67
Neoclassicismo Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegaçãopesquisa O Juramento dos Horácios, por Jacques-Louis David, 1784, Museu do LouvreParisUma das obras mais conhecidas e influentes da escola neoclássica O Neoclassicismo  foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do século XVIII, que teve larga influência na arte e cultura de todo o ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco e RococóÍndice [esconder 1 Contexto e caracterização geral  2 Literatura   3 Artes plásticas o 3.1 Principais características do Neoclassicismo nas artes plásticas o 3.2 Pintura o 3.3 Escultura  4 Música  5 Arquitetura  6 Interiores e mobiliário  7 Teatro  8 Neoclassicismo no Brasil  9 Referências  10 Ver também 

Neoclassic is Mo

Embed Size (px)

Citation preview

NeoclassicismoOrigem: Wikipdia, a enciclopdia livre.Ir para: navegao, pesquisa

O Juramento dos Horcios, por Jacques-Louis David, 1784, Museu do Louvre, Paris. Uma das obras mais conhecidas e influentes da escola neoclssicaO Neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do sculo XVIII, que teve larga influncia na arte e cultura de todo o ocidente at meados do sculo XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clssica, advogando os princpios da moderao, equilbrio e idealismo como uma reao contra os excessos decorativistas e dramticos do Barroco e Rococ.ndice[esconder] 1 Contexto e caracterizao geral 2 Literatura 3 Artes plsticas 3.1 Principais caractersticas do Neoclassicismo nas artes plsticas 3.2 Pintura 3.3 Escultura 4 Msica 5 Arquitetura 6 Interiores e mobilirio 7 Teatro 8 Neoclassicismo no Brasil 9 Referncias 10 Ver tambm

Contexto e caracterizao geral[editar]Ver artigo principal: ClassicismoOs primeiros sinais do Neoclassicismo se fazem notar em vrios pontos da Europa nas primeiras dcadas do sculo XVIII, embora desde j se deva advertir que a cronologia dos estilos sempre muito polmica, e seus limites, muito imprecisos. O Neoclassicismo, como o nome indica, foi um movimento cultural revivalista, que voltou-se para a Antiguidade clssica - a Grcia e a Roma antigas - como a principal referncia esttica e modelo de vida. Considerava-se h muito tempo que a tradio clssica, onde se inclua a cultura renascentista, ela tambm um revivalismo classicista, era imbuda de grande autoridade moral e esttica, e por isso era um modelo ideal. De fato, a "volta aos clssicos" um fenmeno recorrente na histria da cultura do ocidente.1 2 3 4 5

Uma tpica obra rococ: Terpischore, 1739, de Franois Boucher

A escavao do Templo de sis em Pompia, ilustrao de Pietro Fabris no tratado Campi Phlegraei (1776) de sir William Hamilton

Bertel Thorvaldsen: As trs Graas ouvindo a cano de Cupido, uma obra exemplar da esttica neoclssicaUma srie de fatores se conjugaram para que em meados do sculo XVIII houvesse nascido uma nova corrente classicista, ntida e influente, centralizada em Roma, convivendo com e combatendo as ltimas manifestaes do Barroco e do Rococ. Dois fatores foram principais: em primeiro lugar, o esgotamento da frmula barroca e a condenao do que se viu nela como excessos, peso, decorativismo ftil, falta de decoro e irregularidade, acompanhado por um crescente interesse pela Antiguidade clssica de modo geral, com seus valores de racionalismo, modstia, equilbrio, harmonia, simplicidade formal, idealismo e desapego do luxo. Em segundo, o Neoclassicismo est intimamente ligado ao declnio da influncia da religio e ascenso dos ideais do Iluminismo, que tinham base no racionalismo, combatiam as supersties e dogmas religiosos, e enfatizavam o aperfeioamento pessoal e o progresso social dentro de uma forte moldura tica. Os valores clssicos permaneceram uma forte referncia nas academias de arte e de cincias mesmo durante o Barroco, o estilo anticlssico por excelncia.1 2 6 7 8 9 5Tambm foi inestimvel a contribuio de acadmicos e antiqurios como Robert Wood, John Bouverie, James Stuart, Robert Adam, Giovanni Battista Borra e James Dawkins, que publicaram a partir do sculo XVIII vrios relatos detalhados e ilustrados de expedies arqueolgicas, sendo especialmente influentes o tratado de Bernard de Montfaucon, L'Antiquite expliquee et representee en figures (1719-24), fartamente ilustrado e com textos paralelos em lnguas modernas, no apenas no latim como era o costume acadmico, e o do Conde de Caylus, Recueil d'antiquites (1752-67), o primeiro a tentar agrupar as obras de arte da Antiguidade clssica segundo critrios de estilo e no de gnero, abordando tambm as antiguidades celtas, egpcias e etruscas.1 2 10 Os escritos de Johann Joachim Winckelmann - um erudito alemo de grande influncia entre os intelectuais italianos e alemes, incluindo Goethe, e muitas vezes considerado o principal mentor terico do movimento - enalteceram ainda mais a arte grega, e vendo nela uma "nobre simplicidade e tranqila grandeza", apelou para que todos os artistas a imitassem, restaurando uma arte idealista que deveria ser despida de toda transitoriedade, aproximando-se do carter do arqutipo. Seu apelo gerou sonora resposta. A histria, literatura e mitologia antigas voltavam a ser a fonte principal de inspirao para os artistas, ao mesmo tempo em que eram reavaliadas outras culturas e estilos antigos como o gtico e as tradies folclricas do norte europeu, produzindo uma heterogeneidade de tendncias que tornam o estudo deste perodo por vezes bastante rduo.11 10Acrescente-se a isso a descoberta de Herculano e Pompia, duas antigas cidades romanas soterradas por uma erupo do Vesvio, uma grande surpresa para os conhecedores e o pblico, tornando-se logo uma parada obrigatria no Grand Tour europeu e local de pesquisa para artistas e antiqurios. Embora as escavaes que comearam a ser realizadas nas runas em 1738 e 1748 no tenham encontrado grandes obras-primas, trouxeram para a luz uma quantidade de relquias e artefatos que revelavam aspectos do cotidiano romano at ento desconhecidos. Seguiram-se outras pesquisas sistemticas da arte e cultura antiga, formaram-se importantes colees pblicas e privadas de arte e artefatos antigos e o "estilo grego" se tornava cada vez mais um favorito para os decoradores, estilistas de moda e arquitetos. Esses fatores contriburam de forma importante para a educao de um maior pblico e para um alargamento da sua viso sobre o passado, estimulando uma nova paixo por tudo o que fosse antigo.11 2 10Apesar de a arte clssica ser apreciada desde muito antes, segundo Cybele Gontar era-o de forma circunstancial e emprica, mas agora o apreo se construa sobre bases mais cientficas, sistemticas e racionais. Com essas descobertas arqueolgicas e estudos tericos tornou-se possvel formar pela primeira vez uma cronologia da cultura e da arte dos gregos e romanos, distinguindo o que era prprio de uns e de outros, e fazendo nascer um interesse pela tradio puramente grega que havia sido ofuscada pela herana romana, ainda mais porque na poca a Grcia estava sob domnio turco e por isso, na prtica, era pouco acessvel para os estudiosos e turistas do Ocidente cristo.11 10

David: A Morte de Marat, 1793.O movimento teve tambm conotaes polticas, j que a origem da inspirao neoclssica era a cultura grega e sua democracia, e a romana com sua repblica, com os valores associados de honra, dever, herosmo, civismo e patriotismo. Como consequncia, o estilo neoclssico foi adotado pelo governo revolucionrio francs como arma ideolgica contra o "luxo imoral" e a "afetao decadente" das elites, tipificadas na galante e hedonista arte Rococ, pondo de lado a "nobre simplicidade e tranqila grandeza" de Winckelmann e assumindo ares mais agressivos, dinmicos, dramticos e nitidamente propagandsticos, convocando a sociedade mudana.11 12 Teve o pintor Jacques-Louis David como seu campeo e assumiu os nomes sucessivos de estilo Diretrio, estilo Conveno e mais tarde, sob Napoleo, estilo Imprio, influenciando outros pases. Nos Estados Unidos, no tumultuado processo de conquista de sua prpria independncia, e inspirados no modelo da Roma republicana, o Neoclassicismo se tornou um padro patrocinado pelo governo, sendo conhecido como Estilo Federal. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se tornou tambm um estilo corteso, e em virtude de suas associaes com o glorioso passado clssico, foi usado pelos monarcas e prncipes como veculo de propaganda para suas personalidades e feitos.11 13 10O Neoclassicismo conheceu seu ponto mais alto entre meados do sculo XVIII e as dcadas iniciais do sculo XIX, quando Winckelmann fazia grande propaganda da cultura antiga e nas artes brilhavam Goethe, David, Haydn, Mozart e Canova, alm de muitos outros. uma das caractersticas deste perodo a coexistncia do Neoclassicismo com um outro movimento cultural tambm de larga influncia: o Romantismo. Ambos foram em muitos pontos estilos antitticos, pois o Romantismo tendia a enfatizar o drama, o movimento, a viso individual, o irracional, o misticismo e a emoo, mas por outro lado, no era inteiramente avesso referncia clssica nem ao idealismo, tendo nascido tambm sob influncia do Iluminismo. Muitas vezes ser difcil distingui-los. Ao longo do sculo XIX ambas as escolas viriam a dialogar e se fundir cada vez mais, gerando o Academismo ecltico, prosaico e sentimental do fim do sculo. No incio do sculo XX o Neoclassicismo - bem como o Romantismo - havia sido suplantado pela esttica modernista, embora continuasse a gerar frutos em algumas regies.14 13 15 16 10 12 Na dcada de 1980, cultivada pelos ps-modernos, uma forma atualizada de Classicismo apareceu em cena com algum mpeto, manifestando-se em vrias formas de arte.17Literatura[editar]Ver artigo principal: Literatura do neoclassicismoOs textos empregam linguagem clara, sinttica, gramaticalmente correta e nobre. A forma liberta-se um pouco do rigor do Classicismo anterior. A principal expresso do movimento na literatura o Arcadismo, manifestado na Itlia, em Portugal e no Brasil.Na Frana, os novos ideais iluministas so a base dos textos. Os principais autores so Montesquieu (1689-1755) e Voltaire. O primeiro autor, entre outras, da obra Do Esprito das Leis. Voltaire experimenta vrios gneros: tragdia (A Morte de Csar), poesia (Discurso sobre o Homem), contos fantsticos (Zadig) e romance de fundo moral (Cndido). No final do sculo, uma viso crtica da aristocracia dada por Choderlos de Laclos (1741-1803), em As Relaes Perigosas, e pelos romances erticos do Marqus de Sade (1740-1814) e de Restif de la Bretonne (1734-1806). Na Inglaterra destacam-se Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (1660-1731), e As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift (1667-1731).A sua principal expresso na literatura, o Arcadismo foi um movimento literrio que buscava basicamente a simplicidade, oposto a confuso e do retrocedimento Barroco. Retrata a vida pastoril e harmnica do campo. As referncias clssicas voltam, e as obras so recheadas de seres da mitologia grega. Porm se observa que a mitologia, que era um acervo cultural concreto de Grcia, Roma e mesmo do Renascimento, agora se converte apenas num recurso potico de valor duvidoso. Tambm se destaca clogas de Virglio e dos Idlios de Tecrito, obras clssicas que retratam a natureza harmnica, e por isso so os dois autores mais imitados pelos rcades.Os rcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma viso equilibrada do mundo. Sem exageros, sem conflitos, apenas a simplicidade.Artes plsticas[editar]Ver artigo principal: AcademismoA arte neoclssica busca inspirao no equilbrio e na simplicidade, bases da criao na Antiguidade. As caractersticas marcantes so o carter ilustrativo e literrio, marcados pelo formalismo e pela linearidade, poses escultricas, com anatomia correta e exatido nos contornos, temas "dignos" e clareza na composio. Sua sistematizao era feita atravs do sistema conhecido como academismo, que estabelecia uma srie de normas prticas e tericas para a produo da boa arte.Nascendo como uma reao ao Barroco e ao Rococ, a arte neoclssica no foi apenas um movimento artstico, mas tambm cultural, que refletiu as mudanas que ocorriam na poca marcadas pela ascenso da burguesia. Este estilo procurou expressar e interpretar os interesses, a mentalidade e os hbitos da burguesia manufatureira e mercantil da poca da Revoluo Francesa e do Imprio Napolenico, mas tambm expressou muitos valores polticos e cvicos quando patrocinado pelo Estado.Principais caractersticas do Neoclassicismo nas artes plsticas[editar] formalismo e racionalismo retorno ao estilo greco-romano academicismo e tcnicas apuradas culto teoria de Aristteles ideal da poca: democracia na pintura, exatido nos contornos, sobriedade nos ornamentos e no colorido, pinceladas que no marcavam a superfcie, dando obra um aspecto impessoal onde predominava o desenho sobre a cor na escultura, preferncia pelo mrmore branco, considerado o mais nobre dos materiaisPintura[editar]Ver artigo principal: Pintura do neoclassicismo

Ingres: A banhista de Valpinon, 1808

Antonio Canova: Perseu com a cabea da Medusa, c. 1800, Museus Vaticanos, um dos maiores cones do Neoclassicismo escultricoUma amostra de pintura neoclssica nesse perodo O Juramento dos Horcios, do francs Jacques-Louis David. Nesta obra de temtica inspirada na histria da Roma Antiga, os valores estticos da Antiguidade servem de veculo condutor a uma mensagem atual: cidados (homens livres), agarram em armas, ou seja, tomam nas suas mos o poder sobre o futuro da nao. A obra fez furor no Salo de Paris em 1784. A pintura neoclssica de David dominou o panorama artstico francs durante quase meio sculo, fazendo com que ele, acima das contingncias polticas, fosse o pintor oficial da Revoluo Francesa e, depois, do regime de Napoleo Bonaparte. Outro pintor de destaque Dominique Ingres, de A Banhista de Valpinon.Principais pintores Jacques Louis David (francs, 1748-1825): foi o mais caracterstico representante do Neoclassicismo. Durante alguns anos controlou a atividade artstica francesa, sendo o pintor oficial da corte imperial, pintando fatos histricos ligados vida do imperador Napoleo. Pintou tambm temas solenes, personagens e motivos inspirados na antiguidade clssica, atravs de cores sbrias. Sua luminosidade lembra Caravaggio, mas em Rafael Snzio (mestre inegvel do equilbrio da composio e da harmonia das cores) que reside sua maior influncia. Figuras slidas e imveis. Excelente retratista. Obras mais importantes: A Morte de Marat (1793); A Morte de Scrates (1787); As Sabinas; A Coroao de Napoleo em Notre Dame. Dominique Ingres (francs, 1780-1867): Formado na oficina de David, permaneceu fiel aos postulados neoclssicos do seu mestre ao longo de toda a vida. Passou muitos anos em Roma, onde assimilou aspectos formais de Rafael e do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente poca de predomnio do seu estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 ops-se com veemncia, da sua posio de acadmico, ao triunfo do romantismo pictrico representado por Delacroix. Ingres preferia os retratos e os nus s cenas mitolgicas e histricas. Entre os seus melhores retratos contam-se Bonaparte Primeiro Cnsul, A Bela Clia, O Pintor Granet e A Condessa de Hassonville. Nos nus que pintou (A Grande Odalisca, Banho Turco e, sobretudo, A Banhista) patente o domnio e a graa com que se serve do trao. A sua obra mais conhecida Apoteose de Homero, de desenho ntido e equilibrada composio.Outros pintores Pierre-Paul Prud'hon, Antoine-Jean Gros, Jean Germain Drouais, Jean-Baptiste Franois Desoria (Frana); Karl Briullov (Rssia); Andrea Appiani, Niccol Contestabile (Itlia); Angelica Kauffmann (ustria); Leo von Klenze (Alemanha); Thomas Lawrence, John Hamilton Mortimer (Gr-Bretanha); Benjamin West e John Singleton Copley (Estados Unidos).Escultura[editar]Ver artigo principal: Escultura do neoclassicismoNa escultura o movimento buscava inspirao no passado. A estaturia grega foi o modelo favorito pela harmonia das propores, regularidade das formas e serenidade da expresso. Tambm foi menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo. Entre os principais escultores destaca-se acima de todos o italiano Antonio Canova (1757-1822), que dominou a cena europeia durante sua maturidade com suas esttuas de heris e figuras mitolgicas, como Perseu com a cabea da Medusa e Eros revive Psique com um beijo. Seu estilo tem um refinamento incomum, reconhecido por seus contemporneos como insupervel, e como a mais perfeita encarnao dos ideais de Winckelmann. Outro grande nome e concorrente de Canova foi Bertel Thorvaldsen, autor de um celebrado Jaso com o Velo de Ouro.18 19 Em muitos outros pases o Neoclassicismo inspirou grandes escultores, como Jean-Antoine Houdon, William Wetmore Story e Richard Westmacott20 21 22Msica[editar]O perodo normalmente designado como neoclssico , em msica, reconhecido como classicismo, ou perodo clssico. Grosso modo, a segunda metade do sculo XVIII, perodo marcado pela simplificao das estruturas Barrocas, tornando a msica mais simples atravs da mudana de um estilo contrapontstico para outro homofnico. So considerados o auge deste estilo os compositores Mozart e Haydn, pelo modo como sintetizaram os trabalhos de seus antecessores, dando forma definida Sonata, msica de cmara, ao concerto e Sinfonia. Beethoven considerado o compositor responsvel pela transio do estilo clssico para o romntico.A denominao "Neoclssica" em msica geralmente se refere a um movimento musical um tanto difuso, ocorrido aproximadamente entre 1920 e 1950. A principal figura deste movimento foi Stravinski, que aps um perodo identificado como primitivismo, ou "fase russa", passou a evocar a esttica do sculo XVIII. Isso ocorreu principalmente a partir de seu bal Pulcinella (1920). Outros compositores podem ser reputados como neo-clssicos no sculo XX, em geral uma caracterstica atribuda queles que no buscaram uma esttica atonal ou o exacerbado uso da dissonncia e do rudo, mas continuaram compondo segundo os parmetros tonais dos sculos anteriores, de alguma forma renovados.Arquitetura[editar]Ver artigo principal: Arquitetura do neoclassicismo

Panteo de Paris, com uma fachada inspirada no modelo do templo grecorromanoA Arquitetura neoclssica foi produto da reaco antibarroco e antirococ, levada a cabo pelos novos artistas-intelectuais do sculo XVIII. Os Arquitectos formados no clima cultural do racionalismo iluminista e educados no entusiasmo crescente pela Civilizao Clssica, cada vez mais conhecida e estudada devido aos progressos da Arqueologia e da Histria.Algumas caractersticas deste movimento artstico na arquitectura so Materiais nobres (pedra, mrmore, granito, madeiras) Processos tcnicos avanados Sistemas construtivos simples Esquemas mais complexos, a par das linhas ortogonais Formas regulares, geomtricas e simtricas Volumes corpreos, macios, bem definidos por planos murais lisos Uso de abbada de bero ou de aresta Uso de cpulas, com frequncia marcadas pela monumentalidade Espaos interiores organizados segundo critrios geomtricos e formais de grande racionalidade Prticos colunados Entablamentos direitos Frontes triangulares A decorao recorreu a elementos estruturais com formas clssicas, pintura rural e ao relevo em estuque Valorizou a intimidade e o conforto nas manses familiares Decorao de carcter estruturalInteriores e mobilirio[editar]Ver artigo principal: Estilo directrio e Estilo imprioTeatro[editar]No teatro neoclssico a racionalidade predomina, revalorizam-se o texto e a linguagem potica. A tragdia mantm o padro solene da Antiguidade. Entre os principais autores est Voltaire. A comdia revitaliza-se com o francs Pierre Marivaux (1688-1763), autor de O Jogo do Amor e do Acaso. Os italianos Carlo Goldoni (1707-1793), de A Viva Astuciosa, e Carlo Gozzi (1720-1806), de O Amor de Trs Laranjas, esto entre os principais dramaturgos do gnero. Outro importante autor de comdias o francs Caron de Beaumarchais (1732-1799), de O Barbeiro de Sevilha e de As Bodas de Fgaro, retratos da decadncia do Antigo Regime e uma inspirao para as peras de Mozart (1756-1791) e Rossini (1792-1868).Numa linha que prenuncia o romantismo, trabalha o dramaturgo e filsofo francs Denis Diderot (1713-1784), um dos organizadores da Enciclopdia. Entre suas peas se destaca O Filho Natural. O italiano Metastasio (1698-1782) aproxima o teatro da msica, como no melodrama .Neoclassicismo no Brasil[editar]

Fachada do edifcio da Academia Imperial de Belas Artes, um projeto de Grandjean de Montigny, fotografada por Marc Ferrez em 1891.Ver artigo principal: Neoclassicismo no Brasil, Pintura do Romantismo brasileiroEm 1816, desembarca no Brasil a Misso Artstica Francesa, contratada para fundar e dirigir no Rio de Janeiro uma Escola Real de Artes e Ofcios. Nela est, entre outros, o pintor Jean-Baptiste Debret, que retrata com charme e humor costumes e personagens da poca. Em 1826 fundada a Academia Imperial de Belas Artes, que adota o gosto neoclssico europeu e atrai outros pintores estrangeiros de porte, como Auguste Marie Taunay e Johann Moritz Rugendas. Pintores brasileiros desse perodo so Manuel de Arajo Porto-Alegre e Rafael Mendes de Carvalho, entre outros.A tendncia torna-se visvel tambm na arquitetura. Seu expoente Grandjean de Montigny, que chega com a Misso Francesa. Suas obras, como a sede da reitoria da Pontifcia Universidade Catlica no Rio de Janeiro, adaptam a esttica neoclssica ao clima tropical. Mesmo que sua fundamentao fosse de uma sociedade agrrio-escravocrata e com um comrcio relativamente atrasado, tendo um governo monrquico.Na pintura a influncia neoclssica est submetida ao romantismo. A composio e o desenho seguem os padres de sobriedade e equilbrio, mas o colorido reflete a dramaticidade romntica. Um exemplo Flagelao de Cristo, de Vtor Meirelles.Na literatura, a principal expresso o arcadismo, caracterizado por um estilo mais simples e objetivo e pela temtica voltada para a natureza. Os seus principais poetas encontram-se em Vila Rica, centro cultural do Brasil na poca. A vida no campo tambm abordada, mas os pastores europeus so substitudos pelos vaqueiros brasileiros. Cludio Manuel da Costa, Toms Antnio Gonzaga e Silva Alvarenga so os principais poetas do movimento no Brasil.

Histria da arte

Por perodo

Pr-histria[Expandir] Arte do Paleoltico Arte rupestre Arte do Neoltico

Antiguidade[Expandir] Arte mesopotmica Arte sumria Arte assria Arte babilnica Arte persa Arte egpcia Arte celta Arte fencia Arte egeia Arte cicldica Arte minoica Arte micnica Antiguidade Clssica Arte etrusca Arte grega Arte romana Arte paleocrist

Idade Mdia[Expandir] Arte bizantina Arte islmica Arte sassnida Pr-romnico Arte germnica Arte hibrnico-saxnica Arte anglo-saxnica Arte visigtica Arte merovngia Arte carolngia Arte otoniana Romnico Arte mudjar Gtico Manuelino

Idade Moderna[Expandir] Renascimento Alta Renascena Maneirismo Barroco Rococ Neoclassicismo Academicismo Romantismo

Arte moderna[Expandir] Nazarenos Pr-rafaelitas Realismo Naturalismo Impressionismo Ps-impressionismo Pontilhismo Divisionismo Simbolismo Art nouveau Vanguardas Expressionismo Fauvismo Die Brcke Der Blaue Reiter Abstraccionismo Neoplasticismo Cubismo Construtivismo Bauhaus Suprematismo Dadasmo Surrealismo Futurismo Realismo socialista

Arte contempornea[Expandir] Pop art Op art Minimalismo Neoconcretismo Arte conceptual Happening Performance Instalao Land art Hiper-realismo

Por expresso artstica Arquitectura Pintura Escultura - Design Literatura - Msica Teatro Cinema

ve

Referncias1. a b c Greenhalgh, Michael. The Classical Tradition in Art. Londres, Icon Editions, 19782. a b c d Bietoletti, Silvestra. Neoclassicism & Romanticism. Sterling Publishing Company, Inc., 2009, pp. 8-163. Mincoff, Marco. "Baroque Literature in England". In. Limon, Jerzy. Shakespeare and His Contemporaries: Eastern and Central European Studies. University of Delaware Press, 1993, p. 11-574. Rosenblum, Robert. Transformations in Late Eighteenth-Century Art. Princeton University Press, 1970, pp. 3-45. a b Palmer, Allison Lee. Historical Dictionary of Neoclassical Art and Architecture. Scarecrow Press, 2011, pp. ix; 1-26. Schwarcz, Lilia Moritz. O Sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas franceses na corte de d. Joo. So Paulo: Companhia das Letras, 2008. pp. 65-667. Barasch, Moshe. Theories of Art: From Plato to Winckelmann. Routledge, 2000, pp. 330-3338. Grenfell, Michael & Hardy, Cheryl. Art rules: Pierre Bourdieu and the visual arts. Berg Publishers, 2007. pp. 110-1119. Pevsner, Nikolaus. Academias de arte: passado e presente. Companhia das Letras, 2005. pp. 112-113; 120-13310. a b c d e f Kleiner, Fred S. Gardner's Art Through the Ages: The Western Perspective, Volume 2. Cengage Learning, 2009, pp. 599-60511. a b c d e Gontar, Cybele. Neoclassicism. In: Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 200012. a b Rosenblum, p. 1013. a b Janson, Horst Woldemar. History of Art: The Western Tradition. Prentice Hall Professional, 2004, cap 21, s/pp.14. Palmer, pp. 13-1415. Galitz, Kathryn Calley. "Romanticism". In Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 200016. Forward, Stephanie. Legacy of the Romantics. The Open University. BBC17. Palmer, p. 1418. Pinelli, Antonio. "Il Perseo di Canova e il Giasone di Thorvaldsen: due modelli di nudo eroico a confronto". IN Kragelund, Patrick & Nykjrpp, Mogens. Thorvaldsen. Volume 18 de Analecta Romana Instituti Danici. Supplementum. L'Erma di Bretschneider, 1991. pp. 25-3019. Johns, Christopher M. S. Antonio Canova and the politics of patronage in revolutionary and Napoleonic Europe. University of California Press, 1998, p. 4020. Tolles, Thayer. "American Neoclassical Sculptors Abroad". In Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 200021. Greenhalgh, Michael. The Classical Tradition in Art. Londres, 197822. Kriehn, G., & Kleinschmidt, B. (1912). "Sculpture". In The Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company. Retrieved September 21, 2012 from New Advent23. Barroco24. Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.25. Ir para: navegao, pesquisa 26. 27. 28. Pietro da Cortona: O triunfo da Divina Providncia, 1633-1639. Afresco em teto do Palazzo Barberini, Roma29. Barroco o nome dado ao estilo artstico que floresceu entre o final do sculo XVI e meados do sculo XVIII, inicialmente na Itlia, difundindo-se em seguida pelos pases catlicos da Europa e da Amrica, antes de atingir, em uma forma modificada, as reas protestantes e alguns pontos do Oriente.30. Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e Contra-Reforma, distingue-se pelo esplendor exuberante. De certo modo o Barroco foi uma continuao natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clssica, embora interpretando-a diferentemente, o que teria resultado em diferenas na expresso artstica de cada perodo. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderao, economia formal, austeridade, equilbrio e harmonia eram as mais buscadas, o tratamento barroco de temas idnticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberncia e realismo e uma tendncia ao decorativo, alm de manifestar uma tenso entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre essas caractersticas so bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo. Houve uma grande variedade de abordagens estilsticas, que foram englobadas sob a denominao genrica de "arte barroca", com certas escolas mais prximas do classicismo renascentista e outras mais afastadas dele, o que tem gerado muita polmica e pouco consenso na conceituao e caracterizao do estilo.131. Para diversos pesquisadores o Barroco constitui no apenas um estilo artstico, mas todo um perodo histrico, todo um novo modo de entender o mundo, o homem e Deus. As mudanas introduzidas pelo esprito barroco se originaram, pois, de um grande respeito pela autoridade da tradio clssica, e de um desejo de super-la com a criao de obras originais, dentro de um contexto social e cultural que j se havia modificado profundamente em relao ao perodo anterior.1ndice[esconder]1 Contextualizao 1.1 Antecedentes1.2 Um novo contexto1.3 O conhecimento1.4 Academismo2 Etimologia, conceituao, caracterizao3 Cronologia 3.1 Barrocos e o Neobarroco3.2 O Barroco americano4 Artes barrocas 4.1 Escultura4.2 Pintura4.3 Arquitetura e urbanismo4.4 Literatura 4.4.1 Literatura para o teatro4.5 Teatro4.6 Msica 4.6.1 Msica vocal4.6.2 Msica instrumental4.7 Interiores e mobilirio5 Referncias6 Ver tambm

32. Contextualizao[editar]33. Ver artigo principal: Renascimento, Maneirismo34. Antecedentes[editar]35. 36. 37. Giambologna: O rapto da Sabina, 1582. Florena, uma das mais conhecidas obras do Maneirismo38. Desde o Renascimento a Itlia se tornara o maior plo de atrao de artistas em toda a Europa, e no incio do sculo XVI Roma, sede do Papado catlico e capital dos Estados Pontifcios, se tornara o maior centro irradiador de influncia artstica, tendo a Igreja como o mais prdigo mecenas. Mas desde l, tendo passado por invases dramticas, como a que culminou no Saque de Roma de 1527, e sofrendo com agitao interna, a Itlia havia perdido muito prestgio e fora, ainda que continuasse a ser a maior referncia na cultura europia. A atmosfera otimista do Renascimento havia se desvanecido. Os progressos na filosofia, nas cincias e nas artes, o florescer do humanismo, no evitaram os dios e guerras, e a f no homem como imagem da Divindade e no mundo como um novo den em potencial - um moto recorrente no Renascimento - se deparava com o cinismo e a brutalidade da poltica, a vaidade do clero, a eterna opresso do povo, surgindo uma nova corrente cultural a que se deu o nome de Maneirismo - erudita, sofisticada, experimental, mas carregada de dvidas e agitao, e dada a excentricidades e ao cultivo do bizarro.2 3 4 539. Na religio, o poder papal teve de enfrentar a Reforma Protestante, um evento com amplas repercusses polticas e sociais, que ps um fim unidade do Cristianismo e solapou a influncia catlica sobre os assuntos seculares de toda a Europa, que antes era imensa. Alm das diferenas de doutrina, onde se inclua a condenao do culto s imagens, os protestantes denunciaram o luxo excessivo dos templos e a corrupo do clero catlico. Suas igrejas rapidamente se esvaziaram de esttuas e pinturas devocionais e de decorao. A reao catlica foi orquestrada a partir da convocao do Conclio de Trento (1545-1563), o marco inicial da Contra-Reforma, numa tentativa de refrear a evaso de fiis para o lado protestante e a perda de influncia poltica da Igreja. Ao mesmo tempo que fazia uma reviso na doutrina, estabelecendo uma nova abordagem do conceito de Deus, a Contra-Reforma tentou moralizar o clero e disciplinou a produo de arte sacra, buscando utiliz-la como instrumento de proselitismo. Longas guerras de religio seguiriam o cisma protestante nas dcadas seguintes, devastando muitas regies.2 3 4 5 Na economia, a abertura de novas rotas comerciais em vista das grandes navegaes deixou a Itlia fora do centro do comrcio internacional, deslocando o eixo econmico para as naes do oeste europeu. Portugal, Espanha, Frana, Inglaterra e Pases Baixos eram as novas potncias navais, cuja ascenso poltica era financiada pelas riquezas coloniais e o comrcio em expanso. A arte desses pases se beneficiou enormemente desse novo afluxo de riquezas.6 Murray Edelman, fazendo um balano da arte deste perodo, disse que...40. "Os pintores e escritores maneiristas do sculo XVI eram menos "realistas" do que seus predecessores da Alta Renascena, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade: atravs da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do ldico, da ironia, da ambiguidade e da ateno a diversas situaes sociais e naturais. Suas concepes tanto reforaram como refletiram a preocupao com a qualidade da vida cotidiana, com o desejo de experimentar e inovar, e com outros impulsos de ndole poltica.... possvel que toda arte apresente esta postura, mas o Maneirismo a tornou especialmente visvel".341. Um novo contexto[editar]42. 43. 44. Andrea Pozzo: Apoteose de Santo Incio, teto da Igreja de Santo Incio de Loyola, Roma45. 46. 47. Jacob Jordaens: A famlia do artista, Museu do Prado48. 49. 50. Antoine Coysevox: A Fama do Rei cavalgando Pgaso, originalmente no Parque de Marly, hoje no Louvre51. A convocao do Concilio de Trento teve profundas consequncias para a arte produzida na rea de influncia da Igreja Catlica: a teologia assumiu o controle e imps restries s excentricidades maneiristas buscando reiterar a continuidade da tradio catlica, recuperar o decoro na representao, criar uma arte mais compreensvel pelo povo e homogeneizar o estilo. Desde ento tudo devia ser submetido de antemo ao crivo dos censores, desde o tema, a forma de tratamento e at mesmo a escolha das cores e dos gestos dos personagens.7 8 9 Nesse processo a Ordem dos Jesutas foi de especial importncia. Afamados pelo seu refinado preparo intelectual, teolgico e artstico, os jesutas exerceram enorme influncia na determinao dos rumos estticos e ideolgicos seguidos pela arte catlica, estendendo sua presena para a Amrica e o Oriente atravs de suas numerosas misses de evangelizao. Tambm foram grandes responsveis pela preservao da tradio do Humanismo renascentista, e, longe de serem conservadores como s vezes foram considerados, atuaram na vanguarda de arte da poca e promoveram o maior movimento de revivalismo da filosofia do classicismo pago desde aquele patrocinado por Lorenzo de' Medici no sculo XV.10 1152. Nesse novo cenrio, a arte palaciana e sofisticada do Maneirismo j no encontrava lugar, e se tornara especialmente imprpria para a representao sacra. A orientao da Igreja agora era na direo de se produzir uma arte que pudesse cooptar a massa do povo, apelando para o sensacionalismo e uma emocionalidade intensa. O estilo produzido por este programa se provou desde logo ambguo: pregava a f mas usava de todos os meios para a sensibilizao sensorial do pblico. As imagens eram criadas com formas naturalistas como meio de serem imediatamente compreendidas pelo povo inculto, mas faziam uso de complexos recursos ilusionsticos e dramticos, de efeito grandioso e teatral, para acentuar o apelo visual e emotivo e estimular a piedade e a devoo. So especialmente ilustrativos os grandes painis pintados nos tetos nas igrejas catlicas nesse perodo, que aparentemente dissolvem a arquitetura e se abrem para vises sublimes do Paraso, povoado de santos, anjos e do Cristo. Ainda que alimentado pelo movimento contra-reformista, o Barroco no se limitou ao mundo catlico, afetando tambm reas protestantes como a Alemanha, Pases Baixos e Inglaterra, mas por outros motivos, descritos adiante.12 953. Outro elemento de importncia para a formao da esttica barroca foi a consolidao das monarquias absolutistas, que atravs da arte procuraram consagrar os valores que defendiam. Os palcios reais passaram a ser construdos em escala monumental, a fim de exibir visivelmente o poder e a grandeza dos Estados centralizados, e o maior exemplo dessa tendncia o Palcio de Versalhes, erguido a mando de Lus XIV da Frana. Por outro lado, nesta mesma poca a burguesia comeou a se afirmar como uma classe economicamente influente, e com isso passou a se educar e abrir um novo mercado consumidor de arte. Tendo preferncias estticas distintas da realeza, foi importante para a formao de certas escolas barrocas mais ligadas ao realismo. Por fim, outra fora ativa foi um renovado interesse no mundo natural e uma gradativa ampliao dos horizontes culturais atravs da explorao do globo e do desenvolvimento da cincia, que trouxeram uma conscincia da insignificncia do homem em meio vastido do universo e da insuspeitada complexidade da natureza. O desenvolvimento da pintura de paisagem durante o Barroco foi um reflexo desses novos descobrimentos.1254. Na economia a principal mudana foi a formao de um sistema de mercado internacional atravs do desenvolvimento do sistema colonial nas Amricas e Oriente, com a escravido como uma das bases de seu funcionamento. O sistema bancrio tambm foi aprimorado, as prticas de comrcio se tornaram mais complexas e a importao de produtos coloniais, como o caf, tabaco, arroz e acar, transformou hbitos culturais e a dieta. Junto com a afluncia para a Europa de outros bens da colnia, incluindo grandes quantidades de ouro, prata e diamantes, o sucesso do sistema mercantil europeu enriqueceu o continente e afetou as relaes sociais e polticas, originando novas regras de diplomacia e etiqueta, alm de financiar um grande florescimento artstico.1355. Os sculos XVII-XVIII, perodo principal de vigncia do Barroco, continuaram a ser marcados por numerosas mudanas na situao poltica europia e pelo conflito constante. Foi assinalado que entre 1562 e 1721 a Europa como um todo no conheceu a paz seno em quatro anos. A maior guerra deste perodo foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que envolveu a Espanha, Frana, Sucia, Dinamarca, Pases Baixos, ustria, Polnia, Imprio Otomano e Sacro Imprio. De incio desencadeada pela disputa entre catlicos e protestantes, logo repercutiu para o campo secular em questes dinsticas e nacionalistas. Na concluso do confronto, a Paz de Vestflia determinou uma reorganizao ampla na geografia poltica continental, favoreceu o fortalecimento de Estados absolutistas, enfraqueceu outros, mas reconheceu a impossibilidade da reunificao do Cristianismo, que foi deslocado como fora poltica pelas realidades prticas da poltica secular.1256. O conhecimento[editar]57. Nesse processo de amplas e continuadas mudanas se juntaram a religio, a filosofia moral e as cincias, na tentativa de melhor estudar a adaptabilidade por parte dos indivduos em meio a um contexto agitado e incerto, bem como pesquisar a natureza e motivaes do ser humano, a fim de que o conhecimento resultante fosse usado para fins prticos definidos, como por exemplo, a melhor doutrinao religiosa e o melhor manejo das massas pelas elites. Segundo Jos Antonio Maravall, na cultura da poca, o autoconhecimento, desejado desde o tempo de Scrates, agora se revestia de um carter ttico, racional e utilitarista. E a partir do autoconhecimento e autodomnio, se acreditava que se conheceria o ntimo de todos os homens, e se poderia dominar a natureza e o ambiente social com mais facilidade, um processo que ficou explcito por exemplo na obra dos poetas Corneille e Gracin, dizendo que o homem era um microcosmo, e ao dominar-se se tornava mestre do mundo. Esse autoconhecimento possibilitava ainda que se fizessem previses sobre tendncias e comportamentos futuros, individuais e coletivos, aproveitando oportunidades e evitando desgraas. Nesse sentido, a cultura barroca foi essencialmente pragmtica e regulada pela prudncia, considerada no perodo a maior das virtudes a serem adquiridas. Diversos polticos e moralistas barrocos a enalteceram como meio de se manter alguma ordem e controle num mundo em eterna mudana.1458. 59. 60. Philippe de Champaigne: Vaidade, c. 1671. Museu de Tess, Le Mans61. Nessa pesquisa do ser humano um papel importante foi desempenhado pela medicina, considerando-se que se acreditava que as funes e aspecto do corpo refletiam condies da alma, e assim o estudo do corpo humano influenciou conceitos religiosos e morais, fazendo com que muitos doutores se sentissem habilitados a discorrer sobre economia, poltica e moralidade. Ao mesmo tempo, o estudo intensificado da anatomia humana e sua ampla divulgao em livros cientficos e gravuras atraiu a ateno dos artistas, se multiplicaram representaes do corpo morto em detalhe, e a descrio artstica da morte e dos cadveres e esqueletos foi usada para se meditar sobre os fins ltimos da existncia e da condio humana. O mesmo impulso cientfico alimentou o interesse pela psicologia e pela anlise das emoes e motivaes atravs da fisionomia fsica do indivduo, considerada o espelho do seu estado de esprito, o que possibilitou a formulao de categorizaes para os tipos caracterolgicos.1562. Ainda que a religio tenha preservado uma grande ascendncia sobre as pessoas, ela comeou a declinar diante do crescente racionalismo e pragmatismo promovidos pela cincia e pela nova realidade poltica, desafiando antigas crenas fundamente enraizadas; foi a poca da chamada revoluo cientfica. s vezes o conflito entre cincia e religio ainda se revelou momentoso, como por exemplo na condenao de Galileu pela Inquisio, mas os avanos foram rpidos e variados.16 O Renascimento havia preparado um ambiente receptivo para a disseminao de novas idias sobre cincia e filosofia, e a principal questo da poca era a proposta por Michel de Montaigne: "O que eu conheo?", ou seja, estava aberta a dvida sobre a natureza do conhecimento e suas relaes com a f, a razo, a autoridade, a metafsica, tica, poltica, economia e cincia natural. A atitude de questionamento foi a marca da obra de grandes cientistas e filsofos da poca, como Descartes, Pascal e Hobbes, cujas obras lanaram as bases de um novo mtodo de pesquisa e de um novo modo de pensar, centrado no racionalismo e expandido para todos os domnios do entendimento e da percepo, repercutindo profundamente na maneira como o homem via o mundo e a si mesmo.1763. Academismo[editar]64. Ver artigo principal: Academismo65. 66. 67. Charles Le Brun: A apoteose de Lus XIV, 1677. A arte acadmica a servio do Estado68. O esprito analtico da poca influiu at mesmo na teoria da arte. Fortalecendo uma tendncia que se havia iniciado timidamente no sculo XVI, o Barroco foi o perodo em que se estruturaram as academias de arte e se fundou o mtodo de ensino rigorosamente normatizado e categorizado conhecido como academismo, que teria imensa influncia sobre toda a arte europia pelos sculos vindouros. Depois de ensaios irregulares na Itlia, o sistema acadmico desabrochou na Frana no reinado de Lus XIV, onde foram criadas as primeiras academias de abrangncia nacional para as vrias modalidades da arte e cincias, das quais uma das mais notveis e influentes foi a Academia Real de Pintura e Escultura. Sob a direo de Charles Le Brun e o patrocnio real a Academia se tornou o principal brao executivo de um programa de glorificao da monarquia absolutista de Lus XIV, estabelecendo definitivamente a associao da escola com o Estado e com isso revestindo-a de enorme poder diretivo sobre todo o sistema de arte francs, o que veio a contribuir para tornar a Frana o novo centro cultural europeu, deslocando a supremacia at ento italiana. Neste perodo a doutrina acadmica atingiu o auge de seu rigor, abrangncia, uniformidade, formalismo e explicitude, e segundo Barasch em nenhum outro momento da histria da teoria da arte a idia de Perfeio foi mais intensamente cultivada como o mais alto objetivo do artista, tendo como modelo mximo a produo da Alta Renascena italiana, da que no caso francs o Barroco sempre permaneceu mais ou menos afiliado tradio clssica. Enquanto que para os renascentistas italianos a arte era tambm uma pesquisa do mundo natural, para Le Brun era acima de tudo o produto de uma cultura adquirida, de formas herdadas e de uma tradio estabelecida. Assim a Itlia ainda era uma referncia inestimvel.18 1969. Pierre Bourdieu afirmou que a criao do sistema acadmico significou a formulao de uma teoria em que a arte era uma encarnao os princpios da Beleza, da Verdade e do Bem. A nfase no virtuosismo tcnico e na referncia aos modelos da Antiguidade clssica, que ligavam a Arte tica, expressavam uma viso, primeiro, de uma ordem social concebida em fundamentos morais e, segundo, do artista como um pedagogo, um erudito e um humanista.20 21 As academias, que a partir do fim do sculo XVII se multiplicaram pela Europa e Amricas, foram importantes para a elevao do status profissional dos artistas, afastando-os dos artesos e aproximando-os dos intelectuais. Tambm tiveram um papel fundamental na organizao de todo o sistema de arte enquanto funcionaram, pois alm do ensino monopolizaram a ideologia cultural, o gosto, a crtica, o mercado e as vias de exibio e difuso da produo artstica, e estimularam a formao de colees didticas que acabaram por ser a origem de muitos museus de arte. Essa vasta influncia se deveu principalmente sua estreita associao com o poder constitudo dos Estados, sendo via de regra veculos para a divulgao e consagrao de iderios no apenas artsticos, mas tambm polticos e sociais.22 2370. Etimologia, conceituao, caracterizao[editar]71. 72. 73. Rubens: As consequncias da guerra, 1637-38. Palazzo Pitti, Florena74. 75. 76. Bernini: xtase de Santa Teresa, 162577. Usualmente, considera-se que termo "barroco" originalmente significaria "prola irregular ou imperfeita", um termo cuja origem obscura, pode derivar do portugus antigo, do espanhol, do rabe ou do francs. Segundo outras opinies, porm, o termo tem origem na frmula mnemotcnica BAROCO, usada pelos escolsticos para designar um dos modos do silogismo, o que daria ao termo um sentido pejorativo de raciocnio estranho, tortuoso, que confunde o falso com o verdadeiro. A palavra rapidamente ganhou circulao nas lnguas francesa e italiana, mas nas artes plsticas, s foi usada no fim do perodo em questo, quando novos classicistas comearam a criticar excessos e irregularidades de um estilo j ento visto como decadente e uma simples degenerao dos princpios clssicos. Na prpria Itlia em que nasceu durante muito tempo foi considerado como o perodo em que a arte chegou ao seu nvel mais baixo, considerada pesada, artificial, de mau gosto e dada a extravagncias e contores injustificveis e incompreensveis.24 25 26 2778. A carga pejorativa que se ligou ao conceito de Barroco s comeou a ser dissolvida em meados do sculo XIX, a partir dos estudos de Jacob Burckhardt e Heinrich Wlfflin. Wlfflin o descreveu contrapondo-o ao Renascimento, definindo cinco traos genricos principais que se tornariam cannicos: o privilgio da cor e da mancha sobre a linha; da profundidade sobre o plano; das formas abertas sobre as fechadas; da impreciso sobre a clareza, e da unidade sobre a multiplicidade.24 22 28 29 Arnold Hauser explicou a categorizao de Wlfflin dizendo que a busca de um efeito no-linear, essencialmente pictrico e no grfico, procurava criar uma impresso de ilimitado, imensurvel, infinito, dinmico, subjetivo e inapreensvel; o objeto se tornava um devir, um processo, e no uma afirmao final. A preferncia pela espacialidade profunda sobre a rasa acompanhava o mesmo gosto por estruturas dinmicas, a mesma oposio a tudo o que parecia por demais estvel, a todas as fronteiras rgidas, refletindo uma viso de mundo em perptuo movimento e mudana. O recurso favorito dos artistas barrocos para a criao de um espao dinmico e profundo foi o emprego de primeiros planos magnificados com objetos aparentemente bem ao alcance do observador, justapostos a outros em dimenses reduzidas num plano de fundo muito recuado. Tambm foi comum o uso do escoro pronunciado e de perspectiva multifocal. Segundo Hauser, a tendncia barroca de substituir o absoluto pelo relativo, a limitao pela liberdade, expressa mais nitidamente no uso de formas abertas. Numa composio clssica, a cena representada um todo auto-suficiente e autocontido, todos os seus elementos so inter-relacionados e interdependentes, nada suprfluo ou casual e tudo veicula um significado preciso, enquanto que uma obra barroca parece mais frouxamente organizada, com vrios elementos parecendo arbitrrios, circunstanciais ou incompletos, produtos de uma fantasia que adquire valor por si mesma e no pretende ser essencial ao discurso visual, tendo antes um carter decorativo e improvisatrio. Alm disso, na forma clssica a linha reta, o equilbrio e as coordenadas ortogonais so elementos fortes na articulao da composio, mas no Barroco a preferncia passa para as diagonais, a assimetria, as formas curvas e espiraladas, e um desprezo pela orientao provida pelos limites fsicos da obra, se organizando livremente pelo espao disponvel e parecendo poder continuar para alm da moldura. Esses mesmos traos falam pela relativa pouca clareza na apresentao das cenas, sendo mais difcil do que em uma obra classicista compreender o conjunto de uma s vez. Paradoxalmente, apesar dessas caractersticas contriburem para dar obra barroca um aspecto mais difuso, fragmetrio e complexo, paraceu a Wlfflin que havia entre os barrocos um forte desejo de atingir uma unidade sinttica em suas obras, coordenando e subordinando os elementos dspares na direo de um efeito final de conjunto unificado e refletindo a busca por princpios compositivos mais eficientes.2879. 80. 81. Poussin: Os pastores de Arcadia (Et in Arcadia ego)82. Wlfflin concebeu sua definio pensando principalmente nas artes visuais, e originalmente o estilo nasceu fortemente ligado Contra-Reforma, especialmente arte jesuta. No entanto, desde ento os tericos da arte tm tentado testar a definio e expand-la para outros contextos, mas essa tentativa provou-se dificultosa, e pouco consenso foi conseguido.24 30 Crticos e historiadores da arte contemporneos contestam, por exemplo, a existncia do Barroco como um movimento artstico, considerando, em primeiro lugar, que o termo nunca existiu durante o perodo histrico a que se refere. Entre c. 1580 e a metade do sculo XVIII, nenhum texto ou obra se afirma como "barroco". Segundo Leon Kossovitch, "somos ns, enquanto periodizadores, que inventamos essa categoria de pensamento". Kossovitch conclui que essa operao periodizadora "absolutamente nefasta", por achatar as diferenas, forando unificaes. Essa unificao forada teria levado, por exemplo, Wlfflin a excluir Nicolas Poussin do seu esquema, por no se encaixar no seu "barroco".31 Assim, segundo alguns crticos, "barroco" seria um conceito apriorstico, engendrado com base no esquema wlffliniano de oposies entre "clssico" e "barroco". Tal esquema teria resultado no estabelecimento de uma ordenao linear dos estilos artsticos - em que o Clssico necessariamente precede o Barroco. Ao mesmo tempo, dificulta o reconhecimento de outras tendncias estticas existentes naquela poca.3283. 84. 85. Palcio Nacional de Mafra.86. 87. 88. Igreja da Ordem Terceira de So Francisco da Penitncia, Rio89. Em que pese toda a polmica, a definio de Wlfflin continua muito citada, e boa parte da bibliografia pelo menos comea com ela para ento propor outras alternativas ou mesmo neg-la, e muitas interpretaes foram oferecidas, o que prova pelo menos a vitalidade do tema. Numa viso generalista, ao contrrio do Renascimento, que buscava criar atravs da arte um mundo de formas idealizadas, purificadas de suas imperfeies e idiossincrasias individuais, dentro de uma concepo fixa do universo, durante o Barroco a mutabilidade das formas e da natureza e o dinamismo de seus elementos concentraram a ateno. Ainda que os modelos do Classicismo idealista tenham permanecido uma referncia importante, a interpretao barroca lhes deu uma feio em muitos pontos anticlssica, pela sua nfase na emoo, no drama, no movimento, no espetaculoso e no teatral, pelo seu grande amor ao ornamento complexo e ao virtuosismo, pelo registro das formas com suas imperfeies naturais e pela liberdade concedida ao artista para experimentar, num contexto em que se tentava conciliar a realidade com o mundo transcendental.22 33 30 34 As construes monumentais erguidas durante o Barroco, como os palcios e os grandes teatros e igrejas, e mesmo os ambiciosos planos barrocos de reurbanizao de cidades inteiras, buscavam impactar os sentidos pela sua exuberncia, opulncia e grandiosidade, propondo uma integrao entre as vrias linguagens artsticas e prendendo o observador numa atmosfera catrtica, retrica e apaixonada. Para Nicolau Sevcenko, nenhuma obra de arte barroca pode ser analisada adequadamente desvinculada de seu contexto, pois sua natureza sinttica, aglutinadora e envolvente.35 3690. Mas todas estas caractersticas tm o problema de serem elas mesmas dificilmente definveis com clareza, so aplicveis para alguns outros estilos alm do Barroco, e a ausncia de uniformidade em seu uso entre os historiadores da arte complica muito a compreenso do estilo como um movimento unificado; antes, parece atestar que pouca unidade existiu em tudo o que comumente chamado em bloco de "arte barroca". Alm disso, o conceito de "barroco" tem sido transportado para reas alheias arte, como a poltica, a psicologia, a tica, a histria e a ideologia social, fazendo dele mais do que um estilo artstico, mas todo um perodo histrico, o que englobaria democraticamente todas as suas variadas expresses na arte, na cultura e na sociedade, e h quem diga que "barroco" um qualificativo genrico independente de poca que aparece periodicamente na histria da arte e da cultura desde tempos remotos at a contemporaneidade, em oposio sua anttese, o "clssico". Parte desse problema de definio do que o Barroco deriva da grande variedade de abordagens entre as vrias regies em que foi cultivado e entre os artistas individualmente. Como lembrou Braider, ainda que em certos lugares o Barroco tenha se revelado bastante "tpico", como por exemplo na Itlia e Espanha, a identificao do estilo se torna mais rdua e esparsa na Inglaterra, Alemanha, Frana e nos Pases Baixos, a no ser que se reconhea que o Barroco foi muito mais diversificado e difcil de definir do que se convencionou pensar.37 38 39 30 Germain Bazin chegou a delimitar oito sub-correntes principais dentro do Barroco, um indicativo de sua grande heterogeneidade,40 e Giancarlo Maiorino disse que o Barroco continua sendo "uma das bestas mais indomveis da selva da crtica de arte".33 Apesar de tantas contradies internas e discrdia entre a crtica a respeito de sua definio, por uma necessidade prtica o conceito de Barroco permanece vlido na vasta maioria da literatura especializada, e por mais candentes que se revelem os debates, sua legitimidade raramente posta em questo.33 3091. Cronologia[editar]92. Tem sido dito que o Barroco teve precursores j na Alta Renascena, em obras como o Incndio no Burgo, de Rafael, ou nas obras maduras de maneiristas como Michelangelo, Tintoretto, Giambologna, Barocci e outros, mas usualmente se refere seu incio estando na passagem do sculo XVI para o sculo XVII.30 41 42 A data de seu fim muito mais polmica. Alguns indicam a passagem do sculo XVII para o sculo XVIII, outros do meados do sculo XVIII, e outros ainda o estendem mais. Parte da confuso permanece por causa da indefinio do que Rococ, uma corrente que surgiu em meados do sculo XVIII, e que a crtica no decidiu se representa a fase final do Barroco ou se se trata de um estilo independente. Na Europa de modo geral quando iniciava o sculo XIX o Barroco estava definitivamente sepultado, mas escolas provincianas na Amrica, como em alguns pontos do Brasil, praticaram o Barroco at o incio do sculo XX. Desta forma, difcil indicar quando termina o Barroco, pois cada regio se desenvolveu ao longo de linhas prprias e os conceitos definidores dos estilos ainda so imprecisos e polmicos.25 .30 43 44 45 46 47 48 2293. Barrocos e o Neobarroco[editar]94. 95. 96. Memorial do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, um projeto neobarroco de Theodor Wiederspahn, incio do sculo XX97. Depois da proposio feita por Eugenio d'Ors, muitos crticos consideram que o Barroco, mais do que um estilo particular, um princpio constante na histria da arte e da cultura, um princpio que enfatiza o drama, o contraste, a vitalidade exuberante, o exagero, contrapondo-se periodicamente com o princpio classicista, que prima pela economia, equilbrio e harmonia. Assim, por exemplo, a escola helenista de escultura j foi chamada de "barroca", para salientar sua diferena em relao escola clssica. Da mesma forma, vrios escritores modernos e contemporneos tm acusado um retorno a princpios formais e estticos "barrocos" ao longo do sculo XX, fazendo uso de recursos retricos tipicamente encontrados nas artes visuais e literrias no sculo XVII que pouco se relacionam tradio clssica. Gregg Lambert argumentou que um "design barroco" visvel na contemporaneidade quando se usa a metalinguagem e a intertextualidade, a "pintura dentro da pintura", ou o "texto dentro do texto". Michel Foucault enfatizou essa transformao epistemolgica quando disse que no perodo moderno os limites da verdade j no se encaixam nas categorias clssicas, significando que hoje existe uma forma de conhecimento que est constantemente se expondo autoanulao pela mesma retrica pela qual este conhecimento se estrutura, quando a descrio artstica da experincia real se aproxima da fico e da pardia, quando toda a face da cultura assume um aspecto de farsa e encenao. A hiptese de um retorno ao Barroco se torna mais plausvel quando se lembra que a prpria definio do Barroco histrico at agora muito mal estabelecida, e j foi suposto que o Barroco como uma entidade particular se trata mais de um artefato, uma fico da crtica, do que uma realidade viva. Para Gilles Deleuze, Barroco apenas um conceito e uma razo suficientes por si mesmos, desvinculados da histria, que pertencem mesma categoria que o conceito de Deus.49 5098. Raymond Williams defendeu a existncia do Barroco contemporneo, ou Neobarroco, como o chamam alguns, atravs da alegao de que todas as estruturas culturais apresentam traos residuais de pocas pregressas, opinio que compartilhada com Jos Maravall e Frederic Jameson. Octavio Paz e Jos Lezama Lima encontraram caractersticas barrocas na poesia espanhola e latinoamericana recente,51 muito da arquitetura ecltica do perodo entre o fim do sculo XIX e o incio do sculo XX foi considerada barroquizante, com vrios exemplos encontrados tambm na escultura, nas artes decorativas, na joalheria52 e na msica,53 54 e Angela Ndalianis afirmou que o gosto atual pelo espetculo e pelo ilusionismo - especialmente bvios no sucesso que fazem o cinema e a televiso - pela multimdia e interatividade, e pelo o "princpio da abolio da moldura", que leva a forma a extrapolar limites convencionais, tipificam a produo artstica contempornea e so paralelos claros com a cultura do Barroco histrico. Henri Focillon tambm ecoou estas alegaes quando disse que as formas independem do tempo e so recorrentes ao longo da histria, e a corrente ps-moderna classificada por alguns autores, como Omar Calabrese e Umberto Eco, como neobarroca.50 55 56 5799. O Barroco americano[editar]100. Ver artigo principal: Barroco no Brasil101. 102. 103. Escola cuzquenha, Mestre de Calamarca: Letiel Dei, Arcanjo arcabuzeiro, sculo XVII, cpia moderna.104. 105. 106. O carnaval do Rio, corriqueiramente visto como uma festa "barroca" pela sua opulncia e exuberncia107. Em virtude da colonizao da Amrica por pases europeus naturalmente se transportou o Barroco para o Novo Mundo, encontrando um terreno especialmente favorvel nas regies dominadas pela Espanha e Portugal, ambos os pases sendo monarquias centralizadas e irredutivelmente catlicas, por extenso sujeitas a Roma e adeptas do Barroco contra-reformista mais tpico. Artistas europeus migraram para a Amrica e fizeram escola, e junto com a grande penetrao de missionrios catlicos, muitos dos quais eram artistas habilidosos, criou-se um Barroco multiforme e no raro influenciado pelo gosto popular. Os artesos escravos muito contriburam para dar a esse Barroco feies nicas. Os principais centros de cultivo do Barroco americano foram o Peru, o Equador, o Paraguai, a Bolvia, o Mxico e o Brasil.58108. de destacar com especial interesse o chamado "Barroco missioneiro", desenvolvido no mbito das redues guaranis do Brasil, Bolvia, Argentina e Paraguai, aldeamentos de indgenas organizados por missionrios catlicos no intuito de convert-los f crist e acultur-los ao modo de vida ocidental, formando um Barroco hbrido com influncia da cultura nativa, onde floresceram muitos artesos e msicos ndios, at literatos, alguns de grande habilidade e talento prprio. Relatos dos missionrios repetem muitas vezes que a arte ocidental, especialmente a msica, exercia um impacto hipntico sobre os silvcolas, e as imagens de santos eram vistas como dotadas de grandes poderes. Converteram-se muitos ndios, e criou-se uma forma de devoo mestia, de intensidade apaixonada, carregada de misticismo, superstio e teatralidade, que se deleitava com missas festivas, concertos sacros e autos de mistrios.59 60 A Escola de Cuzco de pintura, por sua vez, fundada pelos jesutas Juan igo de Loyola e Bernardo Bitti, junto com alguns outros mestres, contou com a participao de ndios incas, um povo de sofisticada cultura prpria, que deram sua prpria contribuio esttica. Produziu-se uma escola original, sincrtica e de tendncia fortemente ornamental, cuja influncia se espalhou a partir do sculo XVII por todo Vice-Reino do Peru e at hoje permanece em atividade, com poucas modificaes em seus princpios estticos.61109. De fato, o Barroco parece resistir e se tornar cada vez mais popular, tanto em sua manifestao histrica como em suas atualizaes. Muitos autores latinoamericanos consideram que ele permanece vivo como um princpio organizador especfico em seus pases, e o entendem como uma manifestao de autenticidade e originalidade de suas culturas. Segundo disse John Beverley, que ensina na Universidade de Pittsburgh, uma das poucas universidades norteamericanas que possuem um departamento de literatura latinoamericana, seus alunos so na maioria latinoamericanos de lngua espanhola, so inspirados pelos trabalhos de Alejo Carpentier, Lezama Lima, Severo Sarduy, Nestor Perlongher, e so muito interessados na ideia de que um definido carter neobarroco os distingue da cultura norteamericana, que caracterizam como dominada pelo esprito do business e da indstria, ao passo que vem suas prprias culturas "neobarrocas" como regidas pelos princpios da poesia, do exotismo, do excesso visual, da alegria, da originalidade e da mestiagem.62 No Brasil no diferente, o Barroco largamente considerado um dos mais importantes elementos formadores da identidade nacional, desde os anos 30 vem sendo revisitado com cada vez maior frequncia, processo iniciado pelo prprio governo, gerou volumosa bibliografia, foi reconhecido e louvado por estrangeiros e foi chamado por Affonso Romano de Sant'Anna de "a alma do Brasil", uma frase que se tornou lugar-comum e cujo significado parte do discurso oficial. Mais do que isso, dizem muitos que o esprito barroco permanece identificvel em grande nmero de manifestaes culturais brasileiras contemporneas.63 64 65 66 67 68 Como sintetizou Zuenir Ventura,110. "O Barroco no foi. Ele ainda , continua presente em quase todas as manifestaes da cultura brasileira, da arquitetura pintura, da comida moda, passando pelo futebol e pelo corpo feminino.... Barroca a tcnica de composio que Villa-Lobos usou para criar suas nove Bachianas. Barroco o cinema de Glauber Rocha, nossa exuberante natureza, o futebol de Pel e de todos os que, driblando a racionalidade burra dos tcnicos, preferem a curva misteriosa de um chute ou o esplendor de uma finta. Afinal, o Barroco o estilo em que, ao contrrio do renascentista, as regras e a premeditao importam menos que a improvisao. Quer coisa mais barroca que o Guga?"68111. Artes barrocas[editar]112. Ver artigo principal: Escultura do barroco, Pintura do barroco113. As caractersticas mais tpicas do Barroco na pintura e escultura so aquelas recm-descritas, e no necessrio repeti-las. Algumas particularidades, porm, cabe mencionar.114. Escultura[editar]115. 116. 117. Pierre Legros: A Religio derrotando a Heresia e o dio, Igreja de Jesus, Roma118. 119. 120. Aleijadinho: Passo da Paixo, no estilo dos sacro montes, no Santurio do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas121. A Contra-Reforma deu uma ateno redobrada imaginria sacra, seguindo antiga tradio que afirmava que as imagens de santos, pintadas ou esculpidas, eram intermedirios para a comunicao dos homens com as esferas espirituais. So Joo da Cruz afirmava que havia uma relao recproca entre Deus e os fiis que era mediada pelas imagens, e vrios outros religiosos catlicos, como So Carlos Borromeu e Roberto Bellarmino reiteraram sua importncia no culto, mas o valor delas havia sido negado pelos protestantes, o que desencadeou grandes movimentos iconoclastas em vrias regies protestantes que provocaram a destruio de incontveis obras de arte. A imaginria sacra, ento, voltou a ser vista como elemento central no culto catlico, fazia parte de um conjunto de instrumentos usados pela Igreja para invocar emoes especficas nos fiis e lev-los meditao espiritual. Num tratado terico sobre o assunto, Gabriele Paleotti as defendeu a partir da idia de que elas ofereciam para o fiel inculto uma espcie de Bblia visual, a Biblia pauperum, enfatizando sua funo pedaggica e seu paralelo com o sermo verbal. Mas considerou ainda a funo da excitatio, a possibilidade de mexer com a imaginao e as emoes do povo, transferindo para a arte sacra a tipologia da retrica. Nem a liberdade artstica deveria ser tolhida nem os tericos desenvolveriam prescries estilsticas propriamente ditas, apenas orientaes normativas e morais. As imagens deveriam cumprir com o quesito de serem instrutivas e moralmente exemplares para os fiis, buscando persuad-los. Atravs da transmisso da f "correta" aos fiis, o artista adquiria um papel teologizante, e o prprio espectador em movimento pela igreja tornava-se uma pea do cenrio deste "teatro da f".69 Como disse Jens Baumgarten,122. "O teorema jesutico ps-tridentino e sua nova concepo da imagem em si, os modelos romanos, a representao do poder e a liturgia encontram-se e fundem-se numa sntese. Sem a imagem perfeita no h f correta. A nova nfase dada s imagens une-se a uma nova viso da sociedade. As mudanas ocorridas at 1600 levariam construo de uma nova perspectiva eclesistica e iconogrfica que acabou desembocando no ilusionismo perspectivista, unido elementos de emocionalidade irracional com a transformao plstica de conceitos teolgicos intransigentes".69123. Dentro desse esprito, na escultura de assinalar o desenvolvimento de um gnero de composio grupal chamado de "sacro monte", concebido pela Igreja e rapidamente difundido por outros pases. Trata-se de um conjunto que reproduz a Paixo de Cristo ou outras cenas piedosas, com figuras policromas em atitudes realistas e dramticas em um arranjo teatralizado, e destinadas a comover o pblico.70 Deste instrumental pedaggico catlico fazia parte ainda a construo de cenrios nos quais eram inseridas as esttuas a fim de criar ainda maior iluso de realidade, numa concepo verdadeiramente teatral. s vezes tais grupos eram confeccionados de forma a poderem ser movidos e transportados sobre carros em procisses, criando-se uma nova categoria escultrica, a das esttuas de roca em madeira. Para aumentar o efeito mimtico muitas possuam membros articulados, para que pudessem ser manipuladas como marionetes, assumindo uma gestualidade eficiente e evocativa, varivel de acordo com o progresso da ao cnica. Recebiam roupagens que imitavam as de pessoas vivas, e pintura que assemelhava carne humana. E para maior iluso seus olhos podiam ser de vidro ou cristal, as cabeleiras naturais, as lgrimas de resina brilhante, os dentes e unhas de marfim ou osso, e a preciosidade do sangue das chagas dos mrtires e do Cristo flagelado podia ser enfatizada com a aplicao de rubis. Assim, nada melhor para coroar a participao do pblico devoto na re-criao da realidade mstica do que permitir que a ao se desenrolasse em espao aberto, na procisso, onde a movimentao fsica do fiel ao longo do trajeto poderia propiciar a estimulao da pessoa como um todo, diferentemente da contemplao esttica diante de uma imagem em um altar. Nos casos em que o "sacro monte" deveria ser levado s ruas, usualmente era simplificado a uma sugesto de rochas ou numa gruta. Conforme a ocasio, a gruta ou rocha poderiam representar o Monte Sinai, o Monte Tabor, o Monte das Oliveiras, a Gruta da Natividade, a rocha da Tentao de Cristo ou outros locais impregnados de significado. Algumas vezes o cenrio rochoso era substitudo por outro arquitetnico, especialmente aps o trabalho de Andrea Pozzo, codificador da perspectiva ilusionstica arquitetnica que foi largamente empregada na decorao de templos catlicos. Com os mesmos fins prticos, para aliviar o peso do conjunto, as imagens eram entalhadas apenas parcialmente, com acabamento s nas partes que deveriam ser vistas pelo pblico, como as mos, cabea e ps, e o restante do corpo consistia em uma simples estrutura de ripas ou armao oca coberta pela roupa de tecido.71124. 125. Pierre-tienne Monnot: So Paulo, Baslica de So Joo de Latro, Roma126. 127. Narciso Tom e filhos: El Transparente, altar na Catedral de Toledo128. 129. Jean-Louis Lemoyne: Busto de Jules Hardouin-Mansart, Museu do Louvre130. 131. Melchior Barthel: Melancolia132. 133. Nossa Senhora da F, sacristia da Catedral de Salvador134. 135. Pietro Bracci e Gaspare Sibilla: Tumba do Papa Bento XIV no Vaticano136. 137. Annimo: Esttua de roca representando o Senhor dos Passos, Capela Nosso Senhor dos Passos, Porto Alegre138. 139. Giuseppe Volpini: Kurfrst Max Emanuel, Museu Nacional da Baviera140. Pintura[editar]141. Andrea Pozzo, codificando a tcnica da perspectiva arquitetnica ilusionstica em seu tratado Perspectiva Pictorum et Architectorum, foi o responsvel pela divulgao em larga escala de uma das mais tpicas modalidades de pintura do Barroco, a criao de grandes tetos pintados onde as paredes do templo parecem continuar para cima e se abrir para o cu, oferecendo a viso de uma epifania onde santos, anjos e Cristo parecem descer entre nuvens e resplendores de glria. A tcnica no era inteiramente nova e j havia sido praticada por outros como Correggio e Michelangelo no Maneirismo, mas o tratado de Pozzo se tornou cannico, sendo traduzido para vrias lnguas ocidentais, e at para o chins. Enquanto que seus predecessores continham o cu num espao mais limitado, Pozzo e seus seguidores buscaram deliberadamente uma impresso de infinitude.72 73142. 143. 144. Jos de Ribera: So Bartolomeu, Castelo Rohrau145. Tambm tpica da pintura barroca foi a corrente dedicada explorao especialmente dramtica dos contrastes de luz e sombra, a chamada escola Tenebrista. Seu nome deriva de tenebra (treva, em latim), e uma radicalizao do princpio do chiaroscuro. Teve precedentes na Renascena e se desenvolveu com maior fora a partir da obra do italiano Michelangelo Merisi, dito Caravaggio, sendo praticada tambm por outros artistas da Espanha, Pases Baixos e Frana. Como corrente estilstica teve curta durao, mas em termos de tcnica representou uma importante conquista, que foi incorporada histria da pintura ocidental. Por vezes o Tenebrismo entendido como sinnimo de Caravaggismo, mas no so coisas idnticas. Os intensos contrastes de luz e sombra emprestam um aspecto monumental aos personagens, e embora exagerada, uma iluminao que aumenta a sensao de realismo. Torna mais evidentes as expresses faciais, a musculatura adquire valores escultricos, e se enfatizam o primeiro plano e o movimento. Ao mesmo tempo, a presena de grandes reas enegrecidas d mais importncia pesquisa cromtica e ao espao iluminado como elementos de composio com valor prprio. Na Frana Georges de La Tour foi um dos adeptos da tcnica; na Itlia, Battistello Caracciolo, Giovanni Baglione e Mattia Preti, e na Holanda, Rembrandt van Rijn. Mas talvez os mais notveis representantes sejam os espanhis Jos de Ribera, Francisco Ribalta e Francisco de Zurbarn.74146. Tambm se tornaram comuns no Barroco a pintura de naturezas-mortas e interiores domsticos, refletindo a crescente influncia dos gostos burgueses. Nos Pases Baixos protestantes foram um dos traos distintivos do Barroco local, conhecido ali como a Era Dourada da pintura. Na poca a regio era uma das mais prsperas da Europa, e estando livre do controle catlico pde manter uma tradio de liberdade de pensamento, dentro de uma organizao poltica bastante democrtica. Tinha a burguesia comerciante como sua classe social mais influente, a qual patrocinava uma pintura essencialmente secular, de carter nico no panorama barroco. Entre seus principais expoentes se contam Frans Hals, Vermeer, Frans Snyders, Pieter de Hooch, Meindert Hobema, Jacob Jordaens, Anthony van Dyck, Jacob van Ruisdael e Rembrandt. Oriundo da mesma regio, Rubens, um dos maiores pintores de todo o perodo, se enquadra em uma outra tradio por ter sido catlico e por ter cultivado um estilo pessoal cosmopolita e ecltico. Tambm se cultivou ali a pintura de paisagem, geralmente despojada de contedo narrativo ou dramtico, ao contrrio de outras regies europias, onde muitas vezes a paisagem foi produzida como um cenrio para cenas histricas, alegricas ou religiosas, como foi o caso de Nicolas Poussin e Claude Lorrain, os principais representantes da vertente classicista do Barroco.75 76 Na Espanha o Barroco pictrico tingiu-se de um misticismo desconhecido em outras paragens, inspirado no dramatismo do Tenebrismo, j citado, e na obra de mestres como Francisco Pacheco e em particular El Greco, possivelmente o mais tpico integrante da corrente mstica.76 Podemos citar como outros pintores importantes no Barroco Diego Velzquez, Bartolom Esteban Murillo, Pietro da Cortona, Giovanni Battista Tiepolo, Guercino, Guido Reni, Salvator Rosa, os Carracci, Hyacinthe Rigaud, Charles Le Brun, Philippe de Champaigne, Simon Vouet e Josefa de bidos, uma das pouqussimas mulheres artistas do perodo.76147. 148. Caravaggio: A crucificao de So Pedro, 1600-1601. Igreja de Santa Maria del Popolo, Roma149. 150. Rembrandt: Lio de anatomia do Dr. Tulp, 1632. Mauritshuis, Haia151. 152. Toms Yepes: Natureza-morta com aves e lebre, sculo XVII. Museu do Prado, Madrid153. 154. Velzquez: A Infanta Doa Margarita de Austria, c. 1660, Museu do Prado155. 156. Hyacinthe Rigaud: Retrato de Lus XIV, 1701. Museu do Louvre, Paris157. 158. Johannes Vermeer: Alegoria da Pintura, c. 1666. Kunsthistorisches Museum, Viena159. 160. Bartolom Esteban Murillo: Imaculada Conceio, 1678. Museu do Prado, Madrid161. 162. Jacob van Ruisdael: Paisagem, 1649. National Gallery of Scotland, Edinburgo163. Arquitetura e urbanismo[editar]164. Ver artigo principal: Arquitetura do barroco165. A arquitetura barroca caracterizada pela complexidade na construo do espao e pela busca de efeitos impactantes e teatrais, uma preferncia por plantas axiais ou centralizadas, pelo uso de contrastes entre cheios e vazios, entre formas convexas e cncavas, pela explorao de efeitos dramticos de luz e sombra, e pela integrao entre a arquitetura e a pintura, a escultura e as artes decorativas em geral. O exemplo precursor da arquitetura barroca geralmente apontado na Igreja de Jesus em Roma, cujo projeto foi de Giacomo Vignola e a fachada e a cpula de Giacomo della Porta. Vignola partiu de modelos clssicos estabelecidos pelo Renascimento, que por sua vez se inspiraram na tradio arquitetnica da Grcia e da Roma antigas. As diferenas introduzidas por ele foram a supresso do transepto, a nfase na axialidade e o encurtamento da nave, e procurou obter uma acstica interna eficaz. A fachada se tornou um modelo para as geraes futuras de igrejas jesutas, com pilastras duplas sustentando um fronto no primeiro nvel, e um outro fronto, maior, coroando toda a composio. O interior era originalmente despojado, e seu aspecto atual resultado de decoraes no final do sculo XVII, destacando-se um grande painel pintado no teto com o recurso da arquitetura ilusionstica.77166. 167. 168. Vignola e Della Porta: Igreja de Jesus, Roma169. Logo depois de completa a Igreja, o papa Sisto V revitalizou um projeto de reurbanizao de Roma que havia sido iniciado no sculo XV. Sua preocupao foi adaptar a cidade a um conceito urbano mais moderno, organizado e espaoso, permitindo uma circulao facilitada numa cidade que ainda mantinha muito de seu perfil medieval, com ruas estreitas e tortuosas e poucos logradouros pblicos amplos. O projeto previu uma organizao radial de avenidas importantes, endireitamento de ruas, ampliao e embelezamento de praas e parques com fontes e monumentos, numa perspectiva monumental, e se revelou to eficiente que foi mantido pelos seus sucessores, sendo continuamente aprimorado e embelezado ao longo de todo o sculo XVII. Tambm se construram muitas novas igrejas e palcios, outros foram reformados, como vrias estruturas do Vaticano, entre elas a Baslica de So Pedro, o maior monumento romano do Barroco, completada por Bernini.77 As inovaes na planta de Roma se tornaram modelares, e logo passaram a inspirar a reurbanizao de vrias cidades italianas, se irradiando tambm para a Alemanha, Frana e outros pases, em interpretaes variadas e em vrios casos alterando radicalmente o perfil urbano, como por exemplo em Salzburgo, Dresden, Viena, Praga, Nuremberg, Graz, Cracvia, Munique, Npoles e Madrid. Isso se fez mais evidente na recuperao econmica europia aps as mltiplas crises e guerras do incio do sculo XVII. medida que os Estados absolutistas se consolidavam, alianas renovadas entre o Estado, a Igreja e a nobreza possibilitaram a reformulao das cidades a fim de expressar seu poder e um novo senso de ordem, manifestos em construes suntuosas e ostentatrias. Esse programa foi especialmente intenso onde dinastias catlicas governavam e apoiavam a Contra-Reforma, mas mesmo em regies onde o absolutismo catlico no prosperou, como nos Pases Baixos e Alemanha protestantes, as novidades foram aceitas e implementadas na esteira da expanso e transformao da economia e da sociedade, e em vista das necessidades novas impostas pelo aumento populacional.36170. Na arquitetura barroca foi importante a observao de propores geomtricas definidas, como a Seo urea e a Sequncia de Fibonacci, uma vez que a teoria da arquitetura estava permeada de concepes que a relacionavam com a estrutura do universo. Acreditava-se que o cosmos fosse estruturado por propores matemticas, que a Terra e os outros planetas se moviam dentro de molduras concntricas cristalinas, invisveis e impalpveis, mas no obstante reais, que deveria ser imitadas na construo dos edifcios e no planejamento urbano, refletindo tambm a ideologia do Estado centralizado.78 Alm disso, outras artes foram recrutadas pelos arquitetos para tornar a edificao barroca um espetculo completo, carregado de alegorias e simbolismo, como a pintura, a escultura, as artes decorativas, todas reunidas para ilustrar a ideologia dominante.36 J foi dito que na poca se concebia o mundo como um vasto teatro onde cada um desempenhava um papel definido atravs de regras predeterminadas, e entre as estratgias empregadas para a exibio do poder estavam representaes teatrais, concertos e produo literria engajada na glorificao dos Estados e dos governantes. Como disse John Marino, os cidados da "cidade cerimonial" barroca constantemente se dedicavam a representaes pblicas como festivais cvicos, procisses e outros ritos devocionais e vrios tipos de demonstraes populares. Monumentos, imagens, escritos e emblemas de civismo e f, ornamentaes, paramentos e construes efmeras se cobriam de alegorias polticas, mitolgicas e astrolgicas que se fundiam para veicular mensagens polivalentes para uma audincia urbana de extrao diversificada. Tais eventos faziam parte do processo ritualizado e doutrinatrio que criava uma identidade coletiva, expressava hierarquias definidas e a solidariedade urbana, ao mesmo tempo em que alimentava rivalidades e competio entre classes, gneros, ofcios, famlias, amigos e vizinhos, e por isso s vezes degeneravam em conflitos violentos.79171. Entre os arquitetos notveis na Itlia, alm dos j citados, se contam Domenico Fontana, Carlo Maderno, Borromini, Carlo Rainaldi, Guarino Guarini, Bernardo Vitone, Francesco Bartolomeo Rastrelli e Filippo Juvarra. Outros europeus foram Johann Balthasar Neumann, Johann Michael Fischer, Christoph Dientzenhofer, Johann Christoph Glaubitz, Louis Le Vau, Charles Perrault, Franois Mansart, Jules Hardouin-Mansart, Jacob van Campen, Fernando de Casas Novoa, a famlia Churriguera, Christopher Wren, John Vanbrugh, James Gibbs, Joo Frederico Ludovice e Joo Antunes. No Brasil, Daniel de So Francisco, Aleijadinho e Francisco de Lima Cerqueira.172. 173. Jacob van Campen: Prefeitura de Amsterd174. 175. Catedral de Santiago de Compostela, fachada de Fernando de Casas Novoa176. 177. Joo Frederico Ludovice: Mosteiro e Palcio Real de Mafra178. 179. John Vanbrugh: Palcio de Blenheim, Woodstock180. 181. Interior da igreja da Abadia de Melk182. 183. Claudio de Arciniega: Catedral Metropolitana, Cidade do Mxico184. 185. Igreja de So Francisco, Joo Pessoa. Inspirada na Igreja de So Francisco em Cair, de Daniel de So Francisco186. 187. Carlo Ferrarini e Francesco Maria Milazzo: Igreja da Divina Providncia, Goa Velha188. Literatura[editar]189. Especialmente depois das guerras e tumultos sociais e religiosos da primeira parte do sculo XVII, a literatura experimentou um grande florescimento em vrios pases, dando origem literatura moderna. Na Itlia apareceu a corrente Marinista liderada por Giambattista Marino, de grande influncia; na Pennsula Ibrica e colnias americanas se desenvolveu o Cultismo e o Conceptismo de Luis de Gngora, Francisco de Quevedo, do padre Antnio Vieira e de Gregrio de Matos. Na Frana foi a era de Molire, Racine, Boileau e La Fontaine; nos Pases Baixos, foi a Idade de Ouro da poesia, com expoentes em Henric Spieghel, Joost van den Vondel, Danil Heinsius e Gerbrand Bredero; na Inglaterra, propiciou-se o florescimento de uma poesia metafsica tipificada por John Dryden, John Milton, John Donne e Samuel Johnson.17190. Seu motivo onipresente foi o conflito entre a tradio clssica herdada do Renascimento e as novas descobertas da cincia, as mudanas na religio, novas aspiraes e um desejo de inovar. A herana clssica trazia consigo determinadas formas estticas e padres morais, quase toda a literatura do sculo anterior fora moralizante, mas ao mesmo tempo se fazia frente necessidade crist de rejeitar o to prezado modelo clssico por sua origem pag, considerada uma influncia corruptora e enganosa, e isso explica parte da rejeio do classicismo em boa parte do Barroco. O conflito se estendeu para a rea da educao, at ento tambm pesadamente devedora dos clssicos e, atravs da influncia jesutica, vista como o principal e primeiro instrumento de reforma social.62 80191. 192. 193. Santa Teresa de vila escrevendo, em tela de Rubens no Kunsthistorisches Museum194. Em termos estilsticos, a literatura barroca em linhas gerais dedicou um profundo cuidado forma e ao virtuosismo lingustico no intuito de maravilhar e convencer o leitor, o que implicava o uso constante de figuras de linguagem e outros artifcios retricos, como a metfora, a elipse, a anttese, o paradoxo e a hiprbole, com grande ateno ao detalhe e ornamentao como partes essenciais do discurso e como formas de demonstrar erudio e bom gosto. Tambm deve ser assinalado seu carter em muito experimental e sua ousadia no manejo da lngua, no tendo precedentes nestes aspectos na literatura do ocidente.17 62 81195. Ao mesmo tempo se popularizaram as literaturas vernaculares e aquelas centradas no cotidiano, cultivando temas naturalistas e de crtica social, como contrapartida ao idealismo cavaleiresco e nobilitante do Renascimento.17 So criados gneros naturalistas como a novela picaresca, com um grande exemplo no Simplicius Simplicissimus de Hans Jakob Christoffel von Grimmelshausen, ou a novela polifnica moderna, tipificada no Don Quixote, de Cervantes. A esta tendncia anticlssica corresponde tambm a frmula da comdia nova criada por Lope de Vega, e divulgada atravs de seu Arte Nova de fazer comdias neste tempo, rompendo com as unidades aristotlicas de ao, tempo, e espao. A conquista da Amrica deu lugar ao gnero das crnicas, entre as quais podemos encontrar algumas obras mestras, como as de Frei Bartolom de las Casas e Inca Garcilaso de la Vega.17196. Na poesia sacra se notabilizaram So Joo da Cruz, Soror Juana de la Cruz e Santa Teresa de vila. Ao longo do sculo XVIII os gneros satricos e sentimentais como os cultivados por Alexander Pope, Voltaire e Jonathan Swift, por exemplo, se tornaram favoritos, medida que a influncia da religio declinava, os ideais clssicos se fortaleciam novamente, se consolidava a sensibilidade do Rococ e o pensamento iluminista se tornava predominante.17197. Um trecho do Sermo do Mandato (1655) do padre Antnio Vieira pode transmitir uma idia do discurso literrio tipicamente barroco, com reiteraes, comparaes, antteses e outros recursos retricos e eruditos de linguagem:198. "Com duas comparaes ou metforas, declara S. Paulo este fazer-se e desfazer-se: com metfora da roupa que se veste e se despe, e com metfora do vaso que se enche e se vaza. Com metfora da roupa que se veste e se despe: 'Habitu inventus ut homo'; com metfora do vaso que se enche e vaza: 'Exinanivit semetipsum' e ambas as metforas parece que as tomou S. Paulo do mesmo ato do lavatrio em que estamos. A da roupa enquanto se despe: 'Ponit vestimenta sua' - e a do vaso enquanto se vaza: 'Mittit aquam in pelvim'. E por que usou S. Paulo destas duas metforas e destas duas comparaes? Porque s com elas podia mostrar a diferena deste ato e deste dia ao ato e ao dia da Encarnao. No dia e ato da Encarnao, fazendo-se Deus homem, Deus vestiu-se da humanidade, porque a uniu a si, e se cobriu com ela; e a humanidade, que era um vaso de barro pequeno e estreito, ficou cheia de Deus, porque Deus a encheu com toda a imensidade de seu ser: 'Quia n ipso inhabitat omnis plenitudo divinitatis corporaliter'. E, sendo isto o que se fez no dia da Encarnao, tudo isto - quanto vista dos olhos humanos - se desfez no dia e no ato de hoje. Porque, lanando-se Cristo aos ps dos homens, e tais homens, e fazendo-se servo seu, e servo em ministrio to vil e to abatido, parece que Deus se despira outra vez da humanidade de que estava vestido, desunindo-se dela, e que a mesma humanidade, que estava cheia de Deus, perdida a unio com a divindade, ficara totalmente vazia: 'Exinanivit semetipsum, formam servi accipiens'. E foi isto assim como parece? No. Mas, posto que a humanidade de Cristo por este ato no perdeu a unio com a divindade, nem deixou de estar to cheia de Deus como dantes estava, abaixar-se, porm, e pr-se em estado to abatido, que o parecesse ou pudesse parecer aos homens, foi uma diferena to notvel e to estupenda, que s o mesmo S. Paulo a pode ponderar e encarecer." 82199. Literatura para o teatro[editar]200. 201. 202. O envenenamento de Britannicus, ilustrao de Franois Chauveau para a edio de 1675 da tragdia Britannicus, de Jean Racine203. O drama barroco tipicamente usa motivos clssicos mas tenta traz-los para o mundo moderno, muitas vezes centrando a ao na figura do monarca. Ao contrrio do drama clssico, onde o destino uma das principais foras propulsoras da ao, um destino que cego e contra o qual no h nada capaz de se opor, no drama barroco o interesse passa para as dificuldades inerentes ao exerccio do poder, da vontade e da razo diante da realidade poltica corrupta, cruel e cnica e do descontrole das paixes, gerando uma perene e dolorosa tenso entre o desejo por um mundo harmonioso, belo e santificado e a impresso de que tudo se dirige para a catstrofe e a destruio, sem qualquer esperana para o homem. Para a expresso desses conflitos um recurso tcnico comum a alegoria, que transporta os fatos concretos para uma esfera mais abstrata e mais abrangente, possibilitando mltiplas interpretaes e fazendo relacionamentos simultneos entre vrios nveis de realidade. O uso da alegoria tpico do Barroco tambm porque ela no oferece uma resposta unvoca s questes propostas, permanecendo o incerto, o ambguo e o mutvel como elementos integrantes do tema, permite o exerccio da crtica social sem ligar-se diretamente a figuras pblicas verdadeiras, e possibilita a explorao da psicologia humana em todos os seus extremos contrastantes de virtude e vcio, e com todas as nuances intermdias. Por tais motivos, nas alegorias dramticas do Barroco abundam imagens de runas e da morte, mas abrindo a perspectiva de um novo nascimento e de uma ao humana significativa.83 84 Nas regies protestantes o drama se tornou particularmente pessimista, uma vez que o Protestantismo s admite a doutrina da salvao pela f, e as boas obras perdem assim significado transcendente. No drama protestante a Histria essencialmente decadncia ou regresso, e seus temas so principalmente lamentos sobre um mundo envilecido.84 Mesmo nos dramas sacros catlicos so recorrentes os temas do sacrifcio, do martrio, da abstinncia, da penitncia e da melanclica, ainda que espiritualmente gloriosa, renncia ao mundo da matria, o "fruto proibido", dirigindo as esperanas para a esfera divina e eivando as narrativas com imagens trgicas e dolorosas, especialmente quando os dramas sacros eram representados em associao com festividades religiosas como a Paixo de Cristo, quando procisses de devotos se autoflagelavam e davam outras provas ritualizadas e teatralizadas de f entre excessos emocionais.85 86204. Ainda que os personagens e os motivos tenham se multiplicado em relao ao Renascimento, no drama Barroco a ao mantida mais coesa e ininterrupta por uma rede mais complexa de relacionamentos entre os seus agentes, conduzindo um desenvolvimento narrativo marcado pelas leis da causa e efeito, ainda que em seu curso a trama muitas vezes seja entremeada por surpresas e reviravoltas imprevistas, de qualquer forma encaixadas plausivelmente dentro dos limites da lgica. Outra diferena em relao ao perodo anterior que os personagens j no so tipos fixos, com caracteres imutveis e previsveis. Antes um heri era sempre um heri, e suas aes sempre virtuosas; um bandido era sempre vil e suas intenes sempre obscuras e daninhas. No Barroco os personagens so mais humanos e contraditrios, suas personalidades apresentam reas claras e escuras, e as mudanas nos comportamentos, humores e motivaes podem ser abruptas e drsticas. Finalmente, a ao no mais concebida como um arco perfeito, com um incio, meio e fim ntidos, com um progressivo e calculado acmulo de tenso que culmina num clmax final; os dramas barrocos podem iniciar com uma impresso de casualidade, como se o observador tivesse capturado uma cena de passagem e sido jogado para dentro da trama acidentalmente; tampouco os finais so sempre um clmax, e nas tragdias barrocas a morte do protagonista no final deixa de ser uma regra. Esses traos, contudo, so muito genricos, e casos particulares podem apresentar estruturas e desenvolvimentos bastante diversos, como tpico de todo o Barroco.30205. Teatro[editar]206. 207. 208. Giacomo Torelli: Cenrio para Andromde, de Corneille, 1650. Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque209. 210. 21