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www.fab.mil.br Ano XXXV Nº 02 Fevereiro, 2012 ISSN 1518-8558 A-1 modernizado faz primeiro voo em março As aeronaves de caça A-1 passa- ram por uma modernização comple- ta, incluindo revitalização estrutural e novos sistemas eletrônicos, entre eles o radar SCP-01. Até 2017, a moderni- zação do projeto AMX prevê a entrega de 43 aeronaves para a Força Aérea Brasileira. Conheça os novos itens da aeronave que passa a ser chamada de A-1M. Leia mais na Pág. 8. SOLIDARIEDADE ARTILHARIA ANTIAÉREA MATERIAL ESCOLAR LIVRO LABORATÓRIO Em 3h15, a equipe médica captou o órgão no Rio de Janeiro e retornou ao Distrito Federal para executar transplante raro de coração infanl. Na luta contra o tempo, a sinergia dos envolvidos venceu mais uma batalha em favor da vida. Leia a história com- pleta na Pág. 5. Descubra o que é necessário para você obter o ressarcimento dessas depesas junto a sua organização mi- litar. Pág. 4. A história do Patrono da Força Aérea é retratada pelo escritor Cosme Degenar. Saiba mais na Pág. 13. A parr de março, o CENIPA recebe novos equipamentos e se aproxima da capacidade de leitura plena. Esta será a terceira fase de implantação do Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo. A montagem do laboratório teve inves- mento de R$ 3 milhões. Pág. 10. Logística da FAB ajuda a salvar a vida de uma criança Caixas-pretas danificadas já podem ser lidas pelo CENIPA no Brasil Avado o primeiro grupo de defe- sa de pontos sensíveis da Força Aérea Brasileira. Pág. 8. 2S JOHNSON / CECOMSAER

Notaer - Fevereiro 2012

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A-1 modernizado faz primeiro voo em marco

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Page 1: Notaer - Fevereiro 2012

www.fab.mil.br Ano XXXV Nº 02 Fevereiro, 2012 ISSN 1518-8558

A-1 modernizado faz primeiro voo em marçoAs aeronaves de caça A-1 passa-

ram por uma modernização comple-ta, incluindo revitalização estrutural e novos sistemas eletrônicos, entre eles o radar SCP-01. Até 2017, a moderni-zação do projeto AMX prevê a entrega de 43 aeronaves para a Força Aérea Brasileira. Conheça os novos itens da aeronave que passa a ser chamada de A-1M. Leia mais na Pág. 8.

SOLIDARIEDADE

ARTILHARIA ANTIAÉREA

MATERIAL ESCOLAR

LIVRO

LABORATÓRIO

Em 3h15, a equipe médica captou o órgão no Rio de Janeiro e retornou ao Distrito Federal para executar transplante raro de coração infanti l. Na luta contra o tempo, a sinergia dos envolvidos venceu mais uma batalha em favor da vida. Leia a história com-pleta na Pág. 5.

Descubra o que é necessário para você obter o ressarcimento dessas depesas junto a sua organização mi-litar. Pág. 4.

A história do Patrono da Força Aérea é retratada pelo escritor Cosme Degenar. Saiba mais na Pág. 13.

A parti r de março, o CENIPA recebe novos equipamentos e se aproxima da capacidade de leitura plena. Esta será a terceira fase de implantação do Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo. A montagem do laboratório teve inves-ti mento de R$ 3 milhões. Pág. 10.

Logística da FAB ajuda a salvar a vida de uma criançaCaixas-pretas danificadas já podem ser lidas

pelo CENIPA no Brasil

Ati vado o primeiro grupo de defe-sa de pontos sensíveis da Força Aérea Brasileira. Pág. 8.

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O jornal NOTAER é uma publicação men-sal do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), voltado ao público interno.

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe da Divisão de Apoio à Comunicação: Coronel Aviador João Tadeu Fiorenti ni

Chefe da Divisão de Comunicação Inte-grada: Coronel Aviador Antonio Pereira da Silva Filho

Chefe da Subdivisão de Produção e Divul-gação: Tenente Coronel Aviador Alexandre Emílio Spengler

Chefe da Agência Força Aérea: Tenente Coronel Aviador Alexandre Emílio Spengler

Chefe da Seção de Divulgação: Major Aviador Rodrigo José Fontes de Almeida

Tiragem: 30.000 exemplares

Jornalista Responsável: Tenente Jussara Peccini (MTB 01975-SC)

Repórteres (JOR): Tenente Alessandro Silva, Tenente Marcia Silva, Tenente Flávio Nishimori, Tenente Humberto Leite, Te-nente Gabriela Hollenbach (BAFL), Tenente Raquel Sigaud (CENIPA), Tenente Carla Dieppe e Tenente Jussara Peccini

Colaboradores: CIAER e SISCOMSAE (tex-tos enviados ao CECOMSAER, via Sistema Kataná, por diversas unidades)

Diagramação, Arte e Infográfi cos: Subofi -cial Cláudio Bonfi m Ramos, Sargento Rafael da Costa Lopes e Cabo Lucas Maurício Alves Zigunow

Revisão: Tenente REP Talita Vieira Lopes e Subofi cial Cláudio Bonfi m Ramos

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencio-nada a fonte.

Comentários e sugestões de pauta sobre aviação militar devem ser enviados para: [email protected]

Esplanada dos Ministérios - Bloco “M” - 7º andar CEP - 70045-900Brasília - DF

ExpedienteCARTA AO LEITOR

PENSANDO EM INTELIGÊNCIA

Sociedade da Informação e Guerra CibernéticaA chamada sociedade da infor-

mação, altamente alicerçada em complexos sistemas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), de-terminou uma profunda mudança na estrutura e nas ações desenvolvidas pelas pessoas e organizações.

A telemáti ca (telecomunicações e informáti ca) eliminou as fronteiras existentes entre os Estados, propi-ciando uma verdadeira fusão das sociedades mundiais com a rede de computadores. Agora, a informação está capilarizada mundialmente por meio da infovia, levando a sociedade hodierna a uma crescente dependên-cia das redes informati zadas.

Nesse senti do, a capacidade de transferência de imensas quanti da-des de informação entre quaisquer pontos do planeta está alteran-do significativamente a noção de soberania, na medida em que a autoridade suprema de um Estado já não se encontra adstrita ao seu espaço físico, ampliando-se agora aos limites do espaço cibernético. No mundo moderno, as ameaças à

segurança nacional são cada vez mais onipresentes. Assegurar, portanto, a disponibilidade e integridade das redes de dados tornou-se um dos objeti vos da segurança nacional dos países desenvolvidos, visto que todos dependem de TIC para garanti r a con-ti nuidade das ati vidades humanas e organizacionais.

Assim, pode-se afi rmar que, com mais ênfase, a parti r da década de 90, a evolução dos sistemas de TIC trans-formou a arena cibernéti ca em um espaço de combate multi dimensio-nal, que estende o campo de batalha convencional para o domínio virtual, onde as infraestruturas críti cas na-cionais estão expostas a ameaças signifi cati vas.

Nessa esteira, as organizações militares, igualmente, têm procurado acompanhar a “revolução tecnológi-ca” das áreas de telecomunicações e de informáti ca, como uma solução para o alcance da melhor eficácia gerencial, seja na área administrati va ou operacional. Consequência disso é que a guerra moderna encontra-

-se umbilicalmente dependente dos sistemas de TIC.

Assim, é possível empregar fer-ramentas cibernéti cas que exploram as vulnerabilidades desses sistemas, com distintas finalidades. Particu-larmente, a aplicação militar dessas ferramentas com o fi to de ampliar a capacidade operacional de uma força armada é denominada por Guerra Cibernéti ca.

Portanto, as modernas organi-zações da sociedade da informação estão diante de um paradoxo inte-ressante, pois, se por um lado os sistemas de TIC melhoram e oti mizam substancialmente o desempenho or-ganizacional e operacional, por outro lado também acrescentam novos riscos ao próprio desempenho, com o aparecimento de vulnerabilidades que expõem os sistemas cibernéti cos a toda sorte de ataques, tais como simples vandalismo, crimes, terro-rismo, ações de espionagem ou de guerra cibernéti ca.

(Centro de Inteligência da Aero-náuti ca)

O novo status do A-1M

A modernização do projeto AMX dá novo fôlego para a defesa da so-

berania nacional. Com a revitalização, a aeronave de caça volta a ocupar o status de principal vetor estratégico da Força Aérea Brasileira. O primeiro voo, programado para março, é só o começo de um processo que prevê a entrega de 43 aeronaves até 2017. O A-1M é a arma que projeta o poder bélico do Brasil em grandes distâncias e alta velocidade.

Nesta edição do Notaer, você vai conhecer os detalhes da revitaliza-ção da aeronave e outros exemplos do domínio de novas tecnologias a serviço do Brasil. Na área de inves-

ti gação de acidentes aeronáuti cos, por exemplo, o CENIPA se destaca na América Lati na. Com a aquisição dos novos equipamentos, o laboratório

passa a ter condições de ler também caixas-pretas danifi cadas.

Em fevereiro, o Notaer destaca a ati vação do primeiro grupo de defesa anti aérea em Canoas, unidade decisi-va para a defesa de pontos sensíveis contra vetores aeroespaciais hosti s. Todo este aparato eleva nossa atuação operacional. Porém, o que poucos conhecem é que, com frequência, parti cipamos de outra guerra. A bata-lha contra o relógio para salvar vidas, como é o caso da pequena Larissa.

Boa leitura!

Brig Ar Marcelo Kanitz DamascenoChefe do CECOMSAER

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Impressão e Acabamento:

Log & Print Gráfi ca e Logísti ca S.A

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Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito Comandante da Aeronáuti ca

PALAVRAS DO COMANDANTE

Um salto operacional

Desde 1953, quando a Força Aérea Brasileira iniciou as operações de

Asas Rotati vas, tornou-se inegável a versati lidade e a possibilidade de em-prego do poder aéreo que os helicóp-teros oferecem. Agora, a revitalização das plataformas operacionais, a parti r da incorporação dos modelos H-36 Caracal, AH-2 Sabre e H-60 BlackHawk à frota, permite escrever um novo capítulo na operacionalidade da força como uma valiosa arma para a defesa dos interesses do país.

Na guerra, o helicóptero é o res-ponsável por perpetuar o combate. Dispensa pistas de pouso e possui a fl exibilidade de movimentação neces-sária para obter vantagem em áreas hosti s. Além da verdadeira vocação de resgate em combate, tem condi-ções de realizar o que prati camente todas as demais aviações executam: transporte, escolta, ataque, intercep-tação e patrulha aérea de combate.

A capacidade de operar em áreas remotas foi incrementada, entre ou-tros, com o emprego de equipamen-tos de visão noturna (NVG), técnicas de navegação entre obstáculos (NOE), potencialidade do emprego de arma-mentos, sistemas de autodefesa e sensores de consciência situacional. O conjunto da força ganha com a possibilidade de um helicóptero apto a interceptar aeronaves de baixa per-formance, tornando-se um elo efeti vo do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA).

Em tempo de paz, são outras as missões que nos fazem lembrar do rotor dos motores. Signatário dos acordos internacionais de Busca e Salvamento, o Brasil confi ou à FAB a missão de salvar vidas. Foi assim que esta aviação passou a prestar um ser-viço inesti mável ao país, conduzindo para a segurança pessoas em perigo, na terra e no mar. É esta a imagem que está consolidada na memória dos

brasileiros: helicópteros pousando em áreas inóspitas nos momentos de calamidade pública – em deter-minadas situações, o único meio de resgatar vidas.

Graças ao esforço profissional dos que nos antecederam, podemos vivenciar um salto operacional na Aviação das Asas Rotati vas. Com a dis-ponibilidade de vetores de qualidade, a experiência das equipes pode ser mensurada nas inúmeras missões que os esquadrões, distribuídos estrategi-camente pelo Brasil, desempenham.

A chegada do EC-725, na FAB denominado de H-36, que já opera no Esquadrão Falcão, em Belém (PA), também representa um período de transformação para a indústria aero-náuti ca nacional. As primeiras unida-des entregues às Forças Armadas no fi nal de 2010 representam a aquisição de um pacote tecnológico. O equipa-mento coloca o país em posição de destaque ao dispor de capacidade de reabastecimento em voo.

Como projeto concebido especifi -camente para a guerra, o russo AH-2 Sabre, já à disposição do Esquadrão Poti , em Porto Velho (RO), reforça a capacidade de pronta resposta e a presença da FAB na Amazônia Oci-dental.

Já o H-60 BlackHawk coleciona missões que também orgulham a FAB. Disponíveis no 7o/8o GAV e no 5o/8o GAV já foram uti lizados, por exemplo, no resgate das víti mas de enchentes em diferentes pontos do Brasil, na vizinha Bolívia e no terremoto do Chile. Foi a bordo dele que policiais federais libertaram trabalhadores que viviam em regime de escravidão em São Felix do Xingu, no Pará, em meio da Selva Amazônica.

Hoje os desafi os são outros. Mas os sonhos de ter uma Aviação de Asas Rotati vas forte e atuante já está consolidado.

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EDUCAÇÃO

FAB apoia militares na compra de material escolarDespesa feita por militares e dependentes pode ser restituída depois de avaliação da assistência social

No início de cada ano leti vo, milita-res da ati va, inati va, pensionistas

e dependentes em situação de vul-nerabilidade social podem solicitar o ressarcimento de parte das despesas com aquisição de material, livros e uniformes escolares. O benefício também vale para pagamento de mensalidades de crianças portadoras de necessidades especiais. Os valores são depositados em conta corrente mediante a apresentação das notas fi scais e avaliação da assistência social.

Esta é a segunda edição do Pro-jeto Educação, coordenado pela Subdiretoria de Encargos Especiais (SDDE) da Diretoria de Intendência (DIRINT). De acordo com a Tenente Coronel Assistente Social Rita Emília Alves da Silva, chefe da equipe técnica do projeto, este apoio complementa um espaço que demanda atenção. “Os valores [com educação] sobrecar-regam os orçamentos familiares no

início do ano. A resti tuição dá fôlego para as famílias”, avalia.

Em 2011, cerca de aproximada-mente 15 mil militares e dependentes foram benefi ciados. Os recursos do projeto são do fundo de assistência social. Parte das receitas tem origem nas contribuições (código L-30) des-contada no contracheque.

O valor máximo do benefí cio é de um salário mínimo por dependente. As solicitações devem ser feitas na seção de assistência social da orga-nização militar. Atenção: informe-se na sua unidade sobre os prazos. A documentação a ser apresentada é a seguinte:

Para o ressarcimento de despe-sas com material escolar e uniforme:

1) nota fi scal ou cupom fi scal dos materiais da listagem expedida pela escola;

2) cópia de declaração de bene-

fi ciário;3) comprovante de matrícula es-

colar (declaração da escola em papel ti mbrado e assinado pela direção ou coordenação);

4) lista do material solicitado pela escola;

5) cópia do contracheque atual;6) comprovante de despesas (ex.

aluguel, condomínio, luz, mensalida-des escolares, etc).

Para pagamento de escola para criança portadora de necessidades especiais:

1) declaração médica, com vali-dade de até 180 dias;

2) cópia da declaração de bene-fi ciário;

3) orçamento da escola;4) cópia do contracheque atual;5) comprovante de despesas (ex.

aluguel, condomínio, luz, mensalida-des escolares, etc).

Estudantes do Projeto Rondon visitam AlcântaraNo centro de lançamento, universitários vivenciam simulação do momento final de lançamento de foguete

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) recebeu em

janeiro a visita de 217 estudantes universitários de diferentes estados brasileiros. Eles assistiram a simula-ção de lançamento e conheceram a área de lançamento dos foguetes. A visita faz parte das atividades refe-rentes à Operação Pai Francisco do Projeto Rondon 2012.

No auditório do Centro de Con-trole, os rondonistas vivenciaram os momentos finais de um lançamen-to. Com uma apresentação simu-lada na Sala de Controle, puderam conhecer um pouco da rotina de técnicos e engenheiros civis e mi-litares durante os preparativos até

o lançamento e rastreamento do veículo lançado.

Projeto Rondon - Ligado ao Mi-nistério da Defesa, o projeto, desde 1967, promove o intercâmbio de experiências entre estudantes uni-versitários de todo o Brasil e comu-nidades em situação de risco social espalhadas pelo país. Neste ano, os rondonistas percorrerão os estados do Maranhão e Tocantins. Os estu-dantes desenvolverão projetos em diversas áreas como: cultura, edu-cação, saúde, comunicação, meio ambiente, trabalho e tecnologia e produção, colocando em prática os conhecimentos adquiridos nas universidades.

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5Fevereiro - 2012

SOLIDARIEDADE

Bebê ganha nova chance de vida com transplante raro Na batalha contra o tempo, logística da FAB foi fundamental para o sucesso da operação realizada no DF

Em 3 horas e 15 minutos, um co-ração deixou Niterói, no Rio de

Janeiro, para devolver a vida a uma garoti nha de um ano e 8 meses in-ternada em Brasília. Toda a operação envolvia uma corrida contra o tempo. Pela primeira vez, médicos do Insti tu-to de Cardiologia do Distrito Federal captavam um órgão fora da capital para a realização de um transplante. “A agilidade é determinante para o sucesso do procedimento, o coração tolera apenas 4 horas fora do corpo”, explica o médico Fernando Ati k, chefe da equipe responsável pela cirurgia de reti rada do órgão de um doador de um ano e nove meses, víti ma de morte encefálica.

A paciente que recebeu o cora-ção também travava uma batalha desesperada contra o relógio. Com o quadro de cardiomiopati a dilatada, a expectati va de vida de Larissa era de apenas seis meses, segundo os médicos. A doença que faz o coração parar de bombear o sangue levou a menina para a UTI e a ter prioridade nacional na fi la de transplantes.

O caso ganhou repercussão na virada do ano, chamou a atenção do país para a importância da doação de órgãos e marcou a todos os envolvi-dos na luta pela vida de Larissa, fi lha única com gênio de uma pequena “guerreira”, defi ne a mãe Silvânia da Silva Ferreira de 27 anos. Reunidos na mesma trincheira, médicos, enfer-meiros, soldados, mecânicos de voo e pilotos trabalharam em sintonia para que tudo desse certo.

Duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) foram acionadas para a chamada Missão de Misericórdia no início de janeiro. “A logísti ca de trans-porte foi decisiva para o sucesso do transplante”, afi rma o cardiologista pediátrico Francisco Sávio de Oliveira Júnior que acompanha o caso de La-rissa desde o início da doença, diag-nosti cada em julho do ano passado.

Um C-95 Bandeirante do Terceiro Esquadrão de Transporte Aéreo (3o ETA) transportou a equipe médica que captou o coração no Rio de Janeiro. Um jato C-99 do Grupo de Transporte Especial (GTE) trouxe o órgão para Brasília. “Na chegada à Base Aérea, a recepção foi marcan-te, todos desejavam boa sorte, do desembarque ao portão de saída”,

observou uma das especialistas da equipe de transplantes, Letycia Cha-gas Fortaleza.

Para o comandante do jato, Ma-jor Aviador Gláucio Octaviano Guerra, a missão não terminou com o de-sembarque do coração. “Por muitas vezes, eu ti ve de resisti r à vontade de ir ao hospital para ver a menina e saber notí cias dela”, confessa. “São coisas que marcam a vida da gente”, revela.

Na batalha pela vida, a sinergia de todos os envolvidos venceu a corrida contra o tempo. Até o fechamento desta edição, a guerreira Larissa per-manecia em recuperação no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, com previsão de alta para o início deste mês. Ela recomeça a vida com mais cuidados, é verdade, mas com muito mais esperança. A família já sabe o que vai fazer assim que a garoti nha puder viajar. “Primeiro, vamos ao Rio de Janeiro abraçar os pais do doador; foi um ato de coragem e amor”, afi r-ma Silvânia. “Depois, gostaríamos também de agradecer pessoalmente aos pilotos da FAB”, acrescenta.

AJUDA

C-130 Hércules e C-105 Amazonas em missão

Prestes a voltar para casa, Larissa se recupera em companhia dos pais e do médico

Força Nacional no Ceará – Na virada do ano, aviões de transporte partiram de Fortaleza e Brasília, transportando 79 militares do Exérci-to e 67 bombeiros da Força Nacional de Segurança para apoiar a segurança pública no Ceará, que decretou situa-ção de emergência em razão da greve de policiais no Estado.

“Na chegada à Base Aérea, a recepção foi

marcante, todos desejavam

boa sorte, do desembarque ao portão de saída”

Brigadistas no Chile - Na primeira semana de janeiro, 50 brigadistas do Insti tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram levados para o Chile para ajudar a combater os incêndios.

Remédios na enchente - levando a bordo 2,2 toneladas de medica-mentos e material do Ministério da Saúde, o avião decolou de Brasília, em janeiro, para o socorro das víti mas de enchentes, em Minas Gerais. Os kits de emergência são sufi cientes para o atendimento de cerca de cinco mil pessoas durante três meses.

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6 Fevereiro - 2012

ESPORTE

APAE participa de colônia de férias em FlorianópolisDurante dez dias, portadores de necessidades especiais desenvolvem atividades lúdicas e fazem oficinas militares

Alunos portadores de necessi-dades especiais da Associação

de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), de Floria-nópolis e São José, esti veram na Base Aérea de Florianópolis (BAFL), entre 4 e 24 de janeiro, para a 16a Colônia de Férias Voo Livre.

Há 16 anos, no mês de janeiro, dois grupos com cerca de 35 pesso-as cada, entre alunos e instrutores, hospedam-se durante dez dias no alojamento da BAFL. De lá, após o café da manhã, partem diariamente para uma ati vidade lúdica na região.

“O que eles gostam mesmo é a trilha da Base Aérea. É o ponto alto da colônia de férias”, conta a coordenadora do segundo grupo e instrutora da APAE, Alexandra Silva, explicando que esses dias em que os alunos passam juntos na Base Aérea ajudam a reforçar os vínculos e subsidiar o processo educati vo e de inclusão social.

No dia mais aguardado, quando ocorre a trilha, os alunos vestem far-damento camufl ado, pintam o rosto e entram em forma. Eles seguem as orientações do Sargento da Reserva José Gilberto Luz, que conduz o grupo

pela mata na área da base acompa-nhado de militares voluntários.

Como num curso militar, os alunos - inclusive cadeirantes - per-correm as trilhas até as áreas das oficinas, onde Luz explica, em breve

lição, como conseguir água, fogo e comida. “Se a pista está seca, a gente molha para ter mais emoção”, diz o Tenente Coronel Waldivyo da Costa Paixão, que organiza e acom-panha a aventura.

De volta à Base, eles participam de um luau e assistem a filmes. “Eu estou muito feliz de estar aqui”, disse José Flávio Pires Rosa, porta-dor de deficiência múltipla e repre-sentante da APAE Florianópolis na Coordenação de Autodefensores da Federação Nacional das APAE.

Agradecimento - A presidente da APAE, Arlete das Graças Torri, agradeceu pelas reformas de adap-tação executadas no Auditório Anita Garibaldi, localizado na BAFL. Para melhor receber o grupo, o espaço teve banheiros adaptados e rampas de acesso para portadores de neces-sidades especiais. “A preocupação em possibilitar o acesso a essas pessoas torna o Brasil um país mais cidadão, justo e solidário”, elogiou.

A trilha na Base é um dos eventos mais aguardados pelos alunos

Militares do Para-Sar no europeu de Jiu-Jitsu

BAFL

PARA

-SAREquipe médica do Campo de Provas Brigadeiro

Velloso (PA) realiza parto

O Aspirante Médico Carlos Mag-no dos Reis e o 3º Sargento Edíl-

son Francisco da Rocha Carvalho, do Campo de Provas Brigadeiro (CPBV), fizeram o parto do pequeno Nicolas. Na tarde de domingo (22/1), o carro em que estava a jovem Deise Apare-cida Pontes Carrial, 19 anos, já em trabalho de parto, parou em frente ao portão da unidade da FAB em busca de ajuda. Ela e o marido, Gissi James da Silva, 31 anos, vinham da cidade de Moraes Almeida (PA), com desti no a Guarantã do Norte (MT).

O Capitão de Infantaria Fábio Hekel Lopes Moreira, 32, e o Tenente

Médico Felipe Domingues Lessa, 32, parti cipam pela primeira vez de uma competição internacional, o Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu, realizado entre os dias 26 e 29 de janeiro, em Lisboa, Portugal.

SAÚDE

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7Fevereiro - 2012

MISSÃO DE PAZ

Haiti: novo contingente da FAB embarca em marçoMilitares irão integrar a Primeira Companhia de Fuzileiros de Força de Paz; missão deve durar oito meses

Quando o Soldado Kaue Correa dos Santos Froes chegou ao

Haiti , um mês após o terremoto que devastou a capital Porto Príncipe, em 2010, o cenário era desolador. “Havia muita destruição, inúmeras pessoas pedindo ajuda e um pouco de comida. A situação estava muito feia”, relembra. Passados dois anos da tra-gédia, o Soldado Kaue se prepara para sua segunda estada naquele país. Ele é um dos 27 militares do Batalhão de Infantaria de Aeronáuti ca Especial de Brasília (BINFAE-BR) que vão integrar o 16º Contingente da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). O embarque do Pelotão está previsto para o fi nal do mês de março.

O Batalhão Alvorada vai substi -tuir o Batalhão de Infantaria de Aero-náuti ca Especial de Manaus (BINFAE--MN), que está no Haiti desde agosto de 2011. O grupo deve permanecer no Haiti por oito meses. Este será o terceiro conti ngente da Aeronáuti ca a parti cipar da missão de paz.

Os militares de Brasília irão inte-grar a Primeira Companhia de Fuzi-leiros de Força de Paz. “Realizaremos escolta de comboio, patrulhas a pé e motorizada, controle de distúrbios, entre outras ati vidades”, ressalta o Tenente Samuel Frank da Silva Gon-çalves, comandante do Pelotão. “A expectati va é a melhor possível, de poder ajudar um povo sofrido. A gen-te vai com o pensamento de poder ajudar, de contribuir, de colocar mais um ti jolo para a pacifi cação daquele país”, complementa o Ofi cial.

Para grande parte do efeti vo, esta será a primeira missão internacional. É o caso do Cabo Vitor Luis Nascimen-to Borges. “Para nós militares, além de ser uma oportunidade ímpar, é uma sati sfação pessoal muito grande, não tem preço esse ti po de ajuda”. O Soldado Jairo Lins Lima alimenta grandes expectativas. Fluente no idioma inglês, ele pretende uti lizar

esse diferencial para auxiliar seus companheiros. “Espero poder ajudar o Pelotão na questão da comunicação quando necessário. Sinto-me muito orgulhoso de parti cipar dessa missão e a expectati va é voltar com a consci-ência de que a gente ajudou um país com grandes necessidades”, afi rma o Soldado.

Seleção - O pelotão é composto por 15 Soldados, sete cabos, quatro sargentos e um oficial. A seleção incluiu testes de condicionamento fí sico, inspeção de saúde e critérios operacionais, sendo exigido dos candidatos os estágios de operações especiais e de Polícia de Aeronáuti ca. Entre os dias 22 de janeiro e 10 de fevereiro, o grupo fez estágio na 3ª Brigada de Infantaria do Exército, na cidade de Cristalina (GO).

Pelotão, composto por 27 militares, realiza vários treinamentos antes da viagem

Haiti 2

Psicologia faz trabalho inédito em missão de paz

Pela primeira vez, uma equipe de psicólogas do Insti tuto de Psicolo-

gia da Aeronáuti ca (IPA) acompanhou de perto a roti na dos militares do Batalhão de Infantaria de Manaus (BINFAE-MN) que foram enviados a Porto Príncipe, capital do Haiti .

No final de 2011, os militares parti ciparam da missão de paz para identificar os fatores que podem causar estresse nas tropas nesse ti po de trabalho. O objeti vo é melhorar o planejamento para a preparação dos próximos profi ssionais que serão en-viados para o exterior.

A distância da família, a convivên-cia com outra cultura e até os eventu-ais confl itos locais, tí picos desse ti po de missão, podem ser obstáculos para os militares que participam desse trabalho, de acordo com o IPA.

De acordo com a Tenente Psi-cóloga Fabrícia Barros de Souza foi uma experiência profi ssional única.

”Nossos militares foram recepti vos e contribuíram de forma significa-ti va com a coleta de dados.” Todos demonstraram ser profi ssionais alta-mente capacitados e comprometi dos com a missão, observa a Tenente. “A roti na de trabalho foi intensa e seus resultados representam apenas o

início de uma empreitada ousada que coloca o IPA diante do desafi o de desenvolver e dar visibilidade às ações da psicologia no âmbito ope-racional” afi rma.

A Vice-Diretora do IPA, Tenente Coronel Psicóloga Ana Lúcia Lopes, chefi ou a missão.

Psicólogas da Força Aérea acompanham de perto a rotina dos soldados no Haiti2S

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8 Fevereiro - 2012

REAPARELHAMENTO

A-1 modernizado pronto para realizar primeiro vooAeronave de caça passa por modernização e revitalização estrutural; mudança inclui novos sistemas eletrônicos

Em março de 2012, na sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP),

acontece o voo inaugural do protóti -po do A-1 modernizado, projeto que prevê a entrega de 43 aeronaves revi-talizadas para a Força Aérea Brasileira até 2017. Os Esquadrões de Caça já recebem as primeiras unidades no próximo ano.

As aeronaves A-1 passam por uma revitalização estrutural e re-cebem novos equipamentos, entre eles o radar SCP-01, com modos ar--ar, ar-solo e ar-mar. Uma segunda aeronave de testes, biplace, deverá voar em julho. Serão manti das ca-racterísti cas elogiadas da aeronave, como o raio de ação, a capacidade de reabastecimento em voo e os dois canhões de 30mm.

Além do radar, os caças também ganharam um sistema integrado de auto-defesa com alerta de detecção de radar (RWR) e de aproximação de mísseis (MLAWS), contramedidas (AECM) e lançadores de iscas para mísseis (chaff e fl are). Os A-1 também vão poder voar com casulos equipa-dos com sistemas de reconhecimen-to e designação de alvos, além do Skyshield, que tem a capacidade de bloquear e despistar radares de busca em solo, embarcados ou de guiagem de mísseis.

Todas as informações serão apre-sentadas ao piloto em três telas multifuncionais coloridas. Juntas, elas somam 121 polegadas quadra-das para exibição, desde parâmetros de funcionamento do motor até o cenário táti co da missão. Os pilotos vão contar ainda com um novo visor na altura dos olhos (Head Up Display), um visor montado no capacete (Hel-met Mounted Display) e a facilidade de todos os comandos poderem ser acessados sem ti rar as mãos do manche e da manete de potência, de acordo com o conceito HOTAS (Hands on Thrott le And Sti ck).

História - Recebidos a parti r de

1990, os A-1 trouxeram para a FAB novidades como computadores de mira. Fabricado pela Embraer em par-ceria com empresas italianas, o A-1 opera hoje nos Esquadrões Adelphi, Poker e Centauro, baseados no Rio de Janeiro (RJ) e Santa Maria (RS). As ae-ronaves brasileiras já parti ciparam de operações como a Ágata e inúmeros exercícios, entre eles as cinco edições da CRUZEX, a Tigre e a Red Flag, nos Estados Unidos. Já a Itália voou seus A-1 em missões reais sobre os Balcãs, o Afeganistão e a Líbia.

OPERACIONAL

FAB ativa 1o Grupo de Artilharia Antiaérea

O 1º Grupo de Arti lharia Anti aérea de Autodefesa (GAAAD) ati vado

em 12/1 na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul, tem como missão realizar a defesa anti aérea de pontos sensíveis de interesse da Aeronáuti ca contra vetores aeroespaciais hosti s, impedindo ou dificultando o seu ataque. Segundo o Tenente Coronel de Infantaria José Roberto de Queiroz Oliveira, que assumiu o cargo de co-mandante da unidade, “os militares do grupo já estão preparados para operar em qualquer lugar do Brasil”.

No evento, o Comandante-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), Tenente Brigadeiro do Ar Gilberto Antonio Saboya Burnier, destacou que a ati vação do 1º GAAAD estabe-

lece um importante marco do avanço da Infantaria da Aeronáuti ca no seu preparo e emprego.

O 1º GAAAD é uma unidade táti ca que tem como fi nalidade capacitar suas equipagens para o emprego em combate ou em apoio ao combate, nos períodos de confl ito, bem como adestrar-se para o cumprimento das missões atribuídas, em tempo de paz. Estão em estudos a ati vação de duas novas unidades.

Origem - o grupo nasceu na 1ª Companhia de Arti lharia Anti aérea de Autodefesa, órgão do Batalhão de Infantaria da Aeronáuti ca Especial de Canoas, que, desde 1997, desenvol-veu e aprimorou a doutrina de em-prego da arti lharia anti aérea na FAB.

A missão é defender pontos aerospaciais sensíveis de interesse da Aeronáutica

Designador Laser / FLIR

mira. Fabricado pela Embraer em par-ceria com empresas italianas, o A-1 opera hoje nos Esquadrões Adelphi, Poker e Centauro, baseados no Rio de Janeiro (RJ) e Santa Maria (RS). As ae-ronaves brasileiras já parti ciparam de operações como a Ágata e inúmeros exercícios, entre eles as cinco edições da CRUZEX, a Tigre e a Red Flag, nos Estados Unidos. Já a Itália voou seus A-1 em missões reais sobre os Balcãs,

RadarSCP-01

Novaaviônica

Visor deCapacete (HMD) e compatibilidade

com NVG

Incorporação de itens estruturais visando aumento da vida em fadiga

OBOGS

Sistemas de Guerra de

Eletrônica e Autodefesa

COMG

AR

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9Fevereiro - 2012

ENTREVISTA – DIA DA AVIAÇÃO DE ASAS ROTATIVAS

Momento é de ampliação da capacidade operacional, afirma comandante da Segunda Força Aérea

O momento da Aviação de Asas Rotati vas é de reequipamento

e ampliação da capacidade operacio-nal, segundo o Brigadeiro do Ar José Alberto de Matt os, comandante da Segunda Força Aérea (II FAE), que, em entrevista ao NOTAER, falou so-bre a atuação e os desafi os para os esquadrões da Força Aérea. Leia a entrevista:

NOTAER - Brigadeiro, qual a importância da Aviação de Asas Rotati vas para a FAB e para o país?

Brigadeiro do Ar José Alberto de Matt os - Compreender o contexto e a importância da Aviação de Asas Rota-ti vas requer um mergulho na própria história das gerações que acreditaram que mudanças eram possíveis. Além da indiscutí vel capacidade de realizar as missões de busca e resgate, muito pouco nos restava no campo do em-prego do poder aéreo. O paradoxo de poder cumprir qualquer ti po de missão era uma benção e ao mesmo tempo um mal. Nossa polivalência, que era tão aceita para as ati vidades de paz, não o era para as de guerra. Embalados pelos sonhos dos anti gos Esquadrões Mistos de Reconheci-mento e Ataque (EMRA), brigávamos por uma identi dade própria que nos orientasse ao emprego em prol da FAB. Quando o Exército Brasileiro ati vou sua própria frota de helicóp-teros, o que parecia ser uma perda de poder e de missão, transformou--se num grande incenti vo. Devíamos conquistar novos horizontes e foi, através do mesmo SAR, agora com a roupagem do combate, o CSAR, que nossa longa caminhada recomeçou.

Nunca será demais relembrar uma RAAR em Manaus, quando uma das unidades operadoras apresentou o H-50 Esquilo, armado a parti r de um projeto bastante interessante. Naquele momento ouvimos, pela

primeira vez e provocados por um dos comandantes de nossas unidades, o grito de guerra que ecoa até os dias de hoje ... "Aos rotores, o sabre". Em busca de nosso SABRE e convencidos da necessidade de agregar potenciali-dades aos vetores de Asas Rotati vas, que ingressariam em território hosti l para a escolta no resgate e o ataque no combate, iniciamos os treina-mentos de combate aéreo entre helicópteros, que foi secundado pelo combate dissimilar, momento em que foi comprovado que o maior inimigo de um helicóptero seria outro e não uma aeronave de asa fi xa, como se propagava à época.

Ilhas de excelência foram ati vadas para que os conhecimentos recém adquiridos não se perdessem, mas sim pudessem ser transferidos para outras unidades e assim foi feito; umas unidades desenvolviam a capacidade de voar com óculos de visão noturna (NVG), outras, perfi s de navegação entre obstáculos (NOE), técnicas de CSAR, reabastecimento e rearmamento em pontos remotos. Al-gumas passaram a ter papel também na defesa aérea de pontos sensíveis.

Todas estas ações e estudos aconteceram sempre em paralelo com nossa vocação de integrar, cada vez mais, o nosso país e cuidar do nosso povo, através da conti nuada luta nas vacinações amazônicas, da atuação nas grandes calamidades que afetam nosso país e alguns dos nossos vizinhos e na presença diária de nossas tripulações prontas para o SAR, salvando vidas em toda a imen-sidão deste país.

NOTAER - Quais são os principais investi mentos da FAB na Aviação de Asas Rotati vas e os refl exos disso, hoje, na área operacional?

Brigadeiro do Ar Matt os - Voá-vamos e ainda voamos em algumas

de nossas bases aéreas, antigas aeronaves que não atendem a pleni-tude de nossa vocação. Mas o ponto de infl exão, já superado em termos conceituais, está acontecendo nestes tempos. Há alguns anos voamos os BlackHawk na Amazônia e, mais re-centemente, eles também chegaram aos pampas gaúchos. Teremos, assim, duas robustas unidades operando H-60 [BlackHawk]. Há pouco mais de um ano, recebemos o AH-2 [Sabre], plataforma responsável por signifi ca-ti va mudança em nossa capacidade de ataque com helicópteros e logo estaremos recebendo novos EC-725 [Cougar], além daquele que hoje já opera no 1º/8º Grupo de Aviação, na Base Aérea de Belém, plenamente equipados para o CSAR e permiti ndo que todos os conhecimentos sejam prati cados em novos e bem equipa-dos vetores de combate.

Complementando este quadro, ti vemos a concentração dos helicóp-

teros Esquilo na instrução em Natal, o que permitiu um maior volume de horas de treinamento dos novos integrantes de nossa Aviação.

Enfi m, o momento é de reequi-pamento e ampliação da capacidade operacional da Aviação de Asas Ro-tati vas. Os novos helicópteros possi-bilitam à FAB um salto signifi cati vo, na medida em que tais plataformas possuem desempenho, armamentos, sensores e equipamentos que suprem plenamente as lacunas operacionais dos anti gos vetores. Permitem ainda, maior segurança aos tripulantes no cumprimento das missões, em face de blindagens, sistemas modernos de navegação e redundância de equipa-mentos vitais.

Toda esta nova estrutura opera-cional, quando associada à capacida-de, já prati cada por diversas unidades aéreas, de voar noturno, atuará como fator multi plicador ao permiti r o voo durante 24 horas.

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10 Fevereiro - 2012

Caixas-pretas danificadas podem ser lidas no BrasilLaboratório do CENIPA é o único do gênero na América Latina e agora se aproxima da capacidade de leitura plena

O Centro de Investi gação e Preven-ção de Acidentes Aeronáuti cos

(CENIPA), localizado em Brasília, receberá, em março de 2012, os equi-pamentos que permiti rão a leitura de gravadores de voo danifi cados. Esta será a terceira fase de implantação do Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LA-BDATA), responsável pela extração e interpretação de áudio e dados con-ti dos na memória das caixas-pretas – como são chamados popularmente os gravadores de voo. Essas informa-ções são usadas na investi gação de acidentes e incidentes aeronáuti cos com a fi nalidade de prevenção.

Desde 2007, o Comando da Aero-náuti ca investi u aproximadamente R$ 3 milhões na montagem do laborató-rio. A principal vantagem do projeto é ampliar a investi gação e prevenção de acidentes no Brasil. Nos primeiros dois anos (2010 e 2011), as ati vidades do LABDATA se concentraram em extrair dados de caixas-pretas em bom estado de conservação, isto é, que se manti veram intactas depois do acidente. No total, foram feitas 59 degravações (download de áudio e de dados). Entre elas, seis foram para órgãos investi gadores da Angola, Bolívia e Colômbia. No conti nente americano, há somente três países que possuem laboratório de gravado-res de voo: Canadá, Estados Unidos e, recentemente, Brasil.

Gravador de voo é o nome gené-rico para o Cockpit Voice Recorder (CVR) – gravador da fala dos pilotos na cabine de comando da aeronave – e Flight Data Recorder (FDR) – gravador de dados da aeronave, chamados parâmetros de voo, como alti tude, aceleração verti cal, posição do trem de pouso etc. Os gravadores de voz, em geral, armazenam as duas últi mas horas do voo. Para facilitar a investi -gação, o áudio dos 30 minutos fi nais

é disponibilizado em alta qualidade. Por outro lado, os gravadores de dados atuais chegam a armazenar informações referentes a dezenas de horas de voo.

“Os gravadores mais modernos conseguem gravar centenas de parâ-metros. No entanto, o investi gador usa cerca de 20% dos dados”, explica o gerente do Projeto LABDATA, Coro-nel R1 Fernando Camargo. O LABDATA também reconstrói virtualmente os parâmetros de voo, por meio de ani-mação gráfi ca, e fornece ao investi ga-dor a visualização do comportamento da aeronave antes do acidente.

Economia de tempo - O LABDATA é mais uma ferramenta para a preven-ção, porque deixa o gravador de voo acessível ao investi gador brasileiro. Além dos acidentes, os incidentes aeronáuti cos são investi gados com mais rapidez, o que diminui o impac-to na operacionalidade da empresa aérea. Quando o CENIPA solicita o gravador de voo à empresa, a aerona-ve envolvida no incidente fi ca parada se não houver gravador extra para a reposição. “Com a possibilidade de extrair os dados aqui no CENIPA, essa aeronave vai fi car parada por dois ou três dias. Se não existi sse o Laboratório, até que fosse autorizada a missão para o exterior, demoraria pelo menos um mês para a leitura”, detalha o Coronel.

Outras desvantagens de levar caixas-pretas para o exterior são os custos com passagens e diárias e a alteração na roti na do órgão inves-tigador estrangeiro. “Embora nos prestem apoio com a maior solicitu-de, sabemos que atrapalha o serviço deles”, explica o Coronel Camargo.

Laboratório: gestão estratégica – A parti r de 2011, a Chefi a do CENIPA impulsionou o desenvolvimento do laboratório com a aquisição de equi-pamentos e formação de pessoal.

Exemplo disso foi acompanhamento, em maio do ano passado, na França, da degravação das caixas-pretas do Air France 447. “As caixas-pretas ha-viam fi cado mergulhadas no oceano por dois anos. Enviamos o Tenente Coronel Sidnei Veloso da Silva para acompanhar o procedimento”, ex-plica o Chefe do CENIPA, Brigadeiro Carlos Alberto da Conceição.

O LABDATA pretende ainda ter a capacidade de fazer a leitura de outros tipos de memórias não vo-láteis presentes nas aeronaves de pequeno porte, como GPS (do in-glês: Global Positioning System), de FADEC (Full Authority Digital Engine Control) e até de alguns sistemas de freios.

Gravadores de voz, em geral, armazenam as duas últimas horas de voo

TECNOLOGIA

Novos equipamentos e treinamento são decisivos para esta etapa

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11Fevereiro - 2012

Força Aérea realiza com sucesso ensaio com motor de foguete e satélite de reentrada

Projetos são fundamentais para domínio de tecnologias e autonomia do Brasil no setor aeroespacial

O Insti tuto de Aeronáuti ca e Es-paço (IAE), do Departamento

de Ciência e Tecnologia Aeroespa-cial (DCTA), concluiu duas impor-tantes etapas no desenvolvimento de pesquisas de propulsão líquida para foguetes e de uma plataforma espacial (satélite de reentrada) para a realização de experimentos em ambiente de microgravidade, em São José dos Campos (SP).

Os ensaios com o Motor L5 foram retomados em agosto do ano passado. Em dezembro, pes-quisadores da Divisão de Propul-são Espacial realizaram ensaio de qualificação em solo para verificar o desempenho do motor em condi-ções atmosféricas. Foram realizadas medidas de empuxo, vazões, pres-sões e temperaturas em diferentes pontos das linhas de alimentação dos propelentes, bem como no próprio motor (cabeçote de injeção, câmara de combustão e tubeira).

A equipe do Projeto SARA (Satéli-te de Reentrada Atmosférica) testou com sucesso o sistema de paraque-das do veículo Sara Orbital, que ajudará no resgate da cápsula depois do lançamento. O subsistema de recuperação é composto por quatro paraquedas. O ensaio foi realizado em duas etapas; a primeira envol-vendo a aba piloto e o paraquedas de arrasto, e a segunda envolvendo os paraquedas principais.

“As pesquisas relacionadas com propulsão líquida e reentrada na atmosfera são de grande relevân-cia porque nos darão o domínio de tecnologias críti cas nestas duas áreas. Tais conhecimentos são fun-damentais para a autonomia do país no setor espacial. Em geral, são tec-nologias já dominadas pelas nações desenvolvidas no setor e que não

são disponibilizadas para aquisição. São tecnologias de elevado valor agregado e portanto de grande valia estratégica e econômica”, afi rma o Brigadeiro Engenheiro Francisco Car-los de Melo Pantoja, diretor do IAE.

Satélite – O Projeto SARA é composto de quatro veículos, dois suborbitais e dois orbitais. O primeiro veículo da série, o Sara Suborbital, deve ser lançado ainda neste ano. O projeto compreende o desenvol-vimento de uma plataforma espacial para experimentos em ambiente de

microgravidade desti nada a operar em órbita baixa, circular, a 300 km de alti tude, por um período máxi-mo de dez dias. “Após o término da fase de qualifi cação, passaremos à fabricação do protóti po de voo e em seguida iniciaremos os ensaios de aceitação do mesmo. No fi nal, fare-mos uma revisão de pré-embarque antes de iniciarmos a campanha de lançamento”, explica o Coordenador de Engenharia de Sistemas do IAE, Luís Eduardo Loures.

Foguete – O motor à propulsão

líquida L5 uti lizará querosene e oxi-gênio líquido em sua versão fi nal. Porém, para o desenvolvimento, em lugar da querosene, os pesquisado-res do IAE têm uti lizado o etanol, que produz uma queima mais limpa e sem resíduos. No futuro, esse novo combustí vel para foguete pode ser um subproduto do projeto.

A próxima fase será o ensaio em voo do motor, que deve ser colocado no segundo estágio de um veículo de sondagem a ser desenvolvido, similar ao VS-15.

Câmara de cobre do motor L5Ensaio do motor L5, de propulsão líquida, no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)

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ACONTECE NA FAB

Estado-Maior da Aeronáutica tem novo chefeOrganização Militar é responsável pelo planejamento da FAB; novo chefe possui mais de 6.000 horas de voo

O Tenente Brigadeiro do Ar Aprí-gio Eduardo de Moura Azevedo

assumiu (19/1) a Chefi a do Estado--Maior da Aeronáuti ca (EMAER). Ele substi tui o Tenente Brigadeiro do Ar Jorge Godinho Barreto Nery, que será conselheiro militar junto à Organiza-ção das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça.

“A parti r de hoje, o Estado-Maior da Aeronáuti ca passa a contar com a respeitada liderança do Tenente Briga-deiro do Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo. Ofi cial general congregador, dotado de aguçada visão estratégica e inquebrantável dedicação, detentor de inquesti onável capacidade de manter o elevado padrão de excelência nas atividades do EMAER”, ressaltou o Comandante da Aeronáuti ca.

Para o Tenente Brigadeiro Azevedo,

“assumir o EMAER é um misto de feli-cidade, alegria e de responsabilidade, sem dúvida nenhuma. Porque a chefi a do Estado-Maior da Aeronáuti ca re-presenta uma estrutura necessária de apoio ao planejamento do futuro da Força Aérea Brasileira, razão pela qual é verdadeiramente um moti vo de muita honra e renovado entusiasmo para con-ti nuar me dedicando dia e noite à FAB”.

Biografia - Nasceu em Florânia (RN). Ingressou na FAB em 1º de março de 1967, na EPCAR. Principais cargos ocupados: Chefe da Comissão Aeronáu-ti ca Brasileira em Washington; Chefe da Seção de Planejamento Logísti co do Estado-Maior da Aeronáuti ca; Chefe do Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas e Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate; Chefe da Assessoria Par-

Chegadas e partidas: troca de comando movimenta unidades militares em todo o BrasilBatalhão Cruzeiro do Sul (BINFAE--CO) - O Cel Inf Cláudio Castro Cer-queira passou o comando ao Ten-Cel Inf Sérgio Murilo Mibach. Centro de Medicina Aeroespacial (CEMAL) - O Cel Méd Sérgio Idal Rosenberg pasou o cargo de Diretor interino ao Cel Méd Roberto de Al-meida Teixeira Esquadrões Onça e Flecha - O Ten Cel Av Luiz Guilherme Magarão passou o comando do 1º/15º GAV ao Ten Cel Av Ricardo Feijó Pinheiro. No 3º/3º GAV, o Ten Cel Av André Luiz Monteiro passou o comando ao Maj Av Alessandro Cramer.Esquadrão Pantera (5º/8º GAV) - O Ten Cel Av Luiz Marques de Lima pas-sou o comando do esquadrão ao Ten Cel Av Alex Moreira Amaral .Esquadrões Poker e Hórus - O Ten Cel Av Júlio César Maiello Villela transmiti u o cargo do 1º/10º GAV ao Maj Av Ricardo Ferreira Botelho e o Ten Cel Av Paulo Ricardo Laux passou o cargo do 1º/12º GAV ao Ten Cel Av

Donald Grankow. Base Aérea de Salvador (BASV) - O Cel Av Ary Soares Mesquita passou o comando ao Cel Av Mauricio Carvalho Sampaio.Esquadrão Aranha (2º/1º GCC) - O Maj Av Sidnei Nascimento de Souza passou o comando ao Maj Av Cyro André Cruz.Hospital de Aeronáuti ca dos Afonsos (HAAF) - O Cel Méd Marco Arthur de Marco Rangel passou a direção ao Cel Méd Marcos Vieira Maia. Base Aérea de Recife (BARF) - O Cel Av João Maurício Marques Magalhães passou o comando ao Cel Av Renato Queiroz Prata. Base Aérea de Canoas (BACO) - O Cel Av José Antonio Moraes de Oliveira Filho passou o comando ao Ten Cel Av Airton Miguel Yasbeck Junior. Insti tuto de Medicina Aeroespacial (IMAE) - O Cel Méd Eduardo Serra Ne-gra Camerini passou a direção ao Ten Cel Méd Ricardo Gakiya Kanashiro. Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) - O

Cel Av Ricardo Silva Soares passou o comando ao Cel Av Marcondes Fon-tenele de Meneses. Base Aérea de Florianópolis (BAFL) - O Cel Av Paulo Roberto de Barros Chã passou o comando ao Cel Av Claus Kilian Hardt.Centro do Correio Aéreo Nacional (CECAN) – O Cel Av Mozart de Oliveira Farias passou a chefi a ao Cel Av André Luis Pinheiro de Vasconcellos.Comissão de Desportos da Aeronáu-ti ca (CDA) - O Cel Av Daniel Jorge Luz Vasconcellos transmiti u o cargo de Vice-Presidente ao Cel Inf Cláudio da Silva Esteves. Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA) - O Cel Av Maurício Augusto Silveira de Medei-ros passou a Vice-Presidência ao Cel Av Ricardo José Freire de Campos. Base Aérea dos Afonsos (BAAF) - O Cel Av João Bosco Lúcio da Silva Félix transmiti u o cargo ao Ten Cel Av Mar-co Aurélio de Oliveira. Batalhão Guararapes (BINFAE-RF) - O

Ten Cel Inf Júlio Cesar Pontes passou o comando ao Ten-Cel Inf Robson Silva de Oliveira. SERIPA VII - O Ten Cel Av Carlos Frede-rico Grave Schönhardt passou a chefi a para o Maj Av Arthur de Souza Rangel.Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB) - O Brig Med Fernando José Teixeira de Carvalho passou a direção ao Cel Méd Sérgio Idal Rosenberg. Base Aérea de Natal (BANT) - O Cel Av Décio Dias Gomes passou o comando ao Cel Av João Campos Ferreira Filho. Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG) - O Brig Med Flávio José Mo-rici de Paula Xavier passou a direção ao Brig Med Fernando José Teixeira de Carvalho.Hospital de Aeronáuti ca de São Paulo (HASP) - O Cel Med José Luiz Ribeiro Miguel passou o cargo de Diretor ao Cel Med Antonio Ernani Grillo Jordão.

lamentar do Comandante da Aeronáu-ti ca; Comandante do Quarto Comando Aéreo Regional; e Chefe do Gabinete

Ten Brig Ar Azevedo assume Chefi a do EMAER no lugar do Ten Brig Ar Godinho

do Comandante da Aeronáuti ca, entre outros. Possui 6.000 horas de voo, das quais 1.800 horas na Aviação de Caça.

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Envie as informações sobre a sua unidade via Sistema Kataná.

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Biografia conta trajetória do patrono da Força AéreaJornais e arquivos de época foram as principais fontes para escrever a história do Marechal do Ar Eduardo Gomes

O Tenente Coronel do Exército Joaquim Gonçalves Vilarinho

Neto lembra perfeitamente quando recebeu a carta do Brigadeiro do Ar Eduardo Gomes, no interior do Piauí. O então adolescente havia escrito ao Ministro da Aeronáutica perguntando sobre a vida militar. A resposta foi a decisão para uma vida toda. Na sala do casebre, que tinha como destaque um pôster dos ‘18 do Forte’, Vilarinho entendeu a mensagem principal escrita a mão: “estude bastante e obedeça a seus pais”. Esta história, e muitas ou-tras, estão na biografia “Brigadeiro Eduardo Gomes - Trajetória de um Heroi”, do escritor Cosme Degenar Drumond, lançado no final de janei-ro em Brasília.

De acordo com Degenar, o mili-tar mantinha a postura impecável e uma vida austera. O Brigadeiro era católico fervoroso - ia a missa todos os domingos -, e dividia a metade do salário com os pobres de Petrópolis, cidade onde nasceu. “Eu trabalhei na equipe que fundou o Museu Aeroespacial, mas só conheci o Bri-gadeiro Eduardo Gomes em 1975. Quatro anos depois, eu fui a casa dele para levar a Medalha São Sil-vestre, que ele recebeu do Papa. Ele foi o único militar latino-americano condecorado pelo Vaticano”, conta o escritor.

O Brigadeiro falava pouco e não dava entrevistas. As histórias do livro foram compiladas de jornais, revistas, arquivos da época e depoi-mentos de pessoas que conviveram com o patrono da FAB.

Marechal do Ar – O ideal de um Brasil livre e desenvolvido permeou a carreira do patrono da Força Aérea Brasileira (FAB). O Brigadeiro Edu-ardo Gomes, que atingiu o posto de Marechal do Ar, foi um dos fun-dadores do Correio Aéreo Nacional (CAN) - responsável por unir o país pelas asas da FAB -, e influenciou

uma geração de brasileiros com o episódio do 18 do Forte em 1922.

Nascido em 1896, Eduardo Go-mes formou-se pela Escola Militar do Exército Brasileiro em 1918. Excluído das fileiras militares no evento em que enfrentou o exército do presidente Epitácio Pessoa, ele retornou à vida militar anos depois e participou de outros levantes fa-mosos da história brasileira, como o de 1924, quando a cidade de São Paulo foi ocupada, e nas Revoluções de 1930 e de 1932, a luta contra a Intentona Comunista de 1935 e a Segunda Guerra Mundial, quando comandava unidades que atuavam na patrulha anti-submarina na cos-ta do Brasil. O Brigadeiro Eduardo Gomes foi duas vezes Ministro da Aeronáutica e candidato à Presidên-cia da República. Em 1991, dez anos após sua morte, recebeu o título de Patrono da FAB.

Nova edição do Livrotem versão em inglês

“Só quem esteve em combate sabe o que é voar mais de uma

missão no mesmo dia.” A frase está no livro do Major Brigadeiro do Ar Rui Moreira Lima, que leva como nome a expressão que marcou a história da Aviação de Caça brasileira: “Senta a Pua!”. O autor parti cipou de 94 mis-sões de combate na Itália, durante a Segunda Guerra, a bordo de lendários aviões P-47 Thunderbolt, e reuniu em capítulos o melhor da história de he-roísmo do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA).

A nova edição recebeu novas declarações de veteranos de guerra, algumas histórias e novos detalhes. “O livro foi modernizado. Está mais fácil de ler e, principalmente, tere-mos uma edição em inglês”, explica o Major Brigadeiro Rui.

“Senta a Pua” é um dos melhores registros feitos sobre a campanha da Força Aérea Brasileira (FAB) na Itália, no esforço aliado contra o nazismo. O autor reuniu depoimentos de inte-grantes do Grupo de Caça que ajudam a entender a trajetória dos militares da FAB na Segunda Guerra: a criação da unidade, em 1943, o treinamento realizado no exterior e o combate (1944 a 1945).

Saiba mais sobre o livro: htt p://loja.acti oneditora.com.br/

Brigadeiro, o docinho - Presente nas festas de crianças até hoje, o doce de chocolate foi criado por admiradoras na primeira candida-tura do militar para presidente. Tratava-se de uma tática para an-gariar fundos durante os comícios. Na campanha, também foi criado o slogan “vote no brigadeiro, além de bonito é solteiro”. Mesmo com a be-leza conhecida e o porte atlético, o Brigadeiro Eduardo Gomes se man-teve solteiro a vida inteira. Segundo Degenar, ele teve uma namorada séria em 1922, que até foi vê-lo no Forte de Copacabana. Depois, teve alguns namoros breves. Mas não via problema em se divertir sozinho, quando assistia aos clássicos do futebol no Maracanã no meio da multidão. “Ele dizia que não queria deixar uma viúva jovem. Por isso, se manteve solteiro e morava com a mãe, D. Jenny”, explicou Degenar.

O livro do autor Cosme de Degenar Drumont foi lançado no fi nal de janeiro em Brasília

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14 Fevereiro - 2012

HISTÓRIA DE VIDA

Ontem soldado, hoje comandante do Esquadrão JokerConheça a trajetória do aviador que assume a responsabilidade pela formação dos pilotos de caça em Natal (RN)

O Tenente Coronel Aviador Fran-cisco Cláudio Gomes Sampaio

ingressou na Força Aérea em 1987, para prestar o serviço militar obrigató-rio, no Curso de Formação de Soldados da Base Aérea de Fortaleza (BAFZ). Passados 25 anos, o ex-soldado co-manda o Esquadrão Joker (2o/5o GAV). Em entrevista ao NOTAER, conta a sua experiência.

Notaer - Na época, qual a moti va-ção que o levou a servir como soldado?

Ten Cel Av Francisco Cláudio Go-mes Sampaio - A admissão como solda-do foi uma grande surpresa e modifi cou signifi cati vamente os rumos de minha vida. A minha intenção à época não era a de prestar o serviço militar. Os meus planos eram totalmente diferentes. Eu cursava Física na Universidade Federal do Ceará (UFC) e nas Casas de Cultura Estrangeira, ligadas à UFC, estudava alemão, russo e inglês. Meus objeti vos eram fi nalizar a faculdade de Física e tentar um mestrado na Alemanha ou na Rússia, daí o estudo dessas línguas.

A opção pela Força Aérea foi sim-ples e fácil, por conta da admiração pessoal pela aviação e pelos saudosos AT-26 Xavante que cruzavam diaria-mente os céus alencarinos [como é chamado quem nasce em Fortaleza]. Já admitido e próximo ao final do curso, em novembro de 1987, fi z o concurso da Academia da Força Aérea e consegui aprovação. Na AFA, iden-ti fi quei a minha vocação como piloto de combate. Após os quatro anos na academia, em 1992, já em Natal (RN), fi z o Curso de Caça no 2o/5o Grupo de Aviação, Esquadrão Joker. Em 1993, retornei à BAFZ, como oficial para iniciar o Curso de Líder de Esquadrilha de Caça no 1o/4o Grupo de Aviação, Esquadrão Pacau.

Notaer - Como avalia a experiência adquirida durante este período?

Ten Cel Av Cláudio - Os ensina-mentos da época de soldado forma-

ram a base cultural, éti ca e militar que facilitaram a vida como cadete. Assim, as difi culdades de adaptação [no que se refere à parte militar] tornaram-se mais amenas. Além disso, conhecer a realidade de vida, a roti na, as difi cul-

dades e os desafi os por que passam nossos soldados facilitou a minha vida como ofi cial, pois permiti u-me, em primeiro lugar, respeitá-los, e também moti vá-los em direção ao cumprimen-to de nossa missão consti tucional.

Notaer - Agora, no comando da unidade que forma os pilotos de caça, o que muda ?

Ten Cel Av Cláudio - Acredito na educação como forma de mudar a vida das pessoas e de nosso país. O Brasil apresenta-se hoje no cenário mundial como um dos grandes atores globais. Todo este destaque é fruto de nossa capacidade de produção, de nossa con-solidada economia, que resisti u brava-mente às últi mas crises econômicas e, sobretudo, da força de nosso povo, que sempre acredita em um futuro próximo com menos desigualdades.

Nesse sentido, acredito que a honra e a responsabilidade de formar os novos pilotos de caça da Força Aé-rea Brasileira revestem-se de elevada e especial importância e me deixam muito orgulhoso de parti cipar deste processo de mudança. Os resultados de um trabalho profi ssional e compro-meti do com os ideais de nossos ante-cessores serão perenes no tempo, por toda a vida operacional desses jovens caçadores e ampliarão a capacidade operacional da FAB, posicionando--a em elevado destaque no cenário mundial em um futuro bem próximo.

Militar usa experiência de 25 anos de trabalho para comandar esquadrão

SAGITARIO é implantado no CINDACTA I, em Brasília

O novo soft ware SAGITARIO passa a operar no Primeiro Centro In-

tegrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), em Brasília, a parti r de 22/1. Desenvolvi-do no Brasil, o sistema é capaz de pro-cessar dados de diversas fontes como radares e satélites e consolidá-los em uma única apresentação visual para o controlador de voo.

O Sistema Avançado de Geren-ciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatório de Interesse Opera-cional (SAGITARIO) já funciona nos CIN-

DACTA II (Curiti ba) e CINDACTA III (Reci-fe) desde o ano passado. Também será instalado no CINDACTA IV (Manaus). A versão recebida pelo CINDACTA I é a mais moderna, já com atualizações decorrentes do emprego do sistema nas regiões Sul e Sudeste do país.

O SAGITARIO traz várias inova-ções em relação ao programa X-4000, que está sendo substi tuído. O soft wa-re permite a sobreposição de imagens meteorológicas sobre a imagem do setor sob controle, para acompanhar, por exemplo, a evolução de mau tem-

po em determinada região do país. Os planos de voo também podem ser editados grafi camente sobre o mapa, possibilitando a inserção, remoção e reposicionamento de pontos do plano e cancelamento de operações, o que permiti rá ao controlador acom-panhar melhor a evolução do que estava previamente planejado para o voo. Além disso, eti quetas inteligen-tes, por meio de cores diferentes de acordo com o nível de atenção para o cenário, indicam informações essen-ciais para o controle de tráfego aéreo.

TRÁFEGO AÉREO

2o /5o GAV

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15Fevereiro - 2012

COMUNICAÇÃO

Novo portal da Força Aérea privilegia interatividadeCom visual moderno, projeto foi desenvolvido com o objetivo de facilitar a busca de informações

Os internautas contam agora com buscador de notí cias e recursos

de acessibilidade para facilitar a navegação no portal da FAB. Lançado em 20/1, o novo projeto também tem visual gráfico reformulado. O site fi cou mais atraente, moderno e muito mais fácil de navegar, e valoriza a integração de todo o conteúdo da homepage com as redes sociais, como Twitt er e YouTube.

Agora, as notícias produzidas pela Agência Força Aérea estão organizadas em editorias. Para os

Homenagem

Nova vinheta é utilizada em videos do CECOMSAER

Desde 1º de janeiro de 2012, todo o material audiovisual da Força

Aérea Brasileira será encerrado com imagens do Campo dos Afonsos que celebra cem anos da Aviação no Bra-sil. A nova vinheta, produzida pelo CECOMSAER, substi tuirá a uti lizada em 2011 sobre os 70 anos da FAB.

As imagens anti gas e atuais apre-sentam a evolução do Campo dos Afonsos. No local, em 1912, uma fai-xa de terra foi cedida pelo Ministério da Justi ça para a implantação de um campo de pouso, onde foi efeti vada a primeira organização aeronáuti ca do país, o Aeroclube do Brasil.

interessados nas carreiras da Força Aérea, por exemplo, há um espaço exclusivo com as informações sobre concursos e operações militares. As entrevistas da rádio Força Aérea FM também estarão disponíveis, além de fotos e vídeos.

De acordo com o Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáu-ti ca, Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, “2011 marcou o ingresso da FAB nas mídias sociais; para 2012, o desafi o será aumentar a interati vi-dade com nossos internautas”.

Campo dos Afonsos completa 100 anos

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Fevereiro - 2012

Dia da Aviaçãode

Asas Rotativas

3 de fevereiro

S2 S

ÉRGI

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ECOM

SAER