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Impresso Especial 1000013823-DR/CE FIEC CORREIOS O impacto do pré-sal para o estado do Ceará é praticamente direto, é real e vai além da concessão de royalties e dos repasses do fundo social NOVO TEMPO Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano III n N o 30 n novembro de 2009 3

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ImpressoEspecial

1000013823-DR/CEFIEC

CORREIOS

O impacto do pré-sal para o estado do Ceará é praticamente direto, é real e vai além da concessão de

royalties e dos repasses do fundo social

NOVO TEMPO

Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno III n No 30 n novembro de 2009

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Fronteira de oportunidades A descoberta do pré-sal gera expectativa na indústria cearense, vindo juntar-se à siderúrgica e à refinaria no esforço de transformar nosso perfil econômico

20Capa

NOVEMBRO 2009 | No 30

Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

................................................................................................

Inova SENAIEstíMulO à iNOVaçãO SENAI promove concurso visando estimular o desenvolvimento de projetos inovadores para a indústria cearense

08

SustentabilidadeDO DiscuRsO à pRática Doze anos após a criação do primeiro documento mundial abordando a temática do desenvolvimento sustentável, ainda persiste o desafio

32 ................................................................................................

Renapi no CEpROMOçãO DE iNtERcâMBiO O núcleo da rede nacional aproxima a política de desenvolvimento produtivo dos empresários cearenses

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Políticas assistenciaisà EspERa DO pRóxiMO passO Estudos indicam que programas de distribuição conseguem melhorar a renda, mas não transformam as estruturas sociais

28

Indústria moveleiracEaRá é REfERêNciaSindicato do setor no estado preocupa-se com o crescimento sustentável e fomenta o associativismo

18

S E Ç Õ E S5 MENsaGEM Da pREsiDêNciaAgenda a partir do 4º ENAI

6 NOtas&fatOs FIEC entrega prêmio por desempenho ambiental

11 iNOVaçõEs&DEscOBERtasMuro construído por robô pedreiro

12 Comércio exteriorlaçOs ENtRE cplp Comunidade de Países de Língua Portuguesa poderá se transformar em área de livre comércio, fortalecendo a formação de um bloco entre seus membros

34 Escudo protetorcaMaDa DE OzôNiO A camada de ozônio que existe na atmosfera está sendo gradativamente destruída, com graves consequências para a vida em nosso planeta

15 ViraVidaapOstaNDO NO cOOpERatiVisMO SESI assina convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem de Cooperativismo, beneficiando projetos criados por jovens em situação de risco

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federação das indústrias do Estado do ceará — fiEcDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira

Diretor financeiro Álvaro de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente, Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos

Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,

Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita

Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart

serviço social da indústria — sEsiCONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva,

Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Moreira Sobrinho e Marcos Silva Montenegro Suplentes Flávio Barreto Parente, Geraldo Basto Osterno Júnior, Vanildo Lima Marcelo e Verônica Maria Rocha Perdigão Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco

Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes do Sindicato das Indústrias de Frios e Pesca no Estado do

Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria

Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

serviço Nacional de aprendizagem industrial — sENaiCONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Affonso Taboza Pereira,

Álvaro de Castro Correia Neto, Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo e Ricardo Pereira Sales Suplentes José Carlos Braide Nogueira da Gama, Francisco José Lima Matos e Hercílio Helton e Silva Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima

Suplente Samuel Brasileiro Filho Representante do Ministério do Trabalho Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Delegado da Categoria Econômica da Pesca Efetivo Maria José Gonçalves Marinho Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima

Diretor do Departamento Regional do SENAI-CE Francisco das Chagas Magalhães

instituto Euvaldo lodi — iElDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

Revista da FIEC. – Ano 3, n 30 (nov. 2009) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

MensagemdaPresidênciaRoberto proença de Macêdo

Agenda a partir do 4º ENAI

4º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), realizado pela CNI, em Brasília, nos dias 17 e 18 de novembro, colocou na nossa agenda pontos da maior relevância para o futuro da indústria e do país. Volto desse

encontro, onde estive acompanhado de mais de 30 com-panheiros que formaram a delegação cearense, entusias-mado com os desafios e as possibilidades que temos pela frente. Entre os muitos temas abordados, pelo menos dez merecem uma reflexão organizada, preparatória de ações a serem empreendidas pelo empresariado cearense, em benefício da nossa indústria e do nosso estado.O1 – Aproveitar o clima positivo existente hoje no país para ampliar a participação dos industriais em suas entidades de representação.O2 – Desenvolver uma cultura pela inovação permanente, adotando, aper-feiçoando e difundindo instrumentos de apoio à sua prática.O3 – Fazer uso das muitas oportuni-dades de obtenção de financiamentos governamentais disponíveis para pro-jetos de inovação.O4 – Adotar postura aguerrida de mo-bilização da classe industrial para a defesa de nossos interesses, frente a projetos em tramita-ção no Congresso Nacional que pretendem estabelecer di-reitos incompatíveis com a competitividade empresarial.O5 – Acabar com o analfabetismo na indústria, por meio de ações realizadas no interior das próprias empresas, uti-lizando o horário do expediente normal.O6 – Tornar o Sistema FIEC mais ágil e eficiente em suas ações de marketing, de modo a melhorar a nossa postura como “vendedores” dos benefícios propriciados por seus serviços e por suas atividades representativas.O7– Lutar pela redução dos juros do spread bancário,

pela agilização dos processos judiciais, desoneração dos investimentos produtivos e das exportações, priorização dos gastos públicos em infraestrutura, redução dos gastos governamentais e despesas correntes, aperfeiçoamento do marco regulatório do meio ambiente, adequação da polí-tica cambial, desenvolvimento de marcos regulatórios que estimulem o investimento privado, pela manutenção da autonomia e eficiência das agências reguladoras e pela desburocratização da máquina governamental.O8 – Assegurar e usar a força do setor industrial como mola propulsora do crescimento do país.O9 – Expandir atividades para os setores da nova indústria,

atentando para os requisitos da econo-mia de baixa emissão de carbono.O10 – Aproveitar ao máximo as opor-tunidades que estão em curso por conta dos grandes projetos em implantação no Ceará, em face da imagem positiva do Brasil no exterior e das boas condi-ções da economia nacional.OComo colocou o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro, em seu discurso de abertura do 4º ENAI, pre-cisamos colher todos os frutos da Mo-bilização Empresarial pela Inovação (MEI), que vem tendo papel decisivo

no engajamento dos empresários para garantir a estrutura produtiva no nível da competitividade que o mundo de hoje requer. Precisamos construir e implementar as polí-ticas que forem necessárias para que o Brasil passe a ser definitivamente o país do presente.OConclamo todos os nossos sindicatos a se engajarem, jun-tamente com nossa diretoria e com os órgãos do Sistema FIEC, na mobilização dos empresários cearenses para tornar realidade essa agenda que, a meu ver, é indispensável ao de-senvolvimento e sustentabilidade das nossas empresas e aos benefícios que elas trazem à sociedade.

O

Precisamos construir e

implementar as políticas que forem necessárias para que o Brasil passe a ser definitivamente o país do presente.

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia José Sobrinho

Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação Gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com

a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434 e 9187.5063 — [email protected] e [email protected]

Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec — Foto da plataforma na capa Divulgação Petrobras/ABr

| RevistadaFIEC | Novembro de 2009� �Novembro de 2009 | RevistadaFIEC |

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a EMPRESÁRIA Roseane Medeiros (de blusa mais clara na foto, com

membros da nova diretoria) foi reconduzida, em 9 de novembro, ao cargo de presidente do Sindcouros para o triênio 2009/2012. A entidade representa o setor coureiro, composto por empresas de grande e médio porte “que demandam altos investimentos e grandes riscos”, segundo ela. O segmento também

é sujeito ao câmbio, por ser voltado à exportação, e às intempéries da natureza, já que a seca e o inverno fazem diferença na qualidade dos couros e peles. Segundo Roseane, que assumirá em breve a presidência do CIC, os maiores desafios de sua gestão são os altos custos operacionais do setor, o “cabresto cambial” e os “nefastos custos tributários que recaem sobre o segmento”.

N A ENTREGA das comendas da 6ª edição do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental, realizada em 9 de novembro na Casa da Indústria, o presidente da FIEC, Roberto Proença

de Macêdo, parabenizou as empresas participantes pela responsabilidade com que tratam o meio ambiente. Segundo ele, todas atuam com consciência, evitando que suas atividades tragam efeitos nocivos à natureza. “Sou ambientalista ‘de carteirinha’. Isso me dá naturalidade para falar do assunto”, declarou. Ao lado do coordenador do prêmio, Renato Aragão, de diretores da FIEC, e de representantes do governo do estado e da prefeitura de Fortaleza, Roberto Macêdo entregou os troféus aos vencedores. Na modalidade Reuso da Água venceu a Ambev. A Cerâmica Torres ganhou na Produção mais Limpa. A categoria Educação Ambiental teve como campeã a empresa M. Dias Branco. A Gerdau conquistou o primeiro lugar em Integração com a Sociedade.

Notas&FatosO q u E a c O N t E c E N O s i s t E M a f i E c , N a p O l í t i c a E N a E c O N O M i a

FieC entrega prêmio a empresas

DEsEMpENhO aMBiENtalsENai/cEtiqt

ediFíCio adaptado paRa qualiFiCação de deFiCientes

Notas&FatossiNDcOuROs

>> Cartas à redação contendo

comentários ou sugestões de

reportagens podem ser enviadas

para a Assessoria de Imprensa

e Relações com a Mídia (AIRM)

Avenida Barão de Studart, 1980,

térreo, telefone: (85) 3421-5434.

E-mail: [email protected]

a FIEC, por meio do SESI/CE e do FIRESO, nomeou no início de

novembro a sétima turma de agentes de responsabilidade social. Dezesseis representantes de 13 empresas estão participando da capacitação, necessária para que possam integrar a rede de agentes. As empresas que integram a sétima turma são a Votorantim Cimentos, Fiotex, Esmaltec, Vicunha Têxtil, Alluprint, Durametal, Iracema, Sanny Confecções, Hope, Dias

de Sousa Construções, Dakota, VTI Soluções e SESI. O Programa Agentes de Responsabilidade Social busca ampliar a atuação das empresas cearenses no campo da responsabilidade social. O projeto funciona por meio da sensibilização e formação de profissionais, das mais diversas áreas, em executores de projetos sociais. Esses, por sua vez, engajam as empresas onde trabalham em redes que atuam promovendo ações de responsabilidade social.

sesi/Ce nomeia nova turma de agentes

REspONsaBiliDaDE sOcial

O SINDICATO da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil/CE) lançou o projeto 5 Polos de Comercialização (Jaguaruana, Juazeiro do Norte, Frecheirinha, Maracanaú e Itapajé) da Cadeia Têxtil e de Confecção, que visa fortalecer a cadeia produtiva cearense por meio da comercialização, geração de emprego e renda provocada nos cinco municípios.

iNOVaçãO

senai queR seR ReFeRênCia no país

UM PRÉDIO todo adaptado para a oferta de cursos profissionalizantes a portadores de necessidades especiais fará parte das novas instalações do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (CETIQT), do SENAI. A ARTêxtil: Casa da Inclusão Social foi inaugurada no dia 12 de novembro, no Rio de Janeiro. No novo edifício, serão oferecidos cursos com carga horária mínima de 160 horas, nas áreas de confecção, modelagem, estamparia manual e digital, pintura em tecidos e decoupage em superfícies diversas, artesanato têxtil e inclusão digital. A qualificação para os cursos de extensão comunitária é gratuita. As instalações do ARTêxtil foram projetadas segundo normas de acessibilidade para receber alunos com deficiências motoras, visuais e auditivas.

O DEPARTAMENTO Nacional do SENAI está realizando diagnóstico nas suas unidades em 20 estados, entre eles o Ceará, para saber o grau de maturidade em inovação em cada uma delas. O objetivo é criar um modelo de gestão padronizado que favoreça a inovação nas unidades do SENAI no país e transforme a organização em referência na área: reconhecido por formar profissionais para a indústria, o SENAI também desenvolve ações que ajudam as empresas a inovar.

Roseane reconduzida à presidência

BitEc

pROjEtO cEaRENsE é uM DOs VENcEDOREs NaciONaisPROJETO desenvolvido pela jovem cearense Clara Mítia na Sorveteria Ki-Delícia, localizada em Sobral, foi um dos vencedores nacionais da 8ª edição do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica para Micro e Pequenas Empresas (Bitec). Atuando como bolsista durante seis meses por intermédio do Bitec, a estudante auxiliou a empresa a desenvolver um sorvete probiótico de leite de cabra fermentado com Lactobacillus Acidophilus

e adoçado com mel de abelha. Além do trabalho do Ceará, outros três projetos foram contemplados oriundos dos estados de Alagoas, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. O Bitec é coordenado no estado pelo IEL/CE, Sebrae e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e busca maior interação entre as instituições de ensino superior e as micro e pequenas empresas, estimulando a transferência de conhecimento.

BRasil

entRe as CinCo maioRes eConomias em 2050O BRASIL pode se tornar uma das cinco economias mais potentes do mundo antes de 2050, segundo um relatório especial de 14 páginas sobre negócios e finanças no país publicado na última edição da revista semanal “The Economist”. O relatório afirma que, se a estabilidade política e econômica do Brasil for mantida, o país poderia situar-se no clube das economias mais privilegiadas do mundo. A análise da “Economist” frisa que o país nunca se viu antes em uma situação na qual convivessem democracia, inflação controlada e crescimento, detacando ainda que o Brasil foi um dos últimos países a ser afetado pela crise econômica mundial e que foi um dos primeiros a sair da recessão.

n PRINCIPAL negociador da nova Lei da Pesca, recentemente aprovada pelo Congresso, o Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura (Conepe) prepara uma nova ofensiva legislativa para garantir isenção das contribuições de PIS-Cofins para as indústrias pesqueiras de transformação. O presidente do Conepe, Fernando Ferreira, informa que o setor buscará isonomia com os frigoríficos de carne bovina, beneficiados pela isenção de PIS-Cofins em operações no mercado interno.

n O CEARÁ é o quarto destino preferido dos brasileiros que pretendem viajar nos próximos dois anos, com 9,8% das respostas. Perde apenas para a Bahia (21,4% da preferência), Pernambuco (11,9%) e Rio de Janeiro (11,3%), segundo dados da pesquisa Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009, apresentada pelo Ministério do Turismo.

n O BRASIL tem uma das energias elétricas mais caras do mundo. E não é por causa do custo de produção. Os encargos setoriais que incidem sobre o consumo encarecem a conta em cerca de 12,6%. Por ano, todos os brasileiros pagam R$ 13,7 bilhões.

CURTAS---------------------

caDEia pRODutiVasinditêxtil lança pRojeto polos de ComeRCialização

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Público confere no Inova SENAI, realizado no Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira, os 17 projetos de autoria de alunos e professores

novação. Esse conceito tão atual para a indústria brasileira este-ve presente por todos os cantos do Centro de Formação Profis-sional Waldyr Diogo de Siquei-

ra, unidade do SENAI/CE localizada na Barra do Ceará, nos dias 5 e 6 de novembro durante a etapa estadual do Inova SENAI. Nos dois dias do encontro, um público formado por estudantes, profissionais ligados à indústria e empresários conferiu a mostra de 17 projetos inovadores.

Concurso estimula alunos e professores do SENAI/CE a desenvolver

projetos inovadores visando à competitividade da indústria do estado

Inovação para a indústria cearense

I

Inova SENAI

Mais do que a apresentação de projetos, quem compareceu ao Inova teve a oportunidade de participar de ciclo de palestras sobre temas diver-sos, com foco principal na inovação. Na lista de assuntos, Novas Tecno-logias em Comunicação de Dados, Gestão Ambiental e Sustentabilidade na Indústria, Design Orientado para a Competitividade, Empregabilidade e Mercado de Trabalho e Cenário e Tendências em Gerenciamento de Projetos, entre outros. A mostra vi-

sou incentivar o desenvolvimento da atitude inovadora entre alunos e docentes do SENAI/CE a partir do desenvolvimento de projetos e pro-cessos de pesquisa aplicada de inte-resse da indústria, da comunidade tecnológica e da própria entidade.

A iniciativa promoveu ainda o in-tercâmbio técnico-científico com a comunidade industrial, consolidan-do o papel do SENAI/CE como par-ceiro da indústria na inovação. Ao final, uma comissão julgadora com-

posta por representantes de empre-sas industriais, Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e Instituto de De-senvolvimento Industrial do Ceará (INDI) escolheu os três melhores projetos entre os 17 participantes nas categorias docente e discente, levando em consideração os critérios de aplicabilidade, criatividade, ino-vação, impactos, método científico, desenvolvimento e demonstração.

Além de prêmios para os melho-res colocados, o concurso classificou o vencedor de cada categoria para a etapa nacional do Inova SENAI, pre-vista para março de 2010 no Rio de Janeiro. Na categoria docente, o pri-meiro lugar ficou com o Simulador Didático de Defeitos Automotivos por Radiofrequência com Emissão de Relatório. Na categoria discen-te, venceu o projeto Guia Eletrônico para Deficientes Visuais.

Segundo o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, a maioria das empresas que se so-bressaem mesmo em épocas de crise e crescem acima da média do seu segmento tem a inovação como prioridade. “A importância da ino-vação, de uma maneira geral, é percebida como essencial para a sobrevivência num cenário cada vez mais competitivo e globaliza-do, entretanto, ainda são poucas as empresas que exercem algum tipo de iniciativa para colocá-la em prática”, observa.

Para Roberto Macêdo, ao promo-ver a cultura da inovação entre seus docentes e alunos, o SENAI se fortale-ce na missão de tornar-se parceiro da indústria para esse fim. “O ambien-te de atuação do SENAI, no caso a indústria, demandará cada vez mais de seus profissionais atitude orienta-da para a inovação, pois a vantagem competitiva duradoura dependerá da capacidade de reinvenção, de su-peração para atender clientes cada vez mais exigentes e mercados cres-centemente competitivos. Ao suprir as empresas com profissionais criati-vos, o SENAI contribui para elevar a imunidade delas contra a estagnação e o fracasso decorrentes da incapaci-dade de criar e inovar”, diz.

Segundo o diretor regional do SENAI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, a expectativa para o Inova SENAI foi atendida, pois o componente inovador pôde ser en-contrado em cada projeto. “O SENAI está produzindo pessoas inovadoras e fomentando a cultura da inovação. Por trás de cada um desses projetos existe uma decisão: a de inovar. Esperamos agora que todo esse co-nhecimento seja aplicado e chegue ao mercado. Nosso desejo é que os empreendedores acreditem nessas ideias e as transformem em aplica-ção prática”, disse Magalhães.

O SENAI está produzindo

pessoas inovadoras e fomentando a cultura da inovação.Francisco das Chagas Magalhães, diretor regional do SENAI/CE

Projetos inovadores

O s 16 trabalhos apresentados durante o Inova SENAI contemplaram áreas como

automação, automotiva, gráfica, eletroeletrônica, telecomunicação e tecnologia da informação. Do total, destaque para o Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira, o SENAI da Barra do Ceará, que venceu nas duas categorias, bem como apresentou o maior número de projetos: sete.

Mas de todas as unidades do SENAI participantes surgiram bons projetos inovadores. Um exemplo é o um capacete com sinaleira para aumentar a segurança de motociclistas no trânsito, uma tomada elétrica inteligente para prevenir choques e um sistema que põe fim ao desperdício de tinta e papel em impressões feitas em máquinas ofsete, aumentando a competitividade da indústria gráfica.

O projeto que aumenta a competitividade da indústria gráfica é um sistema que consegue programar o número de páginas a serem impressas numa máquina ofsete, pondo fim ao desperdício de tempo do operador e de tinta e papel gastos em impressões desnecessárias. Criado por Josias Guimarães Batista (manutenção e automação), José Leonardo Nunes da Silva (automação) e Vítor da Silva Alencar (gráfica) – professores do SENAI/CE Antônio Urbano de Almeida –, o invento, segundo Guimarães, foi pensado quando uma máquina da escola apresentou problema técnico e os três docentes foram chamados para solucioná-lo.

Observando o funcionamento da máquina, perceberam que não existia contagem de folhas impressas. Isso obrigava um operador a fiscalizar todo o processo até a conclusão da quantidade de impressos desejada. Qualquer descuido resultava em desperdício de papel, tinta, energia e mão de obra. “Foi aí que tivemos a ideia de instalar um sistema de controle digital baseado em microcontroladores lógicos programáveis (CLP) para operação e programação de uma máquina ofsete de impressão industrial”, recorda Guimarães. A criatividade saiu do papel e causou impacto imediato. “Em vez de perder tempo controlando a máquina, o operador pode desempenhar outras atividades na gráfica. A impressora segue a programação e desliga ao concluir as impressões, evitando gastos desnecessários”, explica o professor, segundo quem o sistema tem como premissa atender às condições de segurança e ergonomia exigidas para a atividade. Inédito, o sistema ainda não existe em escala industrial. Apenas o protótipo está em funcionamento na escola do SENAI/CE. “Nosso sonho é que ele seja implantado nas indústrias do setor gráfico de todo o estado”, finaliza Josias Guimarães.

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Categoria aluno Os projetos apresentados no Inova SENAI na categoria aluno tiveram um destaque especial porque também apresentaram preocupação com portadores de necessidades especiais. Além desse aspecto, a qualidade dos trabalhos ensejou que dois projetos assim a tirassem o primeiro e o terceiro lugar. O trabalho vencedor foi o Guia Eletrônico para Deficientes Visuais, desenvolvido pelos alunos Anderson Luiz Mendes Barros, Jardel de Souza Belo e Stênio Ferreira Sobrinho Filho. A iniciativa consiste em substituir a tradicional bengala manual por um bastão eletrônico para identificação de obstáculos.

Guia Eletrônico para Deficientes Visuais

De acordo com a ideia, a partir do posicionamento do bastão à sua frente, o usuário poderá detectar qualquer obstáculo a até 2 metros de distância. Isso é possível porque no bastão consta um sensor eletrônico que fica conectado a uma pulseira eletrônica instalada no braço da pessoa que está utilizando o equipamento. Segundo Anderson Luiz, ao perceber o obstáculo, o sensor da pulseira acelera as pulsações, avisando que na direção na qual está

direcionado o bastão existem obstáculos a serem evitados pelo portador de necessidade visual.

Vencedores do Inova SENAI Ceará

Categoria aluno1º lugar - Guia Eletrônico para Deficientes Visuais, de Anderson Luiz Mendes Barros, Jardel de Souza Belo e Stênio Ferreira Sobrinho Filho

2º lugar - Sistema de Segurança Automatizado, de Antonio Leandro Barreto Gurgel e Mauri Saraiva dos Santos

3º lugar - Valorizando o Direito à Cidadania da Pessoa com Deficiência, de João Pereira de Santiago Neto e Márcio Bruno Sampaio Morais

Projetos que disputarão a etapa nacionalCategoria docente Com o projeto Simulador Didático de Defeitos Automotivos por Radiofrequência com Emissão de Relatório, os professores do Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira, Francisco Álvaro Júnior, Marcos Paulo Silva e Robney Freitas Fiúza, venceram na categoria docente com o protótipo de um simulador didático que pode ser utilizado na avaliação de alunos em cursos na área automotiva, bem como pelas montadoras no treinamento de seus funcionários, garantindo maior desempenho no processo de avaliação/treino e redução de custos na etapa de simulação. O custo do simulador de defeitos desenvolvido pelos professores do SENAI/CE é inferior aos produtos

Simulador Didático de Defeitos Automotivos por Radiofrequência

existentes no mercado. “O preço estimado para o nosso simulador é de cerca de R$ 4.000, 50% mais barato do que os modelos mais antigos. Os simuladores mais modernos, que utilizam tecnologia semelhante à do nosso protótipo, são bem mais caros, algo em torno de R$ 25.000”, afirma Marcos Paulo. Outro ganho proporcionado pelo protótipo é que ele não danifica os componentes do sistema elétrico. No caso dos modelos

de simuladores antigos, o defeito tem de ser implementado manualmente, danificando componentes do veículo.

Categoria docente1º lugar - Simulador Didático de Defeitos Automotivos por Radiofrequência com Emissão de Relatório, de Francisco Álvaro da Silva Júnior, Marcos Paulo Sousa Silva e Robney Freitas Fiúza

2º lugar - Adaptação de uma Máquina CNC Industrial para Aplicação na Aprendizagem, de Josias Guimarães Batista, José Leonardo Nunes da Silva e José Rogério M. Ferreira Filho

3º lugar - Kit Máquina Injetora para Combate de Micróbios em Vasos Sanitários, de Elias Luna Bezerra

CARREGADOR UNIVERSAL DE CELULARES SERÁ LANçADO EM 2010

A atividade de mineração de areia e argila é essencial para a indústria da construção, porém causadora de forte impacto ambiental, isso porque gera grande quantidade de resíduos que não passa por nenhuma espécie de aproveitamento. Agora, uma pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) propõe a utilização desse rejeito, em especial a argila, para a produção de peças de cerâmica vermelha, como blocos estruturais e telhas. O trabalho usou resíduos de uma mineradora em Guarulhos, na Grande São Paulo, e testes em um laboratório especializado do SENAI, em Itu. A obtenção da areia foi feita por meio de desmonte hidráulico, com jatos de água. O material descartado foi levado para tanques de decantação. O aproveitamento da argila, cuja extração no caso foi de 30% a 40% do material bruto, foi testado em peças cerâmicas. Segundo o geólogo Edílson Pissato, autor da pesquisa, os ensaios demonstraram que o material é mais indicado para a produção de cerâmica vermelha, em peças como telhas e blocos estruturais, além de tijolos maciços e furados. “Com o trabalho, a sociedade passa a ter um material que era inservível à disposição, o que irá reduzir o impacto no meio ambiente a longo prazo”, afirma Pissato.

RESíDUO DA ExTRAçãO DE AREIA É APROVEITADO EM CERâMICA

InovaçoesDescobertas&ROBô-PEDREIRO CONSTRóI

MURO EM NOVA YORk

Há anos que equipamentos robóticos estão presentes na fabricação dos mais variados produtos industriais. O exemplo mais comuns vem das indústrias automotivas, onde os robôs substituem com eficiência e rapidez a força humana. E não há limites para a mão de aço. É o que provam os arquitetos Fábio Gramazio e Matthias Kohler, do Instituto de Tecnologia de Zurique, na Suíça. Eles criaram um robô-pedreiro capaz de substituir dezenas de homens na construção civil. O primeiro teste foi realizado na Pike Street, na Ilha de Manhattan, em Nova Iorque. A tarefa do operário biônico foi a construção de um muro tridimensional de 4,5 metros de largura por 22 metros de comprimento. A construção resultou numa espécie de loop infinito, no qual os tijolos foram cuidadosamente colocados uns sobre os outros. Em vez de argamassa, uma cola de secagem rápida foi usada para manter os tijolos no lugar. Para os criadores, o invento permite o uso de formatos e princípios de construção variados, desde que tenham sido programados no computador e transferidos digitalmente para o material. “Nós casamos a realidade digital do computador com a realidade material de uma construção”, explicam. O invento é o resultado da adaptação de um robô industrial montado sobre um contêiner. No compartimento metálico, ficam todos os equipamentos necessários para o funcionamento do robô, incluindo o computador responsável por controlar as tarefas a serem executadas. A montagem no

contêiner permite que o robô seja

movimentado na obra com o auxílio de um caminhão.

Em breve, seu celular de última geração, o Smartphone, será capaz de fornecer não apenas a indicação de que você está dentro do shopping

center, mas também em qual loja se encontra. Isso será possível graças ao trabalho dos engenheiros de computação da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, que usaram os componentes-padrão dos telefones celulares 3G (acelerômetros, câmeras e microfones) para transformar as propriedades únicas de um espaço físico em uma “identidade” daquele espaço. O sistema, batizado de SurroundSense, cuja

precisão de localização do telefone 3G no interior de edifícios é superior a do GPS, usa a câmera e o microfone do celular para gravar sons, luzes e cores, enquanto o acelerômetro registra padrões do movimento do dono do celular. Essas informações são enviadas a um servidor, que processa todas as informações em uma “identidade espacial” única. Durante os teste, os pesquisadores percorreram 51 tipos diferentes de ambientes de lojas – de bares a joalherias –, alimentando o sistema de análise das informações que roda no servidor. Isso permitiu uma precisão de 87% na determinação da posição exata do usuário do celular. “O sistema fica cada vez mais preciso à medida que mais lugares são visitados e suas características identificadas e reconhecidas pelo programa”, explica Ionut Constandache, um dos membros da equipe que desenvolveu o SurroundSense. Ah, tá.

CELULAR 3G FORNECE LOCALIzAçãO PRECISA DO USUÁRIO

Todos os anos são jogados no lixo mais de 50.000 toneladas de carregadores, resultado da troca de aparelhos por parte dos usuários. Para acabar com esse desperdício, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), a agência da ONU que regula o setor, aprovou no final de outubro a tecnologia que cria o carregador universal. Funcionando por meio da tecnologia USB, a mesma usada em câmeras digitais (e também já adotada em algumas marcas de celulares), a novidade deve ser lançada no próximo ano. Os novos carregadores devem ser mais econômicos e ainda ajudar a diminuir a poluição. A GSMA, entidade que representa a indústria de telefonia celular no padrão GSM (o mais comum no mundo), calcula que o novo aparelho ajudará na redução dos gases que causam o efeito estufa em mais de 13 toneladas. Os fabricantes não vão ser obrigados a adotar o carregador, mas a agência da ONU diz que algumas empresas já se manifestaram a favor da mudança. Entre elas, a Sony-Ericsson, que lançará o produto internacionalmente já no primeiro semestre de 2010.

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s nações da Comunidade de Países de Língua Por-tuguesa (CPLP) poderão criar uma área de livre comércio. A proposta sur-

giu durante as discussões em torno do encontro de Negócios de Países de Língua Portuguesa, evento rea-lizado em Fortaleza em setembro. Caso esses países caminhem para a formação de um bloco fechado, nos moldes do Mercosul e da União Eu-ropeia, os números apontam para mais de 250 milhões de pessoas, nove regiões demográficas e negó-cios que chegam a US$ 13 bilhões. Portugal, Ilha da Madeira, Arqui-pélago dos Açores, Brasil, Moçam-bique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo

A aproximação entre o Ceará e os países da CPLP é bem-vinda, desde que as relações sejam estabelecidas não apenas por ligações étnicas e culturais, mas também em razão do potencial de negócios

Aliança estratégica

A

Comércio exterior

Verde e São Tomé e Príncipe já se preparam para acabar com as bar-reiras econômicas, tarifas alfande-gárias e liberar o trânsito entre os diferentes países.

Segundo o embaixador do Brasil na CPLP, Lauro Barbosa da Silva Mo-reira, poderá ser criada uma zona de livre comércio entre eles, sem rela-ção direta com a comunidade. “Serão três grandes objetivos: impulsionar a concentração político-democrática, intensificar a cooperação técnica em todos os níveis (cultura, justiça, for-mação profissional e outros), além de promover a promoção e a defesa da língua portuguesa”, diz. As três áreas não têm relação direta com negócios, mas auxiliam na aproxi-

mação dos países. “A partir dessas três áreas, será possível aumentar a integração entre essas nações”, completa Lauro Moreira.

O presidente da Câmara de Co-mércio e Indústria Brasil-Portugal do Ceará (CBP/CE)), Jorge Duarte Chaskelmann, mostra-se confiante numa integração entre as nações a ponto de criar uma área de livre co-mércio. “Esse é um passo muito signi-ficativo em torno do que é a vontade dos empresários. Num primeiro mo-mento, vamos colocar essas questões aos governos para que facilitem esse processo”, acrescenta. Ele considera, todavia, que não é um procedimen-to fácil. “Tem de se avaliar o estágio de desenvolvimento de cada país,

Aspectos como a

logística ainda atrapalham o desenvolvimento das relações comerciais entre esses países.Rômulo Alexandre Soares, presidente do CCPCB

assim como foi feito na criação da União Europeia”, acredita.

José Duarte, porém, acha que a comunidade de lusófonos inicial-mente será criada entre Brasil e Portugal. “Assim como na Europa, onde os países mais fortes entraram primeiro, acho que o mesmo ocor-rerá neste caso”, define. Confiante, afirma que a união é inevitável. “To-dos os problemas serão suplantados. Quem imaginava, por exemplo, que países inimigos durante a segunda guerra mundial hoje seriam parceiros em um bloco?”, questiona otimista.

Mas se o compartilhamento de li-gações étnico-culturais poderá faci-litar a criação de uma área de livre comércio, aspectos como a logística ainda atrapalham o desenvolvimento das relações comerciais entre esses países. Segundo Rômulo Alexandre Soares, presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio do Brasil (CCPCB), problemas que vão desde a existência de dificuldades de transportes a outros relacionados com a obtenção de vistos de permanência.

Ele define ainda como “assimé-trica” a realidade econômica dos países da CPLP, puxada por experiências de bom resultado de alguns países.

A zona de livre comércio se encontra ainda no campo da discussão, mas o governo do Ceará já acena com a intenção de fazer do estado parceiro preferencial na relação de ne-gócios com os países de língua portuguesa. Hoje, o Ceará é a unidade federativa com o maior número de investidores portugueses e o índice de nos-sas exportações cresceu 68% de 2003 a 2008. E mais: o go-verno federal criou a Universi-dade Luso-Afro-Brasileira, que será construída no município de Redenção, que destinará metade das vagas para estudantes de países lusófonos. Segundo o go-vernador do Ceará, Cid Gomes, o presidente Lula tem sugerido a au-toridades da CPLP que procurem se aproximar do estado em virtude das vantagens geográficas.

A concretização da intenção do governo Cearense, no entanto, como aponta Rômulo Soares, esbarra so-bretudo na questão da logística. “Nosso volume de exportações e im-portações poderia ser bem maior”, frisa Rômulo, “se existissem linhas regulares de transporte marítimo”. Só para dimensionar tal dificulda-de, o Ceará movimenta, via portos, cerca de US$ 9 milhões para esses países, de acordo com o coordena-dor comercial da Companhia Docas de Fortaleza, Osvaldo Fontenele. Em comparação, apenas no segmento de fruticultura, as exportações portuá-rias alcançam US$ 131,6 milhões.

Cid Gomes concorda que medidas precisam ser tomadas urgentemen-te para quebrar as barreiras, caso o Ceará pretenda ser o parceiro pre-ferencial no Brasil da CPLP. “Pode-mos e devemos ampliar os negócios entre os países, especialmente após os efeitos da crise econômica. Mas temos que oferecer a tecnologia ne-cessária”, ressalta o governador, lem-brando: “Enquanto não resolvermos os problemas de conectividade, não sairemos do lugar”.

Aproximação pós-crise

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Miguel Jorge, considera que o

Brasil superou o forte estresse econômico causada pela crise e está preparado para retomar o crescimento a partir dos números recentes da economia, que apontam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da geração de empregos. Com relação ao PIB, Miguel Jorge acha, com base em diversos prognósticos, que a economia brasileira deve crescer entre 0,8% a 1% este ano, e possivelmente 5% em 2010. Para justificar o otimismo em relação a 2010, citou ações como o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa Minha Casa, Minha Vida e a melhora do cenário internacional.

O ministro entende que, por causa das perspectivas favoráveis, é impossível o Brasil deixar de fora as relações com os países da CPLP. Segundo ele, essa tem sido uma orientação do presidente Lula, que nos seus sete anos de governo fez nove viagens a países lusófonos. “Viagens com as mais diferentes motivações, sejam econômicas ou culturais”, completa. Para Miguel Jorge, se o Brasil mostrou vitalidade na superação da crise, isso não ocorreu de forma ocasional, “provando que estamos preparados para o novo momento que virá pós-crise econômica internacional”.

Miguel Jorge, Ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior

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Potencial de negócios

O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, defende como estratégica a aliança do Ceará com

os países lusófonos, lembrando que essas relações devem ser estabelecidas não apenas em virtude de ligações étnicas e culturais, mas também relacionadas ao potencial de negócios entre os membros que compõem a CPLP. Roberto Macêdo cita as ações de aproximação que estão sendo empreendidas pela FIEC, fazendo referência ao apoio que o Centro Internacional de Negócios (CIN) vem dando para desenvolver negócios do Ceará com os demais países da CPLP. De acordo com ele, de 2003 a 2008, por meio dessas iniciativas, as relações comerciais

Miguel Jorge ressalta que a estratégia brasileira de se voltar para a CPLP pode ser considerada vitoriosa, citando como prova o fato de o comércio entre o Brasil e os países de língua portuguesa ter crescido 1.178% de 1999 a 2008.

Para o ministro, dois fatores justificariam tal evolução: o primeiro foi o forte crescimento da economia mundial no período. O segundo, o aquecimento da economia brasileira. Ele lembra que, apesar de ter caído essa relação comercial nos meses da crise, cerca de 2.600 empresas brasileiras continuaram mantendo seus negócios. Na sua visão, o governo brasileiro tem feito sua parte, procurando abrir portas e destravar barreiras, como as citadas por Rômulo Soares, “mas é preciso que o empresariado seja mais ativo”, citando como áreas potenciais o agronegócio, que conta com a ajuda da Embrapa em países da CPLP, e os biocombustíveis.

Em relação aos biocombustíveis, o Brasil está apoiando a construção de usinas competitivas de etanol e biodiesel, bem como oferecendo ajuda na implantação da logística de distribuição desses produtos, diz Miguel Jorge. “Ao governo cabe articular, mas depende das empresas avançarmos nesse processo”, acrescenta, destacando o potencial ainda não explorado das relações econômicas e empresariais no espaço dos países de língua portuguesa. E faz coro com as dificuldades logísticas, sobretudo nas relações do Brasil com as nações africanas. “A exportação de qualquer tipo de material ou equipamento do Brasil para países africanos demora em média dois meses. Os equipamentos vão do Brasil para Frankfurt, de Frankfurt seguem para um outro espaço na região alemã e só depois para os países africanos”.

entre o nosso estado e esses países cresceram em torno de 68%.

Roberto Macêdo afirma que a FIEC, por meio do CIN, desenvolve, juntamente com as entidades parceiras integrantes da Comissão de Comércio Exterior, ações voltadas a incrementar as relações comerciais com os países da CPLP. Outra forma de aproximação, ressalta, foi a implantação de um centro de formação profissional do SENAI em Cabo Verde, na cidade de Praia. Os resultados favoráveis do empreendimento levaram o SENAI Nacional a trabalhar a possibilidade de criar centros em outros países de língua portuguesa, como Angola, Timor Leste, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique.

Centro de Formação Profissional do SENAI em Cabo Verde, na cidade de Praia

Conselho Nacional do SESI e o Serviço Na-cional de Aprendiza-gem de Cooperativismo (Sescoop) – Nacional e

Regional (CE) – assinaram em 20 de outubro um termo de coopera-ção beneficiando jovens atendidos pelo projeto ViraVida, que oferece formação profissional a pessoas com histórico de exploração sexu-al. Os concludentes dos cursos do ViraVida que optarem pela forma-ção de cooperativas terão agora o auxílio de técnicos especializados, aptos a desenvolver ações envol-vendo oficinas, processos de parti-cipação, palestras de sensibilização para o empreendimento coletivo, bem como a coordenação de um plano de negócios e assessoria jurí-dica e contábil para realizar o regis-tro de uma sociedade cooperativa.

Será formado um comitê gestor a fim de acompanhar as ações e o desenvolvimento dos alunos do projeto no processo de incubação e formação das cooperativas. Na prática, os 20 alunos que deram início à capacitação pelo Sescoop serão proprietários de uma empre-sa de confecção (com CNPJ) incu-

Participantes do projeto

ViraVida terão empresa

incubada e apoio do

Sescoop para fazer o

negócio vingar

Aposta no cooperativismo

O

ViraVida

bada, nas dependências do SENAI Parangaba, durante dois anos. Nesse período, além do acompanhamento profissional teórico, eles continua-rão monitorados pelo SESI e SENAI, entidades fornecedoras, entre outros benefícios, dos equipamentos des-tinados à confecção das roupas que serão produzidas e comercializadas.

Segundo a coordenadora opera-cional do ViraVida no Ceará, Ca-

tarina Borges Sabino, as despesas durante o período de incubação serão financiadas com recursos do Departamento Nacional do SESI, também responsável pelas parce-rias visando à venda dos produ-tos. De início, o grupo pensa em confeccionar fardamentos para o segmento industrial, mas essa pre-tensão (ou outras) só será definida após a consultoria do Sescoop.

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Olho para trás e vejo os

instrutores dando tudo de si para que o projeto desse certo. Isso foi contagiante e fundamental para acreditarmos.

Joice Silva, participante do ViraVida

Resgatando vidas

F ico emocionada e sem palavras ao lembrar que saí de um passado sem nenhuma perspectiva e agora,

com a ajuda de Deus, do SESI e de seus parceiros, posso dizer taxativamente: Não vou trabalhar para ninguém porque terei minha própria empresa.” Com essas palavras, ditas com lágrimas de alegria, a participante do ViraVida Joice Silva iniciou um breve discurso durante a solenidade de assinatura do convênio. Ao entrar no programa, ela não acreditava ser possível ir tão longe, mas logo percebeu que isso seria possível por causa da dedicação das pessoas envolvidas. “Olho para trás e vejo os instrutores dando tudo de si para que o projeto desse certo. Isso foi contagiante e fundamental para acreditarmos”, disse. Aproveitando a oportunidade, Joice pediu que os parceiros do ViraVida continuassem apostando no futuro dos jovens e investindo em outras iniciativas de resgate de vida. “Gostaria que muitas outras instituições e empresários se unissem para levar futuro àqueles que não sonham”, finalizou.

Segundo o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, é

Fique por dentro

OProjeto de Profissionalização para o Enfrentamento da Exploração Sexual e

Comercial de Adolescentes, o ViraVida, foi criado pelo Conselho Nacional do SESI em resposta às estatísticas referentes à exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. A iniciativa tomou como base o relatório nacional da Pesquisa sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial (Pestraf 2002), que aponta a existência de 930 municípios brasileiros afetados por redes de violência sexual e confirma a relação direta entre pobreza, desigualdades regionais e as rotas de tráfico e da exploração sexual.

Informações no estado do Ceará sobre o projeto pelo telefone (85) 3421-5810.

S E R v I ç O

importante que se ajudem os integrantes do programa, possibilitando-lhes, muitas vezes, o primeiro emprego. “O Grupo J. Macêdo contratou cinco desses jovens. No início, a adaptação foi difícil, mas hoje eles são excelentes colaboradores”, ressalta. O presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli, lembra que o número de evasão do programa é muito baixo, em torno de 4,5%, fato que comprova o desejo de mudança de vida. “De fato, o que eles precisam é de uma chance para mostrar que são capazes de

ir além do que já foram até agora”, frisa. O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Jorge Parente Frota Júnior, entende que o resgate de vida propiciado pelo projeto não está restrito às pessoas envolvidas. “As famílias desses jovens, em especial os pais, ficam felizes com as novas perspectivas dos entes queridos. A sociedade também ganha porque o jovem será mais um cidadão produzindo, e, no caso do ViraVida, empreendendo, beneficiando a todos”, ressalta Jorge Parente.

Sua missão é promover a garantia dos direitos humanos fundamentais, por meio de ações socioeducativas, oferecendo formação profissional, educação básica, empreendedorismo e atendimento psicossocial, além do apoio às famílias. Atualmente, o projeto contempla as capitais Fortaleza (CE), Recife (PE), Natal (RN) e Belém (PA). Em cada estado, o SESI conta com instituições parceiras que têm expertise no público-alvo do projeto – jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou já vitimados. Os cursos oferecidos abrangem as áreas de moda, imagem pessoal, turismo e hospitalidade, gastronomia, tecnologia da informação, administração e química e apresentam carga horária que varia entre 640 e 970 horas/aula.

Além da qualificação profissional, os participantes contam com a intermediação do SESI para sua inserção no mercado de trabalho e, durante o curso, fazem jus a uma bolsa mensal no valor de R$ 500, que lhes possibilita concentrar todas as atenções no aprendizado. A primeira turma dos cursos de Criação e Moda e Eventos, do Projeto ViraVida, formou em Fortaleza 44 jovens, em 24 de abril deste ano, com a presença da primeira-dama Marisa Letícia.

Sistema S

I nstituições do Sistema S, SESI, SENAI, Senac e Sebrae executam, desde o início, as ações educativas

do projeto ViraVida para unir forças com o intuito de fortalecer a rede de enfrentamento à exploração sexual de jovens e adolescentes. Essas instituições agora ganham um novo reforço: o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

Criada pela Medida Provisória nº 1.715, de 3 de setembro de 1998, a entidade é a caçula do Sistema S e atua em três áreas prioritárias: ensino de formação profissional – realizado por meio de ações voltadas ao desenvolvimento, qualificação e capacitação dos associados, dos dirigentes e dos empregados de cooperativas, alicerçados nos princípios e valores cooperativistas; organização e promoção social – desenvolvimento de ações que possibilitem o alcance da melhoria da qualidade de vida dos empregados de cooperativas, associados e seus familiares; e monitoramento das

cooperativas – processo de orientação, constituição, assessoramento e acompanhamento de cooperativas visando desenvolver a qualidade da gestão e preservar a doutrina cooperativista.

Para o presidente do Sistema Sescoop/CE, João Nicédio Alves Nogueira, o cooperativismo é hoje uma das melhores estratégias para se

A entrada do Sescoop no

projeto é importante para o nosso desenvolvimento, em função das vantagens e parcerias que tal experiência enseja.

João Nicédio Alves Nogueira, presidente do Sistema Sescoop/CE

chegar ao mercado de trabalho. “A entrada do Sescoop no projeto é importante para o nosso desenvolvimento, em função das vantagens e parcerias que tal experiência enseja, bem como será fundamental para os jovens integrantes do ViraVida, que passam a contar com o apoio de profissionais qualificados”, frisa João Nicédio.

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indústria moveleira do Ceará está bem e tem potencial para melhorar. De acordo com o presi-dente do Sindicato das

Indústrias do Mobiliário do Estado do Ceará (Sindmoveis), Geraldo Bastos Osterno Júnior, o setor mantém o foco no mercado interno – motivo por que foi pouco afetado pela recente crise mundial –, está cada vez mais organi-zado, o consumo tem aumentado, as empresas estão comprometidas com o meio ambiente e o mercado se encon-tra em pleno crescimento.

Com cerca de 300 empresas, entre pequenas, médias e de grande porte, localizadas em quatro polos movelei-ros nos municípios de Marco, Iguatu, Jaguaribe e região metropolitana de Fortaleza, o setor tem como princi-pais gargalos a falta de preço com-petitivo para o mercado externo e a

O sindicato do setor – Sindmoveis –, além de fomentar o associativismo, articula-se com órgãos governamentais para solucionar problemas setoriais, coordenando o crescimento sustentável da indústria moveleira

Ceará é referência no NE

A

Indústria moveleira

baixa qualificação da mão de obra, problema que em breve será sanado com a criação de um centro tecnoló-gico especializado em Marco, municí-pio a 220 quilômetros da capital que reúne 29 fábricas de móveis, empre-gando no total 1.700 funcionários.

O centro será desenvolvido pelo Sindmoveis, em conjunto com o SENAI/CE e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e conta com parceria do es-tado. “Conforme prometeu o governa-dor Cid Gomes, a construção se dará em três etapas. A inteligência, que é a concepção do projeto, está defini-da e também a área. Já contratamos uma empresa para colocar o projeto arquitetônico no papel”, informa Os-terno. O último passo é a construção do prédio. De início, o centro tecno-lógico ofertará cursos básicos para operadores da indústria moveleira.

Futuramente, haverá ainda cursos nas áreas de gestão e design. A pers-pectiva, com a capacitação da mão de obra, é que o polo cearense se equi-pare aos grandes centros brasileiros.

Segundo Osterno, hoje o Ceará é referência na Região Nordeste. Em nível nacional, o estado ocupa a quarta posição do ranking. “À frente do Ceará estão Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo”, afirma. Mas ele garante que nossa indús-tria moveleira tem qualidade para competir com qualquer um desses estados. O empresário, proprietário da Osterno Indústria e Comércio de Móveis Ltda., afirma que a maioria dos móveis fabricados no Ceará não possui identidade própria e exclusi-va. “Continuamos seguindo a ten-dência universal de Milão e Espanha, mas já temos empresas trabalhando design próprio”, acrescenta.

Um dos primeiros

O sindicato, que reúne atualmente 48 associados, foi um dos primeiros a fazer o planejamento estratégico,

dentro do Programa de Promoção Associativa (PDA) da FIEC, coordenado pelo IEL/CE, e a promover palestras mensais visando ao aprimoramento e à união dos associados. Fruto de parceria entre a FIEC e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PDA desenvolve ações voltadas à ampliação da representatividade e da sustentabilidade dos sindicatos patronais industriais. Segundo Lúcia Abreu, técnica do IEL responsável pela

Projetos ambientais

A implementação de projetos ambientais é uma das principais iniciativas da entidade. Um projeto inovador de silvicultura no Baixo

Acaraú, voltado ao florestamento de espécies para serem utilizadas como matéria-prima pelo setor moveleiro cearense, está em pleno andamento. A ideia é tornar o estado autossustentável. “Apresentamos o projeto ao BNB, que o aprovou de imediato. Iniciamos com a Embrapa a plantação em 8,3 mil hectares de 46 espécies diferentes de madeira no perímetro irrigado do Baixo Acaraú, em Marco. Vão ser escolhidas entre cinco e seis espécies com boa produtividade, que tenham se adaptado à região no menor espaço de tempo possível, para adotarmos o plantio. Essa é uma das saídas de médio e longo prazo encontrada para não utilizar matéria-prima da floresta tropical”, explica. O projeto tem como parceiros Embrapa, BNB e governo estadual e corresponde ao investimento de R$ 450.000.

Osterno destaca ainda a Top Móvel como outro projeto de sucesso desenvolvido pela entidade sindical. O evento é considerado o mais importante do segmento no Norte e Nordeste. “Ele só não é maior por falta de espaço. Mesmo assim, já é um dos mais importantes do setor moveleiro brasileiro”, reforça.

Mercado interno

S egundo o presidente do Sindmoveis, o foco no mercado interno impediu que

a maioria das empresas do setor fosse prejudicada pela crise mundial. “Quando a crise chegou, nosso setor quase não estava exportando. Isso porque não temos preço para competir com países como China, Malásia e Vietnã. Na época em que a crise estava forte, o dólar subiu e a demanda caiu no mercado externo. Agora, o dólar caiu, há demanda lá fora, mas não temos preço para competir. Esse continua sendo o maior gargalo do setor”, reconhece Osterno, para finalizar: “Há uma minoria de empresas do setor no Ceará que ainda não conseguiu superar a crise. É o caso de algumas que trabalhavam somente com exportação. Mesmo com o aumento da demanda no mercado interno, elas têm dificuldade porque não é fácil mudar de mercado. É complicado se adequar à logística do mercado interno. As medidas são outras e o design é diferenciado, entre outras razões”.

coordenação do programa, o Sindmoveis também participa ativa e assiduamente dos cursos de capacitação de lideranças empresariais sindicais oferecidos pela FIEC no âmbito do PDA.

Além de fomentar o associativismo, o Sindmoveis atua na articulação com órgãos governamentais para solução de problemas setoriais. “Conseguimos, com o governo do estado, uma unidade do Corpo de Bombeiros para Marco. Esse é o mínimo dos requisitos de segurança para aquela região. Sem isso não há uma empresa que aceite fazer o seguro das fábricas de lá”, argumenta.

Conseguimos, com o governo do

estado, uma unidade do Corpo de Bombeiros para Marco. Esse é o mínimo dos requisitos de segurança para

aquela região.Osterno Júnior, presidente do Sindmoveis

anu_qua_assistencia_tecnica_01_02.ai 02.07.09 09:35:40

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Capa

Nova fronteira de oportunidadesO pré-sal, adicionado à vinda da siderúrgica, da refinaria e de empresas estruturantes na área de gás, dará um novo desenho à atividade industrial do Ceará. Serão desenvolvidas atividades de metalurgia e caldeiraria pesada, mudando definitivamente o perfil econômico do estado

POR ÂNGELA CAvALCANTE

Brasil está perto de se tornar uma das maiores reservas de petróleo do mundo com a exploração da camada do pré-sal,

que se estende por 800 quilômetros do litoral brasileiro entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, numa profundidade superior a 7.000 metros abaixo do leito do mar, englobando as bacias sedimentares de Espírito Santo, Campos (RJ) e Santos (SP). Estima-se que o pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhão de metros cúbicos de gás e óleo. O número supera em mais de cinco vezes as reservas atuais do país. Caso a expectativa seja con-firmada, o Brasil passará a ser em 2030 o sexto maior produtor mun-dial de petróleo, com 3,4 bilhões diários de barris, ficando atrás de Arábia Saudita, Rússia, Irã e Canadá, segundo relatório anual da Agência Internacional Europeia (AIE).

Mais do que um salto no cres-cimento econômico brasileiro, o pré-sal significa a oportunidade de mudança do quadro social vigente. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a recém-descoberta reserva

petrolífera “é uma chance divina e deve ser usada para reparar uma dívida com os mais pobres”. Se-gundo ele, as reservas pertencem ao “povo brasileiro” e por isso de-vem gerar benefícios a todo o país, como aplicações em educação. A proposta original do governo fede-ral prevê que os recursos obtidos pela União com a renda do petró-leo sejam destinados a um fundo social para investimentos em edu-cação, combate à pobreza, cultura, ciência e tecnologia e meio am-biente. Em trâmite no Congresso Nacional, o projeto vem recebendo várias sugestões de modificação.

A expectativa em torno da explo-ração da nova província petrolífera brasileira tem gerado polêmica e es-peculação. Ainda não se pode esti-mar o total de recursos a ser gerado pelo pré-sal. O montante depende do preço do barril de petróleo e das flutuações do câmbio, dentre outras variáveis. Mas o que ninguém duvida é que a quantia será gigantesca. De olho numa fatia desse bolo, os esta-dos discutem novos modelos de par-tilha em substituição ao atual sistema

Ode divisão de royalties, que contempla apenas dez unidades da Federação.

Para o presidente da FIEC, Ro-berto Proença de Macêdo, inde-pendente das emendas anexadas ao projeto que trata da criação do fundo e da disputa por royalties, se bem administrados, os recursos ad-vindos do pré-sal podem de fato aju-dar a reduzir as diferenças sociais do

país. “O dinheiro é de todos nós. En-tão, aquele estado que tem a sorte de ter o petróleo dentro dos limites de sua área geográfica será mais re-compensado. Mas o Brasil é um só e as diferenças sociais que temos são muito grandes. Se o governo federal administrar bem, poderá formar um fundo capaz de fazer a distribuição necessária”, avalia.

Deixando de lado as polêmicas em torno da distribuição dos divi-dendos ou do roteiro de exploração das reservas, a indústria brasileira terá muito a lucrar com o pré-sal. Os segmentos metal-mecânico, infor-mática, tecnologia da informação, químico e de plásticos serão os pri-meiros impactados. Porém, muitos outros, pertencentes ou não às res-pectivas cadeias, também receberão impulso com a atividade. Com ela, surgem mais empregos, mais inves-timentos em capacitação e qualifica-ção da mão de obra, maior aquisição de equipamentos e insumos e mais desenvolvimento tecnológico.

Segundo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a estimativa é que a geração de empregos, com o pré-sal, seja de aproximadamente 243.000 novos postos de trabalho até 2020. Sobre o impulso que a ati-vidade dará ao desenvolvimento da indústria nacional, ela lembra que será necessária a aquisição de cerca de 250 guindastes, 280 reatores e 1,8 mil tanques de armazenamento. “Isso dá a ideia do volume de demanda que o pré-sal vai representar para a

indústria”, observa. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, espera que, partir de estímulos à cadeia pro-dutiva, as 28 sondas que devem ser contratadas entre 2013 e 2018 para a extração de petróleo na camada pré-sal sejam projetadas no Brasil. Segun-do ele, hoje o projeto dos navios mais sofisticados vem de fora do país.

A maior polêmica do pré-sal re-side exatamente na tecnologia que será necessária para a extração do petróleo. O Brasil ainda não dispõe de recursos necessários para retirar o óleo de camadas tão profundas e terá que alugar ou comprar de outros países. O campo de Tupi, por exem-plo, encontra-se a 300 quilômetros do litoral, a uma profundidade de 7.000 metros e sob 2.000 metros de sal. É de lá e dos blocos contíguos que o governo espera que vá jorrar 10 bilhões de barris de petróleo.

Uma pesquisa elaborada pelo banco USB Pactual diz que seriam necessários US$ 600 bilhões (45% do produto interno bruto brasileiro) para extrair os 50 bilhões de barris estimados para os blocos de explora-ção de Tupi, Júpiter e Pão de Açúcar

As reservas pertencem

ao povo brasileiro e por isso devem gerar benefícios a todo o país, como aplicações em

educação.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

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Mapa da Petrobras mostra a região onde estão as reservas de petróleo da camada do pré-sal, que se estende por 800 quilômetros do litoral

(apenas 13% da área do pré-sal). A Petrobras é mais modesta em suas previsões. Para a companhia, o cus-to até se aproxima dos US$ 600 bi-lhões, mas engloba as seis áreas já licitadas em que é a operadora: Tupi e Iara, Bem-te-vi, Carioca e Guará, Parati, Júpiter e Carambá.

Sérgio Gabrielli defende uma po-lítica governamental de incentivo à indústria nacional para que ela pos-sa competir em condições de igual-dade com o concorrente estrangeiro na pesquisa e exploração do petróleo da camada do pré-sal. Segundo ele, a desigualdade na concorrência da indústria nacional no fornecimento de equipamentos para a pesquisa e produção do pré-sal manifesta-se principalmente na infraestrutura de-ficiente do país, incluindo o sistema portuário, as taxas de juros elevadas, a carga tributária maior e os prazos de licenciamento ambiental.

Gabrielli lembra que outros países dão forte apoio à sua indústria na ati-vidade petrolífera: “É preciso adotar

programas especiais para reduzir a diferença de custos entre a indústria brasileira e as empresas estrangeiras, de forma a maximizar a participação da indústria nacional nos investimen-tos da exploração do pré-sal”.

A estimativa de in-vestimentos da esta-tal apenas no pré-sal soma US$ 28 bilhões até 2013 e US$ 111 bilhões até 2020, ge-rando mercado e esca-la “gigantescas” para a indústria brasileira. Os investimentos to-tais da Petrobras nos próximos cinco anos atingirão US$ 157,3 bilhões, dos quais US$ 100 bilhões de com-pras no mercado inter-no, o que representa, destaca Gabrielli, apli-cações anuais médias da ordem de US$ 20 bilhões no fornecimen-

Perspectivas de desenvolvimento

O presidente da Petrobras estima que o setor de máquinas e equipamentos terá de investir de US$ 30 bilhões

a US$ 40 bilhões nos próximos quatro anos para acompanhar o desenvolvimento da exploração de petróleo no pré-sal, que consumirá R$ 120 bilhões no período. Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec/CE), Ricard Pereira, o retorno compensará o volume de investimentos demandados. Ele explica que, no caso da indústria metal-mecânica, o impacto maior virá da infraestrutura que a exploração demandará. “Hoje, a Petrobras já é um dos grandes consumidores do nosso setor, inclusive aqui no estado. Com o pré-sal, esse consumo deve aumentar consideravelmente. Para fazer a exploração, seja no mar ou no continente, é necessária uma estrutura de tubulações para condução e perfuração, brocas, sondas, válvulas, roscas de precisão, além da manutenção. Tudo isso vai gerar um impulso muito sensível à indústria metal-mecânica do Ceará”, calcula.

Dependente de insumos derivados do petróleo, como a nafta, a indústria de plásticos também ganhará com a produção de petróleo da camada do pré-sal. “O pré-sal trará impactos positivos a todo o país, especialmente ao nosso setor, que usa a nafta como matéria-prima para produzir plástico. O pré-sal trará mais empregos e mais desenvolvimento à economia brasileira. No Ceará, por exemplo, onde o estado oferece oportunidades vantajosas para a instalação de empresas como a Grendene, que se beneficiará diretamente com o pré-sal, as perspectivas de desenvolvimento sustentável, com a consequente correção das diferenças regionais, são muito grandes”, analisa o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Merheg Cachum.

De acordo com o titular da Abiplast, o único receio que paira quanto às atividades do pré-sal é o monopólio da Petrobras. Segundo ele, sob esse ponto de vista, a perspectiva é preocupante, considerando que a companhia é

controlada pelo governo federal, suscetível, portanto, às vicissitudes da política. “Paralelamente ao pré-sal, há o risco de a Petrobras ampliar seu controle, além da produção, também no âmbito da indústria petroquímica, interferindo nos preços de resinas termoplásticas. Isso daria à estatal e ao governo federal um imenso poder sobre a cadeia produtiva dos plásticos. É bom lembrar que a estatal já controla a venda de gás natural, nafta e propeno, insumos para a produção de resinas termoplásticas”, observa.

O presidente da Petrobras discorda. “O fato de ser a operadora não significa

que fará tudo, mas, ao contrário, que irá contratar e trabalhar com sócios em consórcios, compartilhando gastos, tecnologias e decisões, uma prática mundial na atividade petrolífera. O operador único reduz custos, acelera a implantação de infraestrutura, agiliza a transferência de tecnologia”, defende Gabrielli. O presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI, José de Freitas Mascarenhas, considera “ingênua” a visão de Sérgio Gabrielli ao minimizar a importância de a empresa ser operadora única. “Quem não tem competidor não é capaz de aferir sua maior eficiência. Fugir disso é fugir do que a sociedade quer”, resume.

Diante do grande crescimento previsto das atividades da Petrobras para os próximos anos, a companhia aumentou os recursos programados em seu plano de negócios. Os investimentos garantirão a execução de uma das mais consistentes carteiras de projetos da indústria do petróleo no mundo. A construção das plataformas P-55 e P-57, entre outros encomendados à indústria naval, garantirá a ocupação dos estaleiros nacionais e de boa parte da cadeia de bens e serviços offshore do país. Só o plano de renovação de barcos de apoio, lançado em maio de 2008, prevê a construção de 146 novas

embarcações, com a exigência de 70% a 80% de conteúdo nacional, a um custo total orçado em US$ 5 bilhões. A construção de cada embarcação vai gerar cerca de 500 novos empregos diretos e um total de 3.800 vagas para tripulantes operar a nova frota. Será uma oportunidade a mais de o Ceará aumentar sua participação nos investimentos da estatal.

O pré-sal também pode ser visto como caminho para a Região Nordeste alcançar o tão sonhado desenvolvimento regional. No mês passado, o relator do Fundo Social do Pré-Sal, deputado Antônio Palocci (PT/SP), acatou a proposta de que parte do fundo seja voltada ao desenvolvimento “regional”, estabelecendo a redução das desigualdades entre suas prioridades de investimentos. Segundo Palocci, os recursos destinados aos programas e projetos realizados com recursos do fundo social “devem observar critérios de redução das desigualdades

regionais, priorizando municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos”. A medida atende diretamente os municípios do interior dos estados nordestinos.

Para o deputado José Guimarães (PT/CE), coordenador da bancada cearense no Congresso Nacional, autor da emenda, com a nova redação as regiões brasileiras mais pobres passam a ser prioridade em relação à destinação dos novos recursos. “É um momento histórico para o Nordeste. O Fundo Social do Pré-Sal abre uma nova fronteira de oportunidades para o Nordeste”, festeja o parlamentar.

to local. A expectativa do governo é de que o petróleo da camada do pré-sal comece a ser explorado em escala industrial a partir de 2017, quando o fundo passará a ser capita-lizado de maneira significativa.

Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras

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O pré-sal trará mais empregos e mais

desenvolvimento ao país. No Ceará, as perspectivas de desenvolvimento sustentável

são muito grandes.

Merheg Cachum, presidente da Abiplast

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Royalties

A lém dos repasses oriundos do Fundo Social, a ser mantido com as riquezas que surgirão do petróleo

extraído da camada do pré-sal, o Ceará também espera contar com sua parcela de royalties advindos da exploração petrolífera. Para o governador Cid Gomes, o incremento da arrecadação estadual e municipal com a injeção dos recursos provenientes dos royalties representa a oportunidade de revolucionar a realidade do Ceará. “Hoje, o que é feito de partilha de royalty é algo em torno de R$ 10 bilhões. A gente pode estimar, seguramente, que (com o pré-sal) é algo equivalente. Mais R$ 10 bilhões, ou mais. Dependendo do preço (do barril de petróleo), essa coisa pode ir a R$ 20 bilhões, o que é praticamente todo o montante de recursos que a União tem para investimentos no orçamento”, analisa.

Atualmente, os royalties de petróleo são distribuídos entre dez estados, incluindo o Ceará. Apesar de o volume em dinheiro não ser tão significativo para o estado, em comparação com outras unidades da federação, ele representa uma das principais fontes de recursos nos caixas de várias cidades do interior. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), dentre os 184 municípios cearenses, 83 recebem royalties da Petrobras, embora apenas três (Aracati, Icapuí e Paracuru) sejam produtores de petróleo. O motivo é que os 80 restantes estão situados em “áreas de influência” para a exploração do produto. Somando todos os municípios cearenses contemplados, de janeiro a agosto de 2009, foram pagos ao Ceará R$ 31 milhões em royalties.

Pela atual legislação, que institui o regime da concessão, os estados a serem beneficiados com as compensações da exploração do pré-sal são Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, pois a camada se encontra na costa desses estados. Entretanto, isso vem sendo questionado. O fato de o petróleo se encontrar em águas ultraprofundas, a mais de 300 quilômetros da costa desses estados, faz com que se discuta a razão de considerar a área como pertencente, de fato, a essas unidades federativas.

Para Roberto Macêdo, as áreas em questão pertencem ao mesmo país. Além disso, acredita que haverá recursos suficientes para todos. “Vai ser muito dinheiro à disposição. Então, que seja feita a divisão de forma mais justa para que os estados não contemplados

hoje também participem”, defende ele. Merheg Cachum, presidente da Abiplast, concorda que a partilha contemple todos os estados. “Estamos num país. Não adianta concentrar o desenvolvimento em alguns estados. Quanto mais crescimento houver melhor para todos”, afirma. O líder do governo na Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Nélson Martins (PT/CE), também é a favor da distribuição. “Somos favoráveis à partilha dos royalties entre todos os estados brasileiros. Essa é uma riqueza nacional e deve ser garantida a toda a sociedade”, defende.

No Ceará, atualmente Aracati é o município que mais recebe compensações. De janeiro a agosto deste ano, foram R$ 5,3 milhões que chegaram aos cofres públicos do município, onde os recursos vindos dessa exploração representam boa parte do caixa reservado a investimentos no local. Segundo a prefeitura, o pagamento de royalties representa pelo menos 25% de toda a disponibilidade financeira de caixa.

Os royalties também são importantes na composição das contas públicas em São Gonçalo do Amarante (R$ 4,7 milhões nos oito primeiros meses), Maracanaú (R$ 4,6 milhões) e Horizonte (R$ 4,6 milhões), que têm direito a royalties porque abrigam instalações chamadas city gates, que recebem o gás natural proveniente da exploração no Ceará e no Rio Grande do Norte. Fortaleza, de janeiro a agosto deste ano, recebeu R$ 1 milhão por abrigar as instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural.

O que são royalties?

R oyalties são uma compensação financeira devida ao estado pelas empresas concessionárias

produtoras de petróleo e gás natural no território brasileiro. Eles são distribuídos aos estados, municípios, ao comando da Marinha, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e ao fundo especial administrado pelo Ministério da Fazenda, que repassa aos estados e municípios de acordo com os critérios definidos em legislação. Os royalties, que incidem sobre a produção mensal do campo produtor, são recolhidos mensalmente pelas empresas concessionárias por meio de pagamentos efetuados para a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), até o último dia do mês seguinte àquele em que ocorreu a produção. A STN repassa os royalties aos beneficiários com base nos cálculos efetuados pela ANP de acordo com o estabelecido pelas Leis nº 9.478/97 e nº 7.990/89, regulamentadas, respectivamente, pelos Decretos nº 2.705/98 e nº 01/91.

EStAdoS brASIlEIroS bEnEFICIAdoS pEloS royAltIES

>> alagoas>> amazoNas>> bahia>> ceará>> esPírito saNto>> ParaNá>> rio de JaNeiro>> rio graNde do Norte>> são Paulo>> sergiPe

Além dos royalties e do fundo social

O presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Antônio Balhmann,

garante que o impacto do pré-sal para o estado é praticamente direto, já é real e vai além da concessão de royalties e dos repasses do fundo social. “Do ponto de vista do setor industrial e dos serviços, estamos sentindo os primeiros reflexos. Há uma demanda forte e permanente por produtos industrializados, desde plataformas para o campo de Tupi, que teve a primeira licitação, até peças para navios”, observa. Conforme Balhmann, já existe

uma demanda de empresas estrangeiras e de outras partes do país à procura de integrar o meio produtivo do Ceará a essas atividades fabris, que exigem tecnologia avançada. “O que vai ocorrer é a inclusão de nossa indústria, serviços e processos nessas atividades, equiparando nossas empresas às nacionais e internacionais. Também vai aumentar a pressão por novos estaleiros no Brasil, o que nos é favorável”, diz o presidente da Adece, numa referência ao projeto de instalação do estaleiro no estado, cuja área ainda está indefinida.

Segundo ele, “encomendas diretas feitas pela Petrobras recentemente, envolvendo transportes e produtos para a área de exploração do petróleo, já chegam com grande expressão ao Ceará”. Muitas vezes, esclarece Balhmann, a estatal encomenda às grandes empresas, as quais, por sua vez, procuram seus fornecedores para atender aos pedidos. “A demanda é grande e inclui

DE JANEIRO A AGOSTO DE 2009, FORAM PAGOS

EM ROYALTIESR$ 31 milhões

ARACATI é O MUNICíPIO qUE MAIS RECEBE COMPENSAçõES. DE JANEIRO A AGOSTO

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R$ 5,3 milhões

OS ROYALTIES TAMBéM SãO IMPORTANTES NA COMPOSIçãO DAS CONTAS PúBLICAS EM

SãO GONçALO DO AMARANTE - R$ 4,7 milhõesMARACANAú - R$ 4,6 milhõesHORIZONTE - R$ 4,6 milhões

FORTALEZA - R$ 1 milhÃO

Matriz energética

P ara o economista Sérgio Besserman Viana, que fez carreira no Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) e presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) durante o governo Fernando Henrique, as riquezas herdadas do pré-sal devem ser usadas também para financiar a transição para outra matriz energética, aproveitando as vantagens comparativas do Brasil em biomassa, pequenas hidrelétricas, energia solar e eólica. Para ele, essa é uma forma inteligente de utilizar os recursos do pré-sal com visão de futuro.

Besserman alerta que apostar nos combustíveis fósseis – e ficar estacionado nessa perspectiva – é um equívoco. “Para mim, o risco é o país, em vez de mobilizar seus recursos para a transição tecnológica, acabar utilizando-os de forma a ficar ancorados no mundo do passado”. Ele continua: “Planejamento e política industrial mirando a transição tecnológica da matriz energética são muito importantes. Nesse novo mundo, há riquezas equivalentes a muitos pré-sais”.

A preocupação do economista, entretanto, já foi descartada pela ministra Dilma Rousseff. Segundo ela, a descoberta do pré-sal não fará o país abandonar o compromisso com as energias renováveis. “Nos colocamos como exportadores de petróleo, mas nossa matriz de combustíveis vai continuar tendo uma força imensa de biocombustíveis”, garante.

Roberto Macêdo não acredita na possibilidade de as energias renováveis serem relegadas a segundo plano, ofuscadas pela nova realidade do pré-sal. De acordo com ele, o mundo está clamando por menos poluição no ar. O efeito estufa é um problema que exige o compromisso dos países nos próximos dez ou 15 anos. Com os ventos que o Ceará dispõe, a tendência de redução de custo dos equipamentos e a produção de máquinas no próprio estado, o presidente da FIEC não tem dúvidas de que a energia eólica continuará sendo viável. “O estado será exportador de energia em breve, vinda de diversas fontes, como termelétrica e eólica. Temos um grande futuro também como gerador de energia”, antevê.

Dilma Rousseff diz que, dentre as diretrizes definidas pelo governo federal para tratar a questão do pré-sal, a primeira é assegurar que a renda do petróleo fique com o povo e o estado brasileiro; a segunda que o país se torne um produtor e não um mero importador de máquinas e equipamentos. A última é manter a consciência para não gastar indiscriminadamente os recursos da exploração do pré-sal, mas investir em áreas sociais, como a educação. “Não podemos achar que estamos imensamente ricos e sair por aí desperdiçando os recursos. Temos de apostar basicamente no futuro”, arremata a ministra.

oportUnIdAdES do pré-SAl pArA o CEArá

>> multiplicação do volume de recursos advindos dos royalties

>> Nova fonte de receita com os repasses do Fundo social

>> acesso a novas tecnologias

>> ampliação dos investimentos em tecnologia e qualificação profissional

>> aumento da produção para atender à demanda por máquinas e equipamentos

>> maior participação de fornecedores cearenses nas compras da Petrobras

>> mais oportunidades de emprego

>> maior orçamento para educação e saúde

>> crescimento do parque industrial

>> adequação da produção aos padrões internacionais

>> acesso facilitado ao mercado externo

>> mais recursos para investir em energias renováveis

>> Parcerias internacionais

>> melhoria da infraestrutura

Nos colocamos como

exportadores de petróleo, mas nossa matriz de combustíveis vai continuar tendo uma força imensa de

biocombustíveis.

Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil

desde estruturas metálicas, plásticas e fundidos de bronze, até uma infinidade de peças e componentes. As possibilidades são imensuráveis”, calcula.

Para o titular da Adece, o fato de a exploração da camada do pré-sal se concentrar nas regiões Sul e Sudeste do país não dificultará que os reflexos da atividade cheguem ao estado. “O Ceará está muito bem localizado na costa litorânea. A distância dos estados onde se situa atualmente a área de exploração do pré-sal não será impeditiva”, assegura, antevendo a chegada de um novo tempo: “O pré-sal, adicionado à vinda da siderúrgica, da refinaria e de empresas estruturantes na área de gás, dará um novo desenho à atividade industrial cearense. Passaremos a desenvolver atividades de metalurgia e caldeiraria pesada, mudando definitivamente o perfil econômico do estado”.

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Ceará acaba de ganhar o oitavo núcleo da Rede Nacional de Agentes de Política Industrial (Re-napi) do Brasil e o ter-

ceiro do Nordeste, uma instância de articulação vinculada à Agência Brasileira de Desenvolvimento In-dustrial (ABDI) que estimulará ino-vação, exportações e investimentos nas empresas do estado. A atuação do núcleo se dará a partir da pro-moção do intercâmbio entre gover-no estadual e entidades e empresas locais, facilitando o acesso a instru-mentos de política industrial dispo-níveis no país. Até o fim de 2009, a Renapi espera iniciar a agenda do Ceará, identificando as demandas locais para adequá-las às soluções

Núcleo fará a aproximação entre a política de desenvolvimento produtivo e os empresários cearenses da área industrial

Inovação, exportação e investimento ganham força

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Renapi

existentes, no âmbito da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

De acordo com o coordenador da Renapi, Paulo Lacerda, há ins-trumentos da política industrial que atualmente são pouco acessados, tal-vez por não serem muito conhecidos. “Queremos saber por que não estão sendo acessados e se eles estão adequa-dos às demandas da indústria cearen-se. Vamos fazer a aproximação entre a política de desenvolvimento produtivo e os empresários do Ceará, da área in-dustrial, para saber o que pode ser me-lhorado em matéria de incentivos para inovação, exportação e investimento. A função básica da Renapi é fazer essa aproximação”, diz.

Entre os incentivos do governo federal, Lacerda cita linhas de cré-

dito do BNDES específicas para ex-portação e inovação, subvenções da Financiadora de Estudos e Projetos, desonerações tributárias para al-guns setores, a exemplo das medi-das anticrises que o Ministério da Fazenda adotou recentemente, além de outras setoriais para atender segmentos da indústria. Segundo ele, outros núcleos serão instalados nos estados. “A gente pretende co-locar em funcionamento mais três este ano e outros quatro em 2010, chegando a 15 estados. Até o fim de 2011, todos as unidades federativas terão seus núcleos implementados”, antecipa o coordenador da Renapi.

Criados todos os núcleos, eles for-marão uma espécie de rede interligada por um sistema de acompanhamento

via internet para que os representan-tes que participam da Renapi te-nham acesso às informações de ou-tros núcleos. A troca de informações permitirá que um problema ocorrido num estado e superado noutro en-contre mais rapidamente uma solu-ção. “Problemas comuns podem ter soluções comuns”, observa Lacerda.

O núcleo cearense da Renapi fun-cionará no IEL/CE, entidade ligada à FIEC. “Ele não é um espaço físico, mas uma instância de articulação para solução de problemas”, explica. De acordo com Paulo Lacerda, os in-tegrantes do núcleo se reunirão pre-sencialmente duas vezes por ano. Na agenda dos encontros, as pautas são as demandas e soluções vivenciadas em cada um dos estados. No Ceará, o principal desafio será entender as demandas e as potencialidades espe-cíficas e saber como elas podem ser resolvidas: se por meio de articulação ou com apoio técnico institucional.

A Renapi pode contribuir bastante com o estado na elevação do nível da mão de obra local, hoje um dos mais urgentes gargalos a serem superados diante dos empreendimentos estru-turantes que estão chegando. Para Lacerda, ter o ministro da Educação, Fernando Haddad, entre os integran-tes do Conselho de Gestão da Política de Desenvolvimento Produtivo será estratégico para o Ceará. “Temos intercâmbio com o Plano de Desen-volvimento da Educação (PDE) e par-ceria com órgãos que nos procuram querendo saber qual é a demanda de capacitação”, afirma o coordenador, para completar: “Além disso, existem programas dentro do MEC que pro-curam levantar com órgãos como a ABDI as demandas de capacitação do país para direcionar seus planeja-mentos em relação à implantação de novos institutos federais de educação (antigos Cefets) e a promoção de me-lhorias na graduação e pós-graduação das universidades federais”.

A Renapi sabe que a interação universidade e indústria é veículo de inovação. Quanto mais perto a indústria estiver do ambiente edu-cacional, mais próximo vai estar de soluções que podem vir da academia. No Brasil, ainda existe um abismo en-tre produção acadêmica e demanda da indústria. “Quando se conhece um pesquisador nos Estados Unidos as pessoas perguntam de que empresa

ele é. Ao conhecer um pesquisador aqui no Brasil, perguntamos de que universidade ele é, pois é pouca a cultura do pesquisador dentro da in-dústria. E essa aproximação a gente pode fazer por meio das articulações que temos, em nível nacional, com o PDE e vários outros instrumentos”, garante Lacerda.

Para ele, a participação do SENAI/CE no Renapi também será fundamental em relação à ampliação do seu potencial de atendimento às demandas de capacitação do estado. “Trazer o SENAI para dentro do nú-cleo do Ceará é muito importante para que ele participe das reuniões e também fique mais próximo dos órgãos federais e do empresariado. Participando do núcleo, o SENAI terá acesso a soluções que outros núcleos pensaram para o mesmo problema. Então, essa instituciona-lidade diante do núcleo que a gente está formalizando é importante, diz Paulo Lacerda, fim de que todos os órgãos conheçam as demandas e gargalos da indústria.

O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, entende que, passada a crise, os empresários bra-sileiros precisam de instrumentos para poder competir com os produtos oriundos da China e da Índia, países que a cada dia ganham mais espaço em nosso mercado. “Os empresários precisam enxergar que somente com inovação e investimentos é possível avançar rapidamente. Insistindo em não inovar, em não oferecer o que o mundo necessita, ficaremos para trás, ou os outros vêm aqui e nos engolem”, alerta o líder classista, que aconselha: “A velocidade das mudanças é muito grande e nós precisamos evoluir com mais celeridade, com maior e melhor nível de informação e conhecimento que os mercados mundiais exigem”.

A participação do SENAI/CE no Renapi

também será fundamental em relação ao atendimento das demandas de capacitação do estado.Paulo Lacerda, coordenador da Renapi

Conheça a Renapi

A Renapi é uma iniciativa coordenada e articulada pela ABDI, entidade ligada

ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que busca aproximar a PDP aos estados, municípios, indústrias, instituições empresariais e sociedade civil. São diretrizes da Renapi promover a descentralização da informação, difundir os instrumentos da PDP e facilitar o acesso das empresas a eles, aproximar agentes públicos e privados relacionados à inovação e ao desenvolvimento industrial, promover capacitação em temas correlatos e contribuir para a regionalização da PDP, por meio da articulação institucional.

Lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 12 de maio de 2008, a PDP foi desenvolvida para dar maior potência à política industrial, ampliar sua abrangência, aprofundar ações já iniciadas e consolidar a capacidade de desenhar, implementar e avaliar políticas públicas. As macrometas da PDP para 2010 são aumentar a taxa de investimento da economia de 17,6% para 21% do PIB, ampliar os investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento para 0,65% do PIB, elevar a participação brasileira no comércio global para 1,25% das exportações mundiais e aumentar em 10% o número de micro e pequenas empresas exportadoras.

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E o próximo passo?

estudo Desigualdade e Pobreza no Brasil Metro-politano durante a Crise Internacional: Primeiros Resultados, do Institu-

to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que, ao contrário de outros períodos de grave manifes-tação de crise econômica no Brasil (1982-1983, 1989-1990 e 1998-1999), que causaram mais pobreza nas regiões metropolitanas, houve, desde o último semestre de 2008, uma diminuição do empobrecimento no país. De acordo com o trabalho, em junho, o índice de Gini (medida

de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini) alcançou nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil seu menor patamar (0,493). O índice varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, mais desigual é a sociedade). As regiões analisadas foram as de Recife, Salva-dor, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Comparando: entre dezembro de 2002 (considerado o mês de mais alta medida de desigualdade no país) e junho de 2009, o índice caiu 9,5%. Desde janeiro deste ano, a queda foi de 4,1% – a mais alta desde 2002.

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Estudos mostram que programas de distribuição de dinheiro como o Bolsa Família, principalmente na região Nordeste, melhoram a renda, mas não transformam estruturas sociais

Desigualdade social

Para o presidente do instituto, Már-cio Pochmann, alguns fatos explicam essa diminuição da desigualdade no país: “De um lado, a crise se mani-festou de forma mais concentrada no setor industrial, que geralmente paga os melhores salários. De outro, temos a proteção da renda na base da pirâmide social brasileira, com aumento do salário mínimo e políti-cas de transferência de renda previ-denciárias e assistenciais”.

Pochmann, porém, considera que nos patamares atuais a melhora do índice de Gini continua sendo insu-ficiente. “Um índice de Gini acima

de 0,4 ainda representaria péssima distribuição de renda. Há uma ten-dência de queda, mas ainda estamos longe de chegar a algo comparável a países mais avançados”, completa. O estudo destaca, por exemplo, que a redução na taxa de pobreza nas regiões metropolitanas se deu em velocidades diferentes. São Paulo, Salvador e Recife tiveram desempe-nho pior que Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Entre março de 2002 e junho de 2009, a taxa de pobreza caiu 26,8% nessas regiões metropolitanas, passando de 42,5% para 31,1%. Em termos absolutos, nesse período de pouco mais de sete anos quatro milhões de brasileiros deixaram de ser pobres.

O trabalho do Ipea se alinha ao da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado em 2008, com dados de 2007, segundo o qual programas de distribuição de dinheiro para os mais pobres, principalmente na re-gião Nordeste, melhoram a renda, mas não provocam a necessária elevação nos índices de qualidade de vida, indicando que programas como o Bolsa Família só seriam efetivos se ajudassem a transfor-mar estruturas sociais. O estudo da FGV destaca, entre outros as-pectos, que os avanços na redução da pobreza verificados em 2007 não estão na quantidade, mas sim na qualidade, seja de renda, de trabalho ou de educação.

Nesse sentido, o aumento de em-pregos com carteira e a redução de empregos sem carteira, em larga escala, são alguns dos sinais dessa melhora qualitativa, segundo André Neri, economista da FGV. “Não hou-ve expansão de programas sociais, que costumam ser voltados para os mais pobres ou aumento do salário mínimo. Ou seja: estamos vendo a emergência de valores importantes da classe média”, afirmou durante a apresentação do estudo à épo-ca. Para reforçar essa impressão, o ano de 2007 foi mais comedido em termos de crescimento econômico. No entanto, o nível de redução da miséria no país foi duas vezes mais rápido que os apregoados pelas metas do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).

POR LuIz HENRIquE CAMPOS

Os dois estudos mostram um fato real: a diminuição da pobreza. Res-ta saber, no entanto, até que ponto essa redução se manterá enquanto não forem encontradas portas de saída para os programas assisten-ciais. No próprio Ipea, a discussão é frequente. Segundo Pochmann, as pesquisas do órgão têm revelado que desde 2004 vem caindo a desi-gualdade da renda pessoal. Apesar disso, há interpretações variadas para as causas de tal fenômeno. De um lado, há quem defenda progra-mas como o Bolsa Família. Já outros apontam, além do Bolsa Família, o aumento do salário mínimo, o salá-rio desemprego e o sistema previ-denciário como responsáveis pelos números que mostram a queda da pobreza, cobrindo hoje cerca de 35% da população brasileira. A dú-vida, agora, é até quando o país terá condição de manter essa situação sem que tenha que ficar refém para sempre das políticas assistenciais.

Objetivos mais claros

S egundo o economista e superintendente da Federação do Comércio do Estado do Ceará

(Fecomercio), Alex Araújo, é inegável que os programas de transferência de renda, aliados ao aumento do salário mínimo, conseguiram combater a pobreza. No entanto, para se analisar se essas políticas atingiram seus objetivos é preciso saber claramente quais são eles. “Se era combater a pobreza, os resultados estão aí para serem mostrados. Agora, o problema é que as pessoas continuam dependentes dessas políticas”, frisa, para acrescentar: “Eu não vislumbro portas de saída em curto prazo. Essa é a crítica que vem sendo feita, e o governo até agora não deu uma resposta convincente ao questionamento”.

Executivo de uma entidade ligada ao comércio, Alex faz questão de destacar que nos últimos três anos houve aumento considerável do consumo das classes menos favorecidas. Ele credita o fenômeno a dois aspectos: aumento da renda advinda dos programas sociais, do ganho real do salário mínimo e da geração de emprego; o outro efeito estaria relacionado ao elastecimento dos prazos de crédito. A Fecomercio reconhece que esses fatos geraram um ganho, tendo aumentado a aquisição de bens de consumo de forma progressiva. O fato é notado claramente a partir da crise financeira, quando a economia foi muito afetada, mas o consumo, não.

Reforçar Planseq

P ara o ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Patrus Ananias, as políticas de transferência de renda

do governo federal reduziram em 29% as desigualdades no Brasil. “Além da dimensão ética de garantir o direito à alimentação e proteger a vida, têm também um efeito prático de dinamizar as economias locais. Isso porque, além de cidadão, estamos criando consumidores.” Ele observa ainda que o foco, em um primeiro momento, foi atingir, sobretudo, pessoas, famílias e comunidades mais marginalizadas.

Com isso, diz o ministro, foi reforçada a presença do programa em cidades menores, mais afastadas e de baixos indicadores de desenvolvimento humano para atacar a situação de desigualdade.

Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social

Além da dimensão

ética de garantir o direito à alimentação e proteger a vida, as políticas de tranferência de renda também dinamizam as

economias locais.

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SENAI/CE participa do Planseq

O SENAI/CE é um dos executores do Planseq – Bolsa Família no estado nas áreas de construção civil,

turismo, têxtil e de confecção. Em junho, com a presença do ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Lupi, foi lançado o programa que no Ceará deverá qualificar beneficiários de 13 municípios da região metropolitana de Fortaleza.

Ao todo, serão capacitadas 10.235 pessoas para a construção civil e o turismo, já visando preparar mão de obra para atuar em empreendimentos preparatórios para a Copa de 2014 e no programa Minha Casa, Minha Vida. O SENAI é uma das instituições responsáveis pela execução do Planseq no setor da construção civil, prevendo-se inicialmente a capacitação, até março de 2010, de 4.234 educandos nas unidades localizadas nos bairros da Barra do Ceará e Jacarecanga, em Fortaleza, e no município de Maracanaú, em cursos de pedreiro, gesseiro, carpinteiro de forma, eletricista instalador predial, instalador hidráulico, pintor de obras e armador.

Com relação ao setor têxtil e de confecção, também recém-aprovado pelo MTE, o Planseq prevê o treinamento de 2.000 costureiras, cabendo ao SENAI essa preparação por meio de sua unidade no bairro de Parangaba.

Reajuste de 9,67%

O governo federal reajustou este ano os benefícios do Bolsa Família em 9,67%, incorporando 6% de

variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), entre julho de 2008 e junho de 2009, e mais 4% de ganho real. Com a correção, paga a partir de setembro, o benefício médio passou de R$ 86,00 para R$ 95,00. Além do reajuste do benefício, a medida fez o arredondamento dos valores referentes ao critério de renda para ingresso no programa, executado pelo MDS.

A renda per capita que caracteriza uma família em situação de pobreza passou de R$ 137 para R$ 140 e em extrema pobreza de R$ 69,00 para R$ 70,00. Esses valores foram atualizados em abril de 2009, mas sua aplicação trouxe dificuldades operacionais nos municípios e de comunicação com as famílias beneficiárias. Desde setembro, o benefício básico, pago às famílias com renda familiar de até R$ 70,00 por pessoa, subiu de R$ 62,00 para R$ 68,00. Já o benefício variável (pago de acordo com o número de crianças) passou de R$ 20,00 para R$ 22,00 e o recurso vinculado aos adolescentes de R$ 30,00 para R$ 33,00.

Os dois benefícios variáveis são pagos a toda população cadastrada que se enquadra no perfil do programa (renda mensal de até R$ 140 per capita), mas

“Não estivemos ausentes dos grandes centros, onde localizamos nossos investimentos justamente nos lugares mais pobres e mais periféricos das grandes cidades. A questão das regiões metropolitanas é um desafio para nós”, afirma, para defender a necessidade de não só intensificar essas políticas, mas também investir em maneiras de potencializar seus efeitos, principalmente por meio de ações coordenadas nas regiões dos grandes centros e envolvendo vários setores das políticas públicas.

De acordo com Patrus Ananias, o programa pretende agora fortalecer a agenda do Plano Setorial de Qualificação Profissional (Planseq) nos grandes centros e efetivar a expansão do Bolsa Família, “que tem grande peso nas regiões metropolitanas”. O ministro considera que essa expansão tem de contemplar “a busca ativa da população mais difícil de ser encontrada, que constitui o que podemos chamar de pobreza oculta”. Curso de eletricista predial desenvolvido pelo SENAI/CE para participantes do Planseq

são limitados a três crianças e a dois adolescentes por família. E todos precisam cumprir as exigências do programa: frequência escolar de 85% das aulas para alunos dos seis aos 15 anos; de 75% para adolescentes de 16 e 17 anos e vacinação infantil e acompanhamento do pré-natal. Cobrindo 11,4 milhões de domicílios pobres de todos os municípios brasileiros, o Bolsa Família atendia em julho de 2009 cerca de 47% de residentes na região Nordeste e aproximadamente 10% na região Norte, áreas que concentram mais pobres no Brasil.

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R$ 22,00 e R$ 132

número de pobres. Essa preocupação já existe, por parte do governo, que prevê futuramente a integração de programas sociais já existentes, em nível estadual e municipal. Quanto à crítica em si, no início do ano, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um relatório sobre o Programa Bolsa Família adotado no Brasil, e um dos resultados mais relevantes diz respeito a esta polêmica: “...o que constatamos é justamente o contrário. Achamos que a transferência de recursos pode ajudar a superar muitas barreiras à entrada no mercado de trabalho da população de baixa renda, como a falta de acesso a uma conta no banco” (OIT, 2009). O mesmo relatório ressalta que a taxa de emprego entre as mulheres é 4,3% maior nas famílias do Bolsa Família do que em famílias nas mesmas condições, mas que estão fora do programa. Então, críticas vão sempre existir e isso é bom para que os governos não se acomodem e estejam encorajados a melhorar cada vez mais.

RF – Especificamente em relação ao Ceará, como estamos nesse contexto de políticas compensatórias e o que podemos esperar para o futuro?EB – Os estudos voltados aos programas de transferências de renda mostraram resultados positivos, com redução da população mais carente para o Ceará. Nessa linha, nosso estado possui uma gama de programas. Recentemente, com a escolha de Fortaleza como uma das sedes da Copa de 2014, o governo federal incluiu no Planseq beneficiários do Bolsa Família – cerca de 1.100 pessoas. Essa fase do plano vai beneficiar 13 municípios da região metropolitana de Fortaleza. Então, já é uma ação que demonstra a preocupação do estado com a sustentabilidade do programa no Ceará. As pessoas serão qualificadas em atividades estratégicas como o turismo e a construção civil, que estão em crescimento. Sobretudo a construção civil, grande absorvedora de mão de obra. Quanto à cobertura do Programa Bolsa Família, no Ceará, estão contemplados os 184 municípios e 917,89 mil famílias, no período de janeiro a julho de 2009, segundo a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).

Porta de saída é o grande gargalo, diz Eloísa Bezerra

Para a economista do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), mestra em negócios

internacionais e especialista em contas regionais e municipais, Eloísa Bezerra, não se pode desconhecer as estatísticas que apontam os programas assistenciais como redutores da pobreza. Ela, porém, aponta a porta de saída como o grande gargalo dessas iniciativas.

Revista da FIEC – Na sua opinião, as políticas assistencialistas têm alcançado seus objetivos?Eloísa Bezerra – As estatísticas mostram que sim. Tanto o Brasil como os países que adotaram esse tipo de política de combate e alívio da pobreza tiveram redução no número de pobres, ou seja, ampliaram o número de pessoas com acesso a um consumo mais digno. O México é um exemplo. No Brasil, vários estudos mostram que houve redução da pobreza, como no Espírito Santo, onde em 2001 existiam 302.000 pessoas na extrema pobreza. Em 2007, esse número passou para 125.000 pessoas, significando uma queda de 142% de pessoas com uma renda per capita de até R$ 69,00.

RF – Ocorreu redução no número de pobres no Ceará?EB – Segundo estudo do Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC), houve em nosso estado uma redução de pessoas vivendo em situação de extrema

pobreza, entre os anos de 2003 e 2007, reduzindo de 16,23% para 11,86%, respectivamente. Todos esses estudos são unânimes em citar as políticas de renda complementares como uma das causas da redução. O mais interessante é que essa ampliação de consumo se verifica não somente com bens de primeira necessidade, mas com outros tipos de produtos, como bens duráveis, especificamente, eletrodomésticos, móveis e aparelhos eletrônicos. Certas de ter aquela renda todos os meses, as famílias destinaram parte dessa renda a esses bens, melhorando a qualidade de vida e a própria autoestima.

RF – Um dos questionamentos recorrentes aos programas assistenciais diz respeito à porta de saída. Na sua avaliação, eles têm conseguido contemplar esse momento de forma satisfatória?EB – Este é o grande gargalho e ponto de discórdia entre estudiosos e políticos sobre os programas. Apesar de exigir algumas condições, como a permanência da criança na escola, assegurando, de certa forma, uma sustentabilidade futura, o governo poderia implementar outras ações paralelas para que os beneficiados não voltem às condições precárias de antes do Bolsa Família, por exemplo. O professor Marcelo Neri, da FGV, um estudioso do assunto, cita a possibilidade de casar programas sociais, como o Bolsa Família e o Microcrédito, gerenciado pelo Banco do Nordeste.

RF – Questiona-se ainda que essa tendência de queda da desigualdade estaria chegando ao limite, em virtude de o beneficiário estar se acomodando e não se preparando para alcançar outros patamares no mercado de trabalho. Como a senhora vê essa crítica?EB – Apesar de garantir a permanência do benefício por alguns anos ainda, com ampliação do número de ingressantes e de valores, há necessidade de se integrar programas sociais que podem ser complementados e com isso assegurar uma sustentabilidade da queda do

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Mais vida ao planeta

air do “discurso verde” para a prática, suprindo as demandas de consumo atuais, sem prejudicar o atendimento às neces-

sidades de nossos descendentes. Doze anos depois da criação do primeiro documento mundial a abordar a temática do desenvolvi-mento sustentável – o Relatório de Brundtland –, as empresas ainda têm como maior desafio garantir o desenvolvimento econômico de seus negócios sem colocar em risco a sustentabilidade do planeta.

O relatório critica o desenvolvi-mento predatório adotado por paí-ses industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, atestando a incompatibilidade entre

o modelo sustentável e os padrões de produção e consumo em vigor, que se baseiam no uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossiste-mas. “O atual modelo de desenvol-vimento se baseia no tripé extrair, produzir e descartar. Considerando essa lógica, uma empresa que pro-duz celulares não teria responsabili-dade pelo destino de seus aparelhos quando a tecnologia deles se tornar obsoleta”, exemplifica o administra-dor de empresas Álvaro Mello, que coordena o Grupo de Excelência em Empreendedorismo e Inovação do Conselho Regional de Administra-ção de São Paulo (CRA/SP).

Segundo o vice-presidente do CRA/CE, Ilaílson Silveira de Araújo,

S

Além de prejudicial ao meio ambiente, o modelo predatório de desenvolvimento põe em risco a subsistência das empresas

Empreendedorismo sustentável

além de prejudicial ao meio ambien-te, o modelo predatório de desenvol-vimento põe em risco a subsistência das empresas. “A pesca da lagosta usando caçoeira e compressor de-predou uma das atividades mais pro-missoras que o Ceará já teve”, exem-plifica. Ele diz que décadas atrás o crustáceo pescado na costa cearense chegava a medir mais de 13 centí-metros e cada barco lagosteiro con-seguia apanhar até 25 toneladas do produto. “Com o uso de técnicas de pesca ofensivas, a pesca da lagosta no litoral do Ceará diminuiu tanto, que ela deixou de ser o produto mais importante da nossa pauta de expor-tação”, alerta Ilaílson Araújo.

Atualmente, a lagosta figura na sexta posição entre os setores expor-

tadores do estado. De janeiro a se-tembro de 2009, as vendas do seg-mento ao mercado externo somaram US$ 25,5 milhões, correspondendo a uma queda de 11,8% em relação aos US$ 28,9 milhões contabilizados no mesmo período do ano passado. Na pauta de produtos cearenses vendi-dos ao exterior, a lagosta perde para calçados (US$ 213,07 milhões), cas-tanha de caju (US$ 138,6 milhões), couros (US$ 83,7 milhões), fruticul-tura (US$ 44,1 milhões) e têxteis (US$ 41,8 milhões).

Para o administrador Álvaro Mello, é preciso repensar novos mo-dos de consumo e reinventar formas de produzir. Conforme os princípios do desenvolvimento sustentável, uma empresa tem de ser economi-camente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. Assim, ela será percebida como um negócio que não visa somente ao lucro, mas também que se sente responsável pelo futuro do planeta.

A postura contrária aos moldes de empreendedorismo egoísta ou inconsciente, segundo Álvaro Mello, faz diferença na ótica do consumi-dor. Empresas que optaram por ofe-

Uma empresa precisa ser

economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta.

Álvaro Mello, coordenador do Grupo de Excelência em Empreendedorismo e Inovação do CRA/SP

recer produtos ou serviços susten-táveis se tornaram mais lucrativas, pois são bem vistas pela sociedade. Um dos exemplos de sucesso nesse contexto é o DryWash, um serviço de lavagem de carro a seco que já conquistou o público paulistano. “O marketing que eles pregam é que a água é um bem muito valioso para ser desperdiçado com uma simples lavagem de veículo”, ressalta o administrador.

Outros exemplos de produtos sustentáveis citados por ele são a descarga a vácuo para evitar o desperdício de água, o etanol produzido em casa, a estação de tratamento de efluentes, a subs-tituição da energia elétrica pela iluminação natural na constru-ção de prédios, o aproveitamen-to da água da chuva e o ecote-lhado que utiliza vegetação em cima do telhado para aumentar a absorção do CO2, reduzindo a emissão de gases para a ca-mada de ozônio. “Todos esses produtos servem de economia, permitindo que água e energia sejam mais bem aproveitadas, de maneira simples e eficiente”, lembra Álvaro Mello.

Também constituem práticas sustentáveis a reutilização de materiais descartados dando nova vida ao lixo e às sucatas, o uso de fontes alternativas de

energia (solar e eólica, entre ou-tras), a redução do consumo (seja de alimentos, água ou energia) e a construção dos chamados “prédios verdes”, que têm características de construção ambientalmente correta, aproveitando mais a luz natural e utilizando piso, portas e batentes de madeira certificada.

Por causa do uso de técnicas ofensivas, o tamanho da lagosta pescada no Ceará diminuiu bastante

DryWash, serviço de lavagem de carro a seco

| RevistadaFIEC | Novembro de 200932 33Novembro de 2009 | RevistadaFIEC |

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O ozônio é um gás raro que protege a Terra contra as radiações ultravioletas que vêm do Sol. O problema é que por causa da ação do homem a camada de ozônio que existe na atmosfera está sendo destruída, com graves consequências para a vida em nosso planeta

E

Escudo protetor

m 16 de setembro de 1987, 191 países as-sinaram um dos acor-dos mais importantes e bem-sucedidos de todos

os tempos: o Protocolo de Montre-al. Por meio dele as nações signatá-rias se comprometeram a reduzir a produção e emissão de gases CFCs (clorofluorcarbonos) e hidrocarbo-netos alifáticos halogenados (ha-

lons), cuja presença na atmosfera é considerada a principal causa da destruição da camada de ozônio que protege a terra dos raios solares.

Mais de 20 anos depois, o número de países só aumentou, ratificando opinião do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan: “Talvez este seja o mais bem-sucedido acordo interna-cional de todos os tempos”. De fato, o Protocolo de Montreal se tornou

um caso único entre as centenas de tratados celebrados na ONU. Dado confirmado este ano, com a entrada do Timor-Leste. “Essa última adesão representa uma forte mensagem de solidariedade mundial, não só para combater a redução da camada de ozônio, como também para encon-trar soluções para outros problemas multilaterais, entre os quais as mu-danças climáticas”, ressaltou o atual

Camada de ozônio

| RevistadaFIEC | Novembro de 20093�

secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em 16 de se-tembro passado, data que a Organização estabeleceu (em 1987) como o Dia Inter-nacional para a Preservação da Camada de Ozônio.

No entanto, não é a adesão em massa o que mais chama a atenção para o protocolo. E sim o seu resultado. De lá para cá, houve uma severa redução de cerca de 95% na produção e uso dos gases nocivos à camada de ozônio. No entanto, o esforço feito pelas nações até agora não lhes dá direito de baixar a guarda. Pelo contrário. Os estragos feitos à camada de ozônio desde a sua desco-berta, principalmente na dé-cada de 1970, foram catas-tróficos. Além disso, os CFCs já liberados têm um tempo de vida muito longo. Alguns de até 150 anos.

Atualmente, calcula-se que o “rombo” na camada de ozônio seja de 25 mi-lhões de quilômetros qua-drados. A recuperação total só deverá ocorrer por volta do ano 2075, mas será pre-ciso que 100% desses gases sejam eliminados do planeta. E no andar da carruagem isso está longe de se efetivar. O CFC ainda é utili-zado em muitos países como pro-pelente em sprays, embalagens de plástico, chips de computadores, solventes utilizados pela indústria eletrônica e, especialmente, em aparelhos de refrigeração, como geladeira e ar-condicionado.

O Brasil aderiu ao Protocolo de Montreal em 1990. No ano seguin-te, o governo federal criou o Gru-po de Trabalho do Ozônio (GTO), abrindo espaço para o cumprimen-to das metas do acordo. O grupo estabeleceu diretrizes e coordenou a implementação do tratado, elabo-rando em 1994 o Programa Brasi-leiro para Eliminação da Produção e do Consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio.

Em 1995, foi aprovada uma reso-lução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que priorizou a conversão tecnológica industrial para a eliminação de CFCs. Naque-

le mesmo ano, o governo brasileiro instituiu o Comitê-Executivo Inter-ministerial para Proteção da Cama-da de Ozônio. Os esforços culmi-naram, em 2007, com a proibição do uso de CFCs em novos produtos e passou a permitir a importação, instituindo cotas, apenas para o se-tor de manutenção de equipamen-tos e alguns usos essenciais, como fabricação de medicamentos.

Camada de ozônio x efeito estufa

M uitas pessoas confundem o buraco na camada de ozônio com o aquecimento global. Os dois

fenômenos, no entanto, são distintos e têm causas diferentes. O aquecimento é causado pelo acúmulo de gases de efeito estufa – substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha emitida sobretudo pela superfície terrestre,

dificultando seu escape para o espaço. Tal fenômeno impede que ocorra uma perda de calor (para o espaço), mantendo a Terra aquecida. Os cinco principais gases causadores do efeito são dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O), metano (CH4), clorofluorcarbonetos (CFCs) e hidrofluorcarbonetos (HFCs).

O buraco na camada de ozônio, por sua vez, é resultado principalmente da emissão dos gases CFCs. Presente naturalmente na estratosfera (parte da atmosfera que abrange dos 15 até 50 quilômetros de altura), o ozônio tem a capacidade de absorver a luz ultravioleta solar, o que o torna um ‘escudo’ natural, protegendo a Terra (e os seres vivos) dos raios solares mais nocivos. Sem essa proteção, o mundo se tornaria um lugar inabitável.

A descoberta do uso dos gases CFCs ocorreu pouco antes da segunda guerra mundial e foi um grande sucesso em função do seu poder de refrigeração. Uma verdadeira revolução, especialmente, para a conservação de alimentos e remédios. Na indústria, durante os anos da década 1970, eles foram fabricados e utilizados

à exaustão. Uma das principais qualidades desses compostos era o fato de serem ‘inertes’ no ambiente humano (superfície), ou seja, não interagem com outros compostos. No entanto, ao chegar na alta atmosfera, eles apresentaram um efeito rápido e devastador à camada de ozônio.

A primeira constatação oficial dos efeitos maléficos do CFCs foi feita em 1977 por cientistas britânicos que detectaram a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. Ao contrário do aquecimento global, que apresenta um desenvolvimento lento através dos séculos, a destruição da camada traz efeitos imediatos. A partir desses dados, que contou com o apoio de cientistas da Nasa ao fazerem novas descobertas nos anos seguintes, começou uma campanha mundial para proteger a camada de ozônio. O ápice foi o Protocolo de Montreal, exatamente dez anos após as primeiras notícias negativas.

Numa época em que os CFCs são vistos como vilões, engenheiros do mundo tiveram de descobrir novas tecnologias.

POR GEvAN OLIvEIRA

3�Novembro de 2009 | RevistadaFIEC |

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E conseguiram. Hoje, produzir novos equipamentos, como geladeiras e condicionadores de ar, com gases CFCs é proibido em vários países, inclusive no Brasil. Mas ainda há muitos equipamentos específicos para a refrigeração de medicamentos que usam essa matéria-prima. Além disso, aparelhos antigos que utilizam esses compostos precisam de manutenção especial. Quando dão problema, técnicos treinados retiram e reciclam o CFC para que ele não seja liberado na atmosfera.

O SENAI é uma das instituições que capacitam esses técnicos no estado do Ceará. Os cursos são ministrados no Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida, no bairro de Jacarecanga, por meio do Programa Nacional de Treinamento de Mecânicos Refrigeristas (Proklima), uma das ações que compõem o Plano Nacional de Eliminação de CFCs do Ministério do Meio Ambiente, em convênio com a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ).

Segundo o coordenador do curso na unidade do SENAI, professor José Alidomar Ribeiro de Oliveira, somente este ano mais de 600 profissionais foram capacitados. A procura, segundo ele, está acima do esperado. Isso ocorre porque o número de equipamentos, como geladeiras e ares-condicionados, utilizando esses gases é muito grande. E ainda há uma norma federal obrigando a contratação, pelas empresas, de técnicos formados nesse curso. “Existem milhões de aparelhos com CFCs em operação no país e não dá para descartá-los de uma vez. O papel do SENAI, portanto, é ensinar o manuseio seguro desses gases, evitando que eles sejam liberados na atmosfera”, explica.

Professor Jose Alidomar Ribeiro de Oliveira, coordenador do curso de Mecânicos Refrigeristas do SENAI/CE

O papel do SENAI é

ensinar o manuseio seguro dos CFCs, evitando que eles sejam liberados na atmosfera.

Câncer de pele

A tualmente, os CFCs estão dando lugar a substâncias alternativas como hidrofluorcarbonos (HFC) e perfluorcarbonos (PFC). Apesar de menos nocivos à camada de ozônio, o relatório do Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) demonstra que eles são poderosos gases de efeito estufa. Ainda segundo o relatório, em meados da década de 1980, o consumo mundial total de CFC era em torno de 1,1 milhão de toneladas.

No fim dos anos 1990, o número caiu para 150.000 toneladas graças ao Protocolo de Montreal. Se não fossem tomadas medidas preventivas, calcula-se que o consumo teria alcançado 3 milhões de toneladas em 2010, o que produziria um esgotamento de 50% da camada de ozônio. As consequências seriam 19 milhões de casos de câncer de pele não-melanômico, 1,5 milhão de casos de câncer melanômico e 130 milhões casos de cataratas oculares.

Zerar só em 2040

O governo federal lançou em maio deste ano as bases do Programa Brasileiro de Eliminação dos Gases

HCFCs. Foi a solução encontrada para ajudar o Brasil a cumprir definitivamente os prazos acordados no Protocolo de Montreal, que estabelece a redução gradativa de uso e consumo do CFC em países em desenvolvimento, até a eliminação total em 2040. A primeira etapa define o congelamento dos níveis de consumo em 2013 e a diminuição de 10% do uso do gás em 2015, com base na média de 2009/2010.

Com investimento de US$ 400.000 do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, o programa é desenvolvido pelo Comitê Executivo Interministerial para a Proteção da Camada de Ozônio (Prozon), composto por sete ministérios e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com as agências de cooperação técnica GTZ e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Deverá ser concluído em novembro de 2010.

Para o trabalho, serão levadas em consideração particularidades de cada setor produtivo que utiliza o HCFC.

Nesse sentido, serão desenvolvidos planos setoriais para quatro áreas: refrigeradores, ares-condicionados, espumas e solventes. Além disso, técnicos visitarão empresas para mapear o consumo do HCFC no Brasil e gerar um banco de dados que facilitará na busca de alternativas.

Para ajudar no desenvolvimento do programa, estão sendo realizados vários seminários em diferentes regiões do país para debater a questão local do consumo e manutenção de equipamentos com HCFC. O programa será avaliado por técnicos estrangeiros, que analisarão seu potencial de execução. Em seguida, o plano estará disponível para consulta pública. Umas das ideias apresentadas nos seminários é a adoção de modelos de países desenvolvidos, que já em 2010 deverão ter reduzido em 75% o consumo de HCFC. Um dos focos do trabalho é a capacitação de prestadores de serviços de manutenção de equipamentos com o gás e no certificado de boas práticas. Segundo a representante da GTZ, Flávia Franca, o setor de serviço é responsável por 53% do gás liberado na atmosfera.

China, Japão e EUA

U ma boa notícia para o clima do planeta. Uma das nações mais poluidoras, a China, anunciou em

setembro, durante reunião na sede da ONU, em Nova York, metas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, assumindo uma importante posição nas negociações do novo acordo de proteção do clima, a ser assinado em Copenhague em dezembro próximo. Segundo o premiê Hu Jintao, a China se compromete a usar 15% das energias renováveis até 2020. Até o mesmo ano, vai reduzir “por uma margem notável” a quantidade de gases do efeito estufa emitidos para cada dólar do Produto Interno Bruto (PIB) em relação aos níveis de 2005. Hu também se comprometeu a

Por dentro do assunto

O que é a camada de ozônio?Em volta da Terra há uma frágil camada de um gás chamado ozônio (O3), que protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Já na estratosfera (entre 25 e 30 quilômetros acima da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem ele, os raios ultravioletas poderiam aniquilar todas as formas de vida do planeta. Na atmosfera, a presença da radiação ultravioleta desencadeia um processo natural que leva à contínua formação e fragmentação do ozônio.

Como os CFCs destroem a camada de ozônio?Depois de liberados no ar, os CFCs levam cerca de oito anos para chegar à estratosfera, onde, atingidos pela radiação ultravioleta, desintegram-se e liberam cloro. Por sua vez, o cloro reage com o ozônio e é transformado em oxigênio (O2). O problema é que o oxigênio não é capaz de proteger o planeta dos raios ultravioletas. Uma única molécula de CFC pode destruir 100.000 moléculas de ozônio. A quebra dos gases CFCs é danosa ao processo natural de formação do ozônio. Quando um desses gases (CFCl3) se fragmenta, um átomo de cloro é liberado e reage com o ozônio. O resultado é a formação de uma molécula de oxigênio e de uma molécula de monóxido de cloro. Mais tarde, depois de uma série de reações, um outro átomo de cloro será liberado e voltará a novamente desencadear a destruição do ozônio.

quais os problemas causados pelos raios ultravioletas?Ao chegar à Terra diretamente, a radiação ultravioleta provoca o câncer de pele, doença que mata milhares de pessoas por ano em todo o mundo. A radiação afeta também o sistema imunológico, minando a resistência humana a doenças como herpes. Além dos seres humanos, todos as formas de vida,

inclusive plantas, podem ser debilitadas. Acredita-se que níveis mais altos da radiação podem diminuir a produção agrícola, o que reduziria a oferta de alimentos. A vida marinha também é seriamente ameaçada, especialmente o plâncton (plantas e animais microscópicos) que vive na superfície do mar. Esses organismos minúsculos estão na base da cadeia alimentar marinha e absorvem mais da metade das emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta.

O que é exatamente o buraco na camada de ozônio?Uma série de fatores climáticos faz da estratosfera sobre a Antártida uma região especialmente suscetível à destruição do ozônio. Toda primavera, no Hemisfério Sul, aparece um buraco na camada de ozônio sobre o continente. Os cientistas observaram que o buraco vem crescendo e que seus efeitos têm se tornado mais evidentes. Médicos da região têm relatado uma ocorrência anormal de pessoas com alergias e problemas de pele e visão. No Hemisfério Norte, os efeitos também já são sentidos: os Estados Unidos, a maior parte da Europa, o norte da China e o Japão já perderam 6% da proteção de ozônio. O Pnuma calcula que cada

1% de perda da camada de ozônio provoque 50.000 novos casos

de câncer de pele e 100.000 novos casos de cegueira,

causados por catarata, em todo o mundo.

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos

Se falharmos, corremos o risco

de deixar para as gerações futuras uma catástrofe irreversível.

aumentar a cobertura florestal do país e a adotar “tecnologias amigas do ambiente”.

Outro país que se comprometeu foi o Japão, por meio do primeiro-ministro Yukio Hatoyama. Ele afirmou que a meta japonesa é um corte de 25% das emissões de gases dos níveis de 1990 até 2020. Mesmo sem compromissos numéricos, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez coro com os dois países dizendo que as nações ricas têm “responsabilidade financeira e técnica” pela mudança climática. “A jornada é longa e árdua, e não temos muito tempo nela. Nós podemos ajudar desenvolvendo tecnologias energéticas limpas para reduzir as emissões de gás carbônico”, ressaltou.

Obama apontou as medidas de seu governo para combater a mudança climática nos últimos meses, mas não apresentou

nenhuma nova proposta americana que dê um novo ritmo às conversas sobre um pacto internacional para combater o aquecimento global. “A resposta da nossa geração a esse desafio será julgada pela história; se falharmos, corremos o risco de deixar para as gerações futuras uma catástrofe irreversível”, arrematou Barak Obama.

| RevistadaFIEC | Novembro de 20093� 3�Novembro de 2009 | RevistadaFIEC |

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CONCLUSãO DO RELATóRIO DE SEGURANçA OPERACIONAL DO OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELéTRICO (ONS), InFormAndo qUE ForAm AFEtAdoS

totAlmEntE São pAUlo, mAto groSSo do SUl, rIo dE JAnEIro E ESpírIto SAnto E

pArCIAlmEntE oS EStAdoS dE mInAS gErAIS, mAto groSSo, goIáS, rIo grAndE do

SUl, SAntA CAtArInA, pArAná, ACrE, rondônIA, bAhIA, SErgIpE, pArAíbA, AlAgoAS,

pErnAmbUCo E rIo grAndE do nortE.

apaGãO

E aí?

as perdas para os consumidores cearenses por conta da falha na metodologia de cálculo do reajuste tarifário de energia elétrica chegam a quase R$ 50 milhões (R$ 49,86 milhões), só no primeiro semestre deste ano.

o CálCUlo não é mEU, não é SEU, nEm é noSSo. é DA PRóPRIA AGêNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELéTRICA (ANEEL)

EMpREGO

Acharam que eu era maluco, os pessimistas não acreditavam. mas os números estão aí e provam que minha previsão estava certa. Crise é coisa de gringo.

pERspEctiVa em uma leitura mais profunda, vemos

que cerca de 67% dos profissionais de finanças avaliam que o avanço do piB (2010) fique entre 3% e 5%, que também é uma visão geral do governo.

SéRGIO MELO, prESIdEntE do InStItUto brASIlEIro dE ExECUtIvoS dE FInAnçAS no CEArá (IbEF/CE).

quEiRa DEus poderemos afirmar em breve que

Fortaleza jamais será a mesma depois que receber esses investimentos de tão grande envergadura.

PATRíCIA AGUIAR, SECrEtárIA dE tUrISmo dE FortAlEzA, FAlAndo SobrE proJEtoS dE InFrAEStrUtUrA prEvIStoS pArA oS próxImoS AnoS.

CARLOS LUPI, mInIStro do trAbAlho, ComEntAndo o CrESCImEnto dA gErAção dE EmprEgo.

Frases&Ideiast i R a D a s i N s p i R a D a s , f R a s E s c O N c E i t u a i s E O u t R a s

EDitaDO pOR luiz caRlOs caBRal DE MORaisE-Mail [email protected]

haBitaçãO

ainda não está acontecendo, mas fatalmente vai acontecer uma grande valorização no preço dos imóveis. eu imagino que toda essa capacidade instalada de produtos como cimento e vidro tem um limite e quando atingir um limite da capacidade instalada na indústria aí sim teremos um problema.

SéRGIO PORTO, prESIdEntE do SECovI/CE.

O blecaute ocorrido entre a noite de terça e a madrugada desta quarta-feira afetou 18 estados do país.

EDISON LOBãO, mInIStro dE mInAS E EnErgIA, CUlpAndo o SAnto pElo blECAUtE.

no CASo, São pEdro.

ORiGEMDescargas atmosféricas, ventos e chuvas muito

fortes na região de Itaberá (SP) foram a causa do desligamento de três linhas de transmissão e o consequente desligamento da usina hidrelétrica de Itaipu.

ufa! vai ter redução de imposto, mas

isso é despachado com o governador. ano passado, ele [desconto no valor da base de cálculo] variou de 5% a até 28%, e a gente vai continuar.

MAURO BENEvIDES FILHO, SECrEtárIo dA FAzEndA do EStAdo, gArAntIndo qUE Em 2010 o IpvA dEvErá pESAr mEnoS no bolSo do ContrIbUIntE.

VaGas Na iNDústRia o Ceará foi o único estado a

mostrar elevação no índice de pessoas empregadas em setembro, na comparação com igual mês do ano anterior.

PESqUISA INDUSTRIAL MENSAL DE EMPREGO E SALáRIO, dIvUlgAdA Em 10/11 pElo IbgE, moStrA qUE o CrESCImEnto CEArEnSE FoI dE 0,81% no númEro dE EmprEgoS ASSAlArIAdoS.

DNOcs

acredito que R$ 1,5 bilhão seja

suficiente para 2010.

ALBERT GRADvHOL, dIrEtor AdmInIStrAtIvo-

FInAnCEIro do dnoCS, SobrE prEvISão dE rECUrSoS

pArA o órgão.

Foto

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vósi

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Ptis

ta/a

br

ADRIANO PIRES, prESIdEntE do CEntro brASIlEIro dE InFrAEStrUtUrA, pArA qUEm

AS lInhAS não AgUEntArAm A CArgA dE ConSUmo ExIgIdA E oS CUlpAdoS EStão AqUI

por bAIxo mESmo.

sOBREcaRGaNão acredito na questão climática. Acho que o

problema foi sobrecarga no sistema. Energia tem de sobra, mas as linhas de transmissão têm uma capacidade limitada. O que aconteceu foi um apagão de transmissão.

| RevistadaFIEC | Novembro de 20093�

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o crescimento e a expansão da indústria. São nove núcleos

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