mortas com o uso de azul de Tripan.

Figura 5 – Placa de cultura utilizada para os experimentos in vitro das células B do baço

marcadas com CFSE.

5 - Marcação das células para análise em citômetro de fluxo: Células frescas obtidas

do baço, linfonodos mesentéricos e peritônio foram centrifugadas e ressuspendidas em

PBS e soro fetal 3% (Gibco). Foram utilizados anticorpos, anti- B220 PE, anti- IgM

FITC, anti- CD21 APC, anti-CD19 APC, anti-CD19 PercP, anti-CD5 FITC, anti-CD1d

PE, anti-CD23 PE sendo as preparações incubadas em gelo por 20 minutos. As células

CTR

OUA 10-7

M OUA 10-7

M + LPS

LPS

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foram centrifugadas, ressuspendidas em PBS e a aquisição foi feita em citômetro de

fluxo ACCURI. A marcação com anexina V FITC ou anexina V alexa 647 nos

experimentos in vitro foi feita durante 20 minutos na temperatura ambiente no tampão

de anexina enriquecido em cloreto de cálcio (Invitrogen) no escuro. Após a marcação as

células foram acrescidas de PBS e adquiridas no citômetro de fluxo.

6 - Análises e Testes estatísticos: As análises da citometria foram realizadas no

programa CFlowPlus (Accuri). As análises estatísticas foram feitas utilizando o

programa GraphPad Prism 4. A análise estatística dos dados foi obtida através do teste

estatístico T Student não pareado. Os dados foram considerados significativos quando

p< 0,05.

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RESULTADOS

Dados recentes do nosso grupo (PAIVA et al, 2011) mostraram que a ouabaína é

capaz de reduzir as populações de linfócitos B no baço dos animais tratados in vivo.

Sendo assim, procuramos verificar qual subpopulação de linfócitos B estaria sendo

afetada neste órgão.

1) Efeito da ouabaína in vivo nas populações dos linfócitos B de zona marginal e

folicular do baço:

Nos experimentos in vivo de baço, primeiramente procuramos analisar exatamente

qual subpopulação de linfócitos B maduros estava sendo modulada pela OUA. De

acordo com os resultados dos testes, observou-se que não houve uma redução

significativa do número percentual das células B totais (IgM+) (dado não mostrado) e

B de zona marginal, porém os linfócitos B foliculares foram reduzidos

significativamente nos animais tratados com ouabaína (Figura 6.B).

Linfócitos

B foliculares

B) OUA A) CTR

Linfócitos

B foliculares

Linfócitos

B de zona marginal

Linfócitos

B de zona marginal

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Figura 6 - Efeito da administração de Ouabaína in vivo no percentual de linfócitos B foliculares do

baço de camundongos Balb/c. – grupo controle (a) e grupo experimental (b) / R4 = linfócito B de zona

marginal ; R5 = linfócitos B foliculares dentro da gate de IgM+ (linfócitos B totais). Os animais do grupo

controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental com 0,56

mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço destes animais e

analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células do baço foram

posteriormente marcadas com anticorpos Anti-IgM FITC, Anti-CD21 APC, Anti-CD23 PE para

diferenciar as subpopulações de linfócitos B. (N= 3 experimentos).

Em relação ao número absoluto dos linfócitos B totais (Figura 7.A), B foliculares

(Figura 7.C) e B de zona marginal (Figura 7 B) pudemos observar que houve uma

redução significativa dessas duas populações.

Fig ura 7 - Efeito da administração de Ouabaína in vivo no número absoluto de linfócitos totais, B

folicular e B de zona marginal do baço de camundongos Balb/c. – Linfócitos totais (a) linfócitos B

de zona marginal (b) linfócitos B foliculares (c). Os animais do grupo controle foram injetados

A) B)

C)

*

*

*

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intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental com 0,56 mg/Kg de Ouabaína

durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço destes animais e analisamos se houve uma

regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células do baço foram posteriormente marcadas

com anticorpos Anti-IgM FITC, Anti-CD21 APC, Anti-CD23 PE para diferenciar as subpopulações de

linfócitos B. A média do número total de linfócitos B presentes no baço do grupo controle e do grupo

Ouabaína é mostrada acima. (N= 3 experimentos) / *= p <0 ,0 5

2) Cinética de recuperação de linfócitos B de baço após o tratamento in vivo por

3 dias consecutivos e interrupção deste por 48h.

No experimento de cinética de recuperação, foi avaliado se o percentual e o número

absoluto da população de linfócitos B voltaria ao normal ao interromper o tratamento

com ouabaína 48h após a última injeção. De acordo com os resultados acima, foi

observado que 24h após a última injeção não há uma redução significativa do percentual

dos linfócitos B de zona marginal, porém há uma redução significativa dos linfócitos B

foliculares (Figura 6 A/B).

Em relação aos resultados após a interrupção 48h depois da última injeção, não foi

observado uma redução significativa no percentual (Figura 8 A-C) e nem em número

absoluto (Figura 9 A-C) dos linfócitos B totais, B de zona marginal e de B foliculares,

indicando assim que houve um retorno das células B e mostrando então que a meia-vida

da ouabaína parece ser em torno de 24h em camundongos, semelhante ao que já foi

mostrado em cachorros e humanos (SELDEN et al, 1974).

A) B) C)

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Figura 8 – Ausência de efeito da administração in vivo no percentual de linfócitos B totais, B de

zona marginal e B folicular do baço de camundongos Balb/c – 48h após a última injeção. –

Linfócitos B totais (a) linfócitos B de zona marginal (b) linfócitos B foliculares (c). Os animais do grupo

controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental com 0,56

mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço destes animais e

analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células do baço foram

posteriormente marcadas com anticorpos Anti-IgM FITC, Anti-CD21 APC, Anti-CD23 PE para

diferenciar as subpopulações de linfócitos B. A média do percentual de linfócitos B presentes no baço do

grupo controle e do grupo Ouabaína é mostrada acima. (N= 2 experimentos)

A) B)

C)

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Figura 9 - Administração in vivo da Ouabaína não reduz o número absoluto de linfócitos totais, B

de zona marginal e B folicular do baço de camundongos Balb/c - 48h após a última injeção. –

Linfócitos totais (a) linfócitos B de zona marginal (b) linfócitos B foliculares (c). Os animais do grupo

controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental com 0,56

mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço destes animais e

analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células do baço foram

posteriormente marcadas com anticorpos Anti-IgM FITC, Anti-CD21 APC, Anti-CD23 PE para

diferenciar as subpopulações de linfócitos B. A média do número absoluto de linfócitos B presentes no

baço do grupo controle e do grupo Ouabaína é mostrada acima. (N= 2 experimentos).

3) Efeito da ouabaína in vitro na viabilidade da população de linfócitos B do baço:

Após observamos o efeito da ouabaína na população de linfócitos B do baço,

decidimos avaliar através de quais mecanismos este hormônio estaria afetando essa

população de linfócitos. De acordo com isso, foi sugerido que a OUA poderia estar

induzindo essa redução por interferir na viabilidade das células B, ou seja, ela estaria

aumentando a apoptose desta população celular. Nossos resultados mostram que no

grupo tratado com OUA na concentração de 10-7

M (Figura 10.B), que corresponde a

dose farmacológica atingida in vivo durante o estresse, há um aumento da apoptose dos

linfócitos B, sugerindo então que este seria um dos mecanismos pelo qual a ouabaína

modularia a população de linfócitos B no baço.

Figura 10 – Ouabaína afeta a viabilidade da população de linfócitos B do baço de camundongos

Balb/c. Controle (a) e grupo experimental (b) / R1 = linfócitos B apoptóticos; R3= linfócitos B não

apoptóticos. As células obtidas do baço de camundongos Balb/c foram cultivadas em meio RPMI 1640

por 24h em estufa com 5% de CO2 a 37° C. Em alguns poços foi acrescentada Ouabaína na concentração

de 10-7

M. Após 24 horas, as células foram recolhidas, contadas e marcadas com anticorpo anti-B220 PE e

Anexina V FITC para análise da viabilidade celular por citometria de fluxo. (N= 2 experimentos)

A) CTR

B) OUA 10-7

M

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4) Efeito do tratamento com ouabaína in vitro na proliferação dos linfócitos B em

resposta à LPS .

Outro mecanismo de ação da ouabaína foi proposto na tentativa de explicar de que

maneira esse hormônio estaria reduzindo os linfócitos B no baço. Para isso foram

realizados experimentos de proliferação in vitro a fim de avaliar se este hormônio

estaria inibindo a proliferação das células B ao LPS, explicando assim a redução dos

mesmos em número absoluto observada anteriormente pelo nosso grupo (PAIVA et al,

2011). Nos ensaios de proliferação in vitro pudemos observar que a OUA inibe

parcialmente a proliferação dos linfócitos B em resposta ao LPS (Figura 11).

Figura 11 - Inibição parcial in vitro na proliferação da população de linfócitos B do baço de

camundongos Balb/c pela Ouabaína. As células obtidas do baço foram marcadas com CFSE no 1º dia

de cultura e mantidas por 72 horas em estufa com 5% de CO2 a 37°C. Em alguns poços, as células foram

cultivadas apenas com LPS para estimular os linfócitos B , outros com Ouabaína na concentração de

10-7

M. Em alguns outros poços as células foram cultivadas com Ouabaína na mesma concentração com a

adição de LPS. Após 72h horas, as células foram recolhidas, contadas e marcadas com anticorpos anti-

B220 PE para análise da proliferação celular dos linfócitos B por citometria de fluxo. (N= 3

experimentos) / * = LPS em relação ao CTR ; ** = LPS+OUA em relação ao LPS. Este é um

experimento representativo de 3 experimentos independentes.

**

*

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35

5) Avaliação do efeito da ouabaína na população dos linfócitos B regulatórios do

baço e B1 peritoneais e do baço

Além de estudar o papel da ouabaína na população de linfócitos B de zona marginal e

folicular do baço, buscou-se também avaliar se a OUA estaria modulando outras

populações de linfócitos B, tais como as células B regulatórias, que correspondem a

uma população de linfócitos B capaz de regular negativamente a resposta imunológica,

e os linfócitos B1, que são conhecidos por serem produtores de anticorpos naturais. De

acordo com os resultados obtidos, não foi observada uma redução significativa no

número absoluto de B regulatórios (CD19+CD5+CD1dhigh

) (Figura 12 A) e nem no

percentual destes linfócitos (Figura 12 B).

Figura 12 - Ausência de efeito da Ouabaína in vivo na população de linfócitos B regulatório do baço

de camundongos Balb/c – N° de linfócitos B regulatórios (a) % de linfócitos B regulatórios (b). Os

animais do grupo controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo

experimental com 0,56 mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço

destes animais e analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células

do baço foram posteriormente marcadas com anticorpos Anti-CD19 APC, Anti-CD5 FITC, Anti- CD1d

PE para diferenciar as subpopulações de linfócitos B. A média do número absoluto de linfócitos B

presentes no baço do grupo controle e do grupo Ouabaína é mostrada acima. (N= 3 experimentos).

B) A)

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36

Em relação os linfócitos B1 do baço, a OUA também não modulou essa população

de células B, já que de acordo com os resultados abaixo podemos observar que não

houve redução significativa do percentual (Figura 13 A - B) e nem do número absoluto

dos linfócitos B1 (Figura 13.C). Também não houve modulação das B1 peritoniais (14

A-C).

Figura 13 - Ouabaína não apresenta efeito modulador sobre o número absoluto e percentual de

linfócitos B1 do baço de camundongos Balb/c. – grupo controle (a) e grupo experimental (b) média do

número absoluto de linfócitos B1do baço (c). R3= Linfócitos B1 ; R4 = Linfócitos B totais. Os animais do

grupo controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental

com 0,56 mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço destes

animais e analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células do

baço foram posteriormente marcadas com anticorpos Anti-CD19 APC, Anti-CD5 FITC para diferenciar

as subpopulações de linfócitos B. (N= 3 experimentos).

A) CTR B) OUA

C)

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37

Figura 14 - Ausência de efeito da administração de Ouabaína in vivo no número absoluto e

percentual de linfócitos B1 do peritôneo de camundongos Balb/c. – grupo controle (a) e grupo

experimental (b) média do número absoluto de linfócitos B1 do peritôneo (c). Os animais do grupo

controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental com 0,56

mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células do baço destes animais e

analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células do baço foram

posteriormente marcadas com anticorpos Anti-CD19 APC, Anti-CD5 FITC para diferenciar as

subpopulações de linfócitos B. (N= 3 experimentos).

CTR OUA

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 0

1 1

1 2

N° l

inf.

B1

(C

D1

9+

CD

5+

) x

10

4

A) CTR B) OUA

C)

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38

6) Tratamento in vivo com ouabaína aumenta o número e o percentual de

linfócitos B nos linfonodos mesentéricos:

Além de observamos os efeitos do tratamento com ouabaína no baço, foram

realizados experimentos pra avaliar se a OUA estaria modulando também os linfócitos

B de outros órgãos linfóides secundários, como por exemplo, dos linfonodos

mesentéricos. Conforme os resultados obtidos, foi observado que no grupo tratado com

ouabaína há um aumento de linfócitos B nos linfonodos mesentéricos tanto em

percentual (Figura 15 A - B) quanto em número absoluto (Figura 16). Com isso, sugere-

se que este aumento poderia ser reflexo da redução dos linfócitos B do baço, ou seja, a

ouabaína poderia estar aumentando a migração dessas células B do baço para os

linfonodos mesentéricos.

Figura 15 – Efeito da administração de Ouabaína in vivo no percentual dos linfócitos B de

linfonodos mesentéricos de camundongos Balb/c – grupo controle (a), grupo experimental (b) Os

animais do grupo controle foram injetados intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo

experimental com 0,56 mg/Kg de Ouabaína durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células dos

linfonodos mesentéricos destes animais e analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos

B neste órgão. As células foram posteriormente marcadas com anticorpos Anti-B220PE e Anti-IgM FITC

para identificar os linfócitos B (N= 6 experimentos).

A) CTR B) OUA

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Figura 16 - Ouabaína induziu o aumento in vivo no número absoluto dos linfócitos B de

linfonodos mesentéricos de camundongos Balb/c - Os animais do grupo controle foram injetados

intraperitonealmente com 200 µl de RPMI e os do grupo experimental com 0,56 mg/Kg de Ouabaína

durante três dias. No quarto dia, obtivemos as células dos linfonodos mesentéricos destes animais e

analisamos se houve uma regulação da população de linfócitos B neste órgão. As células foram

posteriormente marcadas com anticorpos Anti-B220PE e Anti-IgM FITC para identificar os linfócitos B.

A média do número absoluto de linfócitos B presentes no baço do grupo controle e do grupo Ouabaína é

mostrada acima (N= 6 experimentos) / *= p <0 ,0 5

*

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DISCUSSÃO

A ouabaína é um hormônio esteróide sintetizado pela glândula adrenal, liberado

em condições de estresse, que inibe a enzima Na+K

+ATPase. Primeiramente, a OUA foi

descrita como um hormônio com propriedades cardiotônicas, pois apresenta atividade

hipertensinogênica que leva ao aumento da pressão sanguínea. Além do seu papel

cardiotônico, a ouabaína também apresenta atividade sobre o sistema imunológico.

Pouco se sabe sobre a ação da ouabaína nos linfócitos B. Já está descrito pelo

nosso grupo que a OUA não modula as populações de precursores de B (Pro-B e Pré-B)

já que essas células não foram afetadas pelo tratamento com Ouabaína (PAIVA et al,

2011). Ao contrário disso, os linfócitos B maduros do baço foram sensíveis ao

tratamento in vivo com OUA e houve a redução do número absoluto dos linfócitos B

totais.

No baço predominam os linfócitos B foliculares, que são importantes na resposta

timo-dependente e respondem aos numerosos antígenos proteicos existentes

(CARIAPPA et al, 2007). Em menor quantidade temos os linfócitos B de zona

marginal que se encontram na margem dos folículos do baço e que são responsáveis

pela resposta timo-independente (ALLMAN & PILLAI, 2008). Diante disso, é de

grande importância saber qual população de linfócitos B a OUA modula, já que ambas

são essenciais para resposta adaptativa humoral. Nossos resultados mostram que no

baço a principal população afetada foi a dos linfócitos B foliculares. Pudemos observar

que a ouabaína reduziu significativamente o percentual e o número absoluto das células

B foliculares (Figuras 6 e 7). Em relação aos linfócitos B de zona marginal, a OUA não

reduziu de forma significativa o percentual (Figura 6), porém houve redução no número

absoluto (ver figura 7).

Baseado nos nossos resultados obtidos com os linfócitos B foliculares 24h após a

última injeção e no trabalho que mostra que a meia vida da ouabaína em cachorros e

humanos está em torno de 22h (SELDEN et al, 1972), procuramos investigar se os

efeitos da OUA permaneceriam 48h após a interrupção do tratamento com esse

hormônio. Ao contrário do que observamos 24h após a interrupção do tratamento, não

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houve redução do percentual e nem do número absoluto dessas subpopulações 48h após

a interrupção da última injeção, sugerindo assim que há um retorno dessas células e que

a meia-vida da Ouabaína dura entre 24 e 48h em camundongos.

Dados anteriores da literatura mostram que a OUA foi capaz de estimular a apoptose

de linfócitos humanos de sangue periférico induzidos por mitógenos (OLEJ et al, 1998;

ESTEVES et al, 2005). Baseado nisso, procuramos avaliar através de quais mecanismos

a Ouabaína estaria modulando os linfócitos B. Para isso, foram realizados experimentos

de viabilidade celular e, de acordo com os resultados, o tratamento in vitro com

Ouabaína induziu o aumento da apoptose em células B (Figura 10.B) .

Além da indução da apoptose, outros mecanismos poderiam explicar a redução dos

linfócitos B no baço, como por exemplo, a inibição da proliferação. Trabalhos

anteriores mostram que a ouabaína foi capaz de inibir a proliferação linfocitária

induzida por mitógenos como a IL-2 (STOECK et al, 1983), o éster de forbol (TPA)

(OLEJ et al, 1994), Con A (SZAMEL et al, 1981) e PHA (MORAES et al, 1989), entre

outros. Sendo assim, foram realizados testes in vitro com Ouabaína a fim de observar se

ela estaria inibindo a proliferação dos linfócitos B em resposta ao LPS, que é um

estímulo proliferativo para essas células. Nossos resultados mostram que a OUA inibiu

parcialmente a proliferação das células B estimuladas com LPS (Figura 11).

Uma outra hipótese proposta seria de que a ouabaína poderia estar induzindo

aumento dos linfócitos B em outros órgãos linfóides secundários como, por exemplo, os

linfonodos mesentéricos, já que estes são os linfonodos drenantes mais próximos ao

local da injeção. Os resultados obtidos mostram que nos animais tratados com

Ouabaína, há um aumento das células B nos linfonodos mesentéricos, sugerindo assim

que a OUA pode estar induzindo a migração dos linfócitos B do baço para esses órgãos.

Outras subpopulações de linfócitos B do baço, como por exemplo, as células B

regularórias (Breg) também foram avaliadas. Essas células apresentam um perfil

regulatório e se caracterizam por inibir a resposta imunológica exacerbada por meio da

secreção da citocina anti-inflamatória IL-10 (MAURI et al, 2003) . O objetivo de avaliar

as B regulatórias baseou-se na tentativa de explicar outros resultados do nosso grupo

sobre os linfócitos T. De acordo com esses dados, a redução de linfócito T regulatório

(Treg) observada no baço após o tratamento in vivo com OUA (dados não mostrados)

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poderia ser influência de uma possível diminuição das Breg nesse órgão, pois essas

células são capazes de induzir a diferenciação para o perfil T regulatório

(AHANGARANI et al, 2009), ou seja, com as Bregs diminuídas, menor seria a

diferenciação para o perfil Treg. Entretanto, como foi observado na Figura 12, a

ouabaína não reduziu significativamente os linfócitos B regulatórios, descartando-se

então a hipótese de que os linfócitos T regulatórios estariam reduzidos como

conseqüência da diminuição da população de Breg.

Por fim, uma última população dos linfócitos B conhecidas como B1 foi também

avaliada. As células B1 apresentam como característica a produção de anticorpos

naturais e são residentes da cavidade peritoneal (KANTOR, 1991; BERLAND &

WORTIS, 2002). Como as injeções realizadas no tratamento in vivo são realizadas

intraperitonealmente, sugeriu-se que a Ouabaína injetada na região peritoneal poderia

estar modulando as células B1 presentes nesse local. Conforme observado nos nossos

resultados, a ouabaína não modulou a população de linfócitos B1 do peritônio nem no

baço (Figuras 13 e 14).

Tomados em conjunto, nossos resultados mostram que a OUA é capaz de

modular preferencialmente as células B foliculares no baço, induzindo o aumento da

apoptose, inibindo parcialmente a proliferação induzida pelo mitógeno LPS e induzindo

o aumento percentual e numérico dos linfócitos B nos linfonodos mesentéricos. As

populações menos numerosas de linfócitos B, dentre elas os linfócitos B com perfil

regulatório (Bregs) e os linfócitos B1 não foram inicialmente regulados pela ouabaína, o

que de certa forma sugere que, mesmo em uma situação de estresse, o controle das

respostas auto-imunes não parece estar sendo diretamente afetado pela Ouabaína que

está sendo liberada.

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CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos, pode-se observar que:

• No baço, a principal população de linfócitos B afetada pelo tratamento com

Ouabaína foram as células B foliculares, sendo que a OUA também reduziu o

número absoluto de células B de zona marginal.

• Não houve redução do percentual e nem do número absoluto das populações de

linfócitos B do baço 48h após a interrupção da última injeção.

• O tratamento in vitro com OUA induziu o aumento da apoptose dos linfócitos B

do baço.

• A Ouabaína inibiu parcialmente a proliferação das células B do baço em

resposta ao LPS.

• Nos linfonodos mesentéricos houve um aumento do percentual e do número de

linfócitos B, sugerindo que eles estão migrando para este órgão.

• Em relação às demais populações do baço a OUA não afetou as células B

regulatórias ou B1.

• As células B1 do peritônio também não foram afetadas pelo tratamento in vivo

com a Ouabaína.

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