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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE AIDS PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Nº 2 ! Setembro de 2002 Av. Brasil 4036/515, Manguinhos Rio de Janeiro, RJ ! 21040-361 Maternidades do Brasil Maternidades do Brasil Especial Dados — um panorama da assistência ao parto em 22 páginas

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CONFERÊNCIAINTERNACIONALSOBRE AIDS

PROGRAMADE ASSISTÊNCIAFARMACÊUTICA

Nº 2 ! Setembro de 2002

Av. Brasil 4036/515, ManguinhosRio de Janeiro, RJ ! 21040-361

Maternidades do BrasilMaternidades do BrasilEspecial Dados — um panorama da assistência ao parto em 22 páginas

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memóriamemóriamemóriamemóriamemória

Mães, partos e bebês

Adecisão de publicar um densotrabalho sobre o perfil das ma-

ternidades no Brasil certamentenão foi baseada no ineditismo dotema, mas na sua importância. Aprova disso é que, pesquisando nosarquivos do Radis, não foi difícil en-contrar algumas revistas – publicadasem nossos 20 anos de existência –com temas semelhantes. Vale a penaaguçar nossas lembranças.

A revista Dados, de junho de1986, enfocou a mortalidade infantilno Rio de Janeiro, apresentando asestimativas do número de nascidosvivos segundo região de residência eano de nascimento, o número de óbi-tos em menores de um ano e as taxasda mortalidade infantil no período de

1976 a 1980. A publicação mostravaque havia, na época, uma tendênciadecrescente da mortalidade infantilno estado. A Súmula, de março de1998, revelou o caos instalado na ci-dade do Rio de Janeiro, devido àmorte de 72 bebês num período deapenas 30 dias em duas maternida-des do município. Um mês depois,novamente a revista Súmula apresen-tava uma matéria sobre o risco deuma a cada 130 mulheres morrer porcausa de gravidez ou parto, quandoa Organização Mundial de Saúde(OMS) preconizava, como índiceaceitável, uma morte para cada 3 mil

casos. Mais tarde, a revista Tema,publicada em fevereiro de 1999, dis-cutiu a questão da assistênciaperinatal e neonatal no Brasil comodesafio para os serviços de saúde epara a sociedade.

Já que nascer e morrer fazemparte do ciclo natural da vida, o Radiscertamente voltará a falar desse assun-to. Quem sabe, ainda teremos comotítulo de uma revista Radis: “O Brasiltem a menor taxa de mortalidadeinfantil no mundo!”?

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Memória 2

! Mães, partos e bebês

Editorial 3

! Como nascem os brasileiros

Caco 3

Cartas 4

! O leitor quer saber: Dúvidas sobrea Dengue

Súmula da Imprensa 5

Especial Dados 8

! O perfil das maternidades do Brasil! Capacidade instalada de recursosfísicos e humanos, modalidades definanciamento e incorporaçãotecnológica! Recife: Saúde Integral da Mulher,da Criança e do Adolescente! Rio de Janeiro: Humanização doparto reduz mortalidade materno-infantil! Curitiba: Atenção certa, no lugarcerto e no tempo certo

Aids 30

! XIV Conferência Internacional:Participantes cobram compromissospolíticos

Medicamentos 32

! Programas de Assistência Farmacêu-tica tentam garantir acesso integral

Saúde Bucal 33

! Encontro sobre fluoretação

Tabagismo 33

! SUS tratará fumantes que desejamlargar o vício

Serviços 34

Pós-Tudo 35

! A caminho de casa

Ora, Pílulas... 35

cacocacocacocacocaco

editorialeditorialeditorialeditorialeditorial

Nº 2 — Setembro de 2002

Depois do impacto positivo do lan-çamento da revista RADIS, traze-

mos nesta segunda edição uma extensamatéria de capa que é especial pordois motivos. Primeiro, porque resga-ta a consistência e a clareza no tra-tamento de estatísticas que semprecaracterizaram a revista Dados, edi-tada pelo Programa Radis durante 20anos. Segundo, porque traça um pa-norama da assistência ao parto noBrasil no final da década de 90, apon-tando para os problemas ainda atuaisa serem enfrentados, com o objetivode orientar planejamento e açõesque tornem o sistema de saúde me-nos desigual e mais efetivo.

Essa matéria é mais uma par-ceria da Escola Nacional de SaúdePública (Ensp) da Fiocruz com a Se-cretaria de Assistência à Saúde(SAS) do Ministério da Saúde, quesolicitou e financiou a análise doperfil das maternidades públicas eprivadas do país, pesquisa coor-denada por Maria do Carmo Leal,pesquisadora do Departamento deEpidemiologia e Métodos Quan-titativos em Saúde da Ensp, e por

Francisco Viacava, coordenador doDepartamento de Informação e Saú-de do Centro de Informação Cientí-fica e Tecnológica da Fiocruz.

Nos últimos anos, várias medi-das têm sido implementadas pelaSAS, com vistas à melhoria da aten-ção pré-natal e ao parto nos hospi-tais públicos e conveniados do SUS,nos quais o parto e os problemasobstétricos são a principal causa deinternação (22,6% do total). A pre-sente análise da disponibilidade deserviços de saúde é condição es-sencial para o estudo da prestaçãode assistência às populações, umavez que 96,8% dos partos são feitosem unidades hospitalares e os re-cursos tecnológicos utilizados paraapoio ao diagnóstico clínico e pre-venção de doenças são cada vezmais imprescindíveis. Nossa repor-tagem traz também o relato do quetem sido feito de positivo no aten-dimento ao parto em Recife, Rio deJaneiro e Curitiba.

Rogério Lannes RochaCOORDENADOR DO RADIS

Como nascem os brasileiros

Capa: Arte de Caco Xavier e AristidesDutra sobre Madonnas de Bellini eRaphael

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RADIS 2 ! SET/2002

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denguedenguedenguedenguedengue

No dia 24 de julho, foi lançado oPrograma Nacional de Controle

da Dengue (PNCD), cujas metas são:reduzir a menos de 1% a infestaçãopredial pelo Aedes aegypti nos 3.529municípios brasileiros que registram apresença do mosquito e diminuir, emrelação a 2002, o número de casos em50% e o número de óbitos por denguehemorrágica a menos de 1%.

Este ano, o programa vai priorizarações de mobilização social que in-centivem a população a eliminar osfocos residenciais do mosquito. Para

DÚVIDAS SOBRE DENGUE

No verão, existe sempre a ameaçade uma nova epidemia de dengue

e a possibilidade de essa ameaça seconcretizar cresce quando não é fei-to nenhum trabalho preventivo. Paranão deixar o assunto cair no esqueci-mento, o Radis aproveita a carta deAramiz Lopes (Tocantins — MG) paratrazer de volta o tema que foi ampla-mente abordado na Súmula n° 87 (mar-ço /2002). As perguntas do leitor fo-ram respondidas pelos pesquisadoresElizabeth Sanches (Far-Manguinhos/Fiocruz), Anthony Érico Guimarães eRita Maria Ribeiro Nogueira (InstitutoOswaldo Cruz/Fiocruz).

Programa Nacional de Controle da Dengue

isso, contará com recursos de maisde R$ 1 bilhão (R$ 903 milhões doMinistério da Saúde e R$ 131,1 mi-lhões das contrapartidas estaduais emunicipais).

O PNCD e uma cartilha sobre den-gue elaborada especialmente para mé-dicos estão disponíveis no site da Funasa(www.gov.br). Mais informações podemser obtidas pelo telefone (61) 314 6440,pelo Disque-saúde (0800-611997) ou di-retamente na Fundação Nacional deSaúde (SAS Quadra 4, bloco N; CEP:70058-902, Brasília — DF).

! Que tipos de exames devem serfeitos pelas pessoas que lidam comlarvicidas?

No caso dos biolarvicidas, nãoé necessário nenhum exame espe-cífico, pois eles não são tóxicos.No caso dos larvicidas químicos, osexames de controle vão variar deacordo com o tipo e a toxidade doproduto utilizado.

! Será que o uso do veneno ciper-metrina líquida ou em pó, misturadaao óleo de soja e aplicado em móveise paredes para combater o mosquitoadulto é eficaz? Por quanto tempo oveneno fica ativo? Se o mosquito nãomorrer, ele pode adquirir resistênciaao veneno?

No caso do Aedes aegypti, os in-seticidas que agem exclusivamente so-bre os mosquitos adultos não têmgrande eficácia. O ‘fumacê’, porexemplo, tem ação muito restrita esomente em momentos de alta densi-dade de adultos. Os demais insetici-das, aplicados sobre móveis e pare-des, só são recomendados paraeliminar mosquitos que têm o hábitode pousar nessas superfícies apóssugar o sangue, como é o caso dosanofelinos transmissores de malária.O poder residual varia com a concen-tração do inseticida, o local e o tipode aplicação. Todo inseticida usadode forma indiscriminada leva o insetoà resistência.

! Tive todos os sintomas da denguee o médico diagnosticou a doença, masos exames deram negativos. Como seexplica isso?

É preciso considerar o tem-po da realização dos testes emrelação ao início dos sintomas.Soros coletados na fase aguda dadoença poderão apresentar res-posta negativa para anticorposIgM anti-dengue. O isolamento dev í rus ou a detecção do ác idonucléico — procedimentos maisindicados para a fase aguda da do-ença — não são realizados em to-dos os laboratórios clínicos. Poresse motivo, o ideal seria realizarduas coletas de sangue, sendo asegunda em torno de duas sema-nas após a primeira coleta. Essaconduta aumenta consideravel-mente a chance de se confirmaro caso pela sorologia. Persistindoa ausência de anticorpos IgM,devem ser realizados exames com-plementares, como a pesquisa deIgG ou o diagnóstico diferencialcom outras doenças que apresen-tam sinais e sintomas semelhantesao dengue.

! Se todo estado febril implica que-da do número de plaquetas, comoidentificar se é dengue ou não?

Para se confirmar a infecção pordengue, torna-se necessária a reali-zação dos exames específicos.

! O uso de larvicidas em caixasd’água pode prejudicar a saúde daspessoas?

Se usados nas dosagens reco-mendadas, os biolarvicidas não afe-tam seres humanos ou animais domés-ticos. Os larvicidas químicos, noentanto, não devem, em hipótese al-guma, ser utilizados em caixas d’água.

! É necessário usar larvicida em cai-xas d’água fechadas ou que estejamacima da altura de vôo do mosquito?A ação do larvicida é imediata?

Em caixas d’água bem vedadas,inclusive com telas no cano que libe-ra o excesso da água (ladrão), não énecessário. Dificilmente uma caixad’água estará acima do vôo do mos-quito, que pode ser encontrado emprédios muito altos, levado pelas cor-rentes de ar, elevadores ou pelos pró-prios moradores (principalmente lar-vas em vasos de plantas). Obiolarvicida geralmente impede queas larvas cresçam (sofram mudas) e,como isso leva alguns dias, pode-seter a falsa impressão que o produtonão está fazendo efeito.

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RADIS 2 ! SET/2002

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SÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSA

eeeee x px px px px p e de de de de d i e n t ei e n t ei e n t ei e n t ei e n t e

CONVOCADA A I CONFERÊNCIA NACI-ONAL DE POLÍTICA DE MEDICAMENTOSE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

No dia 8 de maio deste ano, o Mi-nistério da Saúde convocou a

I Conferência Nacional de Política deMedicamentos e Assistência Farma-cêutica, que havia sido deliberada pela11ª Conferência Nacional de Saúde emdezembro de 2000.

Em 2001, o Conselho Nacionaldesencadeou o processo de realizaçãoda Conferência, instituindo o Grupode Trabalho responsável pela coor-denação do evento, cujo tema 'Efeti-vando o acesso, a qualidade e ahumanização da assistência farmacêu-tica, com controle social' será dividi-do em quatro subtemas: 'Acesso à as-sistência farmacêutica: a relação dossetores público e privado de aten-ção à saúde', 'Formação e capacitaçãode recursos humanos para a assistên-cia farmacêutica', 'Pesquisa e desen-volvimento tecnológico para a produ-ção nacional de medicamentos' e'Qualidade de serviços e produtos naassistência farmacêutica'.

A expectativa dos organizadores éque, durante a Conferência Nacional, a

ser realizada até 31 de maio de 2003,sejam discutidas as principais demandasda sociedade e do setor farmacêutico,e que isso resulte em melhorias efetivaspara a saúde da população.

As etapas municipais e estaduaisda Conferência devem ser realizadas,respectivamente, até 31 de dezem-bro de 2002 e 30 de abril de 2003.

DIRETRIZES DE HIPERTENSÃO ARTERIALCONDENAM REMÉDIOS DE MANIPULAÇÃO

Ouso de remédio de manipulação,condenado pela quarta edição das

Diretrizes Brasileiras de HipertensãoArterial, está provocando um embate:de um lado, médicos dizem que as far-mácias de manipulação não passam pelomesmo controle de qualidade que asindústrias farmacêuticas. De outro, apopulação tem usado cada vez maisesses medicamentos, que podem che-gar a custar treze vezes menos do queaqueles oferecidos em farmácias. Alémdisso, segundo dados publicados noJornal do Brasil, atualmente o setor em-prega 14 mil farmacêuticos, faturandono ano passado US$ 560 milhões.

A quarta edição das DiretrizesBrasileiras de Hipertensão Arterialfoi lançada recentemente em Por-to Alegre e traz outras novidades,entre elas a que diz respeito aomonitoramento da pressão arterial.Segundo o documento, o nível con-siderado ótimo deve estar abaixo de12 por 8 (a antiga edição determi-nava que a pressão ideal seria abai-xo de 14 por 9). A nova diretriz, quefoi elaborada por 108 médicos, tam-bém recomenda o uso de terapia decombinação de drogas para reduziro ritmo de pressão.

FEBRE DO NILO PODE CHEGAR AO BRASIL

Embora ainda não haja nenhumcaso da Febre do Nilo registrado

no país, o risco de contaminação exis-te. É o que alerta o entomologistada Fundação Oswaldo Cruz,Anthony Érico Guimarães. Segun-do ele, o vírus, transmitido pelapicada do mosquito culex, princi-pal vetor da Febre do Nilo, é en-contrado em aves migratórias quevoam para a América Central, maspodem alcançar também o Brasil.No ano passado, o vírus chegou aopaís por meio da importação deavestruzes, mas foi imediatamenteerradicado. Anthony acredita que,seja por meio de aves migratóriasou da chegada de carregamentosv indos do exter ior, ex iste umgrande risco no pais. Segundoele, deverá ser feita uma vigilân-cia epidemiológica e, para o con-trole, serão utilizados larvicidas,pulverização por aeronaves ededetização dos domicílios.

Presente nas aves e transmitidoaos mosquitos, o vírus do Nilo ociden-tal foi registrado pela primeira vez em1937, em Uganda, na África, e chegouna América do Norte em 1999, prova-velmente trazido por viajantes queretornavam do continente africano.As pessoas infectadas apresentamsintomas como de resfriado mas quepodem se tornar fatais para meno-res, idosos e pessoas com o sistemaimunológico fraco. Este ano, o vírusfoi responsável pela morte de 58 pes-soas nos Estados Unidos e tornou-seuma preocupação no estado deLouisiana, onde já causou a morte dequatro pessoas.

RADIS é uma publicação da Funda-ção Oswaldo Cruz, editada peloPrograma Radis (Reunião, Análisee Difusão de Informação sobreSaúde), da Escola Nacional de Saú-de Pública (Ensp).

Periodicidade: MensalTiragem: 42 mil exemplaresAssinatura: GrátisPresidente da Fiocruz: Paulo BussDiretor da Ensp: Jorge Bermudez

PROGRAMA RADISCoordenador: Rogério Lannes RochaEditor: Caco XavierRedação: Daniela Sophia, Ana Beatriz de

Noronha e Katia Machado (reportagem e re-dação) e Aristides Dutra (projeto gráfico)

Administração: Luis Otávio e Vanessa SantosEstudos, Pesquisas e Projetos: Justa Helena

Franco (gerência de projetos)

Colaboraram nesta edição: Maria doCarmo Leal (Departamento deEpidemiologia e Métodos Quantitativos

em Saúde/Ensp/Fiocruz) e FranciscoViacava (Departamento de Informa-ção e Saúde/CICT/Fiocruz)

EndereçoAv. Brasil, 4036 sala 515 — ManguinhosRio de Janeiro — RJ / CEP 21040-361Telefone: (21) 3882-9118Fax: (21) 3882-9119

E-Mail: [email protected]

Site: www.ensp.fiocruz.br/publi/radis/prgradis.htm

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RECURSO PARA A DISTRIBUIÇÃO DE RE-MÉDIOS PARA O MAL DE PARKINSON JÁFOI LIBERADO

Os recursos do Ministério da Saúdepara a distribuição gratuita de

todos os medicamentos existentes nomercado para o Mal de Parkinson jáestão sendo repassados para os esta-dos. Segundo a assessoria de impren-sa do Ministério, as secretarias esta-duais deverão abrir licitação para acompra do remédio. Para os medica-mentos excepcionais, o Governo de-sembolsa o total de 483 milhões porano e espera atender cinco vezesmais pacientes, passando de 2 mil para10 mil beneficiados.

Esse repasse foi resultado deuma Portaria assinada no dia 23 dejulho, ampliando de 49 para 90 onúmero de medicamentos excep-cionais distribuídos pelo SUS. En-tre eles estão não só os que ser-vem para o Mal de Parkinson, masmedicamentos para osteoporose,hepatite C crônica, asma grave ehepatite B em transplantados. Hojeexistem cerca de 200 mil brasilei-ros com o Mal de Parkinson, quepoderão recorrer ao tratamentonos recém-criados Centros de Re-ferência em Assistência à Saúde doIdoso. Os usuários deverão entrarem contato com a Secretaria deSaúde do estado. Mais informaçõespelos telefones(61) 315-2005/2748/2784 e (61) 225-7338 (fax) do Minis-tério da Saúde.

ANÚNCIOS DE ALIMENTOS TERÃO NOVASREGRAS

Pela primeira vez haverá uma regu-lamentação para a propaganda e

para o marketing de produtos queinduzam mães a substituírem o leitematerno por outros alimentos. Comisso, as agências de publicidade e asindústrias serão orientadas sobrecomo deve ser a rotulagem de alimen-

tos para crianças de até três anos.Essa medida faz parte da Resoluçãon° 222, da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa), publicada nodia 06 de agosto de 2002 no DiárioOficial da União, e estabelece o pra-zo de seis meses para que a mudançaseja efetuada, evitando, assim, abu-sos na promoção de alimentos

Sugestões e críticas sobre o re-gulamento podem ser enviadas paraa Agência Nacional de Vigilância Sani-tária, no endereço SEPN 515, BlocoB Ed. Ômega, Asa Norte, Brasília, DF,CEP. 70.770-502 ou para o [email protected].

INICIATIVAS INIBEM AÇÃO DE INDÚSTRIADE TABACO

Segundo um estudo publicado noJournal of the American Medical

Association, os fabricantes de ci-garro estão exercendo uma fortepressão financeira sobre empresasque fabricam produtos para deixarde fumar, obrigando-as a reduzirsuas campanhas publicitárias. A pes-quisa mostra como a indústria dofumo sempre utilizou seu poder fi-nanceiro para atentar contra a saú-de pública.

A cidade de Nova York, para fa-zer frente às pressões do mercadode tabaco, ampliou a guerra contrao fumo ao apresentar um projeto delei proibindo o uso em todos os ba-res, restaurantes, oficinas e centrosrecreativos da cidade. Todos os es-forços, seja através de pesquisas ouda criação de uma legislação mais rí-gida, deverão resultar, no ano quevem, na aprovação pela OrganizaçãoMundial da Saúde do primeiro trata-do mundial para diminuir o uso e omercado de cigarros.

NOVA E S T R AT É G I A PA R A I M U N I Z A RCONTRA MALÁRIA

Em uma pesquisa coordenada porcientistas britânicos, está sendo

testado um novo tipo de vacina con-tra a malária. Diferentemente das con-vencionais, que ensinam o sistemaimunológico do corpo a reconhecere destruir um parasita que causa umainfecção, a nova vacina faria o corporeconhecer suas próprias célulasinfectadas, matando a célula e o pa-rasita ao mesmo tempo.

Hoje, estima-se que no mundoadoeçam mais de 200 milhões de pes-soas por ano, principalmente em pa-íses da África, situados ao sul do De-

serto de Saara, do Sudeste Asiático eda Amazônia. No Brasil, 99% dos casosregistrados encontram-se nos estadosda Bacia Amazônica. Outras informa-ções sobre a doença podem ser ob-tidas no documento Avaliação da Es-tratégia Global de Controle Integradoda Malária no Brasil, de Antônio CarlosSilveira e Dilermando Fazito deRezende, disponível no site da Orga-nização Pan-Americana de Saúde(http://www.opas.org.br/).

GOVERNO TENTA ACABAR COM FILA PORPRÓTESE, MAS ENTIDADES ESTÃO CÉTICAS

Estão abertas as inscrições nas se-cretarias estaduais de saúde para

a participação dos centros de re-ferência dos portadores de defi-ciência na Campanha Nacional deProtetização. Atualmente, 17 esta-dos já fazem parte do programa. Acampanha, que começou em julhoe vai até dezembro, foi criada pelaPortaria nº 1099 (publicada no Diá-rio Oficial da União no dia 12 dejunho), e está oferecendo apare-lhos e tratamento para todos osportadores de deficiência física.No Rio de Janeiro, por exemplo,centros de referência como o Ins-tituto Nacional do Câncer (INCA),a Associação Brasileira Beneficen-te de Reabilitação (ABBR) e o Ins-tituto Oscar Clarck já estão ins-critos para receber os recursos doMinistério, cerca de R$ 12 milhõesque serão distribuídos até o finaldo ano.

Com isso, pretende-se diminuiras filas de pacientes do SUS que es-peram por cadeiras de rodas, pernasmecânicas, braços articulados,andadores, bengalas, coletes epróteses mamárias, mas as entidadesque trabalham ou representam defi-cientes físicos acreditam que as mu-danças não acontecerão em apenasseis meses, prazo que durará o Pro-grama. Pelo censo do IBGE, o país temhoje 6,5 milhões de portadores dedeficiências físicas e motoras, masnão existem dados sobre a quantida-de das pessoas que aguardam nas fi-

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RADIS 2 ! SET/2002

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las, numa espera que pode levar atédois anos.

PESQUISAS

INFARTO E DERRAME CRESCEM NO NOR-DESTE E CENTRO-OESTE

As regiões Nordeste e Centro Oestelideram o ranking das taxas de mor-

tes por doenças cardiovasculares,representando 28% do total nopaís, apesar da melhoria das con-dições de vida nas últimas déca-das. O dado faz parte de uma pes-quisa da Universidade de São Paulo(USP) divulgada recentemente, querevela também um crescimento daincidência de óbitos decorrentesde derrames e infartos em quasetodas as faixas etárias estudadas.Esse aumento é atribuído, entreoutros fatores, à melhora no diag-nóstico da morte e ao processo deurbanização.

A pesquisa apresenta ainda ou-tro dado alarmante: o número decasos de infartos está aumentandoentre as mulheres. Para os pesqui-sadores, essa taxa é atribuída aoestresse causado pela maior inser-ção feminina no mercado de traba-lho. Em relação a 1969, o infartoentre as mulheres aumentou em 70%no grupo etário compreendido en-tre 40 e 49 anos, e em 63% no gru-po compreendido entre 60 e 69anos.

PESQUISA MOSTRA QUE É EM CASA QUECRIANÇA SOFRE

Outro estudo, dessa vez realizadopela Fundação Oswaldo Cruz,

mostra que 97,2% das crianças e ado-lescentes vítimas de violência sexualatendidas no hospital infantil da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) foram molestadas dentro decasa, por familiares ou amigos da fa-mília. A coordenadora da pesquisa, AnaLúcia Ferreira, também revela a exis-tência de problemas na assistência,ao apontar que os médicos que pres-tam o primeiro atendimento estão malpreparados e não recebem treina-mento específico para lidar com essetipo de caso. Além disso, constata-seque as meninas são as maiores vítimasde abuso, com 70,5% dos casos apre-sentados, e as faixas etárias mais atin-gidas estão entre 6 e 10 anos (45,2%do total) e entre 2 e 5 anos (36,5%).Para se chegar a essa conclusão, fo-ram pesquisados 129 prontuários doAmbulatório da Família que funciona

em um dos primeiros centros do paísvoltado para o atendimento de jovensque sofreram violência, o Instituto dePuericultura e Pediatria MartagãoGesteira da UFRJ.

ÁGUA PODE MATAR 76 MILHÕES EM2020

Se não forem tomadas medidas paralimpar as fontes de água de todo

o mundo, cerca de 76 milhões depessoas, em sua maioria crianças,morrerão devido ao consumo deágua contaminada até o ano de2020. É o que diz um estudo divul-gado recentemente pelo Institutodo Pacífico, em Oakland, nos Esta-dos Unidos. A pesquisa também mos-tra que o número de mortes porágua contaminada pode ultrapassaras vítimas de doenças como a Aids,nas duas décadas passadas.

TESTES COM REPELENTES MOSTRAMNECESSIDADE DE NOVA REGULAÇÃO

Um levantamento feito recente-mente pela Associação Brasileira

do Consumidor com 11 marcas derepelente existentes no mercadobrasileiro mostrou que em todaselas havia uma baixa concentraçãode princípios ativos (substânciasque afastam os insetos e evitam aspicadas). A iniciativa da Associação,da qual fazem parte 60 mil sóciosem todo o país, tem como objetivofazer com que a Agência Nacionalde Vigilância Sanitária (Anvisa) es-tabeleça novos parâmetros de quan-tidade de princípios ativos, obrigan-do os fabricantes a seguirem ospadrões internacionais. De acordocom os indicadores usados, nenhu-ma das marcas analisadas foi classi-ficada como 'muito boa'. De acordocom os padrões internacionais, aporcentagem ideal de princípios ati-vos nas fórmulas dos repelentes éde 20%. Segundo dados divulgados

no Jornal Estado de São Paulo, to-dos os repelentes analisados tinhammenos de 10%.

POR DENTRO DAS LEIS

ME D I C A M E N TO S N AT U R A I S C A U S A MIMPASSE ENTRE MÉDICOS E JUSTIÇA

Há um grande impasse entre mé-dicos e Justiça quando o assunto

é medicamentos naturais. De umlado, o Supremo Tribunal Superiordecidiu que os medicamentos na-turais não necessitam mais do re-gistro do Ministério da Saúde paraa sua comercialização. A decisão to-mada pelo STJ foi baseada em umrecurso do município de Curitibacontra a empresa Honinteg Comple-mentos Alimentares Ltda. De outro,uma parte do setor médico defen-de a obrigatoriedade do registro.Um dos argumentos usados é o deque a venda de produtos naturaissem o registro de medicamentos,apenas como suplementos, produ-tos alternativos ou manipulados, osdesobriga a passarem por estudosrigorosos dos quais são extraídas in-formação sobre riscos. Essas infor-mações estão publicadas em docu-mento da Sociedade Brasileira deEndocrinologia e Metabologia(SBEM), lançado recentemente.

CONSELHOS GESTORES

Omunicípio de São Paulo criou aLei 13.325 (28/12/2001) que dis-

põe sobre a organização dos Conse-lhos Gestores nas unidades do SistemaÚnico de Saúde. De acordo com a le-gislação, os Conselhos são responsáveispelo acompanhamento, avaliação e fis-calização dos serviços e das ações desaúde prestadas à população e tam-bém podem propor e aprovar medidaspara aperfeiçoar a avaliação, a organi-zação, o planejamento, e o controledas ações e serviços. Além disso, de-vem acompanhar a participação decidadãos e organizações na aplicaçãodos recursos disponíveis. Mais infor-mações podem ser obtidas com oVereador Carlos Neder (PT) pelo [email protected]

SÚMULA DA IMPRENSA é produzida apartir da leitura crítica dos principaisjornais diários e revistas semanais dopaís.Responsável pela seção:Daniela Sophia

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RADIS 2 ! SET/2002

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especial dadosespecial dadosespecial dadosespecial dadosespecial dados

MARIA DO CARMO LEAL

Pesquisadora do Departamento de Epidemiologia eMétodos Quantitativos em Saúde/Ensp/Fiocruz

FRANCISCO VIACAVA

Coordenador do Departamento de Informação em Saúde/CICT/Fiocruz

No Brasil, informações sobre a oferta de serviçosde saúde estão disponíveis desde a década de30. A primeira referência aparece no AnuárioEstatístico do Brasil de 1936 (AEB ano II, p.263-91)

e diz respeito aos serviços existentes nos estados enos municípios das capitais e do interior, em 1934.O Anuário apresenta dados sobre os estabelecimen-tos de saúde com ou sem internação, discriminadossegundo a entidade mantenedora, destino da assis-

tência, especialidade médica, público alvo, custoda assistência e financiamento. Ao longo das déca-das seguintes, estes dados cont inuaram a serco letados , mas d iver sas mod i f i cações fo ramintroduzidas devido a mudanças na organizaçãoinstitucional e na conformação do setor da saúde.Essas mudanças tornaram os resultados obtidos di-ficilmente comparáveis no tempo.

A partir de 1975, o Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) assumiu a responsabilida-de pelo planejamento, coleta e apuração da Pes-quisa Assistência Médico-Sanitária (AMS), com apublicação anual das Estatísticas de Saúde, cujoprimeiro volume foi divulgado em 1976. A série foiinterrompida em 1992, quando apenas o cadastrodas instituições foi divulgado. Após sete anos, em1999, com apoio financeiro do Ministério da Saúde,

Maternidades do Brasil

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a AMS voltou a ser publicada, des-ta vez em forma de monografia,abrangendo aspectos diversos daestrutura física, recursos diagnós-ticos, tipos de profissionais e ca-racterísticas administrativa e finan-ceiras dos estabelecimentos desaúde do país. Os últimos dados,coletados em 2001, ainda não fo-ram divulgados.

A capacidade instalada de re-cursos físicos e humanos, a mo-dalidade de financiamento e a in-corporação tecno lóg ica sãoelementos importantes na avalia-ção da oferta de serviços e daspotencial idades do sistema desaúde para atender às necessida-des da população. Os dados daAMS podem ser de grande impor-tância para o planejamento dasações de saúde, pois permitem omonitoramento da distribuição ge-ográfica dos recursos, a identifi-cação de carências e excesso deoferta de tecnologias e o conhe-cimento da estrutura jurídico-administrativa dos estabelecimen-tos de saúde.

Informações sobre a oferta deserviços podem demonstrar a for-ma como as alterações no nívelpolítico-institucional moldam a or-ganização de sistemas públicos eprivados, seja pela distribuição ge-ográfica de estabelecimentos desaúde, pela intens i f icação dadescentralização ou pela atuaçãodas operadoras de planos privadosde saúde. Além disso, podem serúteis para conhecer quantos equais estabelecimentos de saúdecompõem a rede de serv içosofertados pelo SUS, assim comoquantos e quais respondem peloatendimento dos clientes dos pla-nos de saúde privados. Da mesmaforma, podem indicar como ocor-re a expansão ou retração de cadasegmento (VIACAVA & BAHIA, 2002).

As informações referentes àsespecialidades e tecnologias in-corporadas nos estabelecimentosprestam-se à identificação da pre-sença ou não de determinadosserviços, especialidades e equipa-mentos atribuídos à alta comple-xidade e ao alto custo. As possi-bilidades de retratar a situaçãoda oferta de serviços necessáriosà atenção das demandas e neces-sidades mais simples até às consi-deradas exigentes de tecnologiassofisticadas e a distribuição des-ses recursos representam um per-manente desafio para os gestorese estudiosos do setor saúde.

Um panorama dos estabeleci-mentos de saúde que atendem aoparto é fundamental para se avaliara adequação da rede assistencial àsnecessidades de atenção médicadas gestantes e recém-nascidosneste momento da vida reprodutivadas mulheres.

O parto e os problemas obsté-tricos são a principal causa deinternação nos hospitais públicos econveniados do SUS, correspondendoa 22,6% do total das 11.756.354internações realizadas e a 13,7% dogasto total com as hospitalizaçõesno país em 2001. (MS/Datasus —www.datasus.gov.br)

Além de este tema ser impor-tante por sua magnitude, o atendi-mento ao parto e ao puerpério (*)tem recebido nas duas últimas dé-cadas uma especial atenção das au-toridades sanitárias nacionais, como objetivo de reduzir os índices damortalidade materna e infantil.

Nos últimos anos, algumas ini-ciativas foram postas em práticapela Secretaria de Assistência àSaúde (SAS), do Ministério da Saú-de, com o objetivo de estimular aprática do parto normal (PortariaMS/GM nº 2.815 de 29/5/1998),restringir a incidência de partoscesáreos nos hospitais do SUS(Portaria MS/GM nº 2.816 de 29/5/1998), apoiar a montagem deunidades de cuidado perinatal in-termediário e intensivo (PortariaMS/GM nº 1.091, DOU 25/08/99) eestimular a acreditação dos ser-viços de maternidade (PortariaMS/GM nº 3.482 de 20/08/98). Es-sas medidas tornam o propósito deconhecer o perfil dos estabele-

cimentos hospitalares que aten-dem ao parto um campo estraté-gico para o dimensionamento denecessidades de atenção pelo sis-tema público. Além disso, estabe-lecem as bases para estudos pos-ter io res de ava l iação dosresultados alcançados após as in-tervenções sugeridas.

No Brasil, o atendimento aoparto é predominantemente hos-pitalar. Segundo os dados do Sis-tema de Informação sobre Nasci-dos Vivos (Sinasc), no ano de 1999,apenas 3 ,2% dos nasc imentosocorreram fora do ambiente hos-pitalar e, se consideradas as ou-tras instituições de saúde, essevalor diminui para 1,3%.

A importância da utilização daAMS neste diagnóstico é que seusdados permitem uma avaliação douniverso dos hospitais, incorpo-rando os pertencentes ao setorprivado não conveniado com oSUS, para os quais são escassas asinformações disponíveis atualmen-te, já que seus dados não estãocontemplados no Sistema de In-formações Hospitalares do Minis-tério da Saúde (SIH/SUS).

FONTES DE DADOSPara a análise do perfil das ma-

ternidades, foi utilizado o conjun-to dos dados coletados pela últimaPesquisa Assistência Médico-Sanitá-ria (AMS), em 1999, considerando-se como universo deste estudo oconjunto de estabelecimentos desaúde visitados pelo IBGE, que in-formaram ter ocorrido pelo me-nos um nascimento vivo duranteo ano anterior (1998). Foram ex-cluídas da análise as instituiçõesque estavam classificadas comonão tendo serviço de internação,por terem sido responsáveis por

(*) Para uma definição das palavras emnegrito, ver glossário na página 26.

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apenas um por cento dos nasci-mentos computados pela AMS.

Embora o produto da gesta-ção possa ser um nascido morto,não se utilizou a ocorrência des-te evento para ampliar o critériode inclusão das instituições, por-que se considerou a possibilida-de de este critério levar à sele-ção de serviços de emergênciaque atendam a casos de aborto,que possam ser incorretamenteclassificados como nascidos mor-tos, confundindo-os com mater-nidades. Além disso, os serviçosque atendem nascidos mortos,

evento mais raro, atendem, so-bretudo, nascidos vivos e, portan-to, já estariam incluídos pelo cri-tério anterior.

O número de nascidos vivosque se utilizou como denomina-dor dos indicadores foi retiradoda própria AMS. A população demulheres em idade fértil (10-49anos de idade) foi retirada dosite do IBGE (www.ibge.gov.br) eas taxas de fecundidade foramconseguidas na publicação Indi-cadores Básicos do Brasil — IDB2001, da Rede Interagencial deInformações para a Saúde (Ripsa).

A análise dos dados segundoo tipo de financiamento apresen-ta algumas limitações, pois não épossível estimar, para os estabele-cimentos que declararam prestarserviços ao SUS e a clientes deplanos privados de saúde ou par-ticulares, qual a parte de um mes-mo estabelecimento destinada acada segmento assistencial.

Da mesma maneira, deve-seter em mente que a informaçãoprestada sobre os recursos huma-nos presentes nos estabelecimen-tos pode implicar em múltiplascontagens, pois é comum o vín-

Tabela 1Oferta de estabelec imento s que a tendem ao parto , leito s (berç o s), e número

de nasc ido s v ivo s, seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - Brasi l 1999

UFESTA BELECIMENTOS BERÇOS BERÇOS

POR ESTA B.NA SC IDOS VIVOS

NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR %

BRA SIL 5.709 100,0 67.418 100,0 11,8 3.111.502 100,0

RONDÔNIA 96 1,7 592 0,9 6,2 20.661 0,7

A CRE 22 0,4 213 0,3 9,7 14.478 0,5

A MA ZONA S 75 1,3 731 1,1 9,7 56.134 1,8

RORA IMA 26 0,5 173 0,3 6,7 7.879 0,3

PA RÁ 229 4,0 2.239 3,3 9,8 125.094 4,0

A MA PÁ 12 0,2 120 0,2 10,0 12.113 0,4

TOCA NTINS 89 1,6 582 0,9 6,5 23.162 0,7

NORTE 549 9,6 4.650 6,9 8,5 259.521 8,3

MARA NHÃO 292 5,1 3.209 4,8 11,0 108.721 3,5

PIA UÍ 145 2,5 1.274 1,9 8,8 62.991 2,0

CEA RÁ 255 4,5 2.745 4,1 10,8 161.057 5,2

RIO GDE NORTE 146 2,6 1.218 1,8 8,3 53.279 1,7

PA RA ÍBA 167 2,9 1.720 2,6 10,3 66.418 2,1

PERNAMBUCO 284 5,0 3.160 4,7 11,1 160.101 5,1

A LAGOAS 77 1,3 1.124 1,7 14,6 57.624 1,9

SERG IPE 47 0,8 681 1,0 14,5 42.460 1,4

BAHIA 432 7,6 4.364 6,5 10,1 229.309 7,4

NORDESTE 1.845 32,3 19.495 28,9 10,6 941.960 30,3

MINA S GERA IS 579 10,1 6.953 10,3 12,0 309.315 9,9

ESPIRITO SANTO 102 1,8 1.197 1,8 11,7 55.214 1,8

RIO DE JANEIRO 290 5,1 5.268 7,8 18,2 241.337 7,8

SÃ O PA ULO 649 11,4 12.449 18,5 19,2 640.987 20,6

SUDESTE 1.620 28,4 25.867 38,4 16,0 1.246.853 40,1

PA RANÁ 438 7,7 4.684 6,9 10,7 178.143 5,7

STA CA TARINA 187 3,3 2.297 3,4 12,3 89.122 2,9

RIO GDE DO SUL 360 6,3 3.793 5,6 10,5 170.057 5,5

SUL 985 17,3 10.774 16,0 10,9 437.322 14,1

MATO GROSSO SUL 121 2,1 1.196 1,8 9,9 38.112 1,2

MATO GROSSO 182 3,2 1.348 2,0 7,4 49.198 1,6

GOIÁS 379 6,6 3.301 4,9 8,7 91.272 2,9

DISTR ITO FEDERA L 28 0,5 787 1,2 28,1 47.264 1,5

CENTRO OESTE 710 12,4 6.632 9,8 9,3 225.846 7,3

Fonte: IBGE/AMS 99

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culo de um mesmo profissionalcom diversas instituições.

Os resultados são apresenta-dos por Grandes Regiões Geográfi-cas, por Unidades da Federação epor nível de complexidade das áre-as geográficas — Capitais, RegiõesMetropolitanas e Interior. As Regi-ões Metropolitanas selecionadasforam as 15 microrregiões definidaspelo IBGE em 1999 — Belém, SãoLuis, Fortaleza, Natal, Recife,Maceió, Salvador, Belo Horizonte,Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo,Curitiba, Florianópolis, Porto Alegree Goiânia. Brasília e as cidades sa-télites foram consideradas dentrodo grupo das Capitais.

Os nascimentos estão compu-tados por local de ocorrência e,portanto, podem não estar ex-pressando exatamente o padrãodemográfico de cada área, masrefletindo também o fluxo dasgestantes em busca de atendi-mento mais qualificado nas capi-tais e áreas metropolitanas.

ANÁLISE DA OFERTADE LEITOS PARA ATENÇÃO

AO RECÉM-NASCIDOOs dados da Tabela 1 mos-

tram que, no Brasil, em 1999,5.709 estabelecimentos de saúderealizaram atendimento ao parto.Esse valor representa 73% do con-junto global dos estabelecimen-tos com serviços de internaçãoe comprova que o atendimentoao parto é amplamente represen-tado na malha da rede hospitalardo país. As maternidades (hospi-tais especializados em obstetrí-cia) representaram somente 5%do total dos estabelecimentoscom internações . (V IACAVA &BAHIA, 2002)

Na mesma tabela, a distribui-ção das instituições que atende-ram ao parto por Grandes RegiõesGeográficas aponta o Nordestecomo a que detém o maior núme-ro de estabelecimentos (32,3%) ea Norte como o menor (9,6%). Aregião Sudeste é a segunda em

número de estabelecimentos, com28,4% dos hospitais, seguida daRegião Sul, com 17,3% e da regiãoCentro-Oeste, com 12,4%.

Considerando por Unidade daFederação, é no estado de SãoPaulo que se concentra o maiornúmero de estabelec imentos,11,4% do total nacional, seguido deMinas Gerais (10,1%), Paraná (7,7%),Bahia (7,6%), Goiás (6,6%) e RioGrande do Sul (6,3%). Em situaçãointermediária ficam o Rio de Ja-neiro (5,1%), Ceará (4,5%) e Pará(4,0%). Os estados com menor nú-mero de estabelecimentos são oAmapá (0,2%), Acre (0,4%), Roraimae o DF (0,5%) e Sergipe (0,8%).

Analisando estes mesmos indi-cadores segundo o tipo de municí-pio (Capital, Metropolitano e Inte-r ior), verif ica-se que 82% dosestabelecimentos estão localizadosnas cidades do interior do Brasil e orestante dividido entre a capital eas cidades do entorno metropolita-no. Na região Sudeste, esse padrão

Tabela 1aOferta de estabelec imento s que a tendem ao parto , leito s (berç o s), e númerode nasc ido v ivo s, seg undo Grandes Reg iõ es e tipo de munic ípio - B ras i l 1999

GRA NDESREGIÕES

TIPO DEMUNIC ÍPIO

ESTA BELECIMENTOS BERÇOS BERÇOSPOR ESTA B .

NA SCIDOS VIVOS

NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR % NÚMERO DISTR %

BRASIL

CA PITA L 518 9,1 12.502 18,5 24,1 722.531 23,2

METROPOLITA NO 501 8,8 8.884 13,2 17,7 502.039 16,1

INTERIOR 4.690 82,2 46.032 68,3 9,8 1.886.932 60,6

TOTA L 5.709 100,0 67.418 100,0 11,8 3.111.502 100,0

NORTE

CA PITA L 34 6,2 582 12,5 17,1 29.728 11,5

METROPOLITA NO 6 1,1 109 2,3 18,2 4.174 1,6

INTERIOR 509 92,7 3.959 85,1 7,8 225.619 86,9

TOTA L 549 100,0 4.650 100,0 8,5 259.521 100,0

NORDESTE

CA PITA L 120 6,5 2.662 13,7 22,2 191.681 20,3

METROPOLITA NO 72 3,9 799 4,1 11,1 54.170 5,8

INTERIOR 1.653 89,6 16.034 82,2 9,7 696.109 73,9

TOTA L 1.845 100,0 19.495 100,0 10,6 941.960 100,0

SUDESTE

CA PITA L 251 15,5 6.271 24,2 25,0 343.021 27,5

METROPOLITA NO 264 16,3 5.799 22,4 22,0 339.111 27,2

INTERIOR 1.105 68,2 13.797 53,3 12,5 564.721 45,3

TOTA L 1.620 100,0 25.867 100,0 16,0 1.246.853 100,0

SUL

CA PITA L 41 4,2 1.400 13,0 34,1 82.272 18,8

METROPOLITA NO 117 11,9 1.841 17,1 15,7 91.176 20,8

INTERIOR 827 84,0 7.533 69,9 9,1 263.874 60,3

TOTA L 985 100,0 10.774 100,0 10,9 437.322 100,0

CENTRO-OESTE

CA PITA L 72 10,1 1.587 23,9 22,0 75.829 33,6

METROPOLITA NO 42 5,9 336 5,1 8,0 13.408 5,9

INTERIOR 596 83,9 4.709 71,0 7,9 136.609 60,5

TOTA L 710 100,0 6.632 100,0 9,3 225.846 100,0

Fonte: IBGE/AMS 99

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se altera, aumentando para 15% e16,3% a participação percentual dosestratos da Capital e Metropolitano.(Tabela 1a)

Essas instituições hospitala-res disponibilizaram 67.418 ber-ços para atendimento aos recém-nascidos, computados os leitospara recém-nascido normal e osde alojamentos conjunto. O Su-deste tem 38,4% do total, repre-sentando a região mais privilegi-ada, seguida do Nordeste, com28,9%. A inversão de posição emrelação ao número de institui-ções denota uma variação impor-tante no tamanho dos hospitaisda região Sudeste em relação àNordeste e expressa melhor a realdisponibil idade para o atendi-mento às gestantes e recém-nas-cidos. Para todas as outras regi-ões, decresce a proporção dosleitos quando se compara com adistribuição do número de esta-belecimentos (Tabela 1).

Quanto à oferta de berços, osestados de São Paulo e Minas Ge-rais são os mais favorecidos, com18,5% e 10,3%. Na região Norte,excetuando-se o estado do Pará,que tem 3,3% dos berços, os de-mais apresentam uma oferta quegira em torno de menos de 1%.

Por tipo de município, a dis-tribuição dos berços é menos dis-crepante, pois 68,3% deles estãono interior contra 18,5 e 13,2% nascapitais e regiões metropolitanasrespectivamente (Tabela 1a). Asdiferenças entre as regiões sãograndes. Na região Norte 85,1%dos berços estão localizados nointerior e na região Sudeste ape-nas 53,3%.

O indicador ‘número de ber-ços por estabelecimento’ confir-ma o maior tamanho das institui-ções da reg ião Sudeste, comdestaque para os estados de SãoPaulo e Rio de Janeiro, com 19,2e 18,2 leitos por instituição. Cha-ma a atenção a situação do Distri-to Federal que, apesar de disporde apenas 0,5% dos estabeleci-mentos do país, tem uma médiade 28,1 berços por estabeleci-mento. (Tabela 1)

Nasceram nos hospitais re-censeados 3.111.502 crianças,40,1% delas na região Sudeste,30,3% na região Nordeste, 14,1%no Sul, 8,3% no Norte e 7,3% noCentro-Oeste. No mesmo ano, oSistema de Informações sobreNascidos Vivos (Sinasc) registrou3.256.433 nascimentos, númeromuito próximo do identificado nas

inst i tu ições recenseadas peloIBGE. Há que se considerar queainda não é completa a cobertu-ra do Sinasc e que a AMS não in-clui os partos não hospitalares,que neste ano corresponderam a3,3% do total (MS/Datasus).

A localização dos leitos deveseguir o padrão de necessidade dehospitalização das populações. Demodo geral há uma correspondên-cia entre a distribuição dos recém-nascidos e dos berços, sendo queno interior é relativamente maiora oferta de leitos, provavelmentepela necessidade de dispersão dasinstituições, já que estão distribu-ídas em um território muito maiore de menor densidade demográficado que nas outras duas áreas. Avariação nas taxas de fecundidadeentre as áreas também pode expli-car as diferenças encontradas.

Nas cidades do interior doBrasil ocorreram 60,6% dos nasci-mentos hospitalares, nas capitais23,2% e nas regiões metropolita-nas do entorno, 16,1%. Analisandopor Região Geográfica, observa-senovamente uma grande dispersãodos nascimentos pelos três estra-tos no Sudeste e uma concentra-ção no interior nas Regiões Nortee Nordeste. (Tabela 1a)

Gráfico 1Taxa de fecundidade e oferta de leitos totais

e para recém-nascidos por Grandes Regiões — Brasil 1999

Fonte: IBGE/AMS99

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Só é possível, no entanto,quantificar efetivamente as ca-rências ou excessos de oferta porárea geográfica quando se leva emconta o tamanho da população demulheres em idade fértil. Um in-dicador para isso é o número deberços por mil mulheres em ida-de fértil, clientela em potencialdestes serviços.

A média brasileira foi de 1,2berços por mil mulheres de 10 a49 anos de idade, observando-seuma relativa homogeneidade nadistribuição dos leitos por RegiãoGeográfica, que variou de 1,1 nasregiões Norte e Sudeste a 1,7berços por mil mulheres de 10 a49 anos na região Centro-Oeste,onde a média de berços por mu-lheres está 40% acima do padrãonacional. (Gráfico 1)

Uma outra maneira de anali-sar a oferta de leitos é confrontá--la com a taxa de fecundidade. NoGráfico 1, é possível constatarque as regiões Norte e Nordestedetêm taxas de fecundidade maiselevadas que as outras, possuin-do, no entanto, menor oferta de

berços por população femininaem idade fértil. Verifica-se tam-bém, no mesmo gráfico, que a dis-tribuição dos leitos totais por milhabitantes não só confirma, comoamplifica muito as desigualdadesregionais verificadas para a distri-buição dos berços, mostrando queas carências são ainda maiorespara cobrir as demais necessida-des de saúde das populações des-tas áreas em outras faixas etárias.

A taxa de fecundidade é umindicador mais preciso para seavaliar a oferta de berços porquerepresenta o número de filhos ti-dos pela população feminina emidade fértil em um determinadoano. No Gráfico 2, os estados fo-ram ordenados por um índice re-sultante da divisão da taxa defecundidade total pelo númerode berços por mil mulheres emidade fértil para o ano de 1999.São apresentados em ordem de-crescente e divididos em trêsgrupos. O pr imeiro, compostopor alguns estados da região Cen-tro-Oeste (Goiás, Mato Grosso eMato Grosso do Sul), da região

Sul (Paraná e Santa Catarina) eda região Nordeste (Maranhão,Rio Grande do Norte, Paraíba ePiauí), ocupam o terço superiordesta relação de adequação, evi-denciando uma maior oferta re-lativa de berços. Estados da re-gião Norte (Amazonas, Amapá,Pará e Acre), da região Nordes-te (Alagoas, Ceará, Sergipe eBahia), juntos ao estado de SãoPaulo, ocupam o terço inferiordo gráfico, evidenciando uma si-tuação de maior carência de ber-ços em relação às suas necessi-dades. Os demais estados têmuma relação mais equilibrada en-tre a taxa de fecundidade e aoferta de leitos.

ANÁLISE DA OFERTA DEEQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

DE ALTA COMPLEXIDADESegundo dados do Sinasc, no

ano de 1999 ocorreram 6,2% denascimentos prematuros e 7,7%com peso inferior a 2500g. Crian-ças que nascem prematuras, combaixo peso ou com outras patolo-gias específicas, freqüentemente

Gráfico 2Taxa de fecundidade e oferta de leitos para recém-nascidos

por Estados da Federação — Brasil 1999

Fonte: IBGE/AMS99

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necessitam de suporte tecnológicode variada intensidade para aten-dimento na unidade de saúde ondenasceram ou em outra para a qualsejam transportados. Algumas dascomplicações do recém-nascidosão previsíveis antes do parto e agestante deve ser encaminhadapara atendimento em um hospitalequipado para recebê-la.

Se a disponibilidade de leitospara os recém-nascidos apresen-ta grandes desigualdades dentro dopaís, a situação se agrava com rela-ção à oferta de equipamentosespecializados para o atendimentoneonatal.

Na Tabela 2, pode-se ver osequipamentos selecionados pelaAMS99 para avaliar a atenção aorecém-nascido na sala de parto. Deuma maneira geral, pode-se assu-mir que, dentre os selecionados,o berço aquecido, a incubadora,f ixa ou de transporte, e oreanimador pulmonar infantil de-vem compor o conjunto de equi-pamentos mínimos disponíveis nasala de parto de qualquer unida-de de saúde que atenda ao recém-nascido. O equipamento parafototerapia, o bilirrubinômetro eo respirador/ventilador infantilpodem ser considerados como

necessários às unidades com mai-or nível de complexidade.

Não existe incubadora em24,3% de todos os hospitais. Nasregiões Norte e Nordeste estasc i f ras aumentam para 35,2 e42,4%. O Sudeste e o Sul têm, res-pectivamente, 7,2 e 13,9% de es-tabelecimentos sem esse equipa-mento e a região Centro-Oestefica com valores próximos da mé-dia nacional.

Por Unidade da Federação, ob-serva-se que alguns estados do Nor-te — Pará e Rondônia — e do Nor-deste — Alagoas, Pernambuco,Paraíba e Bahia — têm uma situação

Tabela 2Po rc entag em de estabelec imento s que a tendem ao parto e não po ssuem equipamento s de

neo nato lo g ia , seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999

UF INCUBA DORA BERÇOA QUECIDO

EQ PA RAFOTOTERA PIA

B IL IRRUB I-NÔMETRO

REA NIMA DORPULMONARINFA NTIL

RESPIRA DOR/VENTILA DOR

INFA NTILUTIN* UTIN**

BRA SIL 24,3 41,3 52,1 94,5 69,9 73,6 92,3 98,8

RONDÔNIA 34,4 76,0 67,7 100,0 84,4 87,5 96,9 100,0

A CRE 59,1 72,7 77,3 100,0 90,9 72,7 95,5 100,0

A MA ZONA S 45,3 66,7 78,7 93,3 85,3 86,7 97,3 100,0

RORA IMA 50,0 69,2 84,6 100,0 84,6 84,6 92,3 100,0

PA RÁ 21,4 62,0 62,4 96,5 74,7 84,3 95,2 99,6

A MA PÁ 50,0 75,0 83,3 100,0 75,0 83,3 91,7 100,0

TOCA NTINS 50,6 66,3 76,4 95,5 84,3 88,8 96,6 97,8

NORTE 35,2 66,8 69,9 96,9 80,5 85,4 95,8 99,5

MARA NHÃO 42,5 75,0 85,6 96,9 83,9 82,9 97,9 99,3

PIA UÍ 73,1 87,6 92,4 96,6 88,3 95,2 99,3 100,0

CEA RÁ 49,8 73,7 71,4 97,3 85,5 85,9 95,7 98,0

RIO GDE NORTE 53,4 77,4 84,2 99,3 79,5 89,7 97,3 100,0

PA RA ÍBA 37,1 70,1 76,6 98,8 85,6 80,8 96,4 100,0

PERNAMBUCO 28,5 59,9 70,1 96,1 79,2 83,8 93,7 99,3

A LAGOAS 14,3 59,7 68,8 98,7 74,0 72,7 90,9 98,7

SERG IPE 57,4 44,7 68,1 100,0 78,7 74,5 95,7 100,0

BAHIA 38,7 61,1 71,8 97,7 78,5 79,4 96,8 99,8

NORDESTE 42,4 68,6 76,5 97,5 81,7 83,3 96,3 99,4

MINA S GERA IS 9,7 29,0 35,2 92,7 63,2 72,0 95,9 99,7

ESPIRITO SANTO 17,6 19,6 38,2 97,1 57,8 71,6 85,3 97,1

RIO DE JANEIRO 4,8 13,1 21,4 81,0 61,7 52,8 80,7 95,5

SÃ O PA ULO 4,3 10,0 13,4 90,0 50,5 43,9 76,9 96,8

SUDESTE 7,2 18,0 24,2 89,8 57,5 57,3 84,9 97,6

PA RANÁ 13,5 11,4 46,3 96,1 58,9 72,6 94,7 99,8

STA CA TARINA 12,3 13,4 34,8 98,4 65,2 75,9 94,7 100,0

RIO GDE DO SUL 15,3 14,4 31,7 94,4 61,1 71,7 90,6 96,7

SUL 13,9 12,9 38,8 95,9 60,9 72,9 93,2 98,7

MATO GROSSO SUL 16,5 36,4 48,8 95,9 59,5 77,7 94,2 100,0

MATO GROSSO 24,7 42,9 55,5 96,2 69,2 73,6 96,2 98,9

GOIÁS 24,0 49,1 63,3 93,1 77,6 81,3 96,8 99,7

DISTR ITO FEDERA L 0,0 7,1 25,0 71,4 57,1 39,3 67,9 92,9

CENTRO OESTE 22,0 43,7 57,3 93,5 71,5 77,0 95,1 99,3

Fonte: IBGE/AMS 99* Lei to s para cuidado i ntermediário e intensi v o** Le i to s para cuidado intensiv o

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RADIS 2 ! SET/2002

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mais favorável do que os seus paresregionais. Os estados do Rio de Ja-neiro e São Paulo têm a mais elevadacobertura de incubadoras e o Distri-to Federal não tem nenhuma unida-de de atendimento ao parto que nãodisponha desse equipamento.

Quanto ao berço aquecido,verifica-se uma maior carência nosestabelecimentos e a distribuiçãoentre as regiões segue a mesmalógica descrita para a incubado-ra, sendo que o Sul do Brasil temrelativamente maior oferta desserecurso do que o Sudeste.

Mais de 50% dos hospitais in-formaram não dispor de equipa-mento para fototerap ia , comgrandes variações regionais. NoNordeste esta proporção chega a76,5%, no Norte 69,9%, no Sul38,8% e no Sudeste 24,2%. O Cen-tro-Oeste apresenta novamentevalores próximos da média do país.Os estados de São Paulo, Rio deJaneiro e o Distrito Federal con-tinuam liderando o ranking dosmais bem equipados.

A presença de um bilirrubi-nômetro no estabelecimento desaúde pode ser entendida comoum indicador da existência deapoio laboratorial para o atendi-mento ao recém-nascido de ris-co. Entretanto, poucos serviçostêm esse tipo de equipamento(apenas 5,5%), com grande seme-lhança entre as regiões e Unida-des da Federação. Destacam-se,em situação de vantagem, o Dis-trito Federal e o estado do Riode Janeiro.

O reanimador pulmonar, equi-pamento utilizado para melhorara capacidade respiratória do re-cém-nascido, estava ausente em69,9% dos hospitais que atende-ram ao parto no país, existindoimportantes variações regionais.No Sudeste, o percentual cai para57,5%, no Sul 60,9%, no Centro-Oeste 71,5%, no Norte 80,5% e noNordeste 81,7%. Considerando osestados da Federação, verifica-senovamente a situação de vantagemdo Distrito Federal (39,3%) e de

São Paulo (50,5%). Nos estados doNorte e Nordeste, o percentualde ausência desse equipamentonos hospitais está acima de 75%,com exceção do Acre, Alagoas eSergipe.

Procedimentos de ventilaçãomecânica são utilizados para apoioa recém-nascidos com risco devida e devem ser executados porprofissionais qualif icados paraesse tipo de intervenção. No Bra-sil, 73,6% dos estabelecimentosnão possuem este equipamento,sendo a situação um pouco maisfavorável na Região Sudeste, prin-cipalmente são Paulo e Rio deJaneiro, e no Distrito Federal, quetem a melhor situação. (Tabela 2)

Considerando o tipo de mu-nicípio, observa-se que, de modogeral os estabelecimentos dascapitais são mais bem equipadosdo que os da região metropolita-na e estes encontram-se em me-lhor situação do que os do inte-rior (Tabela 2a). A incubadora é oequipamento mais freqüente e

Tabela 2aPo rc entag em de estabelec imento s que a tendem ao parto e não po ssuem

equipamento s de neo nato lo g ia, po r Grandes Reg iõ es e Tipo de Munic ípio - B ras i l 1999

GRA NDESREG IÕES

TIPO DEMUNICÍPIO

INCUBA -DORA

BERÇOA QUECIDO

EQ PA RAFOTO-

TERA PIAB IL IRRUB I-NÔMETRO

REA NIMA DORPULMONARINFA NTIL

RESPIRA DOR/-VENTILA DOR

INFA NTILUTIN* UTIN**

BRA SIL

CAPITA L 6,6 12,9 22,0 80,7 50,8 43,4 66,0 90,9

METROPOLITANO 11,4 19,2 30,7 92,4 60,7 56,9 84,4 97,8

INTERIOR 27,6 46,8 57,7 96,2 73,0 78,7 96,1 99,7

TOTA L 24,3 41,3 52,1 94,5 69,9 73,6 92,3 98,8

NORTE

CAPITA L 5,9 23,5 20,6 97,1 41,2 67,6 73,5 97,1

METROPOLITANO 0,0 66,7 16,7 83,3 16,7 66,7 100,0 100,0

INTERIOR 37,5 69,7 73,9 97,1 83,9 86,8 97,2 99,6

TOTA L 35,2 66,8 69,9 96,9 80,5 85,4 95,8 99,5

NORDESTE

CAPITA L 7,5 18,3 35,0 90,0 60,0 48,3 69,2 91,7

METROPOLITANO 30,6 50,0 65,3 100,0 66,7 80,6 95,8 100,0

INTERIOR 45,5 73,0 80,0 97,9 84,0 86,0 98,2 99,9

TOTA L 42,4 68,6 76,5 97,5 81,7 83,3 96,3 99,4

SUDESTE

CAPITA L 6,8 10,4 17,5 74,5 47,8 35,5 60,2 90,0

METROPOLITANO 5,3 13,3 16,7 89,0 58,3 42,0 76,5 96,2

INTERIOR 7,7 20,8 27,5 93,5 59,5 65,9 92,5 99,6

TOTA L 7,2 18,0 24,2 89,8 57,5 57,3 84,9 97,6

SUL

CAPITA L 2,4 0,0 7,3 82,9 43,9 39,0 61,0 80,5

METROPOLITANO 7,7 6,0 29,9 95,7 59,8 65,0 91,5 99,1

INTERIOR 15,4 14,5 41,6 96,6 61,9 75,7 95,0 99,5

TOTA L 13,9 12,9 38,8 95,9 60,9 72,9 93,2 98,7

CENTRO-OESTE

CAPITA L 6,9 15,3 25,0 77,8 54,2 54,2 80,6 95,8

METROPOLITANO 28,6 33,3 64,3 92,9 73,8 85,7 92,9 100,0

INTERIOR 23,3 47,8 60,7 95,5 73,5 79,2 97,0 99,7

TOTA L 22,0 43,7 57,3 93,5 71,5 77,0 95,1 99,3

Fonte: IBGE/AMS 99* Lei to s para cuidado i ntermediário e intensi v o** Le i to s para cuidado intensiv o

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está ausente em apenas 6,6% doshospitais das capitais, com muitasemelhança entre as regiões. Nointerior, a falta deste equipamen-to é de 27,6%, com grandes varia-ções regionais — 7,2% no Sudestee 42,4% no Nordeste, regiões queapresentam, respectivamente, osmenores e maiores valores. Os equi-pamentos menos presentes são obilirrubinômetro e o respirador/ventilador infantil. O primeiro é en-contrado em menos de 20% dos es-tabelecimentos das capitais e em me-nos de 4% do interior. O segundo estádisponível em quase 60% dos hospi-tais das capitais e em pouco mais de

20% no interior. A variação na dispo-nibilidade de ventilação mecânicapara as regiões é pequena em rela-ção às capitais e muito grande emrelação ao interior. As regiões me-tropolitanas têm uma situação pró-xima à das capitais, com exceção daregião Norte, que está mais bemequipada, e do Centro-Oeste e Nor-deste, onde a situação está bem pior.As regiões que têm menor desigual-dade na distribuição desses dois ti-pos de equipamentos são a Sudestee a região Sul. (Tabela 2a)

A existência de equipamentosespecíficos para atendimento aorecém-nascido não s ignif ica a

constituição de uma unidade decuidado neonatal intermediário ouintensivo, já que um dos elemen-tos mais importantes nesse tipo deatenção é o recurso humano trei-nado e habilitado para essa fun-ção. Por esse motivo, 92,3% dasunidades hospitalares declararamnão ter uma unidade de terapiaintensiva neonatal, embora dispo-nham, em maior proporção, deequipamentos com relativo grau desofisticação. Utilizando-se o crité-rio de presença de pelo menos umleito declarado como específicopara o cuidado neonatal nas insti-tuições, identificam-se somente

Mapa 1Localização geográfica dos estabelecimentos que atendem

ao parto por modalidade de financiamento

Localização dosestabelecimentos

que atendem ao partoque possuem UTIN

Fonte: IBGE/AMS99

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Tabela 3Número de equipamento s em insti tuiç õ es que a tendem ao parto po r 10 mi l nasc ido s v ivo s,

seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999

UF BERÇOS INCUBA -DORA

BERÇOA QUECIDO

EQ PA RAFOTO-

TERA PIAB IL IRRUB I-NÔMETRO

REA NIMA DORPULMONA RINFA NTIL

RESPIRA DOR/VENTILA DOR

INFA NTILUTIN* UTIN**

BRA SIL 216,7 41,0 30,4 22,2 1,2 17,4 13,5 9,4 4,0

RONDÔNIA 286,5 41,6 14,0 16,0 0,0 10,6 6,3 2,4 0,0

A CRE 147,1 10,4 6,2 4,1 0,0 2,1 4,1 1,4 0,0

A MA ZONA S 130,2 16,6 9,1 7,7 0,9 3,4 2,5 0,4 0,0

RORA IMA 219,6 45,7 22,8 22,8 0,0 7,6 7,6 7,6 0,0

PA RÁ 179,0 26,0 13,6 12,1 0,6 8,2 5,3 3,8 1,0

A MA PÁ 99,1 19,0 12,4 16,5 0,0 2,5 2,5 5,0 0,0

TOCA NTINS 251,3 31,9 16,0 10,8 1,7 7,8 6,9 13,0 10,4

NORTE 179,2 25,1 12,7 11,4 0,7 6,7 4,8 3,8 1,4

MARA NHÃO 295,2 23,2 14,2 7,0 0,8 7,5 7,7 4,8 3,4

PIA UÍ 202,3 10,5 7,6 2,4 1,1 3,5 1,7 0,8 0,0

CEA RÁ 170,4 20,0 8,3 8,9 0,4 4,3 5,5 6,9 5,2

RIO GDE NORTE 228,6 19,9 13,3 9,8 0,2 8,8 3,6 3,6 0,0

PA RA ÍBA 259,0 26,2 14,5 9,8 0,3 6,0 7,7 5,0 0,0

PERNAMBUCO 197,4 31,4 20,3 12,3 0,8 9,9 5,7 4,7 1,4

A LAGOAS 195,1 25,2 12,8 9,7 0,2 6,6 6,1 8,3 3,5

SERG IPE 160,4 8,2 18,8 9,2 0,0 3,8 6,1 2,6 0,0

BAHIA 190,3 21,1 17,3 11,7 0,5 7,3 5,3 3,5 0,5

NORDESTE 207,0 22,2 14,6 9,7 0,5 6,8 5,6 4,6 1,9

MINA S GERA IS 224,8 48,7 33,3 27,4 1,7 22,9 12,0 3,8 1,0

ESPIRITO SANTO 216,8 33,3 40,8 30,4 0,5 24,6 14,3 19,4 8,7

RIO DE JA NEIRO 218,3 48,2 32,2 29,8 2,7 20,5 20,8 17,5 8,5

SÃ O PA ULO 194,2 56,0 41,6 33,5 1,6 28,5 25,3 15,1 5,6

SUDESTE 207,5 51,7 37,7 31,1 1,8 25,4 20,7 12,9 5,2

PA RANÁ 262,9 54,7 51,9 25,9 1,0 19,9 14,3 5,9 1,0

STA CA TARINA 257,7 47,8 42,2 24,2 0,3 30,1 9,8 5,2 0,0

RIO GDE DO SUL 223,0 64,2 55,0 37,2 1,6 22,5 21,0 22,6 16,3

SUL 246,4 57,0 51,1 29,9 1,1 23,0 16,0 12,3 6,7

MATO GROSSO SUL 313,8 50,9 40,4 25,5 1,3 18,6 10,8 6,3 0,0

MATO GROSSO 274,0 41,1 30,1 21,3 1,4 18,1 16,3 12,4 7,5

GOIÁS 361,7 48,5 32,6 22,8 2,8 15,6 12,3 6,4 1,5

DISTR ITO FEDERA L 166,5 52,5 41,9 22,9 2,1 27,3 11,0 18,0 11,2

CENTRO OESTE 293,7 48,1 35,3 22,9 2,1 19,1 12,6 10,1 4,6

Fonte: IBGE/AMS 99* Lei to s para cuidado i ntermediário e intensi v o** Le i to s para cuidado intensiv o

7,7% dos estabelecimentos. Obser-vando-se essa porcentagem porRegião Geográfica, o Sudeste tema melhor situação, com 15,1%, e nasdemais regiões essa porcentagemgira em torno de 5% dos estabele-cimentos. Por Unidades da Fede-ração, essa porcentagem chega, nomáximo, a 32,1% no Distrito Fede-ral, fica em torno de 20% em SãoPaulo, Rio de Janeiro e EspíritoSanto, e atinge a menor cifra (0,7%)no Piauí (Tabela 2).

Em uma revisão sobre o cuidadointensivo em neonatologia, Novaes(2000) identificou que a atenção in-tensiva completa pressupõe instala-

ções físicas e recursos humanos derotina que dificilmente são viáveis deserem mantidas em serviços com me-nos de 10 leitos. A análise das unida-des, a partir do número de leitos es-pecíficos para o cuidado neonatal naAMS99, evidencia que a maioria dosserviços podem ser consideradoscomo unidades intermediárias deatenção neonatal (UI), já que pos-suem um pequeno número de lei-tos. Apenas 71 estabelecimentos(1,2% dos 5.079 que atenderam aoparto) têm mais de 10 leitos, po-dendo ser considerados Unidadesde Terapia Intensiva Neonatal(Utin). As unidades federadas que

têm situação mais favorável são no-vamente o Distrito Federal, o Riode Janeiro, Rio Grande do Sul e SãoPaulo. (Tabela 2, Mapa 1)

Mais desigual ainda é a distri-buição dos leitos para o cuidadoneonatal por tipo de município. Nascapitais concentram-se mais da me-tade desse tipo de leito, que so-mados aos das áreas metropolita-nas equivalem a 71,5% do total,restando apenas 28,5% para seremdistribuídos pelo interior. Todas asregiões mantêm o padrão de teremmais da metade dos leitos para ocuidado neonatal localizados nacapital, mas diferem quanto à fra-

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RADIS 2 ! SET/2002

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ção da área metropolitana e do in-terior. No Sudeste, há um maiorequilíbrio entre estes últimos doisestratos. No Norte, Sul e Centro-Oeste há uma maior participaçãorelativa do interior e, no Nordes-te, a quase totalidade dos leitosestá nas capitais.

No Brasil, a média de leitospara o cuidado neonatal por re-cém-nascido foi de 9,4 por dez milnascidos vivos, ficando as regiõesNorte e Nordeste com menos dametade desse índice e as outrastrês acima (Tabela 3). As desigual-dades nesse indicador aumentammuito quando se enfoca as Unida-des da Federação. O Rio Grandedo Sul, o Espírito Santo, o DistritoFederal e o Rio de Janeiro têm qua-renta e cinco vezes mais leitos queo Amazonas. Os estados de Sergipe,Bahia, Rio Grande do Norte e Parátambém se encontram em situaçãode muita desvantagem, apresen-tando coeficientes quatro a cin-co vezes menores de le itosofertados às suas populações derecém-nascidos.

Por tipo de município, verifi-ca-se que as Capitais têm mais decinco vezes mais leitos para o cui-dado neonatal por recém-nascidodo que no interior e é exatamenteno interior onde nasce a maioriadas crianças brasileiras (Tabela 3a).Nas regiões metropolitanas, a situ-ação é um pouco melhor que nointerior e isso deve ser analisadodentro da perspectiva de seremáreas contíguas às capitais, tendo,portanto, possibilidade de desloca-mento para acesso aos recursosdisponíveis nestas últimas.

Levando-se em conta o crité-rio das instituições terem dez oumais leitos, a realidade da cober-tura às necessidades do cuidadointensivo fica muito mais dramáti-ca. As disparidades regionais aumen-tam e as Unidades da Federação quetêm maior presença desse tipo deserviço são o Rio Grande do Sul,com 16,3 leitos por dez mil nasci-dos vivos, o Distrito Federal (11,2),o Tocantins (10,4), o Espírito Santo(8,7) e o Rio de Janeiro, com 8,5(Tabela 3). Mesmo nas capitais, 90%

dos estabelecimentos que atendemao parto não têm esse tipo de re-curso. Na região Norte, opercentual sobe para 97% e no Sulbaixa para 80%. No interior, a situa-ção se agrava ainda mais e desapa-recem as diferenças entre as Gran-des Regiões do Brasi l. Mereceespecial destaque a situação dasregiões Norte e Nordeste que têmmais de 70% das suas crianças nas-cendo no interior e contando, res-pectivamente, com apenas 0,4 e0,1% de hospitais destas áreas comserviço de Unidade de Terapia In-ensiva Neonatal (Utin) com mais dedez leitos. (Tabela 2a)

Não há um parâmetro único dereferência para cobertura adequa-da de leitos de Utin por recém-nas-cido. A complexidade tecnológicada oferta de leitos varia muito se-gundo o grau de desenvolvimentodos países. Os países ricos, em es-pecial os Estados Unidos da Améri-ca, apresentam um elevado grau deincorporação tecnológica e nãodevem ser tomados como referên-cia para a nossa realidade. Em um

Tabela 3aNúmero de equipamento s em insti tuiç õ es que atendem ao parto po r 10 mi l nasc ido s v ivo s,

seg undo Grandes Reg iõ es e tipo de munic ípio - Bras i l 1999

GRA NDESREGIÕES

TIPO DEMUNIC ÍPIO BERÇOS INCUBA-

DORABERÇO

A QUECIDOEQ PARA

FOTO-TERA PIA

B IL IRRUB I-NÔMETRO

REA NIMA DORPULMONA RINFA NTIL

RESPIRA DOR/-VENTILA DOR

INFA NTILUTIN* UTIN**

BRA SIL

CA PITA L 173,0 49,8 37,5 30,8 1,8 26,0 22,9 22,1 17,8

METROPOLITA NO 177,0 36,7 30,5 22,5 1,1 16,2 14,2 9,7 2,7

INTERIOR 244,0 38,8 27,6 18,9 1,0 14,5 9,7 4,4 0,9

TOTA L 216,7 41,0 30,4 22,2 1,2 17,4 13,5 9,4 4,0

NORTE

CA PITA L 195,8 42,7 23,5 25,9 0,3 14,8 11,8 14,5 4,0

METROPOLITA NO 261,1 28,7 16,8 19,2 2,4 19,2 4,8 0,0 0,0

INTERIOR 175,5 22,7 11,2 9,4 0,7 5,4 3,9 2,5 1,1

TOTA L 179,2 25,1 12,7 11,4 0,7 6,7 4,8 3,8 1,4

NORDESTE

CA PITA L 138,9 32,4 22,9 17,6 0,7 11,8 10,4 16,2 8,6

METROPOLITA NO 147,5 17,9 11,1 8,1 0,0 8,1 3,0 1,1 0,0

INTERIOR 230,3 19,7 12,6 7,6 0,5 5,3 4,5 1,7 0,2

TOTA L 207,0 22,2 14,6 9,7 0,5 6,8 5,6 4,6 1,9

SUDESTE

CA PITA L 182,8 60,8 42,4 39,9 2,6 38,8 32,1 24,8 12,9

METROPOLITA NO 171,0 38,1 31,7 24,8 1,4 14,1 17,0 11,6 4,4

INTERIOR 244,3 54,3 38,5 29,6 1,5 24,1 15,9 6,5 0,9

TOTA L 207,5 51,7 37,7 31,1 1,8 25,4 20,7 12,9 5,2

SUL

CA PITA L 170,2 49,6 55,5 30,5 1,0 12,0 27,7 32,8 25,6

METROPOLITA NO 201,9 43,8 37,8 23,8 0,5 28,8 12,0 8,1 1,9

INTERIOR 285,5 63,8 54,3 31,9 1,3 24,4 13,7 7,3 2,5

TOTA L 246,4 57,0 51,1 29,9 1,1 23,0 16,0 12,3 6,7

CENTRO-OESTE

CA PITA L 209,3 47,2 38,4 24,9 2,4 23,1 12,5 16,4 8,8

METROPOLITA NO 250,6 33,6 32,1 13,4 2,2 17,2 7,5 8,2 0,0

INTERIOR 344,7 50,1 34,0 22,8 2,0 17,1 13,2 6,8 2,7

TOTA L 293,7 48,1 35,3 22,9 2,1 19,1 12,6 10,1 4,6

Fonte: IBGE/AMS 99* Le i to s para cuidado i ntermediário e intensiv o** Le i tos para cui dado intensi v o

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estudo realizado pelo ConselhoRegional de Medicina do Estado doRio de Janeiro (Cremerj) em 1998sobre o diagnóstico da AssistênciaPerinatal no Estado, foram estabe-lecidos, por consenso dos especi-alistas, alguns parâmetros para a as-sistência neonatal. Estipulou-se anecessidade de três leitos de Uni-dade Intermediária Neonatal (UI) e1 leito de Utin por mil nascidos vi-vos. Este último critério é semelhan-te ao definido pela Austrália, queestabeleceu a quota de 1,1 leito deTerapia Intensiva Neonatal (critériode 10 ou mais leitos por estabele-cimento) para cada mil nascidos vi-vos. (Novaes, 2000)

Tendo em vista a ausência, nosdados da AMS99, de maiorespecificação dos equipamentos erecursos humanos disponíveis nosestabelecimentos, pode-se tomarcomo parâmetro o critério austra-liano de considerar como tendoUtin apenas os hospitais que dis-põem de dez ou mais leitos de cui-dado intensivo e os demais comoUI. Assim sendo, pode-se estimar amagnitude da carência destes re-cursos de atendimento na redehospitalar nacional de atenção aorecém-nascido. Atualmente dispõe-se de 0,4 leito para cada mil nasci-dos vivos e o esperado seriam qua-tro (3 de UI e 1 de Utin).

Nenhuma unidade da Federa-ção dispõe do nível de coberturarecomendado pelo Cremerj. As quetêm melhor situação — Rio Grandedo Sul, Espírito Santo, Distrito Fe-deral e Rio de Janeiro — estão comvalores próximos da metade destameta. Algumas outras — Amazonas ePiauí — estão muito abaixo, de cin-co a dez vezes.

Considerando o critério de 10ou mais leitos para uma unidade decuidados intensivos neonatais serconsiderada uma Utin, apenas osestados do Rio Grande do Sul, oDistrito Federal e Tocantins ficamdentro do esperado. O Rio de Ja-neiro, São Paulo e Mato Grosso seaproximam do valor almejado e umagrande quantidade de unidadesfederadas — Rondônia, Acre, Ama-zonas, Roraima, Amapá, Piauí, RioGrande do Norte, Paraíba Sergipee Santa Catarina — não têm nenhu-ma unidade de saúde com esta ca-racterística.

A análise da oferta atual per-mite estimar o déficit de leitos paracada unidade federada, levando-seem consideração que a montagemde uma UI e Utin implica, além de

equipamentos, em pessoal treina-do para que o seu uso redunde naefetividade desejada.

O cuidado intensivo é hoje umrecurso necessário à sobrevivênciade recém-nascidos prematuros. So-bretudo diante das elevadas taxasde prematuridade do Brasil, a desi-gualdade na oferta de serviços comeste nível de complexidade pode servista como um instrumento de ma-nutenção das desigualdades em saú-de, que implica em perda de recém-nascidos viáveis nas áreas menosassistidas, aumentando, desta forma,as taxas de mortalidade infantil.

ANÁLISE DA DISPONIBILIDADEDE RECURSOS HUMANOSQuase um terço dos partos do

país ocorre em instituições quenão têm obstetras nem anestesistase mais de dois terços não contamcom a presença de pediatras (Ta-bela 4). A situação real pode serainda mais grave, porque a existên-cia do profissional no estabeleci-mento não assegura acompanha-mento na sala de parto.

Analisando por Grandes Regi-ões Geográficas, vê-se que os es-tados do Sudeste têm uma situa-ção privilegiada em relação aos

Tabela 4Po rc entag em de estabelec imento s que atendem ao partosem pro fiss io nai s selec io nado s seg undo Grandes Reg iõ es

e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999UF OBSTETRA PEDIA TRA A NESTESISTA

BRA SIL 27,0 74,0 34,1

RONDÔNIA 40,6 62,5 30,2

A CRE 54,5 81,8 63,6

A MA ZONA S 50,7 73,3 13,3

RORA IMA 69,2 84,6 69,2

PA RÁ 35,8 72,9 57,2

A MA PÁ 41,7 66,7 58,3

TOCA NTINS 64,0 78,7 64,0

NORTE 45,7 72,9 48,5

MARA NHÃ O 47,6 87,0 45,9

PIA UÍ 76,6 94,5 75,9

CEA RÁ 26,7 69,0 40,8

RIO GDE NORTE 45,9 84,9 61,6

PA RA ÍBA 28,1 86,2 40,1

PERNAMBUCO 18,0 83,8 34,5

A LAGOAS 2,6 53,2 44,2

SERG IPE 10,6 78,7 55,3

BAHIA 18,5 70,6 34,5

NORDESTE 30,9 78,9 44,0

MINA S GERA IS 14,2 76,5 22,6

ESPIR ITO SA NTO 11,8 65,7 21,6

RIO DE JANEIRO 1,7 50,7 5,9

SÃ O PA ULO 4,9 62,9 10,3

SUDESTE 8,1 65,7 14,6

PA RA NÁ 27,6 75,1 35,4

STA CA TA RINA 35,3 85,0 21,9

RIO GDE DO SUL 33,1 85,3 30,0

SUL 31,1 80,7 30,9

MATO GROSSO SUL 38,8 73,6 50,4

MATO GROSSO 35,7 70,3 32,4

GOIÁS 45,1 72,0 55,4

DISTR ITO FEDERA L 0,0 57,1 0,0

CENTRO OESTE 39,9 71,3 46,5

Fonte: IBGE/AMS 99

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demais, mas, ainda assim, 8,1% dosestabelecimentos não têm obste-tras e 14,6% não têm anestesistas.Além disso, há ausência de pedia-tras em 65,7% dos estabelecimen-tos. As demais regiões têm umperfil semelhante de estabeleci-mentos com carência desses pro-f i s s iona i s , sendo que ospercentuais de instituições semobstetras e anestesistas são umpouco mais elevados no Norte eo de estabelecimentos sem pedi-atras nas regiões Nordeste e Sul,embora esta última esteja emmelhor situação em relação à pre-sença de obstetras e anestesistasnos estabelecimentos. Merecedestaque a performance do Dis-trito Federal, que não tem nenhu-ma instituição atendendo ao par-to sem um médico obstetra eanestesista no seu quadro de pes-soal, apesar de 57,1% delas aindanão disporem de pediatras. Os es-tados do Rio de Janeiro e São Pau-lo são os que têm melhor cober-tura, diferenciando-se muito dosdemais. No Nordeste, Alagoas ePernambuco sobressaem com osmelhores índices.

A carência de obstetras eanestesistas ocorre principalmen-te no interior, como apresentadona Tabela 4a, mas a de pediatrasé comum às três áreas. A regiãometropolitana tem uma situaçãomais favorável que o interior, masainda está em desvantagem emrelação às capitais.

O atendimento ao parto, naausência de complicações, podeser feito por um médico geral oumesmo por uma enfermeira obsté-trica, como ocorre em países de-senvolvidos. No nosso contexto,

somente a partir do ano de 1999o Ministério da Saúde autorizoua enfermagem obstétrica a reali-zar atendimento ao parto normal,iniciando, a partir daí, um pro-grama de treinamento e modifi-cação das rotinas (Portaria 2815GM/MS de 29/05/1998). Nessemesmo ano, foi liberado o paga-

mento para o pediatra na sala departo, com o intuito de estimu-lar sua presença no momento donascimento da criança (Portaria569 GM/MS de 01/06/2000). Em-bora não seja obrigatória, a pre-sença de obstetras e pediatrasnas instituições hospitalares ex-pressa a poss ib i l idade de umatendimento mais qualificado àgestante e à criança. A grandecarência destes prof i ss ionais ,principalmente no interior, me-rece reflexão sobre quais estra-tégias adotar para sanar o pro-blema. (Tabela 4a)

CONTROLE E FINANCIAMENTODOS ESTABELECIMENTOSA Tabela 6 descreve os esta-

belecimentos segundo o tipo definanciamento e a esfera admi-nistrativa. As instituições finan-ciadas exclusivamente pelo SUS,em sua grande maioria institui-ções públicas, correspondem a35,4% do total. As privadas, queatendem exclusivamente à clien-tela particular, cuja grande mai-oria tem plano de saúde, repre-

Tabela 4aPo rc entag em de estabelec imento s que a tendem ao parto ,sem pro fissio na is selec io nado s, seg undo Grandes Reg iõ es

e tipo de munic ípio - B rasi l 1999GRA NDESREG IÕES

TIPO DEMUNICÍPIO OBSTETRA PEDIA TRA A NESTESISTA

BRA SIL

CAPITA L 3,9 58,5 8,5

METROPOLITA NO 9,8 62,9 13,4

INTER IOR 31,4 76,8 39,2

TOTA L 27,0 74,0 34,1

NORTE

CAPITA L 5,9 82,4 8,8

METROPOLITA NO 0,0 83,3 16,7

INTER IOR 48,9 72,1 51,5

TOTA L 45,7 72,9 48,5

NORDESTE

CAPITA L 5,8 68,3 8,3

METROPOLITA NO 6,9 72,2 22,2

INTER IOR 33,8 80,0 47,5

TOTA L 30,9 78,9 44,0

SUDESTE

CAPITA L 3,2 47,0 8,0

METROPOLITA NO 3,8 51,9 7,6

INTER IOR 10,2 73,3 17,8

TOTA L 8,1 65,7 14,6

SUL

CAPITA L 7,3 68,3 4,9

METROPOLITA NO 20,5 78,6 11,1

INTER IOR 33,7 81,6 34,9

TOTA L 31,1 80,7 30,9

CENTRO-OESTE

CAPITA L 0,0 65,3 12,5

METROPOL. 23,8 69,0 40,5

INTER IOR 45,8 72,1 51,0

TOTA L 39,9 71,3 46,5

Fonte: IBGE/AMS 99

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sentam 15,5% e asque são financiadaspor meio das duasmodalidades (mistas)c o r r e s p o n d e m a49,0%. Verificandopor Grande RegiãoGeográfica, no Nortee Nordeste mais dametade dos estabele-cimentos são financi-ados exclusivamentepelo SUS. As privadasnão conveniadas es-tão mais bem repre-sentadas no Sudeste,Norte e Centro-Oes-te, e as mistas, ma-jor i tar iamente noSul , no Sudeste eCentro-Oeste. (Ta-bela 5)

A análise por Uni-dade da Federaçãorevela que, no Nor-deste, com exceçãoda Bahia, Pernambucoe Maranhão, é mui-ta baixa a represen-tação do setor pri-vado não conveniadocom o SUS. No Dis-trito Federal, a par-ticipação desse seg-mento é muito alta,cor respondendo a60,7% dos estabele-cimentos, seguindo-se R io de Jane i ro(39,7%), Rondônia(37,9%) e São Paulo(30,2%). As unidadescom financiamentomisto, que equiva-lem a mais de 90%dos serviços no RioGrande do Sul e emSanta Catarina, sãotambém muito ex-pressivas em MinasGerais (73,6%) e no Paraná (72,7%),e representam mais de 50% dos es-tabelecimentos do estado de SãoPaulo e dos estados da regiãoCentro-Oeste, excetuando Brasília(Tabela 5).

As instituições de administra-ção privada, incluindo as conve-niadas com o SUS, representam64,8% dos estabelecimentos queatendem gestantes que fazem par-tos hospitalares no Brasil. No Nor-te e no Nordeste, o percentualfica entre 47,2 e 45,1% e no Sul eSudeste, em torno de 80%.

Dentro do total de estabele-cimentos, o maior segmento per-

tence à esfera municipal (26,4%),que corresponde a 75% dos esta-belecimentos públicos, refletindoa política de descentralização ad-ministrativa e financeira do SUS.Nas regiões Nordeste e Norte, aparticipação da esfera municipalsobe, respect ivamente, para42,4% e 26,8% do total. Em algunsestados do Nordeste e Norte, aesfera municipal chega a repre-sentar mais de 50% do total dosestabelecimentos.

A esfera estadual respondepor 7,1% do conjunto dos esta-belecimentos no Brasi l , sendomais significativa na região Norte,

onde atinge 22,6%, seguida da re-gião Nordeste, com 11,1%. Nosestados do Amazonas, Acre, Piauí,e Amapá, mais da metade dos es-tabelecimentos pertencem à es-fera estadual.

O governo federal mantémapenas 1,7% das instituições queatendem ao parto sob sua res-ponsabilidade administrativa e asdiferenças por regiões geográfi-cas são pequenas, sobressaindo-se o Norte, com 3,5%. Analisan-do por estado, Roraima tem omais elevado percentual (30,8%),segu indo-se o DF (10,7%) e oAmapá (8,3%).

Tabela 5Distr ibuiç ão perc entua l do s estabelec imento s que a tendem ao parto ,

po r mo da lidade de f inanc iamento e esfera administra tiva ,seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B rasi l 1999

UFFINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

A PENA S SUS PRIVA DA S SUS EPRIVA DA S FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

BRA SIL 35,4 15,5 49,0 1,7 7,1 26,4 64,8

RONDÔNIA 44,2 37,9 17,9 1,0 0,0 41,7 57,3

A CRE 86,4 4,5 9,1 0,0 63,6 18,2 18,2

A MA ZONA S 81,1 10,8 8,1 5,3 68,0 8,0 18,7

RORA IMA 73,1 26,9 0,0 30,8 46,2 0,0 23,1

PA RÁ 41,0 19,4 39,6 2,2 17,5 20,1 60,3

A MA PÁ 75,0 25,0 0,0 8,3 50,0 16,7 25,0

TOCA NTINS 57,3 18,0 24,7 0,0 1,1 55,1 43,8

NORTE 53,8 21,1 25,1 3,5 22,6 26,8 47,2

MARA NHÃ O 59,9 11,8 28,2 1,4 4,5 37,7 56,5

PIA UÍ 69,0 2,1 29,0 0,7 55,9 22,1 21,4

CEA RÁ 57,6 4,9 37,5 1,6 3,5 53,7 41,2

RIO GDE NORTE 84,1 2,8 13,1 3,4 8,2 51,4 37,0

PA RA ÍBA 67,1 5,4 27,5 1,2 16,2 31,1 51,5

PERNAMBUCO 65,5 12,7 21,8 0,7 7,7 53,2 38,4

A LA GOA S 68,8 6,5 24,7 2,6 7,8 57,1 32,5

SERG IPE 74,5 2,1 23,4 2,1 6,4 38,3 53,2

BAHIA 56,7 12,0 31,3 1,2 7,2 38,0 53,7

NORDESTE 63,9 8,5 27,6 1,4 11,1 42,4 45,1

MINA S GERA IS 16,2 10,2 73,6 1,6 1,0 16,2 81,2

ESPIR ITO SA NTO 17,6 27,5 54,9 2,0 4,9 11,8 81,4

RIO DE JANEIRO 18,6 39,7 41,7 4,1 2,1 12,8 81,0

SÃ O PA ULO 15,0 30,2 54,8 0,9 4,2 12,6 82,3

SUDESTE 16,3 24,6 59,2 1,8 2,7 13,9 81,6

PA RA NÁ 18,2 9,0 72,7 0,9 1,4 22,6 75,1

STA CA TA RINA 2,1 7,5 90,4 0,0 3,7 13,4 82,9

RIO GDE DO SUL 2,8 6,7 90,5 2,8 1,7 9,4 86,1

SUL 9,5 7,9 82,6 1,4 1,9 16,0 80,6

MATO GROSSO SUL 16,5 24,8 58,7 3,3 0,0 18,2 78,5

MATO GROSSO 24,7 25,3 50,0 0,5 0,5 25,3 73,6

GOIÁS 34,6 11,1 54,4 0,3 0,8 33,8 65,2

DISTRITO FEDERA L 32,1 60,7 7,1 10,7 28,6 0,0 60,7

CENTRO OESTE 28,9 19,0 52,1 1,3 1,7 27,6 69,4

Fonte: IBGE/AMS 99

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RADIS 2 ! SET/2002

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Na Tabela 5a, são analisados osestabelecimentos segundo a moda-lidade de financiamento por tipo demunicípio. Para o Brasil como umtodo, o setor privado não contra-tado pelo SUS representa 50,0% dosestabelecimentos nas capitais. Nasregiões metropolitanas e no interi-or, metade dos estabelecimentos édo tipo misto, ou seja, atende peloSUS e pelo sistema privado de aten-ção. A modalidade de financiamen-to exclusivamente por meio do SUSé mais comum nos municípios do in-terior, atingindo 38,6% dos estabe-lecimentos. Os estabelecimentosque atendem exclusivamente peloSUS predominam no interior da re-gião Norte e no interior e na re-gião metropolitana da região Nor-deste, sendo ainda expressivos naregião metropolitana e no interiorda região Centro-Oeste. Mais de 80%dos estabelecimentos do interior eda região metropolitana da regiãoSul têm financiamento do tipo mis-to, situação semelhante à que ocor-

re no interior da região Sudeste.Dada a importância do setor

privado no atendimento ao partono Brasil, é importante considerarque as políticas públicas destina-das à melhoria da atenção hospita-lar ao parto e puerpério no país têmque contemplar a regulamentaçãodeste setor, como previsto na lei8080 que institui o SUS. Investimen-tos na qualificação dos profissionaisde saúde e na melhoria da qualida-de da atenção nas instituições hos-pitalares não podem prescindir daparticipação do setor privado, sobpena de não se alcançar o impactodesejado sobre a morbi-mortalidadeperi e neonatal.

No Brasil, em relação à área doatendimento materno-infantil, as ins-tituições públicas têm tido um pa-pel fundamental na disseminação denovas e adequadas tecnologias,como ocorreu no passado com a in-trodução da reidratacão oral parao tratamento das diarréias. Da mes-ma forma, atualmente, vem qualifi-

cando melhor o seu quadro profis-sional, buscando maior humanizaçãono atendimento ao parto e aos re-cém-nascidos de risco, conformerecomendado pela Portaria 356 SAS/MS de 22/09/2000. Esse esforço lou-vável, no entanto, deve ser simul-taneamente compartilhado com oconjunto das instituições privadas,tendo em vista a importância delasno atendimento da clientela obs-tétrica e neonatal.

Tabela 5aDistr ibuiç ão perc entual do s estabelec imento s que atendem ao parto ,

po r mo da lidade de f inanc iamento e esfera administra tiva,seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades da Federaç ão - B ras i l 1999

GRA NDESREG IÕES

TIPO DEMUNICÍPIO

FINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

A PENA S SUS PRIVA DAS SUS EPRIVA DAS FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

BRA SIL

CAPITA L 18,8 49,8 31,4 6,4 10,2 6,8 76,6

METROPOLITANO 23,2 26,7 50,1 1,4 4,8 19,6 74,3

INTERIOR 38,6 10,5 50,9 1,2 7,0 29,3 62,5

TOTA L 35,4 15,5 49,0 1,7 7,1 26,4 64,8

NORTE

CAPITA L 11,8 47,1 41,2 2,9 8,8 0,0 88,2

METROPOLITANO 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0

INTERIOR 57,2 19,6 23,2 3,5 23,8 28,9 43,8

TOTA L 53,8 21,1 25,1 3,5 22,6 26,8 47,2

NORDESTE

CAPITA L 25,2 43,7 31,1 7,5 15,0 8,3 69,2

METROPOLITANO 54,2 12,5 33,3 5,6 11,1 33,3 50,0

INTERIOR 67,2 5,7 27,0 0,8 10,8 45,3 43,1

TOTA L 63,9 8,5 27,6 1,4 11,1 42,4 45,1

SUDESTE

CAPITA L 18,8 57,2 24,0 4,8 8,0 9,2 78,1

METROPOLITANO 19,4 40,3 40,3 1,1 3,0 15,9 79,9

INTERIOR 14,9 13,4 71,6 1,3 1,4 14,5 82,8

TOTA L 16,3 24,6 59,2 1,8 2,7 13,9 81,6

SUL

CAPITA L 7,3 36,6 56,1 17,1 2,4 4,9 75,6

METROPOLITANO 8,6 8,6 82,8 0,0 6,8 15,4 77,8

INTERIOR 9,7 6,3 83,9 0,8 1,2 16,7 81,3

TOTA L 9,5 7,9 82,6 1,4 1,9 16,0 80,6

CENTRO-OESTE

CAPITA L 18,1 43,1 38,9 5,6 15,3 0,0 79,2

METROPOLITANO 38,1 19,0 42,9 0,0 0,0 33,3 66,7

INTERIOR 29,5 16,1 54,4 0,8 0,2 30,5 68,5

TOTA L 28,9 19,0 52,1 1,3 1,7 27,6 69,4

Fonte: IBGE/AMS 99

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RADIS 2 ! SET/2002

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CONSIDERAÇÕES FINAISOs dados apresentados evi-

denciam diferenças abismais naoferta e qualificação dos serviçosde atenção ao parto entre as re-giões do Brasil e os estados daFederação. Entretanto, é neces-sário reconhecer que as desigual-dades regionais verif icadas naárea materno-infantil são meno-res do que as observadas na ofer-ta global de leitos para outras ne-cessidades de saúde do conjuntoda população brasileira. Possivel-mente, a maior disponibilidaderelativa de recursos é reflexo daspolíticas que vêm sendo desenvol-vidas especificamente dirigidaspara a área materno-infantil, nointuito de reduzir a mortalidadeinfantil e materna.

As regiões Centro-Oeste e Sultêm a maior cobertura de leitospor mil nascidos vivos e a Nortetem a menor. O Distrito Federal,embora não d i sponha de umaoferta de berços das mais eleva-das, tem melhores indicadoresquanto à composição do corpotécnico profissional e equipamen-tos hospitalares. O Rio Grande doSul tem a maior oferta de leitosespecí f icos para o cu idadoneonatal, inclusive de tecnologiade cuidado intensivo. Além destes,os estados de São Paulo e Rio deJaneiro têm uma situação privile-giada quanto à maioria dos indi-cadores aqui analisados, quandocomparados aos demais.

De todas as áreas, o interioré a que tem pior performance. Háuma grande quantidade de esta-belecimentos de saúde de peque-no porte e grande oferta de ber-ços, mas os serviços estão muitomal equipados para atender mini-mamente às demandas da cliente-la, tanto da perspectiva da estru-tura física e dos equipamentosquanto de pessoal técnico quali-ficado. Para essas áreas, faz-senecessário implementar uma po-lítica de melhoria da atenção aorecém-nascido que considere osprincípios da regional ização ehierarquização das redes assis-tenciais, (vide portarias MS/GM nº3016 de 19/06/98 e MS/GM nº 3477de 20/08/98) em conformidadecom as diretr izes da NormaOperacional de Assistência à Saú-de (NOAS) de 2002. A dimensãoterritorial do interior, em contras-te com a capital e região metropo-litana, demanda uma programaçãoestratégica da rede assistencial,

Gráfico 3Distribuição percentual dos estabelecimentos segundo

número de leitos de UTI neonatal segundo o Tipo de Municípioe Grandes Regiões — Brasil 1999

Fonte: IBGE/AMS99

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Tabela 6Distr ibuiç ão perc entua l do s nasc ido s v ivo s po r mo dalidade

de f inanc iamento e esfera administra tiva do estabelec imentoo nde nasc eram, seg undo Grandes Reg iõ es e Unidades

da Federaç ão - B rasi l 1999

UFFINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

A PENA S SUS PRIVA DA S SUS EPRIVA DA S FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

BRA SIL 31,0 10,6 58,4 3,1 13,6 18,0 65,3

RONDÔNIA 69,2 16,7 14,1 0,6 0,0 62,9 36,4

A CRE 72,8 0,5 26,7 0,0 62,9 6,6 30,5

A MA ZONA S 56,2 8,7 35,2 3,6 43,1 9,3 44,0

RORA IMA 95,9 4,1 0,0 1,3 94,2 0,0 4,5

PA RÁ 37,4 6,9 55,8 2,0 13,0 20,7 64,4

A MA PÁ 98,1 1,9 0,0 0,1 96,3 1,8 1,9

TOCA NTINS 35,5 6,1 58,4 0,0 4,6 41,1 54,3

NORTE 50,4 7,3 42,3 1,8 26,9 21,1 50,2

MARA NHÃ O 67,6 6,1 26,3 5,5 15,6 28,4 50,5

PIA UÍ 30,9 0,3 68,8 0,1 67,7 10,9 21,2

CEA RÁ 31,0 5,0 64,0 0,4 11,8 29,7 58,1

RIO GDE NORTE 48,7 14,9 36,5 14,3 14,9 23,9 46,9

PA RA ÍBA 33,1 4,8 62,1 1,5 26,1 25,7 46,7

PERNAMBUCO 62,0 8,4 29,6 1,9 20,2 33,9 44,0

A LA GOA S 41,4 2,3 56,3 5,2 9,6 23,3 62,0

SERG IPE 29,6 2,1 68,3 4,4 2,7 8,1 84,7

BAHIA 51,6 2,6 45,8 2,5 18,4 23,2 55,9

NORDESTE 47,3 5,1 47,6 3,1 19,6 25,5 51,8

MINA S GERA IS 10,7 7,9 81,5 2,4 3,7 10,1 83,8

ESPIR ITO SA NTO 14,4 11,0 74,6 3,3 5,3 8,2 83,2

RIO DE JANEIRO 36,2 12,8 51,0 7,1 6,3 21,8 64,7

SÃ O PA ULO 23,8 22,7 53,5 0,3 9,9 14,6 75,2

SUDESTE 22,5 16,6 60,9 2,3 7,4 14,6 75,7

PA RA NÁ 12,7 7,1 80,3 2,8 3,3 14,3 79,6

STA CA TA RINA 0,6 5,8 93,6 0,0 23,2 11,3 65,5

RIO GDE DO SUL 4,3 7,1 88,6 14,2 3,3 7,5 75,0

SUL 7,0 6,8 86,2 6,7 7,4 11,0 74,9

MATO GROSSO SUL 10,1 8,5 81,4 2,3 0,0 10,6 87,1

MATO GROSSO 18,1 10,1 71,8 1,1 0,6 21,2 77,1

GOIÁS 30,2 12,0 57,8 1,2 5,6 24,4 68,8

DISTRITO FEDERA L 82,0 13,0 5,1 6,9 78,4 0,0 14,7

CENTRO OESTE 35,0 11,2 53,8 2,6 18,8 16,3 62,4

Fonte: IBGE/AMS 99

com a c r i ação depólos regionais emc idades ma io re s ,qualificados para oatendimento a re-cém-nasc ido s derisco.

A carência deequipamentos e lei-tos para o cuidadoneonatal identificadanão pode ser sanadasem um concomitanteinvestimento na qua-lificação dos profis-s i o n a i s q u e i r ã omanejá-los, sob penade se fazer uma in-corporação inade-quada da tecnologia,com alto custo daatenção neonatal ebaixa efetividade.D e v e - s e t a m b é matentar para a maiornecessidade de lei-tos de atenção inter-mediária, que são ca-pazes de solucionar amaior parte dos pro-blemas neonataiscom menor custo.

Embora não sen-do objeto da análisedos estabelecimentoshospitalares, é neces-sária uma apreciaçãosobre a importânciada melhoria do aten-dimento pré-natal nopaís, como instru-mento capaz de pre-ven i r uma grandeparte das complica-ções obs tét r i castanto para a mãequanto para a crian-ça, com mais baixocusto e melhoresresultados. Estudosda área materno-infantil vêm sis-tematicamente apontando o efei-to protetor do pré-natal contrafatores de r i sco da gestação,principalmente para a populaçãocarente.

Por último, foi verificado se osdados aqui apresentados eram atu-ais, uma vez que já haviam se pas-sado três anos da coleta. A análisedo movimento de autorização hos-pitalar (SIH/SUS) para o ano 2001mostrou que a situação, em termosde número de leitos disponíveis noSUS para o atendimento ao cuida-do neonatal, não se modificou emrelação aos dados da AMS.

Estabelecimentos queatendem ao parto e sãofinanciados exclusivamentepelo SUS

Fonte: IBGE/AMS99

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Tabela 6aDistr ibuiç ão perc entual do s nasc ido s v ivo s po r mo da lidade de f inanc iamento

e esfera administra tiva do s estabelec imento s, seg undo Grandes Reg iõ ese Unidades da Federaç ão - Brasi l 1999

GRA NDESREG IÕES

TIPO DEMUNICÍPIO

FINA NCIAMENTO ESFERA A DMINISTRA TIVA

A PENA S SUS PRIVA DAS SUS EPRIVA DAS FEDERA L ESTA DUA L MUNICIPA L PRIVA DA

BRA SIL

CAPITA L 38,6 22,6 38,8 8,8 24,4 10,7 56,1

METROPOLITANO 26,6 15,0 58,4 1,1 9,4 21,1 68,3

INTERIOR 29,2 4,7 66,1 1,5 10,5 20,1 68,0

TOTA L 31,0 10,6 58,4 3,1 13,6 18,0 65,3

NORTE

CAPITA L 27,0 14,9 58,1 0,7 26,0 0,0 73,3

METROPOLITANO 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0

INTERIOR 54,4 6,4 39,2 2,0 27,5 24,3 46,2

TOTA L 50,4 7,3 42,3 1,8 26,9 21,1 50,2

NORDESTE

CAPITA L 46,3 16,7 37,1 8,8 36,5 8,3 46,4

METROPOLITANO 53,7 1,4 44,8 3,4 17,4 22,5 56,7

INTERIOR 47,1 2,1 50,8 1,5 15,2 30,4 52,9

TOTA L 47,3 5,1 47,6 3,1 19,6 25,5 51,8

SUDESTE

CAPITA L 38,3 28,4 33,3 5,1 15,2 17,0 62,7

METROPOLITANO 26,5 20,1 53,4 1,1 6,1 20,6 72,1

INTERIOR 10,6 7,3 82,1 1,3 3,5 9,5 85,7

TOTA L 22,5 16,6 60,9 2,3 7,4 14,6 75,7

SUL

CAPITA L 7,3 19,9 72,7 30,1 5,4 3,6 60,9

METROPOLITANO 9,8 5,3 84,9 0,0 18,5 20,4 61,1

INTERIOR 5,8 3,3 90,9 1,7 4,2 10,1 84,1

TOTA L 7,0 6,8 86,2 6,7 7,4 11,0 74,9

CENTRO-OESTE

CAPITA L 59,3 17,5 23,1 5,8 55,6 0,0 38,6

METROPOLITANO 40,8 12,3 46,8 0,0 0,0 39,9 60,1

INTERIOR 20,9 7,6 71,5 1,0 0,2 23,0 75,8

TOTA L 35,0 11,2 53,8 2,6 18,8 16,3 62,4

Fonte: IBGE/AMS 99

Mapa 2Localização dos estabelecimentos que atendem ao parto

segundo modalidade de financiamento

Estabelecimentos queatendem ao parto e sãofinanciados apenas porplano de saúde ou particulares

Estabelecimentos que atendemao parto e são financiadospelo SUS ou planos de saúde

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BIBLIOGRAFIA

VIACAVA, F. & BAHIA, L. Oferta deserviços de saúde: uma análiseda Pesquisa Assistência Médi-co Sanitária de 1999 (AMS99).IPEA, Brasília, no prelo.

NOVAES, H.M.D. Morta l idadeneonatal e avaliação de quali-dade da atenção ao parto e aorecém-nascido no município deSão Paulo. São Paulo: 1999. Tese(livre-docência) — Faculdade deMedicina da Universidade deSão Paulo — Departamento deMedicina Preventiva.

GLOSSÁRIO

!!!!! Acreditação — Segundo o Con-sórcio Brasileiro de Acreditação(CBA), a acreditação é um sistemade verificação externa para de-terminar a conformidade com umconjunto de padrões, consistin-do, assim, um processo de avalia-ção dos recursos institucionais,de caráter voluntário, periódicoe reservado; e deve ser diferen-ciada de outros processos comolicenciamento, classificação, habi-litação ou credenciamento.

A acreditação envolve aspec-tos relacionados ao desenvolvimen-to da qualidade em saúde, taiscomo o acesso e a garantia da con-tinuidade do atendimento; os pro-cessos diagnósticos, terapêuticose de reabilitação/recuperação;a segurança dos procedimentose atos médicos; o desempenhodos recursos humanos e, ainda,as adequadas condições das ins-talações e equipamentos. É uma

das estratégias mais importantesno campo da garantia da quali-dade, permitindo uma abordageminovadora e integradora para tra-tar a questão da saúde a partirde sua lógica e especificidade,que vem sendo utilizada em vári-os países.

O sistema de acreditação foiutilizado originalmente para prote-ção da profissão médica e dos pa-cientes contra os efeitos nocivosde ambientes e organizações ina-dequadas à prática. A história daacreditação aponta um desloca-mento da ênfase sobre o ambientepara a ênfase da prática clínica.

!!!!! Bilirrubinômetro — Equipa-men to u s ado pa r a med i r abilirrubina (principal pigmentodos componentes biliares, pre-sente na bílis e nas fezes) totalestimada em aproximadamente 15segundos, através de colocaçãode pouquíssima quantidade de san-gue do recém-nascido. O aumen-to da bilirrubina no sangue do re-cém nascido (hiperbilirrubinemia)normalmente é resultante do san-gue materno e pode aumentar nosprimeiros dias de vida, e seu ex-

cesso pode provocar alteraçõesneurológicas.

!!!!! Equipamento para fototerapia —Quando o nível de bilirrubina ex-cede os parâmetros normais tor-na- se necessár io o uso dafototerapia (banho de luz) queajuda a metabolizá-la, por meio daação dos raios ultravioleta, quepassa a ser mais facilmente elimi-nada pelo fígado.

!!!!! Morbi-mortalidade — Termoutilizado para adoecimento e mor-te em populações.

!!!!! Neonatal — Período que vai donascimento ao 27º dia de vida.

!!!!! Neonatologia — Especialidadepediátrica que trata do recém-nascido.

!!!!! Perinatal — Período que vai da22ª semana de gestação até o 6ºdia de vida da criança.

!!!!! Puerpério — Período que se iniciaao término da gestação e se estendeaté o 42º dia de vida da criança.

!!!!! Respirador — Máscara facialque deve ser perfeitamente adap-tável ao rosto da criança e ambú,uma espécie de balão que, quan-do apertado com as mãos, joga oar sob pressão para dentro dospulmões do recém-nascido.

!!!!! Ventilador infantil — Equipa-mento utilizado para tratamen-to de problemas respiratórios dorecém-nascido, tais como perí-odos apneicos (período da para-da da respiração) e a Síndromede Angústia Respiratória. O ob-jetivo é oferecer oxigênio puropara o pulmão da criança e as-sim otimizar as trocas gasosascom o mínimo de pressão e deventilação.

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O RADIS ADVERTE:

Nascer é prejudicial à saúde, porque não háno mundo nenhum ambiente mais controladoe confortável do que o útero materno. Mascomo viver é um risco inevitável e necessário,é bom saber que tem gente empenhada emgarantir maior qualidade ao nascimento e à vida.

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KATIA MACHADO

Investir nos serviços de atenção bá-sica, tendo como princípio o cui-

dado e a promoção da saúde da mu-lher, da criança e do adolescente. Pormeio desta proposta, a Secretaria Mu-nicipal de Saúde de Recife conseguiureduzir a taxa de mortalidade infantile materna e busca melhorar as con-dições de vida da população. Deacordo com Paulo Frias, diretor-exe-cutivo de Atenção à Saúde da Cri-ança e do Adolescente da Secreta-ria Municipal de Saúde, nas últimasdécadas, a taxa de mortalidade in-fantil vem diminuindo consideravel-mente. Em 2001, foram registradas18,23 mortes por 1.000 nascidos vi-vos, uma taxa 10,51% menor do quea observada em 2000.

O investimento na atenção bási-ca vem sendo realizado por meio dasubstituição do modelo tradicional deatenção à saúde — centrado em Uni-dades de Saúde que atendem à de-manda espontânea — pelas Unidadesde Saúde da Família que delimitam aárea de abrangência, estabelecem aresponsabilidade sanitária e identifi-cam os grupos que estão expostos ariscos de saúde e pela ampliação dosProgramas Saúde na Família (PSF) eAgentes Comunitários (Pacs). “Em2000, eram 27 equipes de PSF. Em 2002,já tínhamos 125”, informa Paulo Frias.

As equipes de PSF e de agentescomunitários trabalham segundo al-guns projetos propostos pela secre-taria. Para melhorar a atenção à saú-de da criança, foi implantado o‘Programa de Assistência Integral àSaúde da Criança’ (Paisc) que temcomo objetivos acompanhar o cres-cimento e desenvolvimento da crian-ça, incentivar o aleitamento mater-no, prestar orientação alimentar parao desmame e fazer o controle das do-enças diarréicas, infecções respira-tórias agudas e da imunização. O ‘Pro-jeto Cidadão Recife, de Vigilância àCriança de Risco’ tem sido outra ati-vidade desenvolvida no município.Para Paulo Frias, esse programa é es-sencial no controle da mortalidadeinfantil porque permite identificar ascrianças expostas a maior risco demorte, garantindo a elas assistênciaintegral à saúde, monitorar os óbitos

Saúde integral da mulher,da criança e do adolescente

de grupos específicos, observando ospontos críticos da assistência, e apon-tar os caminhos para superação dosproblemas.

SAÚDE DA MULHERPara enfrentar a crise na área da

atenção à saúde da mulher, Recifeconta com o ‘Programa de Assistênciaà Saúde da Mulher’ (Paism) que de-senvolve ações de pré-natal, planeja-mento familiar, assistência clínico-gi-necológica e prevenção do câncer demama e de colo de útero. Os agentescomunitários são responsáveis porcapacitar precocemente as mães, asenfermeiras se responsabilizam pe-los pré-natais de baixo risco, os mé-dicos apóiam todas as gestantes emonitoram a gravidez de risco e todaa equipe presta orientação quanto aofuncionamento da Central de Parto.Além disso, todas as mães com riscona gestação são encaminhadas para osambulatórios especializados.

O ‘Programa de Atenção à Saúdedo Adolescente’ (Prosad) é voltado ex-clusivamente para mães adolescentes.A proposta do trabalho é acompanharo crescimento e o desenvolvimentodesse grupo, prestar orientação se-xual e informá-lo sobre as doenças se-xualmente transmissíveis.

A grande preocupação no momen-to, segundo Paulo Frias, tem sido otransporte inter-hospitalar de mães ebebês realizado pelo Serviço de Assis-tência Médica de Urgência da Secre-taria de Saúde Municipal (Samu). “Paratanto, algumas estratégias estão sen-

do viabilizadas, como a aquisição deambulâncias com equipamentos ade-quados”, esclarece.

CAPACITAÇÃOA importância dada a esses ser-

viços fez com que a Secretaria pro-movesse a capacitação de todos osprofissionais da saúde envolvidos. Emparcerias com as universidades Fede-ral e Estadual de Pernambuco, com oInstituo Materno-Infantil (Imip) e coma Sociedade Estadual de Pediatria, aSecretaria submeteu médicos, enfer-meiros, auxiliares de enfermagem,odontólogos e agentes comunitáriosa cursos de atenção integral às do-enças prevalentes na infância, reani-mação neonatal, suporte avançadoem pediatria, saúde dos adolescen-tes, aleitamento materno, pré-natal,aspiração manual intra uterina ehumanização da atenção.

Outra proposta da Secretaria éque a saúde seja trabalhada de for-ma lúdica, positiva, centrada nas prá-ticas de promoção. Para isso, foramcriados o ‘Projeto de Humanização daAtenção à Saúde’ e os Núcleos Co-munitários de Educação Popular emSaúde, que utilizam o diálogo e o res-peito pelo saber popular como ins-trumentos de construção do conhe-cimento e aplicação de novas práticasem saúde.

Mais informações:Secretaria Municipal de Saúde (Recife)Tel. (81) 3224-5901 / 3425-8715Paulo Frias ou Maria Bezerra Guimarães

— REC IFE —

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DANIELA SOPHIA

Omunicípio do Rio de Janeiro tor-nou-se uma referência nacional

na assistência ao pré-natal e ao par-to, com 35 mil partos realizados anu-almente, apresentando uma queda namortalidade materna e mudanças nomodelo assistencial. O segredo dosucesso é atribuído a uma equipe deprofissionais que sobrevive às intem-péries das mudanças de governo, amaior parte vinda de movimentos fe-ministas. O restante pode ser atribuí-do ao trabalho contínuo, que prosse-gue a passos de formiga, mas com muitavontade. É o que garantem a coordena-dora do Programa de Saúde da Mulher,Katia Ratto, e o gerente do Programa,Marcos Augusto Bastos Dias.

O trabalho da equipe começou em1993 com a mudança de Governo. Se-gundo eles, na ocasião, o município apre-sentava uma péssima qualidade no aten-dimento, falta de comunicação com osníveis federal e estadual , e deficiênciade leitos obstétricos de risco. Na épo-ca, a equipe traçou um diagnóstico daassistência ao pré-natal e ao parto, con-cluindo que os problemas repetiam-seem todos os estabelecimentos.

Para mudar a situação, o muni-cípio implantou uma série de medi-das tentando incorporar a idéia dehumanização, entre elas o treinamentoe qualificação profissional — realizadapor meio de seminários —, a criação daPortaria n° 985, de 5 de agosto de 1999,— que estabeleceu como direito dasmulheres a presença de um acompa-nhante durante o trabalho de parto —,

Humanização do parto reduzmortalidade materno-infantil

e a elaboração doProjeto de Enfer-magem, incluindoenfermeiras obste-tras na assistênciaàs gestantes.

Mas aindaexistem algumasdificuldades quepodem ser atribu-ídas ao processode humanizaçãoda assistência,apesar de todas asiniciativas que es-tão sendo tomadaspara mudar essequadro.

— No Brasil, há todo um discursosobre o processo de humanização, masna verdade a mulher entra no hospitale acaba despida da sua individualidade— disse Marcos.

Além disso, e dificuldade do aces-so da mulher à informação ainda é umarealidade nas redes. Para Katia, o difí-cil acesso está ligado ao número insu-ficiente de profissionais, que atendemsimultaneamente a um grande númerode gestantes, comprometndo a quali-dade do atendimento.

MODELOSPara resumir a situação atual,

Katia descreve a presença de doismodelos diferentes encontrados naassistência à mulher: o modelo médi-co, focado na patologia da gestação,e o modelo social, com uma aborda-gem na promoção da saúde, qualida-de de vida e humanização. As mudan-ças estão acontecendo no convíviocom as duas abordagens e alguns re-sultados já podem ser apontados.Hoje, o processo de humanização daassistência, do qual o Rio de Janeiroé um dos pioneiros, já está na pautadas discussões dos profissionais desaúde. A cidade também apresentaoutras iniciativas que tornam o muni-cípio um modelo na atenção: são oProjeto das Doulas, as Casas de Partoe o Projeto Canguru.

Projeto das Doulas: Segundo osite www.doula.com.br, a palavra“doula” vem do grego ‘mulher queserve’. As doulas são profissionais quedão suporte físico e emocional às mu-lheres antes, durante e após o par-to. De acordo com uma pesquisa

divulgada no site da Rede Nacionalpela Humanização do Parto e Nasci-mento (Rehuna), a atuação dessasprofissionais no parto reduziu em 20%a duração do trabalho de parto, em60% os pedidos de anestesia e em 50%as taxas de cesárea.

Projeto Canguru: Iniciado em1990, já está implantado em seismaternidades no município. Nasenfermarias Cangurus, onde obebê fica pele a pele com a mãe,o município do Rio recebeu o to-tal de 536 bebês em 2001. Segun-do uma das coordenadoras do Pro-jeto, Nicole Mota Gianini, essenúmero é bem maior, pois o pro-jeto envolve, além das Enfermari-as Canguru, unidades de pré-natalque trabalham dentro da mesma fi-losofia de trabalho.

Casas de parto: As casas de par-to, lugares onde presta-se assistên-cia no pré-natal e no parto com umaabordagem mais humanizada, foramcriadas por meio do Decreto 20.996publicado no dia 18 /01/2002. No Riode Janeiro, a primeira casa ainda estásendo construída em Realengo e fun-cionará articulada com a maternida-de de referência Alexandre Fleming.

Para Katia e Marcos, muitas mu-danças ainda vão acontecer. Segun-do os dois, hoje há quatro desafiosque estão sendo enfrentados pelaequipe:! Melhorar a parceria com as uni-versidades, incorporando os princí-pios da humanização nos centros depesquisas.! Implantar em todos os hospitais domunicípio o sistema de informaçãopré-natal (SIS) do Programa deHumanização do Parto e Nascimentodo Ministério da Saúde.! Criar uma central de vagas para asgestantes de risco.! Ampliar os leitos de UTI para as mu-lheres.

A experiência do processo dehumanização é relatada no vídeo ‘Par-to de mim’, produzido pelo Centro deInformação Científica e Tecnológica(CICT) da Fundação Oswaldo Cruz, emparceria com a Secretaria Municipalde Saúde do Rio.

Mais informações:E-mail [email protected].: (21) 2280-9441

— R IO DE JANE IRO —

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ANA BEATRIZ DE NORONHA

Organização do sistema, compro-metimento profissional e con-

trole social. Esses têm sido os princi-pais ingredientes de uma experiênciavitoriosa: o Programa Mãe Curitibana,implantado em 1999, com o objetivode vincular as gestantes aos serviçosde saúde, aumentando a segurança,melhorando a qualidade da atenção ehumanizando o atendimento.

No ano seguinte, vieram o Pro-tocolo do Programa Mãe Curitibana,versão 2000, e o Protocolo de Plane-jamento Familiar e Risco Reprodutivoque visavam incrementar, respectiva-mente, ações de pré-natal relaciona-das à redução da transmissão verti-cal (da mãe para o filho) do HIV, dasífilis e da toxoplasmose, e ações deanticoncepção — voltadas para mu-lheres que não queiram engravidarou que tenham risco reprodutivo (hi-pertensão arterial sistêmica, diabe-tes mellitus, doenças renais ecardiopatias), com a introdução dosmétodos definitivos de laqueadura evasectomia — e de assistência às mu-lheres que desejam mas têm dificul-dades para engravidar.

Segundo Edvin Javier BozaJimenez, coordenador do Programa,os protocolos são discutidos com pro-fissionais, universidades, sociedadescientíficas e entidades de classe, sen-do legitimados pelos vários atoressociais envolvidos no processo.

SIMPLICIDADE E EFICIÊNCIAPara participar do Programa, as

gestantes devem procurar a Unidadede Saúde mais próxima de sua casa,onde é aberto o prontuário pré-natale entregue uma pasta com a carteirade identificação da gestante e mate-rial educativo. Nesse momento, é fei-ta a vinculação da gestante à mater-nidade de referência, são solicitadosos exames laboratoriais de rotina e éagendada a primeira consulta médica.

Durante o pré-natal, caso sejadetectado risco gestacional, é fei-to acompanhamento por equipe es-pecializada na Unidade de Saúde ounuma referência de pré-natal de altorisco. As gestantes participam ain-da de oficinas sobre problemas ecuidados durante a gravidez, parto,

Atenção certa, no lugar certoe no tempo certo

aleitamento materno e cuidadoscom o recém nascido. Para as mu-lheres com risco reprodutivo, sãorealizadas atividades educativas so-bre planejamento familiar.

O parto é realizado por médicoou enfermeiro obstetra, na presen-ça de um pediatra ou neonatologista.As gestantes portadoras de HIV outoxoplasmose são encaminhadas paraum dos hospitais universitários ou paraa maternidade municipal, onde recebemos cuidados especiais necessários.

Também fazem parte do Progra-ma diversas ações pós-parto e decuidado com a criança.

OS RESULTADOSE AS PERSPECTIVAS

A redução da mortalidadeneonatal, pós-natal e infantil, aimplementação de uma novametodologia de investigação da mor-talidade materna mais abrangente eeficaz, a extensão da cobertura pré-natal a 96% das gestantes do municí-pio e a queda dos índices de natali-dade por conta do planejamentofamiliar são apenas alguns dos resul-tados do trabalho realizado emCuritiba, trabalho que vem servindode exemplo para muitos outros muni-cípios, estados e até mesmo países.

O uso de um sistema de informa-ção eficiente, para monitoramento erealimentação do Programa, e da co-municação, para levar essas informa-ções para todos os envolvidos, tam-

bém tem sido fundamental. Como ex-plica Javier Jimenez:

— O Protocolo é o instrumentode comunicação destinado a profissi-onais, prestadores de serviços egestores. Pastas e bolsas, com cartilhase folhetos, são materiais destinados àsgestantes. Para os Conselhos, são apre-sentados relatórios trimestrais.

Sob re a po s s i b i l i d ade dedescontinuidade do Programa, seucoordenador é taxativo:

— A possibilidade existe, mas ten-tamos minimizá-la fazendo com que to-dos os programas estruturantes da SMSconstem no Plano Municipal de Saú-de, que é aprovado na Conferência Mu-nicipal de Saúde e referendado peloConselho Municipal de Saúde, instân-cias deliberativas de controle social.Além disso, os Conselhos Locais de Saú-de avaliam a satisfação das usuárias e aqualidade dos serviços oferecidos pe-las maternidades, trazendo subsídiospara a manutenção ou exclusão dosestabelecimentos conveniados. Afi-nal, compete à sociedade organizadaser co-responsável e também cobrardos governos a qualidade e continui-dade de programas que tenham im-pacto positivo.

Mais informações:Programa Mãe CuritibanaTel.: (41) 350-9342E-mail:[email protected]: www.curitiba.pr.gov.br

— CUR IT IBA —

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aidsa idsa idsa idsa ids

KATIA MACHADO

‘C onhecimento e compro-misso para a ação’ foi olema da XIV ConferênciaInternacional de Aids,

realizada em Barcelona, na Espanha,entre os dias 7 e 12 de julho. Organiza-da pela Sociedade Internacional deAIDS e pela Fundação Aids Barcelona2002, o encontro reuniu portadores dovírus do HIV, cientistas, profissionais desaúde, economistas, líderes políticos,empresários da indústria farmacêuticae representantes de organizaçõesnão-governamentais e de órgãos inter-nacionais das Nações Unidas que com-

Conferência mundialcobra compromisso político

punham uma multidão de mais de 17mil participantes de cerca de 124 paí-ses. Todos tinham uma única proposta:estabelecer acordos mais consistentesno combate à epidemia da Aids.

Philippa Lawson, da Comunida-de Internacional de Mulheres queVivem com HIV/Aids, afirmou que “aConferência é um lugar para quetodas as pessoas se reúnam e di-gam o que pode ser feito para ocontrole da doença”. E foi o queaconteceu. Além de várias pales-tras, debates e trabalhos expostos,o congresso foi palco de protestosque exigiam os US$ 10 bilhões pro-metidos pelo G8 — grupo compostopelos sete países mais ricos do mun-

do e mais a Rússia — para a criaçãode um fundo mundial de combate àAids. “Se na Conferência contra oRacismo, em Durban, foi revelada aomundo a realidade da África e o as-sunto mais discutido foi prevenção,em Barcelona todos os esforços seuniram para cobrar dos governos mai-or compromisso por meio de políti-cas públicas que dêem respostas efe-tivas para o controle da epidemia”,informa Renato Farias, gerente deprojetos especiais do Canal Saúde(Fiocruz).

Segundo representantes daSociedade Viva Cazuza, os discursosforam veementes e ressaltaram quea Aids não precisa de heróis. São ne-

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cessárias ações públicas não apenasnas áreas de prevenção, por meiode educação e acesso à camisinha,mas, sobretudo, na área de assis-tência, oferecendo aos portadoresdo HIV testes e medicamentos. Em1991, durante a sétima edição daConferência, ocorrida em Florença,estimava-se que nos dez anos seguin-tes, se nada de concreto fosse fei-to, cerca de 10 milhões de pessoasseriam infectadas na África e mais 6milhões de pessoas no restante domundo. Em 2000, os números ultra-passavam as expectativas e, somen-te na África, já havia cerca de 30milhões de portadores do HIV, amaioria sem acesso a tratamento

Em entrevista ao Canal Saúde,Michel Lotrowska, do projeto Médi-cos sem Fronteiras, informou queapenas 230 mil soropositivos que vi-vem em países em desenvolvimentotêm acesso aos medicamentos, sen-do que metade deles são brasilei-ros. No mesmo programa, Eloan Pi-nheiro, diretora de Far-Manguinhos(Fiocruz), lembrou que a Unaids ea Organização Mundial de Saúde(OMS) sempre trazem à tona o as-sunto e, no entanto, os governosnão assumem o compromisso de for-necer recursos a esses países. “Nãohá intervenção das Nações Unidas,como acontece nas guerras civis.Esse fato faz a gente pensar no queestá por trás disso, já que o mundotodo sabe que é possível oferecertratamento às pessoas com Aids”,questiona.

Para a Sociedade Viva Cazuza, oencontro mostrou que os avanços glo-bais no combate à doença não forampromissores. Apesar de ter deixadoclaro que as ações de prevenção sãoessenciais para evitar que, nos pró-ximos anos, 45 milhões de pessoassejam infectadas pelo vírus do HIV,a Conferência alertou para o fatode que apenas uma pequena parce-la dos 40 milhões de soropositivostem acesso ao tratamento da do-ença. A instituição, em seu site(www.vivacazuza.org.br), informou quedurante os seis dias de Conferência48 mil pessoas morreram de Aids.

Na Conferência, especialistasmostraram preocupação não ape-nas com o continente africano,mas também com os países centro-americanos. Segundo o médico es-panhol Alberto de Dios, que desen-volve um projeto na região, aGuatemala, por exemplo, tem ta-xas de transmissão do vírus tão al-tas que pode viver situação seme-lhante à da África, pois os remédios

e testes de diagnósticos são mui-to caros e o Estado não cobre osgastos dos doentes. Preocupadoscom esta s i tuação, NelsonMandella, presidente da África doSul, e Bill Clinton, ex-presidentedos EUA, encerraram o evento pe-dindo solidariedade, maior com-promisso político dos governantese maior investimento dos paísesricos no combate à epidemia.

BRASIL É MODELONO COMBATE À AIDS

Se falta maior participação dasgrandes nações, países em desenvol-vimento apresentam ótimos resulta-dos no combate à Aids. Citado emvárias palestras e reconhecido naConferência como um dos mais bem

Marco Antônio de Vitória, dacoordenação Nacional de DST/Aids,em entrevista ao Canal Saúde, disseque o Brasil trabalhou política deacesso a tratamento junto com açõesde prevenção:

— O Brasil apresenta princípiosque podem ser seguidos por todos.São eles: assistência, prevenção e di-reitos humanos. Com isso, você con-segue compromisso político, partici-pação social e efetiva e respostaglobal no combate à epidemia deAids. O programa brasileiro, no en-tanto, não é um modelo que deveser adotado indiscriminadamente portodos os países. Cada nação tem queagir segundo sua realidade.

Além do Brasil, Argentina e aRepública Dominicana apresentaramresultados positivos no controle dadoença.

PREVENÇÃOAo divulgar pesquisas que bus-

cam o desenvolvimento de preserva-tivos químicos, o evento serviu paraafirmar mais uma vez a importânciada prevenção no combate à Aids. Atu-almente, existem cerca de 50 subs-tâncias sendo testadas em todo mun-do para que se possa produzir umgel de baixo custo, mas eficiente con-tra o vírus da doença. Em uma re-portagem publicada no jornal O Es-tado de São Paulo, em 12 de julho,Stefano Vella, presidente da Socie-dade Internacional de Aids e um dosorganizadores de XIV Conferência deAids, diz que um preservativo quími-co seria importante principalmentena África, onde é maior a rejeiçãoaos preservativos convencionais porparte dos homens.

Ainda no âmbito da prevenção,estão as pesquisas para se descobriruma vacina contra a Aids. O tema, quetambém mereceu destaque na Con-ferência, surgiu em razão da necessi-dade de se investir em outras estra-tégias para o controle do HIV e daexistência de limitações na terapiaanti-retroviral. Na plenária sobre ‘Va-cinas Anti-HIV: Ciência e Política’, omédico americano, Lawrence Corey,afirmou que o maior investimento naspesquisas de medicamentos anti-retrovirais em detrimento de estudosde vacinas e o desenvolvimento rápi-do do vírus são alguns dos impecilhospara o desenvolvimento de uma vaci-na eficaz contra a doença. Para ele,é preciso que se tenha um otimismocauteloso em relação à descobertade uma vacina contra a Aids, pois esseé um longo processo.

A XV Conferência acontecerá emBanckok, Tailândia, em julho de 2004.

sucedidos no mundo, o programa bra-sileiro de combate à doença impediuque, em 2000, o Brasil tivesse o 1,2milhão de infectados que se previaem 1992. Segundo Paulo RobertoTeixeira, coordenador do ProgramaNacional de Doenças SexualmenteTransmissíveis (DST/Aids), do Minis-tério da Saúde, uma das ações quecontribuiu para o sucesso do pro-grama foi a produção de genéricos.Ele manifestou sua decepção com ofato de nenhum outro país em de-senvolvimento ter adotado a produ-ção de genéricos no combate à Aidse cobrou maior compromisso de pa-íses da Europa, dos EUA e Japão nes-ta questão. Paulo Teixeira criticouainda o pequeno investimento feitopor esses países tanto no acesso aotratamento como em pesquisas paraa produção de uma vacina.

O Brasilapresentaprincípios quepodem ser

seguidos por todos.O programa brasileiro,

no entanto, não éum modelo que

deve ser adotadoindiscriminadamentepor todos os países.

Cada naçãotem que agirsegundo sua

realidade.

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medicamentosmedicamentosmedicamentosmedicamentosmedicamentos

ANA BEATRIZ DE NORONHA

Existem muitos programas degoverno destinados a apoiaras ações de saúde demandadaspela população por meio da

assistência farmacêutica. As iniciati-vas, no entanto, estão dispersas emvárias áreas e são coordenadas nonível federal por inúmeros órgãos doMinistério da Saúde. Entender emapear essas iniciativas acaba sendouma tarefa bastante complexa, masvale a tentativa.

DESCENTRALIZANDOA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Em 1999, o Ministério da Saúde,cumprindo uma deliberação da Comis-são Intergestores Tripartite, estabele-ceu o Programa de Incentivo à Assistên-cia Farmacêutica Básica, a ser financiadopelos três níveis de governo. Isso signifi-ca que a transferência anual de recur-sos federais (R$ 1,00 por habitante) estácondicionada à contrapartida de, nomínimo, R$ 0,50 por habitante por par-te dos estados e dos municípios quedesejarem receber o incentivo. O Pro-grama tem caráter descentralizador —os recursos são administrados localmen-te — e é pactuado com cada estadoseparadamente. Muitos estados e mu-nicípios oferecem apenas o mínimo per-mitido em contrapartida ao investimen-to federal, o que totaliza R$ 2,00 porhabitante. Em outros, como é o casodo Ceará, os recursos chegam a ser deR$2,60 por habitante. O total de recur-sos disponíveis gira em torno de R$ 350milhões anuais.

Segundo Carlos Alberto PereiraGomes, gerente técnico da Assistên-cia Farmacêutica da Secretaria dePolíticas de Saúde (SPS), os recursossão utilizados pelos municípios e es-tados na compra dos medicamentosutilizados na rede ambulatorial do SUS.“Hoje, cerca de 99% dos municípiosbrasileiros já recebem, direta ou in-diretamente, os incentivos”, informaCarlos Alberto.

Para participar do Programa, osestados precisam elaborar um PlanoEstadual de Assistência FarmacêuticaBásica, discriminando a lista de medi-

Programas de Assistência Farmacêuticatentam garantir acesso integral

camentos para assistência básica,aprovado pela Comissão IntergestoresBipartite (CIB). Além disso, devem es-tabelecer os mecanismos de adesãoe responsabilidade dos municípios,para integrarem o Plano Estadual, edeterminar como será feita a progra-mação, o acompanhamento, o con-trole e a avaliação da implementaçãodo plano no estado.

Seguindo a idéia de descentra-lização, existe ainda o Programa de In-centivo à Aquisição de MedicamentosEssenciais para a Saúde Mental, esta-belecido pela Portaria GM nº 1077, de24/03/99, que determina que os Nú-cleos de Apoio Psicossocial (Naps) eCentros de Apoio Psicossocial (Caps),unidades de saúde que prestam assis-tência a pacientes com transtornosmentais, devem ter disponíveis os me-dicamentos necessários ao tratamentorealizado. De acordo com o Programa,o Ministério tem a responsabilidade derepassar 80% dos recursos previstos aosestados, que arcariam com os 20% res-tantes. Em 2002, estão previstos recur-sos totais na ordem de R$ 28 milhões.Os medicamentos que compõem o Pro-grama estão discriminados na RelaçãoNacional de Medicamentos Essenciais(Rename) e pertencem ao grupoterapêutico dos medicamentos queatuam no sistema nervoso central.

A CENTRALIZAÇÃO NECESSÁRIASe todos concordam que o princí-

pio da descentralização é fundamentalpara a melhoria da gestão e do controlesocial na efetivação do SUS, é impor-tante buscar soluções para a questãodos medicamentos, quando alguns pro-blemas impedem que, ainda que hajadisponibilidade de recursos, os medi-camentos cheguem à população.

Nem todos os municípios encon-tram a mesma facilidade para comprardiretamente os medicamentos queprecisam. Alguns estão muito distan-tes das indústrias farmacêuticas, ou-tros encontram dificuldades para re-alizar suas licitações em tempo hábil.O resultado é que muitas vezes asações de saúde acabavam prejudica-das pela falta de medicamentos.

Para sanar esse tipo de proble-ma, foi criado, entre outros, o Pro-grama Farmácia Popular, que está di-retamente relacionado ao ProgramaSaúde da Família (PSF). O objetivo éque as pessoas atendidas pelas equi-pes do PSF em todo o Brasil recebamgratuitamente os remédios necessári-os ao seu tratamento. Para isso, o Mi-nistério da Saúde envia trimestralmen-te para cada equipe habilitada do PSFum conjunto de 33 medicamentos bá-sicos indicados para os problemas desaúde mais freqüentes. A montagem edistribuição dos kits são de responsa-bilidade do Instituto de Tecnologiasem Fármacos da Fundação OswaldoCruz (Far-Manguinhos/Fiocruz).

Em 2001, foram encaminhados28.560 kits de medicamentos, para 3.401municípios. Este ano, em cada uma dastrês distribuições realizadas, foramenviados cerca de 15 mil conjuntos.Para Fernando Cárdenas, diretor deProgramas Estratégicos do Ministério daSaúde e responsável pelo ProgramaFarmácia Popular, apesar de terem ca-ráter bastante distintos, os Programasacabam se complementando. “Não bas-ta melhorar a qualidade dos serviçosde saúde. É fundamental que a popu-lação tenha acesso aos medicamentos”,conclui.

Mais informações:Secretaria de Políticas de Saúde —Assistência FarmacêuticaTel: (61) 315-2848E-mail: [email protected]úde MentalTel: (61) 315-2655E-mail: [email protected] Estratégicos do Ministérioda Saúde — Farmácia PopularTel: (61) 315-3359Far-Manguinhos (Fiocruz)Tel.: (21) 3977-2424

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TABAGISMOTABAGISMOTABAGISMOTABAGISMOTABAGISMO

Saúde bucalSaúde bucalSaúde bucalSaúde bucalSaúde bucal

SUS tratará fumantes que desejam largar o vício

O III Encontro dos MunicípiosFluminenses por Fluoretação

(Emffluor) será realizado em Petrópolis,nos dias 18 e 19 de outubro, tendocomo tema ‘Fluoretação e Vigilância:Subsídios para Organização das Polí-ticas Públicas em Saúde Bucal’. Osobjetivos são ampliar os conhecimen-tos históricos sobre o tema, apoiara organização das políticas públicasde saúde bucal em outros estados eexigir a execução do cumprimentodas leis, que estão em vigor desde1974, pelas empresas responsáveispelo tratamento das águas de con-sumo público.

Para se ter uma idéia da impor-tância do evento, basta lembrar que oflúor tem sido a substância mais utili-zada no fortalecimento dos dentes eno combate às cáries. Seu uso podeser considerado uma das maiores des-cobertas da odontologia preventiva.

No Dia Nacional de Combate aoFumo, foi assinada, pelo ministro

da Saúde, Barjas Negri, uma portariaque estabelece o tratamento no SUSde fumantes que queiram largar o ví-cio. A Portaria no 1575, de 29 de agos-to de 2002, consolida o Programa Na-cional de Controle do Tabagismo a sercoordenado pelo Instituto Nacionaldo Câncer (Inca), que já está capaci-tando equipes de multiplicadores —coordenadores estaduais que orien-tarão a implantação do programa nosmunicípios.

Inicialmente, com recursos daordem de R$ 3,1 milhões, serão trata-dos 20 mil pacientes, nos 41 Centrosde Referência em Abordagem e Trata-mento do Fumante já habilitados noSUS. A previsão é que dentro de umano o número de atendidos chegue a200 mil, e que em dois anos já estejamfuncionando 320 centros.

A Organização Mundial da Saúde(OMS) classifica o tabagismo comodependência de nicotina, como umtranstorno mental e de comportamen-to decorrente do uso de substâncias

Encontro reafirma a importância da fluoretação

O III Emffluor também servirá decenário para a criação da Frente Pró-Fluoretação do Estado do Rio de Ja-neiro e marcará o lançamento das ba-ses de formação da AssociaçãoFluminense de Saúde Bucal Coletiva.

O Emffluor faz parte das ações doMovimento dos Coordenadores de Saú-de Bucal dos Municípios do Estado doRio de Janeiro para promover afluoretação das águas de consumopúblico. Mas, como explica José An-tônio de Oliveira, presidente doEmffluor e coordenador de Saúde Bu-

cal de Varre-Sai, pequena cidade donoroeste do estado, o movimento nãose resume a isso:

– A pauta ampliou-se em um anode existência. Hoje, buscamos promo-ver a organização das vigilâncias sani-tárias municipais no controle do flúornas águas, estimular as comunidades arealizarem o censo de saúde bucal ereorganizar os serviços nessa área,segundo o conceito de promoção dasaúde bucal. Além disso, está sendoorganizada na internet uma rede decooperação técnica e solidária entreos municípios interessados.

Qualquer município brasileiro ouprofissional interessado pode partici-par da rede de cooperação técnica,bastando enviar um e-mail [email protected] solicitando suainclusão na lista de discussão.Mais informações: III EmffluorSite: www.webcanal.com.br/emffluor

psicoativas. Além disso, estima que ofumo, principal fator isolado deadoecimento e morte, é responsávelpor 25 doenças e 4 milhões de óbitosanuais no mundo. No Brasil, calcula-seque mais de 80 mil mortes por anoaconteçam em decorrência do vício.

Outros dados importantes influ-enciaram a decisão de baixar a porta-ria: o alto grau de dependência denicotina entre os fumantes (entre 70e 90% dos que fumam regularmente)e a dificuldade de abandonar o víciosem apoio ou tratamento específico(80% dos fumantes desejam parar defumar, mas apenas 3% conseguem). Aexpectativa é que o Programa propor-cione uma economia significativa nosR$ 200 milhões gastos anualmente notratamento das diversas doenças atri-buídas ao fumo.

As diretrizes do tratamento e dacapacitação dos profissionais de saú-de que trabalharão no apoio aos fu-mantes estão sendo determinadas pelodocumento ‘Abordagem e Tratamen-to do Fumante’, publicado pelo Minis-tério da Saúde em parceria com o Inca.

Os pacientes serão avaliados poruma equipe multiprofissional e divididosem grupos, participando durante um anode quatro sessões semanais e uma men-sal, nas quais aprenderão a identificar eevitar as situações que os levam a fumar.“O tratamento tem uma base cognitivo-comportamental, ou seja, fornece ori-entações ao paciente para que ele re-sista à vontade de fumar e aprenda aviver sem o cigarro”, explica o médicoRicardo Meirelles, responsável pelo Pro-grama Abordagem e Tratamento de Fu-mantes do Inca. Dependendo da gravi-dade do vício, o paciente receberáainda goma de mascar e adesivos de pelecom pequenas porções de nicotina ouanti-depressivos à base de Bupropionapara auxiliar o tratamento.

Os interessados em participar doprograma, que começa a funcionarem outubro, devem se inscrever pelotelefone 0800 703-7033.Mais informações:Instituto Nacional do Câncer (Inca)Tel.: (21) 2506-6000E-mail: www.inca.gov.br/contatoSite: www.gov.inca.gov.br

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ssssserererererviçviçviçviçviçososososos

EVENTOS

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

‘Governos novos, desafios antigos:investindo sempre nos proces-

sos de mudança’ será o tema centraldo V Congresso Nacional da RedeUnida, a ser realizado de 27 a 30 demaio de 2003, em Londrina/PR. Du-rante o evento, acontecerão ainda oI Fórum Nacional de Redes em Saúdee a II Mostra Paranaense de Produ-ção em Saúde da Família. A inscriçãode trabalhos para o Congresso pode-rá ser feita de 1º de outubro a 15 dedezembro deste ano.Mais informações: Rede UnidaRua Souza Neves, 9/110 – Londrina -Paraná – CEP: 86010-921Tel.: (43) 324-2340E-mail: [email protected]: www.redeunida.org.br

GESTÃO

Organizado pelo Laboratório deTecnologia, Gestão de Negócios e

Meio Ambiente da Universidade Fe-deral Fluminense (UFF), o CongressoNacional de Excelência em Gestãoterá como tema central o desenvol-vimento sustentável. Durante o even-to, que ocorrerá entre os dias 22 e23 de novembro, em Niterói, no Riode Janeiro, serão discutidos a ges-tão da saúde e a segurança do traba-lho, entre outros assuntos. O prazopara o envio de resumos já se esgo-tou, mas os interessados em partici-par podem obter mais informaçõesnos telefones (21) 2618-3427, 2717-6390, pelo mail [email protected] ou nosite www.latec.uff.br.

SEMINÁRIO COMEMORATIVO DO CURSO DE ES-PECIALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL (ENSP/FIOCRUZ)

Durante os dias 11 e 13 de dezem-bro, a Fiocruz será palco de uma

série de debates envolvendo a saúdemental no país. O evento tem por ob-jetivo promover uma confraternizaçãoentre os antigos estudantes do Cur-so de Especialização em Saúde Men-tal (Cesm), abrindo novas discussõessobre a assistência, gestão e ensinona área.

Para a ocasião, estão programa-das conferências, seminários, apresen-tação de temas livres (trabalhos apre-sentados por ex-alunos) e atividadesfestivas e culturais (vídeos, exposiçãode artes, divulgação dos novos serviços

em saúde mental etc).Mais informações:Laboratório de Estudos e Pesquisasem Saúde Mental (Ensp/Fiocruz)Av. Brasil, 4036/ sala 506 — ManguinhosRio de Janeiro — RJCEP: 21.040-361Tel.: (21) 3882-9105E-mail: [email protected].

PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃOPARA A SAÚDE

AOficina Regional Latino-Americanada União Internacional de Promo-

ção da Saúde e Educação para a Saú-de (Uipes/Orla) está organizando a IIIConferência Regional Latino-America-na de Promoção e Educação para aSaúde. O evento, que tem apoio doMinistério da Saúde e da Organiza-ção Pan-Americana da Saúde (Opas),será realizado em São Paulo, de 10 a13 de novembro, com o objetivo depromover um extenso debate entreprofissionais, gestores, pesquisado-res, professores e estudantes, afimde identificar novas estratégias polí-ticas que resultem em maior eqüida-de social e melhores condições devida para a população.Mais informações:Centro de Estudos, Pesquisa e Docu-mentação em Cidades/MunicípiosSaudáveis (Cepedoc Cidades Saudá-veis)Tel.: (11) 3079-6724 e 3071-3904E-mail: [email protected]: www.fsp.usp.br/cepedoc

6º CONGRESSO MUNDIAL DE BIOÉTICA

Com o tema ‘Bioética, poder einjustiça’, Brasília sediará o 6°

Congresso Mundial de Bioética, ondeprofissionais de diversos países esta-rão reunidos para discutir questõesligadas ao tema como biodireito,globalização, direitos humanos, pes-quisa genética, genoma, AIDS, pesqui-sa com seres humanos, clonagem hu-mana, eutanásia, transplante deórgãos, entre outros.

O evento, que tem apoio da As-sociação Internacional de Bioética,da Sociedade Brasileira de Bioética

(SBB), do Conselho Federal de Medi-cina (CFM) e do Núcleo de Estudose Pesquisas em Bioética da Uni-versidade de Brasília, será realizadoentre os dias 30 a 3 de novembroe acontecerá por meio de sessões ple-nárias, mesas redondas, seminários,conferências e apresentação de te-mas livres.Mais informações:Tel.: (61) 328-6912Fax: (61) 328-6912E-mail: [email protected]:www.b i oe th i c s cong re s s . o r g . b r /?direitonet

PUBLICAÇÕES

MÉDICOS SEM FRONTEIRAS LANÇA NO BRA-SIL O DOCUMENTO 'DESEQUILÍBRIO FATAL'

Nenhum novo medicamento vemsendo desenvolvido para doenças

que afetam os mais pobres. É o queaponta o documento 'Desequilíbrio Fa-tal', lançado na Escola Nacional de Saú-de Pública (Ensp), na Fiocruz, elabo-rado pela Campanha de Acesso aMedicamentos Essenciais do ProgramaMédicos Sem Fronteiras. O documen-to aborda a crise na pesquisa e nodesenvolvimento de medicamentospara as doenças negligenciadas, queatingem principalmente os países emdesenvolvimento. Como conclusão, oestudo traz uma série de recomenda-ções para se sair do impasse.Mais informações:Programa Médicos Sem FronteirasRua da Quitanda, 185/201 — CentroRio de Janeiro — RJCEP 20091-000Tel: (21) 2253-4200.

NA INTERNET

OPORTUNIDADES DE EMPREGO

Por meio de seu site internacional(www.paho.org), a Organização

Pan-Americana de Saúde (Opas) divul-ga várias chances de emprego paraconsultores e profissionais das áreasde saúde, finanças e administração,entre outras, na América. A maioria dasoportunidades tem data limite para aseleção dos candidatos. O ideal éacessar sempre o site e clicar no link‘Oportunidades de empleo’(espanhol)ou ‘job opportunities’ (inglês) paraconferir novas vagas abertas.

Responsável pela seção:DANIELA SOPHIA

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PÓS-TUDOPÓS-TUDOPÓS-TUDOPÓS-TUDOPÓS-TUDO

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Aristides Dutra

Eu me lembro do Caio ainda criança,quando brincávamos de pique. E agora

ele me conta, orgulhoso, que sua filhinhaestá aprendendo a andar. O tempo nãovoa. Ele desaba sobre nossas cabeças. Afilha de meu amigo está começando a exer-cer seu direito de ir e vir em um mundocada vez mais violento, competitivo e en-venenado. Seu orgulho não esconde suaangústia.

Há algum tempo atrás, eu estava pas-sando por um momento complicado da mi-nha vida e o Caio me contou um caso queaconteceu com ele. Hoje, com a imagemdo andar vacilante de sua filhinha, eu lhedevolvo a mesma história. Todo dia, após otrabalho, Caio pegava a barca para ir paracasa. Eis o seu relato do trajeto:

Na hora do rush, era sempre aquelamultidão ansiosa para chegar em casa. Alonga rua que vai do cais das barcas até aigreja era inundada por ondas consecuti-vas de passageiros. Os primeiros a de-sembarcar eram sempre os mesmosapressadinhos. Eles andavam rápido, ul-trapassando todo mundo. Mas não compe-tiam entre si, apenas iam o mais rápidoque podiam. O parâmetro era interno eindividual. Geralmente estavam sozinhose não conversavam com ninguém. O se-gundo grupo, que constituía a grande mai-oria, era o dos medianos. Freqüentementeandavam em pequenos grupos e as con-

versas não eram raras. O terceiro grupoera o dos retardatários. Assim como osapressados, estes também caminhavam so-zinhos. Iam em seu passo metódico e es-pantosamente regular, com a segurançade quem sabe que, mais cedo ou mais tar-de, vai chegar em casa. Com suas pernascompridas, Caio era sempre um dos pri-meiros no grupo dos apressados.

Um dia uma cena lhe chamou a aten-ção. Naquele terreno baldio antes da igre-ja tinha um gato se preparando para daro bote num pombo. O interessante é quea cena só fez parar alguns dos apressa-dos. Eles ficaram ali, todos calados, aguar-dando para ver se o gato ia conseguir.

O gato estava ainda um pouco longedo pombo. Escondido pela grama, ele ia

A caminho de casaandando muito lentamente. Uma pata.Pausa. Outra pata. Pausa. Outra pata. Eo pombo seguia ciscando despreocupa-damente um pouco mais à frente. A paci-ência da platéia parecia ser tão grandequanto a do gato. O grupo ficou ali, pa-rado, esperando. Por eles, passaram to-dos os apressados, todos os medianos eaté o último dos retardatários. A rua de-serta e eles ali. Os da barca seguintepassando. E eles ali. E o gato já estavapronto para o bote quando um cara jo-gou uma pedra e espantou o pombo, quevoou. “Num vou deixar uma maldade des-sas não”, ele disse, indo embora. Os ou-tros também foram.

Caio ainda ficou ali, atônito. Aquelapedrada realmente o desconcertou. Eleficou muito frustrado de não saber se ogato ia conseguir atingir seu objetivo ounão. E pensou que, se o gato fosse umapessoa, provavelmente já estaria chutan-do tudo, xingando, furioso por um idiotater se metido em seus planos.

Mas o gato ficou na dele. E o pombo,que voou por causa da pedra e não dogato, pousou tranqüilo um pouco mais àfrente. Com a maior calma do mundo, ogato começou tudo de novo, escondidopela grama e andando muito lentamente.Uma pata. Pausa. Outra pata. Pausa. Caiosaiu dali com um sorriso bobo na cara comoquem acaba de fazer uma grande desco-berta. E com aquela segurança de quemsabe que, mais cedo ou mais tarde, vaichegar em casa.