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Apontamentos da Aula expositiva de Expressão Gráfica Criativa do dia 22-03-13 (6ª feira) Aula em torno da reflexão sobre desenho, nos seguintes tópicos: Luzes/sombras Marcas gráficas diferentes (tracejado, pontilhismo,etc ) O objecto banal como ponto de partida; As diferentes abordagens para um mesmo tema: A paisagem o Pintura chinesa/japonesa o O método de A. Cozens o As manchas aleatórias de Vitor Hugo: a imaginação o Os borrões intencionais de Claude Lorain A marca gráfica como objecto artístico independente (f. Kline) e a fotografia A reprodução fotográfica pelo desenho Sugestão de livros críticos da sociedade moderna/pós-moderna Henri Fussillon – A vida das formas Italo Calvino – Seis propostas para o novo milénio Iniciámos a aula com a série: Desenhos de Gabardine,

Notas da Aula expositiva de Expressão Gráfica Criativa do dia 22 de Março

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Notes on the expositive class on Creative Graphic Expression of Professor Domingos Rego

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Apontamentos da Aula expositiva de Expressão Gráfica Criativa do dia 22-03-13 (6ª feira)

Aula em torno da reflexão sobre desenho, nos seguintes tópicos:

Luzes/sombras

Marcas gráficas diferentes (tracejado, pontilhismo,etc )

O objecto banal como ponto de partida;

As diferentes abordagens para um mesmo tema: A paisagem

o Pintura chinesa/japonesa

o O método de A. Cozens

o As manchas aleatórias de Vitor Hugo: a imaginação

o Os borrões intencionais de Claude Lorain

A marca gráfica como objecto artístico independente (f. Kline) e a fotografia

A reprodução fotográfica pelo desenho

Sugestão de livros críticos da sociedade moderna/pós-moderna

Henri Fussillon – A vida das formas

Italo Calvino – Seis propostas para o novo milénio

Iniciámos a aula com a série:

Desenhos de Gabardine,

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Desenhos feitos sobre tecido negro (de que se fazem as gabardines) com pastel branco do escultor Juan Muñoz.

é um artista que que trabalha o conceito do espaço (espaço físico) e que joga com esses elementos. Fez uma exposição em que montou varandas de prédios dentro da galeria “como que a trazer o espaço ‘rua’ para dentro da galeria (ver anexos na última pagina). Tem uma grande rigor de execução e possui uma grande mestria em várias técnicas.Realizou muitas exposições, a última no porto, aos 48 anos.

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Estes desenhos mostram como o artista trabalhou as sombras/luzes através do negro da folha. E de como aquilo que está inacabado é compensado pela mente do observador (no desenho de figura de costas).

Seguiu-se ainda um raciocínio mais filosófico sobre a representação das costas – que é algo que não vemos directamente – a não ser pela utilização de um espelho. Dar a ver o que não se vê.

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Seguidamente passámos para o artista americano – Robert Longo com a série de desenhos:

Men in Cities

Feitos com carvão e grafite.

Os modelos eram fotografados enquanto se desviavam furtivamente de bolas de ténis disparadas por uma máquina própria. A partir das fotografias, Robert fazia então os desenhos, com grande rigor gráfico.

Aqui o grafite é utilizado para realçar os brilhos, enquanto que o carvão é utilizado para as zonas de negros opacos.

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Prosseguimos para exemplos de desenhos de pinturas Chinesas tradicionais.

Chang Si (1156-1161)

Aqui o professor sugere a leitura do autor Italo Calvino, com a obra:

Seis Propostas Para O Novo Milénio.

O professor cita uma história chinesa, que por sua vez é citada na obra em questão, onde

certa vez um imperador, deseja ardentemente que lhe seja pintado um caranguejo. Este desejo faz com que seja procurado no reino um pintor à altura do desafio. Surge então um que diz ser capaz de pintar o idealizado caranguejo, mas com certas condições: necessitaria de um palácio, com empregados que o servissem, e com todas as condições de conforto durante o tempo de execução. O imperador ordena então que lhe sejam concedidos os requisitos a fim de obter o seu caranguejo. Ao fim de um ano o imperador faz uma visita ao palácio onde o artista estaria instalado, onde este indica que precisaria de mais tempo. O imperador fica um pouco confuso com a ousadia do artista, mas concede-lhe que assim seja. E ao final desse tempo, o imperador faz uma nova visita. O pintor sobressaltado, ao saber que vinha o imperador para verificar a sua encomenda, e movido de um impulso, pinta o caranguejo na hora, com toda a mestria.

Isto para frisar que o impulso criativo, que vem das experiências de cada um, muitas vezes vale mais do que algumas horas planeadas de execução mecânica.

Aqui, para reforçar, um colega conta ainda da história de como Leonardo Da Vinci executa a Última Ceia, onde o italiano teria passado a maior parte do tempo a observar a parede onde mais tarde, e depois de os patronos já estarem impacientes ele, finalmente, e em pouco tempo, iria concluir a obra.

(Apesar da veracidade desta história ser questionável, Leonardo é o autor da célebre frase: “O desenho é coisa mental”)

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Exemplos de obras do autor incontornável Shi Tao que pinta os desenhos à primeira,

Seguidos de estudos de A. Pisanello que é um dos pioneiros neste género de ensaio, no Renascimento, e aqui como exemplode texturas atarvés de tracejado. (e mais uma vez a figura de costas)

Nisto passamos para um desenho de Leonardo Da Vinci

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Estudos sobre o dilúvio (colecção da Rainha de Inglaterra):

É então tratado o conceito de tensões de forças, através de elementos visuais.

Analisa-se aqui a tentiva de Leonardo de estudar a força da água, de um dilúvio, através do desenho. O desenho como método de estudo, de ensaiar, de adquirir conhecimento . Como um tubo de ensaio num laboratório.

É comparada a temática da força da água com uma alternativa gráfica japonesa -A de Hokusai:

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(notar as linhas diagonais que orientam o desenho e criam uma grande tensão, e o pontilhismo do rebentamento das ondas – expressões gráficas)

E numa outra alternativa – a de Vitor Hugo:

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O professor refere a obra de Henri Fussillon: A vida das formas

Seguem-se exemplos de Claude Lorain (os borrões propositados), Alexander Cozens e Vitor Hugo (os borrões aleatórios) para criação de paisagens. Aqui os borrões vão servir de base para a paisagem, tanto ficticia/imaginada, como através de observação directa. Vitor Hugo tem aqui um contributo essencial – produziu ao longo dos anos c. de 2000 desenhos.

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V. Hugo

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Introdução de Dürer aos artistas paisagísticos. Fala-se do “inacabado” como solução de um desenho. Aqui fica a sensação da rocha estar a flutuar.

Faz-se então a ponte entre este desenho especificamente e o de um autor contemporâneo:

Manuel Zimbro (marido de Lourdes de Castro, já referida em L.G.C., I Semestre) com a série Torrões de Terra:

Aborda-se, mais uma vez, o objecto banal tornado insólito através do desenho. O caso do torrão de terra pintado com uma minociosidade tal que ganha uma importancia que não lhe pertence. Aquilo que é banal como possível fonte de texturas e informação visual muito rica.

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Acerca destes trabalhos de Manuel Zimbro, são também um contraste com os quase instantâneos de A. Cozens; V. Hugo ou Lorain, uma vez que demoraram imenso tempo a fazer.

Ainda na temática do mar e das paisagens:

Louise Bourgeois (já abordada em L.G.C.,I Semestre)

Trabalho muito fundamentado nas memórias e experiências de infância.

Outra ponte na mesma temática:

Vija Celmins (idem) - grafites

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Aqui é focado a abrangência de tons de um único material – neste caso o grafite – e do trabalho mais contigo e mecânico.

Fala-se da vasta obra obra da autora nos mais diversos motivos: teias de aranha, estrelas, etc

Nova ponte, mesmo tema:

O fotógrafo Hiroshi Sugimoto:

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Fotografias do mar, de longa exposição, de grande formato e alta definição: Analógicas.

São referidos ainda outros trabalhos do autor (fotografias de longa exposição a salas de cinema, p. ex., ou um ecran gigante exterior onde se nota o movimento das estrelas no céu [ou a rotação do globo que o arrastamento destas evidencia] aqui )

Nova ponte com a temática mar (através de texturas) e

Passamos para os desenhos do subconsciente, não controlados do artista francês Henri Michaux:

O autor faz estes desenhos numa tentativa de não ser a sua vontade consciente a definir o movimento da sua mão.

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Faz-se uma ponte para Jackson Pollock com a sua action-painting:

A invasão do autor na própria obra e o movimento coporal registado.

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Na sequência do tema movimento, é-nos mostrado o artista David Hockney a utilizar a técnica de desenho à distância:

À semelhança de outros grandes artistas do passado também (Henri Matisse, p. ex.)

Nestes utlimos 3 exemplos (Michaux, Pollock e Hockney) foca-se a atenção de como a forma como seguramos no material riscador influencia a expressividade do traço.

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A partir deste aspecto do desenho focamos a atenção na artista contemporânea Fabienne Verdier. Que explora as técnicas e filosofias associadas à tradição da pintura chinesa, também à escala monumental:

Com pincéis que podem chegar aos 2 metros de comprido e aos 70 kilos quando carregados de tinta, a artista cria marcas imponentes e que valem por si mesmas,

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E que nos remetem imediatamente para o trabalho de Franz Kline:

O professor explica que o próprio autor conta a história de como sugiu a ideia para os desenhos:

A certa altura, enquanto trabalhava nuns desenhos de umas cadeiras, o autor recebe uma visita do seu amigo Elseworth Kelly (artista referido nas primeiras aulas acerca da exploração das sombras). Este, ao ver os desenhos de Kline, sugere que uma ideia que poderia resultar era a de ele trabalhar pequenas zonas desses mesmo desenhos, individualmente, e ampliá-las. Pequenos detalhes sem importância.

Existe um assumir aqui do traço negro-opaco enquanto elemento suficiente da composição. Este autor é uma das influências da autora anterior, Verdier

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Estabelece-se uma nova ponte: Do desenho de Kline, para a fotografia de Aaron Siskind:

O professor estabelece aqui os paralelos (óbvios) entre as duas técnicas tão distantes aparentemente.

Siskind procura fotografar aquilo que não é reparado, que não é óbvio, que está, literalmente, abandonado.

Depois de uma comparação com esta ultima foto de Aaron Siskind, finalizamos com o autor

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Avigdor Arikha:

Que através de manchas tão descomprometidas faz uma paisagem.

Observações: Este ficheiro não contém uma listagem de todas as imagens apresentadas na aula, resumindo-se apenas à informação anotada pelo autor.

Agradece-se desde já a todos os que estiveram presentes que, se assim entenderem acrescentem informação de valor, de modo a enriquecer este registo de aula.

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