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Cap 1 : A Vida o discurso e suas Transformações 1.1.Biografia Friedrich Wilhelm Nietzsche , nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken, próximo de Lepzig. Karl Ludwig , seu pai era considerado uma pessoa culta ,e seus dois avós eram pastores Protestantes inclusive desejou seguir essa carreira. O nome de Frederich é uma homenagem ao rei Frederico Guilherme IV. “Eu próprio, nascido no dia de anos no mencionado rei, 15 de outubro, recebi apropriadamente os nomes de Frederico Guilherme, habituais entre os Hohenzollern. A escolha desse dia teve de qualquer modo uma vantagem: durante toda minha infância meu aniversário foi dia de festas.” (NIETSCHE, 2008, P.25.) ECCE Em 1849, seu pai faleceu segundo alguns biógrafos devido a uma cefaléia como a própria que incomodava Frederich, e também o seu irmão. No entanto, Frederich acreditava que seu pai faleceu devido à “primavera dos povos”. “Meu pai nascido em 1813, morreu em 1849. Antes de assumir o cargo de pastor da comunidade de Roecken, [...] viveu alguns anos no castelo de Altenburg, como preceptor das quatro princesas. [...] Ele tinha profunda referência pelo rei Frederico Guilherme IV da Prússia, graças a quem foi pastor; os acontecimentos de 1848 perturbaram-no de sobremaneira.” (NIETSCHE, 2008, P.25.) ECCE 1

Nietz

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Biografia

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Cap 1 : A Vida o discurso e suas Transformaes

1.1.Biografia

Friedrich Wilhelm Nietzsche , nasceu em 15 de outubro de 1844 em Rcken, prximo de Lepzig. Karl Ludwig , seu pai era considerado uma pessoa culta ,e seus dois avs eram pastores Protestantes inclusive desejou seguir essa carreira. O nome de Frederich uma homenagem ao rei Frederico Guilherme IV.

Eu prprio, nascido no dia de anos no mencionado rei, 15 de outubro, recebi apropriadamente os nomes de Frederico Guilherme, habituais entre os Hohenzollern. A escolha desse dia teve de qualquer modo uma vantagem: durante toda minha infncia meu aniversrio foi dia de festas. (NIETSCHE, 2008, P.25.) ECCE

Em 1849, seu pai faleceu segundo alguns bigrafos devido a uma cefalia como a prpria que incomodava Frederich, e tambm o seu irmo. No entanto, Frederich acreditava que seu pai faleceu devido primavera dos povos.

Meu pai nascido em 1813, morreu em 1849. Antes de assumir o cargo de pastor da comunidade de Roecken, [...] viveu alguns anos no castelo de Altenburg, como preceptor das quatro princesas. [...] Ele tinha profunda referncia pelo rei Frederico Guilherme IV da Prssia, graas a quem foi pastor; os acontecimentos de 1848 perturbaram-no de sobremaneira. (NIETSCHE, 2008, P.25.) ECCE

Devido aos acontecimentos, sua me, Franzisca Oeheler e a famlia, duas tias e Erdmuthe Krause, a av, mudaram-se para Naumburg, pequena cidade s margens do rio Saale na qual cresceu e iniciou suas primeiras composies como descrito no seguinte trecho Criana feliz, aluno modelo, dcil e leal, seus colegas de escola o chamavam pequeno pastor; com eles criou uma pequena sociedade artstica literria, para qual comps melodias e escreveu seus primeiros versos(TORRES F, 1983, p.7). No entanto no se considerava to feliz como descreve em sua obra auto-biogfica Ecce Homo: [...] Se no tenho sequer uma lembrana agradvel de toda minha infncia e juventude, seria tolice apresentar para isso causas ditas morais[...].( NIETSCHE, 2008, p.37.)ECCE)

Uma caracterstica interessante ausncia de definio de nacionalidade que aparece em futuro prximo na sua obra, mas tambm j demonstrada em uma hiptese de onde teriam surgido os antepassados do jovem.

[...] meus antepassados eram nobres poloneses: deles tenho muito instinto de raa no corpo, quem sabe at o liberum veto.[...] em viagens sou abordado como se fosse polons, at por poloneses, e no quo raramente tomam-me por alemo, poderia parecer que eu perteno aos alemes (NIETSCHE, 2008,p.24.)ECCE

Em 1858, Nietzche obteve ume bolsa na escola de Pforta. Atravs de leituras de autores como Schiller(1759-1805), Hlderlin(1770-1853) e Byron(1788-1824) comea a se distanciar do modelo do pequeno pastor. Entre suas autores clssicos prediletos estavam Plato(428-384 a.C) e squilo(525-456 a.C). Em seguida partiu para Bonn, onde se dedicou aos estudos de teologia e filosofia. No entanto, influenciado pelo seu professor predileto Ritschl mudou de pastor para fillogo o qual no considerava filologia como uma histria das formas literrias, mas como estudo das instituies do pensamento. Seguiu os passos de seu mestre realizou investigaes inovadoras Digeno Larcio, Hesodo e Homero. Atravs desses trabalhos foi nomeado em 1869, professor de filologia em Basilia, onde permaneceu durante dez anos.

[...] eu domo qualquer urso, fao at os bufes se comportarem. Nos sete anos que ensinei grego classe mais adiantada do Paggium da Basilia, no tive ocasio para impor o castigo; os mais relapsos eram industriosos comigo. Sempre estive a altura do inesperado; devo estar despreparado, para estar senhor de mim. (NIETSCHE, 2008, P.25.) ECCE

A filosofia s comeou o interessar atravs da leitura da obra O Mundo como Vontade e Representao, de Arthur Schopenhauer(1788-1860), Friedrich foi atrado pela posio essencial que a experincia esttica ocupa em sua filosofia particular, sobretudo pelo significado metafsico que atribui musica, assim como o atesmo escancarado que incomodava os moralistas da poca .

Aos 23 anos em 1867, foi chamado para prestar servio militar, mas devido ao um acidente num exerccio de montaria livrou-o dessa tarefa. Tornou a estudar em Leipzig, durante esse perodo tem incio sua amizade com Wagner (1831-1883) que ento vivia com Cosima, filha de Liszt (1811-1886), Nietzsche encantou-se pelo drama contido na msica de Wagner, principalmente com Tristo e Isolda e com Os Mestres Cantores. A casa de campo de Tribschen, s margens do lago Lucerna, onde Wagner morava tornou-se para Nietzsche um refgio. No entanto, se apaixonou por Cosima, que ser conhecida em sua obra com codinome da sonhada Ariane. Na faculdade comea a trabalhar a relao entre a msica e a tragdia grega, apoiando seu amigo Wagner.

Em 1870, a Alemanha entra em guerra com a Frana, nessa ocasio Frederich serviu o exrcito como enfermeiro, [o que explica o conhecimento patolgico e tentativas prprias de tratamento alternativo] mas por um curto espao de tempo, pois logo adoeceu, contraindo uma difteria e a disenteria. Essa doena parece ter sido a raiz das dores de estmago e de cabea que acompanharam o fillogo durante a sua vida que alguns bigrafos discordam.

Em 1871, publicou O Nascimento da Tragdia. Seu livro foi mal visto pela crtica , o que o impediu a refletir sobre a incompatibilidade entre seu ofcio de professor e sua paixo o pensador privado. Ao mesmo tempo sofria com problemas de sade: dores de cabea, perturbaes oculares, dificuldades na fala. ( LEBRUN, 1983, p. 9) desta forma interrompe suas aulas por um ano. Nada obstante, foi at Bayreuth, para assistir apresentao de O anel dos Nibelungos , mas o entusiasmo da platia e atitude esnobe de Wagner incomodam-no.

Com o fim da licena da universidade para que tratasse da doena, Frederich voltou postura catedrtica, mas devido doena, mas agora com uma voz menos imperativa quase imperceptvel que seus alunos deixaram de frequentar seus cursos. Em 1789, pede demisso do cargo, durante essa ocasio iniciou sua crtica dos valores da humanidade em sua obra Humano, Demasiado Humano[Menschliches, Allzumenschliches. Ein Buch fr freire Geister ] o qual parte de seus amigos no compreendeu, rompeu amizades, inclusive com Wagner e afastou-se dos conceitos filosficos de Schopenhauer.

Em 1880, publica O andarilho e sua Sombra e aps um ano seu escrito contra a moral da auto-renncia, ou seja, Aurora. Novamente suas obras no so aceitas pela crtica inclusive por seus amigos.

Durante o vero de 1881, residiu em Haute-Engandine em uma pequena aldeia Silvaplana, e durante uma caminhada como era de costume, teve uma intuio do Eterno Retorno, redigido logo aps a inspirao repentina. Dessa aldeia, muda-se para Gnova, no outono de 1881, e depois para Roma, onde permaneceu por insistncia de Frulein Von Meysenburg, que pretendia cas-lo com uma jovem russa, Lou Andreas Salom, entretanto existe uma discordncia de bigrafos sobre a paixo que o levou o pedido de casamento, e sobre a rejeio do mesmo e sobre um certo envolvimento com o Filsofo Paul Ree, grande amigo de Nietzsche que lhe teria roubado a amante provocando a revolta do Fillogo retratado em suas cartas, um documento que pode comprovar essa unio uma foto em que os dois amigos aparecem sendo guiados como cavalos por Lou Salom que demonstra todo seu poderio com um chicote nas mos.

Lou Salom e Nietzsche encontram-se novamente na Alemanha, pois ela desejou continuar sendo sua amiga ,no entanto, no houve a esperada adeso suas idias at que resolveram se afastar definitivamente.

Aps esse desencontro, retornou a Itlia, passando o inverno de 1882-1883 na baa de Rapallo, nesse lugar ermo nasce seu Zaratustra.

No outono de 1883 voltou para Alemanha e passou a residir em Naumburg, em companhia de Franzisca Oeheler e sua irm que tencionava casar com um anti-semitista Herr Foster que pretendia fundar uma empresa colonial no Paraguai.

No inicio de 1884, em abril, chegou a Veneza, partindo depois para a Sua, onde recebeu a visita do baro Heinrich Von Stein, discpulo de Wagner. O jovem Stein esperava que o Filsofo o acompanhasse at Bayreuth para ouvir Parsifal, pretendendo ser o mediador entre Frederich e Wagner, para evitar um eventual ataque ao velho amigo. Entretanto, viu em Stein um discpulo, capaz de compreender seu Zaratustra. Mas, um jovem discpulo veio a falecer muito cedo, o que o deprimiu profundamente, sucedendo-se entre perodos de euforia e amargura. Em 1885, aos seus 41 anos publicou a quarta parte da seu livro Assim Falou Zaratustra. Nesse perodo tornou-se muito isolado, o autor s encontrou alguns amigos para pudesse enviar os exemplares. Depois dessa situao, viajou at Nice, onde conheceu o intelectual Paul Lanzky, que lera o livro do Profeta Zaratustra e escreveu um artigo sobre o livro publicado em um jornal de Lepzig.

Depois de 1888, Federich comeou a escrever cartas estranhas. Um ano depois, em Turim, enfrentou o auge da crise na qual delirava e escrevera cartas nas quais assinava ora como Dionsio ora como o Crucificado e acabou sendo internado em Basilia, onde foi diagnosticado um Paralisia progressiva. Uma das hipteses que a doena surgiu devido sfilis, a doena progrediu lentamente at apatia. Ento em 1888, entrega-se a doena e faleceu em Weimar, 25 de agosto de 1900 com 56 anos.

1.2 Nietzsche e a Unificao Alem

Para compreender a singularidade da vida de Nietzsche,do mesmo modo, preciso compreender o contexto europeu no qual estava inserido desde seu nascimento. Com essa analise espera-se explicar algumas de suas caractersticas pessoais que naturalmente emergem no seu discurso, como a crise de sua identidade alem, que em vrios momentos negada, alegando ter outros descendentes, at sua naturalizao sua. Todos esses fatores revelam reflexos do processo de unificao alem.

Outra caracterstica bsica a belicosidade de alguns trechos que revelam algumas nuances do contexto histrico dentro de algumas opinies pessoais exaltadas at uma posio um tanto quanto aristocrtica.

Para estudo analisaremos o perodo das guerras de unificao da Alemanha. Desde o Congresso de Viena em 1815 at a guerra Franco-prussiana. O Congresso se caracterizou pelo os novos parmetros da ordem mundial aps as Guerras Napolenicas que desestruturaram muitos governos inclusive na questo territorial.

O Congresso foi obra de prncipe Von Metternich, chanceler austraco que promoveu o retorno do status quo, ou seja, o retorno das casas monrquicas no governo dos antigos reinos europeus com intuito de frear possveis avanos sobre os territrios.

A Guerra da Crimia (1854-6), envolvendo Rssia de um lado e do outro a Turquia , posteriormente apoiada pela Frana e Inglaterra. Revelou a instabilidade desse novo modelo governamental europeu que levou o surgimento de personalidades fortes como o chanceler prussiano Bismark.

Com relao a Bismarck, poucos estadistas contriburam como ele para mudar o curso da histria. Antes de sua posse como ministro-presidente, em 1862, acreditava-se que a Unificao da Alemanha seria uma conseqncia do governo constitucional, parlamentarista, como haviam pretendido os revolucionrios de 1848. Entretanto, esse processo, que esteve na pauta por trs geraes de germnicos, foi obtido no por um processo democrtico, constitucional, mas atravs do aumento do poder da Prssia. (MAGNOLI, 2009, p.288)

Bismarck promoveu uma associao com a ustria na Confederao Germnica, estabelecida em 1851, na qual a Prssia era o parceiro menor da Confederao que permitia a existncia de vrios pequenos Estados germnicos.

Napoleo III o governante da Frana foi uma pea importante para unificao alem e italiana, pois, pretendendo ser o destruidor do sistema de Metternich envolveu a Europa em um turbilho acelerando tais processos.

A primeira guerra da unificao da Alemanha foi guerra dos ducados,ou seja, que tinha como objetivo a anexao dos ducados de Schlewig e Holstein da pennsula dinamarquesa. O principal motivo prussiano era devido a existncia esmagadora da populao germnica, no entanto o Tratado de Londres, de 1852, impedia o avano sobre a Dinamarca pois os principais pases europeus se comprometeram em manter a integridade da Dinamarca. Com a ascenso de Cristiano IX ao trono dinamarqus, a assemblia de Holstein no aceitou o imperador e apelou para a Confederao Germnica para que reconhecesse Frederico de Augustenburgo como duque dos trs ducados que haviam se tornado independentes.

Bismarck no concordava em ser empurrado em uma guerra contra a Dinamarca antes era necessrio encontrar um motivo, e no pelas razes erradas. Julgou que a Prssia e a ustria como signatrias do acordo de do Tratado de Londres, deveriam ater-se a este, reconhecendo a ligao dos ducados Dinamarca, desde que seus direitos tradicionais fossem respeitados.

Em novembro, os enviados da Prssia e da ustria defenderam na Dieta (assemblia legislativa da Confederao Germnica) sobre observncia do Tratado de Londres, que no surtiu efeito, ento preparou-se para ao: aprovou um mandato executivo contra Cristiano IX autorizando a ocupao de Holstein e Lauenburgo por tropas da Confederao. No final do ano Bismark recebeu em Berlim um enviado pessoal de Napoleo III e fez com este um exame geral da situao buscando o apoio da Frana em troca de ganhos territoriais na margem esquerda do rio Reno. Posteriormente conseguiu apoio dos Austracos e na ultima semana de janeiro, no havendo recuo da Dinamarca, as tropas prussianas penetraram Holstein, juntando-se s tropas saxnicas e hanoverianas que j ocupavam o ducado. Em primeiro de fevereiro, as foras prussianas e austracas penetraram no Schleswig.

A ocupao da Jutlndia foi o marco final da guerra com o armistcio dos dinamarqueses e em 1 de agosto, Cristiano IX cedeu seus direitos sobre os ducados Prssia e ustria.

A guerra seguinte conhecida como Guerra Austro-prussiana foi uma guerra promovida pela Prussia com interesse de expandir para outras regies da futura Alemanha, inclusive por algumas regies que se encontravam sobre o domnio do imprio austraco, mas para tal ataque foi necessrio um apoio da Frana e da Itlia que tambm se encontrava em processo de unificao. No entanto, Guilherme I como toda famlia real se opunham a guerra entre naes irms (ustria x Prssia), mas a poltica de Bismarck acabou convencendo a todos da inevitabilidade desse conflito. Durante essa guerra o chanceler alemo promoveu um unificao entre todos os estados alemes do norte com os do sul para atacar os austracos.

A ultima guerra de unificao alem foi a Franco-prussiana, resultante aps um conflito devido a uma resoluo diplomtica que ocorreu na sucesso do trono espanhol na qual o possvel eleito Leopoldo foi ofendido por embaixador francs que se encontrava junto com Guilherme no encontro na cidade de Ems , aps esse desentendimento Guilherme enfurecido com situao autorizou Bismark a divulgar tal situao.

A noticia do Encontro de Ems , como relatado por Bismarck, chegou a Paris a 14 de julho, exaltando os nimos franceses; o mesmo ocorreu na Alemanha, inclusive nos Estados do Sul, criando-se as condies as condies desejadas por Bismarck para a guerra com a Frana. A 19 de julho de 1870, o encarregado de negocio francs entregou no Ministrio do Interior da Prssia uma declarao formal de guerra. Ambos os pases deram inicio movimentao de suas tropas para a fronteira. No dia seguinte, Bavria, Wettemberg, Baden e HesseDarmstadt comprometeram-se a lutar ao lado da Prssia. (MAGNOLI, 2009, pp.309-310)

Nietzsche conviveu e participou desse periodo de entreguerras alemo, em 9 de outubro de 1867 engressa no servio militar, entra no 4 Regimento de Artilharia de Campo. Mas devido um acidente ocorrido no final de fevereiro ou no comeo de maro de 1968 no qual feriu-se no peito durante um exercicio de cavalaria e o ferimento infecciona, que o leva a se afastar da vida militar por um breve periodo. Em 1870, durante a guerra Franco-prussiana, impedido de participar do combate devido a sua naturalizao suia para

assumir a ctedra na Basileia, Nietzsche serve como enfermeiro, que durante esse periodo contrai a difiteria, e uma das hipteses de contaminao com a sifilis.

Vale ressaltar que as guerras de unificao podem ter promovido a sensao da ausncia de uma nacionalidade, um tema que aparece com freqncia em seus textos ,pois Nietzsche renega em vrios momentos sua identidade de alemo, as vezes, com ironia outras com rispidez. Esse fator rejeita as teorias de alguns autores que esse filosofo seria o precursor do Nazismo, pois Nietsche contra o anti-semitismo, esse fator o distingue dos futuros alemes da 2 Grande Guerra assim como a posio spera que este filosofo mantm perante o 2 Reich de Bismarck.

477. indispensvel a guerra. - um vo sonho de belas almas ainda esperar muito(ou ento realmente muito) da humanidade, uma vez que ela tenha desaprendido de fazer a guerra. [...] a rude energia do acampamento militar,[...] o ardor em organizar a destruio do inimigo, a orgulhosa indiferena ante as grandes perdas, ante a prpria existncia e a dos amigos, o surdo abalo ssmico das almas, de maneira to forte e to segura como faz toda grande guerra[...] A cultura no pode absolutamente dispensar as paixes, os vcios e as maldades. (NIETZSCHE, 2005,p.235)

Mas o aspecto blico e aristocrtico perceptvel em seus temas de discusso, assim como certas posies agressivas em discursos em prol da guerra e sobre a necessidade da violncia ou da chamada vontade de poder. Talvez essas guerras as quais acompanharam-no possam ter influenciado seu pensamento acerca de alguns temas que surgem em suas obras, assim como a doena que o acompanhou durante sua vida toda.

1.3 O Discurso e estrutura da escrita

O discurso de Nietzsche possui muitas facetas e formas devido ao seu estilo aforismtico que tornou seu discurso bastante diversificado desde a escolha do tema escolhido para sua eventual critica ou elogio de acordo com a situao em que se apresenta esse tema e como ser recebido por ele.

O termo Aforismo tem significados diversos que podem ser empregados ambos no discurso de Nietzsche, em primeiro lugar aforismo significa sentena mxima, provrbio,ou seja, conjunto significativo de uma verdade para o escritor, mas contudo aforismo tambm pode significar a negao da forma da escrita estilstica vigente, ou seja, uma espcie de contestao aos acadmicos e filsofos desse perodo estavam acostumados com a forma de escrita tradicional(introduo, desenvolvimento e concluso).

A forma da escrita de Nietzsche afirma o autor que se aproxima as caractersticas de escrita dos moralistas franceses que empregavam esse tipo de escrita aforismtica com seus contos morais e suas sentenas criticas e fbulas que resultavam em uma moral conclusiva.

Sobre os temas empregados so os mais diversificados possveis que abordam questes como a arte, literatura, amor, poltica e relaes sociais, mas sempre tendo em vista e como foco a critica aos valores morais da sociedade considerados por ele como decadentes e em constante declnio, uma viso pessoal que pode ter sido influenciada por sentimentos pessoais ou por problemas fsicos e psquicos que sero abordados posteriormente no prximo capitulo nesse momento a analise voltada para questo da estrutura do aforismo e os tipos que podem ser identificados.

Do ponto de vista estrutural os aforismos podem ser classificados como longos que necessitam de uma explicao aprofundada ou autor se utiliza de recursos histricos ou de fontes as quais se fazem necessrias para comprovar ou criticar determinado objeto , ou um aforismo curto uma sentena breve que em certos momentos podem ser cidas, sublimes ou poticas de acordo com a opinio de Friedrich acerca de algum tema 153. O que se faz por amor sempre acontece alm do bem e do mal.(NIETZSCHE,2005,p.70).

Sobre os livros e poemas publicados analisaremos todos, mas sobre o aspecto da questo da doena de Friedrich Nietzsche em um contexto restrito, pois, vrios sintomas e outras doenas (visuais) se manifestaram desde sua infncia, mas a analise recorta o perodo mais frtil em sua escrita, ou seja, o momento em que se afasta para seu tratamento de sua doena [que acreditava ser influenciada pelo tempo e por esse motivo comea suas viagens pelo mediterrneo] em 1879 at 1899, ano de sua paralisia. Entretanto, faz-se necessrio uma breve explicao de suas obras anteriores a esse perodo especifico.

O livro O nascimento da Tragdia no Esprito da Msica [Die Geburt der Tragoeidie aus deim Geist der Musik] foi a primeiro livro publicado pelo autor em 1872, no qual aborda o sentido da filosofia dos gregos de forma bem particular, no qual o sentido visto por Shopenhauer com pessimismo que considerado como trgico na viso de Nietzsche visto como afirmao da vida, ou seja, como um crescimento interior independente das situaes de guerras de calamidades que a humanidade passava. Essa afirmao uma critica aos Romnticos, corrente filosfica que pregava o suicdio e uma vida exagerada, a chamada doena do fin-de-sicle.

Esse livro tambm representa uma aproximao de Nietzsche com Richard Wagner, o qual considera o salvador do Helenismo atravs de suas peras as quais eram a representao do coro a alma do teatro na sua viso. No entanto posteriormente se afasta de Wagner

1. Para ser justo com O nascimento da tragdia (1872), ser preciso esquecer algumas coisas. Ele influiu, e me fascinou, pelo no que nele era erro por sua aplicao ao wagnerismo, como se este fosse um sintoma de ascenso. Esse livro precisamente por isso um acontecimento na vida de Wagner [...] (NIETZSCHE, 2008, p.59)

Os conceitos de apolneo e dionisaco tambm so trabalhados, em contraposio, pois um se refere ao deus grego Apolo e representa a razo a esttica e a parte lrica dentro do teatro que difere do deus grego Dionsio que representa o delrio mas tambm a essncia e dentro do teatro significa a msica e o xtase, a transformao.

Foi criticado devido ao carter particular de Nietzsche de analise dos textos antigos, considerado um deturpador dos textos antigos, alm do carter enftico em certas ocasies e certas expresses. Essa critica, pode ser hipoteticamente um dos fatores que levou a desencadear a depresso que acompanhou o autor.

Esse escrito denominado Sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral [Ueber Wahreit und Luege in aussermoralischen Sinne] prodzido em 1873 o autor inicia as discusses que sero aprofundadas em Humano, Demasiado Humano enquando os textos Consideraes Extemporneas [Unzeitgemaesse Betrachtungen] escritos entre 1873e 1874 a promeira considerao foi um ataque a David Strauss um dos seus criticos, a segunda considerao foi um questionamento sobre a utilidade da histria para a civilizao, e a ultima considerao foi a classificao de Schopenhauer como educador.

O objeto central deste trabalho o livro Humano, Demasiado Humano [Menschliches Allzumenschliches] (1878-80), pois nesse perodo datado o afastamento de Nietzsche por motivo de sade da ctedra de Filologia na Faculdade Sua da Basilia.

A estrutura do texto se divide em 638 aforismos em nove captulos intitulados Das coisas primeiras e ltimas no qual analisa a metafsica, filosofia, sentimentos morais entre outros assuntos que o interessam em particular. O segundo capitulo intitulado Contribuio da histria dos sentimentos morais prope a arte da dissecao e composio psicolgica, ou seja, a utilizao da psicologia como instrumento para compreenso de como certos costumes e valores vieram a se tornar a dita moral de uma poca. Desta forma Nietzsche promove uma campanha para destruio de alguns conceitos morais que so considerados por serem ultrapassados, analisa conceitos como vingana e honestidade e crueldade.

No capitulo A Vida Religiosa faz ferozes ataques a instituio da Igreja, como em seus aspectos doutrinrios, estruturais, morais e metafsicos, trabalhando o conceito da decadncia do estado moderno e seu surgimento dentro da religio. Utiliza de termos pejorativos como gado para se referir sobre os cristos. No entanto sua fria voltada para instituio da igreja que arquitetou esse sistema metafisico de sofrimento,ou seja, o sentimento decadence ,pois ocristo refem dessa situao, logo, [...] o cristo comum uma figura deplorvel, um ser que no sabe contar at trs, e que, justamente por sua incapacidade mental, no merecia ser punido to duramente quanto promete o cristianismo. (NIETZSCHE, 2005, p.89) Esse capitulo posteriormente sera a base do livro O Anticristo (1888).O interessante desse capitulo a utilizao da histria como uma ferramenta para comprovar as hipteses sugeridas pelo autor, alm de referencias de Goethe entre outros.

O Capitulo denominado Da alma dos artistas e dos escritores, Nietzsche tenta comprovar que a salvao da humanidade se encontra na arte, e que seus espiritos livres fariam parte desses membros da sociedade to desacreditados e crititicados do ponto de vista moral. Nietzshe analisa literatos, pintores, escultores, dramaturgos como Skakespeare, msicos, escritores. Tambm sinaliza como algumas sugestes e objees sobre o publico em geral, sobre rejeio, entre outras situaes.

No Capitulo quinto Sinais de Cultura superior e inferior ele procura relacionar o vinculo entre religio, Estado e Cincia para explicar os motivos da decadencia humana na sua viso particular, mas empregando os valores culturais como principais viles que leveram degenerao da sociedade, e que no se mantem apenas no campo restrito da religio, mas se expandem para a Cincia e logo afetam o Estado.

J no sexto Capitulo O Homem em sociedade tenta abranger as relaes humanas em geral, como discursar para amigos, como conquistar pessoas corajosas, sobre indelicadezas com outras pessoas, amizades, ou seja, tenta analisar a sociedade atravs de algumas situaes particulares.

No oitavo Capitulo denominado A mulher e a criana, a figura feminina o alvo de sua analise, de maneira ironica impe suas opinies pessoais acerca das mulheres, devido sua acidez no trato como na escrita em relao as mulheres muitos bigrafos o consideraram homoxexual, entretanto outras fontes demonstram que Nietzsche manteve relaes com mulheres inteligentes e temperamentais como Lou Salom. Nesse Capitulo Nietzsche desenvolve seu lado ironico e agressivo como temas como o amor, casamento, relacionamentos

406. O casamento como uma longa conversa. Ao iniciar um casamento, o homem deve se colacar diante da seguinte pergunta: voc acredita que gostar de conversar com esta mulher at na velhice? Tudo mais no casamento transitrio, mas a maior parte de tempo dedicado a conversa. (NIETZSCHE, 2005, p.202)

J no Capitulo Um Olhar sobre o Estado procura analisar a maquina do Estado, mas com seu tom ironico e agressivo pede a palavra, e cita Voltaire: quand la populace se mle de raisonner, tout est perdu (NIETZSCHE, 2005, p.214) [ quando o populacho se mete a raciocinar, tudo est perdido] demonstrando novamente sua viso aristocratica e restritiva, mas sobretudo o Capitulo trata de questes como exercitos nacionais, o timoneiro de paixes,ou seja, o estadista, comenta sobre a escravido, critica os socialistas, justifica a guerra, defende a completa separao da religio do estado. Este capitulo pode ser analisado como um espelho da poca pois apresenta opinies e os pensamentos aristocrticos e tradicionais de Nietzsche acerca das questes pblicas de seu periodo.

O Homem a ss consigo o ltimo capitulo no qual Nietzsche trabalha alguns conceitos dos seus ditos espiritos livres, mas sobretudo no ultimo, O andarilho Nietzsche descreve a sua sensao de solido, iluso, e descrena, nesse aforismo relata a histria de um viajante sem ponto de chegada e que apos uma longa noite no deserto, com risco de ser atacado por bandidos e animais selvagens, encontra uma cidade que supostamente ofereceria mais segurana do que o deserto mas [...] quando para ele se abrir a cidade, ver talvez , nos rostos que nela vivem, ainda mais deserto, sujeira, iluso, insegurana do que no outro lado do porto [...] (NIETZSCHE, 2005, pp.271-272)

O livro Humano, demasiado humano fonte de pesquisa para os mais variados assuntos devido sua abrangencia de temas, mas o foco desse trabalho a viso nietzscheana da doena, buscando relacionar esta com sua doena fsica, ou seja, relacionar o fisico, com o discurso com o contexto histrico. Tambm vale resaltar que este livro foi escolhido como objeto aps alguns dados, como coincidir com afastamento de Nietzsche da ctedra, tambm com periodo em que suas dores e nauseas mais o incomodaram, alm que este livro representa uma afastamento do pensamento de msico Wagner, com a filosofia de Schopenhauer que marcaram tanto suas primeiras obra.

J no livro Aurora [Morgenroete] escrito entre 1880 e 1881 Nietzsche inicia um ataque contra a moral, mas com um toque mais sutil que os outros, pois Aurora um livro que diz Sim, profundo, porm claro e benvolo. [...] (NIETZSCHE ,2008,p.78) uma hiptese possivel seja que aps a presso das criticas em relao a acidez de suas obras, este tenha decidido escrever um livro mais brando pois

[...] no est em contradio com o fato de que em todo livro no se encontre uma s palavra negativa, um ataque, uma malcia que seja na verdade banhado pelo sol, redondo e feliz como um animal marinho que toma sol entre os rochedos. Afinal, era eu mesmo esse animal marinho: quase cada frase desse livro foi pensada, pescada na profuso de rochedos perto de Gnova[...] (NIETZSCHE, 2008,p.75)

O nome do livro devido inscrio indiana H tantas auroras que no brilharam ainda tentando aproximar a filosofia nietzscheana com o pensamento oriental.

J a obra denominada Gaia Cincia [Die froenliche Wissenschaft] escrito entre 1881 e 1882, a cincia da terra a me gaia

J a obra Assim Falou Zaratustra. Um livro para todos e para ningum [Also sprach Zarathustra] (1883-85) um marco, pois Nietzsche cria um alterego a partir do mtico mistico conhecido como Zaratustra ou Zoroastro proveniente do maniqueismo persico, nesse livro Nietzsche levou apenas alguns meses para produzi-lo [...] resultam ento dezoito meses de gravidez. Esse nmero exato de dezoito meses poderia sugerir, entre os budistas pelo menos, no fundo sou uma fmea de elefante. [...] (NIETZSCHE,2008,p.79) aps essa gravidez o resultado foi uma obra diferente das anteriores, nela se encontra uma linguagem potica com certa semelhana com a biblia se estrutura a partir de discursos que se assemelham aos envangelhos, com metforas e com uma linguagem diferenciada, mas devido a essa caracteristica foi muito deturpada por alguns grupos politicos que se apropriaram desses discursos como o conceito de super-homem, alguns biografos relatam que durante a Segunda Grande Guerra muitos jovens militares alemes tinham consigo um exemplar, os conceitos desse livro foram disviados para o interesse desses grupos e esse assunto ser abordado posteriormente.

Nietzsche criou Zaratustra com base no sbio persa Zoroastro que se afastou da humanidade para alcanar a iluminao, ser que esse no foi o desejo dele que se fez presente dentro desse personagem criado por Nietzsche? Seria uma hiptese.

[...] Pela manh eu subia na direo sul, no magnfico caminho para Zoagli, at o alto, passando por pinheiros e avistando vasta poro de mar; tarde, quando a sade permitia, contornava toda a baa de Santa Margherita at Porto Fino. Esse lugar e essa paisagem ficaram ainda mais prximos a meu corao, pelo grande amor que lhes tinha o imperador Frederico II; por acaso eu me encontrava novamente nessa orla no outono de 1886, quando ele visitou pela ltima vez esse pequeno mundo de felicidade. Nesses dois caminhos ocorreu-me o primeiro Zaratustra, sobretudo o prprio Zaratustra como tipo: mais corretamente, ele caiu sobre mim... (NIETZSCHE,2008,p.80)

J no livro Para Alm do Bem e Do Mal. Preldio de uma filosofia do futuro [Jenseits von Gut und Bse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft] escrito entre 1885 e 1886 e tambm um assunto desenvolvido apartir de um assunto j descutido no livro Humano, demasiado humano, no qual o autor procura defender uma filosofia acima dos preceitos morais, acima do bem e do mal

2.Esse livro (1886) , em todo o essencial, uma critica a modernidade, no excludas as cincias modernas, as artes modernas, mesmo a poltica moderna, juntamente com indicaes para um tipo antittico que o menos moderno possvel, um tipo nobre, que diz Sim. Nesse sentido o livro uma escola do gentilhomme , entendido o conceito de maneira mais espiritual e radical do que nunca. preciso ter dentro de si coragem para simplesmente suport-lo, preciso no haver aprendido a temer... (NIETZSCHE, 2008,p.91)

No livro intitulado Para Genealogia da Moral. Um escrito Polmico escrito em 1887, continua a discusso niniciada em seu livro anterior, mas diversificando em trs dissertaes: na primeira discute os conceitos de bom e mau, bom e ruim dialoga com sentido religioso desses conceitos com o ideal moderno de bom cidado e novamente questiona se esta bondade no um sinnimo de fraqueza. J na sua segunda dissertao dialoga com o ponto que torna a sociedade moderna doente na viso de Nietzsche, ou seja, a culpa ou m consciencia a besta loira, sentimento perpetrado pelos sacerdotes com a inteno de manter a humanidade dependente, viciada levando-a a ruina logo ao processo de decadncia. Na terceira dissertao questiona os valores ascticos, e critica e acusa a igreja de manter esses ideais para beneficiamento prprio, essa dissertao um ataque direto a certos ideais clericais como celibato, ao homem domesticado, ao homem gado, ao rebanho da instituio igreja. O interessante desse livro utilizao de mtodos de psiclogos para tentar compreender a civilizao.

J no livro Crepsculo dos dolos. Como se filosofa com martelo escrito em1888 o autor se distancia de todos seus referenciais seus dolos em busca da verdade

1.Esse escrito que no chega a cento e cinqenta pginas, fatal e alegre no tom, um demnio que ri obra de to poucos dias hesito em dizer seu nmero, a exceo entre os livros: nada existe de mais substancial, mais independente, mais demolidor de mais malvado. Querendo-se rapidamente fazer uma idia de como antes de mim tudo estava de cabea para baixo, comece-se por esse livro. O que no ttulo se chama de dolo simplesmente o que at agora se denominou verdade. Crepsculo dos dolos leia-se: adeus velha verdade... (NIETZSCHE,2008,p.94)

Tambm escrito em 1888, O Anticristo [ Der Anthichrist] no ultimo ano de lucidez de Nietzsche segundo alguns de seus bigrafos, significa muito mais do que uma aluso ao apocalipice afinal em alemo tambm pode significar o anti-cristo, esse livro um ataque novamente aos valores morais cristos, mas existe um diferencial ele se aproxima e elogia o budismo. um livro cido que brinca com certas passagens da bblia e promulga no final do texto uma lei contra o cristianismo, obviamente esse texto foi o mais atacado pela critica e foi publicado apenas em 1895

J o livro Ecce Homo: como algum se torna o que [Ecce Homo: wie man wird, was man ist] escrito em 1888 procura ser um livro autobiogrfico no entanto, uma descrio detalhada da opinio do autor acerca de seus escritos, afinal o principio da autobiografia contar a sua prpria histria ,mas a histria de sua vida voltada para a produo de seus escritos, por esse motivo seus escritos so sua vida, ou seja, sua razo de existir, utilizando a famosa frase de Pndaro, torna-te aquilo que s.

Em 1908 em uma das reunies da Sociedade Psicanaltica de Viena, na casa de Freud esse livro foi a discusso temtica da reunio, Freud chegou a concluso que o livro em si no era um produto de insnia pois Nietzsche possua o controle da forma escrita, mas a loucura podia ser manifestada, nos excessos e na disibinio observadas nos ttulos dos captulos como Por que sou to sbio, Por que sou to inteligente , Por que escrevo livros to bons e Por que sou um destino. Ainda possivel supor que esses ttulos no passam de um desejo de Nietzsche por reconhecimento aps to pouca aceitao pelos seus criticos e por seus leitores?

J o livro Vontade de Potencia ou Sobre o Niilismo e o eterno Retorno um livro de fragmentos pstumos publicados em ordem aleatria pela a irm de Nietzsche com apoio de Heirinch Kselitz, mas sobre a apropriao ou no ser discutida no final desse capitulo.

A motivao escrita de Nietzsche advm do apoio de muitos amigos, como o historiador suo Jacob Burckhardt, de Paul Ree, Franz Overbeck, Langbe, o famoso msico Richard Wagner entre outros. O que permitiu financeiramente que Nietzsche escreve-se foi o pagamento da Faculdade da Basilia durante seus anos de enfermidade, nos quais foram os anos mais produtivos do autor.

Em busca da cura Nietzsche viajou pela Itlia e ustria, em busca de climas que favoreceram seu estado de sade, em lugares prximos do mediterrneo.

1.3 Apropriaes e : enigmas da esfinge

Sobre as apropriaes do discurso de Nietzsche so as mais variadas, ideolgicas, polticas, e poticas, alm da influencia de seus escritos sobre outras geraes de escritores posteriores. As apropriaes podem ser consideradas como partes do discurso nietzschiano, mas so partes externas que no refletem seu intuito com tal discurso, ou seja, a publicao pstuma deve respeitar os desgnios e vontades do autor, caso contrrio a alterao desde a ordem dos discursos, como na ordem cronolgica dos textos pode alterar o sentido do discurso o transformando em um texto deformado.

Exemplo dessa explicao sobre a utilizao de trechos de textos pstumos de Nietzsche por sua irm Elisabeth Frster-Nietzsche que publicou a obra denominada Vontade de Potencia a partir de um plano de obra que foi deixado inacabado, Elisabeth reuniu 483 fragmentos pstumos redigidos entre o outono de 1887 e os primeiros dias de janeiro de 1889, ela escolheu os fragmentos a dedo na vastido de notas deixadas pelo escritor e os organizou-os sem respeitar sequer a ordem cronolgica. Assim com ajuda de Heinrich Kselitz, compilou e publicou a dita obra capital de Nietzsche.

Para legitimar sua empresa , a irm do filsofo no hesitou em falsificar cartas por ele dirigidas, na sua maioria, amiga Malwida von Meysenbug; obteve as originais, comps o texto a partir deles e depois os destruiu. Apresentando-se como a destinatria das missivas, pretendia impor imagem de credibilidade junto aos editore e amigos do filsofo;[...] (MARTON, 2005,pp. 20-21)

Elisabeth empenhou-se em difundir o nome do irmo pela imprensa, entre 1893 e 1900, fez dele um dolo das revistas e com a posse da custdia de seus escritos, preparou uma srie de novas edies de seus livros e aps lucrar com o capital dos escritos e doaes adquiriu uma propriedade em Wieman e nela instalou os arquivos Nietzsche. Posteriormente assentiu com a utilizao de filosofia de Nietzsche pelo Terceiro Reich e, em 1935, Elisabeth foi enterrada com honrarias nacionais.Vale ressaltar que a apropriao de Elisabeth em um primeiro momento foi voltada para os interesses dos anti-semitas do perodo do Segundo Reich de Bismark, pois ela favoreceu temas como a guerra, potencia, escravido entre outros encontrados no discurso aristocrtico e tradicional do filsofo. No entanto, nem todas as fontes biogrficas de Nietzsche acreditam nesta verso.

preciso que se enfatize: os textos so autnticos. Todos so de cunhagem, da lavra de Nietzsche. No foram, como j se disse e se insinuou, distorcidos ou adulterados pelos organizadores. No seu ordenamento e sua publicao no seguiram rigorosos critrios crticos filosficos. [...] ainda que, aqui ou ali, com pequenos erros e pequenos cortes, lacunas, no por pretensa m-f, mas por deslizes naturais de uma publicao[...](FOGEL, 2008, p.10)

Independente da autenticidade ou no dessa obra, se esses erros foram propositais ou no, esse discurso pstumo faz parte da histria de Nietzsche compondo mais um enigma da esfinge chamada Nietzsche, no foi analisada a obra Vontade de Potencia nessa pesquisa pois como ambas partes concordam que esse discurso possui lacunas e possveis erros e tais lapsos podem alterar os resultados da analise.

Outro fator transformador do discurso de Nietzsche ocorreu durante o Terceiro Reich foi efetuado Alfred Bumler,membro do partido nacional-socialista (futuro nazismo), que se considerava nietzschiano, participou da queima de vrios livros no alemes, mas sobretudo teve mais influencia ao publicar coletneas do pensamento de Nietzsche extrados da edio cannica Vontade de Potencia. Sobre a apropriao do Terceiro Reich, vale ressaltar que foi relacionar os conceitos de super-homem com a supremacia racial alem, mas o intuito de Nietzsche era uma discusso metafsica e acabou servindo aos interesses polticos, e ideolgicos e raciais.

Mas apropriaes e a influencia dos escritos de Nietzsche no tiveram essa viso negativa, seus textos influenciaram poetas, msicos e artistas sobretudo escritores como Thomas Mann, Stefan George, Ernest Jnger, Heirinch Mann ,Hermann Hesse e na literatura com D. Irvin Yalom.

Nietzsche uma esfinge ,na qual vrias discusses e hipteses foram levantadas acerca desse ser mitolgico que se alimenta dos homens que no conseguem resolver seus enigmas, e a resposta desse enigma se encontra dentro das entranhas desse monstro, por esse motivo necessrio de um referencial para saber distinguir o leo do homem, da guia, e a soluo desse enigma pode ser o corpo, a fraqueza, a doena de um homem demasiado humano.

Doena infecto-contagiosa aguda, bacteriana, que incide, principalmente, de um aos quatro anos de idade, e cujas principais manifestaes so febre, dispnia, afonia e disfagia, entre outras; localmente, no nariz e na garganta, h formao de falsas membranas; Forma grave de difteria em que a infeco se estende laringe e traquia, ocasionando, alm de congesto e edema locais, a instalao de pseudomembrana, com sufocao.

Sndrome decorrente de inflamao intestinal, esp. clica1, e que inclui dor abdominal, tenesmo e defecaes freqentes, contendo sangue e muco.