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MUDANÇAS NA EUROPA: Professora Bianca Vanini

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MUDANÇAS NA EUROPA:

Professora Bianca Vanini

CAPÍTULO 14

• A partir do século XI, o feudalismo começou a dar sinais de crise.

• Essa época foi marcada pelo renascimento do comércio e da vida urbana, o que provocou alterações significativas nas bases do sistema feudal.

•No final do século X, a Europa passou por um período de paz e segurança.

•Além disso, estavam ocorrendo alguns avanços na economia e na sociedade feudal.

A técnica empregada na

agricultura também passava

por profundas transformações.

A CHARRUA. O antigo arado foi

sendo substituído pela charrua, um arado com lâmina de ferro

que substituiu do de madeira, e

fazia sulcos mais profundos na terra,

aumentando as possibilidades de

produzir mais.

• Uma inovação foi a disseminação da forja dos ferros nas aldeias.

• Com o término das invasões bárbaras, o metal, antes usado preferencialmente para a fabricação de armaduras e espadas, foi usado na confecção de arados, enxadas e foices mais resistentes do que os de madeira.

Uso de um novo sistema de tração

• Aos poucos, generalizou-se também uma nova maneira de atrelar os animais: pelo peito e não mais pelo pescoço.

• O novo sistema permitiu aproveitar melhor a força de bois e cavalos.

A rotação trienal de cultura

• Consistia em alternar cultivos diferentes, ao longo de três anos, em uma área dividida em três partes.

• A cada ano, enquanto duas áreas forneciam dois produtos distintos, a terceira permanecia em descanso (pousio).

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• Os moinhos de água e de vento pouparam trabalho e tempo do camponês, aumentando a produção.

• Além disso, o desbravamento de terras incultas de florestas e pântanos, bem como o uso da adubação, também melhorava a produtividade agrícola..

• Esse aumento da produção, uma diminuição das epidemias e uma relativa paz depois das grandes invasões, resultaram em um sensível aumento populacional.

• Esse crescimento pode ser visto nos seguintes números:

Século X - 20 milhões de habitantes.

Século XIV - 51 milhões de habitantes.

• A expectativa de vida subiu de 25 para 35 anos entre os séculos XII e XIII.

• Com o aumento da população servil, para evitar gastos, alguns senhores desobrigaram seus camponeses da servidão.

• A iniciativa favorecia a ocupação humana de terras pouco habitadas nos arredores dos feudos.

Com o aumento da produção

agrícola ao final do século XI e

durante o século XII, houve

aumento dos excedentes, o que

intensificou as trocas entre

os feudos.

• Aos poucos, mercadores regulares passaram a comercializar produtos, oferecendo-os na entrada dos castelos, nos pátios dos mosteiros e nos núcleos urbanos.

• As trocas locais e o deslocamento dos mercadores ocasionaram intensa rede de comércio e levaram ao surgimento das feiras.

• O intenso afluxo de mercadores e mercadorias gerou rotas que se transformaram em estradas movimentadas.

• Nos cruzamentos dessas rotas ou de qualquer outro local de grande circulação de pessoas surgiram as feiras medievais.

• As maiores, no entanto, formaram-se em pontos nos quais havia o encontro de rotas comerciais.

• A feira de Champagne tornou-se uma das mais importantes do comércio medieval.

• Havia na Europa duas rotas comerciais principais:

Rota do Sul - cidades de Gênova e Veneza - produtos vindos do Oriente.

A rota do Norte - cidades alemães (região dos mares do Norte e Báltico) - cereais, trigo, pescado e madeiras.

• Com o passar do tempo, as feiras deixaram de ser temporárias e foram se tornando permanentes. Foi dessa forma, ao redor de feiras e das catedrais, que se originaram ou se desenvolveram algumas das principais cidades do Período Feudal.

• Estas foram chamadas de burgos (do latim burgus, que significa fortificação) e seus habitantes receberam a denominação de burgueses.

• Muitas dessas cidades estavam localizadas em terras de um senhor feudal.

• As cidades medievais eram cercadas por muros. Suas ruas eram estreitas e as casas, amontoadas.

• Tal organização espacial propiciava a propagação de incêndios e de doenças contagiosas.

• Entre os séculos X e XIV, a grande migração do campo para a cidade fez com que surgissem construções fora dos muros da cidade.

• O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas reduziu a necessidade de mão de obra nos campos.

• Com isso, muitas pessoas foram deslocadas para as cidades, onde passaram a se dedicar ao comércio e ao artesanato.

• Essa população, que em parte se dedicava ao artesanato, necessitava cada vez mais de matéria prima para suas atividades.

• Isso exigia que o campo aumentasse sua produção para vendê-la às cidades.

O TRABALHO

NAS CIDADES

MEDIEVAIS

CORPORAÇÕES DE OFÍCIO

• Associações de artesãos - Controlavam a qualidade dos produtos, os horários de funcionamento de cada oficina e dos respectivos trabalhadores, o preço das mercadorias e o método de fabricação.

• Funcionavam também, como uma associação de ajuda mútua entre artesãos.

• Cada corporação era organizada segundo uma rígida hierarquia:

Mestre artesão, possuía uma oficina, ferramentas e matéria-prima; Aprendiz, o jovem que se empregava na

oficina do mestre apenas para aprender a profissão; Jornaleiro, trabalhava e recebia por

jornadas previamente combinadas (recebiam pela jornada de serviços realizados).

• Um novo segmento social se desenvolveu: a burguesia.

• Ela era composta de comerciantes, banqueiros, armadores de navios e cambistas, sobretudo.

• Os comerciantes, por sua vez, organizavam-se em GUILDAS, cujos objetivos eram a regulamentação das práticas comerciais e a manutenção do monopólio sobre o comércio local.

Os burgueses não se encaixavam no sistema de ordens que organizou a sociedade feudal: clero, nobreza e servos.

As comunas • Com o objetivo de poder gerir seus negócios e

suas vidas com o mínimo de interferência, os burgueses se uniram e formaram comunas.

• Estas eram associações de moradores com o objetivo de buscar soluções para problemas que fossem de interesse coletivo dos habitantes da cidade, além da aquisição do terreno onde ela estava localizada.

• A compra do terreno, que geralmente pertencia a um feudo, garantia ao burgo a sua autonomia e a desobrigação de recolher tributos ao senhor feudal.

CIDADES FRANCAS

• Conseguiam sua independência mediante um pagamento ao senhor; pagavam um valor em indenização aos nobres, que em troca lhes concediam a carta de franquia.

• Por meio dela, eram transferidos aos burgueses os direitos de cobrar impostos e organizar tropas militares.

CIDADES COMUNAIS

• Nem sempre os nobres concordavam com tal emancipação, o que gerou vários conflitos com os burgueses.

• As cidades comunais, conseguiam sua independência iniciando um confronto.

• O Renascimento Comercial foi também responsável pela maior circulação de moedas, que voltaram a ser necessárias para facilitar as trocas.

• Como as feiras atraíam comerciantes de diferentes regiões da Europa, circulavam diferentes moedas, com valores distintos.

O CAMBISTA

O cambista realizava, nas feiras medievais, os cálculos de conversão e o câmbio entre as moedas.

Com o tempo, o cambista passou a realizar empréstimos a juros ou depósitos.

Foram expedições militares o objetivo de expulsar turcos

islamizados de lugares considerados

santos para o cristianismo ( a

Terra Santa). Entre estes, a cidade

de Jerusalém.

As expedições militares receberam tal denominação de Cruzadas pelo fato de seus integrantes usarem como símbolo a cruz, bordada em suas vestes ou pintada em suas armaduras.

• No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os muçulmanos conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém.

• Diante dessa situação, o papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada (1096 e 1099), com o objetivo de expulsar os "infiéis" (islâmicos) da Terra Santa.

• Além de retomar Jerusalém, o papa

pretendia recuperar a

influência sobre o território do

Império Bizantino, perdida quando

ocorreu o Cisma da Igreja, em 1054.

Movidas pela fé, cerca de 150 mil pessoas atenderam ao apelo do papa.

Nobres, camponeses, mendigos, mulheres e até crianças partiram nessas expedições.

• Essas batalhas, entre católicos e muçulmanos, duraram cerca de dois séculos, deixando milhares de mortos e um grande rastro de destruição.

• Foram oito as cruzadas oficiais, que se estenderam de 1096 a 1270.

• A única Cruzada que obteve êxito foi a primeira.

O principal objetivo das Cruzadas, reconquistar Jerusalém, se misturou a interesses econômicos e políticos.

Aliviar as tensões sociais da Europa resultantes do crescimento demográfico.

Refazer a unidade da igreja cristã, que estava separada desde o Cisma do Ocidente.

Interesses econômicos de comerciantes europeus, principalmente os italianos, no Oriente, além do ganho com a produção e a comercialização de embarcações, armas, alimentos e demais recursos necessários para a realização das campanhas militares.

Interesses de nobres falidos que desejavam fazer fortuna no Oriente.

• Da Quarta Cruzada em diante, os interesses comerciais foram colocados acima dos interesses religiosos.

• Essa expedição não chegou a atingir Jerusalém, mas tomou Constantinopla em 1203 (os cruzados saquearam Constantinopla).

CENA DO FILME CRUZADA

CONSEQUÊNCIAS DAS CRUZADAS • Aumento do comércio entre o

Ocidente e o Oriente com a reabertura do mar Mediterrâneo. Assim, os comerciantes levaram para a

região da Europa produtos de luxo, como perfumes, tecidos finos e joias. Comercializavam também as

especiarias, como a noz-moscada, o cravo, o gengibre e o açúcar.

•Renascimento comercial e urbano, surgimento e ascensão econômica da burguesia.

A procura por esses produtos ajudou a reaquecer o comércio, atividade que declinou durante o período da Alta Idade Média (séculos V a X).

As Cruzadas estiveram diretamente relacionadas a um movimento de

renascimento do comércio.

A CRISE SISTEMA FEUDAL

CAPÍTULO 15

CRISE DE RETRAÇÃO: TRILOGIA

DA DESTRUIÇÃO

FOME, GUERRAS E PESTE

Após o aumento populacional gerado pela maior produtividade, a

Europa viveu um período relativamente

longo de fome, epidemias e violência,

denominado “crise do século XIV”.

A FOME

• Apesar da expansão das terras produtivas, do uso do arado e da rotação de culturas, a produção agrícola da sociedade feudal não conseguiu acompanhar as necessidades alimentares de uma população crescente.

• A partir de 1250, registrou-se uma mudança climática importante que trouxe consequências desastrosas para a sociedade medieval do Ocidente.

Uma sucessão de más colheitas, resultante de verões excessivamente frios e chuvosos.

Os cereais não amadureceram e faltou o sal, usado para conservar a carne.

Até mesmo os animais usados para transporte e para o arado fossem utilizados como alimento.

Sementes que eram guardadas para as próximas plantações foram também consumidas.

• Estabeleceu-se uma fome generalizada.

• Camponeses famintos vagavam de vila em vila em busca

de alimento.

• A violência, o roubo e os crimes se

tornaram mais frequentes

“Depois da fome, a peste come”

A PESTE NEGRA • Violenta bactéria, trazida do Oriente, matou 1/3

da população europeia.

• Tornou-se uma epidemia que atingiu inúmeras pessoas na Europa entre os anos de 1347 e 1351.

• Chegou à Europa provavelmente pela Rota da Seda.

• Transmitida por ratos, a bactéria veio em pulgas que se alojavam nos ratos que infestavam os porões dos navios vindos do Oriente.

PESTE BUBÔNICA

• Causava bubões (grandes feridas

negras, principalmente nas axilas e na virilha).

• Essa manifestação da doença era transmitida pela picada da pulga

do rato contaminado.

• Demorava até três semanas para causar

a morte da pessoa infectada.

PESTE PNEUMÔNICA

• Transmitida de indivíduo a indivíduo.

• A pneumônica era mais cruel do que a

bubônica.

• Matava suas vítimas entre dois ou três

dias de intenso sofrimento.

• Máscara de um médico de peste do século 17.

• Grupos como coveiros, médicos e padres eram mais atingidos por razões profissionais.

• As zonas rurais eram mais poupadas que as cidades, pois nas cidades havia maior concentração de pessoas, logo maior o contágio.

• O misticismo atribuiu à peste um castigo divino, o que deu origem a um forte fanatismo religioso.

• Muitos artistas usaram a peste como inspiração para suas obras.

A GUERRA

A GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)

• Conflito envolvendo a França e a Inglaterra que durou 116 anos.

• Motivada pela sucessão do trono francês e pela disputa pela região de Flandres (continente europeu).

• A disputa se deu entre Filipe de Valois, proclamado rei da França depois da morte de Carlos IV (último da dinastia dos Capetos) e Eduardo III da Inglaterra, que se considerava herdeiro do trono francês pela linha materna.

• Contudo, na França, a Lei Sálica impedia a sucessão monárquica por linhagem materna.

• Por isso, Filipe de Valois assumiu o poder com o título de Felipe VI.

• Participação de Joana d’Arc –

jovem francesa que lutou na guerra.

• Foi queimada pelos ingleses acusada de

bruxaria)

• Vitória francesa.

REVOLTAS CAMPONESAS

• As revoltas camponesas ocorreram na Europa devido a exploração dos servos.

• Após a Peste Negra, a população europeia diminuiu muito.

• Muitos senhores feudais resolveram aumentar os impostos, taxas e obrigações de trabalho dos servos sobreviventes.

• Em regiões da Inglaterra e da França estouraram revoltas camponesas contra o aumento da exploração dos senhores feudais.

• Combatidas com violência por partes dos nobres, muitas foram sufocadas e outras conseguiram conquistar seus objetivos, diminuindo a exploração e trazendo conquistas para os camponeses.

Fragmentação do sistema feudal

• Por volta do início do século XV, a Europa

Ocidental mostrava as consequências da crise que ocorrera no século anterior. Eram:

a redução da população,

uma crise econômica,

o enfraquecimento do poder políticos dos nobres que resultou no fortalecimento dos reis.

• Muitos dos camponeses que sobreviveram às guerras e às pestes rumaram para as cidades, nas quais poderiam trabalhar com o comércio.

• Com a redução do poder da nobreza, ela, como compensação, buscou aumentar o refinamento de seus hábitos e de seu vestuário.

• Os burgueses enriquecidos se uniram ao nobres, por meio de casamentos, buscando status e projeção social.