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1 NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO Concordemos ou não com ele, o Novo Acordo Ortográfico está aí, na televisão, nos jornais e nas revistas, nos novos manuais escolares. Não é de uso facultativo, é obrigatório! Negociado por linguistas de Portugal, do Brasil e dos PALOP, que consideraram útil e benéfica uma aproximação linguística meramente ortográfica, o acordo tem de ser acolhido por todos os utentes da língua portuguesa. Em 2015, findo o período de transição, espera-se que todos estejam rendidos ao novo acordo. Até lá podem surgir queixas, lamentos, protestos… mas, volvidos estes anos de adaptação, teremos de estar sintonizados na mesma onda. De nada vale o refúgio numa nota em que o autor se diz “totalmente contrário ao assim denominado Novo Acordo Ortográfico, pelo que continua a escrever segundo a chamada norma antiga”. Poderá fazê-lo neste período de transição para marcar o seu desacordo face ao novo acordo. Terá, no entanto, de baixar o estandarte do inconformismo, quando, em 2015, todos os meios de comunicação social se encarregarem de nos criar o mal-estar do conservadorismo e da inadequação. Gostemos ou não dele, o melhor é ir aprendendo as suas regras e aplicando-as. Podem parecer-nos estranhas as palavras sem “cês”, sem “pês”, sem hífens… Estranhas serão, mas bárbaras não. Perderam as marcas de origem, mas são nossas. Aparecem com nova roupagem a garantir que os erros serão menos frequentes. Sem chorosas deceções, mas com refletido otimismo, comecemos já as nossas despedidasFlorbela Moura Maria Antonieta Mendonça A DESPEDIDA DO P Olá, eu sou o P que morava em perce(p)ção assim como em outras palavras como perce(p)tível. Sou uma simples e comum letra neste vasto abecedário da língua portuguesa e acabo de ser abruptamente separado das minhas amigas “t” e “ç”, pelo simples facto de ser tímido e só me dar com elas! Achei estranho, por isso dirigi-me à receção do Ministério da Educação para esclarecer a situação e caí dececionado quando me falaram de um tal de Acordo Ortográfico. Explicaram-me que serve como um método contracetivo contra relações entre letras mudas e letras normais. Enfim, hoje em dia, uma letra como eu não se pode mostrar suscetível a estas discriminações. A partir de agora sou apenas um P, P de P artida. Pedro Calheiros, João Vasco, João Silva e Ricardo Dias 11. o A

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NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

Concordemos ou não com ele, o Novo Acordo Ortográfico está aí, na televisão, nos jornais e nas revistas, nos novos manuais escolares.

Não é de uso facultativo, é obrigatório! Negociado por linguistas de Portugal, do Brasil e dos PALOP, que consideraram

útil e benéfica uma aproximação linguística meramente ortográfica, o acordo tem de ser acolhido por todos os utentes da língua portuguesa. Em 2015, findo o período de transição, espera-se que todos estejam rendidos ao novo acordo. Até lá podem surgir queixas, lamentos, protestos… mas, volvidos estes anos de adaptação, teremos de estar sintonizados na mesma onda. De nada vale o refúgio numa nota em que o autor se diz “totalmente contrário ao assim denominado Novo Acordo Ortográfico, pelo que continua a escrever segundo a chamada norma antiga”. Poderá fazê-lo neste período de transição para marcar o seu desacordo face ao novo acordo. Terá, no entanto, de baixar o estandarte do inconformismo, quando, em 2015, todos os meios de comunicação social se encarregarem de nos criar o mal-estar do conservadorismo e da inadequação.

Gostemos ou não dele, o melhor é ir aprendendo as suas regras e aplicando-as. Podem parecer-nos estranhas as palavras sem “cês”, sem “pês”, sem hífens… Estranhas serão, mas bárbaras não. Perderam as marcas de origem, mas são nossas. Aparecem com nova roupagem a garantir que os erros serão menos frequentes.

Sem chorosas deceções, mas com refletido otimismo, comecemos já as nossas despedidas…

Florbela Moura Maria Antonieta Mendonça

A DESPEDIDA DO P

Olá, eu sou o P que morava em perce(p)ção assim como em outras palavras como perce(p)tível. Sou uma simples e comum letra neste vasto abecedário da língua portuguesa e acabo de ser abruptamente separado das minhas amigas “t” e “ç”, pelo simples facto de ser tímido e só me dar com elas! Achei estranho, por isso dirigi-me à receção do Ministério da Educação para esclarecer a situação e caí dececionado quando me falaram de um tal de Acordo Ortográfico. Explicaram-me que serve como um método contracetivo contra relações entre letras mudas e letras normais. Enfim, hoje em dia, uma letra como eu não se pode mostrar suscetível a estas discriminações. A partir de agora sou apenas um P, P de Partida.

Pedro Calheiros, João Vasco, João Silva e Ricardo Dias – 11.oA

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A DESPEDIDA DO P

Começo por me apresentar: eu sou o P. Durante todos estes anos, eu fui acolhido

pelo T, pelo C e pelo Ç, em diversas palavras, tais como, suscetível, concetualizar, perceção,…

Esses anos já eram… Fui despedido! Agora a moda é cortar em tudo o que está a mais, cortes para ali, cortes para acolá! Vejam lá bem que até já cortaram no senhor C e no senhor hífen! Onde é que este mundo vai parar com tantos cortes? Este tal de Acordo Ortográfico chega aqui e começa a mandar em todos nós!... Não tem o direito de fazer isto! Como é que ele é capaz de ignorar os ótimos momentos que eu passei com o T? E aquelas brincadeiras excecionais com o C? O que mais me custa é o T, o C e o Ç terem concordado com o meu afastamento! Tive que voltar para a adoção, esperando impacientemente que alguém me dê o devido valor…

Eu sei que está complicado para todos, mas este acordo não pode chegar aqui e ferir os sentimentos das consoantes, que estejam na mesma situação que eu, dos acentos, dos hífens, etc. Sim, porque nós também temos sentimentos!!!

Mas o que poderei eu fazer para impedir este Acordo Ortográfico de fazer estas

maldades? Nada, não poderei fazer nada, apenas despedir-me nostalgicamente dos belos tempos em que eu fui adotado… Sentirão saudades, tal como sentiram quando me substituíram, juntamente com o meu grande velho amigo H, pelo F.

Adeus, P

Diogo, Guilherme Calhau, Rita Dâmaso e Sara Nunes – 11.oI

A DESPEDIDA DO PÊ

Mandaram-me embora, mas não estou chateado, pois não fazia sentido a minha presença em algumas palavras.

Mudaram a língua, mudaram as palavras, e eu... fui de vela! Estava a mais nesta evolução otimista da língua e alguns “t”, “c” e “ç” não me quiseram por companhia. Afinal, fui eu que apanhei uma grande deceção!

O tê pensa que é bonito e não vai sentir a minha falta, enquanto que os cês, com ou sem cedilha, fizeram-me uma despedida dececionante, pois já estavam fartos de mim.

Para me despedir, afirmo que não estou suscetível a choros e só espero que, no futuro, fiquem aptos para outras adoções... E não se preocupem comigo, que eu fico ótimo!

Adeus, Pê

Diogo Ferreira, Patrick Leitão e Yekine Gomes – 11.oD

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A DESPEDIDA DO P

Eu sou o “P”. Depois de tantos anos a ser o ombro amigo de tantas palavras, como, por exemplo, otimismo, deceção e batizado, agora, de um momento para o outro, dão-me uma facada nas costas. Isto é muito injusto! Até podia ser um pouco chato andar atrás das outras letras, mas não era necessário terem-me feito isto, agora sinto-me só. Como sou mudo e ninguém gosta da diferença, mandam-me dar uma volta. Vou-me embora muito dececionado! Adeus, P

Sara Ferreira e Sara Freitas - 11.oL

A DESPEDIDA DO HÍFEN

Do hífen já não precisamos Seu trabalho acabou As palavras divorciaram-se Seu casamento acabou. Cão de guarda, à vontade, Divorciados já estão, É triste ver as palavras Sem nenhuma união. Mas o amor ainda existe O cor-de-rosa assim o diz, Ele continua casado É assim que é feliz. O hífen não morreu, Não vale a pena chorar, Ele próprio admitiu Que o português tem de mudar. A caneta portuguesa O hífen continua a escrever, E é com muito orgulho Que o continuará a fazer.

João Neves, Maria João Entresede, Rodolfo Santos – 11.oD

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A DESPEDIDA DO HÍFEN

MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES

Eu sou o infortunado do hífen que, como muitas outras letras, fui alvo de discriminação e de exclusão por uma minoria de intelectuais e de doutorzinhos que, nas suas brilhantes mentes, decidiram mudar a nossa querida língua!

Onde é que já se viu escrever minissaia, com dois ésses? Mas um dia hão de ter saudades! Hão de ter muitas saudades!

Quanto a mim... bem, sou uma partícula errante que vagueia pelo mundo linguístico à espera que o destino me sorria e que alguma alma caridosa me acolha.

Aqui deixo a minha indignação perante aqueles que me roubaram o meu emprego. A crise chegou às letras!

Adeus, Hífen

Francisco Nobre, Pedro Macário e 19 Rui Godinho – 11.oG

A DESPEDIDA DO HÍFEN

QUEDA SEM PARAQUEDAS Alguém ainda me há de explicar o porquê do meu desaparecimento da maioria das palavras compostas da língua portuguesa. É que, sinceramente, se são compostas, têm de ter qualquer coisa a compô-las. E quem melhor do que eu para o fazer? Verdade, verdade é que é como se eu já não pertencesse a esta família e a maior parte deles já não me conhece. Com alguns ainda me dou. Por exemplo, sirvo para guardar a chuva, mas já não paro as quedas. O cor de laranja deixou de me falar e só com o cor-de-rosa posso desabafar. Pelo menos, já não tenho família para me proibir de sair ao fim de semana, mas de segunda a sexta lá estou eu a trabalhar. Mesmo fria, ficou a minha relação com o verbo haver, não há volta a dar, perdemos contacto para sempre. Mais-que-perfeito seria voltar tudo a ser como antes, mas, até lá, estou meio desempregado e só espero que o salário dê até ao fim do mês.

Hífen

Adriana Simões, Olga Yarotska, Wanda Dias e Vanessa Pinto – 11.oF

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A DESPEDIDA DO HÍFEN

Chegou a minha hora… Infelizmente, após tantos, mas tantos anos como casamenteiro e ‘’divorciadeiro’’, fui obrigado a uma reforma antecipada, por conseguinte vou ter de me despedir.

Fui sublime, juntei tantos e separei outros tantos: juntei o há ao de, juntei o arco ao íris para formar uma orla de cores perfeitas, que maravilhou as pessoas muito antes da minha existência.

O mandachuva deixou de ser o senhor supremo na sua campanha bem sucedida e o à vontade passou a um momento constrangedor para as pessoas que estavam na sala com eles.

Porém, o que me parte realmente o coração são os casais que mantinha separados por julgar que as quezílias entre eles eram demasiadas.

Estava errado. Ao que parece, a mini e a saia estavam destinadas a ficar juntas até uma nova

adição: um s no meio deles. A perfeita imagem familiar. Terão tido um filho enquanto eu os mantinha separados?

Desavergonhados! Ah, Ah, Ah, apanhei-vos! Achavam que me ia embora dessa maneira? Não!

Desengane-se aquele que pensar que vou de malas aviadas para o aeroporto com o intuito de continuar a minha vida noutro lugar. Não se veem livres de mim assim tão facilmente!

Ficarei, espero eu, mais uns anitos por estas bandas unindo palavras que por casmurrice ou outra coisa qualquer sobreviveram aos opróbrios feitos à minha pessoa. Ainda estou aí para as curvas.

O neo-darwinismo ainda nos ensina as teorias da evolução mais recentes, a rosa ainda permanece cor-de-rosa, embora não seja essa a sua cor, as relações e o amor entre namorados ainda se podem gabar de ser mais-que-perfeitos e ainda oraremos ao deus-dará para que o dia de amanhã seja mais solarengo. E que o pé-de-meia seja mais recheadinho do que os lúgubres tempos que temos vividos.

Estarei onde menos esperarem, a pernoitar nos vossos piores sonhos! Adeus, Hífen!

André Dias, Catarina Ventura, Linda Costa, Priscilla Lolo – 11.oI

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A DESPEDIDA DO C

Olá! Eu sou o C. Gostei muito de estar aqui. Foram tempos espetaculares! Vou sentir muito a vossa falta. Quero dizer particularmente ao T e ao Ç que foram os melhores colegas de trabalho de sempre. De momento, vou para Londres tocar baixo elétrico com uma banda espetacular. Vão ser tempos cheios de ação, exatamente como eu queria. O diretor do nosso ato musical disse que vamos atuar ao lado de grandes bandas. Espero que não surja nenhuma objeção. C you, C

Francisco Soares e Pedro Dias – 11ºL

A DESPEDIDA DO CÊ Caro Cê, Escrevo-te diretamente para te demonstrar o atual estado de sofrimento partilhado por todas as letras que contigo contactaram. Sem ti, não somos as mesmas… Contigo éramos intelectuais, agora sentimo-nos fúteis, meras espetadoras da ação desta “bactéria” gigante que, ao atacar de surpresa, nos deixou estupefactas. O outro Cê, que te acompanhava em tantas palavras, motivado pelas saudades, agora coleciona todos os livros em que permaneces. O Cê cedilhado sente que perdeu a sua proteção e eu já ando preocupado com a sua perda de atitude… Ficam as saudades deste dialeto, que sem ti perdeu o impacto.

Com todo o afeto, me despeço, Tê

Beatriz Bento, Joana Neves, Maria Rita Dias e Linda Nunes – 11.oA

A DESPEDIDA DO CÊ

Era uma vez um “cê”. Moço, qu’é dele? Andam por aí a dizer que chegou o acordo e que os cês e os pês andam tristes e tal… Não, eu ando é feliz! Já estava farto de actuar com os actores, de participar em actividades com as crianças e com os mais graúdos. Fogo, e estar em pé, ali em vigor, no canto das televisões a dizer “Directo”? Vou aproveitar para descansar as costas, que já estava a ficar marreco. Pode ser que, no próximo acordo, me vejam como um L. Vou dedicar mais tempo à minha filha Cedilha e deixá-la continuar a trabalhar com o meu irmão, mas ela que não pense que se vai ver livre de mim, vou continuar a ir ao teatro para os ver juntos em ação, visto que agora tenho muito tempo livre. Meu amigo, férias sabem bem a todos!

Eduardo Seixas, João Cruz, Maria João Rosa, Pedro Mendes – 11ºB

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A DESPEDIDA DO CÊ

Querido diário, Nestas últimas semanas tenho-me vindo a sentir muito indignado. Como ousam subestimar a minha importância na língua portuguesa?! Este novo Acordo Ortográfico é uma ofensa à minha existência. Num destes dias, fui a uma consulta médica e foram-me diagnosticados sons mudos, que, ao que parece, é uma doença bastante rara. No princípio, achei que era um ato de mau gosto, mas agora vejo que não. Na televisão, os atores já não atuam como antes – falta-lhes um certo “c”. No alfabeto o “t” e o “ç” pediram-me o divórcio e cada um seguiu a sua direção. Até o meu irmão gémeo me abandonou, recusando-se a trabalhar comigo. Despeço-me amargurado, “Cê”

Ana Catarina Dinis, Cláudia Monteiro, Gisela Sebastião e Rita Moreira – 11.oG

A DESPEDIDA DO C

DESNECESSÁRIA CORREÇÃO

Estou deprimido. Já ninguém me quer! Saí do elétrico para ir a redação do “Atual”, mas até do título me tiraram. Fui

despedido. O meu namorado, t, traiu-me com aquelas cinco malucas das vogais. Perdeu

todo o afeto por mim e ainda mandou a fatura da eletricidade lá de casa. Além disso, fez-me perder o emprego nos espetáculos em direto e na atualidade do país. Estou convicto de que não se esqueceu de mim por completo, pois fico intacto nos pactos que fizemos e nos néctares que bebíamos juntos.

Quanto ao meu irmão gémeo, c, esse colecionador nato, acionista de tantas empresas, acabou com a nossa sociedade.

O meu primo, ç, quando detetou esta ação por parte do meu irmão, seguiu-lhe a correção.

Agora estou a pensar em novos projetos e vou seguir a minha própria direção, já que sou solteiro, bom rapaz e tenho muito afeto para dar.

Bruno Domingues, David Curto, Luís Arede e Salomé Afonso – 11.oB

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A DESPEDIDA DO C No dia do meu batizado, ninguém me aceitava: fui ignorado, fui maltratado e desprezado. Fizeram-me sentir um fardo nas costas do “t”, mas tenho-vos a dizer... foi ótimo enquanto durou! Com os meus dois irmãos, “c” e “ç”, dei a volta ao mundo! Mas agora aquele invejoso do “c”, que me acha parecido com ele, despediu-se de mim, para atuar perante os espetadores, ficando com a fama toda só para ele e, para não bastar, o corcunda do meu irmão “ç”, acha-se independente, só por ter uma bengala! Agora, perdi a boleia daqueles três ciumentos, para este novo espetáculo onde todas as personagens mudaram e onde eu deixei de ser ator. Perdi a direção e o rumo da vida, mas sei que não posso ter medo do escuro, de partir, pois o som da minha letra é bem mais belo que esse sangue amargo que sinto em mim. Agora, que tenho mais tempo livre, recordo que não foi tempo perdido, foi uma viagem maravilhosa enquanto durou.

Daniel Cortesão, Inês Tomé, João Bernardo e Manuel Conceição – 11.oB

A DESPEDIDA DO C

É com pena que vos digo que, no outro serão, fui assistir a uma peça de teatro mudo. Tristemente, fiquei a saber que a ação do ato do ator ficou sem o inigualável figurante C, que nesta peça representava um perspicaz detetive. Perante esta insubstituível perda, os espetadores não ficaram indiferentes, pois perceberam que sem o C nunca mais se realizaria um espetáculo mudo, pois passaria a ser audível. Indignados foram falar com a direção do espetáculo sobre a possibilidade de voltarem a considerar o enigmático detetive, mas não obtiveram a esperada resposta, falharam o objetivo. Combinaram, então, reunir-se para apresentar este problema à redação de um jornal. Mas tiveram pouca sorte, pois o sisudo diretor do tal jornal não lhes concedeu o desejo. Descontentes e cientes que não havia volta a dar, resignaram-se e esperando que a nova era do teatro audível seja tão boa ou melhor que o agora antigo teatro mudo.

Daniel Ferreira, João Calheiros, Marcelo Pratas e Tiago Dinis – 11.oA

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A DESPEDIDA DO CÊ

O SUPER-REFORMADO

Saí da ação! Tiraram-me das palavras, como quem tira o osso ao cão. Que grande deceção! Custa-me a crer que, de um dia para o outro, passe de ator para um mero espetador. Já nem sei a minha direção! Nem as minhas conquistas românticas consegui manter, como o cê, que, por momentos, pensei que fosse a minha alma gémea. O meu objetivo era ficar para sempre perto do tê, do cê de cedilha… mas, pelos vistos, já não me querem! Mas porquê? Eu sou tão giro, tenho uma curva tão elegante e sensual!... A culpa? A culpa foi desse tal de acordo ortográfico que me exilou da ortografia portuguesa. Agora os mais fracos já não me pedem socorro, já não sou o “SUPER CÊ”, passei de super-herói a super-reformado.

Márcia Pinto, Ana Carolina Elias, Ana Beatriz e Ana Rosa – 11.oF