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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência. 48554.001198/2015-00 Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL Em 9 de junho de 2015. Processo: 48500.002276/2014-21. Assunto: Situação atual das informações apresentadas na fatura de energia elétrica e discussão de possíveis aprimoramentos. I. DO OBJETIVO 1. Fundamentar a abertura de Consulta Pública, na modalidade intercâmbio documental, para promover a discussão com consumidores, representantes das distribuidoras de energia elétrica e da sociedade em geral sobre a situação atual das informações apresentadas na fatura de energia elétrica, buscando identificar oportunidades para melhoria e avaliar a necessidade de aprimoramento da regulamentação. II. DOS FATOS 2. Foi emitida em 13 de fevereiro de 1995 a Lei n o 8.987, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal e também dá outras providências. Essa Lei define em seu artigo 7 o direitos e obrigações dos usuários de serviços públicos que incluem “receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses individuais e coletivos” (inciso II). 3. Os contratos de concessão e de permissão das distribuidoras de energia elétrica também asseguram como direito dos consumidores, sem prejuízo do disposto na Lei n o 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor): “obter os esclarecimentos sobre dúvidas com a prestação do serviço, bem assim as informações requeridas e consideradas necessárias para defesa dos seus direitos” (inciso II, subcláusula Décima Quinta da Cláusula Segunda, no exemplo do contrato de concessão n o 52/99 da Celtins, e inciso II, subcláusula Quinta da Cláusula da Cláusula Sétima, no exemplo do contrato de permissão n o 033/2010 da Certel Energia). 4. Ainda com relação ao fornecimento de informações aos consumidores de energia elétrica, o contrato de concessão estabelece como obrigação da concessionária (inciso IX da Cláusula Quinta): “prestar

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Page 1: Nota Técnica n° 0xxx/2015-SRD/ANEEL

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

48554.001198/2015-00

Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL

Em 9 de junho de 2015.

Processo: 48500.002276/2014-21.

Assunto: Situação atual das informações apresentadas na fatura de energia elétrica e discussão de possíveis aprimoramentos.

I. DO OBJETIVO 1. Fundamentar a abertura de Consulta Pública, na modalidade intercâmbio documental, para promover a discussão com consumidores, representantes das distribuidoras de energia elétrica e da sociedade em geral sobre a situação atual das informações apresentadas na fatura de energia elétrica, buscando identificar oportunidades para melhoria e avaliar a necessidade de aprimoramento da regulamentação. II. DOS FATOS 2. Foi emitida em 13 de fevereiro de 1995 a Lei no 8.987, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal e também dá outras providências. Essa Lei define em seu artigo 7o direitos e obrigações dos usuários de serviços públicos que incluem “receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses individuais e coletivos” (inciso II). 3. Os contratos de concessão e de permissão das distribuidoras de energia elétrica também asseguram como direito dos consumidores, sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor): “obter os esclarecimentos sobre dúvidas com a prestação do serviço, bem assim as informações requeridas e consideradas necessárias para defesa dos seus direitos” (inciso II, subcláusula Décima Quinta da Cláusula Segunda, no exemplo do contrato de concessão no 52/99 da Celtins, e inciso II, subcláusula Quinta da Cláusula da Cláusula Sétima, no exemplo do contrato de permissão no 033/2010 da Certel Energia).

4. Ainda com relação ao fornecimento de informações aos consumidores de energia elétrica, o contrato de concessão estabelece como obrigação da concessionária (inciso IX da Cláusula Quinta): “prestar

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

contas aos usuários, anualmente, da gestão do serviço público de distribuição de energia elétrica concedido, fornecendo informações específicas sobre os níveis de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na prestação do serviço e modicidade das tarifas, assegurando ampla divulgação nos meios de comunicação acessíveis aos consumidores da sua área de concessão.” A avaliação da modicidade das tarifas depende do correto entendimento dos custos envolvidos na prestação do serviço e dos valores cobrados dos consumidores.

5. Em vários casos, o contrato de concessão define também algumas informações mínimas ao consumidor a serem apresentadas nas faturas de energia elétrica (inciso IV do Anexo III – Qualidade dos Serviços de Energia Elétrica - ao Contrato de Concessão):

“DEC, FEC, DIC e FIC A Concessionária deverá informar na fatura de energia de cada consumidor:

- os valores médios apurados dos últimos doze meses de DEC e FEC do conjunto ao qual pertence, bem como os limites máximos estabelecidos para o conjunto. - os limites anuais de DIC e FIC da unidade consumidora.

Essas informações deverão constar nas faturas de cada consumidor, que apresentar valor superior a 500 kWh de consumo mensal, e deverá obedecer o prazo de até 12 (doze) meses, após a assinatura do Contrato.”

6. A Resolução Normativa no 414, de 09 de setembro de 2010, que regulamenta as condições gerais do fornecimento de energia elétrica, trata das informações constantes nas faturas nos artigos no 119, 120 e 121. Nesses artigos são definidos um rol de informações obrigatórias, a forma de apresentar algumas delas e outras informações facultadas às distribuidoras incluírem nas faturas sob determinadas condições. 7. Em 22 de novembro de 2011, por meio da Resolução Normativa no 464, foi aprovado o Módulo 7 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET, atualizado pela última vez pela Resolução Normativa no 657, de 14 de abril de 2015. O submódulo 7.1, que dispõe sobre os procedimentos gerais da estrutura tarifária, define a composição da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição - TUSD e da Tarifa de Energia - TE, disciplina a publicação das tarifas de aplicação homologadas e orienta o agrupamento dos valores faturados correspondente à energia, ao serviço de distribuição, à transmissão, às perdas de energia, aos encargos setoriais e aos tributos.

8. Em 26 de outubro de 2013, foi realizada a Chamada de Projeto de P&D Estratégico no 018/2013 “SIASE - Sistema de Inteligência Analítica do Setor Elétrico”. A peça-central desse sistema é a criação de um Cadastro Nacional de Mercado e Receita, onde as distribuidoras disponibilizarão informações sobre mercado, tarifas e faturas, dentre outros indicadores por unidade consumidora, para diferentes atores consultarem. Um dos objetivos é diminuir a assimetria de informações entre distribuidora e demais partes interessadas e promover a auditoria social. 9. Em 23 de dezembro de 2013, foi aberta a Consulta Pública no 017/2013 que teve como um dos objetivos obter subsídios para os mecanismos de publicidade das informações das interrupções de longa duração nos sistemas de distribuição. Na referida consulta foi proposta alteração das informações relacionadas às interrupções de longa duração nos sistemas de distribuição que devem constar na fatura.

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10. Em 10 de dezembro de 2013, por meio da Portaria no 2.976, foi aprovada a Agenda Regulatória Indicativa da ANEEL 2014-2015, constando, dentre outras atividades, o item 19 – “Aprimorar e a Resolução Normativa no 414/2010 em relação à: iii) informações constantes na fatura;”, confirmado na Agenda Regulatória para o biênio 2015/2016 (item 19).

11. Em 02 de abril de 2014, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro – MPF/RJ1 encaminhou correspondência recomendando tornar obrigatória a inclusão nas faturas de energia elétrica do histórico de consumo da respectiva unidade consumidora referente aos últimos 13 ciclos de faturamento. 12. Em 15 de abril de 2014, por meio do Ofício-Circular no 003/2014-SRC/ANEEL, solicitou-se a todas as concessionárias e permissionárias de distribuição exemplos de faturas reais que ilustrassem cada uma das modalidades tarifárias e mais 17 situações particulares de faturamento. Foi solicitado também que as distribuidoras fornecessem informações sobre o seu processo de faturamento e impressão das faturas, tais como: sistema computacional utilizado, tipo de formulário, número de linhas disponíveis na área de itens da fatura, custo médio de impressão etc. 13. Na mesma época, a ABRADEE e diversos consumidores questionaram o repasse do custo do ICMS incidente sobre subvenções econômicas, decorrente da mudança da sistemática de custeio de diversos descontos tarifários introduzidas pelo Decreto no 7.891, de 23 de janeiro de 2013. A partir dos exemplos de faturas que foram encaminhados e das análises realizadas, ficaram evidentes dificuldades para se entender os valores cobrados, em especial aqueles relacionados a tributos.

14. Em 21 de outubro de 2014, a Votorantim Energia enviou correspondência à ANEEL2, listando sugestões de aprimoramentos regulatórios. Uma das sugestões era a maior padronização do conteúdo das faturas, ilustrada por meio de exemplos de faturas de cinco distribuidoras, e outra a opção de disponibilização das informações por meio de arquivo eletrônico. Sugestões de outros agentes na mesma linha já haviam sido recebidas pela Agência anteriormente.

15. Em dezembro de 2014, em virtude da extinção da Superintendência de Regulação dos Serviços Comerciais – SRC, o assunto passou a ser tratado pela Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD.

1 SIC no 48576.000188/2014-00. 2 SIC no 48513.034626/2014-00.

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III. DA ANÁLISE 16. Nessa seção é apresentado um panorama da percepção do consumidor quanto à situação atual das informações apresentadas nas faturas de energia elétrica, obtido a partir da análise de dados da Ouvidoria Setorial, da pesquisa do Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor - IASC e de demandas específicas que chegaram ao conhecimento da ANEEL. São examinadas também restrições impostas pela legislação comercial, tributária e de defesa do consumidor. 17. Na sequência, discutem-se aspectos regulamentares dentro da competência da ANEEL e apresentam-se paradigmas e conceitos que devem ser reavaliados na busca de uma maior efetividade na comunicação com os consumidores.

18. A análise conclui com a proposta de uma arquitetura genérica de implementação e um rol, não exaustivo, de questões para as quais se esperam contribuições. III.1 Das Necessidades de Informação do Consumidor

19. O principal objetivo da popular conta de energia elétrica, que, tecnicamente é uma nota fiscal-fatura, é informar o consumidor sobre o valor que deve ser pago à distribuidora e possibilitar a arrecadação. Ao longo dessa nota técnica, o termo fatura de energia elétrica é utilizado como sinônimo de conta de energia elétrica, que combina as funções de fatura e de nota fiscal, as quais serão explicadas mais adiante, no subitem Considerações sobre aspectos legais fora da competência da ANEEL. 20. Para ser efetiva, a fatura deve permitir ao consumidor identificar claramente os produtos e serviços constantes da fatura, assim como os respectivos preços e quantidades. É importante deixar claro desde já que a complexidade do sistema tributário brasileiro, que leva a ANEEL a publicar as tarifas homologadas sem incluir os tributos indiretos ICMS e PIS/COFINS, representa um desafio adicional para que o consumidor consiga verificar se o valor cobrado está correto ou não.

21. Outro desafio ao entendimento do consumidor é a complexidade do setor elétrico e do próprio cálculo tarifário. Mas nesse campo, a Agência tem mais espaço para atuar, pois é da sua competência regulamentar os procedimentos tarifários e comerciais das distribuidoras, bem como fiscalizá-los. Oportunidades para melhoria dentro desse campo de atuação são o foco da presente proposta de consulta pública. III.2 Das Informações apresentadas na Fatura de Energia Elétrica 22. Do ponto de vista da regulamentação do setor elétrico, as informações obrigatórias que a fatura de energia elétrica deve conter, estão definidas no inciso I e no §4º do art. 119 da REN no 414/2010, transcritos a seguir:

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Fl. 5 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

“Art. 119. A fatura de energia elétrica deve conter: I – obrigatoriamente: a) nome do consumidor; b) número de inscrição no CNPJ, CPF ou RANI; c) código de identificação da unidade consumidora; d) classe e subclasse da unidade consumidora; e) endereço da unidade consumidora; f) números de identificação dos medidores de energia elétrica ativa e reativa e respectivas constantes de multiplicação da medição; g) datas e registros das leituras anterior e atual dos medidores, e a data prevista para a próxima leitura; h) data de apresentação e de vencimento; i) grandezas e respectivos valores relativos aos produtos e serviços prestados, discriminando-se as tarifas aplicadas em conformidade com as Resoluções Homologatórias publicadas pela ANEEL; j) valor total a pagar; k) aviso de que informações sobre as condições gerais de fornecimento, tarifas, produtos, serviços prestados e tributos se encontram à disposição dos consumidores, para consulta, nos postos de atendimento da distribuidora e na página da internet, quando houver; l) valores correspondentes à energia, ao serviço de distribuição, à transmissão, às perdas de energia, aos encargos setoriais e aos tributos, conforme regulamentação específica, aos consumidores do grupo B e aos consumidores do grupo A optantes pelas tarifas do grupo B; m) número de telefone da central de teleatendimento, da ouvidoria, quando houver, e outros meios de acesso à distribuidora para solicitações ou reclamações, em destaque; n) número de telefone da central de teleatendimento da agência estadual conveniada, quando houver; e o) número da central de teleatendimento da ANEEL. [...]

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Fl. 6 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

§ 4o A distribuidora deve informar na fatura, de forma clara e inteligível, os seguintes dados: I – nome do conjunto ao qual pertence a unidade consumidora; II – limites mensais, trimestrais e anuais definidos para os indicadores de continuidade individuais; III – valores mensais apurados para os indicadores de continuidade individuais (DIC, FIC e DMIC); IV – valor mensal do encargo de uso do sistema de distribuição; V – período de referência da apuração; VI – eventuais créditos a que o consumidor tenha direito, conforme previsto nos arts. 151 e 152, assim como quando ocorrer violação dos limites de continuidade individuais, relativos à unidade consumidora de sua responsabilidade; VII – a mensagem: “UNIDADE CONSUMIDORA CADASTRADA PARA AVISO PREFERENCIAL”, quando se tratar de unidade consumidora devidamente cadastrada junto à distribuidora para recebimento de aviso de forma preferencial e obrigatória, nos casos em que existam pessoas usuárias de equipamentos de autonomia limitada, vitais à preservação da vida humana e dependentes de energia elétrica; VIII – valor da tensão de fornecimento do sistema no ponto de entrega e os respectivos limites adequados, expressos em volts (V), para unidades consumidoras atendidas em tensão igual ou inferior a 2,3 kV; e IX – valor da tensão contratada e os respectivos limites adequados, expressos em volts (V) ou quilovolts (kV), para unidades consumidoras atendidas em tensão superior a 2,3 kV.”

23. O mesmo art. 119 da REN no 414/2010, em seu inciso II e no §5º, define ainda um rol de informações específicas a serem apresentadas sempre que pertinentes:

“Art. 119. A fatura de energia elétrica deve conter: [...] II – quando pertinente: a) multa por atraso de pagamento e outros acréscimos moratórios individualmente discriminados; b) valor monetário equivalente ao desconto recebido; c) data e hora da ultrapassagem de demanda, quando viável tecnicamente;

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d) indicação de cada fatura vencida e não paga, a ser incluída até o segundo ciclo de faturamento subsequente, enquanto permanecer o inadimplemento, informando o mês e o correspondente valor das 6 (seis) faturas mais antigas, no mínimo; e) indicação de faturamento realizado nos termos dos arts. 85, 86, 87, 90, 111, 113 e 115, e o motivo da não realização da leitura; f) percentual do reajuste tarifário, o número da Resolução que o autorizou e a data de início de sua vigência, na primeira fatura que incidir os efeitos da Resolução Homologatória da revisão ou reajuste tarifário; g) declaração de quitação anual de débitos, nos termos do art. 125; h) valor da Contribuição para custeio do Serviço de Iluminação Pública (CIP); e i) valor, número da parcela e número total de parcelas nos termos dos arts. 113, 115 e 118; [...] § 5o Tratando-se de unidade consumidora classificada em uma das Subclasses Residencial Baixa Renda, deve constar na fatura: I – a tarifa referente a cada parcela do consumo de energia elétrica; e II – em destaque, no canto superior direito, que a Tarifa Social de Energia Elétrica - TSEE foi criada pela Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002.”

III.2 Da Percepção do Consumidor sobre a Fatura de Energia Elétrica

24. A fatura de energia elétrica, ainda hoje, é o principal canal de comunicação com os consumidores. Ela é o meio pelo qual se toma conhecimento dos serviços prestados, das quantidades consumidas e do valor a ser pago por cada item da fatura. Desta feita, conhecer o volume e a natureza dos questionamentos feitos a partir e/ou sobre as informações apresentadas nas contas de energia elétrica nos dá uma boa noção da relevância de tais informações para os consumidores, da efetividade do que é apresentado, seja por questão de conteúdo ou forma, e também de possíveis lacunas. 25. Com os objetivos descritos no parágrafo anterior, foram analisados os pedidos de informação e reclamações registrados na Ouvidoria Setorial ao longo dos últimos cinco anos. Todas as solicitações estão registradas no Sistema de Gestão de Ouvidoria – SGO, cujos dados consolidados foram acessados por meio do ambiente analítico interno da ANEEL (Sistema de Apoio à Decisão – SAD). As Figuras 1 e 2 apresentam os quantitativos daquelas solicitações que tomaram por base e/ou diziam respeito a informações apresentadas na fatura, e também sobre a própria fatura, o pagamento e o processo de apresentação/envio. É apresentado ainda quanto esses totais representam do total de solicitações ano a ano.

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Fl. 8 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Figura 1 – Pedidos de informação relacionados à fatura na Ouvidoria Setorial.

Figura 2 – Reclamações relacionadas à fatura na Ouvidoria Setorial. 26. O número de pedidos de informação relacionados à fatura e a informações nela contidas, após três anos seguidos de queda, teve um aumento significativo em 2014: cerca de 25%. Não obstante, a participação relativa desses tipos de pedidos de informação no total manteve-se estável e próxima a 30%. O número de reclamações, por sua vez, aumentou ano a ano desde 2010 e no ano de 2014 também teve um aumento significativo: um pouco acima de 28%. No entanto, ao longo do mesmo período, o que este número representa em termos do total sofreu uma redução, ainda que suave: de 30% em 2010 para 27% em 2014.

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Fl. 9 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Esses números traduzem a relevância que as faturas e as informações nelas contidas têm para os consumidores. 27. As classificações consideradas no levantamento realizado3 estão demonstradas nas Figuras 3 e 4, bem como os quantitativos referentes ao ano de 2014.

Figura 3 – Detalhamento dos pedidos de informação relacionados à fatura na Ouvidoria Setorial em 2014.

3 Tipologias Pedidos de Informação

1º nível: “Informação”

2º nível: apresentadas na Figura 3.

Tipologias Reclamações

1º nível: “Reclamações”

2º nível: “Cobrança”, “Faturamento” e “Serviços Comerciais”

3º nível: apresentadas na Figura 4.

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Fl. 10 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

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Figura 4 – Detalhamento das reclamações relacionadas à fatura na Ouvidoria Setorial em 2014. 28. Em função dos dados apresentados, percebe-se que a grande maioria das reclamações é motivada por variações no consumo (i.e. na quantidade) as quais o consumidor entende não ter dado causa (classificação “Variação de consumo/Consumo Elevado/Erro Leitura”) e/ou pela cobrança de um valor que não estaria corretamente associado ao consumo real, solicitações estas que costumam aparecer sob as classificações “Valores Mínimos Faturáveis”, “Faturamento por Média” ou “Cobrança Indevida”. 29. Apenas a título ilustrativo, selecionamos algumas solicitações que são apresentadas a seguir na forma que constam do Sistema de Gestão de Ouvidoria - SGO:

a) “Boa noite, seguindo o histórico de consumo da conta, desde junho de 2012 que esta residência não passa de 2 kWh, tendo seus pico alcançado em março de 2013 apenas 5 kWh e todos os meses chega uma fatura de pelo menos R$ 9,00. Se valor do kWh é de "hoje" R$ 0,31127 como impresso na fatura, porque eu como consumidor, devo pagar um valor que não corresponde ao mesmo? Fica registrada minha insatisfação dos últimos 12 meses de cobrança indevida para um imóvel sem morador e aguardando uma resposta convincente.”

b) “Variação de Consumo Consumo medido não corresponde ao consumo real da unidade consumidora, na fatura de referência outubro/2014 e vencimento em novembro/2014 houve um aumento exorbitante. Data da formalização da reclamação na distribuidora: 28/10/2014. Número de protocolo registrado na distribuidora: 110799186. Resposta da distribuidora: Indeferiu o pedido. Obs. Consumidor informa que no mês de setembro/2014

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Fl. 11 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

houve um consumo de 370kw e a fatura veio com um valor de R$ 227,49, porém no mês de outubro o consumo foi de 380Kw e o valor veio R$269,11. Não concordando com a variação, quando manteve contato com a distribuidora a mesma informou que são os valores variáveis mensais do PIS/COFINS. (palavras do consumidor).”

c) "Nos últimos 3 meses minha medição foi feita por leitura estimada sem que nenhum aviso formal fosse dado, exceto pelas letras miúdas no rodapé da fatura. Por desconhecer tal informação vinha pagando minha conta sem preocupações futuras. Porém acabo de receber uma nova fatura com valor abusivo e justificativa de que nesta conta estavam leituras retroativas. Liguei para a concessionária em busca de informações e me falaram que estavam baseados em uma resolução da Aneel. Perguntei porque a medição não foi feita já que meu prédio é novo, não está em área de risco e tem portaria 24h e não souberam informar. Questionei a falta de aviso sobre uma cobrança tão acima da média e disseram que além do retroativo estava adicionado 29% de imposto pois excedi o limite de consumo. Enfim, a concessionária fica sem medir meu relógio durante 3 meses (antes conseguiam acesso normalmente, estranho não?), não manda um aviso explicando a situação, cobra retroativo sem mais nem menos e eu ainda pago 29% de imposto por conta disso! Isso é correto? O consumidor deve ser lesado dessa forma sem ter culpa alguma? Aguardo um retorno antes de acionar o Juizado de Pequenas Causas. Att [nome do consumidor] Resultados esperados: Espero a suspensão da cobrança excedente e de todos os ônus causados (tributos).”

30. Dúvidas e questionamentos com relação ao preço também são frequentes e estão relacionados a duas questões principais: (i) o fato de a ANEEL homologar as tarifas de fornecimento sem incluir os tributos indiretos PIS/Pasep, Cofins e ICMS; e (ii) o preço final por kWh variar mês a mês. 31. As alíquotas efetivas aplicáveis do PIS/Pasep e da Cofins na sistemática não-cumulativa, por exemplo, podem variar mês a mês, pois dependem dos créditos decorrentes dos valores do PIS/Pasep e da Cofins embutidos nos preços pagos pelos seus insumos. As resoluções homologatórias dos reajustes e revisões tarifárias autorizam explicitamente a inclusão, no valor total a ser pago pelo consumidor, das despesas do PIS/Pasep e da Cofins efetivamente incorridas pela distribuidora no exercício da atividade de distribuição de energia elétrica. Em função de eventual variação mensal da alíquota efetiva do PIS/Pasep e da Cofins, bem como da defasagem entre o valor pago pela distribuidora e o correspondente valor repassado para o consumidor em determinado mês, as distribuidoras também estão autorizadas a compensar essas eventuais diferenças no mês subsequente.

32. Já o ICMS, por ser um tributo de competência estadual, possui alíquotas e regras diferenciadas por estado da federação para aplicação ao consumo final de energia. Existem, inclusive, estados que definem alíquotas progressivas por faixa de consumo. Nesses casos, o preço final que o consumidor tem que pagar pelo kWh é diferente para cada faixa de consumo.

33. Novamente, apenas a título ilustrativo, selecionamos algumas solicitações reais relacionadas às duas questões mencionadas:

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a) “Desde que o governo anunciou que diminuiria as tarifas elétricas, a [distribuidora] tem aumentado MENSALMENTE sua tarifa, sendo que ela só pode aumentar uma vez por ano mediante autorização da Aneel. Houve aumento do kwh no meses de junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2012. Nesse período, o kwh passou de 0,4482 (maio/2012) a 0,56655 (dezembro/2012). Peço averiguação, pois isso me parece irregular. Resultados esperados: Resposta se esses repetidos aumentos são legais ou se a empresa está tentando burlar a diminuição das tarifas anunciadas pelo governo.”

b) “O valor do kWh cobrado na minha conta que é de R$ 0,53002 pela operadora de energia [distribuidora] está superior a tabela de cobrança da mesma vinculada na ANEEL, deste Maio de 2012 que tenho verificado e sempre vem valores diferentes da tabela da ANEEL, gostaria de ser ressarcido das diferenças cobradas e que fosse verificado o porque desta irregularidade esta acontecendo mensalmente em minha conta de energia, deste já agradeço a atenção! Resultados esperados: Ressarcimento das diferenças cobradas e regularização das taxas cobradas.”

c) “Olá, moro [cidade, estado], e venho acompanhando um aumento na cobrança do kWh em minha fatura desde novembro de 2013 a janeiro de 2014. A concessionário em pauta é a [distribuidora], e o meu código do cliente com ela é o [#uc]. No mês de novembro de 2013, esta concessionário me cobrou R$0,41218 pelo kWh. No mês seguinte, dezembro, ela cobrou R$0,41246. Já no mês de janeiro de 2014, ela cobra R$0,43404 pelo kWh. Mês a mês percebo o aumento que mesmo sendo pouco, não está em conformidade com as tarifas fixadas na página web da Aneel, que me informa que esta concessionária deveria cobrar R$0,32874. Estou me sentindo enganado e roubado, por isso entro em contato em busca de ajuda, e também para que medidas sejam tomadas contra esta concessionária, caso ela esteja cobrando valores indevido. Desde já agradeço a atenção a minha mensagem. Resultados esperados: Espero receber de volta todo valor pago a mais de acordo com a Lei brasileira, desde do início em que a concessionária me prestou o fornecimento, e que o valor do kWh seja corrigido na minha conta.”

34. Cabe apontar também que há um número significativo de reclamações relacionadas ao processo de apresentação/entrega da fatura: em 2014 as concessionárias de distribuição totalizaram 4.308 reclamações (correspondente às classificações “Apresentação e Entrega de Faturas” e “2a Via da Fatura”). 35. Os resultados das pesquisas para determinação do Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor – IASC também fornecem elementos importantes para se avaliar a relevância das informações apresentadas na fatura e da efetividade do que é apresentado, traduzida pelo grau de satisfação do consumidor. 36. O modelo do IASC é composto de cinco variáveis: Qualidade Percebida, Valor, Satisfação, Confiança e Fidelidade. Cada variável é composta por uma série de perguntas, que são agrupadas em itens. Dentro do item Informações ao Cliente da variável Qualidade Percebida, foram analisadas as respostas a duas perguntas, diretamente relacionadas à efetividade do que é apresentado nas faturas: (i) Segurança no valor cobrado, ou seja, confiabilidade na leitura do consumo realizado pela concessionária / permissionária e conta sempre correta; e (ii) Detalhamento das contas, ou seja, informação adequada / detalhada na conta.

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Fl. 13 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

37. A segurança no valor cobrado depende das informações disponibilizadas e do entendimento dessas informações, ainda que outros fatores também afetem a percepção do consumidor quanto a conta estar correta ou não, como a credibilidade das distribuidoras junto aos consumidores. A percepção do consumidor quanto ao detalhamento das contas está diretamente relacionada à satisfação de suas necessidades e expectativas quanto à conta de energia elétrica, que variam conforme o perfil do consumidor. Lembramos que a pesquisa do IASC para as concessionárias, se restringe aos consumidores residenciais, e para as permissionárias, é preferencialmente realizada com consumidores residenciais.

38. Analisando o resultado do IASC 2014 para as 63 concessionárias de distribuição, fica evidenciada uma significativa correlação entre as perguntas Segurança no Valor Cobrado e Detalhamento das Informações na Fatura: percentual de explicação da ordem de 75% (R2 = 0,7555). Em termos da Segurança no Valor Cobrado percebe-se um número expressivo de distribuidoras avaliadas apenas como “regular” (i.e. na faixa de 40 a 60% da escala ajustada), além de uma variância muito grande entre as avaliações de cada concessionária: mínimo de 41% e máximo de 86%.

39. Apesar da média para a pergunta Detalhamento das Informações na Fatura ser um pouco mais elevada (72% contra 64% para Segurança no Valor Cobrado), a variância também é grande, com pelo menos 13 concessionárias na fronteira do desempenho regular (60%). A variância observada para a pergunta Detalhamento das Informações na Fatura sugere que os itens obrigatórios e demais comandos da Resolução no 414/2010 não são suficientes para assegurar um desempenho uniforme e pelo menos “bom” (>= 70%) em todas as distribuidoras. Com relação a esses temas, a Figura 5 ilustra os resultados do IASC 2014 para as concessionárias.

40. No caso das permissionárias, que começaram a ser avaliadas para o IASC iniciando em 2014, a situação é semelhante. O percentual de explicação entre as duas variáveis é da mesma ordem: R2 = 0,7235. As médias são um pouco mais elevadas: 73% para Segurança no Valor Cobrado e 80% para Detalhamento das Informações na Fatura. Mas a variância observada para a pergunta Detalhamento das Informações na Fatura é maior para as permissionárias, reforçando a percepção de que o disposto na Resolução no 414/2010 não é suficiente para assegurar um desempenho uniforme e pelo menos bom (>= 70%) em todas as permissionárias. Com relação a esses temas, a Figura 6 ilustra os resultados do IASC 2014 para as permissionárias.

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Fl. 14 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Figura 5 – Perguntas selecionadas IASC 2014 – Concessionárias.

Figura 6 – Perguntas selecionadas IASC 2014 – Permissionárias.

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Fl. 15 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

41. A partir da Figura 7, analisando-se a evolução das médias das concessionárias para as duas perguntas selecionadas, percebe-se um comportamento errático a partir de 2010, após um período inicial de piora (2003-2006) e outro de certa estabilidade num patamar melhor (2007-2009). Destaca-se que não houve IASC no ano de 2011, em função de problemas com a pesquisa, e que a metodologia também sofreu ajustes nesse período pós-2010.

Figura 7 – Evolução da média das concessionárias para perguntas selecionadas do IASC. III.3 Dos Aspectos Legais além da Competência da ANEEL

42. Para delimitar o espaço de atuação da ANEEL, é necessário entender, principalmente, as restrições impostas pela legislação comercial, tributária e de defesa do consumidor, o que é feito a seguir. Conforme já mencionado anteriormente, a conta de energia elétrica é de fato, tecnicamente, uma nota fiscal-fatura, ou seja, cumpre as funções características de fatura e de nota fiscal. 43. Uma fatura é um documento de natureza contratual que espelha a operação de compra e venda de mercadorias ou prestação de serviços. Em geral, só é emitida para pagamentos ainda não efetuados (vendas a prazo ou contra apresentação). Por conter discriminados todos os itens comprados na operação, a fatura também é usada como controle. As faturas, como regra, não possuem um formato padrão, salvo no caso de regulamentação específica (e.g. faturas que instruem uma declaração de importação precisam conter as informações definidas no art. 557 do Regulamento Aduaneiro). 44. Uma nota fiscal, como o próprio nome sugere, é um documento fiscal obrigatório emitido pelos contribuintes do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e/ou Imposto sobre Operações relativas à

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS (Convênio SINIEF S/N de 15 de dezembro de 1970).

45. No caso específico do setor elétrico, o Convênio SINIEF 06/89, de 02 de março de 1989, define a Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica, modelo 6, a ser utilizada por qualquer estabelecimento que promova saída4 de energia elétrica. Nesse convênio, constam como requisitos para a conta de energia elétrica:

“Art. 6º O documento referido no artigo anterior conterá, no mínimo, as seguintes indicações: I - a denominação: “Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica”; II - a identificação do emitente: o nome, o endereço, e inscrição estadual e no CGC; III - a identificação do destinatário: o nome, o endereço e os números de inscrição, estadual e no CGC, se for o caso; IV - o número da conta; V - as datas da leitura e da emissão;

Redação original, efeitos até 30.05.89. V - as datas da leitura e da apresentação ao destinatário;

VI - a discriminação do produto; VII - o valor do consumo/demanda; VIII - acréscimos a qualquer título; IX - o valor total da operação; X - a base de cálculo do ICMS (VII e XI); XI - a alíquota aplicável; XII - o valor do ICMS; XIII - o número de ordem, a série e a subsérie; XIV - quando emitida nos termos do Convênio ICMS 115/03, de 12 de dezembro de 2003, a chave de codificação digital prevista no inciso IV da cláusula segunda daquele Convênio ICMS;

4 Pela legislação tributária, a energia elétrica é considerada um produto (e não um serviço) e, nesse caso, o termo saída

refere-se tanto ao fornecimento quanto ao suprimento de energia elétrica.

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Fl. 17 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

§ 1º as indicações dos incisos I, II e XIII serão impressas tipograficamente quando não emitidas por processamento de dados. § 2º A Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica será de tamanho não inferior a 9,0 x 15,0 cm, em qualquer sentido. § 3º Os documentos fiscais deverão ser numerados em ordem crescente e consecutiva, de 1 a 999.999.999, ficando a critério de cada unidade federada, o reinicio da numeração a cada novo período de apuração. § 4º A chave de codificação digital prevista no inciso XIV, deverá ser impressa, no sentido horizontal, de forma clara e legível, com a formatação “XXXX.XXXX.XXXX.XXXX.XXXX.XXXX.XXXX.XXXX”, próximo ao valor total da operação em campo de mensagem de área mínima de 12 cm2, identificado com a expressão “Reservado ao Fisco”. Art. 7º A Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica será emitida, no mínimo em 2 (duas) vias, que terão a seguinte destinação: I - a 1ª via será entregue ao destinatário; II - a 2ª via ficará em poder do emitente para exibição ao Fisco. Parágrafo único A 2ª via poderá ser dispensada, a critério do Fisco estadual, desde que o estabelecimento emitente mantenha, em arquivo eletrônico, os dados relativos a Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica.”;

Redação original, efeitos até 31.12.04. Parágrafo único. A 2ª via poderá ser dispensada, a critério do Fisco estadual, desde que o estabelecimento emitente mantenha em arquivo magnético, microfilme ou listagem, os dados relativos a Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica” .

46. Uma vez que o ICMS é um imposto que cada um dos Estados e o Distrito Federal podem instituir, como determina a Constituição Federal de 1988, a legislação estadual e distrital pode impor requisitos adicionais quanto às informações obrigatórias e ao leiaute das notas fiscais de uma unidade da federação específica. 47. Já o Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990), numa abordagem menos prescritiva, estabelece como direito básico dos consumidores requisitos de efetividade (e não de forma) de informação:

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Fl. 18 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) [grifos nossos] [...]”

48. Mais recentemente, a Lei no 12.741, de 8 de dezembro de 2012, regulamentou o § 5º do artigo 150 da Constituição Federal, o qual estabelece que: “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.” No entanto, somente a partir de 10 de junho de 2014 o descumprimento de suas disposições passou a sujeitar o infrator às sanções previstas no Capítulo VII do Título I da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. 49. A última lei mencionada estabelece que deve constar dos documentos fiscais ou equivalentes emitidos por ocasião da venda ao consumidor de mercadorias e serviços, em todo território nacional, a informação do valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na formação dos respectivos preços de venda. Estabelece ainda que a apuração do valor dos tributos incidentes deverá ser feita em relação a cada mercadoria ou serviço, separadamente, e que, quando se tratar de tributo com alíquota ad valorem (que é o caso do ICMS, do PIS e da COFINS), as informações a serem prestadas serão elaboradas em termos de percentuais sobre o preço a ser pago.

50. Ainda com relação às diferentes instâncias competentes cujas deliberações podem afetar as informações apresentadas nas faturas de energia elétrica, cabe destacar as propostas de tornar obrigatória a veiculação de informações entendidas de utilidade pública de diferentes naturezas. A título de exemplo, consideremos o Projeto de Lei no 463/12 da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que propõe tornar obrigatória para todas as delegatárias de serviços públicos no Estado a divulgação de informações sobre pessoas desaparecidas nas faturas, objeto de consulta da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – ARSESP à ANEEL em 10 de junho de 20145.

51. Independentemente do mérito da proposta em questão, a ANEEL tem se manifestado, no caso da consulta da ARSESP e outras, pela extrapolação das competências do Legislador Estadual ou Municipal ao propor obrigações para delegatárias de serviços públicos cuja competência para regulação é de outro Ente Federativo. Conforme o art. 21 da Constituição Federal, compete à União explorar serviços e instalações de energia elétrica, e serviços de telecomunicações. 52. Ademais, uma vez que o atendimento aos requisitos do art. 119 da REN no 414/2010 não exige recursos gráficos como os necessários para a apresentação de fotografias de pessoas desaparecidas, a concretização da proposta do referido projeto de lei poderia caracterizar a imposição de custos adicionais às distribuidoras. O eventual reconhecimento destes custos adicionais nas tarifas, o que também é de competência da ANEEL, representaria custos adicionais para os consumidores de energia elétrica. III. 4 Dos Aspectos Regulamentares sob Competência da ANEEL 5 SIC no 48513.020575/2014-00.

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Fl. 19 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

53. A máxima de “quanto mais, melhor” não se aplica à informação. No caso das contas de energia elétrica, informação em excesso pode dificultar que o consumidor encontre a informação que deseja ou precisa, produzindo o efeito contrário ao pretendido. O excesso de informações também traz consequências negativas para a aparência da fatura impressa. A fim de que todas as informações caibam no espaço disponível, as distribuidoras tendem a adotar leiautes mais compactados e fontes menores, em especial quando a impressão da fatura é feita no local da leitura com formulários mais estreitos (o chamado “on site billing”), o que também cria dificuldades para muitos consumidores. 54. Além disso, os consumidores possuem perfis distintos no que se refere ao tipo de informação que buscam e as verificações que fazem sobre contas de energia, perfis esses não necessariamente associados à classificação da unidade consumidora. Por exemplo, é de se esperar que consumidores que possuem valores mais elevados a pagar e/ou que variam mês a mês efetuem mais verificações que um consumidor que possua valores a pagar menores e mais estáveis. A título ilustrativo, o resultado de uma pesquisa realizada por uma distribuidora junto a consumidores cativos residenciais apresentou o panorama mostrado na Figura 8:

Figura 8 – Resultado de pesquisa realizada por uma distribuidora junto a consumidores residenciais. 55. Com base nessa mesma pesquisa, percebe-se que o aspecto mais frequentemente verificado pelos consumidores é o valor a ser pago. Caso o valor cobrado seja compatível com o valor esperado pelo consumidor, nenhuma outra informação é verificada. Quando o valor da conta de energia é diferente do esperado pelo consumidor, o consumo de energia (em kW/h) e os tributos são os próximos itens verificados com mais frequência.

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56. A existência de diferentes perfis de consumidores, cada qual com necessidades distintas de informação sugere que alguma flexibilidade é necessária para melhor atendê-los. O caminho para se alcançar essa flexibilidade passa por reavaliar certos paradigmas.

57. O primeiro paradigma que deve ser reavaliado é aquele associado ao tipo de comunicação que se deseja estabelecer com os consumidores. O modelo dominante na regulamentação vigente é o de envio das informações ao consumidor. Esse esquema traz embutida a premissa que o Regulador e a distribuidora têm pleno conhecimento de todas as informações que o consumidor precisa e deseja. A distribuidora assume o papel de sujeito ativo, ao imprimir e encaminhar as faturas para os consumidores (a exceção são aqueles que optaram pelo recebimento da fatura por meio de correio eletrônico).

58. Outro modelo, não necessariamente mutuamente exclusivo, é o da disponibilização das informações. Neste, é o consumidor que inicia o processo (ao buscar acesso às informações que deseja, no momento em que deseja) diretamente a partir do repositório onde a distribuidora disponibilizou todas as suas informações de faturamento. O acesso às informações de faturamento não fica mais limitado ao papel da fatura que o consumidor recebe todo mês. Com a disponibilização das informações em meio eletrônico, em termos práticos, não há mais limitações para a quantidade de informações disponíveis. Com duas formas para se fazer as informações chegarem ao consumidor, é possível pensar numa fatura impressa mais enxuta e objetiva, suplementada por informações que o consumidor possa acessar sempre que sentir necessidade. Com a combinação de ambos os modelos, a expectativa é que o consumidor tenha acesso a um rol maior de informações. A Figura 9 resume as diferenças entre a abordagem atual e a proposta.

Figura 9 - Reavaliação do paradigma do tipo de comunicação com o consumidor.

59. Um exemplo que caracteriza bem o tipo de comunicação que se deseja estabelecer com o consumidor está relacionado aos indicadores de continuidade das interrupções do fornecimento que são informados na fatura. No âmbito da Consulta Pública no 017/2013, o assunto foi discutido, chegando-se à conclusão que os indicadores têm caráter eminentemente técnico, sendo baseados em definições e regras de apuração não compreendidas pela grande maioria dos consumidores.

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60. Dessa forma, foi proposto que fossem apresentadas na fatura apenas a quantidade e a duração das interrupções de longa duração – mantendo-se a apresentação do valor da compensação, conforme exemplo ilustrativo a seguir:

Figura 10: Ilustração das informações de continuidade a serem disponibilizadas na fatura.

61. As informações dos indicadores de continuidade (tanto apuração, quanto limites) e outras previstas em regulamento estariam disponíveis ao consumidor por meio do site da empresa e de outros canais a serem propostos pelas distribuidoras. 62. O segundo paradigma que deve ser reavaliado é aquele associado à periodicidade de comunicação. Um motivo para isso é que algumas das informações que constam da fatura não mudam com periodicidade inferior a 12 meses. Por exemplo, o valor das tarifas homologadas pela ANEEL e as regras de cálculo dos tributos incidentes. As tarifas homologadas sofrem alteração somente no mês de aniversário previsto no contrato de concessão ou de permissão enquanto que alterações na legislação tributária aprovadas em determinado exercício (no caso brasileiro, igual ao ano de calendário) somente começam a valer a partir do próximo exercício. Nessa linha, a composição do preço, informação obrigatória na fatura de energia elétrica desde a Resolução Normativa no 166, de 10 de outubro de 2005, não muda ou muda muito pouco de um mês para o outro dentro do mesmo ano. 63. Outro motivo é que algumas informações têm sua relevância associada ou podem ser necessárias em função de episódios eventuais. Por exemplo, as informações de medição e consumo mensal médio assumem uma relevância maior no primeiro faturamento com leitura após faturamentos pela média. A primeira fatura emitida após uma reclassificação de unidade consumidora que implique em alteração da tarifa aplicável também pode exigir informações adicionais para que o consumidor entenda melhor o impacto da mudança no valor cobrado.

64. A flexibilização da periodicidade de comunicação para, além da fatura mensal, incluir o envio de outros demonstrativos com periodicidades de 12 meses e eventual, combinada com a disponibilização de informações suplementares, aumenta a retenção das informações. Apenas com a fatura impressa, cabe ao consumidor guardá-las para montar um histórico das suas informações de faturamento. Com a proposta flexibilização dos paradigmas, todos os consumidores passam a ter fácil acesso às suas informações históricas, sem precisarem se preocupar em guardar as faturas impressas ou solicitá-las à distribuidora.

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Fl. 22 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

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65. O período de retenção nesse contexto não deve ser confundido com a obrigatoriedade de retenção das informações (incluindo medição) para fins de fiscalização da ANEEL ou da segunda via das faturas de energia elétrica para fiscalização pelo Fisco, que possuem prazos próprios. Cabe destacar também que o envio dos demonstrativos adicionais não precisa ser por meio distinto daquele utilizado para a fatura impressa. É possível, por exemplo, envelopar o demonstrativo com a fatura do mês e encaminhá-los como uma única correspondência. A Figura 10 resume as diferenças entre a abordagem atual e a proposta quanto aos aspectos de periodicidade de comunicação e retenção.

Figura 11 - Reavaliação do paradigma da periodicidade de comunicação com o consumidor. 66. Portanto, a visão dessa Superintendência é que as necessidades de informação dos consumidores podem ser melhores atendidas por meio de uma combinação de múltiplos modelos de faturas mensais, informativos esporádicos e com periodicidade maior que mensal, e canais alternativos para acesso a informações suplementares.

67. Ainda dentro do escopo regulamentar da ANEEL, seria interessante que a avaliação de todas as alterações normativas que afetassem informações apresentadas nas faturas de energia elétrica fosse centralizada na Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição - SRD. A centralização visa favorecer avaliações de impacto regulatório mais abrangentes e efetivas, e a uniformização de critérios para definição dos prazos que as distribuidoras terão para promover alterações. A recente revisão do Módulo 7 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET, aprovada pela Resolução Normativa nº 657/15, por exemplo, gerou dúvidas em vários agentes quanto ao prazo que teriam para implementar as alterações necessárias para passarem a destacar os custos associados às perdas de energia (técnicas e não técnicas) nas contas dos consumidores.

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III.5 Dos Aspectos de Implementação 68. Uma possível arquitetura genérica para suportar as mudanças de paradigma propostas está representada na Figura 11. Destaca-se que estão representadas apenas as interações relacionadas às informações resultantes do processo faturamento e àquelas de suporte aos cálculos, como dados de medição e indicadores de continuidade. Outras interações entre os consumidores e as distribuidoras, como reclamações e pedidos de informação de cunho genérico por meio das centrais de atendimento e ouvidorias, não estão representadas.

Figura 12 – Arquitetura genérica de implementação.

69. Os canais de envio de informações ao consumidor devem incluir, além do serviço postal tradicional e da impressão e entrega on-site, o correio eletrônico e outros meios eletrônicos de comunicação, acessíveis utilizando-se dispositivos computacionais fixos e móveis. A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em 18 de setembro de 20146, revelou que mais da metade (50,1%) dos brasileiros possuem acesso à Internet e que o total de domicílios com computadores subiu de 46,4% para 49,5%, de 2012 para 2013. No Nordeste, as casas com esse equipamento cresceram 14% no período. Dos 32,2 milhões de domicílios brasileiros com computadores em 2013, 28% tinham acesso à Internet7. 70. Os canais de disponibilização devem ser implementados tendo a Internet como base, de forma a permitir o acesso independentemente da localização física. E, de forma a assegurar o acesso universal, complementados, por exemplo, por meio de terminais nos postos de atendimento para uso dos

6 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2013/default.shtm

7 http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-09/quase-metade-dos-domic%C3%ADlios-brasileiros-tem-

computador

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consumidores e da opção de solicitação de informações suplementares também por telefone. A disponibilização de informações suplementares ocorre sempre a partir de uma solicitação do consumidor. 71. Todas as informações disponibilizadas devem ter origem no sistema de faturamento e demais sistemas computacionais transacionais da empresa. Por exemplo, no caso das informações de faturamento, a base de dados utilizada para gerar as faturas e mantida para atender às fiscalizações da ANEEL e do Fisco. A intenção é que não haja simulação ou reprocessamento, mas sim o acesso às informações que foram geradas ao final dos processos transacionais, quando estes ocorreram. 72. O resultado da solicitação do consumidor pode ser múltiplas faturas e/ou informações históricas relativas a múltiplos ciclos de faturamento. Em função disso, o consumidor deve ter a opção de visualizar o resultado na tela ou de recebê-lo na forma de um arquivo eletrônico (por exemplo, no formato eXtensible Markup Language – XML).

73. A mesma plataforma de disponibilização será capaz de atender necessidades de informação da ANEEL reduzindo sensivelmente pedidos de informação ad hoc. A única diferença é que a ANEEL poderá acessar informações de qualquer unidade consumidora. Essa plataforma poderá ser aproveitada também para suprir as necessidades de informação do Cadastro Nacional de Mercado e Receita, atualmente em desenvolvimento no âmbito do Sistema de Inteligência Analítica do Setor Elétrico – SIASE, resultado da Chamada de Projeto de P&D Estratégico no 018/2013.

74. Solicitações que impliquem em custos adicionais comprovadamente relevantes poderão vir a ser cobradas dos consumidores (e.g. informações históricas anteriores a 5 anos e dados de medição mais detalhados que os utilizados para faturamento). Diferentes conjuntos de informações suplementares poderão ser disponibilizadas em função, por exemplo, da classe e da modalidade tarifária da unidade consumidora, desde que respeitado o princípio da isonomia.

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III.6 Das Questões para Contribuições 75. Diante das considerações feitas, com vistas a auxiliar a coleta de subsídios acerca do tema, foram elencadas as seguintes questões:

1. Como se qualifica a quantidade de informações apresentadas na fatura de energia:

( ) Excessiva, necessitando de redução e/ou simplificação;

( ) Adequada, sem necessidade de modificações;

( ) Insuficiente, necessitando de ampliação.

2. Caso considerada excessiva, que informações poderiam ser retiradas e/ou simplificadas?

3. Caso considerada insuficiente, que informações adicionais deveriam ser obrigatórias?

4. Quais são as lacunas e eventuais conflitos da regulamentação da ANEEL quanto ao que deve ser apresentado na fatura?

5. As descrições dos itens de fatura são claras para todos os consumidores ou há necessidade de padronizá-las, incluindo os termos e abreviações a serem utilizados?

6. O tratamento dispensado as pessoas com necessidades especiais garante a acessibilidade aos serviços? Esse aspecto deveria ser regulamentado pela ANEEL?

7. A forma como as faturas são enviadas aos consumidores compromete o sigilo de informações privadas (por exemplo, pela exposição do número completo do CPF e eventuais faturas anteriores em débito)?

8. Com relação à questão ambiental no processo de emissão e entrega de faturas, que tecnologias e/ou procedimentos poderiam reduzir os impactos ambientais? Quais seriam os custos envolvidos?

9. O que seria necessário para a fatura mensal impressa ser substituída de forma ampla por uma fatura eletrônica?

10. Quais meios de pagamento deveriam ser obrigatoriamente disponibilizados aos consumidores?

11. Quais informações relacionadas às interrupções do fornecimento sofridas pelo consumidor devem constar na fatura? E quais informações suplementares relacionadas às interrupções devem estar disponíveis aos consumidores por outros meios?

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Fl. 26 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

IV. DO FUNDAMENTO LEGAL 76. Os principais dispositivos legais aplicáveis ao tema são:

a) Convênio SINIEF no 06/89, de 02 de março de 1989 – define a Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica, modelo 6, a ser utilizada por qualquer estabelecimento que promova saída de energia elétrica;

b) Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor; c) Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 – dispõe sobre o regime de concessão e

permissão da prestação de serviços públicos; d) Contrato de Concessão ou Permissão para Prestação de Serviço Público de Distribuição

de Energia Elétrica; e) Resolução Normativa no 414, de 9 de setembro de 2010 - regulamenta as condições

gerais do fornecimento de energia elétrica e trata das informações constantes nas faturas nos artigos no 119, 120 e 121;

f) Submódulo 7.1 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET; e g) Lei no 12.741, de 8 de dezembro de 2012 – regulamenta o § 5º do artigo 150 da

Constituição Federal, o qual estabelece que: “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.”

V. DA CONCLUSÃO 77. Esta Nota Técnica apresentou um panorama sobre a situação atual das informações apresentadas na fatura de energia elétrica e aspectos passíveis de aprimoramento. Esse diagnóstico fundamentou-se em dados da Ouvidoria Setorial, dados das pesquisas do Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor - IASC, considerações de consumidores e agentes, recomendações de órgãos de controle e contribuições das áreas de fiscalização da própria ANEEL. 78. Os questionamentos e as dúvidas mais recorrentes dos consumidores estão relacionados ao consumo faturado e aos fatos de a ANEEL homologar as tarifas de fornecimento sem incluir os tributos PIS/Pasep, Cofins e ICMS e o preço final por kWh variar mês a mês. Os resultados das pesquisas do IASC indicam que o disposto na Resolução Normativa no 414/2010 não é suficiente para assegurar um desempenho uniforme e pelo menos bom (>= 70%) em todas as distribuidoras, no que se refere à segurança no valor cobrado e ao detalhamento das faturas de energia elétrica. 79. Diante desse cenário e considerando a relevância do tema, a ANEEL busca, por meio desta Consulta Pública, colher subsídios da sociedade com o objetivo de tornar a comunicação das informações de faturamento com os consumidores mais efetiva. Diversas questões foram inseridas de forma a fomentar a discussão e identificar a necessidade de aprimoramento da regulamentação pertinente ou de adoção de outras ações por parte do Regulador.

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Fl. 27 da Nota Técnica n° 0034/2015-SRD/ANEEL, de 09/06/2015.

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

80. Após esta fase de Consulta Pública, a SRD dará encaminhamento às próximas etapas do processo de elaboração de atos normativos, o qual culminará com a abertura de Audiência Pública com a proposta de aperfeiçoamento da regulamentação acerca do tema. VI. DA RECOMENDAÇÃO 81. Recomenda-se que esta Nota Técnica seja disponibilizada para análise e contribuições da sociedade por meio de Consulta Pública, na modalidade intercâmbio documental, com duração de 90 dias.

ANTÔNIO CARLOS M. DE ARAÚJO MAXWELL M. DE OLIVEIRA Especialista em Regulação Especialista em Regulação

SRD SRD

RONALD EDWARD H.-B. DE AMORIM Especialista em Regulação

SRD

De acordo,

CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição