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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n N o 71 n ABRIL/2013 Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE FIEC CORREIOS 3 Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT /sistemafiec @fieconline ENTRAVE AO DESENVOLVIMENTO Responsável pelo escoamento de 95% das exportações brasileiras, o sistema portuário apresenta gargalos que reduzem a competitividade da economia. Tentando salvar os portos do país de um colapso, o governo promete investir 56,8 bilhões de reais até 2017

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno VI n No 71 n ABRIL/2013

ImpressoEspecial

9912285067/2011-DR/CEFIEC

CORREIOS

3

Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT

/sistemafiec

@fieconline

EntravE aodEsEnvolvimEntoResponsável pelo escoamento de 95% das exportações brasileiras, o

sistema portuário apresenta gargalos que reduzem a competitividade da

economia. Tentando salvar os portos do país de um colapso, o governo

promete investir 56,8 bilhões de reais até 2017

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ABRIL 2013 | No 71

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

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Energia eólicaINFRAESTRUTURA4° Fórum de Oportunidades de

Negócios em Energias Renováveis,

realizado na FIEC, reúne empresários,

ABEEólica e pesquisadores

INDIINOVAÇÃO NA INDÚSTRIASetores elétrico/eletrônico/metal-

mecânico, construção civil e químico

aderem ao Uniempre, que aproxima

universidades e setor produtivo

19

22

Seções

MensagemdaPresidência........5

Notas&Fatos..............................6 Inovações&Descobertas..........35

SESI Soldadores

Reflexões e ideias

4027

36

IndústriaDESACELERAMENTOEconomista do Ipea aponta os

motivos da queda do setor nos

últimos anos e sugere possíveis

soluções a médio e longo prazo

Qualidade ALIMENTO SEGUROIndústria filiada ao Sindsorvetes

é certificada pelo SENAI/

Certrem em Boas Práticas de

Fabricação (BPF)

10

14ATLETA DO FUTUROPrograma promove a educação e a inclusão social de crianças e adolescentes usando o esporte com recurso pedagógico

PIONEIRISMOSENAI/CE é o primeiro departamento regional do país a implantar certificação específica conforme o código Asme IX

CHAPADA DO APODICom forte atuação em fruticultura irrigada e com importantes projetos em fase de licenciamento ambiental, polo está ameaçado pela logística

PORTOSGoverno federal anuncia investimento de 56,8 bilhões de reais para o setor portuário brasileiro. O valor deve ser aplicado em arrendamentos e terminais de uso privativo (TUPs), além de melhorias no acesso. Pecém e Fortaleza serão beneficiados.

30CAPA

NordesteINTEGRA BRASILCresce o movimento que

ambiciona transformar

a região Nordeste para

desenvolver o país

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3Abril de 2013 | RevistadaFIEC |

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Revista da FIEC. – Ano 6, n 71 (abr. 2013) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Camila Gadelha ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Fotografia de capa José

Sobrinho Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia

(AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Federação das Indústrias do Estado do Ceará — FIECDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira

Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa

Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI

Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho

Serviço Social da Indústria — SESICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius, Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo

do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo

Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — SENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes

da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio

Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Fernando Ribeiro de Melo Nunes

Instituto Euvaldo Lodi — IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

Instituto de Desenvolvimento Industrial – INDIPresidente Roberto Proença de Macêdo – Diretor Corporativo Carlos Matos

Instituto FIEC de Responsabilidade Social – FIRESOPresidente Roberto Proença de Macêdo – Vice-presidente Wânia Cysne de Medeiros Dummar

MensagemdaPresidênciaRoberto Proença de Macêdo

A atratividade do Nordeste por investimentos está criando uma dinâmica produtiva que pressiona a região no sentido de dar respostas às necessidades de infraestrutura e logística, tanto no que se refere às demandas imediatas como as de longo prazo. A construção de um novo patamar produtivo regional tem con-figuração ampla, abrangendo projetos de siderúrgicas, refinarias, petroquímicas, indústria automobilística e de autopeças, usinas eólicas e termelétricas, fabricação de papel e celulose, indústrias químicas e farmacêuticas, mineração e estaleiros. Conforme anunciei na mensagem de fevereiro, desta revista, o jornal Valor Econômico acaba de lançar a publicação Caminhos do Nordeste, na qual apresenta os resultados do Pro-jeto Nordeste Competitivo, estudo produzido pela empresa Macrolo-gística, sob encomenda da CNI, que leva em conta essas novas frentes do desenvolvimento regional, propondo soluções para as questões de infraes-trutura e logística. Dentro de uma visão sistêmica, o estudo da CNI apresenta um traçado dos eixos estratégicos de integração logística dos polos produtivos nordes-tinos, envolvendo rodovias, hidrovias, ferrovias e navegação de ca-botagem. Ao observar a magnitude do que se pensa alcançar, tenho um sentimento de preocupação pelo tanto que ainda falta fazer, misturado com o entusiasmo de constatar que estamos enxergan-do o que precisa ser feito. Vejo o passivo histórico da má qualidade das nossas estradas, que não resistem ao peso crescente das cargas transportadas por ca-minhões cada vez mais potentes, que se degradam a cada ano. Vejo também a lentidão na construção da ferrovia Transnordestina, a de-mora da chegada das águas do Rio São Francisco e o agravamento

Um novo patamar produtivodas condições de mobilidade nos nossos principais centros urba-nos, inclusive a dificuldade de escoamento das cargas do Porto do Mucuripe, o que aumenta o caos do trânsito em Fortaleza. Por outro lado, alegra-me constatar que estão em curso proje-tos e realizações privados e governamentais para atender nossas demandas de infraestrutura e logística. Ações como a construção da nova esteira no Porto do Pecém para o transporte de minério, prevista para 2014, os projetos de implementação de aeroportos regionais, a ampliação do aeroporto internacional Pinto Martins, a adequação de 62 quilômetros da CE-085, para evitar dificulda-

des no entorno do complexo do Pe-cém, e a duplicação do Anel Viário, beneficiando os distritos industriais de Maracanaú e Maranguape. São muitos os empreendimentos em gestação que só estão esperando a chegada da estrutura ferroviária para implementar e expandir suas ativi-dades. É o caso da Cimentos Apodi, que pretende ter um ramal ferroviá-rio para enviar produtos a mercados distantes, da Schneider Electric, que quer exportar, a partir do Ceará, seus produtos para outros países, e da Silat (Siderúrgica Latino-Americana), que almeja uma outra opção de transpor-

te de material, hoje feito por rodovias. Tendo em vista o projeto do Sistema FIEC, de criação de po-los industriais em regiões vocacionadas do interior, é muito im-portante também encontrarmos formas de atender o tráfego de matérias-primas e o escoamento da produção desses novos cen-tros produtivos. Para tanto, temos uma expectativa muito positiva pela conjunção dos nossos esforços com as iniciativas do governo do estado e as articulações entre a CNI e o governo federal, para a definição de prioridades de curto e longo prazo, visando a melho-ria da infraestrutura e, com isso, a promoção do desenvolvimento.

“ Tendo em vista o projeto do

Sistema FIEC, de criação

de polos industriais em regiões

vocacionadas do interior, é muito

importante também encontrarmos

formas de atender o tráfego de matérias-

primas e o escoamento da produção

desses novos centros produtivos.

| RevistadaFIEC | Abril de 20134 5Abril de 2013 | RevistadaFIEC |

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REPRESEnTAnTES do governo hondurenho estiveram em meados do mês de abril em Fortaleza para conhecer a metodologia do

programa Cozinha Brasil. A tecnologia social será implantada como política pública de segurança e educação alimentar em Honduras, dentro do programa Escuelas Saludábles (Escolas Saudáveis). A capacitação dos técnicos hondurenhos ocorreu na FIEC, com programações também no Hotel Vila Galé, na Praia do Futuro. Dentro do programa de capacitação, estiveram inclusas aulas práticas e teóricas, workshops de Política de Segurança Alimentar e Direito Humano a Alimentação Adequada, visita à unidade móvel do SESI Cozinha Brasil, repasse da metodologia do programa, visitas técnicas ao restaurante Mesa do Povo e ao Mercado Central, além do desenvolvimento do livro didático para o Cocina Honduras. As negociações para a transferência da metodologia começaram em dezembro do ano passado, quando técnicos do Conselho Nacional do SESI se reuniram com autoridades do governo de Honduras, em Tegucigalpa, capital do país, com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Notas&FatosO q U E A C O N T E C E N O S I S T E M A F I E C , N A P O L í T I C A E N A E C O N O M I A

seNai apresenta tendências para verão 2014

MODA

Notas&FatosSESI

Hondurenhos conhecem metodologia do Cozinha Brasil

CIPP

seNai iNiCia atividades PaRa O COMPLeXO

CERTIFICAÇÃO

siNdusCON ReCeBe iNdiCaçãO PaRa isO 9001

O SEnAI/CE iniciou no final de março as atividades de ensino na nova unidade de negócio localizada em São Gonçalo do Amarante, com duas turmas, de 13h às 17h, de Eletricidade Industrial e Eletricidade Predial. Este ano, serão oferecidas cerca de 1 200 vagas. A unidade, formada por equipe gerencial, administrativa, pedagógica e docente, está preparada para iniciar o processo de formação de profissionais para assumir postos de trabalho no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O SENAI de São Gonçalo do Amarante, fruto de uma parceria entre o Sistema FIEC e a Prefeitura, inicia as atividades em instalações provisórias, cedidas em comodato, pelo município. Construção civil, eletricidade e metal-mecânica serão as áreas de atuação durante este ano. A partir de 2014, cursos de aprendizagem industrial serão ofertados. A nova unidade do SENAI está localizada na Avenida Coronel Neco Martins, 276, no Centro da cidade.

O SInDuSCOn/CE recebeu no mês de abril, após criteriosa auditoria feita pela BRTUV, que é uma empresa credenciada pelo Inmetro, a indicação para receber a ISO 9001, uma certificação internacional de qualidade. A entidade é o primeiro sindicato da indústria da construção civil do Norte e Nordeste a ter a indicação para a ISO. “Essa conquista era esperada, pois fizemos treinamentos e reuniões para aprimoramentos. Além disso, foram meses em processo de implantação e organização de documentos, que são requisitos obrigatórios da ISO. Esse resultado obtido na auditoria mostra que a gestão que lá está, conduzida pela superintendente Fátima Santana, trabalha com seriedade e transparência”, comenta a especialista da INNI Consultoria, Ana Célia Rolim, que prestou toda a assistência ao sindicato para a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade. O presidente do Sinduscon cearense, Roberto Sérgio Ferreira, afirma que essa conquista foi obtida por meio de muito trabalho: “Somos fortes devido ao comprometimento e envolvimento de todos que fazem a construção civil cearense. Essa certificação reafirma que somos diferenciados”.

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n O CIn realizará em 3 de maio, de 9h às 17h, na sede da FIEC, uma rodada de negócios entre empresas exportadoras brasileiras e as principais empresas compradoras de Cabo Verde. O evento é destinado a empresas dos setores de alimentos, bebidas, casa e construção. A participação é gratuita e as vagas são limitadas. Mais informações: Unidade de Atendimento da Apex-Brasil no CIN da FIEC: 3421 5417/ [email protected].

OSEnAI/CE realizou em 11 de abril um evento de apresentação dos resultados da missão de capacitação e pesquisa em moda na Parsons the School for Design,

de Nova York, nos Estados Unidos, promovida no início de abril pelo SENAI e Centro Internacional de Negócios (CIN). A docente e consultora do SENAI/CE, Cristina Feitosa, apresentou também as tendências para o verão 2014, elaboradas a partir das observações da viagem. A missão contou com a participação de 16 empresários cearenses do segmento de moda e fez parte do Circuito Moda Nova York, que contempla capacitações e pesquisa em cidades de referência mundial em moda e design.

n A FIEC solicitou, durante almoço realizado na Casa da Indústria, apoio ao coordenador da bancada federal dos deputados cearenses, Antônio Balhmann (PSB/CE), para agilizar a votação e a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 504/2010), que tramita na Câmara dos Deputados. A PEC coloca a Caatinga e o Cerrado no mesmo nível de importância dos demais biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, considerados patrimônio nacional). O deputado se mostrou favorável à PEC e disse que irá reunir esforços pela aprovação. A Associação Caatinga convida todos a assinarem a petição pela aprovação da PEC. O link está disponível no site http://www.acaatinga.org.br.

n O PROGRAMA de Voluntariado do Sistema FIEC, promovido pelo Instituto FIEC de Responsabilidade Social (Fireso), realizou em 20 de abril, na Casa de Abrigo Tia Júlia, a sua atividade mensal. Em parceria com a Faculdade 7 de Setembro, os voluntários promoveram atividades lúdicas, como teatro de bonecos, desenhos, pinturas de rosto e contação de histórias, atendendo a cerca de 40 crianças. A Casa de Abrigo Tia Júlia assiste crianças de zero a sete anos que estão em processo de adoção ou em situação de risco. Parceira do Programa de Voluntariado desde 2012, o Fireso busca levar atividades de recreação a essas crianças.

CURTAS---------------------

SECA

FieC aPOia MOviMeNtO Água JÁAçõES EMERGEnCIAIS para amenizar os impactos da seca no Ceará como, por exemplo, a possibilidade de antecipação da transposição das águas do Rio São Francisco, são anseio de várias entidades da sociedade civil e de classe, que participaram em 12 de abril da mesa redonda do Movimento Água Já, realizado pelo Instituto Frutal, com apoio de instituições como FIEC, Centro Industrial do Ceará (CIC), Federação das Associações do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária do Ceará (Facic) e Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), dentre outras. A mesa redonda, realizada na sede da FIEC, discutiu ações para segurança hídrica e antecipação da transposição do Rio São Francisco e Cinturão das Águas do Ceará e a atual situação do abastecimento das cidades e das obras de infraestrutura hídrica, além de fazer sugestões de políticas públicas para minorar os efeitos do prolongamento da seca.

>> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected]

DIA DA INDÚSTRIAFIEC E CNI HOMENAGEARÃO PERSONALIDADES DA INDÚSTRIAA Medalha do Mérito Industrial 2013 será concedida pela FIEC à empresária da indústria de cerâmica Ana Lúcia Mota, presidente da Cerâmicas do Brasil (Cerbras); ao empresário da construção civil Waldyr Diogo de Siqueira Filho, que já participou durante vários anos da diretoria da FIEC; e, em homenagem in memoriam, ao empresário Flávio Barreto Parente, que faleceu no final de 2012. Parente é representante da atividade salineira e integrou a diretoria do Sindsal por várias décadas. O anúncio foi feito durante reunião ordinária da diretoria plena da instituição no dia 1º de abril. Para receber a Ordem do Mérito Industrial, concedida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi escolhido o industrial do ramo metal-mecânico, Fernando Cirino Gurgel, que já foi presidente da Federação e está à frente da Durametal. A entrega das comendas será realizada na solenidade pelo Dia da Indústria em junho. A data é comemorada nacionalmente em 25 de maio. A Revista da FIEC de maio trará matéria completa sobre os homenageados.

AGENDA

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Economista do IPEA aponta os motivos do desaceleramento do setor nos últimos anos e mostra possíveis soluções a médio e longo prazo

Desafios para a indústria

D esde o início da década de 90, a indústria brasileira passou pelo menos por quatro fases distintas. O pe-ríodo entre 1990 a 1994 foi marcado pelo choque da

abertura comercial. A indústria teve de se adaptar a uma maior concorrência internacional, resultando na queda do emprego industrial, mas com aumento da produção física.

Nos anos seguintes, mais precisamente entre 1995 e 2004, o Plano Real trouxe para a indústria efeitos positivos (au-mento da demanda), mas também negativos (forte valoriza-ção da moeda e crises internacionais). Os anos compreendi-dos entre 2004 e 2008 foram positivos para a indústria e para

Brasil

o Brasil. Houve crescimento da produção física do setor e crescimento do número de empregos. A expansão da de-manda doméstica se traduziu no crescimento da produção industrial, mas com aumento de custo.

A partir de 2009, com o cenário de crise econômi-ca mundial, veio a invasão de manufaturados. O custo de produção da indústria aumentou, a produção física ficou estagnada e o setor começou a perder competitividade. O emprego formal continuou em alta, no entanto a um rit-mo menor. De acordo com o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto Almeida,

todos esses fatores levam a uma tendência de perda da participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB). Ele apresentou no dia 1º de abril, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a palestra Os desa-fios do crescimento da indústria e do Brasil.

De acordo com a nota técnica que trata dos aspectos do comportamento produtivo da in-dústria brasileira em 2012, elaborada em abril deste ano pelo pesquisador Luiz Dias Bahia, do Ipea, a indústria brasileira vem passando por indefinições há dois anos. Uma delas é a pos-sibilidade de retomar sua trajetória de cresci-mento iniciada em meados de 2003, interrom-pida brevemente em 2008, para se recuperar em 2010. Porém, os anos de 2011 e 2012 foram muito aquém da evolução esperada. A questão central, segundo a nota, é se ela retomará o per-curso ascendente em 2013.

No gráfico 1, nota-se o desempenho mais recente da indústria. No período imediata-mente antecedente à crise de 2008, a produção física da indústria havia crescido, em termos acumulados, 30% em relação a 2002, mas pra-ticamente se perdeu todo esse crescimento en-tre outubro de 2008 e janeiro de 2009, ou seja, cerca de seis anos de crescimento foram per-didos em pouco mais de quatro meses. Apesar do radicalismo dessa reversão, afirma a nota, a recuperação foi igualmente espetacular: em menos de um ano e meio, a produção física ti-nha voltado aos níveis pré-crise.

Apesar desse resultado positivo, o período seguinte não continuou o trajeto ascendente de recuperação desde meados de 2010. Entre junho de 2010 e dezembro de 2012, foram re-gistrados modesto crescimento e, às vezes, leve regressão, sugerindo uma acomodação a um patamar de produção física cerca de 5% menor que o de pré-crise.

A pergunta importante para determinar o comportamento do setor nos próximos anos, afirma o documento, é: o desempenho seto-rial de 2012 enseja a expectativa de volta do crescimento da produção física da indústria? De acordo com a conclusão da nota, o quadro em 2012 continuou muito semelhante a 2010. “Os indicadores conjunturais apontam para uma reação lenta do investimento, ainda muito centrada em modernização. Assim, a tarefa mais imediata dos gestores econômicos poderia cen-trar-se em dissolver focos setoriais de incertezas e avançar nas obras de infraestrutura”, sugere o

texto, para concluir: “A retomada tende a ocor-rer de maneira mais gradual, uma vez que en-volve esforços mais profundos que os ocorridos no período 2003-2008”.

O mercado interno garante a manutenção do crescente aumento dos índices de emprego formal no país, e esse é um dos grandes enig-mas, segundo Mansueto, já que o país registra quedas de investimentos e a produção indus-trial está estagnada. “O problema da indús-tria não é a falta de mercado. É difícil vender porque a estrutura de custos é alta.” O setor industrial é quem mais sente os prejuízos des-ses custos. No segmento de serviços, a com-petição é limitada por um processo natural de

O problema da indústria não

é a falta de mercado. É difícil vender porque a estrutura de custos é alta.Mansueto Almeida, economista do Ipea

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GRÁFICO 1

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concorrência local do qual a indústria não faz parte, por concorrer com produtos estrangei-ros. “Se os custos para a indústria fossem mais baratos, dava para competir com o mercado ex-terno”, analisa Mansueto.

Os altos custos da indústria também são a explicação do sucesso dos manufaturados es-trangeiros no Brasil. “A demanda vaza por con-ta do custo”, afirma o economista. Ou seja, a indústria local repassa para os produtos o custo da cadeia produtiva, mas os produtos estran-geiros são absorvidos pelo mercado brasileiro por chegarem ao país por um menor valor.

De acordo com Mansueto, é difícil competir com países da Ásia em relação à mão de obra. A competição também se torna complicada quanto à produtividade dos trabalhadores e à alta qualificação em países como Alemanha e Estados Unidos, produtores de máquinas e equipamentos para a indústria.

Isso está demonstrado nas taxas de inflação dos dois setores (gráfico 2). Desde 2006, a inflação do segmento de serviços é maior que a da indústria. Em 2012, o índice da indústria ficou em 1,8% e o de serviços em 8,7%. Em 2011, o setor industrial registrou 3,5% de inflação e o de serviços 9%.

A margem de lucro da indústria de trans-formação no Brasil é afetada pelo mercado de trabalho aquecido. Explica Mansueto: “O setor tem de disputar trabalhadores com o de servi-ços a alto custo e redução de margens. Além disso, a transição demográfica também inter-fere nessa área. O crescimento da população economicamente ativa será cada vez menor, diminuindo a abundância da mão de obra. A qualificação da mão de obra será cada vez mais necessária diante desse cenário”.

O crescimento da indústria está diretamente ligado à questão dos investimentos. “O mode-lo de crescimento brasileiro é um problema”, diz Mansueto. “Para crescer, o país precisa de poupança, seja ela doméstica, das empresas ou pública.” Países de crescimento rápido, como a Coreia do Sul, a China e o Chile, à medida que cresciam mais, aumentavam a poupança doméstica, ou seja, a capacidade de financiar o crescimento sem precisar da ajuda do resto do mundo. “Todos esses países têm algo em co-mum: no período do crescimento, eles apren-deram a poupar mais e a aumentar a capacida-de de financiar investimento e crescimento.”

No Brasil, mesmo em período de forte cres-cimento (primeira metade dos anos 1970), a poupança a aumentar, e depois caiu. “Não aproveitamos nosso período de crescimento forte, de expansão da força de trabalho, com população jovem, para aumentar a poupança”, lamenta o economista.

Para o país aumentar a taxa de investimento, conforme prevê o Plano Brasil Maior, para 22% do PIB (atualmente a taxa é de 17,3% do PIB), precisará contar com investimento direto ex-terno, com poupança externa. Quando se fala em poupança doméstica, trata-se da poupança das famílias, incontrolável pelo poder público, das empresas, a cargo dos empresários, e pou-pança pública, resultado da diferença entre a arrecadação e os gastos do governo.

"Os gastos estão cada vez maiores e têm forte apelo eleitoral”, analisa Mansueto. Em 1999, o gasto não financeiro do governo federal foi de 14,5% do PIB. Em 2012, esse número subiu para 18,2%, marcando aumento de 3,7%. Os maiores responsáveis por tal aumento foram o custeio

de INSS e os gastos sociais que, juntos, respondem por 3,2% desse montante. “É preciso controlar os gastos. O ideal é que o governo poupe mais sem aumen-tar a carga tributária. Sem poupança doméstica o resto do mundo terá de fi-nanciar o crescimento do Brasil. Isso le-vará a uma valorização do real ou a uma pressão no balanço para pagamentos no futuro”, avalia o economista. Além dis-so, acrescenta, o governo sem poupança não consegue colocar a taxa de câmbio onde quer, resultando em inflação.

Nos anos do milagre econômico (1968-1973), a taxa de investimento do governo estava entre 26% e 28% do PIB, mas desde 1995 não ultrapassa os 20%. Esses números se refletem também no setor privado. Mansueto diz que é 25% mais caro investir no Brasil do que no resto do mundo. “Temos de tornar o investimento mais barato. O governo faz o que pode, como vemos com a desoneração da folha de paga-mento, mas ainda é insuficiente.”

Outro ponto analisado foi a questão da importação. Algo difícil, pois se fala da ne-cessidade de diminuir as importações, mas, na realidade, o Brasil importa pouco. A mé-dia de importação da América Latina é de 24% do PIB e o Brasil importou em 2012 o equivalente a 12,62% do PIB. “É importan-te mudar essa realidade. O Brasil precisa se integrar às cadeias produtivas globais, trazer mais estrangeiros e bens e serviços do resto do mundo. É hora de discutir como aumentar a produção por meio da tecnologia global”, acredita Mansueto. Ele completa: “Importa-mos pouco, mas as importações já são um problema. O modelo chinês é um exemplo a ser seguido”. O problema a que ele se refere é a alta penetração das importações, principal-mente no setor industrial. “Em alguns seto-res, essa penetração é de mais de 50%.”

Nos últimos anos, o crescimento do coefi-ciente de importações tem aumentado rapida-mente, afetando a grande maioria dos setores industriais. De acordo com a nota técnica do Ipea, o déficit da balança comercial, apresen-tado no gráfico 3, deve-se mais à diminuição das exportações do que ao aumento das im-portações. “O adverso para a balança comer-cial brasileira foi a queda expressiva e crescen-te das exportações, concentrada em produtos industriais”, informa a nota. O motivo encon-

trado pela análise do instituto é a desacelera-ção da economia mundial.

Para Mansueto, os países com economia mais desenvolvida atualmente não iniciaram produzindo os insumos, mas importando e montando produtos. “É um processo natural. A transferência de tecnologia vem aos poucos.”

No Brasil, a inovação ainda é muito baseada em financiamentos e grande parte do recurso é público. O país não possui mecanismos de incentivo à inovação, na forma de erro e acer-to. “Não temos investimentos adequados. Não temos agências como nos Estados Unidos, que focam no aprendizado e toda e qualquer tenta-tiva, mesmo que não cumpra o objetivo princi-pal, traz algum retorno”, compara.

Outro ponto a ser observado é a Produ-tividade Total dos Fatores (PTF), ou seja, a quantidade de produtos que se obtém com uma unidade ponderada de todos os fatores de produção. Entre os anos do milagre econômico (1968-1973), a taxa ficou em 3,47%. Já entre os anos 2000 e 2011, o país atingiu apenas 0,67%.

“Os investimentos realizados no Brasil não ajudam a indústria. O foco deveria ser em in-fraestrutura e desburocratização. Isso precisa mudar. O governo pode sinalizar para o em-presário investir se ele investir em infraestru-tura”, analisa Mansueto. Atualmente, apenas 2,5% do PIB são investidos nessa área con-siderada essencial para o setor produtivo. “A infraestrutura é deficiente. Isso é um gargalo para diversos setores.” Sem receitas milagro-sas, para o economista a forma de “salvar” a indústria e o Brasil é retomar o ciclo de refor-mas e aumentar imediatamente o investimen-to público (direto e via concessões).

GRÁFICO 2

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FoNTE IPEA

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Indústria filiada ao Sindsorvetes é certificada pelo SENAI/Certrem em Boas Práticas de Fabricação (BPF)

Sorvete seguroQualidade dos alimentos

A umentar a segurança e a qualidade dos alimentos, ampliando a competi-tividade nos mercados nacional e in-

ternacional. Foi com essa motivação que a empresa de sorvetes Pardal, filiada ao Sindi-cato das Indústrias de Sorvetes do Estado do Ceará (Sindsorvetes), resolveu participar do Programa Alimento Seguro (PAS), a fim de habilitar-se na certificação Boas Práticas de Fabricação (BPF). O reconhecimento oficial

veio por meio de uma declaração do Ser-viço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), único organismo no estado au-torizado a emitir o documento, por meio do Centro Regional de Treinamento em Moagem e Panificação (Certrem). O documento foi entregue à empresa no final de março em so-lenidade realizada na Federação das Indús-trias do Estado do Ceará (FIEC), que contou com a presença dos fundadores da Pardal, funcionários, distribuidores, representantes do Sindsorvetes e empresas filiadas.

Segundo a técnica do IEL e secretária do Sindsorvetes, Danadete Andrade Nunes, a in-dústria vinha se preparando para receber a cer-tificação em BPF desde 2007, em parceria com o Sindsorvetes e o Programa de Apoio à Com-petitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), operacionalizado no Ceará pelo Ins-tituto Euvaldo Lodi (IEL). “Naquele ano (2007), o IEL conseguiu na Confederação Nacional da Indústria (CNI) e no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aprovar o Procompi no âmbito do Sindicato, com a ideia de melhorar produtos e processos das indústrias de sorvete cearenses. Em 2008, as filiadas ao sin-dicato receberam diversas consultorias, dentre elas a de produção com foco em Boas Práticas de Fabricação (BPF). A Pardal já se encontrava em fase de desenvolvimento do programa, por conta própria, mas com procedimentos necessitando ser melhorados”, afirma Danadete.

Na fase mais recente do Procompi, o IEL e o Sindsorvetes contrataram o SENAI/Certrem para promover uma auditoria e propor outras melho-rias a fim de ajudar a Pardal a ter o reconheci-mento nacional em BPF. A empresa foi a primei-ra filiada ao Sindsorvetes a obter a declaração.

A engenheira de alimentos da Pardal, Cinthia Rebouças, diz que, por meio dessas consultorias, foi constatado que a empresa estava seguindo parcialmente os requisi-tos para receber a declaração em BPF: “O Procompi contribuiu decisivamente para a empresa se adequar corretamente às exigên-cias legais, mas é preciso ressaltar, ainda, o comprometimento e empenho dos gestores e funcionários”. Glauciane acrescenta: “O foco agora é melhorar ainda mais os processos vi-sando à certificação na ISO 22 000. Para isso continuaremos contando com a experiência do IEL/CE e do Sindsorvetes”.

Fundada em 1990 no município de Cur-rais Novos (RN), pelo casal Joselma Maria de Lima e Francisco Norberto de Oliveira, com o nome de Picolé Caseiro, a Pardal saiu de uma produção de 30 picolés/dia para uma média diária de 8 000 litros de sorvetes e 40 000 picolés. Segundo Joselma de Lima, a empre-sa, que se transferiu para Fortaleza em 1994 (hoje está no município de Eusébio, na região metropolitana) e emprega 83 funcionários diretos e centenas de indiretos, foi pioneira na produção de picolés caseiros em formato de cone, tecnologia devidamente patentea-da. “Contamos com modernos equipamen-tos, laboratório de análise microbiológica e físico-químico e funcionários qualificados e comprometidos em fornecer um produto de qualidade para todas as classes sociais.”

A declaração de implantação em BPF foi entregue à Pardal pela gerente do SENAI/Certrem, Jussara Maria Bisól. Ela explica: “O documento comprova que a empresa cum-pre todos os requisitos higiênico-sanitários

que garantem uma produção livre de con-taminação. Muitas dizem aplicar práticas seguras durante o processo produtivo, mas apenas a declaração do SENAI ratifica tal afirmação e possibilita a implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Crí-ticos de Controle (APPCC), ou mesmo a NBR – ISO 22 000”.

O APPCC dá continuidade ao programa BPF. Ambos são requisitos legais obrigató-rios estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) às indústrias de alimentos. Para a Pardal, essas normas proporcionam a fidelização de clientes e aumenta o mercado de atuação.

O foco agora é melhorar

ainda mais os processos visando à certificação na ISO 22 000.

Cinthia Rebouças, engenheira de alimentos da Pardal

“ “Alimento seguros

O Programa Alimento Seguro é realizado pelo Sistema S para evitar possíveis riscos de contaminação a que os alimentos estão sujeitos desde a produção até a

mesa do consumidor. Além disso, a iniciativa prepara o setor produtivo brasileiro para atender às exigências dos países importadores em termos de segurança dos alimentos, além de elevar a competitividade das empresas nacionais. O programa vem sendo desenvolvido desde 1998 pela parceria envolvendo a CNI, o Sebrae e o SENAI.

No Ceará, o PAS-Indústria é coordenado pelo SENAI, por meio do Certrem, que desenvolve diversas ações de conscientização e implantação das medidas de segurança nas empresas locais. Indústrias panificadoras, de polpas de frutas, de sorvetes, de castanha de caju e de embalagens, dentre outras, já participaram de treinamento para implantação do programa. Nelas, o PAS dissemina e apoia a aplicação em BPF, bem como do APPCC. A entidade oferece ainda cursos nas áreas da panificação, confeitaria e gastronomia, dentre outras.

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Numa caravana que percorreu quatro estados nordestinos em apenas dois dias, um grupo de empresários, lideranças da indústria cearense, atiçou o diálogo sobre a arquitetura do equilíbrio regional no Brasil

Movimento cresce

Quando o jatinho cedido pelo empresário Beto Studart tocou o solo de Natal, capital potiguar, teve início uma nova etapa de ação e negociação para o eclético

grupo de empresários a bordo. Sob a liderança da presiden-te do Centro Industrial do Ceará (CIC), Nicolle Barbosa, a turma estava ali para levantar uma bandeira, divulgar um movimento e obter adesões.

A cruzada da luta contra as disparidades regionais é an-tiga, mas nunca perdeu o vigor. Já o movimento – Integra Brasil - Fórum Nordeste no Brasil e no Mundo – é novo, mas

Integra Brasil

começa a mostrar os tons. Formado pelo setor produtivo, germinado no Ceará, pretende ganhar o Nordeste e envol-ver o Brasil, atiçando a brasa de uma fogueira nunca extinta.

“A intenção é apresentar o movimento às Federações das Indústrias de estados nordestinos, para que possamos estabelecer estratégias e mobilizar apoios. Já está mais do que na hora de repensarmos o Brasil de forma concreta e assertiva”, pontuou Nicolle Barbosa, que esteve em Natal, Recife, Maceió e Salvador acompanhada por representantes do setor produtivo.

O vice-presidente da Federação das In-dústrias do Estado do Ceará (FIEC), Carlos Prado, o presidente do Sindicato das Indús-trias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec), Ricard Pereira, e o economista Cláudio Ferreira Lima estiveram ao lado de Nicolle durante todo o itinerário. O secretário da Fazenda do Ceará, Mauro Benevides Filho, também integrou a caravana. Nas visitas a Natal e a Recife, o delegado representante da FIEC na CNI, Fernando Cirino Gurgel, fortaleceu o grupo com sua participação. Na reunião realizada em Salvador, a presença do pre-sidente da FIEC, Roberto Proença de Ma-cêdo, deu o peso da importância dos objeti-vos daquela delegação.

Naquela manhã do dia 15 de abril, quan-do ocorreu a primeira parada, o encontro foi anfitrionado pelo presidente Amaro Sa-les de Araújo, da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande Norte (FIERN). A imprensa potiguar encampou a ideia e deu ampla cobertura aos acontecimentos, reper-cutindo as principais falas e propostas. Em pauta, a necessidade de uma ação conjunta e organizada para o fortalecimento político e econômico do Nordeste; além de questões específicas e emergenciais da pauta federa-tiva, como a incabível tentativa de unifica-ção do ICMS em 4%.

A intenção é apresentar

o movimento às Federações das Indústrias de estados nordestinos, para que possamos estabelecer estratégias e mobilizar apoios.Nicolle Barbosa, presidente do CIC

“N

o início da noite do dia 15, a comitiva do Integra Brasil já estava em sua segunda parada, na sede da Federação

das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), em Recife, onde o presidente Jorge Corte Real acompanhou os debates junto com um grupo de políticos, empresários, jornalistas, economistas e autoridades locais. Dentre as presenças de destaque, o senador Armando Monteiro, a economista e professora Tania Bacelar e o secretário da Fazenda de Pernambuco, Paulo Câmara.

“Entendemos que este é um movimento que interessa a todos os que buscam o equilíbrio

federativo e o avanço do Nordeste – e consequentemente do Brasil. Aproveitamos a viagem de apresentação do Integra Brasil para nos posicionarmos muito claramente. O Nordeste não pode deixar de ser atrativo para novos empreendedores. Queremos crescer junto com o Brasil”, disse o vice-presidente da FIEC, Carlos Prado.

No dia seguinte, o grupo enfrentou mais dois compromissos importantes, em Maceió e Salvador. No encontro de Maceió, o Integra Brasil conquistou a simpatia e atraiu adesão da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, a FIEA, comandada

Uma conquista a cada estação

Para o secretário Mauro Filho, a uni-ficação do ICMS pode vir a “dilacerar a indústria do Norte, Nordeste e também Centro-Oeste, uma vez que, sem os incen-tivos fiscais, não será compensador para as grandes empresas se instalarem nessas regiões, onde custos logísticos são eleva-dos, dentre outros fatores de dificuldade”.

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por José Carlos Lira. Foi mais um passo rumo ao entendimento entre estados que possuem suas particularidades, mas partilham histórias comuns, cujos fios se unem.

Sem sinais de cansaço, Nicolle Barbosa mostrou satisfação com o andamento das conversas que, em Salvador, encerraram essa primeira rodada de viagens para a apresentação do Integra Brasil. “Aqui no Fórum Empresarial da Bahia estamos fechando o primeiro ciclo de visitas do movimento, que prevê uma metodologia inovadora de trabalho, com quatro workshops inicialmente programados para ser realizados em Fortaleza, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, mas que devem, a pedido de outros estados, ocorrer também em outra capital nordestina”, adiantou. Nicolle se referia à contribuição das lideranças de Alagoas, que sugeriram fazer mais um workshop, ou uma reunião técnica ampliada, em Maceió ou Natal.

Na sede da Federação baiana (FIEB), a comitiva do Ceará foi acolhida na reunião do Fórum Empresarial da Bahia, que dedicou todo o encontro à pauta do Integra Brasil: "Apresentação do Fórum" e "Impacto da reforma do ICMS sobre os estados Nordestinos". O presidente da FIEC, Roberto Macêdo, cativou os presentes ao destacar sua relação próxima com a Bahia. E, em uma de suas falas, sintetizou e espírito do movimento com uma declaração peremptória: “Equilíbrio federativo é mais que igualdade entre estados e regiões. É justiça social, bom senso político e estratégia econômica. Entendemos que não adianta apenas detectar as causas do problema, mas também encaminhar soluções. É preciso trabalhar por respostas permanentes e não por saídas provisórias”, concluiu.

As visitas de apresentação do Integra Brasil – Fórum Nordeste no Brasil e no Mundo às Federações de Indústrias e lideranças empresariais dos demais estados nordestinos prosseguirão nas próximas semanas. Nessas primeiras quatro experiências, o grupo pode comprovar o potencial de compreensão e adesão que o movimento carrega consigo. Ressaltando números para enfatizar a argumentação, o consultor do CIC, membro da caravana e um dos apresentadores dos objetivos e da metodologia do Integra Brasil, economista Claudio Ferreira Lima, relembra um dado impactante: “Ao longo da história, a região sequer chegou a 50% do PIB per capita do Brasil”. Diante disso, a convicção que se alastra é de que é preciso agir. “Nossa meta-síntese é que o Nordeste represente 70% do PIB brasileiro em 20 anos. E isso só é possível com mobilização, estratégia e união de propósitos”, reforça.

Roberto Macêdo: "É preciso trabalhar

por respostas permanentes e não

por saídas provisórias”

Empresários, ABEEólica e pesquisadores debateram sobre o setor durante o 4° Fórum de Oportunidades de Negócios em Energias Renováveis, realizado na FIEC no início de abril

O desafio é a infraestrutura

Energia eólica

N a avaliação do vice-presidente do Conselho Administrativo da Asso-ciação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Pedro Cavalcanti, o maior desafio do setor atualmente é de infraestrutura. A conclusão

partiu durante palestra realizada no 4º Fórum de Oportunidades de Negó-cios em Energias Renováveis, promovido em 4 de abril na sede da Federa-ção das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) pelo Instituto de Desenvol-vimento Industrial do Ceará (INDI), ligado à FIEC. Já foram discutidos temas como micro e minigeração de energia, fontes de financiamento e incentivos governamentais e o potencial de universidades locais para aten-der às demandas por pesquisas e capacitação.

Segundo Pedro Cavalcanti, o poder público precisa garantir a infraestru-tura para que o setor possa evoluir de acordo com o potencial da região Nor-deste e do Brasil. “O planejamento da transmissão não pode vir a reboque do planejamento da geração.” Um ponto que merece atenção, disse o palestrante, é a necessidade de projetos estruturadores de transmissão, visto que o sistema atual já está sobrecarregado. Para ele, não existe conexão disponível que escoe a produção dos projetos contratados nos últimos leilões para os estados do Rio Grande do Norte e Ceará. “No entanto, a situação ainda não é alarmante, e com planejamento pode ser resolvida.”

Consultor da FIEC para assuntos de energia, Jurandir Picanço relatou que existia a expectativa de que, a partir da popularização da energia eólica no país, houvesse um novo planejamento para diminuir a dependência brasilei-ra da energia térmica, considerada poluente e de alto custo. “É de extrema importância que haja a transição do sistema hidrotérmico brasileiro para o sistema eólico, que atualmente é julgado como exótico e complementar. Te-mos de explorar da melhor forma o potencial brasileiro para essa energia, com geração de negócios, implantação de serviços e todos os benefícios que

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O Integra Brasil vai realizar quatro workshops: nas cidades do Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE). O movimento também fará uma

reunião ampliada de discussão no Congresso Nacional, em Brasília (DF), e um grande seminário em Fortaleza, nos dias 27, 28 e 29 de agosto.

Os resultados deste seminário serão detalhados em um plano estratégico de ação, com os objetivos, as metas, os instrumentos, os mecanismos de intervenção, os atores, as arenas de decisão, as estratégias de negociação econômica e a mobilização política, a fim de orientar as ações para a sua concretização e encaminhamentos.

MUITO ALÉM DOS DEBATES. AÇÃO!

| RevistadaFIEC | Abril de 201318 19Abril de 2013 | RevistadaFIEC |

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Instituto SENAI

A proveitando o seu potencial natural para geração de energias renováveis, principalmente eólica e solar, o Ceará começa a dar os

primeiros passos para formatação do modelo de negócio do seu Instituto SENAI de Tecnologia de Energias Renováveis. Focado em fornecer serviços para a cadeia produtiva local, o instituto faz parte da estratégia de ampliação da oferta de serviços técnicos e tecnológicos às indústrias brasileiras.

Justamente para levantar demandas e desafios da cadeia produtiva de energias renováveis, o

ela oferece.” Conforme Picanço, o cenário está aquém e poderia ter avançado. “A precaução e o conservadorismo ditam as decisões.” O pla-nejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para 2021 ainda sinaliza novos empreen-dimentos em energia térmica. Desde outubro, toda a geração térmica brasileira está acionada por conta do baixo armazenamento dos reser-vatórios que abastecem as hidrelétricas.

O diretor de Suprimentos da Suzlon, Frank Koji Migiyama, tratou no evento sobre o proces-so de nacionalização e industrialização da em-presa no país, que está instalada no Ceará desde 2006, com uma fábrica no município de Maraca-naú, na região metropolitana de Fortaleza. Frank Migiyama explicou como ocorre o processo de aquisição e parceria com fornecedores: “A Suzlon abre o processo de montagem dos equipamentos

eólicos, sob contrato de confidencialidade, para que os componentes sejam conhecidos e cada fornecedor indique sua capacidade de produção. Com essa atitude, elevamos o nível de indus-trialização dos nossos fornecedores”. A inova-ção também foi destacada por Frank Migiyama como foco de atuação da Suzlon. “O que garante perenidade em um negócio de energias alterna-tivas é a soma da qualidade com a tecnologia.”

Outro assunto de destaque durante o fórum foi a capacitação. Na Makro Engenharia, há um centro de treinamento voltado à qualificação de profissionais. “É um mercado novo e os profissio-nais ainda não chegam prontos. Há necessidade de qualificação”, disse José Otonísio Júnior, geren-te Comercial e de Energia da empresa, que está no mercado desde 1977. Investe na movimentação de cargas e há sete anos criou a Makro Wind para atuar diretamente no segmento eólico.

A unidade do Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (SENAI/CE) localizada na Barra do Ceará (Centro de Formação Profis-sional Waldyr Diogo de Siqueira) investe em treinamento na área de energias renováveis para ampliar a oferta de cursos na área. O gerente da unidade, Cid Fraga, diz que são realizadas capa-citações de acordo com demandas de empresas e ofertados cursos na área de energia elétrica. Está em fase de elaboração do material didático, no âmbito de uma rede nacional do SENAI, a am-pliação da oferta de cursos na área em diversos estados brasileiros. Também está sendo desen-volvido pelo SENAI/CE um diagnóstico das tec-nologias disponíveis em universidades e centros de ensino e pesquisa do estado. O levantamento será apresentado na Câmara Setorial de Energia Eólica do Estado do Ceará e deverá nortear fu-turos investimentos da instituição e do governo do estado na área.

O planejamento da transmissão

de energia não pode vir a reboque do planejamento da geração.

Pedro Cavalcanti, vice-presidente do Conselho

Administrativo da ABEEólica

“ “Frank Migiyama: “O que garante perenidade em um negócio de

energias alternativas é a soma da qualidade com a tecnologia”

à Competitividade da Indústria Brasileira, que tem como principais objetivos estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico da indústria e elevar a oferta de educação profissional no país. Até 2014, o programa também ampliará e modernizará a estrutura física do SENAI, com a reforma de escolas, a implantação de 23 institutos de inovação e a compra de 81 unidades móveis.

SENAI ouviu, durante workshop realizado em 2 de abril, na FIEC, representantes de grandes empresas do setor, como Suzlon, Wobben, Aeris Energia, Total Wind, Vestas Wind Systems, CPFL Energia e integrantes da cadeia, como Makro Engenharia e Cortez Engenharia. As informações colhidas vão compor o projeto do Instituto, que deve ser apresentado, no segundo semestre deste ano, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamento. No Ceará, conta com apoio da FIEC, Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cede), Sebrae/CE e GIZ.

Um dos destaques do Instituto SENAI de Energias Renováveis é que as suas atividades vão contar com a participação da instituição alemã de cooperação internacional GIZ, importante parceira do SENAI Nacional para fomento e transferência de tecnologias. O Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH é uma empresa com operações em todo o mundo, que apoia o governo alemão nos domínios da cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável e educação internacional e é fornecedor líder mundial de serviços de cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável. Inicialmente, o Instituto vai oferecer serviços técnicos e tecnológicos às indústrias de energias renováveis, e já conta com estrutura-base na unidade do SENAI da Barra do Ceará.

Ele é um dos 61 institutos de tecnologia que o SENAI vai criar até 2014, dentro do Programa SENAI de Apoio

SENAI promoveu workshop para levantar demandas e desafios da cadeia produtiva de energias renováveis

“PCP é um conjunto de atividades da administração da produção relacio-nado à alocação e�caz e e�ciente dos recursos de produção (materiais, máquinas, equipamentos e pessoas), que comanda o sistema produtivo, transformando informações de vários setores em ordens de produção e ordens de compra. Tem como principal objetivo atender à demanda dos clientes e planejar as necessidades da produção no curto, médio e longo prazo.”

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Além do setor elétrico/eletrônico/metal-mecânico, os da construção civil e químico aderiram ao Uniempre, iniciativa do INDI para aproximar a academia do setor produtivo

No caminho da inovação

C erca de 95% das empresas cearenses (pequenas e grandes) concordam que inovação e avanço tecno-lógico são importantes e vitais para o desenvolvi-

mento dos seus negócios. Essa impressão é válida tanto para as de alta tecnologia, como também para as mais tradicionais. A conclusão é resultado de um estudo rea-lizado pelos consultores da universidade de Ben-Gurion, de Israel, e está servindo como base para as ações do Pro-grama Universidade-Empresa (Uniempre), desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), entidade componente do Sistema FIEC.

O programa tem o objetivo principal de fortalecer a cooperação entre indústria e academia visando promover avanço tecnológico, inovação e aumento da competitivi-dade do setor industrial do Ceará. A iniciativa já contem-

Indústria

pla quase 34% da indústria cearense, com a participação dos setores elétrico/eletrônico/metal-mecânico, da cons-trução civil e químico.

Pioneiro, o setor elétrico/eletrônico/metal-mecânico participa desde 2011 do programa. Após um workshop rea-lizado no segundo semestre de 2012, foi formado um comi-tê setorial composto pelo Sindicato das Indústrias Metalúr-gicas Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec) e representantes de universidades. Em seguida, em-presários do Simec visitaram a Universidade de Fortaleza (Unifor), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecno-logia do Ceará (IFCE), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), organismo do Sistema FIEC, para conhecer laboratórios e pesquisas inovadoras realizadas na área.

CAMILA GADELHA

Após essas visitas, os pesquisadores foram às empresas observar com maior proximidade as necessidades da produção.

Cerca de dez empresas do segmento cadas-traram demandas no portal da Redenit/CE, um site já existente e potencializado pelo pro-grama para reunir necessidades de inovação de empresários e pesquisas de professores universitários. A partir dos contatos iniciados pela plataforma, as negociações estão em an-damento e algumas em avançado estágio. O contato do setor com a academia ocorre tam-bém mediante almoço mensal com pesquisa-dores, empresários e o comitê do INDI.

Dentre outras ações do Uniempre está a articulação para que a Federação das In-dústrias do Estado do Ceará (FIEC) parti-cipe da elaboração e da gestão dos recursos do programa Tecnova, de apoio à inovação tecnológica em microempresas e empresas de pequeno porte. O Ceará foi contemplado por meio de projeto enviado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado (Secitece). A iniciativa garantiu 15 milhões de reais a serem destinados ao apoio nos setores de petróleo e gás, tecno-logia da informação e comunicação (TIC), energias renováveis, couro e calçado, têxtil, agronegócio, eletromecânica e biotecnologia. O programa também promove encontros na Unifor, UFC e IFCE para que pesquisadores registrem seus nomes e projetos desenvolvi-dos no Portal da Redenit/CE. Até agora, fo-ram cadastrados 80 pesquisadores.

Construção civil

O s mesmos passos do segmento elétrico/eletrônico/metal-mecânico devem ser seguidos pelos setores da construção

civil e químico, que passaram a integrar o Uniempre a partir deste ano. O comitê executivo do programa reuniu-se no final de janeiro com os presidentes dos dois sindicatos para articular as primeiras atividades. Após um levantamento interno das demandas do setor, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), a Cooperativa da Construção Civil do Estado do Ceará (Coopercon/CE) e o Inovacon apresentaram durante um workshop realizado em 20 de março, na Casa da Indústria, com a presença de pesquisadores e empresários, as áreas que mais demandam inovação na construção civil.

O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, afirmou durante o evento que o Uniempre está construindo um caminho que não é fácil: “Estamos trabalhando passo a passo para levar cada vez mais a inovação para a indústria”.

De acordo com Roberto Costa Lima, porta-voz do setor no workshop, a cadeia produtiva da construção civil cearense pretende, por meio da inovação tecnológica, ser referência nacional e internacional em construção seca (redução do uso/consumo de água). “Com isso, buscaremos a sustentabilidade econômica, ambiental e social do setor e do estado do Ceará.”

O presidente do Sinduscon, Roberto Sérgio, reconhece a necessidade de o setor inovar:

| RevistadaFIEC | Abril de 201322 23Abril de 2013 | RevistadaFIEC |

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“Queremos, com a ajuda das universidades, mudar o perfil da construção civil cearense, de artesanal para uma indústria de progresso. Estamos buscando melhorias na forma de produzir para gerar produtos mais econômicos”. O presidente da Coopercon/CE, Marcos Novaes, reafirmou o apoio da cooperativa em buscar resultados práticos, objetivos e pragmáticos de inovação tecnológica no setor. Conforme o diretor corporativo do INDI, Carlos Matos, o grande desafio é potencializar o ecossistema de inovação já existente na construção civil cearense a partir do Uniempre.

Para alcançar esse objetivo, o segmento acredita que será necessário reunir esforços de pesquisas inovadoras em sistemas e processos construtivos e gestão da produção; materiais e componentes de construção; água, energia e conforto; projeto, uso e operação. Com relação aos sistemas e processos construtivos e gestão da produção, foi apontado como necessidade o desenvolvimento de um sistema de vedação vertical modular (SVVM), de equipamentos (assentamento, vedação, revestimento), de fachadas (esquadrias unitizadas, ventiladas etc.) e de produtos e processos visando à sustentabilidade, como, por exemplo, modelagens de sistemas prediais de água fria, água quente, esgoto sanitário e água pluvial, estudos de materiais e tecnologias para isolamento de pisos e sobre o uso do concreto de alto desempenho em pré-moldados.

Novas formas de reciclagem de resíduos, de reduzir o uso de madeira nos canteiros de obra e de integrar novos projetos envolvendo escolhas de materiais com menores índices de desperdício foram as demandas do segmento de materiais e componentes apresentadas. Outro foco de inovação listado refere-se à necessidade de novas formas de desenvolver e calibrar índices de conforto térmico urbano, inovar na identificação de características dos elementos de revestimento (piso, parede e teto) e acústica utilizando simulação numérica e computacional.

Quanto à eficiência energética, a construção civil necessita desenvolver novas tecnologias quanto à ventilação natural, desempenho térmico, bioclimatologia, iluminação natural, simulação de eficiência energética de edificações, uso de fontes alternativas de água e energia, uso racional de água e energia, inventários do potencial de geração, consumo e usos finais de energia nas cidades, inventários de geração de resíduos sólidos e líquidos urbanos e suas formas de geração de energia e recuperação de calor.

O setor também demanda novas tecnologias quanto à gestão de projetos orientados à sustentabilidade e à garantia de desempenho, além de inovações em tecnologia da informação e comunicação (TIC), como pesquisas em áreas aplicadas de TIC/BIM (sistemas construtivos, materiais, componentes, gestão de projetos, uso

Queremos, com a ajuda das

universidades, mudar o perfil da construção civil cearense, de artesanal para uma indústria de progresso.

Roberto Sérgio presidente do Sinduscon

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O workshop teve a participação de pesquisadores e

empresários

e operação), formas de divulgação e capacitação em TIC/BIM e processos de TIC/BIM adaptáveis a empresas de pequeno porte.

Durante o workshop, professores e pesquisadores da UFC, Unifor, IFCE, Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e SENAI/CE apresentaram as linhas de pesquisa em desenvolvimento para a construção civil. Um dos destaques foi a apresentação de um projeto de implantação de painéis solares para o revestimento de edifícios, que está sendo desenvolvido pelo IFCE. A proposta foi apresentada ao Simec e, no workshop, ao Sinduscon.

O diretor do Centro de Tecnologia da UFC, José de Paula Barros Neto, apresentou as linhas de pesquisa desenvolvidas na universidade e garantiu que a UFC possui o melhor centro de tecnologia do Norte e Nordeste. O professor Jackson Sávio, da Unifor, mostrou o que está feito em termos de pesquisa científica para a construção civil na universidade e o professor Francisco Carvalho de Arruda Coelho apresentou as diversas linhas de pesquisa em desenvolvimento na UVA, localizada em Sobral.

O SENAI também oferece soluções tecnológicas para a cadeia produtiva da construção civil. O gerente de Inovação e Tecnologia do SENAI, Alysson Amorim, falou sobre as consultorias e os serviços metrológicos, além dos cursos voltados à qualificação e aperfeiçoamento profissional colocados à disposição pela instituição na área de construção civil. “O SENAI não trabalha diretamente com pesquisas, mas a nossa estrutura está disponível para oferecer soluções de baixa e média complexidade para as indústrias por meio de consultorias.”

A construção civil responde por 24,1% da indústria cearense e o Produto Interno Bruto (PIB) do setor corresponde a 5,7% do PIB do estado, de acordo com estudo feito pelo INDI, com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao Nordeste, a participação da construção civil cearense é de 12,2% e o setor participa com 2,1% na economia brasileira. Os números são relativos ao ano de 2010, mais recente divulgação do IBGE.

No Ceará, há 5 690 estabelecimentos relacionados com a cadeia produtiva da

construção civil, responsáveis por 90 173 empregos formais e uma massa salarial de 99,9 milhões de reais, de acordo com o estudo do INDI, a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de perspectivas para a economia brasileira este ano aponta que a construção civil deve crescer 5% em um cenário base e 3% em um cenário alternativo. A confirmação de um ou outro dependerá de ações governamentais.

O professor Francisco Carvalho apresentou as diversas linhas de pesquisa em desenvolvimento na UVA

A construção civil responde por 24,1% da indústria cearense e o Produto Interno Bruto (PIB) do setor corresponde a 5,7% do PIB do estado.

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Químico

A lém dos setores elétrico/eletrônico/metal-mecânico e construção civil, o Uniempre contempla nessa fase do

programa o segmento químico. A ação teve início com um workshop que reuniu, no final de março, empresários, consultores e membros de universidades. O diretor do INDI, Carlos Matos, apresentou na abertura dos trabalhos números sobre a participação da indústria química cearense. De acordo com o panorama elaborado pelo IBGE, dados de 2010, as empresas locais contribuem com 6,4% do setor químico na região Nordeste. Em termos de Brasil, a participação foi de 0,7% naquele ano.

“Estamos evoluindo pouco, mas o importante é que crescemos a cada ano e, se levarmos em consideração os últimos cinco anos da pesquisa, observamos uma consolidação para cima. Com a aproximação da academia, nossa meta é darmos saltos cada vez maiores”, disse o executivo do INDI. Carlos Matos se referia à participação registrada nos anos de 2005 (4,5%), 2006 (5,2%), 2007 (4,4%), 2008 (4,6%) e 2009 (7,7%%).

Quanto ao total de empresas, os números do Ministério do Trabalho (2011) revelam que o setor tem 532 estabelecimentos e emprega 12 271 trabalhadores diretos. Do total, a região metropolitana de Fortaleza lidera com 74,2% dos negócios (9 769 empregos – 74,2%). Em seguida, vem a região Sul, com 73 empresas (13,7%) e 1 644 empregados. Em terceiro, o Jaguaribe, com 16 empreendimentos (3%) e 161 trabalhadores. As demais empresas se concentram nas regiões Noroeste (19 – 3,6%), Norte (15 – 2,8%), Sertões (7 – 1,3%) e Centro-Sul (7 – 1,3%).

As 532 empresas representam 2,2% do total das indústrias cearenses e estão divididas em três

subsetores: químico (241), farmacêutico (22) e borracha e plástico (269). Quanto ao percentual de participação do setor químico no total da indústria cearense, os dados do IBGE (2010) mostram ser de 12,9%. O maiores picos foram registrados em 2001 (14,5%) e 2005 (13,9%). O segmento contribui com 0,8% da indústria química nacional.

Para Roberto Macêdo, a iniciativa de aproximar a indústria e a academia é uma demanda de todos os envolvidos, por isso há um imperativo para que o trabalho seja realizado de forma compartilhada. “A universidade não conhece nossas necessidades, e nós não sabemos o que eles produzem em termos de tecnologia. Isso é um entrave que precisa definitivamente acabar para o desenvolvimento do nosso estado.” O presidente da FIEC citou o exemplo de países como Israel, que estão na vanguarda exatamente por ter essa sinergia em favor da inovação. “Lá tem dado certo e vimos isso in loco, em 2012, quando visitamos empresas e institutos de pesquisa. Agora queremos implantar a metodologia de lá aqui.”

Os trabalhos do Uniempre no setor químico tiveram início com a divisão de grupos formados por empresários, consultores e docentes de universidades presentes ao workshop. Eles avaliaram as quatro áreas de atuação propostas pelo consultor israelense Rafael Bar-El: agentes de inovação, inovação aberta (quando a empresa revela publicamente suas demandas em busca de soluções), participação em editais e construção de site (para divulgação das necessidades das indústrias, bem como das inovações acadêmicas). Com o parecer favorável, foi formado um grupo de trabalho que definirá, nos próximos meses, como serão as atividades em cada uma dessas áreas. O grupo é composto por representantes do Sindquímica, SENAI, Secitece, UFC, Unifor, IFCE e Fio Cruz.

Workshop com empresários do setor químico, consultores

e professores de universidades

2005 2006 2007 2008 2009 2010

PARtICIPAçãO DO SEtOR quíMICO NA REGIãO NORDEStE

4,5%5,2%

4,4% 4,6%

7,7%6,4%

Entidade é o primeiro departamento regional do país a implantar certificação específica para soldador conforme o código Asme IX

SENAI/CE é pioneiro no Brasil

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), por meio do Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues, locali-

zado em Maracanaú, zona metropolitana de Fortaleza, começou em janeiro deste ano, em seu Centro de Exa-mes para Certificação (CEC), o processo de certificação de soldador (conforme o código Asme – seção IX). Fo-ram avaliados dez profissionais indicados pela Petrobras. Desses, cinco se habilitaram pelo modelo de certifica-ção adotado pela entidade. Com o início do trabalho, o SENAI/CE é o primeiro no Brasil, dentre os departamen-tos regionais, a implantar tal procedimento.

Certificação de soldadores

O modelo adotado no Ceará foi totalmente desenvolvi-do por profissionais do SENAI a partir das demandas sur-gidas nas próprias empresas e será replicado para o restan-te do país. Segundo o gerente da unidade de Maracanaú, Tarcísio Bastos, o SENAI há muito tempo faz formação de soldadores por meio de cursos na área. Só que hoje, expli-ca ele, o mercado exige mais do que a formação. O perfil agora é baseado em normas regulamentadoras. "E por isso é preciso que o mercado esteja pronto para essa adequa-ção. Na soldagem, por ser serviço muito complexo, um dos principais requisitos é a questão da segurança, que, em vis-ta disso, requer uma série de procedimentos."Fo

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Esses procedimentos vão da qualidade do equipamento à habilidade do profissio-nal. Afirma Tarcísio: "Há, por exemplo, na Petrobras, uma exigência de que as empre-sas terceirizadas só podem trabalhar com soldadores certificados". Para chegar ao modelo que passou a ser adotado no pro-cesso de certificação para soldadores, em 2009, foi iniciado um trabalho de identifi-cação da demanda favorável para a qualifi-cação de soldador Asme IX em função do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), Refinaria Premium II da Petrobras e Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP); e para atendimento às empresas prestadoras de serviço de soldagem à Petrobras, como também a metalúrgicas que atendem à NR 13 – caldeiras e vasos de pressão.

Em julho de 2011, o CEC do SENAI de Maracanaú realizou um Comitê Técnico Se-torial Local (CTSL) nas instalações da Fe-deração das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) para definir as prioridades de de-manda de processos de soldagem da região, tais como eletrodo revestido e TIG. Esse evento contou com a participação de repre-sentantes das empresas Lubnor, Transpetro, Top Inspeções e Refinaria Premium II, den-tre outras do setor de petróleo & gás. A ideia era adequar as exigências ao Sistema SENAI de Certificação de Pessoas (SSCP), criado há

cinco anos. Em novembro de 2011, a coorde-nação nacional do SSCP realizou o Comitê Técnico Setorial Nacional (CTSN) nas insta-lações do Centro de Tecnologia SENAI Solda (CTS Solda), no Rio de Janeiro.

Naquela ocasião, contando com a partici-pação de representantes de empresas do setor metal-mecânico, inspetores de solda e repre-sentantes das unidades do SENAI/CE, Mara-nhão, Pernambuco e Rio de Janeiro, foram definidas as regras do processo de certifica-ção para a ocupação soldador Asme IX. No meio do ano passado, houve a confirmação de que caberia ao SENAI cearense a realiza-ção da certificação de soldador (conforme Código Asme – seção IX) pelo SSCP. Segun-do Tarcísio Bastos, a sistemática adota como procedimento para avaliação a demanda que cada empresa exige do seu profissional, por-que há várias especificidades sobre o traba-lho de tal profissional.

Nesse sentido, o SENAI de Maracanaú possui espaço próprio para os testes práticos. Isso, tendo-se em mente que há equipamen-tos que só podem ser utilizados por esses profissionais, já que não se cogita qualquer tipo de desregulação do equipamento na hora dos testes. A avaliação é individual nas partes práticas e teóricas, com o teste duran-do dois dias, com oito horas de avaliação/dia. Para se ter uma ideia do processo, na certifi-cação são observadas desde a distribuição do equipamento e a utilização do equipamento de proteção individual, à postura na utiliza-ção dos instrumentos necessários. O não uso correto, por exemplo, implica perda de pon-tos na avaliação final.

Tarcísio Bastos conta que a proposta é trabalhar com a certificação de soldador por processos de soldagem, tais como ele-trodo revestido, TIG e MIG/MAG. E não com a certificação por normas de projeto. Com isso, diz, se privilegia a demanda das empresas, além de referenciar melhor o pro-fissional. “Hoje, o profissional soldador é extremamente qualificado e o salário gira em torno de 8 mil reais.” Com a certificação, todavia, a tendência é que quem se subme-ter ao processo seja mais valorizado ainda. A meta para este ano da unidade de Maracanaú é avaliar 60 profissionais. A estimativa futu-ra de curto prazo é que esse número cresça bastante por causa dos empreendimentos previstos para o estado.

Na soldagem, um dos

principais requisitos é a questão da segurança, que requer uma série de procedimentos.

Tarcísio Bastos, gerente da unidade do SENAI

de Maracanaú

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Unidade do SENAI de Maracanaú

Unidade do SENAI de Jacarecanga

O SENAI implantou em 2008 no Brasil o Sistema de Certificação de Pessoas com a proposta de validar as competências

profissionais adquiridas ao longo do tempo, independentemente da forma como foram conseguidas. A ideia é atender às necessidades de profissionais que estão em busca de comprovação de suas habilidades no mercado de trabalho, além de suprir carências das empresas que procuram trabalhadores que possam oferecer serviços de qualidade. Com isso, a certificação favorece tanto a inserção do profissional no mercado de trabalho como a sua permanência.

No Ceará, o SENAI começou esse trabalho em 2009 em Maracanaú, certificando pessoas nas ocupações de eletricista instalador predial de baixa tensão e reparador polivalente (voltado para a área turística). A partir de abril de 2010, a ação foi ampliada na unidade localizada no bairro Jacarecanga (Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida), incluindo pintor de obras, pedreiro e encanador instalador predial, destinado à área da construção civil. Em 2011, foram certificados 41 eletricistas instaladores prediais de baixa tensão, 26 pedreiros, dez encanadores instaladores prediais e dez reparadores polivalentes.

No caso das habilidades relacionadas à construção civil, o processo consiste em prova prática acompanhada por um instrutor. A avaliação verifica o desempenho do profissional em uma situação de

trabalho, sendo o exame composto por tarefas nas quais as competências exigidas a cada ocupação sejam avaliadas. A decisão sobre a certificação de um candidato é feita pela coordenação nacional do SSCP, com base nas definições da norma e nos resultados obtidos nos exames.

Após a realização da avaliação, o candidato recebe o resultado de sua certificação em até 60 dias, ou pelo próprio Centro de Certificação de Exames ou por correspondência. Se não tiver sido certificado, receberá relatório dos resultados e poderá solicitar um reexame, iniciando de novo todo o processo. Tendo sido aprovado, fará jus ao certificado e à carteira com mais informações sobre o prazo de validade e supervisão. Durante o prazo de validade da certificação, o profissional será acompanhado pelo SSCP, que lhe solicitará uma comprovação do exercício da ocupação, a qual pode ser a cópia do contrato de trabalho ou outros documentos comprobatórios.

Validando competências

ServiçoO SENAI/CE está habilitado no processo de certificação de pessoas nas unidades Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Filgueiras Rodrigues – Avenida do Contorno, 1395 – Distrito Industrial – Maracanaú/CE – telefone (85) 3421 5000 e no Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida – Rua Júlio Pinto, 1873 – Jacarecanga – telefone (85) 3421 5200.

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Governo federal pretende investir 56,8 bilhões de reais para aumentar a competitividade dos portos brasileiros. Pecém e Fortaleza serão beneficiados

Portos mais competitivos

O governo federal anunciou em dezembro passado, por meio da Medida Provisória 595/2012, inves-timento de 54,2 bilhões de reais para o setor por-

tuário brasileiro. O valor deve ser aplicado em arrenda-mentos e terminais de uso privativo (TUPs), sendo 31 bilhões de reais em 2014 e 2015 e 23,2 bilhões de reais em 2016 e 2017. A meta é reestruturar o setor impondo novas normas para a exploração dos terminais e para as atividades desempenhadas pelos operadores. Dentre ou-tras intenções, o plano prevê o fim da outorga como cri-tério de licitação para diminuir custos. O governo tam-bém pretende criar um marco regulatório que permita a regulação do serviço de praticagem (manobras feitas para posicionar as embarcações nos portos), a elimina-

Infraestrutura

ção de barreiras, a abertura de chamadas públicas para TUPs e a agilização de processos de arrendamentos e de licenciamentos ambientais.

A forte intervenção federal em serviços portuários no Brasil (a operação do sistema portuário já é privada no país) se faz necessária porque até 2015 a capacidade dos portos brasileiros não dará mais conta da demanda. De acordo com o ministro da Secretaria Especial de Portos, Leônidas Cristino, o governo projeta uma movimentação de 373 milhões de toneladas para daqui a dois anos. Hoje, a capacidade instalada é de 370 milhões de toneladas. Estima-se que o déficit, em 2030, alcançará o montante de 487 milhões de toneladas. Além disso, num ranking de 144 países, o Brasil é o 130º pior em eficiência portuária.

GEvAN OLIvEIRA

Com a MP, a tentativa é tornar o sistema portuário, que responde pelo escoamento de 95% das exportações brasi-leiras, mais competitivo, abrindo frentes de concessão de serviços à iniciativa privada para, dessa forma, chegar a uma redução dos custos da atividade. Números da Casa Ci-vil mostram que cada contêiner movimentado no Porto de Santos, por exemplo, tem o custo de 360 dólares. Esse valor é 47% maior do que o do Porto de Roterdã, na Holanda. Em Hamburgo, na Alemanha, o custo da movimentação de cada contêiner é de 273 dólares, enquanto em Cingapura fica em 197 dólares. Já a Associação Nacional dos Exporta-dores de Cereais (Anec) calcula em pelo menos 4 bilhões de dólares os prejuízos que os produtores terão neste ano com a logística para a exportação de soja e milho. A entidade diz que o país vai exportar 40 milhões de toneladas de soja e 18 milhões de toneladas de milho.

Também como medida para salvar os portos brasileiros de um colapso, o governo pretende dar início ao Plano Na-cional de Dragagem 2, que prevê o alargamento e o aprofun-damento de canais de acesso. Os contratos serão de dez anos. Os portos beneficiados com os recursos federais são Espí-rito Santo, Rio de Janeiro, Itaguaí, Santos, Cabedelo, Itaqui, Pecém, Suape, Aratu, Porto Sul/Ilhéus, Porto Velho, Santa-na, Manaus/Itacoatiara, Santarém, Vila do Conde e Belém/Miramar/Outeiro, Porto Alegre Paranaguá/Antonina, São Francisco do Sul, Itajaí/Imbituba e Rio Grande.

O governo ainda abrirá aos empresários a possibilida-de de eles criarem portos privados novos no país. A in-tenção é estimular os investimentos no setor e aumentar a oferta de capacidade portuária. Os leilões não levarão mais em consideração o critério de outorga – que prevê que o ganhador é aquele que dê mais lucro ao governo –, mas sim de maior volume movimentado pela menor tarifa. Resumindo, o Planalto licitará novas áreas para terminais privativos dentro e fora das áreas dos portos existentes. Na

prática, a medida incentiva a criação de terminais privados e os exime de contratar mão de obra “cartelizada”, livran-do-os de práticas em vigor nos portos públicos, como os de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Suape (PE).

Visando integrar os modais de transporte do Brasil, li-gando ferrovias, hidrovias e rodovias aos portos brasileiros, o governo anunciou, também, o Programa de Acessos Ter-restres e Hidroviários, que contempla investimentos de 2,6 bilhões de reais. Desse total, 1 bilhão de reais será destinado a projetos a cargo do Ministério dos Transportes. Os outros investimentos serão executados, principalmente, pelos esta-dos e iniciativa privada.

Ao todo, serão 115 quilômetros de novos acessos a três portos no Pará (Miritituba, Santarém e Vila do Conde), um no Maranhão (Itaqui), dois no Ceará (Pecém e Fortaleza), um em Pernambuco (Suape), dois na Bahia (Aratu e Salvador), um no Espírito Santo (Vitória), dois no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Itaguaí), um em São Paulo (Santos), um no Paraná (Paranaguá), três em Santa Catarina (São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba) e um no Rio Grande do Sul (Rio Grande).

A MP dos Portos substitui a Lei de Modernização Por-tuária (nº 8.630, de 1993) e altera regras do setor, amplian-do a participação da iniciativa privada. Além de novos in-vestimentos, as mudanças na legislação são consideradas fundamentais pelo governo para ampliar a capacidade de transporte marítimo. Dezoito portos serão beneficiados pelo programa de incentivo ao setor. A região Norte receberá, entre 2014 e 2015, 4,37 bilhões de reais em investimentos, nos dois anos seguintes, mais 1,5 bilhão de reais. O Nordeste receberá 11,94 bilhões de reais (6,77 bilhões de reais entre 2014 e 2015 e 5,15 bilhões de reais entre 2016 e 2017). No Sudeste, serão investidos 16,5 bilhões de reais no primeiro período (2014-2015) e 12,14 bilhões de reais no segundo (2016-2017). A região Sul receberá 3,36 bilhões de reais na primeira etapa e 4,25 bilhões de reais na segunda.

Futuros investimentos para os portos

4,37 bilhões 6,77 bilhões 16,5 bilhões 3,36 bilhões

1,5 bilhão 5,15 bilhões 12,14 bilhões 4,25 bilhões

Região norte

De 2014 a 2015

De 2016 a 2017

Região nordeste Região Sudeste Região Sul

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Mais empregos

P ara a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a aprovação do novo marco regulatório pelo Congresso Nacional vai modernizar a

gestão do sistema portuário, destravar investimentos privados e melhorar a competitividade da indústria brasileira. Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, é fundamental a aprovação da medida provisória dos portos, pois, “além de aumentar a competitividade, vai gerar 321 000 empregos”. Na visão do presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da CNI, José de Freitas Mascarenhas, a MP representará um avanço para recuperar a competitividade da economia brasileira, “dotando o país de portos modernos, eficientes e capazes de concorrer com as grandes potências comerciais do mundo”. Conforme ele, a falta de

infraestrutura adequada impede a indústria brasileira de se integrar às grandes cadeias produtivas globais, reduzindo o impacto das exportações. “Enquanto não tivermos capacidade para nos integrarmos às cadeias, nós estaremos fora do mercado global e vamos pagar um preço alto por isso.”

Levantamento feito pela CNI com os empresários que compõem o Fórum Nacional da Indústria mostra que os portos despontam como o maior entrave na infraestrutura do país para 76% dos entrevistados. A estrutura portuária aparece à frente de outros gargalos, como energia elétrica (73%) e transporte ferroviário (58%). Dentre as causas apontadas pela CNI para a deficiência dos portos está o baixo nível de investimento no setor nos últimos anos. De acordo com dados da entidade, houve, desde 2001, um crescimento de 79% na movimentação de cargas nos portos brasileiros. Nesse mesmo período, o crescimento na área para movimentação e armazenagem de cargas foi de apenas 5%. “Essa limitação de área é um entrave para que os portos do país ganhem em escala e, assim, se tornem mais eficientes e prestem um serviço a custos competitivos”, diz José de Freitas Mascarenhas.

A medida provisória

dos portos, além de aumentar a competitividade, vai gerar 321 000 empregos.

Levantamento feito pela CNI com os empresários que compõem o Fórum Nacional da Indústria mostra que os portos despontam como o maior entrave na infraestrutura do país

para 76% dos entrevistados.

Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

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Divergências

A Medida Provisória 595/2012, comemorada pela grande maioria do setor produtivo, gerou manifestações contrárias por parte de trabalhadores e agentes envolvidos com o segmento.

Em razão disso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, prorrogou até meados de maio a validade da MP. Nesse intervalo, no dia 24 de abril, a comissão mista responsável pela análise da MP aprovou três emendas que não haviam sido incluídas pelo relator e líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB/AM). Uma delas estabelece que os contratos de arrendamento anteriores a 1993 sejam renovados por até dez anos. Outra emenda diz que os novos contratos de arrendamento e concessão, firmados a partir de agora, terão prazo de 25 anos, prorrogáveis por mais 25, até que atinjam prazo máximo de 50 anos.

A terceira emenda impede a exclusão de áreas do porto organizado, o que poderia ocorrer se os arrendatários invadissem

áreas do porto para construção de armazéns próprios, por exemplo. Agora, o projeto de lei de conversão da MP 595 segue para votação nos plenários da Câmara e do Senado. A aprovação tem de ocorrer até o dia 16, quando a MP perde a validade. O texto da MP dos Portos foi encaminhado ao plenário da Câmara dos Deputados, onde poderá sofrer novas modificações. Em seguida, o destino será o plenário do Senado. Em caso de uma nova rodada de alterações de conteúdo, desta vez promovida pelos senadores, a MP retorna à Câmara para uma última votação. Ela precisa ser votada nos plenários da Câmara e do Senado até o dia 16 de maio para não perder a validade.

Dentre as queixas dos trabalhadores está a não obrigatoriedade dos terminais privados de contratar empregados por meio do órgão gestor de mão de obra, o Ogmo, e permitir a contratação direta pelas empresas. O Ogmo é a entidade

responsável pelo cadastramento, registro e fiscalização do trabalhador portuário avulso – que não tem vínculo empregatício com as companhias docas. De acordo com sindicatos representantes dos trabalhadores, a MP vai prejudicar os portos públicos, que, na visão deles, passariam a ter um custo de operação maior que os portos privados

Apesar de garantir que a proposta não resultará em perdas para os trabalhadores, o governo acena com a possibilidade de dois novos benefícios: a criação de um seguro, nos moldes do seguro-desemprego, para garantir uma renda mínima para os avulsos (trabalhadores contratados para eventuais empreitadas); além da possibilidade de uma aposentadoria diferenciada. Ambas as questões estão em análise por técnicos do Ministério da Previdência e ainda não há previsão da conclusão dos estudos.

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, se posicionou a favor da contratação de trabalhadores portuários fora do regime do Ogmo, que classificou como uma “excrescência mercadológica”. Para ela, o país “não pode aceitar a transferência desse sistema arcaico para os novos portos privados no Brasil”. A líder classista aponta um “conjunto de erros” que fez do sistema portuário brasileiro um dos mais ineficientes do mundo. Um deles seriam os baixos investimentos no setor, que totalizam 5 bilhões de reais nos últimos dez anos. “É a mesma quantia desembolsada para a construção de três estádios de futebol para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Isso demonstra as falhas que ocorreram nos últimos dez anos por falta de investimentos.”

Para o consultor de Infraestrutura e Logística da CNA, Luiz Antônio Fayet, um dos principais problemas do setor portuário é o tempo de espera dos navios nos portos para o embarque ou desembarque de cargas. Segundo ele, o prejuízo utilizado para pagamento de multas pelo tempo de espera de cem navios nos terminais, entre 15 e 20 dias, pode representar o equivalente ao valor que poderia ser utilizado na construção de um novo terminal.

Fayet defende, também, a ampliação da capacidade operacional dos portos do Corredor do Arco Norte, região que contempla as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, responsáveis por mais da metade da produção de soja e milho no país. Conforme ele, a medida poderia desafogar a movimentação de cargas nos portos do Sul e Sudeste, como Santos e Paranaguá, os que mais recebem demandas de cargas em seus terminais. No ano passado, 45 milhões de toneladas de soja e milho provenientes do Arco Norte chegaram aos portos do Sul e Sudeste. “Com a ampliação da capacidade operacional e com a melhoria

do acesso aos portos do Norte e Nordeste, 30 milhões de toneladas desses grãos poderiam ser exportadas via Arco Norte e equilibrar o fluxo de movimentação”, afirma.

Para Fayet, a eficiência dos portos poderia ser ampliada entre 5% e 10% apenas com a simplificação dos procedimentos de liberação de cargas e a maior integração entre os órgãos públicos. Ele garante que os custos com transporte no Brasil, da fazenda até o porto, são quatro vezes maiores do que nos Estados Unidos e na Argentina. “A diferença de custos do Brasil, em relação aos dois países, poderia gerar renda adicional de 6 reais a 8 reais por saco de soja ou milho para o produtor rural.”

Na opinião da senadora Kátia Abreu, a Medida Provisória 595 permitirá a retomada da construção de terminais de uso privado que operam com carga mista nos portos, independente da quantidade de carga própria ou de terceiros. “Com mais terminais, será possível ampliar a capacidade operacional portuária para atender ao aumento de demanda de movimentação de produtos no sistema portuário.”

A senadora lembra que, apesar de a Lei dos Portos (nº 8.630/93) assegurar a livre movimentação de carga mista nesses locais sem estabelecer limite para quantidade própria e de terceiros, os terminais mistos foram inviabilizados por normas criadas posteriormente, que acabaram ferindo a Lei dos Portos. Dentre essas normas a Resolução 517, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), e o Decreto 6620/08, que definiam percentuais predominantes de cargas próprias dos operadores para então operar produtos de terceiros, aqueles não pertencentes às empresas proprietárias ou administradoras dos terminais.

O país não pode aceitar

a transferência desse sistema arcaico [Ogmo]para os novos portos privados no Brasil.

Kátia Abreu, presidente da

Confederação da Agricultura e Pecuária

do Brasil (CNA) e senadora

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Pecém e Fortaleza

Amovimentação de mercadorias nos Portos do Pecém e Fortaleza (no Mucuripe) vem alcançando, mensal-mente, crescimentos constantes, confirmando que os

portos cearense estão entre os mais relevantes do país e, por isso, receberão importantes investimentos oriundos da MP dos Portos nos próximos anos. No Pecém, nos dois primeiros meses de 2013, o crescimento registrou recorde de 28% em relação ao mesmo período do ano passado, com a movimen-tação de 717 000 toneladas, contra 561 000 toneladas no perí-odo janeiro/fevereiro de 2012, com destaque para o aumento das importações, que atingiram 56%.

Os destaques foram a movimentação de ferro e aço (207 000 toneladas), frutas (34 000 toneladas), plásticos (18 000 toneladas), arroz (12 000 toneladas) e sal (10 000 toneladas). O gás natural liquefeito também teve cres-cimento, com 190 000 toneladas, assim como o clinker (cimento não pulverizado), que alcançou a marca de 73 000 toneladas. Na movimentação de frutas, 64% são de origem no estado do Ceará, seguindo-se Rio Grande do Norte com 34%. Os principais destinos continuam sendo Holanda (39%), Grã-Bretanha (31), Espanha (13) e Itália e Estados Unidos, com 6% cada.

De acordo com Secretaria do Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Pecém registrou, na exportação de frutas, par-ticipação de 29% entre todos os portos brasileiros, seguido pelo do Rio Grande do Norte, com 28%. No transporte de calçados, Pecém participou com 28%, seguido do porto de Rio Grande (RS), com 23%.

No Porto do Mucuripe, a movimentação de cargas cresceu 18,70% no primeiro bimestre de 2013. Ao todo, foram movi-mentadas 808 000 toneladas de cargas. No mesmo período de 2012, o montante foi de 681 000 toneladas. Os destaques foram as cargas de arroz, castanha de caju in natura, frutas (melão e banana), sal, aerogeradores, pisos cerâmicos, bobi-na de papel e cera de carnaúba. Segundo a Companhia Do-cas do Ceará (CDC), empresa que administra o porto, itens como gasolina, diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, petróleo, óleo combustível e lubrificantes também tiveram incremento. As movimentações de trigo, coque de petróleo e enxofre também se mantiveram em alta. O Ceará é o segun-do maior polo moageiro do país, com três moinhos.

Porto do MucuripePorto do Pecém

Inovaçoesdescobertas&

CâMERA DIGITAl quE GERA SuA PRóPRIA EnERGIA

Uma empresa americana lançou um pendrive ativado por voz e equipado com um sistema de biometria para assegurar que o proprietário seja a única pessoa que irá acessá-lo. Em caso de perda ou roubo, qualquer tentativa de acesso ao conteúdo irá apagar os dados gravados. Além de armazenar fotos, músicas, vídeos e outros documentos, o pendrive, batizado de Mydesk, também guarda com segurança todas as senhas que o usuário desejar. O recurso vem ao encontro da dificuldade que a população tem em decorar dezenas de senhas. Esses dados são inseridos por meio do site da empresa, onde o usuário preenche um formulário com as informações que deseja que o aparelho armazene e proteja. O produto foi financiado por uma crowdfunding, instituição que financia startups, e está sendo vendido por cerca de 250 reais.

Pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDC) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) desenvolveram um composto que aumenta o prazo de validade de produtos embalados em sacos plásticos por meio de um produto antimicrobiano inorgânico. O trabalho dos estudantes brasileiros chamou a atenção da Escola de Administração do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e, desde setembro de 2012, recebe consultoria no desenvolvimento de um plano de negócios para sua entrada no mercado norte-americano. Segundo o pesquisador Luiz Gustavo Pagotto Simões, o material bactericida é a mais recente aplicação de uma linha de antimicrobianos inorgânicos batizada de NanoxClean. “Um alimento que durava seis meses, por exemplo, se armazenado em uma embalagem com o material bactericida, passa a durar de oito meses a um ano.” O produto pode ser aplicado em qualquer tipo de plástico para alimento – de sacos de supermercados a plásticos mais rígidos, como potes de margarina. Para iniciar a comercialização do produto nos Estados Unidos, os pesquisadores realizam atualmente testes com cinco potenciais clientes – dentre eles uma grande rede de supermercados e um fabricante de embalagens. Eles pretendem obter a certificação do produto nos Estados Unidos para aplicações em diversas áreas da indústria e saúde.

SEnSOR POPulAR PARA DETECTAR áGuA POTáVEl

A pedido do governo federal, pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo um nanossensor de baixo custo, fácil de usar, e capaz de determinar imediatamente se uma amostra de água é potável ou não. O equipamento deve ser usado por populações carentes, como as encontradas às margens de rios da Amazônia, e será capaz de detectar, ao mesmo tempo, a presença de três poluentes na água: Escherichia coli (bactéria responsável por problemas intestinais), metais pesados e glifosato (herbicida). O trabalho está a cargo de um grupo de especialistas nas áreas da física, química e biologia. "Um dos fatores que provocaram esse programa foi imaginar que a Amazônia é um 'mar de água' e que não é potável. A população ribeirinha também não sabe se pode beber a água", diz o professor Ennio Candotti, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Celso

Pinto de Melo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembra também o caso da população castigada pela seca que, muitas vezes, anda quilômetros para conseguir um pouco de água sem saber a qualidade do que vai encontrar e consumir. O sensor também poderá ser utilizado para avaliar a qualidade de resíduos industriais em águas de rios e lagos e do nível de contaminação da água por contaminantes biológicos, metais pesados e defensivos agrícolas.

Uma empresa japonesa lançou em março deste ano a primeira câmera digital do mundo que gera sua própria energia. A Sun & Cloud é equipada com um painel solar, permitindo que os usuários exponham a câmera à luz do dia para recarregar sua bateria. Os usuários também poderão gerar energia de forma mecânica com a ajuda de uma manivela. Além dessas opções, a câmera pode ser acoplada ao computador por meio de uma entrada USB para realizar a recarga. O dispositivo, inspirado nas câmeras fotográficas antigas, vem equipada com sensor CMOS de três megapixels, pesa 200 gramas, tem visor de LCD e suas imagens podem ser salvas em cartões microSD ou SDHC. A Sun & Cloud também grava vídeos em AVI de até 30 quadros por segundo. A Sun & Cloud está disponível na loja virtual da marca e custa aproximadamente 200 dólares.

PEnDRIVE blOquEADO POR COMAnDO DE VOz E IMPRESSãO DIGITAl

PRODuTO bRASIlEIRO AuMEnTA PRAzO DE

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Reflexões e ideias

José Fernando Castelo Branco Ponte – economista, diretor da FIEC, presidente do Conselho Temático de Economia, Finanças e Tributação da FIEC, membro do Conselho de Política Econômica da CNI e membro do Conselho de Administração da Adece.

Novo polo ameaçado pela logística

Imagens exibidas recentemente pelas redes de televisão revelam que o Brasil está enfrentando graves problemas de logística nas vias de acesso aos Portos de Santos e Paranaguá, principais escoadouros das exporta-

ções brasileiras, e, de modo particular, de grãos, causando elevados prejuí-zos a produtores agrícolas e transportadores.

O escoamento da supersafra de soja e de milho da região Centro-Oeste está ocasionando filas quilométricas de carretas nas rodovias que deman-dam o Porto de Santos, com espera de alguns dias para que possam ingres-sar na área portuária de descarga, ensejando, inclusive, o cancelamento de pedidos pelo maior importador da soja brasileira, a China.

Esse problema tem sido recorrente a cada boa safra e a dependência do modal rodoviário no seu escoamento é o maior responsável pelo nocivo gargalo. Nas últimas décadas, têm se constatado equivocado planejamen-to estratégico na gestão governamental e ausência de visão de futuro dos responsáveis pela política de transportes no Brasil. Por décadas, o governo central priorizou o modal rodoviário, promovendo o sucateamento e erra-dicação das ferrovias existentes, fiel ao lema do presidente Washington Luís (1926/1930) de que governar é abrir estradas.

Embora construídas isoladamente e em diferentes bitolas – aspectos res-tritivos de sua integração sistêmica –, existiam no país 40 000 quilômetros

CHAPADA DO APODI

de ferrovias, malha essa reduzida atualmente para 28 000 quilômetros, dos quais somente 12 000 se encontram operativos. Com o crescimento da economia brasileira e sua inserção no cenário internacional, especial atenção foi dispensada à construção e melhoramento dos portos e à inte-gração entre regiões e estados por meio de im-portantes rodovias, tornando usual o transporte de cargas via rodoviária por longas distâncias, até mesmo superiores a 4 000 quilômetros, a exemplo do percurso São Luís (MA) a Pelotas (RS).

Em 2002, após capacitar uma equipe técnica de excelência especializada em transportes, de prestar relevantes serviços e de constituir acervo técnico de inestimável valor ao longo de 35 anos, o Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (Geipot), então sob a forma de em-presa, entrou em processo de liquidação. Para cumprir parcialmente suas funções, o governo FHC criou diversas agências reguladoras, para-lelamente à decisão política de transferir para a iniciativa privada, via licitação pública, conces-sões das principais rodovias e ferrovias nacionais, procedimento recentemente ampliado também para portos e aeroportos.

Sensibilizada com o “imbróglio” logístico que reduz a competitividade da empresa nacional, e consciente da relevante importância de um sis-tema de transportes multimodal integrado e efi-ciente, a presidente Dilma Rousseff editou a MP 576/2012, propondo a criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), instrumento de planejamento e gestão, com a incumbência de definir prioridades, planejar e integrar os investi-mentos em infraestrutura de transporte, de modo a maximizar seu retorno econômico e social e oti-mizar os ganhos de qualidade. A EPL assemelha--se no seu todo ao Geipot, extinto dez anos atrás.

Na mesma data, 15/8/2012, a Presidência da República anunciou o Programa de Investimen-tos em Logística, prevendo investimentos da or-dem de 133 bilhões de reais ao longo de 30 anos, sendo 39,5 bilhões de reais para os próximos cin-co anos. O segmento ferroviário, ao longo do pro-grama anunciado, deverá receber inversões glo-bais de 91 bilhões de reais, adotando-se o regime de Parceria Público-Privada (PPP). O programa enfatiza o processo de concessões das novas vias, ensejando ao setor privado a reforma, construção e exploração econômica de 7 500 quilômetros de rodovias e de 10 000 quilômetros de ferrovias. Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social (BNDES), o governo co-

locará à disposição crédito equivalente a 80% dos investimentos, por prazo de até 20 anos, com juros de TJLP mais 1,5 % ao ano.

Atrativo inédito introduzido no Programa de Investimentos em Logística consiste na antecipação de receitas pela Valec, empresa pública federal vin-culada ao setor ferroviário, assegurando o retorno dos investimentos privados, mediante a compra da capacidade integral de transporte das ferrovias em concessão, a partir de seu primeiro ano de opera-ções, garantindo a rentabilidade operacional dos empreendimentos. Posteriormente, a capacidade de carga adquirida será vendida pela Valec em ofer-ta pública, garantindo aos compradores, clientes, agentes ou empresas transportadoras se utilizarem do direito de passagem de trens em todas as linhas da malha ferroviária sob concessão.

Outro requisito de interesse da indústria bra-sileira está contido na obrigatoriedade dos con-cessionários das novas ferrovias adquirirem 75% dos trilhos no mercado nacional, durante a fase de construção, e 50% na fase de manutenção. Ressalte-se que desde 1996, quando a Compa-nhia Siderúrgica Nacional (CSN) suspendeu a

“ Por décadas, o governo central priorizou

o modal rodoviário, promovendo o

sucateamento e erradicação das ferrovias

existentes, fiel ao lema do presidente

Washington Luís (1926/1930) de que governar

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produção de trilhos por insuficiência de de-manda, o Brasil passou a importar 100% de suas necessidades. Dados do Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) registram as importações de trilhos em 2011 e 2012, de respectivamente 157,2 mil toneladas e 178,5 mil toneladas, ao preço mé-dio de 904 dólares/tonelada.

Fontes da CSN informam que o tamanho econômico de um laminador de trilhos é de 500 000 toneladas/ano. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), o pacote de concessões anunciado irá gerar uma demanda de 1,2 milhão de toneladas de trilhos para os próximos cinco anos, equivalentes a 240 000 toneladas/ano, metade do dimensio-namento referido pela CSN. Por outro lado, o Grupo Gerdau estuda a possibilidade de voltar a produzir trilhos na Açominas, desde que possa ofertá-los a preços competitivos, hipótese admis-sível caso o governo desonere esse produto de to-dos os tributos. É inadmissível que o Brasil, maior produtor de minério de ferro, siga importando trilhos a 900 dólares/tonelada, enquanto exporta o seu insumo básico a 134 dólares/tonelada.

Transpondo a análise de logística para o cená-rio da economia cearense, constata-se que o Porto do Pecém vem se consolidando como uma exce-lente e competitiva alternativa regional de acesso ao mercado externo, não somente por produtos cearenses, mas também por oriundos de estados vizinhos. Sérios problemas de logística já podem ser antevistos para um futuro não remoto, caso não sejam tomadas com celeridade providências estruturantes vinculadas diretamente ao sistema viário utilizado no acesso àquele porto.

Com os prognósticos de descentralização da economia cearense da região metropolitana de Fortaleza e sua interiorização, torna-se mais fac-tível a perspectiva de surgimento de novos polos de desenvolvimento, sendo que um deles já se delineia no grupamento de municípios cearenses inseridos na Chapada do Apodi, tema objeto de análise em artigo publicado na edição de janeiro passado da Revista da FIEC, da lavra deste autor.

Diante dessa premissa, é fácil se prever a ne-cessidade de inadiáveis investimentos direciona-dos para a logística vinculada aos fluxos de cargas entre a região da Chapada do Apodi e o Porto do Pecém, sob o risco inevitável de se vê instalado, no horizonte máximo de tempo de três anos, o caos no sistema rodoviário existente, centralizado no eixo da rodovia BR-116 e derivado para diver-

sas rodovias estaduais a ele conectadas.Merece ser ressaltado o significativo fluxo de

veículos de cargas, de passageiros e de passeio que ocorre nos dois sentidos daquele eixo rodo-viário que liga Fortaleza a inúmeros municípios de seu território e aos demais estados e regiões em direção ao sul do país, informado pela Polí-cia Rodoviária Federal como sendo em media de 80 000 veículos/dia. Nesta oportunidade, buscou--se dimensionar, de modo conservador, tão so-mente o tráfego derivado das atividades produti-vas da região da Chapada do Apodi que flui ou fluirá em direção ao Porto do Pecém ou cidades e estados situados ao longo da rodovia BR-222.

Afora as atividades atuais da fruticultura ir-rigada desenvolvida na Chapada do Apodi e no Tabuleiro de Russas, cujo fluxo de carga destina-da à exportação atingiu em 2012 cerca de 200 000 toneladas, considerou-se a produção de impor-tantes empreendimentos com projetos em fase de licenciamento ambiental ou em implantação, totalizando cerca de quatro milhões de toneladas anuais de produtos derivados da extração e pro-cessamento do calcário, a saber:

1 Cimento Apodi, no município de Quixeré – Implantação de fábrica com capacidade de pro-dução de 4 000 toneladas/dia, ou 1.440.000 tone-ladas/ano de cimento portland.

2 Itatiba Mineração, em Limoeiro do Norte – Capacidade projetada de 600 toneladas/dia de cal ou 216 000 toneladas/ano de cal para corre-ção de solo e outros fins.

3 Itaci Mineração, em Tabuleiro do Norte – Projeto com Capacidade de produção de 1.100.000 toneladas/ano de cimento.

4 Siderúrgica do Mearim, em Quixeré/Ba-raúnas – Projeto para produção de 1 milhão de toneladas de calcário em brita, para siderurgia do grupo na Região Norte.

5 Outros empreendimentos de menor por-te: Santana Mineração (em Quixeré, produção de carbonatos), Carbomil (em Limoeiro do Norte, pro-duzindo cal e carbonatos), Litominas (em Tabuleiro do Norte, produzindo blocos para fins ornamentais, óxidos e carbonatos de cálcio) – Produção conjunta estimada de 200 000 toneladas/ano.

Há de considerar-se, ainda, a possibilida-de de mineradoras se instalarem na Chapada do Apodi para serem fornecedoras de calcário para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), em implantação na ZPE do Pecém. A demanda anual da CSP, prevista para iniciar operações em 2015, será de 1.224.000 toneladas de calcário cal-cítico (em formato de brita), 189 000 toneladas de calcário dolomítico, 186 000 toneladas de cal calcítica e 39 600 toneladas de cal dolomítica, perfazendo o volume total de 1.638.600 tonela-das/ano de insumos.

Consolidando-se os fluxos de carga de frutas para exportação com o das estimativas de pro-dutos derivados de calcário, tendo por origem a região da Chapada do Apodi e por destino o Porto do Pecém e adjacências, bem como os estados situados ao norte do Ceará, constata--se expressivo volume de cargas, da ordem de 5.838.600 toneladas/ano, correspondendo ao fluxo diário médio de 16.218,33 toneladas/dia (admitindo-se que o transporte ocorra linear-mente em 360 dias/ano) e a 1.351,5 toneladas/hora (considerando-se operação contínua dis-tribuída igualmente durante 12 horas/dia).

A movimentação unicamente da carga aci-ma mensurada, utilizando-se caminhões trun-cados ou carretas com carga média de 20 to-neladas, necessitaria de 67,5 veículos por hora em cada sentido de tráfego, ou mais de um a cada minuto, formando uma imensa carava-na de caminhões pesados, distanciados 1 100 metros entre si, trafegando a uma velocidade média de 70 quilômetros/hora.

Sobrepondo-se a esse preocupante cenário o fluxo habitual de veículos na BR-116, esti-mado em 80 000 veículos/dia, o caos estaria instalado, tornando intrafegável aquele im-portante eixo rodoviário, travando-o, deixan-do-o em péssimas condições de conservação e reduzindo sua vida útil, impondo aos usuários elevado custo social e econômico e ao governo pesado ônus financeiro.

Dentre as possíveis soluções para se evitar a inviabilização das rodovias envolvidas na presente análise, caso as previsões de fluxo de carga se concretizem, vislumbra-se como me-lhor alternativa a construção de um ramal fer-roviário interligando o município de Limoeiro do Norte ao município de Quixadá, em traçado paralelo ao da rodovia CE-265, com extensão aproximada de 115 quilômetros fazendo cone-xão com a ferrovia Transnordestina Logística,

prevista para operar a partir de 2015. Estima--se o investimento desse ramal em 483 milhões de reais, tomando-se por base o custo médio de cinco ferrovias projetadas e em implantação em diferentes regiões do Brasil.

Tendo em vista a dimensão e a gravidade do problema que se avizinha, seria aconselhável ao governador Cid Gomes, promotor de de-senvolvimento e afeito aos desafios de grandes projetos, levá-lo o quanto antes ao conheci-mento dos gestores da Empresa de Planejamen-to e Logística S/A e, fundamentado em projeto preliminar a ser elaborado, propor a inserção do ramal ferroviário Limoeiro do Norte/Qui-xadá e de seus pátios de descarga, carga e ma-nobras dentre as obras a serem contempladas, em caráter emergencial, pelo Programa de In-vestimentos em Logística, sob o comando do governo federal.

Ofertado o projeto para concessão ao setor privado, assegurada a fonte de financiamento e a PPP, garantida a compra da capacidade de carga pela Valec e permitida a utilização das linhas da Transnordestina Logística até o Por-to do Pecém, esse empreendimento não deve-rá ter dificuldades em mobilizar investidores interessados, caso a Transnordestina não ma-nifeste seu interesse.

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P romover a educação e a inclusão social de crianças e adolescentes pela prática esportiva é o objetivo princi-pal do programa SESI Atleta do Futuro (SAF), desen-

volvido desde 1991 pela Confederação Nacional da Indús-tria (CNI). No Ceará, as atividades deste ano começaram em março. Crianças e jovens, com idade entre seis e 18 anos, filhos de funcionários ou de comunidades próximas a empresas localizadas nas áreas cobertas pelos núcleos do Serviço Social da Indústria (SESI/CE) instalados nos bairros Barra do Ceará e Parangaba, em Fortaleza, e no município de Maracanaú, na região metropolitana, participam de ati-vidades que utilizam o esporte como recurso pedagógico.

SESI, em parceria com empresas consorciadas, investe em atividades que utilizam o esporte como recurso pedagógico para o desenvolvimento de crianças e jovens

Qualidade de vida e saúde

SESI Atleta do Futuro

A iniciativa é viabilizada por meio da proposta cria-da pelo Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial (NRSE) do SESI de consórcios empresariais baseados no conceito de investimento social privado coletivo. As em-presas e o SESI dividem os custos do programa. O con-sórcio consiste em empresas próximas geograficamente unirem-se em torno da promoção de ações baseadas nas metodologias de Gestão da Responsabilidade Corpora-tiva (GRC), Investimento Social Privado (ISP), Produ-ção Mais Limpa (P+L) e Gerenciamento de Projetos de Desenvolvimento (GPD), além de realizar a tecnologia social Teia da Vida.

No início da programação prevista para 2013, cada criança ou jovem recebe um kit com farda-mento (short e camisa), mochila e squeeze, além de lanche nos dias das atividades e transporte. Duas vezes por semana, na unidade do SESI, participam de atividades recreativas e esporti-vas, de acordo com a idade. Para o coordenador de Esporte do Núcleo de Assessoria Técnica em Lazer (NAT) do SESI/CE, Eugênio Monteiro, essa é uma das características de destaque do programa: “O respeito à idade de cada criança ou adolescente, com atividades direcionadas, é o grande diferencial do programa”.

Durante as aulas de iniciação motora e prá-tica esportiva são ensinados valores como ética, trabalho em equipe, superação, respeito, autoes-tima e saúde. A metodologia é adequada para a idade. As crianças de seis a oito anos participam do grupo multiesportivo, com atividades que visam ao desenvolvimento mediante práticas lú-dicas. Quem tem nove ou dez anos enquadra-se no grupo de iniciação pré-esportiva, que busca também, por meio de atividades lúdicas, intro-duzir as crianças no esporte. A partir dos 11 anos, crianças e adolescentes são iniciados nos conceitos de práticas esportivas individuais e co-letivas pela especificidade da atividade escolhida (futebol, vôlei ou balé).

O programa investe em uma metodologia que propicia aos participantes formação cida-dã em três vertentes: família (estrutura e cons-tituição do indivíduo), esporte e cidadania (a construção de valores pela prática esportiva) e saúde e hábitos saudáveis. São beneficia-dos também com a prática esportiva e suas

No âmbito do programa SESI Atleta do Fu-turo, cada empresa indica familiares de funcio-nários ou crianças e jovens da comunidade para participar do SAF. Na Barra do Ceará, mediante o consórcio formado pelas empresas CV Cou-ros, Amêndoas do Brasil, Pena, Inace, Recamon-de, Iracema e BSpar são oferecidas 350 vagas. Em Maracanaú, 480 crianças e adolescentes par-ticipam do projeto a partir do consórcio entre as empresas Cobap, Marisol, Gerdau, Serlares, Hidracor, Esmaltec e M. Dias Branco. Também por meio do consórcio entre as empresas Cage-ce, Sert Engenharia, Sand Beach e Citeluz, são oferecidas no SESI Parangaba 480 vagas. Em Sobral, o SESI atenderá a 420 crianças e, em Ju-azeiro do Norte, a mais 420. As empresas Têxtil Bezerra de Menezes e Dass do Nordeste também participam do SAF, mas individualmente.

Contribuir para a educação das crianças e jovens. Esse, acredita a coordenadora de La-zer do SESI Barra do Ceará, Karine Santos, é o principal objetivo do SAF. “Nós estamos, em parceria com as empresas, contribuindo para o crescimento das crianças e jovens. E quanto mais pudermos fazer, melhor.” Ela acrescenta: “As empresas estão investindo nos filhos dos colaboradores e, consequentemente, na quali-dade de vida de ambos. Se os filhos estiverem bem os pais também estarão”. Segundo a geren-te de Recursos Humanos da CV Couros, Lena Patrícia Brito, a adesão da empresa ao pro-grama, por isso, é uma iniciativa interessante. “Queremos o melhor para nossos funcionários, suas famílias e para a comunidade.”

Nós estamos, em parceria com as

empresas, contribuindo para o crescimento das crianças e jovens. E quanto mais pudermos fazer, melhor.

Karine Santos, coordenadora de

Lazer do SESI Barra do Ceará

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diversas formas de manifestação, tendo como finalidade a criação da cultura e do hábito es-portivo. E mais: o programa propicia o desen-volvimento físico, pessoal e social e estimula o surgimento de valores e a prática esportiva como lazer, além de promover um ambiente esportivo com função educativa e participati-va, incentivando o desenvolvimento motor e a formação de cidadãos.

Essa metodologia é aplicada em atividades como montagem de fotos, sessões de cinema, elaboração de redações, torneios esportivos e gincanas, contação de estórias, jogos cooperati-vos, jogos com integração das famílias, atividades educativas e de sensibilização (abordagem de te-mas como dengue, meio ambiente e reciclagem, dentre outros), visitas culturais, palestras para os pais, teatro de bonecos, oficinas sobre comporta-mentos familiares, rodas de conversa, participa-ção no evento Medidinha Certa (parceria com a Rede Globo) e na Maratoninha da Caixa.

Os resultados são identificados em todos os participantes da iniciativa: empresas, colaborado-res, crianças e jovens. De acordo com relatório do Núcleo de Assessoria Técnica em Lazer, em 2012 a evasão do programa caiu de 11% para 6,9% e 100% da metodologia proposta foi aplicada. Uma

pesquisa realizada com os colaboradores das em-presas e pais dos participantes revelou melhoria significativa na forma de ver a empresa quanto a atividades de responsabilidade social e de modo geral. A percepção dos colaboradores também é apontada como positiva quanto ao projeto em si e aos benefícios que trazem para os filhos e parentes que participam, bem como para a família.

As empresas envolvidas, de acordo com o relatório, são capacitadas em gestão estratégica de investimentos sociais e ambientais e fortale-cem a gestão quanto ao relacionamento com os públicos interno e externo, com reforço positi-vo para a imagem.

Consenso entre os educadores, coordenado-res e gestores do programa é que a participação dos pais é de fundamental importância para o bom andamento das atividades e o alcance de resultados positivos na escola, no dia a dia e na formação das crianças e jovens. O SESI/CE cha-ma os pais para fazerem parte do programa, se atualizar sobre as atividades e participar de algu-mas delas com as crianças e jovens.

Irene Barroso de Sousa, costureira na em-presa Recamonde, é mãe de Ítalo, de dez anos, e de João Henrique, de 11 anos. Ela está sem-pre presente nas reuniões, acompanha os fi-lhos às atividades quando isso é possível e os incentiva à participação. Os dois fazem parte do programa há dois anos e elegeram o espor-te preferido: futebol. Irene conta que o SESI Atleta do Futuro levou os filhos a estudarem com mais afinco: “É um programa maravilho-so. Além do desenvolvimento físico, o esporte fez os meninos, que já tiravam boas notas, a ficar melhores. Aqui é um complemento da escola. As crianças são incentivadas a estudar para que continuem no esporte”.

Ítalo e João Henrique têm na ponta da lín-gua o que querem ser quando crescer: jogador de futebol. Essa é a vontade de boa parte dos participantes do programa, mas transformar crianças e jovens em atletas profissionais não é objetivo do projeto. Afirma Karine Santos. “Considerando que o programa atende a crian-ças e jovens no Brasil inteiro e o foco é a gestão da sustentabilidade, propõe-se a seguinte refle-xão: estamos incentivando o atleta do futuro ou o futuro do atleta?” A ideia, segundo Karine, é propiciar atividade esportiva com foco em qua-lidade de vida e saúde, mas, ao mesmo tempo, desenvolver atividades que incentivem educa-ção, empreendedorismo e sustentabilidade, de forma complementar à educação regular.

Irene de Sousa: “É um programa maravilhoso.

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