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março/2018 1 SEADE O DESEMPENHO DAS EMPRESAS PAULISTAS SOB A ÓTICA DA INOVAÇÃO: taxas e dispêndios (2009-2014) Economia Alda Regina Ferreira de Araújo Cássia Chrispiniano Adduci Luis Fernando Novais A importância da inovação para o desenvolvimento econômico de países e regiões é consensualmente invocada como estratégica para a inserção no mercado global e, ao mesmo tempo, superação de mo- mentos de crise. Esta constatação coloca para a economia paulista o desafio de enfrentar seus modestos indicadores de inovação quando comparados aos padrões internacionais. Após uma visão de início linear da inovação, 1 prevalece atualmente uma abordagem sistêmica que “apresenta a inovação como processo 1. Essa perspectiva “via a pesquisa acadêmica pública e a pesquisa tecnológica interna à empre- sa como as únicas etapas efetivamente ‘produtoras’ ou originadoras de inovações tecnológicas” (QUADROS, 2008, p. 7). Os dispêndios com atividades inovativas realizados pela indústria paulista tiveram avanço de 47%, entre 2011 e 2014. Em relação aos serviços, notou-se crescimento ainda mais intenso, de 162%, puxado especialmente pelo setor de telecomunicações. No período 2012-2014, a taxa de inovação de produto e/ou processo da indústria no Estado de São Paulo foi de 34,2%, com leve crescimento em relação ao anterior (2009-2011). Já nos serviços, houve redução significativa da taxa que caiu de 39,1% para 34,3%.

O desempenhO das empresas paulistas sOb a ótica da inOvaçãO… · 2018-03-28 · A importância da inovação para o desenvolvimento econômico de ... estímulo à inovação

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março/2018 1SEADE

O desempenhO das empresas paulistas sOb a ótica da inOvaçãO:

taxas e dispêndios (2009-2014)

economia

Alda Regina Ferreira de AraújoCássia Chrispiniano Adduci

Luis Fernando Novais

A importância da inovação para o desenvolvimento econômico de paí ses e regiões é consensualmente invocada como estratégica para a inserção no mercado global e, ao mesmo tempo, superação de mo-mentos de crise. Esta constatação coloca para a economia paulista o desafio de enfrentar seus modestos indicadores de inovação quando comparados aos padrões internacionais.

Após uma visão de início linear da inovação,1 prevalece atualmente uma abordagem sistêmica que “apresenta a inovação como processo

1. Essa perspectiva “via a pesquisa acadêmica pública e a pesquisa tecnológica interna à empre-sa como as únicas etapas efetivamente ‘produtoras’ ou originadoras de inovações tecnológicas” (QUADROS, 2008, p. 7).

Os dispêndios com atividades inovativas

realizados pela indústria paulista tiveram avanço

de 47%, entre 2011 e 2014. Em relação

aos serviços, notou-se crescimento ainda mais

intenso, de 162%, puxado especialmente pelo setor

de telecomunicações.

No período 2012-2014, a taxa de inovação de

produto e/ou processo da indústria no Estado de

São Paulo foi de 34,2%, com leve crescimento em

relação ao anterior (2009-2011). Já nos

serviços, houve redução significativa da taxa que caiu de 39,1% para 34,3%.

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de aprendizado, centrado na empresa inovadora, mas em que atuam e interagem diversos atores internos e externos a ela” (QUADROS, 2008, p. 8). Com uma importante base de instituições de ciência, tec-nologia e inovação, o Estado de São Paulo enfrenta o desafio “de conquistar uma capacidade de articulação do sistema que ao mesmo tempo respeite a autonomia institucional de cada um dos atores e crie as condições para que suas ações se somem de maneira muito mais efetiva”, conforme indicado por Pacheco e Cruz (2005). À atuação dessas instituições, deve somar-se a intensificação da atividade inter-na de pesquisa e desenvolvimento – P&D das empresas, “absoluta-mente necessária para que as empresas possam beneficiar-se mais intensamente da infraestrutura pública de P&D instalada no Estado” (PACHECO; CRUZ, 2005, p. 19).

Como as empresas constituem os sujeitos-chave da inovação, di-mensionar e compreender seus esforços é fundamental para o diag-nóstico e análise dos avanços a serem incentivados e dos gargalos a serem superados. Neste sentido, a Pesquisa de Inovação – Pintec, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, merece destaque pois, além de indicadores para o país e regiões, graças à sua compatibilidade com as orientações conceituais e me-todológicas internacionais, possibilita a comparação das informações do Brasil e do Estado de São Paulo com as de outros países.2 O levantamento permite também analisar a articulação do sistema de inovação,3 através de dados sobre a colaboração entre as empresas e diferentes atores privados e públicos, informações essenciais para a elaboração e o acompanhamento de políticas públicas voltadas ao estímulo à inovação.

Com base nas referências do Manual de Oslo, a Pintec incorporou aos dados sobre inovação de produto e processo, que permanecem o ponto de maior atenção da pesquisa, informações sobre inovações

2. “A referência conceitual e metodológica da Pintec é baseada na terceira edição do Manual de Oslo (OSLO…, 2005) e, mais especificamente, no modelo proposto pela Oficina de Estatística da Comuni-dade Europeia (Statistical Office of the European Communities – EUROSTAT), consubstanciados nas versões 2008, 2010 e 2012 da Community Innovation Survey – CIS, do qual participaram os 15 países- -membros da Comunidade Europeia” (IBGE, 2016, p. 12).3. “O ‘sistema de inovação’ é conceituado como um conjunto de instituições distintas que contribuem para o desenvolvimento da capacidade de inovação e aprendizado de um país, região, setor ou lo-calidade – e também o afetam. Constituem-se de elementos e relações que interagem na produção, difusão e uso do conhecimento” (CASSIOLATO; LASTRES, 2005, p. 37).

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organizacionais e de marketing.4 Ainda que ciente da importância da apreensão dessas novas perspectivas da inovação, bem como da interação entre os diferentes atores do sistema de inovação, este arti-go se concentra na análise da inovação de produto e/ou processo no Estado de São Paulo, entre as duas últimas edições da Pesquisa de Inovação – Pintec (2009-2011 e 2012-2014).5 Além das taxas de ino-vação, que permitem mensurar o resultado dos esforços realizados pelas empresas paulistas, é analisada também a relação dos dispên-dios em pesquisa e desenvolvimento – P&D com a receita líquida de vendas – RLV, “um dos indicadores mais largamente empregados na aferição da intensidade tecnológica de empresas e setores econômi-cos” (DE NEGRI; CAVALCANTE, 2011, p. 12).

De início, é importante salientar que o período no qual foram reali-zadas as duas últimas edições da pesquisa foi marcado por grande flutuação econômica. A edição da Pintec de 2009-2011 abarcou anos de queda expressiva no nível de atividade, especialmente no primei-ro semestre de 2009, de excepcional expansão do Produto Interno Bruto – PIB em 2010, e de posterior desaceleração da atividade eco-nômica a partir de 2011. A recomposição de parcela do emprego e da produção, perdidos nos meses imediatamente posteriores à eclosão da crise global em setembro de 2008, foi rápida, porém a “exuberân-cia” do crescimento de 2010 não se manteve.

Durante o período da segunda edição do levantamento tratada neste texto (2012-2014), o contexto econômico continuou se deteriorando com o aprofundamento da crise na zona do euro. No Brasil, a políti-ca econômica tentou, a partir de 2012, reativar a economia através da ampliação dos incentivos fiscais ao consumo e ao investimento, da revisão do modelo de concessões na área de infraestrutura e da implementação de uma política ativa nos bancos públicos. Porém, a deterioração das contas públicas se constituiu no efeito colateral da combinação de uma política econômica anticíclica, cujos resulta-dos ficaram aquém do esperado, e num fraco crescimento econômico

4. A necessidade de expansão do conceito de inovação é justificada “pelo fato de que muito da inovação ocorrida sobretudo no setor de serviços e na indústria de transformação de baixa tecnologia não é apre-endida de maneira adequada pelo conceito de Inovação de Produto e Processo” (IBGE, 2016, p. 12-13).5. Apesar da Pintec 2014 dar continuidade à série iniciada em 2000, ao longo desse período ocorreram modificações no âmbito da pesquisa. Esta edição, no entanto, não sofreu alteração em relação à an-terior, permitindo assim “a comparação de seus resultados agregados com aqueles da última pesquisa (Pintec 2011)” (IBGE, 2016, p. 36), o que justifica a limitação temporal deste texto.

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observado em 2013 e 2014. Nesse período, a variação do volume do PIB da indústria de São Paulo passou de positiva (+2,8%), em 2013, para uma queda, em 2014, da ordem de 1,4%.

Este cenário de vales e picos da atividade econômica e, especifica-mente, a recessão a partir de 2014 influenciou a propensão de inves-timento das empresas, impondo restrições à tomada de decisão na alocação de recursos financeiros voltados às inovações e aos esfor-ços de modernização na gestão de processos.

Esse rápido pano de fundo ajuda a entender a primeira informação trazida pela Pintec 2014, referente à diminuição no número de empre-sas inovadoras.6 No triênio 2012-2014, havia no Estado de São Paulo 12.783 empresas industriais inovadoras de produto e/ou processo, 30,6% do total das empresas industriais inovadoras brasileiras, e 1.773 empresas entre as dos serviços, 38,8% do total nacional. Esses números mostram uma diminuição de 1,5% no número de empresas industriais que implementaram inovação de produto e/ou processo na comparação com o período anterior, porém, entre as empresas dos serviços selecionados observou-se um crescimento de 6,3%.7

Na distribuição setorial das empresas inovadoras na estrutura da in-dústria paulista, as maiores concentrações absolutas estavam nos setores de produtos alimentícios (10,0%), produtos de metal (9,3%), produtos farmacêuticos (9,0%) e vestuário e acessórios (8,1%). Nos serviços, o predomínio foi do segmento de tecnologia da informação, com concentração de 58,4% das empresas das divisões pesquisadas em São Paulo.

A maioria das indústrias inovadoras paulistas (53,5%) era de peque-no porte, com 10 a 29 pessoas ocupadas, já as com mais de 100 pessoas ocupadas totalizavam 17,4%. Entre as empresas dos servi-ços, o porcentual de inovadoras de produto e/ou processo de menor porte era ainda maior, atingindo 64,2% das com 10 a 29 pessoas ocupadas, sendo a presença das empresas com mais de 100 pes-soas ocupadas de 12,7%. Em que pese essa concentração de pe-

6. “O conceito de empresa inovadora é bastante amplo. Considera-se tanto a empresa que desenvol-veu ela mesma a inovação quanto a que adotou uma inovação gerada por outra empresa, de maneira que a inovação é vista desde a perspectiva da própria empresa, podendo já existir em outras empresas do país ou do exterior” (FURTADO, 2011, p. 6).7. As divisões dos serviços pesquisados são edição e gravação e edição de música; telecomunicações; atividades dos serviços de tecnologia da informação; tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas; e serviços de arquitetura e engenharia, testes e análises técnicas.

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quenas empresas, vale observar que a inovação, como é mostrado neste texto, é um fenômeno que se apresenta de forma mais efetiva entre as grandes empresas e, especialmente, entre as de capital controlador estrangeiro.

As taxas de inovação das empresas paulistas

A taxa de inovação é um indicador de resultado dos esforços realiza-dos pelas empresas e é calculado pelo número daquelas que decla-raram ter efetuado inovação em relação ao total de empresas pesqui-sadas. No entanto, é preciso estar atento às limitações apontadas por De Negri e Cavalcante, resultantes de “dificuldades metodológicas associadas à própria aferição da inovação e por sua dependência de fatores como a estrutura do mercado”, valendo também destacar que a própria “dinâmica de mercado afeta fortemente este indicador” (DE NEGRI; CAVALCANTE, 2011, p. 10-11).8

No entanto, a taxa de inovação é relevante por permitir comparações internacionais, setoriais e temporais e, graças à diversidade de in-formações captadas pela Pintec, é possível analisá-la sob vários as-pectos associados à caracterização das empresas: porte, origem do capital controlador e setor de atividade.

A observação da natureza da inovação implementada pela empresa também é importante para qualificar a efetividade das atividades ino-vativas. Há diferenças entre inovações de produto e de processo que são novidades somente para a empresa, para o mercado nacional ou para o mercado mundial. Do ponto de vista do avanço da compe-titividade do país, as inovações para o mercado nacional e mundial são as mais importantes, indicando um maior esforço inovativo. Já as inovações restritas ao âmbito da empresa têm relevância localizada para os negócios das companhias e sua inserção na competição no mercado nacional, mas dificilmente têm repercussões significativas na economia como um todo.

8. Os autores complementam: “Visto que o conceito de inovação é bastante amplo, é razoável supor que, em um período de tempo suficientemente longo, a maior parte das empresas termina implemen-tando algum tipo de inovação de produto ou processo. Da mesma forma, em cenários de crescimento econômico, diversos tipos de investimento podem engendrar inovações. Esse é o caso de ampliações da capacidade produtiva após um longo intervalo sem investimentos. Nesse caso, os novos métodos e processos produtivos requeridos implicarão um aumento da taxa de inovação que, essencialmente, decorre da formação bruta de capital” (DE NEGRI; CAVALCANTE, 2011, p. 10-11).

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No período 2012-2014, a taxa de inovação de produto e/ou processo da indústria no Estado de São Paulo foi de 34,2%, com leve cresci-mento em relação à medição anterior e desempenho 2,2 p.p. inferior ao da indústria brasileira no mesmo triênio (36,4%). Essa diferença na comparação das taxas paulista e brasileira pode ser explicada, ao menos em parte, pela maior diversificação e densidade da estrutu-ra produtiva do Estado de São Paulo que incorpora tanto as empre-sas de ponta, como as mais tradicionais, que se caracterizam como menos inovativas. Já nos serviços, houve uma redução significativa na taxa paulista de inovação de produto e/ou processo entre os dois períodos, com diminuição de 39,1% para 34,3%. A taxa para o setor no Brasil foi de 32,4%, com queda de 4,8 p.p. em relação à anterior, próxima à ocorrida no Estado de São Paulo (4,4 p.p.).

A taxa de inovação de produto e/ou processo tendo como referência o porte das empresas industriais paulistas9 mostra que, com exceção das de menor porte (de 10 a 49 pessoas ocupadas), em todas as demais faixas ocorreu avanço na comparação entre os períodos pes-quisados (Gráfico 1).

9. Informações agregadas para as indústrias extrativa e de transformação.

Gráfico 1Taxa de inovação de produto e/ou processo na indústria, por faixa de pessoal ocupadoEstado de São Paulo – 2009-2011 e 2012-2014

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

33,3 30,3 33,038,1 40,8

49,557,3

34,229,1

34,441,9

51,156,4

69,7

Total De 10 a 29 De 30 a 49 De 50 a 99 De 100 a 249

De 250 a 499

Com 500 e mais

2009-2011 2012-2014

Pessoal ocupado

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Entre as maiores empresas, o crescimento foi expressivo: de 12,4 p.p. nas indústrias com 500 e mais pessoas ocupadas, seguidas pelas pertencentes à faixa de 100 a 249 pessoas ocupadas, que avança-ram 10,3 p.p. Esse desempenho pode ser explicado por uma maior facilidade de acesso a instituições de ciência e tecnologia e a recursos financeiros (próprios ou captados no mercado), melhor infraestrutura material, capacidade de atrair recursos humanos com qualificação mais elevada, entre outras razões.

Já entre as empresas dos serviços, com exceção da faixa das maio-res empresas, com 500 e mais pessoas ocupadas, onde ocorreu um avanço de 2,4 p.p., em todas as demais faixas, houve recuo nas ta-xas de inovação, com uma forte queda entre as empresas de 50 a 99 pessoas ocupadas, onde a redução foi de 14 p.p. (Gráfico 2).

No que se refere à origem do capital controlador das empresas indus-triais inovadoras de produto e/ou processo, a comparação das taxas mostra desempenhos bem superiores para os conjuntos de empresas onde há a presença de capital controlador estrangeiro (Gráfico 3), com um avanço de 1,4 p. p., na taxa de inovação do grupo das empresas de capital controlador estrangeiro. Vários fatores ajudam a explicar esse

Gráfico 2Taxa de inovação de produto e/ou processo nos serviços, por faixa de pessoal ocupadoEstado de São Paulo – 2009-2011 e 2012-2014

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

Total De 10 a 29 De 30 a 49 De 50 a 99 De 100 a 249

De 250 a 499

Com 500 e mais

2009-2011 2012-2014

Pessoal ocupado

39,1 36,140,5

50,242,9 44,1

51,5

34,3 31,938,5 36,2 39,7 39,8

53,9

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desempenho, entre eles, “o menor custo de produção e facilidades de captação de recursos financeiros no exterior” e, mais importante, acesso mais fácil “das empresas estrangeiras a diversas modalidades de transferência de tecnologia e conhecimento – o que contribui para acelerar a introdução de novos produtos e processos. Em geral, esses produtos e processos modificados tecnologicamente têm origem nos países industrializados, onde se localizam os principais centros de ino-vação tecnológica e P&D das empresas transnacionais” (QUADROS et al., 1999, p. 57).10

É interessante observar, no entanto, que em relação às empresas do setor de serviços esse padrão de desempenho não se repetiu: as empresas mais inovadoras foram as de capital nacional, ainda que tenha havido uma queda de 5,7 p.p. entre os períodos. O único grupo no qual houve um avanço na taxa de inovação foi o das empresas de capital controlador estrangeiro (3,2 p.p.), mas mesmo com esse

10. Em texto que analisa a baixa inovatividade no Brasil, Fernanda De Negri chama a atenção para a existência de “limitações importantes para o desenvolvimento tecnológico de um país/setor quando esse desenvolvimento está assentado, essencialmente, na produção de conhecimento e nas tecnolo-gias geradas por empresas estrangeiras” (DE NEGRI, 2012, p. 95-96).

Gráfico 3Taxa de inovação de produto e/ou processo, segundo origem do capital controladorEstado de São Paulo – 2009-2011 e 2012-2014

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

32,5 33,140,6

34,9

56,9 58,3

24,5 27,7

63,3 59,8

25,4 24,1

2009-2011 2012-2014 2009-2011 2012-2014Indústria Serviços

Nacional Estrangeiro Nacional e estrangeiro

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crescimento a taxa manteve-se 7,2 p.p. abaixo do desempenho das empresas nacionais.

Embora as informações segundo origem do capital não permitam uma análise setorial, o segmento de tecnologia da informação, como será analisado adiante, sobressaiu com um avanço importante em sua taxa de inovação de produto novo para o mercado nacional, o que pode ajudar a explicar, ao menos em parte, o desempenho das empresas de capital nacional. Como observado em texto que anali-sou a inovação no setor de serviços no Estado de São Paulo, apesar do domínio do mercado por gigantes multinacionais, “existem nichos que oferecem oportunidades de atuação para as médias e pequenas empresas. Essas empresas de capital nacional disputam o mercado local de software em aplicativos de gestão empresarial e de inteli-gência de negócios, dispondo de substancial capacidade competitiva para concorrer com as principais multinacionais instaladas em São Paulo e no Brasil” (BERNARDES; BESSA; KALUP, 2005, p. 128).

Inovação de processo

As inovações de processo são definidas pela “introdução de novos ou substancialmente aprimorados métodos de pro-dução, mudanças na logística interna de movimentação de insumos e produtos e de incrementos nas atividades de apoio à produção, que, na indústria, envolvem mudanças nas técnicas, máquinas, equipamentos ou softwares e, nos serviços, sobretudo mudanças nos equipamen-tos ou softwares utilizados” (IBGE, 2016, p. 44).

E, da mesma forma que nas edições anteriores, predominaram sobre as inovações de produto.

Em relação à taxa de inovação de processo, observou-se na indústria uma elevação de 0,6 p.p. na comparação entre os períodos pesquisa-dos. Já nos serviços a queda foi de 3,8 p.p., embora seja importante destacar um leve movimento positivo de 0,3 p.p. na taxa de inovação de processo novo para o mercado nacional, igual ao ocorrido na in-dústria (Tabela 1). Entre os segmentos industriais, o destaque foi do setor automobilístico (43,8%), seguido pelo de produtos de limpeza e higiene pessoal (26,1%). Nos serviços, sobressaiu o segmento de tec-nologia da informação (5,8%), seguido pelos serviços de arquitetura e engenharia (4,9%). O fato de a taxa de inovação de processo novo

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para a empresa ter crescido na indústria (27,8% no período 2012-2014) evidencia maior preocupação com a eficiência nas operações: redução de custos, gestão de RH, logística avançada, por exemplo.

Tabela 1Taxa de inovação por setor de atividade e tipo de inovaçãoEstado de São Paulo – 2009-2011 e 2012-2014

Taxa de inovação de produto e/ou processo

Indústria Serviços

2009-2011 2012-2014 2009-2011 2012-2014

33,3 34,2 39,1 34,3

Taxa de inovação de produto

Total 17,7 17,5 30,8 24,1

Novo para a empresa 14,7 13,5 24,2 13,8

Novo para o mercado nacional 3,5 5,2 8,4 11,2

Taxa de inovação de processo

Total 29,5 30,1 33,0 29,2

Novo para a empresa 27,1 27,8 29,4 25,6

Novo para o mercado nacional 3,2 3,5 4,3 4,6

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

Inovação de produto

A introdução de novos produtos na indústria paulista manteve-se pra-ticamente estável, na faixa de 17,5%, com predomínio, mais uma vez, da introdução de produtos novos para a empresa. O destaque foi o avanço da taxa de inovação de produto novo para o mercado nacio-nal,11 com crescimento de 1,7 p.p., atividade que implica um esforço inovativo maior do que apenas a difusão nas empresas de tecno-logias já existentes no mercado (inovação de produto novo para a empresa). Nos serviços, onde as quedas foram expressivas, foi ainda mais importante o desempenho positivo da taxa de inovação de pro-duto novo para o mercado nacional, que avançou 2,8 p.p., atingindo o patamar de 11,2% no período 2012-2014.

11. O avanço desse indicador foi superior nas empresas localizadas no Estado de São Paulo, onde a taxa subiu de 3,5% para 5,2%, enquanto no Brasil o indicador permaneceu praticamente estável com oscilação de 3,6% para 3,8%.

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Do ponto de vista setorial, a avaliação das taxas de inovação deve levar em conta a estrutura dos mercados. De fato, setores oligopoli-zados e inseridos na cadeia global de valor, com poucas empresas e com predomínio de capital controlador estrangeiro, tendem a ter uma taxa de inovação mais elevada. Já nos setores tradicionais, com elevado número de empresas e um padrão de concorrência maior, a tendência é apresentar uma taxa de inovação menor.

A análise das taxas de inovação de produto novo para o mercado nacional nos segmentos da indústria paulista indica que, no período 2012-2014, a maior taxa foi a do setor automobilístico (76,9%) muito acima dos demais, embora com queda em relação ao triênio anterior, quando atingiu a taxa de 78,6%. Esta pequena redução pode estar relacionada, em parte, ao espraiamento dos investimentos do setor para outros estados após a crise iniciada em 2008.12

Os ciclos de investimentos do setor automobilístico no Brasil foram, ao longo do tempo, condicionados pelo ambiente econômico nacional e pelas estratégias internacionais das montadoras. A partir do Plano Real, gradativamente o Brasil tornou-se atrativo aos investimentos das montadoras para suprir o mercado doméstico em ascensão e para transformar o país, em função de vantagens locacionais, tais como, mão de obra qualificada, melhor logística e infraestrutura e capacita-ção tecnológica mais avançada, em uma plataforma de produção e comercialização para a América Latina (COSTA; HENKIN, 2016).

Nesse processo, a estrutura produtiva das montadoras foi se sofisti-cando e reduzindo a diferença tecnológica até então presente, o que induziu a manutenção de taxas de inovação de produto novo para o mercado nacional em patamar elevado. Nos anos 2000, o padrão passou a ser o de cadeia global de valor e maior proximidade das subsidiárias em rede com a matriz em um processo de internaciona-lização das montadoras. A regra predominante, neste contexto, foi a de convergência tecnológica, oferta global de produtos – “carro mun-dial” – e os mesmos padrões de organização da produção.

12. Vários estados foram contemplados com a implantação de montadoras em seus territórios. O Rio de Janeiro recebeu investimentos da Peugeot; Rio Grande do Sul e Santa Catarina concentraram imobilização de capital da General Motors; no Paraná, a Volks investiu em planta para produzir picapes de porte interme-diário e a produção do Audi Q3; em Goiás, a Hyundai e a Mitsubishi inauguraram fábricas; e, em Pernam-buco, a Fiat direcionou recursos para a sua unidade fabril no estado e na instalação de fábrica de motores.

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O crescimento da demanda por automóveis, entre 2005 e 2008, ele-vou o nível de utilização da capacidade instalada para a faixa de 90% e estimulou a continuidade do processo de restruturação do setor au-tomobilístico no Brasil. A desaceleração do nível de atividade após 2010 impactou negativamente nas vendas de automóveis; todavia, o contexto econômico restritivo não inibiu a expansão dos investimen-tos das montadoras, na medida em que são imobilizações estratégi-cas das matrizes para acessar mercados regionais com potencial de expansão (BARROS; PEDRO, 2011).

Bem abaixo do desempenho do setor automobilístico mas ainda bem acima da média da indústria paulista (5,2%), um conjunto de segmen-tos apresentou taxas de inovação de produto novo para o mercado nacional entre 20% e 30%. Empresas nacionais e multinacionais de médio e grande porte compõem este grupo, no qual se destacam três setores.

O segmento de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão, com 135 empresas inovadoras em produtos novos para o mercado nacional, alcançou uma taxa de inovação de 29,5%; o segun-do melhor desempenho foi do setor de fabricação de resinas e elas-tômeros, com 41 empresas inovadoras e uma taxa de inovação de 25,7%.13 Por fim, destacou-se o segmento de peças e acessórios para veículos que, acompanhando o ciclo de investimentos do setor auto-mobilístico, ampliou sua taxa de inovação de produto novo para o mer-cado nacional de 6,4% (67 empresas) em 2009-2011, para 19,8% (192 empresas), no segundo período (2012-2014) pesquisado pela Pintec.

Os demais setores da indústria investigados pela Pintec podem ser divididos em três outros agrupamentos. O primeiro engloba segmen-tos com taxa de inovação entre 10% e 17%, caracterizando-se, além de empresas de médio e pequeno portes, por companhias líderes nacionais e multinacionais de maior produtividade e cuja competiti-vidade se dá também pela diferenciação de produtos. Os setores de produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal e o de fabricação de tintas, vernizes e produtos afins estão nesse grupo,

13. Não é possível comparar as taxas de inovação desses segmentos com o período anterior pois na edição de 2009-2011 eles compunham níveis mais agregados. Valendo a mesma observação para os setores têxtil, de vestuário e de bebidas.

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sendo 91 empresas inovadoras no primeiro segmento e 76 no segun-do, com taxas de inovação de 16,9% e 11,8%, respectivamente.

Com uma taxa de inovação 13,7%, o setor farmacêutico também se enquadra neste grupo, com 22 empresas inovadoras em produtos novos para o mercado nacional em um conjunto de 160 pesquisa-das pela Pintec no período 2012-2014. Este segmento se caracteriza por ser intensivo em P&D, tendo o segundo maior gasto (2,8%), em relação à Receita Líquida de Vendas (RLV), dentre as divisões de CNAEs pesquisadas. Porém, a taxa de inovação de produto novo para o mercado nacional não é uma das mais elevadas dentro da indústria. A dinâmica da inovação no setor farmacêutico explica um pouco essa discrepância.

A descoberta de princípios ativos e novos medicamentos não é trivial e o ciclo completo necessita de vários anos desde o início da pesqui-sa básica até a aprovação pelos órgãos competentes (Anvisa). Além disso, as empresas nacionais de genéricos predominantemente reco-locam no mercado interno medicamentos que perderam a patente e já existiam no mercado nacional. Somente nos últimos anos, as empre-sas de genéricos passaram também a investir de forma mais efetiva em P&D para alavancar a descoberta de novas moléculas e, assim, conseguir crescer de forma mais sustentável nos mercados domésti-co e internacional.

No segundo grupo estão os setores que apresentaram taxas de inova-ção entre 5,2% (média da indústria em São Paulo) e 10%, composto por cinco segmentos: outras máquinas e equipamentos (7,6%), refino de petróleo (7,5%), produtos siderúrgicos (7,0%), produtos alimentí-cios (5,7%) e outros equipamentos de transporte (5,7%).

Ao longo dos últimos anos, o setor de alimentos vem implementando um movimento de diferenciação e criação de novos produtos para agre-gar valor. Todavia, este processo se concentrou predominantemente nas empresas líderes e em seus fornecedores, atingindo pequena parte do universo pesquisado pela Pintec que, no período 2012-2014, somou 2.846 empresas. Deste total, apenas 161 realizaram inovação de produto novo para o mercado nacional, fato que ajuda a explicar parte do avanço modesto da taxa de inovação do segmento que pas-sou de 5,0% para 5,7%, entre os dois períodos tratados neste artigo.

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Em relação ao setor siderúrgico, é importante destacar a expressi-va elevação da taxa de inovação. No período 2009-2011, foram re-gistradas apenas quatro empresas realizando inovação de produtos para o mercado nacional, com taxa de inovação de 1,4%. Nos anos subsequentes (2012-2014), o número de empresas subiu para 18 de um universo de 256 e a taxa de inovação alcançou 7,0%. Tal evolução pode estar refletindo um processo de modernização e de novos investimentos das empresas que operam no Brasil, dentro de um contexto internacional de acirramento da concorrência, especial-mente chinesa, e de uma demanda por produtos mais sofisticados no mercado interno.

Um terceiro conjunto engloba setores que obtiveram taxas de inova-ção abaixo da média da indústria paulista (inferior a 5,2%) no período 2012-2014. Nesta condição, estavam sete segmentos com predomi-nância de bens intermediários, bens não duráveis e a cadeia de pro-dutos têxteis e de vestuário.

No caso dos bens intermediários, a baixa taxa de inovação se deve, de um lado, à presença de empresas de pequeno e médio portes e, de outro, pelas características de uma produção mais estandar-dizada. Este subconjunto é composto por quatro setores listados a seguir com suas taxas de inovação: artigos de borracha e plástico (3,9%); papel, embalagens e artefatos de papel (3,4%); produtos de metal (1,4%) e produtos minerais não metálicos (1,3%). No período 2012-2014, este conjunto agregou 11.292 empresas, o que represen-tou 30,2% do universo pesquisado, cabendo ressaltar que, embora a taxa de inovação tenha sido baixa, a comparação com os resultados obtidos nos anos anteriores (2009-2011) mostra evolução positiva, especialmente em artigos de borracha e plástico, setor que registrou aumento de 2,3 p.p. em sua taxa de inovação.

Artigos do vestuário e acessórios, produtos têxteis e bebidas configu-ram o segundo subconjunto com taxas de inovação inferiores à média da indústria em São Paulo. A cadeia do setor de têxtil e de vestuário também se caracteriza por empresas de pequeno porte, agregando 6.665 empresas (17,8% do universo da Pintec 2014). Além deste fator, a concorrência predatória das importações chinesas impactou o seu ímpeto de investimentos modernizadores na estrutura produtiva, re-duzindo a propensão a inovar em produtos para o mercado nacional.

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Neste contexto, a taxa de inovação do setor têxtil e de vestuário foi baixa, de 2,0% e 1,6%, respectivamente, com apenas 112 empresas criando produtos novos para o mercado nacional.

O setor de bebidas agregou 207 empresas e apenas cinco delas inovaram em produtos para o mercado nacional, com uma taxa de inovação de 2,5%. Este segmento também se caracteriza por produ-tos estandardizados e as inovações se concentraram nas empresas líderes, com acesso às novidades do mercado internacional e com capacidade de internalizá-las através de investimentos focados nes-tas tendências.

Nos serviços, o destaque foi do segmento de tecnologia da informa-ção, com taxa de inovação de produto novo para o mercado nacional de 20,7%, avanço de 6,3 p.p. na comparação com o levantamen-to anterior. Chama a atenção, no entanto, a queda muito acentuada (de 11,7% para 2,1%) da taxa de inovação na divisão de tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas, com redução expressiva no número de empresas que realizaram ino-vações de produtos novos para o mercado nacional (de 56 para 11).

Este movimento pode ser relacionado com as características intrínse-cas das empresas que operam no segmento, como as de não apre-sentarem custos fixos relevantes, produzirem produtos de natureza intangível e operarem com elevada flexibilidade no contrato de servi-ços. Esta especificidade abre espaço para que as empresas alterem sua classificação de atividade econômica (CNAE), em função da sua principal fonte de receita em determinado período.

Comparação internacional

Como já referido, permitir a comparação internacional é uma carac-terística importante da Pintec. Informações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE possibilitam con-frontar os resultados dos esforços de inovação realizados no Brasil e no Estado de São Paulo com os de outros países.

O Gráfico 4 expõe as taxas de inovação de produto novo para o mercado para o total das empresas em diferentes contextos e per-mite constatar o modesto desempenho paulista e brasileiro quando comparados internacionalmente. Porém, vale salientar a posição da

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taxa das empresas do Estado de São Paulo em relação à das em-presas brasileiras, incluídas as paulistas, que aponta para a posição de liderança dessas empresas no cenário nacional. Em que pese os resultados apresentados, o desempenho das empresas paulistas é equivalente aos apresentados pela economia espanhola. Destaque-se também que esses resultados têm que ser vistos com alguma ressalva, dado que os países envolvidos na comparação possuem estruturas econômicas muito diferentes, com especializações produ-tivas distintas.

Gráfico 4Taxa de inovação de produto novo para o mercado para o total das empresasBrasil, Estado de São Paulo e países selecionados – 2012-2014

Fonte: OECD, based on the 2017 OECD survey of national innovation statistics and the Eurostat, Community Innovation Survey (CIS-2014), http://oe.cd/inno-stats, June 2017. Fundação Seade.

22,2

22,0

22,0

21,9

20,4

19,0

18,5

18,4

18,4

17,5

16,3

15,5

15,1

15,0

14,7

14,5

13,5

13,3

12,1

10,8

8,1

7,5

7,2

7,0

6,3

5,9

5,7

5,2

4,8

4,2

2,4

2,3

1,5

1,1

IRL

BEL

NOR

AUT

FIN

NLD

FRA

SWE

LUX

SVN

AUS

ITA

TUR

GRC CH

EPR

TCZ

EDE

UDN

KG

BR NZL

SVK

JPN

HUN

LVA

SP ESP

POL

USA

BRA

KOR

RUS

CHL

EST

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Atividades inovativas e os dispêndios com pesquisa e desenvolvimento – P&D

As atividades inovativas compreendem um conjunto de ações en-tre as quais se destacam os gastos com aquisição de máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento – P&D, aquisição de software, treinamento e introdução das atividades tecnológicas no mercado. Nesse conjunto, os dispêndios com P&D constituem a me-dida, por excelência, dos esforços realizados pelas empresas e pelo governo.14

O objetivo desta seção é avaliar o esforço inovativo realizado pela indústria e pelos serviços.15 Essa medida será aferida pela relação entre o dispêndio em atividades inovativas e a receita líquida de ven-das – RLV e o dispêndio com atividades internas e externas de P&D e a RLV. Pretende-se mostrar que a economia paulista se diferencia da brasileira no que se refere ao esforço inovativo, apesar da taxa de inovação ainda não refletir o aumento nos dispêndios em P&D reali-zados pelas empresas paulistas.

A análise das informações sobre o esforço inovativo na economia pau-lista oferece um quadro bastante peculiar.16 Em 2011, eram 43.320 empresas, passando para 42.581, em 2014, com redução de 1,7%. Porém, houve um aumento no número de empresas que realizaram atividades de P&D: de 3.702, em 2011, para 4.137 em 2014, incre-mento de 11,7%. Logo, é possível afirmar que houve uma intensifica-ção do esforço inovativo no Estado de São Paulo.

Desde o início da série da Pintec, os dispêndios com a aquisição de máquinas e equipamentos sempre se destacaram como o mais importante item entre os gastos com atividades inovativas. O dado novo para o Estado de São Paulo e, com menor intensidade, também para o Brasil, foi a ascensão dos dispêndios com P&D que, no caso

14. Usualmente, essa medida de esforço é calculada como proporção do PIB e/ou da receita líquida de vendas (RLV). Neste texto tomaremos como parâmetro a RLV em função do uso exclusivo da base de dados da Pintec, com o objetivo de ter um parâmetro indicativo do dispêndio das empresas inovadoras e não do dispêndio em P&D da economia como um todo.15. Sobre o conceito de medida de esforço através do dispêndio em P&D, consultar entre outros De Negri e Cavalcante (2011).16. Como as informações da Pintec disponibilizadas para o Estado de São Paulo não incluem eletrici-dade e gás, nas comparações feitas com o Brasil esse segmento foi excluído.

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da economia paulista, tornou-se, em 2014, o principal item entre as atividades inovativas. Esse crescimento do dispêndio com P&D teve como contrapartida a elevação da participação desse gasto na RLV: em 2011, a participação foi de 0,8%, avançando para 1,2%, em 2014. Sob a ótica dos dispêndios totais com atividades inovativas, obser-vou-se também uma elevação nessa participação no Estado de São Paulo: em 2011, a participação das atividades inovativas na RLV foi 2,7%, evoluindo para 3,3%, em 2014.

Analisando-se o valor dos dispêndios com atividades inovativas realizados pela indústria e pelos serviços paulista e brasileiro, ve-rificou-se um ritmo de crescimento mais elevado no Estado. Entre 2011 e 2014, os dispêndios em São Paulo evoluíram de R$ 28,1 bilhões para R$ 41,3 bilhões, um avanço de 47%, enquanto para o país a evolução foi de R$ 63,1 bilhões para R$ 80,5 bilhões, cresci-mento de 28%. O desempenho da economia paulista fez com que, em 2014, o Estado respondesse por 51% do valor gasto no país com essas atividades.

A análise dos dispêndios da indústria paulista com as diferentes ati-vidades inovativas destaca o crescimento dos gastos com P&D, que avançaram de 32,4% para 41,9%, entre 2011 e 2014, e a queda na participação dos gastos com a compra de máquinas e equipamen-tos (de 50,7% para 34,5%, respectivamente) (Gráfico 5). No Brasil, também se verificou o mesmo movimento, embora com menor in-tensidade: os dispêndios em P&D cresceram 15,5% e a aquisição de máquinas e equipamentos decresceu 14,3%. Nesse caso, P&D e aquisição de máquinas e equipamentos se equivalem em importância na distribuição dos gastos com atividades inovativas, 39,5% e 40,2%, respectivamente, em 2014.

Em relação aos serviços, observou-se também um intenso crescimen-to dos dispêndios com atividades inovativas no período. No Estado de São Paulo, o gasto elevou-se de R$ 5,3 bilhões para R$ 13,9 bi-lhões, um aumento de 162%, enquanto no Brasil o crescimento foi de R$ 12,1 bilhões para R$ 22,7 bilhões, um incremento de 88%. Esse avanço acentuado decorreu do aumento dos gastos no setor de tele-comunicações que ocorreu tanto em São Paulo como no Brasil.

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É preciso destacar que nos serviços o setor de telecomunicações res-ponde, usualmente, pela maior parte dos dispêndios com atividades inovativas, dada sua característica de mercado – poucas e grandes empresas – e sua elevada intensidade tecnológica. Em que pese esse fato, verificou-se no período em análise, um crescimento ainda mais acentuado em função dos investimentos realizados no país como consequência da introdução das tecnologias 3G e 4G, além do fato do Brasil ter sediado as Olimpíadas e a Copa do Mundo. No Estado, esses gastos responderam por 84% do total das atividades inovativas nos serviços e no Brasil essa participação foi de 65%, em 2014.

A desagregação dos dispêndios nos serviços em suas diversas ca-tegorias permite observar que a atividade de P&D apresentou, assim como na indústria, um forte crescimento no Estado de São Paulo, avançando de 18,1% em 2011 para 30,6% em 2014 (Gráfico 6). Mesmo com esse crescimento, sua participação é muito inferior à participação no Brasil, onde o gasto com P&D situou-se em 44% do total dispendido com as atividades inovativas nos dois períodos.

Um movimento comum às duas economias foi a elevação da taxa de participação do item compra de máquinas e equipamentos. Na eco-

Gráfico 5Distribuição dos dispêndios das empresas industriais com atividades inovativasEstado de São Paulo – 2011 e 2014

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

32,4

1,750,7

6,15,3 3,82011

P&DAquisição de softwareCompra de máquinas e equipamentos

Introdução das inovações no mercadoProjetos industriais e outras preparações

Demais

41,9

1,6

34,5

9,05,0

8,02014

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nomia paulista, essa taxa passou de 44,5% para 57,8%, crescimento em grande medida alavancado pelo setor de telecomunicações, res-ponsável por 93% do total gasto com a compra de máquinas e equi-pamentos nos serviços, em 2014. Para o Brasil, esse crescimento foi de 27,9% para 44,7%, fato que deve estar associado à melhoria e expansão da infraestrutura de telecomunicações, como já referido.

A elevação na participação do gasto com compra de máquinas e equi-pamentos fez com que a aquisição de software sofresse uma redução acentuada. O gasto com software em 2011 foi de R$ 1,1 bilhão, en-quanto em 2014 reduziu para R$ 672 milhões, em São Paulo. Para o Brasil esses números foram de R$ 1,3 bilhão para R$ 842 milhões, respectivamente. Assim, em São Paulo a participação caiu de 20,6% para 4,8%, enquanto no Brasil a contração foi de 10,8% para 3,7%.

P&D na economia paulista

Os dispêndios com P&D são usualmente considerados a principal medida de esforço tecnológico e são captados pela Pintec em dois subgrupos: atividade interna ou aquisição externa e, verificando-se no caso de interna se é realizada de forma contínua ou esporádica.

Gráfico 6Distribuição dos dispêndios das empresas dos serviços com atividades inovativasEstado de São Paulo – 2011 e 2014

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

2011

P&DAquisição de softwareCompra de máquinas e equipamentos

Introdução das inovações no mercadoProjetos industriais e outras preparações

Demais

201418,1

20,6

44,5

8,4

2,06,4

30,6

4,857,8

5,0

0,2 1,6

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Essa forma de captação permite construir uma escala para medir o esforço tecnológico através dos gastos com P&D nas empresas. Essa escala tem por parâmetro o quantum da receita líquida de vendas – RLV é comprometido com a atividade e se essa atividade é realizada internamente e de forma contínua pela empresa. Assim, quanto maior for a participação do gasto com P&D na RLV e se essas atividades forem realizadas internamente e de forma contínua pela empresa, maior será sua capacidade inovadora.

É a partir dessa aferição que é possível afirmar que os setores eco-nômicos paulistas medidos pela Pintec acusaram um esforço tecno-lógico maior do que o realizado na economia brasileira. Apesar desta última ter apresentado uma taxa de inovação superior à paulista. Os dispêndios com P&D da indústria em São Paulo passaram de 0,8% para 1,0% da RLV, enquanto no Brasil essa participação manteve-se em 1,0%. Porém, esse desempenho encobre comportamentos dife-renciados entre os diversos setores da indústria.

A análise da Tabela 2 permite verificar que houve um crescimento acen-tuado do gasto com P&D nos setores da química,17 farmacêutica e de máquinas, equipamentos e material elétrico. O setor automobilístico, apesar de ter mantido um dispêndio acima da média da indústria, per-deu participação com queda de 1,7% para 1,2%, entre 2011 e 2014.

Merece destaque especial a divisão de outros materiais de transpor-tes na qual está inserido o complexo aeroespacial,18 segmento que apresentou um comprometimento de sua RLV com atividades inova-tivas e P&D próximo aos padrões internacionais. Em 2011, os gastos com P&D foram 9,3% da RLV, atingindo 12,1% em 2014. Essa ele-vada participação do gasto de P&D nessa atividade está associada à Embraer, símbolo de empresa global e articulada às cadeias de produção internacionais.

17. A indústria química é composta pelos grupos: fabricação de produtos químicos inorgânicos; fabri-cação de produtos orgânicos; fabricação de resinas e elastômeros, fibras artificiais e sintéticas, defen-sivos agrícolas e desinfetantes; fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal; fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e produtos afins e de produtos diversos. Em 2011, as informações disponibilizadas para São Paulo para esse segmento foram apresentadas por divisão, já em 2014 essas informações foram disponibilizadas por grupo. Assim, para fazer a comparação entre os dois períodos, foi necessário a agregação das infor-mações de 2014 para o nível da divisão (indústria química).18. A divisão de outros materiais de transportes engloba subsetores muito diversos entre si, indo da fabricação de aeronaves à de bicicletas, porém, a Pintec não possibilita a desagregação dessas infor-mações. Especialmente para o caso do Estado de São Paulo seriam muito importantes as informações referentes ao complexo aeroespacial, dada a alta intensidade tecnológica desse segmento.

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O desempenho da indústria brasileira apresentou comportamento in-verso ao do setor paulista para as divisões da química e da farma-cêutica. Enquanto em São Paulo essas indústrias aumentaram sua participação na RLV e na distribuição do valor gasto com P&D no total dos gastos com atividades inovativas, no Brasil aconteceu uma redu-ção tanto na participação da RLV, quanto na participação da P&D na distribuição daquelas atividades.

No Estado de São Paulo está a porção mais moderna dessas indústrias, concentrando seus principais centros de P&D localizados no Brasil, agregue-se a isso o intenso processo de concentração patrimonial dos últimos anos, além do papel crucial desempenhado pela P&D nessas atividades. O resultado desse processo parece indicar um crescimento da importância e da participação dessas atividades em São Paulo, em relação ao contexto nacional.

Os serviços captados pela Pintec também apresentaram um forte in-cremento no dispêndio com P&D. Como pode ser visto na Tabela 3, a participação da P&D na RLV do setor, no Estado de São Paulo, passou 0,8% para 2,6%, enquanto no Brasil esse crescimento foi de 2,2% para 3,4%, desempenho em termos relativos superior ao apresentado pelo setor industrial. Esses serviços caracterizam-se por um elevado con-

Tabela 2Participação dos dispêndios com P&D em relação à RLV e aos gastos com atividades inovativas, em setores selecionados da indústriaBrasil e Estado de São Paulo – 2011 e 2014

Total e divisões selecionadas da indústria

São Paulo Brasil

P&D/RLV P&D/Total das ativ. inov. P&D/RLV P&D/Total

das ativ. inov.

2011 2014 2011 2014 2011 2014 2011 2014

Total 0,8 1,0 32,4 41,9 1,0 1,0 34,2 39,5Química 0,9 1,4 36,7 56,2 1,2 0,9 51,7 49,0

Farmacêutica 2,5 2,8 65,4 73,1 3,0 2,6 61,6 63,2

Máquinas, equip. elétrico 0,6 2,1 32,5 72,3 1,4 1,9 49,7 65,0

Automobilística 1,7 1,2 57,4 63,9 1,6 1,2 56,4 55,3

Peças e acessórios 1,4 1,2 60,4 38,9 1,2 1,3 53,4 41,5

Outros materiais de transporte 9,3 12,1 48,2 63,0 2,0 5,7 47,2 54,4Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

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teúdo tecnológico, o que ajuda a entender esse desempenho. Em ter-mos de valor monetário, o avanço do dispêndio com P&D no Estado foi de R$ 968 milhões para R$ 4,2 bilhões, crescimento de 334%, já no Brasil o crescimento foi de R$ 5,3 bilhões para R$ 9,9 bilhões, uma elevação de 87%.

A desagregação desses valores pelos segmentos dos serviços co-loca em evidência, mais uma vez, o setor de telecomunicações que, em São Paulo, passou de R$ 329 milhões para R$ 3,0 bilhões, o que correspondeu a um crescimento 812%. No Brasil, os valores avança-ram de R$ 1,1 bilhão para R$ 4,2 bilhões, um crescimento de 282%. O desempenho do dispêndio em P&D no setor de telecomunicações é essencialmente composto pela aquisição externa, ou seja, não é realizado internamente pelas empresas. Em São Paulo, a aquisição externa de P&D pelo setor de telecomunicações respondeu por 88% do total gasto com P&D no setor.

As informações disponibilizadas por unidade da federação para os serviços de tecnologia da informação19 não permitem a abertura des-sas atividades, como as apresentadas para o agregado Brasil. Apesar dessa limitação, observa-se que o setor apresentou um crescimento na participação da P&D em relação à RLV, em São Paulo e no Brasil. Registre-se também que esse segmento apresentou a mais elevada participação de P&D no total das atividades inovativas: 61,4% em São Paulo e 60,0% no Brasil. Entre os serviços captados pela Pintec e disponibilizados por unidade da federação, as maiores taxas de participação de P&D são apresentadas pelos serviços de tecnologia da informação, destaque-se ainda que essa P&D foi desenvolvida internamente pelas empresas.

Por fim, as informações da Pintec permitem verificar se as atividades de P&D foram realizadas de forma contínua ou esporádica ou se são adquiridas externamente. Sob esse ponto de vista, as atividades de P&D foram realizadas quase que exclusivamente pelas empresas, in-ternamente e de forma contínua, tanto em São Paulo como no Brasil.

19. O segmento de tecnologia da informação é composto pelos seguintes grupos: desenvolvimento de software sob encomenda; desenvolvimento de software customizável; desenvolvimento de software não customizável; consultoria em tecnologia da informação; e suporte técnico, manutenção e outros serviços de tecnologia da informação.

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Em geral, mais de 95% das empresas inovadoras que informaram ter realizado atividades de P&D, afirmaram que essas atividades foram realizadas internamente e de forma contínua.

Para os setores farmacêutico, aeroespacial, automobilístico, produ-tos de higiene e limpeza e de vernizes e tintas, essa participação atingiu 100%. Tal importância da P&D nessas atividades coloca em evidência o elevado conteúdo tecnológico dessas atividades dentro da estrutura industrial. Não é por outra razão que essas atividades apresentaram taxas de inovação bem superiores à média da indús-tria, havendo nesses casos uma identidade entre esforço inovativo e taxa de inovação.

Considerações finais

São diversos os fatores determinantes da inovação, passando “tan-to por questões relativas às características intrínsecas das empresas quanto por questões relacionadas às especificidades setoriais e a ou-tros fatores institucionais e macroeconômicos” (DE NEGRI, 2012: p. 86). Neste artigo buscou-se mostrar alguns aspectos da inovação no Estado de São Paulo, entre 2009 e 2014, período marcado por grande flutuação econômica e consequentes desdobramentos sobre as deci-sões de investimento das empresas, inclusive os voltados à inovação.

Em que pese esse cenário, o estudo permitiu identificar dois indícios que apontam para um maior comprometimento das empresas pau-

Tabela 3Participação dos dispêndios com P&D em relação à RLV e aos gastos com atividades inovativas, nos serviçosBrasil e Estado de São Paulo – 2011 e 2014

Total e divisões dos serviços selecionados

São Paulo Brasil

P&D/RLV P&D/Total das ativ. inov. P&D/RLV P&D/Total

das ativ. inov.

2011 2014 2011 2014 2011 2014 2011 2014

Total 0,8 2,6 18,1 30,6 2,2 3,4 43,8 43,9

Telecomunicações 0,5 3,3 9,0 25,5 0,8 2,8 22,1 28,4Serviços de tecnologia da informação 1,5 2,4 47,0 61,4 1,7 2,6 46,0 60,0Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Seade.

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listas com a inovação. Em primeiro lugar, o crescimento da taxa de inovação de produto novo para o mercado nacional, tanto na indústria como nos serviços, é um fato positivo uma vez que essa atividade exige um esforço inovativo maior do que apenas a difusão nas em-presas de tecnologias já existentes no mercado. O segundo aspecto que merece destaque foi o expressivo crescimento dos dispêndios com P&D, reconhecidamente uma importante medida de esforço e que, como consequência, poderá acarretar uma melhora nos indi-cadores de resultados paulistas a serem medidos em uma próxima edição da Pintec.

Em 2014, parte desse esforço com P&D em São Paulo deveu-se ao incremento dos investimentos de atualização tecnológica no setor de telecomunicações frente às necessidades impostas pelos grandes eventos esportivos que ocorreram no país. Esse movimento não deve se repetir na mesma intensidade, mas a necessidade de estar “em dia” com as novas tecnologias se torna imprescindível para permitir a modernização das indústrias brasileira e paulista, o que pode estimu-lar a continuidade dos investimentos em P&D no setor de telecomuni-cações nos próximos anos.

Apesar da relativa melhora nos indicadores que avaliam os esforços inovativos das empresas que operam no Brasil, especialmente em São Paulo, na comparação internacional os desempenhos ainda se encontram bem abaixo do necessário para o país ganhar competitivi-dade e, assim, melhorar sua posição entre as economias emergentes. O empenho necessário nesse sentido exige aumento do esforço das empresas com pesquisa e desenvolvimento e também maior coopera-ção entre o setor público e o privado, entre outros pontos fundamentais como avanços no sistema educacional e melhorias na infraestrutura.

Por fim, há ainda um campo aberto para análises com base na Pintec que poderão complementar este trabalho. Entre elas, por exemplo, o estudo das informações referentes à interação entre os atores do sistema de inovação que ajudaria na identificação de gar-galos e oportunidades no caminho do fortalecimento da inovação no Estado de São Paulo. Sem dúvida, quaisquer ações que preten-dam incentivar a inovação e induzir o desenvolvimento no Estado não podem prescindir de uma colaboração mais intensa entre es-ses diversos atores.

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