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Cartilha de princípios

MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto - Cartilha de Princípios

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cartilha de princípios e linhas organizativas. www.mtst.org

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Cartilha de princípios

2 MTST - Cartilha de princípios

Quem somos?O MTST é um movimento que organiza

trabalhadores urbanos a partir do local em que vivem: os bairros periféricos.

Não é nem nunca foi uma escolha dos trabalhadores morarem nas periferias; ao contrário, o modelo de cidade capitalista é que joga os mais pobres em regiões cada vez mais distantes. Mas isso criou as condições para que os trabalhadores se organizem nos territórios periféricos por uma série de reivindicações comuns. Criou identidades coletivas dos trabalhadores entorno destas reivindicações e de suas lutas.

Ao mesmo tempo, a organização sindical, no espaço de trabalho, tem tido enormes dificuldades em organizar um segmento crescente de trabalhadores (desempregados, temporários, terceirizados, trabalhadores por conta própria, etc.), a partir de trans-formações ocorridas no próprio processo produtivo, que tornaram as relações traba-lhistas mais complexas e diversificadas.

Assim, o espaço em que milhões de traba-lhadores no Brasil e em outros países tem se organizado e lutado é o território. É aí que o MTST se localiza: Somos um movimento territorial dos trabalhadores.

AS LINHAS POLÍTICAS DO MTST

Somos um Movimento territorial

Nós trabalhadores temos várias for-mas de nos organizar em busca de nossos direitos. Nas fábricas e nas empresas, nos organizamos por meio dos sindicatos. No território periférico, os bairros em que moramos, nos orga-nizamos em movimentos populares. O MTST atua nas periferias para fazer a luta por nossos direitos. Por isso é um movimento territorial.

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Nossos objetivosO MTST tem como seu maior objetivo a

luta contra o capital e o Estado que repre-senta os interesses capitalistas. Sabemos que na atual forma de organização social não há espaço para a realização dos inte-resses da maioria, os trabalhadores. Tudo é transformado em mercadoria, inclusive nós próprios e nossos direitos. Apenas uma mi-noria tem acesso a condições dignas de vida. E o Estado atende exatamente a esta mino-ria. Por isso nossa luta é muito mais ampla do que a conquista de um pedaço de terra. Mas é preciso um intenso e longo acúmulo de forças para atingirmos nossos objetivos principais. Todas nossas ações devem es-tar voltadas para fortalecer nosso caminho rumo a estes objetivos. Isso significa ampliar nossa referência nas periferias urbanas, nos-so número de militantes, nossas conquistas, nossa capacidade de mobilização, dentre muitos outros fatores.

Podemos resumir esta meta na seguin-te idéia: construção de poder popular. Ou seja, a realização efetiva do princípio de que só os trabalhadores podem resolver os pro-blemas dos trabalhadores. Na prática, isso

significa estimular e valorizar as iniciativas autônomas, construir formas de organiza-ção e de decisão coletivas, lutar por nossas reivindicações e direitos; enfim, não esperar nada de ninguém a não ser de nós mesmos. Assim, podemos dizer que nosso objetivo maior é a construção do poder popular, contra o capital e seu Estado.

O Capitalismo é nosso inimigo

A sociedade em que vivemos é ca-pitalista. O que isso quer dizer? Quer dizer que as leis, o governo, a justiça foram organizados para beneficiar um pequeno grupo de gente muito rica, que é a classe capitalista. Os patrões, pro-prietários de terra e banqueiros têm o poder por terem dinheiro. E têm dinhei-ro por explorarem nosso trabalho. No capitalismo é assim: muitos trabalham e poucos tem dinheiro. Por isso lutamos contra ele.

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Criar poder popular! “Criar poder popular” é mais do que um grito de

ordem, é nosso grande objetivo. Somos a maioria,

mas o poder não está com a gente e sim com os ca-

pitalistas. Construir o poder popular, que é o nosso

poder, é a forma de transformar isso. Como? Com

muita organização e luta. Precisamos nos organi-

zar nos bairros, nas ocupações, no trabalho, em to-

dos os lugares. Levando adiante a idéia de que só

precisamos da nossa força para mudar a realidade.

Reforma Urbana já!As cidades em que vivemos são divididas por grandes muros invisíveis. De um lado está a cidade dos ricos, com muito luxo, universidades, hospitais, onde tudo fun-ciona bem. Lá só entramos pela porta dos fundos e pelo elevador de serviço. Do outro lado do muro estão as pe-riferias, onde falta tudo. Aqui, o governo só aparece com a polícia para nos humilhar e reprimir. A nossa Reforma Urbana é derrubar estes muros.

Nossas bandeiras de lutaO MTST luta por moradia, é um movi-

mento de sem-teto. O direito à moradia digna é uma bandeira central do nosso movimento. Mas não é única: o trabalha-dor que não tem acesso ao direito de morar dignamente - o sem teto - também não tem o direito à educação, ao atendimento de saú-de, ao transporte coletivo, à infra-estrutura básica em seu bairro e a muitas outras ne-cessidades. Por isso, afirmamos que o MTST não é um movimento de moradia. Lutamos por moradia, mas entendemos que esta luta é parte de uma luta maior por condições de vida dignas.

É aqui que entra nossa proposta de uma Reforma Urbana. Defendemos uma trans-formação profunda no modo como as cida-des estão organizadas. Hoje as cidades ser-

vem para dar lucro e são gerenciadas como uma empresa pelos governantes. Há gente que ganha bilhões com a expulsão dos traba-lhadores para as periferias e com a precarie-dade dos serviços públicos. Expulsando os mais pobres do centro, os especuladores de terra e empreiteiros veem seus condomínios de luxo, prédios de escritório e outras obras se valorizarem cada vez mais. Mantendo a saúde pública precária, ganham as empresas de planos de saúde; mantendo a educação pública precária, ganham os donos de esco-las particulares; mantendo transporte públi-co precário, ganham as grandes empresas de produção de automóveis; e assim por diante.

Assim, a bandeira de uma Reforma Ur-bana profunda e popular torna-se uma luta fundamental contra os interesses do capital.

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Nossas formas de açãoAs formas de atuação do MTST estão cen-

tradas na luta direta contra nossos inimigos. Isto é importante porque nos diferencia da maioria dos movimentos urbanos, que op-taram por focar suas ações na participação institucional: negociações de projetos com o Estado, participação em Conselhos (con-selho de habitação, das cidades, orçamento participativo, etc.) e parcerias com os go-vernos. Embora, o MTST também saiba ne-gociar, para nós esta parte do processo está sempre em função das mobilizações e ações diretas de pressão.

Nossa forma de ação mais importante são as ocupações de terras urbanas. Com elas pressionamos diretamente os proprietários e o Estado, denunciamos o problema social da moradia e construímos um processo de organização autônoma dos trabalhadores. As ocupações são sempre acompanhadas de uma pressão focada nos órgãos do Es-

tado, com marchas e ocupações de prédios públicos. Entendemos também que as ocu-pações de terrenos nas periferias devem ser potencializadas como uma porta para o trabalho comunitário nos bairros próximos. Não podem ser uma ilha de lutadores; mas devem avançar para uma integração com as demandas dos trabalhadores que não parti-cipam diretamente dos acampamentos, am-pliando nossa referência.

Por fim, uma forma de ação que é estratégi-ca para o MTST são os bloqueios de rodovias e avenidas importantes. Por essas vias circu-lam as mercadorias das fábricas até os locais de venda, o que faz com que nossos bloqueios representem para o capital algo parecido a uma greve: não conseguem vender suas mer-cadorias. Estas ações, por isso, afetam o co-ração do sistema, gerando enormes prejuízos aos ricos e fazendo com que nossas reivindi-cações ganhem uma importância maior.

Ocupar e resistir!As ocupações são o grito de um

povo que não suporta mais viver calado em seus buracos. Que não suporta mais ter que escolher entre comer e pagar aluguel, nem con-tinuar sofrendo humilhações por viver de favor na casa de alguém. Mas também são mais do que isso. As ocupações mostram para todos os trabalhadores que, se nos levan-tarmos de forma organizada, po-demos ser muito fortes. Podemos fazer o governo recuar, a polícia recuar, o dono da construtora e da terra serem derrotados. E assim ter-mos conquistas

Nossas formas de ação

Por que bloqueamos rodovias?

Parar rodovias e grandes avenidas sempre foi uma forma de chamar a atenção para as reivindicações dos trabalhadores. Mas para nós é algo ainda mais importante. Ao blo-quearmos uma via importante estamos ge-rando um imenso prejuízo aos capitalistas. Eles precisam deslocar as mercadorias da fábrica para os mercados ou portos (no caso de exportação). Quando enfrentam nosso bloqueio, as mercadorias atrasam, o que lhes traz prejuízos. Isso no caso de um blo-queio. Agora, imaginem todas as principais vias do paradas! E paradas não por horas, mas por dias! Conseguiríamos impor uma grande derrota ao capital e avançar na trans-formação que queremos. Este é um grande objetivo do MTST.

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Nossas aliançasNossos objetivos são muito grandes, mas

nossas forças nem tanto. Por isso temos o desafio de acumular forças. E um ponto im-portante deste desafio é estabelecer alianças com outras organizações dos trabalhadores. Por mais que o MTST cresça, sozinhos nun-ca conseguiremos chegar aos objetivos que queremos.

Precisamos, em primeiro lugar, construir alianças com outros movimentos populares que organizam os trabalhadores. Não só da cidade, mas também do campo. No caso dos movimentos urbanos, apostamos na alter-nativa da Resistência Urbana – Frente Na-cional de Movimentos.

É fundamental para nós ampliar nossa aliança para o âmbito dos sindicatos, que organizam trabalhadores nas fábricas e em-presas. Muitos dos sem-teto estão também em alguma base sindical. Desenvolver a luta conjunta é decisivo para o acúmulo de for-ças que pretendemos.

Além disso, devemos buscar alianças com outras organizações que defendam os mes-

mos objetivos que os nossos, sejam partidos políticos, igrejas, grupos culturais, etc.

Assim, somamos mais e mais para as lutas contra nossos inimigos.

Somos Resistência Urbana

Sozinhos não conseguiremos alcan-çar nossos objetivos. Para fazer nossa luta crescer ainda mais, o MTST aju-dou a construir a Resistência Urbana, que é uma frente que reúne vários movimentos espalhados pelo país. É uma forma de estar junto com com-panheiros de luta que não estão no MTST, mas têm objetivos muito pare-cidos com os nossos. Participar das jornadas e de todas as ações da Re-sistência Urbana é fundamental para ampliarmos cada vez mais nossa luta.

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O que é um Princípio?Em nossa vida temos muitas ideias e pro-

postas. Algumas dão certo, outras não. E te-mos que ter a abertura de ver quando não dar certo e mudarmos. No MTST também é assim. Mas existem certas ideias que a cami-nhada do Movimento e a história de luta dos trabalhadores já mostraram que são muito im-portantes para nossa organização. Esses são nossos princípios. São ideias que não estamos dispostos a abrir mão, que são muito valiosas para nós.

A organização do MTSTNossos princípios de organizaçãoO MTST tem sua organização baseada em

alguns princípios. Encaramos a coerência com estes princípios como condição para a atuação de qualquer militante no movimen-to. São eles:

● Unidade na ação e liberdade na dis-cussão – Os militantes devem ter o direito de se posicionar e debater suas propostas nos coletivos em que fazem parte. Mas, uma vez definida a posição coletiva (por consen-so ou voto) têm que atuar de acordo com ela.

● Decisão coletiva e responsabilidade individual – As decisões no MTST são to-madas coletivamente: os militantes de cada coletivo devem participar da definição das linhas, posições políticas e dos planejamen-tos e avaliações. Mas, divididas as tarefas, o companheiro que assumi-la tem a respon-sabilidade de realizá-la e prestar contas ao coletivo.

● Só decide quem atua – Todo militan-te do MTST tem que participar de algum coletivo e assumir alguma tarefa. Só há espaço no movimento para aque-le que estiver comprometido com a execução das decisões tomadas, isto é, com alguma tarefa de construção.

● Disciplina militante e valores socialistas – O militante do MTST precisa ser coerente em sua condu-ta com a proposta do movimento. Deve ser exemplo para o conjunto. Isso significa também não reprodu-zir as ideologias que combatemos: opressões, discriminações (a mu-lheres, negros, homossexuais) e va-lores individualistas.

● Transparência nas relações – É fundamental no MTST que as posições e diferenças sejam tratadas de forma clara e transparente. Assim também deve ser nos-sa relação com a base social do movimento. Entendemos que a transparência, ao lado do respeito às diferenças, é a melhor manei-ra de evitar os divisionismos tão freqüentes na esquerda.

● Construção de poder popular – Este princípio se expressa em duas questões fundamentais: autonomia e formação po-lítica. Autonomia significa que as decisões do MTST são tomadas pelo MTST, sem in-terferência de qualquer outra organização ou do Estado. A formação política – como princípio – significa a proposta de formar continuamente militantes na base do mo-vimento para assumirem responsabilidades políticas e participarem das decisões. Ou seja, o MTST deve ser conduzido pelos tra-balhadores e deve haver um esforço organi-zativo para preparar cada vez mais trabalha-dores para dirigirem a organização.

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Nossa forma de organizaçãoO MTST é uma organização coletiva. A

forma de organizar o movimento e suas lutas tem como alicerce diferentes tipos de coletivo. No geral, devemos buscar cons-truir 3 tipos de coletivos, cada qual com sua função:

● Coletivos Políticos (Coordenações Estaduais e Coordenação Nacional) – tem a função de tomar as decisões políticas gerais do movimento, no estado ou no país.

● Coletivos Organizativos (Setores) – tem a função de tomar decisões e executar

tarefas em relação a diversas questões neces-sárias para a construção do MTST.

● Coletivos Territoriais (Coordena-ções de Acampamento, de Núcleos e Coordenações Regionais) – tem a fun-ção de tomar organizar o trabalho territorial do MTST, na relação com a base, decidindo e realizando as tarefas referentes ao seu es-paço de atuação, seja a ocupação, o núcleo ou uma região mais ampla.

Esta forma de organização dos coletivos fica mais clara com o seguinte quadro:

Coordenações de Grupo

(ocupações)Coordenações

de Núcleo Referências

comunitárias

Coordenação Regional

Setores

Coordenação Estadual

Coordenação Nacional

AA A

BC

D

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A importância dos Setores

O povo é nosso combustível, é quem faz o

Movimento ir adiante. O papel de organizar

os trabalhadores que fazem parte do MTST

é dos Coletivos territoriais (coordenação de

grupos, núcleos e regionais). Mas, além do

combustível, precisamos do motor, a engre-

nagem que faz a organização do Movimento

avançar. Este é o papel dos Coletivos orga-

nizativos, que são os setores. Quando os

setores funcionam bem, o MTST se organiza

melhor. A formação dos militantes, a sus-

tentação financeira da organização, nossas

negociações, tudo isso depende de um bom

funcionamento dos setores para dar certo.

Somos mais do que uma bandeira

Queremos levar a bandeira do MTST para todos os cantos desse país. Mas não adianta levarmos só a bandeira, sem os princípios, os objetivos e as formas de organização. Seria bom para nós que alguém usasse a bandeira do MTST e, ao mesmo tempo, oprimisse o povo nas ocupações? Ou se vendesse para o governo? Claro que não! Por isso, é importante que o MTST não seja só uma bandei-ra, mas que possamos garantir que onde esteja o Movimento, estejam também nossos princípios. A forma de agir e se organizar precisa ser a mesma.

Propostas de representação: ● A – 1 representante para 5 membros

(com exceção das referências: 1 por comu-nidade).

● B – 1 representante onde há uma ocu-pação; 2 onde há mais. Renovação a cada 4 meses.

● C – 1 representante por setor, com pos-sibilidade de ampliação. Renovação anual.

● D – De 1 a 3 representantes, conforme a situação de construção do estado. Renova-ção anual.

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Cada militante que está em um coletivo representa determinada tarefa, seja esta ter-ritorial ou organizativa-setorial. E o cum-primento da tarefa deve ser submetido à avaliação coletiva de tempos em tempos (1 ano ou 4 meses, conforme o coletivo), po-dendo modificar o militante responsável. Assim, garantimos uma avaliação constante e a possibilidade de rotatividade dos mili-tantes nos coletivos.

Quanto aos setores, atualmente temos os seguintes:

● Formação Política – responsável pela formação dos militantes.

● Articulação – responsável pela relação com o Estado e aliados.

● Organização – responsável em garantir o funcionamento coletivo.

● Segurança – responsável pela autodefe-sa da organização.

● Autosustentação – responsável em de-senvolver propostas de financiamento.

● Finanças – responsável pela organi-zação dos recursos e prestação de contas (pode estar junto com a autosustentação).

● Comunicação e Simbolismo – res-ponsável pelos canais de divulgação do MTST e pelo fortalecimento de identidades simbólicas próprias.

É claro que o conjunto destas formas de organização (coletivos políticos, territoriais e setores) é parte de um processo de cons-trução. Nem todos os estados conseguiram desenvolvê-las, os ritmos são diferenciados. Mas, respeitando as dificuldades e ritmos de construção do MTST em cada estado, deve-mos ter esta proposta como uma referência organizativa unitária.

Além disso, temos um desafio organiza-tivo a superar: construir, a partir das ex-periências de atuação em cada estado, um documento de Normas de funcionamento do MTST, que estabeleça de forma clara e unitária as regras que norteiam as relações entre os militantes e os coletivos na organi-zação.

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A organização de nossas ocupaçõesA ocupação de terrenos urbanos é a prin-

cipal forma de ação do MTST. Boa parte de nosso esforço militante está orientado para construir e sustentar as ocupações. Por isso, precisamos buscar fazer da ocupação mui-to mais que uma luta por moradia, mas sim uma ferramenta para o acúmulo de forças do MTST rumo a nossos objetivos.

Temos experiências muito diversificadas de ocupações nos estados em que atuamos, que expressam as especificidades de cada região. Mas existem algumas metas que pre-cisam ser comuns a todos nossos acampa-mentos:

● Formação de novos militantes – as ocupações são o momento em que o MTST amplia e qualifica sua militância, apostando na formação de coordenações de acampa-mento, eleitas pela base, que, ao assumir as tarefas organizativas e políticas da ocupa-ção, se integram ao MTST.

● Organização e mobilização coletiva – as ocupações devem representar a pri-mazia das soluções coletivas sobre as indi-viduais, tanto através da mobilização como via para conquistas, quanto na construção de espaços coletivos, tais como cozinhas, sa-raus, biblioteca, dentre outros.

● Territorizalização – O local onde fa-zemos uma ocupação é algo determinante para a influência que pode ter. Fazer um acampamento próximo ao Palácio de Go-verno, ou ao lado de uma importante rodo-via, ou ainda próximo de um grande porto ou aeroporto nos dá um poder de interven-ção muito maior do que fazer no final da cidade, próximo à área rural. Por isso, aliás, que construímos o MTST em Brasília.

● Referência nas comunidades – Um acampamento sempre acaba, seja com o despejo ou com a conquista. Por isso, a re-ferência de nossa atuação tem que ir além da ocupação, ampliando-se para as comu-nidades próximas. A maioria dos acampa-dos vem destas comunidades e, em caso de despejo, podemos continuar o trabalho com eles neste entorno. Esta tem sido a experiên-cia dos núcleos comunitários, já realizada pelo MTST em alguns estados. Precisamos expandir iniciativas como essas para am-pliar nossa referência nas periferias. Assim, a ocupação seria um ponto de partida para um trabalho muito maior. A construção da Periferia Ativa, onde for possível, é uma ini-ciativa que vem responder a esta necessida-de.

Os desafios de uma ocupaçãoPor que fazemos ocupações? Alguns

companheiros respondem: “Para con-seguir moradia!”. Mas é só isso que queremos? Ficaremos satisfeitos se, daqui há 10 ou 20 anos, olharmos para traz e vermos apenas um monte de conjuntos habitacionais? De nada adianta conseguirmos moradias e a vida continuar do mesmo jeito, com o capitalismo impondo suas leis. Por

isso, a ocupação tem para nós um sentido muito maior do que a luta por moradia: é uma forma de formarmos novos militantes para a luta, de cons-truir referência nos bairros de periferia e de mostrar para os trabalhadores que – com união e organização – te-mos poder de enfrentar este sistema. Nossas ocupações devem ter sempre este horizonte!

MTST - Nossa luta é pra valer!

MTST, nossa luta é pra valer!MTST, nossa luta é pra valer!

Sou do movimentodo povo que é sem teto.Vivo pelo certo,contra a opressão.

Venho do barraco,da vila, da favela.Sou um sentinelada nossa ocupação.

Luto pelo diaque o povo exploradoestando organizadovai fazer revolução.

MTST, nossa luta é pra valer!MTST, nossa luta é pra valer!

Chega de despejona periferia.Direito à moradiaé constitucional.

Resistência urbana,força e unidade,toda a sociedadevai revolucionar.

Fé na militânciado MTST!Pra criar podere movimento popular!

MTST, nossa luta é pra valer!MTST, nossa luta é pra valer!

Ernesto Che Guevara,Lamarca, Olga Benário,João Cândido, Zumbi.

Carlos Marighella,Antônio Conselheiro,Zapatta, Chico Mendese Sandino estão aqui.

Se o povo conhecesseos heróis que ele tem,não aturava nuncadesaforo de ninguém.

Se o povo soubesseos heróis que tem,não aturava nuncadesaforo de ninguém.

MTST, nossa luta é pra valer!MTST, nossa luta é pra valer!M – T – S – T