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INGRID POHL A IMPORT.i>.NCIA DAS ATIVIDADES LUDICAS NO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA CRIAN~A EM FASE DE EDUCA~AO INFANTIL Monografia apresentada aD centro de Pos- Graduayao, Pesquisa e Extensao do Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Parana - UTP. Orientadora: Prof a . Olga Maria Silva Mattos. CURITIBA 2001

Monografia apresentada Pos- Graduayao, Pesquisa e Extensao do …tcconline.utp.br/.../tcc/2016/02/A-IMPORTANCIA-DAS-AT… ·  · 2016-03-28aspectos fisicos, pSicol6gicos e ... e

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INGRID POHL

A IMPORT.i>.NCIA DAS ATIVIDADES LUDICAS NO DESENVOLVIMENTO E

APRENDIZAGEM DA CRIAN~A EM FASE DE EDUCA~AO INFANTIL

Monografia apresentada aD centro de Pos-Graduayao, Pesquisa e Extensao do Cursode Psicopedagogia da Universidade Tuiutido Parana - UTP.

Orientadora: Profa. Olga Maria Silva Mattos.

CURITIBA

2001

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Agradecimentos

Agrade,o a Deus, por ter me dado for,asnesta jornada;Ao meus colegas pelo companheirismo;A Professora Olga Maria Silva Mattos pelas,orientac;oes, apoio e compreensao;A todos que de forma ou outra contribuirampara que este estudo fosse realizado.

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Dedicatoria

Aos meU$ familiares, pelas horas que Ihesforam roubadas em nome do saber.

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SUMARIO

RESUMO ...

1.INTRODU<;:iio ..

2. CARACTERIZANDO AS ATIVIDADES LUDICAS ..

. ... IV

. 5

....8

3. A ATIVIDADE LUDICA NO CONTEXTO DA EDUCA<;:iio INFANTIL 16

4. AS RELA<;:OES ENTRE AS ATIVIDADES LUDICAS E 0

DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM ...

5. ATIVIDADES LUDICAS - ALTERNATIVAS METODOLOGICAS ...

. .... 31

. .41

5.1 TECNICA CIRCENSE - MALABARISMO. . . 415.1.1 MateriaL.. . 425.1.2 Evolu90es.. . . 42

5.2 TECNICA - DESENVOLVIMENTO DO RACIOciNIO ..5.2.1 MateriaL .5.2.2 Evolu90es .

. .44. 44

. 44

5.3 TECNICA - ALVO DE LETRAS ....5.3.1 Material..5.3.2 Evolu9ao ...5.3.3 Os Pontos ..

. 45. 45

. 46

. 47

5.4 TECNICA - CANTIGA DE RODA.. . . 475.4.1 Evolu9ao.... . 47

5.5 TECNICA - LOBOS E CARNEIRINHOS 505.5.1 MateriaL.. 505.5.2 Evolu90es.. . 50

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5.6 TECNICA - ON<;:A DORMINHOCA.. . 515.6.1 Evolu90es.... . 51

5.7 TECNICA - CORRIDA DO ELEFANTE.. 525.7.1 Evolul'oes 52

5.8 TECNICA - SEssAo HISTORIADA ..

5.9 TECNICA - HISTORIAS INFANTIS ..

5.10 TECNICA - JOGOS DE SIMETRIA ....5.10.1 Material..5.10.2 Evoluc;oes .

... 52

. 53

. 54.... 54

...... 55

6. ANALISE DOS DADOS PESQUISADOS .. .... 57

CONCLusAo... . 61

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS... . 64

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RESUMO

Esta pesquisa enfatiza a importi'mcia das Atividades Ludicas no ambito daEscola de Educa,ao Infantil. A Atividade Ludica possui um importante papel na vidadas criang8s de dais a seis anos par indicar movimento, 8g80, prazer, criatividade esobretudo par cantribuir significativamente no processo de aprendizagem tendo emvista as habilidades espedficas como a ateng8o, percep98o, raciocinio 16gico,linguagem oral e Qutros, que estimula e desenvolve. Autores de rename subsidiaramos capitulos propostos, as quais apresentam dados que caracterizam as AtividadesLudicas, enfatizam a importancia das mesmas no contexto Educar;ao Infantil,denotam a relagc30 existente entre as Atividades LiJdicas 0 desenvolvimento e aaprendizagem e sugerem metodologias de trabalho que enfatizam a importancia doato de brincar e jogar para 0 processo ensino-aprendizagem da crianc;a da Esco/a deEducar;:8o Infantil. Mediante todos os dados apresentados, conclui-se que asAtividades Ludicas constituem-se de meios comunicativos, explicativos e relacionais,que devem ser oportunizados as crianc;as para que elas entendam 0 mundo que osrodeia.

iv

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1. INTRODU~AO

Caraclerizando-se a Esco!a de Educa,ao !nfantil, ressalta-se que e 0 espal'o

fisico que proporciona condic;;oes para 0 desenvolvimento e aprendizagem dos

aspectos fisicos, pSicol6gicos e intelectual da criang8 de dais a sels anos, em

contemplal'ao a a<;ao da familia. Eo 0 espal'o que promove a amplia<;ao das

experiencias e conhecimentos das crian<;as, estimulando $8U interesse pelo

processo de transforma98o da natureza e pela convivencia em sociedade.

Os objetivos da Educaqao !nfanti! embora denotem uma certa amplitude, eles

contemplam especificamente a transmissao de conhecimentos que devem

possibilitar a crian98 a compreender 0 mundo ende vive, apropriar-se de

informac;:oes, estudos, pensar, refletir e dirigir suas 890es segundo as necessidades

que sao postas historicamente aos homens. Mas, para que tudo 1550 S8 realize

metodologias de trabalho diversificadas, planejadas e orientadas deverao ser

realizadas e, nesse contexto, as Atividades LiJdicas poderao constribuir

significativamente com 0 dia-a-dia da escola, visto que, elas possuem tres

importantes fun<;6es: a socializadora; a psicol6gica e a pedagogica.

E atraves das Atividades Ludicas que a crianya 58 encontra com a mundo de

corpo e alma, percebe como ele e. E dele que recebe elementos importantes para a

sua vida, desde as mais jnsjgnificantes habitos de seu tempo. Do ponto de vista

cultural e social a brincadeira assume grande relevancia e passu; importante papel

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psicol6gico. Desta forma e atrav8S do brincar que a crianC;:8 ve e constr6i a mundo e

expressa aquila que tern dificuldade de colocar em palavras.

Embora estudiosos das Atividades Ludicas venham atrav;,s do tempo

denotando a sua relevancia no contexto da EduCBq80 Infantil, tradicionalmente elas

tern sido vista como "atividade natural" da crianC;;:8,uma vez que esta S8 caracteriza

pel a ludicidade. Esta perspectiva tern estado presente nas praticas espontanefstas,

ande naD ha intencionalidade e diretividade em relac;ao a urn conjunto de saberes

que a crianya deve adquirir, todo 0 trabaiho pedag6gico ;, marcado peio respeito as

caracteristicas infantis 0 que descaracteriza a Escota de EduCBQ80 fnfantif como urn

espac;o efetivo de aquisig80 de conhecimento.

Essa concepC;8o esta francamente equivocada, pais a crianc;a nao e urn ser

puramente Llidico, que vive no mundo da fantasia, desvinculado da realidade

social que 0 determina. Equfvocos acontecem porque observando-se uma crian9a,

verifica-se, de fato, que ela utiliza determinado tempo do seu dia-a-dia para realizar

atividades conhecidas como brincadeira au jogo, mas, 0 que questiona-se, hoje nao

e a a9aO do ato de brincar, e a carater e 0 significado das Atividades Ludicas no

processo de desenvolvimento e aprendizagem

Mediante tal questionamento, esta pesquisa coletou dados que demonstram

que as Atividades Ludicas, tambem chamadas de brincadeiras e jogos, devem ser

entendidas como estrategias cognitivas do processo de humanizayao da crian9a;

que nao sao simples atividades corriqueiras, mas sim atividades funcionais e que

estao articuladas as necessidades de conhecimento que precedem a escoiariz8yaO

ou a<;aopedag6gica formal.

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Oelineada par expressivos referenciais teoricos, a pesquisa fo; dividida em

capitulos, sendo que 0 primeiro procura caracterizar a Atividade Lt1dica de forma a

defini-Ia e conceitua-Ia na Educa,ao Infanti/' 0 segundo ressalta a importancia da

Atividade Ludica no contexto da Educa,ao Infantil. 0 terceiro denota a rela,iio

existente entre as Atividades Ludicas, 0 desenvolvimento e 0 processo de

aprendizagem da crian98 da Esco/a de Educa,ao Infantil; 0 quarto e ultimo capitulo

traz a tona sugestoes metodo16gicas que poderao contribuir significativamente com a

realidade cotidiana da vida das criangas, que naD devem ser impedidas de exercitar

sua imagina~o.

Todos as dados apresentados constituem-se de extrema import~mciatanto

para os profissionais da Educa,ao Infantil como para os educadores de modo geral,

vista que, as Atividades Ludicas denominam-se como a melhor maneira de S8

comunicar, um meio para perguntar ou explicar e urn instrumento que a crian98 tern

para se relacionar com outras crian~s. Brincando, as crianyas aprendem muito

sabre a mundo que as cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor forma de se

integrar a esse mundo que ja encontraram pronto ao nascer.

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2. CARACTERIZANDO AS ATIVIDADES LUDICAS

Apesar de os primeiros estudos sobre 0 Ltidico terem sido realizado com

animais, nesta especie a atividade apresenta caracteristicas diferentes do jogo

humano. No animal 0 jog a naG passui finalidade, ocorre pelo prazer imediato,

realiza-se instintivamente, ja entre as homens a atividade pas sui uma finalidade, que

pode modificar-se rapidamente de acordo com 0 objetivo daquele que joga, 0 prazer

pode ocorrer ao longo do tempo e surgem algumas caracteristicas fundamentais

como 0 simbolismo, a ilusao e a regra.

Atualmente 0 vocabulo tern sido usado arbitrariamente, no en tanto, pode se

dizer que de acordo com as caracteristicas, a Atividade Ludica apresenta-se como

urn processo diah§tico par varias raz6es.

Em primeiro lugar, jogo indica 8980, movimento, e nao existe movimento que

nao seja resultado de uma contradi9aO na atividade pelo comportamento do jogador,

que vai da liberdade a regra, do prazer a seriedade, do modelo a criatividade.

Em segundo lugar, 0 movimento existe durante 0 jogo provoca mudan9as

qualitativas naquele que joga, quer sejam elas no comportamento, na personalidade,

no desenvolvimento, ou na aprendizagem.

Em terceiro lugar, 0 jogar ocorre em urn determinado espayo e em um

momento historico que podem influenciar a a930. Todos esses fatores fazem com

que a Atividade Ludica humana seja inconfundivel.

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Na realidade muitas sao as metodologias e as definic;:oes sobre 0 ass unto vao

desde as descri90es sobre 0 comportamento ate estudos etimol6gicos da

comunic898o humana, fazendo inclusive com que as conceitos de jogo e brincadeira

acabem sendo utilizados como sinonimos, embora 0 primeiro pareC;:8 diferir do

segundo em alguns aspectos. Enquanto a brincadeira aparenta ser mais livre, possui

urn fim em si mesma e realiza-se com apenas urn elemento, 0 jogo passui regras,

pode ser utilizado como meio para chegar-se a urn fim. Geralmente, envolve dois ou

mais participantes, sendo que 0 jogo muitas vezes e ressaltado com mais insistencia

devido as func;:oes que ele propicia, as quais, sao capazes de auxiliar 0 ser humano

no desenvolvimento, no processo de aprendizagem e na integray:ao com 0 ambiente.

Tal insistencia leva a identificar na Atividade LiJdica tres importantes fun<;6es; a

socializadora, a psicologica e a pedagogica. Mediante essas fun~6es DEWEY (1952,

p. 32) afirma que 0 jogo faz 0 ambiente natural da crian~a, ao passe que as

referencias abstratas e remotas nao correspondem ao interesse da crian98.

PIAGET (1973, p. 78) ressalta que 0 Llidico envolve niio apenas uma forma

de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crian<;8s, mas um meio que

contribui e enriquece 0 desenvolvimento intelectual.

Para AZEVEDO (1974, p. 47) a palavra Llidico refere-se a brincadeira,

brincalhao, brincar e brinquedo, e significa alegria, divertimento, humorismo.

Psicologos como WEILER & MC CALL (1976, p. 57) afirmam que 0 Llidico

insere-se em comportamentos ou sequencias comportamentais mais denominadas

pelo organismo do que pelos estimulos, comportamentos esses que parecem ser

intrinsecamente mais motivados e realizados pelo seu proprio objetivo, e sao vividos

com relativo relaxamento e afeto positiv~.

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GBERMAN (1977, p. 93) ressalta que 0 Lt1dico e urn trago da personalidade

que persiste da infancia ate a juventude e idade adulta, com importante func;ao no

85til0 cognitiv~ dos individuos, ou seja, na alegria, no sensa de humor e na

espontaneidade.

BUYTENDIJK (1977, p. 51) afirma que a essencia do Lt1dico esta na

representagElo, no "faz-de-conta", ausente na atividade do animal.

BUARQUE DE HOLANDA (1986, p. 123) define a palavra Lt1dico como

sendo a que tern carater de jogos, brinquedos e divertimentos, a Atividade Ludica

das crian98s.

00 ponto de vista cultural e social, 0 Ltidieo tende a inserir as criang8s no

seu meio, ensinando-as diversos aspectos de sua cultura. BENJAMIN (1984, .p.74)

faz algumas referemcias importantes sabre 0 Ltidieo, considerando seu aspecto

cultura, brinquedo e brincar, para e1e, estao associ ados e documentam como a

adulto S8 coleca em rela9ao ao mundo da crian<;a. Seus estudos demonstraram que

a essencia do brincar nao e fazer "como se", mas fazer "sempre de novo", sendo

que e nesse momento que ha aquisi<;ao de um saber fazer, capaz de transformar a

experiencia em habito

Atraves de Atividades Ludicas a crianya cria situa<;oes imaginarias em que se

comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos, Enquanto brinca, seu

conhecimento desse mundo se amplia, porque, nesta atividade, ela pode fazer de

conta que age como adultos agem, imaginando realizar coisas que sao necessarias

para operar com objetos com os quais os adultos operam, e ela ainda nao.

o que mot iva uma nova brincadeira nao e 0 resultado das a<;oes, isto e

transportar-se para um outro lugar, mas sim 0 proprio processo de atividade. 0 alvo

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das brincadeiras das crianc;as em Fase de Educac;ao Infantil e a 8yao e nao as seus

resultados. As necessidades que satisfazem sao de conhecimento do mundo em

que as homens agem e no qual ela precisa aprender a viver. Atrav8S do brincar eque a criany8 S8 encontra com 0 mundo de corpo e alma, e percebendo como ele e,

sendo dele que recebe elementos importantes para a sua vida, desde os mais

insignificantes habitos ate falares determinantes da cultura de seu tempo.

Alem da relevancia que a brincadeira assume do ponto de vista cultural e

social, ela tambem passui urn importante papsl do ponto de vista psicologico e

pedagogica, e atraves do brincar que a crian<;8 ve e constr6i 0 mundo e expressa

aquila que tern dificuldade de colocar em palavras.

A brincadeira e urn espa<;o de aprendizagem onde a crianr;a age alem do seu

comportamento cotidiano. Na brincadeira, ela age como se tivesse mais idades do

que tem na realidade, realiza simbolicamente 0 que mais tarde realizara na vida real.

Embora aparente fazer apenas 0 que mais gosta, a crianc;a quando brinca aprende a

se subordinar as regras das situac;6es que reconstr6i. Essa capacidade de sujeic;ao

as regras, imposta pela situac;ao imaginada, e uma das fontes de prazer no

brinquedo.

Segundo KLEIN (1996, p. 66) as Atividades Ludicas da crian~a pequena

ajudam-na a vencer seu medo perante os perigos tanto interiores como exteriores,

fazendo a imaginac;ao comunicar-se com a realidade.

Alem de ser um espac;o de conhecimento sobre 0 mundo externo, e na

Atividade Ludica que a crianc;a convive com os diferentes sentimentos que fazem

parte de sua realidade interior. Embora nem todas as necessidades e desejos das

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criang8s deem origem as brincadeiras, e embora alas nao entendam as motivac;6es

que estao par tras de seus gestos e de suas 896e5, 0 brinquedo e a atividade

principal da crian~a na lase de Educaqiio Infantil.

A capacidade de brincar da criang8 pequena abre urn espac;o de decifraC;8o

dos enigmas que a rodeiam. A brincadeira e, para ela, um espa~o de investiga~ao e

constrw;:ao de conhecimento sobre 5i mesma e sabre a mundo.

Atraves de uma brincadeira de crianc;a, pode-s8 compreender como ela va e

constr6i 0 mundo como ela gostaria que ele fosse, quais as suas preocupac;6es e

que problemas a estao assediando. Pel a brincadeira, ela expressa 0 que teri8

dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma crianc;a brinca espontaneamente 56

para passar 0 tempo. Sua escolha e motivada par processos intimas, desejos,

problemas e ansiedade; a mente da criang8 determina suas Atividades Ludicas;

nesse senti do brincar e a linguagem secreta da crianga que deve ser respeitada.

KLEIN (1996, p. 68) afirma que as brincadeiras permitem a crian~a realizar

agoes concretas, reais, relacionadas com sentimentos que, de outro modo ficariam

guardados. Enquanto brinca a crianga lida com sua sexualidade e com impulsos

agressivos que estao presentes em seu mundo interno. Por isso, a presenga da

agressividade na brincadeira nao deve ser censurada; pelo contrario, e importante

que seja preservado esse espa90 para que a crianga possa exprimir seus

sentimentos em momentos que nao esta real mente zangada, num meio conhecido

que nao e 0 de reagir com viol?mcia contra ela - 0 espar;o da brincadeira.

Brincando a crian9a vai, pouco a pouco, organizando suas relagoes

emocionais; isso vai dando a ela condigoes para desenvolver relagoes socia is,

aprendendo a se conhecer mel her e a conhecer e aceit8r a exist?mcia des outres.

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VYGOTSKY (1984, p. 36) ressalta que a crianga pequena

quanta mais jovem e a crianC;8, menor sera 0 espac;o entre 0 desejo e a sua

satisfagao. Pel a concepgao de Vygotsky, na Escofa de Educaqao fnfantil hi! uma

grande quantidade de tendencias e desejos nao passiveis de serem realizados

imediatamente e e nesse momenta que as brinquedos sao inventados justa mente

para que a crianC;8 possa experimentar tendencias irrealiz8veis. A impossibilidade de

reaIiZ8c;.30 imediata dos desejos eria tensae e a crianC;8 S8 envolve com 0 ilus6rio e 0

imaginario, ande seus desejos podem ser realizados. E 0 mundo do Llidico - dos

brinquedos, das brincadeiras, dos jogos.

Segundo VYGOTSKY (1984, p. 47) a imaginaC;ao e um processo novo para a

crianC;8, pois Gonstitui uma caracterfstica tipica da atividade humana consciente. E

certa porem que a imaginac;ao surge da 89.30 e e a primeira manifesta9ao da

emancipa9ao da crian9.3 em rela<;ao as restri<;oes situacionais. No entanto, isso nao

significa necessaria mente que todos os desejos nao-satisfeitos dao origem aos

brinquedos.

o brinquedo, no entanto difere do trabalho e de outras formas de atividade,

porque cria uma situa<;ao imaginaria, portanto, se todo 0 brinquedo e a realiza<;ao de

tendencias que nao podem ser imediatamente satisfeitas, as elementos da situac;:ao

imaginaria sao parte da situa9ao emocional do proprio brincar.

Alem do imaginario, ° brinquedo envolve regras, que, em bora nao sendo

formalmente estabelecidas, se originam da propria imaginac;:ao, mostrando que °papel que a crian98 representa e a sua rela<;ao com 0 objeto originar-se-ao sempre

das regras. Se a situa9ao imaginaria tern de conter regras de comportamento, ainda

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que ocultas, entao todo 0 jogo com regras contem de forma oculta urna situ8<;ao

imaginaria.

E enorme a influencia do brinquedo na aprendizagem da crian98, pois e

durante a atividade que ela aprende a agir em urna esfera cognitiva, e issa depende

das motiv8<;oes e tendencias internas, e nao dos incentivos fornecidos pelos objetos

externos. Na crianc;a em idade de Educaqao Infanti! a 8980 naG e compreender e

predomina sabre 0 significado porque a criany8 ainda nao S8 comporta de urna

forma simb6lica, ao inves disso, ela quer e realiza as seus desejos, ao pensar,

aeaba agindo.

Para separar 0 significado da 8<;80 real, a crianC;8 tern de ter a oportunidade

de faze-Ia e isse 56 e passivel atrav8S de Atividades Ludicas. Quando as pequenos

veem no brinquedo 0 objeto, mas agem de forma diferente em relagao aquilo que

veern, observa-se que houve um desenvolvimenlo porque e notoria a liberdade de

agao. Assim, 0 agir em uma silua9ilo imaginaria, ensina a crianga a dirigir 0

cornportamento pelo significado dessa situac;ao. Se, em um primeiro momento, a

ac;ao exercia um predorninio sobre 0 significado, na situac;ao imaginaria, 0

significado dirige a agao, isso mostra que a crianga ja esta estabelecendo conceitos.

Na vida real as criangas brincam com aquilo que estao fazendo, eJaborando

associac;6es que facilitam a execuc;ao de agoes desagradaveis, criam, portanto

areas de desenvolvimento proximal, porque sao capazes de se comportar alem do

habitual para a sua idade.

De acordo com VYGOTSKY (1989, p. 52) 0 brinquedo fornece a estrutura

basica para as mudanc;as das necessidades e da consciemcia. 0 desenvolvimento

da aprendizagem da crianga e determinado pel a agao na esfera imaginativa, pel a

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criag80 de intengoes voluntarias, pela formagao de pianos da vida real e pel as

motiv8goes volitivas.

Do ponto de vista pSico16gico pode-s8 observar que as criang8s que nao tern

oportunidade de brincar naD conseguem conquistar 0 dominic sobre 0 mundo

exterior. Nesse sentido, brincar assume duas facetas; 0 de passado atraves da

resolug8o simb61ica de problemas nao-resolvidos e a de futuro na forma de

prepara<;ao para a vida

Em sintese, brincar e uma realidade cotidiana na vida das criang8s. E, para

que brinquem, e suficiente que nao sejam impedidas de exercitar a imaginag80

simb6lica, instrumento que Ihes fornece as meios de assimilar 0 real aos seus

desejos e aos seus interesses. A brincadeira e urn meio privilegiado de inser9ao na

realidade; expressa a forma como a crianya reflete, ardena, desorganiza, destr6i e

reconstr6i 0 mundo a sua maneira. E tambem um espayo onde pode expressar, de

modo simb6lico, suas fantasias, desejas, medos, sentimentos e os canhecimentos

construidas a partir da experiencia vivida.

A Atividade Ludiea, seja ela qual for, deve ser voluntaria, livre, real, ser

desinteressada, um intercalo na vida cotidiana, sem deixar de fazer parte dela,

sendo que no centro de todas essas caracteristicas esta 0 elemento que os articula:

a ilusaa (do latim "i/usio, illudere", que significa em jogo) aquila que transcende as

necessidades imediatas da vida e da a a9ao um outro senti do: 0 Sentido Ludico.

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3. A ATIVIDADE LUDICA NO CONTEXTO DA EDUCA<;:Ao INFANTIL

A crian~ pequena explora 0 rnundo ao seu redor, principal mente atraves do

pr6prio carpa, com 0 qual passa a vivenciar situ8t;6es cada vez mais complexas de

explorat;ao do espa«o. Como esta em amplo desenvolvimento, a criant;8 utiliza

todas as possibilidades que Ihe sao oferecidas. Ela nao para: sobe onde pode,

engatinha, entra em pequenos espa90s e, atraves dessas e de muitas Qutras

atividades espontaneas, inicia 0 desenvolvimento das noc;6es de espaC;o e tempo,

extrema mente importantes para a aquisiC(flo de conhecimentos ulteriores.

Segundo PIAGET (1973, p. 83) de 2 a 4 anos acontece 0 periodo pre-

operacional, no qual a crianc;a age intensamente sabre os objetos, buscando

construir conceitos, principalmente atraves de experiencias com 0 meio ffsico e

social e, consequentemente, construindo 0 conhecimento do mundo que a cerea.

Experimentar situac;6es ritmicas, brincar com bonecos articulaveis e

desmontaveis, relaxar espontaneamente, experimentar situa<;6es de equilibria (tenta

parar de pe sabre um banco), subir e descer escada (com apoio e ainda sem

alternancia dos pes), rolar, virar cambalhota, tentar aparar e arremessar uma bola

sao atividades que favorecem a desenvolvimento da crian<;a des sa faixa eta ria. Par

estarem ainda muito proximas do chao (ha pouco aprenderam a ficar sobre os dais

pes e a caminhar), atividades como arrastar e puxar (caixas, cadeiras), rolar 0

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proprio corpo no chao au em almofadas, engatinhar sao sensay6es extrema mente

agradaveis para a crianY8.

De acordo com suas possibilidades, ela realiza atividades que iraa

desenvolver sua linguagem, sua percepr;ao, suas habilidades motoras e sua atenr;80

e memoria.

Para a crianc;a dessa idade, 0 que seleciona a escolha da 8tividade e 0

interesse do momento. Sua concentrayao e pequena e ela S8 mantem alenla numa

atividade, dentro do ritmo do grupo, ou seja, a medida que alguns colegas comec;am

a S8 desinteressar pela atividade, 0 grupo vai S8 afastando em busca de urn novo

interesse.

Na Escola de Educac;ao Infantil, portanto, as atividades precisam ser livres

(orientadas, mas nao dirigidas) pois sao basicamente experiemcias e vivencias

(repetic;ao da experiencia) com 0 proprio corpo, material concreto e espac;o amplo,

para que, posteriormente, a crianr;8 possa transferir estas nor;6es para 0 Qutro, para

bonecos e figuras.

Inicialmente, e esperado dessa crianga que ela adquira condic;oes para

permanecer na escola sem a presen9a dos pais, a partir dai, a crianga vai

aumentando 0 seu dominio em relagao ao ambiente, comec;ando a sair da sal a sem

estranhar, iniciando 0 relacionamento com outras crianc;as e criando urn vinculo com

o professor e 0 auxiliar (caso exista).

Nesta idade, e caracterlstico 0 egocentrismo e e aos poucos que inicia a

tolerancia social frente a outras crianryas, diferenciando "meu" e "teu", mas 0

brinquedo ainda e paralelo ao grupo, isto e, a crianC;8 brinca ao lado de outra,

escolhe uma atividade, mas cada uma com seu brinquedo. Por isso, e necessario

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que a area afetiva seja bastante evidenciada para, a partir dai, poderem S8 realizar

as atividades pedagogicas previstas.

Em vista disso, as atividades devem ser, para a crian98, brincadeiras

cativantes (0 que e proprio de sua idade), necessitam ser cuidadosamente

planejadas pelo professor, para que nao corra 0 risco de, simplesmente, propor

atividades recreativas que nao contemplem conquistas da crian98 na construc;ao do

seu conhecimento.

Como exemplo, pode-s8 tomar uma caixa de papelao que a crianya caiba

dentro. Esse e urn material fadl de caletar e que, na verdade, ocupara a atenc;ao da

crian<;a par muito tempo, pois, com certeza, ela ira entrar e sair varias vezes del a.

Para 0 professor, esse material sera uti1 no desenvolvimento das n090es de espago,

quando podera brincar com as crianc;as de "Quem e que esta dentro da caixa ?";

fazer com que brinquem de trenzinho, enfileirando caixas e nomeando "Atras da

caixa do (... ) vern a caixa do (... )", com urn aluno fora da caixa, estas atividades

proporcionam noc;oes de volume e tamanho, como "A caixa a;nda nao esta che;a; 0

que cabe na caixa, entre outros", permitindo que possam agir coletivamente;

desenvolvendo noc;oes basica de esquema corporal "Onde cabe 0 meu corpo ?" e

muitos outros conhecimentos, que cada professor pode incluir, se liver presente qual

e a sua proposta de trabalho.

E importante que a crianc;a ouc;:a as palavras corretamente e tenha vive!ncias

significativas de usa da linguagem, mesmo que nao as pronuncie, pois sua

linguagem esta se estruturando. Dependendo do nivel que a crianc;a se encontra

procurar -se-a contar muitas hist6rias, cantar muito, explorar gravuras, realizar jogos

auditivos (perceber de onde vern os sons). Sua linguagem articulada (fala), num

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primeiro momento, e passivel de compreensao ou nao, com tracas e/ou omissoes;

aD mesma tempo, ja domina movimentos bimanuais para manusear argila, pintar

com as maos, construir, encaixar, enfileirar, enfiar, rasgar e amassar papeis. Utiliza

urn lapis de cera (grosso), realizando rabiscos livre mente. Ja e capaz de evocar

nomes de pessoas significativas, de objetos, do lugar onde estava um objeto e

lembrar de movimentos corporais relacionados a can90es ou historias.

Para que urn professor introduza jogos no dia-a-dia de sua classe ou planeje

atividades que contenham caracteristicas de jogo, ou seja em sua essencia, Ludica,

e necessario algo mais do que apenas conhecer essas caracteristicas. 0 professor

precisa em primeiro lugar, reconhecer nas brincadeiras e jogos urn espac;:o de

investigac;ao e constru~o do conhecimento sobre diferentes aspectos do meio

social e cultural em que as crianc;as vivem.

E necessaria tambem que ele veja a crianc;:a como um sujeito ativo e criador

no seu processo de construc;:ao de conhecimento, e planeje para sua classe

Atividades Ludicas a partir de conteudos significativos para as crianc;:as. Isto quer

dizer que e preciso que ele coloque as crianc;:as em situac;oes de aprendizagem de

aspectos da realidade que elas estao buscando conhecer.

Um outro aspecto que 0 professor precisa considerar no dia-a-dia das classes

de Educaqao Infanti! e a necessidade de criar e manter uma rotina de trabalho que

organize 0 espac;o e 0 tempo, dentro da qual, as diferentes Atividades Ludicas

programadas para as criancyas acontec;am.

Segundo KRAMER (1992, p. 88) a rolina da classe e um instrumenlo de

organizac;ao para as criancyas que atraves da seqOencia habitual de atividade,

podem se localizar com relativa autonomia dentro do tempo em que passam na

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esee]a, sa benda, par exemplo, que ap6s 0 lanche poderao brincar no patio, au que,

depois das brincadeiras do patio, iraQ ouvir historias em roda.

A rotina e tambem urn instrumento para as atividade de cada dia, a partir da

observ8ry8o dos movimentos de suas crianryas dentro dos acontecimentos do dia. A

mtina, ao definir a esparyo e 0 tempo das atividades escolares com suas regras e

materiais especificos, cola bora tambem para a desenvolvimento de uma Re/aqao

Ludica da crian<;a pequena com a espa<;o da Escola de Educa,ao Infantil. Isto fica

evidente sempre que as criangas dizem que vao para a eseDla para brincar, au que

na eseela "56 brincam" quando, na verda de, estao S8 referindo a todas as atividades

da rotina da classe.

Para que as crianry8s possam usufruir de tudo 0 que a estrutura dos jogos

introduz nas atividades, 0 professor nao deve utilizar de premios e recompensas

como instrumentos de motivac;ao ou estimulo para que elas se envolvam e procurem

executar as tarefas que sao propostas.

Geralmente na rotina das Escolas de Educaqao Infantil ha um horario amplo

reservado para as atividades em area de parque ou para atividades livres dentro da

sala. E nesses momentos que ocorrem mais freqOentemente os jog os do tipo "faz-

de-conta" Embora esses jogos sejam de ocorrencia espontanea e importante que 0

professor defina que tipo de interven~o considera mais adequado nessas

atividades. As interven90es se houver, devem estar de acordo com os objetivos

educacionais para os quais, do ponto de vista do professor, essas brincadeiras

contribuem.

E tambem entre as atividades espontaneas que ocorrem as tentativas das

crianc;as de se organizarem para os jogos de regras. 0 papel do professor como juiz

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~I' .~~ .•.•

mantenedor das regras combinadas, e bastante importante; ele nao 56 gara f~1 Bat'

continuidade da brincadeira, como tambem pode observar como as criancyas, a

medida que crescem, se adaptam pouco a pouco as regras.

Os professores que atuam em Escolas de Educaqao Infantil podem incentivar

as brincadeiras e os jogos como meio de expressao, como estrategia para

compreensao do mundo e sobretudo como uma fonte privilegiada de

desenvolvimento de aprendizagem.

Segundo VYGOTSKY et a/ (1989, p.95) 0 principal objetivo de se trabalhar

com 0 jogo, e 0 desenvolvimento da criatividade e imaginayao que e a base de

toda atividade criadora e se manifesta em todos os aspectos da vida cultural,

possibilitando a cria<;ao artistica, cienHfica e tecnica.

o professor ao planejar estrategias que envolvem Atividades Ludicas precisa

respeitar as diferentes possibilidades de brincar e de jogar de cada crian,a. As

criangas mais novas dificilmente conseguem desenvolver jogos que vao alem da

imaginagao de gestos cotidianos. Elas depend em muito dos objetos, como bonecas,

carrinhos, cabos de vassoura, roupas velhas, caixas, panos e outros que possam

motivar a jogo e a mais simples reprodugao, que nele a crian<;a reorganiza sua

experiencia, criando situa<;6es ficticias mais proximas de seus desejos e

necessidades. 0 imprescindfvel e 0 inesperado tambem fazem parte do jogo, e a

criagaa e acompanhante normal e permanente do desenvolvimento infantil.

VYGOTSKY (1984, p. 43) alerta para 0 fato de que as estrategias propostas

devem buscar constantemente 0 enriquecimento da experiencia social das crian98s,

pois ele permite a diversifica<;ao dos temas dos jogos e torna-os mais complexos,

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sendo que para desenvolver urn jogo, €I necessaria que 0 tema seja bastante

proximo a experiemcia das crianc;:as, casa contrario 0 seu desenrolar e dificultado.

ELKONIN (1980, p. 51) ressalla que os jogos devem ter inicio somente depois

das crianryas obterem informac;6es do conteudo que envolve 0 jogo; lembra tambsm

que naG e apenas a expressao corporal, mas tambem 0 desenho, a modelagem, a

musica que podem ser consideradas formas de motivadoras do jogo infantil.

Muitas sao as estrategias que ajudam a motivar 0 jogo infantil e a imaginac;ao,

a sugestao e procurar estar atento a assuntos em destaque pelos quais as crianc;:as

possam S8 interessar, e motiva-las com discussoes, novas informa<;6es, ilustrac;oes

e Qutros, para que interpretem esses acontecimentos.

o papel do professor e fundamental no processo de evolu,80 das Atividades

Ludicas, nao para impor conteudos e os gestos as crianc;as, mas agindo no senti do

de propiciar as crianc;as possibilidade de aplicarem suas experiemcias pessoais;

ajudando-as, se necessario, a concentrarem-se em conteudos de seu interesse,

oferecendo os mais diversos materia is; ensinando a usa-los, e valorizando as

atividades expressivas de cada crian98.

VYGOTSKY (1989, p. 36) referindo-se as Atividades Ludicas afirma que a

atividade criadora da imagina9ao encontra-se em rela9ao direta com a riqueza e com

a variedade da experiencia acumulada pelo homem. Partindo deste princfpio, ele

apresenta a ideia de que 0 desenvolvimento do conhecimento de mundo e 0

incentive a imaginac;ao nao sao objetivos imcompativeis, mas sim complementares;

isto porque a imaginaC;ao da crianc;a se alimenta de sua experiencia anterior. Aquilo

que ela ve, ouve e sente se constitui na materia-prima de sua imaginac;ao, e os

elementos do ambiente que mais impressionam podem se converter nos temas de

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seus jogos e Qutras atividades de expressao, quanta maior a experiencia de cada

crian<;8, mais rica podera ser a sua atividade imaginativa e maior 0 seu

conhecimento.

WINNICOTT (1985, p. 62) ressalla que 0 professor que alua em Escola de

Educa9Bo Infantil deve ter a clareza de que embora as criangas brinquem das

mesmas eoisas em idades diferentes, elas brincam de form as diversas. Em cada

estagio de desenvolvimento do pensamento as jogos infantis terao caracteristicas

especificas. A Atividade Ludica de uma criang8 entre 3 e 4 anos e diferente daquela

de uma criang8 em idade escolar au da de urn adulto.

A medida que as criang8s crescem e suas condi<;oes de pensamento S8

desenvolvem num processo integrado aD processo de socializ8g.30, as jog os com

clara SitU8gElO imaginaria e com regras ocultas (como e a faz-de-conta) darao lugar

pragressivamente aos jogos com regras claras e situagoes imaginarias ocultas.

E mUlto diffcil para uma crianga de 3 au 4 anos obedecer as regras de urn

jogo. Isso pressupoe relagoes sociais ou interindividuais e 0 abandono do jogo

egocentrico em traca de uma aplicagao efetiva das normas de cooperagao entre os

jogadores - a regra e uma regularidade imposta pelo grupo. Nesse sentido e que 0

jogo com regras e considerado a Atividade Ludica do ser socializado.

Os jogos com regras, como os de esconder, a cabra-cega, lengo atras,

queimada, se desenvolvem a partir das brincadeiras simb6licas, e em decorrencia de

necessidades internas da crianc;:a em desenvolvimento. Nesse pracesso, as

brincadeiras que antecedem seu interesse pel os jogos com regras explfcitas sao

aquelas em que varias criangas estao envolvidas e em que a complementaridade de

papeis e fundamental para 0 desenvolvimento da ac;:ao. Sao jog os com uma situagao

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imaginaria de relac;:oes socia is onde as crianc;:as S8 subordinam as regras de 8980

latente na funC;:8o de cada participante.

Quando tres au quatro crian~s resolvem brincar juntas, ali§m de escolher 0

lugar onde 0 jogo acontecera, tern que decidir quais serao as "personagens" e 0 que

eles farao. Essas escolhas estabelecem a trama de relayoes que sustentanj 0

desenrolar do jogo e para que ele aconteya, sera necessaria que cada participante

S8 submeta as regras relativas a seu papel.

Para LEONTIEV (1988, p. 66) a ocorrencia dos jogos que envolvem relayoes

sociais e condiyao importante para 0 surgimento dos jogos de regras, que serao as

Atividades Ludicas par 8xcelencia das crianC;:8s a partir dos 7 anos, urn tr890

marcante dos jogos com regras fixas e que, enquanto qualquer jogo de papeis jil

inclui uma certa regra, "qualquer jogo com regras" inclui um certo objetivo. 0

desenvolvimento do jogo com regras consiste tambem em uma diferencia9aO e uma

consciemcia cada vez maiores do objetivo da brincadeira.

ELKONIN (1980, pAS) afirma que a consistencia do objetivo do brinquedo faz

com que a Atividade Ludica tenda para um certo resultado. Sera que isto quer dizer

que 0 ;ogo se converteu em urna atividade produtiva porque surgiu urn objetivo ? De

forma algurna. 0 motivo do jogo continua, como antes, a estar no proprio processo

LiJdico, mas 0 objetivo e agora 0 intermediario entre 0 processo e a crian9a.

Ao brincar de pegador, p~r exemplo, e preciso nao apenas correr, mas fugir

daquele que e 0 pegador; ao mesmo tempo, 0 motivo do jogo nao consiste

absolutamente em evitar contatos com outra pessoa porque nao e preciso um jogo

para isso; 0 que inspira esse jogo e, 0 desempenho do proprio processo Ltidico; seu

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sentido consiste na subordinagao a certas condigoes, ista e, na realiz8gao de urn

certo objet iva (em cuja forma sugere a regras do jogo).

A Atividade Ludica Infantil inctui ainda brincadeiras que "nao supoem qualquer

teknica particular, sao simples exercicios" de condutas variadas, ande nao intervem

simbolos ou regras. Tambem chamados de jogos de exercicio, tanto podem consistir

apenas de repeti,ao de gestos, como por exemplo: pular corda, rolar um pneu, radar

bambole; como envolver 896es mentais como aconteee nos jogos de combinaq6es

de palavras au quando a crianya S8 diverte inventando perguntas.

Oesde muito pequenas, ainda bebes de ben;o, as criam;as S8 dedicam a

jogos de repetir 890e5: sacudindo urn chocalho, balangar objetos pendentes sabre 0

bergoo Par iS50 pode-s8 dizer que as jogos de exercicio sao sua primeira forma de

brincadeira.

o desenvolvimento fisico, intelectual e social habilita as criancyas

progressivamente a formas de brincadeiras mais complexas, envolvendo simbolos e

regras, sem no entanto eliminar, ou mesmo diminuir, a ocorrencia dos jog os de

exercicio. Basta observar as atividades infantis para verificar que esta forma de

brincar se desenvolve e ganha em diversidade a medida que as crianyas crescem. 0

desenvolvimento fisico, intelectual e social habilita as crianc;as progressivamente a

formas de brincadeiras mais complexas, envolvendo simbolos e regras, sem no

entanto eliminar, ou mesmo diminuir, a ocorrencia dos jogos de exercicio. Basta

observar as atividades infantis para verificar que esta forma de brincar se

desenvolve e ganha em diversidade a medida que as crianc;as crescem.

Os jogos de exercicio intelectual tambem S8 desenvolvem 8 S8 diversificam

com 0 crescimento. As perguntas que as crianc;as nao obtem respostas

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freqOentemente sao substituidas pelo 905tO de aprender enigmas para $8fem

propostos a Qutras crianc;:asau a adultos. 0 pr8zer que as crian9as encontram neste

tipo de divertimento paraee estar relacionado a intenc;ao de colocar 0 Dutro num

dilema, numa "armadilha" da qual 56 saira conhecendo a resposta. No entanto, e

comum, quando ainda sao pequenas (menores de 7 anos), as crian<;as se

contentarem em, sabendo muitos "0 que e 0 que e ?", fazer uma serie de perguntas

sem esperar que sejam respondidas, apenas para S8 exercitarem e demonstrarem

social mente 0 que ja conhecern.

A escolha de brinquedos e a organizaryao de espac;os adequados para

estimular brincadeiras tambem constituem preocupagoes para as estudiosos da

Educa980 Infanti/' Entre eles destaca-se VYGOTSKY (1989, p. 83), que sugere

criterios para uma adequada escolha de brinquedos de mode a garantir a essencia

da brincadeira. Segundo 0 auter, esses criterios dizem respeito ao valor

experimental, aos brinquedos que devem permitir a explorac;ao e a manipulaC;80; 80

valor da estruturaqao, onde os brinquedos devem constituir-se em objetos simb61icos

que dao suportea constru~aoda personalidadeinfantil; ao valor de re/a98o, onde os

brinquedes devem oportunizar a crianc;a 0 contato com seus pares e adultos, com

outros objetos e com 0 ambiente em geral, para propiciar 0 estabelecimento de

relac;oes; ao valor Ludico, onde os brinquedos devem ser passfveis de avaliac;ao,

para que ponham em evidencia as qualidades que venham a estimular 0

aparecimento da a980 ludica.

Segundo VYGOTSKY (1989, p. 84) a tais criterios sao acrescidos

questionamentos relativos a idade, prefer€mcias,capacidades, projetos de cada

crianc;a e uma constante verificac;ao de presenC;8 do prazer e dos efeitos positiv~s da

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brincadeira. Ha que se considerar ainda que a brincar nao

aqu;sic;ao social. Dessa forma, 0 educador atento ensina a crianga a utilizar 0

brinquedo. Ao aprender as multiplos usos dos objetos, ela esta sendo preparada

para a expressao criativa.

VYGOTSKY (1989, p. 87) alerta para a necessidade de se analisar

componentes de situagoes ludicas como: a disponibilidade de materiais; nivel de

verbalizagao entre adultos e crianyas, e aspectos educativos e corporais para

estimular brincadeiras. 0 suporte material deve incluir locais apropriados com a

disposic;ao de brinquedos sugestivos e de tematicas que facilitem a entrada no

imaginario, e dispostos de modo acessivel as criangas. A verbalizagEio do professor

deve incidir sobre a valorizac;ao de caracteristicas e possibilidades dos brinquedos e

possiveis estrategias de exploragao. Enfim, 0 professor deve oferecer informagoes

sobre diferentes formas de utiliza9E1o dos brinquedos, contribuindo para a ampJiac;ao

do referendal infantil.

Para VYGOTSKY (1989, p. 90) a dirnensilo corporal nilo pode estar ausente,

visto que a rela9E1o com objeto, solicita 0 carpo, as em096es e os sentimentos. 0

educador deve brincar e participar das brincadeiras, demonstrando nao s6 a prazer

de faze-la, mas estimulando as crian9as para tais a96es. Finalmente, 0 carater

educativo coloca 0 brinquedo na ordem de meios e recursos que consideram

desejos, necessidades de expressao e outros valores exigidos para a

irnplernental'ilo de urn projeto educativo.

Entre as brincadeiras que requerem a utiliza9E1o de brinquedos, destac8-se a

de ''faz-de-conta'', tambem conhecida como simb6lica, de representagEio de papeis

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au s6cio-dramatica. Pesquisadores como Piaget e Vygotsky assinalam a relevancia

dos objetos no aparecimento da funC;:Elosimb6lica.

A constitui<;ao da representayao e da linguagem, em torna de 2 au 3 anos,

permite a crianc;a alterar 0 significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus

son has e fantasias e a assumir papeis presentes no contexto social.

E importante lembrar que 0 conteudo do imaginario provem de experiencias

anteriores adquiridas pelas crianc;:as. Ideias e 8c;:oes construidas pel as crianc;:as

provem de processos interativos integrados aD mundo social, incluindo amigos,

familia e 0 circulo de relacionamento, curricula da escola, idei8s discutidas em

cia sse au divulgadas pelos meiDs de comunicac;:ao, est6rias infantis, materiais e

experiemcias vivenciadas no cotidiano.

A importancia do brincar de "faz-de-conta" justifica-se pel a aquisiyao do

simbolo. E alterando 0 significado de objetos, de situa90es, e criando novos

significados que se desenvolve a funC;Elo simb6lica, 0 elemento que garante a

racionalidade ao ser humano. Ao brincar de ''faz-de-conta'' a crian9a esta

aprendendo a planejar, a relacionar eventos, a ter iniciativa na organiza9E1o do

roteiro da brincadeira, a relacionar -se com parceiros e a criar simbolos. Oesta forma,

o brincar propicia 0 desenvoJvimento da autonomia, da independencia, da Jinguagem

e a construqao de simb%s, mas para se penetrar no imaginario da crianc;a,

condic;oes como: seleC;8o e disposic;ao de objetos que estimulem 0 brincar, se fazem

necessarias.

Para PIAGET (1976, p. 74) brineadeira oeorre quando estimulos externos,

como por exemplo, uma boneca colocada junto a um berc;o, sugerem a crianya, em

torno de seus 3 anos, brincar de fazer 0 be be dormir. E a jungEio de tais objetos

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(ben;:o e bebe) que faz emergir na consciencia infantil 0 epis6dio (assumir 0 papel da

mae que faz 0 bebe dormir) que integra 0 cotidiano da crian98 dos tempos atuais.

VYGOTSKY (1984, p. 47) diz que assumir pap,;is sociais - como 0 de uma

mae que coloca 0 filho (boneca) para dormir no ben,o ou vai para 0 fogao fazer

almol;o, de urn medico que exam ina 0 paciente, com 0 usa de estetoscopia, au de

urn motorista, que transporta passageiros em 6nibus - mostram a importancia de

objetos (brinquedos) que adquirem significados na configura,ao do espa,o

estimulador de tematicas de "faz-de-conta".

KRAMER (1992, p. 65) ressalta que as brincadeiras propostas na Fase de

Educat;ao Infantil em sua grande majaria devem ser jogos coletivos que possibilitem

a cooperac;ao, pois para as brincadeiras acontecerem e preciso respeito as suas

regras, 0 que representa urn grande desafio para as crianC;8s. Para elas, e

desafiante ter que S9 colocar no lugar do Dutro e antecipar par exemplo ande 0

amigo pode estar escondido, pensando ande elas pr6prias se esconderiam caso

fossem a pegador. Acabam elaborando a sua maneira a brincadeira. Somente a

pratica, a repetic;ao de cada uma delas, e que vai possibilitar uma maior familiaridade

com as macetes de cada jogo

Para SEBER (1992, p. 33) 0 professor deve ter em mente que criangas

pequenas quando tomam contato com as jogos organizados e suas regras, tendem

a repetir 0 procedimento como se fosse um ritual. Repetem 0 que viram as crian9as

mais velhas fazer, sem que saibam muito bern a razao daquilo. Imitam por exemplo,

a divisao dos times tal qual as maiores frzeram, escolhem 0 lugar de cada um e

depois nao sabem direito como se da 0 jogo. Pouco a pouco passam a considerar as

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regras de outra forma: elas continuam tendo grande importancia e todos tentarn

respeita-Ias, 56 que cada urn a seu modo, embora nao S8 deem conta disso.

Em sintese e mediante as pressupostos teoricos pesquisados, 0 professor

deve ter a consciencia que 0 brincar na Escola de Educar;ao fnfantil deixa de ser

vista como uma atividade ffsica passando a ser privilegiada enquanto uma condigflo

necessaria para 0 desenvolvimento da capacidade de representar, como tambem

uma atividade que pode concorrer para a compreensao da realidade concreta.

o que a crianc;a representa na brincadeira corresponde ao que ela observa no

seu cotidiano e este nada mais e do que uma parte da totalidade. Basta que 0

professor S8 coloque, nas interac;oes que vivencia com as crian<;as, como mediador

do conteudo historica, a fim de que sejam elaboradas, na crianc;a, formas de pensar

capazes de teorizar sobre a realidade dos homens.

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4. AS RELAC;:OES ENTRE AS ATIVIDADES LUDICAS E 0 DESENVOLVIMENTO

DA APRENDIZAGEM

Aprender e uma palavra mUlto antiga na lingua portuguesa falada durante a

Idade Media, j8 significava fixar na mente ou na memoria, conhecer. Atualmente

inumeras defini90es de aprendizagem sao propostas de modo qual originam-se no

contexte de programas de pesquisa em laboratorios universitarios de psicologia com

base em s61idos fundamentos teoricos e procedimentos experimentais espedficos.

GALLOWAY (1981, p. 55) refere-se a concep,ao escolar da aprendizagem,

lembrando as significados originais da palavra aprender, que derivada do latim

"apprehen dere" , quer dizer agarrar apoderar-se de alguma Gaisa, e a aquisi<;ao de

urn certo saber, quer com a ajuda do Dutro, quer par 5i mesma.

Psicologos, pedagog os e educadores em geral reconhecem que a

aprendizagem e urn processo complexo. Envolve muitas variaveis que se combinam

de diversos mod os, esta sujeita a influencia de fatores internos e externos,

individuais e sociais

A aprendizagem e para eles a aquisiyao de novas informayoes, que muitas

vezes, contra ria ou substitui 0 que a pessoa anteriormente sabia, implicita ou

explicitamente. E a mudanya relativamente permanente na potencialidade do

comportamento que resulta da pratica reforyada. E a aquisi<;Elo de conhecimento; na

qual a modificayao e a combina<;Elo de estruturas cognitivas sao os processos

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basicos. E a organiz8yao do comportamento como resultado da experiemcia

individual.

PETERSON (1981, p. 42) ressalta que a aprendizagem refere-se a mudan,a

no comportamento ou ao potencial de comportamento de urn sujeito a urna dada

situayao, desde que a modificac;ao do comportamento nao possa ser explicada nas

tendencias inatas de resposta do sujeito, na motiva9aO ou em estados temporais.

FROMM NETO (1987, p. 70)diz que a aprendizagem pode ser definida como

urn processo de constru<;ao e de assimilac;ao de urna nova resposta, no sentido de

urna progressao de ajustamento do comportamento quer no ambiente quer no

projeto que 0 interessado tern em vista. Aprendizagem e ensina para ele sao

processos intima mente ligadas entre si, correspondem as atividades fundamentais

que ocorrem dentm das escolas, de modo sistematico, planejado, deliberado. A

escola e sobretudo um lugar onde as pessoas se reunem para ensinar e aprender.

A aprendizagem e um processo interno e pessoal que acantece dentro do

aprendiz, mas s6 as ag6es manifestadas au as campartamentos do aprendiz

permitem a um abservador externa concluir se houve ou nao aprendizagem, na

extensao e com a proficiencia desejavel.

Praticamente tudo quanta 0 ser humano faz, sente e se empenha para abter

ou realizar, tende a sofrer a influemcia de aprendizagens passadas, parte dal a

importancia da crian,a pequena freqOentar a Esco/a de Educa9Bo Infant;l, em bora

saiba-se que nem tudo aprende-se na escola. Prova disto e a infinita lista de tudo

quanta pode ser aprendida e ensinado dentro e fora das escolas, sob a forma de

conhecimentos, 8goes, destrez8s, procedimentos, estrategias, costumes, regras,

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tecnicas, idea is, atitudes, val ores, crenyas, ideias, sentimentos, opera<;oes, teorias,

principios, interesses, preferencias, aversoes, gestos, inumeras habilidades e Qutras.

Para as pSic61ogos cognitivos, que concebem a aprendizagem em termos de

processamento humane de informacyao,afirmam que 0 ser humane assimila

informag6es a partir do ambiente em que S8 encontra, transforma essas informagoes

para tamar decisoes, a9ir, lidar com objetos, interagir com Qutras pessoas,

solucionar problemas, modificar 0 ambiente, inventar, criar, descobrir.

Discutindo como a Atividade Ludica 58 relaciona com a aprendizagem

VYGOTSKY (1989, p. 98) afirma que a brincadeira fornece, pais, ampla estrutura

basica para mudany8s da necessidade e da consciencia, criando um novo tipo de

atitude em relayao ao real. Nela aparecem a ayaO na esfera imaginativa, numa

situayao de "faz-de-conta", na criayao das inten<;oes voluntarias e na forma<;8o dos

pianos de vida real e das motiva<;oes volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto

nivel de desenvolvimento da Educaq80 Infantil.

Historicamente essa realidade na vida das crian<;as nao e apenas

contemporanea, as crianryas sempre brincaram. Oesde as epocas mais antigas

crian<;as brincam, procuram decifrar 0 mundo atrav8s de advinhas, faz-de-conta,

jog as com bolas, arcos, rodas, cordas e bonecos.

Nos murais, desenhos, esculturas e pinturas onde as diferentes gerar;oes

deixaram registrados aspectos variados da vida cotidiana, pode-se observar a

presenr;a dos jogos, das brincadeiras, dos brinquedos (objetos) como elementos

geralmente caracterizados como crianryas au individuos ali representados, revelando

sua condir;80; brincando ou segurando brinquedos.

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Nesses registros, observa-s8 que ha brincadeiras existentes desde a

antiguidade, como as jogos com bolas, as de construir e demolir, as que envolvem

bonecas, as de ralar arcos, pular obstaculos e cord as, as que reproduzem situ8c;oes

de trabalho realizado par aduttos, as cirandas, as de esconder. Esses jogos e

brincadeiras talvez devam sua permanencia aD fata de oferecerem a crianC;8, cada

urn a sua maneira e sem que ela 0 saiba, condi90es de desenvo/vimento para os

diferentes aspectos de sua individualidade: aspectos fisicos, socials, emocionais e

cognitivos.

Pesquisas arqueologicas realizadas nas regioes ande S8 desenvolveram

civiliz8c;oes da antigOidade encontraram durante as escav8c;oes, pioes, dadas, bolas

e bonecas e Qutros objetos-brinquedos no interior de tumulos, em sepulturas de

crianc;as. Com a morte da crianya que Ihes conferia significado tambem findavam a

utilidade, "a vida uti I" daqueles objetos.

Desde 0 nascimento e durante toda a infancia, a crian9a age e se relaciona

com 0 ambiente fisico e social. Assim constr6i seu conhecimento sabre a realidade

que a rodeia e pode ir se percebendo como individuo unico entre outros individuos,

sendo que a cada momento de sse processo de conhecimento se utiliza de

instrumentos diferentes e sempre adequados as suas condic;oes cognitivas.

Por volta dos 2 anos, com 0 desenvolvimento da capacidade simb61ica do

pensamento, 0 jogo simb61ico, atividade conhecida comumente como jogo de "faz-

de-conta" ou simplesmente "brincadeiras", passa a ser a atividade principal da

crianC;8, e, a prova constante e evidente de sua capacidade criada, isto porque 0

jogo simb61ico ao lado do desenho, da imagem mental e da evocaC;80 verbal, forma

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o conjunto de conceitos que caracteriza 0 periodo de desenvolvimento que P1AGET

(1971, p. 45) chamou de pre-operat6rio ou simb6fico.

Na perspectiva de Piaget, nas crianC;8s menores, ate 1 ana e meio - 2 an os de

idade, fase em que aparece a linguagem, a Atividade Ludica tern como caracteristica

essencial 0 exercicio: a criang8 S8 exercita de brincar pelo simples prazer de fazer

rolar urna bola, produzir sons ou bater com urn martelo, repetindo essas 8goes e

observando seus efeitos e resultados. Essas brincadeiras S8 prolongam, muitas

vezes, ate a idade adulta, mas com 0 passar dos anos, diminuem sua intensidade e

importEJncia.

Entre os 2 e 6/7 anos aproximadamente, a Atividade Ludica ad quire a carater

simb6lico: a crianC;8 representa seu mundo e 0 sfmbolo serve para evocar a

realidade. Conversar com a boneca, brincar de medico, imitar bichos, se fantasiar,

sao brincadeiras de grande intensidade afetiva. Assim que as brincadeiras vao se

aproximando mais do real (a partir dos 4 anos), 0 simbolo come9a a representar a

realidade, imitando-a: a crian~ cria hist6rias nas quais ha grande preocupagao em

seguir a sequencia que ela conhece na sua realidade. Por exemplo: a boneca

acorda, vai par a roupa e vai para a escola. Oepois va; almo<;ar, descansar, brincar e

outros.

Os chamados jogos de construqao constituem uma especie de transi<;ao entre

o jogo simb6lico e 0 jogo de regras; atraves deles a crianga comega a se inserir no

mundo social ease desenvolver rumo a nfveis mais elevados de cognigao. Esta e a

fase de passagem da fantasia para a realidade. Na construgao de predios, pontes,

casas, utensilios, por exemplo, e interessante a utilizagao que a crian~ faz dos

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diversos materia is, como ela representa a realidade, como S8 de a passagem de

uma construc;:ao mais individual para urn momento de maior cooperac;:8o.

Embora a Atividade Ludica tenha como caracteristica predominante a de ser

muito egocentrica ate os seis ou sete anos, a crianC;:8 da Escata de EduC8r;80 Infantil

dedica apenas algumas haras de seu dia aos "faz-de-conta", essa 8tividade tern urn

papel relevante nos avan90s que ocorrem em suas condic;:oes de pensamento.

As crian9-8s brincam porque gostam de brincar. Gostam de brincar porque a

brincadeira e 0 met her instrumento para a satisfar;80 das necessidades que VaG

surgindo no convivio diario com a realidade. Quando esta brincando, a crianc;a cria

situ8r;oes imaginarias que lhe permitem operar com os objetos e situa<;6es do

mundo dos adultos. Enquanto brinca, seu conhecimento desse mundo se amplia,

pois ela pode fazer de conta que age de maneira adequada, ao manipular objetos

com os quais 0 adulto opera e ela ainda nao.

5e e permitido a crianga, por exemplo, brincar de um autom6vel, uma

charrete, ou outro meio de transporte qualquer, tentara reproduzir as ag6es que

observa nos adultos que real mente conduzem esses meios de transporte; ela se

preocupara, inclusive, em reproduzir 0 barulho do motor ou 0 trote do cavalo. 0 que

a motiva nao e 0 resultado de seus gestos, isto e, ela nao pretende se transportar

para outro lugar, mas 0 proprio processo de atividade; ou seja, seu objetivo, a

brincar, e a propria a~ao e nao seus resultados. As necessidades que satisfaz sao

de conhecimento do mundo em que os homens agem e no qual ela precisa aprender

a viver; e ela busca aprender agindo "como se"

A crianya deseja dirigir um carro, nao sabe, no entanto como faze-1o, e nao

pode ainda aprender, porque ha algo que est,; alem de sua capacidade. Entao ela

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toma de uma cadeira - urn objeto do mundo ao qual ela tern acesso - e a coloca no

lugar do carro, assim preserva a 8980 que deseja realizar substituindo as opera90es

e as condic;oes do objeto que Ihe e acessivel. A crianc;a sabe que a cadeira continua

sendo uma cadeira, mas ela adquire no jogo urn sentido diverso, urn sentido LtidieD,

o senti do de um carro.

Quando brinca de dirigir, a crianC;8 geralmente reproduz formas de agir de

motoristas que ja viu em ac;ao. Nao de urn em particular, mas de urn motorista "em

geral", repetindo ge5t05 observados par ela em suas diversas experiencias. A

crianc;a reproduz 0 que e tlpico, 0 que pode ser generalizado, a que ela ja conhece

sabre "ser motorista". E, par issa, embora nem todo objeto possa servir para

determinado jogo, os mesmos objetos podem ter diferentes fun¢es e participar com

sentimentos diferentes em diversas brincadeiras,

Assim, no jogo de "faz-de-conta" a crian.ya desempenha uma certa func;ao

social, humana, generalizada do adulto ou de bichos - aos quais 0 pensamento

animista infantil atribui caracteristicas humanas - a qual correspondem regras de

ag,6es latentes que estruturam a situac;ao imaginaria expl icita.

A brincadeira e, assim, um espac;o de aprendizagem, onde a crianc;a

ultrapassa 0 comportamento cotidiano habitual de sua idade, onde ela age como se

fosse maior do que e, representando simbolicamente a que mais tarde realizara. Um

espac;o onde, embora aparente fazer apenas a que mais gosta, aprende a se

subordinar as regras das situac;6es que reconstroi, renunciando a ac;ao impulsiva.

Segundo VYGOTSKY (1989, p. 102) a sujei(:ao a essas regras e uma das

fontes de prazer no brinquedo. Eo ela que fornece a estrutura para aquisigoes que, no

futuro, serao a base das realizac;6es e da moralidade da crianc;a.

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A Atividade Ludica, alem de ser urn espayo de conhecimento sabre 0 mundo

externo (a realidade fisica e social), proporciona a crian<;8 a possibilidade de

experimentar as emo<,;:oescom que convive em sua realidade interior. Permite-Ihe

vivenciar em ac;oes concretas, reais, sentimentos que de outro modo ficariam

guardados em sonhos de que muitas vezes ela nao se recorda. Enquanto brinca,

pode realizar de forma simb6lica toda a sexualidade que faz parte da experiencia

infantil saudavel e encontrar maneiras de lidar com sua carga de impulsos

agressivos.

Segundo BETILEHEIM (1988, p. 135) brincando, a crian9a desenvolve uma

estrutura de organiz8<;ao para relac;oes emocionais que Ihe da condic;oes para 0

desenvolvimento das rela<;oes sociais. Nas brincadeiras que envolvem Qutras

criam;as ajustadas a papeis predeterminados, ela encontra condic;oes de aprender a

aceitar que as outras ten ham uma existencia social e emocional independente.

"Na imaginaqao, a erianqa pode ser abso/utamente desp6tiea, sem IimitaqOes para 0

seu dominio. Mas, quando eomeqa a representar a fantasia, aprende depressa quemesmo soberanos absolutos, estao sujeitos as limitaqi5es da rea/idade. Uma vez quelenha, por exemplo, feilo uma lei, preeisa obedeee-/a - as outras erianqas insisliraonisso. Se 0 "pretens~" rei for capriehoso demais, 0 jogo se desintegrara, a "SuaMajestade" estara em vias de um despertar desagradavel. Aprendera depressa quemesmo 0 imperador mais poderosamente imaginado s6 podera reter 0 tronoenquanto desfrutar da boa vontade dos suditos, que s6 pode brincar de soberano selomar esse jogo atraenle para seus companheiros. Nenhuma dessas restriqijes seapNea a suas fantasias, que fiutuam livremente" (BETTELHEIM, 1988, p. 150).

LEONTIEV (1988, p. 77) afirma que, embora nem todas as necessidades e

desejos da crianc;a deem origem a brincadeiras e a presenc;a de emoc;6es e

sentimentos tao variados nao significa que ela entenda as motivac;6es de que se

originam, 0 brinquedo e sua atividade principal na idade pre-escolar.

Do ponto de vista pedag6gico, muitos educadores falaram sobre 0 valor

educativo das Atividades Ludicas no desenvolvimento da aprendizagem. Froebel,

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por exemplo, explorou 0 jogo espontimeo da crianc;a atraves das varias etapas da

sua evolw;ao, mostrou a importancia de propiciar experiemcias adequadas para 0

desenvolvimento harmonica do pensamento.

Foram entretanto os estudos de Piaget que trouxeram uma relevante

contribui~ao para os educadores no sentido de perceber a importimcia do Lridico

para a desenvolvimento e suas relac;oes com a aprendizagem. Para Piaget, a origem

do jogo esta na imitac;ao que surge da preparac;ao reflexo-imitativa, que consiste em

reproduzir urn objeto na presenC;8 do mesmo. E urn processD de assimilac;ao

funcional, quando 0 exercicio ocarre pelo simples prazer. A 85sa modalidade Piaget

denominou de "jogo do exercicio" Em suas pesquisas ele mostra que a irnit8C;80

passa par varias etapas ate que com 0 tempo a crianc;a e capaz de representar urn

objeto na ausencia do mesmo. Quando isso ocorre, significa que ha uma evocat;ao

simb61ica de realidade ausentes, por exemplo, quando uma crianc;:a e capaz de

imitar um macaco sem que 0 animal esteja presente; existe uma ligac;:ao entre a

imagem (significante) e 0 conceito (significado), capaz de originar 0 jogo simb61ico

tambem chamado de "faz-de-conta" Nesse caso particular ha uma comparac;:ao

entre 0 objeto dado e 0 objeto imaginado, nessa modalidade de jogo se exercita uma

forma particular de pensamento que e a imaginaqao.

Para Piaget, 0 simbolo nada mais e do que urn meio de assimilar 0 real aos

desejos e interesses da crianc;:a. Durante a sua realizac;:ao observa-se nitidamente

que ha uma associac;:ao entre 0 significante e 0 significado capaz de favorecer 0

desenvolvimento da linguagem quando a fala acompanha a a~o.

Paulatinamente, 0 jogo simb61ico vai cedendo lugar ao jogo de regras, porque

a crianc;:a passa do exercicio simples as combinac;:6es sem finalidade e depois com

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finalidade. Ao mesma tempo 0 exercicio torna-S8 coletivD, podendo ser regulado e

tendendo a evoluir para 0 aparecimento de regras que constituem a base do

contrato moral.

As regras sup6em relac;oes sociais ou interpessoais e envolvem quest6es de

justi9a e hanestidade. 0 respeita a elas provem de acardas mutuas entre as

jogadores, e nao pura e simples mente, da mera aceitac;ao de principios impastos. A

regra substitui 0 simbolo, enquadrando 0 exercicio nas relac;oes sociais. As regras

para Piaget e a prova concreta do desenvo/vimento da aprendizagem da crianc;a.

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5. ATIVIDADES UJDICAS - ALTERNATIVAS METODOLOGICAS

o jogo, a brincadeira, devem ser entendidos como estrategias cognitivas no

processo de humanizar;ao da crian98. Nao sao, portanto, simplesmente Atividades

Ludicas, mas funcionais, pais estao articuladas as necessidades de conhecimento

do real pela crianya, Quer no processo de conhecimentos que precede a

escolarizac;ao ou sob a ac;ao pedag6gica formal (Creche, Escola, P,,;-Escola) tais

estrategias devem estar presentes sempre que 0 meio socia-cultural assim

possibilite. As estrategias de apreensao da realidade, portanto, constituem-se em

recursos par excel em cia para 0 professor de EduC8980 Infantil.

5.1 TECNICA CIRCENSE - MALABARISMO

A tecnica circense e urna das possibilidades da arte na educac;ao que

costuma ser pouco explorada na escola. Ela representa uma maneira Judica para se

trabalhar a coordenaqaa motora, 0 equilibrio (isica e mental, a auto-organizaqao, a

disciplina e a coragem.

Atraves de jogos e brincadeiras, a tecnica circense exercita nao s6 os

musculos mas, tambem a inteligencia e as sentimentos.

Com a tecnica circense as crianvas nunca esquecerao a alegria e a satisfa9ao

de aprender a andar numa perna de pau; de conseguir equilibrar objetos no ar au a

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si pr6prio numa tabua sobre cilindro e de ser capaz de andar de monociclo ou de

fazer acrobacias. E a conquista da confianc;:a individual e do grupo e tambem da

fon;a de vontade.

5.1.1 Material

Como material, sao necessarias tres bofinhas de borracha colorida para cada

aluno. Antes de camegar 0 jogo, porem, e preciso observar alguns procedimentos:

- Na impulsao, a mao nao pode subir junto com a bolinha;

- Nao levantar a mao para pegar a bolinha. Esperar que ela caia na mao;

- Manter a bolinha no mesmo eixo (centro do corpo);

- 0 rnovimento da bolinha deve descrever urn V aD cantrario (A);

- Manter urn campo de vi sao.

5.1.2 Evolugoes

As evolw;;6es podem ser Feitas com ate seis bolinhas de uma vez, mas 0 ideal

e que S8 comece a brincadeira com apenas uma, depois passe para duas e assim

sucessivamente.

- Uma Bolinha: com a bolinha na mao direita, impulsiona-se para eima,

mantendo a mao esquerda para tras. Oepois inverte-se a mao impulsionando com a

esquerda. Lanyar a bolinha de uma mao para a outra, mantendo um eixo (v

invertido).

- Duas Bolinhas:

a) Mao esquerda para tras mantendo as duas bolinhas na mao direita,

impulsionar uma para cima, passando pel a eixo. Quando a primeira bolinha estiver

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caindo na masma mao, langar a segunda para a alto, repetindo sucessivamente 0

movimento. Primeiro passando a bolinha de frente para tras, e vice-versa. Repetir

com a mao esquerda;

b) Com uma bolinha em cada mao, executar 0 movimento de subida e

descida, uma de cada vez. Fazer a traca das bohnhas nas maDs, no movimento do V

invertido, primeiro da direita para esquerda e depois no sentido inverso;

c) Com uma bolinha em cada mao, lan""r as duas para cima (nao muito alto),

80 masma tempo sem trocar de maDS;

d) Com as duas bolinhas na mao direta, fa~a 0 movimento passando cada

bolinha de urn lado para a Dutro da mao, au seja, de fora para dentro - e vice-versa.

Fazer 0 mesma exercicio com a mao esquerda;

e) Com as duas bolinhas na mao direita, fazer urn movimento de urn V,

jogando uma de cada vez para a alto, repetindo 0 exercicio com a mao esquerda;

f) Para duas crianqas, a uma distancia media de 80 em uma da Qutra. Cada

uma peg a uma bolinha, com a rnesma mao, e joga para a outra, fazendo uma traca

de bolinhas, sernpre buscando um eixo. Urn dos dais tem que lanyar uma bola

primeira que a outra;

- Tres Bolinhas:

a) Para movimenta-Ias, impulsianar uma para a centra, no alto, fazenda uma

traca continua de bolinhas nas maos;

b) Uma bolinha parada em uma das maos e as outras duas bo!inhas repetindo

evoluc;:6es de duas bolinhas (Exercieio "b" de duas bolinhas). Oepois intraduzir a

terceira, junto as outras duas;

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c) Com duas crian9as, uma jogando bolas para outra, mantendo 0 mesmo

eixQ e 0 mesma ritmo;

d) Passar as bolinhas de mao usanda como tabela 0 chao au a parede.

5.2 TECNICA - DESENVOLVIMENTO DO RACIOciNIO

Alem de preparar a turma para a compreensao dos conjuntos, esta

brincadeira tern outras utilidades. Serve para ensinar iniciagao musical e rnexe com

a coordenaqao motora e a socializac;ao.

Na brincadeira, cada crianr.;:afaz 0 papel de urn instrumento de orquestra ou

banda, aprende que, apesar de diferentes, eles formam urn conjunto, tal como

banana, abacaxis e laranjas, apesar da desigualdade, podem unir-se num conjunto

de frutas.

5.2.1 Material

Fichas contendo cada uma delas 0 desenho de urn instrumento musical.

5.2.2 Evoluqoes

a) Cada aluno pega uma ficha com 0 desenho de um instrumento musical. 0

numero de fichas corresponde a distribuig80 dos instrumentos na banda au

orquestra (varios saxofones, urn 56 piano);

b) Os alunos voltam para seus lugares e cada urn came~ a imitar 0

mavimento do musica que toca a instrumento que esta em sua ficha. Par enquanto,

ninguem faz barulho;

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c) Cada criang8 observa as colegas. Os que fazem movimentos semelhantes

aproximam-se e formam grupos. A idei8 e de juntar as diversas partes da orquestra;

d) a professora sugere urna music8. As criang8s, reunidas em grupos,

reproduzem as sons de seus instrumentos, executando a musica escolhida. Cada

grupo e uma parte do conjunto.

5.3 TECNICA - ALVa DE LETRAS

Pnltica destin ada a crian~a em lase de EducaqBo Infantil, Nivel III, permite

que formem palavras a partir de letras conquistadas com prazer e 8legria. Ao final,

deixa claro aos alunos que, em portugues, as palavras precisam de vogais para

fazer senti do. Este jog a age tambem no desenvolvimento motor da crianc;a: ao

arremessar bolinhas a partir de urna linha tragada no chao, a crian98 vai

progressivamente dominando sua fon;:a, apurando 0 calcula da distancia entre ela e

a alva e, ainda, aprendenda a pastura ideal de seu corpo para 0 lan9amento.

5.3.1 Material

- 23 alvos, ou seja, latinhas ou caixinhas de boca larga, nas quais sao colados

rotulos com cada uma das letras do alfabeto, bem visiveis;

- Projeteis na quanti dade de tres vezes 0 numero de alunos. Podem ser

bolinhas de papel, tampinhas de garrala, pedacinhos de madeira, etc;

- Varios alfabetos moveis, dependendo do numeros de crian9as na dasse.

Esses alfabetos padem ser comprados prontas, de madeira, de plastico ou feitos

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pela propria professora, escrevendo as letras do alfabeto em pedacinhos de

cartolina.

5.3.2 Evolu9ao

a) As crianryas sao divididas em grupos, de tres ou mais integrantes;

b) 0 primeiro grupo se coloca atres da linha, riscada no chao a distimcia de

urn metro a urn metro e meio dos alvQs, espalhados ao aeaso pelo chao. Quando as

crianry8s adquirem mais destreza nos arremessos, a distancia dos alvos pode ser

aumentada;

c) Cada crianc;:arecebe tres bolinhas au tampinhas;

d) A urn sinal da professora, todas as crianc;:as arremessam as bolinhas ou

tampinhas, tentando faze-las cair dentro da caixinha ou latinha (Ietra) de sua

preferEmcia;

e) As bolinhas que caem fora dos alvDs naG podem ser recuperadas. Isso

significa que cada crianC;:8 do grupo 56 pode fazer tres lan<;amentos;

f) Cada bolinha que acerta a alva vale uma letra correspondente no alfabeto

movel, par exemplo: se a grupo acertou tres bolinhas no 6; duas no J;; duas no Il;

uma no 1.;e uma no I, tera direito a pegar no alfabeto movel tres tetras 8, duas

letras ];, duas letras Il, uma letra b e uma letra I;

g) Terminados as arremessos, cada grupo se reune para formar palavras com

as tetras conquistadas, escrevendo-as numa folha de papel. Neste exemplo,

surgiriam as palavras: BELA - BATA

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5.3.3 Os Pontos

A contagem pode ser feita na forma de um ponto para cada letra obtida pelo

grupo nos arremeSSQS e cinco pontos para cada palavra formada.

5.4 TECNICA - CANTIGA DE RODA

As cantigas de roda sao as mais Hricas entre as diversas modalidades de

brincadeiras infantis. E, assim como as Qutras, estimulam 0 desenvolvimento de

habilidades pSicomotoras e sociais, alem do prazer da recrea<;ao que proporcionam.

Muitas cantigas vieram da Europa e fcram incorporadas a cultura brasileira

Outras nasceram no Brasil, como par exemplo "Fui no Torero", provavelmente

composta na cidade de Sao Paulo (faz referemcia 80 rio Toror6 que hoje, canalizado,

carre sob a Avenida 23 de Maio). Mas e conhecida em todo a pais.

5.4.1 Evolu9ao

Exemplo de Cantiga:

"(I)

(III)

Fui no ToraraBeber agua e nao acheiAche; bela morenaQue no Tororo deixei.Aproveita, minha gente,Que es/a noile naD e nadaSe nao dormir agora,Dormira de madrugada.6 Matiazinha (Nome da crian9a da roda)6 MariazinhaEntraras na rodaE ficaras sozinha.Eu passei par uma portaUrn cachorro me mordeuNao foi nada, nao foi nada,Quem sentiu a dar fui eu.

(1/)

(IV)

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( V) Bola aqui 0 leu pezinho,Bem junlinho ao pe do meuE depois nao va dizerQue voce se arrependeu.

( VI) Sanlinha eu neo ficoNem hei de ficarVou buscar ... (Nome da crianqa)Para ser meu par."

a) As criang8s formam urna roda, de maDS dadas, que vai girando enquanto

sao cantadas as tres primeiras estrofes - e 81 para. Antes, na segunda estrofe, em

vez de "Mariazinha" deve-s8 cantar a nome de urna crianga presente, que entao vai

para 0 meio da roda, escolhe imediatamente urn par e S8 posta diante dele. Entao,

canta sozinha a quarta estrofe (Sozinha eu nao fico".);

b) Na seqOencia, todos cantam a quinta estrofe (Bota aqui 0 teu pezinho .. ),

batendo palmas acompanhando a fitmo da can gao, enquanto as duas crianC;8s que

estao urna de frente para a Dutra dao-s8 a mao direita, estendem a perna direita

para a frente e com 0 calcanhar no chao fazem um movimento pendular com a ponta

do pi>;

c) Na ultima estrofe, as crian<;as da roda continuam batendo palmas ao ritmo

da musica enquanto as duas que "formaram 0 par" pulam ora num pe, ora noutro,

estendendo as pernas alternadamente para frente. A brincadeira continua com a

crian<;a escolhida como par da primeira crian<;a a ocupar 0 centro da roda e

repetindo a coreografia. Termina quando todas as crian<;as tiverem pass ado pelo

centro da roda.

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FIGURA 1 - CANTIGAS DE RODA

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5.5 TECNICA - LOBOS E CARNEIRINHOS

Antes de proporcionar essa brincadeira, e interessante que S9 explore 0 que

S9 saba e S9 discuta sabre esses animais:

- Como sao?

- Quem ja viu urn carneirinho ? Quem ja viu urn lobo? Onde ? Quando? Se

viu, 0 que achou do animalzinho ?

- Vamos imitar urn lobo?

- Vamos imitar urn carneirinho ?

o professor pade explorar 0 tema conforme 0 interesse das crian98s.

5.5.1 Material

Giz.

5.5.2 Evolul'oes

a) Tragar no chao duas linhas afastadas cerea de 20 metros uma da outra;

b) As criang8s sao divididas em dois grupos "Lobos" e "Carneirinhos";

c) Cada grupo S9 caleca atras de uma linha. 0 grupo dos "Lobos" fica de

costas para 0 grupo de "Carneirinhos";

d) Ao sinal do professor, os "Carneirinhos" saem a caminhar, 0 rna is

silenciosamente passive], em dire980 aos "Lobos" Quando estiverem bem pr6ximos

deles, 0 professor diz: "Cuidado com os Lobos". Estes, entao, voltam-se

rapidamente e partem em persegui<;Elo aos "Carneirinhos". Os "Carneirinhos"

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apanhados antes de alcanc;ar a linha original (de ande vieram) passam a ser

"Lobos". Na repetiC;8o da brincadeira, invertem-se os papeis.

5.6 TECNICA - ONCA DORMINHOCA

o professor poden§. proporcionar urn estudo sobre a onC;8 de acordo com 0

interesse das crianc;as:

- Quem ja viu uma onC;8 ? Aonde ? Quando?

- Como ela e ? Como vive ? 0 que come?

- Quem quer imite-Ia ?

Confeccionar uma mascara de cartolina ou papelao para aquele que fara 0

papel da onl'a.

Partindo de sse estudo, a crianC;8, quando for desenvolver a atividade, criara

urn personagem seu relativQ a brincadeira.

5.6.1 Evolul'oes

a) Formar com os alunos uma roda grande. Cada crianC;8 fica dentro de urn

pequeno circulo desenhado sob os pes, exceto uma que ficara no centro da roda,

deitada, de olhos fechados. Ela e a "Onl'a Dorminhoca";

b)Todos as jog adores andam a vontade, sa indo de seus lugares, exceto a

"On<;a Dorminhoca" que continua dormindo. Eles deverao desafiar a onr;a,

gritando-Ihe: "Onr;a Dorminhoca [" Inesperadamente, a onr;a acorda e carre para

tomar um dos lugares assinalados no chao. Todas as outras crianryas procuram fazer

o mesmo. Quem ficar sem lugar sera a nova "Onr;a Dorminhoca"

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5.7 TECNICA - CORRIDA DO ELEFANTE

Jogos Motores aplicaveis ao N ivel II e III.

5.7.1 Evolu~6es

a) As crian~as andam a vonlade pelo patio. Uma delas, separada, uliliza um

bra~o (A), segurando com a mao a ponla do nariz. 0 outro bra~o (8) passara pelo

espa~o vazio formado pelo bra~ (A) e sera usado para pegar os companheiros;

b) Ao sinal, 0 pegador sai a pegar os demais usando somenle 0 bra~o (8).

Quem for locado, transforma-se tambem em pegador, adolando a mesma posi~ao.

Sera vencedor 0 ultimo a ser presQ.

Observar.;:c30: As crianr.;:as, durante a brincadeira, pod em caminhar como urn

elefante.

5.8 TECNICA - SEssAo HISTORIAOA

As brincadeiras de sesseo historiada proporcionam a crianc;a 0

desenvolvimento da imaginac;ao sabre as persona gens. 0 professor deve deixar que

a crianr;8 erie movimentos e sons. Assim ela estara trazendo a sua realidade para

essa brincadeira.

Hisl6ria: Um dia na Fazenda do Seu Jose

"Voces gostam de animais ? (esperar que respondam). Podem dizer qual aanimal que mais gostam ? (um de cada vez). Por que?Entao, hoje vamos tazer urn passeio bern bonito. Vamos visitar a fazenda doSeu Jose, onde h8 muitos animais bonitos. Vamos? (caminhando).

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Ja estamos chegando: O/hem que cava/o bonito I (apontar para um pontoqua/quer e deixar que o/hem para imaginar).Vejam como ele corre !Vamos fazer de conta que somos cava/inhos e vamoscorrer! (imitar um cava/o). O/hem as cacho(rinhos, que bonitinhos !(apontarum ponto .. .) e como correm ! Quem sabe carrer como as cachorrinhos ?(imitar os cachorrinhos).Agora vamos continuar 0 passeio (caminhando). O/hem as viveiros cheios depassaros cantando (apontar para um ponto qua/quer .. .) e pu/ando de um /adopara 0 outro. Vamos pu/ar e cantar como e/es ? (imitar os passarinhos).Seu Jose esta chegando e vai nos mostrar a fazenda. Seu Jose e muito alto,anda /igeiro e da passos grandes. Para acompanhB-/os, nos tamMm teremosde dar passos grandes e andar bem /igeiro. Vamos imita-/o ?O/hem I La estao as vacas; e/as estao descansando. Vejam, hB umapequenininha que nao sabe caminhar, ela corre e cai, corre e cai. Vamosimitar a vaquinha ?Agora chegamos aD nacho. Como ele e pequeno e estreito ! Vamosatravessa-/o com um pula, sem pisar na agua ? Vejam, com nosso saIto, aspatinhos se assustaram e sairarn correndo. Vejam como e/es correm. Vamoscorrer como e/es ?Agora, vamos vo/tar para a casa do Seu Jose, caminhando bem devagar(caminhar /entamente). Ja estamos entrando na casa. O/hem os gatinhos.Vamos nos transformar em gatinhos ? (deitar bem enro/adinhos).Agora e/es estao se espreguiqando. Vamos todos juntos espreguiqar: 1, 2, 3 eja ! (espreguiqar estendendo 0 corpo).

5.9 TECNICA - HISTORIAS INFANTIS

Usando a hara do conto, 0 professor pode contar as crianc;as historias infantis

(Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Cinderela, Peter Pan ... ) e propor que

deem vida a esses personagens atraves de dramatizac;oes. E importante lembrar

que, para ocorrer a dramatizaC;80, a crianc;a deve conhecer bern a historia. A partir

dai as crianc;as escolhem os personagens. Sera interessante que, se a dramatizac;ao

se repetir varias vezes, ocorra 0 revesamento de papeis. Na dramatizac;ao 0

professor podera oferecer fantaSias, mascaras ou outros. As crianc;as, inclusive,

poderao criar cenarios.

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Outra maneira de reproduzir historias, a partir da brincadeira, e com a

utiliz8c;:ao de fantoches, que podem ser confeccionados pelos pr6prios alunos,

aproveitando-se sucata, restas de papeis coloridos, bolinhas de isopor, papel mache

e outros materiais.

A imagina9ao e a fantasia sao tao presentes e expansivas que, S8 oferecer

apenas fantoches ou fantasias, a pr6pria crianC;:8 cria a sua hist6ria partindo de uma

experiencia vivida, realizando uma verdadeira brincadeira simb6lic8.

5.10 TECNICA - JOGOS DE SIMETRIA

As formas simetricas, aquelas que tern proporc;ao equivalente, encantam 0

homern desde tempos remotes. Esse mesma encantamento pode ser descoberto

pelas crianc;as, ao brincar com espelhos e observar animais, folhas, flores e frutos

que apresentam formas simples de simetria.

Alem do prazer proporcionado pelas formas simetricas, as brincadeiras com

espelhos e a observa9ao da simetria na natureza facilitam a compreensao de um

conceito que sera utilizado mais tarde, no estudo de Ciencias e Matematica. As

atividades propostas podem ser realizadas com alunos da Escola de Educaq80

Infantjf mas tambem despertam 0 interesse de crian9as maiores e ate mesmo de

jovens que nunca se ten ham detido na observa9ao da simetria.

5.10.1 Material

Um espelho com aproximadamente 6 X 7 cm. Cartoes com figuras; fita crepe.

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5.10.2 Evalu<;6es

a) Com antecedencia, 0 professor vai multiplicar os cartoes onde aparecem

as figuras e distribuf-Ios a grupos de tres alunos. Usanda 0 espelho, as crian9as

complelam figuras ou formam figuras diferenles a partir de um mesmo desenho. Os

exercicias despertam a curiosidade e lambem desempenham papel imparlanle na

integrayao. Atraves deles as crianC;8s comec;am a S8 familiarizar com 0 manuseio e a

colocayao correta do espelho. 0 espelho devera ser colocado sobre os cart6es, os

cartoes deverao conter apenas a metade da figura escolhida, au seja rel6gio,

tartaruga, peixe, gato e Qutras ilustra90es, pod era S8r usado figuras de livros e

revistas cortados ao meio. Finalmente, as crianr;as poderao desenhar suas proprias

figuras simetricas, intekas au 56 a rnetade delas.

b) 0 Joga dos Palinhos: A alividade consisle em calacar a espelho sobre a

carta.o padrao e tentar formar cada urn dos Qutros cart6es. Aconteee que as crianc;as

vao descobrir, depois de algum tempo, que nem todos as cartoes podem ser

formados, porque uma figura nao e simetrica. Este exercicio e urn pouco rnais dificil

do que a anterior e solicitara do aluno maior atenyao. Mas, depois que as crianc;as

compreenderem a conceito de simetria, a maior parte consegue descobrir se e

possivel au nao formar uma determinada figura, sem tentativas com a espelho. Esse

mesmo exercicio pode ser feito a partir de outras figuras. Dependendo do conjunto

de elementos que formam a figura padrao, as exercfcios poderao ser programados

em diversos niveis de complexidade, sendo que um conjunto de bolas coloridas, par

exemplo, requer da crianc;a uma atenyao maior para descobrir as figuras simetricas.

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FIGURA 2 - JOGOS DE SIMETRIA

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6. ANALISE DOS DADOS PESQUISADOS

Mediante as dados pesquisados pode-s9 afirmar que:

As Atividades Ludicas sao estrategias cognitivas funcionais e podem ser

articuladas ao processo ensina aprendizagem das crianr;:as em fase de

Educaqao Infanti!, isto porque a brincar exercita a imaginayao simb61ica,

instrumento que Ihes fornece as meiDs para assimilar 0 real aos seus

desejos e interesses.

Ao S8 utilizar de Atividades Ludicas como recurso para a desenvolvimento

e aprendizagem, a professor deve ter em mente que as crianc;as

necessitam de urn espac;o diariD para realiz8-las; de contelidos

significativos; relacionados aos aspectos ligados a realidade que a

cercam e respeitar as diferentes possibilidades de brincar e jogar de cada

crian9a.

As Atividades Ludicas devem ser aplicadas na rotina diaria da Escola de

Educaqao Infantil pois possibilitam 0 desenvolvimento ffsico, intelectual e

social e habilitam progress iva mente as crianyas a brincadeiras mais

complexas de modo a envolver simbolos e regras.

o professor de Educaqao Infantil ao propor uma Atividade Ludica deve

escolher adequadamente os brinquedos e os jog as a serem utilizados,

levando em considera98o a valor experimental dos brinquedos; 0 valor da

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estruturac;ao; 0 valor da rela9ao e sobretudo 0 valor ludico; bern como, as

componentes das situ8c;oes Judicas.

As Atividades Ludicas devem deixar de serem vista como uma atividade

fisic8. Devern ser privilegiadas como condi9ao necessaria para 0

desenvolvimento da crianc;a, para a compreensao da reaJidade concreta 8,

sobretudo 0 desenrolar do desenvolvimento e da aprendizagern.

A Atividade Ludica constitui-se de uma alternativa metodologica ende a

crianC;8 ultrapassa 0 comportamento cotidiano habitual de sua idade, ende

ela age como S8 fosse maior do que e, representando simbolicamente 0

que mais tarde realizara.

As Atividades Ludicas devem ser caracterizadas pelo professor como

sendo urn espac;o onde a crianc;a aprende a se subordinar as regras das

situac;oes que constroi, renunciando a ac;ao impulsiva.

As alternativas metodo16gicas apresentadas fazem parte de uma

infinidade de outras que poderao ser aplicadas na etapa de

desenvolvimento da crianc;a que encontra-se em fase de EduCBq80

Infantil.

Sendo as tecnicas apresentadas oriundas de bases te6ricas a

aplicabilidade das mesmas representa uma contribuic;ao significativa para

o desenvolvimento de habilidades especificas como: percepc;ao, esquema

corporal, lateralidade,orienta~o espa,o - temporal, coordena,ao viso-

motora, habilidade visual e auditiva, linguagem oral, percep,ao tatil,

sequemciar;ao e relac;ao.

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Atraves das tecnicas apresentadas as professores que atuam em Escolas

de EduC8q80 Infantil poderao estimular a desenvolvimento da crianc;a, de

forma ludica, a que certamente servira como estrategia para que a crian98

compreenda 0 mundo que a rodeia.

As Atividades Ludicas S8 bern aplicadas, poderao desenvolver e estimular

a capacidade criadora, tornando-se inclusive fomenta desta capacidade

que e extrema mente importante para 0 desenvolvimento global e para a

maturidade da criang8.

Independente da tecnica desenvolvida OU da Atividade Ludica realizada

deve-s8 ter em mente que e preciso respeitar as diferentes possibilidades

de jogar de cada crianc;a, ista porque as crianQas mais nervosas

difrcilmente conseguem desenvolver jogos que VaD alem da imita9ao dos

gestos cotidianos

Ao se escolher uma Atividade Ludica, 0 professor nao deve esquecer que

ela e mais que uma simples reprodu9ao, que nela a crian9a reorganiza

sua experiemcia, criando situa90es ficticias mais pr6ximas de seus desejos

e necessidades, sendo que 0 imprevisfvel e 0 inesperado tambem fazem

parte da Atividade Ludica proposta, 0 que torna a cria980 uma

acompanhante normal e permanente do desenvolvimento infantil.

A busca con stante de novas alternativas metodol6gicas deve ser uma

constante na Escala de Educar;:aa Infantil, as tecnicas apresentadas nesta

pesquisa sao pouco utilizadas pelos professores e par essa raZ80 foram

citadas como exemplos. Atraves delas, 0 professor poden§! mostrar que 0

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desenvolvimento da CrianC;8 e ativo e 0 processo ensina aprendizagem

dinamico e continuo.

Cada uma das t8cnicas propostas sejam colocadas em pratica para que

seus resultados sejam avaliados. Nesse sentido a t8cnica circense devera

demonstrar resultados de expansao muscular, desenvolvimento de

inteligemcia e revelar sentimentos; Desenvolvimento do raciocinio

compreensao de conjuntos, coordena~o motora e socializ8C;:80 e

favorecer a inicia~o musica; alvD de letras - formaC;8o de palavras, 0

desenvolvimento motor, apura a noyao de calculo a distancia e desenvolve

a postura corporal; Cantiga de Roda - estimula,8o do desenvolvimento

das habilidades psicomotoras e sociais, desenvolvimento da linguagem

oral, iniciac;ao musical, e desinibiC;8o; Lobos e Carneirinhos, On<;a Pintada,

Corrida do Elefante, desenvolvimento da memoria, aten,8o, percep,8o

visual, coordena9ao motora e lateralidade e historias infantis; Sessao

Historiada - 0 desenvolvimento da imagina9ao, movimenta9ao e sons;

Jogos de Simetria - a aten,ao, percep,8o de detalhes e forma,8o de

conceitos.

Atraves de tecnicas, sejam elas quais forem, as Atividades Ludicas

desenvolvidas deverao proporcionar novos progressos no desenvolvimento da

aprendizagem, possibilitando novas atividades e continuo desenvolvimento.

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CONCLUSAO

Ao termino desta pesquisa pode-s8 afirmar que ela atingiu os objetivos a que

S8 propos, au seja, trouxe a tona dados te6ricos que demonstram que as Atividades

Ludicas interferem significativamente no processo ensino-aprendizagem das

crianc;as que encontram-se em fase de Educar;;ao Infanti!.

Nesse sentido pode-s8 ressaltar que a Atividade Ludica pode interferir

significativamente no processo ensino-aprendizagem S8 for considerada pelo

professor como sendo uma atividade seria que desenvolve aspectos relativos ao

intelecto, 80 afetivD, 80 flsieD e 80 social da crianC;8.

Para que possa ser considerada uma atividade seria, primeiramente 0

professor deve ter em mente que 0 motivQ da brincadeira esta no proprio processo,

ou seja, 0 que motiva a crianga e a atividade em si, isto porque atraves dos jogos e

brincadeiras a crianga aprende a conhecer a si propria, as pessoas que a cercam e

os papeis que elas aS$umem. Ela aprende sabre a natureza, as eventos socia is, a

estrutura e a dinamica interna de seu grupo. E atraves deles tambem que ela explora

as caracteristicas dos objetos fisicos que a rodeiam e chega a compreender seu

funcionamento.

o professor que alua na Escola de Educa,Bo Infantil precisa de uma

compreensao intuitiva de que a brincadeira e um meio fundamental para a crianga

resolver as problemas emocionais que fazem parte dos desenvolvimento e da

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aprendizagem; de que a brincadeira deve ser um dos metodos caracterlsticos da

manifestagao infantil e um meio para perguntar e explicar os espac;os privilegiados

para a promo~o do desenvolvimento e da aprendizagem.

Ao S8 proper alternativas metodol6gicas relacionadas as Atividades Ludicas,

urn dos aspectos mais importantes a ser levado em conta pelo professor de

EduC8q80 Infanti! deve ser a sua concepryao e sua capacidade ludica, vista que urn

professor que nae sabe, au nao gosta de brincar, dificilmente desenvolvera a

capacidade ludica dos alunos. Assim, antes de lidar com a ludicidade do aluno epreciso que 0 professor desenvolva a sua propria.

Todos as educadores que atu8m com crianryas em fase de Educaqao Infanti'

devem observar atentamente a importancia da repetivao que ocorre durante a

Atividade Ludica que nao diz respeito simplesmente ao prazer propiciado pelo

exercicio, mas, trata-se acima de tudo, de uma forma de assimilar 0 novo, aquilo que

Benjamin muito bern expressou como a aquisigao de um saber fazer, capaz de

transformar a experiencia em habito.

as professores e educadores devem observar tambem 0 valor da imagina<;ao

e 0 papel a ela atribufdo quer no desenvolvimento da inteligencia das criangas, quer

no processo de aprendizagem, do ponto de vista da formagao de conceitos.

Compreender a elaboragao de conceitos implica sobretudo entender como ocorre a

processo de representaq80 na crianga e 0 seu alcance, uma vez que ele consegue

combinar simultaneamente 0 pensamento, a linguagem e a fantasia.

E interessante notar que, na Atividade Ludica, a crianga tern a oportunidade

nao apenas de vivenciar as regras impostas, mas de transforma-Ias, recria-Ias de

acordo com suas necessidades e interesses, e ainda entende-Ias.

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As Atividades LUdicas na Esco/a de Educa,iio Infantil devem comegar pela

8gao; devem permitir que a criang8 manifeste seu simbolismo; devem permitir a

crianC;8que ela S8 desenvolva no cantata e na interagao com Qutras crianC;8s; devem

propiciar urn clima de expectativas positivas de forma a encoraja-Ias a ter confianr;a

nas suas proprias possibilidades de experimentar, descobrir, expressar-se,

ultrapassar seus metodos e ter iniciativ8.

As Atividades Ltidicas S8 bern aplicadas poderao fazer com que a Escola de

Educac;ao Infantil deixe de ser vista como passatempo, e passe a ser urn espago

criativo que permite a diversific8gao e ampliac;ao das experi€mcias infantis,

valorizando a iniciativa e a curiosidade, permitindo que atrav8S dela, S8 conhegam

com mais clareza importantes func;oes mentais como 0 desenvolvimento do

raciocfnio abstrato e da linguagem.

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