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Boletim do Instituto Hidrográfico Hidromar N.º 90, II Série, Outubro 2005 SUMÁRIO 3 Projecto HERMES: União Europeia atribui 15 milhões de Euros à investigação do oceano profundo 4 Os parceiros europeus 5 Consórcio Hermes A guarnição do NRP D. Carlos I que acolheu o Hermes Viver o Hermes na primeira pessoa 6 Conhecer o Canhão da Nazaré 8 Barcelona HERMES Workshop 9 O Centro de Dados Técnico-Científicos em entrevista 10 Projecto HERMES: a sua importância para o IH 11 Após profunda remodelação Casa das Bóias a funcionar 12 Director-Geral acompanha a missão SANEST Futuros oceanógrafos da Faculdade de Ciências na Auriga A equipa do INETI 13 Sistema de informação para apoio ao plan. de navegação 14 Novas Cartas 15 Um SIG para a navegação 16 Andrómeda: 20 anos na água 17 NRP Almirante Gago Coutinho – fim da primeira docagem 18 Eclipse Solar visto do parque de antenas 20 Prémio Internacional Almirante Gago Coutinho Prémio Almirante Teixeira da Mota 21 CTEN Brandão Correia: Comandante do D. Carlos I 22 Novo Comandante do NRP Auriga 23 Serviço Administrativo tem novo chefe Nova secretária da Escola de Hidrografia e Oceanografia 24 Conferência de Navegação em Cambridge Reunião do SPWG na Austrália 25 XXII International Cartographic Conference ICC 2005 26 Cooperação técnica entre o IH e o IHAHINA 25th International ESRI User Conference 28 Almirante Vieira Matias e Dr. Tiago de Pitta e Cunha: duas visões do IH Hidromar n.º 90, Outubro 2005 1 T rês cruzeiros oceanográficos, dois conduzidos pelo Instituto Hidro- gráfico e o terceiro pelo Centro de Oceanografia de Southampton (SOC- NERC, Reino Unido), realizaram um extenso programa de observações que teve como centro das atenções o Canhão Submarino da Nazaré. Atingindo pro- fundidades superiores a 2 quilómetros na região entre as Berlengas e a praia da Nazaré, o Canhão da Nazaré constitui um autêntico «desfiladeiro» submarino estendendo-se por mais de 200 quiló- metros, desde a costa até à planície abis- sal. É palco de processos dinâmicos e sedimentares extremamente energéticos e ainda pouco conhecidos, e pode cons- tituir um local de refúgio que potencie o estabelecimento de ecossistemas mari- nhos profundos específicos, que importa conhecer. Entre 11 e 30 de Julho, o Instituto Hidro- gráfico conduziu um cruzeiro de inves- tigação multidisciplinar, a bordo do navio hidrográfico NRP D. Carlos I. Este cru- zeiro visou caracterizar as condições físi- cas, químicas e sedimentares do oceano na área de influência do Canhão da Nazaré. Sondas multiparâmetro foram utilizadas para medir a temperatura, salinidade, oxi- génio dissolvido e turbidez da água do mar, entre a superfície e profundidades máximas de 4000 metros e numa vasta área que se estende entre Peniche e a Figueira da Foz, e da costa até cerca de 80 quilómetros ao largo. Colheitas de amostras de água, obti- das a várias profundidades, permitirão determinar o tipo e concentrações de sedi- mentos em suspensão na água do mar, de nutrientes e de metais pesados. A carac- terização do fundo marinho foi feita recorrendo a observações com o sonda- dor multifeixe que equipa o navio. Final- mente, um sistema perfilador acústico per- mitiu medir a corrente entre a superfície e o fundo, estes perfis de corrente serão posteriormente relacionados com as medi- ções que estão a ser efectuadas através de sistemas de monitorização que foram HERMES: o oceano profundo ao largo da Nazaré HERMES: o oceano profundo ao largo da Nazaré Uma equipa de investigadores europeus concentrou os esfor- ços, durante os meses de Julho e Agosto, no estudo dos ecos- sistemas marinhos profundos existentes ao largo da Nazaré.

N.º 90, II Série, Outubro 2005 Hidromarhorus.hidrografico.pt/content/documentacao/hidromar/2005/Hidromar... · 9 O Centro de Dados Técnico-Científicos em entrevista 10 Projecto

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B o l e t i m d o I n s t i t u t o H i d r o g r á f i c o

HidromarN.º 90, II Série, Outubro 2005

S U M Á R I O3 Projecto HERMES: União Europeia atribui 15 milhões de

Euros à investigação do oceano profundo4 Os parceiros europeus5 Consórcio Hermes

A guarnição do NRP D. Carlos I que acolheu o HermesViver o Hermes na primeira pessoa

6 Conhecer o Canhão da Nazaré 8 Barcelona HERMES Workshop9 O Centro de Dados Técnico-Científicos em entrevista10 Projecto HERMES: a sua importância para o IH11 Após profunda remodelação Casa das Bóias a funcionar

12 Director-Geral acompanha a missão SANESTFuturos oceanógrafos da Faculdade de Ciências na AurigaA equipa do INETI

13 Sistema de informação para apoio ao plan. de navegação14 Novas Cartas15 Um SIG para a navegação16 Andrómeda: 20 anos na água17 NRP Almirante Gago Coutinho – fim da primeira docagem18 Eclipse Solar visto do parque de antenas20 Prémio Internacional Almirante Gago Coutinho

Prémio Almirante Teixeira da Mota

21 CTEN Brandão Correia: Comandante do D. Carlos I22 Novo Comandante do NRP Auriga23 Serviço Administrativo tem novo chefe

Nova secretária da Escola de Hidrografia e Oceanografia24 Conferência de Navegação em Cambridge

Reunião do SPWG na Austrália25 XXII International Cartographic Conference ICC 200526 Cooperação técnica entre o IH e o IHAHINA

25th International ESRI User Conference28 Almirante Vieira Matias e Dr. Tiago de Pitta e Cunha: duas

visões do IH

Hidromar n.º 90, Outubro 2005 1

Três cruzeiros oceanográficos, doisconduzidos pelo Instituto Hidro-gráfico e o terceiro pelo Centro de

Oceanografia de Southampton (SOC-NERC, Reino Unido), realizaram umextenso programa de observações queteve como centro das atenções o CanhãoSubmarino da Nazaré. Atingindo pro-fundidades superiores a 2 quilómetrosna região entre as Berlengas e a praia daNazaré, o Canhão da Nazaré constituium autêntico «desfiladeiro» submarinoestendendo-se por mais de 200 quiló-metros, desde a costa até à planície abis-sal. É palco de processos dinâmicos esedimentares extremamente energéticose ainda pouco conhecidos, e pode cons-tituir um local de refúgio que potencieo estabelecimento de ecossistemas mari-nhos profundos específicos, que importaconhecer.

Entre 11 e 30 de Julho, o Instituto Hidro-gráfico conduziu um cruzeiro de inves-tigação multidisciplinar, a bordo do naviohidrográfico NRP D. Carlos I. Este cru-zeiro visou caracterizar as condições físi-cas, químicas e sedimentares do oceanona área de influência do Canhão da Nazaré.Sondas multiparâmetro foram utilizadas

para medir a temperatura, salinidade, oxi-génio dissolvido e turbidez da água domar, entre a superfície e profundidadesmáximas de 4000 metros e numa vastaárea que se estende entre Peniche e aFigueira da Foz, e da costa até cerca de80 quilómetros ao largo.

Colheitas de amostras de água, obti-

das a várias profundidades, permitirãodeterminar o tipo e concentrações de sedi-mentos em suspensão na água do mar,de nutrientes e de metais pesados. Acarac-terização do fundo marinho foi feitarecorrendo a observações com o sonda-dor multifeixe que equipa o navio. Final-mente, um sistema perfilador acústico per-mitiu medir a corrente entre a superfíciee o fundo, estes perfis de corrente serãoposteriormente relacionados com as medi-ções que estão a ser efectuadas atravésde sistemas de monitorização que foram

HERMES:o oceano profundo ao largo da Nazaré

HERMES:o oceano profundo ao largo da NazaréUma equipa de investigadores europeus concentrou os esfor-

ços, durante os meses de Julho e Agosto, no estudo dos ecos-

sistemas marinhos profundos existentes ao largo da Nazaré.

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INSTITUTO HIDROGRÁFICORua das Trinas, 49 – 1249-093 LISBOA • PORTUGALTelefone +351 210 943 000Fax +351 210 943 299e-mail [email protected] www.hidrografico.pt

TÍTULO HIDROMAR – Boletim do Instituto Hidrográfico (IH)

NÚMERO 90, II Série, Outubro 2005

REDACÇÃO E COORDENAÇÃO Raquel Patrício Gomes, TS2 email: [email protected]

FOTOGRAFIA Gabinete de Multimédia, morguefile.com, scx.hu, Gabinete CEMA,CTEN Mesquita Onofre

DESIGN GRÁFICO Jorge Tavares

COLABORAÇÃO AAP Ana Luísa Rodrigues

EXECUÇÃO GRÁFICA Serviço de Artes Gráficas

TIRAGEM 1000 exemplares

DEPÓSITO LEGAL 98579/96

ISSN 0873-3856

Boletim do Instituto Hidrográfico N.º 90, II Série, Outubro 2005

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL MARINHA

Hidromar

Hidromar n.º 90, Outubro 20052

colocados no mar no passado mês de Maio e quese prevê venham a ser recuperados emSetembro. Em simultâneo com estes tra-balhos, decorreu a colheita de amostrasde sedimentos do fundo marinho, tam-bém realizada pelo Instituto Hidrográ-fico, a bordo do NRP Auriga, entre 11 e15 de Julho.

Entre 27 de Julho e 18 de Agosto, oCentro Oceanográfico de Sou-thampton (Reino Unido) realizou umconjunto aprofundado de observa-ções na mesma área, com o navio depesquisa RRS Discovery. A equipade investigadores a bordo do Disco-very observou os ecossistemas mari-nhos que vivem no Canhão daNazaré (e também num outro canhãosubmarino localizado ao largo deSesimbra, o Canhão de Setúbal),recorrendo a câmaras de vídeo e sis-tema de arrasto de alta profundidade.Os trabalhos visaram ainda apro-fundar o conhecimento dos proces-sos sedimentares nestas regiões. Paratal foram utilizados sistemas son-dadores multifeixe de alta resoluçãoe colhedores de sedimentos do fundo.

Este conjunto de investigações

realizadas ao largo da Nazaréintegram-se no projecto europeu HER-MES (acrónimo para Hotspot EcosystemResearch on the Margins of the European Seas),financiado no quadro do 6.º ProgramaQuadro – Alterações Globais e Ecossis-temas. Este projecto teve início em Abrilúltimo e decorrerá entre 2005 e 2009.

Durante este pe-ríodo, o projectoHERMES irá en-quadrar um vastoleque de cruzeirosde investigação

científica ao largoda costa portuguesa.

Para além dos cruzei-ros de investigação na

área da Nazaré, foram járealizadas, nas mesmas áreas,

várias observações pelo naviode investigação RV Pelagia, do

Instituto Real Holandês para aInvestigação Marinha (NIOZ). Entre

25 de Julho e 8 de Agosto, em simul-tâneo com a realização dos dois cru-

zeiros da Nazaré, decorreu um outro cru-zeiro de investigação a bordo do naviorusso RV Professor Logachev, coordenadopela COI-UNESCO. A equipa científica,que integrou investigadores da Univer-sidade de Aveiro, conduziu um largo con-junto de observações sobre estruturas geo-lógicas particulares localizadas no Golfode Cádiz e sobre as comu-nidades biológicas a elasassociadas.

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 3

Um projecto envol-vendo 15 paíseseuropeus, entre os

quais Portugal, foi recente-mente financiado com 15milhões de euros para a inves-tigação do oceano profundoao largo da costa Europeia

Coordenado pelo Pro-fessor Phil Weaver, do Cen-tro Oceanográfico de Southampton (ReinoUnido), o projecto HERMES – acrónimopara Hotspot Ecosystem Research on the Mar-gins of European Seas - irá estudar os ecos-sistemas marinhos da zona profunda damargem continental Europeia, consti-tuindo um dos mais importantes projectode investigação do seu género.

Abrangendo a região entre o bordoda plataforma continental (localizada acerca de 200 metros de profundidade) eo início da planície abissal (profundida-des de cerca de 4000 metros), a zona pro-funda da margem continental Europeiaestende-se por 15000 quilómetros, doÁrtico até à margem Ibérica, continuandopelo Mediterrâneo até ao Mar Negro. Estaregião cobre cerca de 3 milhões de qui-lómetros quadrados, uma área equiva-lente a um terço do território continen-tal Europeu, do qual uma grande partese inscreve na Zona Económica Exclu-siva Europeia. Tal facto confere uma par-ticular importância a esta fronteira oceâ-nica profunda, na prespectiva daexploração dos seus recursos biológicos,energéticos e minerais

O projecto HERMES reúne especia-listas nas áreas da biodiversidade, geologia marinha, sedimentologia, ocea-nografia física, microbiologia e bio-geoquímica, bem como especialistasem domínios sócio-económicos. Esteprojecto representa a primeira grandetentativa de compreender, de formaintegrada, os ecossistemas marinhosprofundos europeus e o seumeio ambiente.

Aequipa de cientistas do pro-jecto HERMES irá investigar asmanifestações da vida nas grandesprofundidades, num conjunto deáreas que se estendem do Árctico ao

Golfo de Cádiz, passando pelo Mediter-râneo, até ao Mar Negro. Estas regiõesenglobam um vasto leque de ecossiste-mas «hotspot», isto é ecossistemas carac-terizados por uma biodiversidade invul-garmente alta, fortemente condicionadospor factores topográficos, químicos, físi-cos e geológicos. Entre os ecossistemasdeste tipo que serão estudados pelo pro-jecto HERMES salientam-se as comuni-dades biológicas que vivem nas verten-tes continentais expostas, as quais podemser afectadas por escorregamentos de sedi-mentos do fundo ou por correntes pro-fundas, as comunidades biológicas cujavida depende de emissões de fluidos apartir do fundo marinho (fontes frias),os recifes de coral de profundidade, ascomunidades biológicas específicas doscanhões submarinos e os ambientes mari-nhos anóxicos.

Conforme explica o Professor Weaver,«estes sistemas são incrivelmente frágeise exigem um estudo urgente. Um objec-tivo central do projecto HERMES será aavaliação da vulnerabilidade destas comu-nidades às mudanças globais e às activi-dades humanas e, caso necessário, odesenvolvimento de estratégias para a suaprotecção. Os resultados do projecto serão,assim, relevantes no apoio à decisão daspolíticas da União Europeia».

No decursodos próxi-

mos quatro anos, o projectoHERMES irá fazer uma uti-lização intensiva das maisrecentes tecnologias para tra-balho científico no oceanoprofundo. Um extenso pro-grama de cruzeiros de inves-tigação irá permitir recolherinformações preciosas sobrea vida marinha nas regiões

oceânicas profundas ao longo da mar-gem Europeia, utilizando nomeadamenteveículos submarinos de operação remota(ROV) do Centro de Oceanografia de Sou-thampton (Reino Unido), do IFREMER(França) e da Universidade de Bremen(Alemanha).

O projecto HERMES teve início emAbril de 2005 e irá estender-se por qua-tro anos. O financiamento europeu paraeste projecto é fornecido no quadro doSexto Programa Quadro – Alterações Glo-bais e Ecossistemas. O consórcio HER-MES é constituído por 36 institutos deinvestigação e nove pequenas empresas,abrangendo 15 países Europeus.

O consórcio HERMES integra duas ins-tituições de investigação portuguesas. OInstituto Hidrográfico irá contribuir paraeste projecto através da caracterização dosprocessos físicos, geológicos e químicosnas áreas dos canhões submarinos daNazaré e de Setúbal/Lisboa. Este insti-tuto constitui, ainda, o centro de coorde-nação regional da área Portugal/Golfo deCádiz, sendo o responsável pelo desen-volvimento de produtos SIG (Sistemas deInformação Geográfica) para o apoio oudivulgação dos resultados científicos a obterno âmbito do projecto. AUniversidade deAveiro contribui para o projecto HERMESatravés do estudo das comunidades bio-lógicas profundas existentes nas áreas doscanhões submarinos portugueses e noGolfo de Cádiz, nomeadamente nosaspectos relacionados com a biodiversi-dade e com a relação entre a distribui-ção das espécie e factores ambientais.

Para mais informaçãosobre o projecto HERMES,visite o website em http://www.eu-hermes.net.

Projecto HERMES:União Europeia

atribui 15 milhões de Euros à investigação do oceano profundo

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Hidromar n.º 90, Outubro 20054

REINO UNIDOO coordenador do projecto HERMES é o Professor Phil

Weaver do SOC (Southampton OceanographyCentre), telef. (+44) 023 8059 6020, email [email protected] contactos com o cordenador do projecto pode-rão também ser realizados através da Dr.ª VikkiGunn, SOC, telef. (+44) 023 8059 6550, [email protected] Gabinete de Imprensa do SOC, Kim Marshall--Brown, telef. (+44) 023 8059 6170, [email protected] Southampton Oceanography Centre é uma«joint venture» entre a Universidade de Sou-thampton e o Natural Environment ResearchCouncil. É um dos principais centros de exce-lência no mundo nas áreas da investigação, ensino,tecnologia, desenvolvimento e fornecimento deinfra-estruturas no domínio das ciências da Terrae dos Oceanos. A partir do dia 1 de Maio de 2005o SOC passou a ser designado por NationalOceanography Centre, Southampton.

FRANÇADr. Jean-Paul Foucher, IFRE-MER, telef. (+33) 298 224 269,

email [email protected] IFREMER (Instituto Françês de Investigaçãopara a Exploração Sustentada do Oceano) desen-volve investigação fundamental e aplicada, acti-vidades de de expertise activities e acções dedesenvolvimento tecnológico e industrial tendopor objectivos a identificação, avaliação, previ-são e exploração sustentada de recursos mari-nhos, o desenvolvimento de metodos mais efi-cientes para a monitorização, protecção e melhoriados ambientes marinhos e costeiros e para o enco-rajamento do desenvolvimento económico dasactividades ligadas ao mar.

ALEMANHAProf. Laurenz Thomsen, International University

Bremen, telef. (+49) 4212 003 254, email [email protected] Universidade Internacional de Bremen é umauniversidade de investigação independente pri-vada, fundada em 1999, e que visa trazer paraa Europa vários dos aspectos do sistema ame-ricano de Ensino Superior. A faculdade de Ciên-cias da Terra e Engenharia está presentementea implementar um centro de investigação emgeociências e coordena um consórcio ciência//indústria de instalações europeias de investi-gação, focadas nos estudos das margens conti-nentais.Prof. Andre Freiwald, University of Erlangen,telef. (+49) 9131 8526 959, email [email protected] Universidade Friedrich-Alexander é uma dasmaiores Universidades no Sul da Alemanha, einclui o Instituto de Paleontologia (IPAL). IPAL

é o instituto alemão líder na investigação dosecossistemas de corais de água profunda, focandoos seus esforços na classificação de habitats, estu-dos dos processos geoquímicos na base do cres-cimento dos corais, na datação e nos aspectosligados à biodiversidade.

GRÉCIADr. Vasilis Lykousis, HCMR,telef. (+30) 22910 76380, email

[email protected] Centro Helénico para a Investigação Marinha(HCMR) é o centro estatal responsável pela inves-tigação oceanográfica, para o Ministério daIndustria, Energia e Tecnologia. O HCMR com-preende cinco institutos que integram 180 inves-tigadores, 200 técnicos e 60 elementos adminis-trativos e de secretariado. O Centro encontra-seequipado com modernos laboratórios e equipa-mento científico, e participou em 35 projectosde I&D financiados pela União Europeia.

IRLANDADr. Anthony Grehan, NUIG,telef. (+351) 91 512 004; email

[email protected] Universidade Nacional da Irlanda, em Gal-way, tem tradicionalmente desempenhado umpapel dominante na investigação marinha naIrlanda, devido à sua localização estratégica, numaárea de acesso para o Atlântico Norte. O Cen-tro de Legislação Marítima e Políticas do Oceanoé uma iniciativa recente, inter-faculdades, quevisa optimizar a investigação em áreas como aLei do Mar; legislação e política de pescas e aqua-cultura; gestão das zonas costeiras e oceânicas;legislação sobre ambientes marinhos e ecossis-temas; e desenvolvimento sustentável e explo-ração dos recursos marinhos.

ITÁLIADr. Marco Taviani, CNR-ISMAR,telef. (+39) 051 6398874, email

[email protected] Conselho Nacional de Investigação Italiano(CNR) é a principal estrutura pública no campoda investigação e desenvolvimento em Itália. OISMAR é um Instituto de investigação com carác-ter multidisciplinar que se integra no CNR e quedesenvolve investigação nas áreas da geologia,biologia e oceanografia. As principais áreas deinvestigação do ISMAR, em Bolonha, são a geo-dinâmica, a estratigrafia e paleoclima neogéni-cos, a geologia dos ambientes marinhos e cos-teiros, a oceanografia e o desenvolvimentotecnológico.

HOLANDAProf. Tjeerd Van Weering, NIOZ;telef. (+31) 222 369395, email

[email protected] Instituto Real Holandês para a InvestigaçãoMarinha (NIOZ) é um instituto de investigação

independente, maioritariamente financiado peloOrganização Holandesa para a InvestigaçãoCientífica (NWO). Com um historial de mais de125 anos dedicados à investigação marinha, oNIOZ é um dos maiores institutos oceanográfi-cos Europeus, tendo por missão conduzir inves-tigação marinha com carácter multidisciplinarintegrado. As áreas de investigação seguidas noNIOZ estendem-se à regiões costeiras e plata-formas continentais bem como à áreas mais pro-fundas das margens continentais e oceano abertoe envolvem uma colaboração próxima entre físi-cos, químicos, geológos e biólogos.

NORUEGAProf. Jürgen Mienert, Univer-sity of Tromsø, telef. (+47)

77644446, email [email protected] Universidade de Tromsø é o centro de apren-dizagem e investigação mais setentrional doMundo. A Universidade tem estado envolvida,há mais de 20 anos, na investigação da margemcontinental Europeia e oceano profundo. A UiTdesempenhou um papel central no desenvolvi-mento de novos projectos e áreas de investiga-ção, e possui uma vasta experiência que se estendeda pesquisa de fontes de hidratos de metano alatitudes elevadas à paleoclimatologia, à estra-tigrafia sísmica, aos processos sedimentares, àgeofísica aplicada e à paleo-oceanografia.

PORTUGALDr. João Vitorino, InstitutoHidrográfico, telef. (+351) 210

943 043, email [email protected] Instituto Hidrográfico (IH) é um Laboratóriode Estado da Marinha Portuguesa, com auto-nomia administrativa e financeira. O IH temresponsabilidades nacionais nas áreas da car-tografia/hidrografia e navegação. As suas prin-cipais áreas de investigação incluem a dinâmicada plataforma e vertente continentais e suas inte-racções com a circulação oceânica, os impactosfísicos e sedimentares dos fluxos fluviais na pla-taforma, a caracterização geológica da plataformae vertente continental e a utilização de mode-los numéricos com assimilação de dados paraa previsão operacional e investigação em ocea-nografia.

ESPANHA

Dr. Miquel Canals, Universityof Barcelona, telef. (+34) 934 021

360, email [email protected] Universidade de Barcelona é uma das maio-res instituições académicas e de investigação deEspanha. O CRG Geociências Marinhas (CRG-MG) é um grupo de investigação de excelênciada Universidade, cuja actividade está focada nosprocessos e produtos sedimentares marinhos, nosecossistemas marinhos profundos actuais e cor-respondente meio ambiente, e na paleo-ocea-nografia.

OS PARCEIROS EUROPEUS

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 5

A GUARNIÇÃO DO NRP D. CARLOS I QUE ACOLHEU O HERMES

CONSÓRCIO HERMES

VIVER O HERMES NA PRIMEIRA PESSOA

O Comandante

NOME: CFR EH Ramalho Marreiros IDADE: 38 anos

O Imediato

NOME: 1TEN Rodrigo Nunes Castro IDADE: 35 anosRESIDÊNCIA: AlmadaFUNÇÕES: ImediatoTEMPO NA UNIDADE: 2 anos

O Sargento mais antigo

NOME:1SAR ETI Manuel CarvalhoIDADE: 36 anosRESIDÊNCIA: BarreiroFUNÇÕES : Chefe da Secção de ElectrónicaTEMPO NA UNIDADE: 2 meses

A praça mais antiga

NOME: CAB TFD César PintoIDADE: 43 anosRESIDÊNCIA: AlmadaFUNÇÕES : DespenseiroTEMPO NA UNIDADE: 2 meses

• Natural Environment Research Council – Sou-thampton Oceanography Centre, Reino Unido

• Challenger Oceanic Systems and Service, ReinoUnido

• Scottish Association for Marine Science, ReinoUnido

• University of Aberdeen, Reino Unido• University of Birmingham, Reino Unido• University of Cardiff, Reino Unido• University of Liverpool, Reino Unido• University of Southampton, Reino Unido• University of Gent, Bélgica• Institut Français de Recherche pour l'Exploi-

tation de la Mer (IFREMER), França• Centre National de la Recherche Scientifique

(CNRS-CEFREM), França• Jobin Yvon SAS, França• Proteus SA, França• Universite de Bretagne Occidentale, França• Universite Pierre & Marie Curie Paris VI, França• International University Bremen, Alemanha

• Alfred Wegener Institute, Alemanha• ArchimediX GmbH, Alemanha• Friedrich-Alexander Universitaet Erlangen-

Nuremberg, Alemanha• IFM-GEOMAR, Alemanha• Max Planck Institute for Marine Microbiology,

Alemanha• MMCD Multimedia Consulting GmbH, Ale-

manha• University of Bremen (RCOM), Alemanha• Hellenic Centre for Marine Research, Grécia• National University of Ireland, Galway, Irlanda• Consiglio Nazionale delle Richerche (CNR-

ISMAR), Itália • Consorzio Nazionale Interuniversitario per le

Scienze del Mare (CoNISMa), Itália• Istituto Nazionale di Oceanografia e di Geofi-

sica Sperimentale (OGS), Itália• Institut Scientifique, Marrocos• Netherlands Institute for Sea Research (NIOZ),

Holanda

• Netherlands Institute for Ecology, Holanda• University of Tromsø, Noruega• Institute of Marine Research, Noruega• Volcanic Basin Petroleum Research AS, Noruega• Olex AS, Noruega• University of Aveiro, Portugal• Instituto Hidrografico, Portugal• National Institute of Marine Geology and Geo-

ecology, Roménia• University of Barcelona, Espanha• Consejo Superior de Investigaciones Cientifi-

cas (CSIC), Espanha• Praesentis SL, Espanha• Median SCP, Espanha• University of Goteborg, Suécia• Institute of Marine Sciences and Technology,

Turquia• Intergovernmental Oceanographic Commission

of UNESCO

Após ter participado em algu-mas campanhas oceanográficas,embarcar numa missão como ade Julho de 2005 não traz segre-dos.

As missões oceanográficasrealizadas pelo IH têm-se pau-tado sempre por uma equipa con-sistente e que tem sido, quasesempre, capaz de resolver os dife-rentes problemas que se colocamno decorrer deste tipo de traba-lhos.

O trabalho a bordo do NRP D. Carlos I na missão Hermes2005 foi animado, agitado e intenso; foram cerca de 10 diascheios de trabalho, quase 200 estações de CTD, muitas amos-

tras de água para recolher e posteriormente analisar em labo-ratório, visitas de jornalistas, comandantes, almirante – umverdadeiro corropio!

Nesta missão, Neptuno esteve do nosso lado, proporcio-nando um mar calmo, sem ondas e muito pouco vento, tive-mos as condições ideais para trabalhar.

No tempo que sobra após as horas de trabalho, a equipacientífica e restante guarnição relaxa como pode, vendo fil-mes, jogando, conversando, ouvindo música, lendo, ou purae simplesmente dormindo.

Apesar do esforço físico, considero-me afortunada por tera oportunidade de trabalhar com equipas competentes e comcondições que, apesar de numa escala mais reduzida, em nadaficam atrás de outras instituições internacionais, no que con-cerne a resultados obtidos.

JOANA BEJADIVISÃO DE OCEANOGRAFIA

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Hidromar n.º 90, Outubro 20056

OInstituto Hidrográfico iniciou,este Verão, um programa deobservações centrado no Canhão

da Nazaré e respectiva região de influên-cia. Este programa integra-se no esforçoa desenvolver no quadro do projecto euro-peu HERMES (Hotspot Ecosystem Researchon the Margins of European Seas) para com-preender as condições ambientais e os ecos-sistemas específicos que caracterizamaquele canhão submarino.

Com uma extensão de mais de 200quilómetros, o Canhão da Nazaré é umdos maiores canhões submarinos doMundo e o maior da Europa. O canhãosecciona por completo a margem conti-nental Portuguesa, estendendo-se da costaaté regiões oceânicas, ao largo, com pro-fundidades superiores a 4000m. A extre-midade costeira do canhão (a cabeceira

do canhão) atinge uma profundidade de150m e encontra-se a cerca de 1 quiló-metro da praia da Nazaré. Os estudos járealizados (nomeadamente os conduzi-dos pelo IH no quadro de outro projectoeuropeu, o projecto EUROSTRATAFORM)revelaram que o canhão condiciona sig-nificativamente os processos físicos, bio-lógicos e sedimentares na margem con-tinental próxima e constitui uma viapreferencial para as transferências entrea costa e o oceano profundo. Não é, pois,de surpreender que comunidades pisca-tórias, como a Nazaré, se tenham vindoa fixar ao longo dos tempos nesta costa,aproveitando a riqueza das águas sobinfluência do canhão.

No quadro do projecto HERMES aatenção dos investigadores é dirigida parao ambiente profundo do Canhão daNazaré, com o objectivo de caracterizaras comunidades biológica específicas aíexistentes e identificar o modo como estascomunidades são afectadas pelas condi-ções físicas, geológicas e químicas aí domi-nantes. Para tal será necessário monito-rizar as condições ambientais no canhão,durante períodos de tempo longos, sendoesta uma das vertentes do trabalho queo Instituto Hidrográfico se propôs desen-volver no quadro do projecto HERMES.

Em Junho último, foi dado início aoprograma de monitorização de longa dura-ção do Canhão da Nazaré. Uma equipada Divisão de Oceanografia do IH, a bordo

do NRPAuriga, fundeou um conjunto detrês amarrações correntométricas ao longodo eixo do canhão, respectivamente a 600,1600 e 3300 metros de profundidade. Cadaamarração é constituída por um cabo quese estende desde o fundo até próximo dasuperfície, o qual é mantido na verticalcom o auxílio de flutuadores. Um liber-tador acústico liga o cabo da amarração auma poita colocada no fundo, e permitea recuperação de toda a amarração nofinal do período de observação. Ao longodo cabo, a profundidades de interesse,são dispostos diversos equipamentos demedida (correntómetros, perfiladores decorrente Doppler, etc) os quais registam,em unidades de memória, parâmetroscomo a corrente, a temperatura, a salini-dade e a turbidez. A recuperação destasamarrações deverá decorrer durante o mêsde Novembro de 2005. Após um breveperíodo de manutenção do equipamento,as amarracoes serão novamente fundea-das no final de Novembro, iniciando umnovo período de 5-6 meses de medições.

As observações realizadas com basenas amarrações correntométricas cobremum período de tempo relativamente longo

Conhecer o Canhão da Nazaré Instituto Hidrográfico inicia actividades no quadro do projecto europeu HERMES

Carta batimétrica da área do Canhão da Nazaré com indicações das posições das três amarraçõescorrentométricas (a verde) e da localização das estações CTD (a vermelho) realizadas em Julho de

2005 durante a missão do NRP D.Carlos I

A Dr.ª Anabela Oliveira (em primeiro plano, Div.Geologia Marinha) e a ASP Nádia Rijo (NRP D.Car-los I) trabalham no laboratório, numa fase em queainda era possível encontrar espaço livre entre osfrascos com amostras

Em frente à consola de comando do sistema CTD,o Eng. Manuel Marreiros (Div. Oceanografia) segueatentamente a aproximação ao fundo

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 7

mas restringem-se a localizações especí-ficas do canhão. Uma visão mais abran-gente das condições prevalecentes em todaa área de influência do Canhão da Nazarésó pode ser obtida através da realizaçãode cruzeiros de observação com caráctermultidisciplinar, como aquele que foi con-duzido pelo Instituto Hidrográfico emJulho último, a bordo do NRP D.CarlosI (missão HERMES05). Numa primeirafase desta missão (11 a 19 de Julho) foramconduzidas observações dos perfis verti-cais de temperatura, salinidade (condu-tividade), turbidez e oxigénio dissolvido,entre a superfície e o fundo (profundi-dade máxima atingida 3800m), num con-junto de 180 posições geográficas que cobri-ram toda a área de influência do Canhãoda Nazaré.

As observações foram realizadas comum sistema que integra duas sondas CTD(do inglês condutivity, temperature anddepth, referenciando os parâmetros de baseque a sonda permite medir). Uma dassondas CTD estava ligada à unidade debordo, através do cabo electro-mecânicoutilizado para descer o sistema. Dessemodo os dados obtidos pela sonda eramrecebidos, em tempo real, a bordo. O sis-tema CTD estava também dotado de umsistema automático de recolha de amos-tras de água, constituído por um carro-sel com 12 garrafas de amostragem, de5-8 litros. As garrafas encontram-se ini-

cialmente abertas quando o sistema CTDdesce. Uma vez atingida a profundidadede onde se pretende obter uma amostrade água, o operador a bordo envia umcomando que fecha a garrafa. Quando osistema regressa a bordo procede-se àcolheita das amostras para recipientesapropriados à sua conservação paraposterior análise. Nalguns dos casos(amostras de sedimentos em suspensão,amostras para calibração de oxigénio dis-solvido), uma parte da análise das amos-tras foi realizada ainda a bordo, no labo-ratório do NRP D.Carlos I.

As amostras colhidas durante a mis-são HERMES05 serão utilizadas paraestudar as concentrações de matéria par-ticulada, nutrientes e metais pesados naágua do mar, a diversas profundidades,e ainda para calibrar a resposta dos sen-sores de condutividade e oxigénio dassondas CTD. No quadro de uma colabo-ração com o Instituto Nacional de Inves-tigação Agrária e das Pescas (INIAP/IPI-MAR), que tem por objectivo compreenderos mecanismos que conduzem ao desen-volvimento de algas tóxicas ao largo dacosta portuguesa, foram ainda colhidasamostras para determinação de fito-plancton.

A observação das condições junto aofundo, operando o sistema CTD a grandeprofundidade, numa área confinada ecaracterizada por uma batimetria com-

plexa como é o caso do Canhão daNazaré, constitui uma actividade delicadae que exige a adopção de estratégias par-ticulares. A metodologia que a equipa doIH tem vindo a desenvolver e a aplicarpassa por descer o sistema CTD a velo-cidade normal (1 metro por segundo) atéuma profundidade suficientemente seguraacima do fundo. A definição dessa pro-fundidade é ditada pelo conhecimento pré-vio da batimetria local, pela informaçãoda sonda multifeixe do navio que estáligada durante a descida do sistema CTDe também pela informação transmitidapela sonda CTD, em particular pelos dadosobtidos por um altímetro (sensor acús-tico que mede a distância ao fundo) e pelosensor de turbidez. A partir dessa pro-fundidade segura a descida do sistemaCTD passa a fazer-se a velocidade redu-zida, por vezes mesmo com pequenasparagens para «sentir» o fundo. Emboraem teoria o altímetro devesse permitirobter uma indicação precisa da distânciado CTD ao fundo, na prática este sensoré afectado pela constituição do própriofundo marinho. Em algumas das áreasno interior do Canhão da Nazaré, o sedi-mento de fundo é de tal modo fino e atransição entre a água e o fundo marinhotem um carácter tão «difuso», que o sinalacústico emitido pelo altímetro é absor-vido por completo sem originar qualquerreflexão. Nestas zonas, apenas o aumento

Imperturbáveis face às câmaras dos jornalistas, a Eng.ª Joana Beja (com o colete salva-vidas, Div. Ocea-nografia) e dois dos nossos estudantes, Edgar e Trajce (da esquerda para a direita), realizam as colhei-tas de amostras do sistema CTD após uma estação

O Vice-Almirante Viegas Filipe, Director-Geral do Instituto Hidrográfico, conversa com o DirectorTécnico

Em aproximação à estação CTD da cabeceira do Canhão da Nazaré, o NRP D.Carlos I entra lentamente na baía da Nazaré

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Hidromar n.º 90, Outubro 20058

Pôr-do-Sol ao largo das Berlengas, capturado pela máquina da Dr.ª Maria João Balsinha (bolseira da Div. Geologia Marinha) durante uma estação CTD

Decorreu em 14 e 15 de Julho, em Bar-celona, um workshop no âmbito do

projecto HERMES com o objectivo de defi-nir metodologias SIG para a divulgação

e apresentação dos resultados do referidoprojecto. Neste workshop participou o Cte.Bessa Pacheco, responsável pela coorde-nação SIG do projecto para a área da costa

de Portugal continental e Golfo de Cadiz.O IH, através do Dr Vitorino, é o coor-denador científico do projecto para a refe-rida região.

Barcelona HERMES Workshop

súbito dos valores de turbidez (ou umcomportamento anómalo do sensor de con-dutividade) permitiram alertar para a pro-ximidade do fundo.

Durante toda a cobertura CTD foramtambém obtidos perfis verticais da cor-rente entre a superfície e uma profundi-dade máxima de 2000m, recorrendo aosdois sistemas ADCP (perfiladores Dop-pler acústicos da corrente) que equipamo NRP D.Carlos Estes sistemas emitemsinais acústicos com uma dada frequên-cia e recebem o sinal retro-difundido porpequenas partículas que são transporta-das (de forma passiva) pela corrente.Determinando a variação na frequênciado sinal retrodifundido devida ao movi-mento das partículas difusoras (efeito Dop-pler) é possível estimar a velocidade dedeslocamento dessas partículas, ou sejaa velocidade da corrente. A metodologiaimplementada nestes sistemas permiteseparar os sinais provenientes de dife-rentes camadas na coluna de água e, assim,estimar o perfil da corrente.

Os perfis CTD e ADCP e as amostrascolhidas durante a missão do NRP D. Car-los I serão utilizados para construir uma

«imagem» tri-dimensional da circulaçãoe distribuição dos principais parâmetrosfísicos, sedimentares e químicos na áreade influência do Canhão da Nazaré. Ainterpretação desta «imagem» requer oconhecimento das características do fundomarinho. Tal facto motivou a realizaçãode um programa de colheita de sedimentosde fundo que decorresse em simultâneocom as observações CTD a realizar peloNRP D. Carlos I. Este programa foi con-duzido por uma segunda equipa do Ins-tituto Hidrográfico a bordo do NRPAuriga, entre 11 e 16 de Julho. A infor-mação geológica da área foi completadacom um programa de observações mul-tifeixe, conduzido pelo NRP D. Carlos I,durante a segunda fase da missão HER-MES05 (26 a 30 de Julho), que cobriu todaa área da vertente continental a Norte doCanhão da Nazaré.

A equipa responsável pela conduçãodo programa de observações realizadodurante a missão HERMES05, a bordo doNRPD.Carlos I, reuniu elementos das Divi-sões de Oceanografia e Geologia Mari-nha do Instituto Hidrográfico, entre ele-mentos do quadro permanente civis emilitares, contratados e bolseiros. Inte-graram ainda esta equipa 2 alunos da Uni-versidade Lusófona e 1 aluno de nacio-nalidade macedónia, da UniversidadeInternacional de Bremen (Alemanha).Regista-se, em particular, a rápida inte-gração destes elementos mais novos navida a bordo, facilitada pelas boas con-dições de mar que prevaleceram durantetoda a missão.

Amissão HERMES05 exigiu uma inte-racção profunda e permanente entre aequipa científica e a guarnição do NRPD. Carlos I, sob o comando do Cmte Rama-lho Marreiros. A estreita colaboração

entre as duas equipas, aliada às óptimascondições meteorológicas, explicam oexcelente desempenho obtido com ocumprimento integral dos objectivos pla-neados. Do sucesso da missão e das sur-presas que o Canhão da Nazaré tem paraoferecer, a investigadores e não só, pôdea equipa científica dar conta ao Vice-Almi-rante Viegas Filipe, Director-Geral do Ins-tituto Hidrográfico, durante a visita queestes realizou a bordo, acompanhado peloCMG Lopes da Costa, Director Técnicodo IH e pelo CFR Ventura Soares, Coman-dante do Agrupamento de Navios Hidro-gráficos. A divulgação pública do traba-lho realizado durante a missão do NRPD.Carlos I decorreu durante a visita abordo de dois grupo de elementos dacomunicação social que, em duas fasesdiferentes da missão, tiveram a oportu-nidade de acompanhar os trabalhos e dese inteirar da contribuição do InstitutoHidrográfico para o projecto HERMES edas actividades a realizar na área ao largoda Nazaré.

ASS JOÃO VITORINODIVISÃO DE OCEANOGRAFIA

Um momento de descontração para os nossos estu-dantes. O Macedónio Trajce (em primeiro plano,Universidade Internacional de Bremen) e os Portu-gueses Edgar e Rita (Universidade Lusófona, Lisboa)

O TEN Carvalho (NRP D.Carlos I), a STEN Ana San-tos (Div. Geologia Marinha) e o Dr. João Vitorino(Div. Oceanografia) aguardando a chegada de umgrupo de jornalistas, frente a Peniche

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 9

Z É N I T EUma visão abrangente

Hidromar (H):Qual a principalactividade do Cen-tro de Dados Téc-nico-Científicos?

CTEN Bessa Pa-checo (CTEN BP): O Centro de DadotTécnico-Científicostem como principalactividade o desenvolvimento, imple-mentação e manutenção de um sistemade informação geográfica sobre oambiente marinho. Este sistema arma-zena, processa, analisa e disponi-biliza produtos de informaçãoespacial geo-referenciada, permi-tindo integrar de um modo muitoflexível dados de carácter ambien-tal e administrativo com dadoscartográficos, auxiliando na visua-lização e interpretação dos fenó-menos relacionados com as ciên-cias do mar.

H: Quais os seus objectivosespecíficos no âmbito de acção doIH?

CTEN BP: O Centro de Dadostem adquirido, desde a sua géneseem 1997, competências específicasno que se refere a sistemas de ges-tão de bases de dados espaciais esistemas de informação geográfica.Com base nestas ferramentas foramimplementados mecanismos dedivulgação de existências de dadostécnico-científicos adquiridos no diaa dia pelo Instituto Hidrográfico edesenvolvidos sistemas de infor-mação ad-hoc para resolução de pro-blemas específicos. Assim, os objec-tivos específicos centram-se nadivulgação e disponibilização dedados e fornecimento de sistemasde informação aos clientes inter-nos e externos.

H: Como se transformamdados em conhecimento?

CTN BP: O processo de trans-formação de dados em informa-ção está a cargo dos sistemas deinformação, podendo estes tercarácter digital ou não. Este é umconceito estabilizado e aceite pelacomunidade mais ligada às maté-rias da sociedade da informação.

A parte complicada surge depois natransformação de informação em conhe-cimento. Este é um processo onde nor-malmente, nas actividades do InstitutoHidrográfico, surge o investigador irre-quieto e criativo que se presta a juntar aspeças de um puzzle científico e a explo-rar cada fenómeno de modo a conseguira mais perfeita explicação para um mundoverdadeiramente complexo. Este conhe-

cimento é um dos principais propósitosdo Instituto Hidrográfico.

H: Quais as principais oportunida-des do Centro de Dados?

CTEN BP: Em termos de oportuni-dades, o Centro de Dados tem um mundoaberto no desenvolvimento de sistemasde informação aplicados à actividade mili-tar naval. É provavelmente um dos espa-

ços do Instituto Hidrográfico ondeporventura se poderá proporcionaruma grande transferência de conhe-cimentos técnicos para a componenteoperacional da Marinha, comple-mentando a componente científicaproporcionada por outras divisões.

Paralelamente, existe tambémum espaço muito interessante deaprofundamento da utilização de sis-temas de informação no âmbito deprojectos científicos de investigaçãodo mar.

H: Que futuro prevê para o Cen-tro de Dados Técnico-Científicos?

CTEN BP: O Centro de Dadostem um potencial de crescimentoespecífico na área do desenvolvi-mento de sistemas de informaçãogeográfica. Este potencial tambémexiste na componente de desenvol-vimento de bases de dados espaciais.Estas duas actividades, de carácterparticular, precisam no entanto derecursos humanos com elevadasqualificações técnicas no âmbito dossistemas de informação. Nos últimosanos tem-se verificado uma dimi-nuição significativa nos quadros depessoal da função pública, por con-gelamento de novas contratações,situação que representa uma limi-tação de peso à exploração do refe-rido potencial. No entanto, é de pre-ver que a sofisticação previsível deprocessos e produtos poderá levara um crescimento dos resultados dasactividades do Centro de Dados,abrindo portas para a renovação eampliação dos seus recursos huma-nos, através de mecanismos asso-ciados às organizações que realizaminvestigação e desenvolvimento.

O Centro de Dados Técnico-Científicosem entrevista

Transversal às restantes divisões da Direcção Técnica, eis opresente e futuro do Centro de Dados Técnico-Científicos.

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Hidromar n.º 90, Outubro 200510

A M A R R A SArtigos de opinião sobre projectosestruturantes no âmbito das Direc-ções do Instituto Hidrográfico

OprojectoH o t s p o tEcosystem

Research on the Mar-gins of EuropeanSeas (HERMES),iniciado em Abrilde 2005 e a decor-rer nos próximosquatro anos, tem amaior importância para o Instituto Hidro-gráfico (IH) e País, nas vertentes da coo-peração internacional e dos objectivos cien-tíficos prosseguidos, pela abordagemmultidisciplinar, pela obtenção de conhe-cimentos e sua divulgação, e aplicaçãodos resultados.

O enquadramento do HERMES édado pelo 6.º Programa Quadro (6PQ) daUnião Europeia, o instrumento de finan-ciamento ao serviço da política europeiade ciência e tecnologia, entre 2002 e 2006.O 6PQ apostou na ideia de criar um ver-dadeiro «espaço europeu de investiga-ção», com projectos transnacionais capa-zes de gerar uma «massa crítica» emtermos de recursos humanos e, em par-ticular na área das ciências do mar, parapromover a articulação entre as organi-zações, programas e instituições, noâmbito de redes de cooperação articula-das entre si. Os países individuais, só porsi, dificilmente têm capacidades de inves-timento suficientes em recursos materiaise humanos para gerir, ou mesmo pôr emprática, representativo número de inven-ções e de descobertas científicas. Daí quea política da União Europeia, em maté-ria de investigação e desenvolvimento tec-nológico, tem por objectivo maximizar osresultados e o potencial dos Estados-mem-bros, instaurando entre estes a colabora-ção e coordenação de esforços. Entre oseixos de investigação marítima, a níveleuropeu, advogados por conceituadosespecialistas, podem ser mencionados asgrandes bacias oceânicas que banham aEuropa, a engenharia costeira e oceano-grafia litoral, projectos regionais integradose o desenvolvimento da biotecnologia,baseada na biodiversidade marinha. Osrecursos naturais do mar, de natureza bio-lógica, proteica, mineral e energética, tor-nam indispensável o seu conhecimentoe a gestão da sua exploração. Prospec-ções e investigação científica efectuadaspermitem considerar que esses recursos

são expressivos no oceano costeiro e pla-taformas continentais. Hoje em dia, a inves-tigação oceanográfica implica projectosde envergadura internacional que recor-rem a navios de pesquisa, sistemas desatélite, submersíveis, à informática parao armazenamento dos dados e a criaçãode modelos dos processos oceânicos. Asmedições in situ com navios oceanográ-ficos e veículos submarinos automáticos,aliadas à observação global por meio desatélites incrementará as possibilidadesde previsão e conhecimento dos proces-sos do oceano, contribuindo para o desen-volvimento da oceanografia. Apesar dapanóplia de metodologias para a recolhade dados os navios de pesquisa conti-nuam essenciais para a recolha de perfisdo fundo, de marés internas, de turbidez,de características sedimentares do fundo,hidrografia de elevada resolução e dadosbiológicos. Os recursos químicos existentesna biodiversidade marinha, incluindo aassociada a grandes profundidades, são,por exemplo, objecto da investigação bio-médica, na procura de resposta a doen-ças diversas.

O projecto HERMES foi concebido epreparado de forma a corresponder aoenquadramento atrás descrito, ou seja aosdesafios da actualidade.

O objectivo científico principal visa oconhecimento aprofundado dos ecossis-temas, ou hotspot, caracterizados por umaelevada biodiversidade, condicionadapor factores topográficos, químicos, físi-cos e geológicos. Especial atenção doestudo será dada às comunidades bioló-gicas, que vivem nas vertentes continen-tais, as quais podem ser afectadas porescorregamentos de sedimentos do fundoou por correntes profundas. Por essascomunidades, viverem intimamente asso-ciadas ao fundo marinho, não devem serdescuidados certos factores, como sejamos recifes de coral de profundidade, ascomunidades biológicas específicas doscanhões submarinos, os ambientes anó-xicos e mesmo substâncias líquidas ougasosas emanadas do leito do mar, quereforçam a necessidade da perspectiva deestudo multidisciplinar.

Portugal participa através do InstitutoHidrográfico e da Universidade de Aveiro.O IH irá contribuir através da caracteri-zação dos processos físicos, geológicos equímicos nas áreas dos canhões subma-

rinos da Nazaré e dos de Setúbal e Lis-boa, bem como de centro de coordena-ção regional da área de Portugal e Golfode Cádis. Adicionalmente o IH é res-ponsável pelo desenvolvimento de pro-dutos de Sistemas de Informação Geo-gráfica (SIG) para apoio à divulgação deresultados científicos a obter no âmbitodo projecto. As actividades são desen-volvidas segundo abordagem multidis-ciplinar e transversal, pelas valências deoceanografias física, química e geológica,e de tecnologias da informação, na Direc-ção Técnica do IH. A Universidade deAveiro participa e complementa nas com-ponentes relacionadas com a biodiversi-dade e com a distribuição das espécies efactores ambientais.

A metodologia operacional contem-pla medições, processamento dos dados,gestão da informação em SIG, análise emodelação. As campanhas de mar, umajá realizada em Julho, contemplam medi-ções diversas, envolvendo colocação deamarrações de correntómetros ou senso-res diversos ao longo de semanas ou meses,de utilização de sondas de CTD ou deADCP operadas por navios, de colhedo-res de amostras de sedimentos do fundoou coluna de água, de sondagem bati-métrica de elevada resolução a multifeixe,por imagens da superfície do mar obti-das por detecção remota, uso de veícu-los submersos de operação remota, etc.As medições ou dados obtidos, só por sinão permitirão a completa caracterizaçãodo meio marinho objecto do estudo, peloque se recorrerá às capacidades de mode-lação para estimativa das evoluções, noespaço tridimensional e temporal, deforma a compreender ou explicar as res-postas do sistema, designadamente asmotivadas pela meteorologia.

O projecto HERMES pelas suas carac-terísticas de cooperação internacional, dosobjectivos científicos prosseguidos, daabordagem multidisciplinar, da obtençãode conhecimentos e sua divulgação, e dopotencial para aplicação prática dos resul-tados, é, sem dúvida, da maior impor-tância para a consolidação do InstitutoHidrográfico, como organismo da Mari-nha e laboratório do Estado, de reco-nhecidas competências e excelência emciências e tecnologias do mar, a nível nacio-nal e internacional.

CMG LOPES DA COSTA, DIRECTOR-TÉCNICO

Projecto HERMES:a sua importância para o IH

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 11

Como fazemos

S O N A R

ACasa das Bóias retomou no pas-sado mês de Maio a sua activi-dade, após um interregno de

vários meses, imposto pela necessidadede se proceder a profundas obras de recu-peração das suas instalações e que impli-caram a remodelação completa de todaa estrutura, desde a substituição dotelhado e do vigamento até à reparaçãode janelas e manufactura e instalação denovas bancadas de trabalho.

Entretanto, encontra-se em fase de ulti-mação o projecto que prevê a criação doLaboratório de Calibração Automatizadaque, a nível organizacional, deverá incluira calibração das bóias, permitindo a trans-ferência da componente administrativapara local mais adequado, libertando espa-ços da actual Casa das Bóias com vista àrealização de um conjunto de testes maisalargados.

Situada na Azinheira, para onde foitransferida após a desactivação das anti-gas instalações da Amora, a Casa das Bóiasé parte integrante do Serviço de Elec-trotecnia. A sua actividade é asseguradapelo ASSP Eng.º António Branquinho,como responsável pela manutenção dosistema, e pelo TPP Amaral Jorge, queprocede à manutenção e calibração dasbóias ondógrafo. Este sector tem igual-mente a seu cargo a instalação de novasbóias ondógrafo, quer sejam do InstitutoHidrográfico, quer para outras entidadesem regime de cooperação ou protocolos,onde se salienta o desenvolvimento desoftware de comunicações para obtençãode dados em tempo real.

Na sua actividade de manutenção ecalibração, o TPPAmaral Jorge leva a caboalgumas tarefas específicas e exigentes,onde se incluem:

• a gestão de sobressalentes face às manu-tenções previstas;

• a substituição de baterias;• a realização de testes de simulação de

alturas e frequência de ondulação;• a realização de testes de posicionamento

e direcção;• testes de balanceamento efectuados

por modernos sistemas electrónicos.

Estes testes são influenciados pelascaracterísticas do campo electromagné-tico envolvente. Neste pressuposto, devemser realizados em local onde estas con-dições sejam semelhantes às da sua ins-talação in-situ, ou seja, em mar aberto ondesó é exercida a influência pelo campo mag-nético terrestre. A exigência a este níveldeterminou, desde a construção da Casade Calibração das Bóias, um conjunto delimitações ou características específicasda infra-estrutura, nomeadamente:

• inexistência de elementos ferrosos nainfra-estrutura da casa e em redor desta;

• os pilares em cobre;• as vigas de suporte do telhado em

madeira envolvidas em alumínio;• as janelas e portas em madeira;• as grades do muro nas imediações da

Casa em Madeira.

Este tipo de construção sofre umgrande desgaste face às condições ambien-tais que se fazem sentir na Azinheira, sendonecessário diversas acções de Manuten-ção com o objectivo de garantir as con-dições de trabalho do interior da casa den-tro de parâmetros aceitáveis. Sob a égidedo Serviço Geral, foram levadas a caboum conjunto deacções já referidas noâmbito da reabilita-ção do espaço, que secifraram num mon-tante de 16.000€.

De salientar quea Casa de Calibraçãoé única no País, sendoa sua actividadeessencial como apoioà rede de bóias ondó-

grafo que o Instituto Hidrográfico dispõee lhe permite efectuar a previsão da agi-tação marítima em toda a costa portu-guesa.

Esta intervenção ocorre no momentoem que se colocam novos desafios ao Ins-tituto Hidrográfico. A monitorizaçãoambiental da ZEE nacional e novas exi-gências também no âmbito da coopera-ção com os países da CPLP são exemplosdemonstradores das actividades de I&D,pelo que importa consolidar e desenvol-ver estas capacidades, objectivos quedeverão ser atingidos com a activação doLaboratório de Calibração Automatizada,projecto igualmente inovador em Portu-gal.

Desde a sua fase primordial, em queos testes de calibração se efectuavam noedifício da Rua das Trinas, com recursoa um elástico que pendia de uma janelavirada para a rampa junto às Artes Grá-ficas, até à realização das diferentes simu-lações feitas actualmente através do RIG,um moderno equipamento electrónico queproduz artificialmente os efeitos da agi-tação marítima, foi percorrido um longocaminho de afirmação e desenvolvimentotecnológico, sendo actualmente uma dascomponentes mais relevantes do Serviçode Electrotecnia, considerada como umacapacidade fundamental para a Missãodo Instituto Hidrográfico.

SERVIÇO DE ELECTROTECNIA

Após profunda remodelaçãoCasa das Bóias volta a funcionar

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Hidromar n.º 90, Outubro 200512

S O N A R

Abordo, o Vice-almirante Director-Geral encontrou uma equipa deengenharia oceanográfica da Divi-

são de Oceanografia, composta pelo 1TENSilva Barata, pelo 2TEN Jerónimo e peloCAB Pinto, que preparava os equipa-mentos para mais uma saída do navio noâmbito da missão SANEST.

Durante estas missões, são percorri-

das estações oceanográficas, que corres-pondem aos pontos de lançamento do CTD(sigla de «Conductivity, Temperature andDepth», ou seja, um perfilador de con-ductividade, temperatura e pressão), quepermite obter valores para os três parâ-metros fundamentais da oceanografiafísica – a pressão/profundidade, tempe-ratura e a salinidade).

É para a SANEST – Saneamento daCosta do Estoril S.A., empresa multi-municipal responsável, até 2020, e emregime de concessão, pela gestão e explo-ração do sistema de saneamento da Costado Estoril, que estas recolhas são efec-tuadas. O controlo do Sistema de Sanea-mento da Costa do Estoril é feito atravésda monitorização das águas, com o objec-

tivo de aferir o impacto no mar da Costada Guia. Esse programa de monitoriza-ção é feito pelo Instituto Hidrográfico,pelo Instituto Nacional de Engenharia,Tecnologia e Inovação, pela Universidadede Aveiro e Instituto Superior Técnico,que assim aferem a qualidade das águasda Costa do Estoril.

António Coelho, Sara Silva eMónica Henriques são três

alunos da licenciatura de Ciências Geofí-sicas (recentemente designada Meteoro-logia Oceanografia Geofísica) que embar-

caram a bordo do NRP Auriga, durante amissão SANEST de 2 de Agosto, com opropósito de adaptação e conhecimento.

Reconhecendo a necessidade de inte-grar os alunos da licenciatura nas activi-

dades práticas que exercerão de futuro,a Comissão de Alunos de Ciências Geo-físicas e a Coordenadora da Licenciatura,a Prof. Isabel Âmbar, desenvolveram con-tactos junto do Instituto Hidrográfico nosentido de trazer os futuros oceanógra-fos com formação na área das Ciênciasda Terra, da Atmosfera e dos Oceanos, abordo nos navios hidrográficos. Chamam-lhe as «Saídas de Barco».

As missões SANEST a bordo da Auriga conhecem bema equipa da Dr.ª Cristina Santos, investigadora auxi-

liar do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Ino-vação (INETI). Desde 2001, esta equipa embarca mensal-mente com o objectivo de colher amostragens de água parao projecto de qualidade da água da zona da costa do Esto-ril. Além da Dr.ª Cristina Santos, encontrámos a bordo aDr.ª Cristina Ralheta, química, e a Dr.ª Cristina Martins,bióloga, ambas bolseiras de investigação do INETI na áreada monitorização ambiental de sistemas costeiros.

Director-Geral acompanha a missão SANEST

http: //www.sanest.pt/

Em http: //geofisica.fc.ul.pt/, os alunos fazemos seus diários de bordo. Vale a pena esprei-tar!

No dia 2 de Agosto, o Vice-almirante Carlos Alberto Viegas Filipe, Director-Geraldo Instituto Hidrográfico, acompanhou uma missão SANEST a bordo do NRP Auriga.

Futuros oceanógrafos da Faculdade de Ciências na Auriga

A equipa do INETI

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 13

Foi publicada a 2.ª Edição da Carta NáuticaOficial (CNO) 25R09 «Lagoa de Santo André

ao Cabo Sardão», referida a Julho de 2005. Aoportunidade da publicação desta edição foi apro-veitada para alterar os limites da carta, de formaa representar maior extensão de área molhada.A CNO agora publicada disponibiliza tambémnova informação hidrográfica na área de Sines,adquirida com recurso ao sondador multifeixe,bem como a representação das modernas estru-turas portuárias construídas.

Esta CNO está inserida na série de Cartasde Recreio, constituída por 12 cartas de peque-nas dimensões (A2), formato que visa facilitaro seu manuseamento a bordo das embarcaçõesde recreio, vendidas ao público em pasta dearquivo de capa dura de dimensões A3. Estascartas náuticas têm como objectivo possibilitara navegação próxima ao longo da orla costeirade Portugal Continental e contêm a mesma infor-mação que as CNO da Série Costeira.

Foi publicada a 7.ª Edição da CNO 26303 (INT1875) «Baía de Cascais e Barras do Rio Tejo

(Porto de Lisboa)», referida a Julho de 2005. ACNO 26303 disponibiliza nova informação hidro-gráfica na área do Porto de Lisboa nas zonasdas Barra Norte, Barra Sul, Goladas, Cabeça doPato e Cachopo do Norte, sendo que parte subs-tancial foi adquirida com recurso ao sondadormultifeixe, o qual permite a cobertura total dofundo submarino.

A CNO 26303 é a primeira de três novas edi-ções de cartas náuticas do Rio Tejo, à qual seseguirá a publicação das CNO 26304 (INT 1876)

«Porto de Lisboa (de Paço deArcos ao Terreiro do Trigo)» eCNO 26305 (INT 1877) «Portode Lisboa (de Alcântara ao Canaldo Montijo)» até ao final do anocorrente.

Este documento náutico éuma carta de grande escala e per-tence à série Portuária, a qual éconstituída por 12 cartas, que têmcomo objectivo possibilitar aaterragem aos portos nacionaisde maior dimensão.

Para mais informações, consulte www.hidrografico.ptou o Depósito de DocumentosNáuticos do Instituto Hidro-gráfico através do telefone 210 943 157 ou do e-mail [email protected].

Carta 25R09

Novas Cartas

Carta 26303

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Hidromar n.º 90, Outubro 200514

S O N A R

Atendendo às funcionalidades dosSIG (Sistema de Informação Geo-gráfica), têm estes tornado, hoje

em dia, uma ferramenta indispensável atoda uma série de actividades, permitindogerir, organizar e explorar grandes volu-mes de dados espaciais. Sob esta premissaé com naturalidade que surgiu a ideia deorganizar a informação geográfica neces-sária para o planeamento de navegaçãonum sistema de informação deste tipo.

Foi então, desenvolvido um sistemade informação para apoiar o planeamentode viagens marítimas, com a finalidadede auxiliar os oficiais navegadores dosnavios da Marinha de Guerra Portuguesa,centralizando informações e disponibili-zando ferramentas da análise e visuali-zação espacial flexíveis para as suas áreasde interesse.

Com o desenvolvimento tecnológicoe a acumulação da experiência, esta é umaactividade que se encontra nos dias dehoje bem definida e estruturada em tare-fas, sendo contudo ainda complexa edemorada, derivado do avultado número

de informação que previa-mente requer para garantir achegada a porto seguro.

Esta actividade do pla-neamento de uma viagempassa, então, pela colecta pré-via e organização de toda ainformação relevante, quepossa ser útil para a tomadade decisões face não só aoscenários mais prováveis danavegação, mas tambémtendo em consideração a pos-sibilidade de surgirem impon-deráveis.

Assim, com o desenvolvi-mento deste sistema preten-deu-se proporcionar novascondições para melhorar aeficiência e flexibilidade detodo o processo do planea-mento de viagens marítimas.O resultado deste trabalhoconsubstancia-se num pro-duto em duas versões: umaem CD-ROM sem encargos de

licenciamento e dedistribuição gra-tuita, e outra emambiente WWW, afuncionar numarede local.

O sistema desenvolvido,apresenta funcionalidades quepoderão representar inequí-vocos ganhos de eficiência nastarefas associadas ao planea-mento de viagens marítimas:a faculdade de marcar rotas,áreas e pontos de interessedirectamente no sistema, acobertura cartográfica dosdiversos fólios, a inclusão domáximo de informação dis-ponível e necessária para o pla-neamento (aproximadamente60 camadas temáticas), inte-grando dados e informaçãoque se encontram essencial-mente dispersos em várias fon-tes, a capacidade de imprimirmapas e resultados de pes-quisas, facilitando a elabora-ção do relatório final de umplaneamento, e a disponibili-dade de funções de análise,que permite dar resposta a per-

guntas de grande interesse para o pla-neamento.

Contudo, atendendo às característi-cas deste SIG e o facto de constar da com-pilação de cerca de 60 camadas temáti-cas, tornou-se uma ferramenta viável paradar resposta a outras necessidades:• apoiar a formação de oficiais navega-

dores;• auxiliar nas actividades de SAR (Search

And Rescue – Busca e Salvamento), tendopor base o mapa-mundo e os limitesadministrativos. _Adicionando infor-mação ao sistema, que permite, porexemplo, assinalar um ponto de S.O.S.e uma área de busca;

• fornecer uma série de informação debase ao planeamento operacional naval;

• disponibilizar informação de base paraa actividade de REA(Rapid EnvironmentalAssessment);

• disponibilização de informação geográ-fica de base para apoio a briefings (darinstruções) e debriefings de exercícios eoperações navais (fazer relatórios).

INÊS FÉLIX, ENG.ª GEÓGRAFACENTRO DE DADOS

Sistema de informação para apoio ao planeamento de navegação

Declinação magnética

Principais rotas marítimas

Cobertura cartográfica

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 15

Um SIG para a navegaçãoHidromar (H): Como avalia a sua passagem

pelo IH?Inês Félix (IF): Positiva a todos os níveis,

permitiu-me crescer tanto a nível profissionalcomo a nível pessoal.

H: O que mais gostou no IH?IF: A forma como fui recebida e tratada ao

longo de todo o estágio. O excelente ambientede trabalho e a disponibilidade demonstradapor todas as pessoas que me acompanharam deperto. Não posso também deixar de referir asóptimas condições de trabalho que me foramfacultadas.

H: De que forma a sua passagem pelo IHbeneficiou o seu estudo?

IF: Permitiu-me pôr em prática a teoria apren-dida ao longo da licenciatura, enriquecendo destemodo os meus conhecimentos.

H: Que aplicação tem a sua investigação?IF:Auxiliar os oficiais navegadores dos navios

da Marinha de Guerra Portuguesa, no planea-mento de uma viagem marítima, com base emtecnologia de sistemas de informação geográ-fica.

H: Uma palavra que descreva o IH?IF: Profissionalismo.

RESUMO DAS

CONCLUSÕES DO ESTÁGIO

O estágio teve como objectivoo desenvolvimento de um sistemade informação para apoio no pla-neamento de viagens marítimas, cen-tralizando informações e disponibi-lizando ferramentas da análise evisualização espacial flexíveis paraas suas áreas de interesse. Foramseleccionados e recolhidos os dadosgeográficos considerados mais rele-vantes (aproximadamente cerca de60 temas de informação espacial).

O sistema desenvolvido apresentafuncionalidades que representam ine-quívocos ganhos de eficiência nastarefas associadas ao planeamentode viagens marítimas, encontrando-se disponível em CD-ROM (sem encar-gos de licenciamento); existe, tam-bém, uma versão de funcionalidadelimitada a correr em ambienteWWW.

Para além da finalidade a quese propunha, rapidamente se cons-tatou que o sistema e respectiva basede dados poderiam beneficiar outrasactividades de índole militar-naval,por exemplo: auxiliar na formaçãode oficiais navegadores, auxiliar nasactividades SAR; apoiar nas activi-dades de planeamento operacio-nal naval; dispor de informação debase para REA. Exemplos de integração de diferentes dados

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Hidromar n.º 90, Outubro 200516

ONRP Andrómeda foilançado à água nosestaleiros do Arsenal

do Alfeite em Dezembro de1985 e foi aumentado ao efec-tivo em 3 de Julho de 1987.Concebido para operar emestuários e zonas costeiras emactividades hidrográficas eoceanográficas, é um navio deconstrução inteiramente sol-dada, sendo a estrutura e osisolamentos especialmente cui-dados no que respeita a inso-norização e amortecimento devibrações.

O PatronoAndrómeda é uma constelação do

hemisfério Norte, situada ao Sul de Cas-siopeia, no prolongamento da diagonaldo quadrado do Pégaso.

Segundo a mitologia grega, Andró-meda era filha de Cassiopeia e de Cefeu,reis da Etiópia. Cassiopeia, sendo muitovaidosa, ousou medir-se em beleza comas Nereides, as belíssimas ninfas do mar,favoritas de Neptuno. Este, enfurecido,lançou a sua ira sobre a Etiópia, flage-lando-a com tremendas inundações.

Um horrível monstro, saído das águasdo mar, começou, simultaneamente, a ata-car homens e animais daquele país. Atin-gido por tanta desgraça, o rei Cefeu inter-rogou o oráculo que lhe disse que omonstro só se aplacaria se Andrómedalhe fosse sacrificada. Assim, Andrómedafoi amarrada a um rochedo no meio domar, para, com o seu sacrifício, salvar aEtiópia do flagelo divino. Mas, precisa-mente no momento em que o terrívelmonstro se aprestava a atacar a jovem,Perseu desceu velocíssimo do céu, tra-zido pelos seus sapatos alados. Perseuenfrentou corajosamente o monstro mari-nho e matou-o. Andrómeda, assim salva,foi oferecida em casamento ao heróicolibertador.

É neste sentido que foi criada a Flâ-mula Heráldica do NRP Andrómeda,representada por um busto de princesa,de ouro, envolta por grilhões do mesmo,como alusão a Andrómeda, tendo sidoutilizado o verde que, simbolizando o mar,relaciona o navio com a sua missão, e oouro, para simbolizar a importância dessamissão.

As missões

Das missões efectuadas pelo navio,apresentam-se em seguida um resumo dasmais significativas, quer pela sua dimen-são, importância ou significado.

❚❘ Viagens a Cabo Verde, aos Açores e àMadeira de forma a apoiar e executarlevantamentos hidrográficos;

❚❘ Viagem ao Mónaco de forma a execu-tar presença naval;

❚❘ Presença naval durante a EXPO98;

❚❘ Projecto SIRIA com actividades hidro-oceanográficas e geológicas com esta-dia em portos do Algarve, em Huelvae Cádiz;

❚❘ Buscas de objectos, de uma aeronaveacidentada e de um pesqueiro naufra-gado;

❚❘ Participação em exercícios navais;

❚❘ Apoio e execução de diversos levanta-mentos hidrográficos;

❚❘ Fundeamento e recolha de amarraçõesoceanográficas destacando-se os traba-lhos no Canhão da Nazaré e de Porti-mão;

❚❘ Fundeamento e manutenção de bóiasondógrafo, nomeadamente, em Lei-xões, Sines e Faro;

❚❘ Levantamentos a sonar lateral e sísmicaligeira na plataforma continental;

❚❘ Caracterização da costa e recolha de ima-gens para actualização das publicaçõesnáuticas;

❚❘ Participação em projectos de monitori-zação ambiental;

❚❘ Recolha de amostras de sedimentos;

❚❘ Utilização do ROV para identificaçãode objectos e obtenção de imagens deespaços marinhos.

Entre 1987 e 2004, a Andrómeda nave-gou 76 696 milhas, num total de 1544 diasa conhecer o mar português.

1TEN VICENTECOMANDANTE DO NRP ANDRÓMEDA

Dias Dias Horas Milhaspronto missão navegação percorridas

1987 Dados insuficientes e navioarmado a partir de Julho

1988 299 176 1100 9270

1989 358 112 494 4715

1990 134 36 175 816

1991 335 183 607 4438

1992 279 66 469 5138

1993 325 113 676 5132

1994 92 10 115 655

1995 365 145 1177 8425

1996 290 50 366 2506

1997 278 56 391 3169

1998 225 60 428 3363

1999 365 107 775 6470

2000 196 55 406 2602

2001 304 107 857 7053

2002 296 98 568 3590

2003 202 81 470 3487

2004 365 89 730 5867

Total 4708 1544 9804 76696

Total 12,9 4,23 408.5 7.8 nósanos anos dias (vel.média)

POSTO DE VIGIAOlhar para dentro

Andrómeda: 20 anos na água

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 17

Recepção de Comando do 1TEN Silva Ribeiro – 3 de Julho de 1987Construção do Andrómeda no Arsenal do Alfeite – 1985

Lançamento à água – Dezembro de 1985

Recepção de Comando – 3 de Julho de 1985

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Hidromar n.º 90, Outubro 200518

POSTO DE VIGIA

No dia 22 de Julho o NRP Almirante Gago Coutinho saiu da doca seca, no Arsenal do Alfeite,onde se encontrava desde 8 de Maio em beneficiação das águas vivas do navio. Esta doca-gem, que durou cerca de 30 dias úteis, constituiu um dos primeiros passos no processo dereconversão em navio hidro-oceanográfico, presentemente a decorrer no Arsenal do Alfeite.

NRP Almirante Gago Coutinho – fim da primeira docagem

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 19

Eclipse Solar visto do parque de antenasNo dia 3 de Outubro, Portugal Continental voltou a

estar na rota de um eclipse anular – o que não acon-tecia desde 1912 e só se repetirá em 2028.

Em Lisboa, o eclipse foi apenas parcial. As regiõesmais propícias à observação da anularidade foram o Minhoe Trás-os-Montes e Alto Douro.

Como seria de esperar, muitas pessoas concentraram-se em localidades situadas nessas regiões. No InstitutoHidrográfico, não faltaram interessados: durante a manhã,dezenas de pessoas subiram ao mirante do «parque deantenas» para observar o fenómeno.

A partir das 8h38m, hora prevista para o início doeclipse em Lisboa, a presença do disco lunar sobre a ima-

gem do Sol tornou-se cada vez mais evidente. No máximodo eclipse, pelas 9h53m, era perceptível um ligeiro obs-curecimento a toda à volta, como se o amanhecer tivesserecuado e teimasse em dar lugar ao dia declarado!

Também se fez sentir uma ligeira diminuição da tem-peratura, mesmo não tendo a Lua coberto mais de 87%do disco solar.

Ao máximo do eclipse correspondia igualmente o picode entusiasmo do pessoal do Instituto Hidrográfico…

http: //www.aol.ul.pt/

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Hidromar n.º 90, Outubro 200520

POSTO DE VIGIA

ASociedade de Geografia de Lis-boa atribui de 2 em 2 anos o Pré-mio Internacional Almirante

Gago Coutinho destinado a galardoar tra-balhos originais de investigação no âmbitodas Ciências da Terra, que contribuampara o avanço do conhecimento nessa áreacientífica e que correspondam na sua sis-tematização e mérito ao exigido tradi-cionalmente nas teses de doutoramentonacionais ou estrangeiras.

Os trabalhos são apreciados por umjúri presidido pelo Presidente da Socie-dade de Geografia de Lisboa e que inte-gra representantes do Conselho de Rei-torias das Universidades Portuguesas, daAcademia de Ciência de Lisboa, da Aca-demia Portuguesa de História e da Aca-demia de Marinha.

Este ano, o júri avaliou obras de auto-res de vários países e decidiu por unani-midade atribuir o Prémio InternacionalAlmirante Gago Coutinho ao Comandante

Sardinha Monteiro pela sua obra Desig-ning configuring and validating the Portu-guese DGPS network que descreve em deta-lhe os estudos e o trabalho efectuadospara implementar, configurar e testar asestações de GPS Diferencial portuguesas,montadas pela Marinha Portuguesa nocabo Carvoeiro, em Sagres, no PortoSanto e na Horta.

Essa obra baseia-sena tese com que oComandante SardinhaMonteiro se doutorou naUniversidade de Not-tingham, a qual teveuma directa aplicação noprojecto das estaçõesDGPS nacionais, em queforam implementadassoluções inovadoras deconfiguração do sistemaapresentadas e defen-didas nessa tese. Além

disso, essa obra já deu origem a cinco arti-gos técnicos publicados em revistas cien-tíficas estrangeiras e a 15 comunicaçõesem reuniões científicas internacionais.

A entrega do prémio será feita emSessão Solene a realizar na Sociedade deGeografia de Lisboa, mas ainda sem datamarcada.

Prémio Internacional Almirante Gago Coutinho

OComandante Sardinha Monteiro,da divisão de Navegação do IH,foi galardoado com o «Prémio

Almirante Teixeira da Mota – 2004», atri-buído pela Academia de Marinha. O pré-mio destina-se a galardoar trabalhos de

pesquisa e investigação científica nasáreas de Artes, Letras e Ciências ligadasao Mar e à Marinha, e está aberto a cida-dãos nacionais e estrangeiros que apre-sentem trabalhos originais nos domíniosreferidos.

O prémio referente a 2004 foi atri-buído à obra The Portuguese DGPS net-work, que descreve em detalhe os estu-dos e o trabalho efectuados paraimplementar, configurar e testar as esta-ções de GPS Diferencial portuguesas, mon-tadas pelo Instituto Hidrográfico nocabo Carvoeiro, em Sagres, no Porto Santoe na Horta.

O prémio foi entregue ao ComandanteSardinha Monteiro pelo Almirante Fran-cisco António Torres Vidal Abreu, Chefedo Estado-Maior da Armada, em ceri-mónia que decorreu na Academia de Mari-nha no passado dia 21 de Junho.

Aos leitores do HidromarO Hidromar em formato papel é distribuído a quem expressamente o desejar. No cumprimento de um esforço de con-

tenção de custos e de recursos, solicita-se aos leitores do IH que comuniquem, por escrito, a sua intenção de receber a

publicação em suporte papel, fazendo referência à sua identificação (nome, posto, serviço, funções e morada do local de

recepção). Esta informação deverá ser remetida a [email protected]. Como é já habitual, a versão digital em

formato PDF está acessível em www.hidrografico.pt.

Prémio Almirante Teixeira da Mota

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 21

PRE IA-MARBAIXA-MAR

Mudança de cargos

CTEN Brandão Correia: Comandante do D. Carlos I

No dia 15 de Setembro, na pre-sença do vice-almirante Coman-dante Naval, do vice-almirante

Director Geral do Instituto Hidrográfico,do contra-almirante Comandante da Flo-tilha e 2.º Comandante Naval e do coman-dante do Agrupamento de Navios Hidro-gráficos, o CFR Ramalho Marreirosentregou o comando do NRP D. Carlos Iao CTEN Brandão Correia, até àquela dataoficial da Divisão de Hidrografia do Ins-tituto Hidrográfico.

Na cerimónia de entrega do comando,o CFR Ramalho Marreiros disse guardar"saudades dos momentos passados abordo do navio em missões do InstitutoHidrográfico, integrando outras institui-ções, e dos trabalhos executados, que repre-sentam um exemplo da excelência do tra-balho de investigação.

O vice-almirante Silva da Fonseca,Comandante Naval, disse «acompanharde muito perto a actividade do navio» ereferiu «o excelente relacionamento entreo Instituto Hidrográfico e o ComandoNaval». Felicitou o CFR Ramalho Marrei-ros pelo «excelente desempenho» e salien-tou três prioridades daquela unidade: amotivação da guarnição, o treino constantee a operacionalidade do material a bordo.

Discurso do CTEN Brandão Correia

Excelentíssimo Sr. almirante Coman-dante Naval, Excelentíssimo Sr. Vice--almirante Director Geral do InstitutoHidrográfico, Excelentíssimo Sr Contra-almirante Comandante da Flotilha e 2.ºComandante Naval, Excelentíssimo Sr.Comandante do Agrupamento de naviosHidrográficos, Excelentíssimos Srs. Con-vidados e convidadas, guarnição do NRPD. Carlos I.

É com elevada honra e satisfação pes-soal que assumo o comando do NRP DCarlos I; considero um privilégio, coman-dar o D Carlos I, navio hidrográfico, decapacidade oceânica, dotado de meios téc-

nicos de ponta, e guarnecido por milita-res de elevado profissionalismo e espíritode entrega.

Tenho a noção da minha responsabi-lidade, e da importância e relevância queas missões atribuídas ao navio represen-tam para a Marinha, para o País e paraa comunidade científica. À confiança queme é depositada, respondo com a minhatotal disponibilidade e empenho. Terei sem-pre em vista um elevado nível de pronti-dão, o qual só será alcançado e mantidocom treino, e dedicação. Para a operacio-nalidade do navio e o sucesso das missõesconto com o apoio da Marinha, ciente,no entanto, das dificuldades actualmenteexistentes a nível financeiro e de recur-sos humanos.

Comandante Marreiros, sei que tenhoa minha missão facilitada pelo excelentetrabalho que desenvolveste em prol donavio, espero dar continuidade ao teuesforço; e como teu amigo e camarada,desejo-te as melhores felicidades, profis-sionais e pessoais.

À guarnição do NRP D.Carlos

Temos um desafio pela frente, que exigeespírito de entrega e dedicação; conto coma vossa lealdade, profissionalismo e empe-nho para levarmos o navio a bom porto,e afianço-vos que poderão sempre contarcomigo.

Que o nosso serviço honre a Marinhae o País.

CFR Oliveira Lemos, CFR Esteves Fernandes eCFR Ramalho Marreiros

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Hidromar n.º 90, Outubro 200522

No dia 22 de Setembro, em ceri-mónia realizada a bordo, tomouposse como novo comandante

do NRP Auriga o 1TEN Pedro SilvaBarata, sucedendo ao 1TEN Rui SilvaLampreia.

Na cerimónia presidida pelo CALMRodrigues Cancela, 2.º ComandanteNaval e Comandante da Flotilha, esti-veram ainda presentes o Director Geraldo Instituto Hidrográfico, VALM Vie-gas Filipe, o Director de Abastecimento,CALM Silva Castro, o Comandante daEsquadrilha de Navios Patrulhas, CMGCunha Lopes, o Director do Centro deInstrução e Táctica Naval, CMG CorreiaAndrade, o Comandante do Agrupa-mento dos Navios Hidrográficos, CFR

Ventura Soares, convidados e guarniçãodo navio.

Após três anos de serviço prestadona Divisão de Oceanografia do IH, ondedesempenhou funções como adjunto doChefe de Divisão, o 1TEN Barata foi coor-denador de diversos projectos na áreada Monitorização Ambiental e exerceufunções como Chefe da Secção de Enge-nharia Oceanográfica. O 1TEN Baratafrequentou o curso de Marinha na EscolaNaval entre 1989 e 1995. Desempenhouos cargos de Chefe de Serviço de Comu-nicações, Navegação e Artilharia dopatrulha NRP Zambeze, de oficial ime-diato no patrulha NRP Zaire, exerceu asfunções de comandante da lancha de fis-calização NRP Rio Minho, integrou acomissão de recepção do NRP Gago Cou-tinho e foi chefe de serviço de opera-ções e anti-aérea no reabastecedor NRPBérrio. Em Setembro de 2001 ingressouno Instituto Hidrográfico para realizaro Curso de Especialização de oficiais emHidrografia, que concluiu no anoseguinte.

No seu discurso, o 1TEN Silva Barataagradeceu o facto de pela segunda vezlhe ser confiado o comando de uma uni-dade naval, propondo-se continuar a dig-nificar e a prestigiar imagem da Mari-nha, terminando com palavras de apreçoà guarnição do NRPAuriga e felicitandoo 1TEN Silva Lampreia no exercício dasnovas funções.

O Hidromar deseja ao 1TEN Baratafelicidades, bons ventos e águas safas.

Novo Comandante do NRP AurigaP R E I A - M A RB A I X A - M A R

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 23

AEscola de Hidrografia e Oceano-grafia (EHO) tem uma nova Secre-tária. A Assistente Administrativa

Principal Corina Maria Simões VelosoVieira tomou posse no exercício daquelasfunções no passado dia 28 de Julho de 2005.É licenciada em Organização e Gestão deEmpresas pelo Instituto Superior de NovasProfissões. Antes de concorrer ao lugar deAssistente Administrativa no Instituto

Hidrográfico, exerceu funções na Secreta-ria da Escola EB 2.3 D. Francisco Manuelde Melo (Amadora), tendo trabalhado nasáreas ASE – apoio a alunos carenciados,controlo de faltas, área de alunos e gestãode processos.

O Hidromar dá as boas vindas à novaSecretária da EHO, desejando-lhe êxito nassuas novas funções e as maiores felicida-des pessoais e profissionais.

Nova secretária da Escola de Hidrografia e Oceanografia

Serviço Administrativo tem novo chefe

O2TEN Soares Mercier tomou possecomo chefe do Serviço Adminis-trativo sucedendo ao 1TEN Mário

Veloso da Veiga que, após 4 anos à frentedo serviço, destaca para frequentar o CursoGeral Naval de Guerra. O compromissofoi publicamente testemunhado no audi-tório do IH, no passado dia 16 de Setem-bro. O 2TEN Soares Mercier frequentouo Curso de Administração Naval na EscolaNaval entre 1996 e 2002. Após terminar ocurso, prestou serviço na fragata NRPÁlva-res Cabral até final de 2004, altura em quese apresentou no IH.

O 2TEN Mercier propõe-se a elabo-rar um plano de gestão concreto de formaa atingir diversos objectivos:

• Elaboração do Manual de Procedi-mentos de forma a consolidar as alte-rações nos processos de trabalho do Ser-viço Administrativo, resultantes daimplementação do Sistema SAGe;

• Acções de formação do sistema SAGepara os diferentes utilizadores das res-tantes Divisões, Serviços e Secretariasde forma a optimizar este sistema degestão e permitindo ao Serviço Admi-nistrativo executar a sua missão de formamais eficaz e eficiente;

• Na área da Gestão patrimonial. e deacordo com as disposições legais emvigor, efectuar até ao final do próximoano a inventariação do imobilizado;

• Dinamizar o Posto de Vendas tendo emvista o reforço da imagem do IH, juntodos seus clientes, contribuindo para umaaumento da receita do Orçamento deFuncionamento.

Nas palavras dirigidas aos funcioná-rios do Serviço Administrativo, referiu:

«o importante é sem dúvida manter e con-solidar o espírito de equipa que tem carac-terizado, quer o Serviço, quer a própriaDirecção Financeira».

À Direcção Financeira, e em particu-lar ao Director Financeiro, expressou atotal colaboração, dedicação e lealdadepara com as funções que lhe foram con-fiadas.

A todos os elementos das divisões,serviços e secretarias, na expectativa dasmelhores relações pessoais e profissionais,ficou o compromisso que tudo fará paraultrapassar todos os obstáculos.

Por fim referiu ser uma enorme honraprestar serviço no IH e manifestou o seuempenho, disponibilidade e dedicação nodesempenho das suas novas funções.

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Hidromar n.º 90, Outubro 200524

Reunião do SPWG na AustráliaRealizou-se, entre 13 e 15 de Julho, em Wollongong,

Austrália, a 6.ª reunião do Grupo de Planeamento Estra-

tégico da Organização Hidrográfica Internacional (OHI),

presidida por Frode Klepsvik, hidrógrafo da Noruega.

Na reunião, que teve por objectivo estabelecer a estra-

tégia de implementação das emendas aos Documentos Bási-

cos da OHI, aprovadas em sede de Conferência Hidrográ-

fica no passado mês de Abril, participou o Director-Geral

do Instituto Hidrográfico, em representação da Comissão

Hidrográfica do Atlântico Ocidental.

Nesta reunião participaram ainda representantes dos

serviços hidrográficos da África do Sul, Austrália, Brasil,

China, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Índia,

Itália, Japão, México, Reino Unido, República da Coreia e

Singapura.

OInstitute Of Navigationn o r t e - a m e r i c a n oorganizou entre 27 e

29 de Junho a sua 61.ª Confe-rência Anual, na bonita cidade de Cam-bridge, no Massachussets. Esta conferência,que se inseriu nas celebrações do 60.º ani-versário do Institute Of Navigation, reu-

niu cerca de trezentos participantes dediversos países.

O Instituto Hidrográfico esteve repre-sentado pelo capitão-de-fragata ProençaMendes e pelo capitão-tenente SardinhaMonteiro, que apresentou duas comu-nicações sobre os testes de exactidão quetêm vindo a ser conduzidos no IH paravalidar a rede DGPS nacional. Essascomunicações intitularam-se «What isthe accuracy of maritime DGPS?» e«Analysis of GPS and DGPS performanceat sea».

Refira-se que esta conferência teve umaelevada participação de representantesportugueses, nomeadamente da ForçaAérea Portuguesa, do Instituto de Tele-comunicações, do Instituto Superior deEngenharia de Lisboa e do Instituto Supe-rior Técnico.

http: //www.ion.org/

Conferência de Navegação em Cambridge

B Ú S S O L AEventos nacionais e internacionais

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 25

Realizou-se de 9 a 16 de Julho de2005, na Corunha, Espanha, a XXIIConferência Internacional de Car-

tografia, subordinada ao tema «Iniciati-vas Cartográficas para um Mundo emTransformação».

Esta Conferência, organizada pelaInternational Cartographic Association, é con-siderada como um fórum de referência anível mundial sobre o estudo e análisedos avanços das novas técnicas carto-gráficas, e nele participam os técnicos maisconceituados nas modernas tecnologiasde informação geográfica, representantesacadémicos e investigadores de inúme-ras universidades, representantes de agên-cias de produção cartográfica nacionais,entidades produtoras de cartografia ofi-cial, entre outros.

O Instituto Hidrográfico, através dadivisão de Hidrografia, como produtorde cartografia náutica oficial em Portu-gal, esteve presente neste evento, comuma comunicação e um póster subordi-nado ao tema PRODUÇÃO DE CARTAS

ELECTRÓNICAS PARA O TRANSPORTE

MARÍTIMO apresentado pelo 1TEN Mar-tins Pinheiro.

O transporte marítimo está na origemdo comércio mundial. Muitas das maté-rias primas, bens de consumo e produ-tos comercializados a uma escala global,são transportados por via marítima. Estetransporte sempre constituiu um factorde risco elevado com possíveis conse-quências humanas, ecológicas e econó-micas cada vez mais pesadas em caso deacidente.

Em 1960, data da criação do InstitutoHidrográfico Português, a navegação eramuito diferente daquela que conhecemoshoje. Os navios eram mais pequenos elentos. Os navios maiores e mais rápidoseram os que transportavam passageirose operavam em rotas transatlânticas. Amarinha mercante era dominada por umpunhado de nações com longas tradiçõesmarítimas, todas elas localizadas nohemisfério norte. Hoje, muita coisa mudou.Em 1960, um navio de 20000 toneladasera considerado grande, hoje temos algunsnavios com 500000 toneladas. Os naviosde passageiros cederam cota parte do seulugar aos aviões e os «gigantes dos ocea-nos» são agora os petroleiros e os grane-leiros.

No entanto, algumas coisas perma-necem na mesma. A navegação continuaa ser a indústria internacional mais impor-tante a nível mundial – é cada vez maisinternacional que nunca. Outro factor quepermanece inalterável é o factor humano.A maior ameaça à vida humana no marcontinuam a ser os erros humanos. Umterceiro factor que não se alterou, foi adependência que o navegante tem dascartas náuticas. Temos extrema confiançanaquilo que os nossos olhos vêm; noentanto, os fundos marinhos não estãoacessíveis à observação directa e ao nave-gante não lhe resta outra alternativasenão confiar na informação constante dosdocumentos náuticos por forma a esco-lher a rota mais segura entre dois pon-tos. É neste sentido que o processo deprodução de uma carta náutica deve serbastante rigoroso.

O advento dos sistemas ECDIS e oaparecimento de sistemas de posiciona-

mento extremamente precisos, como oDGPS, foram o elemento chave para oaparecimento de um novo produto hidro-gráfico digital. A Carta Electrónica deNavegação Oficial (CENO) é reconhecidapelas instâncias internacionais como equi-valente à tradicional carta de papel. Aprodução de CENO em Portugal é efec-tuada pelo IH através do recurso a fer-ramentas de Sistemas de InformaçãoGeográfica (SIG) por forma a estar deacordo com todas as condições da normaInternational Standard for the Exchange ofHydrographic Data, reproduzida na publi-cação da OHI 57 (S-57).

O objectivo deste poster foi apresen-tar o processo de produção de umaCENO no IH, de acordo com um conceitoorientado por objectos que utiliza ferra-mentas SIG para codificar as entidadesdo mundo real em objectos.

DIVISÃO DE HIDROGRAFIA

XXII International Cartographic Conference ICC 2005

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Hidromar n.º 90, Outubro 200526

BÚSSOLA

O1TEN Mesquita Chim, para a áreada cartografia náutica, o 2TENConduto Pereira e o Cabo M Silva,

para a área da correntometria, desloca-ram-se ao Instituto Nacional Hidrografiae Navegação de Moçambique (INA-

HINA), numa iniciativa patrocinada peloInstituto Português de Apoio ao Desen-volvimento do Ministério dos NegóciosEstrangeiros, inserida no quadro dasacções de cooperação para o desenvolvi-mento previstas num projecto submetidopelo Instituto Hidrográfico (IH), pelo INA-HINAe pela Direcção de Faróis. Esta acti-vidade de cooperação técnica permitiua execução de acções de formação, tendocomo alvo os funcionários do INAHINA.

O período de trabalho conjunto per-mitiu constatar que as áreas de carto-grafia e correntometria se encontram aindanuma fase embrionária; porém, o pro-jecto de desenvolvimento do sector decartografia assistida por computadordaquele Instituto integra já uma equipade cartógrafos, em início de carreira, queutilizam as versões mais recentes do soft-ware de produção cartográfica – igual-mente utilizado no Instituto Hidrográ-fico.

Verificou-se também uma grandededicação e vontade de aprender e evo-luir, tanto por parte do grupo de jovens

cartógrafos moçambicanos, orientadosno seu trabalho diário por colegas hidró-grafos que frequentaram na sua grandemaioria a Escola de Hidrografia e Ocea-nografia do Instituto Hidrográfico, comopor parte dos oceanógrafos moçambica-nos, facto que ficou demonstrado durantea última semana, altura em que os tra-balhos foram executados sem a ajuda doselementos do IH, que se limitaram a fazera supervisão das operações.

Cooperação técnica entre o IH e o INAHINANo âmbito do acordo de cooperação entre Portugal e Moçambique,

deslocaram-se a Maputo, entre os dias 3 e 25 de Maio, três elementos do Instituto Hidrográfico.

«O INAHINA dedica-se a aplicaçãodas Ciências e Tecnologias do Mar como propósito de contribuir para a Segu-rança da Navegação nas águas marí-timas e lacustres sob jurisdição moçam-bicana e vias navegáveis interiores e,ainda, apoiar os projectos nacionaisde investigação nas áreas científica ede defesa do ambiente». Fonte:http://www.inahina.gov.mz

Biblioteca Nacional de Moçambique Antigo Teatro Gil Vicente Edifício da Pastelaria Continental

Moçambique 1989

Fundeamento de RCM9Entrada do Jardim Vasco da Gama – actual Jardim Tunduru

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Hidromar n.º 90, Outubro 2005 27

25th International ESRI User ConferenceOInstituto Hidrográfico participou,

através do Comandante BessaPacheco na 25.ª International User Con-ference, que decorreu em San Diego(EUA) de 25 a 29 de Julho.

Esta conferência decorre anualmente,sendo uma das mais importantes e rele-vantes na divulgação mundial de utili-zação e desenvolvimento de sistemas deinformação geográfica.

Esta conferência reuniu cerca de13.000 utilizadores dos produtos ESRI econtou ainda com cerca de 1000 elementospara a sua organização e mais cerca de1000 expositores. Na sessão inaugural,

que decorreu sob moderação de JackDaermon (presidente da ESRI, Inc) e coma presença de todos os participantes, foiapresentada a mais recente tecnologia

de ponta na exploração e representaçãode informação geográfica: uma mesa desituação touchtable com capacidade deexplorar informação geográfica por inte-ração manual com a mesa e gerar ver-dadeiros modelos digitais de terreno emambiente 3D (ver figura). Este sistema,desenvolvido pela empresa NorthropGrumman e fazendo utilização de soft-ware ESRI, está ainda na fase de protó-tipo, prevendo-se a sua comercializaçãopara breve. Depois da sua apresentaçãopública, foi colocada em exposição paraque os participantes pudessem testar assuas capacidades.

Actividades das divisões e navios hidrográficosCENTRO DE DADOS O Cte. Reino Bap-tista esteve de 3 a 8 Outubro em Marraqueche,Marrocos na reunião final do projecto Sea-Search.O Cte. Bessa Pacheco, no dia 20 de Outubroesteve na DGAM para uma reunião da CDPM.O Cte. Bessa Pacheco, no dia 25 de Outubroparticipou na reunião APDSI no IGEOENo dia 27 de Outubro, o Cte. Bessa Pachecoparticipou na reunião semanal CDPM na DGAM.

GEOLOGIA MARINHA Durante a semanade 24 a 30 de Outubro realizou-se treino/testesdos equipamentos de geofísica, na zona de Cas-cais e interior do estuário do rio Tejo. Os traba-lhos decorreram a bordo da UAM Fisália e nelesparticipou a equipa da geofísica (à excepção daresponsável) e dois sargentos artífices.INVC Anabela Oliveira Salamanca deslocou-sea Salamanca, para uma participação na reu-nião final do projecto EUROSTRATAFORM, quedecorreu entre 24 e 27 de Outubro.

QUÍMICA E POLUIÇÃO No dia 20 deOutubro realizou-se mais uma campanha de águassubterrâneas no âmbito do projecto VALORSUL.Foram recolhidas amostras de água, em seis pie-zómetros localizados nas imediações da Centralde Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, emS. João da Talha. Dois piézometros atingem os25 metros de profundidade e os restantes ape-nas 15 metros. As amostras de água foram colhi-das em colaboração com os técnicos da LABE-LEC e seguidamente preservadas e acondicionadaspara posterior análise em laboratório.No dia 26 de Outubro foi realizada mais uma cam-panha de monitorização com recolha de amostrasde água e sedimentos em oito estações de amos-tragem na ria Formosa, no âmbito do projecto deVigilância de Qualidade do Meio Marinho.

BRIGADAS HIDROGRÁFICAS Durante asemana de 17 a 23 de Outubro, foram feitoslevantamentos topo-hidrográficos na Ilha da

Madeira, levantamento hidrográfico no Barreiro(SIMARSUL) e processamento de dados multi-feixe da barra sul do porto Lisboa.Durante a semana de 24 a 30 de Outubro, foramefectuados levantamentos topo-hidrográficos naIlha da Madeira, Levantamento Hidrográfico Goladado Bugio, levantamento hidrográfico no Barreiro(SIMARSUL), Levantamento topo-hidrográfico Lagose Alvor (estabelecimento apoio geodésico), Topo-grafia do cais Portinho da Costa processamentode dados multifeixe da barra sul do porto Lisboa.

HIDROGRAFIA Vectorizações: CNO 267(Cabo Verde – Ilha de Santiago); CNO 180 (Ilhado Pico – Porto do Cais); CNO 43101 (Arqui-pélago dos Açores – Grupo Ocidental).Cartas Novas e Novas Edições: continuação dacompilação da CNO 26304; continuação da com-pilação da CNO 26312; início da compilaçãoda CNO 26305; início da compilação da CNO26402.Correcção de cartas: continuação introdução cor-recções dos AN's na base de dados e Cartas.Continuação da produção das CENO seguintes:PT324204; PT324205; PT426407; PT526303;PT526308; PT526311; PT528513.Elaboração de updates às CENO.Continuação da preparação de dados para car-regar no HPD.Preparação da reunião do IEC-TC80 WG7Análise de Circular Letters da OHI.Análise de respostas aos questionários sobreECDIS/CENO.Vectorização do legado de dados hidrográficospara posterior carregamento do HDW.Estudo do fólio cartográfico de Cabo Verde.Actualização da base de dados de treino do HPD.Realização de testes à nova versão do HPD (2.3R2)Curso de formação em produção de CNO como HPD.

NAVEGAÇÃO De 7 a 14 de Outubro o CFRProença Mendes participou no Iala Aids to Navi-

gation Management Committee – Norfolk – USA.Durante a semana de 24 a 28 de Outubro o Cte.Guerreiro participou no Standartizaton of Publi-cations Working Group da OHI em Copenhaga.

OCEANOGRAFIA No período de 3 de Outu-bro a 9 de Outubro deu-se continuidade à cam-panha NICC/ECOIS na qual estiveram envolvi-dos vários elementos da Divisão de Oceanografia.Fizeram-se esforços no sentido de recuperar umAcoustic Dopler Current Profiler (ADCP) e um Recor-der Current Meter (RCM) na foz do rio Minho.No dia 18 de Outubro de 2005, o Cte. VenturaSoares deslocou-se a Itália para participar noConselho Científico da NURC.No dia 22 de Outubro de 2005, o Cte. Mes-quita Onofre deslocou-se ao Canadá para parti-cipar na reunião NATOMILOC.No dia 23 de Outubro de 2005, vários elemen-tos da Divisão de Oceanografia deslocaram-se aSalamanca para participarem na reunião finaldo projecto EUROSTRATAFORM.

Agrupamento de Navios

NRP D. CARLOS I Largou BNL em 19OUTas missões PLATCONT e BATAÇO, com duraçãoaté 20 de Novembro.Escala porto do Funchal entre 25 e 29 Outubro.

NRP ALM. GAGO COUTINHO Arsenaldo Alfeite, em trabalhos de adaptação a naviohidrográfico

NRP AURIGA No estaleiro do Seixal, parareparação da fuga de óleo pela manga do veio.

NRP ANDRÓMEDA No Arsenal do Alfeiteem reparação. (Previsões apontam para a pri-meira quinzena de Novembro).

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Hidromar n.º 90, Outubro 200528

No passado dia 30 de Setem-bro, o Almirante VieiraMatias, Chefe do Estado-

-Maior da Armada entre 1997 e 2002,e o Dr. Tiago de Pitta e Cunha, membro do Gabinete do ComissárioEuropeu para as Pescas e AssuntosMarítimos, visitaram o Instituto Hidro-gráfico.

Durante a manhã, o AlmiranteVieira Matias e o Dr. Tiago de Pitta eCunha visitaram as divisões de Hidro-grafia, Oceanografia e Navegação,onde conheceram as capacidades téc-

nicas e científicas daquelas equipas.No final da manhã, cerca de 40 fun-

cionários assistiram à conferência dociclo «Uma visão do Instituto Hidro-gráfico». Esta série de intervençõesdecorre com o objectivo de propor-cionar aos funcionários uma visão independente e genuína dos agentesexternos (como vêem o Instituto Hidro-gráfico, o que pensam das suas acti-vidades, de que forma contribui paraa sua missão) como fomento de umsentimento de pertença à cultura ins-titucional.

Almirante Vieira Matias e Dr. Tiago de Pitta e Cunha:

duas visões do IH

Almirante Vieira Matias assinando o Livro de Honra

Dr. Tiago de Pitta e Cunhaassinando o Livro de Honra

Vice-Almirante Viegas Filipe ladeado pelo Almirante Vieira Matias e Dr. Tiago de Pitta e Cunha