nutricao idosos

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    Oficina da sade: Grupos de educao nutricional com idosos portadores de doenas

    crnicas no transmissveis na Unidade de Sade Parque Orlanda

    Autores

    Mariana Vieira da Silva

    Orientador

    Carla Maria Vieira

    Apoio Financeiro

    Fae

    1. Introduo

    As doenas crnicas no transmissveis representam a principal causa de mortalidade na atualidade (OPAS,2003).

    Diante desse quadro, as aes primrias em sade vm sendo valorizadas pois evitam o surgimento dessasdoenas ou do agravamento, visando a promoo da sade (GERALDES, 1992).

    Segundo a OPAS (2003) a preveno primria de fatores de riscos se faz com um regime alimentar eatividade fsica regular, reduzindo ou adiando suas necessidades de ateno doena. Controlar ahipertenso, o colesterol e os nveis de glicemia pode reduzir o risco de complicaes e desacelerar suaprogresso.

    A Ao Primria est associada a uma assistncia de baixo custo, quando comparado ao nvel hospitalar.Oferece um servio simples do ponto de vista clnico, demanda poucos equipamentos. Porm, o nvel demaior complexidade em relao aos aspectos sociais. uma organizao prpria do setor pblico deprestao de servios que so oferecidos em Unidades Bsicas de Sade (UBS) ou Programa de sade dafamlia (PSF).

    Um conceito educativo que vem sendo adotado nos ltimos anos, em especial com a populao idosa,refere-se ao auto-cuidado. A educao nutricional uma ferramenta que d autonomia ao educando, paraque ele possa assumir, com plena conscincia, a responsabilidade pelos seus atos relacionados alimentao e est em consonncia com a estratgia educativa do auto-cuidado(CERVATO et al, 2005).

    As doenas crnicas, de alta prevalncia no quadro epidemiolgico brasileiro e mundial, aumentam afreqncia de usurios na ateno primria. Os motivos desta grande incidncia so referidos a fatoresscio-econmicos, culturais, religiosos, de poca e escolaridade (SCHIRAIBER et al, 2000).

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    A ateno em grupos pode contribuir na promoo, proteo e controle dessas situaes. Os gruposfacilitam o exerccio da autodeterminao e da independncia, pois podem funcionar como rede de apoioque mobiliza as pessoas na busca de autonomia e sentido para a vida, na auto-estima e, at mesmo, namelhora do senso de humor, aspectos essenciais para ampliar a resistncia e diminuir a vulnerabilidade. Noconvvio entre pessoas, criam-se vnculos que possibilitaro o surgimento de organizaes ou, no mnimo, oseu incentivo, promovendo a incluso social (GARCIA; YAGI; SOUZA; 2006).

    Alm desses aspectos sociais e de caracter psicolgicos, para obter uma vida mais saudvel recomendado o auto cuidado com a alimentao, ressaltando o papel do aumento no consumo de frutas everduras e gros integrais, das atividades fsicas regulares, a troca das gorduras de origem animal pelas deorigem vegetal. Assim como, diminuir as quantidades dos alimentos mais gordurosos, salgados e doces noregime alimentar, a manuteno do peso corporal, a eliminao do tabagismo e menor lcool (OPAS, 2003).

    A promoo do auto-cuidado vem sendo adotada h alguns anos com o intuito de compreender as aes edecises que uma pessoa realiza para prevenir, diagnosticar e tratar uma enfermidade. Portanto estintimamente ligada a rea de sade. As pessoas que se comprometem com seu cuidado preparam-se ecapacitam-se para atuar sobre os fatores que afetam o seu funcionamento e desenvolvimento. A opo peloauto-cuidado como estratgia educativa congrega atividades para a promoo da sade, para modificaodo estilo de vida, diminuio dos fatores de risco e preveno especfica de doenas que provocampequenas, mas, importantes mudanas por um longo tempo (CERVATO et al, 2005).

    Para o desenvolvimento das prticas de promoo de autocuidado em unidades de ateno primria, aEducao Popular tem uma particular contribuio, reunindo conceitos e experincias em comunidadesbrasileiras, descritas por autores tais como Brando (2001) e Vasconscelos (2001), entre outros, apoiandoteoricamente esse projeto.

    Nesta opo educativa da autonomia, o profissional de sade, em funo de sua habilitao eresponsabilidade, desempenha o papel de facilitador do processo de mudana. Toda e qualquer intervenonutricional educativa ter maiores chances de sucesso, se estiver includa em programas habituais quepromovam pequenas e confortveis, mas importantes mudanas, por um longo perodo de tempo(CERVATO et al, 2005).

    2. Objetivos

    O projeto de extenso universitria "Oficina da Sade: aes interdisciplinares para a promoo do autocuidado" foi proposto, como continuidade de outros projetos precursores, para desenvolver aes educativaspara a motivao dos indivduos diabticos, hipertensos e obesos a adquirir conhecimentos, desenvolvendohabilidades para a mudana de hbitos, identificando pontos de resistncia para as mudanas desejada enecessrias, melhorando assim a qualidade de vida, de usurios da Unidade Bsica de Sade do Distrito deSanta Teresinha em Piracicaba.

    Alm desse principal objetivo, o projeto buscou propiciar, atravs da extenso, a integrao entre teoria eprtica, estabelecendo mecanismos de produo de conhecimento e a democratizao do saber acadmicoe, aprofundar a integrao da equipe de sade local, acadmicos, docentes e comunidade.

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    3. Desenvolvimento

    As atividades educativas para a promoo do auto cuidado dos usurios portadores de hipertenso,diabetes tipo 2, obesidade e dislipidemia que participaram do projeto "Oficina da Sade" foramdesenvolvidas atravs de encontro de trs grupos semanais, dirigidos pelos acadmicos de nutrio,farmcia, enfermagem e educao fsica. Um encontro mensal com a participao de todos os usuriosinteressados na Oficina, profissionais da equipe de sade local e docentes foi realizada regularmente naUnidade de Sade ou na Escola.

    Para o desenvolvimento das reunies realizadas com os usurios , foram feitas pesquisas bibliogrficasbuscando informaes e conceitos sobre diabetes, hipertenso, obesidade, entre outros, para maiorinformao sobre os assuntos e melhor preparo na hora de criar as estratgias e planejar as reunies comos usurios, buscando sempre atender a necessidade de interesse e informao de cada um. As reunieseram realizadas na escola E.M.E.F. "Jos Antnio de Souza" (CAIC) no Parque Orlanda nas segundas,teras e quartas-feiras no perodo vespertino e as reunies mensais no perodo matutino, com datapreviamente definida.

    Os temas e as estratgias das reunies eram definidos semanalmente, na Universidade, com a realizaode reunies de superviso onde eram avaliados encontros anteriores dos grupos de usurios eplanejamento dos seguintes. As reunies mensais tambm geravam subsdios para o encaminhamento dostemas e estratgias. Nos encontros com os usurios eram relatados sentimentos, necessidades, valoresculturais que permitiram aos bolsistas identificar temas para os encontros seguintes. Por isso o relato dessesdepoimentos foram sempre registrados no momento da reunio e posteriormente digitados para que todosda Oficina pudessem tomar conhecimento e acompanhar o andamento dos grupos.

    Durante os cinco primeiros encontros do segundo semestre de 2005 o tema abordado foi "os cuidados emrelao ingesto de alimentos gordurosos, alta de triglicerideos e colesterol no sangue", com o objetivo desensibilizar os pacientes a procurar outras formas e outros mtodos de preparaes de alimentos commenos teor de lipdeos.

    Com o lanamento da campanha "eu me cuido", na 6 reunio foi feito uma dinmica onde se formou umcrculo, para um momento ldico, com msica e bola. Quando a msica parava, a pessoa que estavasegurando a bola tinha que responder o que eu fao para me cuidar? E o que eu no fao para me cuidar?O resultado foi muito gratificante, j que com isso pudemos observar algumas mudanas nos seus hbitosalimentares e a adeso aos exerccios fsicos.

    Em setembro de 2005, foi iniciado um novo assunto. As bolsistas de educao fsica abordaram sobre aimportncia da prtica de atividades fsicas para os hipertensos e diabticos, fazendo-os pensar sobre quaisos benefcios que isso traria para suas vidas, pois a atividade fsica ajuda a dar fora, equilbrio, ecoordenao, dentre outras coisas.

    Dando continuidade no tema anterior, que permaneceu sendo abordado pelas bolsistas de nutrio efarmcia, foi preparada uma estratgia para reforar o aprendizado sobre os alimentos ricos emcarboidratos. Foi feito um jogo da memria, onde as cartas continham figuras desses alimentos.

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    A pirmide alimentar, uma caixa de utenslios e degustao de alimentos tambm foram utilizados na prticade educao nutricional com os grupos, para que os participantes demonstrassem e juntos discutissem oporcionamento de suas refeies, desde o caf da manh, at o jantar e a importncia dos intervalos deuma refeio e outra, de acordo com uma alimentao para um paciente saudvel e um diabtico

    Atravs das aes educativas desenvolvidas de forma ldica, operando sempre com o envolvimento deatividades corporais adaptadas para a capacidade dos usurios, o relaxamente e a reflexo do cotidiano foi

    possvel observar que por causa de suas doenas, muitos deles se isolam, apresentam dificuldades emcomer as mesmas coisas que outras pessoas de seu convvio.

    A gincana foi tambm um dos recursos aplicados com os indivduos com o objetivo de estimular umareflexo da relao com os alimentos em excesso em sua alimentao, e a tomada da conscincia desta.Foi observado que houve bastante interesse e motivao s atividades propostas especialmente porexerccios fsicos e a reflexo da importncia dos alimentos no seu cotidiano.

    Outro importante instrumento da ao educativa com os grupos foram as histrias. Histrias literrias, paraestimular alguma discusso, mas tambm histrias de vida para pesquisa e tomada de conscincia deelementos de motivao ou inibio das mudanas necessrias..

    Em paralelo atividade com os grupos, foi desenvolvida abordagem individual, a fim de complementar aabordagem coletiva, aprofundando o conhecimento sobre os participantes dos grupos, suas necessidade ecaractersticas individuais, assim como coletando dados para nutrir os temas e estratgias a seremdesenvolvidas coletivamente no projeto.

    4. Resultados

    Todos os encontros com os usurios foram registrados em dirio de campo pelas bolsistas e digitados parasocializao entre os participantes do projeto, no grupo virtual "Oficina da Sade". A valorizao dos relatosque necessrio, pois nestes foram identificados os problemas dos participantes que nos direcionavam aum tema ou dinmica que atendesse suas necessidades. As anlises das reunies anteriores e de seusobjetivos proporcionou identificar se o trabalho estava tendo resultados positivos com esta populao ouno.

    Com todas estas atividades foi possvel perceber que estes grupos tiveram muita dificuldade dememorizao e entendimento de temas tericos, por isso necessrio sempre desenvolver estratgicasldicas e pedaggica, na linha de educao popular, para melhor memorizao dos temas estudados eadequao de seus limites e possibilidades de aprendizado para o auto cuidado. Com isso, a sugesto paratodos os trabalhos em grupo, de sempre ter um momento ldico de reflexo, para que possa prepararestratgias com objetivos a serem dirigidos pelos participantes e pelo prprio educador.

    Todas as reunies eram importantes, mais era nas reunies mensais, com a participao de docentes,discentes, membros da equipe de sade local e usurios, que era possvel alcanar uma viso mais ampla emelhorar a experincia no tratamento de cada um, e os participantes tinham mais liberdade de expressar

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    seus problemas e suas sensaes.5. Consideraes Finais

    Neste projeto de extenso destaca-se uma mudana no comportamento alimentar, um ponto fundamentalpara avaliao da efetividade da educao nutricional, significando que as atividades desenvolvidasatenderam as expectativas desta populao, motivando-os procura de maior autonomia e auto cuidado.O trabalho multidisciplinar do grupo da A "Oficina da Sade" manteve as pessoas ativas, contribuindo para asua maior autonomia, seu direito ao lazer, informaes e educao.

    Alm da aprendizagem com os trabalhos em grupos, desenvolvemos tambm a capacidade de expor nossosconhecimentos, e principalmente, ouvir as principais dificuldades, angstias, e questionamento destesindivduos, que nos mostram bastante gratificao e alegria por participar do projeto.

    Durante este processo adquiri conhecimento e habilidades com grupos durante as reunies em queparticipei e nas que coordenei, e mediante a pesquisa realizada para a realizao deste relatrio um sabermaior sobre a enfermidade abordada. Esta experincia se refletir por toda minha carreira profissional.

    Referncias Bibliogrficas

    CERVATO, A. M., DERNTL, A. M., LATORRE, M. R. D. O.,et al. Educao nutricional para adultos e idosos:uma experincia positiva em Universidade Aberta para a Terceira Idade. Rev. Nutr., jan./fev. 2005, vol.18,no.1, p.41-52. ISSN 1415-5273.

    GARCIA, M. A. A., YAGI, G. H., SOUZA, C. S., et al. Ateno sade em grupos sob a perspectiva dos

    idosos.Rev. Latino-Am. Enfermagem, mar./abr. 2006, vol.14, no.2, p.175-182. ISSN 0104-1169.

    ORGANIZAO PAN- AMERICANA DA SADE. Doenas Crnico-degenerativas e obesidade: estratgiamundial sobre alimentao, atividade fsica e sade -Braslia, 2003.

    GERALDES, P. C.; Sade coletiva de todos ns. Rio de Janeiro: Livraria e editora Revister Ltda., p. 103 109, 1992.

    SCHRAIBER, L. B. et al; Sade do adulto:Programas de Aes na Unidade Bsica, 2 edio; So Paulo:Hucitec, p. 29 47, 2000.

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