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MPE CURSO EXTENSIVO MATERIAL DE AMOSTRA Coordenador: Rogério Sanches

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MPE CURSO EXTENSIVO

MATERIAL DE AMOSTRA

Coordenador:

Rogério Sanches

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SEJA BEM-VINDA (O)

Olá futuro(a) colega Promotor (a) público(a),

Disponibilizamos para você uma amostra dos materiais e ferramentas oferecidos pelo curso

preparatório do Vorne para a Promotoria. O concurso para Promotor, é um dos mais difíceis do País,

por isso, elaboramos e estruturamos conteúdos para facilitar e direcionar seu estudo rumo à

aprovação!

As principais dificuldades estão em dois pontos essenciais: o grau de exigência imposto pelas bancas

e as matérias determinadas, que são diferentes daquelas que normalmente se estuda na faculdade.

Este curso foi pensado para, juntos, superarmos esses desafios e fazer você alcançar uma

preparação sólida, de médio prazo, para conseguir ser aprovada (o).

PLANO DE METAS A cada semana você receberá um Plano de Metas com o mapa dos assuntos que deverá estudar.

Esse plano foi elaborado com base no conteúdo programático do concurso para Promotor.

Além de preparar o seu planejamento de estudos, nós analisamos, por meio de estatísticas e da

experiência dos nossos professores, quais assuntos são tradicionalmente mais cobrados nos

concursos para Promotoria. Assim, no mapa de estudos, você será avisado sobre alguns temas com

os quais deverá ter mais atenção.

No Plano de Metas haverá também algumas questões de concursos pretéritos da Promotoria

Estadual sobre os respectivos assuntos que estudará na semana.

Peço um favor a você: siga rigorosamente o Plano de Metas. Isso porque ele foi exaustivamente

pensado por Promotores para que você cubra todo o conteúdo do edital, sem estudar a mais nem a

menos do que o necessário. Ao final do curso, tendo cumprido efetivamente o planejamento, você

terá todo o conhecimento teórico para fazer uma excelente prova.

Não negligencie nenhuma matéria. Não pense que você já domina determinado assunto e deixe de

estudá-lo. No máximo, acelere o cumprimento das metas cujo tema abordado você sinta maior

segurança.

Idealmente, o conteúdo teórico deve ser estudado de segunda à sexta-feira, reservando-se o sábado

para revisão semanal e resolução de simulados. O domingo, em tese, deve ser utilizado para

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descanso. Assim, para que você se organize diariamente, considere a quantidade de páginas dividida

por 5 (número de dias da semana).

Contudo, tenha CUIDADO: não à toa, delimitamos o conteúdo de forma semanal, de modo que sejam

possíveis eventuais e necessárias flexibilizações diárias. Isto é, caso você não consiga estudar o

volume de conteúdo diário, obtido por meio da divisão por 5 sugerida, é possível compensar nos

próximos dias da semana. Lembre-se, então: a meta é semanal.

Caso você precise de uma delimitação mais rígida, com distribuição de tarefas diárias e horárias,

tente elaborar um cronograma, reservando um horário exclusivo para os estudos. Use uma planilha,

como a exemplificada abaixo, para tentar organizar a sua rotina:

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo

8:00-10:00

10:00-12:00

14:00-16:00

16:00-18:00

Ciclos e semanas

Ainda em relação ao Plano de Metas, também é importante que você saiba o seguinte: a cada 4

semanas de conteúdo estudado, abre-se 1 semana de revisão, chamada de “semana de respiro”,

fechando-se, assim, um ciclo. Em outras palavras, cada ciclo é composto por 5 semanas, 4 de estudo

e 1 de revisão. A semana de respiro destina-se:

a) à revisão dos conteúdos estudados nas quatro semanas anteriores. Decerto, em algumas

ocasiões e a depender da forma de estudo, o prazo de uma semana será insuficiente para revisar

toda a matéria acumulada nas quatro anteriores. Assim, você deve priorizar, basicamente, dois

tipos de temas: aqueles que você sentiu maior dificuldade e aqueles apontados como mais

importantes nos planos de metas. Uma forma rápida e eficaz de realizar revisões é ir direto para

a resolução de questões, utilizando o livro ou material grifados para correção e lembretes

necessários. Se o desempenho for satisfatório, é possível seguir adiante. Se não, recomenda-se

folhear as páginas do livro, identificando grifos e anotações relevantes;

b) ao saneamento de pendências deixadas durante as quatro semanas anteriores. Ressalte-se que essas brechas devem ser de volume pequeno (ex.: informativos de uma

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semana, simulados de outra e um capítulo de doutrina). Caso o atraso seja grande e insanável

na “semana de respiro” entre em contato com a gente através do suporte administrativo, para

que seja avaliada a possibilidade de migração de perfil ou mesmo a necessidade de

suspensão do curso para reorganização dos estudos por um tempo;

c) à resolução do simulado de revisão. Como falaremos abaixo, na “semana de respiro”, será

disponibilizado um simulado de 100 questões destinado à revisão de todo o conteúdo

estudado durante o mês.

AMOSTRA: Ciclo 1

PLANO DE METAS

ALFA Semana 1

Disciplina Conteúdo Observação

Direito Administrativo Introdução ao Direito Administrativo

Direito Penal Noções de Direito Penal. Evolução histórica. Fontes.

Direito Constitucional Poder Constituinte

Direito Constitucional Hermenêutica

Direitos Coletivos Fundamentos de Direito Coletivo

1/05

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Direito Administrativo

Introdução ao Direito Administrativo

✓ DOUTRINA

✓ LEI

✓ JURISPRUDÊNCIA

✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar o capítulo 1 do Manual de Direito Administrativo (Matheus Carvalho)1.

• Revisar pelo material de apoio (final de semana).

• Resolver as questões do final do capítulo2.

O QUE É IMPORTANTE? • Conceito de Governo e Estado;

• Sistemas de governo e forma de governo;

• Conceito de Administração Pública;

• Atividade administrativa: características e distinções em relação às demais

atividades do Estado;

1 Ao estudar os livros pela primeira vez, esteja ciente da necessidade de revisão da leitura, ou seja, saiba que a primeira leitura da obra não esgota o estudo do tema. Pensando nisso, é importante a redação de pequenos textos nas páginas que contenham as informações mais relevantes, destacando-as, se for o caso, com marcadores de página (post-it). Esta é uma sugestão que evita a morosidade da confecção de resumos, também eficiente, mas que demanda maior quantidade de tempo. Visualize uma foto-modelo do método proposto na penúltima página deste plano. Mas ATENÇÃO: como dito, este método é apenas uma sugestão e, por isso mesmo, não tem a pretensão de ser universal. Se você já possuir técnicas próprias que estejam produzindo bons resultados, mantenha-as. 2 Tão importante quanto responder as questões é corrigi-las. Por isso, não guarde dúvidas. Se errar, saiba o porquê de ter errado, para não cometer o mesmo deslize novamente.

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• Sistemas de controle da atuação administrativa (dualidade X único);

• Diferenciação entre interesse público primário e secundário;

• Regime jurídico administrativo: “trata-se de um conjunto de princípios, de direito

público, aplicável aos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública e

à atuação dos agentes administrativos em geral. Baseia-se nos princípios da

supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público que

definem prerrogativas a serem estipuladas ao Estado e de limitações impostas ao

ente estatal, sempre com a intenção de se perseguir e alcançar o interesse da

coletividade.” (Carvalho, Matheus. Manual de direito administrativo. 4. ed. rev. ampl.

e atual. – Salvador: JusPODIVM, 2017, p. 54).

• O que caracteriza o direito fundamental à boa Administração Pública? a) direito à

Administração Pública transparente; b) direito à Administração Pública dialógica; c)

direito à Administração Pública imparcial; d) direito à Administração Pública proba;

e) direito à Administração Pública preventiva e eficaz;

COMO O TEMA FOI COBRADO EM PROVAS?

1. (MPE/SC/2016) Sinônimo de função de governo para a doutrina brasileira, a função administrativa consiste primordialmente na defesa dos interesses públicos, atendendo às necessidades da população, inclusive mediante intervenção na economia. 2. (FCC/MPE/PE/2014) Em sua formação, o direito administrativo brasileiro recebeu a influência da experiência doutrinária, legislativa e jurisprudencial de vários países, destacando-se especialmente a França, considerada como berço da disciplina. No rol de contribuições do direito administrativo francês à prática atual do direito administrativo no brasil, não é correto incluir: a) a adoção de teorias publicísticas em matéria de responsabilidade extracontratual das entidades

estatais. b) a adoção do interesse público como eixo da atividade administrativa.

c) a ideia de exorbitância em relação ao direito comum, aplicável aos particulares.

d) a teoria do desvio de poder.

e) o sistema de contencioso administrativo.

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QUESTÕES OBJETIVAS E DISCURSIVAS Passar na prova objetiva é o primeiro passo para ser aprovado no concurso. E nada melhor para

estar preparado do que treinar.

Desse modo, semanalmente, você receberá 10 questões objetivas, inéditas, elaboradas pela nossa

equipe de professores (todos Promotores) e que abordarão os assuntos que você estará estudando

naquela semana. É a forma encontrada para aliar teoria com a prática, aprendendo como as bancas

de concurso cobram os assuntos.

O mais interessante e valioso: nossos professores comentam todas as cinco alternativas de cada

uma das 10 questões objetivas. Assim, você não apenas resolverá as questões, mas também

aprenderá com aquelas que você errou e com as que acertou, conhecendo os fundamentos teóricos

de cada uma delas.

Um curso sólido deve preparar você desde já, não apenas para a prova objetiva, mas também para

as fases seguintes.

Por isso, o simulado semanal, conta com as 10 questões objetivas e 2 questões discursivas.

Sugerimos que você responda as questões discursivas do simulado, preferencialmente à mão e

seguindo o mesmo tempo e condições de uma prova real. Caso você tenha o acompanhamento

individualizado, deve enviar suas respostas para correção ao professor que lhe acompanha. Se você

não possui acompanhamento individualizado, enviará suas respostas para correção por meio da área

do aluno. Nossa equipe de professores irá corrigir o simulado em seus aspectos jurídicos e, além

disso, dará também o feedback e as orientações necessárias para que você melhore a sua forma de

escrita, tornando seu texto cada vez mais claro, objetivo e, consequentemente, mais agradável para

o examinador que irá avaliá-la(o) no dia de sua prova.

AMOSTRA: QUESTÕES OBJETIVAS

1. Sinônimo de função de governo para a doutrina brasileira, a função administrativa consiste primordialmente na defesa dos interesses públicos, atendendo às necessidades da população, inclusive mediante intervenção na economia. ( ) Certo ( X ) Errado

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Comentários: Não se confunde a função de governo com a função administrativa. Esta última é exercida pelos

órgãos estatais em decorrência da ordem constitucional e legal e em regime de direito público. Visa-

se, com essa função, a alcançar determinados fins estabelecidos pela ordem jurídica. Na função de

governo, noutra perspectiva, não há subordinação jurídica direta, a não ser, é claro, à ordem

constitucional. Trata-se da prática de atos políticos pelas máximas autoridades do Poder Executivo.

2. A administração pública, no sentido subjetivo, designa o conjunto de órgãos e agentes estatais responsáveis por funções administrativas. No sentido objetivo, a administração pública é um complexo de atividades concretas visando o atendimento do interesse público. ( X ) Certo ( ) Errado

Comentários: A Administração Pública no sentido subjetivo, formal ou orgânico se constitui de pessoas jurídicas,

órgãos públicos e agentes estatais atuantes na atividade administrativa. No sentido objetivo, material

ou funcional, Administração Pública é a própria atividade ou função administrativa.

3. Assinale a assertiva correta: a) Sob o aspecto formal ou estático o Direito Penal refere-se a comportamentos considerados

altamente reprováveis ou danosos ao organismo social.

b) A Criminologia é ciência teleológica que se dedica a estudar as ações desviantes com o propósito

de permitir ao Direito Penal disciplinar adequadamente a norma correspondente ao desvio.

c) O Direito Penal subjetivo se refere ao direito de punir do Estado, ou seja, à capacidade que o Estado tem de produzir e fazer cumprir suas normas. d) O Direito Penal de 1ª velocidade se caracteriza por flexibilizar direitos e garantias fundamentais,

possibilitando punição mais célere do autor do fato criminoso.

e) Sob o aspecto material, o Direito Penal é um instrumento de controle social de comportamentos

desviados.

Comentários: a) ERRADO: Sob o aspecto formal ou estático, Direito Penal é um conjunto de normas que

qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais (crime ou contravenção), define os

seus agentes e fixa as sanções (pena ou medida de segurança) a serem-lhes aplicadas.

b) ERRADO: A Criminologia é ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da vítima

e o comportamento da sociedade. Não se trata de uma ciência teleológica, que analisa as raízes do

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crime para discipliná-lo, mas de uma ciência causal-explicativa, que retrata o delito enquanto fato,

perquirindo as suas origens, razões da sua existência, os seus contornos e forma de exteriorização.

c) CERTO: O Direito Penal subjetivo não é nada mais do que o jus puniendi, que se refere ao direito

de punir, à capacidade estatal de produzir e executar as leis penais. O Direito Penal subjetivo pode

ser subdividido em: (i) positivo, que vem a ser capacidade conferida ao Estado de criar e executar

normas penais; e (ii) negativo, caracterizado pela faculdade de derrogar preceitos penais ou

restringir o alcance das figuras delitivas, atividade que cabe preponderantemente ao STF, por meio

da declaração de inconstitucionalidade de normas penais.

d) ERRADO: A primeira velocidade do Direito Penal enfatiza as infrações penais mais graves,

punidas com penas privativas de liberdade, exigindo, por este motivo, um procedimento mais

demorado, que observa todas as garantias penais e processuais penais.

e) ERRADO: Sob o aspecto material, o Direito Penal refere-se a comportamentos considerados

altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à sua

própria conservação e progresso (nesse sentido, Luiz Régis Prado).

QUESTÕES DISCURSIVAS

1) Disserte sobre o funcionalismo penal, conceituando-o de acordo com suas principais vertentes.

Padrão de resposta O funcionalismo é um movimento da atualidade, uma corrente doutrinária que visa a analisar a real

função do Direito Penal. Muito embora não haja pleno consenso acerca de sua teorização,

sobressaem-se dois segmentos importantes: o funcionalismo teleológico e o funcionalismo sistêmico.

Para o funcionalismo teleológico (ou moderado), que tem como maior expoente Claus Roxin, a

função do Direito Penal é assegurar bens jurídicos – assim considerados aqueles valores

indispensáveis à convivência harmônica em sociedade –, valendo-se de medidas de política criminal.

Já de acordo com o funcionalismo sistêmico (ou radical), defendido por Günther Jakobs, a função do

Direito Penal é assegurar o império da norma, ou seja, resguardar o sistema, mostrando que o direito

posto existe e não pode ser violado. Quando o Direito Penal é chamado a atuar, o bem jurídico

protegido já foi violado, de modo que sua função primordial não pode ser a segurança de bens

jurídicos, mas sim a garantia de validade do sistema. Nesta linha de raciocínio, para Jakobs “aquele

que se desvia da norma por princípio não oferece qualquer garantia de que se comportará como

pessoa; por isso, não pode ser tratado como cidadão, mas deve ser combatido como inimigo”.

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Surge assim o Direito Penal do Inimigo, que cuida de maneira própria do infiel ao sistema aplicando-

lhe não o Direito, “vínculo entre pessoas que, por sua vez, são titulares de direitos e deveres”, mas

sim a coação, repressão necessária àqueles que perderam o seu status de cidadão (JAKOBS,

Günther. Direito Penal do Inimigo. Trad. Gercélia Batista de Oliveira Mendes. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2008, p. 23). O inimigo da contemporaneidade é, para Jakobs, o terrorista, o traficante de

drogas, de armas e de seres humanos, os membros de organizações criminosas transnacionais.

Espelho de correção

Quesitos avaliados Nota Comentários

Aspectos microestruturais (adequação ao

número de linhas, coesão, coerência,

clareza, ortografia, morfossintaxe,

propriedade vocabular e raciocínio

jurídico); – 0,0 a 1,0;

Definição de funcionalismo penal - 0,0 a 3,0;

Funcionalismo teleológico – 0,0 a 3,0;

Funcionalismo sistêmico - 0,0 a 3,0;

NOTA

AMOSTRA: CORREÇÃO REALIZADA POR PROFESSOR

Questão, gabarito e espelho de correção:

Questão:

Discorra, no âmbito do regime próprio de previdência social, sobre a aposentadoria por invalidez do

servidor público ocupante de cargo efetivo, abordando os seguintes pontos:

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a) aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ou integrais e aplicabilidade do método

de cálculo dos proventos com base na média aritmética simples das maiores remunerações;

b) regra de transição das reformas previdenciárias relativa à aposentadoria por invalidez e

c) a natureza taxativa ou exemplificativa do rol de doenças graves, contagiosas ou incuráveis

previstas na lei.

Padrão de resposta (comentários):

1- Aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ou integrais e aplicabilidade do método de cálculo dos proventos com base na média aritmética simples das maiores remunerações.

No âmbito do regime próprio de previdência social, a aposentadoria por invalidez do servidor

público ocupante de cargo público está disciplina no art. 40, § 1º, I, da Constituição Federal, nos

seguintes termos:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de

caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores

ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e

atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão

aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e

17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,

19.12.2003)

De acordo com o disposto na Constituição Federal, pela Emenda Constitucional nº 41/2003,

constatada a invalidez permanente do servidor público, a aposentadoria será concedida, em regra,

com proventos proporcionais. No entanto, se a invalidez permanente decorrer de acidente em

serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, a aposentadoria será

concedida com proventos integrais.

Ocorre que o § 1º do art. 40 da Constituição Federal prevê que os proventos de aposentadoria,

inclusive da aposentadoria por invalidez, devem ser calculados a partir dos valores fixados §§ 3º e

17, ou seja, devem ser calculados a partir dos valores das remunerações utilizadas como base para

as contribuições previdenciárias, devidamente atualizados:

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§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão

consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor

aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.

[....]

§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto

no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei.

Como o § 3º do art. 40 da Constituição Federal remete à lei a disciplina da forma de cálculo

dos proventos de aposentadoria, foi editada a Medida Provisória nº 167/2004, posteriormente

convertida na Lei nº 10.887/2004 cujo art. 1º estabeleceu o método de cálculo dos proventos de

aposentadoria dos servidores públicos com base na média aritmética simples das maiores

remunerações, nos seguintes termos:

Art. 1º No cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores titulares de cargo

efetivo de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, previsto no § 3º do art. 40 da

Constituição Federal e no art. 2º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de

2003, será considerada a média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas

como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve

vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo

desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior

àquela competência.

Assim, o cálculo da aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ocorrerá da

seguinte forma: após o cálculo dos valores dos proventos com base na média aritmética simples das

maiores remunerações, haverá a incidência de uma proporção entre o tempo de contribuição

existente até a data de reconhecimento da invalidez permanente e o tempo necessário para

aposentadoria voluntária por tempo de contribuição (35 anos, se homem, ou 30 anos, se mulher).

Por sua vez, na aposentadoria por invalidez com proventos integrais, não haverá proporcionalidade

sobre o tempo de contribuição, de modo que o cálculo dos valores dos proventos será feito com base na

média aritmética simples das maiores remunerações, sem a incidência de uma proporção.

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento no sentido de que o método

de cálculo dos proventos com base na média aritmética simples das maiores remunerações, não se

aplica às aposentadorias por invalidez permanente oriundas de moléstia profissional ou doença

grave, contagiosa ou incurável, especificados em lei, dado que os proventos, nesses casos, deverão

ser integrais:

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PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA

POR INVALIDEZ DECORRENTE DE ACIDENTE EM SERVIÇO. PROVENTOS

INTEGRAIS. CABIMENTO. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DA LEI 10.887/2004.

VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/73 NÃO OCORRÊNCIA. [...] II - Esta Corte Superior pacificou o entendimento de que a Emenda Constitucional nº 41/2003, ao extinguir o cálculo integral para os benefícios concedidos nos termos do art. 40, § 3º (aposentadorias) e § 7º (pensões) da Carta Magna e da Lei 10.887/04, excetuou, expressamente, as hipóteses em que o pagamento deve ser percebido integralmente, como no caso de servidor público aposentado por invalidez permanente, decorrente de doença grave, prevista no rol taxativo da legislação regente. [...] (AgInt no REsp 1579279/GO, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,

SEGUNDA TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe 10/11/2017)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR

PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DECORRENTE DE DOENÇA GRAVE

OU INCURÁVEL. PROVENTOS INTEGRAIS. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DA LEI

10.887/2004. PRECEDENTES DO STJ. 1. Efetivamente, o acórdão recorrido encontra-se em consonância com o entendimento desta Corte Superior, firme no sentido de que "a Lei 10.887/2004, que regulamentou a EC 41/2003, disciplinando o método de cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores públicos com base na média aritmética simples das maiores remunerações, não se aplica às aposentadorias por invalidez permanente oriundas de moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificados em lei, dado que os proventos, nesses casos, deverão ser integrais" (AgRg nos EDcl no REsp

1525901/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em

06/10/2015, DJe 16/10/2015) [...] (AgInt no REsp 1591318/GO, Rel. Ministro SÉRGIO

KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe 26/08/2016)

2- Regra de transição das reformas previdenciárias relativa à aposentadoria por invalidez.

A Emenda Constitucional nº 70/2012 afastou, expressamente, o método de cálculo dos

proventos de aposentadoria dos servidores públicos regulamentado pela Lei nº 10.887/2004 para os

servidores que ingressaram no serviço público até a data de publicação da Emenda Constitucional

nº 41/2003, garantindo ainda a paridade do valor dos proventos com a remuneração dos servidores

em atividade:

Art. 1º A Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, passa a vigorar

acrescida do seguinte art. 6º-A:

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"Art. 6º-A. O servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até a

data de publicação desta Emenda Constitucional e que tenha se aposentado ou venha a

se aposentar por invalidez permanente, com fundamento no inciso I do § 1º do art. 40 da

Constituição Federal, tem direito a proventos de aposentadoria calculados com base na

remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, não sendo

aplicáveis as disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de aposentadorias concedidas com

base no caput o disposto no art. 7º desta Emenda Constitucional, observando-se igual

critério de revisão às pensões derivadas dos proventos desses servidores."

A própria Emenda Constitucional nº 70/2012 determinou a revisão das aposentadorias, e das

pensões delas decorrentes, concedidas a partir de 1º de janeiro de 2004, limitando, no entanto, os

efeitos financeiros a partir da data de sua promulgação, in verbis:

Art. 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, assim como as respectivas

autarquias e fundações, procederão, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da entrada

em vigor desta Emenda Constitucional, à revisão das aposentadorias, e das pensões

delas decorrentes, concedidas a partir de 1º de janeiro de 2004, com base na redação

dada ao § 1º do art. 40 da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 20, de 15

de dezembro de 1998, com efeitos financeiros a partir da data de promulgação desta

Emenda Constitucional.

Assim, em relação aos servidores que ingressaram no serviço público até a data de publicação

da Emenda Constitucional nº 41/2003, o cálculo da aposentadoria por invalidez com proventos

proporcionais ocorrerá da seguinte forma: após o cálculo dos valores dos proventos com base na

remuneração do cargo efetivo, haverá a incidência de uma proporção entre o tempo de contribuição

existente até a data de reconhecimento da invalidez permanente e o tempo necessário para

aposentadoria voluntária por tempo de contribuição (35 anos, se homem, ou 30 anos, se mulher).

Por sua vez, na aposentadoria por invalidez com proventos integrais, não haverá

proporcionalidade sobre o tempo de contribuição, de modo que o cálculo dos valores dos proventos

será feito com base na remuneração do cargo efetivo.

3- A natureza taxativa ou exemplificativa do rol de doenças graves, contagiosas ou incuráveis previstas na lei.

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O art. 40, § 1º, I, da Constituição Federal estabelece que a aposentadoria por invalidez será

concedida com proventos integrais quando decorrente de doença grave, contagiosa ou incurável, na

forma da lei.

No âmbito da Administração Pública federal, a Lei nº 8.112/1990 definiu as doenças graves,

contagiosas ou incuráveis, nos seguintes termos:

§ 1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que se refere o inciso I

deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,

cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de

Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia

grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de

Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina

especializada.

O Supremo Tribunal firmou o entendimento no sentido de que o rol de doenças graves,

contagiosas ou incuráveis é taxativo:

Ementa: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA

POR INVALIDEZ COM PROVENTOS INTEGRAIS. ART. 40, § 1º, I, DA CF. SUBMISSÃO AO

DISPOSTO EM LEI ORDINÁRIA. 1. O art. 40, § 1º, I, da Constituição Federal assegura aos

servidores públicos abrangidos pelo regime de previdência nele estabelecido o direito a

aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. O

benefício será devido com proventos integrais quando a invalidez for decorrente de acidente

em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, “na forma da lei”.

2. Pertence, portanto, ao domínio normativo ordinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com proventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF, tem natureza taxativa. 3. Recurso

extraordinário a que se dá provimento. (RE 656860, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI,

Tribunal Pleno, julgado em 21/08/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -

MÉRITO DJe-181 DIVULG 17-09-2014 PUBLIC 18-09-2014)

Logo, o servidor público que seja acometido por invalidez permanente decorrente de doença

não prevista na legislação não poderá se aposentar com proventos integrais.

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ACOMPANHAMENTO (OPCIONAL)

Você terá ao seu lado um profissional extremamente capacitado e que já percorreu o caminho pelo

qual você quer passar. O seu coach será responsável por resolver suas dúvidas jurídicas, corrigir os

seus simulados e para gerir a organização dos seus estudos.

Todavia, precisamos alertar: utilize bem essa ferramenta. Não deixe ser atrapalhado pelo fato de

estar sendo ajudado. Metaforicamente, não espere que o personal trainer levante o peso por você.

Você estará se enganando e não é isso o que almejamos.

Uma dica valiosa: o seu celular pode ajudar a catalisar o processo de sua aprovação, como também

poderá enterrá-la para sempre. No momento em que abrir a primeira página do dia, desligue-se

totalmente. Esteja na companhia solitária dos seus materiais, para que não seja tentado a

interromper os estudos e enviar mensagem ao seu tutor sempre que aparecerem dúvidas. Muitas

vezes as respostas estarão na página seguinte.

Também registro o que a experiência pessoal e de trabalho nos mostra rotineiramente: a pesquisa

faz parte do processo de aprendizagem. Duvidar -> Errar -> Pesquisar -> Acertar compõem as

ações sequenciadas que farão a informação ser guardada por mais tempo.

Observo, por fim, a necessidade de você informar o seu coach sempre que pretender realizar alguma

prova. O time não pode ir jogar, sem o técnico saber e planejar antes. Com efeito, a realização de

provas é encarada como parte da preparação do curso extensivo. Em algum momento do nosso

programa, você irá fazer provas. A avaliação do instante ideal deverá ser construída entre você e o

seu técnico.

MATERIAIS DE APOIO Para cada assunto indicado no Plano de Metas será fornecido a você um material de apoio. Trata-

se de uma apostila, em formato PDF, contendo o resumo daquele tema.

Você perceberá que nossos materiais são muito completos. Em diversos casos, eles eram os resumos

que nós, agora Promotores, fizemos durante nossa preparação e que estamos melhorando para

fornecer a você.

Como utilizar o material de apoio

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a) Caso você seja um aluno iniciante ou ainda não tenha lido o livro indicado na bibliografia, utilize

o material de apoio como segunda leitura (seja no final de semana ou na “semana de respiro”).

A leitura da doutrina para você é necessária.

b) Caso você seja um aluno avançado ou já tenha lido o livro indicado na bibliografia, é possível

estudar diretamente o material de apoio, complementando-o, se for o caso, com os seus

estudos pretéritos.

Atualização do material de apoio Caso haja atualizações legislativas ou complementação de conteúdo no decorrer do curso,

repostaremos materiais, sinalizando com uma faixa lateral os pontos editados. Observe a linha na

lateral, à esquerda desse parágrafo; os trechos novos ou alterados terão essa marcação.

Apontar erros e desatualizações nos materiais de apoio Caso você encontre alguma desatualização legislativas ou que o material necessite uma

complementação de conteúdo no decorrer do curso, você poderá entrar em contato conosco via

central do aluno, e nos enviar suas observações, elas serão analisadas pelo nosso setor editorial e,

se for identificada alguma desatualização, o material será atualizado e posteriormente repostado.

AMOSTRA:

1. CONCEITOS DE CRIME

O Brasil adotou a teoria bipartida da infração penal (infração penal é gênero, do qual são

espécies o crime e a contravenção penal). De acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal,

crime é a “infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer

alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”. Já contravenção é a “infração penal a que a

lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou

cumulativamente”.

Entretanto, esse conceito de crime é extremamente precário, cabendo à doutrina seu

desenvolvimento.

O crime possui três conceitos principais: material, formal e analítico.

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a) CONCEITO MATERIAL: crime seria toda a ação ou omissão humana que lesa ou expõe a

perigo de lesão bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente tutelados. De acordo

com o STF, O CONCEITO MATERIAL DE CRIME É FATOR DE LEGITIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, pois, de acordo com a Corte, não será toda conduta que será penalmente criminalizada,

mas somente aquelas condutas mais relevantes (princípio da adequação social);

b) CONCEITO FORMAL OU JURÍDICO: é aquilo que a Lei chama de crime. Está definido no

art. 1º da Lei de Introdução do Código Penal. Crime é “infração penal que a lei comina pena de

reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de

multa”. De acordo com este conceito, a diferença seria apenas quantitativa, relativa à quantidade da

pena;

c) CONCEITO ANALÍTICO: aqui se analisa todos os elementos que integram o crime. Crime

é todo fato típico, antijurídico (aqui, é melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não fazer tanta

diferença, porque o CP e as leis especiais utilizam o termo “excludentes de ilicitude”) e culpável (alguns autores não consideram a culpabilidade como elemento do crime, e sim como pressuposto

da pena). Apesar de ser indivisível, o crime é estudado de acordo com essas três características

para facilitar sua compreensão. Elas serão analisadas mais adiante, após vermos as classificações

de crime existentes.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS

2.1. CRIME DOLOSO, CULPOSO OU PRETERDOLOSO (OU PRETERINTENCIONAL) E DE ÍMPETO

a) CRIME DOLOSO: é o crime em que o agente quis ou assumiu o risco de produzir o

resultado. A regra geral é que todo crime seja doloso.

b) CRIME PRETERDOLOSO: é o crime em que o resultado delitivo é mais grave do que o

querido pelo agente. O agente deseja praticar uma ação e produzir um resultado (como dolo,

portanto), mas, por imperícia, imprudência ou negligência, produz um resultado mais grave. Há dolo

na ação e culpa no resultado. Deve haver uma expressa previsão legal do resultado culposo mais

grave (como ocorre para o crime de homicídio, por exemplo). Se não houver, apenas o crime doloso

será punido.

Não se admite tentativa em crimes preterdolosos, porque é a tentativa é inconcebível para

resultados culposos.

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Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso, porque o resultado qualificador pode ter sido desejado (e crimes preterdolosos exigem resultado culposo). O crime qualificado pelo resultado é gênero, do qual o crime preterdoloso é espécie.

CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO RESULTADO AGRAVADOR DOLOSO OU CULPOSO

CRIMES PRETERDOLOSOS RESULTADO AGRAVADOR NECESSARIAMENTE CULPOSO

Bitencourt também propõe outra diferenciação. Indica que crimes qualificados pelo resultado lesam bens jurídicos que diversos do bem jurídico que se deseja atingir inicialmente. Nos crimes preterdolosos, no entanto, o bem jurídico lesado pelo resultado culposo é da mesma espécie ou gênero do bem jurídico que o agente desejava atingir inicialmente.

São elementos do crime preterdoloso:

1. Conduta dolosa visando um resultado (lesão corporal);

2. Resultado culposo mais grave que o desejado inicialmente (seguida de morte);

3. Nexo causal (artigo 129, § 3º, CP);

4. Previsão da modalidade culposa para o crime cometido.

Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não se imputa a

agravação ao agente, porque não há nexo causal. O resultado mais grave tem que ser pelo menos

culposo, e a culpa deve ser demonstrada no caso concreto para configuração do crime preterdoloso.

É dizer, o versari in re illicita não vale para os crimes preterdolosos. Esse brocardo é usado para

defender que aquele que quem se envolve em coisa ilícita (crime antecedente) deve também responder

pelo resultado fortuito (resultado agravador consequente), independente da demonstração de culpa.

EXEMPLOS:

i. Um indivíduo, em uma boate, discute e dá um soco em alguém, que cai e bate a cabeça,

morrendo em seguida. Que crime foi cometido pelo autor do soco? Lesão corporal seguida de morte,

na forma prevista no art. 129, § 3º, CP. Veja que o resultado agravador morte ocorreu por conta da

ação do agente, logo há nexo causal, e que o resultado morte era previsível (era possível imaginar

o resultado morte naquelas condições).

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ii. Durante as Olimpíadas, numa luta, um lutador se sentiu prejudicado pelo árbitro e deu um

pontapé na cabeça dele. Ele não chutou para matar, queria apenas lesionar, mas o árbitro, por acaso,

bateu a cabeça num prego que estava no tatame próprio para luta, e morre unicamente em

decorrência do choque de sua cabeça contra o prego. Ora, a existência do prego naquele local não

era previsível (não é razoável exigir que o agente saiba que poderia haver um prego ali), logo é um

caso fortuito ou de força maior, não sendo possível imputar o resultado morte.

c) CRIME CULPOSO: é o crime que o agente deu causa por imprudência, negligência ou

imperícia, não havendo em si qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente reprovável. O

crime culposo só é possível em tipos penais que expressamente o prevejam, como no homicídio.

Quase de forma absoluta, não se admite a tentativa nos crimes culposos.

d) CRIME DE ÍMPETO: é o praticado sem premeditação. A vontade delituosa é repentina,

sem preceder deliberação, como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de violenta emoção.

2.2. CRIME COMISSIVO, OMISSIVO PRÓPRIO OU COMISSIVO POR OMISSÃO

a) CRIME COMISSIVO: crime comissivo é aquele em que o agente realiza uma ação positiva

visando a um resultado ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com crime material,

já que pode não haver qualquer resultado naturalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria,

mas não é material. O fator determinante de um crime comissivo é a existência de uma conduta de

uma pessoa livre e consciente que lhe retire do estado de inércia.

b) CRIME OMISSIVO PRÓPRIO OU PURO: são crimes em que a própria omissão já é prevista no tipo penal, sendo ela uma elementar, ou seja, a única forma de se realizar aquela

conduta criminosa.

Nesses crimes omissivos, basta uma abstenção do agente para a configuração do crime, ou

seja, é suficiente a mera desobediência ao dever de agir para que o delito se consume. O resultado

que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do crime, podendo

configurar apenas uma majorante ou qualificadora.

Nos crimes omissivos, a norma prevê subentendida no tipo uma conduta mandamental, que

o agente não cumpre. Por exemplo, no crime de “deixar o médico de notificar doença...”, o tipo penal

MANDA ao médico notificar a doença, sob pena de cominar à sua omissão uma sanção penal.

c) CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO, OMISSIVO IMPRÓPRIO OU IMPURO: são os

crimes em que o agente produz o resultado pela própria omissão, quando tinha o dever e a

possibilidade de evitar aquele resultado. É previsto no § 2º do artigo 13 do Código Penal, segundo o

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qual “a omissão é penalmente relevante quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado.

Poderão ser tanto dolosos quanto culposos e admitem tentativa (são comissivos e seus atos podem

ser divididos).

Nos crimes omissivos próprios ou puros, a omissão é sempre considerada penalmente

relevante, porque é prevista no tipo penal (incrimina expressamente essa omissão). No entanto, nos crimes omissivos impróprios, a omissão só é relevante quando presente os seguintes pressupostos (caso, contrário, a omissão do agente será um irrelevante penal):

1. PODER DE AGIR: o agente precisa ter a possibilidade física de agir.

2. EVITABILIDADE DO RESULTADO: a conduta omitida pelo agente deve ser causa do

resultado, de modo que, se não o agente não agisse daquela determinada maneira, o resultado não

teria ocorrido. Se, mesmo com a conduta do agente, o resultado ocorreria, não há que se falar em

evitabilidade e a omissão será irrelevante.

3. DEVER DE IMPEDIR O RESULTADO: aqui surge a figura do GARANTIDOR: além do

poder de agir e da evitabilidade do resultado, é necessário que o agente tenha o dever de agir.

Esse dever de agir “específico” não se confunde com o dever “genérico”. Assim, se A e B

observam uma criança se afogar e nada fazem para evitar o resultado, responderão de maneira

diversa se A é o pai dessa criança (tem dever “específico”) e B é apenas um transeunte (tem dever

“genérico”, e responderá apenas por omissão de socorro, prevista no art. 135, CP).

Haverá dever “específico” nos seguintes casos, expressamente previstos no CP (adoção do critério legal para definição do dever de agir):

• Quando o agente tem, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, como no

caso do dever do policial (mesmo fora de serviço, segundo o STF) e do dever de

mútua assistência entre os cônjuges.

• Quando o agente, de outra forma, assume a responsabilidade de impedir o aquele

resultado.

• Quando o agente cria, com seu comportamento anterior, o risco da ocorrência do

resultado, ou agrava um risco já existente, e não o evita. O comportamento do agente

pode ser lícito, ou até mesmo involuntário, e ainda assim estará caracterizado o dever

de cuidado.

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2.3. CRIME INSTANTÂNEO, PERMANENTE, INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES, EVENTUALMENTE PERMANENTE E DE FUSÃO

a) CRIME INSTANTÂNEO: é o crime que se consuma num momento único e determinado do

tempo, sem se protrair. Por exemplo, invasão de domicílio, injúria etc.

b) CRIME PERMANENTE: são os crimes que se perpetuam, protraem durante o tempo,

mesmo que esse tempo seja curto. É o caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado pelo

próprio segurado etc. Admitem flagrante enquanto não interrompida a consumação.

c) CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES: é aquele crime que se consuma

num momento determinado, mas seus efeitos perduram no tempo (por exemplo, homicídio).

d) CRIME EVENTUALMENTE PERMANENTE: é o delito instantâneo que, em caráter

excepcional, pode se realizar de modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente. Por

exemplo, lesão corporal de natureza grave com resultado de deformidade permanente (art. 129, §

2º, IV, CP).

e) CRIME DE FUSÃO: é o crime que pressupõe a prática de outro, como nos casos dos

crimes de lavagem de dinheiro e de receptação, que exigem a ocorrência de um crime prévio para

que possam ser cometidos.

2.4. CRIME DE DANO E DE PERIGO

a) CRIME DE DANO: crime em que é necessário haver uma efetiva lesão ao bem jurídico

(lesão perceptível no mundo fático) para se caracterizar, como no caso do furto.

b) CRIME DE PERIGO: crime em que a simples ameaça ao bem jurídico já é abominada,

justificando, assim, sua penalização. Por exemplo, dirigir embriagado. O perigo da conduta é

presumido por Lei.

Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de perigo abstrato e crime de perigo

concreto-abstrato.

1. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO: Nos crimes de perigo abstrato, como o perigo não é

elemento do tipo, não se precisa provar. Só se tem de provar o que é elementar do crime e o perigo

não é elementar do crime porque ele não é requerido no tipo pelo legislador. A doutrina tradicional

costuma dizer que, nesse tipo de crime, o legislador prevê, de forma absoluta, a existência de perigo,

sendo desnecessária sua comprovação concreta. Consequência: basta praticar a ação e se presume

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que ela é sempre perigosa. Haveria então uma presunção iure et de iure de perigo pela simples

realização da conduta tipificada na norma. É o caso de dirigir embriagado em via pública.

2. CRIMES DE PERIGO CONCRETO: e os crimes de perigo concreto? Neles o legislador faz

referência no tipo ao perigo. Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo concreto é assim:

“expor a perigo iminente”. O perigo, então, é elementar do tipo e, por isso, tem que ser provado.

Nesses crimes será possível que a conduta se realize e o perigo não seja causado.

Para Luis Greco, o que diferencia crimes de perigo abstrato de crimes de perigo concreto é o

momento da verificação do perigo. Nos crimes de perigo concreto, exige-se a constatação do perigo ex post (verificação do perigo posterior à conduta realizada). Já nos crimes de perigo abstrato, haverá também a constatação do perigo (ele não será absolutamente presumido, como afirma a doutrina tradicional), mas esta constatação será ex ante (verificação do perigo enquanto a conduta é realizada). A ideia é colocar um hipotético terceiro observador que analisará

a conduta enquanto ela é realizada. Se esse terceiro observador, durante a conduta, enxergar o

perigo, configura o crime de perigo abstrato, ainda que depois de praticada a conduta se verifique

que não houve um perigo de fato.

3. CRIMES DE PERIGO CONCRETO-ABSTRATO, CRIMES DE INIDONEIDADE, CRIMES

DE PERIGO IDÔNEO OU CRIMES DE PERIGO HIPOTÉTICO: essa classificação é originária da

doutrina do espanhol Angel Torío Lopéz. São classificados assim os crimes que não exigem dano

nem perigo de dano a bens jurídicos, mas a simples execução de uma ação que, por suas

características, pode caracterizar uma situação de perigo ao bem, de modo que, ainda que não se

traduza em um perigo efetivo, será considerada criminosa porque um juízo prévio considerou elevada

a probabilidade de aquela ação produzir algum dano. A conduta é analisada ex ante pelo legislador,

que a considerada perigosa ao bem jurídico segundo um juízo de probabilidade do dano. Não se

exige a efetiva demonstração de nenhum risco ao bem, dado que o perigo é simplesmente um

“motivo” ponderado pelo legislador no momento de decidir sobre a criminalização do comportamento.

Não há uma diferença muito grande para os crimes de perigo abstrato. Nos dois, há ponto

comum: periculosidade geral. A diferença é que, nos crimes de perigo abstrato-concreto, essa

Crime de perigo abstrato Crime de perigo concreto

Perigo não é elementar do tipo – NÃO DEVE ser provado

Perigo é elementar do tipo – DEVE ser provado

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periculosidade geral é estabelecida pela probabilidade de dano analisada ex ante pelo legislador.

Nos crimes de perigo abstrato, o legislador não faz esse juízo de probabilidade.

2.4.1. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO: APROFUNDAMENTOS3

Aqui será desenvolvido tema específico.

Apesar da existência de ampla controvérsia doutrinária, os crimes de perigo abstrato podem ser identificados como aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma nem a configuração do perigo em concreto a esse bem jurídico.

Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma como pressuposto da criminalização a

lesão ou o perigo de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em dados empíricos, o

legislador seleciona grupos ou classes de ações que geralmente levam consigo o indesejado perigo

ao bem jurídico.

Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações que, segundo a experiência, produzem

efetiva lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal, ainda que concretamente

essa lesão ou esse perigo de lesão não venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, formula uma presunção absoluta a respeito da periculosidade de determinada conduta em relação ao bem jurídico que pretende proteger. O perigo, nesse sentido, não é concreto, mas apenas abstrato.

Não é necessário, portanto, que, no caso concreto, a lesão ou o perigo de lesão venham a se efetivar.

O delito estará consumado com a mera conduta descrita no tipo. Com isso, NÃO É DIFÍCIL ENTENDER AS CARACTERÍSTICAS E OS CONTORNOS DA DELICADA RELAÇÃO MANTIDA ENTRE OS DELITOS DE PERIGO ABSTRATO E OS PRINCÍPIOS DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS, DA LESIVIDADE OU OFENSIVIDADE, OU MESMO DA CULPABILIDADE E DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, OS QUAIS, NÃO HÁ DÚVIDA, ESTÃO INTRINSECAMENTE RELACIONADOS COM O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.

A atividade legislativa de produção de tipos de perigo abstrato, por isso, deve ser objeto de

rígida fiscalização a respeito da sua constitucionalidade; especificamente, sobre sua adequação ao

princípio da proporcionalidade. A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa, ou a medida mais eficaz, para proteção de bens jurídico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio ambiente, por exemplo. A antecipação da proteção penal em relação à efetiva lesão torna

3 Extraído do voto do Min. Gilmar Mendes prolatado no HC 104.410/RS.

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mais eficaz, em muitos casos, a proteção do bem jurídico. Portanto, pode o legislador, dentro de suas

amplas margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias

para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher espécies de

tipificação próprias de um direito penal preventivo. Apenas a atividade legislativa que, nessa

hipótese, transborde os limites da proporcionalidade, poderá ser tachada de inconstitucional.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal exercer o controle de constitucionalidade dessa atividade

legislativa em matéria penal, de acordo com os parâmetros a seguir delineados.

Em primeiro lugar, no âmbito de análise segundo a máxima da adequação, é possível

constatar que não serão idôneos para a proteção de determinado bem jurídico os atos legislativos criadores de tipos de perigo abstrato que incriminem meras infrações administrativas, as quais não têm aptidão para produzir, sequer potencialmente, qualquer perigo em concreto para o bem jurídico em questão. Isso quer dizer que os crimes de perigo

abstrato devem restringir-se aos comportamentos que, segundo os diagnósticos e prognósticos

realizados pelo legislador com base em dados e análises científicas disponíveis no momento

legislativo – e daí a importância da verificação de fatos e prognoses legislativos em sede de controle

judicial de constitucionalidade – geralmente configuram perigo para o bem jurídico protegido, estando

descartados aqueles que apenas de forma excepcional podem ensejar tal perigo.

Conforme as lições de Aguado Correa:

Como conclusión, podemos afirmar que serán idóneos los delitos de peligro abstracto para la protección de bienes jurídicos cuando, según la forma y la intensidad de los ataques, sea necesaria su protección frente a peligros abstractos; cuando se trate de prohibir comportamientos que no afectan de modo alguno al bien jurídico correspondiente serán inidóneos. Por otra parte, únicamente será idónea la prohibición penal de acciones peligrosas en abstracto cuando las distintas formas de actuación que se prohiben normalmente supongan un peligro para el bien jurídico protegido y no cuando tan solamente em casos excepcionales puede suponer un peligro para el mismo.

Nesse sentido, segundo a máxima da necessidade, QUANDO HOUVER MEDIDAS MAIS EFICAZES PARA A PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO-PENAL, PORÉM MENOS GRAVOSAS PARA OS DIREITOS INDIVIDUAIS EM JOGO, OS CRIMES DE PERIGO ABSTRATO SERÃO CONTRÁRIOS AOS PRINCÍPIOS DA SUBSIDIARIEDADE E DA OFENSIVIDADE E, DESSA FORMA, AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Meros ilícitos que são objeto de

responsabilização jurídica eficaz por meio do Direito Civil ou do Direito Administrativo tornam

desnecessária a intervenção do Direito Penal, que deve operar apenas como ultima ratio.

Assim, como explica Aguado Correa:

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“Para que los delitos de peligro abstracto resulten compatibles con el principio de ofensividad es necesario: por una parte, que a través de los mismos se intente proteger bienes jurídicos merecedores de pena, es decir, constitucionalmente legítimos y dotados de una especial relevancia social, puesto que implican una ampliación muy importante de la tutela penal; por otra parte, que a través de los delitos de peligro abstracto se tipifiquen aquellas conductas que aparezcan como generalmente peligrosas para el bien jurídico que se trata de proteger, y no aquellas conductas que sólo en algunos casos aparecen como peligrosas; en último lugar, que en el caso concreto el comportamiento sea efectivamente peligroso para el bien jurídico protegido”.

No âmbito da proporcionalidade em sentido estrito, deverá ser verificado se a restrição a

direitos fundamentais como resultado da incriminação de comportamentos perigosos em abstrato

pode manter uma relação de proporcionalidade com a proteção do bem jurídico em questão

alcançada pela medida normativa de caráter penal. Em outros termos, quanto maior for a intervenção penal em direitos fundamentais dos afetados, maior deverá ser a efetiva proteção do bem jurídico por ela almejada. Nas palavras de Aguado Correa:

el tercer nivel del principio de proporcionalidad em sentido amplio pretende ser un control de signo opuesto de aquellas medidas que han sido consideradas idóneas y necesarias, en el sentido de si los medios utilizados, que son los que causan esa restricción de derechos fundamentales en los afectados, se encuentran en una relación de proporción con la protección del bien jurídico que a través de los mismos se pretende alcanzar. Este examen puede llevar a la conclusión de que un medio en principio idóneo y necesario para la protección del bien jurídico, no debe ser utilizado porque el menoscabo de derechos fundamentales del afectado que conlleva supera el aumento de protección del bien jurídico, de manera que la utilización de dicho medio de protección puede ser reputado desproporcionado. Ello implica que bajo determinadas circunstancias se deja de proteger legítimamente el bien jurídico porque, de lo contrario, se produciría um menoscabo desproporcionado de los derechos fundamentales.

2.5. CRIME MATERIAL, FORMAL E DE MERA CONDUTA OU DE ATIVIDADE

a) CRIME MATERIAL: é o crime cujo tipo penal descreve uma conduta e um resultado, o qual

necessariamente deve ser verificado, sob pena de se constituir em mera tentativa. É o caso do

homicídio. A conduta é matar e o resultado é a morte. Caso a vítima não morra, não existe homicídio.

b) CRIME FORMAL OU DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA: é o crime em que, mesmo sendo

possível um resultado naturalístico que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta a punição aos atos

de consumação, de modo que o resultado não é necessário para que o delito seja considerado

consumado (a consumação é antecipada). É o caso da extorsão: a simples prática da constrição já

faz o delito se consumar, independentemente de a pessoa auferir ou não a vantagem indevida.

c) CRIME DE MERA CONDUTA OU DE ATIVIDADE: nesses crimes, não só não há resultado

naturalístico como é impossível que este aconteça. Exemplo clássico é o porte de arma sem

autorização. O simples portar arma em nada modifica o mundo real (não há qualquer resultado

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naturalístico). Geralmente, os crimes de mera conduta são absorvidos por crimes de resultado, como

o homicídio mediante uso de arma, pois o crime de mera conduta será um antefato necessário.

2.6. CRIME UNISSUBJETIVO E PLURISSUBJETIVO

a) CRIME UNISSUBJETIVO: é o crime que pode ser praticado por qualquer pessoa, sozinha

e sem auxílio. Em regra, todo crime é unissubjetivo. Veja, crimes unissubjetivos podem ser realizados por mais de uma pessoa, mas também podem ser realizados por uma pessoa sozinha.

b) CRIME PLURISSUBJETIVO: é o crime que exige pelo menos duas pessoas para a sua

realização, como a bigamia e a formação de associação criminosa. Pode ser de condutas

convergentes (ações que tendem a se encontrar, como na bigamia), contrapostas (ações dirigidas

um contra os outros, como na rixa) ou paralelas (duas condutas com o mesmo objetivo). Os crimes plurissubjetivos são, NECESSARIAMENTE, realizados por mais de uma pessoa.

2.7. CRIME UNISSUBSISTENTE, PLURISSUBSISTENTE E PLURIOFENSIVO

a) CRIME UNISSUBSISTENTE: é o crime cuja consumação ocorre mediante um único ato,

não sendo admitido seu fracionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta se esgota com a

concretização do delito. É o caso da injúria, calúnia e difamação na forma verbal. Nesses crimes,

não há um iter criminis perfeito, a pessoa não tem a possibilidade de arrependimento eficaz. Os crimes unissubsistentes são, NECESSARIAMENTE, realizados com um único ato.

b) CRIME PLURISSUBSISTENTE: é o crime para cuja consumação podem ser realizados

mais de um ato, como no homicídio. Veja que os crimes plurissubsistentes podem ser realizados com apenas um ato, mas é possível sua divisão em mais de um. Exatamente por isso, a conduta

pode ser fracionada, permitindo a tentativa.

c) CRIME PLURIOFENSIVO: é o que lesa ou expõe a perigo de dano mais de um bem

jurídico.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredite: assim como você, estamos totalmente interessados na sua aprovação.

Toda estratégia, material ou informação que pudermos achar importante para a sua aprovação, será

fornecido.

Siga rigorosamente a programação, acredite na estratégia, não deixe acumular a matéria e revise

sempre.

O seu projeto de aprovação é nosso também.

Vamos em frente! Vorne!

Rogério Sanches