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0 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL DE SANTA CATARINA- UNESC PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS PRISCILA TOURNIER CARDOSO A BUSCA PELA QUALIDADE NO SERVIÇO DE UM LABORATÓRIO CITOPATOLÓGICO DE PEQUENO PORTE CRICIÚMA 2011

Monografia Priscila Tournier

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Page 1: Monografia Priscila Tournier

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL DE SANTA CATARINA- UNES C

PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS

PRISCILA TOURNIER CARDOSO

A BUSCA PELA QUALIDADE NO SERVIÇO DE UM LABORATÓRIO

CITOPATOLÓGICO DE PEQUENO PORTE

CRICIÚMA

2011

Page 2: Monografia Priscila Tournier

1

PRISCILA TOURNIER CARDOSO

BUSCA PELA QUALIDADE NO SERVIÇO DE UM LABORATÓRIO

CITOPATOLÓGICO DE PEQUENO PORTE

Monografia apresentada ao Setor de Pós-graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de Especialista em Análises Clínicas. Orientador: Prof.ª Candice Steckert da Silva

CRICIÚMA

2011

Page 3: Monografia Priscila Tournier

2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma do processo de realização de exames citopatológicos no

Laboratório Santé ...................................................................................................... 13

Figura 2 – Tempo máximo de coleta ......................................................................... 32

Page 4: Monografia Priscila Tournier

3

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Índice de unidades ESF que possuem procedimento de coleta. ............ 25

Gráfico 2 – Índice média de coletadores ativos. ........................................................ 26

Gráfico 3 – Índice de ESF que realizam treinamento na contratação. ...................... 26

Gráfico 4 – Índice relacionamento ao número de lâminas confeccionadas na

coleta. ........................................................................................................................ 27

Gráfico 5 – Índice relacionamento ao local de coleta. ............................................... 28

Gráfico 6 – Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV positivo. .............. 28

Gráfico 7 – Índice relacionamento as condutas do ESF quando paciente é HPV

positivo. ..................................................................................................................... 29

Gráfico 8 – Índice relacionamento ao recolhimento das amostras. ........................... 29

Gráfico 9 – Índice relacionamento a periodicidade de recolhimento das amostras

nos ESF..................................................................................................................... 30

Gráfico 10 – Tempo máximo entre a coleta e o transporte. ...................................... 30

Gráfico 11 – Índice de unidades ESF que possuem procedimento de coleta. .......... 31

Gráfico 12 – Índice relacionado ao tempo médio entre liberação da secretaria de

saúde e obtenção do laudo. ...................................................................................... 32

Gráfico 13 – Índice relacionado a incidência de ESF que geram requisições

incompletas. .............................................................................................................. 34

Gráfico 14 – Índice de requisições incompletas por ESF. ......................................... 35

Gráfico 15 – Índice relacionado incidência total de informações faltantes. ............... 35

Page 5: Monografia Priscila Tournier

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6

1.1 TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO ............................................................................. 6

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 7

1.3 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................ 7

1.3.1 Objetivos gerais ............................................................................................... 7

1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 7

2 METODOLOGIA ...................................................................................................... 9

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 10

3.1 QUALIDADE NO SERVIÇO DE SAÚDE ............................................................. 10

3.2 PAPEL DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CITOPATOLÓGICAS .................... 10

3.3 FASES DE REALIZAÇÃO DO EXAME CITOPATOLÓGICO ............................. 11

3.4 QUALIDADE NO LABORATÓRIO CLÍNICO E CITOPATOLÓGICO .................. 14

3.5 QUALIDADE DA FASE PRÉ-ANALÍTICA .......................................................... 15

3.5.1 Atendimento humanizado .............................................................................. 15

3.5.2 Informações / requisição ............................................................................... 15

3.5.3 Coleta ............................................................................................................. 16

3.6 QUALIDADE DA FASE ANALÍTICA .................................................................... 19

3.6.1 Controle externo da qualidade ...................................................................... 21

3.6.2 Controle interno da qualidade ....................................................................... 23

3.7 QUALIDADE DA FASE PÓS-ANALÍTICA .......................................................... 24

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS ............................................................................. 25

4.1 ANÁLISE DA CONDUTA DE COLETA E LOGÍSTICA ........................................ 25

4.1.1 Questão 1 – Existe procedimento operacional p adrão (POP) acessível

aos funcionários? ................................................................................................... 25

4.1.2 Questão 2 – Quantos profissionais compõem a e quipe da Unidade

ESF, e destes quantos realizam coleta de amostra pa ra exame

papanicolau? ........................................................................................................... 26

4.1.3 Questão 3 – Foi realizado treinamento sobre o procedimento de coleta

do exame papanicolau logo após a contratação? ................................................ 26

4.1.4 Questão 4 – A Unidade ESF realiza treinamento s periódicos para

padronizar a coleta feita pela sua equipe? ........................................................... 27

4.1.5 Questão 5 – Qual é o número de esfregaços con feccionados na coleta

Page 6: Monografia Priscila Tournier

5

da amostra para o exame papanicolau? ............................................................... 27

4.1.6 Questão 6 – Qual é o local de coleta da amost ra para o exame

papanicolau? ........................................................................................................... 28

4.1.7 Questão 7 – Existe algum procedimento diferen ciado quando a

paciente é HPV positivo? ........................................................................................ 28

4.1.8 Questão 8 – O que é feito quando a paciente é HPV positivo? .................. 29

4.1.9 Questão 9 – Quem é responsável pelo recolhime nto das amostras

coletadas nas Unidades ESF? ............................................................................... 29

4.1.10 Questão 10 – Qual é a periodicidade no recol himento das amostras

coletadas nas Unidades ESF? ............................................................................... 30

4.1.11 Questão 11 – Qual é o tempo máximo entre a c oleta e o recolhimento

das amostras da Unidade ESF? ............................................................................. 30

4.1.12 Questão 12 – Qual é o tempo máximo entre a c oleta e o recebimento

do laudo na Unidade ESF? ..................................................................................... 31

4.1.13 Questão 13 – Tempo médio entre a liberação d a requisição pela

Secretaria de Saúde, processamento da amostra e ent rega do laudo ............... 32

4.1.14 Questão 14 – Qual é o tipo de espátula e esc ova utilizada no

procedimento de coleta? ........................................................................................ 33

4.2 ANÁLISE DAS REQUISIÇÕES ........................................................................... 33

4.2.1 Análise 01 – Incidência total de requisições incompletas .......................... 34

4.2.2 Análise 02 – Incidência de requisições incomp letas por ESF .................... 35

4.2.3 Análise 03 – Incidência total de informações faltantes nas requisições ... 35

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41

APÊNDICE ................................................................................................................ 43

APÊNDICE A – Questionário: Análise da conduta de co leta e logística ............ 44

ANEXO ..................................................................................................................... 46

ANEXO A – Requisição de exame citopatológico – colo do útero ...................... 47

Page 7: Monografia Priscila Tournier

6

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO

A necessidade de se qualificar o serviço de saúde é uma das

preocupações constantes do mercado de análises clínicas que atua auxiliando o

diagnóstico clínico realizado por médicos, por meio de resultados laboratoriais. No

país, aspectos políticos sociais das diferentes regiões geográficas impactam na

prestação do serviço fornecido a população. Como reflexo a esta situação, a

ANVISA publicou em 2005, a resolução RDC 302 Regulamento Técnico para

Funcionamento de Laboratórios clínicos, a fim de padronizar o serviço por meio de

requisitos mínimos de qualidade. Porém, para Laboratórios Citopatológicos, ainda

não há exigência semelhante por nenhum órgão regulamentador da área.

No entanto, especificamente, para garantia da qualidade da fase analítica,

ou seja, do processo de realização de exames, a resolução RDC 302 da ANVISA

exige que todos os laboratórios clínicos adotem em sua rotina, algum método de

controle interno e externo da qualidade para todos os exames que realiza. Sabe-se

que, apesar da vigência da referida resolução, muitos laboratórios clínicos,

principalmente os de menor porte, encontram uma série de dificuldades na

implantação de tais controles, fato que resulta na prorrogação da adequação de sua

rotina. Um dos obstáculos que pode ser considerado é a própria falta de

conhecimento a respeito dos métodos e programas de controle de qualidade

aplicáveis aos exames que realiza, o que leva muitas vezes o proprietário a adotar

uma prática deficiente, somente para fins de evidência para a fiscalização sanitária,

ou seja, apenas para demonstrar que está atendendo a RDC 302, sem entender no

entanto a importância desta prática em sua rotina. Além disso, tais programas geram

novos custos para o laboratório, que já precisa sobreviver num cenário defasado,

onde a relação custo-benefício dos exames é afetada pelos convênios que possuem

tabelas de preços estagnadas.

No caso dos Laboratórios Citopatológicos, como forma de garantir a

qualidade analítica dos exames, o Ministério da Saúde através do Art 3º da Portaria

Conjunta nº 92, de 16 de outubro de 2001, determina a execução do monitoramento

interno da qualidade dos resultados de exames citopatológicos, por parte de todo

laboratório que realize esses exames para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Page 8: Monografia Priscila Tournier

7

O tema do presente estudo trata sobre os aspectos relacionados à

qualidade do serviço prestado por laboratórios citopatológicos que atendem ao SUS

e por esta razão, precisam atuar em conjunto nas fases de realização do serviço.

Considerando a ausência de um regulamento técnico para o funcionamento de

laboratórios citopatológicos e baseando-se na Portaria N°92 do Ministério da Saúde,

depara-se com questionamentos em relação à forma de obtenção de melhoria da

qualidade do serviço prestado a comunidade: “Como garantir a qualidade no

serviço prestado por um laboratório citopatológico? ” A proposta da presente

pesquisa é discutir alguns referenciais sobre os métodos de controle de qualidade

disponíveis aos laboratórios clínicos que atuam no segmento de citopatologia

cérvico-vaginal e realizar uma análise crítica sobre outros fatores relacionados à

qualidade do serviço prestado ao SUS, tais como: capacitação dos coletadores,

procedimento de coleta e logística entre Unidades ESF – Estratégia da Saúde da

Família, Secretaria de Saúde e Laboratório Citopatológico.

1.2 JUSTIFICATIVA

A pesquisa demonstra-se necessária para analisar as etapas de

realização dos exames citopatológicos e identificar processos que precisam ser

otimizados a fim de melhorar a qualidade do serviço prestado.

1.3 OBJETIVOS GERAIS

1.3.1 Objetivos gerais

Analisar criticamente quais fatores são necessários para obter maior

qualificação na prestação do serviço em laboratórios citopatológicos.

1.3.2 Objetivos específicos

− analisar os diferentes métodos de Controle Externo da Qualidade – para

Citologia Cérvico-Vaginal disponíveis no país;

− apresentar os métodos de Controle Interno da Qualidade sugerido nos

referenciais bibliográficos para Citologia Cérvico-Vaginal;

Page 9: Monografia Priscila Tournier

8

− discutir a importância da correlação entre Controle Interno e Externo da

Qualidade para emissão de resultados laboratoriais;

− discutir a importância da realização de uma coleta adequada com

informações completas;

− identificar a necessidade em gerar padronização e educação continuada

para a equipe de coletadores;

− correlacionar as fases pré, analítica e pós-analítica, como garantia do

resultado final e qualidade do exame.

Page 10: Monografia Priscila Tournier

9

2 METODOLOGIA

O estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica a respeito dos

programas de proficiência e métodos de controle interno de qualidade aplicáveis a

citopatologia existentes no país.

Além da revisão bibliográfica, foi realizada uma pesquisa em campo com

profissionais que atuam em Unidades de ESF – Estratégia de Saúde da Família na

cidade de Tubarão-SC que fornecem amostras citopatológicas para o Laboratório

Clínico e Citopatológico Santé.

O Laboratório Santé atua no campo de análises clínicas na cidade de

Tubarão/SC desde janeiro de 2009, no entanto, realiza exames citopatológicos,

atendendo ao Sistema Único de Saúde (SUS), desde novembro de 2009.

O laboratório possui dois postos de coleta sob a responsabilidade técnica

de uma Farmacêutica-Bioquímica pós-graduada com a Especialização em Citologia

Cérvico Vaginal. Considerando-se o número de exames, classifica-se como um

laboratório de pequeno porte, e por esta razão, conta somente com esta única

profissional, devidamente habilitada para realizar a leitura dos exames

citopatológicos.

A amostragem engloba 25 Unidades ESF localizadas em 20 bairros do

município, são estes: Centro, Caruru, Congonhas, Sertão dos Corrêas, São

Martinho, KM 60, KM 63, Humaitá de Cima, Vila Esperança, Mato Alto, Fábio Silva,

Recife, Revoredo, Passagem, Dehon, Morrotes, São Cristovão, São João, Oficinas e

Santo Antônio de Pádua. Os 25 respondentes exercem a responsabilidade pela

realização e monitoramento das coletas realizadas em suas Unidades ESF, sendo

que, em relação aos cargos que ocupam identificou-se: 23 enfermeiros, 01 técnico

em enfermagem e 01 auxiliar de enfermagem. A pesquisa focou três aspectos

considerados fundamentais para a qualidade do serviço:

− informações nas requisições do exame;

− método de coleta da amostra (executado pela equipe do ESF);

− logística entre a coleta da amostra e emissão do resultado.

Page 11: Monografia Priscila Tournier

10

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 QUALIDADE NO SERVIÇO DE SAÚDE

Atualmente, em países do mundo todo, estabeleceu-se um nível de

tensão nos sistemas de saúde em decorrência ao expressivo custo dos serviços de

saúde, que contam com o avanço da tecnologia, aumento da expectativa média de

vida principalmente nos países desenvolvidos, entre outros fatores. (GARTNER et

al., 2006).

Abordagens legislativas e normalizadoras que visam harmonizar esta

situação, por serem tipicamente fragmentadas nem sempre resultam em mudanças

de melhoria, gerando expectativa na sociedade e muitas vezes indignação.

(ROONEY; OSTENBERG, 1999).

Conforme Cunha e Bittar (2004), diante esta expectativa, os governos e

fontes pagadoras privadas da área da saúde têm procurado estratégias, que

auxiliem os indivíduos a identificar os serviços e os profissionais que atendem a

certas expectativas de qualidade. Dentre elas está à alteração no estilo de gestão

dos Laboratórios Clínicos.

3.2 PAPEL DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CITOPATOLÓGICAS

No Brasil, as neoplasias cervicais representam a terceira causa de óbito

geral na população feminina e, de forma geral, o câncer do colo do útero

corresponde à cerca de 15% de todos os tipos de câncer feminino. (AMARAL et al.,

2006a).

O exame citopatológico é o método mais utilizado em programas de

rastreamento do câncer do colo do útero por ser simples, barato, seguro e aceitável,

tendo como principal objetivo identificar lesões pré-malignas e malignas bem como

auxiliar no diagnóstico de infecções genitais e outras entidades benignas. (AMARAL

et al., 2006a).

Entretanto, o exame citopatológico apresenta falhas, pois a taxa de

resultados falso-negativos pode variar de 2% a 50%. (TAVARES et al., 2007). As

altas taxas de resultados falso-negativos dos exames citopatológicos é um dos

pontos de fragilidade que tem levado ao desenvolvimento de várias estratégias

Page 12: Monografia Priscila Tournier

11

corretivas como a implementação de controle interno da qualidade. (MANRIQUE et

al., 2007).

Devido a este cenário, o papel de um laboratório citopatológico é realizar

os controles de qualidade interno e externo e, principalmente, treinar seus

funcionários e se possível, os funcionários dos ESF’s (com palestras, capacitações)

para garantir uma coleta adequada, pois, segundo pesquisas, quando realizada de

forma errônea torna-se a principal causa de resultados falso-negativos.

3.3 FASES DE REALIZAÇÃO DO EXAME CITOPATOLÓGICO

Assim como os exames clínicos, a realização do exame citopatológico

requer três fases básicas que são correlacionadas: fase pré-analítica, analítica e

pós-analítica.

A fase pré-analítica é caracterizada pela obtenção da amostra biológica,

no entanto, é primordial que atividades como o fornecimento de informações sobre o

preparo para a coleta e a obtenção de informações sobre a identificação e o estado

fisiológico do paciente sejam evidenciadas corretamente em registros específicos

para este fim, para garantir a adequabilidade da amostra a ser posteriormente

coletada. A coleta requer padronização das diversas etapas relacionadas tanto em

relação à obtenção da amostra quanto do preparo da lâmina do esfregaço. A

logística entre a coleta do material e a distribuição até o setor analítico, onde será

feita a confecção das lâminas (coloração e montagem) e a análise propriamente dita

das mesmas, efetuada por meio do transporte interno ou externo, também é uma

atividade considerada da fase pré-analítica. E por fim, o cadastro das requisições de

exames, é uma das atividades cruciais para garantia de um resultado fidedigno ao

cliente.

Em seguida, inicia-se a fase analítica com o recebimento do material no

setor de citopatologia. Recebidas as lâminas, devidamente cadastradas e

identificadas, as mesmas são imersas em álcool para retirar o fixador utilizado no

momento da coleta. Após, é feita a coloração de Papanicolaou e em seguida, a

montagem da lâmina com verniz e lamínula. Terminada esta etapa, a amostra estará

pronta para ser analisada. A leitura realizada deve ser criteriosa, embasada nos

dados contidos na requisição da paciente. Nesta fase, é preciso garantir que os

corantes estejam em condições adequadas, assim como o verniz, lamínulas e o

Page 13: Monografia Priscila Tournier

12

microscópio óptico. Os resultados devem ser reportados na própria requisição da

paciente, que é a padrão, desta forma, os dados e resultados da paciente serão

registrados do programa SISCOLO, garantindo sua rastreabilidade. Recomenda-se

que se apliquem métodos de controle de qualidade que validem a exatidão e

precisão dos mesmos.

Após a obtenção dos resultados, a fase pós-analítica é caracterizada pela

emissão do laudo laboratorial e entrega ao cliente. A conferência dos laudos é uma

atividade crucial a fim de evitar que laudos contendo erros como transcrição e

layout, sejam entregues aos clientes, prejudicando a imagem do laboratório.

Cada laboratório procede a realização dos exames conforme suas

necessidades peculiares. O fluxograma abaixo retrata o processo de realização de

exames citopatológicos no Laboratório Santé:

Page 14: Monografia Priscila Tournier

13

Figura 1 – Fluxograma do processo de realização de exames citopatológicos no Laboratório Santé

Fonte: Laboratório Santé, 2011.

1 - PREENCHIMENTO DA REQUSIÇÃO

2 - COLETA DO MATERIAL

3 - RECOLHIMENTO E TRANSPORTE

4 - CONFERÊNCIA NA SECRETRIA DE SAÚDE

5- ENTREGA NO LABORATÓRIO SANTÉ

6 - CADASTRO DAS REQUISIÇÕES

7- COLORAÇÃO E MONTAGEM DA LÂMINA

8 - LEITURA DA LÂMINA 9 - DIGITAÇÃO DO RESULTADO

10 - CONFERÊNCIA E ASSINATURA

11 - ORGANIZAÇÃO DOS LAUDOS

12 - ENTREGA DOS LAUDOS

Atividade executada pela equipe das Unidades ESF Atividade executada pela equipe da Secretaria de Saúde Atividade executada pela equipe do Laboratório Santé

Page 15: Monografia Priscila Tournier

14

Considerando que as fases de realização do exame estão diretamente

relacionadas, deve-se considerar que a qualidade da amostra coletada é

imprescindível para que análise seja bem sucedida, e por fim, o cliente receba um

laudo fidedigno com seu quadro clínico.

3.4 QUALIDADE NO LABORATORIO CLÍNICO E CITOPATOLÓGICO

Sakuma et al. (2005) realizou uma pesquisa com clientes de um

laboratório privado, onde avaliaram-se os atributos relacionados as cinco dimensões

que determinam a qualidade do serviço, conforme pesquisas realizadas por

Parasuraman, Zeithaml & Berry (1985), são estas: confiabilidade, capacidade de

resposta, segurança, empatia e elementos tangíveis.

Na presente pesquisa, dentre os cinco determinantes considerados, a

confiabilidade revelou-se o elemento crucial na percepção da qualidade dos

serviços. No caso específico dos serviços laboratoriais, a confiabilidade, associada à

segurança, constitui o fator mais importante para a qualidade dos serviços e,

conseqüentemente, para a satisfação dos clientes. (SAKUMA et al., 2005).

Basicamente, quando os clientes contratam serviços laboratoriais,

avaliam a qualidade dos resultados e a qualidade do processo, ou seja, se o

desempenho analítico está compatível com os dados clínicos e se o processo de

interação entre cliente e pessoal do laboratório foi o mais agradável possível.

Pelo fato de a confiabilidade ser um determinante de qualidade muito

importante, principalmente no setor de laboratórios clínicos, é fundamental

implementar um sistema da qualidade que monitore as fases pré-analítica, analítica

e pós-analítica. Resultados de exames laboratoriais precisos e exatos são

essenciais para um diagnóstico correto ou para monitorar a eficácia de um

tratamento médico.

Para atender as necessidades e expectativas dos clientes é de suma

importância conhecer os atributos que poderão aumentar a satisfação desses

consumidores.

Segundo Seki, Seiki e Pereira Júnior (2003), em estudo sobre a inovação

dos valores nos laboratórios clínicos, os laboratórios orientavam-se

equivocadamente, pela perspectiva de dentro (empresa) para fora (mercado), e

desta forma buscavam um diferencial competitivo através da melhoria das condições

Page 16: Monografia Priscila Tournier

15

técnicas.

Atualmente, somado as mudanças mercadológicas relacionadas à

tecnologia e globalização, o comportamento dos clientes tem-se mostrado mais

exigente, com valores voltados ao atendimento pré-analítico, como atendimento e

coleta, incluindo a área física, e também ao nível de confiança demonstrado pelo

médico com seu laboratório de preferência. (SILVA, 2008).

3.5 QUALIDADE DA FASE PRÉ-ANALÍTICA

3.5.1 Atendimento humanizado

Segundo o Manual de coleta do Papanicolaou, é necessário entender que

para muitas mulheres o exame ginecológico ainda causa constrangimento e

preocupação. Criar um ambiente acolhedor, comportar-se com cortesia e respeitar a

privacidade da mulher, são posturas esperadas de todo profissional. (FUNDAÇÃO

ONCOCENTRO DE SÃO PAULO, 2006).

3.5.2 Informações / requisição

Em relação à coleta do exame preventivo de câncer de colo do útero,

segundo o Manual de coleta do Papanicolaou, deve-se começar tomando cuidado

no preenchimento do formulário. (FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO,

2006). Entre os dados clínicos estão: inspeção do colo e sinais sugestivos de

doenças sexualmente transmissíveis; Dados pessoais: nome completo, nome

completo da mãe, apelido da mulher, identidade, data de nascimento, idade, dados

residenciais e escolaridade; Anamnese (em forma de perguntas): Fez o exame

preventivo alguma vez? Quando fez o último exame?, Usa DIU?, Está grávida?, Usa

pílula anticoncepcional?, Usa hormônio/remédio para tratar a menopausa?, Já fez

tratamento para radioterapia?, Data da última menstruação?, Tem ou teve

sangramentos após relação sexual?, Tem ou teve sangramento após menopausa?.

Além de serem de extrema importância para conhecimento do profissional, os dados

pessoais deverão ser preenchidos corretamente no programa SISCOLO para

cadastro da paciente. Falhas na identificação podem comprometer por completo o

trabalho posterior.

Page 17: Monografia Priscila Tournier

16

Depois de preenchida a guia faz-se a identificação da lâmina de

extremidade fosca com lápis e deve conter as iniciais do nome da paciente, o

número de registro da mulher na unidade e o código do Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde (CNES) da unidade. Na orientação da paciente, ela não

pode estar no período menstrual e, preferencialmente, aguardar o 5º dia após o

término da menstruação; não se deve usar creme vaginal nem se submeter a

exames intravaginais (ultrassonografia) por 2 dias antes do exame. É impossível

realizar análise da amostra que contenha grande quantidade de sangue ou esteja

contaminada por creme vaginal, vaselina e outros.

O objetivo principal do exame de Papanicolaou é o de detectar alterações

celulares relacionadas ao câncer de colo uterino e não de detectar infecções

vaginais. Portanto, deve-se tratar as vaginites/cervicites antes da coleta do exame.

Antes de iniciar a coleta deve-se verificar se a paciente é virgem (se for,

não colher); Questionar se a paciente já teve filhos por parto normal para saber qual

tipo de espéculo utilizar.

3.5.3 Coleta

Diversos autores detectam em seus estudos que a coleta e a preparação

da lâmina são responsáveis por grande parte dos resultados falso-negativos.

De acordo com o Manual de coleta do Papanicolaou, ao iniciar o

procedimento da coleta orientar a paciente sobre o desenvolvimento do exame para

deixá-la menos ansiosa; solicitar à paciente que esvazie a bexiga; pedir que ela

retire a parte inferior da roupa, dando-lhe um avental para que se cubra e indicando

um local reservado para que ela possa se trocar; orientar que ela deite na mesa,

auxiliando-a sobre a posição correta; cobrir a paciente com um lençol. (FUNDAÇÃO

ONCOCENTRO DE SÃO PAULO, 2006).

Deve-se identificar a lâmina acomodando-a na mesa de apoio para

receber o material colhido; deixar o fixador próximo à lâmina já identificada.

Iniciar a primeira fase do exame expondo somente a região a ser

examinada.

A vulva e a vagina também desenvolvem câncer e uma forma de

diagnosticá-lo é verificar a presença de lesões suspeitas nestes locais durante a

coleta de Papanicolaou. Ao identificar qualquer alteração, solicitar a presença do

Page 18: Monografia Priscila Tournier

17

médico.

Antes de iniciar a coleta, escolher o espéculo de tamanho mais adequado

para a vagina da paciente, pois, a dificuldade em localizar o colo pode estar na

escolha errada do tamanho do espéculo. Sendo assim, o espéculo de tamanho

pequeno deve ser utilizado em mulheres que não tiveram parto vaginal (normal),

muito jovens, menopausadas e em mulheres muito magras. O espéculo de tamanho

grande pode ser o indicado para mulheres multíparas e para obesas. O espéculo de

tamanho médio usa-se em condições intermediárias ou caso de dúvida.

Na introdução do espéculo não se deve lubrificar o mesmo com qualquer

tipo de óleo, glicerina, creme ou vaselina. No caso de pessoas idosas com vaginas

extremamente ressecadas, recomenda-se molhar o espéculo com soro fisiológico ou

solução salina.

Na hora de introduzir o espéculo, colocá-lo na posição vertical e

ligeiramente inclinada. Iniciada a introdução, fazer uma rotação de 90º, deixando-o

em posição transversa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na

posição horizontal. Durante a introdução do espéculo, fazer a inspeção das paredes

vaginais; uma vez introduzido totalmente na vagina, abrir lenta e delicadamente. Se

ao visualizar o colo encontrar grande quantidade de muco ou secreção, secar

delicadamente com uma gaze montada em uma pinça, sem esfregar, para não

perder a qualidade do material colhido.

Se houver dificuldade para visualizar o colo, sugerir que a paciente tussa.

Se não surtir efeito, solicitar que a paciente coloque as mãos sob o quadril e tente

manobras delicadas com o espéculo. Se após manobras não conseguir visualizar o

colo, pedir auxílio médico. Nos casos em que a paciente sofreu histerectomia com

manutenção de colo uterino, a coleta deve ser realizada como de hábito, inclusive

com escova endocervical. E em casos de histerectomia total, a coleta pode ser feita

no fundo da vagina (fundo cego).

A coleta é dupla: colhe-se ectocérvice e canal cervical. As amostras são

colhidas separadamente, mas dispostas em lâmina única. Ao utilizar a espátula de

Ayre, encaixa-se a ponta mais longa no orifício externo do colo, apoiando-a

firmemente, fazendo uma raspagem na mucosa ectocervical em movimento rotativo

de 360° em torno de todo o orifício, procurando exe rcer uma pressão firme, mas

delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da amostra. Após,

estender o material ectocervical na lâmina, dispondo-o no sentido horizontal,

Page 19: Monografia Priscila Tournier

18

ocupando 2/3 da parte transparente da lâmina em movimentos de ida e volta,

esfregando a espátula com suave pressão, garantindo uma amostra uniforme. Para

coletar o material do canal cervical utiliza-se a escova. Recolher o material

introduzindo a escova delicadamente no canal endocervical, girando-a 360º.

Ocupando 1/3 do restante da lâmina, estender o material rolando a escova de cima

para baixo.

A fixação do esfregaço deve ser procedida imediatamente após a coleta,

sem nenhuma espera, evitando o dessecamento que impossibilitará a leitura do

exame. Proceder à fixação usando gotas de polietilenoglicol, imersão em álcool a

95º ou spray de propinilglicol (borrifar a lâmina com o spray a uma distância de

20cm).

Para concluir o procedimento, fechar o espéculo, retirá-lo delicadamente,

inspecionar vulva e períneo e retirar as luvas. Auxiliar a paciente a descer da mesa,

solicitar que ela troque de roupa e avisar que poderá ocorrer um pequeno

sangramento após a coleta. Orientar que a paciente venha retirar o exame conforme

a rotina da sua Unidade de Saúde.

Quando for enviar as lâminas, preencher a relação de remessa na mesma

seqüência das lâminas e das requisições e as lâminas deverão ser acondicionadas

em caixas específicas para transportá-las.

Aconselha-se a realizar primeiro a coleta da ectocérvice para evitar a

contaminação da lâmina com sangue que, às vezes, aparece após o uso da escova

Campos da Paz. (OLIVEIRA; MOURA; DIÓGENES, 2010). O Ministério da Saúde,

em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), desaconselha a coleta de

material do fundo de saco por ser de baixa qualidade para o diagnóstico oncótico, a

não ser em mulheres submetidas à histerectomia total (BRASIL, 2002).

Em relação à qualidade da amostra colhida, uma lâmina com material

citológico do colo uterino considerada adequada deve conter os três tipos de epitélio:

o pavimentoso estratificado (localizado na parte externa do colo uterino em contato

com a vagina), o cilíndrico ou glandular(encontrado na endocérvice), o metaplásico

(localizado na junção escamo colunar - JEC). A presença de células cilíndricas

endocervicais no esfregaço é indispensável para a avaliação citopatológica segura

reduzindo a possibilidade de falso-negativo. (OLIVEIRA; MOURA; DIÓGENES,

2010). Deve-se ressaltar que uma amostra satisfatória deve conter um número

adequado de células epiteliais escamosas bem visualizadas e preservadas

Page 20: Monografia Priscila Tournier

19

(estimativa de 8.000 a 12.000 células, aproximadamente); presença de células

endocervicais e/ou metaplásicas (mínimo de dez células), bem preservadas,

isoladas ou em grupamento. (AMARAL et al., 2008).

A qualidade do esfregaço depende da adequabilidade da amostra

coletada. As causas que tornam uma amostra insatisfatória são: material acelular ou

hipocelular (menor que 10% do esfregaço) e leitura prejudicada (maior que 75% do

esfregaço) por presença de: sangue, piócitos, artefatos de dessecamento,

contaminantes externos, intensa superposição celular e outros. Em contrapartida,

considera-se amostra satisfatória, aquela que apresente células em quantidade

representativa, bem distribuída, fixada e corada de tal modo que a visualização

permita uma conclusão diagnóstica. No estudo realizado por Oliveira (2010), o

método adotado pelas enfermeiras, foi o preparo de esfregaço por meio de lâmina

única considerando que é tão eficaz quanto o método de dupla lâmina, além das

vantagens de reduzir custos e tempo de trabalho no laboratório. Segundo manual

técnico do Ministério da Saúde (2002), a coleta também deverá ser feita em lâmina

única. (OLIVEIRA, 2010).

3.6 QUALIDADE DA FASE ANALÍTICA

Em países onde programas de rastreamento são bem estruturados e

organizados, taxas de incidências e mortalidade por câncer do colo uterino são

reduzidas, mas para isso são de fundamental importância um monitoramento

sistemático do desempenho e acurácia. Tem sido mostrado que programas de

controle interno e externo da qualidade podem melhorar a eficácia e acurácia dos

diagnósticos do rastreamento cervical, pois permitem identificar as principais causas

de erros e divergências de diagnósticos, e através de um treinamento e educação

continuada os profissionais conseguem uniformizar os critérios citológicos, atualizar

e melhorar o desempenho no diagnóstico das lesões pré-malignas e malignas.

(AMARAL et al., 2006b).

No Brasil, permanecem vigentes a Portaria conjunta SPSSAS N° 92, de

16 de outubro de 2001 que determina a execução do monitoramento interno e

externo da qualidade dos resultados dos exames citopatológicos, a Portaria do

SISCOLO - Sistema de Informação de Câncer do Colo do Útero a Portaria SAS N°

287 de 24 de abril de 2006, que determina que “o monitoramento externo da

Page 21: Monografia Priscila Tournier

20

qualidade compreende a realização de nova leitura de lâmina do exame

citopatológico, por outro laboratório, sendo sua implantação de responsabilidade dos

gestores estaduais e municipais em acordo com as determinações estabelecidas na

legislação vigente.” As diretrizes para este monitoramento estão contempladas na

publicação “Nova Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos Cervicais e

Condutas Clínicas Preconizadas” de 2002. O SISCOLO é um sistema informatizado

de entrada de dados elaborado por meio da parceria entre o INCA e o DATASUS,

para auxiliar a estruturação do Programa Viva Mulher, um programa nacional de

controle de câncer do colo do útero e mama.

Embasado nestas portarias, o Ministério da Saúde preconiza que todos os

laboratórios que realizam os exames citopatológicos para o Sistema único de Saúde

(SUS) devem submeter-se ao Sistema de Monitoramento Externo da Qualidade

(AMARAL et al., 2006b), com intuito de avaliar o desempenho dos diagnósticos

citopatológicos de colo uterino e fornecer fomentos para educação continuada aos

profissionais. O Art 3º da Portaria Conjunta Nº 92, de 16 de outubro de 2001 define

que:

− o laboratório deve adotar práticas que permitam o controle de qualidade dos

exames realizados, incluindo uma nova leitura de exames por outro

observador;

− tal revisão envolverá, pelo menos, 10% dos exames realizados;

− o laboratório deve manter registro de todos os resultados das práticas de

monitoramento interno de qualidade;

− é dever do laboratório apresentar os resultados do monitoramento interno da

qualidade, sempre que solicitado pela autoridade de saúde estadual ou

municipal, de acordo com a responsabilidade pelo credenciamento.

No entanto, nem todos os Estados possuem o MEQ implantado. Na

apresentação "Iniciativas dos estados para melhoria da qualidade do exame

citopatológico" realizada por Marcos Felix no VII Encontro Nacional para o Controle

do Câncer do Colo do Útero e Mama, promovido pelo INCA em maio de 2011, o

autor apresenta gráficos que demonstram que apenas 30% dos estados estavam

realizando regularmente o MEQ em 2010.

Sendo assim, os profissionais que atuam em laboratórios citopatológicos

devem recorrer a outros métodos para garantir a precisão e exatidão dos resultados,

e precisam atentar-se para outros fatores relacionados à melhoria da prestação do

Page 22: Monografia Priscila Tournier

21

serviço.

3.6.1 Controle externo da qualidade

O estado de Santa Catarina não está incluso no percentual de estados

que possuem o MEQ implantado. A respeito dos aspectos que possam ter dificultado

a implantação da UMEQ - Unidade de Monitoramento Externo da Qualidade, Marcos

Felix apontou em sua apresentação:

− a insuficiência quantitativa de profissionais de citopatologia;

− falta de interesse por parte da gestão da SES e o fato do LACEN priorizar

a primeira leitura ao invés do MEQ ;

− e exigência de valor diferenciado ao pago pela tabela SUS para realizar o

MEQ;

E com o intuito de favorecer a futura implantação de uma UMEQ previu:

− a contratação de profissionais para a realização do MEQ;

− estruturação do LACEN para a realização do MEQ;

− parceria com outro laboratório de fora do estado;

− comprometimento do gestor do laboratório público para a realização do

MEQ;

Desta forma, o Laboratório Santé e demais laboratórios que atuam em

análises clínicas e citopatológicas do estado de SC, se quiserem comprometer-se

com a qualidade do serviço prestado a comunidade e atender a ANVISA quanto à

resolução RDC 302 que determina como compulsório para o funcionamento do

laboratório clínico a prática de métodos de controle interno e externo, devem

recorrer a Programas de Controle Externo da Qualidade patrocinados pelas

sociedades das classes profissionais.

A Sociedade Brasileira de Citopatologia (SBC) sugere que os laboratórios

que fazem exames citopatológicos realizem o controle externo da qualidade, a fim

de aperfeiçoar o seu serviço, proporcionando assim, melhoria no resultado final do

exame. Para isso, ela promove um programa chamado CITONET, dirigido aos

médicos e citotécnicos ligados ao exercício da citopatologia, que, ao invés de ser um

programa apenas baseado em imagens e com visão de teste de proficiência, ele

parte para uma linha de maior integração clínico-laboratorial, também com a

Page 23: Monografia Priscila Tournier

22

proposta de ser um exame de proficiência, mas baseado em casos finalizados e

complementados por colposcopia e histopatologia, apresentando imagens e

discussões. Porém, o programa é baseado apenas em discussão online, deixando a

desejar no lado mais prático do assunto.

Existe também um programa de Incentivo ao Controle de Qualidade da

Sociedade Brasileira de Patologia (PICQ-SBP). É um programa de educação

continuada utilizado para melhorar a qualidade em Anatomia Patológica. Também se

trata de um controle externo somente via on line contendo casos clínicos e questões

teóricas.

Outro programa de educação continuada que podemos citar é o

CONTROLCITO, que a Sociedade Brasileira de Citologia Clínica (SBCC) oferece

aos seus associados (e somente eles podem realizar os testes) com o objetivo de

atualizar e aperfeiçoar a prática citopatológica. É um programa que testa seus

conhecimentos através de questões relacionadas a casos clínicos via on line.

Tem também o Controle Externo de Qualidade em Citpatologia

(COQUACITO), que também fornece dados e discussão de casos clínicos somente

via on line.

De todos os controles de qualidade disponíveis no mercado, podemos

observar que nenhum deles oferece amostras ao laboratório e nem avalia as

amostras do mesmo. Eles somente avaliam a capacidade do profissional em

analisar uma ou mais imagens de lâminas e dar o diagnóstico baseado nisso. Mas,

por exemplo: “Como vou saber se a qualidade da minha coloração, lamínula e verniz

estão boas?”. O lado do preparo da lâmina também é de grande importância que

seja avaliado, pois é critério importante para garantir um excelente resultado do

exame. Os programas de controle de qualidade olham somente o aspecto de

interpretação das lâminas, mas não avaliam como é feito o preparo delas em cada

laboratório. A Sociedade Brasileira de Citopatologia deveria se preocupar em

fornecer a todas as regiões do país as condições necessárias para obter um controle

da qualidade completo e não somente de interpretação de casos via on line. A leitura

total da lâmina é diferente de analisar fotos de alguns campos da mesma. A

confecção da lâmina se feita de maneira errônea pode prejudicar a leitura feita pelo

profissional e em conseqüência afetar o resultado final do exame. A Sociedade

preconiza que os laboratórios de Citopatologia façam o controle externo e interno da

qualidade, mas não se mostra eficiente em disponibilizar os programas necessários

Page 24: Monografia Priscila Tournier

23

para que possamos realizá-los.

3.6.2 Controle interno da qualidade

O controle interno da qualidade, ou denominado também como

monitoramento interno da qualidade, se faz necessário para garantir a precisão dos

resultados, pois avalia sistematicamente, a repetibilidade do método de análise.

Desta forma, o laboratório deve adotar em sua rotina, evidenciar a prática que

assegura a precisão dos laudos emitidos.

Em relação a métodos de controle interno da qualidade em citopatologia,

vários autores, entre eles Amaral (2006b), consideram que a revisão de 100% dos

exames citopatológicos negativos devem ser revistos por meio de uma leitura rápida,

a fim de detectar uma alteração celular ou presença de agente etiológico infeccioso

específico que tenha passado despercebida na leitura anterior.

Outro método se refere à revisão dos esfregaços selecionados por

critérios clínicos e risco, também determina que a revisão deva ocorrer, mas

somente para 10 % de amostras negativas, e, além disso, especifica que tais

amostras devem ser aquelas que contem dados clínicos de risco especificados na

requisição do exame. (TAVARES et al., 2007). Hutchinson demonstrou que esse

método pode aumentar a sensibilidade do exame citológico cerca de 5%.

Estudos comparativos demonstram que a revisão aleatória de 10% dos

esfregaços negativos obteve uma taxa de resultado falso-negativo de 3% enquanto

que a revisão de esfregaços selecionados por critério clinico de risco obteve uma

taxa de 5,9%. Sendo assim, pode-se considerar esse método como uma alternativa

para a execução de um controle interno da qualidade.

A correlação cito-histopatológica também pode ser considerada um

método de garantia de qualidade. O trabalho realizado no Setor de Citologia

Oncológica do Instituto Adolfo Lutz em 1994, Loreto et al. (1997) averiguam que

apesar de obterem 75,8% de concordância absoluta dos 157 casos estudados, a

citologia superestimou 7% e subestimou 17,2% de lesões. Essas discordâncias

foram analisadas e como conclusão do trabalho, apontaram a coleta do material

como o fator principal. Importante salientar que esse método é aplicável somente a

laboratórios que realizam ambos os tipos de exames, e não se aplica a laboratório

que fazem apenas citologia.

Page 25: Monografia Priscila Tournier

24

3.7 QUALIDADE DA FASE PÓS-ANALÍTICA

A fase pós-analítica abrange a digitação dos laudos, impressão,

conferência e liberação. Deve-se ficar atento a esta fase, não menos importante que

a pré-analítica e analítica, para agilizar a entrega do resultado ao cliente. Um

profissional depende do outro durante todas as etapas do processo. O chefe do

setor deve comandar a operação para que o laudo esteja pronto para ser entregue

em tempo hábil ao cliente, garantindo rapidez e qualidade no serviço prestado.

Page 26: Monografia Priscila Tournier

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

Os dados obtidos durante a realização do presente trabalho, obtidos por

meio de uma entrevista aplicada as enfermeiras responsáveis por cada Unidade

ESF participante da amostragem, e também da verificação dos registros gerados

pelas requisições enviadas pe

agosto de 2011.

4.1 ANÁLISE DA CONDUTA DE COLETA E LOGÍSTICA

Inicialmente, será feita uma discussão a respeito das respostas obtidas no

questionário que visou obter informações sobre a conduta de coleta

transporte de amostras coletadas nas Unidades ESF.

4.1.1 Questão 1 – Existe procedimento operacional padrão (POP) acessí vel aos

funcionários?

Gráfico 1 – Índice de unidades ESF que possuem procedimento de

coleta.

Fonte: Elaborado pela

Conforme o gráfico, em relação ao procedimento de coleta, dos 25

Unidades ESF que participaram da pesquisa, 20 relataram ter procedimento de

coleta por escrito, enquanto os outros 5

manual de coleta por escrito e acessível aos funcionários

Unidades ESF carecem de padronização na coleta, e por isso, podem estar

comprometendo a qualidade da coleta realizada na população.

20%

Índice de ESF que possuem procedimento de coleta

RESULTADOS

Os dados obtidos durante a realização do presente trabalho, obtidos por

meio de uma entrevista aplicada as enfermeiras responsáveis por cada Unidade

ESF participante da amostragem, e também da verificação dos registros gerados

pelas requisições enviadas pelas Unidades ESF ao Laboratório Santé no mês de

4.1 ANÁLISE DA CONDUTA DE COLETA E LOGÍSTICA

Inicialmente, será feita uma discussão a respeito das respostas obtidas no

questionário que visou obter informações sobre a conduta de coleta

transporte de amostras coletadas nas Unidades ESF.

Existe procedimento operacional padrão (POP) acessí vel aos

Índice de unidades ESF que possuem procedimento de

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Conforme o gráfico, em relação ao procedimento de coleta, dos 25

que participaram da pesquisa, 20 relataram ter procedimento de

coleta por escrito, enquanto os outros 5 relataram que não possuem

escrito e acessível aos funcionários. Sendo assim, 20% das

carecem de padronização na coleta, e por isso, podem estar

comprometendo a qualidade da coleta realizada na população.

80%

20%

Índice de ESF que possuem procedimento de coleta

25

Os dados obtidos durante a realização do presente trabalho, obtidos por

meio de uma entrevista aplicada as enfermeiras responsáveis por cada Unidade

ESF participante da amostragem, e também da verificação dos registros gerados

las Unidades ESF ao Laboratório Santé no mês de

Inicialmente, será feita uma discussão a respeito das respostas obtidas no

questionário que visou obter informações sobre a conduta de coleta e logística de

Existe procedimento operacional padrão (POP) acessí vel aos

Índice de unidades ESF que possuem procedimento de

Conforme o gráfico, em relação ao procedimento de coleta, dos 25

que participaram da pesquisa, 20 relataram ter procedimento de

possuem documento ou

. Sendo assim, 20% das

carecem de padronização na coleta, e por isso, podem estar

Índice de ESF que possuem procedimento de coleta

SIM

NÃO

Page 27: Monografia Priscila Tournier

4.1.2 Questão 2 – Quantos profissionais compõem a equipe da Unid

destes quantos realizam coleta de amostra para exam e papanicolau?

Gráfico 2 – Índice média de coletadores ativos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Os resultados do gráfico apontam que, dos 51 funcionários das

ESF, apenas 30 estão ativos na coleta

procedimento. Desses 30 que realizam a coleta, 25 são enfermeiras, 4 são técnicas

em enfermagem e 1 é auxiliar de enfermagem.

Coren (Conselho Regional d

habilitadas para a realização da

pelo qual nem todos realizam a coleta, no entanto, considera

normativa justifique o fato de haver

procedimento.

4.1.3 Questão 3 – Foi realizado treinamento sobre o procedimento de c oleta do

exame papanicolau logo após a contratação?

Gráfico 3 – Índice de ESF que realizam treinamento na contratação.

Fonte: Elaborado pela

41%

76%

Índice de ESF que realizaram treinamento na contrata ção

Quantos profissionais compõem a equipe da Unid

destes quantos realizam coleta de amostra para exam e papanicolau?

Índice média de coletadores ativos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Os resultados do gráfico apontam que, dos 51 funcionários das

, apenas 30 estão ativos na coleta enquanto que 21 não realizam esse

procedimento. Desses 30 que realizam a coleta, 25 são enfermeiras, 4 são técnicas

em enfermagem e 1 é auxiliar de enfermagem. Importante salientar que s

Coren (Conselho Regional de Enfermagem), apenas as enfermeiras estão

realização da coleta. O presente estudo não questionou o motivo

pelo qual nem todos realizam a coleta, no entanto, considera-

o fato de haver 21 profissionais não atuantes nesse

Foi realizado treinamento sobre o procedimento de c oleta do

exame papanicolau logo após a contratação?

Índice de ESF que realizam treinamento na contratação.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

59%

Índice médio de coletadores ativos

ATIVOS

INATIVOS

24%

Índice de ESF que realizaram treinamento na contrata ção

26

Quantos profissionais compõem a equipe da Unid ade ESF, e

destes quantos realizam coleta de amostra para exam e papanicolau?

Os resultados do gráfico apontam que, dos 51 funcionários das Unidades

21 não realizam esse

procedimento. Desses 30 que realizam a coleta, 25 são enfermeiras, 4 são técnicas

Importante salientar que segundo o

e Enfermagem), apenas as enfermeiras estão

O presente estudo não questionou o motivo

-se que talvez essa

ais não atuantes nesse

Foi realizado treinamento sobre o procedimento de c oleta do

Índice de ESF que realizam treinamento na contratação.

ATIVOS

INATIVOS

Índice de ESF que realizaram treinamento na contrata ção

SIM

NÃO

Page 28: Monografia Priscila Tournier

Das 25 Unidades ESF

contratação, enquanto

técnico adquirido durante o curso.

adequada para iniciar a rotina de trabalho.

4.1.4 Questão 4 – A Unidade ESF realiza treinamentos periódicos para

padronizar a coleta feita pela sua equipe?

Conforme respostas obtidas na entrevista, nenhuma Unidade ESF realiza

treinamentos periódicos com

relatou que seria interessante implantar essa atividade.

4.1.5 Questão 5 – Qual é o número de esfregaços confeccionados na col eta da

amostra para o exame papanicolau?

Gráfico 4 – Índice relacionamento ao número de lâminas

confeccionadas na coleta.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Conforme o gráfico, d

paciente, 4 coletam 1 lâmina e 1 coleta

ESF colhe 2 lâminas por paciente sendo que, o

seja coletada apenas 1 lâmina

80%

4%

Índice relacionado ao número de lâminas confecciona das

Unidades ESF analisadas apenas 6 tiveram treinamento na

contratação, enquanto as outras 19 relataram possuir apenas

técnico adquirido durante o curso. Desta forma, apenas 24% recebeu

adequada para iniciar a rotina de trabalho.

A Unidade ESF realiza treinamentos periódicos para

padronizar a coleta feita pela sua equipe?

Conforme respostas obtidas na entrevista, nenhuma Unidade ESF realiza

treinamentos periódicos com sua equipe. No entanto, a maioria dos entrevista

relatou que seria interessante implantar essa atividade.

Qual é o número de esfregaços confeccionados na col eta da

amostra para o exame papanicolau?

Índice relacionamento ao número de lâminas

confeccionadas na coleta.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Conforme o gráfico, das 25 Unidades ESF, 20 coletam 2 lâminas por

paciente, 4 coletam 1 lâmina e 1 coleta 1 ou 2 lâminas. Ou seja, 80% da

colhe 2 lâminas por paciente sendo que, o Ministério da Saúde preconiza que

seja coletada apenas 1 lâmina.

16%

Índice relacionado ao número de lâminas confecciona das na coleta

1 LÂMINA2 LÂMINAS1 OU 2 LÂMINAS

27

s apenas 6 tiveram treinamento na

apenas o conhecimento

apenas 24% recebeu orientação

A Unidade ESF realiza treinamentos periódicos para

Conforme respostas obtidas na entrevista, nenhuma Unidade ESF realiza

sua equipe. No entanto, a maioria dos entrevistados

Qual é o número de esfregaços confeccionados na col eta da

Índice relacionamento ao número de lâminas

, 20 coletam 2 lâminas por

1 ou 2 lâminas. Ou seja, 80% das Unidades

Ministério da Saúde preconiza que

Índice relacionado ao número de lâminas confecciona das

1 LÂMINA2 LÂMINAS1 OU 2 LÂMINAS

Page 29: Monografia Priscila Tournier

4.1.6 Questão 6 – Qual é o local de coleta da amostra para o exame

papanicolau?

Gráfico 5 – Índice relacionamento ao local de coleta.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Em relação ao local da coleta, dos 25

material da ectocérvice e endocérvice e 8 colhem além da ecto

endocérvice, amostra do

saco, obrigatoriamente necessita

acondicionar todo o material. Porém, de acordo com o

de fundo de saco só é recomendada para

total. Nos demais casos, essa amostra é considerada

diagnóstico oncótico.

4.1.7 Questão 7 – Existe algum procedimento diferenciado quando a pac iente é

HPV positivo?

Gráfico 6 – Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV

positivo.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

68%

44%

Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV

Qual é o local de coleta da amostra para o exame

Índice relacionamento ao local de coleta.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Em relação ao local da coleta, dos 25 respondentes, 17 relataram colher

material da ectocérvice e endocérvice e 8 colhem além da ecto

amostra do fundo de saco. Quando coleta-se amostra do

saco, obrigatoriamente necessita-se que a coleta seja feita em 2 lâminas para

acondicionar todo o material. Porém, de acordo com o Ministério da Saúde,

só é recomendada para mulheres submetidas à histerectomia

total. Nos demais casos, essa amostra é considerada de baixa qualidade para o

Existe algum procedimento diferenciado quando a pac iente é

Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

32%

Índice relacionado ao local de coleta

Fundo de Saco, Ectocervice e Endocervice Ectocervice e Endocervice

56%

Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV positivo

Procede a coleta normalmente

Procede uma coleta diferenciada

28

Qual é o local de coleta da amostra para o exame

, 17 relataram colher

material da ectocérvice e endocérvice e 8 colhem além da ectocérvice e

se amostra do fundo de

que a coleta seja feita em 2 lâminas para

Ministério da Saúde, a coleta

eres submetidas à histerectomia

de baixa qualidade para o

Existe algum procedimento diferenciado quando a pac iente é

Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV

Fundo de Saco, Ectocervice e Endocervice Ectocervice e Endocervice

Índice de coleta diferenciada em pacientes com HPV

Procede a coleta normalmente

Procede uma coleta diferenciada

Page 30: Monografia Priscila Tournier

4.1.8 Questão 8 – O que é feito quando a paciente é HPV positivo?

Gráfico 7 – Índice relacionamento as condutas do ESF quando

paciente é HPV positivo.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Do total de Unidades ESF

trata de paciente HPV positivo e 11 possuem procedimento diferenciado. Dest

Unidades ESF, 9% colhe 8 lâminas ao invés de 2, 27% colhe 2 lâminas (

casos que normalmente, colhem apenas 1 lâmina), 27% encaminha a paciente para

o hospital e 36% encaminha a paciente para colposcopia.

de coleta do Papanicolaou

Somente com o resultado em mãos, em alguns casos de lesão, a paciente deverá

ser encaminhada para colposcopia.

2006).

4.1.9 Questão 9 – Quem é responsável pelo recolhiment

coletadas nas Unidades ESF?

Gráfico 8 – Índice relacionamento ao recolhimento das amostras.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

9%

0%

10%

20%

30%

40%

Colhe 8 lâminas

Índice relacionado as condutas do ESF quando pacien te é

12%

Índice relacionado ao recolhimento das amostras

O que é feito quando a paciente é HPV positivo?

Índice relacionamento as condutas do ESF quando

paciente é HPV positivo.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Unidades ESF, 14 procedem normalmente

trata de paciente HPV positivo e 11 possuem procedimento diferenciado. Dest

, 9% colhe 8 lâminas ao invés de 2, 27% colhe 2 lâminas (

casos que normalmente, colhem apenas 1 lâmina), 27% encaminha a paciente para

o hospital e 36% encaminha a paciente para colposcopia. De acordo com o

do Papanicolaou, não existe procedimento diferenciado na coleta.

Somente com o resultado em mãos, em alguns casos de lesão, a paciente deverá

encaminhada para colposcopia. (FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO,

Quem é responsável pelo recolhiment

coletadas nas Unidades ESF?

Índice relacionamento ao recolhimento das amostras.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

27% 27%

Colhe 8 lâminas Colhe 2 lâminas Encaminha a paciente para o

Hospitalpaciente para a

Índice relacionado as condutas do ESF quando pacien te é HPV positivo

4%

84%

ndice relacionado ao recolhimento das amostras

Laboratório SantéSecretaria de SaúdeEnfermeiro do ESF

29

O que é feito quando a paciente é HPV positivo?

Índice relacionamento as condutas do ESF quando

, 14 procedem normalmente à coleta quando se

trata de paciente HPV positivo e 11 possuem procedimento diferenciado. Destas 11

, 9% colhe 8 lâminas ao invés de 2, 27% colhe 2 lâminas (são os

casos que normalmente, colhem apenas 1 lâmina), 27% encaminha a paciente para

De acordo com o Manual

não existe procedimento diferenciado na coleta.

Somente com o resultado em mãos, em alguns casos de lesão, a paciente deverá

FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO,

Quem é responsável pelo recolhiment o das amostras

Índice relacionamento ao recolhimento das amostras.

36%

Encaminha a paciente para a

Colposcopia

Índice relacionado as condutas do ESF quando pacien te é

ndice relacionado ao recolhimento das amostras

Laboratório SantéSecretaria de SaúdeEnfermeiro do ESF

Page 31: Monografia Priscila Tournier

4.1.10 Questão 10 – Qual é a periodicidade no recolhimento das amostras

coletadas nas Unidades ESF?

Gráfico 9 – Índice relacionamento a periodicidade de recolhimento

das amostras nos ESF.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Em relação ao recolhimento das amostras, 1

amostras recolhidas pelo laboratório que irá realizar a análise, em 3

a própria enfermeira que leva as amostras até a

Unidades ESF as amostras são recolhidas pelo motorista da

Dessas 21 Unidades ESF

semanalmente.

4.1.11 Questão 11 – Qual

das amostras da Unidade ESF?

Gráfico 10 – Tempo máximo entre a coleta e o transporte.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

88%

Índice relacionado a periodicidade de recolhimento das

0%

20%

40%

60%

4%

Tempo máximo entre a coleta e o transporte

Qual é a periodicidade no recolhimento das amostras

coletadas nas Unidades ESF?

Índice relacionamento a periodicidade de recolhimento

das amostras nos ESF.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Em relação ao recolhimento das amostras, 1 Unidade ESF

amostras recolhidas pelo laboratório que irá realizar a análise, em 3

a própria enfermeira que leva as amostras até a Secretaria de Saúde

as amostras são recolhidas pelo motorista da Secretaria de Saúde

ESF, 12% fazem o recolhimento diário e 88% recolhem

Qual é o tempo máximo entre a coleta e o recolhimento

das amostras da Unidade ESF?

Tempo máximo entre a coleta e o transporte.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

12%

Índice relacionado a periodicidade de recolhimento das amostras nos ESF

DiárioSemanal

4% 4%8% 8%

20%

56%

Tempo máximo entre a coleta e o transporte

30

Qual é a periodicidade no recolhimento das amostras

Índice relacionamento a periodicidade de recolhimento

Unidade ESF tem suas

amostras recolhidas pelo laboratório que irá realizar a análise, em 3 Unidades ESF é

Secretaria de Saúde e em 21

Secretaria de Saúde.

, 12% fazem o recolhimento diário e 88% recolhem

é o tempo máximo entre a coleta e o recolhimento

Índice relacionado a periodicidade de recolhimento das

DiárioSemanal

3 dias

6 dias

1 dia

5 dias

4 dias

2 dias

Page 32: Monografia Priscila Tournier

Do total de Unidades ESF

que o material seja encaminhado a

Unidades ESF citou que

cerca de 3 dias e outros 4% leva cerca de 6 dias.

intervalo de retenção da amostra na própria Unidade ESF.

4.1.12 Questão 12 – Qual é o tempo máximo entre a coleta e o recebiment o do

laudo na Unidade ESF?

Gráfico 11 – Índice de unidades ESF que possuem procedimento de

coleta.

Fonte: Elaborado pela autora,

Das 25 Unidades ESF

o resultado, 5 relataram 30 dias, 3 relataram 22 dias, 1 relatou 45 dias, 1 relatou 25

dias e 1 relatou 20 dias.

de Saúde como pelo Laboratório Santé.

estimar o intervalo de retenção das a

Laboratório Santé. Por esta razão, com base no

estimativa geral incluindo ambas atividades.

0%

20%

40%

60%

4%

Índice relacionado ao tempo máximo entre a coleta d o

Unidades ESF avaliadas, 56% leva cerca de até 2

que o material seja encaminhado a Secretaria de Saúde, enquanto que

Unidades ESF citou que leva até 4 dias, 8% leva até 5 dias, 8% leva 1 dia, 4% leva

cerca de 3 dias e outros 4% leva cerca de 6 dias. Este prazo corresponde ao

da amostra na própria Unidade ESF.

Qual é o tempo máximo entre a coleta e o recebiment o do

laudo na Unidade ESF?

Índice de unidades ESF que possuem procedimento de

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Unidades ESF avaliadas, 13 relataram demorar 35 dias para

o resultado, 5 relataram 30 dias, 3 relataram 22 dias, 1 relatou 45 dias, 1 relatou 25

dias e 1 relatou 20 dias. Este prazo inclui atividades realizadas tanto pela Secretaria

Saúde como pelo Laboratório Santé. É importante salientar que não foi possível

o intervalo de retenção das amostras na Secretaria de Saúde

Por esta razão, com base nos relatos anteriores, foi feito uma

estimativa geral incluindo ambas atividades.

4% 4% 4%12%

20%

52%

Índice relacionado ao tempo máximo entre a coleta d o material e obtenção do resultado

31

s, 56% leva cerca de até 2 dias para

enquanto que 20% das

leva até 4 dias, 8% leva até 5 dias, 8% leva 1 dia, 4% leva

Este prazo corresponde ao

Qual é o tempo máximo entre a coleta e o recebiment o do

Índice de unidades ESF que possuem procedimento de

s, 13 relataram demorar 35 dias para obter

o resultado, 5 relataram 30 dias, 3 relataram 22 dias, 1 relatou 45 dias, 1 relatou 25

Este prazo inclui atividades realizadas tanto pela Secretaria

que não foi possível

mostras na Secretaria de Saúde e nem no

relatos anteriores, foi feito uma

Índice relacionado ao tempo máximo entre a coleta d o

20 dias25 dias45 dias22 dias30 dias35 dias

Page 33: Monografia Priscila Tournier

4.1.13 Questão 13 –

Secretaria de Saúde , processamento da amostra e entrega do laudo

Gráfico 12 – Índice

secretaria de saúde e obtenção do laudo.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

O presente estudo não realizou uma análise minuciosa quanto aos

intervalos relacionados a cada etapa

com base nas respostas obtidas nas questões 1

médio despendido para as atividades

Laboratório Santé:

Figura 2 – Tempo máximo de colata

Fonte: Elaborada pela

0%

5%

10%

15%

20%

25%

4% 4%

Índice relacionado ao tempo médio entre liberação d a secretaria de saúde e obtenção do laudo

Tempo médio entre a liberação da requisição pela

, processamento da amostra e entrega do laudo

Índice relacionado ao tempo médio entre liberação da

secretaria de saúde e obtenção do laudo.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

O presente estudo não realizou uma análise minuciosa quanto aos

intervalos relacionados a cada etapa do fluxo de realização dos exames, no ent

nas respostas obtidas nas questões 11 e 12, pode-

para as atividades desenvolvidas pela Secretaria de Saúde

Tempo máximo de colata

Elaborada pela autora, 2011.

4% 4%

8% 8% 8%

12% 12%

16%

24%

Índice relacionado ao tempo médio entre liberação d a secretaria de saúde e obtenção do laudo

32

Tempo médio entre a liberação da requisição pela

, processamento da amostra e entrega do laudo

ao tempo médio entre liberação da

O presente estudo não realizou uma análise minuciosa quanto aos

do fluxo de realização dos exames, no entanto,

-se estimar o tempo

Secretaria de Saúde e

23 dias

32 dias

43 dias

18 dias

20 dias

30 dias

28 dias

29 dias

31 dias

33 dias

Page 34: Monografia Priscila Tournier

33

Conforme o gráfico 11, a maioria das Unidades ESF relatou que o tempo

máximo entre coleta e recolhimento pelo motorista, leva 2 dias. Então, considerando

que a maioria das Unidades ESF citou que o prazo máximo para obtenção do

resultado leva 35 dias (vide gráfico 12), estimou-se 33 dias sendo o tempo médio

entre: a liberação das requisições pela Secretaria de Saúde, o processamento da

amostra dentro do Laboratório Santé e a entrega do laudo nas Unidades ESF.

Este resultado chama a atenção, visto que é um prazo longo para

emissão de um resultado tão importante para a paciente, no entanto, é importante

salientar que este intervalo contempla várias tarefas, tais como: carimbar

requisições, calcular o número de exames conforme a cota SUS do laboratório,

encaminhar as amostras e requisições pelo motorista até o laboratório, cadastrar as

requisições no sistema informatizado do Laboratório Santé, preparar as lâminas

(deixar de molho no álcool, fazer a coloração, montar a lâmina com lamínula e selar

com verniz e deixar secar), realizar a leitura da lâmina, anotar resultados na

requisição, digitar resultados, imprimir laudos, conferir e assinar cada laudo,

organizar laudos e providenciar a entrega as Unidades ESF pelo motorista.

4.1.14 Questão 14 – Qual é o tipo de espátula e esc ova utilizada no

procedimento de coleta?

Todas as Unidades ESF utilizam o a espátula do modelo Ayre e escova

do tipo Campos da Paz, fornecidas pela Secretaria de Saúde.

4.2 ANÁLISE DAS REQUISIÇÕES

Quanto à verificação dos registros gerados pelas requisições enviadas

pelas Unidades ESF ao Laboratório Santé no mês de agosto de 2011, os resultados

obtidos foram:

Page 35: Monografia Priscila Tournier

4.2.1 Análise 01 – Incidência

Gráfico 13 – Índice relacionado

incompletas.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

No mês de agosto, o Laboratório Santé atendeu 12 Unidades ESF, sendo

que conforme demonstrado pelo gráfico,

requisições com informações faltantes. Este índice

quase metade das Unidades ESF

pela Secretaria de Estado da Saúde no

Administrativos de Coleta do Papanicolau

ESF que a falta de informações nas requisições pode impactar no resultado emitido,

visto que as informações pessoais, clínicas e os dados da anamnese

obrigatoriamente cadastrado

cliente fica impossibilitado

que irá fazer a leitura das lâminas para correlacionar

prática.

0%10%20%30%40%50%60%

ENVIO DE REQUISICOES COMPLETAS

Índice relacionado a incidência de ESF que geram re quisiçoes

Incidência total de requisições incompletas

relacionado à incidência de ESF que geram requisições

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

No mês de agosto, o Laboratório Santé atendeu 12 Unidades ESF, sendo

que conforme demonstrado pelo gráfico, 42% das Unidades ESF encaminharam

requisições com informações faltantes. Este índice revela que

quase metade das Unidades ESF atendidas, não estão atendendo o preconizado

pela Secretaria de Estado da Saúde no Manual de Procedimentos Técnicos e

os de Coleta do Papanicolau. É importante salientar para a equipe do

ESF que a falta de informações nas requisições pode impactar no resultado emitido,

as informações pessoais, clínicas e os dados da anamnese

obrigatoriamente cadastrados no programa SISCOLO, sem os quais o cadastro da

cliente fica impossibilitado. Esses dados também são importantes para o profissional

que irá fazer a leitura das lâminas para correlacionar os dados teóricos com a

ENVIO DE REQUISICOES COMPLETAS

ENVIO DE REQUISICOES INCOMPLETAS

58%42%

Índice relacionado a incidência de ESF que geram re quisiçoes incompletas

34

de requisições incompletas

incidência de ESF que geram requisições

No mês de agosto, o Laboratório Santé atendeu 12 Unidades ESF, sendo

ESF encaminharam

revela que 5 Unidades ESF,

dendo o preconizado

Manual de Procedimentos Técnicos e

. É importante salientar para a equipe do

ESF que a falta de informações nas requisições pode impactar no resultado emitido,

as informações pessoais, clínicas e os dados da anamnese são

s quais o cadastro da

sses dados também são importantes para o profissional

os dados teóricos com a

Índice relacionado a incidência de ESF que geram re quisiçoes

Page 36: Monografia Priscila Tournier

4.2.2 Análise 02 – Incidência de requisições incompletas por ESF

Gráfico 14 – Índice de requisições incompletas por ESF.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Registrou-se 41 requisições erradas. As Unidades ESF denominadas A,

E, G, N e R enviaram respectivamente 4, 13, 67, 2 e 5 requisições. Desta forma,

apesar da Unidade G ter enviado o maior número de requisições e ter também um

maior número de requisições in

mostra mais incidente na Unidade

informações faltantes. Desta forma, o

requisições incompletas proporcional ao n

Unidade ESF. Fica evidente a necessidade de priorizar esta Unidade ESF no

cronograma de treinamentos a ser realizado pelo Laboratório Santé.

4.2.3 Análise 03 – Incidência total de informações faltantes nas requi sições

Gráfico 15 – Índice relacionado incidência total de informações faltantes.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Índice de requisições incompletas por ESF

0%

10%

20%

30%

4%

Índice relacionado a incidência total de informaçõe s faltantes

RadioterapiaSangramento pós relação sexualUso de Pilula AnticoncepcionalGravidezSinal de DST

Incidência de requisições incompletas por ESF

de requisições incompletas por ESF.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

se 41 requisições erradas. As Unidades ESF denominadas A,

E, G, N e R enviaram respectivamente 4, 13, 67, 2 e 5 requisições. Desta forma,

apesar da Unidade G ter enviado o maior número de requisições e ter também um

maior número de requisições incompletas totalizadas em 29 requisições, a falha se

mostra mais incidente na Unidade R, pois esta enviou todas as 5 requisições com

informações faltantes. Desta forma, o gráfico acima demonstra a incidência de

requisições incompletas proporcional ao número de requisições enviadas por cada

Fica evidente a necessidade de priorizar esta Unidade ESF no

cronograma de treinamentos a ser realizado pelo Laboratório Santé.

Incidência total de informações faltantes nas requi sições

relacionado incidência total de informações faltantes.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

25%38%

43% 50%

100%

Índice de requisições incompletas por ESF

4% 6% 6% 6% 6% 7% 7%12%

22%25%

Índice relacionado a incidência total de informaçõe s faltantes

Uso de HormonioSangramento pós relação sexual Data última menstruaçãoUso de Pilula Anticoncepcional Uso do DIU

Sangramento pós menopausaInspeção do Colo

35

Incidência de requisições incompletas por ESF

se 41 requisições erradas. As Unidades ESF denominadas A,

E, G, N e R enviaram respectivamente 4, 13, 67, 2 e 5 requisições. Desta forma,

apesar da Unidade G ter enviado o maior número de requisições e ter também um

completas totalizadas em 29 requisições, a falha se

, pois esta enviou todas as 5 requisições com

gráfico acima demonstra a incidência de

de requisições enviadas por cada

Fica evidente a necessidade de priorizar esta Unidade ESF no

cronograma de treinamentos a ser realizado pelo Laboratório Santé.

Incidência total de informações faltantes nas requi sições

relacionado incidência total de informações faltantes.

A

E

G

N

R

25%

Índice relacionado a incidência total de informaçõe s faltantes

Data última menstruação

Sangramento pós menopausa

Page 37: Monografia Priscila Tournier

36

As 41 requisições erradas somaram 69 informações faltantes, visto que

em algumas situações, foi detectada mais de uma informação faltante por

requisição. Estratificou-se as informações, e analisando o gráfico acima percebe-se

as principais informações faltantes: inspeção do colo (17 requisições), sinal de DST

(15 requisições) e sangramento pós menopausa (8 requisições). Todas as

informações são necessárias, do contrário não estariam compondo a requisição

padrão. No que se refere especificamente a estas informações, que no mês de

agosto, não foram informadas por estas Unidades ESF, cabe salientar a correlação

de cada uma delas com o diagnóstico laboratorial. A inspeção do colo é importante

por que se tiver alteração pode ser um indício de lesão. Sinais de doença

sexualmente transmissíveis sugerem algum agente infeccioso. Sangramento pós-

menopausa é um alerta para lesão. Usuárias de DIU ou tratamento com radioterapia

podem modificar a estrutura de algumas células sendo estas confundidas com lesão

causada por HPV, etc.

Page 38: Monografia Priscila Tournier

37

5 CONCLUSÃO

Os objetivos definidos para o presente estudo foram alcançados e

possibilitam uma ampla discussão a respeito dos critérios de qualidade associados

aos exames citopatológicos. Pode-se afirmar que a revisão bibliográfica se faz

necessária para qualquer estudo a fim de nortear o rumo da pesquisa, no entanto, é

através dos dados práticos que informações valiosas são obtidas, permitindo uma

discussão referente à realidade pontual da amostragem, e desta forma possibilitando

uma análise crítica quanto às melhorias necessárias.

Como o Laboratório Santé possui somente uma profissional capacitada,

para melhorar o seu desempenho, optou por fazer o controle de qualidade interno

terceirizando lâminas de casos positivos, insatisfatórios ou intensamente

inflamatórios, mandando, uma vez por semana, esses casos para uma profissional

da área, que atua também em laboratório de Análises Clínicas e Citopatológicas,

para fazer a revisão das mesmas. Ou seja, realizar uma segunda leitura, tornando

assim mais confiável o resultado do exame.

Quanto ao controle externo da qualidade, existem diferentes métodos.

Porém, na região sul, todos eles trabalham com discussão de casos clínicos via on

line e não fornecem amostras para leitura, nem avaliam as amostras do contratante.

Nessa área, o Laboratório Santé ainda está se adequando.

De acordo com a pesquisa em campo realizada, em relação à coleta do

material, o correto seria ter um POP (Procedimento Operacional Padrão) ou seguir o

Manual de Coleta fornecido pela Secretaria de Saúde, para que qualquer

profissional da área (inclusive um substituto) tenha acesso e possa realizar uma

coleta de maneira adequada. Em algumas Unidades ESF a coleta é realizada por

Auxiliares ou Técnicas em Enfermagem. Nesses casos, existe a necessidade de

averiguar se há exceção, já que o órgão responsável por essas profissionais

preconiza que a coleta seja realizada somente por aquelas que possuem a

faculdade de Enfermagem.

Em relação a treinamento, a maioria das Unidades ESF não fornece, as

profissionais apenas atuam com o conhecimento que receberam durante a

faculdade. Porém, para garantir a qualidade do procedimento, o correto seria que os

responsáveis pelas Unidades ESF fornecessem treinamento na contratação e

periódico, a fim de padronizar o serviço e habilitar suas funcionárias com excelência.

Page 39: Monografia Priscila Tournier

38

No processo da coleta, a maior parte das Enfermeiras coleta 2 lâminas.

Mas, a coleta de apenas uma lâmina é tão eficaz quanto 2 e otimiza o tempo de

entrega do resultado. Não está errado coletar 2 lâminas, mas esse fato implica num

maior tempo de preparo das mesmas, maior gasto de material e maior tempo de

escrutínio pelo profissional do laboratório. O que resulta num prazo maior de entrega

do exame, atrasando o tratamento da paciente. E então, irá refletir na garantia da

qualidade como um mau desempenho do laboratório nesse quesito. Quanto ao local

da coleta, o ideal é que se colha material da ectocérvice e endocérvice, como

procede a maioria das Enfermeiras entrevistadas. De acordo com o Ministério da

Saúde, a coleta de fundo de saco é de baixa qualidade para o diagnóstico oncótico,

a não ser em mulheres submetidas à histerectomia total. Ou seja, coletar material

dessa região não irá ajudar no diagnóstico da paciente e ainda irá resultar num

atraso da leitura pelo excesso de material na lâmina. E ainda, o profissional terá que

fazer a leitura de 2 lâminas ao invés de 1. Pode-se então, com exceção dos casos

em que a paciente foi submetida à histerectomia total, descartar a coleta de fundo de

saco a fim de otimizar o tempo de entrega do resultado e ainda assim, garantido a

qualidade. Quando se trata de paciente HPV positiva, houve bastante contradição a

respeito da conduta. Sendo a paciente HPV positivo ou não, a coleta será realizada

da mesma forma: ectocérvice e endocérvice, que são os locais onde terá maior

probabilidade de se observar alterações celulares causadas pelos vírus. E de acordo

com o resultado, o médico irá tomar as providências necessárias. Porém, existe a

possibilidade da coleta ser mal feita, onde provavelmente resultará num exame

falso-negativo. Então, quando a paciente é sabidamente HPV positiva, pode-se ter

um cuidado maior e encaminhá-la ao consultório médico, hospital ou para

colposcopia a fim de avaliar com mais cuidado o referido caso.

Ao término da coleta, deve-se encaminhar a amostra à Secretaria de

Saúde. A maioria das Unidades ESF faz o recolhimento semanal sendo que, o

motorista passa uma vez na semana para recolher essas amostras, havendo a

possibilidade das mesmas ficarem estagnadas por algum tempo, levando ao atraso

no andamento do exame. O ideal seria que as próprias enfermeiras levassem as

amostras para a Secretaria de Saúde, que seria um procedimento diário, a fim de

agilizar o processo. Ou, nos casos em que for possível, o laboratório buscar as

lâminas nas unidades. Desta forma, as amostras chegariam com mais rapidez a

Secretaria de Saúde e, conseqüentemente, ao laboratório, otimizando o atendimento

Page 40: Monografia Priscila Tournier

39

ao cliente. O tempo que leva todo o processo, desde a saída do material da Unidade

ESF, chegada e saída da Secretaria de Saúde, até chegar ao laboratório, nem foi

levado em consideração. Ou seja, além do tempo que o motorista leva pra buscar as

amostras, ainda tem o tempo que elas ficam retidas na Secretaria de Saúde. Com

certeza é um fator importante a ser analisado para tentar acelerar todo o processo.

Poderiam ser formuladas estratégias em relação aos dias de coleta e o dia da

semana que o motorista recolhe as amostras, para tentar diminuir o tempo de

chegada das mesmas no laboratório, assim como o tempo que elas ficam

estagnadas na Secretaria de Saúde.

Por todo esse processo demorado desde a Secretaria de Saúde até os

procedimentos laboratoriais, que ao menos o tempo de coleta e transporte das

amostras deve ser agilizado. Se a amostra demora 6 dias pra ir para a Secretaria de

Saúde e fica mais 3 ou 4 dias retidas, já são 10 dias que leva para chegar ao

laboratório, que levará mais 3 ou 4 dias para processar a amostra. Ou seja, leva

mais ou menos 13, 14 dias para a amostra chegar até o profissional, tornando difícil

entregar o laudo em menos de 20 dias, pois a demanda é grande e as coletas, de

acordo com a cota do laboratório, chegam todas em uma única remessa. Se fossem

encaminhadas aos poucos, seria mais tranquilo para organizar todo o processo e o

resultado seria liberado mais prontamente.

O tempo variou de 20 a 45 dias. Isso quer dizer que, em algum estágio do

processo houve falha. Provavelmente a coleta é no início da semana e o motorista

só passa no final da semana para pegar, deixando a amostra parada muito tempo. O

certo seria se organizar para fazer a coleta 1 dia antecedente a passagem do

motorista pela unidade de coleta, a fim de que a amostra não fique tanto tempo

parada atrasando todo o processo.

É importante salientar também para a equipe do ESF que a falta de

informações nas requisições pode impactar tanto no cadastro como no resultado

emitido, visto que, esses dados terão que ser obrigatoriamente repassados no

programa SISCOLO para o cadastro da paciente, caso contrário, não é possível

realizá-lo. E falta de informações clínicas, pessoais e de dados da anamnese podem

prejudicar o profissional na hora do escrutínio da lâmina.

Com a análise de todos os dados concluiu-se que, para realizar um

exame Citopatológico de qualidade, deve-se dar atenção a cada fase de

desenvolvimento da amostra, sendo elas: pré-analítica, analítica e pós-analítica e

Page 41: Monografia Priscila Tournier

40

implantar os controles externo e interno. Isto significa que é fundamental firmar uma

relação de parceria entre as partes envolvidas, de modo que juntos possam

estabelecer uma rotina tanto eficiente quanto eficaz na prestação do serviço de

saúde a comunidade.

Este trabalho foi um estudo pontual sobre o contexto no qual o

Laboratório Santé está incluído, no entanto, as dificuldades relatadas podem ser

semelhantes em outros laboratórios citopatológicos e por esta razão, a presente

monografia cumpre seu papel como fonte para a análise de outros pesquisadores

que desejam encontrar propostas de melhoria na prestação do serviço de saúde de

um laboratório citopatológico.

Cabe ressaltar que, o tema qualidade abordado na presente monografia

não foi explorado no que diz respeito à gestão da qualidade. No entanto, sabe-se

que a adoção de métodos de medição e monitoramento de processos, com a

avaliação periódica de indicadores de desempenho, agrega valor ao serviço por

identificar constantemente os processos que requerem melhorias. Estes indicadores

de desempenho devem ser estabelecidos tanto para uma análise interna quanto

externa, ou seja, é importante que os funcionários estejam comprometidos em

identificar as falhas durante a rotina, assim como é importante permitir que o cliente

aponte as necessidades e expectativas que não estão sendo atendidas.

Por esta razão, surgem novos questionamentos que podem ser

explorados em outros estudos futuramente, instigados, por exemplo, a descobrir

qual é a percepção do cliente sobre a qualidade do serviço dos laboratórios

citopatológicos, a fim de avaliar se a garantia de um resultado fidedigno por meio da

qualidade técnica, discutida nesta monografia, é suficiente para deixá-lo satisfeito ou

se existem outros fatores que afetam a sua satisfação com o serviço.

Page 42: Monografia Priscila Tournier

41

REFERÊNCIAS

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Page 43: Monografia Priscila Tournier

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Page 44: Monografia Priscila Tournier

43

APÊNDICE

Page 45: Monografia Priscila Tournier

44

APÊNDICE A – Questionário: Análise da conduta de co leta e logística

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45

Page 47: Monografia Priscila Tournier

46

ANEXO

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47

ANEXO A – Requisição de exame citopatológico – colo do útero

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