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n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

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Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul

Revista dos Juizados Especiais

Tribunal de JustiçaCampo Grande-MS

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EXPEDIENTE

REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAISTribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

n. 17

Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais Cíveis e CriminaisDepartamento de Apoio às Turmas Recursais e Suporte aos Juizados Especiais Tribunal de Justiça de Mato Grosso do SulParque dos Poderes - Bloco 12CEP: 79031-902 – Campo Grande – MSTelefone: (67) 3313-5083E-mail: [email protected]

Publicação do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem a citação da fonte. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Revista dos Juizados Especiais [on-line].--n. 17 (2015)-.-- Campo Grande: Tribunal de Justiça, 2016-.

AnualContinuação de: Revista dos Juizados. - n. 1 (2003) - n. 12 (2010).

ISSN 2448-0835

1. Juizados Especiais - Periódico. 2. Mato Grosso do Sul - Juizados Especiais Cíveis e Crimi-nais - Jurisprudência. 3. Poder Judiciário - Mato Grosso do Sul. I. Título.

CDD 341.4192605

Realização: Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais Departamento de Apoio às Turmas Recursais e Suporte aos Juizados EspeciaisEditoração: Secretaria Judiciária Departamento de Pesquisa e Documentação Coordenadoria de Jurisprudência e Legislação

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CONSELHO DE SUPERVISÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

2015/2016

Presidente: Des. Marco André Nogueira Hanson

Secretária: Dra. Sandra Regina da Silva Ribeiro Artioli

Conselheiros:

Dr. Cézar Luiz Miozzo

Dra. Elisabeth Rosa Baisch

Dra. Eliane de Freitas Lima Vicente

Dr. Vitor Luiz de Oliveira Guibo

Dr. Emerson Cafure

Conselheiro-Representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de MS:

Dr. Alexandre Souza Soligo

Suplente: Dr. Eduardo Pereira Brandão Filho

Conselheiro-Representante do Ministério Público:

Dr. Ricardo Benito Crepaldi

Suplente: Dr. Gevair Ferreira Lima Júnior

Conselheira-Representante da Defensoria Pública:

Dr. Guilherme Cambraia de Oliveira

Suplente: Dr. Paulo Dinis Martins Brum

Conselheiro-Representante dos Conciliadores e Juízes Leigos:

Dra. Thaysa Cervants Ennes

Suplente: Dr. Fábio Medeiros Szukala

Conselheiro-Representante da Polícia Judiciária:

Dr. André Matsushita Gonçalves

Suplente: Dr. Sérgio Luiz Duarte

Conselheiro-Representante das Turmas Recursais:

Dra. Denize de Barros Dodero

Departamento de Apoio às Turmas Recursais e Suporte aos Juizados Especiais:

Diretora: Bel. Mariana Cévolo Landim Medeiros

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APRESENTAÇÃO

A Lei Estadual n.º 1.071 de julho de 1990 dispõe sobre a criação e funcionamento dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul e em seu Capítulo II trata acerca do Conselho de Supervisão.

O Conselho de Supervisão é competente para planejar, supervisionar e orientar, no plano administrativo, o funcionamento e as diretivas dos juizados ad referendum do Conselho Superior da Magistratura e, nitidamente, vem trabalhando para consolidar os Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul como um sistema eficiente e célere, atendendo as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, por consequência, fortalecer a credibilidade da prestação jurisdicional.

O Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, Desembargador Marco André Nogueira Hanson, em sua gestão, busca por meio de ações diversas a modernização dos Juizados Especiais, com ferramentas capazes de aumentar a produtividade, a fiscalização e o esclarecimento de celeumas do cotidiano deste sistema. No exercício do ano de 2015 é possível destacar que as principais e recentes realizações do Conselho de Supervisão vão ao encontro das recomendações do Conselho Nacional de Justiça.

Os relatórios apresentados pela Secretaria de Planejamento mostram que os Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, em quase sua totalidade, mantêm um acervo processual dentro dos prazos e das metas definidas pelo Conselho Supervisor. Exemplo disso é o cumprimento, pelo terceiro ano consecutivo, das metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça. É possível destacar que no ano de 2015, os Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul cumpriram 125,93% da Meta 1 e as Turmas Recursais 103,39%. E apenas no primeiro quadrimestre de 2016, a referida meta foi alcançada em 125,47% pelos Juizados Especiais e em 99,76 pelas Turmas Recursais.

Atendendo às recomendações do Conselho Nacional de Justiça, em continuidade ao programa “Redescobrindo os Juizados Especiais”, e, em alusão aos 20 anos de sua Lei de Regência, 52 (cinquenta e duas) Comarcas deste Estado realizaram trabalho de mutirão nos Juizados Especiais, que compreendeu o período de 21 a 25/09/2015 e resultaram no agendamento e realização de 3.257 audiências e 569 acordos.

Sobreleva ressaltar que, independentemente das comemorações dos 20 anos da Lei 9.099/95, o Conselho de Supervisão, desde o início de sua gestão, trabalha na incessante busca de uma Justiça célere, visando a redução do acervo processual.

A esse exemplo, durante todo o segundo semestre de 2015 foi realizado mutirão nas Comarcas de 1ª e 2ª Entrâncias do Estado de Mato Grosso do Sul, objetivando a conciliação nos processos relacionados à cobrança do seguro obrigatório DPVAT, em trâmite nas Varas Comuns e dos Juizados Cíveis.

Nas Turmas Recursais, o Provimento n. 344, de 28 de abril de 2015 determinou a instalação de mutirão judicial para julgamento das ações em trâmite nas Turmas Recursais.

No Estado de Mato Grosso do Sul existem 03 (três) Turmas Recursais com competência mista. Cada Turma Recursal é composta por 3 (três) Juízes de Direito em exercício no primeiro grau de jurisdição, sendo, ao menos um deles, titular de Vara dos Juizados Especiais (Resolução n. 117 de 04 de março de 2015).

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Além do aumento do número de sessões das Turmas Recursais e julgamento de processos de causas repetitivas em bloco, incrementando o volume de julgamentos, no ano de 2015, como já mencionado alhures, foi instalado mutirão judicial para julgamento das ações em trâmite nas Turmas Recursais dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, no período de 30/04/2015 a 05/09/2015, eliminando o acervo de processos que aguardavam julgamento até janeiro/2015.

Segundo os dados estatísticos, extrai-se que foram distribuídos 1.840 processos para os magistrados integrantes do trabalho de mutirão das Turmas Recursais. Desse número, restaram julgados 1.798 processos, sendo os demais devolvidos ao Cartório, por estarem inaptos ao julgamento.

De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram o número de sessões das Turmas Recursais, elevando o volume de julgamentos, o que resultou no número de 9.148 recursos julgados entre janeiro e dezembro/2015.

Ademais, visando atender as metas do ano 2016 proposta pela Corregedoria do CNJ, é possível destacar que todo o acervo processual dos Juizados Especiais do Estado de MS tramita de forma eletrônica e que, embora as Turmas Recursais se concentrem e são compostas por Juízes da Capital, já se realizou sessão de julgamento virtual, a fim de prestigiar o uso da tecnologia como ferramenta a propiciar celeridade.

Ainda buscando a redução de acervo processual, sem se afastar dos princípios da celeridade, informalidade e economia processual, deve ser destacada a atuação da Central de Processamento Eletrônico nos Juizados Especiais.

A Secretaria Judiciária de Primeiro Grau, Departamento dos Juizados Especiais, criada pela Lei n. 4.526/2014, de 08.05.2014, e regulamentada pelo Provimento n. 321, de 10 de junho de 2014, iniciou suas atividades em 09 de julho do mesmo ano, cumprindo o cronograma estabelecido pela Administração do TJMS.

Sob a orientação do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, como estabelece o §2º, do art. 5º, do Provimento 321, a Central de Processamento Eletrônico passou a movimentar os processos de 32 Comarcas, como medida para concentrar a força de trabalho, padronizando os procedimentos cartorários e, com isso, aumentar, com qualidade, a produtividade na área-fim.

Já no tocante aos Juizados Especiais da Comarca de Campo Grande - os quais possuem significativa importância em todo o sistema, por representarem aproximadamente 40% da demanda processual de Mato Grosso do Sul, abarcando, pois, o Juizado Central que concentra 80% de toda a movimentação da Capital - as estatísticas revelam que a movimentação processual no ano de 2015 aumentou 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Diante do expressivo aumento de demandas, para melhor gerir o acervo processual, foram adotadas medidas como a implantação de serviço para prestar atendimento por telefone, a fim de facilitar o acesso da população à informação e, com isso, diminuir o número de atendimentos presenciais na sede do Juizado; nos processos em que uma das partes é idosa, implantou-se a preferência na movimentação cartorária e nos gabinetes, bem como o agendamento das audiências para o período matutino, buscando, assim, a redução no tempo de tramitação processual dessa parcela da população.

Ainda visando à efetivação do princípio constitucional de acesso à justiça, insculpido no art. 5.º XXXV, atualmente estuda-se a possibilidade de ajuizamento eletrônico do pedido via Portal SAJ pela própria parte, nas ações de até 20 (vinte) salários-mínimos do sistema dos Juizados Especiais, como instrumento de aproximação da sociedade ao Judiciário.

Outra importante medida é a mudança do local sede do Juizado Especial Central. A instalação no novo prédio, em vias de concretização, além de ampliar o atual espaço físico em melhoria aos serviços prestados, possibilitará a continuidade das ações para incentivar a autocomposição dos litígios, com a

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instalação de uma unidade do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC, em parceria com o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos – NUPEMEC do TJMS.

Em relação ao Juizado de Trânsito, atendendo à solicitação do Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul adquiriu 6 (seis) veículos, modelo Van, todos adaptados para a realização de audiência de conciliação, ampliando e melhorando o Juizado Especial do Trânsito da Capital, bem como implantou o serviço nas Comarcas de Dourados, Três Lagoas e Corumbá. Ressalta-se, ainda, que houve a substituição de todo equipamento eletrônico das vans que compõe a 9ª Vara do Juizado Especial em Campo Grande.

O reconhecimento social do Juizado do Trânsito se extrai do expressivo número de atendimentos realizados, bem como na crescente procura da população pelo serviço que tem aumentado consideravelmente. Na Capital, o balanço semestral de 2015 do Juizado de Trânsito aponta que foram realizados 4.099 atendimentos com 3.899 acordos celebrados, o que representa 95% de índice de conciliação.

Além de Campo Grande, as vans de trânsito disponibilizadas pelo Tribunal de Justiça para as comarcas de Dourados, Três Lagoas e Corumbá, obtiveram excelentes resultados. Em Dourados, no ano de 2015, foram realizados 326 atendimentos, com êxito de acordos realizados em 309 procedimentos. Em Três Lagoas, foram registrados 335 atendimentos, dos quais 313 resultaram acordos, o que representa um índice de 93,43% de resolução das demandas. Em Corumbá, foram registradas 120 ocorrências, com 105 acordos, correspondendo a aproximadamente 87,5% de conciliações realizadas.

A Justiça Itinerante de Campo Grande, também merece destaque e aplausos em suas ações, isso porque no ano de 2015, realizou 42.987 atendimentos e orientações jurídicas que resultaram em 11.236 ações interpostas. Desse total, foram alcançados 10.645 acordos.

E por prestar relevante serviço social, a Justiça Itinerante, com a autorização da Administração do TJMS, em conjunto com a “Caravana da Saúde”, projeto de iniciativa do Poder Executivo, percorreu cidades do interior do Estado de Mato Grosso do Sul levando atendimento jurídico à população de comarcas ainda não contempladas com o serviço judiciário itinerante. Cumprindo o cronograma estabelecido pela Administração, as Comarcas de Coxim, Ponta Porã, Três Lagoas, Paranaíba, Nova Andradina, Corumbá, Naviraí, Jardim e cidades próximas, foram atendidas com o programa.

É de se destacar o papel fundamental do Juizado Itinerante para o sucesso do programa, justamente em razão de sua competência para conciliar, processar e julgar causas cíveis de menor complexidade e cujo valor não exceda 40 salários mínimos, além das causas relativas ao direito de família, de expressiva procura.

A Justiça Itinerante também está instalada na Comarca de Dourados desde fevereiro de 2014, atendendo bairros, distritos e o município de Laguna Carapã, que, ante a distância da sede comarca, carecia de atuação do Poder Judiciário (800 atendimentos e orientações jurídicas no ano de 2015).

Um novo projeto que merece destaque, ante o crescimento exponencial do número de demandas em observância ao resultado obtido com as atividades desenvolvidas, é o projeto Justiça sobre as Águas, que visa aproximar o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul à população ribeirinha e pantaneira da comarca de Corumbá/MS. Por meio de convênio firmado entre o TJMS e a Marinha do Brasil, foi implantado o Juizado Itinerante Fluvial na Comarca de Corumbá (MS), que em 17/10/2015 iniciou sua segunda expedição registrando 25 atendimentos.

Outra recomendação do Conselho Nacional de Justiça devidamente cumprida por este Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais foi a constante na Resolução n. 174. Ainda em 2015 se iniciou os preparativos para a realização do I Processo Seletivo para recrutamento de juízes leigos no sistema dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, o qual teve sua prova realizada em 21/02/2016, somando 520 candidatos inscritos em todo o Estado, dos quais, aproximadamente 300 inscritos destinavam-se às dez

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Varas dos Juizados Especiais de Campo Grande, valendo destacar que o certame ocorreu sem nenhum incidente ou impugnação.

A atualização e aperfeiçoamento de juízes leigos e conciliadores também é uma constante preocupação deste Conselho Supervisor, que promoveu entre 25 e 26 de junho passado um curso preparatório a esses auxiliares, com enfoque em técnicas de conciliação, com a finalidade de elevar o número de acordos celebrados nos Juizados Especiais do Estado. Outrossim, em parceria com a EJUD – Escola Judiciária de Mato Grosso do Sul, está sendo elaborado curso preparatório para os juízes leigos aprovados no I Processo Seletivo, a ser ministrado por meio de videoconferência e disponibilizado através do endereço eletrônico do TJ/MS, para acesso periódico.

Por iniciativa deste Conselho de Supervisão, está disponibilizado no site do TJMS, na página dos Juizados Especiais, acesso destinado à avaliação de conciliadores e leigos – ferramenta necessária para se aferir o desempenho desses auxiliares da justiça.

Para o uso, basta acessar o link http://www.tjms.jus.br/juizados/avaliacao

Além disso, a Administração do TJMS, em parceria com o Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, está implementando, em fase teste, o Sistema de Produtividade dos Juízes Leigos e Conciliadores, instalado pelo Tribunal de Justiça a fim de aferir a produtividade, conferir os movimentos lançados e por fim, autorizar o pagamento das rubricas, colherá os dados a partir do login de quem criou o documento e da movimentação lançada.

Por fim, na esteira da modernização tecnológica e do acesso à informação tornou-se indispensável a criação de uma Revista, que contivesse rico conteúdo doutrinário, jurisprudencial e noticiário do Sistema dos Juizados Especiais, de forma eletrônica. Com o intuito de fomentar o debate jurídico no Estado de Mato Grosso do Sul, este Conselho de Supervisão, conjuntamente com o Departamento de Pesquisa e Documentação da Secretaria Judiciária, nos termos da Resolução n. 359 de 15 de março de 2012 do Tribunal de Justiça, anualmente publica a Revista dos Juizados Especiais.

Buscando acurar as publicações da referida Revista Eletrônica fez-se necessário o registro no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, por meio do código único ISSN (International Standard Serial Number), sob o número 2448-0835, o qual tem por finalidade identificar o título de uma publicação seriada durante todo o período de publicações.

Assim, a Revista dos Juizados busca oportunizar uma gestão transparente e próxima dos magistrados, servidores, demais profissionais de Direito e da população, trazendo jurisprudências das Turmas Recursais Mistas e as principais realizações ocorridas, além de projetos, ações e metas alcançadas.

Os artigos científicos publicados na Revista dos Juizados, são sobretudo, opiniões devidamente fundamentadas por seus autores, com a pretensão de promover o debate de temas atuais e relevantes do Direito entre a comunidade jurídica, e não expressam necessariamente o posicionamento do Conselho de Supervisão, bem como sua aplicação no cumprimento dos processos dos Juizados.

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Revista dos Juizados EspeciaisCumpre salientar, neste diapasão, que o Conselho de Supervisão dos Juizados se orienta e respalda

na Constituição Federal, Leis Ordinárias e Complementares, Enunciados dos Encontros Estaduais dos Juizados Cíveis e Criminais do Mato Grosso do Sul e Enunciados do Fórum Nacional de Juizados Especais (FONAJE).

Diante desse panorama, acentuamos que os Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul empenham-se para ter uma prestação jurisdicional padronizada, facilitando o acesso à Justiça e, principalmente, proporcionando à população um sistema integrado que possibilite a solução rápida e eficiente dos conflitos que lhes compete, sem afastar o processo dos princípios basilares dos Juizados Especiais.

Cordialmente,

Marco André Nogueira Hanson

Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais

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SUMáRIO

Apresentação.....................................................................................................................................................004

Doutrina

TÍTULOS EXECUTIVOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Ney Alves Veras.................................................................................................................................011

CELEUMA SOBRE O COMPARECIMENTO OBRIGATÓRIO NA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO / MEDIAÇÃO

Marcel Rulli Meneses.............................................................................................................................................022

Jurisprudência

- Primeira Turma Recursal Mista.........................................................................................................................026

- Segunda Turma Recursal Mista .........................................................................................................................081

- Terceira Turma Recursal Mista .........................................................................................................................212

Noticiário ...........................................................................................................................................................275

Índice Onomástico.......................................................................................................................................323

Índice de Assuntos .......................................................................................................................................329

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Doutrina

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Revista dos Juizados Especiais Doutrina

TÍTULOS EXECUTIVOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Ney Alves Veras1

SUMáRIO: 1. Considerações iniciais. 2. Requisitos da obrigação contida no título executivo (NCPC, art. 783). 2.1. Certeza. 2.2. Liquidez. 2.3. Exigibilidade. 3. Títulos executivos judiciais (NCPC, art. 515). 3.1. As decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa. 3.2. A decisão homologatória de autocomposição judicial. 3.3. A decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza. 3.4. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. 3.5. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial. 3.6. A sentença penal condenatória transitada em julgado. 3.7. A sentença arbitral. 3.8. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. 3.9. A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça. 4. Títulos executivos extrajudiciais (NCPC, art. 784). 4.1. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. 4.1.1. Letra de câmbio. 4.1.2. Nota promissória. 4.1.3. Duplicata. 4.1.4. Debênture. 4.1.5. Cheque. 4.2. A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor. 4.3. O documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas. 4.4. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal. 4.5. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução. 4.6. O contrato de seguro de vida em caso de morte. 4.7. O crédito decorrente de foro e laudêmio. 4.8. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio. 4.9. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei. 4.10. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas. 4.11. A certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei. 4.12. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

1 Mestre em Direito pela Universidade Gama Filho (UGF-RJ), Especialista em Direito Processual Civil pelo Centro Universitário de Campo Grande, Graduado em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco. Advogado, Professor de Direito Processual Civil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, aprovado em 1º Lugar em Concurso Público de Provas e Títulos. Pesquisador da UFMS e Membro da Comissão de Estágio do Curso de Direito. Professor da Escola Superior de Advocacia (OAB/MS), co-autor do livro “Novo Código de Processo Civil Comparado” (2015) pela Editora Contemplar, e do “Manual de Direito Processual Civil” (2ª Edição) pela Editora Saraiva (2014). Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPro) e da Instituição Brasileira de Direito Público (IBDPub). Professor da Escola de Direito Processual Civil de Mato Grosso do Sul. Parecerista da Revista de Informação Legislativa do Senado Federal (Qualis A2 na área do Direito). E-mail: [email protected]

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1. CONSIDERAÇõES INICIAIS

O Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015), disciplina duas espécies de títulos executivos: os judiciais (NCPC, art. 5152), e os extrajudiciais (NCPC, art. 7843), seguindo a metodologia do CPC/73, mas com as modificações que serão abordadas a seguir.

Título executivo judicial é aquele produzido pelo poder judiciário, através de decisão transitada em julgado, ou mesmo aquela obtida em sede de tutela provisória. Existe uma exceção: a sentença arbitral, que é proferida por árbitro escolhido pelas partes, e não pelo juiz ou Tribunal, e mesmo assim possui a mesma natureza jurídica da sentença judicial.

Título executivo extrajudicial é aquele formado por um ato de vontade entre as partes envolvidas na relação jurídica de direito material, ou por apenas uma delas como é o caso da CDA (certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei), sem que o Estado-Juiz atue na sua produção.

A distinção entre títulos executivos judiciais e extrajudiciais é relevante, pois no primeiro caso a execução opera-se por cumprimento de sentença, e na segunda hipótese através de processo de execução autônomo. Os procedimentos são diferentes, embora aplique-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.

Além disso é importante frisar que só existe título executivo criado por lei, sendo que as partes não podem “criar” um título executivo novo à margem da previsão legal, regra justificada pela gravidade das medidas executivas que podem ser praticadas na execução, como atos de invasão patrimonial, inclusive com força policial se necessário, além de restrição de direitos4.

2 NCPC. Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;II – a decisão homologatória de autocomposição judicial;III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;VII – a sentença arbitral;VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;X – Vetado.§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo. 3 NCPC. Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;IV – o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por con-ciliador ou mediador credenciado por tribunal;V – o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte;VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio;VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;X – o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;XI – a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados.§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indi-cado como o lugar de cumprimento da obrigação.4 Importante destacar a inovação trazida pelo instituto do negócio processual (NCPC, art. 190). Será que, por negócio processual, as partes não poderão criar título novo à margem da capitulação legal?

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2. REqUISITOS DA OBRIGAÇÃO CONTIDA NO TÍTULO EXECUTIVO (NCPC, ART. 783)

De acordo com o NCPC, Art. 783, a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.

2.1. Certeza

Certeza encontra-se presente quando não há controvérsia quanto à sua existência. Certeza tem a finalidade de identificar os legitimados ativos e passivos na execução, precisar a espécie de obrigação (quantia certa, fazer, não fazer, entrega de coisa) assim como determinar sobre qual bem incidirão os atos executivos.

2.2. Liquidez

Liquidez corresponde à determinabilidade da fixação do quantum debeatur (“quanto se deve” ou “o que se deve”), sendo que o título executivo deve conter elementos que possibilitem sua fixação, mesmo que necessitar ser atualizado por meros cálculos aritméticos.

2.3. Exigibilidade

Exigibilidade é a inexistência de impedimento à eficácia atual da obrigação. A prova da exigibilidade dá-se geralmente pelo simples transcurso da data de vencimento ou da inexistência de termo ou condição.

Exemplos de títulos inexigíveis: dívida não vencida, ou multa diária (astreite) sem que tenha ocorrido intimação pessoal da parte (Súmula 410 do STJ5).

3. TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (NCPC, ART. 515)

3.1. As decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa

Trata-se da sentença ou acórdão, ou mesmo decisão em sede de tutela provisória, que reconheça a exigibilidade da obrigação de dar (pagar ou entregar coisa) fazer e não fazer. Além disso, a natureza condenatória de uma sentença não se restringe àquelas proferidas em ações de conhecimento de cunho condenatório, a exemplo da sentença declaratória em que a parte derrotada deve pagar custas e honorários advocatícios, o mesmo ocorrendo em ações em que se cumulam pedidos de naturezas diversas, a exemplo da rescisão de contrato (constitutiva negativa) cumulada com condenação em perdas e danos (condenatória).

3.2. A decisão homologatória de autocomposição judicial

O Novo CPC estimula a autocomposição em vários de seus dispositivos, ou seja, a solução proposta pelos próprios litigantes durante o processo (autocomposição endoprocessual).

A sentença que homologa acordo entre os litigantes é de mérito, prevista no NCPC, art. 487, III, podendo ser objeto de cumprimento de sentença caso não seja executada espontaneamente pelas partes.

Um exemplo de autocomposição endoprocessual é a transação: a forma de extinção das obrigações por meio de concessões mútuas, correspondendo ao acordo celebrado entre as partes antes em conflito com

5 Súmula 410 do STJ: a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer e não fazer.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinasacrifícios recíprocos. As partes podem transacionar sobre assuntos que não fazem parte do objeto da ação, e ainda assim a sentença será válida e terá eficácia executiva.

3.3. A decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza

Esse título executivo judicial só pode ser formado por acordo de vontade entre as partes que concordam com a formação do título executivo judicial. As partes devem levar a juízo o referido acordo, processado por procedimento de jurisdição voluntária, pois neste caso as partes pretendem a obtenção de um mesmo bem da vida que é o título executivo judicial.

3.4. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal

Formal de partilha é um pronunciamento judicial que encerra o processo de arrolamento ou inventário e contém a adjudicação do quinhão sucessório aos herdeiros. Certidão de partilha substituirá o formal nos pequenos inventários ou arrolamentos.

Cabe destacar que “o formal e a certidão podem ser entendidos como expressões sinônimas. Nos termos do parágrafo único do art. 655 o formal de partilha pode ser substituído por certidão, quando o quinhão hereditário a ser pago não exceder a cinco vezes o salário mínimo”6.

3.5. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial

Na prática forense os honorários de auxiliares do Juízo (perito, intérprete, tradutor) geralmente são depositados antes do trabalho, não sendo este realizado sem o devido depósito prévio do valor determinado por ordem judicial.

Mas na hipótese deles serem arbitrados por decisão judicial, tal decisão comportará pedido de cumprimento de sentença, caso não haja adimplemento voluntário.

3.6. A sentença penal condenatória transitada em julgado

A sentença penal condenatória transitada em julgado possui como efeito secundário a criação de um título executivo na jurisdição civil, mesmo que nenhuma referência a isso tenha sido feita na jurisdição penal.

Tal sentença exige liquidação, pois o quantum debeatur (“quanto se deve” ou “o que se deve”) não é debatido ou fixado na seara penal. Sabe-se que o CPP sofreu alteração pela Lei 11.719/2008 ao tratar de um “valor mínimo” a ser fixado pelo juiz criminal para a satisfação do ofendido, nos art. 637 e 387, IV8 do CPP, existindo doutrina que admite não ser obrigatório, uma vez que “o juízo penal está preocupado com questões diversas daquelas referentes à responsabilidade civil, não sendo legítimo nem benéfico que passe a partir de agora a se preocupar com tais questões. Significa dizer que para a fixação do valor mínimo dos prejuízos do ofendido o juiz penal não deve se desviar da condução tradicional do processo penal, voltada à análise dos elementos necessários para a condenação ou absolvição do acusado. Se porventura nessa

6 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. (Coord). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015. p. 848.7 CPP. Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).8 CPP. Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinaanálise tiver condições de fixar o valor mínimo, assim o fará, mas não reunindo tais condições, parece ser aconselhável o entendimento de que não haverá qualquer vício procedimental em sua omissão”1.

Além disso a sentença proferida no juízo penal atinge apenas a pessoa do condenado na esfera criminal, não podendo a execução recair sobre patrões, pais, etc, e caso a vítima pretenda acionar-lhes na esfera cível, será obrigado a promover ação de conhecimento buscando sentença condenatória. O título executivo é formado exclusivamente contra o condenado na esfera penal.

Em caso de revisão criminal que declare a absolvição daquele que fora anteriormente condenado na sentença penal transitada em julgado, se a execução não se inicia haverá perda do título executivo e a execução não poderá ser proposta, e se a execução já foi iniciada deverá ser extinta por perda superveniente do título executivo, e se a execução já foi proposta e o dinheiro recebido cogita-se no caso concreto de ação de repetição de indébito.

3.7. A sentença arbitral

Sentença arbitral é o provimento final do árbitro que resolve um conflito de interesses sobre direitos patrimoniais disponíveis na jurisdição privada, entre particulares que optaram pela solução extrajudicial do conflito em que se viram envolvidos.

3.8. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça

A sentença estrangeira judicial ou arbitral deve obrigatoriamente ser homologada pelo STJ – Superior Tribunal de Justiça, para que possa produzir efeitos em território nacional, por exigência da CF, art. 105, I, “i”2. Tal sentença possui caráter constitutivo, e torna a sentença estrangeira apta a ser executada no Brasil (nacionalização da sentença). Cabe mencionar que “o Brasil adotou o sistema de controle limitado (ou juízo de delibação) no procedimento de homologação das sentenças estrangeiras, que independe de reciprocidade e tem como principal parâmetro de análise os requisitos formais da sentença, não havendo discussão acerca do direito material subjacente”3.

3.9. A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça

A decisão interlocutória estrangeira, que seja veiculada por Carta Rogatória, é exequível em território nacional, sendo que para tanto é necessário o exequatur do Superior Tribunal de Justiça, que analisa meramente aspectos formais da Carta (juízo de delibação). Salienta-se que “o exequatur nada mais é que uma autorização e, o mesmo tempo, uma ordem de cumprimento do pedido rogatório no Brasil. Com esse expediente, o Superior Tribunal de Justiça encaminha à Justiça Federal, que terá a imcumbência de efetivá-lo. Este procedimento, tal como o da homologação da sentença estrangeira, está contido nos art. 960 a 965 e, bem assim, no RISTJ art. 216-A a 216-X”4.

4. TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS (NCPC, ART. 784)

O Novo CPC dá aos títulos executivos extrajudiciais a mesma eficácia executiva dos títulos judiciais, sendo que todos eles são aptos para instruir a execução, relevando-se o fato de que o procedimento para cumprimento de sentença (para títulos executivos judiciais) é diferente do processo autônomo de

1 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 830. 2 CF. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:I - processar e julgar, originariamente:i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. (Coord). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015. p. 850.4 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. (Coord). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015. p. 851.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinaexecução (para títulos executivos extrajudiciais). Os títulos executivos extrajudiciais estão relacionados no art. 784 do NCPC.

4.1. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque

Trata-se dos títulos cambiarios5, cambiais ou cambiariformes, regulados inteiramente pelas normas de direito empresarial. Tais títulos não necessitam de protesto para que sejam considerados títulos executivos extrajudiciais. “Somente em situações específicas, quando o documento não puder ser considerado um título executivo em razão da ausência de algum requisito formal, a lei pode exigir o seu protesto, como é o caso da duplicata sem aceite”6.

Os títulos de crédito possuem como elementos essenciais a cartularidade (o exercício do direito fica condicionado à apresentação da cártula ou título), literalidade (o documento vale pelo que nele se contém; o que não consta do corpo do título de crédito não pode ser exigido) e autonomia (as disposições contidas na cártula ou título não se vinculam à causa que as originou).

Em obediência ao princípio da circulabilidade dos títulos de crédito, para o ajuizamento da ação de execução exige-se que a petição inicial seja instruída com o título original, não sendo permitidas fotocópias mesmo que autenticadas. Em situações que o título esteja instruindo outro processo (como ação penal de estelionato), e sendo impossível o seu desentranhamento, bastará a juntada de fotocópia e “certidão de objeto e pé”7 do processo em pé em que se encontra o título. Também se o título instruir ação cautelar de arresto, admite-se a fotocópia, o que não gera prejuízo em virtude dos processos correrem em apenso.

4.1.1. Letra de câmbio

Letra de câmbio é uma ordem de pagamento dirigida a determinada pessoa para que faça um pagamento a outra. São três os envolvidos: sacador, sacado e beneficiário. Sacador é o emitente da ordem de pagamento, Sacado o que recebe a ordem de pagamento e o beneficiário aquele a quem o pagamento deve ser feito.

A letra de câmbio é disciplinada pelo Decreto 2.044/1908 e pela Convenção de Genebra aprovada pelo Decreto 57.663/1966. Na verdade vigora no Brasil a Lei Uniforme, ratificada com reservas, e sendo esta omissa, aplica-se as disposições do Decreto 2.044/1908.

4.1.2. Nota promissória

Nota promissória é um título emitido pelo devedor em que este se compromete a pagar certa quantia constante no título independente de qualquer negócio jurídico subjacente. O instituto, assim como a letra de câmbio, é regulado pelo Decreto 2.044/1908 e pela Convenção de Genebra aprovada pelo Decreto 57.663/1966. Na verdade vigora no Brasil a Lei Uniforme, ratificada com reservas, e sendo esta omissa, aplica-se as disposições do Decreto 2.044/1908.

4.1.3. Duplicata

A duplicada é um título sacado pelo próprio credor, sem a participação do devedor, e “só é título executivo se aceita, ou, se não aceita, vier acompanhada do instrumento de protesto, do comprovante de

5 Título cambiário: “papel que gera direitos e obrigações, sendo que sua transmissibilidade é proporcionada pelo próprio instrumento representativo. Por exemplo: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, warrant” (DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 569. v. 4.)

6 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 836. 7 Certidão de objeto e pé: Trata-se de “breve relato” do processo. Corresponde a uma “certidão que retrata o andamento do processo, elaborada pela secretaria

do cartório judicial e requerida pelos advogados e pelas partes” (DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 438. v. 1, verbete “breve relato”.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinaentrega de mercadoria ou da prestação de serviço, e se o sacado não houver recusado o aceite, na forma como lhe é facultado na lei de duplicadas”8.

A duplicata (criação nacional) é regulada pela Lei 5.474/1968, e corresponde a uma ordem de pagamento emitida pelo credor para documentar o crédito oriundo de uma compra e venda ou prestação de serviços, e ganhou no Brasil o espaço que em outros países é ocupado pela Letra de Câmbio.

Sobre a duplicata virtual: EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. O STJ, no julgamento do EREsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgados em 22/8/2012, entendeu que as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997. Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em princípio, títulos executivos extrajudiciais.

4.1.4. Debênture

A debênture encontra-se regulada pela Lei 6.404/1976, em especial pelos art. 52 a 74. Debênture é título de crédito mobiliário emitido por sociedade anônima e sociedade em comandita por ações representativo de uma fração de uma dívida da empresa garantido pelo ativo do patrimônio social. A índole deste título é a de título ao portador, ressaltando-se que a Lei 8.021/90 proibiu a emissão de títulos ao portador ou endossáveis, impedindo e inviabilizando assim a emissão de debêntures.

4.1.5. Cheque

O cheque rege-se pela Convenção de Genebra e pela Lei 7.357/1985. Aplicam-se subsidiariamente o Código Civil (CC, art. 9039).

4.2. A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor

Trata-se de confissão de dívida realizada por escritura pública, que é um documento público produzido e assinado por Tabelião de notas. Não é necessário que venha assinado por duas testemunhas. Para que seja caracterizado como título executivo é preciso que a escritura contenha a obrigação imposta àquele que assina, consistente em pagar quantia, entregar coisa, fazer ou não fazer.

4.3. O documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas

É o contrato assinado pelas partes e mais duas testemunhas. As testemunhas que assinam o instrumento devem estar preparadas para confirmar que o devedor assumiu a responsabilidade de forma livre e espontânea. O STJ entende pela dispensa da presença das testemunhas no momento da formação do título, sendo que elas devem ser pessoas capazes, isentas, idôneas e identificadas no título, sendo dispensada a autenticação em cartório de suas assinaturas.

4.4. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal

Corresponde à transação extrajudicial referendada pelo Ministério Público (como o TAC = Termo de ajustamento de conduta), Defensoria Pública ou pelo (s) advogado (s) das partes (públicos ou privados),

8 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo cautelar. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 66. v. 3. 9 CC. Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinaou mesmo do conciliador ou mediador credenciado pelo respectivo Tribunal (estímulo à autocomposição). Mesmo na hipótese de apenas um advogado, por exemplo, representar ambas as partes, o título é exequível.

4.5. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução

São contratos de garantia, confundindo o legislador o gênero “caução” com algumas das suas espécies. Caução real são a hipoteca, penhor e anticrese. Caução fidejussória é afiança. Qualquer espécie de fiança (judicial, legal ou convencional) permite o ingresso do processo executivo. “Esses contratos de garantia podem ser celebrados por terceiros, não devedores, que a partir de então passam a ter responsabilidade patrimonial – sempre no limite da garantia – perante o credor. Há, portanto, responsabilidade de quem não é o obrigado, no plano do direito material, a satisfazer a obrigação. O exequente, nesse caso, pode mover a ação de execução exclusivamente contra o devedor, contra o garante, ou contra ambos (litisconsórcio facultativo)”10.

4.6. O contrato de seguro de vida em caso de morte

Trata-se apenas do seguro de vida, e não o seguro de acidentes pessoais. É indispensável que a petição inicial seja instruída não só com o contrato de seguro (registra-se tendência ampliativa para admitir também recibo emitido pela seguradora) mas também com a prova pré-constituída do evento coberto pelo respectivo seguro que é a certidão de óbito.

4.7. O crédito decorrente de foro e laudêmio

Foro e laudêmio são rendas imobiliárias decorrentes da enfiteuse, instituto que não é mais disciplinado pelo Código Civil.

Foro é a pensão anual certa e invariável que o enfiteuta para ao senhoria direto pelo direito de usar, gozar e dispor do imóvel objeto da enfitense. No foro o senhorio é o sujeito ativo da execução e o passivo é o enfiteuta ou foreiro.

Laudêmio é a compensação que é devida ao senhoria direto pelo não uso do direito de preferência quando o enfiteuta aliena onerosamente o imóvel foreiro. No laudêmio o senhorio é o sujeito ativo da execução e o passivo é o ex-enfiteuta que cedeu o seu direito a terceiro.

Trata-se de instituto de rara aplicação prática e de vida limitada, pois o art. 2038 do Código Civil11 proibiu a constituição de enfiteuses e de subenfiteuses, restando somente as já existentes à época da entrada em vigor do referido Código (Lei 10.406/2002).

4.8. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio

Contrato escrito de locação comercial ou residencial é título executivo extrajudicial, não sendo necessário que venha subscrito por duas testemunhas. Não é mais exigido o contrato escrito, bastando prova documental que ateste a locação e encargos. A menção a taxas e despesas de condomínio como encargos da

10 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 839.11 CC. Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores.§ 1° Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações;II - constituir subenfiteuse.§ 2° A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinalocação é meramente exemplificativa, admitindo-se a execução de outras espécies de encargos da locação, como as despesas de telefone e de consumo de força, luz, água e esgoto.

4.9. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei

A Certidão de Dívida Ativa (CDA) emitida pela Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal é título executivo. A execução fiscal é disciplinada pela Lei 6.830/1980, mas o título executivo que permite tal execução está previsto no NCPC.

Dívida ativa é qualquer valor cuja cobrança seja atribuída à Fazenda Pública, e nos termos do art. 201 do Código Tributário Nacional constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular. A CDA é gerada por procedimento administrativo previsto no CTN, art. 20212. Cabe destacar que “a singularidade de tal título é que entre todos os títulos extrajudiciais esse é o único que pode ser formado sem nenhuma participação do devedor ou de terceiro, atuando em sua formação apenas o credor. Tal característica vem assentada na boa-fé do Estado e na presunção de legalidade do ato administrativo, permitindo ao Estado ser o único capaz de formar títulos executivos de forma unilateral, embora por vezes e de forma indesejada abuse de tal liberdade com indevidas e injustas inscrições na dívida ativa, gerando infundadas ações de execução por quantia certa”13.

4.10. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas

As despesas ordinárias ou extraordinárias de condomínio possuem, no Novo CPC, força de título executivo extrajudicial, desde que sejam comprovadas documentalmente, e sejam aprovadas por Convenção ou Assembleia condominial.

4.11. A certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei

Trata-se serviços prestados pelos serviços notariais e de registro, que poderão ser objeto de certidões com eficácia executiva.

Cumpre enfatizar que “existem, no Brasil, cinco tipos de cartórios: (i) Tabelionato de Notas; (ii) Tabelionato de Protesto de Títulos; (iii) Registro Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas; (iv) Registro de Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas; e (v) Registro de Imóveis. Todos eles prestam uma série de serviços, destinados à formalização e conservação de diversos atos e negócios jurídicos, como por exemplo: os registros de nascimento, casamento e óbito; a lavratura de escrituras, procurações, testamentos, divórcios e inventários; as autenticações de cópias e reconhecimento de firmas; os registros de imóveis; as notificações e registro de documentos e de pessoas jurídicas; os protestos de títulos e documentos de dívida, dentre outros. Alguns desses serviços são gratuitos e outros são cobrados, cujos preços são promulgados por lei. Tais valores, portanto, poderão ser objeto de certidão que tem, para os fins legais, força executiva”14.

12 CTN. Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;IV - a data em que foi inscrita;V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.13 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 842. 14 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. (Coord). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015. p. 1.134.

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4.12. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva

Leis federais extravagantes podem criar títulos executivos extrajudiciais. Exemplos:

Créditos da OAB contra os inscritos Lei 8.906/94, art. 46Cédulas de crédito rural Dec-Lei 167/67, art. 41

Cédulas de crédito industrial Dec-Lei 413/1969Cédulas de exportação Lei 6.313/1975

Cédulas de crédito comercial Lei 6.840/80Cédula Hipotecária Dec-Lei 70/66

Cédula de produto rural Lei 8.929/90, art. 211Decisão do plenário do CADE impondo multa ou obrigação de

fazer ou não fazerLei 8.884/94

Honorários do árbitro no compromisso arbitral Lei 9.307/96, art. 11, pará-grafo único

Prêmios de contratos de seguro previstos na Lei do Sistema Na-cional de Seguros Privados

Dec-Lei 73/66, art. 27

Cédula de produto rural Lei 11.076/2004

REFERÊNCIAS

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BUENO, Cássio Scarpinella. Novo código de processo civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015.

______. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional executiva. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 3.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direto processual civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2006. v. 2.

COSTA, Nilton César Antunes da. Poderes do árbitro: de acordo com a lei 9.307/96. São Paulo: RT, 2002.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998. v. 4.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo cautelar. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: RT, 2015.

MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil: teoria geral dos recursos, recursos em espécie e processo de execução. São Paulo: Atlas, 2010. v. 2.

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NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Método, 2010.

NUNES, Elpídio Donizetti. Curso didático de direito processual civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

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Revista dos Juizados Especiais DoutrinaVERAS, Ney Alves (Coord). Dicionário jurídico: expressões correntes do uso cotidiano: de acordo com o Novo CPC/2015. Campo Grande: Contemplar, 2015.

WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015.

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CELEUMA SOBRE O COMPARECIMENTO OBRIGATÓRIO NA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO / MEDIAÇÃO

Marcel Rulli Meneses. 1

É cediço que o art. 319, VII, do CPC/2015, dispõe que deverá o autor indicar o interesse ou desinteresse pela realização da audiência de conciliação/mediação na petição inicial.

Questão a se saber é se, no caso do autor afirmar na petição inicial o desinteresse na realização desta audiência, deverá o magistrado designar a audiência mesmo assim?

Justifica-se a dúvida tendo em vista a leitura do art. 334, § 4º, I, que assevera que a audiência não será realizada se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual.

Destarte, pode-se concluir que mesmo na hipótese do autor ter afirmado na petição inicial o seu desinteresse na realização da audiência de conciliação/mediação, deverá o magistrado designar a audiência e esta, somente não se realizaria, se o requerido, até o prazo de 10 (dez) dias antes da audiência, também dissesse, expressamente, o seu desinteresse, não gerando a incidência da multa ante a ausência.

Lado outro, se somente uma das partes, autor o réu, afirmasse o desinteresse, a audiência seria designada e ocorreria normalmente, não se podendo olvidar que ao ausente seria aplicada a multa de 2%, ainda que a parte ausente tivesse se manifestado pela não realização.

Analisando-se a opinião de renomados doutrinadores, bem como os enunciados da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, denota-se que é esta a interpretação a que se chegou, senão vejamos.

Reza o Enunciado 61 da ENFAM: “Somente a recusa EXPRESSA de AMBAS AS PARTES impedirá a realização da audiência de conciliação ou mediação prevista no art. 334 do CPC/2015, não sendo a manifestação de desinteresse externada por uma das partes justificativa para afastar a multa de que trata o art. 334, § 8º”. (grifei)

No mesmo sentido entende o Professor Misael Montenegro Filho2 que, ao comentar o dispositivo em questão, assevera: “a não designação da audiência, nesse caso, está condicionada à verificação de que, primeiramente o autor, na petição inicial, expressamente afirmou que não tem interesse na autocomposição. Além disso, a lei exige que o réu, até dez dias antes da realização da comentada audiência, apresente petição simples, para também afirmar que não tem interesse na autocomposição”.

Prossegue narrando que:

“se o autor afirma que não tem interesse na autocomposição, na petição inicial, mas se o réu não protocolar a petição indicada no parágrafo anterior, a audiência será realizada. Do mesmo modo, se o autor afirmar na petição inicial que tem interesse na autocomposição, mas se o réu protocolar a petição pelo menos dez dias antes da audiência, afirmando que não tem interesse na autocomposição, a audiência será realizada, ao que tudo indica, exclusivamente com uma das partes.

Se o Juiz entender que o não comparecimento da outra parte é injustificado, aplicará a sanção processual prevista na norma, consistente na fixação de multa de até dois por cento

1 Assessor Jurídico de Juiz. Pós Graduado em Direito Processual Civil. Professor de Direito Processual Civil e de Direito Civil no Instituto Nivaldo Azevedo de Ensino. 2 MONTENEGRO FILHO, Misael. Novo código de processo civil: modificações substanciais. São Paulo: Atlas, 2015. p. 33-34.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrinada vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. Para tanto, exige-se que o pronunciamento seja fundamentado, não genérico”.

A propósito, este é o entendimento do Professor Fredie Didier Jr.3, ao dizer que:

“o autor tem de manifestar a sua opção pela realização ou não de audiência preliminar de conciliação ou mediação (art. 319, VIII, CPC).

Essa audiência preliminar ocorrerá antes de o réu apresentar a sua resposta. Se autor e réu manifestarem expressamente a vontade de não resolverem o litígio por autocomposição, a audiência ocorrerá (art. 334, § 4º, I, CPC). A manifestação do autor nesse sentido tem de ser feita na petição inicial.

Se o autor não observar esse requisito, a petição não deve ser indeferida por isso, nem há necessidade de o juiz mandar emenda-la. Deve o juiz considerar o silêncio do autor como indicativo da vontade de que haja a audiência de conciliação ou mediação. Assim como o réu (art. 334, § 5º), também o autor tem de dizer expressamente quando não quer a audiência; o silêncio pode ser interpretado como não oposição à realização do ato”.

O doutrinador Daniel Amorim Assumpção Neves4 discorre:

“Segundo o § 4º do art. 334 do Novo CPC, o juiz dispensará a realização da audiência quando ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual. A exigência de que o desinteresse na realização da audiência seja manifestado de forma expressa por ambas as partes é uma triste demonstração do fanatismo que tem tomado conta do âmbito doutrinário e legislativo a respeito da solução consensual do conflito. Como diz o ditado popular, “quando um não quer, dois não fazem”, de modo que a manifestação de uma das partes já deveria ser suficiente para que a audiência não ocorresse.

Apesar disso, a opção do legislador foi clara em entender que mesmo quando apenas uma das partes não quer a realização da audiência ainda será possível a obtenção da autocomposição, de forma que o desinteresse de apenas umas das partes não será o suficiente para a não realização da audiência. Não vejo, portanto, como aceitar corrente doutrinária que, amparada na autonomia da vontade da parte e da isonomia, entende em sentido diametralmente oposto ao do texto legal, defendendo que o desinteresse de apenas uma das partes já é o suficiente para a não realização da audiência.

Não vejo nesse caso um desrespeito ao princípio essencial da solução consensual do conflito, qual seja, a voluntariedade, porque o Novo Código de Processo Civil não obriga às partes a fazerem a mediação ou a conciliação, mas apenas obriga a parte que não pretende, ao menos inicialmente, resolver o conflito dessa forma a comparecer à audiência. A obrigatoriedade de presença, até mesmo sob pena de sanção pecuniária, é bem diferente da obrigatoriedade de se resolver o conflito pela via consensual. Trata-se, insito, de infeliz opção legislativa, mas que deve ser respeitada”.

Discordando dos doutrinadores antes mencionados, o professor Renato Montans de Sá5 discorre:

“A despeito de o art. 334, § 4º, I, do CPC/2015 estabelecer que a audiência apenas não se realizará se ambas as partes não concordarem, entendo que basta apenas a recusa de uma delas para que o magistrado não a designe. Afinal, se a conciliação é acordo de vontades decorrente de ambas as partes, se uma não deseja conciliar, restaria contraproducente a sua designação”.

3 DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. ed. Salvador: Juspo-divm, 2015. p. 555-556.4 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 572-573. Volume único.5 SÁ, Renato Montans de. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 387-388.

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Revista dos Juizados Especiais DoutrinaPor fim, impende consignar o entendimento do Professor José Miguel Garcia Medina6:

“IV. Não realização da audiência por vontade de uma ou de ambas as partes. As formas de autocomposição, se tiverem êxito, traduzem-se em negócios jurídicos realizados entre as partes (p. ex., através da transação, da renúncia, do reconhecimento etc.). Trata-se de solução consensual do litígio, fundada no princípio da autonomia de vontade (cf. art. 166 do CPC/2015). O art. 334, §4º, I, do CPC/2015 sugere que a audiência de conciliação ou de mediação não se realizaria somente se ambas as partes se manifestassem nesse sentido. Não nos parece, contudo, que seja assim. Segundo pensamos, o § 5º do art. 334 do CPC/2015 deve ser considerado como outra hipótese em que se justifica a não realização da referida audiência, e não uma explicação do modo como se deve operacionalizar a hipótese já prevista no § 4º, I do mesmo artigo. A manifestação prévia de qualquer das partes no sentido de não haver interesse na autocomposição frustra, desde logo, o desiderato da audiência. São muitos os motivos que nos conduzem a esse modo de pensar. Compreendemos que o CPC/2015 é parte de um esforço, no sentido de substituir, ainda que gradativamente, a cultura da sentença pela cultura da pacificação (cf. comentário ao art. 1º do CPC/2015), mas a nova lei processual não adotou essa postura de modo absoluto. Ora, o próprio caput do art. 334 do CPC/2015 admite que não se realize a audiência de conciliação ou mediação quando for o caso de se julgar improcedente, liminarmente, o pedido, ficando claro que a opção da lei processual, no caso, não foi pela pacificação, mas pela redução do número de processos em trâmite, ainda que pela prolação de uma sentença. Além disso, como se disse, a conciliação e a mediação são informadas pelo princípio da autonomia da vontade das partes (cf. art. 166 do CPC/2015), princípio este que restará violado, caso se imponha a realização de audiência, mesmo que uma das partes manifeste, previamente, seu desinteresse. Sob certo ponto de vista, poder-se-ia afirmar que a cultura da pacificação se imporia, ainda que uma das partes manifestasse, momentaneamente, seu desinteresse na autocomposição. Mas se esse fosse correto esse modo de pensar, a audiência de conciliação ou mediação deveria se realizar mesmo que ambas as partes manifestassem seu desinteresse. A solução contrária à que propugnamos, além disso, estaria em desacordo com o princípio constitucional da isonomia. É que, ao apresentar os fundamentos de sua pretensão na petição inicial, o autor fica menos protegido em relação à outra parte, pois os motivos em razão dos quais crê que se sairá vitorioso ficam, desde logo, expostos, enquanto o réu, nesse momento processual, ainda não apresentou contestação. Em tais condições, impor ao autor que se sujeite a sessões de conciliação ou de mediação é algo que, sob o prisma da estratégia negocial, vila o princípio da isonomia, pois o coloca, desde o início, em condição mais débil em relação ao réu. Não bastasse, pode-se estar diante de situação em que já se tenha, de algum modo, tentando obter uma solução negociada para o litígio. É interessante notar que, não raro, aquele que ajuíza ação já tentou solucionar a lide de outro modo. Impor ao autor que, a despeito disso, sujeite-se à audiência de conciliação ou de mediação, é algo não apenas contraproducente, mas, também, que viola o direito a um processo sem dilações indevidas (cf. comentário ao art. 4º do CPC/2015). Por tais razões, ausente interesse, manifestado por qualquer das partes (ou por ambas) em realizar a autocomposição, não se justifica a realização de audiência de conciliação ou de mediação. Caso o autor tenha se manifestado nesse sentido com a petição inicial (art. 319, VII do CPC/2015), deverá o réu ser citado para apresentar contestação”.

Em resumo, entendemos que todas as razões invocadas pelos doutrinadores supra mencionados são convincentes, sendo certo que tal celeuma deverá ser pacificada num futuro próximo pelo Superior Tribunal de Justiça.

Enquanto não houver o pronunciamento do STJ, entendemos que prevalecerá o entendimento firmado pelos doutrinadores condizentes com o Enunciado 61 da ENFAM, de que somente a recusa expressa de ambas as partes é o que impedirá a realização da audiência de conciliação ou mediação prevista no art. 334 do Novo CPC.

6 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado. 3. ed. São Paulo: RT, 2015. p. 559-560.

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Revista dos Juizados Especiais Doutrina

REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS:

MONTENEGRO FILHO, Misael. Novo código de processo civil: modificações substanciais. São Paulo: Atlas, 2015. p. 33-34.

DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. ed. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 555-556.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 572-573. Volume único.

SÁ, Renato Montans de. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 387-388.

MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado. 3. ed. São Paulo: RT, 2015. p. 559-560.

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Jurisprudência

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Primeira Turma Recursal Mista

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0000933-17.2015.8.12.0008 - Corumbá

Relator Juiz Daniel Della Mea Ribeiro

SÚMULA DE JULGAMENTO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (relator)

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA – SEGURO – CANCELAMENTO SEM COMUNICAÇÃO AO SEGURADO – DANO MORAL CARACTERIZADO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO NÃO PROVIDO

Consoante entendimento do STJ, “É parte legítima para responder à ação em que é cobrado o cumprimento do contrato de seguro o banco que divulga o produto, recebe o valor do prêmio, expede apólice e presta as informações necessárias ao segurado. Precedentes do STJ” (STJ – 4ª Turma, Relator: Ministro Barros Monteiro, Data de Julgamento: 13/12/2005). Preliminar de ilegitimidade passiva afastada.

Outrossim, apesar de a recorrente ter aduzido que o contrato de seguro possuía vigência de somente 24 meses, tal informação não consta do contrato de fls. 03/07, estando aquele trazido pelo demandado às fls. 46/47 sem os dados pessoais e assinatura do autor.

Assim, estando o autor com suas parcelas quitadas até janeiro/2015 e diante do cancelamento (maio/2014) do seguro em prazo anterior ao estipulado no contrato (18.05.2017), resta caracterizado ato ilícito passível de indenização por danos morais, tal qual aduzido na sentença a quo.

Na fixação do quantum indenizatório foi observada a capacidade econômica da parte sucumbente, estando pautada dentro dos limites da proporcionalidade e da razoabilidade, de modo que o valor fixado deve ser mantido.

Recurso conhecido e não provido para manter a sentença pelos próprios fundamentos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, mantendo a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, a teor do disposto no art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Custas processuais pela recorrente, além de honorários de advogado fixados em 15% sob o valor da condenação.

Campo Grande, 19 de agosto de 2015.

Juiz Daniel Della Mea Ribeiro - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800055-42.2015.8.12.0046 - Chapadão do Sul

Relator Juiz Daniel Della Mea Ribeiro

EMENTA - RECURSO INOMINADO – INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES – LEGALIDADE – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO – DANO MORAL CONFIGURADO – FIXAÇÃO DO QUANTUM – RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Primeira Turma dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 30 de julho de 2015.

Juiz Daniel Della Mea Ribeiro - Relator

RELATÓRIO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

Adriano Campos Ribeiro Cesar apresentou o presente Recurso Inominado em face de Banco Bradesco S/A, já qualificados, pugnando, em breve síntese, pela reforma da sentença prolatada pelo juízo a quo (pp. 95/96), a qual julgou improcedente o pedido exordial, aduzindo que não contraiu qualquer dívida com o banco recorrido a dar azo à negativação, requerendo, pois, indenização por danos morais.

E, apesar de intimado o recorrido não apresentou contrarrazões (f. 130/131).

É o relatório.

VOTO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

Segundo consta dos autos, a parte autora teve seu nome incluído no cadastro de inadimplentes em 15.09.2014 em razão de suposta dívida no valor de R$ 154,23. E, embora a ré, em sua contestação, tenha trazido à baila faturas de cartão de crédito do autor (fls. 42/94), estas, por si sós, não são hábeis a demonstrar a legalidade da negativação realizada, inclusive porque a negativação se deu em razão de ‘repasses’ e não de débito relativo a cartão de crédito, tal qual se vê à f. 11.

Dessa forma, considerando que a parte ré não se desincumbiu de seu ônus de demonstrar a contratação ocorrida, houve a negativação indevida, o que ultrapassa o mero incômodo.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaRessalte-se que apesar de o autor possuir outras negativações, verifica-se que são posteriores à

negativação objeto da lide, de modo que é devido o dano moral. Porém, apesar de existente, no critério de fixação do seu quantum deve ser considerado também as negativações posteriores, devendo ser feito do modo mais justo possível, sem servir de fonte para enriquecimento sem causa.

É certo que a indenização deve corresponder à gravidade objetiva do fato e do seu efeito lesivo, tendo em conta ainda as condições sociais e econômicas das partes. Sendo assim, no caso concreto, a natureza e extensão do dano, bem como as condições sócio-econômicas da instituição financeira e do consumidor demonstram que o valor da indenização deve ser fixado em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).

Ademais, quanto ao juros moratórios de 1% ao mês, em se tratando de indenização por dano moral, tem-se que o seu termo inicial, conforme decisão proferida pelo C. STJ no julgamento do Resp. N° 903258, deve ser o do arbitramento do quantum.

“Isso porque como a indenização por dano moral só passa a ter expressão em dinheiro a partir da decisão judicial que a arbitrou, não há como incidir, antes dessa data, juros de mora que ainda não fora estabelecida em juízo” (STJ, Resp. 903258, 4ª Turma, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, d.J. 21.06.2011). Ou seja, o juros de mora deve incidir-se somente a partir da prolação deste acórdão, data em que efetivamente foi arbitrado o valor do dano moral. A correção monetária, de igual modo, deve incidir também a partir da prolação deste acórdão, com base no IGPM/IPV, conforme o disposto no Enunciado de Súmula n° 362 do STJ, segundo o qual “A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento para o fim de condenar a ré a pagar ao autor a quantia de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a título de indenização por dano moral, com juros de 1% ao mês e correção monetária pelo IGPM/IPV, sendo o termo inicial de ambos a data de prolação deste acórdão.

Por fim, defiro o pedido de justiça gratuita pugnada pelo recorrente (fls. 126/129) e, diante do parcial provimento do recurso, deixo de condená-lo ao pagamento de custas e honorários, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95.

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Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800858-53.2013.8.12.0027 - Batayporã

Relator Juiz Daniel Della Mea Ribeiro

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – DESCONTO EM FOLHA – SEM REPASSE À CEF – PAGAMENTO EM ATRASO – CULPA DO MUNICÍPIO – INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES – DANO MORAL CARACTERIZADO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Primeira Turma dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Sem custas e honorários diante do parcial provimento do recurso (art. 55 da Lei 9.099/95).

Campo Grande, 19 de agosto de 2015.

Juiz Daniel Della Mea Ribeiro - Relator

RELATÓRIO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

Município de Batayporã Apelação de Marlice Rodrigues de Almeida em breve síntese, pela reforma da sentença prolatada pelo Juízo a quo (pp. 84/88), a qual julgou parcialmente procedente o pedido exordial e condenou o demandado ao pagamento de R$ 6.000,00 de dano moral, aduzindo quanto a inexistência de ato ilícito indenizável, visto que repassou valores à CEF relativos ao empréstimo consignado, pugnando, pois, pelo afastamento do dano moral, ou, alternativamente, a redução do quantum, com a incidência de correção monetária desde o arbitramento.

Em contrarrazões a recorrida rebateu os argumentos despendidos pela parte recorrente e requereu o não provimento do recurso apresentado.

É o relatório.

VOTO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

Segundo consta dos autos, a parte autora teve seu nome incluído no cadastro de inadimplentes em 28.02.2013 em razão de suposta dívida no valor de R$ 455,35, vencida no dia 15.01.2013 (f. 26), relativa a um empréstimo consignado junto a Caixa Econômica Federal.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaE, consoante se vê do documento acostado pelo demandado em sua contestação às fls. 44/45, em

20.02.2013 houve o repasse da parcela negativada para a CEF, no valor de R$ 425,00. Nesse interim, verifica-se que apesar do atraso no pagamento da parcela, houve o repasse sem a inclusão de juros de mora e correção monetária, de modo que, no momento da negativação, a autora estava em mora com a CEF por culpa exclusiva do demandado, ora recorrente, inclusive porque em janeiro/2013 já havia sido descontado o valor da parcela da folha de pagamento da demandante (f. 13).

E, no caso, percebe-se que a parte autora sofrera evidente abalo moral com a inclusão do seu nome no rol dos maus pagadores por culpa exclusiva da demandada, restando demonstrada a responsabilidade do recorrente na negativação realizada, de modo que, diante da inexistência de outras negativações anteriores, restou demonstrado o cometimento de ato ilícito indenizável.

Com efeito, inúmeros são os princípios orientadores da tutela protetiva aos consumidores, dentre os quais se destacam o da isonomia ou da vulnerabilidade; o da hipossuficiência; o do equilíbrio e da boa-fé objetiva; do dever de informar; e o da transparência, todos perfeitamente aplicáveis ao caso concreto.

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve ser feito do modo mais justo possível, sem servir de fonte para enriquecimento sem causa. É certo que a indenização deve corresponder à gravidade objetiva do fato e do seu efeito lesivo, tendo em conta ainda as condições sociais e econômicas das partes. Sendo assim, no caso concreto, a natureza e extensão do dano, bem como as condições sócio-econômicas da instituição financeira e do consumidor demonstram que o valor da indenização está dentro dos norteadores da razoabilidade e da proporcionalidade, o que, neste caso, enseja a manutenção do quantum indenizatório.

Ademais, quanto à correção monetária, esta deve incidir a partir do arbitramento, ou seja, a partir da prolação da sentença de fls. 84/89, com base no IGPM/IPV, conforme o disposto no Enunciado de Súmula n° 362 do STJ, segundo o qual “A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento para o fim de alterar a data de incidência da correção monetária da indenização por dano moral, passando-se a incidir a partir do arbitramento, mantendo-se, no mais, a sentença por seus próprios fundamentos.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0803428-08.2014.8.12.0017 - Nova Andradina

Relator Juiz Daniel Della Mea Ribeiro

EMENTA – AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL – RECURSO INOMINADO – PROVIMENTO.

RELATÓRIO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

VIVO S.A, devidamente qualificada, apresentou recurso inominado contra a sentença que julgou parcialmente procedente a pretensão da parte recorrida Luciane Contini, determinando à recorrente o pagamento R$ 3.500,00 a título de danos morais em razão de falha na prestação de serviços prestados pela ré, ora recorrente, com a incidência de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária pelo IGPM-FGV.

Requer a demandada, basicamente, a reforma da sentença para o reconhecimento da improcedência do pedido inicial ante a inexistência de ato ilícito a ser indenizado, alegando não ter sido comprovado o dano moral. Alternativamente pleiteia a diminuição do valor arbitrado.

Em contrarrazões o recorrido rebateu os argumentos do recurso.

É o relatório.

VOTO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

O recurso merece provimento.

Não obstante a aplicação do CDC no caso em apreço, tem-se que o autor não se desincumbiu do ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito, qual seja, má prestação do serviço e nem mesmo o dano extrapatrimonial.

No caso, o demandante afirma ter contratado serviço de telefonia móvel há dez anos, assim como que “ao tentar realizar ligações sempre dá linha ocupada e com o seguinte barulho, TU TU TU TU TU TU TU TU TU TU TU TU TU TU, isto quando não dá que a linha esta fora de área, a ligação cai quando esta em plena conversação” (sic).

Como já afirmado, em que pese o CDC se aplicar no caso em debate, tem-se que ao autor cabe demonstrar de forma inequívoca a citada má prestação do serviço, o que inexiste nos autos, pois consta somente a mera assertiva na exordial, sendo que a ré, por sua vez, nega irregularidades na prestação.

Ademais, os citados problemas de sinais, em havendo e se comprovados, por si só, não constituem fatos capazes de ensejar dano moral. Os fatos narrados pelo autor, ao contrário, descrevem apenas o que

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciapode ser considerado um “aborrecimento”, não implicando, repise-se, em dano moral, até porque, caso contrário, em qualquer situação do cotidiano isso poderia ocorrer.

Neste aspecto, admitir a fixação de danos morais na hipótese em tela, de plano ou como consequência imediata e objetiva, sem desmerecer os fatos, seria banalizar o cabimento de tal instituto, de modo que qualquer discussão envolvendo a prestação de serviços públicos poderia ser alvo, então, objetivamente, de indenização moral, sem necessidade de prova do dano efetivo.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – RELAÇÃO DE CONSUMO – DEFEITO NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS – PROVA – DANOS MATERIAIS – RESSARCIMENTO DEVIDO – DANO MORAL – AUSÊNCIA – MERO ABORRECIMENTO. (...) In casu, o defeito na prestação dos serviços gerou meros aborrecimentos incapazes de lesar o direito da personalidade da autora/consumidora. TJMG- 16ª Câmara Cível. Ac. nº 5668714-76.2009.8.13.0145. Rel. Otávio Portes. J. 13.04.2011.

CIVIL – CONSUMIDOR – RESCISÃO CONTRATUAL – DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE TELEFONIA – INEXISTÊNCIA DE PROVA – INADIMPLEMENTO CONTRATUAL – DANO MORAL INDEVIDO – IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. (...) 2 - A falha na prestação dos serviços de telefonia, sem qualquer outro desdobramento, não configura dano moral, mas apenas inadimplemento contratual, visto que, não tem nenhuma potencialidade para ferir o direito de personalidade da autora. TJDFT - 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, Processo nº 2009.01.1.102584-8. Rel. Wilde Maria Silva Justiniano Ribeiro. J. 04.05.2011.

ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO DE TELEFONIA MÓVEL – ‘PLANO INFINITY’ – DEMANDA AFORADA POR USUÁRIO OBJETIVANDO INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL EM RAZÃO DA DEFICIÊNCIA DO SERVIÇO – PRETENSÃO JULGADA IMPROCEDENTE – RECURSO DESPROVIDO. ‘01. O dano moral ‘é o prejuízo resultante de ofensa à integridade psíquica ou à personalidade moral, com possível ou efetivo prejuízo do patrimônio moral’ (Cunha Gonçalves). Por não ser possível identificá-lo objetivamente, cumpre ao juiz a penosa tarefa de declarar se há ou não dano moral e, se for o caso, de quantificá-lo pecuniariamente. Para tanto, está autorizado a aplicar ‘as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece’ (CPC. Art 335). Impõe-se-lhe atentar para o fato de que ‘o mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agressão que exarceba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ela se dirige. 02. De ordinário, os aborrecimentos resultantes da deficiente prestação dos serviços públicos em geral - saúde, educação, segurança pública, prestação jurisdicional, transporte aéreo e rodoviário (incluindo as vias de locomoção) e, em especial, serviço de telefonia móvel - não caracterizam dano moral. A versão, amplamente divulgada pela mídia, de que ‘o sinal era derrubado de propósito [pela operadora] no afã de que os usuários fizessem outras ligações e pagassem mais por isso’ não está confirmada. Em ‘Nota à imprensa’, a Anatel informou que dos estudos técnicos que realizou ‘não é possível concluir que a TIM estaria conferindo tratamento discriminatório aos usuários do plano Infinity prépago’. Ademais, no contexto da causa deve ser considerado que: a) a Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul Juizados Especiais Cíveis e Criminais pretensão do usuário/autor à reparação de dano moral é absolutamente incompatível com a sua opção em preservar o contrato com a concessionária. Se insatisfeito com os seus serviços, nada o impede de ‘migrar’ para outra operadora; b) mantido o contrato, o dano moral teria continuidade; c) passados alguns dias ou meses sem que houvesse uma melhora significativa na qualidade dos serviços de telefonia, novo pleito reparatório poderia ser formulado e teria que ser deferido.” TJSC - Apelação Cível n. 2013.031447-3, de Araranguá, Rel. Des. Newton Trisotto, j. 02-07-2013.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaAssim, em que pese o inconformismo instalado na parte autora em razão do serviço prestado pela

demanda, no caso, não se vislumbra, em razão das peculiaridades do feito e das provas carreadas, dano moral a ser indenizado.

Posto isso, dou provimento ao recurso inominado para reformar in totum a sentença (pp. 365/368) e julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais.

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Primeira Turma dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 25 de maio de 2015.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0804043-37.2014.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relator Juiz Daniel Della Mea Ribeiro

EMENTA – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – NEGATIVAÇÃO – DÉBITO INEXISTENTE – VALOR DOS DANOS MORAIS – PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE – DIMINUIÇÃO – SENTENÇA REFORMADA – RECURSO PROVIDO.

RELATÓRIO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

CLARO S/A apresentou o presente recurso inominado em face de Elias Nascimento de Lima, já qualificados, pugnando, em breve síntese, pela reforma da sentença prolatada pelo Juízo a quo (pp. 88/91), a qual julgou parcialmente procedente o pedido exordial, declarando a inexistência do débito discutido na lide, determinando a retirada do nome do autor do cadastro de inadimplentes e condenando a parte ré, ora recorrente, ao pagamento de R$ 7.200,00 a título de danos morais.

Em contrarrazões o recorrido rebateu os argumentos despendidos pela parte recorrente e requereu o não provimento do Recurso apresentado.

É o relatório.

VOTO

O Juiz Daniel Della Mea Ribeiro (Relator)

Trata-se de recurso inominado que, sendo tempestivo e preparado, merece ser conhecido e processado.

Segundo consta dos autos, a parte autora teve seu nome incluído no cadastro de inadimplentes em 23.08.2014, em razão de suposta dívida no valor de R$ 278,88 vencida no dia 19.04.2014 (p. 23), a qual, entretanto, não teria origem, visto que já não mais possuía, nessa época, qualquer contratação com a requerida/recorrente, mormente pelo fato de que, em dezembro do ano anterior, já teria efetuado o cancelamento da linha telefônica que possuía com a ré.

Nesse contexto, e também considerando que, em sede de audiência de instrução e julgamento (p. 64), as partes, incluindo a requerida, ora recorrente, dispensaram a realização de outras provas, de modo que a recorrente, na fase instrutória do feito em primeira instância, não se desincumbiu de seu ônus probatório consistente em demonstrar a existência de fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito autoral, nos termos do art. 333, II, do CPC, descabendo, pois, a modificação do entendimento exposto pelo d. Juiz de 1º grau.

Sendo assim, diante do caráter ilícito da restrição e inexistindo outras negativações anteriores, restou demonstrado o cometimento de ato ilícito indenizável.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCom efeito, inúmeros são os princípios orientadores da tutela protetiva aos consumidores, dentre os

quais se destacam o da isonomia ou da vulnerabilidade; o da hipossuficiência; o do equilíbrio e da boa-fé objetiva; do dever de informar; e o da transparência, todos perfeitamente aplicáveis ao caso concreto.

Assim, a condenação da empresa recorrente realmente foi devida, já que promoveu inscrição nos órgãos de restrição ao crédito (p. 23) pautada em débito inexistente, ensejando o dever de reparar o dano moral suportado, o qual, no presente caso, é in re ipsa.

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve ser feito do modo mais justo possível, sem servir de fonte para enriquecimento sem causa.

É certo que a indenização deve corresponder à gravidade objetiva do fato e do seu efeito lesivo, tendo em conta ainda as condições sociais e econômicas das partes. Sendo assim, no caso concreto, a natureza e extensão do dano, bem como as condições sócio-econômicas da instituição demandada e do consumidor demonstram que o valor da indenização não está dentro dos norteadores da razoabilidade e da proporcionalidade, o que, neste caso, enseja a redução do quantum indenizatório.

Assim, sopesando os fatos, na busca do alcance do resultado do evento no sentimento da vítima, considerando, sobretudo, os critérios acima apontados, verifica-se ser suficiente a fixação da indenização do dano moral em R$ 3.500,00 em favor do recorrido, como forma de compensar a intranquilidade e a perturbação suportada.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento para o fim de reformar a sentença objurgada no tocante à indenização por danos morais, passando o valor a ela atribuído a ser de R$ 3.500,00, mantendo-se a sentença em seus ulteriores termos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Primeira Turma dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 25 de maio de 2015.

Juiz Daniel Della Mea Ribeiro - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0009996-85.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues

SÚMULA DE JULGAMENTO

RECURSO INOMINADO – CONSUMIDOR – VOO CANCELADO – VIAGEM INTERNACIONAL – PERDA DE UM DIA DA VIAGEM FAMILIAR – FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – DEVER DE INDENIZAR CORRETAMENTE FIXADO NA SENTENÇA QUE NÃO MERECE REFORMA – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Sentença pela procedência do pedido inicial para condenar a parte recorrente a indenizar a parte recorrida no valor de R$ 6.000,00.

Recurso que pretende a reforma da sentença aduzindo, em suma, que o cancelamento do voo com destino a Guarulhos se deu em virtude da necessidade de manutenção da aeronave, o que configura caso fortuito ou de força maior, não havendo que se falar, portanto, em indenização por danos morais, eis que ausente ato ilícito. Alternativamente, pugna pela redução do quantum fixado.

É incontroverso nos autos que o voo do autor foi cancelado, o que ensejou a perda de conexão e prejuízo de um dia na programação da viagem internacional.

A manutenção da aeronave é considerada um fortuito interno e não afasta o dever de indenizar eventuais danos sofridos pelo consumidor. Sobre o tema:

DIREITO DO CONSUMIDOR – CONTRATO DE TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL – GREVE DE MECÂNICOS DE AERONAVE – CANCELAMENTO DO VOO – ATRASO DE 15 HORAS – EXCLUDENTE DO DEVER DE INDENIZAR NÃO DEMONSTRADA – DANO MORAL CONFIGURADO – VERBA COMPENSATÓRIA QUE SE MANTÉM, À MINGUA DE RECURSO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA – JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO – ART. 405 DO CÓDIGO CIVIL. Incumbe ao fornecedor do serviço conduzir o consumidor incólume no tempo previsto ao seu destino, sob pena de configurar-se a responsabilidade objetiva do transportador. A ocorrência de atrasos em voo para manutenção de aeronave configura circunstância que, ainda que provocada por motivos alheios à vontade do fornecedor, não passam de fortuito interno. Comprovada a falha na prestação de serviço consubstanciada em longa espera de cerca de quinze horas sem que a passageira recebesse integral assistência, inegável o dever de compensar os danos morais decorrentes do evento danoso (...) (TJ-RJ - APL: 00089580820128190209 RJ 0008958-08.2012.8.19.0209, Relator: DES. Rogerio de Oliveira Souza, Data de Julgamento: 04/11/2013, Vigésima Segunda Camara Civel, Data de Publicação: 10/04/2014 17:55).

CONSUMIDOR – ATRASO DE VOO – MANUTENÇÃO DE AERONAVE – FORTUITO INTERNO – DANO MORAL – CARACTERIZADO – REPARAÇÃO RAZOÁVEL E PROPORCIONAL.

1. A MANUTENÇÃO NÃO PROGRAMADA DE AERONAVE É FORTUITO INTERNO QUE NÃO AFASTA O DEVER DE INDENIZAR EVENTUAIS DANOS PRODUZIDOS AO CONSUMIDOR. 2. A PERDA DE UM EVENTO EM RAZÃO DO CANCELAMENTO DO VOO, SENDO AQUELE O OBJETIVO DA VIAGEM, IMPLICA EM DANOS MORAIS (...) (TJ-DF - ACJ: 20140110066018 DF 0006601-62.2014.8.07.0001,

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaRelator: Flávio Augusto Martins Leite, Data de Julgamento: 03/06/2014, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE : 04/06/2014 . Pág.: 325)

O atraso de um dia em uma viagem internacional, a qual havia sido preparada com antecedência razoável pelo autor, juntamente com seus familiares, incluindo uma criança de pouca idade, causaram danos extrapatrimonais que ultrapassaram os meros aborrecimentos do cotidiano, razão pela qual deve a recorrente arcar com os danos morais fixados em sentença.

Observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade que informam a fixação da indenização do dano moral, com inteligência judicial que considera as circunstâncias da lide, a condição socioeconômica das partes, bem como o grau de culpa do causador do dano, a gravidade e intensidade da ofensa moral, o quantum arbitrado, em R$ 6.000,00 (seis mil reais), para os danos morais se mostra adequado, não merecendo redução.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Custas processuais pelo recorrente, além de honorários de advogado fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800418-29.2015.8.12.0046 - Chapadão do Sul

Relatora Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ÔNUS DA PROVA – COMPRA REALIZADA MEDIANTE FRAUDE – DANO MORAL CARACTERIZADO IN RE IPSA – OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE – REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE.

Comprovado o ato ilícito, resta caracterizado o dever de indenizar. Os aspectos punitivo e compensatório, bem como a capacidade econômica das partes, e o conjunto fático-probatório reunido, devem influir na fixação do quantum indenizatório, sendo, portanto, devida a redução do valor estipulado, observando-se critério da razoabilidade.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Primeira Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, prover em parte o recurso, nos termos do voto da relatora.

Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues - Relatora

RELATÓRIO

A Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues (Relatora)

Trata-se de Recurso inominado interposto em face de sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados pelos autor para “declarar a inexistência do débito questionado nos autos, e condenar a requerida a pagar ao requerente indenização por danos morais no valor de R$ 8.000,00 (...)”

A empresa recorrente pugna pelo reconhecimento de sua ilegitimidade passiva, assim como da carência da ação. Alternativamente, pleiteia a improcedência dos pedidos, diante da regularidade da negativação, assim como a redução do quantum fixado a título de danos morais e incidência de correção monetária consoante Súmula 362 do STJ.

VOTO

A Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues (Relatora)

A parte recorrente assevera, em suma, ser parte ilegítima a figurar no polo passivo da presente demanda, eis que a negativação do nome do autor se deu pela empresa Praticard Administradora de Cartões de Crédito Ltda. Além disso, aduz ser o autor carecedor da ação, pois em nenhum momento comunicou a

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciafraude ou clonagem de seus documentos, não podendo a recorrente “ser responsabilizada por um episódio que não teve participação”.

De plano, afasto a preliminar de ilegitimidade passiva, vez que do documento de f. 14 é possível verificar que a parte recorrente é a responsável pela inserção do nome do autor no órgão de proteção ao crédito.

Ainda, não vislumbro no caso a ausência de qualquer das condições da ação, estabelecidas no art. 267, do CPC1, a ensejar a carência da presente demanda.

Ora, analisando as provas produzidas nos autos verifica-se o acerto da sentença singular quanto à procedência dos pedidos iniciais formulados pela autora.

Isso porque restou evidente nos autos a inexistência de contrato entre as partes. Da comparação dos documentos do autor com os apresentados pela recorrente, é possível perceber que são totalmente destoantes, assim como que o autor e o efetivo devedor da recorrente são pessoas distintas.

Tal como consta em sentença, dada a divergência dos documentos e assinatura, o caso trata de homônimo ou fraude de CPF, que não pode ser imputada ao autor, eis que sequer reside no Rio Grande do Sul, estado onde a recorrente atua, e somente tomou conhecimento da negativação quando efetuou a pesquisa junto ao órgão competente.

Diga-se, inclusive, que mesmo que o evento danoso tenha decorrido de fraude, tal fato não exclui a responsabilidade da recorrente, uma vez que é seu dever proporcionar a segurança necessária ao uso regular do serviço de comércio, e assim não procedendo, assume o risco pela ocorrência de dano, surgindo o dever de reparar.

Aliás, no caso, a parte recorrente não se ateve ao fato de que o RG do autor e do terceiro são distintos, assim como o nome da mãe, de forma que, antes de negativar o nome do autor, não se cercou de todas as cautelas possíveis para a confirmação da veracidade e autenticidade dos dados e documentos que tinha em mãos.

Sendo assim, conclui-se pela irregularidade da inscrição, assim como pelo cometimento de ato ilícito indenizável, haja vista o dano extrapatrimonial experimentado.

Nesse sentido:

EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – RESPONSABILIDADE CIVIL – INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO CRÉDITO – COMPRA REALIZADA MEDIANTE FRAUDE – COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PARA A INDENIZAÇÃO.

DANOS MORAIS.

I - A empresa que atua no comércio responde pelos danos causados em decorrência da contratação por terceiros, causando a inscrição indevida do nome do autor em órgão de restrição ao crédito. II - Constitui má prestação do serviço a realização de contrato sem anuência expressa da parte. III - Sendo razoável o valor fixado na sentença, que está de acordo com os parâmetros da Câmara, deve o mesmo ser mantido. IV - Os consectários legais da condenação, como os juros de mora e correção monetária, podem ser revistos de ofício. (TJ-MA - APL: 0179742014 MA 0002144-38.2013.8.10.0033, Relator: Jorge Rachid Mubárack Maluf, Data de Julgamento: 11/09/2014, Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 16/09/2014).

RESPONSABILIDADE CIVIL – COMPRAS REALIZADAS MEDIANTE FRAUDE – INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO – FATO DE TERCEIRO NÃO CARACTERIZADO.

1 Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaDEVER DE INDENIZAR. Na presente hipótese, terceira pessoa, na posse dos

dados pessoais da parte-autora, realizou compras nas lojas requeridas. Incumbia as demandadas conferirem os dados apresentados pelo suposto contratante, procedendo à eficaz conferência dos dados. A excludente prevista no artigo 14, § 3º, II, do CDC somente se aplica aos casos em que o fornecedor do serviço não concorre - de nenhum modo - para a ocorrência do evento danoso, ou seja, quando o prejuízo decorre de ação ou omissão exclusiva do consumidor ou de terceiro. Dano Moral Configurado. A indevida inscrição do nome do postulante em cadastros restritivos de crédito acarreta dano moral indenizável.

Trata-se do chamado dano moral in re ipsa. Manutenção do montante indenizatório arbitrado em favor do autor, considerando o equívoco das requeridas, o aborrecimento e o transtorno sofridos pelo demandante, além do caráter punitivo-compensatório da reparação. Indenização mantida em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), consoante os parâmetros utilizados por esta Câmara Cível em situações análogas. Em se tratando de responsabilidade extracontratual, os juros moratórios fluem a partir do evento danoso. Súmula 54 do STJ. Apelações Desprovidas. (Apelação Cível nº 70054296512, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins, Julgado em 26/09/2013)

Em casos como o que se apresenta o dano moral está ínsito na própria ofensa, de tal modo que, provado o fato danoso, ipso facto, está demonstrado o dano moral a guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras da experiência comum.

Nesse sentido:

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – CONSUMIDOR – TELEFONIA FIXA – INSCRIÇÃO EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – CONSUMIDOR QUE NEGA A CONTRATAÇÃO – ÔNUS DA PROVA DA OPERADORA DE TELEFONIA, DO QUAL NÃO SE DESINCUMBIU – DANO MORAL IN RE IPSA – VALOR FIXADO ADEQUADAMENTE – RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE – NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO. (Recurso Cível Nº 71005131552, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 01/10/2014, grifei).

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve ser feito do modo mais justo possível, sem servir de fonte para enriquecimento sem causa.

Sendo assim, no caso concreto, a natureza e extensão do dano, bem como as condições sócio-econômicas da empresa e do consumidor, demonstram que o valor da indenização não está dentro dos norteadores da razoabilidade e da proporcionalidade, assim como do entendimento desta Turma

Recursal, o que, neste caso, enseja a redução do quantum indenizatório.

Assim, sopesando os fatos, considerando, sobretudo, os critérios acima apontados, verifica-se ser suficiente a fixação da indenização do dano moral em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), como forma de compensar a intranquilidade e a perturbação suportada.

Por fim, consigne-se que a correção monetária do valor fixado a título de danos morais observou a Súmula 362, do STJ, eis que fixada a partir da sentença.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento, para o fim de condenar a recorrente a pagar ao recorrido a quantia de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) a título de indenização por dano moral, mantendo-se, no mais, a sentença em seus termos.

Sem custas e honorários, nos termos do artigo 55, da Lei nº 9.099/95.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 42

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800985-26.2014.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relatora Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues

SÚMULA DE JULGAMENTO

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO – COBRANÇA DE DESPESAS HOSPITALARES – INTERNAÇÃO EM HOSPITAL PARTICULAR – AUSÊNCIA DE LEITO NO SUS – TERMO DE RESPONSABILIDADE – ESTADO DE PERIGO – NÃO CONFIGURAÇÃO – RECURSO NÃO PROVIDO – IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.

Provado nos autos que o consumidor firmou termo de responsabilidade assumindo a obrigação de custear o tratamento médico de seu genitor em hospital particular, não havendo que se falar em cobrança indevida.

Embora se reconheça que a intenção era tentar salvar a vida de seu genitor, é certo que a autora tinha conhecimento tratar-se de hospital particular, e que por consequência, teria de arcar com os custos dos serviços prestados.

Ausente a demonstração da alegada coação pelo hospital, diante da das provas produzidas nos autos, demonstrando que a parte autora assumiu compromisso relativo às despesas decorrentes de internação.

Exige-se, para caracterização do estado de perigo, prova da assunção de obrigação excessivamente onerosa, em que a outra parte se aproveita da situação aflitiva experimentada pelo contratante para obter vantagem indevida, o que não restou demonstrado nos autos.

A manutenção do paciente em rede particular – autorizada pela família – fez-se imperiosa diante da ausência de leito disponível na rede pública pelo período de três dias, após transferência do enfermo de outra cidade sem prévio encaminhamento para o SUS.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento, acima transcrita, de acórdão, a teor do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95. Condeno a recorrente ao pagamento das custas e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa. Suspendo a exigibilidade no tempo e termos do art. 12 da LAJ.

Campo Grande, 17/06/2015.

Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 43

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Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0801198-68.2015.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues

EMENTA – ATRASO VOO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – EMPRESA AÉREA QUE FORNECEU ALIMENTAÇÃO AO PASSAGEIRO – ATRASO INFERIOR A SEIS HORAS – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO NO CASO EM CONCRETO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Primeira Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, prover o recurso do autor, nos termos do voto da relatora.

Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues - Relatora

RELATÓRIO

A Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues (Relatora)

Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou procedente em parte os pedidos iniciais, condenando a empresa recorrente ao pagamento de reparação material no valor de R$ 51,80 e moral, no valor de R$ 5.000,00, em virtude de atraso de voo.

O recurso pretende a reforma da sentença sob a alegação de que o atraso em questão se deu em virtude da reestruturação da malha aérea. Aduz, ainda, que o atraso em questão foi inferior a seis horas, não havendo que se falar em dano. Afirma, da mesma forma, que prestou assistência ao consumidor, motivo pelo qual deve ser afastada a condenação em reparação material. Alternativamente, pugna pela redução do quantum fixado a título de danos morais.

VOTO

A Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues (Relatora)

Consoante se observa dos autos, o autor/recorrido possuía voo marcado para as 07h25, do dia 16/02/2015, com destino a Campo Grande, junto à empresa recorrente, tendo chegado no aeroporto às 02h35, do mesmo dia.

Entretanto, seu voo foi remarcado para as 13h10, do mesmo dia, oportunidade em que recebeu da companhia voucher de alimentação no valor de R$ 25,00 a ser consumido em local específico.

Assim, o autor requereu e obteve, por meio de sentença, a procedência de seus pedidos de reparação material e moral.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaEsclareça-se que reparação material consistiu na devolução dos valores gastos com alimentação,

esta realizada às 02h21 e às 09h12.

Nesse contexto, tem-se que o recurso merece ser provido.

Isso porque, o atraso do voo do autor consubstanciou-se em aproximadamente 06 (seis) horas, levando-se em conta que seu voo estava programado para as 07h25, mas o embarque ocorreu às 13h10.

Ademais, a empresa recorrente não deixou o passageiro à própria sorte, eis que informou o horário do novo voo, assim como prestou assistência, fornecendo alimentação gratuita.

Impende destacar, nesse momento, que o gasto com alimentação realizado às 02h21 não é de responsabilidade da autora, visto que não está dentro do horário de atraso de seu voo.

Além disso, a empresa recorrente forneceu voucher de alimentação no valor de R$ 25,00, que o autor se negou a usar, eis que optou por realizar sua alimentação em uma rede de fast food (cujo valor gasto, inclusive, foi inferior ao valor fornecido pela empresa).

Uma vez que houve a opção do autor em dispender valores próprios com sua alimentação, não pode agora requerer a reparação.

Outrossim, não há nos autos nenhuma prova efetiva de ofensa à dignidade da pessoa humana do autor, até porque, conforme já mencionado, a empresa recorrente empenhou-se em fornecer alimentação necessária, assim como informações.

E, para a caracterização da obrigação de indenizar, é preciso, além da ilicitude da conduta, que exsurja como efeito o dano a bem jurídico tutelado, acarretando, efetivamente, prejuízo de cunho patrimonial ou moral. Não é suficiente apenas a prática de um fato contra legem ou contra jus, ou que contrarie o padrão jurídico das condutas (RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 68).

É certo que o atraso trouxe aborrecimentos, mas este, sem consequências graves, por ser inerente à vida em sociedade, especialmente para quem escolheu viver em grandes centros urbanos, é insuficiente à caracterização do abalo.

É nesse sentido a jurisprudência do STJ:

CIVIL E PROCESSUAL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – RITO SUMÁRIO – VALOR DA CAUSA ENQUADRADO NA HIPÓTESE LEGAL – CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTENTE – ATRASO DE VOO NÃO SIGNIFICATIVO – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO – LEI Nº 8.078/90 E CÓDIGO CIVIL. (...) III. Demora, todavia, inferior a oito horas, portanto não significativa e que ocorreu em aeroporto dotado de boa infra-estrutura, a afastar a caracterização de dano moral, porque, em verdade, não pode ser ele banalizado, o que se dá quando confundido com mero percalço, dissabor ou contratempo a que estão sujeitas as pessoas em sua vida comum. IV. Recurso especial conhecido e provido. Ação improcedente. (REsp 431.303/SP, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, julgado em 06/03/2003, DJ 26/05/2003, p. 364).

RESPONSABILIDADE CIVIL – AGRAVO REGIMENTAL – ATRASO EM VOO DOMÉSTICO NÃO SIGNIFICATIVO, INFERIOR A OITO HORAS, E SEM A OCORRÊNCIA DE CONSEQUÊNCIAS GRAVES – COMPANHIA AÉREA QUE FORNECEU ALTERNATIVAS RAZOÁVEIS PARA A RESOLUÇÃO DO IMPASSE – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.

O cerne da questão reside em saber se, diante da responsabilidade objetiva, a falha na prestação do serviço - atraso em voo doméstico de aproximadamente oito horas - causou dano moral ao recorrente.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaA verificação do dano moral não reside exatamente na simples ocorrência do

ilícito, de sorte que nem todo ato desconforme o ordenamento jurídico enseja indenização por dano moral. O importante é que o ato ilícito seja capaz de irradiar-se para a esfera da dignidade da pessoa, ofendendo-a de maneira relevante. Daí porque doutrina e jurisprudência têm afirmado, de forma uníssona, que o mero inadimplemento contratual - que é um ato ilícito - não se revela, por si só, bastante para gerar dano moral.

Partindo-se da premissa de que o dano moral é sempre presumido - in re ipsa (ínsito à própria ofensa) -, cumpre analisar a situação jurídica controvertida e, a partir dela, afirmar se há ou não dano moral indenizável.

No caso em exame, tanto o Juízo de piso quanto o Tribunal de origem afirmaram que, em virtude do atraso do voo - que, segundo o autor, foi de aproximadamente oito horas -, não ficou demonstrado qualquer prejuízo daí decorrente, sendo que a empresa não deixou os passageiros à própria sorte e ofereceu duas alternativas para o problema, quais sejam, a estadia em hotel custeado pela companhia aérea, com a ida em outro voo para a capital gaúcha no início da tarde do dia seguinte, ou a realização de parte do trajeto de ônibus até Florianópolis, de onde partiria um voo para Porto Alegre pela manhã. Não há, pois, nenhuma prova efetiva, como consignado pelo acórdão, de ofensa à dignidade da pessoa humana do autor.

O aborrecimento, sem consequências graves, por ser inerente à vida em sociedade - notadamente para quem escolheu viver em grandes centros urbanos -, é insuficiente à caracterização do abalo, tendo em vista que este depende da constatação, por meio de exame objetivo e prudente arbítrio do magistrado, da real lesão à personalidade daquele que se diz ofendido. Como leciona a melhor doutrina, só se deve reputar como dano moral a dor, o vexame, o sofrimento ou mesmo a humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, chegando a causar-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem- estar.

Precedentes.

Ante a moldura fática trazida pelo acórdão, forçoso concluir que, no caso, ocorreu dissabor que não rende ensejo à reparação por dano moral, decorrente de mero atraso de voo, sem maiores consequências, de menos de oito horas - que não é considerado significativo -, havendo a companhia aérea oferecido alternativas razoáveis para a resolução do impasse. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1269246/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 20/05/2014, DJe 27/05/2014)

Isto posto, conheço do recurso e lhe dou provimento para o fim de reformar in totum a sentença e julgar improcedentes os pedidos iniciais formulados pelo autor.

Sem custas e honorários, nos moldes do art. 55, da Lei nº 9.099/95.

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Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0809129-59.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – COBERTURA DE PLANO DE SAÚDE – DOENÇA PREEXISTENTE – CARÊNCIA DE 24 MESES – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Sentença que julgou improcedentes os pedidos do autor, eis que, não obstante a jurisprudência entender cabível a realização de procedimento cirúrgico atinente à doença preexistente antes da verificação do prazo de carência, não restou demonstrado nos autos a urgência ou emergência do procedimento pleiteado.

Recurso que cinge-se a lançar argumentos no sentido de que o procedimento em questão não está relacionado com as doenças preexistentes confessas pelo autor na oportunidade da contratação do plano.

Ao contrário do que assevera o recorrente, o procedimento pleiteado consiste em exame de vasos sanguíneos e interior do coração. Na sequência, tem se que o autor asseverou na inicial que já implantou dois stents e teve um infarto.

Dessa maneira, não há como negar a relação entre o exame pleiteado e o histórico de doenças confessas pelo recorrente.

Ainda, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que: “lidima a cláusula de carência estabelecida em contrato voluntariamente aceito por aquele que ingressa em plano de saúde, merecendo temperamento, todavia, a sua aplicação quando se revela circunstância excepcional, constituída por necessidade de tratamento de urgência decorrente de doença grave que, se não combatida a tempo, tornará inócuo o fim maior do pacto celebrado, qual seja, o de assegurar eficiente amparo à saúde e à vida”. (REsp 466.667/SP, Rel. Ministro Aldir Passarinho Júnior, Quarta Turma, julgado em 27.11.2007, DJ 17.12.2007).

E, tal como consta em sentença, não há qualquer prova nos autos de que o procedimento em questão caracteriza-se como urgência ou emergência, não havendo que se falar em reparação.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, negar provimento aos recursos e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento, acima transcrita, de acórdão, a teor do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95. Condeno o recorrente ao pagamento das custas e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa. Suspendo a exigibilidade no tempo e termos do art. 12 da LAJ, eis que lhe concedo os benefícios da Justiça Gratuita.

Juíza Denize de Barros Dodero Rodrigues - Relatora

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Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800779-12.2014.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relatora: Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – PREQUESTIONAMENTO – PEDIDO DE ISENÇÃO DE IMPOSTO CAUSA MORTIS – INCIDÊNCIA DO ITCD – PEDIDO DE ISENÇÃO INDEFERIDO ADMINISTRATIVAMENTE – ÚNICO IMÓVEL – AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DO ITCD – APLICAÇÃO DO ART.126, II, “B” E PARAGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

A isenção do ITCD no caso de transmissão causa mortis, referente a bem imóvel encontra-se prevista no Código Tributário Estadual que estabelece em seu art.126, II, alínea “b” e parágrafo único que: “Art.126. São isentos do ITCD: II- as transmissões causa mortis, bem imóvel:b) sendo urbano, apresente construção residencial de padrão popular ou inferior e seja utilizada como habitação dos herdeiros. Parágrafo único. A isenção prevista no inciso II só se aplica na herança que tenha um único bem imóvel a ser partilhado.”

Comprovado nos autos que o imóvel é o único bem imóvel da herança e que é utilizado como habitação da herdeira aplica-se a isenção do ITCD, motivo pelo qual a sentença deve ser mantida por seus próprios e bem lançados fundamentos. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul-Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Sem custas e honorários, a vista das disposições legais em referência.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 01 de julho de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0801095-26.2013.8.12.0015 - Miranda

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSOS INOMINADOS – AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS – TRANSPORTE AÉREO – ALTERAÇÃO NO HORÁRIO DE VÔO SEM PRÉVIO AVISO – APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA – DEVER DE INDENIZAR – DANOS MATERIAL E MORAL CONFIGURADO – QUANTUM MANTIDO – OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE – RECURSOS IMPROVIDOS.

Trata-se de ação que discute a responsabilidade das requeridas por danos morais suportados pelos recorridos após ter sido alterado o vôo de retorno ao seu domicílio, sem prévio aviso, obrigando a consumidora, juntamente com seus dois filhos, a aguardar por mais 05 (cinco) dias para embarcar em outro vôo, em razão da dificuldade de se transportar a outros aeroportos para realizar as conexões.

As empresas recorrentes deixaram de trazer aos autos prova da existência de fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito pleiteado, de modo que a simples insurgência manifestada é insuficiente para infirmar as provas apresentadas pelos consumidores, parte hipossuficiente na relação jurídica instaurada entre as partes.

Neste sentido tem sido a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: “O dano moral decorrente de atraso de voo, prescinde de prova, sendo que a responsabilidade de seu causador opera-se, in re ipsa, por força do simples fato da sua violação em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo passageiro.” (AgRg no Ag 1410645/BA, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 25/10/2011, DJe 07/11/2011).

Em sendo assim, considerando-se a esfera de proteção que envolve o consumidor, há de ser reconhecida a responsabilidade objetiva das recorrentes tanto pela alteração unilateral do vôo quanto pela ausência de oportuna informação aos interessados, mostrando-se presentes condições suficientes para configurar a prática de ato capaz de ferir o equilíbrio exigido na relação de consumo.

A sentença monocrática apresentou fundamentos consistentes ao condenar a recorrente ao pagamento de indenização por danos morais suportados pela recorrida e na quantificação da indenização foram considerados os critérios de razoabilidade e da proporcionalidade, observando-se a adequação com o conjunto fático-probatório reunido, razão pela qual o quantum fixado mostra-se justo.

Pautada no conjunto probatório, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Recursos improvidos.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento,

Page 51: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaconfirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei n.º 9.099/95.

Custas processuais pelos recorrentes, além de honorários de advogado fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, na proporção de 10% por cada um dos recorrentes .

Presidiu o julgamento com voto o Juiz Alexandre Corrêa Leite e dele participaram a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e o Juiz Wagner Mansur Saad.

Campo Grande, 15 de dezembro de 2014.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0806694-49.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS C.C DANOS MORAIS – INTERNAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO – FURTO DE OBJETOS DEIXADOS NA BOLSA DENTRO DO QUARTO – DANO MATERIAL E MORAL NÃO CARACTERIZADOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

Tal qual descrito na sentença monocrática, não se vislumbra do conjunto probatório carreado irregularidade na conduta atribuída ao réu capaz de assegurar à recorrente indenização por danos morais e materiais.

É cediço que o direito à reparação do dano moral depende da concorrência de requisitos como: fato lesivo voluntário causado pelo agente; negligência, imperícia ou imprudência e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente, inexistentes no caso em tela.

A responsabilidade do hospital por serviço alheio a sua atividade-fim, tais como a guarda e vigilância de bens pertencentes a pacientes internados, depende da aferição das circunstâncias do caso concreto, que possam evidenciar a assunção prévia das referidas obrigações.

Cabe a aplicação da excludente de responsabilidade vazada no art. 14, § 3º, inciso II, do diploma consumerista, se o fornecedor não concorreu para a ocorrência do alegado dano, seja porque não assumiu a guarda do objeto furtado, ou pela ausência de prova de participação de seus empregados no evento danoso.

Ademais, nem todos os dissabores e contrariedades da vida moderna podem dar ensejo à indenização, de modo que é evidente que as relações obrigacionais e o convívio social acarretam diversas situações desagradáveis que geram aborrecimentos, mas que não são passíveis de indenização. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul-Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Custas processuais pela recorrente, além de honorários de advogado fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, que ficam suspensos em razão da parte recorrente ser beneficiária da assistência judiciária gratuita.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 25 de maio de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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1ª Turma Recursal Mista Apelação n. 0809430-40.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C.C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – TV POR ASSINATURA – COBRANÇA DE PONTO ADICIONAL – PRÁTICA ABUSIVA – RESTITUIÇÃO DEVIDA NA FORMA SIMPLES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO PROVIDO EM PARTE.

Trata-se de ação em que se discute a abusividade de cobrança pelos pontos adicionais instalados na residência do consumidor, ainda que a empresa tenha dado nomenclatura diversa à cobrança.

Consta expressamente nos artigos 29 e 30 da resolução da ANATEL nº 528/2009 as ocasiões em que a prestadora poderá efetuar as cobranças relativas aos pontos-extras disponibilizados na residência do assinante.

A Súmula nº 9/2010/ANATEL, dispõe que são nulas de pleno direito todas as cláusulas que contrariem as disposições reguladas nas Resolução 528/2009, definindo que deve ser pactuada entre as partes a contratação do aparelho conversor/decodificador. Sendo assim, vislumbrando-se nos autos que a prestadora apenas efetuou a alteração da nomenclatura da cobrança do serviço adicional, e inexistindo prova do aceite do consumidor às cobranças empreendidas, tem-se que a prática empreendida pela empresa mostra-se abusiva, ferindo as disposições dos incisos IV e XI e do § 1º, incisos I e II do artigo 51 do CDC.

Por outro lado,“É incabível a dobra prevista no art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, quando o débito tem origem em encargos cuja validade é objeto de discussão judicial” (REsp n. 756973/RS; 3ª Turma Rel. Ministro CASTRO FILHO; j. 27-3-07). Recurso parcialmente provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso interposto e dar-lhe parcial provimento.

Presidiu o julgamento com voto o Juiz Alexandre Corrêa Leite e dele participaram a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e o Juiz Wagner Mansur Saad.

Campo Grande, 15 de dezembro de 2014.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

RELATÓRIO

A Sr.ª Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Glauce de Oliveira Barros, devidamente qualificada, apresentou Ação Declaratória de Inexistência de Débito c.c. Repetição de Indébito e Indenização por Danos Morais em face de Net Serviços de Comunicação S.A., aduzindo ter pactuado com a requerida um pacote de serviço de televisão por assinatura e que desde 2009 usufrui do pacote completo no valor de R$ 262,85 (duzentos e sessenta e dois reais e oitenta e cinco

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciacentavos). Assevera que, além do valor mensal da assinatura, a requerida tem cobrado a quantia de R$ 48,90 (quarenta e oito reais e noventa centavos) canal extra não contratado, o valor de R$ 62,98 (sessenta e dois reais e noventa e oito centavos) pela internet, além do valor de R$ 89,80 (oitenta e nove reais e oitenta centavos) a título de aluguel d equipamentos ou ponto adicional. Argúi ter pleiteado junto a requerida a cessação das cobranças, sem obter êxito. Requereu o reconhecimento da ilegalidade da cobrança do ponto adicional no serviço de televisão por assinatura prestado em sua residência, com o seu afastamento, e a restituição em dobro dos valores cobrados indevidamente pelos serviços não contratados e pelos pontos adicionais a partir de abril de 2009.

Em contestação a requerida suscitou diversas preliminares e, no mérito, alega que os serviços adicionais foram contratados pela autora, não se podendo falar em cobrança indevida. No que se refere ao aluguel de equipamento, destaca os termos da Resolução nº 528/2009, que, a seu ver, corroboraria a legalidade da cobrança empreendida, não havendo que se falar em restituição de valores.

A sentença julgou parcialmente procedente os pedidos da autora,condenando a requerida a suspender a cobrança do ponto adicional a partir de maio de 2009, bem como à devolução em dobro das quantias pagas de 01 ponto adicional digital no valor de R$ 21,16 (vinte e um reais e dezesseis centavos) e 01 ponto opcional HD MAX R$ 69,90 (sessenta e nove reais e noventa centavos), a partir da resolução Anatel nº 528 em vigor desde 22 de abril de 2009, com as devidas correções.

Inconformada, a empresa requerida interpôs recurso inominado, pugnando pela reforma da sentença na parte que reconheceu a ilegalidade da cobrança efetuada a título de ponto adicional e condenou a recorrente a devolver, em dobro, os valores cobrados indevidamente.

Em contrarrazões a recorrida defende que a sentença não merece reforma.

É o relatório.

VOTO

A Sra. Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Analisando atentamente os autos, percebe-se que assiste parcial razão à recorrente.

Primeiramente, no que se refere a cobrança dos valores, seja a título de aluguel de equipamento ou de ponto adicional, a sentença não merece reforma. Vejamos.

A terminologia “ponto extra” – ou “ponto adicional” – é empregada para o ponto que se encontra instalado na mesma dependência em que se está o ponto principal, mas o sinal de radiodifusão é recebido de modo autônomo e simultâneo. Dessa maneira, o ponto extra, quando conectado a um segundo aparelho de televisão, na mesma dependência do usuário, permite que se acesse o sinal de radiodifusão de maneira autônoma do ponto principal de modo que seja possível assistir simultaneamente a programações distintas.

O “ponto extra” pressupõe o regular acesso do assinante ao serviço de TV a CABO e deve ser instalado dentro da dependência do usuário, para fins iguais ao do ponto principal lazer -, sem finalidades comerciais.

Ocorre que, desde 2008 a cobrança pelo ponto-extra vem sendo discutida pelos setores envolvidos, com várias ações, decisões e alterações na norma. Atualmente, as empresas estão proibidas de praticar essa cobrança. É que, em regra, a cobrança do ponto-extra é prática abusiva, sendo pertinente apenas a cobrança pela instalação e reparo da rede e dos conversores ou decodificadores, ou seja, apenas por evento, não devendo haver a cobrança regular pelo uso do segundo ponto.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaQuanto ao equipamento, a empresa deve oferece-lo ao seu cliente – de forma devidamente negociada

– por meio de comodato (gratuito), venda, aluguel, ou outra forma comercialmente aceita. Nesse sentido, as decisões judiciais de modo geral tem considerado possível a cobrança do equipamento, desde que haja previsão contratual entre as partes.

Com efeito, consta expressamente nos artigos 29 e 30 da Resolução da ANATEL nº 528/2009 as ocasiões em que a prestadora poderá efetuar cobranças relativas aos pontos-extras disponibilizados na residência do assinante, verbis:

Art. 29. A programação do Ponto-Principal, inclusive programas pagos individualmente plo Assinante, qualquer que seja o meio ou forma de contratação, deve ser disponibilizada, sem cobrança adicional, para Pontos-Extras e para Pontos-de-Extensão, instalados no mesmo endereço residencial, independentemente do Plano de Serviço contratado.

Art. 30. Quando solicitados pelo Assinante, a Prestadora pode cobrar apenas os seguintes serviços que envolvam a oferta de Pontos-Extras e de Pontos-de-Extensão:

I Instalação; e

II reparo da rede interna e dos conversores/decodificadores de sinal ou equipamentos similares.

1º A cobrança dos serviços mencionados neste artigo fica condicionada à sua discriminação no documento de cobrança, conforme definido nos arts. 16 e 17 deste Regulamento.

2º A cobrança dos serviços mencionados neste artigo deve ocorrer por evento, sendo que os seus valores não podem ser superiores àqueles cobrados pelos mesmos serviços referentes ao Ponto-Principal.

A Súmula nº 9/2010/ANATEL, por sua vez, dispõe que são nulas de pleno direito todas as cláusulas que contrariem as disposições reguladas nas Resoluções nº 488/2007 e nº 528/2009, definindo que devem ser pactuadas entre as partes a contratação do aparelho conversor/decodificador, ou seja, se por comodato, venda ou aluguel, vejamos:

“O Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura, aprovado pela Resolução no 488, de 3 de dezembro de 2007, e alterado pela Resolução nº 528, de 17 de abril de 2009, aplica-se desde o início de sua vigência em todos os contratos de prestação de serviços de televisão por assinatura em vigor, inclusive os contratos firmados anteriormente a sua vigência, sendo nulas de pleno direito todas as cláusulas contratuais que contrariem as disposições desse Regulamento.

O Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura não veda que a prestadora e o assinante disponham livremente sobre a forma de contratação do equipamento conversor/decodificador, sendo cabível, portanto, que o façam por meio de venda, aluguel, comodato, dentre outras, vedado o abuso do poder econômico.

A modificação na forma e nas condições de contratação de equipamento conversor/decodificador, como a alteração de comodato para aluguel, deve ser pactuada entre a prestadora e o assinante, sob pena de nulidade da alteração e devolução em dobro dos valores pagos indevidamente pelo assinante, acrescidos de correção monetária e juros legais, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.”

Esta Súmula entra em vigor na data de sua publicação produzindo seus efeitos a partir da vigência do Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura, aprovado pela Resolução nº 488, de 3 de dezembro de 2007, e alterado pela Resolução nº 528, de 17 de abril de 2009.”

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaComo se vê, restou expressamente consignado que para a elaboração da supracitada Súmula foi

considerado que o Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura, aprovado pela Resolução nº. 488/07 e alterado pela Resolução nº 528/09, em seu artigo 30 apresenta a relação dos serviços que envolvam a oferta de pontos-extras e pontos-de-extensão que podem ser cobrados pela prestadora e que o fornecimento de equipamentos conversores/decodificadores não constitui prestação de serviço.

Constou, ainda, na exposição de motivos que as cláusulas contratuais devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao assinante e que a Súmula é o instrumento deliberativo adequado para expressar interpretação da legislação de telecomunicações e tem efeito vinculante.

Feitos estes esclarecimentos, no caso concreto, não se vislumbra nos autos a adequação da cobrança do ponto-extra às hipóteses permitidas, posto que a prestadora apenas utilizou de nomenclatura diversa para cobrança do serviço adicional, inexistindo prova do aceite do consumidor às cobranças empreendidas especialmente no que tange à “locação de equipamento”, posto que o contrato não foi apresentado pela empresa ré, e assim sendo, tem-se que a prática empreendida pela empresa mostra-se abusiva, ferindo as disposições dos incisos IV e XI e do § 1º, incisos I e II do artigo 51 do CDC.

Como se vê, ainda que se aceite como sendo possível a cobrança pela locação do equipamento - verdadeiro contrassenso esta somente seria possível se houvesse previsão contratual entre as partes, o que não foi demonstrado existir, motivo pelo qual se mostra correta a decisão monocrática que acolheu o pedido inicial, determinando-se a restituição dos valores cobrados.

No tocante a devolução dos valores cobrados a mais da autora, a sentença determinou que estes devem ser restituídos em dobro, contudo “a restituição em dobro das quantias pagas indevidamente pelo consumidor exige a caracterização de má-fé do fornecedor de produtos ou serviços” (AgRg no Agravo em Resp n. 269.915/RJ (2012/0263151-8), Rel. Ministro Luís Felipe Salomão; j. 07-5-13, pub. DJe 17-5-13).

No caso, não restou comprovado a má-fé da requerida, razão pela qual, a devolução deve se dar de maneira simples, e não dobrada.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto por Net Serviços de Comunicação S/A, e dou-lhe parcial provimento para reformar em parte a sentença, devendo constar que o valor a ser devolvido a autora deve se dar de maneira simples.

Deixo de efetuar condenação em custas e honorários de advogado, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 15 de dezembro de 2014.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0811901-63.2012.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – TRANSPORTE DE MERCADORIAS – EXTRAVIO DE OBJETOS E VIOLAÇÃO DA ENCOMENDA – REGISTRO DO FATO – FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA – DANO MATERIAL COMPROVADO – DANO MORAL CARACTERIZADO – QUANTUM MANTIDO – OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

Trata-se de ação em que o consumidor pleiteia o ressarcimento dos prejuízos de ordem material e moral suportados com o extravio de suas encomendas enviadas a um cliente.

O extravio de mercadoria e a violação da embalagem confiada ao serviço de transporte de mercadorias caracteriza defeito na prestação de serviço ofertado pela empresa, e os danos decorrentes, devem ser indenizados, a teor do que dispõe o art. 14 da Lei nº 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor.

É cediço que a responsabilidade do transportador é de cunho objetivo, independentemente de culpa ou dolo. Sendo assim, basta haver a comprovação do ato ilícito e da existência de dano, interligados pelo nexo de causalidade, para que seja viabilizada a procedência do pedido de reparação, requisitos esses preenchidos na relação jurídica discutida em juízo.

O caso em apreço exige a utilização conjunta dos artigos 5º e 6º da Lei nº 9.099/95, no sentido de que na apreciação de cada caso o magistrado deverá analisar as provas produzidas dando especial valor às regras de experiência comum, adotando a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.

Os danos materiais restaram comprovados pois no ato da entrega da mercadoria ao cliente, este junto aos funcionários da transportadora, observou a violação das embalagens e a falta de mercadorias.

É certo que o fato é capaz de causar transtornos e aborrecimentos merecedores de compensação pecuniária a título de danos morais. Nesse contexto, o valor indenizatório do dano moral foi fixado com base na verificação das circunstâncias do caso e atendendo os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantido, eis que fixado em parâmetro razoável, assegurando ao lesado justo ressarcimento, sem incorrer em enriquecimento sem causa. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul-Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Custas processuais pela recorrente, além de honorários de advogado fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPresidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz

Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 25 de maio de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 57

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Recurso Inominado n. 0800036-72.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de

Campo Grande Relator Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 17 de junho de 2015.

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

RELATÓRIO

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

Trata-se de recurso inominado interposto por Águas Guariroba S/A, objetivando a exclusão da multa cominatória fixada em R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), a improcedência da indenização por danos morais ou a redução de seu valor, ou, em caso de manutenção da condenação, que seja aplicado o índice do INPC.

VOTO

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

“Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão”.

É o que ocorre no caso em testilha. No mérito, a sentença merece ser confirmada por seus próprios fundamentos. O quantum indenizatório, contudo, deve ser reduzido, por colidir com os precedentes desta Corte Recursal.

Passo, portanto, à confecção da súmula de julgamento:

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DEBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – SERVIÇOS DE TELEFONIA – INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO – OBRIGAÇÃO DE FAZER – EXCLUSÃO MULTA DIÁRIA – AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO REPRESENTANTE DA EMPRESA – DANOS MORAIS NA MODALIDADE IN RE IPSA – CONFIGURAÇÃO –

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 58

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaREDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO – POSSIBILIDADE – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

A empresa recorrente, enquanto fornecedora de produtos e serviços, submete-se às regras da Lei nº 8.078/90, razão pela qual o consumidor tem em seu favor os direitos básicos tutelados no art. 6º da legislação de regência, entre eles a inversão do ônus probatório e a plenitude da reparação dos danos, a par da responsabilidade civil objetiva da empresa (art. 14 do CDC).

Sabe-se que é assente em nossos tribunais que o dano moral decorrente de inscrição indevida é fato in re ipsa, defluindo como consequência presumida da própria conduta lesiva praticada, sendo dispensada a demonstração efetiva de dano.

Neste sentido, torna-se perfeitamente cabível a indenização, pois a conduta da recorrente gerou prejuízos de ordem moral na vida pessoal do recorrido, que passou por situação constrangedora em razão da inscrição de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, em razão de débitos já declarados indevidos.

Estando presentes os elementos essenciais da responsabilidade civil, quais sejam, o ato ilícito, o dano e o nexo causal, cabível a condenação pelos danos experimentados pelo autor.

O valor da reparação deve guardar correspondência para com o gravame sofrido (CC, art 944), além de sopesar as circunstâncias do fato, a capacidade econômica das partes, a extensão e gravidade do dano, bem como o caráter punitivo pedagógico da medida, tudo com esteio no princípio da proporcionalidade.

É necessária a análise de dois aspectos para fixar a indenização pelos danos morais sofridos, quais sejam: compensar o dano causa à vítima sem configurar o enriquecimento ilícito e punir o ofensor de forma que este não venha a praticar atos similares.

No que tange à redução do quantum indenizatório assiste razão à recorrente. Isto porque o valor arbitrado pelo juízo a quo, ao levar em conta as peculiaridades do caso concreto, não atendeu à finalidade do instituto do dano moral.

Neste caso, o quantum indenizatório no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) arbitrado a título de danos morais não vai ao encontro dos precedentes desta Corte Recursal. Nesse contexto, o valor de R$ 3.5000,00 (três mil e quinhentos reais) mostra-se justo e razoável para reparar os danos vivenciados pelo recorrido, pois não irá enriquece-lo ilicitamente, o que é vedado pelo instituto da reparação e atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Nesse caso, entendo incabível a aplicação da multa diária, haja vista que a incidência das astreintes reclama a prévia intimação pessoal do devedor (Súmula 410 do STJ) e que haja resistência ao cumprimento da obrigação imposta, porquanto somente assim poderia ser configurada a mora, o que não ocorreu porque a intimação se deu por aviso de recebimento (f. 28).

Assim, afasto a condenação da requerida ao pagamento do valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) referente à multa cominatória derivada do descumprimento da decisão liminar.

Por fim, indefiro o pedido para que a correção monetária seja calculada pelo INPC, haja vista que o índice do IGPM é o que melhor corresponde a valorização da moeda, devendo ser a indenização por danos morais, por se tratar de relação contratual, ser contada a partir de seu arbitramento (Súmula 362 do STJ), e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, desde a data da citação, mantendo, no mais, a sentença por seus próprios fundamentos.

Isto posto, conheço do recurso apresentado por Águas Guariroba S.A e dou-lhe parcial provimento com o fim de afastar a condenação no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) referente a multa cominatória, bem como reduzir o valor arbitrado a título de indenização por danos morais para o valor de R$3.5000,00 (três mil e quinhentos reais), corrigido pelo índice do IGPM a partir de seu arbitramento (Súmula 362 do STJ), e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, desde a data da citação.

Sem custas por não ser hipótese prevista no artigo 55, 2ª parte, da Lei 9.099/95

É o voto.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Recurso Inominado n. 0800039-81.2015.8.12.0016 - Mundo Novo

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADA – INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES – FALTA DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Inicialmente, rejeito a preliminar de ilegitimidade da recorrente para figurar no polo passivo da demanda porque a legitimidade dos órgãos de restrição ao crédito para responder ações que buscam a reparação por danos morais e materiais decorrentes da inscrição, sem prévia notificação, é questão pacificada perante o Superior Tribunal de Justiça.

A falta de notificação prévia comunicando o consumidor da inclusão de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito, torna o ato arbitrário e ilegal, de modo que a deficiência no serviço prestado configura fato lesivo capaz de gerar a indenização pretendida.

Na quantificação do dano moral foram considerados os critérios de razoabilidade e da proporcionalidade, observando-se o conjunto fático e probatório reunido, razão pela qual o quantum fixado mostra-se justo.

A sentença que fixou a indenização por danos morais em R$ 3.000,00 (três mil reais) deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso improvido.

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatício em 10% (dez por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 09 de julho de 2015.

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 60

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Recurso Inominado n. 0800723-49.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de

Campo Grande Relator Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS – QUEDA DE ÁRVORE SOBRE VEÍCULO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO MUNICÍPIO – ART. 37, § 6º, CF – DANOS MATERIAIS COMPROVADOS – QUANTUM MANTIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

A sentença julgou procedente o pedido, condenando o Município de Campo Grande ao pagamento da importância de R$ 5.662,00 (cinco mil e seiscentos e sessenta e dois reais), a título de indenização por dano material.

O Município de Campo Grande interpôs recurso inominado, objetivando a reforma integral da sentença, sob a alegação ocorrência de caso fortuito e força maior.

Nos termos do artigo 37, § 6º, da CF, a responsabilidade do município é objetiva, cabendo ao lesado demonstrar o evento danoso e o nexo de causalidade existente entre este e a conduta do Poder Público, ficando dispensada qualquer indagação sobre eventual culpa do ente público.

É inegável que a responsabilidade do recorrente decorre da sua omissão na prestação do serviço público de manutenção da arborização municipal, fato este que, aliás, ele não contesta, mas transfere ao recorrido a incumbência de comprovar que o acidente decorreu de falta na manutenção das árvores públicas.

Trata-se de responsabilidade objetiva, na qual cabe à vítima apenas a prova do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do Estado e o dano por ela suportado, exigindo-se do Estado a prova das excludentes de responsabilidade, como a culpa exclusiva da vítima ou um fato de terceiro, ou a prova de ter o dano decorrido de fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir (art. 393, parágrafo único, do CC), ônus do qual não se desincumbiu.

Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Recurso Improvido.

Condeno o Município de Campo Grande ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% (quinze por cento) sobre o valor da causa.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 18 de setembro de 2015.

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 61

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Recurso Inominado n. 0800931-26.2015.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relator Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – COLISÃO COM OBJETO NA PISTA – RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA – ART. 37, § 6º, CF – DANOS MATERIAIS COMPROVADOS – QUANTUM MANTIDO – DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

A sentença julgou parcialmente procedente o pedido, condenando a ré ao pagamento da importância de R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais), a título de indenização por dano material.

O autor interpôs recurso inominado, objetivando o ressarcimento do valor das despesas extraordinárias no valor de R$ 1.616,00 (mil e seiscentos e dezesseis reais), sendo R$ 430,00 (quatrocentos e trinta reais) referentes ao adiantamento de duas parcelas do contrato de aluguel de temporada, e R$ 1.186,00 (mil e cento e oitenta e seis reais) gastos com despesas de hospedagem, bem como ao pagamento de indenização por danos morais.

Rejeito a preliminar de deserção arguida em contrarrazões, haja vista que a gratuidade foi concedida na sentença (f. 269).

A indenização por dano material deve ser mantida, haja vista que o autor não comprovou o nexo causal entre o dano alegado e o desembolso das despesas.

Tal qual descrito na sentença, não vislumbro na conduta atribuída à recorrida fato por si bastante à caracterização do dano moral indenizável.

O direito à reparação do dano moral depende da concorrência de requisitos como: fato lesivo voluntário causado pelo agente, negligência, imperícia ou imprudência e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente, inexistentes no caso em tela.

Nem todos os dissabores e contrariedades da vida moderna dão ensejo à indenização por dano moral, de modo que o convívio social acarreta diversas situações desagradáveis que geram aborrecimentos, mas não passíveis de indenização.

Daí, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso improvido

Custas pelo recorrente, além de honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 30 de setembro de 2015.

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 62

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Recurso Inominado n. 0809466-48.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de

Campo Grande Relator Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE RESSARCIMENTO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – PLANO DE SAÚDE – AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL – COBERTURA SOMENTE PARA O MÉTODO CONVENCIONAL. RECUSA INJUSTIFICADA – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

A sentença julgou parcialmente procedente o pedido, condenando a ré a restituir ao autor danos materiais no valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), acrescido de correção monetária, desde o desembolso, e de juros moratórios de 1% ao mês, a partir da citação, bem como ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescido de de correção monetária desde o arbitramento, e de juros moratórios, a partir da citação.

A ré interpôs recurso inominado (fls. 162/169), pleiteando a improcedência do pedido.

A recusa de cobertura revela-se injustificada, haja vista a inexistência de cláusula contratual proibindo o tratamento médico indicado, ou excluindo o procedimento videolaparoscópico.

A jurisprudência do STJ é majoritária no sentido de que a recusa indevida/injustificada pela operadora de plano de saúde, em autorizar a cobertura financeira de tratamento médico, a que esteja legal ou contratualmente obrigada, enseja reparação a título de dano moral, por agravar a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do beneficiário.

O quantum da reparação, fixado em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), revela-se adequado, por atender os critérios de proporcionalidade e razoabilidade, não havendo razão para redução.

Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Recurso Improvido.

Nos termos do artigo 55, da Lei nº 9.099/1995, condeno a recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor da causa.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 18 de setembro de 2015.

Juiz Francisco Vieira de Andrade Neto - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0100238-86.2011.8.12.0016

Juiz Wagner Mansur Saad

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – AÇÃO DE COBRANÇA – SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) – COBRANÇA DE VALORES REFERENTES A DESPESAS MÉDICAS – PREVISÃO LEGAL – DESPESAS COMPROVADAS – REEMBOLSO DEVIDO – CORREÇÃO MONETÁRIA – INCIDÊNCIA A PARTIR DO EVENTO DANOSO – JUROS DE MORA – APLICADOS DESDE A CITAÇÃO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

I. Trata-se de ação de cobrança através da qual objetiva o autor ser ressarcido dos valores despendidos a título de despesas médicas decorrentes de acidente de trânsito que sofreu em 31/07/2008.

A pretensão foi acolhida pelo juiz singular, com condenação da seguradora ao pagamento de R$ 2.700,00.

Contra sentença a ré interpõe recurso, cujas razões cingem-se: a) impossibilidade de restituição, nos termos do art. 5º da Lei nº 6.194/74, em face da ausência do boletim de ocorrência que comprove o acidente; b) não comprovação do nexo causal entre os comprovantes de despesas apresentados pelo autor e o respectivo acidente; c) a correção monetária deve incidir deste a data da propositura da ação, nos termos da Lei nº 6.899/81.

II. O recurso deve ser improvido.

O artigo 3º da Lei 6.194/74, com a redação trazida pela Lei nº11.482/07, estabelece em seu inciso III, o seguinte parâmetro indenizatório:

(...)

III-até 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) – como reembolso à vítima – no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas.”

Em se tratando de indenização por danos materiais, as despesas a que se refere o dispositivo legal devem ser devidamente comprovadas.

Não há que se falar em ausência de boletim de ocorrência lavrado por autoridade policial competente posto que tal documento encontra-se acostado pela própria recorrente às f. 70-71.

O conjunto fático-probatório acostado aos autos demonstra a ocorrência de acidente de trânsito (f. 70), as lesões (f. 22) e o nexo causal entre o evento danoso e as lesões sofridas pelo recorrido (f. 16-19). Estando devidamente comprovadas as despesas médicas oriundas do sinistro, faz jus o recorrido ao reembolso previsto no artigo 3º da Lei nº 6.194/74.

III. O Superior Tribunal de Justiça sedimentou entendimento segundo o qual “Nas hipóteses em que se busca a indenização do seguro obrigatório DPVAT, relativamente a sinistros ocorridos na vigência da Lei nº 11.482/2007, incide a correção monetária a contar do evento danoso.” (AgRg no REsp 1470348/SC, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 23/10/2014, DJe 03/11/2014).

Quanto ao juros moratórios, incide na hipótese a aplicação do teor da Súmula nº 426 do STJ, verbis: “Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação.”

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 64

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTratando-se os juros e correção de matéria de ordem pública, a modificação de ofício pelo Órgão

Colegiado é medida que se impõe. Nesse sentido é o entendimento sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça, verbis: “Os juros de mora constituem matéria de ordem pública e a alteração de seu termo inicial, de ofício, não configura reformatio in pejus.” (AgRg no REsp 1086197/SP, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 28/06/2011, DJe 01/07/2011)

IV. A simples menção a dispositivos normativos não induz, por si só, prequestionamento para fins de admissibilidade de recursos constitucionais, senão a matéria ventilada exclusivamente para deslinde da causa.

V. Recurso improvido. Sentença modificada de ofício a fim de alterar o termo inicial da correção monetária, que deverá incidir a partir da data do evento danoso (acidente), e dos juros de mora, que deverão incidir a partir da citação. Sentença mantida, em seus demais termos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95. Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em R$ 800,00.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 65

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0801857-14.2014.8.12.0110

Relator Juiz Wagner Mansur Saad

SÚMULA DO JULGAMENTO.

EMENTA – ATRASO NA ENTREGA DA BAGAGEM – DANO MORAL NÃO EVIDENCIADO – MERO ABORRECIMENTO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

I - A sentença não merece reparos. No caso presente não se trata de dano moral puro, do dano in re ipsa, daqueles que se deve indenizar pelo simples fato da violação do direito, como ocorre, verbi gratia, nas hipóteses de inscrição irregular no cadastro de inadimplentes.

II - Com efeito, não é todo e qualquer dissabor da vida cotidiana capaz de se albergar sob o instituto do dano moral. Há que haver uma lesão efetiva e comprovada dos direitos de personalidade para caracterizar a existência de ilícito indenizável por ocorrência de danos morais.

III - Assim, “só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos” (FILHO, Sérgio Cavaliere. Programa de Responsabilidade Civil. 4. ed. [S.l.]: Malheiros, 2003. p. 99).

IV - Não versam os autos sobre propriamente sobre extravio de bagagem, mas sim, de atraso na entrega de bagagem. O autor pretende ser indenizado porque não encontrou sua bagagem no momento do desembarque, vindo a recebe-la somente à algumas horas depois. Sustenta a existência de dano no fato de ter sido obrigado a contratar os serviços de um chaveiro para adentrar em sua casa e de não ter podido tomar seus remédios e utilizar seus pertences. No entanto, não logrou produzir quaisquer provas acerca das afirmações lançadas. A conclusão pela inexistência de dano é reforçada pela informação de que o evento ocorreu na cidade de destino e domicílio do autor.

V - A situação experimentada pelo autor (atraso na entrega da bagagem), se desacompanhada de outras circunstâncias, não caracteriza dano moral indenizável. Não tendo o autor demonstrado em que consiste o efetivo transtorno de ordem psíquica em que se funda o pedido, correta a sentença pela improcedência. Insta dizer que tal providência era ônus que lhe competia, pois, além de caracterizar-se fato constitutivo de seu direito, a ocorrência de dano é prova impossível de ser produzida pelo réu, razão pala qual despiciendo discorrer sobre a inversão do ônus da prova e impossibilidade de produção de tal prova em razão da ausência da ré em audiência de instrução e julgamento.

VI - Recurso improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em R$ 500,00 (quinhentos reais). Se beneficiário da gratuidade Judiciária, a verba sucumbencial deverá permanecer suspensa nos termos da Lei n.º 1.060/50. Fica deferido o pedido de Justiça gratuita nessa fase processual.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 66

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 13 de fevereiro de 2015

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 67

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802889-54.2014.8.12.0110

Relator Juiz Wagner Mansur Saad

SÚMULA DO JULGAMENTO.

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ESPERA EM FILA PARA ATENDIMENTO EM INSTITUIÇÃO BANCÁRIA – DESCUMPRIMENTO DE LEI MUNICIPAL – DANO MORAL NÃO EVIDENCIADO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

I - É certo que não é qualquer aborrecimento ou dissabor cotidiano que é capaz de gerar dano moral indenizável. De igual modo, o tempo de espera em fila de instituição financeira para atendimento não configura, por si só, abalo moral.

II - Não tratando os autos de modalidade de dano moral puro, impende a verificação de ocorrência de abalo na esfera anímica do lesado capaz de perspassar a linha do conceito de mero aborrecimento, o que, à míngua de elementos probatórios, não se verifica dos autos.

III - Nesse mote a jurisprudência:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO DE MEIA HORA FIXADO POR LEGISLAÇÃO LOCAL – INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA – OCORRÊNCIA DE DANO MORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DO CASO CONCRETO – PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ – RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.

1. A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário.

2. Afastado pela sentença e pelo acórdão, as circunstâncias fáticas para configuração do dano moral, prevalece o jultamento da origem (Súmula 7/STJ).

3. Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013.)

IV - Quando, prima facie, verificada a ausência de um dos elementos caracterizadores do dever de indenizar, despiciendo tergiversar sobre os demais.

V - Recurso improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em R$ 800,00 (oitocentos reais). Se beneficiário da gratuidade Judiciária, a verba sucumbencial deverá permanecer suspensa nos termos da Lei n.º 1.060/50. Fica deferido o pedido de Justiça gratuita.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 68

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 13 de fevereiro de 2015

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 69

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0803952-51.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Wagner Mansur Saad

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conhecer do recurso interposto e dar-lhe provimento, nos termos do relator.

Campo Grande, 13 de fevereiro de 2015.

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

RELATÓRIO

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

Dispensado ex legis.

VOTO

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

Trata-se de recurso inominado interposto por Itaú Unibanco S/A em face da sentença prolatada pelo MM. Juiz da 11ª Vara do Juizado Especial da Comarca de Campo Grande - MS, nos autos da Ação Declaratória de Inexistência de Débito c/c Indenizatória por Danos Morais que lhe move Alfredo Aureliano Rosa - ME.

A sentença recorrida julgou procedentes os pedidos no sentido de determinar o cancelamento do protesto, bem como, condenar as recorridas solidariamente ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 4.000,00.

O recurso interposto aventa preliminar de ilegitimidade passiva ad causam e, no mérito, pugna pelo afastamento da obrigação de indenizar.

Preliminar de ilegitimidade passiva:

A jurisprudência consolidou-se no sentido de que, nas ações em que se discute a responsabilidade civil pelo protesto de título transmitido via endosso-mandato, a instituição financeira mandatária possui legitimidade passiva para responde a ação e suportar os efeitos de eventual condenação.

A quaestio iuris já foi objeto de reiterado embate no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, restando pacificado o entendimento de que:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PRIVADO – ENDOSSO-MANDATO – PROTESTO INDEVIDO – LEGITIMIDADE PASSIVA DA

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 70

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaINSTITUIÇÃO FINANCEIRA – CULPA DA ENTIDADE BANCÁRIA – DANO MORAL – PROTESTO INDEVIDO DE TÍTULO – CARACTERIZAÇÃO DA LESÃO EXTRAPATRIMONIAL – CONCLUSÃO ALCANÇADA PELA CORTE DE ORIGEM – REEXAME DOS FUNDAMENTOS – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULA 7/STJ – AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no AREsp 225.511/SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 18/02/2014, DJe 28/02/2014).

Preliminar afastada.

Mérito.

O recurso comporta provimento.

Nos casos de endosso-mandato, inexistindo ato voluntário do endossatário que desafia ou desatende determinação do endossante, sua posição equivale ao do mero executor de ordem recebida. Não subsiste nenhuma ato próprio como seu.

À propósito:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL – DUPLICATA RECEBIDA POR ENDOSSO-MANDATO – PROTESTO – RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO – NECESSIDADE DE CULPA – NO PRESENTE CASO – INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 5 E 7/STJ.

“Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula.” (RESP 1.063.474/RS, rito do art. 543-C, do CPC).

A corte local apurou que o Banco, ora recorrido, agiu como mero mandatário de título endossado por endosso-mandato, não fazendo menção sobre nenhum excesso no exercício dos poderes que lhe foram outorgados.

Dessa forma, o acolhimento das razões do recorrente demandariam o reexame dos elementos fático-probatórios dos autos e a interpretação de cláusula contratual, o que encontra óbices intransponíveis impostos pelas Súmulas 5 e 7 do STJ.

Agravo regimental não provido, com aplicação de multa. (AgRg no AREsp 456.809/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 23/10/2014, DJe 29/10/2014)

A sentença, portanto, dissona do entendimento jurisprudencial sobre a questão, razão pela qual deve ser reformada no sentido de afastar a responsabilidade do recorrente Itaú Unibanco S/A.

Diante do exposto, dou provimento ao recurso.

Sem sucumbência diante do resultado do julgamento.

É o voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 71

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0809315-19.2013.8.12.0110

Juiz Wagner Mansur Saad

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RELAÇÃO DE CONSUMO – AÇÃO INDENIZATÓRIA FUNDADA EM PROPAGANDA ENGANOSA – DANO MORAL NÃO EVIDENCIADO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

Preliminares:

Não há que se falar em irregularidade do preparo recursal porquanto a autora é beneficiária da Justiça gratuita (f. 58).

Preliminar de inépcia da incial que se confunde com o mérito. Preliminares afastadas.

Mérito:

I - O autor ingressou com ação pretendendo ser reparado pelas lesões de ordem moral que alega ter experimentado em face da propaganda enganosa praticada pela ré. Narra para tanto que teve notícia através de um outdoor de que o supermercado estaria comercializando o produto “chocolate lacta barra” no valor de R$ 2,39. No entanto, ao realizar a compra, deparou-se com um preço superior ao anunciado, qual seja o de R$ 3,39.

II - Os pedidos foram julgados improcedentes pelo julgador singular.

III - No caso presente não se trata de dano moral puro, do dano in re ipsa, daqueles que se deve indenizar pelo simples fato da violação do direito, como ocorre, verbi gratia, nas hipóteses de inscrição irregular no cadastro de inadimplentes.

IV - Com efeito, não é todo e qualquer dissabor da vida cotidiana capaz de se albergar sob o instituto do dano moral. Há que haver uma lesão efetiva e comprovada dos direitos de personalidade para caracterizar a existência de ilícito indenizável por ocorrência de danos morais.

V - Assim, “só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos” (FILHO, Sérgio Cavaliere. Programa de Responsabilidade Civil. 4ª.ed. [S.l.]: Malheiros, 2003. p. 99).

VI - A propaganda enganosa, o defeito no produto ou a má-prestação do serviço, por si só não caracteriza abalo emocional anômalo. A situação experimentada pelo autor, se desacompanhada de outras circunstâncias, não caracteriza dano moral indenizável. Não tendo o autor demonstrado em que consiste o efetivo transtorno de ordem psíquica em que se funda o pedido, correta a sentença pela improcedência. Insta dizer que tal providência era ônus que lhe competia, pois, além de caracterizar-se fato constitutivo de seu direito, a ocorrência de dano é prova impossível de ser produzida pelo réu, razão pala qual despiciendo

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 72

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciadiscorrer sobre a inversão do ônus da prova e impossibilidade de produção de tal prova em razão da ausência da ré em audiência de instrução e julgamento.

VII - Recurso improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em R$ 500,00 (quinhentos reais). Porquanto beneficiário da gratuidade Judiciária, a verba sucumbencial deverá permanecer suspensa nos termos da Lei nº 1.060/50. Fica deferido o pedido de Justiça gratuita nessa fase processual.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 15 de dezembro de 2014.

Juiz Wagner Mansur Saad - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 73

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Mutirão - Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0001921-24.2013.8.12.0003 - Bela Vista

Relator Juiz Wilson Leite Correa

EMENTA – ACIDENTE DE TRÂNSITO – REPARAÇÃO DE DANOS – COLISÃO COM VEÍCULO ESTACIONADO – AUSÊNCIA DE CAUTELA DOS CONDUTORES – CULPA CONCORRENTE – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes do Mutirão - 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, prover o recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 27 de maio de 2015.

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

RELATÓRIO

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

O relatório é dispensado nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Wilson Leite Corrêa – Relator

Trata-se de ação de indenização por danos materiais derivada de acidente de trânsito proposta por Antonio Barbosa em face de Hordones José Alves, qualificados nos autos, por fato ocorrido na cidade de Bela Vista/MS, na data de 01/10/2013.

A sentença recorrida condenou o requerido no pagamento da importância de R$ 2.300,00 (dois mil e trezentos reais), a título de danos materiais, valor esse que corresponde às despesas que o requerente dispendeu para consertar seu veículo.

Nos termos da sentença, a culpa do requerido consistiu no fato de haver aberto a porta esquerda do seu veículo sem observar as condições do tráfego, com inobservância do disposto no art. 49 do Código de Trânsito Brasileiro, a qual dispõe que:

“O condutor e os passageiros não deverão abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo para eles e para outros usuários da via”.

Ocorre que a análise dos autos revela que o veículo Fiat Uno placas NRW 4452, conduzido pelo requerido, estava regularmente estacionado, consoante consta do boletim elaborado pela polícia militar

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência(fl. 4), quando o veículo Fiat Palio placas HSC 2807, conduzido pelo requerente, acabou por colidir com a porta do veículo que estava estacionada e com a porta aberta.

O requerido afirma que o requerente estacionou o veículo palio atrás do veículo uno e, em seguida, saiu rápido do estacionamento, situação essa confirmada pela testemunha Afonso Valhovera de Souza, única ouvida na instrução da causa (fl. 33).

O requerente afirma que não chegou a estacionar seu veículo atrás do veículo do requerido, sendo que decidiu estacionar mais a frente, pois estava vindo um ônibus (fl. 31).

As circunstâncias do fato revelam que não só a conduta do requerido foi em desacordo com a legislação de trânsito, mas também a do requerente.

Com efeito, o art. 29, II, do CTB dispõe o seguinte:

“Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:(...)

II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas”.

Logo, nos termos de tal dispositivo legal, o condutor deve “guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos” sendo certo que a dinâmica dos fatos comprova que o requerente não guardou essa distância de segurança, tanto que abalroou a porta do veículo do requerido, que aparentemente estava entreaberta, tanto que o requerido não foi atingido na colisão.

Ademais, consta dos autos a informação de que o requerente estacionou seu veículo e saiu rapidamente com ele, situação que pode ter dificultado a atuação do requerido.

A conclusão que se obtém é de que houve culpa concorrente nos fatos, do requerente por inobservar o disposto no art. 29, II, do CTB e do requerido por desatender o disposto no art. 49 do mesmo Código, e ambos por não agir com a prudência necessária exigida pelo art. 28 do mesmo Código.

Em tal contexto, à míngua de preponderância da culpa de qualquer dos envolvidos no acidente, a providência que se impõe é o julgamento de improcedência do pedido formulado na petição inicial, devendo ser provido o recurso e reformada a sentença.

É o voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 75

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Mutirão - Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0001954-78.2013.8.12.0014 – Maracaju

Relator Juiz Wilson Leite Correa

SÚMULA DE JULGAMENTO

Trata-se de ação de indenização por danos morais proposta pela pessoa jurídica Pedro Antunes de Souza – ME em face da empresa Palavra & Prece Editora Ltda, qualificadas nos autos, decorrente de protesto indevido relativo a contrato de compra e venda celebrado entre as partes.

Restou incontroverso nos autos que a requerente adquiriu livros da requerida com pagamento em 03 (três) parcelas, as quais foram devidamente quitadas nas datas de vencimento (fls. 09/13), entretanto, foi concretizado o protesto das duplicatas mercantis correspondentes (fls. 07/08).

Nos termos da súmula 227 do E. STJ “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”, sendo tal entendimento a consagração de que a pessoa jurídica nas suas relações negociais pode ser prejudicada quando, v.g, possua restrições cadastrais como a derivada de protesto de títulos.

Comprovado o protesto indevido exsurge o dever de indenizar, sendo certo que a sentença recorrida bem delineou os elementos da responsabilidade civil e os parâmetros na fixação do dano moral subjacente.

A alegação de que o título foi protestado por erro da Caixa Econômica Federal, responsável pela cobrança do título, não pode ser oposta à autora da ação, haja vista que a relação jurídica de direito substantivo foi travada com a requerida. Eventual ação de regresso deve ser aviada nos termos da legislação processual, posto que no sistema da Lei 9.099/95 não se admite intervenção de terceiros (art. 10).

Sentença mantida por seus próprios fundamentos nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Condenação do recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios arbitrados no percentual de 10% (dez por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Mutirão - 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 27 de maio de 2015

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

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Mutirão - Primeira Turma Recursal Mista Apelação n. 0807727-74.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Wilson Leite Correa

SÚMULA DE JULGAMENTO

Trata-se de ação na qual se pretende a declaração de inexistência de débito junto à concessionária de energia elétrica, referente a tarifação realizada nos termos do art. 130, V, da Resolução 414/2010/ANEEL, bem como condenação por danos morais decorrentes da cobrança indevida.

Comprovação nos autos através de laudo pericial 12.999/12 elaborado pelo INMETRO de que o medidor de energia foi violado estava registrando consumo inferior ao efetivo. Laudo que conclui “Medidor com fases B e C não registrando consumo. Medidor blindado com a base serrada por agente externo, danificando o circuito elétrico/eletrônico. A indicação da energia medida não corresponde à energia consumida” (fl. 86).

Histórico de consumo de energia elétrica medida no período anterior à substituição do medidor, de 08/2010 a 02/2013, que atinge média de 2.815 kwh. Consumo aferido com o novo medidor em 02/2013 de 4.376 kwh e 03/2013 de 7.792 kwh, muito superior ao registrado com o medidor violado. Arbitramento de consumo em conformidade com a Resolução 414/2010/ANEEL.

A existência de violação do medidor com consequente registro a menor do consumo, aliada à inexistência de suspensão do fornecimento de energia ou qualquer inclusão do nome do consumidor nos órgãos de restrição como SPC e SERASA, implicam em descabimento de qualquer indenização por dano material ou material. Conduta lícita da concessionária de energia. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.

Condenação da parte autora no pagamento das custas processuais de honorários advocatícios arbitrados no percentual de 10% (dez por cento) do valor atribuído à causa, ficando a cobrança suspensa na forma da Lei nº 1.060/50, haja vista a parte autora ser beneficiária da gratuidade judiciária.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Mutirão - 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 27 de maio de 2015.

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

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Mutirão - Primeira Turma Recursal Mista Mandado de Segurança n. 4000182-20.2013.8.12.9000 - Chapadão do Sul

Relator Juiz Wilson Leite Correa

MANDADO DE SEGURANÇA – IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – DECISÃO QUE DESAFIA RECURSO INOMINADO – PRECEDENTES – ORDEM CONCEDIDA.

A decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença é impugnável recurso inominado previsto no art. 42 da Lei nº 9.099/99.

Ordem concedida para determinar o processamento do recurso.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conceder a ordem, nos termos do voto do relator.

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

RELATÓRIO

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

O relatório é dispensado nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

Trata de mandado de segurança impetrado em face de decisão proferida pelo Juízo do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Chapadão do Sul, que negou seguimento a recurso inominado interposto em face de decisão que julgou improcedente a impugnação ao cumprimento de sentença.

Em que pese os argumentos aduzidos pela autoridade impetrada nas informações prestadas, fato é que a decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença tem natureza jurídica de sentença, desafiando, via de corolário, a interposição de recurso inominado a que alude o art. 42 da Lei nº 9.099/95.

A respeito da natureza jurídica da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença, constata-se que tal decisão põe término a tal fase do procedimento e, caso não fosse admitido o recurso inominado, tornar-se-ia uma decisão irrecorrível no âmbito do sistema da Lei nº 9.099/95.

Aliás, antes da criação do atual modelo de cumprimento de sentença, o enunciado 143 do FONAJE já disciplinava que a decisão que julga os embargos à execução era impugnável através de recurso inominado, situação que deve ser transplantada para o regime atual de modo a possibilitar o exercício da ampla defesa em sua forma ampla.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaA matéria já foi apreciada nas Turmas Recursais deste Estado, sendo pacificado semelhante

entendimento, como se vê do julgado a seguir transcritos:

“MANDADO DE SEGURANÇA – JUÍZO NEGATIVO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO INOMINADO – DECISÃO QUE JULGOU IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – INTELIGÊNCIA DO ENUNCIADO Nº143 DO FONAJE – CONCESSÃO DA SEGURANÇA” (Relator(a): Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida; Comarca: Chapadão do Sul; Órgão julgador: 3ª Turma Recursal Mista; Data do julgamento: 24/10/2014; Data de registro 24/10/2014).

Diante do exposto, com o parecer da representante do Ministério Público, concedo a ordem para confirmar a liminar deferida e determinar o processamento do recurso inominado interposto pela impetrante, preenchidos os demais requisitos legais.

É o voto.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Mutirão - Primeira Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 4000318-80.2014.8.12.9000/50000 - Bataguassu

Relator Juiz Wilson Leite Correa

MANDADO SEGURANÇA SUBSTITUTIVO DE RECURSO – INADEQUAÇÃO DA VIA – AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

O mandado de segurança contra decisão judicial constitui providência excepcional e não é admissível em face de decisão sujeita a recurso.

A sentença homologatória é impugnável pela via recursal prevista na Lei 9.099/95, não podendo a estreita via do mandado de segurança ser utilizada como substitutiva de tal recurso.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Mutirão - 1ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 27 de maio de 2.015.

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

RELATÓRIO

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

O relatório é dispensado nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Wilson Leite Corrêa - Relator

O agravo regimento impugna decisão proferida pelo Relator Juiz Wagner Mansour Saad, que indeferiu a petição inicial do mandado de segurança impetrado em face do Juízo do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Bataguassu/MS, que, ao homologar sentença proferida por juiz leigo, acresceu que eventuais pagamentos decorrentes da condenação devem ser feitos diretamente ao credor, não sendo admitido qualquer depósito judicial.

Na decisão recorrida sustenta-se que o mandado de segurança não pode ser utilizado como sucedâneo de recurso quando a decisão judicial seja recorrível, sendo que no caso em tela trata-se de sentença proferida pelo juízo de origem que poderia ser atacada pelo recurso inominado a que alude o art. 41 da Lei nº 9.099/95.

A despeito de guardar reservas em relação ao mérito da decisão proferida em 1ª instância, mas certo de que o magistrado assim procedeu por algum motivo legítimo, fato é que a sentença proferida era sim impugnável na via recursal estabelecida na Lei nº 9.099/95, mais precisamente, poderia ser interposto o

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciarecurso inominado em relação à mesma, entretanto, a impetrante não adotou tal via, preferindo impetrar mandado de segurança em face da decisão judicial.

Como asseverado na decisão recorrida, cujos fundamentos de decidir adoto, a impetração de mandado de segurança em face de decisão judicial tem aplicação restrita, devendo a hipótese tratar-se de clara e irretorquível ilegalidade ou abuso de poder e, concomitantemente, a decisão assim proferida não pode comportar recurso, caso contrário estará impedida a utilização do mandado de segurança.

A matéria, aliás, consta pacificada em súmula do Supremo Tribunal Federal, mais precisamente a súmula 267, que contém o seguinte teor: “Súmula 267. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.

Diante do exposto, nego provimento ao agravo regimental, mantendo incólume a decisão que indeferiu a petição inicial.

É o voto.

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Segunda Turma Recursal Mista

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 82

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0007769-25.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Albino Coimbra Neto

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 06 de julho de 2015

Juiz Albino Coimbra Neto - Relator

RELATÓRIO

Trata-se de recurso em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos do apelante.

Aduz que a Corretora Marsh é parte legítima, por ter intermediado o seguro pactuado entre o apelante e a Cardif do Brasil Seguros e Previdência.

Quanto ao mérito, sustentou que adquiriu um seguro que pagaria suas faturas em caso de desemprego, porém desconhecia a exigência de carência que impunha um período mínimo de doze meses de vínculo empregatício registrado em carteira de trabalho e que não lhe foi oportunizado conhecimento prévio das condições da apólice.

Aduz, ainda, que as letras do contrato são minúsculas dificultando a compreensão.

Pugna pela reforma da sentença para que seja reconhecida a legitimidade passiva das duas primeiras apeladas e que sejam condenadas a pagar a indenização decorrente do sinistro, porquanto ficou desempregado. Igualmente pugna pelo acolhimento do pedido de obrigação de fazer para que seu nome não seja inscrito nos cadastros de proteção ao crédito e que seja indenizado por danos morais.

As apeladas pugnaram pela manutenção da sentença.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Juiz Albino Coimbra Neto (Relator)

Inicialmente, passo à análise da preliminar de ilegitimidade passiva.

Não há dúvida que o contrato foi celebrado no interior do supermercado Carrefour, por intermédio da corretora Marsh ocasião em que o apelante optou por aderir ao seguro em face de desemprego involuntário da Cardif seguradora.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 83

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaEm casos tais, as apelantes atuaram como meras intermediárias, não possuindo legitimidade passiva

para suportar a condenação, havendo nesse sentido reiterados precedentes deste Tribunal e do Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

“EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE COBRANÇA – SEGURO PRESTAMISTA – ESTIPULANTE DO CONTRATO – ILEGITIMIDADE PASSIVA – PRELIMINAR ACOLHIDA. A mera intermediária de contrato de seguro prestamista é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da ação de cobrança de repetição de indébito, em que o autor pretende receber o valor do seguro.” (Relator(a): Des. Rubens Bergonzi Bossay; Apelação Cível - Ordinário - N. 2009.005722-6/0000-00 - Campo Grande, Órgão julgador: 3ª Câmara Cível; Data do julgamento: 08/03/2010; Data de registro: 15/03/2010)

E ainda,

“CIVIL E PROCESSUAL – SEGURO – COBRANÇA CONTRA CORRETORA – INSTITUIÇÃO ESTIPULANTE – ILEGITIMIDADE PASSIVA – ELEMENTOS FÁTICOS E CONTRATUAIS – INTERPRETAÇÃO – REEXAME – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULAS N. 5 E 7- STJ. I. Controvérsia solucionada à luz da prova e do contrato, cujo reexame é obstado no âmbito do STJ, em face das Súmulas n. 5 e 7, assentado que a ré figura no contrato na condição de mera estipulante, portanto não parte passiva legítima para a causa, estando desobrigada de arcar com o pagamento da obrigação de indenizar. Precedentes do Tribunal. II. Divergência jurisprudencial não demonstrada. III. Recurso especial não conhecido.” (STJ - REsp: 1045616 DF 2008/0069652-2, Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior, Data de Julgamento: 21/08/2008, T4 - Quarta Turma, Data de Publicação: DJe 13/10/2008)

Esta turma recursal já possui inclusive precedente análogo, tratando-se dos autos nº 0801349-61.2011.8.12.0114.

Desta feita, nenhum reparo merece a sentença quanto a este ponto, mantendo-se incólume o reconhecimento da ilegitimidade passiva da apelada Marsh corretora.

Do prévio conhecimento das condições contratuais

De fato, o Código de Defesa do Consumidor prevê em seu artigo 46 que os contratos não vincularão os consumidores se não for lhe dada oportunidade de prévio conhecimento do conteúdo.

No caso dos autos, o contrato de f. 8, assinado pelo consumidor no dia da contratação (16/11/2013), coloca claramente a exigência de doze meses de contrato de trabalho para poder acionar a cobertura do seguro, não havendo a menor dúvida quanto à sua interpretação.

Era um termo de adesão simples, de uma lauda, que poderia muito bem ler na hora antes de assinar, e se não fez assumiu os ônus de sua desídia. Situação distinta seria de um contrato de inúmeras laudas e muitas cláusulas, que demandaria um período de maior reflexão antes da assinatura.

A conduta do consumidor beira à má-fé, uma vez que o documento por ele assinado e juntado ao processo mostra de informa indubitável as restrições contratuais.

Mas ainda que não fosse o caso, a demanda estaria fulminada pela prescrição, uma vez que o contrato foi firmado em 16/11/2013 e a ação ajuizada em 26/06/2014

Ocorre que neste caso, em razão do suposto vício de informação, o consumidor deveria ter demandado a rescisão contratual em até noventa dias, nos termos do art. 26, II, do CDC, uma vez que após nova leitura do contrato deveria ter percebido a exigência de carência e se com ela não concordasse que promovesse o distrato ou reclamação administrativa.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaÉ igualmente verdade que a reclamação formulada junto ao PROCON suspende esse fluxo, porém o

consumidor não fez prova da data do protocolo de seu requerimento, ônus que lhe competia.

Assim, por todos os ângulos que se analisa a questão, é que a improcedência do pedido é medida que se mantém.

Recurso conhecido e não provido. Condenação do apelante nas custas e honorários advocatícios, no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, que fica sobrestado nos termos do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0802259-59.2013.8.12.0004 - Amambai

Relator Juiz Albino Coimbra Neto

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL REJEITADA – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – APOSENTADO – AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTRAPRESTAÇÃO – PARCELAS DO EMPRÉSTIMO DESCONTADAS INDEVIDAMENTE DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – MÁ-FÉ CARACTERIZADA – RESTITUIÇÃO EM DOBRO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DEVIDAS – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Quanto à preliminar de incompetência do juizado ante a realização de perícia grafotécnica, rejeito-a, uma vez que o que está em questão não é apenas a regular contratação, mas também a prova da contraprestação.

Neste particular, verifica-se que a apelante não comprovou o creditamento dos valores para o apelado. O fato de ter solicitado ao juízo que oficiasse ao Banco do Brasil (instituição em que o apelado recebe o benefício) para obter informações quanto ao saque dos valores por parte do beneficiário.

O que o apelante deveria comprovar é se houve a transferência do numerário para a conta do apelado, independente de quem sacou o valor posteriormente. Houvesse essa prova, o mutuante teria se desincumbido do ônus de comprovar sua contraprestação na avença.

Como a Recorrente não se desincumbiu desse encargo processual, é devida a restituição de valores e não há como afastar a competência do juizado especial, uma vez que se existisse a mencionada documentação completa (contratação e contraprestação, cumulativamente) ai se poderia alegar a complexidade.

Reconhecida a ausência de contraprestação, impõe-se a devolução em dobro dos valores descontados indevidamente, consoante o parágrafo único do art. 42 do Código de Defesa, ante a ausência de engano justificável e à total da falta de cautela na realização desses procedimentos.

Por derradeiro, está patente o dano moral, uma vez que a retirada indevida de dinheiro, pensão ou recursos de quem quer que seja sem que tenha havido justificativa (contraprestação), é fato extremamente grave, pois priva a pessoa injustamente de recursos indispensáveis à sua sobrevivência.

Tais situações provocam indubitável dor psíquica e aflição, que devem ser compensadas pelo ofensor, para que não reincida nessa prática tão reprovável. O valor arbitrado (R$ 2.000,00), no caso, é até inferior ao patamar mínimo desta turma, o que recomenda sua manutenção.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, § 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 20% (vinte por cento) do valor da condenação

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 86

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 19 de outubro de 2015

Juiz Albino Coimbra Neto - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 87

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0804139-10.2014.8.12.0018 - Paranaíba

Relator Juiz Albino Coimbra Neto

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO – COBRANÇA INDEVIDA E VEXATÓRIA – DESCONTOS INDEVIDOS NA CONTA TELEFÔNICA DE SERVIÇO NÃO CONTRATADO – SITUAÇÃO QUE ULTRAPASSA O PLANO DO MERO ABORRECIMENTO – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A apelada comprovou a f. 03 os inúmeros protocolos das ligações solicitando o cancelamento da inserção arbitrária do serviço VO TIM Protect Família em sua linha pré-paga e do ressarcimento dos créditos subtraídos, sendo indevida a cobrança do valor R$ 7,90 (sete reais e noventa centavos), em razão de ausência de contratação do serviço.

Os descontos indevidos prosseguiram mesmo após o ajuizamento da ação (f. 39/41 e f. 66/75, por vários meses, quando a apelante já estava mais do que ciente de que a consumidora não desejava o serviço.

Com relação ao suposto comprovante de contratação juntado pela empresa a f. 46, não se refere ao produto questionado, mas sim a outros serviços móveis.

Assim, não poderia a apelante efetuar cobranças destes valores, porquanto indevidos, ainda mais de forma tão recalcitrante.

Como se sabe a realização de cobrança indevida, em regra, não ultrapassa o mero aborrecimento, porém o caso possui contornos distintos e que justificam a indenização pela lesão moral.

Isto porque a apelada buscou meios amigáveis para resolver a questão, porém mesmo assim, sempre após colocar recarga de crédito em sua linha telefônica recebia a subtração do importe de $7,90(sete reais e noventa centavos), valores estes indevidos, conforme robustamente demonstrado pela apelada as f. 42, 68,74 e 150.

Demais disso, a cobrança continuou ao longo de todo o processo, mesmo após a citação da apelante. Desta feita, ainda que se pudessem admitir as cobranças anteriores ao ajuizamento como legítima, as posteriores jamais poderiam sê-lo, uma vez que um dos efeitos da citação é justamente tornar litigiosa a coisa (art. 219 do CPC).

Nestas hipóteses, é devida a indenização por danos morais, sendo que o valor arbitrado (R$ 2.000,00), é razoável e compatível com o dano causado, e respeita os parâmetros fixados por esta turma para casos similares, razão pela qual não deve ser minorado. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida. Condenação do apelante nas custas e honorários, no percentual de 20% (vinte por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 19 de outubro de 2015

Juiz Albino Coimbra Neto - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 88

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0807311-72.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Albino Coimbra Neto

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 18 de maio de 2015

Juiz Albino Coimbra Neto - Relator

RELATÓRIO

Dispensado, nos termos da legislação de regência.

VOTO

Juiz Albino Coimbra Neto

Trata-se de recurso de apelação em face da sentença que fixou em R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais) o valor da indenização por danos morais, em razão de cancelamento de voo motivado por venda de passagens além da capacidade, o chamado “overbooking”.

Pretende a apelante obter a majoração para o patamar de R$ 8.000,00 (oito mil reais) ou valor que a turma recursal entender adequado.

A fixação dos danos morais envolve a apreciação de diversos critérios, em razão das variantes do caso concreto.

Nesse aspecto, tem-se que há de ser levada em conta a situação econômica do autor, bem como o montante do prejuízo moral sofrido.

Também se leva em consideração o fato de que a indenização não há de se tornar meio de enriquecimento por parte do autor, eis que não se trata de loteria, mas sim de reparação por um dano sofrido.

Acresce-se, ainda, entender-se que a indenização tem também caráter educativo e repressivo, posto que visa não somente ressarcir o dano, mas ainda evitar que o ofensor dê azo a novos fatos similares, sem implicar isto em dupla apenação pelo mesmo ato. Notadamente, no caso em tela em que a falha no sistema interno perpetrada contra o autor e sua esposa é confesso.

É esse o ensinamento que se abstrai da doutrina:

Todavia, a compensação da vítima tem um sentido punitivo para o lesionador, que encara a pena pecuniária como uma diminuição do seu patrimônio material em decorrência de seu ato lesivo. Esse confronto de forças, de um lado a vítima que aplaca o seu sentimento

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 89

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciade vingança pela compensação recebida e do outro o lesionador que punitivamente paga pelos seus atos inconseqüentes, é forma de o Estado agir para conseguir o equilíbrio de forças antagônicas. (Clayton Reis. Dano Moral. [S.l.]: Forense, 1991. p. 82.)

Entendimento esse, aliás, mantido ainda por nosso Tribunal de Justiça em decisão recente mantendo sentença de lavra desse juízo em caso similar:

AGRAVO REGIMENTAL – DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGA SEGUIMENTO A RECURSO DE APELAÇÃO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CADASTRO DE CONTROLE DE CRÉDITO – INSCRIÇÃO – INDEVIDA – DANOS MORAIS – QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO – PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE ATENDIDO – REGIMENTAL IMPROVIDO.

Em ação de indenização por dano moral, o arbitramento, como assinalado em diversa oportunidades, deve operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, à gravidade da lesão, e deve servir também como medida educativa, obedecendo sempre aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. (DJ-MS nº 563, pág. 17, 3ª Turma Cível, Rel. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte. Unânime. Negritamos).

Há de se considerar a capacidade econômica do recorrido, fator a ser correlacionado com o caráter repressivo anteriormente citado. Levando-se em conta tais parâmetros, e que a indenização não há de ser pequena a ponto de menosprezar o dano sofrido nem grande a ponto de configurar enriquecimento ilícito.

No caso dos autos, o valor arbitrado (R$ 1.600,00) é insuficiente para reparar o ilícito, contudo o valor pretendido inicialmente (R$ 8.000,00) excede a média desta turma para casos análogos e só se justificaria em caso de outras repercussões, além da própria negativa de embarque.

Ademais, o fato de a esposa do autor, em outra ação, pelos mesmos fatos ter sido indenizada em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), por óbvio não vincula estes julgadores, mas que se observar a desproporção entre as condenações quando relacionadas a um mesmo incidente.

Assim, o valor deve ser majorado para R$ 3.000,00 (três mil reais) por ser razoável e adequado para compensar a dor da vítima, no caso concreto.

Do dispositivo

Ante o exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento para majorar a indenização por danos morais para R$ 3.000,00 (três mil reais).

Deixo de condenar nas verbas de sucumbência, uma vez que somente são devidas ao recorrente vencido (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/95) e no caso, o recorrente sagrou-se vencedor.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 90

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Habeas corpus n. 4000042-15.2015.8.12.9000 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Albino Coimbra Neto

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, e com o parecer, conhecer e denegar a ordem, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 6 de julho de 2015

Juiz Albino Coimbra Neto - Relator

RELATÓRIO

Trata-se de ordem de habeas corpus em face da decisão que rejeitou a exceção de litispendência (nº (0013489-70.2014.8.12.0110), autuada por dependência ao TCO nº 0010943-42.2014.8.12.0110, em que se apura a conduta de abuso de autoridade.

Aduz o impetrante que o paciente, policial militar, está sendo processado duplamente em decorrência da lesão corporal perpetrada em face da vítima José Pereira Júnior, ocorrida em 02/11/2012.

Isto porque está respondendo junto ao Juizado Especial pelo delito de abuso de autoridade decorrente da lesão e pela lesão em si no âmbito do juízo comum da Auditoria Militar (autos nº 0028898-59.2013.8.12.0001).

Sustenta que a jurisprudência é uníssono quanto à absorção do delito de abuso de autoridade pela lesão corporal, quando cometido contexto do serviço militar, atraindo a competência da justiça castrense, com exclusividade.

Pediu liminar para imediata suspensão do termo circunstanciado e ao final, concessão da ordem de habeas corpus para trancamento da ação penal.

A liminar foi indeferida pela então relatora deste feito (f. 205).

As informações fora prestadas a f. 209/210 e o parecer ministerial de f. 212/218 foi no sentido do não conhecimento e subsidiariamente pela denegação da ordem.

Vieram-me conclusos para decisão.

VOTO

O Sr Juiz Albino Coimbra Neto (Relator)

Quanto ao cabimento da impetração, constato que a via eleita é adequada.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 91

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaIsto porque se insurge o impetrante contra a decisão que rejeitou a exceção de litispendência, a qual

não comporta espécie recursal típica.

A referida hipótese não está contemplada dentre as hipóteses de recurso em sentido estrito (art. 581 do CPP), porquanto se trata de exceção rejeitada e não acolhida. Igualmente não se trata de sentença, rejeição de denúncia ou queixa, hipóteses que desafiaram apelação criminal no âmbito dos juizados (art. 87 da Lei nº 9.099/95).

Desta feita, há apenas a medida heróica e residual do habeas corpus.

Superada essa questão, passo a análise dos fundamentos do presente remédio constitucional.

Em que a existência de entendimentos isolados em alguns tribunais estaduais, é cediço que o delito de abuso de autoridade ainda que decorrente de lesão corporal e praticado na seara castrense não afasta a competência da justiça comum.

É esse o posicionamento reiterado e sumulado no Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

Súmula 90: compete a justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e a comum pela pratica do crime comum simultâneo aquele.

Súmula 172: compete a justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL – MILITAR – CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE – SÚMULA Nº 172/STJ – LESÕES CORPORAIS LEVÍSSIMAS. – ART. 209 § 6º CPM – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE. 1. Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. (Súmula nº 172/STJ). 2. O delito de lesões corporais levíssimas, segundo art. 209, § 6º do CPM, pela insignificante potencialidade, pode ser considerado como infração disciplinar, sendo conduta atípica no Direito Penal Militar. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Vara de Horizontina – RS, juízo suscitante. (CC 66598 / RS - Conflito de Competência - 2006/0157224-8. Relator Ministro OG Fernandes (1139)- S3 - Terceira Seção – DJ 29/10/2008)

PROCESSUAL PENAL – COMETIMENTO SIMULTÂNEO DE CRIME MILITAR E CRIME PREVISTO NO CÓDIGO PENAL – INVASÃO DE DOMICÍLIO, LESÃO CORPORAL LEVE E ABUSO DE AUTORIDADE – CONEXÃO – IMPOSSIBILIDADE – SEPARAÇÃO DOS JULGAMENTOS – TRANSAÇÃO PENAL QUANTO AO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE NÃO IMPLICA EM RECONHECIMENTO DE COISA JULGADA EM RELAÇÃO AOS CRIMES MILITARES – APLICAÇÃO DA SÚMULA 90 DO STJ – ORDEM DENEGADA. 1- Mesmo havendo a conexão entre o crime de abuso de autoridade, de competência da Justiça comum e de lesão corporal leve e violação de domicílio, previsto no Código Penal Militar, não é possível o seu julgamento por uma única das Justiças, diante de vedação expressa. 2 - O crime de abuso de autoridade deve ser examinado pelo Juizado Especial e os de invasão de domicílio e lesão corporal leve pela Justiça Militar. 3 - A transação penal ofertada aceita e homologada no Juizado Especial não constitui causa de extinção da punibilidade em relação aos crimes de lesões corporais leves e invasão de domicílio, previstos no Código Penal Militar. 4. Ordem denegada. (HC 81752 / RS - Habeas corpus 2007/0090809-7 – Rel. Ministra Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) (8145) - T5 - Quinta Turma dj 27/09/2007).

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 92

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaDesta feita, é incabível o trancamento do TCO, porquanto a apreciação do delito de abuso de

autoridade é, efetivamente, de competência do juizado especial criminal e o de lesão corporal da Justiça Militar, não havendo qualquer ilegalidade ou abusividade na decisão da autoridade reputada coatora.

Isso posto, denego a ordem de habeas corpus.

Sem sucumbência.

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Segunda Turma Recursal - Mutirão Apelação n. 0800374-70.2014.8.12.0005 - Aquidauana

Relator Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito

EMENTA – RECURSO INOMINADO DA PARTE REQUERIDA – SENTENÇA PROCEDENTE – AUSÊNCIA DE PRELIMINARES – MÉRITO – TRANSPORTE AÉREO – CANCELAMENTO DE VOO – ALEGAÇÕES RECURSAIS – 1) ALEGAÇÃO DE CULPA EXCLUSIVA DO AUTOR – TESE REJEITADA – DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – DANOS MATERIAL E MORAL CONFIGURADOS – 2) ALEGAÇÃO DE DESCABIMENTO DOS DANOS MATERIAIS – COMPROVAÇÃO – TESE REJEITADA – 3) ALEGAÇÃO DE EXCESSIVO VALOR ATRIBUÍDO À CONDENAÇÃO – TESE REJEITADA – QUANTUM PROPORCIONAL – OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE – SENTENÇA QUE NÃO MERECE REFORMA – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1) As condições de embarque, ainda que se refiram a bilhetes promocionais devem ser previa e suficientemente informadas aos consumidores, sob pena de serem desconsideradas por ofensa ao Código de Defesa do Consumidor. No caso, não tendo a recorrente apresentado qualquer prova que justificasse o cancelamento automático da passagem (trecho conexão e de volta), e não comprovando igualmente que o consumidor tenha sido advertido das condições impostas quanto ao uso de bilhete promocional, deve responder pelo constrangimento gerado ao consumidor. Nesse sentido: TJ-MS, Apelação n. 0013209-07.2011.8.12.0110, Rel. Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente, julgado em 13/04/2012, 3ª Turma Recursal Mista; TJ-MS, Apelação n. 0803002-76.2012.8.12.0110, Rel. Juiz Thiago Nagasawa Tanaka, julgado em 09/12/2013, Mutirão - 1ª Turma Recursal Mista; TJ-MS, Apelação n. 0007208-69.2012.8.12.0110, Rel. Juiz Paulo Henrique Pereira, julgado em 06/11/2013, 3ª Turma Recursal Mista.

2) É de se reconhecer a obrigação da Empresa recorrente em indenizar os danos materiais causados ao consumidor em virtude do cancelamento unilateral do contrato, porquanto houve necessidade de aquisição de nova passagem aérea (fls. 26-27), gastos com estadia em razão do não retorno no período programado, hospedagem, da multa para renovação da passagem. Danos materiais mantidos. Tese rejeitada.

3) Por outro lado, na quantificação do dano moral foram considerados os critérios de razoabilidade e da proporcionalidade, observando-se a relação entre o conjunto fático-probatório apresentado, razão pela qual o quantum fixado não se mostra excessivo.

4) Sentença mantida integralmente.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul - Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Custas e honorários advocatícios pela parte recorrente, estes fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Presidiu o julgamento, a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente, e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 94

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

RELATÓRIO

VGR Linhas Aéreas S.A interpõe recurso inominado contra a sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito do Juizado Especial da Comarca de Aquidauana-MS, que, nos autos de “ação de indenização por danos morais e materiais”, ajuizada por Marcello Augusto Ferreira da Silva Portocarrero, julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais para “condenar a VRG Linhas Aéreas S/A ao pagamento, de forma simples, do valor de R$ 1.408,43 (mil quatrocentos e oito reais e quarenta e três centavos) demonstrados através dos documentos de fls. 47/53, devidamente corrigido com juros de 1% (um por cento) ao mês e correção monetária pelo IGPM/FGV a incidir ambos a partir da distribuição da demanda, condeno, ainda, ao pagamento de indenização pelos danos morais ocasionados, os quais arbitro em R$ 8.000,00 (oito mil reais) acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação e correção monetária pelo IGPM/FGV desde o arbitramento da sentença”.

Em suas razões recursais, sustenta a recorrente, que os danos suportados pelo autor/recorrido se deram por sua própria culpa, pois alterou o trecho de ida e não embarcou no trecho Natal-Guarulhos (localizador KHQUKX) e, por previsão contratual, os trechos subsequentes seriam cancelados. Fundamenta que se verificar a data da volta pelo cartão de embarque utilizado na ida, a parte recorrida não se apresentou para os procedimentos de embarque, razão pela qual foi impedida de embarcar no outro trecho contratado, sendo certo que a empresa recorrente não tem qualquer responsabilidade pelos supostos danos alegados. Afirma que não pode ser imputado à companhia aérea o ônus indenizatório a título de danos materiais, haja vista que a parte autora não comprovou ter suportado qualquer prejuízo de ordem patrimonial decorrente da conduta da companhia aérea. Aduz que deve ser rechaçada a condenação em danos morais, sendo certo que o cancelamento das passagens gerou mero dissabor, uma vez que não houve prejuízo ocasionado à parte recorrida.

Marcello Augusto Ferreira da Silva Portocarrero apresentou contrarrazões recursais, às fls. 160-166, pugnando pela manutenção da sentença vergastada.

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto por VRG Linhas Aéreas S/A contra a sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da Comarca de Aquidauana-MS, que, nos autos de “ação de indenização por danos morais e materiais”, ajuizada por Marcello Augusto Ferreira da Silva Portocarrero, julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais para “condenar a VRG Linhas Aéreas S/A ao pagamento, de forma simples, do valor de R$ 1.408,43 (mil quatrocentos e oito reais e quarenta e três centavos) demonstrados através dos documentos de fls. 47/53, devidamente corrigido com juros de 1% (um por cento) ao mês e correção monetária pelo IGPM/FGV a incidir ambos a partir da distribuição da demanda, condeno, ainda, ao pagamento de indenização pelos danos morais ocasionados, os quais arbitro em R$ 8.000,00 (oito mil reais) acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação e correção monetária pelo IGPM/FGV desde o arbitramento da sentença”.

O autor, ora recorrido, ingressou com a presente ação alegando que teria adquirido uma passagem aérea de ida e volta, com destino final a cidade de Buenos Aires-Argentina, para participar de curso de doutorado e que, no dia 13/07/2013, em conexão no aeroporto de Guarulhos, após ter efetivado o check-in e embarcado na aeronave (f. 25), foi convidado pelo comissário de bordo a se retirar do avião e que suas passagens de ida e volta haviam sido canceladas, forçando-o a comprar outras passagens pela empresa Aerolíneas Argentinas (fls. 26-27), requerendo a restituição do valor das passagens aéreas, de diária de hospedagem, da multa para renovação da passagem, bem como indenização em danos morais.

Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, passo à análise do mérito.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 95

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaDa alegação de culpa exclusiva do autor

Os elementos que instruem o feito comprovam que o recorrido adquiriu junto à empresa recorrente passagens aéreas e que foi impedido de seguir viagem após check in em Guarulhos, em razão do cancelamento de sua passagem, sem prévia comunicação por parte da empresa recorrente (fls. 25-46) e sem a devida informação dos motivos.

Com efeito, dispõe o Código de Defesa do Consumidor que todas as condições e restrições da oferta e apresentação de produtos e serviços devem ser prévia e suficientemente informadas aos consumidores, sob pena de serem desconsideradas e interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.

Resta evidente a falha na prestação do serviço, de vez que a recorrente não comprovou que o recorrido teria sido previamente advertido sobre as condições de utilização e de cancelamento automático de passagens aéreas, quando o primeiro trecho da viagem não foi utilizado.

In casu, não tendo a recorrente apresentado qualquer prova que justificasse o cancelamento automático da passagem de volta, e não comprovando igualmente que o consumidor tenha sido advertido das condições impostas quanto ao uso de bilhete promocional, deve se responsabilizar pelo constrangimento gerado ao consumidor.

Registre-se que, ao ser embarcado em Guarulhos, inclusive adentrando a aeronave com assento reservado, denota que não haveria problema algum do autor seguir viagem no trecho subsequente (até Buenos Aires) e retornar conforme localizador inicial. Ou seja, uma situação com resolução simples não foi solucionada pela empresa requerida o que beneficiaria as duas partes.

Portanto, descabida a alegação de culpa exclusiva do autor.

Da alegação de inexistência de danos materiais

Insurge-se a recorrente quanto aos danos materiais arbitrados alegando que o autor/recorrido não comprovou ter efetivamente suportado qualquer prejuízo de ordem patrimonial decorrente da conduta da companhia aérea.

Não assiste razão o recorrente.

É de se reconhecer a obrigação da Empresa ré em indenizar os danos materiais causados ao consumidor em virtude do cancelamento unilateral do contrato, decorrente da necessidade de aquisição de nova passagem aérea (fls. 26-27), pelos gastos com estadia, uma diária de aluguel de um apartamento (fls. 47-53) na cidade de Buenos Aires, da multa para renovação da passagem.

Portanto, não merece guarida a pretensão da recorrente, devendo ser mantido integralmente os danos materiais fixados na sentença singular.

Da alegação de excesso na condenação em danos morais

Fundamenta a recorrente que a sentença monocrática atribuiu valor extremamente excessivo para condenação em danos morais (R$ 8.000,00), de forma que configura notório enriquecimento ilícito parte autora, devendo haver redução observando-se os critérios da razoabilidade e proporcionalidade.

Não assiste razão ao recorrente.

Nas ações de indenização por danos morais, como não existem critérios legais que orientem a fixação do quantum indenizatório, incumbe ao julgador, atentando, sobretudo, para as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado, e aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, arbitrar montante que se preste à suficiente compensação dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNo caso em análise, entendo que a condenação em danos morais não extrapolou os critérios da

proporcionalidade, razão pela qual o quantum de R$ 8.000,00 (oito mil reais) é justo, conforme se observa do conjunto fático-probatório apresentado.

Outrossim, não se mostra justificável a atitude da Empresa ré de ter retirado do voo o autor e feito o desembarque deste mesmo estando autorizado pela própria recorrente, já que permitiu sua entrada no avião, e estando ainda com assento marcado (f. 25) e devidamente acomodado. Com efeito, a retirada do passageiro da aeronave, após a sua acomodação, potencializa constrangimento capaz de ensejar indenização por danos morais no valor inicialmente fixado.

Portanto, a sentença a quo não deve ser reformada, mantendo-se, excepcionalmente, os danos morais na quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), conforme atribuído na sentença.

Dispositivo

Face ao exposto, conheço do recurso e nego-lhe provimento, mantendo-se incólume a sentença singular.

Custas e honorários advocatícios pela parte recorrente, estes fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Campo Grande-MS, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal - Mutirão Apelação n. 0803295-91.2013.8.12.0019 - Ponta Porã

Relator Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito

EMENTA – RECURSO INOMINADO DA PARTE RÉ – FURTO EM AGÊNCIA BANCÁRIA – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA – CONDENAÇÃO EM DANOS MATERIAIS MANTIDA – DANOS MORAIS AFASTADOS – MERO DISSABOR – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO

1) Tendo o autor indicado exatamente o dia hora em que afirma ter ocorrido o furto dentro da agência bancária e, com a inversão do ônus da prova, caberia à parte ré ter comprovado a ausência do evento danoso por meio da apresentação das filmagens de segurança de sua agência;

2) Mostra-se desnecessária a comprovação de falha na prestação do serviço, uma vez que a agência bancária é responsável de forma objetiva pelos riscos decorrentes da oferta dos seus serviços, cabendo-lhe fornecer segurança aos usuários;

3) A ocorrência de furto, apesar de gerar dissabores, não pode ser considerado por si só um fato gerador de dano moral, uma vez que, pela própria natureza deste delito, não há nenhum tipo de agressão ou ameaça à pessoa da vítima;

4) Recurso conhecido e parcialmente provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul - Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Relator.

Presidiu o julgamento a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

VOTO

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito (Relator):

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré em face da sentença de fls. 69/73 que a condenou ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a título de danos materiais e R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) em razão de um furto ocorrido junto a sua agência bancária no município de Ponta Porã – MS.

Como argumento, o recorrente afirma que o autor não logrou êxito em demonstrar os danos alegados ou a falha na prestação do serviço. Argumenta, ainda, que não houve a demonstração de

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudêncianenhuma sofrimento ou humilhação que tenha fugido à normalidade, razão pela qual a condenação em danos morais deve ser reformada.

É o relatório do essencial.

Do Dano Material

Da análise da inicial, verifica-se que o autor indicou exatamente o dia hora em que afirma ter ocorrido o furto de R$ 2.000,00 (dois mil reais) dentro da agência bancária, de modo que, com a inversão do ônus da prova, deveria a parte ré/recorrente ter comprovado a ausência do evento danoso por meio da apresentação das filmagens daquela data/hora na agência localizada no município de Ponta Porã – MS.

Não tendo a parte ré, no entanto, se desincumbido do seu ônus probatório, há que se ter como verdadeira a ocorrência do furto narrado na inicial.

Tal prova, como ressaltado pelo Juízo a quo, seria impossível de ser feita pela parte autora, uma vez que são as agências bancárias as responsáveis pelas filmagens de segurança e, portanto, são as únicas que podem provar a ocorrência ou não de furtos, mormente quando não hajam testemunhas, como neste caso.

No mais, mostra-se desnecessária a comprovação de falha na prestação do serviço, uma vez que a agência bancária é responsável de forma objetiva pelos riscos decorrentes da oferta dos seus serviços, cabendo-lhe fornecer segurança aos usuários.

Neste capítulo, portanto, a sentença não merece reforma.

Do Dano Moral

Ainda que se admita como verdadeira a ocorrência do furto narrado na inicial, tal fato, por si só, não tem o condão de gerar danos morais. O dano advindo neste caso é exclusivamente patrimonial, uma vez que, pela própria natureza do furto, não houve nenhum tipo de agressão à pessoa do autor.

No caso em análise, diferentemente das situações em que o dano moral é presumível (in de ipsa), seria necessária a indicação de situações capazes de, nas palavras de Sergio Cavalieri Filho1, “causar dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar.”

A ocorrência de furto, apesar de gerar dissabores, não pode ser considerado por si só um fato gerador de dano moral, tratando-se de mero incômodo ou aborrecimento quando não evidenciada uma situação especial.

Por isso, neste ponto, a sentença deve ser reformada.

Do Dispositivo

Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso interposto pela parte ré apenas para afastar a condenação em danos morais, mantendo-se inalterado o capítulo da sentença relativo à condenação em danos materiais.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

1 in Programa de Responsabilidade Civil. 5. ed. 2ª tiragem. p. 98.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal - Mutirão Apelação n. 0803384-83.2014.8.12.0018 - Paranaíba

Relator Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito

EMENTA – RECURSO INOMINADO DA PARTE REQUERIDA – SENTENÇA PROCEDENTE – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO LIMINAR C/C DANOS MORAIS – AUSÊNCIA DE PRELIMINARES – MÉRITO – PLANO DE SAÚDE – NEGATIVA DE COBERTURA DE ATENDIMENTO – EXAME DE TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA – ALEGAÇÃO DE DOENÇA PREEXISTENTE – RECUSA INJUSTIFICÁVEL – TESE REJEITADA – PRECEDENTES DO STJ – DANO MORAL CONFIGURADO – REPARAÇÃO DEVIDA – TESE REJEITADA – PRECEDENTES DO STJ – RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA – MAJORAÇÃO DO DANO MORAL – OBSERVÂNCIA DE CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E DE PROPORCIONALIDADE – QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL – TESE REJEITADA – SENTENÇA QUE NÃO MERECE REFORMA – RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS.

É pacífica jurisprudência do STJ no sentido de ser ilícita a recusa de cobertura de atendimento, sob a alegação de doença preexistente à contratação do plano, se a operadora não submeteu o paciente a prévio exame de saúde e não comprovou a sua má-fé. Nesse sentido: AREsp n.º 255532/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro Marco Buzzi, julgado em 06/02/2013, DJe 26/02/2013; AREsp 150252/DF (decisão monocrática), Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/09/2013, DJe 04/09/2013.

As cláusulas restritivas, tal como a que delimita os procedimentos cobertos pelos planos de saúde, deverão ser interpretadas à luz do disposto no art. 51, do Código de Defesa do Consumidor, de modo que não redundem em abusividade.

É desarrazoada a alegação que limita a cobertura do plano de saúde ao “Rol de Procedimentos” da ANS, visto que não possui caráter taxativo, mas mínimo. Desta forma, inadmissível a negativa de cobertura de exame ao argumento de que este não se encontre no rol da ANS.

Outrossim, a injusta recusa de plano de saúde à cobertura securitária enseja reparação por dano moral. Precedentes do STJ: : AgRg no REsp 1385554/MS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 03/10/2013, DJe 08/10/2013; EDcl no AREsp 353411/PR, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 19/09/2013, DJe 28/10/2013.

Sentença que fixou indenização de acordo com as circunstâncias que perpassaram os fatos, levando-se em conta sua finalidade dúplice (punitiva/reparatória). Sentença a quo que não merece reparos. Recursos conhecidos e improvidos.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul - Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer dos recursos e negar-lhes provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei n.º 9.099/95.

Considerando-se a sucumbência recíproca, cada recorrente fica obrigado ao pagamento de 50% (cinquenta por cento) das custas processuais, bem como ao pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência, estes fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, considerando-se,

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciadentre outros fatores, a natureza da demanda. Ressalta-se que tais obrigações ficam suspensas em relação ao autor Lourenço Vargas Gomes Arantes, porque beneficiário da justiça gratuita.

Presidiu o julgamento, a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente, e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 1º de julho de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal - Mutirão Apelação n. 0803888-34.2014.8.12.0101 - Dourados

Relator Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito

EMENTA – RECURSO INOMINADO DA PARTE RÉ – CADASTRO DE INADIMPLENTES – INSCRIÇÃO INDEVIDA – FRAUDE PRATICADA POR TERCEIROS – AUSÊNCIA DE CAUTELA DA EMPRESA – DANO MORAL IN RE IPSA – VALOR EXCESSIVO – REVISÃO – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1) O evento lesivo decorrerente de fraude praticada por terceiro não elide a responsabilidade das empresas prestadoras de serviço, pois a estas cabe o dever de verificar a idoneidade dos documentos apresentados, a fim de evitar dano a terceiro na entabulação de negócios financeiros;

2) A inscrição ou a manutenção indevida em cadastro de inadimplentes gera, por si só, o dever de indenizar e constitui dano moral in re ipsa;

3) Sendo a indenização fixada em valor excessivo, faz-se necessária a sua revisão em respeito aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade;

4) Recurso conhecido e parcialmente provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul - Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Relator.

Presidiu o julgamento a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

VOTO

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito (Relator):

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré em face da sentença de fls. 110/112 que a condenou ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais, em razão da inscrição indevida do nome do autor em cadastro de restrição de crédito.

Como fundamento, a parte recorrente argumenta que adotou todas as medidas necessárias para solucionar o problema do autor, sendo que, no caso, os serviços foram contratos mediante fraude por um terceiro de má-fé.

Afirma, ainda, que o autor não comprovou qual foi o dano moral suportado e que o valor da condenação é desproporcional.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaÉ o relatório do essencial.

O Superior Tribunal de Justiça tem seguido o entendimento de que o fato de o evento lesivo decorrerente de fraude praticada por terceiro não elide a responsabilidade das empresas prestadoras de serviço, pois a estas cabe o dever de verificar a idoneidade dos documentos apresentados, a fim de evitar dano a terceiro na entabulação de negócios financeiros (AgRg no AREsp: 356558/DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, DJe 28/11/2013).

Além disso, encontra-se consolidado o entendimento de que “a inscrição ou a manutenção indevida em cadastro de inadimplentes gera, por si só, o dever de indenizar e constitui dano moral in re ipsa” (AgRg no Ag 1.379.761/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe de 02/05/2011).

Assim, devem ser rejeitados ambos os fundamentos utilizados pelo recorrente para tentar afastar a condenação em danos morais.

Em relação ao quantum fixado, entretanto, a sentença merece reforma.

O valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) fixados a título de indenização não se apresenta razoável, tendo em vista as peculiaridades do caso, especialmente em razão da existência de fraude, o que, apesar de não servir de fundamento para afastar a condenação, deve ser levado em consideração na fixação do quantum indenizatório, diante da dificuldade da empresa ré em verificar tal ocorrência.

Assim, o valor da indenização deve ser reduzido para R$ 5.000,00 (cinco) mil reais, valor este que, além de compensar o dano sofrido, evita o enriquecimento sem causa do autor. Nesse sentido:

APELAÇÕES CÍVEIS – AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS – INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA CORRENTISTA NO CADASTRO DO SERASA – DANO MORAL CONFIGURADO – QUANTUM ARBITRADO EM CONSONÂNCIA COM A RAZOABILIDADE R$ 5.000 (CINCO MIL REAIS) – NEGO PROVIMENTO AOS RECURSOS (...) Sem reduzir a indenização a valor ínfimo, respeitado o seu caráter compensatório e ao mesmo tempo punitivo, tenho que o montante fixado pelo Juízo a quo, qual seja, R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para reparar o dano causado é suficiente (TJ-MS. Apelação - Nº 0003531-58.2008.8.12.0017 - Nova Andradina. Rel. Des. Divoncir Schreiner Maran. 1ª Câmara Cível. Julgado em 3 de setembro de 2013).

Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso da parte ré para reduzir o valor da condenação a título de danos morais para o montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigido na forma determinada pela sentença.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

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Segunda Turma Recursal - Mutirão Apelação n. 0807773-63.2013.8.12.0110 - Campo Grande

Relator Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito

EMENTA – RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA – SENTENÇA IMPROCEDENTE – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS – MÉRITO – RELAÇÃO DE CONSUMO – SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO DE ÁGUA – AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA OBRIGATÓRIA – ART. 33, § 2º, DECRETO N. 12.701/12 – DANO MORAL CONFIGURADO – FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA REQUERIDA QUE CONSTATARAM A EXISTÊNCIA DE LIGAÇÃO CLANDESTINA À REDE DE ABASTECIMENTO DE ESGOTO (FLS. 77-79) – COBRANÇA DE MULTA E DIFERENÇA DE CONSUMO PELA IRREGULARIDADE DA LIGAÇÃO – POSSIBILIDADE – SENTENÇA REFORMADA PARA CONDENAR A CONCESSIONÁRIA EM DANO MORAL – R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS) TENDO EM VISTA A CONCORRÊNCIA DE CULPA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE.

1) Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou improcedente o pedido do autor. No presente caso, o recorrente propôs ação de obrigação de fazer c/c danos morais contra a recorrida Águas Guariroba S/A, alegando que é cliente da requerida, e que, em 25/06/2013, os funcionários da Empresa ré compareceram em sua residência e suspenderam o fornecimento de água, em razão da ausência de regularização do cadastro.

2) Outro ponto controvertido da lide consiste no fato de haver (ou não) ligação conectada à rede de abastecimento de esgoto sem cadastro no imóvel do recorrente, e ser devida (ou não) a cobrança de multa e diferença de consumo. Com a análise dos autos, verifica-se que houve ligação conectada sem cadastro (fls. 77-79 e f. 82), sendo perfeitamente possível haver a cobrança de multa e diferença de consumo havida, já que o autor utilizava-se dos serviços da Empresa recorrida sem a devida contraprestação.

3) Por outro lado, como não há nos autos demonstração de que o recorrente teve ciência acerca da notificação de suspensão do fornecimento de água, incabível se torna o corte. Inclusive, o regulamento de serviços de água e esgoto de Campo Grande-MS exige notificação do consumidor (art. 33, § 2º).

4) Danos morais arbitrados em R$ 1.000,00 (hum mil reais), tendo em vista a concorrência de culpas, pois a concessionária agiu em desacerto quando não notificou previamente o consumidor e este porque não regularizou a sua situação cadastral junto a empresa ré.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul - Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Relator.

Presidiu o julgamento, a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente, e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

RELATÓRIO

Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c danos morais ajuizada por Edgar Ferreira de Oliveira em desfavor de Águas Guariroba S/A.

Contestado e instruído o feito, sobreveio sentença que julgou improcedentes os pedidos iniciais.

Inconformado, recorreu a parte autora.

Com contrarrazões, vieram os autos conclusos.

VOTO

A sentença singular merece unicamente reforma quanto à condenação em danos morais.

Pelo conjunto probatório dessume-se que houve ligação conectada sem cadastro (fls. 77-79 e f. 82), sendo perfeitamente possível haver a cobrança de multa e diferença de consumo havida, já que o autor utilizava-se dos serviços da Empresa recorrida sem a devida contraprestação.

Por outro lado, não há nos autos qualquer demonstração de que o recorrente teve ciência acerca da notificação de suspensão do fornecimento de água. Ressalte-se, inclusive, que o regulamento de serviços de água e esgoto de Campo Grande-MS exige notificação do consumidor (art. 33, § 2º). Portanto, não havendo prova da prévia e regular notificação acerca da aplicação da penalidade do corte nos moldes como exigidos pela lei, a interrupção do serviço é ilícita e enseja a reparação do dano moral.

Com efeito, é cediço que o simples fato de ter o serviço de fornecimento de água indevidamente suspenso é suficiente para caracterizar o dano moral, sendo desnecessário tecer maiores considerações sobre os transtornos causados por quem passa por isso, eis que isso é apurável pelas regras da experiência ordinária.

Todavia, no presente feito, os danos morais devem ser arbitrados em R$ 1.000,00 (hum mil reais), tendo em vista a concorrência de culpas, porquanto a concessionária agiu em desacerto quando não notificou previamente o consumidor acerca do corte da água, bem como o autor contribuiu para o fato, uma vez que não regularizou a sua situação cadastral junto a Empresa ré.

DISPOSITIVO

Face ao exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento, para o fim de condenar a Empresa recorrida a pagar ao recorrente a importância de R$ 1.000,00 (hum mil reais) a título de danos morais. Correção monetária pelo IGPM-FGV, a partir desta data (Súmula 362 do STJ). Juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir do evento danoso.

Sem custas e honorários, nos termos do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0003681-41.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Cezar Luiz Miozzo

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – PACOTE DE VIAGEM ADQUIRIDO EM AGÊNCIA DE VIAGEM – ERRO NA GRAFIA DO NOME DE UM DOS PASSAGEIROS – IMPOSSIBILIDADE DE EMBARQUE – RESPONSABILIDADE DAS RÉS PELOS DANOS CAUSADOS – PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DO SERVIÇO – DEVER DE INDENIZAR – DANOS MORAIS E MATERIAIS DEVIDOS – MONTANTE FIXADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS MANTIDO – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

É sabido que, nas relações de consumo, o fornecedor de serviços responde objetivamente (independente de culpa) pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação do serviço. (art. 14, caput do CDC)

No caso em comento, não restam dúvidas quanto à prestação defeituosa do serviço por parte das recorrentes, que detinham sob sua responsabilidade a emissão das passagens e do voucher, e de forma negligente, redigiram erroneamente o nome de um dos autores, impossibilitando o check-in e o embarque no dia marcado para a viagem.

Neste cenário, claro estão os danos suportados pelos recorridos, seja de ordem material, pelo dispêndio com a aquisição das passagens não usufruídas, quanto de ordem extrapatrimonial, pois por conta da negligência das recorrentes, foram impedidos de embarcarem no vôo adquirido para desfruto de suas férias.

Deste modo, a condenação à indenização por danos morais e materiais é a medida do justo como bem decidido pelo douto Juízo de primeiro grau.

Neste sentido, confira-se:

“RECURSO INOMINADO – REPARAÇÃO DE DANOS – PACOTE DE VIAGEM INTERNACIONAL – ERRO NA EMISSÃO DO BILHETE, CONSTANDO ERRO NO NOME DA FILHA MENOR – PROBLEMA QUE NÃO FOI RESOLVIDO ATÉ A HORA DO EMBARQUE – NECESSIDADE DE AQUISIÇÃO DE NOVO BILHETE – SENTENÇA MANTIDA. 1 - Os autores adquiriram um pacote de viagem para Orlando/EUA, em setembro/2011, para embarque em fevereiro de 2012, constatando 48h antes que o nome da filha menor do casal estava grafado incorretamente. 2 - Os dados dos autores foram fornecidos à empresa aérea pela agência de turismo demandada, que não teve a cautela de conferir com os documentos fornecidos pelos autores. 3 - Contratada a ré, agência de viagens para a prestação de serviço de intermediação da aquisição das passagens e pacotes de viagens, não são os demandantes responsáveis pela conferência dos dados, embora fosse de bom alvitre que o fizessem, na medida em que, entregues à agência todos os dados solicitados, cabe a essa diligenciar para que as informações sejam corretamente repassadas à empresa aérea, hotel e etc. Prestação de serviço que ocorreu, pois, com vícios. 4- Tais circunstâncias afastam a alegação de ilegitimidade ativa dos autores, pois a relação de consumo discutida se perfectibilizou com os autores. 5- Responsabilidade da demandada em ressarcir os autores pelos danos morais sofridos, eis a necessidade de desembolso de valor significativo para a aquisição de nova passagem aérea para a filha, o que diminuiu o poder de compra programado para a viagem, além,

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 106

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaobviamente, de outros transtornos daí advindos, que, tendo em vista a viagem agendada, por certo, significaram mais do que meros dissabores. 5 - Quantum adequado, que deve ser mantido. Recurso Impróvido”. (TJRS - Recurso Cível nº 71003967221, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Adriana da Silva Ribeiro, Julgado em 24/01/2013) (destaquei)

Por outro lado, nas ações de indenização por danos morais, onde não existem critérios para fixação da verba indenizatória, deve-se arbitrar o montante devido de acordo com as peculiaridades de cada caso, levando-se em conta as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado.

Além disso é de se ter bom senso e cautela, porque o objetivo não é reparar a dor, mas, sim, compensá-la, corrigindo os reflexos sofridos pela vítima em razão da ação ilícita, além de servir de sanção ao autor da lesão.

Dessa forma, sopesadas as circunstâncias do caso em exame, tenho para mim que o valor arbitrado a título de indenização por danos morais (R$ 3.000,00 – três mil reais para cada autor) se revela adequado vez que atende aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, não havendo razão para a redução do quantum indenizatório.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno as recorrentes no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogados dos recorridos que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Cezar Luiz Miozzo - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 107

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0005149-40.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Cezar Luiz Miozzo

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEMORA NA INSTALAÇÃO DOS SERVIÇOS DE INTERNET E TELEFONIA FIXA – INDISPONIBILIDADE TÉCNICA – DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL – SITUAÇÃO QUE NÃO EXTRAPOLA O MERO DISSABOR – DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS – INDENIZAÇÃO INDEVIDA – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

No caso em exame, restou caracterizada a falha na prestação do serviço oferecido pela recorrida em razão da demora na instalação da internet e telefone fixo, por indisponibilidade técnica no local solicitado, o que, diga-se de passagem, deveria ter sido constatado no momento da contratação.

Todavia, em que pese os transtornos decorrentes do malfadado serviço defeituoso, não é possível vislumbrar a ocorrência dos alegados danos morais, como exposto e bem fundamentado pelo douto Juízo de primeiro grau.

É cediço o entendimento de que a indenização por danos morais somente devem ser concedida quando presente a violação de direitos da personalidade, ofensa à dignidade da pessoa humana, a honra, a auto-estima e a credibilidade porventura havidas, que macule gravemente os sentimentos da pessoa humana, o que, a meu sentir, não se evidenciou no caso em exame.

Apesar de se reconhecer o dissabor decorrente da falha na prestação dos serviços por parte da requerida, a demandante não demonstrou qualquer situação que extrapolasse a normalidade e justificasse uma indenização por danos morais, ônus que lhe incumbia.

É inerente à vida em sociedade a existência de aborrecimentos, contratempos e equívocos, tudo derivado da imperfeição do ser humano e da própria dinâmica do progresso. Em consequência e sob pena de ser inviabilizada a vida em comum, mediante a criação de um estado permanente de neurose, não é possível que todo e qualquer aborrecimento gere direito à indenização, devendo ser preservado o instituto para situações que efetivamente importem em alteração da honra ou da personalidade do homem médio.

A propósito, confira-se:

“CONSUMIDOR – PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – TELEFONIA FIXA E INTERNET – NÃO ATENDIMENTO DO PEDIDO DE INSTALAÇÃO DA INTERNET – FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – DEVER DE RESTITUIR AS MENSALIDADES ADIMPLIDAS – PRETENSÃORESISTIDA OU EFETIVO DESCASO COM O CONSUMIDOR NÃO DEMONSTRADOS NA HIPÓTESE – AÇÃO AJUIZADA MAIS DE TRÊSANOS APÓS A CONTRATAÇÃO – SITUAÇÃO RESTRITA AO MERO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL – DANOS MORAIS INOCORRENTES – INDENIZAÇÃO AFASTADA – RECURSO NÃO CONHECIDO QUANTO AO PEDIDO DE AFASTAMENTO DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC, PORQUANTO DETERMINADA NA DECISÃO SINGULAR APENAS A RESTITUIÇÃO SIMPLES – RECURSO CONHECIDO, EM PARTE, E PROVIDO NA PARTE CONHECIDA. (TJRS - Recurso Cível Nº 71003683620, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: João Pedro Cavalli Junior, Julgado em 30/01/2013) (destaquei).

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaAssim, tratando-se de mero descumprimento contratual que não implicou em abalo à honra da autora

ou que tenha feito a mesma passar por situação de dor, sofrimento ou humilhação, uma vez que os fatos ocorridos podem ser considerados comuns aos percalços da vida, não há pois, que se falar na ocorrência de ato ilícito capaz de gerar indenização por danos morais.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o (a) recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do(a) recorrido(a) que arbitro em 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa. Todavia, a condenação decorrente da sucumbência fica sobrestada até e se, dentro de cinco anos, o(a) recorrido(a) comprovar não mais subsistir o estado de miserabilidade do recorrente. (Lei nº 1.060/50, art. 12)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Cezar Luiz Miozzo - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0015658-64.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Cezar Luiz Miozzo

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CONTA SALÁRIO NÃO MOVIMENTADA – DÉBITO REFERENTE A TARIFAS DE MANUTENÇÃO E ENCARGOS DA CONTA – COBRANÇAS INDEVIDAS – INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES – DANO MORAL CONFIGURADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO ADEQUADAMENTE – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Como bem como bem fundamentado no julgamento recorrido, a instituição financeira ao invés de abrir conta salário, abriu conta corrente.

Os valores cobrados pelo recorrente e que levaram à inscrição do nome da recorrida, em órgãos de restrição ao crédito, advieram de tarifas e encargos relativos à manutenção da famigerada conta, sem qualquer movimentação ou utilização de serviços.

Indevidos, portanto, os lançamentos feitos a título de tarifas e encargos na conta inativa da parte autora. De modo que, o débito que originou a indigitada inscrição é ilegítimo.

Destarte, tendo o banco recorrente promovido a inscrição do nome da autora em cadastros de inadimplentes por dívida de saldo negativo, oriundo unicamente de tarifas e encargos cobrados de conta bancária – conta salário - não movimentada, a desconstituição do aludido débito e a condenação por danos morais, são medidas acertadas.

Neste sentido:

“RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE DESCONSTITUIÇÃO DE DÉBITO CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ALEGAÇÃO DE ABERTURA DE CONTA PARA RECEBIMENTO DE SALÁRIO – RECURSO ADESIVO DO AUTOR QUE NÃO COMPORTA CONHECIMENTO, POR DESCABIDO NO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS – DESCONTOS REFERENTES A TARIFAS E ENCARGOS COBRADOS NA CONTA CORRENTE QUANDO INEXISTENTE MOVIMENTAÇÃO DA CONTA – INTERPRETAÇÃO DO CONTRATO EM FAVOR DO CONSUMIDOR ADERENTE, QUE ACREDITAVA ESTAR CONTRATANDO CONTA SALÁRIO – AUSÊNCIA DE QUALQUER PROVA DE USO DE OUTROS SERVIÇOS, COMO CHEQUE ESPECIAL E CARTÃO – SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO ADESIVO DO AUTOR NÃO CONHECIDO – RECURSO DO RÉU DESPROVIDO”. (TJ-RS - Recurso Cível: 71004271912 RS, Relator: Roberto José Ludwig, Data de Julgamento: 28/05/2013, Primeira Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 31/05/2013)

“APELAÇÃO CÍVEL – NEGÓCIO JURÍDICO BANCÁRIO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO – CONTA CORRENTE INATIVA – SALDO DEVEDOR DECORRENTE DE TAXAS E PACOTES DE SERVIÇOS – ILEGALIDADE DO BANCO – INSCRIÇÃO – DANO MORAL – DANO MORAL: A

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaconta-corrente nunca foi movimentada, sendo possível concluir que o saldo inscrito tem origem em taxa e pacote de serviços lançados em conta inativa, conduta totalmente ilícita. A parte demandada não apresentou o conteúdo satisfatório em sua defesa. O ônus da prova do fato impeditivo, extintivo ou modificativo ao direito da parte adversa é do réu, inciso II do artigo 333 do Código de Processo Civil. VALOR INDENIZATÓRIO. REDUÇÃO: Levando-se em consideração o ocorrido no feito, é caso de se manter o valor indenizatório fixado em R$ 6.780,00, uma vez que se coaduna aos fatos narrados, à mácula do nome de forma indevida e ao que comumente é fixado por este Colegiado em casos análogos. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA: Os juros moratórios e a correção monetária se incluem no pedido independentemente de pedido expresso, sendo considerados pedidos implícitos. VERBA HONORÁRIA. Mantida a verba honorária no patamar de 15% do valor de condenação. Inteligência do artigo 20, §3º, do CPC. PREQUESTIONAMENTO: O prequestionamento de normas constitucionais e infraconstitucionais fica atendido nas razões de decidir deste julgado, o que dispensa manifestação pontual acerca de cada artigo aventado. Tampouco se negou vigência aos dispositivos normativos que resolvem a lide. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO.” (TJRS - Apelação Cível Nº 70061734950, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo João Lima Costa, Julgado em 04/12/2014) (destaquei)

“RECURSO INOMINADO – CONSUMIDOR – AÇÃO DE DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CONTA DESTINADA A RECEBIMENTO DE SALÁRIOS NÃO MOVIMENTADA – COBRANÇA E TAXAS E TARIFAS QUE ENSEJARAM SALDO DEVEDOR – IRREGULARIDADE – INSCRIÇÃO EM BANCO CADASTRAL DE INADIMPLENTES – DANO MORAL IN RE IPSA – QUANTITATIVO INDENIZATÓRIO MANTIDO. Restou incontroversa a abertura da conta bancária em nome do autor, bem como que este deixou de movimentá-la a partir de setembro de 2011. Entretanto, seguiu-se a cobrança de tarifas e respectivos encargos. De acordo com o art. 2º, III, e parágrafo único, da Resolução 2025, do BACEN, a cobrança de tarifa por conta inativa deve ser expressamente prevista em contrato, assim como deve ser considerada como inativa a conta não movimentada por seis meses. Portanto, inegável a irregularidade do débito lançado, devendo, pois, ser desconstituído e considerado inexigível. De igual forma, irregular a inscrição em banco cadastral de inadimplentes a ensejar o dano moral in re ipsa. Nesse sentido: CONSUMIDOR. CONTA UNIVERSITÁRIA NÃO MOVIMENTADA. COBRANÇA DE ENCARGOS. DÍVIDA INEXISTENTE. CADASTRAMENTO NEGATIVO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM MANTIDO. A parte autora possuía conta junto ao banco demandado, que, por sua vez, afirma que os encargos cobrados eram devidos, diante dos serviços oferecidos ao cliente. Inversão do ônus da prova, no que pertine à ausência de ciência do consumidor acerca dos encargos incidentes sobre a conta bancária, a qual, por determinação do BACEN, deve ser automaticamente declarada inativa, após seis meses sem movimentação. Nesse contexto, o dano moral faz-se presente, pois a autora teve seu nome negativado por débitos irregulares, merecendo manutenção o quantum indenizatório fixado na origem, pois está em patamar inferior ao comumente adotado como parâmetro pelas Turmas. Saliente-se, por fim, que a correção monetária e os juros estão perfeitamente fixados na sentença, sendo certo, ainda, que para sua incidência, não há necessidade de pedido formal da parte autora, pois a incidência decorre de texto expresso de lei - artigo 407 do Código Civil. Recurso Improvido. (Recurso Inominado nº 71003705928, Turmas Recursais, Segunda Turma Recursal Cível, relatora: Drª. Fernanda Carravetta Vilande, julgado em 23/05/2012). No que tange ao quantitativo indenizatório fixado em R$ 7.240,00, não merece reforma, pois de acordo com os parâmetros adotados pelas Turmas Recusais Cíveis em demandas de igual natureza. Sentença Mantida Por Seus Próprios Fundamentos. Recurso Impróvido”. (TJRS - Recurso Cível Nº 71005000757, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 13/08/2014) (destaquei)

No tocante ao valor da reparação, é sabido que nas ações de indenização por danos morais onde não existem critérios para fixação da verba indenizatória, deve-se arbitrar o montante devido de acordo com as

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciapeculiaridades de cada caso, levando-se em conta as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado.

Além disso, é de se ter bom senso e cautela, porque o objetivo não é reparar a dor, mas sim, compensá-la, corrigindo os reflexos sofridos pela vítima em razão da ação ilícita, além de servir de sanção ao autor da lesão.

Assim, sopesadas as circunstâncias do caso em exame, o valor arbitrado a título de indenização por danos morais (R$ 2.500,00 – dois mil e quinhentos reais) se revela adequado, vez que atende aos critérios de proporcionalidade e razoabilidade, não havendo razão para a redução do quantum indenizatório.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o (a) recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do(a) recorrido(a) que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 26 de fevereiro de 2015.

Juiz Cezar Luiz Miozzo - Relator

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

SegundaTurma Recursal Mista Apelação n. 0800347-84.2014.8.12.0006 - Camapuã

Relator Juiz Cezar Luiz Miozzo

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – EMBARGOS DE TERCEIRO – PENHORA DE IMÓVEL – CONSTRIÇÃO QUE RECAIU SOBRE BEM DE PROPRIEDADE DA EX-CÔNJUGE DO DEVEDOR – TITULARIDADE DO IMÓVEL QUE LHE FORA OUTORGADA POR PARTILHA REALIZADA EM AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL CONSENSUAL – AUSÊNCIA DE REGISTRO DO FORMAL DE PARTILHA NA MATRÍCULA DO BEM – IRRELEVÂNCIA – INVIABILIDADE DA PENHORA – ALEGAÇÃO DE SIMULAÇÃO – NÃO CABIMENTO EM SEDE DE EMBARGOS DE TERCEIRO – NULIDADE QUE DEVE SER ARGUIDA EM AÇÃO PRÓPRIA – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Analisando-se o conjunto fático-probatório existente nos autos observa-se, indene de dúvidas, que em 15 de agosto de 2006 a embargante e o seu então marido, Sr. Aparecido Catarino da Costa, ingressam com uma ação de separação judicial consensual (f. 11/25), cujo pedido fora homologado pelo Juízo da 2ª Vara de Camapuã em 16 de agosto de 2006, tendo a respectiva sentença transitado em julgado na mesma data (f. 26/27).

Examinando os termos avençados na famigerada ação, observa-se que dentre os bens destinados à recorrida, encontrava-se um imóvel consubstanciado em “uma área de terras remanescentes, ou seja, 2.683 hás e 6.209 m² 0033 cm² (dois mil, seiscentos e oitenta e três hectares e seis mil duzentos e nove metros quadrados e trinta e seis centímetros quadrados)”, devidamente registrado no RI da Comarca de Camapuã/MS (f. 08/11).

Por sua vez, segundo noticiam os documentos de f. 30/31, em 10 de dezembro de 2010, parte do mencionado imóvel (6 hectares) fora objeto de constrição judicial, decorrente da penhora determinada pelo Juízo da Comarca de Camapuã nos autos do cumprimento de sentença n.º 006.08.002090-4/0001, movido pela recorrente contra o Sr. Aparecido Catarino da Costa, ex-marido da recorrida.

Como logo se percebe, em virtude de débito imputado ao ex-marido da recorrida, a mesma suportou o bloqueio judicial de parte de um imóvel cuja propriedade lhe havia sido atribuída anteriormente, por força de partilha realizada em ação de separação judicial, apenas não tendo sido levada a registro.

Em hipóteses tais, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que o bem atribuído à mulher, na partilha havida em separação judicial, não pode ser alcançado pela penhora na execução movida contra o seu ex-marido, sendo desinfluente a circunstância de não ter sido levado a registro o formal de partilha.

Corroborando:

“PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL – EMBARGOS DE TERCEIRO – EX-CÔNJUGE DO EXECUTADO – BEM IMÓVEL – PROPRIEDADE ADVINDA DE SEPARAÇÃO JUDICIAL – AUSÊNCIA DE REGISTRO DO FORMAL DE PARTILHA – INVIABILIDADE DA PENHORA – PRECEDENTES – AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO”. (STJ – AgRg no REsp 1031368/MG. Rel. Min.: TEORI ALBINO ZAVASCKI. Primeira Turma. Julg.: 04/08/2009)

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência“AGRAVO INTERNO E EMBARGOS DECLARATÓRIOS – RECURSO ESPECIAL

– EMBARGOS DE TERCEIRO – PENHORA SOBRE IMÓVEL ANTERIORMENTE PARTILHADO EM DIVÓRCIO – INEXIGIBILIDADE DE REGISTRO – PRECEDENTES (...) I - O bem atribuído ao cônjuge virago após a separação judicial não é alcançado pela penhora na execução promovida contra seu ex-cônjuge, sendo irrelevante a circunstância de não ter sido registrado o formal de partilha. Precedentes da Corte (...)”. (STJ – AgRg no REsp 474.082/RS. Rel. Min.: CASTRO FILHO. Terceira Turma. Julg.: 23/08/2007)

“EMBARGOS DE TERCEIRO – PARTILHA – SEPARAÇÃO JUDICIAL – INEXIGIBILIDADE DE REGISTRO DO FORMAL DE PARTILHA (...) O bem atribuído à mulher, na partilha havida em separação judicial, não pode ser alcançado pela penhora na execução movida contra o seu ex-marido, sendo desinfluente a circunstância de não ter sido levado a registro o formal de partilha. Precedentes do STJ (...)”. (STJ – REsp 408.248/SC. Rel. Min.: Barros Monteiro. Quarta Turma. Julg.: 17/03/2005)

Nesse cenário, sobressai evidente a irregularidade da penhora realizada sobre o imóvel da recorrida, cuja desconstituição é medida que se impõe.

De resto, em relação à pretensa simulação, arguida na contestação e repisada em sede recursal, cabe destacar que as nulidades decorrentes de simulação podem ser suscitadas por qualquer interessado, assim entendido como aquele que mantenha frente ao responsável pelo ato nulo uma relação jurídica ou uma situação jurídica que venha a sofrer uma lesão ou ameaça de lesão em virtude do ato questionado.

Entretanto, a despeito de tal possibilidade, a hodierna jurisprudência do Tribunal Cidadão, valendo-se da “ratio essendi” do seu Enunciado de Súmula n.º 195, firmou-se no sentido de que os embargos de terceiro não servem de palco para discussão sobre a (in)ocorrência de simulação, cabendo à parte interessada valer-se do meio processual cabível.

Nesse sentido:

“AGRAVO REGIMENTAL – SIMULAÇÃO ALEGADA EM SEDE DE EMBARGOS DE TERCEIRO – NÃO CABIMENTO – NULIDADE QUE DEVE SER ARGÜIDA EM AÇÃO PRÓPRIA, TAL COMO A FRAUDE CONTRA CREDORES – RECONHECIMENTO – AGRAVO REGIMENTO DESPROVIDO”. (STJ – AgRg no REsp 1267627/SP. Rel. Min.: Paulo de Tarso Sanseverino. Terceira Turma. Julg.: 13/08/2013)

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor dos advogados da recorrida, que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor atualizado da causa. Todavia, a condenação decorrente da sucumbência fica sobrestada até e se, dentro de cinco anos, a recorrida comprovar não mais subsistir o estado de miserabilidade do recorrente (Lei 1.060/50, art. 12).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 114

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0805936-70.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Cezar Luiz Miozzo

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – QUITAÇÃO ANTECIPADA DA DÍVIDA – REDUÇÃO PROPORCIONAL DOS JUROS E DEMAIS ACRÉSCIMOS NÃO REALIZADA PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA – DIREITO PREVISTO EXPRESSAMENTE NO § 2º DO ART. 52, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – DEVOLUÇÃO EM DOBRO DO VALOR COBRADO A MAIOR – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

É direito do consumidor a liquidação antecipada do débito, mediante a redução proporcional dos juros e demais acréscimos, nos termos do § 2º do art. 52, do Código de Defesa do Consumidor.

Assim, restando incontroverso que a parte autora quitou antecipadamente o seu débito, sem a concessão do desconto assegurado por lei, o valor pago a maior configura cobrança indevida, impondo a devolução do indébito, em dobro, de acordo com o artigo 42, parágrafo único, da lei consumerista, vez que inexiste comprovação do engano justificável que valide a cobrança de valor superior ao efetivamente devido para a instituição bancária.

Neste sentido:

“CIVIL– PROCESSUAL CIVIL – CONSUMIDOR – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C DANOS MORAIS – QUITAÇÃO ANTECIPADA DECONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – DIREITO AO ABATIMENTO PROPORCIONAL DE JUROS E DEMAIS ACRÉSCIMOS (CDC, ART. 52, § 2º) – MEMÓRIA DE CÁLCULO CONFECCIONADA PELO PROCON/DF – CONSTATAÇÃO DE COBRANÇA A MAIOR – REVELIA – PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL – REPETIÇÃO EM DOBRO DO INDÉBITO (CDC, ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO).

POSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE ERRO JUSTIFICÁVEL – DANO MORAL – CONFIGURAÇÃO – DESCASO DO BANCO QUE DIFICULTA A CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO À LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DA DÍVIDA – NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO PROCON/DF – QUANTUM – PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE – ADSTRIÇÃO À NORMATIVA DA EFETIVA EXTENSÃO DO DANO – SENTENÇA, EM PARTE, REFORMADA.1. Nos termos do art. 52, § 2º, do CDC, é direito do consumidor a quitação antecipada, total ou parcialmente, do contrato que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento, com abatimento proporcional de juros e demais acréscimos. 2. Diante da ocorrência da revelia, opera-se a presunção de veracidade da matéria fática narrada na inicial (CPC, art.319).3. No particular, pretendendo o consumidor a quitação antecipadado contrato de empréstimo consignado e constatada a abusividade dos juros cobrados ao livre arbítrio da instituição financeira, por meio de planilha de cálculo realizada pelo PROCON/DF, é lícito pedir a restituição do montante que pagou indevidamente .4. A cobrança indevida comprovada nos autos subsume-se à hipótese do parágrafo único do artigo 42 do CDC e autoriza a repetição em dobro do que o consumidor pagou a maior, acrescido de correção

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 115

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciamonetária e juros legais, ante a ausência de erro justificável. 5. (...).” (Acórdão n.770282, 20130110760503APC, Relator: Alfeu Machado, Revisor: Leila Arlanch, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 20/03/2014, Publicado no DJE: 26/03/2014. Pág.: 162) (destaquei)

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o (a) recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do(a) recorrido(a) que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Cezar Luiz Miozzo - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 116

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista

Apelação n. 0800629-38.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

EMENTA – RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – DISCUSSÃO SOBRE A COMPETÊNCIA PARA COBRANÇA DE ISSQN – SERVIÇOS REALIZADOS EM MUNICÍPIO DISTINTO DA SEDE DA EMPRESA – QUESTÃO PACIFICADA PELO STJ EM RECURSO INTERPOSTO NOS TERMOS DO ART. 543-C DO CCP – IMPOSTO DEVIDO NO LOCAL DO ESTABELECIMENTO DO PRESTADOR – DISCUSSÃO SOBRE BI-TRIBUTAÇÃO DESCABIDA NESTES AUTOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO NÃO PROVIDO.

Nos termos da Lei Complementar nº 116/2003 e da jurisprudência consolidada do STJ, como regra geral, o imposto sobre serviços de qualquer natureza – ISSQN – é devido no local do estabelecimento do prestador, qual seja, onde a empresa (contribuinte) desenvolve a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que se configura unidade econômica ou profissional, não importando o nome que lhe seja dado ou, caso não exista estabelecimento prestador, no domicílio do prestador, observadas as exceções estabelecidas nos incisos I a XXII do art. 3.º da lei regente da matéria, nas quais também não se enquadra a empresa recorrente;

No caso dos autos, a recorrente possui estabelecimento somente no Município de Campo Grande, tendo realizado serviços no Município de Corumbá, no âmbito da sua Prefeitura e, embora informe que isto se deu no ano de 2012 não comprovou que tenha tido estabelecimento naquela localidade, ou demonstrou que atualmente ou na data da realização dos serviços a situação seja a mesma, não afastando a competência do Município de Campo Grande para a cobrança do tributo;

Ademais, o simples deslocamento de recursos humanos e equipamentos para a prestação de serviços não é suficiente para impor sujeição ativa ao Município de destino para a exigência do tributo, se tratando de mera realização de atividade na sede do contratante;

Eventual cobrança ou retenção do tributo por parte do Município de Corumbá é questão alheia aos presentes autos, devendo ser discutida na seara própria, inclusive, naquela localidade e com aquele ente federativo.

Sentença mantida. Recurso não provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul-Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Custas processuais pela recorrente, além de honorários de advogado fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor dado à causa.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCampo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

RELATÓRIO

Dr.ª Eliane de Freitas Lima Vicente

Trata-se de insurgência recursal, na qual a recorrente, empresa sediada em Campo Grande/MS, se insurge contra sentença que julgou improcedentes seus pedidos em ação proposta contra a cobrança de ISSQN pelo Município de Campo Grande, já que prestara serviços de consultoria e assessoria na área de saúde para o Município de Corumbá, aquela municipalidade já havia retido o percentual de 5% referente ao imposto, entendendo ter havido bitributação, com o que não concorda.

A sentença se embasou nas decisões do STJ e no fato de a empresa recorrente possuir sede em Campo Grande, não tendo nenhum estabelecimento em outro município do Estado, podendo suas atividades serem prestadas tanto no local de sua sede, como no estabelecimento ou domicílio do tomador do serviço ou em qualquer outro lugar.

Defende, ainda, a Recorrente que o ISSQN tem o fato gerador concretizado onde o serviço tenha sido efetivamente prestado, e não sempre na sede do tomador do serviço, como alega ter sido o entendimento exarado na sentença.

Colaciona jurisprudência que se amolda ao seu entendimento.

O Município defende a correção da sentença.

VOTO

Dr.ª Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Deve-se, no presente caso, então, fazer análise sobre a competência tributária para a exigência de ISS diante do conceito de estabelecimento prestador definido na Lei Complementar nº 116/2003, artigos 3º e 4º, para os fatos geradores ocorridos após a vigência destas, bem como diante dos novos acórdãos proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça.

Sob a vigência da Lei Complementar nº 116/2003, a regra geral da competência para exigir o ISS é a do Município onde está localizado o estabelecimento prestador ou, na falta deste, o local do domicílio do prestador, nos termos de seu artigo 3º:

Art. 3º O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local:

I – do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1º do art. 1º desta Lei Complementar;

II – da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa;

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaIII – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19

da lista anexa;

IV – da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 da lista anexa;

V – das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 da lista anexa;

VI – da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços descritos no subitem 7.09 da lista anexa;

VII – da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.10 da lista anexa;

VIII – da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem 7.11 da lista anexa;

IX – do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso dos serviços descritos no subitem 7.12 da lista anexa;

X – (vetado)

XI – (vetado)

XII – do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.16 da lista anexa;

XIII – da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.17 da lista anexa;

XIV – da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descritos no subitem 7.18 da lista anexa;

XV – onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços descritos no subitem 11.01 da lista anexa;

XVI – dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no subitem 11.02 da lista anexa;

XVII – do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no subitem 11.04 da lista anexa;

XVIII – da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13, da lista anexa;

XIX – do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo subitem 16.01 da lista anexa;

XX – do estabelecimento do tomador da mão-de-obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 da lista anexa;

XXI – da feira, exposição, congresso ou congênere a que se referir o planejamento, organização e administração, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 da lista anexa;

XXII – do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência§ 1º No caso dos serviços a que se refere o subitem 3.04 da lista anexa, considera-

se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada Município em cujo território haja extensão de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não.

§ 2º No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.01 da lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada Município em cujo território haja extensão de rodovia explorada.

§ 3º Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no local do estabelecimento prestador nos serviços executados em águas marítimas, excetuados os serviços descritos no subitem 20.01.

O artigo apresenta como exceções as hipóteses dos incisos I a XXII, onde o imposto será devido nos locais ali especificados. Em casos tais, o local do estabelecimento prestador será desconsiderado, para dar ensejo à cobrança onde o serviço foi efetivamente prestado.

Como regra geral, o imposto será devido no local do estabelecimento prestador. Não havendo estabelecimento prestador, ou não sendo possível identificá-lo, o imposto será devido no local do domicílio do prestador.

Exemplificando, para os serviços de execução de obras de construção civil (item 7.02), o imposto será sempre devido no local da execução da própria obra, independentemente do local do estabelecimento prestador, nos termos do inciso III do artigo 3º, como consta na ementa abaixo colacionada:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL – ISENÇÃO – PRECLUSÃO TEMPORAL – ISS – CONSTRUÇÃO CIVIL – COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO ONDE SE REALIZOU O SERVIÇO – RECURSO REPETITIVO.

[...]

2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 1.117.121/SP, da relatoria da Ministra Eliana Calmon, publicado no DJe de 29/10/2009, submetido ao regime dos recursos repetitivos (artigo 543-C do Código de Processo Civil, incluído pela Lei nº 11.672/2008), consolidou o entendimento de que, em se tratando de serviço de construção civil, prestado antes ou depois da Lei Complementar nº 116/2003, o ISS é devido ao município do local da obra.

3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1167982/ES, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, julgado em 20/05/2010, DJe 10/06/2010).

Assim, ressalvadas as exceções expressamente previstas, em determinados casos a verificação da competência tributária dependerá da identificação do estabelecimento prestador, cujo conceito consta no artigo 4.º da norma regente, nos seguintes termos:

Art. 4º Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

Será considerado como local do estabelecimento prestador aquele onde ocorra o desenvolvimento da atividade de prestar serviços, de forma permanente ou temporária, quando configure unidade econômica ou profissional. E, para a configuração de tal unidade, pouco importará a denominação utilizada, seja filial, sede, posto ou qualquer outra.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaDeve haver, portanto, a conjugação de dois fatores, isto é, (1) o desenvolvimento da atividade de

forma permanente ou temporária e (2) a configuração de unidade econômica ou profissional. Com a nova lei, a análise da existência de tais fatores é essencial para legitimar a tributação.

Então, a lei, ao estabelecer que o serviço considera-se prestado e o imposto devido no território onde se encontrar o estabelecimento prestador ou o domicílio do prestador, para todos os serviços não constantes das exceções que listou, entendeu que a hipótese de incidência tributária do ISS deve ser tida como materializada no local onde o prestador mantém as condições necessárias ao seu negócio, ainda que possa deslocar-se para prestar o serviço no estabelecimento do tomador/contratante ou em outro lugar qualquer, não importa onde.

Também o fato de determinados serviços demandarem eventual deslocamento de profissionais (que pode ocorrer em qualquer momento desde a contratação até a finalização ou entrega ao contratante) para outros municípios, sede do tomador ou não, não tem o condão de transferir a competência tributária ativa àqueles municípios.

É importante destacar que o legislador, na definição exposta, estabeleceu para caracterizar um estabelecimento prestador fora da sede, estabelecimento ou domicílio do prestador, a conjugação de dois elementos distintos: efetiva prestação do serviço e configuração de unidade econômica ou profissional.

Note-se que foi usado o aditivo “e” ligando duas figuras distintas: o “local do desenvolvimento da atividade de prestar serviço” e a “configuração de uma unidade econômica ou profissional de prestação de serviço”. Com isso, não é a simples execução de um serviço por um profissional em um local diverso do seu estabelecimento ou domicílio usual que irá caracterizar a existência de estabelecimento prestador. É necessário também, que seja caracterizada a existência de uma unidade econômica ou profissional de prestação de serviço.

Ou seja, para que o imposto seja devido em município diverso do local da sede ou do domicilio do prestador é necessário que o serviço em questão tenha sido efetiva e completamente executado no território de outro município e que nele haja condições materiais para execução do serviço, que possam caracterizar uma unidade econômica ou profissional para prestar a execução do serviço. Do contrário, sem a conjugação das duas condições expostas, o imposto é devido ao município do local da sede ou do domicílio do prestador do serviço, que, segundo a regra, é o local de incidência do ISSQN.

Já a Unidade econômica é conceituada como sinônimo de empresa. Nela, o empresário utiliza a conjugação de três fatores técnicos da produção: a natureza, o capital e o trabalho, para gerar um resultado, que pode ser um serviço, um bem ou um direito. Portanto, a expressão “unidade econômica” usada no conceito de estabelecimento prestador é uma empresa informal ou formal estruturada para a prestação de serviço a quem o deseje contratar.

Para o Direito Civil, a unidade econômica é a sociedade não personificada, prevista no art. 986 do Código Civil. Em síntese, a unidade econômica é um estabelecimento prestador equiparado à empresa e, portanto, autossuficiente econômica e financeiramente e livre na determinação do modus operandi. Isto é, ela tem autonomia para a realização das suas atividades, aufere suas próprias receitas, custeia as suas despesas e deve sobrar recursos para distribuição entre os seus organizadores e/ou para investir em equipamentos e ativos reais necessários para o desenvolvimento das suas atividades.

Já a unidade profissional é uma estrutura dotada apenas do trabalho, isto é, de pessoal e de meios necessários para a execução dos serviços que lhe foram atribuídos. Os elementos diferenciadores entre a unidade econômica e a unidade profissional são, na primeira, a auto-suficiência econômica e financeira e a liberdade na forma de prestar o serviço.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNa unidade profissional o pessoal está subordinado a uma sede (matriz ou filial) que determina

quais e como os serviços devem ser realizados, que aufere a receitas decorrentes das atividades executadas e custeia as despesas da unidade.

É preciso esclarecer que não é qualquer deslocamento de pessoas para realizar prestação de serviço fora da sede da empresa que caracteriza uma unidade profissional. No dispositivo legal em questão, o legislador complementar quis que, efetivamente, exista um “estabelecimento prestador” no local da prestação e não, simplesmente, um profissional representante do prestador do serviço deslocado para o local em que está sendo desenvolvida a atividade de prestar serviço, sem nenhum domicílio ou estabelecimento fixo na base territorial do tomador do serviço ou da execução do serviço, distintamente da sua sede ou domicilio.

Para configurar na prática um estabelecimento prestador, na forma do dispositivo transcrito acima, deverá existir, no mínimo, um estabelecimento físico (imóvel) de propriedade do prestador, locado ou cedido mediante comodato, para que o prestador o utilize para a prestação dos serviços contratados, podendo haver ou não despesas do prestador para manutenção do estabelecimento.

Para fins de caracterização da unidade econômica ou profissional de prestação de serviço, merece ser destacado ainda que não é necessária que ela seja montada em caráter permanente e tenha por objetivo a prestação de serviço ao público em geral. Estas unidades podem ter caráter temporário e ser destinada a atender a apenas a um determinado cliente.

Exemplificando, uma empresa sediada em Campo Grande que eventualmente preste algum dos serviços não listados nos incisos do artigo 3º da Lei Complementar nº 116/2003 em outro Município, deverá recolher o imposto no local do estabelecimento prestador, porque é neste local onde ocorre o desenvolvimento da atividade de prestar serviços e é configurada a unidade econômica ou profissional.

Da mesma forma, uma empresa sediada em outro Município, e que preste algum dos serviços não especificados nas exceções ao artigo 3º da Lei Complementar nº 116/2003 em Campo Grande, em regra não deverá recolher o tributo aqui.

No entanto, caso seja configurada em Campo Grande a existência de unidade econômica ou profissional, o tributo deverá ser recolhido aqui, diante do estabelecido no artigo 4º da mesma lei.

Em alguns municípios a Lei Complementar Municipal traz, em seu bojo, os elementos caracterizadores da existência de estabelecimento prestador. A presença de ao menos dois dos elementos no Município onde os serviços são prestados legitimará a tributação, como por exemplo:

I - manutenção de pessoal, material, máquinas, instrumentos e equipamentos necessários à execução dos serviços;

II - estrutura organizacional ou administrativa;

III - inscrição nos órgãos previdenciários;

IV - indicação como domicílio fiscal para efeito de outros tributos;

V - permanência ou ânimo de permanecer no local, para a exploração econômica de atividade de prestação de serviços, exteriorizada através de indicação do endereço em impressos, formulários ou correspondência, contrato de locação do imóvel, propaganda ou publicidade, ou em contas de telefone, de fornecimento de energia elétrica, água ou gás, em nome do prestador, seu representante ou preposto.

Assim, uma empresa sediada em outro Município, que presta serviços em Campo Grande, e que apresente a existência de, ao menos, dois dos elementos listados acima nesta cidade, deverá ser tributada na capital do Estado de MS.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaDa mesma forma, a empresa sediada em Campo Grande e que, ao prestar serviços em outro local

configure ali unidade econômica ou profissional, deverá recolher o ISS sobre aqueles serviços prestados na outra localidade, e não aqui neste Município.

A jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema foi firmada na vigência do Decreto-lei nº 406/68, e trazia entendimento de que o tributo seria devido no local da prestação dos serviços, adotando critério puramente territorial que dispensava a análise de outros fatores.

Tal entendimento, contudo, não mais prevalece diante da nova legislação, que determina o critério da territorialidade somente para os incisos do artigo 3º, e não como regra geral.

Para a Lei Complementar nº 116/2003, a regra geral é o local do estabelecimento prestador, cuja identificação dependerá da análise da existência do desenvolvimento da atividade e da configuração da atividade econômica ou profissional.

Assim, o próprio Superior Tribunal de Justiça passou a proferir decisões em sentido contrário, deixando claro que a competência passou a ser a do local da sede do prestador de serviço:

TRIBUTÁRIO – ISS – PRESTAÇÃO DE SERVIÇO – CONSTRUÇÃO CIVIL – PROJETO, ASSESSORAMENTO NA LICITAÇÃO E GERENCIAMENTO DA OBRA CONTRATADA – COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO ONDE SE REALIZOU O SERVIÇO DE CONSTRUÇÃO – CONTRATO ÚNICO SEM DIVISÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS.

1. A competência para cobrança do ISS, sob a égide do DL 406/68 era o do local da prestação do serviço (art. 12), o que foi alterado pela LC 116/2003, quando passou a competência para o local da sede do prestador do serviço (art. 3º).

[...]

5. Recurso Especial conhecido e provido. (REsp 1.117.121/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 14/10/2009, DJe 29/10/2009) (grifou-se).

O Superior Tribunal de Justiça passou a entender correta a aplicação da tese de que o sujeito ativo tributário é o do Município do local da prestação dos serviços somente para os fatos geradores que ocorreram antes da vigência da Lei Complementar nº 116/2003:

TRIBUTÁRIO – RECURSO ESPECIAL – ISS – COMPETÊNCIA – FATOS GERADORES OCORRIDOS ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LC 116/03 – LOCAL DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – PRECEDENTES.

1. Para os fatos geradores do ISS que ocorreram antes da vigência da Lei Complementar 116/03 permanece o entendimento firmado nesta Corte de que o município competente para cobrar o ISS é do local onde os serviços foram prestados, onde ocorreu o fato gerador do tributo. 2. Recurso especial não provido. (REsp 1.175.980/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe 10/03/2010).

Novos outros acórdãos proferidos deixaram claro, também, o entendimento da Corte ao afirmar que mesmo sediada em um Município, o imposto será devido naquele em que há a configuração de unidade econômica ou profissional, afirmando, inclusive, que a validade territorial da lei municipal instituidora de ISS compreenderá a localidade em que estiver configurada uma organização necessária ao exercício da atividade:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – ISSQN – LC 116/03 – COMPETÊNCIA – LOCAL ESTABELECIMENTO PRESTADOR – SÚMULA 83/STJ – FUNDAMENTO NÃO ATACADO – SÚMULA 283/STF.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência1. De acordo com os arts. 3º e 4º da LC nº 116/03, a municipalidade competente

para realizar a cobrança do ISS é a do local do estabelecimento prestador dos serviços. Considera-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurídica. Isso significa que nem sempre a tributação será devida no local em que o serviço é prestado. O âmbito de validade territorial da lei municipal compreenderá, portanto, a localidade em que estiver configurada uma organização (complexo de bens) necessária ao exercício da atividade empresarial ou profissional.

2. [...]

3. No caso, o tribunal a quo concluiu que os serviços médicos são prestados em uma unidade de saúde situada no Município de Canaã, o que legitima esse ente estatal para a cobrança do ISS.

[...]

5. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (REsp. 1160253/MG, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 10/08/2010, DJe 19/08/2010);

RECURSO ESPECIAL – TRIBUTÁRIO – ISS – LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03 – SERVIÇO DE INFORMÁTICA – COMPETÊNCIA PARA SUA COBRANÇA – FATO GERADOR – LOCAL DO ESTABELECIMENTO DO PRESTADOR – PRESENÇA DE UNIDADE ECONÔMICA OU PROFISSIONAL.

1. De acordo com os artigos 3º e 4º da Lei Complementar nº 116/03, conclui-se que a municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a do local do estabelecimento prestador dos serviços, considerando-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de sua denominação.

2. Ocorre que, no presente caso, o Tribunal a quo, em seu voto revisor, considerou que os serviços de informática foram prestados na sede da instituição financeira, localizada em Brasília, sendo disponibilizados técnicos residentes para a manutenção da solução durante o período, caracterizando uma unidade econômica ou profissional no âmbito do Distrito Federal, o que legitima esse ente estatal para a cobrança o ISS.

3. Para infirmar o acórdão recorrido, neste ponto, faz-se necessário o revolvimento de matéria fático-probatória, o que é inviável em sede de recurso especial pelo óbice do enunciado n. 7 da Súmula desta Corte.

4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp. 1195844/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe 15/03/2011);

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – ISS – COMPETÊNCIA – LOCAL DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – QUESTÃO PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO – RESP 1.117.121/SP – APLICAÇÃO DO ART. 543-C DO CPC.

1. A Primeira Seção desta Corte, consolidou o entendimento no sentido de que o ISS deve ser recolhido no local da efetiva prestação de serviços, pois é nesse local que se verifica o fato gerador (nos termos do art.12, letra “b”, do DL n. 406/1968 e art. 3º, da LC n. 116/2003).

2. In casu, a empresa encontra-se sediada em Belo Horizonte, prestando serviços de manutenção e aluguel de maquinaria e equipamentos para indústrias em diversos outros Municípios, dentre eles à MBR, em sua unidade denominada Mina do Pico, em Itabirito.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaLogo, o fato gerador ocorreu no Município de Itabirito e, assim, a ele cabe a cobrança do tributo. Agravo regimental improvido. (AgRg no Ag 1318064/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 05/04/2011, DJe 13/04/2011).

Portanto, a interpretação da legislação em vigor, em conjunto com a jurisprudência firmada sob a vigência do Decreto-lei nº 406/68, é no sentido de que o princípio da territorialidade não mais se aplica, devendo prevalecer a sujeição ativa tributária quando configurado o estabelecimento prestador.

Em julgamento de Recurso (Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial) referente ao Município de Campo Grande, assim decidiu o STJ:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – ISS – SERVIÇOS DE INFORMÁTICA PRESTADOS NA VIGÊNCIA DA LC 116/2003, POR EMPRESA QUE NÃO POSSUI UNIDADE AUTÔNOMA (FILIAL, AGÊNCIA, SUCURSAL) FORA DO MUNICÍPIO EM QUE ESTABELECIDA A SUA SEDE, SUJEITO ATIVO.

1. O STJ definiu o sujeito ativo do ISS incidente sobre serviço prestado na vigência da LC 116/2003 nos seguintes termos: a) “como regra geral, o imposto é devido no local do estabelecimento prestador, compreendendo-se como tal o local onde a empresa que é o contribuinte desenvolve a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, sendo irrelevante para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação, contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas; b) na falta de estabelecimento prestador, no local do domicílio do prestador. Assim, o imposto somente será devido no domicílio do prestador se no local onde o serviço for prestado não houver estabelecimento do prestador (sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação); c) nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, acima transcritos, mesmo que não haja local do estabelecimento prestador, ou local do domicílio do prestador, o imposto será devido nos locais indicados nas regras de exceção”.

2. Orientação adotada no julgamento do RESP 1.117.121/SP, no regime do art. 543-C do CPC.

3. No caso dos autos, a empresa não possui unidade autônoma (filial, agência, sucursal, etc.) fora do Município de Campo Grande, onde instalada sua sede, razão pela qual a própria agravante esclarece que os serviços foram prestados mediante deslocamento de recursos humanos e materiais do seu estabelecimento para as outras praças. Essa informação é corroborada pelas notas fiscais de prestação de serviços, onde consta que o prestador é o estabelecimento sediado no Município de Campo Grande (se houvesse unidade autônoma, a nota fiscal de prestação de serviços indicaria a respectiva inscrição no CNPJ e o endereço da filial ou recursal).

4. Dessa forma, inexistindo estabelecimento/unidade autônoma nas diversas municipalidades em que os serviços de informática são prestados (mediante deslocamento de recursos humanos e materiais), o ISS é devido ao Município de Campo Grande.

5. Agravo Regimental não provido. (AgRg no Agravo em Recurso Especial n.º 299.489-MS (2013/0043593-8), Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 08/04/2014, DJe 18/06/2014).

O STJ, em recentes julgamentos, inclusive no primeiro trimestre deste ano de 2015, vem mantendo esse entendimento consolidado.

Conclui-se, assim, que a partir da LC nº 116/2003, estão vigentes as seguintes regras:

1ª) como regra geral, o imposto é devido no local do estabelecimento prestador, compreendendo-se como tal o local onde a empresa que é o contribuinte desenvolve a

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaatividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação, contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas;

2ª) na falta de estabelecimento do prestador, no local do domicílio do prestador. Assim, o imposto somente será devido no domicílio do prestador se no local onde o serviço for prestado não houver estabelecimento do prestador (sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação);

3ª) nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, mesmo que não haja local do estabelecimento prestador, ou local do domicílio do prestador, o imposto será devido nos locais indicados nas regras de exceção.

Como se observa no caso dos autos, a municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a do local do estabelecimento prestador dos serviços, considerando-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurídica.

Isso significa que nem sempre a tributação será devida no local em que o serviço é prestado. O âmbito de validade territorial da lei municipal compreenderá a localidade em que estiver configurada uma organização (complexo de bens) necessária ao exercício da atividade empresarial ou profissional.

No caso da empresa recorrente, ela se encontra em grupo distinto no qual se encontram os serviços que, por suas características, podem ser prestados tanto no estabelecimento prestador quanto no estabelecimento ou domicílio do tomador do serviço ou em um terceiro lugar qualquer, como exposto na sentença.

A maior problemática relacionada à competência para exigir e arrecadar o ISSQN é precisamente neste ponto encontrada, sendo exemplos típicos justamente os serviços de assessoria e consultoria, que em princípio, podem ser prestados em qualquer lugar, nada impedindo que o prestador faça com que o fato gerador se concretize em local totalmente diferente do estabelecimento prestador ou do tomador do serviço.

O deslinde da questão exige entender que a prestação dos serviços incluídos nesta categoria, que abarca, por exemplo, além dos citados assessoria e consultoria, serviços de informática; publicidade; agenciamento; corretagem; intermediação; medicina; advocacia e contabilidade, e outros, demanda a existência de uma base operacional, física ou não, onde o prestador concentre a estrutura necessária, seja ela de equipamentos ou mesmo de bens imateriais como o conhecimento ou a tecnologia a ser empregada.

Há que se considerar, ainda, que cabe ao poder público municipal o planejamento e organização da cidade e para exercer suas funções, os municípios detêm, além de competência legislativa, o chamado poder de polícia especial, pelo qual controlam o exercício das atividades econômicas em seu território, permitindo e organizando, através de alvarás de licença, a instalação, localização e funcionamento da indústria, comércio e serviços, segundo a legislação disciplinadora das posturas municipais.

As empresas, quer sejam comerciais, industriais ou prestadoras de serviços, assim como as pessoas físicas que desenvolvem atividades econômicas estão sujeitas, portanto, ao poder de polícia especial do município onde estiverem estabelecidas ou domiciliadas. Destarte, ao decidir por determinado município como domicílio tributário e efetivamente nele estabelecer-se, fixando e mantendo a estrutura necessária à atividade, o prestador de serviços estará sujeito à legislação deste.

O fato de algumas atividades exigirem o deslocamento do prestador de um município para outro em alguma das etapas da prestação do serviço, não o desobriga de se estabelecer em um município determinado, onde manterá a estrutura operacional e administrativa necessária ao seu negócio, o que inclui o alvará de funcionamento municipal conforme a respectiva legislação de posturas.

A lei tributária subordinou os serviços incluídos no grupo da recorrente à regra geral e considerou prestado o serviço e devido o imposto para o município do estabelecimento prestador. Prevendo de outra

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaforma, estaria negando a competência municipal para organizar seu território e disciplinar o exercício das atividades econômicas, permitindo aos prestadores desses serviços exercerem sua atividade sem obedecer qualquer legislação da espécie, sem licenças para funcionamento, sem alvarás municipais.

Ante o exposto, o município competente para a cobrança/exigência do tributo (ISSQN) é o Município de Campo Grande/MS, ora recorrido, onde a empresa recorrente possui o seu estabelecimento prestador de serviços, onde seus serviços são inteiramente desenvolvidos e existe efetivamente a organização (complexo de bens) necessária para o exercício da atividade de prestar serviço, não havendo reparos a ser feitos na sentença invectivada.

Voto, pois, no sentido de negar provimento ao recurso.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Apelação n. 0800662-76.2014.8.12.0018 - Paranaíba

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – COMPRA DE NOTEBOOK – PRODUTO QUE SE ALEGA ESTAR COM DEFEITO – RELATÓRIO DE ATENDIMENTO TÉCNICO COM A OBSERVAÇÃO DE QUE NÃO FOI PERMITIDA A “ABERTURA” DA MÁQUINA PARA VERIFICAÇÃO – RECUSA INJUSTIFICADA - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL CORRETAMENTE APLICADA - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

Trata-se de ação em que a parte autora alega ter adquirido um notebook e que o produto, após um mês de uso, teria parado de funcionar, de modo que pleiteia a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos materiais e morais.

Diferentemente do que foi alegado, restou evidenciado nos autos que a reclamada prestou a assistência necessária cumprindo integralmente sua obrigação, bem como de que a solução não foi alcançada por recusa da recorrente, visto que o técnico da assistência técnica autorizada informou a necessidade de que o aparelho fosse “aberto” para análise e conserto, o que não foi autorizado pela recorrente que entende ser devida a substituição do equipamento e não autorizou a realização do procedimento.

Tal qual destacado na sentença os fatos ocorreram por culpa exclusiva da consumidora que não concedeu autorização para que a identificação do problema fosse alcançada e o conserto do aparelho viabilizado.

Atualmente, existem categorias de produtos duráveis e não duráveis. No caso dos produtos duráveis que apresentarem vícios, estes deverão ser enviados a assistência técnica e o fornecedor tem até 30 dias para sanar qualquer tipo de problema. Não sendo solucionado neste prazo, o consumidor tem direito a optar pela troca do produto, devolução do valor pago ou abatimento proporcional do preço.

Em se tratando de produtos essenciais poder-se-ia, em tese, fazer uso imediato destas opções, porém, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) não regulamentou expressamente quais seriam estes produtos essenciais, e em assim sendo, analisa-se o caso concreto, de modo que a troca imediata do aparelho como base no artigo 18, §3º do CDC pretendida neste feito não se justifica na medida em que este pode, em regra, ter seus componentes substituídos sem o comprometimento do todo.

A solução da quaestio juris foi feita de maneira clara e coerente, por inexistirem nos autos provas suficientes a justificar a responsabilização pretendida, restando justificada a improcedência do pedido inicial. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul-Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCustas processuais pela recorrente, além de honorários de advogado fixados em 10% (dez por

cento) sobre o valor da causa, que ficam suspensas em razão da recorrente ser beneficiária da assistência judiciária gratuita.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0802578-48.2014.8.12.0018 - Paranaíba

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C.C COMPENSATÓRIA DE DANOS MATERIAIS E MORAIS – SERVIÇO DE TELEFONIA – CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA – INSCRIÇÃO INDEVIDA – DANO MORAL CARACTERIZADO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA – CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE DANOS EM FAVOR DE ENTIDADE BENEFICENTE E DE HONORÁRIOS CONTRATUAIS AFASTADA - RECURSO PROVIDO EM PARTE.

Trata-se de ação em que a reclamante pleiteia a declaração de inexistência referente aos valores cobrados pela recorrente por uso do serviço de telefonia, com fundamento na afirmação de que jamais solicitou tal instalação, bem como nunca residiu no local em que fora instalado.

De fato a requerida não comprovou nos autos a contratação, de modo que não há justificativa para a cobrança dos valores referentes ao contrato mencionado, bem como para a inscrição indevida, gerando o dever de indenizar.

É cediço que o direito à reparação do dano moral depende da concorrência de requisitos como: fato lesivo voluntário causado pelo agente; negligência, imperícia ou imprudência e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente, existentes no caso em tela.

Na quantificação do dano moral devem ser considerados os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, observando-se, além das condições econômicas do ofensor e do ofendido, o grau de ofensa e suas consequências.

Incabível, no entanto, a condenação, em sede de Juizados Especiais e neste caso, de indenização revertida a entidade beneficente (Rcl- STJ 12.062-GO) e despesas com contração de advogado para ajuizamento de ação, por falta de amparo legal.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso interposto e dar-lhe parcial provimento.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

RELATÓRIO

A Sr.ª Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Trata-se de Ação de Declaratória de Inexistência de Débito c/c Compensatória por danos Morais e materiais proposta por Fernando Cabral Guimarães Vilela, em face da Oi S.A. (Nova Denominação da

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaBrasil Telecom S/A), alegando que pretende declaração de inexistência de débitos oriundos do contrato nº5663356, pois afirma que nunca contratou com a reclamada, bem como nunca residiu no local em que foi instalado o telefone; que a cobrança e inscrição nos órgãos de proteção ao crédito foram indevidas, requerendo a declaração de inexistência de débito e condenação da reclamada em indenização por danos morais.

Em contestação, a reclamada alegou que a contratação foi regular sendo contratada a instação do serviço Oi-TV, já cancelado por inadimplemento; que não houve pagamento e, por isso, houve a inscrição nos órgãos de proteção ao crédito; e que em caso de fraude também foi vítima de terceiro, não havendo que se falar em indenização.

A sentença proferida julgou parcialmente procedente o pedido, declarando a inexistência do débito, e condenando o requerido ao pagamento da quantia de R$ 10.000,00, como indenização, sendo que R$ 5.000,00 deveria ser revertido em favor do reclamante e R$ 5.000,00 em favor do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente - FMDCA, bem como ao pagamento da quantia de R$ 1.750,00 a título de honorários advocatícios contratuais.

Inconformada, a empresa interpôs recurso inominado argumentando que houve a contratação e o telefone foi devidamente instalado, sendo cancelado por inadimplência; que a inscrição nos órgãos de proteção ao crédito consiste em exercício regular de direito; que não se verificou dano moral, apenas mero aborrecimento e que os valores arbitrados foram exorbitantes.

O consumidor não apresentou contrarrazões.

É o relatório.

VOTO

A Sra. Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Trata-se de recurso inominado que, sendo tempestivo e preparado, merece ser conhecido e processado.

Segundo consta dos autos, a recorrente de fato efetivou a cobrança de valor indevido, lançando restrição ao nome do consumidor. Constata-se, ainda, que apesar do longo arrazoado apresentado com a contestação e no recurso apresentado, a recorrente não fez juntar nenhum documento apto a corroborar suas afirmações. Na realidade, embora afirme ter havido licitude em sua conduta esta não foi demonstrada. É que o contrato que afirma existir não foi juntado, como também não foi juntada prova da instalação ou de que tenha sido feita no endereço do reclamante de modo que sua argumentação não pode ser acolhida.

Sendo assim, diante do caráter ilícito da restrição, pois pautada em débito inexistente, e inexistindo outras negativações anteriores, restou demonstrado o cometimento de ato ilícito indenizável.

Com efeito, inúmeros são os princípios orientadores da tutela protetiva aos consumidores, dentre os quais se destacam o da isonomia ou da vulnerabilidade; o da hipossuficiência; o do equilíbrio e da boa-fé objetiva; do dever de informar; e o da transparência, todos perfeitamente aplicáveis ao caso concreto.

Assim, a condenação da empresa recorrente é realmente devida, ante a desídia no exercício de sua atividade, já que não comprovou a existência de contrato entre as partes e, ainda, promoveu inscrição nos órgãos de restrição ao crédito (p. 21/22) pautada em débito inexistente, ensejando o dever de reparar o dano suportado.

Por se tratar de algo imaterial, ou ideal, não se pode exigir que a comprovação do dano seja feita pelos mesmos meios utilizados para a demonstração do dano material. Em casos como o que se apresenta o dano

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciamoral está ínsito na própria ofensa, de tal modo que, provado o fato danoso, ipso facto, está demonstrado o dano moral a guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras da experiência comum.

Por isso, imperativa a aplicação dos preceitos contemplados no inciso X, do artigo 5.º, da Constituição Federal: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

Nesse sentido tem sido a jurisprudência predominante, ou seja, acolhe-se o entendimento de que a ocorrência do dano puramente moral enseja o dever de indenizar, sem condicioná-lo à convivência com o dano material. Daí porque se diz que a indenização, em tais casos, tem a natureza satisfatória, como referido na transcrição abaixo:

Não se trata de pecúnia doloris ou pretium doloris, que se não pode avaliar e pagar; mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízos e danos e abalos e tribulações irressarcíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento, pelo direito, do valor e importância desse bem, que se deve proteger tanto quanto, senão mais do que os bens materiais e interesses que a lei protege. (Voto do Min. Oscar Corrêa, no RE 97.097, in RTJ, vol. 108/194, e in RT 725/242).

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve ser feito do modo mais justo possível, sem servir de fonte para enriquecimento sem causa.

É certo que a indenização deve corresponder à gravidade objetiva do fato e do seu efeito lesivo, tendo em conta ainda as condições sociais e econômicas das partes. Sendo assim, no caso concreto, a natureza e extensão do dano, bem como as condições sócio-econômicas da instituição financeira e do consumidor demonstram que o valor da indenização não está dentro dos norteadores da razoabilidade e da proporcionalidade, o que, neste caso, enseja a redução do quantum indenizatório.

Assim, sopesando os fatos, na busca do alcance do resultado do evento no sentimento da vítima, considerando, sobretudo, os critérios acima apontados, verifica-se ser suficiente a indenização do dano moral arbitrada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em favor do Recorrido, como forma de compensar a intranquilidade e a perturbação suportadas.

Ademais, não se pode desconsiderar que, em relação à condenação decorrente de danos morais lançada em favor do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente -FMDCA, essa condenação deve ser afastada, tendo em vista que não faz parte do pedido inicial, tratando-se de inovação, ferindo o princípio da congruência previsto no art. 460 do CPC , cuja disposição se transcreve: “É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”.

A decisão condenatória extrapolou os limites objetivos e subjetivos da demanda, uma vez que conferiu provimento jurisdicional diverso daquele requerido na petição inicial, beneficiando terceiro alheio à relação jurídica processual posta em juízo.

Mesmo que houvesse pedido de condenação em danos sociais na demanda em exame, o pleito não poderia ter sido julgado procedente, pois esbarraria na ausência de legitimidade para postulá-lo. Isso porque, na visão do STJ, a condenação por danos sociais somente pode ocorrer em demandas coletivas e, portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam pleitear danos sociais. Neste sentido é a decisão a seguir transcrita:

RECLAMAÇÃO – ACÓRDÃO PROFERIDO POR TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS – RESOLUÇÃO STJ N. 12/2009 – QUALIDADE DE REPRESENTATIVA DE CONTROVÉRSIA, POR ANALOGIA. RITO DO ART. 543-C DO CPC – AÇÃO INDIVIDUAL DE INDENIZAÇÃO – DANOS SOCIAIS – AUSÊNCIA

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaDE PEDIDO – CONDENAÇÃO EX OFFICIO – JULGAMENTO EXTRA PETITA – CONDENAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO ALHEIO À LIDE – LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA DEMANDA (CPC ARTS. 128 E 460) – PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA – NULIDADE – PROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO.

1. Na presente reclamação a decisão impugnada condena, de ofício, em ação individual, a parte reclamante ao pagamento de danos sociais em favor de terceiro estranho à lide e, nesse aspecto, extrapola os limites objetivos e subjetivos da demanda, na medida em que confere provimento jurisdicional diverso daqueles delineados pela autora da ação na exordial, bem como atinge e beneficia terceiro alheio à relação jurídica processual levada a juízo, configurando hipótese de julgamento extra petita, com violação aos arts. 128 e 460 do CPC.

2. A eg. Segunda Seção, em questão de ordem, deliberou por atribuir à presente reclamação a qualidade de representativa de controvérsia, nos termos do art. 543-C do CPC, por analogia.

3. Para fins de aplicação do art. 543-C do CPC, adota-se a seguinte tese: “É nula, por configurar julgamento extra petita, a decisão que condena a parte ré, de ofício, em ação individual, ao pagamento de indenização a título de danos sociais em favor de terceiro estranho à lide”.

4. No caso concreto, reclamação julgada procedente. (STJ. 2ª Seção. Rcl 12.062-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 12/11/2014)

No que tange a condenação da requerida ao pagamento pelos danos materiais pleiteados em razão da contratação de causídico, nesta parte a sentença também merece reforma.

Como se sabe, nos juizados especiais a interposição de ação por intermédio de advogado particular é faculdade dada a parte autora nas ações com valor da causa superior a vinte salários mínimos, porquanto é dispensável a capacidade postulatória para o ajuizamento de ação em sede dessa Justiça especializada nos demais casos. Assim, se o requerente optou por contratar profissional para patrocinar sua causa, deve suportar os gastos advindos dessa contração.

Ademais não se pode imputar a terceiro que não fez parte da avença os ônus da contratação feita sem sua participação.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento, para o fim de afastar da condenação feita em primeiro grau, a indenização de R$ 5000,00 estabelecida em favor de entidade assistencial e a condenação decorrente do ressarcimento pela requerida à parte autora do valor de R$ 1.750,00 (mil, setecentos e cinquenta reais) pelas despesas com a contratação de causídico. Mantem-se, no mais, a sentença em seus termos.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 14 de agosto de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Segunda Turma Recursal Apelação n. 0803966-62.2013.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relatora Eliane de Freitas Lima Vicente

EMENTA – RECURSO INOMINADO – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C.C. DANOS MORAIS – CONSORCIADO CONTEMPLADO – LIBERAÇÃO DA CARTA DE CRÉDITO NEGADA – RESTRIÇõES NO NOME DO CONSORCIADO – CABIMENTO POR PREVISÃO CONTRATUAL – RESCISÃO DO CONTRATO – RESTITUIÇÃO IMEDIATA DOS VALORES PAGOS – POSSIBILIDADE EM FACE DA CONTEMPLAÇÃO – CORREÇÃO DEVIDA DESDE O DESEMBOLSO DAS PARCELAS – DANOS MORAIS INEXISTENTES – CLAÚSULA PENAL – INDEVIDA POR AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO – REDUÇÃO DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO PACTUADA CONTRATUALMENTE – IMPOSSIBILIDADE – SEGURO CONTRATADO – VALOR DEVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA PARA MANTER O DESCONTO DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO E DO SEGURO, MANTIDOS OS DEMAIS TERMOS PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados entre as administradoras de consórcio e os consorciados, visto que plenamente caracterizado o conceito de consumidor e fornecedor.

A não-liberação de carta de crédito em razão de negativação do nome do consorciado pelos órgãos de proteção ao crédito é admitida quando prevista no contrato, não gerando indenização material ou por danos morais.

O consorciado contemplado tem direito, em razão da rescisão contratual, à imediata restituição dos valores pagos ao consórcio nos termos dos artigos 22 e 30 da Lei nº 11.795/2008, com correção monetária .

A incidência da cláusula penal somente pode ocorrer se efetivamente demonstrada a existência de prejuízos ao grupo consórtil.

É livre a pactuação da taxa de administração, impondo-se a limitação apenas quando manifesta a abusividade.

Os Seguros devidamente contratados pertencem ao grupo e não podem ser devolvidos ao consorciado.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso interposto e dar-lhe parcial provimento.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 28 de Agosto de 2014.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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RELATÓRIO

A Sr.ª Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Trata-se de Ação de Cobrança c/c Danos Morais proposta por Clademir Alves da Silva, em face do Luiza Administradora de Consórcios Ltda, alegando em síntese que contratou um consórcio com a empresa requerida para aquisição de materiais de construção no valor de R$ 10.000,00; que no momento em que lhe foi oferecido o consórcio informou ao empregado da requerida que possuía restrições nos órgãos de proteção ao crédito, sendo informado que não haveria problemas na contemplação, desde que estivesse com as parcelas em dia. Afirma, ainda, que no mês de março/2013 procurou a requerida para buscar informações sobre a retirada da carta de crédito, tendo informado que estava com restrições nos órgãos de proteção ao crédito e, novamente lhe foi afirmado que não teria problemas para retirar a carta de crédito, tendo efetuado um lance no valor de R$ 2.500,00, e providenciado as notas fiscais de compra de material de construção para liberação da carta de crédito. Ocorre que, ao apresentar a nota fiscal para a requerida lhe foi informado que em decorrência da restrição no órgão de proteção ao crédito seria impossível a realização da emissão da carta de crédito, o que lhe causou imensa revolta e frustração, visto que os materiais já haviam sido comprados e entregues para o requerente. Requereu a procedência do pedido com a condenação da requerida à restituição dos valores integralizados à cota do requerente, bem como o valor do lance; restituição de valores pagos à maior referente as taxas constante nos contrato.

Em contestação a empresa requerida afirma que o requerente adquiriu, por meio do contrato nº 1489311, uma cota do consórcio de carta de crédito no valor de R$ 10.000,00, sendo contemplado por lance na assembleia do dia 27.03.2015, passando a ter mera expectativa de direito ao crédito contemplado, isso porque, enquanto não apresentasse os documentos e garantias exigidas no contrato não poderiam ser liberados os recursos do grupo, do qual a requerida é apenas gestora. Afirma que a parte deve efetuar o pagamento do lance e depois é feita a verificação da situação cadastral. No presente caso, o autor omitiu que o valor do lance já lhe foi devidamente restituído, sendo que não foi negada a entrega do crédito, somente condicionada a sua liberação à apresentação de garantias prevista no contrato, sendo que após a análise da documentação, diante a existência de restrição, o cadastro do requerente foi reprovado, razão pela qual o crédito não lhe foi liberado. Requereu a improcedência dos pedidos.

A sentença proferida julgou parcialmente procedente o pedido condenando a parte requerida a ressarcir, imediatamente, ao requerente os valores pagos, sem descontar a cláusula penal e abatidas as taxa de administração reduzida para 12%.

Inconformada, a empresa interpôs recurso inominado argumentando que não respeitou os ditames legais aplicáveis ao caso concreto, visto que não foi observado o disposto na Lei nº 11.795/08, que quanto ao prazo de devolução dos valores pagos, deve ser observado o disposto no art. 22, caput e § 2º e artigo 30 da Lei de Consórcios; que a taxa de administração deve ser mantida na forma contrata; o seguro e a cláusula penal nos termos na Lei nº 11.795/08, bem como que seja afastada a incidência da correção monetária a partir do desembolso.

Em contrarrazões, o consumidor requer a manutenção da sentença, em todos os seus termos.

É o relatório.

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VOTO

A Sra. Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente (Relatora)

Da admissibilidade recursal

A ação tramitou regularmente, encontrando-se presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, como também preenchidos os requisitos extrínsecos e intrínsecos de admissibilidade do recurso interposto, eis que a procuração foi regularizada, de modo que a preliminar fica rejeitada.

Quando da prolação da sentença, o Juízo a quo julgou parcialmente procedentes os pedidos do autor nos seguintes termos:

Ante todo o exposto e pelo mais que dos autos consta, julga-se parcialmente procedente a pretensão inicial, condenando-se a parte requerida [...] a ressarcir, de imediato, ao requerente [...] os valores pagos no contrato nº [...], sem descontar a cláusula penal e abatidas a taxa de administração reduzida para 12% (doze por cento), corrigida pelo IGP-M, a partir da data da contemplação – 27/93/2013, acrescidas de juros legais de 1,0% ao mês a partir da citação. [...]

Dessa sentença é que recorre a empresa Administradora, pretendendo a sua reforma para que:

- a devolução dos valores pagos ocorra somente após a contemplação do recorrido, nos termos do art. 22, caput, e § 2.º da Lei nº 11.795/08;

- seja feito o desconto da taxa de administração no percentual contratado;

- seja feito o desconto das taxas de seguro;

- seja feito o desconto da cláusula penal;

- seja afastada a incidência de correção monetária a partir do desembolso de cada parcela.

Da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor.

Aplica-se o CDC aos contratos celebrados entre as administradoras de consórcio e os consorciados, visto que plenamente caracterizado o conceito de consumidor (art. 2°) e fornecedor1 (art. 3°).

As empresas administradoras de consórcio, embora destinem seus produtos (bens imóveis ou móveis e serviços) à satisfação e interesse de particulares, são equiparadas às instituições financeiras, seja porque podem colocar o Sistema Financeiro Nacional em risco, seja em virtude da gestão de recursos de terceiros, neles incluídos os grupos consorciais, conforme o inciso I do art. 1º da Lei nº 7.492/86, que define os crimes contra tal sistema:

Art. 1º. Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.

Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:

I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros.

1 Direito civil e do consumidor. Contrato de consórcio para aquisição de veículo. CDC. Incidência. Taxa de administração. Juros remuneratórios embutidos. Abusividade. - Aplica-se o CDC aos negócios jurídicos realizados entre as empresas administradoras de consórcios e seus consumidores-consorciados. Precedentes. (...) (REsp 541.184/PB, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 25/04/2006, DJ 20/11/2006, p. 300)

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 136

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaVejamos o aresto do Supremo Tribunal Federal - STF a respeito do tema:

COMPETÊNCIA - CONSÓRCIOS - LEI Nº 7.492/86.

A gestão temerária dos recursos dos consorciados alcança o próprio sistema financeiro, em termos de credibilidade, no que, segundo o inciso I do artigo 1º da Lei nº 7.492/86, as empresas do ramo são equiparadas às financeiras. (STF, 1ª Turma, HC 113.631/SP, Relator Min. Marco Aurélio, DJe-091 de 16/05/13).

Neste mesmo sentido: STF, 1ª Turma, RO em HC nº 84.182/SC, Relator Ministro Marco Aurélio, DJ 04/03/05; 2ª Turma, HC 84.111/RS, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJ 20/08/04; 1ª Turma, HC 83.729/SC, Relator Ministro Marco Aurélio, DJ 23/04/04 e RE 435.192/RS, Relator Ministro Marco Aurélio, Decisão Monocrática, DJE nº 208, divulgado em 22/10/12.

Aliás, as empresas administradoras de consórcio não vendem produtos, mas sim o serviço de gestão do grupo consorcial e dos valores pagos mensalmente por seus integrantes, de modo que, apesar de a intenção do consorciado ser a obtenção de um determinado bem, aquelas lhe providenciarão, quando sorteado, uma Carta de Crédito (pecúnia) para tanto. Vejamos (regramentos da Lei nº 11.795/08):

Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

[...]

§2°. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (destaquei)

Ademais, para não pairar dúvida acerca da aplicabilidade do CDC aos contratos de consórcio, o legislador infraconstitucional trouxe, no § 2º do art. 53 do referido Diploma, a previsão de desconto de vantagem eventualmente obtida durante o curso do pacto, bem como dos prejuízos causados ao grupo pelo consorciado desistente, quando do seu desligamento. A propósito:

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.

[...]

§ 2º. Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

Segue abaixo o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:

[...]

1. Nos contratos de consórcio para compra de bem imóvel, a relação entre a consorciada e a administradora configura relação de consumo. (STJ, 3ª Turma, REsp 595.964/GO, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 04/04/05).

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNeste diapasão: STJ, 4ª Turma, AgRg no Ag 1.070.671/SC, Rel. Ministro João Otávio de Noronha,

DJe 10/05/10; STJ, 3ª Turma, AgRg no REsp 253.175/SP, Rel. Ministro Waldemar Zveiter, DJ 30/10/00 e 2ª Seção, CC 18.589/GO, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 24/05/99.

Portanto, as pessoas jurídicas que administram recursos de terceiros se equiparam a instituições financeiras, se concluindo, por conseguinte, que os contratos de consórcio estão submetidos às regras do Código de Defesa do Consumidor - CDC (Lei nº 8.078/90).

Da não-liberação de carta de crédito – restrições ao nome do consorciado.

Cumpre repisar que o caso sob análise trata de relação de consumo, bem como obrigação das partes fundada em contrato particular para aquisição de materiais de construção, mediante consórcio por cotas.

Segundo consta das cláusulas do contrato (sinalagma), o consumidor contemplado terá sua carta de crédito condicionada ao preenchimento de certos requisitos, tais como, estar em dia com suas obrigações financeiras e não apresentar restrições junto a cadastros de restrição ao crédito.

O sinalagma significa a bilateralidade do negócio pela criação de obrigações recíprocas a estabelecer o equilíbrio da relação. As obrigações, no mundo jurídico, surgem para serem cumpridas, norteadas pela cláusula geral da boa-fé. Assim, o devedor está obrigado a efetivar sua prestação, integralmente, de modo eficiente, no tempo e lugar avençados; por outro lado, tem o credor o dever de transferir o domínio da coisa prometida.

No caso dos autos, as partes expressaram no contrato obrigações mútuas: o comprador o pagamento das parcelas; o vendedor a entrega de carta de crédito no valor de R$ 10.000,00, condicionada aos requisitos estabelecidos à cláusula específica do contrato.

Consta no Regulamento da Administradora:

Cláusula 5ª. Por ocasião da adesão ao grupo, o consorciado declara possuir situação econômico-financeira compatível com a sua participação, sem prejuízo da apresentação de documentos relativos às garantias para o recebimento do bem ou serviço, quando da contemplação.

Portanto, forçosa a incidência ao caso em apreço a exceção do contrato não cumprido que prevê que um dos contratantes não é obrigado a dar cumprimento ao contrato no caso de inadimplemento do outro (Artigo 476 do Código Civil).

No particular a parte autora confirma a negativação do seu nome, e em defesa, a ré confirma os fatos narrados pelo autor, quanto à devolução da quantia paga em lance, como a negativa em entregar a carta de crédito sob alegação de restrição prévia do nome do autor, sendo, portanto, improcedente o pedido formulado na preambular com base nesse fato, tendo em vista que o não recebimento da carta de crédito ocorreu também por culpa do Autor/Recorrido.

Do consorciado contemplado e o direito à imediata restituição dos valores pagos em razão da rescisão contratual

Quanto aos contratos celebrados após a vigência da Lei 11.795/2008, no tocante à imediata devolução dos valores pagos pelo consorciado contemplado que desistiu do contrato por não ter conseguido receber o prêmio, como no presente caso, o STJ já se manifestou, desde a apreciação da Reclamação n. 3.752/GO, que “para os contratos firmados a partir de 06.02.2009, não abrangidos nesse julgamento, caberá ao STJ, oportunamente, verificar se o entendimento aqui fixado permanece hígido, ou se, diante da nova regulamentação conferida ao sistema de consórcio, haverá margem para sua revisão” (destaquei), de modo a se interpretar restritivamente a tese enunciada de forma genérica no julgamento do REsp 1.119.300/RS. Vejamos:

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 138

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaRECLAMAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO PROLATADO POR

TURMA RECURSAL ESTADUAL E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. CONSÓRCIO. CONTRATOS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI 11.795/08. CONSORCIADO EXCLUÍDO. PARCELAS PAGAS. DEVOLUÇÃO. CONDIÇÕES.

[...]

- Em caso de desistência do plano de consórcio, a restituição das parcelas pagas pelo participante far-se-á de forma corrigida. Porém, não ocorrerá de imediato e sim em até trinta dias a contar do prazo previsto no contrato para o encerramento do grupo correspondente.

- A orientação firmada nesta reclamação alcança tão-somente os contratos anteriores à Lei nº 11.795/08, ou seja, aqueles celebrados até 05.02.2009. Para os contratos firmados a partir de 06.02.2009, não abrangidos nesse julgamento, caberá ao STJ, oportunamente, verificar se o entendimento aqui fixado permanece hígido, ou se, diante da nova regulamentação conferida ao sistema de consórcio, haverá margem para sua revisão. Reclamação parcialmente provida. (STJ, 2ª Seção, Rcl 3.752/GO, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 25/08/10) (grifei).

Em outros termos, o STJ, desde 2010, vem admitindo que nos contratos celebrados a partir de 06/02/09, data de entrada em vigor da Lei nº 11.795/08, o consorciado desistente ou excluído eventualmente poderão ter direito à restituição imediata, já que somente os instrumentos anteriores a esta data, seguiam a regra da devolução ao final do grupo.

A propósito, cita-se outro julgado recente acerca do tema, em outra Reclamação da mesma espécie:

RECLAMAÇÃO – DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO PROLATADO POR TURMA RECURSAL ESTADUAL E ORIENTAÇÃO FIXADA EM JULGAMENTO DE RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA – CONSÓRCIO – DESISTÊNCIA – DEVOLUÇÃO DE VALORES PAGOS.

1.- A Segunda Seção, no julgamento do REsp nº 1.119.300/RS, prolatado sob o regime do artigo 543-C do Código de Processo Civil, assinalou que a restituição das parcelas pagas pelo participante desistente deve ocorrer em até 30 dias após o término do prazo previsto no contrato para o encerramento do grupo correspondente.

2.- Essa orientação, contudo, como bem destacado na própria certidão de julgamento do recurso em referência, diz respeito apenas aos contratos anteriores à edição da Lei nº 11.795/08.

3.- A própria Segunda Seção já ressaltou, no julgamento da Rcl 3.752/GO, a necessidade de se interpretar restritivamente a tese enunciada de forma genérica no julgamento do REsp 1.119.300/RS: “Para os contratos firmados a partir de 06.02.2009, não abrangidos nesse julgamento, caberá ao STJ, oportunamente, verificar se o entendimento aqui fixado permanece hígido, ou se, diante da nova regulamentação conferida ao sistema de consórcio, haverá margem para sua revisão”.

4.- No caso dos autos, o consorciado aderiu ao plano após a edição da Lei 11.795/08, razão pela qual a determinação de devolução imediata dos valores pagos, constante do acórdão reclamado, não representa afronta direta ao que decidido no julgamento do REsp 1.119.300/RS.

5.- Reclamação indeferida e liminar cancelada. (STJ, 2ª Seção, Rcl 16.112/BA, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 08/04/14).

Observa-se aqui que se tratam de duas Reclamações interpostas perante o STJ, as quais exigem, conforme sua própria natureza jurídica, a obediência dos Tribunais juridicamente inferiores:

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaA Reclamação tem por escopo preservar a competência do Tribunal e, bem

assim, garantir a autoridade de suas decisões, pelo que é imprescindível a existência de ato - comissivo, omissivo ou retardatário - realizada por juízo diverso, que venha a usurpar a competência deste Superior Tribunal de Justiça ou ato - que também implique em ação, omissão ou retardamento - de desobediência a mandamento emanado por esta Corte. (STJ, 3ª Seção, Rcl 2.211/RJ, Rel. Ministro Paulo Medina, DJ 23/04/07 – destacou-se).

Assim sendo, a jurisprudência do STJ deve ser respeitada, conforme aresto de 2014 (Rcl 16.112/BA) transcrito retro, cuja decisão decorre daquele de 2010 (Rcl 3.752/GO), de modo que a todo contrato de consórcio celebrado a partir de 06/02/2009, como o constante nos autos, seja oportunizado, dependendo do caso concreto, a seus membros consorciados a devolução dos valores vertidos em caso de desistência ou exclusão, voluntária ou não (inadimplência), apesar do julgamento dos recursos repetitivos, REsp 1.119.300/RS, repise-se.

Destarte, as duas posições adotadas pelo STJ se complementam, de modo que:

- (a) os contratos celebrados até a data de 05/02/2009, devem respeitar o REsp 1.119.300/RS, sendo os valores do consorciado desistente devolvidos somente após o término do grupo consorcial, enquanto que,

- (b) nos instrumentos pactuados a partir de 06/02/2009, a devolução deve se dar depois do pedido de exclusão, o que pode ocorrer imediatamente ou após a contemplação conforme o caso e a Rcl 16.112/BA.

Portanto, correta a sentença nesse tocante, já que o valor despendido deve ser disponibilizado imediatamente, não se justificando a espera eis que já houve contemplação, razão pela qual, no ponto, fica mantida por seus próprios fundamentos.

Da tese de exclusão do consorciado contemplado pelo não pagamento das prestações

De acordo com o Regulamento do Consórcio, tem-se:

Do Excluído

Cláusula 6ª. O consorciado não contemplado que deixar de efetuar o pagamento de 2 (duas) ou mais prestações mensais consecutivas ou alternadas ou de montante equivalente, será considerado excluído.

§ 1º. A falta de pagamento na forma prevista na cláusula 6ª caracteriza infração contratual pelo descumprimento de obrigação, arcando o consorciado excluído com multa de 15% (quinze por cento), a ser descontado do crédito apurado nos termos do § 2º da cláusula 27.

§ 2º. Do percentual estabelecido no parágrafo anterior, serão destinados 5% (cinco por cento) para o grupo e 10% (dez por cento) para a administradora.

Vê-se que no caso de não efetuar o pagamento de duas ou mais prestações o consorciado será excluído e, nessa condição, só poderá receber os valores pagos quando houver contemplação, por sorteio, da cota excluída, conforme a lei e a jurisprudência pátria:

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS – PROCESSUAL CIVIL – CDC – CONSÓRCIO VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.795/08 – DESISTÊNCIA – PEDIDO DE DEVOLUÇÃO IMEDIATA IMPROCEDENTE – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

1) Nos contratos posteriores à entrada em vigor da Lei nº 11.795/08 a devolução

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciados valores ao consorciado desistente deve se dar em obediência ao novo diploma normativo, isto é, deve o recorrido participar dos sorteios promovidos pela administração do consórcio.

2) Pedido autoral de devolução imediata improcedente. Ausência de reformatio in pejus, já que a condenação como posta é mais prejudicial ao recorrente.

3) Taxa de administração mantida. Precedentes do STJ.

4) Recurso conhecido e provido para julgar o pedido de devolução imediata improcedente. Sentença mantida nos demais aspectos. Sem custas e sem honorários. (TJDF – ACJ 34232620108070008 – Primeira Turma Recursal – Rel. Juíza Maria Silva Justiniano Ribeiro – j. 31/05/2011 – DJ-e 09/06/2011);

JUIZADOS ESPECIAIS – CONSÓRCIO. DESISTÊNCIA DO CONSORCIADO – CONTRATO FIRMADO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.795/08 – DEVOLUÇÃO DO MONTANTE ADIMPLIDO SOMENTE QUANDO HOUVER CONTEMPLAÇÃO, POR SORTEIO, DA COTA EXCLUÍDA – VALOR REFERENTE À CLÁUSULA PENAL SOMENTE PODE SER RETIDO SE COMPROVADA EXISTÊNCIA DE PREJUÍZOS AO GRUPO.

1. No contrato de consórcio celebrado após a entrada em vigor da Lei nº 11.795/08, a restituição das cotas ao consorciado desistente, deve ocorrer através de contemplação em sorteio.

2. Precedentes jurisprudenciais corroboram referido entendimento.

3. Nada a prover quanto ao pedido da recorrente de retenção do valor do seguro, posto que a sentença já determinou nesse sentido, ao determinar que este valor não poderia ser restituído por ter sido expressamente contratado pelo consumidor (fls. 39v).

4. Quanto ao valor da cláusula penal, correta a sentença neste ponto, considerando que ela é prevista em contrato para repor prejuízos ao grupo ou seja, depende de prova, não bastando simples alegações da existência de prejuízos.

5. Recurso conhecido e provido em parte. (TJDFT – Apelação Cível do Juizado Especial 20110810026024 ACJ – Segunda Turma Recursal dos Juizados Especais do Distrito Federal – Rel. Juiz João Fischer – j. 20/09/2011);

CONSÓRCIO – CONTRATO FIRMADO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.795/08 – DESISTÊNCIA – APLICAÇÃO LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA – RESTITUIÇÃO POR MEIO DE SORTEIO.

1. É válida a relação jurídica consorcial estabelecida por meio de contrato cujos termos são suficientemente claros acerca do objeto contratado e das condições para a contemplação do consorciado.

2. Configura indevida inovação a pretensão de revisão das cláusulas contratuais deduzidas nas razões do recurso.

3. Nos contratos celebrados sob a égide da Lei nº 11.795/08 a devolução das parcelas pagas pelo consorciado excluído será efetuada na forma do art. 22 da referida lei, ou seja, por meio de contemplação por sorteio.

4. Recurso conhecido e não provido. (TJDFT – ACJ 2010.03.1.022200-4 – Segunda Turma Recursal – Rel. Juíza Edi Maria Coutinho Bizzi – j. 15/03/2011).

Essa é a tese defendida pela Recorrente, mas não é o caso dos autos.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaVê-se que, conforme afirmado pela própria recorrente, o recorrido firmou contrato em 21/11/2012,

tendo sido contemplado mediante oferta de lance e sorteio em assembleia em 27/3/2013 e deixou de efetuar pagamentos a partir de 23/4/2013, portanto, aproximadamente 1 mês depois de ter sido contemplado e não ter conseguido receber o prêmio, faltando, ainda, 30 meses para encerrar seu grupo, já que há informação de que o prazo de seu contrato era de 34 meses.

Portanto, não tendo sido a sua inadimplência posterior que o tornou desistente, mas, sim, o não recebimento do prêmio, cujo pagamento fora negado pela administradora recorrente em razão de restrições ao nome do consorciado, não se tratando, destarte, de consorciado excluído, não se lhe aplica, por conseguinte, a regra pretendida pela administradora.

Da legalidade da cláusula penal contratada (multa)

Com relação à multa, em breves palavras, adiro ao entendimento pacificado no STJ de que, havendo desistência do consumidor de permanecer no grupo, compete à administradora de consórcios a prova de que a saída do consorciado acarretou prejuízo aos demais participantes, sob pena de não poder descontar, dos valores a serem restituídos, a cláusula penal, in verbis:

1. Nos termos da jurisprudência do STJ, “a possibilidade de se descontar dos valores devidos percentual a título de reparação pelos prejuízos causados ao grupo (art. 53, § 2º, do CDC) depende da efetiva prova do prejuízo sofrido, ônus que incumbe à administradora do consórcio.” (REsp 871.421/SC, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 11/3/2008, DJe de 1º/4/2008).

2. O Tribunal de origem, apreciando as peculiaridades fáticas da causa, concluiu que a desistência do agravado não trouxe prejuízo ao grupo consorcial. (STJ, 4ª Turma, AgRg no AREsp 56.425/RS, Rel. Ministro Raul Araújo, DJe 17/02/12);

1. Havendo o Tribunal Estadual decidido, com base nas provas constantes dos autos, pela não existência de dano decorrente da desistência do autor ao consórcio, o que possibilitou afastar a aplicação da cláusula penal, modificar tal entendimento seria desafiar a Súmula 7/STJ. (STJ, 4ª Turma, AgRg no REsp 1.172.476/RS, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe 26/05/11).

Neste mesmo diapasão tem decidido o Tribunal de Justiça de Goiás:

[...]

4. A cláusula penal, em casos que tais, somente pode incidir mediante comprovação de prejuízo ao grupo, o que não ocorreu na espécie (TJGO, 6ª Câmara Cível, AC 3108-43.2009.8.09.0051, Rel. Des. Norival Santomé, DJe 1.501 de 12/03/14);

[...]

3- Deve ser afastada a cobrança de cláusula penal quando a administradora de consórcio não demonstrar, de forma contundente, os prejuízos sofridos com a retirada do consorciado do respectivo grupo (TJGO, 2ª Câmara Cível, AC 325420-03.2010.8.09.0051, Rel. Dr. Eudélcio Machado Fagundes, DJe 1.345 de 17/07/13).

Saliento que esse entendimento mais recente põe uma pá de cal sobre a antiga tese de que a multa deveria ser paga por quem deu causa ao rompimento do contrato, recaindo, por óbvio, sobre o consorciado desistente - que solicitou a rescisão do ajuste.

A saída do integrante desistente não acarreta consequências prejudiciais aos demais consorciados, pois, se por um lado o afastamento do participante provoca uma diminuição de ingresso de capital no grupo,

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciapor outro, fica reduzido o encargo do mesmo (grupo), que terá de entregar um bem a menos, sendo de se considerar, ainda, a possibilidade de substituição do retirante (venda das cotas do desistente).

Além disso, grande maioria dos contratos de consórcio, de adesão como já citado, exigem do consorciado, como condição para ingresso e permanência no grupo, o pagamento de um seguro que visa resguardar os consorciados de sua eventual saída. Logo, a “despesa imprevista” mencionada pelo STJ, caso demonstrada - se não for possível reduzir o custo do consórcio ou substituir o membro excluído - restaria paga pela indenização, afastando-se assim qualquer prejuízo para o grupo consorcial.

Nos termos do art. 53, § 2º, do CDC e de acordo com o STJ, portanto, a incidência da cláusula penal prevista no contrato somente pode ocorrer se efetivamente demonstrada a existência de prejuízos ao grupo consórtil.

Pertinente a transcrição da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do TJ/RS:

CONSÓRCIO – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE PARCELAS PAGAS – REDUTOR – ART. 53, § 2º, DO CDC – PROVA DO PREJUÍZO – ÔNUS DA ADMINISTRADORA – CORREÇÃO MONETÁRIA – ÍNDICE APLICÁVEL.

I - A possibilidade de se descontar dos valores devidos percentual a título de reparação pelos prejuízos causados ao grupo (art. 53, § 2º, do CDC) depende da efetiva prova do prejuízo sofrido, ônus que incumbe à administradora do consórcio. [...]. (REsp 871.421/SC, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 11/03/2008, DJe 01/04/2008);

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE COBRANÇA – RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS PAGAS – CONTRATO DE CONSÓRCIO. [...] CLÁUSULA PENAL (REDUTOR).

É inviável a dedução dos valores relativos à cláusula penal, visto que não demonstrado eventual dano sofrido pela administradora com a saída da consorciada. [...] (Apelação Cível Nº 70032540155, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Castro Boller, Julgado em 25/11/2010).

Assim, cláusula penal por rescisão de contrato de consórcio paga por parte do consorciado somente ocorrerá quando da desistência acarretar prejuízo ao grupo consorcial, fato que requer prova a ser produzida pelo lesado, ônus do qual não se desincumbiu a Recorrente (art. 333, II, do CPC).

Descabe, portanto, a incidência da cláusula penal, prevista no contrato em razão da retirada do grupo do consorciado desistente se não restou demonstrado qualquer dano à empresa ré e do grupo em face da desistência do autor.

Assim sendo, não tendo a administradora de consórcio comprovado eventual dano com a retirada do consorciado, inviável a aplicação da cláusula penal, mantendo-se a sentença nesse ponto.

Da taxa de administração no contrato de consórcio

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento dos Embargos de Divergência no REsp 927.3792, sedimentou o entendimento de que as administradoras de consórcio possuem liberdade para fixar a respectiva taxa de administração, não sendo considerada ilegal ou abusiva as taxas fixadas em percentual superior a 10%. Nesse sentido:

2 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. CONSÓRCIO DE BENS MÓVEIS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO. POSSIBILIDADE. LIVRE PACTUAÇÃO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE E ABUSIVIDADE. 1. Consoante entendimento firmado pela Corte Especial, as administradoras de consórcio possuem liberdade para fixar a respectiva taxa de administração, nos termos do art. 33 da Lei 8.177/91 e da Circular 2.766/97 do BACEN, não sendo considerada ilegal ou abusiva a taxa fixada em 13% (treze por cento). 2. Embargos de divergência acolhidos, com aplicação do direito à espécie. (EREsp 992.740/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 09/06/2010, DJe 15/06/2010)

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaRECURSO ESPECIAL – VIOLAÇÃO AOS ARTS. 458 E 535 DO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL – OMISSÃO – AUSÊNCIA. REVISÃO DOS CONTRATOS FINDOS. POSSIBILIDADE. CONSÓRCIO DE BENS MÓVEIS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO. FIXAÇÃO. LIMITE SUPERIOR A 10% (DEZ POR CENTO). AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE E ABUSIVIDADE.

[...]

3 - A matéria ora analisada encontra-se pacificada neste Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista que a Corte Especial (EREsp nº 927379/RS) consigna o entendimento de que as administradoras de consórcio possuem total liberdade para fixar a respectiva taxa de administração, nos termos do art. 33 da Lei nº 8.177/91 e da Circular nº 2.766/97 do BACEN, não sendo considerada ilegal ou abusiva, portanto, as taxas fixadas em percentual superior a 10% (dez por cento), conforme ocorre no presente caso. [...] (REsp 796.842/RS, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em 18/03/2010, DJe 12/04/2010);

APELAÇÃO CÍVEL. CONSÓRCIOS. REVISÃO DE CONTRATO. APLICAÇÃO DO CDC. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO. CLÁUSULA PENAL. DESISTÊNCIA DO CONSORCIADO. RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS PAGAS. PRE-QUESTIONAMENTO. DA APLICAÇÃO DO CDC E DOS CONTRATOS DE ADESÃO. [...] TAXA DE ADMINISTRAÇÃO.

Entendimento pacificado do STJ no sentido de que a fixação da Taxa de Administração no contrato de consórcio é livre, salvo se comprovada manifestamente a sua abusividade. [...] (Apelação Cível Nº 70040371809, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Sbravati, Julgado em 13/01/2011).

Nesse sentido recentíssimo julgado do e. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, com base na jurisprudência atualizada e predominante no Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES – NULIDADE DA CLÁUSULA DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CONSÓRCIO – LIMITAÇÃO A 10% (DEZ POR CENTO) – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULA 538 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – [...] RECURSO NÃO PROVIDO.

Conforme Súmula nº 536 do Superior Tribunal de Justiça, “as administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior a dez por cento”.

[...]

Recurso conhecido e não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 21 de julho de 2015.

Desª. Tânia Garcia de Freitas Borges - Relatora

Em seu voto, assim explicou a i. Relatora:

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTem-se que a taxa de administração, cobrada pelas administradoras de consórcio,

não está limitada ao percentual pleiteado pela recorrente, em respeito ao artigo 33 da Lei nº 8.177/91 e à Circular do Banco Central nº 2.766/97.

Não obstante, a discussão acerca da legalidade em se fixar taxas acima do índice supramencionado restou encerrada com o julgamento do Recurso Especial Repetitivo de nº 1.114.606/PR, de relatoria do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, no qual restou decidido que não há ilegalidade na fixação de tal taxa acima de 10%:

RECURSO ESPECIAL. RITO DO ART. 543-C DO CPC. CONSÓRCIO. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO. FIXAÇÃO. LIMITE SUPERIOR A 10% (DEZ POR CENTO). AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE E ABUSIVIDADE. LIVRE PACTUAÇÃO PELAS ADMINISTRADORAS. POSSIBILIDADE. 1 - As administradoras de consórcio têm liberdade para fixar a respectiva taxa de administração, nos termos do art. 33 da Lei nº 8.177/91 e da Circular nº 2.766/97 do Banco Central, não havendo que se falar em ilegalidade ou abusividade da taxa contratada superior a 10% (dez por cento), na linha dos precedentes desta Corte Superior de Justiça (AgRg no REsp nº 1.115.354/RS, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 27/3/2012, DJe 3/4/2012; AgRg no REsp nº 1.179.514/RS, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 20/10/2011, DJe 26/10/2011; AgRg no REsp nº 1.097.237/RS, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 16/06/2011, DJe 5/8/2011; AgRg no REsp nº 1.187.148/RS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 3/5/2011, DJe 10/5/2011; AgRg no REsp nº 1.029.099/RS, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 14/12/2010, DJe 17/12/2010; EREsp nº 992.740/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 9/6/2010, DJe 15/6/2010 ).

2 - O Decreto nº 70.951/72 foi derrogado pelas circulares posteriormente editadas pelo BACEN, que emprestaram fiel execução à Lei nº 8.177/91. 3 - Recurso especial provido.(REsp 1.114.606/PR, S2 – Segunda Seção, Julgado em 13.06.2012, DJe 20.06.2012)

Tal precedente deu origem à novel Súmula nº 538, aprovada pelo STJ em 10 de junho de 2015 e publicada no Diário de Justiça Eletrônico de 15 de junho do corrente ano, cujo texto segue:

As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior a dez por cento.

Desta feita, deve ser mantida a sentença singular, neste particular. [...]. (TJMS - 1ª Câmara Cível - Agravo Regimental n.º 0833450-34.2013.8.12.0001/50000 – Campo Grande - Relatora Desª. Tânia Garcia de Freitas Borges - Agravada: Rodobens Administradora de Consórcios Ltda – Julgamento em 21 de julho de 2015).

Desse modo, ausente ilegalidade na taxa pactuada no percentual de 22%, não restando demonstrada sua abusividade, impõe-se a sua manutenção, reformando-se a sentença nesse ponto, retornando os índices ao status quo ante.

Do seguro contratado

Os valores pagos a título de seguro não são restituíveis ao consorciado desistente, salvo no caso de não ter sido contratado, quando então os valores descontados a tal título devem ser devolvidos ao consorciado.

O seguro é contrato aleatório, vinculado ao contrato de consórcio, e visa também evitar desgaste financeiros do grupo consorciado em caso de saída do membro desistente.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaContudo, neste caso, ocorrendo a inadimplência no pagamento das prestações mensais do consórcio,

o beneficiário direto é o próprio grupo consorciado, sendo a indenização revertida para saldar tais atrasos e continuidade do consórcio. Em caso de morte do membro integrante, da mesma forma, o grupo consorciado, na medida da indenização paga, quita as obrigações havidas.

Neste sentido:

Consórcio de bem imóvel. Antecipação. Art. 52, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Taxa de administração e seguro.

1. O disposto no art. 52, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor refere-se a encargos de ordem financeira. O caso do consórcio tem outra natureza jurídica, exercendo a administradora função de gerenciamento que alcança todo o grupo consorciado. A saída de um dos participantes não justifica a devolução ou a redução daquelas parcelas que são contratadas no interesse de todo o grupo, sob pena de lesão à própria estrutura do sistema.

2. Recurso especial não conhecido (STJ, 3ª Turma, REsp 688.794/RJ, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 25/06/07) (destaquei).

Por conseguinte, se o seguro é feito em prol do grupo e não da administração, muito menos do consorciado, somente o grupo tem direito ao seu recebimento, em caso de ocorrência do sinistro contratualmente previsto: morte, inadimplência, impossibilidade de compra do bem ajustado, etc.

Como o seguro não é destinado ao consorciado, nem à administradora de consórcios, mas sim ao grupo, e se trata de contrato aleatório (que cobre evento futuro e incerto), não deve ser devolvido ao desistente conforme precedentes do STJ.

No caso dos autos, verifica-se que foi contratado o seguro, devendo ser mantido e, como não houve qualquer menção na sentença quanto a isso, fica acrescido que deverá constar da conta de liquidação abatendo-se dos valores a serem devolvidos ao Autor.

Dos Juros de Mora e da Correção Monetária

Necessário se faz esclarecer que, se adotássemos a posição de que a restituição deva se dar 30 (trinta) dias após o encerramento do grupo, os juros de mora incidiriam daí em diante, conforme já sedimentado na Excelsa Corte Superior (4ª Turma, AgRg no REsp 1.355.071/MG, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 18/06/13 e AgRg no REsp 1.157.116/RS, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe 26/05/11).

Contudo, coerentemente com o entendimento de que a restituição dos valores deve ser imediata, que é inclusive objeto deste recurso, os juros de mora são devidos, segundo a regra do art. 219 do CPC, a partir da citação, à razão de 1% (um por cento) ao mês, pois é neste momento que se tem caracterizada judicialmente a mora da administradora de consórcio.

A respeito do assunto vejam-se os seguintes julgados:

[...]

3. Os juros decorrem da mora na restituição do dinheiro, restando caracterizada pela citação (art.219 CPC) (TJDF, 4ª Turma Cível, Acórdão n. 766477, 20080111306823APC, Relator Des. Antoninho Lopes, DJE 13/03/14);

CONSORCIADO DESISTENTE. GRUPO NÃO ENCERRADO. TAXA DE ADESÃO. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. CLÁUSULA PENAL.

[…]

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência2. Os juros moratórios devem incidir a partir da citação, pois desse momento e que

se estabelece o evento danoso, caracterizando a mora da administradora do consórcio. (TJGO, 2ª Câmara Cível, AC 72.2490/ 188, Rel. Des. Gilberto Marques Filho, DJ 14.185 de 08/01/04);

[...] “a atualização monetária das parcelas a serem restituídas deve ser realizada com base em índice que melhor reflita a desvalorização da moeda, o que não corresponde à variação do valor do bem objeto do consórcio” (AgRg no AREsp 260.721/MS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 22/10/2013, DJe 30/10/2013).

Ademais, nos moldes da Súmula nº 35, do STJ, “incide correção monetária sobre as prestações pagas, quando de sua restituição, em virtude da retirada ou exclusão do participante de plano de consórcio”.

Aplicam-se, neste caso, as mesmas razões dos juros moratórios. Sendo determinada a devolução for imediata e tendo em conta o caso específico, a correção inicia do momento em que o consumidor deveria ter recebido e foi prejudicado pela demora, de modo que neste ponto deve igualmente ser mantida a sentença.

Do dispositivo

Diante do exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento para:

a) manter a taxa de administração contratada;

b) manter o comando que determinou a devolução imediata dos valores adimplidos;

c) manter a exclusão da cláusula penal por ausência de prova de prejuízo;

d) determinar o desconto dos valores relativos ao seguro contratado.

e) manter a aplicação dos juros de mora de 1% a partir da citação e correção monetária dos valores a partir do momento em que se deu a mora, no caso a contemplação, tal qual descrito na sentença.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 28 de agosto de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Apelação n. 0804972-92.2013.8.12.0008 - Corumbá

Relatora Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente

SÚMULA DO JULGAMENTO

RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – SERVIÇO DE TELEFONIA E INTERNET – FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EVIDENCIADA – COBRANÇA INDEVIDA – INVIABILIDADE TÉCNICA NÃO DEMONSTRADA – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

Da análise do processo contata-se que a empresa recorrente não trouxe prova da existência de fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito pleiteado, de modo que suas alegações são insuficientes para infirmar as provas carreadas.

Com efeito, o dever de informar de modo claro vem estampado no Código de Defesa do Consumidor, por meio do inciso III do artigo 6º, que, junto ao princípio da transparência, traz uma nova formatação aos produtos e serviços oferecidos no mercado. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

Na sistemática implantada pelo Código Consumerista, o fornecedor está obrigado a prestar todas as informações acerca do produto e do serviço, suas características, qualidades, riscos, preços etc., de maneira clara e precisa, não se admitindo falhas, omissões ou presunções.

Assim, da soma desses princípios, compostos de dois deveres – o da transparência e o da informação –, fica estabelecida a obrigação de o fornecedor dar cabal informação sobre seus produtos e serviços oferecidos e colocados no mercado, cumprindo fielmente o que foi ofertado ao consumidor e desse modo não agiu a recorrente.

O não cumprimento do contrato na forma ofertada pelo preposto por ocasião de contato telefônico, indicam o descaso da empresa com a pretensão formulada pelo consumidor, atitude que não pode ser admitida pelo Poder Judiciário.

Em sendo assim, correta é a sentença que reconheceu que a obrigação da recorrente de retornar ao plano anterior, sem a incidência de multa ou prazo de fidelização, reduzindo-se o valor das faturas eis que delas consta a cobrança de telefonia móvel que não foi usufruída pelo consumidor.

Pautada no conjunto probatório carreado aos autos, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul-Mutirão, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCustas processuais pela recorrente, além de honorários de advogado fixados em 10 % (dez por

cento) do valor dado à causa.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente e dele participaram o Juiz Alexandre Tsuyoshi Ito e a Juíza Patrícia Kelling Karloh.

Campo Grande, 14 de julho de 2015.

Juíza Eliane de Freitas Lima Vicente - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0000538-44.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande Juíza

Relatora Juíza Katy Braun do Prado

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E OBRIGAÇÃO DE FAZER – SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA – IRREGULARIDADE NO HIDRÔMETRO – NÃO COMPROVAÇÃO DA FRAUDE IMPUTÁVEL À RECORRIDA – AUMENTO DESPROPORCIONAL NA FATURA MENSAL – REVISÃO – POSSIBILIDADE – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado contra sentença que julgou parcialmente o pedido, para declarar a inexistência do débito no valor de R$ 1.567,97.

Trata-se de clássica relação de consumo em que a empresa recorrente submete-se às regras da Lei nº 8.078/90, razão pela qual a consumidora tem em seu favor os direitos básicos tutelados no art. 6º do CDC, entre eles a inversão do ônus da prova e a plenitude da reparação dos danos, a par da responsabilidade civil objetiva da recorrente.

Havendo reclamação do recorrido acerca do valor cobrado pelo consumo de água no período em que a recorrente alega ter havido irregularidade no hidrômetro, cabe à apelante concessionária de serviço público não apenas demonstrar a avaria do referido medidor, mas, também, provar que na época mencionada houve, efetivamente, desvio de água, e que o defeito foi provocado pelo apelado.

Sobreleva ressaltar que, a despeito do Termo de Ocorrência, lavrado unilateralmente por funcionários da recorrente, possuir valor probatório, na hipótese versada nos autos não comprova, por si só, que o defeito constatado no hidrômetro foi ocasionado por fraude da recorrida, e não por negligência da recorrente na manutenção do aparelho.

Não tendo a apelante se desincumbido do ônus de demonstrar a ocorrência do desvio no hidrômetro pela apelada, e não sendo possível sequer inferir-se se o aparelho medidor fora fraudado ou continha irregularidade imputável à recorrente, nenhum reparo merece a sentença que julgou procedente a pretensão do recorrido, para o fim de declarar a inexistência e conseqüente inexigibilidade do débito oriundo da Nota de Débito emitida pela requerida, no importe de R$ 1.567,97.

Diante do exposto, conheço do recurso para negar-lhe provimento, mantendo a sentença por seus próprios fundamentos, conforme autoriza o art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários em favor da Defensoria Pública Estadual, estes arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre o valor dado à causa.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 150

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaParticiparam do julgamento: Juíza Katy Braun do Prado, Juiz Ricardo Gomes Façanha e Juiz Cezar

Luiz Miozzo.

Campo Grande, 26 de fevereiro de 2015.

Juíza Katy Braun do Prado - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 151

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0005962-04.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Katy Braun do Prado

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO (ETNA) – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – DANO MORAL CARACTERIZADO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

O autor propôs ação de indenização por danos morais em face da ETNA, objetivando indenização pela demora na entrega de móveis adquiridos na empresa.

O douto juízo monocrático acolheu o pedido inicial “para condenar a ré a pagar-lhe indenização a título de danos morais a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Inconformada, a requerida interpôs recurso inominado aduzindo, preliminarmente, a ilegitimidade passiva e, no mérito, a reforma da sentença para não reconhecer a indenização por danos morais ou, subsidiariamente, a redução do quantum indenizatório.

O recorrido não apresentou contrarrazões.

Por ordem de prejudicialidade, reexamino inicialmente a preliminar de ilegitimidade de parte.

Sendo de consumo a relação, incide a responsabilidade objetiva de que trata o Código de Defesa do Consumidor, a qual funda-se na noção de risco-proveito, que esta calcada no princípio ubi emolumentum, ibi ônus (quem aufere os cômodos – lucros -, deve suportar os incômodos ou riscos). Se a Etna e o fabricante resolveram engendrar parceria comercial, os danos sofridos pelos consumidores da primeira em razão de atos ilícitos praticados pelo segundo geram responsabilidade solidária de ambos no pagamento da respectiva indenização. É nesse sentido o que dispõe o §1º do art. 25 do CDC.

De sorte que, uma vez mais afasta-se a presente preliminar. Superada a questão preliminar, passo ao exame de mérito.

Trata-se de recurso inominado contra sentença que condenou a parte recorrente ao pagamento de R$ 5.000,00 de danos morais.

Quanto ao mérito, verifica-se que no decorrer do processo de conhecimento a parte Recorrente não trouxe aos autos a demonstração da ocorrência de qualquer fato impeditivo, extintivo ou modificativo quanto ao direito da autora, que pudesse justificar o atraso na entrega da mercadoria.

A recorrente responde solidariamente no presente caso, ainda mais porque o consumidor, ao contratar um serviço, não possui capacidade técnica para diferenciar a personalidade jurídica dos fornecedores de serviços, uma vez que as empresas são interligadas pela mesma cadeira de serviço prestado, cujas atividades se confundem sob a ótica do consumidor. Houve constrangimento da autora e dano moral demonstrado nos autos.

Na quantificação do dano moral foram considerados os critérios de razoabilidade e da proporcionalidade, observando-se o conjunto fático-probatório reunido, razão pela qual o quantum fixado mostra-se justo.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 152

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaSentença mantida por seus próprios fundamentos. Recurso improvido. Em face do improvimento do

recurso, condeno a recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados estes em 15% sobre o valor corrigido da causa, nos termos do art. 55, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Participaram do julgamento: Juíza Katy Braun do Prado, Juiz Ricardo Gomes Façanha e Juiz Cezar Luiz Miozzo.

Campo Grande, 26 de fevereiro de 2015.

Juíza Katy Braun do Prado - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 153

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0800163-49.2012.8.12.0055 - Sonora

Relatora Juíza Katy Braun do Prado

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – CHEQUE PRÉ-DATADO – APRESENTAÇÃO ANTECIPADA – DANO MORAL CARACTERIZADO – SÚMULA Nº 370/STJ – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Marcio dos Santos Dantas ajuizou a Ação de Indenização por danos materiais e morais, decorrentes da apresentação antecipada de cheque dado ao Posto requerido, como pagamento de combustível.

A sentença julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar a empresa no pagamento do valor de R$ 4.000,00 a título de indenização por danos morais e R$ 46,00 a título de danos materiais.

Irresignada, a empresa apresentou recurso inominado, arguindo que o autor alterou a causa de pedir no curso da demanda e, no mérito, pleiteou a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido inicial, porquanto a culpa pela devolução do cheque foi da vítima.

Inicialmente, entendo que não merece prosperar a alegação do apelante de que o autor alterou a causa de pedir no curso do processo, haja vista que o fato do autor ter o limite de R$ 500,00 e sua conta-corrente não se trata de fato novo, uma vez que é de conhecimento do banco o valor do limite de crédito de cada cliente.

A apresentação antecipada do cheque pré-datado configura ato ilícito a ensejar o direito à indenização pelos danos morais, os quais independem de provas em juízo (dano in re ipsa), sendo aplicável ao caso o enunciado da Súmula nº 370/STJ.

Não obstante o equívoco na cártula de cheque, é certo que as partes pactuaram mediante contrato que o cheque somente seria apresentado para desconto em data futura, cláusula ignorada pela recorrente.

Ademais, o autor teve mais prejuízo com a devolução de outro cheque em sua conta corrente.

Quanto ao valor, é sabido que, nas ações de indenização por danos morais, como não existem critérios legais que orientem a fixação do quantum indenizatório, incumbe ao julgador, atentando, sobretudo, para as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado, e aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, arbitrar montante que se preste à suficiente compensação dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima.

Ou seja, o montante fixado deve ser suficiente para a reparação pelo constrangimento sofrido pela demandante, como também deve ter o caráter repressivo necessário à parte demandada para que seja mais diligente no futuro, de modo que, não pode ser além do necessário para indenizar a vítima, tampouco pode deixar de representar uma repreensão ao ofensor.

Assim, se a análise de tais critérios e das demais particularidades do caso concreto foram consideradas pelo julgador de primeiro grau ao quantificar o valor da indenização por danos morais em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), não há razão para reforma.

Sentença confirmada pelos seus próprios fundamentos, na forma do rt. 46 da Lei nº 9.099/95.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 154

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaEm face do improvimento do recurso inominado, condeno o recorrente no pagamento das custas

processuais e honorários advocatícios em favor dos advogados dos recorrido que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Participaram do julgamento: Juíza Katy Braun do Prado, Juiz Ricardo Gomes Façanha e Juiz Cezar Luiz Miozzo.

Campo Grande, 26 de fevereiro de 2015.

Juíza Katy Braun do Prado - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 155

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0800608-89.2013.8.12.0101

Juizado Especial de Dourados

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADOS – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ATROPELAMENTO ESTACIONAMENTO CASAS BAHIA POR VEÍCULO DE TERCEIRO - RESPONSABILIDADE DA LOJA – DANO MORAL CONFIGURADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO – PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – RECURSO IMPROVIDO.

Restou incontroverso nos autos que a autora se encontrava no interior do estacionamento de carros fornecidos pelas Casas Bahia quando sofreu atropelamento.

Pelas provas testemunhais produzidas nos autos restou certo que a ré é responsável pelo evento porque não disponibilizou seguranças no local, que com toda certeza inibiria a ação de terceiros e devido a ausência de funcionários no local acarretou a ausência de socorro logo após os fatos.

A responsabilidade sem dúvida existe. O Estabelecimento responsável - seja ele supermercado, shopping, ou qualquer outro estabelecimento que forneça o serviço de guarda de veículos, pago ou não - terá o dever de reparação proporcional ao prejuízo que se consolide, bastando para tanto que se comprove o dano e o nexo de causalidade.

A negligência da ré restou comprovada pela testemunha que afirma que a autora estava sozinha no estacionamento da loja e que não viu nenhum funcionário prestar socorro a ela (fl. 61).

Evidenciada a ocorrência do fato e a culpa da requerida pelo boletim de ocorrência e pelas testemunhas, cabe a esta o dever de indenizar a autora pelos danos morais sofridos.

Não há que se falar em responsabilidade de terceiros como forma de excludente de ilicitude, pois a conduta de terceiro não ilide a responsabilidade da ré pela falta de vigilância no local e a falta de socorro à vítima no momento dos fatos.

Sentença que fixou os danos morais em R$ 5.000,00 mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46).

Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do(a) recorrido(a) que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaParticiparam do julgamento: Juíza Katy Braun do Prado, Juiz Ricardo Gomes Façanha e Juiz Cezar

Luiz Miozzo.

Campo Grande, 26 de fevereiro de 2015.

Juíza Katy Braun do Prado - Relatora

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0810274-87.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Katy Braun do Prado

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora.

Campo Grande, 26 de fevereiro de 2015.

Juíza Katy Braun do Prado - Relatora

VOTO

A Sra. Juíza Katy Braun do Prado - Relatora

A questão ora discutida cinge-se a legalidade ou não da cobrança de taxa do Ecad em eventos particulares realizados em salões comerciais.

O juízo de primeiro grau julgou procedente o pedido autoral e improcedente o pedido contraposto, reconhecendo a ilegalidade da cobrança da referida taxa, entendendo que a hipótese dos autos (festa de casamento em salão comercial), está acobertada pela excludente prevista no artigo 46 da Lei nº 9.610/98.

Analisando os autos, tenho que a sentença deve ser reformada, porquanto a referida Lei ao revogar a legislação anterior, que previa a isenção quando o evento, de qualquer natureza, não visasse lucro, manteve a isenção quando o evento não visa lucro apenas quando realizado no recesso familiar, o que não é o salão de festas comercial, e para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino.

Diante dessa nova legislação, o STJ reformulou a jurisprudência anterior, sendo do seguinte teor o entendimento unânime da Corte Superior:

“DIREITOS AUTORAIS. RECURSO ESPECIAL. CASAMENTO REALIZADO EM CLUBE, COM EXECUÇÃO DE MÚSICAS E CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA SELEÇÃO DE MÚSICAS (DJ). EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DE DIREITOS AUTORAIS. POSSIBILIDADE. PROVEITO ECONÔMICO PARA EXIGIBILIDADE. DESNECESSIDADE.

1. Anteriormente à vigência da Lei nº 9.610/1998, a jurisprudência prevalente enfatizava a gratuidade das apresentações públicas de obras musicais, dramáticas ou similares como elemento decisivo para distinguir o que ensejaria ou não o pagamento de direitos autorais.

2. Contudo, o art. 68 do novo diploma legal revela a subtração, quando comparado com a lei anterior, da cláusula exigindo “lucro direto ou indireto” como pressuposto para a cobrança de direitos autorais. O Superior Tribunal de Justiça – em sintonia com o novo ordenamento jurídico – alterou seu entendimento para afastar a utilidade econômica

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 158

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciado evento como condição de exigência para a percepção da verba autoral. Posição consolidada no julgamento do Resp. 524.873/ES, pela Segunda Seção.

3. Portanto, é devida a cobrança de direitos autorais pela execução de música em festa de casamento realizada em clube, mesmo sem a existência de proveito econômico.

4. É usuário de direito autoral, e, consequentemente responsável pelo pagamento da taxa cobrada pelo Ecad, quem promove a execução pública das obras musicais protegidas. Na hipótese de casamento, forçoso concluir, portanto, ser responsabilidade dos nubentes, usuários interessados na organização do evento, o pagamento dos direitos autorais, sem prejuízo da solidariedade instituída pela lei.

5. Recurso especial provido”. Relator Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/06/2013.

Ante o exposto, conheço do recurso interposto e dou-lhe provimento para reformando a sentença debatida, julgar improcedente o pedido da autora e procedente o pedido contraposto, condenando a autora ao pagamento da taxa do Ecad, no valor de R$ 1.715,52 (mil, setecentos e quinze reais e cinquenta e dois centavos), corrigido a partir do ajuizamento da ação e juros de mora a partir da citação.

É como voto.

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Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0800035-11.2015.8.12.0027 - Batayporã

Relator Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso.

Campo Grande, 19 de outubro de 2015.

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian - Relator

RELATÓRIO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian.

Dispensado, nos termos do artigo 38 da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian (Relator):

Trata de recurso inominado interposto por Telefônica Brasil S.A em face da sentença que julgou procedente a ação de reparação de danos movida por Neuber Bernardo da Fonseca e condenou a recorrente a pagar à parte recorrida o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a títulos de danos morais, em razão da ocorrência de falha no sinal e na cobertura da telefonia móvel prestada pela recorrente/requerida na cidade de Batayporã-MS.

O núcleo da ação está na controvérsia da ocorrência de eventual falha no sinal e na cobertura da telefonia móvel prestada pela requerida na Cidade de Batayporã, e, por conseguinte, no respectivo dever reparatório/indenizatório.

Como sabido, para ensejar o dever reparatório, devem ser observados alguns pressupostos da responsabilidade civil, dentre eles, a culpa do agente, ação ou omissão, relação de causalidade do dano1.

Pois bem, o primeiro ponto a ser deliberado é se de fato há indisponibilidade técnica (ação ou omissão) na cobertura/sinal/prestação de serviço de telefonia móvel no município em apreço, eventualmente ocasionada por conduta omissiva e sua respectiva ilicitude.

A parte autora, quanto da inicial, traz que os serviços agora em discussão estão sendo falhos, fazendo uma alegação genérica de defeito no serviço.

Já a recorrente/requerida traz aos autos inúmeras tabelas (no bojo da contestação) para tentar demonstrar que o serviço vinha sendo prestado a contento.

1 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 16. v. IV.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 160

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPois bem. Ante a divergência das partes (ausência de comprovação pela parte autora x tabelas

técnicas da requerida), necessário que se busque uma fonte isenta, e que possa servir de parâmetro para uma decisão judicial.

Foi com este objetivo que este juízo entrou no site da ANATEL e passou a fazer pesquisas sobre os sinais e serviços de telefonia.

Lá, foi possível verificar que a própria Agência Reguladora (ANATEL)2 nesta função fiscalizatória, faz o “Acompanhamento do Plano de Melhoria do Serviço Móvel Pessoal (Telefonia Móvel Celular) – SMP”, utilizando os “Dados dos Indicadores de Rede (Resultados Consolidados por Município e Estado)”.

Estes parâmetros estão no link http://sistemas.anatel. gov.br/sqp/qualidade/principal/consulta.Asp que fornecem os dados do últimos três anos.

Assim, de forma independente das prestadoras de serviço, a ANATEL faz uma avaliação, e coloca a disposição dos consumidores uma medição da qualidade dos serviços, de acordo com os indicadores da própria rede (taxa de conexão e desconexão de voz e dados).

Acessando ainda o endereço eletrônico supra, constata-se que a Cidade de Batayporã/MS obteve taxa de conexão de voz no segundo semestre do ano de 2012 superior a 97,00% e de taxa de desconexão (também de voz) inferior à 0,71%, enquanto que de conexão de dados ficou superior à 90,00%, enquanto que a taxa de desconexão (dados) inferior à 1,13%.

No ano de 2013, a mensuração da taxa de conexão e desconexão de voz foi de, respectivamente, >98,32%, <0,86% e de dados foi de >96,84 e <1,29.

No ano de 2014 as médias mensuradas até o momento referentes às taxa de conexão e de desconexão de voz foram, respectivamente, de >97,92 e <1,38, enquanto que as de conexão e desconexão de dados foram de >87,58 e <3,14. Já as taxas de conexão e desconexão de dados 2G foram, respectivamente, de >93,28 e <2,15.

Se só isto não bastasse, a ANATEL ainda informa no referido site que os serviços para serem considerados dentro da normalidade devem ser superiores à 95% para taxa de conexão de voz e 98% para dados, bem como taxa inferior à 2% para desconexão de voz e 5% para dados.

Ora, comparando os valores de referência de indicadores da rede normatizados pela ANATEL, e aqueles de fato prestados pela requerida no município em análise, é possível constatar que está havendo regular cumprimento por parte da Vivo/Telefônica, salvo raras exceções, que não refogem ao limite da razoabilidade/proporcionalidade.

Ademais, os índices informados pela ANATEL para o município de Nova Batayporã/MS são de qualidade superior a vários outros do Estado de Mato Grosso do Sul. Dois exemplos são as cidades de Bonito e Jaraguari.

De qualquer forma, é impossível o alcance de 100% de cobertura em virtude da limitação técnica, geográfica e até financeira.

Então, por uma análise técnica não há como se afirmar que a requerida está causando qualquer dano à parte recorrida/autora.

De outro vértice, a parte recorrida/autora não logrou êxito em provar a alegada falta de sinal. Também não demonstrou os alegados danos.

2 http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 161

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaVale acrescentar que a inversão do ônus da prova ao consumidor não é absoluta, devendo o

hipossuficiente demonstrar um mínimo de verossimilhança de suas alegações3, não tendo comprovado minimamente seu direito por meio de provas documentais, nem mesmo pleiteado a produção de provas em audiência.

Por fim, vale dizer que eventual falha esporádica ou pontual na prestação de serviço/cobertura/sinal não tem o condão de ensejar o dever indenizatório por se tratar de mero dissabor do dia-a-dia não suplantando a tolerabilidade do homem médio.

Nesse sentido, é oportuno trazer a colação o seguinte julgado:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TELEFONIA MÓVEL. CLARO S/A. AUSÊNCIA DE SINAL. DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESCISÃO DO CONTRATO POR CULPA DA CONCESSIONÁRIA. INEXIGIBILIDADE DA MULTA CONTRATUAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. BONIFICAÇÃO DE TRÊS FATURAS PAGAS, CONCEDIDA PELA CONCESSIONÁRIA. RESTITUIÇÃO EM DOBRO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. MERO ABORRECIMENTO. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. “A repetição de indébito, aplicada como defluência do reconhecimento de ter havido cobrança indevida, sem que se possa cogitar de engano justificável por parte da empresa concessionária de serviço público, é de ser feita em dobro, ex vi do art. 42, p. único, do Código de Defesa do Consumidor” (AC n. 2013.014207-8, Des. João Henrique Blasi) (AC n. 2013.071909-9, de Caçador, rel. Des. Luiz Cézar Medeiros, j. 17.12.2013) Constatada a deficiência na prestação do serviço (ausência de sinal), deve ser declarada a rescisão do contrato sem a incidência da multa contratual. “Conquanto existam pessoas cuja suscetibilidade aflore na epiderme, não se pode considerar que qualquer mal-estar seja apto para afetar o âmago, causando dor espiritual. Quando alguém diz ter sofrido prejuízo espiritual, mas este é conseqüência de uma sensibilidade extrema, não existe reparação. Para que exista dano moral é necessário que a ofensa tenha alguma grandeza e esteja revestida de certa importância e gravidade.[...] O mero incômodo, o desconforto, o enfado decorrente de alguma circunstância, como exemplificados aqui, e que o homem médio tem de suportar em razão mesmo de viver em sociedade, não servem de base para que sejam concedidas indenizações”. (SANTOS, Antonio Jeová. Dano Moral Indenizável, 2ª ed. São Paulo: Lejus, p. 117 e 118)”. (TJ-SC - AC: 20120677468 SC 2012.067746-8 (Acórdão), Relator: Sérgio Roberto Baasch Luz, Data de Julgamento: 17/03/2014, Segunda Câmara de Direito Público Julgado).

Portanto, improcede a pretensão da parte recorrida/autora, por ausência de ato (omissivo ou comissivo) nos termos e fundamentos alhures mencionados e inexistência de dano moral passível de indenização.

Posto isso, conheço do recurso e dou-lhe provimento para o fim de julgar improcedente a ação movida por Neuber Bernardo da Fonseca em face de Telefônica Brasil S.A.

Contudo, considerando o crescente número de ações tratando da mesma situação, oficie-se ao Ministério Público da localidade para que investigue o caso e tome as providências que considerar necessárias.

Sem custas nem honorários, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

3 “Por verossimilhança entende-se algo semelhante à verdade. De acordo com esse princípio, no processo civil o Juiz deverá se contentar, ante as provas produzidas, em descobrir a verdade aparente... é indispensável que do processo resulte efetiva aparência de verdade material, sob pena de não ser acolhida a pretensão por insuficiência de prova - o que equivale à ausência ou insuficiência de verossimilhança”. (DIAS, Beatriz Catarina. A Jurisdição na Tutela Antecipada. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 1999. p. 27)

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 162

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Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0801307-46.2014.8.12.0101/50000 - Dourados

Relator Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, rejeitaram a preliminar e no mérito deram provimento ao recurso.

Campo Grande, 18 de maio de 2015.

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian - Relator

RELATÓRIO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian.

Dispensado, nos termos do artigo 38, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian (Relator):

Trata de agravo regimental interposto pelo Estado de Mato Grosso do Sul em face da decisão monocrática que negou seguimento ao recurso inominado.

Desume-se que a recorrida, Mara Regina Fraile, ingressou com ação declaratória para obter a isenção do recolhimento do imposto de transmissão causa mortis (ITCMD) em decorrência do falecimento de Antônio Fraile.

O pedido fora julgado procedente pelo juízo a quo.

Interposto recurso inominado, o relator negou seguimento.

Diante da possibilidade de exercer eventual juízo de retratação, procurei novamente analisar o ato recorrido em confronto com as razões do agravo interno, e cheguei à conclusão que ao recorrente assiste razão, pelos seguimentes motivos.

Inicialmente, rejeito a preliminar arguida de “falta de interesse de agir na modalidade adequação”, mormente na ação declaratória ajuizada pela recorrida, ser totalmente possível discutir-se as questões relativas à incidência ou não do ITCMD.

Observe-se que a ação declaratória requer que seja desconsiderada a decisão administrativa proferida pela Fazenda Pública Estadual recorrente, por ter indeferido o pedido de isenção do ITCMD.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 163

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Destarte, estando adequada a via eleita, rejeito a preliminar arguida.

No mérito, observo que a celeuma processual refere-se à interpretação do artigo 126, parágrafo único, do Código Tributário Estadual (Lei nº 1.810/97), cuja redação é: “A isenção prevista no inciso II só se aplica na herança que tenha um único bem imóvel a ser partilhado”.

O julgador monocrático interpretou a norma no sentido de se exigir que haja apenas um imóvel compenente do acervo hereditário, ainda que neste haja outros bens imóveis.

Contudo, essa interpretação desconsidera a natureza jurídica do instituto da herança, que é uma universalidade de direito, nos termos do artigo 1.791 do Código Civil.

Assim, conclui-se que a interpretação realizada pelo juízo a quo oportunizará situações teratológicas e absurdas como a inventariança de um imóvel modesto, justamente com diversos bens móveis de alto valor como frotas de veículos, jóias e títulos mobiliários, sem recolher nenhuma quantia aos cofres públicos.

Se isso não bastasse, saliente-se que as regras de isenção tributária se interpretam de forma literal, sem possibilidades de sua ampliação. Nesse sentido, é a dicção do artigo 111 do Código Tributário Nacional, senão vejamos:

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

(...);

II – outorga de isenção (g.n)

Observa-se que a escolha do legislador estadual em dispensar o recolhimento sobre a transmissão causa mortis quando o acervo se limitar a um único imóvel de padrão popular, objetiva a proteção do direito constitucional à moradia da população carente.

Caso desejasse o legislador estadual estender tal benefício aos bens móveis, o fariam expressamente, como também teriam deixado clara a possibilidade de isenção parcial para outros bens, o que não ocorreu.

Na espécie, o indeferimento da isenção fiscal do recolhimento do ITCMD à Recorrida é medida que se impõe pois, além da metragem da área construída ser de tamanho e valor considerável (f. 19) – (218 metros quadrados de construção e avaliação do imóvel em R$ 105.000,00 – cento e cinco mil reais), o que por sí só infirma a alegação de se tratar de construção de padrão popular ou inferior, o autor da herança deixou bens móveis (um automóvel e uma motocicleta).

A propósito, esse é o entendimento desta 2ª Turma Recursal, externado, unanimamente, no julgamento do Recurso Inominado nº 0803100-20.2014.8.12.0101, de Relatoria do Juiz Albino Coimbra Neto.

Posto isso, conheço do recurso e lhe dou provimento, para o fim de cassar a decisão vergastada, tendo em vista não caber a concessão de isenção fiscal à recorrida, que deverá recolher o tributo (ITCMD) para proceder à transmissão dos bens herdados.

Sem custas e honorários, ante o provimento do recurso.

É como voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 164

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Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0803357-79.2013.8.12.0101/50000 - Dourados

Relator Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso.

Campo Grande, 04 de maio de 2015.

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian - Relator

RELATÓRIO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian.

Dispensado, nos termos da lei.

VOTO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian (Relator):

Trata de agravo regimental interposto por Aerovias de Mexico S.A de C.V - Aeroméxico em face da decisão monocrática que negou seguimento ao recurso inominado.

Desume-se que o recorrido ingressou com ação de indenização por danos morais em razão da requerida/recorrente ter atrasado em mais de 7 (sete) horas o vôo com saída da cidade do México com destino a São Paulo, tendo o recorrido dormido “no chão do aeroporto” e perdido o vôo de São Paulo para Campo Grande.

O pedido fora julgado parcialmente procedente e condenou a recorrente a pagar ao recorrido o valor de R$ 5.000,0 (cinco mil reais) a título de indenização por danos morais.

Interposto recurso inominado, o relator negou seguimento pelos seguimentos argumentos:

“(...) O recurso é manifestamente improcedente e contrário à jurisprudência desta instância recursal e do Superior Tribunal de Justiça, que asim vem decidindo:

“RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. COMPANHIA AÉREA. CONTRATO DE TRANSPORTE. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS. ATRASO DE VOO. SUPERIOR A QUATRO HORAS. PASAGEIRO DESAMPARADO. PERNOITE NO AEROPORTO. ABALO PSÍQUICO. CONFIGURAÇÃO. CAOS AÉREO. FORTUITO INTERNO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor desamparado pela companhia aérea transportadora que, ao atrasar desarazoadamente o voo, submeteu

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 165

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciao pasageiro a toda sorte de humilhações e angústias em aeroporto, no qual ficou sem assistência ou informação quanto às razões do atraso durante toda a noite. 2. O contrato de transporte consiste em obrigação de resultado, configurando o atraso manifesta prestação inadequada. 3. A postergação da viagem superior a quatro horas constiui falha no serviço de transporte aéreo contratado e gera o direito à devida asistência material e informacional ao consumidor lesado, independentemente da causa originária do atraso. 4. O dano moral decorente de atraso de vo prescinde de prova e a responsabildade de seu causador opera-se in re ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo pasageiro. 5. Em virtude das especifcidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 10.00,0 (dez mil reais). 6. Recurso especial provido.” (STJ, 3.ª Turma, REsp 1.280.372/SP, Rel. Min. Ricardo Vilas Bôas Cueva, Julgado em 07/10/2014, DJe 10/10/2014).

Como se vê, tratando-se de atraso desarazoado de vôo, como ocorido na espécie, independentemente da causa que originou a demora, tem-se por configurado dano moral indenizável in re ipsa.

Além de ser cabível, na espécie, a condenação da apelante pelos danos morais causados à parte autora, sendo pertinente a fundamentação da sentença de que a situação transcendeu o mero atraso, eis que o consumidor teve violado o seu direito da personalidade, no que tange ao quantum, analisando o caso concreto, mostra-se razoável o valor arbitrado pelo juízo singular (R$ 5.000,00), de modo que a sentença a quo deve ser mantida pelos seus próprios e bem postos fundamentos”.

Diante da possibilidade de exercer eventual juízo de retratação, procurei novamente analisar o ato recorrido em confronto com as razões do agravo interno, e cheguei à conclusão de que não devo dispor de maneira diversa porque os fundamentos da decisão agravada resistem ao presente recurso.

Melhor explicando, o caso vertente é excepcionalíssimo e por isso a quantia fixada a título de dano moral deverá ser mantida.

Observa-se que em momento algum a recorrente infirma a alegação do atraso ou mesmo demonstra que prestou assistência ao recorrido.

Ao contrário, o recorrido foi submetido a toda sorte de humilhação e angústia, tanto que pernoitou no aeroporto. Sendo assim, o valor da indenização em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) está dentro dos norteadores da razoabilidade e da proporcionalidade, o que, neste caso, enseja sua manutenção.

Posto isso, conheço do recurso e nego-lhe provimento.

É como voto.

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Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0803528-87.2014.8.12.0008/50000 - Corumbá

Relator Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso.

Campo Grande, 04 de maio de 2015.

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian - Relator

RELATÓRIO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian.

Dispensado, nos termos do artigo 38, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian (Relator):

Trata de agravo regimental interposto por Maria Mina Salas em face da decisão monocrática que negou seguimento ao recurso inominado.

Desume-se que a recorrente ingressou com ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por danos morais.

O pedido fora julgado parcialmente procedente, com a declaração da inexistência de relação jurídica, sem a condenação em danos morais, em razão de que a simples cobrança não acarretou prejuízos à autora/recorrente.

Interposto recurso inominado, o relator negou seguimento pelos fundamentos:

“(...) O recurso é manifestamente improcedente e contrário à jurisprudência desta Turma Recursal, que, sobre danos morais no caso de simples cobrança indevida, em que não há negativação do nome do consumidor no sistema de proteção de crédito, assim vem decidindo:

“RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COBRANÇA INDEVIDA - MERO DISSABOR - DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS - SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. É cediço o entendimento da doutrina e da jurisprudência que os danos morais somente devem ser reconhecidos quando presente a violação de direitos da personalidade, ofensa à dignidade da pessoa humana, a honra, a auto-estima

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 167

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciae a credibilidade porventura havidas, maculando gravemente os sentimentos da pessoa. Isto é, considera-se dano moral a dor subjetiva, dor interior que fugindo à normalidade do dia-a-dia do homem médio venha a lhe causar ruptura em seu equilíbrio emocional interferindo intensamente em seu bem estar. Sendo assim, não se pode falar que os fatos que deram ensejo ao pleito indenizatório refletiram em evidente situação Recursais, Relator: Fernanda Caraveta Vilande, Julgado em 23/07/2013). Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei n.º 9.099/95, condeno o recorrente no pagamento das custas procesuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do recorido que arbitro em 10% (dez por cento) do valor corigido da causa. Todavia, a condenação decorente da sucumbência fica sobrestada até e se, dentro de cinco anos, o recorrido comprovar não mais subsistir o estado de miserabildade do recorrente (Lei nº 1.060/50, art. 12).” (TJ/MS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação nº 0805869-76.201.8.12.010 - Juizado Especial Central de Campo Grande, Relator Juiz Cezar Luiz Miozo, Julgado em 29/08/2013).

Ante o exposto, com fundamento no artigo 51, § 1.º, da Lei Estadual 1.071/190 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao presente recurso.

Outrossim, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/1995, condeno a parte recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor dos advogados da parte recorrida, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor da causa, ficando, todavia, diferida a exigência de tais verbas (artigo 572 do Código de Processo Civil), ou seja, condicionada ao implemento do § 2.º dos artigos 1 e 12 da Lei nº 1.060/1950, se provada no prazo de 5 anos a cessação da hipossuficiência financeira”.

Diante da possibilidade de exercer eventual juízo de retratação, procurei novamente analisar o ato recorrido em confronto com as razões do agravo interno, e cheguei à conclusão de que não devo dispor de maneira diversa porque os fundamentos da decisão agravada resistem ao presente recurso.

Posto isso, conheço do recurso e nego-lhe provimento.

É como voto.

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Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0803742-29.2015.8.12.0110 - Campo Grande

Relator Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso.

Corrigido de ofício.

Campo Grande, 19 de outubro de 2015.

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian - Relator

RELATÓRIO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian.

Dispensado, nos termos do artigo 38, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian (Relator):

Trata-se de recurso inominado interposto por Banco BMG Card contra a sentença que julgou procedente a ação movida por Odair Rodrigues da Silva, condenando o recorrente ao pagamento de indenização por danos morais ao recorrido no valor de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais).

O recorrido/autor ajuizou ação ao argumento de que possui cartão de crédito com limite de R$ 1.672,00 junto ao recorrente e que, ao tentar efetuar a compra no site das Lojas Americanas, o pagamento não foi autorizado pela administradora do cartão, tendo posteriormente constatado que o limite de crédito do cartão fora reduzido para R$ 1.304,00, sem sua autorização ou notificação.

O recorrente pleiteia a improcedência dos pedidos autorais alegando, em síntese, que não há nenhuma indicação no sistema interno do banco de que o cartão tenha sido bloqueado em algum momento, constando limite para gasto, bem como que o recorrido não efetuava o pagamento dos valores integrais das faturas. Afirma ainda que a instituição financeira não praticou nenhuma conduta ilícita, de modo que inexiste dano indenizável.

Não assiste razão ao recorrente, devendo a sentença ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei n º 9.099/95):

Entendo que assiste razão ao autor. De plano, resta incontroverso que o autor sofreu redução de seu limite de cartão de crédito de R$ 1.672,00 (f. 13/14) para o valor de R$ 1.304,00 (f. 18), segundo alega o banco réu isso se deu por previsão contratual, limite

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciade margem consignável, desconto em folha de pagamento em até 10% de seus vencimentos, sendo o restante da fatura mediante pagamento por boleto bancário e que os descontos na conta não podem ultrapassar a 30%.

O autor sustenta que não foi informado, nem autorizou a referida redução. Do exame dos autos, constata-se que seu pedido de compra não foi aprovado, portal de internet das lojas Americanas.com, por recusa da administradora, referente a um “Smartphone LG L Prime Dual D337 Preto”, em 19/03/2015, valor R$ 489,71, parcelado em 8 vezes, cartão n. 5135.57XXXXX8015 (f. 15/17), analisando as faturas trazidas pelo autor e pelo banco réu, resta incontroverso que parte do valor é descontado em folha de pagamento e que os boletos emitidos do valor remanescente estão sendo regularmente quitados pelo autor.

A fatura com vencimento em 08/04/2015 totalizou o valor de R$ 538,26 (abrange compras efetuadas até 08/03/2015, f. 52), bem como 2 compras parceladas, a vencer, sendo 2/3 R$ 40,00, 3/3 R$ 40,00 e outra 2/2 R$ 22,44, o que importa no uso do limite em R$ 640,70. A referida fatura foi quitada pelo autor, como se observa na fatura subsequente, entretanto, à época que houve a recusa de autorização pela administradora do cartão, ora banco réu, essa fatura ainda não havia vencido (08/04/2015), tendo o autor realizado outras compras entre os dias 11 a 18/03/2015 (fatura posterior, vencimento em 08/05/2015 f. 53).

Assim, além das parcelas acima mencionadas, há outras compras que estava usando de seu limite, sendo: R$ 140,00, R$ 20,00, R$ 23,30, R$ 20,00, R$ 10,00, R$ 14,79 (até 18/03/2015), exclusivamente, até a data que pretendia realizar a aquisição do produto, perfaz a soma de R$ 228,09 + limite utilizado de R$ 640,70= R$ 868,79, cujo produto que pretendia adquirir de modo parcelado era de R$ 489,71=R$ 1.358,50, o que se vê a redução do limite do banco réu, sem qualquer notificação, comunicação ao autor, foi o fator que levou a não ser autorizada a sua compra.

Ressalto que o autor não se encontrava inadimplente perante o réu, ocorrendo os descontos em sua folha de pagamento e o restante do débito originado de seu cartão de crédito foi saldado mediante boleto, em 06/04/2015 e 06/05/2015 (vencimento 08/04 e 08/05 f. 53/54).

Assim, Caberia única e exclusivamente ao réu comprovar os fatos impeditivos, modificativos e extintivos do direito do autor, nos termos do artigo 333, II, do CPC, o que não foi feito tornando incontroverso e verdadeiro o fato de que não houve comunicado prévio de redução de seu limite, conforme previsão na Cláusula 11ª do contrato, apresentado em audiência, o que se revela a conduta culposa, cuja responsabilidade é objetiva (art. 14 do CDC), configurado a falha na prestação do serviço, presente o nexo por impossibilitá-lo de fazer a compra do produto, causando o constrangimento sofrido e ofensa a honra e imagem por ter o crédito recusado, configura ato ilícito nos termos do art. 186 do CC, os danos são presumidos.

Portanto, não há como o réu se esquivar da responsabilidade pelos danos causados ao autor, restando cristalina a culpa, a relação de nexo entre a conduta e o resultado, plenamente cabível a indenização pleiteada pelo autor, em virtude da recusa indevida de seu cartão de crédito por redução de limite de crédito sem prévia informação, tratando-se de danos moral puro, in re ipsa, os danos advindos são presumíveis. (...) (grifei)

Com efeito, o recorrido fez prova mínima de seu direito, demonstrando através das faturas de f. 13-14 e 18 que o seu limite de crédito para compras foi de fato reduzido de R$ 1.672,00 para R$ 1.304,00, afirmando não ter havido qualquer comunicação prévia neste sentido por parte da instituição financeira.

Assim, cabia ao recorrente demonstrar que referida redução do limite de crédito se deu com a devida notificação do cliente recorrido ou com a expressa autorização deste, o que não fez, tendo se bastado em afirmar que o recorrido não efetuava o pagamento dos valores integrais das faturas, fato que não apresenta relevância para a lide e inclusive não foi comprovado pelo recorrente, que, além disso, não negou que houve não autorização de pagamento de compra efetuada.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 170

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaEntendo, portanto, que a parte recorrente não produziu nenhuma prova que evidencie a existência

de fato extintivo, impeditivo ou modificativo do direito do autor (art. 333, II, do CPC), devendo a sentença vergastada ser mantida integralmente.

Aliás, também a jurisprudência pátria se posiciona pela ocorrência de danos morais quando há redução unilateral do limite de crédito do consumidor pela instituição bancária sem prévia comunicação. Confira-se:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CANCELAMENTO DE LIMITE DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM AVISO PRÉVIO AO CONSUMIDOR. DANO MORAL CONFIGURADO. PEDIDO DE MINORAÇÃO DO VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE NÃO COMPORTA REDUÇÃO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. , resolve esta Turma CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos exatos termos do voto do relator. (TJ-PR - RI: 0001699-08.2014.8.16.0101/0 (Acórdão), Relator: Rafael Luis Brasileiro Kanayama, Data de Julgamento: 18/08/2015, 2ª Turma Recursal, Data de Publicação: 19/08/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REDUÇÃO DO LIMITE DO CARTÃO DE CRÉDITO SEM PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. É ilícita e abusiva a redução do limite do cartão de crédito sem prévia notificação e sem motivo aparente, ocasionando situação vexatória e constrangedora perante terceiros, causando danos que ultrapassam a esfera do mero dissabor. Dano moral caracterizado. (...) (TJ-RS - AC: 70040785420 RS , Relator: Lúcia de Fátima Cerveira, Data de Julgamento: 31/08/2011, Segunda Câmara Especial Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 12/09/2011)

RECURSO INOMINADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REDUÇÃO DO LIMITE DE CHEQUE ESPECIAL E DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM AVISAR AO REQUERENTE. Código de defesa do consumidor. Responsabilidade objetiva do prestador de serviços. Dano in re ipsa, que independe de comprovação, advindo da negativação indevida do nome do consumidor. quantum indenizatório MANTIDO porque dentro dos limites da razoabilidade, SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO. (TJ-AM - RI: 0600176-40.2013.8.04.0016, Data de Julgamento: 22/11/2013, 2ª Turma Recursal, Data de Publicação: 26/11/2013)

Outrossim, também deve ser mantido o quantum indenizatório fixado na sentença vergastada, vez que o recurso interposto pelo recorrente nada versou acerca do respectivo valor.

Posto isto, conheço do recurso e nego-lhe provimento.

Condeno o recorrente ao pagamento de custas e honorários que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 171

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista - Mutirão Apelação n. 0002107-17.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Patrícia Kelling Karloh

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – MULTA DE TRÂNSITO – NOTIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO E PENALIDADE - INFRATOR NÃO ENCONTRADO – PUBLICAÇÃO POR EDITAL – COMPROVAÇÃO DE APENAS UMA NOTIFICAÇÃO – SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

PARA A VALIDADE DA MULTA POR INFRAÇÃO DE TRÂNSITO, É NECESSÁRIO O ENVIO DE DUAS NOTIFICAÇÕES AO ENDEREÇO DO SUPOSTO INFRATOR, QUAIS SEJAM, A DE AUTUAÇÃO E A DE PENALIDADE, NOS TERMOS DA SÚMULA 312 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

NÃO ENCONTRADO O SUPOSTO INFRATOR NO ENDEREÇO, LEGÍTIMA A NOTIFICAÇÃO POR EDITAL. TODAVIA, DEVEM HAVER DUAS PUBLICAÇÕES POR EDITAL NOS TERMOS DO ARTIGO 8.º § 1.º, INCISOS I E II, DA RESOLUÇÃO 390/2011 DO CONTRAN.

COMPROVADO SOMENTE A PUBLICAÇÃO DE APENAS UM EDITAL, IMPÕE-SE A DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA MULTA E RESPECTIVA COBRANÇA.

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, NÃO PROVIDO.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2.ª Turma Recursal Mista - Mutirão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, dar improvimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento, acima transcrita, de acórdão, a teor do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95. Sem custas ante o disposto no artigo 24, inciso I do Regimento das Custas do TJMS.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 172

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista - Mutirão Apelação nº 0006367-40.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Patrícia Kelling Karloh

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – SERVIÇO DE ENERGIA – DIFICULDADE DE ACESSO AO MEDIDOR – CONSUMO PELA MÉDIA – POSSIBILIDADE – RECURSO IMPROVIDO.

É LICITA A COBRANÇA PELA MÉDIA DE CONSUMO NO CASOS DE DIFICULDADE DE ACESSO DO LEITURISTA AO MEDIDOR DE ENERGIA NOS TERMOS DA RESOLUÇÃO 414/2010 DA ANEEL.

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, NÃO PROVIDO.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2.ª Turma Recursal Mista - Mutirão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, dar improvimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Condeno a recorrente ao pagamento das custas e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa. Fica sobrestada a exigibilidade das verbas, eis que beneficiário da justiça gratuita.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

RELATÓRIO

Enestor Luiz de Medeiros, qualificado nos autos, interpôs recurso inominado requerendo, ao fim, a nulidade da sentença por ausência de fundamentação e, alternativamente, a reforma para declarar nula as cobranças dos meses de abril e maio de 2013 (f. 88-100).

Em contrarrazões (f. 107-113), a recorrida manifestou-se pelo improvimento do recurso.

VOTO

Juíza Patrícia Kelling Karloh

Trata-se de demanda em que o autor pretende o reconhecimento de nulidade das cobranças dos meses de abril e maio de 2013 pois, segundo argumenta, não deu causa ao consumo e que, ainda, não dificultou qualquer acesso do leiturista ao medidor de energia.

O Juízo de origem julgou improcedente o pedido inicial fundamentando suas razões na ausência de comprovação de qualquer ilícito pela concessionária recorrida.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 173

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaInicialmente o recorrente sustenta a nulidade da sentença proferida por ausência de fundamentação.

Todavia, em que pesem seus argumentos, não vislumbro qualquer vicio capaz de gerar nulidade na sentença combatida.

Nada obstante o entendimento do Juízo de origem ser contrário aos interesses do recorrente, o julgador explanou as razões de seu convencimento que o levou a não acolher as pretensões expostas na inicial.

Eventual omissão no julgado não conduz necessariamente a nulidade da sentença por ausência de fundamentação, considerando que existem meios cabíveis no ordenamento jurídico para saná-lo, como por exemplo por meio de embargos de declaração, que, aliás, o recorrente não opôs. Ademais, a matéria está sendo devolvida a julgamento pela Turma Recursal.

Assim, não acolho a preliminar.

No mérito, a insurgência do recorrente se baseia na discordância dos valores auferidos pela média de consumo, alegando, ainda, que não dificultou o acesso do leiturista ao medidor, sob o argumento de que, mesmo notificada, a recorrida não comparecia ao imóvel para a leitura programada.

Sem razão contudo.

Em análise dos autos verifico que o autor não comprovou os fatos constitutivos de seu direito, uma vez que não comprovou que o leiturista tinha acesso ao medidor quando do lançamento das faturas dos meses de abril e maio de 2013, muito menos que estava na residência no dia da leitura.

Note-se, inclusive, que o próprio autor confirma em sua petição inicial que o medidor fica no interior do imóvel. Assim, é fácil concluir que toda vez que o leiturista pretender acessar o medidor de energia, o recorrente necessariamente precisará estar no imóvel, sob pena de não haver a devida leitura do consumo.

Com efeito, o medidor de energia deve estar em local facilitado para fins de leitura e, caso não esteja, impõe-se a aferição do consumo pela média aritmética dos 12 (doze) últimos faturamentos anteriores à constatação do impedimento, conforme previsto no artigo 87 da Resolução 414/2010 da ANEEL.

Ressalte-se também que o recorrente foi devidamente notificado acerca do impedimento na leitura do imóvel, conforme faturas de f. 12-13, tudo conforme exposto na mencionada resolução.

Portanto, não há qualquer ilegalidade na conduta adotada pela recorrida em cobrar os valores pelas médias do consumo, porquanto, no caso concreto, há dificuldade de acesso ao medidor, mormente pela falta de comprovação do recorrente de que permanecia no imóvel no dia da leitura, ônus este que lhe cabe a teor do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Nesse sentido, não destoa a jurisprudência:

CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. REVISÃO DAS FATURAS. IMPOSSIBILIDADE DA LEITURA EFETIVA EM TODOS OS MESES. COBRANÇA PELA MÉDIA. COMPENSAÇÃO DO CONSUMO NAS FATURAS POSTERIORES QUANDO FEITA A LEITURA REAL. COBRANÇA DO CUSTO DE DISPONIBILIDADE DO SISTEMA. DÉBITOS EXIGÍVEIS. AUSENTE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DAS FATURAS EM ABERTO. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO E PROCEDÊNCIA DO PEDIDO CONTRAPOSTO. SENTENÇA MANTIDA. Os documentos trazidos pela concessionária (histórico e faturas) demonstram que não realizada a leitura do consumo em vários meses, por dificuldade de acesso ao medidor, sendo a cobrança da energia feita pela média, procedimento permitido pela resolução 414/2010 da ANEEL. Ainda, tais documentos demonstram que a concessionária, quando logra efetuar a leitura real, procede a compensação da quantia de kWh cobrados anteriormente pela média com a efetivamente registrada, o que implica, em muitos meses, a cobrança do custo de disponibilidade do

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciasistema elétrico, o qual somado a outras rubricas (seguro, juros, correção, multa) totalizam o valor aproximado de R$ 18,00. Portanto, tal valor não pode ser visto como media de consumo como pretende o autor com vista a embasar a alegação de cobrança excessiva em alguns meses. Assim, não se verificando a cobrança excessiva e não comprovando o recorrente o pagamento das faturas em aberto, persiste o débito junto à concessionária. Por tais razões, não merece qualquer reparo a sentença que julgou improcedente a ação e procedente o pedido contraposto, sendo esta mantida na íntegra, com os devidos acréscimos em atenção às razões recursais. Recurso Desprovido. Unânime. (TJRS. Recurso Cível Nº 71004000873, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 26/03/2013)

Além disso, não me parece que o consumo cobrado nos meses questionados na demanda está em desconformidade com o previsto na Resolução 414/2010 da ANEEL, eis que dos documentos acostados na inicial se vislumbra uma coerência nos valores quando comparados com os demais faturamentos.

Anoto, ainda, que diferentemente do que argumenta o recorrente em suas razões recursais, a média de consumo dos meses objetos de discussão não se restringiram a somente 06 (seis) meses.

A recorrida somente argumenta como tese defensiva que, quando comparado pelos 06 (seis) meses anteriores, o consumo está parecido. E, de fato, como dito acima, está coerente a média cobrada com relação aos outros meses.

Por fim, importante consignar que, a despeito da insurgência do recorrente acerca da inscrição nos órgãos de proteção ao crédito, é fato que os valores incluídos nos respectivos cadastros não são os questionados nesta demanda, os quais também não foram incluídos na petição inicial.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso.

É o voto.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 175

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista - Mutirão Apelação n. 0015090-48.2013.8.12.0110

Juizado Especial Central de Campo Grande

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – NEGATIVA DE COBERTURA DE EXAMES – PLANO DE SAÚDE – CDC – DEVOLUÇÃO VALORES PAGOS – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – DANO MORAL CONFIGURADO – SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor nas relações envolvendo plano de saúde.

A autora possui contrato com a Unimed Centro Oeste e Tocantins e, pela teoria da aparência e pelo intercambio existente entre as UNIMED’s, impõe-se o reconhecimento da legitimidade passiva da Unimed Campo Grande para responder.

Comprovada a negativa de cobertura dos serviços prestados, acertada a sentença que determinou a devolução dos valores pagos pelo consumidor na realização dos exames médicos.

A negativa de cobertura enseja reconhecimento de danos morais, pois agrava o abalo psicológico de quem necessita do serviço para tratar da saúde.

Fixação do quantum que observou os critérios de razoabilidade e proporcionalidade no caso concreto.

Sentença mantida pelos próprios fundamentos.

Recurso conhecido e, no mérito, não provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2.ª Turma Recursal Mista - Mutirão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, dar improvimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento, acima transcrita, de acórdão, a teor do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95. Condeno a recorrente ao pagamento das custas e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da condenação.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 176

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista - Mutirão Apelação n. 0806894-89.2013.8.12.0002

Juizado Especial de Dourados

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – CONCURSO PÚBLICO – CARGO DE PROFESSOR – CANDIDATO PORTADOR DE LORDOSE – INAPTIDÃO PARA O CARGO – NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO – PATOLOGIA QUE NÃO IMPOSSIBILITA O EXERCÍCIO DO CARGO – SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO IMPROVIDO.

A existência de deformidade vertebral lombar congênita não é suficiente para tornar inapto o candidato ao cargo de professor, notadamente quando a junta médica não justifica as razões que motivou o ato que a excluiu do certame.

Se não houve impugnação da prova trazida pelo recorrido, muito menos solicitação de exame pericial, o atestado médico que concluiu ser a autora apta ao cargo possui força probante para embasar o convencimento do Juízo.

A mera alegação de eventual agravamento do quadro clínico da candidata não é suficiente para tornar inapta ao cargo, pois a comprovação de que a patologia a tornará incapacitada para o exercício deve ser aferida no momento do exame, não podendo se basear em fatos futuros e imprevisíveis.

A incapacidade para o cargo deve ser presente e não baseada em suposições de agravamentos futuros.

Ato administrativo que a excluiu do concurso público deve ser declarado nulo.

Sentença mantida pelos próprios fundamentos.

Recurso conhecido e, no mérito, não provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2.ª Turma Recursal Mista - Mutirão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, dar improvimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento, acima transcrita, de acórdão, a teor do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95. Condeno a recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa. Sem custas ante a isenção prevista no Regimento de Custas dos TJMS.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 177

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista - Mutirão Apelação n. 0810773-08.2012.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Patrícia Kelling Karloh

SÚMULA DE JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO DE PORTO SEGUROS – SEGURO FIANÇA ALUGUEL – AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE ALUGUEL PELO INQUILINO – SINISTRO OCORRIDO – PAGAMENTO PARCIAL DO SEGURO POR TARDIA NOTIFICAÇÃO À SEGURADORA – PERDA DO DIREITO À INDENIZAÇÃO – ABUSIVIDADE – RECURSO IMPROVIDO.

É abusiva a cláusula que afasta o direito à cobertura do seguro pela comunicação tardia do sinistro à seguradora, na medida em que coloca o fornecedor em vantagem excessiva perante o consumidor e restringe direitos inerentes à natureza do negócio.

Recurso conhecido e, no mérito, não provido.

EMENTA – RECURSO INOMINADO DE ÂNGELO DE AZEVEDO E OUTRA – SEGURO FIANÇA ALUGUEL – AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE ALUGUEL PELO INQUILINO – SINISTRO OCORRIDO – PAGAMENTO PARCIAL DO SEGURO POR TARDIA NOTIFICAÇÃO À SEGURADORA – ILEGITIMIDADE DA CORRETORA DA SEGUROS – DANOS MORAIS E LUCROS CESSANTES – NÃO CONFIGURADO – DANOS MATERIAIS COMPROVADOS RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

A corretora de seguros não possui legitimidade para figurar no polo passivo nas demandas em que se pretende o pagamento de indenização securitária.

O mero inadimplemento contratual não enseja o dever de reparação por danos morais por não repercutir na esfera íntima da vítima a ponto de ofender seus direitos da personalidade.

Os lucros cessantes devem ser efetivamente comprovados.

Eventual pagamento de indenização securitária deve estar comprovado nos autos. Na ausência de comprovação, exclui o direito ao desconto determinado na sentença.

Recurso conhecido e, no mérito, parcialmente provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 2.ª Turma Recursal Mista - Mutirão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, à unanimidade, dar improvimento ao recurso de Porto Seguros e dar parcial provimento do recurso de Ângelo e outra. Condeno Porto Seguros ao pagamento das custas e honorários que fixo em 10% sobre o valor da condenação. Deixo de condenar Ângelo e outra ao pagamento de custas e honorários ante o parcial provimento do recurso.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 178

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

RELATÓRIO

Ângelo de Azevedo Bilange Baião e Andreia Tondati Ferreira Baião, ambos qualificados nos autos, interpuseram Recurso Inominado requerendo a reforma da sentença para reconhecer a legitimidade da corretora de seguros para responder a demanda; a ocorrência de dano moral e lucros cessantes e, por fim, para afastar a faculdade de descontar o valor de R$ 4.557,6, pela ausência de comprovação de pagamento pela seguradora (f. 198-209).

Após, Porto Seguros Companhia de Seguros Gerais interpôs Recurso Inominado requerendo, ao fim, a reforma da sentença para julgar improcedente os pedidos iniciais ao argumento de que não há qualquer abusividade nas cláusulas do contrato de seguro (f. 210-219).

Em contrarrazões, os recorridos manifestaram-se pelo improvimento dos recursos respectivos (f. 228-233 e 234-241).

VOTO

Juíza Patrícia Kelling Karloh

Trata-se de Ação de Cobrança c/c Reparação de Danos Materiais e Morais proposta por Ângelo de Azevedo Bilange Baião e Andreia Tondati Ferreira em que os autores sustentam, basicamente, a ausência de cobertura do seguro fiança de aluguel e, ainda, a existência de danos morais, materiais e lucros cessantes.

O Juízo de origem julgou parcialmente procedente os pedidos iniciais, reconhecendo a abusividade das cláusulas restritivas do contrato onde consta ausência de direito de indenização do consumidor pela ausência de informação imediata à seguradora sobre o sinistro (ausência de pagamento de aluguel pelo inquilino).

Além disso, determinou a restituição dos danos materiais, facultado o desconto do valor de R$ 4.557,64 que já teria sido pago pela seguradora e não reconheceu os lucros cessantes por ausência de comprovação e da ocorrência de danos morais.

Por questões de prejudicialidade da matéria, passo primeiramente à análise do recurso interposto pela seguradora.

Pois bem. A Seguradora interpôs recurso aduzindo, em apertada síntese, que não há qualquer abusividade na cláusula que afasta o direito à indenização pelo segurado em caso de não observância dos prazos de notificação acerca do sinistro.

Com efeito, é incontroverso nos autos que os autores notificaram a seguradora acerca do sinistro ocorrido fora dos prazos estipulados no contrato de seguro firmado, tanto com relação ao aluguel não pago do imóvel, como pelos orçamentos para reparação com pinturas.

Todavia, apesar de reconhecer o atraso dos recorrentes, o que também não foi demasiadamente longo a ponto de excluir qualquer direito à indenização securitária, tenho que se mostraram abusivas as cláusulas de n.º 5, 10, 10.1, 15.2 e 23.4.5 (f. 160-175), as quais se referem aos prazos para notificação sobre a ocorrência do sinistro à seguradora, uma vez que colocaram o consumidor em desvantagem exagerada perante o fornecer.

Excluir do consumidor o direito à indenização securitária por inobservância de prazo estipulado para informar a ocorrência do sinistro é totalmente abusivo porque restringe direitos inerentes à própria natureza do negócio firmado, colocando o fornecedor em manifesta vantagem por não ter a obrigação de cumprir um contrato de seguro que foi adimplido.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 179

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaÉ da expectativa do consumidor que paga o seguro ser ressarcido por danos ocasionados em um

eventual sinistro.

Assim, nego provimento ao recurso, mantendo-se a sentença no tocante ao reconhecimento de abusividade das referidas cláusulas.

Passo à análise do recurso interposto por Ângelo de Azevedo Bilange Baião e Andreia Tondati Ferreira Baião.

No que pertine ao pedido de reconhecimento de legitimidade da corretora de seguros para responder pelos danos ocasionados, tenho que não merece provimento, devendo a sentença ser mantida nesse sentido.

É que a corretora de seguros somente responde por omissão quanto aos procedimentos que lhe foram confiados, não podendo ser parte passiva para responder por débito atinente a indenização securitária, como é o caso dos autos, que é de responsabilidade da companhia seguradora.

Quanto ao pedido de reconhecimento de danos morais e lucros cessantes, também entendo que a sentença deve ser mantida, já que não houve qualquer comprovação dos mesmos.

O mero inadimplemento contratual não acarreta reconhecimento de dano moral por não repercutir na esfera íntima dos recorrentes a ponto de ferir seus direitos da personalidade, devendo a matéria se restringir somente ao campo obrigacional.

Os lucros cessantes, da mesma forma, dependem de efetiva comprovação a teor do artigo 403 do Código Civil e, na ausência, impõe-se o não reconhecimento, eis que é ônus que compete ao autor comprovar nos termos do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Tal como reconhecido na sentença, não lograram os recorrentes em comprovar que a requerida tenha dado causa ou tenha praticado ato ilícito que os impedisse de alugar o imóvel a terceiros.

De outro lado, assiste razão ao recorrentes sobre o ponto da sentença em que reconheceu a faculdade da recorrida seguradora em proceder o abatimento do valor de R$ 4.557,64, ao passo que inexiste comprovação nos autos do efetivo pagamento da importância mencionada na contestação.

É ônus da recorrida, com espeque no artigo 333, inciso II, do Código de Processo Civil, comprovar os fatos modificativos do direito dos autores/recorrentes e, como não o fez, deve ser expurgado do dispositivo da sentença a parte que facultou o direito ao desconto do valor de R$ 4.557,64.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso de Porto Seguros Companhia de Seguros Gerais e dou parcial provimento ao recurso de Ângelo de Azevedo Bilange Baião e Andreia Tondati Ferreira Baião para afastar da sentença a faculdade de desconto do valor de R$ 4.557,64, mantendo-se incólume os demais termos.

É o voto.

Campo Grande, 25 de maio de 2015

Juíza Patrícia Kelling Karloh - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 180

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0002455-35.2013.8.12.0110/50000

Relator Juiz Ricardo Gomes Façanha

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2.ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental e, por maioria, vencido o relator, aplicar à parte recorrente multa correspondente a 1% (um por cento) do valor corrigido da causa, em favor da parte recorrida, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor, nos termos do artigo 51, § 4.º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e do artigo 557, § 2.º, do Código de Processo Civil.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Trata-se de agravo regimental (recurso interno) interposto por Manoel Carlos de Souza em face da decisão monocrática proferida por este Relator, que negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

VOTO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Insurge-se a parte agravante contra a decisão monocrática que, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

A necessidade de rejeição sumária da apelação é realmente evidente, circunstância esta que, aliás, embasa o julgamento monocrático previamente exarado, pois corrobora o princípio da economia processual.

A norma supracitada busca tão somente desobstruir pautas dos órgãos colegiados para que se agilize o julgamento das ações e recursos que realmente precisam ser submetidos à apreciação do colegiado.

Considerando as ponderações acima, submeto a decisão vergastada à apreciação da Turma Recursal, com o desenvolvimento do raciocínio empregado, de modo que mantenho a decisão monocrática nos termos outrora proferidos.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 181

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTranscrevo abaixo o teor da decisão monocrática:

“Trata-se de apelações cíveis (recursos inominados) interpostas por ENERSUL - Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S/A e Manoel Carlos de Souza em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido formulado na inicial pelo segundo em face do primeiro.

DECIDO.

O recurso da parte ré é manifestamente improcedente e contrário à jurisprudência desta Turma Recursal, que assim vem decidindo:

“RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. PRELIMINAR: INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL – AFASTADA. MÉRITO: SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA - DÍVIDA RELATIVA À SUPOSTA FRAUDE EM MEDIDOR – FRAUDE NÃO COMPROVADA - VALOR COBRADO POR ESTIMATIVA – CONSUMO NÃO DEMONSTRADO – DÉBITO INEXISTENTE - SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. A prova pericial se mostra desnecessária quando existem elementos nos autos que permitem o julgamento da demanda. Além do mais, não alcançaria o objetivo almejado, porquanto a carga instalada atualmente no imóvel poderia não ser a mesma que existia no período do refaturamento. Assim, afasta-se a alegação de incompetência absoluta do Juizado pela complexidade da causa. Por outro lado, não há dúvidas que a companhia fornecedora de eletricidade tem o direito de cobrar os valores devidos pelo usuário, inclusive se for o caso efetuar o corte no fornecimento do serviço. Todavia, não pode simplesmente, ao encontrar irregularidades no medidor de energia, pressupor que foi o usuário que o adulterou para obter energia elétrica sem efetuar o pagamento, e daí impor um débito, sem que tais fatos estejam sobejamente comprovados. Sem a prova da fraude no medidor, assim como do efetivo desvio de energia, não pode a fornecedora, de forma unilateral, presumir um valor de consumo e cobrá-lo, razão pela qual o débito deve ser reconhecido como inexistente e cancelado. A propósito, confira-se: “E M E N T A. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - IRREGULARIDADE NO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA - PROVA PRODUZIDA UNILATERALMENTE - ILEGALIDADE DA COBRANÇA DO CONSUMO PRESUMIDO - SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO – DANO MORAL CONFIGURADO - QUANTUM MANTIDO – RECURSO IMPROVIDO. A prova produzida de forma unilateral não pode ser utilizada a fim de embasar o livre convencimento do julgador, uma vez que sua formação não ficou adstrita às garantias constitucionais da ampla defesa, do contraditório e, sobretudo, do devido processo legal. É de ser declarada a ilegalidade de débito, lançado em fatura de consumo de energia elétrica, quando não restar provada a prática de fraude pelo consumidor, ainda mais quando os cálculos de consumo são realizados de forma presumida e unilateral. Em sendo arbitrária e ilegal a suspensão no fornecimento de energia elétrica, que gerou prejuízo de ordem moral, emerge o dever de indenizar, cujo valor deve ser fixado segundo os princípios de razoabilidade e proporcionalidade, de modo a evitar a configuração de enriquecimento ilícito, atendendo-se sempre à função compensatória ao ofendido e punitiva ao ofensor”. (TJMS - Apelação Cível nº 2011.015256-1 - Campo Grande - Relator: Des. Vladimir Abreu da Silva - 5ª Turma Cível - Julgamento: 30/06/2011 Publicação: 05/07/2011 Diário da Justiça nº 2455). (destaquei) “EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – FRAUDE NO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA APURADA UNILATERALMENTE – REALIZAÇÃO DE PERÍCIA – IRREGULARIDADE CONSTATADA – NÃO DEMONSTRAÇÃO DA AUTORIA DA FRAUDE – OBRIGAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA DE CONSTANTEMENTE SUPERVISIONAR A REGULARIDADE DOS RELÓGIOS MEDIDORES – ÔNUS DA CONCESSIONÁRIA DO SERVIÇO PÚBLICO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. Não é possível a cobrança dos valores pretéritos apurados após a revisão do faturamento em decorrência da constatação de fraude no medidor de energia elétrica sem a demonstração da responsabilidade do

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 182

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaconsumidor pela irregularidade que, nos termos da regra inscrita no artigo 333 do CPC e artigo 6º, VIII, do CDC, deve ser feita pela concessionária do serviço público. Outrossim, cabe à concessionária do serviço público supervisionar, constantemente, e mês a mês, por ocasião de cada medição do consumo de energia elétrica, a regularidade das unidades medidoras, instaurando o respectivo procedimento assim que constatado qualquer defeito, falha ou fraude.” (TJMS - Apelação Cível - Ordinário - N. 2012.016709-1/0000-00 - Três Lagoas. Relator - Exmo. Sr. Des. Sérgio Fernandes Martins. Órgão Julgador: 1ª Câmara Cível. Julgamento: 20/06/2012)” (destaquei). Assim, como a empresa recorrente não provou ter a recorrida adulterado o medidor de energia, tampouco haver consumido energia além daquela registrada nas faturas, tem-se por inexistente o débito cobrado através da nota de débito de f. 11/12. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46)” (TJMS, Segunda Turma Recursal Mista, Apelação 0800266-06.2012.8.12.0104, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 17/10/2013).

“RECURSO INOMINADO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C.C. REVISIONAL E INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRELIMINAR: – INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO – NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL – REJEITADA. MÉRITO: SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA – TROCA NO MEDIDOR – REVISÃO DAS FATURAS – VALOR PRESUMIDO UNILATERALMENTE – DÉBITO INEXISTENTE – DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS - SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. A prova pericial se mostra desnecessária quando existem elementos nos autos que permitem o julgamento da demanda. Além do mais, não alcançaria o objetivo almejado, porquanto a carga instalada atualmente no imóvel poderia não ser a mesma que existia no período do refaturamento. Assim, afasta-se a alegação de incompetência absoluta do Juizado pela complexidade da causa. De outro modo, a companhia de eletricidade tem o direito de cobrar os valores devidos pelo usuário, inclusive se for o caso efetuar o corte no fornecimento do serviço. Todavia, não pode simplesmente, ao encontrar irregularidades no medidor de energia, pressupor que foi o usuário que o adulterou para obter energia elétrica sem efetuar o pagamento, e daí impor um débito, sem que tais fatos estejam sobejamente comprovados. Sem a prova da fraude no medidor, assim como do efetivo desvio de energia, não pode a fornecedora, de forma unilateral, presumir um valor de consumo e cobrá-lo, razão pela qual o débito deve ser reconhecido como inexistente e cancelado. Além do mais, restou demonstrado que o consumo mensal de energia elétrica auferido na unidade consumidora, no período de 03/2010 à 10/2012, sempre foi variável, não ultrapassando o consumo mensal de 278 Kwh (f. 03/07 e 56). Já no mês seguinte (11/2012), houve um aumento exacerbado no consumo de energia elétrica para 621 Kwh. Assim, como a empresa recorrente não provou ter a recorrida adulterado o medidor de energia, tampouco haver consumido energia além daquela registrada nas faturas, tem-se por inexigível o débito cobrado na nota fiscal/fatura de f. 7, devendo ser revisto nos termos estabelecidos na r. sentença recorrida. No tocante aos danos materiais, a responsabilidade da empresa fornecedora da energia pelos danos decorrentes de defeitos na prestação de serviços é objetiva. No caso, a requerida/recorrente não se desincumbiu de demonstrar, de forma escorreita, que o fato ocorreu por motivo alheio que a eximisse do dever de indenizar, se conformando em apresentar razões genéricas de que o recorrido não comprovou que houve oscilação na rede elétrica da unidade consumidora. Por outro lado, as provas produzidas pela recorrida demonstram, de forma segura, que os danos ocasionados na fonte de seu computador e televisão se deram por conta da oscilação da energia elétrica fornecida pela apelante. Desse modo, presentes os requisitos da responsabilidade civil, quais sejam, deficiência na prestação do serviço; o dano; e, o nexo de causalidade entre serviço defeituoso e os danos experimentados pelo consumidor, que associados à responsabilidade objetiva que recai sobre a requerida, pela natureza da atividade, autorizam a procedência do pleito, de forma que não merece reparos a sentença que determina a recomposição dos prejuízos sofridos pelo consumidor. Por fim, a suspensão indevida no fornecimento de energia elétrica e a inscrição indevida do nome do consumidor em órgão de proteção ao crédito, caracterizam-se como ato ilícito passível de indenização por danos morais. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos

Page 185: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 183

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência(Lei nº 9.099/95, art. 46). (TJMS, Segunda Turma Recursal Mista, Apelação 0000014-42.2013.8.12.0026, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 17/10/2013).

O recurso da parte autora é igualmente inviável e improcedente, pois não consta do pedido inicial qualquer lesão a direito da personalidade, mormente porque não se infere da narrativa de f. 01/02 a ocorrência de interrupção no fornecimento de energia elétrica ou a negativação do nome da consumidora, sendo certo que o alegado descumprimento de ordem judicial proferida já no curso do processo, sem prejuízo das medidas cabíveis, não tem o condão ensejar, aqui, a pleiteada indenização, visto que os elementos desta ação, notadamente a causa de pedir e o pedido, consubstanciaram-se no momento do ajuizamento da demanda.

Ante o exposto, com fundamento no artigo 51, § 1.º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento aos recursos.

Por fim, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95, condeno ambos os recorrentes, à razão de 50 % para cada um, ao pagamento das custas e honorários advocatícios em favor dos respectivos patronos, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor da causa. Fica, todavia, diferida a exigência dessa condenação imposta ao autor (art. 572 do CPC), ou seja, condicionada ao implemento do § 2.º dos arts. 11 e 12 da Lei nº 1.060/50, se provada no prazo de 5 anos a cessação da hipossuficiência financeira, anotando-se que, pela Súmula 306 do STJ, “os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte”. (...)”

Destarte, tenho que a manutenção do decisum é medida imperativa, tanto pela juridicidade nele constante como pela inexistência, nos argumentos trazidos pelo agravante, de elementos capazes de ilidir o exposto anteriormente.

Desse modo, não tendo o agravante trazido nenhum fundamento capaz de desconstituir a situação jurídica, de modo a alterar o convencimento deste relator, mantenho a decisão agravada, pelos seus próprios fundamentos.

Pelo exposto, nego provimento a este agravo regimental, mantendo incólume a decisão agravada.

É o voto.

Page 186: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 184

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0800347-14.2012.8.12.0052/50000

Relator Juiz Ricardo Gomes Façanha

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental e, por maioria, vencido o relator, aplicar à parte agravante multa correspondente a 1% (um por cento) do valor corrigido da causa, em favor da parte recorrida, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor, nos termos do artigo 51, § 4º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e do artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Trata-se de agravo regimental (recurso interno) interposto por Banco Bradesco Financiamentos S/A em face da decisão monocrática proferida por este Relator, que, de plano, deu apenas parcial provimento à sua apelação.

VOTO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Insurge-se a parte agravante contra a decisão monocrática que, com fundamento no artigo 51, § 2º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, § 1.º-A, do Código de Processo Civil, proveu de plano apenas parte de sua apelação.

A necessidade de parcial provimento de plano da apelação, no caso, é evidente, circunstância que, aliás, embasa o julgamento monocrático previamente exarado, pois corrobora o princípio da economia processual.

A norma supracitada busca tão somente desobstruir pautas dos órgãos colegiados para que se agilize o julgamento das ações e recursos que realmente precisam ser submetidos à apreciação do colegiado.

Considerando as ponderações acima, submeto a decisão vergastada à apreciação da Turma Recursal, com o desenvolvimento do raciocínio empregado, de modo que mantenho a decisão monocrática nos termos outrora proferidos.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 185

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTranscrevo abaixo o teor da decisão monocrática:

“Trata-se de apelação cível (recurso inominado) interposta por Banco Bradesco Financiamentos S/A em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido formulado na inicial pela autora-recorrida.

DECIDO.

Acerca da discussão que atualmente existe em torno da legalidade ou não da cobrança de determinadas “tarifas bancárias”, pelas instituições financeiras, em desfavor dos consumidores com quem celebram contratos, a Segunda Turma Recursal, órgão colegiado do qual este magistrado faz parte, após aprofundado debate e muita reflexão, à luz da jurisprudência consolidada, pacificou entendimento no sentido de que:

1) A tarifa de abertura de crédito e a tarifa de emissão de carnê1: a) nos contratos firmados até 30/04/2008, desde que inexista comprovado abuso, podem ser pactuadas e cobradas; e b) após 30/04/2008, por deixarem de ter o necessário amparo jurídico, não podem mais ser contratualmente previstas nem exigidas;

2) a tarifa de cadastro2 – que remunera a realização de pesquisa em serviços de proteção ao crédito, base de dados e informações cadastrais, bem como o tratamento de dados e informações necessários ao início de relacionamento decorrente da abertura de conta de depósito à vista ou de poupança ou contratação de operação de crédito ou de arrendamento mercantil – continua válida e pode ser cobrada, desde que uma única vez, no início do relacionamento entre consumidor e instituição financeira;

3) a tarifa de avaliação de bem3 – em que pese opinião pessoal deste Relator de que o art. 5.º, VI, da Resolução 3.919/2010 do CMN autoriza sua pactuação e cobrança – é considerada ilegal, visto que, além de não representar contraprestação de serviço efetivamente prestado ao consumidor, traduz/configura um custo intransferível inerente à própria atividade econômica da instituição financeira;

4) a tarifa de registro de contrato e a tarifa de registro de gravame são manifestamente abusivas4, haja vista que, por servirem apenas para reduzir os riscos da atividade comercial exercida pelo banco, deve ser só por este suportado, importando sua cobrança em vantagem exagerada do fornecedor em detrimento do consumidor; e

5) a tarifa destinada ao pagamento de serviços prestados por terceiros (correspondente não bancário, concessionária, lojista, outros) não pode ser cobrada do consumidor, eis que esse custo é de responsabilidade dos fornecedores, em razão de suas próprias atividades empresariais, não cabendo ao destinatário final, parte vulnerável da relação jurídica, arcar com o pagamento dessa “comissão”, notadamente porque em momento algum contratou assessoria para a celebração do financiamento.5

Cabe anotar, ainda, que esse órgão ad quem tem afastado, com acerto, a tese dos bancos de que, se os consumidores não tiverem quitado todas as parcelas do financiamento (no qual os valores das tarifas foram diluídos), não teriam eles o direito à pretendida devolução.

Isso porque, como o caso em tela se limita à ilegalidade das apontadas tarifas (acessórias), não interferindo no objeto principal nem impedindo a eficácia desse contrato, certo é que, ainda que já não tenha embolsado o valor relativo às mencionadas tarifas, a instituição bancária, ao cobrar dos consumidores nas parcelas mensais valores relativos

1 STJ, 2.ª Seção, REsp 1251331/RS, Rel.ª Min.ª Maria Isabel Galloti, Julgado em 28/08/13, DJe 24/10/13.2 Idem3 TJ/MS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação 0810505-51.2012.8.12.0110, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 20/04/14, DJ 25/03/14.4 TJ/MS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação 0000587-37.2013.8.12.0105, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 20/04/14, DJ 25/03/14.5 TJMS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação 0808531-76.2012.8.12.0110, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 20/04/14, DJ 25/03/14.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 186

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaao principal, também recebe, por óbvio, os atinentes à diluição das tarifas, não sendo crível imaginar, a despeito de se tratar de ônus da prova do fornecedor, que estas sejam cobradas, de forma integral, apenas nas últimas parcelas.

Vale ressaltar, por derradeiro, que, mesmo naquelas hipóteses em que a cobrança das tarifas bancárias é tida e declarada como indevida, a jurisprudência das Turmas Recursais deste Estado, alinhada ao mais equânime pensar pretoriano, é de que, por não restar configurada a má-fé das instituições financeiras, descabe a devolução em dobro dos valores dispendidos.

Diante dessas considerações, passa-se ao exame do caso em tela.

In casu, verifica-se que a sentença deve ser reformada apenas no que tange à tarifa de cadastro, eis que a mesma é tida legal pelo STJ, sendo certo que, no que concerne às tarifas de serviços de terceiro e de registro, há de ser mantido o que restou decidido pelo juízo sentenciante.

Ante o exposto, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, dou parcial provimento ao recurso, tão somente para excluir da condenação a obrigação da recorrente de restituir à recorrida o valor relativo à tarifa de cadastro, ficando, ademais, incólume a sentença nos demais termos.

Diante do parcial provimento do apelo, não há condenação em custas nem em honorários advocatícios, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/1995.”

Destarte, tenho que a manutenção do decisum é medida imperativa, tanto pela juridicidade nele constante como pela inexistência, nos argumentos trazidos pela parte agravante, de elementos capazes de ilidir o exposto anteriormente.

Desse modo, não tendo a parte agravante trazido nenhum fundamento capaz de desconstituir a situação jurídica, de modo a alterar o convencimento deste relator, mantenho a decisão agravada, pelos seus próprios fundamentos.

Pelo exposto, nego provimento a este agravo regimental, mantendo incólume a decisão objurgada.

É o voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 187

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0800886-21.2013.8.12.0027/50000

Relator Juiz Ricardo Gomes Façanha

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental e, por maioria, vencido o relator, aplicar à parte recorrente multa correspondente a 1% (um por cento) do valor corrigido da causa, em favor da parte recorrida, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor, nos termos do artigo 51, § 4º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e do artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Trata-se de agravo regimental (recurso interno) interposto por Banco Bradesco Financiamentos S/A em face da decisão monocrática proferida por este Relator, que negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

VOTO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Insurge-se a parte agravante contra a decisão monocrática que, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

A necessidade de rejeição sumária da apelação é realmente evidente, circunstância esta que, aliás, embasa o julgamento monocrático previamente exarado, pois corrobora o princípio da economia processual.

A norma supracitada busca tão somente desobstruir pautas dos órgãos colegiados para que se agilize o julgamento das ações e recursos que realmente precisam ser submetidos à apreciação do colegiado.

Considerando as ponderações acima, submeto a decisão vergastada à apreciação da Turma Recursal, com o desenvolvimento do raciocínio empregado, de modo que mantenho a decisão monocrática nos termos outrora proferidos.

Transcrevo abaixo o teor da decisão monocrática:

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 188

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência“Trata-se de apelação cível (recurso inominado) interposta por Banco Bradesco

Financiamentos S/A em face da sentença que julgou procedentes os pedidos formulados na inicial pela parte autora-recorrida.

DECIDO.

O recurso é manifestamente improcedente e contrário à jurisprudência das Turmas Recursais Mistas.

Além de ser cabível na espécie a condenação do apelante pelos danos morais causados à recorrida, sendo pertinente a fundamentação da sentença no sentido de que é in re ipsa o prejuízo extrapatrimonial quando o banco protesta indevidamente valor já quitado, sendo inexistente a dívida, no que tange ao quantum, analisando o caso concreto, verifica-se que se mostra razoável o valor arbitrado pelo juízo singular (R$ 6.000,00), de modo que a sentença a quo deve ser mantida pelos seus próprios e bem postos fundamentos.

Esta Turma Recursal vem assim decidindo, in verbis:

“Nas ações de indenização por danos morais, onde não existem critérios para fixação da verba indenizatória, deve-se arbitrar o montante devido de acordo com as peculiaridades de cada caso, levando-se em conta as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado.

Além disso, é de se ter bom senso e cautela, porque o objetivo não é reparar a dor, mas, sim, compensá-la corrigindo os reflexos sofridos pela vítima em razão da ação ilícita, além de servir de sanção ao autor da lesão.

Assim, sopesadas as circunstâncias do caso em exame, o valor arbitrado a título de indenização por danos morais (R$ 7.500,00) se revela adequado, vez que atende os critérios de proporcionalidade e razoabilidade, não havendo razão para redução do quantum indenizatório.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o (a) recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do(a) recorrido(a) que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.” (TJ/MS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação Cível n.º 0803678-51.2012.8.12.0101, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 28/11/2013).

Ante o exposto, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao presente recurso.

Por fim, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/1995, condeno a parte recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor dos advogados da parte recorrida, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor da condenação.”

Destarte, tenho que a manutenção do decisum é medida imperativa, tanto pela juridicidade nele constante como pela inexistência, nos argumentos trazidos pelo agravante, de elementos capazes de ilidir o exposto anteriormente.

Desse modo, não tendo o agravante trazido nenhum fundamento capaz de desconstituir a situação jurídica, de modo a alterar o convencimento deste relator, mantenho a decisão agravada, pelos seus próprios fundamentos.

Pelo exposto, nego provimento a este agravo regimental, mantendo incólume a decisão agravada.

É o voto.

Page 191: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 189

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0800918-71.2013.8.12.0012/50000

Relator Juiz Ricardo Gomes Façanha

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental e, por maioria, vencido o relator, aplicar à parte recorrente multa correspondente a 1% (um por cento) do valor corrigido da causa, em favor da parte recorrida, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor, nos termos do artigo 51, § 4º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e do artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Trata-se de agravo regimental (recurso interno) interposto por BV Financeira S/A (BV Financeira S/A Crédito, Financiamento e Investimento) em face da decisão monocrática proferida por este Relator, que negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

VOTO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Insurge-se a parte agravante contra a decisão monocrática que, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

A necessidade de rejeição sumária da apelação é realmente evidente, circunstância esta que, aliás, embasa o julgamento monocrático previamente exarado, pois corrobora o princípio da economia processual.

A norma supracitada busca tão somente desobstruir pautas dos órgãos colegiados para que se agilize o julgamento das ações e recursos que realmente precisam ser submetidos à apreciação do colegiado.

Considerando as ponderações acima, submeto a decisão vergastada à apreciação da Turma Recursal, com o desenvolvimento do raciocínio empregado, de modo que mantenho a decisão monocrática nos termos outrora proferidos.

Transcrevo abaixo o teor da decisão monocrática:

Page 192: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 190

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência“Trata-se de apelação cível (recurso inominado) interposta por BV Financeira

S/A (BV Financeira S/A Crédito, Financiamento e Investimento) em face da sentença que julgou procedentes os pedidos formulados na inicial pela parte autora-recorrida.

DECIDO.

O recurso é manifestamente improcedente e contrário à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e das Turmas Recursais Mistas.

Não tendo a parte recorrente se desincumbido do ônus de comprovar a persistência da dívida por ela exigida através de manutenção da restrição de crédito do consumidor, deve ser acolhido o pedido de declaração de inexistência de débito por este formulado.

Demonstrado que a parte recorrente cobrou da parte recorrida suposta dívida (declarada aqui inexistente), tendo mantido indevidamente o nome da última nos serviços de proteção ao crédito, há dano moral a ser indenizado, que, na espécie, por ser in re ipsa, é presumido e dispensa comprovação de prejuízo.

É nesse sentido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO. SÚMULA N. 7/STJ. CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL. PRESCINDIBILIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO. REDUÇÃO DA INDENIZAÇÃO. INVIABILIDADE. RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DO QUANTUM. 1. Esta Corte pacificou entendimento segundo o qual o dano moral decorrente de inscrição irregular em órgão restritivo de crédito configura-se in re ipsa. 2. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, a teor do que dispõe a Súmula n. 7/STJ. 3. Somente em hipóteses excepcionais, quando irrisório ou exorbitante o valor da indenização por danos morais arbitrado na origem, a jurisprudência desta Corte permite o afastamento do referido óbice para possibilitar a revisão. No caso, o valor estabelecido pelo Tribunal de origem não se mostra excessivo, a justificar a reavaliação, em recurso especial, da verba indenizatória fixada. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ, 4.ª Turma, AgRg no AREsp 410675/SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Julgado em 26/11/2013, DJe 06/12/2013).

No que tange ao quantum, analisando o caso concreto, verifica-se que se mostra razoável o valor arbitrado pelo juízo singular (R$ 4.327,65), de modo que a sentença a quo deve ser mantida pelos seus próprios e bem postos fundamentos.

Esta Turma Recursal vem assim decidindo, in verbis:

“EMENTA: RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - DÉBITO INEXISTENTE - INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - ATO ILÍCITO - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - MONTANTE INDENIZATÓRIO ESTABELECIDO ADEQUADAMENTE - SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Não tendo a recorrente se desincumbido do ônus de demonstrar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora, qual seja, a legitimidade do débito que deu ensejo à inclusão do nome do recorrido no cadastro de inadimplentes, não há outro caminho a não ser o reconhecimento da ilegitimidade da dívida.

Reconhecida a inexistência do débito, a inclusão do nome do suposto devedor nos cadastros de inadimplentes caracteriza-se como ato ilícito passível de indenização por dano moral.

Page 193: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 191

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNas ações de indenização por danos morais, onde não existem critérios para

fixação da verba indenizatória, deve-se arbitrar o montante devido de acordo com as peculiaridades de cada caso, levando-se em conta as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado.

Além disso, é de se ter bom senso e cautela, porque o objetivo não é reparar a dor, mas, sim, compensá-la corrigindo os reflexos sofridos pela vítima em razão da ação ilícita, além de servir de sanção ao autor da lesão.

Assim, sopesadas as circunstâncias do caso em exame, o valor arbitrado a título de indenização por danos morais (R$ 7.500,00) se revela adequado, vez que atende os critérios de proporcionalidade e razoabilidade, não havendo razão para redução do quantum indenizatório.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei n.º 9.099/95, art. 46). Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o (a) recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s) do(a) recorrido(a) que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.” (TJ/MS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação Cível n.º 0803678-51.2012.8.12.0101, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 28/11/2013).

Ante o exposto, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao presente recurso.

Outrossim, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/1995, condeno a parte recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor dos advogados da parte recorrida, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor da condenação. (...)”

Destarte, tenho que a manutenção do decisum é medida imperativa, tanto pela juridicidade nele constante como pela inexistência, nos argumentos trazidos pelo agravante, de elementos capazes de ilidir o exposto anteriormente.

Desse modo, não tendo o agravante trazido nenhum fundamento capaz de desconstituir a situação jurídica, de modo a alterar o convencimento deste relator, mantenho a decisão agravada, pelos seus próprios fundamentos.

Pelo exposto, nego provimento a este agravo regimental, mantendo incólume a decisão agravada.

É o voto.

Page 194: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 192

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Agravo Regimental n. 0800955-86.2013.8.12.0016/50000

Relator Juiz Ricardo Gomes Façanha

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2.ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental e, por maioria, vencido o relator, aplicar à parte recorrente multa correspondente a 1% (um por cento) do valor corrigido da causa, em favor da parte recorrida, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor, nos termos do artigo 51, § 4º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e do artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil.

Campo Grande, 19 de março de 2015.

Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Trata-se de agravo regimental (recurso interno) interposto por Banco Panamericano S/A em face da decisão monocrática proferida por este Relator, que negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

VOTO

O Sr. Juiz Ricardo Gomes Façanha - Relator

Insurge-se a parte agravante contra a decisão monocrática que, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, negou seguimento à sua apelação (recurso inominado).

A necessidade de rejeição sumária da apelação é realmente evidente, circunstância esta que, aliás, embasa o julgamento monocrático previamente exarado, pois corrobora o princípio da economia processual.

A norma supracitada busca tão somente desobstruir pautas dos órgãos colegiados para que se agilize o julgamento das ações e recursos que realmente precisam ser submetidos à apreciação do colegiado.

Considerando as ponderações acima, submeto a decisão vergastada à apreciação da Turma Recursal, com o desenvolvimento do raciocínio empregado, de modo que mantenho a decisão monocrática nos termos outrora proferidos.

Page 195: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 193

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTranscrevo abaixo o teor da decisão monocrática:

“Trata-se de apelação cível (recurso inominado) interposta por Banco Panamericano S/A em face da sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial pela parte autora-recorrida.

DECIDO.

O recurso é manifestamente improcedente e contrário à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e das Turmas Recursais Mistas.

Não tendo a parte recorrente se desincumbido do ônus de comprovar a legitimidade e atualidade da negativação inscrita no SCR, deve ser acolhido o pedido de exclusão formulado pela parte consumidora.

Demonstrado que o recorrente inscreveu e manteve o nome do autor de forma indevida no sistema do Banco Central, há dano moral a ser indenizado, que, na espécie, por ser in re ipsa, é presumido e dispensa comprovação de prejuízo.

No que tange ao quantum, analisando o caso concreto, verifica-se que se mostra razoável o valor arbitrado pelo juízo singular (R$ 7.240,00), de modo que a sentença a quo deve ser mantida pelos seus próprios e bem postos fundamentos.

Esta Turma Recursal vem assim decidindo, in verbis:

“EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DÉBITO INEXISTENTE – INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – ATO ILÍCITO – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – MONTANTE INDENIZATÓRIO ESTABELECIDO ADEQUADAMENTE – SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Não tendo a recorrente se desincumbido do ônus de demonstrar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora, qual seja, a legitimidade do débito que deu ensejo à inclusão do nome do recorrido no cadastro de inadimplentes, não há outro caminho a não ser o reconhecimento da ilegitimidade da dívida.

Reconhecida a inexistência do débito, a inclusão do nome do suposto devedor nos cadastros de inadimplentes caracteriza-se como ato ilícito passível de indenização por dano moral.

Nas ações de indenização por danos morais, onde não existem critérios para fixação da verba indenizatória, deve-se arbitrar o montante devido de acordo com as peculiaridades de cada caso, levando-se em conta as condições pessoais dos envolvidos, o grau de culpa, a potencialidade e a extensão do dano causado.

Além disso, é de se ter bom senso e cautela, porque o objetivo não é reparar a dor, mas, sim, compensá-la corrigindo os reflexos sofridos pela vítima em razão da ação ilícita, além de servir de sanção ao autor da lesão.

Assim, sopesadas as circunstâncias do caso em exame, o valor arbitrado a título de indenização por danos morais (R$ 7.500,00) se revela adequado, vez que atende os critérios de proporcionalidade e razoabilidade, não havendo razão para redução do quantum indenizatório.

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Outrossim, nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno o (a) recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do(s) advogado(s)

Page 196: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 194

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciado(a) recorrido(a) que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação.” (TJ/MS, 2.ª Turma Recursal Mista, Apelação Cível n.º 0803678-51.2012.8.12.0101, Rel. Juiz Cezar Luiz Miozzo, Julgado em 28/11/2013).

Ante o exposto, com fundamento no artigo 51, § 1º, da Lei Estadual nº 1.071/1990 e no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao presente recurso.

Outrossim, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/1995, condeno a parte recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor dos advogados da parte recorrida, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor da condenação.”

Destarte, tenho que a manutenção do decisum é medida imperativa, tanto pela juridicidade nele constante como pela inexistência, nos argumentos trazidos pelo agravante, de elementos capazes de ilidir o exposto anteriormente.

Desse modo, não tendo o agravante trazido nenhum fundamento capaz de desconstituir a situação jurídica, de modo a alterar o convencimento deste relator, mantenho a decisão agravada, pelos seus próprios fundamentos.

Pelo exposto, nego provimento a este agravo regimental, mantendo incólume a decisão agravada.

É o voto.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0800469-94.2014.8.12.0007 - Cassilândia

Relator Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negaram provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 17 de agosto de 2015.

Vítor Luis de Oliveira Guibo

Juiz Relator

RELATÓRIO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Helaine Aparecida de Assis (f. 87/91), inconformada, interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos e extinguiu o processo sem julgamento de mérito em ação por ela movida em desfavor da BV Financeira S/A, Crédito, Financiamento e Investimento e Global Serviços de Cobrança Ltda, ambos qualificados.

Sustenta que recebeu várias cobranças de dívidas que não contratou, fazendo jus à indenização pelos danos morais.

As recorridas apresentaram contrarrazões (f. 96/106 e f. 107/124).

VOTO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo – Relator

Consta que a recorrente recebe, constantemente, ligações cobrando uma dívida com o Banco requerido, sendo-lhe enviada, ainda, várias mensagens no celular.

Sustenta que por ser cobrada sem dever nada, tem causado várias situações embaraçosas e humilhante e, diante de tais fatos postula os danos morais.

Nas contestações, extraem-se que o irmão da autora possui um financiamento junto à BV Financeira, da aquisição de um veículo Uno Mille Fire e, que se encontra inadimplente desde 10.11.2012. O telefone da recorrente foi informado pelo seu irmão no momento da celebração do contrato, limitando-se a deixar recados, nunca realizando cobrança. Entrou em contato com a recorrente, pois não conseguia comunicar-se com o cliente.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaOra, não obstante as razões da recorrente, o recurso não merece provimento.

No caso, os fatos objetos desta lide não passaram de mero desconforto, não sendo capaz de causar qualquer lesão a sua personalidade a ponto de causar danos moral.

Ademais, a recorrente tinha ciência que as ligações referiam-se a uma dívida do irmão, cujos fatos constantes nos autos não extrapolam o limite do mero aborrecimento.

Aliás, se houve dano moral, como alega, este deve ser provado, isto é, o consumidor deve provar a conduta, o nexo causal e o resultado (dano). O que não ocorreu. Não havendo provas do efetivo dano e do nexo causal, tenho que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos.

Colha-se.

DIREITO DO CONSUMIDOR - SERVIÇO DE TELEFONIA - DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS CONTRA COMPANHIA TELEFÔNICA - COBRANÇAS DE VALORES INDEVIDOS NA FATURA DO CONSUMIDOR - DEVOLUÇÃO EM DOBRO - DANOS MORAIS - INEXISTÊNCIA DE CADASTRO NEGATIVO EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO OU INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO - MERO ABORRECIMENTO - CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO ACARRETOU ABALO À MORAL E À HONRA DA PARTE AUTORA - DANOS MORAIS INEXISTENTES - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - COMPENSAÇÃO. A simples cobrança indevida de valores não implica direito ao pagamento de indenização por dano moral, pois é necessário que evento danoso cause abalo à honra e à moral da pessoa, haja vista que o mero desconforto não é suficiente para configurar dano moral, que somente encontra pertinência quando há ato ilícito e este se reveste de certa importância e gravidade, principalmente porque na hipótese a situação pode ter sido desconfortável, desagradável, mas não a ponto de causar um extraordinário abalo moral. Havendo sucumbência recíproca, os honorários advocatícios e as custas do processo devem ser fixadas na proporção em que cada parte foi vencida. (art. 21, “caput”, do CPC), compensando-se entre elas o montante comum. (TJSC, Apelação Cível n. 2014.085375-8, de Forquilhinha, rel. Des. Jaime Ramos, j. 25-06-2015).

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.(...).INEXISTÊNCIA DE RESTRIÇÃO CREDITÍCIA, DEVOLUÇÃO DE CHEQUES OU QUALQUER SITUAÇÃO CONSTRANGEDORA POR ELA EXPERIMENTADA. MERO ABORRECIMENTO DECORRENTE DA COBRANÇA INDEVIDA VIA TELEFONE INCAPAZ DE CONFIGURAR DANO À MORAL. ÔNUS DA PROVA, ADEMAIS, SOBRE O SUPOSTO DANO, QUE COMPETIA À AUTORA. EXEGESE DO ART. 333, I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DEVER DE INDENIZAR INEXISTENTE. REQUISITOS DOS ARTS. 186 E 927 DO CÓDIGO CIVIL NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 2011.043603-4, da Capital - Continente, rel. Des. Marcus Tulio Sartorato, j. 05-07-2011).

Antonio Jeová dos Santos, lecionando acerca do dano moral indenizável dispõe como sendo aquele que “atenta contra o direito da personalidade moral ou espiritual (liberdade, dignidade, respeitabilidade, decoro, honra, reputação social), o que ocasiona paixão de ânimo, gerando uma dor não física; aquele ato que provoca uma alteração psíquica, ou grave pertubação; a lesão a afetos e sentimentos, desconfiguração do rosto ou do corpo; a perda de qualquer um dos sentido como a audição, olfato, paladar, etc”. 1

Clarividente que nem todo aborrecimento ou qualquer ato que configure mal-estar configura dano moral. Aquele não é juridicamente relevante para ensejar a indenização, como declinado.

1 Dano Moral indenizável. Ed. Lejus, p. 112.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaO dano moral não pode ser sinônimo de ganho fácil, onde qualquer desagrado ensejaria a reparação.

“Em casos de acidentes de trânsito, a vítima não quer apenas a reparação do dano que seu carro sofreu. Não. A ida a até a Delegacia para a lavratura da ocorrência, o mau atendimento no órgão policial, a demora na confecção do boletim de ocorrência é razão para o pedido de reparação vir cumulado com o ressarcimento do dano moral. Também aqui não ocorreu o dano extrapatrimonial”2.

Assim, fundado no exposto, a sentença deve ser mantida por seu próprios fundamentos.

Posto isso, conheço do recurso, mas nego-lhe provimento.

Condeno a recorrente em custas processuais e honorários advocatícios, este arbitro-o em 10% do valor da causa. Mas isento por beneficiária da justiça gratuita.

É o voto.

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – COBRANÇA INDEVIDA POR TELEFONE – MERO ABORRECIMENTO – RECURSO IMPROVIDO.

Não passa de mero dissabor a cobrança indevida por telefone. Ainda mais, quando o número de telefone da recorrente havia sido indicado pelo irmão em contrato por ele celebrado. Ausência de prova do dano moral.

2 Idem. p. 128.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0800595-27.2014.8.12.0046 - Chapadão do Sul

Relator Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo

EMENTA – RECURSO INOMINADO – PROTESTO DE TÍTULO. PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO VENCIDA – CANCELAMENTO – ÔNUS – DEVEDOR – RELAÇÃO – CONSUMO – IRRELEVÂNCIA – DANO MORAL – INEXISTÊNCIA – IMPROVIDO.

Legitimamente protestado o título de crédito, cabe ao devedor que paga posteriormente a dívida o ônus de providenciar a baixa do protesto em cartório (Lei nº 9.294/97, art. 26), sendo irrelevante se a relação era de consumo, pelo que não se há falar em dano moral pela manutenção do apontamento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negaram provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 06 de julho de 2015.

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo - Relator

RELATÓRIO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo – Relator

Fabiano de Almeida Oliveira, qualificado nos autos, interpôs recurso inominado contra a sentença que julgou improcedente o pedido de condenação em danos morais por ele movido em desfavor da BV Financeira S/A, também conhecida no feito.

Relata que havia financiado um veículo automotor e por problemas financeiros não conseguiu adimplir as parcelas do contrato. Tal fato originou o protesto junto ao Cartório de Protesto de Chapadão do Sul e a negativação de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito. Posteriormente, as partes transigiram, tendo o recorrido se comprometido a promover a baixa do seu nome dos cadastros através de carta destinada ao cartório de protesto, no prazo de dez das. O que não ocorreu, causando-lhe danos morais.

Vejamos.

Resta incontroverso que existia débito e o protesto foi legítimo (f. 20), e a anotação na Serasa decorre do apontamento do protesto, como se extrai do documento de f. 20. A lide decorre da manutenção

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciada restrição, pois alega o recorrente que a recorrida, no ajuste se obrigou a enviar carta informando o pagamento para que o cartório providenciasse a baixa.

Pois bem. O art. 26 da Lei de Protestos (Lei nº 9492/97) traz que: “O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada”.

A responsabilidade para a baixa das anotações nos órgãos públicos já foi cercado de controvérsias, todavia, o Superior Tribunal de Justiça a quem compete fixar o sentido e alcance da norma infraconstitucional sedimentou que a responsabilidade pela baixa do protesto é do devedor (ora recorrente), até porque compete ao mesmo pagar as despesas da baixa junto ao Cartório.

Nesse sentido:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MANTIDA. RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO. INOVAÇÃO. INADMISSIBILIDADE. PROTESTO REGULAR. BAIXA. RESPONSABILIDADE DO DEVEDOR. SÚMULA 7/STJ. ÓBICE. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. (...); A responsabilidade pela baixa do protesto, quando regular, é do devedor, não havendo que se falar em obrigação não cumprida pela instituição financeira. Precedentes.

Agravo regimental a que se nega provimento”. (AgRg no Ag 1383686/MT, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 17/10/2013, DJe 28/10/2013).(grifei).

“EMENTA PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. CANCELAMENTO DO PROTESTO. ÔNUS DO DEVEDOR. RESSALVA DO RELATOR.

“Legitimamente protestado o título de crédito, cabe ao devedor que paga posteriormente a dívida o ônus de providenciar a baixa do protesto em cartório (Lei 9.294/97, art. 26), sendo irrelevante se a relação era de consumo, pelo que não se há falar em dano moral pela manutenção do apontamento.” (REsp 1.195.668/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 11/9/2012, DJe 17/10/2012). Ressalva do Relator.

Recurso especial provido”. (REsp 959.114/MS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 18/12/2012, DJe 13/02/2013). (grifei).

“RECURSO ESPECIAL. PROTESTO DE TÍTULO. PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO VENCIDA. CANCELAMENTO. ÔNUS. DEVEDOR. RELAÇÃO. CONSUMO. IRRELEVÂNCIA. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA. PROVIMENTO.

Legitimamente protestado o título de crédito, cabe ao devedor que paga posteriormente a dívida o ônus de providenciar a baixa do protesto em cartório (Lei 9.294/97, art. 26), sendo irrelevante se a relação era de consumo, pelo que não se há falar em dano moral pela manutenção do apontamento.

Recurso especial conhecido e provido.” (REsp 1195668/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 11/09/2012, DJe 17/10/2012).

É cediço que as partes poderiam ter ajustado de forma diferente, mas não há prova de que a instituição financeira tenha se obrigado a providenciá-la. E como refere-se a fato positivo, compete a quem alega prová-lo.

Assim, embora o artigo 26 da Lei nº 9.492/97 disponha que o cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente ao Cartório por “qualquer interessado”, nos termos da jurisprudência do Superior

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTribunal de Justiça a melhor interpretação é a de que o maior interessado é o devedor, de modo a pesar sobre ele o ônus do cancelamento.

Ademais, o apontamento da Serasa foi feito pelo Cartório, uma vez providenciada a baixa neste, obriga-se a prestar a informação de pagamento àquela.

Como decorrência lógica, a manutenção do protesto diante do pagamento não gera dano a ser reparado por parte da instituição financeira.

Ante o exposto, conheço do recurso, mas nego-lhe provimento.

É o voto.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0803511-24.2014.8.12.0017 - Nova Andradina

Relator Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo

EMENTA – RECURSO INOMINADO – JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE – RECOLHIMENTO PARCIAL DO PREPARO RECURSAL – BASE DE CÁLCULO – VALOR DA CAUSA – LEI Nº 3.779/09 – EXAME DE ADMISSIBILIDADE – DESERÇÃO – RECURSO NÃO CONHECIDO.

O preparo recursal no âmbito do procedimento dos juizados especiais estaduais deve ser feito de maneira integral, na forma estabelecida pelos art. 42 e 54 da Lei nº 9.099/1995 e arts. 6º e 8º da Lei Estadual nº 3.779/09. A ausência ou insuficiência de alguma das taxas, importa em não conhecimento do recurso por ser deserto.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, não conheceram do recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 18 de maio de 2015.

Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo - Relator

RELATÓRIO

Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Relatório dispensado, consoante o art. 38 da Lei nº 9.099/95.

VOTO

Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Kenytiro Jodai, qualificado nos autos, interpôs recurso inominado, inconformado com a sentença que julgou procedente o pedido de indenização movida por Vanda Maria dos Santos Nicaretta, também conhecida no feito.

Requer seja cassada a sentença e julgado improcedente a pretensão inicial.

Observa-se que embora a apelação tenho sido interposta tempestivamente, o referido recurso não há de ser conhecido. Demonstro.

Preconizam os art. 54 e 42 da Lei nº 9.099/95 que:

Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 202

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaParágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei,

compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.

Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.

O §1º do art. 6º da Lei Estadual nº 3.779/2009 dispõe que “o preparo do recurso será composto da guia de recolhimento da taxa judiciária, aplicável ao primeiro grau, prevista na Tabela A, e da taxa do recurso, prevista na Tabela C”.

E complementa do art.8º do mesmo Diploma que: “para o cálculo da taxa judiciária serão considerados: I - nos processos cíveis, o valor da causa atribuído pelo autor ou o valor fixado pelo magistrado, de ofício ou no incidente de impugnação do valor da causa, conforme os valores constantes nas tabelas anexas”.

Extrai-se que a base de cálculo da taxa judiciária será o valor da causa, tanto que na ferramenta do site do TJMS para a emissão de ambas as guias das custas (tanto do primeiro como do segundo graus), exige a informação do valor da causa, que é aquele declinado pela parte autora na inicial.

No caso, o valor da causa indicado na inicial é de R$ 31.650,00 (f. 5), entrementes, o recolhimento do preparo apontou como base de cálculo o valor de R$ 28.960,00 (f. 72; f. 74/75).

É cediço que, “o recurso inominado será julgado deserto quando não houver o recolhimento integral do preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no prazo de 48h, não admitida a complementação intempestiva”1.

No mesmo sentido, segue precedente jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

AGRAVO REGIMENTAL. RECLAMAÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO DE PREPARO RECURSAL EM PROCEDIMENTO DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. RESOLUÇÃO N. 12/2009 DO STJ. QUESTÃO DE DIREITO PROCESSUAL. DESCABIMENTO. 1. A divergência que autoriza o conhecimento de reclamação, nos termos do art. 1º da Resolução STJ n. 12/2009, abrange apenas temas de direito material, com exclusão das questões processuais. 2. O preparo recursal no âmbito do procedimento dos juizados especiais estaduais deve ser feito de maneira integral, na forma estabelecida pelo art. 42 da Lei n. 9.099/1995, não sendo aplicável a jurisprudência desta Corte relativa à regra geral do art. 511, §2º, do CPC. 3. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg na Rcl: 4885 PE 2010/0186614-2, Relator: Ministro João Otávio de Noronha, Data de Julgamento: 13/04/2011, S2 - Segunda Seção, Data de Publicação: DJe 25/04/2011).

O preparo no recurso inominado é composto por duas taxas, a ausência ou insuficiência de uma delas, importa em deserção do recurso.

Ante o exposto, não conheço do recurso, por ser deserto, nos termos dos arts 42, §1º e 54, parágrafo único, ambos da Lei nº 9.099/95.

Condeno o recorrente em custas processuais e honorários advocatícios, este arbitro-o em 10% do valor da causa.

É o voto.

1 Enunciado nº 80 do FONAJE.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Segunda Turma Recursal Mista Apelação n. 0804085-23.2013.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relator Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo

RECURSO INOMINADO – SCORING DE CRÉDITO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – LEGALIDADE DA FERRAMENTA – IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DO NOME ANTE A LEGALIDADE DA PRÁTICA COMERCIAL – AUSÊNCIA DE DANOS MORAIS – POSICIONAMENTO ADOTADO PELO STJ NO RESP 1.419.697 – APRECIADO COM EFEITOS DE RECURSO REPETITIVO – APLICAÇÃO DO ART. 543-C DO CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, deram provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 17 de agosto de 2015.

Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo - Relator

RELATÓRIO

Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Tibiriçá Guimarães da Silva, qualificado nos autor, inconformada, interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou extinto o feito sem resolução de mérito em ação de obrigação de fazer cumulado com danos morais em ação movida em desfavor da SERASA S/A, também conhecida.

Defende a legitimidade passiva da recorrida, pois é notório que é a recorrida que faz as “análises” e possui o banco de dados que é fornecido a diversos sites. E que no site “consulta score” aparece que “esta é uma consulta oficial Serasa e CCF”. Que a recorrida praticou ilegalidade, pois nem ela sabe informar como obteve os dados do recorrente. Não foi notificado que teria seu nome inscrito nessa pontuação. Pede a condenação da recorrida em danos morais.

VOTO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Relata o recorrente que lhe foi negada a compra a prazo num estabelecimento comercial, em decorrência de uma restrição em banco de dados da recorrida. Ao realizar consulta, constatou a existência de uma pontuação denominada score. Que possui todas as dívidas quitadas, mas tal informação no banco de dados da recorrida, fez ter seus créditos negados, causando-lhe danos morais.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 204

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNa contestação, a recorrida argui preliminar de ilegitimidade passiva ao argumento de que o

documento apresentado nos autos foi fornecido pela empresa denominada “consultas express”, empresa distinta da Serasa.

A sentença acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva e julgou extinto o feito sem resolução de mérito.

Pois bem.

Não obstante os argumento constantes na sentença, a recorrida é parte legítima para figurar no polo passivo.

Por primeiro, realmente o documento de f. 34/34 foi emitido pela empresa “consultas express”, mas a causa de pedir da recorrente não está fundado em qualquer comportamento praticado por pela empresa em questão.

Ao que parece a consulta da informação foi feita por meio daquela entidade de consulta de cadastro, entretanto, nos fatos relata que não conseguiu realizar uma compra e o estabelecimento ao realizar a consulta de seu nome, verificou a existência de pontuação denominada “score”, o que prejudicaria a liberação do crédito.

Ora, a pretensão do recorrente está fundado na existência de seu nome neste “cadastro”, pois ele prejudicaria a liberação de créditos no mercado, infringindo os direitos da personalidade.

O sistema denominado Concentre Scoring é administrado pela SERASA S.A, tanto que ela afirma na contestação que “a partir de modelos estatísticos, a Serasa apresenta aos consumidores – lojas e instituições que concedem -, o “concentre scoring”, comumente conhecido como “score de crédito”.(f. 58).

Na verdade, o documento foi emitido pela “consulta express” - f. 34/35 -, possivelmente o estabelecimento comercial possui contrato com a referida empresa para consulta da idoneidade financeira dos clientes, mas a informação do score do recorrente foi consultado por aquela empresa, entretanto, extraído do banco de dados da Serasa.

O que se quer dizer é, a causa de pedir decorre da existência da pontuação, e que tal fato teria impedido a liberação do seu crédito, causando-lhe danos morais.

Partindo da premissa que o modelo de cálculo de classificação de risco do consumidor é administrado pela recorrida, a mesma seria parte legítima para responder por danos decorrentes do cálculo ou “cadastro” em si.

Assim, hei de cassar a ser sentença, por ser a recorrida parte legítima para responder por eventuais danos causados pela existência do sistema de avaliação de risco dos consumidores.

Mérito.

Como a matéria já foi julgada em sede recurso repetitivo pelo Superior Tribunal de Justiça, e por se tratar de lide fundada na legalidade do concentre scoring, que constitui questão de direito hei de proferir julgamento imediato.

O Superior Tribunal de Justiça se posicionou no sentido de que o concentre scoring é uma prática comercial lícita e não exige qualquer consentimento prévio do consumidor. Demonstro.

No REsp nº 1.419.697-RS, julgado pelo rito dos recurso repetitivos, o Tribunal de Cidadania assentou que “O chamado “credit scoring”, ou simplesmente “credscore”, é um sistema de pontuação do risco de concessão de crédito a determinado consumidor. Trata-se de um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis de decisão,

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciacom atribuição de uma nota ao consumidor avaliado conforme a natureza da operação a ser realizada. (...) A avaliação da licitude do sistema “credit scoring” deve partir da premissa de que não se trata de um cadastro ou banco de dados de consumidores, mas de uma metodologia de cálculo do risco de crédito, utilizando-se de modelos estatísticos e dos dados existentes no mercado acessíveis via “internet”. Constitui, em síntese, uma fórmula matemática ou uma ferramenta estatística para avaliação do risco de concessão do crédito. (...), a metodologia em si de cálculo da nota de risco de crédito (“credit scoring”) constitui segredo da atividade empresarial, cujas fórmulas matemáticas e modelos estatísticos naturalmente não precisam ser divulgadas (art. 5º, IV, da Lei 12.414/2011: ...”resguardado o segredo empresarial”). “De outro lado, não se pode exigir o prévio e expresso consentimento do consumidor avaliado, pois não constitui um cadastro ou banco de dados, mas um modelo estatístico. Com isso, não se aplica a exigência de obtenção de consentimento prévio e expresso do consumidor consultado”.

E a ementa restou assim lavrada:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ARQUIVOS DE CRÉDITO. SISTEMA “CREDIT SCORING”. COMPATIBILIDADE COM O DIREITO BRASILEIRO. LIMITES. DANO MORAL. I – TESES: 1) O sistema “credit scoring” é um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito). 2) Essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei nº 12.414/2011 (lei do cadastro positivo). 3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. 12.414/2011. 4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas. 5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema “credit scoring”, configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei nº 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados. (Resp. 1.419.697. Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. 17.11.2014).

O recorrindo sustenta que teria negada a liberação de determinado crédito, pois o estabelecimento comercial consultou seu score, e que tal informação, causou-lhe danos morais.

Como se viu o sistema de cálculo é lícito, e não consta que tenha havido qualquer abuso por parte da recorrida ou violação à privacidade do recorrente.

Reitero que como não se trata de um cadastro negativo, mas de um banco de dados fulcrado em sistema de pontuação, não se refere especificamente a nenhuma dívida ou apontamento específico, e assim, não há como reconhecer dano moral apenas fundado na existência do sistema de análise de risco ou em ausência de notificação prévia tampouco por falta de autorização do consumidor. Deve restar provado que o sistema lesou o consumidor, não apenas potencialmente, mas de forma efetiva, ônus que cabe ao recorrente.

Assim, não comprovado o abuso do direito ou utilização de informações incorretas, tampouco afronta aos direitos fundamentais, não há falar em dano moral.

Por fim, o recorrente, na inicial, pediu a exclusão do seu nome do “cadastro” em apreço, ocorre que o mesmo não é um cadastro, mas sim um sistema para avaliação de risco para concessão de crédito, - cujo perfil é alimentado por dados fornecidos pelos associados -, sendo que uma vez deferida tal baixa, é possível que não obtenha crédito das empresas que se valem deste sistema para obter informações do consumidor.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaComo dispôs o STJ: “constar ou não o nome da parte autora no Concentre Scoring não acarreta a

qualificação da parte como má pagadora, ao contrário do que se dá com o registro negativo em cadastro de inadimplentes, em que o dano decorrente da ausência de notificação é presumido. Tampouco implica a negativa de crédito, seja porque a utilização do sistema Concentre Scoring apenas sinaliza o perfil do consumidor, seja porque a concessão ou não de crédito é faculdade do comerciante, não acarretando por si só o abalo de crédito”. (AgRg no Agravo em Recurso Especial Nº 590.638 - RS).

Quer dizer que, reconhecida a legalidade do sistema de cálculo de risco não há como “excluir” o nome do recorrente.

Colha-se precedentes:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SISTEMA “CREDIT SCORING” JULGAMENTO LIMINAR DO PROCESSO COM FULCRO NO ARTIGO 285-A DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. IRRESIGNAÇÃO DA PARTE AUTORA. ALEGAÇÃO DE IRREGULARIDADE PROCESSUAL E IMPOSSIBILIDADE DE JULGAMENTO LIMINAR. DECISÃO CONTRÁRIA AO ENTENDIMENTO DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DAS CORTES SUPERIORES. RECURSO ESPECIAL ADMITINDO A INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. REMESSA DOS AUTOS AO NUCLEO DE REPERCUSSÃO GERAL E RECURSOS REPETITIVOS (NURER). POSTERIOR JULGAMENTO DO RECURSO ESPECIAL. RECONHECIMENTO PELO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA LICITUDE DO SISTEMA “CREDIT SCORING”. METODOLOGIA DE CÁLCULO DE NOTA DE RISCO DE CRÉDITO QUE CONSTITUI SEGREDO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL. FÓRMULAS MATEMÁTICAS E MODELOS ESTATÍSTICOS QUE NÃO PRECISAM SER DIVULGADOS. DESNECESSIDADE TAMBÉM DO CONSENTIMENTO PRÉVIO E EXPRESSO DO CONSUMIDOR. SISTEMA QUE NÃO CONSTITUI CADASTRO OU BANCO DE DADOS, MAS UM MODELO ESTATÍSTICO. EXCLUSÃO DO NOME DO AUTOR DO SISTEMA. INVIABILIDADE. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NOTA INSATISFATÓRIA QUE POR SI SÓ NÃO CONSTITUI DANO MORAL. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE UMA EFETIVA RECUSA DE CRÉDITO MOTIVADA POR UMA NOTA BAIXA DE CRÉDITO FUNDADA EM DADOS INCORRETOS OU DESATUALIZADOS. AUTOR QUE AFIRMA HAVER TOMADO CONHECIMENTO DA INSCRIÇÃO MEDIANTE CONSULTA NO SISTEMA. AUSÊNCIA DE PROVA DE ABALO DE CRÉDITO OU OUTRO PREJUÍZO. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 2013.076847-0, de Blumenau, rel. Des. Saul Steil, j. 31-03-2015).

RECURSO INOMINADO. SCORING DE CRÉDITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. LEGALIDADE DA FERRAMENTA. DESNECESSIDADE DE PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DO NOME ANTE A LEGALIDADE DA PRÁTICA COMERCIAL. DANOS MORAIS INOCORRENTES. POSICIONAMENTO ADOTADO PELO STJ NO RESP 1.419.697. APRECIADO COM EFEITOS DE RECURSO REPETITIVO. APLICAÇÃO DO ART. 543-C DO CPC. Hipótese em que pleiteia a parte autora indenização por danos morais em razão de baixa pontuação (scoring) em sistema utilizado para a concessão de crédito e exclusão de seu nome do referido cadastro. Matéria apreciada por ocasião do REsp. nº 1.419.697, sob a sistemática dos recursos repetitivos prevista no art. 543-C do CPC, cuja resolução deve ser aplicada ao caso em apreço. É legítima a utilização do sistema de scoring para a concessão de crédito de modo que a baixa pontuação obtida pelo consumidor não induz, por si só, ao abalo à personalidade, o que afasta a hipótese de condenação ao pagamento de indenização por danos morais. Sendo cabível, contudo, o dever de indenizar caso demonstrado em concreto, a atuação abusiva através da utilização de informações excessivas, incorretas ou desatualizadas. O que não restou demonstrado no caso dos autos, ônus que incumbia à parte autora realizar. Ressalto, ainda, que não há que se falar em ilicitude da conduta pela ausência de prévia notificação (art. 43 do CDC), uma vez que o sistema de escore

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciafaz uso de informações já constantes no cadastro da demandada e para o qual já deveria ter havido a prévia comunicação. Portanto, considerando o reconhecimento da legalidade da prática comercial em questão, não há que se falar em exclusão do nome da parte autora dos cadastros da ré. Assim, deve ser reformada a sentença, ante a impossibilidade de cabimento de indenização por danos morais no caso em apreço, bem como de exclusão do nome da parte autora do referido cadastro, nos termos da fundamentação exarada pelo egrégio Superior Tribunal de Justiça. Sentença Reformada. Recurso Provido. (TJRS. Recurso Cível Nº 71005428131, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabiana Zilles, Julgado em 06/04/2015).

OBRIGAÇÃO DE FAZER – CONCENTRE SCORING – SCPC – Autora que defende a ilegalidade da atribuição de nota de risco de crédito ao consumidor – Concentre Scoring do SCPC que consiste em score de crédito baseado em fórmulas estatísticas e matemáticas, visando unicamente auxiliar a tomada de decisão quanto à concessão de crédito, não consistindo em cadastro negativo - Inexistência de comunicação prévia da inclusão do nome da autora no cadastro – Prescindibilidade – Desnecessidade de suspensão da ação – Precedentes – Ação improcedente – Recurso impróvido (TJSP. Apelação 1001433-55.2014.8.26.0576. Relator Francisco Loureiro; Comarca: São José do Rio Preto; Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 26/05/2015; Data de registro: 27/05/2015).

Ante o exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento para afastar a preliminar de ilegitimidade passiva, mas no mérito, hei de julgar improcedentes os pedidos formulados na inicial.

Condeno o recorrente em custas processuais e honorários advocatícios, este arbitro-o em 10% do valor da causa. Mas isento por ser beneficiário da justiça gratuita.

É o voto.

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Segunda Turma Recursal Mista Mandado de Segurança n. 1404027-12.2015.8.12.0000 - Nova Alvorada do Sul

Relator Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo

MANDADO DE SEGURANÇA – ENERGIA ELÉTRICA – COBRANÇA DE DÉBITOS PRETÉRITOS – RECUPERAÇÃO DE CONSUMO – INTERRUPÇÃO – ILEGALIDADE – CONCEDIDO.

Não é lícito à concessionária interromper o serviço de fornecimento de energia elétrica por débitos decorrentes de recuperação de consumo em face da existência de outros meios legítimos de cobrança de débitos antigos não-pagos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, concederam a segurança, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 06 de julho de 2015.

Juiz Vitor Luis de Oliveira Guibo - Relator

RELATÓRIO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo - Relator

Cerâmica São Pedro Ltda - ME, qualificada nos autos, impetrou mandado de segurança, com pedido liminar, contra ato judicial praticado pelo Juiz do Juizado Especial Cível Adjunto da Comarca de Nova Alvorada do Sul, que indeferiu a antecipação de tutela para que a concessionária não efetivasse a interrupção do fornecimento de energia.

Sustenta que ingressou com ação anulatória de débito, ao argumento de que a concessionária realizou vistoria no medidor, sem que fosse observado o contraditório e ampla defesa. E que não teria condições de arcar com débito que foi calculado em R$ 17.471,00.

Afirma que está sob ameaça de corte e que o fornecimento de energia elétrica é indispensável ao exercício de sua atividade.

Requereu a concessão de liminar, para que a concessionária se abstivesse de suspender o fornecimento de energia elétrica ou seja restabelecido, caso já tenha sido interrompido. Ao final, a concessão da segurança garantindo o fornecimento de energia até o término da lide.

A liminar foi deferida (f.57/59). Colhida as informações e ouvido o Parquet.

É o relatório do necessário.

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VOTO

Juiz Vítor Luis de Oliveira Guibo - Relator

O mandado de segurança constitui garantia constitucional “para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público” (art. 5º, LXIX, da CF).

No caso em apreço, consta que a decisão do Juízo a quo, indeferiu a tutela de urgência pela ausência de prova inequívoca da verossimilhança da alegação, pois o débito teria sido gerado por irregularidade constatada pela concessionária.

Compulsando os autos, observa-se que a concessionária realizou vistoria e substituiu o medidor em 03.10.2014 (f. 40/41), ao ter verificado que o aparelho estava registrando menos nas fases “A” e “B”. Em decorrência desta irregularidade, realizou um cálculo de revisão de faturamento e apurou um débito de R$ 17.471,00.

Pelo histórico de pagamento (f. 43), observa-se que desde a substituição do medidor (outubro/2014), não houve variação significativa de valores de consumo. Em verdade, constata-se até que se manteve a mesma média anterior.

Ademais, em consulta realizada pelo Serviço de Atendimento da Concessionária instalada neste Juizado Especial, percebe-se que à exceção do débito objeto da lide, a impetrante não está em atraso com nenhuma outra fatura do trato sucessivo até esta data.

Assim, como somente está pendente de pagamento a parcela decorrente da recuperação de consumo, nessa hipótese a jurisprudência do STJ tem se manifestado uniforme no sentido da impossibilidade de interrupção. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITOS PRETÉRITOS. FRAUDE NO MEDIDOR DE CONSUMO. RECUPERAÇÃO DE CONSUMO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O entendimento desta Corte é firme no sentido de que não é lícito à concessionária interromper o serviço de fornecimento de energia elétrica por débitos consolidados pelo tempo ainda que oriundos de recuperação de consumo em face da existência de outros meios legítimos de cobrança de débitos antigos não-pagos. Precedentes: AgRg no REsp 1351546/MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 07/05/2014; AgRg no AREsp 324.970/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 31/03/2014; AgRg no AREsp 412.849/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 10/12/2013. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 276.453/ES, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, DJe 08/09/2014).

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA DE DÉBITOS PRETÉRITOS. INTERRUPÇÃO. ILEGALIDADE. PRECEDENTES STJ. RELAÇÃO CONSUMERISTA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça consagra entendimento no sentido da ilicitude da interrupção, pela concessionária, dos serviços de fornecimento de energia elétrica por dívida pretérita, a título de recuperação de consumo, em face da existência de outros meios legítimos de cobrança de débitos antigos não pagos. Precedentes STJ. 2. “A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a relação entre oncessionária de serviço público e o usuário final, para o fornecimento de serviços públicos essenciais, tais como energia elétrica, é consumerista, sendo cabível a aplicação do Código de Defesa do Consumidor” (AgRg no AREsp 468.064/RS, Primeira Turma, Rel. Min. OG Fernandes, DJe 7/4/2014).3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1351546/MG, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, julgado em 22/04/2014, DJe 07/05/2014).

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL

NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. FRAUDE NO MEDIDOR. RECUPERAÇÃO DE CONSUMO. ALEGAÇÃO DE CORREÇÃO DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS. REVISÃO. DESCABIMENTO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. IMPOSSIBILIDADE DE CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA POR DÉBITOS PRETÉRITOS. SUSPENSÃO ILÍCITA DO FORNECIMENTO. DANO IN RE IPSA. SUPOSTA MÁ-VALORAÇÃO DE PROVA. LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ. VERBA INDENIZATÓRIA FIXADA COM RAZOABILIDADE (R$ 5.700,00). IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. O Tribunal de origem apreciou fundamentadamente a controvérsia, não padecendo o acórdão recorrido de qualquer omissão, contradição ou obscuridade, razão pela qual não há que se falar em violação ao art. 535 do CPC.

2. O julgamento do Recurso Especial, para fins de analisar a correção do procedimento adotado pela concessionária, pressupõe, necessariamente, o reexame dos aspectos fáticos da lide, atividade cognitiva inviável nesta instância especial (Súmula 7/STJ).

3. Esta Corte Superior pacificou o entendimento de que não é lícito à concessionária interromper o fornecimento do serviço em razão de débito pretérito; o corte de água ou energia pressupõe o inadimplemento de dívida atual, relativa ao mês do consumo, sendo inviável a suspensão do abastecimento em razão de débitos antigos.

4. A suspensão ilegal do fornecimento do serviço dispensa a comprovação de efetivo prejuízo, uma vez que o dano moral, nesses casos, opera-se in re ipsa, em decorrência da ilicitude do ato praticado.

5. É firme o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça de que a Corte de origem é soberana na análise das provas, isso porque, o art. 130 do Código de Processo Civil consagra o princípio do livre convencimento motivado, segundo o qual o Juiz é livre para apreciar as provas produzidas.

6. A revisão do valor a ser indenizado somente é possível quando exorbitante ou irrisória a importância arbitrada, em violação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que não se observa in casu diante da quantia fixada em R$ 5.700,00.

7. Agravo Regimental da Rio Grande Energia S/A desprovido. (AgRg no AREsp 324.970/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 20/03/2014, DJe 31/03/2014).

Na lição de Hely Lopes Meirelles “o direito líquido e certo, para fins de mandado de segurança, é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração”1.

Ora, “por direito líquido e certo, deve-se entender aquela situação jurídica cuja demonstração e comprovação pode ser feita de plano, mediante prova documental – também comumente chamada de prova pré-constituída. O mandado de segurança se mostra cabível quando o impetrante afirma a ocorrência de um ato ilegal ou abusivo da autoridade pública e apresenta documentos para tentar provar sua afirmação”2.

No caso, analisando as provas constantes nos autos e à luz do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, conclui-se que o direito do impetrante é certo e manifesto, de modo que o mandamus há de ser concedido.

1 Mandado de Segurança . 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 36/37.2 BARROS, Guilherme Freire de Melo. Poder Público em Juízo. [S.l.]: Juspodivm, p. 245.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPor fim, há de ser ressaltado que a concessão da segurança limita-se em determinar que a impetrada

abstenha-se de suspender o fornecimento de energia, não influindo, por óbvio, na decisão final do juízo de primeiro grau ao conhecer e julgar as questões deduzidas pelas partes no mérito da lide.

Ante o exposto, concedo o mandado de segurança e ratifico a liminar deferida, nos termos do art. 1º da Lei nº 12.016/10.

É o voto.

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Terceira Turma Recursal Mista

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0001294-42.2013.8.12.0028 - Bonito

Relator Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 29 de maio de 2015.

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

RELATÓRIO

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

Dispensado ex legis.

VOTO

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

Trata-se de recurso inominado interposto por ebazar.com.br Ltda em face da sentença prolatada pelo MM. Juiz do Juizado Especial da Comarca de Bonito - MS, nos autos da ação da ressarcitória c/c indenizatória que lhe move Marcelo de Andrade Arruda.

Ação que teve como causa de pedir a reparação dos danos materiais e morais decorrentes de defeito no produto.

A sentença julgou parcialmente procedentes os pedidos, condenando a ré à restituição do valor pago pelo produto e à indenização por danos morais, fixando o quantum em R$ 5.000,00.

Bate o recurso pela tese da ausência de responsabilidade e inexistência de dano moral. Alternativamente, pugna pela minoração do valor arbitrado.

A irresignação merece ser acolhida em parte.

Convém destacar que a preliminar de ilegitimidade passiva aventada se confunde com o meritum causae, eis que fundada no argumento de ausência de responsabilidade.

Nesse mote, sendo de consumo a relação incide a responsabilidade objetiva de que trata o Código de Defesa do Consumidor, a qual funda-se na noção de risco-proveito, que está calcada no princípio ubi emolumentum, ibi ônus (quem aufere os cômodos – lucros, deve suportar os incômodos ou riscos).

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaAssim, na medida em que ré resolve engendrar parceria comercial com empresa comerciante/

vendedora, os danos sofridos pelos consumidores da primeira em razão de atos ilícitos praticados pela segunda geram responsabilidade solidária de ambas no pagamento da respectiva indenização. É nesse sentido o que dispõe o art. 25 do CDC.

Significa dizer, que ao ostentar a segurança e confiabilidade do negócio, vinculando a vendedora, passa a lucrar com as vendas intermediadas, devendo responder pelas falhas correspondentes na medida em que propaga a garantia do contrário (ex vi art. 30, CDC).

Enfim, o vínculo impede a exoneração de responsabilidade imposta para a qualidade adequação (arts. 18 e 20 do CDC) e de qualidade segurança (art. 14, caput), sendo solidária e independente de culpa (art. 14, 18 e 20 todos do CDC).

Ademais, a estipulação pelo fornecedor de cláusula exoneratória ou atenuante de sua responsabilidade é vedada pelo diploma consumerista (art. 25, CDC).

Entretanto, a sentença merece reforma na parte que condena ao pagamento de indenização por danos morais.

Como cediço, identifica-se o dano moral pela “privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos”. 1

Dano moral é, pois, “o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima” 2, “são os reflexos negativos, que atingem a esfera da personalidade humana, nos aspectos da intimidade, da afetividade pessoal e da consideração social”.3

Com efeito, não é todo e qualquer dissabor da vida cotidiana capaz de se albergar sob o instituto do dano moral. Há que haver uma lesão efetiva e comprovada dos direitos de personalidade para caracterizar a existência de ilícito indenizável por ocorrência de danos morais.

Assim, “só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos” (FILHO, Sérgio Cavaliere. Programa de responsabilidade civil, 4. ed. [S.l.]: Malheiros, 2003, p. 99).

Traçadas tais premissas, vê-se que o autor ajuizou pretensão indenizatória alegando que em 01/02/2013 adquiriu um aparelho celular Iphone 5 com 32 GB junto ao site da requerida, pelo valor de R$ 2434,63, mediante a promessa de recebimento do produto no prazo máximo de 15 dias. Após expirado o prazo, o vendedor informou que o modelo comprado estava em falta e não havia previsão para recebimento de nova remessa. Que diante disso, convencionaram pelo cancelamento do negócio com cancelamento da cobrança e restituição dos valores pagos. Entretanto, o autor constatou que lhe fora devolvido apenas o valor de R$ 1.107,56, quando o total corresponde a R$ 2.434,63.

Na hipótese, o autor embasa a pretensão indenizatória no fato que, “a falha na prestação do serviço o obrigou ao desgaste brutal durante os últimos 06 meses, tentando de todas as formas contatar as empresas no afã de solucionar o impasse”. (f. 5-6)

1 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 2. ed. São Paulo: RT, 1998, p. 20.2 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 47. v. IV.3 LANFREDI, Geraldo Ferreira. Política ambiental: busca e efetividade de seus instrumentos. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 40.

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Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNo caso presente não se trata de dano moral puro, do dano in re ipsa, daqueles que se deve indenizar

pelo simples fato da violação do direito, como ocorre, verbi gratia, nas hipóteses de inscrição irregular no cadastro de inadimplentes.

À míngua de demonstração, não vislumbro tenha sido a parte autora atingida nos bens integrantes dos direitos afetos à sua personalidade (tais como, v.g., direito à imagem, ao nome, à privacidade, ao próprio corpo, à honra, à dignidade, à intimidade de forma a acarretar-lhe dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação.

As situações descritas pela autor, por si só, não caracterizam abalo emocional anômalo. A situação vivenciada, se desacompanhada de outras circunstâncias, não caracteriza dano moral indenizável.

Nesse mote a orientação do Superior Tribunal de Justiça:

DIREITO CIVIL – RESPONSABILIDADE CIVIL – COMPRA PELA INTERNET – PRESENTE DE NATAL – NÃO ENTREGA DA MERCADORIA – VIOLAÇÃO A DIREITO DE PERSONALIDADE NÃO COMPROVADA NO CASO CONCRETO – DANOS MORAIS INDEVIDOS. 1. A jurisprudência desta Corte tem assinalado que os aborrecimentos comuns do dia a dia, os meros dissabores normais e próprios do convívio social não são suficientes para originar danos morais indenizáveis. 2. A falha na entrega de mercadoria adquirida pela internet configura, em princípio, mero inadimplemento contratual, não dando causa a indenização por danos morais. Apenas excepcionalmente, quando comprovada verdadeira ofensa a direito de personalidade, será possível pleitear indenização a esse título. 3. No caso dos autos, as instâncias de origem concluíram não haver indicação de que o inadimplemento da obrigação de entregar um “Tablet”, adquirido mais de mês antes da data do Natal, como presente de Natal para filho, fatos não comprovados, como causador de grave sofrimento de ordem moral ao recorrente ou a sua família. 4. Cancela-se, entretanto, a multa, aplicada na origem aos embargos de declaração tidos por protelatórios (CPC, art. 538, parágrafo único). 5. Recurso Especial a que se dá provimento em parte, tão somente para cancelar a multa. (REsp 1399931/MG, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 11/02/2014, DJe 06/03/2014)

Diante do exposto, conheço do recurso e dou-lhe parcial provimento no sentido de afastar a condenação da ré ao pagamento de indenização por dano moral, mantendo-na inalterada em seus demais termos.

Sem sucumbência ante o resultado do julgamento.

É o voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 216

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Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800796-09.2014.8.12.0114

Relator Juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior

SÚMULA DO JULGAMENTO.

APELAÇÃO CÍVEL – PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL – AFASTADA – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS – OSCILAÇÃO DE ENERGIA QUE CULMINOU NA QUEIMA DE EQUIPAMENTO ELETRÔNICO – PREJUÍZO MATERIAL EVIDENCIADO – DESPESAS COM CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO – ÔNUS DO CONTRATANTE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO TÃO-SOMENTE PARA AFASTAR A CONDENAÇÃO À RESTITUIÇÃO DAS DESPESAS COM CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO – SENTENÇA MANTIDA EM SEUS DEMAIS TERMOS.

Preliminar de incompetência do juízo:

I - A demanda possui por objeto um pronunciamento jurisdicional que declare a responsabilidade da concessionária de energia pelos danos acarretados à equipamentos elétricos do consumidor. Trata-se, pois, de ação de cunho declaratório que dispensa a realização de prova pericial. A prova em comento afigura-se desnecessária na medida em que consta dos autos inspeção técnica especializada no equipamento danificado (f. 25-26), cuja contraprova poderia realizada pela ré. A ré aventa a necessidade de perícia porém não demonstra em que consiste a imprestabilidade daquela já produzida nos autos ou mesmo a imprescindibilidade de produção de nova perícia, eis que não elucida especificamente quais elementos deveriam ser analisados pela prova indicada de forma genérica e aleatória.

Os critérios da regência para tais casos não adotam a prova pericial e seria necessário justificar a imprestabilidade de todos os demais. Portanto, correta a decisão que dispensa a produção de prova que se afigura inútil, eis que escorreita no art. 130 do Código de Processo Civil.

Mérito:

II - Trata-se de recurso interposto contra sentença que condenou o réu ao pagamento de indenização pelos prejuízos materiais consectários da oscilação de energia elétrica.

III - O caso em tela retrata relação de consumo, que tem por objeto a aferição da responsabilidade da empresa concessionária de energia elétrica pelos prejuízos suportados pelo consumidor com a oscilação de energia.

IV - Trata-se, pois, de responsabilidade objetiva (art. 14, CDC), na qual responde o fornecedor, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços.

V - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais o modo de seu fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam.

VI - Embora não se exija prova da culpa, mister a demonstração de que o serviço mencionado é defeituoso para que se possa impor a obrigação de indenizar, bem como de que haja um dano a ser ressarcido.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 217

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaVII - As provas dos autos indicam o nexo de causalidade suficiente a confirmar a responsabilidade

da empresa pelo evento danoso, culminando, assim, no dever de indenizar (f. 23-25/26).

VIII - Considerando o sistema processual de distribuição do ônus da prova, caberia à apelante provar que a inexistência de oscilação de energia ou que esta não ocasionou danos aos equipamentos da recorrida, prova que não logrou êxito em produzir. Pelo contrário, os autos noticiam que “foi encontrado registro de perturbação no sistema elétrico” (f. 23) e que “com a recorrência de oscilação de energia elétrica o equipamento parou de responder por completo” (f. 26). Demonstrada, portanto, a prestação defeituosa do serviço, os danos acarretados e o nexo de causalidade.

IX - Dessa forma, resta configurada a responsabilidade objetiva da recorrente, com base na denominada teoria do risco do empreendimento, segundo a qual todo aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento, independentemente de culpa; consiste no risco assumido pela atividade, compensado pelas vantagens que a acompanham.

X - Valor do bem não foi objeto de impugnação específica e é razoável com o praticado no mercado.

XI - O contrato de honorários advocatícios sujeita somente o cliente e o causídico, a uma porque inexiste embasamento legal que autorize a reparação por danos materiais e a duas porque, em sede da Justiça especializada, a contratação de causídico não é conditio sine qua non da capacidade postulatória.

XII - A simples menção a dispositivos normativos não induz, por si só, prequestionamento para fins de admissibilidade de recursos constitucionais, senão a matéria ventilada exclusivamente para deslinde da causa.

VII - Recurso provido em parte tão-somente para afastar a condenação à restituição do valor da contratação de advogado. Sentença mantida em seus demais termos. Sem sucumbência diante do resultado do julgamento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 218

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0801192-92.2014.8.12.0014

Relator Juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior

SÚMULA DO JULGAMENTO.

EMENTA – INDENIZATÓRIA – CONTRATO DE SEGURO RESIDENCIAL CONTRA FURTO – CLÁUSULA LIMITATIVA – VIOLAÇÃO DO DEVER LEGAL DE INFORMAÇÃO – BOA FÉ CONTRATUAL – INOBSERVÂNCIA – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

Dispõe o art. 46 da Lei nº 9.99/95 que “O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.”

As razões recursais cingem-se à reapreciação das provas, mormente as cláusulas 6.1 “c” e 4.1 “e” do contrato acostado, a fim de que à elas sejam conferidas interpretação distinta daquela que levou ao desfecho da lide.

Ao reapreciar os autos, denoto que os argumentos apresentados pelo recorrente não possuem o condão de modificar o julgado recorrido, eis que coaduno do entendimento apresentado pelo juízo de primeiro grau no sentido de que a ré não se desvencilhou do encargo probatório de demonstrar tenha cientificado o autor da cláusula limitativa de cobertura.

Sendo assim, remeto-me aos fundamentos utilizados na sentença e mantenho por súmula o julgamento, mormente porque a fundamentação ali explicitada, dado sua completude, dispensa nova transcrição, pena de redundância, e por conseguinte, ofensa a princípios informadores da justiça especializada.

Ademais, a solução encontrada pelo julgador da instância singela encontra harmonia com o entendimento perfilhado pelo Superior Tribunal de Justiça. À propósito:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – SEGURO DE VIDA – MORTE NATURAL – COBERTURA – CLÁUSULAS DÚBIAS – INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO HIPOSSUFICIENTE – PRECEDENTES. 1. Esta Corte Superior já firmou entendimento de que, nos contratos de adesão, as cláusulas limitativas ao direito do consumidor contratante deverão ser escritas com clareza e destaque, para que não impeçam a sua correta interpretação. 2. A falta de clareza e dubiedade das cláusulas impõem ao julgador uma interpretação favorável ao consumidor (art. 47 do CDC), parte hipossuficiente por presunção legal, bem como a nulidade de cláusulas que atenuem a responsabilidade do fornecedor, ou redundem em renúncia ou disposição de direitos pelo consumidor (art. 51, I, do CDC), ou desvirtuem direitos fundamentais inerentes à natureza do contrato (art. 51, §1º, II, do CDC). 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1331935/SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 03/10/2013, DJe 10/10/2013).

Recurso improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a ré recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro R$ 800,00 (oitocentos reais).

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 219

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

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Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0803841-18.2014.8.12.0018

Relator Juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior

SÚMULA DO JULGAMENTO.

EMENTA – AÇÃO DE COBRANÇA – CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL – PRESTAÇÃO DE FIANÇA – CLÁUSULA DE SOLIDARIEDADE – CAUSA DEBENDI – DEMONSTRAÇÃO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

Dispõe o art. 46 da Lei nº 9.99/95 que “O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.”

Ao reapreciar os autos, denoto que os argumentos apresentados pelo recorrente não possuem o condão de modificar o julgado recorrido, eis que coaduno do entendimento apresentado pelo juízo de primeiro grau no sentido de que: a) a recorrente prestou fiança na qualidade de devedora solidária, e não subsidiária, estando portanto, nessa qualidade, obrigada pela dívida toda, como se única devedora fosse. Em tal espécie de responsabilidade, o credor pode exigir de qualquer codevedor o cumprimento por inteiro da obrigação, não havendo que se falar em litisconsórcio passivo necessário ou mesmo em necessidade de exaurimento dos meios persecutórios do crédito em face inquilino; b) por força da cláusula décima quinta, o pagamento do IPTU é de responsabilidade do locatário; c) os documentos acostados às f. 12-31 fazem prova dos gastos suportados pela autora com reparos no imóvel, pintura e reposição de chuveiro, não havendo qualquer prova nos autos de que tais gastos tenham sido suportados pela requerida, como também, não há recibo que evidencie o pagamento dos valor devidos à título de diferença pela data da efetiva entrega das chaves.

Sendo assim, remeto-me aos fundamentos utilizados na sentença e mantenho por súmula o julgamento, mormente porque a fundamentação ali explicitada, dado sua completude, dispensa nova transcrição, pena de redundância, e por conseguinte, ofensa a princípios informadores da Justiça especializada.

Sentença mantida pelos próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Recurso conhecido e improvido. Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 221

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Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0805104-36.2014.8.12.0002

Relator Juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior

SÚMULA DO JULGAMENTO.

EMENTA – INDENIZATÓRIA – DEMORA NA ENTREGA DE DIPLOMA – ILÍCITO NÃO EVIDENCIADO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

I - Ação indenizatória cujo ilícito está fundado na demora na entrega de diploma de pós graduação. As razões recursais cingem-se à reapreciação das provas, a fim de que a elas sejam conferidas interpretação distinta daquela que levou ao desfecho pela improcedência.

II - De fato inexiste prazo legal para entrega de diploma pelas instituições de ensino. Outrossim, o contrato de prestação de serviço acostado às f. 34-36 não estabelece prazo para o cumprimento da obrigação. À míngua de previsão legal ou contratual hão de ser aplicadas as disposições estabelecidas pelo Código Civil. Nesse diapasão “não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial” (art. 397, parágrafo único do Código Civil).

III - Ao reapreciar os autos, denoto que os argumentos apresentados pela recorrente não possuem o condão de modificar o julgado, eis que coaduno do entendimento apresentado pelo juízo de primeiro grau no sentido de que “não se vislumbra entre os documentos apresentados qualquer requerimento judicial, extrajudicial ou notificação para a entrega do diploma. A requerente apenas menciona que solicitou, contudo não apresentou prova de seu requerimento” (f. 181).

IV - Mesmo pautada pelo Código do Consumidor compete ao autor demonstrar aos menos os indícios de provas que permitam ao julgador aferir a verossimilhança do quanto alegado bem como a hipossuficiência na produção das provas acerca dos fatos constitutivos de seu direito. No entanto, o mister não restou atendido.

V - Outrossim, em grau de recurso é vedada a discussão de matérias fáticas não ventiladas no primeiro grau, posto que preclusas. No transcorrer do processo a autora informou o juízo que o diploma de especialização foi entregue no dia 12/10/2014 e desistiu do pedido de obrigação de fazer face o desaparecimento do interesse de agir (f. 77), o que foi atendido pela sentença de primeiro grau (f. 180). A alegação de que “a apelante não recebeu o diploma no dia 10/06/2014 mas sim no dia 10/10/2014” (f. 189) se trata de argumento inovador lançado em sede recursal, do qual não se pode conhecer sob pena de violação da ampla defesa e do contraditório.

VI - Ademais, por expressa vedação legal, o documento anexado após a prolação da sentença não tem o condão de inovar o acervo probatório quando ausente a prova de que a demora na juntada se deu por motivo de força maior, pena de subversão das regras contidas no estatuto processual civil e ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa do apelado que não poderia ser surpreendido com a juntada de documento inédito em momento posterior ao encerramento da jurisdição de primeiro grau. Inteligência do artigo 517 do CPC.

VII - Sentença mantida pelos próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, art. 46). Recurso conhecido e improvido. Nos termos do artigo 55, 2ª parte, da Lei nº 9.099/95, condeno a recorrente no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 15% sobre o valor da condenação.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 222

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, servindo a súmula de julgamento de acórdão, nos termos do que dispõe o art. 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95.

Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 223

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800176-33.2014.8.12.0005 - Aquidauana

Relator Juiz Alexandre Branco Pucci

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, dar parcial provimento aos recursos interpostos, nos termos do voto do relator.

Presidiu o julgamento com voto, o Juiz Alexandre Branco Pucci, e dele participaram, o Juiz Alexandre Branco Pucci, a Juíza Simone Nakamatsu (suplente) e Juiz Aldo Ferreira da Silva Junior.

Campo Grande, 12 de junho de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Os recursos comportam parcial provimento.

Inicialmente, a ilegitimidade passiva referente ao HSBC Bank Brasil S/A realmente deve ser mantida, eis que o mesmo operou como mero intermediário, não havendo qualquer relação entre as partes, devendo ser mantida a sua exclusão do polo passivo.

Com acerto o juízo a quo declarou a inexistência do débito em discussão e condenou a instituição financeira a restituir ao consumidor a importância de R$ 136,17 (cento e trinta e seis reais e dezessete centavos). Todavia, merece reparos o decisum objurgado na parte em que determinou a restituição simples, haja vista a comprovação nos autos da cobrança indevida, tendo a parte direito à repetição do indébito em dobro, nos termos parágrafo único, do artigo 42, do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse sentido, confira-se o aresto, verbis:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL – AÇÃO MONITÓRIA – CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO – VALORES COBRADOS A MAIOR – REPETIÇÃO EM DOBRO – PROVA DA MÁ-FÉ – NECESSIDADE – PRECEDENTES. 1. De acordo com a jurisprudência desta Corte, a repetição em dobro do indébito, prevista

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 224

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

no art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, pressupõe, além da ocorrência de pagamento indevido, a má-fé do credor. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 848.916/PR, 3ª T., Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, J. 06/10/2011, DJ. 14/10/2011)”

Por outro lado, não se caracteriza dano moral a simples cobrança indevida, pois incapaz de afetar a integridade psíquica da pessoa, não se podendo olvidar que a repetição do indébito é sanção suficiente para punir o credor faltoso. Com efeito, o fato de ter sido descontada indevidamente o valor de uma parcela de empréstimo já quitado, sem maiores implicações extrapatrimoniais, não é suficiente para a caracterização do dano. Por óbvio que não se pretende negar o aborrecimento, a irritação, a mágoa, enfim, o sentimento de desconforto sentido pelo consumidor. No entanto, pela própria natureza do dano em apreço, necessário se faz demonstrar sua repercussão.

Assim, pela análise, em sede devolutiva, nota-se que não há provas quanto ao dano efetivo à integridade físico-psíquica ou à dignidade do recorrido, não cabendo tutela do direito material quando ausente o pressuposto essencial para a constituição da responsabilidade civil.

No mesmo teor, confira-se o aresto, verbis:

“Não configura dano moral a ocorrência de furto de aparelho celular dentro de agência bancária quando não há prova de que a conduta exarada pela parte ré abalou a esfera íntima do autor. ademais, mero aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral”. (TJDF, APL 1144991820068070001 DF 0114499-18.2006.807.0001, 4ª T. Cív., Rel. Des. Arlindo Mares, J. 13/05/2009, DJ. 24/06/2009)

Por tal razão, ausente pressuposto essencial para a caracterização da responsabilidade civil, a improcedência do pedido de indenização por danos morais é medida que se impõe.

Posto isso, dou parcial provimento ao recurso interposto por Ademilson Pereira dos Santos para o fim de determinar que a restituição do valor de R$ 136,17 (cento e trinta e e seis reais e dezessete centavos) seja efetuada em dobro, sobre o qual deverão incidir juros e correção nos moldes da sentença proferida pelo juízo a quo, bem como dou parcial provimento ao recurso interposto por BV Financeira S/A para o fim de julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais.

Sem custas e verba honorária, ex legis.

Campo Grande - MS, 12 de junho de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 225

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800769-31.2015.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relator Juiz Alexandre Branco Pucci

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, dar parcial provimento ao recurso para declarar a inexistência do débito no valor de R$ 517,95 (quinhentos e dezessete reais e noventa e cinco centavos), bem como determinar a restituição dos valores pagos indevidamente, de forma simples, devidamente corrigidos, nos termos do voto do relator. Sem custas e verba honorária, ex vi legis.

Presidiu o julgamento com voto, o Juiz Alexandre Branco Pucci, e dele participaram, o Juiz Alexandre Branco Pucci, Juiz César Castilho Marques e a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli (suplente).

Campo Grande, 08 de outubro de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Trata-se de recurso interposto por Celso José Moura Berthe contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação que move em face de Enersul – Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S/A, tão somente para determinar que a empresa se abstenha de efetuar a suspensão do fornecimento de energia elétrica da unidade consumidora, com relação ao débito de R$ 517,95 (quinhentos e dezessete reais e noventa e cinco centavos).

O recurso comporta parcial provimento.

Conforme se observa dos autos, em 31.01.2014 houve a troca do relógio medidor da unidade consumidora que atende a residência da parte recorrente, através do Termo de Ocorrência e Inspeção – TOI nº 233061 (fls. 133) e Comunicação de Substituição de Medidor – CSME nº 165472 (fls. 132).

Denota-se, ainda, que o medidor retirado foi submetido à aferição do Inmetro (fls. 119), que concluiu que “os resultados apresentados pelo medidor não estão em conformidade com a Portaria Inmetro nº 285 de 11/08/2008. Medidor com bobinas de potencial da fase B queimada. A indicação da energia medida

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 226

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudêncianão correspondete à energia consumida.”, e que culminou com a emissão da cobrança do valor de R$ 517,95 (quinhentos e dezessete reais e noventa e cinco centavos), conforme planilha de cálculo de revisão de faturamento de fls 120.

Assim, verifica-se que a empresa alega ter constatado irregularidade no medidor de energia elétrica localizado no imóvel do consumidor, razão pela qual seguiu as orientações contidas na Resolução nº 414/2010, expedida pela ANEEL, e procedeu a revisão de faturamento decorrente da identificação de irregularidade na medição, totalizando o valor impugnado.

Ocorre que, independentemente da responsabilização pela fraude, a questão principal é a demonstração do consumo efetivo da diferença tarifária cobrada, o que não resta suficientemente comprovado nos autos.

Pela análise das provas carreadas, denota-se que a média de consumo foi mantida, mesmo após a substituição do medidor, eis que o consumo no período revisado não fugiu do padrão histórico da unidade consumidora (fls. 109, 113/118), sendo, portanto, procedente o pedido da parte recorrente no que se refere a declaração de inexistência do débito impugnado, bem como devida, ainda, a repetição do indébito, porém, de forma simples, vez que não restou comprovada a má-fé por parte da empresa na cobrança.

Todavia, entendo descabida a condenação em danos morais.

Por óbvio que não se pretende negar o aborrecimento, a irritação, a mágoa, enfim, o sentimento de desconforto sentido pela parte recorrente. No entanto, pela própria natureza do dano em apreço, necessário se faz demonstrar sua repercussão.

Nesse sentido, não se comprovou nos autos a existência de suspensão no fornecimento do serviço, inscrição em órgãos de proteção ao crédito ou qualquer outra hipótese que ensejasse situação vexatória que extrapolasse a esfera íntima da parte recorrente, razão pela qual não há que falar em dever de indenizar a ser imputado à parte recorrida.

Posto isso, dou provimento parcial ao recurso para declarar a inexistência do débito no valor de R$ 517,95 (quinhentos e dezessete reais e noventa e cinco centavos), bem como determinar a restituição dos valores pagos indevidamente, de forma simples, devendo tais valores serem corrigidos pelo IGPM/FGV a partir de cada desembolso e acrescido de juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação.

Sem custas e verba honorária, ex vi legis.

Campo Grande - MS, 08 de outubro de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 227

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802672-96.2014.8.12.0017 - Nova Andradina

Relator Juiz Alexandre Branco Pucci

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE CONHECIMENTO – CONTRATO DE FINANCIAMENTO – TARIFAS BANCÁRIAS – EXPRESSA PREVISÃO CONTRATUAL – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE ABUSIVIDADE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

Trata o presente feito de discussão acerca de reconhecimento de cláusulas abusivas inseridas em contrato com pedido de restituição de tarifas.

A cobrança de “serviços de terceiros” deve ser considerada como abusiva, ainda que prevista contratualmente, uma vez que a referida cobrança é um ônus que deve ser suportado pela instituição financeira, em decorrência da atividade por esta desenvolvida.

No que se refere à restituição da tarifa de cadastro, restando comprovado que o consumidor tinha ciência da cobrança devidamente contratada e não restando demonstrada a sua abusividade, a condenação neste sentido deve ser afastada.

Por fim, quanto à tarifa de avaliação, constata-se a sua legalidade, uma vez que se trata de aquisição de veículo usado e a sua cobrança constou em item separado no contrato.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, dar parcial provimento ao recurso.

Presidiu o julgamento com voto o Juiz Alexandre Branco Pucci e dele participaram o Juiz Alexandre Branco Pucci, o Juiz César Castilho Marques e a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli.

Campo Grande, 08 de maio de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 228

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaTrata-se de recurso interposto por BV Financeira S/A em face da sentença que julgou parcialmente

procedente o pedido formulado na ação que lhe move Dilson da Silva Guimarães e a condenou à restituição, na forma simples, dos valores pagos a título de tarifa de cadastro (TC), avaliação do bem e serviços prestados por terceiros, no montante de R$ 2.690,78 (dois mil, seiscentos e noventa reais e setenta e oito centavos).

O recurso comporta parcial provimento.

Sabe-se, que a cobrança de quaisquer taxas ou tarifas deve ser previamente informada, de forma clara, ao consumidor. Portanto, como a recorrente comprovou que o recorrido tinha ciência da cobrança a título de tarifa de cadastro e que efetivamente a contratou, não há falar em abusividade.

Ainda, para que se afaste a incidência da cobrança sob tal rubrica, necessário demonstrar sua manifesta abusividade, nos mesmos moldes adotados à hipótese dos juros remuneratórios, conforme tem decidido o STJ.

Nesse teor, verbis:

“No tocante à taxa de abertura de crédito e à tarifa de emissão de carnê e ao IOF, concluiu o Tribunal de origem pela abusividade na cobrança de tais encargos, uma vez que a remuneração da atividade do banco já está atendida quando da cobrança dos juros e respectiva capitalização. Ocorre que, este Tribunal já decidiu que, no mesmo passo dos juros remuneratórios, ‘em relação à cobrança das tarifas de abertura de crédito, emissão de boleto bancário e IOF financiado, há que ser demonstrada de forma objetiva e cabal a vantagem exagerada extraída por parte do recorrente que redundaria no desequilíbrio da relação jurídica, e por conseqüência, na ilegalidade da sua cobrança’ (AgRg no REsp 1.003.911/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 11.2.2010), o que não ocorreu no presente caso. (...)”. (REsp nº 1.289.230-RS, STJ, Rel. Min. Sidnei Beneti, J. 30/11/2011, DJ. 09/12/2011)

Como a recorrente previu no referido contrato a cobrança da tarifa ora objurgada (fl. 20), a qual não se demonstrou manifestamente abusiva (R$ 554,00), resta caracterizada a legalidade dessa cláusula contratual, merecendo reparos o decisum, a fim de que seja preservado o que foi livremente pactuado.

No que se refere à cobrança referente à tarifa de avaliação, segundo diretriz do Superior Tribunal de Justiça, constata-se a sua legalidade, eis que se trata de aquisição de veículo usado e a sua cobrança constou em item separado no contrato.

Por fim, no que tange à cobrança de tarifa por despesas com terceiros, caracterizada pelos serviços descritos nas condições gerais do próprio contrato firmado entre as partes (fl. 20), no valor de R$ 1.887,78, embora haja previsão contratual, deve ser mantida a sentença por manifesta abusividade da cláusula em debate.

É que se deve considerar ilegal o ato que transfere ao consumidor o ônus de custear despesas inerentes à própria atividade empresarial.

Posto isso, dou provimento parcial ao recurso para reduzir a condenação ao valor de R$ 1.887,78 (um mil, oitocentos e oitenta e sete reais e setenta e oito centavos), mantida no mais a sentença.

Sem custas e verba honorária, ex vi legis.

Campo Grande, 08 de maio de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 229

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0803297-33.2014.8.12.0017 - Nova Andradina

Relator Juiz Alexandre Branco Pucci

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE CONHECIMENTO – JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE – RECOLHIMENTO PARCIAL DO PREPARO – ENUNCIADO 80 DO FONAJE – RECURSO NÃO CONHECIDO.

Restando evidente que não houve o integral recolhimento do preparo recursal pelo recorrente e, sendo o recolhimento do preparo requisito de admissibilidade do recurso, este deve ser declarado deserto, nos termos do Enunciado nº 80 do Fórum Nacional de Juizados Especiais.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, não conhecer do recurso.

Presidiu o julgamento com voto, o Juiz Alexandre Branco Pucci e dele participaram, o Juiz Alexandre Branco Pucci, o Juiz César Castilho Marques e a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli (suplente).

Campo Grande, 08 de maio de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Trata-se de ação de responsabilidade civil c.c. danos morais interposta por Luiz Henrique Graciano de Oliveira em face de Telefônica Brasil S.A, onde foi julgado parcialmente procedente o pedido inicial para condenar a recorrente ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais).

Em juízo de admissibilidade, verifico a existência de questão prejudicial, a qual deve ser inicialmente analisada.

Observa-se do processo que a recorrente fez a interposição do recurso inominado no dia 10.03.2015, às 19h20min, optando por comprovar o recolhimento do preparo no prazo legal.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 230

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaOcorre que a recorrente procedeu, tão somente, a juntada da guia referente ao porte/remessa do

recurso (Tabela C), no valor de R$ 248,28 (duzentos e quarenta e oito reais e vinte e oito centavos), equivalente a 12 Uferms, não comprovando a quitação das custas processuais (Tabela A).

É assente que a regra para comprovação do preparo é rigorosa, estabelecendo expressamente o prazo de comprovação em horas, a fim de afastar qualquer dilação ou prorrogação indevida, conforme se depreende do teor § 1º, do art. 42, da Lei nº 9.099/95, verbis:

“O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção”.

Nesse sentido, o Fórum Nacional de Juizados Especiais, elaborou o seguinte enunciado:

Enunciado 80 – O recurso inominado será julgado deserto quando não houver o recolhimento integral do preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no prazo de 48 horas, não admitida a complementação intempestiva. (art. 42, § 1º, da Lei nº 9.099/1995). (Aprovado no XI Encontro, em Brasília-DF – Alteração aprovada no XII Encontro – Maceió-AL).

Depreende-se que a lei buscou ser rígida, fixando que a comprovação do recolhimento integral do preparo deve ser feita em até 48 horas após a interposição do recurso, interregno que deve ser criteriosamente obedecido.

Ocorre que, segundo pode ser verificado às fls. 266/267, a comprovação do recolhimento do preparo foi feita parcialmente e, já tendo decorrido o prazo de 48 horas após a interposição do recurso, não há mais oportunidade para sua complementação, sendo que a deserção é medida que se impõe.

A impossibilidade de complementação do pagamento das despesas recursais em sede de juizados especiais também já possui entendimento pacífico no Superior Tribunal de Justiça, conforme a seguir:

“(...) 2. O preparo recursal no âmbito do procedimento dos juizados especiais estaduais deve ser feito de maneira integral, na forma estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.099/95, não sendo aplicável a jurisprudência desta Corte relativa à regra geral do art. 511, parágrafo 2º, do CPC. (STJ – Agravo Regimental na Reclamação n. 4885/PE – Rel. Min. João Otávio de Noronha – Segunda Seção – j. 13/04/2011 – DJ 25/04/2011).”

Face ao exposto, considerando que o recolhimento do preparo é condição de admissibilidade, deixo de conhecer do recurso interposto, declarando-o deserto, com fundamento no art. 42, §1º da Lei nº 9.099/95, Enunciado nº 80 do Fonaje e jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

Condeno a recorrente ao pagamento das custas e dos honorários de advogado, fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Campo Grande – MS, 08 de maio de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 231

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0807334-52.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Alexandre Branco Pucci

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Sem custas e verba honorária, ex vi legis.

Presidiu o julgamento com voto, o Juiz Alexandre Branco Pucci, e dele participaram, o Juiz Alexandre Branco Pucci, Juiz César Castilho Marques e a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli (suplente).

Campo Grande, 11 de setembro de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

RELATÓRIO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46, da Lei nº 9.099/95.

VOTO

O Sr. Juiz Alexandre Branco Pucci (Relator)

Trata-se de recurso interposto por Luciana Ávila Corrêa da Costa em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados na ação que move em face de MRV Prime Citylife Incorporações SPE Ltda.

Requer a reforma da sentença proferida pelo juízo a quo para o fim de julgar totalmente procedentes os pedidos e reconhecer que o atraso de obra se deu em 16/05/2013, bem como condenar a parte recorrida ao pagamento de danos morais e danos materiais, no período de 16/05/2013 a 28/11/2013, referentes aos aluguéis pagos no período de atraso.

O recurso comporta parcial provimento.

Inicialmente, não há nulidade contratual a ser declarada eis que não se verifica na prorrogação do prazo de entrega de imóvel em construção, dado o porte e a natureza do negócio, qualquer ilegalidade.

A proprósito do prazo de entrega do imóvel adquirido verifica-se o seguinte do “Quadro resumo” do respectivo contrato de promessa de compra e venda, item 5: “Entrega: 09/2011 (setembro de 2011) *O(A) promitente comprador (a) declara ter conhecimento de que a data de entrega de chaves retro mencionada é estimativa e poderá variar de acordo com a data de assinatura do contrato de financiamento junto à

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 232

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCaixa Econômica Federal. Prevalecerá como data de entrega de chaves, para quaisquer fins de direito, 18 (dezoito) meses após a assinatura do referido contrato junto ao agente financeiro.” (fls. 57)

Observa-se na parte final da referida cláusula a existência de um prazo de carência de 18 (dezoito) meses, a partir da data de assinatura do contrato celebrado com o agente financeiro, que ocorreu em 16/05/2011 (fls. 48).

Também consta na cláusula quinta do contrato particular de compra e venda uma previsão de prorrogação por até 180 (cento e oitenta) dias (fls. 62), com prazo final de entrega do imóvel adquirido para 16/05/2013, já incluído o período de carência.

Assim, considerando que o imóvel adquirido foi entregue somente em 28/11/2013, verifica-se que assiste razão a parte recorrente no pedido de ressarcimento dos aluguéis pagos durante a mora.

Em casos como o dos autos o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido como devida a condenação por lucros cessantes, por ser presumível o prejuízo do promitente-comprador. Vejamos:

CIVIL E PROCESSUAL – EMBARGOS DECLARATÓRIOS CUJAS RAZÕES SÃO EXCLUSIVAMENTE INFRINGENTES – FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS. – RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL – COMPRA E VENDA – IMÓVEL – ATRASO NA ENTREGA – LUCROS CESSANTES – PRESUNÇÃO – PROVIMENTO. I. Nos termos da mais recente jurisprudência do STJ, há presunção relativa do prejuízo do promitente-comprador pelo atraso na entrega de imóvel pelo promitente-vendedor, cabendo a este, para se eximir do dever de indenizar, fazer prova de que a mora contratual não lhe é imputável. Precedentes. II. Agravo regimental provido. (1036023 RJ 2008/0071103-7, Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior, Data de Julgamento: 23/11/2010, T4 - Quarta Turma, Data de Publicação: DJe 03/12/2010)

AGRAVO REGIMENTAL – COMPRA E VENDA – IMÓVEL – ATRASO NA ENTREGA – LUCROS CESSANTES – PRESUNÇÃO – CABIMENTO – DECISÃO AGRAVADA MANTIDA – IMPROVIMENTO. 1.- A jurisprudência desta Casa é pacífica no sentido de que, descumprido o prazo para entrega do imóvel objeto do compromisso de compra e venda, é cabível a condenação por lucros cessantes. Nesse caso, há presunção de prejuízo do promitente-comprador, cabendo ao vendedor, para se eximir do dever de indenizar, fazer prova de que a mora contratual não lhe é imputável. Precedentes. 2.- O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar o decidido, que se mantém por seus próprios fundamentos. 3.- Agravo Regimental improvido. (1202506 RJ 2010/0123862-0, Relator: Ministro Sidnei Beneti, Data de Julgamento: 07/02/2012, T3 - Terceira Turma, Data de Publicação: DJe 24/02/2012)

Assim, nos termos dos entendimentos acima, procede o pedido da parte recorrente quanto a condenação ao pagamento dos aluguéis despendidos em função do atraso na obra, devidos no período de 16/05/2013 até 28/11/2013, que é data em que ocorreu a entrega efetiva do imóvel, fato este que restou incontroverso.

Em relação ao quantum a ser pago a título de aluguéis, deve a parte recorrida restituir os valores comprovadamente pagos no curso do processo.

Já o pedido de condenação ao pagamento de indenização por danos morais não merece acolhimento.

Para a procedência do pedido indenizatório por dano moral faz-se necessário que a parte demonstre ter sofrido relevante constrangimento à sua personalidade, apto a refletir na esfera extrapatrimonial, o que, no caso, não ocorreu.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 233

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaAo se analisar a tutela objetivada temos que o alegado dano moral deve ser classificado como dano

moral direto e subjetivo, ou seja, atinge a pessoa do fato e necessita ser provado, não sendo, portanto, hipótese de dano moral objetivo.

Por outro lado, não há que se falar em dano moral quando inexistente fato com carga necessária a causar ofensa à dignidade. Nesse sentido, o simples atraso na entrega da documentação para a regularização do imóvel aquirido, sem maiores implicações, não é suficiente para a caracterização do dever de indenizar, haja vista não se tratar de dano in re ipsa.

Assim, pela análise em sede devolutiva, nota-se que não há provas quanto ao dano efetivo à integridade físico-psíquica ou à dignidade da parte recorrida, não cabendo tutela do direito material quando ausente o pressuposto essencial para a constituição da responsabilidade civil.

Até porque, é reiterado o entendimento jurisprudencial pelo qual os danos morais não se confundem com os meros transtornos do dia a dia, tanto materiais quanto os de relacionamento interpessoais. As relações laborais, sentimentais e comerciais, no mesmo instante em que podem dar a sensação de realização pessoal, podem gerar insatisfações e atritos. Todavia, esses transtornos, insatisfações e atritos naturais não podem ser objeto de um enriquecimento sem causa, tampouco violação à boa-fé e função social.

Nesse entendimento temos o Enunciado 159 CJF (Conselho da Justiça Federal):

“159 – Art. 186: O dano moral, assim compreendido todo o dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material.”

Por tal razão, ausente pressuposto essencial para a caracterização da responsabilidade civil, a improcedência do pedido de indenização por danos morais é medida que se impõe.

Por fim, por não ter sido objeto do pedido recursal, deixo de conhecer a questão da cláusula penal e dos juros de mora do contrato.

Posto isso, dou parcial provimento ao recurso para julgar procedente o pedido de indenização por danos materiais e condenar a parte recorrida no pagamento dos aluguéis suportados pela parte recorrente no período de 16/05/2013 a 28/11/2013, com correção monetária pelo IGPM a partir de cada desembolso, bem como juros moratórios de 1% a partir da citação.

Sem custas e verba honorária, ex vi legis.

Campo Grande - MS, 11 de setembro de 2015.

Juiz Alexandre Branco Pucci - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 234

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0003109-37.2013.8.12.0008 - Corumbá

Relator Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL – CONTRAVENÇÃO PENAL – ART. 65 DO DECRETO LEI Nº 3.688/41 – PROVAS SUFICIENTES – PROVIMENTO.

A contravenção penal de perturbação do sossego alheio prescinde de prova da medição do som.

Em se tratando do delito previsto no art. 65 do Dec. Lei nº 3.688/41, é mister que haja prova nos autos de que o autor do fato realmente molestou alguém ou perturbou-lhe a tranquilidade. Havendo prova nesse sentido, a condenação dos autores é medida que se impõe.

RELATÓRIO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

Trata-se de apelação criminal interposta pelo Ministério Público Estadual (f. 133-41) contra sentença oriunda do Juizado Especial Criminal da comarca de Corumbá que absolveu os acusados, com base no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal (f. 63-4).

Sustenta o Parquet que há provas nos autos de que os autores teriam cometido o crime previsto no art. 65 do Decreto Lei nº 3.688/41

Pede o provimento do recurso para que eles sejam condenados pela prática do crime previsto no art. 65 do Decreto Lei nº 3.688/41.

Os apelados ofereceram contrarrazões pugnando pelo improvimento do recurso.

O Ministério Público Estadual oficiante perante esta turma opina pelo provimento da apelação.

É o relatório.

VOTO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

A norma incriminadora penal descrita no art. 65 do Decreto Lei nº 3.688/41 dispõe:

Art. 65. Molestar alguem ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável:

Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

A decisão objurgada alinhavou não haver provas suficientes que atestem a materialidade do delito ora em comento, motivo pelo qual absolveu os acusados da imputação inicial. Extrai-se que a decisão

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 235

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaatacada considerou não haver prova de que o som produzido pelos acusados em sua casa foi suficiente para configurar a molesta ou a perturbação de alguém.

Primeiramente, insta consignar que a contravenção acima prescinde de provas da medição do som, haja vista que a prova deve comprovar a efetiva perturbação do sossego alheio.

Ao depois, observo que as provas carreadas aos autos atestam que os acusados cometeram a contravenção penal acima referida.

A testemunha Alessandra da Silva Miranda, ao ser ouvida em juízo, confirmou que o som na residência dos acusados teria sido ouvido a duas quadras de distância. Ao chegarem ao local, constataram que aquele estava altíssimo e que o chão inclusive estaria “tremendo” devido ao alto volume.

A vítima Lucas confirmou que o som vindo da residência dos acusados estava em volume altíssimo.

Embora as testemunhas Sandra Rodrigues e Sebastião Ferreira Dias afirmem que não se incomodavam com a propagação do som vindo da casa dos acusados, entendo que o simples fato de eles não se sentirem molestados pelo volume não significa que outras pessoas não pudessem sê-lo.

Ainda que os réus tenham negado que estivessem com o som em altíssimo volume, entendo que as provas produzidas nos autos atestam a prática do crime ora em comento, motivo pelo qual eles devem ser condenados pela prática do crime previsto no art. 65 do Decreto Lei nº 3.688/41.

Passo a dosimetria da pena.

A pena base para a contravenção prevista no art. 65 do Decreto Lei nº 3.688/48 é de “ prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis”.

Verifico que os acusados não possuem antencedentes criminais (f. 71-5) e não há nada que milite contrariamente a eles nesses autos. Os acusados já foram beneficiados anteriormente com a suspensão condicional do processo (f. 71-5) há menos de 5 anos, sendo que tal ocorrência não deve ser considerada para análise de antecedentes. Assim, fixo a pena base no pagamento de 10 dias multa, para cada acusado.

Não há agravantes ou atenuantes. Também não há causas de diminuição ou de aumento de pena.

Assim, fixo a pena definitiva no pagamento de 10 dias-multa para cada acusado, sendo que arbitro o valor de cada dia-multa em 1/30 do valor do maior salário mínimo vigente à época dos fatos.

Em face do exposto, acolhendo o parecer ministerial, dou provimento ao recurso, para o fim de condenar os acusados Alan Monteiro Dias e Vanessa de Carvalho Ribeiro pela prática da contravenção descrita no art. 65 do Decreto Lei nº 3.688/48, aplicando-lhes a pena de pagamento de 10 dias-multa a razão, cada, de 1/30 o valor do maior salário mínimo vigente à época dos fatos, para cada acusado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 20 de fevereiro de 2015.

Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 236

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800166-50.2014.8.12.0114 - Juizado Especial deTrês Lagoas

Relator Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA – BLOQUEIO DE CONTA CORRENTE – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – QUANTUM – REDUÇÃO – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – DANO MORAL – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

Comprovado o ato ilícito praticado pela ré, que promoveu o bloqueio indevido da conta corrente da autora, caracterizado está o dano in re ipsa, exsurgindo a obrigação de indenizar.

A fixação do quantum indenizatório incumbe ao julgador, que deve considerar a capacidade econômica do ofensor e do ofendido, bem como o bem jurídico lesado, e os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. O valor deve ser suficiente para a recomposição dos prejuízos causados, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima.

RELATÓRIO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Banco Santander S/A em face de sentença que julgou procedente o pedido de condenação em danos morais em decorrência de bloqueio indevido da conta corrente do consumidor.

Suscita, em apertada síntese, a reforma da sentença proferida pelo juízo monocrático pela qual o recorrente foi condenado a efetuar o pagamento de R$ 8.000,00, a título de dano moral.

VOTO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Tenho que o recurso deve ser parcialmente provido.

Com efeito, o ato ilícito praticado pelo recorrente restou configurado com o bloqueio indevido da conta corrente de titularidade da parte autora, violando o patrimônio moral desta, causando sofrimento e lesão a sua honra e reputação. Portanto, caracterizado está o danum in re ipsa, o qual se presume conforme as mais elementares regras da experiência comum, prescindindo de prova quanto à ocorrência de prejuízo concreto.

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve levar em conta as peculiaridades do caso concreto, sem, no entanto, servir de fonte para enriquecimento sem causa.

No caso dos autos, embora a indenização tenha sido fixada em R$ 8.000,00, seu valor deve ser modificado. Assim, sopesando os fatos e observando os aspectos punitivo, compensatório, a capacidade

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 237

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaeconômica e, ainda, o critério da razoabilidade, verifica-se ser suficiente a fixação da indenização do dano moral em R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Posto isso e demais que dos autos consta, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento, para o fim de condenar o recorrente a pagar ao recorrido a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de indenização por dano moral, com atualização nos moldes fixados na sentença monocrática, mantendo, no mais, a sentença recorrida por seus próprios fundamentos.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento para o fim de reduzir o quantum indenizatório.

Campo Grande, 20 de fevereiro de 2015.

Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 238

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800542-48.2014.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

EMENTA – RECURSO INOMINADO – CARTEIRA DE ISENÇÃO TARIFÁRIA – TRANSPORTE PÚBLICO – PORTADOR DE DOENÇA GRAVE – SENTENÇA PARCIALMENTE PROCEDENTE – LIMITAÇÃO AOS DIAS DE TRATAMENTO – TRATAMENTO CONTÍNUO – SENTENÇA REFORMADA PARA EXCLUIR A LIMITAÇÃO – RECURSO PROVIDO.

RELATÓRIO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Natal Leopici em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido formulado em ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada ajuizada pelo recorrente em face de Agetran – Agência de Transporte e Trânsito de Campo Grande – MS.

Suscita, em apertada síntese, que a sentença deve ser reformada no que tange à limitação da isenção apenas aos dias de tratamento.

A parte recorrida apresentou contrarrazões (f. 108-113).

VOTO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Tenho que o recurso merece ser provido.

Da análise dos autos, vislumbro que tem razão o recorrente quando afirma que o tratamento da sua patologia, nefropatia grave, não é limitado aos dias de hemodiálise, devendo, o paciente ser submetido a consultas, exames e diversos procedimentos, que determinam a isenção tarifária plena.

Nesse sentido, seguindo as orientações traçadas pela Carta Magna, a Constituição Estadual de Mato Grosso do Sul dispôs em seu art. 173, §§ 1º e 2º que:

“Art. 173. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido através de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

§ 1º Assegura-se aos portadores de hanseníase; câncer; doença renal crônica; síndrome da imunodeficiência adquirida; tuberculose e outras moléstias, desde que comprovadamente carentes e pelo período de duração do tratamento que, embora contínuo, dispense a internação hospitalar, o direito ao transporte público gratuito, garantido pelo Estado e Município, conforme seja intermunicipal ou municipal o seu deslocamento.”

§ 2º O sistema de transporte público referido no parágrafo anterior é de competência do Estado nas linhas intermunicipais, e dos Municípios nas municipais, cabendo-lhes incluir na proposta orçamentária anual, a favor dos respectivos órgãos assistências competentes, dotação global destinada à satisfação das despesas decorrentes de tais encargos”.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 239

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaLeia-se o que dispõe o Decreto Municipal nº 10.535/2008, art. 2º, §2º:

Art. 2º Os portadores de deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla, que se enquadrarem na definição contida neste artigo, que é requisito para a obtenção do benefício, estarão isentos do pagamento de tarifa no Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande/MS, mediante a apresentação do Cartão Eletrônico de Isenção Tarifária, na forma do disposto neste Decreto.

§ 2º A isenção tarifária no Transporte Coletivo Urbano será válida também para o acompanhante, mediante comprovação da necessidade pela junta Médica, dentro do previsto neste dispositivo legal. O benefício do acompanhante será utilizado somente com a presença do próprio portador de deficiência.

Ademais, a limitação se mostra de difícil controle efetivo por parte dos agentes públicos.

Posto isso, dou provimento ao recurso inominado para reformar a sentença e julgar procedente o pedido inicial, reconhecendo ao recorrente o direito ao transporte público municipal gratuito, com direito à acompanhante.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 20 de fevereiro de 2015.

Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 240

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802223-80.2014.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relator Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

EMENTA – RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – SENTENÇA PARCIALMENTE PROCEDENTE – BLOQUEIO INDEVIDO DE LINHA TELEFÔNICA – FATURA QUITADA – QUANTUM – REDUÇÃO - PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – DANO MORAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

Comprovado o ato ilícito praticado pela ré, que efetuou o bloqueio indevido de linha telefônica por fatura quitada, caracterizado está o dano in re ipsa, exsurgindo a obrigação de indenizar.

A fixação do quantum indenizatório incumbe ao julgador, que deve considerar a capacidade econômica do ofensor e do ofendido, bem como o bem jurídico lesado, e os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. O valor deve ser suficiente para a recomposição dos prejuízos causados, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima.

RELATÓRIO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Vivo S/A em face de sentença que julgou procedente o pedido de condenação em danos morais em decorrência de bloqueio indevido de linha telefônica.

Suscita, em apertada síntese, a reforma da sentença proferida pelo juízo monocrático pela qual o recorrente foi condenado a efetuar o pagamento de R$ 10.000,00, a título de dano moral.

VOTO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Tenho que o recurso deve ser provido.

Com efeito, o ato ilícito praticado pelo recorrente restou configurado com o bloqueio da linha telefônica mesmo com o pagamento da respectiva fatura, violando o patrimônio moral da parte recorrida, causando sofrimento e lesão a sua honra e reputação. Portanto, caracterizado está o ato ilícito a ensejar a reparação civil.

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve levar em conta as peculiaridades do caso concreto, sem, no entanto, servir de fonte para enriquecimento sem causa.

No caso dos autos, embora a indenização tenha sido fixada em R$ 10.000,00, seu valor deve ser modificado. Assim, sopesando os fatos e observando os aspectos punitivo, compensatório, a capacidade econômica e, ainda, o critério da razoabilidade, verifica-se ser suficiente a fixação da indenização do dano moral em R$ 3.000,00 (três mil reais).

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 241

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPosto isso e demais que dos autos consta, conheço do recurso interposto e dou-lhe provimento, para

o fim de condenar o recorrente a pagar ao recorrido a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de indenização por dano moral, com atualização nos moldes fixados na sentença monocrática, mantendo, no mais, a sentença recorrida por seus próprios fundamentos.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento para o fim de reduzir o quantum indenizatório.

Campo Grande, 20 de fevereiro de 2015.

Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 242

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Habeas Corpus n. 4000506-73.2014.8.12.9000 - Juizado Especial Central de

Campo Grande Relator Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida

EMENTA – PRISÃO EM FLAGRANTE – AUSÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL ACERCA DE LIBERDADE PROVISÓRIA E DE PRISÃO PREVENTIVA – VIOLAÇÃO DO ART. 310 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – CONSTRANGIMENTO ILEGAL – LIMINAR DEFERIDA – ORDEM CONCEDIDA

No regime da Lei nº 12.403/2011, que alterou o Código de Processo Penal, especialmente seu art. 310, a prisão em flagrante deve submeter-se ao crivo fundamentado do juiz, para o fim de analisar a conversão em medidas cautelares alternativas, liberdade provisória ou prisão preventiva. A ausência deste exame judicial configura constrangimento ilegal a justificar a concessão de ordem de habeas corpus em favor do paciente.

RELATÓRIO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

A Defensoria Pública Estadual impetrou o presente habeas corpus em favor de Julio Cesar Garcia Germano, apontando como autoridade coatora o Juízo de Direito da 11ª Vara do Juizado Especial Central da Capital.

Argumenta que o paciente está preso desde 29-9-2014, por teórica prática do delito de ameaça, desobediência e resistência, sendo que não houve decisão judicial acerca da conversão do flagrante em liberdade provisória ou, mesmo, decreto de prisão preventiva, o que configuraria flagrante ilegalidade na manutenção de sua prisão.

Este relator concedeu liminar para colocar o paciente em liberdade (f. 68-9).

O Juízo da 11ª Vara do Juizado Especial Central informou que recebera o processo originário e que declarara sua incompetência para o processamento e julgamento da causa, pelo que remeteu os autos ao Juízo da 2ª Vara de Violência Doméstica (f. 78). Posteriormente, informou que suscitara conflito negativo de competência (f. 80-3).

O Ministério Público Estadual, pelo órgão oficiante perante esta Turma, opinou pela concessão da ordem (f. 84-7).

É o relatório.

VOTO

O Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida (Relator)

Na decisão concessiva de liminar nestes autos, o relator (em substituição legal) alinhavou:

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 243

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaConforme documental acostada, ainda não ocorreu, de fato, a análise judicial do flagrante

para as providências que são previstas no art. 310 do CPP.

Tal constatação sumária, sem perquirir-se sobre a gravidade das infrações supostamente cometidas, revela o constrangimento ilegal afirmado pela impetrante, pois a prisão do paciente se sustenta exclusivamente no flagrante e não em decisão judicial, situação não mais admitida após o advento da Lei nº 12.403/11 (...)

Na hipótese versante, não há dúvida da ocorrência de constrangimento ilegal da liberdade de locomoção do paciente, haja vista que não houve apreciação judicial da prisão em flagrante, consoante determina o art. 310 do Código de Processo Penal (com a redação dada pela Lei nº 12.403/2011), o que torna a prisão deste ilegal. Neste particular, infere-se que a ausência de apreciação judicial acabou ocorrendo por decorrência das declinações de competência para o exame da causa e o consequente conflito negativo de competência.

Posto isso, com apoio no parecer ministerial, concedo ordem de habeas corpus em favor do paciente Julio Cesar Garcia Germano, qualificado nos autos, confirmando a liminar deferida nos autos.

Dê-se ciência à autoridade coatora.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, conceder a ordem, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 20 de fevereiro de 2015.

Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 244

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0008916-23.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz César Castilho Marques

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – VENDA DE PRODUTO COM DATA DE VALIDADE EXPIRADA – DEVOLUÇÃO DO VALOR – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – DANO MORAL INEXISTENTE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

RELATÓRIO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Supermercados Comper (Ebs Supermercados Ltda) em face de sentença de procedência proferida em procedimento dos juizados especiais interposta por Jéssica de Oliveira Chaves Mattos contra o recorrente.

Alega, em apertada síntese, a ausência de verossimilhança das alegações da autora, bem como a inexistência dos danos morais.

A parte recorrida apresentou contrarrazões (f. 127-33).

VOTO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Tenho que o recurso inominado deve ser parcialmente provido.

Primeiramente, cumpre mencionar que é incontroversa a aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao caso em tela, pois a relação contratual realizada entre as partes é tipicamente de consumo, portanto a parte recorrente é considerada, para os fins do CDC, como fornecedora, conforme dispõe seu art. 3º, caput.

Portanto, é devida a inversão do ônus da prova em favor do recorrido, em razão do acima exposto, bem como diante da verossimilhança das suas alegações, da hipossuficiência.

Quanto à comprovação de que o produto adquirido pela parte recorrida estava dentro do prazo de validade, não há que se falar em prova diabólica.

A responsabilidade objetiva dos fornecedores imposta pelo CDC determina que as empresas assegurem-se com os meios necessários para demonstrar que os produtos disponibilizados aos clientes encontra-se em perfeitas condições.

Portanto, deve ser mantida a sentença quanto à devolução dos valores pagos pelos chocolates vencidos adquiridos pela recorrida.

Porém, com relação à configuração do dano moral, a recorrida não teve a mesma sorte.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 245

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCom efeito, o caso não lida com o dano moral puro, chamado de in re ipsa, motivo pelo qual era

imposto ao autor produzir prova efetiva de que houve abalo ou sofrimento psicológico anormal.

No entanto, não há nos autos nenhuma prova nesse sentido, motivo pelo qual a situação configura hipótese de mero dissabor vivenciado pelo consumidor, o que afasta eventual pretensão indenizatória decorrente de alegado dano moral.

O STJ vem entendendo que o mero dissabor é incapaz de gerar dano moral ao consumidor.

Somente é devida a indenização a partir do momento em que o defeito do serviço extrapola o razoável e essa situação gera sentimentos que superam o mero dissabor, decorrente de um transtorno corriqueiro, causando frustração, constrangimento e angústia, superando a esfera do mero aborrecimento para invadir a seara do efetivo abalo psicológico. Confira nesse sentido, o Resp 139528/5/SP, 3º Turma, Relator Min. Nancy Andrighi. Julgado em 3-12-2013, DJU 12-12-2013.

Posto isso, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento apenas para afastar a condenação ao pagamento de indenização por danos morais, mantendo a sentença quanto ao mais.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 8 de outubro de 2015.

Juiz César Castilho Marques - Relator

Page 248: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 246

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800905-23.2014.8.12.0114 - Juizado Especial de Três Lagoas

Relator Juiz César Castilho Marques

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C DANOS MORAIS – SENTENÇA PROCEDENTE – CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE INTERNET NÃO COMPROVADA – TEORIA DO ÔNUS DA PROVA – DESCONTOS EM CONTA CORRENTE DO AUTOR – ATO ILÍCITO CONFIGURADO – REPETIÇÃO EM DOBRO – NÃO CONFIGURADA A MÁ-FÉ DA FORNECEDORA – DEVOLUÇÃO SIMPLES – DANO MORAL CONFIGURADO – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

RELATÓRIO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Universo Online S.A. em face de sentença de procedência proferida em ação de repetição de indébito c/c indenização por danos morais interposta por Maércio Gregório de Freitas em face do recorrente.

Alega, em apertada síntese, a inexistência de ato ilícito, a impossibilidade de devolução em dobro dos valores pagos pela parte recorrida, bem como a não comprovação do dano moral.

A parte recorrida apresentou contrarrazões (f. 164-7).

VOTO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Tenho que o recurso inominado deve ser provido em parte.

A sentença merece reforma com relação à procedência do pedido de devolução em dobro dos valores pagos pela parte recorrida.

In casu, os descontos promovidos pela recorrente foram decorrentes de contratação até então tida por celebrada, que, se não o foi, torna a parte contratada tão vítima quanto a contratante, não havendo falar em má-fé, elemento essencial para autorizar a devolução em dobro. Portanto, não podem ser considerados de má-fé.

Assim, a sentença deve ser reformada para que a devolução ocorra de forma simples, diante da ausência de comprovação da inequívoca má-fé do credor. Nesse sentido, confiram-se os seguintes precedentes: AgRg no Resp 734.111/PR, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, Terceira Turma, DJ 14.12.2007; AgRg no Ag 875.974/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 11.09.2008 e AgRg no Ag 921.983/RJ, Relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 15.04.2008.

Quanto à configuração do ato ilícito, deve ser mantida a sentença objurgada, tendo em vista que a parte recorrente não comprovou a contratação, ônus que lhe incumbia.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 247

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaNa mesma esteira, o dano moral também restou caracterizado diante do considerável valor que foi

descontado da conta corrente do recorrido, bem como das inúmeras tentativas deste em resolver a questão extrajudicialmente, inclusive dirigindo-se ao Procon, sem sucesso.

Posto isso, dou provimento parcial ao presente recurso inominado, para reformar a sentença apenas com relação à repetição de indébito, devendo a devolução ocorrer de forma simples, totalizando R$ 2.445,11, conforme consta da sentença. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos quanto ao mais.

Sem custas e honorários na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 29 de maio de 2015.

Juiz César Castilho Marques - Relator

Page 250: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 248

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0801080-69.2013.8.12.0011 - Coxim

Relator Juiz César Castilho Marques

EMENTA – RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PROTESTO INDEVIDO – QUANTUM – REDUÇÃO – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – DANO MORAL – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

Comprovado o ato ilícito praticado pela ré, que incluiu o nome do autor no rol de inadimplentes, por débito não contratado por este, caracterizado está o dano in re ipsa, exsurgindo a obrigação de indenizar.

A fixação do quantum indenizatório incumbe ao julgador, que deve considerar a capacidade econômica do ofensor e do ofendido, bem como o bem jurídico lesado, e os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. O valor deve ser suficiente para a recomposição dos prejuízos causados, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima.

RELATÓRIO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Frigo Bras Frigorifico LTDA em face de sentença que julgou procedente o pedido de condenação em danos morais em decorrência de inscrição indevida do nome do recorrido nos órgãos de proteção ao crédito.

Suscita, em apertada síntese, a reforma da sentença proferida pelo juízo monocrático pela qual o recorrente foi condenado a efetuar o pagamento de R$ 10.000,00, a título de dano moral.

VOTO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Primeiramente, a preliminar de nulidade da citação deve ser afastada.

O recebimento da correspondência no endereço da empresa, por seu funcionário, mesmo que no local funcionasse mero depósito deve ser considerado válido para fins de citação.

É pacífico no STJ que, para fins de validade da citação de deve ser adotada a teoria da aparência, considerando-se válida a citação da pessoa jurídica efetivada na sede ou filial da empresa a uma pessoa que não recusa a qualidade de funcionário (Precedentes AgRg no REsp 1224875-SP, REsp 582005-BA, AgRg no REsp 869500-SP).

No mérito, tenho que o recurso deve ser parcialmente provido.

Com efeito, o ato ilícito praticado pelo recorrente restou configurado com a inclusão do nome da parte recorrida no cadastro de inadimplentes em razão de dívida inexistente, violando o patrimônio moral desta, causando sofrimento e lesão a sua honra e reputação. Portanto, caracterizado está o danum in re ipsa,

Page 251: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 249

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciao qual se presume conforme as mais elementares regras da experiência comum, prescindindo de prova quanto à ocorrência de prejuízo concreto.

Por outro lado, convém salientar que o critério de fixação do valor da indenização deve levar em conta as peculiaridades do caso concreto, sem, no entanto, servir de fonte para enriquecimento sem causa.

In casu, em que pese os parcos elementos constantes dos autos para a correta mensuração do valor da condenação, verifico que o valor do débito protestado era de R$ 290,00, bem como que a parte autora requereu o deferimento dos benefícios da justiça gratuita (f. 14).

Assim, embora a indenização tenha sido fixada em R$ 10.000,00, seu valor deve ser modificado. Assim, sopesando os fatos e observando os aspectos punitivo, compensatório, a capacidade econômica e, ainda, o critério da razoabilidade, verifica-se ser suficiente a fixação da indenização do dano moral em R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Posto isso e demais que dos autos consta, conheço do recurso interposto e dou-lhe parcial provimento, para o fim de condenar o recorrente a pagar ao recorrido a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de indenização por dano moral, com atualização nos moldes fixados na sentença monocrática, mantendo, no mais, a sentença recorrida por seus próprios fundamentos.

Sem custas, conforme disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento para o fim de reduzir o quantum indenizatório.

Campo Grande, 8 de maio de 2015.

Juiz César Castilho Marques - Relator

Page 252: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 250

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802691-73.2012.8.12.0017 - Nova Andradina

Relator Juiz César Castilho Marques

EMENTA – RECURSO INOMINADO – EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – TÍTULO EXECUTIVO REFERENTE À CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS – IMPOSSIBILIDADE DE BLOQUEIO DE VERBAS – OBSERVÂNCIA DO RITO PREVISTO NO ART. 100, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – RECURSO PROVIDO.

RELATÓRIO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Trata-se de recurso inominado interposto por Estado de Mato Grosso do Sul em face de sentença que julgou improcedente os embargos à execução contra a fazenda pública ajuizada pelo recorrente em face de Jaqueline Ines Sartori.

Alega, em apertada síntese, a impossibilidade de bloqueio de valores sem prévia expedição de RPV.

A parte recorrida apresentou contrarrazões (f. 215-23).

VOTO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Tenho que o recurso inominado deve ser provido.

É ressabido que as execuções contra a Fazenda Pública seguem rito específico, determinando a expedição de requisição de pequeno valor - RPV - para o pagamento dos respectivos débitos, conforme art. 100, §3º da Constituição Federal, in verbis:

“Art. 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (...)

§ 3º. O disposto no “caput” deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.”

Destarte, a previsão constante da Lei nº 12.153/2009 sobre a possibilidade de bloqueio de verbas deve ser aplicada apenas nos casos de descumprimento de RPV no prazo estabelecido na referida lei. Ainda, excepcionalmente, a jurisprudência vem admitindo o bloqueio de verbas nos casos em que se encontra configurada a urgência da medida.

Assevero que o caso em tela não se amolda à exceção supramencionada, tendo em vista que se trata de execução de valores decorrentes de condenação do Estado ao pagamento de indenização por dano moral.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 251

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaConsigno que a RPV tem a finalidade de dar efetividade à tutela jurisdicional, visto que através dela

o credor é capaz de obter a satisfação rápida de seus créditos junto à administração pública, impedindo que créditos considerados de pequeno valor fiquem sujeitos às longas e intermináveis listas cronológicas previstas no procedimento do precatório.

Consigno que não houve emissão de RPV, inexistindo razão para o bloqueio de verbas públicas.

Posto isso, dou provimento ao recurso inominado, com o fim de reformar a sentença de f. 201-2, no que tange ao bloqueio realizado nos autos e determinar a expedição de RPV para o respectivo pagamento.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 8 de maio de 2015.

Juiz César Castilho Marques - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 252

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802743-62.2014.8.12.0029 - Naviraí

Relator Juiz César Castilho Marques

EMENTA – RECURSO INOMINADO – ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR A 15 MINUTOS – DANO MORAL – INEXISTÊNCIA DE DANO – MERO ABORRECIMENTO – RECURSO PROVIDO.

O evento danoso hábil a determinar a responsabilidade deve ser de tal gravidade que justifique a atuação do Poder Judiciário, não podendo ser objeto de indenização um fato lamentável, porém corriqueiro da vida moderna, como o caso da demora em fila de atendimento bancário.

RELATÓRIO

O Juiz César Castilho Marques (Relator).

Trata-se de recurso inominado interposto Banco Bradesco S/A em face da sentença que julgou procedente o pedido formulado por Miguel Assis da Cunha em ação de indenização por danos morais em que o autor alega ter ficado 01 hora e 27 minutos na fila do banco aguardando atendimento.

Irresignado com a sentença, o banco alegou a ausência dos danos morais e a necessidade de redução do quantum.

VOTO

O Juiz César Castilho Marques (Relator)

Tenho que o recurso merece provimento.

A matéria em questão diz respeito à possibilidade de condenação da instituição bancária por excesso de tempo de espera de consumidor em fila de atendimento. No caso tela, o autor alega que o atendimento em questão ridicularizou e humilhou na medida em que foi obrigado a ficar mais de 01 (uma) hora para ser atendido, em pé.

Resta evidente que a situação trazida nos autos implica em aborrecimento e de forma alguma se pretende defender a conduta do recorrido em não providenciar o atendimento adequado. Contudo, não verifico lesão extrapatrimonial, senão apenas chateação que, por si só, não configura dano moral indenizável.

É certo que a conduta do recorrente se mostra descuidada, causando ao consumidor diversos imprevistos e descontentamentos. O fato é lamentável, mas ocorre diariamente, sendo fruto da vida moderna.

Na hipótese dos autos, inexiste gravidade no ocorrido ou ilicitude na conduta praticada pela empresa apelada a configurar a pretendida indenização, ainda que sob a ótica do CDC.

Apesar da conduta do recorrente gerar transtorno e aborrecimento, ela não é apta a gerar a indenização por danos morais, sob pena de banalização do instituto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 253

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPosto isso, dou provimento ao recurso inominado para reformar in totum a sentença objurgada e

julgar improcedentes os pedidos formulados na petição inicial.

Sem custas nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 08 de outubro de 2015.

Juiz César Castilho Marques - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 254

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802387-52.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Paulo Henrique Pereira

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – RECURSO DA EMPRESA – PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA – PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA ACOLHIDA – AGÊNCIA DE VIAGENS – EXTRAVIO DE BAGAGEM DURANTE VIAGEM INTERNACIONAL – CULPA DE TERCEIRO – RESPONSABILIDADE DA COMPANHIA AÉREA – DANOS MATERIAIS E MORAIS QUITADOS MEDIANTE ACORDO – RECURSO PROVIDO.

O recurso merece provimento eis que o dano ocorrido não tem nexo de causalidade com a prestação de serviço ofertada pela recorrente, sendo a responsabilidade exclusiva da companhia aérea na reparação dos danos suportados pelos recorridos, o que já ocorreu, mediante acordo.

Recurso provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de ilegitimidade ativa e acolher a preliminar de ilegitimidade passiva, dando provimento ao recurso.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli e dele participaram a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, o Juiz César Castilho Marques (suplente) e o Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 20 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

VOTO

O Juiz Paulo Henrique Pereira – Relator

Trata-se de recurso inominado em face de sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos contidos na inicial para condenar Terra & Mar Turismo a pagar aos autores Marcos Luiz Sória e Regina Maria Araujo Ajalla ao pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$ 3.682,67 (três mil, seiscentos e oitenta e dois reais e sessenta e sete centavos) e, ainda, a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) a cada autor, a título de danos morais.

Inicialmente, a preliminar de ilegitimidade ativa merece ser rejeitada eis que, em se tratando de extravio de bagagem da menor durante viagem internacional, o fato é suficiente para refletir nos danos morais de seus pais e os transtornos ultrapassaram a esfera do mero aborrecimento.

O recurso comporta provimento eis que a preliminar de ilegitimidade passiva da agência de viagens merece ser reconhecida.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 255

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPor certo que a empresa de turismo assume o risco decorrente de sua atividade, devendo arcar sobre

eventuais prejuízos causados.

Ocorre que, no caso dos autos, a mesma não tem controle sobre a empresa Iberia Lae S.A. Operadora Unipersonal, motivo pelo qual não pode responder pelos danos causados por ato praticado por terceiro o qual, inclusive, reconheceu o extravio da bagagem ocorrido e formalizou acordo para pagamento dos danos ocorridos.

Os fatos narrados nos autos demonstram a ausência de nexo de causalidade com a prestação de serviço da recorrente sendo que a companhia aérea é quem deve arcar exclusivamente com a reparação de danos ocorrida. Com efeito, não se denota das provas carreadas a existência de defeito na prestação de serviços pela empresa de viagens, incidindo, no caso, as normas de exclusão de responsabilidade prevista no art. 14, § 3º, I e II, do Código de Defesa do Consumidor.

Posto isso, conheço do recurso interposto pela empresa e dou-lhe provimento para o fim de reformar a sentença monocrática e reconhecer a ilegitimidade passiva ad causam da empresa de viagens Terra e Mar Turismo.

Sem custas e honorários, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95.

Campo Grande, 20 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 256

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802826-17.2014.8.12.0017 - Nova Andradina

Relator Juiz Paulo Henrique Pereira

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL C.C. DANOS MORAIS – SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL – FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO – RECURSO PROVIDO.

A lide versa sobre a falha na prestação de serviço de telefonia móvel referente ao plano Vivo Controle, prestada pela empresa Telefônica Brasil S.A.

O direito a reparação por dano moral depende da ocorrência de requisitos tais como: fato lesivo voluntário causado pelo agente; negligência, imperícia ou imprudência e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente, não demonstrados no caso em análise.

Não sendo comprovada a existência de efetivo constrangimento apto a refletir na esfera extrapatrimonial do consumidor, não há que se falar em ato ilícito capaz de gerar a indenização por danos morais pretendida. Recurso provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso interposto pela empresa e dar-lhe provimento.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli e dele participaram a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, o Juiz César Castilho Marques (suplente) e o Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 30 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

VOTO

O Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

Objetiva o presente recurso a reforma da sentença proferida pelo juízo monocrático, pela qual a empresa ré foi condenada ao pagamento do valor de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), a título de indenização por danos morais.

Assiste razão à empresa recorrente.

O direito à reparação do dano moral depende da concorrência de requisitos como: fato lesivo voluntário causado pelo agente; negligência, imperícia ou imprudência e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente, não demonstrados no caso em tela.

Page 259: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 257

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCom efeito, para a procedência do pedido indenizatório, seria necessário que o consumidor

demonstrasse ter sofrido relevante constrangimento à sua personalidade, apto a refletir na esfera extrapatrimonial, o que, no caso, inexistiu.

Nenhuma prova ou mesmo indício trouxe o autor do dano o qual pretende ver reparado, apenas alegou transtornos com a falta de sinal da linha de celular ou possível interrupção das ligações. No entanto, tais acontecimentos são passíveis de acontecer na telefonia móvel, especialmente deste Estado, em que não se tem toda a malha coberta por tais sinais, sendo tais situações cotidianas, mas inexpressivas para gerar danos morais.

Deve-se ressaltar que o autor não apontou quais as oportunidades que ocorreram a falha do serviço, a localidade em que se encontrava quando da queda do sinal, como se deriva a suposta má prestação, nem tampouco qual seria o abalo sofrido.

Em sendo assim, de acordo com a doutrina e jurisprudência dominantes, pequenos dissabores e contrariedades da vida moderna não podem dar ensejo a indenização, sendo evidente que o convívio social acarreta diversas situações desagradáveis que geram aborrecimentos, mas que não são passíveis de qualquer indenização. Daí se conclui que o mero descontentamento causado ao consumidor, com base nas peculiaridades desta ação, não configura dano moral indenizável, de modo que a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais merece ser afastada.

Face ao exposto, conheço do recurso interposto pela empresa e dou-lhe provimento, para o fim de reformar a sentença monocrática, julgando improcedente o pedido de indenização por danos morais.

Deixo de efetuar condenação em custas e honorários de advogado, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95

Campo Grande, 30 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 258

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0807381-62.2013.8.12.0001 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Paulo Henrique Pereira

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSOS INOMINADOS – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. DANOS MORAIS E TUTELA ANTECIPADA – JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA – COMPRA E VENDA DE VEÍCULOS – TRADIÇÃO – AUSÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA JUNTO AO DETRAN/MS – OBRIGAÇÃO DE REGULARIZAR A CADEIA CONDOMINIAL E DE PAGAR OS IMPOSTOS, TAXAS E MULTAS – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSOS IMPROVIDOS.

As provas carreadas aos autos (fls. 24, 27/29) demonstram que o autor alienou o veículo Fiat Uno, placa HRZ-1953 para a ré Smaxx/Smaff, a qual revendeu-o ao réu Finasa, porém este último não realizou a transferência da propriedade e, ainda, transferiu a posse para um terceiro. (fls. 88), restando incontroverso que houve a venda no dia 09.06.2009. Por tal motivo, o autor não responde pelos débitos que recaiam sobre o bem, à partir de tal data.

Assim sendo, mostra-se correta a sentença proferida pelo juízo monocrático que julgou parcialmente procedentes os pedidos e determinou ao réu Finasa que efetue a quitação dos débitos mencionados no documento de fls. 37, relativos ao financiamento, IPVA e seguro obrigatório que recaem sobre o veículo descrito acima e, ato contínuo, proceda a transferência do mesmo e, ainda, determinou que o Detran/MS proceda a exclusão das penalidades oriundas da infração constante do auto de fls. 36, do prontuário da CNH do autor.

No que se refere ao recurso interposto pelo autor, não se vislumbra do conjunto probatório carreado comprovação suficiente para embasar em decreto condenatório de abalo moral capaz de assegurar indenização por danos morais.

É cediço que o direito à reparação do dano moral depende da concorrência de requisitos como: fato lesivo voluntário causado pelo agente; negligência, imperícia ou imprudência e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente, inexistentes no caso em tela.

Ademais, nem todos os dissabores e contrariedades da vida moderna podem dar ensejo à indenização, de modo que é evidente que o convívio social acarreta diversas situações desagradáveis que geram aborrecimentos, mas que não são passíveis de indenização. Pautada no conjunto probatório carreado aos autos, a sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos. Recursos improvidos.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer dos recursos e negar-lhes provimento, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Condeno as partes recorrentes ao pagamento de custas processuais e honorários de advogado, calculados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, ficando sobrestado o pagamento referente ao recorrente Paulo Irineu Koltermann por ser o mesmo beneficiário da justiça gratuita.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 259

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPresidiu o julgamento com voto a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli e dele participaram

a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, o Juiz César Castilho Marques (suplente) e o Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 30 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

Page 262: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 260

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0808410-14.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Paulo Henrique Pereira

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PRELIMINARES REJEITADAS – PROMESSA DE COMPRA E VENDA – COBRANÇA DE CORRETAGEM – CONDUTA ABUSIVA – OBRIGAÇÃO QUE COMPETE AO COMITENTE – REPETIÇÃO DO INDÉBITO NA FORMA SIMPLES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

A alegação de prescrição não merece acolhida uma vez que deve ser aplicado ao presente caso a regra prevista no artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor, equivalente a 5 (cinco) anos.

Aplica-se ao presente caso o disposto no artigo 39 do Fonaje, o qual destaca que o valor da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido, in casu, restituição em dobro do que foi pago indevidamente, mais indenização por danos morais no importe de 20 (vinte) salários mínimos.

O Código de Defesa do Consumidor também faculta ao autor optar por ajuizar a ação no foro de seu domicílio, a teor do disposto no artigo 101, I, motivo pelo qual a alegação de incompetência territorial merece ser descartada. Preliminares rejeitadas.

Mostra-se abusiva a atitude de impor ao promissário comprador o pagamento de comissão de corretagem, por não se admitir que as empresas envolvidas na contratação transfiram ao consumidor o ônus da atividade por elas empreendida.

Existindo fundamentos suficientes a amparar a pretensão dos consumidores, restando reconhecida a responsabilidade solidária das empresas envolvidas e comprovada a cobrança da comissão de corretagem diretamente dos promitentes compradores, mostra-se correta a determinação da restituição do valor pago a tal título, tal qual exarado na sentença singular.

Sentença mantida em seus termos. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Condeno a recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários de advogado, calculados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Page 263: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 261

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPresidiu o julgamento com voto a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli e dele participaram

a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, o Juiz César Castilho Marques (suplente) e o Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 20 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

Page 264: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 262

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0809108-20.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relator Juiz Paulo Henrique Pereira

SÚMULA DO JULGAMENTO

EMENTA – RECURSOS INOMINADOS – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS – PRELIMINAR REJEITADA – CONTRATO PARTICULAR DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA – CONSIDERÁVEL ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL – DANOS MATERIAIS CONFIGURADOS – QUANTUM MANTIDO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSOS IMPROVIDOS

A preliminar de ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido do processo não merece acolhimento, pois, a petição inicial preenche satisfatoriamente os requisitos dos artigos 282 e 283 do Código de Processo Civil.

A inversão do ônus da prova pode ser aplicada, a critério do magistrado condutor do processo, considerando-se o caso concreto posto à sua apreciação e a verossimilhança da argumentação. No presente caso, incidem as regras contidas no Código de Defesa do Consumidor, por ser nítida a relação de consumo e a hipossuficiência técnica e econômica da parte autora em face da ré.

Restou comprovado nos autos o inadimplemento da empresa face ao não cumprimento do contrato celebrado entre as partes, motivo pelo qual é devida a restituição dos valores posto que evidente o prejuízo causado ao comprador que deixou de usufruir ou auferir renda com o considerável atraso na entrega do imóvel objeto da lide.

Existindo fundamentos suficientes a amparar a pretensão do consumidor, restando reconhecido o atraso na entrega do imóvel, a partir de 28/09/2012, causando prejuízos ao autor, mostra-se correta a condenação da ré a restituir ao autor os danos materiais suportados a título de aluguel, no importe mensal de R$ 900,00 (novecentos reais), desde 28/09/2012 até a efetiva entrega das chaves, tal qual exarado na sentença singular.

Quanto ao recurso interposto pelo consumidor, não há que se falar em majoração do valor equivalente ao dano material, eis que leva em consideração o contrato assinado com a Caixa Econômica Federal que prevê 24 (vinte e quatro meses) para entrega, a contar da data da assinatura, ou seja, 28/09/2012.

Também deve ser destacado que, em decorrência do instituto da preclusão, em sede recursal, não há que se falar em inovação do pedido inicial, de modo que, pautada nos limites da ação proposta em juízo não há como se deferir, nesta fase, o pedido de indenização por dano moral.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Recursos improvidos.

ACÓRDÃO

Acordam os Juízes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, à unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento aos recursos, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento servirá de acórdão, conforme dispõe a 2ª parte do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Page 265: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 263

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaCondeno as partes recorrentes ao pagamento das custas processuais e honorários de advogado,

calculados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, ficando sobrestada a condenação referente ao recurso de Luiz Alfredo de Toledo, por ser o mesmo beneficiário da justiça gratuita.

Presidiu o julgamento com voto a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli e dele participaram a Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, o Juiz César Castilho Marques (suplente) e o Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 30 de março de 2015.

Juiz Paulo Henrique Pereira - Relator

Page 266: n. 17 - 2015 · De igual forma, dentre outras medidas adotadas, é possível destacar que, além do mutirão supracitado, os juízes que compõe as Turmas Recursais Mistas, aumentaram

RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 264

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800009-29.2014.8.12.0033 - Eldorado

Relatora Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, proferir a seguinte decisão: Por unanimidade, declararam a incompetência do Juizado Especial, nos termos do voto da relatora.

Participaram do julgamento: Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida e Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 20 de fevereiro de 2015

Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli – Relatora

VOTO

A Sra. Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli - Relatora

Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c repetição e indébito e indenização por danos morais, na qual, Filomena Nunes, indígena, alega que foram descontados de seu benefício valores referentes a empréstimo que afirma não ter contratado.

O artigo 8º da Lei nº 9.099/95, veda ao incapaz o acesso ao sistema do juizado, verbis: “Não poderão ser partes, no processo instituído por esta lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresa públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.”

A capacidade dos indígenas será regulada por lei especial (Código Civil, Art. 4º).

Por sua vez, o Estatuto do Índio, Lei nº 6.001/73, em seu artigo 7º, dispõe que os indígenas não integrados serão tutelados pela Funai.

Pois bem.

Apesar de apresentar documento de identidade civil, CPF e título de eleitor, o autor mencionou que reside na Reserva Indígena Te’yi Kue em Caarapó-MS, que demonstra não ser integrada e necessitar da tutela da Funai. Tanto é que o fundamento de seu pedido é justamente a ausência de capacidade para contrair empréstimo sem assistência dos órgãos competentes. Nesse sentido:

“TRABALHADOR INDÍGENA – CAPACIDADE PROCESSUAL PARA ESTAR EM JUÍZO – Mesmo após a vigência do Código Civil de 2002, os índios continuam enquadrados como relativamente incapazes, visto que a legislação especial aplicável, interpretada à luz dos arts. 231 e 232 da CR/1988, não lhes confere a capacidade plena para a prática de todos os atos da vida civil. E, na condição de relativamente incapazes, eles devem ser assistidos, na forma da lei, pelo Ministério Público do Trabalho ou pela

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 265

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaFunai, desde que as atividades judiciais prestadas pela Procuradoria Geral da Fundação Nacional do Índio não se confundam com a representação judicial da União. (TRT 23ª R. – RO 00419.2006.081.23.00-4 – 1ª T. – Rel. Des. Tarcísio Valente – DJU 26.02.2007)” Sem negrito no original.(in CD ROM Juris Síntese IOB n. 82 mar-abr/2010).

“RECURSO INOMINADO – INCAPAZ – AJUIZAMENTO DE AÇÃO PERANTE O JUIZADO ESPECIAL – INDEFERIMENTO DA INICIAL – SENTENÇA MANTIDA. No presente caso, após detida análise dos documentos carreados aos autos e do que foi alegado na inicial, constata-se ter sido verificada a incapacidade da recorrente, de modo que apesar de necessitar do Judiciário para obter a providência esperada, sua pretensão não se coadunava com a competência do Juizado Especial, tornando inadequada a ação proposta, faltando-lhe, inclusive, interesse, o qual decorre da inadequação do pedido, que não poderia ser processado naquela Justiça especializada, pela manifesta incompetência. Ademais, tendo em conta, igualmente, que a incompetência absoluta deve ser declarada de ofício (art. 113 do Código de Processo Civil), bem como que nestes casos a legislação dos Juizados Especiais impede a simples declinação de competência, tem-se como correto o indeferimento da petição inicial e o decreto de extinção do processo, sem julgamento do mérito. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos. Recurso improvido.” (Apelação Cível nº 0802616-73.2012.8.12.0004 - Amambai. 1ª Turma Recursal. Relator Juiz Thiago Nagasawa Tanaka. J. 11.11.13).

O artigo 51, inciso IV da Lei nº 9.099/95 dipõe: “Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei: (...) IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta lei;(...)”.

Sendo assim, por ser a parte autora incapaz para exercer os atos da vida civil, há que se extinguir o feito.

Ante o exposto, de ofício, com fundamento no artigo 8º da Lei nº 9.099/95, declaro a incompetência do Juizado Especial, determinando a extinção do feito nos termos do Art. 51, IV daquele códex.

É como voto.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 266

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800095-51.2014.8.12.0016 - Mundo Novo Relatora Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, proferir a seguinte decisão: Provido o recurso da Serasa S/A. Prejudicado o recurso da consumidora.

Participaram do julgamento: Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida e Juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine.

Campo Grande, 17 de dezembro de 2014

Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli – Relatora

Serasa S/A, interpõe recurso inominado contra a sentença que declarou a ilegalidade da restrição para determinar a exclusão do nome da autora da restrição de crédito e condeno-o ao pagamento de R$ 3.000,00 (três mil reais).

Em suas razões recursais, sustenta que comprovou que notificou previamente a recorrida de que seu nome seria inserido nos bancos de dados de restrição de crédito, a pedido do credor, tendo enviado a notificação pelo correio ao endereço que lhe foi informado; insurge-se quanto à ausência de comprovação de supostos danos morais sofridos pela recorrida, haja vista que em momento algum restou comprovada a inexatidão das anotações constantes em nome do recorrido. Pede a reforma da sentença monocrática para que seja permitido a reinclusão das anotações em sua base.

Conclui suas razões informando que não há os elementos caracterizadores para a condenação. Sucessivamente, pede a redução do valor da indenização.

Igualmente Karin Palma de Oliveira Dalan recorre. Pede a majoração da indenização por danos morais para 40 (quarenta) salários mínimos.

VOTO

A Sra. Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artioli

Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c indenização interposta por Karin Palma de Oliveira Dalan em desfavor de Serasa S/A pleiteando a condenação desta última ao pagamento de indenização por danos morais por ter incluído o nome do autor em seus cadastros de restrição ao crédito sem notificá-la previamente da aludida inserção, consoante determina o §2º do art. 43 do Código de Defesa do Consumidor.

Por ordem de prejudicialidade, analiso o recurso interposto pela Serasa S/A.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 267

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaConsta da inicial que a autora se surpreendeu com uma anotação em seu nome perante o cadastro da

ré, ora recorrente, sendo ela referentes ao débito da Caixa Econômica Federal. Informa que se tivesse sido notificada contestaria o débito.

Desse modo, constata-se que em nenhum momento o recorrido questiona a existência ou não da dívida, limitou-se a pedir indenização pelos supostos danos morais sofridos com a inserção de seu nome nos cadastros do Serasa, sem discutir a existência ou legalidade do débito anotado.

Tampouco comprova ter sofrido prejuízo ou abalo em sua honra que possa fundamentar sua pretensão de ressarcimento a título de danos morais.

Por outro lado, a recorrente comprova documentalmente (f. 42-8) que enviou o comunicado prévio à recorrida antes de incluir em seus cadastros os apontamentos em seu nome. A alegação da recorrida de que não recebeu nenhuma notificação prévia não merece ser acolhida.

Isso porque, a falta de prévia notificação não restou comprovada. Como já dito, pelo documento de f. 45 e 46 a recorrente comprova que efetivamente enviou a notificação ao endereço do apelado, presumindo-se que esta tenha sido recebida.

A divergência de endereço informada na inicial e no documento que comprova a notificação em nada acresce aos autos.

É crível que cabe aos credores fornecer os dados de seus arquivos referentes a clientes que possuam operações vencidas e não pagas para que sejam anotadas vinculadas ao CPF, bem como de comandar as exclusões dos registros de operações quitadas ou que, sob qualquer motivo, seus titulares não devam figurar no cadastro de restrição de crédito. É obrigação da credora também enviar o endereço exato do devedor para que a notificação seja enviada e recebida de forma efetiva.

Em outras palavras, na mesma orientação do Superior Tribunal de Justiça, não cabe à entidade mantenedora dos cadastros restritivos diligenciar a fim de descobrir se o endereço do devedor para o qual envia as cartas contendo a notificação prévia está atualizado. A esta cabe, somente, cumprir com sua obrigação legal de notificar o devedor antes da abertura de apontamentos em seu nome, o que, atualmente, é feito através de carta enviada pelo correio com aviso de recebimento.

Aliás, quanto ao aviso de recebimento, o STJ dispensa à luz da Súmula 404/STJ “É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros”.

Verifica-se, portanto, que os documentos apresentados são os ordinariamente utilizados à comprovação de envio de correspondência, em obediência ao que reza o CDC (art. 43, parágrafo único).

No mesmo sentido decidiu nosso C. Tribunal de Justiça:

“ EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO – APONTAMENTO NOMINAL – CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO – NOTIFICAÇÃO PRÉVIA – DESNECESSIDADE DO AVISO DE RECEBIMENTO – INTELIGÊNCIA EMPRESTADA PELA SÚMULA 404 DO STJ – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. Conforme o enunciado da súmula n. 404 do STJ, “ É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros “. Ademais, se há contra a interessada outras inserções no cadastro de inadimplentes, não faz ela jus a danos morais, nos termos da Súmula n. 385, também do STJ. “(Apelação Cível nº 2293/MS – 2010.002293-5 - relator(a): Des. Luiz Tadeu Barbosa Silva – julgado em 04/03/2010 - Órgão Julgador: 5ª Turma Cível – publicado no DJMS de 12/03/2010).”

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 268

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaPor amor ao tema, cito trecho do voto da Apelação Cível nº 99.4050847396 do TJSP, cujo relator foi

o juiz Paulo Alcides, julgado em 25/02/2010 pela 6ª Câmara de Direito Privado, cujo acórdão foi publicado no DJ de 08/03/2010, que diz, in verbis:

“ (...) Para o cumprimento da obrigação de notificação prévia ao consumidor acerca da inclusão de seu nome no banco de dados (art. 43, § 2º, do CDC), basta que os órgãos mantenedores de cadastros restritivos ao crédito comprovem a postagem da aludida comunicação, dirigida ao endereço fornecido pelo credor, sendo desnecessário o aviso de recebimento (AR). Nesse sentido a Súmula 404 do STJ, verbis: “É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros”. Veja-se também a notícia publicada por esta Corte, em 29.10.09: “Nova súmula dispensa AR na comunicação ao consumidor sobre negativação de seu nome. O entendimento da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça de que a notificação de inscrição em cadastro de proteção ao crédito não precisar ser feita com aviso de recebimento (AR) agora está sumulado. A questão foi julgada recentemente seguindo o rito da Lei dos Recursos Repetitivos. Na ocasião, a Seção, seguindo o voto da relatora, ministra Nancy Andrighi, concluiu que o dever fixado no parágrafo 2º do artigo 43 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), de comunicação prévia do consumidor acerca da inscrição de seu nome em cadastros de inadimplentes, deve ser considerado cumprido pelo órgão de manutenção do cadastro com o envio de correspondência ao endereço fornecido pelo credor. Sendo, pois, desnecessária a comprovação da ciência do destinatário mediante apresentação de aviso de recebimento (AR)”.

O alegado dano moral tampouco restou comprovado. A anotação no banco de dados do SPC foi feita em decorrência de um débito existente e não impugnado pela recorrida em momento algum.

Importante é consignar, novamente, que a recorrente comprova documentalmente que cumpriu com sua obrigação, qual seja, enviar à devedora a notificação a que alude o art. 43, §2º do CDC (f. 42-8).

Por essa razão, o pedido autoral é de ser julgado improcedente.

Outrossim, ressalto que a impugnação sobre eventual erro do crédito da Caixa Econômica Federal deverá ser pleiteado contra esta.

Ante o exposto, conheço do recurso interposto pela Serasa S/A e dou-lhe provimento, para julgar improcedentes os pedidos iniciais. Prejudicado o recurso interposto por Karin Palma de Oliveira Dalan.

É como voto.

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Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0800217-35.2013.8.12.0037 - Itaporã

Relatora Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli

SÚMULA DO JULGAMENTO

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – INTERRUPÇÃO NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA – ERRO DE UNIDADE CONSUMIDORA – AUTORA QUE NÃO POSSUÍA DÉBITOS – PREJUÍZO EXTRAPATRIMONIAL CONFIGURADO –QUANTUM INDENIZATÓRIO – PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

É pacífico na doutrina e na jurisprudência que empresas concessionárias de serviços públicos sujeitam-se aos princípios, fundamentos e dispositivos da Lei nº 8.078/90, culminando na obrigação do fornecimento de serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos, sob pena de reparação dos danos sofridos, conforme explicita o art. 22, caput, do Código de Defesa do Consumidor.

A energia elétrica é expressamente considerada essencial, por força do disposto no art. 10 da Lei nº 7.783/89, e, indiscutivelmente, indispensável ao conforto e habitabilidade do ser humano.

Acresça-se que a responsabilidade pela reparação dos danos decorrentes da má prestação do serviço de energia elétrica é objetiva, consoante se depreende do disposto no art. 14 c/c art. 6º, inciso V, e 22, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor.

É certo que é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica se, após aviso prévio, o usuário permanecer inadimplente, a teor do disposto no art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95. Entrentanto, no caso em debate, a autora não possuía qualquer débito que ensejasse a interrupção do serviço.

As circunstâncias fáticas delineadas nos autos sobrepujam o limite do simples aborrecimento ou revés daquilo que se sucede habitualmente, infligindo ofensa à direito da personalidade e excedendo a normalidade ao intervir de forma penosa na psique da recorrida, que ficou por mais de 3 (três) dias sem energia elétrica, de modo que do próprio fato narrado decorre inexoravelmente o dano moral.

Configurado o ato ilícito, a ocorrência de prejuízos imateriais advindos do mesmo e o nexo de causalidade entre ambos, é de ser mantida a condenação.

Entretanto, se o valor fixado a título de indenização por danos morais mostra-se excessivo, como, in casu R$ 5.000,00 (cinco mil reais), deve a quantia ser reduzida, respeitados os princípios da razoabilidade e da moderação, considerando a real proporção do dano e a capacidade sócio-econômico e financeira das partes, sem olvidar do caráter pedagógico da condenação, visando a desestimular, no futuro, a reincidência dos abusos praticados pelas empresas contra o consumidor.

Recurso parcialmente provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 270

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudênciaprovimento parcial ao recurso para reduzir a indenização a título de dano moral para o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), confirmada no mais a sentença recorrida por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento acima transcrita de acórdão, a teor do que dispõe o artigo 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95, sem condenação em custas e honorários em razão do resultado do julgamento, conforme disposto no artigo 55, 2ª parte da Lei nº 9.099/95.

Participaram do julgamento: Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, Juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida e Juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine.

Campo Grande, 17 de dezembro de 2014

Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 271

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0802857-47.2012.8.12.0101 - Juizado Especial de Dourados

Relatora Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli

SÚMULA DO JULGAMENTO

RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEFICIENTE FÍSICO – NEGATIVA NA CONCESSÃO DE PASSE LIVRE EM VIAGEM INTERESTADUAL – DANO MORAL DEMONSTRADO – INDENIZAÇÃO DEVIDA – QUANTUM DESPROPORCIONAL – CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE A DATA DO ARBITRAMENTO - JUROS A PARTIR DO EVENTO DANOSO – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

A empresa de transporte que deixa de conceder passe livre ao portador de deficiência que pretende viajar, em desrespeito a Lei nº 8.899/94, deve ser condenada ao pagamento de indenização a título de danos morais causados à autora.

Se o valor fixado a título de indenização por danos morais mostra-se excessivo, como, in casu R$ 7.000,00 (sete mil reais), deve a quantia ser reduzida, respeitados os princípios da razoabilidade e da moderação, considerando a real proporção do dano e a capacidade sócio-econômico e financeira das partes, sem olvidar do caráter pedagógico da condenação, visando a desestimular, no futuro, a reincidência dos abusos praticados pelas empresas contra o consumidor.

Com relação ao termo inicial dos juros de mora e da correção monetária, entendo por bem modificá-los de ofício.

A Súmula nº 54 do STJ é cristalina ao preceituar que “os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”, o que é o caso dos autos. Nesse contexto, incorreu em erro o juízo a quo que aplicou os juros moratórios a partir da citação.

O Colendo Superior Tribunal de Justiça sumulou o entendimento de que “a correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”1. Assim, não assiste razão o magistrado sentenciante ao aplicar o termo inicial da aludida correção a partir da data do ajuizamento da ação.

Recurso parcialmente provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso para reduzir a indenização a título de dano moral para o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), e, de ofício, alterar a incidência da correção monetária, pelo índice IGPM/FGV, desde a data do arbitramento dos danos morais (Súmula nº 362 do STJ) e o termo inicial dos juros moratórios, devendo o mesmo incidir a partir do evento danoso (Súmula nº 54 do STJ), confirmada no mais a sentença recorrida por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento acima transcrita de acórdão, a teor do que dispõe o artigo 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95, sem condenação em custas e honorários em razão do resultado do julgamento, conforme disposto no artigo 55, 2ª parte da Lei nº 9.099/95.

1 Súmula nº 362 do Superior Tribunal de Justiça

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 272

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaParticiparam do julgamento: Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artioli, Juiz Carlos Alberto

Garcete de Almeida e Juiz Paulo Henrique Pereira.

Campo Grande, 20 de março de 2015

Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli - Relatora

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 273

Revista dos Juizados Especiais Jurisprudência

Terceira Turma Recursal Mista Apelação n. 0803262-22.2013.8.12.0110 - Juizado Especial Central de Campo Grande

Relatora Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artioli

SÚMULA DO JULGAMENTO

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO – SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA – MULTA IRREGULARIDADE EM MEDIDOR DE CONSUMO – RECURSO ADMINISTRATIVO – SUSPENSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA INDEVIDA – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – FRAUDE NÃO COMPROVADA – REVISÃO DE FATURAS – CONSUMO VARIÁVEL – DÉBITO INEXISTENTE – DANO MORAL CONFIGURADO – RECURSO DESPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

A verossimilhança da alegação da recorrida e sua hipossuficiência autorizam a inversão do ônus da prova, conforme disposto no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor.

A matéria debatida nos autos prescinde de prova técnica especializada, especialmente porque o medidor de energia elétrica instalado na residência da recorrida já foi substituído, não há falar, portanto, em cerceamento de defesa e incompetência do Juizado Especial para realização de perícia.

Se a consumidora nega a existência da fraude em seu medidor de consumo, cabe à concessionária de serviço público não apenas demonstrar a avaria do referido medidor, mas, também, provar que houve, efetivamente, o desvio de energia elétrica.

O Termo de Ocorrência e Inspeção - TOI, lavrado unilateralmente por funcionários da recorrente, possui valor probatório e deve ser analisado em harmonia com as demais provas. Entrementes, na hipótese o TOI não comprova, por si só, que o defeito constatado no relógio medidor de energia elétrica foi ocasionado em benefício do recorrido.

Inexistindo prova contundente capaz de demonstrar a ocorrência do desvio de energia elétrica pelo consumidor ou que ele tenha se beneficiado, deve ser mantida a sentença que declara a nulidade da multa por irregularidade.

Tendo a recorrente realizado a inscrição do nome do autor referente ao débito impugnado, é devida a reparação dos danos morais causados.

O valor fixado a título de indenização por danos morais, in casu R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), deve ser mantido, eis que conforme os princípios da moderação e razoabilidade.

Recurso desprovido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, proferir a seguinte decisão: desprover o recurso, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos, servindo a súmula de julgamento acima transcrita de acórdão, a teor do que dispõe o artigo 46, segunda parte, da Lei nº 9.099/95, condenando o recorrente no pagamento de custas processuais e honorários advocatícios em favor da advogada do recorrido, estes arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 274

Revista dos Juizados Especiais JurisprudênciaParticiparam do julgamento os juízes: Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli, Juiz Carlos

Alberto Garcete de Almeida e Juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine.

Campo Grande, 17 de dezembro de 2014.

Juíza Sandra Regina da Silva Ribeiro Artioli - Relatora

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Noticiário

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RJE, Campo Grande-MS, n. 16, 2014 276

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NOTA INFORMATIVA

Visando o aprimoramento da prestação jurisdicional obtida junto aos Juizados Especiais deste Estado, informamos que se encontra disponível, no Portal TJMS, ferramenta que permite avaliar a atuação de juízes leigos e conciliadores, podendo ser enviadas sugestões, elogios ou críticas ao trabalho de cada um.

A avaliação pode ser realizada por meio do seguinte endereço:

http://www.tjms.jus.br/juizados/avaliacao.php

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RJE, Campo Grande-MS, n. 16, 2014 277

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RIBEIRINHOS DO PANTANAL TERÃO ATENDIMENTO DA JUSTIÇA A PARTIR DO DIA 2 - 24/02/2015

Uma parceria entre o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul e a Marinha do Brasil levará pelos rios do Pantanal atendimento jurídico à população ribeirinha de Corumbá. A primeira missão deste projeto-piloto será no dia 2 de março, quando o Navio de Assistência Hospitalar Tenente Maximiano navegará pelo Rio Paraguai atendendo os habitantes de localidades na margem do rio. Na embarcação estará um juiz, um servidor judiciário e um oficial de justiça, além da presença de um promotor público e de um defensor público, que ouvirão os conflitos desta população que vive longe dos centros urbanos.

O serviço é vinculado ao Juizado Especial da Comarca de Corumbá e tem o propósito de conhecer e transformar a realidade dos pantaneiros, verificando os tipos de conflitos e demandas judiciais existentes, levando a justiça e informando as comunidades às margens do Rio Paraguai.

O navio funcionará nos mesmos moldes do ônibus da Justiça Itinerante, como já ocorre na Capital e em Dourados. O objetivo é atender não só os casos de competência do juizado especial, mas também outros casos como registros públicos e crimes de violência contra a mulher e à criança e ao adolescente, explicou o juiz Emerson Ricardo Fernandes, do Juizado Especial de Corumbá, que estará a bordo do navio na primeira viagem. “A intenção é identificar as demandas e, se possível, com a intervenção do promotor e do defensor público, resolver o problema na hora. Caso o fato seja de competência de outra vara, a questão será reduzida a termo e levada para a sede da Comarca de Corumbá”.

O trajeto da primeira missão será percorrido durante quatro dias, pelo tramo sul do Rio Paraguai, sentido Porto Murtinho. As comunidades de Albuquerque, Porto Esperança, Porto da Manga e Porto Morrinho, que juntas tem uma população estimada de 600 habitantes, serão as primeiras a serem atendidas com os serviços judiciais.

É mais um instrumento de acesso à justiça e também a reafirmação do Poder Judiciário junto à população carente do Estado, disse o Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais. Segundo o desembargador, “o projeto visa levar a justiça àquelas pessoas que estão sedentas de justiça, necessitando resolver conflitos de interesses. Esta é uma medida que

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propiciará o atendimento às pessoas carentes, que tem os seus direitos ofendidos, os mais básicos, e que não tem acesso ao Poder Judiciário por estar longe da sede da comarca”.

O projeto é ambicioso pelas características da Comarca de Corumbá, que tem a maior extensão territorial de Mato Grosso do Sul, onde fica o Pantanal, ecossistema de planícies alagáveis (Patrimônio Natural da Humanidade concedido pela Unesco – ONU) e também a divisa internacional do Rio Paraguai, marco natural da fronteira brasileira com a Bolívia e o Paraguai.

O 6º Distrito Naval de Ladário, da Marinha do Brasil, comandado pelo contra-almirante Edervaldo Teixeira de Abreu Filho, é o responsável neste projeto pelo apoio logístico e de navegação pelo Rio Paraguai. A Marinha já faz atendimentos sociais às populações ribeirinhas de Corumbá. “Nós já fazemos um serviço de assistência social com médico e dentista e agora vamos também levar a justiça para o povo do rio. Tenho certeza que muitas dessas comunidades nunca tiveram a justiça tão próxima e ter um juiz tão perto será um grande ganho para essas pessoas”, explica o contra-almirante.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 16, 2014 279

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JUIZADOS DE MS SUPERAM META 1 DO CNJ COM 112% DE APROVEITAMENTO - 03/06/2015

De janeiro a abril deste ano, os Juizados Especiais Cíveis e Criminais de MS julgaram 2.613 processos a mais do que os feitos distribuídos no mesmo período, o que resultou no cumprimento de 112% da Meta 1 de 2015 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As Turmas Recursais tiveram cumprimento da meta em 94%, faltando apenas o julgamento de 129 processos para bater a meta proposta. Os dados são da Assessoria de Planejamento do TJMS.

A Meta 1 do CNJ foi proposta a todas as Cortes do país e tem o objetivo de julgar quantidade maior de processos de conhecimento do que os distribuídos neste ano.

A estatística do primeiro quadrimestre de 2015 mostra que a competência criminal dos juizados bateu a meta em todos os meses. A cível superou a meta nos meses de fevereiro e abril, 886 e 1.108 processos julgados a mais, respectivamente. Já nas Turmas Recursais, as competências cível e criminal superaram a meta nos meses de fevereiro e março. Em todo o período, a criminal em âmbito de recurso bateu a Meta 1, julgando 138 feitos dos 121 distribuídos.

As férias de janeiro e a mudança na composição das turmas recursais tiveram reflexo no número de processos julgados, é o que afirma o presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados, Des. Marco André Nogueira Hanson. “O objetivo é cumprir integralmente a meta proposta pelo CNJ em 2015”.

O Des. Marco André explica que o trabalho articulado do Conselho de Supervisão dos Juizados, da administração do TJMS e dos esforços dos magistrados e servidores garantiram os dados positivos no primeiro quadrimestre do ano. “Dotamos os juizados com instrumentos para o atendimento efetivo aos jurisdicionados. Temos serviços itinerantes dos juizados e da Van do Trânsito na Capital, Dourados, Corumbá e Três Lagoas, além da experiência inédita que levou a justiça itinerante às populações ribeirinhas do Pantanal, em parceria com a Marinha, utilizando recursos reduzidos”.

Os resultados revelam o perfil dos juizados em Mato Grosso do Sul, que prezam pela celeridade, por meio da proximidade com a população.

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Revista dos Juizados Especiais NoticiárioConheça – Criados pela Lei n. 1.071, de 11 de julho de 1990, no âmbito do Poder Judiciário de

Mato Grosso do Sul, e posteriormente pela Lei Federal n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, os Juizados Especiais, orientados pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, privilegiando, sempre que possível, a composição entre as partes ou a transação, têm atribuição para conciliação, processo, julgamento e execução nas causas de sua competência.

O sistema dos Juizados Especiais é constituído pelo Juizado Especial Cível, Juizado Especial Criminal e Juizado Especial da Fazenda Pública.

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ITINERANTE EM TRÊS LAGOAS: 250 CASAMENTOS EM DOIS DIAS DE TRABALHO - 15/06/2015

A procura pelos serviços da Justiça Itinerante em Três Lagoas superou todas as expectativas preliminares e dobrou os números da edição anterior, em Ponta Porã. O atendimento que ocorreu nos dias 13 e 14, foi dentro da Caravana da Saúde do Governo do Estado, dentro da Arena Mix. Foram pelo menos 1.000 pessoas atendidas e, diferente de todos as edições anteriores, 99% da procura foi para conversões de união estável em casamento. 250 casais foram regularizar sua situação e apenas três se divorciaram.

Segundo o juiz Cezar Miozzo, titular da 8ª Vara do Juizado Especial – Itinerante de Campo Grande, responsável pelo atendimento, a procura se deve pelo interesse em oficializar o matrimônio. “As pessoas têm o interesse em se legalizar, em ter um documento da união. O Tribunal de Justiça, junto com a Caravana da Saúde, deu à população de Três Lagoas essa oportunidade e eu acho que o sucesso se deve a isto”, frisou o magistrado.

Já nas primeiras horas de atendimento do sábado, 70 pessoas estavam em frente ao ônibus esperando, e mais 150 esperavam no credenciamento, fora da instalação. “Está sendo uma surpresa muito grande para nós, tivemos já duas paradas, com uma experiência muito boa em Ponta Porã. Nós vamos ultrapassar as expectativas, com certeza”, disse o vice-presidente do TJMS, Des. Paschoal Carmello Leandro, que acompanhou o serviço.

Paschoal explica que a aproximação com a população é uma constante no Poder Judiciário sul-mato-grossense. “É importante a nossa participação na Caravana da Saúde, porque nós nos aproximamos mais do jurisdicionado, que necessita disto e precisa do Poder Judiciário junto a ele. Não estamos aguardando a procura no Fórum. Assim, estamos atingindo os objetivos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), que é justamente a aproximação do Poder Judiciário com a população e isto é muito importante”.

Casamento – Como em todo atendimento da Justiça Itinerante, alguns casais foram vestidos a caráter. Ana Paula Brito foi vestida de branco, como o protocolo manda. O noivo, Clederson Silva, explica que foi

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Revista dos Juizados Especiais Noticiáriouma questão de oportunidade o casamento na Itinerante. “Sete anos juntos e agora pudemos oficializar”. A noiva complementa: “Tem que casar, porque hoje a situação está difícil”.

A próxima parada da Justiça Itinerante dentro da Caravana da Saúde será na cidade de Paranaíba. A população poderá contar com todos os serviços jurídicos da Itinerante.

Entre os serviços oferecidos estão conversões de união estável em casamento, divórcio direto, pedido e execução de alimentos, reconhecimento, investigação e exoneração de paternidade, guarda, cobranças, conversão de separação em divórcio, entre outros serviços de causas cíveis, de menor complexidade, cujo valor não exceda 40 salários-mínimos.

Casal Ana Paula e Clederson oficializou o casamento na Itinerante

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CONCILIAÇÃO: TJ CAPACITA JUÍZES LEIGOS E CONCILIADORES DE MS 26/06/2015

Durante dois dias, 170 juízes leigos e conciliadores de todo o Estado participaram, no auditório do hotel Novotel, em Campo Grande, do curso Técnicas de Conciliação, promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por meio da Escola Judicial (Ejud-MS).

No primeiro dia de curso (25), o juiz substituto da 2ª Vara Cível de Curitiba, Luciano Campos de Albuquerque, abordou a Teoria da Comunicação, aplicada aos métodos autocompositivos de resolução de conflitos. Para o magistrado paranaense, “a humanização dos atendimentos é um passo importante na solução de conflitos. É preciso ter uma visão de que cada pessoa é diferente em muitos aspectos, bem como na percepção e na reação de cada um”.

Também foram abordadas na quinta-feira as temáticas da Moderna Teoria do Conflito, a Introdução aos Meios Adequados de Administração e Resolução de Conflitos e os Fundamentos de Negociação.

Nesta sexta-feira (26), os conciliadores e juízes leigos estudaram o processo de conciliação como um todo, as ferramentas disponíveis e aplicáveis, a recontextualização do problema e a identificação de propostas implícitas entre outros temas.

Segundo um dos instrutores do curso, o advogado Nilton César Antunes da Costa, no bojo do texto do novo Código de Processo Civil os métodos autocompositivos têm um papel preponderante. “O novo CPC traz uma proposta para a autocomposição de maneira a enaltecê-la com os princípios da confidencialidade, da autonomia da vontade das partes, da oralidade, da informalidade e da independência do mediador e conciliador enquanto auxiliares da justiça. Ou seja, o novo CPC deu visibilidade no ordenamento jurídico brasileiro à autocomposição no ambiente judicial”.

O conciliador do 1º Juizado Central de Campo Grande, Sérgio Bernardelli, também salientou a importância da qualificação antes da entrada em vigor do novo CPC em março de 2016. “Neste curso, podemos desenvolver técnicas, ferramentas e maneiras para trabalhar com o processo de mediação e conciliação. Ainda mais neste momento, em que estamos na iminência da entrada em vigor do novo CPC, em que há uma atenção muito especial para esta solução consensual de conflitos, dentre elas a mediação e a conciliação”.

Esta é uma tendência mundial, conforme explicou o juiz leigo da Comarca de São Gabriel do Oeste, Jefferson Daniel Figueiredo, que participou do curso. “Há uma tendência no mundo de se tentar resolver conflitos de outras formas que não as judicializadas e hoje há demandas em massa que abarrotam o Poder Judiciário. Neste ponto, é muito importante a iniciativa da Ejud de capacitar os conciliadores e juízes leigos, preparando a pessoa que vai estar na linha de frente, para atender o jurisdicionado da forma mais adequada e mais célere, o que vai diminuir as demandas do Poder Judiciário de MS”.

No fim do curso, foi realizada uma audiência de conciliação simulada com os participantes do curso. A experiência serviu para ilustrar como o conciliador deve se portar e como as dificuldades podem ser vencidas durante a audiência, chegando a uma solução que beneficia as duas partes em conflito.

Participaram da abertura do curso o presidente do Tribunal de Justiça de MS, Des. João Maria Lós, o diretor-geral e o vice da Escola Judicial, Des. Júlio Roberto Siqueira Cardoso e Des. Odemilson Roberto Castro Fassa, o Des. Marco André Nogueira Hanson, que preside o Conselho de Supervisão dos Juizados, o Des. Des. Romero Osme Dias Lopes, coordenador do Núcleo Permanente de Solução de Conflitos – Mediação, e o Des. Vladimir Abreu da Silva, coordenador do Núcleo Permanente de Solução de Conflitos – Conciliação.

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JUSTIÇA ITINERANTE CHEGA A PARANAÍBA NESTE SáBADO - 01/07/2015

A população de Paranaíba, distante 407 km da Capital, já pode se preparar para a visita do ônibus da Justiça Itinerante, que chega a cidade no próximo sábado (4). O serviço é totalmente gratuito e disponibilizado dentro da Caravana da Saúde do Governo do Estado. Como nas edições anteriores em Coxim, Ponta Porã e Três Lagoas, promete ser um grande sucesso com a população. Os atendimentos começarão às 7 horas, no campus da Universidade Estadual de MS, localizado na Avenida João Rodrigues de Melo, sem número, no bairro Jardim Santa Mônica.

Diferente das outras edições, o atendimento será apenas em um dia. Por isso, os interessados devem estar atentos e chegarem cedo para se cadastrar, dentro do limite de atendimentos disponibilizados. Também é importante levar a documentação e testemunhas necessárias para receber o atendimento dos diversos serviços jurídicos do Juizado Itinerante.

A cidade é a quarta a ser atendida pela iniciativa do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul em levar serviços de competência dos Juizados Especiais para algumas macrorregiões de MS, em conjunto com a Caravana da Saúde do Governo do Estado.

Durante os atendimentos, os habitantes de Paranaíba e cidades do Bolsão e da região Nordeste do Estado receberão orientação jurídica e serviços judiciais de modo ágil e de qualidade, tudo de forma gratuita.

Entre os serviços oferecidos estão conversões de união estável em casamento, divórcio direto, pedido e execução de alimentos, reconhecimento, investigação e exoneração de paternidade, guarda, cobranças, conversão de separação em divórcio, entre outros serviços de causas cíveis, de menor complexidade, cujo valor não exceda 40 salários-mínimos.

Vale lembrar que os interessados devem ir ao local de atendimento munidos de documentos pessoais e documentos relacionados à causa para a qual buscam solução. Por exemplo, nos casos de conversão em união estável, as partes devem levar, além de duas testemunhas, certidão de nascimento e identidade, se forem solteiros, e a certidão de casamento com a averbação do divórcio, se um dos dois já foi casado.

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Revista dos Juizados Especiais NoticiárioNo último atendimento da Justiça Itinerante, em Três Lagoas, houve mais de 1.000 pessoas atendidas,

sendo que 250 casais converteram união estável em casamento e apenas três se divorciaram. Em Ponta Porã, ocorreram pelo menos 110 acordos, 104 casamentos, cinco divórcios e um reconhecimento de paternidade, além de aproximadamente 100 atendimentos de orientações sobre causas diversas.

Segundos os dados do ano de 2014, a equipe da Justiça Itinerante de Campo Grande recebeu 10.669 ações, das quais 9.851 resultaram em acordos, o que significa dizer mais de 92% de aproveitamento. Foram apresentados 5.148 pedidos de conversão de união estável em casamento, 27 de restabelecimento de sociedade conjugal e 77 reconhecimentos de união estável. Houve também 2.066 pedidos de divórcio, 222 pedidos de conversão de separação em divórcio e 162 pedidos de dissolução de união estável.

Saiba mais ? Criada em 2001 em Campo Grande, a Justiça Itinerante tem competência para conciliar, processar e julgar causas cíveis de menor complexidade cujo valor não exceda 40 salários-mínimos, bem como as causas relativas a direito de família.

Na Capital são dois ônibus que atendem 17 bairros e, desde 2013, o serviço também está disponível na Comarca de Dourados.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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BALANÇO DE ATENDIMENTO DA ITINERANTE MOSTRA RESULTADOS POSITIVOS - 30/07/2015

Sucesso: acordos realizados na Justiça Itinerante chegam a 97%. Isso é que demonstra o balanço semestral de 2015 das Unidades I e II da 8ª Vara do Juizado Especial - Justiça Itinerante de Campo Grande.

Foram realizados 5.247 acordos contra 159 ações em que não houve acordo. Os dados não deixam dúvidas sobre o sucesso e a solidez de um projeto que começou em 2001, destinado a atender à população carente, com serviços totalmente gratuitos.

Para quem não sabe, a Justiça Itinerante tem competência de conciliar, processar e julgar causas cíveis de menor complexidade cujo valor não exceda 40 salários mínimos.

São 30 temas nas ações atendidas e, no último semestre, o serviço mais procurado foi a conversão de união estável em casamento com 2.718 ações, seguido do divórcio direto com 1.105 ações e em terceiro lugar, a execução de alimentos com 458 ações.

Os dados de 2014 também impressionam, pois o índice de acordos chegou ao patamar de 99%, com 9.851 acordos realizados contra 267 casos inconciliáveis. O serviço mais procurado foi a conversão da união estável em casamento e ainda foram realizadas 38.486 orientações jurídicas.

Para o juiz Cezar Miozzo, que responde pela Justiça Itinerante em Campo Grande, os resultados não surpreenderam porque os números já estão estabilizados e isso demonstra o quanto a população incorporou a prestação dos serviços da justiça ao seu dia a dia.

“Na Capital, a Justiça Itinerante já está sedimentada, conhecida e seus serviços são procurados porque o atendimento é de qualidade, com a rapidez esperada”, comemorou.

Na Capital, os ônibus da Justiça Itinerante percorrem semanalmente 16 regiões e os locais mais procurados são Vila Piratininga, Jardim São Conrado e Vila Santo Amaro. Além de Campo Grande, desde

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Revista dos Juizados Especiais Noticiário2013, a Justiça Itinerante também atende na comarca de Dourados nos bairros Canaã I, Jóquei Clube, Terra Roxa II, Cachoeirinha e Parque do Lago II.

Em 2014, naquela comarca, foram realizados 660 atendimentos e, até junho deste ano, já foram realizados 437 atendimentos, demonstrando que a procura da população tem aumentado consideravelmente. O serviço mais procurado também tem sido a conversão da união estável em casamento, com 655 ações em 2014 e 416 no primeiro semestre de 2015.

Retrospectiva - Implantada em novembro de 2001, a Justiça Itinerante tem como missão levar o Poder Judiciário até a população, possibilitando maior acesso à Justiça aos menos favorecidos.

Desde a implantação, a Justiça Itinerante já esteve presente em eventos como na Festa das Nações em 2002, e no Projeto SESC Qualidade de Vida na Comunidade em 2008, ano em que recebeu a visita do embaixador da Nicarágua.

Em 2008 também foi agraciada com a medalha Ricardo Brandão, entregue pela Assembleia Legislativa, com o objetivo de valorizar pessoas e projetos que se destacaram no acesso aos direitos humanos.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação Social - [email protected]

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JUIZADO DE TRâNSITO TORNA-SE SERVIÇO ESSENCIAL EM 4 COMARCAS DE MS - 31/07/2015

Estatísticas disponibilizadas no portal do Departamento Estadual de Trânsito de MS (Detran/MS) mostram que, de janeiro a abril deste ano, foram registrados 1.509 acidentes com danos materiais na Capital. Se comparado com o mesmo período de 2014, época em que foram registrados 1.585 acidentes com danos materiais, constata-se uma redução de 5% nesse tipo de acidente.

E é justamente nessa área de atuação, ou seja, acidentes sem vítimas fatais e sem lesão corporal, apenas envolvendo danos materiais, que atua a 9ª Vara do Juizado Especial – Juizado do Trânsito, por meio das vans itinerantes que funcionam todos os dias, inclusive nos feriados.

Na Capital, o balanço semestral de 2015 do Juizado de Trânsito aponta que foram realizados 2.095 atendimentos com 2002 acordos celebrados, o que representa 95% de índice de conciliação.

Para quem não conhece, o Juizado de Trânsito atende acidentes sem vítimas envolvendo veículos como motos, carros, caminhões e ônibus quando não há dano ao patrimônio público, quando inexistir veículo oficial envolvido, quando não houver mortes ou pessoas feridas, quando inexistir indícios de crime de trânsito como, por exemplo, conduzir veículo sob efeito de álcool, dentre outras hipóteses.

Interior - Além de Campo Grande, as vans de trânsito também foram disponibilizadas pelo Tribunal de Justiça para as comarcas de Dourados, Três Lagoas e Corumbá, e os resultados surpreenderam.

Em Dourados, nos primeiros seis meses de 2015, foram realizados 132 atendimentos e sentenciadas 117 ações. Em Três Lagoas, foram registrados 165 atendimentos, dos quais 157 deles resultaram em acordos contra 8 casos inconciliáveis - o que representa um índice de 95% de resolução das demandas.

Em Corumbá, foram registradas 52 ocorrências, com 46 acordos, o que significa um índice de quase 90% de conciliações realizadas. Ao se comparar com a estatística de 2014, período em que foram registradas 36 ocorrências, com 27 acordos e 9 inconciliados, percebe-se que a procura da população pelos serviços do Juizado de Trânsito tem aumentado consideravelmente.

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Para o Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados, os números são expressivos e mostram que a população sabe que a justiça trabalha para auxiliar nas questões que envolvem trânsito de maneira eficiente e rápida.

No entender do desembargador, os Juizados de Trânsito, apêndice especializado do Sistema, vem prestando um grande serviço ao cidadão e à comunidade, sobretudo se for considerado que leva a paz social a expressivo contingente populacional, se considerada a violência do trânsito no Brasil.

“Deve ser também recebido com grande esperança o fato de os índices de conciliação nesta área de atuação dos Juizados ter aumentado, já que os percentuais de êxito alcançam a significativa marca de mais de 90% nas comarcas do interior. Esses dados certamente remetem à necessidade de se manter o serviço e continuar investindo na formação e preparação de servidores e magistrados, os quais têm demonstrado comprometimento com a jurisdição”, disse ele.

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JUDICIáRIO DE MS TERá MUTIRÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS EM SETEMBRO - 21/08/2015

No período de 21 a 25 de setembro será realizado um mutirão de trabalho nas Varas dos Juizados Especiais nas 52 comarcas do Poder Judiciário de MS. Durante o mutirão, haverá a intensificação das audiências no período matutino e vespertino, conforme a demanda de cada comarca.

A coordenação estadual do evento ficará sob a responsabilidade do Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, em conjunto com a Administração do Tribunal de Justiça e o Departamento do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais.

A mobilização faz parte da permanente política do TJMS de fortalecer a conciliação como forma de solução de conflitos e atende ao Programa Redescobrindo os Juizados Especiais, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça.

No período do mutirão, os Juizados Especiais com competência cíveis, criminais e de fazenda pública deverão julgar, homologar acordos e realizar o maior número possível de audiências de conciliação, instrução e julgamento relativas a processos em andamento na unidade.

Ficam incluídos nos trabalhos os Juizados Itinerantes das Comarcas de Campo Grande, Dourados e Corumbá, assim como as Varas dos Juizados de Trânsito das Comarcas de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá.

As normas do mutirão estão na Portaria nº 1/2015, publicada no Diário da Justiça do dia 7 de agosto.

Para o Des. Marco André, o esforço concentrado é de extrema importância por imprimir ainda mais celeridade na prestação jurisdicional. Ele lembrou que o mutirão faz parte das comemorações dos 20 anos da Lei nº 9.099/95, que criou os Juizados Especiais no Brasil, no entanto, destacou que Mato Grosso do Sul já contemplava lei específica (Lei nº 1.071/90) para atender as demandas de baixo valor e as ações referentes a crimes de pequeno potencial ofensivo.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 16, 2014 291

Revista dos Juizados Especiais Noticiário“O Estado, aliás, mercê do trabalho de alguns magistrados abnegados e interessados na implantação

do então novo sistema judicial, que imprimia maior celeridade e informalidade processual na solução dos litígios, foi precursor em âmbito nacional para a normatização do funcionamento dos juizados, sobretudo na seara penal, já que a lei estadual citada permitiu a transação penal de forma inusitada no mundo jurídico”, disse.

Para Marco André, a sociedade reconhece o trabalho de todos aqueles que colaboraram para a consolidação dos Juizados, o que trouxe a pacificação social de forma simples, rápida e eficaz. O desembargador não esconde o orgulho de ter contribuído com pequena parcela para que isso ocorresse.

“Agora comemoramos o aniversário da Lei nº 9.099/95 e estamos solicitando a magistrados, conciliadores, leigos e servidores que se aglutinem e comprometam-se com os mutirões e campanha de conciliação agendados para a semana de 21 a 25 de setembro, afim de obter o maior número possível de acordos, de realizar o direito dos cidadãos que procuram a justiça para solucionar suas pendências judiciais. Tenho esperança que possamos aumentar os índices de conciliação e conto com a participação de todos para que a campanha tenha êxito em nosso Estado”, concluiu.

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JUSTIÇA ITINERANTE EM NOVA ANDRADINA REALIZA MAIS DE 200 CASAMENTOS - 31/08/2015

Fim de semana de muito trabalho, 202 conversões de união estável em casamento e seis divórcios, com mais de 800 pessoas atendidas. Este é o resultado da presença do ônibus da Justiça Itinerante na Comarca de Nova Andradina.

“A receptividade é muito boa e as pessoas se sentem valorizadas, bem atendidas, gostam do serviço; veem nosso trabalho como uma forma diferente, rápida, simples, de se atender a população e tem sido um sucesso muito grande. Temos recebido manifestação de todas as camadas”, avaliou o juiz Cézar Luiz Miozzo, da 8ª Vara do Juizado Especial – Itinerante da Capital.

Miozzo, que sempre acompanha o ônibus da Itinerante nas comarcas, lembra que a visita a Nova Andradina é um esforço concentrado do Poder Judiciário, que participa da Caravana da Saúde, em consequência de uma parceria com o governo estadual.

Entre os serviços mais procurados estão conversões de união estável em casamento, divórcio direto, alimentos, cobrança, conversão de separação em divórcio, execuções de alimentos, reconhecimento de paternidade, guarda, dissolução de união estável, exoneração de alimentos, investigação de paternidade, entre outros.

No ônibus da Itinerante era também possível, além de realizar ações na justiça de forma simplificada e totalmente gratuita, pedir orientações. Assim, conciliadores de Campo Grande e Nova Andradina, acompanhados dos juízes Miozzo, Jacqueline Machado e Robson Celeste Candelório, os dois últimos da comarca, atenderam durante todo o sábado (29) e o domingo (30) no estádio Luiz Soares Andrade, conhecido como Andradão.

Por ser um serviço rápido e não gerar custos, a Justiça Itinerante atrai a população pela facilidade e por oferecer serviços jurídicos de modo ágil e de qualidade. Até o oficial de justiça Emerson Aparecido Brito dos Santos aproveitou para oficializar a união estável com Sandra, com quem vivia há sete anos, cujo convívio resultou no nascimento da filha, que fez questão de testemunhar o casamento dos pais.

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RJE, Campo Grande-MS, n. 16, 2014 293

Revista dos Juizados Especiais NoticiárioPara quem não conhece, a Justiça Itinerante tem competência para conciliar, processar e julgar

causas cíveis de menor complexidade cujo valor não exceda 40 salários mínimos, bem como as causas relativas a direito de família. Em Campo Grande, a Itinerante atende 17 bairros com dois ônibus. Dourados também tem ônibus da Justiça Itinerante desde setembro de 2013.

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ENTREVISTA: “O CRESCIMENTO E APERFEIÇOAMENTO DOS JUIZADOS SÃO NÍTIDOS”

16/09/2015

No mês em que é comemorado em todo o país os 20 anos da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95), a Secretaria de Comunicação do Tribunal de Justiça entrevista o presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, Des. Marco André Nogueira Hanson, que está à frente da gestão dos Juizados em MS desde fevereiro de 2013 e traça um panorama das duas décadas da lei federal e das perspectivas para o futuro.

No ano em que se comemora os 20 anos de Juizados Especiais, a Ministra Nancy Andrighi conclamou a todos os magistrados a redescobrirem os Juizados. De que forma isso pode ser feito?

É louvável a atitude da ministra, em especial porque se nota claramente seu interesse em revigorar cada vez mais o sistema do Juizado. Redescobrir os juizados é fazer uma reflexão dos acertos e dos equívocos, visando o aperfeiçoamento do Sistema, na incessante busca de uma Justiça célere.

Para isso, há necessidade de constante aprimoramento de serviços, aperfeiçoamento e atualização de magistrados, servidores e auxiliares, não só para a facilitação de acesso à Justiça, mas principalmente para proporcionar maior efetividade na entrega da prestação jurisdicional.

Há 20 anos a Lei dos Juizados Especiais foi criada como garantia de maior agilidade na prestação jurisdicional. Podemos dizer que isso foi cumprido ao longo desses anos?

O Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, juntamente com a Administração do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, sabedores do crescimento exponencial do número de demandas anuais, acompanha sistematicamente a movimentação processual de cada Comarca.

Os relatórios apresentados pela Assessoria de Planejamento mostram que os Juizados Especiais no Estado de Mato Grosso do Sul, em quase sua totalidade, mantém um acervo processual dentro dos prazos e das metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça, resultado de uma prestação jurisdicional que cumpre os princípios norteadores da simplicidade e celeridade.

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Além disso, a redução do acervo processual é uma das metas do Conselho de Supervisão, que se empenha para ter uma prestação jurisdicional padronizada, facilitando o acesso à Justiça e, principalmente, proporcionando à população um sistema integrado que possibilite a solução rápida e eficiente dos conflitos que lhes compete, sem afastar o processo das normas Constitucionais.

E diante dessa perspectiva, dentre as ações propostas pelo Conselho de Supervisão visando atender ao Programa “Redescobrindo os Juizados Especiais”, estabeleceu-se no período de 21 a 25 de setembro vindouro a realização de mutirão de trabalho nas 52 Comarcas do Estado, designando-se audiências de conciliação, instrução e julgamento, que têm como escopo a redução do acervo processual, com a imediata solução de conflitos e pacificação social no âmbito do Judiciário Estadual sul-mato-grossense.

qual sua avaliação dos Juizados Especiais em MS nesses 20 anos da promulgação da Lei Federal?

Não há dúvida que o Sistema passou por transformações. O crescimento e aperfeiçoamento são nítidos.

Os Juizados Especiais estão em pleno funcionamento nas 52 Comarcas do Estado de Mato Grosso do Sul.

Nas Comarcas de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá há Juizado Especial do Trânsito, cujo reconhecimento social se extrai do expressivo número de atendimentos realizados. Percebe-se que a procura da população pelos serviços dessa Justiça Especializada tem aumentado consideravelmente.

De igual forma, a Justiça Itinerante nas Comarcas de Campo Grande e Dourados aproxima o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul à população, proporcionando atendimento e orientações jurídicas em bairros mais afastados da região central e Distritos.

Outro projeto que merece destaque, ante o crescimento exponencial do número de demandas em observância ao resultado obtido com as atividades desenvolvidas, é o Projeto Justiça sobre as Águas, que tem o intuito de aproximar o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul à população ribeirinha da Comarca de Corumbá, por meio de convênio firmado entre o TJMS e a Marinha do Brasil, que implantou o Juizado Itinerante Fluvial na Comarca de Corumbá (MS). Em alusão à comemoração dos 20 anos de criação dos Juizados Especiais, realizará seu segundo atendimento no decorrer do mês de setembro vindouro.

Neste panorama, constata-se que foram expressivas as melhorias e ampliações dos Juizados Especiais para que a prestação jurisdicional fosse padronizada, facilitando-se o acesso à Justiça e, principalmente, proporcionando à população um sistema integrado que possibilite a solução rápida e eficiente dos conflitos que lhes compete.

Ainda assim, há muito que realizar em prol dos Juizados Especiais de nosso Estado.

As metas deste Conselho visam elevar o número de conciliações e reduzir o acervo processual, por meio de um trabalho de conscientização da população, nem sempre habituada a esse método de solução de conflitos, mas que traz em si a essência dos Juizados Especiais.

A Ministra Nancy fala da “importância da instituição do Juiz Leigo”. qual sua opinião sobre o trabalho desses operadores do direito?

Os juízes leigos exercem um papel de grande relevância para a sistemática dos Juizados, contribuindo para a maior efetividade na entrega da prestação jurisdicional.

Este Conselho de Supervisão realiza a constante fiscalização das atividades dos magistrados dos Juizados Especiais deste Estado, apurando mensalmente o andamento processual dos autos conclusos aos Juízes Leigos, assim como expedindo ofício ao Juízo em que há processos sem julgamento há mais de 30 (trinta) dias, para que promova o imediato julgamento.

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Revista dos Juizados Especiais NoticiárioOutra relevante iniciativa foi a criação de ferramenta avaliação de juízes leigos e conciliadores,

auxiliares da justiça que atuam nos Juizados Especiais sob a supervisão do Juiz de Direito. Tal ferramenta, que vem ao encontro da orientação contida na Resolução n. 174/2013 do Conselho Nacional de Justiça, permite não apenas a avaliação do desempenho dos juízes leigos e conciliadores, mas também possibilita aferir a satisfação dos usuários dos serviços prestados pelos Juizados Especiais, e, consequentemente, adotar medidas para seu contínuo aperfeiçoamento.

Visando ainda atender as orientações contidas na Resolução n. 174/2013 do Conselho Nacional de Justiça, será realizado no prazo de até 120 dias um processo seletivo simplificado para a escolha de juízes leigos para as unidades dos respectivos juizados do Estado de Mato Grosso do Sul.

Em 10 meses está prevista a inauguração de um novo espaço onde o juizado será abrigado e que a população terá muito mais acesso e facilidades em termos de estrutura. Isso vai fortalecer a figura do juizado especial em Campo Grande?

A ideia é essa. O novo prédio trará novas acomodações e propiciará mais conforto ao jurisdicionado, além de estar localizado em área central desta Capital, o que facilitará o acesso.

Aliado a isso, haverá implementação de novas tecnologias e serviços, tal como a implantação da Central de Processamento Eletrônico (CPE), cuja medida visa concentrar a força de trabalho, padronizando os procedimentos cartorários e, com isso, aumentar, com qualidade, a produtividade na área fim, amenizando o problema acarretado pelo deficiente número de servidores nas varas dos Juizados.

Todavia, resultados satisfatórios a confirmar a ampliação da atuação e a efetiva aproximação da sociedade ao Judiciário, somente serão possíveis com a participação, o apoio e o comprometimento da administração, dos magistrados e servidores que atuam junto aos Juizados Especiais.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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IMPACTO DO NOVO CPC NOS JUIZADOS DE MS é TEMA DE PALESTRA 18/09/2015

A aplicação do novo Código de Processo Civil nos juizados foi tema de palestra realizada pela Ejud-MS na tarde de quinta-feira (17), no Novotel, em Campo Grande. A palestra foi ministrada pelo professor Bruno Garcia Redondo, mestre em Direito Processual Civil pela PUC-SP e doutorando em Direito Processual Civil também pela PUC-SP.

O evento, que atendeu à solicitação do presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, Des. Marco André Nogueira Hanson, foi aberto pelo diretor-geral da Ejud-MS, Des. Júlio Roberto Siqueira Cardoso e contou ainda com a participação do Des. Rêmolo Letteriello.

O Des. Júlio Cardoso lembrou que o “juizado não está adstrito exclusivamente ao Código de Processo Civil, pois tem lei própria que rege sua sistematização bastante contrária ao CPC. De qualquer forma, a base da lei que rege os juizados é o Código de Processo Civil, que com suas alterações previstas para março do ano que vem vai trazer uma série de alterações a serem implantadas no novo juizado especial civil e criminal. A par disso, e atendendo a um pedido do Des. Marco André, a Ejud buscou o palestrante Bruno para esclarecer aos magistrados e servidores sobre as novas técnicas a serem empregadas”.

O palestrante trouxe diversas discussões sobre as possibilidades jurídicas da aplicação de diversos dispositivos aos juizados especiais. Um dos primeiros temas discutidos foi o princípio do contraditório, que é bastante mencionado no novo CPC, abrindo possibilidades para o contraditório prévio.

Outro tema abordado foi a introdução dos negócios jurídicos processuais e a celeridade do novo Código que, na verdade, não se tornará realidade, diante do texto como foi aprovado e de todos os novos procedimentos e novas possibilidades jurídicas que farão parte das rotinas processuais.

Entre um dos pontos que levarão fatidicamente a uma demora maior no andamento processual, explicou o palestrante, está o fato de que o novo CPC dá ampla proteção a garantias constitucionais o que levará a uma demora maior no início do processo, respeitando todas as fases e garantias.

O grande desafio é trazer esta realidade para um segmento da justiça que busca justamente simplificar procedimentos. Em sua fala, aliás, o Des. Rêmolo chegou a defender que não haveria possibilidade de se aplicar o novo Código para os juizados e sim alterar a lei especial que os regem.

O evento contou a presença de 80 participantes, dentre magistrados, assessores de juízes e servidores do Conselho de Supervisão dos Juizados.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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JUIZADO DE TRâNSITO PARTICIPARá DE AÇÃO NO BAIRRO COOPHAVILLA II - 18/09/2015

Com objetivo de aproximar ainda mais o Poder Judiciário da população, uma van do Juizado de Trânsito estará exposta na ação “Balanço Geral nos Bairros”, que neste sábado (19), das 7 às 12 horas, estará na Escola Estadual Padre José Scampini, situada na Rua do Porto, 220, no Bairro Coophavilla II.

Além da exposição da van, no local haverá banners de divulgação e serão distribuídas cartilhas de esclarecimento sobre o Juizado de Trânsito, Justiça Itinerante, Conheça o Judiciário e uma cartilha sobre a Paz em Casa.

Durante a ação, a comunidade vai ter acesso a um mutirão de serviços sociais, tais como: corte de cabelo, exame oftalmológico, exame odontológico, aferimento de pressão, recreação infantil, orientações jurídicas, emissão e segunda via de documentos, cópias, cadastro em agência de emprego, atendimento ao consumidor e fotografia.

Saiba mais – A 9ª Vara do Juizado Especial – Juizado de Trânsito atua nos acidentes sem vítimas fatais e sem lesão corporal, apenas envolvendo danos materiais, por meio das vans itinerantes que funcionam todos os dias, inclusive nos feriados.

Na Capital, o balanço do primeiro semestre de 2015 do Juizado de Trânsito aponta que foram realizados 2.095 atendimentos com 2.002 acordos celebrados, o que representa 95% de índice de conciliação.

Para quem não conhece, o Juizado de Trânsito atende acidentes sem vítimas envolvendo veículos como motos, carros, caminhões e ônibus quando não há dano ao patrimônio público, quando inexistir veículo oficial envolvido, quando não houver mortes ou pessoas feridas, quando inexistir indícios de crime de trânsito como, por exemplo, conduzir veículo sob efeito de álcool, dentre outras hipóteses.

A viatura do Juizado de Trânsito é climatizada e equipada com computador e câmera fotográfica para ajudar na instrução das audiências. A equipe é formada, além do motorista, por um policial militar e um conciliador que faz o levantamento necessário para a solução do conflito. Quando há conciliação entre

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Revista dos Juizados Especiais Noticiárioas partes é lavrado o Termo de Conciliação, com todo o teor do que foi acordado pelas partes. Caso não haja a conciliação durante o atendimento, o conciliador marca uma audiência de instrução e julgamento e intima as partes, durante atendimento na rua. Mais uma facilidade para os envolvidos em acidente de trânsito.

Além de Campo Grande, as vans de trânsito também estão disponibilizadas pelo Tribunal de Justiça nas comarcas de Dourados, Três Lagoas e Corumbá.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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COMEÇA HOJE MUTIRÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS DE MS - 21/09/2015

Tem início nesta segunda-feira (21) e se estende até o dia 25 de setembro um mutirão de trabalho nas Varas dos Juizados Especiais nas 52 comarcas do Poder Judiciário de MS. Durante o mutirão, haverá a intensificação das audiências no período matutino e vespertino, conforme a demanda de cada comarca. Foram pautados cerca de 3 mil processos em todo o Estado para este período.

A coordenação estadual do evento está sob a responsabilidade do Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, em conjunto com a Administração do Tribunal de Justiça e o Departamento do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais.

A mobilização faz parte da permanente política do TJMS de fortalecer a conciliação como forma de solução de conflitos e atende ao Programa Redescobrindo os Juizados Especiais, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça.

No período do mutirão, os Juizados Especiais com competência cíveis, criminais e de fazenda pública devem julgar, homologar acordos e realizar o maior número possível de audiências de conciliação, instrução e julgamento relativas a processos em andamento na unidade.

Ficam incluídos nos trabalhos os Juizados Itinerantes das Comarcas de Campo Grande, Dourados e Corumbá, assim como as Varas dos Juizados de Trânsito das Comarcas de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá.

Para o Des. Marco André, o esforço concentrado é de extrema importância por imprimir ainda mais celeridade na prestação jurisdicional. Ele lembrou que o mutirão faz parte das comemorações dos 20 anos da Lei nº 9.099/95, que criou os Juizados Especiais no Brasil, no entanto, destacou que Mato Grosso do Sul já contemplava lei específica (Lei nº 1.071/90) para atender as demandas de baixo valor e as ações referentes a crimes de pequeno potencial ofensivo.

“O Estado, aliás, mercê do trabalho de alguns magistrados abnegados e interessados na implantação do então novo sistema judicial, que imprimia maior celeridade e informalidade processual na solução dos

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Revista dos Juizados Especiais Noticiáriolitígios, foi precursor em âmbito nacional para a normatização do funcionamento dos juizados, sobretudo na seara penal, já que a lei estadual citada permitiu a transação penal de forma inusitada no mundo jurídico”, disse.

Para Marco André, a sociedade reconhece o trabalho de todos aqueles que colaboraram para a consolidação dos Juizados, o que trouxe a pacificação social de forma simples, rápida e eficaz. O desembargador não esconde o orgulho de ter contribuído com pequena parcela para que isso ocorresse.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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ENTREVISTA: DES. RÊMOLO LETTERIELLO AVALIA JUIZADOS ESPECIAIS 23/09/2015

Pioneiro e idealizador do Juizados Especiais em Mato Grosso do Sul, o desembargador Rêmolo Letteriello, aposentado desde março de 2011, concedeu entrevista à Secretaria de Comunicação do TJMS na qual abordou a evolução nos 20 anos da Lei Federal dos Juizados, o pioneirismo de MS e sua visão do futuro deste Sistema da Justiça.

Reconhecido pelos anos de dedicação junto aos juizados especiais e pela iniciativa de proposição da Lei nº 1.071/90, que criou os Juizados em MS, Letteriello ressalta as dificuldades do sistema no país e a mudança do Judiciário após o advento dos juizados.

Confira abaixo a íntegra da entrevista.

Este ano comemora-se 20 anos da Lei Federal dos Juizados Especiais. Em MS já são 25 anos. Na sua opinião temos muito o que comemorar?

Aqui, no Mato Grosso do Sul, estamos sempre comemorando o sucesso alcançado pelos nossos Juizados Especiais. Nada obstante as dificuldades enfrentadas para a manutenção e ampliação das suas estruturas funcionais, materiais e humanas, que se fazem necessárias em face do aumento, cada ano mais acentuado, da massa de causas que aportam aos juizados cíveis e criminais, ainda assim conseguimos manter essa Justiça, num honroso grau de destaque entre os demais Juizados Estaduais do país. Isso se deve, inegavelmente, ao esforço, dedicação e entusiasmo dos nossos juízes e servidores que conduzem, para a frente e para o alto, esse extraordinário sistema.

Fiz referência a Mato Grosso do Sul porque tenho conhecimento de que, na maioria dos Estados, o sistema, de há muito, experimenta uma derrocada intensa e colapsou, verdadeiramente, porque continua sendo visto como o patinho feio do Judiciário, desprezado, desassistido e nunca acreditado pelas administrações do Poder. É uma pena que o velho preconceito contra essa instituição ainda hoje perdura na (in)compreensão vesga de pessoas que fazem vista grossa à realidade de que os Juizados Especiais, a despeito de não serem concebidos para resolver a crise do Poder Judiciário, foram a maior revolução

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Revista dos Juizados Especiais Noticiárioocorrida nesse Poder, constituindo-se no marco divisor de águas da Justiça brasileira, não só pelo fato de reverter o descrédito do povo nessa Justiça, mas também por fazer renascer, principalmente nas camadas mais pobres da população, a confiança no Judiciário.

MS foi pioneiro na implantação dos Juizados Criminais no país. Conseguimos acompanhar esse ineditismo?

Não só nos Juizados Criminais, como também nos Cíveis, referentemente ao Processo de Execução. Mas, com relação aos Criminais, do tempo em que passamos a recepcionar, também, as causas penais, para cá, a criatividade dos juízes, posta a serviço do melhoramento e aperfeiçoamento das suas práticas operacionais, e a adoção da moderna tecnologia, proporcionou um avanço extraordinário na prestação da jurisdição especial criminal e isso, ao que sei, foi transmitido a outros Estados, que passaram a adotar os resultados altamente positivos que aqui obtivemos.

Informalidade e simplicidade são as bases dos Juizados. O senhor acredita que isso está sendo respeitado ou o tecnicismo e o formalismo tomaram conta?

Acredito que nos Estados onde os Juizados Especiais não funcionam, ou funcionando, caíram no descrédito, principalmente, daqueles que pedem, pelo amor de Deus que a sua causa seja endereçada à Justiça Comum, por ser mais rápida e eficiente, a conta do fracasso do sistema deve ser debitada, em grande parte, a juízes que nunca compreenderam o espírito dessa modalidade de Justiça, que é muito diferente da tradicional. Têm esses magistrados, que geralmente provém da jurisdição comum, o defeito censurável de conduzir os processos especiais como se fossem aqueles convencionais, invariavelmente subjugados pelas leis processuais, presos ao formalismo desmedido, fatores que tornam a prestação jurisdicional muito complicada, extremamente demorada e de tão elevado custo. Se atentassem para o significado do art. 13 da Lei n. 9.099/95 que, referindo-se à liberdade das formas, sublima o princípio da informalidade, se, no processo de conhecimento, deixassem adormecido nas suas estantes o Código de Processo Civil, se refletissem sobre a verdade consistente em que o “Juiz de Pequenas Causas” deve ser um julgador diferenciado, sempre alimentado pelo sopro vivificador da mudança e da inovação, se tudo isso sucedesse, se assim se comportassem, seguramente, não ouviríamos falar em perecimento de qualquer juizado especial estadual.

Como um grande incentivador e entusiasta dos Juizados Especiais, como o Senhor vê os Juizados no futuro?

Não há dúvida de que a cara do Judiciário no País mudou, mercê da prática dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Sobre o seu futuro, penso não estar correta a afirmação de muitos operadores da justiça especial, de que ele será ditado pelo novo Código de Processo Civil. Ora, o novo CPC não assegura a sua aplicação aos Juizados Especiais, mesmo porque as legislações que regem o sistema no âmbito estadual (Lei n. 9.099/95) e federal (Lei n. 10.259/01) são leis específicas que prevalecem sobre a lei geral (Código de Processo Civil). Pode-se afirmar que o futuro feliz dos Juizados Especiais, depende:

a) do legislador, principalmente, no sentido de não acolher proposições para a ampliação da sua competência e torná-la absoluta, e para o aumento do valor de alçada das causas cíveis (tramitam no Congresso Nacional vários projetos de lei que procuram ampliar a competência dos Juizados Especiais, incluindo causas de direito de família, usucapião especial, inventários de bens de pequeno valor e causas oriundas do serviço notarial e registral, novas atribuições em matéria penal, bem como aumentar a faixa valorativa de limitação para a propositura de ações);

b) das administrações dos tribunais, para (i) dispensarem às estruturas materiais e humanas dos seus Juizados, recursos suficientes, afim de que possam, os seus operadores, prestarem um serviço de alta qualidade aos jurisdicionados; (ii) constituírem os quadros de magistrados de atuação nesses órgãos, com juízes fixos, nas varas respectivas, evitando qualquer espécie de cumulação com a jurisdição comum; (iii) dotarem as Turmas Recursais de Juízes do primeiro grau da jurisdição especial, no pressuposto de que estes têm incorporado no seu espírito de julgador, os princípios que norteiam a Justiça Especial, da

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Revista dos Juizados Especiais Noticiáriooralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade; (iv) valorizarem os bons juízes, concedendo-lhes preferência, nos processos de remoção e promoção, pelo critério de merecimento; e, finalmente,

c) dos juízes, para que (i) façam, a cada dia de sua atuação, uma profissão de fé na jurisdição especial, enfrentando, com entrega e determinação, o inchaço de suas atribuições; (ii) não permitam o congestionamento do trabalho que leva a justiça especial a igualar-se à comum, no quesito “demora na prestação da Justiça”; (iii) deem especial atenção aos procedimentos de conciliação para a solução mais célere, ainda, dos conflitos a serem dirimidos, pois no dizer do emérito Desembargador José Fernandes Filho, o “Juiz Especial ideal é o que consegue nível de conciliação elevado, e não o que instrui muito ou sentencia mais”.

Creio, sinceramente que, sanados os obstáculos e as deficiências no seu funcionamento, constatados nesses vinte e cinco anos de vigência da nossa lei estadual, o futuro dos Juizados Especiais será altamente promissor.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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JUIZADO DE TRâNSITO DE DOURADOS DISPONIBILIZA ATENDIMENTO 0800 - 23/09/2015

A população da Comarca de Dourados agora tem uma nova opção para solicitar o serviço do Juizado de Trânsito. Quando houver um acidente com danos materiais e sem vítimas, os envolvidos podem ligar no número 0800-647-1770, para chamar a van do Juizado de Trânsito, que irá até o local para realizar uma conciliação entre as partes. Anteriormente, os chamados eram feitos apenas pelo celular 8462-8243, que continua sendo outra opção de atendimento.

O serviço está disponível na comarca desde 2014. Segundo o juiz diretor do Foro de Dourados, Waldir Marques, a novidade vai dar mais abrangência ao serviço. “Com a disponibilização deste número gratuito, acredito que ficará mais fácil para a população pedir atendimento do Juizado de Trânsito e os atendimentos tendem a aumentar”.

O magistrado lembra que se o acidente for apenas com danos materiais sempre é importante chamar a van do Trânsito. “Os envolvidos no acidente não são obrigados a fazer uma conciliação, contudo, com acordo ou sem acordo é uma garantia para pessoa chamar o Juizado para formalizar a ocorrência do acidente”.

O Juizado de Trânsito é um serviço judiciário totalmente gratuito à população. O atendimento é feito em Dourados, de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas, por uma van que vai até o local do acidente para realizar uma conciliação entre as partes. O veículo é climatizado e equipado com computador e câmera fotográfica para instruir a audiência.

A equipe, formada por um conciliador e um policial militar, faz o levantamento necessário para a solução do conflito e, quando há acordo, é lavrado o Termo de Conciliação. Caso não haja a conciliação durante o atendimento, o conciliador marca uma audiência de instrução e julgamento e intima a parte, durante o atendimento na rua. Mais uma facilidade para os envolvidos em acidente de trânsito.

O Juizado de Trânsito atende casos de acidentes com apenas danos materiais. Não há atendimento quando o acidente envolve carros oficiais, ou resulte dano ao patrimônio público, como postes, semáforos,

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Revista dos Juizados Especiais Noticiárioquando ocorre óbitos ou feridos de algum envolvido, ou, ainda, nos casos em que haja indícios de crime de trânsito, como, por exemplo, conduzir veículo sob a influência de álcool, entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada. Nesses casos, deve ser solicitado o deslocamento de uma viatura da Polícia Militar pelo número 190.

O serviço está disponível, além de Dourados, em Campo Grande pelo telefone 159 ou 0800-647-1333, em Corumbá (67) 8467-8395 e em Três Lagoas (67) 8478-2201.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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100% DOS PROCESSOS DO JUIZADO CENTRAL SÃO ELETRôNICOS 24/09/2015

Como resultado do trabalho da equipe formada por dois servidores e sete estagiários do Poder Judiciário de MS, todos os processos físicos da 7ª Vara do Juizado Especial foram digitalizados, exceto os arquivados e os que estão nas turmas recursais. Com isso, 100% dos processos em andamento no Juizado Central de Campo Grande são eletrônicos.

O procedimento de digitalização começou em março deste ano e teve a colaboração da Coordenadoria de Apoio dos Juizados, que auxiliou no encerramento das pendências referentes aos processos, tornando possível a alteração do extinto foro 115 para o 110, vinculado à 7ª Vara do Juizado Especial, para finalmente digitalizar os processos. O procedimento também teve o respaldo do juiz diretor do Foro dos Juizados, Cezar Luiz Miozzo, e da juíza Patrícia Kelling Karloh.

Ressalte-se que todos os documentos constantes nos processos foram escaneados, permitindo o acompanhamento dos trâmites processuais pela internet. Assim, além de visualizar os autos, as partes poderão imprimir os documentos constantes nos processos. Inicialmente, foram 94 processos digitalizados e, ao término de todo o procedimento, o número atingiu 456 processos.

Importante lembrar que o processo eletrônico não apenas colabora com a preservação do meio ambiente ao eliminar o processo físico, economizando papel, tinta de impressão e outros recursos materiais e, principalmente, vai ao encontro do art. 5º, inciso LXXVIII, da Carta Magna, que assegura a razoável duração do processo, como também os meios que garantam a celeridade de tramitação.

Para a chefe do cartório cível do Juizado Central, Aparecida da Silva Bem, a digitalização contribui para a rapidez no andamento do processo. Ela lembrou que antes da digitalização gastava-se muito tempo com o atendimento das partes, dos advogados e para realizar a carga do processo para os advogados.

“Agora, graças ao fato de todos os processos em andamento serem eletrônicos, os advogados e as partes podem ter acesso a ele sem precisar deslocar-se até os cartórios”, disse.

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Revista dos Juizados Especiais NoticiárioPara o juiz Miozzo, a principal facilidade do trâmite eletrônico é o fácil e rápido acesso, sem a

necessidade de deslocamento até o cartório. “Acompanhar o processo ficou mais cômodo, porque com uma senha, partes e advogados consultam os autos de casa. Não podemos esquecer também o apoio do Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados, bem como o empenho e esforço dos juízes que atuaram na 7ª Vara do Juizado e dos servidores responsáveis pela digitalização. A dedicação de todos é que tornou tudo isso realidade”.

Saiba mais – Como consultar o andamento do processo? Basta acessar o site do Tribunal de Justiça (www.tjms.jus.br) e, na página inicial, existe um espaço denominado Consulta Processual, que fica localizado no centro da página, abaixo da notícia de destaque.

Depois é só selecionar 1º grau, 2º grau ou Juizados; a Comarca/Varas/Juizados/Turma Recursal, e realizar a consulta, que pode ser feita com o número do processo, nome da parte, documento da parte, nome do advogado, número da OAB ou outro número do processo. Preenchidos os termos de consulta, basta clicar no ícone Consultar.

Para mais informações sobre o processo eletrônico, bem como sobre o Fórum Central dos Juizados, basta acessar a cartilha do Zé Virtual no link Juizado Central (http://www.tjms.jus.br/juizados/juizados_central.php), localizado na parte inferior de fundo verde da página inicial, constante no site do TJMS.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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JUIZ AVALIA TRABALHO DO JUIZADO DE TRâNSITO DE CAMPO GRANDE 25/09/2015

Nesta sexta-feira (25), Dia Nacional do Trânsito, o Poder Judiciário tem muito a comemorar com o trabalho que vem desenvolvendo na solução de conflitos que ocorrem no trânsito. O principal serviço disponibilizado é o Juizado Especial de Trânsito, um serviço gratuito para o pronto atendimento de envolvidos em acidentes de trânsito com apenas danos materiais.

O juiz titular da 9ª Vara do Juizado Especial de Campo Grande – Juizado de Trânsito, Djailson de Souza, explica que, na capital, são pelo menos 400 atendimentos mensais. Para ele, o uso da conciliação garante os resultados positivos obtidos. “Quando há um chamado, a Van do Juizado vai até o local do acidente com um conciliador que ajuda as partes a chegarem um acordo. Estatística recente aponta que o número de acordos chega a 95%. Isto é impressionante”.

O atendimento do Juizado de Trânsito é realizado, além da capital, em Corumbá, Dourados e Três Lagoas. Uma unidade móvel se desloca até o local do acidente com uma equipe, de conciliador, policial militar e motorista, para levantar informações e tentar um acordo entre as partes para a reparação dos prejuízos decorrentes do acidente.

Este é outro ponto positivo do serviço, apontado pelo juiz, é a colheita de provas no local do acidente, o que garante segurança jurídica. “A equipe vai com um policial para fazer a avaliação, para fazer um croqui e para colher declaração das pessoas, tornando-se oficial o que foi colhido de informações. O juiz que vai julgar o processo pode confiar, pois não é apenas uma declaração unilateral do usuário. Essa é a vantagem, quando se comparado a um boletim de ocorrência on-line, que uma das partes faz, contando apenas sua versão unilateral”, pontua Djailson de Souza.

O Juizado de Trânsito não fará atendimento quando o acidente envolve carros oficiais ou resulte em dano ao patrimônio público (postes, semáforos etc.), morte ou ferimento, ou caso haja indícios de crime de trânsito, como condutor alcoolizado, entregar veículo a pessoa não habilitada, entre outros casos previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Lei 9.503/1997.

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Revista dos Juizados Especiais NoticiárioNesses casos, deve ser solicitado o deslocamento de uma viatura da CIPTRAN pelo número 190 ou

o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), pelo telefone 192, quando há vítimas.

Quem precisar de atendimento pode ligar, em Campo Grande, para o número 159 ou 0800-647-1333. Em Dourados, pelo telefone 0800-647-1770 e (67) 8462-8243. Em Corumbá, pelo telefone (67) 8467-8395, e em Três Lagoas pelo telefone (67) 8478-2201.

Na capital, o serviço está disponível diariamente, inclusive sábados, domingos e feriados, das 7 às 22 horas. Lembrando que o serviço é totalmente gratuito.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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JUIZADO DE CORUMBá SE APROXIMA DA POPULAÇÃO DA CIDADE E RIBEIRINHOS - 28/09/2015

No mês em que se comemora os 20 anos da Lei Federal dos Juizados Especiais e pouco tempo após a elevação da Comarca de Corumbá à entrância especial, o juiz Emerson Ricardo Fernandes, titular da Vara do Juizado Especial Cível e Criminal, fez um balanço das atividades desenvolvidas na comarca.

Para que se entenda melhor, em Corumbá existe uma vara específica para juizado cível, criminal e de fazenda pública, além dos atendimentos itinerantes dos quais fazem parte o Juizado de Trânsito e a Justiça Sobre as Águas, ação realizada em convênio com a Marinha do Brasil.

Sobre o Juizado de Trânsito, instalado em fevereiro de 2014, ele garantiu que o trabalho é muito útil. Números mostram que em 2014 houve 36 atendimentos, com quase 80% de acordos no momento do acidente.

Em 2015, com mais divulgação e a população conhecendo melhor o serviço, até o início de setembro, o número de atendimentos foi quatro vezes maior que o realizado em 2014 e isso demonstra, no entender do juiz, a satisfação da população com atendimento na hora do fato, pois a credibilidade da população na justiça do trânsito se mostra e a ação vem dando certo.

“No momento do acidente, na van são resolvidos quase 90% dos casos de acidentes de trânsito sem vítimas. Nos casos em que não há acordo ou é porque não fica evidenciado quem tem a culpa ou os dois acham que não têm culpa. Quando o caso é mais simples, um bateu atrás do outro, o condutor sabe que cruzou onde não devia, todos acabam resolvendo na hora”.

Emerson acredita que o Juizado de Trânsito tem impacto na prestação jurisdicional, porque na hora do acidente as pessoas já sabem o que aconteceu e estão mais dispostas a resolver a situação no momento, evitando futura demanda.

No entender do juiz, se o caso tiver que ser resolvido dois ou três meses depois do acidente, as partes já não estão mais tão dispostas a aceitar sua culpa para resolver a questão. Isso resulta em processo,

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Revista dos Juizados Especiais Noticiárioprolongando o tempo e resultando em mais demora para resolver o conflito. Como resultado, tem-se mais serviço para o Judiciário e prejuízo para todos: para as partes, para juízes e servidores, além das demais pessoas que litigam na justiça.

“Vem sendo construída uma nova cultura, a cultura do Judiciário ir até onde as pessoas mais precisam. Muitas questões não chegariam ao Judiciário se não fôssemos até as pessoas para resolvê-las e isso é muito importante porque o Judiciário mostra que está disposto a contribuir para ajudar a população. A van do trânsito é uma forma mais acessível de prestação jurisdicional, já que no momento do acidente a justiça vai até o local tentar resolver, fazer com que as partes se entendam e entrem em acordo”, avaliou.

Ao falar da Justiça Sobre as Águas, ele não escondeu que foi uma grata surpresa e confessou não acreditar que teria tanto atendimento. “A população ribeirinha é volumosa, mas diferente da que se encontra na cidade. Você vai em um local onde moram 100 pessoas e acha que não vai ter tanta coisa, mas tivemos muitos atendimentos, muita procura, muitos questionamentos, muitas coisas simples que eles precisavam saber e era difícil deslocar-se até a cidade só para isso. Foi bem legal mostrar que a justiça está tentando chegar a eles”.

De acordo com o juiz, o Judiciário está propiciando meios para que os ribeirinhos tenham uma forma de defender seus direitos e acaba sendo uma felicidade para os que fazem esse trabalho porque são pessoas simples.

“Quando eles veem o barco chegando, já sabem que terão atendimento. A reação deles é diferente. A visita foi divulgada nas rádios e na hora chamamos o líder da localidade para avisar que estávamos ali para quem precisasse de uma assistência jurídica. O povo ia chegando contente. Alguns só queriam tirar dúvidas, outros têm processos e não sabiam o que tinha acontecido”.

Houve um caso em que o processo tramitou ali, na hora. Era uma ação de alimentos em que houve a citação e a intimação da parte ré, pois o oficial de justiça foi até o pai em um local próximo. A pessoa foi até o barco, fez-se o acordo na hora e tudo foi resolvido. “É mais trabalhoso, mas o resultado para uma pessoa que não teria o serviço se não fossemos até lá, vale todo o esforço. A intenção é fazer mais uma viagem ainda esse ano, mas dependemos de logística da Marinha”.

Na avaliação de Emerson, os juizados especiais surgiram com papel importante e, em MS, ele destacou a atuação do Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados, que tem apoiado os juízes que atuam na área a desenvolverem e melhor prestar seu serviço.

“Em Corumbá, o juizado especial funciona muito bem. O tempo de processamento dos feitos é bastante razoável, graças aos servidores, que fazem com que isso aconteça com bastante celeridade. A população fica feliz porque não demora a ter uma resposta. Sabemos que efetivar o direito, cumprir a determinação, às vezes, é difícil, porque depende das partes, mas estamos satisfeitos com a velocidade que conseguimos dar ao processo”, concluiu.

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JUSTIÇA ITINERANTE ATENDERá POPULAÇÃO DA COMARCA DE CORUMBá - 29/09/2015

Nos dias 3 e 4 de outubro, uma das unidades móveis da Justiça Itinerante estará em Corumbá para atender a população. Para quem não conhece, a Justiça Itinerante está se mostrando um caminho eficiente para a solução de problemas da população que necessita do Judiciário sul-mato-grossense.

Criado em 2001 em Campo Grande, o serviço foi disponibilizado na Comarca de Dourados em 2013 e, desde março, o ônibus da Itinerante vem percorrendo as comarcas do interior. O ônibus já se deslocou para Coxim, Ponta Porã, Paranaíba, Três Lagoas e Nova Andradina.

Por ser um serviço rápido e não gerar custos, a Justiça Itinerante atrai a população pela facilidade e por oferecer serviços jurídicos de modo ágil e de qualidade, pois tem competência para conciliar, processar e julgar causas cíveis de menor complexidade cujo valor não exceda 40 salários mínimos, bem como as causas relativas a direito de família.

Entre os serviços mais procurados estão conversões de união estável em casamento, divórcio direto, alimentos, cobrança, conversão de separação em divórcio, execuções de alimentos, reconhecimento de paternidade, guarda, dissolução de união estável, exoneração de alimentos, investigação de paternidade, entre outros.

Apesar de ser uma das mais rápidas formas de distribuir justiça, se a população que pretende utilizar os serviços já estiver com a documentação nas mãos, os resultados dos atendimentos podem ser ainda mais eficazes.

Você sabe quais documentos deve levar? Sabe em que casos vai precisar de testemunha? Então fique atento para as orientações:

a) reconhecimento de união estável ou conversão em casamento:

- solteiros devem levar certidão de nascimento;

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Revista dos Juizados Especiais Noticiário- divorciados precisam da certidão de casamento, com averbação do divórcio;

- viúvos podem levar certidão de casamento e certidão de óbito do (a) esposo (a) falecido (a), e a cópia do inventário ou formal de partilha;

- documentos pessoais (RG e CPF) do casal e certidão de nascimento dos filhos;

- duas testemunhas com documento (RG, Carteira de Trabalho ou CNH) que tenham conhecimento da convivência do casal e não sejam parentes.

b) pensão alimentícia:

- certidão de nascimento da (s) criança (s); endereço de quem vai se pedir os alimentos; documentos pessoais (RG e CPF); nome e endereço de três testemunhas.

c) execução de alimentos: sentença que fixou os alimentos; certidão de nascimento da (s) criança (s); endereço do devedor da pensão alimentícia; documentos pessoais (RG e CPF) do interessado.

d) conversão de separação judicial em divórcio: certidão de casamento com averbação da separação judicial; endereço do cônjuge, caso não seja consensual; documentos pessoais (RG e CPF) do requerente ou do casal para consensual; documentação de bens imóveis e móveis do casal, se ainda não houver sido feito a partilha na separação judicial.

e) divórcio: certidão de casamento; endereço do cônjuge, caso não seja consensual; documentos pessoais (RG e CPF) do requerente ou do casal em caso consensual; certidão de nascimento dos filhos; documentação de bens imóveis e móveis do casal; nome e endereço de três testemunhas.

f) reconhecimento de paternidade: certidão de nascimento da criança ou da pessoa a ser reconhecida; documentos pessoais dos pais (RG e CPF).

g) investigação de maternidade: certidão de nascimento da criança; endereço do suposto pai; documentos pessoais (RG e CPF) do interessado; nome e endereço de três testemunhas.

h) guarda: certidão de nascimento da crianças; endereço do pai ou da mãe de quem se vai pedir a guarda; documentos pessoais (RG e CPF) do requerente; nome e endereço de três testemunhas.

Além dessas modalidades de ação, também é possível pedir informações e esclarecimentos ou buscar outros serviços disponibilizados pelo Poder Judiciário.

Antes da chegada do ônibus em Corumbá, a servidora Noemi Feitosa atenderá a população no telefone 3231-3020, ramal 260, informando quais os tipos de documentos para cada ação e quando as testemunhas são necessárias.

Importante esclarecer ainda que os que desejam se casar não precisam agendar, basta chegar cedo ao local de atendimento. No ônibus da Justiça Itinerante só podem casar pessoas a partir de 16 anos, mas devem estar acompanhados do pai e da mãe obrigatoriamente para autorizar o casamento do menor. E não se pode esquecer que para o reconhecimento de união estável e sua conversão em casamento, o casal já deve morar junto como se casados fossem.

Preparado? Então aproveite a oportunidade em que a justiça vai até o cidadão.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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MUTIRÃO ENCERRA COMEMORAÇÃO DE 20 ANOS DA LEI DOS JUIZADOS 02/10/2015

De 21 a 25 de setembro, em alusão aos 20 anos da Lei 9.099/95, foram realizados 569 acordos em mutirão nas Varas dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul. A ação aconteceu nas 52 comarcas do Poder Judiciário de MS, intensificando-se as audiências no período matutino e vespertino e, por consequência, antecipando aquelas agendadas para período longínquo.

Para o coordenador estadual do evento, Des. Marco André Nogueira Hanson, que também preside o Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, o resultado do mutirão reflete positivamente no trabalho dos Juizados Especiais. “Os Juizados de MS, em quase sua totalidade, mantém um acervo processual dentro dos prazos e das metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CJN), resultando em uma prestação jurisdicional que cumpre os princípios norteadores da simplicidade e celeridade. Contudo, não há dúvida que o mutirão ocasiona impacto positivo no trabalho dos Juizados Especiais. Os relatórios já apresentados revelam esta assertiva”.

A mobilização fez parte da permanente política do TJMS em fortalecer a conciliação como forma de solução de conflitos e atende ao Programa Redescobrindo os Juizados Especiais, lançado pelo Conselho Nacional de Justiça, em comemoração aos 20 da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95).

Segundo o Desembargador Marco André, a gestão do Conselho de Supervisão tem buscado incessantemente uma Justiça célere e eficiente. “A redução do acervo processual é uma das metas do Conselho de Supervisão dos Juizados, que se empenha para ter uma prestação jurisdicional padronizada, facilitando o acesso à Justiça e, principalmente, proporcionando à população um sistema integrado que possibilite a solução rápida e eficiente dos conflitos que lhes compete, sem afastar o processo das normas Constitucionais”.

O Desembargador enfatiza que “o fazer sempre em prol dos Juizados é uma meta a ser seguida. O Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, juntamente com a Administração do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, sabedores do crescimento exponencial do número de demandas anuais, acompanha sistematicamente a movimentação processual de cada Comarca e busca investir na melhoria e ampliação

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Revista dos Juizados Especiais Noticiáriodos Juizados Especiais. A instalação do Centro Integrado de Justiça Des. Nildo de Carvalho, onde funcionará os Juizados da capital, o constante aperfeiçoamento e atualização de magistrados e servidores, a realização de processo seletivo para designação de juízes leigos que se avizinha, são projetos que estão sendo concretizados para proporcionar maior efetividade na entrega da prestação jurisdicional. Mas ainda há muito a fazer. As metas deste Conselho visam elevar o número de conciliações e reduzir o acervo processual, através de um trabalho de conscientização da população, nem sempre habituada a esse método de solução de conflitos, mas que traz em si a essência dos Juizados Especiais. Priorizar a criação de CEJUS’s e de Justiça Itinerante, são projetos que tendem a facilitar a solução de conflitos, proporcionando à população a aproximação do Judiciário e, por consequência, promovem a pacificação social no âmbito do Judiciário Estadual sul-mato-grossense”.

Para se ter ideia do trabalho dos Juizados Especiais em todo o Estado de MS, no mês de setembro deste ano, foram proferidas 13.143 decisões entre interlocutórias e julgamentos com ou sem resolução de mérito, segundo os dados, fornecidos pela Coordenadoria de Estatística, vinculada a Assessoria de Planejamento do TJMS.

Ações como estas confirmam o importante papel exercido pelos Juizados Especiais perante a sociedade e o Judiciário.

Destaque – Durante o período de comemoração dos 20 anos da Lei 9.099/05, o Poder Judiciário de MS destacou números e serviços como o Juizado Itinerante e o Juizado do Trânsito, na Capital de no interior, além dos atendimentos itinerantes dos quais faz parte também a Justiça Sobre as Águas, que foi uma ação realizada em convênio com a Marinha do Brasil, na Comarca de Corumbá.

Em entrevistas especiais, disponibilizadas no portal TJMS, o presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais, Des. Marco André Nogueira Hanson e o Des. aposentado Rêmolo Letteriello, um dos idealizadores dos juizados, abordaram a evolução nos 20 anos da Lei, o pioneirismo de MS, a visão do futuro e o aperfeiçoamento nítido que se alcançou ao longo dos anos com este Sistema da Justiça.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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JUIZADO DE CORUMBá ATENDERá POPULAÇÃO RIBEIRINHA DO PANTANAL - 15/10/2015

O juiz titular da Vara do Juizado Especial Cível e Criminal de Corumbá, Emerson Ricardo Fernandes, embarca neste sábado (17) na segunda missão do projeto “Justiça Sobre as Águas”, em parceria com a Marinha do Brasil, dando continuidade ao atendimento da população ribeirinha do Pantanal. A expectativa é de que o navio deixe a base naval de Ladário às 8 horas da manhã.

O atendimento ocorrerá nas localidades de Porto da Manga, Albuquerque e Porto Morrinho e se estende até o dia 19. O magistrado viaja acompanhado de um servidor e um oficial de justiça, e, além disso, solicitou a presença de membros do Ministério Público e da Defensoria Pública.

A primeira edição ocorreu no dia 2 de março, quando a equipe navegou pelo Rio Paraguai, realizando aproximadamente 50 atendimentos, cerca de 10 ações propostas, intervenções em processos já existentes e muitas informações prestadas ao longo dos quatro dias de trabalho.

Segundo o juiz, a expectativa é de que nesta edição seja realizada, no mínimo, a mesma quantidade de atendimentos. O magistrado buscou intensificar a divulgação do serviço para a comunidade de Albuquerque, que teve baixa participação na primeira missão do projeto.

Os casos mais comuns, afirma o juiz, são de família e pensão alimentícia. Em outras situações as pessoas já possuem processos na justiça, mas há tempos não sabem como estão os andamentos. Além disso, explica que são prestadas informações diversas ao público ribeirinho, muitas delas até que não são da competência judicial. “As idas dos ribeirinhos à cidade têm objetivos mais imediatos, como adquirir alimentos e na maioria das vezes falta tempo e informação para buscar os seus direitos”, completa.

O projeto “Justiça Sobre as Águas” é mais um instrumento de acesso à justiça e de reafirmação do Poder Judiciário junto à população carente do Estado, ressalta o Des. Marco André Nogueira Hanson, presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais.

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Revista dos Juizados Especiais Noticiário“O projeto leva a justiça até pessoas que necessitam resolver conflitos. E mais: a ação propicia o

atendimento às pessoas carentes, que tem os seus direitos ofendidos, os mais básicos, e que não tem acesso ao Poder Judiciário por estar longe da sede da comarca”.

O projeto é ambicioso pelas características da Comarca de Corumbá, que tem a maior extensão territorial de Mato Grosso do Sul, onde fica o Pantanal, ecossistema de planícies alagáveis (Patrimônio Natural da Humanidade concedido pela Unesco – ONU) e também a divisa internacional do Rio Paraguai, marco natural da fronteira brasileira com a Bolívia e o Paraguai.

O 6º Distrito Naval de Ladário, da Marinha do Brasil é o responsável neste projeto pelo apoio logístico e de navegação pelo Rio Paraguai. A Marinha já faz atendimentos sociais às populações ribeirinhas de Corumbá.

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TJ REALIZARá PROCESSO SELETIVO PARA A ESCOLHA DE JUÍZES LEIGOS - 28/10/2015

O Tribunal de Justiça publicou ontem (27) o edital para a realização do I Processo Seletivo Simplificado para a escolha de juízes leigos atuantes no Sistema dos Juizados Especiais do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul. O Processo Seletivo, sob a coordenação do Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais do Estado do Mato Grosso do Sul, Des. Marco André Nogueira Hanson, visa atender as disposições contidas na Resolução nº 174, de 12 de abril de 2013, do Conselho Nacional de Justiça.

Os candidatos aprovados comporão banco de reserva para atuar na função de juiz leigo, nas unidades dos Juizados Especiais das Comarcas de Mato Grosso do Sul. Poderão participar do processo seletivo advogados com mais de dois anos de efetivo exercício na advocacia profissional ou em atividade de natureza essencialmente jurídica, conforme os critérios estabelecidos no respectivo edital.

As inscrições serão abertas na Internet, pelo endereço eletrônico www.tjms.jus.br, no período compreendido entre 8 horas do dia 11/01/2016 até as 23h59 do dia 25/01/2016 (horário oficial de Mato Grosso do Sul) e o valor da inscrição é de R$ 50,00 (cinquenta reais).

Com duração de quatro horas, a prova escrita poderá contemplar tanto questões objetivas, quanto dissertativas e projeto de sentença, e será elaborada em conformidade com os conteúdos programáticos constantes do anexo II do respectivo Edital, a critério do Juiz Supervisor da unidade do Juizado Especial onde o leigo exercerá sua função, cuja escolha se dará no ato da inscrição. A data prevista para a realização das provas é 21/02/2016 (domingo).

A remuneração, de cunho meramente indenizatório, se dará por abono variável, na forma da Resolução n. 174/2013 e Resolução n. 564/2010 do TJMS, conforme constante no Anexo I do Edital e a validade do processo seletivo será de dois anos, a contar da data da publicação oficial da homologação dos classificados, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da Administração do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul.

Saiba mais – Os leigos são auxiliares da justiça com exercício de função temporária de relevante caráter público, sem vínculo empregatício ou estatutário com a Administração e o candidato regularmente convocado e designado exercerá a função pelo período de 4 (quatro) anos, prorrogável pelo mesmo período, no interesse da Administração, podendo ser suspenso, afastado ou desligado de suas funções ad nutum, a critério e conveniência da Administração do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e do Juiz a que esteja subordinado.

Confira no arquivo anexo a íntegra do edital publicado no Diário da Justiça.

Anexos:

1.Edital nº 1

http://www.tjms.jus.br/webfiles/producao/GP/noticiasArquivos/201510281251491.pdf

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DES. MARCO ANDRé: PRÓ X CONTRA SESSÃO VIRTUAL NO JULGAMENTO DE AÇõES JUDICIAIS - 18/11/2015

Nesta quinta-feira, dia 19 de novembro, o Tribunal de Justiça, por meio do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, fará realizar sessão de julgamento da 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais por meio de videoconferência, forma pioneira no Estado.

Essa iniciativa atende recomendação do CNJ – Conselho Nacional de Justiça e tem como objetivo conferir maior rapidez no julgamento em grau recursal, permitindo que os magistrados que compõem a sessão de julgamento se conectem ao terminal de videoconferência em seus gabinetes, podendo ao término da sessão virtual, retomar seus afazeres em suas Varas respectivas, resultando em economia de tempo e recursos materiais.

O Desembargador Marco André, Presidente do Conselho de Supervisão, entende que este é o caminho do futuro; porém, ressalvou ser adepto às sessões presenciais, visto que, além de serem a expressão máxima da atividade judicial, conferem transparência e contato pessoal entre o magistrado, partes e advogados.

Acentuou o Presidente do Conselho Supervisor que as audiências e sessões constituem um ato solene, que caracterizam a exteriorização da importância do Poder Judiciário para o funcionamento do Estado de Direito.

Com isso, a preocupação do Desembargador Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados é que se concilie a pretensão de aumento de quantitativo e celeridade nos julgamentos, com a qualidade, e que não se perca a mágica e a significância dos julgamentos colegiados presenciais, que já fazem parte da cultura social.

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TURMA RECURSAL REALIZA PRIMEIRA SESSÃO POR VIDEOCONFERÊNCIA EM MS - 19/11/2015

De forma pioneira no Estado, nesta quinta-feira (19), a 2ª Turma Recursal Mista dos Juizados Especiais realizou uma sessão por videoconferência. A iniciativa atende recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), conferindo maior rapidez no julgamento em grau recursal, permitindo que os magistrados integrantes da sessão de julgamento se conectem ao terminal de videoconferência de seus gabinetes, podendo, ao término da sessão virtual, retornar seus afazeres em suas respectivas varas, gerando economia de tempo e recursos.

A 2ª Turma Recursal Mista é composta pelos juízes Vitor Luis de Oliveira Guibo, Olivar Augusto Roberti Coneglian e Albino Coimbra Neto. De acordo com o juiz Vitor Guibo, trata-se de um sistema simples que não requer aparelho sofisticado ou maiores requisitos de informática.

Segundo ele, o equipamento é do Tribunal de Justiça, trata-se do mesmo computador já utilizado por cada juiz normalmente, e o programa é fornecido pelo CNJ. “Cuida-se de ferramenta de software disponibilizada pelo CNJ para uso em todo o país, seja para oitiva de testemunhas, participação de advogado distante em uma audiência ou sessão, ou a própria realização da audiência ou sessão à distância”.

Para o magistrado, a sessão por videoconferência pode beneficiar “pessoas que tenham dificuldades de locomoção para a audiência ou sessão ou mesmo garantir conforto de quem precisa estar presente em uma audiência distante. É o Judiciário se aproximando mais não só das partes, mas facilitando o acesso aos advogados, promotores, defensores e outros”.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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RJE, Campo Grande-MS, n. 16, 2014 322

Revista dos Juizados Especiais Noticiário

DES. MARCO ANDRé PARTICIPA DE FONAJE COM ENFOqUE NAS ALTERAÇõES DO NOVO CPC - 02/12/2015

Realizado em Belo Horizonte/MG, entre 25 e 27 de novembro de 2015, o XXXVIII FONAJE - Fórum Nacional de Juizados Especiais, contou com a participação do Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul. O Fórum teve como tema “Os Juizados Especiais e o Novo CPC”, com enfoque na repercussão das alterações do Novo CPC no Sistema dos Juizados Especiais.

As questões tecnológicas, a conciliação e os desafios decorrentes da ampliação de competência prevista na Lei dos Juizados da Fazenda Pública (Lei 12.153/09) também tiveram importante abordagem. Para o Desembargador Marco André Nogueira Hanson, Presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais de Mato Grosso do Sul, o encontro é de extrema relevância aos Juizados Especiais, porque possibilita o aprimoramento da prestação jurisdicional, fixando-se diretrizes ao bom funcionamento do Sistema.

Visando uniformizar procedimentos, foram dadas novas redações a Enunciados já vigentes (90, 97 e 101), assim como houve a proposição de novos Enunciados, dentre os quais se destaca a seguinte orientação: “Considerando o princípio da especialidade, o CPC /2015 só terá aplicação ao sistema dos Juizados Especiais nas hipóteses de expressa e específica remissão, ou na hipótese de compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º, da Lei n. 9.099/95”.

Os novos Enunciados e as alterações nos já vigentes, serão divulgados no link dos Juizados, na página do TJ/MS (www.tjms.jus.br). Concluiu o Desembargador Presidente do Conselho Supervisor, que a participação dos Juízes de Direito Titulares de Juizados Especiais ou em atuação em Juizados Especiais Adjuntos deve ser estimulada, a fim de congregar Magistrados e promover o Sistema dos Juizados Especiais.

Também esteve presente no XXXVIII FONAJE, o Juiz Titular da 2ª Vara do Juizado Especial Central de Campo Grande, Dr. Francisco Vieira De Andrade Neto.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - [email protected]

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Índice Onomástico

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 324

Revista dos Juizados Especiais

ÍNDICE ONOMáSTICO

Primeira Turma Recursal Mista

Daniel Della Mea Ribeiro

Apelação n. 0000933-17.2015.8.12.0008 ..................................................................................................027

Apelação n. 0800055-42.2015.8.12.0046 ..................................................................................................028

Apelação n. 0800858-53.2013.8.12.0027 ..................................................................................................030

Apelação n. 0803428-08.2014.8.12.0017 ..................................................................................................032

Apelação n. 0804043-37.2014.8.12.0101 ..................................................................................................035

Denize de Barros Dodero Rodrigues

Apelação n. 0009996-85.2014.8.12.0110 ..................................................................................................037

Apelação n. 0800418-29.2015.8.12.0046 ..................................................................................................039

Apelação n. 0800985-26.2014.8.12.0101 ..................................................................................................042

Apelação n. 0801198-68.2015.8.12.0110 ..................................................................................................043

Apelação n. 0809129-59.2014.8.12.0110 ..................................................................................................046

Eliane de Freitas Lima Vicente

Apelação n. 0800779-12.2014.8.12.0101 ..................................................................................................047

Apelação n. 0801095-26.2013.8.12.0015 ..................................................................................................048

Apelação n. 0806694-49.2013.8.12.0110 ..................................................................................................050

Apelação n. 0809430-40.2013.8.12.0110 ..................................................................................................051

Apelação n. 0811901-63.2012.8.12.0110 ..................................................................................................055

Francisco Vieira de Andrade Neto

Recurso Inominado n. 0800036-72.2014.8.12.0110 ..................................................................................057

Recurso Inominado n. 0800039-81.2015.8.12.0016 ..................................................................................059

Recurso Inominado n. 0800723-49.2014.8.12.0110 ..................................................................................060

Recurso Inominado n. 0800931-26.2015.8.12.0101 ..................................................................................061

Recurso Inominado n. 0809466-48.2014.8.12.0110 ..................................................................................062

Wagner Mansur Saad

Apelação n. 0100238-86.2011.8.12.0016 ..................................................................................................063

Apelação n. 0801857-14.2014.8.12.0110 ..................................................................................................065

Apelação n. 0802889-54.2014.8.12.0110 ..................................................................................................067

Apelação n. 0803952-51.2013.8.12.0110 ..................................................................................................069

Apelação n. 0809315-19.2013.8.12.0110 ..................................................................................................071

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 325

Revista dos Juizados Especiais

Wilson Leite Correa

Apelação n. 0001921-24.2013.8.12.0003 ..................................................................................................073

Apelação n. 0001954-78.2013.8.12.0014 ..................................................................................................075

Apelação n. 0807727-74.2013.8.12.0110 ..................................................................................................076

Mandado de Segurança n. 4000182-20.2013.8.12.9000 ............................................................................077

Agravo Regimental n. 4000318-80.2014.8.12.9000/50000 .......................................................................079

Segunda Turma Recursal Mista

Albino Coimbra Neto

Apelação n. 0007769-25.2014.8.12.0110 ..................................................................................................082

Apelação n. 0802259-59.2013.8.12.0004 ..................................................................................................085

Apelação n. 0804139-10.2014.8.12.0018 ..................................................................................................087

Apelação n. 0807311-72.2014.8.12.0110 ..................................................................................................088

Habeas corpus n. 4000042-15.2015.8.12.9000 .........................................................................................090

Alexandre Tsuyoshi Ito

Apelação n. 0800374-70.2014.8.12.0005 ..................................................................................................093

Apelação n. 0803295-91.2013.8.12.0019 ..................................................................................................097

Apelação n. 0803384-83.2014.8.12.0018 ..................................................................................................099

Apelação n. 0803888-34.2014.8.12.0101 ..................................................................................................101

Apelação n. 0807773-63.2013.8.12.0110 ..................................................................................................103

Cezar Luiz Miozzo

Apelação n. 0003681-41.2014.8.12.0110 ..................................................................................................105

Apelação n. 0005149-40.2014.8.12.0110 ..................................................................................................107

Apelação n. 0015658-64.2013.8.12.0110 ..................................................................................................109

Apelação n. 0800347-84.2014.8.12.0006 ..................................................................................................112

Apelação n. 0805936-70.2013.8.12.0110 ..................................................................................................114

Eliane de Freitas Lima Vicente

Apelação n. 0800629-38.2013.8.12.0110 ..................................................................................................116

Apelação n. 0800662-76.2014.8.12.0018 ..................................................................................................127

Apelação n. 0802578-48.2014.8.12.0018 ..................................................................................................129

Apelação n. 0803966-62.2013.8.12.0101 ..................................................................................................133

Apelação n. 0804972-92.2013.8.12.0008 ..................................................................................................147

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 326

Revista dos Juizados Especiais

Katy Braun do Prado

Apelação n. 0000538-44.2014.8.12.0110 ..................................................................................................149

Apelação n. 0005962-04.2013.8.12.0110 ..................................................................................................151

Apelação n. 0800163-49.2012.8.12.0055 ..................................................................................................153

Apelação n. 0800608-89.2013.8.12.0101 ..................................................................................................155

Apelação n. 0810274-87.2013.8.12.0110 ..................................................................................................157

Olivar Augusto Roberti Coneglian

Apelação n. 0800035-11.2015.8.12.0027 ..................................................................................................159

Agravo Regimental n. 0801307-46.2014.8.12.0101/50000 .......................................................................162

Agravo Regimental n. 0803357-79.2013.8.12.0101/50000 .......................................................................164

Agravo Regimental n. 0803528-87.2014.8.12.0008/50000 .......................................................................166

Apelação n. 0803742-29.2015.8.12.0110 ..................................................................................................168

Patrícia Kelling Karloh

Apelação n. 0002107-17.2013.8.12.0110 ..................................................................................................171

Apelação n. 0006367-40.2013.8.12.0110 ..................................................................................................172

Apelação n. 0015090-48.2013.8.12.0110 ..................................................................................................175

Apelação n. 0806894-89.2013.8.12.0002 ..................................................................................................176

Apelação n. 0810773-08.2012.8.12.0110 ..................................................................................................177

Ricardo Gomes Façanha

Agravo Regimental n. 0002455-35.2013.8.12.0110/50000 .......................................................................180

Agravo Regimental n. 0800347-14.2012.8.12.0052/50000 .......................................................................184

Agravo Regimental n. 0800886-21.2013.8.12.0027/50000 .......................................................................177

Agravo Regimental n. 0800918-71.2013.8.12.0012/50000 .......................................................................189

Agravo Regimental n. 0800955-86.2013.8.12.0016/50000 .......................................................................192

Vitor Luis de Oliveira Guibo

Apelação n. 0800469-94.2014.8.12.0007 ..................................................................................................195

Apelação n. 0800595-27.2014.8.12.0046 ..................................................................................................198

Apelação n. 0803511-24.2014.8.12.0017 ..................................................................................................201

Apelação n. 0804085-23.2013.8.12.0101 ..................................................................................................203

Mandado de Segurança n. 1404027-12.2015.8.12.0000 ............................................................................208

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 327

Revista dos Juizados EspeciaisTerceira Turma Recursal Mista

Aldo Ferreira da Silva Junior

Apelação n. 0001294-42.2013.8.12.0028 ..................................................................................................213

Apelação n. 0800796-09.2014.8.12.0114 ..................................................................................................216

Apelação n. 0801192-92.2014.8.12.0014 ..................................................................................................218

Apelação n. 0803841-18.2014.8.12.0018 ..................................................................................................220

Apelação n. 0805104-36.2014.8.12.0002 ..................................................................................................221

Alexandre Branco Pucci

Apelação n. 0800176-33.2014.8.12.0005 ..................................................................................................223

Apelação n. 0800769-31.2015.8.12.0101 ..................................................................................................225

Apelação n. 0802672-96.2014.8.12.0017 ..................................................................................................227

Apelação n. 0803297-33.2014.8.12.0017 ..................................................................................................229

Apelação n. 0807334-52.2013.8.12.0110 ..................................................................................................231

Carlos Alberto Garcete de Almeida

Apelação n. 0003109-37.2013.8.12.0008 ..................................................................................................234

Apelação n. 0800166-50.2014.8.12.0114 ..................................................................................................236

Apelação n. 0800542-48.2014.8.12.0110 ..................................................................................................238

Apelação n. 0802223-80.2014.8.12.0101 ..................................................................................................240

Habeas Corpus n. 4000506-73.2014.8.12.9000 ........................................................................................242

César Castilho Marques

Apelação n. 0008916-23.2013.8.12.0110 ..................................................................................................244

Apelação n. 0800905-23.2014.8.12.0114 ..................................................................................................246

Apelação n. 0801080-69.2013.8.12.0011 ..................................................................................................248

Apelação n. 0802691-73.2012.8.12.0017 ..................................................................................................250

Apelação n. 0802743-62.2014.8.12.0029 ..................................................................................................252

Paulo Henrique Pereira

Apelação n. 0802387-52.2013.8.12.0110 ..................................................................................................254

Apelação n. 0802826-17.2014.8.12.0017 ..................................................................................................256

Apelação n. 0807381-62.2013.8.12.0001 ..................................................................................................258

Apelação n. 0808410-14.2013.8.12.0110 ..................................................................................................260

Apelação n. 0809108-20.2013.8.12.0110 ..................................................................................................262

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 328

Revista dos Juizados EspeciaisSandra Regina da Silva Ribeiro Artiolli

Apelação n. 0800009-29.2014.8.12.0033 ..................................................................................................264

Apelação n. 0800095-51.2014.8.12.0016 ..................................................................................................266

Apelação n. 0800217-35.2013.8.12.0037 ..................................................................................................269

Apelação n. 0802857-47.2012.8.12.0101 ..................................................................................................271

Apelação n. 0803262-22.2013.8.12.0110 ..................................................................................................273

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Índice de Assuntos

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 330

Revista dos Juizados EspeciaisÍNDICE DE ASSUNTOS

Ação de cobrança

Seguro obrigatório. Despesas médicas comprovadas. Previsão legal. Reembolso devido. Correção monetária. Incidência a partir do evento danoso. Juros de mora. Aplicados desde a citação (0100238-86.2011.8.12.0016) ....................................................................................................................................063

Ação de reparação de danos

Telefonia móvel. Falha no sinal. Deficiência na prestação do serviço. Mero dissabor. Dano moral. Indenização indevida (0800035-11.2015.8.12.0027) .....................................................................................................159

Ação de repetição de indébito

Contratação de serviço de internet. Não comprovação. Ônus da prova. Desconto em conta corrente. Ato Ilícito configurado. Devolução simples. Dano moral. Indenização devida (0801080-69.2013.8.12.0011) ........................................................................................................................ 248

Empréstimo consignado. Quitação antecipada da dívida. Redução proporcional dos juros de demais acréscimos. Devolução em dobro do indébito. Possibilidade (0805936-70.2013.8.12.0110) ...................114

Ação declaratória

Inexistência de débito. Fraude prática por terceiro. Incapaz. Indígena. Incompetência do Juizado Especial. Extinção do processo (0800009-29.2014.8.12.0033) ................................................................................264

Inexistência de débito. Negativação. Indenização. Dano moral. Quantum. Proporcionalidade e razoabilidade. Diminuição (0804043-37.2014.8.12.0101) ................................................................................................035

Inexistência de débito. Serviço de fornecimento de água. Irregularidade no hidrômetro. Não comprovação de fraude. Aumento desproporcional da fatura mensal. Revisão. Possibilidade (0000538-44.2014.8.12.0110) ................................................................................................................................. 149

Recolhimento do ITCMD. Isenção fiscal. Não cabimento (0801307-46.2014.8.12.0101/50000) ............162

Acidente de trânsito

Colisão com veículo estacionado. Ausência de cautela dos condutores. Culpa concorrente. Danos materiais. Indenização indevida (0001921-24.2013.8.12.0003) ................................................................................073

Cadastro de inadimplentes

Inscrição indevida. Fraude praticada por terceiros. Ausência de cautela da empresa. Dano moral in re ipsa. Valor excessivo. Revisão (0803888-34.2014.8.12.0101) ..........................................................................101

Compra pela internet. Falha na entrega da mercadoria. Cancelamento da compra. Restituição parcial dos valores pagos. Inscrição indevida. Dano moral. Indenização devida (0001294-42.2013.8.12.0028) .......213

Cartão de crédito

Redução do limite sem prévio aviso ao consumidor. Dano moral configurado. Indenização devida (0803742-29.2015.8.12.0110) ....................................................................................................................................168

Cobrança

Despesas hospitalares. Internação em hospital particular. Ausência de leito no SUS. Termo de responsabilidade. Estado de perigo. Não comprovação (0800985-26.2014.8.12.0101) ............................042

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 331

Revista dos Juizados EspeciaisCompra e venda

Imóvel. Atraso na entrega. Lucros cessantes. Presunção. Cabimento (0807334-52.2013.8.12.0110) ......231

Concurso público

Cargo de professor. Candidato portador de lordose. Inaptidão para o cargo. Nulidade do ato administrativo (0806894-89.2013.8.12.0002) ................................................................................. 176

Consórcio

Consorciado contemplado. Liberação da carta de crédito negada. Negativação do nome do consorciado. Rescisão contratual. Restituição imediata dos valores pagos. Cláusula penal. Taxa de administração. Danos material e moral. Indenização indevida (0803966-62.2013.8.12.0101) ....................................................133

Consumidor

Banco. Fila. Tempo de espera. Descumprimento de lei municipal. Dano moral não evidenciado. Indenização indevida (0802889-54.2014.8.12.0110) .....................................................................................................067

Repetição de indébito. TV por assinatura. Cobrança de ponto adicional. Prática abusiva. Restituição devida na forma simples (0809430-40.2013.8.12.0110) .......................................................................................051

Tarifas bancárias. Restituição de valores. Tarifa de cadastro. Possibilidade (0800347-14.2012.8.12.0052/50000) .........................................................................................................................184

Contrato

Locação de imóvel. Prestação de fiança. Cláusula de solidariedade. Causa debendi. Demonstração (0803841-18.2014.8.12.0018) ....................................................................................................................................220

Contrato de financiamento

Tarifas bancárias. Previsão contratual. Abusividade. Comprovação. Necessidade (0802672-96.2014.8.12.0017) ....................................................................................................................................227

Contravenção penal

Perturbação do sossego alheio. Art. 65 do Dec.Lei 3688/41. Provas suficientes (0003109-37.2013.8.12.0008) ....................................................................................................................................234

Dano material

Promessa de compra e venda. Atraso na entrega do imóvel. Danos materiais configurados. Indenização devida (0809108-20.2013.8.12.0110) ........................................................................................................262

Queda de árvore sobre veículo. Responsabilidade objetiva do Município. Danos materiais comprovados. Indenização devida. Quantum mantido (0800723-49.2014.8.12.0110) .....................................................060

Dano moral

Cadastro de inadimplentes. Manutenção da restrição. Débito inexistente. Dano moral in re ipsa. Indenização devida (0800918-71.2013.8.12.0012/50000) .............................................................................................189

Cobrança indevida e vexatória. Descontos indevidos. Linha telefônica. Dano moral caracterizado. Indenização devida (0804139-10.2014.8.12.0018) ....................................................................................087

Cobrança indevida por telefone. Mero aborrecimento. Indenização indevida (0800469-94.2014.8.12.0007) ........................................................................................................................ 195

Cobrança indevida. Repetição do indébito. Restituição em dobro. Dano moral. Indenização devida (0800176-33.2014.8.12.0005) ....................................................................................................................223

Compra e venda. Veículo. Tradição. Ausência de transferência junto ao Detran. Dano moral não configurado. Indenização indevida (0807381-62.2013.8.12.0001) ................................................................................258

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 332

Revista dos Juizados Especiais

Conta salário não movimentada. Cobrança de encargos. Inscrição indevida. Dano moral configurado. Indenização devida (0015658-64.2013.8.12.0110) ....................................................................................109

Deficiente físico. Negativa de concessão de passe livre. Viagem interestadual. Dano moral demonstrado. Indenização devida (0802857-47.2012.8.12.0101) ....................................................................................271

Empréstimo consignado. Desconto em folha. Sem repasse à instituição financeira. Pagamento em atraso. Culpa do Município. Inscrição em cadastro de inadimplentes. Dano moral caracterizado. Indenização devida (0800858-53.2013.8.12.0027) ........................................................................................................030

Inscrição em cadastro de inadimplentes. Falta de comunicação prévia. Danos morais configurados. Indenização devida (0800039-81.2015.8.12.0016) ....................................................................................059

Serviço de telefonia e internet. Falha na prestação do serviço. Cobrança indevida. Inviabilidade técnica não demonstrada. Dano moral evidenciado. Indenização devida (0804972-92.2013.8.12.0008) ....................147

Venda de produto com data de validade expirada. Devolução do valor. Inversão do ônus da prova. Dano moral inexistente. Indenização indevida (0008916-23.2013.8.12.0110) ...................................................244

Defesa do consumidor

Banco. Fila. Tempo de espera. Dano moral. Mero aborrecimento. Indenização indevida (0802743-62.2014.8.12.0029) ....................................................................................................................................252

Suspensão no fornecimento de água. Ausência de notificação prévia. Multa. Ligação clandestina à rede de abastecimento de esgoto. Possibilidade. Dano moral. Indenização devida (0807773-63.2013.8.12.0110) ........................................................................................................................ 103

Direito do consumidor

Ação indenizatória. Companhia aérea. Danos morais. Atraso de voo. Passageiro desamparado. Pernoite em aeroporto. Indenização devida (0803357-79.2013.8.12.0101/50000) .......................................................164

Direitos autorais

Casamento realizado em clube. Execução de músicas. Contratação de profissionais. Pagamento. Taxa. Ecad. Possibilidade (0810274-87.2013.8.12.0110) ...................................................................................157

Embargos à execução

Fazenda pública. Título executivo. Bloqueio de valores. Impossibilidade (0802691-73.2012.8.12.0017) ........................................................................................................................ 250

Embargos de terceiro

Ex-cônjuge do executado. Bem imóvel. Propriedade advinda de separação judicial. Ausência de registro de formal de partilha. Inviabilidade da penhora. Simulação. Não cabimento (0800347-84.2014.8.12.0006) ........................................................................................................................ 112

Energia elétrica

Cobrança de débitos pretéritos. Recuperação de consumo. Interrupção. Ilegalidade (1404027-12.2015.8.12.0000) ....................................................................................................................................208

Dificuldade de acesso ao medidor. Consumo pela média. Possibilidade (0006367-40.2013.8.12.0110) ....................................................................................................................172

Inexistência de débito. Cobrança indevida. Violação do medidor. Arbitramento do consumo. Dano moral. Indenização indevida (0807727-74.2013.8.12.0110) .................................................................................076

Suspensão no fornecimento do serviço. Inscrição nos órgãos restritivos. Irregularidade no medidor. Cobrança de diferença de consumo. Não comprovação. Repetição de indébito. Restituição na forma simples. Dano moral. Indenização indevida (0800769-31.2015.8.12.0101) .....................................................................225

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 333

Revista dos Juizados EspeciaisHabeas corpus

Exceção de litispendência. Policial militar. Abuso de autoridade. Competência do juizado especial criminal. Lesão corporal. Justiça militar. Separação dos julgamentos. Trancamento do TCO. Incabível. Ordem denegada (4000042-15.2015.8.12.9000) ...................................................................................................090

Imposto causa mortis

Único imóvel. Isenção. Incidência do ITCD. Código Tributário Estadual (0800779-12.2014.8.12.0101) ........................................................................................................................ 047

Indenização

Atropelamento em estacionamento comercial. Veículo de terceiro. Responsabilidade da loja. Dano moral configurado. Quantum indenizatório. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade (0800608-89.2013.8.12.0101) ....................................................................................................................................155

Bloqueio de conta corrente. Inversão do ônus da prova. Quantum. Princípio da proporcionalidade. Dano Moral. Indenização devida (0800166-50.2014.8.12.0114) ........................................................................236

Cheque pré-datado. Apresentação antecipada. Danos material e moral. Indenização devida (0800163-49.2012.8.12.0055) ....................................................................................................................................153

Cobrança indevida. Mero dissabor. Danos morais não configurados. Indenização indevida (0803528-87.2014.8.12.0008/50000) .........................................................................................................................166

Colisão com objeto na pista. Responsabilidade objetiva da concessionária. Danos materiais comprovados. Quantum mantido. Danos morais não configurados (0800931-26.2015.8.12.0101) .................................061

Compra de notebook. Produto que se alega estar com defeito. Assistência técnica autorizada. Não permitida a abertura do aparelho para verificação. Recusa injustificada. Danos material e moral. Indenização indevida (0800662-76.2014.8.12.0018) ....................................................................................................................127

Compra realizada mediante fraude. Dano moral. Indenização devida. Princípio da razoabilidade. Redução (0800985-26.2014.8.12.0101) ....................................................................................................................042

Demora na entrega de diploma. Ilícito não evidenciado. Indenização indevida (0805104-36.2014.8.12.0002) ....................................................................................................................................221

Demora na entrega de móveis. Responsabilidade solidária. Dano moral. Indenização devida (0005962-04.2013.8.12.0110) ....................................................................................................................................151

Demora na instalação dos serviços de internet e telefonia fixa. Responsabilidade técnica. Descumprimento contratual. Falha na prestação do serviço. Dano moral. Indenização indevida (0005149-40.2014.8.12.0110) ....................................................................................................................................107

Empréstimo consignado. Desconto indevido em conta corrente. Má-fé caracterizada. Devolução em dobro. Dano moral. Indenização devida (0802259-59.2013.8.12.0004) ...............................................................085

Hospital. Internação para realização de procedimento cirúrgico. Furto de objetos do paciente. Dano material e moral não caracterizados. Indenização indevida (0806694-49.2013.8.12.0110) ....................................050

Inscrição em cadastro de inadimplentes. Legalidade. Ausência de comprovação. Dano moral configurado. Indenização devida (0800055-42.2015.8.12.0046) ....................................................................................028

Inscrição indevida. Dano moral in re ipsa. Multa diária. Incabível. Valor da indenização. Princípio da razoabilidade. Redução (0800036-72.2014.8.12.0110) .............................................................................057

Inscrição indevida. Dano moral in re ipsa. Quantum indenizatório. Dano moral. Indenização devida (0800955-86.2013.8.12.0016/50000) ........................................................................................................192

Interrupção no fornecimento de energia elétrica. Dano moral. Indenização indevida (0002455-35.2013.8.12.0110/50000) .........................................................................................................................180

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 334

Revista dos Juizados Especiais

Interrupção no fornecimento de energia elétrica. Erro de unidade consumidora. Dano moral. Indenização devida (0800217-35.2013.8.12.0037) ........................................................................................................269

Propaganda enganosa. Dano moral não evidenciado. Indenização indevida (0809315-19.2013.8.12.0110) ................................................................................................................................ 71

Protesto indevido. Quitação. Dívida inexistente. Dano moral. Indenização devida (0800886-21.2013.8.12.0027/50000) .........................................................................................................................187

Sistema concentre scoring. Serasa. Legalidade da ferramenta. Dano moral. Indenização indevida (0804085-23.2013.8.12.0101) ....................................................................................................................................203

Telefonia móvel. Falha na prestação do serviço. Prova. Dano moral. Indenização indevida (0803428-08.2014.8.12.0017) ....................................................................................................................................032

Transporte de mercadorias. Extravio de objetos. Violação de encomenda. Falha na prestação do serviço. Dano material comprovado. Dano moral caracterizado. Indenização devida (0811901-63.2012.8.12.0110) .............................................................................................................................. 055

Mandado de Segurança

Impugnação ao cumprimento de sentença. Decisão que desafia recurso inominado. Precedentes. Ordem concedida (4000182-20.2013.8.12.9000) ..................................................................................................077

Substituto de recurso. Inadequação da via. Agravo regimental improvido (4000318-80.2014.8.12.9000/50000) .........................................................................................................................079

Multa de trânsito

Infrator não encontrado. Publicação por edital. Comprovação de apenas uma notificação. Nulidade da multa e respectiva cobrança (0002107-17.2013.8.12.0110) ................................................................................171

Plano de saúde

Cobertura. Doença preexistente. Carência de 24 meses. Urgência e emergência (0809129-59.2014.8.12.0110) ....................................................................................................................................046

Exame médico. Recusa de cobertura. Recusa indevida. Danos morais. Reiteração da conduta lesiva. Indenização devida. Quantum indenizatório (0803384-83.2014.8.12.0018) ...............................................99

Negativa de cobertura. Exame médicos. CDC. Devolução dos valores pagos. Dano moral configurado. Indenização devida (0015090-48.2013.8.12.0110) ....................................................................................175

Tratamento médico. Ausência de previsão contratual. Cobertura somente para o método convencional. Recusa injustificada. Danos material e moral. Indenização devida (0809466-48.2014.8.12.0110) ..........062

Prisão em flagrante

Liberdade provisória. Prisão preventiva. Ausência de decisão judicial. Violação do art. 310 do CPP. Constrangimento ilegal (4000506-73.2014.8.12.9000) .............................................................................242

Promessa de compra e venda

Cobrança de corretagem. Conduta abusiva. Repetição do indébito na forma simples (0808410-14.2013.8.12.0110) ....................................................................................................................................260

Protesto

Duplicatas mercantis. Título pago. Protesto indevido. CEF. Ilegitimidade passiva ad causam. Dano moral. Indenização indevida (0001954-78.2013.8.12.0014) ................................................................................075

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 335

Revista dos Juizados Especiais

Título. Pagamento da obrigação vencida. Cancelamento. Ônus. Devedor. Relação de consumo. Irrelevância. Dano moral. Inexistência (0800595-27.2014.8.12.0046) ..........................................................................198

Recurso inominado

Ação de conhecimento. Juízo de admissibilidade. Recolhimento parcial do preparo. Enunciado 80 do FONAJE (0803297-33.2014.8.12.0017) ....................................................................................................229

Juízo de admissibilidade. Preparo. Recolhimento parcial. Base de cálculo. Valor da causa. Deserção (0803511-24.2014.8.12.0017) ....................................................................................................................201

Reparação de danos

Pacote de viagem adquirido em agência de viagem. Erro na grafia do nome. Impossibilidade de embarque. Danos material e moral. Indenização devida (0003681-41.2014.8.12.0110) ............................................105

Responsabilidade civil

Bloqueio indevido de linha telefônica. Fatura quitada. Quantum. Redução. Princípio da proporcionalidade. Dano moral. Indenização devida (0802223-80.2014.8.12.0101) ...............................................................240

Endosso-mandato. Protesto indevido. Legitimidade passiva da instituição financeira. Necessidade de culpa. Dano moral. Indenização indevida (0803952-51.2013.8.12.0110) ............................................................069

Furto em agência bancária. Inversão do ônus da prova. Responsabilidade objetiva. Condenação em danos materiais. Mantida. Danos morais. Afastados. Mero dissabor (0803295-91.2013.8.12.0019) ..................097

Protesto indevido. Débito inexistente. Inscrição no cadastro de inadimplentes. Dano moral. Quantum. Redução. Princípio da proporcionalidade (0801080-69.2013.8.12.0011) .................................................248

Serviço de telefonia móvel. Falha na prestação do serviço. Dano moral não caracterizado. Indenização devida (0802826-17.2014.8.12.0017) ........................................................................................................256

Seguro

Cancelamento sem prévia comunicação ao segurado. Dano moral caracterizado. Indenização devida (0000933-17.2015.8.12.0008) ....................................................................................................................027

Cobrança. Estipulante do contrato. Ilegitimidade passiva. Elementos fáticos e contratuais. Reexame. Impossibilidade (0007769-25.2014.8.12.0110) .........................................................................................082

Fiança. Aluguel. Sinistro ocorrido. Pagamento parcial do seguro por tardia notificação à seguradora. Perda do direito à indenização. Abusividade (0810773-08.2012.8.12.0110) ......................................................177

Seguro residencial

Furto. Cláusula limitativa. Cobertura. Boa fé contratual. Inobservância (0801192-92.2014.8.12.0014) ....................................................................................................................218

SERASA

Cadastro restritivo de crédito. Notificação prévia. Aviso de recebimento. Desnecessidade. Súmula 404 do STJ (0800095-51.2014.8.12.0016) ............................................................................................................266

Serviço de energia elétrica

Multa. Irregularidade em medidor de consumo. Inversão do ônus da prova. Fraude não comprovada. Débito inexistente. Dano moral. Indenização devida (0800217-35.2013.8.12.0037) ...........................................269

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RJE, Campo Grande-MS, n. 17, 2015 336

Revista dos Juizados EspeciaisServiço de telefonia

Contratação fraudulenta. Inscrição indevida. Dano moral caracterizado. Indenização devida (0802578-48.2014.8.12.0018) ....................................................................................................................................129

Transporte aéreo

Agência de viagens. Extravio de bagagem. Viagem internacional. Culpa de terceiro. Responsabilidade da companhia aérea. Danos materiais e morais. Indenização devida (0802387-52.2013.8.12.0110) ............254

Alteração no horário de voo sem prévio aviso. Falha na prestação do serviço. Responsabilidade objetiva. Danos material e moral configurado. Indenização devida. Princípios da razoabilidade proporcionalidade. Quantum mantido (0801095-26.2013.8.12.0015) ......................................................................................048

Atraso de voo. Empresa aérea que forneceu alimentação ao passageiro. Atraso inferior a seis horas. Danos material e moral. Indenização indevida (0801198-68.2015.8.12.0110).....................................................043

Atraso na entrega da bagagem. Mero aborrecimento. Dano moral não evidenciado. Indenização indevida (0801857-14.2014.8.12.0110) ....................................................................................................................065

Cancelamento de voo. Defeito na prestação do serviço. Danos material e moral configurados. Valor da indenização. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (0800374-70.2014.8.12.0005) ............093

Cancelamento de voo. Overbooking. Dano moral. Indenização devida (0807311-72.2014.8.12.0110) ...088

Voo cancelado. Viagem internacional. Falha na prestação dos serviços. Danos morais configurados. Indenização devida (0009996-85.2014.8.12.0110) ....................................................................................037

Transporte público municipal

Carteira de isenção tarifária. Portador de doença grave. Previsão para o acompanhante (0800542-48.2014.8.12.0110) ....................................................................................................................................238

Tributário

Cobrança. ISSQN. Serviços realizados em municípios distinto da sede da empresa. Imposto devido no local do estabelecimento do prestador (0800629-38.2013.8.12.0110) ...............................................................116