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N.º 9 | Abril 2019 NEWS DIOGO DIAS «COM AS SONDAS DA AQUAGRI APRENDI UMA NOVA DEFINIÇÃO DE REGA» AMÊNDOAS VITORIAPOLIS USA SONDAS E ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DA AQUAGRI COOPERATIVA DE MOURA PREPARA-SE PARA A CHEGADA DA ÁGUA DO ALQUEVA Meteo localizada Previsão Doenças Gestão de Rega Planeamento e logística FERNANDO GONÇALVES FERREIRA POUPA 10% DE ÁGUA COM SONDAS ENVIROSCAN BORREGO LEONOR & IRMÃO USA TECNOLOGIA AQUAGRI www.aquagri.com DONA LARANJA CITRINOS DO ALGARVE COM REGA SUSTENTÁVEL

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N.º 9 | Abril 2019News

DIOGO DIAS «Com as sondas da aquagri aprendi uma nova definição de rega»

AMÊNDOAS VITORIAPOLISusa sondas e estação meteorológiCa da aquagri

COOPERATIVA DE MOURAprepara-se para a Chegada da água do alqueva

Meteo localizada

PrevisãoDoenças

Gestão de Rega

Planeamento e logística

FERNANDO GONçALVES FERREIRApoupa 10% de água Com sondas envirosCan

BORREGO LEONOR & IRMãOusa teCnologia aquagri

www.aquagri.com

DONA LARANjA Citrinos do algarve Com rega sustentável

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Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comirrigation management

iScout

Armadilhas automáticas para con-trolo de pragas que diariamente tiram uma fotografia de alta re-solução que fica posteriormente disponivel ao agricultor online. É uma ferramenta fundamental para um controlo mais apertado da evolução das pragas de uma forma cómoda e precisa. É um sistema que já vendemos há al-guns anos mas sentimos que este ano o mercado está a responder de uma forma mais positiva a esta solução.

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LevantaMento De eLectRoconDutiviDaDe Do SoLo

A Aquagri comecou este ano a prestar o serviço de levantamento da electrocondutividade do solo. Para além deste parâmetro, ao fazer o levantamento fica ainda com o mapeamento da textura, compactação e humidade do solo. Os primeiros resultados obtidos têm-nos deixado muito satisfeitos e tam-bém, que é o principal, aos clientes.

cRoPview

É um equipamento que está em fase de testes e que poderá ser ainda lançado este ano. este equipamen-to regista diariamente a evolução da cultura com fotografias de alta reso-lução que são diariamente enviadas para uma base de dados e disponi-bilizadas online. estas imagens per-mitem ao agricultor ter um registo completo da evolução da cultura ao longo do ano. Permite ainda acom-panhar a evolução do crescimento dos frutos, colocando o equipamento a uma distância pré-definida e sabendo a dimensão do fruto nessa data é possivel ir calculando a evolução do diâmetro do mesmo.

editorial

Democratizar a agricultura de Precisão no regadio

A escassez de água disponível para rega é uma preocupação para o se-tor agrícola e o primeiro trimestre de 2019 encerrou com um balanço negativo. segundo o Boletim das Al-bufeiras do Ministério da Agricultura, a 31 de Março, 5 albufeiras (no Dou-ro, sado, Mira e Guadiana) estavam em situação de défice hídrico agrí-cola significativo (com níveis entre 60 % e 30 %) e 3 albufeiras (todas no

sado) estavam em situação de défice hídrico agrícola relevante ou esgota-mento (inferior a 30 %).este cenário, cada vez mais fre-quente, torna premente encontrar novas soluções de armazenamento e transvase de água de forma a po-der garantir o futuro da agricultura de regadio. O Governo anunciou há um ano investimento em barragens para mais 90 mil hectares de rega-dio, a concretizar até 2022. É um passo positivo, mas é preciso atuar também ao nível da exploração agrí-cola, com uma política concreta de

apoios ao regadio eficiente. É urgente munir todos os agriculto-res de ferramentas de agricultura de precisão que lhes permitam um melhor uso de todos os recursos, e em concreto da água. Não falamos apenas de equipamentos, mas tam-bém de formação e informação que os ajude a tirar o melhor partido das tecnologias de agricultura de preci-são, tomando decisões fundamen-tadas na gestão das culturas que conduzam à poupança dos recursos e à melhoria da rentabilidade das suas empresas.

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irrigation management

// A Amêndoas Vitoriapolis Sociedade Agrícola, um dos maiores investidores em amendoal no Alentejo, adquiriu 5 sondas Enviroscan e uma estação meteorológica à Aquagri no mesmo mês em que realizou a plantação de 300 hectares de amen-doeiras.

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rePOrtAGeM

O grupo SFG La Vougeraie, conhe-cido produtor de vinhos em França, na Califórnia (EUA) e no Quebeque (Canadá), plantou 300 hectares de amendoal na Herdade da Coelheira, em Santa Vitória, a poucos quilóme-tros de Beja. O investimento, avaliado em 12 milhões de euros, é proprieda-de da Amêndoas Vitoriapolis Socie-dade Agrícola, a empresa criada em Portugal para o efeito.O pomar é intensivo (6m X 4m) e foi plantado em Outubro de 2018 com 5 variedades auto-férteis, de casca dura e floração tardia: Lauranne (francesa), Soleta, Marta, Marinada e Vairo (es-panholas), aconselhadas por espe-cialistas do IRTA - Instituto de Investi-gação e Tecnologias Agroalimentares da Catalunha. Na gestão da rega, a empresa recor-re aos serviços da Aquagri e optou por instalar sondas Enviroscan antes

mesmo de iniciar a campanha de re-ga. «Decidimos instalar as sondas no Inverno por sugestão da Aquagri, para determinar a capacidade de campo, ou seja, o nível máximo de água su-portado pelo solo. É uma informação importante para gerir a rega», explica Pedro Janeiro, gerente da Amêndoas Vitoriapolis.Por agora, e ainda sem ter dado início à campanha de rega, é na estação meteorológica iMETOS® que este téc-nico reconhece as maiores vanta-gens. O equipamento fornece dados em contínuo para uma aplicação no telemóvel, sobre temperatura máxima e mínima, precipitação, evapotrans-piração, velocidade média e direção do vento. A qualquer hora do dia ou da noite permite consultar dados em tempo real e previsões a 7 dias e 14 dias. «Toda a equipa de campo, in-cluindo os tratoristas, têm a aplica-

AmêndoAs VitoriApolis usA sondAs e estAção meteorológicA dA AquAgri

ção instalada no telemóvel e já não passam sem ela. As previsões são ajustadas ao local e por isso muito precisas», conta Pedro Janeiro. A informação sobre a velocidade do vento é particularmente útil para de-terminar as janelas de oportunidade dos tratamentos fitossanitários (spray window). «Por vezes achamos que o vento está fraco, mas pode haver rajadas e nesse caso não se deve aplicar o herbicida. A App da Aquagri diz-nos de forma muito visual, através de gráficos com cores – verde, ama-relo e vermelho -, se devemos ou não aplicar o herbicida. Mesmo quando não estou na herdade, consulto de hora a hora a aplicação e dou indi-cações aos tratoristas sobre a possi-bilidade de tratamentos», reconhece Pedro Janeiro.Gerir centenas de hectares de amen-doal requer um trabalho diário de mo-nitorização presencial no campo e as ferramentas de apoio à decisão como as disponibilizadas pela Aquagri são uma ajuda inestimável para a equi-pa da Amêndoas Vitoriapolis, onde a sustentabilidade económica e am-biental é uma prioridade. •

Ana Lázaro e Pedro Janeiro confiam nas sondas da Aquagri para ajudar a gerir a rega de 300 hectares de amendoal em Santa Vitória

«A aplicação associada à estação meteorológica da Aquagri é muito visual, apelativa e fácil de con-sultar. Já não passamos sem ela», Pedro Janeiro, gerente da Amêndoas Vitoriapolis

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Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comirrigation management

Nos últimos anos tem-se vindo a veri-ficar um crescente interesse pela cul-tura do abacate no Algarve, estiman-do-se que existam na região 1.133 hectares de pomares de abacateiros e uma produção que atingirá 10.232 to-neladas, nos próximos 3 anos, segun-do estimativas da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve.Diogo Dias, 31 anos, formado em Gestão, faz parte de uma nova ge-ração de agricultores algarvios que investe no abacateiro, considerando que é uma cultura «exigente, mas compensadora». Tal como a maioria dos produtores de abacate da região é associado da cooperativa espa-nhola TROPS, que compra da fruta e presta assistência agronómica. O pre-ço pago por caga kg de abacate é ali-ciante, sempre superior aos 2 euros.Com a venda garantida, este jovem agricultor tem uma única preocupa-ção: produzir boa fruta, obtendo a máxima produção por hectare, com o mínimo custo possível. A Aquagri dá uma ajuda no uso eficiente da água, um dos recursos em que o abacateiro é particularmente exigente para expressar todo o seu potencial produtivo. Diogo Dias tem 4 sondas Enviros-can instaladas, numa área de pomar com 11 hectares, dos quais 6 hectares estão em pro-dução. A colheita de-corre por estas se-manas, estimando

REPORTAGEM

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// Diogo Dias, 31 anos, é o rosto de uma nova geração de agricultores algarvios que investe na cultura do abacate, um negócio onde «o sol brilha», impulsionado pelo acelerado crescimento do consumo na Europa.

obter 40 toneladas de fruta no pomar plantado em 2015.Desde que adquiriu as sondas da Aquagri, há cerca de um ano, Diogo consulta diariamente os gráficos de leitura dos níveis de água no solo e mudou a forma regar. «Com as son-das aprendi uma nova definição de rega. Os gráficos ajudaram-me a per-ceber que é melhor regar várias ve-zes ao dia, de forma repartida, do que tudo de uma só vez. Podem ser re-gas mais longas ou mais curtas, tudo depende da estrutura do terreno em causa e da forma como retém a água em determinado momento», explica o jovem agricultor. Na sua exploração agrícola, situa-da no concelho de Albufeira, os ter-renos são arenosos e retêm a água por pouco tempo, mas ainda assim são bastante heterogéneos entre si. As leituras das sondas dão-lhe uma noção exata do nível de água no solo até aos 60 cm de profundidade, aju-dando a programar o débito e a dura-ção da rega, de modo a que o siste-ma radicular do abacateiro absorva a água onde ela é mais necessária, ou seja, nas camadas mais superficiais das raízes. «Tenho noção de que em média gasto menos água desde que comecei a usar as sondas, mas ainda

é cedo para saber se há ou não um efeito positivo no calibre e na qualida-de da fruta», explica Diogo.Este jovem empresário, que até há quatro anos geria um negócio familiar fora da agricultura, é hoje um agricul-tor otimista e disposto a investir em novos pomares de abacateiros, por-que segundo diz «neste negócio o sol brilha». A sua maior limitação, como de tantos outros empresários agríco-las no Algarve, é a falta de gente para trabalhar no campo, porque o turis-mo emprega a maioria da população ativa. •

Diogo Dias (à esq.) com Francisco Mira, técnico da Aquagri

«com As sondAs dA AquAgri Aprendi umA noVA definição de regA»

650.000.000 ton vendas de abacate na Europa cresceram 35% em 2018 (Fonte: World Avocado Organization, 22 de Outubro 2018, Fruit Attraction, Madrid)

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irrigation management

REPORTAGEM

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ciação de qualidade que ajuda a valo-rizar a nossa fruta e é nela que temos de apostar», explica Francisco Leal.2019 é um ano de abundância de ci-trinos no Algarve, com predominân-cia para calibres mais pequenos, o que está a originar descida do preço da fruta. «No Inverno particamente não choveu e desde início de Janeiro tivemos 4 dias de chuva moderada. As árvores estão esgotadas e a falta de humidade atmosférica condicio-na tamanho e qualidade», explica o agricultor, reconhecendo que o clima é cada vez mais um fator de grande instabilidade na agricultura.Neste contexto de incerteza climáti-ca, em que a gestão do recurso água deve ser o mais criteriosa possível, a Quinta Lameira socorre-se dos equi-pamentos e aconselhamento técnico da Aquagri para gerir a rega. Em final de 2017 instalou uma sonda Enviros-can numa parcela e em breve vai ad-quirir mais destas sondas para cobrir toda a heterogeneidade de solos do pomar. «A prática comum na agri-cultura é regar às cegas e há enge-nheiros que me dizem que a laranjeira precisa de 30 litros/árvores e outros falam em 80 litros! Mas o importante é conhecer os solos e ajustar a rega

consoante a humidade registada a cada momento», reconhece Francis-co Leal.Antes de instalar as sondas, a Aqua-gri estudou o perfil do solo da Quinta da Lameira e no dia-a-dia está em contacto com o agricultor para apoiá--lo nas decisões de rega. «A Aquagri dá-nos um aconselhamento de rega muito preciso e fundamentado na lei-tura dos gráficos das sondas. É uma informação indispensável. Basta ligar ao Francisco Mira e dois minutos de-pois estamos a analisar os gráficos das sondas em conjunto e a tomar decisões de rega», conta. O resulta-do tem sido a poupança de água: «eu não queria pecar por defeito, carre-gava na rega mais do que devia e não havia necessidade. Depois de instalar a sonda reduzi substancialmente as quantidades. É um trabalho conti-nuado de análise de dados e ajuste das dotações de rega e de adubo», revela. A Quinta da Lameira também adquiriu uma estação meteorológica à Aqua-gri, que lhe permite consultar dados de humidade do ar, velocidade do vento, precipitação, entre outros, re-lativos ao local exato do pomar. Infor-mação que usa para gerir a aplicação de produtos fitofarmacêuticos. «Em Janeiro e Fevereiro a nossa equipa técnica está em alerta permanente e a consultar diariamente a temperatu-ra e o risco de geada na aplicação da estação meteorológica iMETOS®ag no telemóvel. É uma ferramenta es-sencial», garante Francisco Leal. •

A história dos citrinos da Quinta da Lameira, localizada no concelho de Silves, no Algarve, começa na dé-cada de 60 do século passado pela mão do avô de Francisco Leal. Filhos e netos apaixonaram-se pela ativi-dade e fizeram crescer o negócio, produzindo atualmente mais de 20 variedades de citrinos, entre laran-jas, tangerinas e limões, numa área de 180 hectares e com uma produ-ção média anual de 4.000 toneladas (70% laranja). Há 4 anos investiram numa central de embalamento e ex-pedição da fruta e criaram a empresa Dona Laranja, responsável pela ven-da da fruta. A marca é vendida dire-tamente ao consumidor final, através de quiosques “Dona Laranja”, mas o maior volume (80%) é exportado para o Centro e Norte da Europa (França, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Alema-nha, Suíça, Dinamarca). «A laranja do Algarve tem tido uma procura cada vez maior e é muito apreciada no es-trangeiro. O sabor diferencia a laranja algarvia, porque a fruta é armazena-da na árvore, atingindo a maturação plena. Depois da colheita segue ime-diatamente para o cliente, permitindo manter a frescura única dos citrinos acabados de colher. É esta diferen-

donA lArAnjA – citrinos do AlgArVe com regA sustentáVel

«A Aquagri dá-nos um aconselhamento de rega muito preciso e fundamentado na leitura dos grá-ficos das sondas», Francisco Leal

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Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comirrigation management

A área de olival dos associados da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos ronda os 20.000

cooperAtiVA de mourA prepArA-se pArA A chegAdA dA águA do AlqueVA

ENTREVISTA

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Qual é a área de olival dos associa-dos da Cooperativa e que tipo de olival predomina?

A área de olival dos associados da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos ronda os 20.000 hectares, situados maioritariamente no conce-lho de Moura, e menores áreas nos concelhos de Barrancos, Serpa e

Vidigueira. Cerca de 65% a 70% da área é de olival tradicional (variedades Cordovil, Verdeal, Galega) e a restan-te de intensivo e algo de superintensi-vo (variedades Cobrançosa, Arbequi-na e Picual).

O bloco de rega Moura-Póvoa--Amareleja foi anunciado em Se-tembro de 2018 e vai beneficiar

10.000 hectares. A procura de ter-ras para plantação de novos oli-vais aumentou depois deste anún-cio?

Estamos em contacto com a EDIA para apurar a data de entrada em fun-cionamento do bloco de rega. Pen-samos que será viável em 2020. Tem havido um movimento de procura de terras para venda e arrendamento de longo prazo, mas por parte dos pro-prietários da terra há um compasso de espera a contar com a valorização que a água de Alqueva vai permitir.

Como é que a Cooperativa de Mou-ra e Barrancos se está a preparar para a chegada da água de Alqueva?

A Cooperativa está a preparar-se do ponto de vista logístico, aumentando a capacidade de laboração e de ar-mazenamento de azeite, para respon-

// O bloco de rega Moura-Póvoa-Amareleja vai bene-ficiar perto de 10.000 hectares e a paisagem agrícola já começou a mudar na expectativa da chegada da água. A Cooperativa Agrícola de Moura e Barran-cos prevê um aumento exponencial da produção de azeitona e está em campo para ajudar os associados na transição para olivais de alta produtividade, mas mantém-se firme na defesa e valorização do Azei-te Moura DOP. Entrevista com Henrique Herculano, Diretor de Operações e Marketing da cooperativa.

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irrigation management

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ENTREVISTA

der ao previsível aumento exponen-cial do volume de azeitona entregue pelos seus associados nos próximos anos, e que de alguma forma já se começa a notar. Atualmente estamos em condições de rececionar cerca de 1.200 toneladas de azeitona/dia, o suficiente para responder às necessi-dades dos próximos 5 a 7 anos. Em 2018 produzimos 8,5 milhões kg de azeite e este ano 6,1 milhões kg. A média para os próximos anos poderá rondar os 8 a 10 milhões de kg.

A Cooperativa está apetrechada para apoiar tecnicamente os asso-ciados nos novos olivais superin-tensivos?

O nosso departamento técnico (4 pes-soas + assessoria externa) tem vin-do a adaptar-se gradualmente para prestar assistência aos novos olivais superintensivos, que são um fenó-meno mais recente nas propriedades dos nossos associados.

O uso eficiente da água da rega é uma preocupação para os olivicul-tores da Cooperativa?

A água é um bem escasso na nossa região, por isso essa é uma preocu-pação constante. A medida agroam-biental 7.5 do PDR 2020 tem sido um estímulo positivo à adoção de boas práticas no uso eficiente da água pelos agricultores. Quando chegar a água de Alqueva aos nossos olivais o custo da água-energia será uma motivação acrescida para que se faça um uso criterioso deste recurso precioso.

Considera importante o uso de fer-ramentas de apoio à decisão de gestão da rega, por exemplo, son-das de monitorização da humidade do solo?

A partir do momento em que passa-mos para sistemas de condução do olival de alta produtividade, e conse-

quentemente de alto investimento por hectare, é evidente que a monitoriza-ção da água no solo contribuiu não só para a gestão eficiente do recurso água, mas também para eficiência e rentabilização dos restantes recursos alocados à cultura, nomeadamente fertilizantes e energia elétrica usada na bombagem da água de rega.

Qual é a estratégia da Cooperativa para valorizar os seus azeites, no-meadamente o Azeite Moura DOP?

O Azeite de Moura DOP ainda repre-senta mais de metade do azeite ven-dido pela Cooperativa, é a nossa joia da coroa e de importância capital. É o azeite DOP mais conhecido em Por-tugal. A valorização do Azeite Moura DOP e da azeitona que está na sua origem (Cordovil de Serpa, Galega e a Verdeal Alentejana) é uma priorida-de. Pagamos aos associados uma majoração pela azeitona Galega, e o trabalho de valorização do azeite DOP no mercado vai continuar, permitindo uma remuneração correspondente da sua matéria-prima. Não podemos pa-rar à sombra da oliveira!

A Cooperativa pensa enveredar pelo caminho da exportação do azeite?

Atualmente a exportação que faze-mos é residual, mas temos em cima da mesa um projeto de internaciona-lização dos azeites da Cooperativa para os próximos 2 anos, centrado na valorização dos azeites obtidos de variedades tradicionais de azeitona, que são um elemento diferenciador, nomeadamente o Azeite Moura DOP e o azeite em modo de produção biológico. Os mercados-alvo são os EUA, Canadá, França, Suíça, Holan-da, Alemanha, Polónia e Brasil.

Qual é a sua perceção sobre a evo-lução do preço do azeite nos pró-ximos anos?

Essa é uma resposta para um milhão

«A monitorização da água no solo contribuiu para a gestão eficiente do recurso água e para a efi-ciência e rentabilização dos restantes recursos alocados à cultura do olival», Henrique Herculano

de euros! As cotações da Bolsa de Jaén referem-se a azeite a granel e o nosso foco está na valorização das nossas marcas de azeite embalado e diferenciador, ganhando alguma “in-dependência” em relação ao azeite a granel e amortecendo o efeito das oscilações das cotações. O preço do azeite em geral será ditado pela evolução da produção e procura mundiais e a produção de azeite em Espanha tem um efeito decisivo no mercado.

Parece que a produção mundial de azeite tem crescido mais rapida-mente que o consumo…

A produção mundial vai oscilando e o consumo tem crescido. Há uma dé-cada as cotações do azeite estavam a metade dos valores atingidos em 2018 e 2017 e hoje em dia estão em valo-res mais equilibrados. O ano agrícola é que vai ditar a tendência de preço em alta ou em baixa, se tivermos uma Primavera chuvosa, com produção abundante de azeitona, o preço po-derá baixar ou manter-se, se for seca é possível que o preço do azeite suba. O que ocorrer em Jaén e Córdoba, que concentram a maior área de olival do mundo e onde ainda predomina o tradicional de sequeiro, será decisivo na formação dos preços. •

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Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comirrigation management

REPORTAGEM

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fernAndo gonçAlVes ferreirA poupA 10% de águA com sondAs enViroscAn

// Fernando Gonçalves Ferreira produz 175 hectares de culturas anuais em Coruche e Montermor-o-Novo e gere a rega de forma eficiente com ajuda das son-das Enviroscan e o aconselhamento da Aquagri.

tive uma produção recorde – 15 to-neladas de milho /hectare – em Co-ruche, usando esta técnica», explica o agricultor.Em sua opinião, o amendoim é uma ótima opção cultural para o Ribatejo e tem vindo a ganhar adep-tos na zona de Coru-che. «O amendoim não é uma cultura fácil, requer dedi-cação e bom poder de observação, mas se for levado de forma profissional é capaz de dar muito rendimento», reconhe-ce Fernando Gonçalves Ferrei-ra. Em 2018 produziu 48 hecta-

res de amendoim sob contrato com a Torriba.Num contexto de baixos preços dos produtos agrícolas, uma boa gestão dos fatores de produção é crucial para rentabilizar as culturas. Razão que motivou este agricultor a com-prar e instalar 8 sondas Enviroscan que o auxiliam na gestão da rega: «reconheço que aderi às sondas de-vido aos apoios da medida 7.5 Uso Eficiente da Água do PDR2020 e hoje não estou nada arrependido por ter feito esta escolha». A leitura e inter-pretação dos dados fornecidos pelas sondas permite-lhe estimar as neces-sidades hídricas das plantas e com isso as decisões de rega são mais fundamentadas. «Os dados das son-das têm um peso enorme nas minhas decisões de rega e consigo poupar cerca de 5% a 10% de água. É que antes regava a olho e muitas vezes por descargo de consciência sem ter certeza se a água era realmente necessária naquele local da parcela», explica Fernando Gonçalves Ferreira.O agricultor destaca o apoio técnico da Aquagri como um ponto forte do serviço prestado: «gosto bastante do apoio que a Aquagri dá na inter-pretação dos gráficos de leitura das sondas e na manutenção dos equi-pamentos. Se tenho alguma dúvida na interpretação dos dados ou em relação ao posicionamento da sonda no terreno, estão sempre disponíveis para prestar assistência». •

A atividade agrícola de Fernando Gonçalves Ferreira reparte-se en-tre o Ribatejo, onde produz milho e amendoim em rotação, e o Alentejo, alternando Trevo da Pérsia para mul-tiplicação de semente, com azevém e milho. Os solos das suas herdades beneficiam desta estratégia de rota-ção cultural, onde as leguminosas desempenham um papel fundamen-tal. É o caso do amendoim, que fixa o azoto no solo, deixando-o disponível para utilização pela cultura seguinte, em geral o milho. «Para obter a má-xima produtividade no milho sem ter gastos excessivos, uma das alterna-tivas é fazer sempre uma leguminosa na campanha anterior. Em 2018 ob-

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irrigation management

fundamentadas», remata a jovem agrónoma.A estação meteorológica iMetos®ag fornece dados, em contínuo, via Internet, da estimativa de risco de ocor-rência de doenças e dos va-lores de evapotranspiração para um local específico. Está disponível com os se-guintes sensores e opções: temperatura, humidade rela-tiva, humidade foliar, precipi-tação, radiação global e ve-locidade do vento. No caso da vinha são emitidos alertas para míldio, oídio, botrytis e podridão negra e no caso do tomate indústria para alterna-ria, Phytophthora infestans e podridão cinzenta. •

REPORTAGEM

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A Borrego Leonor & Irmão, empresa líder de mercado na distribuição de fatores de produção para agricul-tura, usa a estação meteorológica iMETOS® e os modelos de previsão de doenças da Aquagri para aconse-lhar os agricultores nos tratamentos fitossanitários da vinha e do tomate indústria.Rita Damásio, membro da equipa técnica da empresa, explica que «a estação meteorológica foi inicialmen-te adquirida para recolha de dados nas vinhas da família Borrego, situa-das em Almeirim, mas decidimos usar a informação também para apoiar os clientes da Borrego Leonor & Irmão na tomada de decisão dos tratamen-tos fitossanitários da vinha e do to-mate indústria». Desde 2018 que são afixados nas duas lojas da empresa, em Almeirim, relatórios semanais com informação útil, por exemplo, alertas para a ne-cessidade de adotar medidas cul-turais preventivas ou de aplicar pro-dutos fitofarmacêuticos. «É feito um resumo dos dados captados pela estação iMETOS® e dos alertas emi-tidos pelos modelos de previsão de doenças, com recomendações para a semana seguinte», concretiza Rita Damásio, revelando que face ao in-teresse demonstrado pelos clientes, vai brevemente ser enviada esta in-formação também por email a quem o solicitar. «Cada vez é mais importante fazer um correto posicionamento e aplica-ção dos produtos fitofarmacêuticos, tanto por motivos associados a cus-to, como pela necessidade de garan-tir uma aplicação eficaz e sustentável, sem resistências e com respeito pelo meio ambiente. Ferramentas como a disponibilizada pela Aquagri ajudam os agricultores a tomar decisões mais

Borrego leonor & irmão usA tecnologiA AquAgri pArA AconselhAr clientes nA proteção dA VinhA e do tomAte indústriA

Rita Damásio, membro da equipa técnica da Borrego Leonor & Irmão

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Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comirrigation management

// Após 20 anos de atividade em Portugal, a Aquagri projeta o crescimento do negócio nos mercados externos e antevê uma procura crescente do seu software de gestão de rega.

AQUAGRI EXPERT

Newsletter da Aquagri | Reprodução proibida sem autorização prévia do proprietárioCoordenação e Redação: Comunicland Lda | Projeto Gráfico: Catarina Martins

Propriedade: Aquagri | Rua Carlos Vieira Ramos 47 R/c Esq. | OEIRAS | 2780-216 PORTUGAL Tel.:+351 214 660 773 | [email protected]

«o pdr pós-2020 deVe ApoiAr os Agricultores nA trAnsição pArA A AgriculturA de precisão»

Quais são atualmente as áreas chave no negócio da Aquagri?

A consultoria e gestão de rega con-tinua a ser a nossa área de negócio mais importante, a par com a venda e instalação de sondas de humidade do solo e de estações meteorológicas.Por outro lado, estamos a fazer uma grande aposta nas armadilhas auto-máticas para monitorização de pra-gas e, este ano, iniciámos o serviço de levantamento da eletrocondutivi-dade do solo, com grande adesão por parte dos nossos clientes, e es-tamos também a iniciar a recolha de imagens aéreas das parcelas agríco-las, usando drones e recorrendo aos satélites.

Como vê o futuro da Aquagri a 5 anos?

Prevemos que todos os serviços que a Aquagri presta tenham uma pro-cura crescente e que o crescimento mais significativo seja no software MyIrrigation. A nossa atividade no mercado inter-nacional deverá crescer muito mais do que no mercado português. Por-tugal tem servido como banco de en-saio para testar e validar tecnologia e consolidar know-how, uma rampa de lançamento do negócio da Aquagri para o mercado externo.

Leste da Europa são sobretudo pro-dutores de cereais que procuram os serviços da Aquagri e nos restantes países são principalmente fruticulto-res e horticultores.

O próximo Programa de Desenvol-vimento Rural deve apoiar mais a Agricultura de Precisão?

O PDR pós-2020 deve apoiar mui-to mais os agricultores na transição para a Agricultura de Precisão na sua aceção mais simples: ajustar os inpu-ts, água ou outros, às necessidades exatas das culturas agrícolas, no es-paço e no tempo, evitando desperdí-cios.Faz todo o sentido que se criem apoios públicos para a contratação de serviços de apoio à decisão e para formação que ajudem os agricultores a utilizar melhor as ferramentas dis-poniveis. Haja vontade de fazer um PDR bem desenhado, a pensar no agricultor e no Ambiente, que a Aquagri tem solu-ções ajustadas aos novos drivers da agricultura: sustentabilidade e gestão eficiente dos recursos. •

Que serviços presta a Aquagri no mercado externo?

A Aquagri tem uma empresa em Marrocos onde faz um trabalho se-melhante ao realizado em Portugal, venda de equipamentos e consultoria de gestão de rega. Os nossos clien-tes marroquinos são maioritariamente das áreas dos pequenos frutos, citri-nos e outras fruteiras, olivais e mais recentemente amendoal. Noutros países, como a Roménia, Rússia, Polónia, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Chile ou EUA, estamos pre-sentes com o nosso software e pres-tamos alguma consultoria remota. No

António Ramos, Director Geral da Aquagri