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".000" XIX NCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT CiDADANIA, CONFLITO e TRANSFORMAÇÕES URBANAS 9SGT0131 Gohn, Maria da Glória : Movimentos, ONGs e lutas sociais no Brasil dos anos 90 MOVIMENTOS, ONGS E LUTAS SOCIAIS NO BRASIL DOS ANOS 90. MARIA DA GLÓRIA GOHN-UNICAMP CAXAMBU 1995

Movimentos Sociais, ONGs e Lutas Sociais no Brasil dos anos 90

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Autor: Maria da Glória Gohn, artigo publicado no XIX Encontro Anual da ANPOCS. 1995

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XIX NCONTRO ANUAL DA ANPOCSGT CiDADANIA, CONFLITO e TRANSFORMAÇÕES URBANAS

9SGT0131

Gohn, Maria da Glória

: Movimentos, ONGs e lutas sociais no Brasil dos anos90

MOVIMENTOS, ONGS E LUTAS SOCIAIS NO BRASIL DOS ANOS 90.

MARIA DA GLÓRIA GOHN-UNICAMP

CAXAMBU1995

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Movimentos, ONGs e Lutas Sociais no Brasil dos anos 90

Maria da Glória Gobn-UNICAMPApoio CNPq

Resumo

Este trabalho objetiva realizar uma reflexão sobre a problemática das formas de participaçãosocial na sociedade brasileira, nos anos 90, destacando os temas dos movimentos sociais e das ONGs. Aanálise das manifestações concretas será feita pari-pasu a produção que os cientistas sociais fizeramdaqueles fenômenos. O texto contêm três partes. Na primeira busca-se fundamentar a categoriamovimento social no campo da teoria social, objetivando diferenciá-Ia do campo teórico-prático dasONGs. Trabalhamos com a literatura sócio-política que tratou da temática dos movimentos sociais compreocupações teóricas e explicitamos nosso conceito a respeito. A segunda parte faz um balanço nocenário das manifestações concretas dos movimentos sociais na realidade brasileira, nos anos 90,discutindo as principais transformações nas relações sociedade civil e o Estado e a questão da crise dosmovimentos populares. A terceira e última parte trata das ONGs nos anos 90 no cenário de redefinição

da relação público-privado.

Primeira Parte-Sobre o Conceito de Movimentos Sociais: A trajetória de um Campo de Estudo

1.1- O Lugar do Conceito Movimento Social na Bibliografia Geral das Ciências sociais

Do ponto de vista teórico, a análise da bibliografia geral nas ciências sociais usualmenteincluí os movimentos sociais como uma sessão dos estudos sócio-políticos e tem como denominador

comum analisá-los dentro da problemática da Ação Coletiva. Alguns chegam a incluí-los numa Teoria daAção Social (Smelser, 1963), (Tilly-1978), (Touraine, 1973, 1978). Na realidade, a temática dosmovimentos surge como objeto de estudo junto com o nascimento da própria Sociologia. Ela era vista nouniverso dos processos de interação social dentro da "Teoria do Conflito e Mudança Social", como nosdemostrou os estudos de T. Bottomore( 1976). As doutrinas do interacionismo simbólico norte-

americano, nas décadas de 1920/30/40 e 50 desse século, viram os movimentos como problemas sociais,um fator de disrupção da ordem. Elas se preocupavam em entender o comportamento dos grupos sociais.A idéia de "progresso" estava no centro das atenções de Park(1922) e de Blumer(1931).

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Em relação a produção de estudos específicos sobre os movimentos sociais - tema quecertamente ocuparia todo um livro para sua análise - observa-se que grande parte da produção concentra-se no estudo do movimento operário, particularmente nas lutas sindicais. Os primeiros estudos quetomaram como objeto central os movimentos sociais-assim nomeados ou estruturados por açõescoletivas similares aos movimentos sociais da atualidade-referiam-se a disturbios populares(riots). Algunsforam analisados de forma bastante conservadora, como Le Bon (1895) ou Ortega y Gasset(l926) Osmesmos fenomenos foram analizados cerca de sessenta anos depois de forma totalmente diferente porHobsbawm, Rudé, Thompson etc.

Portanto, a temática dos movimentos sociais é uma área clássica de estudo da Sociologia e daCiência Política e não apenas um momento da produção sociologica, como pensam alguns, reduzindo asmanifestações empíricas, com seus fluxos e refluxos, e a produção acadêmica destes ciclos, com a própriaexistência concreta do fenômeno. Entretanto, o conceito tem sofrido, historicamente, uma série dealterações. Nos anos 50 e parte dos 60, os manuais de ciências sociais, e parte dos estudos específicos,abordavam os movimentos no contexto das mudanças sociais, sendo usualmente vistos como fontes deconflitos e tensões, fomentadores de revoluções, revoltas e atos considerados anômalos no contexto doscomportamentos coletivos vigentes. Usualmente classificavam-se os movimentos em religiosos/seculares,reformistas/revolucionários, violentos/pacificos.Movimentos sociais e revoluções eram termos sinônimose sempre que se falava em movimento a categoria "trabalhador" era destacada. Heberle (1955) realiza umdos primeiros estudos específicos sobre o tema e amplia o leque dos tipos de ações coletivas a serem

denominadas como movimentos. Ele chama a atenção para os movimentos dos camponeses, dos negros,dos socialistas e dos nazi-fascistas. Ele separava os movimentos em sociais e políticos, segundo seusobjetivos. Tumer(l957) realiza um estudo que veio a se tomar um clássico nas ciências sociais sobre o"Comportamento Coletivo" onde dedica uma sessão com 208 páginas ao estudo dos movimentos sociais.

Nas abordagens fundadas no paradigma marxista, até os anos 50, o conceito de movimento social

sempre esteve associado ao de luta de classes e subordinado ao próprio conceito de classe, que tinhacentralidade em toda análise .Cumpre destacar também que o conceito era utilizado em acepções amplas,envolvendo periodos históricos grandes. Assim, denominavam-se movimentos sociais as guerras, osmovimentos nacionalistas, as ideologias radicais: nazismo, fascismo etc; assim como as ideologiaslibertárias e religiosas (Bertrand Russel, 1960).Os estudos críticos, associados à perspectiva marxista,

msenarn sempre o conceito dos movimentos SOCIaIS na questão reforma ou revolução(Hobsbawm, 1970). Como decorrencia os movimentos eram analisados como reformista, reacionários ourevolucionários. O paradigma teórico mais amplo era o dos processos de mudança e de transformaçãosocial. Havia a crença, fundada em análises objetivas da realidade social, quanto a existência de umsujeito principal daqueles processos, dado pela classe trabalhadora. Consequentemente, a maioria dosestudos empiricos teve como objeto o movimento operário ou camponês, os sindicatos e os partidospolíticos. Como as categorias da organização da classe e o processo de formação da consciência social,

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eram centrais no modelo de projeto de sociedade que se desenhava e aspirava-se como ideal, não havia

muita preocupação quanto a diferenciação entre movimento social ou político, ou quanto a movimentoou organização. Essas últimas eram suportes dos movimentos e, de certa forma, um movimento atingiaseus objetivos quando se transformava numa organização institucionalizada.

O surgimentos de novas modalidades de movimentos sociais como dos direitos civis nos EstadosUnidos ainda nos anos 50; dos estudantes em vários países europeus nos anos 60; das mulheres, pela pazetc contribuíu para o surgimento de novos olhares sobre a problemática. No paradigma acionalista,passou-se a destacar o lado positivo dos movimentos, como construtores de inovações culturais efomentadores de mudanças sociais. Amplia-se o número de estudos específicos sobre movimentos, compreocupações teóricas, destacando-se os trabalhos de Willinson (1971), Banks (1972), e Wilson (1972),Oberschall(1973) e Mayer e MacCarthy(1979). Todos esses trabalhos foram desenvolvidos nos Estados

Unidos e na Inglaterra sob o enfoque das teorias sobre os comportamentos ou ações coletivas, tendoWeber e Parsons como fundamentação teórica. As teorias da ação social coletiva de Parsons tiveram, na

sociologia norte-americana, vários desdobramentos no campo da análise dos movimentos sociaisconcretos. As mobilizações coletivas foram analisadas segundo uma ótica econômica, (Olson.,1971), onde

os fatores tidos como objetivos são a organização, os interesses, os recursos, as oportunidades, e asestratégias; ou sob uma ótica sócio-psicológica, a partir das análies estrutural-funcionalistas

(Smelser, 1963)Na Europa, a onda dos chamados novos movimentos sociais, a partir dos anos 70, foi a responsável pelo

surgimento de abordagens que elegeram os movimentos sociais como tema central de suas investigações.Destacaram-se os trabalhos de CasteUs, Borja, Touraine, Melucci e Offe.Com enfoques metodológicosdistintos, os últimos criticaram as abordagens ortodoxas, macro-estruturais, dos primeiros, que se

detinham excessivamente na análise das classes sociais como categorias econômicas; assim comocriticaram os estudos que se preocupavam apenas com as ações da classe operária e dos sindicatos,deixando de lado as ações coletivas de outros atores sociais relevantes .. A França, a Itália e a Espanha

passaram a ser os países produtores de estudos de ponta sobre os movimentos sociais. Touraine, que játrabalhava com o tema desde os anos 50, enfocando a classe operária, passou a estudar os estudantes, osmovimentos das mulheres, anti-nucleares, os movimentos terroristas, os grupos de solidariedade etc Apartir de seu trabalho "Sociologie da Ia Action"(1965) Touraine teoriza sobre os movimentos sociais

sendo um dos autores com maior volume de produção a respeito. Entre 1977 a 1995 ele constroí umalonga lista de trabalhos sobre o tema. Na Espanha, 1. Borja (1972) e M.CasteUs (1973) elaboram tambémestudos específicos fundamentados na análise marxista.Charles Tilly (1978), nos Estados Unidos produz

um estudo sobre a ação coletiva onde busca entender os movimentos sociais segundo os três autoresclássicos das ciências sociais: Marx, Weber e Durkheim; Piven e Cloward (1977) publicam um estudo

que influenciou vários analistas do mundo todo sobre os movimentos sociais: Poor People's Movement's

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No final dos anos 70 e durante toda a década dos anos 80 surge uma nova fonte de estudos sobreos movimentos sociais: a dos chamados países do Terceiro Mundo. Apresentando em cena novos atores (Sader,1988), novas problemáticas e novos cenários sócio-políticos, mulheres, crianças, índios, negros e

pobres em geral se articulam com cléricos, intelectuais e políticos da esquerda gerando ações coletivasque foram interpretadas como a nova "Força da Periferia" (Gohn, 1985), realizando "Uma Revolução no

Cotidiano (Scherer-Warren,Krischke; 1987).Apesar de alguns esforços quanto ao tratamento conceitual(Carnacho, 1987), a maioria dos estudos foram históricos descritivos e pouco interpretativos.Paralelamente, na Europa surgem novas ondas de movimentos sociais sobre a ecologia, o meio ambiente,anti-nucleares etc, dando origem ao que Offe denominou como um novo paradigma da açãosocial( 1987).

Chegamos portanto aos anos 80 com um panorama mundial das formas de manifestações dosmovimentos sociais bastante alterado. Progressivamente as lutas armadas na Ásia, América Latina eÁfrica e o próprio movimento operário, todos fortemente estruturados segundo a problemática dosantagonismos entre as classes sociais, deram lugar a outras problemáticas sociais, enquanto eixoscentralizadores das lutas sociais. Passou-se pelas revoltas dos negros nos Estados Unidos e o movimentopelo direitos civis; pelas rebeliões estudantis nos anos 60, juntamente com a emergência de uma série demovimentos étnicos; pela estruturação dos movimentos feministas conjuntamente com a construção da

problemática do gênero; pelas revoltas contra as guerras e armas nucleares; assim como a constituição domovimento dos "pobladores"ou moradores, ou simples cidadãos, na cena política da América Latina eEspanha. O movimento ecológico surge e cresce sobretudo na Europa, principalmente na Alemanha.

Tudo isso levou a a construção do paradigma dos novos movimentos sociais.( Scott, 1985) Mas muitoantes da elaboração sistemática desse paradigma, que surgiu no rastro da revisão das teorias marxistas, osmovimentos sociais tinham ganho estatuto teórico de eixo temático na análise da realidade social. Algunsmanuais da Sociologia norte-americana passaram a incluir os movimentos como um item específico deestudo no rol dos comportamentos coletivos, (P. Horton, C. Hunt, 1964). Em 1978, T. Bottomore e R.Nisbet organizam uma "História da Análise Sociológica"(1980) com capítulos específicos sobre a Teoriada Ação Social, destacando os movimentos como atores importantes. Mas será nos anos 80 que abibliografia geral sócio-política incorporará a temática dos movimentos sociais com destaque relevante ..N. Bobbio, N. Matteucci e G Pasquino (1986) criaram um espaço no "Dicionário de Política" para overbete movimentos sociais. Sherrnan e Wood (1987) em original manual sobre as perspectivastradicionais e radicais da Sociologia, dedicam uma sessão inteira aos movimentos sociais, analisadosjuntamente com as instituições políticas da sociedade. R. Stebbins( 1987), em outro manual da Sociologia

centrado na sociedade contemporànea, também dedica um capítulo ao estudo dos movimentos sociaisenquanto forma de comportamento coletivo diferenciando-as manifestações de massa, da multidão, dos

protestos etc. Ainda ao nível dos manuais, a produção se completa com o livro de Anthony Giddens"Sociology" (1989) com um capítulo de quase 50 páginas sobre "A Revolução e os Movimentos

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Sociais". Outra fonte de referência que nos atesta a importância dos movimentos sociais como objeto de

preocupação teórica são as Enciclopédias de Ciências Sociais. O volume 14 da "International

Encyclopedia of the Social Sciences", já nos anos 70 apresentava um longo parágrafo sobre osmovimentos sociais escrito por Herbele e Gusfield (1972). O Dicionário da Black:well dos anos90, "Twentieth-Century Social Thought", editado por Tom Bottomore e William Outhwaite (1993),dedica também espaço aos movimentos sociais, especialmente aos novos movimentos sociais.

Nos anos 90 altera-se todo o quadro sobre os movimentos. Tanto do ponto de vista dasmanifestações concretas da realidade como da produção teórica. Esta última passa a deslocar suaatenção para outro fenômeno social que esteve meio oculto durante a fase de apogeu dos movimentossociais no Terceiro Mundo, em especial na América Latina. São as ONGs: as Organizações Não-Governamentais. Alguns autores passam a tratar os dois fenômenos como sinônimos; outros, adesqualificar os movimentos, como coisa do passado. Outros ainda, de forma criativa e inovadora,retomam os estudos sobre os movimentos sociais de forma totalmente inovadora, enquanto fenômenosde uma nova sociedade civil (Cohen e Arato, 1992) e J.Hall (1995), retomando premissas de

Habermas(1976; 1985) construí das portanto já nos anos 70 e desenvolvidas posteriormente dentro daTeoria da Ação Comunicativa.Apesar de encontrarmos ainda títulos específicos sobre os movimentossociais, como Eyerman e Jamaison (1991), Eckstein (1989); os temas se deslocam para os "protestossociais" (Jenkins e Klandermans,1995) ( Adrian, Charles; Apter, David.1995) e (Fillieulle, 1993);

"grupos políticos e políticas públicas" ( Pross,1992); "grupos de pressão"( Richardison., 1993) ( Offerlé,1994). Formulam-se teorias sobre a questão dos "direitos sociais"( Ingram, 1994). A categoria da"Ação Social"volta a a ter centralidade nos estudos, gerando simpósios internacionais( vide Anais: LesFormes de L'Action. Paris.École des Hautes Etudes en Sciences Sociales. vol 1 e 2. 1993); assim comoredefinindo o nome de grupos de estudo e pesquisa, como o da ANPOCS-Associação Nacional de

Pesquisa e Pós graduação em Ciências Sociais ..Estaríamos em nova era de relações entre a sociedade e o Estado? Qual o lugar e o papel

dos movimentos nesta nova ordem sócio-política? Vivemos a era da institucionalização onde os atorespor excelência seriam as ONGs.? Qual o conceito de movimento social que está presente nestasinterpretações? Para respondermos a estas indagações vamos iniciar tentando clarificar qual a

interpretação teórica que temos sobre os movimentos sociais.

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1.2-0 desenho de um objeto de estudo.

Apesar do número razoável de estudos específicos sobre a problemática dos movimentos sociais,não podemos afirmar que existam teorias bastante elaboradas a seu respeito. Parte dessa lacuna é dadapela multiplicidade de interpretações e enfoques sobre o que são movimentos sociais.

As diferentes interpretações sobre o que é um movimento social na atualidade decorre de trêsfatores principais: primeiro- mudanças nas ações coletivas da sociedade civil, no que se refere a seuconteúdo, práticas, formas de organização e bases sociais; segundo- mudanças nos paradigrnas de análise

dos pesquisadores; terceiro- mudanças na estrutura econômica e nas políticas estatais. Resulta dessasalterações que um conjunto díspare de fenômenos sociais têm sido denominado como movimentossociais. Na tentativa de clarificar a questão criaram-se novas taxonomias ou tipologias empíricas semfundamentação teórica. A ausência ou inconsistência de quadros teórico-metodológicos é mais ou menosconsensual. Melucci afirma a este respeito: "Os movimentos sociais são dificeis de definir conceitualmentee há várias abordagens que são dificeis de comparar" (Melucci, 1989: 54). Este autor também concluíque há mais definições empíricas do que conceitos analíticos. Em relação aos fenômenos sociais que sãoarrolados como movimentos sociais o leque também é grande. Cardoso (1983), Mainwaring (1987), e

Alvarez (1992) entre outros, já destacaram a heterogeneidade de formas de mobilização e de organizaçãoque tem sido denominadas como movimentos sociais. Existe também a dificuldade de enquadramento das

ações coletivas contemporâneas nas categorias teóricas disponíveis, problema já apontado porBarreiro{ 1992) ao recuperar as análises de Lefevre( 1973) que apontou uma falsa dicoto mia entre ovivido sem conceito e o conceito sem vida.

Nosso objetivo inicial é estabelecer alguns parametros mínimos para uma demarcação teórica, apartir da reflexão fundamentada em categorias que espelhem as manifestações concretas do fenômeno.Para tal, um ponto de partida consiste em estabelecer algumas diferenças. Uma primeira é entre

movimento e grupo de interesses. Na grande imprensa cotidiana observamos o uso da expressãomovimento para designar a ação de grupos em função de seus interesses. Assim lemos :."iniciou-se naCâmara um movimento para aprovar .... " Este uso do termo é irregular pois na realidade deveria ser

"niciou-se um lobbie''.Interesses comuns de um grupo é um componente de um movimento mas não suficiente para caracterizá-10 como tal. Primeiro porque a ação de um grupo de pessoas tem que ser qualificada por uma série deparâmetros para ser um movimento social. Este grupo tem que formar um coletivo social e para talnecessita ter uma identidade em comum. Ser negro, ser mulher, defender as baleias, ou não ter teto paramorar, são adjetivos que qualificam um grupo dando-lhe objetivos comuns para a ação. Eles tem umarealidade em comum, anterior à aglutinação de seus interesses. As inovações culturais, econômicas ou

outro tipo de ação que vierem a gerar, partem do substrato em comum que possuem.

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Uma segunda diferença deve ser feita quanto ao uso ampliado da expressão. Designa-se comomovimento a ação histórica de grupos sociais, tais como: o movimento da classe trabalhadora. Aquitrata-se de uma categoria da dialética, a de movimento, em oposição à estática. É a ação da classe em

movimento e não um movimento específico da classe. Esta diferença possibilita demarcar dois sentidospara o termo movimento: um ampliado e geral, e outro restrito e específico.

Uma terceira diferenciação deve ser feita entre modos de ação coletiva e movimento socialpropriamente. Um protesto ( pacífico ou não), uma rebelião, uma invasão,uma luta armada, são modosde estruturação de ações coletivas, poderão ser estratégias de ação de um movimento social mas,sozinhos, não são movimentos sociais. Tarrow (1983) procurou fundamentar esta mesma diferenciação,distinguindo entre organizações de protesto-como forma de organização social- e eventos de protesto-como forma de ação dos movimentos propriamente ditos. Entretanto, ele considera movimentos comoformas de opinião de massa., seguindo uma conceituação que se tornou clássica, formulada por Tilly(1978) que afirma: um movimento social é um fenômeno de opinião de massa lesada, mobilizada emcontato com as autoridades. Para Tilly os movimentos seriam a contraparte não institucionalizada dos

partidos políticos, dos sindicatos, associações etc., tendo surgido no século XIX como urna ampliação dopróprio campo campo da política. Eles também lutariam pelo poder e pela institucionalidade de seusinteresses, mas de urna forma desordenada, utilizando-se de procedimentos não convencionais como aspasseatas, protestos, atos de violência etc. Trata-se de uma análise onde há um um modelo, um padrãoideal de comportamento. Quando transgredido, terá ocorrido uma disrupção no padrão da normalidade,rompendo-se as fronteiras do legal. Resulta que a ação social contida no protesto é apreendida apenas emsua dimensão política, enfocando-se apenas o confronto com o instituído-legal, ou com as autoridades,como observa Melucci( 1989).

Uma quarta diferenciação, e talvez a mais importante para o campo teórico que estamos tentando

construir, refere-se a esfera onde ocorre a ação coletiva. Trata-se de um espaço não institucionalizado.Não institucionalizado na esfera pública e nem privada. Usando uma formulação de Giddens (1993) arespeito, trata-se de uma ação coletiva fora da esfera estabelecida pelas instituições. Disto resulta quemuitas vezes um movimento social strictu sensu deixa de ser movimento quando se institucionaliza,

quando se torna uma ONG por exemplo, embora possa continuar sendo parte de um movimento maisamplo, enquanto uma organização de apoio daquele movimento. Uma associação de moradores, seinstitucionalizada, é uma organização social. Mas ela faz parte de um movimento social mais amplo que éo movimento comunitário de bairros. Entretanto, temos que tomar cuidado com as generalizaçõesempíricas, denominando de movimento tudo que estiver na esfera não institucional.A abordagem da"mobilização de recursos", centrada na idéia do cálculo racional e instrumental dos interesses dos

grupos em ação, comete este equívoco ao chamar toda forma de ação política não-institucional comomovimento social, conforme já nos alertou Melucci (1989) ..

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Do exposto até o momento podemos tirar uma primeira dedução, a saber: movimento socialrefere-se à ação dos homens na história. Esta ação envolve um fazer-por meio de um conjunto deprocedimentos- e um pensar-por meio de um conjunto de idéias que motiva ou dá fundamento à açãoTrata-se de uma práxis portanto. Podemos ter duas acepções básicas de movimento: uma ampla, queindependente do paracligma teórico adotado, sempre se refere às lutas sociais dos homens, quer para adefesa de interesses de coletivos amplos ou grupos rninoritários; conservação de privilégios; obtenção ouextensão de beneficios e bens coletivos etc. A outra acepção se refere a movimentos sociais específicos,concretos, datados no tempo, e localizados num espaço determinado. Na primeira acepção, a categoriabásica é a da luta social e ela têm um caráter cíclico. Os movimentos são como as ondas e as marés, vão e

voltam e isto ocorre não por causas naturais-porque se assim o fosse estaríamos fazendo uma análiseetapista-evolucionista do fenômeno.O fluxo e o refluxo também não se refere a relações de causalidademecânica, num circulo causa-efeito. Os movimentos vão e voltam segundo a dinâmica do conflito social,

da luta social, da busca do novo ou reposição/conservação do velho. Estes fatores conferem às ações dosmovimentos caráter reativo, ativo ou passivo. Outro alerta necessário sobre a concepção ampliada demovimento social é que nem tudo que muda na sociedade é sinônimo ou resultado da ação de ummovimento social. Movimentos sociais são uma das formas possíveis da mudança e da transformaçãosocial.

Na segunda acepção a categoria fundamental é a de força social-traduzida numa demanda oureivindicação concreta, ou numa idéia chave que, formulada por um, ou alguns, e apropriada por um

grupo, se torna um eixo norteador e estruturador da luta social de um grupo- qualquer que seja seutamanho-que se põe em movimento ..

As colocações acima trazem à luz outros elementos essenciais para a construção de um paradigrnaexplicativo das ações coletivas, no intuito de fundamentar o conceito de movimento social para além dasevidências empíricas. O primeiro elemento é a categoria luta social. Ela é uma noção chave, mais

abrangente. Observe-se que me refiro a luta social e não a luta de classe . As classes se formam na luta,diz Thompson (1978) "as classes sociais não antecedem mas surgem na luta" "surgem porque homense mulheres, em relações produtivas determinadas, identificam seus interesses antagônicos e passam alutar, a pensar e a valorar etn termos de classe: assim o processo de formação de classe é um processo deautoconfecção, embora sob certas condições que são "dadas"(Thompson, 1981: 121).Portanto a lutasocial é um conceito mais abrangente e as classes sociais são uma das formas, e não a única, de agruparas ações dos homens na História. Ela se refere as suas ações enquanto agentes produtores e reprodutoressócio-econômicos. Mas ela não dá conta de explicar todas as dimensões e fenômenos da vida social. Por

isto desenvolveu-se a categoria dos atores sociais. Esta não se contrapõe a classe social porque o "ator"é uma noção utilizada como categoria de análise enquanto aquela, "classe", é um conceito. Recorremosnovamente a Thompson, que se fundamentando em Satre, busca distinguir uma noção de um conceito eafirma que "O conceito é atemporal. Pode-se estudar como os conceitos são criados, um após outro,

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dentro de determinadas categorias ....Quando se introduz a temporalidade, percebe-se que dentro de umdesenvolvimento temporal o próprio conceito se modifica. A noção, pelo contrário, pode ser definida

como um esforço sintético para produzir uma idéia que se desenvolve pela contradição e sua sucessiva

superação, e portanto é homogênea ao desenvolvimento das coisas" (Thompson, 1981: 124). Todo atorpertence a uma classes social. Mas os atores muitas vezes se envolvem em frentes de luta que não dizemrespeito, prioritariamente, a problemáticas da classe social, como as questões de genero, étnicas,ecológicas etc. Ou seja, uma grande parte dos eixos temáticos básicos dos movimentos sociaiscontemporaneos não dizem respeito a conflito de classe mas a conflitos entre atores da sociedade.

Destaca-se ainda que a apreensão da maioria dos fenômenos sociais envolvidos nos chamados"novos"movimentos sociais, abrangem dimensões subjetivas da ação social , relativas ao sistema devalores dos grupos sociais, não compreensíveis para analise à luz apenas das explicações macro-objetivas,como usualmente é tratada a questão das carências econômicas. Tratam-se de carências de outra ordem,morais, ou radicais nos dizeres de Heller( 1981). E a amálgama das ações que ocorrem nesse plano é deordem subjetiva, expressa pelo sentimento e ações da solidariedade. B. Moore Jr (1987),Castoriadis e

Benedict( 1983) e Thompson (1981) contribuíram para a fundamentação da categoria dos movimentos aochamarem à atenção para essa dimensão subjetiva, construída ao longo de um processo histórico de luta,onde a experiência grupal de compartilhamento de valores socialmente comuns é um fator fundamental

Em resumo, a centralidade da categoria luta social junto aos homens em geral, nos explica aexistência de movimentos sociais em vários segmentos da sociedade. Eles estão em luta na defesa de seusinteresses, buscando conquistas ou resistindo às mudanças que solapam conquistas anteriores. Sempreatuam em em áreas de conflitos. Historicamente sempre foram os setores subordinados os que mais têmproduzido lutas sociais; mas encontramos também lutas e movimentos entre os setores dominantes, essestambém em busca de construção de sua historicidade. Muitas dessas lutas se desenvolveram entresegmentos das próprias elites Não denominamos essas ações de contra ou antimovimentos por que essasnoções referem-se às ações coletivas que buscam retroceder conquistas obtidas através de lutas sociais;ou impor o ponto de vista de uma minoria para um conjunto mais amplo, recorrendo à força e à coerção.

O segundo elemento extraído das colocações acima é o de força social. Castells nos anos 70 jános alertava que não bastam as carências para haver um movimento. Elas têm que se traduzir em,demandas, que por sua vez poderão se transformar em reivindicações, através de uma ação coletiva. Oconjunto deste processo é parte constitutiva da formação de um movimento social. O que une as

carências até a sua formulação em reivindicações são ações concretas dos homens, ações estas que sóprojetam aqueles homens em algum tipo de cenário após fundirem: a legitimidade e justeza das

demandas; o poder político da base social demandatária junto ao núcleo alvo de suas reivindicações e àmidia; o lugar das demandas na conjuntura política-econômica do momento; e a cultura política dogrupo reivindicante em termos da trajetória que tenham construído ao longo da história. O conjunto

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destes fatores: carências, legitimidade da demanda, poder político das bases, cenário conjuntural e culturapolítica do grupo dará a força social de um movimento, gerando o campo de forças do movimento social.

Dessas considerações extraímos outras reflexões importantes sobre os movimentos sociaisrelacionadas à problemática do conflito social. Concordamos com Touraine quando afirma que osmovimentos sociais não se reduzem à defesa coletiva de interesses pois " a mobilizaçào dos atores só éforte quando se dirige aos seus valores, à sua solidariedade, às suas representações, ao mesmo tempo quehá interesses frequentemente dificeis ou impossíveis de serem definidos em si mesmos" (Touraine,

1989:107).1sto posto, observamos que as condições para um movimento ter maior ou menor força socialdepende do lugar do conflito social em questão, no cenário da luta social mais geral.

Assumindo o risco cometermos equívocos, formulamos uma conceituação: Movimentos sociaissão ações sócio-políticas construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadassociais, articuladas segundo uma identidade de interesses comuns, amalgamada pela força doprincípio da solidariedade. Esta solidariedade é construída a partir de uma base culturalreferencial de valores compartilhados pelo grupo, em espaços coletivos não institucionalizados,tendo como suporte entidades e organizações da sociedade civil, com agendas de atuaçãoconstruídas ao redor de demandas sócio-econômicas ou político-culturais que abrangem certasproblemáticas conflitivas na sociedade.

Esta implícita em nossa (longa) conceituação que: os movimentos sociais sempre tem um caráterpolítico (não confundir com partidário, quando isto ocorre trata-se de um atrelamento da formamovimento à forma partido); eles são um coletivo de atores sociais por aglutinarem bases demandatárias,assessores e lideranças, além de terem estreitas relações com uma série de outras entidades socio-

políticas como partidos, igrejas, sindicatos, universidade etc., com interesses comuns dados pelaidentificação da carência (material ou moral) e/ou desejo de mudaça de uma dada realidade social; oprincípio da solidariedade é o núcleo articulatório central entre os diferentes atores envolvidos; a base

referencial comum envolve valores construídos na trajetória do grupo ou advindos dos usos e tradições ecompartilhados pelo conjunto; os espaços coletivos não institucionalizados situam-se na esfera públicanão governamental, ou não estatal, possibilitando aos movimentos dar visibilidade às suas ações. Mas osmovimentos não são simples idéias ou entes fantasmas. Eles têm uma concretude e para viabilizar,operacionalizar suas pautas e agendas de ação, eles se apoiam em instituições e em organizações dasociedade civil. Mutas vezes a proximidade desta interação é tamanha, ou o conflito que penneava suasações se regulamentou de tal forma, que ele deixa de ser movimento e se transforma numa organização.

Em relação aos tipos de movimentos sociais podemos ter movimentos de diferentes classese camadas sociais, o tipo de ação social envolvida é que será o indicador do caráter do movimento.David Aberle (1966) nos fala em movimentos transformadores, reformistas, redendores e alternativos.

Giddens assume esta tipologia, que na realidade foi criada por. Smelser (1963) , e analisa as condiçõessociais que geram as ações coletivas, tipificando-as posteriormente. Ele aglutina os movimentos entre as

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ações que são geradas por tensões estruturais (movimentos dos negros), crenças generalizadas(movimentos dos direitos civis), disturbios e violências( movimentos de rua, quebra-quebra etc) emovimentos que são deflagrados por situações de controle social (movimento contra as reformas daConstituição brasileira, exemplificamos nós). Os movimentos são vistos por Giddens, e por Smelser-onde se baseia- como respostas a estímulos externos. Touraine (1989), sem se preocupar com a criaçãode uma tipologia, apresenta um leque maior de registros históricos de movimentos sociais (na AméricaLatina), subdividindo-os em messiânicos, camponeses, de defesa comunitária, de defesa da identidade,lutas urbanas, novos movimentos sociais, movimentos históricos etc.

Segunda Parte-Movimentos Sociais na Realidade Contemporânea Brasileira.

2.I-As Primeiras Abordagens nos Anos 70/80 no Brasil.

No início dos anos 80, no Brasil, quando se falava sobre novos movimentos SOCUllS, emencontros, seminários e colóquios acadêmicos, tinha-se bem claro de que fenômeno estava-se tratando.Era sobre os movimentos sociais populares urbanos, particularmente aqueles que se vinculavam à práticasda ala da Igreja Católica, articulada à Teologia da Libertação. A denominação buscava contrapor os

novos movimentos sociais aos ditos já velhos, expressos no modelo clássico das Sociedades Amigos deBairros ou Associações de Moradores. O que estava no cerne da diferenciação eram práticas sociais e umestilo de organizar a comunidade local, de uma maneira totalmente distinta.Vários trabalhos apresentadosna ANPOCS entre 1977 e 1982, no Grupo de Trabalho sobre Movimentos Sociais Urbanos; assim comoo trabalho de Paul Singer no texto "O Povo em Movimento"(198 1), corroboram nossas afirmações.Havia

também um grande entusismo por parte dos pesquisadores da temática na época, com o caráter inovadordaquelas ações de forma que este entusiasmo confundiu por vezes a questão do novo com a da novidadeque os movimentos traziam à tona. Isto fez com que alguns pesquisadores exaltassem os novas práticasem termos de ações pioneiras,como se nunca dantes houvessem ocorrido. A categoria teórica básicaenfatizada era a da autonomia. Na realidade tratava-se mais de uma estratégia política embutida no olharsobre os movimentos populares pois reivindicava-se um distanciamento em relaçào ao Estado autoritário.Os fundamentos sobre a questão da autonomia eram difusos. Matrizes so socialismo libertário do séculopassado, assim como do anarquismo estavam embutidas numa leitura que, no geral, fazia uma análisemarxista da realidade. Embora o resultado da análise tenha cometido equívos, dados pelas própriascontradições que trazia em seu interior; no plano da ação concreta., as análises contribuíram parasubsidiar um projeto de mudança social onde os movimentos sociais populares urbanos tinham papel de

destaque.As mudanças na conjuntura política no início dos anos 80 vieram a alterar o cenário. o campo

popular começa-se a indagar, e a questionar, o caráter novo dos movimentos populares. o campo das

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práticas não exclusivamente populares, começa a haver interesse, por parte dos pesquisadores, por outrostipos de movimentos sociais, tais como o das mulheres, os ecológicos, dos negros, índíos etc. Erammovimentos que haviam ganho expressão naquele periodo, embora eles tenham igualmente ressurgido no

Brasil ao final dos anos 70 e, em alguns casos, estivessem estado até articulados, como a luta popular porcreches e algumas alas do movimento feminista.

A emergência desses novos estudos, os quais estou sumarízando neste momento apenas em suascaracteristicas gerais, sem me deter na produção específica dos autores( que constituí um gruposignificativo na Sociologia brasileira nos anos 80), demarcou duas novidades, a saber. Uma novaconcepção para o novo e uma divisão paradigmática. Quanto a primeira, o novo passou a ser referência amovimentos que demandavam não apenas bens e serviços necessários para a sobrevivência cotidiana-

caracteristica básica das ações dos movimentos populares, que inscreviam suas demandas mais no campodos direitos sociais tradicionais: direito à vida através da comida, do abrigo, e outras condições básicaspara a sobrevivência elementar do ser humano. O novo nos movimentos ecológicos, das mulheres etc. sereferia a uma outra ordem de demanda, relativa aos direitos sociais modernos, que apelam para aigualdade e à liberdade, em termos das relações de raça, genero e sexo.

A divisão paradigmática ocorreu ao nível das interpretações das ações, nas análises. Embora tenhaocorrido algumas exceções, a grosso modo podemos dizer que o que predominou foram as análises decunho marxista para os movimentos populares, influenciadas pela corrente franco-espanhola de

Castells(1973), Botja( 1972), Lojkine(1978), Preteceille(1979), Godard(1978), etc. Ou as análisesacionalistas de Touraine (1978), em menor grau, também para os movimentos populares .. Para o novo"novos movimentos", as influências mais marcantes foram as de Foucault (1979), Guattarí (1985) ou

Castoriadis, Cohn-Benedict(1981 ), Melucci (1987) etc. Retomaremos posteriormente esta questão aoanalisarmos as diferenças entre os movimentos na Europa e no Brasil, e as consequências da utilizaçãodaqueles paradigmas. Isto porque o novo movimento europeu advinha basicamente de camadas sociaisque não se encontravam em condições de miserabilidade, e se organizavam em tomo das problemáticas

das mulheres, dos estudantes, pela paz, pela qualidade de vida, etc.,e se contrapunham ao movimentosocial clássico, dos operários. Eles se inseriam numa esfera de novos conflitos sociais, conforme

denominação de Melucci (1989), criando um novo paradigma da ação social, nos dizeres de Offe( 1989).Ainda nos primeiros anos da década de 80, no plano da realidade brasileira, novos tipos de

movimentos foram criados, frutos da conjuntura políca-econômica da época. Foram movimentos que sediferenciavam tanto aos movimentos sociais clássicos- do qual o movimento operário é sempre tido comoexemplar- como diferiam também dos "novos" movimentos sociais surgidos nos anos 70, populares e nãopopulares. Foram os movimentos dos Desempregados e das Diretas Já. Eram movimentos que sedefiniam no campo da ausência do trabalho, e na luta pela mudança do regime políticobrasileiro. Questões complexas que surgirão ao final dos anos 80, relativas ao plano da moral, da ética napolítica, etc., estiveram presentes embrionaríamente naqueles movimentos.

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2.2-0s Anos 80: A Era da Participação

No decorrer dos anos 80 os movimentos sociais no Brasil passaram, no plano da atuaçãoconcreta e no plano das análises que lhes são feitas, da fase do otimismo, para a perplexidade e depois,para a descrença. Vários fatores contribuíram pra estas mudanças, destacando-se as alterações naspolíticas públicas e na composição dos agentes e atores que participam da implementação, gestão eavaliação das mesmas políticas; o consenso, a generalização, e'o posterior desgaste das chamadaspráticas participativas em diferentes setores da vida social; o crescimento enorme do associativismo

institucional, particularmente nas entidades e órgãos públicos, que cresceram muito em termos numéricosao longo dos anos 80, absorvendo grande parte da parcela dos desempregados do setor produtivoprivado; o surgimento de grandes centrais sindicais; o surgimento de entidades aglutinadoras dosmovimentos sociais populares, especialmente no setor da moradia; e, fundamentalmente, o surgimento eo crescimento, ou a expansão, da forma que viria a ser quase que uma substituta dos movimentossociais nos anos 90 : as ONGs-Organizações Não Governamentais. Acrescenta-se ainda a este cenário adecepção progressiva da sociedade civil com a política, tanto com a praticada pelas elites dirigentes comoa praticada pelos partidos políticos, que progressivamente foi perdendo a capacidade de articular ascontraditoriedades das demandas populares e das camadas médias, e foram se enc\ausurando em guethoscorporativistas.Essas alterações irão desembocar na perda da capacidade de mobilização e do esforço

voluntarista que se observava na sociedade civil nos anos 70. Militantes, assessores e simpatizantesdeixam de exercitar a política por meio da atuação nos movimentos sociais, movidos pela paixão, pela

ideologia ou por acreditar em algumas causas e valores gerais. A profissionalização ou "liberação"( estarapenas a serviço do movimento) produziu efeitos contraditórios. Ela criou uma camada de dirigentes que

cada vez mais se distanciou das bases dos movimentos, se aproximou das ONGs e se ocupou em elaborarpautas e agendas de encontros e seminários (nacionais nos anos 80 e internacionais nos anos 90, como aECO-92, Conferência de Estocolmo em 95, o Encontro Mundial das Mulheres em Beijim para 1995, oHabitat-96 na Turquia etc).Fora das agendas dos encontros a outra grande prioridade eram aseleições. Certamente que foram eficázes porque por duas vezes o candidato apoiado pela quase maioriadesses movimentos chegou até as finais das eleições para a Presidência do país. Mas a consolidação dos

movimentos enquanto estruturas da sociedade civil foi um projeto que, nos anos 90, sera reconhecidocomo não realizado, embora seja apontado não como um fracasso mas sim como um projeto utópico,dentro do cenário político dos anos 70 e 80, quando o Estado era visto como um inimigo. Ao final dosanos 80, quando o Partido dos Trabalhadores ascende ao poder em várias prefeituras municipais, esta

postura foi redefinida, e a problemática principal passou a ser a da capacitação técnica das l.iderançaspopulares para atuarem como co-partícipes das políticas públicas locais.

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Do ponto de vista da produção de conhecimento sobre os movimentos sociais, o "novo" desteúltimo período deve ser visto numa dupla dimensão: como construtor de espaços de cidadania, nas novas

leis que se estabeleceram no país, e na reviravolta teórica que passa a ocorrer no plano das análises. Naprimeira, o exemplo maior é dado pela nova Constituição brasileira, em especial o capítulo sobre osnovos direitos sociais. Na segunda destacam-se as novas categorias que passaram a ser introduzidas na

agenda dos analistas sobre os movimentos sociais: Agnes Heller(l981), Noberto Bobbio(I992), HannaArendt (1989) Henri Lefevre( 1969/1971) etc.Todos eles contribuíram para os novos olhares com que

passaram a ser apreendidos e analisados os movimentos. A dicotornia público e privado, a questão dacidadania, a cultura política presente nos espaços associativos, a importância das experiências cotidianasetc., ganham destaques, no lugar das categorias macro explicativas anteriores. Três outras correntesampliam o número de adeptos no país: a corrente marxista histórica-inglêsa, dada por Hobsbawn (1970)

e E.P. Thompson (1981); a abordagem centrada mais na antropologia de Geertz (1989), Pierre Clastres(1978) etc;e a retomada de estudos segundo Touraine (1989), utilizando-se a pesquisa-ação, emparticular em movimentos na área da Educação.

2.3- Anos 90: Crise e Mudança

Os anos 90 redefinem novamente o cenário das lutas sociais no Brasil , assim como deslocaráalguns eixos de atenção dos analistas. Uma parcela significativa dos movimentos sociais popularesurbanos entra em crise. Crises internas- de rnilitância, de participação, de credibilidade nas políticaspúblicas, de confiabilidade e legitimidade junto a própria população etc. E crises externas-decorrentes daredefinição dos termos do conflito social entre os diferentes atores sociais e entre a sociedade civil e asociedade política, tanto em termos nacionais como em termos dos referencias internacionais (queda domuro de Berlim, fim da URSS, crise das utopias, ideologias etc).Retomaremos adiante a questão da crisedos movimentos sociais.

Nos anos 80 a temática da participação social era um ponto de pauta na agenda política das elitespolíticas, denotando dois fenômenos: de um lado a crise de governabilidade das estruturas de poder doEstado, desgastadas e deslegitimadas pelo autoritarismo; e de outro, a legitimidade das demandas,expressas pelos movimentos sociais- novos ou velhos- e a conquista de espaços institucionais como

interlocutores válidos. Nos anos 90 a agenda política das elites dirigentes se modifica em função deproblemas internos e das alterações que a globalização e as novas políticas sociais internacionais passam

a impor ao mundo capitalista. Nesta nova agenda só há lugar para a participação e para os processos dedescentralização construídos no interior da sociedade política, por iniciativa dos dirigentes, segundo

critérios estabelecidos pelo poder público, onde a base de estruturação dos colegiados deixa de ser ocritério de representatividade institucional, após processo de debate e consulta às mesmas, e passa a ser ocritério pessoal, individual, de indicação, baseado nas qualidades de ser "um notável"em determinada área

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de atuação. Outro destaque é que as políticas são formuladas para segmentos SOCHUS, dentro de umrecorte que privilegia os atores sociais que serão os parceiros, e e não mais os segmentos segundo o

recorte das classes sociais. Desta forma, os sujeitos das ações transfiguram-se em problemáticas: a fome,

o desemprego, a moradia. Antes eram os favelados, os sem terras, os sem tetos etc.Também as arenas de negociações passam a ser formatadas pelo poder público, fruto das novas

políticas sociais. Criam-se processos e canais de participação e mais uma vez deve-se repetir-estes canaissão conquistas do movimento social combativo, progressista e articulado r de interesses dos excluídos dasociedade civil; mas junto com os novos canais estruturam-se também movimentos sociais que defendemdemandas particularistas e estão voltados para atuarem como co-participes das ações estatais. Como osconflitos sociais, via de regra, não são mais resolvidos pelo uso da força mas nas mesas das negociações,pautados por mecanismos juridicionais de controle, as elites políticas estimularam o surgimento de

movimentos sociais a seu favor, não voltados contra o Estado mas expressão de seus interesses e daspolíticas que buscam implementar. São coletivos que norteam suas concepções a partir da lógica deresultados, onde a obtenção dos resultados depende fundamentalmente do grau de integração à máquinaestatal, intregração esta que se faz de forma subordinada. Exemplos destes são: a Força Sindical no

movimento operário, ao apoiar o movimento Pró-Reformas Constitucionais; e a rede movimentista quese construíu ao redor do programa Comunidade Solidária no interior do próprio governo. É importante

registrar também que várias destas ações e movimentos já estavam presentes nos anos 80, como aCONAM-Confederação Nacional das Associações de Moradores; a CGT -Confederação Geral dos

Trabalhadores-antes de criação da Força Sindical; e os inúmeros programas sociais criados pelo governofederal, por meio da LBA-em parceria com a dita comunidade organizada. Mas nos anos 80 eles eraminterlocutores ocasionais e, fundamentalmente, eles se inseriam em políticas elaboradas pelo Estado, numesforço de articular e mobilizar um campo de forças de apoio às políticas participatvas deflagradas pelo

poder público.Nos anos 90 o que era ocasional se institucionaliza e os atores sociais privilegiados, que são

convocados a ser parceiros das novas ações, são os tradicionais aliados do poder. E o movimento socialmais combativo, que se encontra fragilizado e fragmentado por sua crise de identidade, disputas internasetc. não tem nenhuma garantia de participação nas novas políticas porque ele tem uma fonnatação nãocondizente com as exigências das políticas de parcerias.E fora das políticas públicas não há recursosfinanceiros porque os financiamentos internacionais se escassearam. A questão financeira é um dosnódulos principais da complexa relação dos movimentos com o Estado. Todos os movimentosreivindicam e apregoam a autonomia e independência frente ao Estado. Mas na prática, o totalisolamento nunca existiu porque, conforme análises de Francisco de Oliveira (1994), os fundos públicossão, no sistema capitalista, pressuposto do financiamento tanto da acumulaçào do capital quanto dareprodução da força de trabalho. E este padrão de financiamento altera a natureza dos conflitos sociaisque passam a girar fundamentalmente em tomo do Estado. E impossível obter as demandas que os

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movimentos populares reivindicam fora da esfera estatal. O Estado tem definido linhas de atuação aos

movimentos à medida que cria programas sociais, com subvenções e financiamentos. A questão está napostura que o movimento adota frente a esta realidade. Nos anos 70 e até a metade de 1980, era meio

consensual que se deveria construir um contra-poder popular, uma força popular, independente doEstado. Não se tratava de estar de costas para o Estado, nos 'dizeres de Evers (1983) porque esta erauma postura dos movimentos ecológicos europeus; e nem de frente para o Estado (Ammann, 1991),porque este era visto como inimigo pelos movimentos progressistas. Ao longo dos anos 80, com atransição democrática, os movimentos passaram a ser interlocutores privilegiados com o Estado e forammudando sua postura. Nos anos 90, esta mudança se aprofundou porque os movimentos progressistasque sobreviveram a sua crise interna, querem participar das políticas públicas, criando uma nova formademocrática, a pública não-estatal. Mas o cenário da correlação de forças sociais se alterou e a ala domovimento popular não combativo se ampliou. Ela tomou a lugar dos movimentos sociais combativos eprogressistas enquanto interlocutora privilegiada das políticas sociais.

Acrescenta-se ainda que os movimentos populares progressistas perderam, nos anos 90, o maioraliado que tiveram ao longo dos anos 70 e parte dos 80 no Brasil: o apoio da Igreja Católica, em sua alada Teologia da Libertação. Este apoio, teoricamente, ainda existe, mas a própria Teologia deixou de seruma política para ser uma tênue linha de resistência, num universo que voltou a ser dominado pelosconservadores.

Registre-se que estamos rememorando os anos 80 porque deles resultaram atores que estãopresentes no cenário que estamos analisando para os anos 90. Mas as Sociedades Amigos de Bairros, noperíodo populista (1945-64), por exemplo, também participaram da rede associativista estimulada pelopoder público, na política de barganha do voto pela melhoria urbana, num processo de construção deurna cidadania regulada . A diferença básica é que naquela época havia pouco movimento social fortefora do campo sindical (oficial ou paralelo) e as SABs concentravam em seu interior a contraditoriedade

de agendas progressistas com práticas instituíntes clientelistas conservadoras, gerando urna culturapolítica profundamente contraditória.

Completando o cenário dos anos 90 temos o surgimento de movimentos SOClaJ.Snovos, quediferem dos novos movimentos sociais dos anos 80. Os novos dos anos 90 centram-se mais em questõeséticas ou de revalorização da vida humana. A violência generalizada, a corrupção, as várias modalidades

de clientelismo e de corporativismos, os escândalos na vida política nacional etc., levaram a reações noplano da moral. Criam-se movimentos nacionais a partir de instituições e organizações de expectro plural,ou de figuras carismáticas, como o caso de Betinho na Ação da Cidadania contra a Fome. Ou ainda,

estruturam-se movimentos nacionais a partir de questões sociais dadas pela problemática geracional, deidade, como o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, ou o Movimento dos Aposentados.Esta última tendência resgata um campo de trabalho já clássico na àrea do Serviço Social, qual seja, o

trabalho com a população por faixa etária.

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Portanto o "novo"dos movimentos sociais se redefine novamente nos anos 90,e isto se faz emduas direções. Primeiro deslocando o eixo das reivindicações do plano econômico, em termos de infra-estrutura básica para o consumo coletivo, para suporte mínimo de mercadorias para o consumo

individual, em termos de comida. Retoma-se a questão dos direitos sociais tradicionais, nunca dantesresolvido no pais. Segundo, o plano da moral ganha o lugar central como eixo articulatório das lutas

sociais. Os movimentos dão lugar a lutas cívicas, verdadeiras cruzadas nacionais onde há articulaçõesdifusas em termos de classes sociais, interesses locais e nacionais, espaços públicos e privados.

Duas outras tendências se fortalem no cenário social brasileiro nos anos 90, com relações diretascom a temática dos movimentos sociais : o crescimento das ONGS e as políticas de parcerias

implementadas pelo poder público, particularmente ao nível do poder local. Estas tendências são facescomplementares das novas ênfases das políticas sociais contemporâneas, particularmente nos paisesindustrializados do Terceiro Mundo. Tratam-se das novas orientações voltadas para a desregulamentaçãodo papel do Estado na economia, e na sociedade como um todo, transferindo responsabilidades doEstado para as "comunidades"organizadas, com a intermediação das ONGs, em trabalhos de parceriaentre o público estatal e o público não estatal e, as vezes, com a iniciativa privada também. Destainteração surgem experiências de trabalho cooperativo, dando origem ao chamado terceiro setor daeconomia, no âmbito informal. O resultado das novas políticas têm sido uma grande ênfase ao mercadoinformal de trabalho e uma redefinição de seu papel no conjunto do processo de desenvolvimento social.Jaime Pereira Marques, professor do IHEAL- Paris( 1994) faz as seguintes considerações :" ..o setor

informal não é mais percebido como uma manifestação da pobreza urbana ou do atraso econômico ...Osetor informal é hoje considerado como uma fonte de riqueza, como um potencial inexplorado deempregos e de rendas, mesmo que o aumento considerável de famílias condenadas a reduzir suasexpectativas a meras estratégias de sobrevivência seja, provavelmente, uma das principais causas docrescimento da economia informal". A promoção do setor informal autoriza, em parte, a retirada, do

próprio do Estado da esfera social. Invertêm-se relações pois o informal é apresentado como plataformapara a retomada do crescimento econômico, assim como estratégia de desenvolvimento das capacidadeshumanas, desde que as ações a ele destinadas tenham como objetivo a elevação de sua produtividade. Aspolíticas para o setor informal tentam remediar a perda da legitimidade do Estado pois este, aonormatizar sobre aquele setor, faz com que situações informais de trabalho, ou da habitação, sejamredefinidas e não mais percebidas como excludentes e negadoras dos direitos de cidadania. SegundoFrancisco de Oliveira (1994), o setor informal não tem imaginação criadora, não detém capacidade dereação própria, é totalmente determinado pelo setor formal e não tem interesse contraditório comninguém.

Sendo assim, o padrão de desenvolvimento que se instaura legitima a exclusão como uma forma

de integração. Passa a ser a exclusão integradora, modelo perverso de gestão da crise, que recupera alegitimidade política e cria condições para um novo ciclo de crescimento econômico a partir da

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redefinição dos atores sociopoliticos em cena. O reverso desse cenário é a construção de uma economiapopular onde, segundo Coraggio (1992), existe a possibilidade de um campo alternativo dedesenvolvimento e transformação social, desde que essa economia ganhe autonomia relativa em suareprodução material e cultural, capaz de autosustentar-se e autodesenvolver-se. E estes processos devemocorrer não isoladamente ou autarquicamente mas em vinculação direta e aberta com a economiacapitalista e pública.

Segundo Luiz Razeto (1993), a ação reivindicativa tradicional, presente nos movimentos sociaisdos anos 80, transformou-se em ações solidárias alternativas, onde' se parte de necessidades que devemser enfrentadas coletivamente e não apenas demandadas. Os demandatários serão também os executoresda implantação e da gestão do serviço reivindicado. Este fato muda radicalmente o paradigma da ação

social coletiva. Necessariamente estas ações deixam de se estruturarem como movimentos sociais epassam a ser articuladas em grupos organizados, com certo grau de institucionalidade. Estes devem tercomo referência projetos, propostas de soluções, sugestões, planos e estratégias de execução das açõesdemandadas. O poder público se transforma em agente repassador de recursos. A operação éintermediada pelas ONGs. Na prática as ONGs é que têm tido o papel principal no processo pois ela queestrutura os projetos e cuida da organização e divisão das tarefas. A questão do saber acumulado se fazpresente e a depêndencia das organizações populares aos técnicos das ONGs é bastante visível.

Nos locais onde havia movimentos organizados, o novo paradigma da ação social têm gerado

redes de poder social local. Estas redes são formadas pelas lideranças dos antigos movimentos, por umabase militante pequena, que agora assume o papel de responsável por etapas ou processos dos projetosem andamento, e os técnicos das ONGs, profissionais semi-qualificados ou com qualificação masprincipiante no mercado de trabalho, atuando como assalariados, num campo de trabalho pouco

preocupado com as questões ideológicas ou político-partidárias, e mais preocupado com a eficiência dasações, com o êxito dos projetos pois disto depende a sua continuidade, e portanto, seu próprioemprego. Os partidos políticos perdem espaços e importância neste novo cenário.

Nos locais onde não haviam movimentos organizados e nem população minimamente aglutinadaem torno de interesses coletivos, os novos programas sociais de parceria têm se implantado como"serviços sociais", ou seja não como direitos mas como prestação de serviço, despolitizando totalmente oconteúdo político da questão, retrocedendo a problemática da cidadania de seus termos coletivos para osantigos patamares da cidadania individual.

Para completar o cenário dos anos 90, no que se refere as lutas e ações sociais, cumpre registrar aquestão da participação da população nas estruturas de conselhos e colegiados criadas como exigênciasda Carta Magna de 1988 ou como fruto de políticas especificas. No primeiro caso, embora os avançossobre esta questão sejem pequenos, e estejem circunscritos as temáticas do menor, do adolecente e dos

idosos, o leque de articulações a respeito é grande. Em trabalhos anteriores já tratamos desta questão(Gohn, 1990,1992) mas gostaria de destacar apenas que, a forma conselho foi uma demanda básica da

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maioria dos movimentos sociais brasileiros nos anos 80. Nos anos 90 ela foi absorvida como estratégiapolítica pela maioria dos planos e projetos governamentais, para viabilizar a questão da participação da

população nos órgãos e políticas estatais. Na área da Educação por exemplo, o Projeto da Escola Padrãodo Governo Fleury, o Projeto Qualidade Total da Escola de Minas Gerais no Governo Hélio Garcia, e oProjeto da Escola Cidadã do Paraná, no Governo Roberto Requião, todos eles têm os conselhos como

estruturas viabilizadoras da integração e parceria entre os usúarios ( pais de alunos basicamente) e ocorpo de funcionários, dirigentes e professores da escola. Resumindo podemos dizer que reivindicadadescentralização das estruturas de prestação de serviços à comunidade está se realizando em graureduzido e, quando isto ocorre, é a forma colegiada dos conselhos que tem sido utilizada.

Mas é no âmbito da elaboração do orçamento municipal e das camaras de negociações seta riasda economia que surgiram as experiências mais criativas e inovadoras, representando o segundo caso queassinalamos acima, das estruturas colegiadas ou conselheristas novas, como políticas específicas. Fruto darelação entre a dinâmica societária e as políticas institucionais, os novos espaços de interação entre ogoverno e a população estão gerando ações políticas novas, onde a construção dos interesses passa porintrincadas tramas de articulações e mediações, possibilitando o surgimento da vontade coletiva nosentido plural, não corporativa. Estas novas experiências estão redefinindo conceitos já clássicos naciência política como os espaços público e o privado. Está se construindo a figura do público-não estatal:E neste sentido os movimentos que participam destas experiências também redefinem seus valores no

sentido de olharem para o Estado não como um inimigo, como nos anos 70-80, e passam a vê-Io comoum interlocutor, um possível parceiro, num campo de disputas políticas, onde as demandas têmsignificados contraditórios: para uns são conquistas de direitos a obter ou preservar pois há toda uma lutapor detrás de sua aparente causalidade; para outros, são mecanismos de diminuir os custos operacionaisdas ações estatais, dar-lhe maior agilidade e eficiência, evitar o desperdício, ampliar a cobertura: a baixocusto, diminuir o conflito social e até, desativar possíveis ações públicas para fora da arena de

atendimento direto pelo Estado.O problema que se coloca em termos de estratégia política para aconstrução da democracia é que a maioria dos exemplos citados se inscrevem como "experiências" sob acoordenação de certas correntes político-partidárias. Quando estas correntes saem do poder-por teremperdido as eleições- estas experiências são varridas do cotidiano da gestão das coisas públicas, deixando,a memória-através de seus registros e memória coletiva de participação- sem inscrever as novas práticascomo partes constituintes da sociedade politica. Irá depender da sensibilidade do novo dirigente, de suasestratégias de ação, da correlação de forças que seu projeto político articular. Concordamos plenamentecom um dirigente de uma ONG de São Paulo que afirmou: "Os movimentos sociais têm que ser capazesde criar uma agenda própria, para que sejam sujeitos capazes de intervir na realidade"( Flávio Jorge,1995).

No plano das análises, os anos 90 enfatizarão duas categorias básicas: a cidadania coletiva e aexclusão social. A primeira, já presente na década anterior, apresentará como novidade pensar o

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exercício da cidadania em termos coletivos, de grupos e instituições que se legitimaram juridicamente apartir de 88, e que têm que desenvolver um novo aprendizado pois não se trata apenas de reivindicar, de

pressionar ou demandar. Trata-se agora de fazer, de propor, de ter uma participação qualificada já que olugar da participação está inscrito em leis, é uma realidade virtual. A segunda, relativa à exclusão,

decorre das condições sócio-econornicas que passam a ser imperativas, causadoras de restrições esituações que Durkhein caracterizaria como anomia social: violência generalizada, desagregação daautoridade estatal, surgimento de estruturas de poderes paralelos etc. As análises enfatizarão os efeitosdestes sistemas de desagregação social sobre as estruturas organizativas da população ..

Em relação as influências teóricas e os paradigrnas adotados, a crise das esquerdas, do marxismo

e dos modelos socialistas do leste europeu, deixam como saldos um certo abandono das teorias macroestruturais e que enfatizavam a problemática das contradições sociais, e viam nas lutas e movimentos um

dos fatores de acirramento daquelas contradições. As referências passam a ser não em sujeitos históricospré determinados, ou com alguma vocação ou missão a desempenhar - como a categoria dos operários,

por seu lugar na estrutura de produção- ou a categoria das classes populares-coletivo socialmente

heterogêneo em termos da inserção no mercado de trabalho mas homogêneo em termos de demandassociais, modo de vida e consumo restrito. A nova referência são os pobres e excluídos, apartadossocialmente pela nova estruturação do mercado de trabalho. E como se não adiantasse mais lutar para

integrá-los, eles estão condenados à exclusão. (Buarque, 1992; Nascimento, 1993). O pensamento doscientistas sociais brasileiros, ao incluir a temática dos "excluídos" nas análises sobre os movimentos

sociais, seguiram uma tendência internacional. Ocorreram abordagens criativas na adaptação daselaborações feitas no exterior, como a tese da apartação social, de Cristovan Buarque (1993 ). As ênfases

nas categoirias dos excluídos e da cidadania são encontradas também em Touraine (1993, 1994), emanalistas da realidade espanhola (Puig, Villasante, 1992) e em Dahrendorf (1988). Este último retomou aclássica formulação de Marshall (1967), ao analisar o conflito social moderno, e concluíu que a cidadania

mudou a qualidade do conflito social moderno. Segundo Dahrendorf, o conflito social moderno já não sedá mais em torno da eliminação das diferenças porque o único status legalmente impositivo é acidadania. Esse conflito "diz respeito ao ataque às desigualdades que restringem a participação cívicaintegral por meios políticos, econômicos ou sociais e ao estabelecimento de prerrogativas que constituamum status rico e integral de cidadania". Isso significa que a cidadania, por ser um conjunto de direitos e

obrigações, é um contrato social, que varia com o tempo. Esse contrato deve ser público e universal, nãopode ser oferecida no mercado, e envolve os direitos civis -considerados chaves no mundo moderno-osdireitos políticos e os direitos sociais. A pobreza persistente e o desemprego continuado por longosperiodos são as novas questões da cidadania. Elas são o cerne da luta na a categoria dos excluídos. E osincluídos também enfrentam problemas no novo modelo, onde o conflito entre as classes teria perdido

centralidade. Os incluídos enfrentam problemas da deterioração de seu habitat, ausência ou precariedadede serviços coletivos etc. São todos problemas de cidadania e geram também movimentos sociais. E

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Dahrendorf conclui que a luta para se ter direitos de cidadania para todos os seres humanos implica naconstrução da sociedade civil geral sob o governo da lei.. Atualmente as barreiras de privilégioscontinuam a ser a questão fundamental e os "cidadãosmeramente ganharam uma nova posição, maisvantajosa, na luta por maiores chances na vida.

Estudos recentes ( Baiarle, 1994) tem apontado alguns limites no uso que se tem feito dascategorias da cidadania por ser pensada dentro de uma lógica de pertencimento ou exclusão, fundada natradição liberal, pressupondo espaços sujeitos e lugares previamente definidos. Esta interpretaçãodificultaria o entendimento da construção de espaços de interpenetração entre o público e o privado,presente por exemplo na política de certos tipos de conselhos

Luís H. Alonso ( 1993), ao analisar a realidade espanhola dos anos 90 afirma que os movimentos

sociais teriam que lutar para ampliar e ativar os direitos de cidadania social-frente aos direitos depropriedade econômica impostos pelo Estado. Isso porque a realidade atual tem imposto uma série delimitações a um conceito real de cidadania, deixando cada vez mais grupos humanos fora, excluídos dessamesma cidadania.

Habermas, Claus Offe, Melucci e Adam Przeworski passam a ser os autores que no plano dasteorias macros, mais influenciam as análises sobre os movimentos sociais no Brasil nos anos90.A questão

do agir comunicativo presente nas ações dos movimentos, e suas possibilidades de geração de novasformas de relações e de produção, contribuindo para resolver problemas de produtividade ou de impassesem áreas econômicas em crise apontados por Habermas (1985); e as possibilidades que os"novos"movimentos sociais encerram em termos de novas propostas que incidem numa nova qualidadede vida, analisados por Offe (1992), passam a se constituir em matrizes explicativas fundamentais. As

mudanças operadas no seio da sociedade capitalista no após guerra, e o novo papel do Estado, comsuas políticas de cunho neo-liberais, são as contribuições de Przeworski(1989) que os analistas utilizarãocomo quadro referencial para entenderem as mudanças nos cenários onde os movimentos sedesenvolvem..

É interessante observar que a adoção de novos autores como referencia básica nas análises sobreos movimentos sociais no Brasil não significa que os mesmos sejam novos na análise da temática. Um dostextos de Habermas que passou a ser muito utilizado no Brasil ( 1983, segunda edição 1990 ) foi escritoem de 1976. Também Offe produziu desde 1972 análises sobre a crise do Welfare State a a emergência

de novos atores sociais, tendo sido inclusive traduzido para o português em coletânea organizada porF.H.Cardoso e C.E.Martins, ao final dos anos 70.A explicação para as reorientações das análisesencontram-se na mudança de visão dos analistas, em particular os ditos progressistas ou da Esquerda. Nafase de quase total hegemonia do pensamento marxista na análise do social, não se utilizava Habermas,

ou outros porque eles estavam justamente criticando as explicações totalizantes das abordagensmarxistas. Com as mudanças na conjuntura política dos anos 80, tanto a nivel interno no que diz respeitoaos movimentos e suas relações com o Estado, quanto no plano internacional, os pesquisadores

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brasileiros passaram a considerar a produção advinda de outros eIXOSparadigmáticos. A rigor, na

temática dos movimentos sociais, o olhar para outras fontes de abordagem existiu desde os anos 70.Grande parte dos pesquisadores tinha alguma relação com movimentos sociais concretos. E muitos

desses estavam em rota de coalização com as abordagens heterodoxas, assim como vários militantes dopartido dos Trabalhadores se opunham às visões da Esquerda tradicional, representada pelo Partidão-PCe P.c. do B.

Para encerrar esta parte deste trabalho, que se constituí mais num esboço da trajetória dosmovimentos sociais no Brasil nos últimos quinze anos, e as análises que lhes foram feitas( em termosgerais, sem se deter nos autores por demandar um outro texto específico), concluo com uma novaproblemática. Nos anos 70, com a teoria da dependência, realizou-se alguns avanços teóricos ao se

estabelecer certos parametros que demarcavam nossas diferenças em relação aos paises ditos centrais, deindustrialização antiga. A crítica as explicações existentes sobre o que era caracterizado comosubdesenvolvimento levou a negação da teoria da modernização, da marginalidade, e a busca de nossas

especificidades ( Kowarick, 1975; Cardoso e Falleto, 1970) . A construção de explicações queapontavam os fatores de espoliação e de expropriação da população nacional, pelos mecanismos político-econômicos impostos pelas metrópoles do capitalismo ocidental conduziram a descoberta das ações eestratégias de sobrevivência daquelas mesmas classes e camadas espoliadas. Dai para a criação do"paradigma dos movimentos sociais", nas ciências sociais latino-americana, foi um passo.Mas aqui que

começam novos problemas. As matrizes que foram colocadas em ação para explicarem os"nossos"movimentos sociais, eram todas de origem estrangeira, em especial, franco-espanhola. Não estoureivindicando um pensamento social autônomo, no sentido de desvinculado das tendências mundiais. Oque estou afirmando é que abandonamos ( e estou me incluindo neste nós), o principal ( e talvez maissignificativo,) ensinamento da Teoria da Dependência. Abandonamos a busca de nossa especificidade eretomamos a tradição anterior, de explicar a nossa realidade, com categorias e teorias elaboradas emoutros contextos sociais. Num primeiro momento este fato não foi tão desastroso porque um dosprincipais autores a liderar aquelas influências foi Manuel Castells, que havia se debruçado emmovimentos da realidade espanhola, igualmente subdesenvolvida, com bases alicerçadas mais nascamadas populares, e submetido igualmente a um regime político ditadorial. Talvez o problema maior

tenha sido ao reconstruirmos os contextos explicativos onde aquelas ações ocorriam. Isto porque umadas referências básicas eram os trabalhos de Jean Lojkine (1981), que se baseavam em hipóteses sobre ocapitalismo monopolista de Estado, nos paises de industrialização avançada. Doimo( 1994) levantahipóses sugestivas a respeito das diferenças entre o paradigma dos novos movimentos sociais, construídona Europa, e a realidade dos movimentos no Brasil.

Mas com o passar do tempo, quando o leque das correntes e influências se ampliou no Brasil,deixou de haver correspondência entre os movimentos brasileiros ( e talvez possamos dizer de toda aAmérica Latina), com os movimentos que eclodem na Europa. A diferença maior foi dada pelos

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movimentos sociais populares, não tão expressivos na Europa, e vice-versa, os movimentos de minorias

de imigrantes, expressivos lá e pouco representativos aqui. Os movimentos de mulheres, ecologistas eoutros, abrangendo categorias sociais mais alicerçadas nas camadas médias da população,tiveram suasanálises transplantados dos países "centrais", sem as devidas mediações.Isto resultou, em alguns casos,

que os hábitos dos pobres e suas condições de miserabilidade foram apontados como causadores depoluição, destruição da natureza etc. Erro tão grave como o que se está cometendo atualmente no Rio deJaneiro, de ver nos morros, na população favelada, as causas da violência e da disseminação do vício e donarco-tráfico.A transposição um tanto mecânica das categorias de análise construídas no exteriorembaçou o olhar sobre nossa realidade. Assim, os movimentos populares no Brasil, como no conjunto daAmérica Latina trouxeram à cena política, de forma majoritária, a participação das mulheres. Enquantona Europa esta presença se fez em torno das questões de genero, na América Latina o movimentofeminista foi importante mas circunscrito a grupos específicos, mais intelectualizados. O maiorcontingente com participação das mulheres foi nos movimentos populares, como demandatárias dereivindicações populares por melhorias, serviços e equipamentos coletivos, e não como demandatárias dedireitos de igualdade entre os sexos. Foram elas que lutaram por creches, transportes, saúde etc. Elas

participaram, e participam, dos mutirões para a construção da casa própria como mão- de-obra e comogerenciadoras dos processos. Aliás a participação das mulheres nos movimentos populares, tanto urbanoscomo rurais, é um tema ainda pouco estudado. Certos aspectos da cultura popular-que estabelece"lugares e atribuições"para homens e mulheres, sempre estiveram presentes no interior dos movimentos

populares. Fazer a comida e cuidar das crianças continuam a ser "atribuições"das mulheres nos canteirosdos mutirões. Entre as lideranças o número de homens é proporcionalmente maior do que o de mulheres,e esta relação se inverte quando olhamos sua participação no conjunto do movimento.

Ainda não temos nenhuma certeza por onde retomarmos para construímos explicações quetenham ancoradouros em fenomenos próprios, ou seja, para construírmos novas categorias de análise queresultem da reflexão de nossa realidade e não da realidade alheia ou, pior ainda, dos modismos quecrassam e facilmente são aderidos por aqueles que frequentam os salões acadêmicos internacionais. Ohomem e sua forma de pensar são realidades universais. Mais sua forma de viver e representar o vividotêm características locais-regionais e nacionais peculiares. Ainda que estejamos vivendo um periodo

denominado como a era das globalizações, que estejamos nos tornando uma grande aldeia global, éimportante demarcarmos as peculiaridades históricas locais, no plano econômico, político, social, efundamentalmente cultural.

Realizar estudos e pesquisas históricas e utilizar a metodologia da análise comparativa têm sidoum dos caminhos que estamos procurando seguir. Análises comparativas diferentes das realizadas nos

anos 60, sob o signo das teorias funcionalistas. Agora temos que comparar cenários, o desempenho dos

atores, demarcar as diferenças e especificidades, captar as tendências e as perspectivas dedesenvolvimento dos fenômenos. Não se compara para achar os pontos em comum e produzir

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generalizações abstratas, jogando as diferenças fora, como fez a sociologia americana dos anos 50-60. Adiferença é extremamente significativa,. Ela poderá nos indicar o novo, a tensão, o sentido e a direção damudança.

2.4-0s Movimentos Sociais Brasileiros estão em crise?

Não resta-nos a menor dúvida que, no plano geral, a principal contribuição dos diferentes tipos demovimentos sociais brasileiros dos últimos 20 anos foi no plano da reconstrução do processo de

democratização do país. E não se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada dademocracia e o fim do regime militar. Trata-se da reconstrução ou construção de valores democráticos,

de novos rumos para a cultura do país, do preenchimento de vazios na condução da luta pelaredemocratização, constituindo-se como agentes interlocutores que dialoga diretamente com a populaçãoe com o Estado.Francisco de Oliveira (1994 )denomina este processo de construção da sociedade políticano Brasil.

A capacidade de intervir e construir uma esfera pública foi um dos grandes saldos doperíodo. Acreditamos que, em relação a importância assinalada., os autores nacionais estão em sintonia

com os analistas estrangeiros sobre os movimentos sociais. A questão que se coloca é explicar como, nosanos 90, enquanto vários analistas brasileiros falam sobre crise dos movimentos sociais, de

desmobilização, de refluxo das lutas, etc., autores estrangeiros como Melucci, Arato, e ainda Touraine,passam a recolocar os movimentos sociais no centro da reflexão social, atribuindo-lhes importância

enorme. Vamos aos argumentos dos dois lados, a saber:Os autores brasileiros, entre os quais eu me incluo, ao falarem da crise dos movimentos sociais

nos anos 90, estão falando em primeiro lugar, de um tipo particular de crise, não generalizável a iodos osmovimentos. O tipo e forma de tratamento desta crise também é diferente segundo os autores. Para unsisto se deve a seu perfil aparelhista militar (Abreu, 1992); para outros porque não conseguiram encontrarseu lugar, presos pela lógica leninista ou a movimentista (Castagnola.,) e para outros porque reproduzem

as contradições que buscam superar ( Cardoso, 1987).Para nós trata-se de crise interna., com reflexos na mobilização, entre os movimentos sociais.

populares urbanos, aqueles que ocuparam o cenário e o imaginário das representações sociais no Brasilnos anos 70-80.Não estamos falando de crise entre os chamados novos movimentos sociais, que lutampor questões de direitos no plano da identidade ou igualdade, embora estes também não caminhem nofluxo das grandes mobilizações. Mas, a rigor, eles sempre se ativeram a grupos específicos, daí a alcunha

de grupos de minorias. Em síntese, os movimentos que entraram em crise, não apenas de mobilizaçãomas de estruturação, objetivos e capacidade de intervir na esfera da política foram os movimentospopulares, demandatários de bens e serviços para suprir carências materiais básicas. E isto num momento

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em que a crise econômica gerou grandes contingentes de excluídos sócio-economicamente, as hordas demiseráveis que perambulam pelas ruas das cidades e nos campos do país.

F. de Oliveira (1994) afirma que não há crise nos movimentos mas processo de democratização.O que ocorreu, afirma o autor, é uma mudança na forma de interlocução dos movimentos com o Estadofazendo com que os movimentos não apareçam mais na rnidia ou no imaginário das pessoas como os

interlocutores diretos com o Estado. Entretanto, militantes, lideranças e assessores diretos dosmovimentos sociais populares, sentem e falam da crise, de forma explícita. As dificuldades vão além damobilização. Situam-se no próprio plano dos interesses. E os vícios, males e consequências docorporativismo não foram superados porque muitos movimentos estão entrincheirados, em si próprios,

donos de verdades, não permeáveis à críticas. Outros ainda são conduzidos de forma paternalista,cerceando as bases enquanto reservas próprias. Ou seja., há muitos problemas internos em vários

movimentos populares, que já abordamos em outros trabalhos (Gohn,1992), os quais seriam normais emregimes de plena democracia mas que se tornaram problemáticos no contexto brasileiro, na vigência deuma cultura política que não se transformou o suficiente para o pleno exercício do jogo democrático, queconvive com regras do fisiologismo e de práticas do tradicionalismo mas fala em nome da modernidade.

Os analistas estrangeiros, particularmente Melucci (1994)e Arato 1994), ao enfatizarem aimportância dos movimentos sociais hoje, não estão fazendo uma análise da conjuntura política dequalquer país mas analisando formas de desenvolvimento social. Com nuances diferentes, o que elesenfatizam é a capacidade dos movimentos gerarem o novo. Partindo de premissas de Habermas, afirmam

que os movimentos são o lume indicativo para a solução de problemas, não apenas porque aovivenciarem uma dada situação eles apresentam modos alternativos de solução, porque este até seria um

caso específico para os movimentos populares do Terceiro Mundo. Mas os novos movimentos sociaisamericanos e europeus, que lutam por direitos de categorias específicas, ou pela natureza e meioambiente em geral, têm a capacidade de fazerem sínteses, previsões, desenharem resultados, ou seja, eles

têm a capacidade da criação, que se perde no círculo das relações estatais. E o Estado necessita destacapacidade de previsão, de criação. O capitalismo hoje não se move mais pelo modelo fordiano, deprevisibilidade das ações. Ele necessita de atores competentes e criativos, inovadores. As forçasprodutivas com o domínio da informática e da robótica., não podem mais se atrelarem a formas ou

modelos burocratizados. Por isto o Estado vem perdendo sua eficiência e eficácia. E os movimentossociais são o espaço, por excelência., da

inovação, da criatividade.Melucci (1986) afirma que os movimentos não são personagens de um roteiro previamente

escrito, mas se constituem como redes de produção de sentidos, de constituição de um mundocompartilhardo de significações onde a ação e as opiniões sejam possíveis, emergindo enquantomobilizações coletivas, a partir de articulações multi-setoriais, apenas em momento de amadurecimentode determinadas contradições em meio às quais operam.Baseado nestas análises, Baiarle (1994) afirma

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sk sgtolkyzko lgÁuxgÁkrsktzk ê ojúog1)Kunt. 4?;;. 4??5,1Vkzusgsuy Qgxzoty tkyzg iutir{yôu iuxtu {sgrkxzgvgxg gy jolkxktõgy ktzxk {s suÁosktzu k {sg uxmgtoâgõôuk vgxg w{k tôu yk iutl{tjg SRKy iussuÁosktzuy yuiogoy.kyvkiogrsktzk w{gtju yk zxgzgxjuy suÁosktzuy vuv{rgxky1

Gutiuxjgsuy ius gy gtíroyky jk Qkr{iio )4??7, gu gloxsgx w{k uy suÁosktzuy juy gtuy:3 k ;3 luxgs g |rzosg zxgtyoõôu jk suÁosktzuy iuxtu gzuxky vgxg suÁosktzuy ktw{gtzu luxsg)ktzktjktju0yk luxsg iuxtu yotztosu jk suj{y uvkxgtjo. {sg i{rz{xg. {s pkozujk ykx,1Is 4?;?. uskysu Qkr{iio pí gloxsgÁgA'E yoz{gõôutuxsgr ju (suÁosktzu(nupk ú ykx{sg xkjk jk vkw{ktuy mx{vuyoskxyuy tg Áojg iuzojogtg w{k xkw{kxks {s ktÁurÁosktzu vkyyugr tg kàvkxosktzgõôu k tg vxízoig jgotuÁgõôu i{rz{xgr' )Qkr{iio. 4?;?A 94,1 \yk bgxxkt) 4??6, zgshús xkjkloto{ y{g ghuxjgmks tuy gtuy?3 ks zkxsuy jk 'xkjky'. vgxzkyjk {s zkioju yuiogr suÁosktzoyzg w{k ktÁurÁksuÁosktzuy vxuvxogsktzkjozuy.SRmy. k gzú ikxzuy kyvgõuy jk xkvxkyktzgõôuotyzoz{ioutgr1)bgxxkt. 4??8A 4:;04:?,1Myzu yomtoloig

w{k. tuy gtuy ?3. osvuxzg sktuy g vxkyktõg jk suÁosktzuy yuiogoyktw{gtzu kyzx{z{xgykyvkixloigy. kosvuxzg sgoy gy tuÁgy otyzoz{oõ{ky.uy tuÁuy w{gjxuy jk vkyyugr. g tuÁg sktzgrojgjk yuhxk g iuoyg

v|hroigB ks y{sg. osvuxzg sgoy g tuÁg i{rz{xg vurxzoig mkxgjg1 Iyyg tuÁg i{rz{xg yk zxgj{â ksÁoxz{grojgjkyiutixkzgy w{gtju kàgsotgsuy vxízoigy yuiogoykàvxkyygytgy kàvkxowtiogy w{kpí xkrgzgsuy

gtzkxouxsktzk. jgy Ggsóxgy Wkzuxogoyjk tkmuiogõ{ky ktzxk vgzx{ky. ksvxkmgjuy2yotjoigzuy k muÁkxtuBjuy mx{vuyktÁurÁojuy tuy Txumxgsgy jk Sxõgsktzuy Q{toiovgoy TgxzoiovgzoÁuyBk ks gõ{ky iurkzoÁgy

yks loty r{ixgzoÁuy.w{k yk iuruigs ks jklkyg jk ykzuxkyjg yuiokjgjk ioÁor.kàir{xjuy u{ ê sgxmks juvxuikyyu jk jkyktÁurÁosktzu yyiou0kiutzsoiu. jkyksvktngtju {s vgvkr jk skjogõôu ktzxk g yuiokjgjkvxuvxogsktzk jozg. u skxigju. k u Iyzgju. gzxgÁúyjk vgxikxogyks vurxzoigy v|hroigy1Iàksvru jkyzk|rzosu igyu ú g Eõôu jg Gojgjgtog iutzxg g Qoyúxogk vkrg aojg1 Hu kàvuyzu gzú u susktzu tôuyomtoloigw{k g luxsg suÁosktzu yuiogr zxgjoioutgr vux kàikrwtiog. zktng jkygvgxkioju )ktzktjktjuluxsg gw{otu yktzoju jk luxsgzu. iutlom{xgõôu,1 S{ ykpg.u iurkzoÁujk gzuxkyks gõôu. ks r{zg. ius

rxjkxky. hgyky jksgtjgzíxogy k gyykyyuxogy.suhoroâgjuy k ks gõôu joxkzgvux skou jk gzuy jk vxuzkyzuiurkzoÁu.kàoyzo{.kàoyzkk yksvxk kàoyzoxívuxw{k u mxgtjk iutikozu w{k uy gxzoi{rgs k kàvroigs0uy ú u jkr{zg yuiogr1 I r{zgy WSGMgMWyôu vgxzky iutyzoz{zoÁgyjgy yuiokjgjky n{sgtgy jkyjk uy vxosyxjouy jgn{sgtojgjk1

Rg r{zg yuiogr tu Fxgyor.tuy gtuy ?3. g luxsg zxgjoioutgr jk suÁosktzu yuiogr ú uhykxÁgjg ksgrm{ty igyuy vxotiovgoyAks suÁosktzuy w{k tôu yk zxgtyluxsgxgs otzkxtgsktzk k suÁosktzuy w{k yk

jkyktÁurÁkxgs gu xkjux jk vxuhrksízoigy yuiogoy kyzx{z{xgjgy ykm{tju gy xkmxgyju igvozgroysuykrÁgmks. iusu g w{kyzôujg zkxxgx{xgr.tu suÁosktzu juy Wks Xkxxgy1Ru vxoskoxu igyu zksuy iusu

kàksvru suÁosktzuy w{ksgtzús g skysg vuyz{xgk gy skysgy zízoigy. kyzxgzúmogyk vxízoigy jk gõôu níj{gy júigjgy. iusu u suÁosktzu juy vxulkyyuxky jg xkjk v|hroig jk ktyotu ju Txoskoxu k Wkm{tjuKxg{yBvgxzk ju suÁosktzu jgy Eyyuiogõ{ky jk Quxgjuxky 1 S QuÁosktzu vuv{rgx jk P{zg vkrg

Quxgjog1 zgshús vkxyoyzk ktw{gtzu kyzx{z{xg uxmgtoâgzoÁgius ojktzojgjk vxyvxog sgy krk ykzxgtyluxsu{0yk hgyzgtzk. ks l{tõôu jgy tuÁgy lxktzky w{ku vxyvxousuÁosktzu gp{ju{ g iutyzx{ox. iusu

8E

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iktzxgrojgjk tg joxkõôu k iutj{õôu ju vxyvxousuÁosktzu1 Iyzk gyvkizu zks zghús yk{ rgju vuyozoÁu0jksuyzxg w{k g g{ywtiog jk suhoroâgõôu tôu yomtoloigiurgvyu jg xkjk suÁosktzoyzg yuiogr vuxw{k.

w{gtju tkikyyíxou. gy SRKy gioutgs gy gõ{ky iurkzoÁgyk u suÁosktzu yuiogr xkgvgxkik ks iktgAMsvkginsktz. Gutzxg0Vkluxsgy kzi1

PbnXbfnUMUnpb,LIBo , 5 HlabnjfaUab aU MUnpfXfmUÇzlOlXfUhjU 5iÓnfXU GUpfjU

1-., L Oqndfibjpl al Abjãibjl LIBo

Erm{ty g{zuxky jgzgs u y{xmosktzu jgy SRKy tu Fxgyor jkyjk g úvuig jg Gurztog )Qu{xg.4??7,1 Irky yk xklkxks gu zxghgrnu jk mx{vuy jk xkromouyuyigxozgzoÁuy.jk jolxior iusvgxgõôu ius gySRKy gz{goyvuxw{k g Mmxkpgk u Iyzgju tôu kxgs ykvgxgjuy vux rko1Eixkjozgsuy w{k gy sujkxtgySRKy yôu vxuj{zuy ju yúi{ru cc0w{gtju u Iyzgju vgyyg g zkxvgvkr iktzxgr tg Áojg jgy tgõ{ky1 Irgy

yôu {s lktzsktu s{tjogr. ks vgxyky igvozgroyzgyu{ ks zxgtyluxsgõôu. iusu g kà0\VWW1Ggtgjí.Iyzgjuy \tojuy. Jxgtõg. Erksgtng k Fúrmoig yôu uy igsvk{ky jk SRKy. ks zkxsuy t{súxoiuy. tuingsgju Txoskoxu Q{tju1 Qkysu tu Ngvôu. utjk g gyyoyzwtiogotzkxtgiouxttgr ktÁurÁktju SRKy ú1vkw{ktg. iutzgÁg ius 4:7 ktzojgjky ks 4?;;1

S Fgtiu Q{tjogr zks jgju mxgtjk gzktõôu êy SRKy jkyjk g júigjg jk ;3. iutyojkxgtju0gyiusu sgoy kloioktzkyw{k gy gmwtiogy muÁkxtgsktzgoy. vxouxoâgtju gõ{ky ks vgxikxogius gy skysgy1 Ejosktyôu yuiogr ju jkyktÁurÁosktzu vgyyu{. vgxg u Fgtiu Q{tjogr. g ykxigsvu jgy SRKy1Is 4?;?. uFgtiu gyyos jkloto{ gy SRKWB' mx{vuyk otyzoz{oõ{kyw{k yôu otzkoxgsktzk u{ rgxmgsktzk otjkvktjktzkju muÁkxtu k igxgizkxoâgjgy vxotiovgrsktzk vux uhpkzoÁuyn{sgtozíxouy u{ iuuvkxgzoÁuy. gu otÁúy jkiuskxiogoy' 1)Ouxzkt. 4??4,1

E kàvxkyyôu SRK luo ixogjg vkrg SR\ tg júigjg jk 4?73 vgxg jkyomtgx ktzojgjky tôuuloiogoyw{k xkikhogs gp{jg lotgtikoxg jk yxmôuyv|hroiuy vgxg kàki{zgx vxupkzuyjk otzkxkyykyuiogr.jktzxu jk {sg loruyulog jk zxghgrnu jktusotgjg 'jkyktÁurÁosktzu jk ius{tojgjk'1 S xkiuxzk jgjklotoõôu jg SR\ ú jgju vkrg kyzx{z{xgp{xxjoigA ykxu{ tôu ykxmuÁkxtu1Ey SRKy yk ruigroâgÁgs tg.

kylkxg ju vxoÁgju1TgxgÁíxogySRKy iutzksvuxótkgy. g iutikoz{gõôu jgy ktzojgjky tôu vgyyg sgoy vkruxkiuxzk v|hroiu0vxoÁgju vuoy zkxoguiuxxoju g kskxmwtiog jk {s u{zxu ykzux tg kylkxg jg uxmgtoâgõôumkxgrjg yuiokjgjk w{k ykxogu v|hroiu0ius{tozíxou0tôu kyzgzgr.Áotju g yk iutyzoz{oxtu 'zkxikoxu ykzux'jg

kiutusog. tu vrgtu otluxsgr1 Tgxg w{k vuyygsuy gtgroygxkyzky gxm{sktzuy vxkioygsuy xkiutyzx{ox uvxuikyyu noyzyxoiujk jkyktÁurÁosktzu jgy SRKy tgy |rzosgy júigjgy k g jolkxktiogõôu kàoyzktzkyktzxk

krgy1\yk Winkxkx0bgxxkt gloxsg w{k 'uxomotgrsktzk u zkxsu luo osvuxzgju gzxgÁúyjgy Emwtiogy

jk lotgtiogsktzu ) SRKy jk 4. s{tju, vgxg jktusotgx gy uxmgtoâgõ{kyotzkxskjoíxogy2uy iktzxuy, tuy

63

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vgxykyks jkyktÁurÁosktzu. xkyvutyíÁkoyvkrg osvrksktzgõôu jk vxupkzuyp{tzu g uxmgtoâgõ{kyjk hgyk1S

4. s{tju gy jktusotgÁgs jk SRKHy )Sxmgtoâgõ{ky Rôu0 KuÁkxtgsktzgoy jk HkyktÁurÁosktzu,. sgyvgxg uy rgzotuy0gskxoigtuy zusgxgs0yk iutnkiojgy iusu 'Gktzxuy Tuv{rgxky') jk kj{igõôu. vxusuõôu.ykxÁoõuyp{xxjoiuy. otluxsgõôu. jui{sktzgõôu. vkyw{oygk u{zxuy ykxÁoõuyromgjuyg otoiogzoÁgyjgy hgyky

ius{tozíxogy,1 Wy sgoy xkiktzksktzk ú w{k u {toÁkxyu jgy 0KRKy yk gsvrou{ iutyojkxgÁkrsktzk tgEsúxoig Pgzotg1Tux {s rgju. jkÁoju gu y{xmosktzu jk {s mxgtjk t|skxu jk SRKy gshoktzgroyzgyk. vuxu{zxu. vux gyyos yk g{zu0jktusotgx {s Ágyzut|skxu jk ktzojgjky w{k gtzkxouxsktzk yk xkiutnkiogsgvktgy yuh g jktusotgõôu jk lorgtzxyvoigy1') Winkxkx0bgxxkt. 4??7,1 E skysg g{zuxg jklotk SRK iusu'uxmgtoâgõ{ky luxsgoy. vxoÁgjgy.vuxús ius loty v|hroiuy k yks loty r{ixgzoÁuy.g{zumuÁksgjgy k iusvgxzoiovgçêu jk vgxzk jk yk{y skshxuy iusu Áur{tzíxouy. uhpkzoÁgtju xkgroâgxskjogõ{ky jk igxízkxkj{igioutgr. vurxzoiu. gyykyyuxogzúitoig. vxkyzgõôu jk ykxÁoõuyk gvuou sgzkxogr k rumxyzoiu vgxg

vuv{rgõ{ky0grÁuykyvkixloigy u{ vgxg ykmsktzuy jg yuiokjgjk ioÁor.zktju ks Áoyzgkàvgtjox u vujkx jkvgxzoiovgõôujkyzgy ius u uhpkzoÁu|rzosu jk jkyktigjkgx zxgtyluxsgõ{ky yuiogoygu txÁkr soixu) juiuzojogtu k2u{ ruigr, u{ gu txÁkr sgixu) yoyzwsoiu k2u{ mruhgr,1)Winkxkx0bgxxkt. 4??8A498,1

Ruy gtuy ?3 gy SRKy mgtngs ktuxsk xkvxkyktzgzoÁojgjktg yuiokjgjk w{kÁíxogyotyzoz{oõ{ky

jk vkyw{oyg.k otzkxÁktõôutg xkgrojgjk gzxgÁúyjg krghuxgõôu jk vrgtuy. vxupkzuy.igsvgtngy. kzi. iusuãu GIHIG k u GIHIW ks WôuTg{ru. u MFEWI tu Vou. k zgtzgy u{zxgy. vgyygs g yk jklotox zgshúsiusu SRK1 S jktusotgjux ius{s jgy SRKy vgxkik ykxg y{g xgâôu yuiogr jk loty tôu0r{ixgzoÁuy1Rôuvujksuy gloxsgx w{k krgy ykpks vxkyzgjuxgy jk ykxÁoõuyk tôu Áurzgjgy vgxg g vxuj{õôu jk {s vxuj{zuvuxw{k kàoyzks SRKy w{k lgâks ju lx{zu yk{ vxyvxouzxghgrnu. vxuj{zuy w{k yôu iuskxiogroâgjuy iusu(gy v{hroigõ{ky ) gotjg w{kg {s vxkõu ghgoàu ju Ágruxjk skxigju,1

E kylkxg híyoig jk gz{gõôu jgy SRKy yksvxk luo g jg yuiokjgjk ioÁor1Ishuxg kyzg |rzosgigzkmuxogzgshús iusvuxzg {sg rutmg joyi{yyôu. jgju y{gy jolkxktzky gikvõ{ky tg iowtiog vurxzoig k tgnoyzyxogjgy ojúogy yuiogoy. vujksuy joâkx w{k u igsvu jk gz{gõôu jgy SRKy zws yoju u jugyyoyzktiogroysu ) gzxgÁúyjg lorgtzxuvog,. u ju jkyktÁurÁosktzoysu. )gzxgÁúy juy vxumxgsgy jkiuuvkxgõôu otzkxtgioutgr. ktzxk SRKy k gmwtiogy jk lusktzu. v|hroigy k vxoÁgjgy,. k u igsvu jgiojgjgtog ) gzxgÁúyjgy SRKy ixogjgy g vgxzoxjk suÁosktzuy yuiogoyw{k r{zgs vux joxkozuyyuiogoy,

Ishuxg ngpg{sg ykw{wtiog noyzyxoigktzxk u y{xmosktzu jkyzky 'sujkruy'. tg gz{grojgjk krky iukàoyzkstu zksvu k. gy Ákâky. tu tu skysu kyvgõu1Iyz{juy ju Fgtiu Q{tjogr zktjks g y{jÁojoxu igsvu jkgz{gõôu jgy SRKy ks w{gzxu mxgtjky íxkgy. g yghkxAgyyoyzwtiog k hks0kyzgx. jkyktÁurÁosktzu jkxki{xyuy n{sgtuy. igvgiozgõôu2 sorozótiog vurxzoig. k vurxzoigy jk gsvgxu u{ jk vxuzkõôu1Gutyojkxgsuyw{k. kyzgyj{gy |rzosgy igzkmuxogy.tgEsúxoig Pgzotg. tôu yk y{hjoÁojks vuoy gy SRKy jk jklkyg juyjoxkozuyn{sgtuy jkyktÁurÁks zgshús {sg sorozótiog vurxzoig. gyyos iusu gy jk jklkyg ju skougshoktzk1 Ez{grsktzk. ks w{gykzujgy gy xkmo{kyju s{tju yk vujk lgrgx jk 'vurxzoigy ju Ákxjk')Áojk

VgothuÉ. Wzkvnkt. Kxkkt Turozoiy.Sàluxj1Txkyy \toÁkxyozá1 4??6, Tuxzgtzu. vux ktzktjkxsuy w{k gsorozótiog vurxzoig tôu yk iutl{tjk ius g sorozótiog vurxzoiu0vgxzojíxog.{zoroâgxksuy tkyzk zxghgrnu u

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zkxsu SRKy iojgjôy vgxg gy ktzojgjky Áurzgjgy vgxg w{kyz{kyjg iutyzx{õôu u{ xkymgzkjg iojgjgtog.ktw{gjxgtju0yk tkyzk igsvu zujgy gy ktzojgjky irgyyoloigjgy tg zkxikoxgk w{gxzg íxkgy ju FgtiuQ{tjogr1

u igsvu jg lorgtzxuvogú u sgoy gtzomujgy SRKy1 E Mtmrgzkxxgzks {sg rutmg zxgjoõôu tgíxkg1Txumxgsgy jk joyzxoh{oõôujk grosktzuy. xu{vgy k xksújouy yurojoloigxgs u vkxlorjk Áíxogyktzojgjky

otzkxtgioutgoy iusu g Gx{â akxskrng. g GEVI. kzi1Ru Fxgyor.tg TxoskoxgVkv|hroig. w{gtju g w{kyzôuyuiogr kxg w{kyzôu jk vurxiog. k gy vurxzoigy vxumxkyyoyzgyjk ktzôu ktw{gjxgÁgs0yk tg x|hxoig juygtozgxoysu. u gyyoyzktiogroysuluo g luxsg w{k yk gvxkyktzgÁg iusu yur{õôu vgxg u gzktjosktzu jkykzuxkyigxktzky jg TxkÁojwtiog Wuiogrotkàoyzktzk1Gus gy rkoyzxghgrnoyzgyjuy gtuy 63. u gyyoyzktiogroysuvgyyu{ g zkxkyvgõu tgy vurxzoigyv|hroigy. iusu luxsg jk y{vxoxigxktiogy k vyk{ju0 jklgygmkty i{rz{xgoy1S vxyvxouIyzgju ixou{ gy otyzoz{oõ{kyjk otzkxskjogõôu ius gy SRKy igxozgzoÁgy.iusu g PFE1

S igsvu ju jkyktÁurÁosktzoysu jgzg ju vyy0m{kxxg1Rkyzk vkxxuju i{tng0yk g kàvxkyyôu'yks loty r{ixgzoÁuy'vgxgjkyomtgx {sg igzkmuxogjk otyzoz{oõôutôu Áurzgjg vgxg u r{ixu. zktju iusuv|hroiu grÁuuy ykzuxkyigxktzky lotgtikoxgsktzk. ktÁurÁojuy ks vxupkzuyjk jkyktÁurÁosktzu kiutzsoiuruigr1 Iyzg sujgrojgjk vgyyu{ vux Áíxogykzgvgynoyzyxoigyw{kÁgojkyjk g yosvrky h{yig jk otzkmxgõôujkykzuxkyx{xgoygu 'kyzoru jk Áojg {xhgtu'. gzú uy gz{goyvxumxgsgy jk jkyktÁurÁosktzu g{zu0y{yzktzgju.Áurzgjuy vgxg g ixogõôu jk {tojgjky vxuj{zoÁgyw{k zktngs iusu skzg g g{zu0y{loiowtiog gu rutmu jgLoyzyxog1E sgoux vgxzkjgy SRKy jg Esúxoig Pgzotg y{xmo{gvyy uy gtuy :3. k krgy yk ktw{gjxgs. ksy{g mxgtjk sgouxog. tg sujgrojgjk jkyktÁurÁosktzoyzg1

S igsvu jg iojgjgtog ú sgoy xkiktzk ktzxk gy SRKy rgzotu0gskxoigtgy1 Irk luo iutyzx{xju gvgxzoxjg kskxmwtiog jk luxsgy jk uxmgtoâgõ{kyjg yuiokjgjk ioÁor.w{k vgyygxgs g ykx jktusotgjgy.

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Rg júigjg jk 4?83 uy Iyzgjuy \tojuy ixou{ l{tjuy vgxg g gyyoyzwtiogk jkyktÁurÁosktzu jk

u{zxuy vgxyky gzxgÁúyjk SRKy1 Iyzky l{tjuy mkxgxgs l{tjgõ{ky v|hroigy kyvkixloigy iusu g Mtzkx0Eskxoigt Ju{tjgzout k g Eyog Ju{tjgzout1 Iyzg vurxzoig luo ykm{ojgvkrg Erksgtng. W{úiog.E{yzxírog.Lurgtjg. Rux{kmg k Ggtgjí1 Irky ixogxgs tuy gtuy :3 g SHE0Eyyoyzwtiog Sloiogr vgxg uHkyktÁurÁosktzu1

Rg sgouxog juy vgxyky jg Esúxoig Pgzotg. gy vurxzoigy jk otixksktzu jg iuuvkxgõôu

otzkxtgioutgr uiuxxks tu skysu susktzu w{k uy suÁosktzuy yuiogoy. ks kyvkiogr u yotjoigr k uyvuv{rgxky. kyzgÁgs hgyzgtzk gzoÁuy.gu lotgr juy gtuy :3 k j{xgtzk mxgtjk vgxzkjuy gtuy ;31 Ru otxioujuy gtuy ?3 g suhoroâgõôu yk xkj{â k grm{ty suÁosktzuy yk jkysuhoroâgs1 Iyzk vxuikyyu yk jíiutiuxtozgtzksktzk gu ixkyiosktzu jgy SRKy1 S{ ykpg.gy SRKy w{k kyzoÁkxgsÁurzgjgy vgxg u gvuou

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w{gtju uy suÁosktzuy jkoàgs jk kyzgxks y{hskzojuy gu gxhxzxoujozgzuxogr.gyyos iusu zujg g

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vuv{rgxky ks vgxzoi{rgx0jkÁojugy joÁkxmwtiogyvurxzoiu0ojkurymoigy00tôu kyzgÁgs vxkvgxgjuy vgxg kyzgtuÁg kxg1Ey SRKy gyy{sks g rojkxgtõg jk Áíxouyvxuikyyuy yuiogoy.w{k gtzky kxgs jk jusxtou jgyrojkxgtõgy juy suÁosktzuy yuiogoy1Vkrgzyxoukrghuxgju gu lotgr ju TxoskoxuItiutzxu Mtzkxtgioutgr jk

Guuvkxgõôu k SRKy. ks 4??4. iutir{x w{k krgy. SRKy. tôu jkÁkxogs sgoy yk kyiutjkx gzxíy juysuÁosktzuy yuiogoyvuoy.ktzôu. krgyzotngs pí. tgw{krk susktzu. vkxlorvxyvxou1

Ruy gtuy ;3 k ?3 gy SRKy vgyygs g uvkxgx ykm{tju vxupkzuy.w{k {y{grsktzk xkikhks. u{xkikhkxgs. Ákxhgyk gvuouy lotgtikoxuy jk gmwtiogy jk iuuvkxgõôu otzkxtgioutgr u{ jk u{zxgy SRKy1

Ew{krgy gmwtiogy gu uvkxgxks vux vxupkzuykyvkixloiuy0 k tôu gvuou joxkzu g otyzoz{oõôuruigr iusu {szuju0 sgtzoÁkxgs gy SRKy ruigoy jkvktjktzky jg iutp{tz{xg kiutzsoig juy xki{xyuy joyvutxÁkoy.u w{kÁkoug gioxxgxuy skigtoysuy jk iusvkzoõôu k g tkikyyojgjk jk iusvkzozoÁojgjk juy zxghgrnuy1MyzurkÁu{

g w{k gy SRKy ruigoy yk zusgyyks hgyzgtzk vxgmsízoigy. vxkui{vgjgy ius g w{groloigõôujk yk{yvxuj{zuy. u{ ykpgg vxkyzgõôujk {s ykxÁoõuvgxg{s v|hroiu grÁu.w{kxyk zxgzkjk {sg iuuvkxgzoÁg.{sgvxuj{õôu u{ iuskxiogroâgõôu grzkxtgzoÁg.{s vxumxgsg jk jkyktÁuÁosktzu ius{tozíxou. jk kj{igõôu.yg|jk kzi1 S skysu tôu uiuxxk. tg sgouxog jgy Ákâky. ius u yk{ vkyyugr. iusvuyzu jk {s mxgtjkt|skxu jk puÁkty otoiogtzkytu skxigju jk zxghgrnu u{ kyz{jgtzky1 E xuzgzoÁojgjkjkyzg sôu0jk0uhxg úu{zxu lgzux ks jkyzgw{k1 E vxkui{vgõôu ius g w{groloigõôu jkyzg sôu0jk0uhxg zks yoju {sgvxkui{vgõôu xkiktzk. uhyzgi{foâgjg w{gykyksvxk vkru vxuhrksg jgy Ákxhgy1Itzxkzgtzu kyzgw{groloigõôu1ú Áoyzgjk luxsg jolkxktzk jg gigjksog1 Irg yk lgâ tu vxuikyyu jk zxghgrnu. gzxgÁúyjk joyi{yy{ky.yksotíxouy0utjk yk iutÁojgs kyvkiogroyzg0u{Áogmktyju vkyyugr g iktzxuy u{ SRKy sgouxky. gyyosiusu g vgxzoiovgõôuks iutmxkyyuy tgioutgoy k otzkxtgioutgoy1

U{gtju kàgsotgsuy gy v{hroigõ{ky jgy SRKy. w{k ú Áur{suyg. jkvgxgsu0tuy ius {sgyúxokjk g{zuxky ghyur{zgsktzk jkyiutnkiojuy jg gigjksog u{ jgy xk{to{ky jk igxízkx ioktzxloiu1 Qgyjkvgxgsu0tuy zgshús ius {s iutp{tzu mxgtjk jk zkàzuyvxuj{âojuy vux otzkrkiz{goyjg gigjksog. lx{zu

jk gyykyyuxogyu{ yksotíxouy kyvkixloiuy vgxg gy SRKy1 Qgoy xkiktzksktzk zksuy uhykxÁgju g h{yig.ktzxk grm{sgy SRKy. vkrg vgxzoiovgõôuks xk{to{ky ioktzxloigy gzxgÁúyjk grm{ty otzkrkiz{goy2sorozgtzky.

w{k yôu zgshús vxulkyyuxky {toÁkxyozíxouy1S{zxg zktjwtiog xkiktzk ú g jk grm{ty vxulkyyuxky{toÁkxyozíxouy.gzxgÁúyju ktmgpgsktzu ks SRKy0 iojgjôy. rgtõgxks igsvgtngy. iusu V1G1Jkxtgtjky k

g 'Ggsvgtng aoÁgVou'jk 4??72?81Wkm{tju V1 G1 Jksgtjky )4??7,. 'gy SRKy tôu vuyy{ks {s igxízkx xkvxkyktzgzoÁu1à

jolkxktõg juy yotjoigzuy. jgy gyyuiogõ{kyjk suxgjuxky u{ skysu juy suÁosktzuy yuiogoy.gy SRKy tôuvujks lgrgx u{ gmoxks tusk jk zkxikoxuy1Jgâks0tu yusktzk ks tusk vxyvxou1Is iutykw{wtiog. tôujkvktjks ju iusvrkàu pumu vurxzoiu osvroigju tuy yoyzksgy xkvxkyktzgzoÁuyvgxg rkmozosgxgy y{gyjkioy{ky1Qgoy gotjg. yktju vgxzoi{rgxky.gy SRKy vujks. ks vxotixvou. s{rzovroigx0ykotjklotojgsktzk.

66

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ks l{tõôu jgy jksgtjgy k jgy otoiogzoÁgy.yks w{k oyzuzgsvu{iu iuruw{k vxuhrksgy jk rkmozosojgjk1SÁgruxw{kMnkyú gzxoh{xju jkxoÁgjgy xkyvuyzgyuhzojgy guy ykxÁoõuyw{kzws vgxgulkxkikx1

Is yxtzkyk gy SRKy. ks rotngy mkxgoy.tôu zxghgrngs tg rotng jg sorozótiog k jg vurozoâgõôujg yuiokjgjk ioÁor.iusu uy suÁosktzuy yuiogoy1Evktgy g vgxikrg jgy SRKy iojgjôy kÁuigs u s{tjujg vurxzoig. jg vgxzoiovgõôu. ju gzoÁoysu sorozgtzk. gu iutzxíxou jgy SRKy gyyoyzktiogroyzgyu{jkyktÁurÁosktzoyzgy1Irgy otzxuj{âoxgs tuÁojgjky otyzoz{ioutgoyê skjojg w{k yk gvxkyktzgs iusukàki{zuxg jk gzoÁojgjkyjk otzkxkyykv|hroiu luxg jg síw{otg muÁkxtgsktzgr. ius i{yzuy sktuxky ksgoux kloiowtiog1 Irgy vuzktiogroâgs gy luxõgy uxmgtoâgjgy jg yuiokjgjk k ixogs {s tuÁu igsvu jkzxghgrnu Au zxghgrnu yuiogr Áurzgju vgxg gy vuv{rgõ{ky sgoy vuhxky. ks kyvkiogr ixogtõgy k s{rnkxky.igzkmuxogyyuiogoyxkiuxzgjgy vkrgypí iríyyoigy w{kyz{kyjg ojgjk k ju mwtkxu. k tôu sgoy vux vxuhrksgy

iurkzoÁuy{xhgtuy u{ jk gmruskxgõ{ky vuv{rgxky. iroktzkrgyjuy suÁosktzuy vuv{rgxky1

1-0,5 5pqUÇzl aUoLIBo jl 9nUofh

Eu iutzxíxou jk Áíxouyu{zxuy vgxyky jg Esúxoig Pgzotg. g mktkxgroâgõôuju zkxsu SRKy0Sxmgtoâgõ{ky Rôu0KuÁkxtgsktzgoy 0 ú {s lktzsktu xkiktzk tg noyzyxogvurxzoig hxgyorkoxg1Qgoy(kyvkioloigsktzk. vujksuy jgzgx tuy gtuy ;3 u vkxxuju jk yk{ ixkyiosktzu k kàvgtyôu tu Fxgyor. jkktzojgjky w{k y{xmoxgsk yk g{zu0ojktzoloigÁgs iusu SRK1 Etzkxouxsktzk. zxtngsuy uxmgtoâgõ{kyk

ktzojgjky gyyoyzktiogoyk2u{ lorgtzxyvoigy.w{k tôu yk g{zujktusotgÁgs 'tôu0muÁkxtgsktzgoy'1 Irgy kxgsvgxzk jg Áojg yyiou0vurxzoig hxgyorkoxg.iusu ktzojgjky igxozgzoÁgy1Itw{gtzu w{k ks u{zxuy vgxyky jgEsúxoig Pgzotg u{ ju ingsgju 'Txoskoxu Q{tju'. jkyktÁurÁoju. iusu u Ggtgjí. gy ktzojgjkygyyoyzktiogoyjksgxigxgs yk{ kyvgõu jk gz{gõôu iusu SRKy. tu Fxgyor. yy xkiktzksktzk. grm{sgyktzojgjky gyyoyzktiogoyzks yk otzkmxgjuê xkjk jk SRKy gxzoi{rgjg g txÁkr otzkxtgioutgr1 G{svxk xkmoyzxgxzgshús w{k gy vxotiovgoySRKy hxgyorkoxgytôu yôu gy gyyoyzktiogoyrlorgtzxyvoigy.sgy gy iojgjôy. kshuxggy lorgtzxyvoigyykpks g sgouxogks zkxsuy t{súxoiuy1

Tuxzgtzu. tu Fxgyor.u zkxsu SRK xklkxk0ykg {s zovuvki{rogx jk uxmgtoâgõôujg yuiokjgjk1Xxgzg0ykjk {s gmx{vgsktzu jk vkyyugy. uxmgtoâgju yuh g luxsg jk {sg otyzoz{oõôujg yuiokjgjk ioÁor.w{k yk jkirgxg ykxyks loty r{ixgzoÁuy.zktju iusu uhpkzoÁur{zgxk2u{ gvuogxig{ygy iurkzoÁgy1b1 SroÁkoxgRkzu )4??5,. iutyojkxg w{k gy SRKy yôu igtgoy jk vgxzoiovgõôujgy igsgjgy sújogy jg yuiokjgjk.

kàkxiktju gzoÁojgjkytg kylkxgv|hroig. zxgj{âotju otzkxkyykyk jksgtjgy vuv{rgxky. ks gxktgy yuiogoyjkiutlrozuy1 Gutiuxjgsuy ius kyzgyiuruigõ{ky tu w{k yk xklkxkg vgxikrg yomtoloigzoÁgjgy SRKy0iojgjôy1Myzutuy xkskzk g w{kyzôujk y{gy uxomkty1

E uxomks jgy sujkxtgy SRKy hxgyorkoxgyú joÁkxyg1Xksuy Áíxogyktzojgjky ixogjgy g vgxzoxjk mx{vuy jk gyykyyuxogyg suÁosktzuy yuiogoyvuv{rgxky {xhgtuy1 Ru otxiou jg júigjg jk ;3 kyzky

mx{vuyyk g{zu0jktusotgÁgs iusu 'gvuouy' k zotngs jolkxktzky lorogõ{kyAvurxzoiu0vgxzojíxogy.xkromouygy.u{ uxomotíxouyjk u{zxgy otyzoz{oõ{ky.iusu g {toÁkxyojgjk1Erm{ty vkyw{oygjuxkyyuhxk g w{kyzôu jgy

2 67

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SRKy tu Fxgyor.iusu Pgtjos. )4??6,B Jkxtgtjky k Tow{kzk4??5,B zgshús zks jkyzgigju g uxomks jgygz{goySRKy0 u{ gy 77iojgjôy 77iusu kyzgsuy jktusotgtju gw{o.tg júigjg jk ;31

Evyy 4?;5 zoÁksuy {s vkxouju jk mxgtjk kàvgtyôu jk SRKy tu Fxgyor1Irk iuotiojk ius{sg lgyk jg Áojg tgioutgr utjk juoy krksktzuy yk jkyzgigsA jk {s rgju g xkuxjktgõôu jgy luxõgyvurxzoiu0yuiogoyks hruiuy vgxzojíxouy. ks r{zg vkru gikyyu gu vujkx )tgy Gósgxgy k EyykshrúogyPkmoyrgzoÁgyk jksgoy igxmuy kàki{zoÁuy,Bk vux u{zxu rgju. u joyi{xyu k g vxízoig klkzoÁgvux vgxzk jumuÁkxtu iktzxgr. ks zkxsuy jk vurxzoigyjk jkykyzgzoâgõôu1

Sy juoy krksktzuy gyyotgrgjuy gtzkxouxsktzk jksgxigs( gy SRKy1 S vxoskoxujk igxízkx sgoyvurxzoiu. ixogxí kyvgõu otyzoz{ioutgr êy SRKy ê skjojg w{k mx{vuy jk kyw{kxjg. tgy y{gy jolkxktzky

sgzxoâky. gyiktjks gu vujkx1 Ey SRKy vgyygxôu g ykx vutzuy híyoiuy jk y{vuxzk zúitoiu0vurxzoiu êytuÁgy gjsotoyzxgõ{ky1 S ykm{tju. jk igxízkx sgoy kiutzsoiu. kyzx{z{xgxívg{rgzotgsktzk {sg xkjk jkotyzoz{oõ{ky. igxgizkxoâgjgy iusu ius{tozíxogy. gy w{goy mgtngxôu vg{rgzotgsktzk {sg sgoux

iutloghorojgjk tu mkxktiogsktzu jk xki{xyuy k tg kloiowtiog jk y{gy gõ{ky. ks xkrgõôu êy ktzojgjky jkigxízkx v|hroiu vxuvxogsktzk jozgy1

Rg xkgrojgjk. uy juoy krksktzuy gyyotgrgjuy gvxkyktzgs k xkvxkyktzgs vxuhrksgy kvuyyohorojgjky vgxg g yuiokjgjk hxgyorkoxg1Irky yôu vxuhrksgy ê skjojg w{k gy SRKy vujkxôu ykx{zoroâgjgyiusu kyvgõu vgxg ghxomgxmx{vuy jk vxkyy{ky k ruhhoky. íÁojuy ks rgtõgx sôu jgy Ákxhgyv|hroigy. joxkioutgtju0gy vgxg otzkxkyykyjk sotuxogoy. ks tus k jk gõ{ky sgoy kloigâky1Ey SRKy yôuvuyyohorojgjkyê skjojg w{k xkvxkyktzgs {s tuÁu kyvgõu uxmgtoâgzoÁujg yuiokjgjk ioÁor.jk luxsg sgoykyvutzótkg. sktuy h{xuixgzoâgjg1 Tujkxôu ykx skigtoysuy l{tjgsktzgoy jk iutyzx{õôu jg iojgjgtoghxgyorkoxg.vujktju gz{gx iusu gmktzky jk loyigroâgõôujg yuiokjgjk ioÁoryuhxk g yuiokjgjk vurxzoig. tu

mkxktiogsktzu jg iuoyg v|hroig1Ey SRKy iojgjôy tgyiks k ixkyiks xklkxojgygu igsvu jgy gyyuiogõ{kyk juy suÁosktzuy

yuiogoy1Myzujksgxigxí yk{ vgvkr iusu gmktzk jk jksuixgzoâgõôu. igxgizkxoyzoigvki{rogx tu Fxgyor.k ksgrm{ty u{zxuy vgxyky jg Esúxoig Pgzotg1Hkyjk rumu ú vxkioyu xkrkshxgxsuy w{k u zovu jk SRKy w{k

kyzgsuy zxgzgtju y{xmktu Fxgyor t{s susktzu kyvkixloiu ju vxuikyyu jk vgxzoiovgõôujg yuiokjgjkioÁor.otyzg{xgju g vgxzoxjg ykm{tjg skzgjk juy gtuy :31 Iyzk susktzu iuxxkyvutjk g lgyk ks w{k. gyjksgtjgy utmsgtgy jgy igxwtiogy yyiou2kiutzsoigy kàoyzktzky. u{ jgy joyixosotgõ{ky.yuiou2vurxzoiu2i{rz{xgoyÁomktzky.jkoàgxgs jk ykxoyurgjgy k vgyygxgs g ykxgmr{zotgjgy ks uxmgtoâgõ{ky

sgoy gsvrgy1E otyzoz{ioutgroâgõôu jgy jksgtjgy ks igtgoy vxyvxouy. w{kx ykpg yuh g luxsg jk {s

suÁosktzu yuiogr uxmgtoâgju. u{ ks gyyuiogõ{ky jk gvuou êy uxmgtoâgõ{kyvuv{rgxky. mkxu{{s j{vru

lktzsktu1 S vxoskoxu luo g jg ixogõôu jk kyzx{z{xgyluxsgoy jk rkÁgtzgsktzu. yoyzksgzoâgõôu kktigsotngsktzu jgy jksgtjgy1 S ykm{tju. luo g iutyzoz{oõôu jk {sg xkjk jk yurojgxokjgjky ktzxk gy

joÁkxygykyzx{z{xgyluxsgoy ixogjgy1 Iyzky juoy lktzsktuy iutlkxoxgs êy SRKy rkmozosojgjk êy y{gy

gõ{ky1

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Gutyojkxgtju0yk u vxuikyyu jk p{xojoâgõôu w{k vgyyu{ g skjogx gy xkrgõ{ky ktzxk uyjolkxktzky mx{vuyyuiogoyg vgxzoxjg Eyykshrúog Rgioutgr Gutyzoz{otzkhxgyorkoxg.g gz{gõôu jk w{grw{kxmx{vu yuiogrmgtnu{. jk {s rgju. sgoux hgyk jk gsvgxu rkmgrk. jk u{zxu. sgoux tkikyyojgjk jk y{vuxzkzúitoiu. ks zkxsuy jk kyirgxkiosktzuy k iutnkiosktzuy tu jog0g0jogjg zxgxtozgõôup{xxjoig1 I gy SRKy

vgyygxgs g ykxgy otyzoz{oõ{kyvxoÁorkmogjgyvgxg xkgroâgxks kyzkzxghgrnu. tôu gvktgy tu igsvu p{xojoiuvxuvxogsktzk jozu. sgy tgy jolkxktzky íxkgy jk iutnkoisktzu zúitoiu vgxg g jksgxigõôu jk rkoy.xkm{rgsktzuy. kzi1 S{ ykpg.u yghkx zúitoiu kyvkiogroâgju. yuhxk u {yu ju yuru. vux kàksvru. u{ gyw{kyz{ky xkrgzoÁgygu skou gshoktzk. mgtngxgs jkyzgw{k k vxoskoxu vrgtu tuy ktigsotngsktzuytkikyyíxouy êy gõ{ky iurkzoÁgy1Wkm{tju Lkxhkxz jk Wu{âg. u Fkzotnu. tkyzk vkxxuju gy SRKy ygxxgs jgirgtjkyzotojgjk k gjw{oxoxgslgsg k tuzuxokjgjk otzkxtgioutgr1)L1 Wu{âg. 4??5,1

Ey SRKy. gu ykxks jksgtjgjgy. ixkyikxgs k gsvrogxgs y{g hgyk jk kyzx{z{xgõôu1Xgshúsvgyygxgs g yk gxzoi{rgx ius iutpwtkxky jk u{zxuy vgxyky. g jkyktÁurÁkxks vxupkzuy vxyvxouy. k gh{yigxks lotgtiogsktzuy ks gmwtiogy otzkxtgioutgoy. s{ozgy Ákâky. ks u{zxgySRKy jk igxízkx s{tjogriusu g KxkktTkgik u{ g Qoykxux)jk uxjks iutlkyyoutgr,1

S ixkyiosktzu jgy SRKy ixou{ zgshús {s igsvu kyvkixloiu jk otzkxrui{õôu ius gyuiokjgjk ioÁor1Is grm{ty igyuy. uy suÁosktzuy yuiogoyw{k kxgs gyykyyuxgjuyvkruy kshxo{ky jk {sgSRK. jkygvgxkikxgs ius g iutyzx{õôu jg SRK vxuvxogsktzk jozg1Ixgs suÁosktzuy lxímkoy.w{k tôujkyktÁurÁkxgs0yk ius g{zutusog k g{zujkzkxsotgõôu1 IyzgÁgs s{ozu vxkyuy êy gyykyyuxogy1U{gtjukyzgy iutyzx{xxgs yk{y vxyvxouyigsvuy jk gz{gõôu. gzktjktju gy jksgtjgy gjÁotjgy jg otzkxrui{õôu

ius uy gvgxkrnuy kyzgzgoykrgy. SRKy. tôu zoÁkxgs sgoy zksvu vgxg Áurzgxks0yk vgxg gy hgyky juysuÁosktzuy1 Ey rojkxgtõgy jkyzky |rzosuy xklr{xxgs k uy suÁosktzuy jkysuhoroâgxgxt0yk1 Qgy gy

gyykyyuxogy.gzxgÁúyjgy SRKy. yuhxkÁoÁkxgs1I{ joxogskysu w{k. tkyzky igyuy. gy SRKy vgyygxgs gy{hyzoz{oxuy suÁosktzuy1

Ru Fxgyorjuy gtuy ?3 zksuy SRKy iojgjôy jk zujuy uy zovuyk zgsgtnuy1 \s mx{vu s{ozu

luxzk ú iutyzoz{xju vkrgy ktzojgjky gshoktzgroyzgyk kiurymoigy jk {sg luxsg mkxgr1Iyzgy. tgyikxgs k zksgiusvgtngju g kàoyzwtiog jk Áíxouy suÁosktzuy yuiogoy.zktju vgxzoiovgju gzoÁgsktzk jk kÁktzuy jkuxjks otzkxtgioutgr iusu g IGS ?5 k u 'Jyx{s Fxgyorkoxujk SRKy k QuÁosktzuy Wuiogoyvgxg u QkouEshoktzk k u HkyktÁurÁosktzu') Áojk Lkxi{rgtu juy Wgtzuy. Wkrktk. 4??7,1 S{zxu mx{vu ú luxsgju

vkrgy SRKy jk gyykyyuxogg suÁosktzuy vuv{rgxky1Wôumx{vuyjk vxuloyyoutgoyrohkxgoyw{k yk {toxgs kixogxgs 'kyixozyxouyzúitoiuy' )kàksvru juy kyixozyxouyjk gxw{ozkzuyw{k krghuxu{ vxupkzuyvgxg uTxumxgsg J\RETW Gus{tozíxou jg Txklkoz{xgjk WôuTg{ru. tg mkyzôujg kà0vxklkozgP{oâg Ix{tjotg,.u{ ktzojgjky jk gvuou ê uxmgtoâgõôu vuv{rgx tu w{k yk xklkxkg y{g xkrgõôu ius uy vujkxky v|hroiuy.iusu u Mtyzoz{zuTyroy jk Wôu Tg{ru1 \s zkxikoxumx{vu ú luxsgju vux ktzojgjky jk gyykyyuxoggigzkmuxogyjkzkxsotgjgy iusu mx{vuyjk yotjoigroyzgy.g kàksvru ju Mtyzoz{zuGgpgsgx jk WôuTg{ru1 \s

w{gxzumx{vu ú luxsgju vux ktzojgjky jk iusvuyoõôu yuiogr ius vxkjusotótiog jgy igsgjgy sújogy.Áurzgjgy vgxg u gvuou zgshús êy igsgjgy sújogy1 Wôugy gtzomgyk pí iríyyoigy gyyuiogõ{kyÁur{tzíxogy.

i 69

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uxmgtoâgjgy vgxg g jklkyg jk mx{vuy kyvkixloiuy1 Irgy ghxgmks ykzuxky yuiogoy sgoy otluxsgjuy jgyuiokjgjk k gz{gs s{ozu tg íxkg ju iuty{su1 )kà1g Eyyuiogõôu jk Hklkyg juy Guty{sojuxky,1

Ru ykzuxjk gvuou guy sktuxky k gjurkiktzky ktiutzxg0yk u sgoux t|skxu jk SRKy jk hgykruigr. tgioutgr1 Ru ykzuxx{xgr.gy SRKy otzkxtgioutgoy zws josot{xju k gy tgioutgoy. vgxzoi{rgxsktzk gygxzoi{rgjgy guy yotjoigzuy. zks ixkyioju1Erm{sgy SRKy pí gtzomgytu Fxgyor.iusu g JEWI0Jkjkxgõôu jkItzojgjky Eyyoyzktiogoy.u{ u MFEWI0Mtyzoz{zuFxgyorkoxujk Etíroyky Wuiogoyk Iiutzsoigy0u{ u MWIV0

Mtyzoz{zujk Iyz{juy jg Vkromoôu. ixkyikxgs hgyzgtzk tuy gtuy ?31 S MFEWI yk vxupkzu{otzkxtgioutgrsktzk gzxgÁúyjg Eõôu jg Gojgjgtog. Gutzxg g Jusk. Tkrg aojg. iuuxjktgjg vkru Fkzotnu1

S t|skxu jk SRKy tu Fxgyor ú {sg otiymtozg jkÁoju g tôu vxkioyôu jk yk{ vkxlor k gotir{yôu jk ktzojgjky jolkxktzky yuhxk g skysg x{hxoig1 S MWIVigri{ru{ ks 4?;9. 41374 uxmgtoâgõ{ky.ruigroâgjgy ks 57 kyzgjuy k 564 iojgjky1 Pgtjos. vkyw{oygjuxgju skysu MWIV.kyzosu{ ks 4??6. gkàoyzwtiog jk 6333 SRKy1 )Pgtjos. 4??6 ,1 E VkÁoyzgakpg igri{ru{. ks lkÁkxkoxujk 4??7. g kàoyzwtiog

jk sgoy jk 8333 SRKy tu vgxy1Lí juoy gtuy gzxíy kyzk t|skxu kxg w{gykg skzgjk1 Eiusvgtngtju gzktjwtiog s{tjogr jk ixkyiosktzu jgy SRKy. u Áur{sk jk jotnkoxu w{k krgy suÁosktzgs zgshús úmxgtjk1 Iyzosg0yk ks :33 sorn{ky jk jyrgxky vux gtu u suÁosktzu lotgtikoxu jg SRKW tu Fxgyor1

Tgxg lotgroâgxkyzkzyvoiu. grm{sgy iutir{y{ky w{k tuy xkskzk g w{kyzôu jgy SRKy iusuluxsgy sujkxtgy jk vgxzoiovgõôutg yuiokjgjk hxgyorkoxg1Qujkxtgy vuxw{k yk uxmgtoâgs ks zusu juyingsgjuy joxkozuyyuiogoysujkxtuyA joxkozuê w{grojgjk jk Áojg. g lkroiojgjk. g tôu joyixosotgõôu. g

vxkykxÁgõôuju skou gshoktzk1 kzi1Ey SRKy zgshús yôu sujkxtgy vuxw{kh{yigs iushotgx uy ÁgruxkyotjoÁoj{goy ius Ágruxky iurkzoÁuy. g xgioutgrojgjk otjoÁoj{gr )jgjg vkruy jkykpuy k gyvoxgõ{kyjgy

vkyyugy, ius g xgioutgrojgjk ioktzxloig )jgjg vkruy kyz{juy k gtíroyky zúitoigy juy vxuhrksgy ks

w{kyzôu,1I. lotgrsktzk. gy SRKy yôu sujkxtgy vux yk iutyzoz{xxks ks kyvgõuy iurkzoÁuyjk vgxzoiovgõôu

jg yuiokjgjk ioÁor.g vgxzoxjk otzkxkyykyjk mx{vuy jkzkxsotgjuy. zktju iusu xklkxwtiog suÁosktzuy kuxmgtoâgõ{ky yuiogoy1Irgy yôu gy ktzojgjky. vux kàkikrwtiog. vxui{xgjgy vgxg ykxÁoxjk skjogõôu tgyvurxzoigyjk vgxikxogu{ ykpg.vurxzoigyw{k gxzoi{rgs u muÁkxtu k g ius{tojgjk uxmgtoâgjg1Itzktjksuyw{k g w{kyzôu jg sujkxtojgjk ú noyzyxoig1Ggjg úvuig krghuxg yk{y ixozúxouyjk sujkxtojgjk1 Wkx

sujkxtu tkyzk lotgr jk yúi{ru ú ykx{s soyzu ju tuÁu k ju gtzomuBú {tox Ágruxkyn{sgtuy ius g zúitoigk g xgioutgrojgjk ioktzxloigBú vktygx u iurkzoÁuyks kyw{kikxu otjoÁxj{u1Ey SRKy jkyktngs kyzkvkxlor1

NbcbnÕjXfUo9fVhfldnvcfXUo:fpUaUo

5Vbnhb"LUrfa- Xnk Tkáuzk VkromoutEsutm znk RgÁgnu1Gnoigmu1Erjotk Txkyy14?991

5Vnbq"CUnlhal- 'E Gxoykjuy QuÁosktzuy vuv{rgxky'ot QuÁosktzuy vuv{rgxky \xhgtuy1 Tuxzu Erkmxk1

JEWI2Gojgjk1 4??51

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