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Mesmo ainda enfrentando consequências da crise e prejudicadas pela desvalorização do dólar, exportações cearenses retomam a trajetória do crescimento em 2010 e avistam horizonte promissor Hora de continuar expansão Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano IV n N o 44 n JANEIRO/2011 Impresso Especial 1000013828-D R/CE FIEC CORREIOS 3 EXPORTAÇÕES

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Mesmo ainda enfrentando consequências da crise e prejudicadas pela desvalorização do dólar, exportações cearenses retomam a trajetória do

crescimento em 2010 e avistam horizonte promissor

Hora de continuar expansão

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno IV n No 44 n JANEIRO/2011

ImpressoEspecial

1000013828-D R/CEFIEC

CORREIOS

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A hora é de continuar a expansão

20Capa

JANEIRO 2011 | No 44

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

........................................................................................

SustentabilidadeExpERIêNcIAs DE sUcEssOAs ações de sustentabilidade

urbana realizadas na Suécia

nas últimas décadas foram

mostradas em encontro com

empresários na FIEC

08

Iniciação tecnológicaIEL INIcIA 2ª EDIçãO DE pROJEtOEm parceria com o BNB,

a ideia é estimular a

interação entre unidades

de ensino e as micro e

pequenas empresas

17

Sistema FIECMApA EstRAtégIcOO Conselho de

Representantes aprovou as

diretrizes do Mapa Estratégico

que vai preparar o sistema

para os desafios do futuro

29

InfraestruturaDEsAfIO DIgItALGoverno do estado, prefeitura

de Fortaleza e empresas de

base tecnológica investem

em tecnologia da informação

e comunicação

12

Seções

MensagemdaPresidência........5

Notas&Fatos..............................6

Inovações&Descobertas..........38

Ouro negro

O cAfé NO cEARá As primeiras mudas de café, que chegou a liderar as exportações no estado, chegaram ao Ceará no século 18

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CajuculturaINcENtIvO E tEcNOLOgIAA boa performance das exportações de amêndoas é crucial para garantir que o setor primário sobreviva

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Após retomar a trajetória de crescimento e alcançar novo recorde em suas exportações em 2010, o estado do Ceará se prepara para dar continuidade à evolução do comércio internacional

3Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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A economia do Nordeste tem tido índices de cres-cimento próximos aos percentuais chineses. Essa dinâmica regional, puxada pelo aumento de renda da população, vem funcionando como força de atração de investimentos nacio-nais e estrangeiros, que estão chegando em escala crescente aos estados nordestinos para se colocarem mais perto dos consumidores emergentes. Crescendo mais do que a média nacional e liderada pelos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia, nossa região vem experimentando o início de um novo ciclo econômico de prosperidade. Em convergência com esse processo de crescimento, aumentamos nosso capital político por conta da expressiva votação que a candidata Dilma Rousseff teve no Nordeste, tornando a região credo-ra da atual Presidente da República e da bancada federal nordestina que lhe dá sustentação. O diferencial de votos conquis-tados por Dilma Rousseff nos es-tados liderados por Cid Gomes, Eduardo Campos e Jaques Wagner os credenciou politicamente a receber da Presidência a delegação de articular com os demais governadores do Nordeste um projeto integrado para o desenvolvimento da infraestrutura da região. Para isso, contaremos com R$ 20 bilhões, a serem financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste (BNB), Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e União, com contrapartida de cada um dos estados nordestinos. A visão de federalismo cooperativo, com a construção de uma agenda institucional que integrará o governo federal e

MensagemdaPresidênciaRoberto proença de Macêdo

Nordeste unidoos estados nordestinos, poderá ser enriquecida com a con-tribuição dos empresários da indústria e de outros setores econômicos. A adesão do empresariado a essa iniciativa governamental será sem dúvida facilitada pelo fato de que os recursos necessários já estão estipulados, as fontes de fi-nanciamento definidas e o projeto tem foco determinado. O desafio colocado por esse cenário para nós empre-sários é de nos tornarmos mais competitivos a partir do melhor aproveitamento das nossas potencialidades e van-tagens comparativas. Tenho certeza de que é do interesse

dos governantes contarem com a participação efetiva dos setores produtivos na construção desse fu-turo. Estou certo igualmente de que, assim como a Federação das Indús-trias do Estado do Ceará, as demais federações nordestinas oferecerão o melhor de sua colaboração na iden-tificação dos polos de produção, das matrizes de origem e destino, de demanda e oferta de produtos e mão de obra capacitada, com vistas a fornecer subsídios para a monta-

gem do sistema integrado de infraestrutura. A construção da infraestrutura é um passo de grande importância para a criação de um sistema autossustentável de desenvolvimento, mas só teremos um Nordeste realmente competitivo se, além disso, nossas empresas se empenharem no aumento da produtividade, da inovação e no atendimen-to completo das demandas dos nossos consumidores. Este é o momento é de aproveitarmos plenamente a opor-tunidade de união dos estados nordestinos, governantes, parlamentares e empresários, formando um bloco coeso em defesa dos interesses do desenvolvimento regional.

“ O desafio colocado

por esse cenário para

nós empresários é de nos

tornarmos mais competitivos a

partir do melhor aproveitamento

das nossas potencialidades e

vantagens comparativas.

Revista da FIEC. – Ano 4, n 44 (jan. 2011) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e

Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia

(AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434 e 9187-5063 — [email protected] e [email protected]

Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

federação das Indústrias do Estado do ceará — fIEcDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge

Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha

Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José

Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.

CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando

Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho

serviço social da Indústria — sEsICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita, Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Célia Romeiro de Sousa Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no

Estado do Ceará Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — sENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa

Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa

Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito de Oliveira Suplente Célia Romeiro de Sousa Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio

Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães

Instituto Euvaldo Lodi — IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro de 20114 5Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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A uMEnTAR o consumo de trigo e derivados é um

dos principais desafios da nova diretoria do Sindtrigo, que ficará à frente do sindicato até 2013. Segundo o presidente Luiz Eugênio Pontes, a entidade planeja realizar campanhas de conscientização para aumentar o consumo do trigo. “Todas as camadas sociais têm acesso ao nosso produto, que pode ser um poderoso vetor de soluções nutricionais para a população”, afirma

Luiz Eugênio. Entre os obstáculos que têm prejudicado o consumo do alimento no Brasil, o empresário aponta a falta de subsídios na importação de trigo.

A EDIção 2011 do projeto Cine SESI Cultural já está na estrada. Neste ano, a programação iniciou em janeiro e vai passar por 14 municípios cearenses. Com uma

verdadeira maratona de filmes apresentada gratuitamente em praça pública, o projeto leva cinema a lugares que não possuem salas de projeção em funcionamento. O roteiro inclui Viçosa, Frecheirinha, Ibiapina, Forquilha, Acaraú, Paraipaba, Acarape, Baturité, Senador Pompeu, Acopiara, Novo Oriente, Santana do Cariri, Várzea Grande e Milagres. Em cada município as projeções são realizadas durante três dias seguidos.

Notas&FatosO q U E A c O N t E c E N O s I s t E M A f I E c , N A p O L í t I c A E N A E c O N O M I A

Cine sesi Cultura em 14 cidades do Ce

INtERIOR DO EstADO vIRAvIDA

PRojeto amPlia PeRsPeCtivas de mais 20 jovens

Notas&FatossINDtRIgO

>> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected]

O goVERno prorrogou até 2015 a isenção do Adicional do Frete para

a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) para produtos importados, que têm como destino portos do Nordeste e da Amazônia. “O governo tomou a decisão acertada eliminando o acréscimo imediato de 25% que incide sobre o custo do frete marítimo de cargas desembarcadas naquelas regiões”, afirma o presidente do Conselho

Temático de Infraestrutura da CNI, José de Freitas Mascarenhas. Segundo ele, a dispensa do pagamento do adicional de frete por mais cinco anos é fundamental para a redução dos custos das indústrias que usam insumos importados. A medida evita o impacto que o término de isenção causaria na competitividade de diversos segmentos industriais das duas regiões, especialmente aos que importam produtos de baixo valor agregado.

Governo prorroga isenção de imposto até 2015

N/NE

o PRojETo ViraVida, iniciativa do Conselho Nacional do SESI em favor de jovens e adolescentes em situação de risco ou explorados sexualmente, vai beneficiar mais 20 jovens cearenses. Eles participarão do curso de Auxiliar de Pessoal e Recepcionista, realizado em parceria com o Senac. A previsão é que as aulas iniciem até o fim de fevereiro. Primeiro a implantar o ViraVida no Brasil, em junho de 2008, o SESI/CE já mudou a vida de 158 jovens que participaram do projeto.

nova diretoria quer aumentar consumo de trigo

UNIgRáfIcANOvO pREsIDENtE qUER UNIfIcAR sINDIcAtOs DO sEtOR

O empresário Fernando Esteves assumiu em 17 de janeiro a presidência do Unigráfica com o objetivo de unificar os dois sindicatos representativos do setor no estado. Atualmente, além do Unigráfica, o Sigrace é legalmente constituído como representante do segmento. Fernando Esteves, que ficará à frente do Unigráfica por dois anos, planeja ainda dar ênfase à formação de mão de obra para o setor. Para tanto, vai estreitar as relações com o SENAI/CE.

INDústRIA DO cE

vendas CResCem mais de 10%EM noVEMbRo de 2010 a indústria de transformação cearense continuou com resultados positivos se comparado com igual mês de 2009. Na comparação com outubro, praticamente todas as variáveis pesquisadas apresentaram variação negativa. O resultado reflete acomodação após um ciclo que registrou taxas elevadas de crescimento no primeiro semestre e teve diminuição gradativa do ritmo de crescimento no segundo semestre de 2010. O panorama geral é favorável, uma vez que as vendas totais exibem crescimento superior a 10% quando se comparam os resultados acumulados nos 11 meses do ano passado frente aos números de 2009. As conclusões são da pesquisa Indicadores Industriais, realizada em novembro pelo INDI em parceria com a CNI.

n “MAIS uM SInDICATo está se filiando à FIEC”. O anúncio foi feito pelo presidente Roberto Proença de Macêdo durante a segunda reunião ordinária da diretoria plena da Federação, no dia 17 de janeiro do corrente ano. O Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Estado do Ceará (Sindirenováveis), que já entrou com o pedido de registro no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), será comandado pelo empresário Luiz Eduardo Barbosa, presidente da Bons Ventos.

CURTAS---------------------

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n A SolEnIDADE de entrega do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT) ocorrerá em 24 de março às 18 horas. Informações: (85) 3421-5852.

AGENDA

EM fORtALEzA

ConfeRênCia ReCebe insCRições de Casos inovadoRes

MEtALURgIA

senai elaboRa Planejamento PaRa CuRso

ESTão AbERTAS as inscrições para o envio de casos concretos e experiências reais de inovação para serem apresentados na XI Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, que ocorrerá de 20 a 22 de junho em Fortaleza e vai abordar o tema Redes de Inovação e Cadeias Produtivas. O evento é uma iniciativa da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), em conjunto com parceiros locais como a FIEC, a Fundação Edson Queiroz, o Banco do Nordeste, o Sebrae e a Secitece. Os interessados em submeter casos devem enviar um resumo estendido deles até 7 de março para os e-mails [email protected] e [email protected].

o SEnAI/CE, por meio do Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues, localizado em Maracanaú, está elaborando curso técnico em Metalurgia pela metodologia de Formação por Competências. As primeiras turmas serão iniciadas ainda em 2011, possivelmente no começo do segundo semestre. No momento, está sendo feita a análise do perfil profissional do técnico em metalurgia pelos analistas educacionais do SENAI. Após essa etapa, será elaborado o plano de curso para aprovação no Conselho Estadual de Educação.

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| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro de 20116 7Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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A urbanização das cidades está cada vez mais ligada à ques-tão do desenvolvimento econômico e cultural. A maioria dos seis bilhões de pessoas do mundo vive nas cidades

ou próximo delas. O resultado desse crescimento urbano re-quer a necessidade urgente de planejamentos mais amplos e ações de governança nos espaços geográficos. Com base nessa concepção, o governo sueco e o Swedish Trade Council toma-ram para si o desafio de apresentar em 2002, durante a Reunião Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável de Johannesbur-go, um conceito de desenvolvimento sustentável das cidades.

Tal esforço resultou na marca SymbioCity, que reflete todo o conhecimento e experiência com relação à aborda-gem sueca para a questão da sustentabilidade. O processo consiste na reunião de centenas de consultores, empresas contratadas e fornecedores de sistemas suecos organizados em diversas redes dedicadas a difundir a visão de urbanis-mo sustentável e tornar a distância até a implementação a mais curta possível. Em dezembro passado, como parte des-sa possibilidade de soluções em rede para lidar com a temá-tica da sustentabilidade, uma delegação do governo sueco

Suécia

No início dos anos 60, a Suécia reconheceu que a perda rápida dos recursos naturais tinha de ser combatida. Com o Brasil, tem construído proveitosas parcerias por meio de acordos bilaterais envolvendo a questão ambiental

Aliada da sustentabilidade urbana

esteve na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) para apresentar um roadshow a em-presários e gestores públicos de Fortaleza.

Segundo a embaixadora da Suécia no Brasil, Annika Markovic, o seu país e o Brasil têm cons-truído ótimas parcerias por meio de acordos bila-terais na questão do meio ambiente. Ela ressaltou que o conceito de SymbioCity é marca registra-da sueca na qual é mostrada a preocupação do governo com a temática, tendo produzido boas experiências mediante empresas sustentáveis. “Essa nossa experiência revela que os melhores resultados são alcançados quando há o envolvi-mento de todos os parceiros. Por isso queremos compartilhar nossas experiências dentro desse conceito no âmbito do desenvolvimento urbano sustentável”, destaca a embaixadora.

De acordo com o arquiteto chefe da Sweco, entidade que compõe a rede da SymbioCity, Ulf Ranhagen, pensar de forma holística dentro do conceito de sustentabilidade é procurar integrar tecnologias urbanas obtendo mais com menos re-cursos. A ideia, ressalta, é encontrar vínculos ur-banos escondidos em áreas bem conhecidas e que tenham se tornado desafiadoras nessa perspecti-va, como abastecimento de água, fornecimento de comida, sistemas de transporte, coleta e tratamen-to de lixo e ameaças à fauna e a flora, entre outras. Isso, destaca Ulf, sem citar o problema da mudan-ça climática e suas causas a partir da emissão de dióxido de carbono resultante de quase todas as atividades econômicas.

Para o arquiteto, como os problemas ambien-tais geralmente são enfrentados de forma isolada no contexto urbano, é preciso que haja reforço para encontrar os vínculos escondidos. Como exemplos, cita que o lixo doméstico é coletado e depois depositado em aterros; a água do esgoto é tratada em estações de tratamento residual; o con-gestionamento do tráfego é gerenciado com pla-nejamento de tráfego e a poluição do ar é atacada com tecnologia de limpeza de tubulação. “Isso prova que cada situação relatada é vista isolada-mente, quando poderia ser abordada de forma conjunta. Sem a sinergia, o resultado são soluções caras e pouco eficientes”, avalia Ulf Ranhagen.

Com base no conceito de SymbioCity, a conse-quência de ações isoladas no tratamento dos pro-blemas urbanos é jogar fora dinheiro e energia. No caso dos aterros, por exemplo, muita energia vem sendo desperdiçada quando poderia estar sendo aproveitada como recurso para a produção energé-tica. Tudo isso poderia ser incentivado por meio da criação de ciclos de reciclagem, onde se gerariam mais benefícios e se reduziriam custos substanciais.

POR LuIz HENRIquE CAMPOS

Com relação à água, já há tecnologia moderna de limpeza permitindo extraí-la de forma potável de um quadro residual doméstico. Da mesma forma que o lixo orgânico doméstico, a água poderia ser também tratada e virar material para a produção de biogás a ser utilizado como fertilizante.

Apesar da ideia de SymbioCity ter surgido na década de 2000, a Suécia é pioneira no tra-tamento da questão sustentável. No início dos anos 1960, o país reconheceu que a perda rápida dos recursos naturais tinha de ser combatida. Teve também papel preponderante na organiza-ção da primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972. Durante a crise do petróleo dos anos 1970 e 1980, foi feito um esforço para encontrar novas fontes de energia, criar novas maneiras para isolar construções e desenvolver sistemas automáticos de economia de energia. Como consequência, desde os anos 1970, a dependên-cia de petróleo para aquecimento e produção de eletricidade na Suécia foi reduzida em 90%.

Outro dado digno de registro relacionado à Suécia é que no período de 1990 a 2006, as emis-sões de dióxido de carbono foram reduzidas em 9% e o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 44%. Também nos anos 1950 e 1960 ninguém de bom senso ousaria mergulhar ou até mesmo colo-car a mão nas águas de rios do centro de Estocolmo, sendo até proibido por lei nadar ou pescar nesses mananciais hídricos. Hoje, passados alguns anos e graças a ações de despoluição levadas a efeito nessas áreas, os banhistas podem ser encontrados em toda parte e a pesca no centro de Estocolmo tornou-se uma das mais procuradas atividades de lazer.

Nossa experiência

revela que os melhores resultados são alcançados quando há o envolvimento de todos os parceiros.

annika Markovic, embaixadora da Suécia no Brasil

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| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro de 20118 9Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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ônibus híbrido brasileiro. Os testes foram iniciados ano passado, sendo o primeiro ônibus híbrido desenvolvido pela marca para a América Latina. O modelo combina um motor elétrico a um diesel, que funcionam paralelamente. O maior diferencial da nova tecnologia é que os dois motores são utilizados para empurrar o ônibus, enquanto os projetos anteriores utilizavam o motor a diesel apenas como gerador de energia.

A empresa projeta a redução do consumo de combustível para cerca de 35% e a emissão de poluentes podendo atingir 90%, já que em boa parte de sua utilização o ônibus trafega em baixa velocidade ou está parado, pois somente o motor elétrico alimenta os sistemas, não emitindo gases nocivos ou qualquer ruído. O modelo será testado inicialmente em Curitiba, durante três semanas numa rota de 42 quilômetros pela cidade. Testes em outras cidades também estão nos planos da fabricante. Em dezembro a prefeitura do Rio de Janeiro assinou acordo com a Volvo para uso futuro do veículo de transporte de massa politicamente correto. Além da capital fluminense, cidades como São Paulo e Bogotá (capital da Colômbia) fazem parte do programa piloto.

Transporte público

C om as discussões em torno do meio ambiente virando o centro das atenções na esfera urbana, o

transporte público passou a ser visto como grande aliado nessa luta. Durante o evento na FIEC, a Scania e a Volvo apresentaram projetos que em breve estarão ganhando as ruas das grandes cidades brasileiras para gerar menos poluição nesses centros urbanos. Em relação à Scania, a empresa vai começar a produzir ônibus a biocombustível no Brasil a partir de maio de 2011 utilizando o etanol. No ano passado, em Curitiba, capital do Paraná, uma experiência piloto iniciada em 2008 nos coletivos da capital paranaense movidos totalmente a biodiesel mostrou a redução de 30% no índice médio de monóxido de carbono e queda de 25% de fumaça expelida no ar.

A Scania assinou também com a prefeitura de São Paulo acordo para formar a primeira frota de ônibus com combustível renovável do país. A administração paulistana pretende adquirir 50 veículos movidos a etanol renovável, que devem começar a transportar passageiros a partir de maio próximo. O protocolo de intenções faz parte de um conjunto de ações da prefeitura para diminuir o nível de poluição do ar no município. Pela Lei 14.933/09 da cidade paulista, a administração pública deve reduzir em 10% ao ano a utilização de combustíveis fósseis (como gasolina e diesel, derivados do petróleo), estabelecendo como meta até 2018 que todos os ônibus de São Paulo devem rodar com outras fontes de energia.

A Volvo está desenvolvendo o Projeto Brasil. Trata-se de um ônibus híbrido, aliando tecnologia, economia e meio ambiente, com a perspectiva de reduzir em até 35% a emissão de CO². A ideia é que em 2012 já esteja circulando o primeiro

A Scania assinou com a

prefeitura de São Paulo acordo

para formar a primeira frota

de ônibus com combustível

renovável do país

A Volvo desenvolve um ônibus

híbrido, aliando tecnologia,

economia e meio ambiente, com

a perspectiva de reduzir em até

35% a emissão de CO²

Cases de experiências sustentáveis na Suécia por meio do SymbioCity

Distrito modelo

- Nos anos 1990 o governo sueco criou o distrito modelo Hammarby Sjöstad numa antiga área em que já existiram outros projetos de cais e docas. As primeiras fases da construção foram finalizadas em 2000 com 11 000 apartamentos, 25 000 habitantes e 35 000 locais de trabalho. O distrito é hoje famoso por sua abordagem de planejamento integrado em que cada aspecto foi desenvolvido tendo em mente o todo. Os principais exemplos são: sistemas automáticos subterrâneos de coleta de lixo; o aquecimento e o resfriamento distritais são abastecidos parcialmente pela coleta de lixo local e por trocadores de calor em tratamento de água; água aquecida e eletricidade geradas por energia solar; biogás oriundo da água de esgoto doméstico e residual e construções eficientes com janelas de vidro duplo, telhados ecológicos etc.

Água não é problema - O tempo em que água era problema em Estocolmo é coisa do passado. Somente com o lago Mälaren e outros ao redor da cidade, foram gastos mais de três décadas para a limpeza dos mananciais das águas residuais domésticas, da poluição industrial e do rolamento dos sistemas de tráfego. As técnicas de tratamento se mostraram tão sofisticadas que até mesmo a água residual doméstica pode servir como recurso para a produção de água potável.

Economia de energia

- No distrito de Malmö, perto de Gothenburg, uma área suburbana com 255 apartamentos dos anos 1970 está sendo restaurada de modo que os custos com energia sejam reduzidos pela metade. As construções novas utilizam técnicas de isolamento levando em conta as chamadas obras de energia passiva, nas quais as únicas fontes de energia de calor são os aparelhos domésticos e o próprio calor dos moradores. Nas construções, desde janelas com vidros triplos a até a economia no aquecimento da água são otimizadas a partir do cálculo do ciclo de vida dos custos de manutenção.

Lixo como riqueza

- Atualmente menos de 20% do lixo doméstico na Suécia é depositado em aterros. Em Estocolmo, 75% de todo o lixo é coletado para reciclagem ou é usado como combustível. No lixo doméstico esse percentual sobe para 95%.

aquecimento como energia

- Na fábrica Iggesund Paperboard, de papelão, conseguiu-se reduzir em 75% a utilização do consumo de combustível fóssil substituindo pelo aquecimento do lixo. Nos próximos anos a intenção é substituir em 100% o consumo fóssil. O lixo é oriundo dos processos industriais da própria empresa em todas as suas instalações, desde a produção aos escritórios.

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11Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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Ceará

N o mundo globalizado atual, no qual velocidade, pro-cessamento e transmissão de dados são fatores compe-titivos, praticamente todos os negócios têm de contar

necessariamente com algum nível de tecnologia de informa-tização e comunicação (TIC) se quiser prosperar. É o que determina o boletim Radar do Instituto de Pesquisa Econô-mica Aplicada (Ipea) ao afirmar que para continuar crescen-do o Brasil precisa ampliar os investimentos em TICs, que incluem setores como equipamentos e serviços tecnologica-mente avançados de informática e de comunicação.

Essas tecnologias contribuem de forma significativa para os ganhos de produtividade em todos os setores da econo-mia e têm importância estratégica para o desenvolvimento

Para dotar o estado de infraestrutura capaz de enfrentar os novos desafios digitais, governo, prefeitura de Fortaleza e empresas de base tecnológica investem em tecnologia da informação e comunicação

de um país. De acordo com o documento, elas são respon-sáveis por parcelas importantes dos esforços privados em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O estudo do Ipea cita os Estados Unidos como referencial, onde as empresas de TICs respondem por cerca de 35% do total de P&D realiza-da pelas unidades privadas do país.

Em termos de América Latina (AL), nos últimos anos, esse diagnóstico vem se solidificando de forma sustentável e já apresenta números de destaque mundial. Estudo da con-sultoria Gartner Research aponta que a AL foi o segundo principal destino para investimentos em TIC em 2010, com gastos superiores a US$ 260 bilhões, 4,4% a mais do que há dois anos. Para a empresa, o ritmo deverá continuar em

ascensão até 2014, quando o volume alcançará US$ 326 bilhões em investimentos.

Segundo a consultoria, desse total, a pre-visão é que o Brasil tenha fechado 2010 com cerca de US$ 100 bilhões de aportes em TIC, o que representa 9,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Até 2014, o país deverá chegar a US$ 128 bilhões em gastos na área, 10,3% do PIB. Para 2011, pesquisa do Estudo de Tendências de Investimentos, do Instituto Sem Fronteiras (ISF), prevê que os investimentos em TIC de-vem crescer a taxas maiores que 10%. Os cál-culos vislumbram um aumento de 10,3% nos investimentos. Das mais de 700 empresas que responderam à consulta, 65% pretendem ele-var o montante de investimento em tecnologia nas suas organizações.

Essa previsão de crescimento é resultado de um ano de recuperação, já que o investimen-to em TIC cresceu 10,5% em 2010 em relação a 2009, quando a crise econômica fez a taxa chegar a 2,4%. Ainda segundo o levantamen-to, o mercado corporativo, sozinho, fará inves-timentos que devem chegar a R$ 61,9 bilhões em 2011, e os projetos de Business Intelligen-ce (ferramentas para coletar, analisar e extrair informações) deverão receber a maior parcela dos investimentos neste ano que começa.Desafio digitalNo Ceará

P or aqui, a carta na manga do governo estadual para entrar com força na era da tecnologia é o projeto Cinturão Digital.

Iniciado em 2008, o programa, que busca promover a inclusão digital de todo o estado, está funcionando em regime experimental. O empreendimento tem um aporte financeiro de R$ 65 milhões e deverá contemplar as sedes de todos os 184 municípios cearenses.

O empreendimento é uma gigantesca rede de banda larga de alta velocidade, com extensão de cerca de 3 000 quilômetros de fibra ótica, a maior e mais veloz rede pública do Brasil, cobrindo 90% da população urbana cearense a uma velocidade de conexão de 10 Gbps (10 000 vezes um Mps – megabite por segundo). Antes do cinturão, as conexões compartilhadas iam até 16 Mps. O projeto permitirá a interligação de escolas, hospitais, postos de saúde, delegacias e demais órgãos públicos. A transmissão inclui sinal sem fio e

tecnologia WiMax, além de transmissão via rede elétrica, tecnologia conhecida como Power Line Communication (PLC), caracterizada como uma tecnologia de radiofrequência.

Testes realizados em 22 de dezembro passado mostraram que nos municípios de Sobral e Morada Nova foi possível baixar um filme de duas horas de projeção em apenas 30 segundos no ponto central da rede. Nas duas cidades, os órgãos do governo do estado estão conectados por meio de rádio Wimax. Em breve, será realizado leilão de concessão de parte da infraestrutura para empresas privadas que explorarão serviços digitais. Em contrapartida, as empresas cobrirão o custeio de manutenção e a atualização tecnológica da rede.

Em artigo publicado no jornal O Povo, o governador Cid Gomes diz que o Cinturão Digital se justifica, ainda, pela economia que vai representar aos cofres públicos. Segundo ele, o Ceará tem uma despesa anual de R$ 30 milhões com telefonia e internet. “Se levarmos em consideração apenas os custos financeiros, somente com a redução das despesas com telecomunicações o investimento do Cinturão Digital estará pago em apenas dois anos”, sustenta.

Cid Gomes afirma também que o governo do estado não tem intenção de explorar o empreendimento comercialmente. “Nosso objetivo é licenciar empresas operadoras e provedoras de internet para que elas ofereçam à população, a preços acessíveis, serviços de acesso à internet de alta velocidade.” Ele prevê que a ação vai estimular o surgimento e o fortalecimento de pequenos provedores privados, abrindo novas oportunidades de negócio e de alternativa econômica para o interior do estado.

Nosso objetivo é licenciar

empresas operadoras e provedoras de internet para que elas ofereçam à população mais serviços de acesso à internet de alta velocidade.

Cid Gomes, governador do Ceará

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A UTD funciona nas

dependências do Cine São

Luiz, no Centro de Fortaleza

Com o Cinturão Digital

haverá a oferta de

novos serviços

Na prática, segundo o presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Fernando Carvalho, gestor da iniciativa, entre os benefícios do Cinturão Digital à população está a oferta de novos serviços e uma significativa redução nos valores de acesso à internet, além da economia, como defende o governador, com gastos de telecomunicações na conta do governo. “As cidades não receberão apenas sinal de internet, mas estarão prontas para usar mais recursos de telefonia celular, videoconferência, acesso 3G e TV por assinatura digital, entre outras tecnologias”, explica Carvalho.

Em termos de gestão pública, as áreas mais impactadas serão segurança, saúde e educação. Em Fortaleza, devem ser ampliados, por exemplo, os serviços de câmeras de vigilância. Nos hospitais, pretende-se investir em projetos de telemedicina, com novos recursos como prontuário

eletrônico e transmissão de exames e imagens médicas. Dessa forma, haverá a possibilidade, por exemplo, de ouvir a opinião de médicos em outras cidades, evitando o deslocamento de pacientes.

Na educação, a obra será usada no ensino a distância, principalmente em cidades em que o estado tem poucos professores especializados, como química, física e biologia. O Cinturão Digital vai funcionar a partir de um modelo de negócios sugerido pelo governo e a manutenção será feita com a ajuda de empresas privadas, selecionadas por meio de licitação, que poderão obter o direito de uso das fibras e oferecer serviços para cobrir o custeio da infraestrutura. O governo estadual será responsável por levar a internet a órgãos públicos, escolas, hospitais e postos de saúde. Segundo Carvalho, empresas como Oi, Embratel, Claro, Vivo e GVT, entre outras, estão interessadas em explorar o serviço.

Mão de obra

I naugurada em julho de 2010, uma iniciativa do governo do estado denominada Universidade do Trabalho Digital (UTD) faz parte do leque

de ações complementares ao Cinturão Digital que visam dotar o Ceará não apenas de recursos técnicos, mas também de mão de obra qualificada para atuar na expansão dos serviços de TICs. O projeto é uma parceria entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece) e o Instituto Centec. Funciona nas dependências do prédio do Cine São Luiz, no Centro de Fortaleza.

A UTD foi criada para realizar qualificação profissional na área de tecnologia da informação, promover inserção no mercado de trabalho e apoiar empreendimentos e ideias criativas para gerar negócios e dinamizar a economia. Em seis meses, a UTD capacitou centenas de jovens em cursos de formação especializada em tecnologia da informação. Todos os cursos são gratuitos e oferecem conteúdos avançados com 360 horas de aula em PHP avançado, Linux avançado, Java avançado, design gráfico, suporte e banco de dados, conectividade e segurança da informação e design de jogos.

Os cursos são voltados a jovens entre 16 a 29 anos, alunos da escola pública ou egressos que tenham feito algum curso anterior de informática, sendo 20% das vagas destinadas a estudantes do 4º semestre da área de tecnologia da informação de universidades ou cursos tecnológicos. A UTD também oferecerá cursos gratuitos para formação básica nas ferramentas do BR Office (software

Prefeitura

E m Fortaleza, a prefeitura e a Câmara Municipal dispõem do Projeto de Lei 9585, aprovado em dezembro de 2009, que cria

o Polo Tecnológico de Fortaleza (PTFOR) e o Polo Criativo de Fortaleza (PCFOR). A iniciativa, que pretende lançar o segundo centro tecnológico destinado à área de TIC do Nordeste (o primeiro fica em Recife), visa atrair para certas áreas da cidade empresas que desenvolvam atividades econômicas de base tecnológica e cultural.

De acordo com o autor da lei, vereador Guilherme Sampaio, as empresas investidoras serão beneficiadas por meio da concessão de incentivos fiscais, mediante a prestação de contrapartidas socioeconômicas por parte dos beneficiários. “Nossa intenção é atrair empresas via redução do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)”, explica Sampaio.

Na prática, a lei determina redução de 50% a 100% do IPTU. Caso haja a aquisição do imóvel, a redução do ITBI pode variar de 80% a 100%. Os serviços produzidos ou oferecidos serão contemplados com a redução de 60% do ISS. A novidade aqui é que o empreendedor depositará 30% da redução do ISS no Fundo Municipal de Juventude para financiar políticas sociais voltadas à capacitação de jovens.

Em contrapartida, a prefeitura, que conta com o apoio do governo do estado, promoverá uma série de ações que incluem a capacitação tecnológica e profissional de jovens e adultos, a valorização e qualificação urbana de imóveis de interesse público e o redirecionamento produtivo de áreas territoriais do município. As zonas escolhidas para a implantação dos polos foi o Centro de Fortaleza e os entornos do Centro Dragão Mar e da Avenida Francisco Sá. Os empreendimentos que desejarem participar do Polo Tecnológico ou do Polo Criativo

livre), além de apoio ao desenvolvimento de projetos que visem ao empreendedorismo em tecnologia da informação.

Nessa modalidade, serão apoiados dez projetos durante cinco meses. Serão selecionados 30 alunos, sendo três por cada projeto inscrito por um professor com equipe com três alunos. Cada aluno terá direito a uma bolsa e cursos de empreendedorismo de 60 horas. Ao final dos cinco meses, caso o projeto avance, será incubado em uma empresa parceira do projeto.

devem submeter seus projetos a uma comissão da prefeitura, que avaliará se eles realmente se enquadram nos parâmetros exigidos.

Prometidos para sair do papel neste ano, os polos de tecnologia de Fortaleza devem significar uma participação maior da capital cearense no cenário nacional de TIC. Pelo menos é isso que espera o empresário Ricardo Liebmann, da Secrel. “Cremos que o Polo Tecnológico e o Polo da Indústria Criativa de Fortaleza representarão um estímulo ao crescimento do setor. O apoio dos governos locais à área de TIC, traduzido no efetivo funcionamento desses polos, é fundamental para reduzirmos as vantagens de nossos concorrentes de outras localidades, com seus polos em pleno funcionamento e por estarem em mercados maiores”, destaca Ricardo.

A Prefeitura de Fortaleza garante que nos últimos seis anos vem trabalhando na inclusão social e digital, com ações voltadas para a juventude. Uma delas é o Proinfor, cujo objetivo é qualificar e inserir os jovens no mercado de trabalho na área de informática. O programa é destinado a jovens e adultos oriundos de escolas públicas, a partir da 9ª série do ensino fundamental. O Proinfor tem a duração de um ano e é composto por cursos na área do Linux, BR Office, internet, Web Designer, Rede de Computadores, Hardware e Programador. Outro destaque é a Cooperativa Pirambu Digital. Realizada em parceria com o Cefet, a iniciativa beneficia jovens carentes da comunidade e é reconhecida internacionalmente, tendo representado o Brasil em um intercâmbio de experiências de inclusão digital com a África do Sul e a Índia.

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Sucesso

O Ceará está entre os quatros estados brasileiros nos quais o governo mais investe na

modernização da máquina pública por meio da tecnologia da informação. Dados mostram que os investimentos em TIC no Ceará vêm crescendo a uma taxa anual de 13%. Só em 2009, o estado contou com um orçamento de mais de R$ 150 milhões.

Em 2010, segundo o diretor de Tecnologia e Eventos do Grupo de Gestores em Tecnologia da Informação e Comunicação do Ceará (GGTIC/CE), Manoel Ribeiro, os investimentos das empresas cearenses em projetos de Tecnologia da Informação e Comunicação alcançaram valores próximos a R$ 300 milhões. Para Ribeiro, esse montante prova que “os empresários cearenses já descobriram que soluções personalizadas em tecnologia reduzem custos e tornam eficiente a cadeia produtiva”.

Números como esses, acompanhados de outros dados sobre o crescimento da economia cearense, são justificativas para que empresas de outros estados e até de fora do país invistam no Ceará. Uma delas é a BRQ IT Services, que chegou a fechar em 2008, com o Banco do Nordeste, o maior contrato de prestação de serviços em TIC no Ceará, no valor de R$ 26,5 milhões. A empresa abriu recentemente uma fábrica de software na capital cearense, ampliando seus pontos de presença que incluem Nova York e Madri. Outra companhia, a iFactory, também montou sua fábrica de software em Fortaleza e atualmente trabalha no projeto de uma unidade em Quixadá com a intenção de transformar a cidade do sertão central cearense em um polo de profissionais de tecnologia.

Oportunidades como essas têm criado vagas de empregos além do que o mercado local estava preparado para suprir. Em 2009, em plena recuperação da crise econômica mundial, o segmento de TIC no Ceará contabilizava pelo menos 1 200 vagas não preenchidas para profissionais qualificados, segundo estimativa do Instituto Titan – que congrega as principais empresas cearenses de tecnologia. O quadro ainda não mudou.

Entre as empresas locais que contribuem para colocar o estado no quadro dos mais competitivos do país está o Instituto Atlântico. Trata-se de um centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico localizado no bairro Cidade dos Funcionários com dez anos de operação e taxa média de crescimento anual de 24%. Segundo José Eduardo Martins, superintendente do Instituto Atlântico, a empresa é responsável pela geração de mais de 200 postos de trabalho com mão de obra “altamente” qualificada.

Ele afirma que essa taxa média está “bem” acima da anual do setor de tecnologia da informação no Brasil na produção de hardware, software e serviços, situada em torno de 10%, segundo indicadores do Instituto Gartner. O Atlântico possui, ainda, o selo CMMI5 do Software Engineering Institute (SEI) e está entre as melhores empresas para trabalhar no Brasil, segundo a revista Você S.A./Exame.

Em Fortaleza, são nove laboratórios que desenvolvem programas para diversos setores, desde sistemas operacionais até tecnologia de celulares e programas que rodam em sistemas nos Estados Unidos, Ásia e Europa. Além da capital, o Instituto possui filiais em Sobral e na cidade de São Paulo. Genuinamente cearense, seus profissionais – engenheiros, analistas de sistemas e programadores – fornecem soluções tecnológicas para empresas de porte global como a norte-americana HP, a sueca Sony Ericsson e os grupos financeiros Santander, da Espanha, e HSBC, da Inglaterra.

Outra empresa cearense que exporta tecnologia de TIC para diversos estados é a Secrel, do empresário Ricardo Liebmann. Com 20 anos de atividades, em 2009, a instituição se associou à Formacenter, criando a Botployee Consultoria em Automação e Software S/A, entidade com tecnologia de padrão mundial para a automação de processos organizacionais, detentora de recursos de inteligência artificial voltados para ampliar e melhorar serviços e reduzir custos de empresas de todos os portes.

Atualmente, o sistema integrado ERP, batizado de Nexgen, e o HospLivre, software de gestão de hospitais, são as atrações da empresa no mercado de TIC. O primeiro levou três anos de estudos em tecnologia em web para ficar pronto e tem foco exclusivo em empresas comerciais. O HospLivre, que contou com apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), resultou na criação da empresa Avicena Sistemas de Saúde Ltda., voltada para soluções de inteligência para o setor.

Instituto Titan congrega as principais empresas cearenses de tecnologia

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), instituição compo-nente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC), iniciou este ano a segunda

edição do projeto desenvolvido em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) voltado a incentivar a inicia-ção tecnológica nas micro e pequenas empresas. O projeto oferece bolsas de estudo a egressos dos centros de ensino no estado para apoiar a disseminação do conhecimento tecno-lógico. A ideia, explica Aurineli Freitas, gerente da Área de Estágio e Novos Talentos do IEL/CE, é estimular a interação entre as unidades de ensino e as micro e pequenas empresas, incentivando a transferência de conhecimento e sua aplica-ção nas atividades dessas unidades fabris.

Iniciado em 2009, o projeto procura sensibilizar as em-presas a aderir à metodologia desenvolvida no trabalho. De acordo com Leila Cristiane de Alcântara Ferreira, analista da Área de Estágio e Novos Talentos do IEL, o processo de sen-sibilização se baseia nas demandas da própria empresa em relação aos seus gargalos e às possibilidades de superá-los. Com tal informação a seu dispor, o IEL passa a articular com os centros de ensino a busca por professores e estudantes que se adequem à necessidade do empreendimento.

A cada edição, a entidade seleciona 30 projetos para se-rem desenvolvidos. Cada um corresponde a uma empresa, tendo um professor-orientador e um aluno a ser acompa-nhado. Como as demandas das empresas são específicas,

Conhecimento tecnológico

A ideia é estimular a interação entre as unidades de ensino e as micro e pequenas empresas, incentivando a transferência de conhecimento e sua aplicação em suas atividades

IEL inicia 2ª edição de projeto com BNB

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Antônio Mailton

Mendonça Nunes

participou do projeto

na empresa Panebox

Rogério Frota: “Estágio

une a realidade do

mercado com a teoria da

universidade por meio de

casos práticos”

Aurineli explica que a escolha do aluno a ser orientado é do próprio professor. Segundo ela, ninguém melhor do que ele para indicar o estudante com capacidade para atender algo tão específico. A ação dura seis meses e inclui a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos feitos pelos alunos, sempre com acompanha-mento do professor-orientador.

A bolsa mensal para cada um dos 30 estu-dantes participantes do projeto é de R$ 400, paga pelo BNB ao longo de sua execução. Para fazer parte, eles devem estar regularmente ma-triculados em cursos de graduação ou superior tecnológico e apresentar bom desempenho aca-dêmico. Já os professores-orientadores, além de selecionar os bolsistas, devem elaborar, em con-junto com os empresários, o plano de trabalho e supervisionar a atuação dos jovens estudantes. As empresas contempladas terão de dar contra-partida simbólica de R$ 65,00 por mês.

Em 2009, o projeto de iniciação tecnológica IEL/BNB começou o trabalho com 30 empresas e, ao final dos seis meses previstos, concluiu o atendimento a 28 delas. As maiores demandas, diz Leila Cristiane, foram para a área adminis-trativa e ciências contábeis, com seis projetos cada. Outros setores atendidos pelo projeto foram publicidade e propaganda, marketing, engenharia da produção, informática, design, química, gestão ambiental, inovação tecnoló-gica, engenharia mecânica, comércio exterior, eletromecânica e tecnologia de alimentos.

Para 2011, as 30 empresas participantes con-templam demandas nas áreas de ciências contá-beis, engenharia de pesca, engenharia de produ-ção, marketing, informática, engenharia elétrica, administração, publicidade e propaganda e en-genharia de teleinformática. Nesta edição, o cur-

so de engenharia de produção foi o mais deman-dado, com oito empresas interessadas. Por outro lado, as áreas administrativa (um projeto) e de ciências contábeis (dois projetos) não repetiram a demanda do ano de 2009, quando apareceram no topo com seis projetos.

Aluno do 7º semestre da Faculdade Marista do curso de Publicidade e Propaganda, Antônio Mailton Mendonça Nunes participou do projeto na empresa Panebox – Panificadora e Confeita-ria Ltda. Antes refratário à ideia de estágios, ele destaca que o período de seis meses no projeto foi uma das melhores experiências que viven-ciou. O resultado pode ser confirmado pela con-tinuidade do trabalho na Panebox por mais seis meses a pedido dos proprietários. Mailton diz que a metodologia adotada permitiu não só am-pliar conhecimentos, mas também enfrentar si-tuações que ocorrem todos os dias na profissão.

Já o professor-orientador Rogério Frota Lei-tão, da Faculdade Christus, ressalta que o está-gio une a realidade do mercado com a teoria da universidade por meio de casos práticos deman-dados pelas próprias empresas. Além disso, lem-bra, permite que o estudante se familiarize com problemas que ele tem de resolver a partir de ou-tros conhecimentos acumulados. Rogério, que é professor na área de custos, encaminhou a aluna Cleane Ramos Paulinho para uma empresa de beneficiamento têxtil. Ali, destaca, os próprios donos e os funcionários se mostraram céticos quanto a resultados positivos por causa de ex-periências anteriores. Agora, queriam a elabora-ção de um programa que mensurasse os custos dos processos de produção em determinadas etapas. Ao final, sublinha Rogério, a empresa se mostrou satisfeita, tendo adotado as soluções de mudança de rotina propostas no trabalho da es-tagiária. Hoje, Cleane trabalha em uma empresa que também atua na área de custos.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), entidade do Sistema FIEC, vai iniciar em março um trabalho dentro do programa Jovem

Aprendiz em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A iniciativa será desenvolvida com três turmas em Fortaleza e Juazeiro do Norte (região do Cariri). Segundo Iêda Evaristo, pedagoga da SENAI envolvida com o projeto, os cursos são de assistente administrativo e deverão durar dois anos. O público-alvo são jovens com idade entre 14 e 24 anos. A seleção para participação é feita pelos Cor-reios, cabendo ao SENAI aplicar a metodologia de ensino.

A parceria do SENAI com os Correios faz parte de uma ação nacional que visa preparar 4 355 jovens para o mercado de trabalho. O acordo foi assinado em janeiro de 2011 e, além do SENAI, inclui na iniciativa o Sistema Indústria, por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Serviço

SENAI e Correios formarão 4 355 jovens aprendizes

Social da Indústria (SESI) e do IEL. Durante o curso, os jovens terão aulas de comunicação e informação, gestão organizacio-nal, matemática, organização de documentos e arquivamento, entre outras disciplinas. A carga horária é de 20 horas sema-nais, sendo oito de aulas no SENAI e 12 desempenhando a atividade profissional nos Correios.

Nas cinco primeiras semanas, os jovens receberão uma preparação básica integral no SENAI, quando terão orien-tações sobre a vida profissional, ética e cidadania. Ao fi-nal do treinamento, eles estarão preparados para atuar em empresas públicas e privadas, com a execução de rotinas administrativas, organização de documentos e apoio lo-gístico. Os jovens a serem atendidos no Brasil estão distri-buídos por 116 localidades. O programa Jovem Aprendiz faz parte da política para a juventude do governo federal, tendo sido criado pela Lei 10 097/2000.

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Oestado do Ceará esteve muito próximo de superar em 2010 o seu recorde de exportações. Mesmo ten-do de enfrentar obstáculos como a oscilação cons-

tante do câmbio, a comercialização dos produtos cearenses no mercado internacional totalizou US$ 1,269 bilhão. A maior marca em termos de valores exportados ainda per-tence ao ano de 2008, quando as vendas alcançaram US$ 1,276 bilhão. Na comparação com 2009, o aumento nas exportações foi de 17,5%. Em um ano caracterizado pela

retomada do crescimento, o desempenho das exportações cearenses só não foi melhor por causa da desvalorização do dólar, que afetou a competitividade de diversos setores. Outro problema foi a redução de demanda, registrada em alguns mercados consumidores.

Para este ano, o superintendente do Centro Interna-cional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Eduardo de Castro Bezer-ra Neto, afirma que não é possível fazer estimativas sem

Após retomar a trajetória de crescimento em 2010, nosso estado se prepara para dar continuidade à evolução do seu desempenho no comércio internacional. A FIEC, por meio do CIN, está pronta para apoiar as empresas

Ceará na rota certaComércio exterior

Ano Valores exportados Var.(%)

2000 US$ 495.338.674 33,4

2001 US$ 527.668.107 6,5

2002 US$ 545.023.335 3,3

2003 US$ 762.602.719 39,9

2004 US$ 861.567.940 13,0

2005 US$ 933.589.116 8,4

2006 US$ 961.874.415 3,0

2007 US$ 1.148.357.273 19,4

2008 US$ 1.276.970.342 11,0

2009 US$ 1.080.166.034 -15,3

2010 US$ 1.269.498.551 17,5

conhecer o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países que integram a União Europeia. “A variação no PIB desses países é que irá determinar o nível de aumento ou queda da demanda”, diz. Por outro lado, ele prevê que a liderança das exportações do Ceará deverá continuar com os setores de calçados, castanha de caju e couros.

Ao longo de 2011, o superintendente do CIN garante que a FIEC continuará a apoiar tanto os exportadores que pla-nejam ampliar sua participação no comércio internacional, quanto os empresários que ainda não exportam, mas pre-tendem prospectar a inserção de seus produtos no exterior. “Há mais de 11 anos o CIN contribui para a mudança de atitude do empresariado nas suas relações com o mercado externo, trabalhando para a criação de uma mentalidade voltada ao comércio exterior”, sublinha Eduardo Bezerra.

Segundo ele, o CIN se reestruturou e, a partir de 2011, passa a incluir novos produtos e serviços no seu portfólio. “A globalização da economia é feita em múl-tiplas direções e o CIN está evoluindo para essa multi-dimensão das relações internacionais, que não podem restringir-se às exportações, mas incluem importações, compras de equipamentos, transferência de tecnologia e consórcios de negócios”, ressalta o superintendente. Entre as novidades do órgão, destaca o apoio à inter-nacionalização de investimentos das empresas cearen-ses, além de continuar a organizar missões empresariais com foco na aquisição de bens de capital no exterior. Nesse último exemplo, o objetivo é modernizar o pro-cesso produtivo das indústrias para torná-las mais com-petitivas nos mercados interno e externo.

Exportações do Ceará

Fonte: MDiC

POR DAvID NEGREIROS

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| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro de 201120 21Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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com fornecedores para fechamento de negócio em médio/longo prazo. As importações serão feitas em regime de cooperação, representando ganhos logísticos e maior margem de negociação com os fornecedores chineses. Em outubro, foi a vez de um grupo ligado ao Sindicato das Industrias de Calçados e Vestuário de Juazeiro do Norte e Região (Sindindustria) ir à China e a Taiwan. Dezesseis empresários do setor calçadista, a maioria da região do Cariri, participaram de três feiras – entre elas a Canton Fair – para conferir novidades em máquinas e insumos.

Segundo a coordenadora do CIN/FIEC, Beatriz Bezerra, além de prospectar a aquisição de maquinário a preços competitivos, os cearenses tiveram a oportunidade de conhecer os concorrentes asiáticos. “Eles puderam constatar in loco o desafio que é competir com os produtos da China e de Taiwan, dois grandes exportadores de calçados”, afirma Beatriz.

Outro serviço oferecido pelo CIN com boa aceitação em 2010 foram os cursos de capacitação em comércio exterior: mais de cem pessoas participaram de seis diferentes treinamentos. A ideia é propiciar às empresas um ambiente de aprendizagem intensiva em temas relacionados ao mercado externo e agregar valor a seus processos de inserção internacional. Para 2011, a previsão é realizar sete cursos de curta duração, cujos temas serão definidos a partir das demandas do empresariado. Informações: (85) 3421-5420.

Canton Fair, na China

Novos mercados

Eduardo Bezerra revela que o estado do Ceará está abrindo três novas frentes

de mercado na Europa em 2011: Polônia, Suécia e Bélgica. Haverá prospecções nesses países a fim de identificar oportunidades de negócio para as empresas cearenses. “No caso específico da Polônia, o país passa por uma situação melhor do que as demais nações europeias. Apesar da crise internacional, a economia polonesa cresceu 4% nos três primeiros trimestres do ano passado”, afirma.

Ainda com foco em mercados internacionais, o CIN definiu seu calendário preliminar de missões empresariais para 2011 focado na prospecção de negócios e participação em feiras. Até o fechamento desta edição da Revista da FIEC, foi confirmada a organização de comitivas à Bélgica, à região da Galícia (Espanha) e a Dunkerque (França), além das missões que serão realizadas em parceria com a Rede CIN da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Outras missões devem ocorrer a partir de demandas dos sindicatos ligados à Federação.

Explica Eduardo Bezerra que a participação nessas viagens proporciona ao empresariado a oportunidade de conhecer pessoalmente as melhores práticas internacionais e discutir face a face oportunidades de negócio. Em 2010, a FIEC articulou seis missões empresariais, além de ter auxiliado entidades parceiras na organização de outras quatro comitivas. No total, 72 empresários cearenses foram ao exterior prospectar negócios. Entre as missões articuladas, destaque para as que tiveram como destino as feiras Alimentária (Barcelona), Filda (evento multissetorial em Angola) e Canton Fair (China), para onde foram dois grupos.

Em abril, 21 empresários ligados ao Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do Ceará (Sindquímica), além de seis participantes de outros setores, participaram da 107ª edição da Canton Fair. Os industriais foram prospectar a aquisição de máquinas, equipamentos e matérias-primas. Cerca de 33% dos participantes fecharam negócios durante a missão e 91% fizeram contatos

A pesar de ter sido o epicentro da crise que abalou o mun-do em 2008, os Estados Unidos da América (EUA) con-tinuam como principal parceiro do Ceará no comércio

internacional. O mercado norte-americano é o principal des-tino dos produtos cearenses no exterior e ocupa o segundo lugar na lista de países de origem das nossas importações. No ano passado, as exportações do Ceará para os EUA totalizaram US$ 344,8 milhões até o mês de novembro. Esse valor repre-sentou 30,3% das vendas internacionais do estado até aquele momento. No mesmo período, as importações de produtos da terra do Tio Sam ficaram em US$ 197,7 milhões.

As relações entre os dois mercados, entretanto, não se restringem à compra e venda de mercadorias. Há empresas instaladas em território cearense que são ligadas a corpora-ções norte-americanas, a exemplo da Rigesa, subsidiária da MeadWestvaco Corporation. Mais recentemente, o empresa-riado do Ceará passou a ser um player proativo internacional-mente e já existe indústria de DNA cearense – no caso a San-tana Textiles – investindo na construção de fábrica nos EUA.

Em virtude desse relacionamento consolidado e com vis-tas a fortalecê-lo, os EUA demostraram interesse em instalar uma Câmara Americana de Comércio no Ceará. A informa-ção foi repassada no final de dezembro do ano passado ao presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, pelo cônsul dos EUA em Recife, Christopher Del Corso. Uma vez concre-tizada sua instalação no estado, a câmara dará impulso extra aos negócios entre as duas partes. A expectativa é que haja uma intensificação das trocas comerciais e um maior número de associação entre empresários do Ceará e dos EUA.

Outra prova de que as relações entre norte-americanos e cearenses estão consolidadas foi o convite da Embaixada dos EUA à analista do CIN, Ana Karina Frota, para ir ao país em viagem de trabalho no mês de dezembro último. Duran-te 21 dias, ela participou de reuniões com representantes de instituições públicas e privadas, como o Departamento de Comércio, a USTDA (agência que visa promover o cresci-mento econômico e os interesses comerciais dos EUA nos países em desenvolvimento), Banco Interamericano de De-senvolvimento e o Departamento de Estado (assessora o presidente na formulação e execução da política externa). O objetivo foi conhecer o funcionamento dessas entidades e abrir as portas para parcerias abrangentes ou pontuais, con-tatos para negócios etc.

“A experiência foi rica e certamente muda a perspectiva com que passamos a olhar para os Estados Unidos, nos permi-tindo criar um novo direcionamento nas nossas ações diárias e estratégicas”, afirma Karina Frota. A expectativa é que o apren-dizado trazido pela representante da FIEC contribua para a instalação da Câmara de Comércio Americana no Ceará.

EUA querem fortalecer relações de negócios com o CE

A s exportações brasileiras fecharam 2010 no maior nível da história. As vendas externas atingiram US$ 201,9 bilhões no ano passado, superando o recorde de

US$ 197 bilhões registrado em 2008. As importações tam-bém foram recorde com US$ 181,6 bilhões. O maior resul-tado das compras externas havia sido igualmente em 2008, com US$ 172,9 bilhões.

Em 2011, as exportações brasileiras deverão crescer em ritmo próximo ao do ano passado, de acordo com estudo da CNI. A entidade ainda estima um menor crescimento das im-portações: o ritmo de expansão da importação cairá de 35,6% em 2010 para 23,3% em 2011. Por causa disso, a contribuição do setor externo na variação do PIB cairá de 2,7 pontos per-centuais em 2010 para dois pontos percentuais em 2011.

Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, o Brasil acertou ao buscar novos parceiros comerciais no merca-do internacional, como a China e o Irã, mas perdeu espaço em mercados onde já atuava por causa da falta de competitividade.

“Abrir novos mercados, como na África e no Irã, faz parte da política internacional e da busca de alternativas de mercado. O que não podemos é perder mercados onde já estávamos por-que, no comércio internacional, existe uma grande dificuldade para recuperá-los”, avalia Robson Andrade.

Ele considera ainda que o crescimento da participação de parceiros comerciais como a Argentina e a China é importan-te, ainda que os chineses comprem muitos produtos primá-rios. “Qualquer exportação é importante, tanto a de commo-dities quanto a de manufaturados de valor agregado”, arremata o presidente da CNI.

Brasil: exportações devem manter ritmo

2008 US$ 197 bilhões

2009 US$ 153 bilhões

2010 US$ 201,9 bilhões

Exportações brasileiras

A experiência nos Estados Unidos foi

rica e certamente muda a perspectiva com que passamos a olhar para o país.Karina Frota, analista do CIN

“ “Fonte: MDiC

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C om mais de 400 000 dos cerca de 700 000 hectares plantados de caju no Brasil, uma participação estimada em 85% da

capacidade instalada de 450 000 toneladas na indústria de castanha nacional e tendo a amêndoa como o principal item da pauta de exportação do estado, o Ceará enfrenta o risco iminente de estagnação da cajucul-tura. Ano após ano, há perda sistemática de produtividade, que culminou com a quebra de mais de 60% da safra em 2010, fenôme-no impulsionado sobretudo por fatores cli-máticos. Sem matéria-prima suficiente para alimentar as empresas de beneficiamento da castanha in natura, a perspectiva é de para-lisação em massa do parque industrial já em maio, com a suspensão temporária dos con-tratos de 10 000 trabalhadores.

Quem alerta é o presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Casta-nha de Caju e Amêndoas Vegetais do Estado do Ceará (Sindicaju), Lúcio Carneiro. Se-gundo ele, os maiores entraves enfrentados no momento pela cajucultura no estado, considerando o cenário macroeconômico, são o câmbio, o sistema de tributação e a política salarial vigente. “Esses componen-tes apontam para a situação triste na qual se encontram as indústrias beneficiadoras. Temos um custo alto na área do processa-mento da matéria-prima e uma conjuntura contrária ao segmento. Necessitamos de de-soneração fiscal e das reformas previden-ciária e trabalhista, que não saem”, ressalta Lúcio Carneiro.

A boa performance das exportações de castanha de caju é fundamental para assegurar a sobrevivência do setor primário que não se sustentaria sem a indústria

Setor clama por incentivo e tecnologia

Cajucultura

No contexto da economia local, o empresá-rio diz que o setor enfrenta outros graves pro-blemas, como carência de investimento em inovação tecnológica, falta de verba e realiza-ção de diagnósticos paliativos. “A área onde é viável a substituição de copas dos cajueiros não ultrapassa 30% do total de hectares plan-tados. Isso não resolve o problema dos nos-sos pomares. Mas, mesmo assim, a promessa de verba para esse projeto é tão tímida que levaríamos cem anos para substituir todas as copas”, ressalta Lúcio Carneiro, que enxerga a redenção da cajucultura a partir da implan-tação de novas tecnologias, a exemplo do plantio de mudas de cajueiro anão precoce. “Mas será que haverá verba para isso? Exis-tem efetivamente interessados em investir na cultura do caju, diante de tantos pontos contrários?”, questiona.

O presidente do Sindicaju afirma que para o setor industrial, a curto prazo, só existem duas alternativas: ou o governo federal per-mite a importação de matéria-prima em pequeno espaço de tempo, gerando uma oferta permanente e em grande quantidade para suprir a capacidade do parque, ou efe-tiva a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), reservando nela uma área para plan-tas de empresas beneficiadoras de castanha de caju que quiserem se transferir para o lo-cal. Tais iniciativas devem estar associadas ao apoio aos produtores para implementar no-vas tecnologias. A médio prazo, Lúcio Car-neiro defende o reforço do plantio nacional, com ajuda aos microprodutores.

NÚMEROS DA CAJUCULTURA NO CEARÁ

Quantidade de produtores – 57 000

Municípios concentradores de plantio de cajueiro – 42

Produção safra 2009/2010 – 135 000 toneladas

Produção safra 2010/2011 – 50 000 toneladas

Fontes: CiN/CE e sindicaju

POR ÂNGELA CAvALCANTE

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Fatores climáticos como a

escassez de chuvas, altas

temperaturas e ventos fortes

agravaram o problema da

cajucultura em 2010

Não existe nada mais

cearense do que o caju.

Lúcio Carneiro, presidente do Sindicaju

“ “

Solução emergencial

V isando evitar o desemprego de aproximadamente 10 000 trabalhadores que atuam no processamento da castanha no

Ceará e a manutenção da cadeia produtiva do caju, que engloba no estado mais de 150 000 pessoas, o segmento busca uma solução emergencial oriunda dos governos, como a criação de um crédito prêmio de exportação ou um mecanismo

Produtores desestimulados

S em o incentivo dos governos, os produtores se sentem desestimulados e o cultivo do caju tende a desaparecer, apesar de sua

incontestável importância à economia cearense e nordestina. “O caju atualmente é a única cultura da entressafra no nosso estado e está se acabando. Será mais uma cultura a desaparecer...”, lamenta o presidente do Sindicato dos Produtores de Caju (Sincaju), Paulo de Tarso Meyer Ferreira. Ele reconhece que fatores climáticos como a escassez de chuvas, altas temperaturas e ventos fortes agravaram o problema da cajucultura no ano passado, mas lembra que muitas outras ações simples podem ser empreendidas para tornar a cultura do caju mais produtiva. “Nunca vi qualquer cultura ser produtiva sem nutrientes no solo. É preciso no mínimo limpar, podar, adubar, cortar os galhos para combater os fungos. Mas com o dólar baixo, o custo alto da energia e o peso dos tributos, o produtor acaba se desestimulando”, diz Paulo de Tarso.

Segundo ele, a cajucultura no Brasil sempre esteve à margem do uso de tecnologias, sendo esse o principal motivo da redução em sua

FIEC aponta soluções

O consultor Francisco Mavignier Cavalcante França, que está desenvolvendo um estudo sobre a cajucultura para o Instituto

de Desenvolvimento Industrial (INDI), órgão da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), aponta dez bandeiras para impulsionar a competitividade da cajucultura cearense, que englobam desde o investimento em pesquisa e inovação até a expansão da participação do estado nos mercados interno e externo.

semelhante, como o crédito presumido federal ou estadual. Lúcio Carneiro sugere que o crédito ou o prêmio utilize recursos provenientes de renúncia fiscal ou de um fundo soberano. “Só vejo esses dois caminhos para vitaminarmos as nossas exportações”, frisa.

Ele defende também a adoção de política de desoneração para o setor com o aproveitamento de créditos que há tempos não são devolvidos. “Poderíamos pagar a Previdência Social com créditos do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Essa seria outra forma emergencial de desonerar as empresas e dar competitividade”, propõe o empresário, para quem a boa performance das exportações de amêndoas é fundamental a fim de assegurar a sobrevivência do setor primário, o qual não se sustentaria sem a indústria. O industrial afirma que não imagina a economia do Ceará sem a cajucultura. “Não existe nada mais cearense do que o caju”, sublinha Lúcio Carneiro.

produtividade. “No estado do Ceará, chegamos a sair de 700 quilos/hectare, no início da década de 1970, para em torno de 250 quilos/hectare atualmente”, pondera. O titular do Sincaju defende que a solução para a cajucultura é o governo incentivar a substituição da copa dos cajueiros improdutivos pelo anão precoce – uma variedade de cajueiro de menor porte, com maior resistência e produtividade. “Existem 330 000 hectares de cajueiro em total extrativismo. É necessário ampliar o programa de substituição de copas. E o governo precisa ajudar o pequeno e o médio produtor também”, defende Paulo de Tarso.

João Baptista Ponte, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cajucultura e da Associação dos Cajucultores do Estado do Ceará (Ascaju), reforça a urgência de apoio institucional para ampliar a rentabilidade do cultivo de caju por hectare no país. “De acordo com os registros da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), a média de produção das plantações de caju no Brasil é de 347 quilos/hectare. Na Índia, a média estimada é de 691. No Vietnã, 1 978

e, na Nigéria, 2 706. “Se tivéssemos o mesmo nível de produtividade, com 300 000 hectares de cajueiros, teríamos uma produção de aproximada de 800 000 toneladas”, calcula João Baptista.

Em 2010, porém, as chuvas escassas e irregulares, além dos fortes ventos, ocasionaram o retardamento na fase de floração, reduzindo significativamente o processo de floração/frutificação, que resultou na quebra histórica da safra, culminando numa safra 2010/2011 em torno de 50 000 toneladas, com perda de aproximadamente 62% em relação à safra 2009/2010 (135 000 toneladas). De acordo com João Baptista, o Garantia Safra – uma ferramenta colocada à disposição pelo governo para compensar as perdas dos produtores – tem valor insignificante. “Para o pequeno produtor, R$ 600 pode ajudar, mas para o médio produtor não representa nada”, reclama, lembrando que essa não é a única limitação das ações governamentais: “Elas não estimulam o crescimento da cajucultura no país. Projetos de plantação de novos pomares e de mudança de copa têm como padrão a agricultura familiar”.

No âmbito estadual, João Baptista reconhece que o governo tem incentivado a substituição das copas, trocando as plantas de grande porte pelos cajueiros anões precoces, mas observa que o alcance do programa ainda é limitado. Pelo incentivo oficial, pequenos produtores podem adquirir as mudas do anão precoce e pagar com a produção após quatro anos. “Mas é para a agricultura familiar. O médio e o grande não têm esse incentivo”, denuncia. É por isso, afirma, que as florestas de cajueiro anão precoce só representam 10% da cobertura total no estado”, justifica o titular da câmara setorial do caju e da Ascaju, que propõe a criação de uma secretaria estadual do agronegócio para cuidar exclusivamente da área. “Essa secretaria seria um instrumento para atender às demandas de todos. Não só dos pequenos produtores, mas também dos médios e grandes”, completa. Conforme João Baptista, no Ceará existem 57 700 produtores rurais, ocupando uma área de 334 617 hectares.

as DEz banDEIras Da CajuCuLtura

1. Fomentar ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).

2. Utilização de tecnologias inovadoras viáveis.

3. Apoiar negócios inovadores.

4. Fortalecer os APLs de caju.

5. Priorizar os produtos e coprodutos consolidados e emergentes.

6. Fomentar a capacitação dos agentes produtivos.

7. Apoiar o empreendedorismo emergente.

8. Adotar novas estratégias empresariais.

9. Maximizar a utilização das políticas governamentais.

10. Expandir a participação no mercado interno e externo.

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Francisco Mavignier explica que o primeiro passo é fomentar ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Em segundo lugar, sugere a utilização de tecnologias inovadoras viáveis. As bandeiras seguintes são apoiar negócios inovadores, fortalecer os Arranjos Produtivos Locais (APLs) de caju, priorizar os produtos e coprodutos consolidados e emergentes, fomentar a capacitação dos agentes produtivos, apoiar o empreendedorismo emergente, adotar novas estratégias empresariais, maximizar a utilização das políticas governamentais e expandir a participação no mercado interno e externo.

O consultor sugere como ações imediatas, para atender às demandas mais urgentes dos agentes

Perfil do setor

O agronegócio do caju tem a sua fonte geradora no cajueiro, árvore típica do Nordeste, cultivada em cerca de 700 000

hectares distribuídos nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão e Bahia, proporcionando uma safra anual de castanha em torno de 320 000 toneladas.

A castanha de caju in natura é a matéria-prima utilizada pela indústria de processamento, que dela obtém a amêndoa de castanha de caju (ACC), e extrai o líquido da casca da castanha (LCC), produtos destinados à exportação.

Atualmente o Brasil ocupa o terceiro lugar na produção mundial de castanha de caju in natura, e também na oferta de amêndoas de castanha de caju, sendo amplamente reconhecido pela boa

produtivos da cajucultura cearense, a elaboração e execução de um programa de promoção e marketing do caju por meio de feiras, material de divulgação, trade shows, propaganda institucional, turismo, seminários etc. Outra iniciativa emergente sugerida é a criação de um portal do caju na internet, um jornal de periodicidade mensal.

Francisco Mavignier lembra que o cultivo do caju é uma das raras atividades agrícolas do Ceará, ainda competitiva e de importância econômica e social. Segundo ele, falta o produtor se motivar e investir na cultura de forma profissional. Ele arremata: o mercado é crescente e há potencial para se produzir 800 quilos de castanha por hectare, aproveitando o pedúnculo em sucos, doces e cajuína.

Falta o produtor

se motivar e investir na cultura de forma profissional.

Francisco Mavignier, consultor

“ “

qualidade de suas amêndoas e, principalmente, pela confiabilidade de seus fornecedores.

Na região Nordeste a cadeia produtiva do caju é responsável por mais de 300 000 empregos, distribuídos na atividade agrícola, industrial e serviços. O parque industrial é composto por 12 unidades processadoras, com capacidade de processar até 420 000 toneladas de ACC e 45 000 toneladas de LCC.

Dados do Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEC revelam que no ano passado as vendas externas cearenses de castanha de caju somaram US$ 182,01 milhões. Apesar da retração de 2,7% em relação às divisas obtidas em 2009 (US$ 187,02 milhões) e da queda no volume exportado no mesmo período

(de 38,49 milhões de quilos, em 2009, para 33,41 milhões de quilos, em 2010), o produto figurou na liderança da pauta de exportação do estado, com participação de 14,3% no total das vendas externas, que somaram US$ 1,26 bilhão.

No contexto dos setores exportadores, as vendas de amêndoa e do líquido da castanha de caju totalizaram US$ 191,07 milhões em 2010, colocando o segmento na vice-liderança das exportações cearenses, atrás apenas do setor de calçados, englobando produtos de couro, plástico e borracha. A comercialização externa de todos os esses tipos de calçados renderam ao estado no ano passado a soma de US$ 403,46 milhões.

Atualmente o Brasil

ocupa o terceiro

lugar na produção

mundial de castanha

de caju in natura

O Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), composto por membros da diretoria da

entidade e dos sindicatos filiados, aprovou no final do mês de novembro de 2010 as diretri-zes que nortearão o Mapeamento Estratégico e o Planejamento Operacional do Sistema FIEC para os próximos anos. As discussões em torno da construção do Mapa Estratégico da FIEC vêm se desenvolvendo há dois anos visando estabe-lecer um alinhamento com as diretrizes criadas pelo Mapa Estratégico da Confederação Nacio-nal da Indústria (CNI). O planejamento nacional aponta as prioridades que devem ser adotadas

pela indústria brasileira para que ela se torne mais forte e dinâmica e possa assegurar, até

o ano de 2015, uma inserção expressiva no comércio internacional.

Nesse sentido, o Planejamento Estratégico do Sistema Indústria implica objetivos comuns a todas as federações de indústria e enti-dades estaduais do Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Na-

cional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi

(IEL). A partir daí, a FIEC começou a estabelecer seus encaminhamentos, que,

ao final de dois anos de intensa participação e discussões entre suas Casas, sugeriram como

A intenção é deixar para o futuro um sistema profissionalizado para que o destino do Sistema FIEC se torne independente de quem esteja à sua frente

Conselho aprova diretrizes do Mapa Estratégico

Sistema FIEC

| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro de 201128 29Janeiro de 2011 | RevistadaFIEC 60 anos |

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principal novidade a elaboração dos indicadores de desempenho corporativo, procurando, assim, dar subsídios valiosos às tomadas de decisão na entidade. A aprovação das diretrizes do Mapa da FIEC (2010-2014) pelo Conselho de Repre-sentantes faz parte da primeira etapa do mapea-mento estratégico. A segunda fase consistirá no alinhamento de indicadores relativos aos objeti-vos e diretrizes estratégicos constantes dos ma-pas das Casas que constituem o Sistema FIEC (SESI, SENAI, IEL, Instituto FIEC de Responsa-bilidade Social – FIRESO e Instituto de Desen-volvimento Industrial – INDI).

A missão do Sistema FIEC, proposta no Mapa, é “promover a competitividade da in-dústria, intensificando o associativismo e a consolidação de um ambiente empresarial com excelência na gestão, contribuindo para o de-senvolvimento sustentável do Ceará”. Já a visão de futuro do Sistema FIEC, que é como a enti-dade quer ser reconhecida numa visão de longo prazo (cinco anos, no caso), é “ser referência na representação da indústria e na oferta de produtos e serviços de elevado valor agregado que promovam competitividade, liderando a criação de um ambiente favorável ao desenvol-vimento sustentável do Ceará”. De uma forma bastante didática, podemos dizer que a missão nos diz onde estamos e a visão de futuro nos aponta aonde queremos chegar.

A estratégia com vistas à execução da missão a que se propõe o Sistema FIEC, nos próximos anos, define quatro perspectivas a serem traba-lhadas: clientes, financeira, processos internos e pessoas & tecnologia.

Para o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, a fi-nalidade do Mapa Estratégico é construir o “nosso destino de for-ma estruturada e com a certeza de que possamos seguir adiante, in-dependente do que possa ocorrer”, fazendo referência às ameaças que, de tempos em tempos, surgem no Sistema S. Ele lembra que a discus-são sobre o Mapa teve início em sua primeira gestão e que os tra-balhos vêm ocorrendo desde 2008, com intensa participação. “Quere-mos com isso deixar para o futuro uma entidade profissionalizada para que seu destino se cumpra, independente de quem esteja à sua frente”, sublinha Roberto Macêdo.

Segundo o presidente da FIEC, a CNI deu o primeiro passo ao estruturar seu Mapa Estraté-gico, provocando a responsabilidade das federa-ções. “A iniciativa da representação nacional da indústria deve ser vista como fundamental por todas as federações por abrir a possibilidade de promover o desenvolvimento sustentável do país nas áreas de educação, capacitação técnico-pro-fissional, inovação tecnológica, saúde, cultura, lazer e esporte”, ressalta Roberto Macêdo, acres-centando que, durante o processo de discussão da construção do Mapa, levou-se em consideração o conjunto de todas as Casas visando contribuir para a consolidação do Sistema Indústria.

O processo de discussão do planejamento estratégico do Sistema FIEC é coordenado pela Personal Consultoria, com o apoio de técnicos da instituição por meio de um comitê representado por todas as Casas. Desde o início, a metodolo-gia se dá de forma participativa e com enfoque sistêmico, contemplando sindicatos, federação e suas entidades, em consonância com as orienta-ções estratégicas da CNI. A partir das discussões em grupo foram detalhados os mapas estratégi-cos do Sistema FIEC e da própria FIEC indivi-dualmente, sendo pormenorizadas as diretrizes de orientação para a construção dos resultados a serem alcançados. Em 26 de novembro do ano passado, três dias antes da reunião do Conselho de Representantes, foi realizado um workshop de compartilhamento dos mapas estratégicos do Sistema FIEC e da FIEC para os últimos ajustes antes da aprovação final, com a participação de membros da diretoria plena, presidentes de sin-dicatos e gestores das entidades e unidades.

Reunião do Conselho

de Representantes

MAPA ESTRATégICo Do SISTEMA FIEC

Sustentabilidade - Ampliar e diversificar receitas e fontes de recursos financeiros.

Representatividade - Fortalecer a representatividade, a defesa de interesses e o sindicalismo patronal.

Negócio - Promover a elevação da competitividade das indústrias, com sustentabilidade.

Impacto social - Contribuir para a inserção profissional e o bem-estar do público-alvo do Sistema FIEC.

Focos de atuação - Ampliar a atuação na saúde e segurança com foco na indústria, trabalhadores e seus dependentes. - Sensibilizar o industrial para a prática da gestão socialmente responsável. - Promover a adoção de um estilo de vida saudável pelo trabalhador da indústria. - Ampliar a oferta de educação básica, empresarial, profissional e tecnológica. - Intensificar ações voltadas ao empreendedorismo, soluções tecnológicas e a inovação. - Desenvolver estudos e pesquisas socioeconômicas e de mercado.

- Apoiar as empresas no acesso ao crédito, articulação de investimentos, negócios e fomento às cadeias produtivas.

Transparência - Assegurar transparência nas ações e nos relacionamentos com os sindicatos.

Foco no cliente - Assegurar a interiorização do Sistema FIEC. - Atuar de acordo com as demandas da indústria e relacionar-se pró-ativamente com os sindicatos.

Excelência na gestão - Alto desempenho. - Captar e reter competências no Sistema FIEC.

Cultura sistêmica - Fortalecer a cultura sistêmica.

Tecnologia e infraestrutura - Assegurar a integração das informações, da comunicação e a utilização de tecnologias adequadas e atualizadas. - Promover o contínuo aperfeiçoamento da infraestrutura física e tecnologia.

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Regiões de plantação

de café no mundo.

A indústria cafeeira surge

nas regiões menos afetada pelas secas – as úmidas serranas.

Cândido Couto Filho, empresário e escritor

“ “História

Trazido para o Ceará no ano de 1745, o café se adaptou bem às regiões serranas e em

pouco mais de cem anos chegou a ser o primeiro produto da pauta de exportação

Ouro negro

Diz a lenda que as cabras de um cer-to pastor de nome Kaldi, morador da antiga Abissínia, hoje Etiópia, ficavam

alegres e saltitantes sempre que se alimenta-vam de uma frutinha de coloração amarelo--avermelhada. Curioso e esperto, Kaldi pas-sou a perceber – isso por volta do ano 850 d.C – que o consumo da tal frutinha era fonte de motivação e ajudava seu rebanho a percorrer longas distâncias com mais vigor. Passou, a partir daí, a estimular seu uso contínuo.

Ainda segundo a tradição, o pastor te-ria comentado sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o fruto em seu monastério. Ele começou a utilizá-lo na forma de infusão. Percebeu que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto praticava os longos rituais de leitura e orações. Essa descoberta reverberou rapidamente entre os monastérios, crian-do uma demanda pela bebida. Para muitos, trata-se de uma história verídica porque há evidências mostrando que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios no Yêmen (região da Etiópia).

Documentado está que a planta foi levada da província de Kaffa (daí a origem do nome café), na Etiópia, para a Arábia. Na cidade san-ta dos muçulmanos, Meca, no início do século 16, o café já era bastante consumido, mas logo foi condenado (e proibido) pelas seitas mais ortodoxas do islamismo, sob a alegação de

contrariar o Alcorão. Em 1526, a proibição foi abolida e tanto a agricultura como o comércio do café se desenvolveram em toda a península arábica, até chegar à Turquia.

Nesse período, o café já era chamado de “ouro preto” e, em busca de manter o mono-pólio, foi criado, na Turquia, um costume que impedia a venda dos grãos para outros países e continentes. O fato retardou a entrada da plan-ta na Europa por várias décadas. No velho con-tinente, quem primeiro divulgou as proprieda-des do café foi o alemão Leonard Rauwolf, que teria conhecido a planta em suas viagens pelo Oriente em 1592. Existem registros mostrando que em Veneza, no fim do século 16, consumia--se café. Já para o continente americano, a plan-ta parece ter sido levada em 1607 pelo capitão John Smith, fundador da Virgínia.

No caminho para chegar ao Novo Mundo, inclusive no Brasil, o café teria contado com a ajuda do capitão francês Gabriel-Mathieu de Clieu, responsável pela introdução da planta na Martinica (região francesa no Caribe), en-tre 1720 e 1723. Da Holanda, mudas foram en-viadas, em 1718, para o Suriname (país locali-zado no nordeste da América do Sul), de onde as sementes foram levadas, em 1722, para a Guiana (departamento ultramarino francês, também localizado na América do Sul); daí, por meio de Francisco Melo Palheta, chega-ram as primeiras sementes e mudas ao Brasil, em 1727, na região do Pará.

Por Gevan Oliveira

Brasil

Ocafé se deu muito bem no Pará e, em 1731, já era plantado em vários locais próximos de Belém. A primeira

exportação veio logo em seguida, em 1732 – sete libras de café –, pelo barco Santa Maria e, em 1734, a exportação já alcançava 3 000 arrobas. Em 1735, a Câmara Municipal de Belém solicitou ao Reino de Portugal uma medida bem conhecida nos tempos atuais: leis protecionistas. Isso porque o preço pago em Portugal era insuficiente para manter o plantio, provocando o abandono de muitos plantadores.

O café chega ao Ceará por volta do ano 1745. O contexto histórico era de seca no sertão, inviabilizando as culturas tradicionais, como o algodão, até então o principal produto exportado. O capitão-mor de Sobral, José de Xerez Furna Uchoa, é considerado o primeiro a trazer mudas para o estado, obtidas diretamente do Jardim das Plantas de Paris. Dessas, apenas uma vingou e deu origem aos cafezais alencarinos. Segundo o empresário e escritor Cândido Couto Filho, no livro Ciclos Econômico do Ceará, “a indústria cafeeira surge nas regiões menos afetadas pelas secas – as úmidas serranas – como um projeto viável, assim como as indústrias de descaroçamento de algodão, beneficiamento de couro, óleos e velas”.

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A muda (que vingou) trazida por Uchoa foi plantada no sítio Santa Úrsula, na serra de Meruoca, em 1747. De lá, sementes foram levadas para a Serra Grande. A outra região serrana a receber o ouro preto foi a do Araripe, cujas primeiras mudas vieram de Pernambuco, em 1822. Cândido Couto conta que o processo introdutório do café no Ceará sucedeu-se de forma artesanal e despretensiosa, muitas vezes apenas como uma troca de presentes entre amigos.

“Algumas sementes oriundas do Araripe foram doadas ao capitão Antônio Pereira de Queirós, que as semeou no sítio Mungaípe, em Baturité. Desses cafeeiros, Domingos da Costa e Silva colheu sementes e as levou para a serra da Aratanha, no sítio Serrinha, de onde seu irmão João da Costa e Silva, em 1826, mudou alguns pés para a sua propriedade de nome Imboaçu”, descreve Cândido Couto, mostrando o modo inusitado de como o café se espalhou no estado.

Para o escritor, é à família Albano, em especial a José Antônio da Costa e Silva, pai do poeta Juvenal Galeno, que o desenvolvimento do cultivo do café no Araripe deve reconhecimento. Da mesma forma, Filipe Castelo Branco, que em 1824 trouxe mudas e sementes do Pará, e as plantou no sítio “Bagaço”, é o responsável pela expansão da planta em Guaramiranga, que anos mais tarde se tornaria um dos principais produtores do fruto no Ceará.

Somente depois de cem anos de sua chegada, a partir de 1846, é que o café entra na lista das exportações da província. Registros do historiador Barão de Studart dão conta que das safras de 1846 e 1857 foram exportados pelo porto de Fortaleza 9 795 quilos. Nos dois anos seguintes, as exportações subiram para 113 635 quilos. É fato que a qualidade do café cearense era boa, considerada melhor que a do Rio de Janeiro, diferencial responsável pelo incremento da produção e comércio local.

Na publicação Breves considerações sobre a história e cultura do cafeeiro, publicada no ano de 1873, Nicolau Moreira afirma que em 1845, e em anos subsequentes, o café cearense levado à Antuérpia (Bélgica) foi classificado entre as melhores espécies de café Bourbon, Java e Ceilão do mundo, fato que se repetia em diversos países europeus.

Nos tempos áureos, as exportações de café superaram em valor as do algodão exatamente nos anos de 1860, 1861, 1864, 1865, 1877 e 1878. A partir de 1890, os dois gêneros mantiveram mais ou menos o mesmo volume de exportações. Somente após 1898, o algodão recuperou seu status de principal produto de exportação. No Ceará, essa cultura continuou rentável até o ano de 1922, quando uma série de fatores desfavoráveis eclodiu dentro e fora do país. Entre os gargalos, a superprodução no estado de São Paulo e uma crise econômica nos Estados Unidos da América (EUA), então maior mercado importador de café. A consequência foi um decréscimo acentuado na procura do produto e no preço, com graves prejuízos para a economia brasileira, refletindo negativamente na cafeicultura cearense.

Antes do final da década de 1920, no entanto, houve recuperação dos preços e consequente estabilização do mercado cafeeiro. Com isso, o governo brasileiro incentivou a ampliação dos plantios por meio de uma política de subsídios. Com as medidas, o problema passou a ser outro: o da superprodução, especialmente no período de 1929 a 1934. Aliado a este novo percalço, o aumento da concorrência internacional contribuiu para baixar o preço do produto. O governo interveio novamente, destruindo 34 milhões de sacas de café, reduzindo o estoque nacional para 20 milhões. Essa política de incentivo e destruição de estoque perdurou até o início da década de 1950.

No Ceará, a cafeicultura no final de 1950 e início dos anos 1960 teve de enfrentar dois graves problemas: a praga popularmente conhecida como broca do café (Hypothenemu Hampei Ferrari), que comprometeu as safras de 1954 e 1955; e o efeito das políticas governamentais, de ordem institucional e financeira, que deveriam beneficiar os cafezais de todo o país, mas que só foram úteis em nosso estado em 1966, quando o Instituto Brasileiro do Café (IBC), órgão criado para fixar o preço e ajudar os produtores, passou a adquirir os grãos das fazendas locais, como forma de incentivo à produção.

Em 1845, e em anos

subsequentes, o café cearense levado à Antuérpia (Bélgica) foi classificado entre as melhores espécies de café Bourbon, Java e Ceilão do mundo.

nicolau Moreira, na publicação Breves, de 1873

“Praga popularmente conhecida como

broca do café, que comprometeu as

safras de 1954 e 1955

O processo de moagem

evoluiu bastante

A partir de 1970, as geadas e a praga da “ferrugem” nos cafezais do Sul/Sudeste ocasionaram a redução do parque cafeeiro nacional, ameaçando não somente o cumprimento dos compromissos internacionais como também o abastecimento interno. Esses fatos provocaram uma mudança na política cafeeira do governo federal, com o IBC incentivando a expansão da cultura em outros estados não tradicionais, especialmente no Nordeste, na Bahia, Pernambuco e Ceará.

Segundo Cândido Couto, o incremento no Ceará ganhou ainda mais impulso com a introdução de máquinas importadas, movidas a vapor, roda de água ou a eletricidade. “Vestindo as faldas da serra de Baturité – especialmente os municípios de Guaramiranga, Pacoti e Baturité –, multiplicaram-se os cafezais, transformando a região no maior centro de produção no Ceará.” Também na década de 1970 cresceram os cafezais na Serra da Ibiapaba, nos municípios de Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara, Viçosa e Ipu. No Cariri, tiveram destaque os produtores de Missão Velha, Brejo Santo, Crato e Caririaçu. Serra de Maranguape, Meruoca e Uruburetama também viveram seus tempos áureos.

Tempos áureos

No início do século 19, Baturité, a cerca de cem quilômetros de Fortaleza, teve na cultura do café sua principal

atividade econômica. Na época, o município se tornou um importante produtor nacional, chegando a deter 2% de toda a produção brasileira e figurou entre aqueles mais prósperos do estado. Há registros de que o café baturiteense era um dos mais apreciados nas cafeterias francesas.

A importância dessa economia era tanta que, para escoar a safra, foi construída a primeira ferrovia no estado – a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité –, interligando Baturité à capital. Entre os muitos fatos emblemáticos que mostram a opulência do período está a criação de uma moeda própria para organizar o comércio. De bronze e cunhada em Portugal, em 1895, por ordem do proprietário do Sítio Bom Sucesso, fazendeiro Luiz Manoel José d’Oliveira Figueiredo, a moeda tinha lastro no café e funcionava como promissória. Seus valores correspondiam a um alqueire (128 litros), uma quarta (32 litros)

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e uma terça (oito litros). “Quem procurava o Manoel para pilar café entrava na fila da pilagem, deixava o café no Bom Sucesso e levava as moedas”, descreve Francisco Luiz, neto do velho Manoel Figueiredo, no livro As Moedas da Fazenda Bom Sucesso.

A moeda circulou por todo o maciço e chegou a várias regiões do sertão, como Quixadá. Era popularmente conhecida como “borós” e também servia para pagamento de mão de obra nas grandes fazendas. A ideia era avançada, mas as crises da época fizeram com que Manoel abandonasse a inovação em poucos anos. Fracassado e tendo que honrar suas dívidas em dinheiro, suicidou-se em sua fazenda logo que conseguiu pagar a todos os seus credores.

Mas a morte de seu Manoel não está associada à crise do café, segundo Francisco Luiz. O fracasso do seu avô teve origem numa economia quase desconhecida da população local: a borracha da maniçoba, árvore nativa que produz látex idêntico às seringueiras da Amazônia. Por estar no auge do consumo internacional, a espécie trouxe riqueza rápida para os fazendeiros que usavam o dinheiro do café para multiplicar os lucros da borracha. “Nos roçados abandonados, onde morria o café, a maniçoba nascia em abundância, e assim a serra conheceu um ‘ciclo da borracha’ desconhecido de muitos nos dias de hoje”, relata Francisco Luiz.

do Maciço de Baturité, ganhou força em 2009 com a implantação de uma mini-indústria de torrefação de café ecológico. A instalação da fábrica, que funciona em regime de cooperativa, faz parte de um projeto implantado há 15 anos e visa recuperar a lavoura cafeeira na região. A iniciativa é gerida pela Associação dos Produtores Ecológicos do Maciço de Baturité (Apemb), em parceria com o Centro de Educação Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema). Hoje, beneficia mais de cem agricultores de sete municípios do maciço, entre eles Redenção, Guaramiranga e Mulungu (sede da mini-indústria)

O empreendimento tem capacidade de torrar cerca de 20 toneladas de café por mês, quantidade que atende à demanda da população

Tal atividade, no entanto, teve vida curta. A crise internacional da borracha ensejou dificuldades financeiras nas pessoas envolvidas com sua extração. Muitas delas, então, passaram a procurar Manoel Figueiredo. “Corriam boatos de sua fraqueza financeira e iam a ele para trocar as moedas por café. Infelizmente, já não havia café suficiente nos armazéns da Fazenda Bom Sucesso para lastrear as moedas”. Antes de morrer, porém, explica Luiz, “ele toma uma grave decisão: vender terras para se capitalizar, saldar suas dívidas e honrar e reaver as moedas que tinham seu nome”. Essa é verdadeira história do homem que pode ser considerado o precursor do dinheiro social no país.

De forma geral, em todo o estado, a crise de 1929, os desmandos político-administrativos do governo federal e a inevitável degradação dos solos são apontados como causa da quase extinção dessa atividade no Ceará.

Quem procurava o

Manoel para pilar café entrava na fila da pilagem, deixava o café no Bom Sucesso e levava as moedas.

O café ecológico

sairá com o selo internacional de “Fair Trade”, que, além de garantir a qualidade do produto, comprova sua inserção na rede de comércio justo.

Francisco Luiz, no livro As Moedas da Fazenda

Bom Sucesso Danilo Galvão

“ ““ “

O café produzido no Maciço de

Baturité reergue-se graças ao

esforço de alguns produtores

local. Segundo o presidente do Conselho Diretor do Cepema, Danilo Galvão Peixoto Filho, o projeto pretende ampliar as vendas para o mercado nacional e até internacional. A ideia é que a pequena empresa volte a escoar os produtos para o exterior, como ocorreu nos anos de 1996 e 1997, quando a cooperativa exportou parte de seus produtos para a Suécia (oportunidade aproveitada pelos irmãos Farias). “Dessa vez, o café ecológico não será mais enviado em grão natural, mas sairá torrado, empacotado e carregando o selo internacional de “Fair Trade”, que, além de garantir a qualidade do produto, comprova sua inserção na rede de comércio justo”, explica Danilo Galvão. Dá até vontade de tomar um (bom) cafezinho!

Segundo do Nordeste

Apesar de praticamente importar quase todo o café que consome, o beneficiamento do produto movimenta no Ceará em torno de R$ 15 milhões por mês, gerando 1 500 empregos diretos e cerca de 6 000 indiretos. Segundo presidente do Sindicato das

Indústrias de Torrefação e Moagem de Café do Estado do Ceará (Sindcafé), Jocely Dantas de Andrade Filho, a produção mensal da indústria local gira em torno de 50 000 sacas, que corresponde a 3 000 toneladas. Os números colocam o estado na posição de segundo torrefador do Nordeste e quinto do país.

A matéria-prima beneficiada pelas torrefações cearenses é originária dos estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Metade da produção cearense de café torrado e moído abastece 80% do mercado interno. Os outros 50% são exportados para estados do Norte e Nordeste. A indústria de café do Ceará detém 5% do mercado nacional.

No Ceará, a cultura do

café foi rentável até o

ano de 1922

O CAFÉ NO CEARÁ

O beneficiamento do café movimenta no Ceará em torno de

R$ 15 milhões por mês, gerando

1 500 empregos diretos e cerca de

6 000 indiretos.

Os números colocam o estado na posição de segundo torrefador do

Nordeste e quinto do país.

À sombra dos ingás

Atualmente, o café produzido no Maciço de Baturité está se reerguendo graças à persistência de alguns agricultores que

descumpriram as ordens do IBC, determinando, na década de 1970, a derrubada de madeiras nobres para o plantio do fruto (período em que os cafezais do Sul e Sudeste foram atingidos por geadas e pragas) e mantiveram o plantio sombreado – técnica que protege o café da exposição direta ao sol (modo convencional) e não usa agrotóxico.

Entre essa “gente teimosa” estão os irmãos Gerardo Queiroz Farias e Alfredo Farias Filho (com 85 e 102 anos, mas em plena forma e atividade), cuja família há mais de um século mantem no município de Mulungu a tradição de cultivar café sob a sombra de ingazeiras – árvore típica de Mata Atlântica. Remanescente da época de ouro, Gerardo Farias pôde sentir novamente, há 13 anos, o doce sabor de ter seu produto apreciado por especialistas europeus. É que parte da sua produção artesanal foi parar nas xícaras de famílias suecas, apreciadoras do café ecológico. “Na época, ganhamos até um selo verde da empresa sueca Arvid Nordquist”, relembra Gerardo Farias, que atualmente cultiva mais de 30 hectares de café sob a floresta.

O cultivo sombreado, que há mais de 150 anos faz parte da cultura de parte dos agricultores

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InovaçoesDescobertas&

TEClADo E MouSE DE bAMbu

Toda mulher adulta já ouviu a recomendação médica de que calcinhas de algodão são as mais indicadas a fim de evitar o surgimento de fungos. Para averiguar cientificamente tal afirmativa, uma aluna do curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana) realizou um estudo que comparou a umidade em lingeries de poliamida e algodão. Os resultados contradizem os médicos. No estudo, Maria Carolina Garcia Peixoto, 23 anos, mostrou que as atuais malhas sintéticas de calcinhas não contribuem para o aumento da umidade e da temperatura local, ou seja, o ambiente não fica propício ao crescimento de fungos. Os ensaios foram realizados com cinco tipos de malha de lingerie, sendo duas usadas nos anos 1980 (poliamida com elastano em malha de

urdume e 100% algodão) e três atuais (poliamida microfibra texturizada com elastano em malha circular, malha de algodão com elastano e malha de ordume com poliamida microfibra). Ao final dos testes de gerenciamento de umidade, que incluem permeabilidade ao vapor de água, Carolina concluiu que a afirmação médica de que novos tipos de malhas são favoráveis para o aumento de fungos não é válida, já que as malhas atuais tiveram o mesmo desempenho das malhas de algodão usadas na década de 1980.

Em dezembro passado, cientistas britânicos deram ao mundo uma notícia que vai agradar aos doentes... por chocolate. Eles anunciaram que em dois anos deverá chegar ao mercado um remédio para tosse persistente à base do alimento dos deuses. O remédio, que contém teobromina – um ingrediente encontrado no cacau e no chocolate –, está em fase final de testes. Os cientistas acreditam que a substância seja um terço mais eficiente nessa tarefa do que a codeína, a droga mais usada hoje para combater a tosse. Além disso, a teobromina causaria menos efeitos colaterais do que os tratamentos convencionais. A pesquisa foi publicada na revista da Federação das Sociedades Americanas para Biologia Experimental. Dez voluntários em bom estado de saúde participaram, tomando doses de teobromina, de um placebo ou de codeína, alternadamente. Em seguida, foram expostos a doses de capsaicina, uma substância que provoca tosse. As pessoas que tomaram a teobromina tiveram de receber uma dose cerca de 33% maior de capsaicina do que as que tomaram o placebo para terem ataques de tosse. As que tomaram codeína tiveram de tomar doses maiores do que as que haviam ingerido o placebo. A tosse é considerada persistente quando dura mais do que duas semanas. O difícil vai ser parar de tomar o remédio depois que a tosse for embora.

CASA DE PAPElão

Pesquisas realizadas no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, estão testando a eficácia do papelão na construção civil. A intenção é mostrar que ele pode ser usado em construções de apoio nos canteiros de obras, pequenos depósitos e outros “puxadinhos”. Para tanto, os pesquisadores construíram uma célula-teste, em formato de um cubo medindo cerca de 3x3x3 metros, equivalente a um volume de 27 metros cúbicos. De acordo com a pesquisadora Gerusa Salado, os estudos com o papelão já vêm sendo desenvolvidos no Japão, mas no Brasil é inédito. A estrutura, segundo ela, resiste até cinco toneladas. Utilizando uma resina impermeabilizante, a mesma estrutura suportou até seis toneladas. Essa mesma resina também torna o material resistente às chuvas e à umidade. “Nossa construção experimental tem resistido a todas as fortes chuvas desses últimos

tempos”, diz a pesquisadora. Quanto ao fogo, o material ainda precisa ser avaliado em relação ao tempo que o papelão pode levar para ser incinerado e se o fogo pode se extinguir sozinho. O intuito das pesquisas é que a estrutura possa ser utilizada para habitações ou não, além de outros tipos de construção, a exemplo de edifícios, como uma possibilidade de substituição de materiais de alvenaria.

XARoPE DE ChoColATE

CAlCInhAS DE lIngERIE

Esta é para agradar os que sonham com um mundo ecologicamente correto. A empresa chinesa Chinavision lançou no mercado um teclado e mouse que são feitos inteiramente de bambu. Os símbolos do teclado foram marcados a laser e, segundo a fabricante, usar os produtos aumenta a produtividade – só não explicou como. Eles afirmam também que os equipamentos absorvem o suor do usuário. Ambos, teclado e mouse, conectam-se ao PC via porta USB e são compatíveis com Windows, Linux e Mac. A novidade custa cerca de US$ 33.

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