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 SECR ETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNI VERSI DADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTIN UADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇ ÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS N A EDUCAÇÃO BLOG: OS SENTIDOS DE LEITURA PARA SUJEITOS DO ENSINO MÉDIO CURSISTA: SANDRA POTTMEIER ORIENTADOR(A): PATRÍCIA MENDES CALIXTO FLORIANÓPOLIS 2009

Monografia Sandra Pottmeier[1]

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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MECUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃOCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO

BLOG : OS SENTIDOS DE LEITURA PARA SUJEITOS DO ENSINO MÉDIO

CURSISTA:SANDRA POTTMEIER

ORIENTADOR(A):

PATRÍCIA MENDES CALIXTO

FLORIANÓPOLIS2009

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SANDRA POTTMEIER

BLOG : OS SENTIDOS DE LEITURA PARA SUJEITOS DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada como requisito parcialpara obtenção do título de especialista noPrograma de Formação Continuada em Mídiasna Educação da Universidade Federal do RioGrande - FURG.

Orientadora: Profa. Ms. Patrícia Mendes Calixto

FLORIANÓPOLIS2009

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SANDRA POTTMEIER

BLOG: OS SENTIDOS DE LEITURA PARA SUJEITOS DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada à Universidade Federaldo Rio Grande, como parte dos requisitos para aobtenção do título de Especialista em Mídias naEducação.

Orientadora: Profa.. Ms. Patrícia Mendes Calixto

Florianópolis, SC, ______/_____________________/ 2009(data de aprovação)

ORIENTADORA

MEMBRO DA BANCA

MEMBRO DA BANCA

FLORIANÓPOLIS2009

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Para meus pais Salesio e Bernadete, exemplos de humildade, superação e perseverança.

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AGRADECIMENTOS

Ao Coordenador, Professor Dr. Alexandre de Jesus da Silva Machado; aos

tutores, Professoras Ms. Carolina Larrosa de Oliveira e ao Professor Ms. Ricardo

Fernandes Braz pelo incentivo e pela paciência na leitura dos meus textos durante o

Curso Intermediário e durante o Curso de Especialização em Mídias.

À baita tutora do Ciclo Básico e hoje, minha orientadora nesta especialização,Professora Ms. Patrícia Mendes Calixto pelas sugestões de leitura, pelas palavras

sábias ao orientar-me. Pela humildade enquanto ser humano de mostrar-se sempre

uma grande aprendiz com seus alunos, seus orientandos. Bah, só tenho a te agradecer

por fazer parte deste processo, de ser acima de tudo, uma companheira de trabalho

fundamental. Tchê, loca de faceira estou, em poder ter partilhado desse momento

maravalihoso de aprendizado contigo prenda.

À amiga de estudos e de trabalho Leonilda Wessling pela leitura de minha

pesquisa e por suas valiosas contribuições. Agradeço-te imensamente por ter feito

parte de minha banca e ter me oportunizado aprender mais contigo.

À grande Cristiane Roveda Gonçalves que veio assistir-me e dar seu apoio no

dia da socialização desta pesquisa.

Aos colegas de curso pela amizade.

A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste

trabalho.

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“Como não existe objeto que não cercado, envolto,embebido em discurso, todo discurso dialoga com outros discursos, toda palavra é cercada de outras palavras.”.

(BAKHTIN, 2006, p. 319)

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RESUMO

Esta pesquisa está ligada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na

Educação pela FURG – Fundação Universidade Federal do Rio Grande e está voltadaaos sentidos de leitura que perpassa os dizeres dos alunos do Ensino Médio emrelação ao blog  utilizado em escola da rede pública de ensino. É uma pesquisa decunho qualitativo-interpretativo. Os sujeitos envolvidos são alunos do terceiro ano doEnsino Médio de uma cidade do estado de Santa Catarina. Tem-se por objetivocompreender os sentidos de leitura no blog que esses sujeitos apresentam a partir deuma entrevista individual aberta por meio de uma análise discursiva através dosestudos de Bakhtin. Como resultados, os dizeres dos alunos sinalizaram para uma lutade vozes que são homogeneizadas e apontam para uma falta de interesse em ler oblog , não havendo uma interação como diz o sujeito William: “não achei muita coisa do meu interesse e da minha turma” .  É preciso que a escola atualize o blog , pois os

sujeitos acabam perdendo o interesse em divulgar suas experiências escolares, bemcomo deixam de interagir socialmente, pois esses alunos não conseguem se identificarcom o conteúdo veiculado nesta mídia.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Sentidos. Mídia.

ABSTRACT

This research is linked to the Continuing Training Program in Media in Education fromFURG - Federal University of Rio Grande and it is dedicated to the senses of readingthat runs through the words of high school students in relation to the blog used in publicschool education. It is a qualitative and interpretative research. The subjects involvedare students of the third year of high school in a city in the state of Santa Catarina. It hasbeen aimed at understanding the way of reading the blog that these individuals presentfrom an individual interview open through a discursive analysis studies by Bakhtin. As aresult, the words of the students signaled for a fight of voices that are mixed and show alack of interest in reading the blog and there is an interaction as the subject saysWilliam, "I did not think much of my interest and my class.”. We need the school to

update the blog, because the subjects end up losing interest in disclosing their schoolexperiences, and fail to interact socially, because these students can not identify withthe content aired on the media.

Keywords: Reading. Meanings. Media.

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................... 6

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 102.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 10

3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 11

4 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 144.1 A LINGUAGEM .................................................................................................. 144.2 CONCEPÇÕES DE ENSINO E APRENDIZAGEM ............................................ 164.2.1 Sócio-Interacionismo ....................................................................................... 184.3 NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA .......................................................... 21

4.3.1 Blog na escola .................................................................................................. 214.3.2 A importância da leitura .................................................................................... 264.3.3 A constituição de sujeitos-leitores sob um enfoque fenomenológico................ 32

5 METODOLOGIA ................................................................................................... 355.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 355.2 O CONTEXTO .................................................................................................... 385.3 OS SUJEITOS INVESTIGADOS ......................................................................... 395.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E INSTRUMENTOS ........................... 405.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................ 415.5.1 Dizeres dos sujeitos ........................................................................................ 415.5.2 Desenhos dos sujeitos .................................................................................... 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 49

ANEXOS .................................................................................................................. 52

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1 INTRODUÇÃO

Ao conviver com diversos contextos durante os Ciclos Básico e Intermediário

do curso de Mídias em Educação, pude perceber que para cada mídia (tv e vídeo,tela do computador, folha impressa e rádio) vista e pensada em meu contexto

histórico e social, poderiam ser trabalhadas tanto pela estrutura física da unidade

escolar em que estou inserida, quanto pela motivação das pessoas envolvidas na

mesma.

Num olhar inicial, tudo poderia ser possível, porém o que deveria ser

pensando ainda, era a escolha de uma ou duas mídias para elaboração de um

projeto a ser desenvolvido.

Assim, o fiz, voltado mais para a área da informática com o blog  e o papelimpresso. Acabei buscando novas leituras para me auxiliarem nessa caminhada, no

projeto.

Antes deste projeto ou de um envolvimento mais próximo em mídias, observei

que a interação dos docentes, discentes não era tão forte quando passamos a usar

um blog em nossa escola, a experiência foi interessante.

A partir deste relato pessoal, pretendo fazer uma reflexão sobre os sentidos

de leitura em blog na voz dos alunos do terceiro Ensino Médio da Escola Educação

Básica Padre José Maurício localizada na cidade de Blumenau (SC).

Deste modo, ler implica uma interação entre leitor/texto/autor. E, ler em blog e

os sentidos que têm este ato para alunos do Ensino Médio acontece por meio do

pensamento e da expressividade do ser que surge segundo Bakhtin (1988; 2006). O

autor menciona que isso ocorre, pois é a partir da linguagem que precisamos levar

em consideração o real, a representação, a cultura, a ideologia e a significação que

cada sujeito carrega consigo para podermos compreendê-lo.

A partir do viés enunciativo discursivo, ler implica uma interação a partir da

participação entre os interlocutores leitor/texto/autor por meio da linguagem, sendo

esta vista por Bakhtin como social, pois é na relação entre os sujeitos que os

sentidos e os próprios sujeitos vão se constituindo.

O estudo sobre os sentidos de leitura em blog , justifica-se deste modo, pois

muitos sujeitos inseridos no Ensino Médio que frequentam a escola já mencionada

anteriormente, fazem uso da mídia em estudo, o blog .

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Destarte, pretendo nesta pesquisa, compreender o que os sujeitos do Ensino

Médio pensam sobre a leitura em blog em seis capítulos.

No primeiro capítulo, trago a introdução desta pesquisa.

O objetivo geral e os objetivos específicos, seguem no segundo capítulo.O terceiro capítulo traz a justificativa desta monografia.

Os pressupostos teóricos que tratam da linguagem e o processo de

aprendizagem, as novas tecnologias na escola, marcando ainda a importância da

leitura estão no quarto capítulo.

No quinto capítulo, apresento a metodologia utilizada nesta pesquisa incluindo

o tipo de pesquisa, o contexto, os sujeitos investigados, os procedimentos

metodológicos e instrumentos, bem como a análise e discussão dos registros

coletados.No último capítulo, seguem as considerações finais desta pesquisa.

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2 OBJETIVO GERAL

Compreender quais os sentidos de leitura (escrita e imagem) em blog  nas

vozes dos sujeitos do terceiro ano do Ensino Médio de escola pública.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar o uso do blog como recurso pedagógico;

Compreender estes dizeres a partir de uma análise discursiva, tentando

problematizar o que os sujeitos dizem sobre a leitura em blog ;

Fazer uma reflexão acerca dos dizeres dos sujeitos, levando em conta o

lugar e o tempo do qual estes sujeitos falam sobre a leitura em blog. 

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3 JUSTIFICATIVA

A pesquisa se justifica deste modo, pois como profissional da área de Línguas

Portuguesa e Inglesa, trabalho com a habilidade de leitura em sala de aula e foradela e, observo que os alunos além de outros meios de leitura, fazem uso do blog  

disponibilizado na escola em estudo.

Para tanto, pretendo buscar informações para refletir sobre os sentidos de

leitura que esses sujeitos têm ao fazerem uso do blog . Terei como sujeitos alunos do

terceiro ano do Ensino Médio, pois estes são os que mais utilizam esse meio

interativo.

Fazer uso do blog , inicialmente, trouxe a oportunidade para que toda a

comunidade escolar se envolvesse mais, pois a comunicação tomou outros rumos,ou seja, com a implantação deste projeto, pude perceber maior interação entre

alunos, professores, pois a informação chegava mais rápido, principalmente quando

se refere à Internet. Uma das grandes conquistas, foi a divulgação de trabalhos de

cunho científico, antes só apresentados nas salas de aula, agora, socializados com

toda a escola e outras comunidades escolares.

Para iniciar minha caminhada, foi preciso antes, fazer um levantamento dos

estudos já desenvolvidos sobre o assunto que pretendo pesquisar, o sentido de

leitura em blog , tecendo assim, o meu Estado da Arte.

Comecei minha busca, pela instituição em que esta pesquisa está inserida,

através do BDTD-FURG (Banco Digital de Teses e Dissertações – Universidade

Federal do Rio Grande), procurando por “leitura em blog ” e nada foi encontrado

referente ao tema.

No BDTD – Banco Digital de Teses e Dissertações da Capes, encontrei 2

dissertações que se aproximam da minha pesquisa. A primeira dissertação por tratar

do blog como um meio de expressar discursivamente o que os sujeitos pensam e

acabam registrando nesse diário virtual. O que difere desta monografia é que o blog  

utilizado pelos alunos pesquisados por mim foi elaborado na escola como um

recurso pedagógico como meio de divulgação dos trabalhos dos alunos, professores

inseridos neste contexto. Difere-se também, por estar focado apenas na leitura como

um meio de interação no viés enunciativo. Deste modo, a dissertação de Oliveira

(2005), da UFSM, intitulada “Diário íntimo e/ou blog: o mesmo e o diferente na

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cultura do ciberespaço”, aborda as mudanças que as novas tecnologias estão

proporcionando à sociedade; neste caso, especificamente, as tecnologias da

linguagem em sua relação com a escrita. Nesse sentido, a autora problematiza a

relação discurso e sociedade sob o ponto de vista das práticas discursivas, sendoestas analisadas em um novo espaço social e urbano, o ciberespaço, no qual se

alojam os blogs . Procura também compreender como tais blogs funcionam em sua

discursividade e como produzem sentido linguística, histórica e ideologicamente.

Para tanto, analisa, em uma perspectiva discursiva, ou seja, no viés da Análise do

Discurso de linha francesa, os blogs como uma nova ferramenta que resignifica os

escritos pessoais, renovando-os em sua utilização e em sua constituição,

possibilitando a sua publicização e, principalmente, sua leitura. Defende a hipótese

de que o grande diferencial do blog em relação ao diário íntimo é o acontecimentodiscursivo do comentário, que se mostra como uma regularidade do blog ; e a

diferença entre o diário íntimo e o blog é a existência de um espaço instituído para

os comentários e que permite que os mesmos fiquem registrados, assim, apontando

para o fato de que o que é escrito é lido e comentado.

A segunda dissertação é a de Luccio (2005), da PUC-RIO e, tem o seguinte

título “As múltiplas faces dos blogs: um estudo sobre as relações entre escritores,

leitores e textos”. A autora diz que a escrita e a leitura ocidentais vem sofrendo

transformações relevantes através dos tempos. Algumas destas transformações

estão relacionadas aos suportes de escrita e de leitura e aos modos pelos quais a

evolução destes afeta as relações entre os escritores, os leitores e os textos. Este

estudo tem como foco principal investigar a revolução que o aparecimento da escrita

eletrônica e o uso da tela do computador como suporte textual trouxeram à

contemporaneidade. Em outras palavras, esta investigação se concentra nas

alterações e transformações nas práticas de leitura e de escrita e nas relações entre

escritores e leitores a partir da tela do computador. Com o objetivo de investigar tal

revolução, inicialmente foi escolhida uma ferramenta textual na Internet conhecida

como blog . Posteriormente, foi realizada uma pesquisa qualitativa, na qual foram

entrevistados 10 blogueiros (aqueles que escrevem blogs ). Os depoimentos dos

participantes revelam que a decisão de criar e manter um blog  está ligada à

liberdade de expressão, ao prazer em escrever e, sobretudo à possibilidade de

interação com os leitores. No entanto, a análise dos depoimentos mostra que,

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apesar de os blogs  disporem de um espaço para interação entre os blogueiros e

seus leitores, esta interação ainda não se concretiza plenamente. Como vem

acontecendo em minha pesquisa também, pois os sujeitos não conseguem

identificarem-se com o blog  existente em sua escola por apresentar conteúdosdesatualizados como mencionam aqui e que você leitor, poderá acompanhar na

seção de análise e discussão dos dados.

A dissertação de Luccio (2005) está focada também na escrita e na leitura.

Porém o foco da minha pesquisa é compreender os dizeres dos sujeitos do terceiro

ano do Ensino Médio de escola pública no que se refere ao sentido de leitura

somente. O blog usado pelos sujeitos de minha pesquisa é o da escola, pois ele é

usado como recurso pedagógico. Tanto professores e alunos podem expor seus

trabalhos neste blog . Duas pessoas são responsáveis pelas revisões textuais epostagens dos textos e imagens, a coordenadora pedagógica e o tecnológo.

Segue o referencial teórico no próximo capítulo.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO 

Para a presente monografia, como aporte teórico, trarei alguns autores da

área da linguagem como Bakhtin (1988; 2006) e Larrosa (2004); da aprendizagemVygostky (1998), articulados com autores que trabalham com a formação do leitor na

Educação como Perissé (2005) e Silva (1985; 1991), bem como Chartier (1999) que

trata da evolução da leitura. Adendo a autores da área das novas tecnologias como

Almeida (2003) e Moran (2003) que foram estudados neste curso de especialização

em Mídias na Educação nos Módulos Introdutório, Gestão Integradas de Mídias e

Básico de Informática.

4.1 A LINGUAGEM

Nas obras de Bakhtin não aparecem os termos interdiscurso, intertexto,

interdiscursividade, intertextualidade. Intertextual aparece uma única vez em Diálogo

e Dialética (BAKHTIN, 1988). O aparecimento do termo intertextualidade se deu no Ocidente a partir das

obras de Júlia Kristeva (semioticista). Parafraseando Kristeva in  Brait (2006), o

discurso literário não é um ponto, mas um cruzamento de superfícies textuais, o

texto se constrói a partir de outro e, o diálogo é a esfera possível da vida da

linguagem.

No século XIX, a noção de texto entra em xeque com o início da demolição da

metafísica, pois até então, o texto era tido como algo estável e deveria ser mantido

em exatidão. A partir desta quebra, passa-se a ter uma visão sincrônica, ou seja, o

texto vai evoluindo, alterando, se modificando, pois a linguagem tida por Bakhtin

como social, é alterada através do contato com o outro, tendo a palavra como

comunicativa, portanto o texto passa a ter sentidos (enunciado) e se comunica com

o outro, através do outro por meio do interdiscurso.

Desta maneira, Barthes atribuiu às ideias de Kristeva os principais conceitos

de noção de texto  como: a prática significante (debate do sujeito e do Outro e o

contexto social); o texto como uma produtividade (desconstrói e reconstrói); a 

significância como um processo (se debate com o sentido e se reconstrói); o

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fenotexto que é o fenômeno verbal estrutura do enunciado concreto (só o texto) e; o

genotexto que é o campo da significância (contexto).

Essa relação mediada pelos sujeitos, só é possível através da linguagem, em

que todo discurso concreto (enunciado) se entrelaça com os discursos de outrem nosocial. De acordo com (BAKHTIN, 1988; 2006), essa relação entre os discursos é o

dialogismo, descartando deste modo, apenas o pensamento de que este conceito se

dê apenas num diálogo de interação face a face. De acordo com Bakhtin (2006,

p.319), “como não existe objeto que não cercado, envolto, embebido em discurso,

todo discurso dialoga com outros discursos, toda palavra é cercada de outras

palavras.”.

Ainda, todo texto é cercado de um contexto (sentidos), pois a palavra ou o

texto em si é neutro e concreto, não tem sentido, entretanto quando estão inseridosem um contexto (enunciado, interdiscurso) tem significado, e este por sua vez, é

singular, individual, não repetível, tem emoção, tem valor, é repleto de ecos de

outros enunciados. O enunciado permite, portando uma resposta, que pode

concordar ou discordar, dependendo das forças (centrípetas ou centrífugas) que

agem sobre o sujeito daí, entende-se o dialogismo como uma luta de vozes sociais

que tendem a homogeneizar o sujeito (forças centrípetas) ou a heterogeneizar

(forças centrífugas).

Assim, a linguagem é um sistema de signos histórico e social, que possibilita

ao homem significar o mundo e a realidade (BAKHTIN, 1988). Com isso aprendê-la

é aprender não só as palavras, mas também seus significados culturais e com eles,

os modos pelos quais as pessoas de seu meio social entendem e interpretam a

realidade e a si mesmo.

É a linguagem, tanto oral quanto escrita, que nos permite a comunicação com

o outro e com o mundo; segundo Bakhtin (1988, p. 300), “é a interação do locutor

com o ouvinte que possibilita a discursividade, pois temos algo a dizer, a quem dizer

e por que dizer”. 

E ter algo a dizer, a quem dizer e porque dizer, só é possível a partir das

representações construídas sobre o mundo. A comunicação com as pessoas nos

permite a construção de novos modos de compreender o mundo, de representá-lo

de novas maneiras. Segundo (BAKHTIN apud  BARROS & FIORIN, 1994, p.140):

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O próprio ser do homem (exterior como interior) é uma comunicaçãoprofunda. Ser significa comunicar [...] O homem não possui um territóriointerior soberano, ele se situa todo e sempre em uma fronteira: olhandopara o seu interior, ele o olha nos olhos do outro ou através dos olhos dooutro.

O processo de construção do conhecimento não é resultado de simples

transmissão de informações e resolução de problemas. Na medida em que os

indivíduos passam a confrontar suas hipóteses, trocar informações, mais perto

chegam da solução de problemas. Isso vai acontecer por meio da linguagem e sua

interação social.

Assim, Larrosa (2004) diz que é preciso que o aluno “dê a ler” as palavras

que recebe, pois estas palavras são sempre as mesmas e o que elas dizem são

sempre de maneiras diferentes. O “dar a ler” é dar a alteridade constitutiva das

palavras, ou seja, eu dependo do outro para me constituir enquanto ser social,

enquanto autor e leitor como também menciona Bakhtin (2006). Esta troca só é

possível quando há compreensão do texto.

Segue na sequência, a seção que trata das concepções de ensino e

aprendizagem.

4.2 CONCEPÇÕES DE ENSINO E APRENDIZAGEM

As escolas surgiram muito antes de Comenius, o pai da pedagogia. O termo

didática é conhecido desde a antiguidade com significação muito semelhante à

atual, ou seja, indicando que o objetivo dizia respeito ao ensino. A didática antes de

ser objeto de sistematização e de constituir referencial do discurso ordenado de uma

das disciplinas do campo pedagógico, foi vivida e pensada por filósofos e

pensadores que participaram da história das ideias pedagógicas.Comenicus, nascido em 1592 na cidade de Nivnice, na Moravia-República

Tcheca, no século XVII foi o primeiro educador a formular a ideia da difusão dos

conhecimentos a todos e criou princípios e regras do ensino. Despertou uma

considerável influência por ter se empenhado em desenvolver métodos de instrução

mais rápidos e eficazes e por desejar que as pessoas usufruíssem dos benefícios do

conhecimento. Apesar de ter dado início a uma sistematização técnica (didática) a

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forma de ensinar e ter exercido grande influência no século XVII, suas ideias não

foram disseminadas tão rapidamente. Comenicus rompe com à igreja em que os

demais cidadãos passam a ter acesso para com a leitura da Bíblia.

Na Escola Tradicional, o professor não precisava ser formado em uma áreaespecífica, mas precisava ter o controle dos alunos, disciplinando-os, transmitindo-

lhes informações. Para este processo de aprendizagem era usada a repetização, a

memorização e os conteúdos eram fragmentados, descontextualizados, o livro era a

única fonte de conhecimento.

A Escola Nova de John Dewey está baseada em uma compreensão de que o

saber é constituído por conhecimentos e vivências que se entrelaçam de forma

dinâmica, distante da previsibilidade das ideias anteriores. Aprendizagem é

essencialmente coletiva, assim como é coletiva a produção do conhecimento. Aeducação é pragmática e instrumentalista.

Para Skinner (Tendência Liberal Tecnicista), a aprendizagem pode ser

definida como o produto de dois tipos básicos de condicionamento: o respondente e

o operante. O condicionamento respondente é aquele que se refere às respostas

provocadas diretamente por uma estimulação. O condicionamento operante não

possui ligação direto entre estímulo e resposta. Este condicionamento é o

responsável pela grande maioria das ações humanas, onde a resposta

comportamental, produzida, produz estímulos quase sempre desconhecidos.

Segundo Skinner, a função do professor dentro da sala de aula é elaborar um

adequado programa de estudos, de maneira que todas as respostas desejadas da

parte do aluno sejam convenientemente reforçadas.

Na Tendência Libertária (Freinet), o papel da escola é desenvolver

mecanismos de mudanças institucionais e no aluno, com base na participação

grupal, onde ocorre a prática de toda a aprendizagem. Exerce ainda, uma

transformação na personalidade do aluno no sentido libertário e autogestionário.

Apresenta também uma resistência contra a burocracia como instrumento de ação

dominadora e controladora do estado. A avalição ocorre nas situações vividas,

experimentadas, portanto incorporadas para serem utilizadas em novas situações.

Paulo Freire (Escola Libertadora), traz uma educação de libertação, de

autonomia do aluno. A educação libertadora questiona concretamente a realidade

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das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma

transformação – daí ser uma educação crítica.

“O educador já não é o que apenas educa, mas o que enquanto educa, éeducado, em diálogo como o educando que, ao ser educado tambémeduca. Ambos assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em que, paraser funcionalmente, autoridade se necessita de estar sendo com asliberdades e não contra elas.” (FREIRE, 1987, p. 68).

Quanto a Paulo Freire é significativo destacar ainda, que não há ensino sem

aprendizagem. Saber que aprendemos enquanto ensinamos é fundamental. Isso é

que cria a ruptura no ensino tradicional, em que somente um ensina por

transmissão. Nesse sentido, aprender com o outro, no caso de mediadores implica

em saberes distintos. Os saberes se distiguem dado suas origens e intenções. O

saber do professor tem uma qualidade dado suas leituras, sua experiência, sua

intenção. O saber do aluno terá outra qualificação conforme suas leituras, seu

contexto, suas relações. Isso não implica em superior/inferior, mas para que, quem

destinam-se esses saberes.

Na Tendência Pedagógica Crítico-Social dos Conteúdos (no Brasil, SAVIANI),

o aluno é um ser ativo, produto e produtor do seu próprio meio social, integrando os

momentos da transmissão-assimilação ativo dos conhecimentos. O professor

precisa de uma teoria que explicite a direção pretendida para a tarefa educativa de

humanização do homem, extraída de uma concepção de educação enquanto prática

social transformadora.

Destarte, a Tendência Sócio-Interacionista em que temos como precursor

Vygostky, é a que fundamenta esta pesquisa. Esta tendência não foi mencionada

nesta seção, pois trarei na sequência, conceitos norteadores dela para que você

leitor, possa compreendê-la melhor.

4.2.1 Sócio-Interacionismo

Desde os primeiros momentos de vida, a criança sente necessidade de

expressar-se no meio em que vive e para mediar esse crescimento, ela conta com a

colaboração dos pais. 

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Durante seu desenvolvimento vai adquirindo novos conhecimentos e esse

processo de construção do pensamento define funções que já amadureceram, ou

seja, produtos finais de desenvolvimento. Se a criança é capaz de realizar certas

atividades sem auxílio dos pais, é sinal de que certas atividades já amadureceramnela.

A zona de desenvolvimento proximal, determinada através de problemas que

a criança não pode resolver independentemente, necessitando da ajuda dos pais,

define essas funções que ainda não amadureceram. A criança necessita ainda, de

atenção para resolver esses problemas, assim futuramente terá capacidade própria

para interagir no meio em vive. Segundo Vygotsky (1998, p.101):

A zona de desenvolvimento proximal; ...(ele) desperta vários processosinternos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quandoa criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em interaçãocom seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processostornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente dacrianças.

Para isso, Vygostky (1998, p.117) relaciona ainda, a brincadeira com o

desenvolvimento, pois “na brincadeira a criança sempre adiante de seu nível mental

(real ou atual) de desenvolvimento, sendo ela mesma, origem de

desenvolvimento proximal.”. A criança interage na brincadeira, torna-se consciente

do significado de situações vivenciadas anteriormente ou observadas (vividas por

adultos), fazendo uso de ações imaginárias, dando um sentido próprio.

Na escola, a criança está inserida em um contexto histórico-social, do qual ela

faz parte por meio de um sistema, tendo diferentes condições externas e internas de

elaboração dessas situações, ao contrário da atividade mental centrada sobre a vida

cotidiana, a qual é mediada por um adulto através da espontaneidade nesse

processo de utilização da linguagem.

Desta maneira, o contato com o social, o aprender com o outro fora da escola

a tratar do aluno de maneira digna, está acontecendo, mas é preciso respeitar os

seus limites de aprendizagem na escola para que ele possa conviver em sociedade

com respeito e dignidade que lhe é de direito.

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Deste modo, Vygostky (1998) menciona que a criança traz características

biológicas particulares, porém é no social que ela vai se constituir, vai aprender

através da mediação, da troca de experiências no social com o outro.

De acordo com a filogênese (social), todos vão passar pela mesma situaçãocom exceção de síndromes, mas mesmo com essas deficiências, visuais, auditivas e

mentais, todos são capazes de aprender no social, por isto, é importante que o

professor conheça o nível de seus alunos, ou seja, o nível de desenvolvimento real:

o que o aluno já sabe; o nível de desenvolvimento potencial: o que o aluno já

aprendeu com o outro (capacidade de fazer) e; o nível de desenvolvimento proximal:

mediação daquilo que o aluno ainda não aprendeu, e que pode aprender com o

outro, seja, o professor ou o aluno, ensinando para o futuro, construindo o

conhecimento com o outro, pois há heterogeneidade entre os indivíduos, somosdiferentes uns dos outros.

As metodologias apresentadas pelo professor devem oportunizar o diálogo, a

dúvida, a discussão, sendo desafiantes, problematizadoras e com real significado

para os alunos. Que entre eles possam acontecer parcerias, partilhas e a

complementação dos seus saberes.

Para que isso aconteça o professor poderá fazer uso dos jogos e

brincadeiras, para que de forma lúdica o aluno seja desafiado a pensar e resolver

situações-problemas, e que através deles imite e recrie normas e regras utilizadas

pelo adulto, passando assim a utilizar funções que ainda não domina e que devem

fazer parte de sua vida:

Os postulados de Vygotsky parecem apontar para a necessidade decriação de uma escola bem diferente da que conhecemos. Uma escola emque as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar ecompartilhar saberes. Onde há espaço para transformações, para asdiferenças, para o erro, para as contradições, para a colaboração mútua epara a criatividade. Uma escola em que professores e alunos tenhamautonomia, possam pensar, refletir sobre o seu processo de construção deconhecimentos e ter acesso a novas informações. Uma escola em que oconhecimento já sistematizado não é tratado de forma dogmática eesvaziado de significados (RÊGO, 1997, p.118).

Assim, tenho como propósito compreender os sentidos de leitura em blog,

sendo esta uma mídia utilizada pelos sujeitos pesquisados neste trabalho. Para

entender o que é mídia e as novas tecnologias que vêm surgindo ao longo dos anos

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e como vem sendo discutidas e trabalhdas no campo educacional, segue na seção

seguinte uma abordagem sobre o tema.

4.3 NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

A escola pública há muito vem sendo influenciada e sofrendo com as rápidas e

inúmeras mudanças da sociedade do final do século XX e início do século XXI. Essa

influência varia desde a nova reorganização da família até as novas formas de

comunicação ignoradas muitas vezes como recursos de aprendizagem.

A falta de preparo dos docentes e a necessidade do uso das várias

tecnologias, principalmente a computação, no intuito de educar, vem se agravandoano após ano.

Para tanto, há vários programas institucionais que tentam, pelo menos,

reduzir essa situação como o TV Escola, o Salto para o Futuro e o Mídias na

Educação.

Porém neste contexto, escolhi trabalhar com a leitura no blog , pois os

sujeitos pesquisados, utilizam esta mídia em seu cotidiano.

Para entender um pouco sobre essa mídia, veremos na subseção a seguir

que trata do tema.

4.3.1 Blog na escola

Antes de iniciar esta subseção, é preciso falar que o blog  faz parte da

Internet, ele é um suporte. A Internet de acordo com (MÓDULO BÁSICO DE

INFORMÁTICA, 2007) é como uma grande biblioteca, onde tudo está catalogado de

alguma forma, para que seja fácil encontrarmos um livro, este ou aquele site ou blog .

Os blogs , de acordo com Almeida (2003, p.73),

se proliferam na Internet como ferramentas de uma narrativa híbrida (mistode diários, crônicas jornalísticas e correspondências), que representa,simultaneamente, a individualidade e a coletividade, dimensões presentesno imaginário da sociedade pós-moderna.

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Os blogs  foram popularizados, conforme Komesu (2004), pela facilidade de

sua criação e atualização, por meio de um software de acesso (inicialmente) gratuito

e acordo com o Módulo Gestão Integrada de Mídias (2007), os blogs são exemplos

de recursos interativos que permitem a publicação e troca de arquivos na Internet.Tais recursos apresentam possibilidades de fácil edição e atualização, bem como a

participação de terceiros por meio de comentários ou colaborações. Esses recursos

começaram a ser utilizados inicialmente no formato de textos, depois evoluíram para

a publicação de fotos, desenhos e outras imagens.

Os blogs  são utilizados mais pelos alunos do que pelos professores,

principalmente, como espaço de divulgação pessoal, de mostrar a identidade, onde

se misturam narcisismo e exibicionismo (em diversos graus). Atualmente, há um uso

crescente dos blogs  por professores dos vários níveis de ensino, incluindo ouniversitário. Os blogs  permitem a atualização constante da informação pelo

professor e pelos alunos, favorecem a construção de projetos e pesquisas

individuais e em grupo (MÓDULO DE GESTÃO INTEGRADA DE MÍDIAS, 2007).

Deste maneira, as escolas carecem demasiadamente de ações que utilizem,

de forma pedagógica, a Internet para o aprimoramento do processo de ensino-

aprendizagem. Blogs , mensageiros eletrônicos, homepages , plataformas, todas são

ferramentas que poderiam contribuir para uma educação digitalmente inclusiva e

atraente para o aluno, já que essas tecnologias já são usadas, e muito, pelos

discentes que não temem mudanças. De acordo com Almeida (2003, p.114),

a articulação da escola com outros espaços produtores do conhecimentopoderá resultar em mudanças substanciais em seu interior e redimensionarseu espaço, criando possibilidades de torná-lo aberto e flexível, propiciandoa gestão participativa, o ensino e a aprendizagem e um processocolaborativo, no qual professores e alunos trocam informações eexperiências com as pessoas que atuam no interior da escola ou comoutros agentes externos e produzem conhecimento.

Para Moran (2003), a digitalização, ou seja, a veiculação e armazenamento

digital de informações através principalmente da Internet permite registrar, editar,

combinar, manipular todo e qualquer conhecimento, em qualquer lugar, a qualquer

tempo. A virtualização de conteúdos, imagens, atividades traria inúmeras

possibilidades de escolha e de interação. A mobilidade e a digitalização nos libertam

dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados.

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Desta forma, a construção e manutenção de um blog  em colaboração com

alunos, permitiria estender o processo de ensino-aprendizagem para além das salas

de aula. Maria da Graça in Moran (2003), afirma que os recentes ambientes virtuais

viabilizados pelos sistemas tecnológicos na rede mundial de computadores, reúnemdocentes e alunos no ciberespaço1

  e possuem características não encontradas

anteriormente. As possibilidades de interação e uso de certos recursos que apenas

a Internet possui como o hipertexto, autoria coletiva simultânea seriam amplamente

contempladas. 

Parafraseando ainda Moran (2003), uma mudança de qualidade no processo

de ensino e aprendizagem acontece quando conseguimos interligar todas as

tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e

corporais. Desde modo, com uma página virtual é possível interligar o uso dessasvariadas mídias.

Assim, muitos gêneros textuais como contos, letras de músicas, peças teatrais,

poemas, trabalhos científicos entre outros poderiam ser contemplados. Constitui

assim, de uma forma inovadora e interessante, principalmente para o aluno, de uso

e exemplificação dos conteúdos de Língua Portuguesa e Língua Inglesa.

Além da integração e troca de experiências entre o docente e os alunos e entre

os próprios alunos, tal página virtual não se limitaria apenas a propagação de

conceitos, fórmulas, discursos ou mesmo exercícios que nas aulas habituais não

houvera tempo suficiente para transmitir. Ela deverá se constituir também como uma

ferramenta que propiciaria a autonomia de pesquisa e veiculação das produções dos

próprios discentes. Um ponto de partida para pesquisas na Internet e um ambiente

central que exporia questionamentos dos alunos assim como os resultados das

atividades individuais e em equipe. Pois, segundo Almeida (2003, p.119), 

os ambientes virtuais de aprendizagem permitem aos participantes fornecer

informações, trocar experiências, discutir problemáticas e temas deinteresses comuns e desenvolver atividades colaborativas paracompreender seus problemas e buscar alternativas de solução. 

1 “Espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e de memóriasinformáticas” (LÉVY, 1997, p. 107).

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Extra-classe, em suas próprias residências ou em ambientes como lan- 

houses , cybercafé , os alunos contribuíriam e muito com as suas sugestões

temáticas e suas próprias opiniões. Tal contribuição visaria, além de propiciar a co-

autoria para fins de aprendizado e incentivo, uma maior contextualização dahomepage ; pois, eles estão, diariamente, em contato com outras mídias em suas

próprias famílias. Rádio e TV são exemplos clássicos de meios de comunicação que

disputam tempo e espaço com os computadores, ou mesmo se integrando a eles.

Ilustração 1: Professora Sandra, auxiliando os educandos na sala informatizada, na elaboraçãode um diálogo em Língua Inglesa. Os diálogos foram postados no blog  da escola. (Fonte: Sandra Pottmeier.) 

Desta maneira, o que se advoga atualmente não é mais o simples uso das

mídias em sala de aula no intuito de complementar o processo de ensino-

aprendizagem, mas uma integração das mídias para o enriquecimento e variação

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dos recursos tecnológicos que visam o melhoramento do todo o processo

pedagógico.

Relata Moran (2003), que as tecnologias chegaram à escola, mas sempre

privilegiaram mais o controle à modernização da infra-estrutura e a gestão do que amudança. Os programas de gestão administrativa estão mais desenvolvidos do que

os voltados à aprendizagem. Há avanços na virtualização da aprendizagem, mas só

conseguem arranhar superficialmente a estrutura pesada em que estão estruturados

os vários níveis de ensino.

Nessa linha, o professor, ao propor um blog em colaboração com os alunos,

passaria de responsável pela seleção, organização e sugestão de poemas, contos,

imagens, filmes, músicas para administrador da página.

Um uso efetivo das tecnologias em prol da integração docente-aluno-conteúdo permite a autonomia do educando nos variados níveis de colaboração:

“postador, administrador, leitor”.

O acompanhamento de tal página coletiva poderia se dar longe da própria

escola, do laboratório de informática. Nas suas casas, em lan-houses , residências

de parentes e amigos, poderão ser ambientes de aprendizagem, cooperação e

criatividade. A escola vem permitindo, até incentivando, o docente a transpor o

espaço pedagógico.

Assim, integrando mídias como computador, Internet, máquina fotográfica

digital, papel, cd, pendrive , livros, textos registrados em simples folhas de caderno,

apresentações orais fazendo uso de data show no ambiente escolar, uma página

virtual criada e mantida juntamente com próprios alunos de sala de aula, o docente

estenderia as condições de aprendizagem para além da simples sala de aula. Os

demais alunos-usuários poderiam acessar e visualizar exemplificações dos

conteúdos trabalhados em sala vislumbrar suas próprias construções textuais

divulgadas na grande rede de computadores.

Além de poemas, contos, crônicas, notícias e imagem, a homepage  

possibilitaria contemplar, futuramente, pequenos vídeos de apresentações teatrais

dos alunos. A ampliação do número de colaboradores também poderia ser

considerada, bem como a divulgação do endereço da página eletrônica para as

demais turmas da escola, abrangendo também o Ensino Médio e toda a comunidade

escolar.

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Ilustração 2: Apresentação de um diálogo elaborado em Língua Inglesa na sala informatizada eapresentado por meio do data show e postado no blog da escola. (Fonte: Sandra Pottmeier.)  

Na subseção seguinte, trarei a importância da leitura no contexto escolar efora dele.

4.3.2 A importância da leitura

Aprender a ler. Essa é a próxima análise que será feita, assim, você leitor,

poderá ver na sequência, como está colocada hoje (2009), a ideia de ler para

aprender. O ensinamento da leitura é de primeira e fundamental importância. De

acordo com Veritas (2009, p.08), “não é possível a aprendizagem sem obter as

habilidades da leitura. Por exemplo, os problemas aritméticos, são representados,

geralmente, em forma escrita e têm que ser lidos antes de resolvidos”.

A habilidade para reconhecer e recordar palavras é fundamental, tanto para a

leitura como para a escrita. A leitura e a escrita estão altamente relacionadas, pois

têm muitas habilidades em comum.

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A leitura muitas vezes, apresentada pelos alunos, pode ser entendida como

funcional, como nos traz Perissé (2005). Os alunos, muitas vezes, estão

preocupados, em identificar as palavras-chave, ou seja, em fazer a lição de casa.

Por ser uma leitura de investigação, torna-se necessária para apreenderinformações importantes em diversos campos da vida prática como na escola, no

trabalho.

Perissé (2005) cita também, que as leituras recreativa, reflexiva são deixadas

muitas vezes de lado, pois aos sujeitos não interessa o prazer ou ter tempo e

paciência para refletir mais profundamente o que estão lendo ou ter inspiração para

produzir novos textos. O que lhes interessa é que no momento, levando em

consideração as condições de produção dos sujeitos, vê-se que eles precisam de

informações de modo a tratar da leitura como funcional.Da necessidade diária que os sujeitos têm para decodificar essas palavras-

chave, levam-nos a refletir que eles são assujeitados e acabam por ter um discurso

homogêneo, ou seja, ocorre um apagamento das marcas ideológicas desses

sujeitos, no qual passaram a ser controlados e dominados discursivamente por meio

de um processo histórico e social que deve ter iniciado na instituição escolar.

Deste modo, Pêcheux (1988) menciona, que o sujeito consegue se perceber

ou admite ser submisso, assujeitado, por aceitar essa condição em seu dia-a-dia.

Porém Bakhtin (2006) rebate este conceito de Pêcheux (1988), autor da linha da

Análise Discusiva francesa, pois para Bakhtin a linguagem é um meio de interação,

uma luta de vozes, não há sujeito assujeitado.

Silva (1985, p.59) diz que “... a escola, prevê a sequenciação e integração das

habilidades e conteúdos de leitura bem como os momentos e os espaços para a

pesquisa, debate, discussão e outras formas de confronto com os textos.” E, como

essas habilidades e conteúdos são trabalhados na escola com o intuito que o sujeito

seja capaz de transformar o meio em que vive? Talvez fazendo-o perceber que ele

precise apenas localizar o vocabulário que deseja para sua necessidade diária.

A leitura varia de um simples processo de discriminação visual e

reconhecimento, até complexos, atos que envolvem os mais altos processos de

pensamentos. Aqui se apresenta o êxito ou fracasso do rendimento de processos

de leitura, pode depender da prontidão para a habilidade envolvida: motivação,

desenvolvimento da linguagem, saúde física e emocional. Além dessas

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características a qualidade perceptiva e motricidade são do tipo de incentivo que

encontra na escola ou na comunidade (VERITAS, 2009).

Porém, o estímulo é fundamental para a aprendizagem que inclui o estímulo

da palavra escrita em suas mais simples formas, a leitura pode ser consideradacomo uma série de percepção de palavras. As palavras escritas podem ter

diferentes conotações e significados para cada leitor. Para ser um leitor eficiente, o

aluno deve ter um número de associações para cada palavra, de modo que possa

selecionar entre todas, o significado apropriado para cada contexto.

Aqui aparece a percepção, ou seja, a maturação deve ser estimulada e

promovida por treinamentos. O estímulo (palavra escrita), segundo Veritas (2009,

p.11), “apresenta-se a uma distância de mais ou menos 14 polegadas dos olhos do

leitor”. A leitura se divide em visual auditivo e como produto do meio social cultural. Avisual, essa se expressa como forma de captar a imagem através dos olhos do leitor.

As retinas refletem a imagem vista. Ambos os olhos devem conseguir. Qualquer

desequilíbrio muscular pode originar dificuldades nas funções das imagens retinais. 

O processo da leitura pode ser descrito do ponto de vista visual

quando uma pessoa lê, seus olhos movem-se da esquerda para a direitacom uma série de pausas alternativas e rápidos movimentos chamadosMovimentos Socádicos (são o que os olhos realizam na leitura). As pausas,

que são chamadas fixações duram somente uma fração de segundo cadauma. Quanto mais o leitor vê em número de palavras mais eficiente ele éna leitura (VERITAS, 2009, p.12).

Dentro desse contexto é possível perceber a importância de nós professores

estarmos atentos à leitura de nossos alunos, pois ela poderá caracterizar uma

dificuldade que vai além de sua aprendizagem. De acordo com Veritas (2009, p.12),

“entre os defeitos visuais mais acentuados para a leitura, figuram-se os problemas

de convergência que impede a sincronia perfeita das imagens e símbolos gráficos

refletidos em cada retina”.

A hipermetropia também faz parte dessa discussão, e a importância de sua

observação quando o aluno estiver lendo é de extrema necessidade de atenção por

parte do professor, para assim, poder constatar o problema e então tomar as

devidas providências. Esse é outro defeito associado à leitura. “Uma criança com

esse problema pode passar despercebida se for testada com o mapa no quadro,

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porém apresentará dificuldade para ler à distância do livro apresentando fadiga e dor

de cabeça” (VERITAS, 2009, p.12-13). Quanto ao estigmatismo, esse aparece como

resultado de uma curvatura desigual na parte frontal dos olhos de modo que os raios

de luz que chegam ao olho não são distribuídos igualmente para toda a retina,afetando a leitura. Além dessas situações já apresentadas temos ainda, a

aniseikonia, cada olho forma imagens diferentes em tamanho e forma diminuindo o

reconhecimento.

Portanto, com isso, é possível perceber o porquê de alguns alunos terem uma

maior motivação que outros e podem aprender a ler, apesar de suas dificuldades

visuais. Nesse caso a motivação pode fazer o aluno superar parcialmente suas

dificuldades. A ideia apresentada nessa discussão é a importância em estar

pensando a superação do aluno e não apenas cobrar dele habilidades das quais elenão possui.

Para pensar o social-cultural é importante compreender os símbolos e

significados. Os símbolos e significados são maiores nas crianças que possuem

experiências ricas e variadas e menor, nas crianças carentes.

As crianças que crescem em um lugar onde se conversa se discutemideias, se intercambiam opiniões e informações, naturalmente tendemdesenvolver uma linguagem rica e desenvolvem a habilidade para

expressar oralmente suas experiências (VERITAS, 2009, p.15).

Dentro desse contexto aparece a oposição, as crianças desprovidas do ponto

de vista cultural. Ao enfrentarem as tarefas escolares, geralmente têm dificuldades

para escutar longas frases. Além disso, os símbolos escritos lhe são difíceis. Muitos

fatores são negativos a uma criança que tem seus pais de baixa renda como, por

exemplo, alimentação deficiente, higiene e cuidado médico e outros. Para pensar

essa realidade da criança percebe-se que sua condição sócio-cultural terá que ser

levada em consideração quando alfabetizá-la, ou seja, ensinar as habilidades para aleitura e sua compreensão.

A comunicação, a amplitude dos signos, o leitor, o receptor, equipado com

habilidade para perceber esses sinais, deve ser capaz de entender o código e só

então o sinal se converterá em signo. A mensagem enviada pela escrita deve estar

acompanhada de certas instruções específicas para que possa ser interpretada

apropriadamente, tendo em vista o código de linguagem.

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A relação do autor com o leitor vai desde as simplesmente motrizes, taiscomo musculares, vocais, sub-vocais, até as que implicam nas mais altasfunções do pensamento crítico, o compromisso emocional e as váriascrenças e atitudes. A leitura é o processo ativo de reconstruir o significado,assim como o escutar é o processo ativo de reconstruir o significado apartir dos símbolos sonoros da linguagem oral (VERITAS, 2009, p.19).

Nesse caso, como fica a criança sem capacidade auditiva? “Certas destrezas

da linguagem são bastante importantes para o êxito da leitura nas primeiras etapas,

como é a compreensão auditiva” (VERITAS, 2009, p.19). A compreensão auditiva

não é uma habilidade simples, tal como o número de palavras empregadas pelo

aluno. “Entre as diversas habilidades que formam a linguagem, a fala é a que maior

relação tem com as dificuldades para a aprendizagem da leitura” (VERITAS, 2009,

p.19).Dentro desse contexto, é possível perceber a complexidade na aprendizagem

de quem não tem a habilidade da fala por não ouvir. Porém, outras habilidades terão

que ser despertadas para que a criança possa obter as habilidades para a leitura e a

escrita.

Agora tratarei do estado de prontidão para a leitura, esse termo que refere-se

ao tempo e maneira pela quais certas atividades deverão ser ensinadas. “A escrita,

por exemplo, implica uma disposição que lhe permita discriminações finais, memória

e coordenação da mão, do olho e de uma adequada linguagem auditiva eexpressiva” (VERITAS, 2009, p.23).

A leitura é indiscutivelmente uma das tarefas mais importantes na escola.

Com uma leitura correta o educando adquire melhores condições para uma boa

interpretação. A leitura pode ser realizada em vários lugares em tempos que o leitor

preferir, com isso, faz dessa arte inesgotável. Diferentemente de uma novela ou

filme na TV que tem uma hora certa para serem assistidos. Mesmo diante de tantas

tecnologias novas de comunicação, a leitura é indispensável e vem se lendo cada

vez mais, diz (VERITAS, 2009, p.07).

A leitura é uma atividade gratificante, quando usada como fonte derecreação, no tempo livre. A leitura envolve a personalidade como um todoe muitas vezes aliviam tensões emocionais e proporciona compreensãodos problemas pessoais.

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Diante deste contexto é possível perceber o quanto a leitura é fundamental

para a aprendizagem e transcende seus limites no tempo e espaço. Uma escola que

valoriza a leitura de seus educandos está permitindo a eles uma boa formação para

o presente e futuro.O especialista em história da leitura, Roger Chartier (1999), tem apresentado

as várias transformações dos textos ocorridas desde a Antiguidade, com o códice e

seu difícil manuseio, passando pela Idade Média, com a invenção da tipografia por

Gutenberg até os dias atuais na tela do computador, possibilitando um maior acesso

à leitura e ao conhecimento entre as pessoas. Será que essa ruptura entre o livro e

a tela do computador vem proporcionando ao sujeito-aluno uma apropriação de

conhecimento e de materialidade na construção com o seu saber nas instituições

escolares?Na educação, as reflexões de Chartier (1999) sobre a leitura vem mostrando

revoluções e consequentemente essas rupturas entre os textos e os sujeitos. O

sujeito-aluno hoje de uma escola pública, por exemplo, tem acesso aos textos dos

livros, jornais e textos interativos? Ou este sujeito-aluno tem habilidades cognitivas

para lidar com esses tipos de textos na escola, em sua casa? E, o professor, sabe

trabalhar com o texto interativo?

Nas pesquisas de Chartier (1999) pode-se observar que desde a

Renascença, por exemplo, havia controle sobre a leitura no que se refere a quem vai

ler, o que vai ler o que poderia ler, para quem iria ler. Observa-se o controle do

sujeito-leitor classificado socialmente do se que tinha por uma leitura popular, pois

“tratava-se acima de tudo de caracterizar as diferentes populações de leitores (e

leitoras) a partir da reconstituição da presença desigual do livro no interior dos

diversos grupos sociais...” (CHARTIER, 1999, p. 117).

De acordo com Pottmeier (2008), no nosso cotidiano, acredita-se não ser

muito diferente da Renascença, pois ainda há um controle do sujeito-aluno na sala

de aula, na biblioteca ou até mesmo no laboratório de informática, nesses espaços

onde estão à disposição deste sujeito vários tipos textos, mas em grande parte o

texto indicado a ele pelo professor, deve ser lido para interpretar, para repetir o que

está no texto num processo homogêneo. Não temos um sujeito-aluno que vá se

apropriar do que está escrito, ele não vai pensar, refletir sobre aquilo que leu, não

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vai produzir significados, mas vai reproduzir, vai repetir sem compreender de fato o

que leu.

De acordo com Chartier (1999, p.19) “os romances eram lidos pela classe

mais alta ou nobre e, talvez, por alguns poucos membros da burguesiaparticularmente abastados. Certamente, eles não eram lidos pelos camponeses ou

para eles.”. Dentro dessa classificação já ocorrida na Renascença, percebe-se quem

poderia escolher o que desejava ler, quem tinha autonomia, quem tinha o status .

Na educação hoje (2009), raras às vezes, talvez o aluno possa escolher o que

quer ler. Muitos não conseguem manusear um livro, um jornal, um computador, pois

lhe faltam habilidades que não foram desenvolvidas pelo professor, pois ele talvez

nem saiba lidar com tal tecnologia, pois não teve acesso a esse conhecimento. E, se

voltarmos um pouco na história, Chartier nos leva a pensar num período em que anobreza possuía esse poder para apropriar-se do conhecimento e indo um pouco

mais além, chegaremos a leitura da Bíblia, de textos sagrados que só podiam ser

adorados pelos camponeses por serem muito bonitos e também intocáveis.

Para compreender um pouco sobre a constituição do leitor, convido você

leitor, a ler a subseção seguinte que aborda alguns aspectos referente ao tema sob

um enfoque fenomenológico.

4.3 3 A constituição de sujeitos-leitores sob um enfoque fenomenológico

O pressuposto teórico da fenomenologia é a compreensão voltada para os

significados do perceber na vivência dos sujeitos, sendo estes os que usam o blog 

interpretando e compreendendo através da interação, os textos abordados utilizando

esta mídia. A fenomenologia se caracteriza pela ênfase ao “mundo da vida

cotidiana”, um retorno à totalidade do mundo vivido, segundo Merleau-Ponty.

(REZENDE, 1990).

Esse método tem como objeto de investigação, o fenômeno, ou seja, o que

se mostra a si e em si mesmo tal com é. Como principal instrumento de

conhecimento, o método adota a intuição, uma vez que, segundo Husserl, as

essências são dadas intuitivamente. (REZENDE, 1990). 

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O método fenomenológico partindo dos pressupostos de Edmund Husserl que

trata do factual, do social e de Merleau-Ponty que menciona que o conhecimento do

homem surge a partir daquilo que já existe, é uma ciência, é expressão do mundo

vivido, havendo também um questionamento desse conhecimento, a dúvida.A fenomenologia pode ser destacada também pelo estudo das essências,

pois este método vê e pensa o dado, tendo como finalidade de investigação,

compreender e interpretar a realidade, os significados das pessoas como as suas

percepções, intenções e ações.

Na atualidade, segundo Pottmeier (2008), a fenomenologia pode até ser

pensada nas instituições públicas, entretanto não é abordada neste contexto com

tanta naturalidade. O que consiste ainda, é um método positivista, no qual há

observação dos sujeitos (educandos) e um ensinamento de maneira fragmentadados assuntos, sem fazer uma contextualização para esses sujeitos. Não há uma

reflexão em que se possa compreender e interpretar o que está ao redor desse

sujeito, pois ainda percebe-se um controle da situação através de tomadas de

decisões que seguem um padrão hierárquico. Falta também, autonomia e

independência tanto por parte do docente quanto do discente, pois estes estão

inseridos num sistema no qual devem seguir as instruções, os comandos. Paulo

Freire (1996, p.43), menciona que ensinar exige tomada consciente de decisões,

poisa raiz mais profunda da politicidade da educação se acha na educabilidademesma do ser humano, que se funda na sua natureza inacabada e da qualse tornou consciente. Inacabado e consciente de seu inacabamento,histórico, necessariamente o ser humano se faria um ser ético, um ser deopção, de decisão.

A partir deste pensamento freiriano, pode-se perceber ainda que o aluno não

vem construindo o seu conhecimento através de experiências e questionando

através da dúvida, como traz a fenomenologia. Ele acaba recebendo os

conhecimentos mais ou menos motivado para aprender o que lhe é ensinado, de

acordo com o método positivista.

Pouco também se trabalha com projetos em que se possa buscar o

desempenho individual no marco social e cultural do discente, pois se pensa em

avaliar e valorar o que ele aprendeu por meio de testes e o domínio das suas

destrezas e de um conhecimento proposicional.

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Na sequência, trago o capítulo de metodologia, no qual apresentarei os

caminhos percorridos para a coleta dos registros de minha pesquisa

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35 

5 METODOLOGIA

Neste capítulo, apresentarei os caminhos percorridos na construção do

objetivo, o tipo de pesquisa, a escolha do local para a realização da pesquisa, os

sujeitos envolvidos, os procedimentos metodológicos e os instrumentos utilizados.

Esta pesquisa está situada na área da Educação com foco em Mídias. Ela

busca compreender os dizeres dos sujeitos deste trabalho, a partir do viés

enunciativo discursivo, que trata da linguagem como social, no qual o sujeito se

constitui através do outro.

Assim, tenho como objetivo, compreender quais os sentidos de leitura que

perpassam os dizeres dos sujeitos do terceiro ano do Ensino Médio de escola

pública.

Levo você, leitor, agora a conhecer inicialmente, o tipo de pesquisa, e adiante,

o contexto em que esses sujeitos estão inseridos, os procedimentos metodológicos e

instrumentos de coleta, bem como a discussão dos dados coletados.

5.1 TIPO DE ESTUDO

Com o passar dos anos, com a evolução humana, podemos observar que as

explicações sobre os fenômenos que estão presentes em nosso cotidiano,

continuam a ser feitas por meio de mitos, pela religião, pela filosofia, pelo senso

comum e pelo conhecimento científico. Este último, é capaz de explicar os

fenômenos, pois ele cria teorias, define métodos, princípios, ratifica, reinventa ou

define outras direções, leva a afirmação de que o objeto das ciências sociais é

histórico, ou seja, o pesquisador precisa ter alguma familiaridade com o seu objeto e

sujeito de estudo.Segundo Gil (2005, p.20) a palavra “ciência, etimologicamente, significa

conhecimento”. Ela também pode ser vista como um conhecimento obtido mediante

métodos sistematizados de estudos.

Deste modo, podemos definir a pesquisa na área da Ciências Sociais

Aplicadas como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo

proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Ela utiliza métodos,

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técnicas e outros procedimentos científicos. Por isso, é preciso conhecer o que são

as coisas e qual é seu objeto de pesquisa, segundo Chizzotti (2006). Ou seja,

procurar conhecer os sujeitos e o objeto de nossa pesquisa para podermos usar um

conhecimento, um método que seja capaz de nos levar as respostas, talvez, nãoexatas, mas que nos façam refletir sobre os dados coletados, como se apresenta a

pesquisa qualitativa.

Trago esta afirmativa, pois pretendo trabalhar com sujeitos que cursam o

terceiro Ensino Médio de uma escola pública estadual, tendo como objeto de estudo,

os sentidos de leitura por meio do blog desenvolvido na escola em que esses alunos

estão inseridos. Como irei analisar os dizeres desses sujeitos, defino a minha

pesquisa como qualitativa2, trarei o conhecimento e método fenomenológico que

consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer o dado. É puramentedescritiva, e seu método consiste, antes de tudo, em descrever a essência. A

fenomenologia compreende que cada objeto sensível e individual possui uma

essência. Por que não trazer outro (s) conhecimento (s) ou método (s)?

Eu não estou preocupada em quantificar os dizeres, por exemplo, em tentar

achar uma verdade absoluta como traz a pesquisa quantitativa, conforme Michel

(2005) menciona, que é um método que utiliza a quantificação nas modalidades de

coleta de informações, mediante técnicas estatísticas. Aqui neste viés, o

pesquisador descreve, explica e prediz. Não pretendo prescrever os resultados em

minha pesquisa, pretendo levantar reflexões acerca do tema a ser estudado, como

os meus sujeitos compreendem ou não a leitura por meio do blog .

Também acredito que o método dedutivo não se encaixaria na minha

pesquisa, pois ele parte do geral para o particular, em que a razão é o foco,

buscando um conhecimento verdadeiro, um resultado absoluto.

Já o método indutivo, chega a se aproximar do método escolhido para a

minha pesquisa, o fenomenológico, pois leva em conta o conhecimento da

experiência, porém é empírico, parte do senso comum, nos resultados, não está

preocupado com a individualidade, com o singular, ele procura generalizar,

homogeneizar os dados.

2 É aquela que busca entender um fenômeno específico em profundidade. Ela é mais participativa.Não podemos pretender encontrar a verdade, mas uma compreensão da lógica que permeia a práticaque se dá na realidade (MINAYO, 1993).

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O método dialético que se fundamenta em Hegel, traz a lógica e a história, as

quais transcendem, mas não dão origem a novas compreensões. Eu procuro ter

novas compreensões nos dizeres de meus sujeitos.

E, por fim, o método hipotético-dedutivo que volta-se à experimentação, quepara a minha pesquisa não tem aproximações, pois a sua aplicação nas Ciências

Sociais é limitada. Este método apóia-se numa tese que precisa ser comprovada,

testada, por isso, é mais usada na área das Exatas, nas Ciências Sociais Aplicadas.

Como já mencionei anteriormente, não pretendo descobrir e provar verdades, que

compreender o que os sujeitos dizem.

Minha pesquisa está preocupada em compreender nas vozes dos sujeitos,

estudantes de Ensino Médio, o que eles pensam sobre a leitura por meio de blog .

Lembrando que esta pesquisa está voltada para a área de mídias em educação.Então, vivenciar o local em que estes sujeitos estão inseridos é fundamental para ter

uma noção dessa realidade, desse contexto.

A minha pesquisa é qualitativa-interpretativa, guiada pela Teoria da

Enunciação de Bakhtin. De acordo com Bogdan e Biklen (1982), ao apresentarem

uma discussão sobre pesquisa qualitativa, destacam características que a

fundamentam e permeiam o investigador qualitativo. Aquele que frequenta os locais

de estudo, entende que as ações podem ser mais bem compreendidas quando

observadas no seu ambiente habitual de ocorrência.

O que mais interessa é a compreensão do processo, como são construídas

as relações, suas causas e significados. À medida que os dados são coletados, se

refina o foco investigativo e se compreende a pertinência com o objeto de pesquisa.

O pesquisador questiona e dialoga com os sujeitos investigados a fim de visualizar

novas perspectivas para compreender o problema.

A pesquisa de abordagem qualitativa trabalha, “com o universo de

significados, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um

espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não

podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. (MINAYO, 1993, p.21-22).

Por tratar-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem fenomenológica-

hermenêutica (GAMBOA, 1999), cabe destacar, que de acordo com Martins e

Bicudo (1989, p. 97):

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A pesquisa fenomenológica está dirigida para significados, ou seja, paraexpressões claras sobre as percepções que o sujeito tem daquilo que estásendo pesquisado, as quais são expressas pelo próprio sujeito que aspercebe (...) ele não está interessado apenas nos dados coletados, masnos significados atribuídos pelos sujeitos entrevistados/observados.

Esse método possui uma abordagem que não se apega somente as coisas

observáveis, mas visa seu significado e contexto, utilizando-se de procedimentos

que levam à compreensão, aliando-se à hermenêutica que busca interpretar os

dizeres dos sujeitos pesquisados.

Nesta pesquisa fiz o levantamento dos registros por meio de uma pergunta

aberta, na qual pedi que os alunos respondessem por escrito em uma folha em

branco (papel A4), a seguinte pergunta “Você lê o blog  da escola? Por quê?. A

coleta dos dizeres dos sujeitos ocorreu em 05 de agosto de 2009, bem como soliciteique fizessem um desenho partindo da pergunta feita anteriormente. Segundo Bauer

e Gaskel (2002, p.322) “nas imagens, os signos estão presentes simultaneamente.

[...] e o sentido de uma imagem visual é ancorada pelos textos que a acompanham,

e pelo status do objeto...”. Os alunos realizaram esta etapa em torno de uma meia

hora. A ideia de trazer o desenho como forma de responder a pergunta já

mencionada acima, complementa e nos permite observar e compreender os sentidos

que estão presentes através da imagem.

5.2 O CONTEXTO

A escola escolhida como campo da pesquisa, pertence à rede pública de

ensino de Blumenau, cidade situada no Vale do Itajaí, estado de Santa Catarina.

Localizada num bairro afastado do centro da cidade, a escola atende a um

maior número de alunos do próprio bairro, no que se refere principalmente ao Ensino

Médio, em que os pais, em sua maioria, atuam como operários em empresaslocalizadas no município.

A escola possui uma biblioteca, um laboratório de informática, uma quadra de

esportes coberta e uma cozinha. Conta com 70 funcionários, dos quais 60 são

educadores. Possui um total de 1520 alunos distribuídos nos Ensinos Fundamental

(1ª a 8ª série) e Médio (1º e 3º ano), que frequentam a escola nos períodos matutino,

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vespertino e noturno3. A biblioteca da escola voltou a funcionar no ano de 2008, pois

há um profissional para trabalhar neste espaço, uma professora de Artes que foi

readaptada devido a problemas de saúdes.

Ilustração 3: Foto da escola que é foco desta pesquisa – Escola de Educação Básica PadreJosé Maurício. (Fonte: E. E. B. Pe. José Maurício)  

Deste modo, os professores, podem levar os alunos em horários agendados

para escolher livros, revistas, jornais entre outros suportes textuais. A escola tem

ainda, um laboratório de informática que possui 24 computadores. Há um

profissional dessa área, monitorando e auxiliando os professores durante as aulas.Na sequência, apresentarei os sujeitos envolvidos nesta pesquisa.

5.3 OS SUJEITOS INVESTIGADOS

3 Consultar o blog http//:www.eebpjmauricio.blogspot.com; acessado em (2009). 

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Os sujeitos deste trabalho foram escolhidos aleatoriamente. Eles são 05 do

total de 30 alunos do terceiro ano do Ensino Médio da rede pública de Blumenau,

que estudam no período matutino. Eles têm entre 16 e 18 anos de idade. 02 sujeitos

  já estão atuando no mercado de trabalho em áreas como informática e comércio.Frequentam a escola desde o pré-escolar.

A partir daquilo que relatei no começo desta monografia, interessei-me em

fazer esta pesquisa, pois esses sujeitos já percorreram as séries dos Ensinos

Fundamental (da 5ª à 8ª série) e Médio (1º ao 3º ano) e, tiveram um contato maior

com blog criado no ano de 2008 pelos coordenadores pedagógicos.

Na próxima seção, explicarei o porquê da escolha de 05 sujeitos, os

instrumentos utilizados para a coleta dos registros e os procedimentos

metodológicos adotados.

5.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E INSTRUMENTOS

A pesquisa tem como intuito, investigar os sentidos de leitura em blog com

alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Neste momento, focaliza-se o sentido de

leitura em blog a partir do viés discursivo enunciativo de Bakhtin.

Os registros da investigação incluem o registro escrito de uma pergunta

aberta e de desenhos. Dos 30 alunos, 05 responderam numa folha de papel A4 em

branco, o que pensavam.

Inicialmente como teste piloto, me apresentei como pesquisadora e fiz uma

pergunta aberta, escrevendo-a no quadro para que os 30 sujeitos pudessem

visualizar. O solicitado foi “Você lê o blog da escola? Por quê?”. Na sequência,

solicitei aos mesmos sujeitos que respondessem a mesma pergunta em forma de

desenho. Somente dois sujeitos fizeram e atenderam a este comando.

A pesquisa qualitativa não está preocupada com a quantidade, mas em

compreender o que os sujeitos dizem, por isso, não há necessidade de se ter muitos

sujeitos.

A intenção de fazer uma pergunta aberta e realizar uma atividade envolvendo

desenho, consistia em saber que sentidos poderiam ser depreendidos dos alunos

quanto à leitura do blog  de sua escola, ou seja, compreender o que eles dizem

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quanto a este suporte. Por que esses alunos leem ou não leem o blog de sua escola

e por que estão lendo ou por que não estão lendo.

Na próxima seção trarei a análise e discussão dos dados.

5.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Nesta seção trarei os registros dos alunos por meio de seus dizeres

materializados na escrita por meio de palavras e desenhos.

Seguem os dizeres dos sujeitos e na sequência, os desenhos.

5.5.1 Dizeres dos sujeitos

Da turma de trinta alunos do terceiro ano, 05 sujeitos se dispuseram a

responder a pergunta já mencionada na seção de metodologia. Permancem os

nomes reais dos sujeitos, pois estes permitiram o seu uso. Vejamos o que dizem os

sujeitos.

Daniela, 17 anos, arquivista, diz: “Não leio, porque quando tive aoportunidade de acessar não obtive interesse em coisas que haviam lá, etambém não havia nada da minha turma, sendo que havíamos executadoalguns trabalhos. Eu não gostei muito na verdade, mas acredito que elepode ser bem melhorado e vir a causar mais interesse nos alunos.”.

Luciana, 17 anos, estudante, diz: “As vezes eu leio o blog, mas é bemdifícil, pelo motivo de ser um blog que não me interessa muito e de maiscomplexo acesso, pois e difícil ficar relembrando o nome do blog.”.

Nicole, 18 anos, estudante, diz: “Sinceramente eu li duas vezes; por issotive a idéia de atualizar o blog da escola. Os alunos pouco dão “bola” ouvalor para a escola e muito menos para o blog. Tenho certeza que o blogtem que ter uma

“face” mais jovem que chame a atenção. Com novidades, dicas, realmenteinteragir os alunos com o blog e com a escola na verdade.”.

Lucas, 17 anos, promotor de vendas, diz: Leio regularmente, apesar daspoucas atualizações que não atraem os alunos. Poderia ser transformadoem um site, mais atrativo e mais completo.”.

William, 16 anos, estudante, diz: “Então, já acessei umas 4 vezes o blogda escola, acho legal a escola ter um blog e tal, mas não gostei do fato dequando eu visitei o blog e não estava atualizado, e não achei muita coisado meu interesse e da minha turma. Então acho que se o blog fosse mais

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atualizado sempre, e também se mudasse a aparência dele um pouco,chamaria mais a atenção dos alunos, e o twitter também seria uma ótimaidéia para a escola para os alunos que gostam de saber das novidades daescola.”.

Nos dizeres desses sujeitos, observo que um dos sentidos atribuído ao blog  

é ler como meio de interação entre os jovens. Entretanto, isto não vem ocorrendo,

pois como mencionam os sujeitos, o blog não está atualizado, deste modo acabam

por não se identificarem com ele.

De acordo com Moran (2006a) os blogs são exemplos de recursos interativos

que permitem a publicação e troca de arquivos na Internet. Esses recursos

apresentam possibilidades de fácil edição e atualização, bem como a participação

de terceiros por meio de comentários ou colaborações. Os blogs permitem ainda a

atualização constante da informação pelo professor e pelos alunos, favorecem a

construção de projetos e pesquisas individuais e em grupo. Entretanto, os sujeitos

desta pesquisa, sinalizam para um blog sem alternativas para interação, em que não

há uma troca de experiências, de conhecimento. Como menciona Larrosa (2004),

neste contexto, as palavras não “dão a ler”, pois o blog  tornou-se uma ferramenta

passiva, na qual Nicole diz que o mesmo precisa ter “ novidades, dicas, realmente 

interagir os alunos com o blog”.

Deste modo, tento compreender o leitor-aluno a partir de sua interação com o

outro. De acordo com Orlandi (2006), o leitor é aquele que na medida em que lê, se

constitui, se representa, se identifica, pois a questão da compreensão não é só do

nível da informação, mas o da compreensão. A leitura como traz autora é um

momento crítico da constituição do texto, ou seja, é o momento em que os

interlocutores se identificam por meio da interação, desencadeando o processo de

significação do texto. Não basta buscar informações, é preciso ir além do texto para

compreendê-lo, é preciso interagir com o texto, com o outro.

Os sujeitos acabam apresentando também uma necessidade. De acordo com

o dicionário de Língua Portuguesa Houassis (2008, p.524-525), significa “exigência”.

Há uma necessidade do aluno obter informação para interagir com os outros colegas

de sua turma quando  Daniela menciona que “também não havia nada da minha 

turma, sendo que havíamos executado alguns trabalhos”.

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A instituição que esses sujeitos estão inseridos aqui é a escola. Nela, eles

precisam compreender o texto para realizar suas atividades de leitura e escrita em

sala de aula com sucesso, garantindo um bom rendimento escolar. A leitura como

menciona Moita Lopes (1996), é um instrumento de participação, de mudanças. Elaé situada como um ato comunicativo. Quando interagimos com o outro (leitor e

escritor), devemos lembrar da posição que o outro ocupa social, política, cultural e

historicamente na construção do seu significado. O sujeito em nossa perspectiva

(BAKHTIN, 2006), é constituído pelo social, pelas relações, deixa de ser visto como

um ser pronto e acabado. Pela sua constituição social é que consideramos um ser

de linguagem e é na interação e na enunciação que o sujeito é considerado um ser

em construção.

Em alguns desses dizeres ainda, noto que ao ler o blog  como um textoconcreto, ele não traz sentidos (intertextualidade) aos sujeitos. Quando os alunos

afirmam a falta de interesse pelo conteúdo que esta página virtual traz, eles apontam

para uma leitura fora do seu contexto ou para uma leitura que não venha atender às

expectativas de um público jovem, no caso, os sujeitos pesquisados aqui que

correspondem ao terceiro ano do Ensino Médio.

Já a interdiscursividade aqui só é possível quando há um diálogo entre os

sujeitos e com o texto. Nos dizeres desses sujeitos, o que se percebe é uma luta de

vozes que são homogeneizadas sinalizando para a falta de interesse em ler o blog ,

não havendo uma interação como diz William “não achei muita coisa do meu 

interesse e da minha turma” . As vozes homogeneizadas “são aquelas que buscam

impor uma certa centralização verboaxiológica por sobre o plurilingüismo real, são

chamadas de forças centrípetas.” (BAKHTIN apud FARACO, 2005, p.67).

Destarte, é preciso que a escola atualize o blog , pois os sujeitos acabam

perdendo o interesse em divulgar suas experiências escolares, bem como deixam de

interagir socialmente, pois esses alunos não conseguem se identificar com o

conteúdo veiculado nesta mídia.

Encaminhamo-nos para a subseção que traz os desenhos dos sujeitos.

5.5.2 Desenhos dos sujeitos

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Da mesma turma de trinta alunos do terceiro ano, dos 05 sujeitos que se

dispuseram a responder a pergunta já mencionada na seção de metodologia, 02

desenharam o que achavam sobre o blog . Os desenhos seguem, juntamente com

alguns trechos dos dizeres já vistos na subseção anterior para podermoscompreender os sentidos que tem a leitura em blog  para esses dois sujeitos.

Permancem ainda os nomes reais dos sujeitos, pois estes permitiram o seu uso.

Vejamos os desenhos e alguns trechos dos dizeres de Nicole, 18 anos e Daniela, 17

anos.

Ilustração 4: Desenho da aluna Nicole Lorenço, 18 anos, estudante do terceiro ano do EM.

Noto no desenho de Nicole a beleza, a “face” mais jovem que chame a 

atenção. Com novidades, dicas, realmente interagir os alunos com o blog e com a 

escola na verdade.” quando esta aluna se refere ao sentido de leitura em blog.Para

Nicole ler em blog é identificar-se, é encontrar conteúdos que estejam ligados a sua

realidade, ao seu contexto diário. Antes, porém é preciso lembrar que Nicole é

adolescente, já está concluindo o Ensino Médio e a poucos passos de ingressar em

um curso de nível superior.

Esse sujeito, leva-me a compreendê-lo por meio de uma materialidade

linguística (desenho e dizer por escrito) que a interação não acontece entre ela e os

demais alunos inseridos na escola em que estudam por meio do suporte blog , pois

eles não têm “novidades” como ela mesma menciona, pois ela não vê este suporte

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como agente ativo, ou seja, o blog não os ajuda a construir nenhum conhecimento,

por estar também desatualizado, conforme identifica Nicole. Bakhtin (2006), diz que

nos constituimos por meio da linguagem que é social, aqui, ela acontece ou não

acontece por meio do blog. Larrosa (2004, p.15) diz que “há que se dar as palavrasque recebemos”, pois é preciso trocar ideias, trocar nosso conhecimento com o

outro. Que tipo de troca está acontecendo com o blog enquanto recurso pedagógico

na voz e no desenhos desses alunos?

Nicole, por exemplo, sinaliza para um suporte que não vem a lhe acrescentar

nenhum conhecimento visto como ato de leitura, porém ela deixa pistas que quer

que ocorra uma mudança, tanto é que menciona em constuir um site , outro suporte

da Internet. Nicole necessita “dar a ler” (LARROSA, 2004), pois ela não tem

subsídios para este ato no blog . Ela não consegue encontrar novos conteúdos,novos textos no blog para poder socializar com outras pessoas, não vem ocorrendo

uma interação. Larrosa (2004, p.20) complementa o dizer de Nicole mencionando

que “somente aquele que não sabe ler pode dar a ler. Aquele que já sabe ler, aquele

que já sabe o que dizem as palavras, aquele que já sabe o que o texto significa...

esse dar o texto já lido de antemão e, portanto, não dá a ler.”

Deste modo, percebemos que o blog  é um suporte passivo que não vem

possiblitanto uma interação, uma luta de vozes indo de um concordar a um discordar

conforme traz Bakhtin (2006). Veremos a seguir o desenho e o dizer de Daniela.

Ilustração 5: Desenho da aluna Daniela Caresia, 17 anos, estudante do terceiro ano do EM.

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A aluna Daniela representa o blog  com uma face triste neste desenho que

vemos, reafirmando que “não gostei muito na verdade, mas acredito que ele pode 

ser bem melhorado e vir a causar mais interesse nos alunos.” Em outras palavras,

esse sujeito se aproxima do mesmo sentido que Nicole atribuiu ao blog , pois nãotem um conteúdo de interesse que eles possam interagir e expor seus trabalhos

também, pois não há textos voltados para este público mais jovem como já

mencionou anteriormente Nicole.

Larrosa (2004, p. 21) traz também que “dar a ler é dar a alteridade constitutiva

das palavras: o que nelas se nos oferece plenamente e sem reservas, e ao mesmo

tempo se nos retira escapando-se a qualquer captação apropriadora”. Bakhtin

(2006), também menciona alteridade como algo pelo qual eu posso me ver pelo

outro, através do outro, me constituindo deste modo como um ser social queinterage com os outros seres. Porém notamos que no desenho de Daniela, bem

como em seu dizer, que isso não vem ocorrendo, pois eles não recebem palavras

para se constituirem enquanto seres sociais. Não há compreensão de textos

também, pois que textos elas estão lendo no blog de sua escola?

Não quero afirmar aqui que não hajam textos para serem lidos neste suporte

digital, porém “a transmissão não é o comunicar-se não é algo inerte, mas o abrir-se

da possibilidade da invenção e da renovação.” (LARROSA, 2004, p.25). O que vem

ocorrendo com o blog e percebemos no desenho e dizer de Daniela é que há de se

atualizar o blog . É preciso que isto aconteça, pois os alunos acabam por não “dar a

ler”, como Larrosa (2004) já mencionou.

Assim, os professores, bem como a comunidade escolar precisa se envolver

mais neste processo de desenvolvimento cognitivo e passe a “dar a ler” e aqui me

atrevo a dizer também que é preciso “dar a escrever”, pois os sujeitos acabam

deixando de produzir e trocar conhecimentos. Blogs , mensageiros eletrônicos,

homepages , plataformas, todas são ferramentas que poderiam contribuir para uma

educação digitalmente inclusiva e atraente para o aluno, já que essas tecnologias já

são usadas, e muito, pelos discentes que não temem mudanças.

Encaminhamo-me para as considerações finais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao iniciar esta monografia justifiquei a investigação referente aos sentidos de

leitura em blog  para sujeitos do Ensino Médio de escola pública sob o olhar daTeoria da Enunciação.

Pretendi, desta maneira, no presente texto, discutir o que os sujeitos do

Ensino Médio pensam sobre leitura em blog  sob a perspectiva da Teoria da

Enunciação. Notei que há uma luta de vozes, como traz o dialogismo. Os sujeitos

entrevistados sinalizam para uma homogeneização, que Bakhtin (2006) apresenta

como forças centrípetas. Essas forças nos mostram sujeitos que naturalizaram suas

falas por meio da linguagem, vista aqui como social quando mencionam que o blog  

está desatualizado e, por isso, eles não têm interesse em lê-lo e divulgar tambémsuas experiências vividas neste contexto escolar.

Nos dizeres desses sujeitos, depreendemos que um dos sentidos atribuído

ao blog  é ler como meio de interação entre os jovens. Entretanto, isto não vem

ocorrendo, pois como mencionam os sujeitos, o blog  não está atualizado, deste

modo acabam por não se identificarem com ele. Como menciona Larrosa (2004),

neste contexto, as palavras não “dão a ler”, pois o blog  tornou-se uma ferramenta

passiva, na qual Nicole diz que o mesmo precisa ter “ novidades, dicas, realmente 

interagir os alunos com o blog”. Os blogs  foram popularizados, conforme Komesu (2004), pela facilidade de

sua criação e atualização, por meio de um software  de acesso (inicialmente)

gratuito). De acordo com o Módulo Gestão Integrada de Mídias (2007), os blogs são

exemplos de recursos interativos que permitem a publicação e troca de arquivos na

Internet. Tais recursos apresentam possibilidades de fácil edição e atualização, bem

como a participação de terceiros por meio de comentários ou colaborações. Esses

recursos começaram a ser utilizados inicialmente no formato de textos, depois

evoluíram para a publicação de fotos, desenhos e outras imagens.

Os blogs  são utilizados mais pelos alunos do que pelos professores,

principalmente, como espaço de divulgação pessoal, de mostrar a identidade, onde

se misturam narcisismo e exibicionismo (em diversos graus). Atualmente, há um uso

crescente dos blogs  por professores dos vários níveis de ensino, incluindo o

universitário. Os blogs  permitem a atualização constante da informação pelo

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professor e pelos alunos, favorecem a construção de projetos e pesquisas

individuais e em grupo (MÓDULO DE GESTÃO INTEGRADA DE MÍDIAS, 2007).

Entretanto nessa pesquisa, compreendemos que o uso do blog acontece, pois

de uma forma ou de outra os alunos já o visataram e por este motivo, puderamopinar sobre este suporte criado em sua escola. Percebemos esta leitura, pois os

sujeitos aqui pesquisados dizem que o blog precisa ser atualizado. A escola focada

carece também de ações que utilizem, de forma pedagógica, a Internet para o

aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. Atualizar o blog  na unidade

escolar desta pesquisa é o passo inicial para que ocorra uma interação por meio

deste recurso pedagógico. É preciso “dar a ler” conforme menciona Larrosa (2004)

para que o sujeito se constitua, apreenda uma teia de conhecimentos e valores com

o outro por meio da linguagem que é social (BAKHTIN, 2006).Destarte, neste estudo, em que o sentido de leitura no dizer do aluno do

terceiro ano do Ensino Médio se apresenta convidativo, capaz de apreender a teia

de valores que envolvem o vivido humano e nele, seus aspectos culturais, tenho

como propósito captar o significado da leitura pelos olhos dos alunos que fazem

parte deste contexto.

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