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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RAFAEL FRANÇA BITTENCOURT DE REZENDE O ICMS E A GUERRA FISCAL CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RAFAEL FRANÇA BITTENCOURT DE REZENDE

O ICMS E A GUERRA FISCAL

CURITIBA

2014

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RAFAEL FRANÇA BITTENCOURT DE REZENDE

O ICMS E A GUERRA FISCAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Péricles Coelho

CURITIBA

2014

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TERMO DE APROVAÇÃO

RAFAEL FRANÇA BITTENCOURT DE REZENDE

O ICMS E A GUERRA FISCAL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharelado no

Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ___ de _____________ de 2014.

____________________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografia Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: ____________________________________________ Prof. Péricles Coelho

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

Prof. Dr.: _____________________________________________ Universidade Tuiuti do Paraná

Curso de Direito

Prof. Dr.:______________________________________________ Universidade Tuiuti do Paraná

Curso de Direito

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao Criador, pelas incríveis oportunidades que me

proporcionou e proporciona viver diariamente.

Ao meu Pai, por nunca ter me dado o “peixe”, mas por ter me ensinado a preparar a

isca, o anzol e a vara de pesca, para finalmente me ensinar a lança-los ao mar, a fim

de que eu mesmo conquiste e realize meus objetivos.

A minha Mãe, pelos inúmeros momentos de dificuldade que superou sozinha e pelo

suporte que sempre me ofereceu no lar.

Aos colegas de classe, especialmente ao meu amigo Gabriel Henrique Rehme

Santos, pelas trocas de informações e materiais, numa rara demonstração de

solidariedade e amizade.

Aos amigos próximos, pelo incentivo e pelas palavras afáveis nos momentos

complicados desta eterna jornada de aprendizado.

Ao professor Péricles Coelho, pela atenção, presteza e dedicação no auxílio às

atividades e discussões para finalização do presente Trabalho de Conclusão de

Curso.

E por último e não menos importante, a todos os professores, coordenadores e

funcionários da Universidade Tuiuti do Paraná.

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“Não sou obrigado a vencer, mas

tenho o dever de ser verdadeiro. Não sou obrigado a ter sucesso,

mas tenho o dever de corresponder à luz que tenho.”

Abraham Lincoln

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RESUMO

Aborda o presente trabalho um problema antigo, porém presente nos dias atuais, qual seja a Guerra Fiscal. Objeto de diversas discussões políticas, econômicas e jurídicas verifica-se o fato de que os Estados concedem benefícios fiscais de maneira unilateral, com o intuito de atrair e angariar investimentos de empresas, realizando assim a proibida política de atração de investimentos, mediante a utilização de instrumento fiscal. Para tanto, fazem uso da competência concedida para legislar sobre o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Em uma análise histórica, o trabalho elenca também os principais pontos que retratam a origem do ICMS, bem como sua aplicação nos dias atuais, tendo como cerne da questão a Guerra Fiscal travada entre os estados federados e seus reflexos nos interesses socioeconômicos da nação. Palavras-chave: ICMS. Guerra Fiscal. Guerra dos Portos. Reforma Tributária. Incentivo Fiscal.

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LISTA DE SIGLAS AFRMM Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante

CIF Cost, Insurance and Freight (Custo, Seguro e Frete)

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária

GNRE Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais

GRPR Guia de Recolhimento do Estado do Paraná

ICM Imposto sobre Circulação de Mercadorias

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

II Imposto de Importação

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

IVC Imposto sobre Vendas e Consignações

LC Lei Complementar

NCM Nomenclatura Comum do Mercosul

PIS Programa de Integração Social

PNBE Pensamento Nacional das Bases Empresariais

RICMS Regulamento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

TVA Taxe sur La Valeur Ajoutée (Imposto sobre o Valor Acrescentado)

VA Valor Aduaneiro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................09

2 CRITÉRIO HISTÓRICOS DO ICMS................................................................11

3 INCIDÊNCIA DO ICMS NA IMPORTAÇÃO....................................................14

4 A GUERRA FISCAL........................................................................................20

5 REFORMA TRIBUTÁRIA................................................................................26

6 CONVÊNIO ICMS Nº 70/2014 E A PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE

Nº 69/2012..................................................................................................................29

7 CONCLUSÃO .................................................................................................31

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................33

ANEXOS..........................................................................................................35

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1 INTRODUÇÃO

Conforme o sistema tributário nacional, vigente desde a publicação da

Constituição Federal de 1988, no artigo 155, II, aferiu competência aos Estados e ao

Distrito Federal para instituir sobre as operações relativas à circulação de

mercadorias sobre prestação de serviços intermunicipais, transportes interestaduais,

intermunicipais e de comunicação, mesmo que se presenciem no Exterior.

Ao iniciar o estudo sobre o ICMS – Imposto sobre operações relativas à

circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte

interestadual, intermunicipal e de comunicação, deve-se observar que este tributo é

de competência dos Estados e do Distrito Federal, conforme sua regulamentação

constitucional prevista na Lei Complementar nº 87/1996 (conhecida como “Lei

Kandir”), posteriormente alterada pelas Leis Complementares de nº 92/1997,

99/1999 e 102/2000.

Desta forma, falamos de tributo como objeto de obrigação tributária, sendo

que quando qualquer operação relativa a este tributo for realizada, caberá ao

contribuinte efetuar o devido recolhimento do Imposto de Circulação sobre

Mercadorias e Serviços – ICMS ao Estado competente.

O recolhimento do Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços –

ICMS também se faz presente nos casos de importação, ou seja, pela entrada de

bens do exterior em território nacional.

Nesta última, por regra geral, o registro da declaração de importação é o

momento do recolhimento dos tributos federais incidentes na operação, quais sejam:

Imposto de Importação - II, Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, Programas

de Integração Social - PIS, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social -

Cofins, ficando o Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços – ICMS a ser

calculado por último, uma vez que sua base de cálculo decorre do efetivo

recolhimento ou não dos tributos federais supracitados.

Tendo em vista que o Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços –

ICMS é tributo de competência estadual, é importante frisar que seu recolhimento

será efetuado ao Estado onde o contribuinte estiver sediado, desta forma verifica-se

que há grande interesse por parte dos Estados em ter este recolhimento destinado

aos seus cofres. Para isso, oferecem diversos benefícios aos importadores para que

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destinem a entrada de seus bens importados aos portos e aeroportos naquele

Estado.

Sendo assim atualmente é travada uma guerra fiscal, situação que provoca

grande conflito entre as unidades da federação, uma vez que a União não se

manifesta expressamente no que tange à concessão de benefícios fiscais pelos

estados federados.

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2 CRITÉRIO HISTÓRICO DO ICMS

No princípio, o Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços - ICMS

não incidia sobre os serviços de transporte de comunicação, e até então era

chamado de Imposto sobre Circulação de Mercadorias - ICM, qual veio em

substituição ao antigo Imposto sobre Vendas Mercantis – IVC, criado em 1934 pela

Lei Maior à época vigente, atribuindo aos estados membros a competência para

arrecadar e instituir quanto a este tributo.

O IVC teve sua aplicação em comparação ao modelo Francês e Alemão na

metade da década de 1910, em referência ao TVA europeu e ao IVA da América

Latina.

A Constituição Federal de 1934, em ampla análise entendeu também que a

aplicação do imposto deveria incidir aos produtores.

Em sua aplicação na Constituição Federal de 1946, a Lei Maior estabeleceu

no artigo 19 que as vendas e consignações por comerciantes e produtores inclusive

industriais deveriam ser isentas, desde que observada a definição em lei estadual.

Posteriormente com a reforma tributária adotada com a Emenda

Constitucional de 16/1965, qual tornou possível o entendimento de instituir imposto

não-cumulativo a fim de auxiliar o restabelecimento e equilíbrio da ordem

econômica.

Sobre tal fato comenta Aliomar Baleeiro:

[...] o Brasil introduziu na Constituição o princípio da não-cumulatividade, com a Reforma Constitucional nº 18, de 1965, embora já o tivesse adotado, em legislação ordinária, no imposto de consumo; a Comunidade Econômica Européia adota o imposto sobre o valor adicionado como projeto de sua primeira diretriz, finalmente aprovada pelo Conselho em 1967, sendo paulatinamente implementada por seus membros; […] A partir do final dos anos 60, também esse tipo de tributo sobre vendas líquidas se difunde por toda a América Latina [...]. (2010, p.368).

Nessa mesma linha de raciocínio, Baleeiro ainda explica:

Observe-se que tanto o IPI quanto o ICMS são impostos não-cumulativos, razão pela qual deveriam ser excluídos da base de cálculo daquelas contribuições, que são plurifásicas e cumulativas. (2010, p.414).

Posteriormente, com a promulgação da atual Constituição Federal de 1988,

ficou verificada que o princípio da não-cumulatividade veio definitivamente para

reduzir a carga tributária que tanto onerava o contribuinte, para que viesse a garantir

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o desenvolvimento da nação, para tanto devendo o mesmo ser analisado em

conjunto com os princípios da livre iniciativa e livre concorrência, equilibrando desta

forma e regulando a ordem da economia nacional.

Com a matéria sendo definitivamente tratada na Carta Magna, o

entendimento pacificou a ponto de que não poderia o legislador infraconstitucional

dificultar a aplicação deste princípio, pois assim estaria incorrendo no risco de

transformar o tributo em cumulativo novamente, incidindo assim em

inconstitucionalidade absoluta.

Finalmente, em 13 de setembro de 1996 com a edição da então chamada

“LEI KANDIR” - Lei Complementar de nº 87, o referido imposto então passou a

incidir sobre:

Art. 2° O imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o

fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. (BRASIL, 1987, P. ÙNICA).

E também sobre:

§ 1º O imposto incide também: I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por

pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior;

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. (BRASIL, 1987, P. ÙNICA).

A mesma Lei Complementar definiu também que o contribuinte é qualquer

pessoa física ou jurídica, que realize com certa habitualidade ou em volume em

quantidade compatível ao comércio, operações de circulação de mercadoria ou

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prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior,

conforme elencado pelo Art. 4º da mesma lei.

Além disso, o parágrafo único deste mesmo artigo também define como

contribuinte a pessoa que importa mercadorias ou bens do exterior, independente da

finalidade.

A “LEI KANDIR” definitivamente inovou a regulamentação do ICMS e trouxe

uma visão totalmente diferente quanto à aplicação do tributo, sendo assim

exaustivamente criticada por parte da doutrina brasileira. De sua análise inicial,

ficaram verificados diversos artigos inconstitucionais, quais após a promulgação de

outras Leis Complementares vieram a ser sanados.

Verifica-se desta forma que, mesmo após 100 anos de incessante análise ao

tema, o ICMS está em constante alteração, estas visando sempre a mais justa e

correta aplicação do tributo com base na ordem tributária nacional.

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3 INCIDÊNCIA DO ICMS NA IMPORTAÇÃO

Antes de adentrarmos ao aspecto da do ICMS na importação, importante

elencar que na cadeia de impostos relativos ao tema, os seguintes tributos incidem

sobre a importação de produtos e serviços no Brasil:

1. II (Imposto sobre Importação) - calculado sobre o valor aduaneiro, com alíquotas variáveis. 2. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - calculado conforme a Tabela do IPI.3. ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), alíquota variável segundo as alíquotas vigentes no Estado em que o desembaraço aduaneiro é procedido. 4. PIS - Importação (Lei 10.865/2004) - alíquota geral de 1,65%, existindo alíquotas específicas para determinados produtos.5. COFINS - Importação (Lei 10.865/2004) - alíquota geral de 7,6%, existindo alíquotas específicas para determinados produtos.6. ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) - alíquota de 5% sobre a importação de serviços provenientes do exterior do País, especificados na Lei Complementar 116/2003. 7. IOF - Imposto sobre Operações de Câmbio - devido sobre a compra de moeda estrangeira, na liquidação da operação de câmbio para pagamento da importação de serviços, devido à alíquota de 0,38%.

Além dos tributos acima citados, há incidências de taxas, como o Adicional

ao Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM - Lei nº 10.893/2004 e

tarifas aduaneiras.

No processo de importação direta, por importador devidamente habilitado a

operar no RADAR, sistema referente ao comércio exterior e, nas operações acima

de USD 3.000,00 (três mil dólares) para consumo ou revenda conforme indicado na

Portaria MF nº 156, de 24 de junho de 1999, a base de cálculo do ICMS deve ser

calculada após apuração do valor CIF (custo, frete e seguro internacional) da carga,

valor este denominado V.A. – Valor Aduaneiro, qual servirá como parâmetro para

realizar o cálculo de todos os tributos incidentes.

Desta forma, para realizar o cálculo dos impostos qual possuem sua

aplicabilidade “em cascata”, primeiro deve-se verificar o valor do Imposto de

Importação, qual terá sua base de cálculo o valor CIF x percentual da alíquota do

imposto conforme a classificação tarifária (NCM) do(s) produto(s) importados.

Uma vez verificado o valor do imposto de importação, realiza-se o cálculo do

Imposto sobre Produtos Industrializados, qual terá como base de cálculo o valor CIF

+ valor do imposto de Importação x percentual da alíquota do imposto conforme a

classificação tarifária (NCM) do(s) produto(s) importados(s).

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Na sequência, deve-se calcular a base de cálculo do PIS e da COFINS, que

até anteriormente possuía a alíquota do ICMS inclusa para a obtenção do valor final

do tributo. Ocorre que por unanimidade, o STF declarou inconstitucional a inclusão

do ICMS na base do PIS/COFINS, pois entendeu que haveria bitributação, uma vez

que todos os demais impostos incidem para chegar à base de cálculo do ICMS. O

cálculo deve ser realizado conforme a LEI KANDIR - Lei complementar número

87/96.

O Art. 13 da LEI KANDIR específica que a base de cálculo é verificada

conforme a operação:

Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o

valor da operação;II - na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação,

compreendendo mercadoria e serviço;III - na prestação de serviço de transporte interestadual e

intermunicipal e de comunicação, o preço do serviço;IV - no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12; a) o valor da operação, na hipótese da alínea a; b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na

hipótese da alínea b; V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas:a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de

importação, observado o disposto no art. 14;b) imposto de importação;c) imposto sobre produtos industrializados; d) imposto sobre operações de câmbio;e) quaisquer despesas aduaneiras;e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas

aduaneiras; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) VI - na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço,

acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização;

VII - no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente;

VIII - na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a entrada;

IX - na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de origem.

§ 1º Integra a base de cálculo do imposto:§ 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do

inciso V do caput deste artigo: (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque

mera indicação para fins de controle; II - o valor correspondente a:

a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição;

b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado.

§ 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre

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contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos.

§ 3º No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o valor ali previsto.

§ 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é:

I - o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria;II - o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo

da matéria-prima, material secundário, mão-de-obra e acondicionamento;III - tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu preço

corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente.§ 5º Nas operações e prestações interestaduais entre

estabelecimentos de contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do prestador. (BRASIL, 1987, P. ÙNICA).

Sendo assim, após a devida apuração de todos os impostos federais, qual

possuem como fato gerador a importação e, como lançamento do crédito tributário o

registro da Declaração de Importação, poderemos realizar o cálculo do ICMS. O

ICMS deve ser calculado com base no valor CIF + impostos federais + taxa do

Siscomex + tarifas aduaneiras / residual da alíquota do ICMS x alíquota do ICMS,

conforme glossário disponível no sítio da Receita da Fazenda Nacional:

ICMS = Alíquota ICMS(%) x (VA + II + IPI + ICMS + outros tributos + despesas aduaneiras), ou

ICMS = Alíquota ICMS(%) x (VA + II + IPI + outros tributos + despesas aduaneiras) / [1 – Alíquota ICMS(%)]

Observa-se que o ICMS é o tributo em que na maioria dos casos possuiria o

maior valor a ser recolhido, pois têm como incidência em sua base de cálculo todos

os tributos federais, mais respectivas tarifas aduaneiras as quais produzem

considerável aumento do custo total da importação.

Porém, tendo a guerra fiscal como tema principal deste trabalho, é essencial

salientar que no momento da aplicação do cálculo da base do ICMS, os Estados

concedem uma série de benefícios aos contribuintes daquele Estado, como forma

de garantir que a importação ocorra nos portos, aeroportos e fronteiras deste último.

Sabe-se que o ICMS é tributo não-cumulativo, e deve ser recolhido no

momento da importação, ficando o valor recolhido a compensar em demais

operações que o importador realizar posteriormente (em conta gráfica), desde que

relativas a esse tributo.

Exemplo:

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Total do ICMS devido pelo sujeito passivo: R$ 100.000,00 Valor do imposto anteriormente cobrado, decorrentes de entradas de mercadorias R$ 30.000,00. Valor do ICMS a pagar: R$ 100.000,00 – R$ 30.000,00 = R$ 70.000,00.

A já citada LEI KANDIR – Lei complementar nº 87/1996, no art. 11, inciso I,

alínea “d”, específica que o imposto incide no Estado onde estiver sediado o

contribuinte importador, qual efetuará a entrada física da mercadoria com o devido

lançamento da Nota Fiscal, exceto em casos onde a legislação prevê que não seja

necessária a emissão da mesma. Este recolhimento deve ser realizado com base

nas diretivas do Estado respectivo e por Guia de Recolhimento de Tributos

Estaduais, também chamada de GNRE.

No caso do estado do Paraná, o regulamento do ICMS – RICMS/PR prevê

que o recolhimento será efetuado mediante GRPR – Guia de Recolhimento de

Tributos do estado do Paraná, quando a importação vier a ocorrer dentro do Estado,

do contrário, o recolhimento deverá ser realizado mediante a emissão da Guia de

Recolhimento de Tributos Estaduais - GNRE.

Em um exemplo prático, se o contribuinte sediado no estado do Paraná

realizar importação a ser desembaraçada no porto de Paranaguá, o recolhimento

será realizado por GRPR.

Caso o mesmo contribuinte venha a realizar importação a ser

desembaraçada no estado de São Paulo, tendo com o exemplo o Aeroporto de

Guarulhos, o recolhimento será realizado por Guia de Recolhimento de Tributos -

GNRE.

Observa-se que por não haver regulamentação uníssona quanto ao ICMS,

os estados membros e o Distrito Federal têm sua própria legislação, incorrendo

assim em 27 interpretações diferentes quanto ao recolhimento do tributo.

Para que não haja dúvidas quanto à qual Estado deve ser recolhido o tributo

vinculado, a Lei Kandir define como local da operação ou da prestação:

I – tratando-se de mercadoria ou bem: a) o do estabelecimento onde se encontre, no momento da ocorrência do fato gerador;b) onde se encontre, quando em situação irregular pela falta dedocumentação fiscal ou quando acompanhado de documentação inidônea, como dispuser a legislação tributária;c) o do estabelecimento que transfira a propriedade, ou o título que a represente, de mercadoria por ele adquirida no País e que por ele não tenha transitado;

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d) importado do exterior, a do estabelecimento onde ocorrer a entrada física;e) importado do exterior, o do domicílio do adquirente, quando não estabelecido;f) aquele onde seja realizada a licitação, no caso de arrematação de mercadoria importada do exterior e apreendida;g) o do Estado onde estiver localizado o adquirente, inclusive consumidor final, nas operações interestaduais com energia elétrica e petróleo, lubrificantes e combustíveis dele derivados, quando não destinados à industrialização ou à comercialização; h) o do Estado de onde o ouro tenha sido extraído, quando não considerado como ativo financeiro ou instrumento cambial; i) o de desembarque do produto, na hipótese de captura de peixes, crustáceos e moluscos;II – tratando-se de prestação de serviço de transporte:a) onde tenha início a prestação;b) onde se encontre o transportador, quando em situação irregular pela falta de documentação fiscal ou quando acompanhada de documentação inidônea, como dispuser a legislação tributária; c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente;III – tratando-se de prestação onerosa de serviço de comunicação: a) o da prestação do serviço de radiodifusão sonora e de som e imagem, assim entendido o da geração, emissão, transmissão e retransmissão, repetição, ampliação e recepção;b) o do estabelecimento da concessionária ou da permissionária que forneça ficha, cartão, ou assemelhados com que o serviço é pago; c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente;d) o do estabelecimento ou domicílio do tomador do serviço, quando prestado por meio de satélite; d) onde seja cobrado o serviço, nos demais casos. IV – tratando-se de serviços prestados ou iniciados no exterior, o do estabelecimento ou do domicílio do destinatário. (BRASIL, 1987, P. ÙNICA).

Quanto ao fato gerador, ainda considera ocorrido quando:

I – da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II – do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III – da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente;IV – da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;V – do inicio da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; VI – do ato final do transporte iniciado no exterior; VII – das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;VIII – do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços: a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

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b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto da competência estadual, como definido na lei complementar aplicável,IX – do desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas do exterior; X – do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior;XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias importadas do exterior apreendidas ou abandonadas;XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização;XIII – da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente. (BRASIL, 1987, P. ÙNICA).

Ficando assim, por competência do Estado a qual o tributo se destinar,

legislar sobre a forma, benefícios, incentivos e regras para o devido recolhimento do

tributo, motivos estes que acabam ensejando e possibilitando de maneira direta aos

Estados oferecer benefícios e isenções em casos específicos, incorrendo assim na

atual guerra fiscal.

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4 A GUERRA FISCAL

Situação conflitante no estado federativo, onde os estados membros com o

intuito de angariar investimentos privados em seu território, oferecem uma série de

benefícios e isenções para os contribuintes deste ou daquele Estado, criando assim

a chamada guerra fiscal.

Pode-se observar que a guerra fiscal possui caráter extremamente negativo

em relação à sociedade, é o que indica os diversos apontamentos bibliográficos. Os

benefícios oferecidos pelos estados membros são individualizados e não para todos,

de forma que não se enquadram macroscopicamente à forma como deve ser

realizada a política de Estado.

Nesta análise, se faz válido citar o entendimento de Dulci:

Para o país como um todo, contudo, as consequências são negativas. Ao lado das tensões políticas entre os estados, cabe ponderar qual o impacto social das renúncias fiscais, promovidas por governos estaduais que nem sempre estão em condições de fazê-lo, sem sacrificar ainda mais suas populações. Como adverte Diniz, a guerra fiscal corrói as finanças públicas, compromete receitas futuras e desvia os preços relativos. (2002, p.03).

Em mesma linha de pensamento, Diniz:

Nessa guerra, ganham os estados mais desenvolvidos, com melhores condições locacionais e maior cacife financeiro e político. Isto seguramente agravará as desigualdades regionais. (2000, p.343).

Dos efeitos no cenário empresarial, Dulci explica:

Os efeitos sobre o cenário empresarial também são consideráveis. As principais vencedoras da guerra fiscal são as empresas multinacionais, às quais se destinam os maiores incentivos. As grandes empresas nacionais arranjam-se, pelo volume de vendas internas, mas perdem relativamente se não receberem incentivos. Já os micro e pequenos empresários perdem em competitividade de seus concorrentes dos estados que adotam esquemas de incentivo. Estabelece-se uma situação de franca desigualdade: enquanto algumas empresas poderosas são beneficiadas, as demais são oneradas com a carga normal de impostos, que tendem a considerar muito alta (porque mal distribuída), queixando-se ainda dos governos por um tratamento que identifica inadimplência com sonegação. Nesse sentido, não surpreende o avanço da economia informal, que corresponde a fatia substancial das atividades econômicas no Brasil. (2002, p. 03).

Os Estados adotam políticas de atração, algo considerado totalmente ilegal

pela Corte, uma vez que não respeitados os critérios relativos às necessidades de

desenvolvimento do território.

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À luz deste entendimento, consulta-se Jair do Amaral Filho:

Desta maneira, a política de concessão de incentivos fiscais, com esse fim, não é uma política fiscal, mas uma política de desenvolvimento local e regional combinada com uma política industrial, que se utilizam de um instrumento fiscal para se viabilizarem. Esse uso, dependendo da forma e da intensidade, pode provocar ou não efeitos fiscais danosos para o conjunto das localidades, ou dos estados. Mesmo assim, deve-se considerar que uma eventual perda fiscal deverá ser compensada pelos benefícios gerados por meio do adensamento industrial e do aumento da oferta de emprego nas regiões mais atrasadas. (2010, p. 11).

Em decorrência destes fatores, ocorre a glosa de créditos por Estados

consumidores, ultrapassando assim o crédito concedido a empresa incentivada, de

forma que afeta diretamente os seus clientes.

A restrição de crédito utilizada pelos Estados tem o intuito de retaliar essa

dinâmica, uma vez que a mesma não aplica e produz efetivo crescimento, pois não

oferece um ganho definitivo de investimentos, empregos e arrecadação, apenas os

transfere.

Estes estornos estão amparados legalmente pela Lei Complementar de nº

24/1975, valendo citar o Artigo 8º da referida lei:

Art. 8º A inobservância dos dispositivos desta Lei acarretará, cumulativamente:I - a nulidade do ato e a ineficácia do crédito fiscal atribuído ao estabelecimento recebedor da mercadoria;II - a exigibilidade do imposto não pago ou devolvido e a ineficácia da lei ou ato que conceda remissão do débito correspondente.Parágrafo único - Às sanções previstas neste artigo poder-se-ão acrescer a presunção de irregularidade das contas correspondentes ao exercício, a juízo do Tribunal de Contas de União, e a suspensão do pagamento das quotas referentes ao Fundo de Participação, ao Fundo Especial e aos impostos referidos nos itens VIII e IX do art. 21 da Constituição Federal.(BRASIL, 1975, p. Única).

Granato entende que este dispositivo seja de justa aplicação, pois visa coibir

uma aplicação indevida de benefícios fiscais não aprovados em convênios

estaduais.

Melo entende exatamente o contrário:

“Os mencionados adquirentes de bens, e serviços, não podem sofrer a glosa de crédito fiscal, ou qualquer outra medida constritiva, por parte do fisco estadual (ou distrital) de sua jurisdição, sob a assertiva de que o Estado (ou o DF) da localidade do fornecedor da mercadoria, ou do serviço,

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concedera indevido incentivo fiscal”. (2000, p. 257).

Na prática, verifica-se que há entes federados que não consideram os

benefícios e incentivos concedidos por outras unidades da federação, exigindo desta

forma a diferença do valor recolhido a titulo de imposto, somente após isso

autorizando a entrada do bem em seu território.

Desta forma, é possível observar relativa cumulação de sanções, uma vez

que o dispositivo permite efetivamente a glosa de crédito, restando assim em conflito

ao princípio da não cumulatividade, este assegurado constitucionalmente.

Há um ambiente de absoluta insegurança jurídica, pois não pode a lei

complementar violar um preceito constitucional, principalmente tratando de princípio

que mantém a sistemática igualitária de arrecadação do ICMS, favorecendo um

Estado em detrimento de outro.

Calciolari entende que o problema decorre da União ao estabelecer políticas

cooperativas de desenvolvimento nacional. Cita:

O flagrante descompasso entre as competências materiais e as possibilidades orçamentárias dos entes políticos subnacionais acirra ainda mais a competição interna desses entes por investimentos privados. Assim, a responsabilidade pela guerra fiscal não pode ser imputada, de forma simplória, somente aos Estados ou municípios. Sua principal causa é a falta de articulação da União ao estabelecer políticas cooperativas de desenvolvimento nacional. (2006, p. 17).

Estes problemas que ensejaram na guerra fiscal decorrem do fato de que a

própria organização nacional concede a capacidade de legislar sobre o tributo aos

entes estatais, qual possuem interesses divergentes.

Nas palavras de Martins:

Tendo participado de audiências públicas desde as primeiras convocações ainda na Constituinte, percebi que todos os projetos esbarravam num problema capital, que é equacionar a questão do ICMS, tributo de vocação nacional pelo constituinte regionalizado. Nos países desenvolvidos, o IVA, tributo semelhante, mesmo nas Federações, é um tributo centralizado de competência do governo nacional, visto que pela técnica do ‘valor agregado’ ou a nossa da ‘não cumulatividade’, tratamentos jurídicos diferenciados, se outorgados à competência de outras entidades federativas, poderiam gerar desigualdades de região para região. (2012, p. 48).

Fica a discussão em aberta quanto à responsabilidade do crédito de ICMS

não recolhido, qual em verdade acaba o contribuinte se vendo numa situação onde

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ou recolhe a diferença, ou não pode realizar a venda e/ou transferência para outro

Estado.

Apesar dos visíveis e reais problemas que a guerra fiscal enseja, não há

possibilidade de verificar quem são todos os prejudicados, uma vez que os

resquícios desta má administração e descumprimento das normas afetam a todos.

Há urgente necessidade da realização de uma reforma tributária, haja vista a pesada

carga tributária do país, pois o fato atinge e afeta o desenvolvimento do Estado

como um todo.

Para tanto, é evidente que há de se observar os fatores políticos, que são

mandatórios neste tema. Devemos analisar macroscopicamente a economia, a

política e o direito, sem misturá-los, para assim entendermos tamanha complexidade

no que tange a tributação.

Versano explica:

É, certamente, aceitável, em face da dinâmica do desenvolvimento, que se incluam entre os objetivos da política industrial a desconcentração da produção e o desenvolvimento regional e que se utilizem recursos públicos com essa finalidade. Tais objetivos, no entanto, são necessariamente nacionais e, por isso, devem ser perseguidos sob a coordenação do governo central. Quando, por meio da guerra fiscal, estados tentam assumir esse encargo, o resultado tende a ser desastroso. Primeiro, os vencedores das guerras fiscais são, em geral, os estados de maior capacidade financeira, que vêm a ser os mais desenvolvidos, com maiores mercados e melhor infra-estrutura. Segundo, ao renunciar à arrecadação, o estado está abrindo mão ou da provisão de serviços (educação, saúde, a própria infraestrutura, etc.) que são insumos do processo produtivo, ou do equilíbrio fiscal, gerando instabilidade macroeconômica. (1996, p. 9).

Em jurisprudência advinda do Supremo Tribunal Federal, decidiu

inconstitucional benefícios ilegais concedidos por Estados, diante da ausência prévia

de convênio firmado por estes e junto ao CONFAZ, o Ministro Cesar Peluso:

Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Lei nº 11.393/2000, do Estado de Santa Catarina. Tributo. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Benefícios fiscais. Cancelamento de notificações fiscais e devolução dos correspondentes valores recolhidos ao erário. Concessão. Inexistência de suporte em convênio celebrado no âmbito do CONFAZ, nor termos da LC 24/75. Expressão chamada “guerra fiscal”. Inadmissibilidade. Ofensa aos art. 150 § 6º, 152 e 155, § 2º, inc. XII, letra “g”, da CF. Ação julgada procedente. Precedentes. Não pode o Estado-membro conceder isenção, incentivo ou benefício fiscal, relativos ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, de modo unilateral, mediante decreto ou outro ato normativo, sem prévia celebração de convênio intergovernamental no âmbito do CONFAZ. (2011, p. 1)

E também o Ministro Marco Aurelio:

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IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS –BENEFÍCIO FISCAL – REGIME ESPECIAL – TERMO DE ACORDO GUERRA FISCAL”–INCONSTITUCIONALIDADE – PRECEDENTES. É inconstitucional a concessão de benefícios fiscais, ausente convênio interestadual prévio, por ofensa ao artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea “g”, da Carta da Republica. Precedentes: Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 2.548, relator ministro Gilmar Mendes, Diário da Justiça de 15 de junho de 2007, nº 2.352, relator ministro Sepúlveda Pertence, Diário da Justiça de 9 de março de 2001, nº 2.357, relator ministro Ilmar Galvão, Diário da Justiça de 7 de novembro de 2003, e nº 2.906, de minha relatoria, Diário da Justiça de 29 de junho de 2011. RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA FÁTICA E LEGAL. Na origem, a natureza de benefício fiscal da concessão implementada veio a ser proclamada com base nos elementos fáticos constantes do processo e na legislação local. O recurso extraordinário não é meio próprio ao revolvimento da prova, também não servindo à interpretação de normas estritamente legais. MULTA – AGRAVO – ARTIGO 557, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Surgindo do exame do agravo o caráter manifestamente infundado, impõe-se a aplicação da multa prevista no § 2º do artigo 557 do Código de Processo Civil.(STF - ARE: 775426 DF , Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 12/08/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-172 DIVULG 04-09-2014 PUBLIC 05-09-2014).

E o Ministro Joaquim Barbosa:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS. ICMS. BENEFÍCIOS FISCAIS. NECESSIDADE DE AMPARO EM CONVÊNIO INTERESTADUAL. ART. 155, XII, G DA CONSTITUIÇÃO. Nos termos da orientação consolidada por esta Corte, a concessão de benefícios fiscais do ICMS depende de prévia aprovação em convênio interestadual, como forma de evitar o que se convencionou chamar de guerra fiscal. Interpretação do art. 155, XII, g da Constituição. São inconstitucionais os arts. 6º, no que se refere a “benefícios fiscais” e “financeiros-fiscais”, 7º e 8º da Lei Complementar estadual 93/2001, por permitirem a concessão de incentivos e benefícios atrelados ao ICMS sem amparo em convênio interestadual. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente” (ADI 3.794, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Plenário, DJe 1º.8.2011).

Seguindo neste sentido, entende Versano que:

A guerra fiscal se trava à revelia da LC no 24/75. Veda as concessões de isenções e outros incentivos relacionados ao ICMS, salvo quando previstas em convênios celebrados em reuniões do Conselho de Política Fazendária, que congrega todos os estados e o Distrito Federal. A lei determina que a aprovação da concessão de um benefício dependa de decisão unânime dos estados representados e prevê penalidades em caso de inobservância de seus dispositivos. Bastaria o cumprimento dessa lei — nem mesmo o reforço contido nos artigos vetados da LC no 87/96 seria necessário — para que as guerras fiscais acabassem.(1996, p. 4)

Uma vez concedida a autonomia aos Estados, à luz da Constituição Federal

de 1988, em clausula pétrea, há de se observar que existe igualdade jurídica na

Federação, sendo que cada Estado têm o poder de legislar no que tange ao seu

território, observados os dispositivos legais constitucionais.

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Para tanto, a Carta Magna conferiu a estes o direito de regular suas

despesas, podendo instituir, em caráter privativo e exclusivo, os tributos que os

proverão, nos limites legais.

De outra forma, se faz mister observar que a Constituição Federal protege a

competência tributária dos Estados, onde nem mesmo a União pode invadir sua

competência tributária, e vice-versa.

Carraza explica:

É lhes também permitido exercitar suas competências tributárias, com ampla liberdade. Assim, dependendo da decisão política que vierem a tomar, podem, ou não, criar os tributos que lhes são afetos. Se entenderem de cria-los, poderão fazê-lo de modo mais ou menos intenso, bastando apenas que respeitem os direitos constitucionais dos contribuintes e a regra que veda o confisco (art. 150, IV, da CF). (2007, p. 141)

À luz destes dispositivos legais, fica devidamente elencado que os Estados

não podem se valer de maneira ativa e/ou passiva da competência tributária um dos

outros e, se assim o fazem tem-se por resultado um ambiente de tamanha

insegurança jurídica, que por fim reflete em todo o sistema tributário nacional que

deve urgentemente ser repensado a fim de aplicar-se devidamente ao ambiente

jurídico e econômico vigente. Desta feita, é totalmente plausível se pensar em uma

Reforma Tributária.

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5 REFORMA TRIBUTÁRIA

A Reforma Tributária é assunto de interesse de toda a população, em

especial dos setores representativos, dos governos e governantes, uma vez que

sobre todos nós incide esta pesada carga tributária. É indiscutível a necessidade de

um sistema mais justo e redistributivo. Entretanto, não se verifica tão simples quanto

em verdade deveria ser, uma vez que diversos grupos na sociedade apresentam

interesses ora distintos e ora semelhantes. Como exemplo a esses grupos: o do

governo, a classe política, os empresários e os trabalhadores. Sendo que o primeiro

deveria então assumir a responsabilidade de fazer uma proposta de reforma que

procurasse atender aos interesses da Nação de maneira efetiva e correta, a fim de

solucionar este problema.

É visível a necessidade de uma reforma tributária, pois a excessiva carga

tributária no país afeta negativamente o desenvolvimento social econômico. O

modelo atual precisa urgentemente de uma reestruturação, para que de forma justa

e correta respeite o princípio da capacidade tributária, onerando com base em

critérios práticos e diretos.

Quanto aos indivíduos de maior poder aquisitivo, deveriam os Estados

repensar no que tange aos benefícios concedidos, tendo em mente que desta forma

a carga tributária não seria tão prejudicial aos indivíduos que se encontram em

situação contrária e desfavorável. O contribuinte que efetivamente recolhe os

tributos sob os produtos adquiridos não recebe em contrapartida pelo que recolheu,

restando definitivamente lesado nesta operação.

Ademais, os tributos devem sem dúvida ser utilizados para a mais justa

distribuição de renda com o intuito de atenuar as desigualdades entre pessoas e

regiões, visando a mais ampla proteção à economia e incentivando atividades que

possam gerar empregos. Tudo isto, observando o princípio da legalidade.

Este tema já vem sendo plenamente discutido há praticamente duas

décadas, porém até o momento não tivemos ações Governamentais suficientes a

fim de sanar este problema.

Muito pouco se avançou no que tange a Reforma Tributária tratando-se de

ICMS, apesar da constante discussão no Congresso Nacional verifica-se que até o

momento se fez presente apenas análise da não incidência ampla do ICMS em face

das exportações, operações sobre a radiodifusão; definição dos critérios de

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compensação em casos de perdas por arrecadação do ICMS nas exportações; nova

instituição de adicional de ICMS sobre supérfluos, destinado a combater a pobreza,

devendo a lei federal definir o que podem ser considerados os supérfluos.

Neste ínterim, é possível observar esta infindável disputa entre os Estados e

Distrito Federal que conferem sob a ótica da Lei Complementar 24/75, benefícios e

incentivos fiscais, principalmente na forma de redução tarifária da alíquota, motivo

este pelas diversas retaliações e glosas de crédito dos entes federados que se

sentem lesados pela medida concedida de maneira unilateral.

Em face de todo o exposto é lógico que a Guerra dos Estados atinja

diretamente ao sistema federativo, pelo fato de que os incentivos são concedidos

unilateralmente, sem a devida análise por parte do CONFAZ, que tornam estes

benefícios descaradamente inconstitucionais, tendo em vista contrariar

expressamente disposição presente no ordenamento jurídico. Decorre disso, a

concorrência desleal, já reconhecida pelo Conselho Administrativo de Defesa

Econômica, que atinge a Lei de Responsabilidade Fiscal, no que tange à renúncia

de receitas sem o devido planejamento.

Em Consulta nº 0038/99 realizada pelo PNBE – Pensamento Nacional das

Bases Empresariais o Conselheiro Relator o Sr Marcelo Calliari se manifestou:

Segundo afirmou o Deputado Federal Antônio Kandir em edição do Fórum Permanente da Concorrência do CADE, sobre "Defesa da Concorrência e Guerra Fiscal", tal prática "é particularmente danosa para a concorrência em função das características do nosso sistema tributário", uma vez que do percentual da carga tributária sobre o PIB (29,84% em 1998), 41,92% incide sobre bens e serviços1. Essa conclusão decorre da observação de que qualquer incentivo fiscal ou financeiro-fiscal poderia trazer grandes vantagens para empresas que, segundo ele, são escolhidas politicamente. De fato, analisando-se tabelas de custos de empresas hipotéticas percebe-se um expressivo aumento do lucro unitário dessas empresas na existência de incentivos fiscais. (1999, p. 5).

Face às diversas irregularidades praticadas pelos Estados na concessão

destes benefícios fiscais, denota-se que os efeitos resultantes são prejudiciais para

a sociedade.

Sendo assim, resta claro a urgente necessidade de uma reforma tributária e

que a mesma é de interesse de todos da nação, principalmente a classe

trabalhadora e aos indivíduos de relativo menor poder aquisitivo, para tanto

1 Segundo o Deputado Antônio Kandir, que cita exemplos de vários países, nos Estados Unidos, cuja carga tributária corresponde a 28,5% do PIB, somente 17,2% desta incide sobre bens e serviços.

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inúmeras medidas devem ser tomadas e diversas alterações no sistema econômico

fiscal ser realizadas a fim de então tornar possível um novo sistema mais igualitário

e justo neste país. Devemos todos lutar para que estas mudanças sejam possíveis,

respeitando os princípios da legalidade, da igualdade, da distribuição e do correto

uso dos recursos arrecadados. Pois, a todos os cidadãos devem ser proporcionados

serviços públicos de qualidade, principalmente no que tange à segurança pública,

saúde, educação, infraestrutura e moradia.

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6. CONVENIO ICMS nº 70/2014 E A PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE nº 69/2012

Firmado no dia 30 de julho de 2014, o Convênio ICMS sob número 70

dispõe sobre a remissão e anistia de créditos tributários no que tange aos benefícios

fiscais e financeiros vinculados ao ICMS.

Convênio firmado por 21 de 27 das unidades federadas, os estados do Acre,

Alagoas, Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas

Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do

Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal,

concordaram em observar os critérios e termos para a concessão e reinstituição dos

referidos benefícios, mediante a devida aprovação do CONFAZ – Conselho Nacional

de Política Fazendária.

Tendo como objeto de discussão jurídica e divergências econômico-fiscais, o

Convênio 70/2014 efetivamente perdoa os créditos tributários de ICMS

desconstituídos judicialmente, em sua cláusula sétima:

7 - Cláusula sétima . A remissão e a anistia previstas neste convênio aplicam-se também aos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS desconstituídos judicialmente por não atender o disposto no art. 155, § 2º, XII, "g", da Constituição Federal. (BRASIL, 2014, p. Única).

De relevante interesse, o referido Convênio apresenta uma solução amigável

entre os Estados, uma vez que há a possibilidade do Supremo Tribunal Federal

adicionar à pauta de novembro, a Proposta de Súmula Vinculante 69, que trata

especificamente como inconstitucionais todos os benefícios concedidos sem a

prévia aprovação do CONFAZ.

Em notícia do sitio do senado2, o ministro Gilmar Mendes manifestou-se em

8 de setembro pela “admissibilidade e conveniência” da edição da súmula, uma vez

que entende que a mesma “espelha jurisprudência pacífica e atual” da Corte,

sugerindo assim a inclusão da proposta na pauta do Plenário do Supremo Tribunal

Federal.

2 Notícia disponível em: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/09/25/cae-deve-

votar-solucao-para-guerra-fiscal-no-dia-7-de-outubro.

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No que tange ao Convênio ICMS 70, fica acordado que os Estados

signatários deverão observar os termos especificados no anexo do presente

Convênio, que indica os critérios para remissão e anistia de débitos do Imposto

sobre Circulação de Mercadorias e Serviços no que tange à guerra fiscal. O mesmo

anexo trata também da forma quanto à reinstituição de benefícios e incentivos fiscais

e financeiros, exigindo que os estados federados registrem em até 90 dias os atos

concessivos destes, devendo então:

(i) publicar relação de todos os atos normativos relativos aos incentivos e benefícios fiscais e financeiros objeto de remissão/anistia; e (ii) efetuar o registro e depósito, junto à Secretaria Executiva do CONFAZ, da documentação comprobatória correspondente aos atos concessivos dos referidos incentivos e benefícios.Além da possibilidade de remissão e anistia, a minuta de Convênio ainda possibilita a extensão dos incentivos e benefícios por até 15 anos, a partir do ano seguinte ao da produção de efeitos do Convênio a ser celebrado, dependendo do tipo de incentivo e atividade a que estiver vinculado.Outros dois aspectos bastante positivos da minuta de Convênio se referem ao fato de que as unidades federadas também poderão: (i) estender a concessão dos incentivos e benefícios a outros contribuintes estabelecidos em seu território, sob as mesmas condições e nos prazos limites de que trata a minuta de Convênio; e (ii) aderir aos benefícios e incentivos concedidos ou prorrogados por outra unidade federada da mesma região, enquanto vigentes. (BRASIL, 2014, p. Única).

Infelizmente não foram todos os Estados signatários deste Convênio, uma

vez que apenas 21 dos 27 Estados firmaram este dever e responsabilidade perante

o CONFAZ. Sendo assim, fica visível a dificuldade em se obter unanimidade e

colaboração dos Estados para então finalmente acabar com a guerra fiscal.

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7 CONCLUSÃO

Os incentivos fiscais em operações sujeitas à tributação de ICMS, somente

poderão ser concedidos por meio de lei específica e celebração de convênios entre

os Estados e Distrito Federal.

A autorização para instituição de benefícios fiscais, conforme determina o

artigo 155 § 2°, inciso XII, alínea “g” da Constituição Federal de 1988, é matéria

reservada à Lei Complementar não podendo ser disciplinada por meio de outro

instituto normativo.

Quanto à guerra fiscal, o Estado que exerce atividade portuária concede

benefícios fiscais referentes ao Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços

– ICMS, reduzindo a carga tributária incidente na importação da mercadoria, fazendo

com que seja uma opção mais vantajosa para o importador realizar a importação do

bem ou mercadoria através do porto localizado naquele Estado, vez que o produto

entra no país com uma carga tributária menor que a que incidiria, caso a mercadoria

realizasse a entrada por outro porto localizado em Estado diverso. Isso obviamente

causa problemas, pois os demais Estados com atividade portuária reduzida por

questões de infraestrutura e territorialidade deixam definitivamente de gerar receita

pelo recolhimento do ICMS aos seus cofres.

Em uma análise macroscópica do tema, a guerra fiscal não traz benefícios à

sociedade (contribuinte), muito pelo contrário, apresenta-se de maneira nociva aos

interesses dos envolvidos.

Para que possa ser controlada esta guerra fiscal, se faz necessário que o

Congresso Nacional assuma a responsabilidade que lhe foi atribuída pela

Constituição Federal de 1988, a fim de realizar a regulamentação a contento da

matéria.

Com base no convênio ICMS 70/2014, podemos ter a ideia de que os

primeiros passos para acabar com a guerra fiscal estão sendo tomados, uma vez

que o CONFAZ está exigindo o devido cadastramento dos benefícios e incentivos

fiscais e financeiros, não remitindo e anistiando créditos relativos a estes caso não

estejam devidamente registrados perante o CONFAZ.

Por outro lado, percebe-se que a guerra fiscal já poderia ter acabado, caso o

STF viesse a se manifestar acerca da súmula vinculante apresentada pela proposta

número 69 de 2014, que declara inconstitucional "qualquer isenção, incentivo,

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redução de alíquota ou de base de cálculo, crédito presumido, dispensa de

pagamento ou outro benefício fiscal relativo ao ICMS, concedido sem prévia

aprovação em convênio celebrado no âmbito do CONFAZ".

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REFERÊNCIAS

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AMARAL FILHO, Jair do. Texto para discussão nº 8 – Incentivos Fiscais e Políticas

Estaduais de Atração de Investimentos. Disponível em: http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/textos_discussao/TD_8. Acesso em: 15 Jun. 2014

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

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DINIZ, Clelio Campolina. A nova geografia econômica do Brasil.. 1. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.

DULCI, Otávio Soares. Política e recuperação econômica em Minas Gerais. 1. Ed. Belo Horizonte: UFMG, 1999. DULCI, Otávio Soares. Revista de Sociologia e Política nº 18. 1. Ed. Curitiba: UFPR, 2002.

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_____. “LEI KANDIR” – Lei Complementar nº 87, promulgada em 13 de setembro de 1996. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm. Acesso em: 13 Jun. 2014.

_____. Lei nº 10.893, promulgada em 13 de julho de 2004. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.893.htm. Acesso em: 13 Jun. 2014.

MARTINS, Ives Gandra. ICMS: guerra fiscal e reforma tributária. São Paulo: Acervo do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: http://www.gandramartins.adv.br/project/ives-gandra/public/uploads/2012/09/25/7723305icms_guerra_fiscal.pdf. Acesso em: 15 Jun. 2014.

MELO, José Eduardo Soares de. ICMS Teoria e Prática. 4. Ed. São Paulo: Dialética, 2000.

_____. Portaria nº 156, instituída pelo Decreto-Lei nº 1.804, promulgado em 3 de setembro de 1980. Brasília. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Portarias/Ant2001/1999/portmf015699.htm. Acesso em: 13 Jun. 2014.

VERSANO, Ricardo. Seminário Internacional Políticas Industriais Descentralizadas em 11 e 12 de novembro de 1996. Disponível em: http://www.portalfederativo.gov.br/biblioteca-federativa/estudos/td_0500.pdf. Acesso em: 15 Jun. 2014.

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ANEXOS

ANEXO 1 – Edital de Proposta de Súmula Vinculante nº 69

ANEXO 2 – Convênio ICMS 70, de 29 de Julho de 2014

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ANEXO 1

PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE Nº 69 PROPTE.(S) : SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EDITAL DE PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE Prazo: 20 (vinte) dias. Proposta de Verbete: Qualquer isenção, incentivo, redução de alíquota ou de base de cálculo, crédito presumido, dispensa de pagamento ou outro benefício fiscal relativo ao ICMS, concedido sem prévia aprovação em convênio celebrado no âmbito do CONFAZ, é inconstitucional. Interessados: todos que este edital virem ou dele conhecimento tiverem. Finalidade: conforme Emenda Regimental nº 46/STF, publicada em 8 de julho de 2011 no Diário da Justiça Eletrônico, e nos termos do § 2º do artigo 3º da Lei nº 11.417/2006, ficam cientes os interessados para, querendo, manifestarem-se no prazo de 5 (cinco) dias, depois de findo o prazo de 20 (vinte) dias acima fixado, que passa a fluir a partir da disponibilização deste edital no Diário da Justiça Eletrônico, na forma da legislação processual vigente. Secretaria do Supremo Tribunal Federal, em 12 de abril de 2012. Eu, Valéria Cristina de Cantanhêdes Corrêa Alves, Chefe da Seção de Comunicações, extraí o presente. Publique-se no sítio do Tribunal e no Diário da Justiça Eletrônico. Patrícia Pereira de Moura Martins, Secretária Judiciária/STF.

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ANEXO 2

CONVÊNIO ICMS 70, DE 29 DE JULHO DE 2014

• Publicado no DOU de 30.07.14

Dispõe sobre as regras que deverão ser observadas para fins de celebração de convênio que trate da concessão de remissão e anistia de créditos tributários relativos a incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS autorizados ou concedidos pelas unidades federadas sem aprovação do CONFAZ, bem como da sua reinstituição.

O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua

224ª reunião extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 22 de julho de 2014, tendo em vista o disposto nos arts. 102 e 199 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN), resolve celebrar o seguinte

C O N V Ê N I O

Cláusula primeira Para fins de celebração de convênio que

disponha sobre a concessão de remissão e anistia de créditos tributários relativos a incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS autorizados ou concedidos pelas unidades federadas sem aprovação do CONFAZ, bem como a sua reinstituição, os Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal acordam que deverão ser observados os termos contidos no anexo único deste convênio.

Cláusula segunda Este convênio entra em vigor na data de sua

publicação no Diário Oficial da União.

ANEXO ÚNICO

CONVÊNIO ICMS , DE ____DE____DE 20__

Dispõe sobre a remissão e anistia de créditos tributários relativos a incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS autorizados ou concedidos pelas

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unidades federadas e sobre a concessão de incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS.

O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua

___ª reunião ordinária, realizada em _________, ___, no dia ___ de ______ de 20__, tendo em vista o disposto nos arts. 102 e 199 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN), e na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve celebrar o seguinte:

C O N V Ê N I O

Cláusula primeira Ficam remitidos e anistiados os créditos

tributários do Imposto sobre Operações Relativas a Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, constituídos ou não, relativos a operações e prestações, decorrentes de parcela alcançada por benefícios e incentivos, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS, concedidos por legislações tributárias estaduais e distrital editadas até a data de publicação deste convênio, sem aprovação do CONFAZ.

Cláusula segunda As unidades federadas, até 90 (noventa) dias

da data de produção de efeitos deste convênio, deverão: I - publicar, nos seus respectivos Diários Oficiais, relação contendo

a identificação de todos os atos normativos relativos a incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, abrangidos pela cláusula primeira;

II - efetuar o registro e o depósito, junto à Secretaria Executiva do

Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, da documentação comprobatória correspondente aos atos concessivos dos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, mencionados no inciso I.

Parágrafo único. O disposto na cláusula primeira não se aplica aos

atos relativos aos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS não publicados, não depositados e não registrados nos termos e prazos de que trata esta cláusula, devendo ser revogados os respectivos atos concessivos.

Cláusula terceira Fica a unidade federada que editou o ato

concessivo publicado, registrado e depositado junto ao CONFAZ, relativo aos benefícios e incentivos, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS de que trata a cláusula primeira, autorizada a concedê-los e a prorrogá-los, nos termos do ato vigente na data de publicação deste convênio e cujo prazo de fruição não poderá ultrapassar :

I - 31 de dezembro do décimo quinto ano posterior à produção de

efeitos deste convênio, quanto àqueles que forem destinados ao fomento das atividades agropecuária e industrial, inclusive agroindustrial, e a investimento em

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infraestrutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de transporte urbano;

II - 31 de dezembro do oitavo ano posterior à produção de efeitos

deste convênio, quanto àqueles destinados à manutenção ou ao incremento das atividades portuária e aeroportuária, vinculada ao comércio internacional, incluída a operação subsequente à da importação, praticada pelo contribuinte importador;

III - 31 de dezembro do terceiro ano posterior à produção de efeitos

deste convênio, quanto às operações e prestações interestaduais com produtos agropecuário e extrativo vegetal, in natura;

IV - 31 de dezembro do primeiro ano posterior à produção de efeitos

deste convênio, para os demais. § 1º Os atos concessivos publicados, registrados e depositados

junto ao CONFAZ permanecerão vigentes e produzindo efeitos como normas regulamentadoras nas respectivas unidades federadas concedentes dos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS, nos termos desta cláusula.

§ 2º A unidade federada concedente poderá revogar o ato

concessivo ou reduzir o alcance ou o montante do incentivo e benefício, fiscais e financeiros, antes do termo final de fruição.

§ 3º Na hipótese do § 2º, os atos e as documentações

correspondentes deverão ser registrados e depositados junto à Secretaria Executiva do CONFAZ, na forma da cláusula segunda, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da publicação do ato no Diário Oficial da unidade federada concedente.

Cláusula quarta As unidades federadas poderão: I - estender a concessão dos incentivos e benefícios, fiscais e

financeiros, referidos na cláusula terceira para outros contribuintes estabelecidos em seu território, sob as mesmas condições e nos prazos limites de fruição;

II - aderir aos benefícios e incentivos concedidos ou prorrogados

por outra unidade federada da mesma região na forma da cláusula terceira, enquanto vigentes.

§ 1º Na hipótese do inciso I do caput os atos e as documentações

correspondentes deverão ser registrados e depositados junto à Secretaria Executiva do CONFAZ, na forma da cláusula segunda, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da publicação do ato no Diário Oficial da unidade federada concedente.

§ 2º Na hipótese do inciso II do caput, cada ato de adesão: I - será formalizado junto à Secretaria Executiva do CONFAZ;

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II - atenderá às mesmas formalidades de registro e depósito

previstos na cláusula segunda; III - no mérito, poderá: a) alterar, em relação ao ato original, apenas no que for necessário

para adaptação em vista das peculiaridades da unidade federada aderente; b) tratar da concessão da mesma espécie de incentivo e benefício,

fiscais e financeiros, do ato original, ressalvada a possibilidade de conversão em redução de base de cálculo ou isenção;

c) prever a concessão de incentivo e benefício, fiscais e financeiros

que resulte em carga tributária maior do que a do ato original. § 3º Os incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, concedidos por

adesão vigorarão nos mesmos prazos e condições do ato original. § 4º São vedadas a extensão e a adesão quando, de sua

implementação, decorrer relocalização de estabelecimento do contribuinte de uma unidade federada para outra.

Cláusula quinta Acordam os Estados e o Distrito Federal, em

relação aos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS que não foram publicados, depositados e registrados, nos termos da cláusula segunda, em não reconhecer os créditos de ICMS referentes às operações e prestações contempladas com esses incentivos e benefícios, fiscais e financeiros.

Parágrafo único. Caso a unidade federada concedente do

incentivo e benefício, fiscais e financeiros, vinculado ao ICMS, não publicado, não depositado e não registrado, deixe de revogar o ato concessivo, nos termos do parágrafo único da cláusula segunda, as demais unidades federadas acordam em propor, conjunta ou separadamente, a correspondente Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI, sem prejuízo de outras medidas cabíveis.

Cláusula sexta Acordam os Estados e o Distrito Federal, nos

termos deste convênio e a partir de sua celebração, em não conceder ou prorrogar isenções, reduções de base de cálculo, créditos presumidos, ou quaisquer outros incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS, ressalvada a concessão nos termos das cláusulas terceira e quarta deste convênio ou da Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975.

Parágrafo único. A concessão, prorrogação, manutenção, extensão

ou adesão de incentivo e benefício, fiscais ou financeiros, vinculado ao ICMS por Estado ou pelo Distrito Federal em desacordo com o previsto nesta cláusula torna sem efeito as disposições previstas neste convênio, relativamente à unidade federada infratora.

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Cláusula sétima A remissão e a anistia previstas neste convênio aplicam-se também aos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS desconstituídos judicialmente por não atender o disposto no art. 155, § 2º, XII, “g”, da Constituição Federal.

Cláusula oitava O disposto neste convênio não confere ao sujeito

passivo o direito: I - à restituição ou à compensação, ainda que sob a forma de

escrituração como crédito de ICMS, de importância recolhida em favor de qualquer unidade federada;

II - ao crédito de ICMS destacado em documento fiscal e não

escriturado até o último dia do mês anterior ao da publicação deste convênio, relativo aos incentivos e benefícios, fiscais e financeiros, cujo crédito tributário correspondente tenha sido remitido ou anistiado.

Cláusula nona A aplicação dos incentivos e benefícios,

fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS previstos neste convênio fica condicionada também à:

I - desistência de ações ou embargos à execução fiscal, com

renúncia ao direito sobre o qual se fundam, nos autos judiciais respectivos, ou à desistência de impugnações, defesas e recursos apresentados no âmbito administrativo;

II - quitação integral pelo sujeito passivo das custas e demais

despesas processuais; III - desistência pelo advogado do sujeito passivo da cobrança de

eventuais honorários de sucumbência da unidade federada. Cláusula décima A produção de efeitos deste convênio condiciona-

se, cumulativamente, à: I - edição pelo Senado Federal, com fundamento no inciso IV do §

2º do art. 155 da Constituição Federal, de resolução que estabeleça a redução gradual da alíquota do ICMS, nas operações e prestações interestaduais, de conformidade com o disposto no Anexo Único deste convênio;

II - promulgação de emenda constitucional que promova a

repartição, entre o estado de origem e o estado de destino, do ICMS incidente sobre as operações e prestações interestaduais que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte do imposto, aplicando-se nessa hipótese a alíquota interestadual, cabendo ao estado de localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre as alíquotas interna do estado destinatário e interestadual;

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III - aprovação de lei complementar que disponha sobre a instituição dos seguintes fundos federativos, com recursos da União, considerados como transferências obrigatórias, não sujeitas a contingenciamento:

a) de auxílio financeiro pela União aos Estados, Distrito Federal e

aos respectivos Municípios, para compensar as eventuais perdas de arrecadação do ICMS decorrentes:

1. da redução gradual das alíquotas do ICMS, nas operações e

prestações interestaduais; 2. da implementação da Resolução do Senado Federal nº 13, de 25

de abril de 2012; 3. da repartição, entre o estado de origem e o estado de destino, do

ICMS incidente sobre as operações e prestações interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte do imposto;

b) de desenvolvimento regional no valor de, no mínimo, R$ 296.000.000.000,00 (duzentos e noventa e seis bilhões de reais);

IV - prestação, pelos Estados e pelo Distrito Federal, das

informações solicitadas pelo Ministério da Fazenda, necessárias à apuração do valor do auxílio financeiro de que trata a lei complementar a que se refere a alínea “a” do inciso III do caput desta cláusula;

V - aprovação de lei complementar que afaste possíveis restrições

decorrentes da aplicação do art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que possam comprometer a implementação deste convênio.

Parágrafo único Os recursos da União previstos no inciso III

do caput devem constar em cada exercício no Orçamento Geral da União. Cláusula décima primeira As disposições constantes do Anexo

Único deste convênio e da resolução do Senado Federal prevista no inciso I do caput da cláusula décima não serão aplicáveis às operações e prestações a seguir discriminadas:

I - operações interestaduais com bens e mercadorias importados do

Exterior, disciplinadas pela Resolução do Senado Federal nº 13, de 2012; II - prestações interestaduais de serviço de transporte aéreo de

passageiro, carga e mala postal, disciplinadas pela Resolução do Senado Federal nº 95, de 13 de dezembro de 1996.

Cláusula décima segunda A produção de efeitos deste convênio

condiciona-se ainda à edição de legislação e a adoção pela União dos novos critérios de atualização monetária e de fixação dos juros nos contratos de refinanciamento celebrados entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com base nas Leis nº 9.496, de 11 de setembro de 1997, e 8.727, de

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05 de novembro de 1993, e na Medida Provisória n. 2.185-35, de 24 de agosto de 2001.

§ 1º Nos contratos de refinanciamento celebrados com base na Lei

nº 9.496, de 1997, e na Medida Provisória n. 2.185-35, de 2001, deve ser observado o seguinte:

I - quanto aos juros, serão calculados e debitados mensalmente, à

taxa de 4% (quatro por cento) ao ano, sobre o saldo devedor previamente atualizado;

II - quanto à atualização monetária, será calculada e debitada

mensalmente com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado - IPCA, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, referente ao segundo mês anterior ao de sua aplicação, ou outro índice que venha a substituí-lo.

§ 2º A variação mensal da taxa referencial do Sistema Especial de

Liquidação e Custódia - SELIC deverá limitar os respectivos encargos dos contratos refinanciados com base nas Leis nº 9.496, de 1997, e nº 8.727, de 1993, e na Medida Provisória nº 2.185–35, de 2001.

Cláusula décima terceira Os recursos aportados ao fundo de

desenvolvimento regional, para financiamento da execução de projetos de investimento e para a execução de programas dos governos estaduais com o objetivo de incentivar investimentos, devem ter a seguinte destinação:

I - 50% (cinquenta por cento), disponibilizados ao agente operador

do fundo, para financiamento da execução de projetos de investimento; II - 50% (cinquenta por cento), entregues aos Estados e ao Distrito

Federal para custear os programas dos governos estaduais e distrital. Parágrafo único O valor dos recursos do fundo de

desenvolvimento regional será atualizado anualmente com base na variação nominal média do Produto Interno Bruto – PIB apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, verificada no quadriênio imediatamente anterior ao exercício em que se fizer a apuração dos valores.

Cláusula décima quarta A prestação do auxílio financeiro em

decorrência da redução gradual das alíquotas do ICMS, de que trata o Anexo Único e a resolução do Senado Federal prevista no inciso I docaput da cláusula décima, será, no mínimo, nos seguintes valores anuais:

I - R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no exercício de

2014; II - R$ 5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais), no exercício de

2015;

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III - R$ 7.000.000.000,00 (sete bilhões de reais), no exercício de 2016;

IV - R$ 8.000.000.000,00 (oito bilhões de reais), no exercício de

2017; V - R$ 9.000.000.000,00 (nove bilhões de reais), no exercício de

2018; VI - R$ 11.000.000.000,00 (onze bilhões de reais), no exercício de

2019; VII - R$ 12.000.000.000,00 (doze bilhões de reais), a partir do

exercício de 2020 até o exercício de 2033. § 1º A União aportará recursos adicionais, se necessário, para a

prestação do auxílio financeiro relativa à compensação de perdas decorrentes da implementação da Resolução do Senado Federal nº 13, de 2012, e da emenda constitucional que promova a repartição, entre o estado de origem e o estado de destino, do ICMS incidente sobre as operações e prestações interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte do imposto de que trata o inciso II do caput da cláusula décima.

§ 2º Os valores referentes à prestação de auxílio financeiro prevista

nesta cláusula serão devidos pelo período de vinte anos, ressalvada a compensação das perdas de arrecadação decorrentes da redução da alíquota do ICMS na operação interestadual com gás natural, cuja compensação será realizada enquanto perdurar essas perdas, inclusive para aquelas unidades federadas nas quais as bases de operação com gás natural ainda entrarão em funcionamento.

§ 3º Incumbe ao Ministério da Fazenda divulgar anualmente, no

mês de junho de cada ano, os resultados da balança interestadual do ano imediatamente anterior apurados conjuntamente com representantes do CONFAZ, bem como os valores a serem transferidos a cada unidade federada no exercício subsequente.

§ 4º A apuração da balança interestadual relativa às operações com

gás natural será feita em separado das demais mercadorias, bem como os critérios de apuração e compensação de eventuais perdas decorrentes da redução da correspondente alíquota interestadual do ICMS.

§ 5º Os valores a serem transferidos a cada ano serão entregues a

partir de janeiro de 2014 em doze parcelas mensais e iguais, até o último dia útil de cada mês, atualizado com base na variação nominal média do Produto Interno Bruto – PIB apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, verificada no quadriênio imediatamente anterior ao exercício em que se fizer a apuração dos valores.

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Cláusula décima quinta Tratando-se de unidades federadas, cujas bases de operações de gás natural ainda entrarão em funcionamento, deve ser observado o seguinte em relação à compensação das perdas:

I - relativamente aos 2 (dois) primeiros meses de operação, a

compensação será feita, conjuntamente, no 3º (terceiro) mês subsequente ao início da operação, considerando a perda apurada no primeiro mês de operação, calculada no segundo mês de operação, atualizada pelo IPCA do período;

II - a partir do 3º (terceiro) mês e até ao 6º (sexto) mês de operação,

a compensação será feita, mensalmente, a partir do 4º (quarto) mês subsequente ao início da operação, considerando a perda apurada a partir do 2º (segundo) mês de operação, calculada no mês imediatamente subsequente ao da operação, atualizada pelo IPCA do período.

Cláusula décima sexta Cabe ao CONFAZ, por maioria dos

presentes à reunião especificamente convocada para tal fim, verificar o cumprimento do disposto neste convênio, inclusive estabelecer os procedimentos necessários à sua implementação, especialmente quanto à identificação, à comprovação e ao enquadramento dos benefícios e incentivos, fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS, nos termos da cláusula terceira.

Cláusula décima sétima Os termos iniciais e finais dos períodos e

prazos constantes dos incisos do caput e § 5º da cláusula décima quarta serão ajustados, considerando a produção de efeitos deste convênio, mantendo os lapsos temporais neles expressos.

Cláusula décima oitava Este convênio entra em vigor na data da

publicação de sua ratificação nacional, produzindo efeitos a partir da implementação das condições estabelecidas nas cláusulas décima a décima quarta.

ANEXO ÚNICO ALÍQUOTAS DO ICMS APLICÁVEIS ÀS OPERAÇÕES E PRESTAÇÕES

INTERESTADUAIS, NOS TERMOS DA RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL, DE QUE TRATA O INCISO I DO CAPUT DA CLÁUSULA DÉCIMA DESTE

CONVÊNIO

Cláusula primeira A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas a Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, nas operações e prestações interestaduais, será:

I - 11% (onze por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2014; II - 10% (dez por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2015;

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III - 9% (nove por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2016; IV - 8% (oito por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2017; V - 7% (sete por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2018; VI - 6% (seis por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2019; VII - 5% (cinco por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2020; VIII - 4% (quatro por cento) a partir de 1º de janeiro de 2021. Parágrafo único. Nas operações e prestações interestaduais

realizadas nas regiões Sul e Sudeste, exceto no Estado do Espírito Santo, destinadas as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ao Estado do Espírito Santo, a alíquota será:

I - 6% (seis por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2014; II - 5% (cinco por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2015; III - 4% (quatro por cento) a partir de 1º de janeiro de 2016. Cláusula segunda A alíquota do ICMS, nas seguintes situações

especiais, será: I - nas operações interestaduais realizadas com produtos

agropecuários e nas realizadas pelo respectivo industrializador, com mercadorias produzidas em conformidade com Processo Produtivo Básico nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no Estado do Espírito Santo, e nas correspondentes prestações de serviço de transporte, destinadas às regiões Sul e Sudeste, exceto ao Estado do Espírito Santo:

a) 11% (onze por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2014; b) 10% (dez por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2015; c) 9% (nove por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2016;

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d) 8% (oito por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017;

e) 7% (sete por cento) a partir de 1º de janeiro de 2018; II - nas operações interestaduais com gás natural nacional ou

importado do exterior, a alíquota será: a) nas operações originadas nas regiões Sul e Sudeste, exceto no

Estado do Espírito Santo, destinadas às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, inclusive ao Estado do Espírito Santo:

1. 6% (seis por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro

de 2014; 2. 5% (cinco por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2015; 3. 4% (quatro por cento) a partir de 1º de janeiro de 2016; b) nas demais situações: 1. 11% (onze por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2014; 2. 10% (dez por cento) a partir de 1º de janeiro de 2015; III - nas operações e correspondentes prestações de serviço de

transportes interestaduais, excetuadas as realizadas de acordo com o inciso IV, originadas na Zona Franca de Manaus, em conformidade com Processo Produtivo Básico previsto no Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967:

a) com produtos de informática: 1. 11% (onze por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2014; 2. 10% (dez por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2015; 3. 9% (nove por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2016; 4. 8% (oito por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro

de 2017; 5. 7% (sete por cento) a partir de 1º de janeiro de 2018; b) com os demais produtos:

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1. 11% (onze por cento) no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2014;

2. 10% (dez por cento) a partir de 1º de janeiro de 2015; IV - nas operações e prestações interestaduais realizadas na Zona

Franca de Manaus, nos termos do caput do inciso III da cláusula segunda deste anexo, destinadas às Áreas de Livre Comércio, as alíquotas previstas nos incisos do caput da cláusula primeira deste anexo.

§ 1º Caso inexista o Processo Produtivo Básico a que se refere ao

inciso I desta cláusula será considerado produzido nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no Estado do Espirito Santo o produto resultante de industrialização, assim definida pelo Regulamento do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI -, excetuadas as modalidades de acondicionamento e reacondicionamento.

§ 2º Nas operações interestaduais subsequentes às originadas na

Zona Franca de Manaus, de que trata o inciso III do caput desta cláusula, aplicam-se as alíquotas do ICMS previstas:

I - na cláusula primeira deste anexo ou no inciso I da cláusula

segunda, conforme o caso, na hipótese em que os produtos tenham sido submetidos a novo processo de industrialização, tal como definido no § 1º;

II - no inciso III do caput desta cláusula, nos demais casos. Cláusula terceira Os termos iniciais e finais dos períodos e prazos

constantes dos incisos das cláusulas primeira e segunda deste anexo serão ajustados, considerando a produção de efeitos deste convênio, mantendo os lapsos temporais neles expressos.

Presidente do CONFAZ – Dyogo Henrique de Oliveira p/ Guido Mantega; Acre – Flora Valladares Coelho, Alagoas - Maurício Acioli Toledo, Amapá - Jucinete Carvalho de Alencar, Amazonas – Afonso Lobo Moraes, Bahia – Manoel Vitório da Silva Filho, Ceará – João Marcos Maia, Distrito Federal – Adonias dos Reis Santiago, Espírito Santo - Maurício Cézar Duque, Goiás – José Taveira Rocha, Maranhão - Akio Valente Wakiyama, Mato Grosso – Marcel Souza de Cursi, Mato Grosso do Sul - Jáder Rieffe Julianelli Afonso, Minas Gerais - Leonardo Maurício Colombini Lima, Pará - José Barroso Tostes Neto, Paraíba – Marialvo Laureano dos Santos Filho, Paraná – Luiz Eduardo da Veiga Sebastiani, Pernambuco - Décio José Padilha da Cruz, Piauí - Mário José Lacerda de Melo, Rio de Janeiro - Renato Augusto Zagallo Villela dos Santos, Rio Grande do Norte - José Airton da Silva, Rio Grande do Sul – Odir Alberto Pinheiro Tonollier, Rondônia – Gilvan Ramos Almeida, Roraima – Luiz Gonzaga Campos de Sousa, Santa Catarina – Antonio Marcos Gavazzoni, São Paulo - Andrea Sandro Calabi, Sergipe – Jeferson Dantas Passos, Tocantins – Marcelo Olimpio Carneiro Tavares.