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PMU Cultural Novelas por Murillo Soares S ão extremamente dramáticas, têm péssimas atuações, monólogos sem sentido e aquela dublagem meio mal feita. Mesmo assim, amamos assisti-las. Se você já passou algum tempo com a sua avó, sabe que estou falando das famosas novelas mexicanas. Então, dê o play em alguma música da Thalía, prepare seu sombrero, chame sua amiga Maria de Guadalupe, beba sua tequila e venha comigo. Uma das marcas registradas do SBT são as famosas novelas mexicanas. Sempre cli- chês e com uma dramaticidade exagerada (e sem necessidade, até), as novelas mexicanas imigraram com grande força no Brasil, mais ou menos no início da década de 80, quando Silvio Santos fechou contrato com a Televisa, principal ‘fábrica’ de dramas do México. A maior razão para essas produções terem vindo foi que elas possuem tramas leves que poderiam ser vistas por toda a família. Isso sem contar os dramas e intrigas envolvidos no enredo, que não fazem o telespectador desgrudar da teli- nha, nem que seja para rir da péssima atuação. Mexicanas ¡Arriba, muchacho! carrossel Carrossel, novela original de 1989 A primeira novela mexicana exibida no SBT foi “Os Ricos Também Cho- ram”, em 1982. Pouco tempo depois, em 1987, Silvio percebeu que seu pú- blico preferia as novelas estrangeiras. Foi quando investiu pesado em enre- dos da Televisa e quando o público conheceu algumas das mais comentadas e amadas até hoje, como a infantil “Carrossel”, que tinha picos de audiência altíssimos e batia facilmente a ede Globo no Ibope. O sucesso da trama de Maria Joaquina, Professora Helena e Cirilo foi tão grande que marcou toda uma geração, sendo exibida em 1993, 1995 e, um ano depois, em 1996 e fez despontar a carreira da atriz Gabriela Rivero, que deu vida à Professorinha Helena. A receita da telenovela foi repetido recen- temente, quando o SBT resolveu fazer um remake atualizado do enredo. NOVELAS MEXICANAS _PROJ.indd 1 18/05/2014 19:20:11

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PMU Cultural

Novelas

por Murillo Soares

São extremamente dramáticas, têm péssimas atuações, monólogos sem sentido e aquela dublagem meio mal feita. Mesmo assim, amamos assisti-las. Se você já passou algum tempo com a sua avó, sabe que estou falando das famosas novelas mexicanas. Então, dê o play em alguma música da Thalía, prepare seu sombrero, chame sua amiga Maria de Guadalupe, beba sua tequila e venha comigo.

Uma das marcas registradas do SBT são as famosas novelas mexicanas. Sempre cli-chês e com uma dramaticidade exagerada (e sem necessidade, até), as novelas mexicanas imigraram com grande força no Brasil, mais ou menos no início da década de 80, quando Silvio Santos fechou contrato com a Televisa, principal ‘fábrica’ de dramas do México. A maior razão para essas produções terem vindo foi que elas possuem tramas leves que poderiam ser vistas por toda a família. Isso sem contar os dramas e intrigas envolvidos no enredo, que não fazem o telespectador desgrudar da teli-nha, nem que seja para rir da péssima atuação.

Mexicanas¡Arriba, muchacho!

carrossel

Carrossel, novela original de 1989

A primeira novela mexicana exibida no SBT foi “Os Ricos Também Cho-ram”, em 1982. Pouco tempo depois, em 1987, Silvio percebeu que seu pú-blico preferia as novelas estrangeiras. Foi quando investiu pesado em enre-dos da Televisa e quando o público conheceu algumas das mais comentadas e amadas até hoje, como a infantil “Carrossel”, que tinha picos de audiência altíssimos e batia facilmente a ede Globo no Ibope.

O sucesso da trama de Maria Joaquina, Professora Helena e Cirilo foi tão grande que marcou toda uma geração, sendo exibida em 1993, 1995 e, um ano depois, em 1996 e fez despontar a carreira da atriz Gabriela Rivero, que deu vida à Professorinha Helena. A receita da telenovela foi repetido recen-temente, quando o SBT resolveu fazer um remake atualizado do enredo.

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Cumplices de um resgate

Os ‘baixinhos’ também deixaram um pouco a Xuxa de lado e se delicia-ram com algumas outras tramas mexi-canas. “O Diário de Daniela”, “Carinha de Anjo” e “Cúmplices de Um Resgate” são exemplos de novelas infantis que se tornaram hit aqui no Brasil.

Esta última foi deu o pontapé inicial

na carreira de Belinda Peregrín, que foi a protagonista da telenovela.O drama infantil conta a história das gême-as Silvana e Mariana, separadas ao nascimento. Silvana cresceu em uma família rica, enquanto Mariana foi para a zona rural da Cidade do México. Silvana é uma aposta

musical de uma gravadora por ter carisma, mas não sabe cantar. É aí que ela encontra Mariana, sua gêmea, que tem uma bela voz, e decidem trocar de lugar. Nisto, descobrem que são irmãs.

Ao contrário de uma de suas personagens, Belinda sabe can-tar. E foi vendo seu desempenho na novela que ela assinou contra-to com a EMI do México.

Com eles, lançou três álbuns “Belinda”, “Utopía” e “Carpe Diem”. No ano passado, voltou com o conceitual “Catarsis”.

rebeldeOutra aposta musical que veio da Televisa foi a banda RBD, prove-

niente da telenovela “Rebelde”. Levemente parecida com “Carrossel”, “Rebelde” mostra um internato para adolescentes, na faixa dos seus 16, 17 anos. Lá, eles dão seus primeiros passos rumo à vida adulta, acertan-do e errando bastante. A história é focada em um grupo de seis jovens:

Roberta, Mía, Lupita, Diego, Miguel e Giovanni. Estes não seguem os demais e, por isso, são considera-

dos rebeldes na escola, na família e no círculo de amiza-des. No meio da trama, os seis resolvem montar uma banda

chamada RBD e, a partir daí, a ficção sai para a vida real e eles se tornam uma das bandas mais rentáveis de todos os tempos,

com mais de 60 milhões de discos vendidos em todo o mundo.

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Belinda, cantora. Álbum: “Carpe Diem”

Como dito no início, as tramas mexicanas agra-dam a toda a família. Para as mamães, titias e vo-vós, que são o maior público do SBT, Silvio impor-tou dramas açucarados, que encheram o horávrio das 19h de lágrimas e corações partidos. E também com o vrosto de Thalía. A cantora e atriz mexicana estrelou sete novelas, das quais cinco foram exibi-das aqui. Indiscutivelmente, “Maria do Bairro” é, dentre tordas elas, de longe, a mais lembrada.

maria do

bairro

Integrantes da banda RBD

Ya mucha honra (tã nã nã), María la del barrio sooy!

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Sendo reprisada cinco vezes aqui no Brasil, ela nos conta a história de María, uma jovem órfã, que mora com sua madrinha na periferia da Cidade do México. Quando María completa 15 anos, sua madrinha morre, mas antes ela pede a um padre que, se algo lhe acontecesse, arrumasse um lar para sua afilhada. María é acolhida na casa do grande empresário Fernando Dela Vega, que pretende fazer dela uma mulher fina da high society mexicana.

E, enquanto vive na casa, ela desperta a paixão de Luís Fernando, primo-gênito do empresário, o que desperta o ódio de Soraya Montenegro, que fica determinada a matar María até o fim da novela.

Ainda tem um monte de sub-tramas em Maria do Bairro. Ela fica grávida e, por algum motivo, tem que abandonar seu filho. Nossa dramática, porém, o resgata mais à frente. Ele ainda tem um breve romance com Soraya! A vilã o convence a começar a beber, até ele se tornar alcóolatra.

Tudo isso para atingir María. Como ela nunca consegue, literalmente tenta matar Maria, colocando-a, amarrada, em um galpão abandonado. Soraya atea fogo no lugar, mas, claro, Maria sai ilesa.

a usurpadoraSoraya Montenegro foi uma das maiores vilãs da televisão mexicana, quiçá do mundo. Ela, no entanto, não chegaria aos pés de Paola Bracho, principal antagonista de “A Usurpadora”, outro

grande sucesso do SBT. Também exibida cinco vezes no canal do Silvio Santos, sendo a última vez ano passado, 2012. A trama gira em torno de duas personagens, gêmeas, que foram separadas ao nascimento. Trama recorrente na teledramaturgia mexicana. Paulina ficou com a mãe biológica em uma humilde vila, enquanto Paola foi adotada

por uma família rica e acabou se casando com Carlos Daniel Bracho, dono de uma fábrica de cerâmicas que carrega o nome da família.

Paola, apesar de ter tudo, não quer nada disso. Ela gosta de se divertir com seus amantes e viajar. Em uma de suas viagens, encontra-se com Paulina e, por meio de chantagem, a instrui para que tome seu lugar na casa dos Bracho, enquanto viaja por um ano com um amante. Assim, Paulina se torna uma usurpadora. Paola é, de longe, uma das vilãs mais carismáticas da TV, sendo uma das razões do sucesso da novela.

Thalía, como a dramática Maria do Bairro

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