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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO
FÍSICA DURANTE A FASE PRÉ-ESCOLAR
Por: Karla dos Santos Biggi
Orientadora
Prof. Mary Sue
Rio de Janeiro
2004
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DURANTE A FASE PRÉ-ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Psicomotricidade.
Por: Karla dos Santos Biggi
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
3
AGRADECIMENTOS
Aproveito esta oportunidade para
agradecer a todos que contribuíram de
uma forma ou de outra para a
realização desta monografia. Sou
muito grata ao incentivo da minha
família, pais e marido, por mais um
degrau da subida para o alcance do
sucesso profissional, amo todos vocês!
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta memória de monografia a um
ser pequenino e muito especial, minha
primeira filha, Lethycia, que foi gerada e
nasceu durante o curso. Obrigada por
você existir.
Te Amo!
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
5
RESUMO
O indivíduo, através do movimento, comunica e transforma o mundo que
o rodeia. E é baseado nisso que a psicomotricidade tem um papel fundamental
no início da vida do indivíduo (na educação pré-escolar), pois os seus
principais objetivos são: aprimorar os movimentos da criança e oportunizar
através de suas atividades o desenvolvimento psíquico e motor da criança de
uma forma integrada.
O movimento, a agressividade, o barulho, o prazer corporal, são
indispensáveis para o desenvolvimento da criança. Estes comportamentos
devem ser aceitos pelo educador de maneira verdadeira e aberta, e este
oferecer à criança, desde cedo, vários meios de exprimir e experimentar, e de ir
mais além na busca, sempre respeitando as etapas de seu desenvolvimento. A
partir do momento que o educador impõem alguma coisa para a criança, ela
perde o prazer de realizar qualquer atividade na escola.
A criança quando atingiu a disponibilidade criadora, não tem problemas
com as aprendizagens escolares. Basta que o educador forneça-lhe os
conhecimentos indispensáveis, ela própria vai saber organiza-los.
Para que tudo isso seja possível, é preciso dar às professoras que
trabalham principalmente com o pré-escolar, uma formação psicopedagógica
completa, materiais adequados, locais amplos e não as sobrecarregar com
classes numerosas.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
6
METODOLOGIA
A busca de alternativas em prol de um trabalho mais eficiente com
crianças pré-escolares tem chamado a atenção de estudiosos interessados na
educação pré-escolar. No entanto, como afirma Didonet (1980): “São poucos
os estudos e pesquisas sobre a criança pré-escolar brasileira”. É, segundo
Assis, na medida em que cresce a consciência da importância da pré-escola,
verifica-se que a literatura é quase nula, e que a pouca existente, quase toda
traduzida de publicações estrangeiras (Assis,1979).
Em relação à educação física na pré-escola, o fato se acentua ainda
mais, e embora especialistas defendam as razões para promover experiências
motoras em crianças pequenas e os benefícios trazidos por esta ação, ainda é
bastante escassa a literatura a respeito de estudos e pesquisas nessa área,
principalmente no âmbito nacional.
Justifica-se assim um estudo onde, através de revisão de literatura,
busque informações sobre a educação física na pré-escola atual, as
características da criança pré-escolar e a posição da psicomotricidade na pré-
escola, com vistas a fornecer dados que possam de forma simplificada,
beneficiar os interessados na educação pré-escolar.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - PRÉ-ESCOLA 11
CAPÍTULO II – PSICOMOTRICIDADE 17
CAPÍTULO III – ÁREAS PSICOMOTORAS 22
CAPÍTULO IV – APRENDIZAGEM 25
CAPÍTULO V - A ETAPA DO CORPO DESCOBERTO 30
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 36
ATIVIDADES CULTURAIS 38
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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INTRODUÇÃO
Como uma importante alternativa de educação de base, apresenta-se a
pré-escola, no contexto educacional nacional e internacional.
Com concepções e condições diversas, que variam com fatores de
ordem políticas, climáticas, ambientais, sócio-econômica-culturais, etc.,
prosseguem as pré-escolas existentes, ao encontro de melhores possibilidades
de atendimento às crianças na faixa etária de 2 a 6 anos de idade. É, sem
dúvida, a educação pré-escolar, um esforço para se oferecer às crianças
melhores oportunidades para o seu desenvolvimento global (Didonet, 1980).
A criança em idade pré-escolar é um ser dinâmico, cheio de
indagações expontâneas e com múltiplas habilidades físicas. Sua habilidade
motora é utilizada para expansão de seu desenvolvimento (Flinchum,1981).
Os estudos de Jean Piaget, H. Wallon, Jean Lê Boulch e outros autores
nos apresentam as características de desenvolvimento de acordo com o
estágio de evolução em que se encontra o indivíduo. Focalizando a criança em
idade pré-escolar, observamos nos estudos destes autores, similaridades nas
caracterizações das crianças desta faixa etária, embora seus estudos não
versem sobre a análise dos mesmos aspectos do desenvolvimento infantil.
Segundo Piaget, a criança utiliza movimento, e o pratica para
aprender, antes de conceitualizar um esquema ou modelo de pensamento no
desenvolvimento do intelecto (Flinchum,1981).
Para Wallon, o pensamento é como que projetado no exterior pelos
movimentos que o exprimem, e se ele não é expresso em gestos tanto como
por palavras, ele não existe (Ajuriaguerra,1980).
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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Temos ainda de Boulch, considerando que os movimentos e atitudes
de uma pessoa, não são acidentais, nem determinados pelo azar, e sim, são
significantes e estão unidos às motivações fundamentais do organismo
(Boulch, 1978).
Vemos assim, o movimento citado como fator de importância no
desenvolvimento do ser humano. E, progressivamente observa-se, o crescente
interesse do homem, em analisá-lo nas mais diversas áreas da ciência, nos
seus mais amplos e diferentes aspectos.
No que se refere ao estudo do movimento como um meio de educação
global, encontramos a psicomotricidade, que hoje ocupa um lugar
imprescindível na educação perceptivo-motora. Segundo citação de Vitor da
Fonseca, “No século das dificuldades escolares, que arrastam consigo
problemas familiares, pedagógicos e sócio-patológicos, a psicomotricidade
pode desempenhar um papel muito importante como medida preventiva, não
só porque está baseada antropológica e epistemologicamente, como também
porque procura ser um meio de intervenção crítica na realidade pedagógica da
escola atual” (Fonseca, 1976).
A educação física pré-escolar, através da psicomotricidade, pode então,
atender à criança numa das mais importantes fases da sua vida, onde a
educação do movimento, justifica-se entre muitas outras causas por: ser a
atividade física necessária para sustentar crescimento estrutural normal em
crianças, a orientação básica para a experiência ser estabelecida cedo na vida,
poder ser aumentado e sustentado o aprendizado na sala de aula pela
atividade extra-sala; ser na primeira infância a época em que ocorre as
mudanças mais rápidas no crescimento e desenvolvimento (Bayley). Além
disso, poderá prevenir deficiências como: deficiência na formação de conceitos;
deficiência de percepção (na discriminação de tamanho, na orientação espaço-
temporal, no esquema corporal e na discriminação figura fundo); alterações no
processo de pensamento; memória pobre; atenção deficiente; problemas de
fala e de linguagem, etc (Nascimento,1976).
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
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A educação através do movimento, desde tenras idades, mostra-se
assim, não só necessária pelo seu aspecto preventivo, mas sim, também por
oportunizar um desenvolvimento psicomotor harmônico, contribuindo para que
a criança possa desenvolver ao máximo seu potencial humano, característico
do período em que está vivendo.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
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CAPÍTULO I
PRÉ-ESCOLA
1.1- HISTÓRICO
O período de atendimento as crianças da faixa etária zero a seis anos,
foi e é uma preocupação constante de todas as épocas.
Platão, ao escrever a República, já dizia que a educação iniciada no
lar teria como objetivo o preparo para o exercício da cidadania e que esse
preparo deveria ser realizado num clima de liberdade.
Comenius (1592 – 1670), reconhecia o período pré-escolar como o do
desenvolvimento da criança. Ele achava indispensável que a criança tivesse:
experiências com materiais concretos, um sono tranqüilo, uma boa
alimentação, e ter a vida em contato com a natureza.
Rousseau (1712 – 1778), foi contra a teoria de uma educação
centrada nos interesses e na vida social do adulto. Ele propôs substituí-la por
uma educação que seguisse o livre desenvolvimento da própria natureza da
criança. A partir de suas idéias, a criança deixou de ser considerada um adulto
em miniatura, deixou de ser tratada por padrões adultos, e de aprender coisas
de adultos. Ela passou a ser vista como uma pessoa que tinha sentimentos,
desejos e idéias próprias (diferentes das do adulto).
Rousseau começou a intensificar a tendência psicológica na
educação. Esta tendência via a educação a partir da criança, da sua natureza,
dos seus instintos e das suas capacidades.
Para Piaget, o desenvolvimento infantil resulta em combinações entre
aquilo que o organismo trás, e as circunstâncias que o meio oferece. Essa
interação se dá através da organização interna e da adaptação ao meio. A
adaptação ocorre através da assimilação e acomodação, os esquemas de
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
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assimilação vão progredindo, se modificando, configurando então estágios de
desenvolvimento.
Os estágios evoluem como um espiral, de maneira que cada estágio
engloba o anterior e o amplia. Ele não define idades rígidas para os estágios,
considera que se apresentam em uma seqüência constante, um construtivismo
seqüencial (sensório-motor, simbólico ou pré-operacional, operatório concreto e
operatório abstrato ou lógico formal), tal processo de desenvolvimento é
influenciado pela maturação, exercitação, pela aprendizagem social (aquisição
de valores) e pela equilibração. A educação deve possibilitar a criança o
desenvolvimento amplo e dinâmico, desde o período sensório-motor até o
operatório-abstrato.
O Brasil também acompanhou o movimento de reestruturação do
homem pela educação. Com referência ao ensino pré-escolar são citados:
Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Heloísa Marinho.
Pode-se dizer que é importante programar um estudo centrado nas
necessidades e potencialidades da criança, proporcionando um constante
vivenciar de situações. Através disso pode-se sentir que cada criança é um
grande potencial, e que está a espera de um adulto que a incentive a auto-
descoberta e a auto-realização criativa.
1.2 – FINALIDADE
O pré-escolar se refere ao período de atendimento formal as crianças
da faixa etária zero a seis anos. No Brasil esse atendimento precede o início da
escolarização obrigatória que é de sete anos (fixado por lei).
A pré-escola foi implantada no Brasil para combater os fracassos da
educação primária, passando a constituir-se como prática preventiva. Seu
modelo de trabalho se baseia na educação primária. Modelo de educação
essencialmente mecanicista, onde a escola obriga o aluno a interiorizar
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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ensinamentos e princípios de maneira contínua e metódica, formando hábitos.
Mesmo quando a ação pedagógica cessa esses hábitos continuam. Esses
ensinamentos e princípios geram práticas e atitudes que favoreçam o modelo
sócio-econômico-político defendido pela classe dominante. Mediante esta
imposição, os indivíduos não conseguem elaborar a sua própria visão do
mundo.
Um dos principais objetivos do pré-escolar é preparar a criança para
ser alfabetizada. Este preparo está voltado para a parte psicomotora, pois é
através das atividades psicomotoras que a criança poderá construir as
estruturas de pensamento e ação (relações de linguagem, lógicas, espaços-
temporais, psicomotoras e sócio-afetivas), necessárias para o seu
desenvolvimento.
1.3 – O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DO PRÉ - ESCOLAR, SEGUNDO
PIAGET
De acordo com Piaget, o desenvolvimento intelectual infantil, progride
através de estágios que caracterizam o nível intelectual das crianças. Este
desenvolvimento intelectual é segundo ele, influenciado por quatro fatores que
se inter-relacionam: maturação, experiência, interação social e equilibração, e
ocorre por meio da organização e adaptação. (Charles, 1979).
Em relação à aprendizagem, observa-se que este desenvolvimento
intelectual fará indicações sobre o que as crianças podem aprender e sobre as
condições sob as quais aprendem. Flinchum considera que ao analisar as
fases apresentadas por Piaget, e aplicá-las ao conceito de aprendizagem pelo
movimento, observa-se uma compatibilidade. Piaget considera que a criança
utiliza o movimento e o pratica para aprender, antes mesmo de conceitualizar
internalizar um esquema ou modelo de pensamento no desenvolvimento do
intelecto (Flinchum, 1981).
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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Temos então o estágio pré-operatório, assim denominado por Piaget,
que inclui crianças de aproximadamente dois a seis anos de idade. Nele,
observamos uma grande evolução da criança, tanto no que se refere ao seu
pensamento, quanto ao seu comportamento geral.
Alguns aspectos observados neste período caracterizam a criança do
estágio pré-operatório. Um dos aspectos de fundamental importância neste
período é a habilidade inicialmente rudimentar da criança, de representações
internas de eventos e objetos a si própria.(Bee, 1977).
“A criança já é capaz de imitar os modelos, com as partes
do corpo que ela não percebe diretamente, mesmo sem
que o modelo esteja presente (imitação diferida). Porém,
com o desenvolvimento da imitação e da representação,
a criança passa a realizar as ações chamadas
simbólicas, significando que a criança integra um objeto
qualquer no seu esquema de ação, como substituto de
outro”. (Ajuriaguerra, 1980).
Assim, observa-se que a imitação diferida e o jogo simbólico ou
brinquedo de faz de conta, onde a criança usa os objetos a sua disposição para
representar qualquer coisa que imagina, representam-se como manifestações
da função simbólica. (Assis, 1979).
Em relação ao raciocínio da criança no estágio pré-operacional,
observa-se que ele está basicamente influenciado por seus interesses e ocorre
principalmente na base de intuições, pressentimentos, ao invés de lógica. Por
exemplo, segundo Charles, elas ainda não seguem com perfeição: “expressar
a ordem dos eventos; explicar relações, especialmente de causa e efeito;
compreender com precisão o que outras pessoas falam; compreender e
relembrar regras”. (Charles, 1979).
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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Observa-se principalmente no início deste estágio, a ausência na
criança, da capacidade de reversibilidade que se traduz como a habilidade de
raciocinar tanto do começo para o fim, como do fim para o começo sobre
determinada situação, ou seja: a capacidade de parar um determinado
processo e voltá-lo ao seu estado original. Como afirma Bee, o indivíduo com
capacidade de reversibilidade desenvolvida pode voltar ao início de uma cadeia
de raciocínio e percorre-la novamente, para ver onde errou; pode também
visualizar sem executar uma ação e imaginar como provavelmente seria a volta
ao começo. Porém, provavelmente uma criança em idade pré-escolar, não
seria capaz disso. (Bee, 1977).
Também a capacidade de classificação está pouco desenvolvida em
crianças no estágio pré-operacional. A classificação se manifesta pela
habilidade de colocar eventos ou objetos em ordem; fazer agrupamentos e sub-
agrupamentos e fazer inclusão de classes.
Estas habilidades só aparecem consistentemente, de acordo com
Piaget, a partir dos sete anos, ou seja, no final do estágio pré-operatório.
A capacidade de conservação apresenta-se também pouco
desenvolvida na criança deste estágio, pois como afirma Ajuriaguerra, baseado
nos estudos de Piaget, “a criança não pode prescindir da intuição direta, pois
não pode ainda associar os diferentes aspectos da realidade percebida, nem
integrar em um só ato do pensamento as fases sucessivas do fenômeno
observado”. (Ajuriaguerra, 1980). Desta forma, as provas e atividades de
conservação de massa ou de líquido tornam-se geralmente sem condições de
serem resolvidas pela criança do estágio pré-operatório.
Algumas considerações gerais ainda podem ser feitas sobre as
crianças deste estágio, por exemplo: geralmente as crianças neste estágio não
conseguem pensar em vários aspectos de uma situação, podem, no entanto,
pensar no todo ou em algumas partes, porém quase nunca em ambos ao
mesmo tempo; utilizam as palavras para verbalizar imagens mentais, usando
algumas vezes palavras e expressões muito sofisticadas, as quais muitas
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vezes nem as compreende; não conseguem gravar ao mesmo tempo muitas
regras, pois geralmente não consegue lembrar das regras, ao mesmo tempo
em que pensam no que querem fazer; mentem muitas vezes e raramente tem
intenção de enganar com este ato, mas simplesmente a criança, como diz
Piaget não pode ainda diferenciar, perfeitamente, fato de ficção. (Charles,
1979).
Assim prossegue o desenvolvimento intelectual da criança, que
caminha a cada momento para novas experiências que a levará a novos
estágios de evolução. Em termos educacionais, é importante observar que
como afirma Piaget, é mais importante o nosso interesse de educadores, pela
qualidade de pensamento da criança e não apenas pela quantidade de coisas
que a criança consegue executar ou quantos problemas ela pode resolver.
Observa-se assim, que crianças mais novas, normalmente não
respondem a determinadas situações da mesma forma que crianças mais
velhas. “Seus desempenhos podem ser semelhantes, mas o processo pode ser
bastante diferente”. (Bee, 1977).
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
18
CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE
2.1 – CONCEPÇÕES E DEFINIÇÕES
Como afirma Chazaud, a psicomotricidade como tudo aquilo que é
vivo, não se deixa compreender em sua realidade profunda, através de um
mero jogo de palavras. (Chazaud, 1976). No entanto algumas definições lhe
são atribuídas pelos autores com o objetivo de facilitar a sua compreensão.
Segundo o próprio Chazaud, “a psicomotricidade consiste na unidade
dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas, enquanto
sistema expressivo, realizador e representativo do “ser-em-situação” e da
coexistência com outrem” (Chazaud, 1976).
Para Constallat, “a soma e o psique integram a unidade indivisível do
homem, e a psicomotricidade como ciência da educação enfoca esta unidade,
educando o movimento do mesmo tempo que põe em jogo as funções
intelectuais” (Constallat, 1981).
Vitor da Fonseca, evita a fixação de conceitos, mas explica que esta
tomada de posição significa: “primeiro conceber o movimento como função e
como comportamento, vê-lo como relação e valor vital e existencial; segundo
como relação de situação, e por último, como tomada de posição, ação, reação
e conciencialização” (Vitor da Fonseca, 1976).
Segundo Le Boulch, psicomotricidade é um método geral de
educação, que como meio pedagógico, utiliza o movimento em todas as suas
formas para educar integralmente o indivíduo. (Le Boulch, 1975).
Em relação a objetivos, Chazaud, explica que tem a psicomotricidade
o objetivo de permitir um sentir-se melhor, e desse modo, por um melhor
investimento da corporalidade, situar-se no espaço, no tempo, no mundo dos
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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objetos e atingir um remanejamento e uma harmonização de seus modos de
relação com outrem” (Chazaud, 1976).
Haja visto que inúmeras outras definições podem ser atribuídas a
psicomotricidade, observemos ainda que, como uma ação pedagógica a
psicomotricidade, utiliza o movimento humano, educando-o, com fins de
assegurar à criança uma melhoria do seu comportamento e desenvolvimento,
através da aquisição do conhecimento e conscientização do próprio corpo;
controle e domínio das coordenações; da lateralidade; do equilíbrio e da noção
espaço-temporal.
2.2 – PSICOMOTRICIDADE NO SISTEMA EDUCACIONAL
Como afirma Ajuriaguerra, “sob a perspectiva clássica, as escolas são
instituições para se aprender e não para se aprender, a saber, realizando-se,
freqüentemente, um mero aprendizado condicionado”. Segundo ele, alguns
métodos permitem superar estas deficiências, desenvolvendo muito mais o
sentir e o saber, do que o conhecimento arbitrário e parcial, embora isso
encontra-se geralmente em oposição as exigências da sociedade atual.
Lembra ainda o autor que muito freqüentemente, em certos momentos de sua
história a sociedade se faz exigências com fim de eliminar melhor; não
utilizando assim toda potencialidade da criança e impossibilitando a utilização
de todas as suas possibilidades. (Ajuriaguerra, 1980).
Como cita Le Boulch, educar um homem como ser social é ir mais
além da mera adaptação a esta sociedade; é sim dota-lo de atitude para
superar as mudanças sociais que derivarão necessariamente da evolução das
relações dos homens entre si”. (Le Boulch, 1978).
Le Boulch, comenta ainda que a plasticidade na adaptação e a
possibilidade de questionar normas implicam que a socialização deve ser uma
atividade viva do sujeito, consciente da necessidade do compromisso social e
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
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20
não um mero conformismo seguido de um simples acostumar-se a essa
sociedade.
Os estudos de Jean Piaget mostram que é necessário para que a
criança realmente aprenda, que esta tenha oportunidade de experimentar, de
estimular seu espírito criativo,para que daí surja a real compreensão do
problema ou da situação, não devendo nunca situar-se como mero observador
e repetidor. Para Piaget, ”uma experiência que não seja realizada pela própria
criança, com plena liberdade de iniciativa, deixa de ser, por definição uma
experiência, transformando-se em simples adestramento destituído de valor
formador por falta da compreensão suficiente dos por menores das etapas
sucessivas”. (Jean Piaget, 1978).
A importância da experiência do indivíduo; a prática ativa na atividade;
o compreender ao invés da simples repetição e a atitude investigadora ao invés
de aceitadora, são enfocadas, como tentamos mostrar por diversos autores.
Indo, até as aulas de educação física especificamente, observamos na maioria
das vezes, uma realidade contrária, ou seja: as aulas geralmente obedecem a
um padrão rígido em sua realização, onde modelos pré-estabelecidos de
movimentos são observados e repetido pelos alunos, tirando deles a
oportunidade de criar e assim negligenciando-se o desenvolvimento de suas
capacidades perceptivas. Nessas aulas, geralmente é dada excessiva
importância à disciplina e ordem dos alunos, porém poucas condições para que
desenvolvam um trabalho mais perceptivo e menos mecânico.
Paralelamente, vimos uma tendência a uma modificação desta
situação, ou seja: uma tentativa de situar a educação física realmente como um
meio de educação global, onde as características do indivíduo sejam
consideradas e respeitadas, assim como o seu nível de desenvolvimento,
abordando o movimento não apenas na sua expressão mecânica e fisiológica e
sim como uma manifestação corporal do comportamento. Encontramos assim a
psicomotricidade na problemática educacional atual, como um meio pelo qual o
indivíduo desde tenras idades, através da educação de seus movimentos, do
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
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21
domínio do equilíbrio e do tônus da postura; da organização do esquema
corporal, etc., possa como assegura Le Boulch, situar-se e atuar no mundo em
transformações por meio de: um melhor conhecimento e aceitação de si; um
melhor ajustamento da conduta; uma verdadeira autonomia e acesso à
responsabilidade, no marco da vida social. (Le Boulch, 1978).
2.3 – A IMPORTÂNCIA DE JEAN PIAGET NO ESTUDO DA PSICOMOTRICIDADE:
Jean Piaget foi um dos autores que mais estudou as inter-relações
entre a motricidade e a percepção. Para ele a motricidade interfere na
inteligência, antes da aquisição da linguagem.
O movimento constrói um sistema de esquemas de assimilação e
organiza o real a partir de estruturas espaço-temporais e causais.
As percepções e os movimentos, quando estabelecem relação com o
meio exterior, produzem a função simbólica, gerando então a linguagem. A
linguagem dá origem à representação e ao pensamento.
É no movimento que a coordenação dos sistemas sensório-motores se
estabelece e se concretiza. Segundo Piaget, a realização do movimento leva a
assimilação, se tornando elemento de compreensão prática, e ao mesmo
tempo compreensão da ação.
Para Piaget, a motricidade é muito importante na formação da imagem
mental e na representação imagética (revela imaginação).
Através do movimento o indivíduo estabelece uma constante interação
com o mundo. Isto lhe permite um controle e uma intencionalidade progressiva,
possibilitando os conhecimentos dos pormenores da ação.
A motricidade intervém em todos os níveis de desenvolvimento das
funções cognitivas, na percepção e nos esquemas sensório-motores.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
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A inteligência para Jean Piaget é uma adaptação, é o resultado de
uma certa experimentação motora integrada e interiorizada.
A adaptação, como uma das estruturas de estabilização, garante a
conservação e o equilíbrio entre o organismo e o meio. A partir do momento em
que o organismo se transforma em função do meio, há adaptação.
O processo de adaptação é subdividido em: assimilação (constitui o
funcionamento do organismo que coordenado os dados do meio, os incorpora)
e a acomodação (resultado de pressões exercidas pelo meio).
É através da adaptação motora e intelectual que se tem a confirmação
de um equilíbrio progressivo entre um processo assimilador e uma
acomodação complementar.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
23
CAPÍTULO III
ÁREAS PSICOMOTORAS
3.1 – COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A linguagem é função de comunicação, expressão e de socialização. É
através dela que o indivíduo troca experiências e atua (verbal e gestualmente)
no mundo. Os exercícios fono-articulatórios e respiratórios incluem-se nesta
área, pois a linguagem verbal depende da articulação e da respiração.
3.2 – PERCEPÇÃO
É a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos.
Ela está ligada á atenção, á consciência e a memória.
É através dos estímulos que podemos perceber e discriminar. Primeiro
sentimos através dos sentidos, em seguida realizamos uma mediação entre o
sentir e o pensar. Depois de ter feito isso descriminamos. É por intermédio da
discriminação que conseguimos saber diferenciar o que é amarelo do que é
azul, e a diferença entre o quatro e o nove.
3.3 – COORDENAÇÃO
A coordenação motora está ligada ao desenvolvimento físico, e é vista
como a união harmoniosa de movimentos. Ela supõe integridade e maturação
do sistema nervoso.
A coordenação motora é subdividida em coordenação dinâmica global
ou geral; viso-manual ou fina e visual.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
24
A coordenação dinâmica global abrange todo o corpo do indivíduo e
dessa forma faz com que os grupos musculares diferentes trabalhem ao
mesmo tempo a fim de que se execute movimentos voluntários mais ou menos
complexos.
Já na coordenação viso-manual os pequenos músculos trabalham em
harmonia na realização de atividades que utilizam dedos, mãos e punhos.
A coordenação visual se refere aos movimentos específicos com os
olhos em todas as direções.
3.4 – EQUILÍBRIO
Segundo Flinchum, “equilíbrio é a habilidade da criança em manter o
controle do corpo utilizando ambos os lados simultaneamente, um lado só ou
ambos alternadamente”. (Flinchum, 1981).
Na pré-escola, a identificação de problemas no equilíbrio da criança, é
fator relevante, pois se um equilíbrio adequado, resultará uma melhor
adaptação geral da criança com ela própria e com todas as coisas que
concernem as suas experiências diárias. Porém, tão importante quanto a
identificação de problemas no equilíbrio da criança, é a sua prevenção, ou seja,
a educação do equilíbrio desde a fase pré-escolar da criança.
3.5 – LATERALIDADE
O indivíduo normal apresenta as suas habilidades manuais, assim
como funções de escrita, leitura, linguagem, visão, audição, etc. controladas
por um dos hemisférios cerebrais; considerado como hemisfério dominante, a
essa função chama-se dominância lateral. E, ao lado da atividade mais
desenvolvida no indivíduo chama-se lateralidade dominante.
A predominância de um hemisfério sobre o outro determina então o
domínio funcional de um lado do corpo sobre o outro.
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
FASE PRÉ-ESCOLAR
25
A maioria das pessoas apresenta Domínio lateral esquerdo, sendo
assim como o sistema nervoso apresenta vias cruzadas (o hemisfério direito
comanda a metade esquerda do corpo e o hemisfério esquerdo comandando a
metade direita), encontramos nelas um domínio funcional do lado direito do
corpo, ou seja: um destrismo ou lateralidade direita.
Quando a dominância lateral é direita, encontramos o domínio
funcional do lado esquerdo do corpo, ou seja: o sinistrismo. Sendo que,
segundo Balkwin, a porcentagem de homens adultos sinistros é maior do que a
das mulheres (Grünspun, 1979).
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CAPÍTULO IV
APRENDIZAGEM
4.1 – CONCEITO
A aprendizagem pode ser definida como uma modificação sistemática
do comportamento, por efeito da prática ou experiência com um sentido
progressivo de adaptação ou ajustamento.
O termo prática significa a canalização dos esforços de quem aprende
no sentido progressivo de adaptação ou ajustamento a uma nova situação que
se ofereça.
A aprendizagem não deve significar apenas a aquisição de
conhecimentos ou de conteúdos dos livros, como não pode se limitar apenas
ao exercício da memória.
Toda aprendizagem resulta da procura do restabelecimento de um
equilíbrio vital, rompido por uma nova situação estimuladora, para a qual o
sujeito não tinha uma resposta adequada. A quebra desse equilíbrio determina
no indivíduo um desajustamento (ao enfrentar uma situação nova), e o único
meio de adaptar-se é agir ou reagir até que a resposta a nova situação venha
fazer parte do comportamento adquirido. Isto se chama aprendizagem.
Muitos psicólogos têm a opinião de que a aprendizagem ocorre como
resultado da tentativa feita pelo indivíduo, para satisfazer os numerosos
motivos e intenções que o atingem.
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4.2 – ETAPAS DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM
4.2.1 – MOTIVAÇÃO
A aprendizagem resulta de respostas à estimulação. O indivíduo tem
muitas necessidades e intenções, podendo satisfazer apenas algumas delas. A
direção da aprendizagem dependerá da força relativa dos motivos (considerada
a situação do indivíduo).
O indivíduo motivado se orienta para um objetivo que acredita ser
eficiente, do ponto de vista de seus motivos.
O comportamento é causado por alguma necessidade e é orientado
para um objetivo. Mesmo a criança pequena, quando tem sede, dirige seu
comportamento para os aspectos do ambiente que possa satisfazer sua
necessidade de água.
4.2.2 – PREPARAÇÃO
Na maioria das aprendizagens a preparação depende não apenas de
uma estrutura hereditária, mas também do treino e da experiência. Na
realidade, a prontidão é um conceito complexo que abrange grande variedade
de fatores que são classificados da seguinte maneira: fatores fisiológicos (a
aprendizagem não pode ocorrer se não houver suficiente maturação dos
órgãos dos sentidos, sistema nervoso central, glândulas e os outros
mecanismos fisiológicos indispensáveis), fatores psicológicos (o indivíduo
precisa ter motivação adequada, um auto-conceito positivo, estar livre de
conflitos emocionais perturbadores para ter uma aprendizagem eficiente) e
experiências anteriores (a aprendizagem só pode ocorrer a partir de
informação, habilidade e conceitos adquiridos anteriormente).
O problema da prontidão tem grande importância para quem organiza
o currículo, pois se ele não estiver ajustado ao nível de desenvolvimento do
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aluno, ele entrará num processo de não aprendizagem. A prontidão supõe que
o aprendiz seja capaz de absorver o material e que esse material seja de
dificuldade suficiente, em relação ao nível de preparação, de forma a desafiar o
aluno. Por esse motivo o professor precisa estar sempre verificando se as
exigências do currículo estão de acordo com a prontidão do aluno.
4.2.3 – OBSTÁCULO
A tarefa do professor consiste em colocar obstáculos realistas no
caminho dos objetivos da criança e estimula-la, com orientação se necessário,
a lidar eficientemente com a situação.
O obstáculo pode apresentar várias formas ou mesmo uma
combinação destas. Os obstáculos mais freqüentes são de natureza social, é o
que ocorre quando a mãe proíbe tocar os doces e isso frustra a necessidade
que a criança tem do alimento.
Qualquer que seja a natureza do obstáculo, a incapacidade para
atingir o objetivo provocará frustração e tensão, estes levando o indivíduo a
procurar ainda mais intensamente a realização do objetivo e a satisfação de
suas necessidades. Essa tensão é benéfica para o indivíduo, na medida em
que é obrigada a procurar a solução para seus problemas. Quando o objetivo é
de importância excessiva para o indivíduo, e o obstáculo é insuperável, a
tensão pode atingir tais proporções, que provocará a rigidez e até a
desorganização do comportamento, que ao invés de facilitar a aprendizagem
acaba impedindo.
4.2.4 – REFORÇO
A partir do momento em que a resposta consegue satisfazer a
necessidade do indivíduo é reforçada e, em outras ocasiões ao enfrentar uma
situação semelhante, ele tenderá a repeti-la.
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29
Se, ao contrário, não consegue satisfazer o motivo que o conduziu ao
comportamento, a tensão que acompanha suas tentativas fracassadas, fará
com que continue a tentar até que encontre uma resposta que permita a
satisfação e redução da tensão.
4.3 – CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM
A aprendizagem não é um dos processos de absorção passiva, pois
sua característica mais importante é a atividade daquele que aprende. Ela só
se faz através da atividade (externa física e interna mental e emocional) do
sujeito, porque a aprendizagem é um produto que envolve a participação total e
global do indivíduo em seus aspectos físicos, intelectuais, emocionais e sociais.
A aprendizagem escolar depende não só do que os professores
ensinam, mais da reação dos alunos, e da integração com o conteúdo
adequado e de uma boa qualidade no ambiente social da escola.
4.3.1 – PROCESSO GLOBAL
Qualquer comportamento humano é global e inclui sempre aspectos
motores, emocionais e mentais. Dessa forma a aprendizagem (envolvendo
uma mudança de comportamento) terá que exigir a participação de todos os
aspectos constitutivos da sua personalidade, para que entrem em atividade no
ato de aprender, a fim de que seja restabelecido o equilíbrio vital (rompido pelo
aparecimento da situação problemática).
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30
4.3.2 – PROCESSO PESSOAL
A aprendizagem é intransferível de um indivíduo para outro.
Atualmente compreensão do caráter pessoal da aprendizagem levou o ensino
a concentrar-se na pessoa do aprendiz, tornando o aluno o centro do processo.
A aprendizagem se dá através de operações crescentemente
complexas. Cada nova aprendizagem acresce novos elementos à experiência
anterior, de forma gradativa e crescente.
Pode verificar que ninguém aprende senão por si e em si mesmo.
Desta forma a aprendizagem constitui um processo cumulativo, em que a
experiência atual aproveita-se das experiências anteriores. A acumulação das
experiências leva a organização de novos padrões de comportamento, que são
incorporados, adquiridos pelo sujeito. Baseado nisso pode afirmar que quem
aprende modifica o seu comportamento.
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31
CAPÍTULO V
A ETAPA DO CORPO DESCOBERTO
Le Boulch, apresenta quatro etapas que se referem às características de
desenvolvimento da motricidade. Assim, temos: a etapa do corpo submisso (0 -
2 meses); etapa do corpo vivido (2 meses a 3 anos); etapa do corpo
descoberto (3 -7 anos); etapa do corpo representado (7 -12 anos).
A etapa do corpo descoberto, ou da discriminação perceptiva, é
segundo Le Boulch, um período transitório e de preparação na vida da criança
na durante a qual deverá desprender-se de sua subjetividade.
Surge nessa fase na criança a função de interiorização, que se refere a
uma atenção perceptiva centrada sobre seu corpo, permitindo a criança, uma
certa tomada de consciência de suas características corporais e de verbaliza-
las pelo jogo da função simbólica.
A função de interiorização permite a nível perceptivo considerar a
capacidade da criança em estabelecer relações entre o campo perceptivo do
próprio corpo e os campos esteroperceptivos. Também pela função de
interiorização, e percepção do próprio corpo tornará possível uma melhor
dissociação dos movimentos e uma considerável tomada de consciência de
suas condições temporais.
A capacidade de interiorização que consiste em focalizar a atenção
sobre esta ou aquela parte do corpo possibilita um aumento no número
consciente de informações proprioceptivas ocasionando assim maior controle
do movimento. A interiorização permite assegurar uma localização precisa dos
esforços musculares, e é a condição indispensável de intervenção voluntária na
duração das seqüências de movimentos.
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32
A motricidade da criança nesta etapa prossegue como sendo do tipo
global, e ainda mal dissociada, porém o repertório gestual aumenta. Observa-
se progresso significativo no qual se refere ao ajuste postural que é beneficiado
com um melhor equilíbrio da regulação tônica.
O melhoramento do sentido postural como afirma Le Boulch,
proporciona a criança um melhor domínio da orientação espacial relacionado
com seu corpo e progressivamente estabiliza-se o predomínio lateral. No
entanto, neste período, uma justa apreciação das posições relativas dos
diferentes seguimentos do corpo e de suas dimensões ainda não é possível.
Analisando o desenvolvimento do esquema corporal de crianças nesta
etapa, Le Boulch observa que somente entre os seis e sete anos a criança
consegue reproduzir a aparência geral de um corpo ou de um rosto. Segundo
ele, os erros mais comuns correspondem a lateralização, a orientação espacial
e erros de posições de seguimentos.
Segundo Le Boulch, os educadores devem realizar um esforço muito
grande no sentido de reforçar as possibilidades de interiorização da criança,
através de “exercícios” de percepção do corpo, assim como são propostos
exercícios de desenvolvimento sensorial, onde à percepção do corpo devem
estar congregados dados visuais e dados cinestésicos. (Le Boulch, 1978).
É importante considerar que deve a criança nessa fase ter oportunidades
de realizar suas experiências num clima de segurança e permissividade, onde
o adulto compreenssivamente estará como um orientador e companheiro, com
o objetivo de ajuda-lo e desenvolver-se no seu pleno potencial.
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33
CONCLUSÃO
Observa-se que desde séculos atrás, corpo, mente e movimento
humano já se apresentavam como objetos de estudos, discussões e
investigações. Pensamentos, períodos, culturas e povos diferentes, em
diferentes fases da história humana, evidenciaram a presença da atividade
física em suas várias tendências, correntes e escolas que atravessaram os
séculos.
Indo bem além da presença da atividade física através dos séculos e
chegando até ao movimento como uma das primeiras manifestações da vida,
vemo-lo como aspecto sinônimo de existência e relação com outrem e, como
afirma Michotte, como expressão de um ser autônomo, independente e criador
(Fonseca, 1976).
Evoluíram as concepções sobre atividade física através dos tempos e,
no entanto, a sua importância. A importância do movimento no comportamento,
mantêm ainda substancial destaque no estudo do homem e de seu
desenvolvimento.
Chegamos hoje, com o avanço das ciências, a estudos mais profundos
do movimento humano em seus aspectos biomecânicos, anatomo-fisiológicos e
psico-sociais. Porém, a medida que evoluem os estudos sobre os fatores
produzidos do movimento, no que se refere a análise de suas realizações e na
eficiência de seus resultados, progridem os estudos do movimento como
meiode educação global do indivíduo. Temos assim, entre inúmeras outras
tendências, a psicomotricidade, como uma tentativa de educar o ser desde
tenra idade, em sua totalidade. Dispondo de mecanismos educacionais, onde o
perceber é mais importante do que o simples executar; o praticar
conscientemente é mais importante do que a mera repetição e onde a
liberdade, a criatividade e a espontaniedade são preferidos ao invés de
formalismos e radicalismos que levam em síntese a um adestramento do ser, a
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psicomotricidade apresenta-se no contexto educacional atual como uma
tentativa de educação global através da educação do movimento.
Observa-se que a tentativa de educar desde tenra idade justifica-se por
diversos fatores e assim, fundem-se a pré-escola e psicomotricidade, com
vistas a não desperdiçar momentos na vida da criança, onde oportunidades de
experiências educacionais devem ser aproveitadas com a finalidade de
assegurar-lhe desenvolvimento normal no período que está vivendo e prevenir
danos na educação e desenvolvimento da criança, por falta de atendimento na
época adequada.
A importância da atividade física desde a idade pré-escolar, através de
uma orientação psicomotora adequada, “é consistente, como afirma Flinchun,
com a premissa básica de que a criança aprende por meio de movimento na
idade pré-escolar e concorda que afetivamente esta é a idade ótima para
incentivar a aprendizagem através de atividades de movimentos”. (Flinchun,
1979).
Ainda várias razões podem ser citadas para a realização de atividades
físicas na pré-escola, entre elas podemos citar: melhoria no desenvolvimento
do auto-conceito; no desenvolvimento das estruturas psicomotoras; nas
capacidades sensoriais; nas habilidades de escrita e leitura na idade escolar;
além de todos os efeitos preventivos de problemas provocados por falta da
atividade ou por falta de orientação adequada.
Principalmente por ser o movimento um importante meio de comunicação
do indivíduo com o mundo e por ser o meio pelo qual o ser exprime todas as
suas reações e sentimentos, a educação do movimento desde a idade pré-
escolar se faz necessária.
É por exemplo através de seu corpo que a criança exprime seus
sentimentos de alegria e tristeza, simpatia, tortura, medo, cansaço ou
disposição. A criança corre, salta, gira, arremessa, investiga com suas mãos,
com seu corpo, através dos seus movimentos, o conhecimento de todo espaço
que é, e que a cerca.
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Educar criança, através de atividades psicomotoras com o objetivo de
desenvolver globalmente indivíduos com capacidade criadora e reflexiva,
poderá resultar não apenas em indivíduos com melhores condições,capacidade
e equilíbrio para enfrentar etapas futuras em suas vidas e sim principalmente,
de oportunizar desde cedo à criança a possibilidade de atingir o seu ótimo nível
de desenvolvimento característico do período que está vivendo.
Um ser que pensa e age com racionalidade, que se relaciona bem com
outrem e assume postura crítica e modificadora do mundo que o cerca, não
surge ao acaso, e sim resulta de um processo geral de educação que se vai
formando no dia-a-dia em cada experiência do indivíduo.
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36
BIBLIOGRAFIA
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São Paulo, Livraria Pioneira,1979.
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Paulo, E.P.U., 1980.
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Primeiro ao Sexto ano de vida. São Paulo, E.P.U., 1979.
CHAZAUD, Jacques. Introdução à Psicomotricidade. São Paulo, Manole,
1978.
COSTALLAT, Dalila. Molina de. Psicomotricidade. Rio de Janeiro,
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FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo, Martins Fontes, 1988.
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Ática,1987.
LA PIERRE, André. A Educação Psicomotora. São Paulo, Manole, 1989.
SCHUELER, Lucia do Nascimento; MACHADO, M. Carvalho.
Psicomotricidade e Aprendizagem. Rio de Janeiro, Enelivros, 1986.
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ATIVIDADES CULTURAIS
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
PRÉ-ESCOLA 11
1.1- HISTÓRICO 11
1.2 – FINALIDADE 12
1.3 - O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DO PRÉ -
ESCOLAR, SEGUNDO PIAGET 13
O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA DURANTE A
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CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE 17
2.1 – CONCEPÇÕES E DEFINIÇÕES 18
2.2 – PSICOMOTRICIDADE NO SISTEMA EDUCACIONAL 18
2.3 – A IMPORTÂNCIA DE JEAN PIAGET NO ESTUDO
DA PSICOMOTRICIDADE 20
CAPÍTULO III
ÁREAS PSICOMOTORAS 22
3.1 – COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 22
3.2 – PERCEPÇÃO 22
3.3 – COORDENAÇÃO 22
3.4 – EQUILÍBRIO 23
3.5 – LATERALIDADE 23
CAPÍTULO IV
APRENDIZAGEM 25
4.1 – CONCEITO 25
4.2 – ETAPAS DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM 26
4.2.1 – MOTIVAÇÃO 26
4.2.2 – PREPARAÇÃO 26
4.2.3 – OBSTÁCULO 27
4.2.4 – REFORÇO 27
4.3 – CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM 28
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FASE PRÉ-ESCOLAR
41
4.3.1 – PROCESSO GLOBAL 28
4.3.2 – PROCESSO PESSOAL 29
CAPÍTULO V
A ETAPA DO CORPO DESCOBERTO 30
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA 36
ATIVIDADES CULTURAIS 38
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
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